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Aula 1º

Educação não escolar: conceito e


função socioeducacional

Prezados(as) alunos(as), Contudo, podem surgir dúvidas no decorrer dos


Em nossa primeira Aula, classificaremos e estudos! Quando isso acontecer, acesse a plataforma
fundamentaremos a educação não formal. e utilize as ferramentas “Quadro de avisos” ou
Veremos quais são os ramos de atuação do “Fórum”. Sua participação é muito importante e
estamos preparados para ensinar e aprender com
Pedagogo e determinaremos as diferenças entre a
seus avanços.
educação formal, não formal e informal.
Conto com a sua participação, interação e
É importante saber que esta aula foi preparada colaboração!
para que você não encontre grandes dificuldades. Bom trabalho!
Bons estudos!

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84 Práticas Pedagógicas em Instituições não Escolares

Objetivos de aprendizagem papel social como cidadão com direitos e deveres,


capacitando-o para o mundo do trabalho, dentre
Ao final desta aula, você será capaz de:
outros. Para tanto, as instituições não formais veem
no processo de aprendizagem uma ferramenta para
• classificar as educações formal, não formal e
ajudar os discentes a desenvolver seu potencial,
informal;
habilidades, conhecimentos (diferentes dos
• identificar e analisar as diversas áreas de atuação
conteúdos da educação formal ou complementares
do profissional Pedagogo, enfocando a atuação na
a eles) e, de maneira especial, para capacitarem para
área da educação não formal;
a vida em comunidade de forma organizada.
• definir e compreender a educação não formal.
Dessa forma, as atividades educacionais,
embora tenham objetivos claros e bem definidos,
Seções de estudo são organizadas e estruturadas de maneira flexível.
Assim, podem apresentar um caráter complementar
1 î Educação não escolar como prática
à educação formal, porém, não confere graus
de educação
ou títulos aos seus participantes, somente
2 î Especificidades das educações formal, não
concede certificados de aprendizagem obtida
formal e informal
(INFOJOVEM, 2013).
3 î Pedagogia nos Espaços não escolares
Além disso, ainda segundo ideias disponibilizadas
4 î Espaços escolares para atuação do Pedagogo
em Infojovem (2013), as atividades educacionais
5 î Educação não formal na pedagogia social
são oferecidas tanto por instituições de ensino
6 î Algumas características da educação não
formal quanto por organizações sociais. Podendo
formal: metas e lacunas.
estabelecer programas educacionais que forneçam
3DUDLQLFLDUQRVVDVUHȵH[·HVQHVWDSULPHLUDVH©¥RGD$XOD
alfabetização de adultos, educação básica para
YDPRVDSURIXQGDUQRVVRVFRQKHFLPHQWRVVREUHRFRQWH[WR crianças fora da escola, competências para a vida,
GDHGXFD©¥RIRUPDOQ¥RIRUPDOHLQIRUPDO competências para o trabalho e cultura em geral.
Durante a leitura desta aula é importante que você tenha Com base nas ideias de Gohn (2002), as
sempre em mão um dicionário e/ou outros materiais de características da educação não escolar são:
pesquisa para eliminar eventuais dúvidas sobre o assunto
GLVFXWLGR a) estrutura inversa: de baixo para cima. Há,
Bons estudos! portanto, uma forte influência dos participantes na
definição do currículo a ser desenvolvido;
1 – Educação não escolar como b) flexibilidade;
prática de educação c) foco principal no aluno, isto é, em quem
aprende e não em quem ensina;
Para iniciarmos as nossas considerações desta
d) conteúdos voltados majoritariamente para o
aula, precisamos pensar na questão: o que é educação
contexto prático, com forte relacionamento com o
não escolar?
contexto local dos participantes;
A educação não escolar é o processo educacional
organizado mas que não se insere na lógica do sistema
A educação atinge um sistema que vai além da
regular de ensino, em outras palavras, não compreende
instituição escolar, que está socialmente responsável
um currículo pré definido, com base nas normas e
pela formação de indivíduos, especialmente no
diretrizes do governo federal. Em contrapartida, seu
que diz respeito ao acesso aos conhecimentos
conteúdo se define a partir do desejo e das necessidades
historicamente acumulados e sistematizados.
das pessoas envolvidas (GOHN, 2002).
Sobretudo, para além das experiências educativas
Ainda para Gohn (2002), neste tipo de
escolares, no entanto, há algumas que ocorrem
educação, coexiste o desejo de desenvolver e manter
fora dos muros da escola e podem ser descritas
objetivos educacionais específicos em ambientes
não escolares, por meio da atuação em várias como educação informal e educação não formal
dimensões que objetivam a formação do indivíduo, (PRÍNCEPE, DIAMENTE, 2013).
politizando-o e tornando-o consciente de seu Gohn (2008) nos ensina que até meados da
década de 80, a educação não escolar tinha um

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campo de pouca relevância no Brasil, tanto no que se assistência social são execidas nas Secretarias de
refere às políticas públicas, como entre os próprios Habitação, de Desenvolvimento, entre outras.
educadores. Em outras palavras, a educação formal Ainda, segundo o autor, as ações que conjugam
desenvolvida nas escolas (aparelhos escolares o socioeducativo trazem para a categoria educação
institucionalizados) foi o centro das atenções! o status de qualidade do social, porém, não
Com o tempo, a sociedade foi entendendo equiparando duas grandes áreas do conhecimento
que há uma ordem racional colocada na tríade e políticas de atenção à cidadania.
composta por uma dimensão antropológica, Em outras palavras, a educação não escolar
metodológica e teleológica, que transversaliza vários tem ganhado, historicamente, visibilidade e espaço,
campos de práticas sociais, incluindo a produção de sendo reconhecida como uma ferramenta essencial
conhecimentos, para obter um “modo verdadeiro” na dialógica dos saberes, com abrangência de
de ser e estar no mundo, englobando um conjunto conhecimentos que transpassam os conteúdos
de valores capaz de produzir, na ordem ocidental curriculares formais. Em síntese, podemos afirmar
moderna, as possibilidades consideradas legítimas de que ela se preocupa em formar o sujeito em seus
viver a vida (ZUCCHETTI, MOURA, 2013). Assim, mais variados aspectos.
a educação não escolar tem ganhado, cada vez mais, O que vimos até aqui é a base para situar a
um campo maior de relevância e de reconhecimento! discussão que vamos acompanhar no decorrer desta
Essa ordem pedagógica surgiu da cultura disciplina, veremos que a educação não é coextensiva
européia, e estabelece uma objetivação racionalizada à escola, o âmbito da educação não escolar dispõe
para o ser/existir, a razão científica como o modo de de objetivos e finalidades diversos e, no entanto,
“iluminar” o entendimento do universo e constituir/ demanda por reflexões que são complementares,
ordenar os modos de ser/existir e o pensamento porém, de natureza distinta.
de progresso - caracterizado no avanço ordenado
em direção a maiores gradientes de estabilidade É importante que você amplie seus conhecimentos a
(ZUCCHETTI, MOURA, 2013). UHVSHLWRGRVWHPDVWUDWDGRVQHVWDDXODSDUDLVVRFRQVXOWH
RVDXWRUHVFRPR+XPEHUWR0DWXUDQD  9LROHWD1¼³H]
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Saber Mais
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Com base no atual contexto social e político
destacamos as convergências e divergências
Com isso a ordem racionalizadora moderna entre as diversas formas de nomear essas práticas
dá destaque à escola como lugar de formação de educação no campo social, buscando com
desclassificando outros espaços, antes privilegiados, profundidade uma reflexão que nos conduz a
de ensinar e aprender, entre eles o convívio familiar. escolher o uso da expressão “educação não-
Além, de definir a educação básica para todos escolar” em detrimento da “educação não formal”
determinando a emergência e consolidação da escola (ZUCCHETTI, MOURA, 2013).
pública também para os filhos dos trabalhadores Nesse ínterim, os mesmos autores relatam
empregados e desempregados (ZUCCHETTI, o sentido do “não formal” como divergência
MOURA, 2013). à formalização da escola e suas legislações,
além de impor a participação compulsória de
Nessa perspectiva reiteramos a
segmentos da sociedade de acordo com faixas
departamentalização das políticas públicas por áreas
cronológicas estabelecidas.
que pouco comunicam entre si. Assim, a educação Dessa forma, detaca-se a emergência de legislações
torna-se afeta, em todos os níveis da administração positivas que sugerem ações que resgatam e reafirmam
pública, ao Ministério e às Secretarias de Educação direitos e ainda configuram as práticas socioeducativas
enquanto que as políticas assistenciais recaem em como formais. Podemos citar como exemplo o Estatuto
Secretarias de Assistência Social, de Promoção da Criança e do Adolescente – ECA, no artigo 90 – Das
Social, caso houver. Geralmente, as políticas de Entidades de Atendimento, não deixa dúvidas sobre a

