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(2010-2019)
Resumo
Cultura e poder são duas manifestações que podem ser representados em um meio, quer
visual, física ou psicológica, dentro dessas duas potências têm muitos aspectos que a
pesquica analisa, avalia e faz críticas. A cultura é uma forma de poder, e o poder, por sua
vez, pode se manifestar em uma certa cultura, sendo ambos dependentes e independentes ao
mesmo tempo. O artigo procura mostrar o meu trabalho como artista eu trabalho com
desenho e pintura sob um tema homoerótico, destacando a figura masculina como
referência principal para a maioria da minha produção, eu apropriar elementos clássicos e
contemporâneos, juntamente com uma estética atletismo figurativa pictórica para
apresentações, com o objectivo de proporcionar ao mundo um vislumbre dos meus
pensamentos, idéias, sonhos e paixões, especialmente entre indivíduos do mesmo sexo, um
tema recorrentemente marcado como tabu em alguns países latino-americanos. Meu
trabalho é um esforço necessário para a visibilidade, valorização e aceitação no gênero,
política e masculinidade, neste artigo eu está focada naquelas obras que representavam o
corpo negro masculino desde o início da minha carreira no ano 2010.
Abstract
Culture and power are two manifestations that can be represented in a medium, be it visual,
physical or psychological, within these two powers we have many aspects on which the
investigation analyze, evaluate and make criticisms about it. Culture is a form of power,
and power in turn can manifest itself in a certain culture, both being dependent and
independent at the same time. In the present article seeks to show my work as an artist in
which I work with drawing and painting under a homoerotic theme, highlighting the male
figure as the main reference of most of my production, I appropriate classic and
contemporary elements in conjunction with an aesthetic Figurative pictorial of athletic
character for the representations, with the aim of providing the world with a vision of my
thoughts, ideas, dreams, and above all passions between individuals of the same sex, a
theme recurrently marked as a tabu in some Latin American countries. My work is a effort
for visibility, valorization and acceptance in the matter of gender, politics and masculinity,
in this article is focused on those works in which I have represented the male black body
since the beginning of my artistic career in the year 2010
IMAGEM 01. Representações do homoerotismo em diferentes culturas e épocas, da esquerda para a direita: Warren
Cup (Roma, século I dC), Ilustração do Império Otomano (manuscrito turco, 1773), Cena do namoro pederasta
(Grécia, 530 aC), Cliente Lubrificando um Prostituto de Kitagawa Utamaro (Japão, século 18), Nyaunkh Khom e Khom
Hotep (Egito, 2300 aC), Beijo entre Erastés e Erómeno (Grécia, sigo V aC), Cerâmicas Homoeróticas Chimú (Peru,
cerca de 1300 dC) e pintura homoerótica maia em Naj Tunich (Guatemala, 600 dC). Fonte: Imagens do Google.
O homoerotismo tem diversas vertentes aplicadas em diversos campos não só na arte, senão
também no comportamento humano dentro das sociedades, como descreve Graham:
O modelo masculino negro tem sido representado, em menor escala, também nos
séculos passados, é aqui que nasceu meu interesse como artista em investigar esse tipo de
representações: modelos negros em telas de pintura erótica acadêmica.
2. O Homoerotismo de Escobar
Varios artistas têm um estilo pessoal muito forte, e são potenciais geradores e
criadores de grandes movimentos nas artes pictóricas (ver, por exemplo, o trabalho de
Monet, Picasso, Van Gogh, Michelangelo, Da Vinci, Andy Warhol, e muitos outros).
