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e Cognição
Avanços recentes das aplicações
com portam entais e cognitivas
ESETec
Sobre
Comportamento
e Cognição
A vanços rcccntcs das aplicações
comportamcntais c cognitivas
Volume 26
ESETec
Editor«» A ssociados
2010
Copyrights desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo André, 2010.
Todos os direitos reservados
318 p 23cm
CDD 155.2
CDU 159 9 019 4
978-85-7918-015-6
Apresentação................................................................................................... 9
6
Cap.230 tabagismo nos contextos escolar e do trabalho........................ 217
Ana Cristina Polycarpo Gameiro, Priscila Vicente, Maria Luiza Marinho-Casanova
Cap.24 Do contexto individual para o contexto coletivo: primeiras experi
ências de aplicação dos procedimentos de equivalência de estimulos
em sala de a u la ......................................................................................230
Josó Gonçalvos Medeiros
Cap.25 Um estudo observacional sobre a ocorrência de contingências
favoráveis ao desenvolvimento da autoestima em salas de a u la ..... 238
Renata Cristina Gomos, Aline Wandorioy Villaschi, Clovos Pereira do Nascimento,
Cybollc Olivier do Araújo, Emanucllo Corrôa Figuoiredo
7
Apresentação
Comissão Editorial
to
Análise Aplicada ao
Ensino, Esporte,
Saúde e Trabalho
Capítulo 1
Cuidando de quem cuida: a experiência
com um grupo de servidoras em
um hospital geral
I I i/eu Borloti
Universidade Federal do Lspírito Santo - l / í LS
M i/c u H o r lo ti, R .if .ic l R u b e n s ile Q u e n o / H .ilb i N e t o , 1 , /iu lw n o I o u re m » H .ip lis lii,
M iir id ii.i C /r d ís i M . ic ie l
“equipe do saúde", “instituição” e “estagiários"), um levantamento das ações de 25 psicó
logos em Hospitais Gerais do Rio Grande do Norte mostrou que 24 deles atuam com os
paciontes e que aponas um tem os profissionais do Hospital como o alvo da sua atuação
Quando pensam na equipe de saúdo “...a maioria logra obter uma inserção importante,
tanto do ponto de vista de uma atenção integrada aos pacientes quanto de sua aceitação
nas equipes tócnicas" (Yamamoto, Trindndo & Oliveira, 2002, p. 66). Dc acordo com osso
mosmo estudo, alguns dos poucos psicólogos que atuam com os profissionais de saú
do os vôom como recursos humanos precisando do seleção e treinamonto para desem-
ponhar melhor sua tarefa junto aos usuários e seus familiares.
Pensando os profissionais de saúde como alvos diretos de um serviço que,
num primeiro plano, visaria à melhoria da qualidade de suas vidas para, como conso-
qüência, so obtor uma melhoria do atendimento ao alvo existencial do Hospital Gorai -
o paciente e seus familiares -, este Capítulo tom como objetivo relatar a experiência de
um trabalho de Psicologia realizado no maior Hospital Geral Público do Espírito Santo.
O foco foi a saude do trabalhador da saúde; como este trabalho foi demandado,
estruturado, executado e avaliado.
Por posicionamento político dos autores, as expressões "profissionais do saú
de", “trabalhadores da saúde", “funcionários da saúde" e "servidores da saúdo" são
equivalentes. Optamos por referir o alvo humano do serviço como "servidoras" ou "mu
lheres” para denotar as questões de gênero e, ao mesmo tempo, o âmbito do serviço
público das suas açõos do saúdo, cuja oficácia dependo, igualmonto, das nçõos do
servidoras auxiliares (do sorviços gerais, do enfermagem, etc.), tócnicas (de laborató
rio, do radiologia, etc.) e graduadas (médicas, farmacêuticas, enfermeiras, etc.). Assim,
o trocadilho ó proposital: osto Capítulo relata “um serviço para quom prosta serviço". O
Capítulo está dividido em seções que refletem os momentos do processo vivonciado
pela equipo, composta pelos autoros, por uma psicóloga voluntária (Maria Julia do Sá)
e por outros alunos da graduação em Psicologia da UFES (Ana Carolina Marins Bezer
ra, Janaina Bichi de Barcelos, Maria loreza Bragança Boreli, Sandra Bonfim Leonel).
H i/c u Borloti, Riifdcl Kubrn* ilc O u tr o ; H.ilbi Neto, C/iuli.mo loureiro Hopliít.i,
Mdridim C/rds*i Mdcicl
transformadora do movimento das mulheres da saúde, cujas demandas dosmistificam
a figura idealizada do cuidador.
Sobre Cornporl.imenlo e l.
fico bem, nem quando estou dentro de casa. Quando eu olho pra ele, quero sair de
casa! Eu tenho dois empregos, quando eu chego em casa de manhà, estou morta e ele
bêbado. De noite olo bobe de novo. Às vezes, eu falo alguma coisa com ele e ele
reclama, porquo eu também reclamo (...) Ele quer que ou fique quietinha e eu não
consigo ficar calada". Esta fala permitiu a partilha da dificuldade com parentes
depondcntos do álcool o dos modos do onfrontar o problem a: como sous
comportamentos afotavam os comportamontos dos parceiros.
O peso dos problemas de cada uma foi compartilhado na apresentação da
"pizza de proocupações", com fatias de tamanhos diferentes. Foi um excelente momento
de reflexão sobre como, devido a um controle por regras, um mesmo probfema causa
nlvois diforontes de proocupação om cada mulher. As fatias da pizza foram postas nos
devidos lugares, em termos dos três grupos de preocupações, para a prática da resolução
de problemas e do rolaxamento muscular progressivo, fcm geral, os problomas
dostacavam os entravos nas habilidades sociais. Para algumas mulheres, a prática do
relaxamento om familia, com maridos ou filhos, melhorou a qualidade das interações
por permitir uma forma nova e lúdica de contato (ntimo e expressão de afeto.
Como parte das estratégias, foi iniciado a contestação das regras explicitas e
implícitas que governavam as interações sociais das mulheres. A maior dificuldade nos
relacionamentos sociais era "não saber dizer não"; nas poucas vezes em que elas
conseguiam dizer não, sentiam angústia, frustração, raiva auto-dírigida ou culpa: "O
meu caso, passa polo modo do sor rocrímínada, do não sor ontondida, do sor
abandonada Passa pelo caso de ‘eu não quero mais nada com você'. É um modo lá do
fundo, da infância, medo da repreensão, do castigo.(...) Isso ó inconsciento, não é uma
coisa quo traz bonefício para mim, nem para ninguém. O fato mesmo ó não sabor por
outra forma, nó? Anho quo passa pelo se sentir incapaz, impotente, som diroitos" "A
gonto lombra muito o relacionamonto de marido o mulher. Quando você ama ou gosta
tanto, você se neutraliza, você se esquece e vive em função daquola possoa. Você falou
e eu fiquei pensando na minha primeira convivência (de amor]".
A aprendizagem das formas do engajamento nas relações interpessoais foi
feita a partir do metáforas sobro as propriedades das intorações sociais apresentadas
como problema (“engolir sapos" ou "cuspir marimbondos"). As mulheres discutiram a
presença ou ausência do comportamento assertivo em hierarquias de interações menos
e mais difíceis: "Pra mim o mais difícil é que eu não consigo convencer a outra pessoa.
Mesmo que eu esteja certa, ou não consigo fazer a colocaçao correta daquilo que eu
penso, daquilo quo ou quero, da parto quo cu estou corta. Eu não consigo fazer valer
meu pensamento. E isso é o que mais mo incomoda". "Fu não gosto de entrar em crise
com ninguém. Se gera um conflito, uma confusão... isso ó ruim. Dá impressão que a
pessoa não te aceita como você ó".
Histórias de vida sempre mostravam o peso do gênero na construção da
fragilidade do repertório do habilidades sociais de onfrentamento, refletida nas relações
de trabalho. Um primeiro ponto para reflexão foi posto pelo terapeuta: "Infelizmente a
gonto não aprondo [a sor assortivo). A gonto aprondo a oscrovor, a andar do biciclota,
tocar piano..., o o sociodado ontondo quo a gonto dovoria aprondor n jsor assortivo]
dando murro em ponta de faca, na nossa vida. Mas a vida ensina o também deixa do
ensinar, ou ensina do uma forma que não trás uma conseqüência legal pra gente".
Um momento muito importante foi a diferenciação entro defender direitos, criar
e evitar conflitos. A discussão grupai permitiu a seguinte síntese: um conflito já ostá
estabelecido na modida em que o outro não respeita seus diroitos; defendê-los soria a
ostratógia mais corrcta o quo isto podo, num primeiro momento, acirrar o conflito, mas
11i/c n Hoiloti, R.if.icl Rubens ile Q u c ito / K.ilbi Neto, C / iu Ii,iih > I ou icn o K.iplisl.i,
/VhutitfM C/r.físi M .ic td
a persistência do comportamonto assertivo ó válida como a maneira mais eficiente de
fazer valer seus direitos. Assim, as situações de conflito no relacionamonto interpessoal
foram identificadas nos rolatos das mulheres. Tais situações foram especificadas para
o ensaio comportamental (treinamento de role playing) da expressão de incômodo,
desagrado e desgosto. Pura algumas mulheres, as discussões específicas do desgosto
com a vida traziam lombranças do situaçõos traumáticas quo foram contadas com
sofrimento o coragem para o grupo.
A mudança comportamental pôde ser verificada quando as mulheros auto-
descreviam a mudança e quando as mulheres descreviam as mudanças umas das
outras. Além disso, o comportamento modificado pôde ser visto durante as sessões e
os rosultados dos invontários após o grupo possibilitaram a avaliação do alcance da
intervenção. Uma mulhor superou sua dificuldade em aceitar os amigos e o namorado
da filha adolescente. Desenvolveu uma nova maneira de mostrar proocupaçáo com o
comportamento da filha e interagir com ela. Uma outra mulher, com dificuldade de lidar
com problomas, expressou que conseguiu resolvor algum as situações que a
incomodavam há muito tempo Uma outra, com dificuldades de expressar-se no
ambiente de trabalho, passou a falar, a dizer não, e isto foi reconhecido por muitos no
Hospital. Outra, quo dizia "não tenho passado" e que, por isso, não compartilhava seus
problemas, consoguiu descrever de uma forma diferente o passado quo tinha. Agradeceu
muito ao grupo por fazê-la superar os efeitos traumáticos do um episódio ocorrido há
mais de 20 anos. Não podomos afirmar com certeza, mas nesse caso, a audiência dos
psicólogos e do grupo, somada aos treinos do relaxamento, resolução do probloma e
habilidades sociais, parece tor contribuído para a redução dos sintomas do estresse
pós-traumático (episódio gravo violência do marido). Os resultados apareceram no
autocuidado (perda de peso corporal, melhoria da aparência dos cabelos o roupas).
A importância do grupo para psicólogos e mulheres foi marcanto na emoção da
última sessão, na dinâmica com foco na morto do grupo (um toco do vela acesso
prestes a acabar) o no nascimento de novas pessoas (uma vela nova acessa) Ao quo
indicam os contatos do acom panham ento, essas novas m ulheros aprondorain
estratégias de manutenção dos ganhos e do prevonçao de recaídas e rocomondaram
o grupo para outras servidoras desse e do outro hospital público.
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I incolrt il.t M lv .1 l/im cncs, L iirlo * l lenru|ue Hohm, luluuu» ScHuo V io lm K.ui.imol.i
e polo procodimonto de extinção, cujos efeitos serão aferidos a partir das diferentes taxas
de respostas associadas a cada um deles. Dessas taxas depende (por isso, variável
dependente) a atribuição da relação entre elas e a variável independente.
Contingência
Contingência na Análise do Comportamento pode ser definida como um instru
mento conceituai utilizado na busca de relaçõos funcionais, enunciado na forma "se,
então" (Todorov, 1991) ou ainda, como uma regra quo especifica relações entre eventos
ambientais (contingências tipo S - S; respondente; antecedente) ou entre comporta
mento o ovontos ambientais (contingências tipo R - S; operante; consequoncial) (cf.
Goldiamond, om Gimenes, 1986). Na contingência consequencial ou operante, os seus
elementos formam a contingência tríplice ou do três tormos. Na análise formal proposta
por Goldiamond, contingência de três tormos ó definida como uma regra para formar
tríplices de elementos (genericamente designados como x, y, o z), cada um com dois
valoros (0 ou 1, ausência ou presença) e designáveis a um conjunto diferente (X, Y e Z).
Combinando-se os dois valores, três a três, oito triplices sâo possiveis. Dadas essas
possíveis combinações, Z ó definido como contingente a X e Y, se z1 ontão x 1, y 1 e se
tanto xO ou yO, entào z0. Cinco combinações satisfazem os critérios da definição acima
e, portanto, são incluídos no conjunto de tríplices que define a relação do contingência
(note so quo a definição inclui todas as combinaçõos quo contom z0, mas aponas uma
que contom z1). Atribuindo a essas designações de letras os termos da contingência,
temos o soguinte diagrama que define, como um conjunto, a relação de contingência:
( Üc — _ Comp ) ^ Conseq
(O c ____
( Oc -------
Devomos atentar para o fato de que toda consequência traz benefícios e custos,
por menores que sejam, poròm isso ó geralmente ignorado pelo fato de sistematica
mente o termo consequência ser substituído por reforço. No entanto, essa relação entre
benefícios e custos ó o que inicialmente determina o valor ou eficácia do reforço ou
evento consequente.
Como afirmado anteriormente, a contingência triplice se constitui na unidade
mínima de análise, e por isso, nem sempre ó suficiente para oxplicar o comportamento.
Outros elementos entram na expansão da contingência c são necessários no esforço
oxplicativo do comportamento. Estendendo a equação funcional comportamental, para
lela à formulação científica geral, tomos que R -f(C sq ), sob C (certas condições). A
soguir apresentamos alguns dos elementos que especificam essas condições ou são
acessórios a elas
Relação Intra-Contingôncia: Elemento do relação intra-contingôncia triplice, quo
podo ser estipulado, tal como um esquema de reforçamento simples, dentro da contin
gência geral. Cada osquema de reforçamento irá gerar padrões específicos do compor
tamento, tanto nas suas características de taxa de respostas quanto na sua resistência
à altorações ou extinção.
Relação Entre Contingências: Elemento de relação entre contingências tríplicos,
quo pode sor estipulado, tal como um esquema de reforçamento complexo, dentro da
contingência geral. Várias contingências podem estar disponíveis simultaneamente,
formando uma matriz de contingências. A resolução dossa matriz, a partir dos benefíci
os o custos de cada conseqüência e das diferentes relações intra-contingências, irá
determinar o comportamento de qual contingência se sobreporá nurn determinado
momento.
Relação Condicional: Elemento de relação condicional que especifica sob quais
outras condições (ocasião) cada uma das contingências se aplica. O comportamento de
uma mesma contingência tríplice poderá ter sua probabilidade de ocorrência aumentada
ou diminuída dependendo da presença/ausência de um outro elemento externo.
Regras de Estabelecimento: O controle da contingência sobre o comportamen
to podo ser estabelocido tanto de forma abstracional quanto instrucional. O controlo
abstracional se estabelece pola restrição a aspectos específicos, elementos, caracte
rística s, ou dim ensões da classe de e stím ulos, do com portam entos ou de
consequências, como um resultado da exposição a uma história de contingência (con
trolo pela contingência). No controíe instrucional essa restrição de classes ó estabelecida
sem uma história de contingência, pela apresentação de instruções que especificam a
dimensão em cuja presença um comportamento referente será seguido por uma deter
minada consequência (controle pela instrução).
Potenciação: Aqueles procedimentos que tornam a contingência tanto mais
efetiva quanto menos efetiva - operações motivadoras A efetividade de uma contingên
cia se dá pela potenciação de seus elementos. Assim, uma operação de privação do
( in ru lti »1,1 Silvo l/im r n r t, G u io * I Icnnquc Kohm, luli.ino Sft»uo V io lin K.in.imoki
elemento conseqüente tornará a contingência mais efetiva enquanto uma operação de
saciação tornará essa mesma contingência menos efetiva. Vale lembrar que qualquer
elemonto da contingência pode ser potonciado, por exemplo, quanto mais saliente for a
ocasião mais efetiva será a contingência.
Programa: São os procedimentos utilizados para estabelecer a contingência,
tais como modelagem - para frente e para trás modelação, esvaecimento, etc. Identi
ficados de forma retrospectiva, esses procedimentos constituem a história do compor
tamento. A história é fundamental, não só para entender o comportamento presente,
mas também para abalizar procedimentos de manutenção ou alteração do mesmo.
Elementos Cênicos: São aqueles estímulos que estào presentes quando a
contingência é estabelecida, mas que não entram na sua definição. Eles não sào ne
cessários para o funcionamento da contingência, entretanto, mudanças bruscas nes
ses estímulos podem resultar numa ruptura momentânea do controle da contingência,
atê que os mesmo sejam restabelecidos. Ou, no caso de mudanças permanentes, até
que o novo cenário se estabilize.
Padrões Induzidos pela Contingência (Comportamentos Adjuntivos): São aque
les padrões de comportamento (incluindo emoções) que podem resultar de certos
arranjos de contingências, mas que não entram na sua definição. Esses padrões po
dem ser doscritores da contingência. Diferentemento dos elementos anteriores, osto
não afeta a contingência, mas ê um subproduto da mesma. Dessa forma, o comporta-
monto adjuntivo (ou induzido pela contingência) pode, indiretamente, ser afetado pelos
mosmos elementos que afetam o comportamento governado pela contingência (no
caso, o operante).
A expansão dos termos da contingência foi inicialmento elaborada por Israel
Goldiamond nos anos 60 e 70 (ver Andronis, 2004). Ao longo do tempo, esse paradigma
foi sendo aperfeiçoado com a participação de seus alunos, o ó um modelo em aberto,
onde novos elementos podom ser adicionados à medida que se mostrarem relovantes
para a compreensão do comportamento. O diagrama apresontado na Figura 1 mostra
a interação da contingência tríplice com os demais elementos discutidos acima, em
seu estágio atual (cf. Gimenes, 2009).
Figura 1
I meuln il.i bilvd C/imcnf», L.irlos I lonrique Rohm, lulutno Scltuo V io lm K.tn.imolii
Um bom exemplo do como processos comportamentais básicos, estudados
em laboratório, podem auxiliar na compreensão e intervenção sobre comportamontos
socialmente relevantes podo ser encontrado em Layng, Andronis e Goldiamond (1999)
Os autores demonstraram como princípios básicos de roforçamento podem modelar e
inantor o comportamento autolosivo de bater a cabeça contra uma parede, em pombos.
Os autoros csclarcccram que tal comportamento (oi escolhido por não sor um compor
tamento típico de pombos (cf, Staddon & Simmelhag, 1971) e por sua similaridade
topográfica com comportamentos autolesivos clinicamente rolovantes em populações
humanas.
Após modelado, o comportamento autolesivo foi mantido por algumas ses
sões em um esquoma do reforçamonto razão fixn 40. Nostas circunstâncias, observou-
se que o pombo batia a cabeça contra a parede repotidas vezes, consumia o alimento
disponibilizado, parava por um tempo e batia a cabeça contra a parede novamente, ts te
padrão, um jorro de rospostas seguido do uma pausa, ó característico de esquemas de
razão fixa (Ferster & Skinner, 1957). Em situações aplicadas nas quais diversas variá
veis influem concomitantemente sobre o comportamento, o conhecimento do padrão
de respostas indicaria ao profissional quo a procura pelas variáveis mais relevantes
deveria comoçar por aquelas que ocorrem entre o final de um jorro do respostas e o
início de uma pausa.
Em seguida, os autores alteraram as contingências de reforço e colocaram o
comportamento autolosivo sob controlo do um osquema múltiplo, no qual um osquomn
de intervalo variável do 30 segundos vigorava enquanto uma luz vermelha permanocia
acosa (faso A) e o comportamento autolosivo foi colocado em extinção enquanto uma luz
branca permanecia acosa (faso B). Obscrvou-so quo, na presonça da luz vermelha o
pombo batia a cabeça contra a parede de forma lenta e constante enquanto que, na
presença da luz branca, os comportamentos autolosivos não mais ocorriam. Essa regu
laridade era observada mosmo com a alternância entro as fases, caracterizando um
delineamonto do pesquisa conhecido como ABA ou do reversáo (cf. Johnston &
Pennypackor, 1993; Sidman, 1960). A mudança de comportamento que acompanhou a
mudança de fasos credita a fidedigmdade que os autores careciam para sugerir quo o
comportamento autolosivo ocorria om função das contingôncias que compunham o os
quema múltiplo e não om função de qualquor outra variável que pudesse estar presento.
O conhecimento do que freqüências módias de comportamento em padrões
constantes de rospostas são características de contingências do intervalo variável
(Ferster & Skinner, 1957) indicaria ao profissional que aquelas variáveis que ocorrem
com uma rogularidade inconstante provavelmente estão mais relacionadas com o pro
blema do quo outras. Além disso, a demonstração do controle de estímulos levaria ao
profissional a notar em quais contextos o comportamento problema ocorre e em quais
deixa de ocorrer, e também a perceber a diferença na constituição do estímulos de tais
contextos.
Evidencia-se, dessa forma, como o conhecimento dos conceitos básicos so
bro esquomas dc reforçamento o sous padrôos característicos (Forstor & Skinnor, 1957)
auxiliam na idontificação das posslvois variávois quo compõe a análiso funcional do
determinado comportamento. Torna-se imprescindível, portanto, que a análise funcio
nal seja composta por uma definição clara do comportamento om estudo assim como
a mensuraçáo minuciosa de sua ocorrência, de forma quo o profissional possa roco-
nhecer padrõos comportamentais e, a partir deles, ter indicativos do onde e quanto
procurar as variáveis que o controlam. Uma discussão de alternativas do como fazer
isso em contextos aplicados será realizada no próximo tópico deste capítulo.
I incoln il.t Nilvii C/imcncs, (.\irlo« I Itnnguc Boltin, lulumo Scttuo V io lm K.m«imol<i
Uma grande parte das contingências que compõe nossa vida ordinária ó com
posta por reforços ou punições condicionadas (Keller & Shoenfeld, 1950), Desta forma,
estudos que domonstrom que comportamentos adjuntivos também ocorrem om con
tingências compostas por reforçadores condicionados tornariam mais plausível ao pro
fissional supor que tal fenômeno ocorra também em situações aplicadas. Estudos
como os de Rosenblith (1970), Portor o Kenshalo (1974), Alton e Porter (1977) domons-
traram a ocorrôncia do comportamentos adjuntivos om esquomas do sogunda ordom
(Kelleher, 1966).
