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Código Civil

Parte Especial

Livro I

Do Direito das Obrigações

Titulo I

Das Modalidades das Obrigações

Capítulo I

Das Obrigações de Dar

Seção I

Das Obrigações de Dar Coisa Certa

Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os


acessórios dela embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do
caso.

Noção de obrigação de dar: Na obrigação de dar, a


prestação do obrigado é essencial à constituição ou
transferência do direito real sobre a coisa.

Pelo enunciado n.160 do Conselho da Justiça Federal,


aprovado na III Jornada de Direito Civil: “A Obrigação de
creditar dinheiro em conta vinculada de FGTS é obrigação
de dar, obrigação pecuniária, não afetando a natureza da
obrigação a circunstância de a disponibilidade do dinheiro
depender da ocorrência de uma das hipóteses previstas no
art. 20 da Lei n. 8.036/90

Obrigação de dar Coisa Certa: Ter-se-á obrigação de dar


coisa certa quando seu objeto for constituído por um corpo
certo e determinado, estabelecendo entre as partes da
relação obrigacional um vínculo em que o devedor deverá
entregar uma coisa individuada, p. ex., o iate “Netuno”

Aplicação do princípio “acessorium sequitur


principale”: A obrigação de dar coisa certa abrange os

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acessórios, exceto se o contrário resultar do título ou das


circunstâncias do caso, devido ao princípio de que o
acessório segue o principal. Na coisa certa, a cuja entrega
está obrigado o devedor, compreendem-se os acessórios,
ou seja, as pertenças, partes integrantes, frutos, produtos,
rendimentos, benfeitorias. Por exemplo, se houver
obrigação de dar a chácara “São Geraldo”, nela se incluirão
as benfeitorias, as pertenças, os frutos etc., a não ser que
haja estipulação contratual liberando o devedor da entrega
dos acessórios.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa


se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição,
ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes; se a perda resultar
de culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente e mais perdas e danos.

Perda da coisa certa sem culpa do devedor: Não


havendo culpa do devedor e perdida a coisa por caso
fortuito ou força maior antes de efetuada a tradição ou
pendente a condição suspensiva, resolver-se-á a obrigação
para ambos os contratantes, sendo que o devedor deverá
restituir o credor quantum recebido pelo preço ajustado, na
obrigação de dar coisa certa.

Perecimento da coisa certa por culpa do devedor: Se


a coisa vier a perecer por culpa do devedor, ele deverá
responder pelo equivalente, ou seja, pelo valor que a coisa
tinha no instante de seu perecimento e mais perdas e
danos, que compreendem o prejuízo efetivamente sofrido
pelo credor (dano emergente) e o lucro que deixou de
auferir (lucro cessante). Assim ter-se-á o ressarcimento do
gravame causado ao credor, uma vez que o devedor é
obrigado a conservar a coisa até que ela seja entregue ao
credor.

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Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor


culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou
aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
perdeu.

Conseqüência da deterioração da coisa certa sem


culpa do devedor: Se a coisa certa, sem culpa do
devedor, em razão de força maior ou caso fortuito, se
deteriorar, havendo diminuição de suas qualidades ou de
seu valor econômico, caberá, neste caso, ao credor optar se
considera extinta a relação obrigacional, voltando as partes
ao status quo ante, ou se aceita o bem no estado em que
se encontra, abatido de seu preço o valor do estrago, ou
seja, o valor correspondente à depreciação havida com a
deterioração. Assim, p. ex., se “A” vier a comprar de “B”
um boi reprodutor, e este vem a contrair doença que o
deixa estéril, “A” poderá optar entre a resolução da
obrigação assumida ou o recebimento do animal, abatendo-
se proporcionalmente o preço, considerando-se, não mais o
valor para reprodução, mas aquele pelos serviços rurais ou
corte.

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor


exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em
que se acha, com direito a reclamar, em um ou em
outro caso, indenização das perdas e danos.

Deterioração da coisa certa por culpa do devedor:


Ocorrendo deterioração do objeto, em obrigação de dar
coisa certa, por culpa do devedor, poderá o credor exigir o
equivalente (valor da coisa em dinheiro) mais perdas e
danos, ou aceitar a coisa no estado em que se acha,
podendo também neste caso reclamar a indenização das
perdas e danos, uma vez que recebe a deteriorada,
comprovando o prejuízo sofrido.

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Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a


coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos,
pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o
credor não anuir, poderá o devedor resolver a
obrigação.

Parágrafo único. Os frutos percebidos são do


devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Cômodos na obrigação de dar coisa certa: Cômodos


são as vantagens produzidas pela coisa, ou seja, seus
melhoramentos e acrescidos (quantitativos ou qualitativos),
que, na obrigação de dar coisa certa, pertencem ao
devedor, que poderá por eles exigir aumento no preço ou a
resolução da obrigação, se o credor não concordar em
pagar o quantum apurado em razão da valorização oriunda
dos acréscimos (benfeitorias, acessões, aquisições)
ocorridos. Se assim não fosse o credor estaria locupletando-
se indevidamente, visto que recebe coisa mais valiosa do
que a quantia paga por ele.

Propriedade dos frutos: No que atina aos frutos da coisa


certa, os percebidos até a tradição serão do devedor, pois a
condição de proprietário, que até então conserva, lhe dá
esse direito de fruição, e os pendentes ao tempo da
tradição, do credor, aplicando-se o principio de que o
acessório segue o principal. Realmente, se, com a tradição
da coisa, o credor passa a ser o titular do domínio, os frutos
pendentes (não colhidos) serão seus, por serem acessórios
do bem principal, cuja propriedade lhe foi transferida.

Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa


certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes
da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação
se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia
da perda.

Obrigação de restituir: A obrigação de restituir não tem


por escopo a transferência de propriedade, destinando-se
apenas a proporcionar, temporariamente, o uso, fruição ou

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posse direta da coisa. Incidem nesta obrigação o locatário,


o mutuário, o depositário, o comodatário, o mandatário,
pois, findo o contrato, deverão devolver a coisa ao credor,
que é o seu proprietário, sob pena de cometerem esbulho,
competindo ao titular da posse, em caso de não-devolução
do bem, a ação de reintegração de posse. Pela Lei do
Inquilinato o proprietário pode valer-se da ação de despejo
para obter a desocupação do imóvel.

Perda da coisa a ser restituída sem culpa do


devedor: Se houver perda (destruição total) da coisa a ser
restituída sem que tenha havido culpa do devedor, o
credor, por ser o proprietário, arcará com todos os
prejuízos, res perit creditori, extinguindo-se a obrigação,
sem que tenha direito a qualquer ressarcimento, embora
possa fazer valer os já adquiridos até o dia da perda do
bem, ou seja, se se tratava de coisa alugada, terá direito a
pagamento do aluguel vencido até o dia do sinistro, pois a
resolução não se operará com efeito retroativo.

Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor,


responderá este pelo equivalente, mais perdas e
danos.

