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DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
DE ALUNOS SURDOS:
COGNITIVO, AFETIVO E SOCIAL
ISBN: 978-85-387-1732-4
CDD 376.33
Concepção de sujeito.............................................................. 61
Excepcional................................................................................................................................... 61
Deficiente auditivo.................................................................................................................... 62
Surdo............................................................................................................................................... 62
Portador de necessidade educativa especial................................................................... 63
Filosofias educacionais............................................................ 95
Oralismo........................................................................................................................................ 95
Comunicação total..................................................................................................................... 97
Português sinalizado (ou bimodalismo)............................................................................ 98
Bilinguismo................................................................................................................................... 99
Conhecimentos jurídicos......................................................109
Leis, resoluções e portarias...................................................................................................110
Diretrizes Nacionais.................................................................................................................114
Libras............................................................................................151
Estrutura da língua..................................................................................................................151
Código de ética.........................................................................................................................152
Profissional intérprete............................................................................................................154
Prezado aluno,
Bons estudos!
O que é surdez
A palavra surdez tem sido empregada para designar qualquer tipo de
perda de audição, parcial ou total, que pode ser temporária ou definitiva.
Segundo Davis e Silverman (1970),
[...] surdez significa audição socialmente incapacitante.
O surdo é incapaz de desenvolver a linguagem oral,
IESDE Brasil S.A.
Estruturas do ouvido
Os termos ouvido (pavilhão auricular/pa-
vilhão auditivo) e orelha (do latim: auricula),
podem ser encontrados na literatura para
conceituar estudos referentes à audição. No
Brasil, com a publicação de Terminologia Ana-
tômica, apresentada pela Sociedade Brasileira
de Anatomia em 2001, usa-se o termo orelha
para designar tanto o órgão da audição em
sua totalidade, como a parte visível e externa
que corresponde ao pavilhão auricular.
Decibels ou decibéis?
Em homenagem a Alexander Graham Bell, inventor do telefone, foi usada
para medições de perdas nas linhas telefônicas, nos EUA, uma unidade de-
nominada Bel, como medida relativa de intensidade, a qual comprimia uma
ampla variação da escala linear de intensidades pela transformação desta
em uma escala logarítmica (RUSSO, 1999).
Divisões da orelha
A orelha divide-se em externa, média e interna.
Conduto
Martelo
Nervo
Auditivo
Utrículo
Vestíbulo
Pelos
Sáculo
Cera
Cóclea
Trompa de Eustáquio
Tímpano
Janela
Oval
OUVIDO OUVIDO OUVIDO
EXTERNO MÉDIO INTERNO
Orelha externa: funciona como uma concha que capta os sons e os dire-
ciona até o tímpano.
Fisiologia da audição
5
1
Os sons entram
no organismo
pela ORELHA. ESTRIBO
3
2 O som causa uma pressão 4
Passam pelo CONDUTO AUDITIVO, do TÍMPANO, que vibra e Esses ossos estimulam
um canal que amortece as ondas atinge três pequenos ossos: a CÓCLEA, um órgão
sonoras e as conduzem até o tímpano. martelo, bigorna e estribo. cheio de líquido que
recebe o som através
de ondas.
Causas da surdez
Alguns dos dados citados a seguir referem-se a achados científicos que
não são determinantes de ocorrer a todos os sujeitos que pertencem a esses
grupos.
doenças preexistentes.
consanguinidade;
exposição à radiação;
diabetes;
pós-maturidade;
anóxia;
fórceps;
traumas no parto;
convulsões;
caxumba, diabetes;
sífilis;
traumatismos cranianos;
Graus da surdez
São cinco categorias, de acordo com a tabela proposta por Davis e Silverman
(1970):
>10 a 20dB – padrão de normalidade;
>20 a 40dB – perda leve;
>40 a 70dB – perda moderada;
>70 a 90dB – perda severa;
>90dB – perda profunda.
Para refletir
Surdez congênita: como vimos, na surdez congênita a pessoa já nasce surda.
Nesse caso, a criança apresenta maior dificuldade em desenvolver e assimilar a
fala uma vez que nunca teve uma exposi-
Curiosidades
Em novembro de 1997 foi realizada a primeira Semana Nacional de Pre-
venção à Surdez. O objetivo da campanha era educar e conscientizar a popu-
lação para os problemas de deficiência auditiva.
Você sabia que existe uma série de bonecas Barbie (americanas) que sina-
lizam “I Love You” ?
Texto complementar
Movimento propõe
que deficiente auditivo se assuma
Desconhecimento a respeito da deficiência auditiva
reside, em boa parte, no fato de a surdez ser uma deficiência invisível,
como é chamada por portadores. A invisibilidade leva o surdo a ser ignorado
pela sociedade ouvinte e pelas políticas públicas
(DURAN, 2003)
Por aqui, uma das principais bandeiras do grupo é “sair do armário”. Para o
surdo, a expressão significa assumir a língua de sinais como idioma preferen-
cial e deixar de se dedicar anos a fio no consultório do fonoaudiólogo para
desenvolver a fala e treinar a leitura labial, só para “falar direitinho e agradar
à maioria ouvinte”, como alegam os defensores do Orgulho Surdo.
“Como sou filha de lituanos, as pessoas pensavam que meu jeito diferen-
te de falar era sotaque”, conta. Certa vez, ela decidiu simplesmente esconder
a surdez e conseguiu o trabalho. Como professora, era difícil receber uma
ligação telefônica, o que poderia denunciar a sua condição. Quatro meses
depois de contratada, porém, recebeu um chamado. “Disse que não podia
atender, e as pessoas ficaram pasmas: ‘O quê? Surda?’, diziam elas.”
O tradutor para a linguagem dos sinais é apenas uma das inúmeras neces-
sidades às quais o surdo brasileiro não consegue ver atendidas. Na televisão,
por exemplo, o closed caption, recurso de legendas ocultas dos programas
acionado pela tecla SAP, é adotado apenas por duas emissoras do país e,
mesmo assim, em 30% da programação.
Fora do armário, para os surdos, é mais fácil também lidar com o pre-
conceito. “A discriminação ocorre porque as pessoas não sabem o que é a
surdez”, diz Sabanovaite.
“O mundo foi feito para os ouvintes. Nós precisamos saber que a surdez
implica a formação de uma outra cultura, de uma identidade que precisa
ser respeitada. Como eles têm menos acesso à informação, desenvolveram
valores que são só deles. A língua é um de tantos outros”, diz a professora
Ana Lúcia Soares, 28, do Centro de Educação, Audição e Linguagem (Ceal),
do Distrito Federal.
Soares aprendeu Libras com uma amiga de infância que era surda e é
autora de um programa de educação especial de músicos que começa a
chamar a atenção fora do país. Trata-se do Surdodum, grupo de percussão
formado por 25 surdos, que aprendem noções de ritmo e melodia pela vi-
bração que o som provoca no corpo. “O objetivo é mostrar que o chamado
deficiente auditivo pode tudo, inclusive fazer música, uma das habilidades
humanas mais ligadas à audição”, diz.
