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URBANIZAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU
Morfologia e Estrutura Urbana da sua Capital
Lisboa
2010
BADUCARAN DOMINGOS AUGUSTO DA SILVA
URBANIZAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU
Morfologia e Estrutura Urbana da sua Capital
Lisboa
2010
1
Baducaran Domingos Augusto da Silva
Urbanização na Guiné-Bissau: Morfologia e Estrutura Urbana da sua Capital
Bissau – “Nandó”
em cada canto
e recanto
do seu encanto
espanto
com o retrato
na melancolia
da tua modéstia
esculpiram-te de tristeza
Agradecimentos
Agradeço também a todos quantos, pelo apoio moral, material e intelectual, pelas
facilidades de acesso a serviços e outras colaborações de várias ordens, permitiram a nossa
pesquisa, de que esta dissertação é apenas uma síntese.
Resumo
Caracterizado pela sua planura territorial que, apesar da morfologia imposta pela
natureza, não condiciona significativamente a expansão da ocupação humana, a Guiné-Bissau
corresponde a um pequeno território rico em recursos hídricos e diversidades culturais. Ao
longo da sua história, marcada por disputas pelo «chão», nunca houve grandes preocupações
com o planeamento territorial e urbano.
A cidade capital, Bissau, enfrenta o fenómeno da «urbanização acelerada», comum a
tantas outras cidades da África Ocidental, de onde resultam repercursões nos actuais
problemas urbanísticos tais como, por exemplo, a falta de infraestruturas de toda a ordem, as
elevadas densidades populacionais, sobretudo nos subúrbios, e a consequente expansão de
contruções de génese expontânea e ilegal.
Após um enquadramento da Guiné-Bissau, apresentando as suas características
históricas, físicas, políticas, culturais e socioeconómicas, segue-se uma contextualização do
seu fenómeno urbano, tanto através do retrato da sua rede de aglomerados, devidamente
enquadrado na história e na geografia do País, como da identificação das várias tipologias de
povoamentos que o caracterizam.
A estrutura urbana da cidade de Bissau é descrita e analisada tendo em conta a sua
evolução espacial e morfológica, através da observação, principalmente para o período de
1979 a 2009, da distribuição da população, da habitação, das infraestruturas e dos
equipamentos.
Abstract
Characterized by its territorial plain that, despite the morphology imposed by nature, doesn’t
affects significantly the expansion of settlements, Guinea-Bissau corresponds to a small
territory rich in water resources and cultural diversities. Throughout its history, marked by
disputes over the "floor", there has never been major concerns with territorial and urban
planning.
The capital city, Bissau, is facing the phenomenon of 'rapid urbanization', common to many
other cities in West Africa, with resulting repercussions in the current urban problems such as,
for example, lack of infrastructure of all kinds, the high population densities, especially in the
suburbs, and the consequent expansion of spontaneous and illegal constructions.
After a framework for Guinea-Bissau, with its historic, physical, cultural, political and
socio-economic characteristics, a contextualization of its urban phenomenon is followed, both
through the portrayal of its agglomerations network, considering the history and geography of
the country, as the identification of various types of settlements that characterize it.
The urban structure of the city of Bissau is described and analyzed with regard to its spatial
and morphological evolution through the observation, especially for the period 1979 to 2009,
of the population, housing, infrastructure and facilities distributions.
Abreviaturas e siglas
Índice geral
Índice de quadros
Quadro 1: Divisão administrativa da Guiné-Bissau ................................................................. 32
Quadro 2: Regiões da Guiné-Bissau e respectivas superfícies ................................................. 33
Quadro 3: População residente, densidade populacional e respectiva evolução entre 1979 e
2009, por regiões ...................................................................................................................... 34
Quadro 4: Situação da Guiné-Bissau relativamente a alguns indicadores demográficos......... 35
Quadro 5: Evolução na taxa bruta de escolarização (índices da Educação) ............................. 36
Quadro 6: Evolução das principais causas de morte no País, 1977 a 2003 .............................. 38
Quadro 7: Indicadores Económicos .......................................................................................... 39
Quadro 8: Bairros de Bissau e respectivas áreas ...................................................................... 59
Quadro 9: População residente, densidade populacional e importância de Bissau no total
nacional..................................................................................................................................... 79
Quadro 10: Matriz de síntese do diagnóstico de Bissau ......................................................... 104
Quadro 11: Proposta de medidas de intervenção.................................................................... 106
Índice de figuras
Figura 1: Diferenciação regional dos níveis de precipitação média anual na Guiné-Bissau .... 21
Figura 2: Regiões da Guiné-Bissau .......................................................................................... 23
Figura 3: Distribuição territorial dos principais grupos étnicos guineenses ............................. 25
Figura 4: Guerra de libertação .................................................................................................. 28
Figura 5: Uma “sala” de aula em Canhobe, no norte do País................................................... 37
Figura 6: Porto de Bissau «Pinjiguiti»...................................................................................... 40
Figura 7: Aeroporto de Bissau .................................................................................................. 40
Figura 8: Rede viária principal da Guiné-Bissau e portos e aeródromos oficialmente
reconhecidos, 2010 ................................................................................................................... 41
Figura 9: Avenida 14 de Novembro ......................................................................................... 42
Figura 10: Exemplo de uma morança ....................................................................................... 48
Figura 11: Vista aérea de uma morança ................................................................................... 49
Figura 12: Exemplos de aglomerados rurais tradicionais (a primeira imagem é da parte norte
continental e a segunda é de uma ilha do arquipélago dos Bijagós) ........................................ 51
Figura 13: Exemplos de aglomerados pré-urbanos ou das periferias urbanas ......................... 52
Figura 14: Canchungo, na região de Cacheu ............................................................................ 53
Figura 15: Delimitação dos bairros de Bissau .......................................................................... 58
Figura 16:Vista do núcleo colonial de Bissau «anos 60» ......................................................... 60
Figura 17: Sentidos do crescimento da cidade, a partir do núcleo colonial, logo após a abertura
das muralhas da praça de São José ........................................................................................... 63
Figura 18: Forte de São José..................................................................................................... 64
Figura 19: Carta militar da Guiné Portuguesa 1/50.000, 1952 ................................................. 65
Figura 20: A cidade de Bissau e o pormenor do núcleo colonial ............................................. 65
Figura 21: Avenida Teixeira Pinto, em obras de pavimentação ............................................... 67
Figura 22: Plano de Bissau de 1948 ......................................................................................... 68
Figura 23: Evolução dos limites da cidade de Bissau. ............................................................. 69
Figura 24: Exemplo de um arruamento em «Bissau Velho» .................................................... 70
Figura 25: Ocupação urbana, (Bissau) ..................................................................................... 72
Figura 26: Evolução da malha urbana entre 1952 e 2009 ........................................................ 73
Figura 27: Evolução recente da população de Bissau e da Guiné-Bissau ................................ 77
Figura 28: Distribuição da população residente, em 1979 ....................................................... 78
Figura 29: Densidade populacional, por bairro, em 1979 ........................................................ 80
Figura 30: Distribuição da população residente, por bairro, em 1991 ..................................... 81
Figura 31: Densidade populacional, por bairro, em 1991 ........................................................ 82
Figura 32: Distribuição da população residente, por bairro, em 2009 ..................................... 83
Figura 33: Densidade populacional, por bairro, em 2009 ........................................................ 84
Figura 34: Variação da população entre 1979, 1991 e 2009 .................................................... 85
Figura 35: Variação da Densidade Populacional entre 1979 e 2009 ........................................ 86
Figura 36: Número de Alojamentos em 1991 .......................................................................... 88
Figura 37: Densidade de Alojamentos em 1991 ....................................................................... 88
Figura 38: Número médio de habitantes por alojamento em 1991 .......................................... 89
Figura 39: Número de alojamentos em 2009............................................................................ 90
Figura 40: Densidade de alojamentos em 2009 ........................................................................ 90
Figura 41: Número médio de habitantes por alojamento em 2009 .......................................... 91
Figura 42: Variação do número de alojamentos de 1991 para 2009 ........................................ 92
Introdução geral
capita de $180 (FMI, 2007), onde em 2003 o paludismo ainda conseguia matar 427 pessoas,
em que 80% da população vivia da agricultura e 63% era analfabeta.
