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Ecologia

Energia e matéria nos ecossistemas


Conforme vimos na semana passada, os consu-
midores e seus alimentos estão relacionados por
meio de cadeias e teias alimentares interativas,
através da qual a energia e a matéria dos ecos-
sistemas são movidas. Já sabemos que podemos
classificar os seres vivos de acordo com a forma
como obtêm matéria orgânica, onde se situam na
cadeia de transferências de matéria, e de acordo
com a natureza de seu alimento.
O ciclo de energia se inicia por meio da trans-
formação da energia solar em energia química
por meio dos seres fotossintetizantes. Esta medida
é chamada de produtividade primária bruta.
Entretanto, parte da energia transformada é utili-
zada pelas plantas em sua respiração. A diferença
entre a produtividade primária bruta e a respira-
ção realizada pelos vegetais é chamada de pro-

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dutividade primária líquida, e corresponde à
Figura 7.1 Representação da alocação de energia pelas plantas. /
quantidade de energia disponível para o próximo
Fonte: Cepa nível trófico (Figura 7.1).
Desta forma, a energia disponível para assimilação diminui à medida que transitamos
entre os níveis, ou seja, a energia disponível para os consumidores primários é sempre
maior do que a disponível para os secundários, e assim sucessivamente. Um padrão que
podemos perceber é que a maior parte das cadeias não é muito longa, pois apenas uma
pequena porção de energia está disponível aos níveis tróficos superiores (Figura 7.2).

Figura 7.2 Pirâmide de energia representando a quantidade de energia disponível para


o nível trófico seguinte. / Fonte: Cepa

Desta forma, na abordagem ecossistêmica estão envolvidos os produtores primários,


consumidores, decompositores, detritívoros, além do ambiente físico químico onde essas
interações ocorrem. Assim, partimos dos estoques iniciais de matéria orgânica: a biomassa
dos produtores (produto primário líquido) e a matéria orgânica morta ou detritos. Em um
nível imediatamente acima, incluem-se, por um lado, os herbívoros (tradicionalmente
designados como consumidores primários) e, por outro, os detritívoros e decompositores
(juntos pelo fato de se utilizarem diretamente da matéria orgânica morta). O nível seguinte
é o que inclui o primeiro elo da série de carnívoros e também a categoria dos seres micro-
bívoros (que se alimentam de decompositores). Daí por diante sucedem-se os demais
níveis correspondentes aos elos remanescentes da cadeia de carnívoros.

As pirâmides ecológicas
As conhecidas pirâmides ecológicas são representações gráficas da contribuição rela-
tiva dos vários níveis tróficos, através dos quais se transfere matéria e flui energia no
ecossistema. Existem três tipos de pirâmides: as de biomassa, de número e de energia.
Acabamos de aprender que pirâmides energéticas são representações de fluxo (Figura
7.2); este, por sua vez, não está obrigatoriamente vinculado ao estoque: um fluxo energé-
tico intenso pode ocorrer através de um pequeno estoque de biomassa e vice-versa. É fácil
imaginar uma pia cheia de água (estoque grande), com a torneira e o ralo, ambos, dei-
xando passar 5 litros de água por minuto (fluxo intenso). O mesmo fluxo poderia ocorrer,

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estando a pia com pouca água (estoque pequeno) ou mesmo vazia! Ao contrário das pirâ-
mides de números e de biomassa, as de energia nunca podem ser invertidas exatamente
por isso: se o ralo da pia usada como exemplo for ligado à torneira de outra pia, nesta
última seria impossível haver um fluxo maior que 5 litros por minuto (faltaria água para
isso). Aqui, as duas pias ligadas em série correspondem a dois níveis tróficos sucessivos.
Já pirâmides de número são representações gráficas do número de indivíduos (Figura 7.3).
Ao contrário das pirâmides de energia, as pirâmides de número podem ser invertidas. Con-
sidere o segundo esquema: um grande número de gramíneas sustenta um número menor da
gado, que por sua vez, abriga uma enorme quantidade de carrapatos. O mesmo é verdade
para o terceiro esquema.

Figura 7.3 Representação de pirâmides de número. / Fonte: Cepa

E por fim, pirâmides de biomassa são representações do peso seco total de um nível.
Por exemplo, se considerarmos a cadeia milho – gafanhotos – sapo – cobras veremos
que o peso seco do milho disponível é muito maior do que o dos gafanhotos, e assim
sucessivamente. Assim como a pirâmide de número, pirâmides de biomassa podem ser
invertidas. Entretanto, quando consideramos ambientes aquáticos observamos que o peso
seco do fitoplâncton existente (produtores) é menor do que o de zooplancton, e assim
sucessivamente. Isso porque os produtores nesse caso se reproduzem de maneira rápida e
contínua, de modo que apesar de em dado momento sua biomassa ser menor, esses pro-
dutores podem sustentar uma grande biomassa de consumidores. Desta forma, produtores
bem menores mas em grande quantidade são ingeridos por consumidos cada vez maiores.
Fluxo energético através dos ecossistemas
Apesar de as pirâmides de energia representarem, de modo satisfatório, o fluxo de
energia através dos diversos níveis tróficos, ainda que adotemos o modelo trófico aqui
apresentado, elas não representam a matéria orgânica armazenada, nem as entradas e
saídas de energia na forma de subsídios internos ou externos e trabalhos, nem as trocas de
energia com outros ecossistemas. Ademais, é grande a diversidade de organismos que, na
comunidade em que vivem, atuam em mais de um nível trófico simultaneamente.
Um exemplo: um detritívoro dificilmente irá apro-
veitar apenas a matéria orgânica morta, já que em
geral esta se encontra colonizada por uma variedade
de organismos decompositores, que são digeridos jun-
tamente com seu substrato orgânico. Assim, ele é ao
mesmo tempo detritívoro e microbívoro. O mesmo se
aplica aos onívoros: a biomassa humana não pode ser
contabilizada em um nível trófico em particular, já que
o ser humano se alimenta de produtores, herbívoros e
carnívoros diversos (e até decompositores – exemplo
Figura 7.4 Por ser onívoro, o ser humanos não ocupa um nível do champignon; Figura 7.4).

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trófico em particular. / Fonte: Cepa

Nutrientes
Comecemos com uma definição:
Definido o termo, podemos dizer que os
nutrientes são os elementos químicos essen-
Definindo “nutriente”: ciais para a manutenção de estruturas e de
Nutriente = um elemento que é necessário processos vitais. Há 3 categorias de nutrien-
para o crescimento de algum organismo. tes, definidas pela quantidade em que apa-
recem nos seres vivos: construtores, macro-
nutrientes e micronutrientes (Figura 7.5).
Na natureza, os elementos químicos nutrientes apresentam-se na forma orgânica ou
incorporados à biomassa e aos detritos. A ciclagem de nutrientes basicamente se refere
à alternância entre as duas formas, que depende de processos biológicos, físicos (entre
estes, os geológicos) e químicos; por isso, fala-se em ciclos biogeoquímicos. A parte da
ciclagem da matéria que ocorre nas comunidades bióticas, como já vimos antes, é indis-
sociável do fluxo de energia pelas mesmas.
Os produtores são os responsáveis pela incorporação inicial dos nutrientes à bio-
massa; a remineralização por decompositores é a última via de retorno desses nutrien-
tes aos seus estoques inorgânicos. Na
verdade, a remineralização ocorre
ao longo de toda a cadeia alimentar:
quando animais degradam aminoáci-
dos com vistas à liberação de energia,
liberam CO2 , água e nitrogênio na Figura 7.5 As categorias de nutrientes minerais se distinguem pelas
forma de amônia, exatamente como quantidades necessárias para a manutenção dos processos biológicos
nos indivíduos (os tamanhos dos elementos ilustrados simbolizam
fazem os decompositores. essas quantidades). / Fonte: Cepa
A assimilação de nutrientes pelos produtores muito frequentemente é facilitada por interações
bióticas mutualísticas como micorrizas e bacteriorrizas ou, então, pela co-atuação de animais.

a c

Figura 7.6 (a) Ectomicorriza. Esse tipo de micorriza não é o mais frequente entre as plantas em geral, porém é comum
em pinheiros, eucaliptos e espécies de árvores e certos grupos de arbustos de zonas temperadas, como os carvalhos e os
salgueiros. Os fungos participantes desse tipo de micorriza são basidiomicetos e alguns ascomicetos. (2 [superior]) Relação
entre fungo (Boletus) e raízes de pinheiro (Pinus), formando micorrizas. (b) Pequena plântula de Pinus (4 cm) com raizes
associadas a um extenso micélio correspondendo às hifas do fungo. Nesse tipo de associação, os fungos frequentemen-
te liberam, ácidos orgânicos que ajudam a deslocar os nutrientes adsorvidos nas partículas do solo, tornando-os mais
facilmente assimiláveis pela planta, da qual obtém matéria orgânica e, portanto, energia (os fungos são heterótrofos). (c)
Fotografia do sistema de raízes de uma leguminosa com nódulos contendo populações da bactéria Rhizobium, capaz de
assimilar o nitrogênio gasoso N2 transformando-o numa forma utilizável pela planta, daí sua importância na agricultura

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especialmente no caso de solos pobres em nitrato. A formação dos nódulos nos tecidos das raízes é induzida pelas pró-
prias bactérias, que aí encontram os recursos que necessitam para viver. / Fonte: Cepa

Quando se trata da remineralização de detritos, os decompositores propriamente ditos


têm seu papel intimamente vinculado ao dos organismos detritívoros, já que eles promovem
a quebra física das massas ou partículas de detritos, facilitando a atuação das bactérias e
fungos. A decomposição, além disso, é afetada por fatores diversos, destacando-se a tempe-
ratura, a disponibilidade hídrica e o tipo de matéria orgânica a ser tratada (Figuras 7.7 e 7.8). 

Figura 7.7 A taxa de decomposição da matéria orgânica da serapilheira (folhas mortas) depende de diversos fatores, desta-
cando-se a temperatura, a disponibilidade da água e a natureza química dos materiais a serem decompostos. Os gráficos
mostram o decaimento, por decomposição, da quantidade inicial de diversas substâncias presentes em folhas mortas de
duas espécies de carvalho no solo e na água de um riacho numa floresta temperada. É notável a maior taxa de decomposição
de carboidratos solúveis, quando comparada à da lignina e da hemicelulose (grande parte da matéria orgânica total). Tam-
bém se destaca a maior taxa de decomposição de todos os compostos quando na água: no solo, depois de um ano, ainda
restam pouco mais que 60% da lignina inicial, enquanto que no riacho, em cerca de 7 meses só sobrou 20% da lignina inicial,
sendo os 60% atingidos em apenas pouco mais que 4 meses. / Fonte: Cepa
Figura 7.8 O esquema representa algumas vias de transferência de nutrien-
tes envolvendo o fogo e as formigas saúva (Atta). O fogo queima as partes
aéreas das plantas (árvores, arbustos e herbáceas) e com isso os nutrientes
antes incorporados na biomassa queimada ficam nas cinzas na superfície do
solo. As árvores têm seus sistemas de raízes geralmente muito profundos
como adaptação para captar água do lençol freático que fica frequentemen-
te a vários metros abaixo da superfície do solo. Com isso, as herbáceas ficam
favorecidas, com seus sistemas radiculares superficiais. Com isso, haveria
uma constante perda de nutrientes dos componentes arbóreos e arbusti-
vos para as herbáceas. As saúvas, ao levarem fragmentos de folhas tanto
de plantas maiores quanto de herbáceas para os depósitos subterrâneos
profundos, onde são decompostos pelo fungo que lhes serve de alimento,
criam uma via adicional pela qual os nutrientes da superfície podem chegar
aos sistemas radiculares profundos das árvores e arbustos. / Fonte: Cepa

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Entender a ciclagem da matéria é, em boa parte, conhecer os principais estoques natu-
rais dos diversos nutrientes e os processos responsáveis pelas transferências dentro deles
e entre eles (Figura 7.9).

Figura 7.9 Estão representadas no esquema as


mais importantes vias de transferência de nutrien-
tes entre os grandes depósitos abióticos (atmosfe-
ra, hidrosfera e litosfera) e os bióticos, constituídos
pelas comunidades terrestres e aquáticas. São
destacadas (setas laranja) aquelas envolvendo
atividades humanas. Tais atividades afetam direta
ou indiretamente os fluxos de nutrientes através
das comunidades devido aos efeitos da descar-
ga de material extra na atmosfera e na água. /
Fonte: Cepa
Interferência das atividades humanas:
introdução
Muitas atividades humanas alteram os padrões de ciclagem (fluxos, depósitos) dos
nutrientes, podendo trazer consequências locais, regionais ou globais.
A seguir, abordaremos alguns casos de poluição do ar e da água para exemplificar os
efeitos de ações antrópicas.
O texto da lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional
do Meio Ambiente, define poluição como
“...a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta
ou indiretamente:
a. prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b. criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c. afetem desfavoravelmente a biota;
d. afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e. lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.”
Veja a lei na íntegra, clicando aqui.

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É interessante notar que dos 5 itens, 3 (a, b e d) são voltados diretamente para os inte-
resses do ser humano, o que não significa obrigatoriamente que sejam situações lesivas
ao ecossistema propriamente dito. No item c, é essencial definir o que significa “desfa-
voravelmente”. O item e, por sua vez, estabelece claramente que se trata de lançamento
de matéria e energia. Vejamos então, primeiramente, a emissão intensiva de CO2 pela
queima de combustíveis fósseis.

Interferência das atividades humanas:


poluição
O caso do carbono atmosférico (CO2 ) e metano
Mais recentemente, com a perspectiva do aquecimento global como resultado das ati-
vidades humanas, tem sido exaustivamente divulgada a relação entre o teor de gás carbô-
nico e a temperatura da atmosfera, baseada na propriedade dos gases formados por dois
elementos de absorver calor, produzindo o chamado efeito-estufa.
Muito embora consideremos alta a concentração atual de CO2 – cerca de 0,036% ou
360 ppm (partes por milhão), algumas estimativas reportam níveis de até 0,7% ou 7.000
ppm no período Cambriano, há aproximadamente 500 milhões de anos. Da mesma for-
ma, a temperatura atmosférica média global já foi substancialmente mais alta em longos
períodos da história da Terra desde o Cambriano. Estima-se que, na época em que os
dinossauros viveram, a água do Oceano Ártico foi entre 10 e 15 ºC mais quente que hoje,
podendo ter chegado a 20 ºC.
É inegável, porém, que numa escala temporal mais estreita, estamos convivendo com os
mais altos teores de CO2 dos últimos 450 mil anos, embora não se possa, por enquanto, dizer o
mesmo da temperatura. Esta, em períodos mais ou menos regulares de aproximadamente 100
mil anos, ao longo dos últimos 450 mil anos, tem mostrado picos de aproximadamente 3 ºC
acima da média de 1960 a 1990. A explicação para esse fenômeno é de ordem astronômica.
Também é inegável o forte incremento do teor de CO2 desde a revolução industrial,
paralelamente ao grande aumento da população humana e do consumo mundial de ener-
gia. Estamos então aumentando a disponibilidade de CO2 no depósito atmosférico, à custa
da mobilização do depósito subterrâneo fóssil (petróleo e carvão mineral; Figura 7.10).

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Figura 7.10 À esquerda, um bloco submarino de hidrato de carbono do qual estão emanando bolhas
do gás; à direita, fragmentos de hidrato de metano aos quais se ateou fogo. / Fonte: Cepa

Além das conhecidas consequências do aquecimento global por emissão de CO2, em


termos do derretimento das calotas polares e das mudanças climáticas regionais, há uma
outra: a mobilização de enormes estoques de carbono na forma de metano (hidrato de
metano), atualmente congelado nos fundos oceânicos. Sabemos que o metano é mais de
20 vezes mais potente que o CO2 como gás estufa. O aquecimento global decorrente das
emissões de CO2, ainda que da ordem de poucos graus, poderá desencadear a liberação
massiva de metano para a atmosfera, gerando um processo auto-alimentado de aqueci-
mento cada vez mais intenso. Acredita-se que essa “bomba-relógio” de metano tenha
ocorrido pelo menos uma vez no passado, levando a um aquecimento de pelo menos 7
ºC e à extinção em massa de espécies (extinção do paleoceno).

Interferência das atividades humanas:


poluição
O caso da eutrofização dos corpos de água
A eutrofização de corpos de água é o resultado do aumento exagerado da concentração
de nutrientes no meio aquático.
As etapas do processo são relativamente simples de entender:
a. Excesso de nutrientes na água;
b. Proliferação explosiva de produtores, ultrapassando a capacidade de suporte do
ambiente, seguida de intensa mortalidade;
c. Decomposição aeróbia do detrito acumulado; 
d. Consumo de O2 da água pelos decompositores aeróbios; 
e. Prejuízos a todo o componente biótico.
A eutrofização frequentemente se deve à descarga, em rios e lagos, de esgotos ricos em
matéria orgânica e substâncias fosfatadas ou que contêm outros elementos, que uma vez
decompostos levam ao excesso de nutrientes na água. Em ambientes rurais, a eutrofização
pode ocorrer devido à lixiviação de nutrientes dos solos de áreas cultivadas, aos quais se
aplicaram fertilizantes. Muitas das espécies que florescem nos eventos de eutrofização
produzem metabólitos tóxicos, que contribuem para amplificar o impacto.
A eutrofização de lagos e rios é um exemplo de mudança local nos fluxos e estoques de
nutrientes no meio aquático e, portanto, em seu padrão de reciclagem (Figuras 7.11 e 7.12).

d´água. / Fonte: Cepa RedeFor


Figura 7.11 Esquema da eutrofização de corpos Figura 7.12 Algumas situações de interferência antrópica na ciclagem de nutrientes. /
Fonte: Cepa

Esta semana vimos como ocorre o ciclo de matéria e energia nos ecossistemas, e como
o homem interfere nos ambientes. Na semana que vem voltaremos a este assunto tão
importante e atual, abordando mais profundamente os impactos ambientais.

Para saber mais


∙∙ Uma verdade inconveniente, 2006, de Davis Guggenheim, Paramount Classics.
Sinopse: O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore apresenta uma análise da
questão do aquecimento global, mostrando os mitos e equívocos existentes em torno do
tema e também possíveis saídas para que o planeta não passe por uma catástrofe climática
nas próximas décadas.
∙∙ Home – nosso planeta, nossa casa, 2009, de Yann Arthus – Bertrand, Europa Filmes.
Sinopse: Em algumas poucas décadas, a humanidade interferiu no equilíbrio estabe-
lecido no planeta há aproximadamente quatro bilhões de anos de evolução. O preço a
pagar é alto, mas é tarde demais para ser pessimista. A humanidade tem somente dez
anos para reverter essa situação, observar atentamente à extensão da destruição das
riquezas da Terra e considerar mudanças em seus padrões de consumo. Ao longo de
uma seqüência única através de 54 países, toda filmada dos céus, Yann Arthus-Bertrand
divide conosco sua admiração e preocupação com esse filme e finca a pedra fundamen-
tal para mostrar que, juntos, precisamos reconstruí-lo.
Mãos à Obra

Questionário

1. Escolha entre as palavras sublinhadas a que melhor completa a frase:


O ciclo de energia é unidirecional/biderecional, de modo que a energia perdida em
um nível fica/não fica disponível para o nível seguinte. Assim, pirâmides de energia
sempre/nunca são invertidas, pois para o nível seguinte a energia disponível é sempre
maior/menor.
2. Observe o esquema a seguir (Figura 7.13) e responda ao que se pede:

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a. Que tipo de pirâmide está representada e por quê?
b. Esta pirâmide poderia ser invertida? Por quê?
Ecossistemas

Ecossistema
O termo ecossistema foi cunhado por Sir Arthur George Tansley, um
ecólogo vegetal inglês, em 1935. De modo geral, um sistema pode ser
caracterizado pela existência de componentes que funcionam de modo
interligado e que interagem entre si. Um ecossistema ou sistema ecológico
é constituído por um agrupamento de componentes abióticos e bióticos,
presentes em um determinado local, que estão em interação por meio do
fluxo de energia e da ciclagem de materiais. O conjunto de todos os
ecossistemas existentes na Terra é denominado biosfera (do grego bios =
vida e sfaira = esfera).
Fonte: http://people.wku.edu/
O ecossistema é um sistema aberto caracterizado pela existência de entradas (importação) e
saídas (exportação) de energia e material que podem variar de acordo com sua idade, em diferentes
épocas do ano e de sistema para sistema. A existência de entradas e saídas pressupõe a existência
de limites no ecossistema. Na maioria dos ecossistemas, a principal fonte de energia para a
continuidade de sua manutenção provém da radiação solar, mas existem sistemas nos quais os
detritos (matéria orgânica morta particulada ou dissolvida) constituem a principal fonte de energia
como ocorre em cavernas nas quais a luz solar é ausente ou muito reduzida.

