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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Reitr Ricardo Vieimlves de Casto Vice-retor Paulo Roberto Volpato Dias wer EDITORA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Consetho Editorial ‘Antonio August Pasos Vide rick Flinto de Olivera Flor Sissekind Teale Moricni (presidente) Wo Barbieri [Lcia Maia Bastos Pereira das Neves Jean-Marc Besse O gosto do mundo Exercicios de paisagem Tradusio Annie Cambe ed. er Rio de Jancico 2n14 Copyriet © 2014, en Me Bese. ‘Tite = oi Monde © 2009, Aes SUSE, Ae “ion den denn eo rererador Lin deter do Ean do Se hc ‘Spams prospec heed me cm ee Eien UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘ures (sean (mea ‘ese conor lier Een tad Men ‘atte ih tds Bch ‘enor ero esis ‘ston Pcie ao Sie Coder evi Fb Foe evo ana ran Mains ui owen rin Daz Pee Diana Emo dar ‘caraLocagho na rovre JERIREDE SRIUSNROTEC 3559 Bese, Jean Mae ‘© gosto do mundo: exrcicior de pszgem! por Jean ‘Mare Bee adarso de Annie ambe~Ruo de nc "BAUER, 2015, 234 p.~(Clissicos da Ciena) ISBN 978-85-7511-339-4 |. Plangjameno urhano. 2. Eepag (Argue) Thal. court Inagm cap dep de Te aad cp, de Pip Mig (1957) Sumario P6090 nnn a 7 1. Ascinca poras da psisagem ~ enssio de uma careografi das problemdcicaspaisagisicascontemporines. - n TL, Geografas aces. : irate? IL. puisagem, entre a pollia eo vernacular. 103 1V. Carografa, conse inventar~ nora parauma cepisemologia do encaminhamento do projeo. 141 V. Paige, hodologi,picogeografia.. ao 83) Nota sobre origem dos text05 nan ao 203 10 pode mink: rsx pungn sentagbes¢ das pritica. E nesa pespectiva que o presente lio protende sieuar-se, (Os enssios que compéem esta obra sio 0 desdobramento ¢ 4 refotmulacio de alguns textos j publicados, em como de con- feréncias c curios que tive a oportunidade de propor a péblicos ‘atiados nos dlkimos anos. ‘Quero aproveitar 0 enseo para agradecer aos colegas, ami- gos. estudantes que, ness dverss circunstincis, companha- fam o desenvolvimento das minhas andlises, nto na Ecole Ne tionale Supérieure du Paysage ~ ENSP, de Versalhes, no Instituto de Arquiteura da Universidade de Genebra, na Ecole Nacionale Supérieure en Architecture et Paysage ~ ENSAP, de Lille, nos Car~ nets di Paytage, quanto na equipe EGO? do Centre National de Ja Recherche Scientifique ~ CNRS. Este livro também é o teste runho de uma parcera intelectual e profisional com Gilles A Tiberghien, a quem disjo meus agradecimentos especas ina ne obs xigem dor eos inser no inl do vlume. » Equipe Pars-EHGO, Ineacon pale, Epsemoloi et Hist de a Geo. pape (N. da 8. I. As cinco portas da paisagem — ensaio de uma cartografia das problematicas paisag(sticas contemporaneas © que & a “paisagem” nas culturas espaciais modernas contemporiness? Qual “realidade” ¢ indicada com ese nome, us sfo as priticas os valores que correspondem a esse nome, € quais sfo os objetos que resultam dele? Na verdade, & muito dificil responder a essas perguncas.' O historiador da cultura estd confrontado com uma conjuntura teérica e historiogréfica com- plexa, ambigua. Efecivamente, existem, atualmente, uma polis semia ¢ uma mobilidade essenciais do conceito de paisagem, & essa stuagio tedrica deve-se, em parte, 3 atomizacio profissonal e académica das diferentes “disciplinas” que fzzem dela eu campo deestudos e de intervengSes. Sabemos que a paisagem & um obje- 10 no apenas para o paisagista, 0 arquiteto ou 0 jardineiro, mas também para a sociologia a antropologia,a geografia a ecologia, a teoria lterdra, a filosofia ec. E nada gorante que esas diversas disciplinas, quando confrontadas & questio da paisagem, penser ‘na mesma coisa e mobilizem as mesmas referencias inelecruais. 7 Eeconramos uma perplesidade andloga no ini do ens de Calo Tosco, 1 pepo come stoi (Bonk: I! Mulino, 207), se prop, enetaca a Tera de ecomstrao hiss do ene, Ver tb: Wy, J. Lande ‘zie London and New Yor: Rousedge, 2007; bem como: Deu, RE, Jed) Landase Toy London and New Ye Roles, 008, 12 Odom: aren agin Podemos, entrecano, peresber hoje, de forma gral, cinco pos- sis “curadas” nessa questo, cinco problemas pasagiics que verdade que a paisagem também é uma mancira de vere imaginar 0 mundo, Mas € primeiramente uma realidade abjetiva, material, produzida pelos homens. Toda paisagem € culeural, nfo essencialmente por sr wste por uma clr mas essenciaimente por ter sido produzide dentro de um conjunto de privicas(econdmicas, politica, soca), segundo valoces que, de cere forma, cla tnbliza. Jackson adota aqui o mes- smo ponto de vst sustentado por Brie Dardel em I'Homme et de Tere: “ool psagem nfo 6, na sua etna, feta para ser clhada, mas sim insergio do homem no mundo, garde ta pela vida, maniferagio do seu ser com ot outros, base do seu ser socal" ‘A prépiahiséia da palavralandeape (mas cambém da palavea pase), tal como Jackson a reconstgi no primero cae pitulo de A le cower de pase vernal, defende a sua posigio. Landpe & compost de land e wap, “Até na etimolo- gia mais remot, lend sempre designou wm espgo definido, com Frontiae, mas nio necesriamente cers ou mus." ‘Apalavra land design, primeiramenteo que os camponeses chamam de “terra isto 6, um expago que é #0 meimo tempo, fechado e fie parte de wm expago mais amplo, que € abero. A fouma sap, assinala Jackson, remete a uma familia de termos que designam “aspectoscoleivos do meio ambiente: hen shape, dip. Nese ecto, emetea nogbes de conjunc, de coleao, de ssems. pol % Dude E. Hm le Tre Psi: CTS, 190 [1952], p44 A respi ds concep dardlana da psager, vr: Bese JM. Verdi ee. Sexe se ape le gagraphie Areal erie Aces SudENSP, 2000, pp, 125-4 » Juclaon, J BoA edie di page reracdie. ese, ces Sul NSE, 2003, 9.53 recncopermnm: 31 Podemos fazer © mesmo tipo de observagées a espeito da palavra alema Landschaft (de onde deriva na realidade landicape) ¢ da palavea francesa payage. Alguns historiadores nocaram a ligagso centre -chaft as nogées de conformacio, organizacio, contidas no verbo schaffen, que se enconcra, por exemplo, em Gemeinchaft (comunidade). Da mesma forma, em francts,™ -age remete 20 mesmo tempo 8 ideia de uma acio (gragas 3 qual algo é realizado ‘ou produzido,jardinage)e idea de uma colesao, de um conjunto (jewillage). De qualquer forma, para Jackson, a consequéncia & clara: a paisagem é “uma composicio