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86 Práticas Pedagógicas em Instituições não Escolares

formalidade das práticas e dos programas de proteção, formal e informal” e que, historicamente, coexiste
pois, em alguns casos, está presente a obrigatoriedade com a educação escolar “sendo mesmo possível
da intervenção, no caso de haver determinação judicial imaginar sinergias pedagógicas muito produtivas
(ZUCCHETTI, MOURA, 2013). e constatar experiências com intersecções e
Vale salientar, ainda como afirmam complementaridades diversas”.
Zucchetti e Moura (2013), que as práticas
socioeducativas, geralmente, possuem marcadores
“institucionalmente” legitimados, como por 2 Ȃ (VSHFLȴFLGDGHV GDV HGXFD©·HV
exemplo: legislações, metas, tempos, princípios, IRUPDOQ¥RIRUPDOHLQIRUPDO
obrigatoriedade, entre outros, apesar de se
Vamos iniciar esta seção compreendendo as
caracterizarem pela ausência de um currículo.
Ademais, podemos questionar se a expressão características da educação não formal, para isso
“não formal” pode nomear experiências, nas quais será necessário diferenciá-la das outras modalidades
o sentido de oposição pode definir, a priori, os de educação, sendo a formal e a informal.
sujeitos que são atinentes o que, em última hipótese, De acordo com Afonso (1989, p.78 apud
pode provocar uma determinada distinção entre os PRÍNCEPE, DIAMENTE, 2013) podemos fazer
que acessam a educação e a cultura erudita e os que uma distinção em termos de oposição e demarcar
têm demandas por serviços sociais, no pior sentido os campos de desenvolvimento de cada uma delas.
da expressão, entendido pelo viés assistencialista.
Expressões como “menores”, sujeitos “em Por educação formal entende-se o
risco social e pessoal” demarcam esta dimensão tipo de educação organizada com uma
(ZUCCHETTI, MOURA, 2013). determinada sequência e proporcionada
Nesse ínterim, a diferenciação entre práticas pelas escolas, enquanto que a designação
de educação não escolares (aqui entendida como educação informal abrange todas as
equivalente a educação popular), sua dimensão possibilidades educativas no decurso
política recentemente empobrecida e as práticas de da vida do indivíduo, constituindo um
educação formal (equivalente a educação escolar), processo permanente e não organizado.
além da (de)marcação de lugares sociais, legitima Por último, a educação não formal,
processos de ensino-aprendizagem marcados pela embora obedeça também a uma estrutura
presença de relações poder-saber. e uma organização (distintas, porém, das
Entretanto, o autor ainda afirma que a relação escolas) e possa levar a uma certiÀcação
formal das práticas de educação não escolar (mesmo que não seja essa a Ànalidade),
decresce, por isso tem-se visibilizado e publicizado diverge ainda da educação formal no que
por meio de expressões como: educação popular, respeita à não Àxação de tempos e locais e
educação comunitária, educação nos movimentos à Áexibilidade na adaptação dos conteúdos
sociais, educação social de/na rua, etc., tais relações de aprendizagem a cada grupo concreto.
geralmente, apresentam-se formalizadas por
meio de ações que contam com corpo docente, Dessa forma, como mensura Libâneo (2008),
metodologias definidas, processos de avaliação as modalidades educacionais diferem-se em relação
interna e externa etc. a falta ou presença de algumas características e de
Com base nas reflexões anteriores e diferentes intenções da ação educativa.
mesmo correndo os riscos da utilização binária, A Educação informal faz parte de um processo
denominamos simplesmente de “educação não que dura a vida toda, na qual as pessoas constroem
escolar” para classificar todas as práticas educativas e somam conhecimentos, habilidades e atitudes
que acontecem no campo social daquelas que por meio de experiências vividas diariamente,
ocorrem no interior da escola e que se apresentam bem como a relação com o meio, com as pessoas.
complementares não só à educação escolar, mas Esta modalidade de ensino é caracterizada pela
também a educação familiar (GARCIA, 2001 apud não intencionalidade, que corresponde à ausência
ZUCCHETTI, MOURA, 2013). de objetivos explícitos ou qualquer grau de
Nesse sentido, Almerindo Janela Afonso sistematização ou organização, ainda que os sujeitos
(2001, p.29 apud ZUCCHETTI, MOURA, 2013, realizem conhecimentos e, entretanto, acontecem as
p.5) complementa nosso tema estudado até o aprendizagens (PRÍNCEPE; DIAMENTE, 2013).
momento enfatizando o crescimento do campo da Já na educação não intencional os processos
educação não escolar que acerca a educação “não são dispersos, difusos, sem demonstrar o objetivo

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que classifica suas práticas (LIBÂNEO, 2008). e sistemática, na qual acontece fora do sistema
A educação informal estabelece um processo oficial de ensino, com o objetivo de facilitar
permanente, espontâneo e não organizado. determinados tipos de aprendizagem a certos
Repassados por meio das experiências e práticas grupos da população (PRÍNCEPE; DIAMENTE,
cotidianas, os conhecimentos acontecem durante o 2013). Assim, ela refere-se àquelas “atividades
processo de socialização dos indivíduos na família, com caráter de intencionalidade, porém com baixo
no bairro, no clube, no cinema, na igreja etc., além grau de estruturação e sistematização, implicando
disso são carregados de valores, crenças e marcas certamente relações pedagógicas, mas não
culturais (PRÍNCEPE; DIAMENTE, 2013). formalizadas” (LIBÂNEO, 2008, p. 89).
O mesmo autor elenca ainda que a Para melhor compreensão, vejamos a distinção
intencionalidade é elemento comum entre a entre a aprendizagem formal e a não formal:
ação educativa formal e não formal. Ou seja, a
educação intencional subdivide-se por causa da Tipos de aprendizagem
diferença entre os níveis de sistematização e de Esolas Tradicionais Associações Demoscraticas
institucionalidade de suas experiências. Em todas, para o Desenvolvimento
encontramos objetivos explícitos que justificam a Apresentam um caráter Apresentam um caráter
organização e modos de ação. O diferente elemento compulsório voluntário
entre as duas modalidades é o grau de estruturação e
Dão ênfase apenas à Promovem sobretudo a
o sistema segundo o qual a experiência educacional
instrução socialização
é planejada, executada e avaliada.
Enfatiza também que a educação formal )DYRUHFHPRLQGLYLGXDOLVPR Promovem a solidariedade
engloba o sistema educacional institucionalizado, e a competição
hierarquicamente construído e cronologicamente 9LVDPDPDQXWHQ©¥RGR 9LVDPRGHVHQYROYLPHQWR
graduado. De acordo com Libâneo (2008, p.88) a status quo
educação formal “refere-se a tudo o que implica Preocupam-se Preocupam-se
forma, isto é, algo inteligível, estruturado, o modo essencialmente com a essencialmente com a
como algo se configura. Educação formal seria, reprodução cultural social mudança social
pois, aquela estruturada, organizada, planejada São hierárquicas e São pouco formalizadas e
intencionalmente, sistemática”. Nesse sentido, o fortemente formalizadas pouco ou incipientemente
planejamento se orienta de acordo com os conteúdos hierarquizadas
prescritos, métodos de ensino e procedimentos 'LȴFXOWDPDSDUWLFLSD©¥R )DYRUHFHPDSDUWLFLSD©¥R
didáticos claros.
Utilizam métodos Proporcionam a
A educação escolar é regulamentada pelo
centrados no professor- investigação e projetos de
Ministério da Educação, no Brasil, pelas Secretarias
instrutor desenvolvimento
de Estado da Educação e Conselhos Nacional e
Subordinam-se a um poder São por natureza
Estaduais de Educação, entre outros órgãos. No
centralizado formas de participação
entanto, essa modalidade segue as regulamentações
desscentralizada
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
bem como documentos dos Parâmetros Curriculares Figura 1.1 Aprendizagem formal e não formal.
Fonte: GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal e cultura política:
Nacionais, sobretudo, é organizada por níveis de impactos sobre o associativo do terceiro setor. São Paulo: Cortez, 2001.

