Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Dourados/MS
2019
JEREMIAS GONÇALVES
Dourados/MS
2019
SUMÁRIO
Tive o privilégio de nascer em um lar cristão. Meus avós paternos, meus pais, alguns
tios e primos, todos eram membros da Primeira Igreja Batista em Mundo Novo/MS. Assim,
toda a minha infância, adolescência e maior parte da juventude foi num contexto familiar
pautado nos ensinamentos bíblicos. Desde muito criança, participava dos cultos dominicais,
cultos nos lares, classes de EBD, apresentações de teatros e coral infantil.
Toda essa vivência eclesiástica foi forjando em meu coração o amor por Jesus. Cada
versículo memorizado nas gincanas e cada canção aprendida no coral infantil foi germinando
em meu coração como uma semente espiritual.
Não me recordo o dia e o mês exatos, mas sei que foi em meados de 1991 que
entreguei a minha vida para Jesus. Era pra ser mais um culto de domingo, como tantos outros
que já participara anteriormente. Mas naquela noite, o pastor Adonias Moreira Júnior pregou
uma mensagem falando sobre a salvação em Jesus. Aos 11 anos de idade, diante daquela
palavra tão esclarecedora, compreendi que era um pecador e que precisava render a minha
vida para Jesus, tendo-o como o meu Salvador e o meu Senhor. No dia 31 de dezembro do
mesmo ano, desci às aguas do batismo confirmando publicamente a minha aliança com
Cristo.
Após o batismo, continuei minha caminhada com Cristo, sempre buscando aprender
mais sobre Deus. Porém, o excesso de timidez impedia um envolvimento maior na obra de
Deus. Acredito que o ápice da timidez ocorreu no período da adolescência, a tal ponto de não
querer mais participar do coral da igreja ou de qualquer atividade que exigiria estar à frente de
um público.
A timidez permaneceu por todo o período da adolescência. Concomitantemente, foi
um período de desejar “conhecer o mundo”, muito em razão de amigos que não eram cristãos.
Mas pela graça de Deus, ainda que tenha vivido períodos de esfriamento espiritual, jamais me
afastei dos caminhos do Senhor.
No ano de 1999, eu já estava com 19 anos e a PIB de Mundo Novo passou por um
período de divergências doutrinárias entre diferentes grupos da igreja. Infelizmente, esse
período culminou com a saída do pastor e uma grande parcela da membresia. Dentre os
membros que saíram, vários deles ocupavam cargos de liderança, tais como, professores de
7
2.1 TEOLOGIA
O termo “teologia” advém da palavra teós (Deus) juntamente com a palavra logia
(ciência). Sendo assim, em nosso contexto judaico-cristão podemos conceituar a teologia
como sendo a busca da sistematização da reflexão profunda acerca de Deus, suas
manifestações e implicações práticas na vida do ser humano. Seu objetivo é proporcionar ao
ser humano uma organização racional do conhecimento acerca da revelação de Deus, de
maneira que as atitudes da humanidade reflitam os propósitos divinos estabelecidos para a
relação entre os seres humanos, bem como a relação com o próprio Deus.
A teologia pode ser construída a partir da observação da criação de Deus, como afirma
Paulo: “Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade,
claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas
que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis” (Romanos 1.20)1. Entretanto, a
principal fonte para a aquisição do conhecimento teológico é a Bíblia Sagrada, a qual se
constitui como a Palavra de Deus.
Deste modo, os pressupostos posteriormente abordados e discutidos foram construídos
a partir de uma vivência e análise das Sagradas Escrituras. São pressupostos teológicos e
doutrinários fundamentados naquilo que a Bíblia revela acerca da relação entre Deus e o
homem, bem como suas devidas implicações.
2.2 DEUS
O autor de Hebreus nos afirma que “...é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe...” (Hebreus 11.6). Crer que Ele é o verdadeiro Deus (1 João 5.20) é
o ponto de partida fundamental para a formulação de uma doutrina acerca de Deus.
É sabido que o ser humano é incapaz de conceituar Deus de modo absoluto, uma vez
que só sabemos aquilo que o próprio Deus nos revelou. Embora sejamos seres limitados e
finitos, podemos fazer algumas reflexões acerca de Deus, pautando sempre na Bíblia Sagrada.
1
As citações bíblicas transcritas e mencionadas no texto referem-se a Tradução de João Ferreira de Almeida –
Nova Almeida Atualizada, exceto quando for mencionada a tradução utilizada.
9
2.3 CRISTOLOGIA
Cristo manifestou-se como homem (Lucas 24.39). Em Jesus, temos a encarnação do
próprio Deus, conforme afirma Paulo aos Colossenses “Porque nele habita corporalmente
toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2.9) e aos Filipenses:
“...mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que
deveria ser retido a qualquer custo. Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se semelhante aos seres humanos. E, reconhecido em
figura humana”. (Filipenses 2.6-7)
de Deus em Jesus, tais como, a onipotência (Mateus 14.19-20; Lucas 8.22-25; João 6.39-40) e
a onisciência (Mateus 9.4, 12.25; Marcos 2.6-8; Lucas 6.8; João 1.48, 4.18, 6.64). Vimos
também Jesus perdoando pecados (Marcos 2.5; Lucas 7.48), sendo esta uma prerrogativa
divina.
