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DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra, que este trabalho é o resultado da pesquisa por mim feita, o mesmo não
foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico e será
submetido a comissão científica da Faculdade de Ciências de Saúde, como requisito parcial para
aquisição do grau de Licenciatura em Farmácia pela Universidade Lúrio. Por ser verdade, passa a
ser assinado por mim e meus orientadores:

O autor: O tutor:
_____________________________ _____________________________
(Noé Tomás Tivana) (Dr. Alexandre Biquiza)
A co-tutora:
_____________________________
(Dra. Nádia Vereschak)

Nampula, Julho de 2014

iii
FRASE INSPIRADORA

“Não é o desafio com que nos deparamos que determina quem somos e o que estamos nos
tornando, mas a maneira com que respondemos ao desafio. Somos combatentes, idealistas, mas
plenamente conscientes, o que não nos obriga a ter teoria sobre as coisas: Só nos obriga a sermos
conscientes. E, enquanto acreditamos no nosso sonho, nada é por acaso.”

(Henfil)

iv
DEDICATÓRIA

Ao meu avôs Penicela Mupuque Tivana Chifenga e Cheicuasse Yambane e minha tia Ana
Muzanhua, que partiram sem terem visto o fruto deste grande sonho.

v
AGRADECIMENTOS

À nossa majestade redentor Deus pela concessão da vida e saúde;

Aos meus Pais Tomás Chirima Tivana e Marta Gumissane, por terem me proporcionado todas as
condições para enfrentar as dificuldades que ora me vem pela frente, apesar das suas limitações
(académicas) me ensinaram a vislumbrar os valores e as virtudes da vida;

À minha esposa Arminda Sitole e à meus filhos Manuel, Sara, Ana e Rosita pelo amor, carinho,
compreensão e por acreditarem em mim durante a realização deste sonho;

Aos meus familiares e meus irmãos em especial Manuel Tomás Tivana, minhas cunhadas
Conceição e Génifa, pela contribuição financeira e moral;

À Universidade Lúrio, especialmente à Faculdade de Ciências de Saúde, pela oportunidade


concedida para a realização deste curso;

À coordenadora do curso de Farmácia, dra. Yalina Turros pelo amor e carinho na realização deste
sonho;

Aos técnicos do Programa Nacional do Controlo da Tuberculose e Lepra, no Centro de Saúde 1º


de Maio, em particular técnico Amisse Mussá, pelo apoio na recolha de dados;

Aos meus tutores: dr. Biquiza e dra. Nádia pela disponibilidade, paciência e conhecimentos
transmitidos no decorrer deste trabalho;

Aos meus docentes do curso, pelo amor, carinho, paciência e aptidão na contribuição de
conhecimentos técnico-científicos durante o curso;

Aos meus colegas do curso de farmácia.

E um grande abraço a todos aqueles que de forma directa ou indirectamente contribuíram para
realização deste sonho.

vi
RESUMO

Introdução: A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa, causada por Mycobacterium


tuberculosis, cuja via aérea, a principal via de transmissão. O termo adesão ao tratamento é
utilizado como uma relação onde o paciente consegue compreender a própria condição, os
aspectos básicos de sua doença, a importância de sua adesão e consequência de não adesão.
Objectivos: Com este trabalho pretendeu-se determinar o nível de adesão no tratamento da
tuberculose, casos novos, baciloscopia positiva, no início do tratamento, em pacientes
ambulatórios tratados no período entre Janeiro de 2013 a Abril de 2014 no Programa Nacional de
Controlo da Tuberculose e Lepra, no Centro de Saúde Primeiro de Maio na cidade de Nampula.
Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo - retrospectivo, baseado na análise documental,
com levantamento de dados nas Fichas de Tratamento de Tuberculose mediante ficha de recolha
de dados. A população de estudo foi de 174 pacientes, a selecção foi não probabilística atendendo
aos critérios de inclusão. O estudo foi realizado de 15 a 30 de Maio de 2014. Participaram no
estudo, indivíduos de ambos sexos com idade compreendida de 18 a 72 anos. Resultados:
Alcançou-se uma taxa de adesão acumulativa ao tratamento da tuberculose de 74.7%.
Conclusão: A taxa de adesão encontrada esta próxima da esperada 80%, o que mostra boa
adesão no tratamento da tuberculose nesta unidade sanitária. O sexo masculino, apresenta
maiores índices de faltas e abandonos em relação ao sexo feminino. Acredita-se que a não adesão
tenha sido influenciada por factores sócio-demográficos tais como sexo e ocupação.

Palavras-chave: tuberculose, faltas, abandono, adesão.

vii
ABSTRACT

Introduction: Tuberculosis is an infectious disease caused by Mycobacterium tuberculosis,


whose air, the major route of transmission. The term adherence is used as a relationship where
the patient can understand the condition itself, the basic aspects of their disease, the importance
of their involvement and the consequence of non-compliance. Objectives: this work pretended to
determine the level of adherence in tuberculosis treatment, new cases, smear positive at the
beginning of treatment in outpatients treated in the period from January 2013 to April 2014 in the
National Tuberculosis Control and Leprosy Health Center May Day in the city of Nampula.
Methodology: This was a descriptive study - Retrospective, based on documentary analysis with
survey data on Sheets Treatment of Tuberculosis through record data collection. The study
population consisted of 174 patients; the selection was not probabilistic view of the inclusion
criteria. The study was conducted from 15 to 30 May 2014. Participated in the study, individuals
of both sexes aged 18-72 years. Results: It has achieved a rate of cumulative adherence to
tuberculosis treatment in 74.7%. Conclusion: The rate of adherence found this close to the
expected 80%, which shows good adhesion of tuberculosis treatment in this clinic. The male has
higher rates of absenteeism and dropouts compared to females. It is believed that non-adherence
was influenced by socio-demographic factors such as gender and occupation.

Keywords: tuberculosis, defaults, abandonment, adherence

viii
LISTA DE GRÁFICOS /FIGURAS

Gráfico I. Taxa Acumulativa de Adesão ao Tratamento da Tuberculose …………………...Pág.40

LISTA DE TABELAS

Tabela I: Comparação dos Resultados de Tratamento da TB entre Províncias em 2005……Pág.15

Tabela II: Fármacos Anti-tuberculosos de Primeira Linha………..………………....………Pág.20

Tabela III: Fármacos Anti-tuberculosos de Segunda Linha…………….…...…….……...…Pág.21

Tabela IV: Esquema Básico para Adultos e Adolescentes (2RHZE/4RH).……….……..….Pág.22

Tabela V: Relação entre Sexo com Faltas no Tratamento da Tuberculose…………....….…Pág.35

Tabela VI: Relação entre Sexo com Abandono ao Tratamento da Tuberculose………. …...Pág.36

Tabela VII: Relação entre Ocupação com Faltas no Tratamento da Tuberculose…………..Pág.37

Tabela VIII: Relação entre Ocupação com Abandono ao Tratamento da Tuberculose….….Pág.38

TABELA IX. Relação entre Sexo com Adesão ao Tratamento da Tuberculose…………….Pág.39

ix
LISTA DE ABREVIATURAS SIGLAS

SNS – Sistema Nacional de Saúde


OMS – Organização Mundial da Saúde
US - Unidade Sanitária
TB – Tuberculose
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
PNCTL – Programa Nacional de Controlo da Tuberculose e Lepra
SIDA – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
BCG - Bacilo de Colmette e Guérin
TPC- Tratamento Preventivo com Co-trimoxazol
TARV – Tratamento Antirretroviral
TAT – Tratamento Anti-tuberculoso
TPI – Tratamento Preventivo com Isoniazida
PVHS – Pessoa Vivendo com HIV/SIDA
DFC - Dose Fixa Combinada
R - Rifampicina
H - Isoniazida
Z - Pirazinamida
E - Etambutol
DOTS - Directly Observed Tratament Short – curse (Directa Observação do Tratamento de Curta
Duração)

x
1-INTRODUÇÃO

Uma das principais preocupações, hoje, para aumentar a efectividade dos programas nacionais de
controlo da tuberculose é o aumento da aderência ao tratamento, com a redução das taxas de
abandono. A busca de casos e o tratamento da tuberculose, apesar de não reduzir imediatamente o
número de indivíduos infectados pelo bacilo, é definitivamente o que levará a uma redução do
problema a longo prazo.

