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- Conhecendo a Família das Cordas

- Breve história

- A viola

- Principais partes do instrumento


de arco moderno

- A Espaleira

- Cordas - Arco - Breu

- Ajustes e cuidados

- Arcadas - Golpes de arco

- Consciência Corporal - Postura

1º Ciclo

1ª Edição

Julho-2016
Prefácio

Nos últimos anos, tem-se usado uma série de combinações dos mais variados métodos para
o ensino prático dos instrumentos, favorecendo e sugerindo uma aprendizagem mais
individualista, de um modo geral, uma vez que cada instrutor fica livre para utilizar os
métodos que melhor lhe convier em suas aulas e avançar de acordo com o progresso
individual de cada aluno, o que, por conseguinte, pode resultar num corpo musical instável
com pensamentos individualistas. Por isso a essência deste trabalho, é padronizar a
metodologia de ensino e o material didático utilizado pelos instrutores com o foco principal
no hinário, já que, apesar de boa parte dos exercícios serem elaborados com base nos
principais métodos tradicionais da literatura musical de cada instrumento, outra boa parte
dos exercícios será, também, extraída dos próprios hinos, favorecendo e propondo uma
aprendizagem coletiva, uma vez que o avanço dependerá do progresso do grupo de alunos, e
que, por consequência, semeia desde o início, já nas primeiras lições, um pensamento
coletivo, uma das qualidades indispensáveis a qualquer bom corpo musical.
Sumário

Prefácio ............................................................................................................................. 1

Introdução ........................................................................................................................ 3

Conhecendo um pouco sobre as Famílias das Cordas...................................................... 4

Breve história .................................................................................................................... 5

A viola ............................................................................................................................... 8

Principais partes de um instrumento de arco moderno .................................................. 9

Produção sonora nos instrumentos de arco modernos ................................................. 10

Relação de medidas ........................................................................................................ 11

Espaleira.......................................................................................................................... 12

Cordas ............................................................................................................................. 13

O Breu ............................................................................................................................. 14

Ajustes e cuidados .......................................................................................................... 16

O arco.............................................................................................................................. 18

Produção sonora: arcadas e golpes de arco – articulação ............................................. 21

Consciência corporal e seus benefícios .......................................................................... 23

Postura: posicionamento da viola .................................................................................. 25

Empunhadura do arco .................................................................................................... 28

EXERCÍCIO 01 - RITMOS .................................................................................................. 32

EXERCÍCIO 02 – MOTIVOS RÍTMICOS.............................................................................. 33

EXERCÍCIO 03 – MOTIVOS RÍTMICOS.............................................................................. 34

Bibliografia ...................................................................................................................... 37
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Introdução

Estas Bases para o Estudo Prático dos Instrumentos de Arco, não visa formar músicos
profissionais, mas sim proporcionar o desenvolvimento da técnica básica, para a execução de
hinos com perfeição, através da conscientização corporal num contexto geral, como também
da musculatura e articulações envolvidas diretamente no processo de tocar (estudar) um
instrumento de arco, correlacionando-a diretamente com as práticas mais comuns do nosso
dia-a-dia, facilitando, assim, a compreensão e aplicação dos exercícios necessários para o
desenvolvimento dessa técnica.

Busca, também, despertar a curiosidade para que os alunos continuem pesquisando, além de
incentivar a apreciação de obras do repertório específico do instrumento, camerístico e
sinfônico, (gênero intimamente relacionado ao estilo sacro) essencial para a boa formação
musical de qualquer músico, visando apurar os sentidos, principalmente o auditivo, para que
se desenvolva uma sensibilidade musical e senso autocrítico necessários como referência
(estímulo) para que se busque a melhor e mais natural execução musical, através de boa
postura, produzindo o melhor som e afinação.
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Conhecendo um pouco sobre as Famílias das Cordas

