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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS

| Módulo 1 – Profa. Malu Aragão


OS: 0156/9/18-Gil

CONCURSO: Dose Tripla – TRE/CE / TJ/CE / MP/CE

1 – Poder Constituinte
ASSUNTO: 2 – Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil
3 – Direitos e Garantias Fundamentais

1 – PODER CONSTITUINTE qual observa que o poder constituinte originário “...


obedece a padrões e modelos de conduta espirituais,
culturais, éticos e sociais, radicados na consciência jurídica
1.0. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE E
geral da comunidade e, nesta medida, considerados como
TITULARIDADE.
‘vontade do povo’”.
É o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, é a
manifestação soberana da vontade política de um povo,
social e juridicamente organizado. 2.2. Derivado (instituído, constituído, secundário, ou de 2º
grau ou remanescente).
Para a doutrina moderna a titularidade do poder
constituinte pertence ao povo, embora seja exercido ou por Está inserido na própria constituição, pois decorre de uma
uma assembleia nacional constituinte (convenção) ou regra jurídica de autenticidade constitucional (poder
outorgada por um movimento revolucionário. Vale lembrar constituinte originário), portanto conhece limitações
que o abade Emmanuel Joseph Sieyès, que traçou as linhas constitucionais expressas e implícitas e é passível de
mestras da Teoria do Poder Constituinte através da sua obra controle de constitucionalidade. Caracteriza-se por ser
"¿Que é o terceiro Estado?” (“Quést-ce que le tiers État?”), derivado, uma vez que retira sua força do poder
apontava como titular do poder constituinte a nação. constituinte originário, por ser subordinado, pois se
encontra limitado pelas normas explícitas e implícitas do
texto constitucional e por ser condicionado, porque seu
2.0. ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE. exercício deve seguir regras previamente estabelecidas no
texto da constituição federal.
2.1. Originário (inicial, inaugural, genuíno, instituidor, ou
de 1º grau). Subdivide-se em: Poder constituinte derivado revisor
(competência de revisão), Poder constituinte derivado
Instaura um novo Estado, organizando-o, rompendo por
reformador (competência reformadora) e Poder
completo com a antiga ordem jurídica. Tanto haverá poder
constituinte derivado decorrente.
constituinte no surgimento de uma primeira constituição,
quanto na elaboração de qualquer constituição posterior.
Pode ser subdividido em histórico (o primeiro) ou 2.2.1. Poder Constituinte Derivado Revisor.
revolucionário (todos os posteriores ao histórico), como
Vinculado ao Poder Constituinte Originário, foi estabelecido
pode ser material ou formal. O material é o sentimento de
no artigo 3º. do ADCT, que reza:
elaborar uma nova ordem e o formal é aquele que se
exterioriza por meio de um procedimento que tem como “A revisão constitucional será realizada após cinco anos,
objetivo elaborar uma constituição. O formal deve estar de contados da promulgação da Constituição, pelo voto da
acordo com as ideias do poder constituinte originário maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em
sessão unicameral”.
material. Ex.: Decreto n. 1 de 1899.
O poder constituidor caracteriza-se por ser inicial, já que a Desta competência, que adotou um procedimento
sua obra, a constituição, é a base da ordem jurídica, por ser simplificado, surgiram 6 (seis) Emendas Constitucionais de
ilimitado juridicamente e autônomo porque não está de Revisão, valendo destacar que a resolução nº 1-RCF do
modo algum limitado pelo direito anterior, não tendo que Congresso Nacional fixou as mesmas limitações materiais
respeitar os limites postos pelo direito positivo antecessor, (cláusulas pétreas) do artigo 60, §4º, da CF/88.
por ser incondicionado, pois não está sujeito a qualquer Dito poder não poderá mais se manifestar em razão da
forma prefixada para manifestar sua vontade e por ser eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada da regra
permanente porque não desaparece com a realização de constitucional.
sua obra, continua latente, manifestando-se novamente
 Jurisprudência relacionada ao tema:
mediante uma nova assembleia nacional constituinte ou um
ato revolucionário. EMENTA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
RESOLUÇÃO N. 1 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, DE
Embora o Brasil tenha adotado a corrente positivista, onde
18.11.1993, QUE DISPÕE SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS
nem mesmo o direito natural limitaria o poder constituinte
TRABALHOS DE REVISÃO CONSTITUCIONAL E ESTABELECE
originário contrapondo-se a corrente jusnaturalista,
NORMAS COMPLEMENTARES ESPECIFICAS. AÇÃO DE
destaca-se entre a doutrina moderna a visão de Canotilho, o
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INCONSTITUCIONALIDADE AJUIZADA PELO GOVERNADOR II - do Presidente da República;


DO ESTADO DO PARANA. ALEGAÇÕES DE OFENSA AO III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das
PARÁGRAFO 4. DO ART. 60 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EIS unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas,
QUE O CONGRESSO NACIONAL, PELO ATO IMPUGNADO, pela maioria relativa de seus membros.
"MANIFESTA O SOLENE DESIGNIO DE MODIFICAR O TEXTO
(...)
CONSTITUCIONAL", MEDIANTE "'QUORUM' DE MERA
MAIORIA ABSOLUTA", "EM TURNO ÚNICO" E "VOTAÇÃO § 2º – A proposta será discutida e votada em cada Casa do
UNICAMERAL". SUSTENTA-SE, NA INICIAL, ALÉM DISSO, QUE Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se
A REVISÃO DO ART. 3. DO ADCT DA CARTA POLÍTICA DE aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.
1988 NÃO MAIS TEM CABIMENTO, POR QUE ESTARIA
INTIMAMENTE VINCULADA AOS RESULTADOS DO (...)
PLEBISCITO PREVISTO NO ART. 2. DO MESMO § 4º – Não será objeto de deliberação a proposta de
INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL TRANSITORIO. "EMENDA" emenda tendente a abolir:
E "REVISÃO", NA HISTORIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA.
EMENDA OU REVISÃO, COMO PROCESSOS DE MUDANCA NA I – a forma federativa de Estado;
CONSTITUIÇÃO, SÃO MANIFESTAÇÕES DO PODER II – o voto direto, secreto, universal e periódico;
CONSTITUINTE INSTITUIDO E, POR SUA NATUREZA,
III – a separação dos Poderes;
LIMITADO. ESTA A "REVISÃO" PREVISTA NO ART. 3. DO
ADCT DE 1988 SUJEITA AOS LIMITES ESTABELECIDOS NO IV – os direitos e garantias individuais.
PARÁGRAFO 4. E SEUS INCISOS, DO ART. 60, DA (...).
CONSTITUIÇÃO. O RESULTADO DO PLEBISCITO DE 21 DE
ABRIL DE 1933 NÃO TORNOU SEM OBJETO A REVISÃO A
QUE SE REFERE O ART. 3. DO ADCT. APÓS 5 DE OUTUBRO DE 2.2.3. Poder Constituinte Derivado Decorrente.
1993, CABIA AO CONGRESSO NACIONAL DELIBERAR NO
SENTIDO DA OPORTUNIDADE OU NECESSIDADE DE Diz respeito a possibilidade que os estados-membros têm,
PROCEDER A ALUDIDA REVISÃO CONSTITUCIONAL, A SER em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se
FEITA "UMA SÓ VEZ". AS MUDANCAS NA CONSTITUIÇÃO, auto organizarem por meio de suas respectivas
DECORRENTES DA "REVISÃO" DO ART. 3. DO ADCT, ESTAO constituições estaduais, sempre respeitando as regras
SUJEITAS AO CONTROLE JUDICIAL, DIANTE DAS "CLAUSULAS limitativas estabelecidas pela constituição federal, nos
PETREAS" CONSIGNADAS NO ART. 60, PAR. 4. E SEUS termos do artigo 25, caput e do artigo 11 do ADCT:
INCISOS, DA LEI MAGNA DE 1988. NÃO SE FAZEM, ASSIM, Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
CONFIGURADOS OS PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
MEDIDA LIMINAR, SUSPENDENDO A EFICACIA DA desta Constituição.
RESOLUÇÃO N. 01, DE 1993 - RCF, DO CONGRESSO Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes
NACIONAL, ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA AÇÃO. MEDIDA constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo
CAUTELAR INDEFERIDA. (STF - ADI-MC: 981 PR , Relator: de um ano, contado da promulgação da Constituição
NÉRI DA SILVEIRA, Data de Julgamento: 16/12/1993, Federal, obedecidos os princípios desta.
TRIBUNAL PLENO, Data de Publicação: DJ 05-08-1994 PP-
19299 EMENT VOL-01752-01 PP-00030)
No que diz respeito ao “observados os princípios desta
Constituição” constante no caput do artigo 25 da
2.2.2. Poder Constituinte Derivado Reformador. Constituição Federal, deve ser entendido por princípios
constitucionais sensíveis (apontados ou enumerados), que
Consiste na possibilidade de se alterar o texto
se encontram positivados na constituição, mais
constitucional, respeitando-se a regulamentação especial
precisamente no artigo 34, VII, princípios constitucionais
prevista na própria constituição federal e será exercitado
estabelecidos (organizatórios), que segundo Bulos “são
por determinados órgãos com caráter representativo. Além
aqueles que limitam, vedam, ou proíbem a ação
das limitações expressas ou explícitas, existem as limitações
indiscriminada do Poder Constituinte Decorrente”, como
implícitas (a titularidade do Poder Constituinte e as
exemplo, tem-se as regras de repartição de competência
limitações expressas)
(arts. 21, 22, 23 e 24), do sistema tributário nacional (arts.
A Carta de Outubro prevê em seu artigo 60, a única maneira 145 e ss), da organização dos poderes (arts. 44 e ss), dos
de se modificar as normas constitucionais originárias, direitos e garantias individuais (art. 5º) etc, e os princípios
vejamos: constitucionais extensíveis, que ainda segundo Bulos “são
aqueles que integram a estrutura da federação brasileira,
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante
proposta: relacionando-se, por exemplo, com a forma de investidura
em cargos eletivos (art. 77), o processo legislativo (arts. 59 e
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos ss), os orçamentos (arts. 165 e ss), os preceitos lidados à
Deputados ou do Senado Federal;
Administração Pública (arts. 37 e ss) etc.”.
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No que se refere aos Municípios, sabe-se que há divergência 2.2.4. Poder Constituinte Difuso.
doutrinária quanto a existência da competência derivada
Uadi Lammêgo Bulos cita o poder constituinte difuso,
decorrente, considerando o artigo 29, caput, da CF/88
chamado assim porque não vem formalizado nas
(texto permanente) e parágrafo único do artigo 11 do ADCT.
constituições, embora esteja presente nos ordenamentos
Entretanto, a doutrina majoritária se posiciona no sentido
jurídicos. É caracterizado como um poder de fato e se
de que o poder constituinte derivado decorrente dado aos
concretiza por meio das mutações constitucionais, uma vez
Estados Federados não se estende aos Municípios,
que se manifesta de maneira informal e espontânea, em
principalmente no que tange ao critério jurídico-formal.
decorrência de fatores sociais, políticos e econômicos,
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em sempre observando os princípios estruturantes da
dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e Constituição.
aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
2.2.5. Poder Constituinte Supranacional.
respectivo Estado e os seguintes preceitos:
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes Segundo Kildare Gonçalves Carvalho, o poder constituinte
constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo supranacional tem sua fonte de validade na cidadania
de um ano, contado da promulgação da Constituição universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na
Federal, obedecidos os princípios desta. vontade de integração e em um conceito remodelado de
soberania. Cria uma ordem jurídica de cunho constitucional,
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado,
caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a haja vista que passa a aderir ao direito comunitário dos
Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e Estados Nacionais.
votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na
Constituição Estadual.
3.0. Poder Constituinte Originário e a teoria da
Retroatividade Mínima.
No caso do Distrito Federal, como a derivação da
Quando nasce uma nova ordem aplica-se a Teoria da
competência é direta da Norma Constitucional, apesar de
Retroatividade Mínima, salvo se a prórpia norma dispor em
ser regido por Lei Orgânica (critério jurídico-formal), a
sentido contrário (Retroatividade Média ou Máxima). A
Jurisprudência Pátria tem entendido pela existência da
Jurisprudência do Suprem Tribunal Federal conceituou os
manifestação do poder constituinte derivado decorrente,
institutos quando do julgamento do Recurso Extraordinário
nos termos do artigo 32, caput:
242.740.
“O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
reger-se-ão por lei orgânica, votada em dois turnos com
interstício mínimo de dez dias, a aprovada por dois terços  Jurisprudência relacionada ao tema:
da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição”. EMENTA (...). Já se firmou a jurisprudência desta Corte no
sentido de que os dispositivos constitucionais têm vigência
imediata, alcançando os efeitos futuros de fatos passados
 Jurisprudência relacionada ao tema: (retroatividade mínima). Salvo disposição expressa em
EMENTA. A Lei Orgânica do Distrito Federal constitui contrário - e a Constituição pode fazê-lo -, eles não
alcançam os fatos consumados no passado nem as
instrumento normativo primário destinado a regular, de
prestações anteriormente vencidas e não pagas
modo subordinante – e com inegável primazia sobre o
ordenamento positivo distrital – a vida jurídico- (retroatividades máxima e média). (...). (RE 242.740/GO, Rel.
administrativa e político-institucional dessa entidade Min. Moreira Alves, 1ª. Turma, DJ 18.05.2001).
integrante da Federação brasileira. Esse ato representa, _______________________________________________
dentro do sistema de direito positivo, o momento inaugural _________________________________________________
e fundante da ordem jurídica vigente no âmbito do Distrito _________________________________________________
Federal. Em uma palavra: a Lei Orgânica equivale, em força, _________________________________________________
autoridade e eficácia jurídicas, a um verdadeiro estatuto _________________________________________________
constitucional, essencialmente equiparável às Constituições _________________________________________________
promulgadas pelos Estados-membros. (Rcl 3.436, 01.08.05). _________________________________________________
_________________________________________________
EMENTA: (...) 3. Conquanto submetido a regime
_________________________________________________
constitucional diferenciado, o Distrito Federal está bem mais
próximo da estruturação dos Estados-membros do que da _________________________________________________
arquitetura constitucional dos Municípios. (ADI 3.756/DF, _________________________________________________
_________________________________________________
Rel. Min. Carlos Britto, DJ 19.10.2007).
______________________________________________