Surdo não apenas produz música como também pode falar. Outro grande
engano disseminado na sociedade é o de que a mudez sempre acompanha
a surdez. O deficiente auditivo tem voz, apenas precisa ser treinado e bem
cedo, ainda na infância, para aprender a falar.
Dica de estudo
Leia Surdez e Linguagem: aspectos e implicações neurolinguísticas, de Ana
Paula Santana, editora Plexus. O livro faz um estudo sobre como ocorre a
construção da linguagem em sujeitos surdos e a relação dessa construção
com a neurolinguística.
Atividades
1. Qual a diferença entre surdez congênita e surdez adquirida? Entre esses dois
casos, qual deles compromete o desenvolvimento da fala? Justifique.
3. Cite os tipos de surdez segundo as expressões clínicas. Qual delas tem como
definição a ausência total de percepção de som?
Gabarito
1. Surdez congênita: é a surdez adquirida na fase gestacional. O sujeito pode
apresentar dificuldade na assimilação da fala, por ser pré-lingual. Na surdez
congênita a pessoa já nasce surda. Nesse caso, a criança apresenta maior
dificuldade em desenvolver e assimilar a fala uma vez que nunca teve uma
exposição auditiva/oral da língua, é o que chamamos de surdez pré-lingual.
Referências
BOONE, R. Daniel; PLANTE, Elena. Manual da Fonoaudiologia: comunicação
humana e seus distúrbios. São Paulo: Lovise, 1996.
DAVIS, H.; SILVERMAN, S. R. Auditory test hearing Aids. In: _____. Hearing and
Deafness. Holt: Rinehart and Winston, 1970.
No período primitivo
Domínio público.
Com o passar dos anos, as tribos foram surgindo, e com elas o plantio e a
organização em sociedade.
Não se plantava para o sustento. A caça para a obtenção de alimentos e pele de animais para
se aquecer e a colheita de frutos, folhas e raízes garantia o sustento das pessoas. Há mais ou
menos dez mil anos, quando as condições físicas e de clima na Terra ficaram mais amenas, os
grupos começaram a se organizar para ir à caça e garantir o sustento de todos. Na Pré-História
a inteligência do homem começou a se manifestar e os integrantes do grupo passaram
a perceber melhor o ambiente onde viviam, começando a adorar o sol, a lua e os animais.
(GUGEL, 2010)
Antiguidade
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
José Saramago
Egito Antigo
Registros arqueológicos, em
Jupiter Images.
Por fim, Gugel coloca que o Egito foi conhecido como a terra dos cegos;
muitos dos seus habitantes perdiam a visão em decorrência de infecções. Papi-
ros encontrados revelam receitas para curar diversas doenças, entre elas as que
acometiam os olhos.
Grécia
Na Antiguidade, a imagem do homem
Jupiter Images.
Jupiter Images.
no livro A República, e Aristóteles, no livro A
Política, indicavam entre várias situações que
contribuíam para a organização das cidades
gregas a eliminação das pessoas nascidas
com deficiência, sendo uma das práticas o
descarte de crianças especiais em aprisco de
uma cadeia de montanhas chamada Tayge-
tos, na Grécia.
Platão
A República, Livro IV, 460 c – Pegarão então os filhos
dos homens superiores, e levá-los-ão para o aprisco,
para junto de amas que moram à parte num bairro da
cidade; os dos homens inferiores, e qualquer dos
outros que seja disforme, escondê-los-ão num lugar
interdito e oculto, como convém. (GUGEL, 2007, p. 63)
Domínio público.
Aristóteles
A Política, Livro VII, Capítulo XIV, 1335 b –
Quanto a rejeitar ou criar os recém-nascidos,
terá de haver uma lei segundo a qual
nenhuma criança disforme será criada; com
vistas a evitar o excesso de crianças, se os
costumes das cidades impedem o abandono
de recém-nascidos deve haver um dispositivo
legal limitando a procriação, se alguém tiver
um filho contrariamente a tal dispositivo,
deverá ser provocado o aborto antes que
comecem as sensações e a vida (a legalidade
ou ilegalidade do aborto será definida pelo
critério de haver ou não sensação e vida).
(GUGEL, 2007, p. 63)
Para a autora, diferente dos animais, que têm essa prática com o intuito de
manter a sobrevivência do restante da prole, a leitura dos humanos em relação
à eliminação da deficiência representa atacar o diferente, o inconveniente que
destoa da sociedade “perfeita”:
[...] em culturas chamadas primitivas, onde, como em algumas tribos, o deficiente é sacrificado;
ou mesmo em civilizações chamadas mais adiantadas, como Esparta. Comportamentos que
podemos também encontrar no mundo animal, onde filhotes imperfeitos são, na maioria das
vezes, mortos. Ataca-se o diferente, o inconveniente, e com isso liquida-se a ameaça por eles
representada. (AMARAL, 1994)
Roma
Da mesma forma que a prática
Thinkstock.
O mesmo ocorria com os surdos, assim como na Grécia, que eram destituídos
dos seus direitos (exceto os surdos oralizados), serviam como bobos entretendo
membros abastados da sociedade, ou eram mortos como os demais portadores
de necessidades especiais.
Nós matamos os cães danados, porcos? Ferozes e indomáveis degolamos as ovelhas doentes,
com medo que infectem o rebanho, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos, mesmo as
crianças se forem débeis mentais ou anormais, nós as afogamos: não se trata de ódio, mas de
razão que nos convida a separar das partes sãs, aquelas que podem corrompê-las.
Não existia piedade, aceitação, inserção das pessoas com alguma necessi-
dade nesse período. De uma forma muito natural e pertinente aos padrões da
época, todo e qualquer sujeito, independente do contexto social, era sumaria-
mente eliminado.
No entanto, com a guerra muitos soldados voltaram para Roma com ampu-
tações e outras dificuldades decorrentes dessa batalha. A deficiência passou a
ser vista como impossível de ser erradicada, por se tratar de um adulto e não de
um recém-nascido que pudesse ser eliminado. Esses combatentes, por terem
conquistado o Império Romano, eram vistos como heróis e por essas circunstân-
cias deveriam ser cuidados, porém o sistema médico não dava conta de realizar
todos os atendimentos necessários.
Idade Média
Domínio público.
Divulgação.
A obra medieval de Victor Hugo, O Corcunda
de Notre Dame, relata o tratamento que o defi-
ciente recebia na Idade Média. Fonseca (1995)
descreve um pouco como se deu o olhar da so-
ciedade em relação ao indivíduo especial:
Revolução Industrial
Domínio público.
A Revolução Industrial nasceu por volta do século XVI, juntamente com
outros marcos na história como a Revolução Francesa, seguida pelos burgueses
e com o período do Renascimento, movimento de novas ideias sobre a ciência,
sociedade e especialmente sobre as artes, com grande riqueza na produção de
músicas, pinturas, teatros e festivais de dança.
A produção em série passou a ser uma meta; o capitalismo viu nos membros
da sociedade vasta mão de obra, incluindo nessa dinâmica não só os homens,
como também mulheres e crianças. Nesse contexto, os portadores de deficiên-
cia carregavam um novo estigma: “autores de um ônus” financeiro para os ideais
de consumo e de liberalismo.
