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Pré-nascimento
o continente desconhecido

Mostra-me o teu rosto original, antes que teus pais nascessem.


Koan Zen

Há uma bonita lenda na tradição judaica sobre nossa vida antes do nas­
cimento, segundo a qual o feto no útero tem uma luz que brilha acima de
sua cabeça e que vê de um extremo do universo até o outro. Essa luz en­
globa o próprio passado profundo do não nascido e seu destino fi­nal.
Pouco antes do nascimento, contudo, o anjo Laila vem até o bebê não
nascido e toca levemente com o dedo em seu lábio superior. Esse ato ex­
tingue a luz e faz com que a criança nasça em total esquecimento de tudo
que conheceu durante sua existência anterior ao nascimento. O propósito
da vida é recuperar essa luz. Diz-se que é por isso que temos uma pequena
depressão em nosso lábio superior, chamado de filtro labial: é a marca do
anjo.1 Também se diz que é por isso que, quando nos lem­bramos repen­
tinamente de um nome esquecido ou de um objeto perdido, instin­tiva­
mente tocamos com um dedo o lábio superior e exclamamos: “É mes­mo,
agora eu me lembro!”. Estabelecemos contato com nosso anjo do des­ti-
no mais uma vez.
Essa história aponta para a forma como nossas vidas pré-natais
podem não ter sido tão inconscientes quanto sugere a ciência moderna.
Em vez de uma progressão que se eleva a partir do corpo, de passos pu­
ramente biológicos que levam ao nascimento, o pré-nascimento po­de
tam­bém ser todo um universo de experiências conscientes, agora esque­
26 Thomas Armstrong

cidas, mas talvez ainda vivas em algum nível profundo de nosso ser. Como
escreveu certa vez o poeta Samuel Taylor Coleridge: “A história do homem,
durante nove meses antes de seu nascimento seria provavelmente muito
mais interessante e conteria eventos de maior significância do que todos
os anos que os seguem”.2

A contagem regressiva até a concepção

Toda a agitação começa com a concepção. Esse é um tipo de acopla­


mento espacial que requer a coordenação precisa de dois veículos no tempo
e no espaço. O primeiro veículo é um óvulo descendo as trompas de falópio,
disponível para fertilização apenas por um período de 24 horas. O segundo
está entre centenas de milhões de espermatozoides correndo a uma velocidade
de oito centímetros por hora em direção a esse destino ovoide.
Imagine toda a população dos Estados Unidos, da Rússia e do Japão
saindo da linha de partida ao mesmo tempo em uma megamaratona pro­
porcionalmente mais longa do que uma viagem à lua. Nessa competição, só
um corredor robusto conseguirá atingir a linha da chegada. Você começa a ter
uma ideia dos desafios enfrentados por um espermatozoide em seu caminho
até uma conexão com seu óvulo. O autor de Admirável Mundo Novo, Aldous
Huxley, expressou esse evento de maneira bíblica quando escreveu: “Um
milhão de milhões de espermatozoides / Todos a viver / De seu cataclismo,
só um pobre Noé / Ousa esperanças de permanecer”.3 As pesquisas sugerem
que o espermatozoide pode realmente “farejar” seu percurso ao óvulo.4 Esse
afortunado espermatozoide consegue isso essencialmente usando os movi­
men­tos de sua cauda para superar as últimas centenas de sobreviventes que
clamam por romper a parede do óvulo. Uma vez que o vitorioso consegue
entrar, o óvulo dá início a mudanças que essencialmente fecham os portões
do castelo a qualquer outro concorrente.
A seguir, começa o mais grandioso evento na existência biológica. O
núcleo do espermatozoide viaja até as profundezas do óvulo e se funde
com o núcleo deste, misturando seu rico material genético com o do óvulo
e gerando a existência de uma forma de vida totalmente nova: um orga­
nismo monocelular fertilizado, ou zigoto: o primeiro “você”.
É impressionante pensar que cada corpo humano que caminha pelo
planeta hoje em dia fora, há pouco tempo, uma única célula zumbindo em
um ambiente líquido. Os corpos do presidente dos Estados Unidos, do Papa,
do presidente da General Motors, de sua sogra, todos foram zigotos.
Odisseia do desenvolvimento humano 27

Assim como você. Olhe no espelho e se veja, adulto. Ao fazê-lo, pense


no fato de ter sido um zigoto apenas há algumas décadas. Você poderá ficar
até um pouquinho tonto tentando entender o mistério de tudo isso.
É claro que isso é somente metade da história, o início da jornada que
ascende a partir do corpo. Também há um lado que desce do espírito nesse
grande mistério da criação. Na verdade, pode haver mais vida no zigotinho e
ao seu redor do que se vê inicialmente, a partir de um ponto de vista puramente
fisiológico. Os cristãos medievais se referiam ao espermatozoide como numen
e consideravam a concepção como um processo numinoso (uma palavra de
origem latina que significa “cheio de dignidade”). Uma miniatura do século
XII, feita pela mística cristã Hildegard de Bingen, mostra essa perspectiva
graficamente ao retratar a descida da alma diretamente para o feto na mãe.5
Em muitos mitos da criação africanos, as primeiras pessoas foram baixadas à
terra, vindas dos céus. A filosofia budista chinesa acredita que a força da vida
desce do ar que está acima e entra na força terrena do feto.
Talvez o mapa mais impressionante do pré-nascimento como uma
jornada que descende a partir do espírito se encontre no Livro Tibetano dos
Mortos (ou Bardo Thodöl), uma guia budista do século XVIII para ajudar
almas dos mortos a se libertar da roda do renascimento.6 Os budistas
tibetanos acreditam que os seres reencarnam continuamente até que se
deem conta de natureza ilusória da existência. Infelizmente, os “ventos do
carma”, ou seja, os desejos e as ações passadas de uma pessoa, geralmente
a empurram de volta ao renascimento. Assim, a última parte do Bardo
Thodöl contém instruções explícitas sobre a arte de escolher um útero no
qual renascer. O texto explica como a alma viajante começa a ver pares de
casais copulando. O livro alerta que a alma começará a se sentir atraída
pela pessoa do sexo oposto entre os pais e com raiva da que tiver seu
mesmo sexo. O Bardo Thodöl, portanto, antecipa o Complexo de Édipo mil
anos antes de Freud e sugere que ele começa no útero. A alma acaba
escolhendo nascer com pais que possam proporcionar as lições cármicas
necessárias para a libertação final.
Essas perspectivas espirituais interculturais, como se observou aci­ma,
refletem-se em narrativas clínicas contemporâneas de indivíduos se lem­
brando de sua existência pré-natal. Em uma descrição feita em uma sessão
de hipnose regressiva, um paciente relatava: “Eu sou uma esfera, uma bola,
um balão, estou oco, não tenho braços nem pernas, não tenho dentes, não
sinto que tenha parte da frente nem de trás, nem de cima nem de baixo. Eu
flutuo, eu voo, eu giro, as sensações vêm de todos os lados. É como se eu
fosse um olho esférico”.7
28 Thomas Armstrong