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2 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA A República foi a Forma de Governo assumida pelo país,


tendo como características: a eletividade, temporariedade e
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL responsabilidade do governante perante os governados.
O Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, em
O termo princípio traduz-se na ideia de início, origem, nosso Estado Federal, foi consagrado em nossas
começo, e ainda, numa outra acepção, em mandamento, constituições republicanas desde 1891 e tem duas
norma nuclear de um sistema. Nesse contexto, os princípios finalidades básicas: a unidade nacional e a necessidade
fundamentais nada mais são que as diretrizes básicas que descentralizadora. Inadmissível, portanto, qualquer
produzem decisões políticas imprescindíveis à estruturação pretensão de separação de um Estado-membro, do Distrito
do Estado. São alicerce, a base, as linhas mestras sociais e Federal ou de qualquer Município da Federação, inexistindo
políticas que norteiam e inspiram os conteúdos positivados em nosso ordenamento jurídico o denominado direito de
pelo legislador constituinte originário. secessão, pois a mera tentativa de secessão permitira a
No artigo 1º estão estabelecidos os fundamentos da decretação de intervenção federal (Art. 34, I da CF).
República Federativa do Brasil, como se vê a seguir: O Estado Democrático de Direito é mais amplo que Estado
de Direito. A expressão “Estado de Direito” na sua origem
Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito significa governo a partir de leis, porém quaisquer leis. Com
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e a introdução da característica de ser democrático na
tem como fundamentos: Constituição Federal de 1988, impõe-se a todas as normas a
observância a tal princípio; não sendo suficientes apenas as
I – a soberania; leis, mas principalmente que nestas esteja inserido o
II – a cidadania; conteúdo democrático, uma vez que o regime político
adotado é a democracia.
III – a dignidade da pessoa humana;
A soberania significa poder ilimitado na ordem interna e
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; independente na ordem internacional.
V – o pluralismo político. A cidadania está relacionado com a titularidade de direitos
Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o políticos, implicando, assim, na parcela detentora de
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, capacidade eleitoral ativa.
nos termos desta Constituição. A dignidade da pessoa humana compreende o direito de
nascer com vida e permanecer vivo com uma vida digna.
Nesse dispositivo tem-se a definição da República
Deve ser interpretado com o máximo de amplitude possível
Federativa do Brasil sob o aspecto territorial, ou físico, a
na hora de conceituá-lo, aplicando o princípio da máxima
República é composta dos Estados, do Distrito Federal e dos
efetividade ou eficiência.
Municípios.
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são
Há de se observar que República Federativa do Brasil é o
características do sistema capitalista: valorização do
nome do Estado Brasileiro, que adota o federalismo, por
trabalho, único responsável pela subsistência e
isso a designação Estado Federal. Este, por sua vez, compõe-
desenvolvimento dos indivíduos e do país e a prevalência da
se de coletividades regionais autônomas denominadas
livre iniciativa, a qual afasta os ideais socialistas de
Estados-membros ou federados.
planificação da economia.
Para Celso Bastos, soberania é atributo que se confere ao
O pluralismo político não significa apenas pluripartidarismo,
poder do Estado em virtude de ser juridicamente ilimitado
sendo este uma espécie do gênero daquele. Caracteriza-se
(todo o poder). Já autonomia é margem de discrição de que
pela aceitação de diversidade de opiniões, participação
uma pessoa goza para decidir sobre seus negócios (parcela
plural na sociedade do mais diversos modos, abrangendo
do poder).
associações, sindicatos, partidos políticos, igrejas,
A Constituição adotou como Forma de Estado o universidades, escolas etc.
Federalismo, que no conceito de Dalmo Dallari é uma
O Regime Político adotado no Brasil, o democrático, ou
“aliança ou união de Estados”, baseada em uma
seja, governo do povo, para o povo, pelo povo. O poder
constituição e onde “os Estados que ingressam na federação
advém do povo, que o exerce por meio de representantes
perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso,
eleitos ou diretamente (democracia semidireta ou
preservando, contudo, uma autonomia político-
participativa), nos termos do parágrafo único do artigo 1º.
administrativa”. Assim, não se admite secessão, separação
ou segregação. Lembre-se, o legislador constituinte  Jurisprudência relacionada ao tema:
determinou a impossibilidade de qualquer deliberação
EMENTA. (...) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal,
sobre proposta de emenda constitucional tendente a abolir
ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade
a Federação (Art. 60, §4º, I da CF).
judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal;
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caso contrário, nega-se o Estado de Direito. (STF HC Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
73.454/RJ). relações internacionais pelos seguintes princípios:
EMENTA. (...) O princípio da livre iniciativa não pode ser I – independência nacional;
invocado para afastar regras de regulamentação do
mercado e de defesa do consumidor. (STF RE 349.686, II – prevalência dos direitos humanos;
14.06.2005). III – autodeterminação dos povos;
Art. 2º – São Poderes da União, independentes e IV – não intervenção
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
V – igualdade entre os Estados;
Judiciário.
VI – defesa da paz;
Defende a doutrina que a divisão é de Funções, e não de
Poderes, considerando que o Poder é uno, além de ser VII – solução pacífica dos conflitos;
indivisível e indelegável. VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
A Tripartição de Poderes foi esboçada por Aristóteles e IX – cooperação entre os povos para o progresso da
firmada por Montesquieu e Locke. humanidade;
Os poderes participam, por vezes, das atribuições uns dos X – concessão de asilo político.
outros, a fim de que se garanta a harmonia entre eles, a
inocorrência de abusos e a consequente realização do bem Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a
da coletividade, através do sistema de freios e contrapesos integração econômica, política, social e cultural dos povos
– checks and balances. Assim as funções administrativa, da América Latina, visando à formação de uma
legislativa e judiciária não são exercidas com exclusividade, comunidade latino-americana de nações.
mas apenas preponderantemente por cada “Poder”. Daí a
Os dez princípios de relações internacionais que devem ser
denominação em funções típicas e atípicas (secundárias ou
hermeneuticamente analisados e concretizados com o
subsidiárias).
intuito de lograr o objetivo constante no parágrafo único e
Os Poderes são harmônicos e independentes, ou seja, entre consistem em verdadeiros desafios das relações
os órgãos há cortesia no trato recíproco e na atuação do internacionais rumo a efetiva implantação de uma
exercício de suas atribuições não há ingerência dos demais, comunidade latino-americana de nações.
com liberdade para organizar serviços e tomar decisões,
O princípio da independência nacional retrata, segundo
apesar da doutrina indicar na própria constituição exceções
Cretela Júnior, a afirmativa da soberania como fundamento
a separação dos poderes, como por exemplo, o artigo 50,
da República, previsto no artigo 1º da Lei Maior. O princípio
parágrafo 1º.
da autodeterminação dos povos também está marcado pela
Como exemplo, tem-se a competência de legislar do Poder Soberania, pois diz respeito aos limites a todo e qualquer
Legislativo. O Congresso aprova os projetos de leis, que poder colonizante. Ainda no campo da soberania, o
podem ser sancionados ou vetados pelo Presidente da princípio da não intervenção consiste na proibição de um
República e no caso de haver sanção, poderá o Poder Estado interferir sobre outro em assuntos de natureza
Judiciário declarar a inconstitucionalidade. interna.
Ressalte-se que a Separação dos Poderes é cláusula pétrea Acerca do princípio da prevalência dos direitos humanos,
(art. 60, 4º, III). tem-se a lição de Pedro Dallari: "a prevalência dos direitos
humanos, enquanto princípio norteador das relações
Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República exteriores do Brasil e fundamento colimado pelo País para a
Federativa do Brasil: regência da ordem internacional não implica tão-somente o
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; engajamento no processo de edificação de sistemas de
normas vinculados ao Direito Internacional Público. Impõe-
II – garantir o desenvolvimento nacional; se buscar a plena integração das regras de tais sistemas à
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as ordem jurídica interna de cada Estado".
desigualdades sociais e regionais; O princípio da igualdade prevê que todos os Estados são
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de iguais perante a lei brasileira.
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de O princípio da solução pacífica dos conflitos determina
discriminação. como o Brasil se posiciona em relação aos conflitos. O
Não se trata de um rol taxativo, mas exemplificativo. desinteresse em envolver-se em um conflito e a falta de
incentivo a prática da guerra estão relacionados ao princípio
Como medida concreta a EC nº 31, de 14.12.2000, criou o da defesa da paz, um objetivo supranacional.
Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, acrescentando
ao ADCT os artigos 79 a 83.
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O princípio do repúdio ao racismo e ao terrorismo é um Exemplo disso é a submissão do Brasil ao Tribunal Penal
compromisso ético-jurídico assumido pelo Estado Brasileiro, Internacional (art. 5º, §4º, da CF/88).
quer perante a sua própria Constituição, quer em face da
comunidade internacional. Há adesão do Brasil a tratados e
acordos multilaterais que repudiam quaisquer 3. DIREITOS E GARANTIAS
discriminações raciais, de cor, credo, descendência ou
FUNDAMENTAIS
origem inspiradas na pretensa superioridade de um povo
sobre outro.
Sobre o princípio da cooperação para o progresso da 1.0. BREVE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
humanidade, o legislador pretende alcançar uma A história dos direitos fundamentais está diretamente ligada
cooperação entre países para um desenvolvimento ao aparecimento do constitucionalismo no final do século
unilaterial ou bilateral ou multilateral. Nesse sentido, o XVIII, que, entretanto, herdou da idade média as ideias de
Brasil já possui relações internacionais de cooperação, tais contenção do poder do Estado em favor do cidadão, tendo
como: a Declaração de Princípios sobre a Cooperação entre como ponto ápice a célebre Magna Carta, escrita na
o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Inglaterra, em 1215, pela qual o Rei João Sem Terra
Canadá para a Manutenção da Paz e da Segurança reconhecia alguns direitos dos nobres, limitando o poder do
Internacionais, realizado em Brasília, em 15 de janeiro de monarca.
1998, e o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre
a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil, Com a Revolução Francesa, em 1789, se acentuaram os
aprovado pela Resolução da Assembléia da República n.º movimentos e documentos escritos que buscavam garantir
83/2000, de 14 de dezembro de 2000. aos cidadãos os seus direitos elementares em face da
atuação do poder público. Destaque-se a denominada
Partindo do conceito, segundo o mestre Rezec, asilo Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789,
político “... é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro produto daquela revolução ocorrida em território francês.
perseguido alhures – geralmente, mas não
necessariamente, em seu próprio país patrial -, por causa de Pouco antes disso, porém, outro documento entrava para a
dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes história, como resultado da revolução Americana, a
que, relacionados com a segurança do Estado, não Declaração de Virgínia, elaborada em 1776, estabelecendo
configuram quebra do direito penal comum”, verifica-se que os direitos fundamentais do povo norte-americano, tais
não há incompatibilidade entre o instituto do asilo político e como a liberdade, a igualdade, eleição de representantes,
o da extradição passiva, na exata medida em que o dentre outros.
Supremo Tribunal Federal não está vinculado ao juízo Em 1948, logo após a 2a Guerra Mundial, a Organização das
formulado pelo Poder Executivo na concessão Nações Unidas fazia editar a Declaração Universal dos
administrativa daquele benefício. A condição jurídica de Direitos do Homem, estendendo para praticamente todo o
asilado político não suprime, só por si, a possibilidade de o mundo o respeito e a proteção aos direitos fundamentais do
Estado brasileiro conceder, presentes e satisfeitas às ser humano.
condições constitucionais e legais que a autorizam, a
extradição que lhe haja sido requerida. O estrangeiro Paulo Bonavides, comentando sobre a importância das
asilado no Brasil só não será passível de extradição quando declarações dos direitos do homem, enaltecendo aquela
o fato ensejador do pedido assumir a qualificação de crime nascida na França, em mais uma lição magistral, ensina que:
político ou de opinião. “Constatou-se então com irrecusável veracidade que as
declarações antecedentes de ingleses e americanos podiam
É importante, ainda, comentar sobre a relativização da talvez ganhar em concretude, mas perdiam em espaço de
soberania em prol dos direitos humanos. A teoria da abrangência, porquanto se dirigiam a uma camada social
soberania absoluta e plena foi sendo transformada até se privilegiada (os barões feudais), quando muito a um povo ou
alcançar o que se denomina de princípio da soberania. Os a uma sociedade que se libertava politicamente, conforme
princípios da não-intervenção e da igualdade formal dos era o caso das antigas colônias americanas, ao passo que a
Estados não exercem papel imperativo no contexto Declaração francesa de 1789 tinha por destinatário o gênero
internacional, tendo em vista as justificativas dadas pelas humano. Por isso mesmo, e pelas condições da época, foi a
grandes forças mundiais, tais como o terrorismo, os Direitos mais abstrata de todas as formulações solenes já feitas
Humanos e até mesmo a busca pela justiça e pela paz, na acerca da liberdade”.
tomada de medidas que interferem fora do âmbito daquilo
que poderíamos chamar de soberania interna dos Estados.
No Brasil, um novo conceito de soberania surgiu frente os 2.0. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E GARANTIA.
avanços trazidos pela Constituição Federal de 1988 e as Muitos doutrinadores diferem “Direitos” de “Garantias”
jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, em que Fundamentais. Essa distinção, no direito brasileiro, foi feita
prevalece a dignidade humana nas relações internacionais. por Rui Barbosa, ao separar as disposições declaratórias, e
as garantias, disposições assecuratórias. Em outras palavras,
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o direito é o “bem” protegido pela norma e a garantia é o universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no
mecanismo criado pela norma para defender o direito. Em plano de todas as relações de convivência”.
