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Ensaio de filosofia - problema da cultura científico-

tecnológica: A Bioética -A eutanásia.

Pergunta: Será a eutanásia uma prática moralmente aceitável? Ou


Será que a eutanásia devia de ser legalizada?

1º Trabalho:
Este ensaio será discutida a permissividade da eutanásia segundo a visão ética. A posição
defendida é que é eticamente permissível.
INTRODUÇÃO: A eutanásia consiste na morte intencional, provocada ou não evitada, de um
indivíduo em que este será beneficiado ou, pelo menos, não surtirá tal acto em seu prejuízo.
Quando se pratica a eutanásia é na perspectiva de aliviar a dor de alguém que tem uma vida
futura com uma qualidade expectável muito negativa. O problema ético que este acto levanta
consiste em saber se será permissível que as pessoas, em especial aquelas que se encontram
numa fase terminal da vida e em sofrimento agudo, possam optar pelo fim das suas vidas. Se
sim, se é admissível que solicitem medidas activas que as matem ou é antes permissível que
apenas requeiram que as deixem morrer, pedindo aos médicos que se abstenham de as tratar.

Para a discussão moral acerca deste acto é necessária a distinção entre a sua forma activa e
passiva e o seu tipo: voluntária, não-voluntária e involuntária. Assim: a eutanásia activa é
aquela em que a morte é provocada; a passiva é originada pelo consentimento de uma morte
quando seria possível evitá-la; a eutanásia voluntária consiste na sua realização por vontade
própria do indivíduo; a não-voluntária representa a morte de alguém que não tinha capacidade
de decisão e que foi decidido por si; a involuntária é praticada em alguém que tinha a
capacidade de decisão mas que não consentiu a sua morte seja por falta de questionamento
ou pela sua explícita negação.

Convém referir que as eutanásias activa e passiva surgem, por vezes, com definições
variáveis. No modo de distinção supracitado, um defensor da eutanásia passiva não
concordará com o desligar de um sistema de suporte, se assim o fizer terá de traçar outro tipo
de distinção como dizer que na eutanásia activa a causa primária da morte é a acção humana
(e.g. administração de uma injecção letal) enquanto na passiva será, por exemplo, uma
enfermidade a sua causa primária e o desligar ou não ligar um sistema de suporte que
permitiria a continuidade vital seria considerado eutanásia na forma passiva.

DESENVOLVIMENTO: Segundo o filosofo alemão Immanuel Kant a resposta à questão-título


do ensaio seria “não”. Kant dá uma extrema importância à individualidade da pessoa de cada
um dizendo “age como se a máxima de tua acção devesse tornar-se, por tua vontade, lei
universal da natureza” (Fórmula da Lei Universal) e, mais importante ainda, “age de tal modo
que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro,
sempre como um fim ao mesmo tempo e nunca apenas como um meio” (Fórmula do Fim em
Si). De acordo com o Imperativo Categórico enunciado por tal filósofo alemão é inaceitável usar
a pessoa de alguém como meio, mas veja-se que, na eutanásia o meio é o fim pois usa-se tal
pessoa de um indivíduo como meio para o fim do sofrimento dessa mesma. Outro aspecto
importante é o problema da metafísica acerca de identidade pessoal, em que a teoria
maioritariamente aceite é a “perspectiva psicológica” em que um indivíduo X num determinado
momento só é o indivíduo X’ num momento posterior se existir continuidade psicológica (veja-
se McMahan, 2002). Assim, em certos casos, a eutanásia não se poderia considerar
“kantianamente” incorrecta pois não existiria pessoa para matar, pois esta já havia sucumbido,
no entanto Kant não prevê tais casos. Este factor opõe-se à teoria de Kant pelo facto de esta
não permitir excepções mesmo quando as consequências são negativas.

No caso de um indivíduo optar pela sua morte, eutanásia voluntária, Kant não pode responder
pois entram em discussão o dever de não matar e o dever de respeitar a autonomia e
preferência de um sujeito, e a teoria de Kant não prevê casos de conflitos de deveres. Veja-se
o seguinte caso: o João está a sofrer com uma doença incurável e é-lhe dado um prazo de vida
de 6 meses. Tendo este um sofrimento insuportável devido ao seu estado pede uma morte
indolor e antecipada ao médico, no entanto, atendendo a Kant, ou este faz valer a intenção,
que é no que consiste o valor moral para o filosofo alemão, e concede o desejo do paciente
com objectivo de aliviar a dor e respeitar a pessoa deste ou então atende ao dever absoluto
“não devemos matar” e, embora a sua intenção seja de não violar a integridade do sujeito, está
a violá-la ao desrespeitar o seu pedido.

