Sei sulla pagina 1di 657

Manual de Boas Práticas

Prevenção e Controlo da Infecção

Edição de: União das Misericórdias Portuguesas (UMP)

Coordenação Técnica: Membros do Núcleo Central da CCI-UMP

“Quando todos os intervenientes da saúde aceitarem que a linguagem


científica, a Ciência, é a que permite mais claramente definir as
prioridades no mundo da saúde, então as guidelines serão os
instrumentos que poderão pôr de acordo toda a gente”

http://www.semanamedica.com/
Prólógó
As variações da prática clínica são um dos aspectos que mais afectam a qualidade e
segurança dos cuidados de saúde onde quer que estes sejam prestados. Entre as
explicações mais plausíveis para esta variação nas práticas, podemos salientar as
diferentes culturas existentes nas unidades de saúde e entre os próprios grupos
profissionais.
Para fazer face a esta variação de práticas, uma das ferramentas básicas para a sua
uniformização e homogeneidade, consiste na elaboração de guias que integrem as boas
práticas profissionais, facilitem a actuação nas Unidades de Cuidados Continuados (UCCI),
recolham a evidência cientítica actualizada, o conhecimento e a experiência dos nossos
profissionais e os encorajem ao cumprimento dos critérios e requisitos da boa prática
profissional e dos princípios éticos que a norteiam.
No que se refere às Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS), o Manual
de Boas Práticas da UMP é elaborado com base nas Guidelines nacionais e internacionais
disponívies, mas sobretudo, nas normas e recomendações elaboradas pela Direcção-Geral
da Saúde - Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção Asssociada aos
Cuidados de Saúde (PNCI), pela Unidade de Missão para os Cuidados Continuados
Integrados (UMCCI) e pelas Sociedades e Associações Científicas Nacionais e
Internacionais.
Estamos convencidos de que este manual irá de encontro às necessidades das UCC
das Misericórdias, na medida em que se pressupõe que constitua um aporte valioso de
conhecimentos a aplicar na melhoria da prática clínica e que poderá ser de grande
utilidade também para os nossos gestores, técnicos e profissionais em geral, que dia-a-dia
executam as suas acções e tarefas no sentido da qualidade dos cuidados e da segurança
dos utentes.
Os membros do Núcleo Central da CCI-UMP agradecem a colaboração dos
profissionais, que com os seus contributos irão permitir enriquecer e melhorar as
Recomendações, quer no seu formato, quer nos conteúdos.

O Coordenador do Núcleo Central da CCI-UMP


Dr. Manuel Caldas de Almeida
Nóta Intródutória

Um Sistema Nacional de Saúde moderno, de qualidade, equitativo e custo-efetivo deve


basear-se, tanto quanto possível, na melhor evidência científica disponível, já que se
acredita que esta permite melhorar a qualidade global do sistema. Esta abordagem
aplica-se aos três níveis de decisão em saúde: o da prática clínica assistencial, o da
gestão/administração e o da decisão política.

O Manual de Boas Práticas constitui-se como um conjunto de recomendações


desenvolvidas de forma sistematizada, tornando-se um instrumento destinado a
apoiar todos os profissionais que pertencem à equipa multidisciplinar da Unidade e o
doente, na tomada de decisões acerca das intervenções em saúde, em contextos bem
definidos.

As referidas recomendações servem diversos propósitos e dirigem-se a diferentes


públicos: aos profissionais, aos doentes, à Instituição e ao sistema na sua globalidade,
pois podem melhorar os resultados (outcomes), aumentar a eficiência clínica e
minimizar os riscos, evitando as intervenções desnecessárias, ineficazes ou mesmo
prejudiciais.

O Manual de Boas Práticas agrega um conjunto de recomendações e de conteúdos


relevantes referentes à prevenção e controlo das IACS, que visam promover a Boa
Prática e estimular a definição de regras na prestação dos cuidados, tendo em conta as
condições de assepsia, higiene e segurança para doentes e profissionais e a prevenção
da transmissão cruzada da infeção. O Manual é, pois, um guia orientador, porque
fornece um conjunto de padrões de referência para a execução das técnicas e dos
procedimentos, permitindo a aplicação uniforme das boas práticas nas unidades e a
comparação do que se faz na prática com o que é preconizado pelos padrões de
qualidade dos cuidados, de modo a facilitar a deteção de desvios ou inconformidades e
a potenciar a melhoria contínua das práticas adotadas com o objetivo último de se
garantir a qualidade na prestação dos cuidados e a segurança dos doentes.
O Manual de Boas Práticas será composto por doze (12) capítulos, cada um com uma
designação global onde se insere um conjunto de subcapítulos correspondentes aos
conteúdos das várias temáticas relativas à prevenção e ao controlo da infeção. Cada
capítulo irá integrar o número de recomendações consideradas relevantes para o tema
em causa. Os conteúdos poderão ter que ser alterados e/ou adaptados, ao longo do
processo de elaboração do Manual. No entanto, sempre que se verifique esta
necessidade, a CCI-UMP procederá à atualização dos documentos e notificará as UCCI
da alteração introduzida.

De referir, que se optou por uma estrutura simples mas apelativa, em formato de
pasta de arquivo, com molas, de modo a permitir o acesso fácil à consulta das
Recomendações por todos os profissionais.

Com base no exposto, integram este Manual, os conteúdos e recomendações de boas


práticas baseados na evidência mais atualizada, de entre os quais destacamos:

 Documentos relativos ao enquadramento normativo do Programa Global de


Controlo de Infeção para as Unidades de Cuidados Continuados Integrados
(UCCI);

 Procedimento sobre Precauções Básicas de Prevenção da Transmissão Cruzada


da Infeção

 Procedimento da Higiene das mãos;

 Políticas e procedimentos de isolamento (de proteção e de contenção),


incluindo regras para atendimento e circulação de doentes com infeção;

 Prevenção da infeção nos doentes submetidos a dispositivos e procedimentos


invasivos: cateter vascular central e venoso periférico, ventilação não invasiva,
traqueostomia, cateter urinário, intubação nasso-gástrica, entre outros;

 Política para visitas e sua informação/educação;

 Procedimentos para notificação de doenças de declaração obrigatória;

 Protocolo de atuação em doentes com tuberculose ou outra patologia


infecciosa;
 Limpeza, desinfeção e esterilização de dispositivos médicos e outro
material/equipamento;

 Recomendações para higienização de todas as áreas da unidade;

 Recomendações para controlo de infeção no circuito da lavandaria/tratamento


da roupa;

 Recomendações para a segurança alimentar;

 Recomendações para a classificação, triagem, acondicionamento e tratamento


dos resíduos;

 Outras Recomendações consideradas de interesse para a prática dos


profissionais nas UCCI, em matéria de prevenção e controlo da infeção.

A elaboração e divulgação das Recomendações obedecerão a uma ordem de


prioridades determinadas pelo Núcleo Central da CCI-UMP, de acordo com as
necessidades expressas pelos profissionais.

Os membros do Núcleo Local de cada Unidade deverão assegurar a impressão dos


documentos emanados e respetiva integração dos mesmos no Manual de Controlo da
Infeção, distribuído a todas as UCCI, devendo responsabilizar-se pela sua divulgação
junto de todos os profissionais da Unidade.

De modo a facilitar e promover a consulta, devem ser colocadas na UCCI cópias do


Manual de Boas Práticas em número suficiente, em locais acessíveis e considerados
estratégicos.

As Recomendações serão revistas trianualmente ou sempre que surgirem níveis de


evidência que justifiquem a sua adaptação ou alteração.

Após aprovação pelo Secretariado Nacional da UMP, as recomendações tornam-se


vinculativas, para aplicação em todas as UCCI das Misericórdias.

Nota: o presente Manual encontra-se redigido


de acordo com as normas do Acordo Ortográfico
Índice

Prólogo
Nota Introdutória

1. Documentos na área da Prevenção das IACS nas UCC


1.1. Circulares Normativas e Informativas/ Normas e Orientações emanadas
pela DGS
1.2. Documentos estruturantes emanados pela CCI-UMP
1.2.1. Regulamentos do núcleo central e dos núcleos locais da CCI-UMP
1.2.2. Programa de prevenção e controlo da infeção para as UCC da UMP
1.2.3. Manual de operacionalização do programa de prevenção e controlo da
infeção para as Unidades de Cuidados Continuados
1.3. Documentos emanados pela UMCCI/Sociedades e Associações Científicas
1.4. Outros Documentos Relevantes
2. Princípios e Conceitos Básicos de Epidemiologia da Infeção aplicados à infeção
associada aos cuidados de saúde
3. Programas e protocolos de Vigilância Epidemiológica nas UCC
4. Medidas Gerais de prevenção e controlo da infeção nas UCC
4.1. Precauções Básicas
4.2. Precauções Dependentes das Vias de Transmissão
4.3. Higiene das Mãos
4.4 Prevenção e Controlo das Infeções de Origem Ambiental (documento
enquadrador)
4.4.1. Higienização do ambiente nas unidades de cuidados continuados
4.4.2. Circuito de alimentação;
4.4.3. Circuito dos resíduos;
4.4.4. Circuito das roupas;
4.4.5. Obras de renovação e construção;
4.4.6. Desinfestação e controlo de pragas.
4.5. Política de Antissépticos
4.6. Política de Desinfetantes
4.7. Norma de Avaliação do Risco de Infeção
5. Limpeza e Reprocessamento do Material Equipamento Clínico e Não Clínico
6. Normas e Recomendações de Prevenção das IACS Associadas aos Dispositivos
Invasivos

6.1. Recomendações para a prevenção da infeção urinária associada ao cateter


urinário
6.2. Recomendações para a prevenção da infeção associada ao cateterismo
vascular
6.3. Recomendações para a prevenção da infeção respiratória
6.4. Recomendações para a Prevenção da Infeção do Local Cirúrgico
7. Microrganismos Multirresistentes e Uso de Antibióticos
7.1. Cuidados específicos aos doentes com MRSA
7.2.Cuidados específicos aos doentes com Clostridium difficille
7.3. Cuidados específicos aos doentes com Sarcoptes scabiei (Escabiose)
7.4. Protocolo para a Investigação de Surtos de Infeção
7.5. Política de antibióticos
8. Procedimento de Colheita, Transporte e Processamento dos Produtos Biológicos
para Análise Microbiológica
9. Orientações sobre a vacinação dos Utentes
10. Cuidados Pós-Mortem
11. Recomendações Relativas à Saúde dos Profissionais - Prevenção dos Acidentes
por Exposição a material potencialmente contaminado e vacinação
12. Outras Normas (documento enquadrador)
12.1. Prevenção da Infeção nos Cuidados de Higiene ao Utente em Cuidados
Continuados
12.2. Prevenção da Infeção nos Cuidados a Doente com Traqueostemia
13. Referências Bibliografia
1

CAPÍTULO 1
Documentos na area da Prevençao das ÍACS nas
UCC

Desta secção devem constar os seguintes documentos, emitidos pelas diversas


entidades:

1.1. Circulares Normativas e Informativas/ Normas e Orientações emanadas pela DGS


1.2. Documentos estruturantes emanados pela CCI-UMP
1.2.1. Regulamentos do núcleo central e dos núcleos locais da CCI-UMP
1.2.2. Programa de prevenção e controlo da infeção para as UCC da UMP
1.2.3. Manual de operacionalização do programa de prevenção e controlo da
infeção para as Unidades de Cuidados Continuados
1.3. Documentos emanados pela UMCCI/Sociedades e Associações Científicas
1.4. Outros Documentos Relevantes
2

CAPÍTULO 2
Princípios e Conceitos Básicos de Epidemiologiá
dá Ínfeçáo áplicádos á infeçáo ássociádá áos
cuidádos de sáude

Definição de Epidemiologia

A Epidemiologia é uma ciência da área da saúde dedicada ao estudo da ocorrência


e distribuição da saúde e da doença (onde se inclui a infeção) numa população, bem
como dos seus determinantes e condicionantes. Uma das suas muitas áreas de
aplicação é o estudo da infeção associada aos cuidados de saúde (IACS) numa
determinada população (ex: os doentes admitidos nas UCCI das Misericórdias),
permitindo que os dados obtidos com este tipo de estudo sejam utilizados para
identificar as medidas e estratégias mais adequadas para a prevenção e controlo da
infeção.

Objetivos

Compreender as causas da infeção associada aos cuidados de saúde;


Explicar as características do seu aparecimento e distribuição;
Descrever a sua história natural;
Estudar as medidas aplicáveis à sua prevenção e controlo.

Informações Gerais

Todos os profissionais de saúde que prestam cuidados diretos ou indiretos nas


Unidades de Cuidados Continuados das Misericórdias devem conhecer os princípios e
conceitos epidemiológicos da transmissão das IACS, de modo a aplicar adequadamente

Data da última revisão: Abril de 2014


3

as Precauções Básicas e/ou as Precauções Dependentes das Vias de Transmissão ou


Complementares para a prevenção e controlo das IACS:

 Nos quartos/enfermarias;
 Na sala de tratamentos;
 No ginásio e fisioterapia, entre outros espaços;
 Nas áreas de alimentação (confeção, refeitório), sala de estar,
lavandaria e restantes espaços comuns.

A aplicação destes princípios e conceitos é feita sistematicamente antes, durante e


após todos os contactos com os utentes e seu ambiente envolvente, com os materiais
e equipamentos, com os alimentos, roupa e resíduos, entre outros.

Conceitos e Definições Relevantes

1) Colonização
Considera-se como sendo a presença de microrganismos nos tecidos ou fluidos
orgânicos, com crescimento e multiplicação, mas sem efeitos clínicos adversos e sem
reação imunitária detetável. Caso se verifique uma reação imunitária, esta será
considerada como infeção subclínica.

2) Infeção
Refere-se à presença de microrganismos nos tecidos ou fluidos do organismo
humano, com crescimento e multiplicação e com efeitos clínicos adversos e reação
imunitária detetável.

3) Contaminação
Refere-se à presença transitória de microrganismos na superfície do corpo, sem
invasão de tecidos ou reação fisiológica e ainda à presença de microrganismos sobre
ou em objetos.

Data da última revisão: Abril de 2014


4

4) Disseminação
Consiste no movimento de microrganismos a partir da pessoa para o ambiente.
Embora não seja frequente, acontece por vezes ser secundária a outra infeção.
Acontece com maior frequência nos indivíduos infetados do que nos que já contraíram
infeção subclínica ou nos colonizados.

5) Portador
É um indivíduo colonizado com um microrganismo específico em que, apesar do
agente ser isolado, não há doença (mas pode ter história de doença anterior). O
portador pode ser transitório, intermitente ou persistente (permanente ou crónico),
podendo disseminar e transmitir o microrganismo a outros indivíduos (colonizar ou
infetar).

6) Infeção Nosocomial
É a infeção que não estava presente ou em incubação na altura da admissão do
doente no hospital. Inclui também a infeção adquirida por outros indivíduos que
contactam com a unidade: profissionais de saúde, visitas, trabalhadores, voluntários,
fornecedores. Ainda podemos continuar a designar uma infeção declaradamente
adquirida numa unidade ou hospital, como infeção nosocomial, apesar de estar
inserida no grupo das infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS).

7) Infeção Associada aos Cuidados de Saúde


Definição mais abrangente e menos “redutora”, pois pode incluir tanto as infeções
adquiridas em meio hospitalar, como em qualquer unidade de saúde ou local onde
sejam prestados cuidados de saúde, como unidades de cuidados continuados
integrados, lares, clínicas privadas, clínicas de estética que promovam cuidados de
saúde, clínicas dentárias entre outros estabelecimentos de prestação de cuidados de
saúde.

8) Infeção da Comunidade
Caracteriza-se como a infeção que já estava presente ou em incubação na altura
da admissão. Estas infeções são cada vez mais frequentes nas unidades. Não devem

Data da última revisão: Abril de 2014


5

ser menosprezadas por constituem reservatórios/fontes de infeção relevantes para


outros doentes e/ou profissionais.

Circunstâncias que favorecem as IACS


1) Ambiente Inanimado:
a) Arquitetura mal concebida ou adaptada;
b) Ausência de isolamento físico;
c) Circuitos não conformes com o recomendado;
d) Contaminação do ambiente (ar, água, roupa, material, equipamentos, entre outros).

2) Ambiente Animado:
a) Acumulação de materiais e resíduos, bem como promiscuidade nos circuitos e
tarefas;
b) Desrespeito pela manutenção e desinfeção dos locais e equipamentos;
c) Inadequada utilização dos produtos;
d) Gestos não rigorosos nos cuidados de saúde;
e) Desrespeito pelos protocolos de procedimentos a adotar;
f) Deficiente nível de higiene corporal dos doentes e dos profissionais;
g) Higiene das mãos insuficiente e/ou mal executada;
h) Deficiente organização das tarefas e dos profissionais na sua ação;
i) Insuficiência de recursos humanos, entre outras.

3) Procedimentos
a) Cateterismos (algaliação, cateterização vascular central e periférica, ventilação
assistida invasiva, punções diversas, alimentação parentérica, entre outros);
b) Pressão terapêutica por exposição a: antibióticos, corticoides, quimioterapia, entre
outra terapêutica imunossupressora.

Data da última revisão: Abril de 2014


6

4) Hospedeiro Suscetível
Todo o doente internado além de mais vulnerável à infeção, possui um nível maior
ou menor de imunossupressão, de acordo com os fatores de risco intrínseco e
extrínseco e o seu estado geral e, portanto, mais suscetível de desenvolver infeção,
na sequência da contaminação em meio hospitalar.
Os profissionais são frequentemente expostos à contaminação mas raramente
são vítimas de infeção.

5) Hospedeiros particularmente suscetíveis


a) Doentes imunodeprimidos, por doença de base (neoplasia, HIV/Sida, ou
outras patologias imunossupressoras) ou secundários (ex: doente
submetido a um tratamento com terapêutica imunossupressora);
b) Idosos, sobretudo os com patologias concomitantes, e polimedicados;
c) Diabéticos;
d) Insuficientes respiratórios;
e) Doenças de pele:
 Queimaduras;
 Escaras;
 Feridas em politraumatizados.
f) Recém-nascidos, sobretudo os prematuros, por imaturidade do sistema
imunitário;
g) Fumadores.

6) Microrganismos
É importante que todos tenhamos consciência de que os microrganismos
existentes no nosso corpo, que fazem parte da nossa flora própria, são nossos
defensores contra a infeção - são “nossos amigos”. São parte essencial da nossa
ecologia e, para que se mantenha um equilíbrio desejável, é necessário compreender a
sua interação com o homem.
Cerca de 90% das células do corpo humano são bactérias; Cerca de 3% dos
microrganismos são patogénicos.

Data da última revisão: Abril de 2014


7

No ar, a sua concentração depende do número de pessoas, do movimento das


pessoas e da qualidade do ar, muito embora o conceito de patogenicidade tenha
mudado: qualquer microrganismo mesmo sendo parte constituinte da nossa flora,
pode provocar infeção se encontrar condições favoráveis no hospedeiro para a sua
propagação.

Modelos Epidemiológicos de Representação de Fatores Etiológicos de


Infeção

Cadeia Linear de Transmissão da Infeção:


Representação da sequência de acontecimentos na transmissão da infeção, com
ênfase no microrganismo (ou agente) causal:

Fig.1 – Representação Esquemática da Cadeia Linear de Transmissão da Infeção

Fonte: Adaptado de The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection


Prevention and Control Best Practices for Long Term Care, Home and Community Care
including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. 2007

Data da última revisão: Abril de 2014


8

Agente Causal - Microrganismos

A maioria das IACS são de origem bacteriana. No entanto, há cada vez mais
infeções fúngicas sobretudo em doentes imunocomprometidos.

As bactérias identificadas com mais frequência nas IACS são:

 Escherichia coli;
 Staphylococcus aureus;
 Pseudomonas aeruginosa;
 Enterococcus spp;
 Klebsiella pneumonia;
 Proteus mirabilis;
 Acinetobacter baumanii

Alguns microrganismos são naturalmente resistentes ou adquirem resistência aos


antimicrobianos. A emergência de bactérias multirresistentes está associada à
inadequada utilização de antibióticos.

1. Tipos de microrganismos causadores de infeção:

a) Bactérias; Fungos; Vírus; Protozoários.


b) Priões – Apesar de não serem considerados microrganismos têm a capacidade
de transmitir infeção (Doença de Creuzfeldt Jakob)

2. Microrganismos e /ou Infeções mais comuns nas UCCI em Infeções Epidémicas:

a) Respiratória:
 Influenza
 Mycobacterium Tuberculosis
 Streptococcus pneumoniae
 Chlamydia pneumoniae
 Legionella spp

Data da última revisão: Abril de 2014


9

 Outros vírus respiratórios (Parainfluenza, RSV)

b) Gastrointestinal (podem ser transmitidas através dos alimentos contaminados):


 Gastroenterite viral (Norovirus, etc)
 Clostridium difficile
 Salmonella
 Escherichia coli

c) Outras Infeções:
 Staphylococcus aureus Meticilina-resistente (MRSA)
 Enterococcus Vancomicina-resistente (VRE)
 Streptococcus Grupo A
 Escabiose
 Conjuntivite

3. Características dos Microrganismos

a) Patogenicidade (capacidade de produzir doença): Esta capacidade depende dos


seguintes fatores:
 Dose infetante (inóculo) – quantidade de microrganismos que entram
numa determinada área corporal ou numa ferida, por exemplo;
 Especificidade – apetência natural de alguns microrganismos por
determinados órgãos ou partes do corpo (ex: E. coli – bexiga- infeções
urinárias);
 Características antigénicas;
 Adesividade – capacidade de aderir aos tecidos ou áreas corporais,
feridas;
 Resistência aos ácidos, aos desinfetantes entre outros.

Data da última revisão: Abril de 2014


10

b) Infetividade
Capacidade de ser transmissível, mesmo quando a infeção é sub-clínica ou
quando há um portador. Os microrganismos responsáveis pelas IACS diferem dos
outros porque não provocam resposta imunitária de proteção.

4. Classificação dos Microrganismos

a) Patogéneo Convencional - capaz de produzir doença mesmo no indivíduo são:


Brucella, Shigella sonnei;
b) Patogéneo Condicional: produz doença conforme as circunstâncias. Ex:
Escherichia coli, Stapylococcus aureus;
c) Patogéneo Oportunista - causam doença no hospedeiro enfraquecido. Ex:
Staphylococcus epidermidis, Aspergillus entre outros.

5. Definição de Reservatório/Fonte

a) Reservatório - é o local onde o agente se mantém, metaboliza e


multiplica;
b) Fonte - é o local de onde o agente passa para o hospedeiro (endógena e
exógena), podendo ser ou não o próprio reservatório.

i. Reservatórios/Fontes nas Unidades de Cuidados Continuados:


 Origem Inanimada: água, ar, material e equipamentos, roupa, resíduos,
entre outros;
 Origem Humana: doentes, profissionais e visitas.

ii. Tipos de Infeção ligadas aos diferentes reservatórios:


 Infeção Endógena: tem origem na própria flora do doente (pele,
mucosas, tubo digestivo), por vezes facilitada pelos atos e
procedimentos invasivos e pelos cuidados prestados.

Data da última revisão: Abril de 2014


11

 Infeção Exógena: Tem origem no ambiente que rodeia o doente e pode


ser transmitida por infeção cruzada, através de:
o Mãos dos profissionais de saúde;
o Flora extra - unidade importada pelos doentes, visitas e
profissionais;
o Microrganismos introduzidos por acidente (água contaminada,
esterilização deficiente, climatização, filtros de ar com fraturas,
por exemplo);
o Alimentação (intoxicação alimentar coletiva).

6. Porta de Saída dos Microrganismos

Local por onde o agente deixa o reservatório para provocar infeção ou colonizar.
No ser humano a porta de saída pode ser única ou múltipla: Gastrointestinal,
respiratória, pele, feridas, parentérica, genito-urinária e dispositivos invasivos durante
a manutenção. Apresenta-se de seguida a figura 2, que representa as portas de saída
dos microrganismos, do corpo humano.

Data da última revisão: Abril de 2014


12

Fig.2 – Representação Esquemática das Portas de Saída do Organismo

Olho
Nasofaringea s
Tubo Digestivo
Aspiração
Catéteres: Veia Jugular
Entubação
Veia Subclávia
Ferida operatória
Drenagens
Catéteres Veia

Punção Lombar Sonda


Vesical
Feridas Membros
Inferiores

Desbridamento
Venoso

Fonte: “Les Antiseptiques - Bases Microbiologiques de leur utilisation”, CREMIEUX, A. et al.


Editions SARGET, 1882

7. Vias de Transmissão da Infeção

Para a transmissão cruzada das IACS, as vias mais frequentes são a de contacto, por
gotículas e a via aérea.
No entanto, existem outras vias referenciadas na figura 3 (a via de veículo comum e os
vetores) consideradas menos problemáticas nas unidades de saúde, embora possam ocorrer em
algumas regiões do globo.

Data da última revisão: Abril de 2014


13

Fig.3 – Vias de Transmissão da Infeção

C G
o Indirecto o
n t
í
t c
a Directo u
<1m
c l
t a
o

A >1 metro V v
é .º e
r c c
e o t
a m o
u r
m e
s

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control
Best Practices for Long Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices
and Ambulatory Clinics”. 2007

Via de Contacto

A Via de Contacto é mais importante e frequente via de transmissão das IACS e


subdivide-se em:

 Transmissão por Contato Direto: envolve, como o próprio nome indica, um


contacto direto ou próximo, com transferência de microrganismos entre uma
pessoa infetada ou colonizada e outro (s), como ocorre com um profissional da
unidade quando cumprimenta um utente, dá um banho, ou executa outras
atividades que requeiram contacto direto. A transmissão por contacto direto
também pode ocorrer entre dois utentes ou visitantes, sendo um a fonte de
microrganismos infeciosos e o outro, o hospedeiro suscetível. Quando um
profissional da unidade presta cuidados a um doente, ou simplesmente o visita,
deve higienizar as mãos antes e após. Deste modo, ele impede a transmissão
direta de microrganismos de uma pessoa a outra.

 Transmissão por Contacto Indireto: Envolve contacto entre o hospedeiro


suscetível e os objetos ou materiais contaminados, como equipamentos,
instrumentos e superfícies do ambiente do utente. Isto acontece muitas vezes

Data da última revisão: Abril de 2014


14

pelo facto dos profissionais não higienizarem as mãos após contacto com o
doente ou com superfícies e equipamento do ambiente envolvente deste, que
depois vão contaminar os objetos e as superfícies onde os utentes irão tocar. Por
exemplo, a passagem de uma bola de um utente para outro.

Por Gotículas (partículas de dimensão > 5 microns):

Teoricamente é uma forma de transmissão por contacto. No entanto, o


mecanismo de transferência do patógeno ao hospedeiro é bastante distinta de
qualquer transmissão por contacto direto ou indireto. As gotículas são geradas a partir
da fonte (pessoa), principalmente durante a tosse, espirro e fala, e durante o
desempenho de certos procedimentos como aspiração de secreções e administração
de medicação inalatória, nebulizadores, ambus ou através de aerossóis produzidos por
torneiras/chuveiros.

A transmissão ocorre quando as gotículas contendo microrganismos gerados a


partir da pessoa infetada, são impelidos a uma curta distância através do ar
(geralmente menos de um metro), e depositados na conjuntiva do hospedeiro, na
mucosa nasal ou diretamente para a boca. Pode assumir especial importância se não
houver condições de isolamento na unidade, se os profissionais/visitas circularem com
infeção e se a distância entre camas for inferior a um metro bem como a distância
entre doentes que estão a fazer tratamentos em simultâneo no mesmo espaço (por ex:
cinesiterapia respiratória).

Porque as gotículas não permanecem muito tempo suspensas no ar, tendem a


depositar-se nas superfícies, o tratamento de ar e a ventilação especial não são
necessários para prevenir a transmissão de gotículas, ou seja, a transmissão de
gotículas não deve ser confundida com transmissão por via aérea. No entanto, as
gotículas também podem contaminar o meio ambiente e levar à transmissão por
contacto indireto.

Data da última revisão: Abril de 2014


15

Tabela 1. Infeções/Microrganismos transmitidos através de gotículas:

Mais frequentes Menos frequentes

Tuberculose Streptococcus grupo A


Rubéola Staphylococcus aureus
Gripe, sarampo, varicela Bertonella pertussis
Legionelose Neisseria meningitides
Aspergilose
Psitacose
Dos doentes para os profissionais: Por aerossóis infeciosos
Streptococcus grupo A Pseudomonas
Staphylococcus aureus Acinetobacter
Neisseria meningitides Legionella
Bertonella pertussis
Mycobacterium tuberculosis
Através dos sistemas ventilação
Legionella
Nocardia

a) Via Aérea (partículas de dimensão < 5 microns)

A transmissão por via aérea ocorre por difusão de núcleos de partículas suspensos
no ar (“droplet nuclei”), com diâmetro igual ou inferior a cinco mícrons, contendo
microrganismos evaporados ou partículas de poeiras que integram o agente infecioso.

Os microrganismos emanados desta forma permanecem suspensos no ar por


longos períodos de tempo e podem ser amplamente dispersos por correntes de ar.
Estes podem ser inalados por um hospedeiro suscetível dentro da mesma sala do
doente “fonte” ou numa distância maior, dependendo de fatores ambientais.

O controlo ambiental, sobretudo da qualidade do ar e sua renovação, são


importantes para reduzir a transmissão por via aérea. Os microrganismos transmitidos

Data da última revisão: Abril de 2014


16

pelo ar incluem: Mycobacterium tuberculosis, rubéola, sarampo, varicela e os vírus,


Zoster e hantavírus. Em determinados ambientes onde não seja possível um rigoroso
controlo ambiental, devem ser asseguradas as medidas básicas de controlo, com
ênfase para a utilização adequada dos equipamentos de proteção individual (EPI).

b) Veículo Comum

Aplica-se à transmissão de microrganismos através de produtos ou materiais


contaminados, tais como: alimentos, água, medicações, dispositivos invasivos e
equipamentos específicos utilizados na prestação de cuidados (por ex: administração
de um medicamento injetável contaminado ou um dispositivo médico
inadequadamente reprocessado).

É uma via com alguma importância, sobretudo a área alimentar, que deve ser
muito bem controlada pelo responsável pelo Ambiente e Segurança da unidade. A
qualidade da água deve ser controlada pelos Serviços Municipalizados, mas os
responsáveis das UCCI devem estar também atentos a qualquer mudança na qualidade
da água que possa ser importante.

O tratamento centralizado dos materiais e equipamentos é também uma das


medidas fundamentais de controlo ambiental, bem como, a adequada higienização do
ambiente do doente e meio envolvente, bem como de todas as superfícies, pelo que
deve haver um controlo rigoroso ao nível da higiene e limpeza na UCCI.

c) Vetores

Ocorre quando vetores como mosquitos, moscas, ratos e outros animais nocivos
podem transmitir microrganismos para os utentes ou para profissionais. Apesar desta
via de transmissão ser pouco comum em serviços de saúde alerta-se para a

Data da última revisão: Abril de 2014


17

importância do planeamento e implementação de um programa de desinfestação nas


UCCI que contemple a fase inicial ou tratamento inicial, os tratamentos ou aplicações
periódicas e as aplicações em SOS, sempre que surge um vetor novo ou um problema
pontual.

Estes serviços de desinfestação devem ser prestados por empresa especializada,


tendo a UCCI que definir um caderno de encargos com especificações técnicas para a
compra destes serviços e a empresa adjudicatária deve dar todas as instruções
técnicas sobre os cuidados a ter durante e após a aplicação dos desinfetantes.

8. Portas de Entrada

As mais importantes são a respiratória, digestiva, genito-urinária, pele e mucosas,


placenta e inserção e manutenção de dispositivos invasivos.

Nota: As portas de saída podem ser as mesmas ou diferentes das portas de entrada
(ver figura n.º 2 – aplica-se também às portas de entrada).

a) Exemplos de Infeções por Ingestão:


As gastrenterites infeciosas que ocorrem nos casamentos, batizados e outras
festividades onde normalmente são abrangidas muitas pessoas. Esta situação também
poderá ocorrer numa unidade caso haja incumprimento de regras durante as fases de
preparação e administração de alimentos;

b) Exemplos de Infeções Percutâneas


Através de acidentes por corto perfurantes (ex: nos profissionais) ou através da
colocação de acessos vasculares nos doentes.

Data da última revisão: Abril de 2014


18

9. Outros fatores referentes ao Hospedeiro Suscetível

A resistência individual à infeção é muito variável e depende de vários fatores


relevantes, como a idade; o estado imunitário; as doenças subjacentes e as
intervenções médicas (cirurgia, procedimentos invasivos e terapêuticas, sobretudo as
imunossupressoras).

O Hospedeiro tem mecanismos de defesa que lhe conferem um maior ou menor


grau de suscetibilidade à infeção. Classificados de primeira, segunda e terceira linha,
destacam-se em seguida os referidos mecanismos:

a) Primeira linha: pele, mucosas, microflora indígena;


b) Segunda linha: reação inflamatória - febre, leucocitose, calor tumor, rubor,
dor;
c) Terceira linha: mecanismos específicos de resposta imunitária inata ou
adquirida natural, permanente ou temporária; ativa artificial (através da
vacinação) ou passiva (Imunoglobulinas).

A entrada de microrganismos no hospedeiro não significa o desenvolvimento de


infeção, já que podem acontecer as seguintes situações:

 O microrganismo não encontra ambiente favorável e morre;


 O microrganismo encontra ambiente favorável e aí permanece (coloniza);
 O microrganismo invade os tecidos e provoca infeção.

Para surgir a infeção é preciso que:

 Os microrganismos tenham acesso a uma porta de entrada favorável;


 O número de microrganismos (inóculo) tem que ser significativo para
provocar infeção;
 O microrganismo tenha afinidade para o tecido em causa;
 O hospedeiro seja suscetível.

Data da última revisão: Abril de 2014


19

Outros fatores a considerar no processo de aquisição de infeção:

 Mesmo que o microrganismo seja capaz de produzir doença, o número de


pessoas afetado pode variar consideravelmente de acordo com o
comportamento do microrganismo e a suscetibilidade dos atingidos;
 Alguns microrganismos não existem em certas partes do mundo e alguns são
mesmo específicos só de determinadas partes do globo;
 Alguns microrganismos patogénicos só aparecem em determinadas alturas
do ano (ex: gripe no Inverno).

Implementação das Medidas de Isolamento e Outras referentes à Prevenção e


Controlo da Infeção

Medidas de Prevenção da Transmissão Cruzada

Tendo por base a cadeia epidemiológica, existem quatro conjuntos de medidas


das quais, algumas são Básicas e outras são Complementares ou Dependentes das Vias
de Transmissão, mas igualmente importantes para a prevenção da transmissão
cruzada da infeção.

Para as aplicar adequadamente é necessário que os profissionais de saúde


conheçam bem a cadeia epidemiológica da infeção.

Para proteger o hospedeiro, é necessário proceder a uma avaliação do risco


individual de cada utente para a infeção, de modo a direcionar adequadamente as
medidas de proteção dos utentes e de prevenção e controlo da infeção.

Esta avaliação deve ser feita aquando da admissão do utente na UCCI, durante o
internamento e na preparação para a alta ou transferência entre a UCCI e outra
unidade de saúde ou na referenciação para os serviços de saúde da comunidade.
(consultar os Procedimentos sobre Precauções Básicas e sobre Precauções
Dependentes das Vias de Transmissão).

Data da última revisão: Abril de 2014


20

CAPÍTULO 3
Programas e protocolos de Vigilancia
epidemiologica nas UCC

INTRODUÇÃO

Devido ao envelhecimento da população, o número de pessoas idosas com


necessidades de tratamento em Unidades de Cuidados Continuados integrados (UCCI)
tem vindo a aumentar por toda a Europa. Estes residentes são mais vulneráveis a
infeções pelas características próprias da idade e ainda pela proximidade estreita e
partilha social. Por outro lado, muitas vezes, estas instituições não estão dotadas de
recursos humanos com disponibilidade ou formação específica para a organização de
um programa de controlo de infeção. Nesse contexto, a monitorização das infeções
associadas a cuidados de saúde nestas instituições torna-se um desafio importante. Para
fazer face a este desafio, as UCCI da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), devem
promover a vigilância epidemiológica (VE) das infeções e das resistências aos
antimicrobianos (RA). A VE é uma componente fundamental do programa de prevenção
e controlo de infeção e resistência aos antimicrobianos numa unidade de saúde. A VE
encoraja os profissionais que prescrevem e prestam cuidados, a cumprir as
recomendações de boa prática; a corrigir ou melhorar os procedimentos clínicos e
assistenciais e avaliar o seu impacto. Permite detetar precocemente surtos de infeção e
monitorizar periodicamente os dados de avaliação de progresso.

A VE tem por objetivo central, monitorizar de forma contínua e sistemática ou periódica


(incidência), ou através de estudos de prevalência de ponto, as taxas de infeção e uso de
antimicrobianos e respetivos padrões de resistência, estratificadas por níveis de risco, para
reduzir as infeções nas unidades de saúde e prevenir e controlar as resistências aos
antimicrobianos.

Data da última revisão: Outubro de 2013


21

OBJETIVOS
Reduzir as IACS e as resistências aos antimicrobianos (RA);

Fornecer conhecimentos para aumentar a adesão aos programas de vigilância


epidemiológica propostos pelo PPCIRA na Direção-Geral de Saúde, aplicáveis nas
Unidades da UMP;

Diagnosticar e tratar as infeções, usando os critérios de diagnóstico de infeção


previamente estabelecidos, com distinção entre infeções e colonizações;

Utilizar os antimicrobianos de forma judiciosa, tratando infeções e não colonizações,


sempre que possível com antibiótico de espectro reduzido e segundo antibiograma;

Prevenir a transmissão cruzada das infeções, através da monitorização regular do


cumprimento das precauções básicas e complementares ou baseadas nas vias de
transmissão;

Prevenir e controlar os surtos de infeção;

Promover a VE de processos e estruturas relevantes na prevenção das IACS e das RA.

ÂMBITO
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados Continuados
afetos à União das Misericórdias Portuguesas onde sejam prestados cuidados de saúde.

RESPONSABILIDADES
1) Pela implementação do Procedimento:
 Comissão de Controlo de Infeção e respetivos membros
dinamizadores.
 Comissão de Antimicrobianos.
 Responsáveis das Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Elo de Ligação do Laboratório de Microbiologia com o Núcleo
Local de controlo de infeção.
 Elo de ligação da área de Gestão de Risco/Segurança do Doente
(se aplicável).

Data da última revisão: Outubro de 2013


22

 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e


Distribuição.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.

2) Pela revisão do procedimento:


 Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção.

SIGLAS
 IACS – Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde
 NCCI - Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção
 CCIRA – Comissão de Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos
 GCR - Grupos Coordenadores Regionais
 NLCI – Núcleo Local de Controlo de Infeção
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e das Resistências aos
Antimicrobianos
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas
 UCCI - Unidades de Cuidados Continuados Integrados
 VE – Vigilância Epidemiológica

PRINCÍPIOS GERAIS
1) Metodologias e estratégias de implementação da VE nas UCCI da UMP

A VE total das infeções foi abandonada nos Países Europeus há cerca de uma
década por constrangimentos de diversa ordem. Atualmente está comprovado que a
metodologia de maior eficácia, passa pela busca ativa de casos e implementação de
uma VE seletiva, incidindo nas infeções mais frequentes, nas de custos mais elevados e
nas de mais fácil prevenção (relacionadas com procedimentos e equipamentos).

Data da última revisão: Outubro de 2013


23

São aspetos importantes a ter em conta nos programas de VE:

a) A VE deve incidir nos doentes de maior risco para adquirir a IACS, nas infeções
mais graves e nas que se sabe serem evitáveis e deve incluir a análise da
dimensão da infeção e dos custos. Contudo, outras complicações não infeciosas
podem ser incluídas no âmbito da VE quando forem relevantes, necessárias ou
solicitadas;
b) A VE deve ser prospetiva, ativa, contínua ou periódica, de acordo com o
preconizado em cada um dos protocolos dos programas de VE propostos pelo
PNCI;
c) A aplicação dos protocolos deve ser acompanhada com formação e informação a
todos os intervenientes na VE, garantindo que todos os conceitos e definições
foram entendidos e monitorizar a sua aplicação na prática;
d) A monitorização das atividades de VE e dos resultados obtidos deve estar
presente em todas as fases da sua implementação, de modo a corrigir
atempadamente erros de implementação ou interpretações inadequadas;
e) Os programas de VE, devem ser adaptados à dimensão das instituições e a
outras especificidades consideradas relevantes;
f) A informação de retorno atempada aos profissionais envolvidos;
g) A nível da Direção do PPCIRA será sempre garantida a confidencialidade dos
dados colhidos nas unidades de saúde e analisados a nível nacional;
Neste contexto, o papel do Laboratório de Microbiologia é fundamental para a
monitorização das infeções (diagnóstico e tratamento) e das resistências
antimicrobianas. A articulação efetiva e eficaz entre o Laboratório de Microbiologia, a
CCIRA e os serviços, permite gerar informação relevante para adequar as práticas,
melhorando a qualidade dos cuidados e a segurança do doente.

Também a informatização dos Núcleos Locais das CCIRA é fundamental, tendo estas
que ser dotadas de sistemas que permitam detetar precocemente situações isoladas de
infeção ou de surto de infeção, através de sistemas de “alerta” que permitam às CCI, e
aos serviços envolvidos, o acesso facilitado aos relatórios microbiológicos, emitidos

Data da última revisão: Outubro de 2013


24

diariamente pelos laboratórios e a atuação rápida para a prevenção de novos casos e


controlo de surtos de infeção.

Ainda no âmbito da VE das IACS, é essencial o reforço da comunicação


interinstitucional (ARS, hospitais, centros de saúde, unidades de cuidados continuados
integrados, lares de idosos, entre outros).

Impõe-se uma adequada gestão nos casos de isolamento de estirpes


epidemiologicamente significativas, nomeadamente as multirresistentes, e de infeções
associadas aos cuidados de saúde detetadas após a alta, na comunidade, para o que é
fundamental uma boa articulação entre as unidades de saúde.

Tal como definido no PPCIRA, em situações de surto e sempre que justificável, os


Núcleos Locais das CCI devem contar com a colaboração do Núcleo Central da CCI da
UMP que através da consultoria a Epidemiologistas, Infeciologistas, Médicos de Saúde
Pública, da Unidade de Saúde e Grupos Coordenadores Regionais (GCR), apoiarão e
acompanharão as unidades.

As UCCI, através do Laboratório de Microbiologia, devem enviar para o INSA e para a


DGS, as notificações dos microrganismos alerta e problema, de acordo com a Norma da
DGS n.º

Para implementar um programa de vigilância epidemiológica da infeção deve ser


utilizado protocolo comum às UCC, bem como, definições de infeção comuns - nas UCC
são as definições de infeção de McGeer, com a validação do clínico.

2) Propostas que integram o Plano Operacional de Controlo de Infeção


para as Unidades de Cuidados Continuados Integrados (Nº: 17/DSQC/DSC.
DATA: 20/09/07)

Para além de aderirem aos programas de vigilância de âmbito nacional, poderão ter
que estabelecer outros registos de infeção/inquéritos epidemiológicos que respondam

Data da última revisão: Outubro de 2013


25

às necessidades internas, de acordo as suas especificidades e com base em dados


epidemiológicos locais e nacionais.

Investigação, Prevenção e Controlo de Surtos de Infeção (aplicável a todas as


unidades de saúde, aos três níveis de cuidados). Deve ser seguida a metodologia
descrita na recomendação para a prevenção e controlo de surtos, disponível no micro-
site do PNCI. Protocolo de Atuação em Caso de Suspeita de Surto de Infeção.

Vigilância das estruturas e práticas mais relevantes na prevenção e controlo da


Infeção (aplicável a todas as unidades de saúde). Para monitorização das estruturas e
práticas de prevenção e de controlo da infeção, deve ser seguida a metodologia da
auditoria interna. A realização de auditorias internas deve ser permanente e/ou
rotativa, dependendo das necessidades institucionais e dos meios humanos e logísticos
disponíveis.

Presentemente, estão já disponíveis no site da UMP, na área da prevenção e controlo


de infeção alguns instrumentos a aplicar em auditorias internas, como por exemplo, o
modelo de auditoria interna às estruturas e práticas de higiene das mãos.

Vigilância de Resultados - Critérios de Avaliação (ver indicadores em anexo I)

1) Inquérito de prevalência de infeção e de consumo e resistências aos


antimicrobianos - Projeto Europeu HALT: Foi desenvolvido a nível europeu, com o
objetivo de obter informações sobre a prevalência de infeção associada aos cuidados de
saúde, os recursos de controlo de infeção, a resistência antimicrobiana e o uso de
antibióticos nas UCC na Europa. Em Portugal já foram desenvolvidos dois estudos de
prevalência, com base no Protocolo europeu de consenso HALT, obtendo-se assim
dados nacionais que permita o benchmarking entre unidades da mesma tipologia e,
entre as UCCI nacionais e as europeias que usam o mesmo protocolo (ver relatório em
http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i019018.pdf)

Data da última revisão: Outubro de 2013


26

2) VE prospetiva e contínua dos microrganismos alerta e problema, em toda a


unidade, de acordo com a norma da DGS n.º 004/ 2013: “Vigilância Epidemiológica das
Resistências aos antimicrobianos”. 2013
3) Determinação da incidência das IACS mais relevantes (sobretudo, as infeções
relacionadas com os dispositivos invasivos): respiratória, urinária, corrente sanguínea e
com outros procedimentos clínicos;
4) VE da infeção em feridas (úlceras de pressão, de perna, pé diabético);
5) VE da infeção do local cirúrgico após a alta do Hospital;

Vigilância de Estruturas - Critérios de Avaliação (ver indicadores em anexo I)

As estruturas (instalações e equipamentos) das unidades de saúde podem ter um


papel muito importante na prevenção e controlo da IACS. Neste contexto, são decisivas
a articulação e a comunicação eficazes entre a CCI, os serviços e o serviço de instalações
e equipamentos.

Os padrões relativos às estruturas e equipamentos relacionam-se com a conceção


de novas instalações, ou remodelações das já existentes, à adequação e disponibilidade
de equipamentos de controlo de infeção e de proteção já existentes ou a adquirir.

Neste âmbito, deverá concretizar-se a realização de auditorias internas, periódicas


ou rotativas às estruturas básicas implicadas no controlo de infeção:

 Adequação de sistemas de ventilação e renovação de ar;


 Adequação de estruturas para higienização das mãos;
 Adequação de estruturas para levante e deambulação de utentes com
mobilidade limitada;
 Adequação do espaço entre camas;
 Adequação de espaços para isolamento de doentes (de proteção e de
contenção): estrito e por coortes;
 Definição de circuitos de limpos e sujos;

Data da última revisão: Outubro de 2013


27

 Adequação das áreas de descontaminação e acondicionamento de material;


 Adequação das áreas ligadas à confeção e acondicionamento de alimentos;
 Adequação das áreas de armazenagem de resíduos.

Vigilância de Processo (Monitorização dos procedimentos) - Critérios de Avaliação (ver


indicadores em anexo I)

 A monitorização dos procedimentos, deve ser operacionalizada pelas


unidades de Saúde, recorrendo à aplicação de metodologia de auditorias
periódicas e/ou rotativas (ver instrumentos de auditoria já publicados).
As auditorias internas devem abranger os procedimentos e as áreas de
intervenção de maior risco de aquisição/transmissão cruzada de infeção
nas unidades de saúde.
 Esta monitorização tem como objetivo avaliar o cumprimento das normas
ou Recomendações estabelecidas, constantes do Manual de
Procedimentos ou Manual de Boas Práticas da unidade de saúde, bem
como, avaliar o nível de adesão dos profissionais às boas práticas.
 Aplicação de Bundles para a colocação e manutenção dos dispositivos
invasivos: cateter intravascular, cateter vesical, traqueostomia, entre
outros.

3) Avaliação do risco dos doentes para a infeção

Uma questão muito importante em matéria de VE de processos é a monitorização do


risco do doente para a infeção, desde que é admitido até que sai com alta ou
transferência para outra unidade de saúde:

a) Avaliação do utente até às 24 horas de admissão à Unidade – consiste em


identificar por um lado, se o utente é vulnerável à infeção e qual o nível de
vulnerabilidade e, por outro lado, identificar se o utente constitui uma fonte ou
reservatório de infeção para outros utentes, para os profissionais e visitantes.
b) Avaliação às 72 horas de internamento;
c) Avaliação ao 7.º dia de internamento;

Data da última revisão: Outubro de 2013


28

d) Avaliação SOS, isto é, se o utente desenvolve qualquer sintomatologia de infeção


ou é descoberto novo achado clínico relevante;
e) Avaliação na alta/transferência do utente, com o intuito de enviar para os
serviços de saúde da comunidade ou para outra unidade de saúde, a informação
necessária para a continuidade e planeamento dos cuidados. Para tal, a
informação existente na Nota de Alta é muito importante.
No caso de a UCCI receber um utente de outra unidade de saúde, deve articular com
a mesma sempre que: a situação do utente não seja compatível com o nível de cuidados
da Unidade, ou se a informação é inexistente ou insuficiente para a continuidade de
cuidados. Providenciar a informação em falta, proceder à monitorização do risco de
infeção na admissão.

4) Rede Nacional de Registo de Infeção

A criação de uma rede nacional de registo de infeção e de alerta, permite comparar


resultados e fatores de risco para as IACS, avaliando a dimensão do problema da infeção
e as falhas dos sistemas de controlo. Ao mesmo tempo que é possível avaliar
periodicamente o sistema de vigilância, é promovida a investigação científica.

Ao nível local (unidades de saúde/dos serviços), devem ser monitorizadas as IACS,


comparando os resultados de forma estratificada e identificando problemas ou falhas na
prestação de cuidados.

A deteção de situações de “alerta” precoce deve ser igualmente encorajada.

É essencial o desenvolvimento de sistemas de deteção de eventos alerta com


capacidade de difusão rápida da informação e comunicação à equipa do PPCIRA.

Para cada Programa de VE a que as UCCI da UMP adiram, devem utilizar os respetivos
protocolos disponíveis na DGS e devem ser solicitados aos elementos da CCI da UMP ou
aos elementos do PPCIRA.

Data da última revisão: Outubro de 2013


29

Anexo I
Indicadores que podem ser utilizados pelas UCCI da UMP na vigilância de processos,
estruturas e resultados

Data da última revisão: Outubro de 2013


Vigilância de Resultados

Estudos de prevalência de infeção

Tipo de VE Multiplicador Numerador Denominador


Taxa de prevalência de infeção global, N.º de doentes com IACS N.º de doentes estudados nesse
estratificada por tipologia de cuidados e por 1000 identificados num determinado dia mesmo dia
localização das infeções do estudo
Taxa de prevalência de infeção estratificada N.º de doentes com IACS N.º de doentes estudados nesse
por tipologia de cuidados 1000 identificados num determinado dia mesmo dia e na mesma unidade
do estudo, numa unidade de média
duração (por exemplo)
Taxa de prevalência de infeção estratificada
por localização das infeções (exemplo da 1000 N.º de doentes com IACS N.º de doentes estudados nesse
infeção respiratória) identificados num determinado dia mesmo dia e na mesma unidade,
Este indicador aplica-se de igual modo na do estudo, na unidade com infeção respiratória
análise das restantes IACS identificadas.
Taxa de prevalência de infeção estratificada N.º de doentes identificados num N.º de doentes estudados nesse
por localização das infeções (ex: Infeção do 1000 determinado dia do estudo, na mesmo dia e na mesma Unidade
trato urinário, infeção do trato respiratório) Unidade, a fazer antibiótico
Estudos de incidência de infeção
Tipo de VE Multiplicador Numerador Denominador
N.º de novos casos de IACS (doentes N.º de doentes estudados nesse
Proporção de incidência de IACS (por 100 doentes) 100 com IACS) num determinado mesmo período e, mesma
(ex: monitorizar as principais infeções nas UCCI - período de estudo, que nunca deve Unidade
infeções urinárias, respiratórias, de pele e tecidos ser inferior a 3-4 meses, na Unidade
moles...)
Densidade de incidência de IACS (por 1000 dias de N.º de doentes com IACS num N.º de dias de internamento
internamento) 1000 determinado período de estudo, na nesse mesmo período e, mesma
Unidade (não inferior a 3-4 meses) Unidade
Incidência de IACS por localização de infeção (ex: N.º de novos casos de infeção n.º de doentes com IACS
infeção urinária) 100 urinária identificados num estudados nesse mesmo período
Para as restantes localizações das IACS, pode ser feita determinado período de estudo, e, mesma Unidade
a mesma análise. que nunca deve ser inferior a 3-4
meses, na Unidade
32

Vigilância de Estruturas (Higiene das mãos/Estruturas para mobilização/ Espaço entre Camas/ Colocação de
doentes/Espaço de armazenamento/Circuitos de limpos e sujos)

Tipo de VE Multiplicador Numerador Denominador


Nº de serviços/áreas funcionais, que Nº de serviços/áreas funcionais
100 aplicam auditorias internas às práticas e existentes na unidade de saúde
procedimentos de maior risco para a
Monitorização dos procedimentos e práticas IACS
Consumo de solução alcoólica e sabão líquido para higiene
das mãos (expresso em litros): 100 Consumo de solução alcoólica ou sabão Nº de camas, por serviço de
Consumo de solução alcoólica ou sabão liquido para liquido por serviço de internamento internamento
higiene das mãos num determinado período de tempo
(área de Internamento)
Consumo de solução alcoólica para higiene das mãos num
determinado período de tempo por mil dias de 1000 Consumo de solução alcoólica por Nº de dias de internamento, por
internamento serviço serviço
Consumo de solução alcoólica ou sabão liquido para
higiene das mãos num determinado período de tempo 100 Consumo de solução alcoólica ou sabão Nº de consultas
(Gabinetes de consulta) líquido, nas salas de consulta
Consumo de solução alcoólica para higiene das mãos num Consumo de solução alcoólica ou sabão
determinado período de tempo (sala de tratamentos) 100 liquido nas salas de tratamento N.º de tratamentos/procedimentos

Data da última revisão: Outubro de 2013


Vigilância de processos – (auditoria a práticas/ Política de utilização de Antimicrobianos /Anti-sépticos/Desinfetantes/
Formação em prevenção e controlo de infeção/Normas)
34

Tipo de VE Multiplicador Numerador Denominador

100 N.º de unidades N.º de unidades funcionais


Implementaçã funcionais, que existentes na unidade de
o da política implementam a política saúde
de de utilização de
antimicrobian antimicrobianos
os

Nº de unidades N.º de unidades funcionais


Monitorização 100 funcionais, que existentes na unidade de
da Política de monitorizam a política saúde
antimicrobian de utilização de
os antimicrobianos

Implementaçã 100 N.º de unidades N.º de unidades funcionais


o da política funcionais, que existentes na unidade de
de anti- implementam a política saúde
sépticos de utilização de anti-
sépticos
Nº de unidades N.º de unidades funcionais
100 funcionais, que existentes na unidade de
Monitorização monitorizam a política saúde
da Política de de utilização de anti-
anti-sépticos sépticos

Implementaçã 100 N.º de unidades N.º de unidades funcionais


o da política funcionais, que existentes na unidade de
de implementam a política saúde
desinfetantes de utilização de
desinfetantes
Nº de unidades N.º de unidades funcionais
100 funcionais, que existentes na unidade de
Monitorização monitorizam a política saúde
da Política de de utilização de
desinfetantes desinfetantes
Tipo de VE Multiplicador Numerador Denominador
Nº de profissionais das Nº de profissionais que
Formação dos 100 CCI, estratificado pelos integram as CCI,
profissionais a núcleos executivo, estratificado pelos núcleos

Data da última revisão: Outubro de 2013


35

exercer consultivo e de elos de referidos


funções nas ligação, que fizeram
CCI formação na área de CI
Nº de profissionais de Nº de profissionais
100 saúde, estratificado por existentes na unidade de
Formação grupo profissional saúde, estratificado pelos
dirigida a (Médicos, Enfermeiros, grupos profissionais
todos os Outros Técnicos, AO, referidos
grupos de Administrativos,
profissionais Funcionários das áreas
de saúde na hoteleiras,
prestação de eventualmente outros),
cuidados) que fizeram formação
na área da prevenção e
controlo da infecção
Existência de Nº de
um Manual de 100 serviços/departamentos Nº de
Boas Práticas /áreas funcionais que serviços/departamentos/á
na Prevenção dispõem 1-2 cópias do reas funcionais existentes
e Controlo da Manual de Boas na unidade de saúde
Infecção e Práticas, disponíveis em
Segurança locais estratégicos
Clínica
Nº de áreas funcionais Nº de áreas funcionais
Implementaçã
100 que implementam as existentes na unidade de
o das normas
normas contidas no saúde
elaboradas
Manual de Boas Práticas
Nº de áreas funcionais
100 que promovem acções Nº de áreas funcionais
de monitorização existentes na unidade de
regular do cumprimento saúde
Monitorização
das normas e das
do
políticas de
cumprimento
procedimentos
das normas
existentes na unidade
disponíveis
de saúde (por exemplo:
através da aplicação de
metodologia de
auditoria interna)

Data da última revisão: Outubro de 2013


36

CAPITULO 4
Medidas Gerais de prevençã o e controlo de
infeçã o nas UCC

Mensagem aos Profissionais de Saúde

As Precauções Básicas e as Precauções Baseadas nas Vias de Transmissão ou


Complementares são a essência da Boa Prática.
O seu cumprimento constitui um imperativo moral e ético.
As Precauções Básicas devem ser implementadas em todas as situações de
prestação de cuidados, como padrões de referência.
Não significam um aumento de trabalho mas sim, uma sistematização dos cuidados,
como garante da qualidade e segurança dos mesmos.
Reforça-se ainda a importância do cumprimento da Circular Normativa nº 17 da
Direção Geral de Saúde, de 20/09/2007, em toda a sua extensão e particularmente no
que concerne ao seu ponto 1.4.6. (A transferência de doentes colonizados ou infetados
com microrganismos multi-resistentes deve ser acompanhada de informação prévia
com notificação do microrganismo em causa, seu antibiograma e local de isolamento,
de forma a ser possível implementar na admissão do doente, políticas de controlo de
infeção que minimizem o risco de infeção cruzada. Não são admitidos na rede de UCCI
doentes infetados com microrganismos multi-resistentes em tratamento com
antibiótico de uso exclusivo hospitalar).
Não podemos esperar que surja um problema, para começar a cumprir as boas
práticas!

Data da última revisão: Junho de 2015


37

4.1 Precauçõ es Bá sicas


Procedimento: Precauções Básicas na Prestação de Cuidados de Saúde

O procedimento aplica-se a todos os profissionais, em todas as áreas das UCCI, onde sejam
prestados cuidados aos utentes ou áreas indiretas com possível interação com os utentes. As
Precauções Básicas, também denominadas de Precauções Standard ou Padrão, devem ser
cumpridas em todas as situações, com a finalidade de evitar a transmissão cruzada de
microrganismos e da infeção de pessoa a pessoa.

As Precauções Básicas são baseadas na avaliação do risco de exposição a sangue ou fluidos


corporais e não na avaliação do risco de infeção de um utente individualmente, já que nem
sempre é possível saber quais são os utentes que estão colonizados ou infetados. A aplicação
deste procedimento permite a não discriminação de utentes, já que o conceito de base é:
“Não há utentes de risco, mas antes, procedimentos de risco”. Os cuidados são prestados
uniformemente a todos os utentes institucionalizados, independentemente de ser ou não
conhecido o seu diagnóstico infecioso.

O presente procedimento é complementado por outros, denominados “Precauções


Dependentes das Vias de Transmissão nos Cuidados de Saúde” e ”Norma de avaliação do risco
de infeção”.

As Precauções Dependentes das Vias de Transmissão complementam as Precauções


Básicas, mas não as substituem. Sublinha-se que são, portanto, complementares.

Objetivos

Promover a aplicação das medidas básicas de prevenção e o controlo da infeção


(Precauções Básicas);
Prevenir a transmissão cruzada das infeções e de microrganismos
epidemiologicamente significativos entre doentes, entre doentes e o ambiente circundante,
entre doentes e profissionais, entre profissionais e doentes;
Proteger da infeção, os doentes, visitantes (familiares e outras pessoas significativas) e
os profissionais, de forma custo-efetiva;
Prevenir e controlar surtos de infeção;
Data da última revisão: Junho de 2015
38

Controlar as resistências aos antimicrobianos.

Conceitos Relevantes

Precauções básicas (Standard Precautions):


1) São medidas aplicadas durante a prestação de cuidados a todos os doentes em todas
as unidades de saúde, independentemente de haver a suspeita ou a confirmação da presença
de um agente infecioso.
2) São dirigidas para a proteção contra doenças transmitidas através do sangue e fluidos
orgânicos contendo sangue e baseiam-se no conceito de que “não há doentes de risco mas
sim, procedimentos de risco”.
3) A sua implementação constitui a estratégia primária de prevenção da transmissão de
agentes infeciosos associados aos cuidados de saúde.
4) A aplicação das práticas depende da duração e natureza da interação entre
profissional-doente e a possibilidade de antecipar a exposição ao sangue e fluidos orgânicos ou
outras exposições patogénicas.

Fundamentação

A complexidade da condição física e situação imunitária dos utentes institucionalizados nas


UCCI, obriga a um cuidado permanente no sentido de evitar a colonização e sobretudo, a
infeção nos utentes. Se temos por um lado, os idosos, temos também os utentes muito
dependentes das suas atividades de vida diária, tais como, doentes com acidente vascular
cerebral em fase de reabilitação entre outras patologias muitas vezes bastante incapacitantes.
Em matéria de segurança do doente, os eventos adversos nestas Unidades vão desde as
úlceras de pressão, incidentes relacionados com os medicamentos, a diminuição das
capacidades funcionais, mas também, a possível aquisição de infeções associadas aos cuidados
de saúde (IACS), sobretudo por microrganismos resistentes aos antimicrobianos.
A infeção adquirida nas UCCI é uma das causas mais frequentes de hospitalização e de
morte nos utentes das UCCI. Um dos motivos que se pensa contribuir para este facto, é a
maior demora e dificuldades inerentes no diagnóstico e tratamento da infeção que algumas
vezes é prejudicada pela limitação estrutural das Unidades, além de uma maior dificuldade de
realização de exames laboratoriais e radiológicos. Por outro lado, há outros fatores a
considerar. Por exemplo nos idosos, as manifestações clínicas infeciosas são comummente
atípicas.

Data da última revisão: Junho de 2015


39

É preciso que todos os profissionais que prestam cuidados aos utentes ou trabalham em
alguma área das UCCI tenham a noção da importância da aplicação das Precauções Básicas a
todos os utentes, como forma elementar e primária de prevenir a transmissão da infeção e
até, a colonização dos utentes. Para tal, é necessária a sua formação nesta área, que deve
incidir essencialmente na aplicação das Precauções Básicas das quais sobressai: a higiene das
mãos e o uso prudente e adequado das barreiras protetoras (luvas, máscara, bata, gorro entre
outras). Pressupõe ainda que estejam familiarizados com outras medidas complementares às
básicas - a aplicação das Precauções Dependentes das Vias de transmissão sempre que se
conhece o estado de infeção/colonização do utente.

Âmbito: a que Processo / Atividade / Produto se Aplica o Procedimento

1) Aplica-se a todos os profissionais que prestam cuidados diretos ou indiretos nas


Unidades de Cuidados Continuados das Misericórdias, em qualquer uma das seguintes áreas:
a) Na enfermaria;
b) Nos Serviços de Diagnóstico e Tratamento, tais como a Fisioterapia, a Radiologia, entre
outros;
c) Nas áreas de Alimentação (confeção, refeitório e bar), Rouparia e restantes Áreas
Hoteleiras;
d) Nos Serviços de Barbearia/Cabeleireiro;
e) Todos os serviços e áreas da UCCI.

Antes, durante e após contactos com os utentes, com o ambiente envolvente dos mesmos,
com os materiais e equipamentos, com os medicamentos, alimentos, roupa, resíduos, entre
outros.

2) Conjunto das Precauções Básicas:


As PBCI são compostas por 10 itens que se apresentam numa abordagem global.

1. Higiene das mãos;


2. Colocação dos utentes;
3. Higiene respiratória/etiqueta respiratória;
4. Utilização de Equipamento de Proteção Individual;
5. Manuseamento e processamento do material clínico e não clínico e dos
equipamentos de utilização comum, bem como, a utilização adequada
dos materiais de uso único;
Data da última revisão: Junho de 2015
40

6. Controlo ambiental;
7. Manuseamento seguro de roupa;
8. Manuseamento seguro de resíduos;
9. Práticas seguras nos injetáveis;
10. Saúde e segurança dos profissionais - práticas de trabalho saudável -
Educação de prestadores de cuidados de saúde e vacinação, de acordo
com o Plano Nacional de Vacinação.

Categorização das Recomendações

Para melhor compreendermos a importância dos níveis de evidência científica aplicados à


prestação de cuidados de saúde, é fundamental termos uma referência nesta matéria para
cada uma das nossas áreas de intervenção.

Precisamos de argumentos que fundamentem a aplicação das medidas que


implementamos e/ou sugerimos durante a nossa ação junto dos utentes. Como base deste
procedimento utilizámos a escala de categorização das guidelines do CDC/HICPAC de 2009 (ver
figura n.º 1).

Figura 1 - Esquema Modificado de Categorização das Guidelines dos CDC/HICPAC-2009

Categoria IA Recomendação fortemente suportada por alta a moderada


qualidade da evidência, sugerindo ponderação entre os
benefícios clínicos e os possíveis danos
Categoria IB Recomendação fortemente suportada por baixa qualidade da
evidência, sugerindo ponderação entre os benefícios clínicos e
os danos, ou por uma prática aceitável (ex: técnica asséptica)
suportada por baixa ou muito baixa qualidade da evidência

Categoria IC Recomendação fortemente suportada por regulação Ministerial


nacional ou internacional
Categoria II Recomendação fracamente apoiada por qualquer nível de
qualidade de evidência, sugerindo ponderação entre os
benefícios clínicos e os danos
Não recomendado/ Questão não resolvida: para a qual se dispõe uma baixa ou
questão não resolvida muito baixa qualidade de evidência com conclusões muito
incertas ou díspares entre os benefícios clínicos e possíveis
danos

Fonte: CDC/HICPAC: “Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious Agents in
Healthcare Settings”. 2007

Orientações quanto à Execução das Precauções Básicas

Data da última revisão: Junho de 2015


41

1) Higiene das Mãos

a) A higiene das mãos é considerada uma das medidas mais relevantes na prevenção da
infeção, reconhecida por todas as Entidades com responsabilidades nesta matéria, incluindo, a
organização Mundial da Saúde (OMS) que, tem apelado a todos os Países, que adiram às
estratégias de divulgação da higiene das mãos, através da implementação de Campanhas
Nacionais. A par das restantes medidas constantes das Precauções Básicas, a higiene das mãos
deve ser fomentada nas UCCI, esperando-se uma adesão maciça à Campanha Nacional de
Higiene das Mãos, atualmente designada por Campanha nacional das Precauções Básicas .

Figura 2 – Higiene das Mãos

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for Long
Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

b) Medidas:
Lavar as mãos após contacto com sangue, fluidos orgânicos, secreções, excreções e
material contaminado, quer sejam usadas luvas ou não. (C. IB)
Lavar as mãos imediatamente após remover as luvas, entre doentes e de acordo com
os 5 momentos preconizados pela OMS, para evitar a transmissão de microrganismos a outros
doentes ou para o ambiente. (C. IB)
Durante a prestação de cuidados evitar contactos desnecessários com superfícies
próximas dos doentes, para evitar a contaminação de mãos limpas através das superfícies ou a
contaminação das superfícies pelas mãos contaminadas. (C. IB/IC)

Nota: Para obter mais informações sobre a higiene das mãos, consultar:
O Procedimento “Higiene das Mãos”, elaborado pelo GCL-PPCIRA da UMP;
A norma emanada pela DGS, denominada “Orientações de Boa Prática para a Higiene das Mãos nas
Unidades de Saúde”, que está disponível no site oficial da DGS (www.dgs.pt - microsite do controlo de infeção -
documentos).

2) Colocação dos Utentes


Data da última revisão: Junho de 2015
42

O isolamento é o estabelecimento de barreiras físicas para prevenir a transmissão cruzada


de microrganismos infeciosos de um indivíduo para outro; precauções julgadas necessárias e
suficientes para evitar a disseminação de infeções transmissíveis (contagiosas).
Não significa necessariamente uma separação física da pessoa mas sim a adoção de
medidas que permitam cortar a via de transmissão de agentes infeciosos a partir de um
reservatório humano ou ambiental.
Se por altura da admissão do utente já for conhecido o seu estado infecioso, os utentes
com infeção transmissível devem circular em condições que minimizem o risco de transmissão
para outros doentes ou a contaminação de superfícies, equipamentos, ar, de acordo com as
vias de transmissão.
De acordo com as patologias ou as infeções que os utentes apresentem, deverão ser
tomadas medidas básicas e/ou complementares.
O conceito de isolamento refere-se ao conjunto de medidas adotadas para impedir a
transmissão de infeção/colonização.

a) Os tipos de isolamento normalmente aplicados nas unidades de saúde são:


Isolamento de proteção
Quando se pretende prevenir infeções em indivíduos imuno-comprometidos, quer pela
natureza da sua própria doença quer por terapêuticas imunossupressoras a que têm de ser
sujeitos. Deve ser feita uma avaliação inicial de cada doente. Os doentes com número elevado
de fatores de risco devem ser objeto de precauções específicas no sentido de os proteger.
Isolamento de contenção
Quando se pretende prevenir a transmissão de doenças infeciosas de um doente para
outros e/ou para os profissionais. Deve ser feita uma avaliação de cada situação em função da
patologia do doente e das estruturas existentes na instituição. É importante que em todas as
situações se respeite o espaço mínimo entre camas.

b) A seleção do tipo de isolamento dos doentes com base na suscetibilidade do


hospedeiro é feita de acordo com:
a cadeia epidemiológica da infeção (agente, reservatório, fonte, portas de entrada e de
saída, vias de transmissão e suscetibilidade do hospedeiro);
as patologias e/ou microrganismos implicados na infeção e/ou na colonização.
i) Em termos de espaço, o isolamento pode ainda ser:
De contacto (através do cumprimento rigoroso das precauções básicas);
Data da última revisão: Junho de 2015
43

Estrito ou individual (quarto ou unidade individual);


Coorte (colocar no mesmo quarto ou área, os vários utentes que possam estar
colonizados/infetados com o mesmo microrganismo ou com a mesma infeção).
ii) Princípios para determinar a colocação de doentes:
Via de transmissão do agente infecioso suspeito ou confirmado;
Fatores de risco de transmissão em doentes infetados;
Fatores de risco após a emergência de um microrganismo multirresistente (MMR) na
sequência de uma infeção e a sua transmissão para outros doentes no mesmo quarto ou
área;
Disponibilidade de quartos individuais;
Coorte de doentes com a mesma infeção.
iii) Dar prioridade de um quarto individual, se disponível, aos doentes com:
Maior risco de transmissão de infeção para outros (p. ex.; crianças ou adultos com
infeções respiratórias ou gastrointestinais);
Maior probabilidade de contaminar o ambiente (dificuldade na contenção de
secreções e excreções ou drenagem de feridas);
Maior risco de adquirir uma infeção.
Desenvolvimento de um resultado adverso após uma infeção (Microrganismos
multirresistentes - MMR). (IB)

3) Etiqueta (ou Higiene) Respiratória

A etiqueta respiratória é composta por um conjunto de medidas individuais a cumprir por


doentes, visitantes, profissionais de saúde, voluntários e comunidade em geral, destinadas a
conter as secreções respiratórias, de forma a minimizar a transmissão de agentes infeciosos
por via aérea ou através de gotículas.

a) Educar os profissionais de saúde sobre a importância das medidas de contenção das


secreções respiratórias para prevenir a transmissão de gotículas de agentes respiratórios
patogénicos, especialmente em épocas de surtos de infeções virais do trato respiratório na
Comunidade. (IB)
b) Implementar as medidas de contenção das secreções respiratórias em doentes e
acompanhantes com sinais e sintomas de infeção respiratória, desde o local de admissão na
unidade de saúde (triagem, receção e salas de espera na urgência, centros de saúde e
consultórios médicos).

Data da última revisão: Junho de 2015


44

c) Colocar posters na entrada e locais estratégicos (elevadores, cafetarias), em unidades


de ambulatório ou de internamento, com instruções para os doentes e outras pessoas com
sinais e sintomas de infeção respiratória para:
Cobrir a boca/nariz quando tossir ou espirrar
Usar e eliminar lenços
Lavar as mãos após contacto com secreções respiratórias. (II)
d) Fornecer lenços e recetáculos no-touch (acionados a pedal ou abertos, sacos de plástico) para
colocar os lenços usados. (II)
e) Providenciar recursos e instruções para a lavagem das mãos nas salas de espera (ou perto) em
ambulatório ou unidades de internamento. Colocar soluções alcoólicas em locais convenientes
e onde existir lavatórios colocar sabão, toalhetes e recetáculo. (IB)
f) Durante os períodos de elevada prevalência de infeção respiratória na comunidade, oferecer
máscaras a doentes com tosse ou outras pessoas sintomáticas (acompanhantes) desde a
entrada na unidade ou no consultório médico, e encorajar para manter uma distância (> 1
metro) dos outros nas salas de espera comuns. (IB). Em algumas instituições é uma prática fácil
de instituir como uma prática básica. (II)

4) Utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI)

Os EPI devem proporcionar proteção adequada aos profissionais de saúde, de acordo com o
risco associado ao procedimento a efetuar.

Princípios Gerais de Utilização:

Os EPI reduzem mas não eliminam o risco de transmissão de microrganismos e de


infeção.
Só são efetivos se usados adequadamente ao tipo de contacto previsto.
O seu uso não substitui as medidas básicas de higiene nomeadamente a higiene das
mãos.
Os EPI devem ser retirados imediatamente após terminar a tarefa, o contacto ou o
procedimento.
Após descartados, os EPI devem ser eliminados de acordo com o protocolo de gestão
dos resíduos da Instituição.
Medidas Gerais Relativas ao Uso dos EPI:

Utilizar EPI sempre que na natureza e tipo de interação com o doente for previsível o
contacto com sangue e fluidos orgânicos. (IB/IC);
Data da última revisão: Junho de 2015
45

Prevenir a contaminação da roupa e pele durante o processo de remoção do EPI.(II);


Remover os EPI antes de sair do quarto ou unidade do doente. (IB/IC);

a) Luvas

Figura 5 – Utilização de Luvas

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for Long
Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

Usar luvas quando é possível antecipar os contactos com sangue, fluidos orgânicos,
secreções, excreções e materiais contaminados, com membranas mucosas e pele não intacta
ou pele intacta potencialmente contaminada (urina e fezes). (IB/IC)
Usar luvas de tamanho e durabilidade apropriadas à tarefa. (IB)
Usar luvas de procedimento de uso único nos cuidados diretos ao doente
Usar luvas de exame de uso único na limpeza de equipamentos médicos
Usar luvas domésticas reutilizáveis na limpeza do ambiente.
Remover as luvas após contacto com o doente ou o seu ambiente próximo (incluindo
equipamento médico), utilizando técnica apropriada para prevenir a contaminação das mãos.
(IB)
Não usar o mesmo par de luvas para cuidar mais do que um doente
Não lavar luvas com o objetivo da sua reutilização (prática associada à transmissão de
microrganismos)
b) Mudar de luvas entre cuidados no mesmo doente quando mover as mãos de locais
contaminados (p. ex: área perineal) para um local limpo (p. ex: face). (II)

Nota: Como complemento ao ITEM - UTILIZAÇÃO DE LUVAS, consultar o ANEXO I, adaptado da


“Norma Nacional para a Higiene das Mãos”, disponível no site da DGS - microsite do controlo de
infeção, que contém os tipos de luvas e as situações em que as mesmas devem ou não ser
utilizadas.

Batas e Aventais
Usar batas ou aventais, apropriados para a tarefa, para prevenir sujar ou contaminar a
roupa durante atividades no doente em que se prevê contacto com a roupa/pele exposta com
sangue, fluidos orgânicos, secreções e excreções. (IB/IC)
Usar bata/avental no contacto direto em doentes que não contêm as secreções ou
excreções. (IB/IC)

Data da última revisão: Junho de 2015


46

Remover a bata/avental e lavar as mãos antes de sair da unidade do doente. (IB/IC)


Não reutilizar a bata, mesmo em contactos frequentes no mesmo doente. (II)
Utilizar batas por rotina para entrar em unidades de risco elevado (Cuidados
Intensivos, Neonatologia entre outras) não está indicado. (IB)

c) Máscara, Óculos e Máscara com Viseira

Figura 6 – Outro EPI

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for Long
Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

Medidas:
Usar proteção para a boca, nariz e olhos durante procedimentos e cuidados ao doente
em que se prevê a formação de salpicos e aerossóis com sangue, fluidos orgânicos, secreções e
excreções.

Selecionar máscaras, óculos, máscaras com viseira ou combinações de cada de acordo


com a previsão da tarefa a desempenhar. (IB/IC)
Durante procedimentos geradores de aerossóis (broncoscopia, aspiração de secreções,
entubação endotraqueal) usar um dos seguintes: máscara com viseira que cubra a frente e os
lados da face ou máscara e óculos (além de luvas e bata).
Nos doentes com suspeita ou infeção por agentes transmissíveis por via aérea (M.Tuberculosis,
SARS, vírus Febre Hemorrágica) usar um respirador.

Respiradores N95:
o respirador N95 é necessário para proteger as vias aéreas do prestador de cuidados
de saúde. Destina-se a ocluir firmemente a boa e nariz e filtrar os microrganismos presentes
no ar.
O profissional deve usar o respirador N95 bem ajustado à face:
i. Se o utente tem uma infeção conhecida ou suspeita de infeção com transmissão por
via aérea (tuberculose, varicela, sarampo, Zoster disseminado ou hantavirose, Febre
Hemorrágica, SARS, H1N1 ou outros microrganismos que possam vir a surgir);
ii. Na realização de procedimentos que provoquem aerosolização intensa (por exemplo,
aspiração em circuito aberto, administração de medicação por nebulização, BIPAP);

Data da última revisão: Junho de 2015


47

iii. Pois é aconselhado pelos profissionais da área de Saúde Pública aquando do


surgimento de uma nova doença ou doença/infeção emergente, para a qual, ainda não são
conhecidos as vias e outros aspetos importantes de transmissão.
NORMATIVA CLASSIFICAÇÃO % DE FILTRAÇÃO MÍNIMA

Figura 7 - Tipos de máscaras de acordo Normativa FFP1S 78 %


Europeia FFP2S 92 %
com as Normativas Europeias e Americanas FFP3S 98 %

Normativa N95 (NIOSH) 95 %


Americana N99 (NIOSH) 99 %
N100 (NIOSH) 99,7 %

Fonte: Traduzida e adapatada de: CDC/HICPAC: “Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of
Infectious Agents in Healthcare Settings”. 2007

Nota: A designação de N95 encontra-se entre a FFP2 e FFP3.

5) Manuseamento e processamento do material clinico


O equipamento clínico utilizado nos doentes pode ficar contaminado com fluidos orgânicos e
agentes infeciosos e, de forma indireta, contribuir para a transmissão cruzada, através das
mãos dos profissionais que os podem veicular entre doentes, durante os procedimentos. Este
equipamento também pode constituir fonte de infeção se inadequadamente descontaminado.
O equipamento clínico é classificado como:

De uso único – A embalagem apresenta o respetivo símbolo - Usar uma vez e eliminar.

De uso num único doente – pode ser reutilizado no mesmo doente;

Reutilizável – destinado a ser usado mais do que uma vez e/ou em mais do que um doente,
devendo ser descontaminado obrigatoriamente entre doentes, e entre utilizações no mesmo
doente.

As recomendações do fabricante devem ser consultadas, tanto na utilização, como nos


métodos de descontaminação.

a) Os procedimentos de limpeza devem explicitar a frequência da sua execução, o


método de descontaminação e quem é o responsável pelo procedimento;
b) Lavar adequadamente o material/equipamento crítico e semi-crítico antes de
submeter ao processo de desinfeção ou esterilização. (IA)
c) Não reutilizar material de uso único.
d) Usar EPI (luvas e/ou bata/avental) de acordo com o nível de contaminação, se os
equipamentos/dispositivos/instrumentos estão visivelmente sujos ou contaminados com
sangue ou fluidos orgânicos. (IB/IC)

Data da última revisão: Junho de 2015


48

e) Efetuar a higiene das mãos após remoção do EPI usados para o tratamento do
material.

6) Controlo do Ambiente

Figura n.º 8 – Higienização do Ambiente

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for Long
Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

a) O ambiente deve estar visivelmente limpo, isento de pó e aceitável para doente, visitas
e profissionais de saúde. a frequência de limpeza deve ser pré-definida de acordo com as áreas
e utilizações.
b) Todos os profissionais envolvidos nas atividades de higiene das unidades de saúde
devem ser incluídos em programas de formação e treino relacionados com a prevenção das
IACS.
c) Deve garantir-se o cumprimento do programa de limpeza do ambiente, camas, roupas
e dos equipamentos de cabeceira e cortinados separadores com auditorias periódicas. Cumprir
todas as recomendações para limpeza (uso de materiais adequados, panos com código de
cores, frequência de limpeza por áreas, utilização de produtos adequados às situações.
d) Medidas:
Desenvolver políticas e procedimentos de rotina, limpeza e desinfeção das superfícies
do ambiente, especialmente as superfícies manuseadas com mais frequência nas áreas de
cuidados aos doentes e de acordo com o grau de sujidade. (II)
Lavar e desinfetar superfícies com maior probabilidade de contaminação com agentes
patogénicos, incluindo as superfícies junto do doente (p. ex.: grades da cama, mesas de apoio)
e as superfícies do ambiente frequentemente manuseadas (p. ex.; manípulos das portas,
instalações sanitárias dos doentes) com uma frequência maior do que as outras superfícies (p.
ex.: superfícies horizontais nas salas de espera). (IB)
Utilizar os produtos de limpeza e desinfeção do ambiente de acordo com as instruções
do fabricante. (IB/IC)
Nas UCCI com Infantário ou com utentes pediátricos ou com áreas de brinquedos (p.
ex.; consultórios e clínicas de ginecologia/obstetrícia, consultas de pediátrica, entre outros),
estabelecer políticas e procedimentos de limpeza e desinfeção em intervalos regulares (IB).
Desenvolver essas políticas e procedimentos de acordo com os seguintes princípios:
(II):
Data da última revisão: Junho de 2015
49

Selecionar brinquedos facilmente laváveis


Não permitir bonecos acolchoados/peluches se são ser partilhados.
Limpar e desinfetar brinquedos grandes (escorregas e baloiços) pelo menos
semanalmente ou quando visivelmente sujos.
Se os brinquedos têm a probabilidade de serem levados à boca, enxaguar após
desinfeção, ou lavar na máquina.
Se um brinquedo precisa de ser processado, faça-o de imediato ou coloque num
contentor separado dos restantes até dar início ao processo.
Incluir os equipamentos eletrónicos multi-uso na política e procedimentos de limpeza
e desinfeção, principalmente os utilizados pelos doentes, os utilizados durante os cuidados aos
doentes e os dispositivos móveis partilhados entre doentes com frequência (p. ex.; diária). (IB)
Não existe recomendação para o uso de proteção lavável ou teclados laváveis (questão
não resolvida).
e) Como limpar uma superfície após ocorrer um derrame de sangue ou de outros fluidos
orgânicos:

Figura 9 – Limpeza após derramamento de fluidos orgânicos

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for Long
Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

Colocar um par de luvas descartáveis;


Se ocorrer apenas salpicos: limpar os salpicos com toalhete embebido em solução de
água e hipoclorito de sódio na proporção de 1:10 (50ml de hipoclorito de sódio para 450 ml de
água), e lavar de seguida com água e detergente;
Se ocorrer um derrame: Limpar o derrame com toalhetes de papel, em seguida, aplicar
na área abrangida a solução de água e hipoclorito de sódio na proporção de 1:10; Deixar a
solução em contacto com a superfície durante pelo menos 5 minutos e lavar de seguida
normalmente com água e detergente.
Descartar os toalhetes de papel utilizados no recipiente de resíduos do tipo III,
remover as luvas e lavar as mãos.

Nota: Se na UCCI já for utilizado outro desinfetante (ex: em pastilhas ou outro), seguir as instruções do
fornecedor quanto às regras de diluição e estar atento às instruções de segurança.

Data da última revisão: Junho de 2015


50

7) Manuseamento seguro de roupa

Figura 10 – Manuseamento de Roupa

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for
Long Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

a) Manusear com o mínimo de agitação de forma a prevenir a transferência de


microrganismos de um doente para outros utentes e para o ambiente. (IB/IC)
b) Tirar a roupa suja de acordo com as normas internas. A roupa deve ser triada de
acordo com o tipo de lavagem a que vai ser submetida e não, em função do grau de
contaminação.
c) Toda a roupa termorresistente deve ser lavada com ciclo de desinfeção térmica. A
roupa termo-sensível, deve ser lavada à temperatura recomendada pelo fornecedor, mas deve
ser avaliada com o mesmo, qual o método de desinfeção química complementar ao ciclo de
lavagem.
d) Não encher demasiado os sacos de recolha da roupa suja (não encher acima de 3
terços da capacidade) e encerrar adequadamente os sacos.
e) Se são utilizadas condutas de remoção de roupa suja, assegurar que estão
corretamente desenhadas, mantidas e utilizadas de forma a minimizar a dispersão de
aerossóis. (IB/IC)

Cortinados separadores das camas

Figura 11 – Colocação de cortinados separadores

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for Long
Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

a) Os cortinados separadores devem ser ignifogáveis.


b) Deve estar definido em cada UCCI, um programa para lavagem periódica destes
cortinados.
c) No caso de um utente colonizado/infetado com um microrganismo multirresistente ou
outro MES, sair com alta ou ser transferido, o cortinado deve ser enviado para a lavandaria
imediatamente após a saída do utente (não esperar pela data prevista para a sua lavagem de
acordo com o programa instituído).

Data da última revisão: Junho de 2015


51

8) Manuseamento e recolha segura de resíduos


Os resíduos provenientes da prestação de cuidados de saúde devem ser triados e eliminados
junto ao local de produção, e separados imediatamente de acordo com os grupos a que
pertencem;
Depois de acondicionados no saco e/ou contentor, os resíduos não devem ser manipulados;
Tanto os sacos de recolha de resíduos, como os contentores de cortoperfurantes, não devem
ser cheios até mais de 2/3, de modo a possibilitar o seu encerramento seguro. Enquanto estão
em uso, os contentores que se encontrem junto do local de produção devem manter-se
fechados (sistema de fecho intermédio); convém que sejam identificados no local de produção
com a data de abertura e de encerramento definitivo.
Os contentores (reutilizáveis e com saco a forrar o seu interior) para recolha de resíduos junto
ao local de produção, devem ser facilmente higienizáveis e mantidos limpos. Devem permitir a
sua abertura sem o uso das mãos.

9) Práticas Seguras na preparação e administração de Injetáveis

Figura 12 – Injetáveis

Fonte The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for Long
Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

a) Medidas:
As práticas seguras para os injetáveis são recomendações aplicáveis no uso de agulhas,
dispositivos de administração sem agulha e sistemas de administração IV:
Utilizar técnica asséptica na preparação de injetáveis. (IA)
Não administrar medicação através de uma seringa em múltiplos doentes, mesmo
quando a agulha ou prolongamento da seringa é substituída.
Os materiais usados nos injetáveis são dispositivos estéreis e de uso único, não
devendo ser reutilizados noutros doentes ou em medicação/soluções que podem ser utilizados
subsequentemente noutros doentes. (IA)
Utilizar fluidos e sistemas de administração apenas para um doente e descartar
adequadamente após uso. Considerar a seringa ou agulha/cânula contaminada quando é
utilizada para entrar ou conectar os fluidos ou sistemas de administração no utente. (IA)
Utilizar frascos/ampolas de dose única sempre que possível. (IA) Não administrar
medicamentos de frasco/ampolas de dose única em múltiplos doentes ou guardar as sobras
para utilizar mais tarde. (IA)

Data da última revisão: Junho de 2015


52

Se utilizar frascos/ampolas de dose múltipla, tanto a seringa como a agulha devem


estar estéreis para aceder ao frasco/ampola - desinfetar o diafragma do frasco com álcool a
70% e deixar secar ao ar antes da inserção da agulha. (IA)
Não guardar os frascos de dose múltipla nas áreas imediatas de tratamento de doentes
e armazenar de acordo com as recomendações do fabricante; rejeitar quando a esterilidade é
questionável ou está comprometida. (IA)
Não utilizar sacos ou frascos de soluções intravenosas como uma fonte comum para
múltiplos doentes. (IB)
Manter a medicação no frigorífico ou à temperatura ambiente de acordo com as
instruções dos fornecedores.

b) Práticas de CI para punções lombares especiais:


Usar máscara cirúrgica durante a colocação de cateter ou injeção de material no canal espinhal
ou espaço subdural (isto é; durante mielogramas, punção lombar ou anestesia epidural). (IB)

Nota: Apesar de algumas destas medidas relativas aos injetáveis nos parecerem descabidas em
Portugal, partindo do pressuposto de que já não são praticadas nas unidades de saúde, incluindo
clínicas, centros de acupuntura, de podologia, entre outros, porque fazem parte das Precauções Básicas
e Complementares preconizados pelos CDC e pela OMS, não podemos deixar de as incluir no presente
Procedimento.

10) Saúde e Segurança dos Profissionais

Figura 13 – Abordagem à Saúde e Segurança dos Profissionais

Fonte: The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and Control Best Practices for Long
Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007.

a) Medidas
Aderir aos requisitos nacionais dos programas de saúde e segurança ocupacional para
proteger os profissionais dos acidentes de exposição ao sangue. (IC)
Contenção de corto-perfurantes imediatamente após utilização em contentores
resistentes à perfuração;
Vacinação dos profissionais, de acordo com o Plano Nacional de Vacinação da
Direcção-Geral de Saúde.
Utilizar bocais, ambus ou outros dispositivos de ventilação como alternativa aos
métodos de reanimação boca-a-boca em áreas onde é previsível a sua necessidade (C. IB).

Data da última revisão: Junho de 2015


53

Manipulação segura dos cortoperfurantes:


As medidas mais relevantes são as seguintes:
O material cortante e perfurante deve ser depositado em contentor próprio,
imediatamente após o uso pelo utilizador (não passar de mão em mão);
As agulhas não devem ser partidas nem dobradas antes ou após a sua utilização nem
se deve recolocá-las no invólucro protetor (reembainhar);
Recolher todo o material cortante e perfurante em contentores resistentes à punção
(imperfuráveis), impermeáveis e com sistema de encerramento seguro, com etiquetagem
adequada;
Não encher os recipientes para além de ¾ da sua capacidade;
Colocar os contentores em local acessível e seguro para evitar deslocações
desnecessárias e evitar que caiam, contaminando o ambiente (ter cuidado com a possível
manipulação por crianças, ou por adultos confusos, toxicodependentes, etc);
Elaborar e divulgar por todos os grupos profissionais normas de prevenção de
acidentes por picada ou corte e para atuação pós-exposição;
Deve existir protocolo para prevenção de acidentes e pós-exposição;
Criar condições de saúde ocupacional para acompanhamento dos profissionais
lesionados;
Motivar os profissionais para o cumprimento dos programas de vacinação
contemplados no Programa Nacional de Vacinação (PNV);
Utilizar barreiras e práticas adequadas de trabalho seguras quando utilizar
instrumentos e dispositivos cortoperfurantes (agulhas, bisturis, entre outros), após os
procedimentos e aquando da limpeza de instrumentos pontiagudos (se for manual);
Eliminar os recipientes utilizados, em conformidade com os regulamentos Municipais
ou normas nacionais existentes;
Os profissionais de saúde devem conhecer com pormenor as medidas imediatas e
mediatas a tomar se ocorrer um acidente por picada ou corte. Para tal, deve seguir as
instruções do Serviço de Saúde Ocupacional/Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho;
Ensinar ao utente que precisa de se auto-injetar (ex: diabéticos insulinodependentes)
onde deve descartar as agulhas e como deve transportar consigo um pequeno recipiente para
objetos cortantes no seu carro em segurança, bem como, a utilizar os serviços disponíveis
pelas Farmácias locais, que têm um programa de eliminação de objetos cortoperfurantes.

Data da última revisão: Junho de 2015


54

Vacinação:
É recomendada a vacinação dos profissionais, que inclui:
Tétano;
Imunização contra influenza anual;
Hepatite B (série completa, com acompanhamento dos resultados de sangue para
determinar o estado imunológico pós-vacina);
Estado vacinal: avaliação da vacinação para o sarampo, papeira, rubéola, difteria e
poliomielite;

Para os prestadores de cuidados de saúde suscetíveis, a vacina contra a varicela é


recomendada (negativo da história, IgG negativo).

Nota: Recomenda-se que as UCCI disponham de uma norma de procedimento interna para a Vacinação
dos Profissionais.

Ferramentas de apoio à implementação das precauções básicas


Apresentação em Power Point padronizada sobre as precauções básicas. Publicada junto a este
procedimento na página da GMS destinada ao Manual de Controlo de Infeção. Esta
apresentação é uma ferramenta de apoio à formação e é destinada a ser replicada pelos
elementos responsáveis da Prevenção e Controlo de Infeção e das Resistências aos
Antimicrobianos de cada unidade (GCL/PPCIRA) a todos os profissionais de saúde de todos os
grupos profissionais.
Qualquer dúvida relacionada com os conteúdos dos diapositivos esclarecer com Enf.ª Elena
Noriega enoriega6@gmail.com ou Enf.ª Goreti Silva goretigouveia.silva@gmail.com

Avaliação da implementação das Precauções básicas


A avaliação da implementação do presente procedimento é contínua, executada a nível local,
através de metodologia de processos (auditoria interna, fundamentada nos critérios do
presente procedimento – Anexo III) e de resultados (dados dos programas de vigilância
epidemiológica).
Deverá ser definido em documento escrito e, de acordo com a especificidade de cada serviço,
a periodicidade respetiva para realização de auditoria interna.

Data da última revisão: Junho de 2015


55

ANEXO I
UTILIZAÇÃO DE LUVAS NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS
INDICAÇÕES PARA LUVAS ESTERILIZADAS
Procedimentos radiológicos invasivos; colocação de acessos venosos periféricos ou cateteres centrais;
outras punções, preparação de nutrição parentérica total e de agentes de quimioterapia, mudança de
penso (se não for usada a técnica “no-touch”). Qualquer procedimento cirúrgico (nas Unidades onde for
aplicável);
SITUAÇÕES CLÍNICAS COM INDICAÇÃO PARA LUVAS LIMPAS
Possibilidade de contacto com sangue, fluidos orgânicos, secreções, excreções e objetos visivelmente
contaminados por fluidos orgânicos.
EXPOSIÇÃO DIRETA AO DOENTE: contacto com sangue; contacto com membranas mucosas e com pele não
íntegra; possível presença de organismos perigosos e altamente infeciosos; situações de emergência ou
epidemia; colocação e remoção de acessos vasculares; derramamento de sangue; remoção de linha
venosa; exame pélvico ou vaginal; aspiração de sistemas abertos de tubos endotraqueais, mudança de
fralda, limpeza do doente incontinente, cuidados de higiene oral, quaisquer cuidados aos doentes com
pele não intacta ou com patologias transmissíveis pele-a-pele (ex: escabiose, entre outras).
EXPOSIÇÃO INDIRETA AO DOENTE: esvaziamento de recipientes com fluidos orgânicos; manipulação/limpeza
de instrumentos; manipulação de resíduos; limpeza de fluidos corporais.
SITUAÇÕES EM QUE AS LUVAS NÃO SÃO INDICADAS (EXCEPTO PARA PRECAUÇÕES DE CONTACTO)
Sempre que não exista possibilidade de exposição a sangue ou fluidos corporais, ou ambiente
contaminado.
EXPOSIÇÃO DIRETA AO DOENTE: toque social; avaliação da pressão arterial, temperatura e pulso;
administração de injeções sub-cutâneas ou intra-musculares, lavar e vestir o doente (exceto para os
cuidados de higiene oral); cuidar dos olhos e pavilhões auriculares (desde que não tenham secreções);
manipulação do sistema de acesso vascular na ausência de extravasamento de sangue.
EXPOSIÇÃO INDIRETA AO DOENTE: utilização do telefone; escrever os registos do doente; administração de
medicação oral; distribuição e recolha dos tabuleiros das refeições; transportar o doente ou empurrar
uma cadeira de rodas, remoção e substituição dos lençóis da cama; colocação de aparelhos de
ventilação não invasiva e cânulas de oxigénio; deslocação da mobília do doente.

Nota: A higiene das mãos deve ser sempre executada independentemente das indicações para
utilização de luvas.

Fonte: “Orientação de Boa Prática para a Higiene das Mãos nas Unidades de Saúde. Circular Normativa nº
13/DQS/DSD de 14/06/2010 - documento de apoio

Data da última revisão: Junho de 2015


56

ANEXO II

COLOCAÇÃO E REMOÇÃO DOS EPI


Como Colocar os EPI?

Fonte: Siegel Jane D., et al: The Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee: CDC/HICPAC: “Guideline
for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious Agents in Healthcare Settings”. 2007

Data da última revisão: Junho de 2015


57

Como Remover os EPI?

Fonte: Siegel Jane D., et al: The Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee: CDC/HICPAC: “Guideline
for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious Agents in Healthcare Settings”. 2007

Data da última revisão: Junho de 2015


58

ANEXO III
Instrumento de Auditoria e respetivo guia
Processo e Estrutura
Guia auxiliar de preenchimento do formulário de auditoria ao cumprimento das PBCI

Por cada critério os itens são avaliados por observação e/ou por questionário. Nas alíneas

com os dois tipos de avaliação, deverá sinalizar com um o método que optou Por
exemplo:
Exemplo: Obs./Entr. 2.7. Utiliza avental no contacto direto com os doentes

Obs./Entr. 2.7. Utiliza avental no contacto direto com os doentes

1. Auditoria pela metodologia de observação


a) A observação deve ser feita de forma aleatória, abrangendo, no mínimo:
• 2 Profissionais durante a prestação de cuidados de saúde;
• 2 Profissionais durante os procedimentos de limpeza dos espaços e
equipamento clinico;
• 2 Procedimentos de preparação e administração de injetáveis ou penso;
• 2 Visitas a doentes, no serviço;
• Consulta do Processo Clinico;
• Armazenamento e nível de limpeza dos equipamentos clínicos;
• Manuseamento e acondicionamento de resíduos hospitalares, roupa limpa e
roupa usada;
• Ambiente de trabalho.

2. Auditoria pela metodologia de Entrevista/Questionário


a) Em anexo, e como forma de auxiliar os auditores no preenchimento do
Formulário de Auditoria às Precauções Básicas, apresentam-se as orientações
de preenchimento.
b) Cada item deverá ser respondido por 4 elementos, preferencialmente de
grupos profissionais diferentes.
c) Por cada questão a resposta é avaliada como “SIM”, na grelha de auditoria,
quando os quatro participantes responderem corretamente.
Data da última revisão: Junho de 2015
59

Auditoria interna ao cumprimento das PBCI (processo)

Data __/__/____ serviço: __________________ observador:


____________________________________________________________________
Método CRITERIOS DE AVALIAÇÃO Sim Não N/A
1 - COLOCAÇÃO DOS DOENTES
Obs. 1.1. É feita avaliação de risco de transmissão de agentes infeciosos na admissão do doente.
Obs. 1.2. Os doentes de maior risco de transmissão estão isolados (p. ex. doentes com diarreia)
Índice de qualidade Padrão 1
2 - HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
2.1. Existe solução antisséptica de base alcoólica (SABA) acessível a todos os profissionais e próximo do ambiente do
doente/seu ambiente
2.2. Está em curso no serviço algum tipo de sensibilização sobre a higiene das mãos.
Índice de qualidade do Padrão 2
3 - UTILIZAÇÃO DE EPI
Obs. 3.1. Os EPI estão disponíveis junto ao local de utilização
Obs. 3.2. Os EPI encontram-se num local limpo e seco
Obs. 3.3. Se existem artigos reutilizáveis, está estabelecido um programa de descontaminação
Obs. 3.4. Estão disponíveis luvas de vários tamanhos
Obs. 3.5. Estão disponíveis luvas de material alternativo ao látex
Entr. 3.6. Está implementado o uso de luvas no contacto com fluidos orgânicos, mucosas e pele não íntegra.
Obs/Entr. 3.7. Está implementado o uso de aventais no contacto direto com os doentes
Obs/Entr. 3.8. Está implementado o uso de bata de manga comprida nas situações de maior risco de exposição a fluidos orgânicos
Obs. 3.9. Do equipamento de proteção disponíveis, as visitas apenas usam mascara quando indicado
Obs. 3.10. Existem disponíveis máscaras adequadas ao tipo de exposição
Obs. 3.11. Existem disponíveis óculos ou outro equipamento de proteção ocular
Obs. 3.12. Os profissionais que prestam cuidados aos doentes, usam sapatos fechados
Índice de qualidade Padrão 3
Legenda: Obs. – Observado; Entr. – Entrevista; N/A – não se aplica

Data da última revisão: Junho de 2015


60

Indicadores de avaliação:
1.1 - Identificação em processo clinico do risco de transmissão de agentes infeciosos, até às 24 horas de admissão;
2.2 - Existir no serviço pelo menos uma das seguintes condições: a) Serviço aderente à CPBCI b) exposição de cartazes alusivos à higiene das mãos em pontos estratégicos e
às restantes Precauções Básicas; c) as Precauções Básicas na sua totalidade, incluindo a higiene das mãos fazem parte do plano de formação anual do serviço e de avaliação
de desempenho;
3.3 – Verificar se existem normas de descontaminação do equipamento reutilizável;
3.6 – Entrevista (anexo)
3.7 – Observação ou entrevista (anexo)
3.8 - Observação ou entrevista (anexo)
3.9 – Verificar a existência de cartazes informativos para as visitas e/ou observar aleatoriamente os procedimentos de 2 visitantes

Data da última revisão: Junho de 2015


61

Método CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO Sim Não N/A


4 - ETIQUETA RESPIRATÓRIA
Obs 4.1. Existem cartazes afixados, que indicam para as medidas preconizadas na etiqueta respiratória
Obs 4.2. Os doentes e visitantes têm acesso fácil a lavatório ou SABA
Entr. 4.3. Os profissionais conhecem os componentes da etiqueta respiratória
Entr. 4.4. Os profissionais sabem como devem proceder, em relação aos doentes, nos períodos de maior prevalência de infeções respiratórias.
Total índice de qualidade
5– PRÁTICAS SEGURAS NA PREPARAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE INJETÁVEIS
Obs 5.1. Cada seringa, apenas é usada num doente
Obs 5.2. São usadas embalagens de dose única para medicamentos injetáveis, a não ser em casos excecionais, bem documentados
5.3. Qualquer agulha ou seringa usadas para aceder a embalagens de doses múltiplas, devem ser usadas apenas uma só vez (uso único) e
Obs
têm que estar estéreis (incluindo em procedimentos radiológicos)
Total índice de qualidade
6– EXPOSIÇÃO DE RISCO NO LOCAL DE TRABALHO
6.1. Todos os profissionais conhecem os procedimentos a seguir, quando da exposição significativa a fluidos orgânicos (acidentes por
Entr.
picada ou corte ou projeção para as mucosas oculares)
Total índice de qualidade
7– MANUSEAMENTO SEGURO DA ROUPA
Obs 7.1. A roupa limpa está acondicionada em local apropriado e protegida
Obs 7.2. A roupa usada é colocada num contentor apropriado junto ao local de utilização
Obs 7.3. Os sacos de roupa usada são colocados num local apropriado e fechado até à sua remoção
Total índice de qualidade
8 – RECOLHA SEGURA DE RESÍDUOS
Obs 8.1. Os contentores reutilizáveis, têm mecanismos de abertura sem o uso das mãos, e são higienizáveis
Obs 8.2. Os contentores encontram-se parcialmente cheios
Total índice de qualidade
9 -TRATAMENTO DO EQUIPAMENTO CLÍNICO
Obs 9.1. O material/equipamento de uso único não é reutilizado (se verificar a condição anterior escolha a opção sim)
Obs 9.2. As recomendações dos fabricantes quanto ao método de descontaminação dos equipamentos estão disponíveis
Obs 9.3. Existem protocolos específicos para a descontaminação dos materiais/equipamentos
Obs 9.4. A responsabilidade pelo cumprimento dos protocolos para a descontaminação dos materiais/equipamentos está atribuída.
Índice de qualidade dos padrões 4-9
Legenda: Obs – Observado; Entr. – Entrevistado; N/A – não se aplica

Data da última revisão: Junho de 2015


62

Método CRITERIOS DE AVALIAÇÃO Sim Não N/A


10 – CONTROLO AMBIENTAL
Obs 10.1. O ambiente de trabalho está livre de objetos e equipamentos desnecessários
Obs/Entr. 10.2. Os profissionais têm conhecimento dos protocolos de limpeza e da sua responsabilidade específica
Obs 10.3. O ambiente de trabalho encontra-se visivelmente limpo
Obs/Entr. 10.4. Existem protocolos para a remoção de derrames de matéria orgânica
Total índice de qualidade
Índice global de qualidade do serviço
Legenda: Obs – Observado; Entr. – Entrevistado; N/A – não se aplica

Indicadores de avaliação:
4.3, 4.4, 6.1 – Entrevista (anexo); 9.4 - Planificação e delegação diária das responsabilidades dos profissionais, pelas atividades a realizar
10.2 – Observar ou entrevistar os profissionais que desempenham essas funções, sobre os protocolos de limpeza das áreas da unidade de saúde;
Identificar se na planificação diária, é atribuída a responsabilidade dos profissionais de limpeza nas suas áreas.
10.4 - Observar ou entrevistar os profissionais que desempenham essas funções, sobre os protocolos de limpeza de derrames de matéria orgânica.

Data da última revisão: Junho de 2015


63

Auditoria interna ao cumprimento das PBCI (estrutura)


Método ITENS DE AVALIAÇÃO Sim Não N/A
PADRÃO 1 - CONHECIMENTO DAS PBCI
Obs/Entr. 1. A Norma das PBCI está disponível no Manual de Boas Práticas da Unidade de Saúde
Entr. 1.1 Os profissionais conhecem a Norma das PBCI
2. Existe evidência nos registos de formação em serviço, de que todo os profissionais receberam formação sobre as PBCI
Obs 2.1. Médicos
Obs 2.2. Enfermeiros
Obs 2.3. Outros Técnicos (ex: Radiologia, Laboratório, Medicina Física e Reabilitação)
Obs 2.4. Assistentes Operacionais
Obs 2.5. Funcionários de limpeza
Obs 2.6. Outros profissionais e/ou voluntários
3. A prevenção e controlo de infeção estão incluídos nos objetivos individuais dos profissionais do serviço e na avaliação de
Entr. desempenho.
Obs 4. Existem afixados cartazes sobre a técnica da higienização das mãos em locais estratégicos
Obs 5. Existem afixados protocolos de descontaminação dos materiais/equipamentos nos locais apropriados
Obs 6. Existem afixados protocolos de higienização ambiental nos locais apropriados
Total índice de qualidade
PADRÃO 2 - RECURSOS
Obs 1. Os EPI disponíveis nos locais de prestação de cuidados são adequados aos procedimentos
Obs 1.2 Os EPI disponíveis nos locais de prestação de cuidados são suficientes (não há rotura de fornecimento)
Obs 2. O material/equipamento para a higienização das mãos é adequado (inclui o hidratante para mãos)
Obs 2.1 O material/equipamento para a higienização das mãos está em boas condições de higiene e manutenção
3. Os antisséticos, detergentes e desinfetantes usados, são os recomendados pela Comissão de prevenção e Controlo da Infeção e das
Obs Resistências aos Antimicrobianos (CPCIRA) /Gestão de Risco e Farmácia
Obs 4. Os contentores de recolha de roupa usada são adequados e em número suficiente
Obs 4.1 Existe local de armazenamento para roupa usada, inacessível a crianças e animais, fechado e ao abrigo do calor
Obs 4.2. Existe local adequado para o armazenamento da roupa limpa
Obs 5. Os contentores de recolha de resíduos são adequados e em número suficiente
Obs 5.1 Existe local de armazenamento para resíduos hospitalares, inacessível ao público e devidamente sinalizado
Obs 5.2 O local de armazenamento de resíduos tem condições adequadas de acesso

Data da última revisão: Junho de 2015


64

Obs 5.3 O local de armazenamento de resíduos é de fácil limpeza/higienização


6. Existe um local de armazenamento para o equipamento/material, de modo a não permanecer exposto desnecessariamente nos locais de
Obs prestação de cuidados
Obs 6.1 O material/equipamento de uso único não é reutilizado
Total índice de qualidade
Legenda: Obs – Observado; Quest. – Questionado; N/A – não aplicado

Indicadores de avaliação: Conhecimentos PBCI


1.1 - Questionar sobre a existência da norma no manual de boas práticas
3 - Entrevista (anexo)

Data da última revisão: Junho de 2015


65

ANEXO PARA PREENCHIMENTO DO FORMULÁRIO DE AUDITORIA ÀS PRECAUÇÕES BÁSICAS DE CONTROLO


DE INFEÇÃO

Inquirir 4 elementos, preferencialmente 1 por cada grupo profissional

Por cada participante, assinalar com X no respetivo

Questão 2.6 – Utiliza as luvas em contacto com fluidos orgânicos, mucosas e pele não íntegra?

Sim
Não

Questão 2.7 - Utiliza avental no contato direto com o doente?


Sim
Não

Questão 2.8 - Usa bata de manga comprida nas situações de maior risco de exposição a fluidos orgânicos?
Sim
Não
Questão 4.3 - Quais as medidas individuais da etiqueta respiratória?
Correta
Incorreta

Questão 4.4 - Como proceder em relação aos doentes nos períodos de maior prevalência de infeções
respiratórias?
Correta
Incorreta

Questão 6.1 - Quais os procedimentos a seguir nos acidentes de trabalho com exposição a sangue e a outros
fluidos orgânicos?
Correta
Incorreta

Padrão 1 – auditoria aos conhecimentos PBCI

1.1 Os profissionais conhecem a Norma das PBCI?

Sim
Não
3. A prevenção e controlo de infeção estão incluídos nos objetivos individuais e de avaliação de desempenho?

Sim
Não

A resposta é avaliada como “SIM”, na grelha de auditoria, quando os 4 ou mais participantes, responderem
corretamente à questão. Por exemplo:

Sim ⌧⌧⌧⌧ Sim Não N/A Sim ⌧⌧⌧ Sim Não N/A
Não = Não ⌧ =
X X

Correto ⌧⌧⌧⌧ Sim Não N/A Correto ⌧⌧⌧ Sim Não N/A
= =
Incorreto X Incorreto ⌧ X

Adaptado de Guia de orientação para auditoria às PBCI da DGS

Data da última revisão: Junho de 2015


65

4.2 Precauções Dependentes das Vias de


Transmissaõ
Procedimentos

As Precauções Complementares ou Dependentes das Vias de Transmissão são,


como a própria designação indica, medidas que devem ser implementadas,
complementarmente às Precauções Básicas. De sublinhar, portanto, que as medidas
de precaução dependentes das Vias de Transmissão complementam as Precauções
Básicas, mas não as substituem.
Alguns utentes podem necessitar de medidas específicas, para limitar ou prevenir a
transmissão de microrganismos potencialmente infeciosos a outros doentes ou aos
profissionais. As precauções de isolamento a adotar dependem da via de transmissão
implicada.

Objetivos

Promover a aplicação das medidas complementares às Precauções Básicas,


para a prevenção e o controlo da infeção - Precauções Dependentes das Vias de
transmissão.
Prevenir a transmissão cruzada das infeções e de microrganismos
epidemiologicamente significativos entre utentes, entre utentes e o ambiente
circundante, entre utentes e profissionais, entre profissionais e utentes.
Proteger da infeção, os utentes, visitantes (familiares e outras pessoas
significativas) e os profissionais, de forma custo-efetiva.
Prevenir e controlar surtos de infeção.
Controlar as resistências aos antimicrobianos.

Data da última revisão: Maio de 2014


66

Conceitos Relevantes

As Precauções Dependentes das Vias de Transmissão são medidas aplicadas a


utentes identificados ou com suspeita de infeção/colonização de agentes infeciosos,
incluindo microrganismos epidemiologicamente importantes, e que requerem medidas
adicionais de controlo para prevenir efetivamente a sua transmissão.
São implementadas de forma empírica, de acordo com a história e o quadro clínico
do utente na altura de admissão, podendo depois ser modificadas, quando é
identificado o microrganismo ou quando a etiologia da transmissão é estabelecida.

Âmbito do Procedimento
Aplica-se a todos os profissionais que prestam cuidados diretos ou indiretos nas
Unidades de Cuidados Continuados das Misericórdias, em qualquer uma das seguintes
áreas:
a) Nos quartos/enfermarias
b) Na sala de tratamentos;
c) No ginásio, fisioterapia, entre outros;
d) Nas áreas de alimentação (confeção, refeitório e bar);
e) Lavandaria e restantes áreas hoteleiras;
f) Nos espaços reservados para Cabeleireiro;
g) Outras áreas da UCCI.

Antes, durante e após contactos com os utentes, com o ambiente envolvente dos
mesmos, com os materiais e equipamentos, com os alimentos, roupa, resíduos, entre
outros.

Fundamentação
Os profissionais que prestam cuidados aos utentes ou trabalham em qualquer uma
das áreas das UCCI devem ter a noção da importância da aplicação das Precauções
Dependentes das Vias de Transmissão aos utentes que são admitidos nas UCCI já com

Data da última revisão: Maio de 2014


67

suspeita ou confirmação do seu estado infecioso. A aplicação destas medidas


complementares, constitui a boa prática e a forma mais relevante de evitar a
propagação da infeção e da colonização entre utentes, sempre que se conhece o
estado de infeção/colonização dos utentes admitidos nas UCCI.
Para tal, é necessária a sua formação nesta área, que deve incidir essencialmente
no conhecimento sobre a cadeia epidemiológica da infeção, na avaliação do risco dos
utentes para a infeção e das medidas a aplicar em cada uma das situações e de acordo
com os microrganismos envolvidos. Todos os profissionais devem estar familiarizados
com as Precauções complementares às Básicas - as Precauções Dependentes das Vias
de Transmissão.

Avaliação do Risco Individual do Utente para a Infeção

Se o diagnóstico infecioso do utente e o microrganismo e/ou patologia infeciosa já é


conhecido ou suspeito, as medidas de controlo são implementadas, de acordo com as
possíveis vias de transmissão.
Se ainda não é conhecido ou suspeito o diagnóstico infecioso do utente e o
microrganismo e/ou patologia infeciosa, é importante que se faça a avaliação
sistemática do risco individual de cada utente para a infeção.
Esta avaliação integra os diversos fatores individuais que podem contribuir para a
aquisição de infeção, de modo a melhor direcionar o plano de cuidados e a aplicar as
Precauções Dependentes das Vias de Transmissão.

1. Fatores de Risco na Avaliação Individual do Utente

a) Fatores gerais
 Idade - extremos de idade;
 Estados de nutrição - emaciado, magro, obeso, desidratado;
 Mobilidade - limitado, imobilizado;
 Estado mental - confuso, deprimido;
 Incontinência - temporária, permanente;
 Higiene geral - dependente (boca, pele);
 Estado vacinal

Data da última revisão: Maio de 2014


68

b) Fatores locais:

 Edema - pulmonar, ascite;


 Isquémia - trombose, embolia, necrose;
 Lesões cutâneas - traumatismo, queimaduras, ulceração;
 Corpo estranho - acidental, planeado.

c) Procedimentos invasivos:
 Catéter vascular - periférico, central, alimentação parentérica;
 Intubação - aspiração endobrônquica, humidificação, ventilação;
 Catéter urinário - mantido, intermitente, irrigação;
 Cirurgia - drenagem, ostomia, prótese.

d) Doenças de base: carcinoma, leucemia, anemia aplástica, diabetes, hepatopatia,


doença renal, HIV/SIDA;

e) Terapêuticas - citostáticos, antibióticos, corticoides.

A efetivação dos registos adequados, decorrentes desta avaliação, é fundamental


para um bom planeamento e individualização dos cuidados aos utentes das UCCI.

2. Estratégias de Redução de Risco:


A avaliação do utente e dos possíveis riscos para o mesmo, para outros utentes que
com ele conviverão ou para os profissionais, ajudará o prestador de cuidados de saúde
a minimizar os riscos de infeção para o utente e para si próprios.
Uma vez concluída esta avaliação de risco, são então definidas as estratégias,
incluindo a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) específicos, o tipo
de isolamento e a metodologia de limpeza e desinfeção de equipamentos para reduzir
o risco de transmissão de microrganismos no ambiente e consequentemente, da
infeção cruzada.

