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Projeto

PERGUNIE
E
RESPONDEREMOS
ON-LlNE

Apostolado Veritatis Splendor


com autorização de
Dom Estêvão Tavares Bettencourt, osb
(in mamariam)
APRESENTAÇÃO
DA EDiÇÃO ON-LINE
Diz São Pedro que devemos
estar preparados para dar a razão da
nossa esperança a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).
Esta necessidade de darmos
conta da nossa esperança e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
">".. visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas conlrérias à fé católica. Somos
assim Incitados a procurar consolidar
nossa crença católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste S1t9 Pergunte a
Responderemos propOe aos seus leitores:
aborda questOes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista crlstao a fim de que as dúvidas se
. ; dissipem e a vlvêncla católica se fortaleça
_ . no Brasil e no mundo. Queira Deus
4

abençoar este trabalho assim como a


equipe de Verltatls Splendor que se
encarrega do respectivo site .
Rio de Janeiro. 30 de Julho de 2003.
Pe. Estev'o Bettencout1, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convênio com d. Estevão 8etlencourt e


passamos a disponibilizar nesta área. o excelente e sempre alual
conteúdo da revista teológico - filosófica ·Pergunte e
Responderemos·, que conta com mais de 40 anos de publicação.
A d. Estêvão Betlencourt agradecemos a confiaça
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
Que' "Ideolog""?

" O Teo16Vk:o da. UbertaçO

"Hi.tÓrle do C,I.Uenll mo"

"Onde as Flere, Rio Murch.

Mertlnllo Llrtero

Voei .ebe qUlndo ?

QUI! • &li Exc;:gmünhio?

''Tknlcl do Poder da Me,


• Salnçio··

Conv.,..ndo lo br. Sexo

/I. Igrej. Ortodoxa RUIIII

Novembro-Dezembro -


,,
PERGUNTE E Rf8PONDEREMOS NOVEM8RO-DEZEMBRO - 1983
Publlca~1o bfJneânl N9 271
'======
etor.A.. ponm.I: SUMARIO
) . Eltttllo Sttttncourt OSB NATAL: UMA NOVA OROEM DE
\utor e Redator de toda a .....alé'la eOISAS
)ubllcacla nula periódico QUHIIo Comple.a:
u,
..,
. Ior-Admln"ndor OUE t: - IDEOLOGIA, -"
). HUdebrando P. Martins OS9 ~ Da l.ItMrtaçlo" :
· 0 TEOLOG ICO DAS LI9EFlTACOESft

"Inls."çlo e dlstrlbul9lo:
:diçOe5 Lumen Chrlstl
Hlsloriognlfla a Ideologia:
~H1STORI" DO CRISTIANISMO" ...
Calollelamo a E.plrllltmo .... com..
..,
10m Gerardo, -40 - S' an<lar, SISOl pll'em" ?
·al.: (021 ) 291-7122
:aba poslal 288e
·ONDE AS FLORES.N1IO MURCHAM "
14113-1913: '"
0001 • Rio de Janeiro - RJ MARTINHO LUTERO : UM PO UCO DA
SUA PERSONALIDADE .. .. '87

lamento em cheque !'IOmln.1 ViNdo ou


• P.la1 (pel'l1 "g'nela Ctntral/Alo),
Olan'a do len/lmeno prOl ..'.nl':
VOCE SABE QUANDO? ...
Mullol Indegam:
..,
.. r'Ç4Ido a.:
QUE e A EXCOMUNHAO? . . . "8
.~ Lumen Chrl.tI
Um livro d. mtdlco.:
ta POllal 2668 " TeCNICA 00 PODER DA MENTE
31 • Rio da JaMllro • RJ E SALVAÇ.l.O" . . . 50.
Ecoe d. TV :
·CONVERSANDO SOBRE SEXO" 510
nNATURA PARA "U:
Um livro IIUlltrado Mb,.:
Im."lo :
A IGREJA ORTODOXA RUSSA .. .. . m
c.s LtVAOS EM ESTANTE ..... . ... .. 520
31 di dlzlmbro de 1913: S .OOO.OO INOICE DE 1983
•• d, 'anllro a 30 de junho
• 1914: .•........ . 6 .000.00
'"
li d, '"ltIo I 31 di dlzlm-
'CI dt 1114: .. . .... . ... . . . 8 . 000,00 NO PROXIMO NOMERO
.Iro .vulM d. 111.4: .... 1 .000,00
272 - Janeiro-Fevereiro - 1984
RENOVE QUANTO ANTES
A SUA ASSINATURA Os leigos no novo Dlrello Can6"lco. -
MNosu " Hté mudando"? IA . Lii pplel. -
fUNIQUE-NOI QUALQUER ~ Um. IgreJa no POIIO e pelo Povo" I José
U.NCA DE ENDEREÇO Galeal. - "Ulurgl. e Llberteçlo ~ 'AldO
Vanucchll. - A lecnlca I CHING. - At
",,",IçA0 • ImpfHllo: dlspostç6ea para comungar (l19nll"lnI0.
rQues Saraiva- A Ig,eja na Etl6pla.
UOl RodrtglMS, 2AO
I de Janeiro Com aprovação ec lesiastica
NATAL: UMA NOVA ORDEM DE COISAS
Todo fim de ano é marcado pela celebraçã() do Natal, que
com grande antecedência move os Interesses das populações
cristAs.
Há multas maneiras de se penetrar den tro do significado
de NataJ. São Leão Magno (t (61) sirva-nos de mestre ao
escrever num de seus sennõeS de Natal:
·Par. sermos novamente chamados ... doa .rr08 mundanos l etema
bem-aventurença, Aquele mesmo até quem nIo pocIfamM subir, desceu
.U n6ll.
Considerai, pois, atentamente, carrsslmos, ••• quem nos recebeu con·
algo. quem ' recebemos conosco : sim, como o Senhor .. tornou carne
nau., nascendo, também nós nos tornamos ••u Corpo, renascando. Somos
membro. de Cristo 8 templos do Eaprrlto Sanlo 8 por 'slo o Apóstolo diz:
'Glorlllcal a trazel a Deus no vosso corpo'" (1lIrmlo 23).
Numa palavra, S. Leão Magno resume o mistériO de Na·
tal num intercâmbio: Deus se fez homem. nascendo, para que
o homem se fizesse fllho de Deus, renascendo. F1tho de Deus ...
não em sentido panteísta, mas por adoção ou pela elevação do
homem à comunhão com a vida trlnitérla: «Deus enviou aos
nossos corações o Esplrlto de seu Filho, que clama: 'Abbá, Pai' ,.
(Gl 4,6).
Estas verdades implicam uma conseqüência notável: desde
o primeiro Natal, o humano é a fuce que encobre e revela Deus,
e Deus quer-se ocultar e revelar através do humano, Ainda
com outras palaVI'IlS: a Encarnação do Filho consagrou a natu.
reza do homem (mlcrocosmos) e o mundo inteiro (macrocos·
mos), dando origem ao que se chama CB ordem sacramental».
Sacramental, isto é, relacionada com o sacramento, sacramento
que é um sinal sensível comunicador da graça ou do dom
de Deus.
Com efeito. A santlsslma humanidade de CrIsto, assumida
no selo de Maria Virgem, tornou-se o primeiro grande sinal
sensivel que traz e comunica a graça. Sim; por suas palavras,
Jesus deu vida aos mortos, saúde aos leprosos., " por seus ges -
tos curou o cego de nascença, o surdo-mudo .. . ; em suma, por
sua. existêncla santlficou a hwnanldade toda. como lembrou o
Conclllo do Vaticano n: «Por sua encarnação, o Filho de Deus
uniu-se de algum modo a todo homem. Trabalhou com mãos
humanas, pensou com Intellgência humana, agiu com vontade
humana, amou com comc;ão humano:r> (GS 22),
A santlssima humanidade de Cristo se prolonga no Corpo
de Cristo que é a Igreja (Cl 1,24) i esta nAo é a mera soma
de seus membros, mas o sinal senslvel através do qual Cristo
quer continuar a sua obra santificadoraj a Igreja é insepará-
vel de Cristo.
-441-
2 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. zrUl983

Por sua vez, o Corpo da Igreja se estende a todo e qual·


quer individuo mediante os sete sinais sensivels que são OIS
sacramentos estrltamfnte ditos. Estes vêm a ser a race con·
creta e atuante do mJstérlo da Encarnação ou ckI mistério de
Natal. Atingem o ser humano desde o seu nascimento na terra
(o Batismo faz renascer de Deus) até o tenno desta peregrI-
naçAo (Unção dos Enfermos) , Inclulndc a Eucaristia, que é
viAtlco ou o alimento diário da caminhada.
Por último, ainda sejam mencionados os sacramentais, que
preenchem os intervalos deixados pelos sacramentos: são bên-
çãos dadas pelo CrIsto, IIl<!dlante a ..,.. Igreja, a todos os obJe.
tos com que o homem realiza a sua santlfJcacão cotidiana: a
casa, a oficina, a biblioteca, os alimentos, o carro, o navio, o
avUio . . . , como também as medalhas, os crucifixos, os rosA·
rios. .. Assim toda e vida do homem, em qua1quer lugar e em
qualquer das suas atividades, é tocada pelo mistério da Encar-
nação_ Nada há de profano na vida do cristAo; tudo é prenhe
de vaIar novo; tudo é ocasIão de decidir.se pelo Cristo ou
contra o Cristo. Diziam os antigos cristãos, parafraseando
Mt 25,40: «Viste teu irmão, viste teu Cristo.. E a Regra de
S. Bento (t 543). exortando o dIsclpulo, estende o se.u olhar:
<Veja todos os objetos e demais utensllios como vasos sagra.
dos do altar» (cap. 31,10). As coisas mals corriqueiras sejam
consIderadas à 102 do sacramento ou do Natal.
São estas as seqüelas do Natal ou do mistério da Encar·
naçio. Este é maIs do que a solenha~o de um feito passado;
h a celebração da cre-crlação~ ou da cre·novação:t do mundo
pelo fato de que, a partir do primeiro Natal, o Etemo come-
COU a viver no tl!mpo. os valores definitivos se introduziram
dentro das realidades transitórias. Este mundo apresenta duas
races: uma exterior, visivel. pereclveJ. face, porém. que enco-
bre Uma. semente de eternidade lançada dentro do homem pelOS
sacramentos e mais forte do que a própria morte.
Possa este dom de Natal tornar-se fonte de alegrIa e cora·
gem inextinguivels para todos quantos O compreendam e vivam
adequadamente!
SANTO NATAL, PLENO DE GRAÇAS E BtNçÃOS,
EM PENHOR DE FELIZ 1983, SÃO OS voros DA DIRE·
ÇAO DE PR A TODOS OS SEUS LEITORES!
E.D .
-442-
.. PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
Ano XXIV - N~ 271 - Novembro-dezembro de 1983

QuHtlo compIeu:

Que é "Ideologia" 1
!In .'nl...: o vocibulo - Ideolog"- tem complexo sIgnIficado. Pode
ser entendido 1) como os kI6ololilU.. trancese. do começo do .ietllo XIX
o concebiam (ciência das Idêlu) 0\1 2) como alalema de penaamento que
)uamlca • conserva estruturas sociais Injustas, favon!ivels • um grupo e
nocivo .. comunidade, ou ainda 3) como doutrina elaborada par. aUlcltar
• luatlllcar uma atividade IÓclo-polltlcl . ubv.... lv. ou revoluclon'rl •. - A
.~ und. e • terceIra acepgOes do vocjbulo alo pilotai I..,...
Marx deeen-
volveu o ••gundo "ntldo da Ideologia a partir da. au.. preml.eu antro-
lIo16glcas. conforme .. qual• • consclancle do homem , funçlo do aeu
ter loclal ou da dlstrlbulçllo dos bens materiais: lodo tipo de cosmovla80
ou de 11108011_, no caso, seria parcial, unilateral, lubJetlvo, pola Inspirado
pela pollc;lo loelal do penudor.
, de lembr.r qUI a antropologia de Marx • .,Im concebida ê lalaa,
polI na verdade o esplrlto Iam o primado sobre a ",.t6rla e nlo ~Ice-
·ve .... : o 'PInsamento 6 anterior l prble e orienta a prixll, e nlo ~Ico-
..ve.... : o homem 6 leito p.... a vardada como tar em primeiro lugar, d.
modo que a norma '1Jc:u 810 dlcorrtncl. da aprlenllo da vordade por
parta da Intellljllncla humane.
Quanto à f6, nlo se pode confundIr com alguma Ideologia. Ao eon·
tr'rlo, a fê, pOl' sua Inelol. lranscendenll ou trana-hilllórlca, Julga toclaa ai
ideologias li ai retatlvlm, contraflando a tendlncla que lha, 6 Inerente, de
.baolutlzar valores dalla mundo. A f6 nlo 6 "tTanha aos bani tempo-
rais: ao eontr'rlo, InspIra o homem a cultlY!-los como criaturas dI OIUl
tem OI m,noapraur, ma. lambem aam OI hipertrolla!.

• • •
Comenfárlo: :e assaz freqüente o uso do vocãbulo ddeo·
losla:t, principalmente em circulos de f11osofla. sociologia, his·
torlografia e polltica. Há, porem, amblgilldades a respeito, pois
na verdade o termo pode assumir significados diversos. Eis
por que proporemos, a seguir, breve explanacio dos três seno
tidos que a palavra «ideolog1b pode apresentar; ao que se
acrescentarão algumas ponderações sobre ideologia e fé cristã.
-443-
.. cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 271/1983

1. ideologia, clênclo da. 1d41as


O vocâbUlo c1deologla. teve origem no Amblto do raclg..
naUsmo francês (séc. XVlll). O primeiro autor a utilizA·lo foi
o fUósofo A. Destutt de TraQ' em 1796; o mesmo publIcou pos~
terlonnente quatro volwnes intitulados eEi~ents d'idéologie:.
ParJs (lllOl·1814).
Destutt de Tra<:y era dlscipulo de EtIenne Bonnot de Con·
dWae (1715·1780) e da escola sensista. Esta se opunha à me·
taflslca (que atingira o seu apogeu na Idade Média) e afir-
mava que o conhecimento é totalmente originado das sensa·
ções; a mente seria como uma folha de papel branco que recebe
as impress5es dos sentidos. Escrevia de Trac:(y: eNão existem
realmente senão individuos; as nossas Idéias nio são seres reais
existentes fora de nós, mas meras criações do nosso espirlto
ou modos de classlfloar as nossas Idéias (1sto é, as pe"",P!)ÕeS
.ensivels) dos Indlvfduos. (Elóments d1déologle. Paris, voll,
301). Ora, segundo o fUósofo em pauta, o conhecimento ou a
ciência das idéias, assim entendidas, era a ideologia. Esta devia
ficar 80 nlvel dos fetos, das percepções eenslvels e, por Isto,
das idéias, à diferença da metaIislca, que estudava ca natu·
reza dos seres" e ea origem das coisas:.. A ideologia seria
«parte da zoolosia:.; indicarla os limites e os graus de certeza
do nosso conhecimento e assim libertaria da metafislca e da
1'éllgião • mente humana. Estaria ligada à gramlltica geral,
que trata dos métodos do conhecimento, e à lógica, que eon·
sldera a aplicaçi.o do pensanrento à realidade. Mais: a ideo-
logia contrJbulrla para a reconstrução craclonab da sociedade
e para a organização cradonab do Estadoj Uwn1nar1a a ativi-
dade poUtlca e social dos homens, fomentando a unlio dos
povos entre si, a paz e o progresso da humanidade.
Em breve, porém. a voga da ideologia assim entendida
cedeu ao descrédlto. Na época do Imperador Napoleão Bana.
parte I (1804·14), alguns IDOsor,," maniCestAIram-se, primeira-
mente, a favor do monarca j sem demora, porém, passaram a
se lhe opor - o que suscitou Asperos comentários de Napoleão
aos ideOlogos. Françols René de Chateaubriand (1768-1848)
classificou a ideologia de cmetafislca rotO:.; foi tida também
como cmetatlslca tenebrosa», abstrata e danln:ha, porque, destl.
tulda de eontato com a realidade; os Idéologuee foram. chama·
dos dact:rtD:aln!a (doutrinários) ou gente que não entende os
problemas ree.ls do mundo. Assim cldeologla:o começou a assu·
mir um significado pejorativo. Hoje em dia não hâ pensador
que a entenda no sentido de Destutt de Traey.
-444-
5

2. tdeologia: sistema «legitimador» do grupo dominante


1 . Uma corrente de pensadores que, a parUr de Machla-
velll (t 1527) e Bacon (t 1e2e), através da Spinosa (t 1671)
e Hume (f 1776), tem seus expoentes principais em Helvetlu6
(t 1m) e Holbach <t 1789), preparou os caminhos para se
entender c1deologla. de novo modo. Com efeito, Machiavell1,
Bacon, Helvetlus e lHolbach julgaram que os homens sáo mo.
vidos pela Ansla do poder e, para conquistá.-lo ou mantê.lo,
recorrem i: mentira e à falsidade. eLes préjugés dos granda
90nt Ia ]01 des petits. _ Os preconceitos dos grandes são a
Iel dos pequenos. (Helvet1us. De l'bolDDle. Paris 1773, I. 239).

Mais: MachJavelll afirmou a posslbWdade de uma d1!e.


renca (desvIo) entre a realidade - espedalmente a realldade
poUUca - • as Idélas polltlcas. Hegel (t 1831) admitiu a
separação da consciência em relação a si mesma, principal-
mente no decorrer do processo hIstórico (cf. a Fenomenologia.
do Espirlto de Hegel) i neste processo poderia ocorrer a cCOM-
elênela cindida» ou «consciência desgarrada, ou ainda ccons·
ciência lntellz». Da idéia de consclência cindida originou-se;
nesta Unha de pensamento, a idéia de cfalsa consclênclu. E
desta, por sua vez. derivou-ge uma nova acepeão de ideologia.

Ideologia, no caso, seria. todo sistema de pensamento arqul.


tetado para legalizar e· justlficar um grupo dominador da
sociedade. Os membros desse grupo, consciente ou inconscien·
temente, defonnariam a realidade histórica e disslm.ular1am os
seus interesses particulares (de ordem econômica, poliUca ou
social) sob a capa de propugnar algum ideal ou o bem comum.
Assim tentariam legitimar e reforçar o seu poder dominador.
As Ideologias serIam então produtos de classes prepotentes
desejosas de conservar wna ordem de coisas injusta sob a mãs.
cara de interessar·se peJos reais valores da sociedade. Haveria
distorção da verdade, falsa consciência e hipocrisia nesse tipo
de Ideologta.

2. Ko.rl Marx e FrIedrich Engels desenvolveram tal con-


ceito de acordo com as premissas da sua fUOSQ!ia. As ideolo.
gias (e a religião seria uma delas) serlam conseqüências das
relações sociais e econômicas, como afIrma Marx: «Os mes·
mos homens que configuram as suas relaCões sociais segundo
as formas materiais de produção, configuram também os prin.

-445-
6 ePERGUNTE E RESPONDEREMOS, :lll/1983

cipios, as idéias, as categorlas segundo as suas relacÕes 50·


d81s~. As relações econômicas ou de produção constituiriam a
estrutura da sociedade. Esta daria origem a uma csuper-estru-
tura aoc1ab (relações socla1s) e, por sua ve;, esta tnspirarla
,u ma csuper·estrutura ldeológlca~ (compreendendo a religião,
a fllosofla, a Moral, o Direito, a arte. .. ou, numa palavra, a
consciência) 1. A super-estrutura ideológica. (conscIência) serIa
a expressão e o reflexo das estruturas Inferiores, Na socle-
dade burguesa, visto que as estruturas inferiores são falsas e
inlquas, as ideologias reinantes seriam também falsas e injus-
tas; seriam simplesmente· a cfalsa consclêncla~; esta professa
idéias que a sociedade, ou uma classe socIal. julga ser veridl.
cu, mas que apenas são o reflexo dos interesses da sociedade
ou da classe. Eis palavras de Marx:
"Acima das dlterentes formas de propriedade e das condlç&e. loelsle
da Ixi,tlne.. coloca.. a toda uma eupe,...lrutunI de Impre.. oea, IlusO'.,
modOS PlMICUIarU de pensar e plMlcullr81 concepÇ6el di vida, A clan.
Intalra cria e.a 8uper....rulur. e lhe d.. lorma eobre a bu. das suas con-
dlç08l materiais e das correspondentea relaç6es soela•. O cldadio Indi-
viduai, a quem e.lu concepçOes chegam alrlv"a dI Iradlçlo I da edu·
caç:lo, poderia Imeglner falaarnen\1I que ela. cOAl1ltuem os moUvoa dete,-
mlnante. B o ponto de p.rtlda da .ua allvldade- (O 11 Brwnúlo dtI ud.
BO"'lIart.) ,
Com outras palavras: 8 rellglão, 8 filosofia, o Direito, a
arte seriam instrwnentos para mascarar os interesses prepo·
tentes do grupo dominador de cada sociedade: eAs leis, a Mo-
ra!, a religião são, para () prolete.rlado, teses burguesas, atrás
das quais se escondem Interesses burgueses. (Manifesto do
Putklo Oomwaid:a). Por isto Marx tem por objetivo tirar as
mAscaras às Ideologias burguesas: .Uberemos os homens das
quImeras, dos dogmas, das llU50es presunçosas sob o jugo das
quais eles são acabrunhados. Rebelemos-nos diante desse dom1·
nla de pensamento> (ideologia 41...... In_uçio).
Além de Marx, d<:Ils outros pensadores desenvolveram o
conceito de Ideologia elegitimadora •.
3. Friedrich Nletzsche (t 1900) afirmava que a intell·
gêncla cria as ideologias para encontrar motivos que revistam
de altulamo o egoLsmo, ou pare justiflcar o que um grupo ou
um individuo possui (tal ê a Ideologia dos dominadores) ou

1 t conhecido o axioma de Marx: "Nlo • a conaclêncla do homem


que dllermlna seu ..r, mu, ao contr'rlo, • o .er ioclal que determina a
conacl6ncl.~.

-446 -
QUE 1.: dOEOLOGIAII? 7

para expressar o que um grupo ou um individuo quer ter, mas


nio pode ter (tal ~ a ideologia dos dominados). Assim ( 8 fra-
queza é rotulada de mérito e a incapacldada é tida como bon-
dade; a covardia vem a ser hamUdade; a submissio àqueles que
odIamos, é dIta obediência; aquele que ordena essa submissão,
é chamado n.n.. A lnoculd8da dos fracos,. .. o seu 1nevltAvel
ter que esperar, recebem belos nomes, corno paclênda.; o nio
poder vIngar-se ~ chamado não querer vlDgv-se. ou também
perdio. (La genealogia della Morale. MIlão 1927, l. 14.
p. 280).
4. Para Sigmund Freud (t 1939), as Ideologias são pai-
xões racionalizadas, isto e, justificadas por teorias que as cem-
belezam,.: -«Os juizos de vaIor dos homens são certamente pro-
dutos dos seus desejos e representam uma tentativa de funda-
mentar com raclocinios as suas ilusões» (8. Freud, Das Ua-
behagen in der Kultur, em Gesammelt8 Schrlften. Viena 1935,
XII, 113) . Com outras palavras: as ideologias são projeções
de elementos pslquicos inconscientes.

5. Ainda conv~m mencionar neste contexto Os «sociólo-


gos do conhecimento,.. Estes tentam ampliar o ccnceito de
ideologia e o tomam menos polemico e mais cientifico. Karl
Mannheim (t 1947), por exemplo, julga que é preciSO passar
de um conceito ~cial,. a um conceito «totab de ideologia.
Isto quer dizer: é ideologia toda e qualquer cosmovlsão ou toda
e qualquer sistematização d~ idéias, não somente a que o nosso
adversàrio propõe, mas também aquela que nós a braçamos;
sim, o pensar depende sempre da situação social de quem estã
pensando e é o reflexo inconsclente da mesma; hâ sempre uma
relação entre determinado ponto de vista intelectual e certa
poslção social. Por isto toda ideologia está Ugada a determi-
Il]lda posição social e, por isto, nenhuma Ideologia é absoluta.
São pa1avras de Mannheim:
-OI ~f6~fI0l prlnclploe morais e 611cOI tio condicionados por Iltua-
çOel precisas e alguns concallos fundamonte. como o de devsf, Iranl-
gr8l81o, pecado. nlo existiram s empre: 16 .~r.C8ram em fun~lo de con-
dlçõe. loclala particulares- (Ideologia • Utopia, Bologna 1957, p. 82).

Em conseqüência, segundo Mannheim, a Ideologia não


exprime juizos de valor.

-447 -
8 cPERCUNTE E RESPONDEREMOS. 271/1983

3. khologia: doutrina sóclo-polfHca ",voluclon6r1a

Numa terceira acewão, ideologia é toda teoria ou todo


sistema de pensamento elaborado para orientar e justificar
uma açic polltica e social de tipo revoluclonArIo ou de subver·
slo violenta no plano dos valores ou em certas situações hlst6.
rIcas, polttlcas e sociais. Assim, seriam Ideolcgfas o naciona-
lismo exacerbado, o comunismo, o naclonal-sociallsmo, o fas·
clsmo •••
A Ideologia assim entendida apresenta quatro caracterls·
tfcas:
1) fD.dole mitlca. Embora as ideologias se apresentem
como clenUficas, elas na verdade se assentam sobre mitos: o
mito da naçlo, o da raça, o do proletariado . .. Em vão Lenin
chamava o comunismo «ideologia clentlflcu e o nazfsmo de
lntler se julgava apoiado pelo dado «cientifico. da SUpériori.
dade da raça ariana;
2) IndoJe a.t\vIsla. Trata... de teorias voltadas para a
ação, cujo valor estâ não na sua eventual veracidade, mas na
sua eficácia transfonnadoraj
3) fndole a6eU~ As ideologias têm forte ressonância
sentlmental e afetiva, capaz de susc1tar emoções e palxl5es até
o fanatismo;
4) Indol. absolutista • tofaJllirIa. São sistemas que nAo
admitém dúvidas; têm. sempre razão. a ponto Que quem não
os aceita é inim1go a ser destruido, é um malvado a quem n~o
se deve pennltlr Que exista. Da! o oarâter de luta contra o
inimigo, Inerente a toda Ideologia.

Esta indole absolutista ImpUca ainda três notas tfpicas:


a) a de mE 'enlmo, que leva a crer que o triunfo de
determlne.da ideologia acarretará para a humanidade uma era
de prosperidade e paz (Marx faIava do creino da liberdade»,
Hitler apregoava «dez mil anos de p82a~);
b) o absolutismo das ideologias é também escatológIcoj
MuneIa o ponto culminante e o termo final da história. Para
Marx, a Instauração do comunismo «encerra a pré-hlstórla da
QUE E cIDEOLOGIA:.? 9

scciedade humana» (Per la. critim deU'economia politica. Roma


1957, p. 12) e revela o sentido profundo da história. pois o
comunismo é ca solucão do enigma da história e tem cons-
ciência de o ser» (MaDoscrittt eoonomJoo-fllosoflel dei l.844.
Roma 1950, p. 258);
c) por seu caráter absolutista, as ideologias tomam-se
freqüentemente pseud~religi.ões ou religiões .secularimdas, que
excluem e. verdadeira religião (culto a Deus); exigem dos seus
adeptos dedicaçã.o total e, por isto, não podem tolerar a exis·
têncla da fé que, proclamando o Absoluto de Deus, contesta o
totalitarismo das ideologias e o seu carãter idolátrico.
Em conclusão desta exposição, verlflea-se que o segundo
e o terceiro significados de Ideologia têm sentido pejorativo.
Diz Karl Jaspers:
"Collnlr um sistema como Ideologia slgnlflea revela' o seu erro. dlS'
mascarar o leu mal. Por Isto designar um sistema eomo IdeOlogia é acualHo
de 'allll. contra a \/erdade li a Sinceridade: é. pois , a critica mais damo-
IIdora~ (Dia ;1.1I0e Slluallon der zen. eorftn 1953).

Torna·se agora importante .refletir sobre

4. Ideologia e fé cri$têi
Proporemos duas observações:

4 .1. O. conui.os pajoratlvos d. Ideologia


:A. segunda e a terceira acepções de ideologia, principal.
mente a ~gunda tal como é concebida por KK.r1 l'narx, nao
C1.Izem respeito apenas à etica ou A moraJ, mas tambem ao pro·
pno conceito de homem ou á antropologia. c..:om ereito; se·
~undo Marx, o pensar OU a consclEmCla tlJosóftca dO homem é
rruto das relaçoes de produçao e posse materiais. O materla·
lismo de Marx se espelha nesta atlrmação; o pensar sena ape-
nas Instrumento da praxi5, e ate mesmo da pOUlS esmaguuora
ou reVOlUCIonaria. - Ora uma tal n~ao é muceltavel aos omos
aa sã lUOSOtla, e, especialmente, aa rllOSOr18 criSta. UUI. ttUl·
bui ao esplr1tO ..e, consequentemente, ao pensarJ o prlml:lOO
sobre a matéria. A razão humana 10i feita para a ve raacte
antes do mais, e é capaz de apreender a esta, como de lato a
apreende; a vontade do homem, por sua vez, lende a captar
-449-
10 cPERaUNTE E RESPONDEREMOS:. 27Ll983

valores ... , não apenas valores materiais, mas também valores


esprrltuais, morais e transcenctentats. Em suma. o homem não
é apenas ação, pra.Ds, mas é também adesão à verdade como
tal e contempJação. O homem, em Ultima lnstâncla, foi feito
para o Absoluto e, por isto, é capaz de pensáAo E' querê-lo. As
normas concretas da praxis humana são decorrência da apre-
ensao da verdade, e não vice-versa.
Não há duvida, porém, de que o ambiente socla1 em que
alguém vive, pode inlluenciar grandement-e o modo de pênsar
e a consciência desse individuo; dai a existência de ideologia
burguesa como tambêm a de ideologia proIetArIa. Deve-se
outrossim reconhecer que certos grupos propõem falsas inter·
pretaçiles da realidade para jusúllcar determinado projeto
polltlco, manipulando a verdade em favor de interesses parti-
CU1al'i!s. Todavia ~ mister frisar que tais atitudes representam
alJusos ou dlstorcôes, que náo invalidam o primado do pensar
sobre o agir nem a onentação da mente humana para a ver-
dade como tal. Em conseqüência, diremos: nem toda cosmo-
visão é ideologia, nem toda filosofia é tendenciosa ou parcIal
ou unilateral, mas há formas de filosofia que não são Id~ologia .

4.2 . Fé' Id_logIa?

Há Quém afIrme que a fé cristã ou (até mais ampla.


mente) A rellgiáo é uma ideologIa, ou seja, uma distorcão da
verdade apta a favorecer alguma classe social. Tenham.se em
vista as teses de Karl Marx e de autores ateus dos últimos
tempos.
A propósito observe-se:
1) Por certo, a fé cristã e a relJglão podem ser manipu-
ladas em favor de Interesses particulares ou a fim. de legitimar
privilégios e sItuações inlquas. A Inqulslção Espanhola, por
exemplo, d1rigIda pelo poder régio nos séculos XVI-XVllI, ape-
lava pare. argumentos teolõglcos a fim de .unllicar o Reino
com detrimento de judeus e muçulmanos..
Contudo este uso da té violenta a p'r6pria fé. defonnan-
dO-8 e traindo-a. A fé é essencialmente antildeológica, como
atestam algumas de suas expressões mais significativas: o mar·
tirlo do sangue, a vida c1austral regular, a experiência m1stlcs,
a contestação dos fiéis crIstãos dJante de indevidos conluios
entre o poder politico e as instituições religiosas ...
-450 -
QUE 1: clDEOLOOIA~? 11

2) Na verdade, entre fé cristã e Ideologia M diferença


radJcal. Com efeito ...
A té crlstã tem sua origem em Deus e na revelação que
.o' Senhor fez de si ao homem. Ao contrário, as ideologias são
produtos do homem.
A fé, embora seja vivida no tempo, transcende a histórIa,
ao passo que as ideologias estão sempre ligadas à história e
evoluem com esta.
A fé é aberta a todos os homens, enquanto as ideOlogias
são [unção de um grupo ou de uma classe.
A fé propõe a plena realização do homem e da história
no Reino de Deus a ser consumado, ao passo que as ideologias
prometem a plena resposta às aspiracões fundamentais do ho·
mem neste mundo através do reino do homem.
A fé tem em mira a extinção do pecado e a salvação do
homem inteiro pela participação na vida do próprio Deus, ao
passo que as ideologias tendem à conquista e à conservacâo
do poder, ao sucesso político e ao dominio do mundo.
A fé se tunda sobre a Verdade que é Cristo e tende Ià
Verdade contemplada face-a·face, enquanto as ideologias se
Importam mais com a eficácia do que com a verdade e, caso
a mentira e a falsidade lhes sirvam, não rerusam tais meios
de conquista.
Por conseguinte, a fé cristã não é, nem se pode tornar,
uma ideologia. Ao contrário, ela asswne diante de toda ideo·
logia uma atitude critica, relativizando a todas, mostrando o
caráter unIlateral e parcial das mesmas e condenando a a.bso·
lutização dos valores mundanos (ainda que nobres, como a
pátria, a Igualdade entre os homens ... ) que, exaltados pelas
ideologias, são, muRas vezes, voltados contra o homem pelas
mesmas ideologias.
Destes df2eres não se segue que a fé cristã seja alheia
aos bens temporais e ao destino terrestre do homem, que as
ideologias consideram. Ao contrário. o cristão 1"'...'Speita e estima
todos os autênticos valores do homem e do mundo, ciente de
que são criaturas de Deus. Mais: o cristão encontra na sua
fé os elementos de doutrina necessârlos para cultivar tais valo-
res sem os menosprezar nem hipertrofiar.
-451-
12 4EPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 27111983

Em conclusãb: a fé pode e deve inspirar todo projeto de


realização terrestre do ho~m, mas ela não se pode reduzir a
um projeto ao lado de outros projetos históricos .. A ré só se
toma história através da necessâria medIação de um ou mais
projetos históricos elaborados pelo homem com os instrumen-
tos que a lnteligêncla e a experiênc.ia lhe põem à disposição.
Conceber tais projetos autenticamente inspirados pela fé (o
que quer dizer: livres de toda ideologia e absolutizaçáo) e ao
mesmo tempo correspondentes às exigências concretas do ma-
mento histórico. é tarefa diflcll, mas indispensável. de todo
cristão.
Na elaboreçlo deste artigo seguimos de porto o conleOdo do edI-
torial Fede criltlana " Ideologia da revista La Clvlltl CaUollc. n9 3191,
4/0&/83, pp. 417-428.