de espagos criados pelo hhomem no solo”. H4 um milénio, acrescenta, a palavra “nao tinha nneda a ver com a encenagio ot a evocagio do teatro” Por conseguinte, © primeiro objeco que deve preocupar aquele que estuda as paisagens é a forma como 0 espago foi or- ‘ganizado pela comunidade. Ler a paisagem € pereeber modos de organizagio do espaco. Estudar a organizacio do espago quer di- ‘ze, por exemplo, responder &s seguintes perguntas: como a.co- ‘munidade traga uma fronceita reparce as terras entre a falas, constrdiestradas e um local para as reunises piblicas, e reserva terra para 0 uso municipal?” A paisagem é um espagd socal. Con- vém interessr-se, de forma mais geral, pelas formas espaciais © sua diversidade, pelos elementos estriturantese pelas dinémicas, rmorfologias fluxos que as atravessam ¢ as transformam, pelas descontinuidades do espago eipelas cirulagées, pois todos esses ‘ragos permitem caracteriar uma paisagem: o ponto de vista me- todoldgico de Jackson, que ele procura pdr a servigo da arquiretu- ra da paisagem, € 0 de um gedgrafo. ‘A organizacio espacial da paisagem traduz, ainda, uma forma de organi2acio da sociedade, bem como as representa- También Zo assem porugus adinagen, flag (Nd > Bid p35. Bid, pp 146. 32 Om dominio de een es € 08 valores culturais que atuam nesta sociedade, A paisa- ‘gem é uma forma de os homens darem uma medida e um senti- do & superficie da Terra. Toda paisagem, de um modo que the & prépri rio seja “consciente", mesmo se for a craduslo inconsciente da organizagéo de uma vida social. Consequentemente, aquele que pretende estudar as paisagens tem como tarefa primeira & >. €relativa 2 um projeco social, mesmo que esse projeto cssencial ler einterpretatas formas e as dindmicas paisagisticas para aprender nelas algo do projeto da sociedade que produziu esas palsagens.* ‘Num artigo publicado em 1969 na revista Landieap, Jacke son deseacou essa dimensio projecal de toda paisagem, em gera, convocendo uma analogia interessante com a cartograia: ‘Uma foxma dl de defini a goograia culurel€ dite que 60 e#- cdo da organizacto do espago,o estudo dos motivo aleatérios (random partes) que impomes na superficie da Terr pla nos vida, noso tbalho,e nossos deslocamencos. Segundo esa Aefnigio, a paizgem pode ver vst como um mapa vivo, uma comporigio de ins de espagas no muico diferente daquela {7s conclu do sea ive sobe shits dos aroredas da Fang do Oct, “Annie Anoine converge com as ince de Jacksons "O aspect dos ampos 6 dos eas inutssiomanifesaes de Ferma como o espa €uilizado pesado pelos agricul (-] A prigem apuece como o eed do fare ‘Ghnamento de una socnade em dado momenta. [| Inerogar 2 pia fm termos de hisorador conse por employ em cera como se adams to soloa vaiedade das parcels, as propredades 2 ds tcl gis. Dz dlr ds rotate curs das métodos de coteuio «de manteno daz ‘ere dar nen de voua ed blo do solo depend obviamenteo eps ‘ods paige rl” (Le Dang de Uizorien, Arslan de (Oe (dla Pre Upoqne moder, Renae: Pree Universalis de Rennes, 000, 1p. 229.30) Annie Antoine io despre, po outo ldo papel das represen {Sybesma consroio hindi de psa Jesroedoe ifcador,embors em maior scala Jackson, J.B, 1969, p33).° [Nese sentido, as distingBes que costumam ser fetas entre 1 paisigem comum, que seria produzida inconscientemente por uma coletividade humana, e a paisagem intencional, que seria ‘conscientemente projtada pelos profisionas, assim como as dis tingbes entre a construcio civil ea arquitecura de paisagem, sio distingSes que deixam de ser tio rigidas: pois, em todos 0s casos, em todos 05 nivis, 0 objetivo &a organizagio de um espago que ppossa responder a necessidades humanas, A paizagem € uma obra coletiva das sciedades © aspocto “morfoligico” da paisgem & na redidade, a ex- presso de uma relagéo mais profunda, "erial’, ene o homer a superficie da Terra, uma relago ative e priica pela qual 0 hhomem transforma 0 seu meio natural. As aividades humanas inserevemrse no solo eo tansformam. A pltagem nfo, poran- to, um simples conjunto de expacos organizados életvamemte pelos homens. E também uma sucesio de rastros, de pogadas que 5 superpdem no solo e constinuem, por assim dizer, us eapessura tanto simbdlica quanto material. A paisagem também é um lugar cde meméria, no sentido que dé x0 terme Maurice Habwachs:“O local ocupado por um grupo no & como um quadro negro sobre co qual ¢ podem escrevere apagar nimeros ¢ figures. (J (Ele recebeu a marca do grupo, ¢reciprocamensc'® ‘jacaon BTA New Kind of Spee” Landa, 18; 1 196 p38 “© Halbwachs M. Le Menor clei. Pr Albin Michel, 1997 (1950). p. 196, panagern no & como um quadronegra, mas sim como um palm esto: cosern el a mares dus camadae de cea que fram tsps ¢ papas Sabre esa questo da meré, er Maro. "Latedela memoire [eerste et Pachitere’- Op. ce (Hoje read em Sabrent and 24 Ope de marin [A paisagem, nesse sentido, é como uma obra, ea terra, 0 solo, os elementos naturis si0 como materiais aos qua of ho- mens dio forms segundo valores euleuras que também evohiem no tempo e no espago. A paisager é uma manera de 0s homens inscreverem sea meio terrette dentro de uma duragio ou de uma durbilidade que nfo se confundem com os vitmos natusis, teansformando assim ese meio em munda histérco.* [esse ponto, Jackson passa a herdciro de uma época do pensamento geogréfico Fancts a0 qual, lis fx referéncia ex- plicits. Podemos ciear aqui Jean Brankes, que foi um dos seus Principais representantes no inicio do século XX. Pata ele, a sividade humans, “[..] radus-se em obras Visiveis e rangl- vei em estradas ¢ em canais, em casas ¢em cidades, em des- roitas ¢ em cultvos. [..] Hd no solo uma marca continua do hhomem" © objetivo do gedigrafo, nese sentido, ses, ances de tudo, a andlise ea deciftaio da “obra pasagstica do homem?”,naexpres- so de Pierre Defontains. Dat, chegaremos & seguinteconsequéncia: convém lembrar sempre que a paisagem no é a naturez, mas 0 mundo humano tal como ficou inscrito na natureza 20 transform/-la, Um mundo isto, hbrido, ness sentido, nem roralmente natural, nem to- talmente humano, mas 20 mesmo tempo natural e humano. Na- curera humanizada, humanidade naurlizads: a paiagem é uma realidade onclégica de um gener préprio, dorado de um espaco e de um tempo que Ihe 0 prépros. Jackson destaca ese ponto cm viroserechos: the Artof