Em um estudo de Kanamota (2007), ratos Wistar foram expostos a um esquo-
ma de segunda ordem F-R4 (PI60) em dois níveis do privação, 70% o 90% de redução do
poso livro. Após 60 segundos, a primeira resposta dos animais na barra 1 era
consequonciada com um flash do luz e um ruído branco (reforçadores condicionados).
Ao final do quarto esquema de intervalo fixo (FR4 (FIGO)), a luz e o ruído permaneciam
ligados até que uma resposta de pressão fosse apresentada na barra 2, sondo
consoquenciada com uma pelota do alimento de 45mg. Os resultados demonstraram
padrões positivamente acelerados das respostas de pressão à barra 1, característicos
de esquemas de intervalo fixo (herster & Skinner, 1957), evidenciando que a luz e o som
atuaram como reforçadores condicionados efotivos na contingência. Além disto, obser-
vou-86 consumo de água tanto nos esquemas compostos por reforçadores condicio
nados quanto nos esquomas compostos por reforçadores incondicionados, em ambas
as condições de redução do peso corporal.
Tais resultados auxiliam no dosonvolvimento de análises funcionais mais com
pletas que levem em consideração tanto os efeitos comportamontais diretos quanto
indirotos das contingôncias do roforçamonto.
Considerações finais
O objetivo do presente capítulo foi apresentar o conceito de análise funcional, e
do contingência como sou principal instrumonto. A sua utilidade bem como oxernplos
S o t x c C o in p o it iin ie n lo c l o g n iç iio 3 5
de sua utilização no laboratório também foram apresentados. Por último, foram apre
sentadas algumas tócnicas para coleta de dados para a realização de análises funcio
nais no contexto da saúde Aspectos da sua utilização na prática fora do laboratório
foram também discutidas.
Para o sucesso de qualquor intervenção, uma boa análise funcional do com
portamento em questão ó essencial. Como tentamos demonstrar, a análise funcional
náo ó trivial, pois demanda conhecimontos específicos, buscas meticulosas e tecnologia
adequada. Dessa maneira, a formação básica e bem sedimentada em pesquisa ó
apenas o primoiro passo para formação do futuro profissional que pretenda enfrentar
os desafios impostos pela prática clinica ou institucional. Como costumava dizer u
saudoso professor Israel Goldiamond, um bom experimentador tom uma grando pro
babilidade de se tornar um bom clínico, entretanto, um (apenas) bom clínico, poderá
nao saber em que análises são baseadas suas intervenções.
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Capítulo 3
Çestão do Comportamento nas
Organizações.
I ívia I. C/odinho Auivliano'
Universidade Sao ludas ladeu; Núcleo Paradigma.
O quo vocô acharia do sou trabalho so osto fosse adaptado para quo vocô
gostasse dele? Vejamos o trecho abaixo:
"Imagine quo vocô trabalhe om uma fábrica do manufatura onde seu trabalho ó
preparar vasos cerâmicos para empacotamonto. Os vasos doscem por um braço
mecânico, ficando em pé em grufxjs do 10 Seu trabalho é deitá-los antes que olos
sojam automatleamonto ombalados o colocados om caixas para onvio. Os vasos
chegam rapidamente e requerem alguma habilidado para a roalização eficiente
do trabalho Sue produtividade não é nada especial, apenas o suficiente para
mantô-lo afastado de problemas no trabalho Embora a remuneração seja ade
quada, particularmonto vocô nôo gosta do trabalho o goralmonto roclama do abor
recimentos e falta de desafíos Sou desempenho ô revisado om relatórios trimes
trais. So sou dosomponho ostà abaixo do padrão, vocô ó quostionado sobro o quo
tará a respeito do sou baixo desempenho. Se este estiver acima da módia, sou
supervisor apenas lho informa: È para isso quo você è pago! Você quase não
recebo foedbacks durante o seu horário de trabalho Quando existo um problo-
ma, o chefe convoca uma rounião e explica sobro as necessidados do um dosom-
penho melhor ou uma qualidade superior Agora vamos considerar um trabalho
em um ambiente muito semelhante ao descrito acima, no entanto, a possoa mal
podo esporar para roolizar o trabalho Vamos chamá-lo do tarofa 2. Estos funcio
nários também devem colocar 10 objetos doitados por vez A tarefa 2 è mais difícil
do que o empacotamonto de vasos, uma vez que os objetos ficam há 10 motros
dos funcionários Cada um utiliza uma forramonta ospoclal na roalização dosta
tarefo Cada um tem duas tentativas para colocar cada um dos objetos deitados,
sendo que o braço automático remove quaisquer objetos remanescentes e recoloca
uma nova remessa do 10 objotos no mosmo lugar. Mesmo com toda a pressão
potencial de colocar todos os objetos deitados om somonte duas tentativas, os
funcionários nôo se sentem nada estressados Pelo contrário, estes gostam muito
do trabalho e pussam, apôs algum tempo, a fazê-lo de maneira eficaz Por que o
trabalho número 2 ô mais produtivo e prazeroso do que a tarofa número 1?“(Daniels
e Daniels, 2006, p 1)
A resposta a esta pergunta feita pelos autores podo ser muito simples; porque
so tratado um jogo do boliche, o nào do um trabalho. No ontanto, sorá que osta rospos-
ta ó osuficionto? Sogundo A C Daniels e J. E. Daniels (2006), nào 6 a natureza do
trabalho quo dofino o quanto cada um gostará de realizá*lo, mas sim de algumas
características que o acompanham.
S o b re l o m fX M t iim e n lo c l o t fm y .lo
É desta maneira que Aubroy Daniels apresenta sua proposta de gerenciamonto
de pessoas no trabalho, chamada de Performance Management (PM)2. Trata-se de uma
das principais propostas da Gestão do Comportamento nas Organizações1, também
conhecida como Organiiationa! Bohavior Management (ou O BM ). A PM é considerada por
alguns autores, dentre eles, McGee (2007), como uma ferramenta de intervenção
organizacional cujo onfoque principal ó a análise das contingências vigontos no ambionto
do trabalho que afetam diretamente cada um dos indivíduos envolvidos. Assim, os princi
pais aspoctos quo constituem osta abordngom são a importância do uso do rcforçamonto
positivo nas relações de trabalho, os esquemas de reíorçamonto, os antecedentes do
desempenho, a análise ABC (Antecedentes - Hehavior - Consequências) e a monsuraçáo
de comportamentos e resultados.
Voltando ao exemplo destacado acima, vamos analisar quais as principais ca
racterísticas da tarefa 2 que a torna tão prazerosa em detrimento à tarofa 1. A.C. Daniels e
J.E.Daniels (2006) destacam a importância de algumas características presentes em
algumas atividades esportivas, dentre elas, o jogo de boliche, que muitas vezes não estão
presentes em atividades de trabalho: especificação das responsabilidades, resultados
monsurávois, ônfaso nos comportamentos, trabalho om equipe, motas dosafiadoras,
porém atingíveis, feedbacks imediatos e reforçamento positivo de parceiros, fas e treina
dores. Apesar de todos esses aspectos serem fundamentais, destaquemos a questão
dos resultados imediatos a cada uma das ações dos participantes. Tais resultados,
independente se são positivos ou negativos, controlam diretamente o comportamento a
seguir, além de possibilitar o acesso a outros reforçadores, muitas vezes, generalizados,
como os elogios e "brincadeiras" que geralmente ocorrem durante um jogo de bolicho.
Desta maneira, os autores destacam a importância do reforçamento positivo o o uso de
foedbacks imediatos á execução da tarefa como os aspectos primordiais de uma atividade
cuja sensação que a acompanha é o prazer de realizá-la.
sTimiIiivmo |xiIm hiiUkh phih o ikiiih) UtyNiiuulKMMlBulmvHM MwmytNiHjnl lonini |A f<* Utuliuirio «nloMumiunU) |Xj( MiyiHtl
(2001) como Gortmuttmwilo ComporiiMiHtribil (1« Organlzaçftmt
4 O» mitorii» rinflrmm rif)M>m|MinlK> «xtto um lormo ulHi/mto mi r«In rir n um uxijiMilo rin comportflmnnUm « *«im nlnllo* «tH|*tdflcoH
NobiiMiHMiljMinln (A C DnnkilH & J.E DhiiM», 2006, p 34-35)
" O I n m i o o r i g i n a l, o m I n g lA s . u t ll l/ u d o jx t lo » m i t o r o s f o i u n c o r l n ln . c u | u I r t x l i i ç A n 6 i n u ir U t
" DnflnlçAu do Inriito Sngumki Todorov. Moroira o Moreim (2005). cofitlny^nclii» te rnfnmn ■ r«l«çfinx otilru ('onlInyftnUHH
lndlvldiinK l»k> 6, quando o cofhportamof tio <)fi um orgarilmito «IIm h n cnrittngAriciN <*» afrla outm organlamo
Considerações Finais
Dosta maneira, este artigo teve como objetivo apresentar brovemente as pro
postas que compõem a área da Gestão do Comportamento nas Organizações e tentou
esclarecer algumas das práticas dos analistas do comportamento neste ambiento
organizacional.
Temos, nesto nicho do aplicação, uma grande oportunidade de veicular os
pressupostos teóricos da Análise do Comportamento, assim como já ocorre cm outras
áreas de aplicaçào, como a do Desenvolvimento Atípico e a própria prática clinica analíti
co comportamental. Muitos trabalhos publicados por autores americanos mostram o
sucesso desta proposta no ambiento organizacional e a aceitação das práticas poios
gostoros o líderos. Precisamos, portanto, aproximar os analistas do comportamonto
deste campo do atuação o tentarmos alcançar os mosmos sucessos nas empresas
brasileiras. Está feito o convite!
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be n itc Pdcheco ilo Silva, Bc.itri/ Btaiulão Scarpclli
pode ser feita assim que a criança compreende e apresenta maturidade para aceitar o
tratamento de remoção, idade em torno de 3 a 4 anos
O presente trabalho tem por objetivo apresentar ações da odontopediatria e da
análise do comportamento para ajudar crianças e seus familiares na cessação de hábitos
de sucção como chupar o dedo ou a chupota om crianças com mais do 1 ano de idade.
Grupos de pais
Famílias avaliadas inicialmente como apresentando problemas relevantes do
interação entre o casal ou entre pais e filhos devem preferencialmente ser encaminha
das para psicoterapia, ao invés de serem submetidas ao processo mais dirigido do
tratamento do hábito da criança. Durante a formulação do caso pode-se hipotetizar quo
o hábito inadequado da criança seja mantido por variáveis da interação familiar, mais do
que simplesmente porque o comportamento tornou-se um hábito (está tão automatizado
que a criança pode, às vezes, aprender a controlá-lo quando acordada, mas continuar a
chupar o dedo após dormir).
Por outro lado, há casos que se considera que poderiam se beneficiar de
intervenções com orientações aos pais somada a grupo de terapia infantil dirigido a
reduzir o hábito de sucção. Sabe-se que a terapia infantil som o comprometimento dos
pais, dificilmente terá bons resultados. Seria interessante que houvesse no mínimo
uma reunião com todos os pais das crianças participantes, a cada quinze dias Além
disso, antes do começar o grupo com as crianças, iniciar o grupo de pais. Nesto grupo,
seriam passadas informações quanto a reforçar os comportamentos adequados das
crianças, Sabe-se que muitos pais têm dificuldado em lembrar de algo que seu filho(a)
faz de adequado e alguns não sabem como reforçar.
Já no primeiro encontro, os pais devem ser instruídos a não falar mais sobre o
hábito para a criança, e sim ignorar. Isso é necessário, pois, muitas vezes, esse com
portamento tem como reforçador a atenção que a criança recebe quando coloca o dedo
na boca, por oxomplo. O primoiro passo para a extinção do hábito ó quo olo não soja
mais reforçado.
Nos próximos encontros, os pais dividem suas experiências com suas crian
ças e como a família toda se sente com relação ao comportamento de chupar dedo/
chupeta. Esses encontros podem ser muito enriquocedores, na medida em que os
pais se "identificam" uns com os outros, por estarem passando pela mesma situação
Além disso, uma família pode servir de estímulo para a outra, por exemplo, se uma
criança conseguiu abandonar o hábito com as orientações do programa, os outros pais
se sentem estimulados a continuar.
M a ria I ui/a M a rm lio -C a ja n o v a , O u é iia lii*lo i l f O liv c u a , B caln/ A m lia ilr ilo* Santos,
P cnisr l ’,tchcco da Silva, Beatri/ Brandi o Scarpcllt
Grupos com as crianças
Com as crianças, o trabalho ó feito do manoira lúdica, do modo quo o grupo
seja um momento agradável para ola9. A primeira sessão, basicamente, ó para criação
do vinculo, tanto do terapeuta com a criança, quanto das crianças entre si E necessário
investigar com as crianças se elas sabem por que estão no grupo, o que farão, o que é
um psicólogo, etc. De maneira lúdica, tudo Isso tem de ficar claro para as crianças.
Nas sessões seguintes, formulam-se as regras do grupo, junto às crianças.
Algumas estratégias quo podem sor utilizadas nos grupos das crianças são:
a) crianças identificarem em quais situaçõos chupam mais o dedo ou a chupe
ta e em quais têm mais facilidade para nào fazê-lo;
b) crianças levantarem comportamentos alternativos que podem apresentar ao
de chupar o dedo ou a chupeta em determinadas situações: comportamentos concor
rentes ao que se deseja enfraquecer;
c) implantação de um contrato de contingências com economia de fichas, ou
seja, apresentar reforçamento arbitrário para aumentar a probabilidade das crianças
apresentarem uma resposta inicialmente fraca; não colocar o dedo ou a chupeta na boca.
Isso pode ser feito através de desenhos, recortes, etc. No contrato, combina-se uma
tarofa para a criança fazer ao longo de cada semana, tais como; ficar 15 minutos na frente
da TV sem chupar o dodo ou a chupeta, dormir abraçada com um ursinho, dosonhar na
frente da TV (para evitar por o dedo na boca), etc. Esse tempo da tarefa aumenta ao longo
do tratamento, conforme o ritmo de cada criança. No cumprimento das tarefas, mais uma
vez, ó necessária a presença dos pais, para ajudá-las a contar o tempo o para promiar os
sucessos com reforço social (elogios, abraços) e reforço arbitrário, como fichas ou pon
tos que soráo trocados semanalmento na sessáo de grupo por prêmios. Na entrega,
deve-se lembrar a criança do porquê de ela estar recebendo os prêmios.
Sempre ó importante que essas crianças se sintam valorizadas, alóm do reco
nhecer a dificuldade de abandonar um hábito como o delas, para quo cias não so
sintam frustradas com o maios progresso do um companhoiro dc grupo. É necessário
que o terapeuta esteja sempre senslvol às contingências, ou soja, so o grupo todo ostá
com uma dificuldade específica, trabalhar essa dificuldade junto às crianças
Considerações Finais
O trabalho da Análise do Comportamento no contexto da saúde demanda,
muitas vezes, a aplicação de estratégias de intervenção ágeis. Algumas delas podem
Referências
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Capítulo 5
Análise do comportamento, obesidade
mórbida e cirurgia bariátrica
Augusto Amato Neto
Universidade de São Paulo
Paniela Aparecida Paleffe
Núcleo de Aprimoramento cm Psicologia (NAPM)
Tbais de Lima Be/erra
Núcleo de Aprimoramento em Psicologia ( N A I N ) / 1 lospital c Maternidade Celso Pierrô
56 A u s u ilo A n iitlo Neto, lAmieki Apiirccul.t P.tleffe, lln tis ilc I im.i U rm i.i
Antecedente Comportamento Consequência
Adia ou cancela
Estímulos Esquiva o contato com
Aversivos Comer s
Ref (*)
Figura 1 - O comer como comportamento de esquiva
Estímulos Interrompe o
Fuga contato com
Aversivos
Comer «► s ant"tv
Condicionados
Ref(-)
Figura 1 - O comer como comportamento de fuga
5 8 Au#u*to Amtito Neto, Piinirki Apiirecul.i P.ilelfc, I b.u* ilf I im.i Ucmr«i
lizaçào do estimulo aversivo a outros estímulos ambientais prô-aversivos, cuja adiçào
do alimento reforçaria negativamente o comportamento de comer.
Diante da sensação de fome (privação) comer sorá reforçado positivamente
(Cf. Skinnor (1953/1979, 1974/2002), destacado na primoira linha da figura 3. Pensando
em rostabolocer o controle de estímulos como intervenção, para não fazer escolhas de
alimentos inadequados, é possível instruir o paciento a não ficar longos períodos sem
ingerir alimentos adequados Da mesma forma com relação a ostlmulos apotitivos,
como propagandas, vitrines, gôndolas e acesso à comida facilitado pela proximidade
do locais do compra. O poder dos estímulos apetitivos pode ser observado em duas
prioridades atuais na indústria alimentícia: no lançamento de produtos em embalagens
dc diforontos porções do peso ou volume, para ir de encontro à necessidade do ingestão
do organismo estipulada no momento da compra;e na reformulação constante de em
balagens visualmente atrativas com informaçoes verbais que podem exercer controle
no comportamento do consumidor.
A figura 3 ilustra as relações entro os estímulos, o comportamento do comor o
as conseqüências produzidas.
6 2 Aunu*U> Aniiilo Nclo, |),mielii Ap.iiccul.i Pulclfr, I liais *lc I im.i He/ctM
tação, outras doenças, ou outros motivos. Neste quesito, o paciente é estimulado a
descrever alguma situação vivida com a qual relacione o início ou agravamento da
obesidade como, por exemplo, uma perda significativa
O histórico das tentativas do redução do peso é levantado, de maneira que o
paciente descreva a quais tratamentos se submeteu, os resultados obtidos e suas
hipóteses para os insucessos nos tratamentos. São abordadas questões relaciona
das à expoctativa do mudança após a cirurgia e à reação da família quanto à decisão,
principalmento no quo tange á oposição ao procedimento por algum familiar. É encora
jado a descrovor sensações de modo e insegurança relacionadas á cirurgia.
O repertório social do paciente ó investigado através de perguntas sobro seus
contatos sociais, suas atividades, ambientes que costuma freqüentar. Investiga-se a
rotina alimentar, buscando-se identificar o número e horários de refeições, o local cm
que são realizadas, quais alimentos são costumeiramente escolhidos, a forma com
que são realizadas (na mesa, em frente à TV, em pó. no computador), o tempo de
duração das refoiçõos principais, os critórios seguidos na escolha dos alimentos, se
habitualmente as refeições são repelidas, se observa dificuldade para finalizar a refei
ção, se costuma sentir-se desconfortavelmente "cheio" após as refeições, se come
quando nào tem fomo, se sente vontade incontrolável do comer, se acorda durante a
noite para se alimentar, se come escondido das outras pessoas, como se sente quan
do está comendo, se faz uso de laxante ou provoca vomito após comer.
Outra questão importante ó o paciente observar que seu estado emocional
interfere na alimentação e como se dá essa relação: se come mais ou come monos
diante do situações om que se encontra emocionalmenle alterado, e sob efeito de
quais emoçóes observa qual tipo do alteração no comer.
A partir destas informações infere-se relações entre o comportamento de co
mer om excesso e variáveis presentes tanto no ambiente em que ele ó emitido, quanto
na história do vida do pacionte. Alóm de coletar dados que possibilitem análise funcio
nal do comportamento de comer, outras intervenções tém relevância neste momento do
acompanhamento psicológico.
A - Informar o paciento sobre as alterações anatômicas propostas polo cirurgião o as
implicações destas para seu cotidiano. Descrevendo as contingôncias, busca-se
aumentar a adesão às regras nutricionais, esclarecendo, ademais, dúvidas e recei
os É preciso que o analista de comportamento tenha conhecimento das alterações
provocadas por cada tipo do procedimento.
B - Promover interação entre pacientos candidatos à cirurgia e pacientes operados, do
forma que os operados atuem como modelo o, descrevendo seu próprio repertório
alimentar favoreçam, por parte dos candidatos, a identificação de variáveis
comportamentais relacionadas ao sucesso e ao insucesso. Uma forma de interven
ção são os grupos informativos, comuns em instituições onde são realizadas cirur
gias bariátricas. Os encontros têm planejamento próvio e os assuntos discutidos
são pró-dofinidos. Grupos informativos podem funcionar como audiência não puni
tiva, mas tambóm podem eliciar emoções relacionadas ao histórico de rejeições
sociais do paciento. Cabo ao analista do comportamentos intormodiar as participa
ções, favorocondo as cxpressõos individuais, mas dirocionando o grupo para o
objetivo comum do produzir discriminaçÕes.Cabe dostacar que o grupo não substi
tui as avaliações e preparações individuais.
C - Reconstruir detalhadamente a história da obesidade do paciente, de forma que
atravós da descrição - que pode ser enriquecida com a utilização de registros foto-
64 A u ^ u ito A m jto Neto, P.inirl>t ApurcciiJ,t IXileífe, 1h.it* de I irrui Hc/ cim
gástrico e implica em refeições lentas, pausadas. Este anel funciona como um funil,
com um pequeno orifício, através do qual todo alimento ingerido precisa passar. Alimen
tos grandes ou mal mastigados podem ficar presos e causar sensações desagradá
veis. Como forma de esquiva, o paciente pode induzir o vômito.
A disabsorçào, causada pela redução do comprimento útil do intestino, podo
levar o indivíduo à desnutrição, caso não haja um rigoroso equilíbrio no consumo do
nutrientes o as devidas suplementaçôes vitamínicas. A cirurgia provoca também altera
ções na fisiologia do organismo, diminuindo consideravelmente sua capacidade de
digerir e absorver gorduras.
A porção do intestino que segue o estômago, que não estava habituada a reco-
ber alimentos com grande quantidade de açúcar, ao recebô-los, pode eliciar uma reação
de alarme que é chamada pelos módicos do dumping (do inglês, despejo - no caso da
cirurgia esvaziamento rápido). Caracteriza-se por sudorese, palpitações, palidez,
escurecimento da vista, sensação de desmaio e diarréia. Como o alimento já deixou o
estômago e atingiu o intestino, vómitos induzidos não aliviam os sintomas.