O psiquiatra canadense Thomas Verny comenta: “Tenho dúzias de


des­crições semelhantes de meus próprios pacientes e dos de outros psica­
nalistas e, mais especificamente, descobri que, se forem examinadas mais
de perto, essas lembranças correspondem a eventos nas primeiras etapas da
gravidez”.8
Em seu livro The Child of Your Dreams, Laura Huxley, a mulher de
Aldous Huxley, comparou o momento da concepção à teoria do big bang
sobre o universo:

Outra explosão muito mais próxima de você em tempo e espaço foi igualmente
significativa, acontecendo quando um esperma­tozoide e um óvulo se uniram
e o criaram. Esse evento geralmente não é descrito nesses termos no livro
didático normal de biologia, mas quando são regredidas ao momento de sua
própria concepção, várias pessoas relatam essa experiência como uma explosão
alegre dos fogos de artifício exultantes da vida.9

A jornada do grande rio

Depois da fertilização, você deu início à viagem de descida à porção


que restou da trompa de falópio, de 15 centímetros, em direção à im­
plantação no útero, uma jornada que levou cerca de três dias. Essa pro­
vavelmente foi a viagem mais traiçoeira que você já fez, e foi sorte inclusive
ter sobrevivido a ela. Apenas 50% dos óvulos fertilizados conse­guem
percorrer toda a trompa até ser implantados no útero. Você poderia ter
morrido antes da concepção devido a defeitos genéticos. Poderia ter sido
morto pelos glóbulos brancos que o confundissem com um intruso en­
quanto percorria a trompa de falópio (o equivalente, talvez, ao monstro
de um olho só que tentou matar Odisseu em sua viagem de volta a Ítaca).
Poderia ter ficado preso entre as várias cicatrizes e aderências da trompa
que são deixadas pelo desgaste dos tecidos de sua mãe. Mas, com o tempo,
você foi ficando maior e mais forte. Em torno de 24 horas depois da
concepção, você começou a se dividir em um agrupamento multicelular
chamado de mórula (do latim morula, “amora”). A seguir, nos três dias
seguintes, você foi aumentando de tamanho até ter cerca de cem células
e se tornou um blastócito (do termo grego para “célula que germina”).
Ao terminar sua viagem pelas trompas de falópio, você teve sua
primeira experiência de “nascimento”, não para o mundo dos seres huma­
nos, mas para o mundo do próprio útero de sua mãe. Na verdade, você
Odisseia do desenvolvimento humano 29

teve que se espremer para passar pela última parte da trompa em seu
ponto mais estreito, e sua mãe o ajudou passando por minicontrações
desse órgão. Você poderia ter ficado preso ali mesmo na trompa e ser
abortado como uma gravidez ectópica (do termo grego para “fora de
lugar”). Porém, você conseguiu!
Uma vez dentro do útero, você se deparou com todo um conjunto
de novos desafios. Em primeiro lugar, teve que se libertar de sua zona
pellucida (“faixa transparente” em latim), uma espécie de armadura que o
protegeu durante sua perigosa jornada descendo a trompa de falópio. A
seguir, como um navio grego, teve que procurar um local adequado para
atracar na superfície do útero de sua mãe. Por vários dias, flutuou no
útero até encontrar uma superfície macia, grossa e morna que parecesse
hospitaleira e, expandindo em massa, fixou-se a esse revestimento uterino,
ou endométrio (do grego para “dentro do útero”). Você teve sorte de
encontrar um lugar assim. Se sua mãe tivesse desenvolvido endometriose
ou tido outros problemas com o revestimento do útero, suas tentativas de
se fixar nele poderiam ter sido como tentar atracar seu barco em um
litoral agitado e cheio de rochedos.
Havia outros perigos. O endométrio poderia ter tentado rejeitá-lo
como uma substância estranha, descartando-o para fora do útero; ou
medidas de controle de natalidade poderiam ter frustrado suas tentativas
de estabelecer uma base. Entretanto, a natureza deu exatamente o que
você necessitava para sobreviver. Sua mãe segregou substâncias químicas
que encerraram o processo de rejeição e você se viu instalado em uma
casa novinha em folha, com aluguel pago por nove meses.
Embora você provavelmente não se lembre dessa jornada incrivel­
mente perigosa, muitas culturas parecem ter registrado os detalhes dessa
viagem em seus mitos heroicos. Existe toda uma categoria de mitos que
refletem o que o mitólogo Joseph Campbell chamou, em seu livro The
Mythic Image, de “o tema do exílio do bebê”: histórias sobre o nascimento
de herois que foram ameaçados de morte por poderes do mal, escondidos
em um recipiente por um aliado e enviados pela água, para depois ser
resgatados e alimentados por animais ou pessoas.10
Essas histórias narram as origens de figuras lendárias como Hércules,
Krishna e Rômulo e Remo, os fundadores de Roma, que foram criados por
lobos. Em algum nível arquetípico, elas também podem estar contando a
história da jornada do zigoto humano se encaminhando para ser implan­
tado no útero.
30 Thomas Armstrong

