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Saúde do trabalhador: nova s - velhas questões

Workers’ health: new-old questions

Ca rlos Mi n ayo Gomez 1


Fra n c i s co An tonio de Castro Lacaz 2

Ab s tract This theoretical paper for deba te pre- Re su m o Como arti go pa ra debate, este texto
sents three crucial questions about the workers’ apre senta três questões co n s i d eradas cruciais pe-
health subject: (a) the absence of a National Poli- los auto res: (a) ausência de uma efetiva Política
cy that gives a co n ceptual fundamen t , guides fo r Na cional de Saúde do Trabalhador que coloque
implementation, stra tegies and plans for action um marco co n ceitual cl a ro, apresente diretrizes
and eva l u a tion of its effectivity; (b) fragmen t a- de impl ementação e proponha estra t é gias e pl a-
tion and dispersion of the sci en tific produ ction of nos de ação e de avaliação pa ra efetivá-la; (b)
the are a , defaulting the important co n tribution f ra gm entação e dispersão da produção ci entífica
that the academic sector could offer for funda- da áre a , prejudicando a impo rt a n te colaboração
ment the action of health policy makers, social que a Academia poderia oferecer para fundamen-
movements, ex e c u tives and professionals of the tar as necessidades dos agentes políticos, movi-
area; (c) weakness and low capacity of social men tos sociais, ge s to res e profissionais de saúde;
m ovem ents and wo rkers repre sen t a tive grou p s , in (c) en f ra q u e ci m en to e pouca capa cidade de pre s-
the actual crises resulted of the productive restruc- são dos movimentos sociais e dos tra balhadores,
turing, to fo rmulate qualified demands for re- eviden ciando a falta de qualificação das dem a n-
spond with adequate instruments the co n tem po- das, d i a n te dos desafios do momen to pre sente do
rary probl ems of the wo rkers situ a tion in Bra z i l . mundo do trabalho no Brasil. O método deste
The met h od used to construct this article was a tra balho consistiu na revisão cr í tica de documen-
cri tical revision of the official documents and of tos e pu blicações da área a fim de fundamentar o
1 Cen tro de Estu dos
the scientific produ ction of the area named in tom do deba te e as questões leva n t a d a s . As ba se s
da Sa ú de do Tra b a l h ador B razil as “ wo rkers’ health movement”. They teóricas de toda a argumentação são os textos que
e Eco l ogia Humana, fou n d ed the analyses and the em ergent questi o n s . tratam da re e s truturação produ tiva no Bra s i l , so-
E s cola Nac i onal de Sa ú de The theoretical basis comes from the litera ture b retudo os que analisam os efei tos nef a s tos desse
Pública, Fiocruz.
Rua Leopo l do Bulhões 1480, about produ ctive re s tructu ring in Bra z i l , mainly pro ce s so e, também, os fundamen tos do chamado
Ma n g u i n h o s , 21041-230, that who treats about its worse effects in the “campo de saúde do trabalhador”.
Rio de Ja n ei ro RJ. health of wo rking class popu l a tion; and classic Pa l avra s - ch ave Política de saúde do tra ba l h a-
m i n ayogo @ ensp. f i oc ru z . br
2 Un ivers i d ade Federal texts that articulate the wo rkers´ health knowl- dor, Saúde e trabalho, Reestruturação produtiva e
de São Pa u l o, E s co l a edge field. saúde
Paulista de Medicina, Key word s Workers’ health policy, Health and
s etor de Planeja m en to
em Sa ú de , Dep a rt a m en to work, Productive restructuring and health
de Medicina Preven tiva.
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In trodução pública. A esse doc u m en to se ac re s centa a con-


vocação da III CNST, feita também em con jun-
Pa s s a ram-se quase 20 anos da realização da 1a to por esses ministéri o s .
Con ferência Nac i onal de Saúde dos Trabalha- Tais iniciativas atuais, em tese, são um pas-
dores (I CNST), e até hoje não se conseguiu so importante, principalmen te porque o doc u-
implantar uma Política Nac i onal de Saúde do men to de Política de Estado já apre s enta pro-
Trabalhador (ST) no país. Da mesma forma postas integradas dos três ministérios (Saúde,
que em outros campos, essa dificuldade de im- Trabalho e Previdência), o que vinha sen do rei-
p l em entação é re su l t a n tede mu i tos fatore s : de- vindicado por todos os que atuam no campo e
ficiências históricas na efetivação das políticas convivem, por anos a fio, com atuações frag-
públicas e sociais no país; baixa cobertura do mentadas, su perpostas e com con f l i tos de com-
sistema de pro teção social; fragmentação do petências. No entanto, temos pela fren te , se for
sistema de seguridade social concebido na Con s- coloc ado em pr á tica o doc u m en to propo s to e a
ti tuição de 1988 para funcionar integrad a m en- s er con duzido pelo Gru po Executivo In termi-
te; situação agravada, nos últimos anos, pela n i s terial de Saúde do Trabalhador (GEISAT),
inexor á vel reestruturação produtiva que vem pelo menos dois grandes desafios: 1) estabele-
tra n s form a n do prof u n d a m en te a con f i g u ração cer um diálogo com vistas a obter con s enso so-
do mu n do do trabalho e o modelo de atenção bre con cepções diferen tes e freqüen temen te
com o qual se habi tu a ram a atuar os que mili- conflitantes en tre os ministérios parcei ro s ; 2)
tam no setor. As indiscut í veis mudanças ocor- com p a tibilizar suas agendas re a i s , gera l m en te
ridas nos processos produtivos e nas relações rech e adas por priori d ades espec í fi c a s , uma ve z
sociais de produção nos últimos 20 anos (coi n- que esses setores não têm tradição de programar
c i d i n docom o tem po históri co da oficialização e efetuar ações articuladas de prom o ç ã o, prote-
das primeiras propostas de política de saúde ção e re a bilitação da saúde dos trabalhadore s .
