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REFLEXÕES SOBRE A RESPONSABILIDADE DO ENFERMEIRO

NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Edna Apparecida Moura Arcar i *

ARCURI, E.A.M. Reflexões sobre a responsabilidade do enfermeiro na administração


de medicamentos. Rev. Esc. Enf. USP, v. 25, n. 2, p. 229-37, ago. 1991.
A autora aborda a responsabilidade do enfermeiro na administração de medi-
camentos, enfocando a importância do seu conhecimento no assunto e da aplicação
sistematizada dos princípios fármaco-dinâmicos, com base no uso de metodologia
cientifica definida. .Descreve as fases do <mProcesso de Enfermagem» relativas ao
levantamento de dados relacionados às drogas e ao cliente/paciente, oferece alguns
exemplos de diagnóstico de enfermagem, aborda suscintamenie o planejamento e a
avaliação de enfermagem e finaliza destacando alguns itens que merecem reflexão
e pesquisa.
UN1TERMOS: Administração de medicamentos. Assistência de enfermagem.

I — Introdução

A administração de m e d i c a m e n t o s é u m a das maiores responsabili-


dades d o e n f e r m e i r o e d e m a i s integrantes da equipe e n v o l v i d o s n o cui-
dado d o paciente. A s drogas constituem meios primários de terapia
p a r a pessoas c o m alterações n a saúde, p o r é m qualquer d r o g a p o d e ser
altamente prejudicial se administrada incorretamente. É da responsa-
bilidade dos elementos da equipe de e n f e r m a g e m compreender os efeitos
da droga, administrá-la corretamente e monitorar as respostas d o cliente.

O nível de responsabilidade n o planejamento das ações de enferma-


g e m transcende o conhecimento referente à ação da droga. É preciso
e n c a r a r o p r o b l e m a d e c o n s u m o d e f á r m a c o s e, c o m o tal, é r e s p o n s a b i -
lidade d o enfermeiro planejar as ações que envolvem a administração
de medicamentos fundamentando-se e m bases científicas. Isso requer
envolvimento e compromisso, condições básicas para a responsabilidade
profissional. A c r e d i t a m o s que o s aspectos fundamentais desse c o m p r o -
misso dizem respeito ao conhecimento profundo dos princípios de ação
das drogas, sendo sua aplicação vinculada a o uso de m e t o d o l o g i a cien-
tífica, sistematizando a ç õ e s d e e n f e r m a g e m d e alto t e o r qualitativo, para
q u e resultem e m b e m estar, r e c u p e r a ç ã o e satisfação d o cliente/paciente.
Neste sentido, o t e m a será desenvolvido, tendo c o m o base nossa expe-
riência e c o n h e c i m e n t o s acumulados durante a vivência n o c a m p o , o en-

* Enfermeira. Professora Titular do Departamento de Enfermagem Médico-Cirurgica da


Escola de Enfermagem da U S P .
s i n o da a d m i n i s t r a ç ã o d e f á r m a c o s n o s ú l t i m o s 1 5 a n o s , a análise d e al-
g u m a s p u b l i c a ç õ e s n a c i o n a i s e s p e c í f i c a s 1.2,3,4,5,6,7,8,9,10,11 c o n c e r n e n t e s à
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sistematização da assistência de e n f e r m a g e m e a abordagem do tema
a p r e s e n t a d o p o r a u t o r e s e s t r a n g e i r o s 1s.14.15.i6.
1
JJ — D e s e n v o l v i m e n t o d o t e m a : a p l i c a ç ã o d o p r o c e s s o d e e n f e r m a g e m
na administração de m e d i c a m e n t o s

O assunto será discutido c o m base na a b o r d a g e m de P O T T E R &


P E R R Y ( 1 9 8 5 ) , c o n s i d e r a n d o as fases d o p r o c e s s o d e e n f e r m a g e m atual-
mente preconizadas pela maioria dos autores, a saber:

1 — Levantamento dos dados de identificação relativos às drogas.

2 — Levantamento dos dados sobre o cliente/paciente.

