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Desenho da Casa, Árvore e Pessoa (HTP)

ADMINISTRAÇÃO
Neli Klix Freitas, Jurema Alcides Cunha
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de papel: uma, com linhas incompletas, para o
sujeito completar o desenho, e as demais para
Para a administração do teste, o psicólogo en- que desenhe uma casa, uma árvore, uma pes-
trega ao sujeito três folhas de papel em bran- soa (completa), uma pessoa do sexo oposto
co, lápis e borracha, solicitando-lhe que dese- (completa), ele mesmo (completo) e qualquer
nhe uma casa, uma árvore e uma pessoa. Con- outra coisa que queira. Segue-se um questio-
tudo, Hammer (1991) propõe que se dê uma nário de quinze perguntas, numa base de faz-
folha de cada vez, colocando-a com a dimen- de-conta.
são maior horizontalmente na frente do sujei- Hammer (1991) faz a complementação dos
to, para o desenho da casa, e verticalmente, desenhos acromáticos com uma fase cromáti-
para o desenho da árvore e da pessoa. Já Gro- ca, que constitui um recurso para explorar “ca-
th-Marnat (1999) lembra a versão que foi su- madas mais profundas da personalidade” (p.1),
gerida por Burns e Kaufman, em 1970, em que permitindo obter um quadro “da hierarquia de
é fornecida uma única folha de papel para que conflitos e defesas do paciente” (p.31). Neste
o sujeito nela faça os três desenhos. Essa pro- caso, são fornecidas mais três folhas em bran-
posta é valiosa para se analisar as inter-rela- co, borracha e lápis de cor. As instruções são
ções dos três desenhos. as mesmas, e, após a fase cromática, é feito
Costumeiramente, a fase gráfica é seguida um interrogatório como anteriormente.
por uma fase verbal. Nesta, pode-se utilizar Morris (1976) salienta também a importân-
uma abordagem mais aberta, sugerindo ao cia das observações durante a testagem. De-
sujeito que fale sobre a casa, a árvore e a pes- vem-se registrar as reações do sujeito às ins-
soa que desenhou, que conte uma história truções, que podem envolver indícios de an-
usando os três elementos, ou, ainda, pode ser siedade, resistência, desconfiança ou, pelo con-
usado um procedimento mais estruturado. No trário, de cooperação ou de aceitação passiva
Anexo E, pode ser encontrada uma lista de per- da tarefa. Além disso, devem-se anotar o tem-
guntas utilizada no interrogatório. po de reação e os comportamentos verbais e
Para muitos psicólogos, a administração do não-verbais. Caso o sujeito manifeste ansieda-
HTP resume-se a essas fases. Não obstante, en- de, resistência ou desconforto, recomenda-se
contram-se outras versões. Topper e Boring dizer que não se preocupe em chegar a uma
(1969) propuseram a utilização de sete folhas produção artística, porque não se pretende