História e registros através de imagens ao longo dos anos têm dado nas sociedades
referências visuais do passado, fatos históricos, fictícios, religiões, mitologias, festas
populares, incluindo uma
perspectiva visual sobre o mundo
dos sonhos (ver obras do
surrealismo: Salvador Dali e
Marcel Duchamp, por exemplo). A
No meu trabalho, o referente favorito sempre foi Miguel Angel Buonarroti, porque
como Neret (2003) diz, ele nunca escondeu que toda a sua vida, desde a juventude até a
velhice, foi marcada por paixões, e isso é claro tanto em suas obras como em seus poemas,
onde paixão e criação vêm da mesma fonte, de acordo com o autor um do seus poemas
explica a fonte de beleza em que suas criações foram baseadas:
Minha intenção nesse sentido é representar uma beleza dotada de um elemento regional
aleatório (isto é, pode ser um edifício ou arquitetura, uma fruta, uma planta, o modelo
humano, uma paisagem local, animais, etc.) juntamente com paisagens ou fundos externos
(internacionais, e por vezes fictícios), considerando o meu trabalho como um híbrido
cultural e artístico, essa explicação tem sua base em minhas origens, pois nos ancestrais de
minha família há uma mistura de sangue indígena e espanhola.
(1998) de Mayra Barraza, são duas peças (ver IMAGEM 04. Esquerda: Calida (2006), Eduardo Chang.
Direita: O Anjo do Profeta (1998), Mayra Barraza.
Figura 04) preservados e expostos no Museu de Fonte: Imagens do Google Images / Catalogo do
Museu MARTE
Arte de El Salvador (MARTE) como elementos
de representação do homem de El Salvador.
Acredito que nenhum artista deve ser forçado ou persuadido sobre o que "deve" ou não usar
como modelo de representação, considero a arte como uma expressão livre onde a
diversidade e elementos como desejo, inspiração e especialmente uma estética visual
pessoal deve ser o principal influenciador na sua criação.
3. O modelo negro no trabalho de Escobar
Durante os meus primeiros anos de formação artística (anos 2010-2014) não me lembro de
ter um modelo vivo de pele escura ou negro nas minhas aulas de desenho, pintura ou
escultura. Da mesma forma que eu nunca vi nas obras dos meus colegas pintores a
representação do corpo negro em qualquer tecido, talvez a coisa mais próxima que foi
possivelmente mais semelhante a um tom de pele escuro naquelas sessões, foram modelos
de fotos de internet com pele bronzeada ou como é popularmente chamado no meu país,
com pele “morena”, que geralmente era usada para os trabalhos fora da aula.
Basta apenas uma visita a qualquer museu de El Salvador para perceber que a representação
do negro é quase nulo na sua produção artística, e é, possivelmente, porque ele deu mais
visibilidade aos elementos de caráter indígena, local e cultura pré-hispânica como os maias
e olmecas. Alguns artistas salvadorenhos como Julia Diaz, Antonio Bonilla, Carlos Cañas,
Valero Lecha entre outros, trabalharão em algumas obras de suas produções, tons
personagens de pele mais acentuados do que os modelos brancos convencionais utilizados
na maioria da produção artística nacional, e isso pode ser visto em catálogos de exposições
de produções artísticas do passado (Molina e Vasquez, 2012).
Tenho que reconhecer que em El Salvador existe certa homogeneidade com relação
à fisionomia das pessoas, especialmente os modelos utilizados, provavelmente por esse
motivo, muitas vezes o publico geral tem confundido algumas representações, como auto-
retratos ou o uso do mesmo modelo em telas diferentes. Não foi até o ano de 2015 quando
conheci a Jorge, um brasileiro de Recife que tinha uma anatomia incrivelmente
proporcional e uma estética dotada de beleza de acordo com meus interesses artísticos.
Depois de fazer uma amizade
online com ele, me arrisquei a
pedir que fosse meu modelo para
alguns trabalhos (Imagem 08),
incrivelmente esses trabalhos
foram vendidos mais rápida e
facilmente do que as obras feitas
com modelos salvadorenhos. IMAGEN 08. Izquierda: Defiant Luzbel (2015), Grafito sobre papel.
Derecha: Mitologia regional de Centroamerica (2015), Oleo sobre
tela.. Fuente: Fotografia de Alberto Escobar.
