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dutividade primária líquida, e corresponde à
Figura 7.1 Representação da alocação de energia pelas plantas. /
quantidade de energia disponível para o próximo
Fonte: Cepa nível trófico (Figura 7.1).
Desta forma, a energia disponível para assimilação diminui à medida que transitamos
entre os níveis, ou seja, a energia disponível para os consumidores primários é sempre
maior do que a disponível para os secundários, e assim sucessivamente. Um padrão que
podemos perceber é que a maior parte das cadeias não é muito longa, pois apenas uma
pequena porção de energia está disponível aos níveis tróficos superiores (Figura 7.2).
As pirâmides ecológicas
As conhecidas pirâmides ecológicas são representações gráficas da contribuição rela-
tiva dos vários níveis tróficos, através dos quais se transfere matéria e flui energia no
ecossistema. Existem três tipos de pirâmides: as de biomassa, de número e de energia.
Acabamos de aprender que pirâmides energéticas são representações de fluxo (Figura
7.2); este, por sua vez, não está obrigatoriamente vinculado ao estoque: um fluxo energé-
tico intenso pode ocorrer através de um pequeno estoque de biomassa e vice-versa. É fácil
imaginar uma pia cheia de água (estoque grande), com a torneira e o ralo, ambos, dei-
xando passar 5 litros de água por minuto (fluxo intenso). O mesmo fluxo poderia ocorrer,
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estando a pia com pouca água (estoque pequeno) ou mesmo vazia! Ao contrário das pirâ-
mides de números e de biomassa, as de energia nunca podem ser invertidas exatamente
por isso: se o ralo da pia usada como exemplo for ligado à torneira de outra pia, nesta
última seria impossível haver um fluxo maior que 5 litros por minuto (faltaria água para
isso). Aqui, as duas pias ligadas em série correspondem a dois níveis tróficos sucessivos.
Já pirâmides de número são representações gráficas do número de indivíduos (Figura 7.3).
Ao contrário das pirâmides de energia, as pirâmides de número podem ser invertidas. Con-
sidere o segundo esquema: um grande número de gramíneas sustenta um número menor da
gado, que por sua vez, abriga uma enorme quantidade de carrapatos. O mesmo é verdade
para o terceiro esquema.
E por fim, pirâmides de biomassa são representações do peso seco total de um nível.
Por exemplo, se considerarmos a cadeia milho – gafanhotos – sapo – cobras veremos
que o peso seco do milho disponível é muito maior do que o dos gafanhotos, e assim
sucessivamente. Assim como a pirâmide de número, pirâmides de biomassa podem ser
invertidas. Entretanto, quando consideramos ambientes aquáticos observamos que o peso
seco do fitoplâncton existente (produtores) é menor do que o de zooplancton, e assim
sucessivamente. Isso porque os produtores nesse caso se reproduzem de maneira rápida e
contínua, de modo que apesar de em dado momento sua biomassa ser menor, esses pro-
dutores podem sustentar uma grande biomassa de consumidores. Desta forma, produtores
bem menores mas em grande quantidade são ingeridos por consumidos cada vez maiores.
Fluxo energético através dos ecossistemas
Apesar de as pirâmides de energia representarem, de modo satisfatório, o fluxo de
energia através dos diversos níveis tróficos, ainda que adotemos o modelo trófico aqui
apresentado, elas não representam a matéria orgânica armazenada, nem as entradas e
saídas de energia na forma de subsídios internos ou externos e trabalhos, nem as trocas de
energia com outros ecossistemas. Ademais, é grande a diversidade de organismos que, na
comunidade em que vivem, atuam em mais de um nível trófico simultaneamente.
Um exemplo: um detritívoro dificilmente irá apro-
veitar apenas a matéria orgânica morta, já que em
geral esta se encontra colonizada por uma variedade
de organismos decompositores, que são digeridos jun-
tamente com seu substrato orgânico. Assim, ele é ao
mesmo tempo detritívoro e microbívoro. O mesmo se
aplica aos onívoros: a biomassa humana não pode ser
contabilizada em um nível trófico em particular, já que
o ser humano se alimenta de produtores, herbívoros e
carnívoros diversos (e até decompositores – exemplo
Figura 7.4 Por ser onívoro, o ser humanos não ocupa um nível do champignon; Figura 7.4).
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trófico em particular. / Fonte: Cepa
Nutrientes
Comecemos com uma definição:
Definido o termo, podemos dizer que os
nutrientes são os elementos químicos essen-
Definindo “nutriente”: ciais para a manutenção de estruturas e de
Nutriente = um elemento que é necessário processos vitais. Há 3 categorias de nutrien-
para o crescimento de algum organismo. tes, definidas pela quantidade em que apa-
recem nos seres vivos: construtores, macro-
nutrientes e micronutrientes (Figura 7.5).
Na natureza, os elementos químicos nutrientes apresentam-se na forma orgânica ou
incorporados à biomassa e aos detritos. A ciclagem de nutrientes basicamente se refere
à alternância entre as duas formas, que depende de processos biológicos, físicos (entre
estes, os geológicos) e químicos; por isso, fala-se em ciclos biogeoquímicos. A parte da
ciclagem da matéria que ocorre nas comunidades bióticas, como já vimos antes, é indis-
sociável do fluxo de energia pelas mesmas.
Os produtores são os responsáveis pela incorporação inicial dos nutrientes à bio-
massa; a remineralização por decompositores é a última via de retorno desses nutrien-
tes aos seus estoques inorgânicos. Na
verdade, a remineralização ocorre
ao longo de toda a cadeia alimentar:
quando animais degradam aminoáci-
dos com vistas à liberação de energia,
liberam CO2 , água e nitrogênio na Figura 7.5 As categorias de nutrientes minerais se distinguem pelas
forma de amônia, exatamente como quantidades necessárias para a manutenção dos processos biológicos
nos indivíduos (os tamanhos dos elementos ilustrados simbolizam
fazem os decompositores. essas quantidades). / Fonte: Cepa
A assimilação de nutrientes pelos produtores muito frequentemente é facilitada por interações
bióticas mutualísticas como micorrizas e bacteriorrizas ou, então, pela co-atuação de animais.
a c
Figura 7.6 (a) Ectomicorriza. Esse tipo de micorriza não é o mais frequente entre as plantas em geral, porém é comum
em pinheiros, eucaliptos e espécies de árvores e certos grupos de arbustos de zonas temperadas, como os carvalhos e os
salgueiros. Os fungos participantes desse tipo de micorriza são basidiomicetos e alguns ascomicetos. (2 [superior]) Relação
entre fungo (Boletus) e raízes de pinheiro (Pinus), formando micorrizas. (b) Pequena plântula de Pinus (4 cm) com raizes
associadas a um extenso micélio correspondendo às hifas do fungo. Nesse tipo de associação, os fungos frequentemen-
te liberam, ácidos orgânicos que ajudam a deslocar os nutrientes adsorvidos nas partículas do solo, tornando-os mais
facilmente assimiláveis pela planta, da qual obtém matéria orgânica e, portanto, energia (os fungos são heterótrofos). (c)
Fotografia do sistema de raízes de uma leguminosa com nódulos contendo populações da bactéria Rhizobium, capaz de
assimilar o nitrogênio gasoso N2 transformando-o numa forma utilizável pela planta, daí sua importância na agricultura
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especialmente no caso de solos pobres em nitrato. A formação dos nódulos nos tecidos das raízes é induzida pelas pró-
prias bactérias, que aí encontram os recursos que necessitam para viver. / Fonte: Cepa
Figura 7.7 A taxa de decomposição da matéria orgânica da serapilheira (folhas mortas) depende de diversos fatores, desta-
cando-se a temperatura, a disponibilidade da água e a natureza química dos materiais a serem decompostos. Os gráficos
mostram o decaimento, por decomposição, da quantidade inicial de diversas substâncias presentes em folhas mortas de
duas espécies de carvalho no solo e na água de um riacho numa floresta temperada. É notável a maior taxa de decomposição
de carboidratos solúveis, quando comparada à da lignina e da hemicelulose (grande parte da matéria orgânica total). Tam-
bém se destaca a maior taxa de decomposição de todos os compostos quando na água: no solo, depois de um ano, ainda
restam pouco mais que 60% da lignina inicial, enquanto que no riacho, em cerca de 7 meses só sobrou 20% da lignina inicial,
sendo os 60% atingidos em apenas pouco mais que 4 meses. / Fonte: Cepa
Figura 7.8 O esquema representa algumas vias de transferência de nutrien-
tes envolvendo o fogo e as formigas saúva (Atta). O fogo queima as partes
aéreas das plantas (árvores, arbustos e herbáceas) e com isso os nutrientes
antes incorporados na biomassa queimada ficam nas cinzas na superfície do
solo. As árvores têm seus sistemas de raízes geralmente muito profundos
como adaptação para captar água do lençol freático que fica frequentemen-
te a vários metros abaixo da superfície do solo. Com isso, as herbáceas ficam
favorecidas, com seus sistemas radiculares superficiais. Com isso, haveria
uma constante perda de nutrientes dos componentes arbóreos e arbusti-
vos para as herbáceas. As saúvas, ao levarem fragmentos de folhas tanto
de plantas maiores quanto de herbáceas para os depósitos subterrâneos
profundos, onde são decompostos pelo fungo que lhes serve de alimento,
criam uma via adicional pela qual os nutrientes da superfície podem chegar
aos sistemas radiculares profundos das árvores e arbustos. / Fonte: Cepa
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Entender a ciclagem da matéria é, em boa parte, conhecer os principais estoques natu-
rais dos diversos nutrientes e os processos responsáveis pelas transferências dentro deles
e entre eles (Figura 7.9).
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É interessante notar que dos 5 itens, 3 (a, b e d) são voltados diretamente para os inte-
resses do ser humano, o que não significa obrigatoriamente que sejam situações lesivas
ao ecossistema propriamente dito. No item c, é essencial definir o que significa “desfa-
voravelmente”. O item e, por sua vez, estabelece claramente que se trata de lançamento
de matéria e energia. Vejamos então, primeiramente, a emissão intensiva de CO2 pela
queima de combustíveis fósseis.
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Figura 7.10 À esquerda, um bloco submarino de hidrato de carbono do qual estão emanando bolhas
do gás; à direita, fragmentos de hidrato de metano aos quais se ateou fogo. / Fonte: Cepa
Esta semana vimos como ocorre o ciclo de matéria e energia nos ecossistemas, e como
o homem interfere nos ambientes. Na semana que vem voltaremos a este assunto tão
importante e atual, abordando mais profundamente os impactos ambientais.
Questionário
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a. Que tipo de pirâmide está representada e por quê?
b. Esta pirâmide poderia ser invertida? Por quê?
Ecossistemas
Ecossistema
O termo ecossistema foi cunhado por Sir Arthur George Tansley, um
ecólogo vegetal inglês, em 1935. De modo geral, um sistema pode ser
caracterizado pela existência de componentes que funcionam de modo
interligado e que interagem entre si. Um ecossistema ou sistema ecológico
é constituído por um agrupamento de componentes abióticos e bióticos,
presentes em um determinado local, que estão em interação por meio do
fluxo de energia e da ciclagem de materiais. O conjunto de todos os
ecossistemas existentes na Terra é denominado biosfera (do grego bios =
vida e sfaira = esfera).
Fonte: http://people.wku.edu/
O ecossistema é um sistema aberto caracterizado pela existência de entradas (importação) e
saídas (exportação) de energia e material que podem variar de acordo com sua idade, em diferentes
épocas do ano e de sistema para sistema. A existência de entradas e saídas pressupõe a existência
de limites no ecossistema. Na maioria dos ecossistemas, a principal fonte de energia para a
continuidade de sua manutenção provém da radiação solar, mas existem sistemas nos quais os
detritos (matéria orgânica morta particulada ou dissolvida) constituem a principal fonte de energia
como ocorre em cavernas nas quais a luz solar é ausente ou muito reduzida.
A cadeia de detritos ou detrítica inicia-se com organismos detritívoros que utilizam a energia
contida na matéria orgânica morta como recurso alimentar. A biomassa produzida pelos autótrofos
entra na forma de matéria orgânica morta que será utilizada pelos detritívoros. Este tipo de cadeia é
encontrado em todos os ecossistemas, visto que detritos sempre são produzidos, mas existem
situações em que elas são particularmente importantes. Este é o caso de cavernas que não recebem
luz solar, sedimento de pântanos, serapilheira (camada de folhedo) que recobre o solo de uma
floresta, entre outros exemplos.