Com o passar dos tempos, a crescente evolução dos instrumentos levou ao surgimento de
novos instrumentos, o que resultou em instrumentos que possuíam certo número de
características em comum como, por exemplo, o formato semelhante, o método de produção
do som, entre outras, havendo, assim, a necessidade de separá-los em famílias. A classificação
mais simples divide-os em instrumentos de percussão, de sopros e de cordas, porém essa
classificação é imprecisa em certos casos como, por exemplo, o do piano que é um
instrumento de percussão e também de cordas. Em 1914, Erich von Hornbostel e Curt Sachs
divulgaram um sistema de classificação que procura evitar essas ambiguidades. Nesse
sistema, os instrumentos são classificados, de acordo com o que realmente produz o som, em
aerofones (sopros em geral), idiofones (percussão sem pele em geral), membranofones
(percussão com pele em geral) e cordofones (cordas em geral), que engloba os instrumentos
que serão apresentados a seguir e se divide nas seguintes subcategorias:

- Instrumentos de cordas Pinçadas (Harpa, Violão, Alaúde, Cravo);

- Instrumentos de cordas Percutidas (Piano, Piano forte, Berimbau);

- Instrumentos de cordas Sopradas (Harpa Eólica);

- Instrumentos de cordas Friccionadas, ou família do violino, ou instrumentos de arco (Violino,


Viola, Violoncelo, Contrabaixo);

Nos instrumentos de cordas pinçadas, o som é produzido no momento em que a corda é


tangida com os dedos, unhas ou plectros (um tipo de unha, geralmente de plástico, que
conhecemos hoje em dia como palheta, usada por quem toca violão ou guitarra elétrica, entre
outros);

Já nos instrumentos de cordas percutidas o som é produzido quando a corda é percutida por
um martelo (feito de lã de carneiro, como o que é utilizado no Piano), por uma baqueta, ou
com o próprio arco.

Sobre os instrumentos de cordas sopradas, o som é produzido com a corrente de ar.

Nos instrumentos de cordas friccionadas, a emissão de som acontece, quando as cerdas


(geralmente crina de cavalo) do arco desliza sobre a corda. É interessante ressaltar que as
cerdas são alinhadas em filamentos e, para ficarem mais aderente a corda, precisam ser
revestidas por uma resina chamada breu, que será apresentada logo mais neste trabalho.

Neste livro serão apresentados os instrumentos de cordas friccionadas, que trataremos por
instrumentos de arco e é o foco de estudo deste trabalho.
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Breve história

O nome violino surge como diminutivo da palavra viola derivada do Espanhol vihuela, do
antigo Provençal viol e do latim medieval vitula que tem relação com o verbo vitulari – “estar
em festa, exultar, regozijar-se” – que também originou a palavra, em inglês, fiddle, usada nos
países anglo-saxônicos para identificar, genericamente, todos os antecessores do moderno
violino. O termo ainda é usado atualmente para designar o violino no contexto da música
popular e folclórica. Já na França, a vielle foi o nome genérico de todos os antecessores do
violino, trata-se de um instrumento de cordas friccionadas por arco que surgiu juntamente
com a rebec na Europa medieval entre os sécs. VIII e IX, e ambos foram matrizes donde
derivariam a lira da braccio, um dos principais ancestrais do violino.

Fig. 1 - Vihuela

Fig. 2 - Vielle
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Fig. 4 – Rebec

Fig. 3 - Viol

Fig. 5 – Lira da Braccio


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A palavra viola também foi usada, antes do séc. XVI, para identificar, genericamente, qualquer
instrumento de arco e, até fins do séc. XVI, haviam mais de dez instrumentos com o nome de
viola, entre eles: viola soprano, viola tenor, viola lira ou bastarda, viola baixo ou da gamba
(antecessora do violoncelo), division viol (viola baixo de tamanho menor) e a viola contrabaixo
ou violone (antecessora do contrabaixo) formando a família da viola, que se desenvolveu
antes da atual família do violino, e por esta foi amplamente substituída a partir do séc. XVII;
além das violas d’amore e da braccio, também chamada lira da braccio (da qual resultaram o
violino e a viola modernos). Posteriormente, os italianos adicionaram o sufixo diminutivo cello
à palavra violone (aumentativo de viola) originando o nome violoncello que significa pequeno
violone.