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avaliar sua aptidão, mas sim a maneira como outras pessoas significativas, “uma vez que as
desenha. projeções que fazemos em outras pessoas (in-
cluindo nossos pais) são, na verdade, projeções
externas de autopercepções e de sentimentos”
INTERPRETAÇÃO (p.142).
Hammer (1991) acha que os três desenhos
Simbolismo da casa, árvore e pessoa. Para ana- proporcionam simultaneamente informações
lisar os desenhos da casa, árvore e pessoa, é em diferentes níveis de personalidade. O dese-
essencial “considerar as áreas mais amplas da nho da pessoa revela “o grau de ajustamento
personalidade investigadas por esses três con- num nível psicossocial”, enquanto a árvore,
ceitos” (Hammer, 1991, p.125). como investiga os “sentimentos e auto-atitu-
De um modo geral, pensa-se na casa como des mais duradouros e profundos” (p.41), é o
o lar e suas implicações, subentendendo o cli- desenho menos suscetível a mudanças em si-
ma da vida doméstica e as inter-relações fami- tuações de reteste. Por outro lado, consideran-
liares, tanto na época atual como na infância. do a pessoa e a árvore como extremos de um
Em conseqüência, há uma tendência para as continuum, a casa estaria em algum ponto
crianças expressarem suas relações com pais e entre ambas. Já os desenhos cromáticos suple-
irmãos, enquanto as pessoas casadas vão re- mentam os acromáticos, porque atingem ca-
fletir, no desenho, aspectos de suas relações madas mais profundas da personalidade, em
adultas com os demais membros. Contudo, razão do impacto emocional da cor, de sua
quanto mais comprometido estiver o sujeito, associação com aspectos infantis (lápis de cor,
mais existe a probabilidade de projeções de usados na infância) e em decorrência do fato
relações mais regressivas. Nesta linha de pen- de que o sujeito, ao chegar à fase cromática,
samento, entender-se-ia o ponto de vista de está afetivamente mais vulnerável do que no
que, “para algumas pessoas, a casa reflete suas início da tarefa.
relações com a mãe” (Groth-Marnat, 1984, Impressão geral. Na análise do desenho, em
p.141), já que a interação infantil mais carac- primeiro lugar é essencial identificar a impres-
terística é com a figura materna. Assim, a casa são geral que causa. Pressupondo-se que a
envolve a percepção de família, seja numa óti- casa, a árvore e a pessoa especificamente de-
ca atual, passada ou, ainda, num futuro ideali- senhadas tenham sido selecionadas por terem
zado, mas também aspectos do ego que tem uma significação simbólica para o sujeito, como
tal percepção, que podem representar um auto- temas importantes de sua vida passada ou por
retrato (Hammer, 1991). se associarem com aspectos mais profundos
A árvore e a pessoa permitem investigar o de sua personalidade, algo de muito pessoal
que se costuma chamar de auto-imagem e se comunica pela impressão geral transmitida
autoconceito (Hammer, 1991) ou “diferentes pelos conteúdos projetados. Um salgueiro, por
aspectos do self” (Groth-Marnat, 1999, p.525). exemplo, batido pelo vento, sugere sentimen-
Aspectos projetados na árvore associar-se-iam tos e atitudes bem diversos de um carvalho
com conteúdos mais profundos da personali- frondoso, assim como a figura de um príncipe
dade, enquanto, na pessoa, revelariam “a ex- altaneiro provoca uma impressão contrastan-
pressão da visão de si mesmo mais próxima da te com a de um mendigo maltrapilho deitado
consciência e de sua relação com o ambiente” numa calçada. Campos (1977) faz comentários
(Hammer, 1991, p.126). Não obstante, existe sobre a impressão global de vazio, de nudez,
uma hipótese de que a árvore reflete a relação transmitida por alguns desenhos, enquanto
com o pai, assim como o desenho da casa en- outros se caracterizam por harmonia e, ainda
volveria aspectos da relação com a mãe. Gro- outros, por inquietude.
th-Marnat (1984) diz que não é absurda a pres- Interpretação de aspectos projetivos e ex-
suposição de que as três figuras explorariam pressivos globais. Van Kolck (1975) e Campos
sentimentos sobre si mesmo ou em relação a (1977) recomendam o exame de uma série de