- Leis da termodinâmica
O destino da energia em um ecossistema é explicado pelas leis da termodinâmica. A primeira
lei da termodinâmica, ou lei da conservação de energia, afirma que um determinado tipo de energia
pode ser transformado em outro, mas que a quantidade de energia no sistema se mantém constante.
Exemplos de transformação de energia no ecossistema são a fixação da radiação solar em energia
química pela fotossíntese e a transformação de parte desta energia em calor, o qual é liberada pelos
organismos para o meio. A primeira lei é facilmente compreendida acompanhando-se o esquema
abaixo. A energia que entra no sistema como energia luminosa (A) é transformada em energia
química fixada nas moléculas de glicose (B) e parte desta é liberada pelos organismos como calor
(C). No entanto, a quantidade de energia no sistema se mantém igual à que entrou (A = B + C).
Fonte: Brandimarte e Santos, 2014c (modificado de Odum, 1993)
Pela primeira lei da termodinâmica conclui-se que a energia que entra em um determinado
nível trófico é igual à somatória da energia liberada como calor e da energia disponível (armazenada
na biomassa) para o próximo nível trófico.
A segunda lei da termodinâmica ou lei da entropia afirma que um tipo de energia pode ser
transformado em outro apenas se houver degradação da energia que entra no sistema para uma
forma menos concentrada, como ocorre com parte da energia química contida na glicose (energia
mais concentrada) que é transformada em calor (forma menos concentrada). Por esta lei,
depreende-se que, em função da degradação de energia que entra em um nível trófico para calor, a
quantidade de energia disponível para o nível posterior sempre diminui ao longo da cadeia alimentar.
Soma-se a isto, o fato de que nem sempre um item alimentar é aproveitado em sua totalidade por
um consumidor (ex.: um predador deixa de lado pele, ossos e outros componentes de sua presa).
Deste modo, é fácil concluir que o número de níveis tróficos ocupados por consumidores em uma
cadeia, ou seja, quantas ordens de consumidores existirão, depende da quantidade de energia
fixada em biomassa pelos autótrofos e da eficiência de utilização de energia recebida por cada nível
trófico de consumidor. Em outras palavras, o número de elos em uma cadeia alimentar não é infinito
devido às “perdas” de energia que ocorrem nos diferentes níveis tróficos. A palavra perda é utilizada
aqui com o sentido de que parte da energia não será utilizada.
Uma vez que a energia disponível para um determinado nível trófico não retorna ao nível
trófico anterior e que parte desta energia é sempre liberada sob uma forma mais degradada e não
aproveitável (calor), o fluxo de energia estabelecido entre componentes bióticos do ecossistema é
unidirecional.
- Teias alimentares
Um ecossistema, geralmente, é formado por muitas espécies que interagem por meio da
participação em mais de uma cadeia alimentar. Como, geralmente, uma mesma espécie pode servir
de alimento para diferentes espécies, normalmente ocorrem várias cadeias alimentares que se
interligam em função de possuírem componentes em comum. Estas cadeias interligadas são
denominadas teias ou redes alimentares.
Ciclos biogeoquímicos
Ao contrário da energia, os nutrientes podem ser reutilizados indefinidamente no
ecossistema. Nutrientes que foram captados do meio e estocados em biomassa voltam a se tornar
disponíveis para formação de nova biomassa após a decomposição da matéria orgânica morta.
Deste modo, o fluxo de nutrientes e demais elementos químicos, bem como de substâncias como a
água, ocorre em ciclos biogeoquímicos. Esta denominação deve-se ao fato de o movimento da
matéria ocorrer entre organismos vivos (bio) e o ambiente geológico (geo) - representado por rochas,
solo, ar e água – ao mesmo tempo em que ocorrem alterações em suas formas químicas (químicos).
Os ciclos biogeoquímicos extrapolam os limites do ecossistema, visto que os elementos e
substâncias podem ser oriundos de outros ecossistemas, bem como ser exportados para outros
locais, via transporte atmosférico ou carreamento pela água, por exemplo. Além disso, não estão
igualmente distribuídos, em quantidade e forma química, mesmo dentro de um ecossistema, estando
presentes em reservatórios ou compartimentos dos quais são disponibilizados em diferentes
velocidades. Entre estes reservatórios podem ser citados a atmosfera, o solo, a coluna d’água e os
sedimentos em ambientes aquáticos e a biota. Um esquema geral de ciclagem válido para qualquer
elemento ou substância é apresentado abaixo. Como pode ser observado, a ciclagem envolve
diferentes vias, sendo que a quantidade de um determinado material que passa por estas vias em
um determinado período de tempo pode ser estimada, por exemplo, em toneladas por ano. Estas
taxas de troca ou de transferências entre os vários compartimentos têm maior influência na estrutura
e funcionamento dos ecossistemas que as quantidades presentes em um dado momento ou local.
Existem dois tipos contrastantes de ciclos biogeoquímicos, que diferem quanto ao fato do
principal reservatório do elemento ou substância ser a atmosfera (ciclos gasosos) ou os sedimentos
e solos (ciclos sedimentares). Dependendo do elemento, no entanto, o ciclo pode apresentar feições
intermediárias entre os tipos gasosos e sedimentares. O transporte na atmosfera é bastante rápido
(minutos, horas) em comparação com o que ocorre nos sedimentos, nos quais os elementos podem
ficar imobilizados por muito tempo (anos).
Como exemplo de ciclo gasoso é apresentado o ciclo do nitrogênio, no qual a participação de
micro-organismos é essencial em várias etapas. Existem bactérias que realizam a fixação do
nitrogênio molecular gasoso (N2) presente na atmosfera em formas nitrogenadas (amônia, nitrito e
nitrato) que podem ser utilizadas pelos produtores primários. Outro grupo de bactérias promove a
denitrificação, na qual o nitrato (NO3-) é convertido a nitrogênio molecular (N 2) possibilitando seu
retorno para a atmosfera. Há ainda bactérias quimiossintetizantes que promovem a nitrificação por
meio da oxidação do íon amônio (NH 4+) a nitrito (NO2-) e do nitrito a nitrato (NO3-). A primeira
oxidação da nitrificação é realizada por bactérias do gênero Nitrosomona e a segunda por bactérias
do gênero Nitrobacter. Estas bactérias podem ser muito abundantes no solo.
Fonte: modificado de Odum, 1993.
Sucessão Ecológica
Ecossistemas não são entidades imutáveis no tempo. A composição e a estrutura das
comunidades, bem como as vias que compõem o fluxo de energia e a ciclagem de nutriente sofrem
alterações naturais ao longo do tempo.
Quando um novo ambiente se torna disponível, passa a ser ocupado por espécies, ditas
pioneiras, que apresentam características que as tornam aptas para iniciarem a ocupação deste
novo ambiente, no qual as condições, nutrientes e outros recursos são limitantes. A presença de tais
espécies resulta no início da alteração da estrutura abiótica do ecossistema, de forma que este se
torna adequado para a ocupação por outras espécies. Estas, por sua vez, também modificam o
ambiente tornando-o adequado para a ocupação por outras espécies e assim sucessivamente.
Assim, conforme o tempo passa, ocorre um processo gradual e ordenado caracterizado por várias
etapas, no qual as espécies vão sendo substituídas e o ambiente abiótico vai sendo modificado. Este
processo é denominado sucessão ecológica ou amadurecimento do ecossistema.
Cada etapa do processo é denominada estágio seral e apresenta uma comunidade com
composição e estrutura peculiar. Quando a comunidade e o ambiente abiótico se tornam mais
estáveis, considera-se que foi atingido o estágio final de maturação do ecossistema denominado
clímax. Na verdade, o clímax representa o estágio final teórico determinado pelo clima regional. No
entanto, em uma mesma região existem diferenças locais devido a peculiaridades como tipo de solo,
topografia e disponibilidade de água, de modo que este estágio mais estável não corresponde
exatamente ao final teórico esperado a partir do clima. Assim, o que se tem são estágios finais
determinados por estas variações. No caso do cerrado, por exemplo, a ocorrência periódica de fogo,
impede que a sucessão atinja um estágio mais maduro.
Quando o processo sucessional se inicia a partir do surgimento de um novo ambiente, o
processo é denominado sucessão primária. O surgimento de uma nova ilha ou lago e o total
recobrimento de áreas por lava vulcânica representam oportunidades para a ocorrência de sucessão
primária.
Sucessão secundária ocorre quando um ambiente já ocupado sofre alterações de tal ordem
que se abrem espaços disponíveis para nova colonização. Neste caso, não há limitação por
nutrientes e o ambiente não é tão inóspito como ocorre no caso da sucessão primária. A abertura de
clareiras em uma floresta, resultante de desmatamento, fogo ou da queda de uma grande árvore,
propicia sucessão secundária. Normalmente, mesmo no interior de florestas preservadas, são
encontradas áreas em vários estágios sucessionais devido ao fato da abertura de clareiras por
queda de árvores mortas ocorrer em momentos distintos.
Ao longo do processo sucessional várias tendências podem ser observadas no ecossistema
como o aumento da riqueza e diversidade de espécies e, portanto, do número de interações
interespecíficas. Os ciclos biogeoquímicos tendem a se tornar mais fechados dentro do ecossistema,
embora não deixe de haver importação e exportação de material. O fluxo de energia também sofre
alterações pois no início do processo há menor quantidade de biomassa a ser sustentada, de modo
que grande parte da energia pode ser destinada ao crescimento dos indivíduos (produção de
biomassa). Nos estágios mais maduros, há maior quantidade de biomassa que necessita, portanto,
de mais energia para ser mantida. Deste modo, mais energia é gasta manutenção dos indivíduos,
restando menos energia para investimento em biomassa.
QUESTÕES:
1-Segundo o Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais, “A perspectiva segundo a qual os
seres humanos são considerados equivalentes às outras espécies integradas no interior de
ecossistemas em funcionamento e não superiores" é chamada de
a)ecologia da paisagem.
b)ecologia de comunidades.
c)ecologia de restauração.
d)ecologia fisiológica.
e)ecologia profunda.
a)Ecossistema
b)Atmosfera
c)Ecologia
d)Poluição
e)Habitat
_____________________________________________________________________________
3-A ideia de otimizar processos, categorizar todas as operações de uma indústria e acompanhar
todos os passos de fabricação de um produto acaba, inevitavelmente, levando a um
conhecimento profundo de cada sistema, permitindo, principalmente, o planejamento de ações
em longo prazo. Por outro lado, este conhecimento detalhado do sistema leva à análise das
interações do produtor com outras empresas, sejam elas fornecedores, consumidores de
subprodutos ou consumidores finais.
Neste contexto, a analogia entre sistemas industriais e ecossistemas vem ganhando força e
levando a considerações sobre as interações do sistema com o meio ambiente. Apesar de
existirem algumas reservas relativas à metáfora biológica, os conceitos que utilizam essa
metáfora – metabolismo industrial e ecologia industrial – contribuem, de forma significativa, para
um avanço diante do problema da poluição. A analogia com os ecossistemas permite um passo
além: fechar os ciclos de materiais e energia com a formação de uma eco-rede que “imita" os
ciclos biológicos fechados.
A ecologia industrial propõe, portanto, fechar os ciclos, considerando que o si stema industrial
não apenas interage com o ambiente, mas é parte dele e dele depende. A ecologia industrial é
tanto um contexto para ação como um campo para pesquisa. O desenvolvimento desta
abordagem pretende oferecer um quadro conceitual para o interpretar e adaptar a compreensão
do sistema natural e aplicar esta compreensão aos sistemas industriais de forma a alcançar um
padrão de industrialização que seja não só mais eficiente, mas também intrinsecamente ajustado
às tolerâncias e características do sistema natural.
Esta abordagem implica em (1) aplicar a teoria dos sistemas e a termodinâmica aos sistemas
industriais, (2) definir os limites do sistema incorporando o sistema natural e (3) otimizar o
sistema. Neste contexto, o sistema industrial é planejado e deve operar como um sistema
biológico dependente do sistema natural. O sistema industrial é considerado um subsistema da
biosfera, isto é, uma organização particular de fluxos de matéria, energia e informação. Sua
evolução deve ser compatível com o funcionamento de outros ecossistemas. Parte-se do
princípio de que é possível organizar todo o fluxo de matéria e de energia, que circula no sistema
industrial, de maneira a torná-lo um circuito quase inteiramente fechado. Neste contexto, uma
abordagem sistêmica é necessária para visualizar as conexões entre o sistema antropológico, o
biológico e o ambiente. Pode-se dizer que o principal objetivo da ecologia industrial é transformar
o caráter linear do sistema industrial para um sistema cíclico, em que matéri as primas, energia e
resíduos sejam sempre reutilizados.