Fig. 6 - Família da viola


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A viola

A viola, como a conhecemos hoje (também conhecida por viola de arco, viola clássica ou
sinfônica, alto – em italiano, bratsche – em alemão, entre outros nomes), teve suas bases do
modelo moderno estabelecidas a partir de meados do séc. XVII pelas famílias Amati, Guarneri
e Stradivari. É o instrumento intermediário entre o violoncelo e o violino na família dos
instrumentos de arco, e a este último se assemelha visualmente (cerca de 7,5cm mais
comprida) e na maneira de se tocar, entretanto tem um timbre caracteristicamente mais
encorpado, doce, menos estridente e mais grave, além de possuir notável poder expressivo
de acento mais suave, recolhido e melancólico; qualidades extremamente emotivas bastante
apreciadas por grandes compositores que escreveram obras muito importantes, tais como o
concerto em sol maior de G. P. Telemann, o concerto de C. Stamitz, as sonatas com piano de
J. Brahms, as suítes para viola solo de M. Reger, os concertos de P. Hindemith, W. Walton e
B. Bartok, entre outras.

Fig. 7 - Comparação entre o violino (acima) e a viola (abaixo)


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Principais partes de um instrumento de arco moderno

O tampo e o fundo, geralmente são construídos com a junção de duas partes simétricas
(mesma largura) de madeira coladas uma na outra, e podemos observar essa junção através
de uma linha central em ambos; é um pouco menos comum, mas não raro, também
encontrarmos fundos construídos em peças inteiras.

Em seu interior encontramos dois blocos em madeira maciça, um na parte superior para
fortalecer o assentamento do braço, e o outro na parte inferior para segurar o botão que
sustenta o rabicho. Há também outros quatro blocos nas laterais na região dos “Cs”C, onde
as madeiras se juntam, que fortalecem essas partes do instrumento. Também podemos
observar: a barra harmônica - uma ripa de madeira (geralmente a mesma utilizada na
construção do tampo) em forma de arco colada por baixo no tampo, do lado esquerdo (lado
das cordas graves), embaixo do pé do cavalete e orientada no sentido das cordas; e a alma -
um cilindro de madeira encaixado verticalmente entre o tampo e o fundo, no lado direito
(lado das cordas agudas) e também na direção, do pé do cavalete, porém posicionada um
pouco mais para trás.

Externamente, além das partes apresentadas na figura abaixo, também temos as cordas, o
cavalete, o estandarte, o rabicho, o apoio do queixo (também conhecido como queixeira).

Fig. 8 - Partes de um instrumento de arco


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Produção sonora nos instrumentos de arco modernos

É possível se produzir sons pinçando as cordas com os dedos, ou até mesmo percutindo-as
com a vareta do arco, mas a maneira mais comum é através da fricção do arco sobre as cordas
que ficam tensionadas e apoiadas sobre o cavalete (ponte) que, por sua vez, capta as
vibrações emitidas e as transmite para o interior da caixa acústica onde a barra harmônica,
que além de fornecer suporte mecânico à estrutura do instrumento, harmoniza essas
vibrações e faz vibrar o tampo harmônico (superior), como se fosse uma membrana (assim
como acontece nos autofalantes) e, por fim, a alma, que além de ligar mecânica e
acusticamente os dois tampos, suportar a força exercida pelas cordas sobre o tampo superior
e distribuir parte desse esforço ao tampo inferior, transmite essas vibrações para o tampo
inferior (que é mais rígido), resultando na vibração de todo o corpo do instrumento de modo
que o som ressoe para fora, sendo que boa parte sai pelos “Efes”f.

Fig. 9 - Cavalete, barra-harmônica e alma Fig. 10 - "Efes", pés do cavalete e alma


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Relação de medidas

Com a crescente popularização desses instrumentos, principalmente após a Revolução


Industrial, onde a mecanização tornou possível a produção em larga escala de todos os
instrumentos, há a necessidade de se ter instrumentos menores que os normais em virtude
das diversas estaturas das pessoas, principalmente quando se trata de crianças. A seguir, uma
tabela comparativa com as medidas mais usuais de violas e arcos.