Em virtude destas alterações, os pacientes recebem instruções para evitar o
consumo de açúcares e também de gorduras, que provocam gazes e diarréia que, om
demasia, podem vir a ser socialmente limitantes,
A privação extrema dura cerca de 30 dias após a cirurgia, período no qual a
alimentação se inicia líquida, na primeira semana, e evolui gradualmente em consis
tência até a pastosa, na quarta semana. Ao final dos 30 dias tem início a alimentação
sólida, com alimentos muito úmidos, bem cozidos e ralados. Para isso, é importanto
um nutricionista especializado que acompanhe e oriente cada passo.
O acompanhamento psicológico pós-operatório visa, a principio, o fortaleci
mento destes comportamentos alimentares, previamente orientados. Cabe ao analista
do comportamentos acompanhar a topografia do comportamento de comer-, o respeito
à freqüência de refeições indicadas pelo nutricionista, a atenção às porções ingeridas,
a quantidade de mastigações por garfada, todos comportamentos operantes. Além
disso, os sentimentos decorrentes da privação extrema o a adaptação às novas contin
gências É prática do analista de comportamentos propor um diário de rngistro de
comportamentos clinicamente rolevantes ao paciento.
Sugere-se que o paciente seja instruído a registrar em tabela ou caderno como
ocorre a sua alimentação no decorrer da evolução dietoterápica. O registro promove o
aumonto da atonção do paciento para com sua alimentação, alóm do tornar os proble
mas de adaptação mais acessíveis ao terapeuta. O diário deverá conter minimamente
os seguintes itens: [a] Hora e tempo de refeição; [b] Porção e mastigação (A garfada foi
adequada? A mastigação foi suficiente?); [c] Sensação (Quais foram as sensações na
região estomacal?) o [d] Reação (O que você fez nesta situação? Provocou vômito?).
No entanto, imediatamente após a ciruvgia bariátrica é possível que o paciente
apresente dificuldade do locomoção, especialmente quando o acesso ó via laparotomia
(cirurgia aberta, não por vídeo), em que a sensação de fraqueza causada pela privação
alimentar fica associada a incômodos causados pelo corte e em decorrência do trans
porto. Sugero-so, portanto, quo a sossão soguinto à operação soja realizada na casa do
paciento. Alóm de ser confortável para elo, o analista de comportamentos podo ter
acesso a muitas questões do ambiente natural do paciente que podem prejudicá-lo, tal
qual um familiar estimulando uma alimentação inadequada com medo que a privação
seja prejudicial ou mesmo um alimento inadequado comprado por desconhecimento
(ó comum a dificuldade om ler os nutrientes nos rótulos). O retorno ao consultório podo
ser na segunda sessão pós-operatória ou gradual, a depender do caso.
7. Conclusão
É possível afirmar que o trabalho do psicólogo nào deve se limitar a um levan
tamento de transtornos mentais pré-existentes, mas promover conhecimento acerca da
funcionalidade do comportamento do indivíduo e desenvolvendo com o paciente a tole
rância às estimulações aversivas do processo. Diante do exposto, reitera-se a necessi
dade de um preparo pré-cirúrgico mais extenso, cientificamente ombasado, que pro
mova modolagem de comportamentos, e não se restrinja à emissão de pareceres.
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C iirlii l>i herro, Iduaido Neve* 1’cdros.i de C illo, Siirm.i I I.i II.irc
os autores buscaram e compararam 21 artigos, om divorsos e importantes periódicos
norte-americanos, das áreas de ciências do esporte e, também, específicos da análise
do comportamento. Apesar de ter sido publicada em um veículo brasileiro, a revisão não
incluiu artigos de origem nacional.
O objetivo do presente artigo ó, entáo, realizar a rovisão das 11 pesquisas
brasileiras publicadas na coleção Sobre Comportamonto e Cognição, e compará-la
com a revisão de Martin e Tkatchuk (2001) em alguns aspectos importantes: tipo de
artigo (teórico/ interpretativo, descritivo -a partir de dados- ou experimental): época de
publicação: modalidades esportivas e comportamentos-alvo; procedimentos utilizados;
e resultados obtidos. Espera-se, assim, avaliar a produção brasileira apresentada na
coleção, verificar a sua consistência e apontar para futuras direções de pesquisa.
Os artigos incluídos por Martin e Tkatchuk (2001), em sua revisão, atendiam
aos seguintes requisitos:
a) Uso dc delineamento dc sujeito único;
b) Apresontação de dados individuais ao longo das sessões de observação (ao invés
de apenas avaliações antes e depois dos procedimentos);
c) Relato de uma concordância aceitável entre observadores, acerca de medidas de
pendentes (ou dados de estatística do jogo relativas as medidas objetivas como lances
livres);
d) Uma clara demonstração do efeito do tratamento.
Já o critério utilizado no presente artigo foi simplesmente o de ter sido publica
do na coleção Sobre Comportamento e Cognição e apresentar relação com esporte e
atividade física.
Após a revisáo dos 11 artigos foi possível realizar a seguinte classificação: trôs
artigos (Scala & Kerbauy, 2000; Cunha, Almeida, Freitas & Vasconcelos, 2008; o Sudo &
Souza, 2009) podem ser considerados experimentais, já que apresentaram dados
objotivos do desompenho esportivo e procedimentos que visavam afetá-los; um estudo
descritivo a partir de dados (Santos, Coutinho & Cunha, 2008); enquanto os outros sete
artigos (Scala, 1997; Figuoirodo, 2000; Marçal, 2002; Scala, 2004; Scala, 2006; Coutinho,
Santos & Cunha, 2008, o Scala 2009) podem ser considorados toóricos e/ou
interpretativos, na modida om que apresentam oxercícios de aplicação do conceitos
tradicionais em análise do comportamento o, tambóm, rolatos do oxperiôncias aplica
das dos autores sem dados objetivos (exceção para Marçal, 2002, quo não apresenta
informações de relatos de experiência).
Em relação à época de publicação percebe-se que, ao longo do intervalo entre
1997 e 2009, que os anos de 2008 e 2009 concentram quase 50% dos artigos (cinco de 11),
sendo quo entre 1997 e 1999 foi publicado apenas um artigo. Em 2000 são publicados dois
artigos o, a partir daí soguo-se uma média de menos de um artigo por ano ató 2008 Valo
apontar para o fato do quo os trôs artigos publicados em 2008 são do um mesmo grupo do
pesquisa (Coutinho, Santos & Cunha, 2008; Cunha, Almeida, Freitas & Vasconcelos, 2008;
Santos, Coutinho & Cunha, 2008). Tambóm em relação à autoria dos artigos Scala (1997;
Scala & Kerbauy, 2000; 2004; 2006; e 2009) contribui com cinco artigos.
É difícil realizar uma comparação acerca da época de concentração das publica
ções, em relação à revisão de Martin e TKachuk (2ÜÜ1), já que há corca de nove anos do
defasagem entro as duas revisões. Além disso, a maioria dos artigos aprosontados por
Martin e Tkachuk (2001) foi publicada antes mesmo do lançamonto do primeiro volumo da
coleção Sobre Comportamento e Cognição. Mesmo assim, ó importanto rolatar quo dos
Referências
Actigrafia
O actígrafo, um monitor de atividade motora, é um instrumento equipado com
um acelerômetro, que tem a forma e o tamanho de um relógio, ó usado no pulso, e so
destina a medir indiretamente a qualidade do sono através da quantificação o análiso
da atividade motora (Souza, et al., 2003). Nessa técnica, todo movimento gera um sinal
que será processado continuamente e armazenado na memória do aparelho. Os da
dos são posteriormente transferidos para um computador e os movimentos registrados
são analisados através do um software especializado que fornecem medidas objetivas
do sono. Essas incluem: a) Tempo na Cama: duração, em minutos, entre o início (por
exemplo, ao apagar as luzes) e final do registro (por exemplo, ao acender das luzes); b)
Latência para Início do Sono: tempo (em minutos) entre o início do registro e o aparoci-
mento do sono; c) Período de Sono: duração (em minutos) entre o início do sono até a
última época de sono; d) Despertares Intermitentes: quantidade, em minutos, de todas
as épocas após o início do sono até o final do registro; e) Porcentagem de Sono (efici
ência do sono); porcentagem do Tempo na Cama que foi classificado como sono. Esta
metodologia permito a coleta por períodos relativamente longos, de semanas a meses,
sendo bastanto útil como instrumento auxiliar nos períodos pró-tratamento (avaliação
basal), do tratamento e de soguimento.
Questionários e Escalas
indice de Qualidade do Sono de Pittsburgh
Trata-se de um instrumento de auto-preenchimento composto por 4 questões
fechadas e 19 itens avaliados numa escala do 0 (nenhuma dificuldade) a 3 (dificuldade
extrema) que permite obter um escore global da qualidade do sono e pontuações em
diversos domínios: latência do sono, duração do sono, eficiência, qualidade do sono,
outras alterações do sono; uso de medicação para o sono e disfunção diurna. Desenvol
vida por Buysso, Roynolds, Monk, Borman, o Kupfor (1989), osta oscala tom sido ampla
mente utilizada por grupos de pesquisadores brasileiros om estudos variados, tais como
78 Rorvtlh.i H Ríitihi I crrcirii, Mitrui Ril,i /o ír .i So<ires, M .tno I .uii.i N ogum ,t 1’iie*
tificar e corrigir os orros conceituais que o insone tem a cerca das causas do transtorno o
sobre os orros atribucionais das conseqüências deste; alterar expectativas irreais sobro
o sono, fornecendo ao individuo informações a cerca das mudanças normais do sono
(Mudanças devido a idade, diferentes padrões de sono); intervir em respostas de ansie-
dado do pacionto relacionadas à tontativa do controlo do sono; o suprimir cronças sobro
hábitos de sono "corretos" (Buela-Casal & Sánchez, 2001; Morln, 1994).
A terapia comportamental, de forma geral, utiliza a análise funcional como ins
trumento para o planejamento do intervenções. Nesta análise sào identificadas as
variáveis antecedentes e conseqüentes que controlam o comportamento do indivíduo,
para assim poder planejar estratégias especificas para a modificação deste. Em tera
pia o indivíduo aprondo a modificar as variáveis ambiontais que controlam sou compor
tamonto para quo possa altorálo. Dosta forma, para a análiso do comportamonto, o
individuo ó o agente de mudança de seu próprio com portam onto. A torapia
comportamental para insônia inclui diversas técnicas, incluindo a restrição de sono, o
controle de estímulos, a higiene do sono, o relaxamento e a dessensibilização sistemá
tica. Na terapia cognítivo-comportamontal, além dessas estratégias comportamentais,
são utilizadas também a detecção do pensam ento, a intenção paradoxal, a
roestruturação cognitiva o as tócnicas do imaginação.
A restrição do sono
A terapia de restrição do sono tem como objetivo limitar o tempo dospondido na
cama, de modo que este se aproximo do tempo total de sono. Nesse sontido, o paciento
ó orientado a ir para cama apenas quando estivor com sono, e levantar-se caso não
conseguir dormir om um período de 15 minutos. Quando a eficiência do sono (tempo
efetivo de sono durante o tempo total na cama) íor menor que 90% deve ser uíeluada
uma redução semanal do 15 a 20 minutos no tempo despendido na cama, ató quo esso
índice seja alcançado. A partir disto, devem sor incromentados 15-20 minutos sema
nais até alcançar o tempo total de sono. Algumas questões devem sor avaliadas quan
do esta técnica é utilizada, como por exomplo, 1) o tempo que o individuo passa na
cama não dove ser menor que 4,5 horas; 2) as alterações no número de horas na cama,
devem ser realizadas semanalmente; 3) o critério específico de eficiência do sono deve
ser estabelecido em função de cada pessoa; 4) deve sor programado para cada pacien
te o momento de ir para a cama o o momento de lovantar-so; 5) o momento de deitar e
de levantar deve ser ostabolocido pela própria pessoa, considerando o seu sono noturno
e seu funcionamento diário (Becker, 2005; Buela-Casal & Sánchez, 2001; Morín, 1994;
Passos, Tufik, Santana, Poyares, & Mello, 2007; Smith & Ncubaucr, 2003).
O principal efeito desta técnica é proporcionar uma privação parcial de sono,
para produzir um rápido surgim ento do sono, m elhorando sua continuidado e
aprofundamento. Em alguns casos a técnica deve ser readaptada, como por exemplo,
com idosos o procedimento pode ser alterado, concedendo um rápido cochilo depois
do almoço (Inocento, Calais, Morais. Baptista & Reimào, 2003). Em pacientes
oncológicos tambóm ó necessário limitar a quantidade de restrição de sono para evitar
fadiga adicional e estresse imunológico resultantes da imposição do porda do sono. A
restrição de sono ó contra-indicada om paciontos com histórico do mania, convulsões,
parassonias e distúrbios respiratórios de sono, pois a sua utilização pode agravar tais
condições (Perlis & Gehrman, 2009; Smith & Perlis, 2006).
O controle de estimulos
A técnica do controle de estímulo foi proposta por Richard Bootzln em 1972, e
recomendada pela American Academy of Sleep Medicine (AASM) para o tratamento não
A higiene do sono
A higiene do sono é um método que busca educar os hábitos relacionados à
saúde, modificando os comportamentos inapropriados que afetam negativamente o
sono do indivíduo. Para isto, a intervenção requer que torapeuta e paciente revisem um
conjunto de instruções que auxiliam o paciente a manter bons hábitos do sono. Esta
revisão fornece oportunidade para o clínico adequar as instruções para cada indivíduo,
desmitíficar algumas recomendações consideradas “absolutistas" e revisar instruções
que sustentam vários imperativos relevantes, fornecendo razões científicas para tais
questões (Perlis & Gehrman, 2009). As instruções de higiene do sono estão descritas
a seguir:
O terapeuta deve orientar para que o paciente evite a utilização de nicotina,
consumo do cafoína o bebidas alcoólicas, nas últimas quatro a sois horas quo antoco-
dem o sono; evite quantidades excessivas de alimentos e/ou líquidos antes do momen
to de dormir; utilize o quarto e a cama somente para dormir e praticar atividade sexual;
evite os cochilos; estabeleça uma temperatura agradável no quarto durante o sono;
diminua os níveis de luz e ruído durante o período do sono; não realize em excosso a
prática de exercícios físicos momentos antes de dormir; retiro o relógio do quarto para
reduzir possíveis comportamentos relacionados à ansiedade (Buela-Casal & Sánchez,
2001, Passos, ot al., 2007).
Valo lembrar que instruções de higiene do sono não são úteis quando fornecidas
como instruções por escrito que não estão adaptadas às necessidades individuais ou
expressas de maneira rígida (Perlis & Gehrman, 2009).
A higiene do sono constitui uma prática educativa, uma vez que por moio de
informações, o paciente passa a compreender o seu ambiente (aspeclos relacionados
8 0 R on.itki H Rofihi f crreijii, M .iru i R ilj Zoéfl.t Simic», M .triii I .ium N otfiicir.i hres
aos seus problemas de sono) e aderir melhor ao tratamento. Isto permite que ele analise
seus comportamentos antecedentes e conseqüentes e modifique-os se necessário.
Este tipo de estratégia envolve a participação ativa do individuo na modificação de com
portamentos relacionados à saúde. A falta de informação ó muitas vezes responsávol
pela não-adesáo a tratamentos, bem como motivo de desencadeamento da insônia por
mal condicionamento. Por dcsconhcccr os prejuízos do determinados tipos do comporta
mentos, muitas pessoas sofrem prejuízos consideráveis em sua qualidade de vida. Des
ta forma, a higiene do sono constitui uma técnica psicoeducativa, pois faz do paciente um
colaborador ativo, tornando o procedimento terapêutico mais efetivo.
As técnicas de relaxamento
As técnicas do relaxamento visam a roduçào da estimulação fisiológica e/ou
cognitiva que afetam o ato de dormir. As técnicas do rolaxamento mais utilizadas no
manejo da insônia são o Progressivo, o Autógeno e o Biofeedback O relaxamento
progressivo foi desenvolvido por Jacobson (1929) e objetiva ensinar o individuo a rela
xar por meio de uma série de exercícios onde tensiona e relaxa de modo alternativo
diferentes grupos musculares. Primeiramente, o terapeuta dirige o orienta o paciento
na seqüência dos exercícios para que, posteriormente, realize sozinho os exercícios em
casa como rotina e parte do processo terapêutico. É essencial considerar as diferenças
individuais na aplicação do relaxamento. Embora a maioria dos pacientes aprenda
rapidamente o uso da técnica, algumas pessoas mostram-se resistentes ou não gos
tam de realizar o exercício. Esta técnica não é indicada para pacientes com doenças
neuromusculares (Becker, 2005; Berlim, Lobato & Manfro, 2005; Buela-Casal & Sánchez,
2001, Passos, et al., 2007; Smith & Neubauer, 2003).
O rolaxamento autógeno foi desenvolvido por Schultz o Luthe (1959) o consiste
em um conjunto de frases elaboradas quo o paciente imagina e que produzom sensa
ções corporais (sensaçao do poso e calor nas oxtromidades e abdômen, regulação da
atividade respiratória o cardíaca e sonsaçào de frio na fronte). É indicado que o indivíduo
pratique pelo menos três vezos por dia para que o relaxamento se converta em automá
tico (Becker, 2005; Berlim, et ai., 2005; Buela-Casal & Sánchez, 2001; Passos, et al.,
2007; Smith & Neubauer, 2003).
O biofeedback é uma técnica não invasiva na qual o paciente ó troinado para
relaxar utilizando os próprios sinais corporais. Assim, são utilizados ostímulos auditi
vos, como músicas, e visuais, como imagens confortáveis, para desfocar a atenção do
paciente. É importante lembrar que esta estratégia utiliza fios e sensores ligados ao
corpo do clionto para modir a atividade muscular. Este fato pode provocar respostas de
ansiodado para alguns indivíduos onde, apenas após alguns minutos, pode efetivamente
voltar ao seu estado natural (Buela-Casal & Sánchez, 2001; Donner, 2001; Passos, et
al., 2007). De forma geral, técnicas de relaxamento podem ser amplamente utilizadas
por não possuírem efeitos colaterais. No entanto, para algumas pessoas, podem estar
associadas à respostas de ansiedade (Smith & Perlis, 2006).
A dessensibilização sistemática
Desenvolvida a partir dos oxporimontos de Wolpe, no final da década de 40, a
dossonsibilização sistomática tom por objotivo roduzir rospostas de ansiodado o elimi
nar comportamentos de esquiva. Esta técnica ó muito utilizada na terapia comportamental
o inclui o treino em relaxamento; a construção de uma hierarquia de itens ou estímulos
geradores de rospostas relacionadas a ansiedade; a avaliação o prática em imagina
82 Rm ith.i H K,ifj|)i I errcii.i, M.irui Rild bu.iics, M.m.i I <ium Noguciui Pire**
da insônia; a exploração de outras modalidades terapêuticas, como a Terapia de Acei
tação e Compromisso (ACT), para o manejo da insônia em adultos, e; a divulgação para
os profissionais de saúdo sobro a eficácia das terapias comportamentais para insônia.
Referências
86 Mtirum.i Arriiir.il, M.irw R /u tg ii No,tic*, M.nmi í/lórM de I rcit.t», M .utfiiifltc M.ilcsco Rocl).i
em psico-oncologia pediátrica porque pouco se fala sobre interações entre pais o filhos
nessa condição e, muitas queixas de pais de pacientes oncológicos infantis não foram
descritas na literatura. Além disso, são escassas as publicações cientificas acerca de
comportamentos infantis e habilidades parentais neste contexto. Poróm, observa-se
quo a9 contingências comuns enfrentadas por pacientes oncológicos infantis o sua9
famílias favorocom a ocorrência do dotormionados padrõos comportamontais nesta
população. Assim, consideramos quo as queixas, trazidas por pais do pacientes, de
vem constituir alvo de estudo e de intervenção do trabalho do psicólogo quo atua na área
da saúde.
A Tabela 1 demonstra exomplos do queixas apresentadas por pais em relação
aos comportamontos dos filhos, o contexto om quo ocorrom o as consoquencias apre
sentadas. lais dados foram obtidos por meio da prática profissional, quo considera as
consequências negativas de tal condição para a família, para o próprio pacionto o para
o relacionamento entre pais e filhos.
Tabola 1- Queixas apresentadas pelos pais, contexto em que ocorrem e comportamentos emitidos
pela criança e suas consequências
Queixas dos pais Contexto Com portam entos da Com portam entos
em que criança frente à queixa
ocorrem relatados pelos pais
Soluc l omporl.imcnlo c L
Como descrito na Tabela 1, queixas comumente apresentadas pelos pais, na
prática em psico-oncologia, são as de comportamonto opositor. Como principal exem
plo destes comportamentos, podemos citar a desobediência a regras e mandos
parentais, Sogundo os pais, seus filhos têm dificuldade em aceitar limites, opondo-se
à realização das tarefas mais corriqueiras, como tomar banho, escovar os dentes e
nlimontar-so. Quando rccebom ordons quo lhes desagradam, as crianças tondom a
recusá-las, expressando-se através de verbalizações de negação, gritos e choro.
íais comportamentos opositores, apresentados tanto em casa como no ambi-
onto hospitalar, favorecem o aparecimento de determinadas atitudes nos adultos (país,
professores e equipe de saúde) que tem a função de manter e/ou não contribuir para
alterar esses comportamentos infantis. Frente à oposição, oxisto a possibilidade do
ocorrer maior nível de punição por parte dos adultos, que tentam controlar os menores
através do técnicas de coerção, hm outros casos, os adultos apresentam maior
permissividade em relação à oposição infantil, devido ao sentimento desagradável de
negar algo a uma criança que está enfrentando tanto sofrimento nessa situaçao. Estes
dois tipos de responsividade por parte dos adultos podem ser prejudiciais à criança. A
punição excessiva, por exemplo, ocorre de forma verbal e/ou física, e pode trazer
subprodutos emocionais negativos como comportamentos depressivos e dificuldades
na expressividade omocional. Já a permissividade excessiva é gerada pelo contexto da
doença, e envolve a modificação nos cuidados e na atenção dispensados, gerando
superproteção - a criança obtém diversos reforçadores vantajosos (como a atenção,
presentes e concessões) que, sem a doença, não seriam obtidos. A principal
consoquôncia seria a falta de limites da criança, que tom o comportamento inadoquado
reforçado positivamente, aumentando a probabilidade de agir desta forma com maior
frequência e em diferentes ambientes.