Data da última revisão: Maio de 2014


69

3. Princípios do Isolamento

a) Contenção na fonte: Quarto individual ou enfermaria; Educação do doente;


Diagnóstico e tratamento precoces da infeção.

b) Bloqueio das vias de transmissão: de acordo com as fontes de infeção, podem


ser: técnicas “no touch”, uso adequado de EPI (luvas, avental impermeável, bata e
máscaras), eliminação do material contaminado, ventilação com pressão negativa
(isolamento de contenção).

c) Proteção do hospedeiro suscetível: higiene das mãos, uso adequado de


equipamento de proteção individual (luvas, avental /bata, máscaras), quarto individual
com ventilação com pressão positiva (isolamento protetor), descontaminação de
material e ambiente.

Principais Vias de Transmissão

1) Via aérea

A infeção geralmente ocorre através da via respiratória, estando o microrganismo


ou agente infecioso presente nos núcleos de gotículas (“droplet nuclei”) - partículas
infeciosas de dimensão inferior a 5 mícrons, que possam ser arrastados por correntes
de convecção do ar para os mais diversos locais e inalados por um hospedeiro
suscetível, mesmo que situado em local distante do doente.

2) Gotículas

O microrganismo ou agente infecioso é transportado por gotículas maiores, com


dimensão superior a 5 mícrons, provenientes de doentes ou portadores, que são
emitidas principalmente quando o indivíduo tosse, espirra ou fala e durante alguns
procedimentos, tais como aspiração de secreções ou endoscopia.

Data da última revisão: Maio de 2014


70

3) Contacto (direto ou indireto)

a) Respeita aos doentes com suspeita ou confirmação de infeção/colonização por


microrganismos epidemiologicamente importantes, que podem ser transmitidos por
contacto direto com o doente (contacto pele-pele, com lesões ou fluidos orgânicos) ou
indiretamente, por contacto com superfícies ou equipamento contaminados (quer
pelo doentes quer pelos profissionais).

b) Exemplos: Infeções ou colonizações gastrointestinais, respiratórias ou cutâneas


e todos os microrganismos multirresistentes a antibióticos, que infetam ou colonizam
o doente (MRSA, Acinetobacter, Enterococcus resistentes à Vancomicina, etc.).

c) A infeção ocorre através de:


 Contacto direto entre a fonte de infeção e o recetor (ex: as mãos dos
profissionais estão contaminadas com microrganismos de um utente e transportam os
mesmos para outro utente, porque não higienizam as mãos entre utentes). Outro
exemplo, é o utente manipular um jornal ou revista com as mãos contaminadas e
empresta-los a outro utente para ler.
 Através da transmissão direta de gotículas da via aérea de um indivíduo à via
aérea de outro.
 Contacto indireto (ex: as mãos dos profissionais contaminam-se ao manipular
objetos ou materiais contaminados de um utente e se não forem higienizadas ao
passar para outro utente, pode haver transmissão cruzada desses microrganismos).

Data da última revisão: Maio de 2014


71

Medidas a Implementar de Acordo com a Via de Transmissão

1) Via de Transmissão – Via Aérea

a) Isolamento Respiratório

Está indicado para doentes com infeções suspeitas ou confirmadas por


microrganismos transmitidos por via aérea, como é o caso da Tuberculose, Sarampo,
Varicela, sendo certo que, no âmbito da admissão ou realização diagnóstica, devem ser
consideradas as orientações da Circular Normativa nº 17 da DGS, de 20/09/07, bem
como os critérios de exclusão da RNCCI.

As Precauções de transmissão por via aérea têm como objetivo a redução da


transmissão de agentes infeciosos através da disseminação de partículas de pequena
dimensão - núcleos de gotículas (< 5 μm), que evaporaram e que contêm
microrganismos que se mantêm em suspensão ou produzidas por partículas de pó que
contêm os microrganismos.

Sob esta forma, podem dispersar-se por longas distâncias através de correntes de ar
e serem inaladas pelo hospedeiro suscetível num mesmo quarto ou muito longe da
fonte, dependendo de fatores ambientais (correntes de ar, sistemas de ventilação).
Como consequência é necessário especial cuidado com a circulação do ar e ventilação
para se prevenir a transmissão aérea de microrganismos.

As medidas de precaução de isolamento por via aérea destinam-se a doentes a


quem foi diagnosticado ou em que há a suspeita de estarem infetados com
microrganismos epidemiologicamente importantes que podem ser transmitidos por
via aérea.

Data da última revisão: Maio de 2014


72

b) Medidas de Isolamento por Via Aérea (adicionais às precauções básicas):

 Colocação do doente:
Colocar o doente num quarto individual com pressão negativa, relativamente
às áreas contíguas, controlada, que permita 6 a 12 renovações de ar por hora e
exaustão para o exterior, afastada das entradas de ar, ou filtração de alta eficiência
(filtros HEPA) do ar do quarto antes da sua circulação por outras áreas.
Colocar na porta do quarto ou área de isolamento, uma placa identificadora do
tipo de isolamento.
Manter a porta do quarto fechada e o doente no quarto.
Se não for possível colocar o doente num quarto individualizado, deve ser
colocado num quarto com outros doentes que tenham infeção ativa com o mesmo
microrganismo, mas sem outra infeção a não ser que haja outra recomendação
(Isolamento por coorte).
Quando estas condições não são possíveis de implementar, deverão utilizar-se
preferencialmente quartos em locais mais altos, com sol e mantendo as janelas
abertas o máximo de horas que a temperatura permita. É fundamental ter o cuidado
de fechar as janelas antes de abrir a porta. As áreas de isolamento devem possuir
todos os materiais, equipamentos e infra-estruturas que permitam a contenção na
fonte e a individualização de materiais.

 Proteção Respiratória:
Usar proteção respiratória (Respirador de partículas com o mínimo de 95% de
capacidade de filtragem), sempre que entrar no quarto de isolamento.
Nos casos de suspeita ou confirmação de tuberculose por Mycobacterium
tuberculosis multirresistente os respiradores a utilizar devem ser P3.
Se o doente tiver diagnóstico ou suspeita de rubéola ou varicela os profissionais
suscetíveis não devem entrar no quarto ou se o fizerem devem usar um respirador de
partículas como o atrás referido. Nessas situações as pessoas imunes não necessitam
de usar proteção respiratória.

Data da última revisão: Maio de 2014


73

 Transporte do doente
O movimento e transporte de doentes para fora do quarto deve restringir-se ao
essencial. Se necessário, deve minimizar-se a possibilidade de dispersão de partículas
colocando uma máscara cirúrgica ao doente, se tal for possível.
Deve informar-se o local de destino do doente, assim como o profissional que o
acompanha, acerca da situação e medidas de proteção.

 Resíduos
Colocados em saco branco (resíduos grupo III), junto do doente e o material
cortoperfurante em contentor apropriado.

 Limpeza de rotina
Com água e detergente, sendo a última sala a ser limpa e os equipamentos
utilizados descontaminados a seguir.
Os equipamentos, idealmente de uso exclusivo para o isolamento, devem ser
lavados preferencialmente em máquina com ciclo de desinfeção pelo calor.
Não sendo possível, lavar e desinfetar com solução de 1% de cloro livre logo
após a sua utilização.

 Limpeza terminal
Com água e detergente.
As superfícies devem ser descontaminadas com solução de 1% de cloro livre
(deve ser dada especial atenção aos manípulos da porta e janelas).
As paredes descontaminadas até 2/3 da altura.
Deixar atuar o desinfetante durante cerca de 10 minutos e passar depois com
água limpa.
O quarto deve manter-se encerrado, se possível, com porta fechada e janela
aberta durante 24 horas.

Data da última revisão: Maio de 2014


74

 Educação das visitas


Sensibilização para correta utilização das medidas de proteção:
Utilização de respirador de partículas e modo correto de o colocar.
Importância da lavagem das mãos ao entrar e sair do quarto.
Abrir a porta o mínimo possível.
Restrição do número de visitas.
Não ir visitar outros doentes ou serviços depois de ter visitado esse em
isolamento.

 Educação do doente
Utilizar lenços de papel para expetorar e tapar a boca quando tosse ou espirra.
Se for necessário sair do quarto colocar previamente uma máscara.
Proceder à higiene das mãos após tossir, espirrar ou assoar-se.

 Situações em que está indicado o uso de isolamento respiratório – via aérea:


Tuberculose pulmonar, laríngea ou brônquica.
Na situação específica da suspeita ou diagnóstico confirmado de tuberculose
pulmonar, sem informação de terapêutica efetiva no período de 14 dias, anterior à
admissão.
Varicela, Sarampo.
Herpes zoster disseminado ou localizado em doentes imunodeprimidos.

2) Via de Transmissão - Gotículas:

a) Isolamento
Está indicado para utentes com infeção suspeita ou confirmada por microrganismos
transmitidos por gotículas (> 5 μm), que podem ser geradas pela tosse, espirro, fala ou
durante procedimentos como a aspiração de secreções, broncoscopia, cinesioterapia
respiratória.

Data da última revisão: Maio de 2014


75

A transmissão via gotículas necessita de um contacto próximo entre fonte e


hospedeiros. Pelo seu peso essas partículas não se mantém muito tempo suspensas no
ar e só se deslocam por curtas distâncias (1 metro ou menos) através do ar, indo
depositar-se nas conjuntivas, mucosa nasal, boca do hospedeiro, e superfícies.

As Precauções por Gotículas têm como objetivo a redução do risco da transmissão


de agentes infeciosos através de gotículas.

Exemplos: Infeção meningocócica incluindo pneumonia, meningite e sepsis, Tosse


convulsa, Pneumonia por Mycoplasma, Peste pneumónica, Faringite, Haemophillus
influenzae, Parvovírus B19, Rubéola.

b) Medidas de Isolamento por Gotículas (adicionais às precauções básicas)

 Colocação do doente
Colocar o doente num quarto individual.
Colocar na porta placa identificadora do tipo de isolamento.
Se não houver for possível colocá-lo num quarto individual, o doente deve ser
colocado num quarto com outros doentes que tenham infeção ativa com o mesmo
microrganismo, mas nenhuma outra infeção (Isolamento por coorte).
Se não existir quarto individual disponível e não for possível o agrupamento em
coorte, deve manter-se separação espacial com a distância de pelo menos um metro,
entre o doente e outros doentes e visitas (uso de cortinas separadoras).
Não são necessárias quaisquer medidas especiais de tratamento de ventilação
e a porta pode permanecer aberta.

 Máscaras e proteção ocular


Além do uso de máscara recomendado nas precauções básicas, deve ser utilizada
máscara com viseira, óculos ou escudo para proteção das membranas mucosas dos
olhos, nariz e boca durante procedimentos potencialmente geradores de salpicos de
sangue, fluidos corporais, secreções ou excreções ou quando se prestam cuidados a

Data da última revisão: Maio de 2014


76

uma distância de um metro ou menos (por vezes questões logísticas recomenda-se a


colocação de máscara quando se entra no quarto).

 Transporte do doente
O movimento e transporte do doente para fora do quarto deve restringir-se ao
essencial. Se for necessário, deve minimizar-se a possibilidade de dispersão de
gotículas colocando uma máscara ao doente, se for possível. Deve informar-se o local
de destino do doente assim como o profissional que o acompanha acerca da situação e
medidas de proteção adequadas.

 Resíduos
Colocados em saco branco (resíduos grupo III), junto do doente e o material
cortoperfurante em contentor apropriado.

 Limpeza de rotina
Com água e detergente, sendo a última sala a ser limpa e os equipamentos
utilizados descontaminados a seguir.
Os equipamentos, idealmente de uso exclusivo para o isolamento, devem ser
lavados preferencialmente em máquina com ciclo de desinfeção pelo calor.
Não sendo possível, lavar e desinfetar com solução de 1% de cloro livre logo
após a sua utilização.

 Limpeza terminal
Com água e detergente.
Superfícies descontaminadas com solução de 1% de cloro livre (deve ser dada
especial atenção aos manípulos da porta e janelas).
Paredes descontaminadas até 2/3 da altura.
Deixar atuar o desinfetante durante cerca de 10 minutos e passar depois com
água limpa.

 Educação das visitas sobre as medidas de proteção:


Utilização de máscara e modo correto de a colocar.
Higiene das mãos ao entrar e sair do quarto.

Data da última revisão: Maio de 2014


77

Restrição do número de visitas.


Não ir visitar outros doentes ou serviços depois de ter visitado, esse em
isolamento.

 Educação do doente
Utilizar lenços de papel para expetorar e tapar a boca quando tosse ou espirra.
Colocar máscara cirúrgica antes, se tiver que sair do quarto.
Proceder à higiene das mãos após tossir, espirrar, assoar-se.

 Exemplos de situações em que está indicado o uso de isolamento de


gotículas:
Meningite, pneumonia, epiglotidite e sepsis por Haemophilus influenzae tipo B.
Meningite, pneumonia, e sepsis por Neisseria meningitidis.

Outras infeções respiratórias bacterianas importantes:


Difteria (faríngea); Mycoplasma pneumonia; Tosse convulsa (B.Pertussis); Faringite,
pneumonia, escarlatina por Streptococcus do grupo A em crianças.

Infeções virais onde esta via de transmissão é importante


Adenovírus; Gripe; Parotidite; Parvovirus B19; Rubéola.

3) Via de Transmissão – contato

a) Isolamento
O isolamento de contacto está indicado para redução do risco de transmissão de
microrganismos epidemiologicamente importantes através do contacto direto ou
indireto. A transmissão por contacto direto envolve contacto pele a pele e
transferência de microrganismos a um hospedeiro suscetível, de uma pessoa infetada
ou colonizada.

Data da última revisão: Maio de 2014


78

Essa situação acontece quando se muda um doente de posição, se prestam


cuidados de higiene ou outros cuidados que requerem o contacto pessoal direto. Este
tipo de contacto também pode ocorrer entre dois doentes, servindo um como fonte e
outro como hospedeiro suscetível.

O contacto indireto envolve contacto de um hospedeiro suscetível com um objeto


contaminado, que serve de intermediário, e que habitualmente se encontra nas
imediações do doente. São exemplo: instrumentos contaminados ou mãos
contaminadas que não foram higienizadas ou ainda luvas que não foram mudadas
entre doentes.

b) Medidas de Isolamento (adicionais às precauções básicas)

 Colocação do doente
Colocar o doente num quarto individual.
Colocar na porta placa identificadora do tipo de isolamento.
Se não for possível colocá-lo num quarto individualizado, o doente deve ser
colocado num quarto com outros doentes que tenham infeção ativa com o mesmo
microrganismo, mas nenhuma outra infeção (Isolamento por coorte).
Se não existir quarto individual disponível e não for possível o agrupamento em
coorte, deve considerar-se a epidemiologia do microrganismo e a população de
doentes.

 Uso de luvas e lavagem das mãos


Calçar as luvas (limpas, não esterilizadas), antes de entrar no quarto ou área de
isolamento.
Durante a prestação de cuidados ao doente trocar de luvas após contacto com
material infetante que possa conter grande concentração de microrganismos (material
fecal ou exsudado de feridas, por exemplo).

Data da última revisão: Maio de 2014


79

Retirar as luvas antes de abandonar a área de isolamento e lavar as mãos


imediatamente, usando um sabão com antiséptico ou descontaminando-as com uma
solução alcoólica com antiséptico.
Assegurar-se que não toca em superfícies ou objetos na área do doente.

Uso de Bata/Avental

Usar bata (limpa, não esterilizada), quando entrar no quarto, se é previsível que
a farda, roupa contacte substancialmente com o doente, superfícies envolventes ou
objetos ou se o doente está incontinente ou tem diarreia, ileo ou colostomia, ou
exsudado de ferida, não contido em penso.
Retirar a bata antes de abandonar o ambiente do doente assegurando-se que a
sua roupa não contacta com superfícies ou objetos potencialmente contaminados.
Proceder à higiene das mãos.

 Transporte do doente
Limitar ao estritamente necessário o movimento e transporte do doente, para
fora da área de isolamento.
Se for mesmo necessário o doente ser deslocado para fora do quarto deve
assegurar-se a manutenção das medidas de proteção, para minimizar o risco de
transmissão a outros ou ao ambiente circundante. Ao doente, cobrir feridas extensas,
vestir uma bata. O profissional que acompanha deve usar luvas e bata.
Informar os intervenientes no transporte e o local de destino sobre as
precauções a adotar na prestação de cuidados a estes doentes (Proteção do material
não crítico que vai ser utilizado e sua desinfeção com solução de 1% de cloro livre).
Descontaminação das superfícies com solução de 1% de cloro livre.
Retirar toda a roupa que foi utilizada pelo doente.

 Dispositivos médicos
Equipar o quarto com material não crítico, individualizado (arrastadeira/urinol,
termómetro, bacia de higiene, estetoscópio, esfigmomanómetro).
Se for de todo impossível o uso de equipamento individualizado, a limpeza e
desinfeção com álcool a 70% deve ser assegurada antes do uso num outro doente.
Data da última revisão: Maio de 2014
80

 Resíduos
Colocados em saco branco (resíduos grupo III), junto do doente e o material
cortoperfurante em contentor apropriado.

 Limpeza de rotina
Com água e detergente, sendo a última sala a ser limpa e os equipamentos
utilizados descontaminados a seguir.
Os equipamentos, idealmente de uso exclusivo para o isolamento, devem ser
lavados preferencialmente em máquina com ciclo de desinfeção pelo calor. Não sendo
possível, lavar e desinfetar com solução de 1% de cloro livre logo após a sua utilização.

 Limpeza terminal
Com água e detergente.
Superfícies descontaminadas com solução de 1% de cloro livre (deve ser dada
especial atenção aos manípulos da porta e janelas).
Paredes descontaminadas até 2/3 da altura.
Deixar atuar o desinfetante durante cerca de 10 minutos e passar depois com
água limpa.

 Educação dos doentes/família


Sensibilização para o uso as medidas de proteção.
Ressalvar a importância da higiene das mãos com solução anti-séptica de base
alcoólica ou com sabão contendo anti-séptico.
Não partilhar objetos pessoais, revistas, outros.
Manter a porta fechada.
Não visitar outros doentes ou serviços depois de ter visitado esse, em
isolamento.

Data da última revisão: Maio de 2014


81

 Exemplos de situações em que está indicado o uso de isolamento de contacto:

Infeções ou colonizações das vias respiratórias, pele ou feridas, aparelho


gastrointestinal com bactérias multirresistentes indicadas pelo programa de controlo
da infeção como tendo especial significado clínico ou epidemiológico.
Infeções entéricas com dose infeciosa baixa ou sobrevivência prolongada no
ambiente, incluindo: Clostridium difficile; Escherichia coli O157:H7, Enterohemorragica,
Shigella, vírus hepatite A ou Rotavirus em doentes incontinentes ou com fraldas, Vírus
respiratório sincicial, vírus parainfluenza ou infeções por Enterovirus em crianças.

Infeções da pele altamente contagiosas incluindo: Difteria (cutânea), Herpes


simplex (neonatal ou mucocutâneo), Impétigo, Celulite, abcesso, úlcera de decúbito
extensa ou outras feridas com exsudado não contido, Pediculose; Escabiose,
Furunculose estafilocócica em crianças, Zoster disseminado ou em doente
imunocomprometido, Conjuntivite hemorrágica viral, Infeções virais hemorrágicas
(Ébola, Lassa, Marburgo).

Microrganismos Multirresistentes

A ocorrência de microrganismos resistentes aos antimicrobianos constitui uma


preocupação importante. A disseminação de estirpes multirresistentes dá-se
geralmente através do contacto direto ou indireto com o doente ou
material/equipamento, sendo as mãos dos profissionais de saúde, o principal veículo.
Nesse caso está indicada a adoção das medidas de Isolamento de Contacto, para além
das precauções básicas.

1) Precauções de Isolamento

Alguns microrganismos, como o MRSA, podem igualmente ser transmitidos pelo ar


no caso de dermatite extensa ou traqueostomia colonizada ou infetada. Nesta situação
é recomendado Isolamento Respiratório – via aérea.

Data da última revisão: Maio de 2014


82

As seguintes precauções ajudam a prevenir a disseminação dos microrganismos


multirresistentes (MRSA; Acinetobacter baumannii; ESBL - Produtores de
Betalactamases de expectro alargado- entre outros):
 Promover a deteção precoce de casos, especialmente quando provenientes de
outras instituições.
 Isolar os doentes em quarto individual ou coorte.
 Reforçar a higiene das mãos pelos profissionais, após contacto com doentes
infetados ou colonizados.
 Utilizar luvas para manusear materiais contaminados com MRSA, ou no
contacto com doentes infetados ou colonizados.
 Assegurar o manuseamento e eliminação cuidadosos dos dispositivos, resíduos,
roupas entre outros.

Data da última revisão: Maio de 2014


83

4.3 Higiene das Maos


Enquadramento

O presente procedimento é elaborado com base nas Guidelines nacionais e internacionais


disponíveis, mas sobretudo nas Orientações da OMS adoptadas pela DGS na “Campanha
Nacional de Higiene das Mãos”

As mãos dos profissionais de saúde constituem a principal via de transmissão das infecções
nosocomiais. A higiene das mãos adequada e o uso adequado de luvas são medidas essenciais
para a prevenção da transmissão destas infecções. A sua importância já tinha sido
demonstrada por Semmelweis, no século XIX. Tem sido demonstrado por inúmeros estudos,
que a higiene das mãos é uma medida eficaz para prevenir e controlar os surtos de infecção.

A temática – higiene das mãos – é um dos componentes básicos do Programa Global de


Controlo de Infecção e faz parte integrante dos Manuais de Práticas de Controlo de Infecção
de qualquer Unidade de Saúde, bem como, a politica de utilização de antissépticos e
desinfectantes na prática clinica. Há já muitos anos que as Soluções Anti-sépticas de Base
Alcoólica (SABA) têm vido a ser introduziadas em Portugal como alternativa à higiene das mãos
por lavagem. A adesão de Portugal à estratégia da OMS “Clean Care is Safer Care” veio dar um
incremento à utilização da SABA na prestação de cuidados de Saúde.

Objetivos

Criar as condições para promover a prática da higiene das mãos na prestação de


cuidados de saúde;
Promover a correta higiene das mãos;
Prevenir a transmissão de infeção.

Âmbito

De acordo com o Modelo Conceptual da OMS para a Higiene das Mãos - “Cinco
Momentos”:(ver fig.2.1) e sem prejuízo de o aplicar sempre que se justifique, são preconizados
os seguintes momentos para higienização das mãos:
84

a) Antes do contacto com o doente;


b) Antes de procedimentos limpos/assépticos;
c) Após risco de exposição a fluidos orgânicos;
d) Após contacto com o doente;
e) Após contacto com o ambiente envolvente do doente.

Figura 1 - Modelo Conceptual da OMS para a Higiene das Mãos “Cinco Momentos”;

Fonte: DGS – Circular Normativa N.º: 13/DQS/DSD

Definições

1) Flora Transitória
É constituida por microrganismos que não se multiplicam na pele, mas que se encontram
nela em consequência do contacto, sendo facilmente transferidos para outras pessoas ou
superfícies. A remoção destes microrganismos é essencial para a prevenção das infecções
cruzadas. Durante algum tempo considerou-se que para a remoção da flora transitória, a
higiene por lavagem com água e sabão era suficiente.
Contudo, estudos efectuados para avaliar a eficácia do sabão e alguns produtos anti-
sépticos na remoção de agentes transitórios multiresistentes e de vírus, concluiram que a água
85

e o sabão nem sempre são suficientes para remover alguns vírus e bactérias, como por
exemplo: Enterococos, Enterobacter, Klebsiella,Candida albicans, entre outros.

2) Flora Residente
Respeita a microrganismosque se podem multiplicar nas camadas mais profundas da pele
desempenhando um papel importante na sua protecção pela invasão de outras espécies
prejudiciais. É constituida maioritariamente por bactérias Grampositivo de baixa
patogenicidade como os Micrococos, por staphylococcus coagulase negativos e difteróides.Os
microrganismos residentes não se transferem facilmente para outras pessoas ou superfícies. A
lavagem com água e sabão não os remove e por vezes, pode mesmo trazer para a superficie
um número maior de microrganismos das camadas mais profundas. O potencial patogénico da
flora residente é baixo, sendo por isso desnecessário removê-los durante os cuidados de saúde
de rotina. Contudo, em procedimentos invasivos (Por ex. Intervenções cirúrgicas, colocação de
cateteres centrais, etc), há risco dos microrganismos residentes, do prestador de cuidados,
penetrarem nos tecidos do utente e provocarem infecção. Não é possível nem desejável a sua
eliminação total, mas pode ser necessária a sua redução através da aplicação de anti-sépticos.

Local de prestação de cuidados:


Refere-se ao local onde coexistem simultaneamente três (3) elementos: o doente, o
profissional da equipa multidisciplinar da unidade e o procedimento/tratamento.

Ambiente envolvente do doente


Espaço restrito do ambiente de prestação de cuidados temporariamente dedicado a um
doente, incluindo equipamento (diversos dispositivos médicos), mobiliário (cama, cadeira,
mesa de cabeceira, etc.) cortinados separadores e objectos pessoais (roupa, livros, etc.)
manipulados pelo doente e pelos profissionais aquando da prestação de cuidados ao doente.O
local de prestação de cuidados e o ambiente envolvente são sempre considerados em relação
a cada doente.

Siglas

 ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde


 DGS – Direção–Geral da Saúde
86

 GCL/PPCIRA - Grupo Coordenador Local do Programa de Controlo de Infeção e das


Resistências aos Antimicrobianos
 OMS – Organização Mundial de Saúde;
 SABA – Solução Anti-séptica de Base Alcoólica
 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados

Descrição
São responsáveis pela sua implementação e estão abrangidos pelo presente procedimento,
todos os profissionais da UCCI que de uma maneira direta ou indireta prestem cuidados ao
doente.
De acordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), para uma
adequada implementação da prática da higiene das mãos nas unidades é fundamental o
cumprimento dos seguintes princípios:

a) Realizar a higiene das mãos no local e momento da prestação dos cuidados;


b) Utilizar adequadamente os produtos disponíveis (Solução Anti-séptica de Base
Alcoólica - SABA e sabão);
c) Cumprir a técnica de higiene das mãos adequada ao procedimento;
d) Colaborar com o GCL/PPCIRA na avaliação da adesão à prática da higiene das mãos e
noutras actividades relacionadas com esta prática;
e) Proceder ao ensino do doente, visitas, voluntariado e fornecedores sobre a higiene das
mãos.

A SABA deve ser a primeira escolha para a higiene das mãos. Desde que as mãos estejam
visivelmente limpas e/ou isentas de matéria orgânica, deve ser utilizada na maioria dos
procedimentos comuns na prestação de cuidados.

A lavagem das mãos com água e sabão fica restrita às seguintes situações:

a) Quando os profissionais tenham as mãos visivelmente sujas ou contaminadas com


matéria orgânica;
b) Nas situações consideradas “sociais”, tais como:
 Antes e após as refeições;
 Após a utilização das instalações sanitárias;
 Ao chegar e sair do local de trabalho
87

c) Na prestação de cuidados a doentes com Clostridium difficile.

Para que os profissionais cumpram a higiene das mãos, os Órgãos de Gestão devem:

a) Atribuir prioridade institucional ao aumento da adesão à higiene das mãos;


b) Promover a estratégia multimodal para melhoria da higiene das mãos;
c) Promover a monitorização da adesão dos profissionais a esta prática;
d) Divulgar regularmente a informação de retorno aos profissionais sobre o seu
desempenho;
e) Disponibilizar lavatórios adequados e colocados em locais estratégicos;
f) Fornecer SABA em todos os locais de prestação de cuidados;
g) Fornecer sabão adequado e creme hidratante para as mãos dos profissionais, de
modo a minimizar a ocorrência de dermatites de contacto associadas à higienização das mãos;
h) Fornecer toalhetes de papel para secagem das mãos quando a higiene das mãos for
com água e sabão;
i) Fornecer produtos para higiene das mãos alternativos aos profissionais com reacções
adversas aos produtos utilizados na unidade;
j) Devem ser designados profissionais com formação e treino em controlo de infecção
para implementar programas promocionais da prática de higiene das mãos, com o objectivo
de aumentar a adesão dos profissionais de saúde a esta prática.
k) As estratégias de motivação dos profissionais para a higiene das mãos devem ser
multi-modulares e multi-facetadas e incluir formação e suporte dos superiores hierárquicos
para a implementação dos programas.

A formação dos profissionais deve:

a) Focar especificamente os factores que podem influenciar significativamente o


comportamento e não apenas o tipo de produtos para a higiene das mãos;
b) Ter em consideração o tipo de actividades praticadas que podem contaminar as
mãos, os doentes e/ou o ambiente;
c) Demonstrar de forma clara as vantagens e desvantagens dos vários métodos
utilizados na higiene das mãos;
d) Com a finalidade de avaliar a eficácia da SABA, podem utilizar-se nas acções de
formação métodos que exemplifiquem a eficácia inequívoca da SABA na redução dos
microrganismos presentes nas mãos. Poderá colocar os 5 dedos das mãos em placas de Petri e
88

em colaboração com o Laboratório de Microbiologia proceder ao exame cultural das mesmas,


e poderá ainda utilizar a luz ultravioleta para o demonstrar. Qualquer das técnicas é efectuada
antes e depois da aplicação de SABA.
e) A formação em serviço deve ainda incluir, informação sobre os cuidados a ter com as
mãos de forma a reduzir o risco de dermatites de contacto ou outros tipos de lesões da pele.

Ver Anexo III – Material de apoio à formação

Técnicas de Higiene das Mãos

De modo a simplificar a interpretação do vasto leque de conceitos disponível, são definidos


três métodos a utilizar na higiene das mãos. De acordo com os procedimentos a efetuar, assim
a técnica de higienização a utilizar:

a) Lavagem (Anexo 1):


Higiene das mãos com água e sabão (comum ou com antimicrobiano). Esta técnica aplica-se
às situações em que as mãos estão visivelmente sujas ou contaminadas com matéria orgânica,
após prestação de cuidados a doentes com Clostridium difficile, antes e após as refeições, após
usar as instalações sanitárias. O procedimento demora cerca de 60 segundos.
b) Fricção anti-séptica (Anexo 2):
Aplicação de um anti-séptico de base alcoólica para fricção das mãos (a sua utilização não
necessita de água nem de toalhetes). Esta técnica aplica-se tanto antes de procedimentos
limpos/assépticos, como, na maioria dos procedimentos utilizados na prestação de cuidados,
desde que as mãos estejam visivelmente isentas de sujidade ou matéria orgânica. O produto
deve ser aplicado em mãos secas. O procedimento demora entre 15-30 segundos.
c) Preparação pré-cirúrgica das mãos:
Consiste na preparação das mãos da equipa cirúrgica no bloco operatório, com o objectivo
de eliminar a flora transitória e de reduzir significativamente a flora residente. A técnica de
execução deste procedimento não se descreve neste documento por não ser aplicável às UCC,
podendo no entanto, ser consultada na Circular Normativa N.º:13/DQS/DSD da DGS.

A técnica de execução de cada um destes procedimentos, está descrita e ilustrada nos


anexos 1 e 2 conforme referido oportunamente.
89

Princípios gerais da higiene das mãos

Seja qual for a técnica de higiene das mãos adotada, é fundamental cumprir os seguintes
princípios básicos:

a) Retirar jóias e adornos das mãos e antebraços antes de iniciar o dia ou turno de
trabalho;
b) Manter as unhas limpas, curtas e sem verniz;
c) Não usar unhas artificiais na prestação de cuidados;
d) Aplicar correctamente o produto a usar (quer seja o sabão, quer seja a SABA);
e) Friccionar as mãos, respeitando a técnica e os tempos de contacto, de acordo com os
procedimentos a efectuar;
f) Ter atenção especial aos espaços interdigitais, polpas dos dedos e ao dedo polegar;
g) Friccionar as mãos até completamente secas, após aplicação de SABA. No caso da
lavagem com sabão, secar bem as mãos com os toalhetes;
h) Evitar recontaminar as mãos após a lavagem, no caso da lavagem com sabão. Para
tal, se a torneira for de comando manual não tocar com as mãos na torneira após a
higienização, deve em alternativa, utilizar um toalhete;
i) Usar regularmente protector da pele (creme dermoprotector);
j) Consultar o médico de saúde ocupacional caso surjam sinais de dermatite.

Higiene das Mãos e Uso de Luvas

Este assunto é também abordado no Capítulo das Precauções Básicas e baseia-se nos
seguintes princípios:
a) O uso de luvas não substitui a necessidade de higienizar as mãos;
b) Descalce as luvas para a higiene das mãos;
c) Deite fora as luvas depois de cada tarefa e higienize as mãos – as luvas podem
transportar germens;
d) Use luvas apenas quando estiver indicado – de outra forma tornam-se um factor de
risco importante para transmissão de germens.
e) Mude de luvas entre doentes;
f) Mude de luvas, sempre que for necessário, entre diferentes procedimentos no
mesmo doente.
90

Seleção dos Produtos para a Higiene das Mãos

A seleção dos produtos para higiene das mãos, exige articulação entre os responsáveis das
diferentes áreas envolvidas (aprovisionamento de materiais de consumo clínico e não clínico,
controlo da infeção, segurança, higiene e saúde no trabalho e gestão da UCCI), obviamente de
acordo com a realidade de cada unidade de cuidados.

Os profissionais devem ter acesso às fichas de segurança e às fichas de instruções de


utilização de todos os produtos usados na unidade. Estas fichas devem constar da política
interna de utilização de antimicrobianos.

No processo de seleção de produtos de higiene das mãos deve ser garantida a


compatibilidade entre os produtos utilizados na higiene das mãos, os cremes para as mãos e
os tipos de luvas utilizadas, devendo a unidade solicitar informação aos fornecedores sobre o
efeito que as loções, cremes ou soluções alcoólicas das mãos possam ter sobre a ação residual
do sabão anti-séptico utilizado na Instituição.

Indicadores na área da Higiene das Mãos

A higiene das mãos foi integrada pela ACSS, no sistema de contratualização em saúde com
os hospitais (contratos-programa) para 2008, como indicador de carácter prioritário na área da
prevenção e controlo da infeção e tem-se mantido como indicador de continuidade. Nos
Unidades de CCI tudo indica que, num futuro próximo, a mesma estratégia se aplique a estas
unidades.

Independentemente disso, é desejável que a monitorização deste indicador, seja avaliado,


pois interfere com a qualidade dos cuidados e segurança do doente.
Os indicadores referidos prendem-se essencialmente com a avaliação regular do consumo
de SABA e do sabão para higiene das mãos (global e por serviços clínicos) e com a
monitorização regular da taxa de adesão à prática da higiene das mãos.
A monitorização do consumo de soluções alcoólicas é uma das formas de avaliar a adesão à
higiene das mãos dos profissionais, bem como avaliar o efeito das intervenções nesta área(p.
ex. formação) e deve ser efetuada em colaboração com os responsáveis pelo
aprovisionamento deste tipo de materiais.
91

A avaliação do consumo deve ser efetuado consoante a área de atendimento e o cálculo


deve ter em consideração as diferentes áreas de prestação de cuidados, de acordo com as
indicações que se seguem.

Indicadores para a UCC:


a) Consumo de solução alcoólica para higiene das mãos num determinado
período de tempo (durante um ano):

Quociente Multiplicador
Numerador: Consumo de SABA por tipologia (expresso em litros)
Denominador: Nº de camas por tipologia 100
Nume Numerador: Consumo de SABA por tipologia (expresso em litros)
Denominador: Nº total de utentes dia (equivalente a dias de internamento), por tipologia 1000

b) Consumo de sabão para higiene das mãos num determinado período de


tempo (durante um ano):

Quociente Multiplicador
Numerador: Consumo de sabão líquido por tipologia (expresso em litros)
Denominador: Nº de camas por tipologia 100
Num Numerador: Consumo de sabão líquido por tipologia
Denominador: Nº total de utentes dia (equivalente a dias de internamento) por tipologia 1000

Nota:A avaliação da taxa de adesão à prática da higiene das mãos e respetivas fórmulas de cálculo
podem ser consultados no “Manual do Observador” utilizado na Campanha Nacional da Higiene das
mãos.
92

Anexo I

Técnica de Higiene das Mãos com Água e Sabão

Figura 2: Fonte: DGS – Circular Normativa N.º: 13/DQS/DSD


93

Anexo II
Técnica de Fricção das Mãos com Solução Antisséptica de Base Alcoólica (SABA)

Friccionar

Figura 3: Fonte: DGS – Circular Normativa N.º: 13/DQS/DSD


94

Anexo III
Material de apoio à formação

Conjunto de diapositivos padronizados sobre a higiene das mãos publicados no


site da GMS/Controlo de Infeção/Manual de controlo de Infeção/Procedimento
de higiene das Mãos. Esta apresentação é para ser usada pelos GCL/PPCIRA de
cada unidade em conjunto com os Coordenadores Locais da Estratégia para
melhoria da higiene das mãos na formação a todos os profissionais de saúde.

Filmes de apoio à formação:

 https://www.youtube.com/watch?v=u3FzDSPyzXo&list=PLJGB
73vx3VjWeeIPRHxjHpWRKgGAUp6c5 Filme do New
England Journal of Medicine traduzido para Português. Tempo –
14 minutos
 https://www.youtube.com/watch?v=M8AKTACyiB0 – “E se as
Bactérias não fossem invisíveis?” Tempo – 1mn35s
 https://www.youtube.com/watch?v=2PuRQZEL1oU – Higiene
das mãos. Tempo – 3mn50s

Experiência de uma UCC na implementação da estratégia multimodal para a


melhoria de higiene das mãos:
 http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i017327.pdf

Experiência de 32 unidades Portuguesas na implementação da estratégia


multimodal para melhoria da higiene das mãos:
 https://www.youtube.com/watch?v=bDHUfCVXriY

Coreografia dos 5 momentos de higiene das mãos:

 https://www.youtube.com/watch?v=P1R1JU3TJpM
95

4.4. Prevençã o e Controlo dãs Infeçoes de


Origem Ambientãl
(documento enquãdrãdor)
Introdução

As superfícies ambientais podem contribuir para a transmissão cruzada da infeção.


Em função da natureza das operações e dos riscos que existem nos edifícios,
equipamentos e instalações, deverão projetar-se e construir-se estas de maneira que
assegurem que:

As instalações devem possuir materiais apropriados para o contacto com os


alimentos; Impedir contaminações cruzadas; Permitir uma higienização eficaz;
Condições ambientais e de salubridade adequadas ao desempenho das tarefas;
Reduzir ao mínimo a contaminação provocada pelo ar; Quando necessário, dispor de
meios de controlo da temperatura e humidade; Instalar sistemas eficazes de controlo
de pragas.

O controlo do ambiente e a sua relação com o risco de infeção dependem de


diversas variáveis: Tipo de procedimentos; Suscetibilidade do hospedeiro;
Comportamento dos profissionais; Nível de limpeza/desinfeção/esterilização dos
dispositivos médicos; Nível de higienização do ambiente; Qualidade da água, do ar, dos
alimentos, das roupas (usadas e limpas) e gestão adequada dos resíduos.

(Fontes: Boyce JM et al. Infect Control Hosp Epidemiol 1997;28:1142, Bhalla A et al. Infect Control Hosp Epidemiol
2004;25:164, Hayden MK et al. Infect Control Hosp Epidemiol 2008;29:149) (Fig1).

Data da última revisão: Agosto de 2015


96

Fig 1 – Conceito de ambiente seguro

A organização e manutenção do ambiente seguro é responsabilidade dos órgãos de


gestão. No entanto, todos os profissionais que exercem funções nas unidades de saúde
devem conhecer as regras de boa prática e devem colaborar na sua aplicação e
manutenção.

O Órgão de Gestão deve promover as seguintes ações, por forma a tornar o ambiente
seguro:

 Avaliações periódicas dos riscos de saúde e segurança dos profissionais;


 Avaliação do nível de higienização das superfícies e do material e
equipamentos;
 Avaliação da qualidade e garantia da manutenção dos sistemas de renovação
do ar;
 Avaliação e garantia da qualidade/tratamento da água;
 Avaliação e garantia de qualidade do circuito de alimentação;

Data da última revisão: Agosto de 2015


97

 Avaliação e garantia de qualidade do circuito de triagem, transporte e


tratamento de resíduos sólidos e líquidos, de acordo com a legislação em vigor.

O Núcleo Local de Controlo de Infeção deve ter uma posição de consultadoria do


Órgão de Gestão e das áreas de responsabilidade: S. Hoteleiros; SSO; Serviço de
Instalações e Equipamentos, gestores e prestadores de cuidados e pode colaborar:

 Na organização dos circuitos;


 Na elaboração e divulgação de normas e/ou recomendações;
 Na compra de prestação de serviços nas áreas hoteleiras (especificações dos
cadernos de encargos no que se refere ao controlo de infeção);
 Na avaliação microbiológica do ambiente, se e quando justificada.

Considerando o ambiente das unidades de saúde na globalidade, integra duas


vertentes distintas e inter-relacionadas:

 O ambiente animado, composto pelos doentes, visitas, pessoal de saúde e seus


procedimentos;
 O ambiente inanimado, composto por: Estruturas arquitetónicas; Instalações e
equipamentos, Superfícies ambientais; Ar; Água; Alimentos; Materiais e equipamentos
clínicos e não clínicos; Medicação; Resíduos; Roupa Outros.

Devido á complexidade de elementos que estão associados com a prevenção e


controlo de infeção relacionada com o ambiente O presente procedimento é
complementado com as recomendações para o controlo de infeção associada ao
ambiente:

4.4.1. Higienização do ambiente nas unidades de cuidados continuados;


4.4.2. Circuito de alimentação;
4.4.3. Circuito dos resíduos;
4.4.4. Circuito das roupas;
4.4.5. Obras de renovação e construção;
4.4.6. Desinfestação e controlo de pragas.
Data da última revisão: Agosto de 2015
98

OBJETIVOS

Salientar os aspetos ligados ao ambiente inanimado, com significativa


importância na prevenção das infeções associadas aos cuidados de saúde;
Refletir sobre os princípios gerais que ajudam os profissionais de saúde na
compreensão dos problemas ligados ao ambiente e relativos à infeção;
Orientar os profissionais das UCCI na definição de medidas de controlo do
ambiente, tornando-o seguro para profissionais, utentes e visitantes.

ÂMBITO
Áreas físicas do ambiente nas unidades de saúde; Áreas Hoteleiras; Serviços de
Instalações e Equipamento; Serviço de Higiene, saúde e Segurança no trabalho;
Serviços Hoteleiros e de Limpeza; Núcleo Local de Controlo de Infeção; Serviço de
Dietética e prestadores de cuidados. Profissionais de limpeza.

RESPONSABILIDADES
a) Pela implementação do Procedimento:

 Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.


 Responsável das Áreas Hoteleiras.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Grupo de Coordenação Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e
resistência aos Antimicrobianos (GCL-PPCIRA)e respetivos membros
dinamizadores.
b) Pela revisão do procedimento:

 Núcleo Central do GCL-PPCIRA.

Data da última revisão: Agosto de 2015


99

DEFINIÇÕES E CONCEITOS

Higiene Ambiental: é um conceito relacionado com a preservação das condições


sanitárias do meio ambiente de forma a impedir que este prejudique a saúde do ser
humano. Desta forma, a higiene ambiental pressupõe cautela em relação aos fatores
químicos, físicos e biológicos externos ao indivíduo. Visto que estes fatores podem ter
um impacto sobre a saúde, o objetivo da higiene ambiental é prevenir as doenças
mediante a criação de espaços saudáveis.

Ambiente seguro: refere-se ao espaço que nos rodeia e no qual as pessoas (utentes,
visitas e profissionais) não correm risco de infeção ou outros riscos. No contexto das
Unidades de Saúde refere-se às práticas ou processos de eliminação, remoção ou
destruição da contaminação existente no ambiente e que pode atingir o hospedeiro
suscetível (Fig1).

Unidade do Doente: Esta unidade é o espaço físico onde o doente permanece a maior
parte do tempo durante o seu internamento/institucionalização. É basicamente
composta por cama, mesa-de-cabeceira, cadeira, mesa de refeições e/ou escadinha
para acesso à cama. A unidade do doente, seja ambiente individualizado (quarto) ou
espaço coletivo (enfermaria), deve proporcionar-lhe completa segurança e bem-estar.
Nesse sentido, o estado de conservação do teto, piso e paredes, instalação elétrica e
hidráulica, disposição do mobiliário e os espaços para a movimentação do utente, da
equipa e dos equipamentos são aspetos importantes a ser considerados.

Data da última revisão: Agosto de 2015


100

Contaminação ambiental e presença de Microrganismos nas superfícies ambientais


(alguns estudos)

Certos microrganismos têm a capacidade de permanecer nas superfícies durante largo


tempo, facilitando assim, a contaminação cruzada por via indireta (tabela 1).

Tabela 1: Sobrevivência dos microrganismos nas superfícies

Microrganismo Tempo de Sobrevivência

Acinetobacter spp. 3 dias – 5 meses

Clostridium difficile 5 meses – 1 ano ?: esporo

15 min – 3 hrs: forma vegetativa

Enterococci (incl. VRE) 5 dias – 4 meses

Serratia marcescens 3 dias – 2 meses;

Piso seco = 5 semanas

Staphylococcus aureus (incl. MRSA) 7 dias – 7 meses

Hepatitis B virus (HBV) > 1 semana

Vírus da imunodeficiência humana (HIV) 3-4 dias

Norovirus 8 hrs – 7 dias

Fonte: Adaptado de “How long do nosocomial pathogens persist on inanimate surfaces? A systematic review”
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1564025/

Data da última revisão: Agosto de 2015


101

Os utentes colonizados ou infetados com MRSA são os reservatórios mais


importantes, pelo qual a transmissão de MRSA ocorre e é mais frequentemente
transmitido de doente a doente pela via de contacto direto “mãos de profissionais de
saúde”, transitoriamente contaminadas.

Os Profissionais de saúde persistentemente colonizados ou infetados também


podem ser fonte de transmissão.

As superfícies ambientais contaminadas também podem servir como fonte de


transmissão de MRSA.

MRSA pode permanecer viável por vários dias em diferentes superfícies:

– 14 dias em superfícies de fórmica


– 6 a 9 semanas sobre materiais como cobertor de algodão

Algumas espécies epidémicas de MRSA podem sobreviver por períodos mais longos;
S. aureus permanecem virulentos por pelo menos 10 dias depois de expostos
superfícies secas.
(fontes: Beard-Pogler et al. J Med Microbiol 1988;26:251, Duckworth GJ et al. J Med Microbiol

1990;32:195; Farrington M et al. J Med Microbiol 1992;36:56).

Alguns estudos detetaram vários microrganismos viáveis em superfícies e materiais


que fazem parte do ambiente envolvente do doente:

Enterococcus sp: Chão, paredes, camas e roupas de cama, fórmica, maçanetas,


bombas de infusão, manguitos de pressão, monitores, arrastadeiras, sanitas.

Staphylococcus aureus: Colchões, travesseiros, mesa, cadeira, rodas da cama, grades


da cama, berços, campainha, luz de cabeceira, controle remoto de TV, brinquedos,
teclados de computador, processos dos doentes.

Clostridium difficile: Assentos de sanitas, pias, chão, roupas de cama.

Acinetobacter spp.: Colchões, travesseiros, rodas de camas, chão, mesas, fórmica.

Data da última revisão: Agosto de 2015


102

Os equipamentos portáteis utilizados por profissionais: estetoscópio, garrote,


aparelho de TA, termómetro, pagers ficam rapidamente contaminados.

Alguns autores abordaram a questão da contaminação ambiental: (Boyce 1997) -


73% dos quartos com MRSA provocaram infeção em doentes, 69% dos quartos com
MRSA provocaram colonização em doentes, Em 38 quartos, 350 superfícies 27%
tinham MRSA: A % de superfícies ambientais contaminadas varia em diferentes
estudos (64% unidades de queimados a 5% em áreas de baixo risco) Boyce JM 1997. Infect
Control Hosp Epidemiol; 18:622-627

Os doentes admitidos em quartos previamente ocupados por doentes com MRSA,


VRE, Acinetobacter baumanii estão em alto risco de adquirirem esses microrganismos
do ambiente – Fontes: Huang, et al; Arch Intern Med 2006; 166: 1945-1951; Hardy , et al;
ICHE 2006; 27: 127-132, Sexton et al; JHI 2006; 62: 187-194, Martinez, et al; Arch Intern Med
2003; 163: 1905-1912

Os doentes admitidos em quartos previamente ocupados por doentes com MRSA,


VRE, Acinetobacter baumanii estão em alto risco de adquirirem esses microrganismos
do ambiente (fontes: Huang, et al; Arch Intern Med 2006; 166: 1945-1951; Hardy , et al; ICHE
2006; 27: 127-132, Sexton et al; JHI 2006; 62: 187-194; Martinez, et al; Arch Intern Med 2003;
163: 1905-1912)

Data da última revisão: Agosto de 2015


103

O ambiente pode facilitar a transmissão de microrganismos (Fig.2)

Fig. 2 – Figura ilustrativa de culturas feitas em objetos do ambiente envolvente do


doente

Data da última revisão: Agosto de 2015


104

4.4.1 Higienizaçã o do ambiente nas unidades de


cuidados continuados
Introdução

O ambiente das UCC pode contribuir de forma indireta para o aumento da infeção
entre os doentes se não se utilizarem todos os meios para evitar o crescimento e
proliferação dos microrganismos. A higienização reduz o risco de colonização/infeção
quer para os doentes como para as equipas que prestam os cuidados e evita a
deterioração dos materiais/equipamentos por exposição prolongada a produtos
químicos ou biológicos agressivos para a sua estrutura.

O grau de contaminação é diferente nos vários serviços e superfícies, pelo que os


procedimentos de higienização devem ser adequados ao grau de criticidade do serviço,
de modo a diminuir a contaminação do ambiente, sem aumento dos custos e
desperdício de recursos.

O controlo do ambiente e a diminuição do risco de infeção dependem de diversas


variáveis tais como os procedimentos efetuados, a suscetibilidade do hospedeiro, o
comportamento os profissionais, e o nível de higienização do ambiente.

No entanto, com um ambiente limpo e organizado, estão reunidas as condições


essenciais para a melhoria da qualidade nos cuidados de Saúde.

Data da última revisão: Setembro de 2015


105

Objetivos

Promover uma boa higienização do ambiente das Unidades de Cuidados


Continuados (UCC) da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), de forma a
prevenir e ou reduzir as infeções associadas aos cuidados de saúde relacionadas com o
ambiente;
Definir os procedimentos e métodos de limpeza do ambiente das UCC;
Fornecer critérios e padrões par monitorizar a higiene das instalações das UCC.

Âmbito

Profissionais, das Unidades de Cuidados Continuados (UCC) afetas à União das


Misericórdias Portuguesas (UMP), que fazem a gestão e aplicam os métodos da limpeza
ambiental nestas Unidades.

Responsabilidades
a) Pela implementação do Procedimento:
Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.
Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
Grupo de Coordenação Local do PPCIRA e respetivos membros
dinamizadores.

b) Pela revisão do procedimento:


Grupo de Coordenação Local do PPCIRA.

Data da última revisão: Setembro de 2015


106

DEFINIÇÕES E CONCEITOS

Sujidade – Segundo o European Hygienic Engineering and Design Group


(EHEDG)n(2004), qualquer matéria indesejada que persiste nos equipamentos ou
instalações recebe a designação geral de sujidade.

Para Baptista & Linhares (2005), a sujidade é normalmente constituída por um


aglomerado de partículas heterogéneas que se encontram unidas.

Na indústria alimentar o conceito de sujidade surge normalmente associado à


presença de restos de alimentares ou dos seus componentes.

Do mesmo modo, em contexto hospitalar, pode considerar-se que os produtos


químicos (desinfetantes), produtos orgânicos (sangue), e mesmo a própria água,
podem ser considerados sujidade uma vez presentes em local indesejado ou quando
manuseados de modo incorreto.

Microrganismos – Encontram-se em toda a parte: no ar que respiramos, no nosso


corpo, na nossa roupa, nos alimentos, na água, nos animais, nas plantas e nos resíduos
humanos. Os microrganismos são parte essencial da nossa ecologia e, para que se
mantenha um equilíbrio desejável, é necessário compreender a sua interação com o
homem. São poucos os microrganismos que apresentam perigo para o ser humano. O
número e tipo presentes, tanto nas superfícies como no ar, dependem do número de
pessoas presentes, do tipo de atividade e, ainda, do tipo de circulação e renovação do
ar (janela, sistema de ventilação etc.).

Na flora hospitalar devemos ter em conta tanto os microrganismos residentes que


são os microrganismos próprios da nossa pele e mucosa como os microrganismos
transitórios que são os microrganismos que eliminamos de materiais e de superfícies
contaminadas, ao proceder à higienização.

Data da última revisão: Setembro de 2015


107

Via de transmissão dos microrganismos – A transmissão dos agentes microbianos da


fonte/reservatório até ao hospedeiro pode efetuar-se através do contacto direto ou
indireto, veículo comum, via aérea ou através de vetores. Ver anexo I (quadro
ilustrativo da transmissão de microrganismos).

Limpeza: consiste no processo de remoção da sujidade por meios físicos e mecânicos,


efetuada às instalações (incluindo pavimento, janelas, teto, varandas, mobiliário,
equipamentos e outras estruturas similares) num determinado período de tempo. Tem
uma eficácia de 80% na remoção de microrganismos. É normalmente realizada com
auxílio de detergente e água coadjuvada por ação mecânica.

Fatores determinantes na eficácia das operações de limpeza:


A realização de uma limpeza adequada deve considerar quatro fatores principais,
que influenciam na mesma proporção a sua eficácia: a ação química, o tempo de
contacto, a temperatura e a ação mecânica. Estes quatro parâmetros e a sua
importância relativa estão representados no Círculo de Sinner Fig 1.

Data da última revisão: Setembro de 2015


108

Fig. 1 – Círculo de Sinner

Fonte: Adaptado de “DISARP – Soluciones globales de higiene” http://blog-disarp.com/los-


factores-de-la-limpieza-el-circulo-de-sinner

Supondo uma eficácia de limpeza de cem por cento, onde as quatro variáveis
participam por igual, se uma variável diminui de eficácia outra terá de aumentar para
que se mantenha o mesmo nível de limpeza.

Na prática, tendo em conta uma situação concreta, determinados parâmetros irão


adquirir uma maior importância relativamente a outros. O tipo e a quantidade de
sujidade presente e o método selecionado são fatores determinantes. Também as
questões económicas têm um peso bastante considerável nesta gestão, pois nem
sempre é possível recorrer ao método ideal, dado os elevados custos associados a
algumas variáveis.

A ação química é representada pelos agentes de limpeza. A escolha do produto


químico não pode ser considerada isoladamente do método de limpeza que se adequa
a determinada situação em concreto, tal como do tipo de sujidade que se pretende
Data da última revisão: Setembro de 2015
109

remover, do tipo de superfície sobre a qual deve atuar, do tempo disponível para a
operação e da compatibilidade com outros químicos eventualmente utilizados.

Para que se obtenha uma ação química desejável, de forma a garantir uma limpeza
eficaz, é necessário que o produto de limpeza se encontre numa concentração
suficiente.

Isto não significa que, a concentrações crescentes do produto de limpeza, a eficácia


do processo seja também crescente. Neste contexto, torna-se claro que é
imprescindível respeitar escrupulosamente as concentrações recomendadas pelo
fabricante, atendendo-se a questões económicas e ecológicas sem descurar a eficácia
desejável de limpeza.

A temperatura da solução de limpeza também constitui, por si só, um fator chave


para o sucesso do procedimento de limpeza, já que, ao aumentar a energia disponível,
acelera as reações químicas de limpeza. O aumento da temperatura é, até certo ponto,
responsável por um aumento na eficácia da limpeza. Também neste caso é necessário
encontrar um ponto de equilíbrio entre a eficácia do procedimento e o dispêndio
energético.

A temperatura elevada tem sobretudo ações benéficas, contudo também produz


efeitos indesejáveis, uma vez que o aquecimento pode desnaturar os químicos ou fixar
as proteínas dos depósitos de sujidade, dificultando a sua remoção.

Os meios químicos e térmicos, anteriormente mencionados, permitem reduzir as


forças de aderência entre a sujidade e a superfície sólida. No entanto, a eficácia efetiva
de uma operação de limpeza requer o recurso a um trabalho complementar, que diz
respeito à aplicação de uma ação mecânica, a qual pode ser efetuada manualmente,
através da ação de esfregar ou escovar, ou mecanicamente.

O tempo de contacto é uma variável determinante para o êxito dos processos de


limpeza, estando intimamente associado aos parâmetros anteriores. O efeito do
tempo diz respeito à duração da ação de determinado agente de limpeza, numa certa
concentração e temperatura, sobre uma superfície suja, na qual vão atuar forças

Data da última revisão: Setembro de 2015


110

mecânicas próprias do método selecionado. A eficácia das ações de higienização


depende de um tempo de ação suficientemente prolongado.

Detergentes: são substâncias tensoativas, solúveis em água e dotadas de capacidade


de emulsionar gorduras e manter os resíduos em suspensão, facilitando desta forma a
remoção da matéria orgânica das superfícies.

Estão disponíveis em várias apresentações e podem ser utilizados sobre forma de


pó, líquido, espuma ou gel.

Os detergentes modificam a capacidade de penetração e remoção da sujidade pela


água e impedem a acumulação de sujidade.

Quadro 2 – Principais requisitos dos detergentes


Requisitos
Estar devidamente rotulado ¹ e identificado na embalagem de origem;

- Trazer indicações precisas de diluição;

- Ser diluído somente no momento em que vai ser utilizado;

- Ter doseadores de modo a dispensar a dose correta de utilização;

- Ser biodegradável para menor contaminação possível das águas residuais;

- Ser adequado 2 à (s) superfície (s) em que vai ser utilizado;

- Ser preferencialmente não iónico (pois produz menos espuma);

- Boa solubilidade;

- Facilidade de remoção através do enxaguamento;

- Seguro para o utilizador.

1. O rótulo deve estar escrito em português e indicar a composição do produto, o modo de utilização e o de conservação e o prazo
de validade, nomeadamente a validade após a diluição;

2. A adequabilidade dos detergentes às superfícies deve ter em consideração aspetos como: não serem corrosivos para os metais,
vidros ou porcelanas; serem compatíveis com plásticos e borrachas; não deixarem resíduos.

Fonte: Manual de Procedimentos – Limpeza e descontaminação das instalações do Centro de Saúde (2002) da Comissão de

Controlo da Infeção da Sub-Região de Saúde de Lisboa citado em “NORMA 6 – HIGIENIZAÇÃO HOSPITALAR, 2ª REVISÃO” Centro
Hospitalar de Castelo Branco.
Data da última revisão: Setembro de 2015
111

Desinfeção: consiste num processo de destruição ou inativação de microrganismos na


forma vegetativa (geralmente não atua nos esporos bacterianos) em superfícies
inertes, mediante a aplicação de agentes químicos ou físicos. Para o efeito usam-se
desinfetantes e a eficácia do procedimento está compreendida entre os 90-99%. A
desinfeção não substitui a limpeza.

Desinfetantes: são agentes químicos aplicados em superfícies inertes (ex:


equipamentos, utensílios, instrumentos, entre outros) capazes de eliminar, destruir ou
inativar os microrganismos na forma vegetativa e parcialmente os esporos. Ver Politica
de desinfetantes.

Esterilização: Consiste na destruição completa de todos os microrganismos, incluindo


esporos bacterianos. É efetuada através de processos físicos (calor húmido, calor seco
ou radiações ionizantes) e químicos (óxido de etileno ou ortoftaldeído, peróxido de
hidrogénio, ácido paracético). Tem uma eficácia de 100% na remoção/destruição de
microrganismos e esporos.

Higiene: Pode ser entendida como um conjunto de práticas que têm como objetivo
garantir um ambiente limpo e livre de potenciais contaminantes. Deve remover os
materiais indesejáveis, matéria orgânica, resíduos de produtos químicos e
microrganismos das superfícies, a um nível tal, que os resíduos que persistirem não
representem qualquer perigo para a qualidade e segurança do doente /profissional.

A higiene é um processo que pode compreender uma ação de limpeza ou limpeza


seguida de desinfeção, ou uma ação combinada de ambas. A escolha da ação depende
do nível de descontaminação e da área que se pretende higienizar.

É importante perceber que a higienização é uma sequência de passos, em que o


sucesso de um depende da completa realização do anterior.

Data da última revisão: Setembro de 2015


112

DESCRIÇÃO

Plano de higienização

A adequada higienização de uma unidade implica, a existência de um plano de


higienização, aplicado à realidade concreta da unidade. O estabelecimento de um
plano de limpeza e desinfeção deve assegurar a cobertura de todas as superfícies,
equipamentos e utensílios existentes na instalação.

O plano de higienização deverá estar colocado num local acessível, de forma a


poder ser consultado e usado como referência pelos operadores sempre que
necessário.

Classificação das áreas da unidade de saúde

As áreas ambientais das Unidades podem classificar-se de acordo com nível crítico e
ou grau de risco ou que podem representar para o surgimento de infeção nos utentes
das unidades de saúde (Tabela 1).

Data da última revisão: Setembro de 2015


113

Tabela 1 - Definição e exemplos de áreas físicas nas UCCI

Áreas Definição Exemplos

Áreas e superfícies em que há um - Salas de pequena cirurgia


Críticas
Geral

risco mais elevado de transmissão


- Quartos de isolamento
da infeção, onde se realizam
procedimentos de maior risco e ou - Área de Cuidados Paliativos
onde os utentes são mais suscetíveis
à infeção - Salas de estomatologia e ou de

Fonte: Adaptado de: ARSLVT: “A higienização das instalações dos Centros de Saúde no contexto da prevenção
higiene oral

- Áreas de tratamento de feridas

São as áreas em que a especificidade - Bloco operatório


Específica

dos procedimentos realizados têm


- Laboratório
um considerável risco biológico,
exigindo um plano de limpeza - Serviços de Esterilização
específico
- Centro de Diagnóstico
Pneumológico

Áreas utilizadas por utentes, onde - Quartos dos utentes


Semi-críticas
Geral

são realizados procedimentos de


- Ginásio e Reabilitação
risco reduzido (excluindo as que
estão assinaladas nas áreas críticas) - Salas de administração de
aerossóis, vacinas e outros
injetáveis
e controlo da infecção”.2009
-Salas de podologia

- Gabinetes de consulta e de
exames

-Balneários

- Rouparia

- Instalações sanitárias

Data da última revisão: Setembro de 2015


114

Áreas onde são armazenados os - Zonas de armazenagem de

Específica
resíduos de risco biológico e a roupa resíduos
usada, enquanto aguardam a sua
dos Grupos III e IV e da roupa suja
remoção
-Zona de lavagem de material e
equipamentos

Áreas onde se realizam atividades de - Biblioteca, áreas de


Não críticas

rotina para os utentes e onde o risco desenvolvimento de atividades e


de infeção é reduzido de lazer

-Serviço administrativo e similares

-Salas de espera e de reuniões

-Corredores, átrios e espaços


externos

-Refeitórios, copas e bares

-Escadas internas de emergência

-Entradas exteriores e Elevadores

Orientações básicas para higienização


O sistema de categorização das recomendações dos Centers for Diseases Control
and Prevention (CDC) / Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee
(HICPAC) foi adaptado pela OMS, sendo a evidencia classificada nas seguintes
categorias:

Categoria IA Fortemente recomendada para implementação e bem suportada por


estudos epidemiológicos, clínicos e ou experimentais bem conduzidos.
Categoria IB Fortemente recomendada para implementação e suportada por alguns
estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais e forte fundamentação teórica.

Categoria IC Recomendada a sua implementação através de entidades internacionais,


leis, normas ou regulamentos.

Data da última revisão: Setembro de 2015


115

Categoria II A implementação é sugerida e suportada por estudos epidemiológicos ou


clínicos sugestivos, fundamentação teórica ou por consenso de peritos.

A higienização de todas as unidades, quer sejam ou não consideradas de risco, deve


ser sempre feita da mesma maneira, ou seja, utilizando sempre o mesmo método e os
mesmos produtos. O que varia é a frequência da higienização exigida para cada
unidade ou área. O equipamento de higienização deve ser exclusivo de cada unidade /
serviço. (IB)
Independentemente do equipamento, método ou produtos utilizados, a
higienização deve proceder-se sempre no sentido das zonas mais limpas para as zonas
mais sujas. (IB) Esta regra aplica-se tanto às estruturas horizontais, superfícies altas,
equipamentos e mobiliário. (IB)
Antes de se iniciar a limpeza devem ser removidos os resíduos hospitalares e roupa
suja. (IB)
A higienização deve ser iniciada pelos tetos e pontos de luz seguindo-se as paredes,
o mobiliário e equipamento e por fim o chão. (IB)
Os movimentos devem ser em sentido único, nunca em movimentos de vaivém. (IB)
Nos corredores, ou zonas de grande circulação, a higienização deverá ser feita na
diagonal, para permitir a circulação pela metade do corredor que não está a ser limpo.
(II)
Nas superfícies horizontais, o processo higienização deve começar do fundo da sala
para a porta de saída. (IB)
Nas superfícies verticais, iniciar pelos tetos, seguindo-se as paredes, (sempre de
cima para baixo), candeeiros de teto seguir pelo mobiliário, portas e maçanetas,
manípulos das torneiras e por fim o chão; (IB)
A lavagem das mãos é sempre feita entre a substituição de luvas e estas devem ser
substituídas sempre que necessário. (IB)

Frequência/calendarização da higienização

Data da última revisão: Setembro de 2015


116

A calendarização da higiene dos serviços deve corresponder às necessidades


específicas do tipo de serviço independentemente dos serviços de higienização serem
da responsabilidade da própria organização de saúde ou de empresa adjudicada para o
efeito. Todos os procedimentos, calendarização tipo e produtos a utilizar devem estar
bem definidos no caderno de encargos (se aplicável) ou no plano de limpeza da
Unidade. Tendo em conta diferentes necessidades de higienização, segundo o tipo de
serviço, existem tabelas gerais que podem ser adaptados em cada organização Anexo
2 – (Exemplos de tabelas com a periodicidade de higienização possíveis de adaptar às
UCCI).

Nas enfermarias a limpeza do chão e a limpeza do pó devem ser feitas 2 vezes ao


dia. Em algumas unidades a frequência poderá ser aumentada, consoante as
necessidades identificadas. (II)

As paredes e tetos devem ser lavados duas vezes por ano. (II)

O chão das copas e refeitórios deve ser lavado diariamente e ao fim das principais
refeições. (II)

Os vidros exteriores das janelas deverão ser lavados 4 vezes por ano excetuando se
houver salpicos de sangue ou de outra sujidade visível. Nessas situações devem ser
lavadas de imediato. (II)

Os suportes de soros, cadeiras de rodas e outros equipamentos devem ser limpos


diariamente. (II)

Os sanitários dos serviços assim como os que se destinam ao uso do público devem
ser lavados 2 a 4 vezes ao dia, conforme o movimento que registarem. (II)

Na presença de matéria orgânica como sangue, secreções, excreções ou outros


fluidos orgânicos, estes devem ser retirados com a ajuda de um toalhete descartável e
só depois se deverá proceder à limpeza. Anexo 2 - Descontaminação em presença de
matéria orgânica. (II)

Data da última revisão: Setembro de 2015


117

Os dispensadores de sabão e papel devem estar sempre em bom estado de


conservação permitindo o uso adequado dos consumíveis. (IB)

No final dos procedimentos de higienização devem ser repostos os consumíveis


como o sabão, toalhetes, papel higiénico, máscaras, toucas e proteções para calçado.
(II).

Não se deve repor o sabão líquido sem lavar o depósito previamente (não
acrescentar sabão sobre restos de sabão, sem lavagem prévia do frasco). No caso de
dispensadores de sabão com sistema de saco descartável (opção preferencial), o
mesmo deve ser retirado e substituído sempre que esteja vazio. (IB)

O equipamento de higienização deve ser preparado antes de se iniciarem os


procedimentos de higienização. (II)

Deve conter todo o material necessário. (II)

As diluições devem ser previamente preparadas. (II)

A limpeza só deve iniciar-se após a remoção dos resíduos sólidos e líquidos


existentes. (II)

Periodicamente, dependendo da criticidade da área, ou da sua frequência de


utilização, o chão deve ser lavado com máquina. As escovas das máquinas têm de ser
lavadas após utilização. (II)

Em determinadas zonas poderão ser utilizadas emulsões auto brilhantes com o


objetivo de proteger as superfícies. (II)

Os Produtos de limpeza e desinfeção devem ser usados de acordo com a política de


acordo com a política de desinfetantes da UMP “Capitulo 4 ponto 4.6”. (IA)

Deve existir um dossier de apoio à Norma onde constem todas as fichas técnicas e de
segurança dos produtos em utilização para higienização das estruturas.

Data da última revisão: Setembro de 2015


118

A limpeza pode ainda ser definida de acordo com a frequência necessária à


manutenção e funcionamento seguros das áreas e espaços físicos das Unidades:

Limpeza diária e ou corrente: é aquela que se realiza diariamente, e que inclui


a limpeza e a arrumação, de acordo com a frequência pré-estabelecida.
Limpeza semanal e ou de manutenção: é a limpeza que pela sua importância
na conservação do ambiente saudável, não deve ser descurada, devendo por isso
ser realizada pelo menos uma vez por semana.
Limpeza imediata: é a remoção rápida de salpicos e/ou derrames de sangue ou
outra matéria orgânica, em qualquer período do dia, sempre que estes ocorram.
Limpeza global ou geral: trata-se de uma limpeza mais completa e de fundo,
que abrange todas as áreas, inclusive as estruturas de mais difícil acesso.
Esta frequência é habitualmente estipulada pelos responsáveis das Unidades, de
acordo com a classificação das áreas. No entanto, as técnicas de limpeza e os produtos
utilizados obedecem às mesmas regras de boa prática, independentemente do grau de
risco de cada área.

Avaliação periódica da qualidade da limpeza


De modo a garantir a qualidade de higienização, é de extrema importância a
realização de ações de monitorização, com periodicidade trimestral, não só para
verificar se o plano de higienização se apropria, como para analisar o seu efetivo
cumprimento, nomeadamente no que diz respeito à frequência e ao modo de
realização das tarefas.

Equipamentos e materiais para a limpeza nas UCCI


Recomendamos dois tipos de equipamentos que podem ser utilizados para a
higienização do ambiente nas UCC: o sistema de dois passos e o método de duplo
balde.
Independentemente do tipo de equipamento utilizado, o uso correto deste e o
cumprimento rigoroso das boas práticas são regras fundamentais para a manutenção
de um ambiente seguro e limpo, essenciais para a diminuição da infeção cruzada.
Data da última revisão: Setembro de 2015
119

Dependendo das áreas a higienizar, os equipamentos a utilizar podem ser


diferentes na sua conceção e de utilização. No entanto todos devem promover a
eficácia dos procedimentos. A escolha dos diferentes tipos de equipamentos deve
também ter em atenção a facilidade de manobra dos mesmos, de modo a respeitar os
princípios básicos de ergonomia.
Por último deve haver uma maior conscientização dos profissionais com os fatores
ambientais.

Data da última revisão: Setembro de 2015


120

Sistema de dois passos

Equipamento: Constituição
1 Suporte rodado; 1 Reservatório para colocação da solução detergente/desinfetante;
1 Recipiente com pedal para humidificação da mopa;1 Recipiente (balde azul) para
higienização de superfícies elevadas; 1 Recipiente (balde vermelho) para higienização
de superfícies elevadas; 1 Cabo extensível com suporte para mopas; Mopas para
higiene do chão;
Mopas para higiene de superfícies altas, paredes e tetos; Panos de microfibras para
higienização de superfícies elevadas; Copo doseador; Estrutura para colocação de saco
verde de plástico, para recolha de têxteis utilizados.

Características do equipamento:
O cabo é extensível, de modo a se adaptar à estatura do utilizador;
Permite a colocação da mopa de maneira simples;
O suporte da mopa é giratório, para possibilitar a alternância fácil entre as duas
faces da mopa;
Permite descartar a mopa utilizada sem a manipulação/contaminação por parte do
utilizador;

Data da última revisão: Setembro de 2015


121

As mopas soltam-se do suporte, apertando um botão, e são colocadas diretamente


no saco de recolha;
Os panos, destinados à higienização de superfícies altas e equipamentos, são de
microfibras;
As mopas e panos utilizados são processados em máquina de lavar
(descontaminação mecânica);
Todas as peças constituintes do equipamento são facilmente desmontadas para serem
higienizados no final de cada sessão;
A solução detergente/ desinfeção (contida no recipiente amarelo) não sofre
contaminação durante todo o processo de higienização.

Vantagens:
Eficácia (controle efetivo das infeções):
Porque permite uma utilização segura do detergente/desinfetante, uma vez
que este não é contaminado pelas mopas ou panos, mantendo-se estável e nas
concentrações desejáveis até o final dos procedimentos.
O procedimento promove o controlo de infeção na medida em que são usados
diferentes materiais de limpeza nas diferentes áreas.
Rapidez;
A forma de trabalhar com o equipamento confere maior celeridade ao processo, na
medida em que se eliminam tarefas morosas próprias dos equipamentos tradicionais
(Ex. não é necessário enxaguar a esfregona, assim como, despejar frequente as águas
sujas).
Ergonomia e Segurança;
O equipamento é constituído por materiais de liga leve, o que contribui para maior
facilidade das tarefas com menor esforço. Os cabos extensíveis facilitam os
procedimentos de limpeza em segurança, principalmente em locais mais altos e de
mais difícil acesso.

Data da última revisão: Setembro de 2015


122

Economia;
Diminuição acentuada do consumo de água e eletricidade em comparação com os
métodos tradicionais.
Segurança ambiental;
Uso de produtos amigos do ambiente;
Menor consumo de água.

Metodologia
Para higienização de superfícies horizontais:
Preparar a solução de limpeza – diluir detergente /desinfetante em água no recipiente
amarelo;
Colocar uma mopa limpa no suporte e introduzi-la no recipiente de cor castanho
(vazio) para humidificar a face colorida desta, fazendo pressão sobre o pedal;
Lavar a superfície até à distância de um braço;
Girar a mopa para a face seca e passar de novo para retirar o excesso de água da
superfície;
Retirar a mopa diretamente para o saco verde, pressionando o botão no suporte;
Utilizam-se tantas mopas quantas forem necessárias para a higienização da superfície.

Para higienização de superfícies altas:


Mergulhar o pano de microfibras na solução (balde azul);
Torcer o pano para retirar o excesso de humidade;
Dobrar o pano em 4 partes;
Não voltar com um pano usado ao recipiente com a solução detergente/desinfetante;
Friccionar as superfícies com o pano dobrado de forma a evitar contamina-lo na
totalidade no primeiro contacto com a superfície;
Ir desdobrando o pano, usando as suas várias faces, de modo a rentabiliza-lo e não
transportar a contaminação de um local para outro;
Depois de usar as várias faces do pano, colocá-lo no recipiente próprio para ser
posteriormente lavado em máquina; Usar tantos panos quanto necessários.

Data da última revisão: Setembro de 2015


123

Método de Duplo Balde

Constituição:
1 Suporte rodado; 1 Reservatório (azul) para colocação da solução de água e
detergente;
1 Recipiente (balde vermelho) só com água para higienização da esfregona; Cabo com
adaptação para a esfregona; Esfregonas para higiene do chão; Panos para higiene de
superfícies altas, paredes e tetos; 1 Recipiente para colocação da solução de água e
detergente para higienização das superfícies altas.
Características do equipamento:
Embora este método esteja preconizado para a higienização das unidades de saúde,
recomendamos que seja usado em zonas de risco inferior. A metodologia do duplo
balde é um método mais moroso, menos controlado e não favorece a prevenção da
infeção cruzada de um modo tão eficaz como o método de 2 passos, dado que, os
materiais utilizados (panos e esfregonas) são muitas vezes os mesmos em áreas
diferentes.
Por outro lado a solução de limpeza (a água e o detergente usados) não apresentam a
qualidade desejada devido ao facto da esfregona utilizada para remover a carga
biológica (sujidade e microrganismos) entrar em contacto direto com a água e
detergente, o que pode contribuir para contaminar a solução de lavagem.
Data da última revisão: Setembro de 2015
124

No entanto, em áreas onde se considera que a probabilidade de existir carga biológica


contaminada é baixa, (áreas fora do âmbito da prestação de cuidados de saúde),
poderá ser utilizado o equipamento constituído por duplo balde.

Metodologia
Para o efeito devem ser respeitados os seguintes procedimentos:
1) Mergulhar a esfregona no balde azul que contém água e detergente;
2) Espremer a esfregona no espremedor que deverá estar voltado para o balde
vermelho;
3) Lavar a superfície;
4) Mergulhar a esfregona suja no balde vermelho para retirar a sujidade e
espremer;
5) Voltar a mergulhar só as pontas da esfregona no balde azul e repetir o
procedimento;
Deste modo evita-se contaminar a água com detergente do balde azul e por outro lado
o balde vermelho vai ficando cada vez mais cheio e tem de ser obrigatoriamente
despejado uma vez que a água do balde azul vai passando gradualmente para o balde
vermelho durante a lavagem.

NOTA: Nos serviços clínicos, onde não seja usado o sistema de dois passos, os panos
de microfibras destinados à higienização de superfícies elevadas como mobiliários
equipamentos, zonas de refeição e sanitários devem diferenciar-se através do uso do
CÓDIGO DAS CORES. Aponta-se o exemplo do código de cores proposto pela
Organização Mundial de Saúde (OMS):

Pano vermelho – W.C., sanitas e banheiras

Pano azul – unidades dos doentes (cama, mesa de cabeceira, cadeiras, etc.)

Pano verde – copas e refeitórios

Pano amarelo – todos os lavatórios

Data da última revisão: Setembro de 2015


125

A formação de Biofilmes

A incorreta higienização das superfícies, equipamentos e utensílios assim como o


uso de produtos inadequados poderão estar na origem da acumulação e
desenvolvimento de microrganismos, e, consequentemente, da formação de biofilmes.
Os biofilmes são aglomerados de células microbianas aderentes às superfícies,
com uma rede de canais ou lacunas internas, e imersos numa matriz extracelular
protetora, composta principalmente por polissacáridos e glicoproteínas (Lelieveld et
al., 2005). Esta matriz de polímeros orgânicos, produzida pelos próprios
microrganismos, proporciona condições favoráveis para o seu crescimento e
sobrevivência, sendo responsável pela morfologia, estrutura, coesão e integridade
funcional dos biofilmes, e a sua composição determina a maioria das propriedades
biológicas e físico-químicas dos biofilmes (Tompkin, 2004).
O desenvolvimento de biofilmes pode ocorrer em qualquer superfície, mas, em
geral, é mais comum em sistemas fechados, como canalizações ou tubagens,
conversores de calor e juntas, que constituem locais pouco ou inadequadamente
limpos (Tompkin, 2004).
Os biofilmes formam-se e desenvolvem-se a diferentes velocidades e em diferentes
condições, e a sua população pode ser bastante variável. As bactérias são os
microrganismos predominantemente encontrados nos biofilmes. Alguns géneros
bacterianos são mais frequentemente, tais como as Pseudomonas, Staphylococcus,
Bacillus, Flavobacterium e Alcaligenes (Kumar & Anand, 1998). Poderão também ser
encontradas a Escherichia coli e Listeria monocytogenes, Salmonella Typhimurium,
Campylobacter jejuni e Yersinia enterocolitica (Lelieveld et al., 2005).
A existência de biofilmes nas superfícies constitui um enorme obstáculo para a
higienização e a sua eliminação é bastante difícil, uma vez que os microrganismos,
nestas condições, apresentam uma maior capacidade de resistência aos detergentes e
desinfetantes.

Data da última revisão: Setembro de 2015


126

Avaliação da eficácia da higienização

As operações de limpeza e desinfeção nem sempre são convenientemente


valorizadas, não sendo reconhecida a relação custo-benefício destas atividades. Daqui
advém a necessidade de estabelecer um plano de higienização adequado, claro e
eficaz. A inadequabilidade do plano de higienização estabelecido pode estar na origem
de uma higienização insatisfatória, no entanto, muitas vezes é a sua incorreta
aplicação que origina este tipo de situação. Como tal, é de extrema importância a
realização de ações de monitorização, não só para verificar se o plano de higienização
é apropriado, como para analisar o seu efetivo cumprimento, nomeadamente no que
diz respeito à frequência e ao modo de realização das tarefas. A avaliação da eficácia
da higienização pode passar pela avaliação da presença de pó, sujidade, sobretudo nas
áreas de mais difícil acesso, e por vezes, resíduos, A avaliação pode também ser feita
com o recurso a análises microbiológicas. Esta medida não é feita por rotina, mas sim,
perante circunstâncias bem definidas, pelo que, é necessário neste caso, analisar a
custo-eficácia destes testes.

Métodos de avaliação da eficácia do processo de higienização

Avaliação visual da presença de resíduos


A inspeção visual, dada a sua simplicidade, é um método de avaliação bastante
utilizado.
Não se trata de uma metodologia completamente fiável, dada a sua subjetividade,
contudo certas falhas no processo de higienização podem ser facilmente detetadas
pela presença de sujidade. A inspeção visual, para além de avaliar o estado de limpeza
das superfícies, deve incluir também a observação do modo de realização das
operações.
Aspetos como enxaguamento insuficiente, e o cumprimento do devido tempo de
contacto do desinfetante, devem ser verificados.

Data da última revisão: Setembro de 2015


127

Dada a moderada fiabilidade da inspeção visual, este método por si só está cada vez
mais a ser considerado insuficiente nos cuidados de saúde.

Avaliação microbiológica

A avaliação do teor e tipo de contaminação microbiológica presente nas superfícies


pelo seu custo e complexidade está aconselhada apenas em situações muito
específicas nomeadamente em caso de surtos de microrganismos
Epidemiologicamente Significativos.

ATP – bioluminescência - Esta técnica tem vindo a conquistar um lugar de importância,


uma vez que fornece resultados quase instantâneos, ao contrário avaliação
microbiológica que, apesar da elevada fiabilidade, são métodos relativamente lentos
e, como tal, podem não permitir identificar e corrigir as falhas atempadamente
(Baptista, 2003). O método baseia-se na deteção da presença de ATP (adenosina
trifosfato) através de uma reação química com emissão de luz, a qual é proporcional à
quantidade de ATP presente. Logo, através da quantificação do ATP é possível
quantificar a matéria orgânica presente nas superfícies. De referir que esta avaliação
da eficácia da limpeza já há muitos anos se utiliza na industria alimentar.

Marcação com indicador fluorescente


Consiste na preparação de uma mistura constituída por cola, sabão e um corante
fluorescente que seca rapidamente, mantém-se estável no ambiente, é facilmente
humedecido pelos detergentes ou desinfetantes, consegue ser removido por uma
fricção ligeira e passa despercebido. O produto é aplicado nos pontos que se pretende
estudar e ao fim de duas ou três limpezas vai-se verificar se foi retirado ou ainda per-
manece no local. Isto permite avaliar se o local foi de facto limpo e se o foi de forma
suficiente (de modo a ter retirado todo o produto colocado). Segundo os seus autores
(19,20) trata-se de um método simples de usar e um instrumento objetivo de melhoria
de processo, podendo ser aplicado a um grande número de processos e locais. Tem

Data da última revisão: Setembro de 2015


128

contudo a desvantagem de apenas avaliar o processo, demorar alguns dias e


necessitar equipamento específico de deteção de fluorescência.

Em conclusão pode considerar-se que a avaliação visual é insuficiente para garantir


a eficácia das práticas de limpeza. É necessário adotar um método complementar
sendo este integrado no protocolo de monitorização regular a fim de assegurar um
ambiente limpo e seguro nas instituições de saúde.

Avaliação de resultados de higienização

A incorreta limpeza e desinfeção das superfícies resultam na contaminação das


mesmas e na contaminação de dispositivos de uso clínico e mãos dos profissionais,
constituindo uma das possíveis causas de infeções cruzadas. No quadro 4 estão
mencionadas algumas das causas de higienização incorreta e as respetivas
consequências, bem como a sua forma de deteção e as medidas de corretivas.

Quadro 4 – Algumas causas comuns de higienização incorreta e as respetivas consequências (ICMSF,


1991 citado por Noronha, n.d.).

Data da última revisão: Setembro de 2015


129

Data da última revisão: Setembro de 2015


130

Anexo I

Vias de transmissão dos microrganismos

Vias de
Dinâmica da
Transmissão Reservatório/ Fonte Microrganismos
Transmissão

Pessoa a pessoa Staphylococcus aureus


durante a
Bacilos Gram negativos
prestação dos cuidados
Virus respiratórios
Doentes
Contacto direto Ex.: Transmissão por
Profissionais de saúde
aperto de mão,

palpação abdominal,
cuidados de

higiene

A transmissão ocorre Salmonella spp

passivamente através Pseudomonas


de um
Acinetobacter
objeto intermediário
Instrumentos e S. maltophilia
Contacto (normalmente
equipamento de uso inanimado)
indireto
clínico

Ex.: Transmissão por


não mudar

luvas entre doentes,


partilha de

estetoscópio …

Gotículas Transmissão através de Influenza vírus


Doentes
gotículas (> 5µm) que Staphylococcus Aureus
Profissionais de saúde
transferem os Sarampo

Data da última revisão: Setembro de 2015


131

microrganismos através Estreptococos A


do
Vírus Sincial respiratório
ar quando a fonte ou o

doente se encontram

demasiado próximas

Ex. Espirro, fala, tosse,


aspiração de

secreções

• Propagação de Mycobacterium
germes (< tuberculosis,

5µm) evaporados Legionella spp


através de

núcleos de gotículas do
Via Aérea ar ou

Ar pó no mesmo quarto ou
a

uma distância longa

Ex. Através de
respiração, tosse

• Um veículo inanimado Salmonella spp,


actua
HIV, HBV
como vector de
transmissão Gram negativos
Veículo Alimentação, água ou
de agentes microbianos
Inanimado medicação para

múltiplos doentes

Ex. Circuitos de
alimentação

Data da última revisão: Setembro de 2015


132

Anexo II

Exemplos de tabelas com a periodicidade de higienização possíveis de adaptar às


UCC

Exemplo 1

Áreas Físicas
Áreas Comuns / Enfermarias

Superfícies

MODO DE ACTUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente;


• Passar com água limpa;
• Secar bem;

Na presença de matéria orgânica em qualquer superfície:


PAVIMENTO
1. Remover com papel absorvente e colocar no recipiente para resíduos contaminados;
2. Aplicar solução desinfetante (cloro a 1%, deixar atuar 2 minutos);
3. Lavar com água quente e detergente;
4. Passar com água limpa;
5. Secar a superfície;

PERIODICIDADE:

• 2 vezes por dia: Enfermarias


• Diária: Áreas comuns;

MODO DE ACTUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente até 2 metros de altura;


• Passar com água limpa;
PAREDES • Secar bem;

PERIODICIDADE:

• Trimestral – áreas comuns;


• Mensal – enfermarias;
• Semestral – Na totalidade;

MODO DE ACTUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente;


TECTOS • Passar com água limpa;
• Secar bem;

PERIODICIDADE:

• Semestral;

Data da última revisão: Setembro de 2015


133

MODO DE ACTUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente;


PORTAS E JANELAS • Passar com água limpa;
• Secar bem;

PERIODICIDADE:

• Quinzenal;

MODO DE ACTUAÇÃO:
MANÍPULOS
• Lavar com água quente e detergente;
• Passar com água limpa;
• Secar bem;

PERIODICIDADE:

• Diária;
Fonte: Adaptado de: ARSLVT: “A higienização das instalações dos Centros de Saúde no contexto da
prevenção e controlo da infecção”.2009

Áreas Físicas
a) Quartos de Isolamento
Superfícies
MODO DE ACTUAÇÃO PERIODICIDADE

MODO DE ACTUAÇÃO:

No final de cada intervenção:

• Lavar com água quente e detergente; • Diária


• Passar com água limpa;
• Secar bem;
PAVIMENTO

Na presença de matéria orgânica em qualquer


superfície:
1. Remover com papel absorvente e colocar no
recipiente de resíduos contaminados;
2. Aplicar solução desinfetante (cloro a 1%) e deixar
atuar 2 minutos;
3. Lavar com água quente e detergente;
4. Passar com água e limpa;
5. Secar a superfície;
MODO DE ATUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente na totalidade; • Quando contaminadas / conspurcadas;


PAREDES • Passar com água limpa a fim de remover o detergente;
• Aplicar cloro a 0.1%;

Data da última revisão: Setembro de 2015


134

MODO DE ACTUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente; • Quando contaminados / conspurcados;


TECTOS
• Passar com água limpa;
• Secar bem;
MODO DE ACTUAÇÃO:

PORTAS E JANELAS • Lavar com água quente e detergente; • Quando contaminadas / conspurcadas;
• Passar com água limpa a fim de remover o detergente;
• Aplicar cloro a 0.1%;
• Secar bem;
MANÍPULOS E MODO DE ACTUAÇÃO:

LAVATÓRIOS • Lavar com água quente e detergente; • Diária.


• Passar com água limpa;
• Secar bem.

NO FINAL DO ISOLAMENTO E APÓS A SAÍDA DO DOENTE


MODO DE ACTUAÇÃO:
1. Manter o quarto fechado durante pelo menos 2 horas antes de proceder á sua limpeza e descontaminação bem
como do material médico;
2. Lavar todas as superfícies (paredes, tetos, portas, janelas, manípulos e pavimentos) com água quente e detergente,
passar com água limpa a fim de remover o detergente e com solução de cloro a 0,1%, deixar atuar 10 minutos e secar
bem;
3. Após limpeza, arejar para o exterior;
4. Sempre que possível aguardar 24 horas antes de admitir novo paciente;
Fonte: Adaptado de: ARSLVT: “A higienização das instalações dos Centros de Saúde no contexto da
prevenção e controlo da infecção”.2009

Data da última revisão: Setembro de 2015


135

Áreas Físicas

CASAS DE BANHO ZONAS DE DESPEJO

Superfícies

MODO DE ACTUAÇÃO: MODO DE ACTUAÇÃO:

No final de cada intervenção: No final de cada intervenção:

• Lavar com água quente e detergente; • Lavar com água quente e detergente;
PAVIMENTO • Passar com água limpa; • Passar com água limpa;
• Secar bem; • Secar bem;
PERIODICIDADE: PERIODICIDADE:

• De acordo com o Serviço onde está inserido (mínimo 2 • 2 vezes por dia;
vezes por dia);
MODO DE ACTUAÇÃO: MODO DE ACTUAÇÃO:

No final dos tempos operatórios: No final dos tempos operatórios:

• Lavar com água quente e detergente até 2 metros de • Lavar com água quente e detergente até 1.30 m
altura; de altura;
• Passar com água limpa; • Passar com água limpa;
PAREDES
• Secar bem; • Secar bem;
PERIODICIDADE: PERIODICIDADE:

• Diária • Semanal
• Semestral – Na totalidade da altura; • Sempre que necessário;
MODO DE ACTUAÇÃO: MODO DE ACTUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente; • Lavar com água quente e detergente;
• Passar com água limpa; • Passar com água limpa;
TETOS
• Secar bem; • Secar bem;
PERIODICIDADE: PERIODICIDADE:

• Semestral; Semestral;

MODO DE ACTUAÇÃO: MODO DE ACTUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente; • Lavar com água quente e detergente;
• Passar com água limpa; • Passar com água limpa;
PORTAS E JANELAS
• Secar bem; • Secar bem;
PERIODICIDADE: PERIODICIDADE:

• Quinzenal; Quinzenal;

Data da última revisão: Setembro de 2015


136

MODO DE ACTUAÇÃO: MODO DE ACTUAÇÃO:

• Lavar com água quente e detergente; • Lavar com água quente e detergente;

MANÍPULOS • Passar com água limpa; • Passar com água limpa;


• Secar bem; • Secar bem;
PERIODICIDADE: PERIODICIDADE:

• Diária; Diária;

MODO DE ACTUAÇÃO: MODO DE ACTUAÇÃO:

- Placa de Duche e poliban: Pia de despejo (Vidoir):

• Lavar com água quente e detergente; • Lavar com água e detergente;


• Passar com água limpa; • Passar com água limpa afim de remover o
• Secar; detergente;
- Se o doente estiver infetado: • Aplicar cloro a 0.1%

• Lavar com solução detergente contendo cloro;


• Secar;
PERIODICIDADE:

• Após cada utilização;


PERIODICIDADE:
MODO DE ACTUAÇÃO:

• 2 Vezes por dia;


- Lavatório, torneira e manípulos:

• Lavar com água quente e detergente;

LOIÇA SANITÁRIA • Passar com água limpa;


• Secar;
- Após utilização por doente infetado:

• Proceder como já referido anteriormente;


PERIODICIDADE:

• Mínimo 2 vezes por dia;


MODO DE ACTUAÇÃO:

- Sanitas:

• Lavar com água quente e detergente;


• Passar com água limpa a fim de remover o detergente;
• Aplicar cloro a 0.1%;
PERIODICIDADE:

• Mínimo 2 vezes por dia;


Fonte: Adaptado de: ARSLVT: “A higienização das instalações dos Centros de Saúde no contexto da
prevenção e controlo da infecção”.2009

Data da última revisão: Setembro de 2015


137

Exemplo 2

Limpeza corrente (1, 2 ou 3 x dia consoante Limpeza semanal Limpeza global


as necessidades das áreas)

Escadas e corredores Rodapés Vidros/janelas,


estores e persianas

Vidros e manípulos de portas e guichets Gavetas e prateleiras/ Paredes, portas e


estantes ombreiras

Mobiliário (mesas, cadeiras de refeição, Capachos (lavagem) Grelhas dos sistemas


secretárias, outros) de ventilação e ou de
renovação de ar

Equipamento (ex: grades das camas, Cortinas (lavagem) Tetos, globos, pontos
suportes de soro, computadores, de luz e respetivas
candeeiros de mesa, telefones, contentor caixas
de resíduos)

Balcões de apoio e bancadas de trabalho Maples e sofás Grelhas dos sistemas


(aspiração para de
tecidos e lavagem ventilação/renovação
para napas) ar

Botões, interruptores e corrimão Pavimento (só com Calhas técnicas e


água quente) canalizações altas

Zonas de lavagem de material e Varandas Pavimento

Equipamento (limpeza mais


profunda)

Instalações sanitárias (lavatório, torneiras, Contentores


sanita, base de duche, manípulo do (lavagem)
autoclismo)

Zona de lavagem de camas, cadeiras e Nota: Cortina - para além da limpeza


outros equipamentos semanal, devem ser lavadas quando o doente
sai com alta ou sempre que ocorram
Pavimento (com água quente e detergente)
situações de salpico. Deve ser cumprido o
plano de manutenção dos equipamentos, de
acordo com as indicações do fabricante.

Fonte: Adaptado de: ARSLVT: “A higienização das instalações dos Centros de Saúde no contexto da
prevenção e controlo da infecção”.2009 Data da última revisão: Setembro de 2015
138

Anexo III

Atuação em derrames de sangue ou líquidos orgânicos

Em presença de matéria orgânica, (sangue, excreções, secreções e


outros fluidos orgânicos) quer esta se encontre nas bancadas ou em
pavimentos, atuar do seguinte modo:

• Cobrir a área que contém matéria orgânica com toalhetes


absorventes
• Aplicar Hipoclorito de sódio 0,5% (lixívia) e deixar atuar alguns
minutos (de maneira a diminuir a carga microbiológica)
• Colocar aviso de piso molhado

• Remover os toalhetes e matéria orgânica para


o contentor de Resíduos Grupo III;

• Higienizar a superfície de imediato com água e


detergente
• No final, desinfectar com Hipoclorito de sódio 0,5%
(lixívia);

• Descartar para lavar, os têxteis usados para


limpar a superfície contaminada.

Deixar secar a superfície

Retirar o aviso de piso molhado


Este documento esquemático pode ser copiado e colocado onde considerarem
pertinente Data da última revisão: Setembro de 2015
139

Anexo IV

Outsourcing ou compra de Serviços de Limpeza ao Exterior da Unidade

(Exemplo)

Obrigações e responsabilidades da Empresa:

1. Apresentar à Unidade de Saúde, antes de iniciar a sua atividade, documento


que identifique criteriosamente as áreas críticas, semicríticas e não críticas da
Unidade, de acordo com o respetivo Caderno de Encargos, o qual deverá ser
submetido à apreciação GCL/PPCIRA e ao SSO/SSHST da Unidade, de forma a
promover uma análise conjunta. Sempre que necessário deverá ser elaborada
uma adenda que retifique e/ou acrescente aspetos técnicos significativos, a
qual deverá ser lavrada por todos os intervenientes.
2. Fornecer os materiais, equipamentos, ferramentas e utensílios que se
revelarem necessários para garantir uma limpeza e desinfeção de qualidade;
3. Garantir o processamento adequado dos materiais e equipamentos (mopas,
panos de limpeza de superfícies etc.)
4. Garantir a presença de recursos humanos, que assegurem a boa execução da
atividade dos serviços de limpeza adequados a uma unidade de saúde;
5. Responsabilizar-se integralmente pelo cumprimento das especificações
técnicas apresentadas no Caderno de Encargos;
6. Selecionar, informar e formar rigorosamente os profissionais que irão prestar
os serviços de limpeza com formação que cumpra as especificidades de uma
unidade de saúde;
7. Assegurar que os profissionais do serviço de limpeza executam a sua atividade,
devidamente fardados (P.Explo pode-se mencionar a obrigatoriedade de não
utilização de adornos como anéis, pulseiras etc.) e com o equipamento de
proteção individual adequado;
8. Planificar mensalmente o serviço, através da elaboração de um Programa de
limpeza, o qual deverá ser dado a conhecer à Direção da Unidade;

Data da última revisão: Setembro de 2015


140

9. Afixar nos diferentes serviços/áreas/zonas mapas de registo, que comprovem a


limpeza/desinfeção que foi realizada, incluindo a hora, o nome e a assinatura
do executor;
10. Garantir a avaliação periódica da eficácia da limpeza por metodologia
complementar a avaliação visual (exemplo: ATP-Bioluminescência ou Marcação
com indicador fluorescente) em articulação com o GCL/PPCIRA;
11. Nomear o (s) encarregado (s) responsável (s) e dar conhecimento por escrito à
Direção da Unidade;
12. Informar os serviços competentes da Unidade sobre a necessidade de
reparações (fendas, falhas no equipamento sanitário ou elétrico, entre outras);
13. Responsabilizar-se pelos seus profissionais, nomeadamente quanto à vacinação
dos mesmos (Hepatite B e Tétano), ao seguro de acidentes pessoais e às
demais questões relacionadas com acidentes de trabalho e doenças
profissionais;
14. Proceder a uma supervisão dos serviços de limpeza, pelo menos mensalmente;
15. Realizar anualmente uma auditoria da qualidade dos serviços de limpeza
prestados na Unidade em articulação com o GCL/PPCIRA.

A UCC obriga-se a:

1. Supervisionar e monitorizar os serviços de limpeza prestados;


2. Disponibilizar instalações sanitárias e vestiários adequados;
3. Disponibilizar local para a guarda de material e equipamento de limpeza;
4. Realizar pelo menos anualmente uma auditoria da qualidade dos serviços de
limpeza prestados na UCC;
5. Realizar reuniões, entre elementos da UCC e da empresa contratada,
trimestralmente ou sempre que necessário para aferição de procedimentos.

Data da última revisão: Setembro de 2015


141

4.4.2 Circuito de alimentaçã o

Introdução

Aspetos gerais relativos à alimentação dos utentes:

A alimentação é essencial para a saúde e bem-estar. O estado nutricional


interfere diretamente nos diversos processos orgânicos como, por
exemplo, nos mecanismos de defesa imunológica e resposta às infeções,
na cicatrização de feridas e na evolução das doenças. A subnutrição
consequente de alimentação insuficiente, desequilibrada ou resultante de
distúrbios associados à sua assimilação, vem cada vez mais a chamar a
atenção dos profissionais de saúde que cuidam de utentes, certos de que
apenas a terapêutica medicamentosa não é suficiente para se obter uma
resposta orgânica satisfatória.

Os utentes impossibilitados de alimentar-se sozinhos devem ser


assistidos por um profissional, o qual deve providenciar os cuidados
necessários de acordo com o grau de dependência existente. Por exemplo,
visando manter o conforto do utente e incentivá-lo a comer, oferecer-lhe
o alimento na boca, na ordem da sua preferência, em porções pequenas,
e, dadas uma de cada vez.

Ao terminar a refeição, servir-lhe água e anotar a aceitação da dieta nos


registos. Durante o processo, proteger o tórax do utente com toalha ou
guardanapo, limpando-lhe a boca sempre que necessário. No final, realizar
a higiene oral. Visando evitar que o utente desidrate, os profissionais
devem estar atentos às necessidades de hidratação de cada utente.

Data da última revisão: Setembro de 2015


142

Desde que não haja impedimento para que receba líquidos por via oral,
cabe ao Serviço de Nutrição e Dietética fornecer água potável em
recipiente apresentável e de fácil limpeza, com tampa, passível de
higienização e reposição diária, para evitar exposição desnecessária e
possível contaminação. Os jarros da água das mesas de refeição ou dos
quartos, devem ser lavados diariamente.

Nem sempre os utentes atendem adequadamente à necessidade de


hidratação, por falta de hábito de ingerir suficiente quantidade de água,
facto que, em situações de doença, pode levá-lo facilmente à desidratação
e desequilíbrio hidro-eletrolítico. Considerando tal facto, é importante que
o Enfermeiro e o Auxiliar de Ação Médica orientem e incentivem os
utentes a ingerir líquidos, ou lhes ofereçam auxílio se apresentar
dificuldades para fazê-lo sozinho.

A posição sentada é a mais conveniente, porém, se isto não for possível,


deve-se estar atento para evitar aspiração acidental de líquido.

Aspetos relativos à prevenção da infeção no circuito da


alimentação dos utentes:

Os motivos desse tipo de ocorrência são normalmente associados pelos


profissionais, ao insuficiente rácio de auxiliares de ação médica e de
enfermeiros, e ou, ao envolvimento dos profissionais em atividades
consideradas mais urgentes. Além de causas estruturais como a falta de
recursos humanos e materiais, evidenciam-se valores culturais fortemente
arraigados no comportamento do profissional, como a supervalorização

Data da última revisão: Setembro de 2015


143

da tecnologia e dos procedimentos mais especializados, o que, na prática,


se traduz em dar atenção, por exemplo, à preparação de uma bomba de
infusão ou material para um penso, ao invés de auxiliar o utente a
alimentar-se. Coincidentemente, os horários das refeições aproximam-se
do início e fim dos turnos, momentos em que há grande preocupação da
equipe em dar continuidade ao turno anterior ou encerrar o turno, aspeto
que representa motivo adicional para o abandono do utente. No entanto,
os profissionais não devem excluir a sua responsabilidade, que muitas
vezes compromete os resultados do próprio tratamento.

Todas as doenças de origem alimentar, muito em especial as que são


provocadas por microrganismos patogénicos, constituem um problema de
saúde pública, onde a sua importância é extremamente elevada, muito
embora o conhecimento da situação real seja inferior à realidade. Este
facto abrange todos os países, mesmos os mais desenvolvidos, já que este
tipo de doenças surge sob as mais diversas maneiras, desde rápidas
indisposições, até mesmo, as situações mais graves que podem necessitar
de cuidados hospitalares ou mesmo causar a morte.

A prevenção é o fator primordial. Assim a implementação de Boas


Práticas, vai reduzir os riscos de aparecimento de doenças de origem
alimentar. Na restauração, segundo a ANESA - Associação Nacional de
Empresas de Segurança Alimentar, as ocorrências provêm de:

Alimentos preparados com muita antecedência;

Armazenagem à temperatura ambiente;

Data da última revisão: Setembro de 2015


144

Armazenagem em frio e arrefecimento impróprios;

Confeção inadequada;

Distribuição demorada;

Incorretas práticas de descongelação;

Inadequada higiene das instalações, equipamentos e utensílios;

Inadequada higiene pessoal;

Manipulações inadequadas que originam contaminação cruzadas;

Matérias-primas contaminadas;

Panos de loiça e esponjas utilizados, para diversas funções;

Profissionais infetados a manipular alimentos.

Objetivos
Uniformizar práticas no circuito da preparação, confeção e
administração dos alimentos aos utentes nas UCCI da UMP;
Facilitar a informação dos profissionais que confecionam e
administram alimentos aos utentes nestas Unidades;
Assegurar a qualidade da alimentação oferecida aos utentes nas
Unidades.
Data da última revisão: Setembro de 2015
145

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados
Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
Responsáveis das Áreas Hoteleiras – Área da Alimentação

Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.

Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e


Distribuição;

Responsável e Elo de Ligação da Farmácia;

Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos;

GCL PPCIRA e respetivos membros dinamizadores;

Médicos, enfermeiros, farmacêuticos ou técnicos que executem


procedimentos onde seja necessário desinfeção de pele ou mucosas.

2) Pela revisão do procedimento:


Núcleo Central do GCL-PPCIRA.

Data da última revisão: Setembro de 2015


146

Siglas
CDC – Centers for Disease Control and Prevention

GCL – Grupo de Coordenação Local

MRSA – Stahylococcus aureus meticilina resistente

PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e das


Resistências aos Antimicrobianos

PCC – Pontos Críticos de Contaminação

UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados

UMP – União das Misericórdias Portuguesas

Toxi-Infeção alimentar:

A ingestão de um alimento provoca por vezes uma doença. Estas


perturbações, na maioria das vezes de natureza gastrointestinal, podem
ter várias origens: Pode tratar-se:

a) De um envenenamento alimentar devido à presença de um composto


químico tóxico de origem não microbiana (nitritos, resíduos de pesticidas,
de soda cáustica, metais pesados...);

Data da última revisão: Setembro de 2015


147

b) De uma intoxicação devida a venenos naturais contidos em


determinados alimentos (cogumelos venenosos, plantas ou animais
tóxicos);

c) De uma intolerância ou de uma alergia manifestada por determinadas


pessoas em relação a compostos naturais ou não, contidos nos alimentos;

d) De uma toxi-infeção devida à presença de um microrganismo


patogénico (bactérias, bolores, vírus, alga, parasita) ou da sua toxina num
alimento.

As intoxicações alimentares distinguem-se geralmente das infeções


alimentares pelo seu curto período de incubação (tempo transcorrido
entre o consumo do alimento contaminado, e o aparecimento dos
primeiros sintomas). Uma toxina previamente formada no alimento, age
mais rapidamente sobre o organismo do que os germes que devem fixar-
se e vencer os meios de defesa do organismo antes de se multiplicarem.

Algumas bactérias são responsáveis por toxi-infeções alimentares, como


por exemplo: Salmonella, Clostridium perfringens e Staphylococcus
aureus.

Estes incidentes são geralmente devidos a uma dupla negligência: uma


contaminação dos alimentos por causa de manipulações pouco
cuidadosas, e a conservação destes, em condições propícias ao
crescimento microbiano. Assim, quando se manipulam alimentos, é
imperativo assegurar a sua qualidade higio-sanitária, através da
implementação de boas práticas de higiene.

Data da última revisão: Setembro de 2015


148

Prevenção das toxi-Infeções alimentares

Todos os alimentos necessitam de ter cuidados especiais,


principalmente se não queremos correr o risco de desenvolver toxi-
infeções alimentares. Os alimentos de Alto-Risco são particularmente
suscetíveis a contaminações, pois são ricos em proteínas, tem elevado
teor de água e são um meio de cultura muito apreciado pelos micróbios.

São exemplos destes alimentos: Todos os produtos a base de carne mal


cozinhados, por exemplo: salsichas, carne de vaca, etc.; Saladas e molhos;
Ovos e seus derivados como: maionese e produtos de pastelaria; Leite,
natas e produtos lácteos, incluindo gelados; Mariscos e pescado.

Vários peritos realçam os fatores que contribuem para a ocorrência de


toxi-infeções alimentares, em unidades de restauração, os quais incluem:
Matérias-primas contaminadas

Manipulações inadequadas que originam contaminações cruzadas


Data da última revisão: Setembro de 2015
149

Armazenagens em frio e arrefecimentos impróprios

Incorretas práticas de descongelação

Confeção inadequada

Inadequada higiene pessoal

Profissionais que manipulam alimentos com infeção

Inadequada higiene das instalações, equipamentos e utensílios

Panos da loiça/esponjas utilizados para diversas funções

Alimentos preparados com muita antecedência

Armazenagem à temperatura ambiente

Distribuição demorada

Há ainda a considerar as infeções atribuídas à ingestão de alimentos


contaminados e que podem ser muito graves em doentes
imunocomprometidos, pelo que exigem regras de prevenção que devem
ser divulgadas e cumpridas pelos profissionais da área de alimentação.

Data da última revisão: Setembro de 2015


150

Estas regras compreendem os cuidados com os alimentos (preparação,


confeção, empratamento e distribuição), cuidados com a higienização de
estruturas de cozinha, copas e refeitórios, cuidados com a higienização da
louça e cumprimento das Precauções pessoais e Básicas.

Os núcleos locais de CI podem colaborar com os Serviços Hoteleiros, na


definição do circuito, na elaboração e revisão das cláusulas específicas dos
cadernos de encargos referentes ao controlo de infeção, na seleção de
compras de serviços ao exterior (“out-sourcing”) – se for o caso, na
elaboração e divulgação de recomendações/normas; na avaliação da
qualidade do circuito através de auditorias às estruturas e práticas e na
formação dos profissionais.

É Importante que cada UCCI tenha protocolo estabelecido para guardar


e enviar amostras de alimentos fornecidos aos utentes. As análises de
rotina devem ser solicitadas pela Unidade com regularidade, a não ser
que, a alimentação seja da responsabilidade de uma empresa prestadora
de serviços, que a deve promover e partilhar os resultados com o GCL-
PPCIRA.

Qualidade microbiológica dos alimentos

Na figura 1 pode observar-se um exemplo de relatório de avaliação


microbiológica de alimentos. Todas as UCCI devem ter protocolo escrito
para envio de amostras dos alimentos com regularidade a Entidade
apropriada para o efeito.
Data da última revisão: Setembro de 2015
151

Figura 1: Relatório de avaliação microbiológica dos alimentos

Refrigeração dos alimentos:

É a ação de controlar a temperatura e a humidade, tanto para viabilizar


processos, conservar máquinas e produtos;

O frio é um aliado precioso na conservação dos alimentos porque


retarda ou interrompe o crescimento microbiano, ao mesmo tempo que
diminui a atividade das enzimas alimentares. Já que a maioria dos germes

Data da última revisão: Setembro de 2015


152

patogénicos não pode segregar as suas toxinas ou crescer a temperatura


de refrigeração, este método contribui grandemente para a redução dos
riscos de toxi-infeção alimentar;

Contudo, a refrigeração não permite aumentar o tempo de conservação


da maioria dos alimentos além de alguns dias, porque os germes
psicrófilos prosseguem o seu crescimento e a sua atividade;

Os alimentos perecíveis como o pescado, carnes, produtos lácteos


confecionados, que não são para consumo imediato, deverão ser
armazenados a temperaturas entre 0º e 5º, em frigoríficos, câmaras
frigoríficas ou outro equipamento de frio. Estes limites de temperatura
são importantes;

Bactérias como a Listeria monocytogenes e Yersinia entercolitica que


podem estar presentes, desenvolver-se-ão e multiplicar-se-ão se essas
temperaturas não forem observadas. Se a refrigeração ultrapassa
frequentemente os limites críticos, pode ser devido a um armazenamento
em quantidade superior à capacidade do equipamento. O ar no interior
dos equipamentos da rede de frio deve circular livremente em redor dos
géneros alimentícios, pelo que se deve ser cuidado aquando da
armazenagem, prevenindo a criação de zonas de calor;

Os alimentos devem ser armazenados o mais rápido possível a fim de


evitar a quebra da cadeia de frio evitando possíveis alterações no produto;

Data da última revisão: Setembro de 2015


153

Para ser evitada a contaminação cruzada, os produtos devem ser


armazenados em diferentes câmaras ou geladeiras, classificados de
acordo com sua origem e espécie;

Todos os equipamentos de refrigeração devem ser dotados de


termómetros com sensores, localizados nas áreas mais próximas das
portas onde a temperatura é mais alta. Os termómetros devem ser de fácil
leitura e, preferencialmente, com o visor instalado no lado externo da
câmara, equipado com sistema de alarme, que será acionado quando
ocorrer temperaturas acima do critério indicado;

Os alimentos devem estar dispostos com afastamento mínimo


suficiente para a adequada circulação do ar frio;

As geladeiras ou câmaras devem ser abertas o menor número de vezes


possível;

Deve ser feito por grupos de produtos de forma a assegurar uma


arrumação correta, minimizando a ocorrência de contaminação cruzadas,
pelo que os alimentos devem ser colocados em contentores fechados;

Os alimentos, depois de abertos, devem ser armazenados fora das


embalagens originais, em contentores adequadamente higienizados,
cobertos e identificados;

Data da última revisão: Setembro de 2015


154

Todos os alimentos devem ser armazenados com filme plástico


transparente;

Os alimentos, principalmente em fase de resfriamento, devem ser


armazenados em volumes com altura máxima de 10 cm;

Todos os produtos de carne e lacticínios devem ser etiquetados, com


identificação da data de chegada e prazo de validade;

As datas de validade devem ser rigorosamente observadas, de forma


que os produtos mais antigos sejam removidos antes, e que o tempo de
permanência em armazenamento obedeça aos prazos estabelecidos pelo
fabricante;

As temperaturas das câmaras, arcas de congelados serão controladas


no mínimo duas vezes ao dia e o termómetro deve estar em local visível.

Congelados

Os alimentos perecíveis poderão igualmente ser mantidos a


temperatura de -18ºC ou inferiores. A congelação e armazenagem em
congelador dos alimentos (-18ºC) podem ser considerados pontos críticos
de contaminação (PCC), pois a congelação também evita o
desenvolvimento, multiplicação e produção de toxinas por contaminantes
bacteriológicos, permite a conservação dos alimentos por várias semanas
ou meses. Todo cuidado quanto a formação de cristais, os mesmos causa
Data da última revisão: Setembro de 2015
155

significativos danos às células alimentares e é capaz de modificar os


alimentos nas suas características físicas, embora que suas qualidades
nutricionais conservam-se. A congelação não é um método de
saneamento dos alimentos porque a maioria dos microrganismos resiste
bem ao frio e pode retomar a sua atividade após o descongelamento
(exceto os parasitas).

Descongelação:

Os alimentos congelados devem ser descongelados em equipamentos


de frio, ou se necessário, utilizando o programa de descongelação em
equipamentos micro-ondas. A descongelação nunca deverá ser realizada à
temperatura ambiente, para que as bactérias patogénicas, à superfície dos
alimentos, não encontrem condições para o seu desenvolvimento,
multiplicação e produção de toxinas. Acresce que, há que ter atenção no
sentido de poder garantir que o interior dos alimentos se encontra
totalmente descongelado, para que, nas operações culinárias seguintes
receba o aquecimento adequado à destruição de germes patogénicos
perigosos;

O emprego de frigoríficos com ventilador é ideal pois acelera o processo


de descongelação sem risco;

Os alimentos que sofram descongelação devem ser


confecionados/consumidos no período máximo de 24 horas.

Data da última revisão: Setembro de 2015


156

Este PCC pode ser definido do seguinte modo: PCC Limite Crítico
Monitorização Ações Corretivas:
Descongelação 2ºC a 5ºC; Período máximo de 24 horas entre a
descongelação e confeção;

Temperatura no interior dos alimentos. Período de tempo entre a


descongelação e confeção; Continuação da descongelação (se a
temperatura no interior do alimento for inferior a 2ºC);

Rejeitar os alimentos (se a temperatura à superfície dos alimentos tiver


atingido 10ºC ou superior);

Investigar a causa e retificar de acordo.

Confeção dos Alimentos:

A confeção dos alimentos é um método seguro para garantir a


segurança dos alimentos. A literatura científica sugere que se devem
confecionar os alimentos de modo a que atinjam no seu centro térmico
(interior) 75ºC, condições que são suficientes para que sejam eliminadas
bactérias como a Sallmonella,Campylobacter, Listeria monocytogenes e
Yersínia Enterocolitica. Contudo, as combinações tempo-temperatura
utilizadas deverão se validadas, para garantir a destruição das bactérias
patogénicas e esses pratos deverão ser consumidos num período máximo
de 30 minutos após confeção, a não ser que sejam mantidos a
temperaturas superiores a 65ºC.
Data da última revisão: Setembro de 2015
157

Disposição dos Produtos alimentares:

Os alimentos não devem ser armazenados junto a produtos químicos de


higiene, de Limpeza e perfumaria, para evitar contaminação ou
impregnação com odores estranhos;

A farinha deve ser colocada sobre estrados limpos e secos e em bom


estado de conservação a 20cm do piso e parede;

Os alimentos industrializados devem ser mantidos afastados dos grãos e


cereais para evitar infestação por insetos a estes associados;

As matérias-primas devem ser arrumadas por grupos de forma a


assegurar uma arrumação correta, minimizado a ocorrência de
contaminação cruzadas, para que os produtos mais antigos sejam os
primeiros a ser consumidos, PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai);

Deve-se retirar o cartão e o plástico que envolve as embalagens


elementares dos alimentos.