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itens, que podem ser avaliados sem referência a uma necessidade de união da família ou de
aos desenhos individuais, como a posição, o busca de proteção, mas, muito pelo contrário,
tamanho, as características do traçado, as cor- se vincularia a um desejo de se interpor, de in-
reções, os retoques, o sombreado, as borradu- terferir na relação.
ras, a simetria, a estereotipia e vários outros Eventualmente, o sujeito desenha casas ou
detalhes. árvores adicionais (Groth-Marnat, 1984); nes-
Posição e tamanho, segundo Groth-Marnat te caso, considera-se a hipótese de haver mais
(1984), são muito importantes, principalmen- de uma imagem de uma das figuras parentais
te quando os três desenhos são feitos na mes- ou de ambas. Isso também poderia ser apre-
ma folha, pressupondo-se casa e árvore como sentado pelo desenho de uma única árvore ou
representações parentais e a figura humana casa, mas “composta por dois (ou mais) esti-
como envolvendo mais implicações pessoais. los diversos” (p.142).
Então, posição e tamanho relativos podem in- Por certo, este nível de interpretação será
dicar não só características específicas da cons- mais preciso se levar em conta, além dos itens
telação familiar, mas também podem se asso- da série acromática, os das representações cro-
ciar com certos aspectos dinâmicos da intera- máticas e os dados da elaboração complemen-
ção. A proximidade da figura humana com a tar, por meio de comentários, história ou ques-
casa ou com a árvore, por exemplo, pode su- tionário.
gerir uma relação mais estreita ou uma identi-
ficação mais definida. A colocação da pessoa
entre casa e árvore pode se vincular à necessi- INTERPRETAÇÃO DO DESENHO DA CASA
dade de união da família ou de se sentir mais
protegida. A percepção da relação dos pais Na interpretação do desenho da casa, são con-
pode ser vislumbrada também pelo manejo dos siderados seus elementos essenciais (telhado,
elementos posição e tamanho. A separação dos paredes, porta, janelas) e acessórios (chaminé,
desenhos individuais pode corresponder a dis- perspectiva, linha de solo, etc.). A ausência de
tanciamento emocional ou, mesmo, a antago- qualquer dos elementos essenciais, conforme
nismo, enquanto a predominância no tamanho vários autores citados por Groth-Marnat
de um deles pode sugerir uma posição de po- (1984), suscitaria a hipótese da presença de
der, dominação ou, até, de opressão. Por ou- transtornos mais graves.
tro lado, a ausência real ou não pode ser indi- Como regra básica, pode-se afirmar que
cada por uma figura pequena ou distante. Po- quanto mais lógica e estruturada é a represen-
rém, se é a figura humana que se destaca pelo tação da casa, tanto mais adequadas podem
tamanho, a questão deve ser analisada com ser consideradas as condições de funcionamen-
cuidado, porque pode se relacionar com ego- to do ego. Ao contrário, quanto mais aparece-
centrismo, exibicionismo, com uma necessida- rem indícios bizarros e ilógicos, mais probabi-
de de chamar a atenção ou, ainda, de com- lidade há da presença de problemas psicopa-
pensação por sentimentos de inadequação ou tológicos.
insegurança. A forma de representação das paredes as-
Esta perspectiva de uma triangularidade socia-se com a força do ego. Paredes desenha-
relacional pode formar maior riqueza de con- das com linhas frágeis ou inadequadas corres-
teúdos interpretativos, se outros dados permi- pondem a dificuldades sérias nas funções do
tirem que se levante a hipótese de que elemen- ego. Porém, se há tentativas de reforçar os li-
tos representativos de natureza edípica estão mites das paredes, o ego ainda luta contra a
em jogo. Então, posição, tamanho e outros sua desintegração. Por outro lado, a presença
detalhes que esclareçam conexões afetivas as- de transparências sugere problemas nos limi-
sumem significação mais específica, a partir do tes pessoais com a realidade ou, ainda, no tes-
embasamento teórico. Neste caso, a colocação te de realidade, a menos que tal característica
da pessoa entre a casa e a árvore não se ligaria ocorra em etapas de desenvolvimento em que