Outra quoixa apresentada pelos pais no ambiente hospitalar onvolve o relacio
namento de seus filhos com outras crianças, como amigos e irmãos, em ambiontos
como a escola, a casa e a sala de espera do hospital. As dificuldades em relacionar-se
são expressas por comportamentos como recusa om dividir brinquedos e em aceitar
diferontes idéias e opimoes. Quando tem um pedido ou ordem negada por outras
crianças, pacientes tendem a agir do forma agressiva, verbal e/ou fisicamente, podendo
apresentar choro e gritos. Na tentativa de controlar estes comportamentos, pais relatam
apresentar a punição como principal reação, através de gritos, contenção física ou
ameaças vorbais. A tentativa de conversar com os filhos, através da explicação de quo
não deveriam brigar e que precisam dividir seus brinquedos com as outras crianças
também foi observada. Como dito anteriormente, a punição, mesmo suprindo momen
taneamente o comportamento, pode ter efeitos negativos para a criança a longo prazo.
O diálogo, embora seja uma alternativa considerada adequada, nem sempre resulta no
controle comportamental esperado.
A hospitalização provoca o afastamento social das crianças acometidas pela
doença, que deixam que conviver em ambientes como a escola. Quando ocorrem difi
culdades de socialização, como as citadas pelos pais, as poucas crianças que convi
vem com o paciente podem se afastar pelo contato extremamente aversivo. Isolada
socialmente, a criança perde a oportunidade de desenvolver atividades reforçadoras,
principalmente o brincar, o que pode prejudicar seu desenvolvimento e/ou tornar-se
ocasião para o dosonvolvimonto do comportamontos rolacionados a doprossão. As
sim, comportamentos socialmente inadequados da criança nessa situação podem tor
consequências importantes para sua vida.
8 « M d riitn .i A it u im I, M iir u i R. / o ^ d SiHirr*, M iiu r .i C/lórui ilo I ifit.i», M .ir ^ tr c llc M . i I c k o Roch.i
Outros comportamentos infantis alvos de queixa são os que envolvem a dificul
dade da criança em colaborar com o tratamento, como a recusa em tomar medicamon-
tos no horário correto, em manter os hábitos de alimentação indicados pela equipe de
saúde e em colaborar com a execução dos procedimentos módicos (exames e trata
mentos, como a quimioterapia).
A recusa em colaborar com o tratamonto tem consequôncias para a saúde da
criança, pois sem a emissão de comportamentos de adesão - comparecer a todas as
consultas médicas, colaborar durante os procedimentos realizados, seguir as instruções
módicas de auto-cuidado e tomar o medicamento da forma como foi prescrito, diminui
drasticamente a chance de cura. A não colaboração durante a execução do procedimen
to módico dificulta o trabalho da equipe de saúde, aumentando a probabilidade do
comportamentos punitivos dos adultos e o tempo de exposição da criança à contingên
cia avorsiva.
Também se deve considerar a potencializaçào dos efeitos colatorais do modi-
camento administrado, causando sensações de ardor no local da injeção do fármaco.
Nessa situação, pais relataram tentar conversar com seus filhos para explicar o motivo
da administração dos medicamentos/tratamentos para favorecer a colaboração. Quan
do não se obtem sucesso dessa maneira, descrevem que frequentemente o fazem
atravós de punições, gritando, usando de força física ou ameaçando a retirada de
reforçadores (brinquedos, comida, etc.).
Assim, fica evidente que os padrões comportamontais inadequados das crian
ças, estão relacionados a uma visível falta de preparo dos pais para lidarem com esto
tipo de comportamento. Esta é uma demanda importante, sondo parto do trabalho dos
profissionais da psicologia que atuam junto a esta população.
Para lidar com esta problemática, psicólogos podem basoar suas interven
ções no ensino de Habilidades Sociais Educativas (Del Prette & Del Prette, 2008a;
2008b, 2009), para auxiliar pais a desenvolverem habilidades comportamontais noces-
sárias ao manejo adequado dos comportamentos dos filhos, promovendo comporta
mentos desejáveis através do estabelecimento do contingências educativas.
Estas habilidades podem auxiliar pais de pacientes oncológicos infantis a pro
duzirem um ambiente diferenciado, que provoque mudanças comportamentais positi
vas om sous filhos A Tabela 2 indica algumas Habilidades Sociais Fducativns sugoridas
para o manejo das quoixas apresentadas por pais de crianças com câncer
Do acordo com a Tabela 2, ao lidar com a queixa de falta de habilidade social
das crianças, por exemplo, pais podem estabelecer contextos potencialmente educativos,
com ambiento físico propicio o materiais nocossários organizados para uma boa
interação do seus filhos com outras crianças. Um local agradável e com variedado do
brinquedos diminui a probabilidade de que crianças briguem pelos mosmos. Ê impor
tante também que pais atuem mediando as interações, indicando e descrevendo com
portamentos adequados a serem emitidos na situação, por exemplo, pedindo a seus
filhos atitudes mais polidas como, pedir por favor e dizer obrigado
• Descrever / justificar
Estabelocer limites o
comportamontos desojévois
disciplina
90 m .iMiin.i A m .tr.il, M .iri.i R. /o é flii Sairc*, M .iur.i C/lórui ilc I rcitiis, M .ittfiircllc M.ilcsoo RocIj.i
Frente a esta queixa, outra ostratégia relevante é quo pais forneçam modelo
adequado de habilidade social aos filhos, através da visualização do um comportamon-
to social desejável e suas consequências positivas. Pais podom, por exemplo, mostrar
para o filho o tipo de interação adequada que ocorro em um grupo de crianças que
brincam juntas. Podom tambóm exibir um comportamento adoquado como modelo
(por oxomplo, falar por favor no momento do solicitar um brinquedo a uma outra crian
ça), e pedir para quo o lilho observe este comportamento. Outra açào relevante ó que
pais demonstrem a relação existente entre comportamento, antecedente o consequência.
Isso pode ocorrer, por exemplo, om uma situação onde a criança quer brincar com
determinado brinquedo que está com alguém, solicitar, pedir por favor (segundo mode
lo parontal) e ser atendido por isto. Nossa ocasião, ó importante quo pais sinalizem o
comportamento adequado da criança na situação e a consequência positiva, indicando
a relação entre comportamento e consequência, aumentando a probabilidade dc ocor
rência deste comportamento no futuro.
Habilidades Sociais Educativas dos pais também são ferramentas necessári
as para lidar com as dificuldades da criança em aceitar mandos e regras. Nesta situa
ção, ó essencial que pais compreendam que toda criança, independente do condição
de saúde, necessita de limites e disciplina. Para quo isto ocorra, pais precisam apre
sentar a seus filhos regras claras e consistentes, elaboradas em conjunto com a crian
ça. É necessário que as crianças tenham algum ganho na situação. Quando crianças
participam da olaboraçào de regras, há maior probabilidade de que as contingências
estabelecidas sojam obodecidas. Por exemplo, pais podom combinar com o filho que
o banho será tomado sempre que a criança chegue do hospital. Como parte do proces
so, ela sabe os motivos de tal rogra; a necessidade do higienizaçào após a exposição
ao ambiente hospitalar, principalmente antos das refeições o das brincadeiras com
outras crianças. Fica ostabolocido, por oxomplo, que após o banho ola podo usar o
brinquedo que mais gosta ou comer um doce do sua preferência. Esta rocomponsa
precisa ser fornocida no caso do cumprimento da regra. Quando houver desobediência
destas rogras, os pais devem chamar atonção para o que foi previamente estabelecido
(inclusivo por elo) e pedir mudança de comportamento.
Estas rogras procisam ser elaboradas considerando a colaboração com o
tratamonto. Horários para tomar os modicamentos, rotina do alimontaçâo adoquada e
demais hábitos necossários procisam sor estabelecidos om conjunto com a criança,
sondo que sua execução necessita sor sompre exigida. Para que isto ocorra, diversas
estratégias de recompensas podom sor utilizadas, como economia de fichas ou apro-
sontaçào de algo reforçador (como assistir o dosenho favorito, brincar no computador).
Para lidar com a queixa de recusa da criança em colaborar com a execução dos proce
dimentos módicos, os pais devem, mais uma vez, apresentar a relação entre antece
dente, comportamento e consequência. Neste caso, isto consisto om explicar ao filho
sobre sua doonça (antecedente), a necessidade do cooporar para quo soja oxoeutado
aquele procedimento (comportamento), mesmo sendo aversívo, e as consoquôncias
positivas para sua saúdo. Os pais tambóm podem apresentar modelos adequados do
outras crianças naquela situação, descrevendo o justificando os comportamentos do-
sejáveis por ela emitidos. Isso podo sor feito, por oxomplo, apontando o descrevendo o
comportamento do uma criança que auxilia na administração do medicamento via oral
ou estica o braço e pormite que a enformeira insira a agulha da seringa, justificando
que, com a cooperação, o procedimento ocorre de maneira mais simples e rápida,
evitando a dor, diminuindo o tempo do oxposição á situação aversiva e trazendo
consequências positivas para a saúde.
Considerações Finais
Iodas estas as situações apresentadas aqui, são exemplos de casos, basea
dos em relatos de pais de crianças com câncer. Como visto anteriormente, esta enfer-
midado traz consequências negativas para o relacionamento pais e filhos, e a análise
roalizada forneço oxomplos do alternativas comportamontais dos pais quo possibilitam
que este relacionamento seja adequado e positivo. Estas alternativas fazem parte do
conjunto de Habilidades Sociais Educativas, que embora não tenham sido alvo de
estudos com esta população, tem apresentado resultados efetivos em diferentes pos-
quisas (Dol Prette, 1998; Del Protto, 1998; Pinheiro, 2006).
O manejo apropriado de comportamentos das crianças por parto de seus
cuidadores aumenta a probabilidade de que emitam comportamentos desejados em
diferentes situações. É necessária a realização de pesquisas em psicologia e mais
ospocificamente na área do psico-oncologia pediátrica, subsidiando o dosenvolvimen-
to de tecnologia comportamental adequada, através da elaboração de intervenções
efetivas que visem á assistência aos pais de pacientes oncológicos infantis atravós do
ensino de Habilidados Sociais Educativas.
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Os sentimentos, como aponta Guilhardi (2002), por muitas vozes sâo nquivoca-
damente considerados "fruto" de entidades montais, algo abstrato, quo ó intrínseco ao
indivíduo e quo, portanto, não ó possívol intervir para produzi-los ou alterá-los. As idóias
contemporâneas dc Skinnor (2002) escapam dossa visão comum o considoram os
sentimentos como produto de contingências de reforçamonto, de forma que seu desen
volvimento não depende exclusivamente do sujoito, mas da interação quo so estabele
ce ontre o sujeito e seu ambiente.
A comunidade verbal teria papel do destaque neste processo como responsá
vel pela nomeação que o sujeito dará as diferentes manifestaçõos do tais sentimentos
produzidos pola contingência (Skinnor, 2002). Autoestima, autoconfiança e responsabi
lidade, por exemplo, são metáforas (Guilhardi, 2007), sâo nomes que diferentos comu-
nidados vorbais usam para so referirem a d iforon to s fenôm enos hum anos
(rospondentes e operantes). Ao observar que uma possoa se comporta e so sente de
dotorminada forma, dizemos quo ela tem boa autoestima, 6 confiante ou rosponsável.
Como a nomeação sofre variações do acordo com as contingências em opera
ção para cada indivíduo e comunidade verbal (Skinnor, 2002), não fica exatamente claro
a que estes termos se referem e quais as características definidoras de cada um deles.
Embora possa haver relação entre os sentimentos de autoestima, autoconfiança o
responsabilidade, o uso de três tormos distintos sugere claramonto diferenças relevan
tes entre aquilo que é observado Guilhardi (2002) propõe que essa diferença podo ser
encontrada nos tipos do contingências que produzom tais sentimentos,
A autoconfiança, por exemplo, ó um sontimonto positivo acerca da própria capa
cidade em realizar tarefas, é produto do açõos bem sucedidas o constantemente rofor-
Kcim lit I m s I iiij L/orne», A m .im l.i ilc M c n tlo n ç d I H i i .i , C /cim d ii.i O li v e i u I criciM , l\iu l< i N u n ? *
K u ljn e rt, Lilit.i A rd iilc s N c flri, N iv id dc Sou/d 1’ creird, K c ild lnsld o Sdnlo*
çadas, positiva ou negativamente. Quando ó pormitido ao indivíduo omitir determinado
comportamento que produza conseqüências positivas, quando os pais ou professores
valorizam os resultados dos comportamentos da criança, a autoconfiança ó desenvolvi
da. Se uma criança é exposta a situações que façam com que ola aprenda a criar
alternativas para oxplorar seu ambiente com sogurança e facilidade, a autoconfiança ó
pouco a pouco estabelecida.
Diforento da autoconfiança, a responsabilidade é um sentimento quo se de
senvolve a partir do contato com contingências coercitivas, levando em conta que estas
ostào presentes na vida do individuo, no dia a dia O indivíduo, diante do um problema,
aprende a removê-lo ou criar estratégias para evitar que situações desagradáveis ocor
ram. É comum, por exemplo, que uma máo diga ao filho. “Nâo deixe para fazer suas
tarefas escolares em cima da hora. Estudo um pouco por dia, náo deixo tudo acumular.
Assim você nào corre o risco de ter que doixar de brincar para estudar ou do tirar uma
nota ruim na prova". A màe utiliza da coerção para doixar claro ao filho que se elo não agir
dessa maneira, algo ruim irá acontocer. Sendo assim, a criança exibe comportamonto
de fuga/esquiva, desonvolvendo então, o sentimento de rosponsabilidade.
Autoestima é freqüentemente confundida com autoconfiança no discurso cotidi
ano. Mas, de acordo com a análise de contingências, enquanto aquilo quo chamamos
autoconfiança ó produto da apresentação de conseqüências reforçadoras contingente a
desemponhos específicos, a autoestima ó um sentimento produto de contingências de
reforçamonto positivo do origem social, ou seja, aquilo quo chamamos autoestima ó
produto da aprosentação de conseqüências reforçadoras do forma não contingento a
desempenho espocífico do indivíduo (“reforça-se" a pessoa o nào especificamente o quo
ola faz). Se autoconfiança relaciona-se entào com o quanto o indivíduo se sente capaz, a
autoestima relaciona-se a avaliação que o indivíduo faz de si a partir do quanto olo, e não
seu comportamento, ó valorizado, e rofore-se ao quanto se sento amado polo outro.
Skinnor (1972) destaca que a autoconfiança ó um dos meios de se alcançar a
liberdado, fazondo coisas por si próprio, do forma indopendente dos outros. Guilhardi
(2002) afirma quo o indivíduo quo se sente estimado ó capaz do discriminar comporta
mentos roforçadoros para si, so torna livro da dependência do outro para produzir tais
reforçadoros. Portanto, a autoostima seria um outro moio do "libortação" do indivíduo.
Um exemplo de contingências quo produziriam autoestima podo sor ilustrado
pela seguinte situação. João chega atrasado para a aula e ao entrar «a sala ó recebido
com a seguinte frase; “Joào, que bom quo veio, senti a sua falta". O professor não dá
ênfase ao comportamonto de chegar atrasado, mas valoriza a presença do João, mos
trando que ele em si ó reforçador. Esse tipo de comunicação valoriza mais o indivíduo do
que um dosemponho especificamente reforçador para o professor (chegar no horário)
e ó o tipo de conseqüência apresentada na interação social quo produz um conjunto de
sentimontos e comportamentos quo, quando observados, são chamados "autoostima"
No contexto da educação, o onfoque das interações sociais é dado à rolação
profossor-aluno, quo parece estar dirctam onto rolacionada com a produção do
autoestima o, conseqüentemente, com o dosomponho escolar (Viecili e Medeiros, 2002a).
Kubo e Botomó (2001) acreditam que o processo do onsino aprendizagem ó um com-
ploxo sistoma de intoraçõos comportamontais entro profossoros c alunos, o não apo-
nas processos indopondentes da açào humana. Tal interação professor-aluno tem
papel lundamontal nos diversos âmbitos do desenvolvimonto escolar, pois ó por meio
dela e de outras variáveis, quo o aluno vai se motivar, construir o fundamontar sou
conhocimonto e desenvolver sua autoostima
M ir e i omporl.imcnH) e t otfmç.H)
Haveria uma relação diretamente proporcional entre os comportamentos e sen-
timontos associados à autoestima, autoconfiança e responsabilidade observados em
um aluno e seu desempenho escolar. As interações entre o professor e seus alunos
que ocorrem no ambiente escolar seriam potencialmente essenciais para propiciar tais
rospondentes e operantes. Pesquisas anteriores (Viecili e Medeiros, 2002a; 2002b)
indicam que cinqüenta por cento das crianças com resultados do fracasso oscolar
apresentam também indicadores de baixa autoestima.
Skinner (1972) define o ensino como sendo um arranjo de contingências do
roforço e critica quando o professor atribui a responsabilidade de aprendor unicamente
ao aluno. "Dificuldades do aprendizagem" normalmente são localizadas nos alunos, que
"não se esforçam" ou "não consoguem aprender" por esta ou aquela razão. Mas as
dificuldades, na maior parte das vezes, são o reflexo do uma metodologia de ensino mal
sucedida. Localizar no interior do aprondiz a força motriz do aprender (os nomes que se dá
àquilo que se encontra no interior do indivíduo variam: "força de vontade", "intoligência”,
"motivação") contribui para que os professores não se empenhem arranjar condiçõos
favoráveis à aprendizagem. O professor não vê a dedicação ou o desempenho do aluno
como produto das contingências operando, mas sim como algo intrínseco ao indivíduo.
Seria importante que o professor estivesse consciente do seu papel ativo no
arranjo de tais contingências envolvidas nos processos de ensino. Muitas vezos, tais
contingências são inadvertidamente arranjadas de forma a cercear a liberdade e a
origínalídado do aluno, pois quando os profossoros roconhoc.om quo têm algum podor
do produzir altoração no comportamento dos alunos, geralmente procuram fazê-lo ma
nejando contingências coercitivas. Os alunos fazem aquilo que o professor propõe para
so esquivarem do possíveis punições aprosontadas por olo. O profossor aprosontn as
punições para se esquivar de r.omportamontos dos alunos que lhe são aversivos. Tais
contingências coercitivas associam-se a sentimentos do ansiedade que conflitam com
a aprendizagem de novos comportamentos.
Sidman (1995) faz uma crítica ao procosso de "naturalização" da coerção, diz
que aprendemos rapidamente quo a coerção ó o modo padrão para fazor com que os
outros façam o que desejamos, ou seja. passa-se a ver a coerção como uma "ferra
menta" a sor utilizada quando necessária, sem preocupar-se com os efeitos do uma
utilização excessiva e de forma errônoa abandonando as conseqüências desastrosas
por ela provocadas. No âmbito escolar a coerção é técnica principal para um "bom”
processo do aprendizagem. O relacionamento professor-aluno advém de todos os pro
cessos e técnicas do ensino, e o controle coercitivo permeia ossa relação. O comporta
mento do professor de falar mal, advertir, cobrar, manipular notas, ou simplesmente não
responder a uma solicitação do aluno, são exemplos de técnicas coercitivas em sala de
aula, que muitas vezes são utilizadas, pois exercem efeito imediato na alteração do
comportamento indesejado (Viecili e Medeiros, 2002a) Skinner (1972) e Sidman (1995)
condenam o modelo de ensino coercitivo e a utilização de técnicas coercitivas nas salas
de aula, afirmando serem práticas inadequadas.
O idoal soria a combinação o o equilíbrio ontro aplicar rogras o mantor-so
afotivo. Invostir om contingências do aprondizagom nas quais o aluno produza (roforço
contingente a desempenho) e entre em contato (reforço não contingente a desempenho
específico) com conseqüências reforçadoras positivas ao aprender soria uma alterna
tiva que produziria alunos mais livres, criativos e comportando-se de forma responsá
vel, com a vantagem de tudo isso associar-so a sentimentos e comportamentos típicos
de felicidade, satisfação o autoestima.
Método
Local
A pesquisa foi realizada no mesmo local adotado por Gomes o colaboradores
(2008): ontidado oducacional, do vinculação religiosa, sem fins lucrativos quo desenvol
via programas com a juventude empobrecida.
Participantes
Foram convidados a participar os alunos do ensino médio profissionalizante
que estavam tendo aulas, no primeiro semestre letivo de 2009, com os professores
participantes da pesquisa anterior (Gomes e col., 2008).
Procedimento
A coleta de dados foi composta pola aplicação do um questionário (do ques
tões fechadas) no qual foram abordadas questões referentes à "estima" que os alunos
acreditam que os professores tinham por elos
Resultados e discussão
Os dados quantitativos apresentados na tabela 1 sugerem que os alunos dis
criminavam que eram reforçados por seus professores principalmente de forma contin
gente a desempenho especifico. Foram registrados maiores Índices de escolha nas
altornativas: considora-lho bom aluno (P1 67%, P2 73%, p3 64%) e dnndo atenção
R fu.ilii l rutm .i C/umcj, A m in u l.i de MeinKmÇii Pui.i, v./erm.tn.i O I ívc im I erreir.t, l\iu l.i Nunes
Kuhnert, | (ilit>i Ar<in!e* N e ^ ii, N iv i.i Je Souai Pereira, Keil>» I iis Ijo Smlus
TAHf.lA i . I requéixla bruta • porcentagem (to retpoataa «»»inalada« pelo» «Juno» para
• quetiMo 3. em relaçào a cada professor.
n o n it o * i .p i psoresso» i - p i W OFCllO» J .P )
Rn p *«Ii i (M 0 n»po«ww (n-40) RaepoetM(n -4i)
Be que formai aaüfu«) ptoümw fa)
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VOCètM? BRUÍQ % BRUIO % BRUTO %
aifllogiindo me quando faço ai tarefas ... V ” W *T " 55 i r -" m ...