A primeira narrativa desse tipo na mitologia mundial vem da Ba­


bilônia, cerca de 5 mil anos atrás, e descreve o nascimento de seu fundador,
Sargão. Segundo a lenda, depois de dar à luz em um lugar escondido, a
mãe de Sargão o colocou em um barco de junco, fechou a abertura com
piche e o jogou no rio Eufrates. Ele desceu o rio flutuando até que Akki, um
carregador de água, descobriu Sargão e o criou como filho adotivo. Mais
tarde, Sargão governaria o reino de Akkad por 55 anos.
Igualmente, na Bíblia, Moisés foi mandado pelo rio em uma cesta
de palha quando era bebê. O faraó do Egito tinha ordenado a seu povo
que jogasse todos os recém-nascidos hebreus no Nilo, mas uma mulher
levita escondeu seu bebê para evitar a trama do faraó. O Êxodo, 2:34,
relata: “ela tomou uma arca de juncos e a revestiu com barro e betume; e,
pondo nela o menino, a deixou nos juncos à margem do Nilo”. Ele foi
descoberto pela filha do faraó, que o adotou e o criou como se fosse seu,
em sua casa real. Posteriormente, Moisés escapou e liderou a fuga de seu
povo do Egito até a Terra Prometida.
R. D. Laing sugeriu que esses cenários fazem um paralelo com a
jornada uterina em muitos aspectos chocantes. O líder heroico é o zigoto
colocado em um barco (zona pellucida), que desce um rio (a trompa de
falópio), desembarca em uma margem (o endométrio), recebe cuidados de
pessoas ou animais (as forças do útero materno, que cuidam e alimen­tam)
e cresce até amadurecer (desenvolvimento completo do útero). Laing iden­
tificou esses elementos pré-natais não apenas na mitologia, mas também
nos sonhos e lutas de seus pacientes. Um empresário de 36 anos, por
exemplo, escreveu: “Me sinto como se estivesse pendurado pelas unhas, à
beira de um precipício se eu largar, eu vou rio abaixo (...) Vou ser levado
pela água ... devo estar completamente louco”.11 Laing indicou que muitos
dos temores mais profundos e dos conflitos mais existenciais da vida podem
ter suas origens identificadas nos primeiros dias da existência pré-natal.
Como Odisseu, cada um de nós encontrou grandes perigos nas águas em
nossa embarcação pré-natal.

Tornando-se um feto

Oito dias depois da concepção, você era um embrião formado por


milhares de novas células-tronco, comandadas por um processo genético
que começava a atribuir papeis e tarefas a áreas que em pouco tempo se
transformaram em seu sistema nervoso, seu sistema digestivo e em outras
Odisseia do desenvolvimento humano 31

funções biológicas e estruturas anatômicas importantes. Essa células-tron­


co eram do mesmo tipo que agora se usa na pesquisa científica na criação
de tecidos especializados para tratamento de muitas doenças.12 Nas sema­
nas seguintes, você passou por mais transformações do que um contor­
cionista de circo. Apenas 14 dias depois da implantação, você parecia
mais ou menos uma salsicha rechonchuda divida nos dois extremos.
Entre a terceira e a quarta semanas, os extremos divididos da salsi­
cha se fecham para formar um cérebro e uma espinha semelhantes a um
camarão – o começo do sistema nervoso. Entre a quarta e a quinta, seus
olhos, seu nariz e sua boca começam a aparecer, sua espinha está enrolada
como um rabo de dragão e você parece uma criatura pré-histórica. No
século XIX, acreditava-se que durante essas primeiras semanas de vida, o
organismo humano recapitulava todas as etapas da evolução, da vida
marinha, passando pelo anfíbio e chegando ao mamífero.13 Não foi isso o
que aconteceu. Você não se tornou realmente um camarão, uma lagartixa
ou um minúsculo monstro do Parque dos Dinossauros, mas tinha alguns
dos códigos genéticos dos vertebrados primitivos, que nessas primeiras
etapas embrionárias faziam com que você fosse um pouco semelhante a
eles. Na sexta semana, você parecia um ser de outro planeta, com uma
cabeça grande e olhos saltados. Em mais algumas semanas, a formação de
seus órgãos estava completa e você tinha praticamente todas as estruturas
físicas encontradas em um adulto completo. Nesse momento de sua
jornada, você se tornou oficialmente conhecido como feto (do latim para
“produção”). Sua alma que descendeu do espírito pode ter testemunhado
todas essas mudanças físicas desde sua esfera celestial, mas é por essa
época que pode ter começado o cintilar inicial de uma consciência rudi­
mentar que ascende do corpo. Seus primeiros reflexos neurais ocorreram
depois de oito semanas, quando se observou que os fetos recolhem as
mãos em resposta a estímulo na região dos lábios.14
Durante os meses seguintes de vida intrauterina, você era como um
mergulhador rolando em uma almofada quentinha e confortável de fluido
amniótico a uma temperatura de uns 37,5 graus Celsius. Você estava en­
volto em água. É interessante observar que grande parte dos mitos de
criação da humanidade começa na água. O Gênesis, 1:12, diz: “No prin­
cípio da criação, quando Deus fez céu e terra, a terra era sem forma e
vazia, e havia trevas sobre a face do abismo, e um vento poderoso varria
a superfície das águas”. No épico babilônico da criação, Apsu (um deus da
água doce) e Tiamat (uma deusa da água salgada) representam as águas
primordiais no início dos tempos. Até mesmo o primeiro filósofo ocidental,
32 Thomas Armstrong

