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V. Machado
Turma XVI
SÍNDROMES DIGESTÓRIAS
Habilidades clínicas IV – Síndromes hemorrágicas digestivas, ictéricas, de hipertensão portal, abdome agudo e gênito urinárias
Os primeiros conceitos que devem ser entendidos para iniciar o processo de diagnóstico sindrômico
são as diferentes formas de diagnósticos. Essas formas de diagnóstico para nada servem a não ser organizar
profundamente o raciocínio e contribuir para o processo de diagnóstico final e terapêutica. Inicialmente é
necessário distinguir quais são os sinais e sintomas e depois passar para os quatro tipos de diagnósticos:
1. Síndrome – referência a quais sinais e sintomas o paciente apresenta;
2. Diagnóstico sindrômico – diante apenas dos sinais e sintomas que o paciente apresenta, qual
a sua síndrome. Nesse momento é possível que o médico utilize de certos exames para
aprofundar mais, principalmente pelo exame físico;
3. Diagnóstico anatômico – qual é o principal local acometido e que é responsável pelos sinais
e sintomas;
4. Diagnóstico etiológico – o que causou a doença/etiologia;
5. Diagnóstico nosológico – qual é o nome da doença.
Como forma de exemplificar, podemos dizer que o paciente chegar queixando dor abdominal e
vômito, na síndrome, temos então, dor abdominal e vômitos. Ao fazer o exame físico e retirar de forma ativa
alguns sinais do paciente, percebemos que o sinal de Jobert positivo (que indica timpanismo na região
hepática), altamente sugestivo de uma pneumoperitônio causado por um abdome agudo perfurado, e esse é
o diagnóstico sindrômico. O diagnóstico anatômico ocorre em alguma víscera oca presente no abdome,
geralmente duodeno. A causa mais comum, que envolve o diagnóstico etiológico, é uma úlcera péptica
perfurada, podendo ter outras causas também, como tumores. Nesse caso, o nome da doença (diagnóstico
nosológico) é uma úlcera péptica perfurada, sendo o mesmo do diagnóstico etiológico.
SÍNDROME ICTÉRICAS
Icterícia é a coloração amarela da pele, esclera e membrana mucosas, que ocorre devido a um
acúmulo sérico de bilirrubina, passando de 2-3mg/100mL. O processo de formação, transformação e
excreção da bilirrubina é essencial para entender como ocorrem as síndromes ictéricas. A principal fonte de
bilirrubina é por meio da degradação de hemácias sistema retículoendotelial (SRE) no baço, fígado ou medula
óssea, representando 80-85% da bilirrubina, o resto é proveniente da destruição imatura ou de outras
hemeproteínas. Depois das hemácias serem sequestradas pelo SRE elas são separadas em globinas e
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heme. A globina é reutilizada e
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e o heme passa por transformações,
passando pela biliverdina até ser
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"'('*1"',- ',+'*%3- .⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯0 "'('**1"',- +'*%3- Essa bilirrubina é chamada de indireta
ou não conjugada, que é lipossolúvel e se liga a albumina para transporte plasmático (drogas que são
deslocadoras podem alterar os níveis livres de bilirrubina indireta).
Essa bilirrubina é metabolizada pelo fígado, passando por três principais processos: a captação,
conjugação e excreção. Na captação, a bilirrubina indireta se dissocia da albumina nos sinusóides hepáticos
e passa para dentro do hepatócito, que então de liga a ligandina e é transportada pela o retículo
endoplasmático. No retículo ela passa pelo processo de conjugação, em que a enzima UDP-glucoronil
transferase conjuga da bilirrubina, a tornando uma molécula mais hidrossolúvel. Depois ela é excretada para
os canalículos biliares, chegando aos ductos biliares principais (ducto hepático esquerdo, direito, comum,
cístico e colédoco).
Dessa forma, comprometimento de fatores anteriores à conjugação hepática, como a conjugação,
captação, aumento de hemólise e outros, ocorre o aumento sérico de bilirrubina indireta. Porém, caso o
problema esteja depois da conjugação, como excreção inapropriada para os canalículos, voltando para o
sangue, ou de obstrução do fluxo biliar, ocorre o aumento dos níveis séricos de bilirrubina direta. Assim a
hiperbilirrubinemia indireta pode ter causas pré ou intra-hepáticas e a hiperbilirrubinemia direta pode ter
causas pós ou intra-hepáticas.
Hiperbilirrubinemia conjugada/direta
Deve ocorre um aumento dos níveis séricos de bilirrubina direta, podendo ser dividido em intra-
hepáticos e extra(pós)-hepáticos. Os defeitos intra-hepáticos podem ser hereditários (Dubin-Johnson ou
síndrome de Rotor) ou adquiridas (drogas, doença hepatocelular e sepse); os pós-hepáticos podem ser
principalmente obstrução mecânica, por cálculo, estenose ou tumores. Dentro de perfil epidemiológico, a
principal causa de hiperbilirrubinemia direta em recém-nascidos é atresia das vias biliares.