Rotulagem dos produtos alimentares:

• Designação do produto (pescado deve indicar nome científico e


local de captura; no caso da carne deve identificar proveniência,
local de abate...);
• Identificação do produtor;

Data da última revisão: Setembro de 2015


158

• Data limite de consumo ou prazo de validade (exceto: fruta e


legumes frescos; sal de cozinha e pão);
• Lista de ingredientes;
• Número de controlo veterinário, obrigatório para produtos de
origem animal;
• Produtos congelados (deve constar data de congelação;
requisitos de conservação e indicação “após descongelar, não
voltar a congelar”, ou equivalente); (atenção às condições
especiais de conservação e marca de salubridade, esta ultima
menção obrigatória no caso de produtos de origem animal);

Preparação, Confeção e Distribuição de Alimentos

Preparação de Alimentos:

Deve ter-se o máximo de cuidado para que os manipuladores e as


matérias-primas não constituam uma fonte de contaminação, por isso
deve encontrar-se organizada da seguinte forma:

Os produtos que servirão de matérias-primas devem ser retirados


das embalagens exteriores, e colocados em recipientes adequados para o
efeito antes de entrarem nos locais de preparação.

Data da última revisão: Setembro de 2015


159

A preparação de cada tipo de alimentos deveria, idealmente, ser


feita em zonas de preparação específica para carnes, pescado, produtos
hortícolas e fruta, podendo ainda existir uma zona exclusiva para
sobremesas.
Os utensílios e materiais em cada zona são de uso exclusivo para a
mesma. Habitualmente existe um código de cores para facas e tabuas de
corte para facilitar esta distinção. Este código pode variar e fica ao critério
de cada estabelecimento de restauração. Como exemplo poderemos ter:
verde para produtos hortícolas; azul para pescado cru; vermelho para
carnes frescas; amarelo para carne de aves e branco para alimentos já
confecionados (carnes, peixe, etc.).
Cada zona de preparação de alimentos deve encontrar- se
devidamente organizada, possuir uma identificação (exemplo: “zona de
preparação de carnes”) e deve proceder-se a sua higienização logo após o
período de laboração.
As bancadas devem ser de aço inoxidável, possuir cuba do mesmo
material com torneira de água quente e fria. Devem utilizar-se produtos
de limpeza próprios para superfícies e bancadas que irão entrar em
contacto com os alimentos.
Devem existir tabuas de corte e facas com cabo de material
resistente e de fácil higienização.
Quando existe uma bancada única para todo o tipo de produtos, e
de extrema importância que entre as tarefas de preparação de alimentos
diferentes se proceda a sua limpeza e desinfeção, bem como dos materiais
utilizados.

Data da última revisão: Setembro de 2015


160

Devem existir placares informativos para relembrar aos funcionários


as regras relativas aos procedimentos de higiene pessoal (lavar as mãos,
não fumar, etc.) e regras gerais de preparação dos alimentos (por exemplo
não utilizar os mesmos utensílios para alimentos crus e cozinhados).
O plano de higienização das zonas de preparação, bem como o
código de cores utilizado para a diferenciação de materiais e utensílios a
ser utilizados para cada tipo de alimentos devem estar afixados em local
visível.
Entre as tarefas de preparação de alimentos e de confeção, todos os
alimentos preparados devem estar acondicionados em câmara de
refrigeração até serem utilizados.
Deve evitar-se que a preparação dos alimentos seja feita com
demasiada antecedência até à hora de confeção ou consumo (máximo 2h
de antecedência).

Localização e Estrutura da área de preparação e


confeção dos alimentos:

As paredes devem ser de materiais duráveis, impermeáveis e lisas,


resistentes aos impactos e resistentes ao calor nas zonas junto aos fogões.
Devem ser fáceis de limpar e isentas de agentes e fontes de contaminação
como bolores, nichos de condensação e teias de aranha. Todas as junções
(parede/parede, parede/chão e parede/teto), devem ser contíguas e
quaisquer fendas devem ser tapadas.
Os pavimentos devem ser em materiais resistentes, impermeáveis,
facilmente laváveis e desinfetáveis, e sem fendas ou buracos.
Data da última revisão: Setembro de 2015
161

Os tetos devem ser lisos, isentos de sujidade, nichos de condensação e


bolores. As portas, janelas, caixilhos e sistemas de iluminação devem
encontrar-se limpos e em bom estado de conservação.

Instalações e Equipamentos

As superfícies devem ser lisas, impermeáveis, não tóxicas, não


absorventes, e resistentes à corrosão e desinfetantes.
Os equipamentos localizados sobre o pavimento ou junto a paredes,
devem ser facilmente removidos ou terem suficiente distância em relação
a essas superfícies, de modo a facilitar a limpeza.
Os equipamentos da rede de frio (frigoríficos/congeladores) devem ter
capacidade suficiente para manter os alimentos a temperaturas corretas e
estarem equipados com sistemas de monitorização de temperatura.
Os termómetros não devem conter mercúrio e todos os sistemas de
monitorização e registo de temperaturas devem ser verificados e
calibrados, pelo menos duas vezes por ano.

Higiene pessoal

Regras gerais

A higiene pessoal é um dos principais fatores a ter em conta para evitar


casos de intoxicação alimentar pelo que todos os manipuladores de

Data da última revisão: Setembro de 2015


162

alimentos devem manter um elevado grau de higiene pessoal, devendo


usar vestuário e calçado adequado.
Os elementos do pessoal são uma fonte potencial de agentes
causadores de toxi-infeções, particularmente bactérias como o
Staphylococcus aureus e Escherichia coli.
Para minimizar este risco, todos os elementos do pessoal devem
receber formação em higiene pessoal.
A Portaria n.º 149/88 de 9 de Março, que fixa as regras de asseio e
higiene a observar na manipulação de alimentos estipulou que o pessoal
deve manter apurado o estado de asseio, cumprindo cuidadosamente os
preceitos elementares de higiene, designadamente:
a) Ter as unhas cortadas e limpas e lavar frequentemente as mãos com
água e sabão ou soluto detergente apropriado, antes e depois da
manipulação de alimentos, após as refeições e sempre que utilize as
instalações sanitárias;

b) Conservar rigorosamente limpos o vestuário e os utensílios de trabalho;

c) Reduzir ao mínimo indispensável o contacto das mãos com os


alimentos, evitar tossir sobre eles e não fumar durante o serviço nem
cuspir ou expetorar nos locais de trabalho;

d) As joias e outros adornos, unhas pintadas e fumar, não devem ser


permitidos em locais onde os alimentos sejam armazenados,
manipulados, preparados e servidos;

Data da última revisão: Setembro de 2015


163

Lista não exaustiva de procedimentos incorretos aquando da


manipulação dos alimentos: que devem ser evitados, pois podem levar à
contaminação dos mesmos:

Colocar os dedos na boca, nariz, olhos e ouvidos;


Comer;
Fumar;
Espirrar ou tossir sobre os alimentos;
Mascar pastilha elástica;
Mexer em dinheiro (quem o manipular não pode tocar diretamente
com as mãos nos alimentos),
Mexer no cabelo;
Roer as unhas,
Usar qualquer tipo de acessórios (anéis, relógios, brincos, fios),
principalmente em zonas de confeção/fabrico em especial do pão;
Usar unhas compridas e com verniz;
Usar vestuário inadequado e com pouca higiene;
Soprar ou meter as mãos dentro dos sacos de acondicionamento
para os abrir mais facilmente;
Tomar ou guardar medicamentos;
Colocar a toalha para secagem de louça no ombro enquanto se faz
outra coisa.

Data da última revisão: Setembro de 2015


164

Mãos e Pele

Na área alimentar, as mãos estão em permanente contacto com os


alimentos, logo têm de estar em perfeitas condições higiénicas a todo o
momento. Não basta lavar as mãos antes de iniciar o trabalho, uma vez
que, ao longo do dia, estas vão ficando contaminadas, o que pode levar a
contaminação cruzada (Exemplo: Quando o profissional da área alimentar
mexe numa substância contaminada e transporta as bactérias para um
local, ou superfície, que antes estava higienizada).

Quando Lavar as Mãos:


a) Entre a manipulação de alimentos crus e cozinhados;

b) Depois de mexer no cabelo, boca, nariz ou pele;

c) Depois de assoar o nariz, tossir ou espirrar;

d) Depois de manipular os produtos de limpeza, contentores de resíduos,


caixas de cartão;

e) Depois de manipular os ovos frescos;

f) Depois de comer ou fumar;

g) Depois de utilizar as instalações sanitárias;

h) Depois de manipular alimentos deteriorados e desperdícios;

i) Antes de colocar as luvas descartáveis.

Data da última revisão: Setembro de 2015


165

Como Lavar as Mãos


Molhar as mãos e os antebraços (até aos cotovelos) com água tépida
corrente (removendo relógio de pulso);

1- Ensaboar bem as mãos e os antebraços com sabonete líquido;

2-Lavar cuidadosamente os espaços entre os dedos, as costas das mãos,


polegar e unhas;

3-Passar por água corrente fria ou tépida;

4-Secar com toalhetes de papel descartáveis (de uso único) que devem ser
colocados em recipientes próprio;

Vestuário de proteção

Os cabelos são bastante importantes ao nível da higiene pessoal. O


cabelo está em constante renovação, pelo que pode cair sobre um
alimento. Uma forma de evitar que, tanto os cabelos como a caspa,
constituam um perigo alimentar, é o uso de toucas apropriadas que
cubram completamente a cabeça, é desaconselhável a utilização de
ganchos para segurar o cabelo.
De modo a evitar a queda de um cabelo sobre o uniforme, a touca
deve ser a primeira coisa a colocar e só de seguida o fardamento, o qual
deve ser adequado e de cor clara, de preferência branco (de maneira a
identificar rapidamente quando está sujo).

Data da última revisão: Setembro de 2015


166

O fardamento deve apresentar-se sempre em bom estado de


higiene e de conservação e ser de uso exclusivo do serviço.
Os trabalhadores devem usar calçado adequado, confortável e
antiderrapante de uso exclusivo nas instalações.
O fardamento de trabalho deve ser usado sobre o vestuário próprio
e não deve ser utilizado fora dos locais de trabalho.
Os serviços devem ter instalações sanitárias para uma adequada
higienização pessoal localizadas preferencialmente na contiguidade das
instalações.

Saúde dos profissionais - Regras gerais

Os novos colaboradores devem ser sujeitos a exames médicos;


As atividades de promoção e vigilância da saúde dos trabalhadores
independentes e a venda ambulante são assegurados pelo Serviço
Nacional de Saúde, Art.º 11 do Decreto-Lei n.º 109/2000 de 30 de Junho.
O nariz e a boca possuem muitos microrganismos patogénicos,
sendo os mais comuns os Staphylococcus aureus, bactérias que facilmente
são espalhadas pela tosse, espirros ou até quando nos assoamos. No caso
de estar constipado, não deve trabalhar junto de alimentos. De cada vez
que se assoar e usar lenços de papel, não deve provar qualquer tipo de
alimento, nem com a colher nem com o dedo;

Data da última revisão: Setembro de 2015


167

Qualquer elemento do pessoal que tenha contraído, ou suspeite ter


contraído, doença contagiosa ou sofra de doença da pele, doença do
aparelho digestivo acompanhada de diarreia, vómitos ou febre,
inflamação da garganta, do nariz, dos ouvidos ou dos olhos fica interdito
de toda a atividade diretamente relacionada com os alimentos e deverá
consultar sem demora o seu médico de família ou a autoridade sanitária
da respetiva área, e iguais precauções deverá tomar qualquer elemento
do mesmo pessoal que tenha estado em contacto com indivíduos afetados
por doenças intestinais diarreias;
Os elementos do pessoal a que se refere o número anterior só
deverão retomar o trabalho quando o médico de família ou a autoridade
sanitária o autorizarem mediante a passagem de atestado médico de
aptidão;
Deverá existir uma caixa de primeiros socorros com desinfetante,
cicatrizante, água oxigenada, pomada para queimaduras, pensos rápidos,
compressas e adesivo.

Feridas, Infeções Cutâneas e Outras

Os cortes e queimaduras constituem uma fonte de acumulação de


microrganismos que se desenvolvem com facilidade, pelo que devem ser
encarados como situações de elevados cuidados. O corte ou queimadura
deve estar devidamente tapado com pensos coloridos e impermeáveis e o
trabalhador deve usar luvas descartáveis;

Data da última revisão: Setembro de 2015


168

Os cortes devem ser protegidos com pensos impermeáveis e


facilmente visíveis, e o estabelecimento deve adotar a prática de dispensa
do pessoal por 3 ou mais dias, se a sua doença puder, de qualquer modo,
comprometer a segurança dos alimentos que manipulam;
No caso do manipulador de alimentos apresentar infeções cutâneas,
ou doenças transmissíveis, ele não pode estar em contacto com os locais
de manipulação de alimentos, uma vez que há o risco de contaminação
direta ou indireta.
O funcionário deve, sempre, informar o responsável pela instalação,
para que este tome medidas adequadas e evitar que este entre em locais
onde se manipulam géneros alimentícios.
Manter o local de receção em perfeito estado de higiene, a porta de
acesso ao exterior, fechada e o local de passagem desimpedido.
Observar a integridade da embalagem de transporte. As
embalagens em contacto direto com o produto devem: apresentar-se
limpas, sem deformações e secas.
A receção de caixas de madeira só é permitida para transportar
frutas e legumes, desde que em condições de higiene aceitáveis. Este tipo
de caixas não poderá ser utilizado para armazenar, devendo o produto ser
transferido para caixa de material adequado.

Serviços

A água deve cumprir com a legislação nacional e comunitária relativa à


água de consumo. Os reservatórios de água devem encontrar-se tapados e
as torneiras de água potável devem estar claramente identificadas. O
Data da última revisão: Setembro de 2015
169

fluxo de ar limpo e a remoção de vapores devem ser obtidos através de


sistemas mecânicos de ventilação. A luz fornecida deve ser adequada à
realização das tarefas, em todos as zonas onde se manipulem alimentos.
As lâmpadas, incluindo as fluorescentes, devem encontrar-se
devidamente protegidas para o caso de quebra.
Os recipientes para os resíduos devem estar em número e localização
adequados no estabelecimento, e devem ser despejados pelo menos uma
vez por dia, para recipientes cobertos, colocados em zonas designadas
para o efeito, fisicamente separadas de locais de armazenagem e de
preparação de alimentos. A remoção dos resíduos destes últimos
recipientes deve ser realizada, no mínimo, semanalmente.
É importante que o Núcleo Local de CI tenha conhecimento dos
resultados das análises que são feitas regularmente à água de consumo na
Unidade.

Controlo de Pragas

A presença de roedores, aves, insetos e outros animais deverá ser


proibida em locais de restauração. Se na cozinha existirem sistemas de
eletrocussão de insetos, devem estar posicionados afastados da luz
natural, dos alimentos e das correntes de ar. Os inseticidas sob a forma de
spray não devem ser utilizados em zonas de armazenagem, preparação e
confeção de alimentos.

Todas as janelas, claraboias e aberturas para o exterior, deverão ter


instaladas redes mosquiteiras. Estas deverão ser facilmente desmontadas,

Data da última revisão: Setembro de 2015


170

para permitir fácil acesso e limpeza da zona exterior das redes. As portas
de acesso ao exterior deverão impedir acesso de pragas, e as portas
internas deverão estar equipadas com sistemas de fecho automático (por
ex.: sistema de mola recuperadora). As portas de acesso ao exterior não
devem permanecer abertas. Inspeções minuciosas das instalações,
Deverão ser levadas a cabo inspeções minuciosas das instalações, por
pessoal especializado em controlo de pragas, pelo menos de 3 em 3
meses, para deteção de evidências de infestação de insetos ou roedores.
O uso dos pesticidas deve ser restrito ao mínimo necessário e de forma a
não contaminar os alimentos, não podendo confundir-se com os géneros
alimentícios. Os pesticidas deverão ser armazenados em armários
específicos, situados longe da zona de armazenagem dos géneros
alimentícios. Deve existir um efetivo programa de controlo de roedores.

Controlo de Fornecedores

Dever-se-ão utilizar apenas matérias-primas de fornecedores


qualificados. Estes fornecedores podem ser certificados por terceiras
partes ou possuírem certificados de garantia da qualidade. Os produtores
e fornecedores deverão ter implementado um sistema de certificação da
qualidade, sujeito a auditoria, e toda a matéria-prima fornecida deverá
permitir a respetiva rastreabilidade.

Data da última revisão: Setembro de 2015


171

Controlo à Receção

A unidade de restauração deverá possuir uma Lista de Verificação


(checklist) para aplicação aquando da entrega de géneros alimentícios, a
qual deverá incluir a adequação do veículo de transporte, a higiene do
pessoal de entregas, a verificação das datas de durabilidade mínima e de
limite de consumo, o estado das embalagens e a verificação da
temperatura dos géneros alimentícios refrigerados e congelados).

Gestão e Registos

A entidade gestora deve realizar auditorias internas e manter atualizada


toda a documentação que demonstre o estrito cumprimento dos
Data da última revisão: Setembro de 2015
172

requisitos legais. Quando uma situação de incumprimento for detetada, é


da responsabilidade da gerência registar essa situação incorreta e
documentar as ações que foram aplicadas para retificar a situação.

ALIMENTAÇÃO ENTÉRICA

A dieta entérica pode ser administrada por método intermitente ou


contínua. Na administração intermitente o volume a ser administrado
varia à volta de 350 ml/vez, de 4 a 6 vezes ao dia. A introdução da
alimentação pode ser feita com uma seringa, com fluxo lento, para evitar
a ocorrência de náuseas, diarreia, aspiração, distensão e cólicas.
A melhor forma de administração é o gotejamento por gravidade, num
período de 20 a 30 minutos, ou por bomba de infusão.
A administração contínua pode ser feita por meio de gotejamento
gravitacional. Neste caso, deve-se estabelecer rigoroso controlo do
gotejamento (aproximadamente a cada 30 minutos).
A maneira mais segura é a administração por meio de bomba de
infusão, com fluxo de gotejamento constante - mais indicada quando do
uso de sondas entéricas transpilóricas, haja vista que o duodeno e o
jejuno são mais sensíveis à concentração e ao volume do que o estômago.

Data da última revisão: Setembro de 2015


173

Preparação para a administração da nutrição entérica -


Cuidados dos Profissionais:

Realizar a limpeza e a desinfeção do balcão - mantendo o local livre


de qualquer material desnecessário à preparação;
Conferir o rótulo da nutrição entérica - no qual devem constar:
nome do paciente, registro hospitalar, número do leito, composição
qualitativa e quantitativa de todos os componentes, volume total,
velocidade de administração, via de acesso, data e hora da manipulação,
prazo de validade, número sequencial de controlo, condições de
temperatura para conservação, nome e número do registo do profissional
do responsável técnico pelo processo;
Verificar a integridade da embalagem e o aspeto da solução,
observando se há alguma alteração visível (presença de elementos
estranhos).
Se houver, suspender a dieta desse horário e comunicar o facto ao
Serviço de Nutrição e Dietética;
Avaliar as condições de limpeza e funcionamento da bomba de
infusão, antes de usá-la;
Testar o posicionamento da sonda e a sua permeabilidade, antes de
instalar a nutrição entérica;
Conectar o equipamento de infusão no recipiente de nutrição
entérica; em seguida, na inserção da sonda ou gastrostomia, cuja
administração deve cumprir exatamente o prazo estabelecido.

Data da última revisão: Setembro de 2015


174

Ressalta-se que todo esse processo exige higiene e assepsia


rigorosas, pois a composição da nutrição entérica constitui um meio
propício ao desenvolvimento de bactérias.
Durante toda a administração da dieta e até aproximadamente uma
hora após, o utente deve ser posicionado - e mantido - com o tórax mais
elevado que o resto do corpo, o que evita a ocorrência de refluxo gástrico
e aspiração.
Lembrar sempre que os utentes muito debilitados e inconscientes
apresentam maiores riscos de broncoaspiração, podendo levar a
pneumonias de aspiração de origem alimentar.
Após a alimentação intermitente, lavar a sonda com 30 a 50ml de
água, para remover os resíduos aderentes à parede interna, evitando a
sua obstrução.

O controlo do peso dos utentes pode ser feito diariamente, a cada


48-72 horas ou uma vez por semana, variando conforme a necessidade, de
acordo com o distúrbio que apresentam e a utilização desse dado para
modificações da terapêutica utilizada (alteração de doses
medicamentosas, tipo ou frequência da dieta, entre outras situações).
A observação de sinais, sintomas de intercorrências e complicações
e o adequado registo dos dados são outros cuidados indispensáveis a
serem observados pelos Profissionais.
O utente submetido à terapêutica nutricional necessita de controlo
diário de peso. As medidas de peso e altura são utilizadas para identificar
transtornos nutricionais que, junto com outros parâmetros, são
considerados indicadores antropométricos. Os dados antropométricos são
largamente utilizados nas unidades de saúde e o profissional deve estar
Data da última revisão: Setembro de 2015
175

atento às suas variações, comparando-os aos valores anteriormente


obtidos.
As medidas de peso e altura devem ser obtidas na altura do
internamento. Certas doenças ou tratamentos podem provocar oscilações
rápidas e frequentes de peso, por retenção ou perda de líquidos do
organismo. Nesses casos, há necessidade de controlo mais frequente.
Quanto ao utente acamado, o seu controle de peso é feito por intermédio
de balança especial (cama-balança).

Data da última revisão: Setembro de 2015


176

Anexo I

Microrganismos que causam doenças através dos alimentos

Fonte: Batista, Paulo, Antunes, Christine: “Higiene e Segurança Alimentar na Restauração-Volume II-
Avançado”. Forvisão. 2005. ISBN: 172-99099-8-9. Acessível online
em: www.esac.pt/noronha/manuais/restauração_VOL_2.pdf

Data da última revisão: Setembro de 2015


177

Fonte: Batista, Paulo, Antunes, Christine: “Higiene e Segurança Alimentar na Restauração-Volume II-
Avançado”. Forvisão. 2005. ISBN: 172-99099-8-9. Acessível online
em: www.esac.pt/noronha/manuais/restauração_VOL_2.pdf

Data da última revisão: Setembro de 2015


178

Data da última revisão: Setembro de 2015


179

Anexo II

Regras Básicas nas áreas de preparação e confeção


de alimentos:

O Vestuário deverá ser apropriado às funções a desempenhar (bata,


touca,calçado);
Não utilizar adornos (relógio, brincos, anéis…) durante o exercicio
de funções;
Higienizar as mãos antes de manipular alimentos e sempre que
mude de tarefa;
Proteger feridas e cortes das mãos e antebraços;
Manter as diversa áreas da cozinha limpas;
Manter os utensilios e equipamentos devidamente higienizados;
Controlar a receção de matérias primas qualitativa e
quantitativamente;
Armazenar produtos alimentares por famílias;
Separar bens alimentares de bens não alimentares;
Não congelar produtos frescos em arcas de manutenção de
congelados;
Não preparar alimentos com demasiada antecedência;
Utlizar tábuas de corte distintas para diferentes grupos de
alimentos;
Evitar contacto entre alimentos crus e cozinhados;

Data da última revisão: Setembro de 2015


180

Nunca manipular alimentos confecionados diretamente com as


mãos;
Ser muito cauteloso aquando da utilização de luvas quando
manipula alimentos (por ex. não tocar na cara ou cabelo);
Higienizar as mãos antes e depois de colocar as luvas;
Conservar alimentos confecionados abaixo dos 5oC ou acima dos
65oC .

Data da última revisão: Setembro de 2015


181

Anexo III

Exemplo de Plano genérico de monitorização de pontos críticos de


controlo para um restaurante

Data da última revisão: Setembro de 2015


182

Data da última revisão: Setembro de 2015


183

Data da última revisão: Setembro de 2015


184

Fonte: Batista, Paulo, Antunes, Christine: “Higiene e Segurança Alimentar na Restauração-Volume II-
Avançado”. Forvisão. 2005. ISBN: 172-99099-8-9. Acessível online
em: www.esac.pt/noronha/manuais/restauração_VOL_2.pdf

Data da última revisão: Setembro de 2015


185

Anexo IV

Exemplo de um plano de limpeza na cozinha e refeitório

Data da última revisão: Setembro de 2015


186

Anexo V
Exemplo de cronograma de higienização das superfícies na cozinha e copa

Data da última revisão: Setembro de 2015


187

Data da última revisão: Setembro de 2015


188

Data da última revisão: Setembro de 2015


189

Data da última revisão: Setembro de 2015


190

Anexo VI

Exemplo de registo de temperaturas dos frigoríficos

Data da última revisão: Setembro de 2015


191

Anexo VII
Exemplo de regras para colheita de amostras de alimentos para análise microbiológica

Data da última revisão: Setembro de 2015


192

4.4.3 Circuito dos resíduos

Introdução

Resíduos hospitalares: Um dos princípios básicos relacionados com os riscos relativos


aos resíduos é o seguinte: Com a exceção dos corto-perfurantes, os resíduos das UCCI
não se distinguem significativamente dos resíduos domésticos. Confundir proteção da
saúde pública com aspetos “estéticos”. Muitas vezes os profissionais de saúde
confundem risco biológico com toxicidade química. Também é habitual a promulgação
de regras caras e sem fundamento científico.

Para haver risco de infeção associada é necessário que: os microrganismos patogénicos


estejam presentes em quantidade suficiente; que cheguem a uma porta de entrada no
hospedeiro (inalação, ingestão, picada etc..) i.e., que haja uma via de transmissão e
que o hospedeiro seja suscetível. Os resíduos hospitalares têm virtualmente baixo
risco infecioso. Os resíduos domésticos contêm muito mais microrganismos do que os
resíduos hospitalares. Não há descrição de infeções adquiridas através dos resíduos
(com exceção dos corto-perfurantes – risco para os profissionais das instituições). Não
há risco infecioso na reciclagem da maioria dos resíduos recicláveis.

Vários estudos têm vindo a ser desenvolvidos nesta área:


“Os resíduos domésticos contêm 100 vezes mais microrganismos patogénicos do que
os resíduos hospitalares incluindo os do Bloco Operatório e das UCI”. (fontes: Zbl Bakt
Mikr Hyg I Abt Orig B. 1983: 178:1-29, Zbl Bakt Mikr Hyg I Abt Orig B. 1983: 178:364-79, Zbl Hyg 1989;
188:343-364).
193

Os resíduos hospitalares têm uma menor concentração de microrganismos do que


os resíduos domésticos (fonte: Zbl Hyg 1989; 188:343-364).
A comparação de resíduos de doentes em quartos de isolamento com resíduos de
outros serviços de internamento: não havia diferenças no número e tipo de
microrganismos (fonte: Am J Infect Control 1988;16:76).
Os microrganismos nos aterros sanitários não constituem problema porque: o solo
funciona como filtro que retém e inactiva os microrganismos, os lixiviantes contêm
níveis baixos de microrganismos (fontes: The Public Health Implications of Medical Waste; a
Report to Congress Sept 1990 US Dept. HHS, Critical Reviews in Environment. Control 1987;17:187-228;
Am J Public Health 1978; 68:858-864).

Não há risco na eliminação de sangue e líquidos biológicos contaminados no esgoto


por: fator de diluição, a sedimentação primária e o tratamento secundário reduzem o
conteúdo microbiológico dos esgotos em 90-99%, os produtos contêm muito menos
microrganismos que p. ex. as fezes (fonte: Introduction to Environmental Virology. NY John Wiley
& Sons 1980).

De acordo com a legislação, os resíduos podem ser classificados, de acordo com a


sua origem, em resíduos de produção ou de consumo, resíduos urbanos, resíduos
industriais, resíduos agrícolas, resíduos hospitalares e resíduos de construção e
demolição e de acordo com as suas características em resíduos inertes e resíduos
perigosos.
A gestão do resíduo constitui parte integrante do seu ciclo de vida, sendo da
responsabilidade do respetivo produtor.” (Decreto-Lei n.º 178/2006 de 5 de Setembro,
que estabelece o regime geral da gestão de resíduos). Como produtores de resíduos
perigosos, as unidades de saúde têm a obrigação de implementar uma política de
gestão de resíduos perigosos resultantes da sua atividade que cumpra os requisitos
das normas legais.
Cada Unidade de saúde deve assumir um papel ativo na preservação de um meio
ambiente saudável através da aplicação de boas práticas ambientais, da transferência
de conhecimento nessa área e da sensibilização de colaboradores, alunos e visitantes.
Uma correta gestão dos resíduos é, para além de uma imposição legal, uma obrigação
de todas as entidades produtoras. Um dos princípios básicos é de que não é permitida
194

a eliminação intencional, para o meio ambiente, de resíduos químicos ou de


substâncias perigosas.
A gestão de resíduos passa também por uma atitude de prevenção na produção de
resíduos a qual envolve não só a redução da sua quantidade como a sua nocividade,
nomeadamente através da reutilização e da alteração dos processos produtivos, por
via da adoção de tecnologias mais limpas.
Os resíduos hospitalares, como o seu próprio nome indica, são os resíduos
resultantes das atividades de saúde de um estabelecimento que presta qualquer tipo
de cuidados de saúde à população. São resíduos que não podem ser colocados na rede
de recolha de resíduos normais, visto serem potenciais portadores de patologias. Para
além disso estão incluídas algumas substâncias que devido à sua natureza, não sendo
portadoras de microrganismos patogénicos, poderão causar danos na saúde pública.
Incluem-se aqui materiais radioativos utilizados em procedimentos específicos.
Estes resíduos poderão ser líquidos (cujas particularidades tornem inviável seu
lançamento na rede pública de esgotos), sólidos ou semi-sólidos. Apesar do nome
“hospitalar”, é óbvio que os resíduos não se limitam aos produzidos por um hospital,
mas também por centros de saúde, clínicas e qualquer outro estabelecimento que
preste cuidados de saúde, como por exemplo um lar de terceira idade. Estes resíduos
devem ser incinerados para que sejam destruídas quaisquer microrganismos que
poderiam ser perigosos, sendo depois as cinzas resultantes da incineração colocadas
em aterros para resíduos perigosos.
O tratamento de resíduos hospitalares acarreta para além de uma prévia
disponibilidade por parte dos profissionais para uma triagem eficiente, custos elevados
e um impacto ambiental negativo. A consciência de que determinados resíduos
hospitalares (sangue, secreções, material ionizado, produtos químicos e tecidos
humanos), enquanto focos de contaminação, constituem perigo para a saúde pública,
tornou-se mais aguda a partir do desenvolvimento de graves doenças transmissíveis,
como a SIDA e a hepatite B. Esta situação levou ao aumento das preocupações com os
cuidados a ter com os resíduos hospitalares.
Um ponto importante a salientar é a separação de lixo que é necessário levar a
cabo. Em primeiro lugar os objetos cortantes e perfurantes têm de ser colocados em
195

recipientes próprios e devidamente identificados, que permitam o seu transporte sem


o risco de causar lesões a quem manuseia estes recipientes. Por outro lado, é feita a
separação do lixo de acordo com a sua perigosidade. Os impactos ambientais dos
resíduos podem ser: doenças infeciosas no homem, animais e plantas, toxicidade
humana e animal; acidentes, contaminação do ar, água e solos, propagação de vetores
de doença, cheiros e aspeto desagradável.
Os resíduos constituem um problema de todos quantos trabalham numa UCCI.
Todos somos responsáveis pela nossa própria segurança e pela dos que nos são
confiados. Todos os profissionais têm de ser co-responsáveis neste processo.
Para abordagem e resolução dos problemas que surgem no circuito dos resíduos, o
Núcleo Local da CCI deve integrar desde o início, como membros consultivos, os
representantes dos serviços ou outros com responsabilidade direta/indireta no
circuito: Serviços Hoteleiros, Serviço de Aprovisionamento, Serviço de Higiene, Saúde e
Segurança no Trabalho, Serviço de Instalações e Equipamentos.
Nomeação de um supervisor das áreas Hoteleiras, cujas funções são: trabalhar em
colaboração estreita com os Serviços Hoteleiros, o Serviço de Limpeza e o Núcleo local
da CCI; colaborar em todas as ações de formação nesta área; fazer cumprir as
recomendações; dar conta das falhas no circuito; resolver os problemas que vão
surgindo, abordar o cumprimento das regras e monitorizar a qualidade do circuito.
O Núcleo Local da CCI deve funcionar como consultor para o circuito, como
facilitador dos órgãos de gestão e dos prestadores de cuidados e pode atuar aos níveis:
da vigilância epidemiológica de processo (auditorias), Formação (multidisciplinar),
elaboração e revisão de Recomendações nesta área.

Objetivos

Uniformizar e melhorar as práticas de triagem, acondicionamento, transporte e


tratamento dos resíduos nas UCCI da UMP;
Contribuir com uma melhor triagem e reciclagem dos resíduos promovendo a redução do
seu volume;
Estimular a reciclagem/compostagem dos resíduos comuns das unidades de saúde;
196

Saber classificar e caracterizar os resíduos;


Reconhecer a legislação aplicável.
Identificar os processos de recolha e tratamento de resíduos;
Promover uma adequada separação dos resíduos;
Contribuir com a redução de incidência de acidentes ocupacionais;
Contribuir para a redução dos índices de infeção ocupacionais nas UCCI.

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados Continuados
afetos à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos
 Responsáveis pelas Áreas Hoteleiras
 Supervisor da área hoteleira (se existe – muito importante o seu papel!)

 Responsável do Serviço de Aprovisionamento

 Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.


 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Núcleo Local de Controlo de Infeção e respetivos membros dinamizadores;
 Profissionais de Saúde que produzem os resíduos: Médicos, enfermeiros,
farmacêuticos ou técnicos que executem procedimentos onde seja necessário
desinfeção de pele ou mucosas.

 Profissionais que fazem a circulação dos resíduos

 Serviços Municipalizados / empresa adjudicatária

2) Pela revisão do procedimento:


 Núcleo Local do GCL-PPCIRA
197

Siglas

 DL – Diário da República
 GCL- Grupo Coordenador Local
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e das Resistências aos
Antimicrobianos
 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas

Definições e Conceitos:

Resíduos: (definição legal - DL 178/2006). Qualquer substância ou objeto de que o


detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de se desfazer, nomeadamente
os identificados na Lista Europeia de Resíduos.

Resíduos hospitalares: (definição legal - DL 178/2006). Resíduos resultantes de


atividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados de saúde, em
atividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e investigação,
relacionada com seres humanos ou animais, em farmácias, em atividades médico-
legais, de ensino e em quaisquer outras que envolvam procedimentos invasivos, tais
como acupunctura, piercings e tatuagens.

Resíduos perigosos: (definição legal - DL 178/2006): Todos os resíduos que


apresentem pelo menos, uma característica de perigosidade, para a saúde ou para o
ambiente, nomeadamente os identificados na Lista Europeia de Resíduos.

Resíduos verdes: Resíduos provenientes da limpeza de jardins e parques.

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): Respeitante aos resíduos domésticos ou outros


semelhantes de consistência predominantemente sólida, em razão da sua natureza ou
composição, nomeadamente os provenientes do sector de serviços ou de
estabelecimentos comerciais e de unidades prestadoras de cuidados de saúde, desde
que, em qualquer dos casos, a produção diária não exceda 1100 litros por produtor.
198

RSU de origem comercial: Produzidos em estabelecimentos, comerciais ou de serviços,


com uma administração comum relativa a cada local de produção de resíduos, que
pela sua natureza ou composição, sejam semelhantes aos resíduos sólidos domésticos
e cuja produção diária não exceda 1100 litros por produtor.
RSU de origem industrial: Produzidos por uma única entidade, cuja composição é
semelhante à dos resíduos sólidos urbanos domésticos e a produção diária não excede
uma determinada quantidade predefinida (1100 L). Por exemplo, os resíduos
provenientes de refeitórios e escritórios.
RSU de origem hospitalar: Produzidos em unidades prestadoras de cuidados de saúde
cuja composição é semelhante à dos resíduos sólidos urbanos domésticos e a
produção diária não excede uma determinada quantidade predefinida (1100 L). Por
exemplo, os resíduos provenientes das áreas administrativas e bares.
Monstro: Objetos volumosos fora de uso provenientes das habitações que, pelo seu
volume, forma ou dimensões, não possam ser removidos através dos meios normais
de remoção.
Resíduos verdes urbanos: Provenientes da limpeza e manutenção de jardins públicos
ou afetos a habitações, designadamente troncos, ramos, folhas e ervas.
Aterro Sanitário: Modalidade de confinamento de resíduos no solo em local
especialmente preparado - impermeabilizado e com sistemas de recolha, tratamento e
monitorização de efluentes líquidos e gasosos- onde os resíduos são depositados
ordenadamente e cobertos com terra ou material similar.
Digestão anaeróbia: Utilização de resíduos orgânicos como substrato para o
crescimento de bactérias com a função de, na ausência de oxigénio, estabilizar os
resíduos e reduzir o seu volume. As bactérias consomem o carbono dos resíduos e a
sua fonte de energia e convertem-no em produtos gasosos.

Biogás: Gás constituído, principalmente, por uma mistura de metano e dióxido de


carbono e proveniente da fermentação anaeróbia de resíduos orgânicos.

Triagem ou separação: A separação dos resíduos na fonte é a chave de todo o


processo de gestão uma vez que os erros cometidos nesta etapa quer de classificação
199

do resíduo quer na deposição e recolha do resíduo podem provocar problemas,


nomeadamente um aumento dos custos de tratamento do resíduo.

Incineração: A incineração já é utilizada há algum tempo e é uma solução que, como


qualquer outro método, tem as suas vantagens e desvantagens. Mas é importante ver
a incineração como uma solução integrada numa estrutura organizada de redução de
resíduos, havendo mesmo situações em que não há uma alternativa, e estamos a falar
de resíduos hospitalares em que o risco para a saúde pública a torna necessária. A
incineração é uma forma de destruir resíduos que tem a vantagem de reduzir o volume
e peso dos resíduos, destruir microrganismos patogénicos e pode ser uma fonte
importante de energia. Atualmente as novas tecnologias permitem o controlo dos
gases emitidos e com isso eliminar os riscos para a população. Juntamente com a
educação ambiental e com a sensibilização das entidades produtoras de resíduos é
uma ferramenta importante no controlo da quantidade de resíduos que todos os dias
são produzidos.

Minimização da produção: A minimização de resíduos inclui qualquer redução da


produção na fonte ou atividade de reutilização / reciclagem realizada pelo produtor
que provoque uma redução da quantidade ou de toxicidade dos resíduos perigosos,
com a meta de minimizar as ameaças para a saúde e para o ambiente.

Autoclavagem – Método de tratamento físico, que se baseia na exposição de resíduos


ao vapor; processos de autoclavagem mais eficientes combinam o vapor com ciclos de
sobrepressão e vácuo;
Deposição – Operação técnica de colocação dos resíduos sobre o solo ou no seu
interior, por exemplo em aterro sanitário;
Eliminação – A operação que visa dar um destino final adequado aos resíduos, nos
termos previstos na legislação em vigor;
Embalagem – Todos e quaisquer produtos, feitos de materiais de qualquer natureza,
utilizados para conter, proteger, movimentar, manusear, entregar e apresentar
mercadorias, tanto matérias-primas como produtos transformados, desde o produtor
ao utilizador ou consumidor, incluindo todos os artigos "descartáveis" utilizados para
os mesmos;
200

Gestão de resíduos – As operações de redução, triagem, recolha, armazenamento,


transporte, tratamento, valorização e eliminação de resíduos, incluindo a
monitorização dos locais de descarga após o encerramento das respetivas instalações,
bem como o planeamento dessas operações;
Prevenção – As medidas destinadas a reduzir a quantidade e o carácter perigoso para
o ambiente ou a saúde dos resíduos e materiais ou substâncias neles contidas;
Produtor – Qualquer pessoa, singular ou coletiva, agindo em nome próprio ou
prestando serviço a terceiro cuja atividade produza resíduos ou que efetue operações
de pré-tratamento, de mistura ou outras que alterem a natureza ou a composição de
resíduos; relacionada com seres humanos ou animais, em farmácias, em atividades
médico-legais, de ensino e em quaisquer outras que envolvam procedimentos
invasivos, tais como acupunctura, piercings e tatuagens;
Reciclagem – O reprocessamento de resíduos com vista à recuperação e ou
regeneração das suas matérias constituintes em novos produtos a afetar ao fim
original ou a fim distinto. Traduz-se num encadeamento de ações, que começa no
abandono dos produtos – os resíduos – e acaba com a utilização em novos produtos
dos materiais recuperados desses resíduos. Para fechar este ciclo, que começa e acaba
no consumo, é necessário que todas as etapas da reciclagem funcionem.

Recolha – A operação de apanha, seletiva ou indiferenciada, de triagem e ou mistura


de resíduos com vista ao seu transporte.
Reutilização – A reintrodução, sem alterações significativas, de substâncias, objetos ou
produtos nos circuitos de produção ou de consumo de forma a evitar a produção de
resíduos.
Transporte – A operação de transferir os resíduos de um local para o outro.
Tratamento – O processo manual, mecânico, físico, químico ou biológico que altere as
características de resíduos de forma a reduzir o seu volume ou perigosidade bem como
a facilitar a sua movimentação, valorização ou eliminação após as operações de
recolha.
Triagem – O ato de separação de resíduos mediante processos manuais ou mecânicos,
sem alteração das suas características, com vista à sua valorização ou a outras
operações de gestão.
201

Redução – Parte da prevenção que tem como finalidade a redução da quantidade e,


ou perigosidade dos resíduos.

Siglas PET, PEAD e PVC: Siglas designam 3 tipos de plástico recicláveis:

 PET - Politereftalato de Etileno. Uma resina plástica utilizada para fazer


embalagens. (ex.: garrafas de água e de refrigerantes).
 PEAD - Polietileno de Alta Densidade - Um tipo de plástico duro e opaco usado
para fazer objetos, como embalagens de detergente.
 PVC - Ploricloreto de Vinilo - Um tipo de plástico utilizado para produzir, por
exemplo, embalagens de líquidos.
Resíduos que integram a Linha Branca: Eletrodomésticos como frigoríficos, arcas,
máquinas de lavar, fogões, esquentadores ou aparelhos de ar condicionado, por
exemplo.

ECOVALOR: O ECOVALOR é uma prestação financeira, paga pelos produtores, por cada
produto colocado no mercado, para fazer face aos diversos custos de afetação genérica e
específica da Gestão dos Resíduos por uma Entidade Gestora de Resíduos (EG),
devidamente licenciada para o efeito.

Riscos biológicos: ligados às doenças transmissíveis (contaminação por resíduos


contendo agentes patogénicos) e aos acidentes por corto-perfurantes.

Riscos físicos: acidentes devido a substâncias radioativas e inflamáveis ou explosivas.

Riscos químicos: exposição a substâncias químicas tóxicas e carcinogénicas.

Levantamento dos Resíduos: A classificação do tipo de resíduo é um primeiro passo para


a implementação das boas práticas de gestão. A partir da classificação, são definidas as
etapas de separação, recolha, armazenamento, transporte e encaminhamento para um
destino final de acordo com cada tipo de resíduo produzido.

Desta forma, a primeira etapa passa por determinar:


202

Origem: quais os processos que produzem resíduos? Para identificação das fontes de
produção de resíduos, é necessário conhecer os diferentes processos de cada Unidade,
utilizando para o efeito visitas aos locais abordando responsáveis e colaboradores dos
diferentes serviços.

Classificação: quais as classes de cada resíduo produzido?

De acordo com a legislação, os resíduos identificados devem ser classificados de acordo


com a sua tipologia (acima descritos).

Quantificação: quantidade de resíduos produzidos. A determinação da quantidade de


resíduos produzidos condiciona a forma de transporte e armazenamento, assim como
para o tratamento e destino final.

Análise de procedimentos de aquisição de bens

Feito o levantamento de resíduos, é necessário realizar:

1) Análise aos procedimentos de aquisição de bens;


2) Quantidade e nível de perigosidade dos resíduos produzidos;
3) Métodos e formas de Gestão dos Resíduos produzidos;
4) Meios para o correto funcionamento da gestão de resíduos e os custos
associados;
5) Indicadores e parâmetros necessários para monitorizar o cumprimento da
implementação de boas práticas de Gestão de Resíduos.

Avaliação da situação de referência

Da análise do diagnóstico são identificadas as práticas de Gestão de Resíduos nas


Unidades, que servirão de base ao desenvolvimento ou adaptação dos procedimentos
com o fim de uma melhoria contínua. Esta estimativa da quantidade de resíduos
produzidos por tipo, possibilita ainda a identificação de soluções e correta articulação
com as entidades gestoras de cada fluxo de resíduo.
203

Hierarquia da gestão de resíduos: Com o aumento do consumo da sociedade surgiu a


necessidade de gerir os resíduos produzidos, principalmente devido às grandes
quantidades produzidas pela sociedade em que nos encontramos, no sentido de se
atingir um determinado nível de sustentabilidade ambiental. Surge a urgência em
reduzir a produção de resíduos através da mudança de hábitos, assim como da
reutilização de produtos, de forma a ser possível a minimização do consumo de
matérias-primas para produção de novos bens. Neste âmbito também a reciclagem
assume uma importância acrescida pelo facto de haver a possibilidade de utilizar um
resíduo como matéria-prima para a produção de um novo produto.

Princípios básicos de um circuito dos resíduos:

Fluxograma de Gestão de Resíduos

A implementação da Gestão de Resíduos deve ser desenvolvida em três fases:


planeamento, implementação e monitorização. Com a fase de planeamento, pretende-
se a definição da estrutura organizacional, objetivo, e caracterização das situações
existentes no serviço, também designado de diagnóstico.

Com este levantamento, segue-se a fase de implementação, com a criação de um


plano de Gestão de Resíduos, que após ser implementado deverá ser monitorizado de
forma a promover uma melhoria de processo e aplicação de ações corretivas, caso seja
necessário.
204
205

Fluxograma da Gestão dos Resíduos numa Unidade de Saúde:

Qual a quantidade produzida?

Em média, um utente é responsável pela produção diária de quase 3,5 Kg de


resíduos. A quantidade real depende, contudo, das especialidades de cada unidade de
saúde, sendo que os gerais, com doentes infecto-contagiosos ou com tratamentos
oncológicos, produzem uma maior quantidade, que pode atingir os 4,5 quilos por
cama. No entanto, a esmagadora maioria desses lixos – cerca de 60% - não possuem
qualquer risco para a saúde, sendo constituídos por resíduos equivalentes aos
urbanos. Apenas os restantes 40% necessitam de cuidados especiais.
206

Princípios básicos para o circuito dos resíduos:

1) Recipientes em material adequado e de fácil limpeza;


2) Recipientes com tampa de comando não manual e saco no interior;
3) Recipientes colocados em locais estratégicos;
4) Higienização dos recipientes fora dos locais de preparação/confeção e
armazenamento;
5) Uso de produtos de higiene adequados para limpeza dos mesmos;
6) Contentores apropriados para óleos degradados;
7) Separação seletiva de resíduos;
8) Colocados em locais que impeçam o acesso de pragas;
9) Recolha de óleos degradados por empresa certificada;
10) Uso de embalagens reutilizáveis (águas, bebidas, etc.);
11) Embalagens reutilizáveis obrigatoriamente desde Jan. 1999.

Como deve ser feita a sua gestão (Anexo II)

1) Dada a natureza destes resíduos a sua gestão deve assentar em 5 vetores:


2) Prevenção da produção e riscos associados
3) Formas de gestão interna na unidade de saúde
4) Valorização da componente reaproveitável
5) Tratamento e destino final
6) Formação de profissionais e informação ao público

Classificação dos Resíduos – Grupos de Resíduos (Anexo I):

De acordo com a legislação existente (ver anexo III) os resíduos hospitalares são
classificados da seguinte forma (segundo o Despacho nº 242/96):
207

Uma questão económica: Ao separar criteriosamente os resíduos produzidos,


alcançamos economias devido a:

 Redução da quantidade de resíduos suscetíveis de tratamento específico;


 Redução dos custos de tratamento;
 Recolha seletiva de resíduos recicláveis;
 Promoção da imagem ecológica da Instituição de Saúde;

Grupo I – Resíduos equiparados a urbanos - não apresentam exigências especiais no


seu tratamento:
a) Resíduos provenientes de serviços gerais (como de gabinetes, salas de reunião, salas
de convívio, instalações sanitárias, vestiários, etc.);
b) Resíduos provenientes de serviços de apoio (como oficinas, jardins, armazéns e
outros);
c) Embalagens e invólucros comuns (como papel, cartão, mangas mistas e outros de
idêntica natureza);
d) Resíduos provenientes da hotelaria resultantes de confeção e restos de alimentos
servidos a doentes não incluídos no grupo III.
208

Grupo II – Resíduos hospitalares não perigosos - não estão sujeitos a tratamentos


específicos, podendo ser equiparados a urbanos.

a) Material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas não contaminados e


sem vestígios de sangue;
b) Fraldas e resguardos descartáveis não contaminados e sem vestígios de sangue;
c) Material de proteção individual utilizado nos serviços gerais de apoio, com
exceção do utilizado na recolha de resíduos;
d) Embalagens vazias de medicamentos ou de produtos de uso clínico ou comum,
com exceção dos incluídos no grupo III e no grupo IV;
e) Frascos de soros não contaminados, com exceção dos do grupo IV

Grupo III - Resíduos hospitalares de risco biológico - resíduos contaminados ou


suspeitos de contaminação, suscetíveis de incineração ou de outro pré-tratamento
eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano:
a) Todos os resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes
infeciosos ou suspeitos, de unidades de hemodiálise, de blocos operatórios, de salas
de tratamento, de salas de autópsia e de anatomia patológica, de patologia clínica e de
laboratórios de investigação, com exceção dos do grupo IV;
b) Todo o material utilizado em diálise;
c) Peças anatómicas não identificáveis;
d) Resíduos que resultam da administração de sangue e derivados;
e) Sistemas utilizados na administração de soros e medicamentos, com exceção
dos do grupo IV;
f) Sacos coletores de fluidos orgânicos e respetivos sistemas;
g) Material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas contaminados ou com
vestígios de sangue; material de prótese retirado a doentes;
h) Fraldas e resguardos descartáveis contaminados ou com vestígios de sangue;
i) Material de proteção individual utilizado em cuidados de saúde e serviços de
apoio geral em que haja contacto com produtos contaminados (como luvas, máscaras,
aventais e outros).
209

Grupo IV – Resíduos hospitalares específicos - resíduos de vários tipos de incineração


obrigatória
a) Peças anatómicas identificáveis, fetos e placentas, até publicação de legislação
específica;
b) Cadáveres de animais de experiência laboratorial;
c) Materiais cortantes e perfurantes: agulhas, cateteres e todo o material
invasivo;
d) Produtos químicos e fármacos rejeitados, quando não sujeitos a legislação
específica;
e) Citostáticos e todo o material utilizado na sua manipulação e administração.

De forma a tratar estes resíduos da forma adequada é necessário fazer separação dos
resíduos. Assim, os resíduos do grupo I e II são colocados em saco preto, os resíduos
do grupo III em saco branco (e devidamente identificado) e os resíduos do grupo IV em
saco vermelho (e devidamente identificado). Como já foi mencionado antes, qualquer
objeto cortante ou perfurante tem de ser colocado num recipiente rígido e
devidamente identificado. Para além disto devem ser criadas condições adequadas
para o armazenamento destes lixos.

O tratamento destes resíduos passa em grande parte pela sua incineração. No


entanto existem outros processos, que ao serem utilizados no grupo III poderão tornar
estes resíduos inofensivos, podendo então seguir o mesmo percurso, que os resíduos
comuns, ou seja, não perigosos para a saúde pública.
Nestes processos inclui-se a autoclavagem, o tratamento por microondas e a
desinfeção química. A autoclavagem consiste no processo de submeter os resíduos a
uma temperatura bastante elevada, juntamente com vapor de água até que sejam
destruídos os microrganismos patogénicos. Tem como desvantagem não diminuir a
perigosidade de resíduos não orgânicos, sendo no entanto menos dispendioso que a
incineração.
210

Resíduos Hospitalares Líquidos Perigosos (RHLP)

Os resíduos de líquidos perigosos têm um risco químico ou biológico associado. Os


resíduos líquidos de risco biológico são resíduos cuja recolha e eliminação está sujeita
a requisitos específicos tendo em vista a prevenção de infeções.

Nas unidades laboratoriais e clínicas estes resíduos correspondem aos efluentes dos
equipamentos de análise de amostras de fluidos orgânicos (sangue, plasma e outros
fluidos orgânicos), assim como, efluentes resultantes de atividades de diagnóstico e
investigação utilizando técnicas manuais (por exemplo, culturas de microrganismos).

Os resíduos líquidos de risco químico são produtos químicos contendo compostos


com propriedades químicas. Nas unidades hospitalares estes resíduos correspondem a
químicos (reagentes, solventes, etc.) utilizados em atividades laboratoriais e clínicas.

Separação

Os RLP’S são acondicionados em contentor de líquidos de 5, 10 ou 25 litros, ou em


frascos de 1 e 2 litros, distribuídos em número adequado à produção de cada serviço e
com uma etiqueta em branco (no lado oposto à abertura), onde o serviço produtor
deve colocar o nome do produto a que o contentor de líquidos se destina.

Identificação dos reagentes:

 Solventes não Halogenados


 Solvente Halogenados
 Corantes
 Ácidos ou Soluções Ácidas
 Bases ou Soluções Básicas
 Compostos Metálicos
 Resíduos Líquidos de Risco Biológico
 Fixador
211

 Revelador
 Compostos com Mercúrio
 Compostos não identificados ou obsoletos

Recolha e armazenamento

Os contentores de líquidos ou frascos sempre que forem utilizados, devem ser


devidamente encerrados, evitando a libertação de cheiros e aerossóis. São
posteriormente centralizados numa área específica do serviço (geralmente na zona de
sujos).

Os contentores de líquidos ou frascos só devem ser recolhidos para o


armazenamento temporário quando devidamente encerrados e identificados, e
transportados para o local prévia e especificamente designado para o efeito pela
Unidade.

Transporte e encaminhamento para um destino final

A recolha para destino final será realizada pela operadora certificada, após o
preenchimento das guias do modelo A.

Radioativos - Separação e acondicionamento

Todos os resíduos radioativos deverão ser identificados com o símbolo de


RADIOACTIVO e devidamente rotulados. Neste deverá constar pelo menos, a
identificação do (s) radionuclídeo (s) presente (s) assim como a sua atividade, à data da
rotulagem. Todas as embalagens com resíduos radioativos devem estar devidamente
identificadas e separadas dos restantes resíduos.

Nos resíduos radioativos em que existam vírus ou bactérias, estes devem ser
inativados previamente. Os resíduos sólidos ou líquidos, deverão ser acondicionados
de modo a prevenir libertações indesejadas para o ambiente. Seringas, pontas de
pipetas, vidros, plásticos duros ou qualquer outro material cortante, só deverão ser
armazenados em contentores rígidos. Os resíduos produzidos nas instalações
212

hospitalares deverão ser armazenados nas próprias instalações até à sua remoção para
eliminação. Não é aconselhável ter resíduos radioativos em decaimento no próprio
laboratório (armários, hottes, frigoríficos, etc.) mas sim em zonas concebidas para o
efeito.

Recolha e armazenamento

Cada UO deverá nomear um responsável pela Gestão dos Resíduos Radioativos. As


regras a seguir sobre o armazenamento de resíduos aguardando “decaimento” ou em
vias de saída da instalação para eliminação em local apropriado e autorizado, deverão
estar devidamente identificadas pelo responsável dos resíduos de cada Unidade.

No que respeita às características do local de armazenamento, elas deverão estar


de acordo com a legislação vigente e constar do processo de licenciamento da
instalação do estabelecimento hospitalar.

É da responsabilidade das UO definir o local apropriado para o armazenamento


destes resíduos, até a sua recolha e destino final. Aquando da produção deste resíduo,
deverá ser contactado o Instituto Tecnológico Nuclear (ITN) para proceder à sua
recolha.

Tratamento dos Resíduos:


 Os resíduos do grupo I e do Grupo II são de deposição nos aterros sanitários –
sem tratamento prévio.
 Os resíduos do grupo III ou de contaminação biológica. Os resíduos de risco
biológico (grupo III) são sujeitos a pré-tratamento por autoclavagem (tratamento por
micro-ondas), em unidade licenciada para o efeito, e posterior deposição em aterro de
resíduos industriais. Este método surgiu mais recentemente e também é um processo
em que são utilizadas as temperaturas elevadas para destruir os microrganismos
patogénicos. Por último, a desinfeção química em que são utilizados produtos
químicos para destruir os microrganismos.
 Os resíduos do grupo III são de incineração obrigatória.
213

Recipientes para acondicionamento de resíduos sólidos hospitalares (ver Anexo I):

Atualmente nas Unidades de Saúde, são:

 Sacos plásticos - preto, branco e vermelho;


 Caixas de cartão e contentores de polietileno de alta densidade reutilizáveis;
 Contentores de plástico de uso único;
 Os recipientes para acondicionamento de resíduos sólidos hospitalares,
deverão possuir características de modo a permitir a identificação clara da sua origem
(serviço e data) e grupo de resíduos, por parte dos intervenientes. Adoção de códigos
de cor para os recipientes é fundamental para este propósito, segundo o despacho
242/96, de 13 de Agosto.
Os contentores usados no grupo III e IV devem ser facilmente manuseáveis,
resistentes e estanques, mantendo-se hermeticamente fechados, laváveis e
desinfetáveis, se forem de uso múltiplo.

O armazenamento dos Resíduos Hospitalares deve ser efetuado num local


específico e sinalizado, de modo a separar os do Grupo I e II dos III e IV.

No caso do grupo I e II, a separação deve ser feita tendo em conta a possibilidade
de reciclagem e reutilização de cartão e papel, vidros, metais, películas de RX, pilhas e
baterias.

Para a implementação de uma triagem eficiente e operacional, é necessário dotar


os serviços clínicos e instituições dos respetivos meios de acondicionamento de
resíduos sólidos hospitalares indispensáveis para o desempenho desta atividade.

Acidentes por picada ou corte:

Os acidentes por picada ou corte constituem um dos riscos significativos de infeção


através dos resíduos hospitalares. A prevenção destes acidentes, passa pelo
cumprimento das regras de triagem dos resíduos, pela vacinação contra a Hepatite B e
pela aplicação das medidas a tomar quando ocorre um destes acidentes. Todas as
214

Unidades de Saúde devem promover através de protocolos de acompanhamento dos


profissionais acidentados por picada ou corte que salvaguarde os mesmos, e, previna
complicações pós-acidente. As CCI podem colaborar com os Serviços Hoteleiros, na
definição do circuito, na avaliação da qualidade do circuito através de auditorias às
estruturas e práticas, na elaboração e revisão das cláusulas específicas dos cadernos
de encargos referentes ao controlo de infeção, na seleção de compras de serviços ao
exterior (“outsourcing”), na elaboração e divulgação de recomendações/normas e na
formação dos profissionais.

Avaliação do circuito dos resíduos:

 Condições gerais do circuito e dos locais de armazenagem;


 Práticas de: triagem, acondicionamento, recolha e transporte;
 Qualidade e quantidade dos recetáculos de resíduos;
 Métodos de encerramento de sacos e contentores;
 Resposta do S. de Aprovisionamento quanto ao fornecimento de sacos,
contentores e braçadeiras
 Visitas anuais aos serviços para observação das práticas de triagem
 Abertura de sacos ao acaso com conhecimento dos responsáveis de serviço
 Identificação dos sacos por serviços
 Pesagem dos resíduos (saber a % dos resíduos incinerados/autoclavados)
 Dar conhecimento aos responsáveis dos Serviços (Diretores e Enfermeiros
Chefes, outros Técnicos)
 Seleção da braçadeira para encerramento dos sacos
 Elaboração de um cartaz alusivo à triagem em Locais estratégicos das
enfermarias

Pesagem e monitorização da triagem dos resíduos - Vantagens:

 Maior sensibilização; Conhecimento dos valores de pesagem dos resíduos em


cada serviço (permite comparações entre serviços semelhantes); Conhecimento das
215

despesas globais anuais em incineração por UCCI e por serviço, Chamada de atenção
para a responsabilidade dos gestores para a utilização racional dos recursos materiais,
recursos e contenção de custos; Sensibilização dos Órgãos de Gestão.
216

Anexo I

Resíduos para efeitos de triagem de acordo com os grupos:

Resíduos para efeitos de triagem de acordo com os grupos:


217

Regras de Triagem dos Resíduos por Grupos:


218

SACO
BRANCO NO SACO BRANCO COLOCA-SE:

- Material de penso usado;


- Todos os resíduos contaminados ou
com vestígios de sangue, incluindo:
- fraldas e resguardos descartáveis;
- material ortopédico;
- material de protecção individual;
- Seringas;
- Sistemas utilizados na administração
de soros e medicamentos, sacos
colectores de fluidos orgânicos;
- Resíduos que resultem da
administração de sangue e derivados;
- Peças anatómicas não identificáveis.

Imagem - Fonte: Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH)

NO CONTENTOR VERMELHO
COLOCA-SE:
-Citostáticos e todo o material
utilizado na sua manipulação e
administração.
- Produtos químicos e fármacos;
-Peças anatómicas identificáveis
(inclui fetos e placentas);

Imagem - Fonte: Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH)


219

CONTENTOR DE
CORTOPERFURANTES
COLOCA-SE:
- Agulhas
- Cateteres
- Fios de sutura
- Pacemakers
- Ampolas quebráveis
- Seringas acopladas com
agulha
- Fios-guia
- Agulhas usadas na
monitorização/diagnóstico/
electrocirurgia
- Agrafes; Bisturis
- Outros resíduos com risco de
corte/perfuração

Imagem - Fonte: Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH)


220

Código de Cores para os Diferentes Tipos de Resíduos

Cores características dos contentores apropriados para a recolha seletiva de resíduos:

Papel/Papelão Metais

Plásticos Vidros

Até hoje, não se sabe onde e com que critério foi criado o padrão
de cores dos contentores utilizados para a recolha seletiva
voluntária em todo o mundo. No entanto, alguns países já
reconhecem esse padrão como um parâmetro oficial a ser seguido
por qualquer modelo de gestão de programas de coleta seletiva.
Padrão de Cores

AZUL papel/papelão

VERMELHO Plástico

VERDE Vidro

AMARELO Metal

PRETO Madeira

LARANJA Resíduos perigosos

Resíduos de ambulatório e de serviços de saúde da


BRANCO
Comunidade

ROXO Resíduos radioativos

CASTANHO Resíduos orgânicos

Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou


CINZA
contaminado não passível de separação
221

RESÍDUOS PARA RECICLAGEM


No PILHÃO só
se coloca:

Pilhas

No Ecoponto No Ecoponto
No Ecoponto Azul
Verde coloca-se: Amarelo coloca-se:
coloca-se:
Ø Garrafas de
Ø Garrafas de plástico;
Ø Embalagens de
vidro; Ø Sacos;
cartão;
Ø Frascos de vidro; Ø Latas de bebida.
Ø Jornais e revistas
Ø Boiões de vidro. Ø Latas de spray.
222

Anexo II

Procedimentos de gestão de resíduos

Resíduos Sólidos Urbanos

Indiferenciados
Separação

São considerados resíduos indiferenciados, todos os que não podem ser reutilizados
ou reciclados, tais como caixas com gordura, lixo orgânico, cerâmica, devendo ser
colocados em sacos pretos.

Recolha e transporte interno

A recolha deste resíduo é efetuada pelo pessoal de limpeza, de acordo com o


circuito definido pelo responsável pela Gestão de Resíduos da Unidade.

Armazenamento

O resíduo indiferenciado deverá ser colocado em contentores externos.

Transporte e encaminhamento para um destino final

A recolha é efetuada pela Câmara Municipal de Lisboa, onde seguirá para


incineração ou aterro sanitário.
223

Papel
Separação

Sendo um resíduo com potencial para ser reciclado, o papel deverá ser
completamente separado dos outros resíduos produzidos. O papel separado nos locais
de produção deverá ser colocado em caixotes próprios devidamente identificados para
o efeito.

Recolha e transporte interno

A recolha destes resíduos deverá ser efetuada pelo pessoal encarregue pela
limpeza. Deverá ter-se o cuidado de não misturar o papel recolhido com outros
resíduos, de forma a poderem seguir o circuito pré-estabelecido.

Armazenamento

O papel deverá ser bem acondicionado e depositado em contentores próprios


identificados. Estes contentores deverão estar localizados em espaço próprio em local
seco.

Transporte e encaminhamento para um destino final

A recolha e encaminhamento para o destino final ficam a cargo da Câmara


Municipal da Localidade.

Boas Práticas

 Colocar um recipiente no local de trabalho para separar o papel usado;


 Imprimir só se não puder evitar. Utilizar sempre o verso das folhas impressas
para novas impressões em modo rascunho ou para apontamentos;
 Reaproveitar envelopes em bom estado, para o correio interno.
 Fazer as emendas aos textos diretamente no ecrã do computador.
224

Embalagens
Separação

Após o esvaziamento total da embalagem, devem ser colocados nos caixotes


devidamente identificados em saco de cor amarelo.

Recolha e transporte interno

A recolha dos pontos de produção e transporte das embalagens deverão ficar a


cargo do pessoal responsável pela limpeza. No sentido de evitar a contaminação
destes resíduos, no ato da recolha estes não deverão ser misturados com outros
resíduos, tais como papel, vidro ou indiferenciado.

O transporte e processo de recolha deverão respeitar os circuitos previamente


definidos de forma a garantir a recolha de todos os resíduos produzidos no edifício.

Armazenamento

Tendo em conta que os resíduos de embalagens não serão objeto de protocolo


separado com outras entidades de gestão como acontece com a maioria, estes
deverão seguir o circuito normal.

Desta forma não será necessário proceder ao armazenamento da massa de resíduos


recolhida no local de produção, devendo ser encaminhados para os ecopontos
disponibilizados pela Câmara Municipal de Lisboa (contentor amarelo).

Transporte e encaminhamento para um destino final

Sendo um resíduo que está destinado ao circuito regular de gestão, a sua recolha e
encaminhamento para destino final adequado ficará a cargo dos serviços da Câmara
Municipal de Lisboa.
225

Boas Práticas

 Evitar as embalagens descartáveis para pequenas refeições no local de


trabalho. Leve as suas próprias embalagens reutilizáveis e não use novas embalagens.

Vidro
Separação

Deverá ser separado dos restantes resíduos produzidos e acondicionado em


caixotes próprios no local de produção, em sacos verdes.

Recolha

A recolha e transporte interno do vidro deverão ficar a cargo das equipas de


limpeza, que de resto efetuam os circuitos para recolha dos restantes resíduos
produzidos.

Armazenamento

O vidro não será alvo de protocolo de gestão separado pelo que não se justifica
armazenamento no local de produção. Assim, os resíduos recolhidos deverão, no final
do circuito, ser depositados nos ecopontos disponibilizados pela CML para o efeito
(contentor verde).

Transporte e encaminhamento para um destino final

Também a recolha e encaminhamento para destino final ficaram a cargo dos


serviços camarários dada a ausência de um protocolo com qualquer outra entidade de
Gestão de Resíduos.

Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE)


Separação

O processo de separação dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos


deverá ser iniciado com o processo de abate, caso esteja inventariado pela Unidade.
226

Estes resíduos não deverão ficar no local de produção durante períodos de tempo
prolongado, em particular os de grandes dimensões, devido à ocupação de espaço que
lhes está associada.

No caso das lâmpadas estas incluem-se neste tipo de fluxo de resíduo. Dado a sua
composição tóxica, tanto para os seres vivos como para o ambiente, deverá existir um
cuidado adicional no seu manuseamento.

Ao nível da sua separação, deverá ter-se o cuidado de não incluir neste circuito
lâmpadas incandescentes e lâmpadas de halogéneo. Todas as restantes (tubulares,
compactas, de vapor de sódio, vapor metálico, vapor de mercúrio e mistas), poderão
seguir este circuito e ser encaminhadas para os destinos finais adequados.

Tendo em conta que se trata de resíduos que são gerados aquando da necessidade
da substituição do equipamento, não se verificará a necessidade de acondicionamento
antes de armazenamento final.

Recolha

Após o procedimento administrativo de abate, deverá ser encaminhado para o local


de recolha, pelo funcionário encarregue do transporte.

No caso das lâmpadas, a sua recolha e transporte interno deverá ficar a cargo dos
responsáveis pela manutenção. Após a substituição do equipamento, o responsável
deverá transportar o resíduo para o local final de armazenamento.

Boas Práticas

 Procurar reduzir os REE deitados fora;


 Optar por equipamentos de maior durabilidade;
 Sempre que possível mandar arranjar o equipamento.
Armazenamento

Deve ser celebrado protocolo com a empresa gestora destes resíduos, que consiste
na colocação de contentores para o armazenamento temporário deste resíduo.
227

Em relação às lâmpadas, estas serão armazenadas em compartimento próprio nos


Pontos Eletrão (nestes contentores há um espaço específico para armazenamento de
lâmpadas). Sempre que este espaço esteja cheio de resíduos, as lâmpadas deverão ser
armazenadas em outro local devendo ser dada a devida atenção já que algumas (as
tubulares) têm na sua constituição pó com características perigosas.

Transporte e encaminhamento para um destino final

Quando o contentor se encontrar quase na sua lotação, deverá o responsável dos


resíduos contactar a empresa para proceder à sua recolha. No caso da produção de
grandes quantidades em pouco tempo, deverá ser requisitada uma recolha
extraordinária.

Pilhas e Acumuladores
Separação

As pilhas e acumuladores são resíduos com grande perigosidade para o ambiente,


pelo que é requerido que sejam separadas dos restantes para serem encaminhadas
para o circuito próprio de reciclagem. Também para este resíduo surgiu a necessidade
de celebrar um protocolo com uma empresa certificada para o correto
encaminhamento e destino final - Ecopilhas. Esta empresa disponibiliza Pilhões em três
dimensões:

 Pilhão – pequenas caixas para serem colocadas nas áreas de trabalho,


 Pilhões de Ecopilhas – caixas para serem colocados nos espaços comuns;
 Pilhão de Acumuladores - específicos para o armazenamento de baterias.
Boas Práticas

 A reciclagem e a recolha são uma necessidade ecológica e uma obrigação


regulamentar!
Recolha

Os pilhões individuais devem ser despejados para os médios, sendo que a recolha e
228

o transporte será efetuado pelo produtor do resíduo. O mesmo processo deverá ser
efetuado para as baterias.

Armazenamento

O local de armazenamento deverá ser seco, e não deverá estar exposto


diretamente à luz solar.

Transporte e encaminhamento para um destino final

Quando se encontra um pilhão cheio, deverá ser contactada a Ecopilhas para


proceder à sua recolha. Devido à composição dos acumuladores, estas devem ser
encaminhadas para o operador com a maior brevidade possível.

Boas Práticas

 Sempre que possível utilizar produtos sem pilhas;


 Adquirir pilhas recarregáveis, ou acumuladores para uso múltiplos que podem
ser utilizadas várias vezes.

Tinteiros e Toners
Separação

Para o devido reencaminhamento e tratamento deste resíduo foram celebrados


protocolos com empresas que operam e tem licenciamento necessário para a recolha,
transporte, e tratamento ou eliminação deste resíduo.

Para o efeito são disponibilizadas caixas devidamente identificadas para o


acondicionamento dos tinteiros e toners, podendo esta recolha estar associada a
campanhas de solidariedade social.

Devem existir dois possíveis procedimentos de separação e acondicionamento no


produtor, efetuado pela equipa de informática, ou pelo próprio colaborador.
229

Recolha

Dependendo do processo descrito a recolha e o transporte será efetuado pelo


produtor do resíduo.

Armazenamento

O local de armazenamento deverá ser visível e de fácil acesso a todos os


colaboradores.

Transporte e encaminhamento para um destino final

Quando a caixa se encontra cheia, deve ser contactada a Entidade competente para
proceder à sua recolha.

Resíduos Orgânicos
A recolha de resíduos orgânicos está inserida no programa de valorização dos
Resíduos Orgânicos da Valorsul - “Programa +Valor”.

Este é um programa de recolha seletiva de matéria orgânica para valorização, em


grandes produtores como restaurantes e cantinas. Para o efeito, deve ser
disponibilizado pela Câmara Municipal local, um contentor com tampa castanha, onde
deverá ser colocado a matéria orgânica (restos de comida, guardanapos provenientes
das refeições, casca de fruta), não poderá ser colocado resíduos, líquidos como
iogurtes líquidos, restos de sumo, óleos.

Jardins e Espaços Verdes


Os resíduos provenientes de jardinagem são tratados em colaboração com a
Câmara Municipal Local.

Óleos Usados
Alimentares: Regido pelo Decreto-Lei n.º 267/2009, de 29 de Setembro, esta
estabelece o regime jurídico da gestão de óleos alimentares usados (OAU), produzidos
pelos setores industriais, da hotelaria e restauração.

Este resíduo deve ser acondicionado nos oleões ou em recipientes adequados à sua
produção e recolhidos por um operador certificado para tratamento e valorização.
230

Anexo III

Legislação sobre Resíduos

Diretiva-Quadro dos Resíduos: Lei-Quadro dos Resíduos – DL n.º 178/2006, de 5 de


Setembro. Regime Geral de Gestão de Resíduos. A Diretiva-Quadro dos Resíduos,
Diretiva n.º 2008/98/CE, veio atualizar em 2008, a Diretiva n.º 2006/12/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de Abril, e a Diretiva n.º 91/689/CEE, do
Conselho, de 12 de Dezembro, que foram transpostas para a ordem jurídica interna
pelo DL n.º 178/2006, de 5 de Setembro. A Diretiva-Quadro dos Resíduos tem como
grandes objetivos a proteção do ambiente e da saúde pública e a promoção de uma
“Sociedade Europeia da Reciclagem”. A concretização destes objetivos pressupõe que
se aposte na prevenção e redução dos impactos adversos decorrentes da geração e
gestão de resíduos, promovendo a diminuição dos impactos gerais da utilização dos
recursos e um elevado nível de eficiência da utilização dos mesmos. O grande lema é a
aposta na prevenção e utilizar os resíduos como recursos.

DLR 29/2011-A de 16 de novembro. Diário da República, 1.ª série — N.º


220: Regime Geral de Prevenção e Gestão de Resíduos.

Circular Informativa da Direcção-Geral da Saúde nº 13/DA, de 12 de Maio de 2009:


Tabela de Correspondência entre os Grupos de Resíduos Hospitalares (Despacho nº
242/96, publicado a 13 de Agosto) e os Códigos da Lista Europeia de Resíduos (Portaria
nº 209/2004, de 3 de Março).

Lei nº 11/87, de 7 de Abril: Lei de bases do ambiente.


Portaria nº 209/2004, de 3 de Março: Aprova a Lista Europeia de resíduos e define as
operações de valorização e de eliminação de resíduos.
Anotação: revoga as Portarias nº 15/96, de 23 de Janeiro, e nº 818/97, de 5 de
Setembro.
Decreto-Lei nº 178/2006, de 8 de Setembro: Estabelece o regime geral da gestão de
resíduos.
Anotação 1: transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva nº 2006/12/CE e
Directiva 91/689/CEE.
231

Anotação 2: revoga o Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, o Decreto-Lei nº


268/98, de 28 de Agosto, a Portaria nº 961/98, de 10 de Novembro, as Portarias nº
611/2005, nº 612/2005 e nº 613/2006, de 27 de Julho, e o Despacho nº 24571/2002
(2ª Série), de 18 de Novembro.
Anotação 3: altera vários artigos do Decreto-Lei nº 194/2000, de 21 de Agosto, do
Decreto-Lei nº 3/2004, de 3 de Janeiro, e do Decreto-Lei nº 85/2005, de 28 de Abril.
Anotação 4: revoga vários artigos do Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, do
Decreto-Lei nº 111/2001, de 6 de Abril, do Decreto-Lei nº 152/2002, de 23 de Maio, do
Decreto-Lei nº 153/2003, de 11 de Julho, do Decreto-Lei nº 196/2003, de 23 de
Agosto, do Decreto-Lei nº 230/2004, de 10 de Dezembro, e do Decreto-Lei nº 85/2005,
de 28 de Abril.
Despacho nº 242/96, de 5 de Julho: Estabelece normas de gestão e classificação dos
resíduos hospitalares.
Portaria nº 174/97, de 10 de Março: Estabelece as regras de instalação e
funcionamento de unidades ou equipamentos de valorização ou eliminação de
resíduos perigosos hospitalares, bem como o regime de autorização da realização de
operações de gestão de resíduos hospitalares.
Portaria nº 178/97, de 11 de Março: Aprova o modelo de mapa de registo de resíduos
hospitalares.
Portaria nº 335/97, de 16 de Maio: Fixa as regras do transporte de resíduos dentro do
território nacional.
Despacho nº 761/99, de 31 de Agosto: Aprova o plano estratégico de gestão dos
resíduos hospitalares (PERH 99).

Lista Europeia de Resíduos. Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março: veio substituir o


Catálogo Europeu de Resíduos (CER). Trata-se de uma lista normalizada que classifica
os resíduos produzidos nas mais diversas atividades económicas segundo códigos. Os
diferentes tipos de resíduos incluídos na Lista são totalmente definidos pelo código de
seis dígitos para os resíduos e, respetivamente, de dois e quatro dígitos para os
números dos capítulos e subcapítulos.
Portaria n.º 43/2011, de 20 de Janeiro: Aprova o Plano Estratégico dos Resíduos
Hospitalares para o período de 2011-2016.

Plano Estratégico dos Resíduos Hospitalares: o Plano Estratégico dos Resíduos


Hospitalares 1999-2005, o primeiro na área dos resíduos hospitalares em termos
nacionais, foi aprovado em 1999, através do Despacho Conjunto n.º 761/99, de 31 de
agosto. A Agência Portuguesa do Ambiente, a Direcção-Geral da Saúde e a Direcção-
232

Geral de Veterinária procederam à revisão do PERH para o período de 2011-2016,


alargando, face ao atual enquadramento, a abrangência do PERH à vertente da saúde
animal. Foi tido em consideração o quadro legal comunitário e nacional aplicável,
salientando-se, neste contexto, o regime geral de gestão de resíduos, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, conforme alterado e republicado pelo
Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e a Diretiva 2008/98/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 19 de novembro, relativa aos resíduos. O Plano Estratégico
foi, desta forma, alicerçado nos princípios enunciados no referido quadro legal, no
sentido de reforçar as medidas em matéria de prevenção de resíduos hospitalares,
introduzindo a abordagem do ciclo de vida dos produtos e materiais e não apenas a
fase de gestão do resíduo, colocando a tónica na redução dos impactes ambientais
resultantes da produção e gestão de resíduos, e fortalecendo a noção do valor
económico associado aos mesmos. Incorpora ainda o incentivo à valorização dos
resíduos e utilização dos materiais resultantes da valorização, no sentido da eliminação
constituir a última opção de gestão considerada. A salvaguarda da proteção da saúde
humana na perspetiva da prevenção da doença e promoção da saúde é uma
preocupação também patente em todo o processo de gestão desta tipologia de
resíduos. Neste sentido, a conjugação dos objetivos, anteriormente enunciados, com
as ações a desenvolver, visa assegurar o cumprimento das estratégias definidas nos
normativos legais, comunitários e nacionais, bem como fomentar o conhecimento e o
desenvolvimento técnico e científico em matéria de resíduos hospitalares. Os objetivos
e ações foram ancorados em cinco Eixos Estratégicos, a saber:
 Eixo I – Prevenção;
 Eixo II – Informação, Conhecimento e Inovação;
 Eixo III – Sensibilização, Formação e Educação;
 Eixo IV – Operacionalização da Gestão;
 Eixo V – Acompanhamento e Controlo.

Norma NP EN ISO 14001:2004: Implementação de Sistemas de Gestão Ambiental.

Diretiva Embalagens: Embalagens e resíduos de embalagens – DL n.º 92/2006, de 25


de Maio, e DL n.º 162/2000, de 27 de Julho.
233

Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º


92/2006, de 25 de Maio, e pelo Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de Julho, que transpôs
para o direito nacional a Diretiva n.º 94/62/CE, do Parlamento e do Conselho, de 20 de
Dezembro de 1994, e estabelece os princípios e as normas aplicáveis à gestão de
embalagens e resíduos de embalagens, com vista à prevenção da produção desses
resíduos, à reutilização de embalagens usadas, à reciclagem e outras formas de
valorização de resíduos de embalagens e consequente redução da sua eliminação final,
com o objetivo de assegurar um elevado nível de proteção do ambiente e de garantir o
funcionamento do mercado interno.

Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março: estabelece o regime a que ficam sujeitas as


operações de gestão de resíduos de construção e demolição.

Óleos Usados - DL n.º Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho: Entende-se por Óleos
Usados, de acordo com o estabelecido no Decreto-Lei n.º 153/2003, os óleos
industriais lubrificantes de base mineral, os óleos dos motores de combustão e dos
sistemas de transmissão e os óleos minerais para máquinas, turbinas e sistemas
hidráulicos e outros óleos que, pelas suas características, lhes possam ser equiparados,
tornados impróprios para o uso a que estavam inicialmente destinados. O regime
jurídico estabelece a que fica sujeita a gestão de óleos novos e usados, assumindo
como objetivo prioritário a prevenção da produção dos óleos usados, em quantidade e
nocividade, seguida da regeneração e de outras formas de reciclagem ou outra forma
de valorização.

Pilhas e Acumuladores Usados - DL n.º 266/2009, de 29 de Setembro: Foi publicado


em Diário da República, estabelece o regime de colocação no mercado de pilhas e
acumuladores portáteis, industriais e de veículos automóveis e o regime de recolha,
tratamento, reciclagem e eliminação dos respetivos resíduos, determinando a retirada
das pilhas e acumuladores colocados no mercado entre 26 de Setembro de 2008 e 7 de
Janeiro de 2009 que não cumpram os requisitos definidos neste diploma legal.

Despacho n.º 5067/2012, de 12 de abril (2ª Série): Reconhece o relevante interesse


geral da construção de um centro integrado de valorização e tratamento de resíduos
234

hospitalares e industriais (CIVTRHI) no local designado por Eco Parque, na freguesia de


Ulme, a cargo da Câmara Municipal da Chamusca.

Despacho n.º 1648/2012, de 3 de fevereiro (2ª Série): Prorrogação do prazo da licença


concedida à VALORMED - Sociedade de Gestora de Resíduos de Embalagens e
Medicamentos, Lda.
Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento
Regional: “ DL 178/2006, de 5 de Setembro 2006. Diário da República núm. 171, 05 de
Setembro de 2006. Serie I.

Outra Legislação:
Portaria n.º 174/97, de 10 de Março: Estabelece as regras de instalação e
funcionamento de unidades ou equipamentos de valorização ou eliminação de
resíduos perigosos hospitalares, bem como o regime de autorização da realização de
operações de gestão de resíduos hospitalares por entidades responsáveis pela
exploração das referidas unidades ou equipamentos.
Despacho. nº 242/96, de 5 de Julho: Estabelece normas de gestão e classificação dos
resíduos hospitalares.
Diretiva 75/439/CEE do Conselho, de 16 de Junho de 1975: Relativa à eliminação dos
óleos usados.

Diretiva 75/442/CEE, do Conselho, de 15 de Julho: Relativa aos resíduos.

Diretiva 91/689/CEE, do Conselho, de 12 de Dezembro: Relativa aos resíduos


perigosos.

Diretiva 91/271/CEE do Conselho, de 21 de Maio: Relativa ao tratamento de águas


residuais urbanas.

Diretiva 91/156/CEE, do Conselho, de 18 de Março: Altera a Diretiva 75/442/CEE,


relativa aos resíduos.

Resolução 90/C 122/02, do Conselho, de 7 de Maio: Sobre a política de resíduos.

Diretiva 87/101/CEE do Conselho de 22 de Dezembro de 1986: Altera a Diretiva


75/439/CEE relativa à eliminação dos óleos usados.

Diretiva 86/280/CEE do Conselho de 12 de Junho de 1986.


235

Resolução 97/C 76/01, do Conselho, de 24 de Fevereiro: Relativa à estratégia


comunitária de gestão de resíduos.

Diretiva 96/61/CE, do Conselho, de 24 de Setembro: Relativa à prevenção e controlo


integrados de poluição.

Decisão 96/350/CE, da Comissão, de 24 de Maio.

Diretiva 94/62/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de


Dezembro: Relativa a embalagens e resíduos de embalagens

Diretiva 94/31/CEE, do Conselho, de 27 de Junho: Altera a Diretiva 91/689/CEE,


relativa aos resíduos perigosos.

Acórdão do Tribunal de Justiça (Terceira Secção) de 10 de Setembro de 2009 -


Processo C-573/07: Contratos públicos - Processos de adjudicação: Contrato relativo
ao serviço de recolha, transporte e eliminação de resíduos urbanos - Adjudicação sem
concurso - Adjudicação a uma sociedade anónima).

Diretiva 2008/33/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de Março de 2008:


Altera a Diretiva 2000/53/CE relativa aos veículos em fim de vida, no que diz respeito
às competências de execução atribuídas à Comissão.

Diretiva 2008/34/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de Março de 2008:


Altera a Diretiva 2002/96/CE relativa aos resíduos de equipamentos elétricos e
eletrónicos (REEE), no que diz respeito às competências de execução atribuídas à
Comissão.

Diretiva 2008/35/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de Março de 2008:


Altera a Diretiva 2002/95/CE relativa à restrição do uso de determinadas substâncias
perigosas em equipamentos elétricos e eletrónicos, no que diz respeito às
competências de execução atribuídas à Comissão.
236

4.4.4 Circuito das roupas

http://www.google.pt/search?q=fardamento+dos+profissionais

Introdução:

O serviço de lavandaria, rouparia e costura de uma Unidade é de grande


importância para o bom funcionamento da mesma, pois a sua eficiência
contribui significativamente para a eficiência global da Unidade. Um bom
sistema de processamento da roupa pode constituir-se também como fator de
redução das infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) e integra-se nas
áreas hoteleiras.

O objetivo final do serviço de lavandaria numa unidade de saúde, é


transformar em quantidade pré-estabelecida, em tempo útil e em segurança, a
roupa usada ou suja, em roupa limpa para uso dos utentes. De facto, as roupas
no final do processo de tratamento devem estar higienicamente limpas, isto é,
seguras do ponto de vista microbiológico, com uma quantidade de
microrganismos, de modo a não provocar doença. Dentro da estrutura de uma
unidade de saúde, ou um setor de apoio, a lavandaria pode não estar integrada
na área física ou administrativa da mesma. Estudos norte-americanos
publicados em 1992 e 1993 mostram uma tendência à terceirização desse
serviço, com até 50% das instituições optando por este sistema externo.

Data da última revisão: Outubro de 2015


237

Em qualquer uma dessas situações, a posição da Lavandaria deve ser vista


por dois lados: prestadora de serviços e cliente dos seus próprios utilizadores.
Esta perceção ajuda-nos a definir os objetivos deste serviço em relação ao seu
produto final – roupa limpa, determinando os procedimentos a serem
realizados, os materiais a serem empregues, os tipos de máquinas necessárias, a
área física e recursos humanos adequados. Por outro lado, a roupa também
deve ter algumas características, que podem depender da sua forma de
utilização, recolha, embalagem, identificação e transporte até a Lavandaria.
Deve haver linhas de comunicação claras e diretas entre os sectores da Unidade
e a Lavandaria, assim como entre estes e o GCL/PPCIRA, visando a qualidade e a
quantidade de roupas necessárias e das precauções a serem utilizadas durante a
execução dos processos de tratamento das roupas.

As roupas hospitalares não diferem das roupas da comunidade em geral,


relativamente ao nível de contaminação. A roupa suja geralmente contém uma
grande quantidade de microrganismos. Os principais microrganismos
patogénicos encontrados são bacilos gram negativo (BGN), destacando-se
Enterobactérias e Pseudomonas spp. Os gram positivo mais comuns são
Staphylococcus sp. A presença de vírus como o HBV ou HIV está associada à
presença de sangue ou secreções.

Um dos procedimentos que podem contaminar o ar através da suspensão de


partículas e da formação de aerossóis, é a agitação da roupa suja e molhada
dentro dos quartos ou enfermarias - é uma prática não aceitável. O contacto
direto com estas roupas pode contaminar também equipamentos, as mãos e as
fardas dos profissionais de saúde. Estas mesmas bactérias presentes nas roupas
são também, agentes etiológicos de infeções associadas aos cuidados de saúde
(IACS), estando também presentes no ambiente hospitalar. Numerosos estudos
epidemiológicos demonstram que a fonte mais comum para as IACS é o meio
animado (profissionais e os seus procedimentos, utentes, visitantes, voluntários,

Data da última revisão: Outubro de 2015


238

fornecedores entre outros), principalmente através das mãos dos profissionais


de saúde, o uso inadequado dos equipamentos de proteção individual (EPI’s),
alguns materiais descontaminados incorretamente, entre utentes, entre outras
causas. Portanto, desde que sejam observadas todas as medidas para evitar a
contaminação dos profissionais e do meio ambiente, considera-se pouco
significativo o papel das roupas como fonte habitual de infeções.

Para ressaltar a ideia de que a adesão às práticas, rotinas e normas para a


lavagem das roupas é fundamental para evitar a transmissão de IACS ou outras
doenças passíveis de transmissão cruzada, foram publicados alguns estudos de
surtos relacionando as roupas sujas como fonte de microrganismos
patogénicos. Nos casos relatados, a transmissão provavelmente ocorreu através
do contacto direto ou pela inalação de aerossóis produzidos durante a
manipulação das roupas contaminadas, sendo expresso que, algumas
recomendações para a prevenção destas formas de transmissão foram
negligenciadas nestes casos.

O CDC - Atlanta refere que: “Toda a roupa que esteja suja, com sangue ou
matéria orgânica, deve ser tratada do mesmo modo, independentemente do
tipo de doente de que provenha”. As roupas usadas nas unidades de saúde
devem ser consideradas contaminadas, e, por isso, serem todas tratadas do
mesmo modo, salvaguardando algumas especificidades, como a roupa
termosensível (cobertores, robes, roupas pessoais dos utentes de lã e outras
fibras) e a roupa que contenha matéria orgânica.

A legislação Portuguesa sobre esta matéria é escassa e não atualizada.

Objetivos

Uniformizar e melhorar as práticas de triagem, acondicionamento,


transporte e tratamento das roupas usadas e limpas nas UCCI da UMP;
Data da última revisão: Outubro de 2015
239

Contribuir para uma adequada triagem e tratamento das roupas;


Identificar os processos de triagem, recolha, transporte e tratamento das
roupas dos utentes e das fardas dos profissionais;
Conhecer os riscos inerentes às diversas fases de tratamento da roupa
usada/suja;
Conhecer as medidas de prevenção da contaminação das roupas nas
várias fases de tratamento até chegar ao utente em segurança;
Contribuir para a redução de incidência de acidentes ocupacionais
relacionados com a roupa.

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados
Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
Responsáveis pelas Áreas Hoteleiras
Profissionais da área da lavandaria e rouparia
Supervisor da área hoteleira (se existe – muito importante o seu papel!)
Responsável do Serviço de Aprovisionamento e Gestão de Compras,
Logística e Distribuição
Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos
Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas
Núcleo Local do GCL/PPCIRA e respetivos membros dinamizadores
Profissionais de Saúde que manipulam as roupas usadas e as roupas
limpas: Médicos, enfermeiros, auxiliares de ação médica ou outros técnicos.
Profissionais que fazem a circulação das roupas
Empresa adjudicatária (se aplicável)

Data da última revisão: Outubro de 2015


240

2) Pela revisão do procedimento:


Núcleo Local GCL/PPCIRA

Siglas
CDC – Centers for Disease Control and Prevention
GCL – Grupo Coordenador Local
UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
UMP – União das Misericórdias Portuguesas
IACS – Infeções associadas aos cuidados de saúde
IH – Infeções hospitalares

PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e das


Resistências aos Antimicrobianos

Data da última revisão: Outubro de 2015


241

Definições e Conceitos:

Processo de lavagem da roupa suja

Lavagem: é o processo que consiste na eliminação da sujidade aderente à


roupa, deixando-a com aspeto e cheiro agradáveis, confortável para o uso e
com níveis microbiológicos reduzidos aos limites aceitáveis.

Lavagem mecânica da roupa: lavagem da roupa em máquina, associada ao uso


de água quente e detergente efetivos, para remover a contaminação bacteriana
da roupa. A máquina deve ter acoplado termómetro para medir a temperatura
da água.

Desinfeção térmica da roupa: processo físico de desinfeção da roupa,


complementar ao ciclo de lavagem, através da exposição das roupas a ciclo com
temperatura elevada. As temperaturas da água acima de 71ºC durante 25
minutos, têm sido recomendadas. Outras publicações recomendam
temperaturas de 80, 85 a 95ºC durante 15 minutos.

Desinfeção química da roupa: processo químico de desinfeção da roupa, que


consiste na desinfeção química em máquina, após a lavagem (ciclo
complementar à lavagem).

Contaminação microbiana da roupa: presença e replicação de microrganismos


na roupa usada e/ou limpa.

Roupa hospitalar: A roupa das unidades de saúde representa todo e qualquer


material de tecido utilizado dentro destas Unidades e que necessitam passar
por um processo de lavagem e secagem para a sua reutilização. Inclui lençóis,
fronhas, cobertores, toalhas, colchas, cortinas, roupas de doentes e roupas de
funcionários, panos de limpeza, entre outros. Por esta variedade de roupas e

Data da última revisão: Outubro de 2015


242

acessórios, pode perceber-se a variedade, origem, diferentes utilizações,


sujidade e contaminação das roupas utilizadas dentro das unidades de saúde.

Lavandaria: área de tratamento da roupa usada e distribuição da roupa lavada.


É um dos principais serviços de apoio aos cuidados de saúde aos utentes,
responsável pelo processamento da roupa e da sua distribuição em perfeitas
condições de higiene e conservação, em quantidade adequada a todos os
setores da Unidade.

Reposição da roupa por níveis: método de reposição da roupa aos diversos


sectores sem necessitar de fazer contagem e separação da roupa nas
enfermarias.

Papel do Núcleo Local do GCL/PPCIRA:

a) Colaboração na organização do circuito


b) Colaboração nas auditorias às práticas de triagem
c) Visitas às lavandarias para observação das condições de estrutura e de
procedimentos
d) Colaboração na elaboração de caderno de encargos (cláusulas especiais)
para a prestação destes serviços e na seleção de empresas
e) Avaliação microbiológica da roupa lavada
f) Avaliação das condições de armazenagem da roupa lavada nos serviços
g) Colaboração na formação dos profissionais
h) Colaboração na elaboração e divulgação de recomendações de boa
prática nesta área

Epidemiologia

A roupa suja geralmente contém grande quantidade de microrganismos.

Data da última revisão: Outubro de 2015


243

Algumas publicações relatam contagens de 2 x 104 bactérias por 100 cm2 e até
108 por 100 cm2. Os principais patogéneos identificados nas roupas sujas são
bacilos gram-negativo (BGN), principalmente enterobatérias e Pseudomonas
sp., assim como Bacillus sp. Embora tenha sido demonstrada que a roupa suja
possa ser uma fonte de diversos microrganismos, o risco de transmissão de
doenças parece ser insignificante. Como as bactérias isoladas em infeções
hospitalares (IH), são as mesmas isoladas nas roupas, há especulação de que
estas possam contribuir na disseminação dos patógenos nosocomiais. Apesar de
esta consideração não provar que a roupa é uma fonte de infeção importante,
alguns estudos, apesar de raros, têm levantado a possibilidade de as roupas
serem fontes de infeções em utentes, sobretudo surtos de infeção.

O processamento das roupas abrange todas as etapas pelas quais as roupas


passam, desde a sua utilização até ao retorno aos serviços, em ideais condições
de reutilização. Estas etapas são geralmente classificadas em: triagem,
acondicionamento, recolha e transporte da roupa suja utilizada nos diferentes
setores da Unidade; receção e lavagem da roupa suja na lavandaria; secagem e
calandragem da roupa limpa; separação e transporte da roupa limpa da
rouparia para os diversos setores da Unidade; armazenamento e controlo de
stock da roupa limpa nos setores da Unidade. Também podem estar incluídas
neste processo a confeção e a reparação ou conserto de roupas, quando
aplicável.

A contaminação da roupa numa unidade de saúde depende basicamente da


quantidade de sua sujidade e da proveniência desta sujidade. Roupas sujas de
fezes, secreções purulentas, urina, sangue, secreções vaginais, uretrais,
gástricas e outras secreções e excreções corporais apresentam uma maior
quantidade de microrganismos, do que outras roupas usadas com sujidade
proveniente de alimentos, líquidos diversos, poeiras, entre outra sujidade.

Data da última revisão: Outubro de 2015


244

Quanto maior a quantidade da sujidade, também obviamente maior será a


quantidade de microrganismos presentes na roupa suja.

Mesmo que o processo de lavagem, centrifugação, secagem e calandragem


da roupa sejam os mais adequados, o resultado final não representa eliminação
total de microrganismos, já que não significa um processo de esterilização.

No clássico e pioneiro estudo de Arnold, em 1938, as contagens de bactérias,


nas suas mais diversas formas, caíram para zero após o último processo de
calandragem da roupa, restando apenas as formas esporuladas.

Church e Loosli, em 1953 (4), em contraposição ao estudo de Arnold, não


demonstraram ausência de contagens bacterianas. A roupa limpa recém
processada, apresentou variações nas contagens bacterianas de 8x 10 bactérias
a 2x 1.000 bactérias/cm2, principalmente por Gram-positivo como
Staphylococcus spp. e Streptococcus spp., enquanto as bactérias Gram-negativo
foram encontradas em quantidades inexpressivas.

Mais recentemente aparecem outros estudos que demonstram evidência de


que a eliminação da carga microbiana ambiental pouco interfere na diminuição
das taxas de infeções nosocomiais. Portanto, as culturas ambientais de rotina
não são recomendadas, o que explica a carência de estudos mais recentes
analisando contaminação de roupas hospitalares.

No Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o maior número de notificações de


infeções em funcionários da lavandaria são pediculoses em cabelos e barbas,
escabioses e conjuntivites (dados do Serviço de Medicina Ocupacional e do
Serviço de Controle de Infeção Hospitalar do HCPA).

Parece claro que a adoção de rotinas adequadas quanto à recolha, transporte


e processamento da roupa suja, distribuição e armazenamento da roupa limpa,

Data da última revisão: Outubro de 2015


245

além da proteção adequada dos funcionários que manuseiam a roupa suja, tem
a finalidade essencial de prevenir riscos potenciais de infeção cruzada.

O eficiente processamento das roupas hospitalares depende basicamente de


uma boa operacionalização do serviço, da adequada área física e equipamentos,
gestão competente do circuito e treino e formação dos profissionais.

A operacionalização da lavandaria abrange todo o circuito da roupa, desde a


sua utilização nos diversos serviços de uma Unidade, triagem ou separação e
acondicionamento da roupa suja nestas unidades, colheita e transporte, até à
sua redistribuição e armazenamento após o devido processamento.

Os cobertores podem frequentemente representar mais uma fonte de


contaminação, uma vez que não são mudados diariamente, nem lavados com
muita frequência. Estudos feitos em Curitiba mostraram que, de uma amostra
de 28 cobertores, 100% estavam contaminados. A recomendação, portanto, é a
lavagem dos cobertores após a alta e após qualquer contaminação evidente, em
máquina com ciclo de lavagem e desinfeção química, por serem termo
sensíveis.

DIVISÃO FÍSICA E FLUXO DE PRODUÇÃO DA LAVANDARIA

Materiais e acabamentos:

O piso, em todas as áreas da lavandaria deve ser liso, resistente à água e


isento de relevos, desenhos e ranhuras que dificultem a limpeza.
A superfície não pode ser escorregadia e deve ter uma queda adequada
em direção às calhas, para facilitar o escoamento das águas servidas e
evitar a contaminação.
As paredes devem ter uma superfície lisa, clara e lavável, livre de juntas,
cantos e saliências desnecessárias, que venham a dificultar a limpeza e a

Data da última revisão: Outubro de 2015


246

manutenção adequada do ambiente. As portas devem ser revestidas de


material ou tintas laváveis, dispondo de visores. É aconselhável também,
sempre que possível, painéis de vidro nas paredes internas da lavandaria, de
modo a permitir boa visualização entre as áreas, assim como melhorar a
iluminação ambiente.
O teto deve ser claro e absorvente, a fim de melhor difundir a luz, e deve
ter de preferência tratamento acústico.
A altura do pé-direito também deve ser adequada, a fim de facilitar a
instalação e manutenção do equipamento e a colocação de instalações
especiais.
O dimensionamento correto das instalações de uma lavandaria é
determinado em função do equipamento adotado, do fluxo de atividades,
turnos entre outras questões.
As instalações devem permitir a eventual ampliação ou alteração futura
do equipamento. As canalizações devem estar completamente livres, com
facilidade de acesso, pintadas nas cores convencionais e com símbolos
adequados, a fim de permitir a sua identificação, manutenção e aumentando
assim a segurança.
As linhas de vapor e água quente devem estar cuidadosamente isoladas,
visando a proteção do pessoal, a diminuição dos custos operacionais e a
redução do calor transmitido ao meio ambiente.

Estudos realizados na área da microbiologia revelaram que o processamento


da roupa demostraram que grande número de bactérias soltas no ar ambiente
durante o processo de separação da roupa suja, contaminava o ambiente
circundante.

Estas conclusões revolucionaram a estrutura física da área da lavandaria e


rouparia, bem como, as instalações, equipamentos e métodos utilizados no

Data da última revisão: Outubro de 2015


247

processamento da roupa. A principal medida de controlo das IACS, foi a


instalação da barreira de contaminação, que separa a lavandaria em duas áreas
distintas:

1. Área contaminada ou suja, utilizada para separação e lavagem;


2. Área limpa, utilizada para acabamento (centrifugação,
secagem/calandragem, dobragem) e armazenagem.
Esta barreira de contaminação só é realmente eficiente se existirem as
lavadoras de desinfeção, com duas portas de acesso, uma para cada área, na
parede que separa a área suja/contaminada da área limpa, e se as pessoas que
trabalham na área contaminada não circularem em simultâneo na área onde a
roupa sai limpa. A barreira de separação deve ser dotada de visores para
facilitar a comunicação e o controle.

Fonte: Lavadora tipo hospitalar ou de barreira [Mezomo, 1985]

Numa lavandaria de unidade de saúde deve ser previsto no mínimo, as


seguintes áreas: - área contaminada; área limpa: área molhada (centrifugação);
área seca (secagem, calandragem e prensagem); rouparia; Costura;
Coordenação (chefia); Área de convívio/pequenas refeições.

Área Contaminada:

A área de receção, separação, pesagem e lavagem das roupas sujas na


lavandaria é considerada crítica, pois é a mais contaminada área da Unidade.

Data da última revisão: Outubro de 2015


248

Podemos dizer que se trata de uma espécie de central de microrganismos. A


área caracteriza-se por apresentar: mau odor, risco de contaminação e fadiga.
Esta área deve ser absolutamente separada das restantes áreas de lavandaria
por meio de parede até o teto (barreira de contaminação), para evitar a
dispersão dos microrganismos pelas áreas limpas, o que levaria à
recontaminação da roupa. Deve ter sanitários, vestiários e chuveiros próprios
para quem trabalha no local, a fim de evitar a circulação desses funcionários por
outras dependências.

O funcionário deste setor deve usar uniforme completo: gorro, máscara,


avental (fechado na frente com mangas fechadas no punho), botas e luvas.

O uso deste uniforme de defesa é a maneira mais segura de evitar


contaminação do próprio funcionário. Ao sair desta área, deverá tomar banho e
vestir roupa pessoal ou outro uniforme comum, caso tenha que ir até outras
áreas da lavandaria. Por ser inadmissível o trânsito noutras dependências sem
os cuidados acima, é necessário que exista, no interior desta área, um local
destinado a depósito de produtos de lavagem.

Área Limpa

Área Limpa Molhada (Centrifugação):

É a chamada área húmida ou molhada. Nela ficam localizadas as máquinas


lavadoras (apenas as portas de acesso para saída da roupa lavada), e as
extratoras ou centrífugas. É a área de trabalho mais pesada da lavandaria, uma
vez que a roupa é retirada ainda molhada da máquina, o que torna o peso,
cerca de três vezes maior que a roupa seca. As suas características são:
humidade; ruído. O piso deve ser gradeado próximo às máquinas para evitar a
presença de água no chão, pois haveria risco maior de acidente e de
insalubridade.

Data da última revisão: Outubro de 2015


249

Área Limpa Seca:

Nesta área ficam as secadoras, calandras, prensas, ferros elétricos e mesas.


As roupas são secas, passadas, dobradas e encaminhadas à rouparia. Durante a
dobragem, as roupas que necessitam de reparos devem ser separadas para
serem encaminhadas para o setor de costura. As características desta área são:
calor; limpeza.

Rouparia:

Nesta área ficam estantes para a roupa limpa. Deve ter também, armários
fechados para armazenar as roupas de inverno, tipo cobertores, nos períodos
de verão.

Área de Costura:

Nesta área ficam as máquinas, mesas, estantes e armários para roupas novas
e roupas a serem reparadas, bem como os tecidos destinados à confeção de
peças novas.

Chefia:

Esta área deve ser do tamanho suficiente para o trabalho de uma pessoa e 2
interlocutores, dispondo de mesa e armário ou arquivo. A localização desta área
deve ser estrategicamente estudada de forma a possibilitar visualização de todo
o ambiente, podendo estar num piso mais elevado. Todas as paredes devem ser
dotadas de visor que possibilite a supervisão de todas as áreas. Esta área está
descrita em unidades de uma dimensão considerável como hospitais devendo
em unidades mais pequenas ser adaptada a essa realidade.

Data da última revisão: Outubro de 2015


250

Área de convívio/sala de pausa:

Esta área destina-se funcionários para o tempo de pausas de descanso,


hidratação e pequenos lanches, na qual deve conter um lavatório para
higienização das mãos antes e após as pequenas refeições.

Água: A qualidade da água a ser utilizada na lavagem das roupas na lavandaria,


é muito importante para conseguir um bom resultado. Metade da água utilizada
nas unidades de saúde é destinada ao consumo da lavandaria. Estima-se entre
35 e 40 litros de água, para cada quilo de roupa seca nas máquinas de lavagem,
em cargas individuais. A pressão da água e o diâmetro da tubulação devem ser
suficientes para abastecer as máquinas de lavar em menos de um minuto. A
água a ser utilizada na lavandaria também deve satisfazer aos requisitos citados
anteriormente, quanto ao aspeto, teor de sólidos em suspensão; dureza da
água; alcalinidade e temperatura.

Esgoto: O esgoto da lavandaria deve ter capacidade suficiente para receber o


efluente de todas as máquinas de lavar, simultaneamente, não incorrendo no
risco de transbordar e de haver contaminação do ambiente. A canalização para
a área limpa deveria ser diferente da canalização da área contaminada. Com a
lavagem, grande quantidade de felpa e outros resíduos acompanham o
efluente. Por isso, é importante a instalação de uma caixa de suspensão com
tela para reter os fiapos de roupa e impedir o entupimento da rede.

Drenagens:

Junto às máquinas lavadoras, no lado da saída da roupa lavada, deve ser


prevista uma calha, recoberta com piso gradeado, de fácil remoção, destinada
ao escoamento da água servida. Deve ser previsto também, uma caixa na saída

Data da última revisão: Outubro de 2015


251

das manilhas e calha, provida de gradeamento fino, para reter as felpas que
escoam junto à água servida, para evitar entupimentos da tubulação.

Vapor:

A lavandaria apresenta equipamentos, que durante o seu funcionamento


geram calor e vapor, em virtude dos quais devem ser previstas medidas que
reduzam o aquecimento do ambiente. O vapor consumido na lavandaria para o
aquecimento da água, secadoras, calandras e prensas deve ser de alta pressão
(100 a 147 lb/pol2). Para cada máquina, deve ser observada a pressão adequada
de vapor a ser utilizada. Nas instalações devem ser usados tubos de aço
galvanizado, sem costura, devidamente revestidos e levemente inclinados.

Energia Elétrica:

A alimentação elétrica deve ser trifásica a quatro fios (3 fases e 1 neutro), na


tensão e frequência da rede local, provida por meio de um sub-alimentador da
alimentação geral. O painel de distribuição deve ser de fácil acesso à
manutenção e provido de fechadura. Todas as máquinas devem ser
adequadamente ligadas a terra. Todos os equipamentos e cabos elétricos
devem ser devidamente protegidos por disjuntores e circuitos individualizados.

Iluminação:

A iluminação natural é a mais recomendável devido à melhor eficiência -


maior relação lúmen / watt - e devido à resposta de cores. Como o critério de
separação de roupa a ser reprocessada devido a manchas, resíduos é por meio
visual, a fidelidade de cores é fundamental, além do nível de iluminação
requerido para tal identificação.

Data da última revisão: Outubro de 2015


252

Para a complementação com iluminação artificial ou apenas adoção de fonte


artificial nos horários noturnos (se aplicável), deve observar-se o uso de
equipamento com espectro, nas diversas gramagens de cor, o mais próximo
possível da luz natural.

Ventilação e Exaustão:

A ventilação deve proporcionar um ambiente de trabalho adequado, de


forma a aumentar a eficiência do pessoal e impedir a disseminação de
microrganismos.

É importante a criação de uma diferença de pressão barométrica, com


pressão mais baixa na zona contaminada. O ar deve fluir sempre do lado limpo
para o lado sujo. O sistema de exaustão da área contaminada e da área limpa
devem ser independentes um do outro.

A entrada de ar fresco para a área limpa deve ser localizada o mais distante
possível da exaustão de incineradores e caldeiras e da exaustão da área
contaminada da própria lavandaria. A saída de ar deve ser de modo a não
contaminar os serviços adjacentes. O adequado é que o ar, antes de ser lançado
na atmosfera, passe através de uma cortina de água com produtos especiais
para a purificação, evitando que se torne fonte de contaminação.

Para captar calor e humidade nos locais de origem, é conveniente a previsão


de uma coifa sobre a calandra, com altura máxima de 60 cm acima da mesma e
outros exaustores próximos às lavadoras, secadoras e prensas.

A exaustão das secadoras deve ser feita por tubos amplos (pelo menos 8
polegadas) e possuir uma ou mais portas para inspeção e limpeza periódica. No
caso de saída do ar para fora do edifício, deve-se construir uma caixa com porta

Data da última revisão: Outubro de 2015


253

de tela fina, para reter as felpas que se desprendem das roupas durante a
secagem.

EQUIPAMENTOS, MAQUINARIA E INFRAESTRUTURAS:

Equipamentos e outras Infraestruturas mínimas necessárias para o bom


funcionamento de uma lavandaria:

Os equipamentos mínimos necessários para o bom funcionamento de uma


lavandaria são: lavadoras, centrífugas, calandras, secadoras, prensas e máquinas
de costura. Além disso são necessários termômetros, termostatos e relógios
marcadores de tempo (cronômetros). Não menos importante, são a rede de
esgoto viável, energia elétrica suficiente, iluminação, ventilação e exaustão
adequada, além de caldeiras, para aquecimento da grande quantidade de água
necessária, e ar comprimido para as máquinas. Todas as janelas da lavandaria
deveriam ser providas de tela, para evitar entrada de insetos.

Lavadora de desinfeção térmica e/ou térmico-química: É uma máquina de


lavar com duas portas, composta por tambores de aço inox; mecanismo de
reversão equilibrado; dispositivo automático para impedir a abertura
simultânea de ambas as portas e fluxo de ar, dentro da máquina, regulado por
válvula, de modo a permitir a aspiração do ar da área limpa, durante o
escoamento da água, e a expulsão do ar contaminado para a área contaminada.

Em muitas lavandarias das UCCI não existem máquinas de dupla porta. Nesses
casos recomenda-se que existam procedimentos escritos de descontaminação
da máquina (parte frontal dos botões, porta e fecho) após a introdução da
roupa suja. O objetivo é que quando se retire a roupa lavada não se
recontamine após o profissional ter contaminado as suas mãos ao abrir e
manipular a máquina.

Data da última revisão: Outubro de 2015


254

Cada fase dentro das máquinas de lavagem da roupa deve seguir padrões de
temperatura e tempo bem definidos. As temperaturas mais elevadas ocorrem
na fase de lavagem, devendo a água permanecer em temperaturas mais baixas
durante as demais fases, para não danificar excessivamente a roupa. Deve ser
acrescentado ao programa mais 5 - 8’ para que toda a roupa atinja a
temperatura desejada.

Centrífuga ou extratora. É a máquina usada para eliminar ou extrair até 40% da


água da roupa saída da lavadora. É constituída por dois cilindros, um fixo
externo e um giratório interno e perfurado.

Lavadora extratora: É a máquina de lavar que incorpora a centrifugagem à


própria lavadora.

Calandra: É um equipamento que se destina a secar e passar a roupa ao mesmo


tempo. É constituído de dois ou mais cilindros de metal que giram dentro de
calhas fixas de ferro, aquecidas a vapor ou eletricidade. É provida de dispositivo
que para os cilindros automaticamente, evitando acidentes com as mãos do
operador. A roupa, passando sob pressão, entre a calha aquecida e o cilindro
girando, seca e fica sem rugas.

Secadora: É um equipamento para secar roupas. Possui dois cilindros, um


interno, giratório, que movimenta a roupa, e outro externo fixo. Os filtros da
máquina de secar a roupa devem ser limpos após cada processo de secagem,
pois o acumular de penugem e poeira nestes filtros poderia recontaminar a
roupa ou espalhar-se para o ambiente. Os filtros da máquina de secar a roupa
devem ser limpos após cada processo de secagem, pois o acumular de penugem
e poeira nestes filtros poderia recontaminar a roupa ou espalhar-se para o
ambiente.

Prensa: Destina-se a passar roupa pessoal. Consta de mesa de tela metálica,


revestida de algodão, onde é estendida a roupa. A parte superior, que é uma
Data da última revisão: Outubro de 2015
255

chapa metálica, aquecida a alta temperatura, desce, exercendo pressão sobre a


peça a ser passada.

Balança: Instrumento utilizado para determinar o peso da roupa usada e dos


produtos de lavagem. Normalmente são do tipo plataforma para pesagem da
roupa, e tipo doméstica para pesar os produtos químicos de lavagem.

Carros de recolha ou trolleys e carros de transporte de roupa entre os serviços


e a lavandaria:

São carrinhos feitos de estrutura metálica, nos quais são encaixados sacos de
tecido. São usados durante a mudança de roupa das camas, nos quais as roupas
sujas são colocadas. Máquina de costura: equipamento destinado ao reparo das
peças danificadas ou à confeção de novas.

PROCESSAMENTO DA ROUPA

Processos: Antes, Durante e Depois da manipulação de roupa:

Os cuidados na prevenção de contaminação do meio ambiente e pessoal


devem iniciar-se com a retirada das roupas das camas, das macas, das
instalações sanitárias e de outras superfícies, com técnica correta de dobragem,
de forma que a parte mais suja fique no centro da peça e o próprio tecido já se
transforme em uma primeira barreira de proteção.

A contaminação pode ocorrer no momento de retirada das peças de seus


locais de uso, na colocação inadequada nos sacos, na recolha inadequada, no
transporte em carros abertos, no cruzamento de roupas sujas e limpas e na
utilização inadequada dos EPI’s. O contacto direto com as secreções e fluidos
corporais presentes nas roupas e a agitação das peças constituem os principais
mecanismos de contaminação. Para evitar esta contaminação, as roupas devem
ser manipuladas o menos possível, as precauções com fluidos e secreções

Data da última revisão: Outubro de 2015


256

devem ser universais, e as técnicas e rotinas devem ser rigorosamente seguidas


para cada etapa do processamento das roupas.

Deve-se assegurar que não sejam embalados objetos como instrumentos,


agulhas ou materias diversos junto com a roupa suja. O maior risco para os
trabalhadores da área de saúde, para a aquisição de infeções transmitidas pelo
sangue ou secreções (hepatite, HIV etc.), se dá através de acidentes com
perfuração e/ou corte por material contaminado.