Bissau, enquanto capital da Guiné-Bissau, uma nação jovem e pobre que se insere
perfeitamente nesse contexto de cidades não planeadas para suportar o número de população
residente que comporta, é uma cidade que nasce a partir da construção de um forte,
aproveitando a sua boa localização geográfica junto de um porto. Esta é uma característica do
colonialismo Português que, à imagem da metrópole desenvolviam uma cidade com um
traçado ortogonal, com avenidas largas e arborizadas, com os seus edifícios alinhados,
cumprindo funções administrativas, comerciais e residenciais. Mas, esta cidade também tinha
uma periferia desordenada e constituída por edifícios construídos com materiais mais
modestos, mas ajustados às condições ambientais locais (adobe feito de forma artesanal,
normalmente misturando barro e palha), em arruamentos estreitos e sem nenhuma lógica
urbanística, onde vivia a maioria dos indígenas do País.
A rede urbana do País e o caso particular do fenómeno urbano de Bissau, com todos
os seus problemas relacionados com a falta de um planeamento urbanístico eficaz, constitui-se
como a principal preocupação deste trabalho. A escolha deste tema para o nosso estudo irá
decerto contribuir para:
i) a clarificação sobre as origens e os processos que estão na base da desagregada
estrutura urbana das várias povoações do País;
ii) entender a evolução espacial de Bissau desde a sua fundação até aos dias de hoje,
ajudando assim a alertar as autoridades para a necessidade de serem concentrados esforços
para a mudança, através da definição de eficazes políticas de urbanismo, tanto a nível
nacional, como local;
iii) o enriquecimento do País em estudos sobre o planeamento do território, área de
investigação que ainda se encontra pouco explorada, tanto a nível nacional, como local.
De facto a falta de políticas de povoamento e de estruturação urbana herdada já do
período colonial, a qual está na base dos problemas urbanísticos que o País sempre enfrentou,
manifesta-se na expansão de construções espontâneas sem controlo e promotoras de uma
completa desestruturação do tecido urbano. Este fenómeno é sobretudo visível nos subúrbios
da cidade, onde a deterioração das infraestruturas existentes e a carência de equipamentos na
maioria dos assentamentos, são aspectos que, ligados a uma situação socioeconómica muito
débil e ao rápido crescimento populacional, resultam em grandes necessidades habitacionais,
tanto em termos quantitativos, como qualitativos.
1
As populações nativas da Guiné-Bissau chamam «tchon», ou «chão» em português ao território ou ao regulado
pertencente a uma etnia, o equivalente a «terra» no contexto do português. A importância do «chão» é de tal
forma proeminente para os Manjacos que estes não se designam a si mesmos pelo nome da etnia, mas sim pelo
nome do local de onde é originária a família da sua etnia (por exemplo, “ba cantchungo” significa que se trata de
um manjaco de Cantchungo).
16° 43’ de longitude Ocidental, insere-se numa área de 36.125 km2 e é constituída por um
território continental e um conjunto de 40 ilhas «arquipélago dos Bijagós».
É limitada a Sul e Oeste pelo Oceano Atlântico, esta fronteira litoral estende-se por
250 km. No plano continental, a Guiné-Bissau tem como limite Norte uma linha de fronteira
de 338 km com o Senegal e a Este e Sudoeste pela fronteira de 38 9km que tem com a Guiné
Conakry.
O ambiente natural no seu conjunto, e particularmente a geomorfologia e a
hidrografia condicionam fortemente a forma da aglomeração urbana. Por um lado, o relevo
pode dar origem a barreiras naturais que impedem o crescimento urbano em determinadas
direcções. Por outro lado, os assentamos humanos têm uma origem locativa que se associa a
alguns elementos naturais tais como os rios, vias navegáveis que favorecem a deslocação e o
transporte de pessoas e mercadorias, ou o cimo das colinas, normalmente por razões de
defesa. Ora, no caso da Guiné, a origem das primeiras povoações não se afasta destes
princípios. A Guiné-Bissau apresenta uma topografia muito plana, com variações entre a
maré-alta e a maré-baixa extremamente marcantes, na ordem de 7 metros onde as influências
das marés se fazem sentir a uma distância de 100km através da penetração por uma vasta rede
hidrográfica que penetra dendriticamente o território nacional. Estas características fazem
com que grandes áreas de terrenos sejam inundáveis2, o que logicamente condiciona o
desenvolvimento urbano, pois não se dispõe de meios técnicos nem económicos para
contornar esta limitação.
De facto, o País está inserido e integrado no ambiente característico da África
ocidental, apresentando um relevo pouco acidentado em quase toda a totalidade do seu
território. Este, de acordo com vários autores (ACIOLY, 1993; da MOTA A, 1954; MENDY
F, 2006 e Dorota Blazejewicz 1981) pode ser dividido em quatro zonas diferentes:
(i) Uma planície costeira de cerca de 180 km constituída por estuários largos e
profundos marginados por extensos terrenos pantanosos e mangais, mas também
florestas.
2
Para além dos terrenos inundáveis por águas marinhas, naturalmente sem aproveitamento agrícola devido aos
elevados graus de salinidade, mas ocupados por mangal, conjuntos de vegetação adaptada à salinidade e à
variação das marés, podem ainda identificar-se terrenos planos de herbácea com potencial agrícola cuja
designação local é a de «Lalas», quando se desenvolvem em ambiente não húmido e a de “bolanhas”, quando se
tratam de terrenos de cultivo permanentemente alagados. Dado o efeito das marés que se faz sentir até cerca de
2/3 do território guineense, estes terrenos são protegidos da água salgada através de diques construídos de forma
artesanal com recurso, principalmente, a lamas. Estes terrenos são utilizados para culturas orizícolas.
(ii) O conjunto das 40 ilhas que formam o arquipélago dos Bijagós, as quais ocupam
uma extensão territorial de 10.000 km² de superfície, em que 1.000 km²
correspondem a ilhas constituídas por rochas de origem sedimentar e 9.000 km²
correspondem a mar. Destas 40 ilhas, apenas 20 são habitáveis. No geral, têm
pouca elevação e são ocupadas por uma vegetação exuberante e praias que
apresentam um elevado potencial de aproveitamento turístico. Não foi por acaso
que, em 1996, o arquipélago foi declarado "Reserva da Biosfera" pela UNESCO,
estando também classificadas como parques nacionais as ilhas de Orango e João
Vieira/Poilão.
(iv) Uma unidade constituída por colinas e planaltos, na parte leste do País que se
elevam para os contrafortes das montanhas do Fouta Djalon 3, mas sem nunca
ultrapassarem os 300 metros de altitude.