ensino, envolendo desde a educação infantil até o Em síntese, podemos distinguir e demarcar
ensino superior (PRÍNCEPE; DIAMENTE, 2013). as desigualdades entre vários conceitos, assim,
Para essa modalidade educativa são necessários: a princípio devemos classificar seus campos de
desenvolvimento, sendo:
a) tempo e local específico para sua realização;
b) organização curricular e planejamentos de
atividades sistematizados sequencialmente; a) a EDUCAÇÃO FORMAL é desenvolvida nas
c) separação de alunos por idade e série, escolas, com conteúdos previamente demarcados;
objetivando o ensino e aprendizagem de conteúdos
historicamente sistematizados. b) a INFORMAL é aquela que ensinam durante
seu processo de socialização - na família, bairro,
Ademais, a educação não formal não está clube, amigos etc., complementada por valores e
submetida a ordenamentos jurídicos do Estado, culturas próprias, de pertencimento e sentimentos
estabelece toda atividade educativa organizada herdados;

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88 Práticas Pedagógicas em Instituições não Escolares

c) a EDUCAÇÃO NÃO FORMAL é a que Constituição Federal: Art. 205 “A educação, direito
se aprende “no mundo da vida”, por meio de de todos e dever do Estado e da Família, será
processos de compartilhamento de experiências, promovida e incentivada com a colaboração da
especialmente em espaços e ações coletivos sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
rotineiros (GOHN, 2012). pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho”.
3 – Pedagogia nos espaços não De acordo com o filósofo húngaro István
escolares Mészáros (2002, p. 96), o capital é “estrutura”
totalizadora” de controle na qual tudo o mais,
De acordo com as mudanças atuais das inclusive os seres humanos, deve se ajustar, e assim
inovações econômicas, sociais, tecnológicas provar sua “viabilidade produtiva”, ou perecer, no
e científicas, podemos verificar o crescente caso de não conseguir se adaptar.
aparecimento de espaços educacionais não formais Com esta estrutura totalizadora, podemos
que surgindo para o Pedagogo novas oportunidades notar que o capitalismo afirma sua supremacia
de trabalho (ESPAÇOS EDUCATIVOS, 2013). perante a produção de conhecimentos para a
Gohn (2008) infere que tais mudanças perfeita manutenção do capitalismo, há a estreita
caracterizam alterações no sistema de ensino, no contribuição da educação “ajustando” os indivíduos
qual foi ampliado para outras esferas da sociedade, para o trabalho.Nesse ínterim, o Pedagogo, no
para contribuir com as novas qualificações exigidas início, aparece como reforçador da hegemonia do
dos trabalhadores que afetaram em sistemas novos capital, porém, graças a sua formação ampliada
de organização do processo produtivo. na área das ciências humanas, o Pedagogo realiza
Dessa forma, atividades educativas intencionais, uma grande força contrária a este caráter opressor
com intenções e planejamentos pré-definidos, capitalista (ESPAÇOS EDUCATIVOS, 2013).
surgem não só nos espaços escolares formais, mas Com conceitos libertadores o Pedagogo pode
em outras instituições sociais, como: nas empresas, estimular o trabalhador ou o aluno a fazer sempre
hospitais, ONG’s, meios de comunicação de massa, uma reflexão crítica acerca da realidade. Paulo
sindicatos, orfanatos etc. Freire, em “Pedagogia do Oprimido”, confirma
O trabalho do profissional pedagogo nos uma educação problematizadora e reflexiva,
espaços escolares ou não-escolares permite fazermos indispensável para o desvelamento da realidade e
uma reflexão mais profunda sobre a sua formação é esta, a nosso ver, a educação que o Pedagogo
na relação com o exercício profissional. Assim, de deve exercer.
acordo com este trabalho vamos em busca de uma
aproximação com egressos do Curso de Pedagogia, Saber Mais
dessa forma, buscamos conhecer suas atribuições, 3DUD VDEHU PDLV VREUH R WHPD WRPDPRV FRPR SULQFLSDLV
as atividades realizadas e as relações que realizam pensadores que iluminaram nossa temática: Paulo
sua formação, aproximação e afastamentos visto )UHLUH -RV« &DUORV /LE¤QHR H R GRFXPHQWR GDV 'LUHWUL]HV
que resultam nos conteúdos da formação inicial e Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia (ESPAÇOS
no exercício da profissão num espaço não-escolar ('8&$7Ζ926 
(ESPAÇOS EDUCATIVOS, 2013).
Veja que iniciamos nossa compreensão refletindo Os espaços de atuação nomeados como não
sobre toda atividade pedagógica afirmando ser uma escolares e está previsto como possibilidades de
prática social abrangente e formativa, acontecendo atuação profissional nas Diretrizes Curriculares
em situações diversas e em vários espaços, com a Nacionais para o curso de Pedagogia mostra que
não se trata de “impressões particulares” sobre o
influência das demandas e desafios da sociedade,
tema, ao contrário, algo legitimado legalmente.
das finalidades educativas, dos conhecimentos A seguir destacamos alguns trechos deste
envolvidos, das especificidades institucionais e do documento, homologado pelo CNE/CP Nº 1,
perfil dos sujeitos que desenvolvem a prática. de 15 de Maio de 2006, em que estão explícitas as
Isso nos leva a afirmar que a ação educativa deve diretrizes a serem seguidas pelo Pedagogo:
estar presente em todos os setores da sociedade,
(...) Art 3º O estudante de Pedagogia
para que se confirme o caráter de “formadora de
trabalhará com um repertório de
força de trabalho”, previsto inclusive em nossa

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informações e habilidades composto modalidades do processo educativo; (...)
por pluralidade de conhecimentos XIII-participar da gestão das instituições
teóricos e práticos, cuja consolidação será planejando,executando,acompanhando
proporcionada no exercício da proÀssão, e avaliando projetos e programas
fundamentando-se em princípios de educacionais, em ambientes escolares e
interdisciplinaridade, contextualização, não-escolares.
democratização, pertinência e relevância
social, ética e sensibilidade afetiva e estética.
A seguir, ainda de acordo com a referência
das Diretrizes Curriculares para o Curso de
Podemos notar neste trecho a grande
Pedagogia, podemos notar a complexidade da
importância dos conteúdos que as Diretrizes estrutura curricular do curso, que proporciona ao
Curriculares propõem para serem desenvolvidos discente, também, de todos os aspectos referentes
no curso de Pedagogia. Assim, o Pedagogo deve ao conhecimento do ser humano, investiga sobre
receber uma formação de habilidades complexa, a educação e a gestão em comunidades, ONG’s,
possibilitando que ele desenvolva no ser humano em empresas e outros, notamos claramente que os
sua totalidade (ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013). espaços não escolares são de igual importância no
Como podemos ver no trecho a seguir: cenário educativo.