VIOLA
Tamanho Comprimento da caixa de Ressonância / CM Comprimento do Arco / CM
3/4 35,6 74
4/4 38,0 a 42,0 74

Fig. 11 - Tamanhos de violas


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Espaleira

É um acessório feito de material macio, normalmente uma espuma mais consistente, colado
numa outra parte que pode ser de plástico, madeira, metal, fibra de carbono, entre outros
materiais, e, geralmente, possui formato anatômico, tendo, em suas extremidades, hastes
com regulagem de altura que se encaixam nas bordas inferiores do fundo do instrumento. É
usada pela grande maioria dos músicos violinistas e violistas e serve para apoiar o instrumento
no ombro e diminuir a distância entre o mesmo e o queixo do músico, afim de aliviar a tensão,
no ombro e no pescoço, causada pela necessidade de pressionar a cabeça e levantar o ombro
contra o instrumento para mantê-lo na posição de tocar.

A escolha da espaleira é bastante pessoal e não existe a melhor ou a pior, mas sim aquela que
proporcione o máximo de conforto na hora de tocar. Atualmente há vários modelos de
espaleiras disponíveis no mercado, as mais tradicionais são: a Wolf (Alemã) e a Kun
(Canadense).

Espaleira Kun (Canadense) Espaleira Wolf (Alemã)


Fig. 12 - Tipos de espaleiras
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Cordas

Há uma grande variedade de cordas, que podem ser feitas de fibra vegetal (sisal, cânhamo,
cascas de plantas, tiras de bambu), de fibra animal (cerda, tripa, pele), ou do reino mineral
(bronze, aço, latão, ferro), podendo ainda assumir formas mistas (tripa revestida de prata,
aço forrado com seda e revestido a prata), sendo que estas últimas, as mistas e as do reino
mineral, são as mais comuns usadas hoje em dia nos instrumentos modernos.

O equilíbrio timbrístico do instrumento depende também da qualidade das cordas, caso uma
se rompa, se for substituída somente a que se rompeu, não haverá grande aproveitamento
da corda nova com as cordas mais antigas.

Uma boa corda apresenta bons resultados em instrumentos de qualidade mais elevadas,
porém em instrumentos mais simples, esses resultados não são tão perceptíveis.

Fig. 13 - Imagem de microscopia eletrônica de uma corda Ré ampliada 90x (esq.) e uma corda Lá quebrada
ampliada 200x (dir.). Podemos observar a natureza composta das cordas Lá e Ré do violino, com uma corda
central e um bordão em forma de fita enrolado por cima. Este artifício é utilizado para aumentar a densidade
linear de massa, sem, no entanto, perder flexibilidade nas cordas destinadas a produzir sons graves. As
imagens foram obtidas num equipamento Zeiss do Laboratório de Microscopia Eletrônica, IFSC, USP.
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O Breu

O breu é, basicamente, um composto de uma resina extraída de árvores, e serve para gerar
aderência entre a crina do arco e as cordas, ajudando no manuseio do arco e produzindo
assim o som. Alguns compostos contêm mais álcool que outros, resultando em breus negro,
intermediário e amarelo. Há quem diga que breus mais escuros não produzem tanto pó e são
mais indicados para cordas de aço, que não precisam de um poder de aderência muito forte,
e breus mais claros são mais indicados para cordas sintéticas que exigem uma aderência
maior.
Existem vários tipos de breu e sua escolha, além de muito pessoal, deve considerar aspectos
importantes como, por exemplo, o tipo de corda (alumínio, aço, perlon ou tripa), o clima onde
se toca e até mesmo questões alérgicas.

Fig. 15 - Extração da resina

Fig. 16 - Fabricação do breu


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Fig.17 - Breu claro (amarelo)

Fig. 18 - Breu intermediário (marrom)

Fig. 19 - Breu escuro (negro)


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Ajustes e cuidados

Atualmente muitos instrumentos são produzidos em fábricas, em larga escala, com o uso de
máquinas, o que resulta, em sua grande maioria, instrumentos com sonoridade
desequilibrada e por isso precisam ser ajustados. Para isso é necessário realizar a sonorização
do instrumento, que consiste no ajuste de dois itens essenciais, alma e cavalete (na maioria
dos casos costumam ser trocados), e mais três que, eventualmente, também costumam ser
trocados: pestana e cravelhas em ébano e, mais raramente, a barra harmônica. Levando-se a
um profissional da área (conhecido como luthier ou liutaio) é possível realizar esses ajustes.