Assim, pelo menos do ponto de vista geomorfológico, pode concluir-se que não se
observam no território da Guiné-Bissau, obstáculos significativos ao desenvolvimento urbano,
salientando-se apenas alguns problemas relacionados com o escoamento das águas
superficiais, sobretudo agravado durante a estação chuvosa. O clima da Guiné-Bissau é de
tipo Tropical Húmido, isto é, caracteriza-se por uma estação chuvosa que vai de Junho a
Outubro e uma estação seca que começa em Novembro e se prolonga até ao mês de Maio.
As temperaturas oscilam entre os 22°C e os 38°C em Abril e Maio, e entre os 22°C e
os 30°C em Agosto e Setembro. O mês mais frio é o de Dezembro, quando as temperaturas
variam entre os 16°C e, apesar de tudo, os 32°C. A parte litoral, dada a forte influência
oceânica, é mais húmida (humidade relativa compreendida entre 75% e 90%), sendo o
restante território ligeiramente mais seco (humidade relativa compreendida entre 55% e 75%).
Em síntese, pelo menos do ponto de vista da humidade e da temperatura, pode concluir-se que
o clima guineense se afasta bastante das características temperadas de que usufruiu o
continente português, pelo que é exigente em termos de adaptação das pessoas às suas
3
O Fouta Djalon corresponde à região montanhosa do Oeste da Guiné Conacri, habitada sobretudo por Fulas.
Esta forma-se numa serie de planaltos de arenito a uma altitude de 900 metros.
condições por vezes desconfortáveis, sobretudo quando aos elevados níveis de humidade se
associam temperaturas também elevadas4.
Em termos de pluviosidade, podem-se distinguir três zonas na Guiné-Bissau: (i) a
zona do Sul (Tombali, Quinara e Bolama-Bijagós) que apresenta uma média anual superior a
2.000 mm; (ii) a zona Noroeste (Bissau, Biombo, Cacheu e Oio) caracterizada por uma média
anual entre 1.400 e 1.800 mm; (iii) a zona Leste (Bafatá e Gabú) onde a precipitação anual
média é inferior a 1.400 mm. O período máximo de precipitações é atingido em Agosto,
podendo a média mensal atingir mais de 400 mm. O mínimo, próximo de 0, ocorre durante os
meses de Dezembro a Abril.
4
A este propósito, diversos autores desenvolveram índices de medição do conforto bioclimático, normalmente
baseados no trabalho de H. Terjung (geógrafo americano) o qual cruzou temperatura com humidade,
considerando que as situações extremas que poderiam apresentar algum conforto eram as de alta temperatura
com baixa humidade e baixas temperaturas com elevada humidade, situando as mais confortáveis entre cada uma
destas situações extremas.
Fonte: Elaboração própria com base em informações recolhidas em da MOTA (1954) e Dorota Blazejewicz (1981)
5
Segundo Teixeira da Mota, é possível que este termo tenha ligação com um outro termo bijagó «iramindé» que
designa certos espíritos. Irã é o deus dos indígenas da Guiné-Bissau, ao qual se fazem oferendas para se ganhar
protecção. Cada etnia tem a sua forma de fazer culto ao irã, mas o que é certo, é que partecipa em todas
manifestações da tribo, desde casamentos, fanados, saúde, justiça, etc. Orienta e pune os actos de cada um dos
seus descendentes.
A partir do século XVII, outras potências imperialistas iriam competir com Portugal,
pelo que a maior parte do comércio de produtos locais estavam nas mãos de Franceses,
Ingleses e Alemães.
Em 1792, os Ingleses ocuparam a ilha de Bolama, a qual viriam a abandonar em
1870 por decisão favorável a Portugal de uma comissão arbitral internacional, presidida pelo
antigo presidente dos Estados Unidos da América, Ulysses Grant. Em 1879 a Guiné
Portuguesa era separada de Cabo Verde para se tornar numa verdadeira colónia, com a capital
em Bolama. Foi na conferência de Berlim, em 1884, que se acorda o novo pacto colonial,
reconhecendo-se a soberania da Guiné Portuguesa.
Nesse pacto, as potências colonialistas eram obrigadas a ocuparem efectivamente os
territórios que reclamavam como sendo seus. Portugal vai-se ver assim obrigado a marcar
uma presença mais notória, penetrando no interior do território numa tentativa de impor a sua
soberania a povos com quem apenas mantinha relações comerciais. É nesta altura, com a
mudança de abordagem por parte do colonizador que passou das simples relações comerciais
para as relações de dominação baseadas na cobrança de impostos, que se irão desenvolver
resistências por parte de populações (sobretudo Papeis) de zonas em que não havia presença
portuguesa. Com pouco equipamento militar e tropas numericamente frágeis, os portugueses
enfrentam uma forte resistência. Os “gentios” – termo utilizado para designar os povos
indígenas, estes afrontavam a autoridade, o que muitas vezes obrigava o colonizador a
recrutar mercenários franceses e senegaleses ou auxiliares fulas para apoiar o exército. Essa
luta de resistência iria estender-se até ao ano de 1939 (campanha de Teixeira Pinto).
dos recursos da colónia. Para além disso é implementada uma política segregacionista,
distinguindo na sociedade os civilizados dos gentios.
Em 1945, foi criada a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), uma polícia
política para reprimir qualquer forma de oposição ou de resistência ao regime. Também nas
ex-colónias se verificou o impacto desta polícia. Por exemplo, a greve de estivadores do porto
de Bissau, de 3 de Agosto de 1959, seria severamente reprimida, vitimando várias dezenas de
Guineenses. Essa vai ser a gota de água para que se concentrassem esforços no sentido de
lutar pela libertação e contra a opressão exercida pela administração colonial.
Em 1956, começavam-se a gerar movimentos de oposição à colonização Portuguesa.
Desses movimentos destaca-se o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC). Os membros do partido começam por realizar campanhas de sensibilização
das populações das cidades e, especialmente, das classes trabalhadoras.
Adivinhava-se assim uma luta de libertação, com o apoio da população, que saudava
as propagandas do PAIGC, com a excepção da maior parte dos Fulas, os quais estavam mais
comprometidos com a causa da administração Portuguesa.
A 23 de Janeiro de 1963, o PAIGC lança a sua primeira ofensiva contra o poder
colonial. Abriu frente no Norte e no Sul, propagando posteriormente uma feroz guerra de
guerrilha por todo o território. Por seu lado, a administração Portuguesa reforçava o seu
exército em cerca de 20.000 homens, entre eles, Fulas.
Mais tarde, o PAIGC, após obter o seu reconhecimento internacional como legítimo
representante do povo guineense, adquiriu equipamento militar moderno utilizando inclusive
armas anti-aéreas, o que lhe permitiu crescer, libertando zonas sob domínio colonial.
Fonte: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com
O rompimento das relações entre os dois países é consumado, mas estas virão a ser
reatadas. Com efeito, através dos bons ofícios do presidente Samora Machel, os dois países
retomaram relações em 1982.
Em 1986, cerca de sessenta pessoas, incluindo Paulo Correia, Vice-Presidente do
Conselho de Estado, são acusados de preparar um golpe de Estado. Paulo Correia e outros
cinco réus viriam a ser executados em Julho de 1986, apesar dos apelos de piedade feitos pela
comunidade internacional.