dos tra b a l h adores) e qu e , no mu n do ociden t a l , Q u a n do falamos da ausência de uma Polí-
vinham acontecendo desde a década de 1970 tica Nacional, referimo-nos à inexistência de
constituem uma verdadeira crise sistêmica a ti n- um qu ad ro referencial de princípios norte ado-
gindo trabalhadores, s eus órgãos de repre s en- res, de diretrizes, de estra t é gias, de metas prec i-
tação, as po l í ticas públicas trabalhistas, as pro- sas e de um corpo prof i s s i onal técnico - po l í tico
postas formuladas pela ST e sua produção cien- prep a rado, i n tegrado e estável , capaz de ga ra n-
tífica. Apesar dessas constatações, do pon to de tir a efetividade de ações para promover a saú-
vista institucional, não se pode eximir o Mi n i s- de dos tra b a l h adores, prevenir os agravos e a ten-
tério da Saúde (MS) qu e , ao lon go dos su ce s s i- der aos probl emas ex i s ten te s . Mais ainda, refe-
vos governos, foi rel ega n do a con s trução de um rimo-nos a profissionais capazes de, em co l a-
corpo técnico capaz de formular e apoiar a efe- boração com todas as instâncias que atuam no
tivação de ações progra m á ticas para consolidar s etor, acompanhar as acel eradas mudanças no
o campo da ST, além de não ter estabel ec i do ar- qu ad ro dos processos produtivo s , atu a l i z a n do
ticulação efetiva e nece s s á ria com o Mi n i s t é ri o permanentem en te as propostas de ação. O papel
do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério desse qu ad ro técnico - po l í ti co é mu i to rel evan-
da Previdência Social (MPS). te na atual con ju n tura de evi den te crise de re-
Ao constatar a ausência de uma efetiva Po- presentatividade e de débil poder de pressão d a s
lítica Nac i on a l , não podemos de s con h ecer qu e instâncias de con trole soc i a l , como é o caso da
houve algumas tentativas ministeriais de for- Comissão In ters etorial de Sa ú de do Tra b a l h ador
mulação de propo s t a s . A pen ú l tima foi em 1999, ( C I S T) e dos movimentos dos tra b a l h adores.
qu a n do o MS fez uma convocação ampliad a Nesse leva n t a m en to de probl em a s , é preci-
dos prof i s s i onais da área nos três níveis de ge s- so ressaltar que con tinua também penden te a
tão, de pe s qu i s adores e de parcei ros do setor de con s trução de um diagnóstico de base sobre a
trabalho e previdência e repre s en t a n tes dos tra- s i tuação de saúde dos tra b a l h adores bra s i l ei ro s
balhadore s , realizando ampla discussão para que possa fundamentar planos de ação vi á veis
elaboração de um doc u m en to básico. Atual- e de acordo com o qu ad ro real de nece s s i d ades.
mente, em 2004, novo tex to vem sendo apre- Certamente, dada à complexidade da atual con-
s en t ado com o su ge s tivo título de Pol ítica Na- juntura de situação dos trabalhadore s , qu a l-
cional de Segurança e Saúde do Trabalhador qu er análise dos agravos à sua saúde será par-
(PNSST), ten do sido red i gi do em con ju n to pe- cial e incom p l et a . No entanto, c a rece de sen ti-
lo MS, MTE e MPS, divulgado para consulta do conti nuar justi f i c a n do a omissão de juntar
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rec u rsos nessa direção com uma série de rac i o- po tente, pois permite identificar as transfor-
cínios circulares e paralisantes, o que vem ocor- mações necessárias a serem introduzidas nos
ren do qu er em nossas publicações ac ad ê m i c a s , locais e ambi en tes para a melhoria das con d i-
qu er em doc u m en tos of i c i a i s . Por exemplo, re- ções de trabalho e saúde. No en t a n to, o seu uso
corremos aos dados da Previdência para com- sem pre requ er um tratamen to interdisciplinar
p l em entar os do setor Sa ú de , mesmo recon h e- que dê conta de con textualizar e interpretar a
cen do seu caráter re s tri tivo e ad m i ti n do ainda interseção entre as relações sociais e técnicas
que quase nunca serão con s i derados na def i n i- que ocorrem na produ ç ã o, assim com o, de con-
ção das ações de vigilância. Tanto ge s tores qu a n- s i derar a su bj etivi d ade dos vários atores soc i a i s
to investigadores, queixamo-nos da ausência nelas envolvidos. Ademais, realizar investiga-
de dados sistematizados sobre o universo da ções sob essa ótica significa ultrapassar con cep-
força de trabalho bra s i l ei ra , como se essa re a l i- ções e práticas hegemônicas da Medicina do
d ade pudesse ser mod i f i c ada sem o nosso con- Trabalho e da Saúde Ocupacional (Lacaz, 1996)
curs o. Todos sabemos que a integração de in- que, numa perspectiva positivista, formulam
formações só pode ocorrer qu a n do há ações ar- articulações simplificadas en tre causa e efei to.
ticuladas e planejadas em con ju n to. As várias dimensões do processo de trabalho,
Ca be per g u n t a r-nos pelas possíveis razões tomadas como campo nucleador de reflex ã o,
que explicam a ausência de instrumen tos apro- pre s su p õ em a con s tituição de equ i pes de pes-
priados e efetivos do Sistema Único de Sa ú de quisadores de diversas áreas de conhecimen to
(SUS) para pautar e subsidiar uma po l í tica efe- atu a n do de forma interdisciplinar, o que rara-
tiva de ST. A nós, produtores de con h ecimen to, men te vem ocorren do. Portanto, a primeira
com certeza cabe gra n de cota de re s pon s a bi- questão que levantamos para debate sobre as
l idade. Ne s te tex to, apontamos uma série de limitações da produção científica diz re s pei to
questões qu e , a nosso ver, convém ter pre s en te s ao de s compasso en tre o inqu e s ti on á vel ava n ç o
neste novo momen to de inflexão que é a III do ponto de vista teórico para apreender a
CNST. Fa remos um breve balanço sobre a pro- complexidade das questões relativas à saúde
dução científica e uma rápida análise das inter- dos tra b a l h adores e o nível dos re su l t ados em-
venções que ocorrem nos serviços de saúde e píri cos alcançados nos estu dos.