o pensador grego Tales, sugeriu que o mundo teria se originado da água,


acreditando que a Terra na verdade flutuava em material líquido. Os mitos
coletivos da criação encontrados na Bíblia e em outros textos sagrados e
filosóficos em todo o mundo nos apresentam o que possivelmente são as
primeiras crônicas das memórias coletivas reais da existência intrauterina,
à medida que a consciência terrena que sobe do corpo e a consciência
celestial que desce do espírito se unificaram.
As tradições diferem em suas visões de quando o espírito ou a alma
realmente entra no feto. O budismo geralmente considera a concepção co­
mo o momento em que a alma encarna na matéria. O judaísmo considera
o feto como uma “vida parcial” e somente no nascimento é que existe um
ser humano. Aristóteles escreveu que o feto humano era animado (no sen­
tido de anima, alma) 40 dias depois da concepção para os homens e no­
venta dias depois para as mulheres. Alguns dos primeiros teólogos cristãos
consideravam o período entre o quarto ou quinto meses de gravidez,
quando a mãe sente a vida se movendo em seu interior, como o momento
central da entrada da alma no feto.15 Na Divina Comédia, de Dante, há
uma descrição da espiritualização do feto dada pelo falecido poeta romano
Estácio a Dante e Virgílio enquanto eles viajam pelo purgatório. Estácio
diz: “Quando o desenvolvimento do cérebro do feto está completo, o
Criador volta-se a ele, alegre ao poder contemplar tal primor da natureza,
e lhe sopra um novo espírito. O espírito nasce com poder para controlar a
matéria viva que encontra e com ela se funde, formando uma alma
completa, que vive e sente, e que tem consciência de si”.16
Neste caso, também se pode pensar nas palavras do Gênesis 1:34:
“Faça-se a luz, e a luz se fez. E deus viu que a luz era boa”. Desde o quar­
to/quinto mês de gravidez, a luz da consciência brilha mais de dentro do
útero. Mesmo uma perspectiva puramente baseada na ascendência a partir
do corpo confirma isso. A ciência nos diz que os depósitos de mielina,
aquelas substâncias que proporcionam isolamento das conexões do sis­
tema nervoso e conduzem os impulsos nervosos, aparecem já no quarto
mês de gravidez e que a vida cerebral como a conhecemos pode começar
em torno da 28ª semana de gravidez.17
Quando seus olhos se abriram, no sétimo mês de gravidez, imagine
que imagens havia lá para que você visse! Saindo de sua barriga, havia uma
enorme videira enroscada – um cordão umbilical – uma espiral que subia
pela estrutura de árvore conhecida como placenta (do latim para “bolo
folhado”), onde você receberia todo o seu alimento de sua mãe. Talvez seja
aqui que você tenha encontrado a arquetípica Árvore da Vida que tantas
Odisseia do desenvolvimento humano 33

culturas entreteceram em seus sonhos míticos: a Árvore do Conhecimento


no jardim do éden, a árvore nórdica de Yggdrasil, o mastro sagrado hebreu
chamado Asherah, ou a madeira sagrada celta.18 Em algumas culturas, o
que sobra do cordão umbilical e da placenta depois do parto é guardado,
seco e plantado na terra debaixo de uma árvore. Acre­dita-se que essas
árvores protegem as crianças e, às vezes, são consideradas seus anjos da
guarda. Cinderela, de fato, foi salva por uma árvore mágica e alguns
pássaros no conto dos irmãos Grimm, e não por uma fada-madrinha.19

O céu e o inferno antes de nascer

Em nível físico, você participou de uma complexa dança biológica


com sua mãe através da Árvore da Vida/placenta, que funcionava como
uma espécie de juíza ou coreógrafa para manter vocês dois em equilíbrio
biológico. Embora o sistema sanguíneo de sua mãe estivesse separado do
seu, ela passava muitos hormônios e sinais químicos pela placenta para
nutri-lo. E você também cumpriu um papel ao interagir com esses sinais
por meio de suas respostas químicas para impedir que o sistema imuno­
lógico de sua mãe o rejeitasse.
Fazendo parte de sua mãe fisicamente, você se envolveu em todas
as ações da vida dela, e estava presente quando ela fazia sexo, ficava com
raiva, brigava com o seu pai, ria, vomitava, ouvia música e em todos os
outros momentos. E ela transmitia seus estados subjetivos não apenas por
meio das experiências físicas de sacudir, mover-se, cantar ou embalar
você, mas através de suas respostas hormonais a suas emoções positivas
ou negativas em sua própria vida. Esses hormônios essencialmente defi­
niam o termostato do seu “controle climático emocional” e criavam versões
intrauterinas de dias ensolarados e brisas tropicais, ou trovões e furacões.
Eu gostaria de examinar os seguintes cenários de “melhor” e “pior” hipó­
teses sobre as experiências pré-natais.
A melhor das hipóteses: o Útero Bom. Como as mães aborígenes na
Austrália, sua mãe começou a estabelecer vínculos com você mesmo antes
da concepção, sonhando com você e desenhando imagens desses sonhos.
Quando você foi concebido, como as mães mbutis no Congo, ela o levou
a um lugar especial na natureza, entoou cantigas de ninar suaves para
expressar sua alegria, conversou com você sobre o mundo em que você
estava entrando e lhe deu garantias de que a vida na Terra era segura e
cheia de bênçãos.20 Ela comia uma dieta nutritiva e evitava drogas, álcool
34 Thomas Armstrong