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t>; klofliancJo me independer*© daquilo qu« eu 14 b% 5 4% 3 2%
f»çan«4iicjpiinj
c.>Dandí> aiençtft quanan falo r«n eie para *r ar 56 24% 30 26% 3? 23%
duvulas/tomentíw sobie a inateiu
d}D»ndo atençJo quando falo com aia s&bre 1t 5% 5 4% 7 5%
assunto* pessoal»
e) Dando mo prefarénaa nas larefas 1 0% 1 1% 2 2%
fiAíritiutndo nota exlr* 1 0% 0 0% 0 0%
gjUtWíando mau nome no» avemptos citado« 11 5% 5 4% 3 2%
em saúde *uia
híFicjftdo alguns m*nut05 epos o termmo d* 6 3% 3 3% 1 1%
convertando comigo
IjAtettandc niinhat) lugcstòus 16 7% 11 9% 7 5%
IjDando-me consettws pessoan 14 6% 8 7% 7 5%
Kf azendo brincadei ras comigo 19 8* 4 3% 12 9%
USomndo para mim 37 16% 13 11% 24 1»%
mjUWi;ando material produrHo por mim 1 0% 1 1% 0 0%
ísiwes. roaquetev cartazes)
njApraçamio rnt 12 5% 3 3% 3 2%
0) OlJtfQJ __ 3 3% 3
15%, P3 36%). No que so roíoro & P3, a partir da freqüência da alternativa 4“, podo-so
supor, a partir da indicação dos alunos, quo este possui algumas atitudes potoncial-
monte punitivas, sendo elas contingontes ou não a desempenho especifico.
Gomes e colaboradores (2008) enfatizaram quo, om sua pesquisa, avaliaram
comportamentos dos professores que eram topograficamente e, portanto, potencial
mente punitivos ou reforçadores aos alunos, mas que o efeito punitivo ou roforçador
precisaria ser demonstrado pelo sou efeito sobre a freqüência das respostas omitidas
ou sentimentos produzidos. As respostas dos alunos à quarta questão indicam que,
polo menos no que concerne aos professores P1 e P2, talvez tais conseqüências não
tenham função de punição, considorando quo deve haver relação entro a forma quo o
professor conseqüência os alunos o o sentimento produzido nos mesmos.
Como o estudo anterior já apontava, é esperado que no contexto de sala de
aula os professores reforcem ou punam principalmente de forma contingonto a desem-
ponho ospocifico, manejando contingências que favoreçam o dosonvolvimonto dos
sontimontos do autoconfiança o rosponsabilidado. O rolato dos alunos confirmaria
essa hipótese de que os professores os consequenciam geralmente de forma contin
gente a desempenho quo soja reforçador para o próprio professor
Conclusão
Concluiu-sc que, do forma geral, os alunos se sentiam estimados por sous
professores, ainda que estes tendessem, de acordo com a observação direta do com
portamento dos professores realizada por Gomes e colaboradores (2008) e com as
escolhas dos próprios alunos para o questionário, a não consoqüonciá-los indepen
dente de desempenho específico.
Após a pesquisa de Gomes o colaboradores (2008), foi realizada uma devolutiva
com os professores em relação às categorias de comportamento observadas, sendo
alertados de que estariam aplicando contingências (reforçadoras e punitivas) principal
mente de forma contingente a desempenho específico, o que seria favorável o desen
volvimento de autoconfiança e responsabilidade, mas nào necessariam ente do
autoestima. Foram ainda orientados de que seria possível manejar contingências em
sala de aula que favorecessem também a autoestima, visto que tais contingências nào
seriam excludentes àquelas já vigorando. Uma hipótese é a de que, em função dessa
dovolutiva, os professores possam ter mudado sua postura om relação aos alunos, de
maneira que os que antes eram considerados punitivos, já nào sào mais.
Deve-se tambóm levar em conta que o comportamento da turma influencia na
forma como o professor so comporta om relação a ola o, conscqücnfomcnto, no produ-
to da relação professor-aluno. Uma vez que a pesquisa foi realizada em outro contexto
de sala do aula, isso pode explicar os resultados aparentemente distintos.
Segundo Silva e Marinho (2003), pessoas com baixa autoestima são carentes
de afeto, e geralmente essa carência foi produzida na história de vida do indivíduo,
quando o ambiente não o atendeu afetivamente e foi gerado um sentimento de desam
paro. Para obter afeto é necessária a presença de um outro apresentando reforço.
Considerando o conceito acima citado, pode ser levantada a hipótese (a ser observada
futuramente) de que os alunos possivelmente sentem-se estimados pelos professo-
ros, pois supostamente estariam privados de afeto fora do contexto escolar. Tal opera
ção estabelecedora (privação) aumentaria o valor reforçador do qualquer atitude que o
professor tinha em relação aos seus comportamentos, resultando no relato dos alunos
acerca de sentimentos de estima por parte dos professores. Tal hipótese ó respaldada,
pois segundo Guilhardi (2007), deve-se levar em conta a história de contingências dos
indivíduos, pois esta privilegia a identificação dos eventos e suas funções, consideran
do quo nonhum ovonto ou relação ontro ambionte o organismo importa quanto a sua
topografia, e sim quanto à função adquirida e a que desempenha. Logo evontos nào
Remita (.risfm a t/o in « , Am aruia Je M cm tonça l>uia, t/erm ana O live ira / erre i m , l ’aula Nunci
Kuhnert, lalita Arantcs N eflri, N iv ia de Sou/d 1’ ereira, K cilii Iriílà o Santo*
sáo punitivos, avorsivos ou reforçadores om si mesmos, mas adquirom tal função de
acordo com as contingências em operação na vida do individuo.
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-J {^ M itiw I ui/.i M atinlio-C iiSiiiiuv.i, M .ui.m .i A n i.ir.il, l ’ n*cil.i V ircn lc, I u/i.mc ilc L ilim a Kirvhner,
A iiii l'ti* lm c Ruppcolh.il
comportamento colaborativo durante o curso de graduação ou ao longo de sua atuação
profissional. É por isso que o uso de controle avorsivo em odontologia ó o mais comumente
utilizado. Entre as estratégias aversivas mais praticadas, podemos citar a contenção
física e a mão sobro a boca.
Os comportamentos não colaborativos das crianças constituem, portanto, um
problema do manejo para o profissional, sendo que a relação do Odontopodiatras com
pacientes infantis representa uma das maiores dificuldades encontradas na clinica
odontológica. Pesquisas têm demonstrado que as estratégias comportamentais que
devem ser utilizadas nesta relação não vêm sendo ensinadas aos dontistas em sua
graduação e nem na educação continuada (Milgrom, 1986, como citado em Moraes,
1999). Isto aumenta a importância do estudos comportamentais relacionados à relação
entre comportamontos de profissionais e pacientes.
Fioravante e Marinho-Casanova (2009), por exemplo, caracterizou o padrão de
interação ontre os odontopediatras e as crianças no decorrer de atendim entos
odontológicos profiláticos e de emergência. Como resultado a pesquisadora verificou
que, de 20 crianças atendidas, 19 apresentavam alta frequência de respostas cooperativas
e oito aprosontavam respostas opositoras. As crianças atendidas na emergência
apresentaram 50% menos respostas colaborativas o duas vozes mais respostas
opositoras do que as crianças atendidas na profilaxia. Quanto aos odontopodiatras,
observou*se maior frequência de respostas adequadas por minuto do que inadequadas
em todas as dez consultas de profilaxia, mas om somonte quatro das dez consultas do
emergência. Os dados sugerem, portanto, que há uma necessidade de melhorar as
habilidades dos odontopodiatras oxigidas no atendimento de emergência, visando a
redução do uso do estratégias inadequadas do manejo nostos atendimentos.
Veerkamp e cols. (1995) apontam a nocessidade de quo os odontopodiatras sejam
troinados om idontificação de repertório de comportamentos, sendo assim capazos do
avaliar adequadamente as reações da criança durante a realização do tratamento, e
implementar, de imediato, estratégias psicológicas que minimizem a ansiodado e aumontom
a frequência do comportamontos colaborativos (Como citado em Possobon et al, 1997).
Estos autores apresentam inlormaçõos quo rolorçam a nocossidado do onsino
de ciências comportamentais em odontologia. Este ensino deve ter como objetivo transmitir
um conjunto de estratégias comportamontais destinadas à solução do problemas
comportamentais quo pacientes odontológicos infantis apresentam no consultório
(Moraos, 1999). Para que o cirurgião-dentista possa implementar estratégias que
minimizem o estresse comumente gerado polo tratamento e pelo ambiente do consultório,
é necessário que aprenda a identificar comportamentos indicadores de ansiedade e seja
capaz de estabelecer uma adequada relação com o paciente (Possobon et al, 2007).
Dossa maneira, o presente estudo visa fornecer um modelo de intervenção
comportamontal junto a odontopodiatras, proporcionando a ostos profissionais, por moio
da realização de um curso, o contato com a Análise do Comportamento como ferramenta
útil no manejo do comportamentos no ambiente odontológico.
Estudo
A posquisa foi realizada no Núcico dc Odontologia para Bebês da Univorsidadc
Estadual de Londrina. Participaram seto residentes do primeiro e segundo ano do
curso do Especialização em Odontopediatria da Universidade Estadual do Londrina o
uma odontopediatra voluntária daquele Núcleo.
^ M itrui I ui/ii M .irm lu vC ittdijov.i, M o im u .i Am<ifiil, l ’ n*cild V icru le , I u/i<mc ilc latim u Knrlincr,
A ik i C risfmc Ruppcnlfi.ií
Resultados
No primoiro oncontro trabalhou-sc a compreensão do comportamonto infantil o as
etapas do dosenvolvimonto. ü s odontopodiatras apontaram, de forma geral, o interesso
pelo trabalho com crianças, embora tenham manifestado pouco conhecimento sobre
comportamonto o dosonvolvimonto infantil. Tal quostâo ó primordialmonto enfocada na
atuação com crianças, qualquer que seja a área de atuação Como afirmam Costa Jr e
Coutinho (2000), o trabalho do odontopodiatra requer, alóm do conhocimento tócnico,
habilidades para idontificar as poculiaridados do cada criança, a etapa do dosonvolvimonto
om quo ola se oncontra e variáveis quo ostão atuando nos comportamentos om vigor.
No curso, foi proposto que os odontopediatras relembrassem situaçóes de
quando eram crianças (desenhos preferidos, brincadeiras, entre outros) Com base
nesta atividade, puderam identificar que os interesses que tinham quando crianças ó
bom diferente dos interesses das crianças atuais. Do acordo com Biasoli-Alvos (1997),
o lúdico, na sociedade contemporânea, urhana e industrializada passou a sor oxnrr.ido
de forma mais solitária pelas crianças. Estas passam a ter uma rotina repleta de
atividades semelhantes às de um adulto e as brincadeiras de rua sáo trocadas por
jogos eletrônicos e individuais. A mudança deste contexto exige do profissional o
conhecimento dos interesses de cada criança e o desenvolvimento de novas habilidades.
Na aula cxpositiva, foi discutido como a aprendizagem 6 compreendida na
análise do comportamento e as formas do cornpreendor o dosonvolvimonto infantil.
Segundo Bijou e Bayer' (1975, citados por Ingbcrman o Haucr, 2006) a análise do
comportamonto considora que a aprendizagem da criança se dá na intoração entro o
indivíduo o os evontos ambientais. Os comportamentos esperados para cada idado
foram expostos do forma prática aos odontopodiatra, mas prevaleceu a discussão da
importância das contingências filogenóticas, ontogenóticas e culturais como
responsáveis pela emissão destes comportamentos.
A partir da discussão sobre a im portância do am bionto, surgiram
questionamentos dos odontopodiatras como forma do comproonder a intoração ontro
ostes ovontos ambientais o os diferontes comportamentos das crianças: "Alumio dois
irmãos com idades próximas e queria saber por que o comportamento deles é tão
diferente?'' (sie).
No segundo encontro deu-se continuidade à proposta do identificar as variáveis
funcionais do comportamento, enfatizando a interação operante. Os eventos oporantos,
segundo Skinner (2003), são descritos como aqueles nos quais as rospostas produzem
alterações no ambiente. Dentro as condições antecedentes, Moraes e Pessoti* (1985,
citados por Brandenburg, Gavazzoni e Marinho, 2007) citam a história odontológica
próvia, os ruídos o odores fortes na sala do atendimonto, as instruções fornecidas pelo
dentista, entre outras. Como condições consequontos, os autores apontam as
decorrências da intervenção (alívio da dor, recuperação estética) e os comportamentos
do dentista de reforçar ou punir ações da criança.
Os comportamentos dos dentistas como eventos consequentes foram o tema
em destaque neste encontro Os operantes atuam em interação com o ambiente
aumentando ou diminuindo a probabilidade da ocorrência de respostas futuras (Skinnor,
2003). No entanto, como osses ovontos não possuom propriedades prévias, o dentista
precisa conhoccr cada pacionto o idontificar o efoito destes eventos sobre a criança,
para entào planejar a intorvenção
'Bl|<iii. 8 W , Bhw, 1) M ( 1H01/1H/S) ihta dHSiirrohi inlniiUI IfHinti (i/d/wk.íi ysistm riM vu i/ii In vtXHludn Méxi(xi IiIUm»
'Momna.A B A A Po m u M. I (19fl5)P»lcok>glfl8|>lica<1fl A odonkHoyiM SAoPmiki Satvim Edlkxn
- A criança não se comportou bem e eu não dei a recompensa, mas dopois fiquei com
"consciência pesada" (sic).
- O paciente colaborou e eu dei um desenho para ele no final da consulta (sic).
- Tive de encaminhar um paciente para a anestesia geral, pois elo estava “fora de controla".
Quando o paciente ô do pronto socorro, a situação ó emergencial e temos pouco tempo.
Isso nos dificulta pensar nestas estratógias que vocôs estão nos dando (sic).
’ T e r m o lA c n lc o q u i t i k t A ly r m u m c o r t j u n l o ( ta g r a m p o » u t il i z a d o * p a r « I t o U r o d m i l e » m k lr * t* tk )
M .tfi.i I ui/.i M iirm h o -l.iftin o v ti, M.wi.m.i A m .ir.il, P iucilii Vicente, I u/tnnc ile lá lim ii Kinrbiifr,
Anu O is tm c Ruppcnlhiil
Tabela 1 - Relato verbal dos odontopediatras acerca dos comportamentos parentais durante os
atendimentos
Comportamontos dos Assim quo a criança ontrou na sola o màe já disse: so vocô n
pais que dificultam o deitar, ela terá falta de ar o ela pode morrer sufocada. Eu
atondimonto precisei deitar a criança, devagar, para fazer o procedimento o
a mâe ficou muito brava comigo.- Porque a criança estava
irritada devido ao procedimento, a mãe não quis sair da sala,
como havia sido combinado antos. Mãe jó vem atropelando.-
Atendi dois irmãos. O mais velho cooperou o o mais novo não.
Quando dei o desenho para o mais velho, a màe disse quo se
o mais novo nào ganhasse haveria briga entro os dois
Condutas parentais
- Tem uma màe que só dá à comida batida no liquidificador. Eu
de nào adosão ao
digo à màe quo a criança precisa mastigar, mas ela diz quo
tratamento
assim fica mais fácil.- As mães acham um exagero a gonto limitar
o açúcar para a criança.- Quando uma màe foi orientada sobre
a retirada do hábito de chupar o dedo, ela disse ter lido um artigo
mostrando que so tentarmos tirar o dedo da boca da criança ola
podo tor um trauma quando mais velha. Tom quo deixar a criança
ir parando de chupar o dedo sozinha - A maior dificuldade 6 que
os pais nào seguem nossas orientaçõesI Ê difícil fazer com quo
as màes de bebês parom do dar a mamada noturna, ou que
pelo menos limpem a boca da criança depois da última mamada.
Situações quo tôm - Atendi um menino de 3 anos, o qual os pais chamaram de Pré-
dúvidas sobre como A (pró-adolescente). Ele cooperou e por isso ganhou o desenho.
orientar os pais Os pais não permitiram que ele levasse o desenho, pois disso
quo isso ora coisa do criança - A criança já tom 3 anos o meio,
orienfe» a mãe que co/ocosse na escola para socía/ízaçáo, pelo
menos uma vez na somana. A criança eu acho que até iria, mas
a mãe não quer deixá-la ir para a escola.
Condições - Uma màe disse que nào podia comprar fio dental porque tinha
socioeconômicas de escolher entre o leite para a criança ou o fio dental, recomendei
familiares que usasse linha normal com algumas adaptações.- Tem um
pai do um cliente meu que diz que só tem uma escova para a
família toda, mas chega bêbado para a consulta.
12 0 M .iriii l ui/.i M iirin lio -tiiju m o v ii, Am<ir<il, l ’ n*cilii Viccnle, I u /iiin c ilo I iilin u K irrlm rr,
A m L iitlmc Rupi>cnlh<il
onais passaram a focar o próprio comportamonto como variável importante no compor
tamento da criança em atendimento. Algumas queixas aumentaram no pós-toste: as
relacionadas a pais superprototores e ausentes no cuidado com a saúde criança.
De acordo com os dados, diante da não adesão dos pais no cuidado com a
saúde bucal da criança, os odontopediatras apontam a eles as orientações do trata
mento o as consoquôncias do não segui-las (tentativa do controle do comportamento
parental por esquoma de roforçamento negativo.) Após a intervenção, foi verificado que
além de ameaças, os odontopodiatras passaram a pontuar as consequências positi
vas dos comportamentos de seguir as orientações.
Por fim, os fatores importantos na consulta rolatados poios odontopodiatras no
pré-teste foram predominantemente confiar no dentista e comproondor o que ele explica.
Após a intervenção, verificou-se um aumento om rolação aos fatores provenientos do
comportamontos dos pais e da própria criança. A análise destes dados pormito afirmar
que os encontros possibilitaram aos odontopediatras identificar os próprios comporta
mentos como sendo de interferência para as respostas da criança durante a consulta.
Considerações finais
Procedimentos que visam aliviar a dor ou reduzir o medo do paciente odontológico
não provêm de estudos recentes, embora não tenham tido resultados conclusivos ou
suficientemente fidedignos para permitir sua generalização O que se tornou recente na
área são os estudos visando identificar aspectos comportamontais o o dosenvolvimon-
to do estratégias de enfrentam ento para lidar com contextos potoncialm ento
ostresRanlos, como as situações do tratamento odontológico.
Costa Jr. (2001) afirma que poucos estudos têm objetivado investigar o efeito
de intervenções psicossociais sobre o comportamento de crianças oxpostas a trata
mentos de condições invasivas. O autor sugere os estudos dos comportamentos dos
profissionais de saúde, no contexto do atendimento clinico, o acroscenta que estos
deveriam incluir a análise funcional do comportamento de todos os indivíduos envolvi
dos na situação. Neste sentido, ô essencial idontificar, alóm das variáveis da criança,
outras variáveis ambientais, tais como o comportamento dos pais e dos odontopediatras,
que interforem nas condiçõos do atendimento odontológico.
As habilidades com portam entais de co ntrole dem onstradas poios
odontopediatras são um toma recente na literatura. Allen e Stokes (1987) identificam
que apenas 60% dos odontopediatras expressam preocupações éticas, legais e do
segurança relacionadas a procedimentos de controle invasivos. Apesar da relevância
teórica e prática do assunto, o estudante de odontologia nem sempre tem acesso
durante o curso de graduação ou ao longo de sua atuação profissional a informações
sobre a aplicação de técnicas e estratégias positivas para promover comportamento
colaborativo A Análise do Comportamento podo ser uma maneira de implementar pes
quisas na área e obter compreensões mais complotas a este respeito.
Referências
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Sidman, M. (1995) Coerção e suas implicações. Tradução de ANDERY, Maria Amólia; SÉRIO,
Tere/a Maria Campinas: Editorial Psy II
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Paulo' Martins Fontes
Straub, R O (2005) Psicologia da Saúde Porto Alegre: Artes Médicas
História de Contingências:
Reforiu ter uma posição de chefia em sou trabalho, com muitas responsabilidades.
Rolacionamento conjugal: definiu seu marido como obsessivo, metódico, não
expressa sentimentos, individualista, não dá atenção a ela e ao filho de 11 anos.
Segunda de uma prole de quatro filhas, mãe com transtorno psiquiátrico, pro
vavelmente transtorno do personalidade histriónica; pai alcoolista.
Marido chega em casa o cobra Fala para o marido que 0 marido náo dá
tarefa escolar do filho. Este ajudará o filho nas tarefas
de casa e promete que o bronca no filho (R ).
ainda náo a fez o dá uma
desculpa. mesrno terá notas boas na
próxima prova.
Màe vai almoçar na casa dela. Recebe a màe em casa, Não ser punida
serve o almoço e logo dá polas possoas
Rogras/Auto-rogras: “tenho que uma desculpa para levar (R).
rocebô-la, senão todos vão a mãe embora para a
perceber que náo a amo e casa dela.Sentimentos; Ausência da màe
tenho ódio dola.""boa filha deve tristeza, medo de (R).
amar a mãe." reprovação, medo de
puniçào.Stress -
respostas fisiológicas:
dor, desconforto
abdominal, intestino
proso (Sll)
Patrão pede um trabalho extra Realiza a tarefa até às 22 Náo ó punida pelo
no final do dia.Aniversário do horas.Sentimentos: chefe ( R ).
sobrinho ansiedade, medo de
avaliação negativa, raiva Perde o aniversário do
Regra/Auto-regra: "tenho quo do não dizer não.Stress - sobrinho (R ).
realizar, não posso dizer não, respostas fisiológicas:
so não fizor, ole nâo valorizará dor, desconforto Esquiva das relações
mais meu trabalho." abdominal, intestino sociais (R ).
proso (Sll)
t
O - sentimento - ansiedade, medo de avaliação negativa
I
R - dor abdominal, constipação
1
C - realiza a tarefa ató às 22:00 horas, perde o aniversário do sobrinho
t
O - pensamento - tenho que recebê-la (não perceber quo não a amo)
I
O - sentimento - tristeza, modo do roprovação
t
R - dor, desconforto abdominal, intestino preso
t
C - rocebo a mao para almoço, dá uma desculpa leva mão embora
I
I
O pensamento - tonho que proteger meu filho das cobranças do pai - fracasso
*
R - dor, desconforto abdominal, intestino proso
1
C - fala para o marido que vai ajudar o filho nas tarefas de casa
Considerações finais
Referências
Estratégias de ensino-aprendizagem
Como dosonvolvor tantas e diferontes habilidades prolissionais om contextos
de ensino-aprendizagem? Para responder a esta questão, acrodita-se que seja útil
examinar quais ostratégias didático-pedagógicas sào utilizadas como meios e recur
sos para a aprendizagem e o aprimoramento dos comportamentos profissionais cita
dos anteriormente.