Fonte: Brandimarte e Santos, 2014a

O fluxo de energia e a ciclagem de materiais são os processos determinam o funcionamento


do ecossistema, enquanto seus componentes determinam sua estrutura. Esta já foi apresentada nas
aulas precedentes, principalmente no que se refere aos componentes bióticos. Nesta aula vamos
tratar principalmente do funcionamento dos ecossistemas, ou seja, da forma como a energia e o
material passam pelos elementos estruturais do sistema.
Fluxo de energia
- Organismos autótrofos e heterótrofos
Os organismos que conseguem produzir matéria orgânica a partir de substâncias inorgânicas
são denominados autótrofos (do grego auto = próprio e trophe = alimento). Na grande maioria dos
ecossistemas estes organismos, direta ou indiretamente, têm um papel fundamental na manutenção
dos demais organismos.
Grande parte da energia que entra em um ecossistema tem origem na radiação solar e é
fixada em energia química por autótrofos denominados produtores primários que realizam a
fotossíntese oxigênica, na qual ocorre síntese de glicose na presença de luz, dióxido de carbono
(CO2) e água (que doa elétrons para a ocorrência da reação) e liberação de oxigênio como
subproduto das reações envolvidas no processo. No entanto, existem autótrofos que não produzem
matéria orgânica por meio da fotossíntese oxigênica. Assim, a fotossíntese anoxigênica é realizada
por bactérias fotossintetizantes que fixam o carbono presente no CO2 em matéria orgânica, na
presença de luz, mas sem haver produção de oxigênio. Neste processo fotossintético a energia
luminosa também é a fonte de energia para a fixação do CO 2, mas os doadores de elétrons são
compostos como o H2 (hidrogênio molecular) ou o gás sulfídrico (também denominado sulfeto de
hidrogênio) (H2S), o que explica o fato de não haver produção de oxigênio. Acredita-se que este foi o
primeiro tipo de fotossíntese existente. Pode ser realizado por bactérias sulfurosas púrpuras e
sulfurosas verdes que são anaeróbias obrigatórias (vivem obrigatoriamente na ausência de oxigênio)
ou por bactérias fotossintéticas não sulfurosas que são anaeróbias facultativas (vivem na presença
ou ausência de oxigênio). Na quimiossíntese, bactérias quimiossintetizantes obtêm a energia
necessária para a fixação de carbono inorgânico na matéria orgânica a partir da oxidação de
compostos inorgânicos reduzidos como o íon amônio (NH 4+), metano (CH4), gás sulfídrico (H2S) e íon
ferroso (Fe2+). A maior parte destas bactérias utiliza oxigênio para a oxidação destes compostos.
Existem ecossistemas em águas oceânicas profundas que são totalmente dependentes da produção
das bactérias quimiossintetizantes. Em fontes sulfurosas há abundância de bactérias do gênero
Thiobacillus que realizam quimiossíntese obtendo energia a partir da oxidação de gás sulfídrico a
nitrato (NO3-).
A energia fixada pelos autótrofos como energia química na matéria orgânica é utilizada em
vias metabólicas envolvidas nos processos relacionados ao desempenho biológico destes indivíduos
(sobrevivência, atividade, crescimento e reprodução). Parte desta energia é transformada em calor,
devido ao processo de respiração celular e é liberada para o meio. A energia que não é eliminada
como calor e que não é gasta nos processos relacionados ao desempenho biológico fica estocada
nos autótrofos, levando ao aumento de sua biomassa. Esta é definida como a massa total de
organismos por unidade de área ou de volume (caso de organismos planctônicos, por exemplo),
podendo ser calculada para apenas uma espécie ou para um conjunto de espécies, dependendo do
objetivo que levou ao cálculo. A biomassa, geralmente, é convertida e expressa em termos de
energia (ex.: kcal/km2), peso seco (massa restante nos organismos após a secagem para eliminação
de água) (ex.: gramas de peso seco por m 2) ou conteúdo de carbono (ex.: grama de C por m 2).
Todos os organismos que não conseguem sintetizar matéria orgânica a partir de matéria
inorgânica obtêm seu alimento e, portanto, energia por meio do consumo de outros organismos,
sendo denominados heterótrofos (do grego hetero = outro e trophe = alimento) ou, ainda,
consumidores. Estes também liberam parte da energia obtida sob a forma de calor devido à
respiração celular e, assim como os autótrofos, estocam energia na biomassa.
Como resultado das interações tróficas entre as espécies que vivem em um ecossistema
estabelece-se um fluxo de energia entre os componentes da biota que é expresso como quantidade
de energia que flui entre os organismos em uma área em um determinado tempo (ex.: kcal por km 2
por ano).

- Cadeia alimentar e níveis tróficos


Parte da energia solar que entra em um ecossistema terrestre, após ser absorvida pelos
vegetais e fixada em energia química, segue para os consumidores que consomem estes produtores
primários (herbívoros), mas que também servem de alimento para outros consumidores (carnívoros)
e assim sucessivamente. Esta passagem de energia por organismos que consomem e são
consumidos denomina-se cadeia alimentar ou trófica. Cada posição ocupada pelos organismos (de
uma ou mais espécies) ao longo da cadeia recebe o nome de nível trófico.

Em um ecossistema a degradação da matéria orgânica morta até sais minerais, ou seja, o


processo de decomposição ou mineralização, está a cargo dos decompositores (fungos e bactérias).
Assim como os decompositores, os detritívoros também utilizam detritos como recurso alimentar,
mas não realizam sua decomposição. Ao se alimentar de matéria orgânica morta acabam diminuindo
o tamanho das partículas detritais, o que acelera sua degradação por processos físicos (abrasão) e
químicos (lixiviação de compostos orgânicos dissolvidos), além de facilitar a ação dos
decompositores. Como estes dois grupos de consumidores recebem recursos de todos os demais
níveis tróficos, não são apresentados em sequência a nenhum outro nível na cadeia. No entanto,
podem ser representados como receptores de energia dos demais níveis (atente para o fato de que
na representação de uma cadeia alimentar, a direção da seta aponta qual grupo é o receptor de
energia).

O posicionamento de uma espécie em um nível trófico é função de sua participação em uma


determinada cadeia e não da espécie propriamente dita. Por este motivo, a mesma espécie pode ser
atribuída a diferentes níveis dependendo da cadeia considerada.
Existem três tipos de cadeias alimentares que diferem quanto à forma como o alimento
disponível aos consumidores entra na cadeia. A cadeia de pastejo se inicia com produtores
primários. Neste caso, a biomassa produzida pelos organismos fotossintetizantes torna-se disponível
para os consumidores primários como matéria orgânica viva.

Fonte: modificado de Brandimarte e Santos, 2014b

A cadeia de detritos ou detrítica inicia-se com organismos detritívoros que utilizam a energia
contida na matéria orgânica morta como recurso alimentar. A biomassa produzida pelos autótrofos
entra na forma de matéria orgânica morta que será utilizada pelos detritívoros. Este tipo de cadeia é
encontrado em todos os ecossistemas, visto que detritos sempre são produzidos, mas existem
situações em que elas são particularmente importantes. Este é o caso de cavernas que não recebem
luz solar, sedimento de pântanos, serapilheira (camada de folhedo) que recobre o solo de uma
floresta, entre outros exemplos.

Fontes das figuras: https://tpwd.texas.gov; http://ddnwr.weebly.com e http://www.jimclarkphoto.com

A cadeia microbiana ou alça microbiana ocorre em ambientes aquáticos e nela a matéria


orgânica oriunda dos autótrofos entra sob a forma de matéria orgânica dissolvida, a qual juntamente
com substâncias liberadas pelos consumidores é incorporada por micro-organismos que iniciam a
cadeia.

Fonte: Brandimarte e Santos, 2014b (modificado de http://www.chesapeakequarterly.net/V06N34/main1c/)

- Leis da termodinâmica
O destino da energia em um ecossistema é explicado pelas leis da termodinâmica. A primeira
lei da termodinâmica, ou lei da conservação de energia, afirma que um determinado tipo de energia
pode ser transformado em outro, mas que a quantidade de energia no sistema se mantém constante.
Exemplos de transformação de energia no ecossistema são a fixação da radiação solar em energia
química pela fotossíntese e a transformação de parte desta energia em calor, o qual é liberada pelos
organismos para o meio. A primeira lei é facilmente compreendida acompanhando-se o esquema
abaixo. A energia que entra no sistema como energia luminosa (A) é transformada em energia
química fixada nas moléculas de glicose (B) e parte desta é liberada pelos organismos como calor
(C). No entanto, a quantidade de energia no sistema se mantém igual à que entrou (A = B + C).
Fonte: Brandimarte e Santos, 2014c (modificado de Odum, 1993)
Pela primeira lei da termodinâmica conclui-se que a energia que entra em um determinado
nível trófico é igual à somatória da energia liberada como calor e da energia disponível (armazenada
na biomassa) para o próximo nível trófico.
A segunda lei da termodinâmica ou lei da entropia afirma que um tipo de energia pode ser
transformado em outro apenas se houver degradação da energia que entra no sistema para uma
forma menos concentrada, como ocorre com parte da energia química contida na glicose (energia
mais concentrada) que é transformada em calor (forma menos concentrada). Por esta lei,
depreende-se que, em função da degradação de energia que entra em um nível trófico para calor, a
quantidade de energia disponível para o nível posterior sempre diminui ao longo da cadeia alimentar.
Soma-se a isto, o fato de que nem sempre um item alimentar é aproveitado em sua totalidade por
um consumidor (ex.: um predador deixa de lado pele, ossos e outros componentes de sua presa).
Deste modo, é fácil concluir que o número de níveis tróficos ocupados por consumidores em uma
cadeia, ou seja, quantas ordens de consumidores existirão, depende da quantidade de energia
fixada em biomassa pelos autótrofos e da eficiência de utilização de energia recebida por cada nível
trófico de consumidor. Em outras palavras, o número de elos em uma cadeia alimentar não é infinito
devido às “perdas” de energia que ocorrem nos diferentes níveis tróficos. A palavra perda é utilizada
aqui com o sentido de que parte da energia não será utilizada.
Uma vez que a energia disponível para um determinado nível trófico não retorna ao nível
trófico anterior e que parte desta energia é sempre liberada sob uma forma mais degradada e não
aproveitável (calor), o fluxo de energia estabelecido entre componentes bióticos do ecossistema é
unidirecional.
- Teias alimentares
Um ecossistema, geralmente, é formado por muitas espécies que interagem por meio da
participação em mais de uma cadeia alimentar. Como, geralmente, uma mesma espécie pode servir
de alimento para diferentes espécies, normalmente ocorrem várias cadeias alimentares que se
interligam em função de possuírem componentes em comum. Estas cadeias interligadas são
denominadas teias ou redes alimentares.

Fonte: Brandimarte e Santos, 2014b (modificado de Odum, 1993)


- Eficiência ecológica
A segunda lei da termodinâmica indica que nenhuma transformação de energia é totalmente
eficiente, visto que sempre há liberação de uma forma de energia que não é aproveitável. A
manutenção de uma população em um dado ecossistema depende da eficiência de seus
componentes na canalização da energia captada em prol do desempenho biológico. A eficiência
ecológica de cada nível trófico, ou mesmo de cada população, pode ser avaliada pela razão entre a
energia que é disponibilizada para o próximo nível trófico e a energia que recebeu, multiplicada por
100. Quanto maior esta razão, maior a eficiência do nível trófico pois indica que houve menor
liberação de energia como calor.
- Produtividades primária e secundária
A quantidade de energia luminosa fixada na biomassa por organismos que realizam
fotossíntese oxigênica por unidade de área é denominada produção primária. Se esta produção for
calculada em um determinado período de tempo fala-se em produtividade primária. Esta taxa pode
ser expressa em termos de unidade de massa por área por tempo, mas normalmente a biomassa é
convertida em energia e o valor é expresso como unidade de energia por área por tempo (ex.: kcal
por m2 por ano).
A produtividade primária bruta (PPB) diz respeito a toda biomassa produzida por uma
determinada espécie ou grupo de espécies de produtores primários em uma área (ou volume no
caso de ecossistemas aquáticos) por um determinado período de tempo. Como parte da energia
fixada na biomassa pelos produtores é utilizada por eles próprios, com consequente liberação de
calor, a biomassa realmente disponível para os consumidores primários é a equivalente à PPB
menos o que foi gasto na respiração (R) e que é medido como calor. Esta porção da produtividade
primária disponível para os consumidores primários é denominada produtividade primária líquida
(PPL).
A porção da energia recebida que é efetivamente transformada em biomassa por
consumidores por unidade de área por tempo é denominada produtividade secundária.
- Pirâmides ecológicas
As pirâmides ecológicas são utilizadas como uma forma fácil de visualizar as relações entre
número de indivíduos, biomassa e energia presentes nos diferentes níveis tróficos. Cada camada da
pirâmide representa um nível trófico, sendo que a basal se refere ao primeiro nível trófico e as
demais, em sequência, aos níveis consecutivos. A largura de cada camada é proporcional à
quantidade de indivíduos, biomassa ou energia existente em cada nível.

Fonte: Brandimarte e Santos, 2014c (modificado de Odum, 1985)


As pirâmides de números e de biomassa podem ser invertidas, ou seja, apresentar valores
menores na base que nos demais níveis. A pirâmide de energia, no entanto, jamais será invertida
devido à ocorrência de dissipação de energia sob a forma de calor de um nível trófico para outro.
Assim, para que um próximo nível trófico possa ser mantido, o anterior sempre deverá conter maior
quantidade de energia que o seguinte.

Ciclos biogeoquímicos
Ao contrário da energia, os nutrientes podem ser reutilizados indefinidamente no
ecossistema. Nutrientes que foram captados do meio e estocados em biomassa voltam a se tornar
disponíveis para formação de nova biomassa após a decomposição da matéria orgânica morta.
Deste modo, o fluxo de nutrientes e demais elementos químicos, bem como de substâncias como a
água, ocorre em ciclos biogeoquímicos. Esta denominação deve-se ao fato de o movimento da
matéria ocorrer entre organismos vivos (bio) e o ambiente geológico (geo) - representado por rochas,
solo, ar e água – ao mesmo tempo em que ocorrem alterações em suas formas químicas (químicos).
Os ciclos biogeoquímicos extrapolam os limites do ecossistema, visto que os elementos e
substâncias podem ser oriundos de outros ecossistemas, bem como ser exportados para outros
locais, via transporte atmosférico ou carreamento pela água, por exemplo. Além disso, não estão
igualmente distribuídos, em quantidade e forma química, mesmo dentro de um ecossistema, estando
presentes em reservatórios ou compartimentos dos quais são disponibilizados em diferentes
velocidades. Entre estes reservatórios podem ser citados a atmosfera, o solo, a coluna d’água e os
sedimentos em ambientes aquáticos e a biota. Um esquema geral de ciclagem válido para qualquer
elemento ou substância é apresentado abaixo. Como pode ser observado, a ciclagem envolve
diferentes vias, sendo que a quantidade de um determinado material que passa por estas vias em
um determinado período de tempo pode ser estimada, por exemplo, em toneladas por ano. Estas
taxas de troca ou de transferências entre os vários compartimentos têm maior influência na estrutura
e funcionamento dos ecossistemas que as quantidades presentes em um dado momento ou local.

Fonte: Brandimarte e Santos, 2014d

Existem dois tipos contrastantes de ciclos biogeoquímicos, que diferem quanto ao fato do
principal reservatório do elemento ou substância ser a atmosfera (ciclos gasosos) ou os sedimentos
e solos (ciclos sedimentares). Dependendo do elemento, no entanto, o ciclo pode apresentar feições
intermediárias entre os tipos gasosos e sedimentares. O transporte na atmosfera é bastante rápido
(minutos, horas) em comparação com o que ocorre nos sedimentos, nos quais os elementos podem
ficar imobilizados por muito tempo (anos).
Como exemplo de ciclo gasoso é apresentado o ciclo do nitrogênio, no qual a participação de
micro-organismos é essencial em várias etapas. Existem bactérias que realizam a fixação do
nitrogênio molecular gasoso (N2) presente na atmosfera em formas nitrogenadas (amônia, nitrito e
nitrato) que podem ser utilizadas pelos produtores primários. Outro grupo de bactérias promove a
denitrificação, na qual o nitrato (NO3-) é convertido a nitrogênio molecular (N 2) possibilitando seu
retorno para a atmosfera. Há ainda bactérias quimiossintetizantes que promovem a nitrificação por
meio da oxidação do íon amônio (NH 4+) a nitrito (NO2-) e do nitrito a nitrato (NO3-). A primeira
oxidação da nitrificação é realizada por bactérias do gênero Nitrosomona e a segunda por bactérias
do gênero Nitrobacter. Estas bactérias podem ser muito abundantes no solo.
Fonte: modificado de Odum, 1993.

O ciclo do fósforo é tipicamente sedimentar, visto que o principal reservatório do elemento


são os sedimentos marinhos. As rochas fosfatadas são muito exploradas economicamente devido à
utilização do fósforo na fabricação de fertilizantes sintéticos. A mineração do fosfato é uma via não
natural de liberação de grandes quantidades de fósforo que, de outra forma, estariam praticamente
indisponíveis para a biota, visto que sua liberação dependeria da ocorrência de intemperismo e
erosão destas rochas, processos que são naturalmente lentos. Aves marinhas piscívoras, por meio
de suas fezes, promovem o retorno de muitas toneladas de fósforo do ambiente marinho para o
terrestre, formando extensos depósitos de fezes, denominados guano, que frequentemente são
explorados como fertilizante.
Fonte: modificado de Odum, 1993.

Sucessão Ecológica
Ecossistemas não são entidades imutáveis no tempo. A composição e a estrutura das
comunidades, bem como as vias que compõem o fluxo de energia e a ciclagem de nutriente sofrem
alterações naturais ao longo do tempo.
Quando um novo ambiente se torna disponível, passa a ser ocupado por espécies, ditas
pioneiras, que apresentam características que as tornam aptas para iniciarem a ocupação deste
novo ambiente, no qual as condições, nutrientes e outros recursos são limitantes. A presença de tais
espécies resulta no início da alteração da estrutura abiótica do ecossistema, de forma que este se
torna adequado para a ocupação por outras espécies. Estas, por sua vez, também modificam o
ambiente tornando-o adequado para a ocupação por outras espécies e assim sucessivamente.
Assim, conforme o tempo passa, ocorre um processo gradual e ordenado caracterizado por várias
etapas, no qual as espécies vão sendo substituídas e o ambiente abiótico vai sendo modificado. Este
processo é denominado sucessão ecológica ou amadurecimento do ecossistema.
Cada etapa do processo é denominada estágio seral e apresenta uma comunidade com
composição e estrutura peculiar. Quando a comunidade e o ambiente abiótico se tornam mais
estáveis, considera-se que foi atingido o estágio final de maturação do ecossistema denominado
clímax. Na verdade, o clímax representa o estágio final teórico determinado pelo clima regional. No
entanto, em uma mesma região existem diferenças locais devido a peculiaridades como tipo de solo,
topografia e disponibilidade de água, de modo que este estágio mais estável não corresponde
exatamente ao final teórico esperado a partir do clima. Assim, o que se tem são estágios finais
determinados por estas variações. No caso do cerrado, por exemplo, a ocorrência periódica de fogo,
impede que a sucessão atinja um estágio mais maduro.
Quando o processo sucessional se inicia a partir do surgimento de um novo ambiente, o
processo é denominado sucessão primária. O surgimento de uma nova ilha ou lago e o total
recobrimento de áreas por lava vulcânica representam oportunidades para a ocorrência de sucessão
primária.
Sucessão secundária ocorre quando um ambiente já ocupado sofre alterações de tal ordem
que se abrem espaços disponíveis para nova colonização. Neste caso, não há limitação por
nutrientes e o ambiente não é tão inóspito como ocorre no caso da sucessão primária. A abertura de
clareiras em uma floresta, resultante de desmatamento, fogo ou da queda de uma grande árvore,
propicia sucessão secundária. Normalmente, mesmo no interior de florestas preservadas, são
encontradas áreas em vários estágios sucessionais devido ao fato da abertura de clareiras por
queda de árvores mortas ocorrer em momentos distintos.
Ao longo do processo sucessional várias tendências podem ser observadas no ecossistema
como o aumento da riqueza e diversidade de espécies e, portanto, do número de interações
interespecíficas. Os ciclos biogeoquímicos tendem a se tornar mais fechados dentro do ecossistema,
embora não deixe de haver importação e exportação de material. O fluxo de energia também sofre
alterações pois no início do processo há menor quantidade de biomassa a ser sustentada, de modo
que grande parte da energia pode ser destinada ao crescimento dos indivíduos (produção de
biomassa). Nos estágios mais maduros, há maior quantidade de biomassa que necessita, portanto,
de mais energia para ser mantida. Deste modo, mais energia é gasta manutenção dos indivíduos,
restando menos energia para investimento em biomassa.
QUESTÕES:
1-Segundo o Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais, “A perspectiva segundo a qual os
seres humanos são considerados equivalentes às outras espécies integradas no interior de
ecossistemas em funcionamento e não superiores" é chamada de

a)ecologia da paisagem.
b)ecologia de comunidades.
c)ecologia de restauração.
d)ecologia fisiológica.
e)ecologia profunda.

2-No ambiente há diversos elementos prejudiciais à saúde de uma determinada comunidade,


elementos estes, que interferem diretamente no processo saúde-doença. Esses elementos
recebem a denominação de:

a)Ecossistema
b)Atmosfera
c)Ecologia
d)Poluição
e)Habitat
_____________________________________________________________________________
3-A ideia de otimizar processos, categorizar todas as operações de uma indústria e acompanhar
todos os passos de fabricação de um produto acaba, inevitavelmente, levando a um
conhecimento profundo de cada sistema, permitindo, principalmente, o planejamento de ações
em longo prazo. Por outro lado, este conhecimento detalhado do sistema leva à análise das
interações do produtor com outras empresas, sejam elas fornecedores, consumidores de
subprodutos ou consumidores finais.