Art 4º O curso de Licenciatura em [...] Art 6º a estrutura do curso de


Pedagogia destina-se à formação de Pedagogia, respeitadas a diversidade
professores para exercer funções de nacional e a autonomia pedagógica
magistério na Educação Infantil e nos das instituições, constituir-se-á de:
anos iniciais do Ensino Fundamental, nos I-um núcleo de estudos básicos que,
cursos de Ensino Médio, na modalidade
sem perder de vista a diversidade e
Normal, de Educação ProÀssional na
a multiculturalidade da sociedade
área de serviços e apoio escolar e em
brasileira, por meio de estudo acurado
outras áreas nas quais sejam previstos
conhecimentos pedagógicos. da literatura pertinente e de realidades
[...] Parágrafo único. As atividades docentes educacionais, assim como por meio de
também compreendem a participação reÁexão e ações críticas, articulará: a)
na organização e gestão de sistemas e aplicação de princípios,concepções e
instituições de ensino, englobando: critérios oriundos de diferentes áreas
[...] II-planejamento, execução, do conhecimento, com pertinência ao
coordenação, acompanhamento e campo da Pedagogia, que contribuam
avaliação de projetos e experiências para o desenvolvimento das pessoas, das
educativas não-escolares; III-produção organizações e da sociedade; b) aplicação
e difusão do conhecimento cientíÀco- de princípios da gestão democrática
tecnológico do campo educacional, em
em espaços escolares e não-escolares;
contextos escolares e não-escolares.
c) observação, análise, planejamento,
implementação e avaliação de processos
Podemos observar claramente que a formação
educativos e de experiências educacionais,
do Pedagogo propiciona um vasto conhecimento em ambientes escolares e não-escolare;
para a atuação deste na organização e gestão de (...) k) atenção às questões atinentes à
sistemas de ensino em espaços não escolares ética, à estética e a ludicidade, no contexto
(ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013). do exercício proÀssional, em âmbitos
O curso de Pedagogia deve formar profissionais escolares e não-escolares, articulando o
capacitados em espaços não escolares, ou seja, saber acadêmico, a pesquisa, a extensão
no planejamento, execução, acompanhamento e e a prática educativa;
avaliação de projetos, como determinado a seguir: (...) II-um núcleo de aprofundamento
e diversiÀcação de estudos voltado às
[...] Art 5º O egresso do curso de Pedagogia áreas de atuação proÀssional priorizadas
deverá estar apto a: ... IV - trabalhar em pelo projeto pedagógico das instituições
espaços escolares e não-escolares, na e que, atendendo a diferentes demandas
promoção da aprendizagem de sujeitos sociais, oportunizará, entre outras
em diferentes fases do desenvolvimento possibilidades: a) investigações sobre
humano, em diversos níveis e processos educativos e gestoriais, em

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90 Práticas Pedagógicas em Instituições não Escolares

diferentes situações institucionais: competente, criativo, político, participativo, etc. Os


escolares, comunitárias, assistenciais, pedagogos devem informar-se mais e melhor, pois
empresariais entre outras. é necessário que se convertam em mediadores que
orientem, estabeleçam critérios, sugiram, saibam
A seguir temos alguns exemplos destes integrar a informação dispersa, para os outros,
espaços não escolares de acordo com Libâneo dessa forma, surge a necessidade de se pensar a
(2001, p. 153-176): importância do fazer pedagógico nessa sociedade.
[...] Há práticas pedagógicas nos jornais, Os processos de globalização afetam
nas rádios, na produção de material
a educação porque incidem sobre os
informativo, tais como livros didáticos
sujeitos, os conteúdos do currículo e
e paradidáticos, enciclopédias, guias
as formas de aprender. O conceito e a
de turismo, mapas, vídeos, revistas; na
demarcação do que se vem entendendo
criação e elaboração de jogos, brinquedos;
por cultura nas escolas, na nova
nas empresas, há atividades de supervisão
conÀguração do mundo, devem ser
do trabalho, orientação de estagiários,
ampliados para que todos se sintam
formação proÀssional em serviço. As
incluídos. É necessário, por outro lado,
empresas reconhecem a necessidade
compreender como as fórmulas básicas
de formação geral como requisito para
enfrentamento da intelectualização do de transmissão de saberes estão sendo
processo produtivo; alteradas pela preeminência adquirida
[...] há proÀssionais que exercem pelos canais de distribuição dos saberes
sistematicamente atividades pedagógicas à margem da educação formal. Essas
e os que ocupam parte de seu tempo duas exigências têm implicações muito
nessas atividades: formadores, diretas para a organização do currículo
animadores, instrutores, organizadores, e para a formação dos professores, que
técnicos, consultores, orientadores. deveria ser crítica, profunda e ampla.
Os professores não serão substituídos
Atualmente vivemos um momento de inter- pelas novas tecnologias, mas podem Àcar
relações econômicas, políticas, de segurança, ultrapassados e deslegitimados no novo
culturais e pessoais entre indivíduos, países, povos, panorama (SACRISTÁN, 2001 apud
os mais próximos e os mais afastados lugares do CORDEIRO; MOURA; MELO, 2013).
planeta, este fato denominamos de Globalização. A
mídia mostra essa realidade, do mesmo modo que De acordo com o debate contemporâneo
constrói uma maneira particular, de acordo com a nacional e estrangeiro, deve o pedagogo do século
seleção particular das informações que passadas. XXI ter clareza de sua prática e não mais se restringir
Assim, a sociedade passa a ser entendida como aos processos de ensino-aprendizagem nos espaços
sociedade do conhecimento ou da informação formais de ensino, ou seja, os escolares.
(ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013). Assim, surge a necessidade de educar os
indivíduos que passam pelos diversos espaços sociais
Para Refletir a viver e conviver com seus pares, porém, a educação
Qual a importância da educação nessa sociedade? é uma prática que envolve o desenvolvimento
3HQVHQLVVR dos indivíduos e sua relação com o meio social
(CORDEIRO; MOURA; MELO, 2013).
Para Sacristán (2001 apud CORDEIRO; Estando de acordo com a perspectiva de
MOURA; MELO, 2013), a educação precisa ser inovação para o Curso de Pedagogia, Gohn (2001)
utilizada como instrumento de conscientização retrata uma Pedagogia Social. A formação do
dessa realidade social e, em contrapartida, deve pedagogo não pode ser restrita à docência nos
ajudar a desvendá-la. Considerando ser o novo espaços escolares, pois a atuação pedagógica é,
horizonte para o moderno início de “educar para entretanto, uma prática notariamente social. Gohn,
a vida” que precisa agora de uma alfabetização ainda aponta para a precisão de ampliar o conceito
cultural mais exigente, de horizontes mais amplos, de educação de forma que transpõe os muros da
mas, novos desafios aparecem a cada dia para o escola para espaços da casa, do trabalho, do lazer, do
indivíduo, e, assim, necessitam ser cada vez mais associativismo etc. Assim, surge como resultado um

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91
novo campo educacional que difere o da educação condução ao saber. Dessa forma, podemos observar
não formal. que ainda atualmente há a preocupação com os
Podemos definir a educação não formal de meios, formas e maneiras de levar o indivíduo ao
acordo com Gohn (2001, p. 32), como: conhecimento. Não se deve descarta que há um
vínculo da Pedagogia com os métodos de como
[...] aquela que aborda processos ensinar, o que ensinar, e também quando ensinar
educativos que ocorrem fora das escolas, e para quem ensinar. Com base no seu percurso
em processos organizativos da sociedade histórico, cheio de tensões, limites e possibilidades
civil, ao redor das ações coletivas do de novas alternativas, a pedagogia deixa de ser
chamado terceiro setor da sociedade superestimada ao significado prático de ação em
abrangendo movimentos sociais, como levar a criança para o conhecimento para
organizações não governamentais e se transformar na teoria da educação, englobando
outras entidades sem Àns lucrativos que portanto a educação não escolar (CAMBI, 1999;
atuam na área social. LIBÂNEO, 1999).
Esse tema leva Ghiraldelli Jr. (1987, p. 9):
Ainda de acordo com essa perspectiva, Libâneo
(2001) também afirma que: [...] a pedagogia é a teoria, enquanto que
a educação é a prática” O autor ainda
[...] a educação associa-se, pois, a reforça: “A educação é , antes de tudo,
processos de comunicação e interação uma prática educativa. É prática geradora
pelos quais os membros de uma de uma teoria pedagógica. Educação, ao
sociedade assimilam saberes, habilidades, mesmo tempo que produz pedagogia, é
técnicas, atitudes, valores existentes também direcionada e efetivada a partir
no meio culturalmente organizado e, das diretrizes da pedagogia.
com isso, ganham o patamar necessário
para produzir outros saberes, técnicas, Analisando a história notamos que a discussão
valores, etc. sobre a pedagogia dura por muitos anos. Na época
medieval Martinho Lutero (1493-1546) um dos
Ferdinand Röhr (2006) ressalta a questão primeiros protagonistas da Pedagogia conhecida
da intencionalidade da educação tratando dessa como Moderna, fazia crítica à Pedagogia católica
formação dizendo que: “A intenção educacional que imperava naquela época. Ele demostrava
é a intenção de tornar o educando homem, nesse por meio de suas opiniões o desejo da burguesia,
segundo sentido, de desenvolver nele o que tem de quais seja, o aumento do número de escolas e uma
mais humano e que não é simplesmente resultado nova pedagogia que já não se tornasse desatenta
da sua maturação natural. Trata-se de um processo perante as novas condições de produção. No
de aproximação”. entanto, os desejos da burguesia só foram mesmo
A sociedade e o debate mostram exigências aprofundados no âmbito pedagógico pelo pastor
como a relação de uma Nova Pedagogia, assim, Comênio (1592- 1671), que em seu livro Tratado
surge o entendimento e a intervenção na prática da Arte de Ensinar Tudo a Todos (1630) reconstruía
social educativa diversa, com isso as instituições os métodos de ensino, tentando moldar a atividade
ainda não se mostram atualizadas para atender a educativa com base no sistema de produção burguês
esta necessidade tão evidente. (CORDEIRO; MOURA; MELO, 2013).
O curso de Pedagogia, no Brasil, tem se A partir daí Rousseau (1712- 1778) aparentando
voltado mais para os espaços escolares, porém, ser um homem naturalmente bom, mas que era
a partir da década de 1990, novos temas foram corrompido pela sociedade. Em sua obra “O Emílio
requeridos e novas abordagens vêm acontecendo e ou Da Educação” (1762), este filósofo tentava
sendo discutidas em relação com a forma de pensar defender uma pedagogia em que levasse às últimas
a educação e a ciência que estuda esse objeto –a consequências o direito à liberdade, desse modo,
pedagogia (CORDEIRO; MOURA; MELO, 2013). sua pedagogia não mais servia a burguesia instalada
Na Grécia Antiga, a função do escravo no poder. A burguesia da época necessitava de
Pedagogo não era instruir e sim levá-los ao local do preparo para os avanços tecnológicos, devia formar
conhecimento. A instrução era dada pelo preceptor. cidadãos, formar seus quadros, difundindo as
A origem da palavra a Pedagogia está ligada ao ato de camadas populares sua visão de mundo, por fim,