O corpo não era mais um organismo e sim uma máquina, e aqueles que pos-
suíam algum grau de deficiência representavam uma máquina com peças defei-
tuosas, mas que podiam ser reaproveitadas com ofícios que não exigissem dessa
máquina o uso de tais peças.
[...] objetivo, em termos de tipo ideal de trabalhador, passou a ser a busca do homo sapiens
para o escritório, para o planejamento, e do homo faber para a oficina, sendo o protótipo desse
o homem-boi, o homem-gorila, uma vez que a preocupação estava voltada à busca de força
física. (BIANCHETTI, 1998)
Desse período, temos alguns reflexos em nossa dinâmica social que estão
presentes até hoje:
a diferença salarial entre homens e mulheres, sendo que muitas vezes am-
bos exercem a mesma função;
Atualidade
Todo o movimento histórico que vimos até agora nos deu base para reali-
zarmos novos estudos nas áreas das ciências humanas, jurídicas, da saúde e
tecnológica.
Thinkstock.
mos a perceber o homem como
um ser único e que na sua origem
tem o direito essencial de ser dife-
rente dos demais.
Por toda essa ótica, compreende-se que apenas destinar um local que abri-
gue os portadores de necessidades especiais não é o suficiente.
Nesse contexto, mais do que nunca se evidenciou a diversidade como característica constituinte
das diferentes sociedades e da população, em uma mesma sociedade. Na década de 1990,
ainda à luz da defesa dos direitos humanos, pode-se constatar que a diversidade enriquece
e humaniza a sociedade, quando reconhecida, respeitada e atendida em suas peculiaridades.
(REFERENCIAIS..., 2001)
Texto complementar
Sou humano
(WERNECK, 2006)1
Pode ser uma prótese no lugar do olho, um braço que não existe mais,
a mancha grande e cabeluda na face. O quanto revela de nós esse olhar, ao
outro, que ao mesmo tempo é analítico, julgador e envergonhado? Enver-
gonhado porque tenta apagar vestígios do obscuro ritual que se passa em
nosso íntimo. Não que esse processo de avaliar quem é mais humano ou
menos humano, mais normal ou menos normal, seja consciente, mas o cons-
trangimento que ele naturalmente gera, sim. O constrangimento reflete uma
verdade pouco nobre e bem escondida: somos educados para acreditar que
existe uma hierarquia entre condições humanas.
Por exemplo: como nos posicionamos diante de relatos como o que vem
a seguir?
“Eu sou contra a guerra, nós não precisamos da guerra, nós devemos re-
solver nossos conflitos através da palavra, da inteligência. Não é a fala que
diferencia um ser humano de um animal irracional? Não é a inteligência que
nos distingue dos animais?”.
Caberá, então, a quem não fala, lutar desesperadamente para falar, como
a única saída para pertencer ao conjunto humanidade e, assim, ao conjunto
sociedade?
Conteúdo
Muito além da ética, é possível para a sociedade, hoje, respaldada por
garantias constitucionais, abordar problemas como esses. Uma fala tão “ade-
quada” como a utilizada na campanha pode, sim, ser entendida como um
atentado ao direito que toda pessoa tem de não ser submetida a uma ofensa
em função de sua deficiência. É o que garante a Convenção Interamericana
para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência, conhecida como Convenção da Guatemala.
Não que essa convenção seja o máximo, o ápice dos Direitos Humanos.
Ela é apenas uma plataforma mínima de princípios a serem defendidos por
cada cidadão na busca de um novo tempo no qual nós possamos ter lucidez
suficiente para refletir sobre as nossas absurdas formas de pensar a espécie
à qual pertencemos.
Dica de estudo
Acesse <www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/docs/midiateca_artigos> e clique
nos textos 29 (“Um pouco da história da educação dos surdos”) e 59 (“Para uma
cronologia na educação de surdos”). Os textos fazem um apanhado de como
ocorreu a educação de surdos no Brasil e nos outros países, e como essa prática
reflete na educação até hoje.
Atividade
1. Descreva como a deficiência era/é vista e tratada nos períodos:
a) Antiguidade:
b) Idade Média:
c) Atualidade:
Gabarito
1.
Referências
AMARAL, L. A. Pensar a Diferença/Deficiência: Coordenadoria Nacional Para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE). Brasília, 1994.
SKLIAR, Carlos. Um olhar sobre o nosso olhar acerca da surdez e das diferenças.
In: _____ (Org.). A Surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação,
1998.
WERNECK, Claudia. Sou humano. In: Ensaios Pedagógicos. III Seminário Nacio-
nal de Formação de Gestores e Educadores. Brasília: Ministério da Educação, Se-
cretaria de Educação Especial, 2006.
Paradigma da institucionalização:
princípio da cura
Paradigma é um conceito que abrange um conjunto de ideias, valores
e crenças que o sujeito põe em prática seja no âmbito social ou individual.
Dessa forma, depois de compreendermos os paradigmas e as significações
do sujeito portador de necessidades especiais em diferentes épocas da his-
tória, remetemo-nos agora à prática desse olhar no contexto da escola.
1
Instituição total: “um lugar de residência e de trabalho, onde um grande número de pessoas, excluídas da sociedade mais ampla por um
longo período de tempo, leva uma vida enclausurada e formalmente administrada (BRASIL, 2001b, p. 11 apud GOFFMAN, 1962)”.
Paradigma de serviços:
princípio da normalização e (re)habilitação
O paradigma de serviços é um novo modelo educacional, iniciado na década
de 1960, baseado nos princípios de normalização e (re)habilitação. Ao contrário
do institucional, os portadores de necessidades especiais passaram a ser vistos
como sujeitos diferentes, os quais deveriam receber metodologias de trabalho
que visavam (re)habilitá-los cada vez mais, a fim de aproximá-los e integrá-los
à maioria “normal”. Sem a (re)habilitação não receberiam o aval para conviver e
integrar-se com o restante da sociedade “normal”.
48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Paradigmas de atendimento educacional
Com essa leitura, a sociedade coloca que tudo aquilo que não está dentro
dessa norma reflete-se como um aspecto desviante, que deve ser alvo de assis-
tencialismo, repulsa ou, se possível (e desejável), de “normalização”. O critério
de normalidade não diz respeito somente aos dados estatísticos daquilo que a
maioria representa, mas também ao ideológico, daquilo que é ideal para essa
maioria. Os objetivos dos tratamentos destinados às pessoas com necessida-
des especiais partem do preceito de que o portador de necessidades especiais
deverá modificar-se, e não a sociedade mudar para recebê-lo, uma vez que ele
é a minoria em muitos. Nessa tendência, integrar está localizado no sujeito en-
quanto alvo de mudança.
Paradigma de suportes:
princípio da inclusão
Os paradigmas de institucionalização e de serviços não asseguraram o res-
peito às diferenças e a participação plena da diversidade nos âmbitos sociais his-
toricamente construídos para gozo de todos os seus integrantes, sem qualquer
tipo de restrição.
Texto complementar
Resumo
Neste artigo, pretende-se refletir sobre os novos paradigmas da educação
inclusiva, avaliando a situação histórico-social e as mudanças educacionais
para alavancar novos rumos frente à educação.