A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa, causada por Mycobacterium tuberculosis, tendo


a via aérea como principal via de transmissão de um indivíduo doente para um indivíduo sadio,
constituindo deste modo um problema sério de saúde pública a nível mundial, ocupando a
segunda causa da morte mundial depois do HIV/SIDA. A taxa de cura da TB (casos novos BK+)
em Moçambique no ano de 2010 foi de 86.6%, a taxa de óbitos (casos novos BK+) subiu de 6.6%
em 1996 para 8.3% em 2010 e a taxa de abandonos em 2010 foi de 4.2%28.

A adesão ao regime terapêutico é definida como o grau ou extensão no comportamento da


pessoa, no que se refere à toma de medicação, ao seguimento de uma dieta ou à alteração de
hábitos e estilos de vida, entre outros, corresponde ao que lhe é recomendado pelos profissionais
de saúde29. A não adesão ao tratamento da tuberculose repercute no aumento dos índices de
morbimortalidade, incidência de estirpes multi-droga-resistentes, graves situações na saúde das
pessoas e elevados custos económicos3,29,30. O portador de tuberculose que não adere à
terapêutica permanece como fonte de contágio11.

A tuberculose sendo uma doença infecto-contagiosa que pode ser curada, no entanto, há uma
expressiva taxa de não adesão ao tratamento da tuberculose casos novos com BK+ de acordo com
índices de abandonos e mortes por esta doença, acima referidos. Frente a este panorama
despertou a necessidade de analisar o nível de adesão e sugerir algumas estratégias que poderão
ser cumpridas de modo a ultrapassar este cenário no PNCTL, no Centro de Saúde 1º de Maio.

11
1.1- TUBERCULOSE

1.1.1- História da Tuberculose

A tuberculose é uma doença infecciosa cuja história é tão antiga quanto a da própria civilização.
Há relatos de evidência de tuberculose espinhal em esqueletos pré-históricos datados de 8000
a.C., encontrados na Alemanha. Arqueólogos também observaram lesões em coluna vertebral de
múmias do Antigo Egipto datados de 3900 a.C1.

Hipócrates foi o primeiro a descrever a doença como tísica do grego, que significa “derreter-se”
ou “fundir-se” devido ao seu carácter consumptivo1. Em 24 de Março de 1882, Roberto Koch,
comunicava a sociedade Médica de Berlim a sua grande descoberta: o bacilo causador da
tuberculose já havia sido identificado1. A tuberculose foi uma causa de morte na Europa e nos
Estados Unidos da América (EUA), até o início do século XX, desafiando e ocupando a posição
de maior destaque na medicina de Hipócrates e de Roberto Koch1,3.

1.1.2-Tuberculose: Explicação Biomédica

A tuberculose (TB) é uma doença infecto - contagiosa de evolução crónica, de amplitude mundial
e seu principal agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis, identificado em 1882 por
Robert Koch. Esta enfermidade pode resultar da reactivação de uma primo-infecção ou pode ser
decorrente de infecção recentemente adquirida.

A TB é causada por um bacilo aeróbio denominado Bacilo de Koch (BK), que se propaga através
do ar, por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose
pulmonar ao tossir, espirrar ou falar em voz alta. Quando estas gotículas são inaladas por pessoas
sadias, provocam a infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a doença1, 2,3,6,8.

12
1.1.3 - Fisiologia, Estrutura e Virulência do Bacilo de Koch (BK)

O BK é um bastonete aeróbico fracamente Gram-positivo e fortemente ácido - resistente. Tem


parede celular rica em lípidos, tornando o organismo resistente à desinfectantes, detergentes,
antibióticos comuns e colorações, ele é capaz de crescer no meio intracelular em macrófagos
alveolares inactivados. A doença é causada principalmente pela resposta do hospedeiro a
infecção7.

1.1.4 -Tipos de Tuberculose

Existem dois tipos de tuberculose: Tuberculose pulmonar, em que o local de infecção são os
pulmões e Tuberculose extrapulmonar, aquela que afecta qualquer órgão do corpo, fora dos
pulmões, como por exemplo: pleura, linfonodos, ossos, epidídimo, gânglios, tuba uterina, olhos,
pele e outras partes do corpo1,11.

1.1.5 – Epidemiologia

1.1.5.1-Tuberculose no Mundo

Um terço da população mundial é infectada anualmente por Mycobacterium tuberculosis, a


grande maioria de habitantes encontram -se nos países pobres ou em via de desenvolvimento,
constituindo a maior segunda causa de morbilidade e mortalidade em todo o Mundo depois do
HIV/SIDA1,3,7. No mundo a doença activa se desenvolve em 8 a 10 milhões pacientes
responsável por 3 milhões de óbitos por ano.1 Um total de 8.8 milhões de novos casos e 2
milhões mortes ocorrem a cada ano. A doença é mais comum no sudoeste asiático, África
subsaariana e Europa Ocidental7.

9.27 Milhões de novos casos de TB foram diagnosticados no mundo em 2007, aproximadamente


1.7 milhões de pessoas morreram pela doença, destes 0.7 milhões de casos e 0.2 milhões de
mortes foram em HIV positivos (OMS), dos 9.27 milhões de casos novos da TB no mundo
diagnosticados em 2007, 95% dos casos e 98% das mortes encontram-se em países em
desenvolvimento. As últimas estimativas do relatório da OMS apontam para 9 milhões de novos

13
casos em 2011 e 1,4 milhões de mortes por tuberculose (990 000 entre HIV negativo e 430 000
mortes associadas ao HIV\TB) 26.

1.1.5.2- Tuberculose em África

Em África, cerca 15% das mortes associadas ao HIV são causadas por tuberculose e mais de 50
milhões de pessoas estão infectadas com HIV e com M. tuberculosis.26 Esta região possui mais
de ¼ de todos os casos de Tuberculose reportados no Mundo inteiro e é único continente onde a
taxa de infecção por esta doença aumenta cada vez mais. Dos 15 países com a mais alta
incidência estimada da TB no mundo, 12 estão em África.

Em 2003, a Região Africana com apenas 11% da população mundial, do total de casos de TB
notificados no mundo inteiro, 27% correspondiam a esta região, no mesmo ano a mais alta taxa
de notificação da TB (719 casos por 100.000 habitantes) foi registada na Região Africana
(Swazilândia). A Região Africana foi a pior das 3 regiões epidemiológicas da OMS devido a
maior incidência da TB12.

1.1.5.3- Tuberculose em Moçambique

A TB ainda constitui um sério problema de saúde pública em Moçambique, sendo uma das
principais causas de morbimortalidade da população no País.12 Estimativas feitas pela OMS
indicam um agravamento de não adesão nos anos 2005 e 2006, este agravamento é testemunho da
taxa de incidência de 447 para 460 casos novos por 100.000 habitantes de 2005 para 2006,
respectivamente13.

Em 2007, Moçambique foi o 19° país com elevado número de casos de TB, dentre os 22 Países
com maior peso da TB no mundo, com a incidência de todas as formas de TB de 431 casos novos
por 100.000 habitantes, a incidência de casos novos com baciloscopia positiva de 174 casos
novos por 100.000 habitantes, a taxa de prevalência de TB em Moçambique de 504 casos por
100.000 habitantes, a taxa de mortalidade de 127 mortes em 100.000 habitantes, a
seroprevalência do HIV nos pacientes com TB de 47%12. Em 2010, em Moçambique a taxa de
abandonos foi de 4.2% todos casos da TB28.

