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SUMMARY
The main aim of this study was the identification of some CCP (Critical Control
Points) in the “prato” and “mozzarella” cheese manufacturing processes in an agroindustry
located in Tenente Portela – RS. An analytical study of the microbial quality was accomplished
at ten processing points (raw milk, pasteurized milk, water from the faucet, “prato” and
“mozzarella” cheese before and after the salting step, sliced “prato” and “mozzarella” cheese
and analysis of the salty water) using as indicators: total and faecal coliforms; Staphylococcus
aureus; Salmonella; mesophilic aerobic microorganisms. It was observed that the critical
points in the factory were the water from the faucet, the salty water and the extensive
manipulation of the product. Thus it was concluded that the application of Good
Manufacturing Practices allied to employee training and improved consciousness of the
directorate with respect to the improvement of the water quality, the installations and
employee programs for quality and motivation would contribute to the guarantee of product
quality, resulting in a product with greater consumer acceptance and safety.
PALAVRAS-CHAVE
KEY WORDS
Pontos críticos de controle; Queijo Prato; Queijo
Mussarela / Critical control points; “Prato” cheese“;
“Mozzarella” cheese.
Braz. J. Food Technol., v.6, n.1, p.43-51, jan./jun., 2003 43 Recebido / Received: 05/04/2002. Aprovado / Approved: 11/10/2002.
R. GOLLO et al. Identificação de Alguns Pontos Críticos
de Controle no Processamento dos
Queijos Prato e Mussarela
Leite Cru
Ponto de Coleta 1
Ponto de Coleta 2
Pasteurização
Coagulação do Leite
Corte da massa
Mexedura e aquecimento da
massa
Drenagem do soro
Fatiação
Ponto de Coleta 5 Ponto de coleta 8
Embalagem
Processo de fabricação
Queijo Prato
Expedição
Queijo Mussarela
FIGURA 1. Fluxograma do processo de fabricação dos queijos Prato e Mussarela e os pontos de coletas das amostras utilizadas para
avaliação das condições microbiológicas durante o processamento.
As amostras de leite, salmoura, água e queijos (Prato e • Salmonella - pré-enriquecimento em caldo lactosado
Mussarela), para análises microbiológicas, foram coletadas nos a 35ºC por 24 horas; enriquecido em caldo tetrationato e
pontos críticos estabelecidos anteriormente, em frascos caldo selenito cistina a 35ºC por 24 horas; plaqueamento
esterilizados e/ou embalagens próprias (queijos) diferencial em Rambach a 35ºC por 24 horas (SILVA et al. 1997).
acondicionados em caixa de isopor com gelo e transportados • Staphylococcus sp em meio Agar Bair Parker (BP)
ao laboratório. Para cada ponto de coleta foram obtidas incubados a 35ºC por 48 horas (SILVA et al. 1997).
apenas duas amostras sendo coletadas no dia 26/10/01
(amostra I) e no dia 14/11/01 (amostra II), respectivamente. As Para salmoura foram efetuadas as seguintes análises:
amostras dos queijos foram coletadas do mesmo lote da • Contagem padrão em placas de bactérias mesófilas
matéria-prima. aeróbicas ou facultativas viáveis, incubadas à temperatura de
35ºC por 48 horas, segundo metodologia descrita por SILVA
et al. (1997).
2.3 Preparo das amostras
Para água de torneira foram efetuadas as seguintes I 1,2x103 (3,08) 2,2x106 (6,34)
análises:
II 1,9x103 (3,28) 5,5x104 (4,74)
• Contagem padrão em placas de bactérias mesófilas
aeróbicas ou facultativas viáveis, incubadas à temperatura de
35ºC por 48 horas, segundo metodologia descrita por SILVA A Tabela 1 mostra que os resultados das duas análises
et al. (1997). feitas para contagem de bactérias aeróbias mesófilas totais
• Determinação de NMP (número mais provável) de em água da torneira estão acima dos padrões legais vigentes
bactérias coliformes fecais e totais, sendo inicialmente para potabilidade da água, que é de 5,0x 102 UFC/mL
incubadas em caldo Lauril (LST) na temperatura de 32ºC por (log 10 UFC/mL=2,69) (ANVISA,2001), portanto não é
48 horas, sendo que os tubos positivos (+) foram semeados e recomendada para o consumo humano.
incubados em caldo Brila a 35ºC por 48 horas e em caldo EC Para salmoura observou-se um valor elevado na
a 42,5ºC por 48 horas, utilizando série de 10 tubos, segundo amostra I e menor na amostra II, porém ambas podem indicar
metodologia descrita por SILVA et al. (1997). fonte de contaminação cruzada para os queijos.