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pode ser atribuída à imaturidade. Da mesma modificada se ela se apresenta com uma quan-
maneira, só é adequado fazer interpretações tidade densa de fumaça, o que pode refletir
com enfoque projetivo com base em aspectos tensão ou sugerir conflito nas relações fami-
que podem envolver coordenação visomanual liares (Hammer, 1991).
e organização perceptoespacial, se puderem ser A linha de solo dá indícios sobre o contato
desconsiderados outros fatores etiológicos com a realidade, principalmente no que se re-
para a explicação das dificuldades encontradas. fere à qualidade e à firmeza do traço. Os cami-
O tamanho do telhado relaciona-se com a nhos devem ser examinados com cuidado. Em
medida em que a fantasia distorce ou invade o princípio, significam vias de acesso e de comu-
funcionamento mental. Em casos extremos, o nicação, mas também podem ser usados como
telhado acaba por se constituir na representa- barreiras ou meios de proteção, dificultando
ção total da casa toda, em que são acrescenta- as interações. Os demais acessórios, como cer-
das portas e janelas, tipo de desenho mais fre- cas, arbustos, flores, etc., sempre devem ser
qüentemente encontrado em pacientes esqui- considerados em termos de sua finalidade de
zofrênicos. Num outro extremo de um conti- facilitar o intercâmbio com o mundo externo
nuum, a ausência de telhado verifica-se em ou, pelo contrário, de estabelecer meios de
sujeitos geralmente incapazes de regressão a defesa ou de proteção.
serviço do ego, “em personalidades reprimidas
e com orientação concreta” (Hammer, 1991,
p.128). Já o reforço do telhado denota esfor- INTERPRETAÇÃO DO DESENHO DA ÁRVORE
ços defensivos contra impulsos que buscam
expressão na fantasia. A árvore, além dos aspectos já discutidos sobre
Portas e janelas representam canais de co- simbolismo, de acordo com Buck, conforme
municação ou vias de acesso ao mundo exter- Burns e Kaufman (1978), representa o cresci-
no. Portanto, a sua ausência significa inacessi- mento, e, como Campos (1977) comenta, pode
bilidade, isolamento. Tentativas do ego de per- revelar sentimentos do sujeito em várias fases
manecer inacessível também são indicadas pela de seu desenvolvimento, simbolizado pela pro-
colocação da porta muito acima da linha de gressão da raiz até a copa. Assim, o tronco re-
solo, inclusive sem o acesso por degraus. Já a fletiria sentimentos de poder e a força do ego,
porta de tamanho muito grande sugere fortes a estrutura dos galhos forneceria indícios sobre
necessidades de dependência, e a porta aber- como o sujeito percebe sua capacidade de en-
ta, “intensa necessidade de reforço emocional contrar satisfação no ambiente e a organiza-
de fora” (Hammer, 1991, p.129). Ainda que as ção total teria que ver com seus sentimentos
janelas constituam uma forma de contato se- sobre o próprio equilíbrio emocional. Entretan-
cundária com o ambiente (Hammer, 1991), to, em termos essenciais, conforme o ponto
podem denotar uma diminuição na interação, de vista de vários autores, citados por Groth-
na medida em que aparecem fechadas ou tran- Marnat (1984), a representação de uma árvo-
cadas, pois tal tipo de representação já teria re pressupõe um tronco e, pelo menos, um
um sentido defensivo. Por outro lado, o acrés- galho. “Se esses elementos críticos estão fal-
cimo de cortinas, persianas ou o desenho da tando, deve ser considerada uma deterioração
janela apenas parcialmente aberta, são com- intelectual” (p.139).
patíveis com a existência de interações com o A impressão geral do desenho é, em gran-
ambiente, mas controladas. de parte, determinada pela colocação no pa-
A presença ou não de chaminé pode ser pel e pelo tipo de árvore.
explicada por motivos socioculturais. Mas, ape- A árvore bem centrada relaciona-se com
sar disso, é freqüentemente representada, por equilíbrio e bom relacionamento com ambos
se prestar como um símbolo de “calor psicoló- os sexos. A colocação para a esquerda já não
gico”, conforme Buck, em referência de Gro- sugere equilíbrio emocional e se associa com
th-Marnat (1984). Porém, tal hipótese deve ser forte influência materna, ao passo que, para a