Ao contrário de Kant, os autores James Rachels (1975) e Michael Tooley (1980) admitem
ambas as formas de eutanásia são permissíveis, pressupondo a forma passiva e abrangendo
também a eutanásia activa por tal permissividade pois procuram demonstrar que não há
diferença eticamente relevante entre matar e deixar morrer, ou seja, fazer um mal ou permiti-lo
é moralmente desprezável. No entanto admitem que matar parece ser pior que deixar morrer
pela motivação do agente ou o impacto social, que são factores eticamente relevantes. Porém
se considerarmos dois casos hipotéticos não denotaremos diferenças entre ambas as acções.
O par de casos propostos por Rachels é o seguinte: (1) Miguel quer herdar a fortuna do seu
jovem primo, pelo que o afoga enquanto ele toma banho, fazendo tudo parecer um acidente;
(2) Miguel quer herdar a fortuna do seu jovem primo e, quando entra na casa de banho para o
afogar, constata que ele está a afogar-se acidentalmente, pelo que fica a vê-lo morrer, estando
disposto a emergir a sua cabeça se isso for necessário para garantir a sua morte. Nestes
casos, note-se, a não existe diferenças morais entre matar e deixar morrer, sendo esta uma
crítica apontada a esta defesa da eutanásia, pois generaliza uma situação para todas as outras
e o facto de um factor não produzir assimetria moral num determinado par contrastante não
significa que nunca venha a produzi-la. Esta estratégia utilizada por Rachels foi designada por
Shelly Kagan (1988) como “estratégia do contraste”. Deste modo não existe permissividade de
inferir que a eutanásia passiva está na mesma categoria moral que a activa, não deixando a
distinção ética entre matar e deixar morrer de causar polémica filosófica.

Outro aspecto a apontar à teoria de Rachels e Tooley é o facto de pressuporem a forma


passiva de eutanásia como permissível pois, os críticos de tal acto, embora possam admitir a
inexistência de distinção entre fazer e permitir, podem rejeitar tal pressuposto e considerar a
eutanásia de ambas as formas moralmente incorrectas. No entanto, alguns destes críticos,
como Greg Beabout (1989), entendem que nem sempre é errado induzir ou permitir a morte de
alguém para seu benefício, contudo referem que não se pode fazê-la ou permiti-la
intencionalmente. Tais críticos baseiam-se na “doutrina de duplo efeito” em que só é
permissível dar origem, activa ou passivamente, a um mau efeito de modo a obter um bom
efeito, só se podendo fazer tal coisa se: 1) o mau efeito não for pretendido nem como fim nem
como meio; 2) o mau efeito é inferior ou proporcional ao bom. O que distingue uma acção
consentida, segundo Beaubout e Rachels, para um mesmo caso, com uma mesma solução e
consequências, acaba por ser a máxima, tornando-se, para Kant, a acção do crítico
moralmente correcta e a do defensor moralmente incorrecta.

O ponto 2) da “doutrina do duplo efeito” acaba por ser um pouco utilitarista, ou seja, se o saldo
for positivo, faça-se. O utilitarista, nos tipos e formas de eutanásia aqui discutidos, diria para se
realizarem desde que as consequências, que são a moralidade segundo estes, fossem boas,
ou seja, proporcionassem “maior felicidade para o maior número”. No entanto, no caso da
eutanásia não-voluntária, este Imperativo Categórico de “maior felicidade para o maior número”
poderia ir contra a vontade da pessoa ou do seu responsável legal, bastando que uma maioria
beneficia-se com isso, estando esta a ser usada como meio e a ser a sua dignidade
desrespeitada. Embora diga que a “doutrina do duplo efeito” se parece com a visão utilitarista
no ponto 2) devido ao saldo, esta última contesta-a pois pensa que duas acções com as
mesmas consequências devem ter o mesmo valor moral.

Peter Singer (1993), defensor da permissividade da eutanásia, adoptou uma estratégia