e cigarros. Também ficava longe de qualquer alimento que pudesse ter um


efeito adverso e fazia exames regularmente para acompanhar o desenvolvi­
mento de sua gravidez.21 Ela tinha um relacionamento baseado no amor
com seu pai, que estava quase tão envolvido na gravidez quanto ela, es­
fregando sua barriga, cantando para você, tudo com muitos abraços e
muito amor. Ela meditava e rezava, lia literatura estimulante e se envolvia
em sua própria vida e seus estudos profissionais, ambos altamente cria­
tivos. Ela morava com você em uma pacífica cidadezinha do interior onde
estavam ambos os lados de sua família, que proporcionavam um sistema
de apoio que cuidava de vocês dois.
A pior das hipóteses: o Útero Mau. Sua mãe era o que alguns de
psicólogos pré-natais chamam de “mãe catastrófica”. Ela era uma adoles­
cente que tinha largado a escola quando teve você, não esperava tê-lo e
não o queria quando viu que você estava lá. Tentou abortá-lo com dife­
rentes métodos populares e o inundou com hormônios de “rejeição”. Fu­
ma­va, bebia e usava drogas ocasionalmente. Não fazia refeições re­gulares,
e sim comia lanches rápidos e doces em horas incertas. Sofria de várias
doenças quando teve você, incluindo tuberculose, gonorreia e clamídia.
Tinha um companheiro que não estava comprometido com o relacio­na­
mento, batia nela (você sentia os golpes), deixava-a periodicamente (você
sentia os hormônios do abandono) e gritava muito (você sentia os hormô­
nios do estresse). Enquanto ela levava você na barriga, a mãe dela teve
um colapso nervoso, uma guerra começou em seu país de origem e o ir­
mão dela cometeu suicídio.22
Esses cenários representam dois extremos de um espectro de expe­
riências uterinas que poderiam ter feito a diferença entre você estar nos
céus, experimentando a alegria dos anjos, ou no inferno, passando pelos
tormentos dos demônios. Leonardo da Vinci, que viu tanto da beleza e da
feiura da vida, reconheceu a importância do estado da mãe grávida quase
500 anos atrás, quando escreveu:

E [a alma da criança] inicialmente está adormecida e sob tutela da alma da


mãe, que a alimenta e dá vida pela veia umbilical com todas as partes espi­
rituais, e isso acontece porque esse umbigo é ligado à placenta e aos coti­
lédones, pelos quais a criança é conectada à mãe. E essas são as razões
pe­las quais um desejo, uma forte necessidade ou um medo, ou qualquer
outro sofrimento mental por parte da mãe tem mais influência sobre a
criança do que sobre a própria mãe, pois há muitos casos em que a criança
perde a vida a partir disso...23
Odisseia do desenvolvimento humano 35

O pintor surrealista Salvador Dalí afirmava lembrar-se de sua pró-


pria existência intrauterina e escreveu que ela fora infernal. Três anos
antes de ele nascer, seus pais tinham perdido um filho com meningite.
Segundo Dalí, eles nunca se recuperaram disso, e a angústia pela perda
que sua mãe sentia enquanto estava grávida dele foi transferida diretamente
ao futuro artista ainda não nascido. Ele escreveu: “Meu feto nadava em
uma placenta infernal (...) só preciso fechar os olhos, pressionando-os
com meus punhos, para ver novamente as cores do purgatório intrauterino,
os tons do fogo luciferiano, vermelho, laranja, amarelo com centelhas
azuis, uma meleca de esperma e clara de ovo fosforescente na qual eu
estava suspenso como um anjo caído em desgraça”.24
Estudos científicos atuais identificam aquilo que Leonardo da Vinci e
Salvador Dalí observaram. Sabemos, por exemplo, que as mães que gostariam
de ter abortado o feto, mas foram impedidas de fazê-lo por restrições legais,
têm filhos com maior nível de delinquência, perturbações emocionais e pro­
blemas físicos do que as que queriam ter seus filhos voluntariamente.25 As
mães deprimidas durante a gravidez dão à luz bebês difíceis de consolar
quando estão aborrecidos, e mães ansiosas têm bebês com mais mau hu­
mor e mais cólicas. Segundo um estudo, uma mulher presa em um ca­sa­
mento tempestuoso tem 236% mais probabilidades de dar à luz uma
crian­ça com danos psicológicos ou físicos do que uma mulher que tenha
um relacionamento no qual encontra segurança e apoio. Os bebês nascidos
em épocas de guerra – quando a mãe está preocupada com o bem-estar de
seu marido que é soldado – também tendem a ter mais dificuldades físicas
ou emocionais. Mães que bebem, fumam ou usam drogas têm filhos com
mais problemas físicos. Em um estudo realizado com mães grávidas que
fumavam, o ritmo cardíaco dos fetos aumentava rapidamente já quando a
mulher pensava em fumar um cigarro.26
Ao mesmo tempo em que dão o fomento social, emocional e físico
fundamental para uma experiência pré-natal positiva, as mães também
podem criar um clima espiritual de bem-estar capaz de compensar qual­
quer dano que possa estar acontecendo em nível físico ou emocional.
Juntamente com a história judaica do anjo Laila que deu início a este
capítulo, muitas culturas têm imagens míticas de um espírito protetor ou
anjo da guarda durante a gravidez, que pode ser uma representação ar­
quetípica da influência espiritualmente alimentadora da própria mãe.
Uma de minhas imagens favoritas é de um artista japonês do século XIX,
que mostra a bodhisattva Kannon com uma criança ainda por nascer.
Nessa imagem, Kannon está vertendo o doce orvalho da sabedoria compas­
36 Thomas Armstrong

siva sobre o feto sorridente, cujo cordão umbilical vai descendo até as
esferas terrenas que estão abaixo.27 Essa imagem mostra de forma impres­
sionante como o feto existe a meio-caminho entre as esferas celestiais dos
devas e anjos e as esferas biológicas do desenvolvimento, descritas tão
bem pela ciência moderna.
Na tradição mítica grega, esse espírito guardião é representado pelo
daemon (“divindade” em grego).28 O clássico livro de Platão sobre educa­
ção, A República, de fato conclui com uma descrição de como cada alma
que está para nascer escolhe uma deidade para servir como guardião para
a vida em que vai embarcar. A divindade guia a alma até o rio Lete, no
submundo, onde ela bebe das águas do esquecimento.29 Assim como o bebê
da lenda judaica, a alma nasce sem memória de suas origens. Uma deidade
semelhante existia na mitologia romana e se chamava genius (latim para
“gerar”). O genius fun­cionava de forma muito semelhante ao anjo da guarda
cristão, ajudando o indivíduo a sair de dificuldades durante sua vida e o
inspirando em mo­mentos de neces­sidade. Nesse sentido, assemelhava-se à
deusa Atena na Odisseia, de Homero, que ajudou Odisseu (e seu filho Telê­
maco) a escapar de um desastre após o outro. Essas imagens alentadoras
podem ser, de uma perspectiva que ascende a partir do corpo, os hormônios
po­sitivos segregados pela mãe no útero, mas de um ponto de vista que des­
cende do espírito, representam aspectos do universo espiritual que cuida do
feto em desenvolvimento.30