contrapartida, Sampaio Dória, defende a tese de que as
Embora alguns doutrinadores afirmem que o direito à paz
Garantias também são Direitos.
esteja inserido entre os direitos de terceira dimensão, Paulo
Os direitos e garantias fundamentais, consagrados na Bonavides o desloca para a quinta dimensão, em virtude de
constituição federal, não são ilimitados, absolutos, uma vez suas características próprias e independentes, pois estaria
que encontram seus limites nos demais direitos igualmente em um “patamar superior”, merecendo visibilidade superior
consagrados pela Carta Magna (Princípio da relatividade ou aos demais direitos fundamentais. E para tanto, afirma
convivência das liberdades públicas). expressamente que “A dignidade jurídica da paz deriva do
reconhecimento universal que se lhe deve enquanto
Na lição de Canotilho, os direitos fundamentais exercem a
pressuposto qualitativo da convivência humana, elemento
função de defesa do cidadão sob dupla perspectiva: a) no
de conservação da espécie, reino de segurança dos
plano jurídico-político, funcionam como normas de
direitos”.
competência negativa para os Poderes Públicos, proibindo-
os de atentarem contra a esfera individual da pessoa; b) no  Jurisprudência relacionada ao tema:
plano jurídico-subjetivo, implicam o poder de exercer
EMENTA. (...). Enquanto os direitos de primeira geração
positivamente os direitos fundamentais (liberdade positiva),
(direitos civis e políticos) — que compreendem as
e de exigir omissões dos poderes públicos.
liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o
princípio da liberdade e os direitos de segunda geração
(direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identifica
3.0. CLASSIFICAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS
com as liberdades positivas, reais ou concretas — acentuam
FUNDAMENTAIS.
o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que
A doutrina, baseada na ordem histórica cronológica em que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos
passam a ser institucionalmente reconhecidos, classifica os genericamente a todas as formações sociais, consagram o
direitos fundamentais em dimensões (gerações). Em princípio da solidariedade e constituem um momento
primeira análise, Paulo Bonavides, os classificou em: importante no processo de desenvolvimento, expansão e
reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados,
Direitos de primeira dimensão: são os direitos civis e
enquanto valores fundamentais indisponíveis, nota de uma
políticos, e compreendem as liberdades clássicas (liberdade,
essencial inexauribilidade. (...) (STF MS 22.164, 17/11/95).
propriedade, vida, segurança). São direitos do indivíduo
perante o Estado, são limites impostos à atuação do Estado,
resguardando direitos considerados indispensáveis a cada
4.0. EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS
pessoa humana. Significa uma prestação negativa, um não
FUNDAMENTAIS (EFICÁCIA PRIVADA OU EXTERNA).
fazer do Estado, em prol do cidadão.
Quando se fala da relação entre particulares, vê-se que
Direitos de segunda dimensão: correspondem aos direitos
existe eficácia horizontal dos direitos fundamentais, mas
sociais, que são direitos de conteúdo econômico e cultural
quando se está diante da relação entre particular e Estado,
que visam melhorar as condições de vida e de trabalho da
passa a existir eficácia vertical dos direitos fundamentais.
população. Significa uma prestação positiva, um fazer do
Estado em prol dos menos favorecidos pela ordem social e  Jurisprudência relacionada ao tema:
econômica. Esses direitos nasceram em razão de lutas de
EMENTA. (...) Eficácia dos direitos fundamentais nas
uma nova classe social, os trabalhadores.
relações privadas. As violações a direitos fundamentais não
Direitos de terceira dimensão: corresponde aos direitos ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e
difusos e coletivos, são os direitos de solidariedade e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre
fraternidade, considerados transindividuais, os direitos de pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os
pessoas coletivamente consideradas. São direitos coletivos, direitos fundamentais assegurados pela Constituição
como a proteção ao meio ambiente, à qualidade de vida vinculam diretamente não apenas os poderes públicos,
saudável, ao progresso, à paz, à autodeterminação dos estando direcionados também à proteção dos particulares
povos e a defesa do consumidor, da infância e da juventude. em face dos poderes privados. Os princípios constitucionais
como limites à autonomia privada das associações. (...). (STF
Note-se que há um comparativo desses direitos ao lema da
RE 201.819, 27/10/06).
Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
Em outra oportunidade, o mencionado autor cita ainda os
direitos de quarta dimensão: “São direitos da quarta 5.0. EFICÁCIA “IRRADIANTE” DOS DIREITOS
geração o direito à democracia, o direito à informação e o FUNDAMENTAIS.
direito ao pluralismo. Deles depende a concretização da
Dimensão subjetiva – é a visão clássica dos Direitos
sociedade aberta ao futuro, em sua dimensão de máxima
Fundamentais. Consiste em enxergá-los como um direito da
pessoa em face do Estado, o qual deve exercer um papel
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negativo (abstenção de intervir para que não viole os abrangência a inviolabilidade dos direitos e garantias
direitos previstos, notadamente os direitos e garantias fundamentais no âmbito regional e mundial. Dita
individuais) ou positivo (prestações que o Estado faz para as característica concede a pessoa a opção da proteção da
pessoas de forma a garantir condições mais dignas de inviolabilidade do seu direito fundamental, a global ou
sobrevivência, notadamente os direitos sociais). regional.
Dimensão objetiva – A dimensão objetiva dos direitos 6.5. Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se
fundamentais tem como consequência a eficácia irradiante perdem com o tempo, não prescrevem, apesar de existir
dos direitos para o legislativo na função de legislar, para o exceções a essa regra.
executivo na função de administrar e para o Judiciário na
6.6. Inalienabilidade: os direitos são intransferíveis,
função jurisdicional. É a nova visão, onde os Direitos
inegociáveis e indisponíveis, sem cunho patrimonial. Tal
Fundamentais devem ser enxergados não só sob a ótica dos
inalienabilidade resulta da dignidade da pessoa humana.
“direitos das pessoas frente ao Estado”, mas como
enunciados que contém alta carga valorativa. Valores, 6.7. Historicidade: os direitos fundamentais nasceram de
princípios, regras que norteiam a aplicação do ordenamento uma única evolução e desenvolvimento histórico e cultural.
jurídico e assumem um papel central no constitucionalismo. Como afirmava o saudoso professor Norberto Bobbio: “os
Nesse aspecto, a visão objetiva cumpre com o papel de: direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são
estruturar, regulamentar, concretizar, estruturar, impor o direitos históricos, ou seja, nascidos em certas
cumprimento das normas o mais rápido possível (visto que circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas
os direitos fundamentais têm aplicação imediata); em suma, liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo
devem ser observados pelas normas jurídicas futuras. gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas.
Importante lembrar que esses direitos podem ser (...) o que parece fundamental numa época histórica e numa
condicionados uns em relação aos outros (caso, de sigilo de determinada civilização não é fundamental em outras
dados, por exemplo), preservando-se os núcleos essenciais épocas e em outras cultuas.”
de cada um.
6.8. Irrenunciabilidade: parte da premissa de que os direitos
fundamentais não podem ser renunciados pelo seu titular,
que não pode fazer com eles o que quiser, uma vez que os
6.0. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
mesmos possuem uma eficácia objetiva no sentido de que
As características dos direitos fundamentais é um tema não importa apenas ao sujeito ativo, mas interessam a toda
doutrinário, assim dá ensejo a muitas discussões jurídicas. coletividade. Entretanto, a suprema Corte Constitucional
Há um rol enumerativo das características, mas nunca (STF) vem admitindo a renúncia, ainda que excepcional, de
deixando de existir divergências entre as teses dogmáticas certos direitos.
apresentadas. Com fundamento nas doutrinas
6.9. Vedação ao retrocesso: os direitos fundamentais uma
constitucionalistas e nos reconhecimentos jurisprudenciais,
vez estabelecidos não se admite o retrocesso visando a sua
as características mais importantes no que tange aos direitos
limitação ou diminuição, existindo parte da doutrina
e garantias fundamentais são: universalidade,
afirmando que tais direitos constituem uma limitação
indivisibilidade, interdependência, interrelacionaridade,
metajurídica ao poder constituinte originário, atuando como
imprescritibilidade, complementaridade, individualidade,
critério de aferição da legitimidade do conteúdo
inviolabilidade, indisponibilidade, inalienabilidade,
constitucional. A referida característica impede a revogação
historicidade, irrenunciabilidade, vedação ao retrocesso,
de normas garantidoras de direitos fundamentais e impede
efetividade e limitabilidade.
a implementação de políticas públicas de enfraquecimento
6.1. Universalidade: os direitos e garantias fundamentais de direitos fundamentais.
vinculam-se ao princípio da liberdade, conduzido pela
A exegese constitucional assegurada a proteção do núcleo
dignidade da pessoa humana, os mesmos devem ser
essencial e intangível dos direitos fundamentais, tendo
destinados a todos os indivíduos, independente da raça,
origem no próprio Estado Democrático de Direito que se
credo, nacionalidade, convicção política, a coletividade
define pela proteção extremada da dignidade do Homem e
jurídica em geral.
plena eficácia das normas implementadas, sendo que os
6.2. Indivisibilidade: os direitos compõem um único direitos sociais já realizados e efetivados pela legislação
conjunto, uma totalidade, pois não são analisados de devem ser tidos como constitucionalmente garantido, tendo
maneira isolada, separada. O desrespeito a um deles como consequência a invalidade das medidas que visam
constitui a violação de todos. anular ou cancelar o núcleo dos direitos fundamentais,
devendo as mesmas ser consideradas inconstitucionais.
6.3. Interdependência: os direitos fundamentais são
intrinsecamente relacionados, pois para atingirem suas 6.10. Efetividade: o Estado deve exercer o papel de garantir
principais finalidades possuem intersecções. a máxima efetividade dos direitos fundamentais.
6.4. Interrelacionaridade: a evolução da proteção nacional e 6.11. Limitabilidade ou relatividade: reza que nenhum
internacional dos direitos fundamentais assegurou maior direito fundamental poderá ser considerado absoluto, mas
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devem ser interpretados e aplicados levando-se em Constituição. O estatuto constitucional das liberdades
consideração os limites fáticos e jurídicos existentes, públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão
especialmente quando estão diante de outros direitos sujeitas - e considerado o substrato ético que as informa -
fundamentais. Conforme ressalta Paulo Gustavo Gonet permite que sobre elas incidam limitações de ordem
Branco: “(...) os direitos fundamentais podem ser objeto de jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do
limitações, não sendo, pois, absolutos. (...) Até o elementar interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência
direito à vida tem limitação explícita no inciso XLVII, a, do harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia
art. 5º, em que se contempla a pena de morte em caso de pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com
guerra formalmente declarada.” desrespeito aos direitos e garantias de terceiros. (STF RMS
23.452/RJ, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de
Ademais, as limitações aos direitos fundamentais não são
12.05.2000).
ilimitadas, só podendo ser limitado o estritamente
necessário, uma vez que com os preceitos constitucionais EMENTA. A PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL COMO
devem respeitar os princípios da razoabilidade e OBSTÁCULO CONSTITUCIONAL À FRUSTRAÇÃO
proporcionalidade. Segundo Konrad Hesse: “A limitação de EAO INADIMPLEMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE
direitos fundamentais deve, por conseguinte, ser adequada DIREITOS PRESTACIONAIS. - O princípio da
para produzir a proteção do bem jurídico, por cujo motivo proibição do retrocesso impede, em tema de direitos
ela é efetuada. Ela deve ser necessária para isso, o que não fundamentais de caráter social, que sejam desconstituídas
é o caso, quando um meio mais ameno bastaria. Ela deve, as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação
finalmente, ser proporcional em sentido restrito, isto é, social em que ele vive. - A cláusula que veda
guardar relação adequada com o peso e o significado do o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas
direito fundamental.” do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou o
direito à segurança pública, v.g.) traduz, no processo de
6.12. Inviolabilidade: impõe a observância dos direitos
efetivação desses direitos fundamentais individuais ou
fundamentais por normas infraconstitucionais ou por atos
coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais
das autoridades públicas..
prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser
6.13. Complementaridade: os direitos fundamentais ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado.
constitucionais se complementam e não há hierarquia entre Doutrina. Em consequência desse princípio, o Estado, após
eles. haver reconhecido os direitos prestacionais, assume o dever
não só de torná-los efetivos, mas, também, se obriga, sob
6.14. Concorrência: podem ser exercidos cumuladamente
pena de transgressão ao texto constitucional, a preservá-los,
por um mesmo sujeito ativo.
abstendo-se de frustrar - mediante supressão total ou
6.15. Aplicação imediata (eficácia direta, imediata e parcial - os direitos sociais já concretizados. (...) (STF ARE
vinculante): com base no artigo 5º, §1º da Constituição 639337 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda
Federal que diz: “As normas definidoras dos direitos e Turma, julgado em 23/08/2011, DJe-177 DIVULG 14-09-
garantias fundamentais têm aplicação imediata”, assevera 2011 PUBLIC 15-09-2011 EMENT VOL-02587-01 PP-00125).
que cabe aos poderes públicos (Judiciário, Legislativo e
 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS.
Executivo) promover o avanço desses direitos.
Para o professor José Afonso da Silva, afirmar que as normas
tem “aplicação imediata” significa que as normas são  DESTINATÁRIOS. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA. PRINCÍPIO
aplicáveis até onde possam, até onde as instituições DA LEGALIDADE.
ofereçam condições para seu atendimento. "Aplicabilidade",
por outro lado, é um conceito desenvolvido pelo referido Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
professor que se refere ao fato de as normas já poderem ser qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
aplicadas às situações quando da promulgação da estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito
Constituição. Assim, todas as normas são aplicáveis, mas à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
nem todas têm aplicação imediata. propriedade, nos termos seguintes:

 Jurisprudência relacionada ao tema: Os destinatários dos direitos e deveres ora mencionados são
os brasileiros e estrangeiros residentes no país, devendo a
EMENTA: OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM expressão “residentes no país” ser interpretada no sentido
CARÁTER ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional de que tais direitos só serão assegurados dentro do
brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter território brasileiro, não excluindo o estrangeiro em trânsito
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse pelo território nacional, segundo entendimento defendido
público ou exigências derivadas do princípio de convivência pela doutrina e pela jurisprudência pátria.
das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a
adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas Tais direitos são extensíveis às pessoas jurídicas, no que
restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde couber, bem como ao próprio Estado.
que respeitados os termos estabelecidos pela própria
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O princípio da Igualdade ou princípio da isonomia está circunstância de o réu estrangeiro não possuir domicílio em
previsto no caput desse artigo, prescrevendo que toda nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de
pessoa tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em qualquer tratamento arbitrário ou discriminatório. (...). (STF
concordância com os critérios albergados pelo ordenamento HC 94.404/SP. Min. Rel. Celso de Mello. DJ 18.06.2010).
jurídico. Entretanto, deve-se buscar não somente a
EMENTA (...) Inexistência de ofensas ao direito à vida e da
igualdade formal, direcionada ao legislador, mas a igualdade
dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-
real ou material ou substancial, direcionada ao operador do
tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os
direito, ao intérprete. Parte-se da premissa de que a
fins a que se destinam) significa a celebração solidária da
verdadeira igualdade está em tratar igualmente os iguais e
vida e alento aos que se acham à margem do exercício
desigualmente os desiguais.
concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver
O referido princípio não veda o tratamento diferenciado com dignidade (Ministro Celso de Mello). (...) A
estabelecido pela lei, proíbe as diferenças arbitrárias, as potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é
discriminações absurdas, já que o tratamento desigual aos meritória o bastante para acobertá-la, infra
desiguais é uma questão de justiça, sendo justificável pelo constitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas
objetivo que se pretende atingir pela lei, conforme a súmula de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três
683 do STF que reza: “O limite de idade para a inscrição em realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto
concurso só se legitima em face do art. 7º, XXX, da é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza do existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa
cargo a ser preenchido”. Entretanto somente serão humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança ("in
possíveis tais distinções se estiverem previstas em lei. vitro" apenas) não é uma vida a caminho de outra vida
virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de
Vale destacar as discriminações positivas (affirmative
ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o
actions), proveniente do direito norte americano, que cuida
ser humano não tem factibilidade como projeto de vida
em estabelecer medidas de compensação para reduzir as
autônoma e irrepetível. (...) Ação direta de
desigualdades sociais. É neste escólio que traz a lição do
inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente.
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim B. Barbosa
(STF ADI 3510/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 29/05/2008).
Gomes, que ensina: As ações afirmativas 'consistem em
políticas públicas (e também privadas) voltadas à EMENTA. (...). Na espécie, aduziu inescapável o confronto
concretização do princípio constitucional da igualdade entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver
material e à neutralização dos efeitos da discriminação respeitada sua dignidade e, de outro, os de parte da
racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de sociedade que desejasse proteger todos os que a
compleição física. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por integrariam, independentemente da condição física ou
seus entes vinculados e até mesmo por entidades viabilidade de sobrevivência. (...) Afirmou que, conforme a
puramente privadas, elas visam a combater não somente as Resolução 1.480/1997 do Conselho Federal de Medicina
manifestações flagrantes de discriminação de fundo (CFM), os exames complementares a serem observados
cultural, estrutural, enraizada na sociedade'. para a constatação de morte encefálica deveriam
demonstrar, de modo inequívoco, a ausência de atividade
A discriminação reversa deve-se revestir de uma índole
elétrica cerebral ou metabólica deste órgão ou, ainda,
compensatória e não meramente garantir uma repartição
inexistência de perfusão sanguínea nele. Elucidou que, por
de bens, sem levar em conta o uso da liberdade das pessoas
essa razão, o CFM, mediante a Resolução 1.752/2004,
e o esforço e mérito de cada um. Avaliadas sob o teste do
consignara serem os anencéfalos natimortos cerebrais.
princípio da proporcionalidade, as medidas de discriminação
Desse modo, eles jamais se tornariam pessoa. Nessa senda,
reversa devem ser adequadas para superar os obstáculos
sintetizou que não se cuidaria de vida em potencial, porém,
que o preconceito gerou para o grupo. Para isso devem-se
seguramente, de morte. (...). Exprimiu, pois, que a
dirigir a propiciar condições de acesso a bens e serviços que
anencefalia mostrar-se-ia incompatível com a vida
a discriminação vedou. Devem ter em mira o
extrauterina, ao passo que a deficiência, não. (...) Observou
restabelecimento de uma igualdade de oportunidades tão
que seria improcedente a alegação de direito à vida dos
efetiva quanto possível.
anencéfalos, haja vista que estes seriam termos antitéticos.
 Jurisprudência relacionada ao tema: (...). Destarte, a interrupção de gestação de feto
anencefálico não configuraria crime contra a vida,
EMENTA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não
porquanto se revelaria conduta atípica. (...). Por derradeiro,
domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar
versou que atuar com sapiência e justiça, calcados na
o remédio constitucional do "habeas corpus", em ordem a
Constituição e desprovidos de qualquer dogma ou
tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito
paradigma moral e religioso, determinaria garantir o direito
subjetivo, de que também é titular, à observância e ao
da mulher de manifestar-se livremente, sem o temor de
integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que
tornar-se ré em possível ação por crime de aborto. (STF
compõem e dão significado à cláusula do devido processo
ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12-4-
legal. - A condição jurídica de não-nacional do Brasil e a
2012, Plenário).
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EMENTA. (...). Sabemos, tal como já decidiu o STF (RTJ consequências da união estável heteroafetiva. (...). (STF ADI
136/444, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello), que o princípio 4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, DJ 5.5.2011). (ADPF 132).
da isonomia – cuja observância vincula todas as
EMENTA. Violência doméstica. (...) O art. 1º da Lei
manifestações do Poder Público – deve ser considerado, em
11.340/2006 surge, sob o ângulo do tratamento
sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir
diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –,
privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: a) o da
harmônica com a CF, no que necessária a proteção ante as
igualdade na lei e b) o da igualdade perante a lei. A
peculiaridades física e moral da mulher e a cultura
igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade
brasileira. (STF ADC 19, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento
puramente abstrata – constitui exigência destinada ao
em 9-2-2012, Plenário).
legislador, que, no processo de formação do ato legislativo,
nele não poderá incluir fatores de discriminação II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. (...) A alguma coisa senão em virtude de lei;
igualdade perante a lei, de outro lado, pressupondo lei já
elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes Consagração do princípio da legalidade. Tal princípio visa
estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão combater o poder arbitrário do Estado, pois somente
subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou mediante espécies normativas elaboradas segundo as regras
discriminatório. A eventual inobservância desse postulado do processo legislativo pátrio podem-se criar obrigações
pelo legislador, em qualquer das dimensões referidas, para os indivíduos. O princípio da legalidade se difere do
imporá, ao ato estatal por ele elaborado e produzido, a eiva princípio da reserva legal nesse ponto, pois este consiste em
de inconstitucionalidade. (STF AI 360.461 AgR, Rel. Min. dizer que a regulamentação de determinada matéria há de
Celso de Mello, 2ª T, DJ de 28-3-2008). fazer-se necessariamente pelo poder legislativo, aparecendo
na constituição sob a forma: “nos termos da lei” ou “na
EMENTA. (...). No mérito, asseverou-se que a norma forma da lei” e aquele é a submissão e o respeito à lei.
adversada erigira a educação à condição de direito social,
dever do Estado e uma de suas políticas públicas A Constituição Federal estabelece essa reserva de lei, de
prioritárias. (...) Rechaçaram-se, de igual modo, as alegações modo absoluto ou relativo. Assim, temos a reserva legal
de afronta aos princípios da igualdade, da isonomia, da não absoluta quando a norma constitucional exige para sua
discriminação e do devido processo legal ao argumento de integral regulamentação a edição de lei formal, entendida
que não se afiguraria legítimo, no ordenamento, que vagas como ato normativo emanado do Congresso Nacional
no ensino superior fossem reservadas com base na condição elaborado de acordo com o devido processo legislativo
socioeconômica do aluno ou em critério racial ou de suas constitucional. Por outro lado, temos a reserva legal relativa
condições especiais. Salientou-se que a igualdade seria valor quando a Constituição Federal, apesar de exigir edição de lei
que teria, no combate aos fatores de desigualdade, o seu formal, permite que este fixe tão somente parâmetros de
modo próprio de realização. Além disso, a distinção em atuação para o órgão administrativo, que poderá
favor dos estudantes que tivessem cursado o ensino médio complementa-la por ato infralegal, sempre, porém,
em escolas públicas e os egressos de escolas privadas respeitados os limites ou requisitos estabelecidos pela
contemplados com bolsa integral constituiria discrímen a legislação.
compensar anterior e factual inferioridade. (...). (STF ADI Existe ainda a reserva legal simples e a qualificada. A reserva
3.330, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-5-2012, legal simples ocorre no caso de a Constituição Federal
Plenário). estabelecer, em seus artigos, que determinado assunto seja
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, objeto de lei ("na forma da lei", "nos termos da lei"). A lei
não pode limitar o conteúdo da Constituição ou suprimi-lo,
nos termos desta Constituição;
ou seja, há limites implícitos na lei que será elaborada. A
Somente poderá existir tratamento diferenciado entre os reserva legal qualificada ocorre no caso de, além de
dois sexos quando a finalidade pretendida for atenuar os estabelecer qual assunto será objeto de lei, o dispositivo da
desníveis, constantes na constituição e nas leis Constituição estabelece as condições ou fins que devem ser
infraconstitucionais. Exemplos: art. 7º, XVIII e XIX, 40, III, objeto da norma ("para fins de"). Como exemplos pode se
143, §§ 1º e 2º, 202, I e II. indicar os incisos VII e XII, ambos do presente artigo.
 Jurisprudência relacionada ao tema: Vale ressaltar que a Administração Pública é regida pela
legalidade estrita, pois não pode atuar contra a lei, nem na
EMENTA. (...). No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo ausência da lei.
Min. Ayres Britto, relator, que dava interpretação conforme
Dispositivos correspondentes – artigo 5º, XXIX e artigo 37,
a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir qualquer
“caput”, todos da CF/88.
significado que impeça o reconhecimento da união
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo  Jurisprudência relacionada ao tema:
sexo como entidade familiar, entendida esta como sinônimo
Súmula Vinculante nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a
perfeito de família. Asseverou que esse reconhecimento
exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
deveria ser feito segundo as mesmas regras e com idênticas
público.
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EMENTA. (...). A reserva de lei em sentido formal qualifica-se e aparelhos de Estado. Respondendo, penal e civilmente,
como instrumento constitucional de preservação da pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao direito de
integridade de direitos e garantias fundamentais. O resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, V. A
princípio da reserva de lei atua como expressiva limitação crítica jornalística em geral, pela sua relação de inerência
constitucional ao poder do Estado, cuja competência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível
regulamentar, por tal razão, não se reveste de suficiente de censura. Isso porque é da essência das atividades de
idoneidade jurídica que lhe permita restringir direitos ou imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus
criar obrigações. Nenhum ato regulamentar pode criar do pensamento crítico e necessário contraponto à versão
obrigações ou restringir direitos, sob pena de incidir em oficial das coisas, conforme decisão majoritária do STF na
domínio constitucionalmente reservado ao âmbito de ADPF 130. Decisão a que se pode agregar a ideia de que a
atuação material da lei em sentido formal. (STF ACO 1.048- locução ‘humor jornalístico’ enlaça pensamento crítico,
QO, 31/10/07). informação e criação artística. (...). (STF ADI 4.451-MC - REF,
rel. min. Ayres Britto, Plenário, DJ de 24-8-2012).
 LIBERDADE DE EXPRESSÃO
EMENTA. (...). Não é proibindo, recolhendo obras ou
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado impedindo sua circulação, calando-se a palavra e
o anonimato; amordaçando a história que se consegue cumprir a
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao Constituição. (...). A norma infraconstitucional não pode
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições
imagem; ao exercício de liberdades”. (...). O que não me parece
constitucionalmente admissível é o esquartejamento das
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, liberdades de todos pela censura de uns, especialmente no
científica e de comunicação, independentemente de caso de obras biográficas que dizem respeito não apenas ao
censura ou licença; biografado, mas que diz respeito a toda coletividade pela
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e sua natureza de referenciabilidade do que precisa ser
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao aproveitado. (...). (STF ADI 4815, Min. Rel. Cármem Lúcia, DJ
exercício profissional; 10/06/2015).