Concentrações altas de sal deveriam inibir o desenvolvimento
Para o leite cru, leite pasteurizado e queijos foram
de microrganismos, porém o uso de água com teor elevado
realizadas as seguintes análises:
de microrganismos mesófilos, associados à freqüente
• Contagem padrão em placas de bactérias mesófilas manipulação desta, podem explicar a contaminação na
aeróbicas ou facultativas viáveis, incubadas à temperatura de salmoura.
35ºC por 48 horas, segundo metodologia descrita por SILVA O valor máximo recomendado para salmoura por
et al. (1997). LOURENÇO NETO (1996) e FONSECA (1996), equivale
• Determinação de NMP (número mais provável) de a 1,0x10 5 UFC/mL para contagem de aeróbios mesófilos.
bactérias coliformes fecais e totais, sendo inicialmente Esses resultados indicam que o controle deve ser
incubadas em caldo Lauril (LST) na temperatura de 32ºC por estabelecido para os procedimentos diários de
48 horas, sendo que os tubos positivos (+) foram semeados e manutenção e semanais de regeneração da salmoura.
incubados em caldo Brila a 35ºC por 48 horas e em caldo EC Os procedimentos semanais de controle da salmoura
a 42,5ºC por 48 horas, utilizando 3 séries de 3 tubos, segundo abrangem contagem de aeróbios mesófilos e controle
metodologia descrita por SILVA et al. (1997). organoléptico (padrões de cor e odor).
TABELA 2. Contagem de microrganismos mesófilos totais (UFC/mL e/ou log10UFC/mL) nas amostras de leite cru e pasteurizado e
nos queijos Prato e Mussarela.
Data de 1 2 3 4 5 6 7 8
Amostragem
Onde: 1 – Leite Cru; 2 – Leite Pasteurizado; 3 – Queijo Prato antes da salmoura; 4 – Queijo Prato depois da salmoura; 5 – Queijo Prato fatiado;
6 – Queijo Mussarela antes da salmoura; 7 – Queijo Mussarela depois da salmoura; 8 – Queijo Mussarela fatiado.
DE CASTRO (1998) estabeleceu limites críticos para BARROS et al. (1984) e FROEDER et al. (1985) encontraram
controle diário da salmoura do queijo Minas Frescal, que valores médios de 6,5x106 UFC/mL, 2,0x107 UFC/mL e 4,0x106
incluem temperatura da salmoura (10 - 12ºC), concentração UFC/mL, respectivamente.
de sal (17 -18ºBé), a acidez (20 - 25ºD), tempo de duração Quanto ao leite pasteurizado, embora a Resolução nº
(uma hora e meia) e número máximo de queijos (25 caixas). A 12 de 2 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância
combinação da temperatura, acidez e concentração de sal Sanitária – Ministério da Saúde (ANVISA, 2001), atualmente
(aproximadamente 17%) são efetivas na eliminação de em vigor, não estabeleça padrões para contagem total de
patógenos de interesse como Salmonella spp., Listeria bactérias mesófilas, a antiga Portaria da Divisão Nacional de
monocytogenes e S. aureus. Esses microrganismos são Vigilância Sanitária de Alimentos – Ministério da Saúde
inibidos por concentrações de 10 e 16% de sal, e essa inibição (DINAL,1987) estabelece um limite máximo de 3,0x105 UFC/
pode ser potencializada quando a temperatura e pH forem mL (log10 = 5,47) o qual pode ser usado. Assim, observa-se na
baixos. Tabela 2 (ponto 2) que os resultados de todas as análises
encontram-se abaixo do limite máximo permitido, indicando
Os resultados das análises do leite cru, pasteurizado e
que a pasteurização foi eficiente em relação a este grupo de
dos queijos, nos diversos pontos do processo, estão
microrganismos.
apresentados na Tabela 2.
