TUTOR: MATHEUS ANDRADE ⚫ “Escrever é, como falar, uma atividade de interação, de intercambio verbal. Por isso é que não tem sentido escrever quando não se está procurando agir com o outro, trocar com alguém alguma informação, alguma idéia, dizer-lhe algo, sob algum pretexto. Não tem sentido o vazio de uma escrita sem destinatário, sem alguém do outro lado da linha, sem uma intenção particular” ⚫ Irandé Antunes ⚫ Tal como falar, escrever é uma atividade necessariamente textual. Ninguém fala ou escreve por meio de palavras ou frases justapostas aleatoriamente, desconectadas, soltas sem unidade. O que vale dizer: só nos comunicamos através de textos. Sejam eles orais ou escritos. Sejam eles grandes médios ou pequenos. Tenham muitas, poucas, ou uma palavra apenas. Assim, a competência comunicativa, aquela que nos distingue como seres verbalmente atuantes, inclui necessariamente a competência para formular e entender textos orais e escritos. ⚫ Escrever é uma atividade tematicamente orientada. Ou seja, em um texto, há uma idéia central, um tópico, um tema global que se pretende desenvolver. Um ponto de chegada, para o qual cada segmento vai-se orientando. Assim como acontece numa caminhada. Não importa se estamos dissertando, contando uma história, fazendo um relatório, uma carta, ou a descrição de um aparelho. Não importa. Há sempre um ponto em vista. E perdê-lo significa romper com a unidade temática e comprometer a relevância comunicativa da interação • Escrever é uma atividade intencionalmente definida para se obter determinado fim, para cumprir determinado objetivo. Na verdade nenhum dizer é simplesmente um dizer. • Escrever é uma atividade que envolve além de especificidades linguísticas, outras, pragmáticas. • Ou seja, se escrever constitui uma atividade interativa, contextualmente situada e funcionalmente definida, é natural que cada texto seja marcado por pelas condições particulares de cada situação. Mas afinal o que é um texto?
⚫ Pode-se definir texto ou discurso como
ocorrência linguística falada ou escrita de qualquer extensão dotada de unidade sociocomunicativa semântica e formal. ⚫ São elementos desse processo as peculiaridades de cada ato comunicativo tais como: a intenção do produtor, o jogo de imagem que cada interlocutor faz de si e do outro, e tantas outros aspectos. Costa Val
⚫ Desse modo o que é pertinente numa situação
pode não o ser em outra. ⚫ O contexto sociocultural em que se insere o discurso também constitui elemento condicionante de seu sentido, na produção e na recepção, na medida em que delimita os conhecimentos partilhados pelos interlocutores, inclusive quanto às regras sociais da interação comunicativa (uma certa “etiqueta” sociocomunicativa, que determina a variação de registros, de tom de voz, de postura, etc.) O que é textualidade?
⚫ Chamamos de textualidade ao conjunto de
características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequência de frases. ⚫ Beuagrande e Dressler (1983) apontam sete fatores responsáveis pela textualidade de um discurso: a coerência e a coesão, a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade , a informatividade e a intertextualidade. Coerência e coesão
⚫ Coerência e fator fundamental da textualidade
porque é responsável pelo sentido do texto. Envolve não só os aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos na medida em que depende do partilhar de conhecimentos entre os interlocutores ⚫ O texto não significa exclusivamente por si mesmo, seu sentido é construído não só pelo não só pelo produtor, mas também pelo recebedor, que precisa deter os elementos necessários à sua interpretação. ⚫ Assim a coerência do texto deriva de sua lógica interna, resultante dos significados que sua rede de conceitos e relações põe em jogo, mas também da compatibilidade entre essa rede conceitual – o mundo textual – e o conhecimento de mundo de quem processa o discurso. Coesão
⚫ A coesão é a manifestação linguística da
coerência; advém da maneira como os conceitos e relações são expressos na superfície textual. ⚫ Responsável pela unidade formal do texto, constrói-se através de mecanismos gramaticais e lexicais como: pronomes, artigos, elipse, substituição, associação e outros O Show O cartaz O estádio O desejo A multidão A expectativa O pai O dinheiro A musica O ingresso A vibração A participação O dia A preparação O fim A expectativa A volta O vazio O show
⚫ Sexta-feira Raul viu um cartaz anunciando um show de
Milton Nascimento para a próxima terça-feira, dia 04/09, às 21h, no Ginásio do Uberlândia Tênis Clube. Por ser fã do cantor, ficou com muita vontade de assistir à apresentação. Chegando em casa, falou com o pai que lhe deu o dinheiro para comprar o ingresso. Na terça- feira, dia do show, Raul preparou-se, escolhendo uma roupa com que ficasse mais à vontade durante o evento. Foi pata o UTC com um grupo de amigos. Lá havia uma multidão em grande expectativa aguardando o inicio do espetáculo... ⚫ “No rádio toca um rock. O rock é um ritmo moderno. O coração também tem ritmo . Ele é um músculo oco composto de duas aurículas e dois ventrículos”.