baseada na procura de boas razões para não matarmos pessoas inocentes, concluindo que a
sua morte: 1) viola o seu direito moral à vida; 2) desrespeita a sua autonomia; 3) frustra a sua
preferência em continuar a viver; 4) priva-a de um futuro valioso. Segundo o defensor, este
acto não consta nenhuma violação do direito moral à vida de um sujeito pois este consente a
sua morte. Se a autonomia e as preferências são eticamente importantes, refere também
Singer, que a eutanásia deve ser aprovada pois traduz um respeito pela autonomia e
satisfação da vontade um individuo. Por último, nenhum indivíduo vítima de tal adiantamento
do término vital é privado de um futuro valioso pois a sua qualidade de vida expectável é muito
negativo. Deste modo, conclui o filósofo que, as razões que nos levam a considerar errada a
morte de uma pessoa inocente induzem-nos e validar a eutanásia. Como se verifica, Singer
alega motivos para considerarmos a eutanásia em ambas as formas e do tipo voluntária
permissível.
Vendo diversas opiniões, saliento as críticas referidas à resposta ética de Kant para este
assunto: o seu ponto de vista não valoriza as consequências mesmo sendo estas negativas, ao
atender à intenção de respeitar a integridade da pessoa de alguém podemos estar a
desrespeitá-la ao mesmo tempo e Kant generaliza o Fórmula do Fim em Si para todas as
situações, no entanto penso que se for de vontade do doente este pode ser usado como meio
para o seu fim.
Acerca de Rachels, concordo com as críticas avançadas por Kagan, pois este tenta generalizar
uma situação para todas as outras. A outra crítica a Rachels e Tooley não me convence, pois
estes tomam a eutanásia passiva como permissível para depois demonstrar que no seu ponto
de vista a eutanásia deve ser permissível independentemente da forma, ou seja, trata-se
eutanásia logo não importa como é realizada, sendo uma opinião com a qual demonstro
concordância.
O ponto de vista de Beabout não é, na minha opinião, aceitável pois este preocupasse mais
com a consciência de quem mata ou deixa morrer do que com o sofrimento do paciente. Ou
seja, com a doutrina do duplo efeito o acto por exemplo de administrar morfina num doente é
para lhe retirar a dor, não para o matar, no entanto sabe-se ele irá morrer mas o importante é
que a intenção não seja essa. Penso que a eutanásia nunca foi admitida como meio para a
morte mas sim para o alívio da dor logo esta “doutrina do duplo efeito” é uma forma de repetir
por outras palavras o à priori sabido, tendo esta uma preocupação exagerada com a
intencionalidade e com o saldo, em vez de se preocupar com a vontade do paciente. Como
referi, o ponto 2) desta doutrina diz que o mau efeito deve ser inferior ou no máximo
equivalente ao mau efeito, o que acaba por ser um pouco utilitarista, sem poder esta “conta”
ser realizada aritmeticamente, apenas estimada. Acerca do utilitarismo, este embora tenha a
finalidade de conceder maior felicidade para todos, não faz referência à sua vontade, ou seja,
segundo o ponto de vista utilitarista até a eutanásia involuntária seria permissível se isso
trouxesse maior felicidade para o maior número, sendo menosprezada a dignidade do sujeito
que se tornaria um mártir.
Peter Singer apresenta uma teoria, com que concordo, na qual refere quatro factores para não
matarmos pessoas inocentes dando justificação esses mesmos para a prática de eutanásia.
Oderberg refuta o veredicto de Singer apresentado motivos que considero inválidos. Refere
que o direito à vida é algo que não podemos ceder, ou seja, não podemos decidir morrer,
assim, um indivíduo não tem liberdade de decisão acerca daquilo que lhe é mais valioso.
Pensa também que não podemos exercer a autonomia ao escolher a morte pois esta está
associada ao bem humano, levando-me a concluir que Oderberg considera a prática da
eutanásia contraproducente pois em vez de aliviar a dor de um sujeito em sofrimento vai-lhe
trazer mal, não entendendo eu como poderá a morte de um indivíduo em sofrimento agudo
como um futuro de qualidade muito negativa poderá trazer-lhe mais mal que aquele que ele
vive. Diz ainda que a existência de um futuro valioso é um motivo para não matarmos pessoas
inocentes mas que tal inexistência não serve de argumento para a eutanásia pois assim até a
involuntária seria permissível. Neste aspecto concordo contudo, na minha visão, a teoria de
Singer só faz sentido quando se cumprem os quatros factores discutidos logo, a tentativa de
refutar um deles solitariamente não constitui nenhuma crítica à teoria em si nem evidencia
qualquer falha, pois esta só faz sentido, como referi, quando tratados o quatros pontos como
conjunto.

Os críticos da eutanásia referem que, por vezes, a eutanásia pode ser permissível mas não
aceitam a sua legalização pois pode levar-nos a derrapar até a eutanásia involuntária e ao
abatimento dos indesejáveis socialmente. Ou seja, admitem que se pode fazer, por vezes, mas
não aceitam a legalização, logo apelam para que se infrinja a lei em determinados casos.
Depois falam em derrapar. Convenhamos, se a eutanásia não for legalizada estaremos a
infringir a lei ao praticá-la, no entanto, se for “bem” legalizada, como por exemplo na Holanda,
na existirá nenhum risco muito significativo nem incontrolável. Aliás, como referiram alguns
defensores da eutanásia, poderão existir mais abusos se não for legalizada, ou seja, mais
“derrapagens” e ilegalidades.
Velleman refere que a legalização da eutanásia poderá levar ao prejuízo de um indivíduo que
opte por viver, quando questionado acerca da eutanásia, numa sociedade hostil à dependência
e passividade. Velleman dá um exemplo avulso. Se ele defende-se a eutanásia poderia dizer
que se a eutanásia fosse legal a sociedade teria a oportunidade de mostrar o afecto pelo
enfermo ao convencê-lo que a morte não era solução. Não se pode abordar o assunto desta
forma, isso dependerá muito da personalidade do sujeito, também da sua sociedade, da
importância que este atribui aos factores exógenos, do seu sofrimento, entre outras variáveis,
logo a preocupação de Velleman torna-se uma tentativa de encontrar justificação para os dois
lados da fita de Möbius.
Com isto, respondo “sim” à questão-título do ensaio, em casos de eutanásia do tipo voluntária
e não-voluntária e de ambas as formas. No caso da eutanásia não-voluntária concordo com a
sua prática quando esta é ordenada pelo cidadão que possui os direitos legais sobre o sujeito
enfermo.
Baseio-me, para tal resposta, essencialmente na teoria avançada por Singer, concordando com
ele em todos os aspectos. Convenhamos: se um indivíduo opta por terminar a sua existência
devido ao seu constante sofrimento, que se prevê que continue e que o leve à morte mais cedo
do que este espera, não é descabido cessar o seu sofrimento com a sua morte pois este não
irá parar de outra forma e não irá fazer nada que não acabe por acontecer. Outro indivíduo nas
mesmas circunstâncias, mas que se encontra sem capacidade decidir, penso que é uma
demonstração de afecto do seu legal responsável decidir cessar o seu sofrimento. Veja-se que,
em ambos os casos, não está a seu desrespeitado o direito moral à vida pois num é o próprio
indivíduo e noutro será alguém com capacidade de tomar a melhor decisão. A autonomia e a
preferência não serão também violadas pois, no tipo voluntário de eutanásia, só se
desrespeitariam se não se concede o pedido do paciente. O futuro valioso de uma pessoa que
esteja nas condições aqui faladas é algo que não existe, a menos que alguém considera a dor
valiosa.