Blbllcgrallll:

BEASHADV, H., Ideology nd SocIal Knowtedge, 1973.


BRETON, 5 .• TttMrle doe IdtoIGII.... 1976.
DEGRI:, GliRARD, Social)' and Ideololl)'. An tnqulry Into ti.. SoclOlogy
o' K~I.dlla

DRUCKER, H. M., ".. PolitlClll U... 01 IcleGlolY. 197-4.


FERF\fr.TER·MORA, I. DlccloNrlO dt FIIOIO'18. Vol. li, Madrid 11181,
verbete IdtlO~91..
GANGUlI, B. N., IdtclloglH and tlte Soela' Sel,neet, 1975.
MANNEIM, Id8Ologl. und Ulopla, 1929•.
RIVERSO, E" I probltml dell conoecenza • de' metodo nol 1..,lrlMO
degl' ldaologl, 1962.

•• •

-452-
liDa Ubartllçlo":

"O Teológi(o das Llberta~ões"


por Leonardo e Clodovls 60ft

Em .1...... : o IMO de Leonardo D Clodovil Botf .pregoa e Teo-


logia da Llbertaçlo em tennos talvez sedutor •• (poiS nlo ra ro amblguos),
m.. cer1amente sujeitos a restrições por parte da doutri na católica.
A linha dominante do livro é a tese de que e fé e os velores fell..
910sos ntlo simplesmente englobados ou ImpJlcltos na luta pela Justiça
social: esta • sempre "sobrenatuTal" ou sempre v'lIda em si, q uer prst~
cada por erl.tlol, l:Iu.r praticada por alaus e marxistas (que Mslm tentam
construir uma locledade sem DeIlB e sem fé), 0 Ir-,,-18 quo 8 .. e a reli·
gllo 110 algo de lecund6rlo em relaçlo aOS bens econOmlco·soclals, Deatll
lorma os conceitos e 0$ vocábulos religiosos ou ds fé do s.cularludos:
"a converslo é revoluçlo socJal~, ~salv.çlo • acabar com as misérias que
o povo .ofr.", "Reino de Caus • socialismo", "pecado' a eKploraçlo •
a opreBllo ... ". Os autores nlo negam os vaiara. tranlcendentals, mas
nlo lhe. dlo o lugar que lhas compele numa aulênllca vl810 de fé.

• • •
Comentário: A Teologia da Libertação (TI..) está sem-
pre em foco. Quem lê a bibliografia respectiva, verifica o
grande número de expressões e conceitos amblguos, Que difi-
cultam ao leitor uma exata compreensão da probtemática. Ge-
ralmente o estudioso de tais obras é colocado diante do pano·
Nlma das injustlcas s6cio-econômico·politlcas existentes na
América LaUna; em seguida, é-lhe apresentada a Teologia da
Libertação como resposta cristã a tal desafio, de tal modo que
muitos poderão NJgar que, se não abraçarem a TL, estarão
cruzando os braços ou serão coniventes com a InlqUidade _ o
que é pecado. Daí a tâo freqüente adesão do público à TL.
Ora a obra cOa Libertação::. das Innãos ~nardo e Cio·
dovis Borf 1 é mais um espécimen dessa bibliografia, Escrita
em linguagem técnica, recorrendo a neologismos, utilizando
palavras e construções em sentido bivalente. pode Impressionar
certos circulos de leitores.

1 ~D .. Llberta~io. O Teol6gleo da. Ubertaq6e1 S6elo.Hlllórleaa". por


Leonardo OoH a Clo<Iovl& Soll. PUblh;açGe. CID, Teologla/ 19, - Ed. VOlat,
Petrj)polll 1979, 13 x 210 mm, lUpp.
-453-
14 .:PERGUNrE E RESPONDEREMOS. m/1983

:e n()S$o Intuito propor uma apreciação de alguns trac;os


marcantes desse escrim.

1. «Da Libertasóo»
A obra compõe-se de dois livros: um de Leonardo Boff
(<<A -SalV8cão nas Llbertacões• . pp. 9·65) e o outro de CIo.
dovis Boff (.:A Sociedade e o Reino. DiâloJito entre um MIll·
tante, um VIJri.rjo e um Teólogo., pp. 67.114). No primeiro,
Leonardo Boff exPõe em linguagem sistemAtica a sua tese: a
salvacão prometida por Deus vai-se realizando parclalmente
nas libertações que a sociedade experimenta através da his-
tória nos planos econômico, político e social:
cSolvoçõo é o lermo lécnico para expressar a IItVQÇijO escoto·
16gica do homem 16 na plenitude do Reino de DevI e na eternidade,
ronuldlodo e divinizado. Entretonto esta siluação definitiva não se
realizo . omente no termo da história. Ela le antecipa e le prepara
dentro da proceno hist6rico . .. Porque edó dentro do processo
hist6rlco. podemos falar do leologal ~,e ~e "te dentro deu Instandos
econ&ndca. polUica e social,. (pp. 56s).
Clodovls 80ft, em estilo mais existencial ou sob forma
de dlãloQ'o, explana a mesma tese. O tQól~ Carlo~ e o mlli·
tante Luis são os seus arautos. ao passo que o Virirlo Vi-
cente lhes tonnula objecões e dúvidRs - o Que ajuda o leitor
a penetrar mais facilrrrente dentro da doutrina proposta. Clo.
dovls ~ detém em questões de eplstem().Jo~a e metodologia.
teolóefm - () que exige do leitOr" certa Iniciacão. a fim de
poder acompanhar o alT87oad().
A tese formulada por Leonardo Bof!. à primeira vista, é
'Rceltâvel. Acontece. porém. que no contexto do livro é enbm-
dlda de maneira que a toma sujeita a questionamentos, como
pusamos a expor:

1 .1 . Mlp ....rofta ela dimeMÕo temporal


A teologia ensina, sem dúvida, que nenhuma realidade
terrestre é profana ou alheia ao ReIno de Deus. Estabelece.
porém. uma hierarquia de valores: os que têm carAter defini·
tivo, oomo 09 bens espirituais e transcendentais. a fé e SU8-S
expl'êSSÕes têm mais peso do Que os bens temporais. como são
os da economia e da polltlca. lt em função da sua fé, mas
ciente de que «passa a figura deste mundo. (lCor 7,31). que
o cristão se empenha por runs ordem soelal justa.
-454-
(o TEOLOGICO DAS LIBERTACOES. 15

Ora no livro em foco os valores temporais são enfatizados


a ponto de assumirem a primazia; os va10res esplrltuais não
são negados, mas, sim, englobados dentro dos materiais. O,
autores estipulam uma proposição absoluta, não discutida, mas
dogmaticamente aflnnada: ê necessário transformar a soclf"-
dade, combatendo (até peJa violência, p. 105) o capitalismo
para instaurar o regime socialista (p. 96. 19) I, Esta luta,
como tal, tem cuma grandeza sobrenatural» (p. 107) . A ati-
tude interior ou religiosa ou at éia - dos que praticam essa
luta é as conseqüências atéias que ela possa t er, são secun
dárlas.
Com efeito. A respeito dos cristã.os que militam em prol
de regime sociallst6, diz Clodovls Bof! :
cA participação dos cristãos na luta do povo le baseia no valor
intrln.eco dessa luta, que . . . tem para um cristão dimensão divina
objetiva .. . Não é a fé quo confere um sentido sobrenaturat ou
dIvino à lufa. e o inverso que ocorre: ó esse sentido objetivo inlrín-
seco que eonfere à fé SUa forca . Não é porque o eriatão vai à lula
animado ",ela fé sobrenatural. e (I contr6rio que (lcontece: , por-
qtJe a própria luta jó tem em li mesma uma grandeza sobrenatural
que o cristão vai o elo animado pelo fé» (p . 107).

A revolução social também é vê.lida mesmo quando mo·


vida pelos principias do atetsmo marxista; o a telsmo inspira-
dor da transformação e conseqüente à mesma não anuta o
valor da revelução. Ê o que se depreende da seguinte passa -
gem do diálogo montado por Clodovis Boff:
cV1CENTE (V'tgáriol: .. . H6 muilos movimentos de liborlocõo
.q ue não lêm nenhuma dimensão maior - a dimen são religioso. Siio
fen6menos puramente profanas. Tame, por 8IIemplo. a revolução
russa, chinesa ou cubana. São revoluções feitas loh o li gna do olelsmo
monlisla. Desse ",onlo dI! vista não s6 não t&m d imensõo nenhuma
de trctnscendõncio. cama se ",odem dizer propriamente onti- humanol.

WIS (mllltantel: Voc! se fixo num aspecto s6. Temos quo ver
o lodo. Não se pode negar os realizaçi5es palitivas .q ue elas Irou-
xeram, sobreludo no oampo <los direito. mais elementares , t:omida,

t Tenham-se em vlata os aegulntes dlterts:


"- LuiS (militante) : 'Eu afirma que hoje, para n61, o Rllno de ceus
, concretamente o socialismo'" (I'. 95).

-455-
16 .rPERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 271/ 1983

ve.tu6rlo, tela, educocõo de base, mediano, ele. Quem se olreve


o negor essas cobas dignas de aprovação e de e ..ima? f assim que
falava João XXIII na Pocem In rerri.. Tudo o que 6 juslo fi verda·
deiro, vem de Deus e é feito sob a Insplraçlio do Esplrito Sanlo.
VICENTE (Vlgl.riol: Mos existem lá tantas coisas horrorosas . ..
CARLOS ['eólogo) : Tal 6 o plano d, Deus: que, quando lula'
mos pelai homens, sobretudo pelos oprimidos, lutamo. por Elo, quer
o saibamos, .quer não. Então não é o presenco dos crist60J que con·
fere Q um movimento histórico "11 coróler sobrenatural. Depende
do relidão ética de seus geston Ipp. 105.,.

À p. 90 a Revolução chinesa maoIsta . é elogiada em ter·


mos semelhantes. À p. 19 é Leonardo Borf Que diz que .I a
Igreja deverá se articular com outras forças socIais Que tam·
bém buscam uma mudança. qualitativa... Tais Corças seriam
«grupos que se restringem apenas a uma libertação sóclo-hls-
tórica~ - o que parece insinuar a aliança da Igreja com as
correntes revoluclonê.rlas do marxismo.
Tal poslcão dos innãos Baff é reducionista ou mesmo
secularista; sim, reduz a fé às suas expressões secuJares, ou
seja, sóclo-polItlco-econõmicas, com menospre:ro da dimensão
tipicamente religiosa; pode·se dizer que redunda em ateismo.
Tenha·se em vista a seguinte passagem do diálogo;
.rVlaNTE (Vigário): Sou da opinião de que o dimensão da
f' moi. importante é a dimensão reJi,giosa.

WIS (militonte': Eu acho que a coi5a mais importante da "


c:r!lU! n~o é a parle religiosa; oroçao, Mina, sacramento, elc::. Cal·
la. assim os fariseu. também faziam . E muitos farileul de hoie con·
tinu.am fazendo. Para Jesus, o que contava me . mo e ra o amor, Q
justiça, a . iAcerldade. Cristianismo é prática . Isso ele a deu a enten·
der mais de uma veu (P. 1021 .
Nestes dizeres revela.se maIs wna nota caracteristica da
tese do llvro: a primazia da pra.rls: ou da ação sobre O lagos
ou a doUtrina.

1.2. A fun,ão da Igrela


A revolução social é absolutizada como meio de -salvação
a tal ponto que aparece como um novo (ou talvez o único)
sacramento, mais importante do que o sacramento da Igreja.
_456 -
cO TEOLóGICO DAS LIBERTACOES~ 17
Esta vem a ter funcão de vaJor relativo, dispensAvel por vezes,
ao passo que a luta pela transformação social é tida como
valor absoluto, lndispensãvel para a salvação. :e O que se
depreende, por exemplo, da secção seguinte:
cVICENTE (Vigárto); E a I",reia que manileda essa presonça
de .alvaclio no mu"da e oventualmente dentro da liberlação, pela
falo de ser '.acromento da salvaç8o'.

WIS (mUitontel: Certo, mal a Igreja nõo lem o monopólia


deuo pr... nca 111 nem de sua difusão» (pp, 109.,.

«CARLOS ("logol; O .sforco postoral da Igre[o ngo viso


diretamente bot i~r. $ontificer ou sobrenaturali:r.ar o liborto,õo hu-
mano, acrescentando· lhe ouim uma significação sobrenatural. Não.
Essa torofa compele a Dou., q'\IO desde ..mpre elevou a hTsl6rio dos
homens 00 nl.... 1 do hlstório divina. E o. homens (Iodo homem Ires-
podem a OSlO proposta de Salvoção 'endo lustos e bons. A t010fa
primeiro da Igrelo • outra ••. !: .garantir na hist6ria o aspecto sócio-
-religioso <Ia libertação, que , onde se manifesta o .olvocêlo de
Dous. Suo mlss60 10m base porlonto no nlvel do história, emboro
objetive finalmente a lolvaçao trons·hlstórica.
VICENTE (~g6rioll A posição comum hol., tanlo no Magi.-
tirio c;omo enl,e o. le6logos, i que o libertacão só , integral ••
mdul Q comunh60 com Deus, lendo que essa comunhão cem OeuI
• obra da palavra e do açiio .acramentol da Igreja.

CARLOS CtMlogo I: Eua po.ieão deve ser submetida o um


exam. mal, rigoroso. Com .felto, elo esquece de duo. coisas fun·
damentai, : 1) que a comunhão ,om Deu. (gralia) é uma ponlbm-
dado -intrln.e,a ta próprio .ociedade, 6 hi.16rla, à próllca poUtica,
podendo-•• dor tamb'm ante. e fora da Igreja. Que, diurl o liber·
tação .odal 16 integra o Salvação, onle. ainda 8 sem que o Igrela
intervenho; 21 que o papel da Igrelo em lermo. de conferir uma
dimen.60 integral 6: libertacêio hist6ric:o consIste exatamente nino ;
em garantir a olpedo sócio-religioso à libe rtar;õo humellul, em gor.an·
lir assim a ",Istico cri.tã da palltim e, finalmente, em garantir assim
a preslflCO positivo da graça no coroçlio dCl libertação hislórlco,
PorlonlO, o papel da Igreja, como sacramento de Salvação no his-
tória do Ubertaliõo, nao , a produção da graça, mo, sua garantia,
VICENTE (Vlg6ria) : Nelse ca.o a Igreja n60 seno necest6ria
poro o Salvaç80. Ela pod~rio •• r muito bem dispensado. Tal posl-
cão é conlrária li doutrina tradicional, baseado na Escritura,

-457-
18 otPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 271/1983

wts Imlllta"t.): Meu pela Escritura tamb6m se pode ver que


existiu gtaca anle. da lareja e eltht. ainda tloj. fora dela.
(pp. 11011.

Destes dizeres pode~se concluir que a instauração da reta


ordem social é salvação independentemente da fé, dos sacra~
mentos e da adesão do homem à Igreja visivel ou sem llgacão
do homem a Deus.

De resto. as concepções secularistas do autor Clodovis


SoU aparecem, de vez em quando, com toda a sua pujanoa..
como no textc abaixo, em que o vocabulário cristão é reviste
em 1Wlçio de parâmetros meramente horizontais ou s6cio-poli-
tiro.econOmlcos:

cVICENTE (Vlgárlol : Por salvação entendo Redenção. Qecon-


cillaeao, Graça, Reino de Deul. Todas 8"CII palavras se referem à
me.ma realidade transcendental. Ela pertence à ordem do mist6rio,
de sorte .q ue nenhuma palavra pode defini-Ia adequadamente . •.
A Imogem do Reino d. Deus" uma dos mal. poderosas paro .vocar
o maravilha de.so realidade realmente sobr.natural. E foi o que
J.sus mais usou. Si.vnifico, em breve. o r.allzocão lotai e obsolula
do flomem.

WJS (militante): Eu não entendo auim. Adlo tud(l isso muito


abstrato, coisa qlle se pode dificilmente entender. Poro mim, o Reino
de DeuI de que falou Jesus' uma sociedade fraterna, jUlto e livre.
i: {uo. A salvaçõo , a libertaçõo. e acabar com as mid,iol que (I
pOV(l .ofre. E pecado nó(I , a(go d. puromente espiritual e Inle-
rlor. e a exploroçõ(l, a in!ustlÇQ, o opressão, loltos por esse mundo
aforo e destruindo 4 genle_ A conversão é a mudança dos. estru-
tura. e neue .entida ~ a revoluçllo. Todol essas palavras , Aeino de
Deus, Solvae50, Pecod(l, Conversão, tudo iuo .óo (lS nomel que dóo
OI criltÓ(lS poro OI realidades concretas, naturais, flist6ricas como
.odedade frat.rno, libertação, opressão, transformação sociol. t:
questão de nomes. As coisas sao OI mesmo.. Um uso (I vocabu-
lário religioso, outro uso um vocabulário profano. mos os dois estão
dlzemlo "0 fim a mesma coisa" (P. 771.

Passemos agora a uma reflexão.

-458-
cO TEOLOGICO DAS LIBERTACOES. 19

2. Refletindo .. .

A exposição das linhas principais do livro por si mesma


evidencia que, Embora tais pãginas possam impressionar por
sua linguagem versátil e erudita. nao correspondem ao autên.
dco teor da fé e da mensagem ética do Cristianismo. Dois
serão os nossos principais titulas de ponderação: 1) o primado
da fé e do rel1gioso; 2) o cristão e a justlca social.

2.1 . Primodo da fé • do rwliglDSO

Toda a obra é perpassada peja concepção de que os valores


s6ciO-(XIlltlcos podem simplesmente ser Identificados com os
da fé explídta ou podem mesmo substitui-la. OS autores pro·
fessam que quem Juta pela justiça social, embora não tenha te
ou mesmo seja ateu, tem os méritos e a salvação que a f~
comunica.
Em resposta. dizemos: Deus explicitamente conhecido peja
fé e amado peJo aga.pe cristão tEm ou deve ter a primazia no
horizonte de todo homem. Neste existe wna dimensão reli·
giosa que é indelével e que exige a devida consideração.

Ê em função dessa sua dimensão religiosa que o crtstão


cumpre os ditames da ética cristA ou do L'vangeiho. A ético
ou a pra.D.s é posterior e subseqUente à doutrina da fé ou !tO
logos. Inverter esta ordem é. em última análise e pratica-
mente, encobrir o primado do Senhor ~w. 1: mesmo adotar
uma das premissas fundamentais de Karl Marx, que dizia que
os filósofos jé. haviam pensado suficientemente o mundo e, por
isto, chegara a hora de transformá·lo.

No campo marxista, a procura da justiça social é teoria


ou discurso teórico mais do que realizacão prática. O mar·
xismo materialista leva a uma revoluCão que não é fautora de
justica e fraternidade, mas, sim, de novas formas de opressão
e escravizacão. Com efeito; a redução do homem à condlcAo
de cser econ6m.iro., regido tundamentalmente apenas por
necessidades materiais. significa o apoucamento ou a destruição
do próprio homem. Mais: na prática, verifica·se que todas as
revoluções Inspiradas pelo marxismo (a russa, a chinesa, a
cubana, a nicaragUense .. . ), longe de ser libertaçãO, implicam
esmagamento da pessoa ·humana e da sua liberoade; restau·

-459-
20 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 271/1983

ram as classes soclais que julgam poder destrulr (tenha·se em


vista, por exemplo, a Nomenklatma na Rússia Soviétlcaj nos
pafses comWlistas, os membros do Partido dispõem de lojas
próprias onde podem fazer suas compras a preço razoê.vel, ao
passo que o restante da .população fica sujeIto à dIscriminação
e à penúria).

Não ·se entende, pois. que os autores do livro tomem por


modelo de realização as sociedades -resultantes de revolução
marxista. Nestas não somente a dimensão religiosa, essencial
ao ser humano. é sufocada. mas também a dignidade e os direi.
tos da pessoa são vilipendiados em novas estruturas de dorni·
nacao.
O primadO da fé e dos valores religiosos, inclusive do culto
sagrado, ,foi reaflnnado pelo ConclUo do Vatlcano II na Cons·
tltulção sobre a S. Liturgia:
«A Liturgia é o cume para o qual tende a açao da Igreja ti,
.00 melmo ·'empa, ., Q fonte donde emano lodo a IUO forço. Poil OI
trabalholapolt611cos 'Ie ordenam Q iuo, .q ue todos, feitos pela f'
e ·pelo Bat1lmo filho. de Deus, .junto, ·Ie reunom, louyem o Deu, no
meio do I.orejo, participem do saaiflcio e comam o ceio do Senhor.

A própria litur"ia, por teU turno, Impel, ·0. fi611 o que, lOdo-
do. ,pero, lacrornentos pOlcol., selam concordes no piedade; rna
para q"'e çonlervem em 'ua vida o q"'l receberom pero fé. Q reno·
'toção da Aliança do Senhor com os homens na Eucaristia solicita e
estimulo os fiéis para a caridade imperiosa de Cri.to. Da liturgia,
portonto, mal da .Eucari'fia principalmente, como de uma fonte, .e
deriva .0 graça paro n6s e com a molar .efic6oia ·é obfido aquela
.ant1lJcaçl5o dos homenl em Crislo e a ·glorificação de Deus, para
a qual. como o ,eu fim, tendem fodol QS demais obros da Igrelo~
1ft' 10).
,Nlo .há dúvida, há casos em que uma pessoa não católica
ou mesmo Indiferente 8. Deus pode ser Justificada ou salva
peJa graça, aJndaque não pertença à Igreja vis!vel. ~ o que
propõe a ConBUtuição cLumen GentlUDU do ConclUo do VaU~
cano D:

«Aquele. que 10m culpa Ignarem o E'tangelho de Crisfo e Suo


larelo, mo. buscam a OeuI .com ceroçõo .incero e fentom, lob o
Influxo da ,graça, cumprir por obrol a .ua 'tontade contledda ·alra·

-460-
,o TEOLóGICO DAS UBERTAÇQES:. 21

vés do ditame do cansciêncIa, podem conseguir a salvaçõo eterna.


E a Divino Providência nao nega os ou.llios nel:eu6rios ti salva;õo
àqueles .que lem culpa ainda não chegaram ao conhecimento expresso
de Deus e $O .sforçam, nao sem a divina gr.oça, por levar uma vida
certa. Tudo o que de. bom e ve rdadeiro s. enconlra enlre ele" a
Igreja Julga-o como uma prepor.ac:6o evan,gêlica, dado por Aquele
que ilumino todo homem, por.a que enfim tenho o vido:. In' 161 .

Note.se, porém. como o texto conclliar é cauteloso ao


consIderar a salvacão fora da Igreja visivel (embora por meio
da Igreja ' e em conseqUência de uma pertença invislvel li.
Igreja) : requer-se sinceridade, boa fé e ausência de culpa por
parte de quem Ignora o Evangelho e, nAo obstante. leva uma
vida ética digna do Senhor Deus. Ora pode-se dizer que todo
marxista se enquadra dentro de tais condições? Não é o mar-
xismo a recusa expllcita e consc1ente do Evangelho, dos vaia-
res transcendentais e do Cristianismo?

2.2. O cristão. o lustIsa IOclal


1. O cristão que rejeita a tese do livro em foco, não
deixa de ter sensibilidade apurada para os graves problemas
sociais do continente latlno.ameriOllno e do mundo. A atencão
soUc1ta a tal desafio é imperiosa ou obrigatória para todo dis-
clpulo de Cristo. Os Sumos P<lntifices têm-lhe dedicado suces-
sivas encicUcas e documentos, cada vez mais voltados para a
realidade concreta. ll:: através desses textos que se expressa a
doutrina socla1 da. 19reja ou a resposta da lereja lu situações
de inlqüldade social.
De modo especial, merecem ser citados os discursos pro-
teridos pelo Papa no Brasil em 1980; foram fortemente inci-
sivos. mas nem por isto apregoaram rfV()luçlo ermada ou a
secuIarlzação da fê. Para o cristão, a Palavra de Deus há de
ser Uda na sua integridade e objetividade: quem 8. compreen·
deu devidamente, não pode deixar de tirar da mesma condu~
sOes de ordem prática, construindo wna. ética individual e
lOclal multo exigente e conl!l'eta. ~ assim, aliás, que se- cons-
trói 8 doutrina social da Igreja; ela chama 8 atenção para a
necessidade básica de refonna dos coracÕes para que possa
haver justlca na sociedade. retorma esta de que não falam os
arautos da revolução violenta, preocupados em apregoar a sal.
vaçio a partir da reestruturação da sociedade. - A Teologia
da Libertação considera a realidade prAtica como algo defi·
nldo em si e em função dela re-lê a Palavra de Deus, sujei.
-461-
22 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS, ZTlI1983

tandOose a distorcer as Escrituras e a fé para que melhor poso


sam jUstItlcar as tentativas de transformação ou de renovatão
soolaJ.
2 . A Doutrina Social da Igreja prega, aoles do mais, a
conversão dos Ind.ividuos para que estes possam comportar.se
em esplrtto de justiça e fraternldade dentro de estruturas 6().
claIs cond1aentes. A Igreja sabe que, sem a conversão dos
coraeõeJ. qualquer mudança de estruturas estA fadada a ser
lnCltlJ. pois é o homem quem dA o sentido - positivo ou n@ga-
tivo - ao ambiente @m que está inserido. Nio hA dúvida, B
converslo pessoal e intima é sempre a1go diftcil. A demons-
traçlo, porém, de que é lndispensáve1, está na vivência mesma
dos paIses comurustas: a opressão do homem pelo homem nAo
cessou; ainda há escravizaçAo de uns pelos outros, com a dite-
rence, porém, de Que o grande capltaJlsta jê. não é o cidadão
particular. mas é o próprio Estado, que, sob fonna de dita·
dura, dê as cartas a quem Quer e como quer; sim, é o Estado
quem permite estudar, trabalhar, comprar, locomover-se, via-
jar, colher Informações através do' rádio, da telev1sAo e dos
jornais, etc. Donde se vê quão ilusório é qualquer esforco de
remover injustiças sociais se nio se cultivam, antes do mais,
os valores da fé, da reUgtão e a ética dai conseqüente.
3. Muitos se fazem adeptos da TL porque a confundem
com a Doutrina Social da Igreja, julgando ser aquela a única
atitude coerente com a vocação cristã. Veriflca-se, porém, que
a TL, em suas formas extremadas, em vez de ser condizente
com o EvanJE!lho, o trai, servlndo.se do mesmo para transmi-
tir prlnclplos e perspectivas que são anUcrlstás. A experiência
da Nlearigua mostrou sobejamente que os cristA.os llud.ldos
pela TI. e, por isto. aliados às torças revolucionArias marxis-
tas, foram por estas traidos; uma vez tendo tomado o poder,
foram, por seus colegas de luta, levados a optar entre fé cristã
e marxismo.
Estas ponderações procedem do puro intento de servir à
q-erdade e ao Amor nwna hora em que multos, cristãos e não
c:ristlos, se vêem perplexos diante das diversas correntes de
pensamento contemporâneo. - Possam tomar~se matéria útil
a quem dese'a refletir!
-462-
HI.-togralla • -1091.:

lO História do Cristianismo"
por Ambroglo Donlnl

Em slnln.: o livro de A. Donlnl nlo pode 18r tido como manual


de história , ma. hA da 8er consrderado como expre..ao de Ideologia ou
da. premlulU do marxismo aplicada li uma ,.leUufa da hlstórtl da
Igreja, Faliam-lhe, por lato, li objtllvldacleo, a amplldlo de documenlaçAo,
li dl'(:U591o crlllca da. fonte. li outros traços que caracterizam toda auten-
tica obra de cl6ncra. O autor Insiste 80br. li vartente ou o delvlo que li
él=loca constantinlana ter' Imposto*, mensagem origInAria do Cristianismo;
em vi... disto, o 8rllgo explana m.!. detidamente o significado da era
cOnllanllnr.n• .

• • •
Comentário: Ambroglo Doninl é autor italiano que, nas-
cido em 1903, aderiu ao Pa.rUdo Comunista Italiano clandes-
tino em 1926; teve, por Isto, que se exilar em 1928, passando
dezessete anos conjW1tamente nos EE ,UU. e na Europa. Em
1945 regressou à ltAJla, onde começou a militar na polltlca,
sendo eleito para o Comitê Central do Partido Comunista Ita·
llano em 1948. De 1953 a 1963, foi senador da República. Em
1973, ao completar sebenta anos de idade, recebeu do Soviete
Supremo da URSS a condecoração da Ordem da Amizade
entre os PovOQ:. Tem escrito várias obras sobre história das
Religiões e, de modo especial, sobre o Cristlanismo, que fize·
ram de A. Donlnl «uma das maiores autoridades mundIais no
campo da história das Religiões», segundo Masslmo Massana.
pretacJador do livro que a seguir analisaremos (cr. p. 11) .
Escreveu a obra eStoria dei Cristianesimo (dalle orlginl a
Glu6tlnlano) . , traduzida para o português e hoje divulgada no
BrasU 1. Tal livro, que estende o seu percurso histórico até o
século VI, é assaz noticioso, embora sintético - o que o pode
tornar simpâ.tico a não poucos leftores. Impõe·se, porém, à
ané.I.lse e ao comentário crttlco de quem estima a história.

1 Ambroglo Oonlnl, HIIlI5rta do CrttI1.nl-.mo (cln orlge. . . JU:ItJ.


nlano). EdIçGe8 70, Lisboa, 1980, 133 )( 213 mm, 311 pp. Dlatrlbuldor
no 9,..11: Uvrafll Martll'll Fontes, 510 Paulo.

-463-
.tPERGUNTE E RESPONDEREMos.· 271/1983

I. O livro em foco
A historiografia é um dos terrenos mais palmUhadOs pel""
ideó1ogos, ou seja, por e.que1es qU& pretendem justificar deter-
minada ordem social mediante um sistema filosófico conce-
bido dogmAtlca e unilateralmente. 00 historiadores marxJstaa,
por exemplo, têm-se caractertzado por suas re~lelturas da hls-
tórta .que tencionam descobrir no desenrolar dos acontecimen-
tos passados· o embasamento e o apoio do seu modo de pen-
sar materialista, e dialético. Ora Ambroglo Donlnl Identifi-
COU-Ele plerramente com este método de trabalho, de modo que
o seu 11m se apresenta maIS como uma apologia dO materla-
Usmo do· que como uma. anAlise objetiva d09 fatos hIstóricos.
:MaIs preclsamente, eis algumas de suas caract:erirtlcas
gerais:

, •, • Fato.... s&do-econamlco-polftlcos

Quem lê os págli!as de DonInI; colhe a ImpressAo de q~e


os tatores s6clo-econ6in1~poUtlcol· alo o dinamo da históriaj
o· autor· desoobre, na raiz de todos os movimentos passados e
presentes, pretensas causas· econômicas:
cAs mudClnca. que M verificam no conjunto econ6mlco • soelal
e na artlC\llo~o das lutai pelo poder, conltituem sempre o ponlo
d. partfda obrigatório; O I.".oclol prec:.do naturalmento o co. .
d'ncIG, fncHvld\loJ do, ..r»· (p; 210).