14
Tabela I - Comparação dos Resultados de Tratamento da TB entre Províncias em 2005

Taxa/Província %
Sofala Tete Zambézia Nampula Cabo Delgado
Taxa de Cura 79.3 79.8 77.9 86.1 85
Taxa de 4.8 2.5 5.7 6.7 6
Abandono
Taxa de Óbito 13.7 11.8 10.9 5.5 7.3
Taxa 6.7 6.3 9.4 8 7.3
desfavorável
Fonte primária12

1.1.6 -Transmissão da Tuberculose

A TB transmite-se de pessoa a pessoa por micro-aersossóis contendo bacilos produzidos por um


doente contaminado, o indivíduo portador da tuberculose bacilífica (pulmonar ou laríngea)
elimina através da tosse, do espirro, da fala e até a respiração as gotículas contaminadas de
diversos tamanhos. Praticamente todos os órgãos do corpo podem ser infectados, mas em mais de
80% dos casos da tuberculose localizam-se nos pulmões. A disseminação para outros órgãos é
através da via sanguínea ou linfática6.

As gotículas mais pesada são depositadas no chão e as mais leves ficam em suspensão no ar,
essas podem ficar suspensas por longos períodos e carregadas por correntes de ar, disseminando-
se por todo o ambiente ou outros locais com aglomeração da população4,5,6. Cada doente com TB
pulmonar/ laríngea BK+, infecta 10-12 pessoas por ano, destas 10% (HIV-) e 50% (HIV+)
desenvolvem a TB doença. Doentes com TB pulmonar com BK-, infecta 1-2 pessoas por ano11.

15
1.1.7 - Patogenia da Tuberculose

A infecção latente acontece caso os bacilos não sejam destruídos, eles proliferam no interior dos
macrófagos libertando as citoxinas que atraem outras células inflamatórias iniciando uma reacção
local com a formação de um granuloma (nódulo de Gohn). Dependendo da imunidade celular
adquirida, há controlo da proliferação dos bacilos não existindo portanto a progressão da TB
doença, como acontece em 95% dos casos.

Cerca de 95% das infecções latentes passam desapercebidas deixando apenas a positivação do
teste tuberculínico (TB secundária). Nos 5% restantes das infecções em que a resposta
imunológica não foi suficiente para deter a proliferação do bacilo de Koch (BK), desenvolve-se
TB primária geralmente nos primeiros 5 anos após a primo-infecção1,8,9,21.

1.1.8 - Sintomas mais Comuns

 Os sintomas respiratórios suspeitos de TB pulmonar são: tosse persistente com duração de


duas ou mais semanas, expectoração, hemoptises, dor torácica e dispneia.

 Os sintomas constitucionais mais frequentes são: febre de qualquer tipo de predomínio


vespertino, anorexia, emagrecimento, suores nocturnos e astenia1,11,17.

1.1.9 - Prevenção da Tuberculose

A profilaxia para exposição pode incluir a isoniazida por 9 meses. Rifampicina por 4 meses, ou
rifampicina e pirazinamida por 2 meses, pirazinamida e etambutol ou levofloxacina são usados
por 6 a 12 meses após a exposição a Mycobacterium tuberculosis4,8. Imunoprofilaxia com Bacilo
de Colmette e Guérin (BCG), em países endémicos. Controle da doença através da vigilância
activa, intervenção terapêutica e profilática e cuidadoso monitoramento de casos3.

A protecção individual faz-se mediante máscaras faciais denominadas de Protecção Facial Fitro-2
(PFF2) ou tipo N95 em profissionais que lidam com doentes de tuberculose5. O sol, através dos
raios ultravioletas, mata o BK em 5 minutos. Assim, manter as casas bem ventiladas e deixar
entrar os raios solares, constituem medidas acessíveis e eficazes contra a transmissão da TB1,27,28.

16
1.1.10- Diagnóstico da Tuberculose

Denomina-se caso de TB todo indivíduo com diagnóstico confirmado por baciloscopia ou


cultura, e também aquele com diagnóstico médico baseado em dados clínico-epidemiológicos e
resultados de exames complementares1.

O Mycobacterium tuberculosis pode ser detectado pelo teste tuberculínico (Mantoux),


aproximadamente duas a quatro semanas após a infecção, mediante a uma injecção intracutânea
de proteína purificada derivada do Mycobacterium tuberculosis, que induz um endurecimento
visível e palpável que chega ao máximo em 48 a 72 horas1,2,7.

1.1.10.1- Diagnóstico Clínico

Os sintomas respiratórios suspeitos de TB não são específicas da TB, pois muitas patologias
respiratórias podem apresentar sintomatologia semelhante e, por isso, devem fazer parte do
diagnóstico diferencial da Tuberculose27.

Perante um doente que apresente estas manifestações é obrigatória a realização de duas


baciloscopias da expectoração realizadas em dois dias, sendo a primeira amostra colhida no
momento da primeira consulta (amostra imediata) e a segunda na manhã seguinte, em casa ao
acordar (amostra matinal) 28.

1.1.10.2- Diagnóstico Laboratorial

1.1.10.2.1- Exame Directo (baciloscopia)

O exame directo da expectoração (baciloscopia), usando a coloração de Zielh-Neelsen, é o meio


de diagnóstico mais usado nos casos de TB pulmonar. A sua técnica é simples, rápida e barata. A
sensibilidade do exame directo da expectoração é apenas de 50-60% pois é necessário haver 10
mil bacilos/ml de expectoração para o resultado ser positivo. Os casos com baciloscopia negativa,
estão mais associados aos doentes co-infectados com o HIV e crianças27,28.

17
1.1.10.2.2 - Cultura

A cultura da expectoração dá-nos o diagnóstico de certeza de um caso de TB. A sensibilidade é


de 80-85% pois requer que haja apenas 10 bacilos por mililitros de expectoração, contudo exige
uma técnica muito mais complicada, dispendiosa e o resultado só é obtido ao fim de 3 a 12
semanas. Cerca de 30% de casos de TB pulmonar com baciloscopia negativa serão positivos à
cultura27. O produto para cultura deve ser guardado na geleira até ao seu processamento. O tempo
entre a colheita e a realização da cultura não deve ser superior a 5 dias28.

1.1.10.2.3- Diagnóstico Radiológico

Não há nenhuma imagem radiológica patognomónica da TB pulmonar, embora existam algumas


imagens altamente sugestivas de TB. Nos doentes seropositivos estas imagens típicas são mais
raras. Com a progressão da imunodepressão pelo HIV, o padrão radiológico apresenta-se 89 com
formas não clássicas de TB. Por outro lado, o padrão militar do Raio X é um quadro altamente
sugestivo de TB e é comum nos immunodeprimidos e nas crianças1,13.

1.1.11- Tuberculose em Pacientes com HIV/SIDA

Este é um dos grandes problemas actuais, pois devido a pandemia do HIV/SIDA, os doentes com
TB e infectados com o HIV têm uma probabilidade maior de terem TB pulmonar com
baciloscopia negativa. Contudo, embora a TB pulmonar seja muito frequente, nem todos os casos
de queixas respiratórias em doentes com HIV/SIDA são casos de tuberculose e tem que se pensar
noutras patologias respiratórias em especial as pneumonias, antes de avançarmos para o
tratamento da TB28.

1.1.11.1- O começo do Tratamento Anti - TB (TAT) nos Doentes com HIV

A prioridade é iniciar o Tratamento Anti-TB (TAT), pois o início tardio do TAT tem mau
prognóstico. Com base nos vários estudos, o TAT deve ser iniciado como emergência dentro de 2
semanas antes do início do TARV em doentes com TB com contagens de CD4 inferiores a 50
cels/mm3 e o mais cedo possível (entre as 2 e 8 semanas) antes do início do TARV em todos os
outros casos de TB/HIV12,28.