Além das próprias palavras de Cristo, requerendo para si a deidade (João 8.58, 10.30),
temos as afirmativas dos autores bíblicos que corroboram essa doutrina (Isaías 9.6; João 1.1;
Romanos 9.5; Colossenses 2.8-9) e os sinais realizados por Jesus, possíveis apenas para Deus,
tais como as ressurreições da filha de Jairo (Marcos 5.39-42), do filho da viúva de Naim
(Lucas 7.11-12) e de Lázaro (João 11.31-44).
10.10) e em Davi (1 Samuel 16.13). Por sua vez, o Novo Testamento afirma que o Espírito
Santo habita permanentemente em nós (1 Coríntios 3.16-17; 1 Coríntios 6.18-20).
A vida e a obra de Jesus são profundamente marcadas pela atuação do Espírito Santo,
perpassando do nascimento (Mateus 1.18), batismo (Marcos 1.10) ao ministério (Lucas 4.1).
Jesus promete a vinda do Espírito Santo no papel de consolador (João 14.6), sendo que este
glorifica a Jesus (João 16.14).
Acerca do Espírito Santo a Declaração Doutrinária da CBB afirma ainda que “Sua
plenitude e seu fruto na vida do crente constituem condições para a vida cristã vitoriosa e
testemunhante”. Assim, cremos na atuação divina do Espírito Santo no homem, afim de que
este caminhe conforme preceituado por Deus.
2.5 TRINDADE
Através da doutrina da trindade afirmamos que cremos num Deus único
(Deuteronômio 6.4). Entretanto, em Deus há uma tripla distinção, que se manifesta e age em
unidade. Deus é um em substância (ousia) e existe em três pessoas (hypostaseis) inseparáveis,
harmônicas e em perfeita unidade.
Embora as Escrituras Sagradas não utilizem o termo trindade, podemos encontrar a
presença do Pai, do Filho e do Espírito no batismo de Jesus (Marcos 1.9-11), na
recomendação da Grande Comissão (Mateus 28.19), na bênção final do apóstolo Paulo (2
Coríntios 13.13), na obra de redenção (Hebreus 9.13-14), na saudação de Pedro (1 Pedro 1.2),
na exortação de Judas (Judas 20-21).
A doutrina da trindade aponta um paradigma para as relações da vida social humana,
onde se faz necessário uma vida de interdependência e mutualidade. Assim como o Pai, o
Filho e o Espírito agem harmonicamente, de igual modo deveriam ser as ações humanas, em
suas relações com o próximo e com a própria trindade, expressando sempre o amor e a
comunhão.
2.6 BIBLIOLOGIA
A Bíblia, conforme a Declaração Doutrinária da CBB, “é a palavra de Deus em
linguagem humana”. Sua mensagem não possui o escopo de fornecer dados arqueológicos ou
detalhes de fatos históricos, ou qualquer outro tipo de ciência, mas seu grande objetivo é
revelar os propósitos divinos, possibilitando a salvação, edificando os cristãos e promovendo
a glória de Deus (Romanos 15.4-6).
14
2.6.1 Revelação
Deus só poderia ser conhecido à medida que se revelasse ao homem. Assim, a ideia de
revelação é “retirar o véu” para que o ser finito, o homem, pudesse relacionar-se com o Ser
Infinito, Deus.
Há 2 tipos de revelação: a revelação geral e a revelação especial.
A revelação geral ou universal se dá por meio da criação, do ser humano e da história.
Esta revelação não exige uma ação sobrenatural para que o homem possa perceber a
existência de Deus, pois o próprio meio aponta para o Criador, conforme diz em Salmos 19.1:
15
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”; e
Romanos 1.20: “Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua
divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio
das coisas que Deus fez.”
A revelação especial acontece na pessoa de Jesus Cristo. Ao olhar para os milagres
realizados por Jesus, suas palavras e ensino proferido, o seu caráter, as suas ações, a sua morte
e a sua ressurreição, vimos claramente a revelação especial de Deus. Jesus vem para revelar
quem é o Pai, ao ponto dele dizer que “o Filho nada pode fazer por si mesmo, senão somente
aquilo que vê o Pai fazer; porque tudo o que este fizer, o Filho também faz” (João 5.19).
Portanto, no conteúdo bíblico há revelação dos atributos de Deus, bem como Sua
Vontade e seus desígnios. A Bíblia diz: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso
Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e aos nossos filhos, para sempre, para que
cumpramos todas as palavras desta lei” (Deuteronômio 29.29). Assim, Deus quer que o
homem o conheça e tenha uma conduta pautada nos valores por Ele estabelecidos. Porém, a
revelação de Deus é para que o homem o conheça e com Ele tenha comunhão e
relacionamento.