Dica de estudo
Acesse <www.mec.gov.br> e baixe em seu computador na versão PDF o do-
cumento Experiências Educacionais Inclusivas – Programa Educação Inclusiva: di-
reito à diversidade, de 2006. Esse material aborda casos de inclusão de alunos
especiais na rede regular de ensino em diferentes realidades do Brasil. Vale a
pena conferir! Bons estudos!
Atividade
1. Defina:
a) paradigma de suportes:
b) paradigma de serviços:
c) paradigma da institucionalização:
Gabarito
1.
Referências
AMARAL, L. A. Pensar a Diferença/Deficiência. Coordenadoria Nacional Para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE). Brasília, 1994.
Excepcional
Um credo de fé
Ray Aham
Creio...
Que toda criança é basicamente uma pessoa normal, e mesmo a chamada criança
excepcional é, mais exatamente, uma criança normal com uma excepcionalidade.
Que a educação pública pode e deve oferecer serviços a todas as crianças, inclusive as
excepcionais.
Que a consideração básica não deve ser a inferioridade da criança, mas a superiorida-
de de nossa capacidade em ajudá-la.
Deficiente auditivo
A etimologia do termo define que deficiência é uma qualidade de incapaz,
insuficiente, incompleto, de algo que falta ou está falho. Na raiz da palavra, defi-
ciência representa falta de eficiência.
Surdo
Vários eventos científicos ocorridos no Brasil apontaram o descontentamen-
to e o repúdio da comunidade surda em relação à expressão deficiente auditivo
pela conotação de incapaz velada no termo.
Necessidade Necessidade
Excepcional Deficiente
Especial Especial
Período da Idade Média Própria do sujeito e
Transição da década Própria do sujeito
até meados da década de onde ele transita
de 1980 para 1990 (década de 1990)
de 1980 (ano 2000)
Temporária:
moradores de rua;
trabalho infantil;
privação cultural;
fome;
pobreza; Escola (profissionais
Acima ou abaixo da nor- qualificados, recursos
ma; Incapaz; violência física;
didáticos e financei-
idiota (do grego idiótes, doente; violência emocional; ros, PPP);
do latim idiote) significa falta de algum atribu- violência sexual; Poder Público;
homem privado de inte- to. distância da escola. Família;
ligência.
Permanente: Sociedade.
distância da escola;
vítimas de guerra;
condições de saúde;
condições de moradia;
deficiência em si.
Texto complementar
O conceito de excepcionalidade:
uma abordagem histórica
(MATOS1, 2010)
1 – Introdução
Este ensaio tem como objetivo fazer uma análise do conceito de excep-
cionalidade, por meio de uma revisão teórica que evidencie as proposições
conceituais dos pesquisadores, na literatura sobre o tema.
2 – Aspectos evolutivos
Para se fazer uma análise do termo excepcionalidade, acredito ser im-
portante considerar as implicações sociais que são reveladas na construção
desse conceito. Diversos autores, entre os quais podem ser citados Bueno
1
Nelson Dagoberto de Matos é professor-adjunto do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe, mestre em
Ciência do Movimento pelo Centro de Educação Física e Desporto da Universidade Federal de Santa Maria (RS) e doutorando do Programa
de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos (SP).
(1993), Ferreira (1994), Amiralian (1986) e Carmo (1994), fazem uma discus-
são bastante rica acerca dessa terminologia, sobretudo por adotarem uma
abordagem que privilegia os condicionantes sócio-históricos.
Amiralian (1988) relata atitudes distintas para essas pessoas, desde a eli-
minação à reverência, mas quase sempre de marginalização.
É nesse contexto que surge uma nova concepção de ciência, onde o tra-
balho científico só é reconhecido como tal quando o objeto de estudo pode
ser objetivado. Assim, o que é ciência deve se orientar por paradigmas aco-
lhidos sob o manto dos princípios epistemológicos positivos.
Os instrumentos para definir aquilo que pode ser considerado “normal” são
fornecidos pela estatística. Tomam-se como referência as características ou
comportamentos mais frequentes para a espécie humana, matematizando-
-os por meio de cálculos que definam uma média. Desta até o estabelecimen-
to de comportamentos desviantes não foi tão difícil. Adotou-se o uso de mais
um recurso matemático, que é a fórmula do desvio-padrão. Está dado, por-
tanto, um passo fundamental para o conceito de deficiente, que não se limita
mais a uma constatação aparente, mas se estende à comprovação científica.
3 – Conclusão
Em consequência da orientação teórica dada a este ensaio, algumas ob-
servações serão pontuadas.
Dica de estudo
Assista Meu Pé Esquerdo. O filme mostra a vida de um irlandês que nasceu
com paralisia cerebral, e que tinha graves comprometimentos motores. A única
parte do corpo que conseguia movimentar era o seu pé esquerdo, que o revelou
como um ótimo escritor e pintor. Além dessas características, o filme nos leva a
perceber qual a concepção de sujeito latente nessa trama.
Atividade
1. Comente cada uma das concepções de sujeito:
a) excepcional:
b) deficiente:
c) necessidades especiais:
Gabarito
1.
Referências
AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M. Psicologia do excepcional. In: Temas Básicos de
Psicologia. v. 8. São Paulo: EPU, 1986.
Identidade surda
Pesquisas contemporâneas apon-
A identidade e a cultura surda são mais uma parcela da sociedade que com-
põem o multiculturalismo. O multiculturalismo, também conhecido como plura-
lismo cultural, é uma expressão que representa a presença de muitas culturas vi-
vendo num mesmo espaço geográfico, sem que uma predomine sobre a outra.
O surdo na família
A vida educa. Mas a vida que educa
não é uma questão de palavras, e sim de ação. É atividade.
dade de recursos financeiros e culturais, a fim de que com essas ações possam ser
contempladas as reais necessidades de seus filhos.
1
Rejeição ao produto é um sentimento de menos-valia em que o casal percebe que na concepção do filho uma das partes falhou (ou ambos falha-
ram) e trouxe para a sociedade uma criança imperfeita, alvo de críticas e piedade alheia.
de decisão do casal faz com que procurem diversos especialistas como meio de
confirmação e ao mesmo tempo de negação da deficiência. Há casos em que o
casal vê no outro a culpa do acontecimento, gerando muitas divergências e não
raramente a separação.
Nesse contexto a escola é uma grande aliada. É através dela que as famílias
muitas vezes conseguem visualizar os potenciais dos filhos, ao perceberem os
ganhos que outras crianças tiveram e têm nesse contexto, as quais enfrentam as
mesmas dificuldades de seus filhos. Ao mesmo tempo é preciso que a escola per-
ceba que nem todos os familiares desejam ou têm condições de passar por tera-
pias. Programas de estimulação precoce, ofertados em escolas ou em centros de
atendimento são a porta de entrada desse processo.
Em média, 95% dos surdos nascem em famílias ouvintes. Experiências têm mos-
trado que a maioria dos pais ouvintes tem dificuldade em adquirir e comunicar-se
com seus filhos surdos através da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Muitos rea-
lizam essa comunicação através de pidgin2, que favorece a comunicação, porém
2
Pidgin: forma linguística resultante do contato entre duas línguas, que utiliza geralmente a estrutura de uma língua e o vocabulário de outra. No
caso do contato entre a língua portuguesa e a Libras, são formulações frasais em língua portuguesa utilizando simultaneamente os sinais como apoio
à comunicação (BRASIL, 2003).