3 — D i a g n ó s t i c o d e e n f e r m a g e m referente aos itens mais complexos.

4 — Planejamento das a ç õ e s d e e n f e r m a g e m r e f e r e n t e s a administração


das drogas.

5 — I m p l e m e n t a ç ã o das a ç õ e s e avaliação do efeito das drogas e resul-


tados obtidos.

A n t e s d e s e r a b o r d a d a c a d a u m a das f a s e s m e n c i o n a d a s t r a n s c r e v e -
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se o p e n s a m e n t o (sintetizado) e x p r e s s o e m publicação da W H O (Orga-
nização Mundial da S a ú d e ) , 1987, sobre o "Processo de E n f e r m a g e m " :
0 c u i d a d o da pessoa é a essência da e n f e r m a g e m , e o c a m i n h o t r a ç a d o
pelas(os) enfermeiras(os) p a r a cuidar é a e s s ê n c i a d o p r o c e s s o d e e n f e r -
m a g e m . C u i d a d o r e q u e r a ç õ e s b a s e a d a s n ã o e m intuições o u tradições
ritualísticas, e s i m n a a b o r d a g e m deliberada e o r g a n i z a d a da s o l u ç ã o d o s
p r o b l e m a s , incorporando os princípios do método científico, podendo
o c o r r e r e m 4 etapas: identificação das necessidades e recursos, planeja-
m e n t o , i m p l e m e n t a ç ã o e avaliação. A o l o n g o desse p r o c e s s o a ( o ) enfer-
meira ( o ) ajuda a pessoa a assumir a compartilhar m a i o r responsabilida-
de de autocuidar-se e p r e v ê u m m e i o de avaliar o cuidado resultante.
(People's needs f o r nursing care: a European s t u d y ) .

1 — LEVANTAMENTO DOS DADOS RELATIVOS À DROGA

Diversos autores têm manifestado preocupação c o m o estudo de to-


d o s o s f a t o r e s q u e s e r e l a c i o n a m c o m a a l t e r a ç ã o das n e c e s s i d a d e s d o s
pacientes, o q u e requer t e m p o , c o n h e c i m e n t o e grande capacidade de o b -
servação. Os dados s o b r e as drogas são c o m p l e x o s , requerendo vontade e
d i s p o n i b i l i d a d e d o p r o f i s s i o n a l p a r a se a t u a l i z a r d i a n t e d a s n o v a s i n f o r -
mações disponíveis na literatura e da tecnologia envolvida na administra-
ção das mesmas. Tais dados r e q u e r e m c o n h e c i m e n t o e m farmacocinética,
desde a nomenclatura, até c o m p o s i ç ã o química, vias de administração,
absorção e efeitos colaterais. A atualização constante é necessária tendo
e m vista a g r a n d e p r o l i f e r a ç ã o de produtos farmacêuticos disponíveis n o
m e r c a d o , s i m i l a r i d a d e s e n t r e e l e s e s u b s t i t u i ç ã o d e u n s p o r o u t r o s , inte-
r a ç õ e s e a n t a g o n i s m o s . S e r ã o d e s c r i t o s , a s e g u i r , o s aspectos fundamen-
tais c o n s i d e r a d o s n o s d a d o s r e f e r e n t e s à s d r o g a s .

Nome da droga. O conhecimento do nome, segundo a composição


química, resulta e m segurança e e c o n o m i a d e t e m p o na o c a s i ã o de subs-
tituições. Dada a dinâmica envolvida na grande variedade de produtos
lançados n o m e r c a d o p o r diferentes laboratórios, é relativamente fácil o
acesso às i n f o r m a ç õ e s pertinentes e à literatura especializada.

Forma de apresentação. A s d r o g a s são apresentadas de a c o r d o c o m


a via de administração. Nessa área reside especial espaço p a r a pesquisa,
pois na prática da e n f e r m a g e m o c o r r e m tomadas d e decisões empíricas,
baseadas na realidade que outros profissionais vivenciaram e que se per-
petuam porque são transmitidos de u m elemento da equipe para outro.
P o r e x e m p l o : na falta de novalgina e m gotas, alguns profissionais que-
b r a m a a m p o l a preparada para fins injetáveis e administram o conteúdo
oralmente. Q u a n t o dessa a ç ã o é devida a i n f o r m a ç õ e s perpetuadas, na
falta d e m e d i c a m e n t o s , e q u a n t o p o d e r i a estar fundamentada e m prin-
cípios b i o q u í m i c o s ?