O encordoamento do instrumento, bem como a crina do arco devem ser trocados


periodicamente; a escolha das cordas deve ser algo consciente, sendo que a preferência
timbrística do músico tem grande importância. Já a troca da crina do arco deve ser feita por
um profissional da área, o archetier.

Uma pequena observação quanto aos cuidados com o arco: jamais deve ser guardado dentro
de sacos plásticos e, para o mesmo não perder a rigidez estrutural, a crina deve ser afrouxada
toda vez que não estiver em uso.

A crina, assim como nosso cabelo, é composta de várias escamas (invisíveis a olho nu) que,
em contato (atrito) com as cordas a fazem vibrar, por isso, para uma boa utilização do breu,
recomenda-se apertar o arco até o ponto em que a crina não toque na madeira e então passar
o arco sobre o breu (e não o breu sobre o arco), fazendo um movimento, não muito rápido,
de velocidade constante, partindo do talão em direção a ponta do arco e não o contrário.
Assim haverá uma melhor absorção do breu pelas escamas da crina, e o mesmo será
distribuído por igual em todo o arco.

Não existe uma quantidade padrão, pois isso varia de músico para músico e há quem diga que
de 5 a 10 passadas já são suficientes, porém o excesso de breu pode resultar num som
“arenoso” e com apitos. É importante alertar, também, sobre a importância de girar o breu
regularmente a cada passada, afim de evitar que a crina passe sempre no mesmo lugar e abra
uma “vala” no breu, reduzindo, assim, sua vida útil.

É importante conservar o instrumento sempre limpo, e a limpeza consiste em retirar com uma
flanela macia, seca e limpa, as marcas de dedo, resíduos e o pó do breu que ficam espalhados
pelo instrumento, nas cordas e no arco, sempre antes de guardar o instrumento, já que esse
pó se derrete com o calor e cria uma crosta que mancha o instrumento e dificulta a limpeza
posteriormente.

Deixar o instrumento sujo de breu, é sinônimo de falta de higiene, isso sem esquecer que o
pó do breu queima o verniz do instrumento, que tem como função proteger e garantir a
qualidade e vida útil da madeira. Além disso, o acúmulo de resíduos de breu e a sujeira
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resultam impurezas, provavelmente, gerando fungos, além de oxidar as cordas reduzindo o


tempo de vida útil da mesma.
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O arco

Para um estudo consciente e fundamentado precisamos compreender aspectos importantes:


sua origem e seu funcionamento. Ao pesquisar sobre sua origem surge a pergunta: Por que
Arco? Encontramos a resposta na antiguidade, onde músicos faziam uso de um artefato para
produzir som que muito se assemelhava ao arco que era utilizado para arremessar flechas.

Com o passar dos anos o arco sofreu diversas modificações. A grande e revolucionária foi feita
no final do séc. XVIII por François-Xavier Tourte (1747-1835) – archetier – fabricante de arcos,
que, para chegar na atual curvatura do arco moderno, tirou proveito das características únicas
(densidade, robustez, elasticidade) do pau-brasil, hoje universalmente utilizado e conhecido,
também, por pau-pernambuco (este último, nome do estado brasileiro que se supõe ter sido
o lugar onde foi primeiramente encontrado).

Ele curvou a madeira no sentido contrário ao que se usava até então, convexamente, com a
curvatura em direção a crina, gerando, assim, maior tensão e nervura (flexibilidade), e,
consequentemente, multiplicando as possibilidades técnicas dos instrumentos de arco.
“Paganini nunca teria desfrutado um tão grande sucesso sem a madeira de pernambuco”,
assegura Edwin Clément – Archetier francês.

Fig. 20 - Evolução do arco


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Fig. 21 - Estilos de arcos

Fig. 22 - De cima para baixo: arco de violino, viola, cello, contrabaixo francês e contrabaixo alemão

Fig. 23 - Partes do arco moderno

Fig. 24 - Fio da crina de um arco ampliado 1000x


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Desde então, há uma intensa busca por outras madeiras e materiais que também possam ser
usados na construção de arcos, entre eles, atualmente, a fibra de carbono, mas os resultados
não são tão significativos quanto os apresentados pelo pau-brasil, que está cada vez mais
escasso.