O surdo na sociedade
Instalação de aparelhos de telefone para surdos (TDD) nos centros das ci-
dades, em escolas, clube de surdos, bancos 24 horas, empresas onde te-
nham profissionais surdos, rodoviária, aeroporto, metrô, shoppings.
Incentivar todas as famílias que têm filho surdo a instalarem em suas resi-
dências sistema luminoso na campainha e no telefone.
Iniciar estudos a fim de levantar a real situação educacional dos surdos: es-
colaridade, número de surdos não atendidos, evadidos, analfabetos etc.
Respeitar o uso da escrita pelo surdo com sua estrutura gramatical dife-
renciada.
O surdo na escola
Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.
Texto complementar
Os surdos e sua relação com a família:
fator de inclusão/exclusão e aprendizagem
(CRUZ, 2010. Adaptado.)
seu filho sem um dos sentidos sensoriais (audição) não é simples e aceitá-
vel de maneira natural. Não é fácil que estes aceitem a diferença em seu lar,
adaptando-se aos novos costumes e necessidades. Podemos compreender
essas tendências sob o conceito de ideologia, que conforme a concepção de
Aranha, consiste em um:
Conjunto de representações e ideias, bem como normas de conduta por meio das quais o
homem é levado a pensar, sentir, e agir de uma determinada maneira [...]. Essa consciência
da realidade é na verdade uma falsa consciência, na medida em que camufla a divisão
existente dentro da sociedade, apresentando-a como uma e harmônica, como se todos
partilhassem dos mesmos objetivos e ideais. (ARANHA, 1998, p. 26)
[...] a alteridade do outro permanece como que reabsorvida em nossa identidade que
a reforça ainda mais; torna-a, se possível mais arrogante, mais segura e satisfeita de si
mesmo. A partir desse ponto de vista, o louco confirma nossa razão; a criança a nossa
maturidade; o selvagem a nossa civilização; o marginal a nossa integridade; o estrangeiro
o nosso país; o deficiente a nossa normalidade e vice-versa. (SKLIAR, 2000, p. 5)
Para a criança surda, aprender a escrever seu nome em escrita de língua de sinais tem um
significado importante para sua autoestima e possibilita sentir-se um sujeito surdo com
identidade surda. Ele sente que não está só. Ele pertence a um grupo e tem um nome
próprio dentro desse grupo que é uma marca de pertencimento. Uma criança surda
que vive em uma família de ouvintes sente felicidade por estar adequada e incluída no
grupo surdo. Aprender a escrever seu nome surdo garante motivação e interesse, pois o
significado dessa aprendizagem é carregado de emoção que ativa a mente.
[...]
Dica de estudo
Divilugação.
Atividades
1. Qual a importância do setor de Psicologia no atendimento às famílias que
tenham filhos com necessidades especiais?
2. De que maneira a escola poderá orientar as famílias que tenham filhos sur-
dos em seu processo educacional?
Gabarito
1. É importante que as famílias recebam apoio do setor de Psicologia a fim de
que possam, no campo emocional, “matar o filho ideal” gestado e desejado
durante os nove meses e assim consigam assumir o “filho real”. Quando se
consegue romper com essa dificuldade, as famílias sentem maior facilidade
em prover as necessidades do filho.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Saberes e Práticas da Inclusão: dificuldades de
comunicação e sinalização – surdez. 2. ed. rev. Brasília: MEC, SEESP, 2003.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
CRUZ, Agnes Luisa Fracasso da. Os Surdos e sua Relação com a Família: fator
de inclusão/exclusão e aprendizagem. Disponível em: <http://revistapandora.
sites.uol.com.br/Libras/agnes.htm>. Acesso em: 12 set. 2010.
FREIRE. P. Professora Sim, Tia Não: cartas a quem ousa ensinar. 2. ed. São Paulo:
Olho d’Água, 1993.
_____. Pedagogia da Autonomia. 27. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
PERLIN, Gladis. Identidades surdas. In: SKLIAR, C. (Org.) A Surdez: um olhar sobre
as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998.
_____. Identidade surda e educação. In: BERGAMASCHI, Rosi I.; MARTINS, R. Dis-
cursos Atuais sobre a Surdez. Canoas: La Salle, 1996.
SACKS, Oliver. Vendo Vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 1998.
_____. (Org.) Atualidade da Educação Bilíngue para Surdos. Porto Alegre: Me-
diação, 1999.
WILCOX, S.; WILCOX, P. P. Aprender a Ver. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2005.
Oralismo
Na Alemanha, com Samuel Heinick, surgiu a filosofia educacional ora-
lista, que defendia o ensino da língua oral e rejeitava a língua de sinais.
Heinick fundou a primeira escola pública para crianças surdas baseada no
oralismo.
No Brasil, a educação dos surdos teve início durante o segundo império, com
a chegada do educador francês Eduard Huet. Em 1857, foi fundado o Institu-
to Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos
(INES), que inicialmente utilizava a língua de sinais, mas que em 1911 passou a
adotar o oralismo.
1
O treinamento auditivo é apoiado pelo uso do AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual), que aumenta os resíduos auditivos.
Comunicação total
Na década de 1970, com a visita de Ivete Vasconcelos, educadora de surdos
da Universidade Gallaudet nos Estados Unidos, chegou ao Brasil a filosofia edu-
cacional denominada comunicação total.
Freeman, Carbin e Boese (1999, p.171), citando Denton, colocam que a comu-
nicação total inclui todo o espectro dos modos linguísticos: gestos criados pelas
crianças, língua de sinais, fala, leitura orofacial, alfabeto manual, leitura e escrita.
A comunicação total incorpora o desenvolvimento de quaisquer restos de audi-
ção para a melhoria das habilidades de fala ou de leitura orofacial, através de uso
constante, por um longo período de tempo, de aparelhos auditivos individuais.
Bilinguismo
Nos anos 1980, a partir das pesquisas da professora linguista Lucinda Ferreira
Brito sobre a Língua Brasileira de Sinais e da professora Eulália Fernandes, sobre
a educação dos surdos, o bilinguismo passou a ser difundido.
pais e professores, para que possam receber desses sujeitos significações sociais
e linguísticas que lhe darão suporte emocional e cognitivo para se inserirem em
outra língua.
Para discutir essa questão, Skliar (1998b) apresenta quatro modelos diferen-
tes de educação bilíngue para surdos.
Texto complementar
Linguagem e sociedade
(SALLES, 2004)
A diversidade linguística
Um aspecto fundamental a respeito das línguas naturais é sua imensa
diversidade. De acordo com a Enciclopédia da Linguagem de Cambridge,
existem cerca de 20 000 termos para designar línguas, dialetos e tribos. Cal-
cula-se que haja entre 5 000 e 6 000 línguas vivas. Muitas permanecem des-
conhecidas para os estudiosos, estando seu destino, especialmente nesses
casos, intimamente ligado à sobrevivência dos povos que as falam. Neste
ponto, é preciso elaborar o conceito de língua, em oposição ao de variedade
ou dialeto, por um lado, e ao de registro ou estilo, por outro – o conceito de
língua usado para referir-se ao fenômeno do ponto de vista biológico e cog-
nitivo foi examinado no capítulo anterior.