Legislação e controle. D i z respeito a o c o n h e c i m e n t o e à familiari-


d a d e c o m as leis q u e r e g u l a m e n t a m a d i s t r i b u i ç ã o e o c o n t r o l e d o m e d i -
c a m e n t o n o país, a s p e c t o este geralmente i g n o r a d o pelos profissionais de
enfermagem.

Padrões de Qualidade. Existem publicações oficiais informando so-


bre a potência, qualidade, pureza, empacotamento, rotulação e dosagem
dos medicamentos.

Pureza. O i d e a l é q u e as d r o g a s c o n t e n h a m s o m e n t e o s a g e n t e s q u í -
m i c o s necessários a o tratamento. Entretanto, substâncias c o m o solven-
tes, c o r a n t e s , t i n t a s , t a l c o s e o u t r a s s ã o a d i c i o n a d a s à d r o g a . A p a r e n t e -
m e n t e i r r e l e v a n t e , e s t e é u m f a t o r q u e se p o d e t o r n a r i m p o r t a n t í s s i m o
na história d o cliente. P o r e x e m p l o , após 2 anos de pesquisa da causa que
p r o v o c o u forte h e m o r r a g i a gástrica e m u m a criança ,quase o c a s i o n a n d o
sua morte, descobriu-se recentemente que o distúrbio foi causado p o r c o -
r a n t e u t i l i z a d o e m u m d e t e r m i n a d o a n a l g é s i c o infantil.

Potencialidade. A força ou o potencial d e uma medicação depende


d a c o n c e n t r a ç ã o d a d r o g a ativa n o p r e p a r o . A l g u m a s d r o g a s s ã o a l t a m e n -
te potentes e têm u m limiar estreito d e ação, o que requer observação
perspicaz duarnte sua administração, c o m o é o caso d o nitroprussiato.
S o b r e t u d o n a s unidades de cuidados críticos o dado sobre a potenciali-
dade é fundamental à observação d o paciente.

Biodispmiibüidade. É O padrão recentemente estabelecido por cien-


tistas, f a b r i c a n t e s e g o v e r n o . É a p r o p r i e d a d e d e a d r o g a s e r l i b e r a d a d e
«ua f o r m a de d o s a g e m inicial e ser dissolvida, absorvida e transportada
para os seus sítios de a ç ã o . A biodisponibilidade é m e d i d a e avaliada m e -
dindo a concentração após u m tempo de ação.

Eficácia. A i n t e r p r e t a ç ã o o b j e t i v a d a e f i c á c i a d a d r o g a é difícil. S ã o
feitos estudos c o m administração de placebos, visando c o m p a r a r o pro-
cesso clínico e determinar a real eficácia medicamentosa. C a b e ressaltar
aqui q u e este assunto r e q u e r total a t e n ç ã o e responsabilidade d o enfer-
m e i r o e m c o n h e c e r e p o s i c i o n a r - s e d i a n t e d e t o d a s as v a r i á v e i s e n v o l v i -
das e m pesquisas d e drogas. É preciso q u e este avalie qual a sua parti-
cipação e m pesquisas e recuse-se a administrar a d r o g a caso esta aplicação
fira o s princípios éticos que g a r a n t a m o respeito a o s deveres dos pacientes.