15
92 Práticas Pedagógicas em Instituições não Escolares

precisava de uma escola eficiente e uma pedagogia profissionais oriundos das faculdades de educação
científica (CORDEIRO; MOURA; MELO, 2013). isto é um ponto positivo para sua atuação na área. A
De acordo com a pedagogia enquanto “ciência headhunter Andréia Campos, especialista em RH na
da educação”, para satisfação da burguesia, Herbart Case Consulting afirma que é decorrente a contratação
(1776-1841), século XIX, considerado o criador de Pedagogos, precisamente porque lidam muito
da pedagogia científica, dá à psicologia a base bem com pessoas.
experimental que funcionará como propedêutica
A pesquisa conhecida como “O Perfil do
à pedagogia, dando a esta a orientação ética da
Pedagogo que Atua em Espaços Não escolares”,
educação. Dessa forma, na sua Pedagogia não havia
participa de parte de uma linha de pesquisas tratando
sentido a educação sem a instrução. Assim, era
previsto que se repassasse, de modo concentrado, da Gestão Educacional e Educação Profissional do
toda cultura elaborada pelas gerações passadas. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas
Para tanto, era uma pedagogia elitista, mas que Unidas – UniFMU, entre os anos de 2004 e 2005
dava resultados positivos, quando aplicada a (ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013).
grandes massas. Assim, no período da Pedagogia Vale ressaltar o trecho escrito pela professora
Herbartiana, século XIX, acontece a instalação das Dra. Mary Rosane Ceroni a respeito da conclusão
grandes redes de ensino público (CORDEIRO; desta pesquisa:
MOURA; MELO, 2013).
Vimos até aqui que na Pedagogia, há a presença Do estudo desenvolvido, identiÀcamos
da escola e de seus métodos, ficando sempre indicadores para o perÀl do pedagogo
presente como seu objetivo a satisfação das classes para atuação em espaços não-
escolares. ...Áexibilidade em suas ações;
mais favorecidas.
conhecimento e experiências relativos
Já no século XX, surge a Pedagogia Nova à gestão participativa; competência
que atende aos interesses da burguesia no sentido e habilidade na busca de soluções
de fazer uma escolarização para a mão de obra para os impasses enfrentados, com
(classes populares). Neste caso, defendiam-se os compreensão do processo histórico,
métodos ativos de ensino, de liberdade e autonomia social, administrativo e operacional em
que está inserido; comprometimento
do aluno, respeitando a iniciativa do aluno. Jonh
e envolvimento com o trabalho; ter
Dewey (1859-1952) foi muito importante para preparo para administrar conÁitos; zelar
estes acontecimentos, que com sua vasta produção pelo bom relacionamento interpessoal;
filosófica e pedagógica em curto espaço de tempo fez gostar de trabalhar com pessoas;
com que a Pedagogia Herbartiana fosse considerada comunicação eÀcaz; conhecimento de
tradicional, medieval e não-científica. Assim, essa princípios de educação popular; ter
competência e habilidade para planejar,
pedagogia não estava sendo apenas consumida
organizar, liderar, monitorar, empreender
pelos americanos mas também divulgada por todo (ESPAÇOS EDUCATIVOS, 2013).
o mundo (CORDEIRO; MOURA; MELO, 2013).
Destacamos aqui como principal argumento o
9DOHDSHQDGHVWDFDUTXHGLYHUVRVV¥RRVWHUPRVTXHGHȴQHP fato de que todo e qualquer lugar em que há prática
D 3HGDJRJLD $UWH GD (GXFD©¥R &L¬QFLD GD (GXFD©¥R RX educativa intencional faz parte da área de atuação
Ciência da Arte Educativa esses termos contribuem para a do Pedagogo. Não deve se negar o espaço escolar
LQGHȴQL©¥RGHVXDHSLVWHPRORJLDPDUFDQGRDKLVWRULFDPHQWH formal, e sim acrescentar possibilidades ao futuro
DW«DWXDOPHQWH &25'(Ζ520285$0(/2  Pedagogo. (ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013).
Pode haver um erro na nomenclatura, no caso
de Cursos nomeados disciplinas de “Educação em
Alguns profissionais na área de Recursos
espaços não escolares”, pois, na realidade estão
Humanos têm dado seu palpite a respeito deste
fazendo referencia a atividade extraclasse, atividades
quadro educacional, em destaque para o papel
complementares, estágio e não referencia de áreas
estratégico da educação no mundo empresarial
de atuação.
(ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013).
Desse modo, a educação em espaços não
De acordo com Gladys Zmcevich, vice
escolares citada nesta Aula 1 contempla não as
presidente da Korn/Ferry, empresa multinacional
atividades extra escolares citadas anteriormente,
de hunting, a importância do desenvolvimento
mas a atuação profissional do futuro Pedagogo
é relevante para as pessoas de modo que os