[...]
De acordo com a ideia principal do texto, a melhor opção de título para ele, dentre as opções a
seguir, é:
a) A ecologia industrial
b)O sistema industrial
c)O ecossistema
d)A biosfera
a) Biossegurança
b) Risco Biológico
c) Ecologia
d) Ecossistemática
e) Controle Biológico
5-Os seres vivos mais a parte que não é viva do ambiente (água, minerais do solo, luz, etc.) e
todas as relações entre esses elementos formam um(a):
a)atmosfera
b)ecologia
c)cadeia alimentar
d)ecossistema
e)biodiversidade
a)é uma ciência (ramo da Biologia) que estuda os seres vivos, mas não as suas interações com
o meio ambiente onde vivem.
b)é uma palavra que deriva do grego, onde “oikos” significa casa e “logos” significa estudo.
c)também se encarrega de estudar a abundância e distribuição dos seres vivos no planeta Terra.
d)esta ciência é de extrema importância, pois os resultados de seus estudos fornecem dados
que revelam se os animais e os ecossistemas estão em perfeita harmonia.
7-A Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente, a
respeito do estudo marque a alternativa errada:
8-É o resultado de qualquer tipo de ação ou obra humana capaz de provocar danos no meio
ambiente, é a introdução na natureza, de substâncias nocivas à saúde humana, a outros animais
e ao próprio meio ambiente, que altera de forma significativa o equilíbrio dos ecossistemas.
Tal conceito refere-se à:
Assinale a alternativa CORRETA:
a)Meio Ambiente.
b)Poluição Ambiental.
c)Ecologia.
d)Desastre ecológico.
e)Insustentabilidade.
9-É formada por espécies vivas que compreende plantas, animais e micro-organismos,
que povoam desde as profundezas dos oceanos até as mais altas montanhas. É composta
por uma enorme diversidade de espécies compreendidas como indivíduos semelhantes,
com capacidade para se reproduzir entre si e naturalmente. Este conceito é dado a:
a)Ecologia humana.
b)Biodiversidade.
c)Não é um conceito usual para as ciências naturais.
d)É o que define os múltiplos usos no ecossistema.
a)o fluxo de energia, caracterizado por perda progressiva ao longo da cadeia trófica.
b)o fluxo de energia, caracterizado por elevada eficiência energética.
c)a ciclagem de nutrientes, caracterizada por ausência de exportação.
d)o compartimento biótico, caracterizado por alta biodiversidade.
e)a presença de produtores primários autotróficos.
Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10:
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
“Na natureza nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma”.
Antoine de Lavoisier
Ciclo da Água
Ciclo do Oxigênio
Ciclo do Carbono
Ciclo do Nitrogênio
Todos esses elementos são absorvidos pelos
organismos, voltam ao ambiente e se tornam
novamente disponíveis para outros organismos.
ELEMENTO
NO ORGANISMO
AMBIENTE
Transferência da água
Evaporação – dos corpos de água para atmosfera.
Evapotranspiração – dos seres vivos para a atmosfera.
Precipitação – da atmosfera para corpos de água e solo.
Escoamento – da superfície do solo para corpos de água.
Infiltração – da superfície do solo para camadas mais
profundas do solo.
Pequeno ciclo : quando o percurso da H2O só ocorre no
ambiente.
Grande ciclo : quando o percurso da H2O passa pelos
seres vivos do meio.
CICLO DO CARBONO
Carbono - essencial aos seres vivos para síntese de matéria
orgânica (carboidratos, proteínas, ácidos nucléicos, lipídios).
fixação do
Fotossíntese
carbono
Respiração
liberação do
Combustão carbono
Decomposição
CICLO BIOLÓGICO DO CARBONO
Nesse ciclo existem 3 estoque de carbono: o
terrestre, a atmosfera e os oceanos.
A fotossíntese e a respiração são os dois processos
opostos que governam o ciclo global do carbono.
Fotossíntese =
absorve CO2
Respiração =
libera CO2
CO2
Fotossíntese atmosférico
respiração
Matéria combustão
Orgânica decomposição
CO2 e EFEITO ESTUFA
O acúmulo de CO2 na
atmosfera aumenta a
retenção de calor
próximo a superfície
terrestre (alterações
climáticas).
Causas principais:
Atividade industrial.
luz
Fotossíntese 2H2O 4H+ + O2 + e-
(fotólise da H2O)
O2
atmosf
fotossíntese
respiração
H 2O
Ciclo do oxigênio
CICLO DO NITROGÊNIO
Nitrogênio - constituição de aminoácidos (proteínas) e de
nucleotídeos (ácidos nucléicos).
OBSERVAÇÕES
Fixação biológica
Rhizobium
N2 NH3
Nitrosação
Nitrosomonas
NH3 NO2-
Nitração
-
Nitrobacter
NO2 NO3-
Desnitrificação
-
Pseudomonas
NO3 N2
Fixação biológica N2
atmosférico
Fixação física
desnitrificação
amonificação
(decomposição e excreção)
Etapas – Fixação
Como os organismos (plantas e animais) não são
capazes de absorver o nitrogênio diretamente da
atmosfera (N2), o aproveitamento do N2 só é
possível através da fixação biológica, onde o
nitrogênio é transformado em amônia (NH3).
Somente alguns microrganismos terrestres
(bactérias - Azobacter, cianobactérias e fungos)
podem fixar o N2 e as bactérias (Rhizobium) que
vivem nas raízes de angiospermas (feijão, soja,
ervilha, amendoim e vagem) fazem uma simbiose
transmitindo o nitrogênio para a cadeia
alimentar.
Além da fixação biológica, pode ocorrer também a
fixação atmosférica, que ocorre através dos raios e
relâmpagos, cuja elevada energia separa as
moléculas de nitrogênio e permite que os seus
átomos se liguem com moléculas de oxigênio
existentes no ar formando monóxido de nitrogênio
(NO). Este é posteriormente dissolvido na água da
chuva e depositado no solo.
Relâmpagos
N2
N-N
Atmosfera
Se dissolve na Reage com o
água da chuva e
é depositado no
NO oxigênio da
atmosfera
solo
Etapa – Nitrificação
Após a fixação, determinadas bactérias realizam a
nitrificação - transformação de NH3 (amônia) em
nitritos (NO2) (nitrosação - Nitrosomonas) e
nitritos em nitrato (NO3)(nitratação - Nitrobacter).
Etapa – Assimilação
O nitrato formado pelo processo de nitrificação é absorvido
pelas plantas para produzir proteínas e ácidos nucléicos.
Através da mineralização (ou decomposição) a matéria
orgânica morta é transformada no íon de amônio (NH4+) e
amônia (NH3) por intermédio de bactérias e alguns fungos.
Etapa – Desnitrificação
Para que o nitrogênio retorne ao ambiente são necessários
os processos de decomposição e de desnitrificação. As
bactérias (Pseudomonas) e fungos presentes no solo
decompõem aminoácidos e ácidos nucléicos de organismos
mortos transformando-os
em amônia.
As bactérias desnitrificantes
liberam o nitrogênio da amônia,
dos nitritos e dos nitratos,
devolvendo-o para a atmosfera.
O ciclo do nitrogênio em lagos
Resíduos
Água evaporada
orgânicos
LEGUMINOSAS (feijão, soja, ervilha...)
a)Os ciclos biogeoquímicos estão associados a processos geológicos, onde elementos como o C, S,
O, P, Ca e N percorrem ciclicamente pelo planeta, apenas entre o meio biótico;
b)Os ciclos biogeoquímicos podem ser entendidos como a troca ou circulação de matéria entre os
componentes vivos e físico-químicos através da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera da Terra;
c)Os ciclos biogeoquímicos são processos naturais em que elementos químicos são renovados
apenas na litosfera;
d)Os elementos que compõem os ciclos biogeoquímicos do planeta são conhecidos como apenas
como macronutrientes;
e)Os ciclos sedimentares e gasosos dos elementos químicos são supridos pela atmosfera e litosfera,
respectivamente.
3-Com relação aos padrões e tipos básicos de ciclos biogeoquímicos, os elementos que apresentam
ciclos sedimentares são os seguintes:
4-O ciclos biogeoquímicos são um fator fundamental no balanço dos constituintes da água. Um
processo que NÃO tem relação com o ciclo do nitrogênio é a
a)nitrificação.
b)denitrificação.
c)amonificação.
d)mineralização de aminoácidos.
e)assimilação de NH4 por algas marinhas.
5-Os ciclos biogeoquímicos são fundamentais para que ocorra a homeostase ou a autorregulação da
Terra. Grande parte dos ciclos ocorre no âmbito da litosfera terrestre. A esse respeito, assinale a
alternativa correta.
a)A ocorrência do ciclo do carbono na litosfera compreende as ocorrências de depósitos de
combustíveis fósseis (carvão, óleo e gás natural), polimorfos do carbono, como grafita e diamante, e
extensas camadas sedimentares compostas por carbornatos.
b)As emissões vulcânicas contêm pequenas concentrações de dióxido de enxofre (SO 2) e ácido
sulfídrico (H2S).
c)O enxofre na litosfera ocorre somente como mineralizações presentes em ambientes vulcanogênicos
e (ou) hidrotermais na crosta terrestre.
d)Os principais depósitos de fosfato sedimentar, no Brasil, foram formados em bacias
mesoproterozoicas de margens passivas.
e)O tempo de residência médio do fósforo (P) em rochas sedimentares é de 10 6 anos.
6-Para o entendimento dos ciclos biogeoquímicos, deve-se considerar a máxima de Lavoisier: “na
natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Julgue o próximo item, relativo aos ciclos
biogeoquímicos.
No ciclo biogeoquímico da água (evapotranspiração, degelo e precipitação), se a variação da entropia
for nula, também será nula a necessidade de energia, como a solar, por exemplo.
Certo
Errado
______________________________________________________________________
7-Os ciclos biogeoquímicos envolvem o movimento dos elementos ou compostos essenciais à
vida entre o meio biótico e abiótico. Tais ciclos podem ser classificados em dois tipos básicos
dependendo da natureza do reservatório abiótico. Assinale a alternativa INCORRETA.
a)região do solo que recebe influência direta das raízes, possibilitando proliferação microbiana. Nela,
os microrganismos desempenham importante papel nos sistemas naturais e agrícolas, já que
participam das transformações da matéria orgânica e dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
b)parte externa das raízes, que possibilita proliferação microbiana. Nela, os microrganismos
desempenham importante papel nos sistemas naturais e agrícolas, já que participam das
transformações dos minerais e dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
c)região do sistema radicular, que recebe influência direta dos fungos e bactérias anaeróbicas,
possibilitando proliferação desses microrganismos. Nela, os microrganismos desempenham
importante papel nos sistemas naturais e agrícolas, já que participam das transformações da matéria
orgânica e dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
d)parte da planta, que recebe influência direta da matéria orgânica, possibilitando proliferação
microbiana. Nela, os microrganismos desempenham importante papel nos sistemas naturais e
agrícolas, já que participam das transformações da matéria orgânica, dos adubos nitrogenados e dos
ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
e)região do solo, que recebe influência direta dos fungos, possibilitando proliferação bacteriana. Nela,
os fungos benéficos à planta desempenham importante papel nos sistemas naturais e agrícolas, já que
participam das transformações dos adubos químicos e dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
9-
A água do mar, em função de sua origem e dos processos atuantes, tais como os ciclos
biogeoquímicos, possui uma composição variada. A tabela acima lista alguns dos constituintes da
água do mar, que são classificados em números de 1 a 5, os quais representam as seguintes
categorias:
a)
b)
c)
d)
e)
A infiltração é o processo pelo qual a água das chuvas, da neve derretida ou da irrigação penetra nas
camadas superficiais do solo e se move para baixo em direção ao lençol d’água (Rawls, et al in Maidment,
1993).
A infiltração é um fenômeno complexo, difícil de ser determinado com exatidão e que varia no tempo e
no espaço.