Perecimento da coisa a ser restituída por culpa do


devedor: Se na obrigação de restituir, se tiver perda do
bem em razão de ato culposo do devedor, este deverá
responder pelo equivalente em dinheiro, acrescido das
perdas e danos (Arts. 402 a 404, CC). Ante o devedor de
conservar a coisa que está, temporariamente, em seu
poder, o devedor deverá responder pelos prejuízos que
culposamente vier a causar ao seu credor pela pêra da
coisa a ser restituída.

Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem


culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se
ache, sem direito a indenização; se por culpa do
devedor, observar-se-á o disposto no art. 239

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Deterioração da coisa a ser restituída sem culpa do


devedor: Se o bem restituível vier a deteriorar-se sem
culpa do devedor, o credor deverá recebê-lo no estado em
que se encontra res perit creditori, sem poder pleitear
qualquer indenização, pois se culpa não houve não haverá
o que responder, uma vez que a força maior e o caso
fortuito constituem excludentes de responsabilidade.

Deterioração do bem restituível por culpa do


devedor: Se a coisa, na obrigação de restituir, se
deteriorar, por culpa do devedor, o credor poderá exigir o
equivalente em dinheiro mais as perdas e danos
devidamente comprovados (Art. 239, CC), podendo, se
quiser, optar pelo recebimento do bem no estado em que
se achar, acrescido das perdas e danos (Arts. 402 a 404 c/c
o art. 236, CC). “As disposições do art. 236 também são
aplicáveis à hipótese do art. 240, in fine”.

Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier


melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou
trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado
de indenização.

Melhoramentos na coisa restituível por acessão


natural: Se o bem restituível se valorizar em razão de
melhoramento (benfeitorias) e acréscimos (p. ex. avulsão)
que se derem sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará
o credor com o fato sem pagar qualquer indenização, pelo
simples fato de ser o proprietário da coisa. Se o
melhoramento ou acréscimo advier de despesas feitas ou
trabalho exercido pelo devedor para conservar a coisa,
evitar enriquecimento indevido do credor, este deverá
pagar os dispêndios e o valor da mão-de-obra.

Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento,


empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso
se regulará pelas normas deste Código atinentes às
benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou
de má-fé.

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Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos,


observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste
Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Direito às benfeitorias na coisa a ser restituída e aos


seus frutos: Se o bem restituível teve melhoramentos, ou
acréscimos, em razão de dispêndio ou trabalho do devedor,
o credor deverá pagá-los ao devedor, exceto se for ele
comodatário (Art. 584, CC; AJ, 108:607). Se o devedor
estiver de boa fé,terá direito aos frutos percebidos (Arts.
1.201, 1.214, 1.217 e 1.219, CC) e à indenização pelas
benfeitorias utei e necessárias, podendo, sem detrimento
da coisa, levantar as voluptuárias e, se não for indenizado,
exercer, ainda, o direito de retenção (RT, 273:293, 288:626,
431:66 e 281:409) para ser reembolsado do valor dos
melhoramentos uteis e necessários que fez. Terá direito aos
frutos percebidos e os frutos pendentes, os tempo em que
cessar a boa-fé, deverão ser restituídos depois de
deduzidas as despesas de produção, manutenção e custeio.
Terá direito aos frutos colhidos na época própria, porém
deverá devolver os percebidos com antecipação, mas o
quantum despedido com tais frutos será apurado para
efeito de ressarcimento ao possuidor de boa-fé (Art. 1.214,
parágrafo único, CC). Se, todavia, estiver de má-fé (Arts.
1.216, 1.218, 1.220, CC), somente terá direito a
indenização das necessárias, sem ter direito de retê-las e
de levantar as voluptuárias (RT, 458:231, 399:299 e
479:161; RTJ, 60:719), devendo, ainda, responder pelos
frutos percebidos, repassando-os ao credor ou dando-lhes o
equivalente mais perdas e dano, e pelo que, culposamente,
deixou de perceber, tendo, porém, direito às despesas de
produção e custeio (AJ, 101:96 e Art. 1.216 CC)

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Seção II

Das Obrigações de Dar Coisa Incerta

Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos,


pelo gênero e pela quantidade.

Conceituação de obrigação de dar coisa Incerta: A


obrigação de dar coisa incerta, ou obrigação genérica,
como prefere Larenz, consiste na relação obrigacional em
que o objeto, indicado de forma genérica no início da
relação, vem a ser determinado mediante um ato de
escolha, por ocasião de seu adimplemento.

Determinação genérica e numérica da coisa: Na


obrigação de dar coisa incerta, esta será indicada ao menos
pelo gênero (pertinência a uma categoria de bens, como diz
Massimo Bianca) e pela quantidade, sem que nenhuma
individualização seja feita. Por exemplo: 100 sacas de café.

Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela


quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação; mas
não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a
prestar a melhor.

Concentração: Para que a obrigação de dar coisa incerta


seja suscetível de cumprimento, será preciso que a coisa
seja determinada por meio de um ato de escolha ou
concentração, que é a sua individuação, manifestada no
instante do cumprimento de tal obrigação, mediante atos
apropriados, como separação (que compreende a pesagem,
a medição e a contagem) e a expedição.

Direito de escolha e seus limites: Competirá a escolha a


quem os contratantes a confiaram no título constitutivo da
obrigação de dar coisa incerta. Se nada houver sido

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convencionado, a concentração caberá ao devedor que, por


sua vez, não poderá, entre as coisas do mesmo gênero,
escolher a pior, nem estará obrigado a prestar a melhor,
devendo guardar o meio-termo (RT, 504:80 e 291:289), ou
seja, entregar a coisa de qualidade média (mediae
aestimationis). Estabelecido está, portanto, um critério de
eleição, que sujeito a escolha, no dizer de Dieter Madicus, a
qualidade standard.

Art. 245. Cientificado da escolha o credor,


vigorará o disposto na Seção antecedente.

Efeito da concentração: Após a escolha pelo devedor,


cientificado desta o credor, o obrigação de dar coisa incerta
passará a ser de obrigação de dar coisa certa, por estar
individualizada, regendo-se pelas normas contidas nos Arts.
233 a 242. Conseqüentemente, o credor poderá exigir o
bem escolhido, não podendo o devedor entregar outro,
ainda que mais valioso.

Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor


alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por
força maior ou caso fortuito.

“Genus nunquam perit”: Antes da concentração, sendo a


obrigação de dar coisa incerta, a coisa permanece
indeterminada. Logo, se houver perda ou deterioração da
coisa, não poderá o devedor falar em culpa, em força maior
ou em caso fortuito (AJ, 74:170). Isto é assim porque genus
nunquam perit (gênero não perece), ou seja, se alguém vier
a prometer cinqüenta sacos de laranja, ainda que se
percam em sal fazenda todas as existentes, nem por isso
eximir-se-á da obrigação, uma vez que poderá obter
laranjas em outro local.

