Título do Artigo: Reflexões sobre o contexto institucional Brasileiro contemporâneo e as
transformações na educação profissional;
Nome da Revista: Educar em Revista; Ano: 2008; Volume: 24; Autores: JACOMETTI, Márcio; Instituição do autor: Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Cornélio Procópio (UTFP); Classificação Qualis na área de Ensino: A1. Resumo: O objetivo do trabalho se fixa em propor reflexões sobre a produção de pesquisas que verifiquem como o contexto institucional brasileiro vem influenciando as transformações no ensino profissionalizante, a partir de 1964. A relevância do tema, segundo o autor, se encontra no fato de delimitar novos direcionamentos para ampliar a compreensão dos processos educacionais. A pesquisa se trata de um ensaio teórico, onde o autor recomenda a pesquisa histórica de natureza descritiva, o que permite indicar as categorias analíticas que partem dos aspectos evolutivos, traçando uma sequência de eventos ao longo do tempo a partir de um momento pré-determinado. A pesquisa é descritiva, pois aborda acontecimentos e descobre seus fenômenos-chave, além disso, é interpretativa ao sintetizar a informação condensada, com o intuito de determinar tendências e generalizar seus significados. A relação existente na influência entre o contexto institucional e as transformações ocorridas na educação profissional brasileira pode ser compreendida mediante análise qualitativa com o uso de mapeamentos de relação, gerados por análise documental. O autor aborda no primeiro tópico o ensino profissionalizante no Brasil, onde constata que esse tema preocupa os governos desde o início do século XX, quando, em 1909, o então presidente Nilo Peçanha, criou, nas capitais dos Estados, a escolas de aprendizes artífices para o ensino profissional gratuito. Analisando o contexto histórico e social, constatam-se diversos pontos que influenciaram essa preocupação dos governantes, entre elas o crescimento desordenado dos grandes centros urbanos causado pela abolição da escravidão, o crescimento econômico, a industrialização, imigração, entre outros. Os governantes desse período viram no ensino profissionalizante uma possibilidade de autopreservação da burguesia. Após o decreto nº 7.566 de 23 de setembro de 1909, a evolução das escolas técnicas só ocorreu com a lei nº 5.692 de 1971, que obrigava as instituições de 2º grau a ofertarem o curso profissionalizante integrado. No entanto, o autor aponta o caráter demagógico da lei de 1971 e o atraso da educação do país, causado pelo desinteresse da classe dominante brasileira. O período pós Golpe Militar de 1964, marcado pelo discurso autoritário, que se perpetua até os dias atuais, foi determinante também ao longo das décadas de 1980 e 1990, pois as ações no campo da educação só foram tomadas em 1996, pela nova LDB, que revogava a lei de 1971. O artigo 5º da lei nº 8.948 de 1994 estabeleceu a transformação de várias Escolas Técnicas em Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs), além disso, os três níveis de formação profissional foram definidos pelo artigo 3º do Decreto nº 2.208 de 1997, que eram o Básico, Técnico e Tecnológico. Há evidências de que essas ampliações estão ligadas a pressões de Organismos Internacionais sobre a educação brasileira. A revolução da educação profissional brasileira constituiu-se a partir da observação de modelos de sucesso de outros países. Outro tópico abordado pelo autor envolve a educação brasileira e o contexto institucional. Nesse ponto, é discutido o estamento burocrático nacional, que vem se perpetuando no poder e executando determinações externas, independente da realidade vivenciada pelos brasileiros. É preciso que se considere a instituição de ensino de acordo com o contexto social e político onde está inserida, mas isso não tem ocorrido. O cenário brasileiro é regido por tendências neoliberais, que tem como premissa a ideia de equidade sob o enfoque do desempenho individual, endossando a lógica da competição e a concepção do homem econômico forjado no liberalismo. Quem domina o campo econômico tem para si o poder de decidir o que é interessante que se torne público. Seguindo a lógica desse pensamento hegemônico, os meios de comunicação tem a função de triagem de informações e mantém o controle sobre o que é divulgado para população. No último tópico do artigo o autor articula o ponto central da pesquisa, que são as possibilidades de pesquisas na educação profissional. Nesse ponto o autor tenta estimular a realização de pesquisas que busquem como o contexto institucional vem afetando as transformações ocorridas na educação profissional brasileira, a partir da década de 1970. Partindo do referencial teórico e de seus objetivos, as hipóteses foram formuladas e nelas constata-se que as pressões contextuais impostas sobre a lei nº 5.692 de 1971 não se diferenciam das pressões contextuais da lei nº 9.394 de 1996 e ambas se caracterizam como neoliberais; a segunda hipótese aponta que os valores institucionalizados na sociedade são os mesmos nos dois contextos e justificam uma sequência de objetos do neoliberalismo; por último o autor afirma que as pressões contextuais coercitivas e normativas vêm afastando significativamente as transformações ocorridas no ensino profissionalizante brasileiro. O autor sugere também que pesquisas realizadas no campo das transformações na Educação Profissional tenham os seus procedimentos predominantemente qualitativos e que busquem a compreensão dos fenômenos sociais ao longo do tempo. Os dados disponíveis podem ser analisados previamente para se constatar a existência suficiente de informação, além disso, os dados podem ser coletados visando relacionar toda a informação disponível sobre os acontecimentos estudados. As fontes de dados históricos classificam-se em fontes primárias, que tem relação direta com os fatos analisados e fontes secundárias, que não tem uma relação direta com o acontecimento registrado. A utilização de fontes primárias e secundárias permite a obtenção de dados confiáveis, auxilia a contextualização dos fatos e permite ao pesquisador interpretar e compor o cenário da educação profissional brasileira.