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1 Timóteo 1:1-4

por

João Calvino

Comentário Sobre 1 Timóteo 1:1-4

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus segundo o mandato de Deus, nosso Salvador, e


do Cristo Jesus, esperança nossa, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé:
graça, misericórdia e paz da parte de Deus o Pai, e de Cristo Jesus nosso
Senhor. Como te exortei a permaneceres em Éfeso, quando de viagem para
Macedônia, que ordenasses a certos homens a não ensinarem uma doutrina
diferente, tampouco se ocupassem de fábulas e genealogias intermináveis,
que mais produzem questionamentos do que a edificação de Deus, que
consiste na fé; assim o faço agora.

1. Paulo, apóstolo. Se porventura houvera ele escrito tão-somente a Timóteo,


não haveria necessidade alguma de anunciar seus títulos e reafirmar suas
reivindicações ao apostolado, como o faz aqui, pois certamente Timóteo
ficaria suficientemente satisfeito como simples nome. Ele sabia que Paulo era
apóstolo de Cristo, e não havia necessidade de comprovação alguma para
convencê-lo, pois ele estava perfeitamente disposto a reconhecê-lo, e há
muito que nutria tal sentimento. Portanto Paulo está aqui visando a outros
que não estavam tão dispostos a dar-lhe ouvidos ou tão prontos a aceitar o
que ele dizia. É por causa desses 'outros' que ele declara seu apostolado, a fim
de que parassem de tratar o que ele ensina como se fosse algo sem
importância.

E ele também alega que seu apostolado é pelo mandato ou designação de


Deus, visto que ninguém pode fazer de si próprio um apóstolo. Mas o homem
a quem Deus designara é apóstolo genuíno e digno de toda honra. Ele, porém,
não tem a Deus o Pai como a única fonte de seu apostolado, senão que
adiciona também o nome de Cristo. Pois, no governo da Igreja, o Pai nada faz
que não seja através do Filho, de modo que todas as suas ações são assumidas
juntamente com o Filho. Ele denomina a Deus de o Salvador, título este mais
comumente destinado ao Filho. E no entanto é um título perfeitamente
apropriado ao próprio Pai, pois foi ele quem nos deu seu Filho, de modo que é
justo destinar-lhe a glória de nossa salvação. Pois somos salvos unicamente
porque o Pai nos amou de tal maneira, que foi de sua vontade redimir-nos e
salvar-nos através do Filho. A Cristo ele denomina de esperança nossa, título
este que pertence especificamente a ele, pois é só quando olhamos para ele
que começamos a desfrutar de boa esperança, porquanto é tão-somente nele
que se encontra toda a nossa salvação.
2. A Timóteo, meu verdadeiro filho. Esta qualificação comunica grande
honra a Timóteo, pois Paulo o reconhece como seu filho legítimo, não menos
digno que seu pai, e deseja que outros o reconheçam como tal. De fato, ele
enaltece a Timóteo como se ele fosse outro Paulo. Todavia, como seria isso
consistente com o mandamento de Cristo: “A ninguém sobre a terra chameis
vosso pai” [Mateus 23:9], e com a própria afirmação do apóstolo: “Porque,
ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo,
muito pais”; “não havereis de estar em muito maior submissão ao Pai dos
espíritos” [1 Coríntios 4:15; Hebreus 12:9]? Minha resposta é que a alegação
de Paulo de ser pai de forma alguma anula ou diminui a honra devida a Deus.
Diz-se com freqüência que, se uma coisa é subordinada a outra, não haverá
conflito entre elas. Isso procede no tocante à reivindicação de Paulo ao título
pai em relação a Deus. Deus é o único Pai de todos no âmbito da fé,
porquanto regenera a todos os crentes pela instrumentalidade de sua Palavra
e pelo poder de seu Espírito, e é exclusivamente ele que confere a fé. Aqueles
a quem graciosamente lhe apraz empregar como seus ministros, ao fazer isso
ele admite que participem de sua honra, todavia sem resignar nada de si
próprio. Assim, Deus era o Pai espiritual de Timóteo, e, estritamente falando,
exclusivamente ele; Paulo, porém, que fora ministro de Deus no novo
nascimento de Timóteo, reivindica para si direito ao título, porém em
segundo plano.

