Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Uma turma é sempre diferente da outra. Você sabe disso. E sabe também
que, ao iniciar o trabalho com um novo grupo, é fundamental conhecê-lo
bem. Só assim podem-se definir com clareza as melhores estratégias e os
métodos e materiais a serem usados. É disso que trata o plano de trabalho.
Baseado na proposta pedagógica da escola, ele deve também ser norteado
pelo planejamento específico de cada série ou ciclo que varia de uma escola
para outra. "O plano de trabalho trata das especificidades e demandas de
cada turma", explica Maria Luisa Merino Xavier, professora da Faculdade de
Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É importante,
portanto, conversar com os professores da série anterior; descobrir se há
alunos na turma com necessidades especiais; se existem, por exemplo,
crianças de diversas culturas, etnias ou religiões; e pesquisar o histórico
escolar de cada um. Entrevistas com os pais ou responsáveis também são
úteis para saber com quem a criança mora, o que faz nas horas de lazer, se
tem algum problema de saúde, de que brinquedos gosta e em que outras
escolas estudou e como foram essas experiências. "É bom descobrir o que
os pais pensam, o que esperam da escola e o que desejam para seus
filhos", afirma Maria Luisa. Em sala, é hora de observar quem desenha bem,
tem facilidade ou não para leitura, gosta de falar ou é mais tímido. Com
tantas informações em mãos, você poderá elaborar estratégias adequadas
para todo o grupo considerando as características de cada um. "O plano de
trabalho não pode estar pronto nos primeiros dias de aula porque exige
contato prévio com alunos e pais", afirma a professora. Além disso, é
preciso levar em conta o seguinte: mesmo que você planeje suas aulas de
acordo com os conteúdos a ser abordados, sempre haverá, ao longo do ano,
a necessidade de mudar os rumos. Um dos motivos é atender às
necessidades momentâneas dos alunos. De que adianta, por exemplo,
seguir o roteiro sem abordar temas que todos vêem na TV, como as
catástrofes naturais ocorridas ultimamente? "As aulas consistem em uma
seleção pertinente para o momento, pois os conteúdos não se esgotam", diz
Maria Luisa.
A avaliação sempre deve estar a serviço do aluno. Isso significa que ela não
tem como objetivo determinar as notas a ser enviadas à secretaria, mas
acompanhar o caminho que o aluno faz, descobrir suas dificuldades e
necessidades e alterar os rumos, se preciso. Ela é constante e pode ser feita
durante trabalhos em grupo, jogos e brincadeiras. Só que o olhar do
professor, nesses momentos coletivos, deve ser sempre para cada
estudante. "Assim se observam os interesses e os avanços de todos na
turma", revela Jussara Hoffmann, consultora em educação, de Porto Alegre.
Ao pensar em avaliação, você pode lançar mão de atividades interativas em
que existam o diálogo, a troca entre os alunos, a participação e a
cooperação. Também é importante ter conversas individuais com os alunos,
olhar o caderno e as produções, perguntar o que aprenderam e do que
gostaram. O questionamento constante dá aos estudantes a oportunidade
de aprofundar as suas respostas. Para que você aproveite tudo isso, o
registro diário é fundamental. "A observação só se torna um instrumento
válido quando é registrada. As anotações mostram em que as crianças se
desenvolveram e em que elas ainda precisam avançar", afirma Jussara.
Você pode ainda avaliar a produção de texto individual, as manifestações
dos alunos sobre diversos assuntos ou sobre um mesmo tema, em vários
momentos e as atividades menores, individuais e freqüentes, corrigidas
imediatamente. É preciso garantir que o aluno possa expressar seu
conhecimento de muitas maneiras (em músicas, textos, pinturas, fotos).
Tudo isso contribui para a aprendizagem. O processo é semelhante a um
percurso e seu papel não é esperar os alunos no final. Você acompanha a
turma, ajudando a ultrapassar os obstáculos do caminho.
Receber uma criança com deficiência não deve ser motivo de angústia.