Segurança. Q u a n d o a d r o g a é c o l o c a d a n o m e r c a d o , ela apresenta


relevante faixa de segurança, o que é regulamentado e controlado por
ó r g ã o s oficiais, entretanto, e m determinadas situações, algumas drogas
são liberadas m e s m o c o m sérios efeitos colaterais, c o m o é o caso da ci-
closporina, droga considerada fundamental após transplantes. A admi-
n i s t r a ç ã o dessa d r o g a p o d e r e s u l t a r , e r e s u l t a f r e q ü e n t e m e n t e , e m a u -
m e n t o da pressão arterial a níveis elevados, assim c o m o n o c o m -
p r o m e t i m e n t o dos túbulos renais. Sabe-se que a ciclosporina significa u m a
esperança para aquele que necessita de transplante de órgãos, a f i m de
ser p r o l o n g a d a sua v i d a : m a s , infelizmente, seus efeitos são t ã o p r e o c u -
pantes q u e está h a v e n d o investimento substancial p a r a pesquisa nessa
área, na tentativa de ser ampliado o c o n h e c i m e n t o de a ç ã o da droga.

Mecanismo da ação. S ã o t r ê s o s c a m i n h o s p a r a a a ç ã o d a d r o g a n o
organismo, c o m o p o d e ser visto a seguir.

1«? — p e l a a l t e r a ç ã o d o s f l u í d o s d o c o r p o , i s t o é, u m a d r o g a p o d e
e x e r c e r seu efeito p o r alterar a propriedade química d e u m líquido, c o m o
p o r e x e m p l o o efeito d o H i d r ó x i d o de A l u m í n i o n o conteúdo gástrico.

2<? — P e l a a l t e r a ç ã o d a s m e m b r a n a s d a s c é l u l a s . A s m e m b r a n a s c e -
lulares são substâncias lipídicas q u e atraem certas substâncias liposso-
lúveis. A s s i m a d r o g a destrói a parte lipídica da m e m b r a n a , as proprie-
dades da célula são alteradas, e a d r o g a p o d e agir.

3<> — p e l a i n t e g r a ç ã o a o s s í t i o s r e c e p t o r e s . O m e c a n i s m o d e a ç ã o
d e certas d r o g a s é sua l i g a ç ã o c o m u m sítio r e c e p t o r dentro da célula.
Moléculas específicas nas células interferem c o m a d r o g a d e v i d o à f o r m a
tridimensional, semelhante à estrutura química. O f e n ô m e n o é c o m p a -
rável c o m o ajuste d e u m a c h a v e na fechadura. Quanto o sítio da célula
omparelha de f o r m a a causar l i g a ç ã o química, a d r o g a fecha-se n o sítio
e o c o r r e o efeito desejado.

Farmacocinética. É o estudo de c o m o as drogas entram n o corpo,


a l c a n ç a m o s sítios d e a ç ã o , s ã o metabolizadas e eliminadas. O conheci-
m e n t o da f a r m a c o c i n é t i c a é i m p o r t a n t í s s i m o p a r a o h o r á r i o de distribui-
ç ã o dos m e d i c a m e n t o s , seleção da v i a d e administração, e j u l g a m e n t o d o
risco d o cliente para a alteração da resposta à droga.
...... .v « « • s ( J r

Absorção. S ó é efetiva q u a n d o a g e n o sítio de ação, havendo dife-


renciação quanto à via. A s m u c o s a s e membranas s ã o mais vasculariza-
das, o q u e a u m e n t a a rapidez n a a b s o r ç ã o .
Metabolismo. A p ó s a droga atingir o sítio de ação é metabõlizada na
f o r m a inativa e excretada. A b i o t r a n s f o r m a ç ã o o c o r r e s o b a influência
de enzimas que d e g r a d a m e r e m o v e m substâncias químicas biologicamen-
te ativas. Especial papel é desempenhado pelo fígado, o que leva a o re-
conhecimento d o potencial q u e o paciente c o m lesão hepática apresenta
para intoxicação.

Tipo de ação. T r a t a - s e da a ç ã o d e s e j a d a e a p r e v i a m e n t e esperada


para a resposta fisiológica.

Efeitos colaterais. É possível prever os efeitos colaterais mais c o -


muns, às v e z e s associados ao c o m p o n e n t e genético o u n ã o E x . fosfato de
codeína p o d e resultar e m obstipação. A teofilina p o d e p r o v o c a r cefaléia
e tontura.