As águas do esquecimento

Quando você estava entrando nas últimas semanas antes de nascer, de


uma perspectiva estritamente física, a vida dentro do útero começou a se
tornar um verdadeiro aperto. Você engolia quantidades enormes de fluido
amniótico, como se um adulto tomasse 20 litros de isotônico todos os dias.
Desenvolvia habilidades independentes que eram suficientes para ser capaz
de viver fora do útero se decidisse sair mais cedo. Também pas­sa­va algum
tempo sonhando, já que as pesquisas demonstram que os fetos têm os mesmos
tipos de movimentos rápidos dos olhos (REMs) das crian­ças e dos adultos
quando sonham. O pesquisador pré-natal Thomas Verny sugere que você po­
de até conseguir sintonizar com os pensamentos ou sonhos de sua mãe, de
forma que os sonhos dela se tornassem seus – pos­sivelmente um precursor
da percepção extrassensorial. O neurologista Dominick Purpura, do Albert
Einstein Medical College, em Nova York, especula que a “verdadeira vida ce­
Odisseia do desenvolvimento humano 37

rebral” (no sentido que ascende do corpo) começa nas semanas imediatamente
posteriores ao nascimento, quando o cérebro pré-natal, na verdade, tem mais
conexões nervosas do que o cérebro adulto.31
O desenvolvimento que descende do espírito, contudo, pode intro­
duzir uma dimensão um tanto diferenciada da consciência no momento
imediatamente anterior ao nascimento. A psicóloga Helen Wambach ana­
lisou 750 casos de indivíduos que se lembravam da vida antes do nas­
cimento sob hipnose. Oitenta e um por cento dos sujeitos disseram que se
lembravam de optar por nascer, e muitos deles diziam ter “orientadores”
disponíveis para ajudá-los a tomar essa decisão. Isso serve como mais um
eco da presença dos guardiões espirituais descritos neste capítulo.32
Em função de todas as incríveis aventuras que ocorrem durante a
existência pré-natal, você pode estar se perguntando por que não se lem­bra
de coisa alguma dessa época da vida. Pode haver uma boa explicação
biológica para isso. O que impede a maioria de nós de se lembrar de nossas
experiências anteriores ao nascimento pode ser um conjunto de alterações
químicas que ocorrem pouco antes de nascermos. Nas horas anteriores, sua
mãe (e, possivelmente, você também) segrega um hor­mô­nio pituitário
chamado oxitocina (do grego para “parto rápido”) que esti­mula contrações
no útero dela e dá início ao processo do parto. Os médicos às vezes usam
uma versão sintética desse hormônio, chamada Pitocina, para induzir ou
acelerar o trabalho de parto. A oxitocina tem várias outras funções importan­
tes no parto, incluindo a interrupção do sangramento pós-parto e o início
da produção de leite nos seios da mãe. Estudos con­trolados de administração
de oxitocina a sujeitos humanos saudáveis documentaram suas propriedades
amnésicas.33 Ela faz com que as pessoas se esqueçam das coisas; portanto,
pode ser o equivalente biológico de Lete, o rio do submundo da mitologia
grega que fazia com que todos que bebessem de suas águas se esquecessem
de suas vidas anteriores. Poderia ser o correlato químico do anjo Laila que
vinha ao feto e tocava seu lábio superior.
Quem recebe um fornecimento adequado de oxitocina no momento de
nascer talvez se esqueça rapidamente de suas experiências anteriores para
dar mais atenção às demandas da vida que tem por diante. Esses indivíduos
podem crescer e se tornar os adaptadores da sociedade, con­tentes de deixar
para trás o passado e ir adiante, rumo aos desafios do presente e do futuro.
A pesquisa indica que a exposição precoce a altos níveis de oxitocina pode
estar relacionada a níveis mais elevados de capacidade interpessoal na vida
posterior, sugerindo uma maior capacidade de se adaptar ao mundo social.34
Por outro lado, também é possível que quem não recebeu uma grande dose
38 Thomas Armstrong

de oxitocina no momento de nascer – os que o anjo do destino não tocou –


cresçam para se tornar os lembradores da sociedade.
Esses são as crianças e os adultos que não conseguem deixar de pensar
sobre suas origens, e não conseguem tirar da cabeça que há algo mais
profundo a seu respeito neles e na vida que é preciso reconhecer.35 Esse self
pré-natal pode ainda estar apelando a eles, fazendo eco aos sentimentos do
poeta norte-americano Walt Whitman: “Antes de eu nascer de minha mãe,
gerações me indicavam o caminho / meu feto jamais foi entorpecido/coisa
nenhuma era capaz de cobri-lo / Por ele a nebulosa sustentava-se em órbita,/
os longos cirros lentos amontoavam-se para aninhá-lo”.36