18
1.1.11.2- Tratamento Preventivo com Isoniazida em Adultos

O Tratamento Preventivo com Isoniazida (TPI) para prevenir a progressão da infecção


tuberculosa (TB latente) a doença activa, é uma medida recomendada pela OMS desde 1998. O
TPI faz parte do pacote básico de cuidados às PVHS e das actividades colaborativas de TB/HIV
recomendadas pela OMS13.

1.1.12- Fármacos Antituberculosos

Os fármacos antituberculosos subdividem-se em duas linhas:

 Fármacos da 1ª linha - são aqueles que possuem alto índice de eficácia/ risco pelo que
devem ser empregados em primeiro lugar, são eles a estreptomicina, o etambutol, a
isoniazida, a pirazinamida e a rifampicina20.

 Fármacos da 2ª Linha – são aqueles cujo índice eficácia/ risco é menor pelo que pode
resultar muita toxicidade em relação aos anterior ou a resistência desenvolvida os “deixa
fora do jogo”20. São eles: canamicina, amicacina, capreomicina, etionamida, cicloserina,
ácido p-aminossalicílico5.

19
Tabela II: Fármacos Anti-tuberculosos de Primeira Linha

Medicamento Mecanismo de acção Toxicidade

Isoniazida Inibição da síntese de ácidos micólicos da Neurite periférica


pseudoparede celular Hepatite

Rifampicina Inibe a transcrição génica da micobactéria por Distúrbios


bloqueio da RNA polimerase DNA dependente gastrointestinais,

Icterícia

Etambutol Inibe a enzima arabinosil transferase que media a Neurite óptica


polimerização de arabinose para arabinogalactano

Pirazinamida Diminui o pH intracelular causando a inactivação de Hepatotoxicidade


enzimas, como a síntese I do ácido graxo essencial
para a síntese dos ácidos gordos

Estreptomicina Inibe a síntese proteica pela ruptura da função Ototoxicidade,


ribossomal Nefrotoxicidade

Fonte primária 3

Legendas:

ADN - Ácido Desoxirribonucléico;

ARN – Ácido Ribonucléico.

20
Tabela III: Fármacos Anti-tuberculosos de Segunda Linha

Medicamento Mecanismo de acção Toxicidade


Rifabutina Inibe ARN polimerase Hepatotoxicidade
dependente de ADN

Rifapentina Inibe ARN polimerase Hiperuricemia


dependente de ADN

Ácido Bacteriostático, inibe a síntese Distúrbios gastrointestinais,


aminossalicílico do ácido fólico

Capreomicina Bacteriostática, inibe a síntese da Ototoxicidade, nefrotoxicidade.


proteína

Cicloserina Bacteriostática, inibe a síntese da Neuropatia periférica, distúrbios do


parede celular sistema nervoso central

Etionamida Bacteriostática, síntese de blocos Neurotoxicidade, distúrbios


de ácidos micólicos gastrointestinais, hepatite.

Fluoroquinolonas, Bactericidas, inibem a ADN Distúrbios gastrointestinais,


Ciprofloxacina; girase Ototoxicidade e artropatia.
Levofloxacina e
Moxifloxacina
Fonte primária3

Legendas:
ADN - Ácido Desoxirribonucléico;
ARN – Ácido Ribonucléico

21
1.1.13- Objectivos do Tratamento da Tuberculose

São os objectivos de tratamento da tuberculose: Curar o doente com TB, restabelecer a qualidade
de vida e a produtividade, prevenir a morte por TB activa ou suas sequelas, prevenir as recaídas,
recorrências e falências, diminuir a transmissão da doença na comunidade, evitar a progressão da
infecção com o HIV, prevenir o desenvolvimento da resistência adquirida aos medicamentos e
prevenir as sequelas de TB11, 28.

1.1.14- Tratamento da Tuberculose Casos Novos BK+

O tratamento é feito mediante a terapia prolongada com múltiplas drogas para prevenir o
desenvolvimento de cepas resistentes a drogas, o tratamento dura 6 meses e é constituída por
duas fases: Fase intensiva, com duração de dois meses, constituída por quatros fármacos,
isoniazida (H) rifampicina (R), etambutol (E) e pirazinamida (Z) e fase de manutenção,
constituída por isoniazida e rifampicina por quatro meses3,11,8,13,15,19.

Tabela IV: Esquema Básico para Adultos e Adolescentes (2RHZE/4RH)

Regime Fármacos Faixa de peso Número de Meses de


Comprimidos de DFC Tratamento
4 DFC RHZE 30 a 37 kg 2 2
Fase 38 a 54 kg 3
Intensiva 55- 70 kg 4
˃ 70 kg 5
2DFC RH 30 a 37 kg 2 4
Fase de 38 a 54kg 3
Manutenção 55-70 kg 4
˃ 70 kg 5
Fonte primária28
Legendas:
4DFC: R (Rifampicina – 150mg) + H (Isoniazida - 75mg) + Z (Pirazinamida- 400mg) + E (Etambutol-
275mg);

22
2DFC: R (Rifampicina – 150mg) + H (Isoniazida - 75mg).

Indicações: Casos novos de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (excepto


meningite tuberculosa) infectados ou não pelo HIV28.

Nota: no caso de tratamento da meningite tuberculosa, adiciona-se na fase intensiva a


estreptomicina 10mg/kg/dia (intramuscular). Também está indicado o uso de corticosteróide:
prednisolona 1mg/kg/dia ou dexametazona 1 a 2 mg/kg/dia, por 4 a 6 semanas28.

23
1.2- ADESÃO AO TRATAMENTO

A primeira alusão à importância do cumprimento das prescrições médicas foi feita por Hipócrates
há 2400 anos. Deste modo a adesão ao regime terapêutico, adesão terapêutica ou ainda adesão ao
tratamento são diferentes modos de nomear a mesma entidade29.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, refere existir adesão quando o comportamento de


uma pessoa, na toma da medicação, no cumprimento de uma dieta, e/ou nas mudanças no estilo
de vida, coincide com as recomendações de um prestador de cuidados de saúde30.

“O termo adesão será utilizado como uma relação onde o paciente consegue compreender a
própria condição, os aspectos básicos de sua doença e a importância de sua adesão e não apenas
para melhorias do quadro clínico individual, mas também no contexto da história da doençaʼʼ29.

Entende-se a adesão como o grau de conformidade entre as recomendações dos profissionais de


saúde e o comportamento da pessoa relativamente ao regime terapêutico proposto. Compreende
como um programa extensivo ao comportamento da pessoa tomando a medicação, ou realizando
mudança no estilo de vida, seguindo dieta de forma correcta29.

Considera-se aderente ao tratamento da tuberculose, todo indivíduo que toma exactamente


conforme as instruções dos profissionais de saúde, considera-se como abandono, todo paciente
que há dois meses consecutivos ou mais não faz a medicação e faltoso, aquele que irregularmente
toma os medicamentos13.

Na actualidade surge o termo adesão parcial que se refere a situações em que o doente
não manifesta uma adesão total. Exemplo desta situação é quando o doente toma a dose
na hora errada ou a dose incorrecta. A adesão parcial pode ser intencional e acontece
frequentemente numa fase mais aguda da doença (e.g. quando se sentem pior tomam a
medicação e, ao contrário, quando não há sintomatologia, ignoram o tratamento
medicamentoso). A adesão parcial não intencional é mais comum em idosos e crianças e
é causada pelo esquecimento da dose prescrita (causa mais comum), pela confusão nos
esquemas de tratamento, rótulo impreciso e/ou incapacidade de abrir as embalagens30.

24
1.2.1- Não Adesão ao Tratamento

Pode ser considerada como “universal”, estando relacionada com diversos factores relativos ao
profissional de saúde, ao tratamento, à patologia e ao doente. São exemplos de não adesão ou não
cumprimento do regime medicamentoso, o facto de o doente não comparecer às consultas
médicas e não seguir as mudanças no estilo de vida recomendadas29.

Os comportamentos de não-adesão devem ser entendidos como respostas dos indivíduos à falta
de coincidência entre as suas ideias e as dos profissionais de saúde relativamente aos seus
problemas ou tratamentos30.