Memory, “Architecture Landscape Urbane 8 Loder: Archi recur! Associaton, 2003, Ch Arend La Coton de Pomme made Pai: Calann-Léy, 1968 “Brunke, Le Gopphie maie Pri Alen, 1912, 4 Uma paisgem nio é um elemento natural do mio ambiente, mas um espa snc, tm sistem atl de pagar super posts a supedicieda Tera, qu funciona e evolu, ao egundo leis narras, mas para serviruma comunidade (J. Assim, uma plsagem & um espag crado proposcalmente para aclerar ou par rolher 0 proceso natural [.] Represents o homem assu- ‘indo o papel do tempo (Jackson, J B., 2003, p. 55) Em outras palavs:@ paisagem faz entrar a natureza no tempo histérico ‘A “obra paisagistca” nfo é, entretanto, uniforme na su- pedficie do globo, indica Jackson. E necesito leva em conta 28 diferengas de poténcas de orientagbes, que intervém na relacio {que os homens mantém com o “maverial” erreste, Da China & Europa Ocidental, como em todas as outras partes do mundo, ‘0s homens cornam-se gravadores,escltores ou modeladores, Mal tocam a tera ou, 20 contro, eransformam-na radialmente, em Fungo das possibilidades de um material natural que é mais ou menos fivorivel, mais ou menos “pistco”, mas também em fun- ‘fo dos seus modos de produsio e dos ideais espiritias e morais {que acalentam. A aparéncia da paisagem traduz essa attude cul- tural varidvel da humanidade em relagfo 20s meios naturis nos «quai Ihe coubeviver ‘Mas podemos também deduzi outra consequéncia, elativa 20 sentido da paisagem. Qualquer que seja 0 projeto que veicula, 4 paisagem é a expressio de uma indagasio a respeito do bem estar ou da “bos convivéncia” das comunidades humanas,encar- na uma indagagio sobre os valores que podem fundamentar esa “boa convivencia”, bem como sobre 0 quadro espacial e material real dentto do qual esa “boa convivéncia” pode ser realzada, ‘Tacane, BA eden a pape versie, Op. ie p88 Pois, como esereve Jackson, foi assim que as pasagens fo- ‘am formadas, sempre; nfo apenas por deciso ropogréfica ou po- lisica, mas pela organizacio das pessoas no local e pelo desenvol- vimento de espagos a servgo da comunidade:erabalho lucrativo, bez, contatos humans, contatos com a naturezs, com 0 mundo exterior. De uma forma ou de outa, ees 810 0 abjetvos a que tender rods as paisagens.. ‘A nogio de paisagem adquire aqui, portanco, como se vé, uma signifcagio muito abrangente: a paisagem é um espaga politico, eralvez um espago mais socal e cukural que politico, Observacio decisiva, pois permite relatives, ao mesmo tem po, a concepgio estetizance (ou pitoresca) da paisagem ea con- cepgéo determinista. A wes esd claramenteenunciada num at- tigo publicado em Landscape, durante oinverno de 1963-1964 (volume 13, n* 2), a respeito da conservagio das paisagens rele, podemos ler que, entre todas as razses que se pode ter para preservar um fragmento de pasagem, a ran exttica € certamente a mais pobre. Temos que achar novos creérios para svaliaras paisagens, exstentes ox Furura. Para tant, é preceo abandonar o ponco de vista do espectadore e questionar sobre o interesse que o ser humano teria de vive nesaspaisagens. As perguntas que dever ser Feias nfo so primeiramenceetéica, mas sim as seguintes: quis possibilidadesoferece a paisagem pare o ser humano vives, para ser live, para estabelecer re- lagdes sensatas com os outros homens e a prépria paisagem? Qual é a contsbuigko da paisagem para a realizago pessoal e 4 mudanga social? A resposta de J.B. Jackson a esas pergun- tas éinapelivel: nunca se deve mexer na paisagem sem pensar naqueles que vivem nela. Afinal de contas, sea paisagem tem um sentido e sobretudo, se projeto de paisagem pode ter um sentido, & porque o desafio ¢ tornar o mundo habieével para ibid, p77. ‘6 homem. © eixo central da reflexo esté af: @ paisagem é a ‘expresso de um esfargo humano, sempre frigil ea ser ecome- “ bem da verdade,a distngdo entre pasagem como dado natural a pai- sagem como produto Socal, vindo a segunda somar-se& primeira (paisagem natural + pasagem culeura),¢ hoje considerada como artificial por outros geéprafos, que desenvolvem as pesspectivas de uma “geografiahibrida™® Seria mera dscingo intelectual. A paisgem seria, na realidade, uma arciculagio da narureza e da sociedade, uma integragio dos didos naturss dos projeros hu- ‘manos, uma velidede sinica, como vimos em Jackson. Nesse sentido, deve ser entendida como uma toaldade especfics que ro se limita aos elementos natursise humanas cujas combina- feta constinuem. Georges Bertrand diz isso de ouers forma: Anes mesmo de homem medelr nova pages em copier do mundo ‘onde sta interven de modicov em nada is combina dor rma ‘torr do sine Ter, ple sxsom, At os meio Freneate nape ‘aos, a psgensconervam ss dmensies fies” (Metcie, Dei. Le Com. meade pages en gpl pique Pai Armand Calin, 2004.6) Wma, 5. hd Gophers Cars Spe Landon SAGE, eco pa pag [A eoumerasio 2 alse em separado dos elementos constics- tivo e dar diferente carscerisicasespacii,piclgcas, eco bimicas,ecoligicas ec, do permite dominar a toalidade. ‘A complexidade da pasagem é 29 mesmo tempo mofolgica (orm), constcional (sure) ¢ funcional, e nio deveros rentar eds pela diviso, A psisgem um sistem que cobre ‘ano natural quanto 0 social (Beruand, G., 1978). De forma mais gerl, © natualsmo deve enfenca aual- mente sas citcas, tanto no plano da flosofa quanto no da antropologia. Na sequéncia dos estudos recentes de Philippe Des- ‘cola ¢ Bruno Latour,” a tendéncia hoje ¢ de falar de uma su- peragio do dusliemo homem/naturea, tipico do natraismo do Pensimento modem. No sentido oposta dese duslsmo, para pensara paitagem, recorre-se hoje as nogbes de hibridario ede as- sociagio do humanoe dono humano, associagbes que podem, & ‘bem verdade, assumir aparéncias varidveis em fungio das culturas ce das épocas. A paisagem aparece cada vez mais como ua enti- dade relacional,e que devemos pensar eta “relaionlidade”. ‘Convém destaar, a ese respeito. 