No contexto social, o termo língua tem sido usado para designar uma
língua nacional, expressão do conjunto de manifestações culturais e artísti-
cas de um povo e de uma geopolítica, a que se pode associar o papel de
língua oficial e quadro de referência. Como língua nacional, é fator de união e
identificação cultural. Como língua oficial, tem funções institucionais e políti-
cas. No papel de quadro de referência, corresponde a um conjunto de formas
linguísticas prestigiadas no contexto social, também referido como norma
padrão. A norma padrão pode favorecer a manutenção de valores que pro-
movem a situação de prestígio de certas formas linguísticas em detrimento
de outras, como práticas de exclusão social1.
Dica de estudo
Leia O Surdo em Si Maior, de Cilmara Cristina Alves da Costa Levy e Patrícia
Simonetti, editora Rocco, 1999.
Nessa obra as autoras abordam temas das áreas de Serviço Social, Psicologia,
Pedagogia e os problemas relacionados à surdez, na tentativa de lutar pelo bem-
-estar do paciente surdo, enfatizando os papéis desses profissionais e a ajuda
que poderão oferecer aos surdos em sua integração social.
Atividades
1. Explique como é a filosofia educacional oralista.
Gabarito
1. Essa filosofia utiliza-se de resíduos e treinamento de audição como parâme-
tro para a aquisição da fala e da linguagem, associados à leitura da expressão
facial, sem a utilização da língua de sinais, que nesse contexto passa a ser
proibida.
3.
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Subsídios para a Organização e Fun-
cionamento de Serviços de Educação Especial. Brasília: Área DA/MEC/SEESP,
1995.
FREMAN, Roger D.; CARBIN, Clifton F.; BOESE, Robert J. Seu Filho não Escuta?
Um guia para todos que lidam com crianças surdas. Brasília: MEC/SEESP, 1999.
SALLES, Heloísa Maria Moreira Lima et al. Ensino de Língua Portuguesa para
Surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC/SEESP, 2004. v. 2. il.
(Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos).
_____. A forma visual de entender o mundo. In: Educação para todos. Revista
Especial, SEED/DEE, Curitiba, Expediente, 1998a.
_____. Una Mirada Critica sobre la Educacion Bilingue para Sordos: política de
las identidades sordas y multiculturalismo. I Congresso Ibero-Americano. Lisboa:
jul. 1998b.
STEWARD, D. Hearing parents and deaf children. In: W. Craig; H. Craig (Editors).
American Annals of the Deaf, 137 (2) 85-91, apr. 1992.
Pode ser então que voltar atrás seja uma maneira de seguir adiante.
Marshal Berman
Constituição Federal
Quarenta anos após a Declaração Universal dos Direitos Hu-
IESDE Brasil S.A.
O artigo 2.º da Lei Federal 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas com
deficiência, também explicita que “ao poder público e seus órgãos cabe assegu-
rar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos bá-
sicos, inclusive dos direitos a educação”, além da “oferta, obrigatória e gratuita,
Quando se garante a educação para todos, isso quer dizer para todos sem dis-
tinção, num mesmo espaço o mais diversificado possível, como forma de opor-
tunizar o pleno desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania.
Declaração de Jomtien
Em março de 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial sobre Educa-
ção para Todos, em Jomtien, na Tailândia, a qual proclama no item “Universalizar
o acesso à educação e promover a equidade” que:
Declaração de Salamanca
A Declaração de Salamanca (1994) adota o princípio de inte-
IESDE Brasil S.A.
Convenção da Guatemala
“[...] as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que outras pessoas e esses direitos, inclusive o direito de
não serem submetidas a discriminação com base na deficiência, emanam da digni-
dade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano” (CONVENÇÃO, 2001).
Política Nacional
O Plano Nacional de Educação (2001) amplia as determinações da Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência de 1999, e inclui
em seu documento as parcerias entre as áreas de saúde, educação e assistência
social, como também divide as modalidades de atendimento necessárias para a
Educação Infantil e o Ensino Fundamental.
Convenção Interamericana
Fruto das discussões dirigidas na Convenção da Guatemala, em 8 de outubro
de 2001, o Brasil, através do Decreto 3.956, promulgou a Convenção Interameri-
cana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência.
Diretrizes Nacionais
As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica de 2001
representam “o desafio de construir coletivamente as condições para atender
bem à diversidade de seus alunos”.
idade cronológica;
disponibilidade socioeconômica de recursos humanos e materiais exis-
tentes na comunidade;
condições culturais da região;
estágio de desenvolvimento dos serviços de educação especial já implan-
tado nas unidades federadas.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação
e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical
própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2.º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de
serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de
Sinais – Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades
surdas do Brasil.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a modalidade
escrita da língua portuguesa. (BRASIL, 2002)
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 117
mais informações www.iesde.com.br
Conhecimentos jurídicos
Texto complementar
Boas perguntas
(GODOY, 2000)
Segundo seu artigo 8.º, constitui crime punível com reclusão (prisão) de
1 a 4 anos e multa:
4. O que é acessibilidade?
O que muitas vezes dificulta o exercício do direito é que a lei ou não existe
ou ainda não foi regulamentada. Isso constitui obstáculo à sua implementa-
ção. Mas o cidadão deve procurar o Promotor de Justiça de sua cidade ou um
advogado e denunciar a falta de acessibilidade, pois a Lei 10.098/2000 de-
termina que tanto os edifícios públicos ou de uso coletivo como os edifícios
de uso privado devem ser acessíveis, conforme os artigos 11 a 15. Também
a Lei 10.048/2000 determina, em seu art. 4.º, que os logradouros e sanitários
públicos, bem como os edifícios de uso público, terão normas de construção,
para efeito de licenciamento da respectiva edificação, baixadas pela autori-
dade competente, destinadas a facilitar o acesso e o uso desses locais pelas
pessoas portadoras de deficiência.
Dicas de estudo
Acesse o site <www.prsp.mpf.gov.br/prdc/area-de-atuacao/direito-das-pes-
soas-com-deficiencia>. Nele você encontrará leis, convenções, cartilhas e outros
materiais que falam sobre os direitos e deveres em relação aos portadores de
necessidades especiais.
Atividades
1. Escreva o que Margarida Araújo Seabra de Moura, comenta sobre o termo
preferencialmente descrito em algumas leis, no que diz respeito à matrícula
do aluno com necessidades especiais na rede regular de ensino.
2. O que é Libras?
Gabarito
1. Para a advogada há que se repensar o termo utilizado na lei (preferencial-
mente). Para ela a Constituição Federal de 1988 lutou pela cidadania e igual-
dade da pessoa humana, preservando a não discriminação e o termo prefe-
rencialmente fere os princípios constitucionais: “... a rede regular de ensino
haverá que receber toda e qualquer criança e adolescente independente
de sua diferença ou dificuldade, de forma coativa e não optativa” (MOURA,
2000).