A não adesão terapêutica pode ser classificada em intencional, quando o doente não
cumpre o tratamento, apesar de o conhecer, ou não intencional, quando este não
compreende a informação prestada pelo profissional de saúde, quando se esquece ou
sente dificuldade em gerir a medicação, muitas vezes resultado de má comunicação entre
30
o doente e o profissional .

1.2.2- Medidas Avaliativas de Adesão

Os métodos para avaliar a adesão dos doentes ao regime terapêutico são inúmeros, agrupando-se
em directos e indirectos.

 Métodos indirectos - são os mais comummente utilizados e incluem: o relatório do doente, a


opinião do médico, o método do diário do doente, contagem dos comprimidos a cada nova
retirada na farmácia, utilização de registos de dispensação na farmácia e entre outros.

 Métodos directos - procuram confirmar se houve a ingestão do fármaco, dentro destes


encontram-se: o auto-relato por parte do paciente, a avaliação das concentrações séricas,
análise sanguínea ao marcador biológico, entre outros29.

25
1.2.3- Factores que Facilitam Adesão

 O financiamento do tratamento da tuberculose pelo Governo3.

 A Directa Observação do Tratamento de Curta Duração (DOTS), que é o nome de marca da


estratégia adoptada pela OMS para o controlo da tuberculose a nível mundial e que está
incluída na “Estratégia do Stop TB 2006-2015”12.

 A expansão dos serviços sanitários, palestras realizadas nas comunidades no sentido de


incentivar a população ao tratamento da tuberculose6.

 Criação de equipas de saúde que vão a busca dos faltosos, a ajuda psicológica e financeira por
parte dos familiares ao paciente6,29.

 Também fazem parte dos aspectos que facilitam a adesão ao tratamento da tuberculose, a
introdução de medicamentos em doses fixas combinadas (DFC) e regime terapêutico de curta
duração12.

 O conhecimento e compreensão da enfermidade por parte dos pacientes, recuperar-se de


estados mórbidos e passar a sentir-se bem25.

1.2.4- Factores que Dificultam a Adesão

A não adesão é hoje conhecida como a principal causa para o aumento da morbilidade e
mortalidade, redução da qualidade de vida, aumento dos custos médicos e excesso da utilização
dos serviços de saúde. Dentre os factores que condicionam a não adesão destacam29:

 Factores sociais, económicos e culturais: nível de escolaridade, a situação profissional, os


apoios sociais, as condições habitacionais, a distância ao local de tratamento e ainda, as
guerras, raça, crenças culturais e as desigualdades sociais29.
 Factores sócio-demográficos: como a idade, o sexo e o estado civil30.

 Factores relacionados com os serviços e os profissionais de saúde: onde se evidenciam o


grau de desenvolvimento dos sistemas de saúde, o sistema de distribuição de medicamentos, a
taxa de comparticipação, o acesso aos medicamentos, o grau de educação/esclarecimento dos
26
doentes face aos cuidados de tratamento no domicílio, os recursos humanos e técnicos
disponíveis nos serviços, os horários e duração das consultas, os conhecimentos dos
profissionais de saúde acerca das doenças3.

 Factores relacionados com a doença de base e co-morbilidade: nomeadamente a gravidade


dos sintomas, a incapacidade física, psicológica, social e profissional, o grau de risco que a
pessoa atribui à doença, o impacto que esta representa na sua vida e o carácter da doença29.

 Factores relacionados com o tratamento: que se incluem, a complexidade, a duração e a


realização de alterações frequentes na medicação, a ausência imediata de melhoria dos
sintomas e os efeitos secundários da medicação, assim como desaparecimento de sintomas,
onde a maioria dos pacientes ganham uma sensação de melhorias durante o tratamento30.

 Factores relacionados com a pessoa doente: destacando-se os recursos psicológicos, os


conhecimentos, as atitudes, as crenças, as percepções relativas a episódios de doença, quer
anteriores, quer à actual, e as expectativas da própria pessoa. Estão também incluídas a
ausência de informação e o suporte para a mudança de comportamentos, a falta de
capacidade, de motivação e de auto-eficácia para gerir o regime terapêutico29.

1.2.5- Abandono ao Tratamento da Tuberculose

Apesar do fornecimento gratuito de medicamentos antituberculosos em todo território nacional


pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS), a não adesão e o abandono do tratamento são os maiores
obstáculos para o controlo e a cura da TB.3 Portanto as principais medidas de combate ao
abandono de tratamento é a busca de faltosos, procurar saber e tentar resolver os factores
promotores das faltas, medicação assistida, entre outras no sentido de garantir com que o paciente
tenha a cura3,6.

Os homens prevalecem com taxa de abandono de 17,3% comparativamente com as mulheres com
uma taxa de 9.3% com um proporção de 74,3% em relação ao total do abandono, e quanto a cura
predomina as mulheres com uma taxa de 76,1, foi verificado a prevalência de tuberculose mais na
faixa etária de 31 a 40 anos3.

27
1.2.6- Consequências do Abandono do Tratamento da Tuberculose

Tudo na saúde tem o seu impacto, no actual cenário da luta contra a tuberculose um dos aspectos
e mais desafiadores é o abandono do tratamento pois repercute no aumento dos índices de
mortalidade, incidência e estirpes multi-droga-resistentes3.

O portador de tuberculose que não adere à terapêutica permanece como fonte de contágio11. O
tratamento incompleto ou irregular afecta acura, leva à resistência medicamentosa e compromete
o controlo da tuberculose aumentando o tempo e o custo do tratamento21,26.

1.3- CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO

O estudo foi realizado na instalação do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose e Lepra


(PNCTL), no Centro de Saúde Primeiro de Maio, na cidade de Nampula, província do mesmo
nome, na região Norte de Moçambique. O Centro de Saúde 1º de Maio é uma Unidade Sanitária
do tipo II e é uma instituição pública localizada na zona urbana, na Avenida do Trabalho. Esta
Unidade Sanitária presta os seguintes serviços: Consultas Externas para Adultos e Crianças,
Banco de Socorros, Serviço Materna-infantil, Programa Alargado de Vacinação, Tratamento
Antiretroviral, Serviços de Aconselhamento de Adolescentes e Jovens, Estomatologia e Programa
Nacional do Controlo da Tuberculose e Lepra. Para além de serviços prestados, a Unidade
Sanitária contém Secretaria, Farmácia Pública e depósito de Medicamentos da Farmácia.

O PNCTL trata em média anual 515 pacientes com Tuberculose de todas as formas, associada e/
ou não ao HIV/SIDA, diagnosticados nesta unidade sanitária ou vindo das outras. Este programa
contém 26 activistas preparados para palestrar em dias alternados em comunidades e em buscas
activas dos pacientes faltosos. O programa conta com dois profissionais que atendem todos os
casos da Tuberculose e Lepra.

28
1.3.1- Tratamento da Tuberculose no PNCTL do Centro de Saúde 1º de Maio

A prevenção da TB é feita mediante máscaras cirúrgicas em todos profissionais de saúde que


lidam com pacientes portadores da tuberculose nesta unidade sanitária. Os familiares do paciente
com tuberculose, concretamente mulheres grávidas, crianças com idade igual ou superior a 5
anos, pacientes com HIV/SIDA e idosos beneficiam de um tratamento profilático com Isoniazida
no momento em que paciente com tuberculose (familiar) faz o tratamento.

O tratamento é feito mediante fármacos que apresentam-se em forma de 4DFC (4 Doses Fixas
Combinadas) administrados a cada paciente durante 2 meses assistido pelo profissional de saúde
competente nos dias em que o paciente vem levantar os medicamentos na US e pelos activistas
nos dias em que este faz o tratamento em casa e 2DFC (2 Doses Fixas Combinadas)
administrados a cada paciente durante 4 meses assistido pelo profissional de saúde competente
nos dias em que o paciente vem levantar os fármacos tuberculostáticos na US e controlado por
activistas nos dias em que o paciente faz o tratamento em casa. Para além da dispensa dos
medicamentos antituberculosos, o PNCTL também é responsável pela dispensa dos
medicamentos para tratamento da lepra.