Capilaridade
A capilaridade é muito importante nos solos insaturados, pois, como num canudo de plástico de
refrigerante de raio (r), a água sobe uma altura (hc), conforme se pode ver na Figura (2.1).
Como se pode ver na Equação (2.1), quanto mais fino é o material, maior é a altura da capilaridade.
A capilaridade é causada por uma combinação de duas forças (Delleur, 1999):
atração molecular que é responsável pela aderência da água ao solo ou a partículas de superfície
de rocha;
tensão superficial que se deve a coesão das moléculas de água em direção a outra quando a água
fica exposta ao ar.
A água drenada chama-se água gravitacional, enquanto que a água retida é denominada de água capilar.
Pinto et al, 1976 apresenta a profundidade das raízes na Tabela (2.2). Isto é importante, pois pelo
comprimento médio das raízes, podemos verificar até onde as plantas podem retirar a água do solo.
Tabela 2.2 - Profundidade máxima da raiz das plantas
Plantas Profundidade máxima da raiz
(m)
Árvores coníferas 0,5 a 1,5
Árvores decíduas 1,00 a 2,0 ou mais
Árvores permanentes (folhas largas) 1,0 a 2,00 ou mais
Arbustos permanentes 0,5 a 2 ou mais
Arbustos decíduos 0,5 a 2
Vegetação herbácea alta 0,5 a 1,5 ou mais
Vegetação herbácea baixa 0,2 a 0,5
Fonte: Pinto et al, 1976.
Figura 2.4 - Definição dos termos usados para descrever o movimento na zona insaturada.
Fonte: Dingman, 2002.
Percolação
É o termo geral usado pela descida da água na zona insaturada.
Recarga
É o movimento de percolação da água da zona insaturada para a zona saturada que está abaixo.
Redistribuição
Infiltração é o movimento da água da superfície para o solo e Redistribuição é subseqüentemente o
movimento da água infiltrada na zona insaturada do solo. Ver Figura (2.4).
A palavra “vadosa” vem do Latim e significa “raso”.
Geoquímica
A água subterrânea na zona não saturada e na zona saturada sofre reações químicas orgânicas e
inorgânicas.
Dependendo das diferentes litologias teremos qualidades de água diferentes.
A importância da geoquímica pode ser encontrada em livros especializados como:
Physical and Chemical Hydrogeology de Patrick A Domenico e Franklin W.Schwartz
Geochemistry de Arthur H. Brownlow
Water Quality Data- Analysis and Interpretation de Arthur W. Hounslow
Geoquímica e contaminação de águas subterrâneas - Suely S. Pacheco Mestrinho.
Lei de Darcy
Em 1856, estudando a permeabilidade na zona saturada, Henry Darcy concluiu que para um filtro de
área (A) comprimento (L), conforme a Figura (2.5), vale o seguinte:
Q= K x A x G (Equação 2.3)
Sendo:
3 3
Q= vazão constante que passa pelo cilindro (m /s; m /dia)
h1= carga hidráulica no piezômetro 1 (m)
h2= carga hidráulica no piezômetro 1 (m)
z1= cota do ponto P1 (m)
z2= cota do ponto P2 (m)
L= distância entre os piezômetros 1 e 2
2
A= área da seção transversal do cilindro (m )
H= variação da carga hidráulica entre os piezômetros 1 e 2
K= condutividade hidráulica (m/s; m/h; mm/h; m/dia)
G= gradiente hidráulico= (h1-h2)/L
É importante salientar que a experiência de Darcy foi feita para a zona do solo saturado e obtido o
coeficiente de condutividade hidráulica da zona saturada (K). Na Tabela (2.3) temos os valores de K em
função do tipo de solo.
Expandindo-se o conceito da lei de Darcy, existe a condutividade hidráulica para a zona não saturada,
cujo valor é inferior ao da condutividade hidráulica da zona saturada. Existe ainda o conceito de condutividade
hidráulica vertical e horizontal, sendo que a condutividade horizontal é maior que a vertical.
Podemos entender a diferença de cargas hidráulicas (h1-h2) dividida pelo comprimento L, como sendo
a taxa de perda por unidade de comprimento, o que recebe o nome de gradiente hidráulico (Hidrogeologia
básica, 1996).
Tabela 2.3 - Condutividade hidráulica (K) em função do tipo de solo
Tipo de solo mm/h m/dia
Areia 210,06 4,96
Areia franca 61,21 1,45
Franco arenoso 25,91 0,61
Franco 13,21 0,31
Franco siltoso 6,86 0,16
Franco argilo arenoso 4,32 0,10
Franco argiloso 2,29 0,05
Franco argilo siltoso 1,52 0,04
Argila arenosa 1,27 0,03
Argila siltosa 1,02 0,02
Argila 0,51 0,01
Fonte: Febusson e Debo,1990 in Georgia Stormwater Manual, 2001
Dica: Gupta, 2008 informa que quando Re>10 o regime é turbulento e a Lei de Darcy não é
aplicável o que acontece em um poço nas vizinhanças da bomba centrifuga.
Número de Reynolds
O nÚmero de Reynolds é determinado como em tubos para distinguir se o regime é laminar ou
turbulento conforme Gupta, 2008. O nÚmero de Reynolds não tem dimensoes:
Re= ρ. V. d10 / µ
Sendo:
Re= número de Reynolds (adimensional)
V= velocidade de Darcy em cm/s
d10= diâmetro da partícula que indica que 10% dos materiais é menor que o valor indicado (cm).
3
ρ= 1 g/cm
µ= 0,01 g/cm.s
T= K x b (Equação 2.4)
2 2
T= transmissividade (m /dia; m /s)
K= condutividade hidráulica (m/s; m/h; mm/h; m/dia)
b= espessura do aqüífero (m)
2.7 Aqüíferos
Aqüífero é definido por Davis e DeWiest, 1966 in Delleur, 1999 como a formação geológica abaixo da
superfície que fornece água em quantidade suficiente para ser economicamente importante.
3 3
Apesar de a definição ser subjetiva, pois engloba aqüíferos de 5,5m /dia até 2700m /dia, ela é usada.
Basicamente existem dois tipos de aqüíferos, conforme a Figura (2.6).
Confinados e
Não confinados.
Figura 2.6- Tipos de aqüíferos. A) aqüífero confinado. B) Aqüífero não confinado (livre)
Fonte: Delleur, 1999. The Handbook groundwater engineering.
Aqüífero confinado
O aqüífero confinado fica como um sandwich entre duas formações impermeáveis, conforme a Figura
(2.6) parte A.
A água contida fica pressurizada e forma uma superfície piezométrica que fica geralmente no subsolo.
Quando a superfície piezométrica fica acima do solo, um poço profundo pode ter a água saindo naturalmente
sem ação de bomba centrífuga. Teremos então um poço artesiano, cujo nome se deve a região de Artois na
França, onde primeiro se constatou este fato.
Aquitarde
É uma formação geológica semipermeável, pois apresenta porosidade e permeabilidade
relativamente baixas. São consideradas desprezíveis do ponto de vista de suprimento de água (Mestrinho,
1997).
Aquiclude
É uma formação geológica impermeável e não fraturada, que pode conter água, mas sem condição
de movimentá-la de um lugar para outro, em condições naturais e em quantidades significativas. É um
exemplo extremo de aquitarde.
Aquifuge
São camadas ou corpos de rochas muito compactadas que apresentam porosidade total e
permeabilidade quase nula, como as rochas cristalinas magmáticas e metamórficas que constituem grande
parte dos embasamentos geológicos, alem dos quartzitos, basaltos e rochas afins, não fraturadas ou
intemperizados.
Pode existir um aqüífero suspenso, conforme Figura (2.7) devido a existência de uma argila
impermeável, o que é comum em regiões glaciais.
Os aqüíferos não confinados são mais vulneráveis a contaminação (Delleur, 1999).
Interflow
O escoamento da água entre o lençol freático e a superfície é o interflow, conforme se pode ver na
Figura (2.8). Isto acontece em regiões de florestas onde há depósitos de vegetais e a infiltração chega até uns
dois metros abaixo da superfície num prazo muito curto. A água do interflow pode ser conduzida diretamente
ao córrego mais próximo.
Figura 2.8 - Interflow
Fonte: Delleur, 1999.
Surgência
Na zona não saturada temos a franja capilar e, dependendo da permeabilidade do solo, poderemos
ter surgência (mina d´água) junto aos córregos, conforme Figura (2.9).
Tempo de residência
O tempo de residência de uma água subterrânea varia de umas duas semanas até 10.000 anos. Nos
Estados Unidos temos exemplos de aqüíferos onde são extraídos água que data da época do pleistoceno, ou
seja, 600.000 anos atrás.
Vazão base
A vazão base foi definida por Hewlett e Nutter (1969) in Guerra e Cunha, 2001 como parte
componente do fluxo canalizado que se mantém durante os períodos secos e são alimentados pela descarga
da água subterrânea residente nos solos e rochas.
A maneira segura de se determinar a vazão base é com dados de campo, construindo um hidrograma
do escoamento de um rio, conforme Figura (2.11). Existem estudos de Linsley, 1982 e outros que mostram
como separar a vazão base em seus componentes.
. Existem três técnicas básicas para análise da vazão base através de hidrogramas de vazões de rios
e córregos. Quanto a outros métodos existentes não entraremos em detalhes.
1- Método da Separação da vazão base
2- Método da Análise de freqüência
3- Método de Análise de Recessão.
Uma informação importante é saber que nem sempre a vazão base é a recarga. As seguintes
atividades podem alterar o valor da vazão base:
As barragens nos rios alteram os períodos de seca mudando a vazão base. Só não
há alteração quando a área das barragens é menor que 10% da área da bacia.
O bombeamento da água do rio para a agricultura, usos urbanos e industriais.
Transferência de parte de água de rios de uma bacia para outra
O retorno sazonal das águas nas áreas de irrigação.
Mudanças no uso do solo, como corte da mata, reflorestamento que alteram a
evopotranspiração
Extração de água subterrânea suficiente para abaixar o lençol freático ou reverter o
gradiente do lençol perto dos rios.
Método da separação da vazão base
É geralmente um método gráfico e muito usado.
Basicamente pode ser:
1. Valor constante
2. Declividade constante
3. Método côncavo
Existem vários métodos para a separação da vazão base, conforme a Figura (2.11) e, de acordo
com o método usado, os resultados serão diferentes. Também não devemos esquecer que os métodos para
medição de vazão dos rios para se fazer o hidrograma são muito imprecisos.
Figura 2.11 - Vários métodos de separação da vazão base. Método a, b e c.
Fonte: Dingman, 2002.
Vamos explicar somente dois métodos, sendo um da Figura (2.11a) e outro da Figura (2.11c).
Os cálculos devem ser feitos para no mínimo dois anos de medições em determinado local. De modo
geral, o método aproximado superestima a vazão base. O índice da vazão base deve ser sempre usado como
uma primeira aproximação.
Existem casos que possuímos dados para fazer o hidrograma e casos que não temos nenhum dado
disponível e neste caso podemos fazer durante certo tempo algumas medidas ou se basear em alguma
analise regional do índice BFI.
A influência do homem deve ser sempre levada em conta, como por exemplo, irrigação,
bombeamento, sistema de abastecimento de água, descargas de tratamentos de esgotos sanitários, sistemas
de drenagem, etc.
Depois se constrói uma curva de freqüência cumulativa das declividades médias achadas. A declividade
em porcentagem a ser achada é aquela correspondente a 10% dos pixeis, em que as declividades são iguais
ou menores que 10%.
Exemlo
Calcular para o córrego Água Suja, em Guarulhos, o BFI, sendo dados:
2
Área da bacia= 3,7 km
Comprimento do talvegue= 3,6km
Declividade média do talvegue= 7,59%
2
Densidade hídrica = 2,1 km/km (estimado)
80% da área tem declividade > 30%
10% da área tem declividade < 10%
10% da área tem declividade < 0,4% (estimativa)
P=precipitação media anual= 1463mm /ano (Posto Bonsucesso)
Figura 2.15 - Ganho e perda nos rios. A) rio ganhando B) rio perdendo
Fonte: Delleur, 1999.
Subsidência
Um fenômeno que pode acontecer em aqüíferos onde há rebaixamento devido a explotação das
águas subterrâneas, é a subsidência, isto é, o abaixamento do solo.
