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Resumo
A legislação ambiental no Brasil é uma das mais completas do mundo. Em
1981, com a aprovação da Política Nacional do Meio Ambiente, o meio
ambiente foi definido como “conjunto de condições, leis, influências, e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). Posteriormente em 1988, com
a aprovação da Constituição Federal Brasileira um capítulo foi dedicado ao
Meio Ambiente, assim como o estabelecimento de reparação em caso de dano
ambiental, com o objetivo de determinar três tipos de responsabilidade: civil,
penal e administrativa, independentes e autônomas. Somente no final da
década de 90, com a publicação da Lei n.º 9.605 de Crimes Ambientais os
órgãos ambientais e o Ministério Público passaram a contar com um
mecanismo para punição aos infratores do meio ambiente. A Lei de Crimes
ambientais foi um avanço para a legislação ambiental brasileira, ao criar mais
um instrumento para a preservação ambiental, determinando a aplicação de
sanções, penais ou administrativas, aos responsáveis pelos, agora
considerados crimes ambientais (MATTEI, 2006). Diante desse "start
ambiental" surge uma nova modalidade de Perícia, a Perícia Ambiental, peça
indispensável para a sociedade contemporânea, ao buscar entender todo
dinamismo antropocêntrico, a velocidade das mudanças ocorridas na
sociedade, os desequilíbrios e impactos ocasionados pelo processo de
transformação do meio ambiente em decorrência da ação acelerada do homem
que impacta os ecossistemas provocando o desaparecimento de espécies e de
serviços ecossistêmicos essenciais.
2.1. Poluição
A poluição está fortemente ligada as graves alterações físicas, químicas
e biológicas no meio ambiente, prejudicando diretamente à saúde, segurança
o bem-estar da população humana, a flora, a fauna e outros recursos naturais
necessários a atividades sociais e econômicas. Sendo a poluição responsável
em grande parte pelos danos ambientais ocorridos no planeta.
Segundo Chaves (1980), poluição é "a degradação do ar, das águas,
do solo e do ambiente geral, em condições de prejudicar a saúde, a segurança
e o bem-estar do homem, ou causar dano à flora e à fauna".
No art. 3°, III, da Lei n. 6.938/81 a poluição é definida como (BRASIL,
1981),
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante
de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos;
A definição de poluição utilizada na Lei da política Nacional do Meio
Ambiente possui ampla abrangência e torna possível a proteção da sociedade,
o patrimônio público e privado, o entretenimento, a flora e a fauna, o patrimônio
cultural, artístico, arqueológico e natural e a qualidade de vida nos centros
urbanos (SIRVINSKAS, 2018).
A poluição pode ser classificada de diversas formas em relação ao tipo
de degradação causada. As classificações comumente utilizadas são: a)
poluição hídrica, resultante de lançamento de resíduos provenientes de
atividades industriais, comerciais ou residenciais, em lagos, rios e mares; b)
poluição sonora, frequente nos centros urbanos devido ao excesso de ruído; c)
poluição atmosférica, resultante da emissão de poluentes despejados
continuamente na atmosfera por chaminés de fábricas, queimadas, usinas
nucleares, termelétricas e veículos automotores; c) poluição
luminosa, provocada por luzes artificiais dos centros urbanos; d) poluição do
solo, resultante da deposição, infiltração e acúmulo de poluentes que alteram
a composição natural do solo como agrotóxicos, esgoto doméstico, resíduos
sólidos, resíduos industriais e fertilizantes (DA SILVA, 2012; SIRVINSKAS,
2018).
De acordo com Da Silva (2012), os efeitos da poluição são cumulativos,
os efeitos dos danos ecológicos provenientes da poluição podem manifestar-
se além das proximidades vizinhas. Portanto, são danos coletivos com
repercussão direta nos direitos coletivos e indiretamente nos individuais.
O maior desastre ambiental da história do Brasil ilustra com clareza os
graves efeitos da poluição e como um tipo de emissão de poluente pode ter
múltiplos efeitos e tornar a situação ainda pior. O colapso de uma barragem e
o vazamento de 40 a 62 milhões de m3 de rejeitos de mineração no rio (Rio
Doce, estado de Minas Gerais), inicialmente uma poluição hídrica, adquiriu
grandes proporções e afetou a biodiversidade ao longo de centenas de
quilômetros de rios, matas ciliares e costa da Mata Atlântica. Importantes
áreas de conservação da biodiversidade no Oceano Atlântico, incluindo o
Parque Nacional de Abrolhos, uma das áreas protegidas mais emblemáticas
do Brasil, e três outras áreas marinhas protegidas (IBAMA 2016; GARCIA et
al., 2017).