O dom do período pré-nascimento: potencial

Se, por algum milagre, pudéssemos fazer aparecer fotos históricas reais dos
zigotos do papa João Paulo II, Adolf Hitler, Eleanor Roosevelt, Albert Einstein,
Martin Luther King Jr. e Joseph Stalin, é provável que eles tives­sem mais ou
menos a mesma aparência. Com o tempo, os eventos da vida, o carma, o DNA
e o destino formaram esses zigotos, que se transfor­maram em indivíduos
muito diferentes, cada um com uma influência mui­to dis­tinta sobre a
civilização. Mas em uma etapa tão inicial do desen­volvimento, quem poderia
saber de antemão o que eles viriam a ser? Da mesma forma, o feto no útero
ainda tem que emergir à etapa terrena e deixar sua marca no mundo. Ele
existe, nesse sentido, em um estado de puro potencial. Po­deria vir a se tornar
um médico que salva vidas, um empreiteiro que cons­troi cidades, um mendigo
esquizofrênico que dorme em uma lixeira, uma menininha que morre de
tuberculose ou um artista de talento que cria obras-primas. Essas são apenas
algumas entre as mi­lhões de possibilidades que estão abertas as ele. Nessa
nascente do ciclo da vida, porém, não se sabe o que ele vai ser. Esse é o dom
que a criança que ainda não nasceu simboliza: o dom do potencial.
O feto é portador da imagem de todo o potencial que existe em nós
como adultos. É possível que tenhamos possibilidades de nos tornar can­
tores, cientistas, advogados, professores, mas nunca termos feito coisa
algu­ma para realizar essa capacidade. Podemos ter a semente de um
pensamento – comprar uma casa, casar-nos, escrever um livro – que dorme
sem ser cultivado em nosso jardim de ideias por lavrar. Podemos ter sonhos
grandiosos – aperfeiçoar a humanidade, enriquecer nossa comunidade, sal­
var o meio-ambiente – que permanecem dormentes em nossa imaginação.
Como as ações da criança que ainda não nasceu, essas são possibilidades que
continuam existindo em um estado não realizado e não formado. É a partir
dessas águas-fonte que tudo emerge na vida. Por isso, precisamos desenvolver
Odisseia do desenvolvimento humano 39

um estado de reverência em relação a tudo o que ainda não nasceu: em nós


mesmos, nossas famílias e nossas comunidades. Porque é apenas através
des­se entendimento do caráter sagrado do potencial que pode nascer qual­
quer coisa real e duradoura.

Formas de explorar e apoiar o período pré-nascimento

Para você
• Obtenha uma foto de um zigoto (um organismo humano monocelular) e
a observe periodicamente, com o pensamento “Foi aqui que eu comecei
(...) pelo menos como um corpo humano”.
• Visualize ou escreva uma narrativa em primeira pessoa daquilo que você
imagina que foi sua vida no útero, tendo em mente o que sabe das cir­
cunstâncias da gravidez de sua mãe.
• Entre em uma banheira morna ou quente ou em outra água, e se imagine
em um ambiente uterino seguro, confortável e alimentador.

Para amigos e parentes


• Faça tarefas de casa ou outras para facilitar a vida cotidiana de uma
parente ou amiga grávida, enquanto ela se aproxima do parto.
• Estimule uma mulher grávida que conheça, que tenha um estilo de vida
insalubre (fumar, álcool, drogas) ou esteja sob estresse devido a dificul­
dades emocionais ou de relacionamento, a buscar tratamento adequado
com um profissional com formação em saúde mental, participar de um
programa para abuso de drogas ou de um grupo de recuperação.
• Ofereça informações apropriadas e precisas sobre sexo a seus próprios
filhos adolescentes e incentive parentes e amigos a fazer o mesmo com
os deles, para prevenir a gravidez não planejada.

Para a comunidade
• Faça doações a organizações que lutam contra defeitos de nascimento,
baixo peso ao nascer e outros problemas dos recém-nascidos.
• Participe como voluntário em sessões de informação pré-natal na comunidade.
• Incentive as escolas de sua comunidade a estabelecer programas de edu­
cação sexual, principalmente no ensino médio, que deem informações
abran­gentes sobre sexualidade humana, controle de natalidade, desen­
vol­vimento pré-natal e a importância da responsabilidade pessoal ao se
fazerem boas escolhas sobre o comportamento sexual.
40 Thomas Armstrong

Notas

1 A história do anjo Laila foi tirada de Howard Schwartz, Gabriel’s Palace: Jewish
Mystical Tales (New York: Oxford University Press, 1993), PP. 57-58. O pesquisador
da consciência Ralph Metzner me disse que, na medicina chinesa, um ponto bem
acima do meio do filtro é o lócus do ponto de acupuntura TU 26 (Jen-Chung), que
deve ser tratado em casos de coma (isto é, para trazer de volta a consciência). Ver
Stephen Thomas Chang, The Complete Book of Acupuncture (Millbrae, CA: Celestial
Arts, 1976), p. 145
2 Citado em Martin Herbert, Typical and Atypical Development: From Conception to
Adolescence (London: Blackwell, 2002), p. I7.
3 Aldous Huxley, “The Fifth Philosopher’s Song,” in Leda (New York: George H.
Doran, 1920), p. 33.
4 M. Spehr et al. “Identification of a Testicular Odorant Receptor Mediating Human
Sperm Chemotaxis,” Science 299 (March 28, 2003): 2054-58.
5 Hildegard of Bingen, “Descent of the Soul”; miniatura, cerca de 1150 d.C., repro­
duzido em Alvin H. Lawson, “Perinatal Imagery in UFO Abduction Reports,” in
Tho­mas Verny, ed., Pre- and Perinatal Psychology: An Introduction (New York:
Human Sciences Press, 1987), p. 271.
6 W. Y. Evans-Wentz, trans. The Tibetan Book of the Dead (London: Oxford University
Press, 1960).
7 Thomas Verny, The Secret Life of the Unborn Child (New York: Delta, I981), p. 190.
8 Ibid.
9 Laura Huxley, The Child of Your Dreams (Rochester, VT Destiny Books, 1992) P. 29.
10 Joseph Campbell, The Mythic Image (Princeton, NJ: Princeton University Press,
1981), pp. 43-49.
11 R. D. Laing, “Life Before Birth,” in The Facts of Life (New York: Pantheon, 1976) P. 46.
12 Ver National Institutes of Health, Stem Cells: Scientific Progress and Future Research
Directions, Honolulu, HI: University Press of the Pacific, 2004. Deve-se observar,
para quem valorize o potencial humano, que as células-tronco representam o
último tijolo desse projeto de um ponto de vista “ascendente do corpo”.
13 Ver Stephen Jay Gould, Ontogeny and Phylogeny (Cambridge, MA: Belknap Press,
1985).
14 Ver Stuart Campbell, Watch Me Grow: A Unique 3-Dimensional Week-by-Week Look
at Your Baby’s Behavior and Development in the Womb (New York: St. Martin’s
Griffin, 2004). Repetindo, é interessante observer que a região dos lábios (a área
que recebeu o toque do anjo) é o lócus das primeiras respostas neurais do feto.
15 Informações sobre quando as diferentes religiões consideram que a pessoa existe
podem ser encontrada em: http://www.religioustolerance.org/abortion2.htm.
16 Dante Alighieri, The Divine Comedy: Purgatory, Canto XXV, Henry Francis Cary
(traps.). Project Gutenberg: http://www.gutenberg.org/etext/8795.
I7 Ver H. Eswaran et al., “Magnetoencephalogtaphic Recordings of Visual Evoked
Brain Activity in the Human Fetus,” The Lancet 360, no. 9335 (September 7, 2002):
779-80.
Odisseia do desenvolvimento humano 41