Conforme Cabral et al, 2006 os valores de subsidência em vários paises estão na Tabela (2.5)
Um problema da subsidência é que mesmo que se queira injetar água para voltar a posição original
do solo, há o fenômeno da histerese, isto é, sempre haverá um rebaixamento.
Na Região Metropolitana de São Paulo até o presente não foi constatado nenhum caso de
subsidência devido a poços tubulares profundos, com excessão da cidade de Cajamar, que está localizada
em área cárstica, onde houve ruptura do solo causando grandes danos para a região.
Figura 2.16 - Exemplo de subsidência. A casa sumiu com o rebaixamento do solo devido a retirada de
água de um poço tubular profundo junto a mesma.
Exemplo
Calcular a subsidência para camada de areia de 60m de espessura. O lençol freático está localizado a
10m de profundidade abaixo da superfície do solo, conforme Figura (2.17).
Calcular a pressão total e a pressão intergranular a 10m de profundidade e no fim da camada de
areia, sendo dados a porosidade n= 0,35; umidade volumétrica = 0,08 e o peso específico do solo
s= 25,5kN/m e o peso específico da água a = 9,81kN/m .
3 3
No lençol freático temos: Pt= Ph + Pi , mas como Ph= 0 então Pt= Pi.
Teremos: Pt= Pi= 10 [(1- 0,35) 25,5 + 0,08 x 9,81]= 173,6 kPa
Pressão no fim da camada de areia:
A pressão total Pt no fim da camada de areia será:
Pt= 173,6 + 50 [( 1-0,35) 25,5 + 0,35 x 9,81]= 1.174 kPa.
A pressão hidrostática Ph será:
Ph= 9,81 x 50 = 490,5kPa
Como: Pi= Pt – Ph= 1.174kPa – 490,5kPa= 683,5kPa.
Portanto, a pressão intergranular no fim da camada de areia é de 683,5kPa quando o nível do lençol
freático está 10m abaixo da superfície.
Como supomos que haverá um abaixamento do lençol freático de 40m, queremos saber como vai
ficar a pressão intergranular no fim da camada de areia.
Primeiro trecho:
Vamos calcular a pressão média. Como a pressão intergranular devido a variação do lençol estar a 10m
abaixo da superfície e passar para 50m abaixo da superfície, tomamos a média:
Média= (286,5kPa + 0)/ 2= 143,25kPa
Usando a Equação (2.10) teremos:
Su= Z x (Pi2 – Pi1)/ E
Sendo:
2 2
E= 10.000N/cm = 100000kN/m = módulo de elasticidade da areia
Z=40m que é o abaixamento que houve.
Pi2 – Pi1= 1143,25kPa
Su1= 40x ( 143,25)/ 100000= 0,0573m
Segundo trecho:
A subsidência no trecho dos 50m abaixo da superfície até 60m onde termina a areia será:
Su2= 10 x 286,5 / 10000=0,0287m.
A subsidencia total será:
Su= Su1+Su2= 0,0573m + 0,0287m= 0,086m.
Exemplo
Usando ainda dados do Exemplo (2.1) supor a existência de uma camada de 25m de argila abaixo do fundo
da camada de areia, conforme Figura (2.18). O módulo de elasticidade da argila é menor que o da areia:
2
E= 10000kN/m . Qual será a subsidência total?
Su3= 25x286,5/10000= 0,716m.
A subsidencia total será:
Sutotal= Su + Su3= 0,086m + 0,716m= 0,802m
Infiltração em um canal
Usando as hipóteses de Dupuit- Forchheimer, conforme Delleur, 1999, podemos estimar para
aqüíferos não confinados, a vazão infiltrada em um canal, conforme Figura (2.18) .
As hipóteses originais de Dupuit foram feitas em 1863 e as de Forchheimer em 1930.
Sendo:
3
Q= vazão infiltrada (m /dia)
Dw= profundidade do lençol freático (m)
Di= altura do fundo do canal até a superfície impermeável (m)
L= distância do eixo do canal até Dw (m)
Ws= largura superficial do canal (m)
Wb= largura da base do canal trapezoidal (m)
K= coeficiente de permeabilidade (m/dia)
Restrição: Di < 3Ws
Vamos aplicar a equação de Manning para achar a vazão máxima considerando n= 0,022, declividade
S= 0,0004m/m e Wb= 4m e inclinação dos taludes de 45º.
(2/3) 0,5
Q= (1/n) x A x Rh xS
2
A=5m Rh=5/6,828= 0,732m
3 3
Q= 3,692m /s= 318.988m /dia
Figura 2.19 - Relação entre as reservas e disponibilidades para aqüíferos espessos e rasos
Fonte: Waldir Duarte Costa, Hidrogeologia, 1997.
As reservas totais ou naturais são representadas pelo conjunto das reservas permanentes com as
reservas reguladores, constituindo, assim, a totalidade de água existe num aqüífero ou sistema aqüífero.
As reservas de explotação ou recursos constituem a quantidade máxima de água que poderia ser
explotada de um aqüífero sem riscos de prejuízos ao manancial. As maiores discussões são em relação as
reservas de explotação, cujos conceitos muitas vezes são controvertidos e discutíveis.
Num sistema aqüífero podemos ter duas situações básicas:
Aqüífero confinado e
Aqüífero livre
Os aqüíferos livres são alimentados pelas infiltrações diretas das chuvas que caem sobre as suas
áreas de afloramento e/ou pelas infiltrações induzidas por atividades antropogênicas, tais como: irrigação,
vazamento de redes de distribuição de água, galerias pluviais e/ou coleta de esgotos, enchentes, lagoas de
estabilização de efluentes, etc (Rebouças, 1994).
Sendo:
3
Rp1= reserva permanente (m )= volume armazenado sob pressão.
3
Rp2= reserva permanente (m )= volume de saturação.
2
A= área de abrangência do aqüífero (m )
H= espessura do aqüífero (m)
n= porosidade efetiva do aqüífero livre
S= coeficiente de armazenamento (aqüífero confinado)
Exemplo
Calcular a reserva permanente de um aqüífero confinado que tem o coeficiente de armazenamento S= 0,0001
2
e espessura H= 10m e Área de 8.000km .
Aplica-se então a Equação (2.9):
Para o cálculo da área A, de modo geral, aplica-se a favor da segurança um redutor, como por exemplo, 0,7
onde se supõe que em cerca de 30% da área haja descontinuidade que comprometam a acumulação das
reservas.
2 2
Então: A= 8.000km x 0,7= 5.600km
H= 10m
–4
S= 0,0001= 1 x 10
2 2 6 3
Rp1= A . H . S= 5.600km x 100ha x 10.000m x 10m x 0,0001= 5,6 x 10 m
Exemplo
Calcular a reserva permanente de um aqüífero livre que tem porosidade efetiva n= 8%, espessura H= 20m e
2
área de 8.000km .
Aplica-se então a Equação (2.10):
Para o cálculo da área A, de modo geral, aplica-se a favor da segurança um redutor, como por exemplo, 0,7
onde se supõe que em cerca de 30% da área haja descontinuidade que comprometam a acumulação das
reservas.
2 2
Então: A= 8.000km x 0,7= 5.600km
H= 20m
n= 0,08
2 2 9 3
Rp2= A . H . n= 5.600km x 100ha x 10.000m x 20m x 0,08= 4,48 x 10 m
Exemplo
Calcular a reserva permanente Rp para os dois tipos de aqüíferos: confinado e livre dos Exemplos (2.4) e
(2.5).
6 3
Rp1= 5,6 x 10 m
9 3
Rp2= 4,48 x 10 m
6 3 9 3
Rp= 5,6 x 10 m + 4,48 x 10 m =
6 3 6 3 6 9 3
Rp= 5,6 x 10 m + 4480 x 10 m = 4485,6 x 10 = 4,4856 x 10 m
ExempLO
Calcular a reserva permanente de um aqüífero livre que tem porosidade efetiva n= 15%, espessura H= 57m e
2
área de 140km . Como existe argila supõe-se que temos somente 50% de sedimentos.
Aplica-se então a Equação (2.10):
Rp2= A . H . n (situação de aqüífero livre)
2
Então: A= 140km
H= 57m
n= 0,15= 15%
Sedimentos existentes = 50%= 0,50
2 2 8 3
Rp2= A . H . n= 140km x 100ha x 10.000m x 57m x 0,15 x 0,50= 6 x 10 m
3
Portanto, a reserva permanente existente é de 600milhões de m .
Exemplo
Calcular a reserva permanente de um aqüífero livre que tem porosidade efetiva n=15%, espessura H=57m e
2
área de 16km . Como existe argila supõe-se que temos somente 50% de sedimentos.
Aplica-se então a Equação (2.10):
Rp2= A . H . n (situação de aqüífero livre)
2
Então: A= 16km
H= 57m
n= 0,15= 15%
Sedimentos existentes= 50%= 0,50
2 2 7 3
Rp2= A . H . n= 16km x 100ha x 10.000m x 57m x 0,15 x 0,50= 6,84 x 10 m
2 3
Portanto, a reserva permanente existente na região de 16km é de 68milhões de m .
Reservas reguladoras
A alimentação ou recarga do aqüífero é procedida unicamente por infiltração direta das águas de chuvas
e pelos cursos de água existentes.
Há necessidade de se verificar para a quantificação da recarga de infiltrômetros, entretanto raramente
estes dados estão disponíveis. Entretanto existem vários poços tubulares profundos que podem fornecer
elementos importantes para os cálculos da reserva reguladora.
Existem várias maneiras de se calcular as reservas reguladoras (Duarte Costa, 1997).
a
1 Vazão de Escoamento Natural (VEN)
O valor h quando não se tem dados pode ser obtido através de R= h x S. O valor de R pode ser
obtido pelo balanço hídrico.
Reservas explotáveis
Os recursos explotáveis ou disponibilidade do sistema aqüífero podem ser considerados sob vários
aspectos:
Disponibilidade potencial do aqüífero;
Disponibilidade virtual do aqüífero;
Disponibilidade instalada dos poços e
Disponibilidade efetiva dos mesmos poços
Recarga de aqüíferos
A recarga artificial de aqüíferos está documentada nos Estados Unidos desde o século 19 quando
começou o stress do suprimento das águas subterrâneas. Duas forças básicas induziram a recarga artificial, o
crescimento da população e foram aplicadas técnicas de inundação para se fazer a infiltração.
Nos ano de 1950 começou a prática na Califórnia de recarga devido à intrusão salina na área
costeira.
A recarga dos aqüíferos numa bacia hidrográfica deve-se a:
Infiltração direta das chuvas;
Contribuição do rio e seus afluentes.
Exemplo
Calcular as reservas permanentes e as reservas reguladoras da Região Metropolitana de São Paulo, usando
dados de Rebouças et al, 1994.
Dados:
2
Área de rochas cristalinas: 2.599km
2
Área de rochas sedimentares: 1452km
2
Área total: 8.051km
As vazões reguladoras foram calculadas com base na área e na taxa de recarga dia em (mm/ano).
A disponibilidade hídrica foi calculada numa fração entre 25% e 50% sendo escolhida a fração de
25%.
3
Rebouças salienta que temos aproximadamente 25m /s de água subterrânea disponível na RMSP e
salienta a vulnerabilidade dos aqüíferos e os riscos de poluição dos mesmos. A vazão de água subterrânea
3
extraída na RMSP conforme ABAS, 2005 é de 8m /s.
Hyporheic zone
A hyporheic zone é o volume de sedimentos saturados que estão abaixo ou ao lado do canal de água
onde as águas subterrâneas e as águas superficiais se misturam, conforme Figura (2.17).
A interface entre a água superficial e a subterrânea exerce influência na dinâmica do fluxo de
nutrientes e materiais, no sentido lateral e longitudinal. Os processos ocorridos na hyporheic zone podem
influenciar a qualidade da água superficial, conforme Anderson et al, 2002 da ESALQ.
A hyporheic zone tem sido estudado ultimamente devido a importância para os organismos aquáticos,
incluído peixes, conforme Dingman, 2002.
A hyporheic zone é a dimensão vertical de um rio, sendo as outras duas, uma longitudinal e outra
lateral.
Barragens subterrâneas
Tive oportunidade, sendo Diretor de Exploração Mineral no Ministério de Minas e Energia, de ver os
projetos de barragens subterrâneas elaborados pelo geólogo Waldir Costa da Universidade Federal de
Pernambuco, onde me dei conta da importância das mesmas para o Brasil.