⚫ No exemplo acima a presença de recursos
coesivos interfrasais não é suficiente para garantir textualidade à sequencia, já que ela não funciona como um todo significativo coerente. Intencionalidade
⚫ A intencionalidade concerne ao empenho do
produtor em construir um discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os objetivos que te em mente numa determinada situação comunicativa. A meta pode ser informar, impressionar, alarmar, convencer, pedir, ofender, etc., e é ela que vai orientar a confecção do texto. Aceitabilidade
⚫ Concerne à expectativa do recebedor de que
o conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, util e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. Situacionalidade
⚫ A situacionalidade diz respeito aos elementos
responsáveis pela pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à situação sociocomunicativa. ⚫ O contexto pode definir o sentido do discurso e, normalmente, orienta tanto a produção quanto a recepção. Em determinadas circunstancias um texto menos coeso e aparentemente menos claro pode ser mais adequado. Informatividade
⚫ Um texto com um bom nível de informação precisa
ter dados suficientes. Isso significa que o texto tem que apresentar todas as informações necessárias para que seja compreendido com o sentido que o produtor pretende. ⚫ Não é possível nem desejável que o discurso explicite todas as informações necessárias ao seu processamento, mas é necessário que ele deixe inequívocos todos os dados necessários à sua compreensão aos quais o recebedor não conseguirá chegar sozinho. Intertextualidade
⚫ Concerne aos fatores que que fazem a
utilização de um texto dependente do conhecimento de outros textos. ⚫ De fato “um discurso não vem ao mundo numa inocente solitude, mas constrói-se através de um já-dito em relação ao qual ele toma posição” ⚫ Inúmeros textos só fazem sentido quando entendidos em relação a outros textos, que funcionam como seu contexto. Sobre Peixes e Linguagem Marcos Bagno
⚫ Me ocorre frequentemente a idéia de que nós nos
relacionamos com a linguagem assim como os peixes se relacionam com a água. Fora da água, o peixe não existe, toda a sua natureza, seu desenho, seu organismo, seu modo de ser estão indissociavelmente vinculados à água... Não existimos fora da linguagem, não conseguimos imaginar o que é não ter linguagem, nosso acesso à realidade é mediado por ela de tal forma tão absoluta que podemos que podemos dizer que para nós a realidade não existe , o que existe é a tradução que dela nos faz a linguagem implantada em nós de forma tão intrínseca e essencial quanto nossas células e nosso código genético. Ser humano é ser linguagem. ⚫ À concepção de texto aqui apresentada, subjaz o postulado básico de que, o sentido não está no texto mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação. Fatores de Textualidade
⚫ A partir da década de 60 surgiram vários estudos
que têm contribuído para se entender os fatores que estão envolvidos na produção de sentido daquilo que é falado ou escrito. ⚫ Os autores afirmam que, apesar de os fatores centrados no texto constituírem os critérios mais evidentes de textualidade, não são por si suficientes para estabelecerem limites entre textos e não textos. Fatores Estruturais
⚫ Koch e Travaglia (1989) apresentam um
panorama das idéias que têm predominado sobre a coerência textual, e, em seguida, apontam como fator básico da textualidade a coerência que é vista como um princípio de interpretabilidade que é estabelecida na dependência de multiplicidade de fatores. Atividade
⚫ Internet: ponte ou muro entre as pessoas?
Maura Coradin Pandolfo
A internet é um grande passo rumo aos avanços
tecnológicos do século XXI. Ela é cada vez mais utilizada nos quatro cantos do mundo por pessoas que têm a intenção de se informar, manter contato com os semelhantes e facilitar sua vida. Para isso utilizam-se e-mails, blogs, chats, msn, sites de relacionamento entre outros meios de aproximação online. Muitos indivíduos já se conheceram pela internet: amigos, profissionais e estudantes com interesses em comum, e até mesmo casais. Mas até que ponto essa comunicação virtual é válida? Ela estreita os laços afetivos ou os extingue? É evidente que o uso da internet.... Fatores Estruturais
⚫ Superestruturas são esquemas cognitivos
aos quais os textos se adaptam. O conhecimento delas desempenha uma função importante tanto na produção da leitura como na produção da escrita de textos. ⚫ Tipo textual designa uma espécie de construção teórica (em geral uma sequência subjacente aos textos) definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações, lógicas, estilo). O tipo caracteriza-se muito mais como sequências linguísticas do que como textos materializados. ⚫ As tipologias textuais são ferramentas essenciais a serviço dos gêneros textuais e seu domínio é fundamental no trabalho com leitura e produção de textos.