Cada vez mais a inclusão escolar tem sido discutida no meio educacional, e
os professores hoje conseguem encontrar, em parceria com os pais, a
coordenação da escola e os especialistas nas deficiências, caminhos seguros
para trabalhar. "A escola serve para ampliar os conhecimentos dos
estudantes. Por isso, o primeiro passo é procurar saber o que o aluno com
deficiência já sabe e quais são as possibilidades que ele tem de aumentar
esses conhecimentos", ressalta Maria Teresa Eglér Mantoan, da
Universidade Estadual de Campinas. Procure descobrir como tem sido a
experiência da criança, pesquisando seu histórico escolar e trocando
informações com os pais e os professores das séries anteriores. Se ela
estiver recebendo atendimento educacional especializado no contraturno em
alguma instituição, é importante conversar com os especialistas ao longo de
todo o ano para acompanhar seu desenvolvimento. Isso pode ajudar muito
a planejar as aulas, definir estratégias e escolher os melhores materiais o
que é bom não só para o aluno com deficiência mas para a turma toda. Se
sua escola já oferece esse atendimento, a parceria com o professor
especialista se dará de maneira ainda mais efetiva, pois o contato é diário.
No caso de haver uma criança cega, esse profissional pode, por exemplo,
ajudar você a elaborar materiais concretos para ensinar um conteúdo de
Matemática (como figuras geométricas feitas em relevo, com tinta plástica
ou sementes coladas no papel). "O professor deve receber essa criança
como ele recebe todas as outras. Ela é, acima de tudo, um aprendiz",
afirma Maria Teresa.
Estudar história local com a turma é uma prática muito comum e pode ser
uma experiência importante e enriquecedora desde que o resultado não se
torne uma mera coletânea de curiosidades, hábitos e causos sobre o lugar e
seus moradores. Por isso, ao pensar nos conteúdos que serão abordados
durante o ano, é preciso levar em conta as respostas para algumas
perguntas que você deve fazer a si mesmo: posso com isso contribuir para
transformar minha região? Em que esse assunto ajudará meu aluno em sua
vida diária e no seu processo de formação como cidadão? Como fazer com
que ele tenha uma aprendizagem significativa? "Em cada contexto social,
político e geográfico as respostas são diferentes. Portanto, só o professor
tem reais condições de respondê-las e de formular as melhores propostas
didáticas", diz o selecionador do Prêmio Victor Civita Daniel Helene. "O
importante é levar os alunos a enxergar a realidade com um olhar crítico."
No norte do Maranhão, por exemplo, algumas empresas usam mão-de-obra
infantil. Por que não estudar a história local para compreender essa
problemática? Em alguns municípios de Rondônia, na fronteira com a
Bolívia, muitos estudantes discriminam os colegas vindos do país vizinho.
Estudar a formação dessas cidades é um caminho para combater o
preconceito. Ações como essas, baseadas em problemas que exigem
solução imediata, tornam o ensino de História dinâmico.
16. Geografia: ela não está só nos mapas mas também no cotidiano
Para que essa disciplina faça sentido desde a Educação Infantil, uma boa
seqüência de conteúdos é fundamental. Caso contrário, conceitos como
ordem, hierarquia e proporção — importantes para a área — não serão
assimilados pelas crianças. Segundo Sueli Furlan, selecionadora do Prêmio
Victor Civita, as primeiras noções de Geografia são adquiridas ainda na pré-
escola. Para que a criança aprenda cartografia, por exemplo, deve-se partir
do conhecimento prévio que cada uma delas possui. "Para calcular uma
distância, os alunos podem usar objetos de diferentes tamanhos, passadas,
o palmo ou um barbante", exemplifica. Dessa forma, ao chegar à 1ª série,
eles já adquiriram conhecimento sobre espacialidade e hierarquia. Daí em
diante, brincadeiras e jogos ajudam. No futebol, conhecer as posições dos
jogadores faz a turma assimilar noções de perto, longe, ao lado, fora,
dentro e lateral direita e esquerda. De 5ª a 8ª série, é hora de usar os
mapas como fonte de informação para o estudo do mundo em que vivemos.
Os alunos devem estudar como se produz a cartografia, quais são suas
fontes de informação e qual o papel das cores, dos números e dos símbolos
nos mapas.