Pesquisei na biblioteca do DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral e constatei que as
primeiras pesquisas feitas no Brasil são do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT desde
1978, sendo importante os trabalhos de vários geólogos da entidade entre eles: Antônio Manoel dos Santos
Oliveira e seu colega Carlos Alberto Gonçalves Leite.
No Brasil, onde se usa mais barragens subterrâneas, é no semi-árido (parte do nordeste do Brasil) em
locais onde há os chamados rios intermitentes, isto é, durante uma fase do ano ficam sem água.
Geralmente estes rios estão em áreas rochosas onde existe faixa do aqüífero aluvial de uns 100m
com profundidade maior que 2m. Com um comprimento a montante da barragem de 1 km aproximadamente,
pode-se fazer uma barragem no aluvião, podendo a mesma ser feita de argila impermeável ou de lona
plástica com custo muito baixo.
Furam-se poços rasos e retira-se a água para alimentação de casas e aos animais, como também
para plantações. A exportação de melão no nordeste está, na maioria dos casos, em locais onde há barragem
subterrânea.
Os aluviões do rio que possibilitam a barragem subterrânea é a hyporheic zone.
Os usos básicos das barragens subterrâneas, conforme Abreu et al:
Figura 2.21 - Barragens subterrâneas em paredes de alvenaria ou concreto (A), com lona plástica (B) ou septo
impermeável (argila).
Fonte:Brito et al, 1999
Figura 2.22 - Assentamento de lona plástica no aluvião para formar a barragem subterrânea
Fonte: Abreu et al - Aspectos da Qualidade em execução de barragens subterrâneas.
Figura 2.26 - Foto dos engenheiros Plínio Tomaz e Luiz Nelson Peppe examinando o teste de vazão com
compressor de um dos poços tubulares profundos do Jardim Santa Francisca, 1968- Guarulhos. Vazão
achada de 50.000litros/hora.
Figura 2.27-Foto de 1968 dos engenheiros Plínio Tomaz e Luiz Nelson Peppe notando-se o nome da
firma Corner S.A., e o uso dos filtros Johnson de aço inox.
Após a aprovação dos estudos dos hidrogeólogos Mente e Barbosa o DNPM viabilizou a Portaria nº
231 de 31 de julho de 1998 que trata das áreas de proteção de fontes de águas minerais.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL
PORTARIA Nº 231,de 31 DE JULHO DE 1998
DOU de 07/08/98
O DIRETOR-GERAL DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL - DNPM, no
uso das atribuições que lhe confere a Portaria nº 340, de 15 de julho de 1992 e o Decreto de 07 de março de
1996, publicado no D.O.U. de 08 de março de 1996, e atendendo ao que estabelece o Art. nº 12, do Decreto-
Lei nº 7.841/45, de 08 de agosto de 1945, Código de Águas Minerais e considerando que:
Considerando que a grande maioria das Fontes, Balneários e Estâncias de Águas Minerais e
Potáveis de Mesa, naturais, em exploração no país, localiza-se próximo aos centros urbanos, distritos
industriais, atividades agropecuárias, lixões e outros agentes poluentes;
Considerando que a água mineral uma vez poluída, descaracteriza a sua qualificação e que na
maioria das vezes o processo é irreversível;
Considerando, finalmente, que o conhecimento do potencial hídrico subterrâneo da área e o seu
dimensionamento, a sua preservação, a sua conservação e a racionalização do seu uso necessitam de
estudos geológicos e hidrogeológicos de detalhe, estudos esses indispensáveis para a definição da área de
proteção de uma fonte; resolve:
1. Os titulares de Alvarás de Pesquisa de água classificada como mineral e ou potável de mesa,
naturais, e se o seu uso se destine a envase, balneário e estância hidromineral, devem apresentar a área de
proteção de sua fonte, quando da apresentação do Relatório Final dos Trabalhos de Pesquisa;
2. Os concessionários que ainda não dispõem de áreas de proteção, deverão apresentar ao DNPM
a área de proteção de sua fonte no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias a contar da publicação
da presente portaria;
3. Aprovar a Metodologia de Estudos necessários à definição de Áreas de Proteção de Fontes,
Balneários e Estâncias de Águas Minerais e Potáveis de Mesa, naturais, a seguir discriminada:
3.1. OBJETIVO
Regulamentar de acordo com o que estabelece o capítulo III, artigos 12 a 18 do Código de Águas
Minerais, as ações e procedimentos necessários à definição de áreas de proteção das fontes, balneários e
estâncias de águas minerais e potáveis de mesa em todo o território nacional, objetivando sua preservação,
conservação e racionalização de uso.
3.2. FINALIDADES
Conhecer e definir as condições de ocorrência das fontes de águas minerais e potáveis de mesa;
identificar a situação atual e potencial quanto aos riscos de contaminação e grau de vulnerabilidade frente aos
diversos fatores ambientais e fontes de poluição, e estabelecer, em função destes condicionantes, as medidas
corretivas ou preventivas necessárias á sua proteção e conservação.
3.3. CONCEITUAÇÃO DE ÁREAS OU PERÍMETRO DE PROTEÇÃO
Para efeito desta regulamentação, as áreas ou perímetros de proteção das águas minerais ou
potáveis de mesa, captadas através de poços ou fontes e nascentes naturais, destinam-se à proteção da
qualidade das águas e tem como objetivo estabelecer os limites dentro dos quais deverá haver restrições de
ocupação e de determinados usos que possam vir a comprometer o seu aproveitamento.
Os diversos modos de ocorrência e tipos de sistemas aqüíferos dão origem a condições bastante
diferenciadas no que se refere ao grau de vulnerabilidade ou de riscos de contaminação das águas. Em
conseqüência, torna-se necessário um adequado conhecimento do modelo hidrogeológico local e regional
para a avaliação e delineamento de um plano de controle e proteção.
Na definição de áreas ou perímetros de proteção deverão ser conceituadas três diferentes zonas
segundo suas características hidráulicas: a ZI ou zona de influência; a ZC ou zona de contribuição e a ZT,
zona de transporte.
A zona de influência (ZI) é aquela associada ao cone de depressão (rebaixamento da superfície
potenciométrica) de um poço em bombeamento ou de uma fonte ou nascente natural, considerado aqui como
um afloramento da superfície piezométrica ou freática, equivalente a um dreno.
A zona de contribuição (ZC) é a área de recarga associada ao ponto de captação (fonte ou poço),
delimitada pelas linhas de fluxo que convergem a este ponto.
A zona de transporte (ZT) ou de captura é aquela entre a área de recarga e o ponto de captação. É
esta zona que determina o tempo de trânsito que um contaminante leva para atingir um ponto de captação,
desde a área de recarga. Em geral, este tempo depende da distância do percurso ou fluxo subterrâneo, das
características hidráulicas do meio aqüífero e dos gradientes hidráulicos.
A zona de influência ZI, associada ao perímetro imediato do poço ou fonte, define uma área onde
serão permitidas apenas atividades inerentes ao poço ou fontes e delimita também um entorno de proteção
microbiológica. Suas dimensões serão estabelecidas em função das características hidrogeológicas e grau de
vulnerabilidade ou risco de contaminação de curto prazo. Nesta zona, não serão permitidas quaisquer
edificações e deverá haver severas restrições à atividade agrícola ou outros usos considerados
potencialmente poluidores.
As zonas de contribuição e de transporte (ZC e ZT) serão estabelecidas objetivando uma segura
proteção para contaminantes mais persistentes, como produtos químicos industriais ou outras substâncias
tóxicas, por exemplo. Sua definição e dimensões serão baseadas em função principalmente das atividades,
níveis e intensidade de ocupação e utilização da terra, levando-se em conta também as estimativas sobre o
tempo de trânsito.
3.4. ESTUDOS E LEVANTAMENTOS
A definição das áreas de proteção deverá ser baseada em estudos e levantamentos prévios,
envolvendo:
a- Caracterização hidrológica e climática.
b- Características hidrogeológicas locais e sua inserção no contexto regional.
c- Características físico-químicas e sanitárias das águas.
d- Caracterização do uso do solo e das águas, com identificação das principais fontes de poluição.
e- Análise das possibilidades de contaminação das fontes e seu grau de vulnerabilidade aos agentes
poluentes.
f- Identificação de medidas corretivas ou preventivas com estabelecimento de um plano de
controle.
g- Definição das áreas de proteção.
3.4.1. Caracterização Hidrológica e Climática
a- Características da drenagem e principais aspectos físicos das bacias hidrográficas.
b- Regime fluviométrico e dados de vazões máximas e mínimas.
c- Principais características climáticas - tipo de clima, regime e totais pluviométricos,
temperaturas e umidade relativa.
3.4.2 - Características Hidrogeológicas
a- Geologia - aspectos litológicos e estruturais da área e sua inserção regional.
Apresentação de base geológica local e situação regional.
b- Identificação e caracterização do(s) sistema(s) aqüífero(s):
b-l = Tipos de aqüífero: local ou regional, granular, fissurado, cárstico, livre, confinado ou
semi-confinado.
b-2 = Sua distribuição e áreas de ocorrência (mapa dos sistemas aqüíferos), condições de
contorno ou limites (impermeáveis ou de recarga).
b-3 = Características hidráulicas (permeabilidade, transmissividade, porosidade efetiva ou
coeficiente de armazenamento).
b-4 = Dados de pontos d’água existentes (fontes, nascentes, poços rasos, poços tubulares).
b-5 = Capacidade específica dos poços e vazões das fontes.
c- Definição do modelo hidrogeológico
c-1 = Superfície piezométrica ou freática.
c-2 = Direções de fluxo ou escoamento.
c-3 = Identificação das áreas de recarga e descarga.
c-4 = Estimativas de infiltração e do tempo de residência das águas.
3.4.3.- Características Hidroquímicas
a- Qualidade química e físico-química - tipos de águas, maiores elementos e traços,
metais pesados, fenóis e outras substâncias orgânicas e tóxicas - Classificação quanto ao Código de Águas
Minerais.
b- Qualidade sanitária - análises microbiológicas.
c- Relações água-rocha e evolução química da água - variações temporais.
3.4.4 - Caracterização do Uso do Solo e das Águas - fontes atuais e potenciais de poluição:
a- Identificação e mapeamento dos principais usos do solo e das águas na área de influência
direta - usos urbanos, industriais, agrícolas e pecuário.
b- Identificação das fontes de poluição ou agentes poluentes - origem, tipos e caracterização de
resíduos e efluentes líquidos.
c- Principais usos das águas superficiais e subterrâneas - doméstico, industrial, agrícola, diluição
de despejos.
3.4.5 - Análise das Possibilidades de Contaminação das Fontes e Grau de Vulnerabilidade:
a- Análise de eventuais interferências e impactos ambientais sobre a quantidade e qualidade das
águas minerais decorrentes do uso e ocupação do solo ou da utilização das águas subterrâneas e
superficiais.
Na análise das possibilidades de interferências ou de impactos ambientais adversos deverão ser definidas
sua importância e magnitude, localização e extensão (pontual, local, regional), duração (temporária ou
permanente), previsão de incidência dos efeitos (curto, médio e longo prazos) e seu grau de reversibilidade.
b- Análise conjunta de todos esses fatores aliados às condições de ocorrência das águas das
fontes no sentido de definir seu grau de vulnerabilidade aos agentes contaminantes.
3.4.6 - Definição das Áreas de Proteção
Para a definição das Áreas de Proteção, deverão ser utilizados métodos apropriados e adequados
às disponibilidade de informações, das características hidrogeológicas e do nível de intensidade de ocupação
das áreas em estudo, devendo ser apresentado, o memorial descritivo e a planta de situação da área
acompanhada da Anotação de Responsabilidade Técnica - A.R.T.
O DNPM, com base em critérios técnicos, aprovará a delimitação de áreas de proteção, ou
formulará exigências que se fizerem necessárias.
4. Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.
Deverá ser estudado a vulnerabilidade do aqüífero, já existindo diversos estudos no Estado de São
Paulo. Sugerimos ainda que seja consultado o livro Determinação de riscos de contaminação das águas
subterrâneas do Instituto Geológico de São Paulo Boletim nº 30 de 1993, que teve a participação do geólogo
Ricardo Hirata.
O engenheiro civil formado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Dr. Nilson Guiger,
especialista em geológica, nasceu em Pirassununga, São Paulo, proprietário da firma canadense Waterloo
Hydrogeologic e autor dos programas de computador denominado Modflow, Flowpath e outros usados em
todo o mundo.