O Estado encontrava-se numa fase muito delicada, havia uma constante
suspeita/rumores de golpe de estado, os membros do aparelho do estado eram mudados com
muita frequência e as dificuldades económicas do País eram enormes.
De 8 a 15 de Outubro de 1990, realizou-se uma conferência de dirigentes em que se
defendia uma política multipartidária na Guiné-Bissau. Mais tarde, a partir de 20 a 25 de
Janeiro de 1991, o PAIGC realizou o seu segundo congresso extraordinário, cujo principal
resultado foi a aceitação voluntária da ideia de acabar com o monopólio do partido, abrindo o
País a uma política multipartidária.
Em Maio do mesmo ano, a Assembleia Nacional Popular vota uma emenda à
Constituição que introduz a liberdade de associativismo, liberdade de formar partidos
políticos e a liberdade de expressão.
Em Julho de 1994 foram realizadas eleições democráticas, reconhecidas livres pelos
observadores internacionais. O presidente Nino Vieira foi declarado vencedor na segunda
volta com uma votação de 52,02%, considerada muito equilibrada pelo seu adversário,
Kumba Iala.
No entanto, em termos económicos, e apesar de terem sido implementados vários
planos de ajustamento, a pobreza continuava a tomar conta da população. A inflação e a
dívida externa do País continuaram a subir, enquanto a moeda local se desvalorizava.
A 2 de Maio de 1997, a Guiné-Bissau juntava-se à UEMOA, o franco CFA substituía
o Peso como moeda nacional, mas a situação económica não se apresentava melhor apesar
destas mudanças.
Na fatídica madrugada de 7 de Junho de 1998, eclodiu uma revolta liderada pelo
general Ansumane Mané. Para travar essa revolta militar o Presidente Nino Vieira solicitou
auxílio ao Senegal e à República da Guiné Conakry. A chegada de soldados guineenses e
senegaleses enfureceu o movimento. A popularidade do presidente diminuiu
vertiginosamente. Bissau era martirizado por confrontos entre as forças governamentais e a
regiões que concentravam mais habitantes, a que se seguia Bafatá e, só depois, Bissau, apesar
de neste último caso, já se registarem valores de densidade populacional acima dos 1400
habitantes por km2. Este equilíbrio relativo vem a alterar-se de forma dramática entre 1979 e
2009, sendo os traços mais marcantes da evolução populacional os seguintes:
i) Forte crescimento generalizado da população guineense, a qual mais que duplicou
nesses 30 anos;
ii) Fortíssima tendência para a concentração na Região de Bissau, a partir da década de
80, a qual passa de uma quota de 14,2% do total da população do País para 25,9%;
este último facto, tendo em conta uma dimensão territorial que apenas corresponde
a cerca de 0,2% do total da superfície nacional, traduz-se em valores de densidade
populacional que ultrapassam os 5000 habitantes por km2;
iii) Um crescimento gradual da população residente nas restantes regiões, onde as
taxas de variação de 1979 para 1991 se situaram entre os 12,5% e os 30,5%, com
excepção feita às regiões de Biombo e Bolama/Bijagós onde se observaram
variações mais modestas e,
iv) Um aumento substancial e generalizado da população entre os momentos
censitários de 1991 e 2009, em que a variação já ultrapassa os 50% na maioria das
regiões, sendo que em Bissau transpõe mesmo a fasquia dos 100%.
Quadro 3: População residente, densidade populacional e respectiva evolução entre 1979 e 2009, por regiões
Região 1979 1991 2009
Nº % hab./km2 Nº % Var.% hab./km2 Nº % Var.% hab./km2
Residentes Residentes Residentes
Bissau 109.214 14,2 1.409,2 195.389 20,0 78,9 2.521,1 401.619 25,9 105,5 5.182,2
Bafatá 116.032 15,1 19,4 145.088 14,8 25,0 24,3 225.516 14,6 55,4 37,7
Gabú 104.315 13,6 11,4 136.101 13,9 30,5 14,9 214.520 13,9 57,6 23,4
Biombo 56.463 7,4 67,3 59.827 6,1 6,0 71,3 94.869 6,1 58,6 113,1
Cacheu 130.227 17,0 25,2 146.570 15,0 12,5 28,3 199.674 12,9 36,2 38,6
Oio 135.114 17,6 25,0 155.312 15,9 14,9 28,7 226.263 14,6 45,7 41,9
Bolama/Bijagós 25.743 3,4 9,8 26.891 2,7 4,5 10,2 33.929 2,2 26,2 12,9
Quínara 35.532 4,6 11,3 42.960 4,4 20,9 13,7 65.946 4,3 53,5 21,0
Tombali 55.099 7,2 14,7 71.065 7,3 29,0 19,0 102.482 6,6 44,2 27,4
País 767.739 100,0 21,3 979.203 100,0 27,5 27,1 1.548.159 100,0 58,1 42,9
Fonte: dados dos Censos, INEC
Verifica-se portanto que a população do País tem crescido de uma forma muito
acelerada, sobretudo a partir da década de 90, mas com inícios já na década de 80, quando foi
liberalizado o comércio, factor que contribuiu para um forte aumento da mobilidade interna
em direcção à capital, onde as oportunidades de negócio eram muito mais vantajosas. Este
processo intensificou-se com a revisão, em 1993, do tratado da CEDEAO, o qual entrou em
vigor em 1995. Nesse tratado, a própria organização CEDEAO foi reestruturada no sentido de
facilitar a intensificação das trocas comerciais internas ao conjunto dos Estados da África
Ocidental que lhe estavam associados6. Com essa revisão abriram-se efectivamente as
fronteiras para a livre circulação de pessoas e bens, sendo a Guiné-Bissau um destino
atractivo para as populações de países fronteiriços, tais como o Senegal e a Guiné Conakry, já
que, dada a falta (ou a não produção) da maior parte dos bens de consumo, se abriram
oportunidades de negócio no sector do comércio. Para além disso, o grande atraso do País em
relação aos outros estados membros da comunidade no que diz respeito ao controlo efectivo
do aparelho administrativo, permitiu que muito facilmente os cidadãos estrangeiros
adquirissem a nacionalidade Guineense. Deste modo, uma boa parte do crescimento
demográfico da Guiné-Bissau, apenas pode ser explicado por saldos migratórios fortemente
positivos, já que esse crescimento não pode ser explicado pelo comportamento mais favorável
dos indicadores demográficos do País, tais como a mortalidade infantil, a natalidade ou a
esperança média de vida à nascença, cujos valores se mantêm quase sem alteração desde os
anos 90 até à actualidade. De facto, nem mesmo a suposta melhoria na aplicação das técnicas
e critérios de recenseamento da população, podem explicar o forte crescimento populacional,
6
Na origem da criação da CEDEAO estiveram os seguintes países: Benin, Burkina Fasso, Costa do Marfim,
Gambia, Gana, Guiné Conakry, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e
Togo. Mais tarde, em 1976, entrou Cabo Verde e, em 2002, saiu a Mauritânia, sendo estas as únicas mudanças
registadas em termos de membros da organização.
já que, mais uma vez, o que os indicadores demográficos mostram é um agravamento das
condições de sobrevivência e reprodução dos residentes (a taxa de mortalidade infantil
aumentou de 2000 para 2006 e, por sua vez, a natalidade diminuiu – (Cf. Quadro 4). Assim,
podemos concluir pela análise dos dados apresentados, que foram as circunstâncias
anteriormente descritas relativas à liberalização do comércio e da circulação de pessoas e
mercadorias no seio da CEDEAO, que estão na base do rápido aumento da população. De
facto, pela nossa experiência pessoal, já que não estão disponíveis dados estatísticos que
possam corroborar esta afirmação, é notória, sobretudo em Bissau, a significativa presença de
imigrantes vindos dos países vizinhos, os quais se dedicam sobretudo ao comércio.