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Capítulo II

Das Obrigações de Fazer

Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e


danos o devedor que recusar a prestação a ele só
imposta, ou só por ele exeqüível.

Obrigação de Fazer: A obrigação de fazer é a que vincula


o devedor à prestação de um serviço ou ato positivo,
material ou imaterial, se o de terceiro, em benefício do
credor ou de terceira pessoa. Por exemplo, a de construir
um edifício, a de escrever um poema.

Obrigação de Fazer de Natureza Infungível: Ter-se-á


obrigação de fazer infungível se consistir seu objeto num
facere que só poderá, ante a natureza da prestação ou por
disposição contratual, ser executado pelo próprio devedor,
sendo, portanto, intuito personae, uma vez que se levam
em conta as qualidades pessoais do obrigado.
Conseqüentemente, o credor poderá exigir que a prestação
avençada seja fornecida pelo próprio devedor, devido a sua
habilidade técnica, cultura, reputação, idoneidade etc., não
estando, por isso, obrigado a aceitar substituto. É o que
ocorrerá, p. ex., quando alguém confiar o patrocínio de uma
causa a um ilustre advogado, sem permitir
substabelecimento.

Conseqüência do inadimplemento voluntário da


obrigação de fazer infungível: Se a prestação não
cumprida pelo devedor for infungível, por ser intuitu
personae, o credor não poderá de modo algum obter sua
execução direta, ante o princípio de que nemo potest
precise cogi ad factum, ou melhor, de que, ninguém pode
ser diretamente coagido a praticar o ato a que se obriga. A
liberdade do devedor será respeitada; logo, quem se
recusar à prestação a ele só imposta, incorrerá no dever de

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indenizar perdas e danos. É o caso de um poeta que nega a


compor poema a que se obrigara.

Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se


impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas
e danos.

Impossibilidade da prestação na “obligatio faciendi”:


Se a prestação se impossibilitar sem culpa do devedor, pela
ocorrência de força maior ou statu quo ante, havendo
devolução do que, porventura, tenham recebido,
prevalecendo assim o princípio de que ad impossibilia
nemo tenetur, ou seja, de que ninguém é obrigado a
efetivar coisa impossível. Por exemplo, extinguir-se-á a
obrigação de um cantor, que vem a perder a voz em razão
de grave doença, de se apresentar em dado teatro. Mas, se
a prestação de fazer tornar-se impossível por culpa do
devedor, responderá este por perdas e danos. Por exemplo,
se uma firma deixar de construir prédio em certo terreno,
deverá pagar perdas e danos, se por culpa sua não cumprir
a obrigação assumida, convertendo-se a obrigação de fazer
em obrigação de dar.

Art. 249. Se o fato puder ser executado por


terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à
custa do devedor, havendo recusa ou mora deste,
sem prejuízo da indenização cabível.

Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o


credor, independentemente de autorização judicial,
executar ou mandar executar o fato, sendo depois
ressarcido.

Obrigação de fazer fungível: conceito e efeito de seu


inadimplemento: Será fungível a obrigação de fazer se a
prestação do ato puder ser realizada indiferentemente
tanto pelo devedor como por terceiro, hipótese em que o
credor poderá mandar executá-la à custa do devedor,
havendo recusa ou mora deste, e pedir, se for cabível,
indenização por perdas e danos. Por exemplo, o empreiteiro
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que se obriga a construir uma casa dentro de um ano está


assumindo a obrigação de fazer fungível. Se for
inadimplemento, o credor poderá mandar operários
executar o serviço a expensas do empreiteiro e, havendo
prejuízo oriundo de recusa ou atraso naquela execução,
pleitear o pagamento das perdas e danos, comprovando a
recusa ou a mora do devedor faltoso.

Execução da obrigação de fazer em caso de urgência:


Em casos de urgência nada obsta a que o credo,
independentemente de prévia autorização judicial, execute
ou mande executar, de imediato, o serviço, pleiteando
depois, conta o devedor inadimplente, o ressarcimento das
despesas feitas. Há permissão legal para que o credor
providencie a tutela especifica da obrigação sem
autorização do juiz. P. ex., se “A” é contratado por “B” para
combater ratos que infestam tulha onde serão
armazenadas, no dia seguinte, sacas de café, ante o
descumprimento da obrigação de “A, “B” poderá ordenar,
imediatamente, a execução daquela tarefa, pois ante a
urgência da situação, não haverá tempo hábil para requerer
a medida junto ao Poder Judiciário. Com isso, havendo
urgência, está admitida juridicamente a possibilidade de
procedimento de justiça de mão própria, permitindo ao
credor a defesa de seus interesses e o ressarcimento do
quantum despedido. Logo, inexistindo urgência necessária
será a autorização judicial.

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Capítulo III

Das Obrigações de Não Fazer

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer,


desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
praticar.

Obrigação de Não Fazer: A obrigação de não fazer é


aquela em que o devedor assume o compromisso de se
abster de algum ato que poderia praticar livremente se não
tivesse obrigado para atender jurídico do credor ou de
terceiro. Por exemplo, a de não vender uma cada a não ser
ao credor.

Descumprimento da “obligatio ad non faciendum”


pela impossibilidade da abstenção do fato: Se a
obrigação de não fazer se impossibilitar, sem culpa do
devedor, que não poderá abster-se do ato, em razão de
força maior ou de caso fortuito, resolver-se-á exonerando-
se o devedor. Por exemplo, se alguém se obriga a não
impedir passagem de pessoas vizinhas em certo local de
sua propriedade e vem a receber ordem do Poder Público
para fechá-la.

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja


abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que
o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa,
ressarcindo o culpado perdas e danos.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o


credor desfazer ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem
prejuízo do ressarcimento devido.

Inadimplemento de obrigação de Não Fazer por inexecução


culposa do devedor: Se o devedor vier a realizar, por
negligência ou interesse, ato que não podia, o credor
poderá exigir, mediante requerimento ao Poder Judiciário,

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que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa e de


ele, o credo, obter o ressarcimento do quantum despedido
e das perdas e danos, exceto se a reposição ao estado
anterior o satisfizer plenamente. Se houver urgência em
desfazer ato praticado, o credor poderá desfazê-lo
pessoalmente ou mandar alguém o desfaça, sem prévia
autorização judicial e sem prejuízo do ressarcimento que
lhe for devido em razão dos danos e gastos suportados com
o inadimplemento culposo da obrigação de não fazer.
Matiello exemplifica: se “A” se compromete a não impedir o
curso e água pelo terreno de “B” e constrói uma barreira
em dia de fortes chuvas alagando o prédio de “B”, este
poderá, independente de autorização judicial, ante a
urgência da situação, desfazê-lo e exigir indenização das
perdas e danos. Contudo, alerta-nos Mário Luiz Delgado que
a tutela excepcional prevista no parágrafo único do artigo
sub examine não poderá atingir fatos já consolidados;
assim sendo, o credor de uma obrigação de não construir
edifício, se este estiver pronto, não poderá promover
diretamente sua demolição. Esclarecem Jones Fiqueiredo
Aves e Mario Luiz Delgado que “pela própria dicção do
dispositivo (em caso de urgência) se conclui que a sua
aplicação está restrita a situações iniciais, como no caso de
alguém iniciar a construção de uma parede impeditiva de
visão do preciso vizinho, até a que se havia obrigação
contratualmente a não fazer. Nessas hipóteses, não só
pode, como deve o credor promover a demolição da
construção, antes da sua conclusão”.