Diferente da hiperbilirrubinemia indireta, a direta não é capaz de atravessar a barreira
hematoencefálica, sendo que como diagnóstico diferencial da indireta é necessário olhar as fezes e a urina.
Como a bilirrubina direta está sendo acumulada no sangue e ela é mais hidrossolúvel, ela é mais excretada
na urina (colúria) e menos excretada nas fezes (acolia fecal).
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Inflamação das vias biliares – COLANGITE
Colangite é a inflamação das vias biliares reflexo de proliferação bacterina, podendo ser causada por
obstrução (litíase), estenose, neoplasias, Ascaris lumbricoides, AIDS e coledococele. Como forma de
diagnóstico, existe a tríade de Charcot, envolvendo sinais e sintomas como a dor, febre com calafrios e
icterícia, que conseguem corresponder de 50 a 75% dos casos. A dor presente na tríade de Charcot é mais
prevalente no hipocôndrio direito. Em casos mais avançados, como a colangite supurtiva, pode-se identificar
a Pêntade de Reynolds, que é composta dos três sinais presentes na tríade de Charcot (dor, febre com
calafrio, icterícia) mas a presença de confusão mental e hipotensão arterial.
Por incluir diversas alterações pós-hepáticas, sempre relacionadas com processos inflamatórios
dentro das vias biliares (definição), ela é sinal de hiperbilirrubinemia direta.
Hiperbilirrubinemia mista
A doença hepatocelular (hepatite), sépsis e icterícia neonatal expressão englobam mais de uma
alteração no processo de metabolismo da bilirrubina, envolvendo as duas formas de hiperbilirrubinemia.
Sinais e Sintomas
Normalmente a hipertensão portal não apresenta sinais e sintomas próprios, sempre refletindo
aqueles que a doença que o causou tem. As três principais complicações primárias são varizes
gastroesofágicas, que são as circulações colaterais portosistemicas, a ascite e o hiperesplenismo.
Dentro de circulação portosistêmica, temos a circulação colateral, que são vasos ingurgitados
irradiando da cicatriz umbilical com fluxo sanguíneo ascendente ou descendente. As varizes gastroesofágicas
são praticamente uma circulação colateral, porém, indo por dentro, pelas paredes do tubo digestivo, sendo
que o seu aparecimento ocorre quando a pressão na veia porta ultrapassa 10 mmHg, sendo que se a pressão
for maior que 12 mmHg, elas se rompem e iniciam uma hemorragia digestiva alta. A ascite é uma
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complicação mais prolongada, originada principalmente de hipertensão portal resultado de cirrose hepática.
Sendo que o extravasamento de líquido para o interstício devido a congestão de sangue leva a um acúmulo
de líquido na cavidade peritoneal. A esplenomegalia é uma manifestação mais comum e característica da
hipertensão portal, sendo que ela pode ser responsável por sensação de desconforto abdominal, dor
abdominal do hipocôndrio esquerdo, e ainda pode aumentar os riscos de rompimento esplênico.
É importante questionar o paciente sobre o uso abusivo de álcool, contato prévio com algum vírus
de hepatite ou se reside em área endêmica, já passou por transfusões sanguíneas, faz uso de drogas
injetáveis, preferencia sexual, uso de drogas hepatotóxicas, história de infecção umbilical perinatal ou sepse
abdominal ou estado de hipercoagubilidade de áreas endêmicas de esquistossomose.
Obstrução pilórica, hérnia estrangulada, bridas, áscaris, corpos estranhos, cálculo biliar, volvo,
Obstrutivo
intussuscepção intestinal
Úlcera péptica, câncer gastrointestinal, febre tifoide, amebíase, divertículos de cólons, perfuração do
Perfurativo
apêndice, perfuração da vesícula biliar
Gravidez ectópica, rotura de aneurisma de aorta abdominal, cisto hemorrágico de ovário, rotura de
Hemorrágico
baço, endometriose e necrose tumoral
Trombose da artéria mesentérica, torção de grande omento, torção de pedículo de cisto ovariano,
Isquêmico
infarto esplênico
Apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda, diverticulite do cólon, DIP, abscesso
Inflamatório
intracavitários, peritonites primárias e secundárias e febre do mediterrâneo
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Exame físico
Ao exame físico podemos perceber distensão abdominal, timpanismo a percussão e dor difusa a
palpação. Na ausculta os ruídos hidroaéreos são inicialmente aumentados com timbres metálicos. O quadro
clínico fala de dor forte em tipo cólica, náuseas e vômitos, parada na eliminação de flatos e fezes, distensão
abdominal progressiva.
Exame físico
Quaisquer sinais que indicam choque hipovolêmico no indivíduo podem estar presentes no AAH,
além de outros sinais mais básicos, como o mal-estar estado geral, palidez muco-cutânea intensa (sinal de
choque), pulso fino e rápido (sinal de choque), hipotensão arterial severa (sinal de choque), sudorese fria e
rebaixamento do nível de consciência.