Neste contexto, a analogia entre sistemas industriais e ecossistemas vem ganhando força e
levando a considerações sobre as interações do sistema com o meio ambiente. Apesar de
existirem algumas reservas relativas à metáfora biológica, os conceitos que utilizam essa
metáfora – metabolismo industrial e ecologia industrial – contribuem, de forma significativa, para
um avanço diante do problema da poluição. A analogia com os ecossistemas permite um passo
além: fechar os ciclos de materiais e energia com a formação de uma eco-rede que “imita" os
ciclos biológicos fechados.

A ecologia industrial propõe, portanto, fechar os ciclos, considerando que o si stema industrial
não apenas interage com o ambiente, mas é parte dele e dele depende. A ecologia industrial é
tanto um contexto para ação como um campo para pesquisa. O desenvolvimento desta
abordagem pretende oferecer um quadro conceitual para o interpretar e adaptar a compreensão
do sistema natural e aplicar esta compreensão aos sistemas industriais de forma a alcançar um
padrão de industrialização que seja não só mais eficiente, mas também intrinsecamente ajustado
às tolerâncias e características do sistema natural.

Esta abordagem implica em (1) aplicar a teoria dos sistemas e a termodinâmica aos sistemas
industriais, (2) definir os limites do sistema incorporando o sistema natural e (3) otimizar o
sistema. Neste contexto, o sistema industrial é planejado e deve operar como um sistema
biológico dependente do sistema natural. O sistema industrial é considerado um subsistema da
biosfera, isto é, uma organização particular de fluxos de matéria, energia e informação. Sua
evolução deve ser compatível com o funcionamento de outros ecossistemas. Parte-se do
princípio de que é possível organizar todo o fluxo de matéria e de energia, que circula no sistema
industrial, de maneira a torná-lo um circuito quase inteiramente fechado. Neste contexto, uma
abordagem sistêmica é necessária para visualizar as conexões entre o sistema antropológico, o
biológico e o ambiente. Pode-se dizer que o principal objetivo da ecologia industrial é transformar
o caráter linear do sistema industrial para um sistema cíclico, em que matéri as primas, energia e
resíduos sejam sempre reutilizados.

[...]
De acordo com a ideia principal do texto, a melhor opção de título para ele, dentre as opções a
seguir, é:

a) A ecologia industrial
b)O sistema industrial
c)O ecossistema
d)A biosfera

4-Define-se no meio acadêmico, científico e tecnológico como um conjunto de medidas para a


segurança, minimização e controle de riscos nas atividades de trabalho biotecnológico das
diversas áreas das ciências da saúde e biológicas. Este conceito refere-se à:

a) Biossegurança
b) Risco Biológico
c) Ecologia
d) Ecossistemática
e) Controle Biológico

5-Os seres vivos mais a parte que não é viva do ambiente (água, minerais do solo, luz, etc.) e
todas as relações entre esses elementos formam um(a):

a)atmosfera
b)ecologia
c)cadeia alimentar
d)ecossistema
e)biodiversidade

6-Assinale a alternativa FALSA, sobre ecologia

a)é uma ciência (ramo da Biologia) que estuda os seres vivos, mas não as suas interações com
o meio ambiente onde vivem.
b)é uma palavra que deriva do grego, onde “oikos” significa casa e “logos” significa estudo.
c)também se encarrega de estudar a abundância e distribuição dos seres vivos no planeta Terra.
d)esta ciência é de extrema importância, pois os resultados de seus estudos fornecem dados
que revelam se os animais e os ecossistemas estão em perfeita harmonia.

7-A Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente, a
respeito do estudo marque a alternativa errada:

a)Nicho ecológico é o modo de vida de cada espécie no seu habitat.


b)Bioma é a região de transição entre duas comunidades ou entre dois ecossistemas.
c)Biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra.
d)Diversidade genética é a diversidade dos genes em uma espécie.
e)NDA

8-É o resultado de qualquer tipo de ação ou obra humana capaz de provocar danos no meio
ambiente, é a introdução na natureza, de substâncias nocivas à saúde humana, a outros animais
e ao próprio meio ambiente, que altera de forma significativa o equilíbrio dos ecossistemas.
Tal conceito refere-se à:
Assinale a alternativa CORRETA:

a)Meio Ambiente.
b)Poluição Ambiental.
c)Ecologia.
d)Desastre ecológico.
e)Insustentabilidade.

9-É formada por espécies vivas que compreende plantas, animais e micro-organismos,
que povoam desde as profundezas dos oceanos até as mais altas montanhas. É composta
por uma enorme diversidade de espécies compreendidas como indivíduos semelhantes,
com capacidade para se reproduzir entre si e naturalmente. Este conceito é dado a:

a)Ecologia humana.
b)Biodiversidade.
c)Não é um conceito usual para as ciências naturais.
d)É o que define os múltiplos usos no ecossistema.

10-É atributo comum a todos os ecossistemas

a)o fluxo de energia, caracterizado por perda progressiva ao longo da cadeia trófica.
b)o fluxo de energia, caracterizado por elevada eficiência energética.
c)a ciclagem de nutrientes, caracterizada por ausência de exportação.
d)o compartimento biótico, caracterizado por alta biodiversidade.
e)a presença de produtores primários autotróficos.

Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10:
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
“Na natureza nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma”.
Antoine de Lavoisier

Transferência de elementos químicos entre os seres vivos


e o ambiente.

Ciclo da Água
Ciclo do Oxigênio
Ciclo do Carbono
Ciclo do Nitrogênio
Todos esses elementos são absorvidos pelos
organismos, voltam ao ambiente e se tornam
novamente disponíveis para outros organismos.

Absorção Retorno do Elemento


pelos elemento ao disponível para
organismos ambiente outro organismo

Essa “ciclagem” dos elementos, envolvendo os


organismos e o ambiente, ocorre através de
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
Bio = organismos vivos e geo = Terra
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
Um ciclo biogeoquímico é o percurso realizado, no
ambiente, por um determinado elemento químico que é
essencial à vida. Desta forma, esses ciclos promovem a
circulação de tais elementos na biosfera em caminhos
característicos.

ELEMENTO
NO ORGANISMO
AMBIENTE

Movimento circular => Ciclagem de


nutrientes
CICLO DA ÁGUA (ciclo hidrológico)
Troca contínua de água entre a atmosfera, solo, águas
superficiais, águas subterrâneas e seres vivos.
Influência direta nas condições climáticas do planeta.

Transferência da água
Evaporação – dos corpos de água para atmosfera.
Evapotranspiração – dos seres vivos para a atmosfera.
Precipitação – da atmosfera para corpos de água e solo.
Escoamento – da superfície do solo para corpos de água.
Infiltração – da superfície do solo para camadas mais
profundas do solo.
Pequeno ciclo : quando o percurso da H2O só ocorre no
ambiente.
Grande ciclo : quando o percurso da H2O passa pelos
seres vivos do meio.
CICLO DO CARBONO
Carbono - essencial aos seres vivos para síntese de matéria
orgânica (carboidratos, proteínas, ácidos nucléicos, lipídios).

fixação do
Fotossíntese
carbono

Respiração
liberação do
Combustão carbono

Decomposição
CICLO BIOLÓGICO DO CARBONO
Nesse ciclo existem 3 estoque de carbono: o
terrestre, a atmosfera e os oceanos.
A fotossíntese e a respiração são os dois processos
opostos que governam o ciclo global do carbono.

Fotossíntese =
absorve CO2

Respiração =
libera CO2
CO2
Fotossíntese atmosférico

respiração
Matéria combustão
Orgânica decomposição
CO2 e EFEITO ESTUFA

O acúmulo de CO2 na
atmosfera aumenta a
retenção de calor
próximo a superfície
terrestre (alterações
climáticas).

Causas principais:

Atividade industrial.

Queima de combustíveis fósseis.

Queimadas e desmatamentos de áreas florestais.


CICLO GEOLÓGICO DO CARBONO
Mais de 99% do carbono terrestre está contido na
litosfera, sendo a maioria carbono inorgânico,
armazenado em rochas sedimentares como as rochas
calcárias. O carbono orgânico contido na litosfera
está armazenado em depósitos de combustíveis
fósseis.
CICLO DO OXIGÊNIO

Receptor final de íons hidrogênio


(respiração celular).
Oxigênio
Liberado a partir da fotólise da H2O
(fotossíntese).

Respir. celular 10NADH2 + 2FADH2 + 6O2 34ATP + 12H2O


(cadeia respir.)

luz
Fotossíntese 2H2O 4H+ + O2 + e-
(fotólise da H2O)
O2
atmosf
fotossíntese

respiração

H 2O

Ciclo do oxigênio
CICLO DO NITROGÊNIO
Nitrogênio - constituição de aminoácidos (proteínas) e de
nucleotídeos (ácidos nucléicos).

OBSERVAÇÕES

Constitui cerca de 78% da composição atmosférica.

Plantas e animais não utilizam diretamente o nitrogênio da


atmosfera.

As reações de fixação e transformação do nitrogênio são


realizadas por bactérias presente no solo.
ETAPAS DO CICLO DO NITROGÊNIO

Fixação biológica
Rhizobium
N2 NH3

Nitrosação
Nitrosomonas
NH3 NO2-

Nitração
-
Nitrobacter
NO2 NO3-

Desnitrificação
-
Pseudomonas
NO3 N2
Fixação biológica N2
atmosférico

Fixação física
desnitrificação

NH3 NO2- NO3- plantas animais


amônia nitrito nitrato

amonificação
(decomposição e excreção)
Etapas – Fixação
Como os organismos (plantas e animais) não são
capazes de absorver o nitrogênio diretamente da
atmosfera (N2), o aproveitamento do N2 só é
possível através da fixação biológica, onde o
nitrogênio é transformado em amônia (NH3).
Somente alguns microrganismos terrestres
(bactérias - Azobacter, cianobactérias e fungos)
podem fixar o N2 e as bactérias (Rhizobium) que
vivem nas raízes de angiospermas (feijão, soja,
ervilha, amendoim e vagem) fazem uma simbiose
transmitindo o nitrogênio para a cadeia
alimentar.
Além da fixação biológica, pode ocorrer também a
fixação atmosférica, que ocorre através dos raios e
relâmpagos, cuja elevada energia separa as
moléculas de nitrogênio e permite que os seus
átomos se liguem com moléculas de oxigênio
existentes no ar formando monóxido de nitrogênio
(NO). Este é posteriormente dissolvido na água da
chuva e depositado no solo.
Relâmpagos
N2
N-N
Atmosfera
Se dissolve na Reage com o
água da chuva e
é depositado no
NO oxigênio da
atmosfera
solo
Etapa – Nitrificação
Após a fixação, determinadas bactérias realizam a
nitrificação - transformação de NH3 (amônia) em
nitritos (NO2) (nitrosação - Nitrosomonas) e
nitritos em nitrato (NO3)(nitratação - Nitrobacter).
Etapa – Assimilação
O nitrato formado pelo processo de nitrificação é absorvido
pelas plantas para produzir proteínas e ácidos nucléicos.
Através da mineralização (ou decomposição) a matéria
orgânica morta é transformada no íon de amônio (NH4+) e
amônia (NH3) por intermédio de bactérias e alguns fungos.
Etapa – Desnitrificação
Para que o nitrogênio retorne ao ambiente são necessários
os processos de decomposição e de desnitrificação. As
bactérias (Pseudomonas) e fungos presentes no solo
decompõem aminoácidos e ácidos nucléicos de organismos
mortos transformando-os
em amônia.

As bactérias desnitrificantes
liberam o nitrogênio da amônia,
dos nitritos e dos nitratos,
devolvendo-o para a atmosfera.
O ciclo do nitrogênio em lagos

Resíduos
Água evaporada
orgânicos
LEGUMINOSAS (feijão, soja, ervilha...)

Possuem bactérias fixadoras de N2 em


associação mutualística nas suas raízes.
O cultivo dessas plantas repõe nitrogênio
no solo (adubação verde).

Rotação de culturas Consorciação de culturas


Benefícios da parceria entre bactérias e
leguminosas
A parceria entre plantas superiores e microrganismos é
benéfica para ambos. A planta age como hospedeiro e
fornece uma “residência segura” (os nódulos das raízes ou a
uma cavidade na folha) e protege os microrganismos do
excesso de oxigênio (que inibe a fixação de N2) e os supre
com energia de alta qualidade. Em troca, a planta obtém o
suprimento de nitrogênio fixado disponível para ser
assimilado.
CICLO DO FÓSFORO
O fósforo também é um nutriente importante para
todos seres vivos. Faz parte, por exemplo, do DNA e
RNA e das moléculas energéticas, o ATP.

Em certos aspectos, o ciclo do fósforo é mais simples


do que os ciclos do carbono e do nitrogênio, pois
ocorre em menor número de formas químicas. Outra
razão para a simplicidade do ciclo do fósforo é a
existência de apenas um composto de fósforo
realmente importante para os seres vivos: o íon
fosfato (PO4).
As plantas obtêm fósforo do ambiente absorvendo os
fosfatos dissolvidos na água e no solo. Os animais obtêm
fosfato na água e nos alimentos. Esse fosfato teve origem
pela decomposição das rochas.
A decomposição da matéria orgânica devolve o fósforo ao
solo e à água.
Parte do fosfato é arrastado pelas chuvas para os lagos e mares,
onde passa por processos de sedimentação e se incorpora às
rochas. Nesse caso, o fósforo só retornará aos ecossistemas bem
mais tarde, com a elevação do leito no mar ou o rebaixamento do
nível das águas. Na superfície, essas rochas serão decompostas e
transformadas em solo e o fosfato estará disponível.
CICLO DO ENXOFRE
O enxofre é importante para a formação das proteínas.
Três processos biogeoquímicos naturais liberam enxofre
para a atmosfera: formação de borrifos do mar, respiração
anaeróbica por bactérias redutoras de sulfato e atividade
vulcânica.
O enxofre apresenta um ciclo com dois reservatórios: um
maior, nos sedimentos da crosta terrestre e outro,
“menor”, na atmosfera.
Nos sedimentos, o enxofre permanece armazenado
na forma de sulfato, que fica dissolvido na água do
solo e assume a forma iônica de sulfato (SO4--),
sendo assim, facilmente absorvido pelas raízes dos
vegetais.

Na atmosfera, o enxofre existe combinado com o


oxigênio formando o SO2 (dióxido de enxofre –
cerca de 75%). Outra parcela está na forma de
anidrido sulfídrico (SO3). O gás sulfídrico (H2S) -
característico pelo seu cheiro de “ovo podre” – tem
vida curta na atmosfera, apenas de algumas horas,
sendo logo transformado em SO2.
Esses óxidos de enxofre (SO2 e SO3) incorporam-se ao
solo com as chuvas, sendo então transformado em
íons de sulfato (SO4--).
O único retorno natural do enxofre para a atmosfera
é através da ação de decompositores que produzem
o gás sulfídrico.
CICLO DO ENXOFRE
QUESTÕES:
1-A respeito dos ciclos biogeoquímicos, é correto afirmar:
a)O dióxido de carbono atmosférico é fonte imediata de carbono para os organismos terrestres, sendo
a fonte da maior parte da biomassa orgânica de um vegetal.
b)Chuvas próximas a grandes centros urbanos e industriais não representam fontes potenciais de
elementos minerais para os solos.
c)Apesar da atmosfera ser composto por 78% de nitrogênio, somente algumas bactérias e fungos
podem convertê-lo em formas úteis. Isto é possível pela presença da enzima nitrogenase nestes
micro-organismos.
d)Na ausência do oxigênio como aceptor de elétrons, micro-organismos utilizam o nitrogênio, que é
liberado na atmosfera na forma de amônia, processo denominado de desnitrificação.
2-Os ciclos biogeoquímicos são processos naturais que reciclam elementos em diferentes formas
químicas do meio ambiente para os organismos, trazendo esses elementos dos organismos para o meio.
Sobre os ciclos biogeoquímicos, marque a opção CORRETA:

a)Os ciclos biogeoquímicos estão associados a processos geológicos, onde elementos como o C, S,
O, P, Ca e N percorrem ciclicamente pelo planeta, apenas entre o meio biótico;
b)Os ciclos biogeoquímicos podem ser entendidos como a troca ou circulação de matéria entre os
componentes vivos e físico-químicos através da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera da Terra;
c)Os ciclos biogeoquímicos são processos naturais em que elementos químicos são renovados
apenas na litosfera;
d)Os elementos que compõem os ciclos biogeoquímicos do planeta são conhecidos como apenas
como macronutrientes;
e)Os ciclos sedimentares e gasosos dos elementos químicos são supridos pela atmosfera e litosfera,
respectivamente.

3-Com relação aos padrões e tipos básicos de ciclos biogeoquímicos, os elementos que apresentam
ciclos sedimentares são os seguintes:

a)cálcio, magnésio, fósforo, carbono e zinco.


b)cálcio, magnésio, fósforo, cobre e zinco.
c)carbono, magnésio, nitrogênio, cobre e zinco.
d)enxofre, magnésio, fósforo, nitrogênio e zinco.
e) enxofre, nitrogênio, fósforo, cobre e zinco.

4-O ciclos biogeoquímicos são um fator fundamental no balanço dos constituintes da água. Um
processo que NÃO tem relação com o ciclo do nitrogênio é a

a)nitrificação.
b)denitrificação.
c)amonificação.
d)mineralização de aminoácidos.
e)assimilação de NH4 por algas marinhas.

5-Os ciclos biogeoquímicos são fundamentais para que ocorra a homeostase ou a autorregulação da
Terra. Grande parte dos ciclos ocorre no âmbito da litosfera terrestre. A esse respeito, assinale a
alternativa correta.
a)A ocorrência do ciclo do carbono na litosfera compreende as ocorrências de depósitos de
combustíveis fósseis (carvão, óleo e gás natural), polimorfos do carbono, como grafita e diamante, e
extensas camadas sedimentares compostas por carbornatos.
b)As emissões vulcânicas contêm pequenas concentrações de dióxido de enxofre (SO 2) e ácido
sulfídrico (H2S).
c)O enxofre na litosfera ocorre somente como mineralizações presentes em ambientes vulcanogênicos
e (ou) hidrotermais na crosta terrestre.
d)Os principais depósitos de fosfato sedimentar, no Brasil, foram formados em bacias
mesoproterozoicas de margens passivas.
e)O tempo de residência médio do fósforo (P) em rochas sedimentares é de 10 6 anos.
6-Para o entendimento dos ciclos biogeoquímicos, deve-se considerar a máxima de Lavoisier: “na
natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Julgue o próximo item, relativo aos ciclos
biogeoquímicos.
No ciclo biogeoquímico da água (evapotranspiração, degelo e precipitação), se a variação da entropia
for nula, também será nula a necessidade de energia, como a solar, por exemplo.
 Certo
 Errado
______________________________________________________________________
7-Os ciclos biogeoquímicos envolvem o movimento dos elementos ou compostos essenciais à
vida entre o meio biótico e abiótico. Tais ciclos podem ser classificados em dois tipos básicos
dependendo da natureza do reservatório abiótico. Assinale a alternativa INCORRETA.

a)Os ciclos gasosos caracterizam-se por possuir o reservatório abiótico na atmosfera


b)Os ciclos sedimentares se caracterizam por possuir o reservatório abiótico na crosta terrestre
c)O compartimento de troca, num ciclo, consiste no compartimento onde um determinado nutriente ou
elemento se encontra em grande quantidade e onde permanece por muito tempo
d)Parte dos restos de animais e vegetais pode não sofrer decomposição e transformar-se em
combustíveis fósseis. Boa parte do carbono que estava preso durante milhões de anos nessas
substâncias está sendo devolvida à atmosfera, através da queima desses combustíveis
e)Atividades antrópicas, tais como a atividade industrial e a fertilização do solo, influenciam
negativamente os ciclos biogeoquímicos

8-Quanto à rizosfera, é correto afirmar que ela é definida como a

a)região do solo que recebe influência direta das raízes, possibilitando proliferação microbiana. Nela,
os microrganismos desempenham importante papel nos sistemas naturais e agrícolas, já que
participam das transformações da matéria orgânica e dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
b)parte externa das raízes, que possibilita proliferação microbiana. Nela, os microrganismos
desempenham importante papel nos sistemas naturais e agrícolas, já que participam das
transformações dos minerais e dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
c)região do sistema radicular, que recebe influência direta dos fungos e bactérias anaeróbicas,
possibilitando proliferação desses microrganismos. Nela, os microrganismos desempenham
importante papel nos sistemas naturais e agrícolas, já que participam das transformações da matéria
orgânica e dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
d)parte da planta, que recebe influência direta da matéria orgânica, possibilitando proliferação
microbiana. Nela, os microrganismos desempenham importante papel nos sistemas naturais e
agrícolas, já que participam das transformações da matéria orgânica, dos adubos nitrogenados e dos
ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.
e)região do solo, que recebe influência direta dos fungos, possibilitando proliferação bacteriana. Nela,
os fungos benéficos à planta desempenham importante papel nos sistemas naturais e agrícolas, já que
participam das transformações dos adubos químicos e dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes.