16
93
com o intento de mostrar que ela não deve limitar- de Educação do Estado de São Paulo não necessitam
se apenas aos espaços escolares formais. de treinamentos específicos na área hospitalar.
Devem apenas garantir o acompanhamento das
4 – Espaços escolares para atuação matérias escolares, bem como, obviamente, de
do pedagogo proporcionar momentos culturais alegres para
crianças que ficam por meses internadas.
A seguir classificamos alguns espaços em que
Tais crianças não devem cumprir um
são realizadas atividades educacionais, porém, não
horário previamente determinado, já que por
fazem parte do espaço escolar formal.
vezes estão realizando exames, quimioterapia, e
outras intervenções.
4.1 Hospitais - classe hospitalar
Pode-se observa ainda que há uma
Os primeiros passos da Classe Hospitalar foram brinquedoteca, na qual há outras 2 professoras que
instalados no Hospital das Clínicas em meados dividem os turnos da manhã e tarde, ajudando as
dos anos de 1970, com iniciativa da assistente crianças e também os pais, que podem permanecer
social Silvana Mariniello. Na época, as aulas para durante muitas horas no hospital e necessitam,
as crianças foram ministradas por estagiárias do no entanto, envolverem-se nessas atividades
curso de Magistério, assim, para os adultos foi diversas para amenizar sua dor, já para as crianças
pelo Sistema Mobral. Dessa forma, este padrão de em isolamento são oferecidas atividades de
ensino se manteve até os anos de 1990. A assistente pintura e acompanhamento escolar (ESPAÇOS
social Silvana Mariniello apresentou ao Ministério EDUCATIVOS, 2013).
da Educação vários projetos para que fosse feita a
No entanto, as professoras reclamam da
regularização da classe hospitalar, mas não obteve
sucesso e as aulas seguiam sem ritmo constante e falta de cooperação das escolas, pois na maior
não estavam disponíveis para todas as crianças. Já parte não envia o conteúdo escolar que a criança
em meados do ano de 1997, o Serviço Social de estava desenvolvendo. Ainda há alguns casos nas
Assistência a Pacientes Internados e o Departamento quais as crianças retornam para a escola, depois
de Pediatria da faculdade de Medicina fizeram um da internação, e mostram notáveis melhoras no
pedido de criação do projeto Classe hospitalar nos rendimento escolar.
moldes atuais. Para tanto, a Secretaria da Educação Referente a legislação o Conselho Nacional
tem a obrigatoriedade de estabelecer aos Pedagogos dos Direitos da Criança e do Adolescente, juntamente
a realização da seriedade e do controle da qualidade com sua Vigésima Sétima Assembleia Ordinária e
de ensino (ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013). considerando o disposto no Art. 3º da Lei 8.242, de
Dessa forma, ainda segundo ideias 12 de outubro de 1991, determina:
disponíveis no mesmo site, deve haver um grande
comprometimento da equipe médica com a I – Aprovar em sua íntegra o texto oriundo
educação, temos como exemplo disso a observação da Sociedade Brasileira de pediatria,
sobre o braço que recebe a injeção não devendo relativo aos Direitos da Criança e do
ser o mesmo que a criança usa para escrever. Ainda Adolescente hospitalizados, por meio da
podem contribuir procurando agendar exames e Resolução nº 41 de 13 de outubro de
procedimentos fora do horário das aulas. 1995, que, no item 9, assegura -“Direito de
desfrutar de alguma forma de recreação,
programas de educação para a saúde,
CURIOSIDADE acompanhamento do curriculum escolar
1R+RVSLWDOΖQIDQWLO'DUF\9DUJDVHP6¥R3DXORIRLYHULȴFDGD durante sua permanência no hospital”.
DSUHVHQ©DGHFLQFRVDODVGHDXODFRPGRLVSURIHVVRUHVHP
FDGDXPDTXHGLYLGHPRVWXUQRVGDPDQK¥HWDUGH7DLVVDODV Vale a pena ressaltar ainda que há citações
V¥REHPHTXLSDGDVFRPPDWHULDOGHDUWHVOHLWXUDMRJRVH sobre o direito ao atendimento escolar regular e
dispõe de uma organização entre os materiais divididos por modificado no artigo 214 da Constituição Federal,
V«ULH HVFRODU M£ TXH FULDQ©DV GH GLYHUVDV LGDGHV HVWXGDP nos artigos 5 e 23 da Lei de Diretrizes e Bases da
MXQWDV (63$‰26('8&$7Ζ926 
Educação; na Resolução nº 2/2001 do Conselho
Nacional de Educação, Terceiro Setor.
Segundo informações disponíveis na própria O primeiro setor responsável pelas questões
secretaria, os Pedagogos contratados pela Secretaria sociais é o Governo. O segundo é o privado, obrigado

17
94 Práticas Pedagógicas em Instituições não Escolares

pelas questões individuais. Assim, com a aparente do patrimônio histórico e artístico;


falência do Estado, o setor privado deve ajudar nas III - promoção gratuita da educação,
observando-se de forma complementar
questões sociais, dessa forma, surge o chamado de participação das organizações de que
Terceiro Setor, que é classificado por instituições trata esta Lei.
sem fins lucrativos e não governamentais, que
criam serviços de caráter público (ESPAÇOS O Pedagogo nestes espaços elabora
EDUCATIVOS, 2013). projetos educativos, planeja ações da
A experiência do exílio mostra personagens, organização, presta apoio pedagógico, além
que se transformam em emblemáticos no mundo de atuar como professor em organizações que
das ONGs das décadas de 1980 e 1990, como mantém escolas em suas dependências.
Herbert de Souza (Betinho), Rosiska Darcy de
Oliveira e Rubem César Fernandes, e novos temas 4.2 Educação corporativa
e preocupações que são, geralmente, o de ganhar
destaque na agenda de ONGs, tais como: A educação corporativa é uma resposta da
carência de profissionais que possam atender as
a) direitos humanos; demandas e as necessidades da realidade constante
b) direitos das mulheres; de transformação, assim, estabelece uma filosofia
c) defesa do meio ambiente; que está destinada a procurar e aperfeiçoar as
d) as questões da violência e marginalidade urbana; competências precisas para a evolução de uma
e) revalorização da religiosidade tradicional e organização (ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013).
principalmente a Educação. Desse modo, ainda com base nas ideias
disponibilizadas no mesmo site, o modelo mais
Após a década de 1990, é aprofundada a preciso e comum de educação corporativa é a
atuação das organizações não-governamentais na Universidade Corporativa, na qual as empresas
esfera educacional. Assim, a legitimação da entrada preparam verdadeiras instituições de ensino que
das ONGs na educação brasileira acontece após o se pensam não só nos treinamento específico da
surgimento da Lei n. 9.394/1996, que determinou profissão realizada, mas ainda com a educação
as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (CURY, de forma ampliada, oferecendo desde cursos de
1998, SAVIANI, 1997). alfabetização até cursos de graduação.
O primeiro artigo dessa Lei apresenta a educação Mesmo que a Lei nº. 9394/96, em seu artigos
que abrange processos formativos que acontecem 39, 40, 41 e 42 trata da educação profissional e da
em vários lugares, além de movimentos sociais e certificação, ainda permiti o reconhecimento da
organizações da sociedade civil. Tais organizações competência desenvolvida no trabalho e com do
não-governamentais são determinadas pela Lei decreto nº. 5.840, artigo 7º (2006), que relaciona a
nº 9790 de 23 de março de 1999, que declara a educação entre jovens e adultos, em que “ofertantes
qualificação de pessoas jurídicas do direito privado, de cursos e programas do PROEJA poderão
sem fins lucrativos, também, como Organizações aferir e reconhecer, mediante avaliação individual,
da Sociedade Civil de Interesse Público, determina conhecimentos e habilidades obtidos em processos
que a disciplina em Termo de Parceria se dá a formativos extra-curriculares”, nesse sentido, a
outras providências. certificação do trabalhador continua restrita ao
Está determinada no Art 3º a qualificação espaço escolar formal
instituída por esta Lei, atentando-se em qualquer Tais Universidades ainda mantêm cursos on-line,
caso, o início da universalização dos serviços, que possibilitam a utilização por qualquer usuário.
no âmbito da legitimação das organizações, Dessa forma, grandes empresas como Vale do
apenas será conferida para as pessoas jurídicas Rio Doce, Motorola, Brahma, Caixa Econômica,
de direito privado, sem fins lucrativos, nas quais Banco do Brasil, Petrobrás oferecem para a
os objetivos sociais tenham pelo menos uma das Universidade seus funcionários e, de acordo com
próximas finalidades: matéria publicada na Folha de São Paulo de 12 de
I – promoção da assistência social; Junho de 2007, a Petrobrás e Vale do Rio Doce
II – promoção da cultura, defesa e conservação abrirão as Universidades para não funcionários,