Um argumento contra esta minha opinião, para além daqueles referidos à teoria de Singer e
por mim refutados, poderia ser o facto de um indivíduo que esteja sem capacidade de decidir
estar a ser vítima de desrespeito de autonomia e de preferência de viver. O caso da
preferência de viver não se pode saber se teria ou não. Quanto à autonomia é de salientar que
os direitos legais sobre um sujeito pertencem ao parente mais próximo ou ao indivíduo a quem
tenham sido delegas tais competências. No segundo caso o indivíduo decidirá sempre bem
pois foi escolhido para isso, logo o enfermo confia em si e é como se fosse ele mesmo a
decidir. Na questão de ser o parente mais próximo, tomará sempre uma decisão em
consciência e com respeito procurando sempre decidir de modo a beneficiar o doente.
Também se poderia pensar que a pessoa encarregue dessa decisão se quisesse vingar ou
herdar os bens do enfermo mas nesse caso não estaríamos a falar de um ser humano, seria
apenas um animal que actuou segundo o seu instinto, agindo contra o artigo 1º da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, pois não estaria a agir com fraternidade para com o doente.
O artigo 1º da DUDH refere que “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com
espírito de fraternidade.”, logo se uma pessoa é dotada de razão e consciência, voltando a uma
das críticas feitas à teoria que apoio, será falso dizer que um individuo não pode exercer a sua
autonomia ao escolher morrer pois estaria a retirar a razão e a consciência dos seus actos a tal
sujeito.
Como referi, só sou contra a eutanásia involuntária pois isso seria, na minha lógica, algo
congénere a matar uma pessoa inocente, existindo violação do direito moral à vida, autonomia,
preferência por viver e seria desrespeitado o artigo 1º e 3º da DUDH.

CONCLUSÃO: Em suma, o problema da eutanásia consiste em saber se será permissível que


as pessoas, em especial aquelas que se encontram numa fase terminal da vida e em
sofrimento agudo, possam optar pelo fim das suas vidas. Se sim, se é admissível que solicitem
medidas activas que as matem ou é antes permissível que apenas requeiram que as deixem
morrer, pedindo aos médicos que se abstenham de as tratar.
Defendo que as pessoas nas condições supracitadas podem optar pelo fim da sua vida ou até
ser tomada essa opção por elas, quando estas não têm capacidade de decisão (eutanásia não-
voluntária), por quem detiver os direitos legais. Quando ao facto de ser permissível escolher
serem mortas ou deixadas morrer, penso que ambas as formas são permissíveis, o mais
importante na eutanásia é o finar do sofrimento e não os modos de fazê-lo. Os motivos que me
levam a apoiar a eutanásia são o facto de respeitar a autonomia e preferências dos enfermos,
o facto de estes terem um futuro expectável com uma qualidade muito negativa, de não constar
nenhuma violação do direito moral à vida pois são eles ou a pessoa legalmente por eles
responsável que escolhem e não existir nada, a meu ver, quer no art. 1º (“Todos os homens
nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem
agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”) quer no 3º (“Todo o homem tem
direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”) da DUDH que impeça tal acto pois o direito
à vida, como supracitado, não é violado nos tipos de eutanásia que defendo.

2º Trabalho:

INTRODUÇÃO: A eutanásia pode ser activa ou passiva e cada um destes tipos pode
subdividir-se em voluntária, não voluntária e involuntária.

Apenas irei defender a eutanásia activa voluntária e a eutanásia activa não voluntária.

Sou completamente contra a eutanásia involuntária. A eutanásia involuntária, seja ela passiva
ou activa, não é realmente eutanásia, é assassínio. A eutanásia deve ter o consentimento do
paciente ou de um familiar. Discordo também da eutanásia passiva, como explicarei depois.

Os agentes racionais têm o direito de tomar as suas próprias decisões de forma autónoma e
nós devemos respeitá-las. Logo, se um paciente diz, repetidamente, desejar a eutanásia para
acabar com o seu sofrimento devemos aceitar e respeitar o seu pedido. Por exemplo: um
homem muito doente e com dores horríveis, luta durante meses contra a doença, mas dá-se
conta que isso não lhe serve de nada e que mesmo que sobrevivesse teria de estar sempre de
cama e não poderia voltar a ser feliz. Se esse homem pedisse a eutanásia ao seu médico,
conhecendo o seu estado e sendo o que ele deseja, seria errado não respeitar essa decisão.

Este argumento é conhecido como o argumento da autonomia e permite defender a eutanásia


voluntária.