Segundo o ilustre Alexandre de Morais, “a proteção EMENTA: Editais de concurso público não podem
constitucional abrange não só o direito de expressão oral ou estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo
por escrito, mas também o direito de ouvir, assistir e ler”. situações excepcionais em razão de conteúdo que viole
valores constitucionais. Com base nesse entendimento, o
A vedação do anonimato é ampla, inclui todos os meios de Plenário, por maioria, deu provimento a recurso
comunicação. extraordinário em que se discutia a constitucionalidade de
O direito de resposta aplica-se em relação às ofensas, proibição, contida em edital de concurso público, de
configurem ou não infrações penais, tendo como requisito a ingresso em cargo, emprego ou função pública para
proporcionalidade, devendo o desagravo ter o mesmo candidatos que possuam tatuagem. No caso, o recorrente
destaque, a mesma duração e o mesmo tamanho que a fora excluído de concurso público para provimento de cargo
notícia geradora da lesão. A responsabilidade pela de soldado da polícia militar por possuir tatuagem em sua
divulgação do direito de resposta é do órgão de perna esquerda. (...) A opção pela tatuagem relacionar-se-ia,
comunicação. O dano pode ser material (danos sofridos e diretamente, com as liberdades de manifestação do
lucros cessantes), moral (à intimidade da pessoa) e à pensamento e de expressão (CF, art. 5°, IV e IX). Na espécie,
imagem (dano produzido contra a pessoa em suas relações estaria evidenciada a ausência de razoabilidade da restrição
externas). dirigida ao candidato de uma função pública pelo simples
fato de possuir tatuagem, já que seria medida
Dispositivo correspondente – art. 220, “caput” e §2º, todos flagrantemente discriminatória e carente de qualquer
da CF/88. justificativa racional que a amparasse. Assim, o fato de uma
 Jurisprudência relacionada ao tema: pessoa possuir tatuagens, visíveis ou não, não poderia ser
tratado pelo Estado como parâmetro discriminatório
EMENTA. (...). Programas humorísticos, charges e modo quando do deferimento de participação em concursos de
caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases e provas e títulos para ingresso em carreira
quadros espirituosos compõem as atividades de ‘imprensa’, pública. Entretanto, tatuagens que representassem
sinônimo perfeito de ‘informação jornalística’ (§ 1º do art. obscenidades, ideologias terroristas, discriminatórias, que
220). Nessa medida, gozam da plenitude de liberdade que é pregassem a violência e a criminalidade, discriminação de
assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o raça, credo, sexo ou origem, temas inegavelmente
exercício concreto dessa liberdade em plenitude assegura contrários às instituições democráticas, poderiam
ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer obstaculizar o acesso a função pública. Eventual restrição
pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, nesse sentido não se afiguraria desarrazoada ou
irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades desproporcional. Essa hipótese, porém, não seria a do
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recorrente que teria uma tatuagem tribal, medindo 14 por determinados programas, como já feito em outros países. A
13 cm. (STF RE 898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 17.08.2016). tecnologia, inclusive, seria de uso obrigatório no Brasil,
apesar de ainda não adotada (Lei 10.359/2001). De todo
O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria,
modo, seria sempre possível a responsabilização judicial das
acolheu o pedido formulado em ação direta para declarar a
emissoras de radiodifusão por abusos ou danos à
inconstitucionalidade da expressão “em horário diverso do
integridade de crianças e adolescentes, tendo em conta,
autorizado”, contida no art. 254 da Lei 8.069/1990
inclusive, a recomendação do Ministério de Estado da
(“Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em
Justiça em relação aos horários em que determinada
horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua
programação seria adequada. Nesse aspecto, a liberdade de
classificação: Pena – multa de vinte a cem salários de
expressão exigiria igualmente responsabilidade no seu
referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade
exercício. As emissoras deveriam observar na sua
judiciária poderá determinar a suspensão da programação
programação as cautelas necessárias às peculiaridades do
da emissora por até dois dias”) – v. Informativos 650 e 806.
público infantojuvenil. Elas, e não o Estado, deveriam, não
A Corte afirmou que tanto a liberdade de expressão nos
obstante, proceder ao enquadramento horário de sua
meios de comunicação como a proteção da criança e do
programação.(STF ADI 2.404, rel. min. Dias Toffoli,
adolescente seriam axiomas de envergadura constitucional
j 31.08.2016, Plenário).
e que a própria Constituição teria delineado as regras de
sopesamento entre esses valores. A respeito, rememorou o  LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA
julgamento da ADPF 130/DF (DJE de 6-11-2009), em que
consignada a plenitude do exercício da liberdade de VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
expressão como decorrência da dignidade da pessoa sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
humana e como meio de reafirmação de outras liberdades garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
constitucionais. as suas liturgias;