2.6.2 Inspiração
Os autores bíblicos foram inspirados por Deus. Não obstante, Deus tenha usado
autores humanos, cada qual com seu estilo de linguagem e sua personalidade peculiares, os
conceitos registrados na Bíblia foram inspirados pelo próprio Deus, conforme nos diz Paulo
em 2 Timóteo 3.16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça”, no qual a palavra grega utilizada é
theopneustos, cujo sentido literal é “soprado por Deus”. Deus soprou para dentro dos autores
a sua revelação, ou seja, o autor recebeu uma capacitação especial para transcrever a
revelação recebida de Deus.
O Antigo Testamento recebeu o reconhecimento de Jesus e dos apóstolos testificando-
o como sendo a verdadeira e inspirada Palavra de Deus. Pedro é enfático ao afirmar que
nenhuma profecia da Escritura é fruto de um entendimento particular, mas é oriunda de
homens que “falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.19-21). Os
próprios profetas introduziam suas mensagens utilizando a expressão “Assim diz o Senhor...”
(Isaías 7.7; Jeremias 2.2; Ezequiel 3.11; Amós 1.3,6,9,11,13; Obadias 1.1; Miquéias 3.5;
Naum 1.12; Ageu 1.7; Zacarias 1.14). Podemos citar ainda, textos como o de Êxodo 24.4, o
16
qual diz que Moisés escreveu as palavras do Senhor e Isaías 59.21, no qual Deus afirma que
colocou as palavras na boca do profeta.
Quanto à autoridade do Novo Testamento como sendo a Palavra de Deus, o apóstolo
Paulo afirma que o seu conhecimento acerca de Deus, portanto o seu discurso, não é fruto de
uma racionalização humana, mas é inspiração do Espírito Santo:
2.6.3 Iluminação
Escrevendo aos Efésios, Paulo diz que “Deus derramou abundantemente sobre nós em
toda a sabedoria e entendimento” (Efésios 1.8) e pedia para Deus iluminasse os olhos do
coração dos efésios (Efésios 1.18). Portanto, a iluminação é a capacitação divina que
recebemos para compreender, crer e praticar as verdades da Palavra de Deus, conforme disse
Jesus: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse ensinará a
vocês todas as coisas e fará com que se lembrem de tudo o que eu lhes disse” (João 14.26).
2.6.4 Inerrância
A Bíblia não é um livro científico ou histórico. A Bíblia é a revelação de Deus,
portanto, ela é a Palavra de Deus. Conforme a Declaração Doutrinária da CBB, a finalidade
da Bíblia é revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes e
promover a glória de Deus. Deus planejou e possibilitou que a Bíblia fosse escrita e
perpassasse as gerações afim de que nela o ser humano encontrasse a revelação de Deus, o
ensino, a correção e a habilitação para a obra de Deus.
Podemos crer na Bíblia como a Palavra de Deus, uma vez que ao longo da história da
humanidade, milhões de pessoas em todas as partes do mundo tiveram uma verdadeira
transformação de vida, após o contato com as palavras contidas nesse livro. Infere-se que um
17
livro humano jamais alcançaria proporções tão gigantescas e pontuais, como a Bíblia promove
na vida do ser humano em particular e em sociedades inteiras.
Uma vez que a Bíblia é a revelação de Deus, bem como sua vontade em relação à
vivência humana, ela se apresenta como elemento norteador para as doutrinas e práticas no
âmbito religioso e secular. Para o cristão ela é a autoridade única que rege as práticas
humanas e embasa a crença. É a voz do próprio Deus falando conosco. Portanto, cremos na
inerrância da Bíblia.
2.7 ANTROPOLOGIA
A doutrina acerca do homem principia na afirmativa de que este fora criado por Deus.
O livro de Gênesis apresenta dois relatos da criação do homem. O primeiro, em 1.26-28, fala
da decisão de se criar o homem à imagem e semelhança de Deus, seguida da ação criadora
com um propósito definido que é o de frutificar, multiplicar e dominar a terra. O segundo está
em 2.7 e narra o modo como Deus fez o homem, formando-o a partir do pó da terra. Nota-se
que o texto bíblico enfatiza a ação direta de Deus na formação do homem, reconhecendo-o
como a mais sublime de todas as criaturas, a quem amou profundamente. Portanto, a
humanidade não é fruto do acaso, mas é projeto de Deus.
O ser humano é finito e limitado, cujo destino é morrer fisicamente. A Bíblia expressa
essa condição da fragilidade humanidade usando algumas vezes o termo “pó” (Gênesis 3.19;
Salmo 103.13-14; Eclesiastes 12.7). Sendo assim, é evidenciado que o ser humano é
constituído de matéria física. Entretanto, além da dimensão corpórea, o ser humano possui
uma dimensão espiritual (1 Coríntios 15.45; Tiago 2.26). O espírito corresponde à nossa
autoconsciência e à nossa capacidade de relacionamento com Deus (Romanos 8.16).