O sofrimento intenso é imoral. Os médicos devem agir, em relação aos pacientes, tendo em
mente que o tratamento tem de proporcionar mais bem-estar do que incómodo. Por isso, se o
objectivo for aliviar a dor, os médicos devem aumentar a dose de narcóticos, analgésicos, etc.,
mesmo que isso resulte na morte do paciente. Por exemplo, como poderá um medico não
aumentar as doses de analgésico de alguém que sofre atrozmente depois de queimaduras
muito graves? Não fazê-lo seria incorrecto e seria considerar o paciente como um objecto,
ignorando o seu sofrimento.

Este argumento permite defender a eutanásia voluntária e a eutanásia não voluntária.


A eutanásia não voluntária é por vezes considerada como errada mesmo por pessoas que
defendem a eutanásia voluntária. Penso que essa opinião está errada. Há diversas doenças
que afectam bebés e adultos e os impedem de dizer se querem continuar ou não a viver, mas
algumas dessas pessoas sentem imensas dores e não aproveitam nada da vida. Logo, penso
que alguém com responsabilidade legal por elas tem o direito de autorizar a eutanásia. Não o
fazer seria apenas dar continuação a esse sofrimento e gastar dinheiro e energia sem nenhum
resultado positivo.

Existem muitas pessoas que aprovam a eutanásia passiva, pois consideram que isso não é
matar, mas apenas deixar morrer. Contudo, moralmente, fazer algo ou deixar que aconteça
não terá o mesmo valor? Por exemplo: uma pessoa que não gosta do seu vizinho quer furar os
pneus de seu carro; quando lá chega vê um grupo de jovens a fazê-lo e fica só a olhar, não os
impedindo nem avisando o dono ou a polícia. Nem furar os pneus nem deixar que alguém os
fure é correcto. Por isso, o comportamento dessa pessoa não é mais defensável que o
comportamento dos jovens. Sendo assim, matar ou deixar morrer não será moralmente
equivalente? Parece-me lógico que, se as pessoas aceitam a eutanásia passiva, devem aceitar
a eutanásia activa.

Existe outro argumento que mostra que a eutanásia activa é melhor que a eutanásia passiva:
ao deixarmos uma pessoa morrer ela vai quase sempre sofrer intensamente; por isso, ao
provocarmos a sua morte poupamos-lhe um grande e inútil sofrimento. Por exemplo: um
paciente que tem dificuldades respiratórias pede a eutanásia; se os médicos suspenderem o
seu tratamento, desligando o ventilador, o paciente irá passar horas de agonia e sofrerá
imenso, caso esteja consciente; mas se os médicos decidirem injectar-lhe uma dose de uma
substância que abrande os batimentos cardíacos, o paciente morrerá a dormir, pacificamente,
sem dor ou com muito pouca dor.

Argumentos a favor:

DESENVOLVIMENTO: Os críticos da eutanásia, como o filósofo J. Gay-Williams, usam o


argumento da natureza para defenderem o seu ponto de vista. Eles dizem que a eutanásia
violenta o nosso objectivo primordial, que é a sobrevivência, e que isso é contrário à natureza.
Logo - concluem -, a eutanásia é incorrecta.

No entanto, eu penso que nem todas as pessoas têm o mesmo instinto de sobrevivência e que
este não é algo assim tão fundamental e natural. Isso é demonstrado nomeadamente pelos
casos de suicídio. Existem pessoas com um instinto de sobrevivência mais “fraco” e com uma
capacidade de resistência ao sofrimento menor e estas têm direito, caso a sua situação clínica
o justifique, à eutanásia.Outro argumento contra a eutanásia é o dos efeitos práticos, segundo
o qual, se a eutanásia fosse legalizada, a possibilidade de recorrer a ela levaria a um
decréscimo da qualidade dos serviços de saúde. Isto porque os médicos tenderiam a tratar
apenas dos casos menos graves, deixando os outros serem mortos por eutanásia. Para
reforçar esse argumento, os críticos também dizem que outras pessoas se achariam com o
direito de prescreverem a eutanásia a certos pacientes mesmo sem o acordo destes e que
pouco a pouco haveria uma derrapagem, com casos cada vez menos graves a serem objecto
de eutanásia.Discordo desse argumento, pois os médicos e enfermeiros, devido às regras
profissionais a que obedecem e à vocação que geralmente têm, não costumam deixar alguém
morrer sem terem feito tudo o que estava ao seu alcance. Acresce que a eutanásia só é
praticável em casos terminais, graves e sem cura. Por isso, nunca haveria um decréscimo tão
grande na qualidade dos serviços de saúde.Se a eutanásia for legalizada terá de ter algumas
regras. O paciente terá de pedir a eutanásia repetidamente, deverá haver acordo entre os
médicos responsáveis e, se o paciente não estiver consciente, terá de haver o acordo dos
familiares. Logo, não será possível, ou pelo menos não será fácil nem provável, haver alguém
a pedir a eutanásia para outra pessoa sem boas razões e apenas por interesses egoístas.A
eutanásia é uma decisão difícil para os pacientes, familiares, amigos, médicos, mas tem por
vezes de ser levada em conta, pois é moralmente correcta.

II Argumentos contra:

Na minha opinião, a eutanásia é errada em todas as suas formas. São diversas as razões que
me levam a defender essa tese.