O presente caso destacaria a liberdade de expressão na sua A Constituição de 1824, em seu artigo 179, V, já assegurava
dimensão instrumental, ou seja, a forma como se daria a os direitos religiosos, desde que respeitasse a do Estado,
exteriorização da manifestação do pensamento. A real nos seguintes termos:
consagração da liberdade de expressão, nos termos do art. Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos
5º, IX, da CF, dependeria da liberdade de comunicação Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança
individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do
social, prevista no art. 220 da CF, de modo a garantir a livre
Império, pela maneira seguinte.
circulação de ideias e de informações, a comunicação livre e
pluralista, protegida da ingerência estatal. Assim, liberdade (...).
de programação seria uma das dimensões da liberdade de V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de Religião, uma vez
expressão em sentido amplo, essencial para construir e que respeite a do Estado, e não ofenda a Moral Publica.
consolidar uma esfera de discurso público qualificada. Por (...)”.
outro lado, a criança e o adolescente, pela posição de
fragilidade em que se colocariam no corpo da sociedade, A partir da Constituição Federal de 1891, estabeleceu-se o
deveriam ser destinatários, tanto quanto possível, de Estado Laico ou Leigo, que não adota qualquer religião
normas e ações protetivas voltadas ao seu desenvolvimento como oficial. Como ensina José Afonso da Silva, “na
pleno e à preservação contra situações potencialmente liberdade de crença entra a liberdade de escolha de religião,
a liberdade de aderir à qualquer seita religiosa, a liberdade
danosas a sua formação física, moral e mental. Nessa
direção, o ECA concretizaria o valor de preservação (ou o direito) de mudar de religião, mas também
insculpido na Constituição, ao estabelecer incentivos para compreende a liberdade de não aderir à religião alguma,
que se alcançassem os objetivos almejados e ao fixar uma assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser
ateu e de exprimir o agnosticismo”.
série de vedações às atividades a eles contrárias. (...)
Embora a norma discutida não impedisse a veiculação de Bom lembrar que o livre exercício dos cultos é assegurado
ideias, não impusesse cortes em obras audiovisuais, mas tão enquanto não forem contrários à ordem, tranquilidade e
somente exigisse que as emissoras veiculassem seus sossego públicos, bem como compatíveis aos bons
programas em horário adequado ao público-alvo, implicaria costumes. E a liberdade religiosa não é absoluta, uma vez
censura prévia, acompanhada de elemento repressor, de que não será permitido a qualquer religião ou culto atos
punição. Esse caráter não se harmonizaria com os arts. 5º, atentatórios à lei, sob pena de responsabilidade civil e
IX; 21, XVI; e 220, § 3º, I, todos da CF. A exibição do aviso de criminal.
classificação indicativa teria efeito pedagógico, a exigir
Artigos correspondentes: art. 210, §1º e art. 215, §2º,
reflexão por parte do espectador e dos responsáveis. Seria
ambos da CF/88.
dever estatal, nesse ponto, conferir maior publicidade aos
avisos de classificação, bem como desenvolver programas PREÂMBULO
educativos acerca desse sistema. Ademais, o controle
parental poderia ser feito, inclusive, com o auxílio de meios Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
eletrônicos de seleção e de restrição de acesso a Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado

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Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos necessariamente, preconceito ou discriminação. (STF RHC
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 134.682, rel. min. Edson Fachin, j 29.11.2016).
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
preconceitos, fundada na harmonia social e assistência religiosa nas entidades civis e militares de
comprometida, na ordem interna e internacional, com a internação coletiva;
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a Hospitais, asilos (públicos e privados), presídios e quartéis
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA são locais de internação coletiva.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de
Segundo posicionamento jurisprudencial, o Preâmbulo não crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
constitui norma central, não se trata de norma de se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
reprodução obrigatória na Constituição do Estado, já que imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
não tem força normativa. fixada em lei;
Entretanto, o Preâmbulo faz parte da estrutura da A escusa de consciência e de crença aplica-se às obrigações
Constituição Federal, que se divide em Preâmbulo, texto legais de forma genérica e não somente ao serviço militar
permanente e texto temporário (Ato das Disposições obrigatório, embora esse seja o exemplo mais indicado
Constitucionais Transitórias – ADCT). pelos doutrinadores quando enfocam o assunto.
 Jurisprudência relacionada ao tema: O artigo 143 da Constituição Federal, prescreve:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. - Normas
centrais da Constituição Federal: essas normas são de § 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir
serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após
reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro,
alistados, alegarem imperativo de consciência,
mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e
ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). de convicção filosófica ou política, para se eximirem de
II. Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. atividades de caráter essencialmente militar.
Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de
reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo O serviço alternativo no caso de descumprimento do serviço
força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade militar obrigatório por imperativo de consciência é
julgada improcedente. (ADI 2.076/AC. Rel. Min. Carlos estabelecido pela lei nº 8.239/91.
Velloso, DJ 08.08.2003). Caso não seja cumprida a prestação alternativa, ocorrerá a
A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a recurso privação dos direitos políticos, nos termos do artigo 15, IV,
ordinário em habeas corpus para trancar ação penal em que da CF/88:
se imputa ao recorrente a suposta prática de crime de Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
racismo, por meio de incitação à discriminação religiosa (Lei suspensão só se dará nos casos de:
7.716/1989, art. 20, § 2º). No caso, sacerdote da Igreja ...
Católica Apostólica Romana publicou livro no qual, segundo IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
a acusação, explicitou conteúdo discriminatório a atingir a alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
doutrina espírita. O Colegiado equacionou que, em um
(...).
cenário permeado por dogmas com fundamentos
emocionais, os indivíduos tendem a crer que professam sua
fé dentro da religião correta e que aquela é a melhor, e essa  INVIOLABILIDADES
certeza contém intrínseca hierarquização. Nesse ambiente,
é necessário avaliar a observância dos limites do exercício X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
das liberdades constitucionais. Por sua vez, não cabe ao imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
Judiciário censurar manifestações de pensamento. Assim, pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
eventual infelicidade de declarações e explicitações escapa
do espectro de atuação estatal. (...) A Turma assinalou que a Princípio da exclusividade. A intimidade, como exigência
característica plural da Constituição impõe que moral da personalidade para que em determinadas
determinados interesses, na hipótese em que colidentes, situações seja o indivíduo deixado em paz, constituindo um
sejam contrastados a fim de alcançar a máxima efetividade direito de controlar a indiscrição alheia nos assuntos
de ambos. É necessário que as posições divergentes sejam privados que só a ele interessa, tem como um de seus
mutuamente respeitadas, reclamando-se tolerância em fundamentos o princípio da exclusividade, formulado por
relação ao diferente. (...) Assim, eventual animosidade Hannah Arendt com base em Kant.
decorrente de observações desigualadoras não configura, Os conceitos de intimidade e vida privada são interligados,
mas podem ser diferenciados. A intimidade da pessoa diz