A adOCio ·das ;premissas ou dos· preconceitos marxIstas· por


parte de Oon1ni, leva Massimo Massana a escrever no Prefácio
do· livro:
cA HIst6rfa do Crlllk..ismo d. Donini' , uma obra rigorosa o
exemplarment.' marxltto. Em certos' a.pecto. pode~se diur que' o
p'rimelra verdadeira hht6';-a do úistlonismo d. base maBiltel»
l.p. 13)~ .

Cbmo se vê, o livro dlss1m.ula sua identidade. Supõe a.


anlropolbgla JlW'XI<Ia segundo • qll81. o homem o! essencial.
mente um ser econOrnloo (homo oeoonomlcu.s) i é a economia
que em tudo o move e o leva a se projetar em formas contin-
gentes e var1Avels (ditas csuper..-estruturas».), que são a reli-
gllo,.o·I)li:'elto" a· ética, a·. arte, etc.· 1.: o que observa Massimo
Ma.ssana no PrelAdo do .livro :

-4U_
25

cA diretriz fundamental materialista considera o aistianismo (a


todas as outra. reli,giõe.) uma superestrutura e concentra o scu inte-
ress. critic:o no elemento estruturol, isto 6, na bose econ6micQ, IOQol
• polltica da quol surgiu, se de,envolveu e triunfou o criltianismo»
I•. 121.
ConseqUentemente, Donln:1 ~ incapaz de analisar o fenô-
meno rel1g1oso em si, em sua identidade própria ou a partir
das premissas e aspirações religiosas congênitas em todo ho-
mem; 80 . contrãrio, ele reduz os fatos religiosos a expressões
de econoMia - o que significa que ele os dlstorce por falta
de objetividade.

Is.to expUca que o autor recorra freqüentemente à. cate-


goria do mito.

1 .2 . A figura d. Jesus

Segundo Donlni, Jesus foi mero homem, que conseguiu


despertar as esperancas dos seus compatriotas judeus oprimi.
dos pelos romanos. A ascendência Que Jesus exerceu sobre a
gente simples e infeliz da Palestina. fez que, depois da morte
do Mestre. os disc1pulos o endeusassem e lhe atribuisscm atl·
tudes e feItos lendários e miticos:
cO. Evangelho. apócrifos devem aer considerados como um
conlributo lm,portante pare! a formação da lenda de Jesus. Não são
fonte. ·histórica.' naturalmente, como não o lão OI quatro tivange·
lhos, que foram ~ntrodurldos no cânone. CP. 63,1.

cO. "OISOS Evangelho. foram manipulado. sem roservas. (p. 651.

cJesu. foi apeno. tlm homem tornado Deu. no momento do


batllmo, como le diz no Evangelho de Sôo Marco., ou com a rol-
.urrei~o, .eoundo o Ilen.amento d. S. Paulo_ I p. 230).

Em conseqüência, pouco sabem os historiadores a respeito


de Jesus. O autor usa freqUentemente os termos emito, RÚtiCO,
lenda, lendário, mágico. ao se referir a09 relatos evangêl1cos
e aos prlmeir09 séculos da história da Igrefa; cf. pp. 288. 695.
80. 98s. Qualquer narração de lndole transcendental é imedia·
tamente suspeita ao autor, que a relega para o plano do sub-
jetivismo alucinado ou fantaslsta dos antigos cristãos lnfluen-

-465-
26 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 271/1983

clados outrossim pela mitologia das religiões polltelstas do Im-


pério Romano. Maria, a Mãe de Jesus, chegou a ser edelfi..
cada. (p. 220).

Ora as expectativas de uma ordem econômica renevada


através do Evangelho e de uma revo]uçio social foram sendo
aos poucos, segundo Doninl, transformadas em asplra~ a
wna pétrla celestial - o que significou alienação do povo crls-
tio: «Por volta de meados do século U, JusUno poderá já
replicar aos adversários da Ideologia cristA: 'Ouvistes dizer
que esperamos um reino e pensastes erradamente que o enten-
demos no sentido humano'. O processo de allenacAo religiosa
da realidade encontrava-se então em pleno desenvolvimento.
(p. 80) .

A esperança da gente simples foi definitivamente frus-


trada no ~uIo IV, quando Constantino deu liberdade aos
crlstlos (313) e alguns Bispos aceitaram a colaboração e os
favores do Imperador; este pretendia fazer as vezes de 13"
ApOstolo:

«Nasce assim aquilo a que ainda hole se costumo chomar


'o 'paca c.onltontiniano', no seu dupla aspecto d. ccmbtnação entre o
ordem religiosa e a ordem política e de reduçao do orgonlzoç!5o
eclesl6.tlec a beluorle das formos de CalueNação to<ial e de domf·
nlo palltlco. AI asplraçijes epocallptlco. da. origens sõo dorevant.
posta. li margem da ofidolidade rel1giosa, quo nõo admite uma
visão Ub"tadoro da vldo auodada, lubtralda ao controlo do lIie·
rarqu4o . . • A espero d. um mundo nOoVO , banalb:ado na promessa
de uma compensação pare ol6m do morte das Inlusllço. e dos sofri-
menla. da existindo de todos os d"ias.

o. úllimos .onhc::ldores do ClII.do de uma sociedade fundado no


exploroçao tndiscÃminodo d. uma maioria e.magadoro da populac!5o
""m-I. ob,rgada. ao isolamento ou li sece ..801 "r6 esta ume das
caractetlltica. do hist6ria real da crhtionlsmo 016 001 nouo. dian
Ip. 2101.
O esquema dentro do qual Donin1 enquadra a história do
Crlstlanlsmo, condenando a «era constantinlana:t , não é I'Bro
entre autores de tendêncla esquerdizante.
As premissas de DoIrlni exPlicam ainda outra nota de seu
Uvro:

-466 -
cJUSTORIA 00 CRISTIANISMO.

1 . 3. Gentrall~". amblgGldades
O autor tem em mira escrever um compêndio sucinto a
respeJto de matéria ampla e delicada como é a história (quase
seis séculos são percorridos em 287 pâginas!). Em conseqüên-
cia, clngé-Se não raro a afinnaçôes genéricas ou vagas, sem
recorrer a distinções freqüentemente necessárias numa obra
eJentltlca e respeitável. Refere episódios ou assevera teses sem
citar algum comprovante. Não se vê uma nota em roda· pé,
indicadora de fontes ou documentos nos quais se apolem as
suas asserções. Sempre que propõe alguma interpretação, ao
lado da qual outras existem entre os historiadores, Doninl
silencia tais outras, dando a entender ao leitor desprevenido
que as suas afirmações são a sentença única e definitiva.
O autor trata de episOdIos da história do CrlsUanlsmo,
desngurando·os todos a partir de suas premissas materialistas
- o que dá a Impressão (doia venla) de estarmos diante de
«um macaco em oe.sa de louça".
Faz·se mister agora perguntar:

2. Quo dl,el'?

Quatro ponderacães podem ser aqui propostas:


2.1. O .nfo,," errôn"
O autor, sendo materialista, não possui afinidade intima
ou empatia com a matéria de que trata. Por isto não a pode
compreender na sua identidade especifica. Já o Apóstolo dizia:
«QueM dentre OI homens conhece o .que , do homem .e nõo o
esplrito do homem que nele esl61 Da mesma formo , o que est6 em
Deus, ninSluém o conhece ,enao o Espírito de Deus. Quanlo o nós
recebemo•. • . o esplrito que vem de Deus, a fim de que conhecomos
0.1 dons da graca de Deus. .. O homem pdqulco 1 não aceito o que
vem do e.pirito de Oeus. e loucura pora eJeJ não pode compreender,
pois isso deve ser julgado espirltualmentn !leor 2,1h. 14).
Para compreender o Cristianismo e sua história, o pen·
sador precisa de reconhecer, antes do mais e ao menos, a
dimensão transcendental do ser humano, dimensão da qual

1 Isto 6, deixado apen.. 80s recuraos da I U8 natureza.

-467 -
28 cprnGUNTE E RESPONDEREMOS, 271/1983

falava S. Agostinho ao exclamar: cSenhor, Tu nos fizeste


para Til e inquieto é o nosso coração enquanto não repousa
em Tb (Conftseõe8 I 1). 1Há" sim, no ser humano tendências
e asplnçOes que não se contentam com a posse de bens mate·
riall; o homem que se reduza a usufruir tão somente destes
bens, se amesquinha e apouca; toma wn vulto tão pequeno e
desfigurado quanto são fugazes e llusórios os bens corporais:
toma·se incapaz de perceber o sabor caracterist1co de bens
maiores, que slo os transcendentais, únicos aptos a saciar o
apetite humano.

Eis por que Donlnl. com as suas premissas fUosóficas, não


pode penetrar no autêntico sentido da história do Crlstlanlstno.

2 . 2. A 'poca c.onstantfnkll'ta

Em 313 o Imperador Constantino. mediante o edito de


Milão, concedeu a paz aos cristãos, pondo fim à era das per.
segulcÕes. De então por diante, foi-se voltando cada vez mais
para Q Igreja e suas expressões, favorecendo de diversas ma·
neiras a expansão do Cristianismo; a trajetória religiosa de
Constantino só terminou no leito de morte, onde pediu e rece·
beu o sacramento do BatIsmo (337). Grande número de Bis·
pos houve por bem aceitar o apoio e as borus graças do Impe-
rador Constantino; entre estas, enwnere-ie, por exemplo, o
fato de que seria licito, para o futuro, fazer testamentos em
benellclo da Igreja; os Bispos poderiam exeroer ocasional·
mente a jurisdição civil; aos judeus era proibido apedrejar
aqueles que Sé qu1gessem converter 80 Cristianismo .. .
o Imperador em clrcunstAnc.las diversas proclamou sua
fidelldade ao CristIanlsmo; assim dizia em 315:
«Dedico pleno respeito à r,gulor • legltimQl Igre lo Cat6 liccr:t e
vlnt. ano. mal. tarde: c ProfelSo a mais lonto da. ,ollgI5.. . • • Nin·
gu6m pode negar que IOU um fiel servidor d. Deu .. 1.

Não há dúvida de que Constantino simultaneamente favo.


recia o exerclclo dos cultos pagãos do antigo Império; ele
mesmo trazia o titu10 de «Grande Pontifice" que havia carac-

1 TI/(tOI transcritos da obra de Olnl.I-Rop. , L'lgU,. li" ApOtfq .,


ti.. Mertyn. Parla 1948, P. 495.

-468-
cRISTORIA 00 CRISTIANISMO~ 29

terizado seus antecessores. Julgam bons historiadores que o


Imperador Constantino conservava funções e atitudes do paga·
nismo por motivos pollttcos e dlplomé.t1cos mais do que por
convicção intima; parece que tinha a consciência reta ou
bem intencionada, mas uma fonnação doutrinária eclética ou
lncompletamente cristã e sujeita a temores supersticIosos.
Além disto, deve·se reconhecer que os instintos de violência
persistiam na alma de Constantino apesar de sua adesão ao
Cristianismo; foi, por exemplo, autor dos mortieinios de seu
filho Crispo e de sua esposa Fausta.

Como quer que seja, o Imperador, com todas as suas


talhas, procurou aplicar OS principio. do Evangelho à leglsla-
Cio do Império: o domingo, dia do SOl para os pagãos, con-
sagrado pelos cristãos ao Senhor Jesus RessuscItado, foi equl.
parado às lerlae (dias festivos) do Im~rio Romano. O supU.
elo da cruz foi proibido, pois a Cruz se tomara um slmbolo
sagrado (Constantino tinha em seu palácio de :Bizâncio um
orat6rio partlcular, ornamentado apenas com uma cruz, diante
da qual ele orava longamente) i foi também proibido marcar
o rosto dos condenados à morte com terro incandescente, pois,
dizia o texto da lei, co semblante do homem foi feito Q seme·
lhança da BeIE!Z8. Dlvfna~. Constantino também remodelou
certas estruturas da sociedade; reorganizou 8. famllla e diml·
nuiu o poder, outrora absoluto, do paterfamUlasj mandou
socorrer 88 crianças abandonadas; mitigou as condições de
trabalho dos escravos, reconhecendo·lhes igualdade moral com
os demais homens e facilitando o resgate dos mesmos 1; um
escravo não poderia ser separado da esposa e dos filhos,
segundo a lei.

o Imperador também leve a intenção (czue seus anteces·


sares j6 haviam manifestado e ~us sucessores slrrtemBtl7.aram
em leis) de fixar o camponês na sua terra. o funcionAria na
sua função propt1a, o artesão no seu artesanato; tal era o

I Sogundo algunl hlstorlado... s. ConSlaUno ter.6 pensado em abolir


por completo a etcravatura. Apenes ter' r.cu.do dlanta d •• nec••sldades
econ6mlcu: o tipo de cMllzaçlo da 6peca .nlratla am colapso lotai le
nlo foue a mlo-deoobr. .scrava. O próprio S. Ago.llnho, no 11m do
,o6culo IV, reeonhecllll a ••cravatuta como lato contra o qual nada se podia
lazer. Erao precilo "psrar que os tempos .Inda evolul . ..m e orer.c....m
aos homena noVOI dados pari que pare.banem, em tarmos conerll01 •
pr6tlcOl. que todo. sao Iguala dlanto d. CeUI a, por 1110, gozam dOI me.·
moa dl ...~ billcol na socledad• .

-469-
30 ,.PERGUNTE E RESPONDEREMOS' 271/1983

único recurso que o Estado podIa conceber para impedJr 8


vlda nOmade das populaeões amedrontadas pelos Impostos,
pela lmegurança da vlda campestre e pela desagregação das
agreml~ ou coletividades. AssIm se preparava a institui-
çio medieval dos servos da gleba postos sob a tutela de um
senhor feldaJ, Instituição que na sua época estava longe de
ser um ma1eficlo, pols era a única fonoa de garantir prote-
ção, paz e segurança às populações campestres ameaçadas por
hordes guerreiras é invasões bárbaras.
No plano moral, Constantino também quis deténder a
reta ordem e a socledadé: promu1gou leis contrárias ao adul.
térto, à ID8nurencão de concubinas por parte de homens casa·
dos, ao rapto de mulheres, à entrega de filhas à prostituição
por parte dos genitores. A fim de prest:1g1ar tal les1slaçAo,
Constantino manteve para os adúlteros, os raptores e os pro·
xenetas as severas penas que ele aboliu na repressão 80s la-
drões e aos bandidos. O monarca tentou outrossim suprimir,
nos espeticu10s de circo, as representações sangrentas ou obs-
eenas, embora não o tenha conseguido.
Tais medIdas não resultaram nwna crlstlanlzaÇil.o perfeIta
da socIedade, m88 Inegavelmente contrlbulram para uma trans·
tonnaçlo valiosa da mesma segundo os prInclpIos do Evan-
gelho; aos poucos, no decorrer dos cem próximos anos, os
costumes do paganismo lrlam cedendo aos do Cristianismo; a
socledade pagA. se tomaria (tanto quanto pcsslvel à fraqueza
humana) uma sociedade cristã; o Império pagão se faria Im-
pério crlstão (dir-se-Ia sob Carlos Magno em 800: cO Sacro
Império RDmano da Nação Franca.), O domingo • as gran-
des festas da UIurgta - Páscoa, Pentecostes e Natal- toma-
riam o lugar das restas pagãs. A face vIs1vel das cidades foI-se
trar'lStonnando: em muitos lugares ergueram-se Igrejas de
grandes dimensões - as ditas cbas1Ucas constantlnJanas~ -,
que faziam a antiga arquitetura romana servir ao culto do
verdadeiro Deus; nas esquinas e encruzilhadas das ruas as
estátuas de divindades pagãs foram substituidas por oratórios
de Santos. A arte cristã saiu das catacumbas para se expandIr
em plena luz. No linguajar de cada dia as palavras e expres-
s6es eristAs se multiplicaram, os nomes próprios foram sendo
sempre maIs os de mártires e Santos.
Mediante a sua léiislação social, Constantino contribuiu
para salvar da caducidade e da ruIna a próprIa civilização
romanaj as bases desta achavam·se abaladas e sem vItalidade;
-470-
cHISTORIA 00 CRISTIANISMO, 31

foi o CrIstianismo. Injetado por uma nova legislação 8 partir


de Constantino, que salvou da dissolução B cultura antiga.
Assim procedendo, Constantino lançou os fundamentos de uma
civUlzação cristã, com a qual sonhou posterlonnente S. Agos-
tinho (t 430) na sua obra monumental sobre cA Cidade de
Deus, e que os Imperadores carol1n~os (século IX) e otOnl-
cos (século X), com seus predicados e suas deficiênclas, pro~
curaram realizar em colaboraçáo com o Papado.
2. Deve-se todavIa reconhecer que as boas gratas do
Imperador' para com a Igreja tiveram, para esta, não somente
conseqüências positivas, mas também Incidências negativas e
penosas, que inevitavelmente decorriam da fragtlldade humana.
Seja citado, por exemplo, o fato de que muitos cidadios se
converteram à fé cristã sem ter as devidas convicções; as van_
tagens repentinamente outorgadas aos cristãos em lugar das
persegulçOes, ocasionaram em muitos a tibieza e o aburgue-
samento.
Ma.Is ainda: Constantino, em seu zelo de Imperador cri!-
tio, lea as vezes de cep[sk()p09 (:: superintendente, vigia) de
foru - o que quer dizer: arrogava a si o direito de intervIr
em assuntos Internos da Igreja, que escapavam à sua alca.da.
Com etelto, disse certa vez o Imperador a Bispos reunidos nwn
ConclUo regional: cV6s sois ep[skopol (bispos) daqueles que
estão dentro da IgreJaj eu, porém, fui constituido por Deus
epískopos (= vigilante) daqueles que estio fora da Igreja. 1.
Propriamente o que Constantino queria e.finnar com tais pala-
vras, é que se considerava encarregado das populações ainda
não cristAs, às quais deveria levar o Evangelho; através desse
enoargo, porém, ele se julgava habilitado a orientar até mesmo
as controvérsias teológicas.
Houve prelados que se prestaram a secundar as preten.
sões do Imperador, moVidos por atitude subserviente para com
o cGrande Protetor.; a liberdade subitamente concedida por
Constantino à Igreja deslumbrou os cristãos e os tornou pro-
pensos náe- somente a obedecer ao Imperador, mas, por vezes,
também a pedir a intervenção do mesmo em questões reli-

I A opala\lrB grega ephkopae algnlllca originariamente "\llgllanla" ou


"superintendente". Foi assumida paiOl crlsllos para designar o vigilante
oredenclado pala sagrada ordam do apl.copado. A Irlh da Con"anUno
joga com o duplo aantldo da palavra.

-471_
32 ~PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 271/1983

glosas (como fi2eram, por exemplo, ou donatlstas, hereges do


Norte da Africa). Estes fatos se tornaram nodv05 A Igreja
oriental no decorrer dos séculos IV/VIi no Ocldente, o mesmo
não OCOITVU, pois as populações ocIdenta1s não mereciam os
eu1dacJos dos Imperadores bizantinos; esteI chegavam a des-
prezi-lu, de sorte que a Igreja latina pOde com Uberdade
segu1r o seu curso de expansão e implantação_ O fato de ter
CoMtantino transferfdo 8 capItal do Impêrlo de Roma para
BlzAndo em 330 tornava Roma, a sede de Pedro e de seus
sucessores, isenta do Influxo imperial ou mesmo apta a se
opor a este quando exorbitava. A propósito tenha~se em vtsta
O Que aconteceu por ocasião das controvérsias teológicas dos
sécUlos IV·vn (o easo do Papa Llbérlo é citado à p. 473 deste
fasclculo) i considere-se outrosslm o episódio do Imperador
Teod6slo, que, censurado por S. Ambrósio, bispo de MiJão, por
causa de Injusto morttcln1o cometido em TessaJOnlca. se sub·
meteu à penltêncla pQbllca e foi absolvido como qualquer frá·
gll crfatura no Natal d.e 380_
A Ingerência dos Imperadores bizantinos nos assuntos
internos da Igreja, de um lado. e, de outro lado, a subserviên-
cia de Bispos orientais são males que tiveram Inicio sob o
reinado de Constantino_ Faz-se mister reconhecê-los como tais;
8.0 mesmo tempo, porém. deve·se atlrmar que não deturparam
a estrutura e a doutrina da Igreja. A mensa~m do Evange-
lho foI, através de tais vicissitudes, vivida pelo povo de Deus
de modo a. poder transmitir-se Integra às gerações subseqUen-
ta O fato de 'terem cooperado entre si e IJtreja e o Império
Rio ê mn mal em sI; não há por que rejeitar de antemão o
bom entendImento entre aquela e este. a menos que se pro-
fesse um manlque1smo s6clo-poUtlco. Se um Imperador se diz
católico e nada prova que nlio é sincero, a Igreja tem o direito
e o dever de contar com ele como um filho seu, a quem com-
pete pl"Uclamar o Evangelho a partir do trono imperial.
Encerrando es1>! estudo da era constantlnlana, pode...
aquI transcrever a ponderação do conceituado historiador J .-R.
Palanque:
«Terminando o hl.t6rfa do _'culo IV, '-nol mister Indicar os feli-
:le. ,fel'ol Gbtidol alrav4. do urliêia elo Igrela • do E,tado .elada
no tempo de Teod6sio (3801. O absolutismo imperiol, culos arbitra-
riedade. por ve:les longüln6rias • opressoras eram alimentadas pera
adulad50 de uma <orte ,"bservhlnt., foi limitado pelo Inter-
venc80 dos Bispo.; 16 le di ..e com razão que o poder e a liber-
dade do dere s. tornaram a garanti0 da liberdade pública • do
_472_
cHISTORlA DO CRISTlANlSMO, 33

direito Icf. H. von Campenhat...n, Ambroslul: von MaYand, p. 271).


Vislo .que o Imperador estava 'dento da IgreJa', eslavo sujeito. como
todo. OI fi'h, aos deveres que o Evangelho Impu.. O governo dOI
monarca. cri,t801 era, sem dlivida, moi. liberal, mah flumonil6rio,
do qUe o dOI Imperadores pagácl. A16m do mais, ao aeolt.arem c
prlmCldo do espiritual, os prlncipel crisllios .e empenharClm par im·
pregnar as lei. COIR 01 principias da Moral cria.ã. que Constantino
comO(Qra o In'lolar no Direito romano. Foram editodol naval I.h
que pllntom .everomente a deloçao, a dlfomo('llo, o usura, a vendo
de crlancos, os excenol do .oldodesca. .• Ne ..o sociedade romanCl,
OI costumei ero", freqüentemenl. brutai, e grouelro. . Mas em tal
setor os transtormac6as profundos não são obra de um dia. Basta
ql,le no s«ulo IV tenham brotado algun. ;',menl, que haveriam de
frvtlficor mois tarde. Entre esle., o mais fecundo foi 'alvu Q conver·
slio progressivo e '0101 do. Imperadores b f. de Crillo, e, em con-
.eqOlndo, o hle,gro,õo da Igreja Cal611co, livre de herella., no
Estado/ .OI'e o patrocinou otidolment. o, ao menOI por certo tempo,
s. p~1 humildemente o serviço do Igreja. O s'elllo IV, inaugurado pelo
converslla d. Constantino, terminou com a penitência de Teod6sio:
elte. dois acontecimentos, tiSo ch.los d. can ••quêndo., Ih. ecn·
f.rem a .ua verdad.ira grandez:a~ (Fltehe-Martin, Histolr. ela l'Eg11sa,
vo!. 3, Pelrl. 1950, pp. 524.).

2.3. O " - São _ (364-384)

Às pp. 263s, Donlrú desfigura com veemência a pessoa e


a atuacão do Papa Si() Dâmaso, acusado de amblcio.
Na verdade, eis o que ocorreu:
O Papa Llbério (352-366) foI deportado em 355 pelo im-
perador COnstAndo por defender a té ortodoxa; o monarca
pOs em seu lugar o antipapa FéUx. Ora o dlâcono Dêmaso
aceitou servir ao antipapa em Roma; mas, logo que, por von-
tade do povo romano, Libério foi devolvido à !lua sede em 358,
DAmaso voltou a· se integrar no clero do Papa Ubério. Tendo
este falecido em 366, os eleitores escolheram Dàmaso para
suceder-lhe. Todavia uma fe.CCio oposta preferiu o diácono
Ursino, tido como mais austero do que DAmaso. Como quer
que seja. Dlmaso, já havIa multo, se penitenciara da sua ade·
são ao antipapa. e fora regularmente eleito; era o Papa legi-
timo. Após tomar posse. este Pontlflce sofreu duramente por
parte de seus adversários. que procuravam apagar a sua auto-
ridade. Entre outros episódl06. sejam citados os seguintes:
-473 -
34 .PERGUNTE E' RESPONDEREMOS, 27111983

Em 377-8 o ,dlácono Urstno, por obra de wn douto judeu


convertido, de nome Isaac, conseguiu mover contra DImaso
um VUltoso pr0ce680, em que o acusava de ações torpes (tv-
pi5sIImae caJqmnlae, dizia o Imperador Valent1n1ano). DAmuo
então fez wn voto a S. Fé11x: de Nola, tido como defensor da
verdade deturpada; foi flnabnente absolvido, devendo o calu·
n1ador !saBe seguir, degredado, para a Espanha. Escreveu
então Dàmaso uma poesia em honra a S. Félix: d'e duce
-.ata. mortlo qUGd W10uJa rupl, h_.... _ IuenIlt
qui !aIsa 1 _ (Epigra.fes 50). O que quer dizer: <Sob a
tua proteção tul preservado, wndo rompido as cadeJas da morte.
Foram eliminados os inimigos, que haviam levantado falso
testemWlho •.

Doutra feita , ou seja, em 381 o eunuco Pascáslo, ernls·


sãrto de Ursino (exilado em CoIama na GermA.nia) , tl!ceu
novas artimanhas cal1.UÚosas, que multo fizerem sofrer o Papa
DAmaso. DIante dos fatos, o ConclUo regional de Aqulléia diri·
glu apelos ao Imperador Graclano, que parece ter intervindo
em favor do PonUflce.
Em slntese, o perfil do Papa DAmaso é o de uma perso·
nalidade inteligente e corajosa, bom teólogo, poeta m1stico,
exegeta interessado pelas S. Escrituras. Foi ele quem con!iou
a S. JeronImo a tarefa de rever a tI'adução latina da Blbll8
de modo a assegurar a fideUdade da mesma; em conseqüência,
S. Jerônimo confecclonou a venão dite cVulgatu, que, no
Antigo Testamento, segue os originais hebraicos e no Novo
Testamento o texto grego original. Ao Papa. Oâmaso também
se deve a
restauração da catacumbas aSsim como grande
número de epigmfes"
. ,
ólf'inscriÇÓes
,. em louvor dos Mé.rt1res.
o povo çristão o procJamo~ . ~to após a morte, Utulo
eate que a praxe da Igreja confirma até hoje.

2 •4 • ConfiSlÕo ouricular

À p. 256 Donlni refere·se il confissão sacramental auri·


çular, atribuindo sua origem aos léeUlos V IVL Visto que o
6SSU11to recorre não poucas vezes nos escritos não católlcos
com. 19norAncla das fontes ou com preconceitos que desfJgu·
-474-
«HISTóRIA DO CRISTIANISMO. 35

ram a realldade histórica, seja aqui cItada a explanação que


a respeito .. acha em PR 264/1982, pp, 39().396; em tais pâgl'
nas o IeJtor encontrará testemW1hos de escritores dos primei-
ros séculos que se reterem à confissio dos pecados.

Em swna, o livro de A. Donini nAo pode ser tido como


manual de história, mas hA de ser considerado como expressão
de jdeologla ou das premissas do marxismo aplicadas a wna
re-leltura da h1st6ria da Igreja; faltam-lhe, por Isto, a objeti-
vidade, a "amplidão de documentação, a discussá.o crttlca das
lontes e outros traços que caracterizam toda autêntica obra
de ciêncIa,

)".""~,' ' . .
...
",
l "
-
""."

-475 -
Cltollclamo e Eaplrltllmo uM completam"?

"Onde as Flores não Murcham"


por H. A . do QueIroz

Em lI","e: o livro de H. Ao. de Queiroz Vim a I.r uma Infeliz tln-


I,tlva de fundI, entre I' Cetollcllmo e &plrflllmo. O eutor diz.... cal~
llco, uplrllualllta (nlo upIrlta), mH Inalnua 0It oonceltoa kardecletu
nlfel1lntel .0 A"m: reene.rnaçAo, p....gem por pl.nos mall Im•• 111-
vadOlt na IImosfarai convertlo do pIcada, Im anjo dI luz .'ra.,,61 dOlt
.. 16;/01 da ex/.llna" p61tuma, medlunldada para captar ou G'lvar voz..
do Al6m. M",oaprau a Pltapalealogl. a lUU conclul6el. Qua fornecem
I expllcaolo cllnlfrlca I racional doa Ilnômenos mediúnicos ... Pare eor-
reDora, I UH allrml90N .. pirita•• o lulor, nu p60'n.. 239-203, pUblica
tntoe de Emaato Bouano, Ollvlr LodUe. a. Vale OWen, Arthur Conan
00'/", Cenlmr Hlppolyt&-Rlllell, Marco. TLlUo Cle.ro ... Alouna d.....
11)(101 cedem .. fanwla d'lcl1l'llndo o A16m.
O,. tal livro pretende conciliar eo"cepç~1 radlcalmlnlt dlveru.1 uma
da oulra: O C.tollclsmo, que 6 crl8locênlrlco o tloc'ntrlto, com o NU
conceito da Redançlo pala morte e"pial6rle de Crlato (qua o autor raco-
nheca .. p. 162), e o Espiritismo. qUI' antropocêntrico e Ipragol a ..1-
vlçIo do homem paiol seUl pr6prl01 ..forçol aI'...... de raencarnaçoe•
• uctllatv...
Ademais nlo h6 quem nlo perceba .. dlmlnaDn fentulttu e Inllnlla
du ducrlçoea do Além, onde, "gundo o aulor, haveria "Und.. cIdades
tom largaa rua, e praças, hospitais, ..cotes, t .... de repoulo, monllonhu,
rlOI, II0restu, belu man._" (p. 203).
O IUtor. em pontos de Importlncla capKel, , amblguo: monotalamo
ou pantaltmo (PP. 27-29)1 AII,uml~ ou ,eveetJmento da perl,plrllO
(pp. 17t1)1 Inferno: 'Im ou nto (pp. 211.)1 Alma humana: Imortal ou
etema (p. 199)1 JIIUI Cristo entre PlallO e Maomf (p. 190) . ..

• • •
00men1ário: A Editora Vozes surpreende agora o pU.
blico com wn livro que propõe teses espIritas ... , essa mesma
EdItora que nas décadas de 50 e 60 imprimiu numerosas obras
e9Clareeedoras a respeito da Duslo esplrlta!
Trata·se do volume intitulado cOnde as F10res não Mur·
d1am. Temas para Reflexão., da autoria de HermlnJo Aureo
de Queiroz 1. Este escritor é bacharel em Ciências Jurldlcas e
Sociais e em Letras pela Universidade Federal de Pernam-
buco, com vinte e clnco anos de magistério em seu Estado.

1 Ed. Voze., Petr6poUa 1983, 137 x 210 mm , 293 pp.


-476 -
cONDE AS FLORES NAO MURCHAM~ 37

o próprio autor, no PrefAcio. reconhece que propõe chip6..


teses, conclusões e proposleôes Inuoltadamente inseridas em
obras desta natureza ... nas quais focalizamos, com alguma
(e descompromIssada) desenvoltura, e. 'sobrevivência do espi-
rito' e as 'novas condições da vida humana após a morte'.
(p. 8).
~ esse caráter «inusitado. do livro que merecerá a nossa
.tenciio nu pAginas seguinte•.