O que são estratégias didático-pedagógicas e como elas podem promover ou
facilitar tais aprendizagens? Parte-se do pressuposto que as ostratégias didático-po-
dagógicas são proposições do contingências artificiais que representam a realidade,
ou parte dela, e que permitem a consecução de objotivos do aprendizagem (Gil, 1997)
Assim, estratégias são meios pelos quais objetivos de aprendizagem são dosenvolvl-
dos'.
A soloção por estratégias do ensino-aprendizagem dovo considerar a avaliação
dos objetivos de aprendizagem, as características dos aprendizes e as variávois
implicadas no contexto de aprendizagem (custos, tempo, entre outros). Segundo Masetto
(2003, p. 86), "todas as técnicas são instrumentos e como tais necessariamente preci
sam estar adequadas a um objetivo e ser eficientes para ajudar na consecução dosto."
Em situações nas quais a realidade é representada, o profissional om forma
ção pode so defrontar com problomas, nocessidados, dúvidas, omoçõos, rocursos o
potencialidades seus o do seus interlocutores que podem ser compartilhados, exami-
1Sabrn h kxmuInçAo (Ui <tn mimoo aprnnòl/jigwti vnr BotoinA ( 10A1 )•> Wnick (2004)
Considerações finais
Skinner (1968/1972), em Tecnologia do Ensino, propõe que os analistas do
comportamento, ao avaliarem a Educação, tenham clara a relevância sobre "o que" e
“porque" ensinar, para então planejar “como" ensinar. As descobertas o proposições
recentes da Análise do Comportamento sobre “o que" e "porque" ensinar como compor
tamentos profissionais do psicólogos, permite iniciar a provocação sobro "como” ensi
nar. Assim, ó prcciso considerar que
" ensino ó o arranjo de contingências de reforçamento que agilizam a aprendiza
gem Aprendizagem ocorre sem ensino, felizmente, mas contingências melhora
das aceleram o processo e podem mesmo gerar comportamento que, do outro
modo, nunca apareceria (. .) Não podemos simplesmente espetai que nosso alu
no se comporte de um dado modo (...) para reforçá-lo, Do um modo ou de outro, nós
precisamos levá-lo a se comportar" (Skinner, 196811972, p. 218)
Conceber o processo de formação profissional como a capacitação para com
portamentos profissionais, para o planejamento o orientação do ensino superior em
Psicologia, não desqualifica os conhecimontos o os procodimentos já desenvolvidos
por esta ciência. A proposta não é simplesmente saber ou fazer, mas ser capaz de
transformar o saber em fazer adequado à realidade. A formulação de competências o
habilidades como orientadoras da formação profissional exige que os docentos revi
sem suas práticas pedagógicas e proponham novos modos de ensinar e aprender.
Entretanto, dovo so cuidar para quo cias não sojam aponas apnrontos do modo a
garantir que a formação continue igual (Zabala e Arnau, 2010, p. 9). Segundo Zabala e
Arnau (2010), o processo de ensino-aprendizagem baseado em competências permite
uma formação integral do aprendiz, assim “a formação para o desenvolvimento do
capacidades". A aprendizagem e, portanto, as estratégias de ensino-aprendizagem são
complexas, requerem tempo e na integração de múltiplas variáveis.
Referências
Brasil Conselho Nacional de Erlucaçflo (1996) Lei nn 9394196 - Lei (1e Diretrl/es e Bases da
Educação Nacional
Brasil Conselho Nacional de Educação (2004) Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos
de Pslcologia„
Derdyk, P R.; Groberman, S. S (2004) Imitação In Abreu, C N.; Guilhardl, H J Terapia comportamental
g cognitivo-comportamental: práticas clinicas. São Paulo: Roca.
0 comportamento de estudo
Estudar é um comportamento quo se aprende como outro qualquer. Embora
na maior parte das vezes nào ocorra um ensino sistemático deste comportamento por
parte de pais ou professores, o estudante, ao longo do sua vida acadômica, acaba por
aprondor, mesmo que acidentalmente, certos hábitos do ostudo que podem ou não
atender às demandas as quais está exposto. Estudar pode ser aprendido mais facil
mente por alguns do quo por outros dependendo, om gorai, de como ó ensinado, ou
seja, da história de contingências de reforçamento de cada indivíduo; pode já tor sido
aprendido no decorrer da vida pessoal e escolar ou comprometido nostas situações;
pode ser aperfeiçoado, moldado, revisado (Cortez, 2003).
Assim como qualquer tipo de comportamento, estudar pode ser definido como
a relação ontro o quo o organismo faz o em quo condiçõos faz, o quo envolvo complexas
relações entro as propriedades das classes de estímulos antecedentes, propriedades
das classos de respostas e propriedades das classes do estímulos conseqüentes
(Botomé, 1980).
O comportamento de estudar, portanto, depende de muitas condições. É pos
sível afirmar que este comportamento tende a ser melhor quanto mais clara a compre
ensão do indivíduo que estuda sobre os fatos quo influonciam sou desempenho. O
desempenho também tende a ser melhor quanto maior a capacidade do estudioso de
observar>so e de lidar com os fatores que interferem em seu ostudo (Cortoz, 2003),
Resumindo: ostudar bem depende, em grande parte, da maneira como lidamos com
os fatores que influonciam o nosso desempenho no estudo.
A partir desta perspectiva, é possível identificar uma sério de classes de estí
mulos antecedentes, subsoquentos ou do rospostas quo podom ou não favorocer a
emissão de comportamentos de ostudo adequados e que devem ser investigados
detalhadamente quando so pretende realizar orientações de estudos. Qualquer traba
lho deste tipo deve ser guiado, primordialmente, pelas seguintes perguntas: Quais são
os comportamentos de estudo presentes no repertório do indivíduo? Sob que condi
ções estes comportamontos são emitidos? Que consequências estes comportamen
tos produzem?
O ambiente de estudo
Algumas possoas estudam - o bom! - om qualquer lugar. Outras, não conse
guem fazê-lo em nenhum lugar. Será que existem aspectos do local de estudo que
podem interferir no rendimento do estudante? Que características sào importantes do
serem garantidas em um ambiento de estudo?
Em geral, o se possível, ó recomendado que o local a ser escolhido possa ser
utilizado apenas para estudar, de forma que esteja tão intimamente associado ao estu
do (e só ao estudo), que o moro fato do ontrar nele crio uma disposição para o ostudo.
Quando isto não é possível, pode ser útil estabelecer formas de "sinalizar” diferentes
atividades, criando associações, como por exemplo, música/doscanso; toalha na mesa/
alimentação, luminária ligada/estudo.
Outras características do local do ostudo merecom atenção. O ambiento é bom
iluminado? Bem arejado? Es tá minimamente organizado e com temperatura agradá
vel? Há ruídos? Estes aspectos, quando não controlados, podem aumontar a probabi
lidade da ocorrência de comportamentos de fuga/esquiva. O calor excessivo ou uma
luminosidade inadequada, por exemplo, são capazes de despertar mais rapidamento a
sensação do sono do que quando estamos em um ambiente com temperatura agradá
vel e luminosidade ideal.
Além disso, é recomendávol que o ostudante sento-so cm uma cadeira com
encosto o que possibilite manter os cotovelos á altura do tampo da mesa o os pós
apoiados no chão. Para evitar distrações, ó proforível que elo se posiciono do costas
para os objetos "atraentes" presentes no local de ostudo A chance do desistir de uma
O planejamento do estudo
Estudar muito não ó sinônimo do ostudar bom. Aprender a rospoitar o a ampliar
o próprio ritmo do aprondizagom são habilidades muito importantes no desenvolvimen
to o manutenção do condutas adequadas de estudo. Ao contrário do que acontece na
maioria dos casos, estudar deve ser feito com regularidade e em função do um plano do
estudos e não "em cima da hora" e por causa das “pressões" da escola.
Planejar o estudo significa ser capaz de propor, avaliar o rever os planos feitos,
de modo permanente. Um plano serve para que o estudanto faça também o que ó
importante (não aponas o que ó urgente) e possa fazé*lo bem. É importante dizer que
uma rotina de estudos não se estabelece de uma hora para outra. Deve ser construída
do forma cautelosa e isso lova algum tempo.
Em gorai, um plano do estudos devo garantir uma previsão das atividades do
curto, módio e longo prazo. Quanto maior e mais precisa for a visão do conjunto de
atividades e prazos, melhor a possibilidade do aproveitar o tempo. Recomenda-se que
o estudante utilizo uma agenda e faça seus planos de estudo semanalmente, a partir de
uma matriz básica de estudos, considerando as ocorrências da semana anterior, os
compromissos já agendados para o período seguinte e o que aprendeu sobre seu
comportamento do ostudo na semana quo acabou (por exemplo, o horário de rnolhor
rendimento).
Um plano não é uma camisa de força o sim um referoncial para orientar a ação.
Devo ser rovisto sempre antes de comoçar a sessão do estudo o deve ser alterado
quando for necessário considerar fatos novos. Um plano não seguido integralmente
não é indicio do falha o sim parto das circunstâncias que cercam a vida de todos.
Os procedimentos de estudo
É comum as pessoas considorarem quo ostudar ó apenas sinônimo de lor ou
de "decorar". Além disso, ó difícil encontrar possoas quo costumam planejar uma ses
são de estudo antos dc começar a ostudar, ou que programam quando parar do estu
dar, o que acaba sendo decidido, normalmente, pelo cansaço ou pelo acúmulo de
dúvidas. Diferontemonto, uma sessão de estudo realizada com planejamento tanto cm
termos do tempo de duração, quanto do que será estudado e da forma como será
ostudado, podo fazor toda a diforonça. Existom várias manoiras do so fazor isso.
Propor-se inicialmente unidades do informações mais fáceis e pequenas, au
mentando o tamanho e o grau de dificuldade do forma gradual, por exomplo, podo
aumentar o probabilidade do um ostudo oficaz. Quando so comoça pelos assuntos
mais complexos, um fracasso (quo podo sor considerado como uma punição ao com
portamento de estudar) logo no início da sessão pode fazer com que o estudanto não
queira voltar aos estudos tão cedo.
Além disso, ó importante que o estudante assuma um papel o mais "ativo"
possível ao ostudar, mosmo quando a atividade ó aparentemente passiva, como no
caso da loitura. Prover situações que o levem a agir ao ostudar (escrever, fazer exercíci-
As interferências ao estudar
Alguns tipos de interferências ao estudo são facilmente identificadas por quem
estuda, como por exemplo, um telefone que não para de tocar, um amigo que insiste em
contar seus problemas, a ausência do um material importante ou uma televisão ligada
em um volume muito alto. Nestes casos, algumas providências podem ajudar: esco
lher e preparar adequadamento o local para estudar; solocionar o molhor horário de
ostudo; acordar algumas regras de boa convivência com as pessoas com que dividi
mos nossas vidas o providências tomadas em rolação a assuntos quo possam vir a
perturbar o ostudo ou ser pretexto para interromper o trabalho (horário do consulta a
marcar, desentendimento a resolver, telefonema a fazer, etc) podom ser suficientos para
minimizar a probabilidado de interrupções.
Se mesmo assim ocorrerem interrupções por acontecimentos que nao estao
sob o controle do estudante, ó preciso onfrentá-las de modo a minimizar os prejuízos
para o estudo. Se a situação que levou à interrupção permitir, deve-se propor aos envol
vidos dar atenção a ela após concluir o estudo. Quando isto não ó possível, é importante
tentar concluir uma etapa da tarefa antes de parar e prover, no planojamento de ostudo,
quando será possível retomá-la. Se a interrupção comprometer a qualidade da continui
dade do estudo, a suspensão temporária da sessão, até que se possa restabelecer a
tranqüilidade e a disposição para retomar o ostudo, pode ser necessária para alcançar
um bom rendimento.
Existem ainda interrupções que vèm "de dentro" de nós mosmns. Temos a
tendência (natural e louvável) de nos afastarmos das condições que estáo relaciona
das ao dosconforto c ao sofrimento. Aprendemos com facilidado a nos livrar do dificul
dades no estudo com distrações. “Desligar" o pensamento ô, em geral, uma forma
“eficiente" de nos afastarmos de uma situação que seja, por qualquer razão, desagra
dável. Períodos excessivos do estudo, grau de dificuldade maior do que estamos pre
parados para enfrentar, problemas pendentes, são algumas dessas condições. Nes
tes casos, é fundamental enfrentar a situação estabelecendo uma nova condição de
estudo, o que significa investir, sobretudo, no redimensionamento da rotina do ostudo e
dos procedimentos utilizados durante a sessão. Permanecer estudando em más con
dições pode ser muito pior do que gastar algum tempo resolvendo o problema, qual
quer que seja ele.
Provas e exames
Algumas pessoas conseguem rendor satisfatoriamente nas sessões do ostu-
do, nào sofrem interferências (ou sabem lidar bem com elas), escolhem adequada
mente o local de estudo, mas, diante da prova ou na proximidade dela, ficam norvosas
o muitas vozes relatam ter a "sensação de que deu branco".
Além dos cuidados relativos a quando, quanto, ondo o como estudar, há alguns
que se relacionam especificamente às condutas apropriadas para lidar com provas e
exames. Como o estudante se preparou para a prova? Qual é a hora de parar do
ostudar? Quo procodimontos o ostudanto utilizou dianto da prova? Foi foita uma rovisão
das respostas, ao final do trabalho?
Mosmo antos da prova, alguns cuidados são nocossários. É prociso saber a
hora do parar do estudar, de modo a garantir boas condiçõos físicas (descanso, alimen
tação) e psicológicas (concentração, relaxamento). Quando se estuda “em cima da
hora", á possível que o cansaço e o desânimo façam com que o estudante localize mais
dúvidas do que realmente tem, o que é soguido geralmente de maior insegurança,
ansiedade, etc.
Preparar o material que será utilizado na prova com antecedência, tomar provi
dências para nào se atrasar e evitar receitas "milagrosas" perto da prova para se acal
mar podem reduzir a probabilidade de ocorrer surpresas desagradáveis, sem tempo
para poder resolvê-las.
Mas e quando se está diante da prova? Existem procedimentos que se podo
utilizar? Tendo a prova dianto do si, ó recomendável quo o ostudanto, inicialmente, dê
uma olhada no conjunto de questões, ao invés de começar a responder de qualquer
ponto. Com isto, é possível ter uma idéia do volume e da dificuldade das questões, o
que permite que o estudante estabeleça uma sequência mais favorável para trabalhar:
as quostõos mais rápidas e fáceis primeiro o depois as mais difíceis ou demoradas.
Com isso, além de garantir alguns pontos na nota. é possível mantor o ànimo alto até
chegar às questões mais difíceis.
A prática profissional
Além da produção de conhecimento em termos das variáveis de controle do
comportamento de estudo, faz parte do ProEstudo um conjunto de ações voltadas para
a formação de profissionais de nível superior e para o atendimento da comunidade em
geral. Por meio de seus bolsistas, estagiários, técnicos e docentes, o Programa possui
diversas frentes de atuação abordando a temática do estudo São exemplos que podem
ser avaliados e adaptados para a atuação do profissional de educação:
Oficinas
Uma estratégia para capacitar os estudantes a melhorar seu repertório de
ostudo é o oferecimento de oficinas temáticas. As oficinas são organizadas por mem
bros da oquipe do ProEstudo de acordo com tomas específicos, por exemplo, como
utilizar agenda, como fazer um planojamonto de ostudo, como pais podem auxiliar o
repertório de estudo dos filhos, entre outros.
As oficinas são planejadas o oferecidas para pequenos grupos Duranto os
encontros, são promovidas discussões sobre as características do estudo de cada
participanto, auxilbndo assim a discriminação de comportamentos adequados e/ou
inadequados em relação ao estudar e as preferências pessoais (aprendidas em seu
histórico de vida).
A oficina para pais como agontos fovorocodoros do comportamonto do ostudo
dos filhos é um oxemplo da possibilidade de aplicação de oficinas para grupos especí
ficos. A intervenção, neste caso, é voltada preferencialmente para pais com filhos em
idade pré-escolar ou nos anos iniciais de escolarização. Seu objetivo é que ostes pro
movam um reportório de ostudo mais adequado nos filhos por meio da manipulação de
condiçõos antecedentes (por exemplo, organizar o local de ostudo) o subsequentes à
sessão de estudo do filho (que consequências são dadas ao comportamonto de estu
do) A oficina é estruturada com períodos de realização do dinâmicas e discussões
divididas em módulos que procuram favorecer a discriminação das preferências e com
portamentos de estudo dos filhos por parto dos pais, tal como as preferências por
matérias, profossoros, atividados, ontro outros. Ao final da oficina os pais rocebom uma
apostila elaborada pela equipe do ProEstudo na qual as unidades abordadas são
discutidas. A oficina e o material ontreguo aos pais é periodicamente avaliada poios
integrantes do ProEstudo, momento om que são incorporadas novas contribuições da
literatura existente na área.
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«!, «> !U >ll(ll(/x»<li»|X M llv<>m |MIIH OOIIMMHI (Zrtholto. 2000)
Atendimentos individuais
Os integrantos do ProEstudo oferecem um serviço de oriontação individual ao
estudo aos interessados em melhorar o seu repertório acadêmico. O acesso ao serviço
ó disponibilizado para a comunidade em forma de plantão (não há necessidade de
agendar previamente um horário). Durante o atendimento o plantonista faz um levanta
mento sobro as questões relativas ao estudo, os pontos favorecedores o não
favorocedoros o o que pode ser foito para uma molhor adaptação ao estudo. O objetivo
ó capacitar o estudante a manejar condições para um ostudo mais prazeroso o oficaz,
de modo que se torno, mais do que um estudante, um ostudioso para a vida toda.
Após ocorrer um atendimento, o plantonista faz um resumo do quo ocorreu na
sessão, momento em que são rogistrados os principais dados e intervenções realiza
das Esses dados ficam a disposição para futuras consultas dos plantonistas e para
facilitar a discussão da equipe sobre o atondimento. Em um levantamento om que
houve a análise dos atendimentos que ocorreram entre o ano de 2001 e o primeiro
semestre de 2009, a maior procura ocorreu por estudantes da área de exatas, seguido
por humanas o biológicas, porém o curso que teve maior número do atendimentos de
estudantes foi o do psicologia (seguido por matemática, química e física). Os problo-
mas mais relatados foram relacionados a dificuldades em se concentrar e de organiza
ção e planejamonto (Cunha, 2009).
Para exemplificar a atuação dos integrantes do ProEstudo nos atondimentos,
segue-se um estudo de um caso de uma aluna do curso da área biológica que relatou
dificuldades em elaborar resumos o om lidar com interferências. Quando porguntado
sobro a forma de elaborar resumos, a estudante relatou quo grifava e fazia comentários
no texto, fazia resumos por tópicos ou copiava partes importantes e que gostaria do não
voltar aos textos para lembrar da matéria, pois sua carga de leitura era muito grande o
gostaria do utilizar mais os rosumos de acordo com o quo leu, diminuindo a sua depen-
Conclusões
Estudar ó uma ampla classe de comportamentos e, como qualquer comporta
mento, é constituído por relações complexas entre classes de estímulos antecedentes,
classos de respostas e classes de estímulos subsequentes, que necessitam sor
identificadas e consideradas, tanto para compreender repertórios relacionados a difi
culdades acadêmicas, quanto para promover competências para estudar que sejam
mantidas por seus resultados positivos, hste texto tovo por objetivo apresentar uma
forma de atuação neste âmbito e destacar variáveis do controlo do comportamento do
estudo já identificadas. O papel de cada uma destas variáveis sobre o estudar varia de
pessoa para pessoa e, desta forma, uma boa intervenção profissional deve ser basea
da na análise funcional dos comportamentos de interesse.
Referências
Botomé, S P. (1980) Objetivos comportamentais no ensino• a contribuiçèo da Análise Experimen
tal do Comportamento. Tese de doutorado, Universidade de Sôo Paulo São Paulo-SP
Corte/, M C D (2003) Efeitos de instruções de auto-observação na caracterização do próprio
repertório de estudos Monografia apresentada ao curso de graduação em Psicologia da
Universidade Federal de São Carlos. São Carlos - SP.
Cunha, R.S M T (2009) A experiência do balcão de orientaçGes de estudo: dados de atendimentos
e exame de casos clínícos Apresentação no XVIII Encontro da Associação Brasileira de Psicologia
e Medicina Comportamental Campinas - SP
Zanotto, M.LB (2000) Formação de professores' a contribuição da análise do comportamenlo.
São Paulo: EDUC
B ib lio g ra fia
UFSCar (2010) Agonda 2010. Material para orientação e planejamento de estudos elaborado sob a
responsabilidade técnica do ProEstudo, com a coordenação de Ana Lucia Cortegoso, destinado a
alunos ingressantes em cursos de graduação da UFSCar.
O acompanhamento das atividades escolares dos filhos pelos pais1 paroco ser
um importante recurso que a escola poderia valer-se para atender e amonizar histórias
de problemas escolares. Ainda que haja indícios de que algumas causas das
dificuldades de aprendizagem estejam situadas na família tais como: dificuldades
conjugais, psicopatologias parentais, estressores do dia-dia, entre outras, também há
reconhecimento de quo o envolvimento e auxilio dos pais ao aluno em casa podo ser
um importante determinante do sucesso escolar. Sobre a relevância desta questão,
Fehrmann, Keith o Reimers (1987) já sugoriam que o envolvimento dos pais tem um
cfoito diroto c positivo nas notas dos filhos c um efeito significativo também no tompo
que as crianças despendem fazendo tarefas académicas em casa (“lição de casa"),
tendo também um efeito indiroto positivo nas notas alcançadas por ostas crianças.