O desastre do Rio Doce demonstra os grandes prejuízos ocasionados
por poluição nas dimensões econômica, social e ambiental. Os graves
problemas originados pela poluição servem como um alerta para os governos
se preocuparem com essa questão. Ampliando a urgência e importância da
elaboração e emissão de normas referentes à proteção ambiental, com a
finalidade basilar da preservação do meio ambiente e obtenção de condições
adequadas para que o homem possa ter uma qualidade de vida, zelando por
seu bem-estar e segurança.
Historicamente, após grandes desastres ambientais há um despertar
para a importância das questões ambientais. Segundo Hogan (2007) conforme
citado por Pott e Estrela (2017), em Londres no início da década de 50 a
poluição atmosférica foi responsável por mais de quatro mil mortes, o episódio
ficou conhecido como “A Névoa Matadora”, tal desastre deu início a
movimentação das autoridades de saúde e a atenção quanto à qualidade do
ar. O direito internacional tratou de temas relacionados à poluição ambiental
em convenções internacionais, como a Convenção de Londres em 1954 com o
objetivo de prevenir a contaminação marinha por hidrocarbonetos e
a Convenção de Paris de 1974 sobre a contaminação telúrica do mar
(MARTINS, 2011).
A perícia ambiental é um instrumento fundamental para garantir uma
indenização adequada às pessoas que venham a sofrer danos causados por
poluição e adotar investigação para elucidar os fatores causadores de danos e
garantir em tais ocasiões uma reparação adequada. Como no caso da
condenação da Companhia Siderurgia Nacional (CSN), a qual foi condenada a
reparar os danos ambientais causados no passado pela sua atividade
industrial, responsável pela quase totalidade da poluição do ar e da água, bem
como pela produção de resíduos industriais tóxicos na bacia hidrográfica do
Rio Paraíba do Sul (DANTAS, 2005). Nestes casos, os peritos são
responsáveis por averiguar a magnitude e a gravidade das consequências
ecológicas dos danos causados.
Conclusões
O Brasil é o maior detentor de biodiversidade no planeta. Considerando
a região Sudeste, a Mata Atlântica abriga 60% da população brasileira, os
impactos antrópicos combinados, as desigualdades sociais juntamente com as
alterações climáticas colocam o ambiente em uma situação de vulnerabilidade
(SCARANO; CEOTTO, 2015).
A legislação ambiental brasileira é considerada vanguardista, quando
comparada a legislação de outros países. Devido à existência de instrumentos
jurídicos de proteção ambiental com normas, convênios administrativos,
limitações administrativas ao uso da propriedade privada, controle da poluição
por organismos federais e estaduais e a expropriação por utilidade pública,
tendo por fundamento legal a salubridade pública constituem um excelente
instrumento de conservação e proteção ambiental.
Entretanto, o Brasil falha na execução destas leis, há uma carência de
mecanismos de fiscalização e apuração dos crimes. As leis ambientais são de
excelência, mas nem sempre são aplicadas de forma adequada, por
inexistirem recursos e capacidades técnicas para executar a lei plenamente
em todas as unidades federativas (BRASIL, 2010; BARRETO; ARAÚJO;
BRITO, 2009; SILVA; BERNARD, 2015).
É neste contexto que constatamos a importância da perícia ambiental
do ponto de vista jurídico e ambientalista para constatação do dano ambiental
ou da iminência de sua ocorrência. É fundamental a adoção de critérios
específicos, para apuração de crimes ambientais que comprovem as
alterações e modificações ocorridas no meio ambiente afetado e o não
cumprimento das legislações ambientais. A perícia ambiental deve ser uma
prática interdisciplinar, executada por profissionais capacitados a buscar
elucidação de crimes ambientais, baseados em conhecimentos técnicos
científicos, a fim de fixar condenação ou reparação dos danos. Também é
importante que possam contribuir para o estabelecimento de um diálogo com o
poder público para a formulação e aplicação de políticas ambientais eficazes.
Referências
GARCIA, Letícia Couto et al. Brazil's worst mining disaster: corporations must
be compelled to pay the actual environmental costs. Ecological applications,
v. 27, n. 1, p. 5-9, 2017.
HARDIN, Garrett. The tragedy of the commons. Science, v. 162, n. 3859, p.
1243-1248, 1968.
IBAMA. 2016. Ibama e ICMBio apuram se lama da Samarco atingiu
Arquipélago de Abrolhos. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/ meio-
ambiente/2016/01/mancha-de-lama-da-samarco-podeter-avancado-para-
abrolhos>. Acesso em: 11 abr. 2019.
LEITE, Flávia Dinelli Pontes; ALMEIDA, Josimar Ribeiro. Valoração econômica
do recurso e do dano ambiental aplicada à quantificação de débito imputado
pelo Tribunal de Contas da União. www. tcu. gov. br, p. 77, 2005.
MORA, Camilo et al. How many species are there on Earth and in the ocean?.
PLoS biology, v. 9, n. 8, p. e1001127, 2011.