Efeitos tóxicos. A ingestão d e altas doses d e d r o g a s p o d e conduzir


a i n t o x i c a ç ã o e até a m o r t e , c o m o é o caso da Neofina, q u e d e p r i m e o
Sistema N e r v o s o Central.

Reações idiossincráticas. C o n h e c i d o o c a r á t e r da resposta individual


é possível preverem-se o s efeitos e atuar-se precocemente.

Interação das drogas. A s drogas p o d e m ser modificadas por ações


do outras, potencializando o u antagonizando seus efeitos, o que requer
do pessoal d e e n f e r m a g e m grande atenção aos pacientes submetidos a
multi-drogas.

2 — LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE O CLIENTE

E s p e c i a l a t e n ç ã o d e v e s e r d i s p e n s a d a a o s f a t o r e s q u e a l t e r a m as
a ç õ e s d a s d r o g a s . D e v i d o à s d i f e r e n ç a s n a m a n e i r a p e l a q u a l as d r o g a s
a g e m , e x i s t e i m p o r t a n t e v a r i a b i l i d a d e d e r e s p o s t a à s m e s m a s e a ( o ) en-
f e r m e i r a ( o ) p o d e d e s c o b r i r p r e c o c e m e n t e c e r t o s p e r i g o s se t i v e r c o n h e -
c i m e n t o d a h i s t ó r i a d o p a c i e n t e . A s m e s m a s d r o g a s p o d e m c a u s a r dife-
rentes respostas e m clientes diferentes e até no m e s m o cliente e m
diferentes ocasiões. Isso d e v i d o a fatores genéticos, variações fisiológicas,
psicológicas, ambientais e a u m e n t o de estresse devido à hospitalização.

A s variações fisiológicas que interferem são:

Sexo. A f e t a a r e s p o s t a à d r o g a , p o d e n d o h a v e r d i f e r e n t e s respostas
no h o m e m e mulher, sobretudo p o r implicações hormonais.

Idade. I m p o r t a n t e f a t o r a s e r c o n s i d e r a d o , s o b r e t u d o a s e s p e c i f i c a -
ç õ e s relativas à criança e a o idoso, sofrendo este último alteração nas
respostas d e v i d o à d i m i n u i ç ã o da capacidade d o s processos vitais.

Condições e^nocionais. O comportamento d o enfermeiro que admi-


nistra a d r o g a é fator i m p o r t a n t e na a c e i t a ç ã o o u rejeição da m e s m a .

Resposta à droga. É p r e c i s o t o t a l a t e n ç ã o à r e s p o s t a i n d i v i d u a l n o
q u e diz respeito a c o n c e n t r a ç ã o , associação, h o r á r i o s e vida média das
drogas, c o m o n o caso de antibióticoterapia.

Cronobiologia. Estudos recentes mostram que o h o m e m pode respon-


d e r à d r o g a d e a c o r d o c o m o s e u b i o r r i t m o , o u seja, a r e s p o s t a t o r n a - s e
individualizada t a m b é m e m f u n ç ã o d o ciclo circadiano. É possível q u e
daqui a alguns anos se possa c o n h e c e r o h o r á r i o ideal p a r a cada pessoa
t o m a r seus m e d i c a m e n t o s .
A c o l e t a d e d a d o s d o l e v a n t a m e n t o d e t o d a s as i n f o r m a ç õ e s d o c l i e n -
te, ajuda a determinar a necessidade da d r o g a e o potencial para respos-
ta, a s s i m c o m o o n í v e l d e t o l e r â n c i a c o n h e c i d o n a s e x p e r i ê n c i a s p r é v i a s ,
as alergias, etc. O histórico da dieta revela costumes e m casa e oferece
dados para a e d u c a ç ã o a o autocuidado, que deve constituir u m dos obje-
tivos d o plano assistencial e x e c u t a d o durante a hospitalização. O e x a m e
f í s i c o r e v e l a a c a p a c i d a d e d e e n g o l i r e t o d a s as d e m a i s f u n ç õ e s m o t o r a s
implicadas segundo as d i f e r e n t e s v i a s d e a d m i n i s t r a ç ã o .

