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A CRISE DA _l\JfASCULINIDADE E A
CRISE DA l\fODERNIDADE
TELMA lJú~ZELL(
1. LADRI ÊRE. J. Étic(I e pensumcnto cientificv. C1.1. d.is LetrJs se:-' L' ._, . p 1
~ r .nr · ~,.10 au o.
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pon t ,,J• tudo o que
_
somos,
•
inclusive
..
o corpo, o somos na base
de uma situ~çao ~e.!ª.~º ~ue ~o~n_am.?~ no~sa, seg_undo um
"esqu~ma ex1stenc1a! , pre-pr:~1cat1vo , isto e, anterior a todo
•uízo ou consi<leraçao voluntaria. Nada do que somos vem do
:xterior ou é acidental, mas . tudo o que somos "mostra" um
"sentido de mundo", uma "direção'', um "certo estar no mun-
do", enfim. uma "apropriação vivencial'' <lo mundo. Nosso corpo
não é para nós um agregado de ór~àos justapostos no espaço,
mas nós o temos como uma ''posse individual'', conhecemos a
posição de cada membro graças a um "esquema corpóreo",
esquema que é nossa maneira de dizer "como estamos no mun-
.,
do .
Carl Gustav Jung esposou, igualmente, esta tese do trans-
cendentalismo constitutivo, porém na sua forma kantiano-
apriórica. De fato, embora tenha reiterado inúmeras vezes que
considerava sua obra uma visão essencialmente psicológica e
não filosófica do homem, nunca deixou de reconhecer a impor-
tância do pensamento filosófico, especialmente da filosofia
transcendental de Kant. A filosofia da qual Jung distinguia in-
sistentemente o seu trabalho era aquela que parte de um conceito
de realidade abstrato, não admitindo nenhum saber apriórico, ne-
nhum dado primordial, e que considera todo real um "cons-
tructo'', decorrente de uma construção empírico-racional.
Jung, ao contrário, se inscreve nesse movimento de pensa-
mento contemporâneo que visualiza a realidade como fundada
em "estruturas inerentes à experiência vivencial", concebendo.
entre outros fenômenos, o da ''sexualidade'' como ligado a
"idéias coletivas". Sobre a sexualidade, diz Jung:
"O que está além da sexualidade ou do instinto de poder
é a 'atitude para com a sexualidade ou com o poder'.( ...)
Na medida em que a atitude não é apenas um ienômeno
intuitivo, ou seja, inconsciente e espontâneo, mas uma
função consciente, ela é principalmente ·concepção'.
Nossa concepção em todas as coisas problemáticas é al-
tamente influenciada por certas idéias coleti\'as. (... ) Es-
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sas idéias coletivas estão em íntima relaçã
-
cepçao de v1.da ou cosmov1sao
.-
dos séculosoOcom .•acon.
passados ,,2. u mJ/en1os
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gundo Husserl. ª.:~zã~ da _cri~e do p~nsamento moderno, crise
da qual a consequenc1a prmc1pal sena uma desumanização do
pensamento.
Ora. uma visão objetivista do mundo é, essencialmente,
uma visão masculina do mundo. E isto, não só porque a mas•
culinidade, enquanto sexualidade e corpo, estaria ligada à am-
bigüidade do vivenciar a si mesmo, ao mesmo tempo, como
4
"objeto" e "sujeito'' mas, ainda, porque uma visão masculina
do mundo, sabemos, tem sido uma visão racional e abstrata,
diferentemente da visão feminina, preponderantemente concre-
ta. Como diz Vera Von der Heydt no seu livro Pais e mães:
"O pai encarna a consciência: seu reino é a razão e o co-
nhecimento, a luz e o sol. Numa sociedade patriarcal são os
velhos, os pais que governam, legislam e mantêm viva a tradi-
- ,,s
çao .
A mulher, a mãe, diríamos, está sempre voltada para a "sin-
gularidade'' das situações, dos acontecimentos; ao homem, ao
pai, cabe zelar pelo cumprimento dos princípios, das regras
gerais, abstratas.
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Haveria, assim. uma estreita ligação a n
crise da mascu 1m1. ·ct ad e e a cnse
. da modernid
' osso
d Ver, entre .
apresentam no Oc1.dente. Mais a e, tal cofllo s<t
. do que uma Quest~
· log1ca,
psii.:ológica ou soc10 • · a cnse ªº
· da masculinid d Pur.ªfllentE:E:
. em Que a e ten~ taízts
ou fundamentos f I·1 oso' f'1cos, na medida \4
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