9-

A água do mar, em função de sua origem e dos processos atuantes, tais como os ciclos
biogeoquímicos, possui uma composição variada. A tabela acima lista alguns dos constituintes da
água do mar, que são classificados em números de 1 a 5, os quais representam as seguintes
categorias:
a)
b)

c)

d)

e)

10-Os micro-organismos desempenham diversas funções de relevância na transformação da matéria


orgânica nos ciclos biogeoquímicos. No ciclo hidrológico, a qualidade biológica relaciona-se à
possibilidade da transmissão de doenças. São doenças transmitidas pela ingestão de água
contaminada:

a) malária e paralisia infantil.


b)malária e filariose.
c)escabiose e tracoma.
d)gastroenterite e tracoma.
e)giardíase e hepatite A.
Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10:
Noções de Hidrogeologia
.

A infiltração é o processo pelo qual a água das chuvas, da neve derretida ou da irrigação penetra nas
camadas superficiais do solo e se move para baixo em direção ao lençol d’água (Rawls, et al in Maidment,
1993).
A infiltração é um fenômeno complexo, difícil de ser determinado com exatidão e que varia no tempo e
no espaço.

Capilaridade
A capilaridade é muito importante nos solos insaturados, pois, como num canudo de plástico de
refrigerante de raio (r), a água sobe uma altura (hc), conforme se pode ver na Figura (2.1).
Como se pode ver na Equação (2.1), quanto mais fino é o material, maior é a altura da capilaridade.
A capilaridade é causada por uma combinação de duas forças (Delleur, 1999):
 atração molecular que é responsável pela aderência da água ao solo ou a partículas de superfície
de rocha;
 tensão superficial que se deve a coesão das moléculas de água em direção a outra quando a água
fica exposta ao ar.
A água drenada chama-se água gravitacional, enquanto que a água retida é denominada de água capilar.

Figura 2.1 - Subida da água em um tubo capilar


Fonte: Todd, 1980

A altura crítica hc é fornecida pela Equação:

hc= 0,153/r (Equação 2.1)


Sendo:
hc= altura crítica (cm)
r= raio do tubo (cm)

Tabela 2.1 - Subida da água pela capilaridade em materiais não consolidados


Material Tamanho do grão Subida da água pela capilaridade
(mm) (cm)
Pedregulho fino 5–2 2,5
Areia muito grossa 2-1 6,5
Areia grossa 1-0,5 13,5
Areia média 0,5-0,2 24,6
Areia fina 0,2-0,1 42, 8
Silte 0,1- 0,05 105,5
Silte (conforme Todd) 0,05- 0,02 200,0
Fonte: Todd, 1980.

Pinto et al, 1976 apresenta a profundidade das raízes na Tabela (2.2). Isto é importante, pois pelo
comprimento médio das raízes, podemos verificar até onde as plantas podem retirar a água do solo.
Tabela 2.2 - Profundidade máxima da raiz das plantas
Plantas Profundidade máxima da raiz
(m)
Árvores coníferas 0,5 a 1,5
Árvores decíduas 1,00 a 2,0 ou mais
Árvores permanentes (folhas largas) 1,0 a 2,00 ou mais
Arbustos permanentes 0,5 a 2 ou mais
Arbustos decíduos 0,5 a 2
Vegetação herbácea alta 0,5 a 1,5 ou mais
Vegetação herbácea baixa 0,2 a 0,5
Fonte: Pinto et al, 1976.

Distribuição das águas subterrâneas


Quando a água se infiltra no solo está sujeita a atração molecular ou adesão, tensão superficial ou
efeitos de capilaridade e a atração universal (Pinto et al, 1976).
As águas subterrâneas estão divididas em duas zonas principais, conforme se pode ver na Figura
(2.2):

 zona de aeração ou zona não saturada ou zona insaturada


 zona de saturação

Figura 2.2 - Distribuição da água abaixo da superfície do solo


Fonte: Braga, UNESP

A zona insaturada ou aerada está dividida em três zonas:


 zona de água de uso do solo,
 zona da franja capilar e
 zona intermediária (zona vadosa)

As profundidades das três zonas são bastante variáveis.


Na zona insaturada temos: partículas de água, ar e solo, conforme Figura (2.3).
Figura 2.3 - Mostra as partículas de água, ar e sólidas de um solo insaturado.

Figura 2.4 - Definição dos termos usados para descrever o movimento na zona insaturada.
Fonte: Dingman, 2002.

Percolação
É o termo geral usado pela descida da água na zona insaturada.

Recarga
É o movimento de percolação da água da zona insaturada para a zona saturada que está abaixo.

Redistribuição
Infiltração é o movimento da água da superfície para o solo e Redistribuição é subseqüentemente o
movimento da água infiltrada na zona insaturada do solo. Ver Figura (2.4).
A palavra “vadosa” vem do Latim e significa “raso”.

Geoquímica
A água subterrânea na zona não saturada e na zona saturada sofre reações químicas orgânicas e
inorgânicas.
Dependendo das diferentes litologias teremos qualidades de água diferentes.
A importância da geoquímica pode ser encontrada em livros especializados como:
 Physical and Chemical Hydrogeology de Patrick A Domenico e Franklin W.Schwartz
 Geochemistry de Arthur H. Brownlow
 Water Quality Data- Analysis and Interpretation de Arthur W. Hounslow
 Geoquímica e contaminação de águas subterrâneas - Suely S. Pacheco Mestrinho.

Lei de Darcy
Em 1856, estudando a permeabilidade na zona saturada, Henry Darcy concluiu que para um filtro de
área (A) comprimento (L), conforme a Figura (2.5), vale o seguinte:

Q= K x A x (h1- h2)/L (Equação 2.2)

Q= K x A x G (Equação 2.3)
Sendo:
3 3
Q= vazão constante que passa pelo cilindro (m /s; m /dia)
h1= carga hidráulica no piezômetro 1 (m)
h2= carga hidráulica no piezômetro 1 (m)
z1= cota do ponto P1 (m)
z2= cota do ponto P2 (m)
L= distância entre os piezômetros 1 e 2
2
A= área da seção transversal do cilindro (m )
H= variação da carga hidráulica entre os piezômetros 1 e 2
K= condutividade hidráulica (m/s; m/h; mm/h; m/dia)
G= gradiente hidráulico= (h1-h2)/L

Figura 2.5 - Esboço esquemático do dispositivo usado por Darcy


Fonte: Hidrogeologia - conceitos e aplicações, 1996, p.37.

É importante salientar que a experiência de Darcy foi feita para a zona do solo saturado e obtido o
coeficiente de condutividade hidráulica da zona saturada (K). Na Tabela (2.3) temos os valores de K em
função do tipo de solo.
Expandindo-se o conceito da lei de Darcy, existe a condutividade hidráulica para a zona não saturada,
cujo valor é inferior ao da condutividade hidráulica da zona saturada. Existe ainda o conceito de condutividade
hidráulica vertical e horizontal, sendo que a condutividade horizontal é maior que a vertical.
Podemos entender a diferença de cargas hidráulicas (h1-h2) dividida pelo comprimento L, como sendo
a taxa de perda por unidade de comprimento, o que recebe o nome de gradiente hidráulico (Hidrogeologia
básica, 1996).
Tabela 2.3 - Condutividade hidráulica (K) em função do tipo de solo
Tipo de solo mm/h m/dia
Areia 210,06 4,96
Areia franca 61,21 1,45
Franco arenoso 25,91 0,61
Franco 13,21 0,31
Franco siltoso 6,86 0,16
Franco argilo arenoso 4,32 0,10
Franco argiloso 2,29 0,05
Franco argilo siltoso 1,52 0,04
Argila arenosa 1,27 0,03
Argila siltosa 1,02 0,02
Argila 0,51 0,01
Fonte: Febusson e Debo,1990 in Georgia Stormwater Manual, 2001

Explicações sobre o gradiente da Lei de Darcy


Quando examinamos o fundo de uma bacia de infiltração com fundo plano o
gradiente é igual a 1, pois, tomando-se um elemento delta x o valor do gradiente será:
G= (h1- h2)/ L e como h1-h2 é igual a L então o gradiente G será igual a 1.
Quando temos um talude de um reservatorio de 1: 2 então o gradiente hidraulica
será o coseno do ângulo do talude.
Assim se o ângulo da talude 1:2 for de 26,6 graus, então o cos 26,6= 0,89 e o
gradiente G=0,89 para o talude. Na Tabela (2.4) estão os gradientes calculados para
diversos taludes.
Quando vamos aplicar a Lei de Darcy para a parede de uma trincheira de infiltarlção
supomos que o gradiente é igua a, isto é, G=1.

Tabela 2.4- Gradiente para diversas declividades


Declividade Ângulo
do talude do Gradiente
1(V): Z(H) talude Cos(ângulo do talude)
(º) G
1: 0,5 63,4 0,45
1: 1,0 45,0 0,71
1: 1,5 33,7 0,83
1: 2,0 26,6 0,89
1: 2,5 21,8 0,93
1: 3,0 18,4 0,95
Limitações da Lei de Darcy
A lei de Darcy deve ser aplicada quando o escoamento é laminar, o que é usual e cujo número de
Reynolds (Re) é maior que 5 e menor que 60.
5 < Re < 60
Em regiões de solos cársticos (calcáreo) ou em rochas com fraturas de grandes dimensões não pode
ser aplicada a Lei de Darcy.
Quando uma camada de solo tem a condutividade igual em todas as direções o meio é chamado de
isotrópico e, quando há para cada direção um valor de K, então o meio é chamado de anisotrópico.
O meio isotrópico é chamado de homogêneo enquanto que o anisotrópico é chamado de
heterogêneo.
A lei de Darcy pressupõe uma distribuição isotrópica onde a condutividade hidráulica é independente
da direção.
Para aplicação em meio anisotrópico a lei de Darcy pode ser aplicada com um refinamento da
mesma, aplicando as equações tensoriais.
A equação de Darcy só vale para regime laminar é válida para numero de Reynolds menores que 1,
mas admite-se que é válida até 10. Valores maiores do número de Reynolds acontecem em aquiferos
fraturados em próximo de bombeamento no poço confomre Bedient, et al, 2008.
Vê-se a discussão que existe a respeito do limite máximo de validade da Lei de Darcy. podendo ser
admitido como limite até 60.

Dica: Gupta, 2008 informa que quando Re>10 o regime é turbulento e a Lei de Darcy não é
aplicável o que acontece em um poço nas vizinhanças da bomba centrifuga.

Número de Reynolds
O nÚmero de Reynolds é determinado como em tubos para distinguir se o regime é laminar ou
turbulento conforme Gupta, 2008. O nÚmero de Reynolds não tem dimensoes:
Re= ρ. V. d10 / µ
Sendo:
Re= número de Reynolds (adimensional)
V= velocidade de Darcy em cm/s
d10= diâmetro da partícula que indica que 10% dos materiais é menor que o valor indicado (cm).
3
ρ= 1 g/cm
µ= 0,01 g/cm.s

Exemplo 2.1- De Gupta, 2008


Dado um poço raso com diâmetro de 0,30m e profundidade de 25m com filtros que atinge toda a profundidade
3
do aquifero. O diâmetro d10= 1,5mm e o poço é bombeando com 0,2m /s. Verificar a validade da lei de Darcy.
d10= 1,5mm= 0,15cm
Q= S. V
2
A= PI. 0,30 x 25m= 23,55m
V= Q/S= 0,2/23,55= 0,0085 m/s =0,85cm/s
Re= ρ. V. d10 / µ
Re= 1x 0,85x0,15 / 0,01= 12,75
Como 12,75> 10 então não se aplica a Lei de Darcy

Exemplo 2,2- De Gupta, 2008


O objetivo deste exemplo é mostrar como funciona o gradiente hidráulico.Um canal corre paralelo a um rio
conforme Figura (2.6). A cota do rio superior é 120ft e do canal inferior é 110 ft. A distância de um rio do outro
é de 2.000ft e temos uma formação permeável com profundidade média de 30ft e condutividade hidráulica
K=0,25 ft/h. Achar a vazão por metro que corre pelo solo do canal superior para o inferior usando a Lei de
Darcy.

G= (h1-h2)/L = ((120-110)/2000= 0,005

K= 0,25ft/h= 0,075m/h= 1,8 m/dia]

Area por metro:


A= 30ft x 0,30 x 1,00= 9m2/m
Q= K x A x G
Q= 1,8 x 9 x 0,005= 0,081 n3/dia/m

Figura 2.6- Esquema dos rios paralelos


Fonte: Gupta, 2008

2.6 Transmissividade (T)


A transmissividade (T) corresponde à quantidade de água que pode ser transmitida horizontalmente
por unidade de largura do aqüífero.

T= K x b (Equação 2.4)
2 2
T= transmissividade (m /dia; m /s)
K= condutividade hidráulica (m/s; m/h; mm/h; m/dia)
b= espessura do aqüífero (m)

2.7 Aqüíferos
Aqüífero é definido por Davis e DeWiest, 1966 in Delleur, 1999 como a formação geológica abaixo da
superfície que fornece água em quantidade suficiente para ser economicamente importante.
3 3
Apesar de a definição ser subjetiva, pois engloba aqüíferos de 5,5m /dia até 2700m /dia, ela é usada.
Basicamente existem dois tipos de aqüíferos, conforme a Figura (2.6).

 Confinados e
 Não confinados.
Figura 2.6- Tipos de aqüíferos. A) aqüífero confinado. B) Aqüífero não confinado (livre)
Fonte: Delleur, 1999. The Handbook groundwater engineering.

Figura 2.1- Aquiferos confinados e não confinados


Fonte: Bedient, 2008

Aqüífero confinado
O aqüífero confinado fica como um sandwich entre duas formações impermeáveis, conforme a Figura
(2.6) parte A.
A água contida fica pressurizada e forma uma superfície piezométrica que fica geralmente no subsolo.
Quando a superfície piezométrica fica acima do solo, um poço profundo pode ter a água saindo naturalmente
sem ação de bomba centrífuga. Teremos então um poço artesiano, cujo nome se deve a região de Artois na
França, onde primeiro se constatou este fato.

Aqüífero não confinado (livre)


No aqüífero não confinado ou aqüífero livre supõe-se a existência na parte de baixo de uma
formação impermeável, conforme Figura (2.6) parte B.
O nível de água será o lençol freático ou a superfície potenciométrica.

Aquitarde
É uma formação geológica semipermeável, pois apresenta porosidade e permeabilidade
relativamente baixas. São consideradas desprezíveis do ponto de vista de suprimento de água (Mestrinho,
1997).

Aquiclude
É uma formação geológica impermeável e não fraturada, que pode conter água, mas sem condição
de movimentá-la de um lugar para outro, em condições naturais e em quantidades significativas. É um
exemplo extremo de aquitarde.

Aquifuge
São camadas ou corpos de rochas muito compactadas que apresentam porosidade total e
permeabilidade quase nula, como as rochas cristalinas magmáticas e metamórficas que constituem grande
parte dos embasamentos geológicos, alem dos quartzitos, basaltos e rochas afins, não fraturadas ou
intemperizados.
Pode existir um aqüífero suspenso, conforme Figura (2.7) devido a existência de uma argila
impermeável, o que é comum em regiões glaciais.
Os aqüíferos não confinados são mais vulneráveis a contaminação (Delleur, 1999).

Figura 2.7 - Aqüífero suspenso


Fonte: Delleur, 1999. The Handbook groundwater engineering.

Interflow
O escoamento da água entre o lençol freático e a superfície é o interflow, conforme se pode ver na
Figura (2.8). Isto acontece em regiões de florestas onde há depósitos de vegetais e a infiltração chega até uns
dois metros abaixo da superfície num prazo muito curto. A água do interflow pode ser conduzida diretamente
ao córrego mais próximo.
Figura 2.8 - Interflow
Fonte: Delleur, 1999.

Surgência
Na zona não saturada temos a franja capilar e, dependendo da permeabilidade do solo, poderemos
ter surgência (mina d´água) junto aos córregos, conforme Figura (2.9).

Figura 2.9 - Surgência


Fonte: Delleur, 1999.
Poços rasos
Os poços rasos, poços freáticos ou poços amazonas têm aproximadamente 1m de diâmetro por até
aproximadamente 20m de profundidade, atingem o lençol freático e param. A palavra “freático” vem do grego
“poço”.

Tempo de residência
O tempo de residência de uma água subterrânea varia de umas duas semanas até 10.000 anos. Nos
Estados Unidos temos exemplos de aqüíferos onde são extraídos água que data da época do pleistoceno, ou
seja, 600.000 anos atrás.

Aqüíferos regionais, locais e intermediários


O conceito do tamanho dos aqüíferos foi examinado por Toth in Delleur, 1999 que estabeleceu três
tipos básicos de sistemas de aqüíferos, conforme Figura (2.10).
 Aqüíferos locais;
 Aqüíferos intermediários;
 Aqüíferos regionais.

Figura 2.10 - Aqüífero local, regional e intermediário.


Fonte: Delleur, 1999.
O aqüífero local tem algumas centenas de metros e está próximo das áreas de recarga. As águas são
de boa qualidade, o tempo de residência é curto, variando de algumas semanas a poucos anos. Em geral, a
água possui pouca quantidade de sólidos totais dissolvidos (TDS).
O aqüífero regional geralmente é grande podendo atingir até vários estados como, por exemplo, o
2
aqüífero Guarani (1,2 milhões de km ) no Brasil, que atinge vários países: Brasil, Paraguai, Argentina e
Uruguai. De modo geral, os aqüíferos regionais possuem uma alta taxa de sólidos totais dissolvidos (TDS) e o
tempo de residência pode atingir milhares de anos.
2
O aqüífero intermediário possui área maior que alguns km e o tempo de residência é de dezenas de
anos.
Água fóssil é aquela que está a grandes profundidades. Geralmente tem idade geológica muito
grande e contém alta concentração de minerais dissolvidos. Em alguns casos é água salgada com
concentrações muito elevadas que podem chegar a 100.000mg/L e, neste caso, são chamadas de bittern
brines.

Vazão base
A vazão base foi definida por Hewlett e Nutter (1969) in Guerra e Cunha, 2001 como parte
componente do fluxo canalizado que se mantém durante os períodos secos e são alimentados pela descarga
da água subterrânea residente nos solos e rochas.
A maneira segura de se determinar a vazão base é com dados de campo, construindo um hidrograma
do escoamento de um rio, conforme Figura (2.11). Existem estudos de Linsley, 1982 e outros que mostram
como separar a vazão base em seus componentes.

. Existem três técnicas básicas para análise da vazão base através de hidrogramas de vazões de rios
e córregos. Quanto a outros métodos existentes não entraremos em detalhes.
 1- Método da Separação da vazão base
 2- Método da Análise de freqüência
 3- Método de Análise de Recessão.
Uma informação importante é saber que nem sempre a vazão base é a recarga. As seguintes
atividades podem alterar o valor da vazão base:
 As barragens nos rios alteram os períodos de seca mudando a vazão base. Só não
há alteração quando a área das barragens é menor que 10% da área da bacia.
 O bombeamento da água do rio para a agricultura, usos urbanos e industriais.
 Transferência de parte de água de rios de uma bacia para outra
 O retorno sazonal das águas nas áreas de irrigação.
 Mudanças no uso do solo, como corte da mata, reflorestamento que alteram a
evopotranspiração
 Extração de água subterrânea suficiente para abaixar o lençol freático ou reverter o
gradiente do lençol perto dos rios.
Método da separação da vazão base
É geralmente um método gráfico e muito usado.
Basicamente pode ser:
1. Valor constante
2. Declividade constante
3. Método côncavo
Existem vários métodos para a separação da vazão base, conforme a Figura (2.11) e, de acordo
com o método usado, os resultados serão diferentes. Também não devemos esquecer que os métodos para
medição de vazão dos rios para se fazer o hidrograma são muito imprecisos.
Figura 2.11 - Vários métodos de separação da vazão base. Método a, b e c.
Fonte: Dingman, 2002.

Vamos explicar somente dois métodos, sendo um da Figura (2.11a) e outro da Figura (2.11c).

Método côncavo, conforme Figura (2.11a)


A obtenção da vazão base é uma tarefa difícil a ser determinada. O método côncavo é um método
gráfico.
Linsley et al, 1975 citado in Delleur, 1999 obteve a equação:
0,2
N= 0,827 x A (Equação 2.5)
2
A= área em km ,
N= número de dias entre o pico da hidrógrafa e o fim do escoamento superficial de uma bacia, conforme
Figura (2.12).
O expoente de A que é 0,2 depende das características da bacia como: vegetação, declividade e
geologia.
A Figura (2.12) mostra a facilidade com que é traçada a linha pontilhada ABC da separação do runoff
e da vazão base.
Primeiramente o ponto C é obtido usando a Equação (2.5).
O ponto B é obtido como um prolongamento da recessão AB até atingir o local onde está o pico no
ponto D.
Figura 2.12 - Figura de uma hidrógrafa mostrando a separação do escoamento superficial da vazão base.
Fonte: Linsley e Franzini, 1992.

Método da declividade constante, conforme Figura (2.11c)


A linha separadora é uma reta pontilhada que tem declividade conhecida, como por exemplo,
3 2
0,0037m /s x km /hora. É também um método gráfico.