Estudos hidrogeológicos
A importância dos estudos hidrogeológicos de uma determinada bacia hidrográfica, definirá os
procedimentos e cuidados na abertura de novos poços evitando super-explotação, contaminação do aqüífero,
interferência de um poço com outro, estudo de recarga, etc.
Em 1996 o DNPM elaborou um estudo hidrogeológico da bacia sedimentar do Araripe que cobre uma
2
área de 11.000km englobando os estados de Pernambuco, Ceará e Piauí.
Aqüífero Guarani
Um dos maiores aqüíferos do mundo é o Guarani, sendo que a sua denominação é devida aos índios
que habitaram a região, segundo sugestão do geólogo uruguaio Danilo Anton.
2
O Aqüífero Guarani abrange o Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina com 1.195.200km sendo que
71% do mesmo estão dentro do Brasil.
Paraguai 71.700
Argentina 225.300
Uruguai 58.400
Nele há cerca de 2 mil poços tubulares profundos com profundidades entre 50m e 800m podendo
atingir até 1.800m de profundidade. No Estado de São Paulo temos 1000 poços artesianos no aqüífero que
3
atingem vazões de até 700m /hora (194 L/s).
Considerando-se espessura média de 250m e porosidade efetiva de 15% as reservas permanentes
15 3 3 10 3
são de 45 x 10 m , ou seja, 45 milhões de km . A recarga anual natural é de 16 x 10 m , ou seja,
3 10 3 3
160km /ano sendo que pode ser explorado 4 x 10 m , ou seja, 40km /ano sem riscos para o aqüífero
podendo abastecer 548 milhões de habitantes a quota per capita de 200litros/dia. As águas são de boa
qualidade.
Nas últimas pesquisas que foram feitas constatou-se:
O aqüífero Guarani não é continuo como se suponha, havendo vários aqüíferos um próximo
do outro e separados.
3 3
A reserva renovável é menor, tem 35 milhões de km e não 45 milhões de km .
A qualidade da água não é a mesma em todo o aqüífero, pois no Paraná a maioria da água é
salobra.
Tudo isto mostra que são necessárias mais pesquisas para o conhecimento perfeito do aqüífero
Guarani.
2
A área de recarga de 150.000km é constituída de sedimentos arenosos na Argentina e Uruguai e
arenito Botucatu no Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil.
3
Na parte brasileira do aqüífero Guarani as reservas de água estão estimadas em 48.000km sendo
3 3
que as recargas naturais são de 118.000km de afloramento da ordem de 26km /ano. O tempo de renovação
do aqüífero Guarani é de 300anos contra 20mil anos da Grande Bacia Artesiana da Austrália, por exemplo,
conforme Rebouças.
No Brasil o Aqüífero Guarani está nos Estados de: São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
O aqüífero Guarani é maior que o aqüífero dos Grandes Planícies onde se encontra a famosa
Formação Ogalalla nos Estados Unidos que toma vários estados americanos.
Atualmente cerca de 15milhões de habitantes usam a água do Aqüífero Guarani nos quatro países.
Pode ser abastecido pelo mesmo cerca de 500 milhões de habitantes.
A água de poços artesianos pode ser usada para agricultura e os aqüíferos profundos podem produzir
água quente para combater as geadas ou para consumo em chuveiros e aquecedores evitando a energia
elétrica. A temperatura nos poços em grande profundidade varia de 46ºC a 52ºC.
3
Na Região Metropolitana de São Paulo usa 63m /s de água potável com água que vem desde o sul
de Minas Gerais a mais de 100km de distância da capital com perda de água distribuída em torno de 45%.
Engenheiros e geólogos da Sabesp fizeram um cálculo para fazer 100poços artesianos com vazão de
50 litros/segundo cada em São Paulo perto das cidades de Itatinga e Itirapina que fica aproximadamente
190km da capital e 50km antes da cidade de São Carlos, podendo ser enviado para a capital de São Paulo
3
5m /s para abastecer 1.800.000habitantes no consumo médio diário de 200 litros/habitante x dia a um custo
de 1,2 bilhões de reais. Bastante caro.
Na cidade de Ribeirão Preto os agrotóxicos estão começando a contaminar o Aqüífero Guarani motivo
que levou os quatro paises ao Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema
Aqüífero Guarani contanto com apoio do Banco do Mundial.
No Estado de São Paulo existem 200 empresas registradas que fazem poços artesianos e 300
clandestinas.
Na RMSP existe em operação 3.000 poços tubulares profundos, sendo 300 na bacia do rio Baquirivu-
Guaçu que possui o graben Cumbica, que é o último aqüífero de grande produtividade na Região
Metropolitana de São Paulo.
3
A vazão da água subterrânea extraída na RMSP é de 8m /s.
Somente no Estado de São Paulo as reservas disponíveis de água subterrânea são de
3
aproximadamente 152m /s.
Mini-poços
Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) surgiu a partir de 1995 um novo tipo de captação de
água, denominado de mini-poço.
Trata-se de um poço tubular com comprimento raramente superiores a 50m, escavado em zona
sedimentar e com diâmetros de 4” a 8”. Produzem vazões de 500litros/hora até 2.000litros/hora, conforme
Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê de abril de 2001.
Estudos da Bacia do Alto Tietê de 2001 apresentam em operação na época 13.000 poços na RMSP
sendo 12.000 poços tubulares profundos normais e 1.000 mini-poços com vazão média de 700litros/hora.
Complementando ainda as informações, das 39 empresas cadastradas, 55% trabalham exclusivamente com
poços denominados mini-poços.
O mesmo é feito por leigos e a instalação completa, incluso perfuração bombeamento sistema air-lift,
isto é, com compressor é de aproximadamente R$ 3.500,00.
São executados sem autorização ou outorga como se fosse um poço raso comum.
2.33 Efeito da urbanização nas águas subterrâneas
Nas áreas urbanas o efeito da urbanização mais freqüente é o abaixamento do lençol freático, sendo
freqüente a citação de varias cidades do México.
A cidade de Querétaro cujo abaixamento devida ao excesso de retirada de água subterrânea (super-
explotação) causou um abaixamento de 3,5m /ano.
Devido aos solos aluviais houve uma subsidência diferencial de 0,4m a 0,8m, causando sérios danos
a estruturas, conforme http://www.unep.org/DEWA/water/groundwater/pdfs/Groundwater_INC_cover.pdf,no
artigo “Groundwater and susceptibilty to degradation” publicado em 2002 e acessado em 21 de janeiro de
2006.
Entretanto atualmente tem surgido alguns problemas novos, sendo um deles o alteamento do lençol
freático, como aconteceu em Trafalgar Square em Londres.
Desde 1900 o lençol freático em Londres estava 60m abaixo e atingiu 100metros abaixo do solo, mas
a partir de 1967 o nível do mesmo começou a subir 1,5m /ano estando hoje a uns 50m abaixo somente,
portanto o nível do lençol freático subiu mais ou menos uns 10m acima do nível de 1900. Isto tem causado
enormes problemas como de engenharia nas fundações dos prédios e a elevação de poluentes.
Isto também aconteceu na cidade de Riyadh, capital da Arábia Saudita, onde devido a vazamentos de
redes de água potável, irrigação mal feita, vazamentos de redes de esgotos e infiltração da chuva, aumentou
o lençol freático a nível sem precedente causando o que se chama o paradoxo hidrológico do semi-árido.
Em Moscou a recarga praticamente triplicou.
HIDROLOGIA
1.1 - Conceituação
Hidrologia é uma ciência aplicada que estuda a água na natureza, abrangendo as suas
propriedades e os processos que interferem na sua ocorrência e distribuição na atmosfera, na
superfície terrestre e no subsolo. Dentro deste contexto, ela pode ser dividida em:
- Hidrometeorologia: estudo da água na atmosfera;
- Hidrologia de Superfície: estudo das águas superficiais, dividindo-se em:
Limnologia: estudo d água em lagos e reservatórios;
Potamologia: estudo água em arroios e rios;
Glaciologia: estudo da água na forma de gelo e neve na natureza;
- Hidrogeologia: estudo das águas subterrâneas;
Com a incorporação da visão holística, incluindo os aspectos ambientais, a Hidrologia vem
se aprofundando e se subdividindo em subáreas do conhecimento, como por exemplo:
- Geomorfologia: avaliação do relevo de bacias hidrográficas de forma quantitativa;
- Interceptação vegetal: análise da influência da cobertura vegetal na interceptação da
chuva;
- Infiltração: processo altamente influenciado pelo manejo do solo, determinante da
intensidade de escorrimento superficial e por indiretamente da erosão hídrica;
Evaporação e Evapotranspiração: avalia a transferência de água para atmosfera,
desde a superfície do solo, vegetação ou dos espelhos de água;
- Sedimentologia – estudo da produção de sedimento e de seu transporte sobre as
encostas e canais de drenagem: análise da influência da água no contexto da erosão
em bacias hidrográficas;
- Qualidade da água e meio ambiente: quantifica a qualidade da água por meio de
parâmetros físicos, químicos e biológicos.
1.2 Importância da Hidrologia
A água é um recurso natural reciclável que aparentemente encontra-se em grande
disponibilidade, tanto qualitativamente como quantitativamente, por ocupar cerca de 70% da
superfície do planeta. Sempre foi e continuará sendo, com maior intensidade, um fator
preponderante e cada vez mais limitante para o desenvolvimento da sociedade humana.
Essencial à vida, a água é um elemento necessário a diversas atividades humanas, além de
constituir componente fundamental da paisagem e meio ambiente. Recurso de valor inestimável,
apresenta utilidades múltiplas, como geração de energia elétrica, abastecimento doméstico e
industrial, irrigação, navegação, recreação, turismo, aquicultura, piscicultura, pesca e ainda,
assimilação de esgoto.
A quantidade de água existente na natureza é finita e sua disponibilidade diminui
gradativamente devido ao crescimento populacional, à expansão das fronteiras agrícolas, ao
desperdício e à degradação do meio ambiente devido à poluição e contaminação. Sendo a água um
recurso indispensável à vida, é de fundamental importância a discussão das relações entre o homem
e a água, uma vez que a sobrevivência das gerações futuras depende diretamente das decisões que
hoje estão sendo tomadas.
No Brasil, depois da aprovação da Constituição de 1988 e da Lei 9433/97 – que instituiu a
“Política Nacional de Recursos Hídricos”, a água passou a ser um bem público, com valor
econômico, cuja utilização requer que seja conferida a outorga do direito de uso da água,
instrumento de apoio à gestão dos recursos hídricos.
O Quadro 1 a seguir apresenta a distribuição de água no globo terrestre.
Subte r r âne a
21,32%
Rios
0,03%
Atm os fe r a
0,03%
Lagos
Ge le ir a 0,31%
78,05%
A análise dos dados, que refletem a distribuição da água no globo terrestre, permite que se
conclua ser necessário estabelecer um uso racional dos recursos hídricos, uma vez que a maior parte
da água consumível não está acessível ao homem. No Brasil, o fornecimento de água para as
atividades econômicas é, na grande maioria, proveniente de rios e reservatórios e nas regiões mais
habitadas já estão ocorrendo sérios problemas de fornecimento, como em São Paulo e no Rio de
Janeiro, que já apresentam um quadro próximo de um colapso.
Da água da atmosfera, 90% encontra-se nos primeiros 5 km e se toda ela precipitasse sobre a
superfície terrestre, resultaria uma lâmina de 25 mm. A Figura 2 mostra outra informação relevante,
sobre os diferentes usos da água no mundo.
Figura 2. Distribuição média do uso da água pelas diferentes atividades no mundo.
Observa-se que a Hidrologia é uma ciência de aplicação essencial para projetos de obras
civis e também para estudos ambientais, por meio de monitoramento do ciclo hidrológico dos
ecossistemas de interesse. É importante tanto para a Engenharia Agrícola e como Florestal, que
além de obras hidráulicas e irrigação, que são campos de atuação da primeira, é fundamental para a
ciência florestal, uma vez que estudos sobre o papel hidrológico de áreas de preservação ambiental,
como matas ciliares e várzeas, e áreas de exploração vegetal, ocupadas por eucaliptos e pinus,
típicas de empresas produtoras de papel e celulose, devem ser realizados e estimulados, já que, a
disponibilidade hídrica é um dos parâmetros ambientais indicadores de degradação de áreas e
essencial para recuperação de sistemas ecológicos degradados.