1. O conteúdo do livro
1. Em seus oito primeiros eapitulos o autor dJsserta
sobre Deus, OS Evangelhos, a origem do mundo e do homem,
a história da Igreja e da teologia em terrnOoS ambiguos e um
tanto confusos.
A p. 140, por exemplo, professa a Divindade de Jesus
Cristo, «o Homem-Deus verdadelro.j o autor propõe wna expU.
cação da unifio hlpostãtlca que revela certo estudo de teolo·
gia. Estranhamente, porém, à p. 190 ooloca Jesus Cristo entre
Platão e Maomé. Diz-se católico, apreciando a Liturgia da
Igreja (d. pp. 66·68). Todavia tem afinnaçlles de sabor pano
telata, justapostas a outras de teor monotelsta. Tenha·se em
vista:
"p.r. n6a, Deu. ê a alma ç6amlca do Unl....rao, a InBxori.yel Energia
qua tudo movimenta. o Principio do qui tudo proveio, pare o ~u.1 tudo
ae dlltlna. a .abedorll ~ua tudo con..rvl. '- o 'ponto Omeos' plrl o
Qual tudo converge, no penaamenlo lnaplrado de Tel1hard de Chardln.
Apraveltando também a concepçlo Irl.lotéllco-tornllltll acerca da alma
humana que .." toda Inteira em ledo o n018e corpo e tode Inteira na
mala InelgnlUcante parte do nONO organ.mo - a.. lm, Igualmente DeulI,
qua ê a alma do Unlvel'tO. . .I' pr6llanla em todu as cola.. em que
poua exiltlr ordem ou um mlnlmo da propOlllo, do IlgnlllclçlO • óe
dettlno· (p. 27) .
À p. 29 O autor cita o Pe. Reu·l Plus S.J•• um dos mestres
da vida espiritual. que multo desenvolveu a doutrina da habl·
tação de Deus nos justos mediante B graça santificante. Acon-
tece, porém, que H. de Queiroz faz referênda 60 Pe. PIus em
contexto amblguo, que pode ser entendido em sentido pano
telsta:
"Se voe'" Integrar ... verdadeiramente bem danlro do nu Intimo, ...
voc6 aentlr1li. meu Irmlo, (lue Deus laia pala eu. beca, vê com OI seUl
olhoa, age com .. aua. mlOl, andl com o. a.u. péa, ema com o .. u
COl'I.çlo. t o 'Deus em nós' do Pe. Plus" (P. 29).
-477-
3B cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 271/1983

As pp. 71·73, O autor professa certo relativismo rellgloso.


Com efeito; diz que o fim de todas as religiões .ê • elevação
espiritual e progressiva do homem, em dl.reçio ao seu etemo
desUno. Nesse I!IeJltldo, todas as reUglões 11.0 útels e Jrnpres.
clndlvels. Não há m1ster que alguém abandone as suas cren-
ças em busca de Deus. mudando de contLsslo reUgiosa e dê
preferência a outra, onde ele presume encontrar a *verdadeira'
Verdade • . .• (p.71).

A propósito, pode-se lembrar que a rellgião não é sim-


plesmente escola de morlgeracão e aperfeiçoamento do homem;
a rellgião, devidamente entendida, nio é antropocêntrica, mas
teocêntrlca; é, antes do mais, adoraçAo, louvor e açAo de gra.
Q8S ao Senhor Deus; em COflSéq,üêncla, também. é escola de vir·
tudes e sanUflcação do homem. Ademais religião não é uma
atitude emocional ou cega de reverência perante um Ser SU4
pmno, mas 01 wna atiblde inteligente da criatura humana.
Por isto em matéria de reI1g1io existem verdade e erro. COmO
existem verdade e erro em fU08Ofla, em matemática, em his·
tória e geografia. Dal 8 aversio a todo relativismo religioso.
por parte dos fiêls cat61lcos (aversão que não quer dizer
polêmica).

JU pp. 74 . 76. 139, o autor fala da . Lel Evohrt1va que


visa A bannonla universal:.. Esta expressão é clara ao espl.
ritlsmo e 'às escolas pantelstas. .

2. Os capltulos IX e X do llvro abordam a vida após a


morte.
o autor faz questAo de aflrmer a sobrevivência da Rlma
revestida do perisp1rltoj e, para fundamentar esta tese, apela.
para Frei Leonardo Boft, que propõe a ressurreição do corpo
logo após a morte li insere, desta maneira, o espiritismo den-
tro de uma tese do teólogo !ranclseano õ cI. pp. 1769, onde o
autor cita cA vida para além da morte:. (p. 39, da 4. edição)
de Leonardo Bot!, e acrescenta:

I A te.. dI rM.urrel~o logo após I morte J6 foi anlllsldl em PR


1W1972, pp. &42-558. foi reJlitada plll S. Congreglçlo para a Doutrlnl
da 11"6 na Decle.ttçlo publlcadl em PR 238/1818, pp. 3fi.41Mõ cf. PR 239/
1 Q7I, pp. 41511 484.

-478 -
«ONDE AS FLORES NÃO MURCHAM' 39

-e..tt '!)equeno axcerpto .. • eaclarece-nOl butante no Que diz r..-


peRo ao que qu... todoe OI curk»oa e puqulaadores del$8S assuntOI
têm lido, quer no kardecllrno quer no orientaliSmo em geral, acerca do
menelonedo 'nuclm'nlo' para a outra vldl, da noWl eondlçJo de exll-
t&neta, de uma IlMrsao no COImoe, da entrada em uma nove 'dlmen-
.10'. .. etc. I, ao qUI no. parece, flcarlo e.... curiosos Inclinado. a
.celtar o 'perflplrlto' (ou que outro nome lhe leJa dedo) - o 'Iegundo
corpo' a Que aque'.. doutrfnu tanto 111 referem, o qual cOMble num
envolvimento de mal'rla 'qulnteuenc'-dl'. "gundo Kardec, forma perfeita,
Igual l do corpo camal (que elte volta lO pó e.e decompOa)- (p. '77).
A p, 221 O autor admite a exJstêncla de diversos planos
fora da Terra, nos quais se encontram os esplritos desencar-
nados; os planos inferiores são as mansões dos espíritas menos
perfeitos, aos quais é oferecida menos Intensa luz; 09 planos
superiores são reservados aos espiritos mais perfeitos, aos quals
toca <uma luz mais intensa». Após passar po[' esses diversos
planos, que constituem uma espécie de corredor ascendente,
os esplritos chegam finalmente ao céu ou l visão beatifica; o
autor insinua, porém, que alguns esplrll.s imperfeitos pedem
a Deus que os mande de novo a este mundo (em nova ou
novas encarnação ou encarnações) «a fim de saldar definiti-
vamente os seus débitos> (p. 221).
O purgatório póstumo é entendido dentro dos parlmetros
dessa topografia do além. Eis palavras do autor:
ApÓl; I morta -aparecem os paranlal I amigos que o v6m tecaber
em aua nova morada, em que o 'nomem-alma' •• v6 aurpreendenllmenle
cercado de 'co_u' coneretu, ele mesmo •• vê com o mesmo corpo que
'lhe parece ..r o mesmo de que ..laVI revealldo na Terra', Integrado
numa coMutlldade 'numa",,· cheia da dlnlmlee da Caridade Crlall: a ••
aJudaram muluamanta, lodo!! d[Sp03toa 8 'fazer a Vontade do Par (...Im
na Tem como no c.u .. . ). numa atividade constante em que, para l i
almo menol avoluld.., reservam-all Incargo. m.ls pesados, reglllrando-u
no Inllme) de clda um outros tipo. de prO\l'~" purg.doras, de amarguru,
de 8111;Ote pelcoI6glc ••, de anseloa contidos, tudo amenludo pela ajuda,
em todoa o. grauI, dos mall evcluldos . . .
Para .. alma••ental. tudo corre dlfe,."tementa, delde o momento
em que, pela morte, do rompidos ou 'd..lIgtdo.' os liames que la pren-
diam • rerra. Para el.. , em gtral, nlo .. faz noceasllrla aquela f188 de
'hlbarnaçlo', Iquer. 'aono repatado", apó. o qual a alma .e lente na.-
cid., 're..urrecb' e • Informad. de todCd os mMndrot de lua nova O)n-
dlçlo de vida. h .Imll enrfquecldu pela graça e pelo Amor de OIUt
parlflm expadlttuTlonlo para 'planOl superfor.', onde I Luz • mal. Int'nta
e ma" belos 110 OI "UI encantos, com Iproxlm.çlo da VIdo Se.unc.
por Intre .. m....vllho da CrlIçlo.
Em todoa os 'planOI' 16 tia uml p",ocuplçlo: I caridOlla aludI doa
que estio mal. Ilevadoa em taver doa que ., encontram mal. longe. n.
grande marctl.; .01 que " encontrlm, por eXlmplo, nll 'reglOel Inla-
rlo"'l do C6u'. que clrcund.m, bem mil. materialmente. o orbe terr6qUlO,
Inlluenclando-se. lO qUI parece, paio nono SI.tema Sol.r, rallndo-se dI
'di.! e 'nolla', as.lm como da contagens de hom, eto. Trata.. e de uma
-479-
40 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS) Z7JJ)983

..."tlnel. Impll 8 plurHorme qua '1 ..tendi .01 qUI .. Incontram na


Temi e que constituem a base de.. e 'cone' m.,.vllho$o dentro de culo.
parAmatrol o homem pode l i elevar ao '8\1 d..tlno final. Toda. lU colua
da n.tureza corwargem para ekt, e •• IIglm a Deus. Dlnte ...nahlert nlo
..teve DlUItO longe dessa Imlglnoal repre&Omaçlo que nos dI a Idlr. de
qulo dlnlmlcaa "o I e..lncla e u atividade. do C6u • .. li Cp. 2201).
Cemo se vê, estAs Idéias coincidem com as do espiritismo;
chegam mesmo 8 insinuar a necromancla ou a c:omunlcacAo
dos vivos com os mortos: cTrata-se de uma assistência em,pla
e plurlforme que se estende aos que se encontram na T<erra e
que constituem a base desse 'cone' maravilhoso dentro de cujos
parAmetros o homem pode se elevar ao seu destino final)
(p. 221).
O autor admite que se possam gravar vozes e mensagens
do Além ou de pessoas falecidas, citando os livros cTelefone
para o Além) do pesquisador sueco Friedrich J'uergenson e
cOs esptrltos comwúcam-se por gravadores. do estudlO&O Inglês
Peter Bander; el. pp. 209. 188, nota 2. Embora a parapslcC).
loela em nossos dias investigue tal fenÔmeno, asslm como as
expressões ditas cde medlWlidade», dando-lhes explicações
naturais e cientificas, HennInto de Queiroz mostra-se crédulo
adepto das teorl .. esplrltas, rejeitando exp1Icltamente as con·
clusões dos parapsk:ólogos; cf. pp. 1808. 2080.
Curloso é que o autor procura 1nterpretar em sentido espl.
rita verdades e fatos tlplcos do Catolleismo; assim
- a Inspiração blbUca seria um fenOmeno de medlunl-
dadej cf. p. lBOj
- as aparições de N"",. Senhora em Lourdes e Fátlma
seriam casos de .materlall2ação ectoplásmlc.. ; cf. p. m,
onde hA. referência expUclta 80s kardeclstas;
- a aparição de Samuel ao rei Seul mediante a arte
evocaI6r1a da pEl<>nlsa de Endor (cf. 1Sm 28,11·19) Séria uma
pl'OVO da pnssIbilld.de do IntercAmbEo e das comunEcacÕ<!S
entre os vivos e os mortos; cf. p. 206 1.

1 H• ... rd.de, nlo h6 lrtfffclo nem ritual algum apto I l.var OI: mor-
tOl . . . comunicar com o. vlvoa I vlc • ..,.raa, - O homem na Tem nlo
dl.pe. de melo ordln6rlo algum pl,. .. comunIcar com OI mortos. Se no
CUO d, 1Sm 28 Samuel falacldo se mlnllDltou e Saul. 1,10 " deu pot
()ermlulo dIvIna par. til CIIO; dldo qUI Saul alava par. morrer no dIa
Ngulnte, o senhor Oeu8 quis admoea!I.fo mlla vivamente por Inten,",dlo
do profeta Samuel. Tal ocorrlncl., porém, nlo conltltul a trama ordln6rla
dei ~rocedlmlnto da ProvIdencIa DIvIna: foI um 'alo axtrtordln6.rl0 . . .po-
r'dlco, que n_nnum m'dlum pode reprodw.lr • 11101 c:rU6rlo.
-480_
«ONDE AS FLORES NAO MURCHAM, 41

- a ressurreição logo após a morte. propugnada por


certos teólog05 (embora não oorresponda ao pensamento da
Igreja), seria o revestimento do perispírlto ou do corpo eM-
rico. com o qual o espírito vive nos espaços depois que se
desencarnouj cf. pp. 1765. 203;
- o ctercelro céu» ao qual S. Paulo diz ter sido arreba-
tado e onde ou'viu palavras inefáveis (cf. 2Cor 12,2), seria
um plano das regiões celestes no qual existem espiritos desen·
carnadas, que cse sentem alegres em informar aos seus seme·
lhantes da Terra como são ou como eles vêem as coisas que
se passam por Ihi cf. p. 206 ti
- o grande teólogo Cardeal Jean Danlélou é interpretado
em sentido esplrlta como csImpatizante da doutrina da reen-
carnação» (cf. p. 178), como possive) adepto da teoria da comu-
nicação com os mortos (cf. p. 184), como partidárIo da evolu-
cão da alma apOs -a m()rte até chegar à perfeição (cf. p. 186) ;
- as palavras de Jesus em Jo 14,2 ( .. Na casa de meu
Pai há multas mansões:. ) são entendidas no sentido de que,
no além, existem planos ou regiões ou círculos concêntricos,
cpareclclisslmos com este mundo, porém muJto mais belos do
que a Terra» (p. 200), cregjões, colônias, estâncias, talvez
mesmo lindas cidades com largas ruas e praças, h.ospltais,
escolas, casas de repouso, montanhas, rios, florestas, belas
mansões (estas, reservadas por Cristo para os que o amaram
muito na Terra), tudo em outra dimensão, em pleno espaço
cósrnico, em condições que nos são totalmente desconhecldaS:t
(p. 203). Para corroborar a topografia do além, o autor trans·
creve, em apêndice 80s seus capitulas, longas pãglnas de De·
nlzar Hippolyte·Léon Rivail (AUan Kardec), Arthur Conan
Doyle, Otiver Lodge, G. Vale Owen . ..
Quanto ao interno, Hennlnio de Queiroz é propenso fi
entendê· lo como uma série de estágios pelos quais os homens
perversos passam após a morte a fim de .se purJflcar dos seus
pecados e assim, apOs milênios e mUênios, se converterem em
anjos de luz ... :

1 Na verdade, quando 510 Paulo laIa do "terceiro céu" (cf. 2Cor


t 2,2}e quando a EacrUura se "tere ao " mais alio dos clllus", lêm em vllla
.. elferas que .,. anllgos Julgayam cercar .. Terra. El tA longe, parém, de
mllnle do Apóstolo Imagll\8r esplrltos dlHncarn8d~ vlyendo e Iran$ml·
lindo InlorrnaçOes em aUCfi!$$lvoa planol (ou clrculOl concênlrlcos) do
..paço. - O qUII Slo Paulo quer dizer, é que foi agraciado por um Axlat.
ou arrebatamenlo mltUco. que lhe pr9plclou uma In.lâvel experiência de
Deu ••
-481-
42 (PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 2T1J1983

·Para Kardec. ruta 101 c:ondenadol .Inda uma esperança, que • •


de Invocerem C) Nome de DeuI I voltarem o nu penaamenlo .,.ra Elel A.o.
poucos, coneoanle e IUI doutrina, poderh e.lr de tio daplC)"'vel .. lado,
~ndo alf, depois de mlllnlOl e milênios de tolrlmentol Inenan6velt,
elleg.r - quem .....1 - • " converterem em A.n/o. de Luz ...
NIo queremo. dl.cutlr , ... doutrina, por conaldera.çlo aos n088O'
dogmas. embora nOl p.reÇl multo meia condb':ante com I Misericórdia
Dlvln.. Queremos noa lixar, de prefl"'ncla. na 1d4i1a de '1ranelçlo', de
..liglos Intermedl6rloa qUI via posalbllltando lO. que .aem dHte mundo
uma gradual aproxlmaçlo di Granetl luz, em .,llnoe' que, talvez, em forma
de grandM clrculoe conc.ntrlco., .. lueed'm ••e mulllpllquem QU8H lO
Innnlto, at6 C) homam encontrar a sua plena evoluçlo I11te • Faca de Ceua.
Por que nlC) admltl-Io lerntMMt, com 18laçAO ao. chllftl,dOl 'homana maus',
cu/a variabilidade de mallela e peMlrald.de pode reglslrar OI mais di·
vera"slmoe gr.us, na escal. da Imputabilidade. con/ug.d. com a Justiça? ·
(pp. 204s).
·0 C6u é o destino por excl16ncl., delta como de toda. " hum.nl·
dadee, de ancarnadOl, dllencarnados, r..nc.m.do•. .• (nlo Importai), doe
que poNOl'llura habitam em oull'Ol plan.... dentro do COlmOS unlveml , de
todOl os Olhos de Deue q~ OI quer, ."nel, unidO' 9 reunidos na. mesma
• ampla .fvalo de luz que Ele crklu ptlra OI 'chamados' bon' • para o.
'chamado'· maus ... CremOl que eetes 61t1mOl chagarlo depoll - multo
depolll - m.. que todos chegarlo e .. aenlll.rAo li mesa de. contratem1-
zaçAo unlvlr. .l" (PP. 211') .
O inferno, POrtanto. seria remotamente o equivalente ao
que a doutrina católica chama epurgatórlo:D; eetemo .. teria (I
sentido de «multo longo .. , não, porém. o de «duradouro sem
f1m ...
Após esta breve exposição d() conteúd() do Uvro em pauta.
Importa propor uma palavra de

2. Reflexão
Eis quatro pontos que B leitura do livro em foco nos
sugef'@.

2. I . Uma apreda,ão global: futõo = confusão


O autor procura fundir entre si o Catolicismo e o espiri.
tismo. Julga que. no tocante à vIda póstuma, a revelação
cristA é pobre, mas pode ser comp)tiltada pelas clucubraçães do
kardedsmo (cf. pp. 179.183). - Ora tal con""pção bãslca é
visceralmente errônea. Em. última análise, o espiritismo pro-
põe o que se poderia chamar «uma doutrina de auto-soteria
ou de salvação do homem pelo próprio homem»: através de
uma série de reencarnações. o espIrito, por sua força de von·
tade e seu amadurecimento, val·se libertando das falhas mo-
-482 -
cONDE AS Fl.DRES NAO NURCHAM~ 43

raJs e se toma canjo de luz~ i não 'h â, no esplrltlsmo, menção


do sangue redentor de Cristo nem da graça do Salvador outor-
gada ao homem para que se salve . .. O esplritismo, na me-
dida em que é reUglão, vem a ser a reUgião de um Deus dis-
tante; é no pretenso intercâmbio com os desencarnados que
se desenvolve o ritual do espiritismo. - Ao contrário, o Cato-
licismo parte da premissa de que Deus é o amor que primeIro
amou e ama o homem; por isto criou a este para fazê.lo con-
sorte da sua vida. Tendo o hOrm!m dito Não ao plano do
CrIador no Inicio da história. Deus quis oferecer nova oportu-
nidade ao homem, enviando.lhe o próprio Filho feito homem,
que red1miu do pecado o gênero humano; a salvação, por-
tanto. vem de Deus; é dom oferecido a todos os homens. A
graça do Redentor frutifica em boas obras na vida dos fiéis.
Por conseguinte, a salvação eterna no Cristianismo não repousa
sobre ti. tré.gU vontade do homem, mas sobre o designla. de
Deus, que não recusa à criatura nenhum dos recursos de que
necessita para chegar à plenitude da vida: «Aquele que não
poupou o seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós,
como não nos haverá de agmclar em tudo junto com Ele?:.
(Rm 8,32) . A1Iãs, o autor na primeira parte do seu livro pro-
fessa tais verdades (cf. p. 162, por exemplo), que bastariam
pana dissipar o espiritismo.
A teoria da reencarnação está associada necessariamente
ao sistema de cauto-salvação»; não se concilia. porém, com a
visão cristã, que atribui o primado à graça de Deus, graça
que no decorrer de uma só vida terrestre se derrama suflcien.
temente sobre a criatura para que possa chegar à vida étérna.
Juntamente com a reencamacão, costumam os ori~ntaJs
(hinduIstas, brâmanes, budistas) professar o panteismo, ou
seja, a tese de que Deus (theós) é tudo (pau); a Divindade
seria wna substância neutra, a Mente Cósmica . . . Identi1lcada
com o mundo e o homem. Ora é de se notar que, no livro de
Henn1nlo de Queiroz, aparecem vislumbres de pantelsmo asso·
dado, allAs, a expressões de fé caMlica (el. p. 477 deste fascl.
culo); a incoerência é patente.
De resto, observe-se que, se a revelação cristã é sóbria
no tocante ao além, ela é lógica. O além náo há de ser con-
cebido como uma nova edição do aquém «revista. melhorada
e ampllada~; a fantasia humana é que assim o projeta. Toda·
via, segundo S. Paulo, co que o olho não viu, o que o ouvido
nlo ouviu, o que o coração do homem não percebeu, ei! o
-483 -
44 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS" 271/1983

que Deus preparou para aqueles que O amam,., (lCor 2,9) .


A indole transcendente e inefâvel da vida definitiva é precl·
samente a razão da sobriedade da Revelação cristã neste PIU"-
ticular. - Não é necessário, porém, recorrer ao espiritismo
para afirmar que existe uma vida póstuma; na verdade, a Tra-
dição cristã chama «dia natallclo" o dia em que alguém passa
deste mundo para a plenitude da vida.

2.2. I"f.mo
Este é um dos pontos que mais dificulda.des causam a
não cristãos. OS quais ju1gam encontrar no espiritismo umn
melhor alternativa. será preciso. pois, depurar o conceito de
dnferno> das Imagens dantescas que &e lhe associam geral·
mente.
A fundamentação bibUca da existência de uma vida pós-
tuma afastada de Deus e, por isto, dolorosa é assaz clara;
cf. Dn 12,2; Mt 25,33-46; Me 3.285: Lc 16,19-31; Mt 25,1-12;
Lc 14,16.24; GI 5.19-21; leor 6,95; 2Cor 2,15s; 4,3; 13,5.
NAo se julgue, porém, que Deus «criou» o inferno. Este
não é um lugar, mas um estado de alma, que pode começar
na terra se o homem se volta voluntariamente contra Deus
em matéria. grave; protral-se na outra vIda se a criatura não
se converte sinceramente para o Senhor na hora da morte.
Caso o homem morra avesso a Deus (não sabemos quantos
são esses easos), experimenta no a1ém sem subterfúgios o que
neSta vida experimentava com paliativos, a saber: uma atra·
çAo Jintural para Deus, o Sumo Bem (que a criatura não pode
deixar de querer espontaneamente). e uma aversão consciente
e voluntária a Deus motivada pela conversão a um bem -criado
(prazer sensual, dinheiro, glOria, poder . . . ). O Sim e o Ni.o
sImultâneos constituem a dllaceração permanente e a frustra-
ção radical do pecador no além. Qualquer outra pena (a eha·
mada «pena dos sentidos» da teologia) é menos significativa
do que esta. .Vê-se, pois, que Deus nio castiga como um dlg·
elplinador na escola castiga o aluno Insubordinado, mas :res-
peita o allUlO insubordinado, ou a llvre opeio do homem que
diga NiA> a todas as propostas da graça divina. Mais: é de se
reconhecer que, se Deus quisesse retirar o seu amor à cria·
tura ou deixasse de lhe aparecer corno o Sumo Bem, o pri-
meiro e permanente Amor, a criatura não padecerIa no Inferno.
Todavia Deus não pode deixar de amar para sempre; não
pode 4lzer Nilo depois de haver dito Sim à criatura. Jt preci-
-484-
oEONDE AS FLORES NAO MURCHAM:. 45

samen1e a tenacIdade irreverslvel do amor de Deus às suas


criaturas que causa a dilaceração do réprobo. Vê·se que o
amor de Deus, sendo divino, e não frâgll como o amor hu-
mano, é fonte de enonne responsabilidade para o homem.

2.3. MHlunldaáe e PoropsJcologla


Os fenômenos dUas «de mediunidadel> (telepatia, pereep·
çio extra·sensorial, psicografia . . . ) muito Impressionam o
público. Não sabendo como explicá·los, os homens do século
passado (espec.lalmente AlIan Kardec) atrJbulam-nos à Inter-
venção de seres do além. Nos últimos decênios, porém, a
Parapsicologia, mediante pesquisas rigOrosamente cientificas,
tem evidenciado a indo)e meramente natural e psiquica de tais
fenômenos: tem sido posta à tona a força prodigiosa do sub-
consclente e do inconsciente, que produzem manifestações do
ser humano surpreendentes, sim, mas não transcendentais.
Ora a nenhum estudioso é licito Ignorar ou menosprezar as
conclusões da Parapsicologia, como ocorre no livro em foco às
pp. 180 e 2OBs. - De modo especial não há como confundir
JnsplraçAo blbUca e medlunldade; aquela é especial dom de
Deus aos escritores sagrados para que, utilizando os conheci-
mentos e a cultura de sua época, transmitissem a mensagem
que Deus quis comunicar aOEl homens.

2.4. Observosão final


O público não pode deixar de se sentir perplexo ao ver
um livro pró-espirltlsmo editado pelas «Vozes»! Esta publica
o Missal e a Biblla, mas já deu a lume uma obra neo- positi-
vista materialista, como «Acaso e Necessidade» de Jacques
Monod, as memórias de Luis Carlos Prestes, lider marxista
no Brasil, sob o titulo oEPreStes - Lutas e Autocritlcasl>;
publicou a obra de AnthoJXV. Kosnik e equipe sobre sexuali-
dade humana condenada pelo episcopado nort~erleano e
pela S. Congregação para a Doutrina da Fé (cf. PR 268/83,
pp. 193~213); é distribuidora oficial do livro «Conversando
sobre Sexo:. de Marta Supllcy, livro que se compararia à lite·
ratura de pgeudo-educacão sexual encontrada nas bancas de
rua (cf. pp. 510·514 deste fasclculo). Publicou também o llvrl·
nho «Minutos de Sabedoria • • de C. Torres Pastorlno, corres-
pondeonte a palestras feitas na RAdlo Copacabana, de teor pan-
teIsta (veja p. 524 deste fasciculo). Por último, edita o livro
de HennInio Aureo de Queiroz, que contradiz à série de escri-
-485-
46 cPERGUNrE E RESPONDEREMOS, 271/1983

tos antl-esplriw de Frei Boa_tura Kloppenburg O. F. M.


ed1talkls por essa mesma casa pubUcadora. .. E tal Editora se
diz ccatOUca,,! :e de êrer que t'Odo prof1ss1onal faça questlo
de ter seu nClme definido, seu estilo próprio e sua linha de
conduta coerentej especialmente o profMSOr ê closo de ter uma
mensasem deflnida a transmitir aos diBclpulos. Ora uma EdI-
tora é semelhante a um arauto e mensageiro . .. Pergunta.se
entlo: qual a !'llosofia, qual o projeto, qual a mensagem da
Editora Vozes?
Lançamos estas perguntas. Inspirados tão somenta pelo
amor à verdade e pela estima da fidelidade e da coerência,
mesmo quando estas exigem coragem e sacr1ficlol

-486 -
148301983:

Martinho Lutero (1483 -1546):


Um Pouco da sua Personalidade
o Pe. Paschoal Rangel, teólogo e jornalista benemérito.
publicou no jornal O L'UTADOR de Belo !Horizonte, com data
de 26/06 a 02/ 07/ 1983, um artigo intitulado «Respondendo
aos leitores: O CASAMENTO DE LUTERO •. Este artigo,
escrito no intuJto de esclarecer um correspondente, pode ser
fltll a grande circulo de leitores. Dai o prop6s1to de transcre-
vé-l0 nas pâginas sabseqüentes da nossa revista:

<O CASAMENTO DE LUTERD

o Dr. Abelardo Morelr. da Silva observava, rui carta da ••mana


paliada, em segundo lugar:

"'Mala adiante. I.... qUI Lutaro .. ctI.. ~ com Catarina de BoT• . Ora,
.empre ouvi dizer e aprendi, quando ••tudante, que o monge agosUnleno
rellrou a ...lIglosa do convento para .. unir a .Ia (amanC8N!T-se)·,

RESPONDENDO
aem. se eu quise"a r•• ponder curto a grono, ou - como dizi<l
L~f.ro - «rund und refn», Ih. r.sponderlo, coro amigo, como Da-
niel Ropsl c Ena casamenlo d. um podre apóstata - que conflssão
Ide fracouoll IDaniel ROPS, l'c,nse eI. lo Renoluance et cle la
'0""'., Paris, Fayard. 1957. p. 35.().
It"
Mas o pr6prlo Daniel RapJ adverle ! clSIO, poro um cat6lico.

I.
está daro. Pois o penpediva proteslont. fi opostal um JlOStOl cali.
bat6rlo não é um pador completo I .•. ), Por conseguinte. poro um
proledoMe, «uandaoso, Lutero não trolu a si mesmo, nem li lua
e.pl,ltuolidode. Ao cofttr6rlo••re (I completou por uma expetlfncia
.SI.ftdal~ lid. ib. 1.

-<W-
48 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS_ 271/1983

Deste ponto d. vista um tonto simplista, s. se continuou. con·


siderando lutero um padre católic:o, Unho mos de dizer rudemente qv.
ele nao só apostatara, mas começava a viver, com ~mQ ex·freira,
tamb6111 Infi.1 Q leU 'fOIO de c:<Istldade, um coneubinata duplamente
sacrtlego.

• ••
A questaa. porém, é bem mais comple~Q. Poro Lutero. a c:oita
nSo .ra tSo nah.ra! e pura ~uCJnlo seria para um postar de hole,
Na". tão luja a errado quanto poro um c:at6lic:o da rlatela obser·
vândo.

RAZOES DE LUTERO
Formado em estrita doutrina 8 disciplina monásticas, e lendo
sempre entendida que s6 poderia salvor-s8, se pratlcoue os boas
obras (o puil'ndo, o jejtlm, a cbstinAndo, OI orações e vigtllOI, o
autidade, o obedilncio atc.!; nao tendo nunca percebido, e",quanto
cat6lico, o pape' absolulamente primordial, antecipativo, gratuito, de
Deus, de lua mherk6rdia e perdão, de lua graça em nÓs pela f& e
o amor, lulero tinho vivido uma vida otormetltado, chaia da asetú·
pulos 8 anaúsllas. Quondo, a parti, do .,av.locão» que julgou ter
receMdo, numa inefóvel «e:xperiinclo da misericórdia», le entregou
inteiramente ao perdão e li bondade de Deul na ,. Ué = con-
"onça total, Qbandono amoro.o I, n60 foram apenas os tabus, os
escrúpulos, o, fabos temores que elo exorcizou. Ele mudou, ele r.vi-
rou pelo aveno sua teologia, lua maneira de ver Deus, o ham.m.
o mundo, o peta do, o groo;;o, a salvoo;;ão.

De r.pente, julgou perceber que os «boas obras. não lervlam


para nado, no ordem do salvodlo, . Boas obrou eram cama OI
obras da lei, paro S. Poulo, Por .que ficor macerando o corpo com
penftAndo., vlgllio., jejuns, abstlnlndol, 'Celibato e oulras colsal
aulm? Não era iua que salvava. E a Igrelo do Papa, que impunha
lab obrai OOJ homen., estovCl ero esc:ravizondo OI penoos a $otan6s.
A pfeo~poçao com enas obras, como .e alas pudessem trazer o '01·
'loção, era uma alUicia do diabo, para perder a. pessoas. Enquanto
o. homens se preocupassem com tall obra., .starlam presos li. SUOI
angú.tias e medos, . , nao, faz.ndo o únfta coisa reolmente salvrfico :
entr.-gar... na " o Jesus Crilto, ~nlco Salvador,

-488 -
o CASAMENTO DE LUTERO

A portir dai, e no medido em que a Igreja de Romo não acei·


tova sua teologlo, lutero sentia cada vaI mais separar-se dolo. A
que.t6a do celibato, ;nduJivo da celibato dOI monges, acabou-se
ligando, na penlamento de lutora, o osso tomado do pOlicao b6sica
o global.

• • •
No começo, em 1518, o cO'amonto de podres ou mon,"os, que
tInham volunlariamonl. fello valo de castidade, parecia-lhe co mais
gravo dos socril",lou. MOI algUM cevangélicos», como Bernhardi e
Corloslodt, dosofiaram seus escrúpulos e Calaram ruidosamente_ Uma
porção de roliglolol 10m deixando OI conventol o reclamando o direito
de se casarom. Carlostadt tent.a uma justificacão te6rica de ..es casa-
menlOl, moshando que o celibato não ê uma inslituicão evangélica,
lutera hesito, Não concordo com OI argumentOI de Carlostadt. Con·
tinuo pensando, olr.da em 1521, que, se OI religIosos emitiram seu
'iClto d. castidade livremente, por sua escolho consciente, não tinham
agora o direito d. le desligor d.le, No ontanlo, a situação pr6tlca
O QbrlgQva .Q tomar posição. Nao apenaI Carlollodl continuava lua
campanha contra o celibato dOI religiosos, mos o número daqueles
que deixavam o convento e .e casavam ou procurovam apoio dou-
Irinal poro co.ar, era cada vez: maior, Lutero tinha de se pronunciar,
pois a .ituacão comprometia lerlomenle a Imagem do Reformo, Ainda
a 6 d. agosto de 1521, ele .screve a Spalatinol ePor Ceu., nouol
wittemburguenses estão arrontando mulhere• .até poro os mon.oe,1 Ao
Menos paro mim, nunccll. (Ao pé da lelra, seria: e Mas a mim, n60
vdo impln,glr mulher nenhuma I. - At mlhl nGn obtr\ldent uxaremU .