2 importincia do conceto de meio ou, mais precisamente, de medianga proposto por Augus- tin Berque para dar conta da cotalidade das relagées consticutivas das realdadespaisagiias: a paizagem & uma entidade medial. A paisgem ¢ ao mesmo tempo, cesvencialmente, totalmente natural e roralmente cultural. E 0 elemento onde a humanidade se naru- Berwand,G. "Le payage ene natu el sce”. Ree Gippbiqe de Pyne dc Sud Ont, 9, 1978, event in Roger, A (ie). La Thsrie «ha page on France (19741994) Sepals Chap Vllon, 195, p99. Ver, de Fox gen: Brand, Ce G. Une gape erste wionemen a ea enteric temper Pati Argue, 2002, 9 Latour 8. Pique dl nse. Psi La Dézouvert, 2004 (1999) Desa, ard le nee lee, Pari Gala, 200. Ver ain: Campo jun, 2002 "La nate lle i signa 42 One do mun curser ce pages raliza© onde a narureza se humanita (ese simboliaa). E é 0 que invalida, no fundo, por prineipio, qualquer abordagem unilateral da paisagem, sea ela “antropocentrada” ou “naturalists”: a paisa- gem deve ser definda, mais rigorosamente, como mci. ‘final das conras, pereebemos que € posivel considera eo- ricamente a paisagem como uma realidade aurdnoma, sem que seja necessrioreduzir ess ealidade a uma pura simples realidade “na tural” no sentido cisco do temo. A posigo “relists” no pode ratando-s da paisagem. ‘Mas, sobretudo, o ponto esvencal éo seguinte: qualquer ‘que seja a valéncia omtolégica particular que se atribui 8 paiss- {gem (natural, cultural, hibrida), € possvel concebé-Ia como uma realidade em parte (€ numa medida que pode ser grande) inde- pendente das repescntagSes e das ag6es humanas (0 que nem por isso far dela uma pura e simples “realidade natural”, vale repett). Consttui uma ordem de reaidade especifica. E um ser préprio. O que quer dizer, também, que se desenvolve segundo uma racio- nalidade prépria. Mas, ent, sea paisagem possu tal realidade substancial ese apresenta, pelo menos a iulo de presungi0, como uma totalidade sui gener, nfo €ilegitimo, nem talvezimpossivel, procurar analisaros diferentes componentese dete 48es que sio consttutivas dessa realidade. Em outros termos, nfo 6 ilegitimo procurar caracerizar as dintmicas de racionalidade entre as proprias aparéncias paisagisticas. O conceto de sistema, uilizado por Georges Berrand ¢ pelos ecélogos da paige, for- nece hoje um dos suporcs Igicas dessa tentativa,e permite, no undo, propor explicase € modelizagdes quanto ao funcionamen- to expecifico das realdades paisagisticas.? partum deeovolvimeno dea perpen: Bemus, A. Miance De mi licen pugs Monee: GIP Racin 1990; bret: Eanes besion 8 Fede lia basing Pais Blin, 2000 © A melhor ined geal em Lingua con, ecloi paige concn ‘endo: Burl Fe Bary. lp du page Coma, ibs appli O sistema da paisagem Mas, entéo, 0 que a paisagem, concretamente, nessa pers- pectiva? De que & composta a realidade paisagistica? Encontramos rela, € verdade, topografa, geologia, formagies vegeta € grax pamentos de animais, condig6es climaticas, hidrogréfcas, pedo- legieas ete. Entretanto, encontramos também prédios, reunidos de forma mais ou menos densa e servindo a usos muito diversos (habieagio, culto, comércio), vias de comunicagéo, estradas,fet- rovias, instalagées agricola, mas também industrais, que afetam cde forma mais ou menos profunda o solo que os sustenta (extra- ‘io, evaeuacio dos residuos, simples posicso sobre uma superf- ie ex). Essesdiversos elementos interagem constantemente uns ‘com os outros. O que significa que uma paisagem &, antes de tudo, uma totalidade dindmica, evolutiva, aravessada por fluxos de naturera, incensidade e directo bastance variveis e, por isso, Ihe atsibufda uma temporaidade p Além disso, esses fluxos de matéria e de energia,essas ro- «as de informagées, ess jogos de forgas ence os diferentes ele- ‘mento que compem a realidade paisagistca se Mzem dentro de morfologias espaciais determinadas: as estradas, as unidades de ovoasio, as escrururas parcelares e fundidras, os limites frontei- Figos, atotalidade, enfim, dos recortestetitoraise das descon- tinuidades espacais, eados consticuem quadiras dentyo dos quais € com os quais a cemporaidade prépria do sistema paisagistico deve lidar. Mais ainda, por intermédio dessas distincias, desses dimensionamentos ¢ desses recortes, dio algo como uma “medi- da’, mais exatamente uma ercale e uma ordem de grandeza. As ai TEC & DOG, 1999, Vor ambit: Gergen, P Une db dl poy ‘ng arin, Rennes: Agog, 2007. 0 lea dV. Berduly eM. Ppp ()- Dayageat ine Delegation clique lenin vill liao pes ‘Unsenidade de Oca, 1985, € empe 44 gpm domme Bart epi formas espaciais objets so partes interesaas da evlugio dos process paiagiticon” ‘A paisagem apresena-se ent, nese caso, como wma mor- olga dinémics, mis precsamente como uma toalidade scr vessad por dilécas intemascexternas que se desdobeam entre cexturas, formas espaiise tempor, tos, marérias desoca- das ¢ tansporadas, ¢fungier mais, ot menos, perfamente preenchidas. Essasdiléices, na verdad, consttue a pisagem como tal na sua reaidade concert. Mais globalmente ten, € essa dalica ene, por um ado, cere esabildade das formas e, por outro, renovacio ds fungées, a reorentacto dos Faxos¢ 2 ‘modifcaio da ua intensidade nfm asubsiigio das mara, aque fr, pode-se dizer, hitria da pasagem, Talverpossames it mas long nese pont, econsiderar a dela de una bisa da Palsagem que fos articlada em torna de ms dinémica inrente 3s prprias formas paisgiticas, uma dinimia que se desdobras- se ald, segundo modaldadesremporis no lneres| As vere, 1 forma paisgistie émorfigena”* ela deco isin Rtura do espace iso de forma auténoma, Ve Pinchema eG. Le Fae dele Tre. aris Armand Calin, 1988, pp. 373 oem parca aga 8 p38, que pop ums Temata sities (do conceit de pangs “ Anu 6 podemos emer ao eabalbos de Génrd Chou. Vem pti |e LE es pgs Eissler fre et sre ai rane, 200. Destacreos, pracipalenta ding eit pox Chou ene gut mode |idade eqn semporiatuando ma ai da fos page aon a hiereonis, «dacronin a ueons(pp12527). Ver ambi: Chowuer, "Laplace de anal des syn spat dan rade des pages dps In Chou G. (Les Forma au page Pas ce, 197, pp 24 assim mo do mesa ata Quel nario hii dpe? Oneitons tke cece pu irehooaphie, Ciera Porn: CEAUCP. 