da atuação das or ganizações dos tra b a l h adore s . Um seg u n dopon to import a n te a ser re s s a l-
Por se tratar de um artigo para debate, damos tado para ref l exão é o fato de que o con cei to de
ênfase a posições e práticas mais extremas, a processo de trabalho foi elaborado original-
fim de suscitar a reflexão acerca de po s s í veis men te para interpretar o trabalho produtivo
en c a m i n h a m entos políticos, gerenciais, teóri- industrial. Sua utilização foi parti c u l a rm en te
cos e pr á ticos. oportuna para o estudo da fábrica taylorista-
ford i s t a . A con cepção de ST, da mesma forma
que as de Medicina do Trabalho e de Saúde
L i m i tes teóri co - m etodo l ó gi cos Ocupacional, carrega as marcas de ori gem e do
ou adequação da teoria à prática? con texto de hegemonia da sociedade indus-
tri a l . De fato, a maior parte dos estudos de s en-
A abordagem da Sa ú de Co l etiva e da Med i c i n a vo lvi dos no Brasil ao lon go dos anos 70 e 80 do
Social Latino-Americana permitiu ampliar a século passado tinha como objeto de preoc u-
com preensão te ó rica e prática, em vários nívei s pação o trabalho no “chão de fábrica”, sen do
de com p l ex i d ade, das relações en tre o trabalho demandados por sindicatos de trabalhadores
e a saúde com a incorporação do con cei to nu- dos setores metalúrgi co s , qu í m i co s , petroqu í-
cl e ador “processo de trab al h o”, ex tra í do da eco- m i cos e, em men or propor ç ã o, pelos bancários,
n omia política, na sua acepção marxista. Esse comerc i á rios e metroviários, c a tegorias essas,
con cei to passou a ser o marco def i n i dor do que vinculadas ao setor de serviços (Lac a z , 1996).
den ominamos Campo de Estu dos da Sa ú de do Na pr ó pria redação da Lei Orgânica da Sa ú de
Trabalhador (Laurell & Noriega, 1989; Lacaz, ( l ei 8.080/90), o en ten d i m en to do que seja Saú-
1996; Mi n ayo Gomez & Th ed i m - Co s t a , 1997) de do Tra b a l h ador diz re s peito implicitamen te
e, qu a n do o adotamos em toda a sua exten s ã o aos que operam as indústrias. Ch egamos à con-
te ó rica, obtemos um alto poder explicativo da clusão semelhante qu a n do verificamos a pre-
gênese dos agravos à saúde em segmentos es- ponderância absoluta dos que têm formações
pecíficos de trabalhadore s . A análise dos pro- trad i c i onais em saúde (cl í n i c a , tox i co l ogia) ou
cessos de trabalho é uma ação teóri co - pr á ti c a da higiene industrial (engenhei ros e técnicos
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de seg u ra n ç a ) , en tre os prof i s s i onais que atu a m nova propo s t a , um novo olhar e uma nova pr á-
na áre a . Da mesma forma, as negociações tri- tica precisam abarc á - l o s , uma vez que eles não
parti tes (Estado-Capital-Trabalho) de caráter con s ti tu em um mu n do à parte e, sim, estão no
n ac i onal, en c a m i n h adas nos últimos 10 anos, mesmo universo da reestruturação produtiva,
c a rregam uma gra n de iden ti d ade com a indús- eviden c i a n do a crise da sociedade assalariada
tri a , na medida em que se diri gem para agen te s ( Ol ivei ra , 2005).
espec í f i co s , como é o caso do Acordo Nac i onal Todos vivemos um per í odo de perp l ex i d a-
sobre uso de prensas injetoras no setor plásti- de e temos um senso de impotência em com-
co - qu í m i co, ou dos solven tes e poei ra s , caso do preen der e dar respostas aos dilemas atuais e
Repert ó rio Brasilei ro do Ben zeno e da Luta Na- em detectar os principais agravantes do qu ad ro
c i onal pelo Ba n i m en to do Uso do As be sto / Am i- de mudanças do modelo indu s trial para o ch a-
a n to. Tais atuações são absolut a m ente nece s s á- m ado “modelo pós-industrial”. O movimen to
rias e não há por que qu e s ti on á - l a s . Apenas as- de destru i ç ã o - recon s tru ç ã o, simultâneo, da
sinalamos que elas não con s ti tu em a to t a l i d ade conju n tu ra atual é muito mais complexo, di-
e nem, em termos de magn i tu de, repre s en t a m vers i f i c ado, difícil, desafiante e instável. Ne s s a
os principais problemas atuais de saúde dos nova con f i g u ração, os tra b a l h adores indu s tri a i s
trabalhadore s . são minoritários, embora conti nu em com ve-
Diante das mudanças con tem porâneas no lhos problemas exaustivamen te conhecidos,
â m bi to das relações de trabalho que ati n gem os aos quais se somam os provenien tes da adoção
mais diferen tes setore s , con s i deramos o mode- do novo paradigma tecnológico de organiza-
lo ou paradigma convencional da ST insufi- ção e gestão do tra b a l h o. Entret a n to, as qu e s-
c i en te, pois não acompanha e nem abra n ge os tões deste grupo, por estarem localizadas, são
efeitos mais nef a s tos do movimen to mundial mais fac i l m en te diagn o s ti c á vei s . A questão cen-
de reestruturação produtiva que, s em excluir tral do con ju n to da produção científica é que a
formas arcaicas, tradicionais e modernas de referência ainda pre s en te nela é em gra n de par-
produ ç ã o, i m p actam fortem en te a vida e a saú- te o setor indu s trial. Mesmo qu a n do tom a m o s
de de gra n des con ti n gen tes de tra b a l h adores na p a ra análise o con ju n to dos tra b a l h adores for-
i n formalidade que atuam em condições inse- mais, percebemos muito po u co investimen to
g u ra s , prec á rias ou simplesmen te estão de s em- no con h ecimen to dos que atuam nos setores de
pregados. Nen huma proposta de promoção e serviços e agrícola.