Método aproximado para obter a vazão base


Uma outra maneira prática de se separar a vazão base é proceder, conforme Figura (2.13). Deve-se
ter o cuidado para determinar o ponto de início e do fim para determinar a linha de separação.
O volume total acima da linha de separação Va representa a componente do volume do escoamento
superficial (runoff) e o volume abaixo Vb representa o volume de contribuição da água subterrânea.
O índice da vazão base (BFI- base flow index) é definido como a razão entre o volume da vazão base
Vv pelo volume do escoamento superficial (runoff) Va.
BFI= Vb / Va (Equação 2.6)
Sendo:
BFI= índice da vazão base
Vb= volume da vazão base obtido no hidrograma
Va= volume do escoamento superficial.

Figura 2.13 - Técnica de separação da vazão base


Fonte: Water Budget Analysis on a Watershed Basis

Os cálculos devem ser feitos para no mínimo dois anos de medições em determinado local. De modo
geral, o método aproximado superestima a vazão base. O índice da vazão base deve ser sempre usado como
uma primeira aproximação.
Existem casos que possuímos dados para fazer o hidrograma e casos que não temos nenhum dado
disponível e neste caso podemos fazer durante certo tempo algumas medidas ou se basear em alguma
analise regional do índice BFI.
A influência do homem deve ser sempre levada em conta, como por exemplo, irrigação,
bombeamento, sistema de abastecimento de água, descargas de tratamentos de esgotos sanitários, sistemas
de drenagem, etc.

Método de Análise da freqüência


Neste método são usadas as técnicas de estatísticas e existem varias equações para os chamados
“filtros”.

Estimativa de BFI quando não se tem medição


2
O Departamento do Interior dos Estados Unidos USBR possui estimativa em todo o pais com R =
67%. Não temos conhecimento de estudo semelhante em todo o Brasil.
O valor BFI tem uma relação muito forte com a precipitação média anual e com a declividade da
bacia.
Estudos feitos no Zimbabwe onde existe clima tropical, por Mazwimavi et al no trabalho “Estimation of
2
Flow Characteristics of Ungauged Basins ” por análise linear de regressão em 52 bacias com áreas de 3,5km
2 2
a 2.630km com área média de 505,2km em cujos trabalhos foi citado o prof. Dr. Tucci da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul achou para médias anuais:
2
BFI= 0,0003 x P – 0,0414 x Dd + 0,4857 x S10 com r = 0,73
Sendo:
BFI= índice da vazão base que varia de 0 a 1
P= precipitação média anual (mm) que varia de 554,2mm a 1796,8mm com média de 852mm.
2 2
Dd= densidade de cursos de água (km/km ) que varia de 0,2 a 4,9 sendo a média de 2,4 km/km
S10 = declividade de 10% dos pixeis da área. Faz-se uma tabela e acha-se a declividade média de cada pixel.

Depois se constrói uma curva de freqüência cumulativa das declividades médias achadas. A declividade
em porcentagem a ser achada é aquela correspondente a 10% dos pixeis, em que as declividades são iguais
ou menores que 10%.

Exemlo
Calcular para o córrego Água Suja, em Guarulhos, o BFI, sendo dados:
2
Área da bacia= 3,7 km
Comprimento do talvegue= 3,6km
Declividade média do talvegue= 7,59%
2
Densidade hídrica = 2,1 km/km (estimado)
80% da área tem declividade > 30%
10% da área tem declividade < 10%
10% da área tem declividade < 0,4% (estimativa)
P=precipitação media anual= 1463mm /ano (Posto Bonsucesso)

BFI= 0,0003 x P – 0,0414 x Dd + 0,4857 x S10

BFI= 0,0003 x 1463 – 0,0414 x 2,1 + 0,4857 x 0,4= 0,55

De modo geral o BFI é menor que 0,50.


Isto significa que:
BFI= Vb / Va = 0,55
Sendo:

BFI= índice da vazão base


Vb= volume da vazão base obtido no hidrograma
Va= volume do escoamento superficial.
Vb= 0,55 x Va
Para uma chuva de 2h e Tr= 25anos teremos 85,1mm.
Va= 85,1mm
Vb= 0,55 x 85,1mm= 46,8mm que será a vazão base em relação a precipitação.
Notas:
 A vazão base não significa que é a recarga. Pode ser parte da recarga, mas não deve ser confundida
com a recarga.
 A parte separada da vazão base é chamada por Tucci, 2000 de precipitação efetiva, isto é, aquele que
produz o escoamento superficial (runoff).

Ganho e perda dos rios


O rio pode ganhar água subterrânea ou pode perder a sua água por infiltração. Em épocas de chuvas
o rio fornece água para o aqüífero subterrâneo e em época de seca a água subterrânea alimenta o rio,
conforme Figura (2.15).

Figura 2.15 - Ganho e perda nos rios. A) rio ganhando B) rio perdendo
Fonte: Delleur, 1999.

Subsidência
Um fenômeno que pode acontecer em aqüíferos onde há rebaixamento devido a explotação das
águas subterrâneas, é a subsidência, isto é, o abaixamento do solo.
Conforme Cabral et al, 2006 os valores de subsidência em vários paises estão na Tabela (2.5)

Tabela 2.5- Valores de subsidência registrados em vários paises e regiões do mundo


Localidade Tempo Subsidência
Vale San Joaquim, Califórnia 52anos 8,8m
Vala Las Vegas, Nevada 57anos 2m
Eloy, Arizona 4,57m
Phoenix, Arizona 5,49m
Vale Santa Clara, Califórnia 3,66m
Cidade do México 100anos 15m
Hanói, Vietnam 6anos 0,30m
Jacarta; Indonésia 0,20m
Suzhou, China 14anos 1m
Condado de Yunlin, Taiwan 0,10m/ano
Ojiya, Japão 3anos 0,07m
Kerman, Irã 0,06m/ano
Ainda não foram encontrados casos de subsidência por bombeamento em aqüíferos sedimentares no
Brasil. Entretanto em aqüíferos cársticos o Brasil teve vários casos grandes.
Entre eles citamos o de Sete Lagoas em Minas Gerais em 1988, o de Cajamar no Estado de São
Paulo em 1986 e o de Mairinque em São Paulo no ano de 1981.
Em Sete Lagoas foi aberta cratera de 20m de diâmetro por 5m de profundidade em plena área
urbana. Em Cajamar formou-se uma cratera com 31m de diâmetro e 13m de profundidade. Todos estes casos
foram em regiões cársticas.

Consideremos uma unidade de área na horizontal na profundidade Z abaixo da superfície.


A pressão total Pt é dado pelo peso que está acima daquele plano e que é resistido pela pressão
hidrostática Ph e parcialmente pela pressão intergranular Pi, exercida entre os grãos do material:
Pt= Ph + Pi.
Tirando-se o valor de Pi temos:
Pi= Pt - Ph
O decréscimo do nível do lençol freático resulta no decréscimo da pressão hidrostática e o
correspondente aumento da pressão intergranular. Se Pi1 e Pi2 são as pressões intergranular antes e depois
da queda do nível do lençol freático ou da superfície piezométrica, a subsidência vertical pode ser calculada
pela equação (Delleur, 1999).
Su= Z x ( Pi2 – Pi1)/ E (Equação 2.7)
Sendo:
Z= espessura do solo (m)
2
E= módulo de elasticidade do solo (N/cm )
Pi1= pressão intergranular antes do abaixamento do nível de água do poço (kPa)
Pi2= pressão intergranular depois do abaixamento do nível de água do poço (kPa)

Su= abaixamento, isto é, subsidência (m);


Peso específico da água: a= 9,81 KN/m
3

Um problema da subsidência é que mesmo que se queira injetar água para voltar a posição original
do solo, há o fenômeno da histerese, isto é, sempre haverá um rebaixamento.
Na Região Metropolitana de São Paulo até o presente não foi constatado nenhum caso de
subsidência devido a poços tubulares profundos, com excessão da cidade de Cajamar, que está localizada
em área cárstica, onde houve ruptura do solo causando grandes danos para a região.
Figura 2.16 - Exemplo de subsidência. A casa sumiu com o rebaixamento do solo devido a retirada de
água de um poço tubular profundo junto a mesma.

Exemplo
Calcular a subsidência para camada de areia de 60m de espessura. O lençol freático está localizado a
10m de profundidade abaixo da superfície do solo, conforme Figura (2.17).
Calcular a pressão total e a pressão intergranular a 10m de profundidade e no fim da camada de
areia, sendo dados a porosidade n= 0,35; umidade volumétrica = 0,08 e o peso específico do solo
s= 25,5kN/m e o peso específico da água a = 9,81kN/m .
3 3

Figura 2.17 - Problemas devido a subsidência


Fonte: Delleur, 1999.

No lençol freático temos: Pt= Ph + Pi , mas como Ph= 0 então Pt= Pi.
Teremos: Pt= Pi= 10 [(1- 0,35) 25,5 + 0,08 x 9,81]= 173,6 kPa
Pressão no fim da camada de areia:
A pressão total Pt no fim da camada de areia será:
Pt= 173,6 + 50 [( 1-0,35) 25,5 + 0,35 x 9,81]= 1.174 kPa.
A pressão hidrostática Ph será:
Ph= 9,81 x 50 = 490,5kPa
Como: Pi= Pt – Ph= 1.174kPa – 490,5kPa= 683,5kPa.
Portanto, a pressão intergranular no fim da camada de areia é de 683,5kPa quando o nível do lençol
freático está 10m abaixo da superfície.
Como supomos que haverá um abaixamento do lençol freático de 40m, queremos saber como vai
ficar a pressão intergranular no fim da camada de areia.

A pressão no fim da camada de areia será:


Pt= 50 [(1-0,35) 25,5 + 0,08 x 9,81] + 10 [(1– 0,35) 25,5 + 0,35 x 9,81]= 1.068,1 kPa.
A pressão hidrostática Ph será:
Ph= 9,81 x 10= 98,1 kPa
A pressão intergranular será: 1.068,1kPa – 98,1 kPa= 970,0kPa
O aumento da pressão intergranular devida a queda de 40m no lençol freático será:
970,0kPa – 683,5kPa= 286,5kPa

Cálculo da subsidência em dois trechos:

Primeiro trecho:
Vamos calcular a pressão média. Como a pressão intergranular devido a variação do lençol estar a 10m
abaixo da superfície e passar para 50m abaixo da superfície, tomamos a média:
Média= (286,5kPa + 0)/ 2= 143,25kPa
Usando a Equação (2.10) teremos:
Su= Z x (Pi2 – Pi1)/ E
Sendo:
2 2
E= 10.000N/cm = 100000kN/m = módulo de elasticidade da areia
Z=40m que é o abaixamento que houve.
Pi2 – Pi1= 1143,25kPa
Su1= 40x ( 143,25)/ 100000= 0,0573m

Segundo trecho:
A subsidência no trecho dos 50m abaixo da superfície até 60m onde termina a areia será:
Su2= 10 x 286,5 / 10000=0,0287m.
A subsidencia total será:
Su= Su1+Su2= 0,0573m + 0,0287m= 0,086m.

Exemplo
Usando ainda dados do Exemplo (2.1) supor a existência de uma camada de 25m de argila abaixo do fundo
da camada de areia, conforme Figura (2.18). O módulo de elasticidade da argila é menor que o da areia:
2
E= 10000kN/m . Qual será a subsidência total?
Su3= 25x286,5/10000= 0,716m.
A subsidencia total será:
Sutotal= Su + Su3= 0,086m + 0,716m= 0,802m
Infiltração em um canal
Usando as hipóteses de Dupuit- Forchheimer, conforme Delleur, 1999, podemos estimar para
aqüíferos não confinados, a vazão infiltrada em um canal, conforme Figura (2.18) .
As hipóteses originais de Dupuit foram feitas em 1863 e as de Forchheimer em 1930.

Figura 2.18 - Infiltração em um canal


Fonte: Delleur, 1999.

Q= 2K Dw [( Di +Hw – 0,5Dw)/(L –0,5Ws)] (Equação 2.8)

Sendo:
3
Q= vazão infiltrada (m /dia)
Dw= profundidade do lençol freático (m)
Di= altura do fundo do canal até a superfície impermeável (m)
L= distância do eixo do canal até Dw (m)
Ws= largura superficial do canal (m)
Wb= largura da base do canal trapezoidal (m)
K= coeficiente de permeabilidade (m/dia)
Restrição: Di < 3Ws

Exemplo - Citado no livro por Delleur, 1999


Estimar a infiltração de um canal com altura Hw= 1,00m, escavado em um solo com condutividade hidráulica
K=2m/dia de maneira que a distância do fundo do canal até a superfície impermeável é Di= 10m. É fornecida
a queda Dw= 0,5m que é observado na distância L- 0,5 x Ws= 400m. Calcular a importância da infiltração.

Q= 2 K Dw [(Di +Hw – 0,5Dw)/(L –0,5Ws)]


3 3
Q= 2 x 2 x 0,5[(10 +1,0 – 0,5x 0,5) /400]= 0,05375m /dia= 53m /dia/km

Vamos aplicar a equação de Manning para achar a vazão máxima considerando n= 0,022, declividade
S= 0,0004m/m e Wb= 4m e inclinação dos taludes de 45º.
(2/3) 0,5
Q= (1/n) x A x Rh xS
2
A=5m Rh=5/6,828= 0,732m
3 3
Q= 3,692m /s= 318.988m /dia

Em 40km de canal teremos:


3 3
Infiltração: 40km x 53m /dia/km= 2120m /dia
3
Máxima vazão: 318.988m /dia
3 3
(2120m /dia/318.988m /dia) x 100= 0,7%

A infiltração em 40km é somente 0,7% e, portanto, muito baixa.


Infiltração e dry well
Capitulo 2- Noções de Hidrogeologia.
Engenheiro Plínio Tomaz 22 de agosto de 2011 pliniotomaz@uol.com.br

Reservas permanentes e reservas reguladoras


Conforme Duarte Costa, 1994 um dos problemas mais controvertidos em hidrogeologia é a conceituação
e avaliação das reservas e dos recursos explotáveis.
As reservas de água acumulada na sub-superfície compreendem duas parcelas:
 reservas permanentes e
 reservas reguladoras.
As reservas permanentes correspondem aos volumes de água acumulados que independem de
variações periódicas ou sazonais, enquanto que as reservas reguladores dizem respeito ao volume de água
renovável a cada período anual ou inter-anual, correspondendo, portanto, à recarga do aqüífero (Projeto de
avaliação hidrogeológica da bacia sedimentar do Araripe, Recife, 1996, DNPM).

As reservas permanentes correspondem as águas subterrâneas, localizadas na zona saturada,


abaixo da posição mínima do nível de oscilação sazonal da superfície potenciométrica do aqüífero livre. As
reservas permanentes são constituídas de dois componentes: volume armazenado sob pressão (aqüífero
confinado) e volume de saturação (aqüífero livre).

Figura 2.19 - Relação entre as reservas e disponibilidades para aqüíferos espessos e rasos
Fonte: Waldir Duarte Costa, Hidrogeologia, 1997.

As reservas totais ou naturais são representadas pelo conjunto das reservas permanentes com as
reservas reguladores, constituindo, assim, a totalidade de água existe num aqüífero ou sistema aqüífero.
As reservas de explotação ou recursos constituem a quantidade máxima de água que poderia ser
explotada de um aqüífero sem riscos de prejuízos ao manancial. As maiores discussões são em relação as
reservas de explotação, cujos conceitos muitas vezes são controvertidos e discutíveis.
Num sistema aqüífero podemos ter duas situações básicas:

 Aqüífero confinado e
 Aqüífero livre
Os aqüíferos livres são alimentados pelas infiltrações diretas das chuvas que caem sobre as suas
áreas de afloramento e/ou pelas infiltrações induzidas por atividades antropogênicas, tais como: irrigação,
vazamento de redes de distribuição de água, galerias pluviais e/ou coleta de esgotos, enchentes, lagoas de
estabilização de efluentes, etc (Rebouças, 1994).

2.20 Reservas permanentes


As reservas permanentes, também chamadas seculares ou profundas, constituem as águas
acumuladas que não variam em função das precipitações anuais e permitem uma explotação mais
importante, regularizada em períodos de vários anos (Duarte Costa, 1994).
As reservas permanentes podem ter duas situações: aqüífero confinado e aqüífero livre, cujas
equações são as seguintes:

Situação de aqüífero confinado:


Rp1= A . H . S (Equação 2.9)
Situação de aqüífero livre:
Rp2= A . H . n (Equação 2.10)

Sendo:
3
Rp1= reserva permanente (m )= volume armazenado sob pressão.
3
Rp2= reserva permanente (m )= volume de saturação.
2
A= área de abrangência do aqüífero (m )
H= espessura do aqüífero (m)
n= porosidade efetiva do aqüífero livre
S= coeficiente de armazenamento (aqüífero confinado)

A reserva permanente Rp será a soma de Rp 1 + Rp2.

Rp= Rp1 + Rp2 (Equação 2.11)

Exemplo
Calcular a reserva permanente de um aqüífero confinado que tem o coeficiente de armazenamento S= 0,0001
2
e espessura H= 10m e Área de 8.000km .
Aplica-se então a Equação (2.9):

Rp1= A . H . S (situação de aqüífero confinado)

Para o cálculo da área A, de modo geral, aplica-se a favor da segurança um redutor, como por exemplo, 0,7
onde se supõe que em cerca de 30% da área haja descontinuidade que comprometam a acumulação das
reservas.
2 2
Então: A= 8.000km x 0,7= 5.600km
H= 10m
–4
S= 0,0001= 1 x 10
2 2 6 3
Rp1= A . H . S= 5.600km x 100ha x 10.000m x 10m x 0,0001= 5,6 x 10 m

Exemplo
Calcular a reserva permanente de um aqüífero livre que tem porosidade efetiva n= 8%, espessura H= 20m e
2
área de 8.000km .
Aplica-se então a Equação (2.10):

Rp2= A . H . n (situação de aqüífero livre)

Para o cálculo da área A, de modo geral, aplica-se a favor da segurança um redutor, como por exemplo, 0,7
onde se supõe que em cerca de 30% da área haja descontinuidade que comprometam a acumulação das
reservas.
2 2
Então: A= 8.000km x 0,7= 5.600km
H= 20m
n= 0,08
2 2 9 3
Rp2= A . H . n= 5.600km x 100ha x 10.000m x 20m x 0,08= 4,48 x 10 m
Exemplo
Calcular a reserva permanente Rp para os dois tipos de aqüíferos: confinado e livre dos Exemplos (2.4) e
(2.5).
6 3
Rp1= 5,6 x 10 m
9 3
Rp2= 4,48 x 10 m
6 3 9 3
Rp= 5,6 x 10 m + 4,48 x 10 m =
6 3 6 3 6 9 3
Rp= 5,6 x 10 m + 4480 x 10 m = 4485,6 x 10 = 4,4856 x 10 m

ExempLO
Calcular a reserva permanente de um aqüífero livre que tem porosidade efetiva n= 15%, espessura H= 57m e
2
área de 140km . Como existe argila supõe-se que temos somente 50% de sedimentos.
Aplica-se então a Equação (2.10):
Rp2= A . H . n (situação de aqüífero livre)
2
Então: A= 140km
H= 57m
n= 0,15= 15%
Sedimentos existentes = 50%= 0,50
2 2 8 3
Rp2= A . H . n= 140km x 100ha x 10.000m x 57m x 0,15 x 0,50= 6 x 10 m
3
Portanto, a reserva permanente existente é de 600milhões de m .

Exemplo
Calcular a reserva permanente de um aqüífero livre que tem porosidade efetiva n=15%, espessura H=57m e
2
área de 16km . Como existe argila supõe-se que temos somente 50% de sedimentos.
Aplica-se então a Equação (2.10):
Rp2= A . H . n (situação de aqüífero livre)
2
Então: A= 16km
H= 57m
n= 0,15= 15%
Sedimentos existentes= 50%= 0,50
2 2 7 3
Rp2= A . H . n= 16km x 100ha x 10.000m x 57m x 0,15 x 0,50= 6,84 x 10 m
2 3
Portanto, a reserva permanente existente na região de 16km é de 68milhões de m .

Reservas reguladoras
A alimentação ou recarga do aqüífero é procedida unicamente por infiltração direta das águas de chuvas
e pelos cursos de água existentes.
Há necessidade de se verificar para a quantificação da recarga de infiltrômetros, entretanto raramente
estes dados estão disponíveis. Entretanto existem vários poços tubulares profundos que podem fornecer
elementos importantes para os cálculos da reserva reguladora.
Existem várias maneiras de se calcular as reservas reguladoras (Duarte Costa, 1997).
a
1 Vazão de Escoamento Natural (VEN)

VEN= T x i x L (Equação 2.12)


Sendo:
T= transmissividade hidráulica do aqüífero
I= gradiente hidráulico do escoamento
L=comprimento da frente do escoamento considerado.
a
2 VEN com porosidade efetiva

VEN= A x h x n (Equação 2.13)


Sendo:
A= área de ocorrência do aqüífero
h= variação do nível de água
n= porosidade efetiva.
3 Cálculo de h
a

O valor h quando não se tem dados pode ser obtido através de R= h x S. O valor de R pode ser
obtido pelo balanço hídrico.

Reservas explotáveis
Os recursos explotáveis ou disponibilidade do sistema aqüífero podem ser considerados sob vários
aspectos:
 Disponibilidade potencial do aqüífero;
 Disponibilidade virtual do aqüífero;
 Disponibilidade instalada dos poços e
 Disponibilidade efetiva dos mesmos poços

Disponibilidade potencial do aqüífero


É aquela que considera explotável toda a reserva reguladora, isto é, não acarreta depleção nas
reservas permanentes.