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respeito às relações subjetivas e de trato íntimo, relações que configurariam crimes praticados por quadrilha ou
familiares e de amizade e a vida privada refere-se a todos os bando ou organização criminosa. Autorização judicial
relacionamentos da pessoa, inclusive os objetivos, tais como circunstanciada. Previsão normativa expressa do
os comerciais, de trabalho, de estudo, etc. procedimento. Preliminar repelida. Inteligência dos arts. 1º
e 2º, IV, da Lei nº 9.034/95, com a redação da Lei nº
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de
10.217/95. Para fins de persecução criminal de ilícitos
que entidade de classe não tem legitimidade para
praticados por quadrilha, bando, organização ou associação
promover interpelação judicial em defesa da honra de seus
criminosa de qualquer tipo, são permitidos a captação e a
associados, por se tratar de um direito personalíssimo de
interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos e acústicos,
quem, concretamente, se viu atingido pelas afirmações tidas
bem como seu registro e análise, mediante circunstanciada
por ofensivas (PET nº 1.249/DF-AgR, Pleno, Relator o
autorização judicial. 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e
Ministro Celso de Mello, DJ de 9/4/99).
exploração de local. Captação de sinais óticos e acústicos.
 Jurisprudência relacionada ao tema: Escritório de advocacia. Ingresso da autoridade policial, no
período noturno, para instalação de equipamento. Medidas
Súmula 227 do STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano
autorizadas por decisão judicial. Invasão de domicílio. Não
moral.
caracterização. Suspeita grave da prática de crime por
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela advogado, no escritório, sob pretexto de exercício da
podendo penetrar sem consentimento do Morador, salvo profissão. Situação não acobertada pela inviolabilidade
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150,
socorro, ou durante o dia, por determinação judicial; § 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 8.906/94. Preliminar
rejeitada. Votos vencidos. Não opera a inviolabilidade do
A expressão casa tem um alcance muito amplo, não sendo escritório de advocacia, quando o próprio advogado seja
limitada pelos conceitos de direito privado, como já suspeito da prática de crime, sobretudo concebido e
pacificou o STF, considerando casa todo local delimitado e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto
separado que alguém utiliza com exclusividade, mesmo que de exercício da profissão. (…). (STF - Inq: 2424 RJ, Relator:
para fins profissionais, não importando a relação jurídica de Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 26/11/2008,
seus habitantes com aquele prédio ou terreno. O Código Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-055 DIVULG 25-03-
Penal Brasileiro conceitua “casa” em seu artigo 150. 2010 PUBLIC 26-03-2010).
Para José Afonso da Silva dia é o período das 6:00h às EMENTA: (...) A entrada forçada em domicílio sem mandado
18:00h e para Celso de Mello deve ser levado em conta o judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando
critério físico-astronômico, como o intervalo de tempo amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a
situado entre a aurora e o crepúsculo. posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação
 Jurisprudência relacionada ao tema: de flagrante delito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de
EMENTA. (...) Busca e apreensão em aposentos ocupados de nulidade dos atos praticados. (...) (STF RE 603616, Rel. Min.
habitação coletiva (como quartos de hotel) - subsunção Gilmar Ferreira Mendes, J. 05.11.2015).
desse espaço privado, desde que ocupado, ao conceito de
"casa" - consequente necessidade, em tal hipótese, de XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das
mandado judicial, ressalvadas as exceções previstas no comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
próprio texto constitucional. - para os fins da proteção telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da constituição da hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
república, o conceito normativo de "casa" revela-se investigação criminal ou instrução processual penal;
abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de
Vê-se que não houve previsão de quebra do sigilo das
habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º,
correspondências e nem de dados (bancários, fiscais ou
II), compreende, observada essa específica limitação
telefônicos) mediante lei, haja vista que a exceção
espacial, os quartos de hotel. (...). (STF RHC 90.376/RJ, Rel.
constitucional expressa refere-se somente à interceptação
Min. Celso de Mello. DJ 18.05.2007).
telefônica, entretanto entende-se que nenhuma liberdade
EMENTA. (...). Cuidando-se de crime de natureza individual é absoluta, sendo possível, respeitados alguns
permanente, a prisão do traficante, em sua residência, parâmetros, a interceptação das correspondências e
durante o período noturno, não constitui prova ilícita. (STF comunicações telegráficas e de dados sempre que as
HC 84.772, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 19-10- liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como
2004, Segunda Turma, DJ de 12-11-2004.) No mesmo instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.
sentido: HC 70.909, Rel. Min. Paulo Brossard, julgamento
O preceito que garante o sigilo de dados engloba o uso de
em 11-10-1994, Plenário, DJ de 25-11-1994.
informações decorrentes da informática e a quebra do sigilo
EMENTAS: (…).7. PROVA. Criminal. Escuta ambiental. dos dados telefônicos consiste na apreensão do histórico de
Captação e interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos conta telefônica (extrato telefônico), dentre outros. Além do
ou acústicos. Meio probatório legalmente admitido. Fatos Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal admite que a
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Comissão Parlamentar de Inquérito, diretamente, determine EMENTA: Inviolabilidade de domicílio – art. 5º, XI, da CF.
a quebra do sigilo dos dados. Busca e apreensão domiciliar sem mandado judicial em caso
de crime permanente. (...) Fixada a interpretação de que a
O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a
entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é
constitucionalidade do artigo 6º da lei complementar nº
lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em
105/2001, no Recurso Extraordinário nº 601314, para
fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que
reconhecer o direito de a Receita Federal obter a
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante
transferência do sigilo dos dados bancários.
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal
Há quebra do sigilo telefônico quando a captação for do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos
realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica praticados.(STF RE 603.616, rel. min. Gilmar Mendes, j.
alheia, sem o conhecimento dos comunicadores, por 05.11.2015, Plenário, DJ 10.05.2016).
decisão judicial (cláusula de reserva jurisdicional), na forma
EMENTA (...) SÉTIMA PRELIMINAR. DADOS DE EMPRÉSTIMO
da lei nº 9.296/96 e para fins criminais. Referida
FORNECIDOS PELO BANCO CENTRAL. PEDIDO DIRETO DO
interceptação difere da Escuta telefônica, que é a captação
MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA.
realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica
REQUISIÇÃO FEITA PELA CPMI DOS CORREIOS. POSTERIOR
alheia, mas com o conhecimento de um dos comunicadores
AUTORIZAÇÃO DE COMPARTILHAMENTO COM O
e da gravação telefônica, que ocorre entre dois
MINISTÉRIO PÚBLICO PARA INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO.
interlocutores, onde um deles capta a conversa sem o
LEGALIDADE. (...). (STF Inq. 2.245/MG. Rel. Min. Joaquim,
conhecimento do outro e sem intervenção de terceiro. A
Barbosa, DJ 09.11.2007).
gravação telefônica, em regra, é lícita, segundo
jurisprudência da Corte Suprema. EMENTA. Prova emprestada. Penal. Interceptação
telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e
Dispositivos correspondentes: arts. 136, I, “b” e “c” e 139,
produção para fim de investigação criminal. Suspeita de
III, da CF/88.
delitos cometidos por autoridades e agentes públicos.
 Jurisprudência relacionada ao tema: Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento
administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos
EMENTA. (...) A administração penitenciária, com
eventuais ilícitos administrativos teriam despontado à
fundamento em razões de segurança pública, de disciplina
colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta afirmativa a
prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode,
questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do art.
sempre excepcionalmente, proceder à interceptação da
1º da Lei federal 9.296/1996. (...) Dados obtidos em
correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a
interceptação de comunicações telefônicas e em escutas
cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não
ambientais, judicialmente autorizadas para produção de
pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas
prova em investigação criminal ou em instrução processual
ilícitas (...). (STF HC 70.814/SP).
penal, podem ser usados em procedimento administrativo
EMENTA. (...) O Tribunal já firmou entendimento de que as disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em
Comissões Parlamentares de Inquérito são dotadas de relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores
poder investigatório, ficando assentado que devem elas, a cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa
partir de meros indícios, demonstrar a existência concreta prova. (STF Inq 2.424 QO. Rel. Min Cezar Peluso. DJ
de causa provável que legitime a quebra do sigilo. (...) Causa 24.08.2007).
provável ensejadora da quebra dos sigilos fiscal, bancário e
EMENTA. (....) O presente caso versa sobre a gravação de
telefônico. Segurança denegada. (STF MS 24217/DF, rel Min
conversa telefônica por um interlocutor sem o
Maurício Corrêa, 18/10/2002).
conhecimento de outro, isto é, a denominada “gravação
EMENTA. Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da telefônica” ou “gravação clandestina”. Entendimento do STF
União. Banco Central do Brasil. Operações financeiras. Sigilo. no sentido da licitude da prova, desde que não haja causa
1. A Lei Complementar nº 105, de 10/1/01, não conferiu ao legal específica de sigilo nem reserva de conversação.
Tribunal de Contas da União poderes para determinar a Repercussão geral da matéria (RE 583.397/RJ). 3. Ordem
quebra do sigilo bancário de dados constantes do Banco denegada. (STF HC 91613, Relator Min. GILMAR MENDES, 2ª
Central do Brasil. O legislador conferiu esses poderes ao T, DJ 17-09-2012).
Poder Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo Federal (art.
EMENTA: (...). O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não
4º), bem como às Comissões Parlamentares de Inquérito,
ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade
após prévia aprovação do pedido pelo Plenário da Câmara
em relação aos cidadãos, por meio do princípio da
dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário de suas
capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos
respectivas comissões parlamentares de inquérito (§§ 1º e
objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária
2º do art. 4º). (...). (STF MS 22.801/DF. Rel. Min Menezes
para a fiscal. (...). (STF RE 601314, Rel. Min. EDSON FACHIN,
Direito. DJ 13.03.2008).
Plenário, Julgamento em 24.02.2016).

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