Triagem da roupa usada nos serviços/setores

Deve ser feita junto ao utente, em função:

Da presença de matéria orgânica (deve sofrer pré-lavagem antes do ciclo


de lavagem/desinfeção térmica);
Da termosensibilidade ou termoresistência da roupa (deve ser lavada a
temperatura baixa e após lavagem, ser submetida a um ciclo de desinfeção
química em máquina).
Roupas pessoais dos utentes - devem ser lavadas com temperatura
aceitável para o tipo de fibras, de modo a não encolherem ou ficarem
danificadas.
Fardamento dos profissionais - deve ser tratado em ciclo de lavagem
diferente da roupa dos utentes.
As cortinas separadoras ou outras - devem ser lavadas de acordo com as
indicações do fabricante, preferencialmente, em máquina sem ciclo de
centrifugação para não as danificar e aumentar a sua vida útil.
Deve ser contida em saco próprio de modo a permitir o seu transporte
seguro até à lavandaria
Os sacos devem ser cheios apenas a 2/3 da sua capacidade permitindo o
seu encerramento correto.

Data da última revisão: Outubro de 2015


257

Roupa molhada e com matéria orgânica em grande quantidade ou roupa


de doentes que receberam citostáticos a menos de 48 h – recolher em saco de
plástico (verde ou outra cor que seja diferente dos sacos do lixo) - é colocada
diretamente na máquina;
Roupa termo-sensível (cobertores, resguardos de borracha, roupões,
cortinas): é identificada no saco de transporte para ser lavada a frio ou morno, e
ser sujeita depois, a desinfeção química complementar;
Os sacos solúveis em água foram vistos como uma possibilidade de diminuir o
manuseio das roupas na separação pré-lavagem. Porém, suas desvantagens
superaram este objetivo, não sendo mais recomendado o seu uso. Estes sacos
necessitam água quente para se dissolverem, o que prejudica a retirada de
manchas dos tecidos, além de que, frequentemente provocavam avarias nas
máquinas de lavar.

Recolha: A recolha geralmente é realizada em horários pré-estabelecidos, uma


vez que a roupa suja deve permanecer o menor tempo possível na Unidade.
Durante esta operação, o funcionário responsável por esta tarefa deve usar
luvas de borracha e máscara. A roupa suja deve ser colocada direta e
imediatamente no carro de roupa suja ou trolley, em sacos de tecidos fortes de
algodão ou náilon (para a roupa usada seca), e saco de plástico (para conter as
roupas contaminadas com matéria orgânica ou muito molhada). Após fechado,
o saco de roupas sujas é retirado do trolley e colocado em carro próprio que,
completa a sua capacidade, transporta a roupa até a receção da lavandaria. Os
carros usados na remoção dos sacos de roupa suja não podem ser os mesmos
utilizados para o transporte de roupa limpa.

Transporte da roupa usada:

Suportes rodados para os sacos

Data da última revisão: Outubro de 2015


258

Existem nos serviços suportes adequados para os sacos de roupa suja, de


modo a que a recolha possa ser feita junto da cama do doente.
Do ponto de vista microbiológico não é necessário que os carros tenham
tampa.
A tampa pode ser desejável por questões de estética e de cheiro. Deve
ser sempre acionada por pedal.

Armazenamento dos sacos nos serviços:

Deve existir em cada serviço, ou piso, ou departamento, um local próprio


para guardar os sacos de roupa suja (corretamente encerrados), até serem
removidos e transportados para a lavandaria.
Este local deve ser arejado, com sistema de renovação de ar e lavatório
para as mãos.
Os sacos contendo roupa suja são removidos pelo menos uma vez por
dia, de manhã no fim dos cuidados de higiene dos doentes.

Transporte da roupa suja entre os serviços e a Lavandaria:

Os sacos de roupa suja não devem ser atirados de forma violenta,


evitando a libertação de partículas e aerossóis contaminados.
O transporte deve ser feito em carros próprios fechados mas podem ser
abertos, se os sacos estiverem devidamente encerrados e acondicionados.
O carro que transporta a roupa suja não deve ser usado no transporte da
roupa limpa. Estes carros devem ser higienizados diariamente.

Receção da roupa suja na lavandaria:

Na área de receção da roupa suja, a roupa é retirada do carro de transporte,


a fim de ser separada e pesada e posteriormente colocada na máquina. O

Data da última revisão: Outubro de 2015


259

manuseio da roupa suja deve ser o mínimo possível, apenas o necessário para
perfeita colocação das roupas na máquina e para identificação de objetos
estranhos colocados erradamente nos sacos de transporte. Seria recomendável
o uso de detetor de metais, para evitar o manuseio excessivo. As roupas não
deveriam ser contadas, também para evitar mais manuseio.

Os funcionários responsáveis pela receção, separação e seleção da roupa suja


devem usar farda especial que os proteja do contacto com a roupa suja, ou seja,
avental impermeável, luvas de borracha, gorro, botas de borracha, máscaras e
óculos de proteção.

É importante também lembrar o risco de transmissão de infeções em cabelos


e pelos, causadas por parasitas, como por exemplo pediculose, especialmente
para os homens que têm barba. A frequente lavagem de mãos pelo pessoal que
manuseia a roupa suja também é essencial para a prevenção das infeções.

Os acidentes por cortoperfurantes representam um sério risco de aquisição


de infeções transmitidas pelo sangue e outros fluidos corporais (vírus HIV,
hepatites e outros) para os funcionários que manuseiam roupa suja, nas quais
podem ter sido inadvertidamente desprezadas agulhas ou outros materiais
cortantes contaminados. Os sacos de transporte devem ser identificados nos
sectores da Unidade de procedência. No caso de serem encontrados objetos
estranhos dentro dos sacos, as unidades poderiam ser alertados, como medida
educacional, no sentido de evitar que estas falhas se repitam, colocando em
risco a saúde ocupacional dos funcionários da lavandaria, além de danificar
roupas e máquinas. Estas medidas são extremamente necessárias.

Separação / contagem da roupa suja na lavandaria:

A roupa suja não deve nunca ser contada nos serviços em nenhuma
circunstância.

Data da última revisão: Outubro de 2015


260

A separação e contagem devem ser feitas na própria lavandaria, em local


próprio e fisicamente separado, com condições de ventilação apropriadas, com
lavatório para as mãos e duche para os profissionais desta área.
O pessoal que efetua esta tarefa deve estar informado sobre os riscos
associados e deve dispor de vestuário de proteção apropriado, incluindo botas
de borracha.
A roupa suja não deve ser manuseada depois de contida nos sacos, mas
sim, colocada diretamente nas máquinas de lavar.
É preferível optar por um sistema de pesagem dos sacos de roupa suja
associado ao sistema de reposição por níveis para evitar o manuseamento da
roupa suja na lavandaria.
Na área de separação, os sacos de roupa suja são pesados e o resultado
do peso é registrado em ficha própria, para controlo de custos das diversas
áreas da Unidade (se aplicável).
A roupa é classificada de acordo com o grau de sujidade, tipo de tecido e
cor e termoresistência. Essa classificação tem a finalidade de agrupar a roupa
que pode ser lavada em conjunto e a que terá o mesmo acabamento.
Na separação, é indispensável que todas as peças de roupa sejam
cuidadosamente abertas, para a retirada de instrumentos, próteses, óculos,
comida e outros objetos que porventura estejam no meio das roupas. Desta
forma evita-se que estes elementos estranhos entrem no processo de lavagem,
causando danos às máquinas e ao próprio processo.

Pesagem (se aplicável): Após a separação, a roupa é pesada e agrupada em


lotes ou fardos correspondentes a uma fração da capacidade da máquina, em
geral 80% de sua capacidade de lavagem, além de ser identificado quanto ao
tipo de processamento a que deverá ser submetido.

Data da última revisão: Outubro de 2015


261

A pesagem da roupa é indispensável para indicar a carga correta das


lavadoras, o peso da roupa recebida de cada Unidade para a contabilidade de
custos, e, facilitar a determinação das fórmulas mais adequadas de lavagem.

Após a pesagem, os fardos ou sacos de roupa devem ser levados até a(s)
lavadora(s), onde todo o material necessário para a lavagem deve ser colocado
à mão, para evitar desperdício de tempo e energia.

Classificação da sujidade

É importante classificar as sujidade para se adotar o método correto de eliminá-


las. De forma geral a sujidade classifica-se em:

Sujidade solúvel na água (açúcares, sais, sucos de frutas, corantes, etc...):


a sua eliminação efetua-se basicamente por enxaguamento.
Sujidade saponificável (matérias gordurosas): a ação do calor, combinada
com a dos álcalis e a agitação mecânica, amolece as gorduras, saponifica-as e
remove-as.
Sujidade emulsionável (óleos minerais): a sua estrutura química só
permite sua eliminação através da emulsificação, por ação dos tensoativos.
Sujidade eliminadas por via física (areia, fuligem, poeira): a sua
eliminação ocorre pela ação mecânica combinada com o poder humectante de
um produto tensioativo.
Sujidade eliminada por descoloração (chá, café, vinho, medicamentos):
não é removível pois tinge a fibra. É necessário, então, destruir a cor através de
agentes de branqueamento (hipoclorito de sódio, perborato de sódio e outros).
Sujidade ou matérias albuminóides (albumina, sangue, plasma):
coagulam e dissolvem-se através do calor e soluções alcalinas.

Data da última revisão: Outubro de 2015


262

Processo de lavagem da roupa suja

Lavagem: É o processo que consiste na eliminação da sujidade aderente à


roupa, deixando-a com aspeto e cheiro agradáveis, nível bacteriológico reduzido
ao mínimo aceitável e confortável para o uso. O processo de lavagem mecânica
da roupa associado ao uso de água quente e detergente efetivos é o processo
de eleição para lavagem de toda a roupa nas UCCI, para remover a
contaminação bacteriana da roupa. É realizado na área suja. O ciclo a ser
empregue no processo de lavagem é determinado de acordo com o grau de
sujidade, tipo da roupa, tipo de equipamento da lavandaria e dos produtos
utilizados. Ainda que os ciclos de lavagem sejam em função da sujidade
presente, das máquinas disponíveis, do tipo de tecidos/fibras, dos produtos,
encontram-se em todos os ciclos, todas ou partes das operações apresentadas
de seguida. O tempo, temperatura e o nível da água devem ser bem
combinados em cada etapa para evitar prejuízo para a roupa ou para o
equipamento, ou mau resultado. Existem vários processos de lavagem de roupa,
daí a necessidade da classificação da mesma, que é feita dependendo do grau
de sujidade, do tipo de tecido e do tipo de equipamento.

Cada fase dentro das máquinas de lavagem da roupa deve seguir padrões de
temperatura e tempo bem definidos. As temperaturas mais elevadas ocorrem
na fase de lavagem, devendo a água permanecer em temperaturas mais baixas
durante as demais fases, para não danificar excessivamente a roupa.

Basicamente, deve-se distinguir os processos de lavagem em ciclos para


lavagem de roupa com sujidade leve ou sujidade pesada, dependendo da
quantidade de sujidade aparente na roupa. Toda roupa com mais de três pontos
de sujidade visível de sangue, fezes, urina, secreções e outros fluidos já pode ser
considerada roupa de sujidade pesada.

Data da última revisão: Outubro de 2015


263

Ciclo para lavagem de roupa com sujidade leve:


Lavagem
Alvejamento/desinfeção
1º Enxaguamento e 2º enxaguamento
Acidulação
Amaciante/desinfeção

Ciclo para lavagem de roupa com sujidade pesada:


humectação
1º Enxaguamento e 2º enxaguamento
Pré-lavagens
Enxague
Alvejamento/desinfeção
Lavagem
1º Enxaguamento e 2º enxaguamento
Acidulação
Amaciamento /desinfeção

Os produtos químicos utilizados na fase de lavagem são o detergente.


Durante o alvejamento são utilizados produtos que contém cloro, como
hipoclorito de sódio ou outro de acordo com o tipo de roupa e cores. Esta fase
colabora para o branqueamento da roupa e fundamentalmente para a redução
da sua contaminação microbiana.

A acidulação consiste em adicionar um produto ácido, em geral a base de


ácido acético, para baixar o pH e neutralizar os resíduos alcalinos da roupa.

Na última fase, de amaciamento, são adicionados produtos à base de


glicerina para produzir o amolecimento ou elasticidade das fibras, tornando o
tecido suave e macio.

Data da última revisão: Outubro de 2015


264

Na fase de secagem, a temperatura da máquina varia de 20 a 150ºC. Os


filtros da máquina secadora devem ser limpos a cada processo de secagem, pois
o acúmulo de penugem e poeira nestes filtros poderia recontaminar a roupa ou
espalhar-se para o ambiente.

As máquinas que fazem todas as operações inclusive a secagem, são as mais


indicadas na prevenção contra a contaminação, pois evitam o transporte da
roupa já lavada de uma máquina para outra, por exemplo, da máquina lavadora
para a máquina secadora e daí para a calandra.

Após a operação de lavagem a roupa passa por processos de centrifugação,


calandragem, secagem e prensagem. Todos estes processos se efetuam na área
limpa da lavandaria. É fundamental que os funcionários desta área não entrem
em contato com os outros que estão trabalhando na área suja. Os funcionários
da área limpa devem usar uniformes específicos para esta área. Também não
devem existir correntes de ar entre as áreas suja e limpa.

Etapas do processamento da roupa após a lavagem

Centrifugação: Representa um ponto de recontaminação da roupa, devido ao


facto de que a centrífuga aspira centenas de metros cúbicos de ar ambiente, o
qual estando contaminado, necessariamente aumentará o número de
microrganismos na roupa. A carga de roupa lavada é distribuída uniformemente
dentro do tambor, na sua capacidade.
A colocação é feita em pequenos montes de roupa, ajustados, em peso
equilibrado, para evitar que o tambor, ao girar, se afaste do eixo, no ponto mais
pesado, levando à desregulagem do equipamento e da roupa, por torção ou
repuxo.

Data da última revisão: Outubro de 2015


265

Em geral, o peso da roupa lavada reduz 60%, após centrifugada, devido a


eliminação da água. Terminada a centrifugação a roupa é retirada, selecionada,
colocada em carrinho e encaminhada à secagem, ou tratamento adequado a
cada tipo.
Na seleção, considera-se os seguintes aspetos: tipo de tecido (liso, felpudo,
algodão, acrílico, etc); tipo de roupa (lençol, toalha, roupa de vestir, etc);
qualidade da limpeza (se requer nova lavagem ou não devido a permanência de
manchas). A roupa destinada à secadora é colocada em carrinho próprio. O
mesmo é feito com os lençóis.
O seguinte quadro, extraído dos estudos de Church e Loosli, demonstra
claramente a centrifugação como ponto de recontaminação:

Etapas: Microrganismos por cm2 de tecido


Antes da lavagem: 2.000
Após a lavagem: 10
Após a centrifugação: 2.300
Após a calandragem: 30

Calandragem (se aplicável): A fase de calandragem é extremamente necessária


no processo de descontaminação da roupa. A temperatura da calandra deve
chegar a 160ºC. As roupas que não podem ir para a calandra, devem ser
passadas pelo método de ferro elétrico, para que recebam mais um processo de
descontaminação.
É a operação que seca e passa ao mesmo tempo as pecas de roupa lisa
(lençóis, colchas leves, campos, etc.). Após aquecimento, a calandra geralmente
é operada continuamente, para evitar desperdício de energia. Geralmente são
necessários dois operadores para colocar a roupa molhada, e dois para retirar e
dobrar a roupa seca. Durante a retirada da roupa da calandra, é feita uma

Data da última revisão: Outubro de 2015


266

seleção das pecas danificadas, que deverão ser posteriormente encaminhadas


ao setor de costura para reparo ou baixa.

Secagem em Secadoras: Toalhas, roupas de vestir, cobertores, peças pequenas


ou outras são secas na máquina secadora. Depois de secar, as roupas são
retiradas da secadora e colocadas em carros apropriados, a fim de serem
encaminhadas para as mesas de dobragem e posteriormente para a rouparia
para repouso. Durante a dobragem, as roupas danificadas vão sendo separadas
para serem encaminhadas para o setor de costura para conserto ou baixa.

Prensagem (se aplicável): As fardas e outras peças que não são passíveis de
serem colocadas em calandras ou que tenham detalhes como vincos, são
passadas na tábua ou prensa. Após passadas, são colocadas em cabides e
encaminhadas para a rouparia.

Passagem a Ferro: Usado apenas eventualmente, ou para melhorar o


acabamento de alguma roupa. Não é muito comum o seu uso, pois é pouco
económico, sob o ponto de vista de consumo de tempo, energia elétrica e física.
Mas a decisão nas UCCI deve ser feita de acordo com as necessidades
Institucionais.

Armazenagem da roupa limpa na rouparia da Unidade: A armazenagem da


roupa limpa geralmente é feita num setor da rouparia. Neste setor é feito o
controlo da roupa limpa, da quantidade de roupa e da sua distribuição de forma
adequada, em quantidade e qualidade, às diversas áreas da Unidades. É na
rouparia que é feito o armazenamento (repouso) da roupa, distribuição e
costura, incluindo conserto, baixa e reaproveitamento.

Data da última revisão: Outubro de 2015


267

Distribuição da Roupa Limpa:


A roupa limpa deve ser transportada de forma a evitar a recontaminação,
através de carro vedado, não permitindo entrada de poeira durante o
transporte. Cada Unidade deve ter definido um nível de roupa para reposição
de stocks nas rouparias sectoriais (nos serviços ou áreas ou pisos). Teoricamente
o cálculo das quantidades de roupa segue a seguinte ideia: Uma muda fica na
cama do utente, outra fica na estante ou carro-prateleira, na área de rouparia
dos serviços, como stock de reserva para apenas um dia, enquanto há outra
peça na lavandaria em processamento.
É comum existir um nível fixo de roupa para cada Unidade, pré-estabelecida
em função das necessidades estimadas.
Durante o armazenamento, deve-se evitar a recontaminação da roupa limpa,
isolando-a dos locais da roupa suja. O local para armazenagem da roupa limpa
deve estar protegido de intensa circulação de ar, em salas limpas, fechadas. Os
armários para stock da roupa limpa devem ser fechados, não permitindo
entrada de poeira e insetos. Quanto maior for o período de stock, maior será a
probabilidade de re-contaminação da roupa. Conforme já citado, pelos estudos
de Church e Loosli, as roupas limpas podem sofrer diferentes níveis de
recontaminação a partir de dois dias. O período de armazenagem por princípio,
pode ser estabelecido em 24 a 48 horas.
O stock da maior parte da roupa limpa deve ser centralizado na lavandaria. As
unidades ou enfermarias devem possuir um stock de roupa para mais ou menos
24 a 48 horas.
A distribuição da roupa limpa deveria, portanto, ser feita 1 vez ao dia para o
fornecimento principal e, se necessário, outras vezes para complementar as
necessidades de alguns setores.

Costura: As peças de roupa danificadas, aproveitáveis, são reparadas e


recolocadas em uso. O conserto precoce amplia a vida útil da roupa.

Data da última revisão: Outubro de 2015


268

As peças danificadas, não aproveitáveis, recebem baixa, porém algumas podem


ser transformadas noutras peças úteis, como por exemplo uma toalha estragada
que pode ser transformada em luvas de banho, um lençol de adulto em panos
de limpeza ou panos de secagem de material ou outras. Após o conserto, a
roupa volta a ser lavada.

Roupa lavada: O transporte da roupa lavada é feito em carros próprios,


higienizados periodicamente. A roupa limpa é manuseada o menos possível e é
transportada embrulhada em embalagens de plástico ou coberta em carro
próprio. Nos serviços deve evitar-se a recontaminação da roupa limpa, isolando-
a dos locais da roupa suja. A roupa é guardada em local limpo, seco e com
temperatura e humidade controlada, protegido de intensa circulação de ar, de
preferência em armário fechado, para evitar a entrada de insetos/poeiras.

Cortinados separadores:

Programa de lavagem regular e rotatica por serviços.


Lavagem SOS – se cortinados com sangue ou outramatéria orgânica.
Residentes com estirpes MMR/ou em isolamento – lavagem após a alta.
Lavagem em máquina sem ciclo de centrifugação.
Lavagem manual: desinfeção pós-lavagem.

Indicadores de Qualidade no Circuito da Roupa:


Existe uma norma para uniformização da triagem, acondicionamento,
transporte e tratamento da roupa;
Essa norma foi divulgada em todos os serviços;
Todos os serviços têm cópia da norma em local de fácil consulta;
Existe caderno de encargos com cláusulas especiais relativas ao CI (se
houver compra de serviço ao exterior);

Data da última revisão: Outubro de 2015


269

A roupa suja constitui uma fonte potencial de agentes patogénicos,


devendo por isso ser manuseada e tratada de forma apropriada;
O risco de transmissão de infeção através da roupa é baixo, mas a
abordagem dos riscos do circuito deve ser feita com bom senso;
Os profissionais desta área devem ter formação específica;
A roupa é removida nos serviços com o mínimo de agitação possível, para
minimizar a contaminação do ar e das pessoas que a estão a manipular;
A roupa com matéria orgânica é removida pela parte não conspurcada,
enrolando ou dobrando de modo a conter as zonas conspurcadas no centro do
“embrulho”;
A roupa suja é introduzida no saco apropriado, junto da cama do doente,
isenta de luvas, agulhas, pensos, instrumentos;
A triagem da roupa é feita em função dos tratamentos diferentes a que
as roupas são submetidas para remoção da sujidade;
O pessoal que manuseia a roupa suja remove o avental e máscara e lava
as mãos no fim desta tarefa.
As condições ambientais de uma lavandaria têm grande influência na
prevenção de doenças profissionais e acidentes, já que compreendem medidas
de proteção coletiva. A alta temperatura, humidade, excesso ou escassez de
luminosidade, ruídos e vibrações, comuns em ambientes de lavandaria, podem
causar tontura, mal-estar, dor de cabeça, fadiga e outros. O controle adequado
da temperatura, humidade, luminosidade, insolação, ventos dominantes e
renovação de ar, contribuem para o conforto dos profissionais. A lavandaria é
uma área que compreende um conjunto de maquinaria característico que
geralmente provoca muito ruído e vibração, devendo, portanto ter tratamento
acústico e as máquinas devem ser fixadas ao piso a fim de diminuir a
transmissão das vibrações.

Data da última revisão: Outubro de 2015


270

Questões básicas de Avaliação do Circuito da Roupa:


É feita uma auditoria regular e/ou periódica às práticas de triagem,
acondicionamento, transporte e tratamento da roupa?
O Núcleo Local de controlo de infeção colabora nessa avaliação?
Os equipamentos da lavandaria e rouparia são adequados às
necessidades?
Os métodos de lavagem e os produtos utilizados são os adequados?
Há um sistema de controlo da qualidade microbiológica da roupa lavada?
Se sim, está estabelecida a periodicidade desta avaliação e quem
participa nesse controlo?
É frequente aparecer roupa lavada, com manchas, cabelos ou sujidade
seca aderente?
A roupa lavada é guardada protegida do pó e sujidade dentro dos
sectores e/ou áreas?
Os coordenadores da Unidade são informados acerca dos problemas que
surgem no circuito da roupa?
É feita formação contínua a todos os profissionais para a execução das
atividades e dos processos neste circuito.

Fardamento dos profissionais:

http://www.google.pt/search?hl=pt-PT

O fardamento dos profissionais deve ser tratado preferencialmente na


lavandaria da Unidade.

Data da última revisão: Outubro de 2015


271

Cada profissional deve ter no mínimo, 2-3 fardas, de modo a poder ser
higienizado em tempo oportuno.
Quer as fardas sejam tratadas dentro ou fora da Unidade, devem ser
adequadamente etiquetadas, com a identificação dos profissionais.
Se os profissionais tiverem que lavar as fardas em casa, a Unidade deve
fornecer a estes, uma recomendação escrita, com instruções precisas sobre a
higienização da roupa em casa.
Os profissionais devem ter cacifo para guardar as suas roupas e objetos
pessoais.

Fonte:http://www.google.pt/search?hl=pt-PT

Recomendações para lavagem do fardamento em casa:

Não misturar o fardamento com a restante roupa da família, sobretudo,


com roupas de criança ou de familiares doentes.
O ideal será que o fardamento seja lavado em máquina, a uma
temperatura suportável pelo mesmo;
Não sendo possível lavar em máquina, por uma questão económica, a
roupa é lavada manualmente.
Se o fardamento for lavado manualmente aconselha-se o seguinte:
O profissional deve adaptar em casa uma bacia ou outro recipiente
específico, só para a lavagem do fardamento;
Imergir o fardamento na bacia ou recipiente com água quente e
detergente apropriado;

Data da última revisão: Outubro de 2015


272

Deixar atuar o calor da água e o detergente durante pelo menos 10-15


minutos;
De seguida, despejar esta água na sanita ou em pia de despejos se a tiver
e passar a bacia por água;
Voltar a imergir o fardamento em água quente com desinfetante
apropriado para o tipo de roupa, considerando a cor e tipo de tecidos
(hipoclorito de sódio - lixívia de roupa de cor ou lixívia para roupa branca,
usando luvas de tipo doméstico e cumprindo as regras de diluição
apresentadas na embalagem;
Voltar a despejar esta água na sanita ou em pia de despejos se a tiver;
Enxaguar o fardamento por pelo menos 2 a 3 vezes com água limpa e pôr
a secar (em máquina ou ao ar livre);
Passar a ferro e guardar o fardamento protegido do pó da casa.

Data da última revisão: Outubro de 2015


273

4.4.5 Obras de renovaçao e construçao


Introdução

O Núcleo Local do PPCIRA deve ser informado das obras previstas na instituição e
dar a sua concordância prévia depois de ter analisado a complexidade da obra em
termos de produção de poeiras/entulho e da sua duração e ainda da avaliação do risco
para os doentes. As obras novas podem ser menos complicadas do que as renovações.
O planeamento e execução de obras de construção e renovação devem ter o
acompanhamento de uma equipa multidisciplinar que inclui as profissionais de
controlo de infeção.

Esta equipa deve participar em todas as fases do processo e assegurar que a


estruturas criadas:

 Vão facilitar a prática do controlo de infeção;


 Minimizar o risco para os doentes, visitas, profissionais e os próprios;
trabalhadores da obra, durante a execução;
 Minimizar o risco devido ao não funcionamento ou inacessibilidade de alguns
serviços cujo encerramento ou não-funcionamento pode ser necessário por causa das
obras em curso;

Os principais erros que se verificam no desenho e construção das unidades de saúde


são:

 Entradas de ar em locais inapropriados número inadequado de renovações de


ar sistema de tratamento de ar que em alguns locais, são desligados aos fins de
semana ausência de instalações (quartos/áreas) de isolamento de proteção e de
contenção, com as infraestruturas inerentes inadequada colocação de lavatórios para
as mãos, em locais não estratégicos e lavatórios e torneiras inadequados não
colocação de lavatórios na área de prestação de cuidados, gabinetes de consulta,
 Zonas sujas e limpas nas áreas de internamento, nas copas e refeitórios dos
doentes, etc.;
 Portas demasiado estreitas;
274

 Ausência de barreiras sanitárias em serviços como esterilização, lavandaria;


 Ausência de locais para armazenamento de contentores de resíduos e de roupa
suja, enquanto aguardam transporte para o exterior dos serviços;
 Zonas de sujos mal dimensionadas e sem lavatórios;
 Sistema de tratamento de ar que podem mudar de pressão positiva para
negativa;

É por esse motivo que se torna essencial que haja um acompanhamento


multidisciplinar desde o início. O Núcleo Local do PPCIRA deve poder pronunciar-se em
todas as fases da obra.

Objetivos

Alertar os profissionais para as questões relativas à execução de obras nas


unidades de saúde, com relevância para a prevenção e controlo das infeções.

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados
Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Responsáveis da Áreas Hoteleiras
 Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Núcleo Local de Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos e
respetivos membros dinamizadores;
 Médicos, enfermeiros, farmacêuticos ou técnicos que executem procedimentos
onde seja necessária a execução de obras.
2) Pela revisão do procedimento:
275

 Núcleo Local do GCL-PPCIRA.

Siglas
 GCL- Grupo Coordenador Local
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos
Antimicrobianos
 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas

Definições e Conceitos

1) Contrato público: contrato a título oneroso, celebrado por escrito entre uma
entidade adjudicante e um operador económico, com vista à execução de
empreitadas, ao fornecimento de produtos ou à prestação de serviços.
2) Concessão (de obras e de serviços): contrato que difere do contrato público
pelo facto de a remuneração do operador económico consistir, quer unicamente num
direito de exploração, quer nesse direito acompanhado de um pagamento.
3) Entidade adjudicante: o Estado, as autarquias locais ou regionais, os
organismos de direito público (e respetivas associações) com competência para lançar
um concurso público.
4) Operador económico: um empreiteiro, um fornecedor ou um prestador de
serviços que responde a um concurso.

FASES DA OBRA

FASE DE PLANEAMENTO

Na fase inicial do planeamento, é necessário definir as necessidades de espaço, a


ventilação, acabamentos do pavimento, tetos, paredes, número e tipo de quartos de
276

isolamento, número e localização de lavatórios para as mãos, localização dos


dispensadores de sabão e de toalhetes e recipientes para toalhetes usados, zonas
sujas, armazenamento de limpos e de equipamento móvel.

As paredes e tetos: devem ser lisas e laváveis. As coberturas de vinil aumentam o risco
de acumulação de humidade e contaminação por fungos.

Os pavimentos: devem ser resistentes aos desinfetantes e aguentar lavagens


frequentes. No caso de locais onde pode haver água (blocos, cozinhas) devem ser anti-
derrapantes. Deve-se evitar juntas mas se existirem todas as juntas devem ser seladas.
Aqui o vinil parece ser o material mais apropriado. Se se utilizar tijoleira é importante
que as sejam preenchido com material impermeável. As junções estre paredes,
pavimentos e tetos devem ser arqueadas e embutidas.

Os lavatórios: devem ser colocados em locais acessíveis. todas as superfícies


adjacentes devem ser não-porosas para não favorecer o desenvolvimento de fungos.
Devem respeitar uma distância mínima em relação às camas (15 pés) aos cadeirões de
doentes (25 pés) e áreas de prestação de cuidados e armazenamento de materiais (36
polegadas). Se não for possível respeitar esses espaços, deve-se colocar separadores
de modo a conter os salpicos e aerossóis. As áreas por baixo dos lavatórios não devem
ser ocupadas (com exceção dos materiais de limpeza).

Vidoirs de despejo: também aqui é muito importante conter os aerossóis e salpicos e


deve ser considerada a colocação de separadores.

Contentores de corto-perfurantes: será desejável que se conceba locais apropriados


para colocação destes contentores de modo que sejam acessíveis e com facilidade de
277

visualização do conteúdo (para se saber quando devem ser substituídos) mas a seguro
de quedas inadvertidas.

Quartos de isolamento: de contenção e de proteção com ou sem antecâmara. No caso


de pressão negativa (contenção) deve ter 12 renovações/hora e não é necessária
antecâmara.

Todas as frinchas devem ser seladas. A saída de ar deve ser para o exterior, longe
dos locais de circulação de pessoas. Deve ter casa de banho própria e lavatório para as
mãos. Nos EUA recomenda-se um quarto de isolamento por cada 30 camas.

No caso de isolamento de proteção deve-se usar filtros HEPA (99,97% de eficiência),


pressão positiva com pelo menos 12 renovações/hora. as entradas de ar devem ficar a
uma distância de pelo menos 8 metros das saídas de ar.

As entradas devem ficar a pelo menos 2 metros do chão ou 1 metro acima do nível
do teto. Tomar cuidado de verificar que as entradas ficam afastadas de saídas da
esterilização, câmaras de fluxo laminar, incineradores, etc..

É desejável uma antecâmara onde será colocado um lavatório e o material de


proteção.

As portas automáticas favorecem a manutenção correta do ar condicionado.

Devem ser instalados sistemas que permitem controlar a pressão. Prever locais para
manter os contentores de roupa e resíduos.

Salas de espera: avaliar as necessidades de renovação de ar.

Circulação: definir os circuitos de doentes, profissionais, visitas, limpos e sujos de


modo a evitar cruzamentos desnecessários.

INÍCIO DA OBRA
278

Barreiras de contenção

Deve ser feita uma avaliação de produção prevista de entulho e poeiras. No Inverno
o risco de Aspergilose é menor de modo que é preferível limitar as obras no Verão. A
fim de conter as poeiras e resíduos devem ser colocadas barreiras estanques.

Todas as frinchas devem ser seladas e devem ser colocadas barreiras em todas as
portas. Para o efeito usa-se folhas de plástico resistentes ao fogo, seladas ao nível do
teto e uma sobreposição de pelo menos metro e meio para permitir a passagem de
pessoas sem facilitar a entrada das poeiras.

Quando a obra tem uma duração superior a 3 ou 4 dias, a produção de poeiras é


maior e a barreira terá que ser rígida e selada. Deve ser estabelecido um plano para a
altura da remoção destas barreiras que também liberta muito pó.

Controlo de circulação

Os locais de entrada e saída devem ser claramente definidos e devem estar


sinalizadas.

As passagens devem estar livres de poeiras e entulho.

A circulação dentro da obra deve ser limitada a pessoas autorizadas.

Demolição

O entulho deve ser removido diariamente.

Os carros que removem o entulho devem circular fechados, com horário


estabelecido previamente.
279

Vibração e ruído

Todas as manobras que produzem vibrações, além de fazerem ruído favorecem a


deslocação de pó e outro resíduos contidos nos tetos falsos e outras superfícies.

Pode também soltar a corrosão dentro das canalizações. Pode ser necessário fazer
uma aspiração dos locais e uma limpeza das canalizações no final das obras.

Monitorização

O enfermeiro de controlo de infeção (ECI) deve visitar regularmente o local para


verificar o cumprimento das regras estabelecidas.

A observação visual permite identificar falhas: acumulação de pó evidenciada pelas


marcas dos sapatos no chão, portas ou janelas abertas facilitando a entrada de
moscas/mosquitos, chão molhado, acumulação de entulho, etc.

Deve ser verificado o estado das barreiras e selagem das mesmas.

É também necessário registar as avarias que possam surgir ou mesmo a inutilização


de alguns materiais/equipamentos.

Esta monitorização pode ser necessária fora de horas de trabalho ou durante o fim
de semana.

Contaminação das áreas adjacentes

Para minimizar esse risco os trabalhadores da obra devem usar roupa de trabalho e
removê-la antes de sair. Se não for o caso, a roupa deve ser sacudida/aspirada antes
da saída. Os equipamentos devem ser limpos com pano húmido antes de saírem da
área. Deve ser estabelecido um local para armazenagem dos materiais/equipamentos
da obra.

Doentes
280

Se for possível restringir a admissão de doentes imunodeprimidos durante as fases


de maior produção de pó será o ideal. Se isso não for possível estes doentes devem ser
colocados em áreas o mais possível longe da zona de produção de pó.

A frequência de limpeza das áreas de doentes deve ser estabelecida em função das
necessidades. A circulação de doentes deve ser limitada e feita nas alturas de menor
atividade na obra, não sendo possível de evitar deve ser restringida ao máximo os
tempos de espera e permanência próximo das áreas de construção e, se for caso disso,
os doentes devem usar máscara, as feridas devem ser cobertas e devem ser tomadas
outras medidas para assegurar a minimização do risco de contaminação.

Pode ser necessário desligar sistemas de tratamento de ar, fornecimento de água. O


re-início destes deve ser precedido das limpezas apropriadas.

Emergências

Por vezes, durante as obras há inundações, fugas, “desabamentos” etc.. No caso das
inundações a recomendação é de remover todos os materiais antes das 24/48 horas,
descontaminar a área com um hipoclorito e forçar a secagem.

As paredes são descontaminadas com uma diluição de 1:9 de um composto com


cobre-8-quinolinato aplicado sob pressão. As juntas devem ser verificadas para
assegurar que não houve entrada de água.

Se a demora for superior a 48 horas é necessário inutilizar as coberturas do


pavimento ou das paredes porque não é possível evitar a contaminação com fungos.

FINAL DA OBRA
Deve ser elaborada uma “check-list” para assegurar que todos os requisitos foram
cumpridos. A limpeza terminal deve ser controlada pela equipa de controlo de infeção.
A necessidade de substituir os filtros dos sistemas de tratamento de ar nas áreas
adjacentes deve ser avaliada assim como das canalizações, tetos falsos, Entre outros.
Verificar se as torneiras funcionam, se o fluxo de ar corresponde ao estabelecido.
281

Deixar correr a água durante algumas horas para remover os detritos que possam
ter ficado acumulados.
Nas primeiras semanas fazer visitas regulares para assegurar que está tudo sob
controlo.
282

4.4.6 Desinfestaçao e controlo de pragas

Introdução

As pragas constituem uma ameaça séria para a inocuidade dos alimentos. Podem
produzir-se infestações de pragas quando existe condições ambientais adequadas e
acesso a alimentos. Há estudos que revelam que as pragas consomem e destroem
cerca de 40% da produção alimentar. Os produtos e empresas de desinfestação
devem: não ter cheiro, não ser prejudicial à saúde; a empresa deve ter técnicos com
formação profissional adequada e constante, respeitar todas as normas de segurança e
o meio ambiente utilizando apenas produtos não agressivos. No controlo efetivo de
agentes infestantes devem adotar-se boas práticas de higiene de forma a evitar o
desenvolvimento de um meio adequado ao aparecimento de pragas. Podem-se reduzir
ao mínimo estas condições mediante um bom saneamento, a inspeção dos materiais
introduzidos e matérias-primas e uma ação de vigilância. A UCCI deve formar um grupo
de trabalho para organizar caderno de encargos para a prestação de serviços.

O Núcleo Local do PPCIRA deve pode participar no grupo de trabalho com


colaboração de um Farmacêutico e/ou Técnico de Farmácia.

Por conterem substâncias tóxicas, os desinfetantes têm orientações específicas de


uso e armazenamento para o eficaz controlo de pragas incómodas e nocivas à saúde
humana. Além disso, esses produtos devem ser registrados como Biocidas na DGS e ter
no rótulo informações como categoria de uso, descrição da eficácia, modo de usar e
precauções.
283

Os desinfetantes devem ser armazenados em embalagens quimicamente


compatíveis com o produto e de difícil rutura. Os recipientes vazios devem ser
inutilizados, pois mantêm resíduos após a utilização. Em caso de acidentes, o
consumidor deve seguir as orientações de socorro que constam no rótulo e as
indicações do INEM.

Objetivos
Alertar os profissionais para as questões relativas á desinfestação nas Unidades e
sua relação com a prevenção e controlo da infeção;

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados
Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Núcleo Local de Controlo de Infeção e respetivos membros dinamizadores;
 Médicos, enfermeiros, farmacêuticos ou técnicos que executem procedimentos
onde seja necessário desinfeção de pele ou mucosas.

2) Pela revisão do procedimento:

 Núcleo Local do GCL-PPCIRA.


284

Siglas
 GCL- Grupo Coordenador Local

 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos


Antimicrobianos

 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados

 UMP – União das Misericórdias Portuguesas

Definições e conceitos
Desinfestação: Qualquer processo físico ou químico por meio do qual são destruídos
ou eliminados artrópodes ou roedores indesejáveis causadores de doenças, que se
encontram no corpo de uma pessoa, na roupa, no ambiente ou em animais
domésticos. (fonte: ACSS in: Glossário de Terminologia de Vigilância Epidemiológica
(Mercosul, 1999), 2005). Pode definir-se como um conjunto de ações e metodologias
utilizadas para prevenir a infestação e debelar uma praga já instalada em determinado
local. Destruição de insetos, parasitas, roedores ou outros seres vivos que possam ser
prejudiciais nos locais onde habitam. É um conjunto de intervenções de carácter
preventivo que obedecem a um programa de trabalho previamente estabelecido. Não
se circunscreve a respostas pontuais a solicitações pontuais.
Agente fumigante - substância ou mistura de substâncias que apresentam
propriedade de volatização quando submetidas à ação do calor ou de outra fonte
adequada de energia, destinadas ao tratamento de um ambiente, mediante a
liberação de uma quantidade adequada do princípio ativo e eventuais carreadores.

Aplicação espacial - aplicação de um produto no ar ambiente, atingindo diretamente


insetos voadores incômodos ou nocivos à saúde e atuando, também, contra outras
pragas a serem controladas.

Aplicação residual - aplicação de um produto nos locais de trânsito de pragas, com


formulações cujos ingredientes permaneçam ativos por período prolongado de tempo
(semanas ou meses).
285

Atraente - substância utilizada para atrair a praga alvo e induzi-la a ingerir a isca ou
entrar em contato com o princípio ativo ou facilitar sua captura.

Avaliação toxicológica - estudo dos dados biológicos, bioquímicos e toxicológicos de


uma substância ou de um produto por sua atuação em animais de laboratório e em
outros sistemas de provas, com o objetivo de extrapolar os resultados para a espécie
humana.

Avaliação de risco - estudo qualitativo e qualitativo onde são considerados os dados


toxicológicos, o tipo de dano causado, as doses utilizadas e os efeitos correspondentes,
bem como os dados de exposição e de eficácia para inferir o grau de segurança do
produto.

Componentes complementares de Formulação - substâncias que não sendo


ingredientes ativos, nem sinergistas, são utilizadas na formulação com a finalidade de
auxiliar na obtenção das qualidades desejadas do produto, mantendo suas
características físicas e químicas durante o prazo de validade e também para facilitar
seu emprego. Neste conceito estão incluídos, entre outros, os diluentes, os
estabilizantes, os aditivos, os coadjuvantes, os sinergistas e as substâncias inertes.

Entidade especializada - empresa autorizada pelo poder público para efetuar serviços
com a utilização de produtos devidamente registrados no Ministério da Saúde,
observadas as restrições de uso e segurança, durante a sua aplicação.

Formulação - associação de ingredientes ativos, solventes, diluentes, coadjuvantes,


sinergistas, substâncias inertes e outros componentes complementares para obtenção
de um produto final útil e eficiente segundo seu propósito.

Ingrediente ativo ou principio ativo - substância presente na formulação para conferir


eficácia ao produto, segundo sua destinação.

Isca - forma de apresentação de um produto, geralmente associada a um atraente,


destinada a induzir o contato ou consumo pela praga alvo.
286

Produto formulado pronto para o uso - formulação que ao ser empregada, não
necessita de nenhum procedimento de diluição.

Produto fumigante - formulação que apresenta propriedade de volatização,


alcançando deste modo os insetos e outras pragas a serem controladas.

Produto técnico - substância obtida diretamente das matérias-primas, por um


processo de manufatura (químico, físico ou biológico) cuja composição contém
porcentagens definidas do ingrediente ativo, impurezas e aditivos.

Produtos de venda direta ao consumidor - são formulações de baixa toxicidade, com


uso considerado seguro de acordo com as recomendações de uso.

Produtos de venda restrita a entidades especializadas - são formulações que podem


estar prontas para uso ou podem estar mais concentradas para posterior diluição ou
outras manipulações autorizadas, em local adequado e por pessoal especializado da
empresa aplicadora, imediatamente antes de serem utilizadas para a aplicação.

Repelentes - são formulações destinadas à aplicação lenta e contínua, dos


componentes para repelir animais sinantrópicos.

Rotulagem: A rotulagem dos produtos desinfetantes domissanitários, inclusive com as


frases de advertência, precauções obrigatórias e indicações para uso médico, deve
seguir as indicações para uso médico, deve atender às disposições da legislação
vigente.

As frases "CUIDADO! PERIGOSO (inseticidas e Repelentes) e CUIDADO! VENENO


com símbolo da caveira (Rodenticidas) "devem ser colocadas no painel principal na
face do rótulo imediatamente voltada para o consumidor, em destaque (negrito), na
cor preta, tendo as letras a altura mínima de 0,3 cm. Esta mensagem deve estar
inserida em um retângulo, de cor branca, localizado no painel principal e situado a
1/10 da altura acima da margem interior do rótulo. A frase "antes de usar leia com
atenção as instruções do rótulo", deve estar inserida logo abaixo da frase de
advertência.
287

Nos rótulos dos inseticidas domissanitários de venda restrita a entidades


especializadas deve constar, com destaque: PROIBIDA A VENDA DIRETA AO PÚBLICO,
localizada imediatamente abaixo do nome técnico, ocupando uma área igual a
ocupada pelo nome comercial ou no mínimo 1/10 da altura do painel principal.

O nome comum ou técnico do ingrediente ativo deve ser colocado no painel


principal, abaixo do nome comercial com no mínimo metade do tamanho, em
destaque.

O destaque no rótulo só será permitido para as pragas cujos testes de eficácia


forem apresentados.

Etapas do Controle Integrado de Roedores e Insetos

 Inspeção, Identificação das espécies, Diagnóstico, Controle químico, Controle


mecânico, Medidas preventivas e corretivas, Monitorização.

Operações de controlo de pragas:

 Desratização (ratos)
 Desbaratização (baratas)
 Desparatização (Pulgas e outros)
 Desformigação (formigas)
 Insetos
 Outros

Pulgas - 2 formas de eliminação

 1.ª - Se há hipótese de encerrar temporariamente a enfermaria: produto


tóxico microcapsulado mas mais eficiente: não se pode limpar durante as 48 horas a
seguir e durante a 1.ª 1/2 h. - 45 `não se pode pisar o chão pelo perigo de escorregar.
 2.ª - Se não se pode encerrar a enfermaria: produto não tóxico.
288

Formigas:

 O produto é sempre tóxico e se a “praga” abranger todo o serviço só pode ser


feita a erradicação após encerrar o mesmo.
289

Controlo químico:

Questões a considerar antes de elaborar o caderno de encargos/norma interna:

 Conhecer bem todas as áreas da Unidade de Saúde;


 Saber quais os tipos de produtos que se podem utilizar nessas áreas – apoio da
Farmácia;
 A periodicidade de desinfestação necessária;
 O tempo que dura o procedimento - organização dos serviços.

Medidas para impedir o acesso de pragas

 É necessário manter as instalações em bom estado de higiene e conservação;


 Colocar proteções nas janelas, portas e nas caleiras dos esgotos;
 Não permitir a entrada de animais e plantas;
 Não permitir a entrada de cartonagens para as zonas de conservação e
preparação de alimentos.
290

A desinfestação obedece às seguintes regras:

 Colocar os produtos em embalagens fechadas, não encostadas às paredes e


assentes sobre estrados;
 Remover periodicamente os resíduos e manter as zonas de depósitos dos
mesmos higienizadas;
 Uso de produtos adequados e empregues por pessoal credenciado;
 Arrumar os produtos em local fechado e isolado dos alimentos e dos materiais
que entrem em contacto com eles.

Vigilância e deteção:

Devem examinar-se periodicamente as instalações e as zonas circundantes a fim de


detetar possíveis infestações.

Erradicação:

As infestações por pragas devem combater-se imediatamente e sem prejuízo da


inocuidade e aptidão dos alimentos. O tratamento com produtos químicos, físicos ou
biológicos devem realizar-se de maneira a que não represente uma ameaça para os
alimentos.

Pontos adicionais a considerar:

 Elaboração de plano escrito;


 O nome do técnico e empresa que aplica o sistema de desinfestação;
 A lista dos produtos químicos usados, sua concentração, o local de aplicação, o
método usado e a frequência de aplicação;
 Um mapa de aplicação dos iscos;
 O tipo e frequência de inspeção para verificação da eficácia do sistema;
 Conhecimento do local dos iscos;
 Plano de desinfestação;
 Produtos compatíveis com a indústria alimentar;
291

 Possuir fichas técnicas acerca dos produtos usados;


 Proteger alimentos, materiais e utensílios.

Normas a cumprir durante os procedimentos de desbaratização:

Nas cozinhas e áreas de alimentação:

 Retirar todos os alimentos;


 Proteger com plásticos todos os utensílios de uso corrente;
 Não lavar as instalações durante as 2 horas anteriores à desinfestação;
 Após ao tratamento lavar todos os materiais que possam ter sido contaminados
(mesas, bancadas, etc.);
 Limpar com água e detergente o excesso ou derrame do pulverizado, não
usando lixívia nem produtos à base de amoníaco na 1.ª lavagem após a desinfestação;
 Afastar das paredes, os frigoríficos ou outros mecanismos produtores de calor;
 Não lavar as instalações nas 48 horas a seguir à desinfestação;
 Não se justifica uma periodicidade de desbaratização pré-estabelecida mas sim
apenas quando surge a “praga”.
Nota: As últimas recomendações são válidas para todas as áreas.

O Relatório técnico deve conter:

 Nome e marca do produto;

 Identificação da categoria (venda direta ao consumidor / entidade


especializada);

 Composição qualitativa e quantitativa do produto expressa em concentração


percentual (peso/peso ou peso/volume);

 Para todos os componentes da formulação deverão ser informados: nome


químico e nome comum, devendo o nome químico ser indicado de forma constante
nas listas publicadas pelo órgão registrante; no caso de produtos novos, ainda não
constantes nas listas, o nome químico deverá ser de acordo com a nomenclatura ISO,
292

sempre em português. O nome comum deverá ser escrito em letras maiúsculas, na


grafia internacional, e o correspondente em português, indicando a entidade que o
aprovou. Acrescentar sinonímias, número C.A.S. (Chemical Abstracts Service), fórmula
estrutural, fórmula bruta e suas respetivas funções na formulação;

 Descrição da embalagem primária e secundária;

 Descrição do sistema de identificação do lote ou partida;

 Metodologia de análise do (s) princípio (s) ativo (s) e sua determinação no


produto formulado;

 Grau de pureza e procedência do (s) produto (s) técnico (s);

 Identidade, concentração e toxicidade, quando aplicável, das impurezas


presentes no (s) produto (s) técnico (s);

 Classe segundo a atividade contra a praga alvo, grupo químico e modo de ação;

 Modo de usar e restrições de uso;

 Forma de apresentação; características físicas e químicas da formulação;


incompatibilidades físico-químicas com outras substâncias;

 Indicação das pragas contra as quais é recomendado;

 Laudo do espectro de tamanho de partículas para os produtos premidos;

 Determinação da DL50 oral para produtos de venda direta ao consumidor;

 Dados toxicológicos, para produtos inseticidas de venda restrita à entidades


especializadas, envolvendo aspetos de toxicidade aguda: DL 50 dérmica, DL 50 oral,
irritabilidade Dérmica, Ocular e Sensibilidade Cutânea;

 Avaliação de risco por exposição humana incluindo dados sobre toxicidade,


relação entre dose e efeitos, exposição com dados sobre liberação e permanência,
estimativa do risco e cálculo da margem de segurança segundo os usos indicados
(anexos 7);

 Provas de eficácia do produto na diluição final de uso, em relação às pragas


contra as quais é indicado com detalhes da experimentação.
293

 Os laudos dos testes realizados com o produto técnico e/ou formulado devem
ser acompanhados de análise química quantitativa e qualitativa de responsabilidade
do laboratório executor dos laudos;

 Dados que comprovem a estabilidade do produto pelo prazo de validade


pretendido;

 Métodos de desativação e descarte do produto e da embalagem de modo a


impedir que os resíduos remanescentes, provoquem riscos à saúde humana e ao meio
ambiente;

 Sumário das informações toxicológicas relativas aos cuidados com a saúde


humana, com destaque para os primeiros socorros, tratamento médico de emergência
e antídoto para cada formulação, a ser incluído no rótulo.

Desinfestação – Etapas aconselhadas para a compra de serviços:

 Elaboração do caderno de encargos;


 Abertura de concurso público;
 Análise das propostas;
 Seleção da empresa prestadora de serviços;
 Elaboração do plano de desinfestação;
 Comunicar aos chefes e coordenadores de serviço as datas de desinfestação
com 1-2 semanas de antecedência;
 Informar os profissionais de limpeza e da alimentação sobre as regras a cumprir
após a desinfestação;
 Acompanhar todas as intervenções na UCCI.

Proposta para Comissão de análise para elaboração do caderno de encargos:

 Representante do Núcleo Local do PPCIRA


 Gestor dos Serviços Hoteleiros
 Representante dos Serviços Farmacêuticos
 Supervisor das Áreas Hoteleiras
294

 Representante do SHSST

Caderno de encargos: cláusulas especiais:

 Os concorrentes devem apresentar a calendarização anual de tratamentos que


se propõem efetuar.
 O adjudicatário obriga-se a inspecionar pelo menos mensalmente, todas as
instalações com o objetivo de detetar vestígios de agentes infestantes.
 Para além das intervenções de carácter programado, o adjudicatário obriga-se
a responder a solicitações de carácter pontual que vão surgindo quer resultem da ação
anterior quer tenham outras causas.
 A coordenação dessas solicitações será feita pelos Serviços Hoteleiros.
 O adjudicatário obriga-se a responder no prazo máximo de 24 horas a qualquer
solicitação, desde que expressa pelos S. Hoteleiros e por estes classificada como
urgente.
 Todas as intervenções/tratamentos serão acompanhadas por um supervisor da
área hoteleira.
 Com a proposta, o adjudicatário deverá apresentar e submeter à apreciação da
UCCI, um relatório técnico relativo a produtos e métodos a utilizar (para ratos, baratas,
formigas, etc.).
Este relatório deverá incluir, entre outros aspetos:

 A designação, composição e grau de toxicidade dos produtos;


 As respetivas fichas técnicas;
 E a autorização de utilização devidamente homologados;
 As precauções a ter em conta relativamente a pessoas e bens aquando da sua
utilização.
295

Relatório de prestação de serviços:

Todas as intervenções ou inspeções executadas pelo adjudicatário serão objeto de


relatório de onde deve constar:

 Descrição dos locais inspecionados;


 Identificação de eventuais medidas preconizadas;
 Identificação dos tratamentos efetuados incluindo os produtos aplicados;
 Recomendações/precauções a observar;
 Data e rubrica do representante do adjudicatário e do representante da UCCI.

Responsabilidade Civil:

 O adjudicatário suportará por sua conta e risco todos os danos que resultarem
da sua atividade, relativamente a pessoas, bens e/ou instalações;
 Para o efeito deverá apresentar documento comprovativo de seguro de
responsabilidade civil.

Proposta:

 Calendarização dos tratamentos de acordo com os agentes infestantes;


 Identificação dos produtos a aplicar e respetivas informações técnicas;
 Descrição da metodologia preconizada;
 Identificação da equipa técnica responsável;
 Lista de clientes (outros Hospitais);
 Preços discriminados sem incluir IVA.
296

Seleção da Empresa – Critérios:

 Qualidade esperada da prestação: Periodicidade e horários apresentados nas


propostas; Produtos a utilizar e métodos de aplicação;
 Referências positivas de outras Unidades de Saúde acerca da prestação de
serviços das empresas concorrentes;
 Apresentação de declaração de Seguro da empresa;
 Preço proposto.
297

4.5 Política de Antissepticos


Introdução

Os antisséticos são usados largamente nas Unidades de Saúde. São formulações


germicidas de baixa causticidade, hipoalergénicas, destinadas à aplicação em pele e
mucosas. São consideradas adequadas as fórmulas aquosas (com ou sem detergente)
ou as hidroalcoólicas.

Fazem parte integrante das práticas de controlo de infeção e de segurança de


utentes e profissionais de saúde. Muitas preocupações sobre o potencial de riscos de
contaminação e infeção microbianas nos mercados do consumidor em geral e
alimentar também levaram ao aumento da utilização de antisséticos pelo público em
geral. Uma ampla variedade de agentes químicos ativos (ou "biocidas") encontra-se
nestes produtos, muitos dos quais foram utilizados por centenas de anos para
antisepsia e conservação.
O uso generalizado dos produtos antisséticos levou algumas especulações sobre o
desenvolvimento da resistência microbiana, em particular, a resistência aos
antibióticos. É importante observar que muitos desses biocidas podem ser utilizados
isoladamente ou em combinação em uma variedade de produtos, que variam
consideravelmente na atividade contra microrganismos.
A atividade antimicrobiana pode ser influenciada por vários fatores, tais como
efeitos de formulação, a presença de uma carga orgânica, sinergia, temperatura,
diluição, entre outros. Nenhuma solução antissética é ideal para uso em todas as
situações, por isso, a seleção deve ser feita com bom senso e de acordo com as
necessidades da Unidade.
Sendo esta matéria importante nas Unidades de Saúde pelo impacto nos cuidados e
nos custos, todas as Unidades de Saúde devem desenvolver a sua própria política de
antisséticos, de modo a reduzir o número de antisséticos em uso ao mínimo
indispensável. Esta questão é relevante, pois não só interfere na redução de custos,
como também, e essencialmente, na utilização racional e adequada destes produtos. A
política de antisséticos tem a vantagem de tornar o uso destes produtos custo-efetivo.
298

Todos os produtos biocidas devem estar registados na Direcção-Geral da Saúde de


acordo com a legislação vigente (Anexo I).

Objetivos

Uniformizar práticas na seleção e aplicação de antissépticos nas UCCI da UMP.

Âmbito

Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados


Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades

1) Pela implementação do Procedimento:


 Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsável e Elo de Ligação da Farmácia.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Núcleo Local do GCL PPCIRA e respetivos membros dinamizadores;
 Médicos, enfermeiros, farmacêuticos ou técnicos que executem procedimentos
onde seja necessário desinfeção de pele ou mucosas.

2) Pela revisão do procedimento:

 Núcleo Local do GCL-PPCIRA


299

Siglas
 GCL- Grupo Coordenador Local
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e das Resistências aos
Antimicrobianos
 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas
 MRSA – Stahylococcus aureus meticilina resistente
 CDC – Centers for Disease Control and Prevention

Definições e conceitos

Limpeza: Processo de remoção de toda a sujidade/ matéria orgânica de um objeto


animado ou inanimado, por ação mecânica, com água e sabão ou um detergente. Deve
preceder todas as aplicações de desinfetantes ou antissépticos.

Sabão: Composição resultante da mistura de sais de ácidos gordos e de bases


geralmente alcalinas, que se utiliza para lavar e desengordurar.

Inóculo infetante: Número de microrganismos necessários para provocar infeção. A


capacidade de provocar infeção relaciona-se com a patogenicidade de cada
microrganismo, modo de transmissão e resposta imunitária do hospedeiro, e não
apenas com o número de microrganismos.

Biofilme ou Biopelicula: É uma matriz polissacárida aniónica produzida pelas colónias


de diversos microrganismos que aderem às superfícies animadas e inanimadas,
envolvendo-as e protegendo-as fisicamente da ação dos desinfetantes, antissépticos e
antibióticos.

Biocida: Agente físico (ex.: calor, radiações gama) ou químico capaz de destruir ou
inviabilizar microrganismos. Analogamente definem-se “Germicida”, “Bactericida”,
“Esporicida”, “Fungicida”, “Virucida”. É um termo geral que descreve um agente
químico, geralmente de amplo espectro, que inativa microrganismos. Porque os
biocidas variam em atividade antimicrobiana, outros termos podem ser mais
específicos, incluindo "- estático," referindo-se aos agentes que inibem o crescimento
dos microrganismos (por exemplo, bacteriostáticos, fungistáticos e esporistatico) e "-
300

cidal," referindo-se aos agentes que matam o microrganismo de destino (por exemplo,
esporicida, virucida e bactericida).

Bactericida: Propriedade de um agente biocida em destruir bactérias.

Bacteriostático: Propriedade de um agente biocida em inibir a multiplicação


bacteriana. Ao terminar a ação residual do bacteriostático, a bactéria volta a
multiplicar-se. Analogamente definem-se “Fungistático”, “Esporostático”,
“Virustático”, “Germistático”.

Acção residual: Propriedade que um determinado agente biocida possui em continuar


ativo por um determinado período de tempo, após a sua aplicação.

Tempo de contacto (rapidez de ação): Tempo necessário para que um determinado


agente Biocida penetre num microrganismo e inicie o processo de destruição ou
inviabilização do mesmo.
Assépsia: Conjunto de medidas para impedir o aporte exógeno de microrganismos. Na
prática, assepsia significa ausência de microrganismos patogénicos viáveis num meio
animado ou inanimado.

Antissépsia: Processo de inativação ou eliminação dos microrganismos nos tecidos


vivos por aplicação direta de um agente.

Antissético: Produto químico (orgânico ou inorgânico) aplicável com segurança nos


tecidos vivos (ex.: pele, mucosas, feridas) com o objetivo de reduzir ou eliminar
microrganismos patogénicos. Não deve ser utilizado para outros fins, nomeadamente
materiais e superfícies. A maioria dos antisséticos atua sobretudo sobre a flora dita
transitória (superficial), possuindo pouca ou nenhuma atividade sobre a flora
"residente". Os principais efeitos indesejáveis dos antisséticos são a sua ação irritativa
sobre a pele e mucosas e o risco de reações de hipersensibilidade. Deve por isso evitar-
se o contacto com os olhos e a ingestão ou inalação acidental de antisséticos e
desinfetantes, uma vez que podem induzir problemas graves, por vezes mesmo fatais.
Resistência aos antisséticos e desinfetantes. Tal como acima referido, diferentes tipos
de microrganismos variam na sua resposta ao antisséptico e desinfetante. Isso é
devido a estrutura celular diferente, composição e fisiologia. Tradicionalmente,
301

suscetibilidade a antisséticos e desinfetantes foi classificada como base nessas


diferenças.
A resistência pode ser tanto uma propriedade natural de um microrganismo
(intrínseca) ou adquirida por mutação ou aquisição de plasmídeos (DNA auto-
replicação, extracromosomal) ou transportes (cromossômica ou plasmídeos
integrando, transmissíveis de cassetes de DNA). Resistência intrínseca é demonstrada
por bactérias gram negativo, esporos bacterianos, micobactérias e, sob certas
condições, Estafilococos. A resistência de plasmídeos adquiridos, é mais amplamente
associada com compostos de mercúrio e outros sais metálicos. Nos últimos anos, foi
observada resistência adquirida para outros tipos de biocidas,
nomeadamente Staphylococcus.
Mecanismos de Resistência: Para uma molécula anti-séptica ou desinfetante
chegar ao seu local de destino, as camadas externas de uma célula devem ser
ultrapassadas. A natureza e a composição dessas camadas dependem do tipo de
microrganismo e podem atuar como uma barreira de permeabilidade, na qual pode
haver uma absorção reduzida. Como alternativa, as enzimas podem agir sobre a
degradação de um composto. Resistência (inata) intrínseca: Bactérias gram
negativo tendem a ser mais resistentes do que as Gram positivo.

Descrição
De acordo com a “New and Non Official Drugs” (NND) a seleção de um antisséptico
deve considerar algumas propriedades e requisitos:
 Amplo espectro de ação – com ação germicida sobre os microrganismos da
flora residente e transitória;
 Ação rápida – com efeito germicida no menor tempo possível, dentro de 15
segundos ou numa única lavagem das mãos;
 Efeito residual – que propicie ação do antisséptico por várias horas após a
aplicação do produto;
 Efeito acumulativo – que produza aumento da atividade germicida depois de
sucessivas
302

 Aplicações. Esta característica é especialmente desejável para antisséticos


utilizados na lavagem das mãos;
 Baixa toxicidade – que o produto não cause irritação nem sensibilização da pele
pelo uso repetido e não-absorção sistêmica;
 Baixa inativação por matéria orgânica – que a ação germicida não seja afetada
pela presença de sangue, secreção purulenta ou sujidade;
 Ser estável e não corrosivo;
 Odor agradável e boa aceitação pelo utilizador;
 Custo acessível e disponibilidade no mercado local;
 Veiculação funcional em dispensadores ou embalagens de pronto uso.

As formulações dos antisséticos podem ser:

 Degermante, quando associada ao sabão (veículo detergente);


 Aquosa, quando em veículo aquoso;
 Hidroalcoólica, quando em veículo alcoólico.

Os resultados da aplicação de antisséticos são limitados aos microrganismos


presentes no momento da aplicação destes.

Dependendo da natureza do produto, os antisséticos agem:


 Sobre a membrana citoplasmática (ex: Clorexidina);
 Oxidação dos constituintes celulares (ex: hipocloritos e iodóforos);
 Fixação da membrana citoplasmática (ex: Formaldeído).
303

Tipo de Antisséticos quanto ao espectro de ação:


Antisséticos major: bactericidas e de largo espectro:
 Álcoois: etílico, isopropílico
 Biguanidos: clorohexidine
 Halogenados: derivados de iodo (iodopovidona); derivados do cloro (Dakin)
Antisséticos intermédios: bactericidas e espectro estreito:
 Amónios quaternários: cloreto de benzalcónio, etilsulfato de mecetrónio
Antisséticos minor: bacteriostáticos e espectro estreito:
 Carbanilidas: triclocarban
 Diamidinas : hexamidine
 Ácidos: ácido bórico (preparações),ácido salicílico
 Derivados metálicos: nitrato de prata, sulfatos de cobre e zinco

Parâmetros de apreciação de antisséticos

A) – Tipo de atividade:

Os agentes antimicrobianos podem exercer efeito de diversos modos:


 Inibição do crescimento – bacteriostático – ação reversível.
 Acção letal – bactericida, fungicida, etc.

A bacteriostase ou ação bactericida dependem de diversos fatores, como por exemplo,


a concentração e o tempo de contacto.

B) – Espectro de atividade:

O anti- séptico pode ser ativo sobre bactérias, fungos, vírus e esporos fúngicos ou
bacterianos. É muito importante a concentração e o tempo de contacto para obter o
efeito desejado.

C) – Eficácia: (ver Anexo II - Tabela com avaliação da eficácia dos anti- sépticos)

As condições de atividade máxima dependem da natureza do antisséptico,


concentração, temperatura, pH, presença de eletrólitos, matéria orgânica, surfatantes,
tempo de contacto e ecologia microbiana (espécie e número de agentes
contaminantes).
304

D) – Penetração e efeitos secundários

Pretende-se que o anti-séptico seja ativo sobre os microrganismos transitórios e


ainda sobre os microrganismos residentes das camadas profundas da pele. A
toxicidade pode ser aguda (geralmente acidental) ou crónica, devida ao uso
prolongado. Estes efeitos podem ser de irritação cutânea ou de sensibilização (alergia).

E) - Tipo de embalagem e rotulagem

O volume das embalagens devem ser o mais pequeno, consoante a previsão de


utilização ou de preferência, embalagens unidose. Devem ter um sistema de abertura
que evite a contaminação. O rótulo deve indicar a composição do produto, modo de
utilização, conservação e prazo de validade.

F) – Aceitabilidade

Para além dos aspetos relacionados com os efeitos secundários como a agressividade e
a alergenicidade, também é necessário ter em conta as características ao tato e o odor.

Critérios a considerar no momento de escolha de um antisséptico

 O antisséptico ideal deve cumprir com os seguintes critérios:


 Atividade de largo espectro;
 Baixa capacidade de gerar resistências;
 Não provocar toxicidade para os leucócitos na fase inflamatória inicial do
processo de cicatrização, nem para os fibroblastos e queratinocitos em fases
posteriores;
 Ter um início de atividade rápido;
 Não ser irritante nem sensibilizante;
 Não tingir os tecidos;
 Ser efetivo, até mesmo na presença de pus, exsudado e tecido esfacelado;
305

Fatores condicionantes de eficácia e segurança:

 Local de aplicação (integridade estrutural da pele intacta ou não / mucosa);


 Tipo e grau de contaminação;
 Características intrínsecas dos antisséticos (propriedades físico-químicas,
espectro de ação, mecanismo de ação, início de ação, atividade residual e toxicidade);
 Características extrínsecas dos antisséticos (concentração, temperatura e
presença de matéria orgânica).

Evitar intoxicações por antisséticos em utentes com demência: Guardar os


medicamentos e quaisquer outros produtos potencialmente tóxicos (bebidas
alcoólicas, produtos de limpeza, pesticidas, anti-sépticos) fora do alcance dos idosos e
outros utentes com demência; Não utilize embalagens vazias para guardar outros
produtos. Mantenha-os nas suas embalagens originais; Feche as embalagens e guarde
os produtos imediatamente após o uso, em local seguro. Não aplicar raticidas ou
outros pesticidas em locais acessíveis aos mesmos. Se ocorrer intoxicação por um
destes produtos - Ver anexo V - Instruções do INEM

Indicações para o uso de antisséticos na prática clínica

Princípios gerais: Os antisséticos são utilizados sobre a pele e mucosas, intactas ou


lesadas para:
 Reduzir o número de microrganismos presentes no local antes de um
procedimento invasivo; Remover ou destruir os agentes patogénicos das mãos do
prestador de cuidados;
 Evitar a proliferação de agentes patogénicos na pele lesada (queimaduras,
dermatoses infetadas);
 Tratar um portador ou dispersor de agente multirresistente.
306

Utilizar antisséticos sobre os tecidos vivos. É interdito o seu uso sobre materiais
(exceto conexões de perfusões, desinfeção de frascos de perfusão)

Tecidos vivos:

 Pele

 Mucosas

 Cavidades naturais

O uso de Antisséticos é recomendado para as seguintes situações:

Desinfeção das mãos: desinfeção por fricção e desinfeção das mãos da equipa
cirúrgica; Preparação da pele dos utentes para procedimentos invasivos: punção
venosa para administração de injetáveis, colheitas de sangue, colheita de sangue para
hemocultura, colocação de cateteres vasculares e cateteres urinários; Desinfeção pré-
operatória da pele, cabelo (neurocirurgia) e mucosas ocular, oral e vaginal. Controlo da
flora da pele no grande queimado.

O uso de anti- séptico não é recomendado:

Na execução do penso da ferida cirúrgica, tratamento de rotina de úlceras de


pressão, lavagem de feridas ou banho do doente acamado, salvo situações específicas
onde se recomenda o uso de clorohexidina sabão líquido, como a higiene do doente
neutropénico ou do doente portador de MRSA.

Considerações gerais para uma boa utilização dos antisséticos

Princípios básicos e precauções na utilização dos anti- sépticos

 A antissepsia pratica-se em tecidos limpos (após uma limpeza, enxaguamento e


secagem da zona a desinfetar);
 Limitar o número de Antisséticos utilizados no mesmo serviço;
 Limitar o armazenamento de grandes quantidades nos postos de cuidados;
307

 Nunca aplicar produtos que não sejam aconselhados pelo GCL-PPCIRA;


 Evitar os frascos com mais de ½ litro de capacidade. São recomendadas as
mono-doses;
 Os frascos opacos mantêm em melhores condições as soluções anti- sépticas.
 Existem Antisséticos que são inativados por sabões aniónicos, de grande
utilização em ambiente doméstico para o banho, lavagem de mãos, entre outros;
 Tendo estes produtos funções bem definidas, o utilizador deve ter
conhecimento da ficha técnica do produto, para uma utilização correta e em
segurança. O seu uso incorreto, aumenta o risco de não atingir o objetivo desejado ou
causar reações adversas ao doente. Isto implica conhecer bem a composição do
produto empregue e respeitar os protocolos de utilização, concentrações e
incompatibilidades - modo de emprego, concentração e tempo de contacto do anti-
séptico; Respeitar o tempo de atuação de cada produto; Respeitar as datas de
validade, e armazenar segundo as recomendações ao abrigo da luz e do calor
(principalmente se for inflamável);
 Indicar a data de abertura do frasco. Respeitar a duração de utilização após
abertura do produto – não exceder o tempo de validade pós abertura (soluções
aquosas);
 Respeitar as contra- indicações para os doentes (idade, compatibilidade com
os tecidos,…) - Vigiar a tolerância no local de aplicação - Assegurar que o doente não é
alérgico;
 Manipular as embalagens com precaução: não tocar na abertura do frasco com
os dedos ou objetos sujos, fechar o frasco após cada utilização;
 Individualizar os Antisséticos utilizados nos doentes em isolamento de
contacto;
 Rejeitar os frascos após a alta do doente em isolamento;
 Utilizar de preferência doses unitárias ou embalagens pequenas (limpar os
frascos entre duas utilizações);
 Para procedimentos invasivos, os Antisséticos devem ser aplicados com
compressas estéreis e luvas ou com técnica no touch, no sentido da área de incisão
para a periferia;
308

 O gargalo do frasco nunca deve contactar com a compressa ou a superfície a


aplicar o anti- séptico; o produto deve ser vertido diretamente; Pode aplicar-se o anti-
séptico mediante a utilização de uma compressa, evitando o contacto direto com o
frasco;
 Nunca perfazer o volume de um frasco semi cheio com o volume de um outro;
 Nunca voltar a colocar o antissético no frasco depois de ter sido retirado;
 Fechar os frascos após utilização para evitar a evaporação do produto e a
contaminação pelo meio ambiente.
 Nunca misturar no mesmo recipiente antisséticos de natureza distinta;
 Não aplicar dois antisséticos um a seguir ao outro, ou em simultâneo, a não ser
em procedimentos específicos. Por exemplo, aplicar iodopovidona 4% sabão líquido
para limpeza da pele em Urgência e de seguida aplicar iodopovidona a 10% como anti-
séptico na preparação da pele para cirurgia ou colocação de cateter). Se for necessário
usar um sabão antimicrobiano para limpeza da pele e de seguida, outro anti- séptico
após a mesma (ex: colocação de próteses ou implentes/Transplantes) deve utilizar-se o
sabão antimicrobiano e o antisséptico com os mesmos princípios ativos;

Política de Anti- sépticos

Soluções hidroalcoólicas

 Solução de etilsulfato de mecetrónio em propanol com emoliente


 Cloreto de benzalcónio em propanol (em spray)
 Cloreto de benzalcónio em propanol (solução corada)
 Álcool etílico a 70%;
 Iodopovidona em isopropanol .

Soluções aquosas

 Cloro-hexidina a 4% - sabão líquido;


 Gluconato de clorohexidina a 2% em toalhetes;
 Cloro-hexidina a 0,2% solução dental;
 Iodopovidona a 10% - solução dérmica;
309

 Iodopovidona a 5% -solução oftálmica;


 Iodopovidona a 10% - solução ginecológica.

Antisséticos não disponíveis:

 Só devem ser fornecidos mediante justificação que será avaliada pelo GCL-
PPCIRA

Indicadores de processo:
 Níveis de consumo de antisséticos pelos serviços/áreas;
 Auditoria às práticas de utilização de antisséticos.

Documentos Relacionados com a presente Política – Recomendações:

Higienização das mãos; Prevenção e Controlo de Colonização e Infeção por


Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina (MRSA) nos Hospitais e Unidades de
Internamento de Cuidados Continuados Integrados (DGS); prevenção e controlo da
infeção no doente algaliado; prevenção da infeção associada a Cateteres
intravasculares; Prevenção da infeção do local cirúrgico; Recomendações na área das
Feridas.

Antisséticos em feridas:

Considera-se que todas as feridas crónicas estão contaminadas. Uma ferida está
colonizada, quando na sua superfície existem microrganismos em multiplicação mas
sem produzir infeção. Considera-se uma ferida está infetada quando existe invasão e
multiplicação de microrganismos nos tecidos, ocasionando lesão local nas suas células,
e, quando se contabilizam mais de 100.000 colónias por grama de tecido, ou quando
existem sinais claros de osteomielite, infeção local ou geral. Os antisséticos não devem
ser utilizados de maneira sistemática no tratamento de feridas crónicas nem em
feridas sem sinais locais de infeção, já que, não existem evidências que justifiquem a
sua utilização sistemática em feridas crónicas infetadas. Neste âmbito, é impreterível
fazer um balanço risco/beneficio.
310

Por vezes tende-se a tratar as feridas crónicas da mesma forma que as feridas
agudas, quando o processo de cicatrização e as suas condicionantes são diferentes.

É necessário mais investigação que aponte para bases mais sólidas nesta matéria e
aumente o conhecimento dos profissionais sobre este assunto.

Algumas Instituições internacionais (ex: EPUAP) referem: “não usar Antisséticos em


feridas devido à sua toxicidade; os Antisséticos são inativados pela matéria orgânica;
os Antisséticos podem retirar o odor desagradável mas será que a toxicidade pode
ajudar no desbridamento?”.

A avaliação sistémica do utente e da ferida; limpeza da mesma com água corrente


morna e abundantemente; desbridamento do tecido desvitalizado e/ou necrosado;
remoção do excesso de exsudado; manutenção do tecido ulcerado húmido; técnica
asséptica na manipulação da ferida são as medidas básicas para tratamento de feridas.

Propõe-se as seguintes regras gerais de uso de antisséticos em feridas:

 Úlceras de pressão (crónicas): não usar antisséticos, porque:


Citotoxicidade dos antisséticos (atraso cicatrização)
Inibição da atividade antimicrobiana na presença de matéria orgânica
Risco de sensibilidade (eczema de contacto)
 Pele lesada (aguda): soluções aquosas:
Lesão limpa (sutura) nem sempre é necessário antissépsia
Lesão suja: antissépsia em 5 tempos
 Mucosas: soluções aquosas
 Pele sã: soluções hidro-alcoólicas

No ANEXO IV pode observar-se os Antisséticos padronizados disponíveis no mercado e as suas


caraterísticas.
311

Anexo I

Legislação portuguesa e europeia

Biocidas
Manual de Decisões para a Implementação da Diretiva 98/8/CE relativa à
colocação de produtos biocidas no mercado - 10.07.2008: MANUAL OF DECISIONS FOR
IMPLEMENTATION OF DIRECTIVE 98/8/EC CONCERNING THE PLACING ON THE MARKET
OF BIOCIDAL PRODUCTS”. 10.07.2008;
Manual de Decisões para a Implementação da Diretiva 98/8/CE relativa à
colocação de produtos biocidas no mercado - Fronteira entre produtos biocidas e
produtos fitofarmacêuticos e Fronteira entre produtos biocidas e produtos medicinais
e produtos medicinais veterinários - 20.12.2007; Fronteira entre produtos biocidas e
produtos cosméticos - 24.05.2004
Directive 98/8/EC of the European Parliament and of the Council.
Regulamento (UE) n.º 528/2012, de 22 de Maio, relativo à disponibilização no
mercado e à utilização de produtos biocidas, que substitui integralmente a Diretiva
98/8/CE, e que é aplicável a partir de 1 de setembro de 2013. Site europeu para
pesquisa: http://europa.eu.int/comm/environment/biocides/index.htm
DGS: “Colocação de produtos biocidas no mercado nacional”. 2012;
Geração in-situ de substâncias ativas biocidas - 30.07.2002
Materiais/artigos tratados e outros assuntos - 31.10.2003
Modo de ação e outros assuntos - 12.12.2005
Esclarecimento sobre QUATS (BKC e DDAC) - 08.09.2006
Medidas de mitigação de riscos para anticoagulantes usados como rodenticidas
- 21.03.2007
Avaliação de equivalência técnica de substâncias ativas biocidas - maio 2008
Post-annex I inclusion procedure - final.doc-31 May 2010
European Chemicals Agency - ECHA: Biocidal Products Regulation
Podutos de cosmética e higiene corporal: “Biocidal products and cosmetic
products”. Disponível em: http://ec.europa.eu/environment/biocides/index.htm
312

 DECRETO-LEI Nº 63/2008 DE 2 DE ABRIL: Regulamento para a classificação,


embalagem, rotulagem e ficha de dados de segurança.
 DECRETO-LEI Nº 112/2010 DE 20 DE OUTUBRO: Republicação do Decreto-Lei
Nº 121/2002 de 3 de Maio.
 DECRETO-LEI Nº 121/2002 DE 3 DE MAIO: Artigo 29º.
 DECRETO-LEI Nº 63/2008 DE 2 DE ABRIL: Artigo 4º - Anexo (Republicação do
Decreto-Lei Nº 82/2003 de 23 de Abril).AUTORIDADES COMPETENTES
 DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE (DGS): foi designada como Autoridade de
Coordenação Nacional- www.dgs.pt; INFARMED (normalização); ACSS (Gestão de
compras)
 DECRETO-LEI Nº 113/2010 DE 21 DE OUTUBRO: Alterações ao Decreto-Lei Nº
189/2008 de 24 de Setembro.
 DECRETO-LEI Nº 63/2012 DE 15 DE MARÇO: Alterações ao Decreto-Lei Nº
189/2008 de 24 de Setembro.
313

Anexo II

Tabela com avaliação da eficácia dos antisséticos

PRODUTO RAPIDEZ ACÇÃO


Gram + Gram - B.K. FUNGOS VÍRUS ESPOROS
DE ACÇÃO RESIDUAL
Álcool +++ +++ ++ ++ ++ + +++ 0

+++ ++ +/- + +/- ++ +++


Clorohexidina 0
Iodopovidona ++ 0?
+++ ++ ++ ++ ++ +

Cloreto de 0
+++ ++ +/- +/- +/- ++ +++
benzalcónio
Etilsulfato de 0
+++ ++ + ++ ++ ++ +++
mecetrónio
Legenda: 0 – sem efeito;
de “+/-” a “+++” – resposta da atividade do anti- séptico.
314

Anexo III
Características e exemplos de indicações dos antisséticos
315

Exemplos de Indicações de uso dos antisséticos (CONTINUAÇÃO)

Fonte: Hospital de Sta.Maria


316

ANEXO IV

Antisséticos padronizados

Álcool 70%

Na concentração a 70% é efetivo, resseca menos a pele e causa menos dermatites.


Possui boa atividade contra o bacilo da tuberculose, atuando ainda contra muitos
fungos e vírus incluindo vírus sincicial respiratório, hepatite B e HIV.

Vantagem: Ação bactericida contra formas vegetativas de microrganismos Gram


positivos e Gram negativos.

Desvantagem: É inativo contra esporos.

Uso: Higienização de mãos, na antissepsia da pele para punção venosa e para colheita
de sangue arterial ou venoso.

Principio Ativo: álcool etílico, álcool feniletílico, trietilenoglicol e propilenoglicol

Apresentação: Frasco 100 ml e frasco de 1000 ml.

Descrição para compra: Incolor, pronto para uso, uso hospitalar, para fins de
antissepsia da pele e desinfeção de superfícies fixas, em embalagem em frasco opaco
ou transparente de 500 e 1000 ml, com tampa de rosca que feche completamente;
com dados de identificação e procedência.

Embalagem que contenha dados de identificação, procedência, lote e validade.

Documentos necessários: Registo na DGS (Biocida), ficha técnica e ficha de segurança.

Gluconato de Clorexidina

Esta substância está disponível sob a forma de solução degermante, alcoólica e


aquosa.
317

Vantagem: Possui efeito bactericida para cocos Gram positivo e bacilos Gram negativo,
efeito virucida contra vírus lipofílicos (Influenza, Citomegalovírus, herpes, HIV) e ação
fungicida, mesmo na presença de sangue e demais fluidos corpororais; efeito residual
de aproximadamente 6-8 horas por ação cumulativa.

Principio Ativo: Gluconato de Clorexidina

Solução alcoólica de Clorexidina (0,5%)

Uso: utilizada na antissepsia complementar da pele no campo operatório, desinfeção


do loca de acesso venoso central e procedimentos invasivos (passagem de cateteres
venosos centrais, drenagem de tórax, toracocentese, biópsias, paracenteses, punção
lombar, etc).

Apresentação: Frasco 100 ml

Descrição para compra: Antisséptico dermatológico, para uso hospitalar. Embalagem


plástica descartável lacrada de 100 ml, com sistema de abertura que não necessite de
material cortante e permita após a abertura encaixe perfeito da tampa adicional que
deverá conter na embalagem, se for em sistema twist-off, que seja de fácil abertura, e
se for em sistema de tampa com furador, que a membrana seja de fácil penetração,
com ausência de corantes, conservantes e odores. Embalagem que contenha dados de
identificação, procedência, lote e validade.

Documentos necessários: Registo no Ministério da Saúde (DGS) para antisséticos e ficha


técnica.

Iodóforos

Soluções hidroalcoólicas para higiene das mãos (apresentações líquida, gel e


espuma):

Têm por finalidade reduzir a carga microbiana das mãos quando estas não estiverem
visivelmente sujas, podendo substituir a higienização com água e sabão.
318

Vantagem: Ação bactericida contra formas vegetativas de microrganismos Gram


positivo e Gram negativo.

Desvantagem: É inativo na presença de matéria orgânica.

Uso: Higienização de mãos.

Principio Ativo: álcool etílico, álcool feniletílico, trietilenoglicol e propilenoglicol.

Apresentação: Máximo de 500 ml.

Descrição para compra: Álcool etílico hidratado à base de gel, transparente, inodoro,
isento de material em suspensão que não deixe resíduos aderentes nas mãos, com
intervalo de 68% à 72% pp.

Embalagem que contenha dados de identificação, procedência, lote e validade.

Documentos necessários: Registro no Ministério da Saúde para antisséticos (DGS) e


ficha técnica.

Solução aquosa de Iodopovidina 10% com 1% de iodo livre

(polivinilpirolidona-iodo / PVPI Tópico)

Uso: para antissepsia de cirurgias de oftalmologia e de otorrinolaringologia.

Apresentação: Frasco 100ml.

Descrição para compra: Indicado para antissepsia complementar da pele, feridas


cirúrgicas, em frasco opaco de 100 ml, cuja tampa tenha haste presa no corpo da
embalagem, evitando com isso a perda da tampa e consequente contaminação do
antisséptico.

Embalagem que contenha dados de identificação, procedência, lote e validade.

Documentos necessários: Registo no Ministério da Saúde para antisséticos (DGS) e


ficha técnica.
319

Rotulagem - Os Antisséticos e desinfetantes devem conter no rótulo as seguintes


informações:

Prazo de validade; Nome do fabricante, e responsável técnico; Registo no Ministério da


Saúde A finalidade do produto; A quantidade; Modo de usar; Composição química
detalhada; Ingrediente químico ativo; Forma de conservação e armazenamento;
Advertência para não reutilização da embalagem; Precauções; Classe toxicológica, se
houver (classificação que representa o risco potencial para os seres humanos);
Instruções sobre o que fazer em caso de acidentes.
320

Anexo V

Recomendações do INEM no caso de acidentes por toxicidade de antisséticos e


desinfetantes
321

4.6 Política de Desinfetantes


Introdução

A utilização eficaz de desinfetantes (custo-efetiva), é parte de uma estratégia


multimodal para preveniras Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS). Ao
contrário dos anti- sépticos (uso em tecidos vivos), os desinfetantes são produtos com
ação sobre os materiais inertes como superfícies ambientais, material e equipamento
clinico entre outros. As falhas nos processos de desinfeção ou o uso inadequado de
desinfetantes são questões que podem constituir risco para a segurança do utente. Os
agentes químicos ativos ("biocidas"), têm sido utilizados por centenas de anos para
desinfeção e conservação. O uso generalizado atual de desinfetantes nas superfícies
ambientais e equipamentos nas unidades de saúde, tem levado os profissionais a
refletir sobre possível surgimento de resistências microbianas. Muitos dos biocidas
podem ser utilizados isoladamente ou em combinação em uma diversidade de
produtos que variam consideravelmente na atividade contra os microrganismos. A
atividade antimicrobiana pode ser influenciada por vários fatores, tais como efeitos de
formulação, a presença de carga orgânica, sinergia, temperatura, diluição, entre
outros. Para que estes sejam em número limitado, de eficácia de acordo com as
necessidades e utilizados de forma correta. Com este procedimento pretende-se que
as UCCI tenham orientações para elaborarem a sua própria política interna de
desinfetantes, que lhes permitam reduzir ao máximo possível o número de produtos
em uso, de acordo com as suas necessidades e procedimentos.

A limpeza é de fundamental importância para qualquer processo de desinfeção. É


uma forma de descontaminação que remove a matéria orgânica que interfere na
inativação microbiana, deixando a superfície livre para o uso ou o manuseio. A simples
ação física de esfregar com detergentes e produtos tensoativos e água já remove
grande parte dos microrganismos presentes nas superfícies. Se a superfície não for
limpa antes dos procedimentos de reutilização, o sucesso do processo de desinfeção é
comprometido. A limpeza e desinfeção das superfícies do ambiente (quando
322

necessário), visam proporcionar bem-estar e conforto aos utentes e profissionais de


saúde, e, são importantes como barreiras de controlo de infeção hospitalar.

Objetivos
Uniformizar práticas na seleção e aplicação de desinfetantes nas UCCI da UMP

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados Continuados
afetos à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
 Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsável e Elo de Ligação da Farmácia
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Núcleo Local do GCL PPCIRA e respetivos membros dinamizadores;
 Médicos, enfermeiros, farmacêuticos ou técnicos que executem procedimentos
onde seja necessário desinfeção de pele ou mucosas.

2) Pela revisão do procedimento:

 Núcleo Local do GCL-PPCIRA

Siglas
 CDC – Centers for Disease Control and Prevention
 GCL- Grupo Coordenador Local
 MRSA – Stahylococcus aureus meticilina resistente
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e das Resistências aos
Antimicrobianos
 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas
323

Definições e conceitos
Biocida: Agente físico (ex.: calor, radiações gama) ou químico capaz de destruir ou
inviabilizar microrganismos. Analogamente definem-se “Germicida”, “Bactericida”,
“Esporicida”, “Fungicida”, “Virucida”. É um termo geral que descreve um agente
químico, geralmente de amplo espectro, que inativa microrganismos. Porque os
biocidas variam em atividade antimicrobiana, há outros termos que são mais
específicos:

 "-estático," referindo-se aos agentes que inibem o crescimento dos


microrganismos (por exemplo, bacteriostáticos, fungistáticos e esporistatico);
 "-cida," referindo-se aos agentes que matam o microrganismo de destino (por
exemplo, esporicida, virucida e bactericida).

Bactericida: Propriedade de um agente biocida em destruir bactérias.

Bacteriostático: Propriedade de um agente biocida em inibir a multiplicação


bacteriana. Ao terminar a ação residual do bacteriostático, a bactéria volta a
multiplicar-se. Analogamente definem-se “Fungistático”, “Esporostático”,
“Virustático”, “Germistático”.

Ação residual: Propriedade que um determinado agente biocida possui em continuar


ativo por um determinado período de tempo, após a sua aplicação.

Tempo de contacto (rapidez de ação): Tempo necessário para que um determinado


agente Biocida penetre num microrganismo e inicie o processo de destruição ou
inviabilização do mesmo.
Desinfeção: É o processo de eliminação de formas vegetativas, existentes em
superfícies inanimadas, mediante a aplicação de agentes químicos e/ou físicos.

Desinfetante: O termo desinfetante deve reservar-se exclusivamente para denominar


as substâncias antimicrobianas utilizadas na desinfeção dos materiais inertes
(instrumentos cirúrgicos, por exemplo). A distinção entre estes dois termos na prática
não é contudo tão linear, uma vez que algumas preparações podem ser utilizadas quer
como anti-séptico, quer como desinfetante. O desinfetante ideal deve ser capaz de
destruir a forma vegetativa de todos os microrganismos patogénicos, requerer tempo
324

limitado de exposição e ser eficaz em temperatura ambiente, não-corrosivo, atóxico


para seres humanos e de baixo custo.

Resistência aos desinfetantes:


A resistência pode ser tanto uma propriedade natural de um microrganismo
(intrínseca) ou adquirida por mutação ou aquisição de plasmídeos (DNA auto-
replicação, extracromosomal) ou transportes (cromossômica ou plasmídeos
integrando, transmissíveis de cassetes de DNA). Resistência intrínseca é demonstrada
por bactérias gram negativo, esporos bacterianos, micobactérias e, sob certas
condições, Estafilococos.
A resistência de plasmídeos adquiridos, é mais amplamente associada com
compostos de mercúrio e outros sais metálicos. Nos últimos anos, foi observada
resistência adquirida para outros tipos de biocidas, nomeadamente Staphylococcus.
Para uma molécula anti-séptica ou desinfetante chegar ao seu local de destino, as
camadas externas de uma célula devem ser ultrapassadas.
A natureza e a composição dessas camadas dependem do tipo de microrganismo e
podem atuar como uma barreira de permeabilidade, na qual pode haver uma absorção
reduzida.
Como alternativa, as enzimas podem agir sobre a degradação de um
composto. Resistência (inata) intrínseca: Bactérias gram negativo tendem a ser mais
resistentes do que as gram positivo.
325

Tempo de sobrevivência dos microrganismos nas superfícies:

Na tabela que se segue pode-se constatar o tempo de sobrevivência no equipamento e


ambiente de muitos microrganismos que são comuns em ambiente de prestação de
cuidados de saúde.

Fonte: Kramer A. BMC ID 2006; McFarland L, et al. AJIC 2007

Níveis de ação dos desinfetantes:

ALTO – crítico; MÉDIO – semicrítico; BAIXO – não crítico

 Desinfeção de nível alto: Refere-se à desinfeção na qual é utilizado um


desinfetante com poder de destruir bacilos da tuberculose, bactérias vegetativas,
fungos e todos os vírus, com exceção de esporos.
 Desinfeção de nível médio: Refere-se à desinfeção capaz de destruir vírus, ser
bactericida para as formas vegetativas, inclusive contra o bacilo da tuberculose.
Entretanto, não tem poder de destruição de esporos.
 Desinfeção de nível baixo: É capaz de eliminar somente as bactérias na forma
vegetativa, alguns fungos e alguns vírus. Não elimina micobactérias.
326

A desinfeção pode ser química (com o uso de desinfetante químico) ou física


(máquinas lavadoras/desinfetadoras com ciclo de desinfeção pelo calor (desinfeção
térmica).

A tabela seguinte apresenta exemplos de métodos e níveis de desinfeção,


considerando os critérios a ter em conta no uso destes produtos.

Figura 1: Alguns exemplos de métodos e níveis de desinfeção:

DESINFECÇÃO: classificação MÉTODOS E SOLUÇÕES GERMICIDAS

Desinfecção de baixo nível: são destruídas as Álcool etílico e isopropílico


bactérias em forma vegetativa, alguns vírus e Hipoclorito de Sódio (100ppm)
alguns fungos. Não elimina Mycobacterium Fenólicos
tuberculosis, esporos bacterianos, vírus da Iodóforos*
Hepatite B (HBV) e os vírus lentos. Amónio Quaternário
obs.: tempo de exposição< ou= a 10 minutos.

Desinfecção de médio nível: além dos Álcool etílico e isopropílico (70 a 90%)
Fenólicos
microrganismos destruídos na desinfecção de Iodóforos*
baixo nível são atingidos o Mycobacterium Hipoclorito de Sódio (100ppm)
tuberculosis, a maioria dos vírus (inclusive o Pasteurização 75o C a 30 minutos.
HBV) e a maioria dos fungos. Ainda sobrevivem Obs.: depende da concentração e/ou período de exposição.
os Mycobacterium intracelulare, os esporos
bacterianos e os vírus lentos.

Desinfecção de alto nível: resistem apenas - Solução de Peróxido de Hidrogénio


alguns tipos de esporos bacterianos mais - Hipoclorito de sódio (1000 ppm)
resistentes e os vírus lentos. - Cloro e compostos clorados
- Ácido peracético.
-Orthophtalaldeído.
- Água super oxidada
- Pasteurização 75o C a 30 minutos.
Obs.: Tempo de exposição >ou= 20 minutos.

Não definido:o nível de desinfecção dependerá -calor seco (passar a ferro)


das variáveis como temperatura e/ou -fervura em água em 30 min
concentração de germicidas adicionados no - formaldeído, pastilhas
processo.. -termodesinfectadoras e sanitizadoras

* Disponível apenas como anti-séptico. Não disponível como desinfetante no mercado nacional.
327

Obs: algumas das soluções germicidas são classificadas de alto, médio ou de baixo nível dependendo do tempo de
exposição.

Limpeza e desinfecção combinadas -máquinas de lavar louça, roupa etc. com água quente 60 a
90 graus e/ou soluções germicidas
-máquinas de limpeza com jatos de vapor
Adaptado: RUTALLA W, WEBER D. Disinfection of endoscopes: review of new chemical sterilants used
for high level disinfection. Infect Control HospEpidemiol. 1999; 20: 69-76.

Caraterísticas ideais de um desinfetante:

 Amplo espectro;
 Ação rápida;
 Atividade residual;
 Penetrabilidade;
 Odor não desagradável;
 Não ser afetado por fatores ambientais (ex: luz);
 Deve ser ativo na presença de matéria orgânica;
 Ser compatível com sabões, detergentes e outros produtos químicos;
 Atóxico (não deve ser irritante para o usuário);
 Compatível com diversos tipos de materiais - não corrosivo em superfícies
metálicas e não deve causar deterioração de borrachas, plásticos e outros materiais;
 Efeito residual na superfície;
 Fácil manuseio; inodoro ou de odor agradável;
 Económico;
 Solúvel em água;
 Estável em concentração original ou diluído e não poluente.

Indicações de uso de desinfetantes nas superfícies ambientais:

Os desinfetantes só devem ser aplicados nas superfícies em situações específicas:

 Desinfeção terminal da unidade do utente quer ele esteja ou não,


colonizado/infetado com estirpe multirresistente (ex: MRSA, Acinetobacter, VRE);
328

 Situações de surto de infeção;


 Utente com Clostridium difficile;
 Instalações sanitárias.

Antes do procedimento de desinfeção deve proceder-se à limpeza (mecânica) da


superfície em questão, que compreende a remoção da sujidade: matéria orgânica
(óleo, gordura, sangue ou pus) ou qualquer outro tipo de material como cimentos e
resina aderentes aos instrumentos e às superfícies. A correta limpeza representa a
etapa essencial para o controle microbiano, reduzindo a carga bacteriana.

Precauções na utilização de desinfetantes

Estes produtos devem apresentar um rótulo com as seguintes informações:

 O prazo de validade;
 O nome do fabricante e responsável técnico;
 O registro no Ministério da Saúde (DGS / INFARMED)
 A finalidade do produto;
 A quantidade;
 O modo de usar;
 A composição química detalhada;
 O ingrediente químico ativo;
 A forma de conservação e armazenamento;
 A advertência para não reutilização da embalagem;
 Precauções;
 A classe toxicológica, se houver (classificação que representa o risco potencial
para os seres humanos);
 As instruções sobre o que fazer em caso de acidentes.
329

Em caso de intoxicação:
Se ocorrer intoxicação por ingestão de desinfetantes, não dar água ou leite à vítima e
não provocar o vómito. Isto pode fazer com que a pessoa seja queimada internamente
duas vezes!
Consultar sempre a ficha de segurança dos produtos – exigir do fornecedor.
Consultar as instruções do CIAV (Centro de Informação Anti-Venenos) - Ver
instruções do INEM – Anexo III

PRODUTOS UTILIZADOS NA DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES E MATERIAIS:

Peróxido de hidrogénio
 Aplicação: desinfetante de alto nível, principalmente para materiais termo
sensíveis.
 Ação: agente oxidante. Desnaturação proteica, ruptura da permeabilidade da
membrana celular.
 Tempo: a inativação de microorganismos é dependente de tempo, temperatura
e concentração. Existem inúmeros estudos na literatura onde forma demonstradas
atividades de 10 a 60 minutos em concentrações variáveis de 0,6 a 7,5%.
 Apresentações: ainda não está disponível no mercado brasileiro uma solução
com as características específicas para uso como desinfetante. Nos EUA e Europa a
solução é comercializada de 6 a 7,5% para uso em materiais. Concentrações menores
têm sido utilizadas para ambiente e auxílio na remoção de matéria orgânica aderida a
materiais.
 Teste: como outras soluções químicas, a perda da atividade que pode ocorrer
por diluição, por secagem incompleta deve ser monitorada regularmente. Quando a
concentração estiver abaixo de 6% deve ser desprezada.
 Compatibilidade com materiais: corrói zinco cobre e latão.
 Observações: está disponível no mercado nacional, também como esterilizante,
através de máquina geradora de plasma (STERRAD ®).
330

Ácido peracético

 Apresentação: líquida.
 Modo de uso: por submersão.
 Tempo de processamento 30 minutos a 50 a 56o.C ( em máquina apropriada)
 Aplicação: desinfetante de alto nível. Indicada para uso em endoscópios,
instrumentos de diagnóstico e outros materiais submersíveis.
 Ação: agente oxidante. Desnaturação proteica, ruptura da permeabilidade da
membrana celular.
 Espectro de ação: tem amplo espectro de ação conforme é requisito para ser
desinfetante de alto nível, incluindo Mycobacterias e esporos bacterianos. A sua
principal vantagem na decomposição é a inexistência de resíduos.
 Tempo: a inativação de microrganismos depende de tempo, temperatura e
concentração. Inativa microrganismos mais sensíveis em 5 minutos a uma
concentração de 100ppm. Para eliminação de esporos de 500 a 10000ppm em 15
segundos a 30 minutos.
 Apresentações: 0,2% e 0,35%.
 Máquinas: existem no mercado internacional para uso com soluções específicas
(0,2%) para tratamento de endoscópios, enquanto outras são recomendadas com
diversos tipos de soluções e testadas também com ácido peracético.
 Indicação: tem sido utilizado em combinação com o peróxido de hidrogênio
para tratamento de hemodializadores. Tem sido mais estudado para outros usos em
substituição ao Glutaraldeído para materiais termoresistentes.
 Compatibilidade com materiais; pode corroer cobre, latão, bronze, ferro
galvanizado e aço. Estes efeitos, no entanto, podem ser reduzidos por aditivos e
modificações de PH.

Ácido peracético + peróxido de hidrogénio

 Aplicação: como desinfetante de alto nível.


 Compatibilidade com materiais: não deve ser utilizado em materiais com cobre
ou bronze, boa compatibilidade com plásticos.
331

 Características: odor menos forte que o de Glutaraldeído, mas pode causar


irritação nos olhos e árvore respiratória, devendo ser utilizado óculos e máscara para o
manuseio, bem como avental e luvas como Equipamentos de Proteção Individual
padrões,necessidade de menor tempo de contato do que os aldeídos.
 Desvantagens: menor compatibilidade com os materiais, havendo necessidade
de redução da corrosão por aditivos e modificações de pH.
 Obs:Não há necessidade de ativação e pode ser medida a sua concentração
através de fitas teste.
 Concentração: 0,2 e 0,35% de Ácido Peracético.

Hipoclorito de sódio

 Aplicação: quanto maior a concentração e/ou o tempo maior o espectro de


ação, podendo ser utilizado como desinfetante de baixo a alto nível.
 Espectro de ação: tem amplo espectro de ação, chegando a ter ação sobre
esporos de B. subtillis. Atua a concentrações tão baixas como 25 ppm para
microrganismos mais sensíveis. Mais usualmente utilizada em concentração de 1000
ppm.
 Características: é o desinfetante mais amplamente utilizado. Apresenta ação
rápida e baixo custo. Bastante instável e inativado por matéria orgânica.
 É considerado prejudicial ao ambiente.
 Compatibilidade com materiais: é bastante corrosivo, principalmente de metais
e tecidos de algodão e sintéticos.
 Aplicação: dependerá da concentração. Basicamente utilizado em superfícies
fixas.
 Altamente utilizado e recomendado para tratamento de tanques e tratamento
de água.
332

Ação do Hipoclorito de sódio:

Figura 2 - Tabela ilustrativa da ação do hipoclorito de sódio


Partes por milhão % Ação de eliminação sobre os Tempo Necessário
ppm microrganismos

0,15 a 0,25 ppm 0,000015% Bactérias vegetativas 30 Segundos

100 ppm 0,01 % Fungos Menos de1 hora

100 ppm 0,01 % Elimina 107 de S. aureus e P. Menos de 10


aeruginosa minutos

200 ppm 0,02 % Elimina 25 diferentes tipos de Menos de 10


virus minutos

500 ppm 0,05% Elimina 106 de HBV Em 10 minutos,


20°C

50 ppm 0,005% Elimina 105 de HIV Em 10 minutos,


25°C.

Fonte: Adaptado: RUTALLA W, WEBER D. Disinfection of endoscopes: review of new chemical sterilants
used for high level disinfection. Infect Control Hosp Epidemiol. 1999; 20: 69-76

A diluição correta do hipoclorito de sódio além de ter a ver com a concentração


final que pretendemos, é muito difícil, pois depende da concentração do produto que
é adquirido pela Unidade. Aconselha-se por isso os GCLPPCIRA a elaborarem
instruções de trabalho no sentido de uniformizarem esse procedimento. Ver exemplos
de tabelas de diluição no Anexo II.

Uma alternativa ao Hipoclorito de Sódio é o Dicloroisocianureto de Sódio. A


apresentação pode ser em PASTILHAS e é mais estável. A solução deste composto tem
maior ação germicida que o Hipoclorito na mesma concentração.
333

Formaldeído

 Aplicação: desinfetante de alto nível, mas a utilizar apenas em máquina. Está a


ser substituído cada vez mais por Ácido Peracético.
 Utilização para outros fins: conservação de peças anatómicas e tecidos e
preparo de vacinas virais.
 Espectro de ação: bactericida , fungicida, viruscida, tuberculicida.
 Apresentação: em forma líquida e sólida, mais conhecida como formalina.
 A formalina sólida é vaporizada através do calor na presença de umidade.
Embora seja uma opção econômica foi pouco estudada. Tem limitações na
mensuração de parâmetros aceitáveis da liberação dos vapores em determinadas
dimensões de materiais. Além disto, os resíduos são tóxicos e podem danificar alguns
instrumentos.

Fenólicos

 Deram início à história dos germicidas com a utilização por Lister no seu
trabalho pioneiro sobre anti-sepsia cirúrgica (ácido carbólico).
 Aplicação: Embora ainda seja bastante utilizado para tratamento de materiais
não críticos e superfícies fixas de alguns hospitais esta prática está cada vez mais
sendo questionada. Os resíduos em materiais porosos estão incluídos nos motivos de
contra-indicação sua utilização em materiais Semicríticos.
 Ação: destruição do protoplasma com ruptura da parede celular com
precipitação proteica.
 Espectro de ação: bactericida, viruscida, fungicida, tuberculicida.
 Apresentações: derivados do fenol como ortho-phenilphenol e ortho- benzyl-
para- clhorophenol.
334

Compostos de amónio quaternário

 Aplicação: desinfetante de baixo nível. Utilizado como desinfetante de


superfícies.
 Ação: desnaturação das proteínas celulares essenciais e ruptura da membrana
celular.
 Espectro de ação: fungicidas, bactericidas e viruscidas lipofílicos. Não são
tuberculoscidas ou agem contra vírus hidrofílicos.
 Hoje existem algumas resistências do seu uso por parte dos GCL pela
publicação de alguns artigos relatando a contaminação das soluções. Além disto, pela
contra-indicação pelos Centers for Disease Control and Prevention face a ocorrência de
surtos relacionados ao seu uso como anti-séptico.
 Inativados por tensoativos, resíduos aniônicos e proteínas. Algumas
formulações são inativadas por água dura.
 Baixo nível de toxicidade direta, mas poluente ambiental.

Orthophtalaldeído
 Ação: semelhante à do Glutaraldeído, mas sua forma de ação específica com
relação aos microrganismos foi pouco estudada até agora.
 Espectro de ação: amplo espectro, conforme ocorre com outros desinfetantes
de alto nível. É ativo contra mycobactérias (testado contra M.bovis, M.terrae,
M.chelonae).
 Vantagens:a solução não se polimeriza não decaindo a concentração apenas
com o tempo; quando a matéria orgânica está presente a ação é pouco afetada.

Água super oxidada

 Aplicação: esta é mais uma das alternativas de desinfetantes de alto nível,


estudadas recentemente com o objetivo de substituir soluções mais tóxicas e/ou
corrosivas, principalmente para uso em instrumentos óticos.
 Espectro de ação: conforme requerido para desinfetantes de alto nível, é ativo
contra mycobacterias. Também é ativo contra Bacillus subtillis van niger.
335

 Compatibilidade com materiais: embora ainda necessite de maiores estudos a


respeito de sua compatibilidade com instrumentos óticos e outros, a solução é tida
como menos corrosiva que outros clorados e peroxigeniosque são utilizados em
máquinas para tratamento de endoscópios.
 A solução apenas recentemente chamou a atenção em revista de Controle de
Infecção na Inglaterra. Embora não se trate de uma nova reação química, a sua
aplicação é uma novidade na área.
 Características: trata-se de água super oxidada por reação química obtida pela
eletrólise (com titânio e corrente elétrica) da água com ação principal do ácido
Hipocloroso e outros ácidos (não mencionados). A solução, portanto, deverá ser
gerada no próprio local de uso, com aparato especial para gerar corrente elétrica etc.

Álcool
Desinfeção de médio nível. Técnica de fricção com 3 aplicações, tempo total de 10
minutos. A validade da solução é de 1 semana após aberto o frasco. Dispensa o uso de
EPI. Os alcoóis etílico e o isopropílico são os principais desinfetantes utilizados em
serviços de saúde, podendo ser aplicado em superfícies ou artigos por meio de fricção.
Características: bactericida, virucida, fungicida e tuberculocida. Não é esporicida. Fácil
aplicação e ação imediata.

Indicação: mobiliário em geral.

Mecanismo de ação: desnaturação das proteínas que compõem a parede celular dos
microrganismos.

Desvantagens: inflamável, volátil, opacifica acrílico, resseca plásticos e borrachas;


ressecamento da pele.

Concentração de uso: 60% a 90% em solução de água volume/volume.


336

Monopersulfato de potássio

Características:amplo espectro. É ativo na presença de matéria orgânica; não corrosivo


para metais.

Indicação:desinfetante de superfícies.

Desvantagens: reduz a contagem microbacteriana em 2 a 3 log10, somente após 50


minutos de exposição em concentração de 3%.

Concentração: 1%. A cor do produto diminui à medida que diminui a concentração


(BASSO, 2004).

Oxidantes

Ácido peracético

Germicida classificado como esterilizante. Tem descrito entre as suas vantagens: a


menor agressão ao meio ambiente por conta da sua decomposição em água, ácido
acético, oxigênio e peróxido de hidrogênio; sua ação em presença de matéria orgânica
mesmo em baixas temperaturas Apresenta como desvantagem a possibilidade de
corrosão de alguns metais (cobre, bronze, aço carbono e ferro galvanizado) que pode
ser reduzida com a utilização de anti-corrosivos que alterem o seu pH. Os produtos
disponíveis no mercado realizam desinfeção de alto nível em aproximadamente 15
minutos e esterilização em 30 minutos (RUTALA, 2004).

Tem menor toxicidade para o profissional que o manipula não dispensando,


contudo, a necessidade do uso de EPI (máscara cirúrgica, óculos de proteção ou
protetor facial, avental impermeável, luvas de borracha de cano longo, sapato fechado
impermeável).

Risco de lesão grave em região ocular em caso de exposição ocupacional ao


produto. Deve ser utilizada fita teste para monitorar a Concentração Mínima Eficaz
(MEC) do produto. Características: é um desinfetante para superfícies fixas e age por
337

desnaturação das proteínas, alterando a permeabilidade da parede celular, oxidando


as ligações sulfidril e sulfúricas em proteínas e enzimas. Tem uma ação bastante rápida
sobre os microrganismos, inclusive sobre os esporos bacterianos em baixas
concentrações de 0,001 a 0,2%. É efetivo em presença de matéria orgânica. Apresenta
baixa toxicidade.

Indicação: desinfetante para superfícies.

Desvantagens: é instável principalmente quando diluído, corrosivo para metais (cobre,


latão, bronze, ferro galvanizado) e sua atividade é reduzida pela modificação do pH.
Causa irritação para os olhos e para o trato respiratório.

Concentração: como desinfetante para superfícies é utilizado em uma concentração de


0,5%. O tempo de contato será aquele indicado no rótulo.

Nota: Pode ser utilizado em associação com o peróxido de hidrogénio.

Glutaraldeído- PROIBIDO A UTILIZAÇÃO DESTE GERMICIDA

Ortophtalaldeído (0,55%)

Germicida registrado como desinfetante de alto nível para artigos semi-críticos. Tem
odor suave, não requer ativação, seu pH gira em torno de 7,2 – 7,8.

Tem a capacidade de evidenciar a presença de matéria orgânica nos materiais a ele


submetidos. Exige o uso de EPI (máscara cirúrgica, óculos de proteção ou protetor
facial, avental impermeável + avental de manga longa, luvas de borracha de cano
longo, sapato fechado impermeável).

Deve-se ter atenção ao se manipular o produto, pois o mesmo em contato com a pele
e tecidos ocasiona manchas.

O contatodireto com a solução pode causar irritação da pele e dos olhos.


338

Não é recomendado o seu uso em materiais urológicos a serem utilizados em doentes


com histórico de cancro de bexiga devido ao risco de choque anafilático.

O produto possui fita de testagem para conferência da Concentração Mínima Eficaz


(MEC) de 0,3%. Após ser colocado em uso pode ser utilizado por até 14 dias, desde que
seja mentido o MEC satisfatório e a solução esteja limpa.

Atuação em caso de derramamento de ortophtalaldeído no ambiente:


O colaborador deve sempre utilizar os equipamentos de proteção individual enquanto
estiver a manipular qualquer derramamento desta solução desinfetante. Recolher o
líquido espalhado com toalhetes de uso único, colocar o líquido recolhido num
recetáculo de plástico. Limpar com solução de glicina a 25 mg e aguardar 1 hora, para
a sua neutralização. A área onde houve o derramamento deve ser limpa
posteriormente com água e sabão e enxaguada. Lavar muito bem o recipiente utilizado
para a limpeza e remoção do derramamento. Fonte: ASP
(AdvancesSterilizationProducts):“Perguntas e Respostas sobre a solução de
Ortophtalaldeído.

Recolha da solução de Ortophtalaldeído, usada na desinfeção de materiais:


Antes de despejar a solução para o esgoto, a recomendação é de que esta deve ser
neutralizada com Glicina (base livre), 25 gramas por cada 4,5 litros, aguardar 1 hora e
descartar posteriormente em ralo, com a torneira aberta, para irrigar a tubulação. Este
procedimento deve ser discutido com o fornecedor do desinfetante e, deve ser
integrado na política de gestão dos resíduos e da limpeza, em cada unidade de saúde
utilizadora. Fonte: Ministério da Saúde do Brasil: ROTINA D1: Recomendações Para o
Uso de Desinfetantes.2010.
*Glicina (base livre): Aminoácido com diversas utilizações, entre as quais, a neutralização deste desinfetante.

Nota Importante: Caso ocorra projeção para a pele e mucosas sobretudo para a
mucosa ocular, de qualquer um dos desinfetantes utilizados na Unidade, deve lavar
abundantemente a área com água corrente e/ou com soro fisiológico (olhos) e
consultar o Médico.
339

Anexo I
Exemplo de tabela com a Ação dos desinfetantes sobre os microrganismos

Fonte: Adélia Aparecida Marçal dos Santos et al: “IMPORTÂNCIA DO ÁLCOOL NO CONTROLE
DE INFECÇÕES EM SERVIÇOS DE
SAÚDE”.http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/controle_alcool.pdf
340

Anexo II

Exemplo de tabelas com indicação de diluição para o hipoclorito de sódio

DILUIÇÕES PARA PRODUTOS COM CONCENTRAÇÃO +/-1%

LITROS 2.4.1.1. PRODUTO


ÁGUA 0,25% 0,5% 1,0% 2,0% 3,0% 5,0% 10,0%

(ml) (ml) (ml) (ml) (ml) (ml) (ml)

1 2,5 5 10 20 30 50 100

2 5 10 20 40 60 100 200

3 7,5 15 30 60 90 150 300

4 10 20 40 80 120 200 400

5 12,5 25 50 100 150 250 500

8 20 40 80 160 240 400 800

10 25 50 100 200 300 500 1000

15 37,5 75 150 300 450 750 1500

16 40 80 160 320 480 800 1600

20 50 100 200 400 600 1000 2000

25 62,5 125 250 500 750 1250 2500

30 75 150 300 600 900 1500 3000

50 125 250 500 1000 1500 2500 5000

100 250 500 1000 2000 3000 5000 10000


341

DILUIÇÕES PARA LIXÍVIA A +/- 5%

a) LEXÍVIA
0,01% 0,02% 0,05% 0,1% 0,25% 0,5% 1,0%
LITROS
ÁGUA

100 ppm 200 ppm 500 ppm 1000 ppm 2500 ppm 5000 10000
ppm ppm

2.4.2. 24 H 1 1:500 1:250 1:100 1:50 1:10 1:5

2 ml 4 ml 10 ml 20 ml 50 ml 100 ml 200 ml

1-30 DIAS 1 1:250 1:50 1:25 1:10 1:5

4 ml 8 ml 20 ml 40 ml 100 ml 200 ml 400 ml

DILUIÇÕES PARA LIXÍVIA A +/- 10%

b) LEXÍVIA
0,01% 0,02% 0,05% 0,1% 0,25% 0,5% 1,0%
LITROS
ÁGUA (ml) (ml) (ml) (ml) (ml) (ml) (ml)

100 ppm 200 ppm 500 ppm 1000 ppm 2500 ppm 5000 ppm 10000 ppm

1 1 2 5 10 25 50 100

5 5 10 25 50 125 250 500

10 10 20 50 100 250 500 1000

15 15 30 75 150 375 750 1500

20 20 40 100 200 500 1000 2000

25 25 50 125 250 625 1250 2500

30 30 60 150 300 750 1500 3000

50 50 100 250 500 1250 2500 5000

100 100 200 500 1000 2500 5000 10000


342

Anexo III

Recomendações do INEM no caso de acidentes com TOXICIDADE por DESINFETANTES


343

Anexo IV
Legislação europeia e portuguesa

As novas regras europeias sobre produtos biocidas emanadas em 2012, vêm


reforçar significativamente a proteção da saúde humana e do ambiente. Os produtos
biocidas são necessários para o controlo dos organismos nocivos para a saúde humana
ou animal, ou dos que causam danos aos materiais. No entanto, como as suas
características podem também implicar riscos para os seres humanos, os animais e o
ambiente, há que proceder à sua regulamentação cuidadosa. O novo regulamento
sobre produtos biocidas aumentará a segurança destes produtos químicos e
simplificará a sua autorização no mercado da UE, melhorando a sua livre circulação no
mercado interno. O seu objetivo é assegurar que só sejam disponibilizados produtos
seguros e que as substâncias mais perigosas sejam mantidas fora do nosso mercado.
Ao simplificar a autorização, o novo regulamento trará benefícios económicos
consideráveis às empresas europeias.»