18
95
com a intenção de preparar futuros profissionais [...] na pesquisa, na administração dos
(ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013). sistemas de ensino, no planejamento
Para tanto, o Pedagogo, nas Universidades educacional, na deÀnição de políticas
educacionais, nos movimentos sociais,
Corporativas, é capaz de avaliar os cursos, os
nas empresas, nas várias instâncias de
profissionais, determinar a grade curricular que
educação de adultos, nos serviços de
seja melhor para a empresa, além de serem capazes
psicopedagogia e orientação educacional,
de dirigir, coordenar e administrar estas unidades. nos programas sociais, nos serviços para
Todo desenvolvimento da Universidade é garantido a terceira idade, nos serviços de lazer
por um profissional de educação. e animação cultural, na televisão, no
rádio, na produção de vídeos, Àlmes,
4.3 Outros espaços brinquedos, nas editoras, na requaliÀcação
proÀssional etc.” (LIBÂNEO, 1998).
O pedagogo tem ainda a opção de contribuir
em Editoras, desenvolvendo projetos pedagógicos Os cursos de Pedagogia precisam se estruturar
e estratégias na divulgação de livros, Cd’s, revista para que seja realizada a valorização, em sentido
e vídeos, também, pode ser responsável pelo amplo, da atividade pedagógica, retirando o
departamento de divulgação da editora. Temos conceito de que Pedagogia é apenas voltada para
como exemplo a Editora Cortez, onde o Pedagogo a docência, pois, segundo Libâneo (1998), todo
é editor de livros infantis. trabalho docente é pedagógico, porém, nem todo
Além disso, os pedagogos são contratados pelos trabalho pedagógico é docente.
Sindicatos para ministrar cursos, elaborar projetos e
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais
planejamentos sobre as ações da organização. Já nos
temos que o Curso de Graduação em Pedagogia,
Órgãos Judiciários, o Pedagogo exerce seu trabalho
nas varas da Infância e adolescência integrando licenciatura, a Universidade tem o papel importante
equipes psicossociais. Além disso, as Emissoras de na formação do Pedagogo podendo contemplar
TV e Rádio, o Pedagogo é responsável pela área o trabalho pedagógico em sua amplitude
de Difusão Cultural, construção de mensagens (ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013).
educativas para variados temas, sendo: educação Podemos destacar alguns pontos importantes
ambiental, Aids, drogas, saúde etc. Temos ainda dentro das Diretrizes Curriculares Nacional:
como exemplo o Centro de Memória Audiovisual
da TV Cultura, na qual há 2 Pedagogos atuando Art. 6º - A estrutura do curso de
na avaliação de programas para crianças (avaliam Pedagogia, respeitadas as diversidades
roteiros e gravações). Trabalhando como nacionais e a autonomia pedagógica das
assistentes de ensino, e atuando junto à produção instituições, constituir-se-a de:
(ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013). I – um núcleo de estudos básicos que,
sem perder de vista a diversidade e a
Neste sentido, destacamos que o curso de
multiculturalidade da sociedade brasileira,
Pedagogia pode contribuir para que o Pedagogo se
por meio do estudo acurado da literatura
forme para atuar em outras áreas. Libâneo (1998) pertinente e de realidades educacionais,
dispõe de forma clara do que se pode esperar de assim como por meio de reÁexão e ações
um curso de Pedagogia, relatando que o curso deve críticas, articulará:
formar o pedagogo stricto sensu, ou seja, formar b) aplicação de princípios da gestão democrática
um profissional qualificado capaz de atuar em em espaços escolares e não-escolares;
diversos campos educativos para poder atender c) observação, análise, planejamento,
demandas socioeducativas dos tipos formal e não implementação e avaliação dos processos
formal e informal, surgidas de acordo com as educativos e de experiências educacionais,
novas realidades, isto é, novas tecnologias, novos em ambientes escolares e não-escolares;
atores sociais, ampliação das formas de lazer, j) estudo das relações entre educação e
mudanças nos ritmos de vida, presença dos meios de trabalho, diversidade cultural, cidadania,
comunicação e informação, mudanças profissionais , sustentabilidade, entre outras problemáticas
desenvolvimento sustentável, preservação ambiental. centrais da sociedade contemporânea;
O pedagogo não deve apenas atender na gestão,
supervisão e coordenação pedagógica de escolas, Além disso, as mesmas Diretrizes enfatizam,
deve também atuar: no item II, que um núcleo de aprofundamento

19
96 Práticas Pedagógicas em Instituições não Escolares

e diversificação de estudos oportunizará [...] Você pode estar pensando: mas, quem é o
“investigações sobre processos educativos e gestoriais, educador não formal? Qual o espaço educativo e o
em diferentes situações institucionais: escolares, contexto deste tipo de educação?
comunitárias, assistenciais, empresariais e outras”. Para entender claramente o papel do educador
Desse modo, a Universidade requer a
não formal, é importante sabermos que: na
organização do seu Currículo de modo que
contemple as orientações das Diretrizes que está, educação formal são os professores. Na não
de maneira efetiva, colaborando para a formação do formal, o educador é aquele com quem interagimos
Pedagogo que deve atuar em espaços não-escolares ou nos integramos. Na educação informal, os
(ESPAÇOSEDUCATIVOS, 2013). agentes educadores são os pais, a família em geral,
os amigos, os vizinhos, colegas de escola, a igreja
paroquial, os meios de comunicação de massa etc.
9HMDPRV QD SUµ[LPD VH©¥R FRPR D HGXFD©¥R Q¥R IRUPDO (GOHN, 2012).
VH HQTXDQGUD QD SHGDJRJLD QHVWH FDVR GHQRPLQDGD Ainda para Gohn (2012), na educação não
3HGDJRJLD6RFLDO formal, os espaços educativos são os territórios
que fazem parte das trajetórias de vida dos grupos
e indivíduos, fora das escolas, em locais informais,
5 – Educação não formal na locais na qual os processos interativos intencionais
pedagogia social (a questão da intencionalidade é um elemento
importante de diferenciação). Já a educação
informal tem seu espaço de acordo com referências
Segundo Gohn (2012) a educação não-
formal determina um processo de diversas de nacionalidade, localidade, idade, sexo, religião,
dimensões, sendo: etnia etc. A casa onde mora, a rua, o bairro, o
condomínio, o clube, a igreja ou local de culto, ou
a) a aprendizagem política dos direitos dos seja, a que se vincula sua crença religiosa, o local
indivíduos enquanto cidadãos; onde se nasceu etc.
b) a capacitação dos indivíduos para o trabalho, Assim, a educação não formal acontece
por meio da aprendizagem de habilidades e/ou quando os ambientes, os contextos e as situações
desenvolvimento de potencialidades; interativas são construídas coletivamente, seguindo
c) a aprendizagem e exercício de práticas que as diretrizes de dados dos grupos, rotinamente a
capacitam os indivíduos a se organizarem com participação dos indivíduos é optativa, além de
objetivos comunitários, voltadas para a solução de poder acontecer de acordo com a vivência histórica
problemas coletivos cotidianos; de cada um. No entanto, na educação não formal há
d) a aprendizagem de conteúdos que permitem uma certa intenção na ação, no ato de participar, de
aos indivíduos fazendo uma leitura do mundo do
aprender e de transmitir ou trocar saberes. Porém,
ponto de vista da compreensão do que se passa ao
a educação não-formal está situada no campo
seu redor;
da Pedagogia Social, que é aquela que trabalha
e) a educação desenvolvida na mídia e pela
mídia, em especial a eletrônica etc. com coletivos e se preocupa com os métodos de
construção de aprendizagens e saberes coletivos. A
Ademais, a educação é considerada com não informal ocorre em ambientes espontâneos, na qual
formal quando se obtém um dos núcleos básicos de as relações sociais se acontecem de acordo com
uma Pedagogia Social. A nomenclatura não formal gostos, preferências, ou pertencimentos herdados
ainda é usada por alguns investigadores como (GOHN, 2012).
sinônimo de informal (GOHN, 2012). Prosseguindo, é importante sabermos que,
como defende Gohn (2012), a educação não formal
é capaz de transformar os cidadãos do mundo,
1HVWDGLVFLSOLQDFRQFRUGDPRVFRPDLGHLDGHTXHVHJXLQGR no mundo. Tem como finalidade abrir janelas
o pensamento dos teóricos que dão suporte às nossas de aprendizado sobre o mundo que circunda
SURSRVL©·HV RV TXDLV HVW¥R FLWDGRV HP FDGD FRQWH[WR H
os indivíduos e suas relações sociais. Além, de
DRȴQDOGDVDXODVTXHHGXFD©¥RQ¥RIRUPDOHLQIRUPDOV¥R
caracterizar não somente dados a priori, são
tipos diferentes de educação!
capazes de construir o processo interativo, gerando