a tenção adequ ada hoje pode descon h ecer, t a m- Na verd ade, um diagnósti co inicial da pro-
bém, um fato que vem sen do dem on s trado em dução científica aponta para um real en co l h i-
todas as pesquisas específicas sobre aciden te s mento da reflexão e do em penho individual e
de trabalho: a maioria dos trabalhadores está co l etivo para construir referenciais e instru-
morrendo devido a violências e acidentes de men tos que dêem conta da to t a l i d ade hetero-
trajeto (Wünsch Filho, 2004), o que coincide gênea que con f i g u ra hoje o universo dos tra b a-
com o perfil de morbi m ort a l i d ade da popula- l h adores bra s i l ei ro s . Seria prec i s o, no mom en-
ção bra s i l ei ra em geral, para a qual, as causas to atual, i nve s tir fortem en te no conhec i m en to
ex ternas são a segunda causa de morte , depois dos diversos tipos de agravos à saúde em todos
das enfermidades card i ova s c u l a re s . O modelo os setores nos quais se acumulam problemas
trad i c i on a l , i g u a l m en te , não incorpora a qu e s- c a u s ados pela labi l i d ade dos vínculos de tra b a-
tão ambi en t a l , h oje de ex trema rel evância para lho, como os casos de tercei rização espúri a , coo-
a consciência social e recl a m a n do pelo pro t a- perativismo fraudulen to, determinados tipos
gonismo dos tra b a l h adores tanto nos locais de de trabalho informal – inclu i n do-se aí o anti go
produção como nos espaços de reprodução e e hoje cre s cen te trabalho familiar – e o de s em-
de exercício da cidad a n i a . prego. Ainda são ra ros os estu dos como os de
Em conseqüência, além da necessidade de Sell i gm a n n - Si lva (2001), que pesquisa espec i f i-
se efetu a rem aju s tes e ad a ptações na aplicação camen te o impacto do desem prego de longa
do conceito de “processo de trabalho” para o du ração na soc i a bi l i d ade e na saúde desses ex-
en tendimen to de determinadas re a l i d ades nas clu í dos do merc ado de trabalho. Pesquisar, no-
novas situações de produção, en f rentamos o mear e distinguir o imenso con ti n gen te soc i a l-
desafio de con s truir novos con cei tos e catego- men te despro tegido no qual os trabalhadore s
rias capazes de dar conta da compreensão do do setor terc i á rio da econ omia assumem lu ga r
amplo e majori t á rio universo de tra b a l h adore s qualitativa e quantitativa m en te prepon dera n te,
s em vínculos formais e de s em pregados. Um a con s ti tui o maior desafio ac ad ê m i coatual.
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Dados da Organização In ternacional do ções sociais de produ ç ã o, os órgãos de Estado,


Trabalho (OIT) ilustram algumas dimensões com a missão constitucional de dar pro te ç ã o
do problema: no Brasil, entre 1990 e 2003, de social como é o caso do MTE e o da PS, se ref u-
cada dez novos em pregos, sete foram infor- giaram nos parad i gmas trad i c i onais que privi-
mais, sen do qu e , em 2003, nove em cada dez legiam o merc ado formal e dos seg u rado s .
dessas ocupações eram no setor de serviços Diante da situação descrita cre s ce o papel
(OIT, 2004). Um indicativo revelador do grau estratégi co do SUS, tendo em vista sua reco-
de despro teção social hoje ex i s ten te en con tra - nhecida capilaridade para prom over a univer-
se no fato de que, em 2002, cerca de 54,8 das salização da atenção à saúde, sua tradicional
pe s s oas oc u p adas no país não con tri buíam pa- capac i d ade de criar mecanismos de atenção co-
ra qu a l quer tipo de previdência (IBGE, 2003). letiva e específica e de convocar a participação
Temos aí uma ex pressão ex trema, e até calami- e o controle dos trabalhadore s . O pro t a gon i s-
tosa, do sen ti m en to geral de insegurança e de mo do setor saúde nessa áre a , criando altern a-
m a l - e s t a r: no mercado do trabalho, no em pre- tivas aos modelos restritos e sen do capaz de
go, na ren d a , na con tratação e na representação oferecer uma atenção abrangen te dos proble-
dos trabalhadore s . É o que mostram também mas reais da divers i d ade de tra b a l h adores e de-
os trabalhos de Selligmann-Silva (2001) qu a n- sem pregados nos espaços soc i oc u l turais pec u-
do evi denciam, qu a l i t a tiva e em p i ricamente, as l i a re s , pode fazer gra n de diferença e prom over
repercussões psico s s ociais e psicop a tológicas da mudanças.
su btração do em prego que se apre s entam sob a
forma de degradação da saúde men t a l , percor-
rendo várias fases que vão do retra i m en to, ao Con tri buição e lacunas
afastamento e ao isolamen to social e afetando a dos estudos acadêmico s
vida material, a soc i a bi l i d ade e a su bjetividade .
O estudo de Sant’Anna (2000), s obre o mesmo Ao indagarmos acerca da con tribuição ac adê-
probl ema do de s em prego, chama a atenção pa- mica para o diagn ó s ti coda situação atual e nos
ra a diversidade de estratégias organizativas e de per g u n t a rmos se ela dá conta de subsidiar pro-
geração de renda encontradas por trabalhado- postas de ação para a pro teção da saúde dos
res para en f rentar ondas de demissão em mas- tra b a l h adores e de su perar um discurso po l í ti-
sa, evi den c i a n do forças novas que su r gem do s co que não tem mais eficácia no tem po pre s en-
escombros das rápidas mudanças no mundo do te, dep a ramo-nos com diversas questões.
trabalho e que precisam de apoio insti tucional. Em primei ro lugar, é preciso constatar qu e
A crise do pen s a m en to intelectual na área a produção científica na área apre s enta uma
vem ju n to com a dec adência da repre s en t a tivi- tendência con ti nu ada de crescimen to nas últi-
d ade dos órgãos sindicais e de sua capac i d ade mas décadas, u n iversalizando-se por muitas
de de s en c adear e acompanhar demandas rel a- instituições univers i t á ri a s , a bra n gendo diversas
tivas à questão saúde-trabalho. Para a prec a ri- áreas do con h ec i m en to e, i n clu s ive , receben do
zação do trabalho formal e informal cada vez o influ xo das contribuições dos profissionais
mais intensa (Olivei ra , 2005), para o de s em pre- que atuam nos serviços de saúde. Esse incre-
go aberto, para a perda de vínculos não há hoj e mento acompanha a mu l tiplicação dos curs o s
resposta plausível por parte dos sindicatos mais de pós-graduação no país, m orm en te no cam-
repre s en t a tivos e or ga n i z ados no passado pró- po da saúde coletiva. Da mesma forma que em
ximo. Um vasto mu n do sem mediações po l í ti- outros âmbitos do conhecimento, o número
cas e sem registros publicamen te discerníveis maior de pe s quisas e tex tos publ i c ados se con-
nas estatísticas conven c i onais para avaliar em- centra em universidades federais, estaduais e
prego e ocupações está ex i gi n do a con s trução pon ti f í c i a s . É preciso ressaltar que a maior par-
de um código do trabalho capaz de atender a te da produção ocorreu a partir dos anos 90. E
demandas inad i á veis. os temas de estudo voltados para questões de
Criar esse novo instru m en to significa algo tra b a l h o - s a ú decorre s pon deram à notável visi-
tão relevante como foi, nos meados do século bilidade social e recon h ec i m en to jurídico - i n s-
p a s s ado, a Consolidação das Leis Trabalhistas, titu c i onal desse campo no âmbito da saúde co-
a CLT. Mas essa não é uma tarefa fácil: numa si- letiva, coi n c i d i n do com a implantação e con s o-
tuação de ri s co social, os que têm seus direi to s lidação das pr á ticas de assistência e vigilância
ga ra n ti dos se apegam a eles como se fo s s em ab- em alguns estados bra s i l ei ros que con t a ramcom
solutos. Adem a i s , nessa crise sistêmica das rel a- a participação ativa de militantes sindicais.