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Capítulo IV

Das Obrigações Alternativas

Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha


cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.

§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a


receber parte em uma prestação e parte em outra.

§ 2o Quando a obrigação for de prestações


periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida
em cada período.

§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não


havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz,
findo o prazo por este assinado para a deliberação.

§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este


não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a
escolha se não houver acordo entre as partes.

Obrigações Alternativas: A obrigação alternativa é a que


contem duas ou mais prestações com objetos distintos, da
qual o devedor se libera com o cumprimento de uma só
delas, mediante escolha sua ou do credor. Por exemplo, o
devedor de construir uma cada ou de pagar uma quantia
equivalente ao seu valor.

Concentração da prestação na obrigação alternativa:


Ha liberdade contratual para estipular a quem caberá o
direito de escolha do debito na obrigação alternativa, de
modo que, se nada se estipular, a escolha será direito do
devedor.

Indivisibilidade de escolha: Feita a escolha, o devedor


deverá pagar a prestação por inteiro, não podendo obrigar
o credor a receber parte de uma prestação e parte de
outra.

“Jus variandi” na escolha de prestação sucessiva: Se


se tratar de prestações periódicas ou reiteradas, a escolha

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efetuada em determinado tempo não privará o titular do


direito da possibilidade de optar por prestação diversa no
período seguinte. A lei reconhece o jus variandi. Por
exemplo, se o devedor, a quem compete a escolha, se
obriga a pagar ao credor, semestralmente, dez valiosas
obras de arte ou dois milhões de reais, a cada semestre que
passa poderá optar ora pela entrega das obras de arte, ora
pelo pagamente daquela quantia, pois a escolha, que fez
num período semestral não o obriga a mantê-la no
seguinte. Diante disto, poder-se-á ter tantas obrigações
alternativas quanto forem os períodos de vigência
contratual.

Nada obstará, ainda, que haja vinculação das partes,


estipulada no contrato, à escolha feita por um mínimo de
três prestações consecutivas. É a lição de Gustavo
Tepedino, Heloisa Barbosa e Maria Celina Bodim de Moraes,
pões nela não vislumbram nenhuma ilegalidade, visto que
pelo art. 22, parágrafo 2º, a variatio “poderá ser exercida”,
ou não.

Pluralidade de optantes: Em sendo alternativa a


obrigação, cabendo a escolha a vários optantes, deverão
fazer um acordo relativamente à concentração; não
havendo unanimidade entre eles, o órgão judicante
decidirá, findo o prazo por este fixado para a deliberação do
débito.

Opção a terceiro: Se o titular admitir que terceiro pote


pela prestação, e se ele não puder ou não quiser fazer a
escolha, este caberá ao magistrado, não havendo acordo
entra as partes. Na verdade, esse terceiro encarregado
daquela escolha figura na obrigação como mandatário, logo
sua opção é equivalente à feita pelo devedor ou pelo
credor, das quais é representante, sendo por isso
obrigatória.

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser


objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
subsistirá o débito quanto à outra.

Impossibilidade de uma das prestações: Se uma das


prestações se tornar inexeqüível ou se impossibilitar física

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ou juridicamente, não haverá escolha alguma a fazer. A


obrigação subsistirá quanto à prestação remanescente. P.
ex., se “A” se obriga a demolir uma casa em ruínas ou a
fazer melhoramentos nesse prédio e não consegue licença
da autoridade competente para a realização da reforma, o
debito recairá sobre a prestação supérstite. Operar-se-á,
portanto, uma concentração automática ou ex re ipsa.

Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder


cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao
credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o
valor da que por último se impossibilitou, mais as
perdas e danos que o caso determinar.

Inexeqüibilidade por culpa do devedor a quem cabe a


escolha: Se a escolha competir ao devedor, que,
culposamente, torna inexeqüível o cumprimento das
prestações alternativas, ficará ele obrigado a pagar o valor
da que se impossibilitou por ultimo, porque nesta se
concentrou a obrigação, acrescido da indenização das
perdas e danos que o caso determinar, mediante
comprovação dos prejuízos. “se a impossibilidade de ambas
for concomitante”, observa Renan Lotufo, “dever-se-á
entender que competira ao credor a escolha de qual delas
servirá para apuração do valor”.

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e


uma das prestações tornar-se impossível por culpa
do devedor, o credor terá direito de exigir a
prestação subsistente ou o valor da outra, com
perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as
prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o
credor reclamar o valor de qualquer das duas, além
da indenização por perdas e danos.

Impossibilidade por culpa do devedor, cabendo a


escolha ao credor: Sendo a concentração um direito do
credor, aquele poderá exigir ou a prestação subsistente ou
o valor da oura, com perdas e danos, porque lhe cabia
optar por uma das prestações. Se a escolha couber e
ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis por ato
culposo do devedor, ele poderá, então, reclamar o valor de
qualquer delas, além da indenização por perdas e danos.

17
Código Civil

Art. 256. Se todas as prestações se tornarem


impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação.

Impossibilidade das prestações em razão de força


maior ou de caso fortuito: Se todas as prestações
perecerem sem culpa do devedor, pela ocorrência de caso
fortuito ou força maior, extinguir-se-á, automaticamente, a
obrigação, por falta de objeto, liberando-se as partes. P. ex.,
suponha-se que “A” deva a “B” o quadro “A catedral de
Rouen em pelo sol” de Claude Monet ou a escultura “Vênus
vitoriosa” de Renoir, que se perderam num incêndio sofrido
pela Galeria de Arte, onde estavam expostos, provocado
por um relâmpago, numa noite de tempestade. “A” liberar-
se-á da obrigação e deverá restituir “B” apenas alguma
importância, que, a titulo de sinal, ele tenha pago, para que
não haja enriquecimento indevido.

18
Código Civil

Capítulo V

Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de


um credor em obrigação divisível, esta presume-se
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas,
quantos os credores ou devedores.

Obrigações Divisíveis: A obrigação divisível é aquela cuja


prestação é suscetível de cumprimento parcial, sem
prejuízo de sua substância e de seu valor.

Presunção legal e a figura jurídica do “concursu


partes fiunt”: Se houver multiplicidade de devedores ou
de credores em obrigação divisível, haverá presunção legal,
juris tantum, de que a obrigação está dividida em tantas
obrigações, iguais e distintas, quantos forem os credores ou
devedores. Dessa presunção legal decorre o principio
concursu partes fiunt, ou seja, havendo concurso de mais
participantes numa mesma obrigação, nenhum credor
poderá pedir senão a sua parte, nenhum devedor está
obrigado senão pela sua parte material, ou intelectual,
conforme o caso.