1. A eutanásia contraria a natureza e o instinto de sobrevivência que parecemos ter. Com


efeito, os seres humanos quando estão numa situação de perigo tentam sempre ou fugir ou
atacar a ameaça para se defender dela. Quando nos ferimos o nosso corpo também dá uma
resposta favorável à sobrevivência: coagula o sangue e cicatriza a ferida. Estamos sempre
prontos a sobreviver e a lutar para o conseguirmos. Logo, ao praticarmos a eutanásia estamos
a agir contra a natureza.

2. Esta prática de tirar a vida deliberadamente poderá nalguns casos servir apenas os
interesses egoístas dos familiares do doente. Imaginemos o caso de uma pessoa que está em
coma há muito tempo. Os médicos perguntam aos familiares o que querem que se faça e estes
pedem que se faça a eutanásia para ficarem com os bens do doente. Casos como esse seriam
frequentes se a eutanásia fosse legalizada.

3. Uma pessoa que esteja tetraplégica ou que tenha outro problema de saúde grave e
incurável, poderia - contra o seu próprio interesse - decidir morrer, pois não quer dar trabalho e
despesa, nem empatar as vidas das pessoas que tomam conta dela (poderia também suceder
que fossem os familiares a convencerem-na a querer morrer, por esta dar trabalho). Casos
como esse seriam igualmente frequentes se a eutanásia fosse legalizada.
4. Por vezes, são feitos diagnósticos errados e uma pessoa até pode ter boas hipóteses de
cura mas convencer-se que tem uma doença incurável. Se recorrer à eutanásia perde-se a
possibilidade de descobrir o erro clínico e de salvar a pessoa.

5. Se a eutanásia fosse uma prática corrente os médicos e as enfermeiras poderiam começar a


executar o seu trabalho de modo menos profissional e dedicado. Por exemplo, se houvesse um
doente com cancro num estado bastante avançado e com várias ramificações, com poucas
hipóteses de sobreviver, o que poderia acontecer era que os profissionais de saúde tomassem
aquele caso como um caso de eutanásia e não se esforçassem por tratar o doente, dando-o
como “um caso perdido”. Este processo com o tempo poderia entrar em derrapagem: de cada
vez que aparecesse alguém com uma doença mais grave os médicos já não se esforçariam
tanto, pois havia a opção da eutanásia. Por fim, passariam apenas a ser tratados os casos
menos graves e com elevadíssimas hipóteses de cura.

Os defensores da eutanásia sublinham que antes de se realizar a eutanásia haveria um


conjunto de procedimentos que seria necessário efectuar: os médicos teriam que se certificar
que a pessoa queria mesmo morrer e não estava apenas numa altura especialmente
desesperada, o pedido teria que ser realizado várias vezes, a pessoa teria que ter consciência
do seu estado clínico e este teria que ser irrecuperável. Consideram, por isso, que os riscos
referidos são improváveis.

CONCLUSÃO: No entanto, esses riscos não são de modo nenhum improváveis, sobretudo se
a eutanásia for legalizada em países com uma má organização do sistema de saúde. Num país
como Portugal, por exemplo, em que o sistema é um pouco confuso e desorganizado, o
resultado poderia ser desastroso.

Os defensores da eutanásia argumentam que o sofrimento muito intenso, em casos terminais e


sem esperança de cura, é imoral e que a eutanásia alivia a dor da pessoa e mata-a sem que
esta sofra. E consideram, portanto, que é moralmente certo praticar a eutanásia. Contudo, hoje
em dia com cuidados paliativos um doente pode viver até aos últimos minutos da sua vida com
poucas dores, através de analgésicos e outros tratamentos. A eutanásia não é a única opção
no que diz respeito ao combate ao sofrimento. Por outro lado: o sofrimento não fará parte da
vida?

3º Trabalho:
INTRODUÇÃO: Neste ensaio, discute-se se a eutanásia é uma prática moralmente aceitável ou
não. A posição que irá ser defendida é a de que esta prática só é moralmente aceitável a
pedido do indivíduo ou num caso em que o mesmo esteja num estado vegetativo irreversível.
Para começar, precisamos de saber o que é a eutanásia. A palavra «eutanásia» vem do grego
e significa morte feliz. Quem pratica a eutanásia mata ou deixa morrer uma pessoa para
benefício dessa mesma pessoa. Isto levanta vários problemas éticos, como, por exemplo: será
que tirar a vida a uma pessoa é moralmente correto, mesmo que seja para seu benefício? As
opiniões são divergentes, o que faz da eutanásia um importante problema na atualidade.
Existem vários tipos de eutanásia: eutanásia ativa, que é a ação de matar uma pessoa com
vista a acabar com o seu sofrimento; eutanásia passiva, que implica deixar morrer uma pessoa
por não lhe fornecer o que lhe é necessário para viver. Dentro destes dois tipos de eutanásia,
há ainda a eutanásia voluntária, não voluntária e involuntária. A primeira só é praticada com o
consentimento do paciente. A segunda é praticada quando o paciente não tem possibilidade de
escolher, por exemplo, um paciente em coma ou um recém-nascido. A última é praticada
contra a vontade do paciente.
Não faço qualquer distinção moral entre a eutanásia ativa e a passiva, pois, para mim, é
indiferente a maneira como o paciente morre; o que interessa é que a sua vontade seja
satisfeita quer seja por eutanásia ativa ou passiva.
Não sou adepto do consequencialismo nem do deontologismo, pelo que apoio que a eutanásia
deva ser praticada como um exercício de compaixão pelo outro, quer este nos seja próximo ou
não.

