A noção de comunidade obriga à relação plural entre todos os
seres humanos com vista à concretização do bem comum,
sendo mais rica do que o conceito de sociedade. (A) A comunidade é um grupo ou conjunto de grupos sociais que ocupam uma área relativamente pequena, geograficamente delimitada, cujos membros estão ligados entre si por laços de sangue e mantêm a mesma herança cultural e histórica. A sociedade é uma coletividade organizada e estável de pessoas que ocupam o mesmo território, falam a mesma língua, compartilham a mesma cultura, são geridas por instituições políticas e sociais aceitas de forma consensual e desenvolvem atividades produtivas e culturais voltadas para a manutenção da estrutura que sustenta o todo social.
Após o desenvolvimento destes dois conceitos podemos afirmar que
a comunidade é um conceito bem mais vasto e rico que o conceito de sociedade. A comunidade é definida pelo ato de “viver junto, de modo íntimo, privado e exclusivo”, como na família e no nosso grupo de amigos mais próximos. Já sociedade é definida como “vida pública”, como uma associação na qual se ingressa consciente e deliberadamente. Nas comunidades, os indivíduos estão envolvidos como pessoas completas, que podem satisfazer todos os seus objetivos no grupo. Nas sociedades, os indivíduos também se encontram envolvidos entre si mas a busca da realização de certos fins é específica e parcial. Uma comunidade é unida por um acordo de sentimentos ou emoções entre pessoas, ao passo que a sociedade é unida por um acordo racional de interesses, ou seja, por regras ou convenções racionalmente estabelecidas. Assim, a comunidade é um tipo de agrupamento humano no qual se observa um elevado grau de intimidade e coesão entre seus membros. Nela predominam os contatos sociais primários e a família tem um papel especial. A sociedade, em contrapartida, é formada por um conjunto de leis e regulamentos racionalmente elaborados. Em conclusão, não existe relação social se não houver relação com o outro, a nossa consciência deve ser respeitadora da esfera de relação com o outro, é necessário colocarmo-nos no lugar do outro pois ele é a metade de nós mesmos. Só colocando-nos no lugar do outro e agirmos em conformidade não só com o nosso objetivo mas também com os dos outros, conseguimos obter o bem comum. A realização da identidade humana exige uma responsabilidade ilimitada, na medida em que depende da participação de todas as pessoas. (B) A singularidade do individuo resume-se à existência de uma realidade interior pessoal que as faz ser aquilo que são. Para além dos aspetos físicos e dos comportamentos que executam e em que manifestam influências da exterioridade social, isto é, um núcleo substantivo particular e permanente que constitui propriamente o seu eu, é esta singularidade que distingue as pessoas dos demais. Apesar disso, a identidade propriamente dita da pessoa forma-se pelas convicções que tem, pelos deveres que assume e pelas promessas pretendidas e em que investe a sua liberdade. O humano dispões de uma dimensão crítica com que avista os mais diversos aspetos da vida, procurando transformá-la em algo que vá ao encontro daquilo em que acredita. Esta capacidade faz com que O Homem não seja uma realidade que aceite facilmente o que o rodeia e, é o que o rodeia faz realçar os seus aspetos intrínsecos. A relação eu-outro inicia-se logo com o nascimento do individuo (relação mãe-filho) e vai-se alargando progressivamente a outros elementos da sociedade (como a restante família, amigos, colegas). O ser humano na sua totalidade apenas existe através da pertença a um vasto numero de diferentes grupos sociais, à qual o individuo se interliga através do processo de socialização que é inteiramente responsável pelo processo de desenvolvimento total do sujeito. A sociedade onde o “eu” se insere apenas o consegue alcançar pela coexistência social da relação “eu-outro” que implica a necessidade de cumprir regras e de agir segundo valores socialmente adotados. Nesta relação mencionada, a “outra” pessoa passa a ter um papel de juiz, na forma metafórica, e de agente formador do nosso eu, pois, é esta presença constante que obriga o “eu” a refletir sobre si próprio, ao corrigir ou não as suas ações e decisões. Concluo então que, a construção do nosso eu moral faz-se por intervenção do outro como intermedio entre “mim” e “eu próprio”. A legitimação e a legitimidade são elementos fundamentais para o funcionamento da vida política (da polis) e da cooperação cívica (da civitas). (A e B) Compreende-se que a legitimidade seja um problema com variadas ramificações porquanto é possível equacionar a fundamentação de última de qualquer ordem de domínio, regime político, comando ou qualquer norma jurídica. Para a existência de um estado direito, é necessário a existência da legitimidade de origem, ou seja, o poder para ser exercido é obrigatoriamente legítimo, e da legitimidade do exercício, que se baseia em que o sentido de responsabilidade tem de justificar o ato em si. Não deixando de referir que estes, apenas atingem a sua plenitude quando agregados à justiça, como horizonte de valor