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Entret a n to, mesmo recon h ecen do a evo lu- tipos de ocupações pe s qu i s adas qu e , tradicio-
ção positiva do número de publ i c a ç õ e s , seg u n- n a l m en te, se con centravam nas categorias de
do dados intern acionais e sem en trar no méri- bancários e de tra b a l h adores da área de infor-
to da qu a l i d ade , estima-se que a produção bra- mática. Nessas pesquisas, as análises enfatizam
sileira repre s en te menos de 1% dos artigos c i en- questões derivadas da organização do trabalho.
tíficos divulgados anu a l m en te com enfoque Ca be destacar ainda que existe uma grande
nas relações entre trabalho e saúde (Wünsch qu a n ti d ade de teses sobre prof i s s i onais da área
Filho, 2004) de saúde, prepon dera n do estu dos sobre en fer-
A segunda questão dessa pauta diz re s pei to m ei ros(as), re a l i z ados nas pr ó prias escolas ou
à abrangência e à organicidade das publica- faculdades de Enferm a gem . Igualmente são ob-
ções. Am o s tra significativa para análise se en- jeto de um número con s i derável de trabalhos a
con tra num leva n t a m en to de títulos, a utores e saúde mental e as LER. Poucas são as teses qu e
instituições, re a l i z ado por Mendes (2003), re- focalizam probl emas gerais da área, temáticas
cobri n do o per í odo de 1950-2002 e referen te a rel a tivas à política, m odelos e serviços de aten-
teses e dissertações qu e , d i reta ou indiret a m en- ção à saúde dos tra b a l h adores e aos proce s s o s
te, abordam questões da relação tra b a l h o - s a ú- da vigilância.
de . Por tra t a r-se de arti go que som en te nom ei a No amplo espectro de temas tra t ado s , qu e s-
os títulos é difícil avaliar a contribuição dos tões relevantes como aciden tes de trabalho e
tex tos citados. Con tu do, podemos en c a rar esse doenças com gra n de per í odo de latência com o
levantamen to com algumas hipóteses. Uma se- c â n cer, particularmen te em trabalhadores da
ria ac reditar que eles evi denciam tendências da indústria química e petroqu í m i c a , são muito
produção na área porque esses mestres e dou- po u co abord adas. Também são escassos os es-
tores con s tituirão os pesquisadores de amanhã. tudos mais abra n gen tes de cunho ep i dem i o l ó-
O utra seria con cluir, o que não é implausível, gi co, os referen tes à situação dos tra b a l h adore s
que os temas mais freq ü entem en te abord ado s terceirizados e, em número ainda menor, os que
ref l etem a existência de grupos de pesquisa ou tratam dos tra b a l h adores do setor inform a l .
de pesquisadores atuantes que investigam e ori- Em re su m o, a con s i derar o levantamen to
entam sobre os assu n tos que ac u mulam maior re a l i z ado por Men de s , é eviden te o predom í n i o
n ú m ero de publicações. Assim, os temas mais da con s trução de con h ec i m en to fra gm en t ado,
focalizados das teses e dissertações constitui- d i s perso, unidisciplinar, qu a n do não repeti tivo
riam aprof u n d a m en todos interesses dos ori en- e tecnicista, re su l t a n te de pe s quisas e análises
tadores. Ou ainda, con tra ri a m ente, que os assu n- pon tuais desenvo lvidas com abordagens pró-
tos menos pe s qu i s ados repre s en t a riam a contri- prias de cada disciplina: ou só da ep i demiolo-
buição de alunos sob ori entação de profe s s ore s gia, ou só das ciências sociais e humanas, ou só
que atuam com uma gra n de va ri ed ade de temas. da tox i co l ogia, ou só da en genharia, den tre ou-
Ao analisar o levantamento, ob s ervamos tras. E m bora fosse nece s s á ria uma análise cui-
que a imensa maioria dos probl emas de saúde dadosa para fundamentar uma crítica mais
a bordados se refere a trabalhadores indu s triais, precisa, o que foge à finalidade deste artigo,
num espectro de categorias bastante amplo e perguntamos-nos até que pon to os mesmos
sob abordagens próximas às da medicina do problemas apon t ados em relação às teses não
tra b a l h o. Ao longo de todos esses anos vêm se esten dem às outras publicações da área. Dar
s en do abord adas pato l ogias clássicas como sa- essa resposta com algum grau de prof u n d i d ade
turn i s m o, pn eu m ocon i o s e s , su rdez (abord ada implicaria considerar o limitado número de
s ob os mais diversos ângulos) e, mais recen te- programas de pós-graduação com área de con-
men te , doenças do sistema musculoe s qu eléti- cen tração em trabalho e saúde, a formação es-
co. Também sobre s s aem propostas de desen- pecífica dos corpos docen tes que de s envo lvem
vo lvi m en to de metodo l ogias e diversas análises pesquisas nesse campo, a ausência de equipes
toxico l ó gicas sobre ex posição a agen tes espec í- i n terd i s c i p l i n a res ou a falta de empenho em
f i co s , particularm en te agro t ó x i cos e solven te s . con s truí-las por parte das insti tuições ou de in-
E fica muito evi den te , na última décad a , a pre- duzi-las por parte das agências de fom en to.