Art. 258. A obrigação é indivisível quando a


prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo
de ordem econômica, ou dada a razão determinante
do negócio jurídico.

Obrigação indivisível: A obrigação indivisível é aquela


cuja prestação, tendo por objeto coisa ou fato não
suscetível de divisão, só pode ser cumprida por inteiro por
sua natureza, por motivo de ordem econômica ou dada a
razão determinante do negocio jurídico, não comportando
sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois
um a vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não

19
Código Civil

obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa a


parte exata da que resultaria do adimplemento integral. Tal
indivisibilidade da obrigação poderá ser: física; legal;
convencional; ou judicial.

Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a


prestação não for divisível, cada um será obrigado
pela dívida toda.

Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-


roga-se no direito do credor em relação aos outros
coobrigados.

Obrigação indivisível e pluralidade de devedores: Se


houver vários devedores, sendo a obrigação indivisível,
cada um deles será obrigado pelo debito todo, nenhum
deles poderá solvê-la pro parte. Se A, B e C se obrigaram a
entregar a D uma escultura, tal entrega terá de ser feita por
qualquer deles, podendo o credor reclamá-la tanto de um
como de outro. O devedor que pagar a dívida sub-rogar-se-
á no direito do credor em relação aos demais coobrigados,
podendo cobrar de cada um deles as quotas-partes
correspondentes.

Art. 260. Se a pluralidade for dos credores,


poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:

I - a todos conjuntamente;

II - a um, dando este caução de ratificação dos


outros credores.

Multiplicidade de credores e indivisibilidade da


obrigação: Se se tiver obrigação indivisível com
pluralidade de credores, cada um dele apenas poderá exigir
o débito inteiro, mas o devedor só se desobrigará pagando
a todos conjuntamente ou a um deles, dando este caução
de ratificação dos outros credores. Não havendo essa
garantia real ou fidejussória, o devedor deverá, após
constituí-los em mora, promover o depósito judicial da coisa

20
Código Civil

devida. Outra não poderia ser a solução legal, porque a


obrigação indivisível não é solidária; logo, o pagamento
feito a um credor não exonerará o devedor da obrigação
perante os demais credores.

Art. 261. Se um só dos credores receber a


prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá
o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe
caiba no total.

Direito dos co-credores de receber a parte cabível:


Cada co-credores, sendo indivisível a obrigação, terá direito
de exigir em dinheiro, daquele que receber a prestação por
inteiro, a parte que lhe caiba no total. O co-credor que vier
a receber o quadro X de Portinari, insuscetível de
fracionamento, deverá, feita sua avaliação, pagar aos
demais co-credores, em dinheiro, a parte cabível ao crédito
de cada um, restabelecendo-se a igualdade entre eles.
Esclarecendo a questão poder-se-á apresentar outro
exemplo: Se “A” deve a “B”, “C” e “D” um cavalo árabe no
valor de R$600.000,00 e o entrega a “B”. “B” deve dar
caução para a garantia de “C” e “D”, tornando-se o devedor
junto a “C” de R$2000.000,00 e a “D” de R$ 200.00,00.

Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a


obrigação não ficará extinta para com os outros; mas
estes só a poderão exigir, descontada a quota do
credor remitente.

Parágrafo único. O mesmo critério se observará


no caso de transação, novação, compensação ou
confusão.

Remissão da dívida por um dos credores: a remissão


do débito por parte de um dos credores na atingirá o direito
dos demais, pois a divida não se extinguirá em relação aos
outros; apenas o vinculo obrigacional sofrerá uma
diminuição em sua extensão, uma vez que se desconta em
dinheiro a quota do remitente. P e., se “A” deve entregar
uma jóia de R$ 90.000,00 a “B”, “C” e “D”, tendo “B”
remitindo o débito, “C”e “D” exigirão a jóia, mas deverão
indenizar “A”, em dinheiro (R$ 30.000,00), da parte que “B”
perdoou. Como se vê, o perdão da dívida é pessoal;

21
Código Civil

abrange apenas o que a perdoou; logo, os demais co-


credores deverão indenizar o devedor em dinheiro da parte
que foi perdoada.

Inalterabilidade do direito dos co-credores em caso


de transação, novação, compensação ou confusão: A
transação, a novação, a compensação e a confusão em
elação a um dos credores não operam a extinção do debito
para com os outros co-credores, que só poderão exigir
descontada a quota daquele.

Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a


obrigação que se resolver em perdas e danos.

§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo,


houver culpa de todos os devedores, responderão
todos por partes iguais.

§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados


os outros, respondendo só esse pelas perdas e
danos.

Cessação da indivisibilidade: Os devedores de uma


prestação indivisível convertida no quase equivalente
pecuniário passarão a dever, cada um deles, a sua quota-
parte, pois a obrigação torna-se divisível ao se resolver em
perdas e danos. O inadimplemento da obrigação converte-a
em perdas e danos dando lugar à indenização, em dinheiro,
dos prejuízos causados ao credor. Se apenas um dos
devedores foi culpado pela inadimplência, só ele
responderá pelas perdas e danos, exonerando-se os
demais; mas, se a culpa for de todos, todos responderão,
perante o credor comum, por partes iguais, pro rata,
cessando, assim, a indivisibilidade. Aplica-se à
indivisibilidade o principio cessante causa, cessat effectus.

22
Código Civil

Capítulo V

Das Obrigações Solidárias

Seção I

Disposições gerais

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma


obrigação concorre mais de um credor, ou mais de
um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à
dívida toda.

Conceito de obrigação solidária: A obrigação solidária é


aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou
devedores, ou de uns e outros, cada credor terá direito à
totalidade da prestação, como se fosse o único devedor. O
pagamento do débito a um dos credores exonera o devedor
da cobrança dos demais. Se um dos devedores pagar a
divida ao credor, ter-se-á a quitação dos outros. O credor,
que vier a receber, deverá entregar a parte cabível aos co-
credores, e o devedor, que solver o débito, deverá exigir
dos outros as suas partes. Há, portanto, uma unidade da
prestação e pluralidade de sujeitos, ou, como preferem
Carlos Alberto Bittaar Filho e Márcia S. Bittar, uma
“multiplicidade unificada”.

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da


lei ou da vontade das partes.

Principio da não presunção da solidariedade: Em nosso


direito será inadmissível a solidariedade presumida,
resultando ela de Lei, ou de vontade das partes, por
importar um agravamento da responsabilidade dos
devedores, que passarão a ser obrigados pelo pagamento
total da prestação. Os vários credores ou vários devedores
acham-se unidos ou por força da lei ou por ato de vontade
para a consecução de um objetivo comum, a solidariedade
ativa é sempre convencional, sendo oriunda de contrato ou
de testamento, logo não pode ser instituída por lei. Se a lei

23
Código Civil

não a impuser ou o contrato não a estipular, não se terá a


solidariedade.

Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e


simples para um dos co-credores ou co-devedores, e
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar
diferente, para o outro.

Principio da variabilidade do modo de ser da


obrigação na solidariedade: Será princípio comum à
obrigação solidária o da variabilidade do modo de ser da
obrigação, visto que não é incompatível com sua natureza
jurídica a possibilidade de estipulá-la como condicional, ou
a prazo, para um dos co-credores ou co-devedores, e pura e
simples para outro, ou, ainda, pagável em local diverso
para outro, desde que estabelecido no titulo originário, isto
é assim porque a solidariedade diz respeito a prestação e
não a maneira pela qual ela é devida.

Seção II

Da Solidariedade Ativa

Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito


a exigir do devedor o cumprimento da prestação por
inteiro

Solidariedade ativa: A solidariedade ativa é a relação


jurídica entre vários credores de uma obrigação, em que
cada credor tem o direito de exigir do devedor a realização
da prestação por inteiro, e o devedor se exonera do vínculo
obrigacional pagando o débito a qualquer um dos co-
credores.

Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários


não demandarem o devedor comum a qualquer
daqueles poderá este pagar.

Prevenção judicial: Enquanto alguns dos co-credores


solidários não demandarem o devedor, a qualquer deles
poderá este pagar, sem que o credor escolhido possa
recusar-se a receber o pagamento da prestação, sob o

24
Código Civil

pretexto de que ela não lhe pertence por inteiro. Como


qualquer credor solidário pode demandar, ou seja, acionar o
devedor pela totalidade do débito, uma vez iniciada a
demanda, ter-se-á prevenção judicial; o devedor, então,
apenas se libertará pagando a dívida por inteiro ao credor
que o acionou, não lhe sendo mais lícito escolher o credor
solidário para a realização da prestação.

Art. 269. O pagamento feito a um dos credores


solidários extingue a dívida até o montante do que
foi pago.

Efeito do pagamento direto ou indireto feito a um


dos credores solidários: O pagamento feito a um dos
credores solidários, pelo devedor ou por terceiro, extinguirá
inteiramente o débito, se for suficiente para tanto, ou até o
montante do que foi pago. O pagamento direto ou indireto
produzirá o efeito de liberação total ou parcial da divida,
pois se o credor tem o direito deliberar o devedor ao
receber-lhe o pagamento, passando a devida quitação, tê-
lo-á da mesma forma, no nosso entendimento, quando
perdoar, inovar ou compensar o débito. Este artigo se
coaduna perfeitamente cm a solidariedade: uma obligatio,
plures personae. A quitação do solvens o liberará em face
dos demais co-credores, a solidariedade permanecerá e
qualquer um dos credores poderá exigir dele o restante da
dívida, deduzindo, obviamente, a parcela já paga.

Art. 270. Se um dos credores solidários falecer


deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a
exigir e receber a quota do crédito que corresponder
ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível.

Refração do crédito: Os herdeiros do co-credor falecido


só poderão reclamar o respectivo quinhão hereditário, ou
seja, a parte no crédito solidário cabível ao de cujus, e não
a totalidade do crédito. P. ex.: “A”, “B” e “C” são credores
solidários de “D”, que lhes deve R$ 60.000,00. Com o óbito
de “A”, seus herdeiros “E” e “F” apenas poderão reclamar
da quota do crédito do de cujus (R$ 20.000,00) a metade
relativa ao quinhão hereditário de cada um, ou seja, RS

25
Código Civil

10.000,00. Mas a prestação poderá ser exigida por inteiro


se o falecido deixou um único herdeiro ou se todos os
herdeiros agirem em conjunto e se a prestação for
indivisível.

Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e


danos, subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade.

Conversão da prestação em perdas e danos: A


conversão da prestação em perdas e dano (Arts. 402 a 404,
CC), em razão do inadimplemento da obrigação, não
alterará a solidariedade que subsistirá para todos os efeitos
até mesmo no que concerne aos juros e às demais
obrigações acessórias que, porventura, houver. Qualquer
um dos credores estará autorizado a exigir do devedor o
pagamento integral da indenização das perdas e danos
(Arts. 402 a 404, CC), e dos juros de mora (Arts. 405 4 407,
CC).

Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou


recebido o pagamento responderá aos outros pela
parte que lhes caiba.

Efeito jurídico da solidariedade ativa nas relações


internas: A solidariedade ativa acarreta conseqüências
jurídicas nas relações internas, isto é, entre co-credores
solidários, já que o credor que tiver perdoado a dívida ou
recebido o pagamento responderá aos outros pela parte
que lhes caiba, ante o princípio da comunidade de
interesses. Extinta a obrigação por pagamento, novação,
remissão, compensação ou transação, o co-credor
favorecido será responsável pelas quotas-partes dos
demais, que terão, por sua vez, direito de regresso, isto é,
de exigir d credor que recebeu a prestação a entrega do
que lhes competir. P. ex.: se “A”, “B” e “C” forem credores
solidários de “D” da quantia de R$ 600.000,00, sendo que
“B” vem a perdoá-lo da dívida. “A” e “C” poderão, então,
exigir de “B”, que concedeu a “D” a remissão total do
débito, as quotas a que fariam jus. Assim, “B” deverá pagar
a “A” R$200.000,00 e a “C” R$ 200.000,00. A ação
reversiva visa, portanto, garantir aos demais credores a
percepção de suas quotas.

26
Código Civil

Art. 273. A um dos credores solidários não pode o


devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos
outros.

Oposição de exceções pessoais: O devedor poderá opor


exceção comum a todos (p. ex., extinção da obrigação;
impossibilidade da prestação, etc.). Todavia, o devedor não
poderá alegar contra um dos credores solidários exceções
ou defesas pessoais (incapacidade, vício de consentimento,
etc.) que sejam oponíveis aos demais. A defesa
apresentada contra um co-credor, que agiu, p. ex., com
dolo, não poderá prejudicar os outros, nem alterar o vínculo
devedor com os demais credores solidário, visto ser alusiva
apenas àquele credor solidário. Assim se A (co-credor) usar
de artifícios maliciosos na celebração do contrato,
enganando D (devedor), estando B e C (co-credores de boa-
fé, a alegação daquele dolo pelo devedor (D) não poderá
ser oposta contra eles (B e C). logo, tal alegação não
prejudicará aqueles co-credores (B e C) de boa-fé, alheios
ao dolo de A (co-credor).

Art. 274. O julgamento contrário a um dos


credores solidários não atinge os demais; o
julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se
funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.