Disponibilidade virtual do aqüífero


É aquela que leva em conta a necessidade de manutenção das descargas de base de rede fluvial da
região, ou seja, a chamada vazão base.

Disponibilidade instalada dos poços profundos


Corresponde ao volume que pode ser captado de água subterrânea a partir das obras já instaladas,
adotando-se a vazão máxima permissível de cada poço e em regime de bombeamento contínuo (24/24h).

Disponibilidade efetiva dos poços profundos


Representa o volume atualmente captado nos poços profundos já instalados, a partir da vazão que
vem sendo usada nos poços e no regime de bombeamento utilizado.
Esta avaliação é bem mais difícil de executar, pois depende de uma avaliação local, ponto a ponto
para determinado momento, pois o regime de explotação constantemente é modificado.

Recarga de aqüíferos
A recarga artificial de aqüíferos está documentada nos Estados Unidos desde o século 19 quando
começou o stress do suprimento das águas subterrâneas. Duas forças básicas induziram a recarga artificial, o
crescimento da população e foram aplicadas técnicas de inundação para se fazer a infiltração.
Nos ano de 1950 começou a prática na Califórnia de recarga devido à intrusão salina na área
costeira.
A recarga dos aqüíferos numa bacia hidrográfica deve-se a:
 Infiltração direta das chuvas;
 Contribuição do rio e seus afluentes.

Exemplo
Calcular as reservas permanentes e as reservas reguladoras da Região Metropolitana de São Paulo, usando
dados de Rebouças et al, 1994.
Dados:
2
Área de rochas cristalinas: 2.599km
2
Área de rochas sedimentares: 1452km
2
Área total: 8.051km

Espessura média das rochas cristalinas: 50m


Espessura média das rochas sedimentares: 100m
Porosidade efetiva das rochas cristalinas= 3%
Porosidade efetiva das rochas sedimentares= 6%

Precipitação média anual (1964 a 1974): 1520mm


Evaporação real média: 940mm
Escoamento superficial: 220mm/ano
Escoamento básico: 355mm/ano
2
Infiltração nas áreas permeáveis (783km )= 661mm/ano (adotado 618mm/ano)
Condutividade hidráulica (varia de 0,001cm/s a 0,000001cm/s)

As vazões reguladoras foram calculadas com base na área e na taxa de recarga dia em (mm/ano).
A disponibilidade hídrica foi calculada numa fração entre 25% e 50% sendo escolhida a fração de
25%.

Tabela 2.6 - Disponibilidade de água subterrânea na RMSP


Domínios Áreas espessura porosidade efetiva Armaz. Taxa de recarga aqüífero
hidrogeológico. média média S média livre
(km2) (m) (%) (mm/ano) (milhões de m3)
1 2 3 4 5 6 7
(1)
Rochas cristalinas 6599 50 3 0,001 355 9.898
Rochas sedimentares 1452 100 6 0,001 618 8.712
8051
Fonte: adaptado de Rebouças, 1994.

Tabela 2.7 - Continuação-Disponibilidade de água subterrânea na RMSP


aqüífero Reserva Reserva Disponibilidade Disponibilidade
confinado Permanente Reguladora especifica
(m3) Milhões de (m3/anos) (milhões m3/ano) (m3/s) (L/s x km2)
(m3/ano)
8 9 10 11 12 13
(2) (1) + (2) (3) 25% de (3)
0 9898 2.343 586 18 2,8
145 8857 897 224 7 4,9
Reserva Permanente 18.755 3.240 810 25 7,7
total=
Fonte: adaptado de Rebouças, 1994.

3
Rebouças salienta que temos aproximadamente 25m /s de água subterrânea disponível na RMSP e
salienta a vulnerabilidade dos aqüíferos e os riscos de poluição dos mesmos. A vazão de água subterrânea
3
extraída na RMSP conforme ABAS, 2005 é de 8m /s.
Hyporheic zone
A hyporheic zone é o volume de sedimentos saturados que estão abaixo ou ao lado do canal de água
onde as águas subterrâneas e as águas superficiais se misturam, conforme Figura (2.17).
A interface entre a água superficial e a subterrânea exerce influência na dinâmica do fluxo de
nutrientes e materiais, no sentido lateral e longitudinal. Os processos ocorridos na hyporheic zone podem
influenciar a qualidade da água superficial, conforme Anderson et al, 2002 da ESALQ.
A hyporheic zone tem sido estudado ultimamente devido a importância para os organismos aquáticos,
incluído peixes, conforme Dingman, 2002.
A hyporheic zone é a dimensão vertical de um rio, sendo as outras duas, uma longitudinal e outra
lateral.

Figura 2.20 - Croquis mostrando a hyporheic zone

Barragens subterrâneas
Tive oportunidade, sendo Diretor de Exploração Mineral no Ministério de Minas e Energia, de ver os
projetos de barragens subterrâneas elaborados pelo geólogo Waldir Costa da Universidade Federal de
Pernambuco, onde me dei conta da importância das mesmas para o Brasil.
Pesquisei na biblioteca do DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral e constatei que as
primeiras pesquisas feitas no Brasil são do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT desde
1978, sendo importante os trabalhos de vários geólogos da entidade entre eles: Antônio Manoel dos Santos
Oliveira e seu colega Carlos Alberto Gonçalves Leite.
No Brasil, onde se usa mais barragens subterrâneas, é no semi-árido (parte do nordeste do Brasil) em
locais onde há os chamados rios intermitentes, isto é, durante uma fase do ano ficam sem água.
Geralmente estes rios estão em áreas rochosas onde existe faixa do aqüífero aluvial de uns 100m
com profundidade maior que 2m. Com um comprimento a montante da barragem de 1 km aproximadamente,
pode-se fazer uma barragem no aluvião, podendo a mesma ser feita de argila impermeável ou de lona
plástica com custo muito baixo.
Furam-se poços rasos e retira-se a água para alimentação de casas e aos animais, como também
para plantações. A exportação de melão no nordeste está, na maioria dos casos, em locais onde há barragem
subterrânea.
Os aluviões do rio que possibilitam a barragem subterrânea é a hyporheic zone.
Os usos básicos das barragens subterrâneas, conforme Abreu et al:
Figura 2.21 - Barragens subterrâneas em paredes de alvenaria ou concreto (A), com lona plástica (B) ou septo
impermeável (argila).
Fonte:Brito et al, 1999
Figura 2.22 - Assentamento de lona plástica no aluvião para formar a barragem subterrânea
Fonte: Abreu et al - Aspectos da Qualidade em execução de barragens subterrâneas.

Figura 2.23 - Poço amazonas para captar as águas da barragem subterrânea


Fonte: Abreu et al - Aspectos da Qualidade em execução de barragens subterrâneas.
Figura 2.24 - Uso da água em barragens subterrâneas
Fonte: Abreu et al - Aspectos da Qualidade em execução de barragens subterrâneas.

Figura 2.25 - Esquema de uma barragem subterrânea


Fonte: Abreu et al - Aspectos da Qualidade em execução de barragens subterrâneas.
Poço tubular profundo
Tivemos a oportunidade de executar aproximadamente uns 50 poços tubulares profundos em
Guarulhos na profundidade entre 150m a 300m, tanto em região sedimentar como no cristalino, sempre com o
apoio dos geólogos.
A Figura (2.6) mostra o teste de vazão de um poço tubular profundo com 150m de profundidade,
vazão de 50.000litros/hora, diâmetro de 200mm e instalados com filtros Johnson importados no ano de 1968.
O projeto hidrogeológico foi feito pela Planidro e os 4 (quatro) poços foram executados pela firma paulista
Corner SA em 1968 sendo o proprietário na época o Dr. Inal de Carvalho.
A novidade na época era o uso dos filtros Johnson, que tinha sido instalado pela primeira vez em
Guarulhos na Indústria Pfizer, a aplicação da técnica do “desenvolvimento do poço” e o uso de bombas
submersas.
No livro “Água subterrânea e poços tubulares” patrocinado pela Organização Pan-Americana da
Saúde e da Faculdade de Engenharia Federal do Paraná em 1969 já aconselhava a técnica do
desenvolvimento de um poço tubular profundo.
O livro “Poços Profundos” da Faculdade de Higiene e Saúde Pública elaborado pelos professores
Eduardo R. Yassuda, Paulo S. Nogami e Robert de Montrigaud em 1965 já falavam dos filtros Johnson
existentes em Minnesota, Estados Unidos.
Conheci um geólogo, dono da firma Geologhical nos Estados Unidos, estava monitorando os poços
tubulares profundos da indústria Pfizer em Guarulhos. Tinha feito, ano a ano, estudos dos níveis dinâmicos e
estáticos e de vazões dos poços da várzea do Tietê. Alertava-me que, como não havia recarga suficiente, o
que era retirado do subsolo de água era maior do que entrava, e que a região estava caminhando para um
colapso, onde poços que forneciam 50.000 litros/ hora, como os do SAAE (Serviço Autônomo de Água e
Esgoto de Guarulhos), iriam produzir no máximo 6.000 litros/ hora, o que realmente aconteceu mais tarde.
Na verdade estávamos fazendo a mineração da água subterrânea sem nenhum cuidado.

Figura 2.26 - Foto dos engenheiros Plínio Tomaz e Luiz Nelson Peppe examinando o teste de vazão com
compressor de um dos poços tubulares profundos do Jardim Santa Francisca, 1968- Guarulhos. Vazão
achada de 50.000litros/hora.
Figura 2.27-Foto de 1968 dos engenheiros Plínio Tomaz e Luiz Nelson Peppe notando-se o nome da
firma Corner S.A., e o uso dos filtros Johnson de aço inox.

- Área de proteção de poços tubulares profundos


O estudo da área de proteção de poços tubulares profundos ou surgências é muito importante. O
primeiro estudo que tenho conhecimento data de fevereiro de 1998 e foi feito pelos geólogos Albert Mente e
Waldemir Barbosa da Cruz para o DNPM- Departamento Nacional de Produção Mineral e se intitula “Áreas de
proteção das fontes de águas mineral da região de Lindóia, Águas de Lindóia e Serra Negra” localizadas no
Estado de São Paulo.
Para a datação da água foi usado a determinação de trítio em 23 amostras e elaboradas pela
Universidade de São Paulo, Campus “Luiz de Queiroz”, Centro de Energia Nuclear na Agricultura em
Piracicaba.
A importância da delimitação das áreas de proteção em torno das captações visa preservar e manter
a qualidade da água subterrânea. Foram definidas as seguintes zonas:
 Zona de influência: preferencialmente para a proteção microbiológica cujo trânsito fixado
entre 50dias a 100dias.
 Zona de captação e transporte: que chega até os divisores de água, havendo duas partes, a
zona de captação e a zona de transporte.

Após a aprovação dos estudos dos hidrogeólogos Mente e Barbosa o DNPM viabilizou a Portaria nº
231 de 31 de julho de 1998 que trata das áreas de proteção de fontes de águas minerais.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL
PORTARIA Nº 231,de 31 DE JULHO DE 1998
DOU de 07/08/98
O DIRETOR-GERAL DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL - DNPM, no
uso das atribuições que lhe confere a Portaria nº 340, de 15 de julho de 1992 e o Decreto de 07 de março de
1996, publicado no D.O.U. de 08 de março de 1996, e atendendo ao que estabelece o Art. nº 12, do Decreto-
Lei nº 7.841/45, de 08 de agosto de 1945, Código de Águas Minerais e considerando que:
Considerando que a grande maioria das Fontes, Balneários e Estâncias de Águas Minerais e
Potáveis de Mesa, naturais, em exploração no país, localiza-se próximo aos centros urbanos, distritos
industriais, atividades agropecuárias, lixões e outros agentes poluentes;
Considerando que a água mineral uma vez poluída, descaracteriza a sua qualificação e que na
maioria das vezes o processo é irreversível;
Considerando, finalmente, que o conhecimento do potencial hídrico subterrâneo da área e o seu
dimensionamento, a sua preservação, a sua conservação e a racionalização do seu uso necessitam de
estudos geológicos e hidrogeológicos de detalhe, estudos esses indispensáveis para a definição da área de
proteção de uma fonte; resolve:
1. Os titulares de Alvarás de Pesquisa de água classificada como mineral e ou potável de mesa,
naturais, e se o seu uso se destine a envase, balneário e estância hidromineral, devem apresentar a área de
proteção de sua fonte, quando da apresentação do Relatório Final dos Trabalhos de Pesquisa;
2. Os concessionários que ainda não dispõem de áreas de proteção, deverão apresentar ao DNPM
a área de proteção de sua fonte no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias a contar da publicação
da presente portaria;
3. Aprovar a Metodologia de Estudos necessários à definição de Áreas de Proteção de Fontes,
Balneários e Estâncias de Águas Minerais e Potáveis de Mesa, naturais, a seguir discriminada:
3.1. OBJETIVO
Regulamentar de acordo com o que estabelece o capítulo III, artigos 12 a 18 do Código de Águas
Minerais, as ações e procedimentos necessários à definição de áreas de proteção das fontes, balneários e
estâncias de águas minerais e potáveis de mesa em todo o território nacional, objetivando sua preservação,
conservação e racionalização de uso.
3.2. FINALIDADES
Conhecer e definir as condições de ocorrência das fontes de águas minerais e potáveis de mesa;
identificar a situação atual e potencial quanto aos riscos de contaminação e grau de vulnerabilidade frente aos
diversos fatores ambientais e fontes de poluição, e estabelecer, em função destes condicionantes, as medidas
corretivas ou preventivas necessárias á sua proteção e conservação.
3.3. CONCEITUAÇÃO DE ÁREAS OU PERÍMETRO DE PROTEÇÃO
Para efeito desta regulamentação, as áreas ou perímetros de proteção das águas minerais ou
potáveis de mesa, captadas através de poços ou fontes e nascentes naturais, destinam-se à proteção da
qualidade das águas e tem como objetivo estabelecer os limites dentro dos quais deverá haver restrições de
ocupação e de determinados usos que possam vir a comprometer o seu aproveitamento.
Os diversos modos de ocorrência e tipos de sistemas aqüíferos dão origem a condições bastante
diferenciadas no que se refere ao grau de vulnerabilidade ou de riscos de contaminação das águas. Em
conseqüência, torna-se necessário um adequado conhecimento do modelo hidrogeológico local e regional
para a avaliação e delineamento de um plano de controle e proteção.
Na definição de áreas ou perímetros de proteção deverão ser conceituadas três diferentes zonas
segundo suas características hidráulicas: a ZI ou zona de influência; a ZC ou zona de contribuição e a ZT,
zona de transporte.
A zona de influência (ZI) é aquela associada ao cone de depressão (rebaixamento da superfície
potenciométrica) de um poço em bombeamento ou de uma fonte ou nascente natural, considerado aqui como
um afloramento da superfície piezométrica ou freática, equivalente a um dreno.
A zona de contribuição (ZC) é a área de recarga associada ao ponto de captação (fonte ou poço),
delimitada pelas linhas de fluxo que convergem a este ponto.
A zona de transporte (ZT) ou de captura é aquela entre a área de recarga e o ponto de captação. É
esta zona que determina o tempo de trânsito que um contaminante leva para atingir um ponto de captação,
desde a área de recarga. Em geral, este tempo depende da distância do percurso ou fluxo subterrâneo, das
características hidráulicas do meio aqüífero e dos gradientes hidráulicos.
A zona de influência ZI, associada ao perímetro imediato do poço ou fonte, define uma área onde
serão permitidas apenas atividades inerentes ao poço ou fontes e delimita também um entorno de proteção
microbiológica. Suas dimensões serão estabelecidas em função das características hidrogeológicas e grau de
vulnerabilidade ou risco de contaminação de curto prazo. Nesta zona, não serão permitidas quaisquer
edificações e deverá haver severas restrições à atividade agrícola ou outros usos considerados
potencialmente poluidores.
As zonas de contribuição e de transporte (ZC e ZT) serão estabelecidas objetivando uma segura
proteção para contaminantes mais persistentes, como produtos químicos industriais ou outras substâncias
tóxicas, por exemplo. Sua definição e dimensões serão baseadas em função principalmente das atividades,
níveis e intensidade de ocupação e utilização da terra, levando-se em conta também as estimativas sobre o
tempo de trânsito.
3.4. ESTUDOS E LEVANTAMENTOS
A definição das áreas de proteção deverá ser baseada em estudos e levantamentos prévios,
envolvendo:
a- Caracterização hidrológica e climática.
b- Características hidrogeológicas locais e sua inserção no contexto regional.
c- Características físico-químicas e sanitárias das águas.
d- Caracterização do uso do solo e das águas, com identificação das principais fontes de poluição.
e- Análise das possibilidades de contaminação das fontes e seu grau de vulnerabilidade aos agentes
poluentes.
f- Identificação de medidas corretivas ou preventivas com estabelecimento de um plano de
controle.
g- Definição das áreas de proteção.
3.4.1. Caracterização Hidrológica e Climática
a- Características da drenagem e principais aspectos físicos das bacias hidrográficas.
b- Regime fluviométrico e dados de vazões máximas e mínimas.
c- Principais características climáticas - tipo de clima, regime e totais pluviométricos,
temperaturas e umidade relativa.
3.4.2 - Características Hidrogeológicas
a- Geologia - aspectos litológicos e estruturais da área e sua inserção regional.
Apresentação de base geológica local e situação regional.
b- Identificação e caracterização do(s) sistema(s) aqüífero(s):
b-l = Tipos de aqüífero: local ou regional, granular, fissurado, cárstico, livre, confinado ou
semi-confinado.
b-2 = Sua distribuição e áreas de ocorrência (mapa dos sistemas aqüíferos), condições de
contorno ou limites (impermeáveis ou de recarga).
b-3 = Características hidráulicas (permeabilidade, transmissividade, porosidade efetiva ou
coeficiente de armazenamento).
b-4 = Dados de pontos d’água existentes (fontes, nascentes, poços rasos, poços tubulares).
b-5 = Capacidade específica dos poços e vazões das fontes.
c- Definição do modelo hidrogeológico
c-1 = Superfície piezométrica ou freática.
c-2 = Direções de fluxo ou escoamento.
c-3 = Identificação das áreas de recarga e descarga.
c-4 = Estimativas de infiltração e do tempo de residência das águas.
3.4.3.- Características Hidroquímicas
a- Qualidade química e físico-química - tipos de águas, maiores elementos e traços,
metais pesados, fenóis e outras substâncias orgânicas e tóxicas - Classificação quanto ao Código de Águas
Minerais.
b- Qualidade sanitária - análises microbiológicas.
c- Relações água-rocha e evolução química da água - variações temporais.
3.4.4 - Caracterização do Uso do Solo e das Águas - fontes atuais e potenciais de poluição:
a- Identificação e mapeamento dos principais usos do solo e das águas na área de influência
direta - usos urbanos, industriais, agrícolas e pecuário.
b- Identificação das fontes de poluição ou agentes poluentes - origem, tipos e caracterização de
resíduos e efluentes líquidos.
c- Principais usos das águas superficiais e subterrâneas - doméstico, industrial, agrícola, diluição
de despejos.
3.4.5 - Análise das Possibilidades de Contaminação das Fontes e Grau de Vulnerabilidade:
a- Análise de eventuais interferências e impactos ambientais sobre a quantidade e qualidade das
águas minerais decorrentes do uso e ocupação do solo ou da utilização das águas subterrâneas e
superficiais.
Na análise das possibilidades de interferências ou de impactos ambientais adversos deverão ser definidas
sua importância e magnitude, localização e extensão (pontual, local, regional), duração (temporária ou
permanente), previsão de incidência dos efeitos (curto, médio e longo prazos) e seu grau de reversibilidade.
b- Análise conjunta de todos esses fatores aliados às condições de ocorrência das águas das
fontes no sentido de definir seu grau de vulnerabilidade aos agentes contaminantes.
3.4.6 - Definição das Áreas de Proteção
Para a definição das Áreas de Proteção, deverão ser utilizados métodos apropriados e adequados
às disponibilidade de informações, das características hidrogeológicas e do nível de intensidade de ocupação
das áreas em estudo, devendo ser apresentado, o memorial descritivo e a planta de situação da área
acompanhada da Anotação de Responsabilidade Técnica - A.R.T.
O DNPM, com base em critérios técnicos, aprovará a delimitação de áreas de proteção, ou
formulará exigências que se fizerem necessárias.
4. Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Contaminação das águas subterrâneas


Mestrinho, 1997 salienta a importância que se evite a contaminação ou poluição da água subterrânea.
Quando o contaminante atinge o lençol freático, há a formação da pluma ou nuvem de contaminação que
caminha na direção do fluxo subterrâneo.
As formas de contaminação antrópicas são:
 Intencional
 Acidental
 Clandestina
 Incidental

Deverá ser estudado a vulnerabilidade do aqüífero, já existindo diversos estudos no Estado de São
Paulo. Sugerimos ainda que seja consultado o livro Determinação de riscos de contaminação das águas
subterrâneas do Instituto Geológico de São Paulo Boletim nº 30 de 1993, que teve a participação do geólogo
Ricardo Hirata.
O engenheiro civil formado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Dr. Nilson Guiger,
especialista em geológica, nasceu em Pirassununga, São Paulo, proprietário da firma canadense Waterloo
Hydrogeologic e autor dos programas de computador denominado Modflow, Flowpath e outros usados em
todo o mundo.