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direita, denuncia identificação com a figura pa- de um self ideal, embora possa resultar “da
terna. Quando o desenho é feito na parte su- percepção de outras pessoas significativas
perior da folha, indica fuga na fantasia, mas, (pais, irmãos, etc.)” (p.143). Deste modo, fre-
na parte inferior, inibição da fantasia e senti- qüentemente, há representação das caracte-
mentos depressivos. rísticas pessoais, físicas ou psicológicas, como
O tipo de árvore resulta principalmente da são na realidade (inclusive, muitas vezes, com
forma como o tronco e os galhos são dese- registro de defeitos físicos), como são percebi-
nhados. O tronco representa a força do ego, a das, sentidas, imaginadas ou projetadas nos
auto-estima. Se delineado com linhas reforça- demais. Por isso, é extremamente importante
das, sugere a necessidade de uso de recursos verificar o tipo de pessoa desenhada, definin-
defensivos para proteger a integridade do ego. do-o melhor pelo confronto com os comentá-
Já as fracas se associam com fragilidade das rios do sujeito ou com suas respostas ao ques-
defesas e conseqüente vulnerabilidade. Irregu- tionário. A seguir, é preciso considerar outros
laridades no tronco podem indicar sentimen- itens do desenho, como a cabeça, que se asso-
tos de inadequação, e cicatrizes costumam ser cia com aspectos intelectuais e “freqüentemen-
identificadas com experiências traumáticas, te reflete a necessidade de controle racional
cuja ocorrência tem que ver com sua localiza- de impulsos e/ou da fantasia” (Groth-Marnat,
ção na árvore. Já a copa representa a organi- 1984, p.131), os detalhes associados com a
zação da personalidade e a maneira desta in- comunicação e interação com o ambiente (prin-
teragir com o ambiente (Groth-Marnat, 1999). cipalmente os traços faciais, os braços e as
Os galhos, portanto, sugerem sentimentos que mãos) e com a atitude do sujeito frente aos
podem ser bastante diversificados, caso sejam seus impulsos (tronco). Finalmente, é conve-
abundantes (busca de excessiva satisfação), niente lembrar que qualquer ênfase ou elabo-
diminutos (incapacidade de obter satisfação), ração específica de alguma parte do corpo pode
voltados para dentro (egocentrismo), quebra- ter uma conotação real ou simbólica de pro-
dos (sentimentos de impotência, castração e blema ou conflito, merecendo, por certo, uma
trauma), mortos (desesperança, depressão) ou análise especial.
ausentes (falta de contato). Quando os galhos Sob outros pontos de vista, o desenho da
estão cheios de folhas, associam-se com meti- pessoa, no HTP, pode ainda ser examinado con-
culosidade e precisão, mas, se elas são elabo- forme as considerações sobre o desenho da fi-
radas, detalhadas, identificam traços perfecci- gura humana.
onistas. A ausência de folhas pode se relacio-
nar com vulnerabildade ou, eventualmente,
com insatisfação, embora tais pressuposições CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS NA
devam ser corroboradas por outros dados, já INTERPRETAÇÃO DO HTP
que árvores deste tipo também são desenha-
das por pessoas normais, particularmente no Já foi referido que a omissão de partes essen-
inverno. A presença de frutos, em desenhos de ciais na representação da casa ou da árvore
adultos, associa-se com sentimentos de satisfa- pode-se associar com deterioração intelectual
ção e criatividade (desejo de ter filhos?). Em de- (Groth-Marnat, 1984). Por outro lado, o pró-
senhos infantis, maçãs pendentes sugerem ne- prio HTP já foi utilizado para estimativa da in-
cessidades de dependência, mas, quando se apre- teligência adulta, ainda que já não haja senti-
sentam caídas no chão, sentimentos de rejeição. do em usá-la com tal objetivo, uma vez que o
psicólogo dispõe de recursos mais sofisticados
e precisos para este fim. Não obstante, parece
INTERPRETAÇÃO DO DESENHO DA PESSOA importante que ele esteja familiarizado com os
efeitos do nível intelectual sobre a representa-
Conforme Hammer (1991), o desenho da pes- ção das figuras, para que não chegue a fazer
soa pode conter elementos do auto-retrato ou interpretações indevidas sobre a pobreza das

PSICODIAGNÓSTICO – V 523
produções gráficas, eventualmente atribuindo-
a a aspectos emocionais, quando outros fato-
res estão em jogo.

INDICADORES DIAGNÓSTICOS

Traços psicóticos

O HTP foi utilizado por Deabler (1969), na tria-


gem de pacientes psiquiátricos. Após um estu-
do de 3.000 casos, identificou uma série de
indicadores diagnósticos, corroborando seus
dados com conclusões psiquiátricas sobre os
sujeitos. São interessantes, especialmente, as
observações que faz sobre desenhos produzi-
dos por psicóticos.
Em pacientes com funcionamento em nível
psicótico, são freqüentes as produções bizar-
ras, com distorções importantes, que resultam
no aparecimento de figuras ilógicas e irrealís-
ticas. Pacientes esquizofrênicos (com exceção
de alguns casos paranóides bem integrados)
são os que apresentam o HTP mais compro-
metido.
No desenho da casa, observam-se:
a) ausência de partes essenciais (portas, ja-
Figura 35.1 Desenho da casa de um paciente psicótico
nelas), sugerindo inacessibilidade ou mau con- de 24 anos (HTP).
tato com o ambiente;
b) representação ilógica, pela presença de
transparências; a) ausência de partes essenciais (olhos,
c) representação sincrética, em que o telha- mãos, braços, tórax, cabeça, etc.), sugerindo a
do substitui a casa total, refletindo a exacer- falta de percepção do corpo como totalidade
bação da fantasia; ou “incapacidade para lidar com os problemas
d) problemas de perspectiva, com a repre- da vida” (p.175);
sentação simultânea de três lados da casa, ou b) representação ilógica, com transparên-
com a parede extrema desproporcionalmente cias, observando-se órgãos internos, através do
maior que a parede principal, mesmo em ca- vestuário;
sos com bom nível intelectual; c) ambivalência no perfil, com corpo e ca-
f) paredes com a extremidade fendida, de- beça em direções opostas;
nunciando quebra dos laços com a realidade. d) omissão da roupa ou ênfase nos órgãos
No desenho da árvore, notam-se: sexuais, como desconsideração de normas so-
a) tronco fendido, compatível com desor- ciais ou, ainda, sugerindo aspectos agressivos;
ganização de personalidade; e) superacentuação de olhos ou de orelhas,
b) copa com tamanho mínimo, revelando denunciando hipervigilância paranóide ou su-
mau contato ou tendências de se afastar do bentendendo componentes alucinatórios;
ambiente. f) perfil típico esquizofrênico: “sem cabelo,
No desenho da pessoa, são as seguintes as um rosto parecido com máscara e um físico
características: magro, rígido, desvirilizado” (p.174).