18 Ver Roger Cook, The Tree of Life: Image for the Cosmos (London: Thames and
Hudson, 1988).
19 Ver “Cinderella” in The Complete Fairy Tales of the Brothers Grimm (New York:
Bantam, 2003), pp. 79-83.
20 Para uma descrição do vínculo aborígene entre mãe e feto, ver David Abram, The
Spell of the Sensuous (New York: Pantheon, 1996), p. 167. Para uma descrição do
vínculo mbuti entre mãe e feto, ver Colin M. Turnbull, The Human Cycle (New York:
Simon and Schuster, 1983), pp. 33-34.
21 Para um olhar evolutivo sobre como os enjoos da mãe no primeiro semestre de
gravidez podem ajudar a proteger o feto contra substâncias tóxicas, ver Margie
Profet, Protecting Your BabytoBe (New York: Perseus, 1995)
22 Cabe mencionar aqui que há evidências neste capítulo que podem ser citadas por
ambos os lados da questão do aborto. Por um lado, os defensores da proposta “pró-
vida” (contrários ao aborto) podem ser tocados por amplas evidências da existência
de consciência no útero; por outro, os ativistas “pró-escolha” podem citar a grande
quantidade de material neste capítulo indicando que as crianças indesejadas podem
esperar uma vida de miséria, tanto para si quando para outras pessoas. Alguns
pesquisadores chegaram a sugerir que o aborto pode estar relacionado a uma
queda nos índices de criminalidade do país. Ver, por exemplo Steven D. Levitt and
Stephen J. Dubner, Freakonomics: A Rogue Economist Explores the Hidden Side of
Everything (New York: William Morrow, 2005), pp. 117-44.
23 Jean Paul Richter (trans.), The Notebooks of Leonardo da Vinci, #837 Project
Gutenberg: http://www.gutenberg.org/etext/5000.
24 Salvador Dalí, The Unspeakable Confessions of Salvador Dalí as told to André
Parinaud, Harold J. Salemsom, trans. (New York: Morrow, 1976), pp. 12-13.
25 Ver, por exemplo, Henry P. David, Zdenek Dytrych, and Zdenek Matejcek, “Born
Unwanted: Observations from the Prague Study,” American Psychologist 58, no. 3
(March 2003): 22429; e John J. Sigal, “Studies of Unwanted Babies,” American
Psychologist 59, no. 3 (April 2004): 183-84.
26 Para estudos sobre o impacto negativo da vida emocional, social e física da mãe
sobre o feto, ver, A. M. Jemberg, “Promoting Prenatal and Perinatal MotherChild
Bonding: A Psychotherapeutic Assessment of Parental Attitudes,” in Prenatal and
Perinatal Psychology and Medicine (New York: Parthenon Publishing Group, 1988),
p. 254; David B. Chamberlain, “The Sentient Prenate: What Every Parent Should
Know,” Pre and Perinatal Psychology Journal 9, no. 1 (Fall, 1994): 2021; e Thomas
Vemy, The Secret Life of the Unborn Child, pp. 73-95.
27 Esta imagem é mostrada e descrita em George Elder, The Body: An Encyclopedia of
Archetypal Symbolism (Boston: Shambhala, 1996), pp. 10-11.
28 Autores cristãos posteriores usaram o termo para se referir aos deuses pagãos
(como as divindades gregas e romanas), que é de onde recebemos o termo pejo­
rativo demônio.
29 Allan Bloom, ed. The Republic of Plato (New York: Basic Books, 1991), p. 303.
30 Ver Thomas Armstrong, “The Genius Within Us: Psychospiritual Guidance During
Prenatal and Perinatal Development and Its Connection to Human Potential After
42 Thomas Armstrong

Birth,” Journal of Prenatal and Perinatal Psychology and Health 14, nos. 34 (Spring
& Summer, 2000): 29197.
31 Citado em Verny, The Secret Life of the Unborn Child, p. 41.
32 Helen Wambach, Life Before Life (New York: Bantam, 1984), p. 42.
33 Markus Heinrichs et al., “Selective Amnesic Effects of Oxytocin on Human Memory,”
Physiology and Behavior 83 (2004): 31-38.
34 Michael Kosfeld et al., “Oxytocin Increases Trust in Humans,” Nature, 435 (June 2,
2005): 673-76.
35 A autora e fotógrafa Jane English sugere que as pessoas nascidas de cesariana tendem
a ter uma mente mais espiritual do que as que nascem de parto normal. Talvez isso
aconteça porque elas não foram expostas à oxitocina amnésica (ou foram expostas a
uma quantidade menor dela durante uma cesariana de emergência) e assim se
lembram mais de sua existência pré-parto. Ver Jane English, A Different Doorway:
Adventures of a Caesarean Born (Mt. Shasta, CA: Earth Heart, 1985).
36 Walt Whitman, “Song of Myself #44,” em Walt Whitman (New York: Modern
Library, 1921), p. 70.

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