Efeitos do julgamento em caso de solidariedade


ativa: Havendo decisão contrária a um dos credores
solidários, esta não irá atingir os demais, e sendo aquele
julgamento favorável, proposta a ação por um dos co-
credores ou pelo devedor comum, aproveitará a todos,
salvo se se fundar em exceção pessoal baseada na relação
entre credores que o obteve e o devedor comum; pois,
nesta ultima hipótese, por força do Art. 273, a exceção
pessoal não se estende aos demais co-credores, que, por
isso, ao poderão tirar proveito daquela decisão. O Art. 274
justifica-se porque se, em razão da solidariedade, qualquer
um dos co-credores poderá demandar o devedor,
pleiteando a totalidade do deito, dispensando-se o
litisconsórcio ativo facultativo, ou seja, a atuação conjunta
em juízo dos credores solidário, é necessário admitir a

27
Código Civil

eficácia subjetiva da coisa julgada secundum eventum litis,


alcançando os interessados não-integrantes da relação
processual, somente para conceder-lhes benefícios, salvo
se estiver fundada em exceção pessoal, hipótese em que só
favorecerá àquele que a conseguiu.

28
Código Civil

Seção II

Da Solidariedade Passiva

Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de


um ou de alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver
sido parcial, todos os demais devedores continuam
obrigados solidariamente pelo resto.

Parágrafo único. Não importará renúncia da


solidariedade a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns dos devedores.

Solidariedade Passiva: A obrigação solidária passiva é a


relação obrigacional, decorrente de lei ou vontade das
partes, como multiplicidade de devedores, sendo que cada
um responderá in totum et totaliter pelo cumprimento da
prestação, como se fosse o único devedor.

Direitos do credor: O credor terá, sendo a obrigação


solidária passiva, o direito de:

a) Escolher, para pagar o débito, o co-devedor que lhe


aprouver, e, se este não saldar a dívida, poderá voltar
contra os demais, conjuntamente ou isoladamente;
b) Exigir total ou parcialmente a dívida, embora ao
devedor não seja lícito realizar a prestação em parte.

Se reclamar de um deles parte da prestação, não se


extinguirá a solidariedade, uma vez que os demais co-
devedores continuarão obrigados solidariamente pelo
restante do débito

Direito do credor de acionar qualquer co-devedor


solidário: O credor, na obrigação solidária passiva, esta
autorizado a acionar qualquer um dos co-devedores, à sua
escolha, sem que com isso fique impedido de acionar os
outros, caso o demandando, p.ex., não apresente condições
econômicas para saldar o débito, seja incapaz ou não seja
encontrado. Logo, se na solidariedade passiva o credor
pode exigir judicialmente o pagamento da dívida de um dos
29
Código Civil

devedores ou de todos eles conjuntamente, claro está que


o fato de ter movido ação contra um ou alguns deles não
indica renúncia da solidariedade quanto aos demais, nem
do direito de, posteriormente, demandar contra os que não
foram por ele acionados. A cobrança de um dos co-
devedores pelo credor não atingira o direito deste de
acionar os demais. Se o credor escolher um co-devedor
para solver o débito, e este não efetuar pagamento poderá
agir contra os demais, conjunta ou individualmente.

Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer


deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a
pagar senão a quota que corresponder ao seu
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível; mas todos reunidos serão considerados
como um devedor solidário em relação aos demais
devedores.

Morte de um dos devedores solidários: O falecimento


de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade,
que continuará a onerar os demais co-devedores, pois os
herdeiros responderão pelos débitos do falecido, desde que
não ultrapassem as forças da herança (Art. 1.792 CC). Com
o óbito do devedor solidário, dividir-se-á a dívida, se
divisível, apenas em relação a cada um de seus herdeiros,
pois cada qual só responderá pela quota respectiva,
correspondente ao seu quinhão hereditário, salvo se a
obrigação for indivisível, hipóteses em que se o credor
demandar os herdeiros serão considerados, por ficção legal,
como um só devedor solidário relativamente aos outro co-
devedores solidários. Por exemplos, A, B e C são devedores
solidários de R$ 600.000,00 de D. Morre C, deixando
herdeiros E e F, sendo que cada um só será obrigado pagar
D R$ 100.000,00 (metade da quota de C R$ 200.000,00).
Mas se a dívida for a entrega de uma casa, o credor poderá,
ante sua indivisibilidade, exigir a prestação por inteiro, mas

30
Código Civil

a responsabilidade dos herdeiros reunidos não poderá ser


superior às forças do acervo hereditário.

Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos


devedores e a remissão por ele obtida não
aproveitam aos outros devedores, senão até à
concorrência da quantia paga ou relevada.

Efeito do pagamento parcial efetivado por devedor


solidário: Se um dos devedores efetuar o pagamento
parcial do debito, esta não aproveitará aos demais, senão
até a concorrência da quantia paga. O credor de uma dívida
de trinta mil reais, tendo recebido apenas de um dos
devedores solidários a quantia de dez mil reais, só poderá
reclamar dos demais vinte mil reais, descontando os dez
mil reais já recebidos.

Remissão da dívida obtida por um dos devedores


solidários: O perdão dado pelo credor a um dos devedores
solidários não terá o poder de apagar os efeitos da
solidariedade relativamente aos demais co-devedores, que
permanecerão vinculados, tendo-se apenas a redução da
dívida proporcionalmente à concorrência da importância
relevada.

Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou


obrigação adicional, estipulada entre um dos
devedores solidários e o credor, não poderá agravar
a posição dos outros sem consentimento destes.

Estipulação de condição ou de obrigação adicional: A


cláusula, condição ou obrigação adicional avença entre
credor e um dos devedores solidários, não poderá agravar a
posição dos demais, sem anuência destes. Nenhum co-
devedor poderá onerar a posição dos demais, sem contra
com o consentimento deles. Cláusula, condição ou
obrigação adicional assumida por um co-devedor não
atingirá os demais, se estabelecida à revelia destes. Como
esses atos alteram a relação obrigacional, prejudicando os
co-devedores, apenas poderão obrigar aquele que os
estipulo sem a aquiescência dos demais.

31
Código Civil

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por


culpa de um dos devedores solidários, subsiste para
todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas
perdas e danos só responde o culpado.

Impossibilidade da prestação por culpa de um dos


co-devedores solidários: Se, por ato culposo de um dos
devedores solidários, a prestação tornar-se inexeqüível, a
solidariedade não se extinguirá, visto que o credor poderá
reclamar de qualquer dos devedores, ou de todos
conjuntamente, o equivalente em dinheiro, embora só
possa exigir do culpado as perdas e danos que sofreu com
a impossibilidade da prestação.

A e B são devedores solidários de C, a quem deverão


entregar um lote de vasos chineses, que, por negligencia de
A, vem a se perder. A e B continuam solidários no
pagamento do equivalente daquelas peças ornamentais,
mas somente A deverá pagar perdas e danos sofridos por
C.

Art. 280. Todos os devedores respondem pelos


juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta
somente contra um; mas o culpado responde aos
outros pela obrigação acrescida.

Responsabilidade pelos juros moratórios: Como os


juros de mora constituem acessórios da obrigação principal,
todos os co-devedores deverão responder por eles, mesmo
que a ação tenha sido movida somente contra um, em
razão de atraso no pagamento da prestação devida. Se a
mora se deu por culpa de um dos co-devedores, o culpado
deverá, perante os demais, responder pela majoração da
obrigação. Logo, estes poderão cobrar do culpado, pelo
atraso no pagamento, o quantum correspondente aos juros
moratórios, acrescido à dividida. Aplica-se, portanto, o
princípio da responsabilidade pessoal e exclusiva por ato
culposo.