Graça, misericórdia e paz. Ao introduzir aqui a palavra misericórdia em


segundo plano, ele se afasta de seu método usual, provavelmente em função
de seu amor especial por Timóteo. Ele, porém, não está observando a ordem
exata das palavras, pois coloca 'graça' em primeiro lugar, quando devia estar
em segundo, uma vez que é da misericórdia que a graça emana. É em razão
de ser misericordioso que Deus primeiro nos recebe em sua graça, e então
prossegue nos amando. Mas é perfeitamente normal mencionar a causa e em
seguida o efeito, à guisa de explicação. Já discorri sobre a graça e a paz em
outro lugar.

3. Como te exortei. Ou a afirmação é deixada incompleta, ou a partícula


i[na é redundante; em ambos os casos, porém, o significado é óbvio.
Primeiramente, ele lembra a Timóteo por que lhe pedia que ficasse em Éfeso.
Foi com grande relutância, e só sob compulsão da necessidade, que Paulo se
deixara separar de um assistente tão amado e fiel como Timóteo, para que,
como seu correspondente, pudesse levar a cabo os deveres que demandavam
a responsabilidade que não havia em nenhum outro para que se cumprissem.
Isso deve ter exercido uma profunda influência em Timóteo, não só por tê-lo
impedido de desperdiçar seu tempo, mas o ajudou a comportar-se de maneira
excelente, além do comum. Ele aqui também encoraja Timóteo a opor-se aos
falsos mestres que estavam adulterando a doutrina em sua pureza. Neste
apelo para Timóteo cumprir seu dever em Éfeso, devemos notar a piedosa
preocupação do apóstolo. Porque, enquanto se esforçava por estabelecer
muitas novas igrejas, ele não deixava as anteriores destituídas de pastor.
Indubitavelmente, como diz o escritor, “Para manter a salvo o que você já
conquistou necessita-se de tanta habilidade quanta para conquistá-lo”. A
palavra ordenar compreende autoridade, pois era o propósito de Paulo
revestir a Timóteo com autoridade para que pudesse ele refrear a outros.

A não ensinarem uma doutrina diferente. O termo grego,


eterodidaskalei~n [heterodidaskalein], que Paulo usa aqui, é composto,
e pode ser traduzido num sentido ou de “ensinar de modo diferente, fazendo
uso de um novo método”, ou “ensinar uma nova doutrina”. A tradução de
Erasmo, “seguir uma nova doutrina”, não me satisfaz, visto que a mesma
poderia aplicar-se tanto aos ouvintes quanto aos mestres. Se lemos: “ensinar
de uma forma diferente”, o significado será mais amplo, pois Paulo estaria
proibindo a Timóteo de permitir a introdução de novos métodos de ensino que
sejam incompatíveis com o modo legítimo e genuíno que lhe havia
comunicado. Assim, na segunda epístola, ele não aconselha Timóteo a
simplesmente conservar a substância de seu ensino, mas usa o termo
upotu>pwsiv, o qual significa uma semelhança viva de seu ensino. Como a
verdade de Deus é única, assim não há senão um só método de ensiná-la, o
qual se acha livre de falta pretensão e que degusta mais saborosamente a
majestade do Espírito do que as demonstrações externas de eloqüência
humana. Se alguém se aparta disso, ele deforma e vicia a própria doutrina; e
assim, “ensinar de maneira diferente”, aponta para a forma.

Se lermos: “ensinar algo diferente”, então a referência será à substância do


próprio ensino. É digno de nota que, por nova doutrina, significa não só o
ensino que está em franco conflito com a sã doutrina do evangelho, mas
também tudo o que, ou corrompe a pureza do evangelho por meio de
invenções novas e adventícias, ou o obscurece por meio de especulações
irreverentes. Todas as manipulações humanas são outras tantas corrupções do
evangelho, e aqueles que fazem mau uso das Escrituras, como costumam
fazer as pessoas ímpias, fazendo do Cristianismo uma engenhosa exibição,
obscurecem o evangelho. Todo ensino desse gênero é oposto à Palavra de
Deus e àquela pureza da doutrina na qual Paulo ordena aos efésios a
permanecerem firmes.