S e o cliente tem problema de compreensão e coordenação, é preciso


avaliar seu potencial para se a u t o m e d i c a r e identificar seu grau de de-
p e n d ê n c i a da família, q u e d e v e ser incluida n o plano assistencial. A ava-
liação da compreensão e o conhecimento da necessidade de orientação
é fundamental. É preciso que sejam determinados o grau de conhecimen-
to, o potencial para o auto cuidado e o g r a u de adesão a o tratamento.

3 — DIAGNÓSTICO D E ENFERMAGEM

O e s t u d o d o p a c i e n t e p o d e i n d i c a r se e l e p o d e o u n ã o r e c e b e r o m e -
dicamento. E x . Se a freqüência cardíaca está baixa, é preciso determinar
a conveniência o u n ã o das drogas q u e d i m i n u e m a freqüência da contra-
ç ã o cardíaca. O d i a g n ó s t i c o focaliza a natureza d o p r o b l e m a e dos re-
cursos alternativos e p o d e selecionar o m e l h o r m e i o de se atender à
necessidade e m questão.

Alguns exemplos de diagnóstico de enfermagem:

Situação Diagnóstico

Condições do cliente para auto — dificuldade na percepção sensorial


administração — alteração na mobilidade física

Via de administração — alteração da mucosa oral


alteração nas eliminações
alteração no nível de consciência
déficit para engolir

Aderência ao tratamento conhecimento do déficit relacionado


à droga
ansiedade
negação ou contradição do estado
da moléstia

Uso de droga dependência


potencial para dependência do uso
de drogas para dor
predisposição para intolerância,
revelada pelo histórico familiar.
4 — PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM

A c r e d i t a m o s que a atuação efetiva dos enfermeiros na administra-


ç ã o de m e d i c a m e n t o s fundamenta-se n o c o m p r o m i s s o c o m a qualidade
de suas ações específicas, o que e x i g e de cada u m responsabilidade n o
conhecimento, atualização e aplicação dos itens j á descritos. Alguns
princípios d e v e m nortear as a ç õ e s de enfermagem e m geral:

— a d m i n i s t r a r d r o g a s p r e s c r i t a s d e a c o r d o c o m a s n e c e s s i d a d e s físi-
cas, psíquicas e e m o c i o n a i s do paciente/cliente;

— monitorar as respostas c o m eficácia;

— garantir segurança e c o n f o r t o para o paciente pela o b s e r v a ç ã o da


regra dos cinco " c e r t o s " : droga certa, na dose certa, na hora certa, na
via certa n o paciente certo;

— educar clientes e familiares;

— preparar o cliente para a auto administração e envolver a família


sempre que oportuno e necessário;

— conhecer e respeitar os princípios do Código de Deontologia de


E n f e r m a g e m e observar se h á consonância c o m o C ó d i g o de Deontologia
Médica, n o que concerne à administração de fármacos;

— respeitar as terapias alternativas, levando p o r é m e m considera-


ç ã o possíveis implicações c o m as determinadas pelo m é d i c o , e agir quan-
do necessário.

5 — IMPLEMENTAÇÃODAS AÇÕES E AVALIAÇÃO DOS


RESULTADOS OBTIDOS

A e x e c u ç ã o correta e efetiva das ações de e n f e r m a g e m reside sobre-


tudo n a t r a n s c r i ç ã o segura da m e d i c a ç ã o e n a e x e c u ç ã o d e t o d o s os itens
do plano de cuidados, c o m utilização, a t o d o o m o m e n t o e c o m o máxi-
m o de efetividade, da observação e da c o m u n i c a ç ã o .