A Comissão Europeia reviu a Diretiva Produtos Biocidas e concluiu que os processos


de autorização das substâncias e produtos ativos poderiam ser simplificados e
racionalizados. O novo regulamento contém disposições mais eficientes sobre a
autorização de produtos, os requisitos e a partilha de dados relacionados com os
produtos. Com isso a indústria poupará cerca de 2,7 mil milhões de euros durante um
período de 10 anos, segundo as estimativas. As novas disposições reduzirão também
os ensaios em animais, tornando obrigatória a partilha de dados, e incentivarão uma
abordagem mais flexível e integrada dos ensaios. Uma plataforma informática
específica (o Registo de Produtos Biocidas) servirá para apresentar pedidos, bem como
para registar decisões e divulgar informação ao público.

A Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) desempenha um papel


fundamental na administração do presente regulamento. Uma das vantagens
principais reside na escala dos recursos que a ECHA irá proporcionar. Atualmente, os
recursos são muito limitados, tanto no plano nacional como no europeu, o que
provoca atrasos na autorização e custos mais elevados para a indústria. A ECHA
344

disporá de 100 empregados dedicados às atividades relacionadas com os produtos


biocidas. Prevê-se que o número de pareceres que emitirá aumente de 80 em 2014
para 300 em 2020.

Próximas etapas: O regulamento foi aplicado a partir de 1 de setembro de 2013. A


partir desta data, as empresas têm duas opções para pedirem autorização para
comercializar os seus produtos. A primeira, a que recorrerão provavelmente as
grandes empresas, obriga-as a apresentar um pedido à ECHA; se o produto for
considerado seguro, poderá ser vendido em toda a UE.

A segunda pode ser mais atrativa para as numerosas pequenas e médias empresas
deste setor, já que exige que as empresas apresentem um pedido às suas autoridades
nacionais, para venderem um produto no seu país de origem. Se a autorização for
concedida, poderão posteriormente comercializar o produto noutros Estados-
Membros, de acordo com o princípio do reconhecimento mútuo.

AUTORIDADES COMPETENTES

a) Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA)-desempenha um papel


fundamental na administração do Regulamento(UE) n.º 528/2012. Informação
disponível online em: http://echa.europa.eu/regulations/biocidal-products-
regulation/understanding-bpr
b) DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE (DGS): Autoridade de Coordenação Nacional
www.dgs.pt
c) INFARMED (normalização)
d) ACSS (Gestão de compras)

LEGISLAÇÃO ACTUAL:
União Europeia: “Regulamento da União Europeia N.º 528/2012 do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 22 de maio de 2012 (REACH)”,relativo à disponibilização no
mercado e à utilização de produtos biocidas”. Jornal Oficial da União Europeia. ISSN
1977-0774 L 167. 27 dejunho de 2012. O REACH é um regulamento da União Europeia
aprovado com o objectivo de melhorar a proteção da saúde humana e do ambiente
345

face aos riscos que podem resultar dos produtos químicos e, simultaneamente, de
fomentar, a competitividade da indústria química da União Europeia. O Este
regulamento promove igualmente métodos alternativos para a avaliação dos perigos
das substâncias tendo em vista a redução do número de ensaios em animais.

União Europeia: “Regulamento (UE) 649/2012”, relativo ao Procedimento de Prévia


Informação e Consentimento (PIC, Regulamento regulamenta a importação e
exportação de determinados produtos químicos perigosos e impõe obrigações às
empresas que pretendam exportar esses produtos químicos para países terceiros. O
regulamento aplica, na União Europeia, a Convenção de Roterdão relativa ao
Procedimento de Prévia Informação e Consentimento para determinados Produtos
Químicos e Pesticidas Perigosos no Comércio Internacional.

União Europeia: “Regulamento delegado (UE) 736/2013 da Comissão Europeia, de 17


de maio de 2013”

União Europeia: “Regulamento (UE) 613/2013 da Comissão Europeia de 25 de junho de


2013”

União Europeia: “Decisão execução (UE) 2015/411 da Comissão Europeia de 11 de


março de 2015”

União Europeia: “Regulamento (UE) 2015/326 da Comissão Europeia de 2 de março de


2015”

União Europeia: “Regulamento (UE) 2015/628 da Comissão Europeia de 22 de abril de


2015”

União Europeia: “Regulamento (UE) 2015/282 da Comissão Europeia de 20 de


fevereiro de 2015”

European Chemicals Agency(ECHA): Biocidal Products Committee. Work programme for BPC 2015
-2016 for active substance approvals. 15 October 2015
346

EuropeanChemicalsAgency (ECHA): “Guia de orientação sobre a partilha de dados”.


Versão 2.0. Abril de 2014

Direção-Geral da Saúde: Guia de Orientação para Empresas Produtos Biocidas.


Dezembro 2013. Disponível em: https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-
a-z/biocidas.aspx

European Chemicals Agency (ECHA): “Guidance on the Biocidal products Regulation”.


Volume III: Human health. Version 1.1.ECHA-14-G-12-EN ISBN: 978-92-9247-005-0.
November 2014: Transitional Guidance on mixture toxicity assessment for biocidal
products for the environment; Transitional Guidance on Efficacy Assessment of
Preservatives; Transitional Guidance on Efficacy Assessment for Product Type 21
Antifouling Products; Transitional Guidance on Efficacy Assessment for Product Type 22
Embalming Products; Transitional Guidance on Evaluation of Environmental RMM for
Disinfectants PT 1-5; Disinfectants PT 1 (Human hygiene); Disinfectants PT 2
(Disinfectants and algaecides not intended for direct application to humans or
animals); Disinfectants PT 4 (Food and feed area); Disinfectants PT 5 (Drinking water)

Manual de Decisões para a Implementação da Diretiva 98/8/CE relativa à colocação


de produtos biocidas no mercado - 10.07.2008

Sites, para obter mais informações:

- Website da EuropeanChemicalsAgency(ECHA), Europa:


http://echa.europa.eu/pt/guidance-documents/guidance-on-biocides-legislation

- Website da Direção-Geral de Saúde: https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-


de-a-a-z/biocidas.aspx
347

4.7 - Norma de Avaliaçao do Risco de


Infeçao
Introdução
A avaliação sistemática do risco para a infeção, é o primeiro passo para o
planeamento, implementação e avaliação das medidas de prevenção e controlo da
infecção, devendo ser efetuada antes da interação com o doente ou com o seu
ambiente envolvente. Permite aos profissionais de saúde direcionar as intervenções
necessárias para prevenir a transmissão cruzada. Ao longo do internamento, o estado
clínico do doente pode mudar, e, é por isso, muito importante reconhecer os
procedimentos com maior risco para os doentes, a sua suscetibilidade à infeção e
sinais e sintomas de infecção que possam ser determinantes neste planeamento.

Objetivos
Definir a metodologia de identificação e avaliação de risco de infecção do doente
adulto nas UCCI da UMP, que permita a implementação precoce de medidas de
prevenção e controlo da infecção.

Âmbito
Aplica-se a todos os doentes em regime de internamento superior a 24h, nas UCCI da
UMP.

Responsabilidades
a) Pela implementação do Procedimento:
 Médicos e enfermeiros do Núcleo Local da UCCI da UMP.
 Membros dinamizadores da CCI.
b) Pela revisão do procedimento:
 Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infecção (CCI).
 Gabinete de Gestão de Risco e da Qualidade

Data da última revisão: Dezembro de 2013


348

Siglas
 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas
 CCI- Comissão de Controlo de Infeção
 CDC – Centers for Disease Control and Prevention
 CDP – Centro de Diagnóstico Pneumológico
 DGS – Direcção-Geral da Saúde
 EPI – Equipamento de proteção individual
 FR – Fatores de risco
 FRI – Fatores de risco intrínseco
 FRE – Fatores de risco extrínseco
 PBVT – Precauções baseadas nas vias de transmissão
 PB – Precauções básicas
 IACS – Infecções associadas aos cuidados de saúde
 MMR – microrganismos multiresistentes
 PPCIRA - Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção e das
Resistências aos Antimicrobianos
 VE – Vigilância epidemiológica

Definições e conceitos
Avaliação de risco – Processo que permite determinar o nível de gravidade do risco
(estimativa formal da probabilidade dos doentes sofrerem lesões ou efeitos adversos
para a saúde, como consequência de factores de risco identificados na prestação de
cuidados), estabelecer prioridades de intervenção e os procedimentos adequados para
a sua gestão.
Factor de risco – Elemento ou conjunto de elementos que estando presentes em
determinado contexto, podem desencadear infecção. Revestem-se de potencial para
provocar danos para a saúde, para o ambiente do doente ou combinação destes. Estes
fatores podem ser intrínsecos ou extrínsecos.
Fator de risco intrínseco – do próprio doente, como idade, patologias subjacentes,
estado imunitário, entre outros fatores

Data da última revisão: Dezembro de 2013


349

Fator de risco extrínseco – exterior ao utente, decorrente dos procedimentos de


diagnóstico, tratamento e assistenciais efetuados e do ambiente envolvente.
Os fatores de risco extrínseco categorizam-se em:
a) Estrutura: conjunto de recursos materiais à disposição do profissional para
que este possa prestar assistência (máquinas, equipamentos, consumos, rácios
de profissionais, áreas e circuitos, entre outros)
b) Procedimentos de risco para o hospedeiro: São exemplos de maior
importância epidemiológica: cateter vascular central (CVC), algália, ventilação
mecânica, hemodiálise, entre outros
c) Qualidade dos processos: a qualidade e segurança das práticas e
procedimentos clínicos e assistenciais ao doente – esta vertente deve ser
controlada através da vigilância/monitorização contínua da colocação e
manutenção dos dispositivos, pela aplicação da metodologia de auditoria
interna às boas práticas, da aplicação de Bundles específicas, entre outras
Risco de infecção – É a probabilidade de exposição a um agente infeccioso
potencialmente patogénico, a severidade (potencialmente elevada) das consequências
da exposição ou o resultado da probabilidade e severidade do dano
Gestão do risco de infecção – Introdução de alterações ou de medidas de controlo
com o intuito de eliminar ou de reduzir, até limites aceitáveis, os níveis de risco de
transmissão de infecção
Colonização: Presença de microrganismos na pele, mucosas, feridas abertas ou em
excreções ou secreções, mas sem causar sinais ou sintomas clínicos adverso
Infecção: Presença de microrganismos em áreas estéreis do organismo, com sinais e
sintomas adversos, indicativos de infeção

Descrição do processo de avaliação do risco de infeção:


No processo de avaliação do risco para a infecção é importante reconhecer que: Todos
os doentes submetidos a procedimentos clínicos/assistenciais em saúde, têm um
maior ou menor grau de suscetibilidade à infeção, mesmo que sejam clinicamente
imunocompetentes. A suscetibilidade depende da conjuntura de fatores exógenos e

Data da última revisão: Dezembro de 2013


350

endógenos. Os profissionais de saúde também podem constituir fonte ou reservatório


de infeção, e, em circunstâncias mais raras, serem simultaneamente hospedeiros
susceptíveis. Tal como os profissionais também as visitas podem constituir fonte ou
reservatório. O risco de transmissão cruzada de microrganismos entre pessoas,
envolve factores relacionados com as características do agente (patogenicidade,
virulência, especificidade), a fonte/reservatório dos mesmos (doente/ambiente
envolvente), o nível de controlo e higiene do ambiente e o nível de susceptibilidade do
hospedeiro:
a) O estado infeccioso (incluindo a colonização);
b) O estado imunitário e respectivo quadro clínico;
c) O tipo de atividades e/ou procedimentos clínicos e assistenciais a realizar;
d) Os recursos disponíveis para as atividades de prevenção e controlo.

A transmissão de microrganismos e consequente infecção e/ou colonização numa


unidade de saúde, está associado à cadeia epidemiológica, onde cada elo representa
um factor de risco importante para a disseminação de microrganismos (anexo 1-
cadeia epidemiológica e risco de transmissão). A transmissão dos microrganismos
entre pessoas só ocorre, se os seis elementos da cadeia de transmissão da infeção
estiverem presentes.

A transmissão ocorre quando o A transmissão é interrompida quando:


agente: O agente é eliminado, inactivado ou
contido no reservatório;
Sai do reservatório ou fonte, através
As portas de saída são eliminadas ou
de uma porta de saída;
É disseminado por uma ou mais controladas através de práticas seguras;
vias de transmissão; As vias de transmissão entre pessoas, e
Consegue aceder a uma porta de entre objectos contaminados e pessoas,
entrada significativa do hospedeiro; são controladas, se forem devidamente
O risco de infeção do hospedeiro é implementadas as práticas seguras: As
tanto mais elevado, quanto mais
portas de entrada estão protegidas e
elevado for o seu nível de
susceptibilidade à infeção controladas;
A suscetibilidade do hospedeiro é
avaliada de forma sistemática e
controlada

Data da última revisão: Dezembro de 2013


351

Avaliação do risco de infecção – metodologia


A avaliação do risco do doente adquirir uma IACS é um processo baseado:
• Na cadeia epidemiológica da infeção (os microrganismos envolvidos nas
infeções; as fontes/reservatórios; as portas de saída e de entrada dos microrganismos;
e a suscetibilidade individual de cada doente);
• Nos conceitos de infeção/colonização/contaminação;
• Nas definições de infeção por localização;
• Na aplicação de medidas de proteção e de contenção, mediante a situação
clínica de cada doente e os procedimentos a efetuar;
• A colaboração estreita na vigilância epidemiológica (VE) da infecção no Hospital
e respetivos registos, visando a sua prevenção e controlo.

O doente deve ser avaliado pela equipa clínica, no que se refere ao risco de infecção,
nas seguintes vertentes:
a) Como hospedeiro susceptível: com factores de risco intrínseco e extrínseco
que o tornam mais vulnerável/susceptível à infecção. (doença crónica;
submissão a múltiplos procedimentos e dispositivos invasivos; internamentos
recentes e sucessivos; idade avançada > 65 anos ).
b) Como fonte ou reservatório de infecção: apresenta uma situação clínica de
colonização ou infeção (ativa ou presumida), representando risco de
transmissão cruzada.
De modo a estratificar os níveis de risco do doente para a infeção, podemos utilizar um
modelo de risco diferencial que contempla “situação clinica do doente” e “tipo de
procedimento” e, de uma forma qualitativa apurar um de três níveis de rico:
• Mínimo;
• Médio;
• Elevado.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


352

Quadro 1: Risco Diferencial de IH por doente e por intervenção


Risco de Infecção Situação clínica do doente Tipo de Procedimento

1 Mínimo Utente sem imunodeficiência; Não invasivo.


Utente sem doença subjacente Sem exposição a fluidos
significativa. biológicos*
2 Médio Utente com infecção ou com outros Exposição a fluidos biológicos
factores de risco endógenos (idade, Ou Procedimento invasivo não-
neoplasia). cirúrgico (ex: cateterização venosa
periférica; colocação de algália.
3 Elevado Utente com imunodeficiência grave Cirurgia Ou
(< 500 leucócitos/ml); Múltiplos Procedimentos invasivos de alto
traumatismos; Queimaduras graves; risco (ex: cateterização vascular
Transplante de órgão. central; entubação endotraqueal /
ventilação assistida invasiva
*Os líquidos biológicos incluem: sangue, urina, fezes, líquido cefalo-raquidiano, fluidos
de outras cavidades.

A avaliação do risco permite intervir sobre os factores extrínsecos dirigindo as medidas


de prevenção e controlo nas localizações mais comuns das infeções hospitalares (IH):
Pneumonia do idoso por estase, em doentes acamados; pneumonia de aspiração,
Infecção da corrente sanguínea associada ao cateter intravascular; Infecções do trato
urinário associadas à cateterização vesical; Infecções vasculares associadas a cateter
de hemodiálise, entre outros.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


353

Etapas da avaliação do risco:


O processo de identificação e avaliação do risco é composto por cinco etapas básicas:

Etapas Descrição

Identificar o risco de infeção na admissão


ETAPA 1 (completar até às 24 horas de internamento)
 O doente tem já uma infeção ativa ou presumida?
 Qual a probabilidade do doente adquirir infeção?
 Quem está exposto aos factores de risco – o próprio
doente, outros doentes, os profissionais de saúde, as
visitas?
 Qual é o agente infeccioso em causa conhecido ou
presumido?
Analisar a exposição ao factor de risco de infecção:
 O doente apresenta factores de risco intrínseco de
ETAPA 2
infecção?
 Sinais e sintomas de infecção ativa/presumida
 Presença de sangue e matéria orgânica
 Procedimentos invasivos a realizar
 O doente tem outros factores de risco?
 Internamento atual ou recente em áreas de alto risco
(UCI, Queimados, Hematologia)
 Imunossupressão
 Múltiplos dispositivos invasivos
 Identificar as medidas a implementar:
 Colocar o doente na unidade de internamento, com
ETAPA 3
base na avaliação do risco e nos recursos disponíveis.
 Isolamento em quarto individual (se possível)
 Se sim, é de contenção ou de proteção
 Isolamento de Coorte
 Quarto com ventilação com pressão negativa ou

Data da última revisão: Dezembro de 2013


354

positiva (se possível)


 Precauções Básicas – em todos os procedimentos e em
todos os doentes, mesmo antes da avaliação do risco!
 Precauções dependentes das vias de transmissão - de
acordo com o microrganismo/patologia em causa e via (s)
de transmissão (Contacto; Gotículas; Aérea)
 Implementar o plano de ação para reduzir os riscos e

ETAPA 4 estabelecer prioridades.


 Registar os fatores de risco encontrados e as ações
propostas
 Identificar o (s) responsável (s) pelo plano e sua
implementação
 Registar a data de avaliação do risco no formulário.
 Definir a periodicidade de reavaliação do risco:

ETAPA 5  1.ª reavaliação - às 72 horas após a inicial


 Semanal e sempre que haja mudança do padrão de risco
do doente.
 A última avaliação é feita à saída do doente e deve constar
na carta de alta/transferência.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


Orientações de preenchimento do formulário de avaliação do risco:

Ao avaliar o risco do doente para a infeção, os profissionais devem verificar:


a)Presença de fatores de risco extrínseco e intrínseco dos doentes
Algália, Cateter intravascular central; Cateter vascular periférico; Cirurgia, Drenagens;
Ventilação mecânica; Procedimentos invasivos não cirúrgicos (técnicas endoscópicas ou
técnicas de substituição renal); Outros.

b)Existência de colonização, infeção ativa ou presumida:


Localização da infecção: Urinária; Respiratória, Corrente sanguínea; Local cirúrgico;
Intrabdominal; Gastrintestinal; Meníngea; Pele e tecidos moles; Osteo-articular; Outras

Circuito do Processo de Avaliação de Risco de infeção do Doente

 A avaliação de risco é feita em formulário próprio, em suporte informatizado e/ou em


papel, que é colocado no processo clínico do doente.
 Cada Unidade Funcional define o circuito interno mais adequado à sua dinâmica própria.
Sugere-se no entanto, que na admissão do doente, o Assistente Técnico dê inicio ao
preenchimento do formulário com os dados demográficos / vinheta e respectiva colocação
no processo clínico.
 A primeira avaliação é realizada até às 24 horas de internamento, por Médico/Enfermeiro,
e nela ficarão determinados: a pré existência de infecção e o plano de cuidados
assistenciais com as intervenções consideradas apropriadas. O Médico valida a infeção
ativa/presumida (se houver evidência na admissão).
 As reavaliações subsequentes terão lugar:
 às 72h após a avaliação inicial;
 semanalmente e/ou;
 sempre que surge uma alteração do padrão clínico e epidemiológico do doente;
 Em qualquer das avaliações subsequentes, o profissional avaliador regista os novos dados e
reformula o plano de cuidados em conformidade.
356

 Um doente com infecção de notificação obrigatória obriga a que o Médico preencha o


boletim de notificação.
 Aquando da alta ou transferência externa (outra instituição), o Assistente Técnico regista a
data da saída e entrega o formulário ao Enfermeiro/Médico responsáveis pelo doente, que
validam e completam os registos.
 Em caso de transferência interna (dentro da instituição), na ausência de alteração do
padrão clínico e epidemiológico do doente, os registos seguirão a cronologia prevista, sob a
responsabilidade do profissional que recebeu o doente.
 Nos casos em que um doente tem alta ou transferência externa com o diagnóstico de
colonização/infecção, o Médico e o Enfermeiro responsáveis, registarão em carta de alta os
dados importantes para a continuidade dos cuidados/prevenção de transmissão cruzada
da infeção e/ou proteção dos profissionais que irão contactar com o doente.
 Os formulários em suporte de papel, depois de validados na Unidade, serão encaminhados
para os Núcleos Locais da CCI onde serão analisados.
 Os registos devem ser colocados preferencialmente em suporte informatizado, em
aplicativo da área de Gestão de Risco da Unidade, integrados no processo clínico
electrónico do utente.
 O Núcleo Local da CCI analisará os dados recebidos e, após um prazo de aplicação, dará
feedback dos resultados obtidos aos profissionais de saúde envolvidos e proporá ações
complementares.

Níveis de responsabilidade no processo


 Compete aos profissionais de saúde:

 Cumprir as Precauções Básicas (PB) nos cuidados a todos os doentes,


independentemente de ser ou não conhecido o seu estado infeccioso;
 Avaliar os riscos do doente para a infeção, de acordo com a frequência proposta;
 Avaliar os seus próprios riscos de aquisição da infecção, consoante os procedimentos a
efetuar; Implementar as Precauções Baseadas nas Vias de Transmissão (PBVT), se o
estado infeccioso dos doentes já é conhecido ou presumido;

Data da última revisão: Dezembro de 2013


357

 Planear, implementar e avaliar o cumprimento das medidas complementares de


proteção e de contenção;
 Promover o ensino ao doente e visitas relativo ao cumprimento das medidas de
prevenção e controlo da infeção a implementar, através de informação útil global ou
específica (verbal e escrita).
 Promover ações de formação/ informação interna a toda a equipa.

 Doentes e visitas:
 Cumprir as recomendações instituídas na Unidade, quer no seu próprio ambiente
envolvente, quer na circulação pelas áreas comuns de cada unidade funcional.

Plano de Intervenção nos doentes com infeção.


A todo o doente em que é identificada uma infecção e/ou colonização, confirmada ou presumida,
deve ser elaborado um plano de cuidados com as intervenções apropriadas, principalmente nas
situações em que é possível a transmissão secundária do microrganismo a outros doentes,
profissionais, visitantes e sua disseminação no ambiente.

O plano deve ter em linha de conta as seguintes linhas orientadoras:


a) Colocação do doente (tipo de isolamento, se necessário):
 O isolamento de contacto é suficiente?
 Se não, o doente necessita de isolamento de contenção ou de proteção, ou há
questões que se relacionam com estes dois tipos de isolamento em simultâneo?
 O doente necessita de quarto individual com casa de banho? Mas há condições
para implementar esta medida?
 Se há mais do que um doente com a mesma patologia infecciosa ou o mesmo
microrganismo “alerta” e não há hipótese de isolar o doente em quarto individual –
isolar os doentes em Coorte
 Outras questões, dúvidas ou necessidade de orientações específicas (ex: suspeita
de surto de infeção): contactar o Núcleo Local da CCI

Data da última revisão: Dezembro de 2013


358

b) Precauções imediatas e intervenções necessárias:

São intervenções a definir pela equipa clínica, após avaliação do risco do doente, consoante os
dados clínicos e epidemiológicos do doente e a definição de prioridades de intervenção
estabelecidas:
 Aplicação das precauções básicas (PB) a todos os doentes;
 Exames complementares – confirmação de diagnóstico e início da terapêutica
dirigida;
 Início de antibioticoterapia – se dirigida ou empírica (e se aplicável);
 Sempre que há suspeita/confirmação de infeção na admissão ou à posteriori, e
sempre que seja possível, colher as amostras necessárias para exame
microbiológico antes de iniciar o antibiótico;
 Se o doente refere diarreia já há pelo menos 2-3 dias, suspeitar de possível caso de
Clostridium difficile - avaliar da necessidade de enviar amostra de fezes para exame
microbiológico;
 Medidas de controlo ambiental – aumento de frequência de limpeza e desinfecção
se necessário e da desinfeção complementar (ex: Clostridium difficile, MRSA,
Acinetobacter…);
 Máscara de proteção respiratória (EN 149:2001 FFP2) – para proteção dos
profissionais que cuidam do doente - se o agente suspeito ou confirmado for
passível de transmissão por via aérea e por gotículas
 Luvas e bata para proteção total do profissional no caso de doente com escabiose;
 Restrição de profissionais – evitar a exposição dos profissionais se não estão
imunizados (ex: varicela, rubéola, sarampo);
 Restrição de visitas: Em situações específicas, pode ser necessário diminuir ao
mínimo as visitas (ex: caso de doente com patologia passível de transmissão ou com
microrganismo alerta isolado, ou em situações de surto de infecção;

Data da última revisão: Dezembro de 2013


359

 Planeamento do transporte – garantir as medidas de isolamento durante o


transporte, sempre que o doente se deslocar para fora do serviço;
 Imunização/ profilaxia após exposição não protegida dos indivíduos suscetíveis (ex:
meningite meningococica, varicela, sarampo e varíola)
 Imunização dos profissionais de saúde - cumprir o plano vacinal de acordo com as
indicações do SHSST, para sua própria proteção.
c) Verificar se é uma infecção/doença de declaração obrigatória:
 Preencher e enviar a Declaração Obrigatória de Doenças Transmissíveis da Direcção
Geral de Saúde de acordo com as diretivas nacionais e internas
d) Reportar os casos de infeção à CCI:
 Doente admitido já com infecção ativa ou colonização (incluindo as transmissíveis);
Doente com infecção adquirida no hospital ou suspeita de colonização – reportar ao
Núcleo Local da CCI
Estes dados são também relevantes para o plano de VE de cada Unidade da UMP.
Outras questões ou dúvidas que possam surgir: contactar o Núcleo Local da CCI

Data da última revisão: Dezembro de 2013


360

Anexo I
Cadeia epidemiológica e risco de transmissão

Cadeia
Risco aumentado de transmissão está associado a:
epidemiológica
Microrganismo/agente infeccioso
 Presença de grande quantidade do agente (inoculum)
 Requer pequena dose infetante (alta infetividade) Agente
 Alta patogenicidade/virulência
 Via de Transmissão (aérea, gotículas, contacto)
 Capacidade de sobrevivência no meio ambiente
 Capacidade de colonizar dispositivos invasivos
 Capacidade de subsistir em estado de portador ou
assintomático
Fonte – doente
 Incontinência fecal e/ou fezes não contidas
Reservatório
 Hemorragias não controladas
 Lesões cutâneas exsudativas ou feridas não protegidas por
pensos Porta de
saída
 Secreções respiratórias abundantes e não controladas
 Incapacidade do doente em cumprir as precauções de
controlo e prevenção de infecção
 Doente em unidade de cuidados intensivos ou que requeira
contactos frequentes
Ambiente
 Limpeza inadequada
 Equipamento partilhado sem descontaminação entre doentes
 Sobrelotação Reservatório

 Instalações partilhadas, (ex: WC, lavatórios, banheiras)

Data da última revisão: Dezembro de 2013


361

em quartos com várias camas


 Rácio inadequado de enfermeiro/doente

Hospedeiro suscetível
 Doente em unidade de cuidados intensivos ou que requeira
contactos frequentes
Hospedeiro
 Doente submetido a procedimentos ou dispositivos invasivos
 Pele não intacta (doente ou profissionais)
 Doença subjacente severa e debilitante
 Idade (> 65 anos)
Porta de
 Terapêutica antibiótica recente entrada

 Imunossupressão
 Imunização inadequada
 Profissionais sem formação ou que não cumprem as
recomendações

Adaptado de “Routine practices and additional precautions for preventing the transmission of infection in health
care”; Health Canada, CCDR July 1999; Vol. 25 Supplement 4: p.19

Data da última revisão: Dezembro de 2013


Identificação (Colar Vinheta) Outros dados demográficos

Data de Nascimento: ____/____/______

Data de Admissão na Unidade:


____/____/______

Data de Saída da Unidade: ___/ ____/


______

Fatores de Risco Intrínseco (FRI) Data Fatores de Risco Extrínseco (FRE) Data
Avaliaçã avaliaçã
o o

Sem imunodef.ª /Sem doença


subjacente Procedimento não invasivo
1
Alter./ E.consciência Sem exposiç./ fluidos orgânicos
2
Alter./E. Nutricional
Idade> 65 anos Cateter venoso periférico
13
3/+ admissões/hospital/último ano Cateter urinário
3
Inf./Colon. MMR // último ano Entubação nasogástrica
14
Neoplasia Técnicas endoscópicas
15
Diabetes mellitus Traqueostomia/EOT
16
Presença de Fluidos Orgânicos Hemodiálise
17
Sangue/hemorragia outras técnicas de substituição
renal
18
Vómito Administ. Sangue/hemoderivados
Diarreia Imunossupressores
363

19
Exsudados Cort.ª/Quimiot.ª/Radiot.ª (<1 mês)
20
Secreç. Traqueobrônquicas Antibiót. largo espectro (< 6 meses)
21
Alterações Integridade Cutânea Outros imunossupressores
4
Ferida aguda Disposit./procediment.invasivos major
5 22
Ferida crónica Ventilação assistida invasiva
6 23
Queimadura grave Cateter vascular central
24
Outros FRI Alimentação parentérica
7 25
Politraumatizado Cirurgia
8 26
Imunodeficiência grave Transplante
9
Neutropénia
10
Colonização
11
Infeção ativa/presumida
Local.Inf.: Hospital. (H)/Comunid. (C) Microrganismo
Urinária
Respiratória
Corrente sanguínea
Local Cirúrgico
Gastro-intestinal
Intrabdominal
Pele e tecidos moles
Osteo-articular
Meningite
Outra__________________________
N.º de FRI N.º de FRE
27 27
Nível de Risco: (Alto (A); Médio(M); Nível de Risco: (Alto (A); Médio(M);
Baixo(B) Baixo(B)
28
Precauções de: Contacto (PC); Via Área (PA); Gotículas (PG)
29
Precauções adicionais às Básicas (PBVT) Colheita fezes/bacteriol.ª(suspeita de
DCD)

Data da última revisão: Dezembro de 2013


364

Colocação do doente Colher HC/Urocul./ antes de iniciar


antibiot.
Q. Individ./ventil.contr.press.negat.ª Planeamento de transporte
Quarto individual (se possível) Medidas de controlo ambiental
30
Isolamento coorte Desinfeção adicional à limpeza
(superfícies)

Precauções Imediatas/necessárias Ensino ao Doente/ Visitas


Exames complementares Notificação Obrigatória (DDO)?
Antibioticoterapia dirigida à infeção Enviar envelope ao Delegado
Saúde/ARS
Restrição de profissionais/visitas Reportar Infecção à CCI
Outras medidas adicionais / Dúvidas (Contactar o Núcleo Local da CCI)
Anexo II – Formulário de Avaliação do Risco de Infeção no Doente Adulto

Data da última revisão: Dezembro de 2013


Anexo III
Árvore de Decisão - Avaliação do Risco de Infeção do Doente

Na admissão: Mesmo antes de avaliar o risco de infeção do doente


Implementar as PB

Avaliação do doente (Inclui também as infeções transmissíveis de comunidade)


Colonização
Infeção Inclui: Febre; Tosse produtiva; Alterações da pele
Diarreia ainda não diagnosticada (com ou sem vómito)

Não Sim

Continuar as PB e
Implementar PBVT de acordo com o
Continuar as PB microrganismo e via de transmissão, já há
informação sobre o estado infecioso

Reavaliação do doente às 72 Avaliação de seguimento: rever presença de


horas e em SOS sinais/sintomas de infeção e/ou colonização
e
Rever PBVT

Se surgem sintomas de infeção, DESCONTINUAR PBVT, se na


não presentes na admissão avaliação de risco de progresso, o
doente não apresentar critérios da
Ir para o item “Sim” infeção/colonização anteriores

Manter a avaliação regular do risco do


doente até à saída, para deteção precoce de
nova IH Articular com a Unidade de Saúde
que irá acompanhar o doente pós-alta
366

Nota: O processo de avaliação do risco de infeção não é estático. A avaliação do risco do doente
deve ser contínua, ao longo do internamento, e, a adequação das PBVT deve ser feita, de acordo
com os novos achados clínicos e epidemiológicos que o doente venha a apresentar.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


367

Anexo IV
Árvore de Decisão de avaliação do risco de infeção para o profissional de saúde

Estarei exposto a
Avaliar a interacção salpicos de
prevista com o doente sangue, excreções
INICIO e/ou com o ambiente ou secreções?
NÃO

Vou contactar
SIM com o
ambiente do
doente?

As minhas mãos vão SIM


SIM estar expostas a
Usar luvas sangue, excreções,
Realizar a higiene das secreções ou itens
mãos contaminados?

NÃO
NÃO

A minha face vai estar


exposta a salpicos,
Usar aerossóis, tosse ou
máscara SIM espirros?

NÃO

A minha roupa ou pele vai


SIM estar exposta a salpicos,
Usar bata/ aerossóis ou itens
contaminados com
avental
sangue, excreções ou
secreções?

NÃO
O doente tem uma
Manter as PB infecção conhecida
NÃO ou sintomas de Rever as
infecção?
SIM PBVT
considerando:
patologia/
microrganism
o e via de
transmissão

Data da última revisão: Dezembro de 2013


Anexo V
Quadro de Referência das Precauções Baseadas nas Vias de Transmissão

PRECAUÇÕES BÁSICAS - Aplicar em todos os doentes:


Higiene das mãos
Seleção adequada do Equipamento de Protecção individual (EPI)
Etiqueta respiratória
Manuseamento e descarte em segurança de corto-perfurantes
Medidas de controlo ambiental

PRECAUÇÕES BASEADAS NAS VIAS DE TRANSMISSÃO

CONTACTO GOTICULAS VIA AÉREA


Doentes com: Doentes com: Doentes com:
Agentes multi-resistentes (ex: MRSA, Influenza
VRE, ACICBA-MR) RSV TB pulmonar
Infecções gastrointestinais (incluindo Norovirus Varicela
Clostridium difficile)
Bordetella pertussis Rubéola
Drenagem e/ou hemorragia não
Meningococcus
contidas
Infecções transmissíveis da pele (ex:
escabiose)

PROFISSIONAL PROFISSIONAL PROFISSIONAL


• Higiene das mãos
• Luvas em qualquer contacto • Higiene das mãos • Higiene das mãos
• Não tocar no nariz ou cara
• Máscara cirúrgica se necessário • Máscara cirúrgica e protecção • Máscara de Protecção Respiratória
proteger as mucosas ocular em todos os contactos (EN 149:2001 FFP2)
• Avental se previsível contacto com
matéria orgânica ou com líquidos
• Bata sobre farda (ex:escabiose)
. DOENTE
DOENTE DOENTE
• Avaliação do risco de infecção
• Avaliação do risco de infecção • Avaliação do risco de infecção
• Máscara cirúrgica no transporte
• Quarto Individual (Pressão
• Quarto individual se possível, ou • Quarto de isolamento/Individual/
Negativa)
coorte cohort
• Etiqueta Respiratória
• Colocar sinalização à entrada do • Etiqueta respiratória
• Máscara Cirúrgica no transporte
quarto, se aplicável e disponível • Colocar sinalização à entrada do
• Colocar sinalização à entrada do
quarto, se disponível
quarto, se disponível

VISITAS VISITAS
VISITAS
• Restringir o número de pessoas • Restringir o número de pessoas
• Higiene das mãos
• Higiene das mãos • Higiene das mãos
• Não tocar no nariz ou cara
• Máscara cirúrgica • Máscara de Protecção Respiratória
• Avental ou bata, se contacto
previsto com matéria orgânica (EN 149:2001 FFP2)
369

Anexo VI
Formulário para planeamento de intervenções

Data da avaliação
__/__/___ __/__/___ __/__/___
Doente admitido com inf. ativa ou
presumida ou com suspeita de
colonização/microrgan.º “alerta”
Infecção adquirida no internamento
Agente Agente (se Agente Agente (se
Tipo de infecção (se isolado) (se isolado)
isolado) isolado)
Urinária
Respiratória
Corrente sanguínea
Local Cirúrgico
Intrabdominal
Gastro-intestinal
Meningite
Pele e tecidos moles
Osteo-articular
Outra (especificar)
Factores de risco presentes
Algália
Cateter vascular central
Cateter vascular periférico
Cirurgia
Drenagens
Ventilação mecânica

Data da última revisão: Dezembro de 2013


370

Procedimentos invasivos não


cirúrgicos
Outros
Precauções adicionais às PB (Rubricar)
Colocação do doente
 Quarto individual
 Coorte
 Outros (contactar CCI)
Quais as precauções imediatas
necessárias*
Exames complementares
Ensino ao doente
Inicio de antibioterapia
Imunização/profilaxia
(profissionais expostos)
Mascara de proteção respiratória
(EN149:2001 FFP2)
Restrição de profissionais
Restrição de visitas (se aplicável)
Medidas de controlo ambiental
Planeamento de transporte
É uma infecção de notificação
obrigatória
- Preencher/enviar formulário
(envelope) para o
Delegado de Saúde/ARS
Reportar à CCI

Data da última revisão: Dezembro de 2013


371

CAPÍTULO 5
Limpeza e Reprocessamento do Material e
Equipamento Clínico e Nao Clínico
Os materiais e equipamentos podem ser veículos da transmissão de microrganismos se a sua
descontaminação for inadequada.
A limpeza, desinfeção e esterilização são essenciais para assegurar que os instrumentos
médicos e cirúrgicos não transmitam microrganismos patogénicos aos utentes.
A esterilização não é necessária para todos os equipamentos de prestação de cuidados ao
utente. A política institucional deve identificar, à priori, tendo por base os materiais e
equipamentos que utiliza, qual o processo indicado: a limpeza, a desinfeção ou a esterilização
ou ainda as combinações recomendadas destas técnicas.

Objetivos

Fornecer aos profissionais de saúde das Unidades de Cuidados Continuados (UCCI)


orientações para a prevenção e o controlo da infeção relacionada com a transmissão de
microrganismos através do material e equipamento de prestação de cuidados.
Prevenir a infeção adquirida nas UCCI em doentes que sejam sujeitos a procedimentos
com materiais e equipamento utilizados na prestação de cuidados.

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados Continuados afetos
à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
 Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.

Data da última revisão: Julho de 2015


372

 Grupo de Coordenação Local do PPCIRA (GCL-PPCIRA) e respetivos membros


dinamizadores.

2) Pela revisão do procedimento:


 GCL-PPCIRA.

Operacionalização da presente política


As UCC devem adotar a presente política mas deverá, antes, fazer uma lista semelhante à
apresentada no anexo I deste documento, adaptada à sua própria realidade.

O GCL-PPCIRA, deve incluir nesta lista todos os itens considerados críticos, semi-críticos e
não críticos, indicando os respetivos processos de tratamento. É, igualmente recomendado
que seja feita uma listagem de todos os dispositivos de Uso Único (Anexo 2) utilizados na UCC,
no sentido de evitar a adoção de más práticas relacionadas com este tipo de material.

Siglas

 GCL – Grupo de Coordenação Local


 CDC - Centers for Disease Control and Prevention
 DGS – Direção Geral da Saúde
 DUU – Dispositivos de Uso Único
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e das resistências aos
Antimicrobianos
 UCC – Unidades de Cuidados Continuados
 NaDCC - Dichloroisocianurato de sódio

Descrição
Na descontaminação, deve ter-se em conta o nível de risco que cada tipo de material
representa para o utente, tendo em conta a utilização que lhe é dada. Em 1968, Spaulding
propôs uma classificação dos materiais em 3 níveis de risco, indicando o tipo de
descontaminação necessário para cada um deles, o que se mantém atual:

Data da última revisão: Julho de 2015


373

Tipo de
Nível de risco Exemplos
descontaminação

Material Crítico Instrumentos


cirúrgicos, agulhas,
Todo o material que penetra nas Esterilização sistemas de soros
cavidades estéreis ou no organismo do
doente por rutura das camadas da pele e
mucosas

Material Semi-Crítico Desinfeção de alto Lâminas de


nível ou laringoscópios,
Todo o material que entra em contacto
esterilização endoscópios
com mucosas ou pele não íntegra

Material Não Crítico Estetoscópio,


bacias de higiene,
Todo o material que entra em contacto Limpeza ou
braçadeiras
com a pele íntegra ou que não entra em desinfeção de
contacto com o doente baixo nível *

* Se não entra em contacto com a pele ou não estiver conspurcado com fluidos orgânicos
a limpeza é suficiente. Nalguns casos de doentes infetados ou colonizados com
microrganismos multirresistentes ou com risco infecioso mais elevado (ex Clostridium
difficil), deverá ser consultada a CCI.

A avaliação do método de descontaminação deve ser feita tendo em conta, além da


utilização prevista para o material, o respetivo nível de contaminação, os métodos de
descontaminação adequados e os alternativos, de acordo com a compatibilidade do material
em avaliação e a suscetibilidade do utente.

Por exemplo, num doente imunocomprometido grave, o material classificado como semi-
crítico deve ser processado como se se tratasse de material crítico (ex: roupa a usar por
doente em fase de aplasia medular). O mesmo pode acontecer com algum material de apoio
ventilatório, que, por dificuldades no processo de desinfeção de alto nível (neste caso deve ser
térmica devido ao risco de resíduos tóxicos para as vias aéreas), obriga a que seja esterilizado.

Data da última revisão: Julho de 2015


374

Métodos de Descontaminação

Todo o material tem que ser lavado antes de qualquer processo de desinfeção ou
esterilização.

Dependendo do nível de risco, o material pode ser lavado e desinfetado ou lavado e


esterilizado, mas não lavado, desinfetado e esterilizado, pois é uma duplicação do método e
implica custos desnecessários associados ao processo).

Limpeza

Remoção da sujidade e ou de matéria orgânica por ação mecânica, geralmente com solução
de água e detergente.

Reduz em mais de 80% os microrganismos existentes nos materiais e superfícies.

Segundo teorias em vigor, são quatro os fatores que devem ser levados em consideração para
uma limpeza de qualidade. O conhecido círculo de Sinner estabelece um sistema operacional
baseado em quatro variáveis:

1. ação mecânica

2. ação química

3. temperatura

4. tempo.

Cada uma destas variáveis requer uma fórmula concreta. É importante que os profissionais da
limpeza conheçam os conceitos que este sistema propõe.

Ação mecânica: corresponde à forma de eliminação da sujidade em si. A ação pode ser
manual, e referir-se ao simples movimento realizado pela mão ao passar um pano para
eliminar a sujidade. Também pode ser mecânica, neste caso, refere-se à utilização de
máquinas ou equipamentos específicos para realizar a atividade Para a correta realização da
ação mecânica, destaque-se que é preciso conhecer os equipamentos que podem ser
empregues na limpeza.

Data da última revisão: Julho de 2015


375

Ação química: neste caso, listam-se o conjunto de produtos químicos que devem ser utilizados
para a ação de limpeza realizada. É muito importante a utilização de produtos corretos ao tipo
de limpeza que se pretende utilizar. Existem produtos químicos e abrasivos, que podem
danificar superfícies, por isso para garantir a melhor ação e resultados eficientes esse
conhecimento é fundamental.

Temperatura: a medida da temperatura influencia na eficiência do produto químico utilizado.


Existem certos tipos de residuos, como gorduras que exigem a limpeza à base de temperaturas
elevadas. Em contrapartida, há superfícies pouco resistentes a altas temperaturas, desta forma
o conhecimento da dosagem de temperatura exige cuidados para não danificar as superfícies e
eliminar a sujidade de maneira correta.

Tempo: o melhor tipo de limpeza é aquele realizado com menor custo e menor tempo
possível. O cálculo do tempo dispensado para cada tipo de procedimento é influenciado pelo
tipo de superfície a ser limpa, pela sujidade acumulada e também pelos produtos e
equipamentos utilizados. Neste item é importante ressaltar que máquinas profissionais são as
mais adequadas em relação ao custo/benefício da ação, pois elas realizam tarefas pesadas
com maior agilidade e com economia de recursos. Certamente a limpeza com ação mecânica
utilizada com equipamentos garante maior eficiência e agilidade.

a) Lavagem do material

A lavagem do material deve ser efetuada de acordo com o grau de contaminação e o tipo
de material, podendo ser manual ou mecânica.

Deve dar-se preferência à lavagem mecânica, sempre que possível, porque, além de ser um
método que permite a monitorização e validação, coloca menos riscos para os profissionais
que manuseiam os materiais. Além disso, a maioria das máquinas tem a capacidade de
associar ao ciclo de lavagem, um ciclo de desinfeção térmica ou química (a desinfeção química
não deve ser feita para os materiais que entram em contacto com as vias respiratórias).

As tinas ultra-sónicas devem ser utilizadas para coadjuvar o processo de lavagem, porque
através dos movimentos ondulantes que os ultra-sons provocam, a água penetra mais
facilmente nos materiais complexos e de mais difícil acesso para limpeza (ex: alguns ferros
cirúrgicos de ortopedia, neurocirurgia, estomatologia e microcirurgia). A tina deve estar
sempre tapada durante o processo. Mas este método é apenas coadjuvante da limpeza pois
facilita a desagregação da matéria orgânica ou sujidade em locais de mais difícil acesso – não é
um método de desinfeção!).

Data da última revisão: Julho de 2015


376

Sempre que o material é processado manualmente, deve ter-se em atenção a proteção do


profissional com os equipamentos adequados: luvas específicas para contacto prolongado com
líquidos (ex: de nitrilo), máscara e proteção ocular (ou máscara com viseira), bata ou avental.
Quando for necessário escovar o material, este deve estar mergulhado a fim de evitar salpicos
e formação de aerossóis.

b) Detergentes

Os produtos destinados à higiene geral e das mãos dos utentes ou das mãos dos
profissionais, não são adequados para lavar material. Estes são designados “sabões” pois são
utilizados em tecidos vivos. Os produtos utilizados na limpeza de materiais inertes são
designados por detergentes.

Os produtos a utilizar devem ser sempre os indicados para o tipo de lavagem (manual ou
mecânica, já que, o pH do detergente para lavagem manual, por exemplo, deve ser mais
alcalino), o tipo e complexidade do material a lavar, o grau e tipo de contaminação presente.
Alguns exemplos de utilização tecnicamente adequada:

 Detergente Desincrustante – Ferros cirúrgicos.


 Detergente Enzimático – Materiais de fibra ótica, ferros cirúrgicos com canais ou muito
complexos, materiais sensíveis.
 Detergente Desengordurante - Lavagem manual de loiça.
 Detergente de Uso Comum - Lavagem de superfícies (chão, paredes, bancadas,
mobiliário etc.).
 Detergente/Desinfetante – Para superfícies em que seja necessário associar a
desinfeção à limpeza.

Nunca se deve misturar produtos, nomeadamente desinfetantes e detergentes, sob pena de


provocar reações químicas tóxicas e/ou de anular o efeito do desinfetante.

Desinfeção

Consiste na inativação da maior parte dos microrganismos existentes, quer por ação
química quer física (aumento de temperatura).

Reduz entre 90 a 99% os microrganismos existentes nos materiais e superfícies,


dependendo do nível de desinfeção (baixo, intermédio e alto nível).

Data da última revisão: Julho de 2015


377

a) Desinfeção do material

A desinfeção do material pode ser de 2 tipos:

 Química – Desinfetantes (métodos manuais ou mecânicos).


 Física – Aumento de temperatura (geralmente através de máquinas de
lavar/desinfetar).

A eficácia da desinfeção depende do desinfetante utilizado, da sua concentração e do


tempo de contacto com o material.

b) Níveis de desinfeção

Existem 3 níveis de desinfeção, de acordo com o nível de risco do material e com a


contaminação presente:

Alto nível – Destrói todas as bactérias vegetativas, todos os vírus, mas não
necessariamente todos os esporos.

A desinfeção térmica de alto nível pode ser atingida através da utilização de máquinas de
lavar/desinfetar, com temperaturas de 75º durante 30 minutos ou 90º durante 10 minutos.

A desinfeção química pode ser conseguida através de máquinas (p. ex. endoscópios) ou
manualmente, com a utilização de desinfetantes de alto nível.
Nível intermédio – Destrói todas as bactérias vegetativas, incluindo Mycobacterium
tuberculosis, mas não necessariamente todos os vírus ou esporos.

A desinfeção térmica de nível intermédio pode ser atingida através da utilização de


máquinas de lavar/desinfetar, com temperaturas que variam entre 90º durante 1 segundo ou
65º durante 10 minutos.

A desinfeção química pode ser conseguida através de máquinas (máquinas de


lavar/desinfetar com ciclo de desinfeção térmica ou pelo calor), em que é possível associar a
desinfeção química à térmica, ou através da utilização de desinfetantes em materiais lavados
manualmente.

Data da última revisão: Julho de 2015


378

Deve-se ter em atenção as recomendações dos fabricantes quanto às incompatibilidades


dos materiais. Os produtos à base de cloro podem ser corrosivos para a maioria dos metais e
plásticos e para as borrachas, dependendo da concentração e tempo de contacto. O álcool
causa secagem de alguns plásticos e borrachas e também de materiais de silicone, poliuretano,
cimentos, entre outros.

Baixo nível – Destrói a maior parte das bactérias patogénicas (não necessariamente
Mycobacterium tuberculosis) e alguns vírus.

A desinfeção de baixo nível pode ser conseguida através da utilização de desinfetantes


químicos:

 Álcool etílico ou isopropílico (70 a 90º) (aplicação na superfície limpa e seca com
toalhete embebido, deixando secar naturalmente);
 Dicloroisocianurato de sódio a 100 a 150ppm (aplicação na superfície limpa e seca com
toalhete ou pano embebido na solução e deixar secar. Em superfícies delicadas, no final da
secagem enxaguar com água limpa);
 Amónio Quaternário em toalhetes ou em pulverizador.

Esterilização
Tem como objetivo assegurar a destruição dos microrganismos existentes nos materiais,
incluindo os esporos bacterianos ou formas esporuladas.

O material que vai ser esterilizado tem de ser previamente lavado e seco, e, nunca
desinfetado por métodos químicos (apenas pode sofrer a desinfeção térmica associada à
lavagem em máquina).

a) Agentes Utilizados

 Físicos – Calor Húmido (134º durante 3,5 minutos)


 Radiações
 Químicos – Plasma de Peróxido de Hidrogénio (Método Sterrad ®)
 Óxido de Etileno e Formaldeído
 Glutaraldeído: por imersão do material durante 8 a 10 horas.

Desde que o material seja compatível, deve dar-se preferência à esterilização por calor
húmido sob pressão, dado que é um método barato, rápido, não poluente e não tóxico.

Data da última revisão: Julho de 2015


379

Se o material for termosensível deve optar-se pela esterilização a baixa temperatura, por
Plasma de Peróxido de Hidrogénio.

A utilização de desinfetantes/esterilizantes químicos, como o Glutaraldeído, deve ser


evitada, dada a sua toxicidade, impossibilidade de monitorização e a dificuldade da
manutenção da esterilidade até à sua utilização - está a ser retirado do mercado, pois a
maioria das unidades de saúde não tem condições de ventilação adequadas nos espaços de
utilização deste desinfetante.

O processo de esterilização, para que seja realmente efetivo, é um processo muito


complexo que exige formação adequada por parte dos profissionais que trabalham nessa área.

Caso estejam reunidos os requisitos necessários para os procedimentos de esterilização


serem feitos com segurança, importa que as unidades de cuidados continuados avaliem a
possibilidade de contratar os procedimentos de esterilização em centrais de esterilização
certificados, por exemplo em hospitais da zona de abrangência. Poderá eventualmente ser
menos oneroso para a UCC e mais seguro para o doente.

Dispositivos de Uso Único

De acordo com a legislação em vigor, o material de uso único é fabricado de modo a ser
usado uma única vez num doente e eliminado após o uso, isto é, não pode ser sujeito a
reprocessamento, por ser difícil garantir o seu uso em segurança noutro doente. Por outro
lado, a Entidade que reprocessa os materiais de uso único torna-se responsável por todo o
processo, tal como se fosse o fabricante (Anexo 2).

Data da última revisão: Julho de 2015


380

ANEXO I

Orientações para Descontaminação de Materiais e Equipamentos

Equipamento Classificação Descontaminação Descontaminação Observações


segundo o risco recomendada alternativa
/Material

Arrastadeiras Não crítico Desinfeção térmica em máquina Apenas como Individualizar


de lavar/desinfetar último recurso: sempre que
Lavagem manual e possível.
desinfeção da
superfície exterior
com NaDCC,
2500ppm

Ressuscitador Semi-crítico Desinfeção térmica (de alto Desmontar Deve ser


manual (Ambú) nível) em máquina de lavagem manual c/
lavar/desinfetar água e detergente. Individualizado
Esterilizar a vapor
ou plasma.

Bacias de higiene Não crítico Desinfeção térmica em máquina Lavagem manual Individualizar
de lavar/desinfetar com água quente e sempre que
detergente, possível
secagem e
desinfeção com
álcool a 70º

Câmaras Semi-crítico Desinfeção térmica (de alto Lavar com água e Individualizar.
expansoras nível) em máquina de detergente e
lavar/desinfetar secar. Esterilizar a Em uso no
plasma mesmo doente
basta manter
limpa e protegida
em saco plástico

Colchões e Não crítico Lavar/desinfetar segundo as Lavar com água e Descartar a


almofadas recomendações do fabricante detergente, secar cobertura que
e passar com apresentar cortes
toalhete embebido ou fissuras
em álcool a 70º

Estetoscópio Não crítico Desinfetar com toalhete Podem usar-se


embebido em álcool a 70º protetores
descartáveis

Humidificador de Semi-crítico Desinfeção térmica em máquina Lavar com água e Manter seco e
oxigénio de lavar/desinfetar detergente, secar, embalado
passar por álcool a
70º

Data da última revisão: Julho de 2015


381

Equipamento Classificaçã Descontaminação Descontaminaçã Observações


o segundo o recomendada o alternativa
/Material
risco

Instrumentos Crítico Lavar em máquina de Sempre que possível


cirúrgicos lavar/desinfetar pelo preferir a
(utilização em calor, ou em tina esterilização a vapor
procedimentos ultra-sónica. Esterilizar a (é mais barata e
invasivos) vapor ou a plasma menos poluente)
Jarro de urina Não crítico Desinfeção térmica em Se for individualizado
máquina de lavar com água e
lavar/desinfetar detergente e secar
Laringoscópio Semi-crítico Lavar em máquina de Desinfeção de alto Se o cabo não suportar
(crítico se a lavar/desinfetar. nível: lavagem/desinfeção em
mucosa estiver Esterilizar a vapor ou a 1- Máquina de máquina, deve ser lavado
lesada) plasma lavar/desinfetar pelo e desinfetado com
calor ou toalhete embebido em
2- Lavagem e álcool a 70º
desinfeção com
Ortoftalaldeído
Mascaras de Semi-crítico Descartar No mesmo doente
oxigénio manter limpa e seca
Nebulizador Semi-critico Se reutilizáveis: Lavar, secar e Manter embalado.
Desinfeção térmica (de esterilizar a vapor ou No mesmo doente lavar,
alto nível) em máquina de plasma secar e desinfetar com
lavar/desinfetar álcool a 70º entre cada
utilização
Termómetros Semi-critico Passar por álcool cabo e Usar diafragmas
auriculares suporte descartáveis

Tabuleiros e taças Não crítico Lavar com água e


(aparadeiras) detergente, secar e
desinfetar com toalhete
embebido em álcool a 70º
Urinóis Semi-critico Desinfeção térmica em Só como ultimo Se for individualizado
máquina de recurso: Lavagem lavar com água e
lavar/desinfetar pelo calor manual e desinfeção detergente e secar entre
(arrastadeiras) com NaDCC, utilizações
1000ppm,
(mergulhar) durante
20 m

Data da última revisão: Julho de 2015


382

ANEXO II – Dispositivos de Uso Único

Nem todos os materiais e equipamentos médicos são passíveis de ser reprocessados nas
UCC por serem de utilização única, conforme previsto na regulamentação em vigor.

Dispositivos de uso único


“O reprocessamento e a reutilização de dispositivos médicos destinados a um uso único é uma prática
realizada por diferentes Instituições de Saúde que tem merecido, por parte das Autoridades
Competentes Europeias, a maior atenção e definição de posições, quer através da adoção de textos
legislativos, quer pela elaboração de recomendações aos profissionais de saúde.

O reprocessamento e a reutilização de dispositivos médicos de uso único colocam para além de várias
questões relacionadas com a segurança, qualidade e correto desempenho funcional do produto, outras
relativas a aspetos éticos e regulamentares que mais à frente se desenvolvem.
Reconhecendo os aspetos frequentemente apresentados como fundamento da prática de
reprocessamento e de reutilização, nomeadamente razões económicas e ambientais, torna-se
necessário, no entanto, questionar se a Entidade que reprocessa o material de uso único garante a
manutenção das características físicas, químicas e biológicas do dispositivo de uso único sujeito a esta
prática. A observação visual, a “prática corrente”, a utilização de métodos gerais de limpeza, desinfeção
e/ou esterilização não validadas em relação ao produto, não são suficientes para fornecer tais garantias.

A avaliação e gestão dos riscos envolvidos deverão sustentar-se em estudos microbiológicos, de


biocompatibilidade, de toxicidade, de resistência/cedência dos materiais, entre outros, os quais implicam
por parte da Entidade que reprocessa contributos técnico-científicos e económicos relevantes.” …

Circular Informativa N.º 131 /CA – 02/12/2005 do Infarmed

Todos os dispositivos que tenham o seguinte símbolo são considerados dispositivos de uso
único.

Definição:
“Dispositivo de uso único” é o dispositivo destinado a ser utilizado uma única vez, num único
doente. Um procedimento único pode envolver várias utilizações ou o uso prolongado no
mesmo doente.

Data da última revisão: Julho de 2015


383

Segundo a Circular Informativa N.º 131 /CA – 02/12/2005 do Infarmed, os dispositivos


destinados a uso único pelo seu Fabricante não deverão ser reprocessados, a não ser que a
entidade responsável pelo reprocessamento garanta a avaliação da conformidade destes
dispositivos com os requisitos essenciais, no que respeita à segurança, compatibilidade e
desempenho dos mesmos.
De acordo com o Ofício-circular 2463 –28/02/2007 da DGS, salienta-se a necessidade do
cumprimento da recomendação do INFARMED. Este documento alerta os Órgãos de Gestão
para a sua responsabilidade nesta matéria, pois, caso permitam o reprocessamento de
material de uso único, tornam-se os responsáveis máximos por esta má prática.
Segundo a Circular Informativa N.º 079/CD – 17/05/2010 do Infarmed, nem todos os
dispositivos médicos de uso único são passíveis de serem reprocessados, considerando as suas
características e complexidade. A possibilidade de reprocessamento depende dos materiais
utilizados na constituição e da geometria do dispositivo médico.
De forma a identificar e a reduzir os perigos potenciais associados ao reprocessamento de um
determinado dispositivo de uso único, todo o ciclo de reprocessamento, desde a recolha do
dispositivo após primeira utilização até à esterilização final e entrega aos utilizadores,
incluindo o desempenho funcional, necessitam de ser validados e avaliados.

ANEXO III
Os 10 mandamentos da limpeza:
1. Nunca misture produto químico.
2. Leia os rótulos com as indicações do fabricante antes de utilizar qualquer produto químico.
3. Dilua os produtos conforme a indicação do fabricante.
4. Evite utilizar vasilhames metálicos para diluir ou acondicionar produtos químicos.
5. Produtos químicos devem ser mantidos em recipientes fechados, longe de crianças e
animais.
6. Respeite o ciclo de ação do produto (Ciclo de Sinner).
7. Utilize sempre produtos químicos em ambientes ventilados.
8. Utilize sempre EPI – Equipamento de Proteção Individual – no contado com produtos
químicos.
9. Verifique a compatibilidade do equipamento com superfície e ação química.
10. Certifique-se sempre da existência de ficha de segurança do produto junto aos utilizadores.

Adaptado de http://www.maquinastersus.com.br/dicas/os-10-mandamentos-da-limpeza/

Data da última revisão: Julho de 2015


384

384

CAPÍTULO 6
Normas e Recomendaçoes de Prevençao das
ÍACS Associadas aos Dispositivos Ínvasivos

Este capítulo é composto pelos seguintes temas:

6.1. Recomendações para a prevenção da infeção urinária associada ao cateter


urinário
6.2. Recomendações para a prevenção da infeção associada ao cateterismo
vascular
6.3. Recomendações para a prevenção da infeção respiratória
6.4. Recomendações para a Prevenção da Infeção do Local Cirúrgico
385

6.1 Recomendaçoes para a prevençao da infeçao


urinaria associada ao cateter urinario

Introdução
O uso de algália constitui hoje uma componente essencial dos cuidados de saúde. A
infeção do trato urinário (ITU) associada à cateterização vesical, é a infeção nosocomial
mais comum.
Em Portugal, os dados dos Inquéritos Nacionais de Prevalência de Infeção realizados nas
Unidades de Cuidados Continuados, realizados pelo European Centre for Disease
prevention and Control ECDC), ao qual Portugal aderiu, (Healthcare Associated
Infections in Long-Term Care Facilities - HALT 1 e HALT 2), em 2010 e 2012 a ITU foi a
infeção mais frequente, com uma taxa de prevalência de 3.3%.
Aproximadamente 10% dos doentes são algaliados durante o internamento, com uma
duração média de 4 dias. Entre 10 a 20% dos doentes algaliados têm bacteriúria e 2-6%
desenvolvem sintomas de infeção do trato urinário (ITU). (5)
Em Maio de 1992, num outro estudo de âmbito nacional sobre a incidência de infeção
urinária, que decorreu durante um mês e abrangeu 5 957 doentes dos serviços de
Medicina e Cirurgia de 58 Hospitais, verificou-se que 26,7% dos doentes estudados
estavam algaliados e foi identificado um total de 240 infeções. A taxa de incidência de
infeção urinária era de 1,7 % nos doentes não algaliados e de 10,3 % nos doentes
algaliados. Relacionando o risco com a duração da algaliação, verificou-se uma taxa de
incidência de infeção de 22,3 % nos doentes algaliados durante 12-15 dias e de 38,8 % nos
doentes algaliados por mais de 21 dias. (6)
A ITU em doentes algaliados é a 2.ª causa mais frequente de bacteriémia nosocomial e
vários estudos apontam para um crescente índice de mortalidade relacionado com o
desenvolvimento de urosépsis, sendo que pode também contribuir para agravar o
problema das resistências aos antibióticos. (9, 10)
Por ser muitas vezes assintomática e se resolver espontaneamente quando se remove o
cateter, a ITU associada à algaliação pode parecer insignificante. Contudo, uma parte dos
doentes, continua em risco de ter uma ITU, durante um período que pode ir até 30 dias

Data da última revisão: Junho de 2015


386

após a remoção da algália. Dos doentes com ITU, 1- 4 desenvolvem bacteriemia e


destes,13 - 30 % morrem. (5, 9)
A frequência com que os doentes são algaliados e o tempo de permanência da algália,
determinam o risco de infeção.
As práticas de algaliação, manutenção e remoção são muito relevantes do ponto de
vista da prevenção e controlo da ITU.
A bacteriúria sem sinais clínicos pode representar um reservatório de microrganismos
resistentes. Esta infeção constitui ainda uma causa importante de bacteriemia
nosocomial, podendo contribuir para um aumento da mortalidade. (1)
De acordo com os Centers for Diseases Infection Control and Prevention (CDC), o doente
com cateter urinário apresenta um risco acrescido de desenvolver uma ITU, que se situa
entre 3 a 7%, por cada dia de presença deste dispositivo. Assim, se o mesmo permanecer
até uma semana, o risco é de 25%, mas se permanecer por mais de 30 dias, aumenta para
100%. (2)
A prevenção da infeção urinária em doente algaliado assenta essencialmente em quatro
níveis de intervenção, todos igualmente importantes, já que "meias medidas não
resultam". É preciso que sejam cumpridos todos os critérios de prevenção quer estes se
baseiem em evidência científica, quer em evidência clínica. São os seguintes:
Avaliação no mínimo diária (ideal-em cada turno), da necessidade de algaliação (com base
na avaliação de risco individual);
Seleção do tipo de algália (de acordo com a duração prevista da algaliação);
Inserção asséptica da algália e circuito de drenagem;
Manutenção adequada e despejo individualizado do saco de drenagem;
Remoção correta do cateter urinário.

Data da última revisão: Junho de 2015


387

Objetivos
Fornecer aos profissionais de saúde das Unidades de Cuidados Continuados (UCCI),
orientações para a prevenção e o controlo da ITU;
Prevenir a ITU adquirida por doentes internados nas UCCI, sobretudo as infeções urinárias
em doentes submetidos a cateterização vesical;
Abordar a ITU nos idosos e doentes acamados, as suas repercussões e os fatores de risco
associados;
Uniformizar os cuidados aos doentes com fatores de risco acrescido para a ITU
relacionada com o cateterismo vesical.

Âmbito
Aplica-se a todos os serviços/valências das Unidade de Cuidados Continuados Integrados
da União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
a) Pela implementação do Procedimento:
Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.
Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
Grupo de Coordenação Local do PPCIRA e respetivos membros dinamizadores.
b) Pela revisão do procedimento:
Grupo de Coordenação Local do PPCIRA.

Data da última revisão: Junho de 2015


388

Siglas
CDC - Centre for Disease prevention and Control
EPI – Equipamento de Proteção Individual
GCL – Grupo de Coordenação Local
IACS – Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde
ITU – Infeção do trato Urinário
OMS – Organização Mundial de Saúde
POPCI – Plano Operacional de Prevenção e Controlo de Infeção
PBCI – Precauções Básicas em Controlo de Infeção
PPCIRA- Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência a
Antimicrobianos
SABA – Solução Antisséptica de Base Alcoólica
UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
VE – Vigilância Epidemiológica

Data da última revisão: Junho de 2015


389

Patogénese
As vias urinárias são a porta de entrada mais frequente de sepsis por microrganismos
gram-negativo nos doentes institucionalizados. A infeção pode ocorrer durante ou
imediatamente após a inserção da algália ou subsequentemente, devido à flora que
coloniza o circuito (espontaneamente ou após a sua manipulação).
As bactérias entram no trato urinário do doente algaliado, pelas vias:
 Extraluminal: pode ocorrer mais rapidamente, através da inoculação direta das
bactérias na bexiga, na altura da inserção da algália ou, mais tarde, ascendendo
do períneo por ação capilar na mucosa contígua à parede externa da algália.
Alguns estudos sugerem que a via extraluminal possa ter uma maior importância
nas mulheres, por a uretra ser mais curta e haver maior proximidade do ânus.
 Intraluminal: Em que os microrganismos sobem através do lúmen interno do
cateter, por diversas razões: falhas na manutenção do circuito fechado de
drenagem da urina, despejo inadequado dos sacos coletores ou contaminação
dos mesmos, entre outros.
 Outros investigadores referem que a colonização cutânea periuretral é um fator
de risco importante para a ITU em doente algaliado, quer em homens quer em
mulheres. (1)

Figura 1 - Portas de entrada dos microrganismos no trato urinário do doente com cateter
vesical

Os microrganismos que causam ITU em doente algaliado, são maioritariamente


provenientes da flora endógena do doente (cólon e períneo) ou da flora do ambiente
Data da última revisão: Junho de 2015
390

hospitalar, através das mãos dos profissionais, durante a inserção da algália ou da


manipulação do circuito.
Se os microrganismos isolados não são comuns da flora do trato gastrintestinal, o seu
isolamento em doentes algaliados pode sugerir a via exógena como fonte. (9,11,12,13)
Os agentes patogénicos encontrados nos doentes com algaliação de curta duração,
diferem dos encontrados em doentes algaliados por longos períodos.
Nos doentes com algaliação de curta duração, a Escherichia coli é o agente mais
frequente, embora a Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella spp., Proteus spp. e
Enterococcus, entre outros, sejam também isolados.
Nos doentes algaliados por longos períodos, aparecem determinados microrganismos
como: Providencia stuartii, Morganella morgani e a Candida, entre outros. Alguns
microrganismos isolados (ex: Serratia marcescens) podem ter um significado
epidemiológico específico. (10, 12,13)

Tabela 1 – Fatores de risco de aquisição de ITU em doente algaliado

Fatores de risco Intrínseco Fatores de risco extrínseco


Idade avançada Qualidade de cuidados na inserção
Sexo (diferenças anatómicas Duração da algaliação
inerentes) Diabetes Manutenção do circuito fechado de
Imunodeficiência drenagem
Desnutrição Despejo dos sacos de drenagem
A manutenção do sistema
Insuficiência Renalde drenagem da urina fechado,
Tempo introduzido em 1960, constitui
de internamento
uma das medidas mais importantes na prevenção da infeção associada à algaliação. O
risco de um doente algaliado adquirir uma ITU reduz-se de 97% (com um circuito aberto),
para 8-15% com um circuito fechado. (3, 4)
O material de que é composta a algália, a seleção adequada da mesma de acordo com a
situação clínica do doente e, o cumprimento das instruções do fabricante, são também
fatores a ter em conta. As especificações das algálias referem-se à composição (material),
diâmetro, comprimento, volume do balão e a duração da permanência da algália,
consoante o material de que são feitas.

Data da última revisão: Junho de 2015


391

Estas informações devem orientar as decisões de escolha da algália. Contudo, é


importante ter em conta que os doentes podem reagir aos materiais de modo diferente,
pelo que a decisão de substituir uma algália, deve ter sempre em consideração a situação
clínica específica de cada utente.
Os fabricantes recomendam habitualmente que os sacos de drenagem sejam substituídos
com intervalos de não mais de 5-7 dias. Embora se deva seguir as instruções dos
fabricantes, que contam com o conhecimento especializado no que respeita à estrutura e
material dos sacos, a decisão de substituir o saco, violando o circuito fechado, deve ser
objetiva, baseada na acumulação de sedimento, presença de coágulos, cheiro, fuga de
líquidos, exteriorização acidental do saco/algália, entre outros fatores. (14)

Definições Clinicas
As infeções do trato urinário evoluem frequentemente para o aparecimento de sinais e
sintomas que incluem: febre (≥ 38ºC “de novo” ou em agravamento), arrepios, mal-estar,
deterioração do estado de consciência, dor/hipersensibilidade nos flancos, na região
supra púbica ou nos ângulos costovertebrais, disúria, polaquiuria, urgência miccional e
hematúria (Consultar anexo I – Definições da Infeção do Trato Urinário).

Evitar a cateterização
A decisão de colocar um cateter vesical e o tipo de cateter a usar, deve ter por base a
avaliação de risco de infeção do utente e a avaliação das suas necessidades,
nomeadamente a duração estimada da cateterização.

Recomendações:

 Dar preferência a um dispositivo urinário externo (ex.: penrose) em


detrimento da cateterização urinária, se for clinicamente suficiente;
 Limitar a utilização do cateter urinário a uma seleção criteriosa de
utentes e remover o cateter, imediatamente após deixar de ser
necessário do ponto de vista clínico.

Data da última revisão: Junho de 2015


392

Indicação para cateterização


A cateterização vesical é uma intervenção necessária em alguns utentes. Porém, alguns
estudos demonstraram que a presença de cateter vesical era inapropriada em 21-54% dos
doentes algaliados (15-16). Por consenso nas Guidelines internacionais, a cateterização
vesical é indicada nas seguintes situações (17,18,19,20):

Recomendações:

As Indicações para a cateterização urinária incluem o seguinte:


 Aliviar a retenção urinária aguda por obstrução do trato urinário;
 Auxiliar a cicatrização de uma ferida aberta sacral e perineal;
 Em caso de imobilização do doente (ex.: por fratura pélvica);
 Monitorização rigorosa do débito urinário;
 Durante procedimentos cirúrgicos prolongados sob anestesia geral ou
raquianestesia;
 Durante analgesia regional no trabalho de parto;
 Para instilação de drogas ou procedimentos urológicos, entre outros.

Método de cateterização
Os diferentes métodos de cateterização e respetivas definições são os que se seguem:
Método de cateterização Definição
Algaliação Inserção de um cateter via uretral na bexiga para
permanência
Cateterização suprapúbica Inserção de um cateter na bexiga através de uma
durante um período de tempo curto ou prolongado
punção
Cateterização intermitenete Inserção por curta duração e periódica de um cateter na
abdominal supra
bexiga através depúbica
sonda vesical, específica
Autocateterização ou Inserção pelo próprio utente de sonda vesical específica
autoalgaliação intermitente uretra para drenagem
de despejo, de urina
na bexiga por curta duração e/ou periódica

uretra que é feita pelo próprio doente para drenagem


Data da última revisão: Junho de 2015
de urina
393

Recomendações
 A cateterização vesical intermitente deve ser preferencialmente usada, em
detrimento da drenagem vesical permanente, desde que clinicamente apropriado
 A seleção, quer da cateterização supra púbica, quer da algaliação, deve ser feita
com base na situação clínica do doente

Seleção do cateter urinário


Os cateteres urinários estão disponíveis em vários tipos de materiais e variados
tamanhos. Os mais comuns são os de tipo Foley, que podem ter 2 ou 3 lúmens. Cada
lúmen é usado para diferentes funções, normalmente, para insuflação do balão,
drenagem de urina e irrigação (se justificada apenas).

Calibre do cateter urinário


O calibre do cateter urinário é avaliado pelo diâmetro do exterior da circunferência do
lúmen, usando a escala métrica francesa (Fr). Varia entre 6Fr e 24Fr. Deve ser usado o
menor calibre, de acordo com fatores fisiológicos do utente.
Isto minimizará o trauma ureteral, o espasmo da bexiga e a quantidade de urina residual
na bexiga, que são todos fatores predisponentes para a infeção associada à cateterização
urinária (21,22).

Data da última revisão: Junho de 2015


394

Os cateteres são produzidos em vários comprimentos e deverão ser utilizados mediante


as indicações do fabricante.

Recomendações
 Usar o cateter com o menor tamanho possível, de acordo com as necessidades do
utente, de modo a garantir a sua segurança e conforto.

Material do cateter
A seleção do material do cateter deve ser baseada em: (42)
 Previsão de duração da cateterização;
 Potencial de conforto do utente;
 História de alergia a algum dos componentes (ex: alergia ao látex);
 Facilidade de inserção ou remoção;
 Capacidade do material de que é composto o cateter, na redução da probabilidade
de complicações, como a colonização com bactérias, incrustações e dano nos
tecidos.
Os cateteres são normalmente compostos por cloreto de polivinilo (PVC), hidrogel,
látex, silicone ou combinação destes materiais. A maioria dos cateteres padronizados é
de base de látex ou de silicone. Os cateteres de base de látex são fortes, elásticos e
flexíveis e são dos mais comumente utilizados na algaliação de curta duração. Os
cateteres de silicone são sintéticos e tendencialmente utilizados em utentes com
sensibilidade ao látex ou que necessitem de algaliação mais prolongada.
Não tem sido demonstrada diferença significativa na relação entre o uso de látex, versus
silicone e a incidência de bacteriúria (24, 25, 26). No entanto, os CDC advertem para o
facto de que o silicone pode reduzir o risco de incrustações nos utentes com algaliação
de longa duração, quando comparados com outros materiais que compõem os cateteres
urinários (2).
A maior parte dos cateteres utilizados para a cateterização intermitente são de uso
único. No entanto, alguns cateteres utilizados para este tipo de cateterização são
desenhados para serem lavados e reutilizados. Nestes casos, deverão ser rigorosamente
cumpridas as instruções do fabricante relativamente à lavagem e armazenamento.
Data da última revisão: Junho de 2015
395

Para além dos cateteres padrão, estão também disponíveis no mercado, cateteres
revestidos parcialmente ou totalmente, por antisséptico ou antimicrobiano. Uma
revisão de estudos sugere, que estes cateteres podem prevenir ou atrasar de maneira
significativa o início da Infeção das vias urinárias relacionada com a cateterização
vesical. No entanto, dada a fraca qualidade metodológica desses estudos, é difícil
recomendar o uso específico de determinado tipo de cateter (deve ser avaliado de
acordo com as necessidades clínicas do utente).

Data da última revisão: Junho de 2015


396

Inserção do cateter urinário


Os profissionais de saúde que efetuam este procedimento devem ser treinados e
avaliados na sua capacidade técnica, bem como, no cumprimento rigoroso da técnica
asséptica, para minimizar o risco de infeção.
Precauções Básicas de Controlo de Infeção (PBCI)
As PBCI consistem num conjunto de medidas de eficácia comprovada para a prevenção
da infeção e que aplicadas em conjunto, potenciam a segurança dos utentes. Devem ser
aplicadas por todos os profissionais de saúde e utentes e visitas, a todos os utentes,
durante toda a prestação de cuidados de saúde.
Baseiam-se no princípio de que todo o sangue e fluidos corporais, excreções e secreções
(exceto o suor) podem conter microrganismos.

Recomendações
 A seleção do material que constitui o cateter deve ser baseada numa
avaliação das necessidades individuais do doente, a história de
incrustações entre outras razões (anexo II).
 Considerar o uso de cateteres revestidos a antissépticos ou
antimicrobianos se a taxa de Infeção associada á algaliação não diminuir
após a implementação de uma abordagem multimodal, incluindo a
otimização da técnica asséptica, manuseamento adequado do cateter,
auditorias regulares e feedback da VE

As PB DEVEM ser aplicadas por TODOS os profissionais de saúde quando inserem um


cateter urinário ou o manipulam, com particular referência à higiene das mãos, uso
adequado do equipamento de proteção individual (EPI) e manuseamento seguro de
resíduos.

Técnica asséptica
Opinião de peritos, guidelines e normas de boa prática indicam que os profissionais de
saúde devem utilizar sempre equipamento estéril e técnica asséptica durante a
algaliação e cateterização vesical, quer esta seja contínua ou intermitente.
Data da última revisão: Junho de 2015
397

A técnica asséptica refere-se a práticas que ajudam a reduzir o risco de infeções


associadas aos procedimentos de colocação e manutenção dos dispositivos invasivos, na
medida em que diminuem a probabilidade da entrada de microrganismos durante os
procedimentos.
O objetivo da técnica asséptica é o de prevenir o aporte de microrganismos ao local do
procedimento asséptico, ou ao sistema de drenagem, que podem diretamente ou
indiretamente invadir locais suscetíveis e/ou isentos de microrganismos, reduzindo
assim o risco de infeção.

Descontaminação das mãos


A higiene das mãos é uma medida simples mais muito importante e que, por si só, tem
grande impacto na prevenção das IACS. A OMS determinou 5 momentos em que os
profissionais de saúde devem proceder à higiene das mãos durante a prestação de
cuidados de saúde: (27)
1. Antes do contacto com o doente;
2. Antes de procedimentos assépticos;
3. Após risco de exposição a fluidos orgânicos;
4. Após contacto com o doente;
5. Após contacto com o ambiente envolvente do doente.

A higiene das mãos com solução antisséptica de base alcoólica (SABA) deve ser feita
imediatamente antes de colocar as luvas estéreis, previamente ao ato de inserção do
cateter urinário.

Equipamento de proteção Individual (EPI)


Os profissionais de saúde devem utilizar os EPI que previnam a contaminação da pele e
vestuário pelos fluidos corporais que podem conter microrganismos patogénicos e, que
podem ser transferidos para outros utentes: para a cateterização vesical é suficiente
usar um avental de plástico (de uso único) e luvas esterilizadas – descartar
imediatamente as luvas após o uso.
As mãos têm que ser higienizadas após a remoção dos EPI.

Data da última revisão: Junho de 2015


398

Preparação do doente
No caso de se encontrar com capacidade para entender o procedimento, o utente deve
ser informado pelo profissional de saúde acerca da necessidade de inserção de um
cateter vesical e dos cuidados a ter com a colocação e manutenção deste dispositivo.

Limpeza e desinfeção do meato urinário


Previamente à cateterização ureteral (algaliação e cateterização intermitente)
Como a infeção pode ocorrer via extraluminal (externamente à superfície do cateter),
quando o cateter é inserido, o meato urinário deve ser cuidadosamente limpo antes da
cateterização. A limpeza do meato envolve a remoção mecânica do exsudado e do
esmegma. Logo que seja possível, a área do meato deve ser lavada com água e sabão. O
uso de soluções anti-séticas versus soro fisiológico estéril, para a limpeza e preparação
do meato previamente à cateterização, continua a não ser consensual. Mas sabe-se que
o mais importante é que haja uma limpeza adequada do meato urinário e áreas
adjacentes, antes da inserção do cateter.
Os princípios básicos para a limpeza do meato urinário incluem:
- no homem: retração do prepúcio (sempre que seja possível) e limpeza da glande. O
prepúcio deve ser colocado na sua posição normal após a introdução do cateter.
- na mulher: os pequenos lábios devem ser separados e essa área deve ser lavada de
frente para trás. A abertura do meato deve ser lavada, usando água destilada estéril ou
soro fisiológico estéril e compressas esterilizadas. Estas devem ser descartadas após
utilização.

Manutenção de um campo estéril


Antes do procedimento, as superfícies envolventes deverão estar efetivamente lavadas
e descontaminadas. Manter a integridade do campo estéril é essencial, seja onde for
que a algaliação seja feita. Os profissionais de saúde devem usar luvas estéreis e campos
estéreis, de maneira a criar uma zona igualmente estéril à volta do meato.

Procedimento de inserção

Algaliação
Data da última revisão: Junho de 2015
399

A cateterização através da uretra pode causar hematomas e trauma na mucosa ureteral,


constituindo risco na medida em que podem constituir-se portas de entrada de
microrganismos para a corrente sanguínea e para o sistema linfático.
Está recomendada a utilização de gel lubrificante ou anestésico estéril, de uso único,
devendo este ser aplicado no meato urinário e na superfície da algália antes da sua
inserção, para minimizar o trauma ureteral e a infeção (26).
Uma vez inserida a algália, a urina começará a ser drenada antes do balão ser insuflado
(no local apropriado).
A algália deve ser conectada a um saco de drenagem estéril (circuito fechado), colocado
de maneira a permitir a drenagem adequada da bexiga.
As UCCI devem ter instituído um sistema de registo no processo do doente, que
assegure a seguinte informação, quando é colocada uma algália:
 Indicação do motivo da algaliação
 Data e hora da algaliação
 Tipo e calibre da algália
 Quantidade de água estéril inserida no balão
 Alguma complicação que ocorra
 Data da revisão/mudança de algália (se for necessária a sua manutenção
no utente)
 Nome do profissional de saúde que algaliou o utente
Ver Anexo III - Exemplo de checklist para algaliação

Recomendações

 Os profissionais de saúde devem aplicar as medidas de PB, quando fazem uma


algaliação, com especial atenção para a higiene das mãos e utilização de EPI.
 A higiene das mãos com solução alcoólica deverá ser feita imediatamente antes da
inserção da algália

Data da última revisão: Junho de 2015


400

 Os profissionais de saúde devem usar luvas estéreis e técnica asséptica quando


inserem a algália
 Os profissionais que vão proceder a uma algaliação devem ser treinados e
competentes na inserção do mesmo e no cumprimento da técnica asséptica, ou
devem-no fazer sob apropriada supervisão
 Para limpeza do meato urinário antes de inserir a algália, deverá ser usado soro
fisiológico estéril ou água destilada estéril

Data da última revisão: Junho de 2015


401

Manipulação do circuito de drenagem vesical

Precauções básicas de Controlo de Infeção (PBCI)


As PBCI DEVEM ser aplicadas por TODOS os profissionais de saúde a TODOS os
doentes em TODO o tempo. A descontaminação das mãos deve ser cumprida antes e
depois do contacto com o doente, antes de procedimentos limpos ou assépticos e após
risco de exposição a fluidos orgânicos. Isso inclui o esvaziamento do circuito de
drenagem vesical.
O tipo de EPI utilizados durante o procedimento, deve ter em conta o risco de
contaminação com sangue ou fluidos orgânicos.
Exceto aquando da introdução da algália (luvas estéreis) devem ser usadas luvas limpas
de uso único.
A higiene das mãos TEM QUE SER FEITA SEMPRE antes e depois da utilização de luvas.
As boas práticas na manipulação do circuito de drenagem vesical incluem:
 Manter o saco de drenagem abaixo do nível da bexiga;
 Minimizar a probabilidade de contaminação do orifício de saída do saco de
drenagem, utilizando um suporte para o manter afastado do chão ou outras
superfícies;
 Interromper o circuito fechado da drenagem vesical, apenas quando
estritamente necessário. Assegurar que a conexão entre o cateter e o sistema
de drenagem urinário não é aberto, a não ser por fortes razões clínicas (por ex.
por degradação do saco ou obstrução por coágulos ou sedimento);
 A quebra de integridade do circuito fechado não é aceitável, mesmo para
colheita de amostra de urina, ou esvaziamento desnecessário do saco de
drenagem;
 Esvaziar o saco de drenagem com regularidade para prevenir o refluxo e/ou
excessivo peso do saco;
 Utilizar um jarro limpo por cada doente (individualizado) para despejo do saco
de drenagem, impedindo tocar na torneira de despejo;
 Encorajar a ingestão de líquidos sempre que a situação clínica o permita.
402

Recomendações:
Os profissionais de saúde devem aplicar as PBCI quando tratam de doentes algaliados;
Deve ser usado um sistema de drenagem fechado nos doentes algaliados;
Utilizar sacos de drenagem estéreis na algaliação;
O saco de drenagem deve ser mantido abaixo do nível da bexiga e fixado à perna do
doente para impedir a contaminação da torneira de drenagem;
Não interromper o circuito fechado da drenagem vesical (apenas se justificado);
Esvaziar o saco de drenagem regularmente, utilizando um jarro limpo, individualizado,
por cada doente algaliado, evitando tocar na torneira de despejo.
403

Colheita de urina para análise


A amostra de urina deve ser colhida no local apropriado da algália, sempre que isso for
possível. O local específico para a colheita deve ser sujeito a desinfeção (ex. álcool a
70%), deixando secar bem antes de retirar a amostra.

Recomendações
A colheita de amostra de urina asséptica deve ser feita apenas quando clinicamente
indicada, usando técnica asséptica e de preferência com sistema de recolha sem
agulha.
Aspiração por punção com agulha:
 Preparar o material necessário
 Clampar a algália durante alguns minutos
 Desinfetar as mãos
 Colocar luvas esterilizadas
 Desinfetar o local de punção com álcool 70% antes da colheita
 Aspirar 5-10 ml de urina, puncionando na parte oposta do canal do balão com um
ângulo de 45º e colocar em frasco esterilizado devidamente rotulado, evitando
tocar no bocal do frasco
 Retirar a pinça de clampagem e limpar o local de punção após a colheita
 Enviar a amostra de urina para o Laboratório, o mais rápido possível (no prazo
máximo de uma hora). Se isto não for possível, a amostra deve ser refrigerada a
4ºC para evitar a proliferação das bactérias contaminantes e deve ser enviada ao
Laboratório no prazo máximo de 2-4 horas após a colheita
 É muito importante que a requisição que acompanha a amostra, contenha a
informação referente à presença da algália e antibioticoterapia que o doente
possa estar a fazer.
404

Dispositivos de fixação de algália


O uso de adesivo e de dispositivos não adesivos (ex. elástico/velcro) para fixar a algália à
perna ou abdómen é recomendado em várias guidelines, sendo consensual na opinião
de peritos. As vantagens atribuídas à fixação dos cateteres incluem redução do trauma e
hemorragia, prevenção da deslocação e prevenção de espasmos vesicais que podem
resultar da pressão e da tração.

Limpeza do meato
A opinião de peritos e as guidelines recomendam que não há vantagens em utilizar
preparações antissépticas para a limpeza do meato, comparativamente com o banho ou
duche rotineiro.
Lavar o meato com água e sabão, durante o banho ou duche de rotina, é o adequado.
Se estes cuidados se inserirem no banho do doente na cama, a água deve ser mudada,
assim como a manápula ou esponja. A prevenção da infeção através do local de
inserção, durante a higiene é muito importante. Na mulher, isso significa higienizar da
frente para trás em direção ao ânus. No homem, o prepúcio deve ser retraído e a área
por baixo deve ser cuidadosamente limpa. Esta zona é muitas vezes um reservatório de
bactérias, em especial nos idosos.

Obstrução da algália
As obstruções recorrentes de algália, causadas por incrustações no cateter devido a
depósitos de sais minerais, constituem uma complicação em aproximadamente 50% dos
doentes de cuidados continuados algaliados. A obstrução do cateter causa derrames e
retenções urinárias, resultando no aumento das mudanças de algália. As incrustações na
superfície externa da algália podem causar trauma na uretra aquando da sua remoção.

Remoção da algália
O risco de aquisição de bacteriuria foi estimado em 5% por cada dia de cateterização,
acumulando 100% em 4 semanas. Quanto maior for o tempo de permanência da algália,
maior o risco de infeção e mais diversificada pode ser a flora local e os microrganismos
causadores de ITU. A necessidade clínica de manter a algália deve ser revista
diariamente e o cateter deve ser removido o mais cedo possível. Não é necessário
clampar a algália antes de a remover.
405

As abordagens de limitação do uso do cateter urinário e da duração da cateterização


com sucesso incluem os seguintes aspetos:
 Implementação de procedimentos específicos para remoção de cateter após
cirurgia;
 Fornecer orientações para gerir a retenção no pós-operatório, que pode
incluir a utilização de cateteres apenas para drenagem;
 Fornecer “lembretes” aos médicos para revisão da necessidade de manter
a cateterização, promovendo a sua remoção, logo que clinicamente dispensável;

Uma revisão sistemática da literatura e a meta-análise sobre a eficácia dos sistemas de


“lembrete ou aviso”, na redução da infeção urinária associada à algaliação, demonstra
que a taxa de ITU associada à algaliação reduziu 52% com a implementação destas
medidas, que visam minimizar o tempo de algaliação.
A duração da algaliação diminuiu 37% e a taxa de realgaliação foi semelhante nos grupos
de controlo e de intervenção (29).
406

Mudança de algália na algaliação de longa duração


A algaliação de longa duração é definida como tendo uma duração de cateterização
superior a 28 dias. Não há consenso relativamente à frequência de mudança da algália.

Recomendações
Algaliação de curta duração
Assegure-se de que o cateter de algaliação é prontamente removido quando já não
é necessário, usando as seguintes estratégias:
Revisão diária, por médicos e enfermeiros, da necessidade de manutenção da algalia
 Implementar procedimentos específicos para remoção da algália no pós
operatório;
 Implementar sistemas de aviso/”lembrete” no processo comum ou no
processo eletrónico do utente.
407

Vigilância epidemiológica da infeção urinária associada a cateter

A vigilância epidemiológica é definida por: registo sistemático e contínuo, análise e


interpretação de dados e informação de retorno a todos os que estão envolvidos no
processo. O elo final da cadeia de vigilância, é a aplicação destes dados na definição de
medidas e estratégias para prevenir e controlar a infeção (30).
Os estudos de prevalência são normalmente utilizados para vigilância da ITU. Apesar
disso, a vigilância prospetiva de incidência da ITU é recomendada em grupos de risco.
Têm sido referidas na literatura taxas de ITU que variam entre 3,3 e 17,4 por 1000 dias
de cateter urinário em Unidades de Cuidados Intensivos (31). Taxas de infeção muito
mais baixas na ordem dos 1,24 a 2,26 por 1000 dias de cateter urinário têm sido
reportadas em doentes de Cuidados Continuados (32).
Todas as unidades de saúde devem considerar inclusão da vigilância da ITU no seu
programa de vigilância, dependendo do risco e do perfil dos seus doentes e dos recursos
disponíveis. Se for realizada, a taxa de ITU deve ser relatada como o número de ITU por
1000 dias de cateter. As definições de ITU a considerar em doentes de Cuidados
Continuados, para efeito de vigilância, são as de Mcgeer (ver anexo I). A vigilância da ITU
inclui unicamente as infeções sintomáticas, já que a prevalência de bacteriúria
assintomática neste tipo de doentes é muito alta.
408

Formulários de colheita de dados e protocolo

Quando uma unidade de saúde se compromete a realizar a vigilância da ITU relacionada


com cateter em algum grupo de risco particularmente elevado, os responsáveis pela
colheita de dados devem ser treinados nas definições utilizadas na vigilância e nos
protocolos a utilizar. Existem vários modelos de formulários para colheita de dados
(Anexo IV e V).

Formulário para colheita de dados do denominador (Anexo IV):

Este formulário é um instrumento para registo registo diário dos utentes com cateter
urinário. Os dias de exposição ao cateter urinário correspondem à soma da contagem
diária de utentes com algaliação numa Unidade, em cada dia. Os dados devem ser
colhidos à mesma hora todos os dias, por ex. todos os dias às 12 horas ou na saída de
noite (mudança de turno da noite para a manhã).

Formulário para colheita de dados do numerador (Anexo V):


Este formulário destina-se à colheita de informação para os dados do numerador, que
consiste no número de doentes com ITU associada ao cateter urinário. Este instrumento
é utilizado para reportar a ITU associada a este cateter, no grupo sujeito a vigilância.
A informação colhida inclui dados demográficos do doente, sinais e sintomas de infeção,
resultados de laboratório (se disponíveis) e a presença ou não de cateter urinário.

A taxa de ITU associada ao cateter por 1000 dias de cateter tem a seguinte fórmula:
N.º de ITU associada a cateter X 1000
N.º de cateteres urinários dia

Exemplo – cálculo da taxa de ITU associada a cateter por 1000 dias de dispositivo
urinário
1) Dois doentes numa Unidade de Cuidados Continuados (UCC) entraram na definição
de caso de uma ITU associada a cateter urinário no mês de fevereiro (numerador =
2)
409

Para calcular o número de dias de cateter (dados de denominador): adicionar o número


de utentes com um cateter urinário colocado em cada dia do mês de Fevereiro (por
exemplo, 3 utentes no primeiro dia de Fevereiro tinham um cateter urinário; 8 no dia 2;
6 nos dias 3 a 15, 4 nos dias 16 a 23 e 8 dias em 24-28.

Soma-se (3+8+ 6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +6 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +4 +8 +8 +8
+8 +8 = 161 dias de algaliação)

Dados do denominador: total de dias de cateter urinário no mês de Fevereiro na UCI.

2) A taxa de ITU associada a cateter urinário na UCC no mês de Fevereiro (por 1000 dias
de cateter) é a seguinte:
2 X 1000 _ = 12, 4 ITU associada a cateter urinário/1000 dias deste cateter
161

Feedback dos resultados da vigilância


A taxa de ITU associada a cateter urinário deve ser dada a conhecer a todos os
profissionais e ao órgão de gestão da UCCI, regularmente (mensalmente, ou pelo menos
trimestralmente). Isso permite que a UCC monitorize tendências, identifique surtos, e
monitorize a eficácia do seu POPCI.

Recomendações
 As UCC devem considerar a inclusão da VE da ITU associada ao cateter urinário,
como componente essencial do seu programa de vigilância, de acordo com o risco
dos seus utentes e os recursos disponíveis. Deve ser utilizada uma metodologia de
VE padronizada.
 As taxas de ITU (utentes algaliados) devem ser expressas por 1000 dias de exposição
ao cateter urinário e devem ser dadas a conhecer aos profissionais de saúde da
Unidade e aos gestores, com periodicidade regular (pelo menos trimestralmente).
410

Formação dos Profissionais de saúde


Um número significativo de estudos demonstraram que os programas de formação das
equipes podem reduzir as IACS (34,35).
As orientações atualizadas recomendam a formação dos profissionais de saúde, como
sendo uma das medidas importantíssimas de prevenção da ITU.
A formação de integração dos novos profissionais de saúde e a formação contínua é
também recomendada.
O programa de formação deve incluir as seguintes dimensões: avaliação da indicação
para a algaliação, manipulação do cateter e sua remoção precoce, assim que deixa de
ser necessário.
Um estudo Irlandês revelou que 69% dos profissionais de saúde não tinham recebido
formação para a prevenção da ITU associada a cateter vesical (28). Entre outros
aspetos, foram identificados os seguintes défices no conhecimento e práticas nos
profissionais de saúde:
 Uso inadequado da torneira de drenagem para colheita de urina para análise;
 Uso inadequado de lubrificante multi-dose para inserção do cateter;
 Mudança de sacos diários;
 Registos insuficientes e inadequados das práticas.

Recomendações

Deve existir nas instituições de saúde um programa de formação para integração de


novos profissionais e de formação contínua, englobando os seguintes assuntos:
 Indicações para algaliação;
 Técnica de Inserção segura do cateter urinário;
 Manutenção e manipulação do sistema de cateterização urinário;
 Técnica para obtenção de urina para análise;
 Deteção de sinais e sintomas de infeção;
 Remoção do cateter.
411

Educação dos doentes, familiares/cuidadores


Deve também ser feito ensino aos utentes e visitantes, sobre o seu papel na prevenção
da infeção urinária.
Aquando da alta hospitalar, devem ser fornecidas informações escritas ao utente e
familiares que necessitam de manter algaliação, sobre o motivo da mesma, o tipo e
calibre da algália, data de inserção e volume de água no balão.

Recomendações

 Antes da algaliação, os doentes devem ser informados, usando linguagem verbal


e escrita clara, sobre as razões, os benefícios e riscos do procedimento.
Essa informação deve incluir:
 Cuidados com a algália;
 Cuidados com o esvaziamento do saco coletor;
 Onde, quando e como se deve mudar o cateter e ou o saco coletor (aplicável
aquando da alta);
 Sinais e sintomas indicativos de possíveis complicações (por ex. infeção, derrame
ou bloqueio do circuito) e com quem devem entrar em contacto, caso o
Utente já tenha tido alta.

Ver exemplo de folheto informativo para o doente e família/cuidadores (Anexo VI)

Documentos de interesse relacionados com este procedimento:


Norma da DGS N.º 15/2011 de 30/08/2011 – “Terapêutica de infeções do aparelho
urinário (comunidade)”.
412

Anexo I - Definições Clinicas de ITU

As infeções do trato urinário cursam frequentemente com sinais e sintomas que incluem:
febre (≥ 38ºC “de novo” ou em agravamento), arrepios, mal-estar, deterioração do
estado de consciência, dor/hipersensibilidade nos flancos, na região supra púbica ou nos
ângulos costo- vertebrais, disúria, polaquiúria, urgência miccional e hematúria.

a) Infeção Urinária – infeção do parênquima renal (pielonefrite) ou da bexiga (cistite)


acompanhada de sinais/sintomas sugestivos, frequentemente associados ao isolamento
de um agente bacteriano numa amostra de urina
b) Infeção Urinária complicada – infeção urinária sintomática em indivíduos com alterações
estruturais e/ou funcionais do trato urinário.
c) Bacteriúria Assintomática – é o isolamento de um agente bacteriano numa amostra de
urina adequadamente colhida, num indivíduo sem sintomas ou sinais sugestivos de
infeção urinária.
d) Recaída – infeção urinária recorrente após terapêutica, resultante da persistência do
mesmo agente no trato urinário.
e) Piúria – presença de numerosos leucócitos na urina, constituindo evidência de resposta
inflamatória no trato urinário. Isolada não deve constituir critério de infeção urinária
f) Reinfecção – infeção recorrente do trato urinário com o mesmo ou outro microrganismo,
geralmente proveniente da flora colonizadora da vagina ou intestino

Definições de ITU em doentes de Cuidados continuados


(Definições de Mcgeer para infeções em unidades de cuidados continuados)
As ITU (apenas as infeções sintomáticas) devem reunir, pelo menos um dos seguintes
critérios:

Critério 1:
Residente não algaliado e que apresenta, pelo menos, três dos seguintes sinais ou
sintomas:
413

a) Febre (≥ 38°C) ou Arrepios;


b) Aparecimento ou aumento de ardor durante a micção;
c) Aparecimento ou aumento da frequência da micção;
d) Aparecimento ou aumento da urgência da micção;
e) Aparecimento de dor ou sensibilidade no flanco ou na zona supra púbica;
f) Alteração da característica da urina (ou odor);
g) Agravamento do estado mental ou funcional (pode ser um estado novo ou agravado
de incontinência).

Critério 2:
Residente algaliado e que apresenta, pelo menos, dois dos seguintes sinais ou sintomas:
a) Febre (≥38°C) ou Arrepios;
b) Aparecimento de dor ou sensibilidade no flanco ou na zona suprapúbica;
c) Alteração da característica da urina (ou odor) (*);
d) Agravamento do estado mental ou funcional (pode ser um estado novo ou agravado
de incontinência).
(*) A alteração das características da urina poderá ser clínica (e.g. urina com sangue
recente, cheiro pútrido ou quantidade de sedimento) ou informado pelo laboratório,
piúria recente ou hematúria microscópica. Por mudanças laboratoriais pressupõe-se que
uma urocultura anterior fosse negativa.
Comentário: Notar que os resultados do exame microbiológico da urina não estão
incluídos nestes critérios. Contudo, se uma amostra de urina tiver sido devidamente
colhida e processada e se na altura o residente não estiver a tomar antibióticos, então o
resultado da urocultura deverá ser registado (positiva, contaminada ou negativa)
Na medida em que as vias urinárias são a fonte infeciosa oculta mais comum em
residentes com cateter urinário (algália), a associação de febre com deterioração
(agravamento) do estado mental ou funcional destas pessoas, preenche os critérios de
infeção do aparelho urinário. No entanto, deve-se ter em atenção a necessidade de
eliminar outras possíveis causas destes sintomas. No caso dum residente algaliado que
apresente febre e agravamento da sua situação mental e funcional, mas com critérios de
infeção com outra localização diferente das vias urinárias, é feito e registado o
diagnóstico de infeção nessa outra localização.
414

ANEXOS
415

Anexo II
Recomendações de utilização: Resumo de vantagens e desvantagens dos materiais mais
comuns usados nos cateteres urinários
Material do cateter Recomendação de Vantagens Desvantagens
urinário utilização*

Policloreto de Algaliação de curta Lúmen largo Rígidos e inflexíveis o


polivinila (PVC) duração permitindo um rápido que se pode transformar em
fluxo desconforto para o utente
Os cateteres vesicais
reutilizáveis devem ser bem
lavados e de seguida, bem
Policloreto de polivinila Cateterização intermitente Adequado para uso enxaguados
sem balão (IC) único para instilação de
medicamentos

Teflon revestido com Algaliação de curta Superfície externa Inadequado para


látex (% de revestimento) duração - até 28 dias suave para inserção doentes alérgicos ao latex. O
Teflon pode ser prejudicial se
permanecer na bexiga por
muito tempo

Silicone Algaliação de longa Lumen largo para Pode haver


duração - até 12 drenagem. Pode reduzir dificuldade em remover quando
semanas o potencial risco de a cateterização for suprapúbica,
incrustação devido ao cuff do balão

Adequado para doentes


com alergia ao látex

Hidrogel revestido a Algaliação de longa Pode reduzir a fricção na Inadequado para


latex duração - até 12 mucosa da uretera doentes alérgicos ao
semanas látex

Silicone elastoner Algaliação de longa Pode ajudar a reduzir Inadequado para


revestido a látex (nas duração - até 12 potenciais encrustações doentes alérgicos ao látex
faces interna e externa) semanas e
irritação da mucosa

Hidrogel revestido a Algaliação de longa Pode reduzir a fricção Material rígido. Pode
silicone duração - até 12 na mucosa da uretra Ser desconfortável para o
semanas durante a inserção. doente
Adequado para doentes
com alergia ao látex

* Seguir sempre as instruções dos fabricantes


416

Anexo III:
Exemplo de Checklist para inserção de algália
Nome do doente:
N.º do processo:
Data de inserção do cateter urinário:
Foram consideradas alternativas à cateterização vesical, tendo em conta Sim □
as necessidades do utente e as possíveis complicações da algaliação Não □
O motivo clinico de algaliação está especificado e documentado no Sim □
processo do doente. Não □
Indicação clinica para inserção de cateter urinário (selecione uma):
A equipa clinica tem necessidade de monitorizar o débito urinário
(monitorização hemodinâmica).
O utente não consegue esvaziar a bexiga (retenção urinária).
Durante procedimentos cirúrgicos prolongados sob anestesia geral ou
raquianestesia.
Durante analgesia regional no trabalho de parto.
Para auxiliar a cicatrização de uma ferida aberta na região sacro e
perineal.
Para conforto do doente no cuidado em fim de vida.
Na necessidade de imobilização do doente (ex.: imobilização por fartura
pélvica).
Para instilação direta de terapêutica ou outros procedimentos urológicos.
Indicar outro motivo para cateterização vesical (não indicado na lista).
O Profissional de Saúde (PS) foi considerado competente para proceder à □ Sim
algaliação ou está sob a supervisão de alguém competente para o fazer. □ Não
O PS explicou a necessidade de colocação do cateter urinário ao doente e □ Sim
a possibilidade de complicações; Obteve o consentimento informado do □ Não
utente.
O PS removeu joias e adornos, colocou avental plástico, fez a higiene □ Sim
antisséptica das mãos e colocou luvas estéreis antes da inserção do □ Não
cateter.
Foi escolhido o menor calibre para uma drenagem eficaz. □ Sim
N.º do calibre □ Não
Tamanho do balão ml, foi preenchido com ml de água destilada
O meato uretral foi limpo com água destilada estéril ou soro fisiológico □ Sim
estéril; □ Não
O cateter e a uretra foram lubrificados com lubrificante estéril unidose; □ Sim
Visualizou a drenagem de urina antes de insuflar o balão □ Não
O cateter urinário foi conectado com técnica asséptica, a um saco de □ Sim
drenagem estéril □ Não
O cateter urinário foi posicionado abaixo do nível da bexiga, em suporte □ Sim
limpo, que impeça que qualquer parte do circuito entre em contacto com □ Não
o chão.
Nome do PS que fez o procedimento:
Nome do observador (se presente):
417

Anexo IV: Vigilância Epidemiológica da ITU associada ao Cateter Urinário


Formulário 1: Dados do Denominador
VE da Infeção urinária associada ao cateter urinário
Formulário calendário mensal – dados do denominador
Estes dados devem ser colhidos todos os dias à mesma hora
Designação da Enfermaria Mês / Ano □□/□□□□

N.º total de doentes na unidade N.º de doentes com cateter urinário


Dia 1 □□ □□
Dia 2 □□ □□
Dia 3 □□ □□
Dia 4 □□ □□
Dia 5
□□ □□
Dia 6
Dia 7 □□ □□
Dia 8 □□ □□
Dia 9 □□ □□
Dia 10 □□ □□
Dia 11 □□ □□
Dia 12 □□ □□
Dia 13
□□ □□
Dia 14
□□ □□
Dia 15
Dia 16 □□ □□
Dia 17 □□ □□
Dia 18 □□ □□
Dia 19 □□ □□
Dia 20 □□ □□
Dia 21 □□ □□
Dia 22
□□ □□
Dia 23
Dia 24 □□ □□
Dia 25 □□ □□
Dia 26 □□ □□
Dia 27 □□ □□
Dia 28 □□ □□
Dia 29 □□ □□
Dia 30 □□ □□
Dia 31
□□ □□
□□ □□
□□ □□
□□ □□
Total □□□□ □□□□
Observações:
418

Anexo V: Vigilância Epidemiológica da ITU associada ao Cateter Urinário


Formulário 2: Dados do Numerador
VE da Infeção urinária relacionada com o cateter urinário
Formulário de registo de sinais clínicos e laboratoriais – dados do denominador
Dados do doente N.º do laboratório □□□□

Nome Doente N.º Processo


Data de nascimento □□/□□/□□□□ Sexo: Fem. □ Masc. □
Doente do foro: medico □ Cirurgico □ Outro □ Qual Data da
suspeita de infeção □□/□□/□□□□
Data da admissão na unidade/serviço □□/□□/□□□□
Unidade/serviço
Detalhes do cateter urinário
“Status” do cateter urinário quando feita análise bacteriana
□ Na bexiga □ removido nas 48h anteriores □ sem cateter há mais de 48h

Local onde foi inserido o cateter urinário


Data de inserção do cateter urinário □□/□□/□□□□
Sinais e sintomas
Doentes não agudos
Febre (≥38°C) ou Arrepios □
Aparecimento de dor ou sensibilidade no flanco ou na zona suprapúbica □
Alteração da característica da urina (ou odor) (*) □
Agravamento do estado mental ou funcional (pode ser um estado novo ou agravado de incontinência) □
(*) A alteração das características da urina poderá ser clínica (e.g. urina com sangue recente, cheiro pútrido, ou
quantidade de sedimento) ou informado pelo laboratório, piúria recente ou hematúria microscópica.
Por mudanças laboratoriais pressupõe-se que uma urocultura anterior fosse negativa.
Laboratório e Teste de Diagnostico Resultados Microbiológicos
1 cultura positiva com ≥ 10 5 CFU/ml, com não mais de 2 espécies de Número da colheita (processamento
microrganismos □ laboratorial)
2 Teste rápido (fita de urina) positivo para leucócitos esterase* e/ou Data do isolamento □□/□□/□□□□
nitritos□
3 Piúria□ Microrganismo 1 ___________
4 Microrganistos identificados por Gram, em amostra de urina:
4.1. Uma cultura positiva com ≥ 10 3 CFU/ml e < 10 5 CFU/ml, com não Microrganismo 2 ____________
mais que duas espécies de microrganismos □
4.2. Urocultura positiva
4.3. Hemocultura positiva □ Infeção da corrente sanguínea secundária
4.4. Outra evidência de infeção detetada: no exame direto, durante a a ITU: Sim□ Não □
Se Sim:
cirurgia, ou por outros exames de diagnóstico (por critérios específicos
do local) □ Data de isolamento □□/□□/□□□□
*enzima específica libertada pelos leucócitos na urina) Microrganismo isolado:________________
___________________________________

Resultado: ITU relacionada com o cateter urinário: SIM □ Não □

Observações:
419

Anexo VI: Folheto informativo para o doente e


família/cuidadores
420

Cuidados com a algália


O que é um cateter vesical ou algália?
A colocação da algália pode ser temporária e esta pode ser
É um tubo ou sistema de tubos que se utilize para esvaziar e
retirada uma vez esvaziada a bexiga.
recolher urina da bexiga.
Noutras ocasiões ela é colocada durante um maior período de
É na bexiga que se armazena a urina produzida nos rins, onde se
tempo. Estas, necessitam de um conjunto de cuidados, quer do
faz a filtragem do sangue.
utente ou do seu cuidador, de forma a manter o bom
A urina é esvaziada para o exterior da bexiga por um canal que se
funcionamento e evitar infeções.
chama uretra. As algálias são utilizadas nos casos em que não se
consegue urinar, porque a saída está obstruída ou porque existe
uma alteração nos nervos que controlam o esvaziamento da Quais os cuidados que devo ter, com a algália?
bexiga. Também são utilizadas quando há perdas de urina Beba água: Pelo menos 1,5l a 2l de água por dia

incontroláveis, que comprometam a cicatrização duma ferida, por Lave as mãos antes e depois de manipular a algália

exemplo. Mantenha a sonda e área em redor limpa, lavando com água e

Por último, podem também ser usadas quando é necessário sabão. A sonda pode ser clampada ou ligada a um saco coletor

introduzir medicamentos na bexiga, colher amostras de urina para Se usar a clampagem: Retire-a quando sentir vontade de urinar e

análise ou controlar a quantidade de urina produzida. deixe que a urina saia naturalmente para fora.

A algália é introduzida após a aplicação de um gel lubrificante pela Se não tiver vontade de urinar deve retirar a clampagem em cada

uretra até à bexiga, e aí é insuflado um balão existente na ponta 2 ou 3 horas e esvaziar a bexiga.

do tubo para que este não saia. Durante a noite deverá ligá-la a um saco coletor.
421

Se utilizar um saco coletor:  Quando não conseguir urinar ou o volume de urina

 Retire-o unicamente para trocar diminuir acentuadamente, apesar da ingestão abundante

 Se o saco tiver uma válvula deverá esvaziá-lo através desta de líquidos;

e a sua mudança deverá ocorrer entre 5 a 7 dias ou em  Se perder grande quantidade de urina pela algália.

caso de danificação ou acumulação de muito sedimento. A colocação de uma algália é um procedimento de enfermagem

 A zona de união entre o saco e a sonda deve ser realizado com técnica asséptica e material estéril.

manuseada com cuidado e com as mãos lavadas. NUNCA a mude, a não ser que tenha indicação e treino de um

 O saco deve ser colocado abaixo do nível da bexiga e não profissional de saúde para o fazer.

em cima da cama. Coloque-o suspenso ao lado da cama. No entanto cabe a si cumprir os cuidados adequados à
manutenção da algália e do sistema de drenagem.

Quando contactar o enfermeiro ou o médico de Resumo das recomendações ao utente


algaliado/família
família? o Após colocada a algália deve beber água com frequência;
 Se aparecer febre ou a urina aparecer com um cheiro o Lave as mãos antes e depois da sua manipulação;
intenso, turva ou espessa; o Deixe o saco sempre colocado abaixo do nível da bexiga;

 Se apresentar inflamação na uretra ou na saída da algália; o Coloque o saco suspenso ao lado da cama, de modo a

 Se observar sangue dentro ou à volta da sonda; evitar que a urina que está dentro do saco, volte para
dentro da bexiga, o que pode dar origem a infeção.
422

6.2 Recomendaçoes para a prevençao de infeçao


associada ao cateterismo vascular
Introdução

Nas Unidades de Cuidados Continuados Integrados (UCCI), a exposição dos utentes aos
acessos vasculares é mais limitada do que em Unidades de Agudos, dado que nas UCCI o seu
uso se restringe maioritariamente aos cateteres periféricos.

No entanto, em algumas circunstâncias, é necessário prestar cuidados a utentes com


dispositivo vascular central ou submetidos a técnicas de hemodiálise e outras técnicas de
substituição renal. Fundamenta-se assim a necessidade de abordar na presente norma, as
principais recomendações de prevenção e controlo da infeção associada aos dois tipos de
dispositivos vasculares (centrais e periféricos).

Em 2011, 20,8% das infeções nosocomiais da corrente sanguínea (INCS) adquiridas nos
hospitais portugueses aderentes ao Programa de vigilância epidemiológica (VE) para esta área,
promovido pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), eram associadas aos cateteres vasculares
centrais, com taxas de bacteriemia substancialmente mais elevadas do que nos doentes sem
cateter.

As taxas de INCS relacionada com cateter variam consideravelmente conforme a dimensão


do hospital, os serviços/unidades e tipo de cateter, podendo também ser influenciadas por
fatores de risco intrínseco dos doentes, tais como tipo e gravidade da doença (ex: grande
queimado, imunodeprimido), assim como os parâmetros relacionados com o cateter,
nomeadamente, as condições em que este é colocado (i.e; eletiva versus urgente), tipo de
cateter e respetiva localização (i.e; tunelizáveis versus percutâneos) ou o local de colocação
(i.e; veia subclávia versus veia jugular).

A taxa de INCS relacionada com a exposição ao Cateter Venosos Central CVC, em 2011, foi
de 2,1 por mil dias de cateterização. Os resultados nacionais confirmaram a elevada
morbilidade e custos associados aos doentes que adquirem uma INCS, já que a demora média
nestes casos foi de 36,8 dias de internamento, contrastando com a demora média global de
todos os doentes admitidos nos mesmos hospitais e serviços aderentes ao estudo e no mesmo
período de tempo, que foi de 7,3 dias. Muito embora não seja possível relacionar a INCS como

Data da última revisão: Julho de 2015


423

causa direta e/ou única da morte, verificou-se também que a taxa bruta de mortalidade nos
doentes com INCS foi de 29,7%.

Pelo facto de quase metade das INCS terem como origem provável os dispositivos invasivos
(CVC - 20,8%), a ventilação mecânica (11,9% - % de INCS cuja origem provável foi a infeção do
trato respiratório em doentes ventilados e não ventilados) e a algaliação (12,7% - % de INCS
cuja origem provável foi a algaliação), considera-se que podem tratar-se de infeções evitáveis,
já que estão associadas a vias de transmissão exógenas. É por isso necessário rever e
implementar sistematicamente, as boas práticas de prevenção da infeção associada a estes
dispositivos invasivos.

Objetivos

Fornecer aos profissionais de saúde das UCCI orientações para a prevenção e o


controlo da infeção associada ao cateter vascular central e periférico.
Prevenir a infeção adquirida nas UCCI em doentes submetidos ao cateter vascular
central e periférico.

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados Continuados afetos
à União das Misericórdias Portuguesas.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:

 Responsáveis das Áreas Clínicas e não Clínicas.


 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 GCL PPCIRA e respetivos membros dinamizadores.
2) Pela revisão do procedimento:
 Núcleo Central do GCL-PPCIRA.