O ser humano é uma criação essencialmente boa (Salmo 8.5), uma vez que foi criado à
imagem e semelhança de Deus. Com isso, o homem é dotado de capacidade de discernimento,
de domínio sobre sua própria personalidade, de aptidão para o trabalho e de habilidade
criativa. O Salmo 8 é um poema de louvor a Deus pela existência humana como presente
divino. Entretanto, embora a humanidade em si seja boa, todos os seres humanos, estão num
estado de distanciamento em relação a Deus (Romanos 3.23). Esse afastamento
costumeiramente denominamos como pecado.
A humanidade deve ser detentora de dignidade e valor, uma vez que foi criada à
imagem divina, amada por Deus e resgatada em Cristo. Portanto, é necessário propagar uma
18
visão do homem que sustente os valores do respeito pela vida humana e pelos direitos
humanos básicos enquanto reconhece as limitações humanas e suas tendências ao mal.
2.7.1 Morte
A Declaração Doutrinária da CBB afirma que “Todos os homens são marcados pela
finitude, de vez que, em consequência do pecado, a morte se estende a todos”. Assim, em
razão da sua finitude e limitação, a Bíblia nos ensina que a morte biológica será uma realidade
na vida de todo ser humano: “a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram”
(Romanos 5.12).
Na morte biológica, a esfera espiritual (espírito) do homem é separada da esfera
material (corpo). O corpo se tornará pó e o espírito voltará para Deus (Eclesiastes 12.7).
Portanto, a morte não significa o fim da existência, mas é a transição para a existência em
outra dimensão.
Aqueles que morrem em Cristo estão com Deus, pois o autor de Eclesiastes argumenta
que com a morte, o espírito volta para Deus (Eclesiastes 12.7). Em Lucas 23.43, Jesus diz ao
ladrão da cruz: “hoje você estará comigo no paraíso”. Em Filipenses 1.23, Paulo fala sobre a
possibilidade de morrer e estar com Cristo.
Por outro lado, baseado em Lucas 16.19-31, entendemos que aqueles que morrem sem
a fé em Cristo estão separados de Deus; em plena consciência e em profundo estado de
sofrimento. Ainda que não tenham enfrentado o juízo final ainda, a punição divina inicia-se
imediatamente após a morte (2 Pedro 2.9).
2.8 HAMARTIOLOGIA
A humanidade criada à imagem e semelhança de Deus, desfrutava de um perfeito
relacionamento com Deus (Gênesis 2.15; Eclesiastes 7.29). Entretanto, houve uma
predisposição humana em contrariar a vontade de Deus (Romanos 5.12), desde então, o
pecado passou a fazer parte da realidade humana. Nesse sentido, pecado não é somente uma
atitude má que cometemos, mas uma inclinação interior (Efésios 2.1-3), uma disposição de
fazer o que é mau (Romanos 7.14-15), um estado mal de nossa alma, uma distorção em nossa
condição espiritual.
Diante disso, entendo que o ser humano tem a sua vida permeada desde o nascimento
por uma tendência em desobedecer a Deus (pecar). Paulo é enfático ao afirmar que “...uma só
transgressão resultou na condenação de todos os homens...” (Romanos 5.18 – NVI). A
19
manifestação dessa pecaminosidade ocorre logo que o ser humano atinge o uso da razão e a
capacidade de agir, atingindo a toda a humanidade (1 João 1.8). Dessa maneira, o pecado
afeta o modo de pensar e agir do ser humano, alterando, não em sua totalidade, mas em parte,
a sua relação consigo mesmo, com o próximo e principalmente com Deus.
Os efeitos dessa deturpação da humanidade são diversos, entre eles, a mudança radical
no relacionamento com Deus (Isaías 59.2); a maldade nas relações humanas (Gênesis 4.8); a
perda da liberdade (Romanos 6.20-21) e a morte espiritual (Ezequiel 18.4; Romanos 5.12).
2.9 ANGEOLOGIA
2.9.1 Anjos
Acerca dos anjos, a Bíblia os descrevem como sendo seres criados por Deus (Neemias
9.6; Salmos 148.2-5; Colossenses 1.16). Embora sejam seres espirituais (Hebreus 1.14), estes
não possuem características divinas, tais como a onipresença (Lucas 2.8-9), onisciência
(Mateus 24.36) ou a onipotência (Daniel 10.12-13). Contudo, possuem algumas
características que os tornam superiores ao ser humano (Hebreus 2.5-7), tendo maior força e
poder (II Pedro 2.11) e sendo dotados de inteligência (Daniel 10.14), emoções (Jó 38.7; Lucas
15.10) e vontade (Isaías 14.13-14; Judas 6).