2007 © O temo (propaxo por. von) eplicse aide dos mena page cos queeaecem un infludni sobre ae forma ‘ism de Gace cago de fancionamenco” (Chougue,G. Lz ple de anal deste pax [2P-Op cies p-20. rece pu page 48 Come vem, apuisagem em questi no vita aqui une camene come a tedupfo de um valor ou de uma deco hue franc enbora ess imervenham, a cro pono, 0 proces) Faigle, devem ser medidos pla alldade dor cmenos fb ema com ot qua ldam inevavelmente, Podemor até dizer que asa raldade (enquano val, pensamento ou gto) dese ness mediates, Tal como cnccida aq paige, fas suas espacialidades como nas suas ermporalidades, nfo dex de apenas do humane, enibors ee ciel psig 3x tezcs determinant Mas deve serentendida como o pono de Theonto enue as dees humanas eo cojunte das onder taverns (atures soci, hires, espace ex.) mas als Surge tent formulrse Mais ainda, nena pespectiva apis gem pote ser defn como wna ealdade ate epgorem= Fora, oranizadacm cero sentido com aqual os sees humans Wor de se expla, [A paisagem é uma experitacia fenomenolégica Assim, vamos aprendendo, progressivamertie, que a pai- sagem nfo é apenas uma tepresentagzo mental ou uma obra da, altura, Possui uma realidade que pode ser objero das inves- tigacdes da ciéncia, Mais imediatamente ainda, essa realidade paisegistica apresenta-se 20, ser humano num encontro con- creto, diversamente modulado nos seus contetdos e formas. (Ou seja, a paisagem é 0 atestado da existéncia de um "fora", de um “outro”, ‘Mas como referir-se a essa realidade, a essa exetioridade dda paisagem? Duas vis sio possiveis: a ciéncia, como acabamos de ver, ¢ outra coisa, que vamos chamar aqui de experiéncia. A ciéncia nfo é a tiniea maneira de se referr 3 paisager, nem mes- smo talyee a primeira: a paisagem € primeiramente sensvel, uma ahertura is qualidades sensiveis do mundo. A noo de experitncia A sociologia, a antropologia e a histria das sensbildades (Pierre Sansot, Asin Corbin), mas também 2 histia da estéticaf- losofiea (Ernst Casires, Joachim Ritter), bem como muitos estudoe sobre os meios urbanos demonstraram em que a paisegem assumia ‘uma dimensio da relago humana com o mundo e @nacureza que ‘aciéncia madera, por principio, havia descartado: a relagio dizer, mediata, fisica, com os elementos sensiveis do mundo rertestre. A Agua, oar aluz, a cera: todos, aspectos do munda questo abertos 20s cinco sentidos, & emogio, 2 um tipo de geografiaafetiva que repercute 0s poderes de ressonincia que possuem os lugares sobre imaginacio.® Como escreve Barbara Bender, “(.] 28 paisagens ‘do sio apenas ‘vista, mas sim encontzos pestoais. Nao sfo apenas ‘eaxergadas, mas sim experimentadas com todos os sentidos" Te Miasmec leone, Lndurat Finance sciel Prie: Rama "Ls Cl deter Pag tone ere ee [XD le Pris Faanasion, 1990; Sans, Ba Poco Sees Chap Valon, 1985 (ed. Paes. 1995); Vartion papain ass Kline sick, 1983; Ries, J. Page, Fein de Pkg dat lem? made Besancon: impr 1997s Rodan, Sennons Gerba Sn an ‘Pla. Londo: Rowse, 19; Zain Me), Smo urbane, Uc ap rch difrene de Furbanione Montel: CCALLats Miles Pach, 2003, A ‘queso ds incluso dasculurs sensor hoe bem sabe no campo dos ‘sedospinglsins. CE, po exemple, o ababor de Jean-Fanol Agora, de Pascal Amphou, da equipe do CRESSON (Genab), ai come os de David Howes (Empire of he Sere The Seal Cur Reader Ono: Beg. 2004) e de David Le Breton (Lt Ser di monde, Une ancpalegi dee, Pars Mali 2006). Para us iodo era nog de "ear see vex bale Sci, 30,n. 3, 2005. No borat, por enquant,& ‘questo da suo ds “conformers eantopelges da expe a enomenoligis, Bender, B. "Landscapes and Porn Buch, Vc). The Mania Cae Reader: Oxford Berg 2002, p13. Ver ambi: Tiley, Co Phenomena of Landape Plc, Pathe and Monument. Oc. As paingens sto ambien, mei simone anes de ser jes stem cotemplados® ; Segundo exe quae perspec, a psgem pode, nto, sex compre etfnida como o aotcimeto do rca ‘one ene © homem e 0 mundo que cere. A paige & teases, anes deo, una ert Mas no seni ger cs peti pap mtd, a ang csc apresenta come experiencia emet paras humane, cera mane de esar no mundo eter areveuado po ee ‘ltvamenc, no eta apenas de detect eta 2 exiadnia dum foe reas represents mess, ps Colgan dura edad” Nao a i. Ea propria no- io deeper, quando eta da puisge, que Cea Sexpevtnla deve ser emendida aul como wna wi" n ale tnt precsament snd, como ua expo a sea A pasar onsne dads esa presen do corpo an fio de lester, tecadofcamente plo mundo a edt ss text eras { epuialidades a nso algo como um acontecimen, Tete Ss vamete de uma dsobjevag: a pasagem no € ant in bes apreentel pl pennente quanto ft cero mod de er 0 mundo, um ambien, eta manci, mo singula, de parispa do movimento do mundo em deerinado liga. A peisgem €prtmcramente vivenciada e depois, alex fda, 4 Pala buscando, sobreudo aq, prolong avid ov melhor © Tivo que far da plsgem uma expen, Extn pesando cm Mele Pony, comentando Huser a arf da pws € ane 2 exprtnia mada expres do seu pepo sentido A pie gem quaro ou, maior dizendo, ome que sea dado auma ‘Pa a Rrra dese nage, ver: pines Spe "iw and Ame ‘ance: An Esy in Hiri Semantic. Pivphy and Phesmenaogial Re- seach «3, 1.11982, op 1-42; eambén 0.2 pp 162-218, «Mere ny. M. Pombo de erpton, ai Gallia 1945, .X. intensficagio particular da vida psfquica em momento ¢ lugar dererminados. E, na verdade, dizer nesse caso “a paisagem’, jf € dizer demas, & perder 0 préprio momento do “hd paisegem” que nos arrebata e nos eansporta ‘A caminhada poderia constiuir um exemplo fundamental dessa experiéncia da paisagem: e, mais precisamente, ese momen- to particular que € 0 cansago na eaminhads, cansigo que no & rnem esgotamento, nem lessido, mas que resticui a sua disponi- bilidade ao corpo e, como diz Nicolas Bouvier, a sua porosidade fem relagio ao mundo,® que lhe restitui a sua capacidade de ser afetado pelos dades sensiveis do mundo, (© cansago esreve Julien Graq] age como oftador da impres so frogfca; a mente, que vai perdendo, uma a uma, suas de- fas, suvemene estupefita, suavemeate rompida pelo choque do paso monétono, 2 mente vagus apaixon-se por um remo ‘que obceca, uma iuminagio que a sedi, o sume inestimavel da hor preseate (Gran, J 1995, p. 280) Na caminhada, no amago de meu cansago,fago aparccer 0 ‘mundo tanto quanto fago aparecer a mim mesmo, num espaco poroso e comum que é o expago da paisagem, ‘Como goss fontinua Gracq, ao longo de uma jorsd can- sativa de marcha, garda aos ouvidos somente a medulago do ‘anco do mundo, er somente o sl subir edescer sobre a Teer, 70 canago da caminhada,ccene Nicol Bouvier so cepa 20 monaso| Haein, na Cori rome pos, aber nggim de ut liga: inpote ‘Messe ee slit em se seni lvado, lado de algo (Les chemi Halles’ a foral dane tres Pis ajo, 201, p. 128) Grae, ines 2 la xo comple. Pasi Calta, 1993 hp 280 (Giboaaque dela Pade poem porascepinen 49 ‘ot pasinhos de homem, longinquamenre amighvis ining vei, mexerem-se sobre el, delve, como formiga (ld