Estudos hidrogeológicos
A importância dos estudos hidrogeológicos de uma determinada bacia hidrográfica, definirá os
procedimentos e cuidados na abertura de novos poços evitando super-explotação, contaminação do aqüífero,
interferência de um poço com outro, estudo de recarga, etc.
Em 1996 o DNPM elaborou um estudo hidrogeológico da bacia sedimentar do Araripe que cobre uma
2
área de 11.000km englobando os estados de Pernambuco, Ceará e Piauí.
Aqüífero Guarani
Um dos maiores aqüíferos do mundo é o Guarani, sendo que a sua denominação é devida aos índios
que habitaram a região, segundo sugestão do geólogo uruguaio Danilo Anton.
2
O Aqüífero Guarani abrange o Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina com 1.195.200km sendo que
71% do mesmo estão dentro do Brasil.

Tabela 2.8 - Áreas ocupadas no Brasil pelo aqüífero Guarani


Áreas ocupadas Área ocupada pelo aqüífero Guarani
2
(km )
Mato Grosso do Sul 213.200
Rio Grande do Sul 157.600
São Paulo 155.800
Paraná 131.300
Goiás 55.000
Minas Gerais 51.300
Santa Catarina 49.200
Mato Grosso 26.400
Total Brasil 840.000

Paraguai 71.700
Argentina 225.300
Uruguai 58.400

Nele há cerca de 2 mil poços tubulares profundos com profundidades entre 50m e 800m podendo
atingir até 1.800m de profundidade. No Estado de São Paulo temos 1000 poços artesianos no aqüífero que
3
atingem vazões de até 700m /hora (194 L/s).
Considerando-se espessura média de 250m e porosidade efetiva de 15% as reservas permanentes
15 3 3 10 3
são de 45 x 10 m , ou seja, 45 milhões de km . A recarga anual natural é de 16 x 10 m , ou seja,
3 10 3 3
160km /ano sendo que pode ser explorado 4 x 10 m , ou seja, 40km /ano sem riscos para o aqüífero
podendo abastecer 548 milhões de habitantes a quota per capita de 200litros/dia. As águas são de boa
qualidade.
Nas últimas pesquisas que foram feitas constatou-se:
 O aqüífero Guarani não é continuo como se suponha, havendo vários aqüíferos um próximo
do outro e separados.
3 3
 A reserva renovável é menor, tem 35 milhões de km e não 45 milhões de km .
 A qualidade da água não é a mesma em todo o aqüífero, pois no Paraná a maioria da água é
salobra.
Tudo isto mostra que são necessárias mais pesquisas para o conhecimento perfeito do aqüífero
Guarani.
2
A área de recarga de 150.000km é constituída de sedimentos arenosos na Argentina e Uruguai e
arenito Botucatu no Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil.
3
Na parte brasileira do aqüífero Guarani as reservas de água estão estimadas em 48.000km sendo
3 3
que as recargas naturais são de 118.000km de afloramento da ordem de 26km /ano. O tempo de renovação
do aqüífero Guarani é de 300anos contra 20mil anos da Grande Bacia Artesiana da Austrália, por exemplo,
conforme Rebouças.
No Brasil o Aqüífero Guarani está nos Estados de: São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
O aqüífero Guarani é maior que o aqüífero dos Grandes Planícies onde se encontra a famosa
Formação Ogalalla nos Estados Unidos que toma vários estados americanos.
Atualmente cerca de 15milhões de habitantes usam a água do Aqüífero Guarani nos quatro países.
Pode ser abastecido pelo mesmo cerca de 500 milhões de habitantes.
A água de poços artesianos pode ser usada para agricultura e os aqüíferos profundos podem produzir
água quente para combater as geadas ou para consumo em chuveiros e aquecedores evitando a energia
elétrica. A temperatura nos poços em grande profundidade varia de 46ºC a 52ºC.
3
Na Região Metropolitana de São Paulo usa 63m /s de água potável com água que vem desde o sul
de Minas Gerais a mais de 100km de distância da capital com perda de água distribuída em torno de 45%.
Engenheiros e geólogos da Sabesp fizeram um cálculo para fazer 100poços artesianos com vazão de
50 litros/segundo cada em São Paulo perto das cidades de Itatinga e Itirapina que fica aproximadamente
190km da capital e 50km antes da cidade de São Carlos, podendo ser enviado para a capital de São Paulo
3
5m /s para abastecer 1.800.000habitantes no consumo médio diário de 200 litros/habitante x dia a um custo
de 1,2 bilhões de reais. Bastante caro.
Na cidade de Ribeirão Preto os agrotóxicos estão começando a contaminar o Aqüífero Guarani motivo
que levou os quatro paises ao Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema
Aqüífero Guarani contanto com apoio do Banco do Mundial.
No Estado de São Paulo existem 200 empresas registradas que fazem poços artesianos e 300
clandestinas.
Na RMSP existe em operação 3.000 poços tubulares profundos, sendo 300 na bacia do rio Baquirivu-
Guaçu que possui o graben Cumbica, que é o último aqüífero de grande produtividade na Região
Metropolitana de São Paulo.
3
A vazão da água subterrânea extraída na RMSP é de 8m /s.
Somente no Estado de São Paulo as reservas disponíveis de água subterrânea são de
3
aproximadamente 152m /s.

Figura 2.28 - Localização do aqüífero Guarani

Figura 2.29 - Perfil do aqüífero Guarani em São Paulo

Figura 2.30 - Área de recarga do Aqüífero Guarani em São Paulo


Figura 2.31- Área de recarga do Aqüífero Guarani na América do Sul

- Aqüífero do High Plains (Grandes Planícies) nos Estados Unidos


Nos Estados Unidos existem 10 grandes aqüíferos, sendo o principal o aqüífero High Plains, muito
conhecido pela formação Ogallala.
O aqüífero Ogallala tem cerca de 1200km de comprimento por uns 600km de largura indo do norte ao
sul dos Estados Unidos na parte Oeste, abrangendo oito estados do Colorado, Kansas, Nebraska, New
México, Oklahoma, South Dakota, Texas e Wyoming conforme Fetter, 1994 com área estimada de
2
720.000km , menor portanto que o aqüífero Guarani.
A formação Ogallala que é a principal unidade hidrogeológica consiste basicamente em aluvião.
A recarga é feita pelas precipitações que variam de 410mm/ano a 710mm/ano. A evapo-transpiração
varia de 1520mm/ano a 2670mm/ano.
A recarga anual varia de 0,61mm/ano até 150mm/ano.
A porosidade específica varia de 5% a 30% sendo a média de 15%.
A condutividade hidráulica varia de 7,6m/dia a 18m/dia.
A água subterrânea se desloca do oeste para leste na velocidade de 0,3m/dia sendo a descarga em
surgências e córregos.
A profundidade do aqüífero varia de 60m a 305m.
12 3
Antes do desenvolvimento havia disponível 4,22 x 10 m de água armazenada em todo o aqüífero.
10 3
Em 1978 existiam 170.000 poços tubulares profundos bombeando 2,84 x 10 m /ano. Em algumas
áreas o bombeamento anual é 2 a 100 vezes maior que a recarga anual.
11 3
O volume armazenado no aqüífero Ogallala já decresceu de 2,05 x 10 m /ano, principalmente na
12 3
região do estado do Kansas e Texas. Ainda restam no aqüífero Ogallala 4 x 10 m que podem ser retirados,
mas a profundidade cada vez maior, aumentando os custos.
A maioria da água é retirada para irrigação e para o consumo doméstico.
Figura 2.32 - Localização do aqüífero do High Plans que ocupa 8 estados (USA) onde está a famosa
formação Ogallala

Mini-poços
Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) surgiu a partir de 1995 um novo tipo de captação de
água, denominado de mini-poço.
Trata-se de um poço tubular com comprimento raramente superiores a 50m, escavado em zona
sedimentar e com diâmetros de 4” a 8”. Produzem vazões de 500litros/hora até 2.000litros/hora, conforme
Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê de abril de 2001.
Estudos da Bacia do Alto Tietê de 2001 apresentam em operação na época 13.000 poços na RMSP
sendo 12.000 poços tubulares profundos normais e 1.000 mini-poços com vazão média de 700litros/hora.
Complementando ainda as informações, das 39 empresas cadastradas, 55% trabalham exclusivamente com
poços denominados mini-poços.
O mesmo é feito por leigos e a instalação completa, incluso perfuração bombeamento sistema air-lift,
isto é, com compressor é de aproximadamente R$ 3.500,00.
São executados sem autorização ou outorga como se fosse um poço raso comum.
2.33 Efeito da urbanização nas águas subterrâneas
Nas áreas urbanas o efeito da urbanização mais freqüente é o abaixamento do lençol freático, sendo
freqüente a citação de varias cidades do México.
A cidade de Querétaro cujo abaixamento devida ao excesso de retirada de água subterrânea (super-
explotação) causou um abaixamento de 3,5m /ano.
Devido aos solos aluviais houve uma subsidência diferencial de 0,4m a 0,8m, causando sérios danos
a estruturas, conforme http://www.unep.org/DEWA/water/groundwater/pdfs/Groundwater_INC_cover.pdf,no
artigo “Groundwater and susceptibilty to degradation” publicado em 2002 e acessado em 21 de janeiro de
2006.
Entretanto atualmente tem surgido alguns problemas novos, sendo um deles o alteamento do lençol
freático, como aconteceu em Trafalgar Square em Londres.
Desde 1900 o lençol freático em Londres estava 60m abaixo e atingiu 100metros abaixo do solo, mas
a partir de 1967 o nível do mesmo começou a subir 1,5m /ano estando hoje a uns 50m abaixo somente,
portanto o nível do lençol freático subiu mais ou menos uns 10m acima do nível de 1900. Isto tem causado
enormes problemas como de engenharia nas fundações dos prédios e a elevação de poluentes.

Figura 2.33- Subida do lençol freático em Trafalgar Square em Londres

Isto também aconteceu na cidade de Riyadh, capital da Arábia Saudita, onde devido a vazamentos de
redes de água potável, irrigação mal feita, vazamentos de redes de esgotos e infiltração da chuva, aumentou
o lençol freático a nível sem precedente causando o que se chama o paradoxo hidrológico do semi-árido.
Em Moscou a recarga praticamente triplicou.
HIDROLOGIA

CONCEITUAÇÃO, APLICAÇÃO E CICLO HIDROLÓGICO.

1.1 - Conceituação
Hidrologia é uma ciência aplicada que estuda a água na natureza, abrangendo as suas
propriedades e os processos que interferem na sua ocorrência e distribuição na atmosfera, na
superfície terrestre e no subsolo. Dentro deste contexto, ela pode ser dividida em:
- Hidrometeorologia: estudo da água na atmosfera;
- Hidrologia de Superfície: estudo das águas superficiais, dividindo-se em:
 Limnologia: estudo d água em lagos e reservatórios;
 Potamologia: estudo água em arroios e rios;
 Glaciologia: estudo da água na forma de gelo e neve na natureza;
- Hidrogeologia: estudo das águas subterrâneas;
Com a incorporação da visão holística, incluindo os aspectos ambientais, a Hidrologia vem
se aprofundando e se subdividindo em subáreas do conhecimento, como por exemplo:
- Geomorfologia: avaliação do relevo de bacias hidrográficas de forma quantitativa;
- Interceptação vegetal: análise da influência da cobertura vegetal na interceptação da
chuva;
- Infiltração: processo altamente influenciado pelo manejo do solo, determinante da
intensidade de escorrimento superficial e por indiretamente da erosão hídrica;
Evaporação e Evapotranspiração: avalia a transferência de água para atmosfera,
desde a superfície do solo, vegetação ou dos espelhos de água;
- Sedimentologia – estudo da produção de sedimento e de seu transporte sobre as
encostas e canais de drenagem: análise da influência da água no contexto da erosão
em bacias hidrográficas;
- Qualidade da água e meio ambiente: quantifica a qualidade da água por meio de
parâmetros físicos, químicos e biológicos.
1.2 Importância da Hidrologia
A água é um recurso natural reciclável que aparentemente encontra-se em grande
disponibilidade, tanto qualitativamente como quantitativamente, por ocupar cerca de 70% da
superfície do planeta. Sempre foi e continuará sendo, com maior intensidade, um fator
preponderante e cada vez mais limitante para o desenvolvimento da sociedade humana.
Essencial à vida, a água é um elemento necessário a diversas atividades humanas, além de
constituir componente fundamental da paisagem e meio ambiente. Recurso de valor inestimável,
apresenta utilidades múltiplas, como geração de energia elétrica, abastecimento doméstico e
industrial, irrigação, navegação, recreação, turismo, aquicultura, piscicultura, pesca e ainda,
assimilação de esgoto.
A quantidade de água existente na natureza é finita e sua disponibilidade diminui
gradativamente devido ao crescimento populacional, à expansão das fronteiras agrícolas, ao
desperdício e à degradação do meio ambiente devido à poluição e contaminação. Sendo a água um
recurso indispensável à vida, é de fundamental importância a discussão das relações entre o homem
e a água, uma vez que a sobrevivência das gerações futuras depende diretamente das decisões que
hoje estão sendo tomadas.
No Brasil, depois da aprovação da Constituição de 1988 e da Lei 9433/97 – que instituiu a
“Política Nacional de Recursos Hídricos”, a água passou a ser um bem público, com valor
econômico, cuja utilização requer que seja conferida a outorga do direito de uso da água,
instrumento de apoio à gestão dos recursos hídricos.
O Quadro 1 a seguir apresenta a distribuição de água no globo terrestre.

Quadro 1. Distribuição da água no Globo Terrestre.


Forma de Ocorrência Volume (106 km3) % do total
Água Salgada - oceanos 1,405 97,13
Água Doce: 2,87
- geleiras 32,41 2,24
- subterrânea (solo + aquíferos) 8,86 0,612
- lagos 0,13 0,009
- rios 0,014 0,001
- atmosfera 0,014 0,001
Fonte: Wolman – citado por Chow (1964).
A Figura 1 mostra os percentuais de água doce de cada uma das fontes no planeta.

Distribuição da Água Doce

Subte r r âne a
21,32%
Rios
0,03%

Atm os fe r a
0,03%

Lagos
Ge le ir a 0,31%
78,05%

Figura 1. Distribuição da água doce no planeta.

A análise dos dados, que refletem a distribuição da água no globo terrestre, permite que se
conclua ser necessário estabelecer um uso racional dos recursos hídricos, uma vez que a maior parte
da água consumível não está acessível ao homem. No Brasil, o fornecimento de água para as
atividades econômicas é, na grande maioria, proveniente de rios e reservatórios e nas regiões mais
habitadas já estão ocorrendo sérios problemas de fornecimento, como em São Paulo e no Rio de
Janeiro, que já apresentam um quadro próximo de um colapso.
Da água da atmosfera, 90% encontra-se nos primeiros 5 km e se toda ela precipitasse sobre a
superfície terrestre, resultaria uma lâmina de 25 mm. A Figura 2 mostra outra informação relevante,
sobre os diferentes usos da água no mundo.
Figura 2. Distribuição média do uso da água pelas diferentes atividades no mundo.

No Quadro 2, pode-se analisar o consumo de água, das principais atividades econômicas no


Estado de Minas Gerais, comparativamente ao uso, em nível mundial. É importante destacar que
em Minas Gerais o uso da água para atividades de irrigação chega a 90% do total enquanto no
Mundo, 72%. Esta diferença é considerável e basicamente está associada a uma das principais
atividades econômicas do estado, a agropecuária, que tem apresentado demanda crescente por
sistemas irrigados em especial na região do Triângulo Mineiro. Uma informação importante é que
mais de 60% das derivações dos cursos d’água brasileiros são para fins de irrigação. Atualmente,
mais de 50% da população mundial depende de produtos irrigados.

Quadro 2. Distribuição do consumo de água em Minas Gerais e no Mundo pelas principais


atividades.
Minas Gerais Mundo
Natureza do uso % do Total % do Total
Abastecimento Humano 8,92 6
Abastecimento Industrial 0,60 21
Sedentação Animal 0,62 1,4
Irrigação 89,96 71,6
Fonte: Freitas (1996).
Estas informações reafirmam a importância que a água assume para uma agricultura
sustentável, que além de atender a uma demanda crescente de produção e produtividade, deve
também, atentar para a conservação e preservação de um recurso que é finito e cada vez mais
escasso, em termos qualitativos.
Tanto a Agenda 21 (Capítulo 18), como a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei
9433/97), estabelecem princípios a serem praticados na gestão dos recursos hídricos: a) a adoção da
bacia hidrográfica como unidade de planejamento; b) a água é um recurso que possui usos
múltiplos; c) o reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável; d) a gestão dos recursos
hídricos deve ser descentralizada, participativa. Possuem ainda, como diretrizes gerais de ação: a
integração da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental; a adequação às peculiaridades
regionais de cada bacia; a articulação dos planejamentos regionais, o Estadual e o Federal; as
articulações e parcerias entre o poder público, os usuários e as comunidades locais.

Na Figura 3 apresenta-se um mapa com as principais bacias hidrográficas do Brasil,


juntamente com informações adicionais de população, área e potencial hídrico.

Figura 3. Principais bacias hidrográficas do Brasil.


Apesar de o Brasil possuir em seu território, 8% de toda a reserva de água doce do mundo,
com 53% dos recursos hídricos da América do Sul, deve-se alertar que 80% dessa água encontram-
se na região Amazônica (Bacia Amazônica), ficando os restantes 20% circunscritos ao
abastecimento das áreas do território onde se encontram 95% da população e a maioria das
atividades econômicas do país. Por isso, mesmo com grande potencial hídrico, a água é objeto de
conflitos, em várias partes do país.
Para se entender a importância científica e prática da Hidrologia, deve-se atentar para a
interação da água com as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio, ou seja, é
absolutamente necessária a interação com outras ciências uma vez que a água apresenta-se em 3
estados físicos da matéria e influencia a maioria dos processos naturais. Portanto, a Hidrologia é
uma ciência que interage com outras áreas aplicadas como Hidráulica, Drenagem, Ciência do Solo,
Meteorologia e Geologia, além de outras básicas tais como física, química, matemática e biologia,
que são essenciais para atingir um dos principais objetivos da ciência hidrológica que é a
modelagem do comportamento da água, visando a previsões. Isto tem grande importância para
auxiliar estudos que envolvam a influência de atividades antrópicas (ações do homem) na natureza.
Além disto, auxilia nos projetos de obras hidráulicas, fornecendo informações seguras e
consistentes sobre chuvas intensas e vazões máximas.

1.3 Aplicações da Hidrologia


As várias aplicações da hidrologia envolvem desde projetos de obras hidráulicas, até
atividades associadas às questões ambientais, destacando-se:
a) Fornecimento de subsídios técnicos para escolha adequada de fontes de abastecimento de água
para uso doméstico e industrial, por meio de parâmetros associados à qualidade e quantidade de
água disponível;
b) Projeto e construção de obras hidráulicas (projetos de drenagem e barragens) e fixação de
dimensões de obras de arte como pontes, bueiros e galerias pluviais, por meio da geração de
informações com base na aplicação de modelos chuva-vazão às bacias de contribuição;
c) Estudo das características químicas, biológicas e comportamentais, como condições de
alimentação, escoamento natural e oscilação temporal da profundidade de lençol freático;
d) Auxiliar nos projetos de irrigação na escolha do manancial e estudos de evaporação e infiltração
de água no solo;
e) Regularização de cursos d’água e controle de inundações por meio de estudos de variação de
vazão, previsão de vazões máximas e áreas de inundação;
f) Controle de poluição, por meio da análise da capacidade de recebimento de corpos receptores
dos efluentes de sistemas de esgotos, gerando informações sobre vazões mínimas de cursos
d’água, capacidade de reaeração e velocidade do escoamento;
g) Estudos de erosão, fornecendo subsídios para estimativa de perdas de solo como, intensidade de
precipitação, escoamento em bacias hidrográficas e proteção por meio da implantação de
vegetação e dimensionamento de canais divergentes, bacias de contenção em estradas e terraços
de infiltração e escoamento;
h) obtenção de dados e estudos sobre construção e manutenção de canais para navegação;
i) Aproveitamento hidrelétrico por meio da geração de informações sobre vazões máximas,
médias e mínimas de cursos d’água visando às avaliações técnico-financeiras do projeto;
j) Verificação da necessidade de reservatórios de acumulação e determinação dos elementos
necessários à execução do projeto, como informações sobre bacias de contribuição, volumes
armazenáveis e perdas por evaporação e infiltração;
k) Recuperação e preservação do meio ambiente bem como preservação e desenvolvimento da
vida aquática;
l) Planejamento e gerenciamento de bacias de hidrográficas, fornecendo informações sobre os
principais parâmetros hidrológicos.

Observa-se que a Hidrologia é uma ciência de aplicação essencial para projetos de obras
civis e também para estudos ambientais, por meio de monitoramento do ciclo hidrológico dos
ecossistemas de interesse. É importante tanto para a Engenharia Agrícola e como Florestal, que
além de obras hidráulicas e irrigação, que são campos de atuação da primeira, é fundamental para a
ciência florestal, uma vez que estudos sobre o papel hidrológico de áreas de preservação ambiental,
como matas ciliares e várzeas, e áreas de exploração vegetal, ocupadas por eucaliptos e pinus,
típicas de empresas produtoras de papel e celulose, devem ser realizados e estimulados, já que, a
disponibilidade hídrica é um dos parâmetros ambientais indicadores de degradação de áreas e
essencial para recuperação de sistemas ecológicos degradados.