A Palavra de Deus demonstra que não possuem corpos físicos, mas em algumas
situações podem aparecer na forma corpórea (Gênesis 18.1-8,22; 19.1-3; Hebreus 13.2; João
20.11-14). Há alguns relatos em que são descritos como sendo seres alados (Êxodo 25.20;
Isaías 6.2, Zacarias 9.6). A afirmação de Jesus de que os anjos não se casam (Mateus 22.30)
nos sugere que são seres assexuados.
Sobre a função dos anjos, temos vários relatos bíblicos em que os anjos desempenham
variadas finalidades: em Gênesis 3.24 tinham a incumbência de guardar a árvore da vida, no
jardim do Éden; em 1 Reis 19.5-7 um anjo supre a necessidade de alimento de Elias; em 2
Reis 19.35 um anjo coloca à morte 185 mil assírios que invadiram Israel; em Isaías 6.2-3 os
anjos louvam ao Senhor; em Daniel 8.16, um anjo surge como um mensageiro, assim como
em Lucas 1.11-20; em Lucas 22.41-43 um anjo fortalecia a Jesus; em Atos 5.19 um anjo
liberta os apóstolos da prisão; e em Hebreus 1.13-14 os anjos são descritos como enviados
que servem os salvos em Cristo Jesus.
Podemos enxergar na Bíblia alguns tipos distintos de anjos: arcanjo (Judas 9; 1
Tessalonicenses 4.16); serafins (Isaías 6.2-3); querubins (Êxodo 25.18-22; Salmo 99.1). E
embora não seja possível quantificar o número de anjos, podemos concluir que são muitos,
20
uma vez que a Bíblia utiliza expressões como “milhares de milhares o serviam, e milhões de
milhões estavam diante dele” (Daniel 7.10). Entretanto, a Palavra de Deus nos afirma que um
terço dos anjos se rebelaram contra Deus (Apocalipse 9.1; Apocalipse 12.3-9).
2.9.2 Demônios
Se por um lado, a Bíblia menciona a existência dos anjos que são mensageiros a
serviço de Deus, as Escrituras também revelam a existência dos espíritos malignos, tanto no
Antigo Testamento (Levítico 17.7; Deuteronômio 32.17; Salmos 106.37) quanto no Novo
Testamento (Marcos 5.12; Lucas 11.15; Romanos 8.38; 1 Coríntios 10.20; Tiago 2.19).
Os demônios se opõem a Deus, disseminando heresias na igreja (1 Timóteo 4.1),
causando enfermidades na humanidade (Mateus 12.22; Marcos 9.25; Lucas 13.11),
influenciando negativamente autoridades governamentais (Apocalipse 16.14), lutando contra
os servos de Deus (Efésios 6.12), entre outras práticas malignas. Contudo, Jesus concede aos
seus discípulos autoridade e poder contra o mal (Mateus 10.8; Marcos 16.17).
2.9.3 Satanás
A Bíblia fala de um ser espiritual criado por Deus em sabedoria e formosura, mas que
em razão do seu orgulho e ambições ilícitas rebelou-se contra Deus, perdendo sua posição
angelical (Isaías 14.12-15; Ezequiel 28.17-18). A este, a Bíblia o chama de Satanás (Romanos
16.20), Diabo (Tiago 4.7), deus deste século (2 Coríntios 4.4), Maligno (1 João 5.18-19),
Belzebu (Mateus 12.27), entre outros nomes.
Com relação a Deus, Satanás o calunia (Gênesis 3.4,5). Com relação ao povo de Deus,
Satanás acusa (Apocalipse 12.10), impede o avanço da obra de Deus (1 Tessalonicenses 2.18),
induz a uma conduta pecaminosa (João 13.2; Atos 5.3). Com relação aos incrédulos, Satanás
cega a mente para que não compreendam o Evangelho (2 Coríntios 4.3-4). Há muitas outras
ações de Satanás, contudo, o seu poder é limitado àquilo que é permissão de Deus (1 João
5.18).
2.10 SOTERIOLOGIA
Uma verdade exaustivamente explanada no texto bíblico é: Deus salva os homens dos
seus pecados. Desde Gênesis até Apocalipse, desde a cena trágica do Éden até a visão gloriosa
da Nova Jerusalém, percebe-se a poderosa mão de Deus, estendida em socorro do homem,
para libertá-lo do pecado.
21
2.10.1 Graça
Paulo escrevendo aos cristãos da igreja em Éfeso diz: “Porque pela graça vocês são
salvos” (1 Pedro 2.8). A graça é a ação de Deus objetivando resgatar o homem de seu estado
de pecado. É o favor imerecido e é por meio dela que somos salmos.
Paulo diz a Tito: “Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos”
(Tito 2.11). Assim, todas as pessoas são capazes de crer para serem salvas, pois Deus
derramou a sua graça igualmente a todos.