U m a v e z assegurada a regra d o s c i n c o " c e r t o s " a administração efe-


tiva das drogas requer: atenção especial n o ato de interagir c o m o pa-
ciente n o m o m e n t o da administração, c o n c e n t r a ç ã o , perspicácia, b e m
c o m o r e g i s t r o c o r r e t o e c o m p l e t o d e t o d a s as i n f o r m a ç õ e s n e c e s s á r i a s à
individualização d o cuidado. C o m respeito a o s direitos dos clientes/pa-
cientes é preciso ter e m m e n t e que eles d e v e m estar informados sobre a
droga e que p o d e m recusá-la; têm, t a m b é m , o direito de receber terapêu-
tica m e d i c a m e n t o s a q u e seja planejada e e x e c u t a d a p o r pessoal qualifi-
cado, assim c o m o d e s e r e m devidamente avisados sobre sua m e d i c a ç ã o
e de d a r e m sua anuência para s e r e m f o c o s de pesquisa. O enfermeiro é
responsável pela m o n i t o r a ç ã o da resposta d o cliente à m e d i c a ç ã o ; isso
torna-se fácil q u a n d o ele t ê m c o n h e c i m e n t o real, n ã o superficial s o b r e o
assunto, assim c o m o capacidade d e o b s e r v a ç ã o b e m desenvolvida. Quan-
do reações imprevistas o c o r r e m , deve estar incluindo n o planejamento
todas as possíveis situações d e e m e r g ê n c i a .
m — Análise da situação atual

Considerando todos os princípios que devem nortear a administra-


ção de medicamentos, é imensa a responsabilidade da enfermagem. Refle-
x õ e s e pesquisas d e v e m ser direcionadas para o s seguintes aspectos, ten-
do e m vista a atual situação da e n f e r m a g e m n o Brasil:

— análise d o d e s v i o da f u n ç ã o d o e n f e r m e i r o p a r a a administração,
que delega a o pessoal auxiliar funções complexas, e n ã o o supervisiona;

— análise das o m i s s õ e s nas p r e s c r i ç õ e s referentes à m e d i c a ç ã o , c o -


mo p o r e x e m p l o a n ã o especificação de local para m e d i c a ç ã o parenteral;

— análise dos direitos d o cliente/paciente;

— c o n h e c i m e n t o das terapias alternativas;

— análise dos fatores sociais e e c o n ô m i c o s que afetam o e x e r c í c i o


da profissão d e e n f e r m a g e m e q u e afetam a qualidade da assistência;

— discussão de problemas éticos relacionados à p r e s c r i ç ã o de medi-


camentos vinculados à pesquisa.

IV — Conclusão

A administração de m e d i c a m e n t o s é atividade c o m p l e x a , sendo u m a


das maiores responsabilidades impostas legalmente a elementos da equipe
de e n f e r m a g e m . M a r e q u e r c o m p e t ê n c i a técnica, c o n h e c i m e n t o e respei-
t o a o C ó d i g o d e D e o n t o l o g i a e à lei d o e x e r c í c i o p r o f i s s i o n a l . N o s E U A ,
e m 19 estados, o enfermeiro está autorizado legalmente a elaborar pres-
c r i ç õ e s m é d i c a s d e , a t é m é d i a c o m p l e x i d a d e . A condição básica é c o n h e -
cimento profundo e m fisiología e farmacologia. U m e r r o pode resultar
na perda d o direito de e x e r c e r a profissão. P r e c i s a m o s identificar, c o m
base na nossa realidade, q u e aspectos referentes à administração de m e -
dicamentos e x i g e m reflexão e pesquisa, se quisermos estar c o m p r o m e t i -
d o s c o m m e l h o r q u a l i d a d e d e v i d a d e n o s s o s p a c i e n t e s e c o m o n í v e l uni-
versitário e m que nos situamos.

AKCUKI, E.A.M. Reasoning nurse's responsability in drug administration. Rev. Esc.


Enf. USP, v. 25, n. 2, p. 229-37, Aug. 1991.

This paper is intended to stress the nurse's responsability in therapeutic drugs


administration, mainly as related to her (or his) Knowledge of the pharmacological
principles involved in drugs prescriptions. The Nursing Process regarding drug and
client/patient assessment is herein presented as well as some examplie of nursing
diagnosis. Planning and evaluation of nursing actions are also discussed and other
issues are stressed that require a high degree of reasoning and research in the field.

UNITERMS: Drug administration. Nursing care.


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Recebido em 27/07/90

Aprovado em 30/01/90

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