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Lîngua p o rt u g u e s a

Embates e acordos na
história das reformas
Notícias

BR
1994. No entanto, a ratificação do
acordo só aconteceu em 1996 e,
ainda assim, apenas Portugal, Bra-
sil e Cabo Verde o assinaram. As
do Brasil

gráfico da escrita porque os reforma-


dores acham que alguns elementos
tradicionais precisam ser mantidos.
Houaiss gostaria de tirar os acentos,
mudanças, resultantes de um deba- mas preferiu seguir as tradições, nes-
ortográficas te sobre unificação ortográfica te particular”, acrescenta o pesquisa-
ocorrido em Lisboa, em 1990, eram dor da Unesp.
Os leitores de jornais de grande cir- bem mais modestas que as propos-
culação e das principais revistas se- tas em encontro semelhante ocorri- Primeira reforma em 1911 A primeira
manais começaram o ano sentindo do no Rio de Janeiro, em 1986. mudança oficial na escrita da lín-
um certo estranhamento ao ler pa- Esse projeto anterior, rejeitado por gua portuguesa, implantada em se-
lavras como estreia, ideia ou para, Portugal, propunha, entre outras tembro de 1911, um ano após Por-
do verbo parar, sem o reconfortante coisas, acabar com os acentos gráfi- tugal se tornar uma república,
acento agudo. Perceberam, assim, cos em todas as palavras paroxíto- começou a ser gestada bem antes.
que entrou em vigor a nova forma nas e proparoxítonas. “Em 1904, Gonçalves Viana, fone-
de grafar uma pequena parcela das Luiz Carlos Cagliari, da Faculdade ticista, filólogo e lexicólogo portu-
palavras que compõem o imenso de Ciências e Letras da Universidade guês, apresentou, em um volume
vocabulário da língua portuguesa. Estadual Paulista (Unesp) de Arara- intitulado Ortografia nacional, uma
A imprensa aderiu depressa às re- quara (SP), defende que não preci- proposta de simplificação ortográ-
formas, mas o mesmo não deve saríamos de sinal gráfico algum além fica”, conta Elis de Almeida Cardo-
acontecer no mercado editorial de das letras. Ele lembra que no inglês so, da Faculdade de Filosofia, Le-
livros, particularmente em Portu- não há acentuação e que isso não ge- tras e Ciências Humanas da
gal, onde as mudanças são ligeira- ra problema para os usuários da lín- Universidade de São Paulo (USP).
mente maiores e há controvérsia gua. Cagliari acredita que o uso de Essa obra sugeria, por exemplo, a
entre os escritores. Porém, reformas acento gráfico em português gera supressão de símbolos de etimolo-
como essa são processos lentos, e o confusão, mas explica a sua origem e gia grega, como o ph, de pharmácia.
prazo para adequação ao acordo or- por que as mudanças na escrita da “Em 1907, as influências de Gon-
tográfico entre oito países de língua língua já realizadas ao longo da his- çalves Viana já haviam chegado ao
portuguesa – incluindo São Tomé e tória nunca contemplaram uma Brasil. Nesse ano, foi elaborado pe-
Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Ver- queda ampla e irrestrita da acentua- la Academia Brasileira de Letras
de, Angola e Moçambique, na Áfri- ção. “O uso das marcas de acento do (ABL), a partir de uma proposta de
ca, e Timor Leste, na Ásia – se es- português vieram da idéia das matres Medeiros de Albuquerque, um
tende até 2012. lectionis usadas pela escrita semítica projeto de reformulação ortográfi-
Serão mais de duas décadas de tra- (do árabe e do hebraico) para repre- ca”, acrescenta Elis.
vessia desde que Antônio Houaiss sentar a qualidade de certas vogais Embora essas propostas fossem se-
publicou A nova ortografia da lín- (distinção entre ê/é, ô/ó), porque o melhantes, apenas em 1915 a ABL
gua portuguesa (Ática, 1991). Ali alfabeto latino não tinha letras dife- aprovou um projeto do filólogo Sil-
estavam as mudanças atuais, que rentes para esses sons. As reformas va Ramos, que ajustou a reforma
deveriam ter entrado em vigor em ortográficas nunca tiraram o acento brasileira aos padrões da portugue-

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sa, de 1911. E, mesmo assim, ela


ainda teria suas idas e vindas. “Em
1919, o Brasil revoga, por indicação
do acadêmico Osório Duque Estra-
BR do Brasil

Enio Rodrigo

da, tudo que tinha sido estabelecido


em 1907”, comenta Elis, referindo-
se ao poeta parnasiano autor da letra
do Hino Nacional Brasileiro. Em
1931, Brasil e Portugal enfim assi-
nam um acordo. “Depois de oficia-
lizado em 1933, o acordo de 1931 é
derrubado pela Constituição brasi-
leira de 1934, que mandava voltar à
ortografia da Constituição de 1891.
Só em 1938, a paz ortográfica é res-
tabelecida, com a volta do acordo de
31”, finaliza. Inicia-se, ali, um pro-
cesso de uniformização da ortogra-
fia brasileira e portuguesa, que cul-
minou em um novo acordo assinado
em 1943.

