Os espíritas estão pelo menos cinqüenta anos atrasados em termos de tecnologia de
comunicação social. Fazem uma TV e um rádio com sotaque religioso e piegas (quando o fazem), priorizam a mídia impressa de forma amadora e não conseguiram compreender ainda que a parte mais importante desse processo é o público, cuja vivência com os meios de comunicação caminha a passos largos em direção à interatividade. Por tal razão, mencionamos neste artigo os cinco pontos que consideramos fundamentais para uma prática comunicativa espírita, diante das novas tecnologias e da prática atual do Espiritismo: Salto tecnológico qualitativo. Parece-nos fundamental o domínio dos meios visuais de comunicação, além do encaminhamento de ações voltadas para o computador e as tecnologias avançadas de comunicação. A priorização do livro é positiva, contudo excludente, quando não complementada por outros veículos, capazes de alcançar faixas maiores e menos intelectualizadas de público. Interatividade fraterna. Há razões para acreditar que os principais veículos de comunicação serão, em tempo muito breve, aqueles que dispuserem de meios de interação direta com o receptor, liquidando a prioridade dos media centralizadores da informação, como as atuais redes de rádio e TV, em favor de sistemas de rede descentralizados como a Internet e os sistemas interativos de rádio e televisão. Os espíritas devem interagir com o meio social, ao invés de pretender a construção de um discurso monologal e ideologicamente policiado. Superação do conversionismo. Ainda que digam o contrário, é possível identificar em grande parte da prática realmente existente dos espíritas uma finalidade conversionista, provavelmente advinda dos atavismos das religiões tradicionais, cuja influência sobre o movimento espírita nos parece nítida. O tornar-se espírita é claramente visto como um sinal de evolução espiritual, e o contrário é interpretado como falta de lucidez, manifestando uma espécie de etnocentrismo próprio das religiões ocidentais vinculadas ao tronco judaico-cristão. Do ponto de vista da comunicação, o interesse pela conversão é autoritário e anti-dialógico, exigindo ser superado. Discussão social. A temática constante na opinião pública é um importante referencial para direcionar a contribuição espírita na construção da mudança sócio-espiritual da sociedade. Auto-sustentação financeira. A inserção da ação comunicativa espírita no domínio das novas tecnologias implica num aporte de verbas que, em alguns casos, é bastante significativo. Se produzirmos modelos interessantes e atraentes para a audiência, torna-se possível a viabilização de patrocínios e veiculações comerciais, eticamente controladas, o que torna o sistema auto-sustentável do ponto de vista dos recursos materiais. A Revista “Goiás Espírita” e o programa de TV “Espaço Aberto” são tentativas de se alcançar um modelo próximo desses referenciais. Em outros artigos, voltaremos a esta questão, contribuindo com detalhes para a compreensão dessa proposta, inserida no que temos convencionado chamar comunicação social espírita.