3.1.3. Educação
Fonte: http://www.fecongd.org/ktml2/images/51/Ccx_escCanhobe_300.jpg
3.1.4. Saúde
O nível de saúde da população é um das piores de África. Em 2006 apenas 39% dos
partos foram realizados por pessoas credenciadas para o efeito, mas os altos níveis de pobreza
condicionam o Estado, naquilo que é seu dever, o de melhorar as condições do serviço de
saúde.
O acesso aos serviços de saúde é limitado, tanto pela distribuição geográfica, como
pela péssima qualidade dos serviços prestados, consequentes do mau estado infra-estrutural e
da falta de pessoal de saúde. Chega-se a morrer nos hospitais, porque não se tem dinheiro para
a medicação, ou mesmo pela falta de electricidade.
O conflito armado de 1998 veio piorar o já triste cenário que se vivia neste sector,
pois forçou a saída de muitos profissionais para o estrangeiro e, de resto, a maioria acabou por
não regressar, dado os sistemas de saúde onde acabaram por se inserir nos países de
acolhimento, bem assim como os respectivos salários auferidos, serem bastante mais
aliciantes. Por exemplo, importa referir neste ponto que, só em Portugal, existem cerca de
meio milhar de médicos guineenses, dos quais mais de 200 são médicos especializados.
Só 7 dos 11 hospitais regionais existentes no País se encontram em funcionamento.
A par da educação, o sector da saúde também sofre muito com o escasso financiamento
público. Em 2006 gastaram-se 12 dólares por habitante em despesas públicas deste sector. A
parte do Orçamento de Estado que é dispensada à saúde é ínfima, tendo-se passado de, por
exemplo, 11.8% em 2002, para 7.9% em 2006.
que o País tem; iii) a corrupção generalizada e a instabilidade política; iv) os problemas
ambientais, como a seca e a salinização dos campos de cultura de arroz; v) os problemas
crónicos da energia e dos transportes, para além do fraco capital humano, devido ao reduzido
número de quadros nacionais com formação superior, entre outros.
e Bolama). O porto de Bissau é um dos maiores do País, mas mesmo assim é pequeno e pouco
desenvolvido para acomodar navios de grande porte. (APGB, 2009)
Fonte: http://iguide.travel/photos/Bissau
A rede viária cobre uma extensão de 2.755 km, dos quais só 770 km são asfaltados
(INEC, 2005). No entanto, apenas 15% da rede viária está em boas condições, sendo
constituída, sobretudo, por estradas com uma faixa de rodagem, com uma via em cada
sentido7 (com a excepção de algumas avenidas na cidade de Bissau), fazendo ligações
inter-cidades e do País com a vizinha Guiné Conakry e Senegal.
Figura 8: Rede viária principal da Guiné-Bissau e portos e aeródromos oficialmente reconhecidos, 2010
A manutenção da rede depende de recursos muito limitados, sendo que na época das
chuvas a acessibilidade de algumas povoações é muito difícil ou mesmo impossível, visto que
as estradas ficam extremamente danificadas por força da água.
7
A única via do País que tem duas faixas de rodagem é a que faz a ligação do centro de Bissau ao aeroporto, mas
toda ela pode ser considerada como uma via urbana.
2.3. Conclusão:
aglomerados no território à Leste está directamente relacionada com a guerra entre os Fulas e
Beafadas e pelo declínio da produção do amendoim do Sul para Leste.
Só nos meados do século passado é que a administração colonial começou a dar
alguma atenção à regulamentação da ocupação urbana e ao estabelecimento de uma
organização mínima com vista ao planeamento de áreas urbanas.
Em 1960 é elaborada a primeira Lei que regulamentava as construções urbanas, Lei
essa elaborada e aprovada pela Câmara Municipal de Bissau, sendo mais tarde alargada a
outros centros urbanos do País. Um ano mais tarde os limites da cidade de Bissau eram
restabelecidos e uma nova regulamentação da ocupação do solo e de concessão de terrenos
urbanos foi aprovada pela administração colonial. Este súbito interesse por questões urbanas
coincide com o começo das actividades guerrilheiras no interior, já que o seu objectivo teria a
ver com a criação de melhores condições de vida na cidade capital, tentando assim cativar o
apoio da população autóctone. De facto, nos finais dos anos 60, o governador António
Spínola anuncia um programa de desenvolvimento urbano designado “Guiné Melhor”, esse
programa visava conceder terrenos para novos bairros, criar condições para a centralização
urbana e aumentar os níveis de investimentos nos centros urbanos em infra-estruturas
essenciais tais como arruamentos, habitação, escolas, hospitais, estradas interurbanas, etc.. O
propósito da administração Portuguesa com esta iniciativa que de resto era tardia, era a de
angariar apoios da população local, pois vivia-se, dado o início da guerra de libertação, numa
conjuntura pouco favorável. Tornava-se assim imperativo enfraquecer o movimento de
libertação que vinha a ganhar uma crescente popularidade junto da população urbana.
O programa não ia de encontro à forma tradicionalmente dispersa da ocupação do
solo por parte da população nativa, uma vez que este dava ênfase à concentração da
população. Este tipo de planeamento não era senão uma estratégia que a administração
portuguesa encontrou para tentar ter um maior controlo militar sobre a população. “Guiné
Melhor” só veio a provar o que já era evidente, Portugal nunca pretendeu um
desenvolvimento local a longo prazo. Contudo, este programa dotou a cidade de Bissau de
algumas melhorias que foram desde a pavimentação de algumas estradas e arruamentos, um
bairro novo de habitação (Bairro de Ajuda), abastecimento de água, jardins e mobiliários
urbanos.
A estrutura espacial das maiores cidades da rede urbana Guineense evidencia a
herança colonial, naquilo que toca aos objectivos de defesa face aos movimentos
nacionalistas. Para além de Bissau, cidades como Bafatá e Gabú são exemplos dessa
Fonte: Google
Fonte: Google
terrenos de cultivo estão mais ou menos à volta deste conjunto de pequenos núcleos. Estes
povoamentos, também designados localmente por «tabancas», estão dispersos por todo o
território da Guiné-Bissau, sendo que a unidade de povoamento é a morança, estes
localizam-se normalmente próximos das bolanhas. O tipo de povoamento está directamente
relacionado com o tamanho das bolanhas, da sua localização e da existência de palmeiras, que
fornecem vinho e óleo de palma.
Nas ilhas Bijagós encontramos, também dentro deste tipo de povoamento rural
tradicional, aglomerados que apresentam uma forma muito diferente daquela que predomina
na parte continental. Neste caso, tratam-se de povoamentos concentrados, o que se deve
essencialmente, por um lado, às características guerrilheiras do povo que, por motivos de
defesa e segurança, se juntavam para poderem reagir com maior eficácia a possíveis invasões
e, por outro, à pouca importância que davam à actividade agrícola, já que a alternativa da
pesca lhes era mais favorável. Os povos Bijagós são, assim, o maior exemplo deste tipo de
assentamento, onde a agricultura tem pouca importância, sendo a pesca a sua principal
actividade. A morfologia espacial destes assentamentos não parece cumprir qualquer tipo de
regra organizacional, apresentando uma área construída de grande densidade, circundada de
pequenas parcelas agrícolas.