A meditação dele continuava, porém. E, um dia, - a. coisas


em lutero tinham multo dessal eilumlnaçõeu repentinos - ele
e.e"te it e parece compreender que o celibato .ra mais uma daquelas
obras -de latan61 que, no papismo, se chamavam c boas obrasit. O.
votOI religiosos nao possovom de oç6es nascida. do e.plrllo de orgu-
lho: o, pessoa. contavam com .IClI poro od,quitirem a santidade e a
sal.,acâo, Por lua, os \'olos religiosos eram lambém viciado., maus,
Aul", como todo «boa obra:& é, naturalmente, isto é, som o graca,
pecado, auim também o voto religioso é pecamin asa. lon"e do abri·
gat~no" .Ie deve lor desfeito.

Como vêem. na lógico da Reformo, o casamento dos frades ou


monge. "ão podia mais ser Impedido por antigo. votos de castidade.
Ati pelo contró,io, Talvez alguns devessem casar, exalomenle para
provarem que estavam livrei do e.cr.ovidão papista dos «boas obrou.

-489-
50 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS' Z11/1983

o CASAMENTO DE LUTERO
Ilto naD obllan'e, lutero não queria, peSloalmente, cosor-,e, Al-
guns companheiros Insistiam com ele ne .. e sentido . . E ele conllnuCVC
irredutfvel. . Para qUe caS<lr, .e ele eslavo destinado o foouelra como
herege, 6 certamente morreria em breve? Muitas veles, ele op61
eue argumento 001 amlgol_

No entonlo, havia-se metido numa ov.nlura meio esIúrdia, 00


envolver-so na fuga focambolesco d. do%e manias d,lerden ses de
leu moslelro. (Com a aluda, negociada por lulero, de um torne-
cedor de arenque, que eram levadol em barris para o convento, a .
manias conseguiram *"91r escondidos nos barris supostamente vazio.,
depois da descarga da encomendo. E lutero a. obrigou no convenlo
de WlHenber". ollde .Ie morava).

Trl. deuas religiosas voltarom para suas famlllol, As nove


outrol ficaram no ccnvenfo, e lutero foi arranjando casamenlo pora
.Ios. No fim, lobrou Cotarlna de Boro, que n50 ((In.eguia cosor-se
com nln"u6m. E que ,ermlnou por propor ca'ar-se <om o próprio
Lutero, Ele resistia, brincava com o Id4ia, e andou escrevendo umal
chocorrlcal lobr••exo e ornarei poro OI amigai, às vexes tão gros-
s.lrelS que umo pessoa mall delicada, como Melonchton, acabou
dizendo um dia , cOhl Se Lul.ro ao manol Ja calouel. . ,. (Se deI-
xasse .de falar bobagem _ , . "

• • •
Mos algumas collos acontaceram ,q ua mudaram os .enlimentos
da Lutara. A proposta de Catarina, a Intarm.di.ac:60 de Amldorf, o
padldo de .au pai que daselava ver o noma dele perpetuado, Me-
lonchton adio qua o convivia com tantal mulhras no mesmo CQIO
omola.:.u o coroçlSo a ajudou a transformar luas ld&las, Por sinal, o
amloo Malonchlon ficou sariomanta chocado com o Qcon!ae1mel'lto ,
sua. dralnJlõnciol. E não pMa deillor d. abrir o coração cóm outro
amigo, numa carta deliberadamente elcrlla em gr',g o, a fim de difi-
cultar a propagaçlSo:
· Voe' 11.1....1 fique eepantadO de .aber qua, numa 'poçe em que oa
homan. ee.paue I U pe810U da bem 01110 .olrando opor !ode perta grand ••
trlbulaQ8Q, .,. (Lutaro) nlo tem ..qUlr compalxlo I, 80 menca na
apartncl., vi" Indolentemante e delonr. aue vocaçla, enquanto a A.lemanha
teria nec...ldade d, toda .ua prudtnollo a de toda aUB torça-,

-490 -
o CASAMENTO DE LUTERO 51

E explicando como se d.u em Lutero a decilõo de cosar·se:

-EI, «Imo me parece que a col.. ecantllCeu: nosso homem • multo


facilmente abordMl (Pe. Franca traduz: 6 e à " ' - _ IeYlllno) - . . .
freiras, que lhe atiravam laços com gtt....dt utOc1e, aeabaram por .nred.lo.
Talve:r: .... con~lvtllCla prolongada o tenha tornado mulhel'flngo ou m.. mo
.teado a .ua peido, embora ele tenha nobra1l. e .levados .entlment08.
Porjm. Ia mexerico. que eorrenm a r.. pelto d.te e d. r.laçOe. lICelt.. nlo
11m fundam.nto . .. Ne mal., .. pare que o ca.am.nto o loma mala recatado
e o faça renunciar b Iruanlc88, IObre 11 qlHll, mult., v,~' li o advertimo.".
(Certa da Me.nchkMI • CMnenrfus, de 1e.t8/1!26).
Na fornolo «Vida de Marlin"o Lut.ro~, que el. intitulou t::H.r. I
slond:.. bland' H. Bointon, indo o16m do explicação d. MaJonchton.
di:r: qua Lutero masmo deu trAs razões paro a próprio casamanto;
cagradar ao pai, afronlar e desafiar o Popa e o Demônio o ,.Iar
seu laslomunho ant.s do martr,jo~ I New York, A Mantor Book, New
Amerlccm Llbrory, 1955, p. 225) .

A coi.a podo parecer uma piado, mo. não 6. O fe,temun"o que


ele prelendio selar com eue da,aforo lançado li face do Papa o do
Dem&nto era a da um homem qua acreditava no poder lalvador da
mllericórdla de Deu. que não nos im~uta nouos pecados, mal não
aeeita nOIlOs t::baal obran, nem pode praclsor delas poro nos sal·
varo O ctlibata era mais uma deua •• boas obral~ do diabo, cheias
de orgult'la • pocado, quo oro pred.o dosprezar,

Por oulro lado, no intimo d. sua alma, ainda e sempre angus-


tiado, ale tinha nKeuldada do bravatas lcontar vanlogens) do tipo
«'desafiar e xombor do P.opa • do Diabo:., da mostrar n,fia ler mado

n6., para - com .IS.


de e,cClndolizat • de olrair as Iras dos paplslas e dos filhos de sata-
tipo do reafirmação chocante de suas cea,_
tezan - senlir-se mais segura e em paz na sua -consc1êndo. Esta
" o intarpretação, pala m.nos, d. alo uns bons aulores, Ineluslve do
imparlanl. e respeitado hllloriador, Luclan febvre, em seu cUn Destln :
Martln Lulher» Iporls, PUF, 1945, PP. 184-185, d. p. 108).

• • •
NOite santklo, e não ~uerendo lulgor a consciincia do. Olltros,
nam deue.peitar a Ilberdado raligloso de ninguém - podemos
continuar falando d. «casamentolt de Lutoro. S. ole agiu correla-
mente, , um problema qUa ale vai la' d. resolVer com o seu mis.rl-
cordioso Senhor.
re, Pasmoal Rangel
Belo Horizonte
-491-
Dlln" do 'en.6.me~ protestante:

Você Sabe Quando ... 1


Im .In.... : .... denomlnaç08a prot..tant.. , que penetram no arall
e na América lallna. estio cronologicamente lon;. de Crllto; a16 o
"culo XVI nlo ax!sUa foma alguma de Protestantismo; ." o "culo XX
nAo exJttla a Anembllila de Deus nem o Movimento da Nova Vida. cada
denomlrt8ç1o proteltante ou pente<:ostar tem um fundador humano Bntel: do
qual ala nlo existia. Somenta a Igra,. católica, fundada por JesUI • entrl-
gu. a Pedro e aeuI lucessore.. atraveua os s6culos como a Igreja de
Crltlo. AI falhas que os seus mlmbros humanos cometem, nlo Impedem
a p,... nça e a açlo dã Cristo n.... Santa l"reJa, l qual, all48, Cristo
garantiu a lua ... r,tlncla Infallvel quando Clilse aoe Apóltolol: "Eltare'
conVOlco.16 a conflumaçlo doa "culos· (Mt 28,20). ·Por lato nlo " licito
OIre-fazer· a Igreja de Cristo, maa aOll homena comp.to apenai .mp.nll&r·..
para que .eja .empre 'Purificada a faca exlerna da Igrala, polulda pela
poeira d • •I,.rada dOI s6culos.

• • •
Estamos n~a época de ecumenismo. ou seja, de aproxi-
mação mútua dos disclpulos de Cristo. FreqUentemente, no
dlã1ogo entre cristãos são silenciados os pontos oonlrovertldos
para se afirmarem tão somente aqueles em torno dos Quals
hé. convergência de mentalidades. Assim vão sendo superadas
barreiras e aplaina-se a via Que Pode levar «a um só rebanho
e wn só paStor:. (Jo 10,16).

lt inegável, porém. que na AmérIca Latina, sem exclusão


do Brasil, novas· e novas denominações protestantes, animadas
por esp1rlto sectário e tendências fortemente prMelitistas, vão
arrebanhando fiéis cat6l1eos. Estes, incautos ou despreparados
como são muitas vezes, julgam que, ao abandonar 8 Igreja
Católlca para fazer·se membros de alguma denomlnacão pro-
testante, estão sendo mais cristãos, mais fiéis a Jesus Cristo
e à sua obra. Não raro o que impressiona urrt católico e o leva
80 Protestantismo, é ou 1) a promessa de curas, ou 2) o teso
temunho da vida puritana dos «evangélicos.· ou 3) a leitura
da BlbUa que estes pratiCam. Toc~do em ·seu coraçáo pela
pregacão de um missionárIo protestante· (sem, porem, racioci·
nar multo). o cat6Ueo adere à comunidade que o convida,
sem ter noCio de· história do Cristianismo ou sem saber exa·
tamente . o que .é se~ católico e o que é ser protestante. Ele
-492 -
voeI!: SABE QUANDO ... ? 53

não chega a perguntar qual a origem da denominação prot@s-


tante que o Interpela e qual a vinculatão da mesma com Jesus
Cristo,

Ora é de crer que, se os cristãos conhecessem melhor a hls·


tórla das denominações protestantes, não adeririam tão !acil-
mente a elas ou as deixariam sem demora, porque percebe.
riam que são obras de homens que se opõem l intenção de
Jesus Cristo; principalmente os católicos não se tornariam pro·
testantes, pois, assim procedendo, abandonam a única Igreja
fundada por J~ Cristo para aderir a comunidades fundadas
por homens, quinze ou mais sécuJos após Jesus. Serã a mesma
coisa seguir Jesus Cristo e seguir um «pro!eta ~ do século XVI
ou XVUI?
Precisamente para fac1l1tar aos cristãos a tomada de cons-
ciência do hiato histórico que intercede entre Jesus CrIsto e
as denominatões protestantes, publicamos a tabelo seguinte:

-493 -
DENOMINAÇAO FUNDADOR DATA LOCAL
CATóLICA JESUS CRISTO 30 PALESTINA
Luterana Martinho Lutero 1517 Alemanha
Episcopal (ou Anglicana) Henrique vm 1534 Inglaterra
Refonnada (Calvinista) João Calvino 1541 Genebra (Sui~a)

Menonita Menno Simons 1550 Holanda


Presbiteriana John Knox 1567 Escócia
Congregacional Robert Browne 1580 Inglaterra
Batista John Smyth 1604 Inglaterra
Quaker John Fox 1649 Inglaterra
Metodista John Wesley 1729 Inglaterra
M6nnoD Joseph Smith 1829 Estados Unidos
Adventista William MUler 1844 Estados Unidos
Exército da Salvação William e Catarina Booth 1865 Inglaterra
Testemunhas de Jeová Charles-Taze Russel 1874 Estados Unidos
Ciência Cristã Mar,y Baker 1875 Estados Unidos
Pentecostais Charles Parbam ediscipulos 1900 Estados Unidos
Amigos do Homem Alex,a ndre Freytag 1920 Genebra (Sulca)
V~ SABE QUANOO . •. ? 55

OBSElIVAÇ6ES

1. A tabela, ainda que Ma seja exaustiva, mostra como


as denominações protestantes que hoje em dia fazem adeptos
no BrasU, estão distantes de Jesus Cristo na linha da história.
Antes do ~ulo XVI não se falava de Confissão Luterana;
antes do século xx: nâo se falava de Assembléia de Deus,
Comunidade .Nova Vida», dgreja SocorristaD, etc. Não foI
Jesus Cristo quem deu origem a tais organizaçóes, mas foram
pastores humanos, dos quais alguns dLsseram ter recebido reve-
lações mals recentes do que as de Jesus Cristo; tal é o caso
de Joseph Sm!th (Mónnons), Charles.Taze Rmsel e Ruther·
ford (Testemunhas de Jeovâ) , Alexandre Freytag (Amigos
do Homem)... Quanto mais recente é a denominação pro-
testante, mais tende a trocar o Novo Testamento pelo Antigo,
chamando Deus pelo nome de Jeovâ. negando a DIvindade de
Cristo e a SS. TrIndade, observando () sábado em lugar do
domingo, etc.

2. Na raiz de todo este esfacelamento do Cristianismo,


que se perde cada vez mais em fantasias arbitrárias, está o
principio, estipulado por Lutero, segundo o qual a BlbJia deve
ser interpretada por cada leitor em «livre exame»; o que quer
dizer: cada qual tem o direito de contar com a Iluminação do
Esplrito Santo e entender a BlbUa como bem lhe pareçai em
con.seqUêneiap tira as conclusões que julgue adequadas, sem
orientação da Igreja. :J:: compreensivel que tal principio, coe-
rentemente apl1eado, tenha levado e leve o Protestantismo e.
se autodestruir cada vez mais. dividlndo-se e subdividindo-se
em CODlWlidades. das quais as posteriores pretendem sempre
reformar as anteriores e &60 reformadas pelas subseqüentes.
Os membros de Utls oomunldades refonnadas seauem tão so·
mente o alvitre subjetlv() e imaginoso de um «profeta», e não
mais a Palavra de Jesus Cristo como tal. Este fundou uma
só Igreja, que Ele comiDU a Pedro. dando-lhe a garantia de
sua .assistência lnfalivel até 8 consumação dos séculos (d. Mt
16.16-19; 28.18-20); fora desta (mJca Igreja. há sociedades
humanas cristãs, que não podem ser ditas dgreJa de Cristo»
a não ser na medida parcial em que compartilham element06
da única Igreja de Jesus Cristo (a leitura da Blblia. o Ba-

1 SIQ Plulo '.1. (I. Igr.}e como "corpo de Cristo" com forle relllsmo;
cf. 1Cor 12; CI 1,24.

-495 -
56 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 271/1983

tlsmo, O espirito de oração . . . ). São obras humanas (a prova


de que Me obras meramente humanas, é a continua dissolução
de tais grupos em subgrupos e subgrupos . .. i há. quem enu-
mere mais de 1.600 denomInações cristAs somente na Arrlca)!

Vê-se, pois que e individualismo colocado na base da Re-


Conna de Lutero é o fat-or de autodestruição da própria Re·
fanua, pois favorece todas as tendências divergentes, levando
às conclusOes ma.l.s extremadas. O próprio Lutero se assustou
ao perceber a confusão que seus princlpios provocaram.

3. Em conseqüência, torna-se cllfIcU dizer quais os pon-


tos comuns a todas as denominações protestantes. Podem-se
apontar o uso da Blblla como única naona de fé e a crença
em Deus uno, Criador e Julzj a própria Divindade de Cristo
é negada por não poucos protestantes; há também correntes
reformadas que não admitem sacramento algum. Por isto
deve-se db;er que as d1!erençu, dentro do Protestantismo,
entre Testemunhas de Jeovã e Batistas, entre AdventJstas e
Presbiterianos .•. são maiores do"que as dlrerenças entre lute-
ranos e católicos,
De resto, o llberalismo apregoado peJo principio do livre
exame é geralmente atenuado ou mesmo supresso nas comu-
nidades protestantes onde os pastores exercem forte liderança
sobre os seus fi~is.
4. Talvez, porém, alguém objete: a Igreja fundada por
Cristo nio tem suas falhas e não necessita de purificaçãc) e
renovação?

- Ê certo que, onde existem seres humanos (e na Igreja


eles existem), existe fragilidade; esta, sem dúvida, exige puri-
ftcacio. TodavIa a purificação da Igreja há de se fazer sem
ruptura com o passado, sem perda de contato com a linha-
gem apostólica e a fonte cJesus Crlsto:t. Qualquer quebra
nessa linha é mortal, pois fáZ da nOva comunidade uma obra
meramente humana, separada do seu manancial autêntico:
a tal comunidade já não se apllea a Palavra de Cristo em
Mt 28,18-20: ([Estou convosco todos os dias até a eonsumacão
dos skulos:t.
-496_
voa:: SABE QUANDO ... ?

A própria Igreja de CrIsto, a Igreja CatóUca, sabe tirar


do bojo da sua vitalidade o remédio 80S males morals que aco·
metem seus fllhOSj a Igreja é a Mãe solicita de curar as eha·
gas que os seus fllhos lhe infllgem à revella da própria Mãe.
Na verdade, o católico que peca, peca porque se afasta dos
ensinamentos e da vida da Igreja.
S. AlIás, a rujo pela qual nAo se pode conceber Re.
tQ!'1D8. da Igreja fundada por CrIsto (mas apenas re10rmu em
setores disciplinares da mesma), é o próprio conceIto de Igreja.
Fata n50 é uma Rept1bllca (como afinnavam retonnadores do
sêcUlo XVI), nem é uma sociedade meramente hwnans, mas
é o sacramento que continua o mistério da Encarnação; é
Jesus Cristo prolongado em seu corpo atravk dos sêculos - o
que s1gn1tlca que, por debaixo da veste humana. e defecUvel
que OS "homens dão à S. IgreJa, existe o próprio CrIsto presente
com sua autoridade e indetectlblUdade; esta presenca atuante
de CrIsto garante a todos quantos se chegam a Ele na Igreja,
a sant1ticacAo e a vida eterna: é Ele quem batiza, é Ele quem
consagra o pio e o vinho, é Ele quem absolve os opecados. Cons.
cIente dessa presença Indefectlvel de Cristo na Igreja, podia
São Pawo dizer que «Cristo amou a Igreja e se entregou por
ela.. , .. para apresentar a si mesmo a Igreja gloriosa, sem
manchas nem rugas ou coisa semelhante, mas santa e Jrre·
preensfvel. (Ef 5,25-27). Com efeit-o, a Igreja é santa nio
por causa da oscilante santidade dos homens que a integram,
mas por causa da presenca do Santo de Deus ou de Cristo
que nela se encontra. Por isso não toca a homem algum refa.
zer a Igreja ou recomecá-la, mas compete·lhe apenas zelar
para que a fa .. externa da Esposa de Cristo seja purlfleada
das falhas que os homens lhe impõem.
Refietlndo sobre estas verdades, os fiéis católicos hão de
se recordar das palavras do Apóstolo SAo Paulo, que hoje
parecem mais oportunas ainda do que nos tempos da Igre1a
nascente:
"Rogo-vot, IrmlOl. que ..tajlls Illrtas contra os que causam dl'llsGet
e Mclnda&oli contr6rlOs A doutrina que Iprend..t.. ; .,..tal--vo. dei....
(Am 18,17).
"Alcllllcemos todoS n6a a unidade da fé a do plano conhecimento do
Filho de 08U1, o ..tido dê HcHnam Perfeito, a medida ds ..talu,. da
plenllude de CrlfllO.
Ai.lm nlo .aremos mais criança., 'ogual.. das onda', agltadoa por
lodo \/furto de doutrina, preeOl pela artimanha doi homen. e da eua ..tOei.
que nOll Induz 4Nft erre" (EI4,'38),

-497-
Multà. _gamo

Que é a Excomunhão 1
en M'nIHe: A excomunhAo , uma C8naura de foro externo Que ellçlul
di! comunh'o com • Igr." algum cat611co dellnqUa"t.. Tem por con-
,~O'nclu prly,r o excomungado da recepçlo dOI ucrarnl"lo. • da
partletpeçlG nos atos IHOrgleoe; tira-lhe u faculdade. d. mlnlll6f\o, de
Jurflcllçlo ou governo na Igreja. ... Im como o direito da ••r padrinhO de
Bailamo ou de Crrama . . . Note-le. porém. qUI .. Ixcomunhlo nlo afeta
o toro Interno, 11110 " nlo priva o fiei católloo da graça •• ntlftcante • ct..
virtude. lnfuut, poIS "to só podem ur perdida. pelo peClldo. A ncDo
munhlo. eupondo um d811to, IUpo. o pecado, m.. "lo Julga o foro Interior
do ~Io IxcomunlJl.do.
~ oportunidade d, pena de excomunl1lo .a enlende pelo falo de QUI
toda loc'-dada nactaaltl; da recurso. para manter • lua ordam Intama •
...Im allnglr OI obletlVOlt em vista doe qual. foi fundada. Entra ta'a .....
CUf'lOI flourem OI meios coetcltlVOl. A apllcaçlo crlterlo•• d•• t•• , um
.ervloo preatado eo bem comum, pois deve contribuir para e emenda doe
dellnqOenlui " excomunhlo, longe d. ..r pena vlng.tlve, , cen,urII
medicInal.

• • •
OomentAriD: A excomunhão é uma censura ou pena de
foro extemo que consiste em privar um dellnqUente da comu·
nhio com os fiêla ou com a Igreja; cf. nOVO C6digo de Direito
Can&nico, cAnon.. 1312. 1318. 1331. 1335 . . • - Visto que n.
hlst6rIa de nossos dias têm ocorrido casos de excomunhio
noticiados pela Imprensa, sem que o grande públloo tenha
consciência do que isto slgnlflque, apresentaremos, a seguir,
uma noçlo de excomunhão segundO as nonnas ditadas pelo
novo Código de Direito Canônico promulgado aos 25/01/ 1983.

1• Normas lurfdlcas gerais

1 .1. NoSSo

1 . A excomunhão é uma censure. ou pena que o Direito


CanOnlco Inflige, 8. titulo medicinal (ou para favorecer a con-
versão), a quem tenha cometido algum grave delito, de cará·
ter púbUco, estipulado pelo próprio Direito.
-498-
QUE ~ EXCOMUNHÃO? 59

A excomunhão exclui o dellnqüente da comunhão com a


Igre1a ou com os fiéis. Por ~comunhão com os fléls, enten·
dem..se não somente 88 relações sociais com a comunidade ecle·
slal, mas também a partlclpação ministerial na S. M1ssa, nos
sacramentos e nos Oficios litúrgicos; ao excomungado não é
licite receber a Eucarlstla nem algum sacramento ou aacra·
mental (bênçãos, por exemplo) ; não lhe é permitido exercer
algum ato de 'urisdlção ou de regime e governo na Igreja.
Se uma pessoa excomungada insIste em partIcipar, de maneira
A.tlva, da Eucaristia ou do culto divino em geral, deve ser atas.
tacla do ato litúrgieo ou, caso não o queira, a funcão lltúrgl~a
deVe ser interrompida, a não ser que gravee razões exijam a
contlnuaçAo da celebração. Donde se depreende, entre outras
coisas, que quem está excomungado,
_ se é sacerdote, perde o dlrelto de celebrar llcltamente
• S. Missa (poderá celebrá-Ia .. _u.... se tiver vali.....
_te sido ordenado sacerdote); perde também a jurlsdlC!o
anexa, por exemplo, 80s cargos de pâroco, ca-pelão, reItor de
Igreja . • • :
_ se não é sacerdote, perde o direito de receber os sacra·
mentos. mas não está impedido de entrar em alguma Igreja
para rezar em particular nem de ouvir pregações, homilias,
conferências sobre temas de fé. Para poder receber a absol·
vtção sacramental dos seus pecados, o excomungado deve prl·
meiramente procurar receber a absolvição da ~ensura que o
afeta, absolvtçio que é concedida pela Igreja desde que o
excomungado dê provas de estar devidamente arrependido ou
desde que a censura não tenha mais razão de ser.
2. A excomunhão é wna censura de foro externo enio
afeta necessarlamente o foro interno ou 8 consciência. Para
entender esta cUstlnção, lembremos que o Direito cu..lda tio
somente do comportamento vtsIvel e soc:Ial das pessoas (foro
externo) sem penetrar dentro das eonsclências (foro interno);
somente Deus sonda as consciências. As leis me dizem como
devo proceder que para seja salvaguardado o bem comum e
me punem, caso eu não as ob$etve (a flm de me ajudar a
emendar·me) . Todavia pode acontecer que alguém seja réu
perante uma lei sem ter culpa em consciência ou no foro
tntlmo; será então punido no foro externo, mas guardará a
sua Inocência no foro interno. 1; o caso, por exemplo, de
quem viola determinada lei de trAnsito por ser lei nova e ainda
desconheclda a multos motoristas; pagarâ a multa corres·
pondente, mas em consciência nAo serâ culpado. - Ora a
-499-
60 cPERCUNTE E RESPONDEREMOS) 271/19&1

excomunhão eclesiástica, dizemos, é uma pena de toro externo.


Supõe, portanto, um dellto ou uma lnfracão das leis da Igreja
e produz efeitos de ordem extrlnseca, privando o delinqüente
de bens externos ou do recurso a.os canais da graçaj não priva,
porém, o cristlc da graça sant1flcante e das virtudes Infusas
se ele nio as perdeu por algum pecado. A conservação da
graça santUlcante e das virtudes Infusas nio depende de sen-
tença jurldlca, mas depende de fidelidade sincera de cada cris.
tão ao Senhor Deus. Como se eômpreende, essa fidelidade
intima deve normalmente exprimir·se na observAneia das leis
da Igreja; em caso contrário, seria 1rreal e Uusória. Acrescen·
te-se ainda que o caso de excomunhão que não corresponda 8
verdadeira culpa mora) ou de consciência InUma é caso teó·
rico e abstrato mais do que ocorrência real e concreta, pois a
autoridade eclesl4stica L circunspecta ao aplicar a censura da
excomunhão.
J!! de notar ainda que e. privacio dos canaIs da graca ou
dos meios de snnt1ficacão, embora seja pena de foro externo,
nAo pode deixar de ter sua repercussão no foro Interno do
excomungadoj com efeito, são O!J sacramentos que allmentam
a vida espirItual do cristão. Privado destes, o fiel católico não
pode deixar de se sentir atingido no desenvolvimento da sua
espLritualIdade.
3. De quant-o dissemos, depreende·se que é preciso dis·
Ungulr a pena da excomunhão juridicamente entendida da
prIvaçio da COmunhão Euoa.ristlca e dos outros sacramentos
resultante do tato de estar alguém em pecado mortal. Neste
caso, nlo é o DireIto CanõnIco proprIamente quem exclui da
Eucarlstl.a, mas é a consciência do cristão; este sabe que o
pecado, mesmo sem ser punido pelas leis da Igreja, afasta o
pecador da. S. Dlcaristia. Leve·se em conta o caso de duas
pessoas católicas que vivem maritalmente Bem o sacramento
do matrimOnio (talvez por se terem divorciado e haver con..
traldo nova unlço civil) j tais pessoas não estão excomungadas
pelo Direito canõnlco (este não lnfUge a censura da excomu·
nhão a tais pessoas), mas estão, sem dúvida, impossIbilitadas
de participar da S. Eucarlstla, enquanto levam tal tipo de vida,
que é Uegftimo 'a(lS olhos da Moral cat61Ica.

1 .2. H!'t6ria
Em todos os tempos as sociedades exerceram o direIto de
exclUir do seu selo os membros rebeldes às Donnas e aos Ideais
do conjunto.
-500-
QUE ~ EXCOMUNHÃO? 61

JA OS judeus praticavam a excomunhão: expulsavam, sim,


da sinagoga todo israeUta que reconhecesse em Jesus o Messias
(el. Jo 9,22) . O próprio Cristo conleriu à Igreja o direito de
excomungar; «Se teu irmão pecar, corrige.o a sós contigo . . .
Se nio te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas .. .
Caso nio lhes dê ouvido, dIze·o à Igreja. Se nem mesmo à
Igreja der ouvido, trata-o como gentio ou publicano 1 ~ . (Mt
18,17). São Paulo recorreu à pena da excomWlhão no caso do
incestuoso de Corlnto _ homem que vivia conjugrumente COm
a sua madastra e provocava tola ufania da comunidade (cl.
1Car 5,1.5); em vista do bem comum, o Apóstolo infligiu B
censura ao insolente; algo de análogo deve estar subjacente
a~ dizeres de 2Cor 2,5·11.

A legislação da Igreja 101 aos poucos regulamentando o


recurso à excomunhão: casos em que cabe infligi.la, maneiras
de absolver o excomungado 8lTependldo, conseqUéncias p~ci·
sas da pena de excomunhão . . . Do século VI ao século xm, a
palavra anifema designava o tipo de excomunhão mais severa;
era Infllgida publ1camente mediante cerimônias que pusessem
em relevo a gravidade do delito eometldo. Todavia sempre
fleou na conscIência da Igreja a noeão de que a excomunhA.o
não é urna pena vingativa. mas, sim, med1cinaJ. destinada a
favorecer a conversão do delinqUente.

1.3. No novo C&Ugo d. Dl~to Can4rico


O Direito canônico distingue entre excomunhão la1a.e aen..
teDtta.e e ueomunh.ãG terencJa.e, 88Dtenttae. A primeira nio
depende de sentenca judiciária, mas decorre do fato mesmo
de alguém cometer determinado delito estipulado pelo Direito.
Ao contrârio, a excomunhão ferendae sententiae só é infU-
gida após julgamento em tribunal ecleslAstlco. O novo Código
admoesta os legisladores ecles1ãsticos a Que não Imponham
censuras (principalmente a excomunhão) latae eententiAb
(decorrentes do fato mesmo de alguém cometer detenninado
delito, sem processo judiciário antecedente) a não ser em casos
raros e em vista de lnfracÕH multo graves; el. clnon 1318.
No Código promulgado a 25/01/ 83, tais são os casos de
excomunhão lat:ae aeaíentiae:

lOa genllDl (paglos) e pubJlOlmos (cQbllldores de Impostos) eram


peuo.. com u quaJa os Judeue pledosoa nlo podiam ter relaç6ea.

- 501-
62 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 27111983

1) Quem incorre em apostasia, heresla ou cisma, está


sujeito" excomunMo latM oen1m1llle. Os ctérigos podem Ber
punldoo por outra pena aléin da excormmhão. Cf. cãnon 1364.

2) Quem comete sacrilégio e profanação em relação ao


sacramento da Eucar1st1a, está su'eito a excomunhão IatM
sententlae reservada i. santa Sê (excomunhão que só pode ser
absolvida mediante recurso A Santa Sé). O clérigo poderá ser
punido por outra pena além da excomunhio (suspensão de
ordens ou talvez interdito). ct. cânon 1367.

3) Quem recorre à violência f1sica contra o Romano Pon·


t1ttce. estA luJelto a excomunhão latae 8eIltentlae reservada à
Sê Apostólica. Cf. cânon 1370, I 1.
4) O sacerdote que absolve o seu cúmpllce em pecado
contra o sexto mandamento, incorre em excomunhão latM
....tentlae reservada 11 Santa Sê. Cf. cânon 1378, I 1.
5) O bispo Que, sem mandato pontlticlo, confira a orde--
naçAo episcopal, assim como o candidato assim ordenado, incor·
rem em excomunhão 1&tae arm.bDDtIae reservada à Santa Sé.
Cf. cAnon 1382.

6) O confessor Que viole dJrelamente O sJgilo da. confis-


são sacramental, Incorre em excomunhão Iatae sentenUa.e
reservada à Sé Apostólica. Aquele que indiretamente o viola,
é pe.ss1vel de pWl1çã.o correspondente à gravidade da talta.
Ct. cAnon 1388, I 1'.

o lo~rprete de Illguma conflssio sacramental e as pes-


soas que, a qualquer titulo que seja, participem do segredo
sacramental t. caso violem tal slgUo, são passivels de justa
punlçio, não excluicla a ex:comW1hio. Cf. cànon 1388, I ~.