No entanto, a contagem de microrganismos
De acordo com COSTA et al. (1989), o leite cru pode
mesofílicos totais mesmo não possuindo padrões oficiais
ser considerado de boa qualidade quando a contagem geral não é válida para refletir as condições de processamento
das bactérias for inferior a 1,5x105 UFC/mL, porém observa-se dos produtos fermentados, como é o caso dos queijos
que os valores de contagem de microrganismos mesófilos Prato e Mussarela, já que a adição de culturas lácteas
totais para leite cru (Tabela 2 - ponto 1), estão acima do influencia no resultado, como os que podem ser
estipulado pelo referido autor. A alta carga microbiana observados na Tabela 2.
mesofílica do leite cru pode estar diretamente associada ao
As Tabelas 3, 4 e 5 reportam a ocorrência ou não de
grau de contagem inicial do mesmo, bem como ao binômio
coliformes totais e fecais nos vários pontos de coleta.
tempo/temperatura em que este permanece desde a ordenha
até o processamento.
Os valores de contagem para as bactérias mesófilas TABELA 3. Número mais provável (NMP/100mL) do grupo
no leite cru encontrados neste trabalho foram superiores de coliformes totais e fecais nas amostras de água da
àqueles analisados por PONSANO et al. (1998) e RIGONI (2000) torneira.
que obtiveram uma média de 1,2x106 UFC/mL das 18 amostras
de leite cru comercializadas no município de Araçatuba –SP e Data de Coliformes Totais Coliformes Fecais
de no máximo 6,38 x105 UFC/mL em análise de leite cru amostragem (NMP/100mL) (NMP/100mL)
(plataforma) de uma indústria do município de Gaurama-RS,
respectivamente. I 16,1 Ausente
Outros autores reportaram a avaliação do leite cru em II 23 Ausente
termos de bactérias aeróbias mesofílicas. DEZEN et al. (1997),
TABELA 4. Número mais provável (NMP/mL) do grupo de coliformes totais nas amostras de leite cru, leite pasteurizado e nos
queijos.
Data de 1 2 3 4 5 6 7 8
Amostragem
Onde: 1 – Leite Cru; 2 – Leite Pasteurizado; 3 – Queijo Prato antes da salmoura; 4 – Queijo Prato depois da salmoura; 5 – Queijo Prato fatiado;
6 – Queijo Mussarela antes da salmoura; 7 – Queijo Mussarela depois da salmoura; 8 – Queijo Mussarela fatiado.
TABELA 5. Número mais provável (NMP/mL) do grupo de coliformes fecais nas amostras de leite cru, leite pasteurizado e nos
queijos.
Data de 1 2 3 4 5 6 7 8
Amostragem
Onde: 1 – Leite Cru; 2 – Leite Pasteurizado; 3 – Queijo Prato antes da salmoura; 4 – Queijo Prato depois da salmoura; 5 – Queijo Prato fatiado;
6 – Queijo Mussarela antes da salmoura; 7 – Queijo Mussarela depois da salmoura; 8 – Queijo Mussarela fatiado; M – Mussarela; P - Prato.
fecais, indicando provável ocorrência de recontaminação todas as amostras de queijos tenham apresentado valores
causada pela salmoura, já que houve ausência desse inferiores aos padrões para este microrganismo, estes
microrganismo no leite pasteurizado e teores baixos nos resultados indicam que as condições de sanitização das
queijos Prato e Mussarela antes da salmoura. superfícies não estavam satisfatórias, o mesmo não ocorrendo
nas amostras II, pois obteve-se para a maioria das amostras
A incidência de coliformes totais e fecais nos produtos
ausência e/ou valores baixos para este patógeno, indicando
lácteos (leite, queijo) comercializados em Fortaleza-CE foi
que houve melhorias no processo de sanitização da indústria.
verificada por BRITO et al. (1995). Os resultados obtidos
revelaram que 52,2% das amostras de leite analisadas estavam Embora tenham sido observados valores baixos de S.