ético, e o primado da lei, a ideia de que a lei é abstrata e geral, recaindo sobre si diretamente a normatividade. Tendo em consideração estes conceitos, o ser humano é considerado um ser vivo politico, por natureza, e o seu elo de ligação com a politica através da ética subjacente ao individuo. Tanto um como outro visam alcançar o bem comum (fim último) da sociedade e, essa realização exige uma cidade harmoniosa e consolidada através de laços afetivos e cívicos e da aplicação das boas lei (polis). A institucionalização da politica exige o poder politico dos cidadãos, pois o que legitima a autoridade do Estado são as potencialidades oferecidas pela vida em comunidade organizada e, é aí que a legitimidade do poder – o voto – legitimidade de poder – eleições – entram em contacto com o funcionamento da vida politica e da cooperação cívica. A incomensurabilidade dos valores deve ser considerada para garantir a superação do absolutismo e do relativismo e a afirmação das virtualidades do diálogo pluralista na ética. (A e B)
A expressão (…) foi a minha escolha para desenvolver nesta prova
e a razão é a seguinte: Os valores éticos, a superação do absolutismo e o relativismo ético, juntamente com a moral dialógica, são assuntos que me interessam enquanto ser racional. A busca da felicidade moral é algo que eu pretendo obter na minha vida tal como na vida dos outros, sendo um ser movido de razão e emoção pretendo ser um humano racional com vocação ética para melhorar a minha vida a dos outros. Por isso, o estudo deste tema especifico faz-me refletir e tirar conclusões concretas sobre a minha vida pessoal e coletiva. A ética tem como objetivo dar conta racionalmente da dimensão moral humana, tendo em consideração que a ética é indiretamente normativa, ou seja, não incide diretamente no nosso quotidiano. Sabemos que é uma reflexão e um esclarecimento do campo da moral. A moral já é normativa, pois, é o saber que oferece certas orientações para determinadas ações concretas. De acordo com a distinção aristotélica, a ética é um saber prático, ou seja, é através deste saber que vamos viver uma vida boa e justa com o fim da felicidade. Já a moral é um código de conduta pessoal de alguém. A ética como vocação é aquela que apela a consciência do Homem, quer dizer, é a capacidade de reflexão que o homem tem perante determinada situação. A ética responde à pergunta “porque devemos fazer?” e a moral à “(o que devemos fazer?”. A ética mínima, máxima, o relativismo e o absolutismo fazem então parte desta ética como vocação que pretende assumir que um homem com vocação ética preocupa-se verdadeiramente com o bem dos outros e reflete de acordo com ele, o seu fim é a sua felicidade e a do próximo. O ser vocacionado eticamente tem a noção de que sem o outro não é um ser completo. Tem de haver respeito numa sociedade para existir felicidade, é nesta vertente que entra a ética mínima, que tem como base mínima ética o espeito mutuo, por outro lado, também temos a ética máxima que diz respeito a um conjunto de regras a que nos submetemos numa sociedade. Os valores éticos são muito importantes na vivência coletiva, valores esses que devemos cumprir ao longo da vida. O valor do respeito, da dignidade, da hospitalidade, são valores que nos fazem viver em sociedade, melhorando-a, tornando-a melhor. Por exemplo, atualmente com a situação dos refugiados a qual nós portugueses, através da hospitalidade os recebemos e com isso melhoramos a nossa vida e a de alguém. Quando falamos em valores, falamos também em relativismo e absolutismo. De acordo com o absolutismo em que os meus valores são imposto em outro, como por exemplo, um amigo ir jantar a minha casa e descalçar-se à porta como os meus valores mandam. Usando o mesmo exemplo, no relativismo, eu mostro indiferença perante a atitude dele. Através dos valores do absolutismo e do relativismo, posso mencionar que a incomensurabilidade dos valores deve ser considerada para garantir a superação tanto do absolutismo como do relativos. O diálogo é a base desta superação de valores perante o absolutismo e o relativismo. O dialogo tem como questão o dilema do dever e da felicidade. Tendo a ética três funções, tais como: esclarecer a moral, fundamenta-la e usar as suas conclusões no âmbito da sociedade, de maneira a que se adote uma moral critica. A argumentação é a moral critica, melhor dizendo, é através dos argumentos acessíveis e consistentes que a racionalidade se apodera para chegar a razões concretas que levam o ser humano à felicidade. É pelo dialogo que se questiona os valores, os deveres que nos levam à felicidade. O respeito mutuo e o saber compreende o próximo, independentemente dos seus valores ou objectivos, leva- nos à importância das virtualidades do dialogo pluralista. Os valores éticos, como a responsabilidade, a hospitalidade, a dignidade e etc, são então importantes para garantir a superação do absolutismo e relativismo em relação a determinadas situações, as quais se recorre ao dialogo pluralista. Dialogo esse que leva à compreensão e conhecimento da felicidade e do dever perante o objectivo de uma vida melhor.