7) Quem reallza. aborto, tendo por conseqllência a


morte do coneepto, Incorre em excomunhão latae aenteatlae.
Cf. cAnon 1398.

1 Pode..e tratar, por exemplo, de um e.peclallsta em clrallo ou


qualquer outra mat'rla, que o confelaof, com a autorlzaçlo do penllenMl,
deva CQ;n,ultar para ler 0111 ao mesmo penitente.

-502-
QUE ~ EXCOMONHA.O? 63

Como se vê, em alguns casos de delito a excomunhã.o é


mais onerosa do que em outros, pois só pode ser absolvida
por recurso à Santa Sé. De todos os delitos enunciados, o mais
freqUente é o aborto na prAtica cotidiana da nossa 9OCi.edade!
Tais dados são suficientes para caracteri2ar o que se
entende por excomunhão na Igreja. Importa·nos agora consi-
derar sumariamente

2. O sentido da excomunhão
Hoje em dia registra·se certa aversão da opinião pública
em relaçlo às censuras em geral e, de modo especial, no
tocante à excomunhão. A mentalIdade irenista e complacente
que prevalece na 90ciedade contemporânea, sugere o Não à
apl1cacão da excomunhão_
A propósitc) observe-se o seguinte:
Toda sociedade devidamente coosüt1.Úda proCessa certos
valores em vista dos quais eJa existE. E, sIm, por causa de
valores detenninados que se funda uma sociedade. Ora a Igreja
é uma sociedade divino-humana, que Cristo fundou precisa·
mente para transmitir os valores aa fé e da salvacão eterna;
é somente esta missão que justifica 8 ex1Sténc1a da Igreja.
Conseqüentemente esta deve CUSpor dos recursos necessArios ao
cumprlmento da sua tareta; entre estes, figuram os meloa coer-
CItiVOS, de que toda 8OC.iedade dispõe para manter a boa ordem
em leu &ela. Sabe-se que, em Ylrtuae da fraqueza hwnana,
não hâ, freqUentemente, outro meio para oeter hannoItia
numa sociedade senão a força da lei. .us por que a .Lgreja
Católica também tem suas leis e sançôesj estas vem a ser, em
UJt1ma instãnc1a, salva·guardas da ordem.
S desejAvel. 61m. que a aplicação de tais penas seja redu~
:lida ao estritamente necessârio e que se tomem a& devidas
cautelas para evitar arbitrariedades. A apllcação de algumll
censura não implica necessariamente prepotência ou abuso de
autoridade. le, 80 contrário, uma forma de serviço ao bem
comum, desde que realizada crtteriosamente; ela :significa que
a Igreja tem consciência de ser depositAria de patrimônio espi.
ritual destinado a todos os homens e que não lhe é licito dei·
xar esbanjar-se ou deteriorar-6e por obra de filhos rebeldes ou
irresponsáveis. Aplicando a jUsta censura, a Igreja espera
conU1bulr para o retorno do fUho desviado 80 bom caminho_
Eis o significado teológico da pena da excomunhão.
- 503-
Um livro de nMd1coe:

"Técnica do Poder
da Mente e Salvação"

Em .Inleu: o livro acima, escrito por m6dlcol que participaram de


dlver10S CUI101 de control. da ment., aponta ma'" decorrlnt81 d. tal.
cu~ tanto no plano m6dleo como 1'10 da f6 rellg"" •. O recurso'" hlpnole.
freqCHnle em tala ambientei. vem • ler .b.... lvo. da mala. mar. que Infringe
.. lagl.'aCIo br•• llelra referanl. ao 8IIunlo: .,. paclent.. hlpnotlu.dol em
tall clroun.tlncLu correm o risco de lar a lua liberdade cerceada a • '111
paraonalldada profundamente marcada ou deformada por ..... IxparI6ncl...
No toeanta .. f6, OI orlentadorn dOll CURoe propOtm concapçO •• panta'a"l
(O homem .arta Identificado com I DI'Jlndlda>, que redundam em r.du!lr
• ngura cre Jesus Crlalo li. da um homem paranormal ou dotado de extra-
ordln'rloa 'POdar.. parqulcosi a f6 • equiparada .. conllança nu forças da
manta capINS de alcançar .tudo qUI o lula tio da..'a; a oraçlo la loma
concenlraçlo da menl. MC8uirla para a concrellzaçlo da. uplraç08a do
lulelto •..
Quem taz fali curaoa. lu1o.... freqOanlemente dotado da M1upar_
poder..", que poderio resolver todos o. teu. problema. , te afasta da
p'''l1ca da f" católlc. em mullOl calOS.
O livro mareeI dlwlOlçl.o, polI contribui plrl dllllpir IqufvocM
noclYol.

• • •
·Comeatário: Este Uvro, devido a .u ma eqwpe de médicos,
resulta da experiência de taJs auooI'(!s, que vêm observando
detidamente quanto acontece nos cursos sobre Controle da
Mên.te e Poderes Mentais, freqüentes no BriLsll dos últimos
anos I. A apresen.tação da obm é da pena do Sr. Bispo de
São José dos Campos "(SP). D. Euséblo Scheld. que corrobora
a llOSIção assumida pek>s autores.
Transmitiremos abaixo as linhas-mestras da obra, que
constituem autêntico subsidio para a orientação da popula.ção
do Brasil.

1 T6cNca do Poder da ".m.8 SII"8010. por u,.,a comunldada da


Mtdlool CrfltIOa. - EcI. Loyoll, 810 Paulo 1863, 133 x 21»r mm, 74 pp.
_504_
PODffi DA MENTE 65

1• A posição dos m6dicos


As advertências dos autores do livro são de ordem médica
e de ordem fllOSOfIco-reUgiosa.

1 .1 . No plaltO médico

Os Cursos de Técnicas Mentais recorrem freqüentemente


a processos hipnótiCOs intensivos e de difícil apagamento.
_ Classicamente a hipnose médica é realizada em cinco eta·
pas de aprofundamento crescente: hlpnoldal, leve. média, pro-
tunda e sonambúUca. Ora nos dlferentes cursos de Técnicas
Mentais ocorrem estas diversas fases da hipnose, usando-se
nomenclatura própria, que vela ao paciente 8 realidade das
ocorrências: entrar em estado alfa, por exemplo, e praticar a
regressão de idade são delicadas técnicas hipnóticas, cujo
alcance pslqulco a pessoa paciente geralmente Ignora.
Mais : durante o sono hipnótico o sujeito é IndU2ldo a des·
pertar ou desenvolver faculdades parapsicológicas mais ou me·
nos incontroláveis, o que provoca a reali2ação de fenômenos
aptos a marcar profundamente a futura conduta do paciente.
Este também é levado a provocar futuramente auto. hipnose,
usando o sinal hlpnógeno, como é o sinal dos três dedos. comum
a alguns desses métodos. As técnl-cas assim utilizadas são
tidas ~mo csalvadoras» na ârea da medldna, da psicologia e
da religião :

· Uma pslc610ga de nossaa ral.çClas Ilcou am Iran.. hipnótico ( por


l.ute.-h1pnou) durante duu horas qualHlo fula tralnamento de controle
mental: foi necassárlo recorrer a elemento externo para reUr'-la do transe;
temos lido conhecimento de outros c.soa aemelhanl• • oco.rrldo. durante os
CUI'I08 e nOll treinamentos" (p. 23) .

Diante destes fatos, é de lembrar que a prética da hip-


nose no Brasil é regulamentada por especial leglslaclo, que a
toma legitima apenas a médicos e dentistas. Os motivos da
restrição são de indole fislco·ps1qulca e ética; -com efeito, a
hipnose provoca alteração profunda do psiquismo do sujeito;
este julga vivenciar uma nova realidade espiritual e religiOsa,
quando na verdade é vitima de um estado psiqulco alterado
ou mais ou menos defonnado. Em estado hipnótico, o sujeito
pode receber sugestões que influenciem profundamente o seu

-505 -
66 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS' 27Ul983

comportamento; se tais sugestões não são retiradas pelo hipno.


tizador. o paciente pode ser doravante gravemente preJudi-
cado, ficando com a sua personalidade mudada e a sua liber-
dade cerceada.
Eis mais um testemunho dos autores:
· Um tipo das fanteslas. que podem ocorrer nos cursos de controle da
mente & • mllomen\a : há cerca de cinco lIn~ um do no ..o grupo rol foll·
citado para atender um. ReligIosa, profenora de uma ..cola, que a. dedl·
cava aoa trelr'lllm.n~os de conlrole de menle. Eata l)I'ole..ora n lay.
criandO .6rlce 'Problemas com OI .Iunos, alrlbulndo-lhes I.tol IfTINIlI após
enlrevfatA·los na 'sala arf.'. Acuaava-os ct. desviar obJelos que eatarlam
••condldo. em determinado lugar por e" yllu.lludo, mas nunca con-
firmado.
Nlo nt"nhem OS curel.tas le 'hei ocorrerem fenomenol aluclnat6-
rio. decorrentel de IUgestOe. pos-tllpnOUcu, prOprlol de elapa 10nambCI-
1108. AlgUM podem Julgar estar vendo 08 conselheiros, outros ylluallzam
de...lrat. comumente com pMsoa. da famllla ou amigos, que em geral silo
Udoe como 'pramonlçC8s', que devem .er 'd..programad.S', .endo que
eatae yJauallzaçOlt8 causam, por vezes, fortes .eneO... Nel te. curaoa de
centrola da mente ai chamada vlsuallzaçoes e programaç* . Ao de UIO
corrente. Testemunha um dos n08lOlo que foz çonlrole di men", que
comumente procurava visualizar OI lllnol em viagem da motoclclela, que°
•• IhI 'I tornando uma otIsesalo, tlraya a paz ti Clusava tenlõest" (p. 37).

o livro propõe outros testemunhos médicos contrários aos


efeitos prodU2idos pelos cursos de Poder da Mente. Estes se
tomam um atentado à saúde de muitos cidadãos.

t .2 . No plano fllol6flcCM'eUgloso

~ de lamentar que em tal plano os mencionados cursos,


nAo raro sob a aparência de interpretar a mensagem cristã,
transmitam concepções panteistas.
Em grande parte, tais cursos e suas técnicas estão basea-
das no postulado de que o universo é uma grande e única
substlncla divina. da qual os seres humanos &Ao parcelas; em
conseqüência, para funcionar bem. devem estar em sintonia
com a energia universal ou com a mente cósmica e captar OS
fluxo ou as radiações que provenham de outras partes do
mesmo tecido unlvenal.
"Advertlmol C1ue OI concellos admllldol pela mllorla delt'l CUrtOS
em rela~1o • conlthulçlo do HOMEM dlyergem fundamentalmente da con-
cepçlo do homem lob • 6Uca crlltL PodHe dlter que, yta de regre, DI

-506-
PODER DA MENTE

dHerentes CUrlO9 de controle da mente ap"..ntam clara ou ....lIdamente


este homem sob o ponto de vlata monlala-pant.lata. Multas ....z•••• val.m
de gr'flCOS vistoso. e de apar.nle crll.rlo clentlllco. que par••• mentea
duprl'lenldas le aparantam lóglcoa e Irreful'.... I•. Realmente o racloclnlo
pode ..r IOOlco. mo parte d. premiaaea erradaa, anllcr'I'" 0\1
pentel.t.... (p. 19).

2. Através das preleções e explicações dos mestres de


tais cursos são veiculadas teses como a da necromancla ou
comunicação com os mortos, a da reenca.macão, a da cirurgia
pslquica e outras. Eis o Que atesta o livro à p. 46:
-Mullas vezes os tranlU " .companham d. grande eu10rl. pela
forle aug.. lIo de um Vercledalro e "cll .ncontro C1:Im DeUI. f: tamtM1m o
que acontece com ume detormlnada "'cnlca chamada do laboratório ou
oulrOl nome' qua te lhe dêem; multai partlclpanl.. colocam Jesus e Nossa
Senhora como $lUI conselheiro. ou gul.. espirituais, com os quall .ntram
.m grande InUmldade••a aconselham a la conf....m ..• Tudo, em Iron..
hlpn6tICo, vivendo um a.lado psicológico aUerado pelo lun .., pen..ndo
..tar vivendo uma .... lIdad. espiritual. Nlo .flrmaMOS qUe ae trata d. uma
PlICOl., mas .Im de uma a"eraçlo do pelqutamo. tr.nsllórlo, produzida
artlflcl.1mente por açlo hlpnótlcal Contudo, 18m a Indl. p.nsá....1 dehlpnoll-
zaçlo, poda ser de longa dutaclo. conlorme • Impregnaçlo 8 • aoraulvl-
dacse do prOC8lIO hipnótico I" (P. 46) .

À p. 64 lê.se ainda:
"NuM dealu cursos hA a chamada 'técnica do Ilboratórlo': li o 'am·
blento mantal' m.'s propIcio pera. de.anvotY$r a. Id6la de 'comunlc.çlo com
0:1 mortos'. N•• tI l'enlcl alo .scolhldO:l doia conselheiros enlr. pesaoal
vlv.a ou mortu: alguna prefer.m .. udoaos amigos ou par.ntel lelacldol,
os Qual. de or. em diante a.r.o . euI 'nplrltos-gulas' para as auas decio
161'1 poli slo chamadOl Conselh.lros. Os que ttm esta preledncla pelos
amlgoa a oparenl.. mortos e Inclln.ç6ea eaplrltal. facllmenle procur.rlo °
camInho da necrem.nela . . • Tudo .. raz por aaluraclo em ptofundo transe
hlpn6t1colll"
3 . Em tal contexto doutrlnáriG a figura de Jesus é
dIluida a ponto de se tomar simplesmente a de um homem
paranormal:
"O próprio JesUl ..ria um ptranormal, um palqulco natural (ouvlmoe
laia no CUra0 d. conlrola da mante que fizemos) " (p. 66) .
"Para algun. de nt.. 101 dIto em um da.tes curtos que no c:..o da
hemofTolua da cttlçlo ...... ngêllc. uta 'energl.' de J8IUI; que JeauI .arla
'pllqulco nalurar perfalto, .m luma 'um paranormal', pois que a para~
normalkfade ..ria a norm.lldad. Ideal ou verdadalra" ('I'. 31) .
Como se vê, tal conceito de Jesus Cristo está. longe de
corresponder li. mensagem cristã, que vê em Jesus o próprio
Deus feito homem.
-507-
68 ~PERGUNTE E RESPONDEREM:OS. 271/1983

4 . Quanto à noção de fé, estã associada às de ' desejo,


crenea e expectativa>. Com efeito, a fé começa com o desejo
de atingir certas metas. DesejandG-a. Intensamente, o sujeito
nAo tem mais dúvida de que as alcancaré. ; crê sem hesltacão
que a energia acumu1ada provocará a realização do desejo.
A expectativa auxllla. solução do projeto (cf. p. 70) . - A fé,
portanto, é substltulda pela confiança nos poderes mentais
adquiridos ou pela sensação de auto·sullclêncla.

A oretAo, nesta perspectiva, é uma concentração para a


geratAo de energia.
5. No final de vArlos cursos de controle da mente ê
dito e repetido 80S curslstas: «Você possui agora novos pode.
res e por Isso poderá ajudar os outros. Você só poderA fazer
O que é bom, honesto, puro, Umpo e positivo! O que não for
bom, honesto, puro, limpo e positivo, você não conseguirá
fazerl. Também é sugerido ao curslsta que ele está dentro
de uma campânula e nada o podem atinglrj em conseqüência,
o curslsta sai confiante em que ele é verdadeiramente o 'bom'
e 'poderoso',. , . só tati coisas boas e para isso tem 'superpo·
deres', Cf, p. 73.

Observam ainda os autores do livro:


"Termlnadoa OI CUI"IOS que procuram os 'podem da mente', • comum
o .,.. lam.nto ou o abandono dos u.eramento., da Ml... e d. oreçlo, polo
tudo '.. Ntol'llr" com as t6enleaa mlnta"- (P. 47) .

Estas observações. baseadas na experIência pessoal dos


autores do livro. são suficientes para dissipar toda amblgül·
dade que possa pairar sobre os cursos de controle da. mente,
como, por exemplo, os de Lauro Trevisan.
Comenta o Sr. Bispo O. Oscar Scheld na Apresentação do
livro o algnlfleado de tais cursos:
- Q: Intetlto dos .utor. deue op61eulo preeter a'flllço de col.bor....o
• n6a P.stores, par. que •• Ibamol precaver O rebanho contra o perigo 6e
pu18Q&nl alraonl.8, ma ..• venenosu o delolérlaa. SOb. roupagem do
mllUclamo, da fal • •mblgua lobr. o 'tr.nleendenta e divino' tlconde-te
o equIvoco do .lnereU.mo vag.mlnle rellglollO, do pIIntelamo e da 11.110-
.. ullollnel. humana al6 meamo no Amblto d. u.lvaOlo.

-508 -
PODER DA MENTE 59

o uaunto nO' toca dlratamante porqua eaaes 'CUBO" alo mlnlatr.doe,


Inadvertldamante, .t6 m..mo em colégios ••ed" católlcasi h' partlclpaçlo
cOMlde,..,.1 da pedr.. e d, Rellglo... e no 'Quadro de lnetrutores'
também IIguram sacerdotee. Em determinado. 'CUl'loa' dlrlgldOl por sacer·
doi.. , pretend..... celebrar a Santa MIIIIIl peta os 'InteladOl' na relarlda
T~nlca. com o rlleo de descamber plra 'liturgIas' subletlvu e exlra·
vagente •. • ,
o qUI parectl mais alarmante 6 a espantosa prollfaraçlo deU'1 cursos
peto Brasil Im lore I o conseqOente abandono dos l1li," obJetivo. dI
graça. da .anllflcaçlo para 'cavar clllernaa luradas que nlo pod.m conter
a lonl. da 'gu, viva (Jr 2,13)'" (pp. Sal.

2. A guisa de conclusão
Congratulemo.nos com os autores do livro em toco pelo
trabalho que vêm exercendo em favor da saúde mental e da
integridade da fé cristã dos participantes dos cursos analisa.
dos. Possam continuar seus estudos na qualidade de médicos
cristãos Que sabem assoclar entre si a cIência e a fé! A ver·
dade liberta os seus cultores.

- 509-
Ecoe d. TV:

"Conversando Sobre Sexo"


por Marta Supllcy

o livro assim intitulado em quinze dias teve a sua pri-


meira edição esgotada'. A sua extraonllnárla divulgação
deve-se ao próprio assunto abordado, assim como ao estilo
da autora, que é o de uma comunicadora de televisão.
Marta Supllc;y é psicóloga clfnica, formada pela PUC.SP,
e com mestrado na Universidade Estadual de Mlchlcan e pós-
-graduação na Universidade de Stanford. :t: responsável pelo
quadro diário «Comportamento Sexual. no progre.ma TV Mu-
lher e membro fundador da Frente das Mulheres Feministas
de São Paulo.
O IIvro resulta das explan8tões, das cartas de consulta a
Marta e das respostas que esta deu ao grande público em
matéria sexual através da televisão.

R.f1.tlndo · ..
Quem considera o livro e suas ilustrações, tem a impres·
são de estar diante de um manual de educação sexual extre-
mamente minucioso: oferece explanações anatõmicas e fi sioló-
gicas e pretende ministrar orlentacóes sobre o comportamento
sexual da mulher (e do homem) . Tal obra nos sugere, entre
outras, as .seguintes ponderações:

1. Pragmatismo mcrferfallda

Os critérios de Marta Supllcy para julgar o comporta.


mento sexual são exclusivamente os de uma psicóloga mate-
rialista e pragmatlsta. Isto quer dizer: a autora apola 8S prá-

1 ConYflUnclo MIl.. Sno, por Marta Supllcy. Edlçlo da autora '983,


1M X 211:1 mm, 381 pp. Dlstrlbulçlo: editora Voz.., Petr6polls (lU).

-510-
.CONVERSANDO SOBRE SEXO~ 71

tlcas sexuais mais diversas desde que proporcionem prazer aos


que as experimentam, ou desde que aceitas pela sociedade;
ver, por exemplo, pp. 2905 (relacão anal), p. 291 (relação
oral), p. 103 (os jogos sexuais búantis tidos como «extrema-
mente benéficos para as crianças.), p. 190 (o aborto como
direito da mulher, que é dona do próprio corpo), pp. 336-40
(a pornografia, que deve ser deixada livre), pp. 84s (as rela-
ções pré-matrimoniais), p. 271 (o lesbianismo>, p. 100 (a mas·
turbação), p. 88 (o beijo francês eonde a Hngua de cnda par·
ceiro entra na boca do outro») . . .

A autora, como profissional, Ignora os valores transcen-


dentais (dos quais não faJa); ignora também a lei natural e
suas nonnas para o uso do sexo (são antinaturais a rela.~ão
anal, e. oral, a homossexual ... ). Professa explicitamente:

"Nlo percebo o meu papel nem o de "ennUm educador como sendo


o de Impor a conformidade. um determinado padrlo da comportamento,
mas 'Im o de -proporcionar novos conhecimentos, estimular o questiona-
mento do que ao .. be e proporcionar Interc6mblo de oplnllo que leve
a decletlee Indlvlduala. lalo 4, e. propoata 4 de propiciar o cr8lc:lmento
através di bUICI da verdade. E a verdade nlo 4 a mlema para tOdos"
(p. 29).

Este relativismo é tipioo de grande número dos psicólogos


contemporâneos; faz que as explanações de Marta Supllcy se
klmem «instruçao ou informação sexual», não. porém, educa-
ção ou formação sexual. Se os pskólogos cultivassem um
pouco de filosofia, talvez reconhecessem a existência da lei
natural em todos os seres humanos; admitiriam então normas
universalmente válidas para o uso do sexo, sem que por isto
se tornassem emoralizantes». O relativismo é contrário A
grandeza e l nobreza mesmas da pessoa humana; significa
frustra.;;ão para a mente sequiosa de valores absolutos.

A fUosofia (e8. fé) ensinam que existe o Bem, para O


qual Ohomem foi feito, e que há tipos de comportamento que
levam à consecução plena do mesmo. Por conseguinte, a edu·
car;ão - também a educação sexual - deve propor tal grande
objetivo e as vias que a -ele conduzem j proponha.o. sem o im·
por, respeitando a liberdade dos ouvintes e discipulos. A pro-
posta de um ideal ou de um padrão definido sem vlolentação
das consciências é um serviço que se presta ao próximo, e do
qual os educadores não se devem eximIr.

- 511-
72 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 27111983

2. Etcrcrvba~

AdemaIs é de notar que a adoção do critérIo do prazer


em matéria sexual leva a pessoa a autêntica escravidão; com
efeito, tal prática allmenta os lnstIntos, que passam a sobre·
pujar o bom senso e a razão, provocando verdadeira obsessão
do sujeit<l pelo uso do sexo.

3. Sexo e pessoa. humana

o sexo no ser humano não pode ser considerado qual


mera função biológica; allãs, nenhuma função do organismo
humano - nem mesmo a de comer - pertence simplesmente
à Ares. biológica ou fisiológica. Com efeito; assim como o ho-
mem não come como o animal, mas observa os devidos emO-
d06. e até mesmo um certo esWo, assim também não pratica
sexo como wn animal irracional. O sexo na pessoa humana
faz parte da vida de alguém que é, ao mesmo tempo, corp6reo,
pSlquJco e espirltual ou que transcende o plano da matéria e
da corporeldade, porque vivificado por um principio de vida
e$plr1tuali em conseqüência, através das Cunções sexuais da
pessoa humana devem transparecer a grandeza e a nobreza
de um ideal ou de aspirações transcendentalsj no exercido do
sexo (como no da alimentação) revela-se a dlferenrra radical
existente entre o homem e a besta. O sexo está inserido no
contexto de uma pessoa que 10i feita para o Bem lrúinlto e
que se deve encaminhar para este mediante todas as expres-
aões do seu organismo. Isto quer dizer que a dignidade da
pessoa humana repudia todo exercIcl<l de sexo que tenha em
mira tão somente proporcionar, de algum modo, o prazer; tal
é o caso das :relações anais e orais, dos contatos homossexuais
e lésbicos e de outras fonna.s de :relacão sexual que o livro em
foeo julga viáveis. Escreve SBblamente .Jean Guitton no seu
cEnsalo sobre o amor humano_:

-No homllm o mecanismo do sexo lt9arace num contexto e com um


significado flua lha mudam completamente o lanlldo. O problema eapltal
nlo • o da ubtr como le adaptam OI 6rglol saxuals ou como l a 181
a concepçlo; 6, 11m, o da labar como o Instinto da reproduçlo que o animai
ponul, muda de lorma quando le apresante. numa con.el.nela hume.na~
(EauIIlUf ,'arnaur hurraln, p. 178).

-512 _
cCONVERSANDO SOBRE SEXO,.

4. Sexo ..• E o omor?

Chama a atencã,o o fato de que o livro de M. Supllcy


aborda sexo sem, proporcionalmente, falar de amor. Quando
este aparece nas pAginas da obra, é geralmente confundido
com uso do sexo; tenha·se em vista, entre outros, o capo 15
Intitulado eSexo em meia· idade,. ou o capo 22; eAmor».

Ora. sexo desvinculado de amor é bestial. E nota·se Que


amor, no ser humano, significa sempre equerer bem ao outro_
ou «Querer o bem do outro ainda que com renúnc1a do sujelto_;
populannente se diz: «Amar é querer construir o outro. e nAo
querer o outro constrWdo,.. O autêntico amor 80 outro pode,
em certos C8.90S, levar à própria renÚDcia ao sexoi pode per·
slstlr. mesmo QUO o sexo não seja possivel. O uso do sexo não
é a Onlca fonna posslvel de encontro de duas pessoas. Observa
oport\JDamente Jean Gultton;

-A texullldadl aparece como um maio de reellzar o amor . .. Nlo


.. concebe o amor como uma conuqQ'ncle. artlllclal e Icldonlal da
eexuallclacle. Ao contrArio, • a sexualidade que .parece cemo Instrumento
favor'vel para excitar a manter o amor numa eoeiededa formada 'Por eeres
móltlplol, am Grlu mllor ou menor compromelldot na matéria 8 na
earporalclad," (ob. cll., JI. 19i1).

o sentido profundo da sexualidade é o de ser medianeira


fundamental do amor, ... amor-agape, amor que quer o bem
do outro sem considerações egOístas.

5. Dignidade da MUlher

De modo especial, a mulher. visando hoje à sua emaneI-


paçlo, corre o risco paradoxal de se tornar cada vez menos
ela própria. Perdendo o respeito por si mesma e expondo-se
a atitudes e prAticas que o homem lhe sugere e que ele comer-
ciallza, ela se toma, sem talvez o perceber plenamente, joguete,
objeto ou coisa do homem. O recato, O respeito, o pudor estão
Indissoluvelmente associado'" à dignidade e grandeza da mulher
(e do homem).

-513 -
74 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS' 271/1983

6. Saulflear a mãe ou O flIho?

Á p. 193 do livro lê-se uma afinnação que merece reparos:


- A lareJa católica desenvolve arande pr9l11o contra a leoall18çAe de
abono, pola defende a lese de que o 1810 J6 •• rla urq .er humano, com
alma, desde a concepçlo. Abortar. matar. Enlre a vida do 'elo e • da
mie prevalece fi do feio · (p. 193).

A última proposição é inexata. A Igreja católica não


propugna 8 extinção da vida de ninguém: nem da mãe, nem
do teto. Isto, porque nem à Igreja nem li. medicina é Ucito
tirar a vida de um inocente. Por isto a Igreja lembra : o papel
do médico é o de salvar 8 vida, e não o de perdê-Ia. Por isto,
em caso de perigo de vida simultãneo para mãe e filho, toca
ao médlco examinar qual dos dois maJs preclse de ser aten-
dido. E atenda-o logo sem demora, seja mie, seja filho. Pro-
cure salvar a vida daquele que mais necessita dos recursos
médicos para não perecer, porque ambos, mãe e fi1ho, têm o
direito de viver. Por conseguinte, a Igreja, fazendo eco ao
preceIto de Hipõcrates, defende a vIda e não aceita a conde.
nação de mãe ou filho à morte simplesmente pelo fato de que
este ou aquela pareça mais interessante à sociedade.
Em sl:ntese: o livro em foco, em vez de educar sexual-
mente os interessados, apenas lhes fornece informações des-
vinculadas de qualquer ideal; os valores tipicamente humanos
relacionados com o sexo são assim silenciados ou mesmo sola-
pados. Sexo torna-se desta fonna mera matéria de- prazer, de
comércio e de sensadonalismo. Entendido desta maneira,
sabe·se que o sexo vem a ser causa de doenças ftsicas e men·
tais, obsessão e neurose ou taras para muitos dos que abordam
ft matéria em foco cinocentemente:..

• • •

-514-
Um livro llultra<lo IOb..

A Igreja Ortodoxa Russa


Continuamos a transmitir noticias réferentes e. atitudes do
Governo Soviético da URSS frente aos valon!S religiosos. Cf.
PR 253/1981, pp. 21·28; 257/1981, pp. 226-236.
Desta vez segue-se o comentário a uma obra de luxo sobre
a Irçeja Ortodoxa Rmsa amplamente difundida em vãrias
lInguas ocJdentais. O Prof. Ol1vier Clément. teólogo e historia-
dor ortodoxo trancês, é o autor das linhas abaixo.
UM auo UVRO
Acabo de oparecer um livro estranho, fascinenle por sua ringu-
laridade. e dedicado à Igreja OrtodO;XQ Ruuo. Impresso na Suiça,
simultaneamente em tris edlç3e.: froncesa, .alemã. inglesa, benefi·
cla·.o d. poderoso orcrueslfOÇ"lio publicit6rio. Inúmeras fOlograflas
enfCl,l&om a suo c obleUvidod•• , «objetividade» que porece decarter
tamb4m do reparticóo .geográfico dOI colabOtadores: dois vivem nCl
Rúulo, Irti nt:l Europa Oddenlal. , ,
Qlhemo.s de mais perto, ElSe livro é devido CIO «Serviço de Edições
do Patriarcado d. Moscou:., cuia respons6vel, o arcebispo Pltirim,
aparece como coordenador da obro , Todos os colaboradores depen-
dem do Patriarcado, no Rússia mesma ou na di6spora, Aliós, é nol6rio
°
que t!lerorquio da Igreja luna, em suo maioria, está oSlul~itada às
autoridadtU soviátic<u, Em conse.q ilfnda, põe-se a pergunt.a : com que
ohjetlvo estas lançaram tal livro nos mercado, do Oddonte? Para
four entrar moeda estrangeiro? Sem dúvida, mas isto não explica
ludo.
EK:aminemos OI dois estudos m(ll, importonles com os quais se
abre a livro: . Dez séculos d. hisl6ria da Igreja Ortodoxa Russa:», pelo
arcebispo Pirilim, e cA vida do Igreia OrtodOlCO Ruua hoie», por um
desconhecido, V. FeodoroY los outros artigos, d • .sentimentos patri6-
flcos ou de est6lita, vam o se' .Imples c:au(llo .. . ). Esses dois texlol
fundamenlais, que contam muitol minúcias 'nlerelsonles ou anotações
espirituais profundas lo que 6 exlremomenle h6bilJ, impressionam,
ante.s do mais, pelo .eu nacionalismo exlremado: descrevem a Igreja
°
como uma dimensão da cultura rUlla e parecem almejar inserção da
Igreia num naconal-comunlsmo. Impreuionam laMb-ém mullo por
apresentarem olgvmas contra-v.rdades e imensol silincos.

-515-
76 <EPERGUNTE E' RESPONDEREMOS) 271/1983

A Blblla, direm.nos. por exemplo, , r..ditoda na URSS. Ora todos


sobem que ela naa , vendida em parte al,guma da Rússia e que os
únlcol eumplores dispoRlvel, '11m do· .strangeiro (turista, n60 o
esquecols!). Ás rorOI reedlcãet, de baixa tlragem l .ao· destinados
unicamente ao c:1ero poro uso do liturgia. Não comportam nem Intro·
ducão nem nolol : lIta serio cpropogondo religiosa) - o que ~
proibido pela Constituição) Quanlo l:Is cabral fundamentais de leolo·
glo», nunca foram reeditadas .••

Moi. amplamentel nem o arcebispo Pitirim nem V. Feodaro.., dIzem


01,,0 a ·respeito do perempt6rto prolblSáo de toda cat~. feodoro..,
m.ndona, de pOlsagem, sem ex"lidtar a seu conteúdo, o decreto
d. 2/0.4/1929. Oro este decreto, rulaborado e completado aos
23/06/1975, proibe os cauociaWe' religiosan organizar reunlNI ou
c.lrculOl blblicol . . • cu de ensino rellglolo, etc. Ia 11110 de prolblc6.s
, longa. minuc:io.ol. N.m o••a«rdot •• nem o. leigo. na URSS 'Im
o dlreUo de transmitir o fé lu criançal O'u ao • . adolescentes - muito
menoS. ainda aos adultos. A religião não deve pensar. pois c único
modo · deopenlar Clutênlico é o do materialismO' dialético, ensinado em
toda par'e, difundido por inúmeras publlcoç/Ses COf'n milhões do
exomplaro •.