Data da última revisão: Julho de 2015


424

Siglas

 GCL– Grupo de Coordenação Local


 CDC – Centers for disease control and prevention
 CVC – Cateter Venoso Central
 DGS - Direcção-Geral da Saúde
 INCS – Infeção nosocomial da corrente sanguínea
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e das Resistências aos
Anmtimicrobianos
 UCCI - Unidades de Cuidados Continuados Integrados
 VE - Vigilância epidemiológica

Patogénese
A patogénese das infeções relacionadas com cateter é multifactorial e complexa. As
potenciais fontes de contaminação dos dispositivos intravasculares são:

1) Mãos dos profissionais;

2) Microflora da pele do doente;

3) Ponta de cateter contaminada durante a inserção;

4) Colonização das conexões do cateter;

5) Fluidos contaminados;

6) Via hematogénea (ver Fig1).

Nos cateteres inseridos perifericamente com permanência inferior a 10 dias (i.e, de curta
permanência), a via de infeção mais comum é a migração de microrganismos da pele do local
de inserção ao longo do trajeto subcutâneo, com colonização da ponta do cateter. Nos
cateteres com permanência superior a 30 dias (i.e, de longa permanência), a contaminação das
conexões devido a múltiplas manipulações, contribui significativamente para a colonização
intraluminal.

Ocasionalmente, os cateteres podem ficar colonizados por via hematogénea através de


outros focos de infeção. A contaminação por infusões é uma causa rara de bacteriémia
associada ao cateter.

Outros aspetos patogénicos importantes a considerar são: 1) o material de que é composto


o dispositivo e 2) a virulência do microrganismo infetante.

Data da última revisão: Julho de 2015


425

Estudos efetuados in vitro demonstraram que os cateteres de teflon, silicone ou de


poliuretano oferecem mais resistência à aderência bacteriana do que os cateteres de polivinilo
ou de polietileno. As irregularidades das superfícies de alguns materiais dos cateteres, assim
como, a sua trombogenicidade são características que podem predispor à sua colonização.

As propriedades de aderência de alguns microrganismos são um fator importante na


patogénese das infeções relacionadas com cateter. Por exemplo, o S. aureus pode aderir às
proteínas do hospedeiro (i.e; fibronectina) frequentemente presentes nos cateteres. O grupo
dos Staphylococcus coagulase negativo adere aos polímeros das superfícies mais rapidamente
do que outros microrganismos patogénicos (p. ex.; Escherichia coli ou S. aureus).
Adicionalmente, algumas estirpes de Staphylococcus coagulase negativo produzem uma matriz
de polissacárido que dá origem ao biofilme.

Na presença do cateter, este biofilme potencializa a patogenicidade deste microrganismo,


ao formar uma barreira protetora que impede os mecanismos de defesa do hospedeiro ou a
atuação dos agentes antimicrobianos sobre os mesmos, estimulando o aumento das
resistências. Certas espécies de Candida, na presença de fluidos com glucose, podem produzir
um biofilme similar ao das bactérias, explicando desta forma o aumento de INCS causadas por
fungos em doentes submetidos a alimentação parentérica.

Figura 1 - Potenciais fontes de contaminação dos dispositivos intravasculares

Data da última revisão: Julho de 2015


426

Recomendações
Categorização das recomendações (CDC)

 Categoria IA - Medidas cuja adoção é fortemente recomendada e cujas evidências são


apoiadas por estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais bem desenhados.

 Categoria IB - Medidas cuja adoção é fortemente recomendada e que são apoiadas por
alguns estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais, bem como por uma forte
fundamentação teórica.

 Categoria IC - Medidas preconizadas no âmbito de recomendações de Associações ou


Federações.

 Categoria II - Medidas cuja adoção é sugerida e que são, apoiadas por estudos
epidemiológicos ou clínicos sugestivos ou em fundamentação teórica.

 Questão Não Resolvida - Medidas para as quais a evidência é insuficiente ou não existe
consenso quanto à sua eficácia.

1) Cateteres venosos centrais

I - Formação e treino dos profissionais


a) Formação contínua e treino dos profissionais de saúde quanto às indicações para o uso do
CVC, os procedimentos para a inserção e manutenção destes dispositivos e as medidas
apropriadas de controlo de infeção associada ao cateter; Cat IA;

b) Avaliar periodicamente os conhecimentos dos profissionais que inserem e mantêm os


cateteres intravasculares e a adesão às recomendações e protocolos; Cat IA.

II - Vigilância de infeção relacionada com o cateter

a) Inspecionar regularmente, por palpação, o local de inserção do cateter através do penso


intacto ou visualmente, em função da situação clínica de cada utente. Se este desenvolve
hiperestesia no local de inserção, febre sem outra fonte de infeção óbvia ou sintomas
sugestivos de infeção local ou sistémica, o penso deve ser removido para permitir um exame
detalhado do local de inserção; Cat IB;

Data da última revisão: Julho de 2015


427

b) Encorajar os utentes a comunicar aos profissionais qualquer alteração no local de inserção


do cateter ou algum desconforto; Cat II.

c) Registar no processo clínico do doente o nome do profissional, a data e a hora de inserção e


remoção do cateter e as mudanças de penso, fazendo referência também ao tamanho do
cateter e motivo da colocação; Cat II.

d) Não fazer por rotina culturas das pontas de cateter. Este procedimento só se justifica em
situações de suspeita de infeção associada ao CVC. Cat IA.

NOTA: Os CVC devem ser inseridos preferencialmente em locais designados por áreas limpas.

III - Higiene das Mãos

Ver recomendação “Capitulo IV. Medidas Gerais de prevenção e controlo da infeção nas UCC -
4.3. Higiene das Mãos”

IV - Seleção do local de inserção

a) Ter em conta os riscos e os benefícios de colocar o dispositivo no local recomendado para


reduzir as complicações infeciosas, considerando os riscos de complicações mecânicas (p.ex;
pneumotórax, punção da artéria subclávia, laceração da veia subclávia, hemotórax, trombose,
embolia gasosa, deslocação do cateter); Cat IA;

b) Em utentes adultos, utilizar a veia subclávia, em vez da jugular ou femural, para colocação
de CVC não tunelizável, de modo a minimizar o risco de infeção; Cat IB;

c) Colocar os cateteres utilizados para a hemodiálise e ferese na veia jugular ou femural, em


vez da veia subclávia, para evitar a estenose venosa. Cat IA.

V - Seleção do cateter

a) Selecionar o tipo de cateter, técnica e local de inserção prevendo o tipo e duração de


terapia intravenosa que represente o menor risco de complicações infeciosas e não-infeciosas;
Cat IA;

b) Sempre que possível, utilizar cateter de único lúmen; Cat IB;

Data da última revisão: Julho de 2015


428

c) Utilizar dispositivos totalmente implantáveis em doentes que necessitam de acesso vascular


intermitente e de longa permanência. Em doentes que necessitam de acesso vascular contínuo
ou frequente (i.e.; > 30 dias), preferir cateter tunelizado ou cateteres centrais de inserção
periférica; Cat II;

d) Não se pode recomendar que haja um dos lúmens do CVC multi-lúmen exclusivamente para
administrar nutrição parentérica; Questão não resolvida;

e) Designar profissionais treinados e com competência para inserir cateteres e para


supervisionar os profissionais que treinam a colocação. Cat IA.

VI - Cuidados com a inserção do cateter

a) Utilizar técnica correta com lavagem cirúrgica das mãos, quer se utilize sabão antissético e
água, quer se utilize solução hidroalcoólica. Higienizar as mãos, antes e após palpar o local de
inserção, bem como antes e após inserir, substituir, aceder, reparar ou fazer o penso de um
dispositivo intravascular. A palpação do local de inserção não deve ser efetuada após aplicação
do antissético, a não ser que se mantenha técnica asséptica; Cat IB;

b) O uso de luvas não dispensa a necessidade da higiene das mãos; Cat IA;

c) Manter técnica assética incluindo o uso de barreira máxima (barrete, máscara, bata estéril,
luvas estéreis, e campo esterilizado de grandes dimensões) durante a inserção ou substituição
dos cateteres intravasculares (incluindo os de inserção periférica); Cat IB.

d) Desinfeção cutânea:
 Desinfetar a pele com um antissético apropriado, preferencialmente uma solução
antissética alcoólica com ação residual, antes de inserir o cateter (auscultar doente/família
sobre possíveis alergias a algum dos antisséticos em uso); Cat IA;
 Permitir que o antissético atue no local de inserção, até secar; Cat. IB
 Não aplicar solventes orgânicos (i.e.; acetona ou éter) na pele antes de inserir os
cateteres ou nas mudanças de penso; Cat IA
 Atenção às compatibilidades com os polímeros dos materiais.
 Se a tricotomia for necessária a opção de escolha será o uso do “clipper cirúrgico”
e) Não executar por rotina o desbridamento como método de inserção de cateteres em
artérias ou veias. Cat IA.

Data da última revisão: Julho de 2015


429

A técnica de inserção deve ser decidida pelo operador mas deve ter em conta a
minimização do traumatismo. Se a tentativa falhar deve ser utilizado outro cateter. Os
cateteres sem “cuff” devem ser bem fixos para evitar movimentos que favoreçam a entrada de
microrganismos da pele. A sutura dos cateteres de inserção cirúrgica deve estar a uma
distância razoável do local de inserção e pode ser removida após 7 – 10 dias;

f) Utilizar pensos estéreis para cobrir o local de inserção do cateter que permita a
inspeção/deteção precoce de sinais de infeção; Cat IA;

g) Registar a data de colocação, local, calibre do cateter e motivo da inserção; Cat. IB;

h) Confirmar por imagiologia a inserção do cateter na subclávia e proceder em conformidade.

VII - Manutenção do catéter - Princípios Gerais

a) Higienizar as mãos antes e após palpação do local de inserção, bem como antes e após
inserir, substituir, aceder, ou fazer o penso de um dispositivo intra-vascular. A palpação do
local de inserção não deve ser efetuada após aplicação do antissético, a não ser que se
mantenha técnica assética; Cat IB;

b) Usar luvas limpas ou estéreis na remoção de penso dos cateteres intravasculares; Cat IC;

c) O uso de luvas não dispensa a necessidade da higiene das mãos; Cat IA;

d) Desinfetar os acessos das torneiras ou do obturador com antissético apropriado antes de


aceder ao sistema; Cat IA;

e) Manter os acessos das torneiras protegidos quando não estão a ser utilizados; Cat IB;

f) Manter técnica assética durante os cuidados de manutenção do cateter intravascular; Cat IA;

g) Não usar por rotina terapêutica anticoagulante para reduzir risco associado ao cateter. Cat
II.

VIII - Recomendação para os pensos de cateter

a) Utilizar pensos estéreis para cobrir o local de inserção, quer sejam de compressa, pensos
transparentes ou semi-permeáveis; Cat IA;

Data da última revisão: Julho de 2015


430

b) Substituir o penso do local de inserção sempre que o dispositivo é retirado ou substituído,


ou sempre que o penso se encontre húmido, descolado, repassado ou quando for necessário
inspecionar o local de inserção; Cat IB;

c) Substituir os pensos dos CVC de inserção percutânea a cada 2 dias, se forem pensos de
compressa; Cat II;

d) Substituir os pensos do CVC a cada 7 dias, se forem pensos transparentes e permeáveis,


exceto nos doentes pediátricos, onde os riscos de deslocação do cateter ultrapassam os
benefícios da mudança de penso. Cat IB;

 Os pensos transparentes devem ser substituídos de acordo com as instruções do


fabricante;
 A compressa estéril deve ser substituída diariamente e sempre que repassada;
 Deve ser usado um pacote estéril para cada mudança de penso;
 Substituir os pensos do local de inserção dos CVC tunelizáveis ou totalmente
implantáveis com uma frequência nunca superior à semanal, até que o local de inserção se
apresente cicatrizado. Cat II.

IX - Substituição dos Fluidos Intravenosos e Sistemas de Administração

Sistemas de administração

a) Não utilizar por rotina filtros em linha, com o objetivo de controlo de infeção; Cat IA;

b) Substituir sistemas de administração intravenosos (IV), incluindo torneiras e


prolongamentos, às 96 horas (a menos que se suspeite ou esteja documentada infeção
relacionada com cateter) e sempre que o cateter seja substituído; Cat IA;

c) Substituir os sistemas utilizados para administração de sangue e derivados de sangue, assim


que termina a transfusão; Cat IB;

d) Substituir os sistemas utilizados para administração de emulsões lipídicas (seja combinações


de 3-em-1 de aminoácidos e dextrose, seja infundidas em separado) num período de 24 horas
após inicio da infusão (não ultrapassar as 24 horas); Cat IB;

Data da última revisão: Julho de 2015


431

e) Substituir os prolongamentos utilizados na administração das infusões de propofol em cada


6 a 12 horas, dependendo do seu uso e de acordo com as recomendações do fabricante. Cat
IA;

Acesso para nutrição parentérica

Deve ser utilizada via de infusão exclusiva para nutrição parenteral (BII).

Dispositivos de acesso intravascular sem agulha

a) Substituir as conexões e seus componentes, pelo menos com a mesma frequência do


sistema de administração; Cat II;

b) Substituir as tampas ou obturadores com uma frequência não superior às 72 horas ou de


acordo com as recomendações do fabricante; Cat II;

c) Assegurar que todos os componentes do sistema de administração são compatíveis para


minimizar fugas e quebras no sistema; Cat II;

d) Minimizar o risco de contaminação friccionando a conexão com antissético apropriado e


aceder apenas com dispositivos estéreis; Cat IA;

e) Limpar as torneiras de 3 vias com antissético apropriado antes de abrir o sistema; Cat IA;

f) Manter as tampas nas torneiras quando o acesso não está a ser utilizado; Cat IB.

Preparação e controlo de qualidade da medicação intra-venosa

a) Preparar preferencialmente os fluidos parentéricos na farmácia, em câmara de fluxo laminar


utilizando técnica assética; Cat IB;

b) Verificar os contentores de fluidos parentéricos antes do seu uso quanto a visível turvação,
fugas, fissuras e outras particularidades, bem como relativamente a prazo de validade; Cat IB;

c) Sempre que possível, utilizar aditivos parentéricos ou medicação de dose única; Cat II;

d) Não reunir as sobras contidas nos frascos pequenos de uso único para utilização posterior;
Cat IA;

Data da última revisão: Julho de 2015


432

e) Se utilizar apresentações de multidose:

 Refrigerar os frascos de multidose após terem sido abertos, se for recomendado pelo
fabricante; Cat II;
 Desinfetar o diafragma de borracha dos frascos multidose com álcool a 70º antes de
inserir um dispositivo dentro do frasco; Cat IA;
 Utilizar material estéril para aceder ao frasco multidose e evitar contaminar o
material, após ele ter penetrado no diafragma de borracha; Cat IA;
 Não utilizar os frascos multidose se a esterilidade estiver comprometida. Cat IA.

Estratégias para a substituição do cateter

a) Remover qualquer cateter intravascular, assim que a sua utilização já não seja essencial; Cat
IA;

b) Quando não é possível garantir uma total adesão à técnica assética (i. é; cateteres inseridos
em situação de emergência), substituir o cateter o mais cedo possível e no prazo de 48 horas;
Cat II;

c) Substituir todos os cateteres, se o doente se apresenta hemodinamicamente instável e há


suspeita de infeção relacionada com cateter; Cat II;

d) Não substituir por rotina CVCs, cateteres centrais de inserção periférica, cateteres de
hemodiálise ou cateteres arteriais pulmonares, como método de prevenção de infeções
relacionadas com cateter; Cat IB;

e) Não remover o CVC ou o cateter central de inserção periférica apenas pela presença de
febre. Avaliar clinicamente o doente sobre a necessidade de remover o cateter, pesquisar se a
infeção se encontra noutro local ou se há suspeita de que a causa da febre não é infeciosa; Cat
II;

f) Critérios definitivos para remoção do CVC - Sinais de infeção no local de inserção:

 Recidiva de infeção após antibioticoterapia adequada de, pelo menos, 14 dias de


duração.
 Infeção do túnel subcutâneo do CVC
 Infeção do CVC por fungos
 Suspeita de trombose de veia central

Data da última revisão: Julho de 2015


433

 INCS de repetição, de etiologia indeterminada

g) Não utilizar a técnica de substituição por fio-guia em doentes em que se suspeita de infeção
relacionada com o cateter; Cat IB

 Colocar o doente em “Trendlenburg”, antes da remoção do cateter.


 Limpar a pele com antissético e deixar secar, antes de remover o cateter.
 Manter a assépsia na remoção.
 Caso haja indicação para cultura microbiológica, evitar a contaminação - cortar
5 cm da extremidade distal com tesoura estéril e colocar em recipiente estéril.
 Registar a data e motivo da remoção do cateter no processo clínico

Profilaxia antibiótica

Não administrar, por rotina, antibióticos intra nasais ou sistémicos antes da inserção ou
durante o uso de dispositivos intravasculares para prevenir a colonização do cateter ou a
bacteriémia. Cat IB

2) Recomendações adicionais nos cateteres periféricos

Nos cateteres periféricos, uma boa higiene das mãos antes da inserção ou manutenção,
combinada com técnica assética apropriada durante a manipulação do cateter, é uma medida
essencial de prevenção de infeção. Deve-se, pois, efetuar uma boa higiene das mãos,
conforme recomendação “Capitulo IV. Medidas Gerais de prevenção e controlo da infeção nas
UCC - 4.3. Higiene das Mãos”.

Uma técnica assética correta, não requer necessariamente o uso de luvas esterilizadas; um
novo par de luvas de uso único não estéreis pode ser utilizado para inserir cateteres venosos
periféricos. Contudo, a utilização de luvas é recomendada, já que faz parte integrante das
Precauções Básicas, com o objetivo de diminuir o risco de exposição a agentes patogénicos da
via sanguínea.

Data da última revisão: Julho de 2015


434

I - Seleção do cateter

a) Selecionar o cateter com base no objetivo da sua colocação e tempo de utilização,


complicações conhecidas (i.e.; flebites e infiltração) e experiência individual do profissional;
Cat IB;
b) Evitar o uso de agulhas de aço (tipo “butterfly”) para administração de fluidos ou medicação
que possam causar necrose dos tecidos, no caso de extravasar; Cat IA;
c) Considerar o uso de cateteres periféricos longos ou cateteres centrais de inserção periférica,
quando se prevê uma duração da terapia intravenosa superior a 6 dias. Cat II.

II - Seleção do local de inserção do cateter (fig.2)

a) Em adultos, utilizar um membro superior em vez de um membro inferior para a inserção do


cateter; Cat II;
b) Evitar a inserção do cateter na flexura.

Figura 2 - Veias preferenciais para punção periférica

III - Substituição do cateter

a) Avaliar diariamente sinais de sensibilidade no local de inserção, palpando através do penso


opaco ou visualizando se o penso for transparente. Os pensos de gaze opacos não devem ser
removidos, desde que o doente não apresente sinais de infeção. Os pensos opacos só devem
ser removidos para visualização do local, quando o doente apresente sinais que levem a
suspeitar de infeção relacionada com o cateter; Cat II;
b) Não mudar os cateteres venosos periféricos de curta permanência, antes das 72-96 horas,
tendo em vista a redução do risco de flebite ou infeção; Cat IA;

Data da última revisão: Julho de 2015


435

c) Remover os cateteres colocados em situações de emergência, onde há maior probabilidade


de quebra na técnica assética e inserir um novo cateter num local diferente dentro de 48
horas; Cat II;
e) Não substituir, por rotina, cateteres periféricos longos com o objetivo de reduzir o risco de
infeção; Categoria IB;
f) Remover os cateteres venosos periféricos quando o doente apresenta sinais de flebite no
local de inserção (i.e.; calor, rubor, eritema, cordão venoso à palpação) ou quando há sinais de
mau funcionamento. Cat IA.

IV - Manutenção do cateter e do local de inserção

Não aplicar, por rotina, pomadas ou cremes antimicrobianos no local de inserção dos cateteres
venosos periféricos. Cat IB

Data da última revisão: Julho de 2015


436

ANEXO I I

Data da última revisão: Julho de 2015


437

ANEXO II

Existem regiões do corpo humano que devem ser mantidas, sempre que possível, sem
microrganismos. Estas incluem zonas que podem pôr em causa a defesa do hospedeiro.

É o exemplo, dos locais de inserção de dispositivos invasivos, como cateteres vasculares.

Os microrganismos que colonizam as mãos dos profissionais de saúde, a pele do doente ou o


ambiente envolvente do doente, não podem ser introduzidos nestas zonas de baixa proteção.

Adaptado de VIDEOS IN CLINICAL MEDICINE of The New England Journal of Medicine

Data da última revisão: Julho de 2015


438

6.3 Recomendaçoes para a prevençao de infeçao


respiratoria

Objetivos
Fornecer orientações para a prevenção e o controlo da infeção respiratória aos profissionais de
saúde das Unidades de Cuidados Continuados (UCCI).
Prevenir a pneumonia adquirida nas UCCI em doentes não ventilados, sobretudo, doentes
acamados e idosos.
Abordar a pneumonia da comunidade nos idosos e doentes acamados e suas repercussões
aquando da admissão numa UCCI.
Uniformizar os cuidados aos doentes com fatores de risco acrescido para a infeção respiratória
nosocomial.

Âmbito
Aplica-se a todos os serviços da Unidade de Cuidados Continuados.

Responsabilidades
a) Pela implementação do Procedimento: Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas;
Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição Responsáveis da Área de
Gestão de Instalações e Equipamentos, Grupos de Coordenação Local do PPCIRA (GCL-PPCIRA),
Membros Dinamizadores do PPCIRA
b) Pela revisão do procedimento: Grupos de Coordenação Local do PPCIRA

Siglas
CURB- 65 - Confusão, Respiração (Frequência Respiratória), Tensão arterial, Idade superior a
65 anos
CDC/HICPAC - Centers for Disease Control and Prevention/Hospital Infection Control Practices
Advisory Committee

Data da última revisão: Junho de 2015


439

DGS – Direção Geral da Saúde


DPCO – Doença Pulmonar Crónica Obstrutiva
FR – Frequência Respiratória
GCL- – Grupo de Coordenação Local
HM - Higiene de mãos
IR – Infeção Respiratória
PAC – Pneumonia Adquirida na Comunidade
PAP – Pneumonia de Aparecimento Precoce
PAT – Pneumonia de Aparecimento Tardio
PCR – Polymerase chain reaction
PN – Pneumonia Nosocomial
PPCIRA- Programa Nacional de Prevenção
e Controlo de Infeções e de Resistência a
Antimicrobianos
SABA – Solução Antissética de Base
Alcoólica
IDSA/ATC - Infectious Diseases Society of America/American Thoracic Society
UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
VE – Vigilância Epidemiológica

Descrição
Portugal tem a taxa de mortalidade por pneumonia mais elevada no conjunto dos países da União
Europeia (UE) e, no contexto das doenças respiratórias em geral, só o Reino Unido nos suplanta
na proporção de óbitos. “Portugal encontra-se numa situação desfavorável quanto à mortalidade
por doenças respiratórias” e a principal explicação reside “na elevada mortalidade por
pneumonia" (49,9 por 100 mil habitantes, a maior no conjunto dos países europeus em análise
(Relatório “Portugal - Doenças Respiratórias em Números 2014”).
A pneumonia nosocomial é a principal causa de morte entre as infeções adquiridas nos cuidados
de saúde, tendo um impacto significativo na morbilidade e mortalidade nos doentes acamados e

Data da última revisão: Junho de 2015


440

idosos. É a quarta causa de óbito em doentes com idade superior a 65 anos. Para além da idade
cronológica, a presença de comorbilidades é a responsável pelo aumento da incidência e da
gravidade das pneumonias nesta população.
A maioria das infeções das vias respiratórias é causada, pela aspiração da orofaringe e falha dos
mecanismos de defesa na eliminação dos microrganismos. A pneumonia secundária a aspiração
de conteúdo gástrico, é menos frequente do que a aspiração da orofaringe (os sinais e sintomas
são semelhantes à pneumonia bacteriana). A colonização da orofaringe é o primeiro passo na
patogénese da maior parte das pneumonias.

Os idosos têm uma taxa de colonização por S. aureus e por bactérias de Gram negativo (ex: E.coli
e K. Pneumoniae) mais elevada que os utentes mais jovens.
A probabilidade de colonização pode estar relacionada com o estado geral do doente (grau de
dependência e presença de insuficiência cardíaca, DPOC, diabetes e insuficiência renal).
À colonização, segue-se a aspiração (em geral inaparente) de microrganismos da naso/orofaringe
(doentes com reflexo de tosse reduzido, disfagia e diminuição do nível de consciência).
O trato respiratório inferior é habitualmente estéril e a função mucociliar é o meio de defesa de
1.ª linha na eliminação de microrganismos e partículas inaladas. Mesmo em idosos não
fumadores, o transporte mucociliar torna-se mais lento. Em doentes com bronquite crónica, este
é ainda menos eficaz.
A função respiratória dos idosos é reduzida por perda da sustentação elástica dos tecidos que
circundam os alvéolos e os ductos alveolares. Uma redução da força muscular traduz-se em
aumento da perda da capacidade residual funcional e da pressão alvelolar - "air trapping”.
Os linfócitos T dos idosos têm menor capacidade de produzir ou responder às citocinas como a IL-
2 (proteínas com atividades diversificadas: mediação de respostas imunes e inflamatórias;
atuação sobre vários tipos de células; atuação sobre processos de síntese de RNAm. Incluem as
interleucinas e interferons).
Todos estes fatores associados à diminuição da reserva de leucócitos e às alterações da sua
quimiotaxia, fagocitose e atividade, parecem contribuir de modo significativo para o aumento da
frequência e gravidade das IR.

Data da última revisão: Junho de 2015


441

Principais fatores de risco para a pneumonia nosocomial no idoso:


 Idade superior a 65 anos;
 Presença de outras doenças, tais como: DPOC, diabetes, hipertensão, insuficiência
cardíaca, asma, disfagia;
 Grande presença de bactérias na cavidade oral;
 Ocorrência mais frequente de aspirações do conteúdo da cavidade oral, podendo os
microrganismos, ser transportados para os pulmões (micro/macro aspiração);
 Alterações dos mecanismos de defesa dos pulmões contra as infeções;
 Desnutrição;
 Hospitalização recente ou Necessidade de hospitalização frequente;
Viver num lar de idosos/outra Unidade de Saúde;
 Postura inadequada e uso de medicamentos para dormir, o que facilita a ocorrência de
aspirações;
 Doentes com dificuldades na mobilidade e doentes acamados;
 Redução do transporte mucociliar;
 Agravamento recente do estado geral e do grau de dependência (dificuldade para a
deambulação, infeção urinária).

Outros Fatores de Risco Específicos:


Redução da clearance mucociliar, aumento do refluxo gastro esofágico, traqueostomia, uso de
antiácidos, uso de medicação antipsicótica ou sedativa que altera o nível de consciência,
desnutrição, quedas, entre outros.

Tabela 1 - Principais Efeitos nas defesas do hospedeiro


comorbilidades e
respetivo impacto nas
Desnutrição Imunidade celular/humoral;
defesas do alterações da colonização da orofaringe
utenteNeoplasia
Comorbilidades Neutropénia/ alteração da flora orofaríngea

Insuficiência renal crónica Imunidade humoral/macrófagos/neutrófilos

Data da última revisão: Junho de 2015


442

Diabetes Função de macrófagos/neutrófilos

Insuficiência cardíaca Drenagem linfática pulmonar/maior crescimento


bacteriano em edema pulmonar

Doença neurológica Broncoaspiração

DPOC Clearance mucociliar

Insuficiência hepática Imunidade celular/humoral

A leucocitose com desvio está presente em menos de 75% dos casos de pneumonia e a febre
pode ser encontrada em apenas metade dos doentes.
A consequência desta apresentação não usual das pneumonias nos idosos traduz-se, algumas
vezes, num atraso no diagnóstico e no início do tratamento e parece estar diretamente
relacionado com um pior prognóstico.

Infeções Respiratórias Agudas no doente Idoso e/ou Dependente

Tabela 2 - Síndromes clínicos e sinais de gravidade


Síndrome Sinais e Sintomas Sinais de gravidade

Constipação comum Corrimento nasal, obstrução nasal, hiperemia


da orofaringe

Amigdalite Febre, dor de garganta, dificuldade de Impossibilidade ou


deglutição, hiperemia e exsudado da dificuldade em deglutir
orofaringe (abcesso faríngeo)
Gripe Febre, dores musculares, prostração, Dispneia, cianose,
obstrução nasal, tosse Taquipneia
insuficiênciaª
Insuficiência
respiratória
Sinusite Tosse, expectoração purulenta, secreção Celulite facial
nasal purulenta anterior e posterior,
obstrução nasal

Data da última revisão: Junho de 2015


443

Laringotraqueo- Tosse, expetoração, rouquidão Dispneia, cianose,


bronquite taquipneia
(pneumopatia crónica)

Pneumonia Tosse, expetoração, febre, calafrios, Dispneia, Taquipneia,


Dor torácica, estertores pulmonares fixos confusão mental,
tiragem e cianose

Microbiologia e Diagnóstico:
O diagnóstico etiológico das pneumonias comunitárias é obtido em menos de 50% dos casos. Os
idosos, em geral, não produzem expetoração para constituição de amostras adequadas para
laboratório e quando produzem, muitas vezes, há contaminação por agentes colonizadores da
orofaringe (bactérias Gram negativo).
A taxa de incidência de IR por Influenza atinge 40% dos idosos não vacinados - principal
complicação na pneumonia por agentes bacterianos:
 Streptococcus pneumoniae (o agente mais comum, entre 4 - 16% das culturas);
Haemophilus influenza (0 - 10% das culturas); Moraxella catarrhalis (0 - 5% das culturas);
 Bacilos de Gram-negativo (0 - 12% das culturas); Staphylococcus aureus (1 - 4% das
culturas).
 Outras bactérias (atípicas): Presença de Chlamydia pneumoniae em até 26% dos casos
(isoladamente ou em associação a outros microrganismos;
 Legionella pneumophila é descrita com tendo uma incidência aumentada em idosos;
 Mycoplasma pneumoniae: menor incidência em idosos do que em doentes jovens, não
sendo uma preocupação habitual para a decisão terapêutica.

As recomendações da American Thoracic Society para investigação diagnóstica de pneumonia


comunitária, remetem para a realização dos seguintes exames:

 RX de tórax (sensibilidade varia entre 65–75%): deteta opacidades, broncogramas aéreos,


derrames, ou outras complicações como pneumotórax, para o diagnóstico diferencial;
 A presença de novos infiltrados pulmonares detectados no RX simples de tórax (exclui:
insuficiência cardíaca descompensada, neoplasia, embolia pulmonar e outras doenças

Data da última revisão: Junho de 2015


444

pulmonares), associado a, pelo menos, um critério major ou dois critérios minor, são que
auxiliam o diagnóstico das IR das vias aéreas inferiores.
 Alterações hematológicas (leucocitose) em 85 – 95% dos casos.
 Hemoculturas positivas (em até 25% dos casos).
 Cultura de secreções das vias aéreas - deve ser assegurada a adequação da amostra, com
o intuito de alcançar maior certeza diagnóstica e etiológica.

Outros exames:
 hemograma completo / Hemocultura;
 avaliação de função renal e eletrólitos;
 exame de expetoração (incluindo bacterioscopia pelo Gram e cultura).
Este último exame, além de ser mais dificilmente obtido em idosos, carece de maior
especificidade diagnóstica e a sua análise é frequentemente prejudicada pelo uso prévio de
antibióticos.

O diagnóstico etiológico por meios mais invasivos nos doentes idosos é de evitar (lavado
broncoalveolar ou cateter protegido). Só é feito habitualmente em ambiente hospitalar. Pode
haver situações em que o médico entenda necessário obter este exame (exemplos):
 o doente evolui para insuficiência respiratória;
 quando não há resposta adequada ao esquema terapêutico inicial;
 ou, caso na UCCI, a tuberculose e infeções fúngicas sejam uma preocupação.

Medidas Gerais de Prevenção da Pneumonia nos Idosos


A imunização anual contra Influenza e o uso da vacina antipneumocócica polivalente, associada às
medidas para a prevenção dos fatores de risco, são as principais ações para o controle das
infeções das vias respiratórias.
As medidas de prevenção da infeção são:
 Vacinação antipneumocócica (Plano Nacional de Vacinação);
 Vacinação antigripal (Plano Nacional de Vacinação);

Data da última revisão: Junho de 2015


445

 Imunoestimulação;
 Manutenção de bom estado nutricional;
 Controle adequado das doenças crónicas concomitantes;
 Cuidados gerais de higiene e adequada higiene oral;
 Posicionamento correto na cama ou cadeirão;
 Manutenção de um adequado estado funcional;
 Controle das doenças crónicas;
 Realização de fisioterapia motora e respiratória regular;
 Promover um bom suporte familiar.

Vacinação
A Vacinação antipneumocócica é recomendável para os utentes com alto risco de pneumonia
pneumocócica, nomeadamente:
 Os que apresentam uma doença pulmonar ou cardíaca;
 Os que apresentam um comprometimento do sistema imunitário ou diabetes;
 Os residentes em lares/unidades de cuidados continuados integrados com idade superior
a 65 anos.

Haemophilus influenza afeta duas vezes mais os idosos que a população mais jovem:
 Em lares e UCCI pode atingir 30% de casos fatais;
 Teste rápido de antigénio para Influenza A;
 Culturas virais (só devem ser efetuadas com o propósito de VE a nível nacional).

Complicações mais frequentes nos idosos:


 pneumonia primária a Influenza;
 aumento da pneumonia bacteriana secundária: após 1 - 4 dias;

A vacina contra Influenza, apesar de ter baixa eficácia na população de idosos com idade superior
a 65 anos (40%), pode reduzir:

Data da última revisão: Junho de 2015


446

 as hospitalizações em 50 - 60%;
 a mortalidade em 80%.

De entre as medidas preventivas dirigidas para os fatores de risco, salientam-se:


 a higiene das mãos;
 o combate à desnutrição;
 a hidratação adequada;
 programa individual de fisioterapia e cinesioterapia respiratória para utentes com
pneumopatias crónicas e com dificuldades na mobilidade;
 elevação do leito dos residentes 30 - 45°, sempre que não haja contraindicação clínica;
 redução do uso de sonda entérica, associado ao uso criterioso de fármacos anti- psicóticos,
sedativos e antiácidos são importantes medidas para o controlo do refluxo gastro esofágico
e, portanto, para a redução do risco de aspiração.

Para reduzir o risco de aspiração:


 Encorajar a mobilidade do idoso/doente dependente;
 Descontinuar e/ou diminuir o uso de sedativos, de acordo com a evolução do utente e as
suas necessidades;
 Evitar laxantes em doentes debilitados ou com disfagia;
 Oferecer água/outros líquidos ao utente, após este tomar o laxante; Alimentar os
residentes de forma calma e com líquidos;
 Elevar a cabeceira da cama, 30-40º, durante a alimentação por sonda e, até uma hora
após, sendo igualmente importante na alimentação por via oral em doente acamado.
 Ter os cuidados recomendados para o tratamento dos materiais de terapia respiratória
(nebulizadores, aspiradores e outros), sobretudo entre utentes.

Data da última revisão: Junho de 2015


447

Higiene Oral – Considerações Gerais:


 A higiene oral inadequada está associada a um aumento da flora anaeróbia. A adequada e
regular higiene oral com clorohexidina colutório ou outro produto similar, reduz a flora
oral.
 Os residentes saudáveis raramente são colonizados na orofaringe por bactérias de Gram
negativo aeróbias.
 Os idosos são mais suscetíveis à colonização da orofaringe por Staphylococcus aureus,
Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli.
 Manter as próteses dentárias limpas: devido à constante deglutição ou aspiração dos
microrganismos da placa bacteriana aderente à prótese, pode ocorrer a infeção
respiratória. A prótese funciona como um significativo reservatório de microrganismos
respiratórios.
 Em idosos dependentes, não diabéticos e portadores de próteses, há predomínio de
aeróbios nestas e na mucosa da faringe por Streptococcus, Candida e Neisseria.
 As próteses dentárias superiores são mantidas um pouco mais limpas nas superfícies
internas e externas do que as inferiores, pois as primeiras, são mais fáceis de se manipular
com as mãos, e têm menos curvaturas do que as inferiores.
 Para os doentes geriátricos, muitas vezes com a coordenação motora afetada, estes
fatores são limitações adicionais na limpeza das suas próprias próteses.
 Muito importante é a formação e treino da equipa para a higiene oral dos doentes
dependentes e das suas próteses dentárias.
 Formação sobre a importância de uma higienização bucal apropriada, tanto para a equipe
de saúde, como para os familiares/cuidadores.
 Inspeção regular da cavidade oral para detetar precocemente problemas;
Aplicar emoliente conforme as necessidades do doente.
 Para além das recomendações de boa práticas emanadas por entidades nacionais e
internacionais, a implementação de bundles ou pacotes de medidas de eficácia
comprovada, é hoje considerada como uma forma privilegiada de vigilância de processos.

Data da última revisão: Junho de 2015


448

 Consiste na avaliação sistemática das práticas com maior risco para a infeção, sobretudo
as relacionadas com os procedimentos e dispositivos invasivos e introdução de medidas de
prevenção (Anexo 1: Bundle para a prevenção da pneumonia).

Formação e informação da equipa de saúde


Formar e treinar a equipe de saúde, envolvendo-a na prevenção de infeção hospitalar, de acordo
como nível de responsabilidade do profissional, é uma medida fundamental. Alguns estudos
observaram o impacto de programas educacionais na redução de infeção respiratória.

Vigilância de infeção respiratória


É fortemente recomendado realizar a vigilância da infeção respiratória e calcular taxas desta
infeção em doentes de risco, assim como, dar uma informação de retorno destas taxas à equipe
de saúde e, sobretudo, associar estas taxas com as medidas de prevenção pertinentes.
Não se devem realizar rotineiramente culturas de vigilância dos utentes, equipamentos e artigos.

Controlo da Imunodepressão
Se possível reduzir e/ou suspender a terapêutica imunossupressora; Nos doentes neutropénicos
minimizar a duração da neutropenia. A administração de G-CSF (Granulocyte colony-stimulating
fator) amplifica a resposta imunitária, regulando o número e a função dos neutrófilos. Embora
esta terapêutica não tenha sido especificamente estudada em relação à IR, é aconselhada no
doente febril neutropénico, para reduzir o risco de infeção.

Medidas relativas à aspiração de secreções:


 Usar luvas para aspiração de secreções ou manipulação de objetos contaminados com
secreções de qualquer doente.
 Na aspiração de secreções utilizar luvas clinicamente limpas, uma vez que não há
evidência que o uso de luvas estéreis diminua a taxa de infeção. No entanto, aconselha-se
o uso de luvas esterilizadas de procedimento.

Data da última revisão: Junho de 2015


449

 Usar uma sonda para cada aspiração. Não reutilizar a sonda na 2.ª aspiração consecutiva,
se esta for necessária.
 Higienizar as mãos de acordo com os 4 momentos preconizados pela OMS e
nacionalmente.

Nutrição entérica
 O uso de nutrição entérica deve ser preferido em relação ao uso de nutrição parentérica,
pelos inúmeros riscos associados a esta última, como: altos custos, risco de
bacteriémia/fungémia e translocação bacteriana.
 Não há recomendação quanto ao calibre da sonda (menor ou maior calibre) e o modo de
infusão da alimentação entérica (se contínua ou intermitente), e a associação destes
fatores com a prevenção da pneumonia.
 Elevar a cabeça entre 30 e 45º nos utentes a fazer nutrição entérica.
 Avaliar regularmente o resíduo gástrico e se necessário ajustar, quer o volume, quer a
composição da nutrição entérica.
 Não usar a presença ou ausência de ruídos hidroaéreos como critério para não iniciar ou
modificar o volume da nutrição entérica.

Controlo da glicémia
Mesmo em doentes não ventilados, é recomendado manter níveis glicémicos entre 80-100 mg/dl,
pois estão associados a menor letalidade, menor risco de adquirir infeções da corrente sanguínea,
menor frequência de insuficiência renal dialítica, menor exposição a antibióticos, entre outros
fatores relevantes para a prevenção desta infeção.

Prevenção da transmissão de microrganismos


1 - Prevenção da transmissão bacteriana pessoa - a - pessoa
 Higiene de mãos (HM):
 Realizar a HM antes e após manipular artigos ou prestar cuidados ao doente,
independentemente do uso de luvas.

Data da última revisão: Junho de 2015


450

 HM: após contacto com membranas mucosas, secreções respiratórias e antes e após o
contacto com qualquer dispositivo respiratório.
 Se as mãos estiverem isentas de sujidade visível/matéria orgânica, a HM deve ser
realizada preferencialmente com SABA, caso contrário, deve ser usado água e sabão.
 Luvas: na manipulação de secreções respiratórias ou objetos contaminados, ou, se o
doente estiver em isolamento de contacto.
 Bata: quando se prevê a conspurcação com secreções respiratórias ou se o doente estiver
em isolamento de contacto.
 Luvas e bata: sempre que o doente tenha indicação para isolamento de contacto, e sempre
que se justifique, de acordo com as Precauções Básicas.
 Máscara: durante a aspiração de secreções com circuito aberto.
 Seguir as Precauções Básicas ou Padrão e as Precauções dependentes das vias de
transmissão, se já for conhecido o estado infeccioso do doente.

2 - Aspiração de secreções
A aspiração de secreções deve ser feita apenas quando necessário - não por rotina;
Quando for necessário aspirar a boca e o nariz, se for usada a mesma sonda,
Deve-se aspirar primeiro o nariz;
Utilizar luvas clinicamente limpas ou estéreis;
Se as secreções são espessas pode utilizar-se soro fisiológico estéril para a sua
fluidificação. Usar sempre embalagens de uso único;
Após a aspiração deve fazer-se passar água pelo tubo do aspirador

3 - Cuidados com o equipamento respiratório


 Todos os materiais que vão ser submetidos a desinfeção térmica ou esterilização devem
ser previamente submetidos a lavagem.
 Deve ser evitada a exposição de materiais respiratórios a desinfetantes químicos.

Data da última revisão: Junho de 2015


451

 O material semicrítico (que contacta direta ou indiretamente com as mucosas do aparelho


respiratório) deve ser esterilizado ou sujeito a desinfeção de alto nível (térmica de
preferência), após a lavagem.
 O material semicrítico que contacta com mucosas não estéreis e com flora indígena (p. ex.
boca) pode ser sujeito a desinfeção de nível intermédio.
 A desinfeção térmica é o método de desinfeção recomendável sempre que o material seja
resistente ao calor (termo - resistente).
 Embora se possa recorrer a desinfetantes químicos (p. ex. glutaraldeído), este método só
deve ser utilizado em último recurso (pela toxicidade dos resíduos). Aquando da utilização
de desinfetantes químicos, enxaguar no final da desinfeção com água estéril ou filtrada
(exceto no caso de se utilizar álcool).
 O material desinfetado ou esterilizado deve ser guardado embalado, em local seco, ao
abrigo da luz e do calor.
 Utilizar material de uso único, quando não há condições adequadas para o tratamento
destes materiais.
a) Nebulizadores
 Os nebulizadores produzem aerossóis, partículas inferiores a 5µ, que
facilmente atingem os alvéolos pulmonares. Estas partículas podem ser
veículo de transporte de microrganismos capazes de desencadear a infeção
pulmonar.
Considerar:
 As recomendações do fabricante.
 Evitar medicamentos multidose. No entanto, se forem utilizadas embalagens
multidose, manipular as mesmas com técnica asséptica e armazenar de acordo
com as instruções do fabricante.
b) Humidificadores de oxigénio:
 Utilizar apenas líquidos estéreis nos reservatórios dos humidificadores de
oxigénio.
 Não acrescentar os líquidos nos reservatórios, quando estes estão a terminar

Data da última revisão: Junho de 2015


452

 Substituir o reservatório na totalidade, por um reservatório limpo e com


líquido estéril novo.
 Seguir as recomendações do fabricante para a utilização e manutenção dos
reservatórios para humidificação do oxigénio, exceto se a modificação das
mesmas não acarretar riscos para o doente.
c) Máscaras e tubos de oxigénio:
 As máscaras sondas e tubos para administração de oxigénio devem ser
mudados entre doentes.
 No mesmo doente, sempre que necessário, uma simples lavagem com água e
detergente seguida de secagem é suficiente.
d) Outros dispositivos usados no aparelho respiratório:
 Espirómetro, sensores de oxigénio e capnógrafo - entre doentes, esterilizar
ou desinfetar de acordo com as indicações do fabricante.
 Ressuscitador manual “tipo Ambu”:
 Sempre que possível, preferir ressuscitadores que não tenham duplos
revestimentos, por serem mais fáceis de descontaminar. (questão não
resolvida)
 O ressuscitador deve ser preferencialmente de uso
individualizado.
 A utilização entre doentes, obriga a desinfeção de alto nível (ciclo de
desinfeção térmica) ou a esterilizar por método de esterilização a baixa
temperatura (ver instruções do fabricante).
 Em alternativa, se não for clinicamente contraindicado, pode usar-se
um filtro bacteriológico ou filtro hidrofóbico. Neste caso, apenas é
necessário proceder à descontaminação da superfície exterior do balão
e da válvula.
 Antes do processo de descontaminação, o ressuscitador deve ser
corretamente desmontado, de modo a que todas as superfícies do
mesmo fiquem bem limpas.

Data da última revisão: Junho de 2015


453

 Tanto a válvula como a superfície exterior do balão devem ser


inspecionados e sempre que necessário devem ser lavadas com água e
detergente e desinfetados por fricção com álcool a 70º.
 Laringoscópio
 Se possível desmontar a lâmina e lavar imediatamente após a sua
utilização.
 Desinfetar ou, sempre que possível, esterilizar entre utilizações em
diferentes doentes (ver instruções do fabricante).
 O cabo do laringoscópio deve, no final de cada utilização, ser lavado
cuidadosamente, tendo em atenção as indicações do fabricante e
desinfetado com álcool a 70º (os que possam ser imersos). Os que têm
fonte de luz amovível não podem ser imersos.
 Ter especial atenção à limpeza junto às zonas do equipamento de mais
difícil acesso, nomeadamente no “leito” da fonte de luz (usar se
necessário “cotonetes”).

4 - Cuidados a doentes com traqueostomia:


 Quando houver indicação, a traqueostomia deve ser realizada em condições estéreis, assim
como o procedimento de mudança do tubo traqueal.
 Ao mudar o tubo da traqueostomia, utilizar técnica asséptica.
 Substituir o tubo por outro, que tenha sido submetido a esterilização ou desinfeção de alto
nível.
 Não há recomendação relativa à aplicação diária de um agente antimicrobiano tópico no
local da traqueostomia.

Normas Nacionais relacionadas com este procedimento:


DGS, Norma N.º 045/2011 de 26/12/2011 – Antibioterapia na Pneumonia Adquirida na
Comunidade em adultos imunocompetentes. 2011.
Documento de interesse relacionado:

Data da última revisão: Junho de 2015


454

DGS: “Relatório “Portugal - Doenças Respiratórias em Números”. 2014


Revista Portuguesa de Pneumologia: “Consensus document for the prevention of respiratory
infections in adults” –. Acessível online em:
http://apps.elsevier.es/watermark/ctl_servlet?_f=10&pident_articulo=90281424&pident_usuario=0&pcontactid=&pident_revista=
320&ty=93&accion=L&origen=elsevierpt%20&web=www.elsevier.pt&lan=en&fichero=320v20n02a90281424pdf001.pdf

Gomes, Lucy: “Fatores de risco e medidas profiláticas nas pneumonias adquiridas na comunidade”.
ISSN 1678-4642. J. Pneumologia vol.27 no.2 São Paulo Mar./apr. 2001. Acessível online em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-35862001000200008

ANEXO I
Bundle para a Prevenção da Pneumonia no Doente Dependente:

1. Plano individual de mobilização, levante, deambulação.


2. Plano individual de fisioterapia/cinesioterapia respiratória.
3. Higienização das mãos de acordo com os 5 momentos (OMS), considerando após contacto com
membranas mucosas, secreções respiratórias ou objetos contaminados com secreções
respiratórias.
4. Uso de luvas para manuseio de secreções respiratórias ou objetos contaminados por elas.
5. Elevação da cabeceira da cama 30º - 45º, desde que não contra-indicado, sobretudo aquando
da alimentação, quer seja oral, quer seja entérica.
6. Implementação de um programa de higiene oral com clorohexidina, para bochechar, se o
doente pode fazê-lo. Incluir a higiene das próteses, tendo o cuidado de as lavar e escovar bem.
7. Manutenção adequada dos consumíveis e materiais respiratórios.
8. Tratamento adequado dos materiais de cinesioterapia respiratória e de humidificação.
9. Formação dos profissionais acerca da epidemiologia da pneumonia nos idosos e no doente
acamado e dos procedimentos de prevenção destas infeções.
10. Promoção da vigilância epidemiológica (VE) sistemática da infeção respiratória no doente
idoso e doente acamado.

Data da última revisão: Junho de 2015


455

6.4 Recomendaçoes para a prevençao de infeçao


do local cirúrgico
Introdução

Nas Unidades de Cuidados Continuados Integrados (UCCI), a exposição dos utentes


a procedimentos cirúrgicos é mais limitada do que em Unidades de Agudos. No
entanto há muitos utentes que fazem o seu período de convalescença pós cirúrgico
nas UCCI.

As recomendações para a prevenção da Infeção do Local Cirúrgico (ILC) relacionam-


se essencialmente com três fases: a fase pré-operatória, intra-operatória e pós
operatória.

Desta maneira abordaremos com maior ênfase, neste documento, as


recomendações relacionadas com a fase pós operatória.

Considerando-se ILC aquela que ocorra até 30 dias após o procedimento cirúrgico
ou até um ano após colocação de dispositivos nãohumanos

(prótese), daremos também realce à importância que tem a identificação da ILC por
parte dos profissionais de saúde que trabalham nas UCCI e o registo e envio da
informação para do Hospital onde o doente foi intervencionado, de modo a que os
resultados da Vigilância Epidemiológica destas infeções sejam, sólidos.

As ILC têm uma incidência que varia de 0,5 a 15%, dependendo do tipo de
intervenção e do estado prévio do doente. São um problema significativo que limita os
potenciais benefícios da intervenção cirúrgica. Tal como se pode verificar nos
relatórios dos Inquéritos de prevalência efetuados em Portugal e orientados pelo PNCI
em 2003, 2009, 2010 e 2012, a ILC foi a infeção mais frequente nos serviços de cirurgia
e representou, respetivamente, 13%, 12.2% 14.3% e 18% das IH detetadas.

Sabe-se ainda que as ILC correspondem a aproximadamente 14% dos eventos


adversos, implicam prolongamento do internamento, são responsáveis por 42% dos
custos adicionais durante o internamento em Cirurgia.
Data da última revisão: Julho de 2015
456

Num estudo de caso/controlo que envolveu 255 pares de doentes, emparelhados


para idade, tipo de procedimento, data da cirurgia, cirurgia e índice de risco, os
doentes que desenvolvem ILC quando comparados com doentes sem ILC apresentam
os seguintes resultados:1.6 mais hipóteses de serem admitidos em UCIs; 5.5 de
aumento do risco de serem readmitidos ao hospital (tempo de permanência médio de
12 dias); risco 2 vezes maior de morrer e mortalidade atribuída de 4.3%.

Apesar de os estudos sobre custos diretos serem os mais frequentes não devemos
esquecer os custos intangíveis, o peso social de um doente com este tipo de infeção e
o sobretudo o sofrimento para o doente e familiares.

Objetivos

Fornecer aos profissionais de saúde das Unidades de Cuidados Continuados


(UCCI) orientações para a prevenção e o controlo da ILC.
Prevenir a infeção adquirida nas UCCI em doentes submetidos procedimentos
cirúrgicos.

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados
Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas onde sejam prestados
cuidados a doentes do foro cirúrgico.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
 Responsáveis das Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Grupo de Coordenação Local do PPCIRA e respetivos membros dinamizadores.

2) Pela revisão do procedimento:


 Núcleo Central do GCL-PPCIRA.

Data da última revisão: Julho de 2015


457

Siglas

 CDC – Centers for disease control and prevention


 GCL – Grupo de Coordenação Local
 HELICS = Hospitals in Europe Link for Infection Control and Surveillance
 INCS – Infeção nosocomial da corrente sanguínea
 ILC - Infeção do Local Cirúrgico
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e das resistências aos
Antimicrobianos
 UCCI – Unidades de Cuidados Continuados Integrados
 VE - Vigilância epidemiológica

Definições e conceitos
Infeção do local cirúrgico (ILC): A infeção relacionada com a manipulação cirúrgica
que pode comprometer a ferida cirúrgica ou órgãos e espaços abordados durante a
intervenção cirúrgica. Pode desenvolver-se até 30 dias após a realização do
procedimento. No caso de cirurgias de transplante e implante, uma ILC pode ser
diagnosticada até um ano após a data do transplante/implante.

Nota: Para efeitos de vigilância epidemiológica da ILC, devem ser seguidas as definições de
infeção dos CDC, contempladas no protocolo do Programa em rede nacional e de âmbito
Europeu (HELICS-CIRURGIA) coordenado a nível nacional pelo PNCI na DGS, e a nível europeu,
pelo ECDC (solicitar à CCIH o Protocolo para consulta, em caso de interesse).

Data da última revisão: Julho de 2015


458

Epidemiologia da Infecção do Local Cirúrgico

Alteração dos mecanismos de defesa:

Factores endógenos - Doenças crónicas, doenças imunossupressoras e/ou presença


de infecção; idade; obesidade/desnutrição; tabagismo; diabetes, entre outros.

Factores exógenos - Técnica cirúrgica; duração da cirurgia e extensão; perda sanguínea


/ transfusões; hipóxia.

Microrganismos infecciosos:
Factores endógenos - Infeções à distância; Colonização da pele; Natureza e local da
cirurgia; grau de contaminação (inóculo).
Factores exógenos: Equipe cirúrgica (preparação do doente); Ambiente cirúrgico;
profilaxia antibiótica adequada.

Factores de Risco para a ILC relacionados com o Tratamento:

Inadequada profilaxia antibiótica; Hipotermia; Hiperglicémia; Oxigenação suplementar;


Duração prolongada da cirurgia (> 2 horas); Procedimento cirúrgico
urgente/emergente; Cirurgia aberta versus Laparoscópica; Presença de Drenos;

Hospitalização pré-operatória prolongada, entre outros.

Factores Relacionados com o Risco ambiental:

Manipulação de grande quantidade de matéria orgânica;

Soluções anti-sépticas e desinfectantes (contaminação ou inadequada utilização);

Reprocessamento de materiais e equipamentos (limpeza, desinfecção, esterilização);

Possibilidade de número aumentado de partículas (movimentação dos profissionais,


uso inadequado de máscaras, qualidade do ar, entre outros).

Classificação da Ferida Cirúrgica de acordo com a localização:

A ferida cirurgica pode ser classificada segundo a sua localização (fig. 1 e tabela 1)
em ferida Incisional superficial, Incisional profunda e Órgão-espaço.
Data da última revisão: Julho de 2015
459

Fig. 1 – Esquema ilustrado da classificação da Ferida Cirúrgica de acordo com a


localização

Fonte: National Research Council. Ann Surg 1964.; 160 (suppl): 1-192. Roy. In. Wenzel R P.
Prevention and Control of Nosocomial Infections 4ª ed, 2003, chapter 25

Data da última revisão: Julho de 2015


460

Tabela 1 - Classificação da Ferida Cirúrgica de acordo com a localização

Ferida Cirúrgica Sinais/Sintomas

Incisional superficial Pelo menos um dos seguintes sinais/sintomas:

(Envolve a pele e - Drenagem purulenta da incisão superficial


tecido subcutâneo)
- Cultura positiva de fluídos ou tecido obtido da incisão

- Pelo menos um dos sinais (dor, eritema, calor) e incisão aberta pelo
médico, excepto se a cultura for negativa

- Diagnóstico de infecção pelo médico

Incisional profunda Pelo menos um dos seguintes sinais/sintomas:

Envolve tecidos moles - Drenagem purulenta da incisão profunda


profundos
- Deiscência espontânea da incisão ou abertura pelo cirurgião quando o
doente tem pelo menos um dos sinais (dor, eritema, calor)

- Abcesso ou outra evidência de infecção envolvendo a incisão profunda


visualizado durante exame directo, re-operação, exame histopatológico
ou imagem

- Diagnóstico de infecção pelo médico

Órgão-espaço Pelo menos um dos seguintes sinais/sintomas:

Envolve qualquer - Drenagem purulenta pelo dreno


outra área além da
- Cultura positiva de fluídos ou tecido do órgão ou cavidade
incisão aberta ou
manipulada - Abcesso ou outra evidência de infecção envolvendo o órgão ou cavidade
visualizado durante exame directo, re-operação, exame histopatológico
ou imagem

- Diagnóstico de infecção pelo médico

Nota: Os seguintes casos não se consideram infeções superficiais: abcesso mínimo do ponto de
sutura, queimadura infetada, infeção incisional que se estende até ao fáscia e parede muscular,
infeção do local de circuncisão, episiotomia

Data da última revisão: Julho de 2015


461

Tabela 2 - Classificação da Ferida Cirúrgica segundo Alteimer

Classificação da Ferida Cirúrgica (Altemeier)

As feridas são classificadas de acordo com a probabilidade e grau de contaminação da ferida no


momento da intervenção cirúrgica, seguindo as definições do CDC (tabela 2).

Limpa - Cirurgias eletivas, feridas não infetadas;


(Taxa de ILC esperada: - Locais cirúrgicos onde não é encontrada inflamação;
= <2%) - Se não há abordagem de vísceras ocas (tratos respiratório,
genitourinário, digestivo ou orofaringe);
- Cirurgias primariamente fechadas; Drenagem fechada, se necessária;
- Não há quebra de técnica asséptica; Trauma não penetrante.
Limpa/contaminada - Há abordagem dos tratos digestivo, respiratório, genitourinário e
(Taxa de ILC esperada: orofaringe;
= <10%) - Situações controladas e sem contaminação não usual;
- Cirurgia genitourinária: não há cultura de urina positiva;
- Cirurgia biliar: não há infeção de vias biliares;
- Cirurgias de apêndice, vagina e orofaringe quando não há evidência de
infeção ou quebra de técnica asséptica.
Contaminada - Feridas traumáticas recentes, abertas;
(Taxa de ILC esperada: - Contaminação grosseira durante cirurgia de trato digestivo,
= <20%) manipulação de via biliar ou genitourinária na presença de bilis ou urina
infetadas;
- Quebras major de técnica asséptica; - É encontrada inflamação aguda
não purulenta.
Suja/infectada - Feridas traumáticas com tecido desvitalizado, corpos estranhos ou
(Taxa de ILC contaminação fecal ou aquelas em que o tratamento cirúrgico foi tardio;
esperada:30-40 %) - Vísceras perfuradas ou secreção purulenta encontradas durante a
cirurgia.
Fonte: Ilker Uçkay, Didier Pittet et al: “Preventing Surgical Site Infections: Preventing SSI”. Medscape Nurses. Expert
Rev Anti Infect Ther. 2010;8(6):657-670. Acedido em 15/02/2011 no site:
http://www.medscape.com/viewarticle/723601_4

Data da última revisão: Julho de 2015


462

Categorização das recomendações

Têm sido efetuados múltiplos estudos epidemiológicos e clínicos para testar as


práticas e procedimentos implicados na infeção do local cirúrgico. As recomendações
que se seguem foram elaboradas, com base nesses estudos, pela HICPAC (Hospital
Infection Control Pratices Advisory Committee) do Programa de Controlo de Infeção do
CDC, Atlanta, e publicados no Infection Control and Hospital Epidemiology (Abril 1999).
Estão categorizadas com base nos dados científicos existentes, fundamentos teóricos e
aplicabilidade.

Cada recomendação é categorizada com base em vários critérios: evidências


científicas disponíveis no momento, considerações teóricas e critérios de
aplicabilidade.

Categoria IA - Medidas de adoção fortemente recomendada e fortemente apoiadas


por estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais bem desenhados.

Categoria IB - Medidas de adoção fortemente recomendada, apoiadas por alguns


estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais e por uma forte fundamentação
teórica.

Categoria IC - Medidas preconizadas pelas recomendações de outras Federações e


Associações.

Categoria II - Medidas de adoção sugeridas para implementação, apoiadas em estudos


epidemiológicos ou clínicos sugestivos ou em argumentos teóricos e, como tais,
apenas sugeridas para implementação;

Questão não Resolvida – Medidas para as quais a evidência é insuficiente ou não


existe consenso quanto á sua eficácia.

Nota: Esta classificação da categorização das medidas não é atualizada (é a de 1999), pelo
facto de o CDC não ter ainda atualizado as Guidelines para a prevenção da infeção cirúrgica.
Não é possível utilizar neste Procedimento, a categorização dos CDC atualizada. Assim que as
referidas Guidelines for atualizada, atualizaremos também este Procedimento.
Data da última revisão: Julho de 2015
463

Níveis de evidência

Atualmente, são quatro as medidas preventivas consideradas como tendo um elevado


nível de evidência (categoria I):

 -Preparação pré-cirúrgica das mãos da equipa;


 Adequada profilaxia antibiótica;
 Adiar cirurgia eletiva na presença de infeção sintomática ativa noutra área do
corpo;
 Apesar da tricotomia antes da cirurgia ter sido considerada de evidência IA pelas
diretrizes do CDC de 1999, essa elevada classificação é agora um assunto muito
discutido ainda, para o qual ainda não há consenso.

Outras Medidas de Elevada Eficácia:

 Perícia do Cirurgião: Uma excelente técnica cirúrgica é considerada uma das


medidas mais relevantes na prevenção da ILC, que implica o cumprimento sistemático
de:
 Manutenção da hemostase efetiva com adequado suprimento sanguíneo;
 Manipulação delicada dos tecidos;
 Remoção de tecido desvitalizado;
 Erradicação dos espaços mortos.
 Gestão adequada da incisão no pós-operatório.
 Vigilância Epidemiológica das ILC com feed-back aos cirurgiões/outros
profissionais com responsabilidades na prevenção da ILC.
 Intervenções multimodais para sensibilização dos profissionais para a
prevenção da ILC (campanhas/aplicação de bundles/Checklists).
 Prevenção de hipotermia intra-operatória.
 Prevenção da hiperglicemia intra-operatória.
 Aporte Suplementar de Oxigénio durante o acto cirúrgico.
 Screening de portadores de MRSA na Admissão.
Data da última revisão: Julho de 2015
464

 Screening para colonização e descolonização de S. aureus.


Medidas onde o Nível de Evidência obtido através de estudos randomizados na
prevenção da ILC é menor e necessita de mais investigação (não significa que não
sejam aspetos relevantes de acordo com a evidência da prática clínica):

 Banho ou duche Pré-operatório.


 Preparação da pele antes da cirurgia.
 Luvas e Campos aderentes.
 Tricotomia pre-operatória.
 Sistema de fluxo Laminar no Bloco Operatório.
 Profilaxia antibiótica, e a presença de obesidade ou normotermia, exigindo
assim, a sua confirmação através de estudos de investigação mais alargados.
 Antibióticos orais e Preparação intestinal mecânica.
 Outras práticas: o uso de clipes versus sutura, ou do uso de drenos.
 Penso da ferida cirúrgica na fase pós-operatória.

Recomendações

Conforme referido anteriormente e considerando as características específicas das


UCCI, abordaremos no presente procedimento, apenas, as recomendações relativas à
fase pós-operatória.

FASE PÓS-OPERATÓRIA

Cuidados Incisionais no Pós-Operatório:

 Proteger a incisão encerrada primariamente com penso estéril e técnica


asséptica, durante as primeiras 48 horas. Não remover o penso primário antes das 48
horas, a não ser que seja absolutamente necessário (ex. penso repassado). Se após as 48
horas o doente se mantiver com penso este deve ser manipulado o mínimo possível.
Assegurar-se que os pensos se mantêm secos e limpos - Cat IB
 Higiene das mãos antes e após as mudanças de penso ou de qualquer contacto
com o local da incisão - Cat IB
Data da última revisão: Julho de 2015
465

 Quando for necessário fazer penso, substituir o mesmo com técnica asséptica.
Limpar com soluto estéril (por ex. soro fisiológico) tanto as feridas fechadas como as
abertas que cicatrizam por segunda intenção, removendo todos os restos de matéria
orgânica como sangue, pele, secreções. - Cat II
 Fazer ensino ao doente e família no que respeita aos cuidados apropriados ao
local de incisão, sintomas de infeção e à necessidade de comunicar o seu aparecimento
(quer ainda no internamento, quer após a alta) - Cat II

Questão não resolvida:

 Necessidade de cobrir a incisão após as primeiras 48 horas ou a altura


apropriada do doente poder tomar banho sem cobertura da incisão.
 Não devem ser utilizados anti-sépticos nas feridas operatórias – aplicar
eventualmente, aquando da retirada dos pontos, se necessário. Neste caso deve dar-
se preferência a uma solução anti-séptica de base alcoólica, exceto na desinfeção de
mucosas.

Vigilância Epidemiológica

Como já referimos anteriormente, considerando-se ILC aquela que ocorra até 30


dias após o procedimento cirúrgico ou até um ano após transplante ou colocação de
prótese, é de reforçar a importância da identificação de ILC por parte dos profissionais
de saúde que trabalham nas UCCI e a comunicação destas aos hospitais onde os
doentes são intervencionados de maneira a que a Vigilância Epidemiológica destas
infeções seja eficaz.

É extremamente importante que GCL-PPCIRA tenham os contactos dos GCL dos


Hospitais da área de abrangência de onde normalmente possam receber doentes do
foro cirúrgico

e assim facilitar a comunicação futura dentro do âmbito da ILC, e, outros assuntos


relacionados com a prevenção e controlo de infeção.

Data da última revisão: Julho de 2015


466

 Para identificar as infeções do local cirúrgico nos doentes internados utilizar as


definições dos CDC) - Cat IB (ver protocolo do Programa de VE HELICS-CIRUGIA
publicado em www.dgs.pt )
 Para identificação de casos durante o internamento utilizar a observação direta
prospetiva, deteção prospetiva indireta ou uma combinação dos dois métodos - Cat IB
 Definir a classe de ferida cirúrgica no final da intervenção. Esta definição deve
ser feita por um elemento da equipa cirúrgica - Cat II
 Registar as variáveis que se sabe estarem associadas ao aumento de risco de
infeção do local cirúrgico: classe de ferida (limpa, limpa-contaminada, contaminada,
suja), índice ASA e duração de intervenção em minutos (período que vai desde que é
feita a incisão até que termina a sutura) - Cat IB

Informação ao utente e família sobre a prevenção da ILC por altura da alta: esta
informação deve ser dada verbalmente, mas sempre complementada com indicações
escritas (ver Anexo I).

Conclusões

O futuro da prevenção da ILC certamente será marcado por estudos multicêntricos,


programas multimodais ou programas de intervenção nacionais, aplicação de
“Bundles” e “Checklists”, visando não só a prevenção da ILC, como de todas as IACS
nos doentes expostos a procedimentos cirúrgicos. A ILC é uma questão integrante da
segurança do doente, e passa pela segurança dos procedimentos desde a admissão do
doente, ao bloco operatório, mas também na área de internamento até à alta
hospitalar e acompanhamento do doente pós-alta.

A adesão aos princípios básicos de prevenção da ILC, tais como: a preparação pré-
cirúrgica das mãos da equipa, a preparação da pele do doente, a adequada profilaxia
antibiótica, a cirurgia menos traumática, menos invasiva e menos demorada, a melhor
hemostase e a prevenção da hipotermia e da hiperglicemia continuam a ser medidas
importantíssimas de prevenção.
Data da última revisão: Julho de 2015
467

A técnica cirúrgica e as técnicas não invasivas fazem parte integrante dos programas
de formação e treino dos cirurgiões, incluindo a aquisição de competências
obrigatórias e a monitorização do seu desempenho, e, a utilização de modelos de
simulação, resultam numa maior segurança do doente num todo. Por outro lado, há
que intensificar a pesquisa para a melhoria da prática clínica, com base na patogénese,
na pesquisa de fatores de risco e na condução de mais estudos com bases de dados de
grande dimensão, de modo a que os resultados da VE sejam representativos e sólidos.
Obter Zero ILC é teoricamente possível na cirurgia eletiva limpa, mas não há nenhum
relatório publicado até agora que aponte para zero infeções em Serviços de Cirurgia
durante um período prolongado.

Importa investir na prevenção e para tal, é importante a aplicação das medidas de


prevenção direcionadas. Esta meta requer o compromisso multidisciplinar da CCI e dos
Serviços Clínicos de modo a garantir a sustentabilidade do programa de VE das ILC e a
implementação das medidas de prevenção. Uma abordagem multimodal deve incluir a
profilaxia antibiótica, a vigilância pós-alta ativa e o feedback contínuo do desempenho
das equipas cirúrgicas. Para tal, deve ser estabelecida uma parceria ativa interna com
os Serviços dos hospitais e inter- institucionalmente, com as Unidades de os Cuidados
de Saúde Primários incluindo as Unidades de Saúde Familiares e de UCCI da área de
referência.

Data da última revisão: Julho de 2015


468

ANEXO I

Perguntas mais frequentes acerca da Infeção do Local


cirúrgico (ILC)

O que é uma Infeção do Local Cirúrgico (ILC)?

A infeção do local cirúrgico é uma infeção que ocorre após cirurgia, na região do corpo
em que esta foi realizada. A maior parte dos pacientes submetidos a cirurgia não
desenvolvem infeção no entanto, em cerca de 1 a 3 em cada 100 esta situação ocorre.

Alguns dos sintomas comuns de uma ILC são:


Vermelhidão e dor ao redor da área onde foi operado
Drenagem de líquido turvo da sua ferida cirúrgica
Febre

A ILC pode ser tratada?


Sim. ILC podem ser tratadas com antibióticos. O antibiótico que lhe for dado depende
das bactérias (germes) que causam a infeção. Às vezes, pacientes com ILC também
podem vir a necessitar de nova cirurgia para tratar a infeção.

Quais são algumas das medidas que os hospitais fazem para evitar a ILC?
Para evitar a ILC médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde:

Higienizam as mãos e os braços até os cotovelos com um agente anti-séptico


antes da cirurgia de acordo com recomendações nacionais.

Data da última revisão: Julho de 2015


469

Higienizam as mãos com água e sabão ou através de fricção alcoólica antes e


depois de cuidar de cada paciente.
Removem alguns de seus pelos, se a área onde vai ser operado necessitar,
imediatamente antes de sua cirurgia usando máquinas. Este procedimento não
deve ser feito com navalha ou lâmina de barbear.
Usam toucas de cabelo, máscaras, batas e luvas durante a cirurgia para manter
a área da cirurgia limpa.
Dão-lhe antibióticos antes da cirurgia começar. Na maioria dos casos, deve ser
dado dentro dos 60 minutos antes da cirurgia começar e deve ser interrompido
nas 24 horas após a cirurgia.
Limpam a pele no local da cirurgia, com um sabão especial que mata os
micróbios.

O que posso fazer para ajudar a prevenir a infeção cirúrgica?


Antes da sua cirurgia:
Informe o seu médico sobre outros problemas médicos que tenha. Problemas
de saúde como alergias, diabetes e obesidade podem afetar sua cirurgia e seu
tratamento.

Parar de fumar. Os pacientes que fumam têm mais probabilidades de contrair


mais infeções. Converse com seu médico sobre como pode cessar de fumar
antes da cirurgia.

Não rapar junto à zona onde vai ser operado. Com uma navalha de barbear
pode irritar a pele e ser mais fácil desenvolver uma infeção.

No momento em que vai ser operado:


Questionar o profissional de saúde se tentarem remover os pelos da zona a
operar com uma navalha antes da cirurgia. Pergunte por que razão precisa de
ser rapado e converse com seu médico se tiver alguma preocupação ou dúvida.

Data da última revisão: Julho de 2015


470

Pergunte se vai receber antibióticos antes da cirurgia.

Após a sua cirurgia:


Certifique-se de que seus prestadores de cuidados de saúde higienizam as
mãos antes de o examinar, com água e sabão ou através de fricção das mãos
com soluções de base alcoólica.

Se não vir os profissionais de saúde que lhe prestam cuidados higienizarem as mãos,
por favor, peça-lhes que o façam.

Família e amigos que o visitam não devem tocar na ferida cirúrgica ou pensos.
Família e amigos devem higienizar as mãos antes de o examinar, com água e
sabão ou através de fricção das mãos com soluções de base alcoólica. Se não os
vir higienizarem as mãos, por favor, peça-lhes que o façam.

O que preciso fazer quando voltar do hospital para casa?


Antes de ir para casa, o seu médico ou enfermeiro deve-lhe explicar tudo o que
precisa saber sobre como cuidar da ferida. Certifique-se que entende tudo
antes de deixar o hospital (P.ex. que fazer se o adesivo descolar? Quando posso
tomar banho e como o devo fazer? Etc.)
Higienize sempre as suas mãos antes e depois de cuidar da sua ferida.
Antes de ir para casa, certifique-se sobre quem contactar se tiver dúvidas ou
problemas após chegar a casa.

Se tiver quaisquer sintomas de infeção, como vermelhidão e dor no local da


cirurgia, a drenagem, ou febre, ligue para seu médico imediatamente.
Se tiver dúvidas adicionais, consulte o seu médico ou enfermeiro.

Adaptado de FAQs (frequently asked questions) “Surgical SiteInfections” CDC

Data da última revisão: Julho de 2015


471

CAPÍTULO 7
Microrganismos Multirresistentes e uso de
Antibioticos (documento enquadrador)

Este capítulo é composto pelos seguintes temas:

7.1. Cuidados específicos aos doentes com MRSA


7.2.Cuidados específicos aos doentes com Clostridium difficille
7.3. Cuidados específicos aos doentes com Sarcoptes scabiei (Escabiose)
7.4. Protocolo para a Investigação de Surtos de Infeção
7.5. Política de antibióticos
472

7.1 Cuidados específicos aos doentes com MRSA

Introdução

O Staphylococcus aureus é um microrganismo da espécie de Staphylococcus


coagulase-positivo. Tem forma esférica (cocos), cerca de um (1) micrómetro de
diâmetro, e formam grupos com aspeto de cachos de uvas, com cor amarelada. Faz
parte da flora humana (pele e membranas mucosas) e cresce rapidamente em
condições aeróbias e/ou anaeróbias, e pode ser transportado pelo hospedeiro durante
um período longo de tempo sem causar sinais/sintomas clínicos. Cerca de 70% a 90%
das pessoas podem estar intermitentemente colonizadas com S. aureus (sensível ou
resistente à meticilina) nas narinas anteriores e 20% a 30% da população geral está
permanentemente colonizada nas narinas anteriores.

Os profissionais de saúde são mais suscetíveis de colonização do que a população


em geral, presumivelmente devido à maior exposição. É transmitido primariamente
através do contacto direto pessoa-a-pessoa, principalmente através das mãos dos
profissionais de saúde, contacto indireto (do ambiente para o utente) e gotículas
(colonização do trato respiratório. O S. aureus pode permanecer viável no ambiente
por longos períodos de tempo nas roupas, nas poeiras e nos materiais contaminados
ou superfícies, pelo que, objetos inanimados/superfícies representam fontes
importantes para a transmissão, se não forem adequadamente descontaminados. A
disseminação por via aérea desempenha um papel mais reduzido na transmissão de S.
aureus, mas pode ser muito importante nos utentes queimados, utentes com
pneumonia por S. aureus e utentes traqueostomizados.

O S. aureus diferencia-se em S. aureus meticilina resistente (MRSA) e S. aureus


meticilina sensível (MSSA), de acordo com a suscetibilidade à oxacilina/meticilina. O
MRSA não causa infeções mais graves que o MSSA - apenas é mais resistente aos
antibióticos, sendo os mecanismos de transmissão idênticos. Estas têm um impacto
significativo na qualidade de vida dos doentes, na morbilidade e mortalidade e nos

Data da última revisão: Março de 2011


473

custos associados às infeções. Muitos doentes com MRSA permanecem colonizados


por tempo indeterminado (até 2 anos) podendo a colonização reaparecer mesmo após
a erradicação aparente. A erradicação do MRSA nas unidades de saúde é difícil, pelo
que, o MRSA continua a ser identificado como um microrganismo
epidemiologicamente significativo ou “alerta” para a infeção, para todas as unidades
de saúde, desde os hospitais, às Unidades de Cuidados Não Agudos.

Esta questão alerta-nos para a necessidade premente de desenvolver uma política


de prevenção e controlo da transmissão, promovendo a articulação estreita entre
unidades de saúde, para comunicação dos casos e, para a implementação precoce das
medidas de prevenção e controlo. Por outro lado, os utentes com infeção por MRSA
não desenvolvem reação imunitária, continuando vulneráveis à infeção pelo mesmo
microrganismo, mesmo após terem sofrido uma infeção. Tanto a colonização como a
infeção por MRSA, constituem um risco semelhante de transmissão cruzada do
microrganismo entre utentes, o que implica o cumprimento rigoroso das medidas de
prevenção e controlo.

Objetivo
Fornecer aos profissionais de saúde das UCCI orientações para a prevenção e o
controlo da infeção/colonização dos utentes por MRSA, e, alertar os mesmos para a
necessidade de promover o ensino aos utentes, familiares e visitantes sobre as
medidas de prevenção.

Âmbito
Aplica-se a todos os serviços da Unidade de Cuidados Continuados.

Responsabilidades
A responsabilidade de implementar o Procedimento é do Núcleo Local da Comissão
de Controlo de Infeção (CCI).

Data da última revisão: Março de 2011


474

A investigação de surto por MRSA se ocorrer, e a definição de políticas dirigidas


para a prevenção e controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) é do
Núcleo Local da Comissão de Controlo de Infeção (CCI).
No caso de suspeita de surto a investigação deve ser coordenada e dirigida pela
equipa técnica (Núcleo Local) da CCI.

Siglas
 MRSA: Staphylococcus aureus resistente à Meticilina
 MSSA: Staphylococcus aureus sensível à Meticilina
 IACS: Infeções associadas aos cuidados de saúde/ IN: Infeções Nosocomiais
 CDC/HICPAC: Center for Diseases Control and Prevention/ Healthcare Infection
Control Practices Advisory Committee /VE: Vigilância epidemiológica

Conceitos/Definições

MRSA (Staphylococcus aureus meticilina resistente ou resistente à oxaclina/meticilina):


também conhecido pela sigla inglesa de MRSA — Methicillin-resistant Staphylococcus
aureus) é uma bactéria que se tornou resistente a vários antibióticos, primeiro à
penicilina em 1947, e logo depois à meticilina. Foi descoberto originalmente no Reino
Unido, em 1961, e atualmente está muito propagado, particularmente nos hospitais,
onde, por causa da resistência crescente, é mesmo chamado de superbactéria -
Staphylococcus aureus resistente à oxacilina/meticilina.

MSSA (Staphylococcus aureus meticilina sensível): é o tipo mais comum de


Staphylococcus aureus que causam a maior parte das infeções por este microrganismo
e que é sensível à oxacilina/meticilina.

Colonização por MRSA: A presença de MRSA em tecidos humanos sem a presença de


sintomas ou manifestações clínicas de doença/infeção. O portador é um utente ou um
profissional colonizado por MRSA. É importante que os profissionais de saúde
compreendam a diferença entre colonização e infeção. Colonização indica a presença
do microrganismo sem sintomas da doença.

Data da última revisão: Março de 2011


475

A colonização pode ocorrer nas narinas, traqueia, pregas cutâneas, reto, ou ferida
aberta, como úlcera de pressão. A colonização é mais frequente nos utentes diabéticos
insulinodependentes, portadores de doenças dermatológicas ou submetidos a
cateteres vasculares, sobretudo, os de longa permanência. A Colonização por MRSA
não é uma indicação de internamento hospitalar, a não ser os utentes que necessitam
de tratamento médico de uso exclusivo hospitalar, que necessitam de monitorização
específica em meio hospitalar.

Portador: Uma pessoa que está colonizada com MRSA. O microrganismo pode estar
presente nas narinas (nariz), secreções, urina, uma ferida aberta, nas fezes ou na pele
sem manifestações clínicas da doença. Um portador pode transmitir o microrganismo
a outra pessoa através de contacto direto, geralmente pelo contacto com as mãos ou
indireto. A via aérea tem também alguma expressão na transmissão deste
microrganismo. O utente colonizado pode permanecer assim por longos períodos (até
2 anos).

Descolonização: Eliminação do estado de portador de MRSA através do uso de


medidas de controlo de infeção e / ou aplicação de anti-sépticos e antibióticos (apenas
nas situações com indicação estrita). Isso diminui o risco de transmissão para utentes
de alto risco (imunodeprimidos ou pessoas altamente suscetíveis) ou para outros,
sobretudo numa situação de surto.

Erradicação: Eliminação das infeções e / ou colonizações por MRSA numa Unidade de


Saúde, através da implementação de medidas de prevenção e de controlo da infeção
(Precauções de Contacto) e do uso adequado de antibióticos (apenas quando é
necessário!) e descolonização dos utentes (se indicado).

Isolamento por Coorte: a colocação de vários utentes com MRSA positivo (infetados
ou colonizados) no mesmo espaço físico (quarto, enfermaria). Nesta situação, os
utentes devem ser tratados por uma equipa que presta cuidados exclusivos a estes
utentes.

Data da última revisão: Março de 2011


476

Taxa Endémica por MRSA: A incidência de utentes infetados e / ou colonizados por


MRSA, que se mantém ao longo do tempo, numa Unidade de Saúde.

Surto por MRSA: Identificação de 2 ou mais casos de doentes colonizados/infetados


por MRSA numa Unidade de Saúde ou um aumento significativo do número de casos
de MRSA num determinado período de tempo, para além do que é considerada a taxa
endémica.

Unidades de Saúde para Cuidados Não-Agudos: Inclui clínicas, hospitais ou unidades


de reabilitação onde se inclui as Unidades de Cuidados Continuados Integrados (nas
valências de curta, média e longa permanência), Serviços de Enfermagem, Unidades de
Saúde Familiares, Centros de Saúde, Apoio domiciliário, Cuidados geriátricos (Inclui
Lares de Idosos, Centros de Dia entre outros).

Fatores de Risco para a disseminação do MRSA nas unidades de saúde

Fatores provavelmente responsáveis pela contínua disseminação do MRSA


 Controle de infeção e práticas de isolamento ineficazes;
 Baixa adesão às Precauções de contacto;
 Aumento da prevalência de resistência antimicrobiana nas unidades de saúde;
 Uso excessivo de profilaxia antimicrobiana;
 Terapêutica antimicrobiana empírica de largo espectro;
 Uso excessivo/inadequado de antimicrobianos.

1) Fatores de Risco para a aquisição do MRSA

A probabilidade de um utente adquirir o MRSA numa UCCI, aumenta com:


 A duração da institucionalização;
 O uso de antibióticos, sobretudo, os de largo espectro;
 Ter tido um internamento recente;
 Ter estado internado numa unidade de cuidados intensivos;

Data da última revisão: Março de 2011


477

 Ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica recente;


 Estar submetido a Diálise ou a terapêutica endovenosa;
 Ter estado na proximidade de um utente colonizado/infetado por MRSA;
 Haver demasiada proximidade entre camas (o espaço entre camas não deve ser
inferior a 1 metro e meio entre o centro de um colchão ao centro do outro colchão
contíguo);
 O rácio de profissionais não ser o adequado para o número de utentes a cuidar.

2) Fatores de risco para a infeção por MRSA em utentes institucionalizados


 Colonização persistente pelo MRSA;
 Diálise;
 Diabetes mellitus;
 Doença vascular periférica.

3) Fatores de risco para a colonização por MRSA entre indivíduos


institucionalizados
 Utente confinado à cadeira ou à cama;
 Com mau estado funcional;
 Do género masculino com incontinência urinária;
 Com presença de feridas, incluindo úlceras de decúbito / úlceras de pressão;
 Com intubação nasogástrica;
 Com cateter intravascular;
 Com cateter urinário;
 Submetido a tratamento antimicrobiano;
 Com cultura prévia positiva para MRSA.

Data da última revisão: Março de 2011


478

Programa de Prevenção e Controlo do MRSA nas UCCI

Ao elaborar um programa para o controlo de MRSA, é necessário tomar em atenção as


seguintes questões:
 Trata-se de um utente já admitido com MRSA na Unidade ou de uma estirpe
adquirida na própria UCCI?
 Trata-se de um caso isolado ou de uma situação endémica, ou existe um
“surto”?
 Pelo facto da transmissão do MRSA ser rápida e fácil e do seu significado
epidemiológico representar transmissão cruzada e por isso evitável, o MRSA é
considerado um mau indicador da qualidade dos cuidados nas Unidades de Saúde. Por
isso, é fundamental que todas as UCCI desenvolvam um programa de vigilância e de
controlo do MRSA. No caso de suspeita de surto a investigação deve ser coordenada e
dirigida pela equipa técnica (Núcleo Local) da CCI.
 O controlo e a prevenção faz-se essencialmente através da aplicação das
Precauções Básicas a todos os utentes e implementação de outras medidas de
prevenção e de controlo da infeção adicionais dirigidas para o MRSA
(Precauções/isolamento de contacto).

Procedimento

1) Sistema de categorização das Recomendações de acordo com os CDC

Categoria IA Fortemente recomendada para implementação e bem suportada por


estudos epidemiológicos, clínicos ou experimentais bem conduzidos.
Categoria IB Fortemente recomendada para implementação e suportada por
alguns estudos epidemiológicos, c1inicos ou experimentais e uma
forte fundamentação teórica.
Categoria IC Recomendada a sua implementação por leis, normas ou regulamentos
nacionais ou internacionais
Categoria /II A implementação é sugerida e suportada por estudos clínicos ou
epidemiológicos ou fundamentação teórica.
Questão não Questão para a qual não há consenso a nível nacional e internacional
resolvida ou não há níveis de evidência que suportem a medida sugerida.

Data da última revisão: Março de 2011


479

2) Medidas Administrativas/de Gestão

a) Considerar a prevenção e controlo do MRSA como uma prioridade institucional da


segurança do utente - IB
b) Providenciar recursos humanos, financeiros e suporte administrativo para prevenir
e controlar a transmissão do MRSA - IB
c) Implementar uma abordagem multidisciplinar para monitorizar e melhorar a adesão
dos profissionais às recomendações básicas e de contacto – IB
d) Implementar um sistema de informação sobre os utentes colonizados/infetados
com MRSA antes da sua transferência para outro serviço na mesma Instituição ou para
outras Instituições – IB
e) Participar nas iniciativas locais, regionais ou nacionais na prevenção e controlo de
MRSA – IB
f) Informação periódica (pelo menos anual) aos profissionais e ao Órgão de Gestão da
Unidade sobre a incidência ou prevalência de infeção e dos planos para melhorar a
eficácia das práticas recomendadas de controlo de infeção na prevenção da
transmissão de MRSA - IB

3) As medidas de controlo a incluir num programa de ação para o MRSA


baseiam-se nos seguintes princípios

a) Identificação dos doentes colonizados por altura da sua admissão/readmissão de


modo a implementar precocemente medidas de contenção - IC;
b) Identificação precoce das infeções e seu adequado tratamento - IB;
c) Implementação de medidas de isolamento físico e/ou uso apropriado de
equipamentos de proteção individual, incluindo normas para a higiene das mãos e o
uso adequado das luvas - IB;
d) Vigilância ativa dos casos de MRSA em colaboração estreita com o Laboratório de
referência - IB;
e) Tratamento de portadores (apenas em situações específicas!) - IB;
f) Planeamento de transferências e altas dos utentes - IB.

Data da última revisão: Março de 2011


480

4) Recomendações para a Prática do Isolamento

Isolar os utentes com infeção/colonização por MRSA:


a) Sempre que possível, os utentes colonizados/infetados por MRSA devem ser
colocados em quarto individual - IB.
b) Não sendo esta medida possível e se houver mais casos em simultâneo, colocar
os utentes com MRSA no mesmo quarto (isolamento de coorte) - IB.
c) Não sendo ainda possível esta última medida, deve ser pensada uma outra
forma de separação espacial dos utentes com MRSA dos restantes (ex: colocação na
última cama do quarto, deixar uma cama vaga entre doentes) de modo a reduzir o
risco de contaminação de outros utentes por contacto - IB.
d) Em situações não previstas, o Núcleo Local da CCI poderá ter sempre que tomar
outras medidas que entender convenientes - II.

5) Eliminar os reservatórios, Conter na Fonte e Cortar as Vias de Transmissão

a) Recomendações Gerais:

 Cumprir as Precauções Básicas a todos os utentes e na prestação de todos os


cuidados de saúde – IB
 Implementar por rotina as Precauções de Contacto para todos os utentes
infetados/colonizados com MRSA – IB
 Nas áreas de ambulatório, utilizar precauções básicas para todos os utentes
com conhecida infeção/colonização com MRSA, assegurando que são utilizadas luvas e
aventais/batas no contacto com secreções, úlceras de pressão, feridas exsudativas,
incontinência fecal e sacos/sistemas de ostomias – IB

b) Reforço das Medidas de Prevenção:

 Higienizar as mãos nos contactos com os utentes, de acordo com os 5


momentos propostos pela OMS. Deve estar disponível em cada UCCI uma norma
escrita para a higiene adequada das mãos, devendo esta norma estar disponível a
todos os funcionários como referência. O produto adequado para a higiene das mãos é

Data da última revisão: Março de 2011


481

a Solução anti-séptica de base alcoólica (SABA) - Consultar o Procedimento para a


Higiene das Mãos - IB
 Usar luvas quando em contacto com os produtos biológicos e adequada higiene
das mãos após retirar as luvas. Mudar de luvas quando se passa de um local
contaminado, para outro local, no mesmo utente colonizado/infetado - IB;
 Colocar uma máscara ao entrar em contacto com um utente com tosse - IB;
 Usar óculos quando se prevê salpicos para a mucosa ocular - IB;
 Colocar um avental ou bata impermeável para proteger a farda, quando se
supõe que possa haver projeção de fluidos corporais (Consultar o Procedimento das
Precauções Básicas e Precauções Dependentes das Vias de Transmissão) - IB;
 Individualização de materiais como o estetoscópio, termómetro,
esfingomanómetro, esferográfica para os registos, entre outros. Se for inevitável o uso
de equipamento comum a outros utentes, este deve ser devidamente higienizado e
passado com álcool a 70º entre cada utente (se o material estiver contaminado com
matéria orgânica deve ser primeiro lavado com água e detergente antes da passagem
por álcool - IB;
 Higienização adequada de todos os materiais usados no utente com MRSA- IB;
 A presença de feridas ou outros locais infetados ou colonizados não devem
limitar procedimentos tais como a fisioterapia, ou comprometer o nível de cuidados do
utente - IB;
 Manter um recipiente com saco branco junto da cama do utente para recolha
de luvas, aventais e outro material contaminado usado no utente - IB;
 Tomar cuidado no despejo de líquidos contaminados (água do banho, urina,
entre outros), a fim de evitar os salpicos e aerossóis - IB;
 Não despejar a água das bacias de higiene após o banho dos utentes com MRSA
nos lavatórios para a higiene das mãos (sobretudo se o utente não está em quarto
individual) - IB;
 Se o esfingomanómetro for de utilização noutros utentes, a medição da tensão
arterial destes utentes deve ser a última a ser efetuada e de seguida, a braçadeira deve
ser desinfetada com álcool a 70º- IB;

Data da última revisão: Março de 2011


482

 Os aparelhos elétricos devem ser limpos com pano humedecido em água e


detergente e se estiverem contaminados com fluidos orgânicos devem ser
desinfetados com solução à base de cloro, após a lavagem - IB;
 Submeter à desinfeção térmica em máquina de lavar com ciclo de desinfeção
pelo calor, as arrastadeiras, urinóis e bacias de higiene, evitando a lavagem manual
que tem riscos acrescidos de contaminação do ambiente através de salpicos e
aerossóis produzidos. Se a lavagem destes materiais for feita em máquina, estes
materiais não precisam ser individualizados. Se a sua lavagem for manual, deve ser
feita com água quente e um detergente, enxaguar com água quente, secar e desinfetar
com álcool a 70º- IB;
 Limpar diariamente toda a unidade do doente (mesas de cabeceira e de
refeição, cama incluindo as grades e manípulos, colchão, aparelhos, armário, entre
outros) com água e detergente - IB;
 A limpeza da unidade do doente enquanto está institucionalizado, deve ser
feita utilizando panos de limpeza de uso único ou então panos individualizados que
podem ir a lavar e desinfetar em máquina de lavar com ciclo de desinfeção pelo calor -
IB;

 Desinfetar diariamente após a limpeza, a unidade do doente (mesa de


cabeceira, cama incluindo as grades e manípulos, colchão, termómetro e estetoscópio)
com álcool a 70º. - IB;
 Retirar bata e luvas após contacto com o utente ou ambiente envolvente do
mesmo - IB;
 A roupa do utente e da cama (roupa usada) deve ser acondicionada em
recipiente com saco impermeável junto da cama do utente evitando movimentos
bruscos (ex: sacudir a roupa), a fim de limitar a disseminação de microrganismos (ver
triagem a roupa de acordo com a política de tratamento da roupa existente na
Instituição) - IB.
 Esta roupa deve ser lavada em máquina de lavar com ciclo de desinfeção pelo
calor que atinja os 80ºC - IB;

Data da última revisão: Março de 2011


483

 A roupa termosensível ou não resistente ao calor (ex: cobertores) deve ser


lavada com ciclo a baixa temperatura e submetida posteriormente a ciclo de
desinfeção química - IB;
 As embalagens de sabão, de anti-séptico, pomadas, adesivo, entre outros
produtos, devem ser individualizadas também - IB;
 Mesmo que o utente se desloque à casa de banho comum do quarto (no caso
de não estar isolado em quarto individual), deve levar o seu próprio frasco de sabão e
todos os utensílios e produtos de higiene - IB;
 Efetuar ensino aos familiares e outros visitantes sobre a importância de não
entrarem em contacto com outros utentes e sobre a higiene das mãos à entrada e à
saída do quarto/enfermaria e do uso de bata e luvas. As visitas não precisam ser
limitadas, mas o ensino aos familiares e visitantes deve ser incrementado e
monitorizado o cumprimento das recomendações por parte destes – IB (consultar Anexo
IV – Folheto para utentes, familiares e visitantes sobre MRSA) ;

 No utente com feridas crónicas colonizadas com MRSA a execução de penso


deve ser feita preferencialmente na sua unidade/cama, com o cortinado separador
puxado, com material individualizado para o procedimento. Não usar carro de pensos
multi-uso, nos utentes com MRSA - IB;
 Os resíduos produzidos na unidade do doente devem ser triados e
acondicionados junto ao utente, de acordo com as recomendações internas. Os sacos
de recolha dos resíduos devem sair já fechados da unidade do doente - IB.
 Se o utente estiver em quarto individual, deve repor-se o material necessário
para um turno, para o desenvolvimento das atividades junto do utente, de modo a
evitar a contaminação dos materiais e os gastos desnecessários – IB/IC;

c) Deslocação do Utente para Exames/Tratamentos

 A saída do utente deve ser programada de modo a reduzir ao mínimo os


tempos de espera. Isto pode ser conseguido avisando previamente o Serviço de
Imagiologia, ou outro e, marcando o exame para o final da lista programada,
deslocando-se o utente diretamente para o exame sem necessitar de permanecer na
sala de espera - II;

Data da última revisão: Março de 2011


484

 Quando sai do quarto ou enfermaria, o utente deve levar roupa limpa, acabada
de vestir mesmo antes de sair. Se o utente se deslocar na cama, esta deve ser
previamente limpa e a roupa mudada antes de o utente sair, a fim de reduzir a
possibilidade de transmissão cruzada - II;
 Chamar a atenção dos profissionais que o vão atender para a necessidade de
higienizar as mãos no contacto com o utente e para a utilização de bata/avental, luvas
- IB;
 O equipamento usado deve ser desinfetado por fricção com pano ou
compressa embebida em álcool a 70º. Se estiver contaminado com matéria orgânica,
deve primeiro ser limpo com água e detergente, seguido então da desinfeção com
álcool a 70º - IB;
 Se o utente se deslocar de maca ou em ambulância ou outro carro de
transporte de utentes, o motorista/acompanhante devem estar informados sobre as
medidas que devem tomar para evitar a transmissão cruzada do MRSA - II.
 No caso da necessidade de fazer fisioterapia, é recomendável que o terapeuta
se desloque à unidade do utente, em vez de o utente se deslocar e se misturar com os
restantes utentes, de modo a prevenir a possível disseminação de partículas e a
contaminação das superfícies comuns aos restantes utentes - II

d) Opções terapêuticas no Tratamento das Infeções por MRSA - Instituir o


Tratamento adequado para a Infeção por MRSA

I) Recomendações para o controlo de antimicrobianos:

Enquanto o controle de MRSA se baseia essencialmente no controle da transmissão


entre utentes, o controle de antimicrobianos é uma medida universal para a prevenção
da resistência aos antimicrobianos. Essa abordagem garante o foco noutras bactérias
multirresistentes, para além do MRSA. Devem ser instituídas estratégias gerais
destinadas a limitar o uso desnecessário de antimicrobianos e otimizar a sua eficiência.
Para isso, é muito importante que seja instituído em cada UCCI um programa de
controlo dos antimicrobianos. Este programa deve incluir:

Data da última revisão: Março de 2011


485

 Monitorização do consumo de antimicrobianos, o que é realizado através da


cooperação com o farmacêutico, sendo expresso como a densidade do consumo de
antimicrobianos utilizando doses diárias definidas (DDD) de antibióticos, ajustado por
dias de institucionalização/internamento. Essa vigilância permite às CCI saber se o
consumo está relacionado com a evolução da resistência bacteriana e a população
microbiana institucional. O uso dos antibióticos tem de ser prudente e adequado às
situações. Não podem ser usados indiscriminadamente já que são de menor eficácia
que outros antiestafilocócicos, além de trazerem um risco acrescido de surgimento de
microrganismos resistentes (por ex: Enterococcus).
 Usar também prudentemente os antibióticos nomeadamente os com efeito
contra os anaeróbios, já que constituem um fator de risco para colonização dos
utentes com estirpes multirresistentes.
 Elaboração de uma política ou guia interno para o uso de antimicrobianos - o
uso deste protocolo constitui um meio eficaz para evitar a administração
desnecessária de antimicrobianos e aumentar a eficácia dos esquemas prescritos. As
diretrizes devem ser elaboradas localmente, levando em consideração os padrões de
resistência locais.
 Restrição de antimicrobianos - Isso implica a obrigatoriedade de ter uma equipe
de profissionais qualificados, autorizados para usar certos antimicrobianos. Essa
seleção vai depender de uma decisão local, com base nos custos e padrões de
resistência locais. Esta política de restrição possibilita a redução do uso de
antimicrobianos e seus custos associados, mas com um impacto até agora indefinido
sobre a resistência bacteriana aos antimicrobianos.
 Monitorização do cumprimento do protocolo interno - A instituição desta
política deve ser supervisionada, de modo a avaliar a adesão e a fim de interpretar sua
eficácia.

II) Tratamento

Os antibióticos indicados habitualmente são do grupo dos glicopéptidos


(vancomicina, teicoplanina). Mais recentemente surgiu uma nova família de
antibióticos ativos sobre gram positivos e contra os MRSA - o linezolide (grupo das

Data da última revisão: Março de 2011


486

Oxazolidinas), como uma opção, mas cuja aplicação deve também ser judiciosa e
sujeita a monitorização das resistências. A ocorrência de MRSA pode colocar sérios
problemas de terapêutica nas infeções sistémicas graves, já que não é possível
recorrer a qualquer um dos antibióticos beta-lactâmicos e a maioria das estirpes
apresenta resistência também aos aminoglicosídeos, macrólidos, quinolonas,
limitando assim muito as opções terapêuticas.

A Vancomicina era até há pouco tempo o único antibiótico que apresentava uma
eficácia consistente contra o MRSA, mas trata-se de um bacteriostático, lento na
erradicação microbiana. As infeções causadas por estirpes com sensibilidade reduzida
à Vancomicina foram sendo relatadas a partir de 1998, primeiro no Japão e logo a
seguir nos EUA e em França – são as estirpes VISA (Vancomycin Intermediate
Staphylococcus aureus), antecipando o aparecimento das primeiras estirpes VRSA
(Vancomycin Resistant Staphylococcus aureus) nos EUA em 2002. Surgem também
casos de MRSA da Comunidade (CA-MRSA), o que veio ainda dificultar mais o esforço
para o seu controlo.

Muitas das novas estirpes de MRSA que foram encontradas mostraram resistência
ao antibióticos mesmo à vancomicina e teicoplanina. O linezolide,
quinupristine/dalfopristine, daptomicina, tigecicline são as adições terapêuticas mais
atuais, geralmente reservadas para as infeções mais graves, as quais os glicopéptidicos
não conseguem responder.

As infeções menos graves podem ser tratadas por agentes orais (administrados
oralmente), incluindo: linezolide, rifampicina+ácido fusidico, pristinamicina,
doxiciclina, clindamicina e co-trimoxazole (trimedoprima+sulfamedoxazole).

III) Descolonização (consultar anexo I - Algoritmo para a decisão de


descolonização dos utentes com MRSA)
 As evidências atuais não corroboram o uso por rotina de terapêutica
antimicrobiana tópica e/ou sistémica para a descolonização de MRSA em utentes ou
em profissionais de saúde. Por essa razão, deve-se promover a discussão caso a caso,
com um médico experiente em doenças infeciosas/ epidemiologista/profissional da

Data da última revisão: Março de 2011


487

CCI, o uso adequado da terapêutica de descolonização para utentes ou profissionais,


durante limitados períodos de tempo, como componente dum programa intensivo de
controlo de MRSA, sobretudo em situação de surto de infeção por MRSA. Pode ser útil
nos utentes que têm infeções estafilocócicas recorrentes de pele ou partes moles – II
 Na descolonização para MRSA realizar testes de sensibilidade para o fármaco
descolonizador (ex: mupirocina) e vigiar a emergência de resistência para este.
 Consultar o microbiologista para determinar o teste adequado a definição do
teste de resistência à mupirocina - IB
 Não utilizar por rotina a mupirocina tópica para a descolonização dos utentes
com MRSA como medida do programa institucional de controlo daquela bactéria
porque podem emergir estirpes resistentes a mupirocina e porque é raro erradicar
MRSA quando há múltiplos locais do corpo colonizados – IB
 Limitar a descolonização aos profissionais colonizados com MRSA que
epidemiologicamente forem considerados fonte provável de contaminação mantida
dos utentes. Considerar a recolocação de profissionais se a descolonização não for
bem-sucedida e se persiste a transmissão – IB

Esquema de descolonização para utentes e profissionais de saúde colonizados por MRSA

População Esquema
Utentes com colonização - Mupirocina nasal a 2% +
nasal sem lesão de pele ou - Banho com sabão anti-séptico à base de
dispositivos implantados clorexidina, durante 5 dias
Utentes com lesão de - Mupirocina nasal a 2% +
pele/dispositivos - Banho com sabão anti-séptico à base de
implantados ou colonização clorexidina, durante 5 dias
em múltiplos locais - Esquema antibioterápico sistémico - de acordo
com o antibiótico (7 dias?) e respetiva
monitorização
Profissionais de saúde - Mupirocina nasal a 2% +
- Banho com sabão anti-séptico à base de
clorexidina, durante 5 dias

Data da última revisão: Março de 2011


488

Adaptado de: Alvarez, Carlos et al: “Estratégias de prevenção de Staphylococcus aureus


resistente à meticilina (MRSA) na América Latina”. Braz J Infect Dis 2010; Vol 14 (Suppl
2):S108-S120.
6) Cuidados na Alta/Transferência ou Falecimento do Utente

 Retirar os cortinados separadores de cama e enviar para a lavandaria (estes


cortinados devem ser higienizados de acordo com as instruções do fabricante. Devem
preferencialmente ser lavados em máquina de lavar sem ciclo de centrifugação e ser
submetidos a ciclo de desinfeção química em maquina, suplementar ao ciclo de
lavagem - IB;
 Higienizar toda a unidade do doente e todo o material e equipamentos
(incluindo os que estão dispostos na parede) com água quente e detergente, seguido
de desinfetante com produto à base de Cloro, de acordo com as instruções do
fornecedor IB;
 As paredes também devem ser higienizadas do mesmo modo. O chão deve ser
lavado apenas com água quente e detergente - IB;
 Não esquecer de mudar o dispensador do frasco de SABA se ainda sobrar uma
quantidade apreciável, bem como, o bocal da embalagem antes de conectar novo
dispensador, a fim de evitar os desperdícios e evitar a transmissão cruzada - IC;
 Fornecer informação sobre o estado de portador do utente com MRSA ao
médico de família ou à Instituição que o vai receber – IB;
 Assinalar no processo clínico ou nota de alta, em “Alertas: MRSA”, a situação de
colonização ou de infeção, de modo a que haja continuidade nas medidas de
prevenção e nos cuidados adequados aos utentes - IB.

7) Comunicação Intra e Interinstitucional durante o internamento e


transferência de utentes com MRSA

A comunicação entre as unidades de Saúde é essencial para fornecer informações


sobre os utentes ao serem transferidos, de modo a que possam ser coordenadas
medidas apropriadas (isto é, a atribuição de sala, isolamento por coorte). A prática

Data da última revisão: Março de 2011


489

recomendada é a notificação prévia e precoce da Unidade de Saúde que vai receber o


utente com MRSA (quer seja colonizado ou infetado) - IB.

Questões que se colocam na gestão da mobilidade de utentes com MRSA:

As declarações a seguir resumem as questões fundamentais em matéria de alta /


gestão de admissão de utentes com MRSA na fase aguda e não aguda de cuidados:
 A colonização por MRSA em si não é razão para a admissão ao hospital - IC.
 A colonização por MRSA não requer prolongamento do internamento em
unidades de agudos - IC.
 A colonização por MRSA não deve ser motivo de exclusão de uma Unidade de
Cuidados Não Agudos, desde que estejam reunidas os meios adequados para o
cuidado aos utentes - IC.
 Para utentes infetados por MRSA, a alta hospitalar pode ocorrer quando, na
opinião do médico, o internamento já não é necessário para tratar uma infeção por
MRSA. Um doente internado em hospital, colonizado com MRSA pode ter alta assim
que clinicamente estável - IC.
 Os doentes infetados com MRSA, podem ter alta hospitalar para outras
unidades de saúde, incluindo as Unidades de Doentes Não Agudos, com exceção dos
que estão submetidos a esquema antibioterápico que exija monitorização hospitalar -
IC.
 A Unidade de Saúde que vai receber o utente, deve receber informação prévia
da sua transferência e informações sobre as condições do utente após a transferência.
Isto deve incluir diagnóstico médico, medicamentos, terapias, atividades de vida diária,
bem como a informação pertinente sobre o estado de infeção ou colonização dos
utentes. Esta informação deve garantir a continuidade dos cuidados adequados aos
utentes. Isso também irá facilitar a gestão adequada dos utentes, nomeadamente a
sua colocação (tipo de isolamento) e a gestão adequada dos cuidados - IC.
 Não é exigida uma cultura Negativa para o MRSA, como condição de
transferência do utente entre Unidades de Saúde de Doentes Agudos e Não Agudos -
IC.

Data da última revisão: Março de 2011


490

Cuidados Pós-Mortem
Os cuidados a ter com os corpos dos utentes colonizados/infetados por MRSA após
o falecimento, na preparação do corpo são os mesmos, aplicados a qualquer utente
numa UCCI. Os profissionais que preparam o corpo devem cumprir as recomendações
inerentes às Precauções Básicas e usar as barreiras protetoras adequadas (avental ou
bata e luvas) - IC.

Cuidados no Cabeleireiro, Barbearia, Manicure/ Pedicure


Os profissionais que prestam estes serviços devem ser informados sobre as medidas
a tomar (Precauções básicas e de contacto), o cuidado com os materiais utilizados e
sua limpeza e desinfeção (individualizar sempre o que for possível!).
Preferencialmente, estes serviços devem ser prestados junto da unidade do utente,
com o cortinado separador corrido, como forma de controlar a transmissão cruzada.

Vigilância Epidemiológica (VE)


 Por se tratar de microrganismo resistente aos antibióticos, deve ser mantido
um registo contínuo de todas as situações clínicas de colonização/infeção por MRSA. A
VE deve ser feita de forma ativa, contínua e sistemática, com base nos dados clínicos e
do Laboratório de Microbiologia de apoio à UCCI - IB.
 O sistema de registo deve ser preferencialmente informatizado com relatórios
automáticos pré-definidos (ver proposta de formulário de registo de tipo “Line-List” –
Anexo II) - IB
 Os resultados da vigilância devem ser divulgados com regularidade pelos
profissionais dos serviços/departamentos com a finalidade de exortar os profissionais
de saúde a evitar a transmissão cruzada da infeção e colonização por esta estirpe
multirresistente - IC.
 As estirpes isoladas em laboratório de apoio às UCCI devem guardar as estirpes
e enviar a Laboratório de referência (Ex: INSA no Porto e em Lisboa) para avaliação das
situações de surto de infeção, caso ocorram) - II.

Data da última revisão: Março de 2011


491

Medidas na área da Vigilância (Caso seja possível colocar em prática):


a) Calcular e analisar taxas de prevalência/incidência de infeção/colonização por
MRSA na população institucionalizada; se possível distinguir colonização de infeção
nos registos – IB
 No cálculo das taxas incluir apenas um isolamento por utente - II
 Aumentar a frequência de relatórios de monitorização da suscetibilidade do
MRSA aos antibióticos, em função do aumento da incidência de infeção/colonização
por MRSA – II

b) Ponderar a necessidade de protocolos de culturas de vigilância ativa de MRSA


em determinadas populações de risco:
 Obter culturas das pregas cutâneas ou feridas exsudativas e de outros locais em
função do microrganismo – para o MRSA (secreção nasal anterior) – IB

c) Ponderar a necessidade de conduzir culturas de vigilância para avaliar a eficácia


da intensificação das intervenções implementadas para controlo do MRSA- IB
 Realizar culturas seriadas de vigilância da prevalência do MRSA (ex:
semanalmente, e com menor frequência quando cessar a transmissão) em
determinadas unidades para avaliar se a transmissão diminuiu ou terminou - IB
 Repetir estas culturas em intervalos determinados ou à data da
alta/transferência até cessar a transmissão – IB
 Se na avaliação do problema do MRSA for considerado indicado, realizar
culturas para avaliação da colonização de doentes que partilham o mesmo quarto ou
com exposição significativa com doentes infetados/colonizados com MRSA. A pesquisa
de infeção ou colonização por MRSA entre o pessoal da saúde só deve ser feita se há
evidência de que os profissionais possam estar relacionados com surto de infeções por
MRSA - IB

d) Obter amostras microbiológicas dos profissionais para rastreio do MRSA quando


exista evidência epidemiológica de que um profissional pode ser a fonte de
transmissão mantida (apenas nesta situação!) – IB

Data da última revisão: Março de 2011


492

e) Colher amostras do ambiente para estudo microbiológico só e apenas se há


fortes suspeitas de que o ambiente possa estar envolvido numa situação de surto!

Nota: Para monitorização do cumprimento das medidas de prevenção e controlo do


MRSA, deve aplicar-se a Bundle (Consultar Anexo III)

Documentos Relacionados com o presente Procedimento, dos quais se recomenda a


leitura em complementaridade:
 Procedimento “Higiene das Mãos”;
 Procedimento “Precauções Básicas e das Precauções Dependentes das Vias de
Transmissão”;
 Procedimento “Controlo de um Surto de Infeção”.

Data da última revisão: Março de 2011


493

ANEXO I
Algoritmo para a decisão de descolonização dos utentes com MRSA:

Identificação do MRSA

Infeção por MRSA Colonização por MRSA

Tratamento da infeção de Considerar descolonização:


acordo com a com o TSA e o A descolonização por - Situação de surto;
quadro clínico rotina não é - Recorrência da infeção pós-
aconselhada tratamento;
- Antes de cirurgia.

- Consultar o Núcleo Local da CCI;


- Pedir apoio do Microbiologista para a decisão.

A descolonização pode não ser efetiva* se houver:


- Feridas abertas;
- Dispositivos invasivos (cateter venoso, cateter
urinário;
- Alimentação entéria;
- Traqueostomia
* Persistência de portador em cerca de 40% dos utentes.

Adaptado de: PICNet, BC Document:”Antibiotic Resistant organisms Prevention and Control


Guidelines”. November 2008 – MRSA Guidelines. Publicado em Maio de 2009

Data da última revisão: Março de 2011


494

ANEXO II
Exemplo de um Formulário para Recolha de Dados de
Utentes Colonizados/infetados por MRSA - Line-List

Serviço__________________________________________ Contacto:_______________

Casos Nome/ Quarto/ Cama Data Data início Sintomas Fatores de Resultados Comentários/
N.º Enferm.ª Admissão dos Risco Microbiologia informações
Processo sintomas Outros exames sobre o utente
1

Data da última revisão: Março de 2011


495

ANEXO III
BUNDLE PARA O CONTROLO E PREVENÇÃO DO MRSA
Traduzido e adaptado de: IPRO (Improving Healthcare for the Common Good). GNYHA
(Greater New York Hospital Association)

Definição da Bundle - Conceitos gerais:

A bundle para controlo e prevenção de MRSA é um conjunto de medidas de


intervenção de evidência comprovada, que quando implementadas em conjunto,
resultam em melhores resultados do que quando implementadas em separado ou
isoladamente.

De acordo com o Institute for Healthcare Improvement, o aspeto mais importante


do sucesso da Bundle é o conceito de “ou tudo ou nada” – todos os componentes
devem ser aplicados a todos os utentes, a menos que seja clinicamente contra-
indicado.

O sucesso da implementação da bundle inclui o treino dos profissionais sobre os


critérios da bundle, afetação de pessoal que será responsável pela aplicação de todos
os critérios específicos da bundle, e elaboração dos instrumentos de monitorização e
checklists que deverão integrar os critérios da bundle.

A avaliação do nível de adesão ao cumprimento da bundle, deve ser feita quando


todos os elementos da mesma estiverem definidos. A adesão parcial à bundle não é
uma opção! – Todos os critérios têm que ser cumpridos. Os resultados dependerão da
completa avaliação de todos os critérios constantes na bundle.

Critérios globais da Bundle para a prevenção e controlo do MRSA:

 Programa de monitorização – incluindo o sistema de alerta do laboratório de


Microbiologia;
 Aplicação das Precauções de Contacto (isolamento de contacto):
 - Utilização adequada dos equipamentos de proteção individual (EPI);
 - Higiene das mãos;

Data da última revisão: Março de 2011


496

 - Colocação do utente – isolamento individual (só se possível);


 - Ensino ao utente, familiares e visitantes;
 - Adequada gestão do ambiente, superfícies e materiais (limpeza, desinfeção).

Critérios Detalhados da Bundle para a Prevenção e controlo do MRSA:

 Desenvolver um sistema de alerta baseado no Laboratório de Microbiologia,


com registo dos casos em formulário tipo “Line-List”;
 Colocar sinalização de “Precauções de Contacto” junto ao quarto do utente
com MRSA; Utilização adequada de Equipamentos de Proteção Individual vestido (PPI),
incluindo luvas e a sua disponibilização junto ao utente. Inclui a remoção junto do
utente, logo após o procedimento e antes de sair da unidade do utente;
 Higiene das mãos, conforme descrito pela OMS (5 momentos);
 Adesão à higienização das mãos antes e após o contacto do profissional com o
utente com MRSA ou com as superfícies e objetos inanimados nas imediações do
utente; Colocação do utente (quarto privado se possível/ coorte – se houver mais
utentes com MRSA em simultâneo/ outras estratégias para reduzir a transmissão);
 Após a identificação do MRSA, devem ser feitos todos os registos acerca do
utente e da sua situação clínica, no processo individual;
 Limpeza e desinfeção adequada do material, equipamentos usados no utente e
ambiente da unidade do utente, de acordo com a política interna e aquando da sua
alta, transferência ou falecimento;
 Implementação de Sistema de Alerta para identificar e readmitir utentes
colonizados/infetados por MRSA.

Medidas Adicionais ou Complementares:

As seguintes abordagens são preconizadas (sem nenhuma ordem específica),


quando as taxas de MRSA são inaceitavelmente elevadas, apesar da implementação
das práticas acima exigidas. De acordo com a SHEA/IDSA, a implementação destas
práticas deve ser individualizada em cada Serviço.

Data da última revisão: Março de 2011


497

 Vigilância ativa por cultura microbiológica e por teste PCR (polymerase chain
reaction);
 Banho com clorexidina – pelo menos durante cinco (5) dias;
 Terapêutica de descolonização por MRSA - utentes colonizados;
 Administração de antimicrobianos (deve ser estipulada uma política de
antimicrobianos, considerada como parte do programa global de prevenção de
infeção).

Data da última revisão: Março de 2011


498

ANEXO IV

Folheto para utentes, familiares e visitantes

Saiba mais sobre o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA)

a) O que é o MRSA?