A justificação ética do Direito é uma tarefa prioritária da
filosofia política, relacionando valores, normas e factos. (B) O valor ético, a norma e o facto constituem um quadro fundamente que permite compreender a liberdade, a igualdade e a responsabilidade. Os valores éticos (bem, belo, bom, justo e verdadeiro) levam-nos a compreender que tem mais valor é o que não tem preço, não estão no mercado, não se podem comprar. As normais morais são regras prescritivas de comportamento adotados em sociedade que visam perseguir valores como os de bem, justiça, dignidade, liberdade e que permitem aos indivíduos distinguir uma boa ação de uma má ação. A norma está na intenção entre o fundamento ético (parte do direito natural) e entre o facto (parte social do direito). Para o bom funcionamento e aplicação correta das normas e do regimento da vida e da sociedade tem que existir um Estado Direito, uma lei igual e abstrata para todos, cujo o nome é Primado de Lei. Para existir um Estado Direito é necessário existirem quatro vertentes, a legitimidade de origem (o poder tem que ser legítimo), justiça (como horizonte de valor), legitimidade de exercício (o sentido de responsabilidade tem que se justificar) e o Primado de Lei. Tal como Jean-Jacques Rousseau referiu “A liberdade não pode subsistir sem a igualdade”. A liberdade, a igualdade e a responsabilidade estão ligadas na medida em que não existe relação social se não houver relação com o outro. Com isto quer dizer que, a nossa consciência deve ser respeitadora da esfera de relação com o outro. Para haver liberdade, libertas do latim, tem que existir igualdade. É necessário colocarmo-nos no lugar do outro, fazermos dele a metade de nós mesmos. Só há igualde quando existe equilíbrio na nossa relação com o outro. A nossa liberdade é como uma balança, libra em grego, tal como ela tem o seu ponto de equilíbrio, nós também o tempo. Responsabilidade, etimologicamente significa ter resposta, estar atento e ter capacidade de agir. Temos de agir em conformidade com os outros. A relação entre a ética e a Política regula as relações de cada um consigo com os outros e oferecem meios diferentes para promover a dignidade e o aperfeiçoamento humano. A ética é uma norma prescritiva e não tem sanções penais, contrariamente ao Direito que é uma norma coerciva, ou seja, tem poder de obrigação e aplicação de sanções e essa aplicação de poder de coagir exige instituições com autoridade. O fator agregador da ética é o interesse de todos a existência da comunidade, o fator desagregador é o egoísmo e os interesses particulares. Quando falamos de ética e de direito, temos que obrigatoriamente falar de política, a harmonização da vida comunitária. O desrespeito das normas morais exige normas com mais poder e o poder dos indivíduos é delegado em instituições próprias, sendo que, a filosofia da política se revela através da pergunta “o que é o direito?” e investiga as relações humanas em sentido coletivo. Uma dessas instituições é o Estado, instituição que organiza e regula a vida social, exercendo o seu poder sobre os cidadãos e manifestando-se sob a forma de autoridade. Este faz a gestão dos interesses privados e públicos e os seus meios são o direito, o governo, os tribunais, a policia e as forças armadas. É importante também referir que o Estado baseia-se na tripartição do poder entre o poder legislativo, executivo e judicial.