Para reagir conlra ella asfixio, 10vens intelectuais convertidos 00


Ctlitlanhmo - OI conversões são numerosa. a partir de 1970 -
or,gonlraram um va.to movimento de «sem1nárlOI livrei». Tudo foi
e.",aoado em 1980, OI animadores viram·" exilados ou condenados
a. dllt'a. peno. de campo de trabalho forcado e de banimento. Essas
lovenl .rom dinidentel, procuravam iluminar, numa perspectiva do
Mpiritualldatfo, a cultura e a polltica, combatiam em prol do. «direitos
do ·"omom». Sim! Mos o arcebispO' Piritim e V. feodorov no. lembram
que, neue plano, os cri.tão. devem limitar-se a fa~er coterlal voluntá-
rios» pora o cfundo Mundial da Pau, sem mencionar .q ue esse genulno
Impolto pauou de 51. a . 401. da renda da. dioceses entre
1968 e. 19771
A partir de· 1980, tendo sido reduzido ao sillnda toda pesquisa
dl.ddente,. mLrilol Inteleduais cristão••e concontra.rom numa atividade
puramnle · teliglola ' de aprofundamento li Iransmlnl'lo do fé. Ora'
precisamenle ..te esforco que agora as · autoridade.· querem .,magar.
/(. KGB' declarou o .guerra ao livro religioso. Dur.ante lodo o ano
dlt, 1982; múltipla. perquhl~.. oco.lonoram ° confl.caçl'lo Ilegal de
81bl1o., Evangelho., obras de teologia li de .splrituolldade provenlan-
IGREJA ORTODOXA RUSSA 77

te. do estrangeiro ou elaborada .. pelo Samlzdat 1. Em agosto de 1982,


a escritora ICrakllmalikova foi prelo. AC\lIQram-na de cdifundir calú-
nias contra Q Unlao Soviética.. Por quI? Porque, durante seis ano.,
Mm se ocultar, ela publicara atrav" . do Sambdat coletaneos de texto.
puramente espirltuais intitulados c A Esperança . I Nadelda) • . .

Na obra analisada também nada encontramos sobre a funçêlo real


do . eon. olho poro Assuntos Religiosos lunto 00 Conselho de Mini.tros
do URSS • • Eue Conselho controlo estritamente o Patriarca e os 'bi.po.,
exige quo '0 mantenham pouivol; Iran$fe re-os ou aposenla.os .e .e
mostrom demo.ioda oUvo •. O. leu .. delegado. locai. asfixiem 00'
pOUCOI a larejo, ramo enfatizou o bispo Teodólia de Poltavo numa
carta coroloso a 8,ejnev, CXlrto cujo tuto .6 chegou ao Ocldenle em
comeco de 1982 (o .eu autor, entremente, foi deslocado para dioccues
que nóo tim queue paróquias, c:omo bem se compreende). O I delega-
dos do Conselho, apesar dos petições de numerol o. fiéis, impodem o
construcao de nO'l'OI lugores do c:ulto. As e coalOS de oroçi:!io:t, Clbertos
h6 vinte anal no Sibéria. na Ásia Central, e dos quais falo tão f.sti·
vamonte o livro em pauto, não ulttopossam o número de dez. Oro
uma ccaso de oração:. não é uma igreja, , um lugar de culto exlguo
improvisado numa cala resldendal . . .

J; nece ..6rio did.. lo (Ilob O lIyro nao dbh O número de igrejas


abertos 1l0uou de 22 . 000 em 1960 o 7 . 000 aproximadamente hoje,
para um número de fiéis .qu. os próprias fonlu savi6tic:as estimam em
15 0\,1 20Y. da popula,õo, ou lOja, 37 o 50 milhõe. de cidadão •.
Note.se ainda ~ue os igrejas abertal não podem ser toda. utilixodo.
re"ularmente para a ministétia .acerdotal, pais há apenas 6 . 000
presblteroJ em atividade. O recrutamento sacerdotal sofre dificuldades
nêio por falia de vocaçaes, mos porque há apenas t,.êl Semi nó rio.,
como dix o livro (nêio menciono que havia oito em 19óO I. com um
total Ique o livro não ref"e) do 900 e.tudont .. - O .ctue é
IrI116110 ... O. delegados do ConHlho s. esmeram por desanimar OI
candidatai.

AI ilustrações da obro, das <1\'01. olilumas sõo belas e comove..


doras, vim a ser, por veze., c:monta"ens mentilosa ••. Mostram crianças
nos 10reJoI, quando se sobe que h6 os maiores obstác:ulos gavetna-
m_ntoi. poro s_ levarem crianças à I;relol OI adultos que o fazem,
lofrem duro. vexame •• As fotografias mo.tram balizados do crianças

1 Como ao sabe. Slmlzdat 6 uma rede cl.ndeeUna de Impreulo e


dlvulgaç:lo de obra. religIosa. dentro da RI1ISI. SoIl16t1ca, com rem.""1
~ra o OI'"ngelro. (Not. do tradutor).

-511-
78 4:PERGUNTE E RESPONDEREMOS, m11983

reali2ada. em dimo de al~rio li d. plena liberdade. Oro t6do batizodo


exlae a apralentacão do solvo·conduto dOI genilores oU do odullo
Ipols hb multas batizados de adultosl: o registro" lan<:odo num livro
que o «delegado» local da Conselho paro os Auunlos Religiosos exa-
mina regularmente - o que podo acarreto r para as pessoa. mencio-
nadas inse,suron;o no emprego e 110 hobitaç80. Batizados, h6 ·al 001
mllhar.s. Mos, de cada vez, traio-se de um ato r.spon.6.... 1 e
corajoso.

As fotografia I insillem tambfm na vida mon6stlco, moslrando-nos


moslelros povoados, opulentos, irradiantes. Dlgomos, d. passagem,
que h6 sei, mosleiros masQlllnos e dote femininos. Isto 6 pOl,lquluimo,
principalm . nt••e se levo em conto que hovia perto d. 60 em 1960.
Ho1. em dia não h6 um mosteiro o leste de MOlcou ou, antes, de
Zagorlk. OI mOltoiros mullo numerOIOs dos regiães r.tirada. à Pal~nio
a, e.pecialmente, à Ruminia, foram suceuivamente fechado ., O mos,
lelro d. Potchoev, aprosentado no livro .m pauto como um dos gran-
de. redulo. do espiritualidade ruuo, , objeto de pressões periádicol,
ultimamente reforcadcu, porque um monge • .. particularmente vene·
rodo, mas Ineenanteme"te perturbado pelos agentes do Governo, pre·
feriu fug;r ...

Como •• vI, o que ene belo livro não mostra, é o «Rússia pro·
fundo" a I.ste e 00 nordede de Moscou, oond. <lS tutldas nÔ<I vôo,
onde nao h6 mosteiros, onde tantas igreja. estao fechadas, em rublOS,
com leUI crudfixos caidos, ou ainda transformadas em armalenl de
grão, depósitos, garagens ou clubes . .. Por certo, esta realidade teria
oQldol\Qdo pungentes fotogreflclI.

Mo. apreendamol o e$Sendal da obra: a. tlustroca" IlIo cobl.-


tlval> do livro querem comunicor·no. duo. Impre ..õe.. De um lado,
evitando cuidadolament. situar a ~greja no ~onlunto da geografia. do
sodadale sovi#!ticol, o livro dó a entender que o Igrejo é livre, pró.·
pera. Acontece, sim, que o leitor percebe c6 ou 16 estar dl,,"te de uma
Igrela ora.,te. Algumas veul CI mentira explode . . . j cito o ~oment6rio
da fotografia nC? 32 1 cRuos pacatos da ...elho cidade de VololtolClmsk.
001. lacerdotes ...80 visitor ClS fiéis da par6quia, . Ora é pred.a diller
que nunca .e vêem Klcordotes d. bCllino na. ruol do URSS [a não
.er, como •• compreende, que estejam acompanhando delegacões
estrangeiras) I diga·.e também que o direito, dos sa~erdole., d. vI.lIar
OI A4I. é extremamente restrito, eles nóo tim o~.Uo nem aOI hos~itois
nem à. pl'h6es.

-518-
IGREJA ORTODOXA RUSSA 79

A outra impressão deixcda pela livro é a de que a Igreja ainda


exista como r.,erva etnológica, resqulao do passodo tolerodo com
beni~nidad •• inleressonte até certo ponto, mas pOlto à morgem da
vida contem.porOnea e opta a iluslror habilmente o conceito marxista
d. rellsigo. E \Imo .eita estranho, super.sacralizoda, m6.gica, em ,que
as fi'is, na moioria mulheres idosas, são exploradas por um clero
comediante e comilão.
Sabe'!8 que existe hoie em dia, principalmente nas glandes cida·
des, um número crescente de homens • de jovens que freqüentam os
igreias. e preciso proc;uró·tos oeom sagacidade, paro descobri· los có
e lá nos fOlogroflas apresentados. Os fot6grofos, 00 inv's, se deti·
verom longement. nes semblontes fechados secretamente fanático. das
velhinhos I estas sofreram tonto. re51slem dessa maneiro ..• I.
Oro existe uma foc;e oculto da Igreja RUISO, do quol serã neceuÓ·
rio falar também um dia. Penso neues grupos, profundamente sondá-
rios, d. jovens convertido. que vivem em pobreza voluntária porqve
recusam a corrupcão e os negocia'os. 'enio no indomável renovoção
de uma «conlrCl·cultura:. que no Rússio é cristã. Penso em 'anlOI e
lonlol confessores do fé, atirados em hospitais psiquiátricos e em
compos de trabalho forcado; p.nlO em lodos aquele, que, em 1982,
com o Pe. Gleb Yakounine, realilarem ne GUia0 longos grevel de
fome poro obter o restituicão, oos cristàol encarcerados, da, suos
Blblios e dos seul livros de oração.
A finalidade do obra em paula é, como agora se depreende : lem
nada desdiler da concepção marxista do homem, IrenqOililOr e sedu:z.ir
os aislãol do Ocidente, tão utei, nos movimentos pacifi,tos, poro
colaborarem na reivindic:ação d. um d.. sarmam.. nlo 016mko unilateral.
Andropov, que e,tava à frenle do KGB quando tal livra foi concebido,
é, sem dúvkfo alguma, um liberal.
• • •
Em conclusão, verifiea.-se que as autoridades soviéticas
querem dar ao mundo a impressão de que a religião na Rússia
é .u m valor acatado pelo Governo. Em vista disto, conceberam
a obra em foco, que engana o leItor tanto por seus dizeres como
por suas omissões e suas montagens fotográficas. Aliás, nada
há de surpreendente nesta noticia para quem conhece as tAtlcas
dos lideres marxistas. Mais de wna vez têm procurado aliciar
os cristãos, a fim de que estes os ajudem a subir ao poder; após
o quê. os cristãos são alijados, pois se revelam em plenitude o
ateismo inspirador do marxismo e á. sanha maquiavélica dos
«companheIros:. de extrema esquerda. Tenha·se em vista. entre
outros, o caso da Nlearãgua!
Eotlvle> BoUencour1, O .$ . B.
-519-
livros em estante
SIbila, 'r.en.a.,.. do Deu.. Coedlçlo di L1g. de Eltudos 81bllcos •
da Ed. loyola, 810 Paulo 1983.

Ela uma nova trlduclo brullalfl da Blblle a ClrGO di Liga da


:Eetudot ' Blbllcol. Tral~ de obra 'elta .obre OI originais hebraico e
grego dOi IIvrol ..grados a culClaCloNlmento ,.vlala no deconer de 2!i 80011.
o texto 8It6 ".lmante traduzido. acompanhado da pAginas IntrodutÓria.,
not •• upllcatlv•• ao pé da pAglnu, um IndIca ram,Uico do Novo TI.ta-
mania, um Pequeno VoeabulArlo TeológIco do Antigo Te_lamento, uma
Tablla :CronolOglCl • Map81 GeogrAftcOI. Slo da glllnda varor as notas
da roda-p6 • o VQCabul'rlo anaxo, pola .ua Indola clanllllco-paaloral. - Ela
algum•• not.. caracta,IIlIcaa doala nova ectlçlo:

- no Pen~t.uco li indicada par• •Igla convencionar (J, e.D, p. A)


• fonle (ou ai lonl8l) di cada perlcopa, o qUI multo facilita o e.tudo
cientifico d. Tor6; . 1*, I hlllór', d ..... Iontet .. expoete na InlroduçAo
ao Pentateuco (PP. 1·20) ;

- os IlvrOI dll CrCnlcu ,lo compar.dos com os de Samuel 111 Rei,


nos lublllulolll Inseridas em Cr, de modo I le v.r o que há dI originai nl
obra do Cronll18;
- 011 ·textos do AnUgo Te.lamento Ulados. na LlIurgla e merecedore.
de dataque .10 apr..entadOll em caracteres grl\lIcOl malore., .0 puso
que oulras .ocç* 110 Impr.......m tipo mjdlo o em tipo multo pequeno
(conllguraçlo .... que nlo 6 vantaJosa);

- a linguagem portuguesa é de nlvel médio, evitando tanto o vulgar


como o IMOlllo. Apenu obeervar'amOl a nlranheza de padIola em Ml 8,2;
Mc :2,111 ••• À p. 1.55, 1. linho, h' um erro ",.nco. Em Ap 7,1.4 te ria
lido prala"..,.1 dl1er . .tH em .vez da roupa.
Apreciamos a menelr. como OI tradulores pontuaram o texto de
Jo 7,37: "Se alguém tiver sede, venha a mim 8 beba aquele que crer em
mlml Conlorme dlz • ':'crllura • •• " , om vez de " Se alguam tem I.da,
"ntta a mim a beba. Aquala qUI cr. am mim, conformo diz a Elcr1-
lura . .. -. Na verdade, n80 .6 o crente que "'asua apreHnta como lonte de
'9-- vivi. ma. é Ela maamo, o Ma"I.. , qua a Elcrltuta a Jesua apro-
tentam como fonla do 6gul 'ItYa.

Notamoa ainda a 'alia da Jndlet,1o de textos paralelo. da própria


Blblla, 'indleaçlo que • de grand. tJtllldade n800 Só para o •• tudo clenU·
fico, m.. também para e leitura MplrUulI1 (a Indlcllçlo podllrla Nr IlIlta
l margem wrtloal da cada pagina).

EtI'I auM*, o UIO "4 de aponter ai manelru de eperlelçcar um talllo


que JA como lei é valloao a rupeltJval. Repre!l.nta um pllllO novo e el)'
ciente .ne dlful la da P'~VTe de OeuI entre nÓl.

-520-
LIVROS EM ESTANTE 81

""UI ertslo, por ...árlos autoras. TraduçAo o ,daplaçlo de onvo


Cesca. - Cldada Nova Editora, 510 Paulo 1983, 140 x 21D mm, 422 pp.
PedldM • Ed. Cidade NoVll, Rua Cet. Paullno Carlos 29, 04GD8 Slo
Paulo (SPI.
A Edllora Ctdade Nova, dos Focolarl,.I, publica uma colelAnea de Inta-
ressantes estudos sobra Jesus Crislo, a cargo de Gtrard Flossé, Maria
Magnolfl, Anton Weber, Plero CoeIa, Llonelo Bonfantl, S'eleno Vegovlc,
Marlsa Cerlnl e outros autores. O livro aborda cinco 'acelas de Cr/etologla
concatenadas entre si: 1) a Revelaçlo de Jesus Cristo no Antigo e no
Novo Testamenlo, com .studo r.Jpeclal de cada Evan gelho; 21 a com'
preendo de Jesus Cristo na Igre/a, aecçlo que percorre a hlatórla da
Crhtologla desde a época patrlstlca alé a conlamporAnea a ptle em relevo
a9 sucessivas tonalidades alribuldas atravês dos séculos A unlca figura de
Jesus Cristo; 3 ) Maria e o Mistério de Cristo. oportuno enfoque de Marl~
logla ; .) a vida em Cristo. com estudos de esplrUualldade e tllca ; 5) alguns
aspectos de Cristo na cullura contemporlnea (entre os quais se sallenlam
"J"u. visto pelo marxismo", " o Jesus da pslcanAtlsc" e " Cristo a 8
América latina. Uma leltura da Crlstologl_ de Puebl.") . Como diz a Apre·
Mnlaçao. o livro tem notas originais; "nlo quer repetir f6rmulas do Ira-
tado de Cr19tologla, e sim apresenter am .rntasa o amplo contrlbuto que
u dlversu disciplina. hlS16rlc&s, exegéllcas, teológicas a 11I08611c89 ofar8'
cem para o conhecimento do mlslérl0 de Cristo" (p. 7) .
Ao Iratar dos taxlos blbllcos, Gérard Rosaé mostra como a figura de
Jesus Cristo foi sendo compreendida peles comunidades palestlnensel e
pelas halenlallc8a, qUe dasanvol...eram homoganaamente os dados enlra-
gues pelo prOprlo Jesus aos Apóstolos e dlsclpulos: o Jesus da fé aparece
antlo como sendo o próprio Jesus da história ou como o desdobramento
da semente lançada pela p,egaçlo de Jesus masmo: a IIgura do Kyno. e
do Chrlll6t li a mesma Que a de Jesus de Nazaré. q\Je voluntariamente
ouls nascer, sofrer e morrer enlre os homens, aniquilado até a mor1e de
Cruz, sem, po",,", trazer pecado pauoel.
Merecem relevo também, entre outras, as p'glnas dedicadas ê Morat
c rlstl, hof41 em dia 110 discutida; o autor, Llonelo Banfantl, .nfall28 8611-
dos orinclploa e coloca na devida perSDtctlva a consciênc ia do criatlo, o
meglsl6rJo da Igrela e a lei natural : " Daus chama os homens a ser a aalr
em Cristo, lorm8f'1do O seu Corpo Mlstlco (lnvlslvell. que subslsle na Igreja
vlsrvel ... A elaboraçio das normas mor';'''. portanto, nlo 6 um tato Indi-
vldulltrttlca, • sim um falo ecleslal" (p. 2941.
o livro • credor de apreço do pUblico estudioso. Sert de grande
préstimo tanto • Seminaristas como a sacerdotes e leigos daseJosos de
.611da fOm'laçlo. Voltaremos ao assunto em PRo
""U8 Crllto
COmblln. -
• lua mula. B,.,e CUrso de Teologla, lomo I, por José
'Ec:!. Paullnaa. 510 Paulo 1983, 135 x 210 rnm, 2~'S
pp.
Eate ti o primeiro lomo de uma série de Quatro, Que '<Ieraario respec-
tlvamenle sobre Jesus Cristo, o Esplrt.lo Santo. a Igreja e a Sabedoria
Crlatl. O CUra0 assim plane/ado de.tlne-Ie a grupo. li nlo ao estudo Indl-
\lldual (cl. p. 5), ., principalmente . .. a grupos de pessoas pobres a sim-
ples (cf. p. 12),
e.ta primeiro tomo considera a 55. Trindade. DeuI Pai. Deus Criador
a dlV1t"o. aapaclos da pessoa li da mlulo de Jesus Cristo (o Proleta, o
S'blo, o ReI ou Messias, o Ressu.cllado ..• ) . Tal obra é eslruturada da

-521-
82 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 271/1983

modo Interessenle. oferecendo para cada capllulo um rotei ro de trabalho


que conslll de NTomas, Diálogo, ExpoelçOIS Complemon!.,as. Evangallu·
çlo, lAçlo".
A leitura do livro sugera numerosa. observaç&es. das quall ae aoguem
algumas poucas:
O aulor parta do preconceito de que "o. sAblos o rico. ttm poucos
ben* elplrilualt p.r. dar. Nilo sabem exprimir lua 16. estilo et\6io! dA
dúvidas e de Insegurança e preferem ficar celados. Os pobres gostam da
'alar da lua rellglAo a nAo sentem vergonha da Imporralçlo de IUI 8xprn-
lia· Ip. 121_ - Ora. assim como M ricos IImldot , h6 também pobres
IImldos: como h6 pobras loquazes, hã também rlcOl loqulZes ... Nlo &8
vi por que generalizar nem par. um lado nem para o outro.
'" notorlo no livro intalro o enfoque sOclo-polrtlco. À p, 20, por nam-
pio, as "rellgIOU" .Ao encaradas como Instrumental do poder polltlco; de
certo modo, lervem de ópio para o povo, como diria Karl Marx. Ora
tem..e aquI outra generallzaçlo Indevida e Injusta, poiS l,eqOentemante a
,ell9[Ao: 101 o fator que educou o. homens par. a liberdade o e coragem,
como nola multo .ablamente Roger aer8udy' em seu dapolmento sobre
JOIU. erllto tranlcrlto am PR U8/ 1972, pp. 1495: "A vIda e a morte de
Orl,Io pertencem ... a nós, que eprendomos de Crls lo que o homem 101
cmdo criador",
A 'Pruit. • dada ên'ase excellllva~ "Nóa nlo conhecemOll a Oeus Pai
pelo caminho da Inteligência, da clAncla ou da rallado, mas .Im pelo
caminho da pr6tlca da caridade, da solldarledada e do amor. Por 'tio'
que es afirmações li palavras slo tio vis: quem dIz amar a Deua, nAo o
conhece e ama um Idolo; às veZ81, quem se diz ateu poda amar mais a
DeuI. Somante 11 açlo pode most,ar 118 conhecemOI • Oaus" (p. ,3).
- Ora 6 Inat:f8vel que alguém pede ter IOcldo conhecImento leol60lco e,
nAo obstante. N' Incoerenle am sua vide moral; nlo .'.! devo menosprezar
o papal da InteUgêncla, que pode raciocinar Independentemanle de prax[1
e qua h' da .er tida como anterior 1 pT1lJtl1 ou gula e orientadora da
condula do homem.
Á p. 230 , apresentado o Filho de Deus encarnado como · homem
Ilmples, lem estudos, lem Instruçio, sem dinhalro, sem poder: JeIUS de
Nazar'''. - t verdade que Jes us nAo ',eqOentou •• escol.s da sua 6poca,
mil nlo " menos verdade que possula ..bedorla capez de maravilha'
quantos O ouviam desde os doze anos de Idade (cf. l c 2,47; 4,22, Mt 13,54;
Jo 7,15,48 ... ). - ! certo, porém, que o autor profusa a doutrina da
CalcedOnls .ob,e a unllo h[poatallca em Jelu. (um. pelloa li dual natu·
taus em Jesus Crlsleo): cf. p. 232.
Em .fntesa, O livra nlo 6 heterodoxo, mu segue as lendênclas das
chamadas "Ieologles da llbertaçlo", onda os Inleroues s6clo-pOIIllCOa vtm
li aer tomados como crUérlot bAS[cos para se penetra, a doutrina do Evan-
gelho, com o risco de ao dullgurarem os valores mais genu/nos da man·
asgem erlal"
Meu C....to Total Hola, por Fr. 88l11sllnl . 'Edlçlo própria, ""agll, 1983,
130 x 200 mm, 248 pp. - Pedldol ao lIutor, Celxa poIlal 3D, 25900
Mag. (RJ).
Frei Franclaco eaU!sUn! • carmenta, que, h6 ano., exerce o mlnl.térlo
paroquial am Mag'. Tem ...e dedicado, enlre outras cal.... 1 ce.lequue,
publicando obra. de valor no gênero, ~""eu Crlllo Total Hoje" considera
,J,,11Jt Cristo e a IgreJa em quatro elepas, A p,lmelra lem ear'ler apologê-
-522 -
LIVROS EM ESTANTE 83

1Ieo, apresenlando Jesus sobre o fundo de Cllna das profecias e arfolando


aa elb.'cal provas da Dlvll'ldede de Jasu. . A aa"unda Parta aKp6e li
Ravetllçlo do Pai a do sau pl.no •• \vlnco, como Jesus a prop6s. Ao lar·
c.lra Parte considera a sa~lo Irazlda por Jesus a um mundo marcado
pela aarvldlo do pecado. A quarta Pana, mais exlen$4, mostra qva a obra
salvlflca de Jasus aa prolonga pelos a6cul0l alra. da Igreja. que 6 Ins.
par6vel de Jalu. : a noçAo de Igrela "'.a cramenlo". que tem sau centro
na Eucarl,lIa, é desenvolvida com multo a ce rto. A obra toda te m car6ter
dld611co, aprNantando pontos fundamentara, capazes de esttulurar li .. do
crlatlo que convive hoje com nAo crrstloa e precisa de poder Justificar a
a sua proll•• lo de 16 peranla os homêna (cl. tPd 3,'5: "Es'al .ampra
prontos a dar nulo da vossa esperança a quem vo-la pede~). Saudamos
com prazer eSle novo livro de Frei BaUI.tl nl , Que V910 alender a uma
necassldada do no.so lnllrumental cataquétlco. Tem chamado li .Iançlo
dos nMaos Bllpos a pastor.s a InvaaAo da .. lias no Brasil, InvasAo Qu e
êm multos casos encontra o povo çat6tlco desprepa rado pera delander
• lua 16 e nala persevarar. !' para desejar que livros deste tipo se mut-
tlpJlquam em prol Oe sOlldo embasamenlo da fé .
•"rla no .Evangellto. pOf Al.ld6llo Neves, C. M. - Ravista Conllnente
Editorial ltda ., Rio de Janairo '983, 150 X 220 mm, 203 pp.
o Pe. lAud6110 Nevas redigiu nesla livro aI grandes expres'''.1 da
pladaOe mariana, Insplrando--se no lexlo do Evangelho lido e aprolundado
no dacorrer da Tfadlçlo crlslA. Como diz a Introcluçlo. a obra 6 "fruto
de uma p.8Sloral paroquial de vlnle anos, de uma experlêncle pasloral de
<luaranta e trAI anOI, e de um lestemunho pesloal de letenla anos. de
cullo especial e davoçlo IIIla' a MarJ.~ (I'. 10) . Por basear--se nc Evan-
gelho, o livro 18 abra para os Irmlos prolestanles, moslrando como a
próprIa Boa-Nov. p6e em relevo dlscrelo a llgura de Maria; esta nlo
de"09a l unicidade do Mediador enlr. Deus . os nomans Jasus Cristo
(c!. 1Tm 2,51, mas 6 a obra·prlma do Mediador e Redentor; ludo o QUe
Ela t,m, Ela o deve ao seu Divino Filho. O aulor nlo laz. estudos de
alia erudlçlo blbllca, mal propCIe rallexael de cunho pasloral e da apU-
caçA0 concrel. na vida dos lelloraa. Certamente o livro lucrarA M numa
segunda ecllçAo o Pa. Neves procurar recorrer um pooco mais aos textos
do Anllgo Testamento, a 11m de colocar os dizere. do Novo Testamanto
l obra o sau aulêntlco pano de lundo : assim as palavras de Jesus em
Jo 2,4; 19,261 .a tornariam aInda mais significativas sa antandldas ~ luz
das Escrituras vel,rolulamanlárlas (cl. pp. 133 e 146-151) i do mesmo
moela, Ap 12,t-'7 poderia ser conllderado, com gran~ provello, sobra o
fi.
lundo de cana do AnUgo Teslamanlo; apareceria enllo a I1gura de E....,
Ma. dos vivos", planamanlG realizada em Maria 8 na I"reja. - Como
quer que .eJa, o livro como tal 6 de utilidade "rande, como alnlase de
dall'Oçlo mariana devidamente fundamentada.
A 0rl910 de cadei Idad., por Joio Mohana. - Ed. Agir, Rio de
Janeiro 1983, 140 li 210 mm, 139 pp.
O Pe. Joio Mohana tem-se dedlc.ado ultlmamenle 8 obras de exegeee
blbllca e da asplrltuBlldade. Este 6 um livro de lal série: o autor saba
aproveitar o lau rico arsenal de conhaclmantos pslcológlcol para lacar
s6bla. conlld8laçees lobre a maneira eomo podam rezar as crianças, 101
adolascantas, OI jovenl, 05 adultca, as peaacas madura., o. ancllos; ao
Que se aegue uma colelanea da oraç"a••aletal, oportunas em lodaa aI
Idadaa. Encontram-se nas pAginas do livro rolelros ou métodos para a

-523 -
84 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 271/1983

vida de oraçlo, roteiros qUI! ens1nam como aplicar as faculdades pslqulclI


do orente (a memória, a Iml.glnaçlo, a Intengêncla, a vontade, os afe-
tos ... ) l procura de un.tlo com DeuI. Todavia é do notar qua nem todos
os leItores le senlfrlo ê vonlade diante das sugestões apresente das no
capItulo da ·Oraçlo Amorll8nte·, onde o uto da lantas.1a é explorado ao
mbtmo, talvez um pouco artillclalmonto. Regl,tro-se ainda um capitulo
especial dadlcado ao' Salmos e ao ,au valor para a eSplrllualldade cr"ti.
O e.tIlo do aulor ti suave, enriquecido por Imagens lIIerárlaa e episódios
históricos. ~ obra poder' contribuir par. ajudar os crlstlca no crescI-
mento dentro da vida de oraçlo: o amplo uso da Imsglnaçlo para encon-
trar • ul'lllo com Deus nlo é via Obrigatória para lodos.
Ml/WIoe de S.'lecforla, por C. Torra. Paslortno. Ed. Vozes, Polr6-
poli., 75 x 110 mm, 303 pp.
Este livro. em novembro da 1Q82, JA S8 achava na 1 B. adlçJo • no
&eu 04099 milheiro. Deve-se ao Prol. Dr, T. Paslorlno, teólogo diplomado
Roma. Obra de "cll leitura, por1adore d. pensementos reconlortadores
.m
a da norma, éticas, Insttla o panler,mo. que o seu autor abraçou depois
d. havar professado o Cristianismo. Com ef.lto, IH. que
- · DeUI • a En.rgla Cósmica Universal, qU8 habita dentro de voei
e de tudo o q\Je exll&te nos universos Infinitos, dlndo-Ihes vIda e força "
(p. 95) i
- "cacra V9Z que alplramos, Introduzlmol no organismo a Enerola
Cósmica, q\.lo .. Fluido Clvlno" (-p. 83; cI, p. 147}i
- "a Centelha OMna li q\.le é noslo eu real, do qual nosso corpo é
apenas um reflexo" {P. 2911;
_ é ~aclso · ylver Integrado na Energia Cósmica. que S8 dA }gua'.
menle a todos· (p. 289);
- é recomendado ·conllar na Força CÓ1mtca que enche todo o uni·
verso, Inclu.lve sua própria passoa" (p. :i!87}i
_ ·ceua es" dentro de nOS· (p. 50. Allrmaçlo que • • r.pete .s
pp. B7 . 911. 132. 165 . 187. 198 . 202. 230. 259.
AnClr. Luis, escritor 8splrlte, • citado dulS ....zes (pp. 161. 248), eo
passo que Jesus é mencIonado uma unlca vez, • como "o grande llIóso'o"
(p. 218).
Ora o panlelsmo nlo 58 coaduna com o Cristianismo. Este. mono-
telsla, prof....ndo a axlstAnela d. um SÓ OeuI, que é transcendental e,
por consegulnl., dlstlnlo do mundo. O homem é crlalura da Daus, e com·
pO..... de corpo li almai .sta • espIritual, nlo, porém, divina. Na concep-
çAo crlall, .. expre..oes MEnerllla Cósmica Unlveraal", "Fluido OI."lno",
"Centelha OMI'I8" nJo têm sentido, poIS IUpOem Deus Idenl1lle_do com
elem.ntOl!! quantitativos e posto .m evoluçlo.
O livro .m paula alral mullos leitores, pois é de 'icll manuseio e
portador de "bons conselhos" para a YICla colldlana: manter o bom humor
(cf. p. 203), nlo ler avaro (cf. p. 21.), nlo maltratar OI anlmata (cl. p. 048),
nlo perder a calma cf. p. 131: p. 119), nlo desanimar {cf. p. 276 ) ...
-Ao manalra como essas normas elo explanadas, Incule uma lIIosolla que
se opO • • do Cristianismo.
.6.B.