CIZânias em outros idiomas Segun­


do Cagliari, da Unesp, esses emba- Claire Blanche-Benveniste e André países como a França, os Estados
tes também ocorreram em relação Chervel em 1978. Unidos e a Inglaterra não possuem
a línguas como o francês e o inglês, “Com relação à língua inglesa, não é leis ortográficas, e têm apenas uma
mas nunca resultaram em mudan- muito diferente. A Austrália resol- tradição escrita, que vai se modifi-
ças significativas. “A língua france- veu adotar uma ortografia própria, cando aos poucos.
sa tem uma longa tradição de brigas porque os australianos achavam que Já as colônias americanas da Espanha
no sentido de procurar modificar pronunciavam diferentemente as começaram cedo a propor alternati-
sua ortografia. Na prática, muito palavras. A reforma durou pouco e vas em relação às normas da Real Aca-
pouca coisa foi mudada nos últi- eles voltaram atrás. Por outro lado, demia Española (RAE). Em 1823, o
mos séculos. A difusão dos livros basta abrir os corretores ortográficos venezuelano Andrés Bello publicou,
agiu como uma força conservadora dessas línguas e vamos encontrar em Londres, a obra Indicaciones sobre
acima da vontade de muita gente muitas variantes locais, dialetais. As la conveniencia de simplificar la orto-
interessada em mudanças orto- diferenças passaram a fazer parte de grafía en América. Algumas das sim-
gráficas”, afirma Cagliari, dando uma tradição de uso dessas varieda- plificações sugeridas por Bello foram
como exemplo a influência da des da língua, sem a necessidade de incorporadas, em 1844, à proposta
obra L’Orthographe, publicada por unificação”. Cagliari acrescenta que feita pela Faculdade de Filosofia da

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Universidade do Chile ao governo de


seu país, a qual também foi adotada
na Colômbia, na Venezuela, no Equa-
dor, na Argentina e na Nicarágua. Até
BR do Brasil

Antônio Scarpinetti/Ascom Unicamp

mesmo a Academia Literária e Cien-


tífica de Professores de Instrução Pri-
mária de Madrid, na Espanha, já ha-
via adotado simplificações propostas
por Bello.
Naquele mesmo ano de 1844, no en-
tanto, a rainha Isabel II, da Espanha,
decretou que apenas as normas da
RAE deveriam ser seguidas. Na Amé-
rica Latina, o Chile foi o último país
a manter a ortografia sugerida por
Bello até 1927, quando aderiu às nor-
mas da academia espanhola. Apenas
no final do século passado, a RAE in-
corporou em suas edições do Diccio-
nario de la lengua española e da Orto-
grafía de la lengua española as variações
dialetais da Espanha e dos países Pesquisa realizada em Sergipe aponta índice de preconceito elevado na faixa de 7 a 8 anos
americanos. Em 1997, o escritor co-
lombiano Gabriel Garcia Márquez Preco n ceito
sugeriu o retorno às propostas de
Bello, durante o Primeiro Congresso Norma social torna a discriminação mais
Internacional da Língua Espanhola,
realizado no México com a presença velada à medida que as crianças crescem
de linguistas, escritores e autoridades
como o rei da Espanha. No evento, a Certo dia, quando estava no racial seja um tema amplamente
sugestão causou muita polêmica e maternal, Luana, então com três discutido na sociedade atual, a
nenhum entendimento. Cá e lá, o anos de idade, chegou em casa ponto do governo federal ter
embate entre tradição oral e escrita, chorosa porque um coleguinha criado uma secretaria
usos e costumes, literatos, filólogos e não a deixava brincar chamando-a especialmente dedicada ao tema:
linguistas permanece vivo e aqueci- de negrinha. A mãe lhe disse: a Secretaria Especial de Políticas
do, como a linguagem praticada por “mas teu pai também te chama de de Promoção da Igualdade Racial
qualquer povo ou nação. minha negrinha”. A menina (Seppir), o preconceito étnico
respondeu: “mas é de um jeito entre crianças é tema de poucas
Rodrigo Cunha diferente”. Embora o preconceito pesquisas. Uma das mais recentes

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