MRSA é a sigla em inglês para o microrganismo Staphylococcus aureus resistente à


meticilina. O Staphyloccous aureus é uma bactéria que existe naturalmente na nossa
pele e que, por vezes, pode causar infeções. O MRSA é um tipo específico de
Staphyloccous aureus que desenvolveu resistência à maior parte dos antibióticos que
se usam para o tratar. Este pode viver sem causar dano, na pele ou em algumas feridas
crónicas (como por exemplo úlceras nas pernas), mas pode causar doença se
atravessar a pele, é o caso das feridas cirúrgicas ou uma zona do corpo que é estéril,
como por exemplo a bexiga. O MRSA é difícil de tratar pois existem poucos antibióticos
capazes de o eliminar.

b) Como se transmite o MRSA?

O MRSA é transmitido de pessoa a pessoa por contacto. Uma pessoa que seja
portadora deste micróbio nas suas mãos ou pele pode passá-lo a outra pessoa, caso
não seja praticada uma boa higiene. O MRSA também pode ser encontrado no
ambiente ou no equipamento utilizado por uma pessoa portadora, caso não exista
uma boa limpeza destas superfícies.

c) As pessoas podem ser portadoras do MRSA sem o saberem.

Proteja-se a si e aos outros!

Data da última revisão: Março de 2011


499

d) E o que acontece quando tiver alta?

O MRSA geralmente não afeta pessoas saudáveis, incluindo grávidas, crianças e


bebés, como tal não são necessárias medidas especiais quando for para casa. As
precauções de contacto a que esteve sujeito durante o internamento foram
necessárias para o proteger a si e a outros doentes que muitas vezes se encontram
debilitados e, assim, mais sujeitos a apanhar infeções.

Em sua casa, a única medida importante a ter por si e pelos seus familiares é uma
boa higiene das mãos, que irá prevenir não só a transmissão do MRSA como de outros
tipos de infeções!

Lave e seque as mãos:


 Depois de utilizar as instalações sanitárias e depois de assoar o nariz.
 Antes e após contacto com uma ferida ou dispositivo que tenha colocado (por
exemplo: algália).
 Antes e após prestar cuidados a um familiar.
 Depois de fazer a lida da casa, como por exemplo, limpar.
 Antes de comer ou beber.

Se infelizmente tiver que ser novamente internado, por favor avise o enfermeiro ou
médico que tinha MRSA no internamento anterior.

e) O MRSA é perigoso?

O MRSA afeta pessoas idosas e aqueles que têm problemas de saúde de longa
duração. Geralmente não afeta pessoas saudáveis, incluindo grávidas, crianças e
bebés. Este micróbio encontra-se mais em hospitais e lares, mas também existe na
comunidade.

Em casos raros o MRSA é fatal. Esses casos ocorrem quando a pessoa já está muito
doente e o seu corpo não consegue reagir a esta infeção adicional.

Data da última revisão: Março de 2011


500

f) Se estiver internado e tiver MRSA o que posso fazer?

Quando é internado num hospital ou outros sítios onde se prestam cuidados de


saúde, como por exemplo lares, passa a conviver com outras pessoas numa enfermaria
ou quarto. Neste ambiente estará, inevitavelmente exposto a micróbios de outras
pessoas.

Se for portador de MRSA, deverá haver alguns cuidados que os profissionais de


saúde chamam de “Precauções de Contacto”.

Estes cuidados têm como objetivo protegê-lo a si e aos outros e evitar que este
micróbio se transmita.

Os cuidados a ter quando está em “Precauções de Contacto” são os seguintes:

 Evitar sair da enfermaria, mantendo- se na sua unidade (chama-se “unidade”


ao conjunto de mobiliário e equipamento em contacto com cada doente,
normalmente uma cama, mesinha de cabeceira e/ou cadeirão).
 Manter a sua unidade com o mínimo de coisas possível, de modo a ser
facilmente limpo.
 Manter a cortina corrida (evitando movimentá-la) para que esta sirva de
separação física com a cama ao lado.
 Não ter contacto com outros doentes (pode falar com eles, mas evite contacto
físico ou partilha de pertences com estes). Se tiver contacto, deverá lavar e secar as
mãos antes e após esse contacto (ou desinfetá-las com um liquido azul colocado aos
pés da sua cama - peça ao enfermeiro que estiver consigo que o ensine a utilizar).
 Lavar e secar sempre as mãos depois de ir às instalações sanitárias (em
algumas situações poderá ter que utilizar outras instalações sanitárias).
 Não tocar em feridas que tenha, mesmo que protegidas por pensos ou em
qualquer dispositivo que tenha colocado, como por exemplo: cateter por onde recebe
soro, uma algália por onde sai urina ou um dreno por onde podem sair outros líquidos
do seu corpo.
 Lembrar às visitas dos cuidados a ter (ver na pergunta seguinte).

Data da última revisão: Março de 2011


501

Os profissionais de saúde irão utilizar bata, luvas e, por vezes, máscara sempre que
entrarem em contacto consigo. Mas não entre em pânico!
É esta a maneira para o tratar melhor, protegendo também os outros doentes.

g) Se vier visitar alguém com MRSA que posso fazer?

Quando visitar alguém com MRSA deverá:


 Lavar e secar as mãos antes e após a visita (ou desinfetá-las com um liquido
azul colocado aos pés da cama ou à entrada de todas as enfermarias e quartos - peça a
um enfermeiro que o ensine a utilizar).
 Certificar-se que a cortina está corrida para que esta sirva de separação física
com a cama ao lado.
 Não ter contacto físico com outros doentes ou a sua unidade (cama ou
mesinha de cabeceira) nem com os seus pertences.
 Não se sentar na cama.

Em certas situações poderá ter que utilizar bata, luvas e máscara que lhe irão
ensinar a colocar. Nessas situações tenha os seguintes cuidados:
 Enquanto estiver com este equipamento colocado deverá só ter contacto com a
pessoa que está a visitar, evitando ao máximo contacto com outras pessoas,
equipamento ou mobiliário.
 Logo que se afaste da unidade (cama) da pessoa que está a visitar, deverá
retirar o equipamento, rejeitá-lo para um contentor de lixo com saco branco e lavar ou
desinfetar as mãos.

Folheto da autoria de: Comissão de Controlo de Infeção da Unidade Local de Saúde de


Matosinhos. Rua Dr. Eduardo Torres, 4454-509 Matosinhos. Telefone: 229 391 000. Correio
Eletrónico: cci@hph.min-saude.pt

Data da última revisão: Março de 2011


502

7.2 Cuidados específicos aos doentes com


Clostridium difficille
Objetivo
Prevenir e controlar a transmissão por contacto, do microrganismo Clostridium difficile
(CD).

Âmbito
Aplica-se a todos os serviços da Unidade de Cuidados Continuados.

Definições
O Clostridium diffícile é um bacilo gram positivo, anaeróbio, com capacidade de formar
esporos. A infeção por CD define-se como um caso de diarreia ou megacólon tóxico
sem outra etiologia conhecida com 1 ou mais critérios:
 Uma amostra positiva para CD toxina A ou B ou outra toxina detetada nas fezes
em cultural ou outro meio;
 Colite pseudomembranosa visualizada em observação endoscópica ou
sugestiva;
 E colite pseudomembranosa observada no exame histológico.

Responsabilidades
Compete ao Núcleo Local da Comissão de Controlo de infeção, a implementação deste
procedimento.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


503

Descrição

a) Epidemiologia
O Clostridium diffícile (CD) é reconhecido Internacionalmente como sendo o
principal agente etiológico de diarreia e é a causa mais comum de Infeção Associada
aos Cuidados de Saúde nos Estados Unidos.

É uma bactéria que está presente na flora intestinal de cerca de 3% dos adultos e
66% das crianças.

Existem estirpes não toxicogénicas e outras capazes de produzir toxinas


(enterotoxina A e citotoxina B). Só estas estirpes toxicogénicas têm capacidade de
desencadear este quadro clínico, porque produzem mais toxinas.

As manifestações da infeção variam entre sintomas banais (fezes moles e


evacuações mais frequentes), casos moderados de diarreia, até casos súbitos e muitas
vezes associados a colite e colite pseudomembranosa (diarreia, dor abdominal e
cólicas, febre, pus e/ou sangue nas fezes e náuseas.

Desde 1995 que se regista um aumento dos casos de incidência de infeção grave.

Nos Estados Unidos a infeção por CDI duplicou entre 2000 e 2003. O número de
casos aumentou cerca de 7% em 2005 e 2006. Uma das principais razões para este
aumento deve-se à melhoria dos testes de diagnóstico. Aparece em adultos e crianças,
mas os adultos de idade madura (> 65 anos) são os mais afetados.

 A infeção por CDI aumenta o tempo de internamento, os custos, a morbilidade


e mortalidade entre os doentes adultos:
 O tempo de internamento associado situa-se entre os 2,6 e 4,5 dias.
 Os custos atribuídos a doentes internados estimam-se entre $2,470 e $3,666
libras por episódio. Por ano estimam-se custos de $3,2 biliões de libras.
 Está recentemente associado com a atribuição da taxa de mortalidade de 6,9%
até 30 dias depois do diagnóstico e 16,7% depois de 1 ano.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


504

Foram identificados os seguintes fatores de risco intrínsecos e extrínsecos para a


infeção por CDI:
 Idade avançada;
 Gravidade da doença subjacente;
 Número de dias de internamento;
 Antibioterapia prévia (fator desencadeante mais importante);
 Medicação que diminui a acidez gástrica;
 Contaminação do ambiente;
 Contaminação das mãos dos profissionais, doentes, visitas e profissionais das
equipas de limpeza.

Quase todos os antibióticos podem causar diarreia, colite e colite


pseudomembranosa. Os mais comuns associados são: Cefalosporinas, Clindamicina,
Eritromicina, Penicilinas, Quinolonas e Tretraciclinas.

b) Reservatório
A CDI é encontrada no ambiente, mas é mais comum nos Hospitais. A CDI não
precisa de oxigénio para sobreviver e para se multiplicar o que significa que vive bem
no intestino grosso. As bactérias produzem esporos quando entram em circunstâncias
desfavoráveis. A bactéria espalha-se através de esporos que deixam o organismo,
através das fezes (diarreia) da pessoa infetada. Os esporos contaminam todo o
ambiente que os rodeia.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


505

c) Vias de Transmissão
A transmissão é feita por via de contacto, neste caso, pela via fecal-oral.

Principais vias de transmissão:

a) As mãos dos profissionais e a pele podem constituir reservatórios transitórios e


são uma das principais vias de transmissão cruzada;
b) As superfícies ambientais podem ser veículos de transmissão, e dar origem à
contaminação de material (sanitas, superfícies, chão) e equipamento ou das roupas
dos profissionais e da cama, pois os esporos podem sobreviver durante muito tempo;
c) O ar é um veículo que pode tomar alguma importância (por exemplo ao fazer a
cama).
d) Qualquer pessoa que entre em contacto com as superfícies contaminadas pode
disseminar a infeção. Os esporos podem infetar outras pessoas ao entrarem no
organismo, através da boca.

d) Medidas de Prevenção e Controlo

As medidas de controlo baseiam-se no seguinte:

 Identificação da infeção, de forma a instituir precocemente as medidas de


contenção e o tratamento mais adequado;
 Medidas de isolamento físico e/ou uso apropriado de barreiras de proteção,
incluindo aplicações de normas para higiene das mãos, o uso apropriado de luvas e
bata;
 Vigilância ativa através dos resultados do Laboratório de Microbiologia;
 Planeamento de transferências e altas.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


506

e) Recomendações para a Prática de Isolamento

I. Isolar doentes com infeção por CDI:


 Os doentes infetados deverão ser colocados em quarto individual ou com
outros doentes portadores de CDI (coortes).
 Caso isto não seja possível, deve ser considerada uma forma de separação
espacial em relação aos restantes doentes que não estejam infetados com CDI
(colocação na última cama do quarto e cama vazia entre doentes), longe de locais de
passagem e de doentes suscetíveis à infeção por este microrganismo (doentes sujeitos
a antibioterapia, imunodeprimidos, idosos, desnutridos, entre outros), de forma a
reduzir o risco de contaminação por contacto.
 Colocar símbolo “Acesso condicionado” a indicar que o doente está isolado sob
precauções de contacto, à entrada do quarto ou junto da Unidade do doente.
 Para situações não previstas deve ser contactada a Comissão de Controlo de
Infeção - núcleo local.

II. Eliminar os reservatórios, conter na fonte e cortar as vias de transmissão:


 Higienizar as mãos de acordo com os 5 momentos, quer tenha utilizado luvas
ou não. Antes do contacto com o utente e antes de procedimentos assépticos deve
utilizar-se solução antisséptica alcoólica. Nos outros momentos (que implicam
contacto com o utente), lavar com água e sabão e de seguida, desinfetar com
 solução antisséptica; Ter em atenção que as soluções alcoólicas não destroem
as formas esporuladas, pelo que o seu uso isolado não é suficiente para uma correta
higienização das mãos no caso do CD;
 Utilizar equipamento de proteção: luvas e bata/avental no contacto com o
utente e no material ou equipamento por ele utilizado.
 Mudar de luvas quando se passa de local contaminado, para outro local no
mesmo utente infetado, principalmente nas zonas que possam estar contaminadas
com material fecal.
 Manter um recipiente com saco branco junto da cama do utente, para recolha
das luvas, aventais e fraldas usadas ou outro material contaminado.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


507

 Individualizar alguns materiais, tais como: estetoscópio, termómetro,


esferográficas, aparelho de avaliação de tensão arterial e cadeira de rodas. Se for
inevitável o uso comum de equipamento este deve ser lavado com água e detergente
e depois desinfetado com hipoclorito entre cada utente.
 Tomar cuidado no despejo de líquidos contaminados (água do banho, urina,
fezes etc.) a fim de evitar os salpicos e aerossóis para o meio ambiente.
 Não utilizar o lavatório das mãos para despejo de águas usadas nos cuidados de
higiene ou outras.
 Submeter à desinfeção térmica (em máquina) as arrastadeiras, urinóis e bacias,
evitando a lavagem manual que tem riscos acrescidos de contaminação do ambiente
através dos salpicos e aerossóis produzidos. Se a lavagem da bacia for manual, deve
ser feita com água quente detergente, enxaguar com água quente, desinfetar com
solução de hipoclorito de sódio (lixivia), enxaguar com água bem quente e secar.
 A limpeza da unidade do utente enquanto internado, deve ser feita utilizando
panos de limpeza de uso único – nunca passando com o mesmo material de limpeza
para outro quarto
 Limpar diariamente toda a unidade do utente (zonas de toque frequentes
(manivelas, manípulos, botões), mesa, cama, colchão, grades, aparelhos,..) com água
quente e detergente.
 Desinfetar posteriormente a unidade do utente com solução de hipoclorito de
sódio (zonas de toques frequentes, colchão, grades, cama, mesa de cabeceira,
termómetro, estetoscópio, aparelhos elétricos).
 Dar atenção especial à descontaminação dos sanitários: a desinfeção com
solução de hipoclorito de sódio apenas se justifica no rebordo da sanita, manípulo do
autoclismo e outros locais que tenham sido contaminados com material fecal.
 Retirar bata e luvas após o contacto com o doente ou ambiente envolvente do
utente.
 A roupa do doente e da cama, devem ser colocadas num recipiente com saco
de roupa suja, junto da cama do utente, evitando movimentos bruscos a fim de limitar
a disseminação de microrganismos.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


508

 O saco da roupa suja retirado de junto do utente se não estiver protegido na


parte externa, deve ser colocado dentro de outro saco de roupa limpo, para ser
acondicionado na zona própria do Serviço, até ser recolhido pelo Circuito de Roupa.
 Evitar a permanência de frascos abertos com líquidos que se possam
contaminar.
 Efetuar ensino às visitas sobre a importância de não entrar em contacto com os
outros utentes e sobre a importância de lavar as mãos. Não está recomendado o uso
de bata e de luvas, exceto no contacto direto (colaboração nos cuidados de higiene,
alimentação, etc.). As visitas poderão estar limitadas.

Notas: Colocar apenas o material indispensável para o desenvolvimento das atividades


por turno, evitando a contaminação e gastos desnecessários.

III. Deslocação do doente para exames e tratamentos:


 A saída do utente deve ser programada de forma a reduzir ao mínimo os
períodos de espera, por ex. marcação de exames no fim da lista, deslocando-se o
doente diretamente para o exame sem permanecer na sala de espera.
 O utente deve levar fralda e pijama limpo.
 Se o utente se deslocar na cama, esta deve ser previamente limpa e a roupa
mudada antes de sair, a fim de reduzir a possibilidade de contaminação.
 Chamar a atenção de todo o pessoal que contacte com o utente, para a
utilização de luvas e para a higiene das mãos. Reforça-se a necessidade de higiene das
mãos após a remoção das luvas.
 O equipamento usado deve ser lavado com água e detergente e depois
desinfetado com solução de hipoclorito de sódio.

IV. Na alta ou transferência do utente:


 Retirar as cortinas para lavar e colocar em saco de roupa suja.
 Limpar toda a unidade, incluindo todo o material e equipamento colocado na
parede:
 Lavar vigorosamente 2 vezes com água quente e detergente;
 Desinfetar uma vez com solução de hipoclorito de sódio;

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


509

 Proceder a limpeza do chão com água quente e detergente.

Vigilância epidemiológica

É efetuada ativamente e baseada no laboratório de Microbiologia. Quando um caso


de CDI grave é identificado, deve utilizar-se um instrumento de recolha de dados,
instituir um tratamento, identificar os procedimentos implementados, estabelecer um
plano prático e de mudança e por último verificar se a gestão global do processo foi
bem-sucedida.

Para complementar esta informação, anexam-se três documentos:


 ANEXO I – Categorização das Recomendações pela Society for Healthcare
Epidemiology of America
 ANEXO II – Perguntas Mais Frequentes – dirigido a familiares e visitas
 ANEXO III – Perguntas Mais Frequentes – dirigido a Profissionais de Saúde

Documentos Relacionados:
Medidas Gerais de Prevenção e Controlo da Infeção nas UCC
Precauções Básicas
Precauções Dependentes das Vias de Transmissão
Higiene das Mãos

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


510

ANEXO I

Categorização das Recomendações


da Society for Healthcare Epidemiology of America

As recomendações seguintes são baseadas em critérios previamente utilizados pela


Society for Healthcare Epidemiology of America e são destinados a orientar a gestão
das doenças associadas ao C. difficile.

Classificação da força e qualidade das recomendações *


Categoria Definição

Categorias que refletem a força


das recomendações:
A Boa evidência de suporte à recomendação
B Moderada evidência de suporte à recomendação
C Pobre evidência de suporte à recomendação

Categorias que refletem a


qualidade das evidências da
recomendação
I Evidência de pelo menos um estudo controlado e
randomizado
II Evidência de pelo menos um ensaio clínico bem
concebido não randomizado de coorte ou caso-
controle, estudos analíticos (de preferência de mais
de um centro), a partir de vários estudos de séries
temporais, ou a partir de resultados espetaculares
em experiencias não controladas
III Evidências provenientes de opiniões de autoridades
reconhecidas, baseadas na experiência clínica,
estudos descritivos ou relatórios de comités de
especialistas.

*Este sistema de classificação tem sido utilizada pela Sociedade para o Hospital de
Epidemiologia da América desde 1994.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


511

Vigilância e Diagnóstico

1. Vigilância efetiva de Doença Associadas ao C. difficile (CDAD) em todos os doentes


em Cuidados Continuados – Categoria BIII
2. Vigilância deve incluir testes imediatos aos doentes internados nos Cuidados
Continuados Integrados (CCI) com diarreia associada a antibioterapia ou a uma
doença diarreica aguda de outra forma não explicada – Categoria AII
3. Os doentes internados em CCI devem ter suporte de laboratório acessível para
facilitar a identificação imediata de CDAD – Categoria BIII
4. Os testes ao C. difficile ou suas toxinas devem ser feito somente em amostra de
fezes diarreias somente em casos de forte suspeita de C. difficile – Categoria BIII
5. Testes para C. difficile em amostras de fezes de doentes assintomáticos internados
em CCI (incluindo testes “pós cura” após tratamento) não é recomendado exceto
em investigações epidemiológicas – Categoria BII

Tratamento

1. Se clinicamente indicado, devem suspender-se os agentes antimicrobianos


agressores caso se suspeite de CDAD – Categoria AI
2. Metronidazol oral deve ser considerado o tratamento de escolha para CDAD. O
tratamento com vancomicina oral deve ser reservado para a terapia de CDAD se
houve uma falha na resposta ao metronidazol, ou se o doente não pode tolerar ou é
alérgico ao metronidazol - Categoria AI
3. O tratamento dos doentes assintomáticos colonizados com C. difficile não é
recomendado - Categoria AI
4. Doentes com uma primeira recorrência de CDAD seguinte a um tratamento devem
ser novamente tratados como se fosse um episódio inicial (geralmente com
metronidazol). BIII categoria.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


512

Prevenção e Controlo

1) Implementar políticas de utilização de antimicrobianos na UCC – Categoria AII


2) Deverá ser realizada monitorização da utilização de antimicrobianos na
instituição. Categoria BIII.
3) Os profissionais de saúde na UCC devem ser informados sobre os aspetos
clínicos, transmissão e epidemiologia de CDAD – Categoria BIII.
4) Caso as instalações permitam, os doentes com CDAD e incontinência fecal
devem ser colocados em quartos individuais até ao episódio de diarreia ter
desaparecido – Categoria BIII
5) É recomendada a rigorosa higiene das mãos com sabão ou um agente
antimicrobiano após o contacto com os doentes, suas substâncias corporais, ou seu
ambiente envolvente potencialmente contaminado. Categoria BIII.
6) Os profissionais de saúde devem usar luvas no contacto com os doentes com
CDAD na UCC, bem como no manuseamento ou risco de exposição a líquidos orgânicos
e seu ambiente envolvente. Categoria AI.
7) É recomendado o uso de termómetros descartáveis de uso único sendo
desaconselhada a partilha de termómetros eletrónicos – Categoria AII.
8) Para um doente com CDAD, o material de prestação de cuidados do paciente e
equipamentos como estetoscópios e medidores de pressão arterial deve ser dedicado
a um só doente e não compartilhado com outros doentes. Se o material for para usar
em vários doentes, deve ser cuidadosamente limpo se desinfetado entre os doentes -
Categoria BIII.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


513

ANEXO II
PERGUNTAS MAIS FREQUENTES
DIRIGIDO A FAMILIARES E VISITAS

O Que é uma infeção por Clostridium difficile?


Clostridium difficile, também conhecido como "C. diff” é um microrganismo que
pode causar diarreia. A maioria das infeções por C. diff ocorre em pacientes que estão
a tomar antibióticos. Os sintomas mais comuns de uma infeção por C. diff incluem:
 Diarreia aquosa
 Febre
 Perda de apetite
 Náuseas
 Dor e sensibilidade abdominal

Quem tem mais probabilidade de contrair C. dif?


Os idosos e pessoas com determinados problemas médicos são mais propensos a
contrair C. diff. Os esporos de C. diff podem viver fora do corpo humano por um longo
tempo e podem ser encontrados em objetos do ambiente, tais como camas, grades de
cama, acessórios de banho e equipamento médico. A infeção por C. diff pode ser
transmitida de pessoa para pessoa através de equipamento médico contaminado e as
mãos das visitas, médicos, enfermeiros, outros profissionais da saúde.

A infeção por C. dif pode ser tratada?


Sim, existem antibióticos que podem ser usados para tratar infeções por C. diff. Em
alguns casos graves, pode chegar a ser necessário operar a pessoa para retirar a parte
infetada do intestino. Esta cirurgia só é necessária em um ou dois em cada cem
pessoas infetadas com o C. dif.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


514

Quais são algumas das medidas que as Instituições de Saúde tomam para prevenir a
infeção por C. dif?
Para prevenir a infeção por C. diff os médicos, enfermeiros e outros prestadores de
cuidados de saúde:
 Lavam as mãos com água e sabão antes e após o tratamento de cada paciente.
Isso pode impedir a propagação do C. diff e outros germes, através das mãos, de um
paciente para outro.
 Limpam cuidadosamente quartos de hospitais e equipamentos médicos usados
pelos pacientes com C. diff.
 Usam precauções de contacto para evitar a propagação da C. diff para outros
pacientes. Precauções de contacto significa que:
 Sempre que possível, os pacientes com C. diff serão colocados em um quarto
individual ou poderão estar num quarto só com alguém que também tem C. diff.
 Os prestadores de cuidados de saúde usam luvas e um avental sobre a roupa,
enquanto cuidam de pacientes com C. diff.
 È possível que às visitas se lhes possa pedir que usem luvas e avental ou bata.
 Ao sair da sala, os prestadores de cuidados de saúde e visitas terão que
remover o avental e luvas e lavar as mãos.
 Deve solicitar-se aos pacientes que esteja sob precauções de contacto para
permanecer no seu quarto de hospital, tanto quanto possível. Eles não devem ir para
áreas comuns. A saída do quarto deve ser restrita podendo no entanto deslocar-se
para outras áreas do hospital para o tratamento ou para exames.
 Só ser dado antibióticos aos pacientes quando necessário.

O que é que se pode fazer para ajudar a prevenir as infeções por C.diff.?
 Certifique-se de que todos os médicos, enfermeiros e outros profissionais de
saúde lavam as mãos com água e sabão ou usam anti-séptico de base de alcoólica
antes e depois de prestar cuidados.
 Se verificar que os seus cuidadores não higienizam as mãos, por favor peça-lhes
que o façam.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


515

 Tome os antibióticos conforme o seu médico lhe receitou não alterando o


esquema prescrito.
 Assegure-se que lava as mãos com frequência especialmente depois de utilizar
os sanitários e antes de comer.

Os meus familiares e amigos podem contrair C. diff. ao visitar-me?


Normalmente as pessoas saudáveis e que não estão a tomar antibióticos não vão
contrair a infeção por C. diff. As visitas têm poucas probabilidades de contrair C. diff.
Apesar disso, para manter o ambiente seguro para as visitas, estas devem:

 Lavar as mãos antes e depois de sair do seu quarto.


 Perguntar a uma enfermeira(o) se é necessário colocar luvas ou bata antes de
entrar e em caso afirmativo quais os cuidados ater quando remover esse
equipamento.

O que necessito fazer quando tiver alta e for para casa?


Uma vez que vá para casa pode fazer a sua rotina diária normal. Geralmente os
episódios de diarreia já pararam ou são pouco intensos. Isto diminui as possibilidades
de transmitir C.diff. a outras pessoas. No entanto há algumas coisas que podem fazer
para diminuir a probabilidade de ter outra infeção por C.diff. ou transmiti-la a outros.
 Se lhe receitaram medicamentos para tratar o C.diff., tome-os exatamente
conforme lhe o seu médico lhe disse para a tomar. Não tome metade da dose nem
deixe de a tomar antes do tempo previsto para acabar.
 Lavar as mãos frequentemente e com especial atenção após ir aos sanitários e
antes de preparar alimentos.
 As pessoas que vivem consigo também devem lavar as mãos com frequência.
 Se os episódios de diarreia voltarem com intensidade já depois de estar em
casa, avise de imediato o seu médico.
 O seu médico poderá dar-lhe mais instruções conforme achar necessário.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


516

Se tiver perguntas, por favor faça-as ao seu médico e enfermeira

Este folheto pode ser replicado e divulgado.

Tradução e adaptação do folheto de “Perguntas mais frequentes” dos CDC


http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/guidelines/SPAN_C-Diff.pdf

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


517

ANEXO III
PERGUNTAS MAIS FREQUENTES
DIRIGIDO A PROFISSIONAIS DE SAÚDE

O que é o Clostridium difficile?


É uma bactéria que está naturalmente presente na flora intestinal (bactérias boas)
de cerca de 3% dos adultos e 66% das crianças. Habitualmente não causa problemas
nas pessoas saudáveis, no entanto, se as pessoas estiverem a tomar alguns antibióticos
para tratar outros problemas de saúde, estes podem interferir com o equilíbrio das
“bactérias boas” da flora intestinal.

Quando isto acontece, o Clostridium difficile pode multiplicar-se e causar sintomas


como diarreias e febre. Como a exposição a antibióticos é o principal factor de risco
para ocorrência desta infeção, a maioria dos casos ocorre num ambiente de cuidados
de saúde, no hospital, por exemplo. O que não significa que as pessoas não possam ser
afetadas estando nas suas casas, nos lares de idosos, ou outras instituições. A maioria
dos indivíduos tem a bactéria no seu intestino mas sem sintomas de infeção e só
começa a transmitir a infeção quando a bactéria produz toxinas.

Porque é que o Clostridium difficile se transmite facilmente?


Porque esta bactéria não precisa de oxigénio para sobreviver e se multiplica
facilmente, sobrevivendo bem no intestino grosso. Normalmente não afeta crianças e
adultos saudáveis, porque as bactérias “boas” do intestino conseguem manter a
harmonia desejável.
Contudo, alguns antibióticos podem interferir com este equilíbrio saudável entre as
bactérias, permitindo que o Clostridium difficile se multiplique e produza toxinas.

A bactéria, então, dissemina-se através de esporos que saem do organismo da


pessoa infetada através da diarreia. Os esporos podem contaminar o ambiente à volta
(sanitas, roupas de cama, pele e vestuário). Qualquer pessoa que entre em contacto
com as superfícies contaminadas pode também transmitir a infeção. Os esporos
podem infetar outras pessoas ao entrarem no organismo pela boca.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


518

Quais são os sintomas?


Os sintomas incluem diarreia ligeira a severa, fezes com sangue, febre e cãibras no
estômago e são normalmente causados por colites (inflamação do revestimento do
intestino grosso).
Em casos raros, esta bactéria pode causar uma infeção no revestimento das paredes
do abdómen (peritonite), septicémia e perfuração do cólon e também, em casos muito
raros, a infeção por esta bactéria pode ser fatal, sobretudo nos doentes muito idosos e
todos quantos tenham problemas de saúde graves. A maioria das pessoas com esta
infeção tem os sintomas quando está a tomar os antibióticos. Contudo, os sintomas
podem aparecer até 10 semanas depois de terem terminado os antibióticos.

Há mais casos de Clostridium difficile presentemente?


O número de casos de infeção por Clostridium difficile tem vindo a aumentar no
mundo inteiro (United Kingdom National Health Service - NHS) e Portugal não foge á
regra, já que esta bactéria é um problema nos doentes cada vez mais idosos e
debilitados devido ao aumento da esperança de vida.
Uma das principais razões para este aumento do número de casos, é o facto de os
hospitais estarem atualmente melhor preparados para o seu diagnóstico e por outro
lado, existirem Comissões de Controlo de Infeção que estão permanentemente atentas
a esta questão, permitindo o registo atempado dos casos e a implementação de
medidas de prevenção e controlo da situação.

Como se diagnostica esta infeção?

O Clostridium difficile é diagnosticado através de análises laboratoriais a uma


amostra das fezes da pessoa infetada. Se houver infeção por esta bactéria, as análises
mostrarão que existem toxinas na amostra de fezes. Os laboratórios estão
presentemente preparados para a adequada deteção desta bactéria.

Qual o tratamento indicado?


Só precisam de tratamento os doentes que tiverem sintomas. No caso de ter
sintomas, o médico avaliará a situação no sentido de decidir se o doente deve parar ou
não de tomar o antibiótico que causou a infeção.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


519

Após terminar a toma do antibiótico as bactérias “boas” voltam a manter-se


harmoniosamente na flora intestinal não sendo preciso tomar outras medidas.
Se os sintomas persistirem ou se tornarem mais graves, como diarreias fortes ou
inflamação do revestimento do intestino delgado (colite), o médico instituirá outras
medidas que considerar necessárias para resolver a infeção. Só em casos muito raros
poderá ser necessário recorrer à cirurgia para reparar os danos aos intestinos,
sobretudo se houver rutura no intestino delgado (perfuração do cólon).

Como se pode prevenir a infeção por esta bactéria?


Cumprindo as recomendações preconizadas pelas comissões de controlo de infeção
em cada unidade de saúde relativas à higiene das mãos (quer dos doentes e seus
familiares e visitantes, quer dos profissionais de saúde ou cuidadores) e higiene do
ambiente de cuidados de saúde. Na maioria dos casos, as infeções por esta bactéria
podem ser evitadas ao assegurar-se uma boa prática de higiene no ambiente de
cuidados de saúde.
É importante o controlo das visitas a doentes com diarreias, sobretudo evitar levar
consigo crianças com menos de 12 anos ao hospital.
Incentivar a higiene das mãos com água e sabão (a higiene das mãos com solução
alcoólica nesta situação não é considerada eficaz). Evitar os ambientes de cuidados de
saúde se não estiver a sentir-se bem ou se tiver tido diarreia, não deve sentar-se nas
camas e deve obedecer aos horários de visitas e a todas as recomendações que lhe
forem dadas pelos profissionais de saúde.
O isolamento das pessoas infetadas por esta bactéria em quarto individual com casa
de banho privativa, só deve ser feito se existirem condições para tal, já que, o
cumprimento das normas de controlo de infeção é suficiente para evitar a transmissão
cruzada da infeção por esta bactéria.

Resumo:
 Bactéria normalmente existente no intestino humano;
 Só causa problemas se o doente estiver a fazer alguns antibióticos e se for
idoso ou com doenças graves;

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


520

 Pode causar a morte em doentes muito idosos ou com patologias graves;


 Transmite-se com facilidade quer no ambiente hospitalar, quer noutros
ambientes de prestação de cuidados quer no domicílio;
 Previne-se a sua transmissão através do cumprimento de regras de higiene das
mãos e do ambiente.

Este folheto pode ser replicado e divulgado.

Data da última revisão: Fevereiro de 2011


521

7.3 Cuidados específicos aos doentes com


Sarcoptes scabiei (Escabiose)
Introdução

A escabiose (vulgarmente conhecida por sarna), é uma infeção dermatológica, cujo


agente etiológico é um ácaro –Sarcoptes scabieivariante hominis(artrópode da ordem
Acarina – única espécie que acomete o ser humano). O ácaro penetra na pele e é
visível sob a forma de pápulas ou vesículas ou de sulcos lineares diminutos que contêm
os ácaros e os seus ovos. É transmitida pelo contacto direto entre pessoas.
Geralmente, ocorre sob a forma de surtos em comunidades fechadas ou em grupos
familiares. Em UCCI e lares podem ocorrer surtos desta infeção, aquando do contacto
de utentes com crianças dos infantários ou dos próprios familiares e outros visitantes.
A prevalência mundial desta doença é estimada em aproximadamente 300 milhões
de casos anualmente e atinge todas as raças, gêneros, faixas etárias e classes sociais.
Nos países em desenvolvimento, a escabiose representa um importante problema de
saúde pública, com prevalência variando entre 3,8% à 8,8%.
A importância desse assunto em ILP (Instituição de Longa Permanência) foi
demonstrada por um estudo em 1992, envolvendo 130 instituições de longa
permanência no Canadá, onde se observou que cerca de 20% dos residentes
apresentaram pelo menos um episódio de escabiose no primeiro ano de
institucionalização. Outro estudo demonstrou uma incidência anual de 17% em ILP
num estado norte-americano em Michigan.
Também em Portugal, apesar de não haver registos oficiais, esta situação deu
origem a alguns surtos em lares originando encerramento temporário ara estas
instituições.
522

Objetivos
Uniformizar as práticas na prestação de cuidados a utentes com escabiose e
aos seus contactos (visitantes) e aos profissionais de saúde que contactam e
prestam cuidados a estes utentes, nas UCI da UMP;
Garantir a segurança de utentes e seus familiares e dos profissionais de saúde;
Propor metodologia de investigação epidemiológica no controle dos casos,
evitando a transmissão cruzada e surgimento de surtos.

Âmbito
Descreve as ações referentes à avaliação e controle dos casos de escabiose nos
idosos atendidos nas UCCI da UMP, durante a sua permanência na instituição, assim
como as orientações para os contactos.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
 Responsáveis de Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsável e Elo de Ligação da Farmácia
 Núcleo Local de Controlo de Infeção e respetivos membros dinamizadores;
 Médicos, enfermeiros, farmacêuticos ou técnicos que executem procedimentos
onde seja necessário contacto direto “de pele a pele”, ou indireto, através do toque da
pele com objetos contaminados com partículas da pele do doente afetado.

2) Pela revisão do procedimento:


 Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção (CCI).

Siglas
 CDC – Centers for Disease Control and Prevention
 GCL- Grupo Coordenador Local
 PPCIRA – Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e das Resistências aos
Antimicrobianos
 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas
523

 VE – Vigilância epidemiológica
Definições e conceitos

Escabiose: Infeção dermatológica, cujo agente etiológico é: Sarcoptes scabiei variante


hominis (artrópode da ordem Acarina) – (fig.1).

Fig.1 – imagem electrónica do Sarcoptes scabiei

Descrição

Etiopatogenia
O parasita escava túneis sob a pele onde a fêmea deposita os seus ovos que
eclodem em cerca de 7 a 10 dias dando origem a novos parasitas. Forma pequenas
crostas nas áreas mais quentes do corpo: entre os dedos, atrás dos joelhos, atrás dos
cotovelos, nádegas, virilhas, umbigo e mamas. Nas crianças, acomete todo o corpo –
inclusive as palmas das mãos, as plantas dos pés e o couro cabeludo.O ácaro é capaz
de perfurar e penetrar a pele em
minutos, levando a comichão e prurido
intensos, associada a lesões de pele
causadas pela penetração do ácaro e
pelo coçar da pele (Fig. 2).
Fig. 2 – Esquema simbólico da
perfuração da pele pelo ácaro

Ciclo biológico

O hospedeiro é infestado pelas fêmeas que já copularam e penetram na epiderme,


cavando as galerias ou túneis, avançando cerca de 2mm/dia e deixando atrás de si um
rastro de ovos. Esta penetração ocorre principalmente à noite (quando o paciente
aquece o corpo na cama). Os ovos medem cerca de 180x190μm e as fêmeas põem três
a quatro ovos por dia, num total de 40 a 50 durante a sua vida (que dura em média
três a quatro semanas). Após três a quatro dias os ovos eclodem as “larvas
haxápodas”. Estas permanecem nas galerias ou saem para a superfície da pele, onde
524

ficam nas crostas que recobrem as galerias. Em um desses pontos, elas se alimentam e
sofrem mudas após mais 3 a 4 dias, e se transformam em ninfas octópodes. Decorridos
outros três a quatro dias, ocorrem novas mudas: uma só para os machos; duas para as
fêmeas, que já poderão ser fecundadas no segundo estágio ninfal. O ciclo biológico, de
ovo a ovo, dura em média de 11 a 20 dias e durante todo esse período, em qualquer
fase do ciclo, os ácaros podem deixar os túneis da pele, onde se encontram, e abrir
novas galerias (Fi. 3).

Fig. 3 – Ciclo biológico

Legenda:1- Ninfas octópodes desenvolvem-se nas fêmeas férteis;2- Fêmea ovipõe;3- Os ovos
eclodem “larvas haxápodas”;4- As larvas evoluem para ninfas.

Às lesões, seguem-se infeções secundárias que podem ser graves, especialmente


em utentes portadores de HIV ou outras doenças imunológicas. As áreas preferenciais
de infeção são os punhos, as axilas, o ventre, as nádegas, os seios e os órgãos genitais
masculinos (Ver anexo I).
Reservatório: é o homem infetado.
Vias de Transmissão: A transmissão desta infeção ocorre através do contato direto ou
indireto.
525

Sobrevivência do ácaro no ambiente: o ácaro sobrevive até 36 horas no ambiente.


Período de incubação: pode variar entre 24 horas até 6 semanas (nos casos de re-
infestação é de 24 horas), sendo os sintomas clássicos: prurido intenso, que se
intensifica à noite, principalmente nos espaços interdigitais, dedos das mãos e dos pés,
punhos, cotovelos, axilas, região peri-umbilical, cintura, nádegas, tornozelos, pénis e
bolsa escrotal, região peri-areolar e ao longo da linha da cintura e sobre a parte
inferior das nádegas. A erupção pápulo-eritomatosa que se forma na pele, é
considerada consequência da infestação e de uma reação de hipersensibilidade ao
ácaro.Em crianças e idosos, podem também ocorrer no couro cabeludo, nas palmas e
plantas. O prurido é causado por reação alérgica a produtos metabólicos do ácaro e é
intensificado durante a noite, por ser o período de reprodução e deposição de ovos.
Período de transmissibilidade da escabiose: Durante todo o período de doença. São
necessários, geralmente, dois ciclos de tratamento, com intervalo de uma semana.
Características clínicas da escabiose: nas pessoas idosas podem ser diferentes do
quadro clássico, manifestando de forma atípica como vesículas, nódulos, crostas,
eczemas, o que torna mais difícil o diagnóstico precoce, além de atrasar o controle de
surtos.unho10
Entre as complicações clínicas, são descritas infeções bacterianas na pele
(superinfecções causadas por Streptococcus pyogenese Staphylococcu saureus), devido
ao trauma ocasionado pelo ato de coçar na região afetada pela dermatose. As
escavações dos ácaros aparecem como linhas ondulosas de até 1,5 cm de
comprimento que, algumas vezes, apresenta uma pequena crosta em uma
extremidade devido ao ato de coçar a pele.
As escavações tornam-se difíceis de serem observadas com o avançar da infeção,
porque elas são mascaradas pela inflamação provocada pelo ato de coçar.
526

Transmissão cruzada da Escabiose


O Sarcoptes scabiei é um parasita obrigatório que completa seu ciclo biológico no
homem e é capaz de sobreviver de 24-36 horas longe do hospedeiro, à temperatura
ambiente.
A transmissão ocorre por meio do contato direto e indireto, sendo a primeira forma
a mais predominante. A disseminação acontece mais facilmente de uma pessoa a
outra em condições de aglomeração ou em situações de contacto direto prolongado.
Na comunidade, é transmitida pela partilha de roupas, roupas de cama ou por relações
sexuais. É comum em ambientes lotados e pouco higiénicos, como cadeias e zonas de
prostituição (por ex.). Pode ser considerada uma Doença sexualmente transmissível
(DST), pois boa parte das transmissões na Comunidade ocorre através de contactos
íntimos.

Objetivos da Vigilância Epidemiológica


Manter a doença sob controlo, evitando surtos.

Notificação da doença (casos)


Não é doença de notificação obrigatória.

Codificação da patologia: Código de diagnóstico do CID-10: B86

Escabiose Norueguesa: Uma outra manifestação da doença, conhecida como


escabiose crostosa ou norueguesa, pode desenvolver-se em imunodeprimidos e
idosos, porque a sua pele torna-se hiperceratótica e o prurido pode não estar
presente, o que dificulta o diagnóstico. Neste tipo de manifestação, a quantidade de
ácaros presentes na pele (milhares) é bem superior, quando comparada à escabiose
típica, aumentando o potencial de transmissão.
527

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico, levando-se em consideração a epidemiologia,


características clínicas da lesão, onde três elementos devem ser observados:
1- Sulco (pequena saliência linear que mede até um centímetro, que apresenta
numa das extremidades uma vesico-pápula perlácea);
2- Localização e distribuições características das lesões primárias;
3- Presença de lesões secundárias concomitantes e agravamento dos sintomas à
noite ou após banho quente.

A dificuldade do diagnóstico nos idosos está relacionada à presença de


manifestações atípicas da dermatose e a falta de informações adequadas na
anamnese, devido à presença de síndromes demenciais e quadros degenerativos que
atrasam o diagnóstico e a promoção de medidas de controlo.
O diagnóstico laboratorial é realizado através da pesquisa do ácaro, ovos ou cíbalos
(fezes) em material obtido da escarificação com lâmina de bisturi do sulco ou pápula,
observado através de microscopia ótica em uma lâmina com óleo mineral. Entretanto,
este teste não exclui a doença, podendo ser utilizado a biópsia de pele para aumentar
a acurácia, bem como realizar o diagnóstico diferencial com outras dermatoses.
Existem outros dois métodos diagnósticos: vídeo-dermatoscopia e microscopia
epiluminescente, pouco utilizados no dia-a-dia, devido ao tipo especial de
equipamento.
No anexo II apresenta-se uma proposta de fluxograma de atendimento de um
utente (caso) suspeito de escabiose.

Tratamento

O tratamento da escabiose pode ser realizado por via tópica ou oral. A terapêutica é
à base de acaricidas.
Entre os fármacos de uso tópico, temos alguns exemplos: Permetrina creme 5%
(considerado a primeira escolha pelo CDC - Atlanta, com resposta clínica variando
entre 76 a 100%), Lindano 1% (loção ou creme, com resposta clínica acima de 90%).
528

Com relação à terapia oral, a irvemectina apresenta-se com resposta clínica entre 74 e
100%1;8. Benzoato de Benzilo (loção a 10 ou 25%, resposta clínica entre 47 e 56%) foi
excluída como terapêutica desde 2006 pelo Ministério da Saúde, devido à alta
toxicidade e resistência parasitária.
A aplicação do acaricida deve ser feita em todo o corpo, da linha do nariz para baixo
por cerca de 3 dias consecutivos. Após 7 ou 10 dias deve-se realizar um novo
tratamento que também deverá durar cerca de 3 dias para eliminar possíveis ovos que
não tenham eclodido durante a primeira fase do tratamento.
Quanto aos efeitos adversos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS, 1998), crises convulsivas podem ser associadas com uso de benzoato de benzilo,
lindano, malathion e permetrina. Além disso, existem relatos de diarréia e rash
cutâneo com uso de Benzoato de benzilo.

Recomendações INFARMED

“A preferência recai sobre a permetrina a 5%, com 2 aplicações no intervalo de uma


semana, que se revela mais eficaz que o crotamiton. Mas, de momento, a permetrina
apenas está comercializada com uma concentração de 1% ficando, deste modo, a sua
utilização limitada ao tratamento da pediculose do couro cabeludo e púbica.
(INFARMED)
O benzoato de benzilo não deve ser encarado como uma primeira escolha pois
manifesta menor eficácia e comodidade terapêutica (1 aplicação em três dias
consecutivos). Determina ainda com frequência uma ação irritativa mais acentuada.
Daí que nas crianças se opte pelo crotamiton.
As soluções aquosas são preferíveis às alcoólicas, já que não possuem efeito
irritativo sobre a pele escoriada e os órgãos genitais.
A recomendação clássica de se proceder à aplicação dos acaricidas após um banho
quente é atualmente contrariada, por potenciar a sua absorção e decorrente
toxicidade sistémica, para além da remoção do fármaco do local a tratar. Mantêm-se,
porém, as recomendações do tratamento ser efetuado por todos os elementos do
agregado familiar, de ser feito a todo o corpo, com particular atenção às pregas dos
529

dedos dos pés e das mãos, e de se esfregar a loção nos leitos subungueais. É
importante fazer ensino ao utente no sentido de não lavar as mãos após a aplicação
do fármaco. Se tal acontecer, deverão proceder à reaplicação do produto nas mãos.
Nas crianças, nos idosos, nos imunodeprimidos e nos doentes com tratamento prévio
sem sucesso, a aplicação do fármaco deve estender-se ao couro cabeludo, pescoço,
face e pavilhões auriculares. Para controlo do prurido após o tratamento, o crotamiton
ou a hidrocortisona a 1% revelam-se eficazes devendo, no caso do crotamiton, evitar-
se o contacto com zonas de pele escoriada.No tratamento da sarna hiperqueratósica
resistente ao tratamento tópico e nos doentes imunodeprimidos tem sido utilizada em
associação à terapêutica tópica uma dose única de 200 mg de ivermectin, por via oral
(medicamento para uso exclusivo hospitalar).

Como terapia adjuvante, é sugerido pelos peritos, o uso dos seguintes


antihistamínicos para a queixa de prurido: Cetirizina (Zyrtec®) 10mg VO 1x/d ou
Allegra® 120mg VO 1x/d ou Hidroxizine (Hixizine®) 25mg VO 1x/d à noite. O prurido e a
lesão cutânea podem persistir por 2 semanas após o tratamento. Além desse período,
recomenda-se nova avaliação do caso, considerando as seguintes hipóteses:
 Diagnóstico incorreto;
 Aplicação incorreta do acaricida;
 Pouca penetração do agente na pele e unhas das mãos;
 Re-infestação por meio de contatos ou fontes contaminadas;
 Eczema secundário;
 Dermatite de contato causada pela terapêutica tópica ou resistência à mesma.
A cura é obtida na dose única de 200µg/kg, para adultos e crianças acima de 5 anos.
Recomenda-se novo tratamento após 15 dias. Quanto aos efeitos adversos da
ivermectina, foram feitos alguns estudos onde se evidenciou a segurança de seu uso,
sendo que nenhum dos efeitos colaterais foi considerados ameaçador. As principais
queixas enquadram-se no padrão do fenômeno de Jarisch-Herxheimer, onde o
paciente apresenta febre, mal-estar e artralgia logo após o início do tratamento,
melhorando após 48 horas a uma semana.
530

Recomendações para os cuidados aos utentes com escabiose e para a prevenção da


transmissão cruzada

 Devem iniciar-se Precauções de Contacto (para além das Precauções Básicas)


durante toda a prestação de cuidados a utente com suspeita de escabiose, até à
confirmação da hipótese diagnóstica, ou durante pelo menos 24-48 horas após o início
do tratamento efetivo.
 Ivermectina 200 Ug/Kg – via oral – repetir após 14 dias
 Permetrina 5% aplicação tópicaúnica (enxaguar após 8 a 14 horas de contacto)
– repetir após 7 dias*
 Colocar o utente em quarto individual sempre que possível.
 Individualizar todos os materiais usados nos cuidados ao utente durante o
período de contagiosidade.
 Usar adequadamente os equipamentos de proteção individual, recomendados
para as Precauções de Contato;
 Usar sempre bata por cima da farda e luvas (sobrepondo o punho da luva sobre
a manga da bata) nos cuidados diretos ao utente ou no contacto com as roupas,
objetos e tudo o que esteja em contacto com o utente.
 Durante o banho ao utente, ou durante a aplicação do tratamento tópico,
utilizar avental sobre a bata, de modo a conferir maior segurança contra salpicos e
dispersão de partículas.
 Após terminar o procedimento, remover imediatamente as luvas e de seguida a
bata, e, higienizar as mãos.
 As unhas do utente devem ser aparadas, de modo a evitar lesões ao coçar.
 Se o utente tomar banho nas instalações sanitárias, estas devem ser
desinfetadas sempre que o utente usa as mesmas.
 Cuidado com roupas e objetos pessoais: colocar em saco impermeável proprio
por um período não inferior a 72 horas (ideal é de 7-10 dias), de modo a decair a
virulência do ácaro, podendo depois, ser manipulada de forma segura.
 Triagem e acondicionamento das roupas usadas: Mudar toda a roupa de cama,
pijamas/camisas de noite diariamente, bem como toda a roupa usada pelo utente
531

durante o dia. Colocar as roupas dentro de saco impermeável apropriado junto à cama
do utente.
 As roupas termoresistentes devem ser posteriormente lavadas da mesma
forma que a restante roupa usada na Unidade (atingir pelo menos 80ºC e garantir que
toda a roupa é atingida pela água bem quente).
 Cobertores e roupões ou outra roupa termosensível deve ser lavada com ciclo
de água morna e detergente e ciclo posterior de desinfeção química – tal como para a
roupa termosensível da Unidade.
 Encaminhar posteriormente a roupa usada para a lavandaria, junto com a
restante roupa usada na Unidade.
 Colocar os resíduos produzidos no saco próprio, junto da unidade do utente.
 Arrastadeira e/ou urinol e bacias de higiene – lavadas em máquina com ciclo de
desinfeção pelo calor (80ºC).
 Ensino ao utente e família/contactos sobre as medidas a cumprir. Todas as
pessoas que residem na mesma casa do portador de escabiose devem ser tratadas ao
mesmo tempo, com medicamentos de uso local ou oral – dependendo da orientação
do dermatologista. Grávidas e lactentes não devem utilizar os mesmos medicamentos
que as outras pessoas acometidas por esta zoonose – consultar Dermatologista!
 Restringir visitas de crianças, pois é difícil conseguir que estas cumpram as
normas de prevenção.
 Providenciar a limpeza terminal do quarto após início do tratamento efetivo.
Dispensar atenção especial à limpeza do ambiente, roupas de cama e mobília de
utentes com escabiose.
 O tratamento da pessoa infetada deve ser feito em simultâneo que o
tratamento dos seus contactos.
 Após o início do tratamento espera-se que o utente apresente melhoria dos
sintomas, porém o prurido pode permanecer até 15 dias.
 Se o residente não apresentar melhora após o tratamento, deverá ser
encaminhado para avaliação clínica por um dermatologista, para que seja feito
diagnóstico diferencial e/ou realizado exame complementar (biópsia).
532

 Todos os casos de escabiose devem ser notificados à Comissão de Controlo de


Infeção Núcleo local.
 Pode ser importante pedir ajuda no caso de surto de escabiose em larga escala,
ao Núcleo Central da CCI-UMP ou mesmo à ARS para abordagem da situação por
Médico de Saúde Pública e apoio de Epidemiologista. Esta medida deve ser avaliada
pelo Clínico (s) da Unidade.
Nota:*deve ser usado combinado à terapia oral quando ocorrer grande extensão da
lesão, suspeita de resistência a Irvemectina devido a recidivas.

Nota sobre a Sarna canina: A sarna canina não é transmissível ao ser humano, pois é
causada por um outro tipo de ácaro. Quando um ser humano é mordido pelo ácaro da
sarna canina, pode até sentir algum prurido, mas é transitório, ao contrário da sarna
humana, que se deixada sem tratamento, agrava progressivamente a sintomatologia.

Gestão do protocolo

1) Indicadores de processo:
Percentagem de Adesão ao protocolo:

A Adesão ao protocolo será avaliada através dos seguintes parâmetros:


 Solicitação de raspado da pele para confirmação diagnóstica;
 Medicação prescrita ou regime terapêutico;
 Tempo de uso do tratamento previamente estipulado no protocolo;

2) Indicadores de resultado:
 Densidade de incidência e Incidência de Recorrência de Escabiose na Unidade;
 Consumo percentual de medicamentos para o tratamento de Escabiose;
 Custo do tratamento por utente.
533

Anexo I
Imagens de lesões cutâneas na escabiose
534

Anexo II
Fluxograma de caso suspeito de escabiose

ANEXO II – RECOMENDAÇÕES DO INEM NO CASO DE ACIDENTES COM TOXICIDADE


POR ACARICIDAS:

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR


ACARILBIAL 277 mg/ml solução cutânea
Benzoato de benzilo
Este folheto contém informações importantes para si. Leia-o atentamente.
Este medicamento pode ser adquirido sem receita médica. No entanto, é necessário utilizar
ACARILBIAL com precaução para obter os devidos resultados.
- Conserve este folheto. Pode ter necessidade de o reler.
- Caso precise de esclarecimentos ou conselhos, consulte o seu farmacêutico.
- Em caso de agravamento ou persistência dos sintomas, consulte o seu médico.
- Se algum dos efeitos secundários se agravar ou se detetar quaisquer efeitos secundários
não mencionados neste folheto, informe o seu médico ou farmacêutico.
Neste folheto:
1. O que é ACARILBIAL e para que é utilizado
2. Antes de utilizar ACARILBIAL
3. Como utilizar ACARILBIAL
4. Efeitos secundários possíveis
5. Como conservar ACARILBIAL
6. Outras informações
1. O QUE É ACARILBIAL E PARA QUE É UTILIZADO
ACARILBIAL é um antiparasitário de aplicação tópica cutânea usado para o tratamento da
escabiose (sarna).
2. ANTES DE UTILIZAR ACARILBIAL
Não utilize ACARILBIAL
- se tem alergia (hipersensibilidade) ao benzoato de benzilo ou a qualquer outro componente
de ACARILBIAL.
- se existirem sinais inflamatórios intensos na pele (pele vermelha, quente, dolorosa)
- se existirem feridas na pele.
Tome especial cuidado com ACARILBIAL
Deve evitar o contacto com a face, olhos, mucosas e canal urinário. No caso de haver
infeção das lesões (que se pode manifestar por febre, aparecimento de pús, dor ou
vermelhidão local), pode ser necessário instituir tratamento antibiótico, pelo que deve
consultar o seu médico.
Deve ser utilizado com precaução em crianças com menos de 10 anos de idade.
Ao utilizar ACARILBIAL com outros medicamentos
Informe o seu médico ou farmacêutico se estiver a utilizar ou tiver utilizado recentemente
outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica.
535

7.4 Protocolo para a investigaçao de surtos de


infeçao

Objetivos
Fornecer diretrizes para uniformizar a investigação de um surto de infeções
associadas aos cuidados de saúde (IACS) nas Unidades de Cuidados Continuados
Integrados (UCCI) da União das Misericórdias Portuguesas (UMP).

Política
A responsabilidade de investigação de surtos e definição de políticas dirigidas para a
prevenção e controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) e infeções
da comunidade que possam estar na origem de surto na Unidade é do Grupo de
Coordenação Local do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e de
Resistência a Antimicrobianos (GCL-PPCIRA) - Núcleo Local. No caso de suspeita de
surto a investigação será coordenada e dirigida pela equipa técnica (Núcleo Local) do
GCL-PPCIRA, contando com a colaboração do Núcleo Central do GCL-PPCIRA da UMP.

Fundamentação
Os surtos de infeção associada aos cuidados de saúde devem ser identificados e
investigados atempadamente, dada a sua importância em termos de morbilidade,
custos e imagem institucional.
A investigação de surtos pode também levar a uma melhoria sustentada das
práticas. Um surto é definido como um aumento, pouco usual ou inesperado, de casos
de uma determinada infeção nosocomial, ou o aparecimento de casos de uma nova
infeção. Se for conduzida de forma rigorosa e exaustiva, a investigação de um surto
pode levar a:
a) Identificação de novos microrganismos “epidemiologicamente significativos”;

Data da última revisão: Junho de 2015


536

b) Identificação de reservatórios desconhecidos;


c) Vias de transmissão não suspeitas e que possam também ser relevantes na
transmissão cruzada da infeção;
d) Tudo isto pode levar à mudança de algumas práticas e à introdução de novas
estratégias de prevenção da infeção.

Procedimento – Informações Gerais

a) O início de procedimento deve ser despoletado pelo Coordenador do GCL-


PPCIRA, que dará de imediato conhecimento à Direção Clínica (DC) da UCC e à Mesa
Administrativa da Misericórdia.
b) Logo de início deve ser definido um responsável pela avaliação e condução da
situação de surto. Este é nomeado pela Mesa Administrativa, por sugestão da DC e d
GCL-PPCIRA.
c) O responsável determina se se trata de um surto provável que possa por em
risco os doentes e os profissionais e se requer uma investigação imediata. Pode ser
necessária uma reunião urgente dos membros do GCL-PPCIRA e na presença de um
membro do Órgão de Gestão.
d) Será decidido na altura quem vai integrar o grupo de planeamento e ações
imediatas; poderão ser incluídos representantes dos seguintes: membros GCL-PPCIRA,
Médico (s) dos doentes e Enfermeiro Chefe, Saúde Ocupacional, Laboratório,
Farmácia, e Administração.
e) O Coordenador fará uma reunião para:
 Clarificar a natureza e extensão do problema potencial e discutir os passos que
se irão seguir na investigação e gestão do surto.
 Determinar os critérios exatos para a seleção de doentes nos estudos
epidemiológicos a efetuar.
 Determinar e atribuir responsabilidade a cada área; quem vai colher e registar
cada tipo de dados.
 Elaborar formulário (s) de colheita de dados adaptados à situação (Ver Anexo I).

Data da última revisão: Junho de 2015


537

 Antecipar as questões que podem surgir e desenvolver respostas consistentes;


Designar um indivíduo chave (porta-voz) para responder às perguntas e manter os
profissionais informados.
f) Qualquer decisão que envolva um grande número de doentes ou despesas
significativas (p. ex. encerramento do serviço) será tomada em conjunto pelo GCL-
PPCIRA, pessoal do serviço implicado e o Órgão de Gestão.
g) Se for necessário instituir terapêuticas ou profilaxias específicas os clínicos
serão informados dos efeitos acessórios potenciais, alternativas terapêuticas em casos
de alergia, outras contraindicações.
h) Todas as intervenções relacionadas com um surto que abranja os profissionais,
deverão ser tomadas em articulação com a Saúde Ocupacional e não deverão
constituir uma despesa para o profissional.
i) Os profissionais serão informados da necessidade de quimioprofilaxia por
exemplo (se for uma situação que seja necessário) e dos eventuais efeitos secundários.
j) Poderá ser solicitada a colaboração dos profissionais que prestam cuidados aos
doentes na colheita de dados, culturas ou notificação dos colegas. Dar-se-á preferência
aos elos de ligação do GCL-PPCIRA.
k) O Serviço de Pessoal será informado se houver necessidade de baixa ou se for
considerado acidente de trabalho.
l) Deve ser tida em conta a reação de pânico ou medo dos profissionais, doentes
e família dando-se a necessária importância à informação regular e correta dos
implicados.
m) Serão feitas reuniões interdisciplinares regulares para rever os novos
acontecimentos, atualizar a informação para os profissionais no que se refere aos
progressos da investigação e responder às perguntas.
n) Só deve ser dada informação aos meios de comunicação social, após acordo
interno entre a Direção Clínica, GCL-PPCIRA, Coordenador da investigação e Mesa
Administrativa da SCM, cabendo a esta, se estiver indicado, a notificação da
Autoridade de Saúde e a comunicação social, se for considerado necessário.

Data da última revisão: Junho de 2015


538

o) No final da investigação (após a análise de todos os dados e clarificação total da


situação) será elaborado um relatório formal e distribuído a todos os departamentos
implicados. Poderão ser elaborados relatórios provisórios durante o processo.
p) No final da investigação todos os aspetos relacionados com o processo serão
revistos de forma crítica pelo GCL-PPCIRA a fim de identificar problemas que possam
ser evitados no futuro.

Metodologia da Investigação de um Surto de Infeção


Identificação de um Surto
É importante que os surtos sejam identificados precocemente, a fim de controlar a
transmissão entre doentes, entre doentes e profissionais de saúde ou através de
materiais contaminados.
Pode ser identificado inicialmente um problema potencial pelos enfermeiros,
médicos, microbiologistas ou qualquer outro grupo profissional, ou através do
programa de vigilância epidemiológica (VE) de infeções e de microrganismos alerta e
problema.
É necessário iniciar as investigações, o mais precocemente possível, assim que é
identificada a origem do surto, e para implementar as medidas de controlo.
Estas medidas de controlo irão depender do microrganismo e da via de transmissão,
mas podem incluir os procedimentos de isolamento ou melhorias nos cuidados ou na
higienização ambiental.

É importante para a identificação de surtos, estar-se atento a:

a) Aumento de pedidos de estudo de um produto específico;


b) Aumento de isolamento de uma estirpe bacteriana;
c) Isolamento de um microrganismo não usual;
d) Notificação, “alerta” dos serviços.

Data da última revisão: Junho de 2015


539

Questões Chave que se Colocam na Análise de um Surto de Infeção

a) Quando é que surgiu o problema?


b) Quem está envolvido?
c) Aonde é que surgiu o problema?
d) Qual (s) o(s) agente(s) implicados?
e) Como é que aconteceu a transmissão do agente?

Outras Questões Importantes a Considerar

a) É necessário pedir autorização à Mesa Administrativa para fazer a investigação?


b) Existem os meios logísticos necessários? É necessário recorrer ao exterior? A
quem? Quem faz os contactos necessários?
c) Quem vai alertar a autoridade de saúde?
d) Quem deve ser informado?
e) Quem vai fazer a análise do inquérito?
f) Quem vai redigir o relatório?
g) A quem será enviado o relatório?

Planeamento da Investigação
a) Notificar as pessoas e os serviços apropriados sobre a existência do surto.
b) Estabelecer os termos de referência para a investigação. Isso deve incluir a
formação de um grupo de investigação do surto, com delineamento claro de
autoridade (coordenação do processo).
c) Integrar a equipa de controlo de infeção no grupo de investigação.
d) Confirmar a existência de um surto, revendo a informação preliminar sobre o
número potencial de casos, microbiologia disponível, gravidade do problema e dados
demográficos referentes a pessoas, local e tempo.

Resumo do Plano de Intervenção na Possibilidade/Suspeita de um Surto de Infeção

a) O Coordenador do GCL-PPCIRA deve determinar se a situação de provável surto


põe em risco a saúde de outros doentes ou dos profissionais e se requer uma

Data da última revisão: Junho de 2015


540

investigação imediata. Pode ser necessário convocar uma reunião extraordinária do


GCL-PPCIRA.
b) Deve-se em seguida determinar quem vai estar envolvido no planeamento e
ação subsequentes: membros do GCL-PPCIRA, Médico assistente dos doentes,
Enfermeira Chefe/ Supervisora de Enfermagem, Microbiologista, Farmacêutico,
Médico de Saúde Ocupacional, Administrador da área, entre outros que forem
considerados relevantes consoante a situação em causa.
c) Deve ser feita uma reunião com os indigitados a fim de clarificar a natureza e
extensão do problema potencial, discutir os passos seguintes da investigação,
definição de caso, atribuição de responsabilidades individuais, fontes de dados e quem
os colhe e regista, antecipar questões que possam surgir e propor respostas
consistentes.
d) As decisões importantes devem ser tomadas em conjunto: se for necessário
fazer medicação profilática ou terapêutica os clínicos devem ser informados sobre
possíveis ações acessórias, alternativas em caso de alergia, gravidez etc. O Serviço de
Saúde Ocupacional deve encarregar-se da imunização ou profilaxia dos profissionais
sem custos para os mesmos sendo estes informados das vantagens e inconvenientes, e
também das notificações de doença ocupacional se for caso disso.
e) Nos serviços envolvidos, pode ser solicitado aos profissionais apoio na colheita
de dados ou colheita de amostras (se aplicável).
f) Devem realizar-se reuniões frequentes para acompanhamento da situação.
g) Devem ser tidas em conta as reações de receio dos profissionais, doentes e
famílias dando informação adequada através de reuniões ou documentos escritos
previamente aprovados pela Direção Clínica e/ou Órgãos de Gestão.
h) As informações a veicular no exterior devem ser previamente aprovadas pela
Direção Clínica e pelo Coordenador do GCL-PPCIRA, sendo a sua comunicação da
responsabilidade da Mesa Administrativa da Misericórdia, que poderá delegar na
Direção Clínica ou no Coordenador do GCL-PPCIRA.
i) No fim da investigação e controlo do surto (após a análise de todos os dados e
clarificação total da situação), deve ser elaborado um relatório formal e distribuído por

Data da última revisão: Junho de 2015


541

todos os serviços envolvidos e, em alguns casos, pode ser necessário fazer relatórios
de progresso, até que a situação, fique totalmente esclarecida.
j) No fim de tudo, todos os aspetos relacionados com a investigação devem ser
revistos e analisados pelo GCL-PPCIRA de forma crítica a fim de identificar problemas
que possam ser evitados em situações futuras.

Com base nas hipóteses que se levantam, é necessário delinear uma intervenção
para controlar a transmissão cruzada e prevenir novos casos:

i. Salienta-se que há medidas de intervenção que devem ser tomadas logo no


início do surto. Conforme se avança no processo de investigação vai havendo
um reajustamento das medidas necessárias.
ii. Se necessário, pode-se restringir novas admissões ao serviço ou à enfermaria
implicada.
iii. Idealmente, os doentes possíveis “fontes de infeção/colonização” para outros
doentes, devem ser colocados em quarto individual com casa de banho
própria. Onde estes quartos não existem, a alternativa é o sistema de
isolamento por coorte: implica a colocação de todos os doentes implicados no
surto, no mesmo quarto/ enfermaria e restringir os profissionais que cuidam
deles (coorte de profissionais) - os enfermeiros que lhes prestam cuidados, não
devem cuidar de outros doentes.
iv. Deve-se também limitar a circulação desses doentes e evitar o seu contacto
com outros doentes.
v. Os fisioterapeutas/outros profissionais que prestam cuidados a doentes
infetados devem ser informados da situação epidemiológica e das medidas de
prevenção.
vi. Deve-se limitar as visitas de crianças e os visitantes devem ser instruídos das
medidas de prevenção. Insistir na importância de evitar contactos com outros
doentes.
vii. Aproveitar a situação de surto, para fazer uma observação da situação quanto à
higiene das mãos - observar as práticas: lavagem antes do contacto direto com
o doente, e depois, após remoção de luvas, após contacto com materiais

Data da última revisão: Junho de 2015


542

contaminados; não esquecer a lavagem das mãos dos doentes. Verificar se


existem os meios para favorecer a adesão às práticas: sabão líquido, toalhetes,
recipiente para toalhetes usados, solução alcoólica, sistema de torneira
(reclusão).
viii. Observar as luvas disponíveis, verificar se o seu uso é apropriado, se há luvas
em quantidade suficiente e de vários tamanhos.
ix. Verificar a existência de aventais de plástico em quantidade suficiente e a sua
utilização quando necessário.
x. Verificar se os profissionais cobrem as lesões das mãos com penso
impermeável. Analisar a higienização do serviço: Existem normas escritas? É
apropriado o detergente em uso? É necessário usar um desinfetante? Qual a
periodicidade de limpeza da unidade do doente e de outras estruturas?.
xi. Controlar o método usado para as casas de banho, banheiras, sanitas e para as
superfícies de toque frequente, como manípulos das portas, dos autoclismos,
corrimão, entre outros.
xii. Verificar como são removidos os líquidos orgânicos vertidos e se existe uma
norma escrita para o efeito.
xiii. Fazer formação aos profissionais de limpeza.

Apesar de todas estas normas já deverem estar disponíveis nos serviços, a altura de
investigação de um surto é uma ocasião para avaliar as práticas e rever as normas, se
for oportuno.
É, também, uma oportunidade para iniciar ou implementar um sistema de vigilância
epidemiológica das IACS e implementar um plano de formação que vá de encontro à
resolução dos problemas encontrados, ou que facilite a avaliação da eficácia dos
procedimentos de controlo aplicados durante o surto.

Encerramento de Serviços/Alas
Devem ser analisados cuidadosamente os riscos e benefícios. Não há critérios
estabelecidos. Só se deve fechar um serviço, se houver uma mortalidade elevada ou
incapacidade de contenção, apesar do cumprimento de todas as precauções básicas e

Data da última revisão: Junho de 2015


543

baseadas nas vias de transmissão, indicadas para a situação. Antes de fechar um


serviço, deve-se definir os critérios para a sua reabertura.

Investigação Ambiental
Não se deve promover estudos microbiológicos do ambiente sem que haja uma
fundamentação sólida e sem decidir primeiro o que se irá fazer com os resultados
deste tipo de estudos. São os dados iniciais que devem orientar a decisão sobre se se
deve estudar, onde e o que se deve estudar.
Estes estudos são caros, consomem muito tempo e por vezes são inconclusivos.
Encontrar Legionella na água da unidade de saúde não permite concluir que a água é
responsável por um surto de Legionella. Por outro lado, não encontrar o agente numa
fonte ambiental não exclui a fonte. Os métodos laboratoriais para deteção de agente
no ambiente podem não ser os adequados, tecnicamente difíceis de aplicar ou não
estarem disponíveis.
Se o surto estiver relacionado com produtos contaminados (ex: embalagens multi-
uso de bisnagas de pomadas, colírios, sabão do banho, anti-séptico, alimentos
contaminados, sangue ou dispositivos, estes produtos/materiais/equipamentos devem
ser guardados e deve ser solicitado apoio do Laboratório de Microbiologia para
colheita de amostras destes materiais, caso se entenda necessário.

Acompanhamento da Situação
As medidas devem ser mantidas até que a situação esteja totalmente controlada.
Deve-se decidir se se justifica fazer um registo contínuo (VE) para monitorizar a
situação durante um período mais prolongado.

Conclusões

Convém elaborar uma checklist para ir verificando o cumprimento das etapas ao longo
do processo de investigação do surto (ver Anexo II).
O sucesso da investigação epidemiológica do surto depende dos seguintes fatores:
 O principal aspeto operacional consiste na definição da necessidade de iniciar a
investigação, quem é responsável pela recolha, interpretação dos dados e pela
implementação das medidas de prevenção e de controlo necessárias.

Data da última revisão: Junho de 2015


544

 Identificar os apoios necessários (laboratoriais e no terreno) desde a fase inicial


de planeamento da investigação epidemiológica.
 A investigação é uma aplicação direta do método epidemiológico. Obriga ao
estabelecimento de uma definição de caso que seja fácil de utilizar, a recolha rápida,
mas cuidadosa, dos dados, e a descrição dos casos em função do tempo, local e
pessoas.
 Muitas vezes, conhece-se o microrganismo causal assim como a sua fonte e a
via de transmissão. Isso facilita a identificação destes parâmetros no surto a ser
estudado.
 Outras vezes, quando a doença/infeção não é bem conhecida, é necessário
elaborar hipóteses que identifiquem não apenas a exposição ao risco estatisticamente
significativo, mas também que expliquem de forma lógica, o aparecimento do surto.
 Embora a prova científica de uma relação causal, não possa ser estabelecida
por estudos retrospetivos, na maior parte dos casos, as deduções epidemiológicas
cuidadosas em concordância com a evidência e os dados laboratoriais, fornecem uma
explicação razoável para a confirmação do surto. Pode ainda constituir uma
oportunidade para avaliação de práticas e reavaliação das normas internas e do seu
nível de cumprimento – vigilância de processos.

Para descrever, de forma detalhada, a metodologia de investigação do surto,


anexamos um texto adaptado de um documento de apoio fornecido pela Dr.ª Elaine
Pina, no âmbito da formação para os profissionais dos GCL-PPCIRA, promovido pelo
INSA (2005/2006), tendo-se confrontado o mesmo com as recomendações atualizadas
nesta matéria (Consultar o Anexo III).

Data da última revisão: Junho de 2015


545

ANEXO I
Exemplo de um Formulário “Line-List”, para Recolha de Dados sobre um Surto de Infeção

a) Dados a colher sobre Surto em Utentes


Serviço__________________________________________ Contacto:_______________

Comentários,
Nome/ Data
Quarto/ Data de informações
Caso N.º de Sintomas Microb.ª Resultados
Enferm.ª admissão sobre o utente,
Processo início
transferência
1

Nota: Se foram transferidos utentes para outra ala durante as últimas 48horas, por favor, faça a lista dos mesmo e para que
unidade ou enfermaria foram transferidos.

Data da última revisão: Junho de 2015


546

b) Colheita de dados sobre Surto em Profissionais de Saúde:


Data Trabalhou
Nome / Data da colheita
Data de Último dia prevista/ noutro
Caso Grupo de produtos Comentários
início ao trabalho voltar serviço?
profissional /microbiologia
trabalho Assinale
1

Fonte: Traduzido/adaptado de:NHS Foundation Trust. “Outbreak Form”. Management for Outbreak of Infection Policy .
Apendix 3. 2010

Data da última revisão: Junho de 2015


547

ANEXO II
Exemplo de Lista de Verificação “Checklist” numa Situação de Surto de Infeção/Doença
Transmissível

Gestão de um Surto de Infeção - Checklist

Tipo de Surto (ex. gastroenterite, respiratório, outro) ________________________________

Data em que foi reportado o Surto ao GCLPPCIRA________/_______/________

Notificado por:____________________________________________________________

Notificado a quem_________________________________________________________

Serviço(s) afectados________________________________________________________

Vias de Transmissão: Contacto  Via aérea  Gotícula  Alimentar  Água 


Desconhecida 

A preencher pela equipa do GCL-PPCIRA, que deverá assinalar os vários passos de investigação
do surto, tomados o mais rapidamente possível.

Assinalar se a Assinalar se a
Ação é Ação foi
Ação
Indicada Implementada
 Nomear o grupo de investigação com representantes do

GCL-PPCIRA (Núcleo Local)

 Confirmar o surto 

 Identificar o reservatório/fonte de infeção 

Data da última revisão: Junho de 2015


548

Assinalar Assinalar se a
se a Ação Ação Ação foi
é Indicada Implementada

 Informar o Órgão de Gestão 


Informar os profissionais de saúde do(s) serviço(s) envolvido(s)
 sobre a ocorrência do surto, incluindo sobre as medidas de 
prevenção e controlo
 Avaliar os recursos humanos e logísticos necessários para a 
investigação
 Avaliar se é necessário recorrer a serviços do exterior 
 Discutir as etapas a serem implementadas 

 Clarificar a natureza e extensão do problema 


 Elaborar o Formulário para Recolha de Dados 
 Elaborar a “Definição de Caso” 
Elaborar o Line-List para registo dos critérios relativos aos casos
 
identificados
 Elaborar o “Spot map” para localização espacial dos casos 
 Calcular Período de exposição e taxa de ataque 
 Elaborar Curva Epidemiológica, para alocação temporal dos casos 
 Analisar os dados obtidos 
 Testar a hipótese 
 Implementar as medidas de controlo e prevenção 
 Investigação ambiental (se necessário!) 
 Avaliar a eficácia das intervenções implementadas 
 Elaboração de relatório 
 Implementar as medidas de seguimento 
 Definir recomendações para evitar futuras ocorrências 

 Avaliação final do surto/Encerramento do processo de investigação 

Nota: Elaborado com base no documento - CHRSP: “Outbreak Management Guidelines”.


Austrália. 2009

Data da última revisão: Junho de 2015


549

ANEXO III
ETAPAS E METODOLOGIA PORMENORIZADA DA INVESTIGAÇÃO DO SURTO
(fonte: Elaine Pina)

As etapas da investigação de um surto devem ser abordadas numa sequência lógica,


o que não significa que algumas delas não possam decorrer simultaneamente e numa
ordem diferente.

PRIMEIRA ETAPA: COMPROVAR A EXISTÊNCIA DE UM SURTO


Após os contactos iniciais com os responsáveis locais a primeira coisa que o
coordenador da investigação de surto deve fazer é comprovar a existência de um
surto. Isso é possível confrontando o número de casos observados que excede os
esperados e os casos usuais na população em estudo. Quando existem dados de
vigilância epidemiológica semanais ou mensais isto é mais fácil. Em certas situações,
será importante verificar se o aumento de casos declarados de doença/infeção não
reflete apenas um artefacto do sistema de vigilância: novos métodos diagnósticos,
novos profissionais no serviço, alteração dos padrões de requisição de exames).

Metodologia:
 Rever frequência de infeções no serviço/unidade implicado nos últimos meses;
 Nº de isolamentos microbiológicos do microrganismo em causa no surto, nos
últimos meses;
 Confirmar o diagnóstico dos casos identificados;
 Rever informação para determinar gravidade da situação;
 Ouvir os profissionais do serviço/unidade;
 Confirmar se se identifica um agente causal;
 Obter estudos microbiológicos dos casos suspeitos;
 Informar o laboratório - retenção das estirpes para serotipagem;
 Revisão dos processos clínicos;
 Solicitar os processos anteriores;
 Revisão bibliográfica.

Data da última revisão: Junho de 2015


550

SEGUNDA ETAPA: CONFIRMAR O DIAGNÓSTICO

Deve-se envidar todos os esforços para confirmar o diagnóstico clínico com a ajuda
do Laboratório de Microbiologia (testes laboratoriais como a serologia e/ou
isolamento do microrganismos implicado). Não é necessário confirmar todos os casos.
Se a maioria dos doentes tiver sinais clínicos semelhantes e se 15 a 20% dos caso
forem confirmados laboratorialmente, será suficiente.

É importante que pelo menos um ou mais casos possam ser observados pelo
investigador. Para além dos sinais e sintomas é necessário saber há quanto tempo é
que eles surgiram e se estão envolvidos só doentes ou também o pessoal e, na
comunidade outras características que possam fornecer pistas. É importante saber se
o surto está limitado a um serviço ou se há, noutros serviços, doentes com os mesmos
sintomas ou o mesmo microrganismo isolado.

TERCEIRA ETAPA: DEFINIR E CONTABILIZAR OS CASOS


Critérios para determinar quem foi atingido pelo surto:
 O tempo (período entre o primeiro e o último caso suspeito);
 O local (serviço (s));
 Pessoas (dados demográficos);
 Informação clínica (sinais e sintomas);
 Informação laboratorial (agente e sensibilidade aos antibióticos);
 Procedimento/dispositivo específicos.

Definição de caso:
Para confirmar a existência de um surto, deve ser desenvolvida uma definição de
caso. Esta deve incluir uma unidade temporal e de local e critérios biológicos e/ou
clínicos específicos. Os critérios de inclusão e exclusão para os casos devem ser
identificados de forma precisa. Por vezes é útil um gradiente de definição (caso
definitivo, provável ou possível). A definição deve também fazer a distinção entre
infeção e colonização. Podem também ser desenvolvidos critérios específicos para

Data da última revisão: Junho de 2015


551

identificar o caso índex (caso inicial ou que dá origem ao surto), caso exista informação
relevante.
No caso dos microrganismos resistentes pode ser necessário rever todos os
processos clínicos no serviço para assegurar a identificação de todos os casos.
Nalgumas situações, p. ex. das gastroenterites, é suficiente se se conseguir identificar a
maioria de casos, não sendo necessário que sejam absolutamente todos identificados.

A procura de casos deve ser acompanhada da recolha de informações que possam


ajudar a descrever a história natural da doença. Estas informações terão de incluir as
informações demográficas como a idade, sexo, local (serviço do hospital ou, na
comunidade, um bairro ou uma zona), profissão e informações sobre a doença
propriamente dita, a data de início, a duração, a severidade e o tratamento efetuado.
Deve ser também possível definir a população de risco de ter a doença e calcular a taxa
de ataque.

Exemplo da “Definição de Caso” de infeção urinária numa UCCI:


“Um caso de infeção urinária por MRSA é definido como: Presença de infeção num
doente que esteve internado na UCCI de .... entre 1 de Outubro e 3 de Dezembro de
2010 e que apresentava sintomas/sinais sugestivos de infeção urinária, tendo pelo
menos uma urocultura positiva em que foi isolado o MRSA”.

A definição de caso pode ser alterada ao longo do processo de investigação, à


medida que vão sendo recolhidas informações adicionais.
A procura de casos deve ser acompanhada da recolha de informações que possam
ajudar a descrever a história natural da doença.
Estas informações terão de incluir as informações demográficas como a idade, sexo,
local (serviço do hospital ou, na comunidade, um bairro ou uma zona), profissão e
informações sobre a doença propriamente dita, a data de início, a duração, a
severidade e o tratamento efetuado.
Deve ser também possível definir a população de risco de ter a doença e calcular a
taxa de ataque.

Data da última revisão: Junho de 2015


552

Cálculo da Taxa de ataque = nº de doentes que correspondem aos critérios da


definição a dividir pelo número total de utentes na Unidade ou no serviço na altura do
surto, x (vezes) 100.

QUARTA ETAPA: ORGANIZAR OS DADOS EM TERMOS DE 3 FACTORES: TEMPO, LOCAL


E PESSOAS ENVOLVIDAS

Descrição do Surto
A descrição detalhada do surto deve incluir a (s) pessoa (s), local e tempo.
Os casos devem também ser descritos de acordo com outras variáveis: Género;
Idade; Data de admissão; Transferências de outros serviços ou de outras Unidades de
Saúde, entre outras.
Conhecendo-se já o número de casos e da taxa de ataque do surto, a etapa seguinte
consiste em descrever onde e quando as pessoas adoeceram e quais são as suas
características. Não se deve aguardar pelo fim da investigação para fazer esta análise.
A adição de mais alguns casos à amostra total não vai influenciar a análise nem as
recomendações - Quanto mais depressa se desenvolver as hipóteses sobre a origem do
surto, mais dados adicionais se poderão colher, se necessário for.

Fator tempo:
É essencial descrever os casos em função da data de início da doença/infeção. Para
este fim, elabora-se a curva epidemiológica - que faz a representação gráfica da
distribuição de casos por data de início e deve fazer a distinção entre os casos
prováveis e casos definitivos.
Este histograma permite descrever o surto ao longo do tempo, através de um
gráfico com a data de início de cada caso ao longo de horas dias ou meses. Permite
identificar o tipo de exposição.
A forma da curva epidemiológica pode sugerir o tipo de fonte provável:
• Pontual (Figura 1); Contínua (Figura 2); ou Intermitente (Figura 3).

Data da última revisão: Junho de 2015


553

Figura 1: Curva epidémica no caso de surto com fonte pontual*

Figura 2. Curva epidémica no caso de surto com fonte contínua*

*Adaptado de Astagneau P. e Duneton P. Management of epidemics of nosocomial infections. Pathol


Biol (Paris) 1998, 46:272-278.

Figura 3. Curva epidémica no caso de surto com fonte intermitente*

*Adaptado de Astagneau P. e Duneton P. Management of epidemics of nosocomial infections. Pathol


Biol (Paris) 1998, 46:272-278.

Data da última revisão: Junho de 2015


554

Fator “Local ou Espaço”:


Por vezes, o surto demonstra uma predileção por um local específico. Esta
particularidade facilitará o desenvolvimento de uma hipótese no que se refere à fonte,
ao microrganismo e à via de transmissão. Os sistemas de distribuição de água, os
circuitos de esgotos, podem desempenhar um papel importante na disseminação dos
agentes patogénicos e determinar quem corre o risco de adoecer. Para o efeito, deve
traçar-se o “spot map” - Define localização dos casos em relação a pontos estratégicos.
Um dos exemplos é o mapa da cidade de Londres elaborado por John Snow, de modo a
identificar os locais da cidade com mais mortes por cólera.
Pode ser traçada a planta de um Serviço ou de uma Unidade.

Fonte: Mapa de John Snow (1854) – Cidade de Londres onde ocorreu um surto muito grave de cólera.
Os riscos indicam o n.º de casos de cólera no período em estudo.

Fator - “As pessoas envolvidas”:


A descrição das características de idade, sexo, raça, profissão ou outras informações
permitem uma definição da população afetada. No caso dos utentes
institucionalizados, convém saber se houve transferência recente de serviço ou de
outra unidade de saúde, se houve algum exame complementar comum, e no caso de
diarreia, se houve comida trazida de casa, entre outros fatores.

Recolha da Informação - Formulário para Recolha de Dados (ver Anexo I)


O formulário deve ser de utilização fácil. Deve incluir informação extraída do
processo clínico, resultados da microbiologia, informações da farmácia e os registos do
serviço das enfermarias implicadas. Os dados obtidos devem ser controlados quanto à
sua validade.

Data da última revisão: Junho de 2015


555

O diagnóstico clínico terá geralmente confirmação microbiológica. Devem ser


descritas quais as amostras mais apropriadas nos doentes. Pode estar indicado
conservar produtos biológicos selecionados para futuras análises, na possibilidade de
surgirem novos métodos diagnósticos.
Para verificar um surto, o número de casos observados durante o período suposto
em que durou o surto, é comparado com o número de casos registados durante um
período anterior de um mês ou de um ano. A procura de casos deve ser acompanhada
da recolha de informações que possam ajudar a descrever a história natural da
doença. Por vezes pode ser necessário contactar doentes que já tiveram alta.

Dados que devem constar do Formulário para a deteção de casos:


Características demográficas (p. ex., idade, sexo, motivo de internamento, diagnóstico
principal, data de admissão, data de qualquer cirurgia, antibióticos tomados); Dados
clínicos (p. ex., início dos sintomas e sinais, sua frequência, duração dos aspetos
clínicos associados com o surto, tratamentos, presença de dispositivos invasivos);
Resultados da Microbiologia e outros; Outros dados considerados relevantes.

Elaborar um “line-list”:
Deve incluir informação mais importante sobre os casos de modo a descrever o tempo,
local e pessoas; Fornece um método rápido de examinar os fatores que são comuns a
todos ou quase todos os “casos” e permite sugerir uma possível hipótese quanto à
fonte. No line-list deve incluir-se os fatores de risco que se identificam como comuns a
todos os casos e os que não são comuns, para vermos o que os diferencia. Também é
importante verificar fatores ambientais, fatores relativos aos materiais e
equipamentos, entre outros, que possam ter importância no âmbito do surto.

Data da última revisão: Junho de 2015


556

Exemplo de um line-list numa UCCI – Surto de infecção urinária por


MRSA:

N.º Género Idade Serviço Cama Diagn.º à Factores de Sinais/sintomas Exame Data da Dados de Observações
do entrada risco comuns microbiol.º colheita confirmação
caso ..... do do diag.º de
produto infecção
1 M 80 1 1 AVC Internamento Febre Urina 3/8/2010 Urocultura
em hospital... letargia asséptica positiva 3
algália dias após
algaliação
2 M 77 1 2 Insuf.ª Internamento Febre Urina 5/8/2010 Urocultura
cardíaca em hospital... letargia asséptica positiva 5
algália dias após
algaliação
3 M 69 1 3 Tumor Internamento Febre Urina 6/8/2010 Urocultura
metastis em hospital... asséptica positiva 4
ado algália dias após
algaliação
4 F 88 1 5 AVC Internamento Febre Urina 8/8/2010
em hospital... letargia asséptica
algália

QUINTA ETAPA: DETERMINAR POPULAÇÃO DE RISCO


Conhecendo-se o diagnóstico, o número de casos, onde e quando adoeceram,
quem são, esta informação poderá ser suficiente para saber porque e como surgiu o
surto. Esta epidemiologia descritiva permitirá saber qual é a população de risco.
Contudo, seja qual for o grau de certeza, é necessário confirmar as impressões
aplicando métodos analíticos.

Calcular o período de exposição tendo como base:


A data do último caso menos o tempo máximo do período de incubação, a data do
pico menos o período médio de incubação e a data do primeiro caso menos o período
mínimo de incubação.

No final da análise descritiva deve ser possível:


 Formular a hipótese sobre o tipo de infeção (exógena, endógena);
 Propor as prováveis fontes e vias de transmissão da infeção;
 Sugerir e implementar as medidas iniciais de controlo.

Data da última revisão: Junho de 2015


557

SEXTA ETAPA: FORMULAR UMA HIPÓTESE QUE EXPLIQUE A EXPOSIÇÃO QUE


CAUSOU A DOENÇA/INFECÇÃO E TESTAR ESSA HIPÓTESE

É preciso saber se se suspeita de um veículo comum ou se a transmissão direta ou


indireta da doença se fez de pessoa a pessoa ou através de um vetor. Quando se trata
de uma fonte/veículo comum o período de aparecimento de casos é mais curto.
Esta fase inclui a identificação da exposição potencial (tipo e via) para o surto e o
teste desta hipótese, pela aplicação de métodos estatísticos. Uma revisão da literatura
pertinente é uma ajuda preciosa, podendo contribuir para identificar as vias possíveis
para os agentes conhecidos ou suspeitos. O conhecimento sobre a epidemiologia do
microrganismo causal, seus reservatórios e fontes habituais, facilita o processo de
investigação. A abordagem mais frequente para testar a hipótese é o estudo de casos-
controlo (quando o nº de casos é pequeno, temos pouco tempo ou poucos recursos).
Este tipo de estudo permite comparar a frequência de um fator de risco num grupo
de casos (i. é. indivíduos com a infeção nosocomial) e um grupo de controlos (i.é.
indivíduos sem a infeção).Para evitar enviesamentos, os controlos devem ser
selecionados com cuidado e podem ser necessários dois ou mais controlos para cada
caso, a fim de se obter um poder estatístico suficiente. Por definição, os controlos são
não-casos (sem infeção nem colonização). Para informação mais detalhada sobre a
seleção de controlos, devem ser consultadas outras fontes.

Passos Básicos:
 Identificar os casos;
 Selecionar o grupo de controlo;
 Colher informação sobre fatores de risco ou outros atributos de forma
retrospetiva em ambos os grupos;
 Comparar os dados através de análise estatística.
A força da associação entre a exposição e a doença, no estudo de casos e controlos,
será quantificada pelo “odds-ratio” (ou o risco relativo, no caso de estudos de coorte)
com um intervalo de confiança de 95%. Na interpretação dos resultados devem ser
tomados em conta o acaso, o confundimento e o viés.

Data da última revisão: Junho de 2015


558

Análise dos Dados


a) Análise descritiva: frequência de cada fator de risco ou exposição em cada um dos
grupos;
b) Análise univariada: comparação entre casos e controlos: faz-se tabelas de 2 por 2 e
calcula-se o odds ratio que mede a força da associação entre a exposição e a
doença.
c) Teste para determinar a significância estatística: chi-quadrado e teste exato de
Fisher (se o valor de uma das células for inferior a 5). Estes testes são utilizados para
calcular o p. Um p de 0,05 significa que há uma probabilidade de 95% de que a
associação não se deu apenas por acaso.

Quanto ao significado estatístico, deve considerar-se as seguintes questões:


 Plausibilidade biológica - Nem sempre é possível identificar a fonte (de
exposição ao agente);
 Pode haver exposições ou fontes múltiplas;
 É necessário analisar qual a proporção de casos relacionados com cada fonte
possível.

A hipótese deve explicar a maioria dos casos. Se a maioria dos doentes tiver sinais
clínicos semelhantes e se 15-20% dos casos tiverem confirmação laboratorial, será
suficiente. Pode sempre haver casos coincidentes que correspondem a outra doença,
outras vias de transmissão ou fontes de infeção e que não são incluídos no surto.

SÉTIMA ETAPA: COMPARAR A HIPÓTESE COM OS RESULTADOS OBTIDOS

Tendo-se definido a hipótese, vai-se comparar esta hipótese com os dados clínicos e
laboratoriais - Testar a Hipótese.
Por outras palavras, vai-se confirmar se a hipótese proposta está de acordo com a
exposição, a via de transmissão e a população atingida em função daquilo que se

Data da última revisão: Junho de 2015


559

conhece desses casos. Se não se confirmar, ter-se-á que se rever os dados, procurar
informações complementares e desenvolver e testar novas hipóteses.

Por vezes, quando se trata de uma doença pouco conhecida ou mal conhecida,
poderá ser difícil confrontar a hipótese com a história natural conhecida da doença.
Em todo o caso, é preciso que os dados clínicos, bacteriológicos e epidemiológicos
sejam concordantes no seu conjunto. Se não se encontrar respostas na fase inicial
deve-se prosseguir com os estudos epidemiológicos para testar as hipóteses. Só vale a
pena prosseguir se a gravidade do surto o justificar ou se continuar a ocorrer novos
casos.

OITAVA ETAPA: DESENVOLVER UM ESTUDO MAIS APROFUNDADO

Em algumas situações, pode ser necessário fazer um segundo inquérito


epidemiológico mais alargado, reformulando a definição de "caso", tornando-a mais
específica. Este segundo inquérito poderá avaliar melhor os pormenores da via de
transmissão, o veículo e a dose infetante. Poderá também permitir definir melhor os
grupos de risco assim como outros fatores que possam ter favorecido o aparecimento
da doença. O aspeto importante é uma melhor precisão na definição do numerador e
do denominador.

NONA ETAPA: COMUNICAR E REDIGIR O RELATÓRIO DA INVESTIGAÇÃO

É uma etapa muito importante que irá documentar a investigação, os seus


resultados e as recomendações. Durante a investigação de um surto deve ser fornecida
informação atualizada e atempada ao Órgão máximo de Gestão, que por sua vez
articulará com as Autoridades de Saúde Pública e, nalguns casos, informará o público
em geral. A informação a veicular ao público deve ser acordada entre o grupo de
investigação do surto, o Órgão de Gestão e as Autoridades locais.
Se houver implicações para a saúde pública ou se o surto estiver relacionado com
produtos contaminados, alimentos contaminados, sangue ou dispositivos, o surto deve

Data da última revisão: Junho de 2015


560

ser notificado ao Órgão máximo de Gestão da Unidade, que por sua vez terá que
comunicar à Autoridade de Saúde.
Deve ser elaborado um relatório final sobre a investigação, descrevendo o surto, as
intervenções e sua eficácia, e um resumo do contributo de cada participante na
investigação. Deve também incluir recomendações, para evitar futuras ocorrências.
Este relatório poderá ser publicado nas revistas médicas e pode ser considerado um
documento legal. O relatório justifica-se por diversas razões:

a) Considerações administrativas e operacionais – é um documento para uma


ação. Muitas vezes as medidas de controlo e de prevenção são implementadas apenas
após a leitura do relatório. É também uma medida do trabalho desenvolvido. Este
relatório servirá também de memória dos problemas de saúde pública. Pode ainda ser
um documento a ser utilizado para fins legais. As motivações dos epidemiologistas são
acima de tudo científicas e dirigidas à resolução de problemas de Saúde Pública. Mas
isto não impede que, no caso de haver um processo judicial, os dados possam servir de
prova.

b) Considerações científicas - o simples facto de se redigir e ler os resultados de


um trabalho pode gerar hipóteses e novas associações no espírito dos investigadores.
A escrita permite esclarecer melhor a sequência lógica dos acontecimentos e também
a sua importância no que se refere à história natural da doença.

c) Considerações educativas - o relatório pode servir como instrumento de


formação e de referência para investigações ulteriores sobre o mesmo tema.

O relatório deve abordar os seguintes aspetos:


Discussão dos fatores que estiveram na origem do surto; Resumo da investigação e
os achados significativos; Avaliação das medidas implementadas; Plano de
seguimento; Recomendações para evitar surtos no futuro.

Data da última revisão: Junho de 2015


561

DÉCIMA ETAPA: IMPLEMENTAÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLO E PREVENÇÃO

Esta etapa é da responsabilidade dos Núcleos Locais do GCL-PPCIRA e Autoridades


Sanitárias e Administrativas Locais. A seleção das medidas de controlo (figura seguinte)
é determinada pelo resultado da análise inicial, feita em colaboração com os
profissionais envolvidos (comissão de controlo da infeção, epidemiologistas, clínicos,
microbiologistas, enfermeiros). Estes devem utilizar as recomendações sugeridas mas,
como já foi referido atrás, as medidas podem ser implementadas mesmo antes de se
terminar a investigação.

Os objetivos são:
 Controlar o surto existente, interrompendo a cadeia de transmissão.
 Prevenir, no futuro, a ocorrência de surtos semelhantes.

A seleção das medidas de controlo é determinada pelo resultado da análise inicial,


feita em colaboração com os profissionais envolvidos (comissão do controlo da
infeção, epidemiologistas, clínicos, microbiologistas, enfermeiros).

As medidas a implementar devem ser dirigidas:


 Contra o reservatório
 Produto contaminado, água, doentes colonizados
 Para a interrupção das vias de transmissão
 Melhoria da descontaminação de material, lavagem das mãos
 Para a proteção do hospedeiro suscetível
 Isolamento, imunização, profilaxia, entre outras.

Intervenções Imediatas:
As intervenções de controlo de infeção devem ser as mais simples necessárias para
o controlo da situação. Quanto mais dirigidas para a situação presente forem, mais
fácil será o seu cumprimento.
Por vezes nestas alturas identificam-se outras práticas menos corretas mas não se
deve tentar corrigi-las durante o surto. É preferível deixar essas questões para

Data da última revisão: Junho de 2015


562

solucionar numa fase seguinte ao controlo do surto. Durante o surto, deve-se


concentrar nas medidas necessárias para o controlar.

Exemplo de Medidas Imediatas a Implementar:

Tipo de transmissão Ação sugerida


suspeita
Transmissão cruzada (entre Isolamento dos doentes e precauções de barreira
indivíduos) determinadas pelo (s) agente (s) infecioso
Transmissão através das Reforçar a higiene das mãos; o Coorte de doentes e
mãos de profissionais (se necessário)
Via aérea Isolamento do doente em local com ventilação
apropriada
Agente presente na água Controlo do fornecimento de água e todos os
recipientes de líquidos
Via alimentar Eliminação do alimento incriminado

Nota:
Convém voltar a salientar que, as medidas de intervenção devem ser tomadas, logo no
início do surto. Não se pode ficar à espera do cumprimento de todas as etapas, para
implementar as medidas de controlo.
É necessário reavaliar as medidas implementadas até ao final do surto e reformular novas
medidas de intervenção, se necessário.

Data da última revisão: Junho de 2015


563

7.5 Política de antibioticos

Em elaboração
564

CAPÍTULO 8
Procedimentos de Colheita, Transporte e
Processamento dos Produtos Biologicos para
analise Microbiologica

INTRODUÇÃO

O Laboratório de Microbiologia pode fornecer informação crucial para o diagnóstico


e tratamento das doenças infeciosas suspeitas ou confirmadas. No entanto, só o
poderá fazer se as amostras forem de boa qualidade, isto é, adequadamente colhidas
(assépsia, quantidade suficiente…), transportadas e processadas. Devem ser
acompanhadas de informação clínica pertinente. As informações que se descrevem a
seguir pretendem servir de orientação para a colheita e transporte de produtos para
exame microbiológico nas Unidades de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) da
União das Misericórdias Portuguesas (UMP).
A importância de informação clínica válida aliada a uma amostra corretamente
colhida e transportada, e devidamente processada significa o sucesso de toda uma
equipa multidisciplinar. Colheita e transporte inadequados favorecem tanto o
desenvolvimento de flora contaminante, como eventualmente a morte do agente
causador da infeção, falseando ou inviabilizando resultados. Para além de sujeitar o
doente a nova colheita gera também aumento de custos. O responsável pela colheita
deve ser, também responsável pela identificação da amostra. Os profissionais desta
área devem ser devidamente treinados e periodicamente reciclados.

OBJETIVOS

Fornecer aos profissionais de saúde das Unidades de Cuidados Continuados


(UCCI) orientações para os procedimentos corretos na colheita de produtos para
análise bacteriológica;
Contribuir para um diagnóstico correto;

Data da última revisão: Abril de 2013


565

Conhecer os princípios básicos de qualidade e segurança relacionados com a


colheita e transporte de produtos para análise bacteriológica.

ÂMBITO

Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados


Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas onde sejam prestados
cuidados a doentes.

RESPONSABILIDADES

1) Pela implementação do Procedimento:


 Responsáveis das Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Elo de Ligação do Laboratório de Microbiologia com o Núcleo Local de controlo
de infeção.
 Elo de ligação da área de Gestão de Risco/Segurança do Doente (se aplicável).
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Comissão de Controlo de Infeção e respetivos membros dinamizadores.

2) Pela revisão do procedimento:


 Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção

SIGLAS

 NCCI - Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção


 NLCI – Núcleo Local de Controlo de Infeção
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas
 UCCI - Unidades de Cuidados Continuados Integrados

PRINCÍPIOS GERAIS

 Estabelecer o “timing” adequado das colheitas e obter os produtos antes de o


utente iniciar antibioticoterapia;
 Evitar a contaminação da amostra quer pela flora dos tecidos adjacentes, quer
pelo técnico que executa a colheita ou por poeiras veiculadas pelo ar;

Data da última revisão: Abril de 2013


566

 Obter o volume de amostra suficiente para a realização dos exames


requisitados.
 Utilizar métodos de colheita e transporte adequados;
 A amostra devera ser devidamente identificada, acondicionada e acompanhada
da respetiva requisição. Esta, para além da identificação do doente, data e hora da
colheita, e exames pretendidos, deve conter informação clínica e terapêutica
instituída. Em determinados casos também é necessário indicar qual o agente
patogénico a pesquisar, para que o processamento laboratorial seja o mais adequado;
 Devem ser rejeitadas todas as amostras não devidamente identificadas,
colhidas em solução de fixação (formol), conservadas inadequadamente quanto à
temperatura, transportadas em recipientes não rígidos, frascos não esterilizados,
danificados e/ou conspurcados, colhidas em zaragatoas completamente secas e cujo
exame bacteriológico é manifestamente inútil (ex: saliva e vómito).

Segurança
 Seguir as recomendações básicas de segurança - tratar todos os produtos como
potencialmente perigosos.
 No ato da colheita ou manuseamento do produto, usar luvas, bata, avental e se
há risco de produção de “salpicos” é necessário utilizar máscara com viseira protetora.
 Não contaminar a superfície exterior do recipiente de colheita e/ou da
requisição que a acompanha.
 Minimizar o manuseamento direto dos produtos a enviar ao laboratório. Enviar
os produtos em recipiente apropriado de transporte hermético.
 Os produtos colhidos por aspiração com agulha ou outro, devem ser
transferidos para um recipiente esterilizado fornecido pelo Laboratório. Caso o
produto seja enviado em seringa, retirar sempre a agulha, fechar a seringa
devidamente e identificá-la.
 Por medida de segurança, os recipientes e/ou requisições visivelmente
conspurcados com matéria orgânica não devem ser aceites pelo Laboratório.
 As normas nacionais e internacionais aconselham que, sempre que possível, se
deve efetuar o processamento do produto em câmara de fluxo laminar.

Data da última revisão: Abril de 2013


567

Normas Gerais de Colheita


 Sempre que possível, efetuar as colheitas, antes de iniciar a terapêutica
antibiótica.
 Evitar a contaminação da amostra com a flora saprófita do doente e/ou
bactérias do ambiente, de modo a que a amostra seja representativa do local da
infeção.
 Utilizar material de colheita e de transporte apropriados e esterilizados.
 Se o produto for colhido através da pele intacta, desinfetar primeiro a pele, de
acordo com a política de anti-sépticos da Unidade.
 Identificar claramente os recipientes das amostras (não o invólucro de papel ou
plástico) com o nome do utente, serviço/área funcional, n.º de processo, data e hora
da colheita e origem do produto biológico.
 Enviar informação clínica: se o utente está algaliado, com cateter vascular ou
submetido a antibioticoterapia ou outra terapêutica imunossupressora, entre outros
dados que o Clínico considerar relevantes.

Normas Gerais de Transporte


 Transportar o mais rapidamente que for possível, os produtos para o
laboratório.
Alternativas ao transporte rápido:
 Hemocultura – manter à temperatura ambiente;
 Urina – refrigerar a cerca de 4º C.
Utilização de Meios de transporte:
 Fezes - para exame cultural, enviar em meio de transporte específico.
 Para pesquisa de anaeróbios - usar o meio de transporte adequado.
 Em qualquer produto, desde que o processamento laboratorial não possa ser
efetuado dentro do período de tempo adequado para cada produto (consultar
indicações específicas do Laboratório).

Data da última revisão: Abril de 2013


568

COLHEITA DE SANGUE PARA HEMOCULTURA


Princípios Gerais
 Nunca efetuar apenas uma hemocultura por doente.
 Nunca introduzir o sangue da mesma seringa em mais do que um frasco de
hemocultura.
 A colheita, sempre que possível, deve ser feita imediatamente antes do pico
febril (no momento em que o doente refere arrepio caso se consiga expressar).
 Considera-se ideal para o diagnóstico de qualquer bacteriémia, a realização de
3 hemoculturas num período de 24 horas antes de iniciar terapêutica antibiótica,
colhidas com um intervalo mínimo de 30 a 60 minutos e utilizando locais de
venipunção diferentes.
 Cada frasco deve ser identificado com o nome do doente, dia e hora da
colheita, assim como o número da amostra (Ia, 2a e 3a).

Colheita por venipunção:


 Higienizar as mãos (pode ser com SABA se estiverem visivelmente limpas) antes
da 1.ª desinfeção da pele do doente e antes do procedimento asséptico da punção
venosa (antes de colocar as luvas estéreis);
 É de extrema importância a preparação da pele no local da punção venosa:
 Desinfetar a pele do centro para a periferia, preferencialmente com álcool
iodado a 1% ou outra solução alcoólica; deixar secar pelo menos um minuto.
 Se for necessária a palpação digital da veia, usar luva esterilizada;
 Extrair 10 ml de sangue e introduzir no frasco de hemocultura
(aeróbios/anaeróbios) em condições de assepsia, desinfetando previamente a tampa
de borracha do frasco com álcool a 70° (deixar evaporar todo o álcool antes de
puncionar a borracha);
 Agitar o frasco por inversão;
 Após a punção venosa, remover a solução iodada da pele com álcool;
 Higiene das mãos após remoção das luvas.

Data da última revisão: Abril de 2013


569

NOTA: QUANDO FOR NECESSÁRIO COLHEITA DA MESMA PUNCAO PARA VÁRIOS EXAMES
LABORATORIAIS, EM PRIMEIRO LUGAR INOCULAR O FRASCO PARA A HEMOCULTURA E, SÓ
DEPOIS, DISTRIBUIR O SANGUE PELOS RESTANTES RECIPIENTES.
Colheita e transporte:

 O sangue deve ser colhido por punção duma veia periférica. É incorreta a
colheita através de catéter intravascular central.
 Desinfeção do local da venipunção:
1ª Desinfeção da pele - Álcool a 70º ou Anti séptico de base alcoólica como o cloreto
de benzalconio (de acordo com a política de anti sépticos da unidade)

2ª Desinfeção da pele - anti séptico de base alcoólica ou solução alcoólica corada ou


Iodopovidona a 10% solução dérmica (de acordo com a política de anti sépticos da
unidade)

 Deixar o anti-séptico secar pelo período recomendado pelo fabricante.


IMPORTANTE - Não palpar a veia após a desinfeção da pele e antes de inserir a agulha.
Se isto acontecer, repetir todo o processo de desinfeção.
 Desinfetar a rolha de borracha do frasco com álcool a 70 0. Aspirar o sangue e
inocular o(s) frasco(s), sem mudar de agulha, não ultrapassando a proporção
recomendada pelo fabricante.
 Após a colheita, limpar a pele com álcool se for usada solução antissética com
iodo, para prevenir reações adversas a esta substância.
 Não refrigerar as hemoculturas após a colheita. Conservar o frasco em estufa a
37ºC até ser enviada ao laboratório. Manter os frascos à temperatura ambiente ate ao
envio para o Laboratório (nos métodos automáticos se assim for recomendado pelo
fabricante).

Data da última revisão: Abril de 2013


570

Volume de sangue:
 O volume de sangue é crítico, porque a concentração de microrganismos na
maioria das bacteriémias é baixa, especialmente se o doente já está submetido a
antibioticoterapia.
 O volume de sangue recomendado é, em geral: Adultos – 10 a 30 ml por
punção venosa (indicação clínica).
 O volume de sangue colhido deverá ser repartido pelo n.º de frascos
necessários, de modo a que a diluição final seja de 1: 5 a 1:10, respeitando as
indicações do fornecedor.

Número de hemoculturas e Momento ou “Timing” de Colheita:


 Habitualmente são suficientes 3 hemoculturas em 24 horas, colhidas
separadamente, sendo o intervalo entre as colheitas variável, conforme a situação do
doente ou a urgência do início de administração de antibióticos.
 Uma só hemocultura pode levar a que uma bacteriémia intermitente não seja
diagnosticada assim como pode dificultar a interpretação do significado clínico do
isolamento de certos microrganismos.
 Nas situações agudas em que e necessário iniciar antibioticoterapia, colher 2 a
3 hemoculturas com intervalos de 15 minutos, com locais de venipuncao diferentes.
 Na suspeita de Endocardite, colher 3 hemoculturas com intervalo superior a 60
minutos, nas 24 horas e, eventualmente nova colheita no 2.º dia.
Para outras informações adicionais consultar o Laboratório.

Envio de Ponta de Cateter Intravascular


 O envio de cateter vascular central para exame bacteriológico só é aconselhado
se existirem sinais de infeção relacionada com o mesmo.
 Antes de retirar o cateter intravascular central, colher sangue para hemocultura
de uma veia periférica, pois só assim será possível valorizar o exame cultural do
cateter.
 Desinfetar a pele em redor do cateter, utilizando um anti-séptico de acordo
com a política de anti-sépticos do hospital.

Data da última revisão: Abril de 2013


571

 Retirar o cateter intravascular central;


 Cortar asseticamente cerca de 3 a 5 cm da porção terminal e colocá-lo em
recipiente esterilizado.
 Não enviar pontas de cateter em meio líquido ou de transporte.

EXSUDADOS PURULENTOS DE FERIDAS E ABCESSOS

Considerações Gerais
Os exsudados de úlceras de pressão de decúbito e de conteúdo intestinal (ex.:
fístulas enterocutâneas) são amostras que contêm habitualmente uma população
bacteriana mista que impede o exame microbiológico fiável, pelo que não devem ser
processados, salvo casos específicos.

Colheita em seringa ou zaragatoa


 Recomenda-se a limpeza da ferida com soluto estéril (soro fisiológico ou agua
destilada estéril). Antes da colheita proceder à remoção de tecido desvitalizado.
 O material purulento deve ser aspirado da profundidade da ferida ou coleção
purulenta, com agulha e seringa e colocado em tubo esterilizado com tampa de rosca.
 Se o produto se destina a cultura para anaeróbios, pode ser enviado na
respetiva seringa, devidamente tapada ou em meio de transporte “Portagerm”.
 Na colheita com zaragatoa, rodar 5 a 10 vezes, na região mais profunda da
lesão, após limpeza e desbridamento da ferida. Este modo de colheita não serve para
pesquisa de anaeróbios nem micobactérias.

Lesões (Exsudados) Profundos


 Descontaminar a pele com solução anti-séptica de acordo com a política de
anti-sépticos da Unidade.
 Puncionar e aspirar diretamente com seringa.
 Colocar a amostra no recipiente esterilizado ou enviar a própria seringa sem
agulha, mas encerrada devidamente.

Data da última revisão: Abril de 2013


572

Lesões (Exsudados) Superficiais


 Limpar a superfície da lesão com água destilada ou soro fisiológico esterilizado
e realizar o desbridamento dos tecidos necrosados.
 Biopsar a base e bordo da lesão e colocar em recipiente esterilizado, de
preferência com pérolas de vidro.
ou
 Introduzir uma agulha fina por baixo da camada superficial da lesão e aspirar
com a seringa e colocando a amostra no recipiente esterilizado ou enviar a própria
seringa sem agulha, mas devidamente fechada.
ou
 Com uma zaragatoa esterilizada esfregar toda a base da lesão e colocá-la no
meio de transporte adequado (solicitar ao Laboratório quando necessário).

COLHEITA DE URINA PARA UROCULTURA

Considerações Gerais
 Nunca colher urina de arrastadeira, urinol ou saco de algália.
 Não processar pontas de algália.

Métodos de colheita
 Jacto médio;
 Punção de cateter urinário;
 Drenagem de nefrostomia /ureterostomia.

Colheita espontânea de urina asséptica

Colheita da primeira urina da manhã


Caso não seja possível, deve-se aguardar pelo menos 3 horas após a última micção
antes de fazer a colheita.
Na pesquisa de micobactérias são necessárias pelo menos três amostras, para
diminuir a possibilidade de falsos negativos.

Data da última revisão: Abril de 2013


573

Na Mulher
 A doente deve lavar convenientemente as suas mãos com água e sabão e seca-
las convenientemente.
 Proceder depois à lavagem da vulva com compressas embebidas em agua e
sabão, sempre de frente para trás, com uma compressa de cada vez e, desperdiçando-
a em seguida. Deve repetir o processo pelo menos 3 vezes.
 Não usar anti-sépticos.
 Em seguida, enxaguar com água limpa para retirar o sabão.
 Com uma das mãos, devera afastar os grandes lábios e manter essa posição
durante toda a colheita.
 Ao iniciar a micção, a doente deve desperdiçar o primeiro jacto de urina e
depois, sem interromper o jacto urinário, deve colher para um recipiente estéril, cerca
de 10 ml de urina.

No Homem
 O doente deve lavar convenientemente as suas mãos com água e sabão e seca-
las.
 Afastar o prepúcio e manter esta posição durante toda a colheita.
 Limpar a glande com compressas embebidas em água e sabão.
 Em seguida, enxaguar com água limpa para retirar o sabão.
 Ao iniciar a micção, o doente deve desperdiçar o primeiro jacto de urina e
depois, sem interromper o jacto urinário, deve colher para um contentor estéril, cerca
de 10 ml de urina.

COLHEITA DE URINA NO DOENTE ALGALIADO


 Higienizar as mãos antes do procedimento limpo ou asséptico (pode ser com
SABA se as mãos estiverem visivelmente limpas)
 Não está indicado fazer “urina asséptica” por rotina em doentes algaliados.
 A urina nunca deve ser colhida do saco coletor ou da junção deste com a
algália.

Data da última revisão: Abril de 2013


574

 Nunca devem ser enviadas para cultura as pontas de algália, pois estão
invariavelmente contaminadas por bactérias da uretra.
 Clampar a algalia acima da derivação, na zona de borracha e esperar cerca de
entre 10-15’.
 Desinfetar com álcool a 700 a zona do tubo da algália a puncionar (alguns
sistemas tem local especifico para a punção).
 Fazer a punção com agulha e seringa estéreis, em ângulo agudo, em relação ao
eixo longitudinal do cateter e aspirar a urina (5 a 20 ml).
 Transferir a urina para um recipiente esterilizado, ou usar seringa própria para
transporte de urina.
 Higienizar as mãos após risco de exposição a material potencialmente
contaminado, após remoção das luvas (pode ser com SABA se as mãos estiverem
visivelmente limpas).

Transporte
 O transporte deve ser imediato ao Laboratório. Caso isso não seja possível, a
urina devera ser mantida refrigerada até ao seu envio (4º).