O arco tem fundamental importância para os instrumentos de cordas, uma vez que grande
parte da execução musical é feita com o arco. Os músicos mais experientes o consideram
como uma extensão natural do braço direito. Cada detalhe é importante, entre eles, a posição
dos dedos e a função que cada um exerce para um bom controle e domínio das técnicas
básicas de arco. Entender esses detalhes faz parte da conscientização do músico que busca
uma qualidade mais apurada de som.

O músico que toca um instrumento de arco, pode fazer analogia a um artesão que, quando
faz um vaso, dentre os recursos que se utiliza, tem o barro como matéria prima e a roda, que
ele utiliza para trabalhar e dar formas ao barro; de modo semelhante acontece com esse
músico, o som é a sua matéria prima e o arco é o elemento fundamental que ele irá utilizar
para dar formas aos sons que produz.

No tocante à produção sonora com o arco, é importante conhecermos a distinção de dois


termos importantes: Arcadas e Golpes de Arco.
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Produção sonora: arcadas e golpes de arco – articulação

O princípio básico para se produzir som no instrumento, se resume no movimento do arco


sobre as cordas ao se executar arcadas e golpes de arco.

Arcadas: Sinais gráficos que indicam a direção do movimento do arco.

Golpes de Arco: Diferentes combinações de pontos de contato com movimentos verticais


(peso/pressão) e horizontais (velocidade) realizados com o arco ao se tocar uma ou mais
notas. Cada tipo de som resultante dessas combinações representa um tipo específico de
articulação.

Ponto de Contato: Lugar onde a crina encontra-se com a corda. Esse contato pode acontecer
entre o cavalete e o espelho, podendo ser mais próximo ao cavalete ou mais distante
dependendo do tipo de som e articulação pretendidos.

Peso/pressão: É a energia que aplicamos sobre as cordas através do peso do braço sobre o
arco.

Velocidade: Em física é a relação entre um espaço percorrido e o tempo gasto para percorrê-
lo. No caso dos instrumentos de cordas friccionadas, refere-se a rapidez com que o arco é
movimentado sobre as cordas.

Inicialmente, para uma produção sonora ideal, deve-se praticar a combinação destes três
fundamentos sem cessar, buscando sempre manter toda a crina em contato com a corda afim
de se ter uma boa aderência e, alcançando essa boa aderência, descobrir qual o peso e
velocidade ideal para se conseguir um som limpo e constante.

Articulação: é o ato de articular que significa separar, dividir, pronunciar distintamente. Em


música refere-se às diferentes maneiras de se “falar” (tocar, interpretar) com clareza e nitidez
um discurso musical. Cada família de instrumentos usa recursos distintos para criar as
articulações, os instrumentos de arco o fazem através dos golpes de arco.

Os golpes de arco são identificados por sinais gráficos e possuem nomenclaturas como Legato,
Détaché, Staccato, Martelé, entre outras, mas estas aqui mencionadas deverão ser tratadas
com muita rigorosidade em sua execução:

Legato: Golpe que requer movimento uniforme do arco. Duas notas ou uma serie de notas
são executadas sem interrupção de som em um mesmo movimento, independente da sua
arcada - direção do movimento.

Détaché simples: Golpe que requer movimento uniforme do arco, porém com sutil
interrupção do som nas mudanças de direções. Peso e velocidade continua são suas
características básicas.
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Staccato: Golpe de arco curto que reduz, aproximadamente, a metade do valor de uma nota.

Martelé: É decididamente um golpe de arco percussivo, executado na corda, separado por


pausas onde cada nota é precedida por um grande acento inicial.

É importante salientar que existem variações destes golpes de arco como, por exemplo,
Détaché longo, détaché curto, détaché acentuado, staccato longo, staccato curto, que serão
abordadas futuramente.
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Consciência corporal e seus benefícios

Consciência corporal, como o próprio termo já diz, significa tomar consciência do corpo,
reconhecer e identificar os processos e movimentos corporais, internos e externos.