Figura 12: Exemplos de aglomerados rurais tradicionais (a primeira imagem é da parte norte continental e a
segunda é de uma ilha do arquipélago dos Bijagós)
3.3. Conclusão
Para além destes bairros de urbanização espontânea, com estrutura orgânica que
forma uma mancha considerável da cidade, Bissau caracteriza-se também por ter um centro
administrativo de herança colonial que, aliás, acaba por ser a parte mais importante da cidade,
pois é aí onde se concentram praticamente todas as infraestruturas e equipamentos de que esta
dispõe.
10
Termo utilizado pelo autor C. Acioly para caracterizar a forma de ocupação dos bairros periféricos de Bissau.
Desprovida de qualquer tipo de planeamento.
ao longo da sua evolução, conjugar diversas tipologias de ocupação. É nesta perspectiva que
no próximo capítulo iremos tentar compreender Bissau, uma cidade com características
cosmopolitas resultante de grandes movimentos migratórios que sempre observou, mas com
maior intensidade no período da guerra de libertação.
4. Introdução
Fonte: elaboração própria, com base numa carta mimeografada cedida pela C. M. De Bissau
Pelo quadro e figura anteriores, pode verificar-se que os bairros mais extensos se
localizam em áreas mais afastadas do cento, sobretudo ao longo da principal artéria da cidade
(avenida Amílcar Cabral), Bairro Militar e Enterramento são dois exemplos que retratam bem
esta realidade. Estes bairros, ao contrário dos pequenos subúrbios mais próximos do centro,
são na sua grande maioria de consolidação recente.
5. As origens da Cidade
À semelhança das demais capitais do antigo ultramar português, tais como Luanda e
Maputo, por exemplo, Bissau não é senão uma cópia fiel, numa dimensão mais reduzida e no
que respeita à estrutura da malha urbana, da cidade de Lisboa.
A cidade de Bissau apresenta actualmente os problemas que muitas outras cidades de
qualquer parte do Mundo apresentam, com a agravante de, neste caso, se tratar de uma
aglomeração urbana recente e de consolidação orgânica, sem qualquer planeamento, no
contexto de um país pobre, tanto do ponto de vista dos seus recursos, como da sua capacidade
para ultrapassar as contrariedades político-militares.
Fonte: http://almaviva.blogspot.com
11
O conceito de sítio relaciona-se com o conceito de posição: sítio são as características do local onde se
implanta a cidade; posição é a sua localização em relação a outros pontos de referência (AMARAL, 1968).
12
O conceito de «hinterland», muitas vezes usado como sinónimo de “área de influência”, em geral, corresponde
de facto apenas a situações portuárias, isto é, a “área de influência de um porto” (PAIVA, 2006:38).
estar directamente ligados ao lento crescimento da malha urbana da cidade, pelo menos até
1914, ano em que a praça de São José é aberta ao exterior, com o derrube da sua muralha.
Figura 17: Sentidos do crescimento da cidade, a partir do núcleo colonial, logo após a abertura das muralhas da
praça de São José
O lento crescimento da Cidade também pode ser explicado pelo facto de, já em 1879,
Bissau ter perdido o estatuto de capital para Bolama, vendo assim reduzida sua importância e
passando a enfrentar, então, um período de declínio no que respeita ao processo do seu
crescimento. Este estatuto só viria a ser reassumido em 1940, passando Bissau a ser um centro
urbano estratégico na óptica da administração colonial.
A abertura do forte de São José deu, sobretudo a partir dos anos 20 e principalmente
no final desta década e durante a de 30, naturalmente lugar a uma expansão da malha urbana
para fora do perímetro da muralha, tendo sido alargadas as ruas, construída a catedral
(iniciada em 1935), o cemitério, o mercado municipal (1925), bem assim como uma pequena
rede de iluminação pública.
Fonte: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com
Fonte: http://almaviva.blogspot.com
Em 1944 é elaborada uma Lei que veio estabelecer o perímetro da cidade de Bissau,
o «Foral de 1944», totalizando uma área de 1.094 ha. Seis anos depois, Bissau já continha
uma população equivalente a 20.000 habitantes (ACIOLY, 1993).
Em 1945 eram feitos uma série de estudos pela administração colonial, responsáveis
pela actual morfologia do núcleo colonial. A zona urbana era bastante controlada para dar
uma nova imagem à cidade, pelo que eram por exemplo cobrados impostos casas com
cobertura de palhas. Era então constituída uma brigada de construção, a AGETIP (Agencia de
Execução de Trabalhos de Interesse Público). Seriam construídos diversos edifícios públicos
na década de 40.
Em 1946, aquando da celebração dos 500 anos da chegada dos Portugueses à Guiné-
Bissau, desenvolveram-se algumas acções no sentido de modernizar a cidade. O porto de
Pinjiguiti foi readaptado para poder albergar embarcações de maior porte e as diferentes
artérias pavimentadas e ornamentados os seus passeios.
Estas acções também têm a sua estratégia de segregação espacial, senão vejamos. O
núcleo colonial, ou seja, a zona onde residem os Portugueses e uma parte de Cabo-verdianos
assimilados, é claramente distinguível da parte africana da cidade.
A primeira encerra em si mesma, com sistemas de segurança pública que se traduziu
na instituição em Agosto de 1946 de uma esquadra de polícia dentro da área, onde
encontramos uma série de equipamentos públicos, rede de drenagens nos arruamentos
renovados. Ao passo que na outra parte da cidade abre-se para o exterior, sem qualquer
orientação e planeamento, totalmente desprovida de infraetruturas, onde encontramos um
sério problema de degradação ambiental e com altas densidades, que resultam do facto dessas
populações terem grandes dificuldades económicas, que por sua vez vai estar directamente
ligada à grande carência de habitação que ai se verifica.
Em 1946 foi construído, na periferia da cidade, em Bissalanca, um aeroporto com
uma pista de 2000 m de comprimento e 100 m de largura. Em Santa Luziam foram destruídas
casas velhas, que deram lugar a pequenas construções de dois quartos para alojar os
«semi-assimilados», os quais eram uma nova camada social. Também foram realizadas
algumas operações de saneamento básico no bairro Chão de Papel.
No ano seguinte foram construídos a mãe de água (a qual abastecia a zona nobre da
cidade, no Alto Crim), o estádio Lino Correia, o Hospital central Simão Mendes e a escola
primária.
Fonte: http://almaviva.blogspot.com
13
A cidade de Bissau tem sofrido várias alterações, naquilo que respeita a sua dimensão espacial, ou seja, na
altura deste PGU, como também é denominado por alguns, o perímetro de Bissau compreendia a área que
designamos por “Centro”. «Bissau Novo», como o próprio nome indica, insere-se no novo limite da cidade, que
começava na “chapa de Bissau”, lugar que ganhou esse nome devido a existência aí de uma placa de sinalização
em metal que indicava a entrada na Cidade.
Os subúrbios da cidade não têm qualquer vestígio de planeamento, sendo que estes
bairros espontâneos cresceram sem infraestruturas tão básicas como a rede de abastecimento
de água. A população recolhe a água dos poços, que por vez podem ser contaminados por
fossas sépticas, uma vez que não existem nestes bairros redes de drenagem, verificando-se
também o problema da recolha de lixo, fonte de poluição e propagação de doenças, localizada
muito perto de casas de habitação. As densidades, ao contrário do núcleo colonial,
permanecem aqui muito altas, chegando mesmo ultrapassar a barreira dos 45.000 habitantes
por km2.