Pelo fato de envolver o derramamento de sangue na cavidade abdominal, os sinais que apresentam
esse processo podem apontar para um AAH, como é o caso dos:
1. Sinal de Lafond – dor irradiada até o ombro pelo comprometimento do diafragma;
2. Sinal de Kher – dor referida no ombro quando se tem acúmulo de sangue na cavidade peritoneal;
3. Sinal de Proust – dor a palpação do fundo do saco de Douglas;
4. Sinal de Douglas – grito de dor a palpação do fundo do saco de Douglas.
Outros sinais que também podem indicar um AAH são dor a palpação superficial e profunda difusa
e de baixa intensidade, descompressão brusca dolorosa difusa, palpação de massa abdominal pulsátil, ruídos
hidroaéreos diminuídos, entre outros.
Exame físico
Percebemos o comprometimento do estado geral, fácies, taxemicas, taquisfigmia, desidratação,
febre, sudorese fria e hipotensão arterial.
O principal sinal que pode indicar uma AAP, por meio do pneumoperitônio, é o sinal de Jobert
positivo, que indica timpanismo na loja hepática. Também podemos perceber dor à palpação superficial e
profunda em todo o abdome, defesa (abdome em tábua), diminuição ou ausência de ruídos hidroaéreos.
Exame físico
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Os principais achados do exame físico é mal-estar geral, hipotensão arterial intensa, podendo chegar
ao choque hipovolêmico, pulso fino e rápido, podendo chegar a ser arrítmico, alteração respiratória devido a
presença de uma acidose metabólica, cianose nas extremidades, febre (caso existe uma infecção) e outros.
O importante e lembrar que geralmente a obstrução do fluxo sanguíneo não ocorreu somente em artéria do
abdome, mas está causando alterações no corpo inteiro.
Ao exame físico do abdome, podemos perceber dos a palpação superficial, distensão abdominal,
diminuição dos ruídos hidroaéreos, toque retal com saída de líquido necrótico e temperatura retal menor que
a axilar.
Exame clínico
Dentro dos principais achados que se pode ter no AA inflamatório podemos ter alteração do estado
geral, febre, taquisfigmia, desidratação, palidez e uma diminuição dos níveis pressórios caso exista
desidratação ou sepse.
Dentro do exame clínico, podemos encontrar dor a palpação superficial, defesa (enrijecimento do
abdome voluntário do paciente como forma de evitar a dor proporcionada pelo médico), descompressão
brusca superficial, diminuição ou ausência de ruídos hidroaéreos e reação dolorosa a percussão do paciente.
Os principais sinais que indicam a peritonite são:
1. Sinal de Blumberg – dor a descompressão brusca no ponto de McBurney (ponto entre o terço médio
e inferior da linha que une a cicatriz umbilical a espinha ilíaca antero-superior direita);
2. Sinal de Murphy – interrupaçao da inspiração por dor a compressão simultânea no ponto cístico
(intercessão da borda direita do músculo reto abdominal com o rebordo costal);
3. Sinal de Lapinsky – dor a compressão da FID simultâneo a extensão passiva do membro inferior
direito;
4. Sinal de Rowsing – dor referida na FID ao fazer a palpação profunda ascendente na FIE;
5. Sinal do Obturatório – dor ao flexionar e rodar o quadril direito internamente;
6. Sinal de Dumphy – dor na FID que piora ao tossir;
7. Sinal de Aaron – dor referida no epigastro ao fazer palpação profunda na FID;
8. Sinal de Tem Horn – dor a leve tensão do testículo direito;
9. Sinal de Baldwin – dor pontual a palpação profunda do ponto médio que separa a última costela da
crista ilíaca (palpação na lombar)
10. Sinal de Lopes-Cross – semi-ereção ()
11. Sinal de Cullen e Sinal de Gary-Turner – equimoses localizadas na região periumbilical (Cullen) ou
flancos (Gray-Turner), geralmente significando pancreatite necrohemorrágica.
Síndrome NEFRÍTICA
BRUNETTI, Adriano; SCARPELINI, Sandro. Abdômen agudo. Medicina (Ribeirao Preto. Online),
v. 40, n. 3, p. 358-367, 2007. < http://www.journals.usp.br/rmrp/article/view/334/335 > acesso dia 5 de abril
de 2018
<http://150anos.hportugues.com.br/medicos/ensino/copy_of_plonearticle.2005-06-
20.8485126394/Attachment00083193/2.Sindromes%20Abdominais.pdf > acesso dia 5 de abril de 2018 –
abdomem agudo
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Hab. Clínicas – 4º período/UniEvangélica Turma XVI
Literatura que pode ser usada para estudo de AA
Cajma Jr A. Abdome agudo. Rev Bras Clin Terap 1985;14:163-166.
Carrilho FJ, Zeitune JMR. Laparoscopia em urgências. GED1983;2:9-14.
Guslandi M. A dor abdominal. Rev Bras Clin Terap 1988;17:104-110.
Juan Y, Martín M. La apendicitis aguda em los viejos. 1963, 1. ed. Barcelona:
Científicomédica, 300 p.
Macedo ALV, Sorbello AA. Abdômen agudo. In: Felippe Jr J. Pronto Socorro. Fisiopatologia,
diagnóstico, tratamento. 1990, 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, pp. 625-32.