DESENVOLVIMENTO: Estar vivo nunca foi uma lei. Ter liberdade sim. Uma pessoa tem todo o
direito de acabar com a própria vida. Tem essa liberdade. Tirar a vida a uma pessoa é
considerado um ato eticamente condenável. Todavia, se houver um acordo mútuo entre o
praticante e o paciente, penso que o pedido de morte por parte do último seja uma expressão
de liberdade. Restringir essa liberdade é que seria eticamente incorreto.
Existe uma objeção a esta prática, que é o facto de o nosso instinto mais básico ser o de
sobrevivência, levando-nos a tudo fazer para não morrermos. De acordo com esta visão das
coisas, a eutanásia seria antinatural, na medida em que nos aproximaria da nossa morte. A ser
assim, seria inaceitável as pessoas fumarem, pois isso vai contra o nosso instinto de
sobrevivência. No entanto, pelo que sei, fumar é permitido em todos os países, mas a prática
de eutanásia não o é em todos. Por isso, de acordo com esta objeção, para «proibir» esta
prática, seria necessário «proibir» também o tabagismo ou qualquer outra prática que pusesse
em risco a nossa vida.
Outra objeção à prática da eutanásia é, no caso de algumas religiões, considerá-la uma
violação do direito à vida, vida essa que foi criada por Deus e é esse Deus o único que a pode
tirar. De modo a sustentar esta objeção religiosa, é preciso admitir que Deus existe, o que
levanta um problema ainda maior. Por isso, não considero que seja uma boa objeção à prática
da eutanásia.
Nós não passamos de poeira estelar, mas temos consciência; por isso, enquanto a temos,
podemos escolher viver ou não. Contudo, um paciente não deve ser vítima de eutanásia
involuntária, pois, na minha opinião, é uma violação do direito à vida de uma pessoa que
deseja viver. Cada um é dono da sua vida. Mesmo que a eutanásia involuntária seja praticada
para benefício do paciente, devemos respeitar a sua decisão e não interferir.

CONCLUSÃO: Em suma, não vejo nada de moralmente errado na prática da eutanásia


voluntária, já que se poupa o sofrimento de uma pessoa, tirando-lhe a vida por vontade
expressa. Apenas no caso de um estado vegetativo irreversível em que o paciente não pode
escolher, apoio a eutanásia não voluntária, porque o paciente não retira qualquer benefício da
sua própria vida e os recursos gastos com ele fazem falta a outros.

Novo Trabalho (possível trabalho de entrega):