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Figura 35.3 Desenho da pessoa de um paciente psicó-
Figura 35.2 Desenho da árvore de um paciente psicó-
tico de 24 anos (HTP).
tico de 24 anos (HTP).
Observação: Tentativa de desenhar a pessoa completa

Disfunção cerebral lações das partes com o todo. No desenho da


casa, essas dificuldades aparecem mais preco-
Em casos com problemas de disfunção cere- cemente.
bral, foram observadas muitas rasuras e piora
no desempenho a cada nova tentativa de re-
presentar o conceito, com queixas dos pacien- Traços depressivos e traços hipomaníacos
tes de não se sentirem capazes de realizar a
tarefa. Numa pesquisa de Freitas (1997), com trinta
As figuras são simples, concretas. A quali- casos de pacientes que sofreram perdas signi-
dade da linha está comprometida, e o dese- ficativas, foram identificados traços caracteri-
nho é feito com linhas quebradas, esboçadas, zados como depressivos e como hipomanía-
irregulares. As dificuldades de simetria suge- cos.
rem falta de equilíbrio em pacientes com esse Traços depressivos:
problema. Por outro lado, a fadiga leva à piora a) casa simples, vazia, pobre, com portas
do desempenho nos últimos desenhos, princi- abertas;
palmente quando é usada a fase cromática. b) árvore desprotegida, tênue, desvitaliza-
Em todos os desenhos, há problemas de da, podendo apresentar nódulos, sombrea-
organização, em especial considerando as re- mentos, ramos frágeis e copa pequena.

PSICODIAGNÓSTICO – V 525
c) figura humana frágil, mas organizada,
sugerindo impotência; ênfase na cabeça e no
tronco; semblante triste; figura simétrica rela-
cionada com controle obsessivo;
De um modo geral, os desenhos apresen-
tam tamanho pequeno, sem sugestão de mo-
vimento, com traçado débil, trêmulo, cortado,
inibido. A localização pode variar, mas, habi-
tualmente, são desenhos soltos “no ar”. Nas
Figuras 35.4, 35.5 e 35.6, têm-se as produções
no HTP de uma mulher, de 41 anos, com crise
depressiva, em razão da perda recente de um
filho de 16 anos por leucemia.

Figura 35.5 Desenho da árvore de uma mulher, de 41


anos, com crise depressiva (HTP).

b) árvore com grande dimensão, em expan-


são, ultrapassando os limites da folha; copa
esférica; ramos para fora e para o alto;
c) figura humana de tamanho grande, com
os braços para fora e para o alto; fisionomia
com expressão de triunfo (sorriso do tipo “boca
de palhaço”); impressão de imaturidade, de in-
fantilidade.
De um modo geral, os desenhos são localiza-
dos no canto da folha, voltados para o “alto”.
Observam-se movimentos de expansão, mas as
Figura 35.4 Desenho da casa de uma mulher, de 41 linhas são grossas, e o traçado é forte, feito com
anos, com crise depressiva (HTP). pressão. Nas Figuras 35.7, 35.8 e 35.9, têm-se as
produções gráficas de uma mulher, de 43 anos,
que perdeu o marido há seis meses, por enfise-
Traços hipomaníacos: ma pulmonar. Após enviuvar, passou a gastar
a) casa desenhada em perspectiva, com ta- excessivamente, a participar de jogos de azar, com
manho grande; ênfase nas portas e presença apostas altas, e a discutir com as pessoas, com
de flores; agressividade verbal desproporcional à situação.

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Figura 35.6 Desenho da pessoa de uma mulher, de 41 Figura 35.8 Desenho da árvore de uma mulher, de 43
anos, com crise depressiva (HTP). anos, com traços hipomaníacos (HTP).

Figura 35.7 Desenho da casa de uma mulher, de 43 Figura 35.9 Desenho da pessoa de uma mulher, de 43
anos, com traços hipomaníacos (HTP). anos, com traços hipomaníacos (HTP).

PSICODIAGNÓSTICO – V 527

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