COLHEITA DE EXPECTORAÇÃO
Colheita para contentor estéril de boca larga
 Higienizar as mãos antes do procedimento limpo ou asséptico (pode ser com
SABA se as mãos estiverem visivelmente limpas);
 Deve ser colhida de manha após o doente lavar a boca, gargarejando só com
água para reduzir a contaminação da flora orofaríngea;
 Deve resultar de tosse produtiva e ser colhida para contentor estéril de boca
larga;
 Para o exame bacteriológico, uma única amostra de expetoração, é suficiente.
Para a pesquisa de micobactérias, é aconselhável, pelo menos três amostras de
expetoração, em três dias diferentes;

Data da última revisão: Abril de 2013


575

 Higienizar as mãos após risco de exposição a material potencialmente


contaminado, após remoção das luvas (pode ser com SABA se as mãos estiverem
visivelmente limpas).

Transporte
 Transporte imediato ao Laboratório. Se não for possível, refrigerar.

COLHEITA DE EXSUDADO NASAL


Colheita com zaragatoa esterilizada
 Higienizar as mãos antes do procedimento limpo ou asséptico (pode ser com
SABA se as mãos estiverem visivelmente limpas);
 Introduzir a zaragatoa ao longo do septo nasal ate 2,5 cm do orifício externo
(ate “sentir” uma ligeira resistência);
 Rodar várias vezes antes de retirar;
 Higienizar as mãos após risco de exposição a material potencialmente
contaminado, após remoção das luvas (pode ser com SABA se as mãos estiverem
visivelmente limpas).

Transporte
 Enviar em tubo estéril. Se o envio for imediato, pode ser em tubo seco. Se não,
enviar zaragatoa em meio de transporte, esta pode ser mantida 48 h a temperatura
ambiente.

EXSUDADO OROGARÍNGEO
 Por rotina e feita a pesquisa de Streptococcus s-Hemolitico. A pesquisa de
outras bactérias deve ser especificada na requisição.
Colheita com zaragatoa esterilizada
 Deve ser feita em jejum e antes de qualquer medida de higiene oral (lavagem
dos dentes, gargarejos, etc).
 Deve ser feita sob luz direta.

Data da última revisão: Abril de 2013


576

 Higienizar as mãos antes do procedimento limpo ou asséptico (pode ser com


SABA se as mãos estiverem visivelmente limpas).
 Deve instruir-se o doente de modo a que este respire profunda e calmamente,
dizendo um longo “ah”, o que sobe a úvula e diminui o reflexo do vómito.
 Após se ter baixado a língua com uma espátula esterilizada, introduz-se uma
zaragatoa estéril, que não deve tocar nas paredes da cavidade oral, língua ou úvula.
 A zaragatoa deve ser rodada em zonas com inflamação, úlceras, vesículas ou
“pontos brancos”, tanto a nível das amígdalas como da faringe posterior.
 Higienizar as mãos após risco de exposição a material potencialmente
contaminado, após remoção das luvas (pode ser com SABA se as mãos estiverem
visivelmente limpas).

Transporte

 Deve enviar-se em tubo seco esterilizado, de imediato. Não refrigerar.

COLHEITA DE FEZES
Princípios Gerais:
Usar recipiente fornecido pelo Laboratório.
De preferência, as amostras devem ser colhidas de fezes frescas, após emissão
espontânea, à noite, após o início do sono, ou logo pela manhã, antes de qualquer
prática de higiene, tentando isolar o mais possível as margens do ânus, sem tocar em
material fecal.
Transportar o mais rápido possível ao laboratório ou em alternativa refrigerar por um
curto período de tempo.
Se o doente tomou certas substâncias que deixam resíduos, as amostras não devem
ser colhidas nessa altura e deve aguardar-se mais ou menos uma semana; por
exemplo, compostos antidiarreicos, antiácidos, bismuto, bário, laxantes oleosos. Os
antibióticos e os meios de contraste podem diminuir o número de parasitas durante 2
a 3 semanas.

Data da última revisão: Abril de 2013


577

Exame Bacteriológico
 Despiste por rotina de Salmonella spp, Shigella spp, Campylobacter jejunii/coli.
 Em certos casos e após contacto com o Laboratório: Yersinia enterocolítica,
Vibrio spp., E.coli enterotoxigénica e Aeromonas hidrophyla.
 O despiste de C. difficile só deve ser efetuado quando solicitado, sendo as fezes
colhidas sem meio de transporte.
 Embora tradicionalmente seja aconselhado a colheita até um total de 3
amostras de dejeções diferentes, nos casos agudos uma amostra é quase sempre
suficiente.
 Higienizar as mãos antes do procedimento limpo ou asséptico (pode ser com
SABA se as mãos estiverem visivelmente limpas).
 Colheita de fezes - colher para um recipiente limpo e seco e transferir as fezes
para recipiente com meio de transporte apropriado (ex. meio de Cary-Blair),
escolhendo a porção com pús, muco ou sangue do tamanho de uma noz.
 Não usar papel higiénico para colher as fezes, pois pode conter sais de bário,
que são inibitórios.
 Higienizar as mãos após risco de exposição a material potencialmente
contaminado, após remoção das luvas (pode ser com SABA se as mãos estiverem
visivelmente limpas).

Exame Parasitológico
 Colher 3 amostras em dias sucessivos, de preferência em dias alternados.
 Colher as amostras de fezes para recipiente limpo e seco.
 A pesquisa de Cryptosporidium spp só se justifica em doentes
imunocomprometidos.

EXSUDADOS RECTAIS
 Utilizado só para a detecção de Neisseria gonorrhoeae e na detecção de
portadores, para fins epidemiológicos, de Streptococcus βeta-hemolítico do grupo A,
Staphyloccocus aureus meticilina-resistente e Enterococcus vancomicina-resistente.

Data da última revisão: Abril de 2013


578

 Higienizar as mãos antes do procedimento limpo ou asséptico (pode ser com


SABA se as mãos estiverem visivelmente limpas).
 Introduzir uma zaragatoa estéril 2,5 cm para além do esfíncter anal.
Cuidadosamente, rodar a zaragatoa de modo a recolher amostra das criptas anais.
 Enviar a zaragatoa em meio de transporte com carvão quando se trate de
pesquisa de Neisseria gonorrhoeae (solicitar ao Laboratório quando necessário).
 Higienizar as mãos após risco de exposição a material potencialmente
contaminado, após remoção das luvas (pode ser com SABA se as mãos estiverem
visivelmente limpas).

Data da última revisão: Abril de 2013


579

CAPÍTULO 9
Orientações sõbre a vacinaçaõ dõs Utentes

Esta matéria é tratada na norma: 6.3. Recomendações para a prevenção da


infeção respiratória para a qual se remete.
580

CAPÍTULO 10
Cuidados Pos-Mortem
Introdução

Os cuidados com o corpo após a morte não têm sido associados a situações graves
de infeção, nomeadamente, surtos. Os corpos devem ser cuidados todos de igual
modo, com base no fundamento de que, por um lado, nem todos os casos de infeção
são identificados antes da morte, e, por outro lado, é fundamental aplicar com rigor as
Precauções Básicas nos cuidados aos utentes falecidos.
Há situações que podem envolver medidas adicionais para além das Básicas, com
base no conhecimento do estado infecioso do utente falecido – Precauções
dependentes das vias de transmissão. Se um doente faleceu com uma infeção suspeita
ou confirmada, com risco elevado de transmissão cruzada, é essencial que todos os
que estão envolvidos no cuidado ao corpo do utente estejam bem informados sobre o
risco potencial de infeção. A confidencialidade do diagnóstico específico deve ser
mantida. Se for necessário envolver os familiares, a abordagem deverá ser feita de
forma ponderada e com linguagem clara, acessível a todos.
Na manipulação do corpo e/ou amostras de fluidos/líquidos/tecidos, deve
considerar-se quatro potenciais fontes principais de infeção: o sangue e outros fluidos
orgânicos; excreções (fezes, urina); a pele e os aerossóis infetantes produzidos na
abertura do corpo.
A infeção associada ao cuidado ao corpo, após a morte, pode ocorrer por nas
seguintes situações:
Contacto das mãos contaminadas com as mucosas ou com salpicos de
sangue/outros fluidos orgânicos; Inalação de aerossóis infetantes; Contacto direto ou
indireto das mãos com os microrganismos (ex: feridas cutâneas nomeadamente por
acidente com corto-perfurantes).
A formação e treino dos profissionais para a identificação, gestão e controlo dos
riscos inerentes, o cumprimento das precauções básicas/baseadas nas vias de
transmissão, a adequada utilização do equipamento de proteção individual (os EPI’s), o

Data da última revisão: Maio de 2013


581

uso de dispositivos de segurança recomendados e a correta Iimpeza/ descontaminação


do ambiente e dos equipamentos, são medidas fundamentais para a manutenção do
ambiente seguro nas unidades de saúde.
Há que distinguir os cuidados ao corpo antes de enviar para a casa
mortuária/morgue e os cuidados a ter na casa mortuária. Este documento incide
sobretudo nos cuidados imediatos e mediatos aos corpos dos utentes após a morte.

Objetivos
Fornecer aos profissionais de saúde das Unidades de Cuidados Continuados
(UCCI) orientações para a prevenção de transmissão de infeção relacionada com os
cuidados aos utentes após a morte (Cuidados pos-mortem).

Prevenir os riscos de infeção para os profissionais funerários e para os


familiares do utente falecido.

Âmbito

Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados


Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas onde sejam prestados
cuidados a doentes.

Responsabilidades

1) Pela implementação do Procedimento:


 Responsáveis das Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Comissão de Controlo de Infeção e respetivos membros dinamizadores.

 Responsáveis pelas casas mortuárias/morgues

2) Pela revisão do procedimento:


 Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção (CCI).

Data da última revisão: Maio de 2013


582

Siglas

 CCI – Comissão de Controlo de Infeção


 CCI-UMP – Comissão de Controlo de Infeção da União das Misericórdias
Portuguesas
 UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados

Definição

Cuidados Post-Mortem - Cuidados prestados ao doente desde o momento do


falecimento até à saída do corpo da Casa mortuária/morgue da UCCI.

Descrição

Etapas da preparação do corpo do utente falecido

 Confirmação do óbito pelo Clínico.


 Cumprimento das precauções básicas nos cuidados a todos os corpos.
 Cumprimento adicional das precauções baseadas nas vias de transmissão, que
estavam a ser aplicadas ao doente e, que se devem manter na higiene do corpo e na
autópsia (se aplicável).
 Utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) adequados,
nomeadamente: avental plástico, luvas de procedimento de uso único “disposable" e,
mascaras com/sem viseira ou de proteção respiratória, conforme a situação infeciosa
do utente.
 Lavar o corpo se apresentar sujidade visível e/ou estiver contaminado com
sangue/secreções ou excreções.
 Nos corpos em que não é suposto serem autopsiados, remover os dispositivos
invasivos (ex: cateteres intravenosos, sonda nasogástria, algalia, tubos endotraqueais,
drenos, entre outros) e colocar pensos de contenção impermeáveis a fluidos, nas
feridas ou locais de acessos invasivos, de modo a prevenir o extravasamento posterior
de fluidos.

Data da última revisão: Maio de 2013


583

 Não retirar dispositivos totalmente implantados (ex: pacemakers definitivos;


"implantofix").
 Nos cadáveres candidatos a autópsia medico legal, deve manter-se os
dispositivos invasivos (exceção das trações esqueléticas), drenados e tamponados.
 Tamponar os orifícios naturais com material absorvente, se houver risco de
extravasamento de fluidos.
 Colocar o corpo em decúbito dorsal com os pés juntos e, as mãos sobre o
abdómen;
 Encerrar as pálpebras e prevenir a queda do maxilar inferior, utilizando o
método mais adequado para o efeito (ver política interna).
 Colocar o corpo em saco impermeável, resistente e descartável (saco específico
para cadáveres), que deve ser encerrado no sentido da cabeça para os pés. Na
inexistência de saco, deverá ser utilizado um resguardo resistente, absorvente,
impermeável e descartável e um lençol.
 A higiene das mãos após a remoção dos equipamentos de proteção individual e
obrigatória.
 Proceder à identificação do corpo de acordo com a política interna. A
identificação correta é fundamental.
 Nos casos de utentes falecidos com infeção suspeita/confirmada que exija
precauções especiais, é muito importante informar os profissionais que vão recolher o
corpo e levar para a casa mortuária (ex: corpos de utentes que tinham infeção
confirmada ou suspeita, por microrganismos com risco mais elevado de transmissão
(categoria 3 e 4 da classificação de agentes biológicos da diretiva da Comunidade
Europeia 2000/54/EC) ver anexo I.
 Se for necessário informar a família, fazê-lo da forma mais adequada e de
acordo com a política interna.

Data da última revisão: Maio de 2013


584

Resíduos
Todos os resíduos produzidos na manipulação do cadáver, assim como, todos os
equipamentos de proteção individual utilizados são considerados de risco biológico
(Grupo III) devendo ser colocados em saco branco.

Roupa
A roupa eventualmente utilizada no transporte do corpo deve seguir as
recomendações internas para o circuito da roupa.

Acidentes de exposição a corto-perfurantes


Cumprir as recomendações da Unidade para as situações que possam surgir de
acidente por picada ou corte ou projeção de material potencialmente contaminado.

Informações complementares aos profissionais das agências funerárias ou aos


familiares na altura da entrega do cadáver
Na entrega do corpo aos profissionais das agências funerárias ou, aos familiares,
deve ser dada a informação necessária e relevante no caso de o corpo ser de risco
infecioso significativo.
Monitorizar o cumprimento das medidas de controlo de infeção adaptadas a cada
situação, nomeadamente as Precauções Básicas e as Dependentes das Vias de
Transmissão.

Transporte do corpo do utente falecido

 Desde que seja cumprida a contenção adequada do cadáver em saco próprio,


não é necessário usar EPI durante o transporte. Mesmo assim, por uma questão de
precaução, os profissionais que transportam o corpo podem levar consigo um conjunto
de EPI para algum imprevisto que possa surgir.
 No caso de o corpo não ser contido em saco próprio, usar luvas descartáveis e
avental impermeável de uso único durante o transporte do corpo.

Data da última revisão: Maio de 2013


585

 Após a transferência do corpo para a casa mortuária ou outro local de


colocação dos copos, os profissionais envolvidos devem proceder à higienização das
mãos.
 O uso de luvas não dispensa a higiene das mãos.
 A maca de transporte dos corpos deve ser utilizada apenas para esse fim e, ser
de fácil Iimpeza e desinfeção.
 Após cada transporte, proceder à limpeza da maca com água e detergente e, se
necessário, desinfetar com solução de hipoclorito de sódio a 0,1% ou álcool a 70°.
 Quando é utilizado veículo de transporte, este deve ser descontaminado após
cada utilização, de acordo com o que está estabelecido nos procedimentos internos da
Unidade.

Colocação do Corpo do utente falecido


Se o transporte para o exterior da Unidade não ocorrer dentro do período de tempo
de espera indicado e definido internamente, a área destinada à colocação do corpo
deve ser dotada de algumas condições importantes:

 Sistema de renovação de ar com refrigeração do ar (temperatura ambiente


<10° C).
 Espaço para parqueamento da maca de transporte de cadáveres, devidamente
higienizada e pronta a utilizar.
 Câmara frigorífica (apenas se aplicável).
 Lavatório com sabão, toalhetes (e respetivos contentores) e solução
antisséptica de base de base alcoólica (SABA).
 Condições de armazenamento de EPI (Iuvas, mascaras, aventais, batas) e
lençóis /resguardos descartáveis.
 Contentor de resíduos/equipamentos de proteção individual utilizados -
contentor de inox, acionado por pedal, forrado com saco de plástico branco (resíduos
do Grupo III), de acordo com a política interna da Unidade
 Os sacos devem ser encerados adequadamente.

Data da última revisão: Maio de 2013


586

 Na casa mortuária, o corpo pode ter de ser colocado em câmara frigorifica a


uma temperatura <6°C se o tempo de espera for inferior a 48h ou de < 5°C se o tempo
de espera for de maior duração.
 A câmara frigorífica (se existe), deve ser lavada com água e detergente e
desinfetada com hipoclorito de sódio a 0,1% (1000 ppm) com a periodicidade
trimestral ou, quando manifestamente contaminada.
 O tabuleiro da câmara deve ser também lavado do mesmo modo e desinfetado
após cada utilização.
 Remover derrames de líquidos orgânicos, conforme a norma relativa à
higienização do ambiente nas Unidades de Cuidados Continuados.

Casa Mortuária / Morgue

 Deve existir uma clara separação (preferencialmente física) entre a área Iimpa
(receção /secretariado, sala de visita de familiares/sala de descanso do pessoal) e a
área suja (área de autópsias e/ou de cuidados de higiene ao corpo).
 As áreas de trabalho devem reunir as condições de segurança exigidas e serem
fáceis de higienizar/descontaminar, devendo ser limpas diariamente ou após cada
utilização, de acordo com a norma relativa à higienização do ambiente nas Unidades
de Cuidados Continuados.
 Necessidade da existência de lavatório com sabão, toalhetes (e respetivos
contentores) e SABA para a higiene das mãos nas áreas limpas e sujas e de chuveiro
contíguo à sala de autópsias.
 Promover a higiene das mãos antes de comer, beber e após a remoção dos EPI.
 Evitar o contacto das mãos com a boca, nariz ou olhos.
 Os profissionais devem remover os EPI e a roupa contaminada, quando
abandonam a área suja (do ambiente de trabalho), antes da entrada na área limpa.

Data da última revisão: Maio de 2013


587

Anexo I
Microrganismos com risco mais elevado de transmissão da infeção:

Categoria 3:

Bactérias:
 Bacillus anthracis
 Brucella spp
 Coxiella burnetti
 Mycobacterium tuberculosis
 Rickettsia spp
 Salmonella typhi e parathyphi
 Shigella dysenteriae (tipo 1)
 Yersinia pestis
 Francisella tularensis (tipo A)

Virus:
 - HIV (Virus da Imunodeficiemcia Humana)
 - Virus Hepatite S, C, D e E
 - Coronavirus SARS (Sindrome Respirat6rio Agudo Grave)
 - H1N1
 - Virus da Raiva

Parasitas: Echinococcus sp; Leishmania donovani e brasiliensis; Plasmodium falciparum


Fungos (muito específicos e raros: Coccidioides immiti; Histoplasma capsulatum;
Paracoccidioides brasiliensis)

Outros microrganismos importantes: Priões da doença de Creutzfeldt-Jakob ou outras


encefalopatias espongiformes

Data da última revisão: Maio de 2013


588

Categoria 4: Virus das febres hemorrágicas (Ex: Lassa, Ebola, Marburg) e Virus da
varíola

Consideram-se assim de risco muito elevado, os corpos de utentes com


suspeita/confirmação de antraz, febres virais hemorragicas, febre amarela, peste,
raiva, SARS, variola e infeção invasiva a Streptococcus do Grupo A com menos de 24
horas de antibioterapia adequada.

Consideram-se de risco elevado por exemplo, as situacões de hepatites virais


transmitidas pelo sangue (hepatites S, C, D e E), infeção por HIV/SIDA, Doença de
Creutzfeldt-Jakob ou outras encefalopatias espongiformes e tifo.

Consideram-se de risco médio: colera, difteria, disenteria, doença meningocócica não


tratada, febre tifoide e paratifoide, febre Q, tuberculose e brucelose.

Data da última revisão: Maio de 2013


589

CAPÍTULO 11
Recomendaçoes Relativas a Saúde dos
Profissionais – Prevençao dos Acidentes por
exposiçao a material potencialmente
contaminado e vacinaçao
Introdução

A exposição acidental a material contaminado, no decurso da prestação de


cuidados assistenciais, é um risco permanente a que estão sujeitos os profissionais de
saúde no seu dia-a-dia.
Ao desenvolvermos nossas atividades de assistência à saúde de forma direta ou
indireta ao doente, lidamos com material biológico, isto é, sangue, secreções e
excreções corporais.
Estes fluidos contendo ou não sangue, podem conter microrganismos responsáveis
por doenças graves virais e bacterianas. Por isso se devem cumprir as Precauções
Padrão para nossa proteção no trabalho e para prevenção da transmissão entre
doentes.
Mesmo assim os riscos de acidentes sempre estão presentes, pois há situações em
que fatores gerais como stress, sobrecarga de trabalho, agitação psicomotora do
doente e a transgressão das normas de prevenção podem ter sua participação na
ocorrência de acidentes com exposição à materiais potencialmente contaminado.
Doenças virais como a SIDA e a Hepatite B podem ser inibidas na sua transmissão
através de ações profiláticas com a vacina e imunoglobulina, no caso da Hepatite B, e
antiretrovirais, com diferentes composições e indicações, no caso da SIDA.
Nas UCC deve existir um procedimento a adotar no caso de uma exposição
acidental a Material potencialmente contaminado por parte de um dos seus
trabalhadores.
Este procedimento deve ser de conhecimento de todos e deve ser conferido pela
chefia da UCC ou responsável pelo encaminhamento.

Data da última revisão: Março de 2013


590

Objetivos
Fornecer aos profissionais de saúde das Unidades de Cuidados Continuados
(UCCI) orientações para a prevenção de acidentes por Exposição a Material
Potencialmente Contaminado;
Prevenir a infeção adquirida nas UCCI nos profissionais de saúde por acidente
por EMPC;
Conhecer os princípios básicos relacionados com a exposição ocupacional a
material potencialmente contaminado.

Âmbito
Aplica-se a todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados
Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas onde sejam prestados
cuidados a doentes.

Responsabilidades
1) Pela implementação do Procedimento:
 Responsáveis das Áreas Clínicas e não Clínicas.
 Responsáveis da Área de Gestão de Compras, Logística e Distribuição.
 Responsáveis da Área de Gestão de Instalações e Equipamentos.
 Comissão de Controlo de Infeção e respetivos membros dinamizadores.

 Saúde ocupacional/medicina de trabalho.

2) Pela revisão do procedimento:


 Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção (CCI).

Siglas
 CCI – Comissão de Controlo de Infeção
 EMPC – Exposição a material potencialmente contaminado
 UCCI – Unidades de Cuidados Continuados Integrados

Data da última revisão: Março de 2013


591

Definições e conceitos

Define-se como exposição:


 Lesão percutânea (ex. com uma agulha ou objeto cortante).
 Contacto de sangue, tecidos ou outros fluidos corporais*, com membrana
mucosa ou pele lesada.
 Mordedura

*Os fluidos corporais potencialmente contagiosos incluem: sémen, secreções vaginais,


líquido cefaloraquidiano, sinovial, pleural, peritoneal, pericárdico e amniótico ou
outros fluidos orgânicos contaminados com sangue visível.

A redução dos riscos de transmissão acidental de doença aos trabalhadores da saúde é


da responsabilidade da Instituição, que deve garantir as condições necessárias para um
trabalho com segurança, mas também e não menos importante, do próprio
trabalhador.

Assim, todo o profissional envolvido nos cuidados assistenciais aos doentes, deve
executar as suas tarefas, cumprindo as normas de segurança não esquecendo que:

 Melhor do que tratar após exposição é PREVENIR A EXPOSIÇÃO;


 Todo o doente é potencial portador de doença transmissível, deverão ser
identificados procedimentos de risco e não doentes de risco;
 Na execução de qualquer ato assistencial envolvendo contacto com material
orgânico, o trabalhador deve saber selecionar as barreiras de proteção adequadas a
cada situação (PRECAUÇÕES BÁSICAS);
 Das doenças transmissíveis existe uma para a qual há vacina, com eficácia
comprovada – a Hepatite B; esta é fornecida gratuitamente pela Instituição, mas é da
responsabilidade do trabalhador efectuá-la ou não, cumprir o calendário vacinal
proposto e assegurar-se do seu estado imunitário pós vacinação.

Data da última revisão: Março de 2013


592

A exposição acidental ao VIH, VHB ou VHC deve sempre ser considerada uma urgência
e tratada como tal:

Exposição ocupacional nas UCC - o trabalhador acidentado deve proceder de acordo


com a Norma de Procedimento da instituição para estas situações. Os profissionais de
saúde que estejam sujeitos a este risco deverão ser informados quando iniciam
funções na instituição.

Quadro clínico da infeção aguda pelo VHB, VHC e VIH – a infeção clínica pelo VHB
ocorre em geral entre 1 a 4 meses após o contágio, pode ser assintomática ou
manifestar-se por astenia, anorexia, náuseas e icterícia; analiticamente verifica-se
subida das transaminases para valores que podem alcançar mais de 100 vezes os
valores normais. O diagnóstico é confirmado pelo Ag HBS positivo e Ac Hbc IgM
positivo.

A infeção pelo VHC tem um período de incubação um pouco mais longo mas que em
geral não ultrapassa os 6 meses. Em geral é assintomática, podendo ocorrer
sintomatologia inespecífica. O diagnóstico é suspeitado pela elevação das
transaminases (10 a 100 vezes os valores normais) e confirmado pela deteção de RNA
VHC, com o aparecimento posterior de Ac HCV.

A primo-infeção VIH ocorre em geral 2 a 4 semanas após o contágio e é sintomática


em cerca de 75% dos casos – febre, mialgias, odinofagia, poliadenomegalias, síndrome
mononucleósico inespecífico de duração muito variável (dias a semanas). O
diagnóstico é confirmado por teste ELISA de 4ªgeração positivo e deteção de virémia
(carga viral), posteriormente confirmados por deteção de Acs por Western Blot que é
positivo um pouco mais tarde ( 6 a 12 semanas). No contexto da exposição acidental é
indiferente se se trata de VIH1 ou 2, os procedimentos serão os mesmos.

Data da última revisão: Março de 2013


593

FATORES DE RISCO DE INFECÇÃO APÓS EXPOSIÇÃO

Após uma exposição a material potencialmente contaminado, o risco de


transmissão vai depender de vários fatores relacionados com o tipo de acidente, com a
fonte, com o trabalhador e com o agente patogénico:

Fatores relacionados com o tipo de acidente

a) Via de exposição – a via percutânea é a que está associada a um maior risco.


b) Profundidade da lesão – quanto mais profunda a lesão, maior o risco.
c) Tamanho da lesão – quanto mais extensa a lesão maior o risco
d) Quantidade de inoculo – este é um dos mais importantes aspetos a avaliar, sendo
óbvio que quanto maior o inoculo, maior o risco. Há uma diferença de risco substancial
entre uma picada com uma agulha com que se acabou de injetar um medicamento na
borracha de um sistema de soro ou dar uma injeção intramuscular e uma agulha que
esteve colocada diretamente numa veia ou artéria do doente. Por outro lado o risco é
maior com agulha oca e quanto maior for o seu calibre, maior o risco.
e) Tipo de contaminação – A inoculação de sangue tem um risco muito superior ao dos
outros líquidos orgânicos. Do mesmo modo os acidentes de laboratório são
particularmente perigosos quando é inoculado, inadvertidamente, material de cultura
do vírus, pois este tem uma elevada concentração vírica.
f) Tempo de latência do material contaminado – o risco é tanto maior quanto mais
recente for o material inoculado – a agulha acabada de retirar da veia do doente
(“agulha quente”) tem um risco mais elevado do que a agulha esquecida há horas em
cima da bancada.

Factores de risco relacionados com a fonte


Virémia – o risco de transmissão do VIH é diretamente proporcional à
virémia do doente.
O doente não tratado deverá considerar-se sempre como tendo virémia detectável -
na fase inicial de primo- infeção e nos estádios mais avançados em doentes não

Data da última revisão: Março de 2013


594

tratados, a virémia é máxima, pelo que o risco é também maior. No doente sob
terapêutica antirretroviral a virémia poderá ser negativa, sendo menor o risco mas não
se pode garantir que seja nulo. O conhecimento da virémia do doente (carga viral
recente) é pois muito importante para a avaliação do risco envolvido. Mesmo que não
se tenha acesso a este parâmetro laboratorial, a presença de infeção oportunista
major só por si é indicadora de virémia elevada em consequentemente de um maior
risco. Má aderência à terapêutica e às consultas indicam um maior risco de virémia
detetável e de transmissão de um vírus resistente pelo que é urgente a reavaliação por
especialista em VIH, podendo ser necessário modificar o esquema profiláctico iniciado.
Fatores de risco relacionados com o trabalhador

Estado imunitário – se houver imunodepressão de qualquer etiologia poderá haver


teoricamente um maior risco de aquisição de infeção. A imunodepressão pode resultar
de múltiplas causas, transitórias ou permanentes – infeção viral, terapêutica com
corticoides ou outros imunodepressores, diabetes, insuficiência renal crónica, etc.

Fatores de risco relacionados com o agente patogénico

Tipo de vírus - em circunstâncias de exposição idênticas o potencial de transmissão é


superior para o vírus da Hepatite B (probabilidade estimada de 2 a 40% dependendo
do tipo de acidente). O VIH é o que apresenta menor potencial de transmissão
(probabilidade estimada de 0,3% na via percutânea e 0,09% na exposição de mucosa).

Data da última revisão: Março de 2013


595

N Eng J Med 1995,332 : 444 - 451

RECOMENDAÇÕES PÓS- EXPOSIÇÃO

1. HEPATITE B

A prevenção da transmissão do vírus da Hepatite B é possível através da vacinação,


que tem uma eficácia comprovada em mais de 95 % dos casos e efeitos secundários
negligenciáveis.

Todos os trabalhadores de Saúde devem estar imunizados para a hepatite B.


Se o trabalhador está vacinado e o SSO tem registo de que está imunizado (Acs > 10
UI), não é necessário efetuar novamente marcadores VHB ao trabalhador. Em caso de
dúvida pedir na avaliação inicial AgHBs e Acs HBs.
No quadro seguinte estão esquematizadas as recomendações a seguir após a
exposição ao vírus da Hepatite B.

Data da última revisão: Março de 2013


596

Recomendações para profilaxia pós exposição ao vírus da Hepatite B

Dose 0.06 mg/kg IM; pode ser administrada até 72 horas após o acidente.

A vacinação deve ser iniciada de preferência nas 24 horas seguintes à exposição.


Desconhece-se a sua eficácia se iniciada em períodos superiores a 7 dias.

 Esquema acelerado:
Dose 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª
Meses 0 1 2 12

 Opcionalmente poderão ser dadas 2 doses, a primeira dose o mais


precocemente possível e a segunda um mês depois.

Data da última revisão: Março de 2013


597

Follow up

O follow up só é necessário se o acidentado não está vacinado ou se tem anticorpos


anti-HBs < 10 mUI/ml e a fonte é Ag HBs positivo ou desconhecida.

O seguimento dos trabalhadores após acidente com exposição ao VHB é efetuado


de acordo com as indicações preconizadas no procedimento interno da UCC em
articulação com a medicina no trabalho.

2. HEPATITE C

Não existe até ao momento qualquer tipo de intervenção preventiva, quer primária
por vacinação, quer secundária após exposição, para o VHC. No entanto há algumas
recomendações para o seguimento após exposição acidental ao VHC.

Recomendações para seguimento após exposição ao vírus da Hepatite C


Avaliação de anticorpos anti-VHC e transaminases no profissional exposto. A utilização
de imunoglubulinas ou agentes antivirais não está indicada uma vez que os dados
disponíveis até à data não sugerem qualquer benefício.

Follow up
O follow up dos profissionais expostos ao VHC deve ser efetuado de acordo com as
indicações preconizadas no procedimento interno da UCC em articulação com a
medicina no trabalho.

Controlo laboratorial
Às 6 e às 12 semanas: - transaminases
- RNA HCV

Se negativos, repetir transaminases e anticorpos anti-VHC aos 6 meses.

Data da última revisão: Março de 2013


598

3. VIH

O início da Profilaxia pós-exposição ao VIH deve ser o mais precoce possível,


idealmente nas primeiras 4 horas após a exposição, pois os estudos efetuados
demonstraram que a precocidade está correlacionada com o sucesso da terapêutica.
Mesmo quando administrada de imediato a utilização de terapêutica profiláctica reduz
mas não anula o risco de transmissão. A administração de terapêutica profiláctica pode
ser considerada até às 72 horas mas a sua eficácia é muito discutível após as 36 horas,
devendo ser a sua indicação nestas circunstâncias avaliada caso a caso e com
aconselhamento com especialista sempre que possível.

Nas recomendações para a profilaxia pós exposição ocupacional ao VIH consideram-


se 4 fatores principais, para definir o grau de risco:

1) Lesão profunda.
2) Sangue fresco visível no instrumento que causou a lesão.
3) Lesão causada por instrumento utilizado em punção venosa ou arterial do
doente.
4) Doente com virémia elevada.

Alto risco – todos os fatores presentes.


Risco aumentado – fator 4 mais qualquer um dos outros fatores.
Baixo risco – ausência de qualquer um dos fatores.

As pessoas que foram expostas ao VIH devem usar, durante o período de follow
up, as seguintes medidas para prevenir a transmissão secundária do vírus, até ter
sido excluída a possibilidade de ter ocorrido infeção:

 Abstinência sexual ou uso do preservativo, para prevenir a transmissão por via


sexual e evitar a gravidez;
 Não doar sangue, orgãos, tecidos ou esperma;

Data da última revisão: Março de 2013


599

 Se está a amamentar deve ser aconselhada a suspensão, especialmente após


uma exposição de alto risco.

Importante
O trabalhador que vai iniciar terapêutica com antirretrovirais, depois de ter
discutido os seus riscos e benefícios, deve dar o seu consentimento por escrito,
assinando o termo de responsabilidade. Do mesmo modo se o trabalhador é
aconselhado a iniciar profilaxia e recusa deve assinar o termo de responsabilidade
confirmando a recusa. A terapêutica deve ter a duração de 4 semanas.

Follow up
Qualquer pessoa que tenha sido exposta ao VIH deve ter acompanhamento de
follow up, quer tenha iniciado ou não profilaxia pós-exposição.
O follow up dos profissionais expostos ao VIH deve ser efetuado de acordo com as
indicações do procedimento interno da UCC em articulação com a medicina do
trabalho.

Controlo laboratorial
Em todos os casos de exposição ao VIH, com ou sem utilização de profilaxia, deve ser
efetuado às 4 e 12 semanas (e em qualquer altura, durante este período, se houver
clínica sugestiva de primo infeção):
 Teste VIH (ELISA 4ª geração – ag+ac)
 Carga viral VIH caso se suspeite de primo-infeção

NOTA IMPORTANTE: A evolução dos testes laboratoriais, com a utilização dos testes
ELISA de 4ª geração, permite reduzir com segurança, de 6 para 3 meses, o tempo de
follow up após exposição ao VIH, à semelhança do que já é feito nos Centros Nacionais
de Rastreio Anónimo,

Data da última revisão: Março de 2013


600

RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA PREVENIR O ACIDENTE POR EMPC


 Ao iniciar funções numa UCC tomar conhecimento dos procedimentos gerais
para a prevenção do acidente por EMPC (procedimento administrativo, comunicação
de acidente de serviço entre outros);
 Cumprir as precauções básicas de control de infeção nomeadamente no que
respeita ao uso correto de Equipamento de proteção individual;
 Manipular os resíduos de acordo com o preconizado pela instituição;
 Nunca recapsular agulhas;
 Utilizar o contentor de corto-perfurantes corretamente;
 Utilizar equipamentos seguros:
a) Teste de glicemia
b) Punção venosa
c) Colheitas de sangue

MEDIDAS IMEDIATAS APÓS EMPC


 Lava o ferimento ou mucosa e protege o ferimento caso haja lesão da pele;
 Identifica paciente fonte (nome e processo);
 Busca orientação da chefia imediata;
 Solicita Notificação de Acidente do Trabalho;
 Vai ao hospital de referência conforme a localização da unidade levando
amostra de sangue do paciente fonte rotulada, folha de consentimento do paciente
fonte;
 No hospital, faz o boletim de atendimento, dirige-se à consulta médica
(avaliação do risco para quimioprofilaxia do HIV e hepatite B), faz a colheita de sangue
e segue as indicações médicas em conformidade com o resultado das análises do
doente fonte;
 Faz acompanhamento em conformidade com as indicações médicas.

Data da última revisão: Março de 2013


601

CAPÍTULO 12
Outras Normas

No decorrer da elaboração do presente manual de controlo de infeção, e de


acordo com as questões que foram colocadas pelos profissionais de saúde, surgiu a
necessidade de introduzir temas específicos e criar normas além das inicialmente
previstas.

Porque se pretende que o Manual de Controlo de Infeção seja uma ferramenta


em permanente atualização e de valor acrescido para os profissionais de saúde que o
utilizam, mas também estável o suficiente para facilitar o seu manuseamento, o
presente capítulo contem as recomendações e orientações, com formato de norma,
sobre matérias diversas e específicas, além das inicialmente previstas.
602

12.1 Prevenção dã Infeção nos Cuidãdos de


Higiene ão Utente em Cuidãdos Continuãdos
INTRODUÇÃO

O banho além de limpar a pele, refresca e relaxa o utente, promove a circulação e


proporciona uma forma suave de exercício. É importante ajudar o utente a sentir-se
limpo e cuidar da pele, boca, cabelo, olhos, orelhas e unhas. Aquando da admissão, o
enfermeiro deve avaliar se o utente pode cuidar sozinho da sua higiene pessoal ou se
precisa de ajuda nesta função. É preciso ajudar os utentes a se auto-cuidarem, mas
também fazer com que colaborem e participem nesta função. As diferentes culturas e
religiões podem por vezes ter implicações na prática da higiene pessoal e que devem
ser tidas em conta. Após o banho é importante dar uma ligeira massagem nas costas
usando loção hidratante de modo a estimular a circulação e ajudar na prevenção de
úlceras de pressão. Ajudar o utente, se necessário, a escovar os dentes ou limpar
adequadamente a sua dentadura são medidas que ajudam a prevenir as lesões da
boca e previnem as infeções respiratórias. Pentear o cabelo do utente ajuda a manter
a saúde do cabelo e couro cabeludo, melhora a aparência e estimula o interesse do
utente pela sua aparência pessoal. A cabeça deve ser lavada com periodicidade
regular. As unhas das mãos e pés também devem manter-se limpas e aparadas. É
importante hidratar as mãos e o corpo após o banho.

OBJETIVOS

Reduzir as IACS associadas aos cuidados de higiene pessoal ao utente;

Prevenir a transmissão cruzada das infeções;

Proporcionar cuidados de higiene seguros aos utentes.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


603

ÂMBITO

Aplica-se em todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados


Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas onde sejam prestados
cuidados de saúde.

4. RESPONSABILIDADES

1) Pela implementação do Procedimento:


 Núcleo Local da Comissão de Controlo de Infeção e respetivos membros
dinamizadores.
 Profissionais de saúde, Enfermeiro e Auxiliar de Acção Médica, sendo a
supervisão da responsabilidade do Enfermeiro.
2) Pela revisão do procedimento:
 Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção.

5. SIGLAS

 IACS – Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde


 NCCI - Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção
 NLCI – Núcleo Local de Controlo de Infeção
 PAV – Pneumonia associada a ventilação
 UMP – União das Misericórdias Portuguesas
 UCCI - Unidades de Cuidados Continuados Integrados

DESCRIÇÃO

Conceito de higiene pessoal do doente:

Procedimento focado na proteção do hospedeiro (reforço das defesas naturais do


doente), com o objetivo de garantir a integridade da pele e mucosas do utente,
mantendo-o limpo, confortável e com adequada aparência.
Inclui: Cuidados de higiene oral, limpeza de pele e órgãos genitais, gestão da
incontinência, higiene das mãos dos utentes, cuidados com os cateteres durante o
banho e os cuidados de higiene das mãos dos profissionais de saúde.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


604

Requisitos Fundamentais para o procedimento:

Os profissionais que prestam os cuidados de higiene devem ter competência,


formação e treino para executar a tarefa.
Os cuidados planeados devem ser negociados com o utente e/ou os seus
cuidadores, e baseia-se na avaliação das suas necessidades individuais.
O doente tem acesso a um ambiente seguro e aceitável de acordo com a sua
individualidade.
O doente tem acesso ao nível de assistência de que necessita para satisfazer as
suas necessidades de higiene pessoal.
O doente e/ou cuidadores são informados sobre como atender às necessidades
individuais de higiene dos utentes.
O cuidado ao doente é continuamente avaliado, reavaliado e o plano de
cuidados deve ser renegociado e registado em conformidade.
As intervenções dos profissionais devem estar em conformidade com os
padrões de qualidade definidos na Unidade.

Uso de barreiras protetoras:


O profissional que dá o banho ao utente deve usar avental de plástico sobre a farda,
para evitar que esta fique contaminada com salpicos.

 As luvas devem ser usadas na higiene oral, na higiene dos órgãos genitais, e,
caso o utente tenha uma patologia transmissível pelo contacto direto (pele a pele). As
luvas mais adequadas a este procedimento são as luvas de procedimento de nitrilo,
mais resistentes ao contacto com a água. No entanto, as luvas devem ser usadas de
acordo com a política da Unidade e conforme a norma de higiene das Mãos.

A máscara só deve ser usada para proteção do profissional, se há suspeita de o


utente estar colonizado ou infetado por estirpe, cujo reservatório possa ser as vias
respiratórias do mesmo, e, a via de transmissão, possa ser a via aérea e via por
gotículas.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


605

Ações que constam do presente Procedimento:


 Banho assistido no chuveiro

 Banho ao doente acamado

 Cuidados de higiene oral, com a barba, com a limpeza do cabelo (na cama), com
os olhos, com os dedos e unhas e com os pés

Banho assistido ao doente, no chuveiro:

Material/Equipamento necessários:
Esponja ou manápula de uso único; Luvas de procedimento para a higiene oral;
Luvas de procedimento para a higiene dos órgãos genitais; Avental de plástico; Sabão
líquido / gel de banho, Shampoo (se necessário lavar a cabeça); Escova e / ou pente;
Escova de dentes e pasta dentífrica; Copo com água, Artigos pessoais e de toucador,
make-up (se necessário); Toalhas de banho e roupas lavadas (interior e
pijama/camisa); Cadeira de plástico (lavável) para o chuveiro; Recetáculo para recolha
das roupas sujas; Recetáculo para recolha de resíduos.

Procedimento:
 Higienizar as mãos de acordo com os 5 momentos para higiene das mãos, antes
de colocar o avental
 Ouvir a preferência do utente para o banho ou para o duche.
 Explicar o procedimento, para obter o consentimento e a colaboração do
doente.
 Verificar que o duche está disponível e limpo.
 Verificar a temperatura adequada da água do banho.
 Ajudar o utente a preparar as roupas e artigos de higiene pessoal a usar no
banho (se ele pode colaborar).
 Auxiliar o utente a entrar no duche e garantir a sua privacidade.
 Oferecer a ajuda ao utente para despir-se, mantendo a sua dignidade,
cobrindo-o com uma toalha.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


606

 Observar a condição da pele do utente, especialmente nos pontos de pressão:


verificar quaisquer sinais de inflamação, descoloração, equimoses, erupção cutânea ou
áreas avermelhadas.

 Ajudar o utente a entrar no duche usando o material de segurança apropriado,


de acordo com a avaliação das necessidades do doente (ex: cadeira de duche, barras
de segurança entre outros);

 Sentar o utente no banco ou cadeira de banho do duche;

 Ajustar o fluxo de água e da temperatura com a preferência individual de cada


doente;

 Esfregar o corpo, incentivando-o a lavar-se até onde lhe for possível;

 Se necessário, ajudar o doente a lavar os cabelos, aplicando o shampô e


removendo-o bem, sem deixar que este escorra para os olhos;

 Sair da banheira ou chuveiro, usando o equipamento de segurança;

 Cobrir o utente com uma toalha o mais rápido possível para o aquecer e
manter a sua dignidade;

 Secar bem a pele, não esquecendo as zonas de prega cutânea, os espaços


interdigitais e locais de maior humidade;

 Aplicar o creme hidratante após o banho;

 Vestir o utente com roupas escolhidas pelo mesmo se possível;

 Escovar ou pentear o cabelo, conforme necessário;

 Fazer a barba, sempre que necessário;

 Lavar os dentes ou dentaduras, conforme as necessidades do utente, mas no


mínimo, duas vezes ao dia (após as duas principais refeições);

 Colocar o utente no cadeirão sempre que possível, garantindo que este fica
seguro e confortável.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


607

 Acondicionar os resíduos no saco apropriado (de acordo com a política da


Unidade).

 Proceder aos registos sobre as observações efetuadas, quer do nível de


autocuidado do doente, quer da integridade da pele ou da presença de pontos de
pressão e sobre o estado geral do utente.

Banho ao Doente Acamado

Material/Equipamento necessários:
Os mesmos materiais referidos no ponto anterior.

Procedimento:
 Explicar ao utente o procedimento de modo a obter a sua colaboração e
consentimento;
 Certificar-se da temperatura do quarto, e garantir a privacidade do utente;
 Colocar à mão todos os materiais necessários, de modo a que não precise sair
de junto do doente até terminar o procedimento;
 Verificar as condições da unidade do utente (à volta da cama), para manter a
sua privacidade: cortinado, persianas, portas;
 Lavar as mãos e colocar o avental;
 Auxiliar o utente a colocar-se numa posição confortável;
 Ajudar o utente a retirar o pijama, garantindo que este fica coberto com um
lençol ou cobertor para manter o calor e a privacidade;
 Verificar a temperatura da água e ajudar o utente a lavar o rosto, orelhas e
pescoço. Após aplicar sabão, enxaguar bem a pele, retirando bem o sabão e secar
bem;
 Lavar, passar por água e secar bem o corpo do utente, seguindo uma ordem
lógica, expondo apenas a parte do corpo a ser lavada;
 A ordem sugerida é a seguinte: Cara; braços; tórax; abdómen; pernas; pés;
costas e área genital, (lavando a área perineal da frente para trás, de modo a não

Data da última revisão: Dezembro de 2013


608

arrastar os microrganismos desta área, para a bexiga, evitando assim a infeção


urinária;
 Nos homens, limpar bem o prepúcio e pénis, reposicionando o prepúcio após a
lavagem e secagem;
 As luvas devem ser usadas de acordo com as normas de controle de infeção da
Instituição e tendo em conta as preferências do utente;
 Mudar a água se esta ficar fria;
 Se estiverem dois profissionais a dar o banho, enquanto um lava e enxagua o
corpo do utente, o outro vai secando a pele e aplicando um creme hidratante ou
desodorizante se solicitado pelo mesmo. Esta medida reduz o tempo que o corpo é
exposto, evita o arrefecimento desnecessário e garante um maior conforto do utente;
 Se o utente estiver algaliado ou com outro cateter urinário, o cuidado com este
dispositivo invasivo deve ser feito de acordo com as normas da Instituição (ver norma
de prevenção da infeção urinária em doente algaliado);
 Durante o banho e após secagem, inspecionar a pele do doente para detetar
precocemente sinais de pele vermelha, macerada, erupção cutânea, pele descamada,
contusão ou outros problemas;
 Remover as luvas;
 Se o utente não pode fazer a sua higiene oral, calçar luvas de procedimento
limpas e ajudar o mesmo a lavar a boca e escovar os dentes / próteses;
 Se o utente vai ficar levantado após o banho, ajudá-lo na higiene oral, com o
mesmo sentado numa cadeira, desde que este se possa auto-cuidar;
 Se o utente permanecer deitado na cama, colocá-lo de lado, escovando-lhe os
dentes e oferecendo um copo com água e elixir para bochechar, colocando uma
aparadeira por debaixo do queixo para recolha da água e pasta utilizada;
 Se o utente se auto-cuida, motivá-lo a pentear-se. Se o mesmo está
dependente, substituí-lo nessa tarefa;
 O utente do sexo masculino que se auto-cuida, motivá-lo a barbear-se;
 Se o doente está dependente, substituí-lo nessa tarefa (ver procedimento
relacionado com os serviços de barbearia, cabeleireiro e podologia);

Data da última revisão: Dezembro de 2013


609

 Observe as unhas das mãos e dos pés e, sempre que necessário, se o utente é
dependente, cortar as unhas deixando a pele íntegra (sem sangrar);
 Ajudar o utente a colocar roupas limpas e apropriadas;
 Remover a roupa suja de cama e refazer a mesma com roupa lavada;
 Após terminar o procedimento, verificar se o utente fica confortável e deixar
ficar ao seu alcance, os objetos pessoais, a água e o que este manifestar necessidade;
 Despejar a bacia de higiene e colocá-la na área de lavagem/desinfeção pelo
calor;
 Acondicionar as toalhas usadas no receptáculo de recolha da roupa suja, tal
como os lençóis e restante roupa da cama;
 Enviar as roupas sujas para o ponto de colheita dos sacos;
 Descartar os resíduos para o recetáculo apropriado;
 Retirar o avental e as luvas e lavar as mãos;
 Proceder aos registos de enfermagem sobre o procedimento ou ocorrências
durante o mesmo.

Fazer a barba ao utente:

Materiais/Equipamentos:
Luvas; Bacia de água quente; Manápula de uso único e toalha de rosto; Creme de barbear;
Aftershave / colónia de acordo com a preferência individual; Espelho; Receptáculo para
recolha de resíduos.

Procedimentos:
 Verificar as preferências do doente quanto à forma de fazer a barba e
incorporá-las na rotina de higiene individual. Alguns doentes poderão querer usar as
suas próprias máquinas de barbear;
 As máquinas elétricas que passam de doente a doente podem constituir um
risco acrescido de infeção cruzada (especialmente em microrganismos cuja
transmissão se faça por contacto como é o exemplo do MRSA);

Data da última revisão: Dezembro de 2013


610

 É aceitável uma máquina, cujas lâminas sejam de uso individual e que o corpo
da máquina, possa ser limpo e desinfetado com álcool a 70º. Se estas condições não
puderem ser garantidas, então é sempre preferível usar a lâmina de barbear
individualizada (de uso único);
 Sentar o doente de modo confortável, quer na cama, quer na cadeira (se for
clinicamente possível);
 Colocar uma toalha sobre o tórax e ombro do doente;
 Molhar o rosto do doente ou pedir-lhe para o fazer (se o doente é
independente);
 Inspecionar o rosto para verificar se há feridas ou erupções da pele;
 Aplicar o creme de barbear ou sabonete para o rosto, criando uma espuma
adequada, usando movimentos curtos da lâmina no sentido do crescimento do pêlo,
raspando a face, começando pelas bochechas e descendo em direção ao pescoço.
Evitar passar com a lâmina sobre os sinais ou manchas da pele;
 Com a mão livre, o profissional deve ir puxando a pele enrugada de modo a
ficar esticada. Este gesto evita feridas e sangramento da pele da face durante o
procedimento. O doente pode muitas vezes ajudar, fazendo movimentos faciais que
facilitam o barbear, por exemplo, preenchendo as bochechas com a língua;
 Após concluir a barba, lavar o rosto do doente com água limpa e secar com
uma toalha de rosto;
 Aplicar after-shave ou colónia pós-barba, se o doente o desejar;
 Colocar a bacia na zona de despejo para lavagem;
 Colocar a manápula no receptáculo de resíduos de acordo com a norma de
triagem de resíduos da Instituição e a lâmina de barbear descartável no contentor de
corto-perfurantes;
 Se a máquina for individual e o utente não for capaz de a limpar, substituí-lo no
procedimento;
 Registar o procedimento, anotando o que o utente é capaz de fazer sozinho
(nível de autocuidado).

Data da última revisão: Dezembro de 2013


611

Lavar a cabeça do doente na cama


Avaliar a periodicidade de lavagem da cabeça, de acordo com a necessidade do utente.

Materiais e equipamentos:
Luvas de procedimento; avental; manápula; toalha para proteger a cama; champo e
acondicionador (se for utilizado pelo doente); Pente e / ou escova; um resguardo; duas
bacias de plástico (uma vazia e a outra com água quente); secador de cabelo.

Procedimentos:
 Colocar o avental;
 Explicar o procedimento, para obter o consentimento e a colaboração do
utente;
 Certificar-se da temperatura do quarto e garantir a privacidade;
 Preferencialmente devem ser dois profissionais a fazer este procedimento: um
que lava a cabeça e o outro que apoia a cabeça do doente e ajuda;
 Antes de lavar o cabelo, o profissional deve avaliar a condição do couro
cabeludo, constatando qualquer inflamação secura, ou vermelhidão e fazer os devidos
registos;
 Colocar resguardo ou proteção da roupa da cama e cobrir os ombros do utente
com uma toalha;
 Um profissional segura a cabeça e o outro vai molhando o cabelo e espalhando
o champô, friccionando suavemente o couro cabeludo, tendo o cuidado de proteger os
olhos do doente;
 De seguida, com um jarro vai deitando água corrente limpa sobre a cabeça, até
remover todo o champô;
 Após o enxaguamento, enrolar os cabelos do utente numa toalha e retirar as
bacias de higiene;
 Enrolar o cabelo com uma toalha de rosto;
 Escovar ou pentear o cabelo ao estilo do doente. Seque o cabelo com secador;
 Retire o resguardo e substituir a roupa molhada durante o procedimento;

Data da última revisão: Dezembro de 2013


612

 Colocar os materiais utilizados na zona de tratamento de material;


 Certificar-se que o piso junto à cama ou ao cadeirão fica seco;
 Anotar o procedimento e/ou eventuais intercorrências no processo de
enfermagem.

Higiene Oral
Higiene Oral – Considerações Gerais:
 A higiene oral inadequada está associada a um aumento da flora anaeróbica. A
adequada e regular higiene oral com solução de clorohexidina reduz a flora oral e
previne as infeções respiratórias;
 Os residentes saudáveis raramente são colonizados por bactérias de Gram
negativo aeróbias, na orofaringe;
 Os idosos são mais suscetíveis à colonização da orofaringe por Staphylococcus
aureus, Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli;
 Manter as próteses limpas: devido à constante deglutição ou aspiração dos
microrganismos da placa bacteriana aderente à prótese, pode ocorrer a infecção
respiratória: a prótese funciona como um reservatório de microrganismos
respiratórios, bastante significativo;
 Em idosos dependentes, não diabéticos e portadores de próteses, há
predomínio de aeróbios nestas e na mucosa da faringe por Streptococcus, Candida e
Neisseria;
 As próteses dentárias superiores são mantidas um pouco mais limpas nas
superfícies internas e externas do que as próteses inferiores;
 As próteses dentárias superiores são mais fáceis de se manipular com as mãos
e têm menos curvaturas do que as inferiores;
 Para os doentes geriátricos, muitas vezes com a coordenação motora afetada,
estes fatores são limitações adicionais na limpeza das suas próprias próteses;
 Muito importante é a formação e treino da equipa para a higiene oral dos
utentes dependentes e das suas próteses dentárias, tanto para a equipa de saúde,
como para os familiares/cuidadores;
 Inspeção regular da cavidade oral para detetar precocemente problemas.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


613

Procedimento

Avaliação inicial:
É importante a realização de uma avaliação inicial da saúde oral e das deficiências nos
cuidados pessoais do utente por altura da admissão. Esta avaliação inicial possibilita a
identificação precoce de possíveis problemas relacionados com a higiene oral.

Utente com pouca limitação:


Material: escova de dentes, pasta dentífrica; copo descartável com água toalha de
rosto, cuba, espátula, lubrificante labial; antisséptico oral, luva de procedimento e
compressas ou manápula de uso único;

Em posição de Fowler e com a cabeça lateralizada;


Proteger o tórax com toalha de rosto;
Solicitar para que abra a boca ou abri-la com a ajuda da espátula;
Utilizar a escova com movimentos da raiz em direção à extremidade dos
dentes;
Fazer cerca de 6-10 movimentos em cada superfície dental com pressão
constante da escova;
Repetir o movimento na superfície vestibular e lingual tracionado a língua com
espátula protegida com uma compressa;
Oferecer copo com água para enxaguar a boca.

Utente com grande limitação:


Em utentes inconscientes ou em estado comatoso e/ou com grande limitação,
forma-se um biofilme (placa dentária) sobre os dentes composto por patógenos
respiratórios.
Esta placa dentária desenvolve-se nestes doentes devido à ausência da mastigação
mecânica e à ausência de saliva e pode constituir um importante reservatório de
patógeneos respiratórios causadores potenciais de pneumonia.
O antisséptico oral à base de clorexidina comprovou ser um inibidor da formação da
placa dentária e gengivite.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


614

Apesar da fraca evidência do uso da clorexidina como método de prevenção da


pneumonia, faz sentido que uma boa higiene oral e o uso de antisséptico oral para
descontaminação da boca, reduz as bactérias na mucosa oral e o potencial de
colonização bacteriana no trato respiratório superior, contribuindo assim para a
redução potencial do desenvolvimento de pneumonia nos utentes debiliados e
acamados.
Embora não haja utentes ventilados nas UCC é lícito adotar estes procedimentos
preventivos em doentes inconscientes ou em estado comatoso.

Procedimento:
 Avaliar a cavidade oral e os lábios a cada 8 horas, e promover os cuidados orais
a cada 2 a 4 horas, e de acordo com as necessidades individuais dos utentes;
 Avaliar o acúmulo de tártaro nos dentes ou o risco de infeção relacionado com
abcessos orais;
 Efetuar a higiene oral usando escova de dentes de tamanho infantil ou adulto
(escova macia), pelo menos duas vezes ao dia;
 Escovar os dentes do doente com cuidado, para limpar e remover o tártaro
dentário;
 Além de escovar os dentes duas vezes por dia, usar espátulas orais com solução
de água oxigenada a 1,5% para limpar a boca a cada 2 a 4 horas;
 Após cada higienização oral, aplicar hidratante para a boca na mucosa oral e
nos lábios para manter os tecidos humedecidos;
 Aspirar frequentemente a cavidade oral/faringe.

Prótese dentária:
Quando o doente utiliza prótese dentária amovível, esta deve ser removida e
devidamente escovada e desinfetada com regularidade.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


615

Cuidados de Higiene aos Olhos


Normalmente, os olhos de uma pessoa não necessitam de cuidados especiais, uma
vez que são continuamente limpos pelo líquido segregado a nível ocular, e os cílios e as
pálpebras captam as partículas que caiem dos olhos.
No entanto, um utente que teve uma lesão no olho ou foi submetido a cirurgia
ocular, ou que tem uma infeção nos olhos, ou que está em estado comatoso, pode
precisar de cuidados especiais com os olhos. Os doentes inconscientes não podem
piscar os olhos, tornando-se a mucosa ocular seca e irritada, com mais riscos.

Materiais/Equipamentos:
Avental e luvas, embalagem de compressas esterilizadas para limpeza dos dois
olhos; ampolas de solução de cloreto de sódio a 0,9% (soro fisiológico) – uma para
cada olho; recetáculo de recolha de Resíduos.

Procedimento:
 Colocar o avental;
 Explicar o procedimento ao utente para obter o seu consentimento e
colaboração;
 Certificar-se de que o utente está numa posição confortável, com a cabeça
inclinada para trás;
 Higienizar as mãos;
 Colocar todos os materiais num tabuleiro individualizado;
 Calçar as luvas de procedimento cumprindo o momento indicado para a higiene
das mãos;
 Verificar se há sinais de infeção nos olhos. Se houver, limpar 1.º o olho que não
apresenta sinais de infeção;
 Humedecer levemente uma compressa em soro fisiológico, e limpar a pálpebra
inferior, no sentido do nariz para fora;
 Usar uma compressa de novo a cada vez, limpar até que toda a serosidade ou
pus sejam removidos;
 Descartar as compressas usadas no recetáculo de resíduos;

Data da última revisão: Dezembro de 2013


616

 Repetir as etapas de limpeza com o outro olho;


 Descartar os materiais usados no recetáculo de resíduos;
 Anotar o procedimento no processo de enfermagem, observando a condição de
ambos os olhos;

Nota: Se ambos os olhos estiverem infetados, devido ao risco de infeção cruzada,


utilizar materiais individualizados de limpeza, um para cada olho, bem como, mudar de
luvas com respetiva higiene das mãos, antes do procedimento, em cada olho.

Cuidados com as Unhas

Materiais/Equipamentos:
Taça; corta-unhas ou tesoura (se disponível); lixa de unhas; loção ou creme de acordo com
a preferência do doente; Toalhas; material para desinfetar as unhas, recetáculo de recolha de
resíduos.

Procedimento:
 Explicar o processo ao utente, para obter o consentimento e colaboração;
 Realizar este procedimento na sequência do banho, se possível, deixando
amolecer as unhas numa bacia;
 Inspecionar as mãos, dedos e unhas, observando todos os sinais de
ressecamento e a condição das unhas e cutículas;
 Limpar as unhas enquanto os dedos estão em imersão;
 Retirar os dedos da taça e secá-los cuidadosamente;
 Cortar as unhas seguindo o formato normal das mesmas. Pode aparar as unhas
fazendo movimentos suaves com a lixa de unhas;
 Aplicar o creme ou loção para hidratar;
 O corta-unhas e/ou tesura do utente deve ser limpo, passado por álcool a 70º e
recolocado no respetivo armário ou mesa-de-cabeceira.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


617

12.2 Prevenção dã Infeção nos Cuidãdos ã


Doente com Trãqueostemiã
INTRODUÇÃO

O utente traqueostomizado é por vezes, dependente dos cuidados a prestar e,


também, vulnerável à infeção respiratória, ao mesmo tempo que, pode constituir uma
fonte ou reservatório de transmissão cruzada da infeção/colonização. Por essas razões,
a ação dos profissionais deve primar pela vigilância e monitorização de complicações
e/ou eventos adversos que possam ocorrer, entre os quais, a infeção. Por outro lado, a
ação deve proporcionar um maior nível de independência ao utente seja através de
um maior controle da parte respiratória (exercícios respiratórios, tosse assistida),
assim como da comunicação (utilização de linguagem não verbal). Quando isso não
seja possível dado o estado de dependência do doente, a capacidade de execução dos
procedimentos deve ser de grande qualidade pelo alto impacto que têm sobre o
doente.

OBJETIVOS
Fornecer orientações que permitam melhorar os cuidados aos utentes
traqueostomizados nas UCCI.

Reduzir as IACS associadas aos cuidados de higiene das cânulas de


traqueostomia;

Prevenir a transmissão cruzada da infeção e da colonização;

Proporcionar cuidados seguros aos utentes.

ÂMBITO
Aplica-se em todos os Serviços/Departamentos das Unidades de Cuidados
Continuados afetos à União das Misericórdias Portuguesas, onde sejam prestados
cuidados de saúde a doentes com traqueostomia.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


618

RESPONSABILIDADES
1) Pela implementação do Procedimento:

 Núcleo Local da Comissão de Controlo de Infeção e respetivos membros


dinamizadores.

 Profissionais de saúde, que prestem cuidados ao doente com traqueostomia;

2) Pela revisão do procedimento:

 Núcleo Central da Comissão de Controlo de Infeção

SIGLAS
 CCI-UMP – Comissão de Controlo de Infeção da União das Misericórdias
Portuguesas

 UMP – União das Misericórdias Portuguesas

 UCCI - Unidades de Cuidados Continuados Integrados

DESCRIÇÃO

A traqueostomia é uma abertura cirúrgica realizada na traqueia, onde é inserido um


tubo chamado cânula de traqueostomia, que serve como um atalho para levar o ar até
os pulmões.

Imagem adaptada de : https://www.hcpa.ufrgs.br/downloads/Comunicacao/19_traqueostomia_montado.pdf

Data da última revisão: Dezembro de 2013


619

A traqueostomia está indicada:

 Em pessoas com problemas respiratórios que necessitam de intubação


prolongada, isto é, que respiram por meio de um tubo ligado a aparelhos. Nestas
situações, a traqueostomia substitui o tubo endotraqueal (inserido pela boca ou nariz).

 Em pessoas que têm algum tumor, trauma ou má-formação na garganta que


pode levar a oclusão da traqueia.
Em pessoas com doenças neurológicas que levam a fraqueza muscular, como distrofia
muscular de Duchene, esclerose lateral amiotrófica ou derrame com sequela
neurológica grave.

Nesses casos, a traqueostomia tem o objetivo de manter a via aérea aberta,


garantindo a passagem do ar até os pulmões, facilitando a respiração, proporcionando
maior conforto e segurança e auxiliando na recuperação.

Existe uma variedade de cânulas disponíveis no mercado e vão surgindo sempre


novos dispositivos e tecnologias. No entanto, os mais utilizados são de plástico ou de
metal.

As cânulas de plástico podem ser com ou sem “cuff” e possuem encaixes que
permitem ao doente falar e tomar banho.

A cânula de metal é composta por três partes:

 Externa - que pode ser facilmente retirada para facilitar a limpeza de secreções
que normalmente ali se acumulam;

 Interna - local da entrada do ar para os pulmões e que, portanto, não pode


estar obstruída, pois se isto ocorrer o utente não consegue respirar;

 Obturador - guia utilizado na mudança da cânula - deve ser guardado em local


limpo e seco.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


620

Cânula de plástico com “Cuff” Cânula de plástico sem


“Cuff”

Cânula metálica
Imagem adaptada de : https://www.hcpa.ufrgs.br/downloads/Comunicacao/19_traqueostomia_montado.pdf

Precauções para evitar a transmissão de microrganismos

Os cuidados à traqueostomia incluem a limpeza da cânula interna. A cânula externa


não precisa ser retirada, mas, se esta se exteriorizar acidentalmente, deve ser
recolocada preferencialmente numa unidade de saúde por um profissional com
experiência, especialmente se a traqueostomia tiver sido realizada há pouco tempo.

Mudança da cânula
 Reunir o material necessário:
 Escova comprida tipo escovilhão;
 Cânula interna limpa do mesmo número da que o doente está a utilizar;
 Recipiente para receção da cânula;
 Água oxigenada.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


621

Higienizar as mãos de acordo com os 5 momentos para a higiene das mãos


Colocar luvas
Retirar a cânula interna suja, realizando movimento circular.
Colocar a cânula interna no recipiente.
Colocar no lugar da cânula (interna) retirada, a cânula limpa (de reserva), tendo
a garantia de que esta está posicionada adequadamente.

Limpeza da cânula interna

 Colocar a cânula interna suja num recipiente apropriado.

 Despejar água morna ou água oxigenada e deixar a cânula imersa durante cinco
minutos, para facilitar a saída da matéria orgânica/sujidade.

 Proceder à limpeza da cânula na parte interna, com um escovilhão ou pano


limpo, introduzindo-o por uma extremidade e retirando-o pela outra.

 Enxaguar bem a cânula, escorrer a água e, após secagem, guardar enrolada


numa compressa limpa.


Atenção: É importante que, após a mudança, a cânula suja seja imediatamente
limpa. Assim, esta estará disponível sempre que for necessária.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


622

Mudança da fita de fixação (nastro)

O nastro tem o objetivo de garantir o posicionamento adequado da cânula. Este


deve ser mudado todos os dias ou sempre que estiver sujo.

Se o nastro ficar muito apertado pode magoar o pescoço e, se ficar folgado, a cânula
pode exteriorizar-se acidentalmente quando o doente tosse ou espirra.

A fixação considera-se adequada, se couber exatamente o dedo indicador entre a


fixação e o pescoço.

Na mudança, pode-se utilizar fita de algodão resistente ou nastro.

Retirar as fitas sujas com cuidado e colocar a limpa, fixa lateralmente ao pescoço.
Isso evita desconforto ao deitar e facilita a mudança. Não deve ser dado “laço”.

Imagem adaptada de : https://www.hcpa.ufrgs.br/downloads/Comunicacao/19_traqueostomia_montado.pdf

Atenção: Cuidado quando soltar o nastro, pois se o utente tossir com a cânula
solta, esta exterioriza-se do local. Logo, ao mudar o nastro é recomendado que
outra pessoa mantenha a cânula fixa junto ao pescoço.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


623

Penso

Recomenda-se manter um penso na traqueostomia para proteger a pele e evitar


infeções. O penso deve ser mudado uma vez ao dia, após o banho, ou sempre que
estiver sujo. Durante a mudança do penso, é importante observar as condições da
pele. Se no local da traqueostomia aparecerem secreções com pus, sangue ou odor
característico, deve ser comunicado ao médico.

Mudança do penso

Técnica asséptica nos procedimentos envolvendo o estoma (penso, limpeza do estoma


e aspiração);
Higienizar as mãos de acordo com os 5 momentos
Reunir o material necessário para o penso:
 soro fisiológico 0,9% estéril;
 compressas de tecido não tecido estéreis (não devem ser usadas
compressas de gaze, para evitar risco de penetração de fiapos na cânula ou no estoma
traqueal);
Retirar o penso sujo com a mão e descartar para contentor de resíduos, de
acordo com a política de gestão de resíduos da unidade.
Realizar a limpeza à volta da traqueostomia com compressa humedecida em
soro fisiológico e secar bem.
Caso a instituição disponha, usar um penso específico, como o exemplo
ilustrado na imagem abaixo.
Em alternativa, fazer o penso com duas compressas dobradas ao meio, à volta
da cânula ou dobrar a compressa no sentido do comprimento e passa-la à volta da
traqueostomia.
Ao fazer o penso, usar manobras delicadas.
Manter boa higiene na área ao redor da traqueostomia, limpado-a com sabão
neutro e água limpa, cuidadosamente, pelo menos duas vezes ao dia.
Conservar a pele à volta da traqueostomia hidratada, com creme suave.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


624

Aspirar secreções sempre que necessário.


Atender o portador de traqueostomia colocando-se ao seu lado. Evite deixar o
seu rosto à frente do estoma. O residente pode apresentar episódio de tosse
inesperado.

Imagem adaptada de : https://www.hcpa.ufrgs.br/downloads/Comunicacao/19_traqueostomia_montado.pdf

Atenção: Não utilizar compressas cortadas para evitar que os fios entrem na
traqueostomia.

Odor

Ao manter o penso e a cânula interna de traqueostomia limpos, o odor normalmente não


ocorre. Manter a cânula limpa é uma questão de higiene, bem como, escovar os dentes, lavar
o rosto ou tomar banho.

Banho

O utente poderá tomar banho de chuveiro e de banheira, mas com cuidado.

No banho de chuveiro, deve ser protegida a cânula, de modo a evitar que entre água pela
mesma. Os utentes mais debilitados devem ser acompanhados neste cuidado de higiene.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


625

Alimentação

O utente poderá comer e beber o que gostar, de acordo com a sua situação clinica,
exceto se estiver a ser alimentando por sonda mesogástrica ou por gastrostomia.
Nestes casos, devem ser seguidas as orientações fornecidas pelo nutricionista.

É importante manter uma alimentação saudável, que inclua frutas, verduras e


legumes.

É necessário que o utente coma em posição sentada e não se deite após a refeição.

Uma atitude adequada durante as refeições é fundamental, ou seja, deve-se evitar


que o utente converse ou se distraia, pois, eventualmente, poderá mais facilmente
engasgar-se.

Sentar-se à mesa, mastigar pequenas porções, deglutir toda a porção antes de


colocar uma nova e não elevar a cabeça ao engolir. Contribuem para deglutições
seguras e evitam que algum resíduo “caia” na traqueia.

A hidratação também é importante, mas deve-se dar preferência a água ou sumos


sem açúcar.

O consumo de líquidos auxilia a fluidificação das secreções que saem pela


traqueostomia, mas deve-se ensinar o utente a não beber demasiado rápido, mas sim,
em golos mais pequenos, mantendo a cabeça elevada.

Data da última revisão: Dezembro de 2013


I

13. Referências Bibliográficas

Capítulo 2

APIC, McGeer, Allison et al: “Definitions of Infection for Surveillance in Long-


term Care Facilities”, 1996;
APIC-HICPAC: “Surveillance Definitions for Home Health Care and Home Hospice
Infections”, February 2008;
CDC, Siegel Jane D. et al, “Guideline for Isolation Precautions: Preventing
Transmission of Infectious Agents in Healthcare Settings”. The Healthcare Infection
Control Practices Advisory Committee. 2007.
Cremieux A., Fleurette and Fourtillan J. B. “Les antiseptiques: bases
microbiologiques de leur utilization”. Paris (Fr) : SARGET ; 1982. TH 056
ECDC: “Healthcare-associated infections in LTCF: the HALT project”, Annual
network meeting on Healthcare Associated Infection Surveillance, 2009-2010;
Kevin P. High, et al: “Clinical Practice Guideline for the Evaluation of Fever and
Infection in Older Adult Residents of Long-Term Care Facilities”: Update by the
Infectious Diseases Society of America. IDSA Guidelines. 2008;
Nicolle Lindsay E: “Preventing Infections in Non-Hospital Settings: Long-Term
Care”, University of Manitoba, Winnipeg, Canada. Emerging Infectious Diseases: Vol. 7,
No. 2, March–April 2001; http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/isolation2007.pdf
Roque, Andreia, Bugalho António e Vaz Carneiro António: “Manual de
Elaboração, Disseminação e Implementação de Normas de Orientação Clínica”. Centro
de Estudos de Medicina baseada na Evidência (CEMBE). Faculdade de medicina,
Universidade de Lisboa. 2007.
Société Française D’Hygiène Hospitalière, “Le Manuel du Clin”, revista
“HYGIENES”, volume IX - n.º 2. 2001
SHEA/APIC, Smith, Philip W. Et al. “Guideline: Infection Prevention and Control
in the Long-Term Care Facility”, infection control and hospital epidemiology”.
September 2008, vol. 29;
II

Smith Philip W. et al: “Infection Prevention and Control in the Long-Term-Care


Facility”. SHEA/APIC. Infection Control and Hospital Epidemiology .September 2008,
vol. 29, nº. 9;
The Canadian Committee on Antibiotic Resistance: “Infection Prevention and
Control Best Practices for Long Term Care, Home and Community Care including
Health Care Offices and Ambulatory Clinics”. June, 2007;
The Joint Commission: “Survey Activity Guide for Healthcare Organization”.
2010

Capítulo 3

Centro Hospitalar Lisboa Norte: “Manual de Colheitas do Serviço de Patologia


Clínica”. 1.ª Edição: Julho de 2007. 2.ª Edição. Fevereiro de 2008.
INSA: “Orientações para a elaboração de um manual de boas práticas em
bacteriologia”. (disponível no site oficial da DGS - microsite do PNCI). 2004
Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E, Laboratório de Microbiologia: “Manual de
Procedimentos para Microbiologia Clínica”. 2010

Capítulo 4

Capítulo 4.4.1

ADA, “Accessibility guidelines for buildingd and facilities”. 2002.


Aerobiological engineering & AirSecurity Specialists,“Designing a New State-of-
the-art Isolation Room”, 2006.
American Institute of Architects, Committee on Architecture for Health with
assistance from the U.S. Department of Health and Human Services: “Guidelines for
design and construction of Hospital and Health Care Facilities”, 143 p., 2001.
ACSS: “Recomendações e Especificações Técnicas do Edifício Hospitalar”. ISSN:
1646-9933. 2011
III

ACSS: “Recomendações Técnicas para Serviço de Medicina Física e


Reabilitação”. ISSN: 1647-8568. JUN 2011
ACSS: “Recomendações Técnicas para Instalações e Equipamentos Sanitários”.
ISSN: 1647-8568. Agosto 2010
ACSS: “Recomendações Técnicas para Unidades de Internamento”. ISSN:
1647-8568. Setembro 2011
CDC: “Guidelines for Environmental Infection Control in HealthCare Facilities”.
CDC, MMWR, June 6, 2003.
Carlos Piteira: “Qualidade do ar interior em edifícios hospitalares”. 2009
NHS Estates, “Infection Control in the built environment, Design and
Planning”, ISBN 0-11-322066-3, 2002.
PREMIER, “Construction – Infection Control Risk Assessment”, 2006.

Capítulo 4.4.2

ACES Pinhal Norte 1: “MANUAL DE PROCEDIMENTOS DE HIGIENIZAÇÃO E


LIMPEZA EM CONTROLO DE INFECÇÃO”. 2010.

Baltar, Carmo e Moreira, Carla: “A higienização das instalações dos Centros de


Saúde no contexto da prevenção e controlo da infeção”. ARSLVT. Fevereiro de 2009
CDC: “Guideline for hand hygiene in health- care settings: recommendations”.
MMWR, 51 (RR-16), 1-45. Acedido em Maio,18, 2009. Disponível em:
http://www.cdc.gov/mmwr/PDF/rr/rr5116.pdf

Direcção-Geral da Saúde: “Programa Nacional de Prevenção e Controlo da


Infeção Associada aos Cuidados de Saúde”. Lisboa. 2007
Direcção-Geral da Saúde: “Higienização do Ambiente nas Unidades de Saúde –
Recomendações de Boa Prática”. Lisboa.2007
Fernandes A. Tadeu: “Infeção Hospitalar e suas interfaces na área da saúde”.
Vol. II, Atheneu. São Paulo. 2000
NHS: “Management of Blood and Body Fluid Spillages”. November 2008.
NHS: “Standard Infection Control Precautions (SICPs) Policies”. April 2009.
IV

PNCI/DGS: “Higienização do ambiente nas Unidades de Saúde”. Disponível no


microsite do PNCI: Sítio oficial da DGS. 2005.
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa: “Manual de Gestão da Qualidade para
Lares de Idosos”. Projeto Qual_Idade (Sede). Gabinete de Projetos Inovadores. Direção
de Acção Social. 2004
Vasconcelos, Maria da Conceição Gomes: “ Boas Práticas nas Unidades
produtoras de Refeições das Instituições de Longa permanência para Idosos em
Município da Região metropolitana do Recife”. 2009
Reis, Lourdes, Macedo, Marta e Caroço, Teresa: “Norma 6 – Higienização
Hospitalar 2ª Revisão”. CCI do Centro Hospitalar de Castelo Branco.
Rutala William A, et al: “Guideline for Disinfection and Sterilization in
Healthcare Facilities”. CDC/ (HICPAC), 2008. Disponível em:
http://www.cdc.gov/mmwr/PDF/rr/rr5116.pdf

Capítulo 4.4.3

Declan J. Bolton, B.Sc., Ph.D.,Grad. Dip. (Business), Bláithín Maunsell,B.Sc.,


Ph.D.: “Guia para Controlo da Segurança Alimentar em Restaurantes Europeus”. The
Food Safety Department, Teagasc. The National Food Centre, Ashtown. Dublin 15,
Republic of Ireland. www.eu-rain.com.
Mário António Fonseca Loureiro: “Código de Boas Práticas de Segurança
Alimentar (HACCP) na Restauração Temporária”. Julho 2009
Ministério da Saúde: “Profissionalização dos Auxiliares de Enfermagem”.
Cadernos do aluno. 2.ª edição. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Brasília. 2003
Pereira Gonçalves, Maria Salomé R.“Higiene e Segurança Alimentar em
Cantinas Hospitalares e Satisfação dos Utilizadores”. Universidade de Coimbra.
Faculdade de Medicina. Setembro 2009
Paulo Batista e Christine Antunes: “Higiene e segurança alimentar na
restauração”. Editor ForVisão. ISBN: 972-99099-8-9
V

Rosete, Carlos: “Manual de Boas Praticas de Higiene e Seguranca Alimentar”.


UAC PENSAR de Penacova. 2009
UE: “REGULAMENTO (CE) n.o 852/2004 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO
CONSELHO de 29 de Abril de 2004 relativo à higiene dos géneros alimentícios”.
25.6.2004 PT Jornal Oficial da União Europeia L 226/3
República Federativa do Brasil e ABRASEL: “Guia de Boas Práticas para Serviços
de Alimentação”. ABRASEL. 2006

Capítulo 4.4.4

AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE e DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE: “Plano


Estratégico dos Resíduos Hospitalares 2011- 2016” (PERH 2011- 2016)
www.apambiente.pt/_cms/view/page_doc.php?id=47
AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE. (2008). Guia de Acompanhamento da
Gestão de Resíduos na Administração Pública.
Annette Prüss, E. Giroult, P. Rushbrook (eds.). “Safe Management of Wastes
from Health-Care Activities”. WHO. Geneva. 1999)
Fábio Dinis Eiras Gonçalves: “Resíduos Sólidos Hospitalares “.INSTITUTO
POLITÉCNICO DA GUARDA- ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DA GUARDA. Póvoa de
Varzim2006
LIPOR - SERVIÇOS INTERMUNICIPALIZADOS DE GESTÃO DE RESÍDUOS DO
GRANDE PORTO. (2009). Guia para uma Gestão Sustentável dos Resíduos . LIPOR.
Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento
Regional: “ DL 178/2006, de 5 de Setembro 2006. Diário da República núm. 171, 05 de
Setembro de 2006 › Serie I
Universidade de Lisboa: “Guia de Boas Práticas de Gestão dos Resíduos”. Área
de Sustentabilidade. SERVIÇOS PARTILHADOS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA.
VI

Capítulo 4.4.5

Álvares, Claúdia et al: “Processamento de Roupas de Serviços de Saúde


Prevenção e controle de riscos”. Série Tecnologia em Serviços de Saúde. ANVISA. 1.ª
edição. 2009
Divisão de Serviços de Saúde, Centro de Vigilância Sanitária: “Manual de
Lavanderia Hospitalar”. Brasília Centro de Documentação do Ministério da Saúde.
1986
DGS: “Prevenção de infecções Adquiridas no hospital, Um Guia Prático”.
Elaborado pelo PNCI no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Adaptação da
OMS pela Dr.ª Elaine Pina e tradução: Dr.ª Mónica Pina. 2002
Mesiano, Rosa Aires e Lisboa, Teresinha Covas: “Processamento de Roupa em
Serviços de Saúde”. Ucisa@anvisa.gov.br
Nicolle, lindsay E.: “Preventing Infections in Non-Hospital Settings: Long-Term
Care”. University of Manitoba, Winnipeg, Canada. Emerging Infectious Diseases. Vol. 7,
No. 2.Mar–Apr 2001
Rita K. Loriane: “Prevenção e controlo de infecções relacionado ao
processamento de roupas hospitalares”. Ergo Human. Assessoria e Consultoria. 2005.
Fonte.
o Fonte: http://www.cih.com.br/
Smith Philip W. et al: “SHEA/APIC Guideline: Infection prevention and control
in the long-term care facility”. 2008

Oriane Rita Konkewic: “Prevenção e Controle de Infecções Relacionado a


Processamento das roupas hospitalares”.
http://www.cih.com.br/lavanderiahospitalar.htm
Carlos Silva Marques, Cleide Calado de Araújo, Elisangela Sousa Branco: “A
importância da lavanderia no controle da infeção em um hospital de pequeno porte”.
Adélia Aparecida Marçal dos Santos: “Capítulo 10 - Lavanderia Hospitalar e o
Controle de Infeções”.
http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/infec/livro1/cap/cap10.htm
VII

Capítulo 4.4.6

ADA, “Accessibility guidelines for buildingd and facilities”. 2002.


Aerobiological engineering & AirSecurity Specialists,“Designing a New State-of-
the-art Isolation Room”, 2006.
American Institute of Architects, Committee on Architecture for Health with
assistance from the U.S. Department of Health and Human Services: “Guidelines for
design and construction of Hospital and Health Care Facilities”, 143 p., 2001.
PREMIER, “Construction – Infection Control Risk Assessment”, 2006.
NHS Estates, “Infection Control in the built environment, Design and
Planning”, ISBN 0-11-322066-3, 2002.
ACSS: “Recomendações e Especificações Técnicas do Edifício Hospitalar”. ISSN:
1646-9933. 2011
ACSS: “Recomendações Técnicas para Serviço de Medicina Física e
Reabilitação”. ISSN: 1647-8568. JUN 2011
ACSS: “Recomendações Técnicas para Instalações e Equipamentos Sanitários”.
ISSN: 1647-8568. Agosto 2010
ACSS: “Recomendações Técnicas para Unidades de Internamento”. ISSN:
1647-8568. Setembro 2011
Ministério da Saúde: “Recomendações sobre Instalações em Cuidados
Continuados”. DGIES. Agosto 2006. Rev.2

Capítulo 4.4.7

DGS: “Prevenção de infeções Adquiridas no hospital, UM GUIA PRÁTICO”.


Elaborado pelo PNCI no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Adaptação da
OMS pela Dr.ª Elaine Pina e tradução: Dr.ª Mónica Pina. 2002.
Nicolle, lindsay E.: “Preventing Infections in Non-Hospital Settings: Long-Term
Care”. University of Manitoba, Winnipeg, Canada. Emerging Infectious Diseases. Vol. 7,
No. 2.Mar–Apr 2001.
VIII

IFH: “GUIDELINES FOR PREVENTION oF INFECTION AND CROSS INFECTION IN


THE DOMESTIC ENVIRONMENT”. 2002
MELLO, Dirceu Raposo: “Resolução RDC nº 52/2009 - SERVIÇO CONTROLE DE
PRAGAS (DEDETIZAÇÃO) - FUNCIONAMENTO - NOVAS REGRAS - ADEQUAÇÃO EM
180 DIAS”. 2009.
RENTOKIll: “Guias para Pragas e Problemas de Pragas Comuns”.

Capítulo 4.5

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 8 de 27 de Fevereiro de 2009.


“Medidas para redução da ocorrência de infeções por Micobactérias de Crescimento
Rápido”. MCR. Brasília: ANVISA, 2009.
Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria ANVISA: “Segurança do Paciente em
Serviço de Saúde: Limpeza e Desinfecção de Superfícies”. Brasília 2010
Hoffman, Peter; Btadley, Christina; Ayliffe, Graham: “Disinfection in
healthcare”. 3ª edição. Blackwell Publishing. 97 pp. 2004.
Lúcia, Margarete dos ReisI; Bruno Ribeiro RabelloII; Claudia RossIII; Lucio Mauro
Rocker dos SantosIV: “Avaliação da atividade antimicrobiana de antissépticos e
desinfetantes utilizados em um serviço público de saúde”. Associação Brasileira de
Enfermagem. Rev. ras.enferm. vol.64 no.5 Brasília Sept./Oct. 2011.
 http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672011000500011
Rutala A., et al. “Guideline for Disinfection and Sterilization in Healthcare
Facilities”. CDC/HICPAC. 2008
Hospital de Santa Maria: “Norma n.º 12/2006 – Política de utilização de anti-
sépticos”. Comissão de Controlo de Infeção. 2006
DIRECTIVE 98/8/EC OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL of
16 February 1998. concerning the placing of biocidal products on the market
BIOCIDAL PRODUCT-TYPES AND THEIR DESCRIPTIONS AS REFERRED TO IN
ARTICLE 2(1)(a) OF THIS DIRECTIVE. L 123/48 EN Official Journal of the European
Communities 24.4.98
IX

Capítulo 4.6

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 8 de 27 de Fevereiro de 2009.


“Medidas para redução da ocorrência de infeções por Micobactérias de Crescimento
Rápido”. MCR. Brasília: ANVISA, 2009.
Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria ANVISA: “Segurança do Paciente em
Serviço de Saúde: Limpeza e Desinfeção de Superfícies”. Brasília 2010
Dantas, Solange: “Farmácia e Controlo das Infeções Hospitalares”. Revista
Pharmacia Brasileira nº 80 - Fevereiro/Março 2011
Hoffman, Peter; Btadley, Christina; Ayliffe, Graham: “Disinfection in
healthcare”. 3ª edição. Blackwell Publishing. 97 pp. 2004.
Lúcia, Margarete dos ReisI; Bruno Ribeiro RabelloII; Claudia RossIII; Lucio Mauro
Rocker dos SantosIV: “Avaliação da atividade antimicrobiana de antissépticos e
desinfetantes utilizados em um serviço público de saúde”. Associação Brasileira de
Enfermagem. Rev. bras. enferm. vol.64 no.5 Brasília Sept./Oct. 2011.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672011000500011
• Ministério da Saúde do Brasil. Hospital federal de Bom Sucesso. Comissão de
Controle de Infeção Hospitalar: Rotina D1: Recomendações Para o Uso de
Desinfetantes. Revisão de 2010. Disponível online em:
http://www.hgb.rj.saude.gov.br/ccih/Todo_Material_2010/ROTINA%20D/rotina_d1_r
ecomendacoes_para_o_uso_de_desinfetantes.pdf
Rutala WA, Weber DJ. “Selection and use of disinfectants in healthcare”. In:
Mayhall CG. Hospital Epidemiology and Infection Control, 3rd ed. Philadelphia,
Lippincott Williams and Wilkins, p. 1473. 2004
Rutala A., et al. “Guideline for Disinfection and Sterilization in Healthcare
Facilities”. CDC/HICPAC. 2008
Universidade Federal do Triângulo Mineiro-Comissão de Controlo de Infeção
Hospitalar: “PROTOCOLO DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
OFTALMOLOGIA”. Atualizado em Fevereiro/2012.
http://www.uftm.edu.br/upload/ensino/Protocolo_da_OFTALMOLOGIA.pdf
X

Vania Regina Goveia: “Processamento de Artigos em Serviços de Saúde:


DESINFECÇÃO DE ARTIGOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE - Desinfecção química: o que
posso usar?”. EE/ENB/UFMG. vaniagoveia@ufmg.br
http://www.contagem.mg.gov.br/arquivos/downloads/desinfeccao_quimica.pd
f
Wenzel RP. “Prevention and Control of Nosocomial Infections”. 4º
ed,Philadelphia. Linppincott Willians e Wilkins,p. 542- 574. 2003
Capítulo 4.7

CHLC - GRI 103 - Metodologia de Identificação e Avaliação de Risco


AUSTRALIAN GOVERNMENT: “Risk Management – Principles and Guidelines”.
AS/NZS ISO 31000: 2009. August 2010. [acessível em linha:
http://www.finance.gov.au/comcover/docs/COV_216905_Risk_Management_Fac
t_Sheet_FA3_23082010.pdf
AUSTRALIAN GOVERNMENT: “Risk Management – Principles and Guidelines”.
Australian / New Zealand Standard (Australia/ New Zealand Standard AS/NZS
4360:2004 - Risk Management. 3ªedição Sydney; 31 de Agosto de 2004. [acessível
em linha:
http://www.ucop.edu/riskmgt/erm/documents/as_stdrds4360_2004.pdf
DEPARTMENT of HEALTH VICTORIA: “Patient-centred risk management strategy
for multi-resistant organisms". February 2012.
DGS/PNCI: “- Critérios para Definições de Infeções nos Cuidados de Agudos”. 2012
GRIFFITHS P. et al: “Impact of organisation and management factors on infection
control in hospitals: a scoping review”. Journal of Hospital Infection, 73, 1e14.
2009 (Acessível em linha: www.sciencedirect.com
HEALTH AUTHORITY: “Infection Prevention and Control Manual”. Vancouver
Islands. 2012
JOINT COMMISSION on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO):
“Strategies for the Joint Commission Standards: Infection Control Compliance
Guide”. 3.ª edição. 2009.
XI

MILLAR, M. “Infection control risks”. Division of Infection Barts and NHS Trusts
Journal of Hospital Infection, Vol. 71, pp. 103-107. 2009
NHS: “The Risk Management of HAI: A proposed Methodology for NHS Scotland”.
Consultation Document. 2004. [acessível em linha: www.scotland.gov.uk
TRUJILIANO, Javier et al: “Stratification of the severity of critically ill patients with
classification trees”. Departamento de Ciencias Médicas Básicas, Universidad de
Leida. BMC Medical Research Methodology. BioMed Central. 2009
USAID: “Infection Control Assessment Tool”. 2nd Edition. May 2009

Capítulo 5.1

Jane D. Siegel, MD; Emily Rhinehart, RN MPH CIC; Marguerite Jackson, PhD;
Linda Chiarello, RN MS; The Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee
“, 2007 “Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious
Agents in Healthcare Settings”
William A. Rutala, Ph.D., M.P.H.1,2, David J. Weber, M.D., M.P.H.,and the
Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee (HICPAC), 2008 “ Guideline
for Disinfection and Sterilization in Healthcare Facilities”
Circular Informativa N.º 131 /CA – 02/12/2005 do Infarmed
Ofício-circular 2463 –28/02/2007 da DGS
Circular Informativa N.º 079/CD – 2010-05-17 do Infarmed
Centro Hospitalar Lisboa Norte “Recomendações para a Descontaminação de
Materiais”

Capítulo 6.1

Tambyah, Paul A. et al: “A prospective study of Pathogenesis of catheter-


associated urinary tract infections”, Mayo Clin Proc, 1999; 74:131-136.
Gould, C.V., et al., Guideline for prevention of catheter-associated urinary tract
infections 2009. Infect Control Hosp Epidemiol. 31(4): p. 319-26.
XII

http://www.premierinc.com/quality-safety/tools-
services/safety/topics/guidelines/downloads/CAUTI_Guideline2009final.pdf
Department of Health, EPIC Guidelines: “Guidelines for preventing infections
associate with the insertion and maintenance of short-term indwelling urethral
catheters in acute care"” Journal of Hospital Infection (2001) 47 (supplement): S39-S46
e S5- S9.(http://www.idealibrary.com)
National Institute for Clinical Excellence, with collaboration from Thames Valley
University under the auspices of the National Colabborating Centre for Nursing and
Supportive Care "Prevention of Healthcare-Associated Infection in Primary and
Community Care", Clinical Guideline 2, ISBN: 1-84257-303-9, pag:1-46, 19 de Junho
de2003,(www.nice.org.uk)
Dieckhaus, Kevin and Garibaldi, Richard:"Prevention of Catheter-Associated
Urinary tract infections”, in Saunders Infection Control reference Services, CDC
Guidelines,cap.19,pag:169-174, ISBN 0-7216-6443-1, 1998.
Pina, Elaine: "Estudo Nacional de Incidência de Infecção Urinária", Projecto
de Controlo de Infecção, IGIF,1992.
Pina, Elaine: "Estudo Nacional de Prevalência de Infecção", Projecto de
Controlo de Infecção, IGIF,1993.
Pina, Elaine: “Inquérito de Prevalência de Infecção”, relatório preliminar, PNCI-
INSA, 2003
Maki Denis and Tambyah, Paul: “Engineering out the risk infection withurinary
catheters”, in CDC emerging Infectious Diseases (7)2,2001, guideline 19.
http://www.medscape.com/govmt/CDC/EID/2001/v07.n02/e0702.40.maki/e0702.40.
maki-01.html
Kunin,Calvin M.: “Urinary Tract Infections”, in APIC Text of Infection
Control and Epidemiology, 2000, pag:92-1-92-5. (file://E:uritract.htm).
Pina, Elaine, e Silva, M.ª Goreti: “Programa de Vigilância Epidemiológica
das Bacteriémias Nosocomiais”, relatório preliminar, PNCI-INSA, 2002
Lindan, Rosemary et al: “Guideline for Prevention of Catheter-Associated
UrinaryTract Infections”, in APIC Text of Infection Control and Epidemiology,
2000,pag:92A-2 a 92- A10. (file://E:uritract.htm)
XIII

Wong, Eduard et al: “Guideline for Prevention of Catheter-Associated urinary


Tract Infections”, in APIC guidelines, 2000, Pag:2-10 (file://E:uritract.htm).
Recomendações Europeias - HARMONY Guidelines: , “Prevenção da
Infecção Urinária Nosocomial”, 2000-2001.
Gokula RR, Hickner JA, Smith MA. Inappropriate use of urinary catheters in
elderly patients at a midwestern community teaching hospital. Am J Infect
Control 2004 Jun;32(4):196-9.

Munasinghe RL Yazdani H, Siddique M, Hafeez W. Appropriateness of use


of indwelling urinary catheters in patients admitted to the medical service. Infect
Control Hosp Epidemiol 2001;22(10):647-9.
Lo E, Nicolle L, Classen D, Arias KM, Podgorny K, Anderson DJ, et al. Strategies
to prevent catheter-associated urinary tract infections in acute care hospitals. Infect
Control Hosp Epidemiol 2008 Oct;29 Suppl 1:S41-S50.
Saint S, Wiese J, Amory JK, Bernstein ML, Patel UD, Zemencuk JK, et al. Are
physicians aware of which of their patients have indwelling urinary catheters? Am J
Med 2000 Oct 15;109(6):476-80.
Saint S, Lipsky BA. Preventing catheter-related bacteriuria: should we? Can we?
How?
Arch Intern Med 1999 Apr 26;159(8):800-8.
Hooton TM, Bradley SF, Cardenas DD, Colgan R, Geerlings SE, Rice JC, et al.
Diagnosis, prevention and treatment of catheter-associated urinary tract
infection in adults: 2009 International Clinical Practice Guidelines from the Infectious
Diseases Society of America. Clin Infect Dis 2010 Mar 1;50(5):625-63.
Dieckhaus K.D Garibaldi R.A. Prevention of catheter-associated urinary
tract infections. Abrutytn E.Goldman D.A., Scheckler W.E.(eds), editors. Saunders
Infection Control Reference Service. 169-174. 1998. Philadelphia,Saunders Co.
Roe BH, Brocklehurst JC. Study of patients with indwelling catheters. J Adv Nurs
1987 Nov;12(6):713-8.
Newman DK. Internal and external urinary catheters: a primer for clinical
practice.
XIV

Ostomy Wound Manage 2008 Dec;54(12):18-35.


Talja M, Korpela A, Jarvi K. Comparison of urethral reaction to full silicone,
hydrogen- coated and siliconised latex catheters. Br J Urol 1990 Dec;66(6):652-7.
Lopez-Lopez G, Pascual A, Martinez-Martinez L, Perea EJ. Effect of a siliconized
latex urinary catheter on bacterial adherence and human neutrophil activity. Diagn
Microbiol Infect Dis 1991 Jan;14(1):1-6.
Pratt RJ, Pellowe CM, Wilson JA, Loveday HP, Harper PJ, Jones SR, et al. epic2:
National evidence-based guidelines for preventing healthcare-associated infections in
NHS hospitals in England. J Hosp Infect 2007 Feb;65 Suppl 1:S1-64.
World Health Organisation. Guidelines on Hand Hygiene in Healthcare. 2009.
Ref Type: Online Source.
McCann M. Hennigan M, Hawshaw S. Nurse’s knowledge of infection
control measures preventing urinary tract infections in catheterised patients.
Proceedings of the 26th International Nursing and Midwifery Research Conference,
Dublin, February 2007.
Meddings J, Rogers MA, Macy M, Saint S. Systematic review and meta-analysis:
reminder systems to reduce catheter-associated urinary tract infections and urinary
catheter use in hospitalized patients. Clin Infect Dis 2010 Sep 1;51(5):550-60.
Garner JS, Jarvis WR, Emori TG, Horan TC, Hughes JM. CDC definitions for
nosocomial infections, 1988. Am J Infect Control 1988 Jun;16(3):128-40.
Rosenthal VD, Maki DG, Jamulitrat S, Medeiros EA, Todi SK, Gomez DY, et al.
International Nosocomial Infection Control Consortium (INICC) report, data
summary for 2003-2008, issued June 2009. Am J Infect Control 2010 Mar;38(2):95-104.
Weber DJ, Brown V, Huslage K, Sickbert-Bennett E, Rutala WA. Device-
related infections in home health care and hospice: infection rates, 1998-2008. Infect
Control Hosp Epidemiol 2009 Oct;30(10):1022-4.
Venkatram S, Rachmale S, Kanna B. Study of device use adjusted rates in health
care-associated infections after implementation of “bundles” in a closed-model
medical intensive care unit. J Crit Care 2010 Mar;25(1):174-8.
XV

Babcock HM, Zack JE, Garrison T, Trovillion E, Jones M, Fraser VJ, et al.
An educational intervention to reduce ventilator-associated pneumonia in an
integrated health system: a comparison of effects. Chest 2004 Jun;125(6):2224-31.
Warren DK, Zack JE, Mayfield JL, Chen A, Prentice D, Fraser VJ, et al. The effect
of an education program on the incidence of central venous catheter-associated
bloodstream infection in a medical ICU. Chest 2004 Nov;126(5):1612-8.

Capítulo 6.2

ANVISA: “Orientações para Prevenção de Infeção Primária de Corrente


Sanguínea”. 2010
CDC/ HICPAC: “Guidelines for the Prevention of Intravascular Catheter-Related
Infections”. 2011
DGS: “Prevenção da Infeção Nosocomial Associada a Dispositivos
Intravasculares”. 2006

Capítulo 6.3
Aranha, Luis F. et al: “Trato Respiratório: Critérios Nacionais de Infecções
relacionadas à Assistência à Saúde: ANVISA - Unidade de Investigação e Prevenção das
Infecções e dos Eventos Adversos”. Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de
Saúde – GGTES. 2009
Berquó, Laura S.: “Utilização de medicamentos para tratamento de infecções
respiratórias na comunidade”. Rev.Saúde Pública, vol.38 no.3 São Paulo, Junho 2004
DGS: “Norma n.º 045/2011 “Antibioterapia na pneumonia adquirida na
comunidade em adultos imunocompetentes”. 2011
Froes F. et al. “Documento de consenso sobre pneumonia nosocomial”.
Revista
Portuguesa de Pneumologia, 2007; Volume 13; nº
3. Manual Internacional da Qualidade CHKS/HAQU, 2010:
XVI

Menezes, Fernando Gatti et al: “Protocolo de condutas na avaliação de


infecções de vias aéreas inferiores no idoso em instituição de longa permanência”.
Albert Einstein Hospital. Junho 2010.
Mylotte JM.: “Nursing Home-Acquired Pneumonia: Update on Treatment
Options. Drugs Aging”. 2006; 23(5): 377 – 90
Richards CL. “Preventing Antimicrobial-Resistant Bacterial Infections Among
Older Adults in Long-term Care Facilities”. J .Am. Med .Dir. Assoc. 2005; 6: 144 – 51.
Rogério,Rufino: “Pneumonia adquirida no hospital-Visão crítica”. Rev.Hosp.Univ. Pedro
Ernesto. Acedido em 19/01/2011.
http://www.lampada.uerj.br/revistahupe/images/revista/Ano9_JulDez2010/artigo_3.
pdf Sociedade Paulista de Infectologia: “Directrizes sobre pneumonia associada
a ventilação mecânica”. Editora Office. 2006
Tablan O.C. et al. «Guidelines for preventing health-care-associated
pneumonia: recommendations of the CDC and the Healthcare Infection Control
Practices Advisory Committee”. MMWR Recommendation Report 2004; 53 (RR03): 1-
36.

Capítulo 6.4
World Health Organization: “Prevenção das infeções adquiridas no hospital –
um guia prático”. WHO. 2002
Roy. In: Wenzel RP. “Prevention and Control of Nosocomial Infections”. 4th ed,
2003, chapter 25; Leape. N Engl J Med 1991; 324:377-84. Kirkland. Infect Control Hosp
Epidemiol 1999;20: 725-30.)
Jacqui Reilly, Peter Christie: “Preventing and Controlling Healthcare-associated
Infections in Europe”. NHS Quality Improvement Scotland. Glasgow Caledonian
University.Touchbriefings. 2009).
Centers for Disease Control and Prevention (cdc): “Guidelines for prevention of
surgical site infection”, 1999. Hospital Infection Control Practices Advisory Committee.
American journal of infection control, 27(2): 250-277,1999.
CDC: “Surgical Site Infection (SSI) Event”. Procedure-associated Events. 2010.
XVII

NHS /NICE: “Surgical site infection prevention and treatment of surgical site
infection”. NICE Clinical Guideline 74. October 2008.
Ilker Uçkay, Didier Pittet et al: “Preventing Surgical Site Infections: Preventing
SSI”. Medscape Nurses. Expert Rev Anti Infect Ther. 2010;8(6):657-670. Acedido em
15/02/2011 no site: http://www.medscape.com/viewarticle/723601_4

Capítulo 7.1

APIC: “Guide to the Elimination of Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus


(MRSA) Transmission in Hospital Settings”. An APIC Guide. 2nd Edition”. 2010
APIC: “Guide to the Elimination of Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus
(MRSA) in the Long-Term Care Facility”. An APIC Guide. 2009
Alvarez Carlos et al: “Prevention strategies for methicillin-resistant
Staphylococcus aureus (MRSA) in Latin America”. Brazil J Infect Dis 2010; Vol 14 (Suppl
2):S107-S118
Brantley, Mary D. M.P.H., et al: “General Recommendations for Long-Term Care
Facilities – MRSA Recommendations”. Georgia Department of Human Resources. 1991
CDC/HICPAC: “Guideline “Management of Multidrug-Resistant Organisms in
Healthcare Settings”. The Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee
(HICPAC). 2006 http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/ar/mdroGuideline2006.pdf
CDC: “Guideline for isolation precautions: preventing transmission of infectious
agents in healthcare settings”. 2007.
http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/guidelines/Isolation2007.pdf
Hospital de São Marcos Braga: “Procedimento para a Prevenção e Controlo da
Infecção transmitida por Staphylococcus aureus meticilina-resistente”. Código
PRO.435.HB.345. 30711/2009.
Healthcare Epidemiology of America (SHEA) and the Infectious Diseases Society
of America (IDSA): “Strategies to prevent transmission of methicillin-resistant
Staphylococcus aureus in acute care hospitals”. HAI Compendium guides. 2008
XVII
I

Public Health Agency of Canada: “Infection Prevention and Control Best


Practices for Long Term Care, Home and Community Care including Health Care Offices
and Ambulatory Clinics”. June, 2007
PICNet Provincial Infection Control Network of British Columbia: “ Antibiotic
Resistant Organisms Prevention and Control Guidelines”. November 2008.
The Institute for Healthcare Improvement’s (IHI): “Getting Started Kit: Reduce
Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus (MRSA) Infection How-to Guide.” 5 Million
Lives” Campaign. 2006 http://www.ihi.org/ih

Capítulo 7.2

CDC Clostridium difficile Excert: Guideline for Environmental Infection Control


in Health-Care Facilities, 2003.
http://www.cdc.gov/HAI/organisms/cdiff/Cdiff_excerpt.html
Publicação “Infection control & hospital epidemiology”, volume 29, supplement
1, Outubro 2008
2007 Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious
Agents in Healthcare Settings.
http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/isolation2007.pdf
Management of Multidrug-Resistant Organisms In Healthcare Settings, 2006
SHEA Position Paper - Clostridium difficile in Long-Term–Care Facilities for the
Elderly - 2002
SHEA – IDSA Guideline Clinical Practice Guidelines for Clostridium difficile
Infection in Adults: 2010 Update by the Society for Healthcare Epidemiology of
America (SHEA) and the Infectious Diseases Society of America (IDSA) Maio 2010.
CDC Clostridium difficile Excert: Guideline for Environmental Infection Control
in Health-Care Facilities, 2003.
http://www.cdc.gov/HAI/organisms/cdiff/Cdiff_excerpt.html
XIX

Capítulo 7.3

Albert Einstein Hospital: Gatti de Menezes, Fernando; da Silva P. Correa,


Vanessa Maria; Luci Correa; Jacyr Pasternak. “Protocolo de Avaliação e Controle dos
Casos de Escabiose no Residencial Israelita Albert Einstein”. Versão eletrônica
atualizada em Junho 2010
Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria ANVISA: “Segurança do Paciente em
Serviço de Saúde: Limpeza e Desinfecção de Superfícies”. Brasília 2010
Andersen BM, Haugen H, Rasch M, Haugen AH, Tageson A. “Outbreak of scabies
in Norwegian nursing homes and home care patients: control and prevention”. J Hosp
Infect. 2000; 45: 160 – 64.
Larrosa A, Cortés-Blanco M, Martinez S, Clerencia C, Urdániz LJ, Urbán J, et al.
“Nosocomial outbreak of scabies in a hospital in Spain. Eurosurveillance”. 2003; 8: 199
– 203.
Leone PA. “Scabies and Pediculosis Pubis: An Update of Treatment Regimens
and General Review”. Clin Infect Dis. 2007; 44: S153 – 59
Lúcia, Margarete dos ReisI; Bruno Ribeiro RabelloII; Claudia RossIII; Lucio Mauro
Rocker dos SantosIV: “Avaliação da atividade antimicrobiana de antissépticos e
desinfetantes utilizados em um serviço público de saúde”. Associação Brasileira de
Enfermagem. Rev. bras. enferm. vol.64 no.5 Brasília Sept./Oct. 2011.
 http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672011000500011
Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de
Dermatologia Sanitária: “Dermatologia na Atenção Básica de Saúde”. Brasil. Cadernos
de Atenção Básica Nº 9. Série A - Normas de Manuais Técnicos; n° 174. 2002
Richards CL. “Infection Control in Long-Term Care Facilities”. J. Am. Med. Dir
Assoc. 2007; 8: S18 – 25.
Tsutsumi M, Nishiura H, Kobayashi T. “Dementia-specific risks of scabies:
Retrospective epidemiologic analysis of an unveiled nosocomial outbreak in Japan from
1989 – 90.” BMC Infectous Diseases 2005; 5: 1 – 7.
Zafar AB, Beidas SO, Sylvester LK. “Control of Transmission of Norwegian
Scabies”. Infect Control Hosp Epidemiol. 2002; 23: 278 – 79.
XX

Hospital Universitário prof. Dr. Polydoro Ernani de São Thiago – HU: “GUIA
BÁSICO DE PRECAUÇÕES, ISOLAMENTO E MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES
RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE”. 2012-2013.

Capítulo 7.4

ANVISA: “Investigação e Controlo de Bactérias Multirresistentes”. Maio de 2007.


http://www.professores.uff.br/jorge/manual%20_controle_bacterias.pdf
Archer, Joane et al (working group). “Gastrointestinal Infection Outbreak -Guidelines
for Healthcare Facilities”. PICNet: British Columbia provincial Infection Control
network. June 2010. Acedido em:
http://www.picnetbc.ca/sites/picnetbc2/files/Guidelines/PICNet_GI_Outbreak_Guideli
nes_June_2010.pdf
British Columbia Medical Association: “Infectious Diarrhea –Guideline for Ordering
Stool Specimens”. Guidelines and Protocols Advisory Committee. March 2009. Acedido
em: http://www.bcguidelines.ca/guideline_diarrhea.html
CHRISP: “Outbreak Management Guidelines: Queensland Health Guideline for the
Management of Outbreks of Communicable Disease in Health facilities”. 2009. Acedido
no site: http://www.health.qld.gov.au/chrisp/ic_guidelines/appendix_P1.pdf
Gomes, Susie Marie et al: “Informe Técnico N.º 2 – Medidas para a Interrupção de um
Surto de Infeção por MCR e Ações Preventivas”. ANVISA. Fevereiro de 2007
IDSA/CDC Health Advisory: “CDC Investigation: CDC Investigation and Interim
Recommendations: Outbreak of Salmonella Typhimurium Infections -- United States,
2008-2009”. January 17, 2009
Jenny Boyce: “Infection Control Outbreaks Guidelines”. NHS. Policy PROV 19.
July 2010
Menezes, Fernando Gatti et al: “Surto de infecção por norovírus em instituição
de longa permanência no Brasil”. einstein. 2010; 8(4 Pt 1):410-3. 4/10/2010. Acedido
em:
http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/1779-Einsteinv8n4_pg410-
413.pdf
XXI

NHS/Primary Care Trust : “Management of Outbreaks of Infection policy”.


January 2008
Pina, Elaine: “Plano de Intervenção na Possibilidade ou Suspeita de Surto”.
DGS/PNCI. 2004
Pina, Elaine: “Investigação de um surto”. Texto cedido durante o Curso Básico
de Controlo de Infeção para Coordenadores e Enfermerios das CCI. INSA. 2005
Toscano, Cristina: “Investigação de Surtos de Infecção Hospitalar e
Implementação de Medidas de Contrôle ». Universidade de São Paulo.
www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/aula_4.ppt

Capítulo 8

Centro Hospitalar Lisboa Norte: “Manual de Colheitas do Serviço de Patologia


Clínica”. 1.ª Edição: Julho de 2007. 2.ª Edição. Fevereiro de 2008.
INSA: “Orientações para a elaboração de um manual de boas práticas em
bacteriologia”. (disponível no site oficial da DGS - microsite do PNCI). 2004
Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E, Laboratório de Microbiologia: “Manual de
Procedimentos para Microbiologia Clínia”. 2010

Capítulo 10

CHLC: Procedimento multissetorial CIH 108 – “Controlo de infeção nos Cuidados


pós- mortem”. 2009
Department of Health: “Prevention and control of infection in care homes–an
information resource”. 2013
DGS/ DQS/PNCI: "Precauções Basicas". 2013
Health and Safety Executive: “Controlling the risks of infection at work from
human remains”. 2005. Acesso em: www.hse.gov.uk/pubns/web01.pdf
Health Protection Agency: “The Infections Hazards of Human Cadavers”. 2004
(acesso em: www.hpa.org.uk)
Healthcare Epidemiology Policies and Procedures: “Post -Mortem Care”; 2008
XXII

Capítulo 11

Atuação após exposição acidental a material Potencialmente contaminado,


Protocolo de actuação N.º 4 do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio
Cardo, D.M., Culver D.H., Ciesielski, C.A et al – A case study of HIV
seroconversion in health care workers after percutaneus exposure, N Engl J. Med
1997; 337: 1485-90
Updated US Public Health Service Guidelines for the management of
occupational exposure to HIV and recommendations for postexposure prophylaxis.
MMWR September 30,2005/54(RR09);1-17. www.cdc.gov
Recommendations for identification and Public Health management of persons
with cronic hepatitis B virus infection. MMWR September 19, 2008/57(RR08);1-20.
www.cdc.gov
Clinical management and treatment of HIV infected adults in Europe –
Guidelines from the European Aids Clinical Society, Version 5, November 2012
www.eacs.eu
Recomendações portuguesas para o tratamento da infecção VIH/SIDA –
Coordenação Nacional para a infecção VIH/SIDA – Novembro 2011, www.sida.pt
Postexposure Prophylaxis for HIV Infection - Raphael J. Landovitz, M.D., and
Judith S. Currier, M.D., N Engl J Med 2009; 361:1768-1775, October 29, 2009
HIV PROPHYLAXIS FOLLOWING OCCUPATIONAL EXPOSURE. October 2012
Update - New York State Department of Health AIDS Institute: www.hivguidelines.org

Capítulo 12.1

ACCS: “Manual de Normas de Enfermagem Procedimentos Técnicos”. 2.ª


Edição. 2008. www.acss.min-saude.pt
ALS Association: “Oral Care for the Patient with ALS: A Guide for the Caregiver”.
The ALS Association, 27001 Agoura Road, Suite 150, Calabasas Hills, CA 91301-104.
Revised 2003
XXII
I

 http://www.alsa.org/files/cms/Resources/Oral_Care.pdf

Chan EY, Ruest A, O’Meade M, Cook DJ. “Oral decontamination for prevention
of pneumonia in mechanically ventilated adults: Systematic review and meta-analysis”.
British Medical Journal. 2007;10:1136
IHI: “Implement the Ventilator Bundle: Daily Oral Care with Chlorhexidine”.
Institute for Healthcare Improvement. Acessível em: http://www.ihi.org
Munro CL et al: “Chlorhexidine, tooth brushing and preventing ventilator-
associated pneumonia in critically ill adults”. American Journal of Critical Care. 2009
Márcia Vieira Muniz Araújo et al: “Atuação dos profissionais de enfermagem
nos cuidados com a higiene bucal de idosos institucionalizados em Montes Claros” –
MG”. Rev. APS, Juiz de Fora, v. 13, n. 1, p. 10-17, jan./mar. 2010
Martins, Grasiele Cristina et al: “Higiene Oral: Atuação da equipa de
enfermagem em paciente com déficit no autocuidado”. Revista Enfermagem Integrada –
Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009
Medical Education Division of the Brookside Associates: “Nursing Fundamentals
I: Advanced principles of patient hygiene”. Multimedia edition. 2007
NHS: “Nursing Policy N.º 1.28 - Patient’s Personal Hygiene”. The Royal
Bournemouth & Christchurch Hospitals. NHS Foundation Trust. Quality & Standards
Group Christchurch. PPSG.Nov 2007
Fiona M. Coyer RN et al: “The provision of patient personal hygiene in the
intensive care unit: A descriptive exploratory study of bed-bathing practice”. Australian
College of Critical Care Nurses Ltd. Elsevier. 2010
NHS: “Manual Section A – General Procedure Guidelines - Bed Bath”. North
Glasgow University Hospitals. NHS Division Clinical Procedure
Palaio, Anabela et al: “Cuidados de Higiene ao Doente Internado no Serviço de
medicina Intensiva”.Hospital Infante D. Pedro. Agosto 2001
Pear, Suzanne, RN, PhD, CIC: “CUIDADOS BUCAIS SÃO CUIDADOS CRÍTICOS: O
papel dos cuidados bucais na prevenção da pneumonia adquirida em hospital.”.
Kimberly Clark.
Santos, Ana et al: “CUIDADOS DE HIGIENE AO DOENTE DEPENDENTE NO
DOMICÍLIO”. Hospital Egas Moniz. Serviço de Enfermagem.
XXI
V

WHO: “Routine Daily care for the patient: Bed bath”. Acessível em:
www.pro.who.int

Capítulo 12.2

Instituto Nacional de Câncer: “Orientações à pessoa traqueostomizada”.


Ministério da Saúde. N.º 311. Brasil. 2007
Linhares, Manuela e Silva, Pedro: “Cuidados de Enfermagem ao doente
traqueostomizado”. Serviço de Cirurgia Cardio-torácica do CHVNG
Nobre, Cidália: “Intervenções de Enfermagem à pessoa com
traqueotomia/traqueotomia”. Instituto politécnico de Beja
Hospital de Clinicas Porto Alegre “ Manual de orientações sobre traqueostomia”
- Serviço de Enfermagem Cirúrgica –
https://www.hcpa.ufrgs.br/downloads/Comunicacao/19_traqueostomia_montado.pdf

Potrebbero piacerti anche