“Será eticamente aceitável a prática da eutanásia?”
Neste ensaio será discutido a seguinte questão: “será eticamente aceitável a prática da
eutanásia?” INTRODUÇÃO: Aparentemente poderá pensar-se que para esta questão há uma
resposta, que podemos dizer se é verdadeiro ou falso. Contudo, trata-se de uma pergunta que
ainda se discute muito na atualidade, devido aos avanços da ciência e da tecnologia. Quando
se pratica a eutanásia é na perspectiva de aliviar a dor de alguém que tem uma vida futura com
uma qualidade expectável muito negativa. O problema ético que este acto levanta consiste em
saber se será permissível que as pessoas, em especial aquelas que se encontram numa fase
terminal da vida e em sofrimento agudo, possam optar pelo fim das suas vidas. Se sim, se é
admissível que solicitem medidas activas que as matem ou é antes permissível que apenas
requeiram que as deixem morrer, pedindo aos médicos que se abstenham de as tratar.
Para a discussão moral acerca deste acto é necessária a distinção entre a sua forma activa e
passiva e o seu tipo: voluntária, não-voluntária e involuntária. Assim: a eutanásia activa é
aquela em que a morte é provocada; a passiva é originada pelo consentimento de uma morte
quando seria possível evitá-la; a eutanásia voluntária consiste na sua realização por vontade
própria do indivíduo; a não-voluntária representa a morte de alguém que não tinha capacidade
de decisão e que foi decidido por si; a involuntária é praticada em alguém que tinha a
capacidade de decisão mas que não consentiu a sua morte seja por falta de questionamento
ou pela sua explícita negação.
Convém referir que as eutanásias activa e passiva surgem, por vezes, com definições
variáveis. No modo de distinção supracitado, um defensor da eutanásia passiva não
concordará com o desligar de um sistema de suporte, se assim o fizer terá de traçar outro tipo
de distinção como dizer que na eutanásia activa a causa primária da morte é a acção humana
enquanto na passiva será, por exemplo, uma enfermidade a sua causa primária e o desligar ou
não ligar um sistema de suporte que permitiria a continuidade vital seria considerado eutanásia
na forma passiva.
DESENVOLVIMENTO: Os críticos da eutanásia, usam o argumento da natureza para
defenderem o seu ponto de vista. Eles dizem que a eutanásia vai contra o nosso objectivo
primordial, que é a sobrevivência, e que isso é contrário à natureza. Logo - concluem -, a
eutanásia é incorrecta. No entanto, eu penso que nem todas as pessoas têm o mesmo instinto
de sobrevivência e que este não é algo assim tão fundamental e natural. Isso é demonstrado
nomeadamente pelos casos de suicídio. Existem pessoas com um instinto de sobrevivência
mais “fraco” e com uma capacidade de resistência ao sofrimento menor e estas têm direito,
caso a sua situação clínica o justifique, à eutanásia. Outro argumento contra a eutanásia é o
dos efeitos práticos, segundo o qual, se a eutanásia fosse legalizada, a possibilidade de
recorrer a ela levaria a um decréscimo da qualidade dos serviços de saúde. Isto porque os
médicos tenderiam a tratar apenas dos casos menos graves, deixando os outros serem mortos
por eutanásia. Para reforçar esse argumento, os críticos também dizem que outras pessoas se
achariam com o direito de prescreverem a eutanásia a certos pacientes mesmo sem o acordo
destes e que pouco a pouco haveria uma derrapagem, com casos cada vez menos graves a
serem objecto de eutanásia. Acresce que a eutanásia só é praticável em casos terminais,
graves e sem cura. Por isso, nunca haveria um decréscimo tão grande na qualidade dos
serviços de saúde. Se a eutanásia for legalizada terá de ter algumas regras. O paciente terá de
pedir a eutanásia repetidamente, deverá haver acordo entre os médicos responsáveis e, se o
paciente não estiver consciente, terá de haver o acordo dos familiares. Logo, não será
possível, ou pelo menos não será fácil nem provável, haver alguém a pedir a eutanásia para
outra pessoa sem boas razões e apenas por interesses egoístas. A eutanásia é uma decisão
difícil para os pacientes, familiares, amigos, médicos, mas tem por vezes de ser levada em
conta, pois é moralmente correcta. A eutanásia é errada em todas as suas formas. São
diversas as razões que me levam a defender essa tese. A eutanásia contraria a natureza e o
instinto de sobrevivência que parecemos ter. Com efeito, os seres humanos quando estão
numa situação de perigo tentam sempre ou fugir ou atacar a ameaça para se defender dela.
Quando nos ferimos o nosso corpo também dá uma resposta favorável à sobrevivência:
coagula o sangue e cicatriza a ferida. Estamos sempre prontos a sobreviver e a lutar para o
conseguirmos. Logo, ao praticarmos a eutanásia estamos a agir contra a natureza. Esta prática
de tirar a vida deliberadamente poderá nalguns casos servir apenas os interesses egoístas dos
familiares do doente. Imaginemos o caso de uma pessoa que está em coma há muito tempo.
Os médicos perguntam aos familiares o que querem que se faça e estes pedem que se faça a
eutanásia para ficarem com os bens do doente. Casos como esse seriam frequentes se a
eutanásia fosse legalizada. Uma pessoa que esteja tetraplégica ou que tenha outro problema
de saúde grave e incurável, poderia - contra o seu próprio interesse - decidir morrer, pois não
quer dar trabalho e despesa, nem empatar as vidas das pessoas que tomam conta dela
(poderia também suceder que fossem os familiares a convencerem-na a querer morrer, por
esta dar trabalho). Casos como esse seriam igualmente frequentes se a eutanásia fosse
legalizada. Por vezes, são feitos diagnósticos errados e uma pessoa até pode ter boas
hipóteses de cura mas convencer-se que tem uma doença incurável. Se recorrer à eutanásia
perde-se a possibilidade de descobrir o erro clínico e de salvar a pessoa. Se a eutanásia fosse
uma prática corrente os médicos e as enfermeiras poderiam começar a executar o seu trabalho
de modo menos profissional e dedicado. Por exemplo, se houvesse um doente com cancro
num estado bastante avançado e com várias ramificações, com poucas hipóteses de
sobreviver, o que poderia acontecer era que os profissionais de saúde tomassem aquele caso
como um caso de eutanásia e não se esforçassem por tratar o doente, dando-o como “um caso
perdido”. Este processo com o tempo poderia entrar em derrapagem: de cada vez que
aparecesse alguém com uma doença mais grave os médicos já não se esforçariam tanto, pois
havia a opção da eutanásia. Por fim, passariam apenas a ser tratados os casos menos graves
e com elevadíssimas hipóteses de cura.

Conclusão: Os críticos da eutanásia referem que, por vezes, a eutanásia pode ser permissível
mas não aceitam a sua legalização pois pode levar-nos a derrapar até a eutanásia involuntária
e ao abatimento dos indesejáveis socialmente. Ou seja, admitem que se pode fazer, por vezes,
em casos específicos e com o consentimento do paciente, mas não aceitam a legalização, logo
apelam para que se infrinja a lei em determinados casos. Aliás, como referiram alguns
defensores da eutanásia, poderão existir mais abusos se não for legalizada, ou seja, mais
“derrapagens” e ilegalidades. Os defensores da eutanásia argumentam que o sofrimento muito
intenso, em casos terminais e sem esperança de cura, é imoral e que a eutanásia alivia a dor
da pessoa e mata-a sem que esta sofra. E consideram, portanto, que é moralmente certo
praticar a eutanásia. Contudo, hoje em dia com cuidados paliativos um doente pode viver até
aos últimos minutos da sua vida com poucas dores, através de analgésicos e outros
tratamentos. A eutanásia não é a única opção no que diz respeito ao combate ao sofrimento.
Por outro lado: o sofrimento não fará parte da vida?

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