bid.) Além do objeto edo sjeto ‘A expeiéncia da eaminhada nos indica que esa “vida” de que filamos aqui, esa “expergncia vivid” no se identifica coma vida interior ou a subjesividade pessoal. Na paisagem, via Sub- jetiva se desentoa ei das coisas. Na vedade, & desobedivacao| responde uma desubjtvagfo. Se hd experiénca, hd exposigio da subjetvidade a algo como um “fora” que a conduz e 2 empursa, 2s vee volenamente, fora dos seus imies. Nese sentido, a pai- sagem & liealment, “sso” que pée o sujet fora de i mesmo, Mas aio é para afundé-lo no objeto pois, justamence, também no hi objeto, no sentido da citncia e da consctncia representa tiva, dance dese sueito qu perde qualquer esabildade. A prova sensual, esreve Hensi Maldiney, “ulrapassa a qualidade sest vel A expertncia radical da paisagem € um sujico fora e um fora sem objeto. E uma derrora comum do sueitoe do objec. [Nio se deve dizer, por conseguine, que a paisagem ¢conebide como uma experiénca. Ela é mais este acontecimeno, singular € sempre diferente, da exterioridade como ta, & qual a experiencia cexpie aqueles que se arriscam, numa confusio e uma tenio entre sieo mundo que, propriamente, artebatam. O estranhamento é condigao da paisagem,escreve Jean-Frangois Lyotard," «por sso 4 paisagem nfo & um lugar ela é“indestinada’, ela escapa,e esta cacapada és sua “ranto” de ser: ‘A palavra“horizonce” j foi muito uilizada para nomear © tipo de experitcia de que se trata aqui. A pasagem é evento do ma > Many H.R aun Ege Home, 194 9.98. "jt Sepclat ede Swe Ham 2038p horizonte.” Mas 0 horizonte exprime aqui muito além da exis. téncia de mundos longinquos. Esse cetma tem um alcance onco- légico tanto quanto epistemoldgico. Remete & parte de invisivel aque reside em qualquer visivel, a essa dobra incessante do mundo gue faz do real, definitivamente, um espago inacabével, um meio aberto ¢ que no pode ser cotalmente cematizado. O horizonte 0 nome dado a esea patincia de transbordamento do set que se apresenta na paisagem, Mas 6 se pode aceder ao horizonte na pai- sagem, insistem Erwin Straus e, depois dele, Henti Maldiney, 20 prego da perda das referéncias, da recust do mapa, ¢ da assuncio dessa perda e dessa recusa © espago da psagem & primeramente 0 lugar sem lugares do ser perdido. Na paisgem (.] 0 espago me eavolie a partir do hoviaonte da mew Agu, x6 estou Aqui ao larg do paso sob ‘horizon do qual estou for. Neshurmascoordenadas. Nenu- sma refréncia. "Da paige, nfo hi detenvolvimento que leve a geografia saimos do caine; come homens seaimo-no pet dos” [.] Certamente,podemos sae da plsagem para entrar ra geograi, Mat nea prdemos o nosso Aqui, Deamos de er lugar. Deisamos de acontecer(Maldiney H. 1994 p. 143)" Porém, jé que ela se situa além do dispositive modemo do objeto ¢ do sujeito, sob que forma aparece a experiéncia da paisigem? Falaremos aqui de imanéncia, imersio, paricipasio, para nomear este encontro pré-reflexivo com o inobjetivével, que Vera caceapto rata Fndador de Michel Cllr, em pula, La Pie madre lsrcar arco, Malin H. Raga paral pre Laine: Age d Homme, 1994, p. 143.0 teno de Erwin Straus cad por Malliney sad de Dyson dens Contr ‘raion ede findements dl pelle. Grenoble: ome Millon, 1989. 515. coment ese ex em Vir Toe Siig te gg. ‘hie op. pp. 120 ese pececaporaecipagen SL consi 0 nico do evento-pasagem, & necesito, aber, sit dos eiigosocdentss do pensamentopaisagitic para ter aes- so a ese niceo? Deslocarse primeira gograficamente, para & China, onde, como esreve, “em ver de a pasagem se onsiuir em objewn de percepgo, “montanhas-éguat’ nos diz a imersio, gue se insturaimedatamence, naqilo que fz a animacio por interes dos coroponente da mundo! * Mas exe enconro com a pulsaso rtmica do mundo também die rexpito ace, nos diz Maldiney, so comensr a obra de Tal Coat Tal Cour peeebese em toca permanente com o mundo. O undo nfo & ums simples moldurs. No eri apenatem komo dele como Uve, esti nele como tensio polar. O homem n0 ‘mundo nfo ¢ um império deneo de um império. um ino, se tanto, Eem que sentda? ~ Quando exou na presenga de uma pgem, nfo estou, na realdade, diane del. H,arsde mim, erm vols de mim, a preseng de dos os horizontes. Todos of iscanes esti inegrados no meu préximo. Td o que perce bo, preebo sobre undo de mundo. E em ver de fundo, deve falar de meio. Mesmo dando as costs 4 monefaha da Szince- -Vieoise, seu signo esl presente na minha visio. Sou 2 cabea essa recaptulag. Nese sei, sou um centro de univeso ‘Ma, por um movimento totalmente conti, & medida que © ‘univer em volta de mim e dento de mim reais asa presen- ‘9 sinc necesdade de habicar meus distances, arancar-me & jill F La Gnd imagen pode forme. asi Le Sei, 203, .185."Mon- ‘nha gus” (lu) € uta das plas utadas pelos chines ms tradi pir inerria, aadier"paiage. Ver tarbm:Cheng, Vide et pli Le legee pel clin, Pas: Le Sea, 1979 Perea. L hiloophie ‘elena dant ard artme Orie Pt ii Fo Yen, 1998: Berge. 1. Les Raion di payage Pasi Hazan, 195 (xp HD Vanier Nios Eadie pentane de page en Chine ds erigine aux Sang Pas: Klink ‘heck 1987 scan, Le Cale shear Herman, 205. SL Ope domnds Eur depo ‘minha inécia de placa de sinalinaio, ser caexensivo ao prprion ‘mundo, entrar na sua ressondnca universal asumir eu emo (Mealdings 1, 1995, p31)?” Dizero estranhamento (Como entao deserever como dizer e representa exe espaso de paisagem que nos envlve e nos transpassa, que nos desloca © nos tansborda? Como falar da patagem, quando estamos alémn ‘ou aquém da tepresentaio e do dscutso no sentido usual desses texmos? E, mais exatamente, como fazt-le, ou melhor, deixila falar? Qual é palavra que poderiarestituir, ou melhor, como jf foi dio, prolongar a expergnca pasatca considera num tl radicaismo? Mais ainda, em que a Kogua poderiaacolhere fazer soar a paisgem no seu peépri evento? (Os discursos que se encarregaram, principalmente, dessa incerogacio sobre a lingua e seus poderes de apesentaio da ex petiénci, assim como sobre as relagdes que ela mantém com © ‘momento proprio da sensibilidade pasagstia,stuam-se mais do Jado da poesia eda filosofa (c até, As vers, no caso da fenome- nologia, na xara artiulagéo, embora sempre problemitica, do regito flosstco e do registro poétice). Camo se, no fundo, pe- 7 Malin HA dcr que ini sable, Lt de Ti Cat. Pris: Dell, 1995, p31. "0 espag de Tl Coa,” screens Maliny (p58), "0 page page, node uma pasagen- peta, mat deur paige me, A item nd etd ne ana ene como umn cnjunto de bon =n se que 2 tenkamos convert em si, soem gogo El noe eval ¢ hos ranipse Eames imeve wl o ana Agu oe efee ace pop” * Augasin Berque parce dovidar de porbldde, quad exes una di ‘nso ent “pensamento da puget “pensmeno pags”. Opens ‘ment da pg cerscterado por u duo funda ode modern en pode era acentidde da forma de sere ier ques © "penstment padi" que € um pesninenta encom er Bequest ‘od paar Pat: Archos, 2008, sas 0 uabalho sobre a lingua ques fz em sofa e em poesia Dudes fizr jus 3 expsinciaparagirca ma sun verdad, como [e somente na posi ena flosofia 0 evento paisagiico pudesse ser resin elevado a0 auge da sua redidade De fotma ger somente a art, como poem, ¢ talver mnisica podem dizer esa experincia da paisager ou, mais pre- Cisamente, dar a vere 2 ove esa paiagem como expergncia fundameneal origin, da conivencia com o mundo. Aazte nfo porque repreentara a paisiger, mas porque morte a pasagem, porque afar chegar como tl & presen mas gealmen,por- fue faz aparecer 0 mundo enguanto mundo, O abjtvo da pin- fura de priser, cireve Ervin Straus, ¢ tomar “vsieloinvis- el, mas como coisa ocala, distant”.” A veréadeira pinta, & verdadeira palavea, a autentica apresenagso da painagem talvez reds, no Rando, nessa arte de manter 0 segredo, de indicar {tun presen, ota sa pastagems, sem procurar mer es pre- Senga. A experincia radial da pssagem nfo estaracrisalizda no esanho sentimento da iminénca daguilo que jx ai. 20 lado, numa reserva inextinguve,o sléncio? Por sun ver, Jean “Frangois Lyotard solicita« poesia, como “esrita impossivel, desrigio a desrcura".O que ert em jogo na descitura poesia, serescenta, “éa matéra como paisagem, « nao as formas plas Gquaisela pode se nsrever. estranhamento prod pela pai- Sager “€absoluo, a implost das préprias formas” ‘Sea Das de se. Op. cia p51. Bsc senimeno do hovers como prcenga so lds parece coresponder, ‘bora num regatta diene, preocupete do paagita Michel Corjoud ‘guano declare espago sb ual x me pind pars ine € menos imeem para mim que forma como mnt lags com es aos 3 ‘ol, Chamo ito de boron fora come ea espago va 90 pgp 0 Tad, qu, or saves va 10 pag a doc 205 pooos acing: que och mado de hczante. Ex im & para mimo concieounicadar piss (Goes com ® Maden Technique & drier 403, 1992p. 62 ‘A paisagem como projeto A caminbada: wma ertiea do real Yolemes ao exemple da caminhada, Caminar nf si plesmene uma forma deena for, pesiamente, no mundo, Ne caminada, a sensikade yas, de cera angi, prolonga aun nate 42 (Tiberphien,G. A 2005, 9.95) Em outros termos, © projeto inventa um teri 30 £e- presenti-lo e ao descrevé-lo." Enteetanto, esa invensio & de na- S Tibarghien, GA. "Forme e projet. Les Cares de Page 0.12, 205,» 98, "Rampart com o que exrete Giseppe Dems a respi da geogra ha mana era implica spots de transforma tori am Pret i= ‘lita eobu dla goa wnann alle wince del etre ln: Penco ‘Angi, 207 62 Op omni tert de page ‘ureza singular: pois o que é inventado jd estd, 20 mesmo tempo, presente no teritrio, mas como nao visto e nfo sabido até ent. A invengio revela que jéesava al, ela revelae desvenda tum novo, plano de realidade, Mas nio terfamas visto essa realidade se nto fivesse sido desenhada e pensada. Como sea inceligéncia humana viesse inseri-se no movimento do mundo para destacar nele cer tos elementos reatar as ligagbes entre esses elementos, como se a inteligéncia humana partcipasse, no fundo, da eriagio do mun- do, Porque sea invengio é descritiva, simecticamente, a descrigio inventiva. A descriggo é atengio excrupulosa nos sinais daquilo {que esté na nossa frente e, mais ainda, clase esforga em tecer li {ggDes entre esessinis ea caprar neles como que uma forma, ou pelo menos o esboco de uma espécie de acabamento das coses, ‘Ao analisara obra de Frienne Jules Marey ea questéo da te- presentagio do movimento, Georges Didi-Huberman cita Henti Bergson que, por sua ve, remece a Ravaisson, Leonardo da Vinci Aristételes. Bergson convoca Leonardo “precisamente para mar cara exigéncia de uma linha que néo seria a curva do movimento, 01 seu grifico, mas sim uma curva em movimento, uma linha dada no ato, no tracejar, na danga da sua prépriaflexio” Bergson: Hi, no Tiazado de pintra de Leonardo da Vinci, uma gina Le] onde dite que ose vivo secaraceria pela linha onde ‘ou serpenteane, que cada ser tem seu pedprio moda de serpen- tear e que objeo da are romnat et serpenteamento indivi dual. "O segredo da arte de desenhar édescobieem cada objeto 1 forma particular como se dig através de rod a ua extesio, tal como uma onda cental i que se desdobraem onda super- * Did-Hluberman, G. "La dans esate chon” In Manni L ¢ Di Habe ‘man, G. Mowsemen dec E-. Mare phopape de fide: Ps Maca, 2004, pp.2812. cis, cera linha flexuosa que & como 0 seu exo geradon:” Essa lin, sis, pode ao ser nenbums das lnhas wishes a igus [fo exé mais aqui do que I as a lias vines da Figura remontam até um cento virtual [que é] omovimenta queoolho ao 8 eat aus do préprio moviment algo ainda mais sere- o.(.J (E uma] ace que no destac os contornos mattis do modelo, nem os emsece em prol de um ideal abst, mas os concentra simplesment em torn do pensameno latene (Berg- sn, H.,apud Didi-Huberman, G., 2004, pp. 282-3." Um dos motivos cenit do que se convencionow cha- mar de"proero de prsagem” avez essa contd neta nogdo de “pensamento latent”, que fcaria ars das formas visi, nessa espécie de onda que se desenvolve a0 longo de toda a extensfo, Confetindo-the, por assim dizer, um sentido. © projeto seria & carcografia dessa onda invistel, dss “centro virtual” dos movi mentos do espago, & ein danga do espago que € preciso caper, a0 deenhila Conelusio (s diversos enfoques tesricos que acabam de ser apresen- tados podem, sem divida, star mais ou menos ligados a cenas dlisciplinas ou profssbes das quais consttuiriam, de alguma for- ‘ma, a palvea de ordem e o paradigma Fundador, ou até o ponto de honra. Assim, para usar um exemplo fii, néo podemos deixar de observar que os guardies da primeira porca de enuada para a paisagem enconeram-se mais entre os hstoriadores€ os tebricos daartee da literatura, enquanto os ecélogos tendem mais a adotar Bergin H, Ls Peee e Moan tl com ctelo por. Didi Huberman em "La danse de toute