20
97
um processo educativo. Dessa forma, surge um
modo de educar como consequência do processo 6 – Algumas características da educação
voltado para os interesses e as necessidades que não formal: metas e lacunas
ele participa. Surge, dessa forma, a construção A seguir conheceremos algumas características da
de relações sociais construídas em princípios de educação não formal pode chegar a termos de metas.
igualdade e justiça social, pois, presentes num dado Ressaltamos estas metas como um campo a ser
grupo social, reforça o exercício da cidadania. Para realizado pela Pedagogia Social. São elas (GOHN, 2008):
tanto, a transmissão de informação e formação
política e sociocultural é uma meta na educação a) Aprendizado quanto às diferenças, isto é,
não formal, pois, preparar os cidadãos, educa o ser aprende-se a conviver com os demais e socializa-se
o respeito mútuo.
humano para a civilidade, em oposição à barbárie,
b) Adaptação do grupo a diferentes culturas, e
ao egoísmo, individualismo etc.
o indivíduo ao outro, trabalha o “estranhamento”.
Assim, podemos entender que a educação não
c) Construção da identidade coletiva de um grupo.
formal é diferente, ela não é organizada por séries/
d) Balizamento de regras éticas relativas às
idade/conteúdos, ela atua baseada em aspectos condutas aceitáveis socialmente.
subjetivos do grupo, trabalha e forma a cultura
política de um grupo. Cria o desenvolvimento da Segundo a mesma autora, o que ainda falta na
autoestima e do empowerment do grupo, estabelecendo educação não formal é:
o que alguns analistas chamam de o capital social de
um grupo. Portanto, é fundamentada por critério da a) Formação específica a educadores a partir da
solidariedade e identificados por interesses comuns, definição de seu papel e atividades a realizar.
além de ser parte do processo de construção da b) Definição de funções e objetivos de educação
cidadania coletiva e pública do grupo. não formal.
Finalmente, é importante saber que a educação c) Sistematização das metodologias utilizadas
não formal acontece quando desenvolvem uma no trabalho cotidiano.
série de processos, sendo: d) Construção de instrumentos metodológicos
de avaliação e análise do trabalho realizado.
a) consciência e organização de como agir em e) Construção de metodologias que possibilitem
grupos coletivos; o acompanhamento do trabalho realizado.
b) construção e reconstrução de concepção de f) Construção de metodologias que possibilitem
mundo e sobre o mundo; o acompanhamento do trabalho de egressos que
c) contribuição para um sentimento de participaram de programas de educação não formal.
identidade com uma dada comunidade; g) Criação de metodologias e indicadores para
d) formação do indivíduo para a vida e suas estudo e análise de trabalhos da educação não
adversidades (e não apenas capacita-o para entrar formal em campos não sistematizados. Aprendizado
no mercado de trabalho); gerados pela vontade do receptor.
e) resgata o sentimento de valorização de si h) Mapeamento das formas de educação
próprio (o que a mídia e os manuais de autoajuda não formal na auto aprendizagem dos cidadãos
denominam, simplificadamente, como a autoestima) (principalmente jovens no campo da auto-
quando presente em programas com crianças ou aprendizagem musical).
jovens adolescentes a educação não formal, ou seja,
permite aos indivíduos desenvolverem sentimentos (HQW¥R"&RPSUHHQGHUDPRFRQWH¼GRGD$XOD"&RQWXGR
de autovalorização, de rejeição dos preconceitos SDUD VH DVVHJXUDUHP DPSODPHQWH TXDQWR DR ¬[LWR GD
que lhes são dirigidos, o desejo de lutar para de DSUHQGL]DJHP«QHFHVV£ULRFRORFDURTXHIRLDSUHQGLGRHP
ser reconhecido com igualdade (enquanto seres SU£WLFDYRF¬FRQFRUGD"
humanos), dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, 3DUD WDQWR « LPSRUWDQWH TXH DFHVVH R DPELHQWH YLUWXDO H
religiosas, culturais etc.); realize as atividades proposta como avaliação continuada
f) adquirem conhecimentos de sua própria GHVWD $XOD H HP FDVR GH G¼YLGDV FRQVXOWH VHXV FROHJDV
de curso e seu professor por intermédio das ferramentas
prática, os indivíduos aprendem ler e interpretar o
GLVSRQLELOL]DGDVQRDPELHQWHYLUWXDO
mundo que os cerca (GOHN, 2012).

21
98 Práticas Pedagógicas em Instituições não Escolares

formal que é quase automática. A nomenclatura


Retomando a aula não formal ainda é usada por alguns investigadores
como sinônimo de informal.

Retomar conhecimentos é fundamental para 6 – Algumas características da educação


VHGLPHQWDU R SURFHVVR GH DSUHQGL]DJHP não formal: metas e lacunas
$VVLPFRQYLGDPRVYRF¬DUHOHPEUDURVHVWXGRV Finalmente, conhecemos os pressupostos da
UHDOL]DGRVQDDXOD metodologia que é um dos pontos mais fracos na
educação não formal e com isso, encerramos nossos
1 – Educação não escolar como prática estudos desta aula. Até a próxima!
de educação
Iniciamos nossos estudos compreendendo Vale a pena
que a educação escolar é o processo educacional
organizado que não conta com a lógica do sistema
regular de ensino, ou seja, não compreende um
currículo predefinido, com base nas normas e 9DOHDpena ler
diretrizes do governo federal.
BRASIL. Resolução CNE/CP Nº1, DE 15 DE
2 – Especificidades das educações formal, MAIO DE 2006. Institui Diretrizes Curriculares
não formal e informal Nacionais para o Curso de Graduação em
Já na seção 2, conhecemos as características Pedagogia, licenciatura. DOU de 15 de Maio de
da educação não formal, para isso foi necessário 2006 e DOU de 11 de Abril de 2006.
diferenciá-la das outras modalidades de educação, CAMBI, História da pedagogia. São Paulo:
sendo a formal e a informal. Para isso fizemos uma UNESP, 1999.
distinção em termos de oposição e demarcarmos os CHIAVENATO, Gestão de Pessoas: o novo
campos de desenvolvimento de cada uma delas. papel dos recursos humanos nas organizações. Rio
de Janeiro: Campus,1999.
3 – Pedagogia nos espaços não escolares COLL, C. Educação, escola e comunidade: na busca
Prosseguindo, na terceira seção, voltamos nossa de um compromisso. In: Comunidade e escola: a
atenção para as mudanças atuais das inovações integração necessária. Pátio. Revista Pedagógica. Porto
econômicas, sociais, tecnológicas e científicas, Alegre, Artes Médicas, ano 3, n.10, 1999, p. 8-12.
verificar o crescente aparecimento de espaços
educacionais não formais que surgiram para o
Pedagogo e as novas oportunidades de trabalho.

4 – Espaços escolares para atuação


9DOHDpena acessar
do pedagogo
CORDEIRO, da; MOURA, de; MELO.
Na quarta seção, estudamos a classificação de
Pedagogos nos espaços não-escolares: um estudo de egressos
alguns espaços em que são realizadas atividades
do curso de pedagogia. Disponível em: <http://
educacionais, porém, não fazem parte do espaço
www.ufpe.br/ce/images/Graduacao_pedagogia/
escolar formal. Vimos ainda que o Pedagogo pode
pdf/2006.1/pedagogos%20nos%20espaos%20
atuar em vários espaços, como por exemplo em
no%20escolares-%20um%20estudo%20de%20
classe hospitalar ou educação corporativa. egressos%20do%20curso%20de%20pedagogia.
pdf>. Acesso em: 13 maio 2013.
5 – Educação não formal na pedagogia social ESPAÇOSEDUCATIVOS. O Pedagogo nos
Já na quinta seção compreendemos que a Espaços não-escolares. Disponível em: <http://
educação é considerada com não formal quando se espacoseducativos.blogspot.com.br/2009/03/o-
obtém um dos núcleos básicos de uma Pedagogia pedagogo-nos-espacos-nao-escolares.html>.
Social. Assim, quando falamos da educação não Acesso em: 13 maio 2013.
formal, fazemos uma comparação com a educação

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9DOHDpena assistir

YOU TUBE. Educação não formal. Disponível em:


<http://www.youtube.com/watch?v=pHAKz5hKnqg>.
Acesso em: 18 maio 2013.
______.Educaçãoformal,nãoformaleinformal.Disponívelem:
<http://www.youtube.com/watch?v=OuIOdUkYWaY>.
Acesso em: 18 maio 2013.

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