1.3.2- Parâmetros de Adesão no Tratamento da Tuberculose

Para cada paciente nesta unidade sanitária recebe medicamentos na segunda, terça e sexta-feira
(três vezes numa semana) durante a fase intensiva que tem a duração de 2 meses e quarta-feira
(uma vez numa semana) durante a fase de manutenção, com duração de 4 meses, perfazendo os 6
meses de tratamento da tuberculose, casos novos com exame de BK+, facto que obriga o
aparecimento semanal de cada paciente no PNCTL para levantar os medicamentos.

A adesão ou não adesão verifica-se de duas maneiras, pela presença ou ausência do paciente no
dia de levantamento dos medicamentos e pelo abandono ao tratamento. Define-se como faltoso, o
paciente que não se faz presente no dia de levantamento de medicamentos no PNCTL, marcando-
se com um X (presença) no quadradinho de cada tabela de uma das fases de tratamento na Ficha
de Tratamento de Tuberculose e no caso contrário coloca-se F (falta). O abandono ao tratamento
refere-se aos pacientes que não vem levantar os seus medicamentos no PNCTL pelo menos há 2
meses consecutivos.
29
4-TEMA

ADESÃO AO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE CASOS NOVOS E BK+


EM PACIENTES AMBULATÓRIOS, TRATADOS NO PERÍODO ENTRE JANEIRO DE 2013
A ABRIL DE 2014, NO CENTRO DE SAÚDE PRIMEIRO DE MAIO – NAMPULA.

4.1- Problema de Investigação

Qual é a taxa de adesão ao tratamento da tuberculose, casos novos, BK+, em pacientes


ambulatórios tratados no período entre Janeiro de 2013 a Abril de 2014, no Centro de Saúde
Primeiro de Maio na Cidade de Nampula?

4.2- Justificativa

A tuberculose é uma das principais causas de morte em Moçambique e afecta adultos, jovens e
crianças e sobre ela determinadas interpretações são construídas e buscam dar sentido a uma
doença com a qual os indivíduos se relacionam no quotidiano. Por necessitar de um longo
tratamento, tem sido uma ”dor de cabeça” para muitos governos, devido diversas discrepâncias
na aderência da sua terapia, levando as vezes muitas consequências que até culminam com a
morte. O tratamento incompleto ou irregular afecta a cura, leva à resistência medicamentosa e
compromete o controlo da tuberculose aumentando o tempo e o custo no tratamento21,26. O
indivíduo que não adere ao tratamento da tuberculose permanece como fonte de contágio11.

Estudos sobre a adesão do tratamento da tuberculose proporcionam um campo de preponderantes


análises nas ciências médicas devido as diferentes atitudes tomadas pelos pacientes durante a
terapia. É nesse sentido que a pesquisa se apresenta pertinente na medida em que determina o
nível de adesão no tratamento da doença, de modo que contribua significativamente para
reorientar as práticas assistenciais, na perspectiva de uma utilização mais racional dos
medicamentos pelos pacientes de modo a reduzir a taxa de morbimortalidade por tuberculose11.

Estimativas feitas pela OMS indicam um agravamento de não adesão nos anos 2005 e 2006, este
agravamento é testemunho da taxa de incidência de 447 para 460 casos novos por 100,000
habitantes de 2005 para 2006 respectivamente6. Em Moçambique, a taxa de prevalência também
aumentou de 597 para 639 casos por 100.000 habitantes de 2005 á 2006 respectivamente6,11.
30
Em 2007 Moçambique ocupou o 19° lugar com elevado número de casos de tuberculose dos 22
países com maior peso da TB no mundo, neste período registou-se um aumento de 38.044 para
45.493 casos novos de tuberculose, dos quais 19.579 (47%) representam os casos mais
infecciosos da doença6. A introdução de regimes de curta duração e adopção da estratégia DOTS,
melhoram a adesão ao tratamento da TB, fazendo com que a taxas de cura, de abandono e de
óbito passassem de 83% para 83.6%, de 4.6% para 4.2% e de 10.2 % para 8.3% em 2006 a 2010
respectivamente, em todos casos diagnosticados11.

31
5- OBJECTIVOS

5.1- Objectivo Geral:

 Determinar a taxa de adesão ao tratamento da tuberculose, casos novos, BK+, em pacientes


ambulatórios tratados no período entre Janeiro de 2013 a Abril de 2014 no Centro de Saúde
Primeiro de Maio - Nampula.

5.2- Objectivos Específicos:

 Inferir adesão ao tratamento da tuberculose através da assiduidade no levantamento dos


antituberculosos;

 Constatar a frequência dos pacientes que abandonaram o tratamento da tuberculose;

 Relacionar o sexo e a ocupação dos pacientes com adesão ao tratamento da tuberculose.

32
6- METODOLOGIA DO ESTUDO

6.1- Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, baseado na análise documental com


levantamento de dados inerentes a adesão ao tratamento da tuberculose retirados nas Fichas de
Tratamento de Tuberculose. Os dados retirados referem-se a número de faltas e abandonos,
também relacionou-se o sexo e ocupação dos pacientes, como factores que podem influenciar na
adesão ao tratamento da tuberculose.

6.2- População de Estudo

Escolheu-se a população alvo de acordo com os objectivos da pesquisa, sendo esta, pacientes
ambulatórios com tuberculose, classificada como caso novo, com exame de baciloscopia positiva
(BK+), tratados no período entre Janeiro de 2013 a Abril de 2014 no PNCTL, instalado no Centro
de Saúde 1º de Maio na cidade de Nampula. Seleccionou-se de forma convencional 174 pacientes
por meio de Fichas de Tratamento de Tuberculose.

Dos 174 indivíduos analisados 114 foram do sexo masculino e 60 do sexo feminino
representando 65.5% e 34.5% respectivamente. O estudo realizou-se no período entre 15 a 30 de
Maio de 2014.

6.3- Critério de Inclusão

Fizeram parte do estudo através de Fichas de Tratamento de Tuberculose, pacientes ambulatórios


de ambos sexos, com idade compreendida entre 18 a 72 anos, contendo tuberculose, casos novos,
com exame de baciloscopia positiva no início do tratamento, que foram tratados de Janeiro de
2013 a Abril de 2014.

33
6.4- Critério de Exclusão

Não fizeram parte do estudo mediante Fichas de Tratamento de Tuberculose (anexos II), todos
pacientes com idade inferior a 18 anos e superior a 72 anos de idade, pacientes com exames de
baciloscopia negativa no inicio do tratamento, pacientes óbitos, pacientes transferidos, pacientes
em retratamento, fichas de pacientes com dados incompletos, fichas degradadas e fichas com
dados invisíveis.

6.5- Questões Éticas

Considerando que não houve contacto directo com os pacientes, não se precisou de apresentação
individual de paciente, não foi necessário o exame do paciente, não se utilizou o nome do
paciente. O trabalho foi realizado mediante a apresentação de uma credencial no Centro de Saúde
1º de Maio (Anexos I).

6.6-Material e Métodos

Para a recolha de dados, elaborou-se uma ficha de recolha de dados (Apêndice I), em folha de
tamanho A4 contendo o sexo, ocupação, número de faltas e abandonos. Para o registo de dados
usou-se lápis, borracha e caneta.

Para além das técnicas de colecta de dados descritas acima, fez-se a consulta bibliográfica que
consistiu na busca, leitura e análise das informações inerentes a tuberculose em alguns manuais e
obras de ciências médicas, existentes na biblioteca da Universidade Lúrio, Faculdade de Ciências
de Saúde, também usou-se as fontes da Internet.

6.7- Análise dos Dados

Após a colecta, os dados foram compilados e tratados no sistema Microsoft Office Excel 2007 e
em seguida apresentados em tabelas e gráficos.