Este Plano não prevê a transformação de solos utilizados para a produção agrícola,
sem prejuízo das zonas de bolanha poderem no futuro ser transformadas em áreas para
construção de parques e zonas de lazer urbano.
No que respeita à indústria, esta não ocupa um lugar menos importante neste Plano,
pois são asseguradas as condições para uma eventual expansão do parque industrial. O Plano
prevê, ainda, a criação de uma zona industrial perto do porto, entre outras mais para a
periferia. Relativamente ao comércio, planeia-se nesta revisão de 2009 do PGU a construção
de uma zona própria para o desenvolvimento desta actividade nas áreas suburbanas.
As preocupações com o sector do turismo estão expressas neste Plano por meio da
intenção de reservar espaços para a construção de hotéis, parques de campismo e parques
turísticos, bem como a regulamentação do processo de concessão de terras nos Ilhéus do Rei e
dos Pássaros. Adverte-se aqui também para a valorização da zona histórica da cidade, «Bissau
Velho», como pólo de atracção turística, quanto mais não seja, pela sua arquitectura
Renascentista.
O desporto e a cultura também são contemplados neste Plano, pois a eles se reservam
mais espaços para a sua propagação dada a sua importância na afirmação da sociedade, e
tendo em conta as densidades dos lugares.
No que se refere à administração pública, é de referir que está prevista a criação de
centros administrativos em Mindara e Bra (onde já se está a verificar a construção de novos
edifícios para embaxadas). No fundo a intenção aqui é concentrar mais os serviços da
administração, tais como ministérios e outros organismos públicos.
Os transportes também merecem aqui um lugar de destaque, na medida em que, com
este Plano, se pretende disciplinar a circulação rodoviária. Entre outros objectivos,
pretende-se facilitar o acesso dos veículos pesados de mercadoria às zonas de armazenagem,
porto e aeroporto, através da via de circunvalação «Volta de Bissau» e a implantação de uma
rede de escoamento ao longo de todas as estradas, permitindo assim a drenagem necessária
para a sua conservação.
Este plano também prevê a implantação de sistemas separativos de redes de esgotos
domésticos e pluviais ao longo das vias e, nos pontos mais baixos, dos respectivos colectores.
No que respeita ao abastecimento de água, está prevista a construção de nove estações de
bombagem e duas estações de purificação de água, uma a norte e outra a sul da cidade.
Fonte: Elaboração própria com base na carta militar de 1952, imagens corona 1967, imagens landsat 1986 e fotografia aérea de 2009
Pela figura anterior, é possível constatar que, em 1952, a área urbana de Bissau era
formada pelo núcleo colonial «Centro», Cupelum e Reino, sendo que ainda existiam as
infraestruturas militares e aeroportuárias, localizadas a Este. Não obstante a existência de
alguns assentamentos indígenas, de carácter rural e muito dispersos, a ocupação urbana
desenvolvia-se numa área de cerca de 300 ha.
O ambiente era caracterizado por grandes áreas de cultura variada, com predomínio
das bolanhas de arroz, as quais se estendiam ao longo dos grandes acessos da cidade e nas
zonas mais próximas do litoral, ou por onde correm os diversos cursos de água e, por sua vez,
eram cercadas de mangais. O resto do território da cidade era constituído na sua quase
totalidade por florestas, ou seja, por vegetação natural.
Segundo as imagens de satélite de 1967, verificamos que a expansão da cidade se
processa ao longo de dois grandes eixos: i) a Avenida Pansão Naisna onde se implantava, por
exemplo, o bairro de Santa Luzia e Pluba, criando uma cintura contínua à volta da parte mais
antiga da cidade; e ii) a Avenida 14 de Novembro, onde se consolidava a morfologia urbana
através do aparecimento de novas áreas como Mindará e Bairro de Ajuda I, numa altura em
que também o aeroporto sofria obras de alargamento, desta feita, formando um habitat urbano
de cerca de 819 ha. As áreas cultivadas ganham terreno, em detrimento de áreas de florestas e,
por sua vez, os mangais também se apoderam dos espaços anteriormente ocupados por
bolanhas.
Nos anos 80, época em que o País já era independente, a expansão urbana vais ser
bastante mais acelerada, uma vez que os mecanismos de fiscalização urbana e as necessidades
de habitação eram enormes, disparando portanto o número de construções informais. A
morfologia da cidade vai-se consolidar ainda mais, contudo não fugindo da tendência, no que
respeita ao seu sentido de crescimento que já se vinha a verificar. A distribuição espacial do
edificado urbano é, nesta fase, na sua maioria de índole informal, ou seja, subúrbios de
urbanização ilegal, sem qualquer tipo de planeamento. Pela observação da imagem de satélite
de 1986 vislumbramos que existe uma continuidade na estrutura espacial da malha da cidade
ao longo dos dois eixos de crescimento anteriormente mencionados, com ligação desde o
porto «Pinjiguiti» até à zona do aeroporto «Bissalanca», e estendendo-se para Norte sobre o
segundo eixo, perfazendo um total de mais de 1.550 ha.
Já em 2009, por via da visualização da imagem de satélite do Google Earth,
conseguimos notar que durante este período de 23 anos, a conversão de solos destinados
outrora à agricultura para solos urbanos é bastante perceptível. A ocupação dos terrenos para
fins ligados ao crescimento urbano e a ausência de planeamento é, nesta altura, uma certeza,
já que se traduz numa desorganização construtiva e na ausência de infra-estruturas nos novos
bairros que iam surgindo. O tecido urbano teve um crescimento na ordem dos 150 por cento,
expandindo-se para Nordeste e para Sudeste, numa superfície total de 7.100 ha.
Bissau é, assim, ainda hoje, uma cidade caracterizada por um habitat de morfologias
perfeitamente distinguíveis: i) a primeira, correspondente a uma cidade planeada com um
traçado ortogonal, com avenidas largas e arborizadas, com os seus edifícios alinhados,
cumprindo funções administrativas, comerciais e residenciais mas, ii) com uma periferia
desordenada com edifícios construídos com materiais mais modestos, em arruamentos
estreitos e sem nenhuma lógica urbanística e sem qualquer espécie de infraestruturas, onde se
encontravam os nacionais autóctones.
14
Estes centros urbanos são geralmente designados de «centro colonial». Estes encontram-se geralmente
planeados, apetrechado de infra-estruturas básicas e serviços.
