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Luiz Marcelo Michelon Zardo

CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. ​Dependência e Desenvolvimento na América


Latina​. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. p. 16-39; 114-139.

Neste eminente trabalho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do sociólogo chileno Enzo
Faletto, busca-se compreender o processo de desenvolvimento na América Latina, assim como relacioná-lo à
dependência à qual se submete o subcontinente. A proposta dos autores é a de “vincular concretamente os
componentes econômicos e os sociais do desenvolvimento” (CARDOSO; FALETTO, p. 21), de sorte a lograr
uma interpretação alicerçada em termos de processo histórico, não se restringindo apenas ao nível estrutural ou
ao unitário. Busca-se, ainda, evitar incorrer no economicismo à medida que se anunciam esforços no sentido de
“explicar os processos econômicos enquanto processos sociais” (CARDOSO; FALETTO, p.23).
O argumento central de Cardoso e Faletto, em dissonância com as abordagens econômicas neoclássicas
para o desenvolvimento, é de que subdesenvolvimento e desenvolvimento não são etapas subsequentes pelas
quais passam as economias nacionais, mas sim “faces da mesma moeda”. Visa-se a situar historicamente os
concomitantes processos de desenvolvimento dos diferentes Estados, e nessa empresa percebe-se que entre o
mundo desenvolvido e o subdesenvolvido há relações de dependência, as quais evidenciam as interconexões
entre política e economia. É nesse contexto que se podem enunciar os conceitos de “centro” e “periferia”, que
destacam uma divisão funcional à qual se submetem as economias nacionais no mercado mundial. Outrossim, os
autores discordam da CEPAL e consideram que a mera substituição de importações não é capaz de garantir a
autonomia nacional, consoante exemplifica o excerto que segue: “uma sociedade pode sofrer transformações
profundas em seu sistema produtivo sem que se constituam, ao mesmo tempo, de forma plenamente autônoma os
centros de decisão e os mecanismos que os condicionam” (CARDOSO, FALETTO, p. 27). Afinal, “tanto o fluxo
de capitais quanto o controle das decisões econômicas ‘passam’ pelo exterior” (CARDOSO, FALETTO, p. 126).
Adquirindo grande complexidade, as relações de dependência nos Estados em processo de industrialização
passam a dar-se no âmbito do próprio mercado interno. Em outras palavras, é dizer que o mercado interno das
nações dependentes se internacionaliza. A explicação para isso é relativamente simples: os grupos que adquirem
protagonismo nas economias dependentes são o capital monopolista e financeiro, fortemente vinculados ao
mercado interno desses países.
Também é importante a consideração de que as relações de dependência evoluem conforme os
movimentos da estrutura econômica mundial; assim, relações de dependência completa, como os modelos
coloniais, cederam espaço a situações mais complexas como a hodierna, em que há uma margem de autonomia
limitada na periferia mundial. Nesse diapasão, pode-se observar que “cada forma histórica de dependência
produz um arranjo determinado entre as classes, não estático, mas de caráter dinâmico” (CARDOSO,
FALETTO, p. 35). Logo, chega-se à conclusão de que “a dinâmica que pode adquirir o sistema econômico
dependente, no âmbito da nação, está determinada - dentro de certos limites - pela capacidade dos sistemas
internos de alianças para proporcionar-lhe capacidade de expansão” (CARDOSO, FALETTO, p. 36). No
momento de escrita do texto, por exemplo, forma-se uma estrutura interna de dominação sustentada mormente
pelo capitalismo monopolista e financeiro, e não mais pelo agroexportadorismo e/ou pelas indústrias leves.
O fato básico a distinguir as economias centrais das periféricas, para Cardoso e Faletto, é a maneira pela
qual se vinculam ao mercado mundial. No caso da Periferia, é importante notar que as relações contemporâneas
se dão não mais apenas através do mecanismo comercial, mas também através do investimento direto. Essa
dependência pode ser apenas parcialmente combatida pelo Estado; este, através de uma atuação ativa, seria capaz
de salvaguardar uma parcela da economia nacional - contudo ,“certas normas universais do funcionamento de
um sistema produtivo moderno, impostas pelo mercado universal não permitem alternativas: a unificação dos
sistemas produtivos leva à padronização dos mercados e a seu ordenamento supranacional” (CARDOSO,
FALETTO, p. 130). Não menos basilar é a percepção de que as sociedades dependentes à época de escrita eram
marcadas por forte heteronomia, isto é, pela coexistência de um setor econômico moderno com a indústria mais
tradicional e a antiga unidade agroexportadora, sem que o primeiro tenha forças para expandir-se a ponto de
suplantar os dois últimos.
Por fim, os autores também atentam à conversão, na América Latina, de regimes
democráticos-representativos em regimes autoritário-corporativos, sustentados pelas grandes organizações
nacionais como as burocracias e o Exército. Na visão deles, é essa a forma pela qual estaria se sustentando o
modelo.
Pergunta: ​Quais são os elementos marxistas e weberianos no texto de Cardoso e Faletto?

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