34
7- APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

7.1- Apresentação dos Resultados

Tabela V: Relação entre Sexo com Faltas no Tratamento da Tuberculose

Intervalo de 0 – 10 10 – 20 20 – 30 30 - 40 40 – 50 50 – 60 Total
Faltas %
Fases de Int Man Int Man Int Man Int Man Int Man Int Man
Tratamento
Sexo Masculino 2 8 2 3 0 2 0 1 0 1 0 0 79.2
Feminino 0 2 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 20.8

Total 2 10 2 4 0 3 0 1 0 1 0 1 100

Fonte do autor

Legendas:

Int – Intensiva;

Man – Manutenção.

Quanto a avaliação da aderência em relação às faltas no levantamento dos antituberculosos, a


tabela indica que 2 dos 19 pacientes do sexo masculino, tiveram faltas no intervalo de 0 a 10
faltas na fase intensiva e 8, na fase de manutenção. Dos 19 pacientes do sexo masculino, no
intervalo de 10 a 20 faltas, apenas 2 faltaram na fase intensiva e 3 na fase de manutenção. Dos 19
pacientes do mesmo sexo, nenhum teve faltas no intervalo de 20 a 30 faltas, na fase intensiva e 2,
tiveram na fase de manutenção. Nenhum dos 19 pacientes teve faltas no intervalo 30 a 40 faltas,
na fase intensiva e apenas 1 teve na fase de manutenção. Dos 19 pacientes do sexo em destaque,
nenhum teve faltas no intervalo de 40 a 50 faltas, na fase intensiva e pelo menos 1 teve, na fase
de manutenção. Finalmente, no intervalo de 50 a 60 faltas, dos 19 pacientes deste sexo, nenhum
teve faltas tanto na fase intensiva, assim como, na fase de manutenção.

Dos 5 pacientes do sexo feminino, nenhum teve faltas no intervalo de 0 a 10 faltas, na fase
intensiva e 2 tiveram na fase de manutenção. No intervalo de 10 a 20 faltas, nenhum dos 5

35
pacientes do sexo feminino teve faltas na fase intensiva e apenas 1 teve na fase de manutenção, a
semelhança daquilo que se verificou no intervalo de 20 a 30 faltas. No intervalo de faltas de
30,40,50, dos 5 pacientes deste sexo, nenhum teve faltas na fase intensiva, assim como na fase de
manutenção. Finalmente, no intervalo de 50 a 60 faltas, nenhum dos 5 pacientes do sexo
feminino teve faltas na fase intensiva e apenas 1 teve na fase de manutenção. O total percentual
dos indivíduos com faltas foi de 79.2% que correspondem a 19 homens e 20.8% que
correspondem a 5 mulheres. (Tabela V)

Tabela VI: Relação entre Sexo com Abandono ao Tratamento da Tuberculose

Sexo Abandono (No) Percentagem (%)

Masculino 15 75
Feminino 5 25

Total 20 100
Fonte do autor

Legendas:
No- Número de indivíduos;

Quanto a avaliação da adesão no tratamento da TB em relação ao abandono, a tabela acima indica


que dos 20 pacientes que abandonaram o tratamento, 15 pacientes que correspondem a 75%
foram do sexo masculino e os restantes 5 pacientes foram do sexo feminino que correspondem a
25%. (TabelaVI)

36
Tabela VII: Relação entre Ocupação com Faltas no Tratamento da Tuberculose

Ocupação Faltosos (No) Percentagem (%)


Domésticos 3 12.5
Estudantes 2 8.3
Professores 3 12.5
Polícias 2 8.3
Enfermeiros 1 4.2
Motoristas 2 8.3
Camponeses 4 16.6
Carpinteiros 1 4.2
Mecânicos 1 4.2
Médicos Tradicionais 1 4.2
Pintores 1 4.2
Pedreiros 1 4.2
Vendedores 2 8.3
Total 24 100
Fonte do autor

Legendas:
No- Número de indivíduos.

Quanto a relação entre a ocupação com faltas no levantamento dos antituberculosos, a tabela
indica que dos 24 pacientes faltosos, 3 são domésticos, igual número de professores que
corresponde a 25% da amostra. Destes 2 são estudantes, igual número de polícias, motoristas e
vendedores, que correspondem a 33.2% da amostra. Dos mesmos, 1 é enfermeiro, igual número
de carpinteiros, mecânicos, médicos tradicionais pintores e pedreiros, perfazendo 25.2% da
amostra. Finalmente, destes, 4 são camponeses, correspondendo a 16.6% da amostra. (Tabela
VII).

37
Tabela VIII: Relação entre Ocupação com Abandono ao Tratamento da Tuberculose

Ocupação Abandono (No) Percentagem (%)


Domésticos 2 10
Estudantes 3 15
Professores 2 10
Polícias 1 5
Enfermeiros 0 0
Motoristas 1 5
Camponeses 7 35
Carpinteiros 1 5
Médicos Tradicionais 0 0
Mecânicos 0 0
Pintores 0 0
Pedreiros 1 5
Vendedores 2 10
Total 20 100
Fonte do autor

Legendas:
No- Número de indivíduos.

Quanto a relação entre a ocupação com o abandono no tratamento da tuberculose, a tabela indica
que dos 20 pacientes que compõem a amostra em análise, 2 pacientes domésticos, abandonaram o
tratamento, igual número dos professores e vendedores, que corresponde a 30% da amostra.
Destes, 3 são estudantes, que corresponde a 15% da amostra.

1 Polícia abandonou o tratamento, o mesmo que se verificou em pacientes motoristas,


carpinteiros e pedreiros, correspondendo a 40% da amostra. 7 Pacientes camponeses
abandonaram o tratamento da TB, que corresponde a 35% da amostra e finalmente nenhum dos
enfermeiros, médicos tradicionais, mecânicos e pintores, abandonou o tratamento da doença, que
corresponde a 0.0% da amostra. (Tabela VIII)

38
Tabela IX. Relação entre Sexo com Adesão ao Tratamento da Tuberculose

Sexo Aderentes (No) Percentagem (%) Não aderentes (No) Percentagem (%)
Masculino 80 70.2 34 29.8
Feminino 50 83.3 10 16.7
Total 130 44
Fonte do autor

Legendas:
No - Número de indivíduos.

Quanto a avaliação da adesão em relação ao sexo, a tabela ilustra que 80 dos 114 pacientes do
sexo masculino, aderiram o tratamento, que corresponde a 70.2% e 50 dos 60 pacientes do sexo
feminino, aderiram o tratamento, que corresponde a 83.3% (Tabela IX).

39
Gráfico I: Taxa Acumulativa de Adesão ao Tratamento da Tuberculose

Fonte do autor

Quanto a taxa acumulativa de adesão ao tratamento da tuberculose em relação aos pacientes


tratados, o gráfico indica que dos 174 pacientes, 130 aderiram o tratamento, que corresponde a
74.7% (Gráfico I)

40
7.2-Análise e Discussão dos Resultados

A literatura parafraseia que, os factores sócio-demográficos tais como a idade, o sexo e o estado
civil influenciam na adesão ao tratamento de uma doença crónica, bem como, os factores
relacionados com o tratamento em que se incluem, a duração, a ausência imediata de melhoria
dos sintomas e os efeitos secundários da medicação, assim como desaparecimento imediato de
sintomas, onde a maioria dos pacientes ganham uma sensação de melhorias durante o
tratamento29. É provável que o factor sexo, bem como a sensação de melhorias na parte dos
pacientes durante o tratamento da tuberculose, tenham influenciado nas faltas no levantamento
dos tuberculostáticos, prejudicando assim a adesão, visto que os resultados deste estudo,
demonstram maior número de pacientes do sexo masculino faltosos (19), quando comparados aos
pacientes do sexo feminino (5) e a maioria das faltas foram verificadas na fase de manutenção,
onde também é provável que estes pacientes tinham uma sensação de melhorias no tratamento da
doença (Tabela V).