-524-
ERGUNTE
e
Responderemos

íNDICE de 1983
INDICE 1983
(o. mJmeros à direita indicam, respectlvamcnt.e, fuclc1llo,
AnO de ed.lçio e p4&1na)

A
cABORTO. O DIREITO A VIDAJO, pot dIversos
médlcos •••.•••.•.• , ••.•....•••.....•. . .. •.. 261/ 1983, p. 158 .
ABSQLVlCAO COLETIVA DE PECADOS: lIcei-
dade e validade ....•...• , •. 0. 0 • •• • ' 0.0 • •• ' . 210/ 1983, p. 395 .
ADOÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO ....... . 269/ 1983. p. 287 .
AFINIDADE E MA TRIMONIO .• • , .. . .. •.. , ... . 210/ 1983, p. 371 .
ALBÃNIA : perseguleAo I'l!l1gios8 ..... . .•..• •••• 269/ 1983, p. 343 .
Il.LBERTON, VA~RlO. E MAçoNARIA, 0.0 •• 266/1983, p. 40 .
ALVES, RUBEM; «Dogmatismo e TolerAnclaJO .. 2G8/1983, p. 247.
ANALfl'ICA TR.ILOGlA: Q.ue ~?' .. . , .. . ..... ,. 270/ 1983, p. 433 .
ANCIAOS : lua sltuatAo ............. ......... . 266/ 1983, p. 2 .
ANO SANTO: que é? por quê? . . ............ . 269/ 1983, p. 200 .
ANTROPOLOGIA E ESCATOLOGIA ... . ...... . 267/ 1983, p. 174.
ANULACÃO DO CASAMENTO DA PRINCESA
CAROLlNA DE MÔNACO? ........... " .. 270/1983, p. 386.
ARMAS NUCLEARES E DESARMAMENTO .. 270/ 1983, p. 354 .
ASTROLOGIA - HORóSCOPO? ......•... • • ,. 266/1983, p. 49.
ASTRONOMIA E ASTROLDGIA .. •... .. ...• . . 266/1983, p. 51.
AUTENTICIDADE OOS EVANGELHOS, •... . • 266/ 1983, p. 23.
AUTORIDADE NA IGREJA: significado 268/1983, p . 230 .

B
DACH, 1 . MARCOS : ~Uma nova Moral.? 26811983, p. 214.
BACK, StILVlO: cRepubUca Guaranl:- ....... . 267/1983, p. 98 .
BANnE:RA, ARMANDO, E PAULO FREIRE •. . 266/ 1983, p. 70.
BtBUA: sua Interpretação e a história ..... • .. 267/ 1983, p. 148.
BISPOS E cu:ruGOS MAÇONS . . ........ . .. . 269/ 1983, p. 316.
BOFJo', LEONARDO E CLODOV1S : Teologia da
Llbertaclo .........•....................... 211/1983, p. 453 .
c
CAROLINA DE MONACO: casamento .•.•.•.. 270/ 1983, p. 386.
CASAMEN70 E FAMlLIA NO NOVO DIREITO
CANONICO ..........•••.•......•...... . .. 210/ 1983, p. 371 .
CASAMENTO DE LUTERO: hist6rico ...... . . . 271/ 1983. p. 490 .
CASAMENTOS MISTOS E NOVO CODIGO . . . 270/ 1983, p. 381-
CATEQUESE E PAULO FREIRE .......... • .. 266/ 1983, p. 79.
CATOLICISMO E PROTESTANTISMO, SE-
GUNOO R. ALVES ............. ........ .. 268/1983. p. 248.
CATOLICISMO E ESPIRITISMO .:SE COM-
PLETAM:-? . . ........ .................... . 271/1983, p. 476 .
CEHlLA E TEOLOGIA DA UBERTACÁQ ..•.. 268/ 1983. p. 240.
ClENTIFICISMO EM XEQUE ....... . •... .•. , 267/1983, p. 152.

- 526-
lNOlCE DE 1983 8'1

COMPANHIA DE JESUS: supressl'1O ... •• " " • 269/ 1983, p. 320.


..:CONCElTO (O) DE DEUS NA MAÇONARIA»,
por Valério Alberton , ...... ..... .... .. ... . 256/ 1983. p. 40.
(.'ONb·ISSAO SACRAMENTAL : aspectos .... . . 270/ 1983. p. 395 .
CONSANGOlNIDADE E CASAMENTO ... . ... . 270/ 1983. p. 375 .
CONSTANTINO E A IGREJA: avaliação . , •.. • 271/1983. p. 468.
CONSClENCIA SEGUN DO PAULO FREIRE .. 266/1983. p. 73.
_CONSTITUlCOENS P R]MEY'RAS DO ARCE-
BISPAOO DA BAHIA> .... ...... . ....... . 2G7/ 1983. p. 121.
cCONVERSANDO SOBRE SEXO" por Marta
SupUcy •......••. ... ..••...... , •• •• . . ..•••• 271/ 1983. p. :;10.
CONVERSA0 E SACRAMENTO DA PENI-
mNCIA ............. . ..... .. . ........... . 270/ 1983, p.396 .
CRIST AO E J USTICA SOCIAL .. . ........... . 271/1983. p.461.
CR1STAOS PARA O SOCIALISMO ... . ..... . . 267/ 1983, p.133.
CRISTIANISMO E HISTORIA DAS RELIGlOES 266/ 1983. p. 23 .
CRISTIANISMO : Panorama . . . .. . .... .. . ... ... . 27]/ 1983, p. 23.
CRl'I'ERIOS DE A UTENTICIDADe DOS EVAN_
GELliOS . . .... ... ...... ..... ..... . .... ... . 200/ 1983. p. 35.

D
OAMASO, PAPA: con trovérsia ........ . ...... . 271/1983. p. 473.
DESARMAMENTO HOJ E . .. .... .... ...... .. .. 270/ 1983. p. 354 .
l.>EMONIO NA TRILOGIA ANAllTICA .... . . 270/ 1983, p. 438.
_DEUS NA MAçONARIA. O CONCEITO DE,.
por Valt!rlo Alber ton • . •.. .•. •.••.......... 266/1983, p. 40.
DIVORCIO: Sim ou Nã o? .............. " .... . 270/1983, p. 386 .
DONlNI, AMBROGIO: _HlstórJa do Cristianismo» 271/1983, p. 463 .
_DOGMATISMO E TOLERÂNCI A>, por Rubem
Alves ... . ..... .. ...... .... .... .... ..... . . . 268/ 1983, p. 247.
DRESDEN, MANIFESTO DE• . .......•..... . . . 268/1983, p. 189 .

E
EDUCAÇAO CRISTA. SEGUNDO O NOVO
CóDIGO ................ . ....... . .... .... . . 270/ 1983, p. 383;
~POCA CONSTANTINIANA : avallacão , . . ..•. . 271/ 1983. p. 468.
ESCATOLOGIA E TEOLOGIA DA LIBERTAÇAO 269/1983. p. 296.
ESCOLA DAS RELIGIOES COMPARADAS ". 26611983. p . 30 .
ESCRA VIDAO E IGREJA : O INDIO . ... ..... . . 257/ 1983. p. 100;
O AFRICANO .... . 261/1983. p. 118;
269/ 1983, p. 318 .
ESPIRITISMO E CATOLICISMO ... . .... .... . . 271/ 1983. p. 170 .
_ESTAMOS SALVOS>. por D. Valfrcdo TefX! .. 268/ 1983. p. 232 .
ESTl LO OI:: JESUS : caracterlstlcas ....... .. .. . 266/ 1983, p. 31 .
ESTUPRO E ABORTO . .. .. , •..... . .•.......... 267/ 1983. p. 163.
EVANGELHOS: autenticidade •••... • ........ .. 266/ 1983, p. 23.
EXCOMUNHÃO no novo Código de Direito
Canônico .................... . ....... . .... . 271/1983, p. 498 .

- 527 -
88 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 27111983

F
FÊ E IDEOLOGIA .. . .. " •............... . .... 271/1983, p. 450;
E ORAÇÃO ...... ...... ....... . .. .. ... . . . . . 270/1983, p. 430;
E TEOLOGIA ...• .. .....•............•.... 268/ 19&1, p. 236.
cFILOSOFIA DA CI.eNCIA. , por Rubem Alves 267/ 1983, p. 150.
FREIRE, PAULO : mttodo e 01t1C8 . . .. ....... . 266/ 1983. p . 70 .
FREUD E RELIGIÁO . ........ . " . . . .... ..... . 269/ 1983. p. 298 .
..FUTURO <O) DE UMA ILUSAO" por SJgmund
Freud ..... ...... . ....•........•...... . .... 269/ 1983, p. 302.

G
GAULEO GALU.•EI: ontem c hoje . . .. ..• • .... 267/ 1983, p. 9().
cGANDHI" filme ......... . .......•...•... .. .. . 269/ 1983, p . 345.
G.E::NEALOGlAS DE JESUS: duas .... ..... .. . 269/ 1983, p. 280.
GENITORES E EDUCAÇÃO DOS FILHOS ... . 270/ 1983, p. 383.
GUERRA ATOMICA: sim ou nlo? ..• •........ 270/ 1983, p . 355 .

H
HERODIANOS E JESUS " ........ ....... " .. . 266/ 1983, p. 14.
HISTÓRIA COMPARADA DAS RELIGIOES
E CRISTIANISMO .. .. .. .. ... . . . ......... . 266/ 1983. p. 3D.
cP.lSTÓRIA DO CRISTIANISMO" por Ambro-
e:loDoninl .. " •. •• .. . . • , ...• " ., .• ,., ••••. , 211/1983, p. 46.1 .
cHISTÔRIA DA TEOLOGIA NA AMÊRICA LA-
TINA" por diversos autores . •. ...... . .... 268/ 1983, p. 240.
HISTORICIDADE DE JESUS CRISTO .. .....• 266/ 1983. p. 24.
HORôSCOPO: que é ? ....................... .. 266/ 1973, p. 50.

fg~If~~N~&~;
271/1983, p. 443 .
::::::::::::::::'.:::::::::
ESCRAVIDÁO: o africano ......... .
256/1983,
267/ 1983,
p. S;
p. 116;
269/ 1983, p. 318i
o lndlo ...... ..... . 267/ 1983. p. 106;
PAULO FREIRE ... .......... ... . . . 266/1983, p. 76 .
IGRElA COLONlAUSTA, IGREJA MODERNI-
ZANTE. IGREJA PROFJ::TICA .... . ...... . 266/1983. p. 76.
IGREJA ORTODOXA RUSSA: sHuar;:Ao atual .. Z7111983, p. 515.
IGREJA POPULAR : que é? ........ . ........ .. 267/ 1983, p. 133.
IMAGENS SAGRADAS: lIceldade ......•....... 270/ 1983, p. 412 .
dMMENSA PASTORUM:t. Bula de Bento XIV 267/ 1983, p. 123.
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS no ntlVO C6-
dl&,O .... .. ... . ..... . .. .. . .......... ... .. . . . 7701 1983 , p. 373 .
INCERTEZA DA cCERTEZA:t CIENTIFICA ." 267/1983, p. 153 .
INDULGÊNC1AS: doutrina ... .• .... • ......... . 269/ 1983, p. 272.
INFERNO: qUI! é1 .. ......... . ....... .. ... . . . . 271/1983, p, 484.
INTIMIDAÇÃO E ARMAS ATÓMICAS . ...... . 270/ 1983. p. 36'7 .
IRMANDADES E ESCRAVATURA •.. ... . . .... 267/ 1983. p. 129.

- 528-
lNDICE DE 1983 89

J
JESUrrAS: supressllo .•• •. . •... • ••. ....•.... •• 269/1983, p . 320.
JESUS CRISTO E IGREJA : continuidade . .. .. . 2G8!1983, p. 234;
AS DENOMINACOES PRO-
TESTAm'ES .... . . . ....... . 271/ 1983, p. 492 .
JESUS CRISTO: historicldade . .••.... . ....•..• . 26611983, p. 24 ,
.TESUS SEGUNDO DONINl ., ..... ..... o .... .. 27111983, p. 465.
JESUS : REVOLUCIONÃR.IO POLlTICO? . . .. •• 266/ 1983. p. 12.
JOAO PAULO n E SACRAMENTO DA PENl-
T!!NClA ............. ... . .... .. . ..... .. .. . 270/ 1983, p. 395 o

K
KEPPE, NORBERTO, E TRILOGIA ANALlTlCA 270/ 1983, p . 433 .
KLQPPENBURG. B.: cIgreJa Popular» .. ...•. 267/1983, p . 133 .
KRlVELEV.• E ORIGEM DOS EVANGELHOS .. 266/1983, p. 23.

L
LEÃO XW E F.'lCRAVATtIRA .•. •. . •• ...••. •• 267/1983, p. 128.
LEGISLAÇAO BRASlLElRA SOBRE ABORTO 26711983, p . 159.
LEI NATURAL E SEXUALIDADE ........ .. .. .268/1983,p.203.
LEVIRATO E GENEAlDGIA DE JESUS ..... . 269/1983, p, 285.
LlBANIO. JOAO BATISTA: d'utoral R\&ma 80-
dedade ... » ............................... . 286/1983, p . 60 .
LlBERTAÇAO, TEOLOGIA DA •...••..•••. . •. . 267/ l.983, p . 133;
266/1983, p. 12i
269/1983, p. 289 j
711/1983, p. 453.
LITURGIA E TEOLOGIA DA LIBERTACAO .. 267/1973, p. 14S .
LUTERO : casamento de .....• .•• ••..•••• . ••••• 271/1983, p. 481 .

M
MAçoNARIA E DEUS .. ...... o .............. . 266/19&1, p. 40,
cMACONARlA. O QUE l: A», por A. Tenórlo
26911983, p . 312 .
MA~l~~U:RÍbue OAo"iGR&r'Ã,"SECiJNOO
P . FR.EIRE •• • • •• •••••••••• ••••• •••• • •••••• 266/1983, p. 78.
cMAL-ESTAR NA ClVn.IZAÇAQ», por Slpnund
Freud . •. ... ... ..•.•.. . '0 •••••• •• ••• o ••••••• 269/1983, p. 304 .
MARXISMO E CRISTIANISMO .......• . ...... 267/ 1983, p. 133,
MARXISMO E IDEOLOGIA ...... ............ . 271/1983. p . 445 .
MATRIMONIO: DISSOL'OVEL OU NÁO? ..•.. 270/1983, p . 387.
MEDI UNIDADE E PARAPSICOLOGIA .• .. o •• Z7111983. p. 485.
MILAGRES DE JESUS: seu estilo . ...• , .... .. . 268/ 1983,p. 38.
MILAGRES DE JESUS. N:: E ORACAO ....... . Z70/ 1983,p . 426.
MIRANDA. J . P.: "0 Ser e o Messias» ••... ... 269/ 1983, p. 289 .
MITO E CIENTIFICISMO ..... o .... o .. ., .... .. 267/ l983, p. 151 .
• MOlSF.S E O MONO'I'ElSMD», por S . Freud .. 269/1983, p. 305.
cMORAL, UMA NOVA», por J. Marcos Bach .. 268/1983, p . 214 .
MORAUDADE DA VIDA SEXUAL •. .. .• , .... 268/1983, p. 201.
MORTE DE .JESUS CRUClFICADO COMO RE-
BELDE .... ..... ...... .. . ................. , 266/1983, p. 20.

-529-
90 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 271/1983

N
NOSTRADAMUS: PROFETA? .•....••.•.•..... 26911983, p . 325.
NOVO TESTAMENTO E IMAGENS SAGRADAS 2'l'()/ l983, p . 415 .
NUCLEARES. ARMAS. E CATOLICLSMO 270/ 1983, p. 354 .

o
cONDE AS FLORES NAO MURCHAM:., por
H . A. de Queiroz •.........• , .. , • ....... ..• 2'11/1983, p. 476.
OPRESSORES E QPRIMIDOS SEGUNDO PAULO
FREIRE . ......... , ... .. ..... ... .. ...... ,. 26611983, p. 72 .
"OPUS DEb : PRELAZIA PESSOAL •••••••..• 267/1983, p . 167 .
ORTODOXIA E ORTOPRAXIS .. .•. ... ........ 266/ 1983, p. 81 e
267/1983, p. 136.
OTIMISMO NATURAL E PECADO 268/ 1983, p. 225.

p
PAPAS, BISPOS E CLÊRIGOS MACONS 269/ 1983, p. 315.
PARAPSICOLOClA. CURSO DE . . ... . ... . ... . 267/ 1983, p. 172.
PARTIDOS J UDEUS NO TEMPO DE JESUS . • 266/ 1983, p. 13 .
"PASTORAL NUMA SOCIEDADE DE CONFLI-
TOS", pelo P@. J. B. Llblnlo ......... . ... . 266/ 1983, p . 60 .
cPAULO FREIRE, UN PEDAGOGO,., por Ar-
mando Bandera ••••..• • . ...•..•.•. ... .•. .• . 286/ 1983, p. 70 .
PECAOO MORTAL E PECADO GRAVE: dls-
Unçll.o? ••••••.•.•. .•. . • ••••. . • ..•. ••.•....• 2'10/ 1983, p. 400 .
PECADO E ANO SAm'O •• , ..•• " • •• , •••.... 269/ 1983, p . 274 .
PEREGRmACAO : sentido • ... . . •••• ...•• •....• 2G9/ 1983, p. 275.
PIO IX: macem? • • • . .•.• . • ...••••.. .. •.•....•• 269/ 1983. p. 315.
c:PODERES (OS) DE JESUS CRISTO" por
Lauro Trevisan ........ . ...... .... . •. ••.... 270/ 1983, p. 423 .
POLONIA, VIAGEM A •...... . ........•. ...... 269/ 1983. p . 347 .
POVOS PRIMITIVOS E ORIGEM DA RELI-
Cl.10 . .... ... . ... .. ... . . .. ...... . ... ... . . . 2691198J.. p. 307.
PU-PASCAL E POS-PASCAL NA EXEGESE
DOS EVANGELIlOS . ...... . ........... .. . . 268/1983, p. 178 .
PRIMADO DA F1: E DOS VALORES RELI-
GIOSOS ... . .......• . ..... . .. • .. ...... . . . .• 271/1983, p. 459.
PROTESTANTES E MARIA SAN'I1SSIMA . • .. 268/ 1983, p. 189;
E lrdAGEl'lS o • • • • • • • • ••• • • • • 270/ 1983. p. 412.
PROTESTANTISMO E CATOLICISMO, SE-
GUNOO R . ALVES • •....•.•...•...•.•.. . .. 268/ 1983, p . 248.
PSICANÁLISE E RELIGIÁO ........ .. ...... .. 269/ 1983, p. 298.

Q
QUEIROZ, HERM1NIO ÁUREO DE, cONDE AS
FLORES NAO MURCHA~ ...••..•. . . •.. 2'f1/19B3, p. 476 .

- 530-
lNDICE DE 1983 91

R
RELIGIÃO SEGUNDO S. FREUO .. .. ...• . .... 269/1983, p . 298.
RELIGIõES COMPARADAS .............••.... 266/ 1983, p . 3D.
• REPOBLICA GUARANI), l Ume ... . •. ... ..... 267/1983, p. 98 .

S
SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÁO . . .• . , .• 268/1983. p. 228 .
SACRIFICAR MAE OU FILHO? .•... ..•.•. ... 21UI983, p . 514.
SADUCEUS E JESUS ...... ....... ........... .. 266/1983, p . 13.
SAGRADA CONGREGAÇÁO PARA A DOU-
TRINA DA FI:: E lJVRO cA SEXUALI-
DADE HUMAN~ ...... . .... . ....... . ... . 268/1983, p. 209.
SECULARISMO E IGREJA ................... . 267/ 1983. p. 137;
E MORAL ..........•......... 268/1983, p . 224..
SEICHO-NO-I..E:: rel1,gllo Japonesa .•. . ...•...• 266/1983, p. 57 .
• SER (O) E O MESSIAS~, por José Podlrlo
Miranda ... .. . . ... ... . . ...•... .... ...•... . . 269/ 1983, p . 289.
SEXO E PESSOA HUMANA .. .............. .. , 271/1983, p. 512.
SEXUALIDADE E GENITALIDADE : dlstintão •. 268/1983, p. 199,
cSEXUALIDADE ( AI HUMANA~, por virios
autores . ... ...• . . .. ................ ...... . . 268/ 1983, p. 193.
SICARIOS E JESUS .. , •.••••• ••. •••. , •• ••• , • •• 266/1983, p . 15.
SOLIDAO 00 ANCIÃO ... ....... . .......... .. 266/1983, p. 10.
SUPLICY, MARTA : cConversando sobre Sexo~ 27Vl9B3, p. 510.
T
TALMUD E EXIS'ttNCIA DE JESUS ..•..... . . 266/1983, p. 26.
cn:CNICA DO PODER DA MENTE E SAL-
VACJ..O~, por médicos crlstllos ....•. •.•.•. 271/1983, p. 504.
TEOLOGIA DA CRUZ ...... ................ . .. 268/1983, p. 226;
NA AMtRICA LATINA ....... . .. . 268/1983, p. 240;
OU TEORIA DA LIBERTACAO . . .. 269/1983. p. 294;
267/1983, p. 133.
cTEOLóGICO (O) DAS UBERTACOES~, por
Leonardo e CIOdovls Soft ...........•.....• 271/ 19&1, p. 453 .
TEóLOGOS E GALILEU ....••••••....••.•••.. 267/ 1983, p. 95.
TEPE. VALFREDO : cEstamo9 Salvos) .....•.. 268/ 1983, p. 232.
T.ERAP~UTICO. ABORTO : sim ou NO? .......• 267/ 1983, p. 160 .
TESTEMUNHOS R OMANOS SOBRE CRISTO .. 266/1983. p. 29 .
cTOTEM E TABU~, por Slamund Frêud ..... . 269/1983, p. 300.
TREVISAN, LAURO: cOa POderes de Jesus
Cri&to~ ... . ...... . .. . . ... .. . .............. . 270/ 1983, p. 423.
TRILOGIA ANAl.J.TICA: que é? ...........•.. 2'70/ 1983, p. 433 .
TRmlITO PAGO A CESAR ............... . 266/1983, p. 18.

V
VEUlICE . .........•..... . .•....... 0 • • • • • " 0 " 266n983, p. 3.
VIEIRA, PRIMO : cA 5e'lchO-No-Iê~ •......•... 266/ 1983, p. 51.
Z
ZEWTAS E JESUS •......•......•••...... • ... 266/1983, p . 14 .

- 531-
lNDICE DE 1983

EDITORIAIS
ÁGUA VIVA. •.. CISTERNAS ROTAS........ 266/1983, p. 1.
CRISE DE IDENTIDADE ... ...... o . . . . o • • • . . . . 269/1983, p. 265.
cEIS A TUA MÃE,.! ...... .. .... ... .. .... . .... 268/1983, p . 177.
NATAL, NOVA ORDEM DE COISAS .......... 21:U1983. p. 441.
(NOS. OS PEIXINHOS ... :ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . n()fl983, p. 89.
QUARESMA E PASCOA .. .............. ..... . 267/1983. p. 89.
LIVROS APRECIADOS
ALVES, Ephralm Ferreira, A t~ do denUstas e a
tI. do crente •••••• •••••••••. ' ••• ••••••••••.• 266/ 1983, p. 85.
ALVES, Rubem, F1Io!Jof1a da ciência. Intrpduçio
ao JOCO e sua. regT86 ••••••...•.••...••.•• • 266/1983, p. 86.
BA'ITISTINl, FR. FRANCISCO, Meu Cristo
Total Roj& ••• •• ••••.• • ..•.••• o • o ••••• •••• • 271/1983, p. 522 .
BEOrn, Pe. JcSl, Esplrltos quo lncomocIam • o • • • • 266/1983, p 88.
Blbtla, M,.....«n de Dewr. CoedlçAo da LEB e
da Loyola ..... .... . ........ .............. . 27lI1983, p. 520.
BIblla 8agftda.. VersAo dos textos originais pelos
CapuchlnhOl de Portupl, Ed. Santuirto .. 266/1983, p . 85.
CASTRO. C. SS. R., FlAvio Cavala de , Para ler
aBlb1la . . ... o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 266/ 1983, p . 87.
CódIgo de Direito Can«)nloo ., ••• •••• o • • • • • • • • • • 269/1983. p. 288,
COMUNIDADE DE M:S:DlCOS CRISTÃOS. T60-
nlca do poder da mente e ".tvaçiIo ...... . 268/19&3, p . 261-
COMBLIN. ~OSl:, Jaus CrUto e na rnlIIIio ... . Z7lJl983, p. 521.
COORDENACAO DA . PASTORAL DA PERI-
FERIA DE SALVADOR (BA). IllItórbo do
Braall 2' e S' cadernos ••••.•••••••••••.•.. 286/1983, p. 86.
DONINI. Ambroglo, HiAt6rla do CrIItlAnbmo.
d-. O rlsoens • Ju.tln1uao ....•....••......• 269/ 1983, p. 352.
ETSPUElLER, S. V. D., Pe. José. Euearlst1a,
Cantro de OontunlUio ..................... . 269/1983. p . 351.
FIGUEIRA, $amueI Novaes, na orlpm do ho-
mem .. ................................... . 268/1983, p. 2M .
GONZÁLEZ. Pe. AUredo Pérez, Deus te espem 268/1983, p. 261-
KLOPPENBURC. OFM., Dom Boaventura, ]peja
Popular " ........... .... ............. .. ... . 269/1983, p. 352.
MAlA. S. J., Pe. Pedro Amérko, Pe. Leonel
Franca . . .......................... . .. ... .. 266/ 1983, p. 88.
MARTINS, B. W., MaTlnho. Rellg1lo para .teus 266/1983, p. 87 •
MOHANA. JoI.o, A Oraçlo de cada Idade ..•. •• 27Vl983. p. 523 .
NEVES, Audll.llo, JKar-a DO Evanrelho •. •.•. . . 271/ 1983, p. 523 .
PASTORINO, TORRES, lDnuf'.ol da Sabedorta . • 271/1983, p. 524.
PATFOORT, 0, P., Albert, O lIIIItêrlo do Deus
VIvo •••••• . .••..•.• .. •.••.••.• . • .. •. . •.••. 269/1983, p . 350.
PRELAZIA DE S. Ftl.DC no ARAGUAIA,
Igreja, o Que A ••••• ••• ••••••• , •••••••••••• 271/1983, p. 520,
SA, !rene Tavares de, O Prlnclpe da Pnz ..•••• 268/1983, p. 2&3.
TRESE, Leo J ., A FI. expOcada ........ . . .... . 268/ 1983, p. 262 .
TREVISAN, Lauro, OI poderea de Jesus CrlstIo 268/1983. p. 260.
VÁRIOS AUTORES, Jesus Orlato, Ed. Cidade
Nova •••••• • .....••••.••••••• .. ••.•. •...• •• 271/1983, p. 521 .
- 532_
lND1CE DE 1983 93

AMIGO. SE ESTA REVISTA lHE FOI OTIl, QUEIRA DIFUNDI · LA.


lEMBRE·SE DE QUE MUITOS SEMALHANTES SOFREM DE PROBLeMAS
QUE ELES NEM SABEM EQUACIONAR POR FAlTA DE DADOS BÁSI.
COSo PR DESEJA OFERECER MAT.eRIA PARA REFLEXÃO.

QUEM OBnVER CINCO ASSINATURAS NOVAS, TERÁ DIREITO


À SEXTA ASSINA1lJRA GlfATUITA. QUEIRA, POIS, DESTACAR ESTA
fOLHA E: ENVIÁ. LA A PI, CAIXA POSTAL 2666, 20001 RIO DE
JANEIRO Ilt1l. DEVIDAMENTE PREENCHIDA, COM O NUMERÁRIO
DAISI ASSIN'<TUR.<ISI.

ASSINATURAS NOVAS
11 Nome: _ _ _ _ .____ ... _ _ _ .___._.__ . _~"' ___ "_.~ __ _
Endereco eompleto: _ __

--_._-------------
21 Nome; _... - -....___ __ .__
~. .~._._. __ .__ ._._._. _._ .~ ...__ .. ___ _
~

Endereco completo: __ .~ .. M _ _ _ _ •••M _ _._N_ _ _ • _ _ _ • _ _ _ _ • _ _ _

3) Nome: ._--------------_._-----
Endere(o completo : .__ .__._.__ ._.. ~. N. __ ._~. __.N.. __ .__.___ .__

Endereco completo: ______ .___ ._. _ _ ._ _ _ __

5) Nome, __ .______ ___ .N ___ ..M._._. ___._._.___ .. ___.__


.~

--..-_._.......__.__._-_._--_....._........__._---
Endereco completo:
-----_.__._-----------_._----
ASSINATURA DE conESIA
Nome: - - -----_._-------_._._---
Endereço completo: ______ ._. __ ._._. ___.. _._. __ .. _. __ ._.. _H. __ ._
Doador,

-533-
NO PR6XIMO NATAL

E NO DECORRER DO ANO VINDOURO,

TORNE-SE PRESENTE AOS SEUS AMIGOS

DANDO-LHES O PRESENTE DE UMA ASSINATURA DE PR_


~ AJUDANDO OS OUTROS A DESCOBRIR

A BOA-NOVA DE JESUS CRISTO

QUE SOMOS MAIS E MAIS PENETRADOS


POR ESSA BOA-NOVA

- 534 -
lNOICE DE 1983 95

PREZADO LEITOR.

EM SEUS VINTE E SEIS ANOS DE EXISTENCIA, PR TEM PRO-


MOVIDO SONDAGENS ENTRE OS SEUS lEITORES A FIM DE LHES

PRESTAR O MELHOR SERViÇO POSSIVEt. AGORA, POIS, A REDA-


çÃO DA REVISTA APRESENTA-LHE ALGUMAS PERGUNTAS, CUJAS
RESPOSTAS INFLUIRÃO NA CONFEcçÃO DOS PROXIMOS NúME·
ROS DE PR. DESDE JÁ. PR LHE AGRADECE A COLABORAÇÁO.

1) PR lem·lhe sido viii? __ ._. __.__ .• __.....__ .. _._._. ____.__

Por quê? _ _•_ _ __ .___ .. ____ .... _ _ .__ .__._._

-------------_.._-......... ....-._-_._. .- __..._----


21 QuoÍl os lemos que mais servic:o lhe têm prest-odo? _ _

-----_._--------_._-
31 Quais as questões que menos cortespondem DOS seus Inle.

reneS? _ __ ._____.___.____. .___ft_


. _ - - - - ----_._--_._---_._---
._-------_.. . . ._._ ...._- __ __ __
. _ - - - - --- - ---------_._-------
-535-
96 lNDlCE DE 1983

.) São-lhe valiosos os cem.n.ários de livros? ~ _ _ _ __

QueIra explicor por quê: ___ . ~. _ _ _ ~.._._ .._. _.__ .___ _

__
- _. .. _-----_._. __ ._---_. __...__-_._----
..

------- ---------------
- _ .__. -

51 Que assuntos sugere para as próximos números ? _~_'_

-------_._--_. __ ._-_._--

61 Que moil tom a diz:er paro o bem da nOSlo revisto?

Queira faur suas criticas e observações

----------_._--_._---_._----

-------_._----------
A sua resposta sorá de grande valor para PRo Contamos com
ela. Queira .nvió·lo 6

Redacao de PR
Caixa paI tal 2666
:20001 A:io d. Joneiro (RJ)

-536-
EDIÇOES "LUMEN CHRISTI"
MOSTEIRO DE 5.0.0 BENTO
Rua Dom Gerardo 40, - sq andar - Sala 501
Caixa Pos1al 2666 - Tel. : (021) 291-7122
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Abade de Marlldsous na Bélgica . ... , ... . .•... , .. . C<$ 3 .000,00
JESUS CRISTO EM SEUS MISTtFUOS, O, Columba Me.rmlon C" 3 .000,00
JESUS CRISTO IDEAL DO MONGE, O. COlumba Me.rmlon C" 3 .000,00
CONFISSDES, de Sinto Agostinho, 10' ed. portuguesa C" 3 .500,00
TEOLOOIA DE SAN PABI.O (BACl . José Maria Sover SJ C" 10 .051,00
EL SENTIOO TEOLOGICO DE LA LITURGIA, D. Cipriano
VAGAGGINI 058 . _.... •... . ... •.. . ....•.... C" 1~ . 150,OO
JESUS CRISTO Y LA VIDA CRISTlANA (9 AC), Antonio
Aoyo Marln OP ........ . ..... . . . .. . , .. ... .... . C" n . 251,OO
CRISTO NUESTRO HERMAND, Ka,l Adam IHERDER) ... C" 5 ,409.00
VIDA DE SAN JUAN DE LA CRUZ i BAC>. C,I16gono da
JasuSc ..•.... . •. •.. . . . _• • . . . .... .. , • CrS 12 .679.00
ANTOLOGIA DOS SANTOS PADRES, O. Cirilo Folch Go-
ma, OS8 (Paullnos ). Pág inas 881ela. dOI antigos
escrltore. 8cle.16IlIcO$ .. ...... .. .. . .. . Cr$ 4 . 600,00
AMIGOS DE DeUS ( HomUlal), P . José Maria Escrlvl Cr$ 1.600,00
n1!ND!:.SE. PeLO REEMBOLSO POSTAL

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