Comunicamo-nos com o mundo externo através dos cinco sentidos (visão, audição, olfato,
paladar e tato) recebendo estímulos e processando-os na mente. A comunicação com o
mundo interno não é muito diferente, também recebemos estímulos que são feitos através
das terminações nervosas presentes em músculos, articulações e órgãos.

Quando há algo errado com nosso corpo ele costuma nos enviar sinais de alerta, nos quais
muitas vezes não prestamos atenção simplesmente porque não tomamos conhecimento de
como nosso próprio corpo funciona.

Assim, pequenos problemas podem ir se acumulando até nos sentirmos fadigados, sem
energia para realizar até as mais simples tarefas. Daí a importância de termos consciência
corporal, nos proporcionando mais energia e saúde para nossas vidas e, consequentemente,
mais qualidade de vida.

Os movimentos que o corpo executa têm objetivos bem definidos. Se tomarmos consciência
e nos concentrarmos nestes movimentos, eles se tornam mais corretos, ou seja, é como se
nós fizéssemos o corpo chegar mais rápido aos seus objetivos sem desperdiçar energia.
Prestar atenção ao funcionamento e ao comportamento do próprio corpo é a ideia básica da
consciência corporal. É uma espécie de autoconhecimento, ou seja, entender o que o corpo
é capaz de fazer, bem como suas limitações.

Muitas doenças surgem do fato de levarmos o corpo além do que ele é capaz de suportar ou
realizar e de maneira brusca.

Conhecer e respeitar os limites de seu corpo pode não apenas evitar doenças, mas também
mostrar que talvez a modalidade de exercícios físicos escolhida por você não seja a melhor
opção para o seu organismo.

De qualquer maneira, para o corpo, o sedentarismo não é uma escolha natural. Músculos e
articulações foram projetados para se movimentarem: os músculos foram projetados para
fazer força, suportar cargas, assim como as articulações foram feitas para serem articuladas
fazendo com que os membros se movimentem. Basta reparar como se esticar num
alongamento pela manhã, depois de permanecer aproximadamente oito horas sem quase se
movimentar, traz mais disposição e força ao corpo para enfrentar o dia.

Tomando consciência do corpo, despertamos ferramentas internas para o combate de males


e para o desenvolvimento de posturas e atitudes que melhoram nossa qualidade de vida e
até mesmo nosso relacionamento interpessoal.
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Ao nos concentrarmos exclusivamente no corpo e nos seus processos, somos capazes de


perceber as conexões entre a mente e o físico. Portanto, ter consciência corporal pode ser
uma arma poderosa para percebermos inimigos como tensões, preocupações e estresses que
causam, silenciosamente, mal a nosso corpo e, assim, tomar medidas de relaxamento para
evitar doenças.
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Postura: posicionamento da viola

O ponto inicial é a naturalidade do nosso corpo, desde os movimentos ao posicionamento,


em si, do instrumento junto ao corpo, que deve ser de maneira racional, buscando respeitar
a fisiologia humana, que pode mudar de uma pessoa para outra, além de considerar o
princípio de que o instrumento deve ficar livre para soar. É de extrema importância buscar os
benefícios que se ter consciência corporal nos proporciona, e se valer desse conhecimento
para sempre evitar, ao máximo, ao posicionar o instrumento e empunhar o arco, realizar
esforços desnecessários. Portanto, com base na Consciência Corporal vamos colocar em
prática a forma correta de posicionar o instrumento e o arco através de imagens ilustrativas.
As imagens a seguir seguem uma ordem, como um passo a passo e as orientações aqui dadas
devem ser colocadas em prática sempre com auxílio do instrutor.

O instrumento deve ser apoiado sobre a clavícula e o ombro esquerdo, formando um ângulo
de, aproximadamente, 45 graus em relação ao corpo, tanto em pé, como sentado, e, na
medida do possível, estar paralelo ao chão. O instrumento deve ser apoiado de maneira a ser
possível movimentar livremente o braço, cotovelo e, consequentemente, o antebraço e a mão
por toda a extensão do braço e espelho do instrumento, sem tensionar, principalmente o
polegar, além do pescoço e do ombro, para assim, contribuir automaticamente, para uma
fôrma de mão com o mínimo de tensão, facilitando o estudo da afinação e, posteriormente,
de mudanças de posição e do vibrato. Atentar para a necessidade, ou não, do uso da espaleira.
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O punho deve formar uma linha reta com o antebraço que, independente do ângulo de visão
que se tenha dela, sempre deve ser reta.
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Para que seja possível manter essa linha sempre reta, deve se ter em mente que o cotovelo
do braço esquerdo também tem posições especificas para cada corda conforme pode se
observar nas imagens abaixo da esquerda para direita, onde os dedos estão sobre a 1ª corda,
2ª corda, 3ª corda e 4ª corda.
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Empunhadura do arco