Em 2016, conheci pela primeira vez a cidade de São Paulo, a partir daquele momento, meus
olhos se encheram de cores, minha mente de inspiração e minhas mãos de vontade de criar
peças que tivessem modelos brasileiros do sexo masculino, foi um sublime sentimento de
inspiração criativa para representar cada rosto, corpo e modelo possível em uma nova ideia.
A grande diversidade de pessoas da cidade de São Paulo abriu mais possibilidades em
minhas futuras pinturas a tal ponto que consegui voltar em 2018 para estudar o meu
mestrado, desta vez em Salvador da Bahia.
Das viagens ao Brasil e das relações profissionais que surgiram com modelos diferentes,
nasceram, um a um, trabalhos eróticos com uma representação da masculinidade negra.
Neesse sentido as obras criadas mostram uma visão estrangeira (minha visão) sobre o corpo
masculino negro representado de maneira clássica e anatomicamente atlético em um tecido,
temática que a julgar por minhas visitas a vários museus nacionais (MASP São Paulo,
Museu Nacional do Rio de Janeiro, Museu de Arte da Bahia) deveria estar mais presente,
pois existe um grande número de potenciais modelos negros em território brasileiro.
As obras criadas em Salvador de Bahia contem da mesma forma uma representação fiel do
modelo negro, mudando alguns elementos ornamentais
como por exemplo com os trabalhos: Bendito o fruto (2018)
e (IN)Civilização (2018), respectivamente (Imagem 10). No
primeiro trabalho, vemos um modelo brasileiro negro
dotado de um fisico musculado quase escultural rodeado por
um conjunto de frutas tropicais e regionais do Brasil: entre
bananas, açaí, manga, maçã, guaraná e outras frutas, o
jovem nu mantém um olhar sensualizado com os lábios
semiabertos para o espectador em um espaço íntimo de cor
neutra como pano de fundo, o que ajuda a destacar sua
figura como protagonista da tela.
O objetivo principal deste artigo foi apresentar a minha proposta artística como estrangeiro
sobre a visibilidade e representação do corpo negro basileño, utilizando recursos clássicos,
estéticos e eróticos no Brasil.
Estou ciente de que eu não sou o primeiro a fazer esse tipo de abordagem, nem serei o
último, mas acho que meu trabalho será um dia, referente para a temática homoerótica e
afetiva de um elemento que não é muito comum na pintura acadêmica: a representação
masculina do modelo negro. Há artistas afro-brasileiros do passado, citando como exemplo:
Arthur Timotheo (1882-1922), Benedito José Tobias (1894-1963) e Estevão Silva (1845-
1891), que trabalharam com temas de representação de modelos negros em suas obras, da
mesma forma há trabalho contemporâneo com representação negra como o trabalho do
artista baiano Oliver Dorea, quem trabalha num sistema tradicional (pintura e desenho feito
à mão) e digital (pintura feita em um computador usando ferramentas digitais), nas suas
obras Dorea, representa uma arte afro-brasileira em cada um de seus personagens,
carregado com colorismo, utilização dos recursos naturais como flores, animais e frutas
locais que acompanham os seus modelos (geralmente esses elementos são exibidos no
cabelo ou sobre as cabeças de seus personagens).
Minha paixão pela arte e para a criação de um tema homoerótico nasceu a partir do dia do
concurso Diplomat Palmares em El Salvador (2010), e foi criada a partir das reações do
público salvadorenho para ver o trabalho de um artista iniciante que tinha tentado entrar um
círculo artístico elitista, a ideia era clara: o meu destino era capturar através da inspiração,
paixões e talento, o afeto entre dois indivíduos do sexo masculino de um modo erótico,
sublime e sutil, o caráter mais explícito dos seguintes trabalhos veria a luz anos depois.
Referencias
- CLEVELAND, Kimberly. Black Art in Brazil. 1.ed. Estados Unidos de America: Editora
University Press of Florida, 2013, p.8-18.