3. É considerada escola inclusiva aquela que abre espaço para todas as crian-
ças, abrangendo aquelas com necessidades especiais. O principal desafio da
escola inclusiva é desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de
educar a todas, sem discriminação, respeitando suas diferenças; uma escola
que dê conta da diversidade das crianças e ofereça respostas adequadas às
suas características e necessidades, solicitando apoio de instituições e es-
pecialistas quando isso se fizer necessário. É uma meta a ser perseguida por
todos aqueles comprometidos com o fortalecimento de uma sociedade de-
mocrática, justa e solidária.
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96. Esta-
belece as bases da educação nacional. Disponível em: <www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L9394.htm> . Acesso em: 19 out. 2010.
GODY, Andreia et al. Cartilha da Inclusão dos Direitos das Pessoas com Defi-
ciência/Autores. Belo Horizonte: PUC Minas, 2000.
Ações sociais
As desigualdades entre as pessoas representam a fragilidade da socie-
dade mundial presente em diferentes momentos da história. Conhecemos
de perto a má distribuição de renda, a oferta de oportunidades postas de
forma diferente aos moradores de regiões rurais e urbanas, entre escolas
públicas e privadas, entre minorias sociais como os portadores de necessi-
dades especiais, população indígena e quilombolas.
De acordo com o Censo IBGE 2000, o Brasil tem 24,5 milhões de pesso-
as com deficiência, o que corresponde ao índice de 14,5% da população
do país. Dessas, 48,1% foram declaradas deficientes visuais, 22,9% com
deficiência motora, 16,7% com deficiência auditiva, 8,3% com deficiência
mental e 4,1% com deficiência física.
Ações políticas
A formação continuada de professores, o provimento de recursos ma-
teriais, técnicos, estruturais e financeiros, a garantia de vaga, a elaboração
e cumprimento de leis, a criação de redes de apoio para o processo de
inclusão, a descentralização de poder nos âmbitos municipais, estaduais
e federais, são algumas das ações políticas que o poder público como um
todo deverá assumir como garantia no processo de inclusão social dos
sujeitos com necessidades especiais.
Muitas das orientações que o governo coloca são de ordem federal, no entan-
to, é importante que haja a descentralização do poder, uma vez que cada estado
e município deverá ser capaz de organizar as suas demandas de acordo com
a realidade local. Com essas ações, direcionadas para as necessidades de cada
região, teremos a resposta positiva no processo de inclusão em todo o território
nacional.
Ações escolares
O acesso à educação de qualidade é a maior representação de cidadania.
Através dela nos preparamos para a vida social, cultural e nos instrumentaliza-
mos para o trabalho, ao mesmo tempo essa oferta representa um dos maiores
desafios para a política brasileira, sobretudo aquela ofertada aos alunos com ne-
cessidades especiais.
Ações trabalhistas
A Lei 8.213, de 25 de julho de 1991, dispõe no artigo 93, sobre a contrata-
ção de portadores de necessidades especiais, que toda empresa com 100 ou
mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus
cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência, na
seguinte proporção.
Texto complementar
Educação inclusiva ou integração escolar?
Implicações pedagógicas dos conceitos
como rupturas paradigmáticas
(BEYER1, 2006)
Este texto serve como espaço de reflexão sobre o que hoje conhecemos
no Brasil como educação inclusiva. A finalidade principal das minhas consi-
1
PhD em Educação pela Universidade de Hamburgo-Alemanha. Professor da Faculdade de Educação do Departamento de Estudos
Especiais/UFRGS.
Ato ou efeito de incluir (antônimo: exclusão). Relação existente entre a classe que é
espécie e a classe que é gênero. Relação entre dois termos, um dos quais faz parte ou da
compreensão ou da extensão do outro. (cf. inerência). Ato pelo qual um conjunto contém
ou inclui outro.
Exclusão
Separação
Integração
Inclusão
Dica de estudo
Acesse o site <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf>.
Nele você encontrará as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educa-
ção Básica, documento que apresenta essas ações na íntegra.
Atividades
1. O que significa um estado democrático quando nos referimos aos portado-
res de necessidades especiais?
Gabarito
1. Um estado democrático só se configura como tal quando propicia aos seus
integrantes acesso e permanência aos bens culturais, econômicos e educa-
cionais comuns a todos, sem restrição de qualquer ordem. É o que chama-
mos de sociedade inclusiva.
3.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Espe-
cial na Educação Básica. MEC/SEESP, 2001.
Por essa razão, o reflexo de uma escola inclusiva recai sobre a socieda-
de, a qual aos poucos vem assimilando que a pessoa com necessidades
especiais apresenta dificuldades inerentes aos seres humanos e não so-
mente em razão da sua limitação física.
O processo de inclusão não deve ser visto como uma mudança do su-
jeito com necessidades especiais em relação à sociedade, e sim, da so-
ciedade em relação a esse sujeito, uma vez que é cada vez maior o número de
pessoas com necessidades especiais em nossa sociedade, o que inclui, além da-
queles com limitação física, o miserável, o analfabeto, o negro, o índio, o idoso, a
criança, entre outros.
grau de deficiência;
idade cronológica;
Adaptação curricular
de pequeno e grande porte
Para a concretização das adaptações curriculares que se fizerem necessárias
no sistema educacional, o Projeto Escola Viva, de 2000, elaborado pelo Ministé-
rio da Educação, divide as adaptações curriculares em dois níveis:
1) Adaptação de Grande Porte: ações que são da competência e atribuição das instâncias
político-administrativas superiores, já que exigem modificações que envolvem ações de
natureza política, administrativa, financeira, burocrática.
2) Adaptação curricular de Pequeno Porte: ações que cabem aos professores, para realizar
e favorecer a aprendizagem de todos os alunos presentes em sala de aula [...] não exigindo
autorização, nem dependendo de ação de qualquer outra instância superior, nas áreas política,
administrativa e/ou técnica [...] podem ser implementadas em várias áreas e momentos da
atuação do professor: na promoção do acesso ao currículo, nos objetivos de ensino, no
conteúdo ensinado, no método de ensino, no processo de avaliação, na temporalidade.
Nesses termos, tudo aquilo que estiver ao alcance do professor para melhorar
a qualidade de atendimento do seu aluno em sala de aula configura-se como
Adaptação de Pequeno Porte, por sua vez, o que não couber ao professor rea-
lizar, este tem o dever de comunicar às instâncias escolares superiores as adap-
tações de Grande Porte que se fizerem necessárias. Ressalta-se que o processo
de inclusão não é responsabilidade exclusiva do professor, mas como posto, da
sociedade e do Poder Público como um todo.