dominância de abordagens ergonômicas, so- Para concluir, gostaríamos de assinalar a
bretudo em departamen tos de engenharia de con tradição en tre o tamanho da tarefa que te-
produção de univers i d ades federa i s . mos pela fren te vi s a n do criar instrumentos
Apenas em anos recentes vêm emergindo te ó ri cos adequ ados ao novo mom en to históri-
e s tu dos do setor de serviços, ampliando-se os co, e a força das políticas insti tu c i onais de ava-
803

liação da produção de docen tes e pe s qu i s ado- cumento anteri orm en te referi do de PNSST, a i n-
res qu e , ao priorizar metas qu a n titativas, ac i r- da em consulta, que preconiza a estreita rela-
ram a competição en tre pares e en tre gru pos e ção en tre insti tuições de pe s qu i s a , u n ivers i d a-
ex acerbam o individu a l i s m o. O fato de ter de des e serviços para identificação e enfren t a-
publicar “a qualquer preço” leva muitos pes- mento de probl emas prioritários; a criação de
qu i s adores a opt a rem pelo caminho mais fácil uma rede de cen tros colaboradores como refe-
da repetição de modelos te ó ricos e metodoló- rência para o de s envo lvimento técnico - c i en t í-
gi cos tradicionalmen te adotados, com receio f i codo campo e a ga ra n tia de rec u rsos públ i co s
de inovar e não obter recon h ec i m en to. O que para financiamen to de linhas de pe s qu i s a . Tra-
mais existe na produção de nossa área é um ta-se de uma proposta, a nosso ju í zo, adequ a-
forte investimento na aplicação correta dos m é- da, para que não con ti nu emos na mera con s t a-
todos, o que ocorre , por exem p l o, em estudos tação de “a escassez e inconsistência das infor-
com base na abord a gem ep i dem i o l ó gica de da- mações sobre a real situação de saúde dos tra-
dos primários ou secundários, sem a preocu- b a l h adores (que) dificultam a definição de pri o-
pação de se con tex tualizar o probl ema no qu a- ridades para as políticas públicas, o planeja-
dro situacional dos tra b a l h adores e sem discu- men to e a implementação das ações de saúde
tir a pertinência e significância do obj eto estu- do trabalhador”. O referido tex to anuncia cl a-
d ado e sua contribuição para o avanço do co- ra m en te nas suas diretrizes e estra t é gi a s , a pre-
nhecimento ou para o desencadeamento de tensão de prom over “a inclusão de todos os tra-
ações práticas. Igualmente, a introdução do balhadores bra s i l ei ros no sistema de prom o ç ã o
i n s trumental das ciências sociais e humanas e a e pro teção à saúde”. Também é ex trem a m en te
i n tensificação do número de pesquisas de cu- oportuno o de s t a que que a proposta da PNSST
nho qualitativo, como já tinham observado dá à nece s s i d ade de se harm on i z a rem “as po l í-
Mi n ayo Gomez e Thed i m - Costa (2003), não ticas econômicas, de In d ú s tria e Comércio, Agri-
têm sido feitas com su f i c i en teri gor, s a lvo ra ra s cultu ra , Ciência e Tec n o l ogia, E ducação e Ju s ti-
exce ç õ e s . A forma rudimentar e foc a l i z ada das ça, em pers pectiva inters etorial e de tra n s vers a-
análises que se multiplicaram no período tem lidade”. É preciso alertar, porém, que no tex to
con tribu í do mu i to pouco para ampliar e para não aparecem os indicativos de como serão efe-
a profundar o con h ec i m en to dos trabalhadore s . tivadas tais estra t é gias e seria fundamental qu e
Em síntese, resta muito por fazer na atual elas fo s s emex p l i c i t adas em planos de ação espe-
encruzilhada da produção científica sobre a cíficos, levando-se em conta, inclusive, os m a i o-
s a ú de dos tra b a l h adores brasilei ro s . Nós, pes- res entraves conju n tu rais, nos vários setores,
qu i s adore s , precisamos de mu i to mais diálogo para o exercício das atribuições de cada um.
e ousad i a . E gostaríamos de ressaltar que fal-
tam, também, rumos e demanda qu a l i f i c ada
por parte dos re s pon s á veis pelas po l í ticas e ge s- Efetivação dos serviços de aten ç ã o
tore s . Desses últimos, s eria importante ex i gir a
efetivação de um processo de indução que inci- Quando referimos, no início, que se passaram
te as univers i d ades e, principalmen te , suas pós- vi n te anos sem que a Política Nac i onal de Sa ú-
graduações, a darem uma contribuição mais de do Tra b a l h ador fosse implem en t ad a , não es-
articulada e efetiva, a trabalhar em rede ou de tamos afirm a n do que nada foi fei to no país em
forma interi n s ti tu c i on a l , bu s c a n do fundamen- relação aos planos traçados. Por exem p l o, vá-
tar abordagens e diagnósti cos que redundem rias ações foram re a l i z adas no âmbi to da aten-
na formulação de estra t é gias de caráter propo- ção à saúde dos tra b a l h adore s , em bora não de
s i tivo. forma universal e orgânica. Hi s toricamen te , a
Consideramos como ponto importante de s- implantação dos serviços de ST no SUS pode
te deb a te a necessidade de uma decisão con jun- ser compreendida em mom en tos diferencia-
ta por parte dos Ministérios da Sa ú de, do Tra- dos, con s i dera n do-se a predominância do pro-
balho e da Previdência com a parceria do Mi- t a gonismo dos atores sociais envo lvi do s .
nistério de Ciência e Tecnologia, através de su a s O primei ro deles se inicia em 1978 e term i-
agências de fom en to, de abertura de editais vi- na em 1986, sen do parte do movimen to pela
s a n do impulsionar censos espec í f i co s , pesqui- Reforma Sanitária (Lac a z , 1994). Inclui a re a l i-
sas con tex tu a l i z adas e interd i s c i p l i n a res e estu- zação da I CNST como de s dobra m ento da VIII
dos de probl emas cruciais ainda po u co aborda- Conferência Nac i onal de Saúde e é marc ado
do s . Essa proposta está em sintonia com o do- pela incorporação da atenção à saúde dos tra-
804

balhadores como uma prática de Sa ú de Públ i- foram implem en t ados os Cen tros de Refer ê n-
ca, na rede básica, os então ch a m ados Progra- cia em Sa ú de dos Trabalhadores (CRST), qu e
mas de Saúde do Trabalhador (PST) (Freitas, incorpora ram as categorias con cei tuais de aná-
L acaz e Rocha, 1985). Esse modelo de atenção lise do tra b a l h o, atu a n do por meio de equ i pes
ado tou princípios e diretri zes que po s terior- mu l ti profissionais e com a participação sindi-
m en te foram incorporados ao SUS: a “partici- cal nos Con s elhos Gestores (Lac a z , 1996).