4. Tampouco se ocupem de fábulas. Em minha opinião, o apóstolo quer


dizer, por fábulas, não tanto as falsidades excogitadas, mas principalmente
aqueles contos fúteis e levianos que não têm em si nada de sólido. Uma coisa
pode não ser em si mesma falsa, e no entanto ser fabulosa. É nesse sentido
que Suetônio falou de “história fabulosa”, e Levi usa o verbo fabulari
[inventar fábulas], no sentido de palavrório tolo e irracional. Não há dúvida
de que mu~qov [muthos], o termo que Paulo usa aqui, significa em grego
fluari>a [fluaria], bagatelas, e quando ele menciona um tipo de fábula
como exemplo do que tem em mente, toda dúvida se esvai. Ele inclui entre
fábulas as controvérsias sobre genealogias, não porque tudo o que se pode
dizer sobre elas seja fictício, mas porque é tolice e perda de tempo.

A passagem, portanto, pode ser tomada no seguinte sentido: não devem


atentar para as fábulas como se fossem do mesmo caráter e descrição das
genealogias. De fato é isso precisamente o que Suetônio quis dizer por história
fabulosa, a qual, mesmo entre os homens das letras, tem sido com justa razão
criticada pelas pessoas de bom senso. Pois era impossível não considerar
ridícula essa curiosidade que, negligenciando o conhecimento útil, passou a
vida inteira investigando a genealogia de Aquiles e Ajax, e despendeu suas
energias em contar os filhos de Príamo. Se tal coisa é intolerável no
aprendizado em salas de aulas, onde há espaço para agradável passa-tempo,
quanto mais intolerável será a mesma para o nosso conhecimento de Deus. Ele
fala de genealogias intermináveis, porque a fútil curiosidade não tem limites,
mas continuamente passa de um labirinto a outro.

Que mais produzem questionamentos. Ele julga a doutrina por seu fruto.
Tudo o que não edifica deve ser rejeitado, ainda que não tenha nenhum outro
defeito; e tudo o que só serve para suscitar controvérsia deve ser duplamente
condenado. Tais são as questões sutis nas quais os homens ambiciosos
praticam suas habilidades. É mister que nos lembremos de que todas as
doutrinas devem ser comprovadas mediante esta regra: aquelas que
contribuem para a edificação devem ser aprovadas, mas aquelas que
ocasionam motivos para controvérsias infrutíferas devem ser rejeitadas como
indignas da Igreja de Deus. Se este teste houvera sido aplicado há muitos
séculos, então, ainda que a religião viesse a se corromper por muitos erros, ao
menos a arte diabólica das controvérsias ferinas, a qual recebeu a aprovação
da teologia escolástica, não haveria prevalecido em grau tão elevado. Pois tal
teologia outra coisa não é senão contendas e vãs especulações sem qualquer
conteúdo de real valor. Por mais versado um homem seja nela; mais miserável
o devemos considerar. Estou cônscio dos argumentos plausíveis com que ela é
defendida, mas jamais descobrirão que Paulo haja falado em vão ao condenar
aqui tudo quanto é da mesma natureza.

A edificação de Deus [aedificationem Dei]. Sutilezas desse gênero edificam


os homens na soberba e na vaidade, mas não em Deus. O apóstolo fala de
edificação que é segundo a piedade, seja porque Deus a aprova, seja porque
ela é obediente a Deus, e nisso ele inclui o amor uns pelos outros, o temor de
Deus e o arrependimento, pois todos esses elementos são frutos da fé que
sempre nos conduz à piedade. Sabendo que todo o culto divino é
fundamentado tão-somente na fé, ele creu ser suficiente mencionar a fé da
qual dependem todas as coisas.

Fonte: CALVINO, João. Pastorais. Trad. Valter Graciano Martins. 1ed. São
Paulo: PARACLETOS Ed., 1998. 379p.; pp. 25-31.

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