No que diz respeito ao abandono em relação ao sexo, o estudo mostra maior número de
abandonos no tratamento da tuberculose em pacientes do sexo masculino, quando comparado ao
sexo feminino, correspondendo a 75% e 25% respectivamente (Tabela VI). Os estudos quase
semelhantes, feitos no Brasil em 2008, indicam que os homens prevalecem com uma proporção de
74,3% em relação ao total do abandono, quando comparados com as mulheres3.

Quanto a relação entre ocupação com faltas no levantamento dos antituberculosos, os resultados
mostram maiores percentagens em pacientes camponeses, professores e domésticos, com 16.6%,
12.5% e 12.5% respectivamente em relação aos pacientes com outras ocupações diferentes, é
provável que o tipo de ocupação tenha influenciado nas faltas no levantamento dos
tuberculostáticos. (Tabela VII). O estudo semelhante realizou-se se em Portugal no ano 2011, que
diz que os factores como a situação profissional, influenciam na adesão ao tratamento da doença
crónica29.

No que diz respeito a relação entre ocupação com abandonos, os resultados indicam que os
pacientes camponeses lideram com maior taxa de abandonos de (35%), seguido dos estudantes
com 15% (Tabela VIII). É provável que o tipo de ocupação tenha influenciado nos abandonos ao
tratamento da tuberculose.

41
A semelhança do estudo feito no Brasil em 2010,que diz há maior percentagem dos abandonos
em pacientes muito ocupados quando comparados dos menos ocupados3.

Segundo estudos realizados pela Organização Mundial Saúde em 2003, revelam que os factores
tais como, a idade, sexo, educação, ocupação, rendimentos, estado civil, raça, religião, etnia e
vida urbana versus rural não têm sido claramente associadas à adesão31.

O estudo mostra maior adesão em pacientes do sexo feminino (83.3%), quando comparado aos
pacientes do sexo masculino (70.2%) (Tabela IX), o que é provável que no contexto
moçambicano a grande maioria dos homens é ocupado em relação as mulheres, podendo deste
modo fracassar na adesão a terapia antituberculosa.

Em termos de adesão no tratamento da tuberculose, casos novos com exame de baciloscopia


positiva, em pacientes ambulatórios tratados no período de Janeiro de 2013 a Abril de 2014, os
resultados alcançados neste estudo, mostram uma taxa de adesão cumulativa de 74.7% (gráfico I)
o que pode se concluir que há uma boa adesão na terapia antituberculosa na Unidade Sanitária 1º
de Maio, visto que a percentagem alcançada, não se distancia tanto daquela obtida nos estudos
realizados em Coimbra, que referem que, há adesão quando são seguidas pelo menos 80% das
prescrições no seu total29.

42
8- CONCLUSÃO

Quanto a adesão ao tratamento da tuberculose através da assiduidade no levantamento dos


antituberculosos, 24 pacientes faltaram pelo menos uma vez no levantamento dos seus
medicamentos nesta Unidade Sanitária. Quanto a frequência dos pacientes que abandonaram o
tratamento da tuberculose, a taxa alcançada foi de 11.5% que corresponde a 20 pacientes duma
amostra analisada de174 pacientes. Relacionando o sexo, a ocupação dos pacientes com adesão a
terapia antituberculosa, os indivíduos do sexo masculino e os não domésticos, revelaram maiores
dificuldades na adesão ao tratamento da tuberculose, ao contrário do que se verificou nos
pacientes do sexo feminino e nos domésticos. A taxa acumulativa de adesão encontrada no estudo
foi de 74.7%, o que indica uma boa adesão a terapia antituberculosa. É provável que a estratégia
DOTS, “Paragem Única”, fármacos na forma de DFC e a busca activa dos pacientes faltosos,
tenham contribuído para uma boa adesão ao tratamento da tuberculose nesta Unidade Sanitária.

43
9- LIMITAÇÕES DO ESTUDO

 Não acompanhamento dos pacientes durante o tratamento;

 É provável que haja registo de casos de óbitos como abandonos durante o tratamento;

 O estudo foi intensivo devido ao factor tempo;

 Falta do domínio do programa estatístico Microsoft Office Excel 2007;

 Realização do estudo em simultâneo com o estágio profissional e relatórios do mesmo.

44
10- RECOMENDAÇÕES

 Recomenda-se que, se crie mecanismos de informar aos pacientes sobre os objectivos do


tratamento da tuberculose, dando-se ênfase das vantagens da adesão e das desvantagens de
não adesão no seio do doente, da família e da sociedade em geral;

 Que se realize estudos que aprofundem as causas de não adesão ao tratamento da tuberculose;

 Recomenda – se que, se efectue as buscas activas dos faltosos mais rápido possível.

45
11- BIBLIOGRAFIA

1. HINRICHSEN Sylvia Lemos. Doenças Infecciosas e Parasitárias, Vol.3, P 281-96.

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19. GOODMAN & GILMAN. As Bases Farmacológicas da Terapêutica.11ª. ed. 2007. P. 1048 -
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21. BURTON Gwendolyn R. W., KIRK Paul G. Engel. Microbiologia Para Ciências de
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22. HIPÓLITO de Aguiar António. Medicamentos, que Realidade.2ª. ed. Lisboa. CLIMEPSI;
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23. Gestão e Controlo de Medicamentos: Manual de Formação para Unidades Sanitárias


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24. PANIZ Vera Maria Vieira. Acesso a Medicamentos em População Assistida por Diferentes
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107-114). 

48
12- ANEXOS

Anexo I

Fonte primária
49
Anexos II

Fonte primária

50
13- PÊNDICES

Apêndice I. Questionário (Ficha de Recolha de Dados)

Sexo Ocupação Número de Faltas em Fases Abandono

Masculino Feminino Intensiva Manutenção

Fonte do autor

51
ÍNDICE

1-INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 11

1.1- TUBERCULOSE ................................................................................................................... 12

1.1.1- História da Tuberculose ............................................................................................... 12

1.1.2-Tuberculose: Explicação Biomédica............................................................................. 12

1.1.5 – Epidemiologia ............................................................................................................ 13

1.1.6 -Transmissão da Tuberculose ........................................................................................ 15

1.1.7 - Patogenia da Tuberculose ........................................................................................... 16

1.1.9 - Prevenção da Tuberculose .......................................................................................... 16

1.1.10- Diagnóstico da Tuberculose ....................................................................................... 17

1.1.12- Fármacos Antituberculosos ........................................................................................ 19

1.1.14- Tratamento da Tuberculose Casos Novos BK+ ......................................................... 22

1.2- ADESÃO AO TRATAMENTO......................................................................................... 24

1.2.2- Medidas Avaliativas de Adesão ................................................................................... 25

1.2.3- Factores que Facilitam Adesão .................................................................................... 26

1.2.4- Factores que Dificultam a Adesão ............................................................................... 26

1.2.5- Abandono ao Tratamento da Tuberculose ................................................................... 27

1.3- CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO ........................................................... 28

1.3.1- Tratamento da Tuberculose no PNCTL do Centro de Saúde 1º de Maio .................... 29

1.3.2- Parâmetros de Adesão no Tratamento da Tuberculose ................................................ 29

4-TEMA ........................................................................................................................................ 30

4.1- Problema de Investigação ................................................................................................... 30

4.2- Justificativa ......................................................................................................................... 30

5- OBJECTIVOS ........................................................................................................................... 32

52
6- METODOLOGIA DO ESTUDO .............................................................................................. 33

7- APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................. 35

7.1- Apresentação dos Resultados ............................................................................................. 35

7.2- Análise e Discussão dos Resultados ................................................................................... 41

8- CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 43

9- LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................................... 44

10- RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................. 45

11- BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................... 46

12- ANEXOS ................................................................................................................................. 49

13- PÊNDICES .............................................................................................................................. 51

53

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