Fornecer uma cópia dos textos com antecedência, assim como uma lista da terminologia
técnica utilizada na disciplina, para o aluno tomar conhecimento das palavras e do conteúdo
da aula a ser lecionada;
A disponibilidade de Intérprete;
Este estudante poderá necessitar de tempo extra para responder aos testes;
O professor deve falar com naturalidade e clareza, não exagerando no tom de voz (não
bloquear a área à volta da boca);
O professor deve evitar estar em frente à janela ou outras fontes de luz, pois o reflexo pode
obstruir a visão;
Supressão de atividades que não possam ser alcançadas pelo aluno surdo (ditado),
substituindo-as por outras mais acessíveis e significativas;
Cada criança deve receber atendimento de acordo com sua realidade, para poder vivenciar
e explorar ao máximo suas potencialidades. (BRASIL, 2000)
Tendo em vista que a escola deve adequar-se ao aluno, e não o oposto, a sin-
gularidade do aluno é revista, entendendo-se que as suas necessidades educa-
cionais especiais devam ser respeitadas, e no caso da surdez, entre outras coisas,
destacam-se as de ordem linguística. As Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001) orientam sobre “a importância da
língua de sinais como meio de comunicação para os surdos, e ser assegurado a
todos os surdos acesso ao ensino da língua de seu país”.
solicitar ao aluno que relate o que entendeu antes de iniciar qualquer atividade;
escrever, desenhar, dramatizar e usar outros meios visuais ao usar conceitos curriculares
novos;
pedir para que os alunos falem, gesticulem e usem sinais sempre de frente do aluno;
o professor deverá ter consciência que não deverá ocorrer a obrigatoriedade de todos os
estudantes atingirem o mesmo grau de abstração ou de conhecimento num determinado
tempo.
Avaliação
As necessidades do aluno surdo deverão ser pensadas também no momento
da avaliação. Os objetivos, procedimentos, métodos e instrumentos de avaliação
deverão ser compatíveis com as necessidades do aluno surdo, sobretudo no que
diz respeito à forma com que esse aluno escreve. É fundamental para o profes-
sor maior atenção ao conteúdo que o aluno escreve e não à forma com que
ocorre essa expressão, pois como se sabe, a língua natural do surdo é a Libras,
sendo a Língua Portuguesa uma segunda língua e estando esta no processo de
aquisição.
A observação dos alunos dentro e fora de sala de aula também é uma forma
de avaliação. Assim podemos analisar se o aluno:
num diálogo o aluno sempre pede para que repita a mensagem, fixa-se
aos seus lábios e demonstra maior compreensão quando estes são acom-
panhados por gestos e outros apoios visuais.
Texto complementar
Adaptações curriculares: no ajuste do sistema
educacional para o acolhimento de todos
(BRASIL, 2000)
Dica de estudo
Acesse: <wwwp.fc.unesp.br/~lizanata/tcc/adapatacoescurriculares.html>. Nesse
endereço você encontrará dicas sobre adaptações curriculares no ambiente de
sala de aula, numa linguagem clara e objetiva as necessidades do professor e do
aluno. Bom estudo!
Atividades
1. O que é adaptação curricular de pequeno porte?
Gabarito
1. Adaptação curricular de pequeno porte: “... ações que cabem aos professo-
res, para realizar e favorecer a aprendizagem de todos os alunos presentes
em sala de aula [...] não exigindo autorização, nem dependendo de ação de
qualquer outra instância superior, nas áreas política, administrativa e/ou téc-
nica [...] podem ser implementadas em várias áreas e momentos da atuação
do professor: na promoção do acesso ao currículo, nos objetivos de ensino,
no conteúdo ensinado, no método de ensino, no processo de avaliação, na
temporalidade”.
3. O processo de inclusão não deve ser visto como uma mudança do sujeito
com necessidades especiais em relação à sociedade, e sim, da sociedade em
relação a este sujeito, uma vez que é cada vez maior o número de pessoas
com necessidades especiais em nossa sociedade.
grau de deficiência;
idade cronológica;
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdu-
ção aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. 126 p.
Estrutura da língua
Ao nascer, a criança está
Creative Commons/Luisfi.
Salles (2004) coloca que a criança, ao ter contato com a língua materna,
produz um resultado surpreendente, “pois não só aprende a língua, com
A naturalidade desse processo não ocorre com o bebê surdo através da orali-
dade. A aquisição oral de uma língua para uma criança surda envolve dinâmicas
complexas de conhecimento cognitivo, cultural, social, psíquico e linguístico.
Código de ética1
O profissional intérprete é responsável por intermediar processos interativos,
conversacionais e discursivos de duas partes. Sob esse ofício, tem (baseado num
princípio ético) a responsabilidade com a veracidade e fidelização das informa-
ções. Dessa forma, em 2001, criou-se o Código de Ética, caracterizando-o como
um instrumento que orienta o profissional intérprete na sua atuação e dispõe:
CAPÍTULO 1: Princípios fundamentais
Art. 1.º São deveres fundamentais do intérprete: 1.º O intérprete deve ser uma pessoa de
alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará
informações confidenciais e não poderá trair confidências, as quais foram confiadas a ele;
Art. 2.º O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da interpretação,
evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido pelo grupo a fazê-lo;
Art. 3.º O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre
transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar os limites
de sua função e não ir além da responsabilidade;
Art. 4.° O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e ser prudente em
aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou profissionais, quando
necessário, especialmente em palestras técnicas;
1
Com base no documento O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa (BRASIL, 2004).
Art. 5.° O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços, mantendo
a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si mesmo, durante o
exercício da função.
Art. 6.° O intérprete deve ser remunerado por serviços prestados e se dispor a providenciar
serviços de interpretação, em situações onde fundos não são possíveis;
Art. 7.° Acordos em níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a tabela de
cada estado, aprovada pela Feneis.
Art. 8.° O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões legais ou outras
em seu favor;
Art. 9.o O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais bem como
da Língua Portuguesa;
Art. 10 Em casos legais, o intérprete deve informar à autoridade qual o nível de comunicação
da pessoa envolvida, informando quando a interpretação literal não é possível e o intérprete,
então terá que parafrasear de modo claro o que está sendo dito à pessoa surda e o que ela está
dizendo à autoridade;
Art. 11 O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza das línguas
envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos sinais, se isso for
necessário para o entendimento;
Art. 12 O intérprete deve esforçar-se para reconhecer os vários tipos de assistência ao surdo e
fazer o melhor para atender as suas necessidades particulares.
Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo sempre
que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm surgido devido à falta
de conhecimento do público sobre a área da surdez e a comunicação com o surdo.
Profissional intérprete
Thinkstock.
que seja utilizada a língua de sinais como primeira língua (L1) e a língua
oficial do país como segunda língua (L2);
Texto complementar
[...]
A partir daí o alfabeto manual foi introduzido em vários países com mo-
dificações, de acordo com a ortografia linguística e cultura de cada país. Nin-
guém sabe exatamente quando foi introduzido o alfabeto manual na comu-
nidade surda brasileira, mas se acredita que foi no ano de 1857, na época
em que o professor surdo francês, Eduard Hüet veio ao Rio de Janeiro para
ajudar o imperador Dom Pedro II a fundar a primeira escola de surdos.
Dicas de estudo
Acesse os endereços a seguir e conheça as leis que respaldam direta ou indi-
retamente a atuação do intérprete de língua de sinais. Bom estudo!
Atividades
1. Como se dá o desenvolvimento da oralidade na criança surda?
Gabarito
1. A aquisição oral de uma língua para uma criança surda envolve dinâmicas com-
plexas de conhecimento cognitivo, cultural, social, psíquico e linguístico.
Referências
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