pação e o controle social”, a partir da atuação Pa ra en ten der a “transição” dos PST para os
dos sindicatos de trabalhadores na gestão dos CRST é mister re sgatar aspectos históri co s : o
PST; a “integra l i d ade”, mediante a articulação em b a te en tre duas con cepções de or ganização
en tre assistência e vigilância e a “u n ivers a l i d a- de serviços. A primeira delas, configurada na
de”, pois todo trabalhador tinha direito ao a ten- posição chamada de “s a n i t a rista” por Lacaz
d i m en to, i n depen den tem en te de ser ou não se- (2000), defendia a implantação e o de s envo lvi-
g u rado da Previdência Social. men to de ações de Sa ú de Pública e Co l etiva , na
Ne ssas experiências, os Serviços de Saúde Pú- rede básica de serviços, arti c u l a n do a assistên-
blica começam a nuclear a articulação entre as cia com a vigilância, a partir da pers pectiva de
ações de assistência e vigilância (...) dos ambi en- com preensão do trabalho como determ i n a n te
tes e locais de tra balho, envolvendo uma atuação de formas específicas (ou não) de adoecer e mor-
interinstitucional que engloba órgãos da esfera rer da população tra b a l h adora (Ri bei ro & La-
fed eral (...), em nível dos estados e a Un ivers i d a- caz, 1984). A outra, den om i n ada “pra gm á ti c a”
de, com abertu ra pa ra a pa rticipação e a ge s t ã o (Lacaz, 2000), defendia que as ações em saúde
dos sindicato s (Lacaz, 1997). dos trabalhadores não deveriam re s tringi r- s e
Adem a i s , é import a n tesalientar que os PST ao aporte “sanitarista” e sim, comportar servi-
foram ex periências que inova ram e passaram a ços específicos, de nível sec u nd ári o, em apoio à
a bordar a cl i en tela de trabalhadores a partir de rede. Daí a preocupação em incorporar qua-
sua inserção no processo produtivo (portanto dros técnicos especializados em Medicina do
como produtore s ) . Na anamnese, sua história Trabalho, den tre outros (Costa et al. , 1989).
prof i s s i onal passou a ser levada em conta, su- Alimentados por essa polêmica e engolfa-
pera n do-se as situações anteri ores que os tra t a- dos pelas con tingências da con ju n tura po l í ti c a
vam como meros con sumidores de receitas, da época, na qual se iniciava a construção do
con sultas e con dutas médicas (Freitas, Lacaz & processo da “municipalização da saúde”, as pro-
Rocha, 1985). postas con f i g u radas nos PST ac a b a ram por in-
No período, o ator social mais significativo corporar el em en tos da segunda posição, qu a n-
foi o den ominado “m ovi m en to sanitári o” com do então con s tituíram os CRST. Nessas ativi-
ênfase no pro t a gonismo das or ganizações sin- d ades de implantação, ao final dos anos 80 do
dicais (Lac a z , 1994). Essa etapa coi n c i d iu com século passado, envolveram-se import a n tes mu-
a retom ada da cena política pelos gra n des mo- nicípios como São Pa u l o, Campinas, Sa n to s ,
vimentos grevistas do final dos anos 70 e início Porto Al egre , Belo Hori zon te e Volta Redon d a .
dos anos 80, do século 20. A influência do Mo- Os CRST são instâncias que se prop õ em a ser
delo Operário Italiano (Oddone et al., 1986) especializadas, com caráter de referência se-
também foi marc a n te , bem como a de or ga n i s- cundária para a rede básica e que buscam in-
mos intern ac i onais como a Organização Mun- corporar maior densidade tecnológica em seu
dial de Saúde (OMS) e a OIT (Men de s , 1986; qu ad ro de prof i s s i on a i s , de apoio diagnóstico e
L ac a z , 1996). de vigilância (Lacaz, 1996). Mesmo conside-
O seg u n do per í odo pode ser com preen d i do rando a preocupação original dos “s a n i t a ris-
en tre os anos de 1987 e de 1997. In clui a re a l i- tas”, a articulação com a rede básica não se efe-
zação da II CNST, a institucionalização das tivou. As s i m , a proposta dos CRST ac a bou por
ações na rede de assistência à saúde, mediante con s ti tu i r-se num fim sem si mesma, tra b alhan-
a consolidação do marco legal (leis 8.080/90 e do com uma demanda aberta e muito po u co
8.142/90) e avanços no nível insti tu c i onal ( Di a s , integrada com a rede básica, i n clu s ive no sen ti-
1994). O correra m , nessa etapa, a implantação e do de subsidiar e alimentar tal demanda.
a implem entação de planos de ação em impor- Hoje, é mister discutir o papel dessas ins-
t a n tes municípios brasileiros, vi s a n doincorpo- tâncias. Elas não se torn a ram referência, uma
rar a atenção à saúde dos trabalhadores na rede vez que a rede do SUS ficou alheia à probl em á-
de serviços, s ob a pers pectiva de mu n i c i p a l i z a- tica da saúde/doença rel ac i on ada ao trabalho e,
ção da saúde. Em um momento de tra n s i ç ã o, por pri ori z a rem a assistência, apre s entam um
805

impacto pequ eno na intervenção sobre os am- linhas de ação, formas de implementação e de
bi en tes e processos de trabalho noc ivos à saúde avaliação efetivas e adequ adas às nece s s i d ades
(Lacaz, Machado e Porto, 2002). Assim vive- reais do con ju n to dos tra b a l h adore s ; (b) fra g-
mos uma contradição, pois ao mesmo tempo m entação da área de con h ec i m en to den om i n a-
em que avançamos na maior institucionaliza- da “c a m po de saúde do trabalhador ”, imped i n-
ç ã o, o escopo das ações se restringiu. Atual- do uma co l a boração estra t é gica e orgânica com
mente muitas experiências passam por um as nece s s i d ades diversificadas, com p l exas e c a m-
processo de de s continuidade, em função da bi a n tes dessa população; e (c) en f ra qu ecimen-
não priorização do tem a , por motivos sobeja- to dos movimentos sociais e sindicais dificul-
m en te citados neste arti go o que foi apon t ado t a n do pressões necessárias tanto para a área ac a-
por Lacaz, Machado e Porto (2002). Também dêmica como para os governos que vêem se su-
já foram su f i c i en temen te discuti dos os motivo s ceden do.
do ref lu xo ocorri do e que afetou, sem dúvida, Realçamos também (numa crítica ex trem a-
os programas de atenção à saúde do trabalhador. da com finalidade de deb a te) que mu i tos são os
Causas insti tu c i onais se somam a causas mu i to fatores que provocam a perp l ex i d ade dos dife-
mais globais e também, de referência loc a l . ren tes atores citados, no mom en to atual. E qu e
Essa avaliação é particularm en te necessária é preciso recon h ecê-los e diagnosticá-los para
no mom en to atu a l , uma vez que a Rede Nacio- que seja efetivada uma mudança qu a l i t a tiva no
nal de Atenção In tegral à Saúde do Trabalha- enfren t a m en todessa crise (em alguns campo s ,
dor (Renast), i n s ti tuída a partir de setem bro de crônica). Isso se torna crucial, a fim de que a III
2002, pela portaria 1.679/02 do MS, se funda- CNST marc ada, em sua etapa nacional, para
menta na ex periência dos CRST. Seria funda- novembro de 2005, não se transforme num
mental que a Renast caminhasse para a su pera- momento a “mais do mesmo”, frustra n do - n o s
ção da dico tomia entre assistência e vi gi l â n c i a como se estiv é s s emos condenados a repetir
e incorporasse em seu modelo estratégias de even to s , ri tos e mito s .