condenados por coliformes totais e 47,8% por fecais, ao passo aureus, esses resultados devem ser vistos com reservas, em
que 43,1% dos queijos foram condenados por coliformes primeiro lugar, porque o produto apresenta um histórico
fecais. Com estes resultados os autores concluíram que o recente de problemas com esse microrganismo. Em segundo,
percentual de presença de coliformes totais e fecais nestes porque conforme BENNETT, LANCETTE (1996), pode-se
alimentos é bastante elevado, comprometendo a saúde dos observar a produção de enteroxina por cepas atípicas de S.
consumidores. aureus e por outras espécies de Staphylococcus diferente de
S. aureus, contradizendo o consenso de que somente cepas
Os coliformes totais são indicadores de contaminação de S. aureus com reação de coagulase positiva são
por material fecal menos eficiente que o grupo dos coliformes enteroxicogênicas. Portanto, deve-se considerar que espécies
fecais e o microrganismo Escherichia coli, uma vez que esse diferentes de S. aureus possam ser toxicogênicas e constituir
grupo abrange gêneros de microrganismos não-entéricos, um perigo à saúde.
como Serratia e Aeromonas. Entretanto, esse grupo ainda é
muito utilizado como indicador de contaminação pós- Enquanto os resultados obtidos pela análise de
sanitização e pós-pasteurização, como no caso do Brasil que Staphylococcus spp. não forneceram resultados conclusivos,
os coliformes totais são utilizados como referência pela os indicadores de contaminação por material fecal revelaram
legislação federal (DE CASTRO, 1998). altas taxas de contaminação (ponto 4 – Tabela 5), excedendo
os limites permitidos pela legislação federal. Vários patógenos
A Tabela 6 apresenta a contagem de microrganimos S. de interesse podem estar associados à contaminação por
aureus nos vários pontos de coleta. material fecal, dentre eles podem-se destacar o gênero
A legislação em vigor Resolução nº 12 de 02/01/01 Salmonella, cepas enterotoxigênicas de E. coli e Campylobacter
(ANVISA, 2001) estipula um máximo de 103 UFC/g (log10 = 3) jejuni.
para S. aureus, em queijo tipo prato. MARGOLLES et al. (1996) encontraram uma associação
O microrganismo S. aureus é indicador de significativa entre altas contagens de coliformes e a presença
contaminação pós-processamento por falhas na manipulação de Listeria spp. e Listeria monocytogenes em amostras de
queijo. GENIGEORGIS et al. (1991) citado por MARGOLLES et
pelo operador ou aplicação de procedimentos inadequados
al. (1996) também observaram uma associação entre altas
de sanitização.
contagens de aeróbios mesófilos e L. monocytogenes. Esses
De acordo com a Tabela 6 pode-se verificar que a resultados sugerem que condições precárias de manipulação
pasteurização foi eficiente na eliminação deste patógeno, já favorecem a contaminação tanto de coliformes como de Listeria
que constatou-se ausência deste microrganismo em 100% ssp. Atualmente, o microrganismo L. monocytogenes tem sido
das amostras de leite pasteurizado. Pode-se verificar também considerado um dos mais importantes patógenos em
que ocorreu uma recontaminação pós-pasteurização. Embora associação a produtos lácteos.
TABELA 6. Contagem de microrganismos S. aureus (UFC/ml e/ou log10) nas amostras de leite cru, leite pasteurizado e nos queijos
Prato e Mussarela.
Data de 1 2 3 4 5 6 7 8
amostragem
I 5,5x102 Ausente ------- ------- ------- 6x102 5x102 1x102
(2,74) (2,77) (2,69) (2,0)
I Ausente Ausente 2x102 3,5x102 ------- ------- ------- -------
(2,30) (2,54)
II 1,4x103 Ausente ------- ------- ------- Ausente Ausente Ausente
(3,14)
II 1,4x103 Ausente Ausente 1x101 4x101 ------- ------- -------
(3,14) (1,0) (1,60)
Onde: 1 – Leite Cru; 2 – Leite Pasteurizado; 3 – Queijo Prato antes da salmoura; 4 – Queijo Prato depois da salmoura; 5 – Queijo Prato fatiado;
6 – Queijo Mussarela antes da salmoura; 7 – Queijo Mussarela depois da salmoura; 8 – Queijo Mussarela fatiado.
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