2.10.2 Arrependimento e fé
A obra salvadora é de Deus e somente Dele. O homem não pode salvar-se a si mesmo.
Entretanto, em sua soberania Deus não invalida a responsabilidade e liberdade do ser humano.
Ao ser alvo da graça redentora de Deus, o homem precisa responder com arrependimento e fé.
Jesus falou sobre arrependimento no início da carreira ministerial (Mateus 3.1-2). O
arrependimento foi frisado na pregação de Pedro (Atos 2.38) e nas pregações de Paulo (Atos
17.30). Assim, fica evidente que o mérito da salvação pertence a Deus, mas há a necessidade
do homem experimentar a convicção do pecado e o reconhecimento diante de Deus,
assumindo um compromisso de mudança de rumo.
Contudo, apenas o arrependimento em si não isentará o homem do domínio do pecado.
Este precisa ter fé em Cristo Jesus, crendo que ele é o Filho de Deus, para que assim, seja
salvo (Romanos 10.9).
2.10.3 Regeneração
A partir do arrependimento e da fé, o Espírito Santo opera na vida do cristão a
regeneração. A regeneração é o processo pelo qual, espiritualmente falando, Deus refaz o
22
homem, quando este arrepende-se dos seus pecados e crê em Jesus como o seu Salvador e
Senhor. É o novo nascimento do homem, o qual não é na carne, mas é um nascimento do
Espírito (João 3.5-6).
No texto de Tito 3.4-7, Paulo diz:
Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor por
todos, ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua
misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito
Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso
Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo
a esperança da vida eterna.
2.10.4 Justificação
A justificação é o ato de Deus isentando o pecador arrependido da pena divina
merecida (Romanos 5.18-19). É Cristo assumindo a dívida do homem (2 Coríntios 5.21), afim
de que este tenha paz com Deus (Romanos 5.1). Portanto, é obra de Deus e não do homem,
conforme ensina o apóstolo Paulo: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É
Deus quem os justifica” (Romanos 8.33).
2.10.5 Adoção
Por meio da fé em Cristo, o cristão é adotado por Deus (João 1.12). Essa adoção
espiritual nos coloca na condição de relacionar-se com Deus na perspectiva da paternidade e
da filiação. Assim, nos tornamos participantes da família de Deus (Efésios 2.19-22; 1 João
3.1-2), tendo o privilégio de dirigir-se a Deus como Pai (Mateus 6.9) e sendo considerado
herdeiro de Deus e coerdeiro com Cristo (Romanos 8.17; Gálatas 4.6-7).
23
2.10.6 Santificação
Uma vez regenerado pelo Espírito Santo, justificado em Cristo e adotado por Deus, o
Pai declara o pecador livre de toda condenação do pecado (Romanos 8.1) e apto para andar
em santidade (2 Coríntios 7.1; 1 Tessalonicenses 4.7; 1 Pedro 1.15).
A santificação está relacionada com o novo modo de vida do convertido, em que este
buscará uma vida de consagração e obediência a Deus. A santificação não é apenas uma
mudança de conduta, mas é a ação de Deus na integralidade do ser humano, agindo no seu
espírito, na sua alma e no seu corpo (1 Tessalonicenses 5.23). É uma obra contínua de Deus
na vida do homem enquanto este estiver na terra (Filipenses 1.6).
2.10.7 Glorificação
A glorificação é o estágio final da salvação. É quando o crente desfrutará de todas as
promessas relacionadas com a vida eterna concedida por Cristo (2 Timóteo 4.7-8), recebendo
a transformação do corpo corruptível em corpo incorruptível (1 Coríntios 15.38-50).
2.10.8 Eleição
A Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira expõe que “Eleição é a
escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por
qualquer mérito, mas segundo a riqueza da sua graça.” Tal afirmação está em consonância
com o texto bíblico em que Paulo diz:
Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, nele, para sermos santos e
irrepreensíveis diante dele. Em amor nos predestinou para ele, para sermos adotados
como seus filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o propósito de sua vontade,
para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado.
(Efésios 1.4-6)
cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3.9). Todavia, todos são livres para aceitar ou não o
convite de Deus.
João diz que Jesus “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1.11).
No versículo seguinte, João diz que aqueles que receberam a Jesus, a estes foi lhes “dado o
poder de serem feitos filhos de Deus”. Assim, podemos entender que Jesus vem para todos,
mas o homem tem o livre arbítrio para não recebe-lo (Mateus 22.2-5; Atos 7.51; Atos 13.46;
Romanos 2.5; Hebreus 12.25; Apocalipse 3.20). Mas, aos que se arrependem de seus pecados
e têm fé em Jesus, Deus concede a salvação (João 3.16) e os adota como filhos (João 1.12).