prevenção a agravos e de promoção da saúde. Consideramos importante reconhecer os
Seria também de ex trema relevância que essa esforços de diferen tes atores nos níveis federal,
n ova rede se articulasse com as insti tuições lo- estadual e municipal na insti tu c i onalização da
cais do Trabalho e da Previdência, em con for- atenção à ST e os avanços ocorri dos em alguns
m i d ade com os marcos teóri cos da vigilância serviços. Nesse sentido, realçamos a intenção
em saúde do tra b a l h ador e inspirada em ex pe- atual dos três ministérios co - responsáveis de
riências de sucesso, nacionais e internacionais partilhar rec u rsos e programas indutivos a uma
(Mach ado, 1996; Pinhei ro, 1996). Essa revisão produção científica que integre inve s ti gadores,
também ficaria incom p l eta se não levasse em abranja problemas atuais e anti gos que foram
conta as mudanças que vêm ocorren do no mo- agravados pela reestruturação produtiva, vi-
delo assistencial para a atenção básica que se s a n doa uma eficácia maior no estabel ec i m en to
con f i g u ra nos Programas de Saúde da Fa m í l i a de estratégias e soluções para o diversificado
e de Agen tes Comu n i t á rios de Sa ú de . mu n do contemporâneo do trabalho do país.
Portanto, é crucial que, no momen to pre- São esses três ministérios que, em conju n to
sen te ded i qu emos tempo à avaliação das pro- com movi m en tos de tra b a l h adores e pe s qu i s a-
postas anteriores de atenção e vigilância qu e dore s , têm capac i d ade e obri gação de apre s en-
não podem ser apenas increm en t adas ou corri- tar uma pauta de pri ori d ades às insti tuições fi-
gidas. Essa inflexão ex i ge ter em conta a rad i c a- nanciadoras e oferecer estímulos à con s trução
l i d adedo processo de municipalização dasa ç õ e s de novas e nece s s á rias inve s tigações.
de saúde na rede básica, o aten d i m ento das ne- No reconhecimen to de iniciativas impor-
cessidades de saúde da população trabalhadora tantes, sobretudo do MS, assinalamos a im-
e a definição de uma base terri torial como refe- plantação do Renast que tem mu l ti p l i c ado cen-
rência. tros de atenção à saúde do trabalhador e vem
form a n do prof i s s i onais em diversos pon tos do
país. No entanto, somos obrigados a lembrar
Con s i derações finais que esse programa precisa ser acompanhado,
pari pa s su em sua implementação, de uma sé-
Ne s te texto tentamos evidenciar três pon to s : ria e com peten te po l í tica de avaliação (como já
(a) ausência de uma Po l í tica Nac i onal de Sa ú de se faz em relação a algumas outras po l í ticas so-
do Trabalhador inters etorial e capaz de propor ciais nos últimos dez anos no país), ten do em
806

vista pôr à prova a efetividade das ações e o lização dessa instância, p a ra que tenhamos re a l
bom uso dos vu l tosos rec u rsos inve s ti do s . efetivi d ade da participação.
Evidenciamos ainda que há pri ori d ades qu e Finalizando esta reflexão na qual fizemos
clamam por ação imediata e dec i s iva. Os tra b a- uma inflexão crítica sobre a produção cien t í f i-
l h adores indu s triais trad i c i onais precisam con- ca, en ten demos que univers i d ades e cen tros de
ti nuar a ser aten d i dos em suas demandas indis- pe s quisa precisam en trar de cabeça e com re s-
cutíveis. Há problemas emergentes que se acen- pon s a bi l i d ade social no campo da ST e dar um
tuam, sobretudo, nos setores de serviços e de s a l toqu a l i t a tivo na or ganização dos gru pos de
agricultura. Mas, sublinhamos a urgência de pe s qu i s a , ben ef i c i a n do-se das poten c i a l i d ades
con h ecer, d i ferenciar e aten der o setor inform a l c ri adas pelas avançadas tec n o l ogias de comu-
e o mundo difuso e despro tegido dos de s em- nicação e informação que permitem estudos
pregado s . em rede, multicêntri co s , cooperativos e com-
Em relação ao controle social, tal como é p a ra tivo s . Aprovei t a n doas novas diretri zes for-
hoje praticado, nossa posição é muito crítica. mu l adas em con ju n to pelos ministérios co - re s-
Consideramos que, infel i z m en te, os instru- pon s á veis pela áre a , que esperamos ver implan-
men tos criados para o exercício desse tipo de t ad a s , e a log í s tica das pós-graduações, que se
c i d adania não vêm se mostra n do eficazes, mu i- prom ovam estu dos con tex tu a l i z ados, i n terins-
tas ve zes to l h en do ou apequ en a n do o deb a te de ti tu c i onais e interdisciplinares, invistam em in-
questões cruciais para enfrentar a situação a tual qu é ri tos pop u l ac i onais, mapei em as divers i f i-
do mundo do tra b a l h o. Constatamos que não c adas situações dos trabalhadores brasilei ro s
se trata apenas de um problema espec í f i co de em pregados e desem pregados, aprofundem
nossa áre a , no entanto, nela a impropriedade condições específicas e assim co l a borem para
das formas de participação e de exercício do que tenhamos um sistema de informação mais
con trole são lasti m á veis. Está na hora também con f i á vel e uma produção de serviços paut ado s
de fazermos uma revisão profunda dos funda- em diagn ó s ti cos adequ ados. Seria muito bom
m en tos con cei tuais, políticos e sociais que de- que ch eg á s s emos a uma futu ra próxima CNST
ram origem ao pr ó prio termo e à insti tu c i on a- com frutos co l h i dos por sábias decisões tom a-
das com a colaboração de todos nós.

Colabora dore s

C Mi n ayo Gomez e FAC Lacaz participaram igualmen te


de todas as etapas da el a boração do arti go
807

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