1.4 Métodos de Estudo


Como já exposto, a Hidrologia estuda a ocorrência da água em suas diferentes fases e
formas, tanto na atmosfera como na superfície da terra e no interior do solo. Mostrou-se ainda que,
a ocorrência da água é uma conseqüência da interação de vários fatores meteorológicos.
A maioria dos dados hidrológicos como precipitação e vazões dos cursos d’água são
elementos de natureza histórica, porque cada um deles constitui um evento que não pode ser
repetido na prática sob controle de um experimentador. Os dados experimentais podem ser
verificados e comparados por meio da repetição de um dado experimento. Os dados históricos, ao
contrário, não podem ser confirmados por repetição do fenômeno em laboratório, tornando-se
necessária a observação e o registro contínuos, para possibilitar a comparação e verificação e
análise dos mesmos.
A observação e o registro dos eventos meteorológicos de interesse para a Hidrologia torna-
se possível devido a postos meteorológicos instalados e estações fluviométricas (hidrométricas),
estas últimas instaladas em seções de cursos d’água. É interessante observar que a existência de
postos hidrométricos reflete, de certa forma, a extensão do aproveitamento dos recursos hídricos de
um país e seu grau de desenvolvimento.
Com relação a postos pluviométricos (estações meteorológicas), a recomendação para o
Brasil é de 1 a cada 500 km2, o que atualmente existe apenas em alguns regiões dentro dos estados,
havendo uma carência acentuada de registros de chuvas. O principal problema verificado na
observação e registro dos dados hidrológicos até pouco tempo era o homem, pois, devido às
características do serviço, o retorno financeiro não é compensador, implicando em mão-de-obra
sem a devida formação para atender a seriedade e a importância com que deve ser encarada a coleta
dos dados. Isto resultava, inevitavelmente, em falhas no registro, preenchimento arbitrário dos dias
sem observação, leituras equivocadas, etc. O problema se acentuava quando se tratava de dados de
vazões em cursos d’água, onde a rede de observações fluviométricas é bem inferior a de postos
meteorológicos. Felizmente este quadro tem se alterado rapidamente em decorrente do avanço
tecnológico, em particular no setor de automação e comunicação, existindo um número
significativo de estações automatizadas, com sistema de armazenamento de dados ou mesmo em
rede “on line”com a central de monitoramento.
O monitoramento da erosão, por meio do aporte de sedimentos, ainda é relativamente raro
no país. Tudo isto associado, faz com que ainda se apliquem modelos hidrológicos, desenvolvidos
para as condições meteorológicas e pedológicas de fora do país, abrindo a perspectiva de
imprecisão na previsão de fenômenos hidrológicos para as condições brasileiras.
Portanto, para realizar os estudos hidrológicos, há necessidade de :
- observar e registrar os eventos e parâmetros hidrológicos básicos;
- disponibilizar e/ou publicar os dados obtidos;
- analisar os dados e formular teorias;
- aplicar teorias a problemas práticos.
Neste sentido, pode-se dentro de uma visão acadêmica, a Hidrologia pode ser entendida
como:
- Hidrologia Paramétrica: aquela que baseia-se na análise e no desenvolvimento das
relações entre as características físicas em jogo nos acontecimentos hidrológicos e o uso
destas relações para gerá-los ou sintetizá-los.
- Hidrologia Estocástica: aquela que baseia-se nas características estatísticas das variáveis
hidrológicas, para resolver problemas com base nas propriedades estocásticas daquelas
variáveis. Variável estocástica é aquela cujo valor é determinado por uma função
probabilística qualquer. Como exemplo, tem-se dados de precipitação e vazão.

1.5 Ciclo Hidrológico

O ciclo da água no globo é acionado pela energia solar. Esse ciclo retira água dos oceanos através
da evaporação da superfície do mar e da superfície terrestre. Anualmente cerca de 5,5 x 105 km3 de
água são evaporados, utilizando 36% de toda a energia solar absorvida pela Terra, cerca de 1,4 x
1024 Joules por ano (IGBP, 1993). Essa água entra no sistema de circulação geral da atm osfera que
depende das diferenças de absorção de energia (transformação em calor) e da reflectância entre os
trópicos e as regiões de maior latitude, como as áreas polares. Em média, cerca de 5.109 MW são
transportados dos trópicos, para as regiões polares em cada hemisfério.
O sistema de circulação da atmosfera é extremamente dinâmico e não-linear, dificultando
sua previsão quantitativa. Esse sistema cria condições de precipitação pelo resfriamento do ar
úmido que formam as nuvens gerando precipitação na forma de chuva e neve (entre outros) sobre
os mares e superfície terrestre. A água evaporada se mantém na atmosfera, em média apenas 10
dias.
O fluxo sobre a superfície terrestre é positivo (precipitação menos evaporação), resultando
nas vazões dos rios em direção aos oceanos. O fluxo vertical dos oceanos é negativo, com maior
evaporação que precipitação. O volume evaporado adicional se desloca para os continentes através
do sistema de circulação da atmosfera e precipita, fechando o ciclo. Em média, a água importada
dos oceanos é reciclada cerca de 2,7 vezes sobre a terra através do processo precipitação-
evaporação, antes de escoar de volta para os oceanos (IGBP,1993). Esse ciclo utiliza a dinâmica da
atmosfera e os grandes reservatórios de água, que são os oceanos (1.350 x 105 m3), as geleiras (25 x
105 m3) e os aqüíferos (8,4 105 m3 ). Os rios e lagos, biosfera e atmosfera possuem volumes
insignificantes se comparados com os acima.
Os processos hidrológicos na bacia hidrográfica possuem duas direções predominantes de
fluxo: vertical e o longitudinal. O vertical é representado pelos processos de precipitação,
evapotranspiração e fluxo de água no solo, enquanto que o longitudinal pelo escoamento na direção
dos gradientes da superfície (escoamento superficial e rios) e do subsolo (escoamento subterrâneo)
O conceito de ciclo hidrológico é um bom ponto de partida útil, inclusive acadêmico, para se
iniciar o estudo da Hidrologia. O mesmo se faz visível começando com a água existente na
atmosfera, conseqüência da evaporação desta nas superfícies livres (oceano, rios, lagos, geleiras,
etc.) e no solo. O vapor resultante da evaporação é transportado pelas massas de ar em movimento.
Sob determinadas condições climáticas (pressão de vapor e temperatura) o vapor se condensa,
formando nuvens que podem ocasionar precipitações. A precipitação que cai sobre o terreno
dispersa-se de vários modos. A maior parte é retida temporariamente no solo, nas proximidades do
local onde caiu e finalmente retorna à atmosfera por evaporação e por transpiração das plantas.
Parte da água escoa superficialmente até os leitos dos rios, outra parte penetra no solo para
constituir o armazenamento subterrâneo. Devido à ação da força gravitacional, tanto as águas
superficiais como as subterrâneas descem até cotas mais baixas e podem, eventualmente, atingir o
oceano. No entanto, grandes quantidades de águas superficiais e subterrâneas retornam à atmosfera
por evaporação e transpiração antes de chegar aos oceanos. Todos os processos que fazem parte do
ciclo hidrológico são regidos fundamentalmente pela radiação solar.
Esta descrição do ciclo hidrológico é bastante simplificada. Por exemplo, parte da água que
constitui as correntes superficiais pode infiltrar-se até a água subterrânea; em outros casos, ao
contrário, a água subterrânea dá origem às correntes superficiais. Parte da precipitação pode ficar
sobre o terreno como neve durante muitos meses até sofrer fusão com o fim do inverno e provocar
escoamento, num fenômeno conhecido como “snowmelt”.
O ciclo hidrológico é um meio apropriado para delimitar aproximadamente o campo da
Hidrologia de Superfície, como a parte compreendida entre a precipitação sobre o terreno e o
retorno de tal água para a atmosfera ou oceano. Serve também para ressaltar as cinco fases básicas
de interesse para o hidrólogo: precipitação, infiltração, evapotranspiração, escoamento superficial e
água subterrânea.
A apresentação do ciclo hidrológico da forma presente pode deixar a impressão de um
mecanismo contínuo no qual a água se desloca sob velocidade constante. Tal impressão deve ser
desfeita. O movimento da água entre as diversas fases do ciclo é, principalmente, irregular, tanto
em tempo como em lugar. Às vezes, a natureza parece trabalhar horas extras para proporcionar as
chuvas torrenciais que podem provocar inundações. Em outras ocasiões, parece que a maquinaria
do ciclo parou por completo e com ela, a precipitação e os escoamentos superficiais. Em áreas
adjacentes, as variações do ciclo podem ser totalmente diferentes. São precisamente esses casos
extremos, de inundações e secas, que freqüentemente apresentam maior interesse ao hidrólogo, pois
muitos dos projetos de Hidrologia têm o fim de proteger contra os seus efeitos prejudiciais.
Da análise do Ciclo Hidrológico, observa-se os processos ou fases sobre os quais o técnico
pode atuar, no sentido de utilizar e preservar de forma racional os recursos naturais solo, água e
cobertura vegetal. Dentre as fases destacam-se:
- redução da parcela que atinge diretamente a superfície do solo pela manutenção de uma
cobertura vegetal adequada ao solo e relevo existentes;
- redução do escoamento superficial direto (cobertura vegetal, práticas conservacionistas
mecânicas e vegetativas);
- aumento da parcela de água que se infiltra (pelo aumento do tempo de oportunidade para
que a infiltração se processe).
Com isto, consegue-se alterar de forma significativa, a ocorrência e distribuição temporal do
escoamento superficial, reduzindo as vazões máximas (enchentes) e elevando as vazões mínimas,
ou seja, atenuação das cheias e secas por meio de regularização natural das vazões do curso d’água.
Indiretamente, atua-se também no aspecto qualitativo da água pelo controle da poluição.
Estas ações somente terão efeito pleno se planejadas e executadas sobre toda a unidade
física natural que é a Bacia Hidrográfica, em sintonia com a unidade social que é a comunidade
local. A Figura 4 ilustra os componentes principais do ciclo hidrológico.
Radiação
Solar
2
1
4

6
1
1
5
7 Lençol Freático
(não confinado) 8 9

Manto de Rochas

1 – Evaporação e Evapotranspiração
2 – Precipitação Lençol Artesiano
3 – Interceptação pela cobertura vegetal (confinado)
4 – Armazenamento nas depressões
5 – Infiltração
6 – Escoamento Superficial Direto
7 – Recarga do Lençol Freático
8 – Escoamento Subterrâneo (base)
9 – Escoamento Superficial

Figura 4 – Representação qualitativa do ciclo hidrológico.

O Ciclo Hidrológico também pode ser estudado por meio de um balanço hídrico global,
como descrito na Figura 5, ou mesmo, em nível de continentes, onde o Quadro 3 a seguir,
apresenta-o de forma resumida com os seus componentes principais mais atuantes em termos
proporcionais.
Precipitação
Atmosfera
14*1012 m3 99*1012 m3/ano

361*1012 m3/ano
Evaporação/

324*1012 m3/ano
Evaporação

Precipitação
Transpiração
62*1012 m3/ano

Terra
41,42*1015 m3
(2,86%)

Escoamento
Oceanos 37*1012 m3/ano
1.405*1015 m3
(97,13 %)

Figura 5. Representação do balanço hídrico global.

Quadro 3. Balanço Hídrico simplificado dos continentes.

Continente Precipitação Evaporação Escoamento Escoamento/Precipitação


Anual (mm) Anual (mm) (mm)
África 670 510 160 0,24
Ásia 610 390 220 0,36
Oceania 470 410 60 0,13
Europa 600 360 240 0,40
Am. Norte 670 400 270 0,40
Am. Sul 1350 860 490 0,36

O valor da relação escoamento/precipitação fornece uma idéia da proporção da precipitação


que é transformada em escoamento. Ele é um reflexo do regime climático do respectivo continente
e das características físicas das bacias hidrográficas, que são os agentes ativos no processo de
transformação da chuva em vazão.
Não se pode esquecer que as atividades antrópicas nas bacias interferem diretamente no
ciclo hidrológico. Quando um dos componentes deste sofre alteração haverá mudanças nos outros,
que podem afetar de maneira singular o comportamento e a produção de água nas bacias. Em
termos agrícolas, o manejo do solo é uma das principais atividades que pode promover alterações
consideráveis no tocante ao regime hídrico. Atualmente, várias pesquisas têm sido conduzidas com
o intuito de verificar possíveis diferenças em termos de infiltração e retenção de água no solo
proporcionada pelos manejos convencional e alternativo, como plantio direto e escarificação. Os
resultados mostram que o primeiro reduz consideravelmente a infiltração de água no solo e na
mesma proporção, aumenta o escoamento superficial, devido à completa desestruturação do solo e à
superfície desprotegida, uma vez que normalmente este manejo ou retira os restos culturais ou os
queima. Já o plantio direto, por promover mínima movimentação do solo (apenas na linha de
plantio) e manutenção de restos culturais em superfície, promove uma maior capacidade de
infiltração e, principalmente, manutenção da água no solo, além de reduzir o escoamento
superficial, por aumentar a rugosidade superficial (pela presença de restos de culturas) e reduzir a
produção de erosão, haja vista, que a energia produzida pelo impacto de gotas também será
reduzida. É necessário, no entanto, que estudos sejam realizados com o intuito de verificar a relação
custo/benefício e a adaptação dos sistemas mínimos em algumas regiões brasileiras. A avaliação
econômica é importante, pois, os custos com pesticidas aumenta nestes sistemas e normalmente, a
produção cai nos primeiros anos devido à uma adaptação natural do solo ao processo, o que não se
verifica com o passar do tempo.
Uma outra ação do homem que altera sensivelmente o ciclo da água é o corte indiscriminado
de coberturas vegetais, em especial, matas ciliares e vegetação nativa. Mentalmente, ao se avaliar a
Figura 4, verifica-se que a retirada de árvores promoverá conseqüências marcantes no ciclo. Os
componentes evaporação e evapotranspiração serão reduzidos. Haverá também, aumento
considerável do escoamento superficial, pela redução da interceptação, o que, por conseqüência,
reduzirá a infiltração de água no solo e automaticamente, a recarga de lençol freático,
comprometendo o fluxo de água nas nascentes e rios. Desta forma, analisa-se o papel
importantíssimo da Hidrologia no contexto ambiental, uma vez que qualquer atividade sobre os
recursos naturais da bacia hidrográfica, promoverá alteração no ciclo hidrológico e cabe ao
hidrólogo compreender a função destes para melhor predizer os impactos que as atividades
agrícolas promovem ao meio ambiente.
QUESTÕES:
1-Considere a figura abaixo.

As áreas representadas pelos números 1 e 2, dentro dos conceitos de hidrogeologia são,


respectivamente,

a)Capilaridade e Percolação.
b)Zona Saturada e Zona Mista.
c)Zona Mista e Zona Insaturada.
d)Zona Mista e Zona Saturada.
e)Zona Insaturada e Zona Saturada.

2-O projeto de vias urbanas é uma das competências do Arquiteto e Urbanista. Em relação a noções
de projeto geométrico, assinale a alternativa correta.

a)O traçado de uma via é a linha axial ou central da respectiva plataforma.


b)As seções em aterro são elementos axiais dos elementos geométricos.
c)O traçado de uma via é influenciado por topografia, condições geológicas e geotécnicas, hidrologia,
desapropriações e interferências nos ecossistemas.
d) Os greides retos são elementos planimétricos dos elementos geométricos.
e)O azimute é o ângulo medido a partir do norte, variando de 0 o a 180o , a leste ou oeste.

3-Em Hidrogeologia, o conjunto de operações ou estudos que permite a localização e a


caracterização do aquífero constitui a fase de

a)exploração
b)explotação
c)caminhamento
d)perfilagem
e)mapeamento
--
_________________________________________________________________________________

4-A porosidade é uma grandeza muito importante para estudos hidrogeológicos. A porosidade de um
pacote de solo ou de rocha é definida como a fração de vazios contidos em um volume representativo
do meio poroso.

A respeito do tema do texto, assinale a alternativa correta.


a)A porosidade efetiva ou produção específica é um parâmetro dimensional e consiste na relação
entre o volume drenável e o volume total de um pacote de solo ou de rocha.
b)A pressão da água, nos poros abaixo da linha de saturação, é negativa em relação à pressão
atmosférica.
c)O grau de compactação ou de cimentação influi diretamente no valor da porosidade, ou seja,
quanto mais compactada estiver uma formação, maior será o valor da porosidade.
d)No processo de dessaturação, a água desocupa primeiramente os grandes poros, pois o raio de
curvatura da interface água-ar diminui quando há um aumento da pressão capilar.
e)Formas irregulares de partículas minerais resultam em porosidades menores em relação a formas
arredondadas.

5-Assinale a opção correta, referente à hidráulica e hidrologia aplicadas.

a)Nos condutos dispostos em paralelo, a vazão de entrada em cada trecho do conduto é diretamente
proporcional às resistências hidráulicas, e a perda de carga é obtida pela diferença de cotas
piezométricas na entrada e saída.
b)Na aplicação do diagrama unitário, admite-se que a transformação de precipitação efetiva em
vazão é linear invariante e que essa precipitação é constante em toda a bacia hidrográfica no
intervalo de tempo de cálculo.
c)O cálculo da linha de água dos rios naturais em regime de escoamento subcrítico é realizado de
montante para jusante.
d)O dimensionamento de um conduto alimentador de uma turbina, do qual se conhece somente a
vazão, é um exemplo de problema determinado, já que, é possível obter-se univocamente a
incógnita, utilizando-se apenas a equação do movimento e a equação da continuidade a partir do
dado existente.
e)Quando a tubulação passa acima da linha de carga efetiva e abaixo da linha piezométrica absoluta,
aumenta-se a vazão e, consequentemente, impede-se a formação de bolsas de ar.

6-No que se refere a hidráulica e hidrologia aplicadas, assinale a opção correta.

a)A equação de Darcy-Weisbach é uma das mais utilizadas para o dimensionamento de tubulações
de seção circular com condução de fluidos sob pressão. Para sua utilização, em seções não
circulares sob pressão, basta substituir o diâmetro (D) pelo diâmetro hidráulico (Dh) dado pelo raio
hidráulico da seção dividido por quatro.
b)Quando a canalização fica acima da linha de carga absoluta (LCA), mas abaixo do plano de carga
efetivo (PCE), a vazão fornecida é superior à vazão que ocorre quando a canalização passa acima
da linha de carga efetiva (LCE), mas abaixo da LCA e do PCE.
c)No escoamento permanente e uniforme, em canais de geometria circular, a seção molhada que
corresponde à máxima velocidade do fluido não é a seção de máxima vazão.
d)Em canal retangular, quando a declividade de fundo for maior que a declividade crítica, o
escoamento uniforme é dito subcrítico e, quando é menor, é denominado supercrítico.
e)O raio hidráulico é obtido pela relação entre o perímetro da seção em contato com o fluido e a área
da seção ocupada pelo fluido e, no caso de tubulação de seção circular sob pressão, equivale ao
diâmetro dividido por quatro.

7-Sobre correlação de variáveis em hidrologia, é INCORRETO afirmar:

a)O coeficiente de correlação indica o grau de associação linear entre N pares de um conjunto de
observações simultâneas de duas variáveis X e Y.
b)O coeficiente de correlação pode variar nos casos extremos: 1 ou -1 para associações perfeitas
positivas e negativas, respectivamente, e 0 para nenhuma associação.
c)Uma eventual associação entre duas variáveis, definidas por um alto valor do coeficiente de
correlação, implica uma relação causa-efeito.
d)A correlação é chamada de monotônica se uma das variáveis aumenta ou diminui
sistematicamente quando a outra decresce.
e)Um coeficiente de correlação nulo não implica necessariamente nenhuma relação de dependência
entre as variáveis.

8-Com relação à hidrologia aplicada, assinale a opção correta

a)Os cursos d’água efêmeros escoam durante as estações de chuvas e secam na estiagem, de um
modo geral.
b)O coeficiente de compacidade, que varia conforme o tipo de solo, fornece uma indicação da
eficiência da drenagem da bacia.
c)A área de drenagem de uma bacia hidrográfica é determinada normalmente por meio de
levantamentos topográficos.
d)Tempo de concentração designa o tempo, contado a partir do início da precipitação, necessário
para que toda a bacia contribua para o escoamento superficial na seção em estudo.
e)O método das isoietas é o mais adequado para se definir a elevação média de uma bacia
hidrográfica.

9-No que se refere ao objeto de estudo da hidrologia, assinale a opção correta.

a)A vazão dos canais e o nível dos reservatórios são avaliados pelo escoamento do lençol freático.
b)Nos estudos de interceptação natural, avalia-se o escoamento que ocorre de forma espontânea
sobre a superfície de uma bacia hidrográfica.
c)A geomorfologia é a área da hidrologia que está relacionada à análise das características da
qualidade da água.
d)A hidrometeorologia corresponde ao estudo das características da água na atmosfera.
e)Os estudos de escoamento superficial são relativos à observação qualitativa da vazão dos cursos
de água.

10-Com relação à hidrogeologia, julgue o item a seguir.


Os maiores volumes de água subterrânea do Brasil encontram-se nas províncias hidrogeológicas do
Paraná, do Amazonas e do Parnaíba.

 Certo
 Errado

Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10:

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