Quando Pedro discursa acerca dos “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai” (1
Pedro 1.2), compreendemos que antes da fundação do mundo Deus anteviu quais seriam as
pessoas que o aceitariam Cristo como Salvador e Senhor, assim, a estes o Senhor elegeu para
a salvação. Sobre isso, Paulo diz:
Pois aqueles que Deus de antemão conheceu ele também predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos
irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses
também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (Romanos 8.29-
30)
2.12 ESCATOLOGIA
2.12.1 Segunda Vinda de Cristo
Em Mateus 16.27, o próprio Jesus declara: “Porque o Filho do Homem há de vir na
glória de seu Pai, com os seus anjos.” Além desse texto, Jesus declara sobre a sua volta em
Mateus 24, 25 e 26; Lucas 18.12-15; João 14.3-28. Os apóstolos de Jesus falaram acerca da
sua vinda (1 Coríntios 1.7; Filipenses 3.20; 1 Tessalonicenses 4.16; Tito 2.13; Tiago 5.7; 2
26
Pedro 3.10; 1 João 2.28). De forma muito explícita, o autor de Hebreus diz: “assim também
Cristo, tendo-se oferecido uma vez por todas para tirar os pecados de muitos, aparecerá
segunda vez, não para tirar pecados, mas para salvar aqueles que esperam por ele” (Hebreus
9.28).
Não é possível datar este evento, uma vez que o próprio Jesus afirmou que somente o
Pai sabe a hora e o dia da segunda vinda (Marcos 13.32). Porém, a Bíblia nos fornece algumas
características de como será a segunda vinda: Jesus voltará de forma repentina, tal como um
ladrão invade uma casa para realizar um roubo (1 Tessalonicenses 5.2; 2 Pedro 3.10); a
segunda vinda de Jesus será gloriosa, vindo como um rei (Mateus 25.31), sendo acompanhado
por um exército de anjos (Mateus 16.27), marcada pela ressurreição dos mortos (1
Tessalonicenses 4.16) e tendo Cristo sendo admirado por todos os que creem (2
Tessalonicenses 1.10); e será visível a todos (Mateus 24.27; Lucas 17.24).
A Bíblia descreve alguns fatos que antecederão a segunda vinda de Jesus: guerras,
terremotos, perseguição religiosa, violência exacerbada, apostasia o surgimento de muitos
falsos cristos e falsos profetas (Marcos 13).
Embora Cristo não tenha deixado uma época de retorno (Mateus 24.42), é sabido que
na ocasião do seu retorno haverá grande alegria para uns e tristeza para outros (Mateus 25.31-
46). Para nós, a Igreja de Cristo, fica a grande expectativa de que “...seremos arrebatados [...]
para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I
Tessalonicenses 4.17).
2.12.4 Céu
O céu é o lugar real da habitação do Pai (Colossenses 3.1) e Filho à sua direita. É o
lugar em que os anjos glorificam e honram a Deus continuamente (Apocalipse 4.1-9). A
riqueza e a glória estão presentes no céu (Apocalipse 21.18-21).
Mas o céu também é o lugar destinado para todos os que tiveram suas vidas
transformadas pelo Evangelho de Jesus (Apocalipse 7.13-14). É onde vamos contemplar Deus
face a face (Apocalipse 22.3-4), vivendo eternamente numa condição perfeita, sem morte,
sem luto, sem pranto, sem dor (Apocalipse 21.4) e adorando genuinamente a Deus
(Apocalipse 19.6-7).
2.12.5 Inferno
O inferno foi preparado para o Diabo e seus anjos (Mateus 25.41). Porém, alguns
versículos elencam uma série de grupos de pessoas que também terão o inferno como seu
destino. Apocalipse 21.8, diz que os covardes, incrédulos, abomináveis, assassinos, imorais,
feiticeiros, idólatras e os mentirosos serão lançados no “lago que está queimando com fogo e
enxofre”, inferindo-se assim acerca do inferno. Paulo também elenca grupos de pessoas que
não herdarão o reino de Deus, ou seja, serão destinados ao inferno. Esses grupos são formados
pelos indivíduos que praticam imoralidade sexual, impureza, libertinagem, idolatria,
feitiçarias, inimizades, rixas, ciúmes, iras, discórdias, divisões, facções, invejas, bebedeiras,
orgias e coisas semelhantes a estas (Gálatas 5.19-21). Em 1 Coríntios 6.9-10, Paulo elenca
outros que serão destinados ao inferno: imorais, idólatras, adúlteros, afeminados,
28
2.12.6 Milênio
Em Apocalipse 20.1-10 há uma referência a um período de mil anos, em que Satanás é
preso e impedido de enganar as nações. Acerca deste versículo, há diferentes linhas
interpretativas com suas várias segmentações: o pré-milenismo defende que a segunda vinda
de Cristo será antes de um período literal de mil anos; o pós-milenismo argumenta que a
segunda vinda de Cristo será após um período literal de mil anos e; o amilenismo crê que o
milênio já está em curso, porém, os mil anos são simbólicos e não literais.
Embora todas as teorias tenham seu arcabouço teológico, compreendemos que a
referência ao milênio deva ser compreendida a partir do simbolismo e não de sua literalidade.