O arco é a parte mais importante dos instrumentos de cordas friccionadas, ele é responsável
pela “produção sonora”, uma vez que a posição do arco está incorreta na mão, o som será
o primeiro a ser prejudicado.

Para um estudo consciente e prático é aconselhável que o primeiro contato para prática da
empunhadura do arco seja feito com um lápis, com o propósito de compreender o
posicionamento dos dedos sobre o arco e a mínima pressão que se deve aplicar para segurá-
lo, afim, apenas, de impedir que caia no chão. Após este treino haverá preparo para empunhar
o arco de forma correta.

Deve-se buscar uma fôrma bem arredondada, ligeiramente inclinada em direção à ponta do
arco, com dedos naturalmente espaçados e bem encaixados no arco e o mais confortável
possível para que se consiga um maior controle do arco, procurando sempre sentir a sensação
dos dedos e arco pendurados, proporcionando, assim, o relaxamento da mão.
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É importante atentar ao fato de que, assim como na mão esquerda onde o cotovelo oscila em
posições específicas para cada corda, na mão direita o braço também tem alturas específicas
para cada corda conforme pode se observar nas imagens abaixo, onde o arco está,
respectivamente, sobre a 1ª corda, 2ª corda, 3ª corda e 4ª corda.
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A importância de ter uma postura consciente e uma empunhadura correta é simplesmente


para obtermos Qualidade Sonora. E mais, é uma forma de prevenir doenças ligadas a
movimentos repetitivos.
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EXERCÍCIO 01 - RITMOS

A articulação sempre em tenuto o início e o fim da nota preciso.


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EXERCÍCIO 02 – MOTIVOS RÍTMICOS

As mudanças de cordas devem ser realizadas com o arco controlado mantendo a pureza do
som.
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EXERCÍCIO 03 – MOTIVOS RÍTMICOS

Instruções
Estes exercícios são para: Controle e distribuição de arco, articulação, métrica, e produção
sonora. Para os exercícios terem o efeito esperado o aluno deve estar em dia com o chek list:

*Os exercícios devem ser estudados na parte inferior, no meio e na parte superior do arco.

*Alinhamento do arco (nas dimensões que consta no material de apoio).

*Articulação (deve ser precisa tanto no início como no fim das notas).

*Controle e distribuição de arco.

*Fluência ao tocar (Métrica).

*Qualidade sonora.

*Relaxamento físico.

*Postura geral.
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Obs.: Os exercícios ou variações podem ser tocados simultaneamente uns com os outros,
devendo ser tocados no máximo a 4 vozes, contando com o soprano, a qual o instrutor poderá
tocar. Caso haja mais pessoas tocando, usar dobramento de vozes, ou seja, mais de uma
pessoa realizando a mesma voz. Essa pratica deve ser realizada após o aluno atender o chek
list mencionado anteriormente.

No tema o aluno precisa tocar cada compasso com as variadas distribuições de arco sugeridas
pelo instrutor, respeitando os sinais de dinâmicas e respirações.
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Bibliografia

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Dourado, H, A. “O Arco dos Instrumentos de Cordas”. Ed. Irmãos Vitale, São Paulo, 2009.

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Maciente M. “Aspectos da prática do violoncelo na visão de instrumentistas – educadores”.


Tese de Mestrado publicada em São Paulo – USP 2008.

Salles, M. I. “Arcadas e Golpes de Arco”. Editora Thesaurus 2ª edição, Brasília 2004.

Sazer, V. "New Directions in Cello Playing". Ofnote; 3 Revised edition, February 2003.

Tortelier, P. "How I Play Teach". Chester Music, 1988.

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