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No texto, Paulo Roberto Cimó Queiroz irá explicar a história do Banco Rio e
Mato Grosso (BRMT), criticando, inclusive, a negligencia historiográfica pois são poucas
as obras que tratam esse tema especificamente, e quando fazem é sempre de forma
muito breve e sintética, o autor ainda explana a importância do banco na formação da
Companhia Matte Laranjeira (CML) , tecendo comentários relevantes quanto ao
momento histórico vivido na época pela empresa, entendendo as dificuldades, desafios
e conquistas, prestando atenção nas forças econômico-políticas e como influenciam no
resultado.
Foi concedido ao BRMT 500 mil hectares de terras para fins de colonização no
Mato Grosso, dividido em 10 glebas de 50 mil hectares, através do decreto 1.149
“preferência na obtenção de favores”, concessão de terras gratuitas. A sede do banco
era situada no Rio de Janeiro e onde atuava também, porém o intuito desde o início
era no MT, uma filial localizada na cidade de Corumbá.
O banco não podia ser considerado algo bastante lucrativo, era sólido, mesmo
durante a crise da virada do século ele se manteve consideravelmente bem, relatórios
afirmavam que operações industriais definiam a maior parte dos investimentos. Na
verdade, documentos da época mostram que o BRMT passou maior parte do tempo
em processo de retração por conta das crises políticas e econômicas de âmbito
nacional. Por outro lado, operações industriais cresciam cada vez mais.
No Mato Grosso o BRMT se interessou pelo ramo das extrações, primeiro pela
borracha que resultou em uma série de fracassos, aonde obteve grande sucesso foi na
extração de ervas no antigo sul de Mato Grosso, área que teve início após a abertura
da navegação brasileira pelo Rio Paraguai, facilitando o intercâmbio com a Argentina,
que era o principal comercio de erva mate da época.
A relação do BRMT com a CML foi de grande sucesso, foi de fato uma ideia
interessante, a criação do banco possibilitou a acumulação de capital, que pode ser
investido na empresa obtendo bastante lucro para ambos, e ocasionando crescimento
regional, por meio das atividades exportadoras. O contexto histórico mostra que o
mundo nesse período estava em processo de aceleração na capitalização dos países,
consequentemente no estímulo de industrias de caráter extrativo em países pobres
para suprir a demanda dos países industrializados.
A situação fica muito complicada em 1901 quando ocorre uma revolta armada
por desavenças políticas, que acabou repercutiu de forma negativa para o BRMT,
perdeu vínculo com os irmãos Corrêa da Costa dois grandes colaboradores em Mato
Grosso, acredite-se em conspiração, baixa rentabilidade ou mesmo entenda como
jogos políticos, em 1902 o banco entra em processo de liquidação amigável.