Assim, não cremos em um período literal de mil anos.
2.12.7 Anticristo
A Bíblia fala do Anticristo em 2 Tessalonicenses 2.1-6 nomeando-o de “homem da
iniquidade, o filho da perdição” e destacando que este “se opõe e se levanta contra tudo o que
se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus,
apresentando-se como se fosse o próprio Deus”.
O Anticristo também é citado em 1 João 2.18,22; 1 João 4.2-3 e; 2 João 7. Desses
textos, extraímos algumas características do Anticristo: mentiroso; nega o Pai e o Filho e nega
a encarnação de Cristo. Embora o texto de Apocalipse 13 não cite a expressão “Anticristo”, as
características descritas revelam que se trata do mesmo personagem citado por Paulo e João.
29
igreja. Ela não é estática, inerte. A igreja é viva. É um organismo que pela sua essência
espiritual gera vida.
Contudo, esse organismo vivo requer organização. Paulo escrevendo a Tito diz: “Foi
por esta causa que deixei você em Creta: para que pusesse em ordem as coisas restantes,
bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros...” (Tito 1.5). Portanto, a igreja enquanto
organização requer a adoção de controles, regulamentos, normativas e demais subsídios que
proporcionem o perfeito funcionamento da instituição, bem como, a observação das leis
vigentes no país no que diz respeito à sua responsabilidade fiscal, questões trabalhistas,
informações contábeis, responsabilidade social, etc.
3.4.5.1 Batismo
O batismo é o ato de imergir, mergulhar o batizando em água e levantá-lo em seguida.
Embora, determinados grupos cristãos utilizem outras formas de praticar o batismo, tais como
a aspersão e a efusão, cremos que o modo bíblico de realizar esta cerimônia é através da
imersão completa do batizando, pois o ato de mergulhar simboliza a morte, sepultamento e
ressurreição em Cristo (Romanos 6.4).
O batismo não é uma mera sugestão de uma cerimônia, mas uma ordem de Cristo:
“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E
eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mateus 28.19-20).
e o vinho simbolizando o sangue de Jesus. Assim, a interpretação que fazemos acerca da ceia
do Senhor é que esta é um memorial, ou seja, é uma cerimônia em que trazemos à memória a
lembrança de Jesus: “Fazei isto em memória de mim”.
Dessa forma, não cremos na transubstanciação, em que os seus defensores alegam
que o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue literal de Jesus, após serem
abençoados pelo sacerdote católico romano. De igual modo, não cremos na
consubstanciação, em que seus defensores afirmam que Cristo, no momento em que a ceia
do Senhor está sendo ministrada, Jesus se faz presente de uma forma misteriosa e milagrosa,
no pão e no vinho, embora não haja alteração nos elementos. E também não cremos na visão
da presença mística de Jesus na ceia, em que seus defensores alegam que o participante da
ceia recebe benefícios espirituais.
No que diz respeito ao modo de observar a ceia, creio que esta deva ser servida a todos
os cristãos que assumiram um compromisso com Jesus, foram batizados, estão integrados e
em comunhão com sua igreja local e com Deus (ceia livre). Além do posicionamento da ceia
livre, há outros posicionamentos distintos: a ceia ultra restrita, em que apenas os membros da
igreja local podem participar; a ceia restrita, em que apenas os membros da denominação
podem participar e a ceia aberta, em que todas as pessoas, independentemente de seu vínculo
religioso podem participar.
3.4.7 Membresia
3.4.7.1 Deveres e direitos
Uma igreja batista local é formada de pessoas regeneradas e biblicamente batizadas,
implicando no cumprimento de deveres para com a igreja local, bem como o gozo de
privilégios. Conforme o modelo de estatuto proposto pela CBB, aos membros recai a
responsabilidade de:
No que diz respeito aos direitos de um membro de uma igreja batista, o modelo de
estatuto proposto pela CBB sugere as seguintes prerrogativas:
3.4.7.3 Disciplina
A igreja é formada por pessoas regeneradas, contudo, passíveis de cometer erros e
ferir princípios estabelecidos por Deus. Assim, no ambiente eclesiástico é necessário a prática
da disciplina afim de “nos tornarmos participantes da santidade de Deus” (Hebreus 12.10).
35
jejum, meditação na Bíblia e louvor a Deus. De igual modo, o pastor deve empenhar-se nos
estudos da Palavra de Deus, afim de obter edificação pessoal, bem como, subsídios para
ensinar a membresia da igreja.
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BÍBLIA SAGRADA. João Ferreira de Almeida Corrigida Fiel (ACF) Online. Versão gratuita
online, sem notas remissivas. Disponível no link https://www.bibliaonline.com.br/acf/
DARGAN, E.C. As doutrinas da nossa fé: breve compêndio sobre as Doutrinas Batistas. Trad.
W. E. Entzminger. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1971.