O ciclo da água no globo é acionado pela energia solar. Esse ciclo retira água dos oceanos através
da evaporação da superfície do mar e da superfície terrestre. Anualmente cerca de 5,5 x 105 km3 de
água são evaporados, utilizando 36% de toda a energia solar absorvida pela Terra, cerca de 1,4 x
1024 Joules por ano (IGBP, 1993). Essa água entra no sistema de circulação geral da atm osfera que
depende das diferenças de absorção de energia (transformação em calor) e da reflectância entre os
trópicos e as regiões de maior latitude, como as áreas polares. Em média, cerca de 5.109 MW são
transportados dos trópicos, para as regiões polares em cada hemisfério.
O sistema de circulação da atmosfera é extremamente dinâmico e não-linear, dificultando
sua previsão quantitativa. Esse sistema cria condições de precipitação pelo resfriamento do ar
úmido que formam as nuvens gerando precipitação na forma de chuva e neve (entre outros) sobre
os mares e superfície terrestre. A água evaporada se mantém na atmosfera, em média apenas 10
dias.
O fluxo sobre a superfície terrestre é positivo (precipitação menos evaporação), resultando
nas vazões dos rios em direção aos oceanos. O fluxo vertical dos oceanos é negativo, com maior
evaporação que precipitação. O volume evaporado adicional se desloca para os continentes através
do sistema de circulação da atmosfera e precipita, fechando o ciclo. Em média, a água importada
dos oceanos é reciclada cerca de 2,7 vezes sobre a terra através do processo precipitação-
evaporação, antes de escoar de volta para os oceanos (IGBP,1993). Esse ciclo utiliza a dinâmica da
atmosfera e os grandes reservatórios de água, que são os oceanos (1.350 x 105 m3), as geleiras (25 x
105 m3) e os aqüíferos (8,4 105 m3 ). Os rios e lagos, biosfera e atmosfera possuem volumes
insignificantes se comparados com os acima.
Os processos hidrológicos na bacia hidrográfica possuem duas direções predominantes de
fluxo: vertical e o longitudinal. O vertical é representado pelos processos de precipitação,
evapotranspiração e fluxo de água no solo, enquanto que o longitudinal pelo escoamento na direção
dos gradientes da superfície (escoamento superficial e rios) e do subsolo (escoamento subterrâneo)
O conceito de ciclo hidrológico é um bom ponto de partida útil, inclusive acadêmico, para se
iniciar o estudo da Hidrologia. O mesmo se faz visível começando com a água existente na
atmosfera, conseqüência da evaporação desta nas superfícies livres (oceano, rios, lagos, geleiras,
etc.) e no solo. O vapor resultante da evaporação é transportado pelas massas de ar em movimento.
Sob determinadas condições climáticas (pressão de vapor e temperatura) o vapor se condensa,
formando nuvens que podem ocasionar precipitações. A precipitação que cai sobre o terreno
dispersa-se de vários modos. A maior parte é retida temporariamente no solo, nas proximidades do
local onde caiu e finalmente retorna à atmosfera por evaporação e por transpiração das plantas.
Parte da água escoa superficialmente até os leitos dos rios, outra parte penetra no solo para
constituir o armazenamento subterrâneo. Devido à ação da força gravitacional, tanto as águas
superficiais como as subterrâneas descem até cotas mais baixas e podem, eventualmente, atingir o
oceano. No entanto, grandes quantidades de águas superficiais e subterrâneas retornam à atmosfera
por evaporação e transpiração antes de chegar aos oceanos. Todos os processos que fazem parte do
ciclo hidrológico são regidos fundamentalmente pela radiação solar.
Esta descrição do ciclo hidrológico é bastante simplificada. Por exemplo, parte da água que
constitui as correntes superficiais pode infiltrar-se até a água subterrânea; em outros casos, ao
contrário, a água subterrânea dá origem às correntes superficiais. Parte da precipitação pode ficar
sobre o terreno como neve durante muitos meses até sofrer fusão com o fim do inverno e provocar
escoamento, num fenômeno conhecido como “snowmelt”.
O ciclo hidrológico é um meio apropriado para delimitar aproximadamente o campo da
Hidrologia de Superfície, como a parte compreendida entre a precipitação sobre o terreno e o
retorno de tal água para a atmosfera ou oceano. Serve também para ressaltar as cinco fases básicas
de interesse para o hidrólogo: precipitação, infiltração, evapotranspiração, escoamento superficial e
água subterrânea.
A apresentação do ciclo hidrológico da forma presente pode deixar a impressão de um
mecanismo contínuo no qual a água se desloca sob velocidade constante. Tal impressão deve ser
desfeita. O movimento da água entre as diversas fases do ciclo é, principalmente, irregular, tanto
em tempo como em lugar. Às vezes, a natureza parece trabalhar horas extras para proporcionar as
chuvas torrenciais que podem provocar inundações. Em outras ocasiões, parece que a maquinaria
do ciclo parou por completo e com ela, a precipitação e os escoamentos superficiais. Em áreas
adjacentes, as variações do ciclo podem ser totalmente diferentes. São precisamente esses casos
extremos, de inundações e secas, que freqüentemente apresentam maior interesse ao hidrólogo, pois
muitos dos projetos de Hidrologia têm o fim de proteger contra os seus efeitos prejudiciais.
Da análise do Ciclo Hidrológico, observa-se os processos ou fases sobre os quais o técnico
pode atuar, no sentido de utilizar e preservar de forma racional os recursos naturais solo, água e
cobertura vegetal. Dentre as fases destacam-se:
- redução da parcela que atinge diretamente a superfície do solo pela manutenção de uma
cobertura vegetal adequada ao solo e relevo existentes;
- redução do escoamento superficial direto (cobertura vegetal, práticas conservacionistas
mecânicas e vegetativas);
- aumento da parcela de água que se infiltra (pelo aumento do tempo de oportunidade para
que a infiltração se processe).
Com isto, consegue-se alterar de forma significativa, a ocorrência e distribuição temporal do
escoamento superficial, reduzindo as vazões máximas (enchentes) e elevando as vazões mínimas,
ou seja, atenuação das cheias e secas por meio de regularização natural das vazões do curso d’água.
Indiretamente, atua-se também no aspecto qualitativo da água pelo controle da poluição.
Estas ações somente terão efeito pleno se planejadas e executadas sobre toda a unidade
física natural que é a Bacia Hidrográfica, em sintonia com a unidade social que é a comunidade
local. A Figura 4 ilustra os componentes principais do ciclo hidrológico.
Radiação
Solar
2
1
4
6
1
1
5
7 Lençol Freático
(não confinado) 8 9
Manto de Rochas
1 – Evaporação e Evapotranspiração
2 – Precipitação Lençol Artesiano
3 – Interceptação pela cobertura vegetal (confinado)
4 – Armazenamento nas depressões
5 – Infiltração
6 – Escoamento Superficial Direto
7 – Recarga do Lençol Freático
8 – Escoamento Subterrâneo (base)
9 – Escoamento Superficial
O Ciclo Hidrológico também pode ser estudado por meio de um balanço hídrico global,
como descrito na Figura 5, ou mesmo, em nível de continentes, onde o Quadro 3 a seguir,
apresenta-o de forma resumida com os seus componentes principais mais atuantes em termos
proporcionais.
Precipitação
Atmosfera
14*1012 m3 99*1012 m3/ano
361*1012 m3/ano
Evaporação/
324*1012 m3/ano
Evaporação
Precipitação
Transpiração
62*1012 m3/ano
Terra
41,42*1015 m3
(2,86%)
Escoamento
Oceanos 37*1012 m3/ano
1.405*1015 m3
(97,13 %)
a)Capilaridade e Percolação.
b)Zona Saturada e Zona Mista.
c)Zona Mista e Zona Insaturada.
d)Zona Mista e Zona Saturada.
e)Zona Insaturada e Zona Saturada.
2-O projeto de vias urbanas é uma das competências do Arquiteto e Urbanista. Em relação a noções
de projeto geométrico, assinale a alternativa correta.
a)exploração
b)explotação
c)caminhamento
d)perfilagem
e)mapeamento
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4-A porosidade é uma grandeza muito importante para estudos hidrogeológicos. A porosidade de um
pacote de solo ou de rocha é definida como a fração de vazios contidos em um volume representativo
do meio poroso.
a)Nos condutos dispostos em paralelo, a vazão de entrada em cada trecho do conduto é diretamente
proporcional às resistências hidráulicas, e a perda de carga é obtida pela diferença de cotas
piezométricas na entrada e saída.
b)Na aplicação do diagrama unitário, admite-se que a transformação de precipitação efetiva em
vazão é linear invariante e que essa precipitação é constante em toda a bacia hidrográfica no
intervalo de tempo de cálculo.
c)O cálculo da linha de água dos rios naturais em regime de escoamento subcrítico é realizado de
montante para jusante.
d)O dimensionamento de um conduto alimentador de uma turbina, do qual se conhece somente a
vazão, é um exemplo de problema determinado, já que, é possível obter-se univocamente a
incógnita, utilizando-se apenas a equação do movimento e a equação da continuidade a partir do
dado existente.
e)Quando a tubulação passa acima da linha de carga efetiva e abaixo da linha piezométrica absoluta,
aumenta-se a vazão e, consequentemente, impede-se a formação de bolsas de ar.
a)A equação de Darcy-Weisbach é uma das mais utilizadas para o dimensionamento de tubulações
de seção circular com condução de fluidos sob pressão. Para sua utilização, em seções não
circulares sob pressão, basta substituir o diâmetro (D) pelo diâmetro hidráulico (Dh) dado pelo raio
hidráulico da seção dividido por quatro.
b)Quando a canalização fica acima da linha de carga absoluta (LCA), mas abaixo do plano de carga
efetivo (PCE), a vazão fornecida é superior à vazão que ocorre quando a canalização passa acima
da linha de carga efetiva (LCE), mas abaixo da LCA e do PCE.
c)No escoamento permanente e uniforme, em canais de geometria circular, a seção molhada que
corresponde à máxima velocidade do fluido não é a seção de máxima vazão.
d)Em canal retangular, quando a declividade de fundo for maior que a declividade crítica, o
escoamento uniforme é dito subcrítico e, quando é menor, é denominado supercrítico.
e)O raio hidráulico é obtido pela relação entre o perímetro da seção em contato com o fluido e a área
da seção ocupada pelo fluido e, no caso de tubulação de seção circular sob pressão, equivale ao
diâmetro dividido por quatro.
a)O coeficiente de correlação indica o grau de associação linear entre N pares de um conjunto de
observações simultâneas de duas variáveis X e Y.
b)O coeficiente de correlação pode variar nos casos extremos: 1 ou -1 para associações perfeitas
positivas e negativas, respectivamente, e 0 para nenhuma associação.
c)Uma eventual associação entre duas variáveis, definidas por um alto valor do coeficiente de
correlação, implica uma relação causa-efeito.
d)A correlação é chamada de monotônica se uma das variáveis aumenta ou diminui
sistematicamente quando a outra decresce.
e)Um coeficiente de correlação nulo não implica necessariamente nenhuma relação de dependência
entre as variáveis.
a)Os cursos d’água efêmeros escoam durante as estações de chuvas e secam na estiagem, de um
modo geral.
b)O coeficiente de compacidade, que varia conforme o tipo de solo, fornece uma indicação da
eficiência da drenagem da bacia.
c)A área de drenagem de uma bacia hidrográfica é determinada normalmente por meio de
levantamentos topográficos.
d)Tempo de concentração designa o tempo, contado a partir do início da precipitação, necessário
para que toda a bacia contribua para o escoamento superficial na seção em estudo.
e)O método das isoietas é o mais adequado para se definir a elevação média de uma bacia
hidrográfica.
a)A vazão dos canais e o nível dos reservatórios são avaliados pelo escoamento do lençol freático.
b)Nos estudos de interceptação natural, avalia-se o escoamento que ocorre de forma espontânea
sobre a superfície de uma bacia hidrográfica.
c)A geomorfologia é a área da hidrologia que está relacionada à análise das características da
qualidade da água.
d)A hidrometeorologia corresponde ao estudo das características da água na atmosfera.
e)Os estudos de escoamento superficial são relativos à observação qualitativa da vazão dos cursos
de água.
Certo
Errado
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