De maneira geral, diversos indicadores de envolvimento parental tôm sido
associados a um melhor desempenho escolar durante a meninice. Jesse (1995) e
Maimone e Bortoni (2001), em levantamentos sobre o envolvimento parental na vida escolar
dos alunos apontam que a definição sobre a expressão é variada. Segundo esses estudos
alguns pesquisadores indicam o envolvimento parental para a realização escolar como o
grau em que pais participam das atividades associadas à vida escolar do filho, tais como:
acompanhar tarefas e trabalhos escolares, ver caderno com as lições da escola, verificar
se o filho fez as tarefas, ostabolecer horário de estudo, informar- se sobre matérias e
provas, entro outras. Outros o definiram como as interações junto ao filho direcionadas ao
seu desenvolvimonto, encorajamento deste desenvolvimento, por meio do reforço aos
esforços da criança e arranjo do experiências de enriquecimento cultural. Outros
consideram ainda que um pai envolvido seja aquole que auxilia nas tarefas de casa,
quando é solicitado, participa da programação da escola, assiste às atividades esportivas
o oxtracurrículares do filho, auxilia o filho a selecionar cursos o toma conhecimento do
1 EsUiilm è um« cltMtt) (Vi cofii|x>ítnni«iiit(>R quo itidul nçAn* (to mrttvutuo i|iki ihimiMHihii iwmmdwtr iMairmurin cxHitiw.iiimnUi (Imtln IttriiviriiKi
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|)KX*M»10 <tu rnrtlznçA odilurM tnIrc«»*
Referências
Introdução
A Psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano na tentativa
de procurar regularidades necessárias para a construção do leis gerais, as quais
poderão servir de guia para a atuação do profissional da psicologia perante a socioda-
de e cultura. Estas leis gerais produzem um conhecimento psicológico acumulado que
deve permitir aos psicólogos a elaboração e construção de uma práxis que antocoda a
instalação de problemas psicológicos. Essa afirmativa ó especialmente verdadeira
uma vez que, com base em princípios e conhecimentos psicológicos, é possível prever
as conseqüências da adoção de determinados direcionamentos e a partir desta previ
são, planejar estratégias que favoreçam a neutralização e/ou diminuição de problo-
mas. A prevenção é uma possibilidade muito especial de atuação e ó uma característi
ca particular do algumas ciências, dentre elas a psicologia (Lacerda Júnior & Guzza,
2005).
Nesta perspectiva, não é de se ostranhar quo um dos focos do estudo da
psicologia seja a identificação dos elementos relacionados ao desenvolvimento de
problemas do comportamento em crianças e adolescontos (Silveira, Silvares & Marton,
2003). É a identificação dos elementos ambientais quo aumentam a probabilidade
dessas problemáticas ocorrerem que torna possível atuar antes que os problemas
surjam, prevonindo o desenvolvimento e manutenção deste processo (Marinho, 2005).
Nosso sentido ó natural a ênfase crescente na identificação dos fatores de
risco o do protoção no dosonvolvimonto infantil. Fatoros do risco são entendidos aqui
como elementos com probabilidade significativa de desencadear ou associar-so ao
I u.in I liivict Biirufi I cmuinlc», k lw i^ c s I p iíc ím »If M ,ilto s Silvares, M . iim C nsliiui «lo O liv fir.i
S<»nU>K M iy d /d k i
desencadeamento de um evento indesejável, não sendo considerados necessaria
mente as causas deste evento. Já fatores de proteção são recursos pessoais ou soci
ais quo diminuom ou neutralizam a probabilidade do ocorrência do um ovonto indosojado
(Lacerda Júnior & Guz/o, 2005; Pesce, Assis, Santos, & Oliveira, 2004; Silvoira, Silvares
& Marton, 2003).
Segundo a literatura, os fatores de risco para o desenvolvimento de problemas
de comportamonto om crianças e adolescentes sào: idade parental, especialmente
idade materna jovem; educação parental (escolaridade); práticas educativas parentais;
status sociooconõmico da família; ambiente familiar; doença mental materna; tamanho
da família; ordom de nascimento ontre os irmãos; sexo da criança; hospitalizações
durante a infância. (Anselmi, Piccinini, Barros & Lopes, 2004). Fatores de proteção, por
sua voz, incluem: 1) fatoros individuais: auto-ostima positiva, auto-controlo, autonomia,
características de temperamento afetuoso e flexível; 2) fatores familiaros: coosão, esta-
bilidado, respeito mútuo, apoio/suporte; 3) fatores relacionados ao apoio do meio ambi
ente; bom relacionamento com amigos, professores ou pessoas significativas que
assumam papel de referência segura à criança e a faça sentir querida e amada (Pesce
ntal , 2004).
Dentre os fatoros de risco para o desenvolvimento do problomas do comporta
mento em crianças e adolescentes, vários são relativos ao contoxto familiar. Isto é
esperado, uma vez que os pais e/ou cuidadores são os principais agentes de socializa
ção das crianças. Além disso, a interaçao pais/filhos e as práticas educativas omproga-
das constituem fatores relevantes que interferem no repertório social dos filhos o na
adaptação adequada da criança às demandas do ambiente (Bolsoni-Silva, Del Prette &
Oishi, 2003; Marinho, 2005; Melo & Silvares, 2003). Deste modo, os pais e/ou cuidadores
devem ser envolvidos nos programas de intervenção psicológica, inclusive os de pro-
venção, pois considera-se que os pais ou cuidadores das crianças, enquanto pessoas
de maior convívio, têm envolvimonto direto no dosenvolvimonto e manutonçao dostos
comportamentos problomas. Em outras palavras, o probloma comportamental infantil
é, ao menos om parte, desenvolvido e mantido por intoraçõos mal-adaptativas ontre
pais ou cuidadoros e crianças (Marinho & Silvares, 2000; Olivares, Méndez & Ros, 2005).
Na análise dos fatores de risco, além das variáveis relacionadas às práticas
educativas parontais, há outras de extrema relevância o que devem ser consideradas
nos programas de intervenção psicológica Incluem condições socioeconômicas, con
dições de habitação, histórico familiar do psicopatologia e criminalidade, discórdia con
jugal (Anselmi et al., 2004; Silveira, Silvares & Marton, 2003; Silvares, 1993).
Três conjuntos do constatações, relativas à combinação destas variáveis, são
fornecidos pelos estudos de caracterização da população atendida em clínicas-escola
de psicologia. Estas instituições localizam-se em centros universitários e tem como
objetivos possibilitar o ensino, a prática e a pesquisa para estudantes de psicologia,
que realizam estágios suporvisionados por professores. A primeira constatação é-so o
perfil da criança que procura atendimento psicológico nestas instituições: aluno de
escola pública, com idade predominantemente entre 6-10 anos, maior parto do soxo
masculino, em sua maioria proveniente de família de baixa renda. A segunda ó que o
atendimento psicológico infantil, especialmente nas classes sociais de menor pode
aquisitivo, tem tradicionalmente seguido um mesmo caminho: a escola ou seus agen
tes sociais porccbem dificuldades comportamontais nos alunos (dc caráter académico
ou nào) e os encaminham para atendimento psicológico (Silvares, 2000). A tercoira é a
alta taxa de desistência desse contingente do famílias de baixa renda quo busca aton-
Método
Grupo de clínicos-pesquisadores
A equipe de clínicos-pesquisadores ora composta por: - dois alunos monitores
(alunos de pós-graduação, um do mestrado e o outro do doutorado, participantos do PAE
- Programa de Aprimoramento do Ensino -, obrigatório para alunos bolsistas da CAPES
(Coordonação de Aporfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior)); - cinco alunas de
graduação do curso de Psicologia que cursaram a disciplina: "O atendimento clínico
cognitivo-comportamental: novas perspectivas" o a docente ministrante da disciplina.
Participantes
Participaram 121 pais e/ou cuidadores, abordados pelos pesquisadores en
quanto aguardavam consulta médica para suas crianças no Ambulatório de Podiatra.
Estes foram entrevistados com baso om um roteiro criado especialmente para a oca
sião. O roteiro foi proviamonto ao ostágio submotido no CONEP (Comissão Nacional
de Ética em Pesquisa) que autorizou seu uso em função de seus objetivos serem do
ordem prática e não teórica.
Instrumentos:
1) Entrevista estruturada com pais: entrevista elaborada pelos pesquisadoros pautada no
modelo desenvolvido por Rincovor (1988). Esta solicitava as seguintes informações: -
nomo o idado do rosponsável pela criança; - nome e idade da criança; - "Qual o motivo da
consulta de seu filho no Hospital Universitário?"; - "Como você se sente diante do proble
ma de seu filho?"; e uma lista de problemas nas quais os pais deveriam assinalar
aqueles que percebessem em seu (sua) filho(a).
Resultados e Discussão
Características demográficas da amostra
Crianças e adolescentes foram divididos em três faixas etárias, a fim do com
parar diferenças entre ostes grupos. Grande parte da amostra (60,3%) foi composta por
crianças do 0 a 5 anos, sondo o sexo masculino o mais frequente em todas as faixas
etárias (Tabela 1).
Feminino
46,6 34 37,5 12 43,8 7
Masculino 0,698#
53,4 39 62,5 20 56,3 9
Total da amostra 60,3 73 26,5 32
13.2 1fi 100 121
Cuidadores
Sexo
Feminino 78,1 57 81,3 26 93,8 15
Masculino 21,9 16 18,8 6 6,3 0,447
1
Total 100 73 100 32 100 16
Idade
1fl a 29 anos 63 46 43,8 14 0 0 49,6 60
30 a 39 anos 27,4 20 31,3 10 50 8 31,4 38 0,001*
40 a 49 anos 9,6 7 25 8 50 8 19 23
Mais de 50 anos 0 0 0 0 0 0 0 0
I u,m I l.iviii H.iruli I cin.nnle», l-d w ig c * I crrciut de M .ilt o s S ilv .irrs , M .t t i.i l iis lm .i tlc O liv e n .i
Siintus M íy d /d k i
Quanto aos cuidadores, há um predomínio das mulhores om todas as idades
o um númoro maior de responsáveis do sexo masculino na faixa otária de 0 a 5 anos.
Foram realizados testes estatísticos de variáveis dependentes (ANOVA) entre os grupos
e foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre os cuidadores divididos
om faixas de idade: os pais com idade entre 40 a 49 anos são os monos freqüentes
entre as crianças com idndc ontro 0 a 5 anos o os mais prevalcntes ontrc os adolescen
tes de 11 a 18 anos (labela 1), dados estes similares aos da população geral. Cs ta
condição sugere que a amostra obtida neste estudo ó reprosentativa da população
brasileira.
As características demográficas da amostra indicaram que 80% dos cuidadores
ontrovistados eram do soxo feminino, com média do idade de 31 anos Chama a aten
ção o fato de quase 50% da população de pais terem menos do que 30 anos. Observa-
se, então, que a maioria dos rosponsávois que estavam acompanhando seus filhos era
constituída de mães bem jovons. Sogundo a litoratura, geralmente, são as mãos que so
envolvem mais no processo de tratamento de problemas do saúdo das crianças, indo
com mais freqüência às consultas e interagindo com a equipe de saúde (Castro &
Piccinini, 2002). É habitualmente sobre elas que recai também grande parte da respon
sabilidade pelos cuidados da saúde da criança, como por exemplo, vacinação, idas
periódicas ao pediatra, administração e aplicação das prescrições médicas (medica
mentos, restrições alimentares, etc) (Santos, 1998).
Crianças o adolcscontos acompanhados do sous pais totalizaram 23 (19%).
De acordo com Castro e Piccinini (2004), os pais envolvem-se pouco na rotina do
cuidados da criança, como consultas módicas e hospitalizações. Geralmente, ficam
rosponsávois por prover sustento familiar o delegam ostas funções para as niãos.
Porém, há uma tendência de maior envolvimento dos pais nos cuidados de saúdo e
higione da criança, condição que precisa ser melhor investigada e não foi um dos
objetivos do presente ostudo.
160 1U iin I I j v i i i B .iru fi I e riM in le » , f -ilw if ie s I e rrm .t il c M .ilt u * S ilv a r e s , M t ir i.i C n s t in .i «Ic O liv e ir n
S iin lo * M iy « i/r t k i
Tabola 3 - Sentimentos relatados pelos pais e/ou cuidadores sobra como se sentem em relação aos
problemas de saúde de seus filhos, crianças e adolescentes atendidos no Ambulatório de Pediatria
do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo no período de setembro a novembro de 2008.
O estado emocional sentir-se bom, referido poios pais acorca dos problemas
de saúde de seus filhos, pode estar relacionado ao motivo mais prevalento da consulta
módica, a sabor, o acompanhamento pediátrico de rotina. Ou seja, muitos cuidadores
trouxeram seus filhos para consulta periódica, cuja situação não implica necossaria-
monto quo a criança aprosonto problemas do saúde, contingência esta quo podo pro
duzir sentimentos de bem-estar e tranqüilidade, já que estas visitas ao médico são
osperadas e importantes para favorecer o desenvolvimento saudável da criança (Fi
gueiras, Puccini, Silva & Pedromônico, 2003).
O segundo sentimento mais relatado pelos entrevistados foi proocupação. Esto
sentimonto é comum entre pais que tom filhos que apresentam ou apresentaram pro
blemas de saúde: 61% referiram sentimentos negativos cm rolação ao ostado do saú
de dos infantes. Ter um filho com estado do saúde adversa gera sentimentos negativos
em seus cuidadores, uma vez que as crianças podem correr risco de morte e/ou preci
sam realizar alterações temporárias ou duradouras em seu cotidiano devido às prescri
ções médicas, o que resulta também em modificações no funcionamento familiar e na
interação pais-filhos (Caning, Harris & Kelleher, 1996; Castro & Piccinini, 2002; Santos,
1998; Silver, Westbrook & Stein, 1998).
Tabela 4 - Prevalência dos problemas «Jencados pelos pais e/ou cuidudures wri suas crianças «/
ou adolescentes atendidos no Ambulatório de Pediatria do Hospital Universitário da Universidade de
Sdo Paulo no periodo de setembro a novembro de 2008
Problomas __________ Geral______________Idade dos pacientes (anos)___________
0a 5 6 a 10 11 a 18
% N % N % N % N
Agitação 11,9 65 13,0 42 11,2 18 8.1 5
Birra 11 60 11,8 38 9,3 15 11,3 7
Hlporatlvidade 10,4 57 10,2 33 11,8 19 8,1 5
Dosobodlôncla 9,0 49 7,1 23 12,4 20 9,7 G
D ificuldades Alim entares 8,1 44 8.4 27 6,8 11 9,7 6
Irritabilidade 7,9 43 8,4 27 7,5 12 6.5 4
M edos 7,7 42 7,4 24 8,1 13 8.1 5
Problem as com sono 6.4 35 6,8 22 5.6 9 6,5 4
Tim idez 4,6 25 3,4 11 5,0 8 9.7 6
Ranger dentes 4,0 22 3,4 11 6,2 10 1,6 1
Mexer feridas 3,8 21 4,3 14 3,1 5 3,2 2
M ovim entos Incom uns 3.7 20 5,0 16 1.9 3 1,6 1
Morder, sugar m astigar 3.5 19 3.1 10 3.1 5 6,5 4
objotos
Chupar dodo 2.4 13 2,5 8 1.9 3 3.2 2
Mastigar ou inordor 2,0 11 1.5 5 3.1 5 1,6 1
dontro da boca
Evitar contato fislco 2,0 11 1,5 5 1,9 3 4,8 3
Problem as com 1,6 9 2.2 7 1.2 2 0,0 0
o uso do Banholro
Total 100,0 546 100 323 100 161 100% 62
■i AO I u.m I liivid B.nuli Icm.mtlcs, I ilwigci 1erifir.i Je M j IIok Nilv.irns, M.iim 1 rislniii tie Olivciid
Ninlo* Miyii/ciki
Os problemas externalizantes tendem a ser mais estáveis que os internalizantes
e apresentam curso e prognóstico menos favorável, especialmente os comportamentos
considerados anti-sociais. Exemplos destes comportamontos são agressividade o opo
sição, quo são as formas mais comuns e frequentes de problemas de comportamento,
podondo evoluir para um transtorno de conduta na adolescência. Assim, quanto mais
cedo estes problemas forem identificados e intervenções pertinentes reali/adas, mais
favorável é o prognóstico de um desenvolvimento saudávol (Ferreira & Marturano, 2002).
Na faixa etária de 0 a 5 anos, os problemas mais observados pelos pais foram
agitação, birra e hiperatividado, sendo que estes padrões de comportamento são co
muns o esperados nesta época da infância (labola 4). Supõe-se, então, que seus pais
e/ou cuidadores não possuem um conhocimento acurado do desonvolvimento infantil,
pois identificaram estes comportamentos emitidos por suas crianças como problemá
ticos. Este resultado é importante e sinaliza a necessidade de intervenções psicológi
cas junto a esses pais, no sentido de oferecer informações e esclarecimontos sobre o
desenvolvimento infantil. Dentro de um sistema de crenças parentais, o conhecimento
sobre desenvolvimento infantil tem um papel relevante o pode favorecer práticas que
afetem o dosonvolvimonto de crianças (Andrade et al., 2005).
Para verificar se há diferenças entre as faixas etárias no que se refere às quei
xas, dontre os 114 responsáveis quo assinalaram a presença de problemas em seus
filhos, foi feita a porcentagem de quantas vezes, em cada faixa de idade, cada queixa foi
assinalada (lembrando que mais de uma queixa foi assinalada para cada crianças e/ou
adolescente). A partir destas froqüôncias, foi feita a comparação entre os grupos a partir
do Teste Exato de Fisher (teste de hipóteses para variáveis independentos) quo detec
tou a diferença entre os grupos em apenas um problema; desobediência foi a queixa
mais provalente na faixa etária de 6 a 10 anos.
A Figura 1 mostra com mais clareza os dados referentes à osla análise.
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Figura 1 - Prevalência cios problemas percebidos pelos pais «/ou cuidadores em seus filhos
(divididos em faixas etárias), atendidos no Ambulatório de Pediatria do Hospital Universitário ria
Universidade de Sâo Paulo no período de setembro a novembro de 200R
16 4 1 u.in I Liviii B.nufi I ciimihIc», k lw ttfc s I e tifii.i ilr M . 1H0* Silv.ircs, M jn . i l iis liru d? O Iív íím
Sdtilus M iy ti/iik i
o objetivo do fornecer informações e fomentar discussões sobre práticas educativas
parentais mais adequadas, que favoreçam o desenvolvimento e manutenção do compor
tamentos pró-sociais om suas crianças.
Para os pais e/ou cuidadores de crianças de 5 anos ou menos, optou-so polo
fornecimento de informações relativas ao desenvolvimento, uma voz quo os pareceram
nào ter um conhecimento muito acurado do desenvolvimento infantil. Estas informaçõos
foram dadas aos cuidadores do modo individual, atravós de Histórias om Quadrinhos e
Fichas ilustrativas dos comportamentos esperados para cada idade. Estas histórias e
fichas foram retiradas de um material proveniente dos Estados Unidos da América (Handal,
2006) e traduzidas para o português pelo grupo de pesquisadores.
É importante ressaltar que a avaliação e as intervenções psicológicas foram
realizadas poios alunos do graduação da psicologia, juntamente com os estagiários de
pós-graduação (estes últimos apresentavam o modelo, os alunos realizavam as inter
venções e os estagiários davam suporte), sob a supervisão da professora minístrante da
disciplina. Enquanto os cuidadoros participavam da entrevista c, num momento posterior,
das intervenções, seus filhos brincavam com os alunos de psicologia na brinquedotoca
da sala de espera do ambulatório de Pediatria. Nestas oportunidades de interação com
as crianças, os alunos favoreciam a socialização entre os pacientes e observavam o
comportamento destes, a fim de treinar e aprimorar esta habilidade importante para a
formação do psicólogo, a saber, a observação do comportamento humano. Nas supervi
sões realizadas, discutia-so sobre hipóteses de manutenção dos comportamentos pro-
blomas e sobre a maneira como os pais interagiam e avaliavam suas crianças, além das
dificuldades relatadas pelos alunos o o fornecimento do foedbacks sobre o comporta
mento destes na condução das intervenções psicológicas realizadas. Contingências que
podem favorecer o treino e desenvolvimento de habilidades significativas para a forma
ção destes futuros psicólogos
Conclusões
O estudo relatado não tinha como finalidade desenvolver um trabalho de teste do
eficácia do uma proposta, mas sim examinar a viabilidade de um atendimento psicológi
co alternativo com vistas á prevenção de problomas infantis. O trabalho não foi realizado
com um dosenho oxperimontal de modo a demonstrar que de fato houve uma relação de
dependência ontre o lovantamonto feito com base nas entrevistas com os pais e as
intervenções psicológicas propostas. Ainda assim, parece haver uma ligação íntima entro
os dois momentos. Se de fato essa ligação nào pode ser submetida a um teste do
demonstração inequívoca, o fato de os estagiários poderem experimentar com o treina
mento uma nova forma de atuação do psicológica o é. Se também é verdade que não é
possível avaliar o ganho das mães em ambos os grupos, também é verídico que elas
pareciam de fato se interessar muito pelo que ouviam o viam. E mais, a experiência
provocou nos estagiários os sentimentos da mais pura surpresa positiva. Se de falo a
proposta alcançou seus objetivos proventivos não há como demonstrar, mas julga-se
que a lógica da prevenção não permite o teste do hipóteses objetivo como a da remodiação
Considerações finais
A realização deste trabalho sugere que programas psicológicos de caráter
preventivo seja uma alternativa de atendimento psicológico de extrema relevância para
a redução e atenuação dos problemas de comportamento em crianças e adolescentes.
Nesse sentido o trabalho podo ser visto também como uma modalidade de atendimen-
Referências
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Luaano Carneiro
WEL - Universidade Estadual dc Londrina c Instituto dc Análise do Comportamento em
Estudos c Psieoferdpia (IACFT)
Apresentação
Cada vez mais a Análise do Comportamento tom se insorido nos mais diversos
contextos questionando situações que parecem não demandar mais oxplicações, ató
mesmo por estarem carregadas do explicações montalistas acoitas pela comunidade
verbal que pouco ajudam na resolução ou prevenção de problemas. Um exemplo claro
está relacionado aos comportamentos das mulheres em período de gestação e pós-
parto, os quais são encarados como inadoquados ou impróprios. Como, então, abor
dar as dificuldades próprias desses períodos? Como ajudar essas mulhores?
Skinnor (2007/1981) propôs em seu artigo "Seleção pelas conseqüências” que o
comportamento (humano ou nào-humano) ó constituído polo tripé filogênese-ontogônese-
cultura. Portanto, os três níveis devem ser considerados para analisar qualquer compor
tamento, incluindo os eventos comportamentais duranto a gestação e o pós-parto.
O presente artigo versa sobre algumas variáveis envolvidas na gostação que
precisam ser consideradas a fim de permitir melhores intervenções e cuidados com
essa população, considerando a experiência da primeira autora em atendimentos a
gestantes e puórperas (mãos que acabaram de dar à luz) em parceria com um gineco
logista/obstetra.