chose, op. cit, pp. 2823. fase cad poe Begon € de Revnon. a terceira entrada ¢, para os paisagistas e arquiteros, a diregdo & ‘obviamente projeual ‘Mas, na tealidade, essa diferences abordagens podem se encontrar, ou até se sobrepor, num mesmo autor, ea fortiori nes te operador da complexidade que é o paisagista. Efetivamence, ‘ste iltimo esté constantemente as voltas com expectativas est ticas (inclusive as préprias)e horizontes moras ou politicos, mas ‘também com as realidades materias eestrururais espectfices dat localizag6es em que intervém, e da mesma forma com os afetos particulares suscitados pela experigncia sensivel dos lugares em que se encontra, ‘De modo geral, quem quer que se depare com a questio da paisagem esté confrontado 2o problema da coexisténcia de racio- nalidades paisagisticas diferentes, e 20 da rearticulagio das funcbes da razZo que a modernidade dissociou: racionalidade instrumen- tal, que se encarna em modelizagSes cienificas, assim como em dispositives e saberes téenicos; racionalidade moral, que aponta (0s valores coleivos e os horizontes éticos e politics denero dos, ‘quais a apo humana se dé um sentido; racionalidade estética, que se encartega da diversidade das formas possiveis do encontzo dos, corpos e das sensibildades com o mundo; racionalidade dialdgica ‘04 comunicacional, que fixa os quadossimbélicas onde se cons- {oem as orientagbese os principios da vida em comum. paisigista € o principal envolvido nesse conjunto com- plexo e diversfcado de preocupasées is quais deve, entretanto, responder & nas quais se inscreve enquanta ator da transforma. ‘0 das realidades tervioriais. Como consegue, na elaboracio € za conduta do seu projeto, coordenar as diferentes razées que © ppermeiam? Como consegue, por exemplo, coordenar, de um lado, © alcance estatégico das solugdes eénicas, que dé as situagbes de disfungio espacial para as quais é chamado a intervie e, do 0 tro, a atengio compreensiva que deve ter com as representagies ddos moradores, mas também com as significagdes ¢ valores dos lugares onde atua? E como leva em conta, além disso, a necessé- ria dimensio emancipadora da sua avidade, destinada 2 crazer tum “melhor-viver” as populagbes aos terreétos alvos dos seus projetos? Como, enfim,insre as suas itervengées num contexto Social mareado pela puralidade, ot até a contradigio, das normas de crenga e das formas de acionalidade? ‘As posigdesteéricas que foram consideradas nas piginas anteriores estabelecem um quadro de reflxées e ages possiveis, mais do que trazem respostas definitvas para este conjunto de incerrogacbcs. feivamente, nfo temos certera de que sj poss vel izer uma sintese dessas diferentes problematicaspasaisticas ‘num pensamento global da paisagem. Mas também no temos cortera de que sea necesiro. “Tentemos, entio, propor outrs cis, isto é, urna unidade sem sintse ou, mais precisamente sem cotalizagio, Em outros termes, vamos acetar 0 deslocamento, passagem de um discur- 0 2 outro diseurso, de um ponto de vises a outro ponto de vista Passemos, sem fim, por todas as portas. Afnal, nio sera isso a cexperitncia paisagistica por exceléncis: ado pensamento ero? Porque, se a pisagem é portadora de um potencialertico em relasio 20 estado real do mundo, é sem divida porque, no fundo de toda paisagem, reside algo éomo uma geografia urépica « um principio de esperanga que vém conteabalancaro principio de esponsabilidade,oprinepio de cautls,o principio de conser- ‘ago, Mas é,sobretudo, porque a prdpriaideia do fim do run- do, assim como a do fim das paisagens,é uma ideia contraditria. ‘Um mundo cujo comeso fim nfo possam mais me representar passa a ser, para mim, um simples objeto, que posso percorrer com o lhar ou o pensamento, oi gragisacompanhias de aviasio, verdade, mas que nio habito mais. E um esperéculo que est na ‘minha frente, mas diante do qual fio de fra. Entendemos hoje, cscreve Jean-Luc Nancy, “J que um mundo €, 20 contiio, um meio no qual estamos, que sb pode ser apreendide do interior (..J-Por isso, podemos dizer que nunca se vé um mundo: estamos rele, nele habitamos, o exploramos, estamos nele ou nos perde- ‘mos nele”® (© mundo é uma totalidade inacabével, mas também um ‘meio no qual vivemos. Aprendemos que a paisagem fz parte da nossa vida, que © horizonte € uma dimensio de nosso estar no ‘mundo, Projetar é, portant, primeiramente querer ese inacaba- ‘mento, ea responsabilidade do projeista, quando se trata da pai- sagem, talvex resida nisto: & 0 portador do inacabamento, isto é das significagdes em reserva, dos horizontes expaciaise temporais dentro mesmo da localizagio, dos fururos. Um mundo sem hori- zontes, isto é, sem paisagem, sem cantos do mundo que chemem, © desejo, simplesmente deixou de ser um mundo. Se a paisagern € uma obra, no sentido que Hannah Arende da essa palavra, se cla €a aberrura de uma duracio e, nesse sentido, de um mundo, entio ela uma vontade e uma medicagio da vida e nfo da more, uma meditagio sobre o nascimento das coisas € no sobre o seu desaparecimento, * Nano JL “The End ofthe Wo. Envi com JC. Royo, ln Csme pins New Yorks Lalas Sternberg, 2005, p. 7. pra todo wcho: "Bout ‘4s monde”. Lr Care ge, 16,3008. II. Geografias aéreas E precio andar pare aprender & oar pana compreender. A ponta da pirdmide também & a aba. E prc ear separad para venir. Paul Claudel A fotografia de avid em primeir ugar, oohar reo no consttuem apenas urna nova condi téenica da visio: azem & tom, em oda asta grander e poréncia, uma dimenso inespers- da da reaidade eres Esta nova dimensio do rel, o ser novo qué's forografia aéren contribu, iteramente a revelar nasa exsténca, até na sa ontoogi, ¢ paisagem. O avi, o ohar que ele permite, © 4 fotografia que rita ex visio area apontam a piagem enquano tadigfo « teemunho da mancrs como of homens habia colevamente na superficie da Tera ~ commo uma ordem de ftos ni gneris que deve, eno, set exudada per se CConvém insiir neste pont o olhar arco no se contenra om eaialaraexixdncn das spartncim peegzinas do mundo, de- ‘mons conisténcia des apardnciat ¢~ por asa dine ~ au cata sbtacilidade “Asuperfcie da Tera & uma eldade intra, uma realidad espacial ¢ temporal snimada por ritmo que lhe sfo prépricse, amo ta podevira ser cbjeto de um etudo especial. A a¥igdo ¢

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