1600000
1200000
Nº de habitantes
Região de Bissau
800000
Guiné-Bissau
400000
0
1950 1979 1991 2009
Ano dos Censos
Fonte: INEC, Soronda nº12, 1991 e dados dos Censos de 1979, 1991 e de 2009
Segundo os dados apresentados nos censos 2009, Bissau dispõe hoje de 401.619
habitantes, o que representa mais de 25% da população total do País.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Censo de 1979, 1991 e 2009
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Censo de 1979, 1991e 2009
evidente que o tecido urbano tem crescido de uma forma expressiva no intervalo destes dois
períodos. Foi-nos de todo impossível apurar junto das autoridades oficiais, quais as razões
para o número de alojamentos diminuir em muitas localidades, sendo que pela visualização da
fotografia aérea constatamos que o edificado aumentou bastante. De qualquer modo, podemos
colocar a hipótese de que tenha havido uma mudança de critérios relativamente à definição
prática de alojamento, o que pode ter condicionado o seu levantamento no terreno.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Censo de 1991 e 2009
De facto, pensamos que este facto poderá estar relacionado com uma divergência nos
critérios utilizados na contagem nestes dois recenseamentos, ou porque se está a passar por
um processo de mudança de uso, já que pela análise do mapa “Variação do Número de
Alojamentos de 1991 para 2009” verificamos logo que todos os bairros próximos do Centro,
inclusive este, apresentam todos uma variação negativa. Sabe-se, porém, que esta variação
negativa é entendível, uma vez que aí estão concentrados os edifícios administrativos e, por
outro lado, os serviços e o comércio conquistam o lugar anteriormente ocupado pela função
habitacional, num parque edificado na sua grande maioria já bastante degradado. Segundo os
dados do INEC, Enterramento/Bra e Empantcha são os bairros que registaram uma maior
variação positiva, tendo como exemplo oposto o bairro Calequir/Rossio entre outros.
Mercado de Bandim
15
De facto, um guinense emigrado que queira enviar ou receber encomendas de/para a Guiné-Bissau, apenas
pode contar com a eficiência dos serviços pretados pelos comerciantes emigrados instalados nos países de
destino, os quais dispõem de uma rede privada de abastecimento que acaba também por apoiar a restante
comunidade.
Fonte: kurtviagens.blogspot.com
De entre esses mercados, não podemos deixar de fazer uma referência ao mercado de
Bandim, pois este constitui a maior “praça financeira do País”. Um mercado de carácter
muitíssimo desorganizado, mas onde é acolhida mais de uma dezena de actividades
comerciais e industriais de carácter artesanal, que vão desde a venda de produtos agrícolas,
dos frescos ou têxteis, passando por cosméticos, restauração, farmácias, oficinas mecânicas,
armazéns grossistas, etc.. Este mercado insere-se no perímetro do bairro de Mindará e tem um
volume de negócio diário na ordem de um milhão de dólares (INEP, 2001).
Fonte: kurtviagens.blogspot.com
Faculdade de Arquitectura, Urbanismo, Geografia e Artes da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 100
Baducaran Domingos Augusto da Silva
Urbanização na Guiné-Bissau: Morfologia e Estrutura Urbana da sua Capital
Figura 48: Rede viária principal e sistema de transportes públicos em Bissau (2009)
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da revisão do PGU de Bissau (MOPCU, 2009)
Faculdade de Arquitectura, Urbanismo, Geografia e Artes da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 101
Baducaran Domingos Augusto da Silva
Urbanização na Guiné-Bissau: Morfologia e Estrutura Urbana da sua Capital
Conclusão
Tema de
Pontos fortes Pontos fracos Oportunidades Ameaças
análise
Pela análise da
disponibilidade de
equipamentos pode
Disponibilidade
concluir-se que não
de mão-de-obra
População existem boas
Grandes taxas de pobreza para alimentar
muito jovem / condições para dar
e pobreza extrema; o processo de
População elevadas taxas resposta aos
grandes densidades; taxa crescimento
de actividade problemas gerados
de analfabetismo de 63%. económico;
da população. pelo desemprego e
Diversidade
o consequente
cultural.
aumento de
criminalidade
juvenil.
Solos argilosos,
portanto não muito
bons para a
Solos Degradação do parque
construção, por
argilosos, onde edificado e sobrelotação
razões ligadas à
abundam o nas habitações;
Construção sustentabilidade da
princial Insalubridade e altas taxas estrutura.
sem grandes
Alojamento material de ocupação; 85% do
custos de Especulação nos
utilizado na parque habitacional sem
terraplanágens preços de materiais
canstrução de electricidade e sem
de construção mais
habitações abastecimento de água.
modernos.
tradicionais.
Propagação de
doenças
transmissíveis.
Inexistência de uma rede
de infraestruturas
vocacionadas para Possibilidade
actividades ligadas ao de aposta em
sector terciário; infraestruturas
Existência de Concentração espacial das ligadas a
Serviços de Saúde
Infraestruturas inúmeras linhas existentes no Centro, valorização e
pouco acessíveis.
de água. sendo que estas não têm aproveitamento
sofrido a devida de energias de
manutenção; origem naturais
Quase inexistência de e renováveis.
energia eléctrica e água
potável.
Tema de
Pontos fortes Pontos fracos Oportunidades Ameaças
análise
Elevada carência de
equipamentos sociais nos Degradação da
subúrbios; vida social,
Equipamentos
Degradação e deficiente principalmentes
distribuição dos dos jovens.
existentes.
Localização
costeira que
poderia ser
aproveitada
para a
Economia baseada num
conquista de
sector terciário muito Endividamento do
País uma posição
desqualificado; País; perda do
essencialmente privilegiada na
Fraca industrialização; poder negocial;
Economia agrícola; subregião
forte dependência do Aumento da
País rico em (aumento do
exterior e prevalência da pobreza das
minerais. hinterland dos
informalidade nas relações populações.
portos);
económicas.
Possibilidade
de apostar
numa
agricultura
excedentária.
Deterioração ambiental
Degradação
Clima dado o deficiente sistema
ambiental
agradável e de recolha de resíduos
provocada pelo
Ambiente rico, com uma sólidos urbanos e a quase Turismo rural.
atracamento de
fauna e flora inexistência de sistema de
barcos estrangeiros
muito ricas. drenagem de águas
em fim de vida.
residuais.
Ausência total de
urbanismo nos subúrbios; Possibilidade
Desarticulação do tecido de planear sem
Urbanismo e Um território
construído, com excepção muitas Segregação social e
Gestão pouco
dos bairros mais nobres da restrições, dada criação de guetos.
Urbana acidentado.
Cidade; a planura do
Carência de equipamentos território.
de todo o tipo.
Poucos investimentos nos
Ausência de sectores de educação e Possibilidade
guerras étnicas saúde; de utilização de
e religiosas,
Constantes instabilidades; recursos do Baixas taxas de
como é
Má gestão no País, como alfabetização;
Política habitual
aproveitamento dos moeda de troca Degradação da
acontecer em
recursos naturais; para saúde pública.
nações frágeis
na África Falta de legislação eficaz valorização do
no domínio do uso do capital humano.
subsariana.
solo.
Bibliografia
Oliveira, J. A., Roca, Z, Leitão, N. (2010). Territorial identity and development: from
topophilia to terraphilia, Land Use Policy, Volume 27, Issue 3, pp. 801-814.
MOP-DU (1993) Plano Geral Urbanístico de Bissau, Ministério das Obras Públicas,
Direcção de Urbanismo, Bissau, acessível na Câmara Municipal de Bissau.
MOP-DU (2009) Plano Geral Urbanístico de Bissau, Ministério das Obras Públicas,
Direcção de Urbanismo, Bissau, acessível na Câmara Municipal de Bissau
Aguiar, R., Monteiro, H., Duarte, A. (coord.) (2001). Bandim: subsídio para uma
política de apoio ao pequeno negócio. Bissau, INEP, 136 p.
Relatórios:
Internet:
http://www.ipad.mne.gov.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=53&Itemid=8
4. (acedido em 05-02-2010).
http://www.fecongd.org/ktml2/images/51/Ccx_escCanhobe_300.jpg. (acedido em
21-08-2010).