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1.1 DEVOLUTIVO
O efeito devolutivo está ligado ao ato de recorrer (voluntariedade) e a manifestação
das razões do recurso (dialeticidade). O efeito devolutivo é expressão do princípio geral do
processo civil que é o princípio dispositivo ou princípio da demanda.
O recurso interposto devolve ao órgão ad quem o conhecimento da matéria
impugnada (tantum devolutum quantum appellatum). Isto quer dizer que o juízo
destinatário do recurso só poderá julgar o que o recorrente tiver requerido nas suas
razões de recurso.
JOSÉ MIGUEL GARCIA MEDINA diz que “usa-se a expressão “efeito devolutivo” para
designar esse efeito do recurso, consistente em submeter ao órgão que o julgará o
conhecimento da matéria impugnada”2.
Conforme JOSÉ MIGUEL GARCIA MEDINA, o efeito devolutivo “pode ocorrer quando
o recurso é julgado por órgão jurisdicional hierarquicamente superior (efeito de
transferência) e também quando pelo mesmo órgão que proferiu a decisão recorrida
(efeito regressivo)”3.
Em sentido contrário, ALEXANDRE FREITAS CÂMARA entende que “só há devolução,
na linguagem jurídica, quando há transferência da competência para conhecer da matéria
para órgão jurisdicional distinto daquele que prolatou a decisão recorrida, chamado juízo
ad quem.”4
O efeito devolutivo desdobra-se em dois sentidos: extensão do efeito e
profundidade.
Conforme BARBOSA MOREIRA5 “delimitar a extensão do efeito devolutivo é precisar
o que se submete, por força do recurso, ao julgamento do órgão ad quem; medir-lhe a
profundidade é determinar com que material há de trabalhar o órgão ad quem para julgar”.
MARCELO ABELHA RODRIGUES diz que a extensão do efeito devolutivo “diz
respeito à amplitude do que poderá ser transferido ao órgão ad quem, podendo ser igual
(recurso total) ou menor (recurso parcial) do que a da decisão recorrida”6.
1
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Processual Civil. 4 ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.
523.
2
MEDINA, José Miguel Garcia, Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1200.
3
MEDINA, José Miguel Garcia, Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1202.
4
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, p. 503.
5
MOREIRA, José Carlos Barbosa, Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. 05, 11 ed., Rio de Janeiro: Forense,
2003, p. 429.
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E-mail: fabianobabilon@gmail.com
1.2 TRANSLATIVO
O efeito translativo opera-se ainda que não haja expressa manifestação de vontade
do recorrente, em virtude da aplicação do princípio inquisitório
É a possibilidade do juízo destinatário do recurso examinar questões de ordem
pública, ainda não decididas pelo juízo a quo.
1.3 SUSPENSIVO
É uma qualidade do recurso que adia a produção dos efeitos da decisão impugnada.
LUIZ GUILHERME MARINONI, SÉRGIO CRUZ ARENHART e DANIEL MITIDIERO ensinam
que “quando se afirma que determinado recuso possui efeito suspensivo, quer dizer que a
decisão impugnada não poderá produzir efeitos senão depois de escoado o prazo
recursal.”10
O efeito suspensivo pode ser ope iudicis, quando fica a cargo do juiz a concessão ou
não do efeito suspensivo aos recursos; e pode ser ex lege, quando o efeito suspensivo
decorre da própria lei.
A regra geral, é que os recursos não têm efeito suspensivo, conforme o art. 995,
caput, CPC. Mas, há recursos que possuem, automaticamente, efeito suspensivo ex lege
6
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Processual Civil. 4 ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.
524-525.
7
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 03, 5 ed., Bahia:
JusPodivm, 2008, p. 103
8
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Processual Civil. 4 ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.
525
9
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Processual Civil. Vol.2.,
São Paulo: RT, 2015, p. 523.
10
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Processual Civil. Vol.2.,
São Paulo: RT, 2015, p. 525.
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(por determinação legal), como nos casos do recurso de apelação (Art. 1012) e dos
recursos especial e extraordinário interpostos contra decisão proferida no julgamento do
incidente de resolução de demandas repetitivas (Art. 987, § 1º, CPC). Quando não for caso
de efeito suspensivo automático, será possível a sua produção mediante uma decisão
judicial (Art. 995).
1.5 SUBSTITUTIVO
Conforme o art. 1008, CPC, “o julgamento proferido pelo tribunal substituirá a
decisão impugnada no que tiver sido objeto de recuso”. LUIZ GUILHERME MARINONI,
SÉRGIO CRUZ ARENHART e DANIEL MITIDIERO ensinam que “ainda que a decisão do
tribunal confirme a decisão recorrida sem nada alterar em sua essência, por esse efeito,
uma vez conhecido e julgado o recurso, não mais existirá a decisão recorrida, mas apenas a
do tribunal”15. Não há efeito substitutivo quando o recurso não é conhecido.
11
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Processual Civil. Vol.2.,
São Paulo: RT, 2015, p.526.
12
MEDINA, José Miguel Garcia, Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1206.
13
MEDINA, José Miguel Garcia, Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1206.
14
MEDINA, José Miguel Garcia, Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1206-
1207.
15
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Processual Civil. Vol.2.,
São Paulo: RT, 2015, p.526.
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1.6 REGRESSIVO
Quando por via do recurso a causa volta ao conhecimento do juízo prolator da
decisão recorrida.
1.7 DIFERIDO
Quando o conhecimento do um recurso depende de outro recurso a ser interposto
contra decisão.
16
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, p. 503.