Art. 281. O devedor demandado pode opor ao


credor as exceções que lhe forem pessoais e as
comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções
pessoais a outro co-devedor.

32
Código Civil

Oposição de exceções: O devedor solidário que for


demandado poderá opor ao credor exceções (defesas)
pessoais e as comuns a todos, não lhe aproveitando,
porém, as pessoais a outro co-devedor. As exceções
pessoais (vícios de consentimento, crédito de um dos co-
devedores contra o credor, compensação, confusão,
novação, incapacidade jurídica, inadimplemento de
condição que lhe seja exclusiva), peculiares a cada co-
devedor, isoladamente considerado, só poderão, portanto,
ser deduzidas pelo próprio interessado. As exceções
comuns ou objetivas (relativas à ilicitude do objeto, à
impossibilidade física ou jurídica da prestação, à exceção
do contrato não cumprido pelo credor, à falta de causa, ao
falso motivo (Art. 140, CC), ao pagamento do débito, à
extinção ou nulidade da obrigação etc.) aproveitam a todos
os co-devedores.

Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade


em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.

Parágrafo único. Se o credor exonerar da


solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a
dos demais.

Renuncia da solidariedade: parcial ou total. O credor


poderá renunciar à solidariedade em favor de um, de
alguns ou de todos os devedores. A renúncia não requer
forma especial, devendo seguir a adotada para continuação
da obrigação solidária. Se a solidariedade for legal, a
renúncia poderá dar-se verbalmente ou por escrito ou,
ainda, pela prática de atos reveladores da intentio de abri
mão do beneficio, hipótese em que se terá a renúncia
tácita. Se a solidariedade, a renuncia deverá ter a forma do
ato constitutivo da obrigação. Se a renúncia for parcial ou
relativa, o devedor beneficiado ficará obrigado perante o
credor apenas por sua parte no débito, respondendo, em
relação aos outros co-devedores, comente pela sua parte,
apesar de ser obrigado a contribuir com a quota insolvável.
A solidariedade prosseguirá relativamente aos demais co-
devedores. Ao credor, para que possa demandar os co-
devedores solidários remanescentes, cumprirá abater no
débito o quantum alusivo à parte devida pelo que foi
liberado da solidariedade. P. ex.: A, B e C são devedores

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Código Civil

solidários de D pela quantia de R$ 30.000,00. D renuncia a


solidariedade em favor de A, perdendo, então, o direito de
exigir dele uma prestação acima de sua parte no débito,
isto é, R$ 10.000,00; B e C responderão solidariamente por
R$ 20.000,00, abatendo a dívida inicial de R$ 30.000,00 a
quota de A (R$10.000,00). Assim, os R$ 10.000,00
restantes só poderão ser reclamados daquele que se
beneficiou com a renúncia da solidariedade. Ter-se-á uma
dupla obrigação: a simples, em que o devedor beneficiado
passará a ser o sujeito passivo, e a solidária, atinente aos
demais co-devedores. Tal ocorre porque a exoneração não
foi da dívida, mas da solidariedade. Sem embargo dessa
opinião, há quem ache que o parágrafo único permite,
mesmo exonerando da solidariedade um dos devedores,
que o credor acione os demais pela integralidade do débito,
sem faze abatimento, restando ao que pagar a dívida por
inteiro cobrar a quota do que foi exonerado. Se a renúncia
for total ou absoluta extinguir-se-á a obrigação solidária
passiva, surgindo, em seu lugar, uma obrigação conjunta,
em que cada devedor responderá tão-somente por sua
parte, sob o império da regra concursu partes fiunt, pois o
débito será rateado entre os co-devedores, visto que a
obrigação torna-se pro rata em relação a todos.

Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro


tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a
sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do
insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no
débito, as partes de todos os co-devedores.

Direito de regresso: O co-devedor que, espontânea ou


compulsoriamente, saldou a dívida por inteiro terá o direito
de reclamar, mediante ação regressiva, de cada um dos
coobrigados a sua quota, dividindo-se igualmente por todos
a parte do insolvente, se houver.

Presunção “júris tantum” da igualdade das partes


dos co-devedores: Presumir-se-á que são iguais, na
dívida, as partes de todos os co-devedores. Porém, tal
presunção é júris tantum; as partes dos co-devedores
poderão ser desiguais. Assim, o devedor que pretende
receber mais terá o ônus probadi da desigualdade nas

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Código Civil

quotas, e, se o co-devedor demandado pretender pagar


menos, suportará o encargo de provar o fato.

Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores,


contribuirão também os exonerados da solidariedade
pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao
insolvente.

Rateio da parte insolvente: havendo insolvente na


obrigação solidária passiva, sua parte deverá ser paga
pelos demais co-devedores, incluindo-se no rateio inclusive
os exonerados da solidariedade pelo credor, pois a este
será lícito extinguir a solidariedade em relação ao seu
crédito, não podendo liberar o devedor da obrigação que o
une aos demais co-devedores. Assim, é direito dos co-
devedores repartirem, entre todos, a quota insolvente,
incluindo o devedor liberado pela renuncia do credor à
solidariedade. Nesta ultima hipótese, o devedor desonerado
tem responsabilidade, visto que o credor o exonerou da
solidariedade e não do pagamento do débito. P. ex.: A, B, C
e D eram devedores solidários de E pela quantia de R$
360.000,00. E renuncia a solidariedade em prol de A, que
lhe pagou sua parte (R$ 90.000,00) na divida comum.
Posteriormente C pagou a E os R$ 270.000,00 restantes,
enquanto B caiu em estado de insolvência, não podendo
pagar nada. C, que pagara a prestação por inteiro, passa a
ser titular do direito de regresso, podendo reclamar: de D
R$90.000,00 de sua quota, mais R$ 30.000,00, como
participação na quota do insolvente; de A R$ 30.000,00,
como participação na quota do insolvente, enquanto ele, C,
ficará também desfalcado em R$ 120.000,00, equivalente a
R$ 90.000,00 de sua quota, mais R$ 30.000,00 da parte
insolvente

Art. 285. Se a dívida solidária interessar


exclusivamente a um dos devedores, responderá
este por toda ela para com aquele que pagar.

Impossibilidade de direito de regresso: O co-devedor a


quem a dívida solidária interessar exclusivamente
responderá sozinho por toda ela para com aquele que a
solveu. Por exemplo, se houver fiança, o credor poderá
acionar qualquer dos fiadores; mas, uma vez pago o débito,

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Código Civil

o solvens terá o direito de reembolsar-se integralmente do


afiançado. Um dos devedores poderá ser compelido a
satisfazer todo o débito sem te o direito de regresso contra
os demais.

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