Gestação
Culturalmente, o período de gestação na vida de urna mulher ó um ternpu
sublime, aprociado pela gestante e por aquolos que estão a sua volta. Os nove meses
da espora do um bebê são, geralmente, vividos com grandes expectativas, sonhos e
sentimentos do afeto ató então nunca exporienciados. Entretanto, este “estado de gra
ça" nào permanece durante todo o tempo da gestão, nem mesmo durante o pós-parto.
Pelo contrário, esses períodos são marcados por relevantes alterações
comportamentais, as quais sofrem influencias de fatores como mudança nos níveis
dos hormônios estrogênio e progesterona e alterações do metabolismo - que se refe
rom ao nlvol filogenótico; mudanças na rotina da gestante (ou do casal) e repertório
Parto: Este se torna um momento critico pois marca o início de uma série de mudanças
significativas. O fato de ser uma situação que tem de ser enfrentada de qualquer forma
o a incapacidade de saber como vai sor o desenrolar no trabalho de parto, gera muita
ansiedade e insegurança. Trata-se de uma situação sob a qual náo se tem controle.
P ós-P arto; Neste período há queda nos níveis hormonais o que propicia maior
vulnerabilidade à ocorrôncia do crises emocionais. O primeiro dia è carrogado de emo
ções intensas e variadas A mulher sente-se debilitada e confusa, sentindo desconforto
físico (náuseas, dores, sangramento) somados á excitação pelo nascimento do filho
Durante a primeira semana è comum o medo da responsabilidade do sor mãe e de não
conseguir cuidar do uma criança totalmente dependonto. Euforia c depressão alter
nam-se rapidamente e om grande intensidade, a última podendo atingir níveis patológi
cos, dependendo da intonsidade, da permanência dos sintomas o do histórico da mãe
(Maldonado, 1985).
Depressão pós-parto
A depressão pós-parto atinge de 10 a 15% das mulheres, sondo mais comum
em adoloscentes, devido à falta de maturidade afetiva ou à necessidade de abandonar
estudos e vida social pela maternidade, o que so constitui como perda de reforçadores
positivos. Estão envolvidos, mais uma vez, fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Entre os fatoros biológicos sáo citadas mudanças rápidas do meio interno que
exigem uma grande capacidade de adaptação cerebral que pode náo ocorrer em mães
vulneráveis para deprossão. Os fatoros psicológicos envolvidos são as mudanças drásti
cas na vida do casal e no relacionamento, alleraçõos bruscas nas atividades de rotina
diária, trabalho o vida social. Os reforçadores positivos, situações ou coisas boas e
prazerosas, podem diminuir de freqüência ou deixar dc existir. Somado a isso, há a quebra
de expectativas em relação ao bebê, a si própria como mãe e ao tipo de relação quo so
estabelece com a presença do filho. Situações possoais e familiares dosfavoráveis tam
bém podem ser relacionadas à dopressão e entre elas estão as dificuldades financeiras,
dificuldades no relacionamento conjugal, baixo suporte sócio-familiar, falta de bom modelo
matorno - o que pode gorar deficiências de dosenvolvimento do papol de mãe -, história
prévia do depressão, alterações de humor no período pré-menstmal, o fato da gravidoz ter
sido indesejada, carência social o abortamentos espontâneos ou do ropotição.
Psicose puerperal
Um distúrbio mais raro que pode ocorrer com o pós-parto e ainda pouco estu
dado é a psicose puerperal. Trata-se de um distúrbio do humor com perturbações
graves e agudas, com presença de alucinações e delírios que envolvem seus filhos,
com pensamentos do lhes provocar algum tipo de dano. Ocorre entre as primeiras duas
ou trôs semanas após o parto o apresenta como características inquietação, fadiga,
irritabilidade, perplexidade e confusão, sintomatologia maníaca e/ou depressiva, alta
incidência do suicídio e infanticídio.
Aposar das poucas pesquisas, rolaciona-sc a incidência com a presença de
algum transtorno já existente (Rocha, 1999, Rezende, 1995).
Considerações finais
O período gestacional e pós-parto são marcados por intensas modificaçõcs e
trazem desestabilidade emocional, além de interferir nas relações interpessoais da
gestante. O acompanhamento psicoterápico se faz importante nesse período para au
xiliar a gestante e a puérpera a enfrentarem as dificuldades desse tempo.
Muitos são os fatores a serom considerados e muitos os caminhos a se tomar.
A psicoterapia comportamental propicia às pacientes a aprendizagom de comporta
mentos adequados e essenciais para lidar com os diferentes aspectos da gravidez e
pós-parto do forma clara e objetiva.
O presente artigo não se constitui como uma extensa explanação sobro o toma
Antes, deixa claro que são poucos os estudos o spocificam onto a n a lític o -
comportamentais sobre o acompanhamento psicológico na gestação e pós-parto. Nesse
sentido, pretendeu contribuir com a literatura da área, além de incentivar outros profissi
onais a expandir o conhecimento sobre essa temática.
Referências
174 f-rik I uc.i ile M e llo , L k iu d io de l'.i* lr o B i.i/, I (enrique do A i e ti! Souto I err.in
Como o próprio Skinner (1968/1972) mencionou, o professor nào ó "máquina
de ensinar" e se puder ficar livre de corrigir exercícios de aritmética (ou outras tarefas
puramente mecânicas), pode se dedicar a trabalho mais importante do que dizer o quo
está certo ou errado. Inclusive, a aprendizagem pode ocorror som erros, desde que
esteja assegurado os pró-roquisitos ao aluno(a).
O respeito ao ritmo individual é característica tanto do PI - Programmod Instruction
(técnica desenvolvida por Skinner), como do PSI - Personalized Svstom of Instruction
(técnica desenvolvida por Kellor) - que sáo os mais conhecidos no Brasil, bntrotanto, a
literatura (Martin, Pear & Martin, 2000a, 2000b; Kelly & Crosbie, 1997) tom apresentado
sistemas informatizados do instrução programada e com interfaces mais interativas
(para uma revisão sobre o assunto, ver Marques, 2009).
Um outro programa usado como recurso didático aplicado ao ensino do con
ceitos básicos da Análise Experimental do Comportamento é o Sniffy Pro - O rato virtual
(Alloway, Wilson, Graham & Krames, 2000), em especial às atividades práticas desen
volvidas em laboratórios de condicionamento operante.
Entretanto, om estudo realizado mais tarde por Tomanari c Eckcrman (2003),
os autores fazom uma profunda revisão crítica desse programa informatizado. Segundo
afirmam esse autores "seu conteúdo e estrutura, bem como alguns aspectos óticos
relacionados, demonstra-se que a sua utilização como recurso didático dove muito
provavelmente ocorror às custas de prejuízos na formação científica do estudante do
Psicologia" (p. 159). Ou soja, os programas informatizados devem ser analisados sisto-
maticamente pela comunidade científica.
Dois ronomados pesquisadores (Shimoff & Catariia), om artigo publicado em
1995, relataram sobro a necessidade do uso du computadores no ensino do Analiso do
Comportamento. Além da superlotação das salas de aula e dos custos com material do
laboratório para o desenvolvimento das atividades práticas para o ensino, os autoros
lombraram a eficácia dos computadores no ensino e na pesquisa.
Os autores (Shimoff & Catania, 1995) destacaram ainda que, para o dosonvol-
vimonto do bons programas educativos, ó preciso: 1) estabelocor coorontomonte as
contingências para o controlo do comportamento do estudante; 2) definir com procisão
os critérios que o programa utilizará para avaliação do desempenho do estudante; 3)
ostabelocor as contingências para o desonvolvimonto do instrutor quo aplicará o pro
grama educativo.
Assim, alguns aspectos são considerados vantajosos para a utilização de proce
dimentos informatizados no ensino, por exemplo: Precisão. Tanto o material aprosentado,
quanto as rospostas do aprondiz podom sor mantidos constantes, para o uso do diforon-
tes educadores e para quaisquer assuntos, ou aulas. Para que isso seja possívol, ó
prociso quo os elementos cornponontos da aprendizagem sejam claramente espocifica-
dos pelos educadoros; Eficiência. Apresontaçõos sucessivas de exercícios ou tarefas.
Em uma única tola, o educador pode programar tarefas para uma ou mais sessõos do
ensino. O registro da interação do aluno com o programa é feito automaticamente, sem
que o educador tonha que se envolver direlamonte com isso. Assim, o tempo do educador
pode ser usado atendendo a outras necessidados do aluno, outros alunos ou ainda para
o planejamento de outras contingências. Os alunos podem com alguma oxporiência,
trabalhar independentemente. Os resultados das tarefas podom sor impressos imedia
tamente após a conclusão das atividades, minimizando o trabalho do educador no registro
de rospostas e permitindo a análise e interpretação imediata dos rosultados; Controlo ou
Eliminação do variáveis que possam interferir no ensino. Em qualquer tarefa que for
l oniporl.imenti» c logni(<U> 1 7 5
utilizada para fins de avaliação do repertório comportamental, o resultado deve refletir o
quanto o aluno está sob influência do conteúdo das classes de variáveis da tarefa. A
tocnologia do onsino informatizada pormfto ao doconto avaliar on tino o om tompo roal o
desempenho dos seus alunos.
Entretanto, será o uso de aplicativos derivados da pesquisa no contexto do
ensino individual, o tema a ser explorado neste ensaio.
Aplicativos na pesquisa
O uso de computadores para auxiliar na coleta de dados comportamentais tem
sido crescente. A utilização desses equipamentos na pesquisa depende de aplicativos
cada vez mais sofisticados, com recursos de multimídia e animação gráfica.
No Brasil, vários aplicativos para controle experimental sobre estudos do com
portamento, têm sido relatados na literatura (Alves do Oliveira, 2007; Costa & Bartaco.
2002, 2003; Goyos & Almeida, 1996; Rosa Filho, Souza, de Rose, Fonseca & Hanna,
1996), alguns apresentados em eventos científicos (Amorosino, Simonassi, Martins, &
Moreira, 2000; Moreira, Alvarenga, Loja, Simonassi, & Martins, 2000; Moreira, Borges,
Barroto, Simonassi, & Martins, 2000; Pimentel, Hübner, & Matos, 1997; Santos, Silva,
Baptista & Assis, 1997). Além disso, vários outros aplicativos constituem ferramentas de
avaliação (Capovilla, Thiers & Macedo, 2002). Usualmente, esses aplicativos usados
na plataforma windows incorporam grande número de estímulos (desenhos, fotos,
formas não representacionais, palavras, numerais, notações matemáticas, letras e
palavras do dlferentos alfabetos, língua de sinais etc), alguns envolvendo animação
gráfica, cores e rocursos auditivos com diferentes formatos ou extensões etc.
Os aplicativos para o estudo do comporíamonto são construídos com um arqui
vo de controlo da sessão experimental (onde se define, por exemplo, a duração da
sessão experimental, variáveis temporais das tentativas, tipo de reforço, conseqüência
para erro, osquemas de reforço etc) e um arquivo do estímulos (onde se define quais
serão os estímulos utilizados: bi ou tridimensionais, sua localização otc. Além disso,
apresentam um relatório impresso detalhado dos dados comportamentais e um gráfi
co do desempenho de cada participante durante a sessão experimental, tudo isso, em
tempo real.
Um bom oxemplo desses aplicativos ospocialmonto construído para estudos
do comportamento é o REL (relações entre estímulos). O programa foi desenvolvido
para apoiar as pesquisas conduzidas no Laboratório do Análise do Comportamento e
Cognição, na Universidade Federal do Pará. A partir de uma plataforma Windows, o
programa é executado em linguagem Java na sua versão mais reconte. Para implementar
seu estudo, o usuário deve construir um arquivo de controle experimental (onde precisa
definir a duração da sessão, as variáveis temporais das tentativas para treino e testes,
tipo de reforço etc.) e um arquivo de estímulos (onde precisa definir quais serão os
ostímulos utilizados: bi ou tridimensionais, sua localização na tela do monitor com
diferentes painéis de escolha etc). O programa permite importar de aplicativos comerci
ais ou editores gráficos, figuras e sons em diferentes formatos. O programa além de
aprosentar os ostímulos na tela do monitor e as conseqüências para respostas corrotas
ou incorretas, ao final de cada sessão experimental fornece um relatório detalhado do
desempenho do participante, Inclusive com gráficos (ver Santos, Silva, Baptista & Assis,
1997). Um manual do usuário de fácil leitura e compreensão acompanha o programa,
inclusivo no formato tutorial.
176 £rik I uru de M fllo , L lúu dio de C iiitro Hm/, Henrique do A te iil Souto lerrun
A produção de conhecimentos com uso desses aplicativos tem avançado siste
maticamente nas pesquisas produzidas no Brasil, representando uma evolução no
controle e precisão dos dados. Alóm disso, o acesso à tecnologia em rede pode ser
compartilhado com sucesso por um maior número de pesquisadores, em diferentes
regiões do país, a qualquer momento.
Uma característica fundamental para todo software é sua floxibilidado, pormitin-
do ao pesquisador maior controle sobre a investigação do novas variáveis e registro
dos dados comportamentais.
Rocursos adicionais de áudio c vídeo precisam sor implementados paro pro
duzir (ou replicar sistematicamente) fenômenos comportamentais mais comploxos,
com maior precisão e controle experimental.
Conclui-se que o uso do consoqüôncias naturais (reforçadoros intrínsecos)
devem prevalecer sobre o uso de conseqüências arbitrárias (reforçadores extrínsecos).
Conseqüências arbitrárias, quando usadas, devem ser progressivamente removidas c
substituídas por consequências naturais.
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180 Ren.it.i C/rocsi, I ucum.t I I. il.i Silvu, A lc x h t / illo , N.ti.u.i I. I W .itfncr )osr M . I \iiv 4i
erros inatos do metabolismo, como intolerância a lactose e alterações na produção de
enzimas, como fenilcetonúria (doença em que o paciente não metaboliza o aminoácido
fenilalanina e quo pode provocar retardo mental); 3) deficiências mentais (por exemplo,
Síndrome de Down).
Um dos objetivos dossa nova proposta seria contribuir para ovitar dosgasto
econômico e emocional nas famílias e na sociedado Já que doonças determinadas
por genes, como Síndrome de Down, mal de Parkinson e alguns tipos de câncer, têm
tratamentos caros, alóm de provocar transtornos emocionais e dificuldades físicas para
os portadores e suas famílias,
A medida tom, tambóm, como objetivo promover qualidade de vida aos pacien
tes diminuir os agravos por anomalias congênitas e doenças geneticamente determi
nadas. Embora seja de suma importância para a popularização da genética no Brasil, a
equipe multidisciplinar que passará a fazer o atendimonto integral, conta com profissi
onais muito importantes, como: médicos, geneticistas, onfermeiros, assistentes soci
ais e biólogos. Porém, não ó citada, em momento algum, a participação do profissional
de Psicologia que, ao nosso entender, ó tambóm, peça fundamental, para o bom funci
onamento do sistema. Assim, procuraremos expor justificativas para nossa atuação.
O Aconselhamento Genético apresenta importantos implicações módicas, psi
cológicas, óticas, sociais e jurídicas, acarretando um alto grau do responsabilidado às
instituições que o oferecem, sejam universidades, hospitais, hemocentros, clínicas
médicas ou secretarias estaduais e municipais de saúdo. Portanto, cabo a tais institui
ções a responsabilidade de que o AG soja fornecido por profissionais habilitados e com
grande experiência, respeitando rigorosos padrões óticos o científicos (Ramalho e
Magna, 2007).
O AG ó um dos serviços pautados na genética clínica, cujos avanços têm levan
tado quostóes que pressupõem uma reflexão interdísciplinar. É do fundamontal impor
tância a existência de profissionais que auxiliem tanto os portadores do anomalias
genéticas quanto a seus familiares, no que diz respeito à compreonsão o ao auxílio
adequados ao atendimento do suas nocossidados. Por isso, é necessário invostimon-
to na formação do profissionais, como: módicos, citogonoticista, psicólogos, assiston-
tes sociais, ontre outros. Hojo, já so reconhece a necessidade de oquipes
multidisciplinares para um sorviço mais oficionto para o aumento o o aperfeiçoamento
do Serviço de Aconselhamento Genético- SAG, estendido à população (Brunoni, 2002).
ÍH9. Ken.ttii Qrossi, I uciiinu I I. il.i Silv.t, A lr x h l/,illo , N iim m I L o íI,i, W j^ d c i losf M . I\iivu
Funcionamento do Serviço de Aconselhamento Genético da UEL
O Sorviço do Aoonsolhamonto Gonélico (SAG), om Londrina/Paraná, 6 um pro
jeto que proporciona diagnóstico de indivíduos portadoros de enfermidades de origem
genética (doenças monogênicas, cromossômicas, multifatoriais e enfermidades gené
ticas somáticas adquiridas), osclarecimonto técnico e/ou médico do probloma o orien
tações para o individuo e sua família de forma que se sintam mais acolhidos e prepara
dos para se adaptarem e administrarem possíveis mudanças em suas vidas, decor
rentes de uma enfermidado. Para isto, atuam profissionais de várias ároas, incluindo
dois psicólogos, um biólogo genoticista o outro da bioética.
Sendo assim, tâo importante quanto o diagnóstico é o apoio às famílias, as
informações de como a enfermidade pode afetar o indivíduo e seus familiares, e as
orientações de como proceder e/ou as formas de adaptação à condição
O projeto abrange o Laboratório do Diagnóstico Citogenético (BIO), o Laborató
rio do Bioética do Departamento de Biologia Geral (BIO) e o Departamento de Psicolo
gia Geral e Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina, ondo
está sediado. Além disso, conta com o apoio de outros setores como o Ambulatório do
Hospital das Clinicas e Clinica Psicológica do Centro do Ciências Biológicas (CCB).
O projeto atende indivíduos/ famílias, de Londrina e região, com anomalias
gonóticas provenientes do Hospital Universitário (HU), da mesma cidade, do Ambulató
rio do Hospital das Clínicas (AHC - UEL), do Serviço de Bem - Estar da Comunidade
(SEBEC - UEL), dos Postos do Saúde, das Profeituras e das Entidades Correlatas
(APAEs, APSDOWN, etc), pertencentes a 17* Regional do Saúdo. O SAG tem capacidade
de atender seis indivíduos por semana para diagnóstico citogenético. Geralmente, a
procura polo sorviço se deve a questões relacionadas a: abortos espontâneos repeti
dos; aconselhamento gonótico pró-matrimonial; aconselhamento gonótico pró-natal,
orros inatos de metabolismo; hemoglobinopatias; deficiência mental; onfermidados
degenerativas, esterilidade; idade materna avançada, indivíduos afetados por neoplasias
e malformações.
O Sorviço de Aconselhamento Genético (SAG) visa aprimorar o serviço prestado
pelo Laboratório de Diagnóstico Citogenético do Departamento da UEL para além do
diagnóstico, ou seja, esclarecer e orientar famílias com indivíduos portadoros do
afecções genéticas. Também, preparar profissionais para atuação nesto campo do
ação da saúde, propiciando aprendizado e treinamento de alunos o do ostagiários do
graduação da área de biologia, da saúdo om genética humana e da psicologia; propici
ar troinamonto e aprendizado a residentes do HU om genética humana, pesquisar e
doterminar a incidência dos principais tipos do anomalias congênitas na região de
Londrina e investigar os possíveis fatores do risco associados à ocorrência de
malformações; csclarccor o orientar a população o os profissionais da saúdo com
respeito às afecções genéticas, contribuindo para um melhor encaminhamonto, trata
mento e prevonção, quando possível, no Sistema Único de Saúde do Estado do Paraná.
O encaminhamento para o SAG é feito através de médicos, instituições e, algu
mas vezes, a própria família procura o projeto. Quando um novo paciente chega, é feito
o agondamonto para a coleta de sangue para o exame de cariótipo. No dia da coleta, o
pacionte/familia ó abordado pelos estagiários de psicologia, quando ó aplicado o Rotei
ro dc Bioética sobro o cxorclclo da autonomia de quem busca o SAG, c o Termo do
Consentimento Livre Esclarecido É encaminhado para a Entrevista Inicial, a qual é
realizada por um psicólogo ou ostagiários de psicologia. Essa primeira ontrovista ocor
re no Hospital das Clínicas ou na própria Clínica Psicológica, ambos localizados na
Caracterização da paciente
Maria, do sexo feminino, com 23 anos, recém casada, do lar, com uma renda
familiar de um salário mínimo, baixo grau de escolaridade, dificuldade em se oxpressar
e entender informações complexas e grande expectativa om sor mãe.
Encaminhamento
Foi oncaminhada para o SAG-Londrina polo módico ginecologista do Hospital
das Clinicas (HC-Londrina) por apresentar alterações no sistema reprodutivo, como
ausência de ovário e disfunções hormonais. A suspeita do médico que a encaminhou
era de Síndrome de Turner.
História de vida
M. sempre morou na zona rural com os pais o os irmãos e não chegou a
concluir o Ensino Fundamental I Ao chogar para a entrovista manteve-se tensa e na
grande maioria das vezes respondia as perguntas de caboça baixa, evitando o contato
visual com o entrovistador.
Geralmente, vai aos exames sozinha e não tem problema em roalizá-los. Já
passou por cirurgia e sentiu muito medo (sic), sua mãe estava presente. Sempre é
atendida pelo Sistema Único do Saúde - SUS e nào possui nenhum outro tipo do atendi
mento ou tratamento. Segundo M., não existe casos do alterações genéticas na família.
Ao ser questionada sobre o porquô do estar fazendo o exame de cariótipo,
relatou quo não ontendia, mas que seu maior medo era de não poder ter filhos e estava
ansiosa com o resultado (sic).
Relatou quo sofreu do amenorreia primária ató os 23 anos. Seu fluxo menstru
al aconteceu depois do tratamento medicamentoso com anticoncepcional, no mesmo
ano. Namorava há sete anos e aguardava a menorreia para poder casar. Casou-se uma
semana antos da entrevista.
Mora com o marido em casa alugada. Gosta do ficar limpando a casa. É casei
ra o, quando sai, vai com o marido om alguma festa da cidado. Geralmente, recebe
apoio da família e do marido.
No processo do entrovista não foram observadas alterações físicas visíveis
roferentos a Síndrome de Turner. Ainda durante a entrevista, Maria rocebou apoio psico
Análise Funcional
A dificuldade da paciente em relatar determinadas informações e expressar
sentimentos parecia sinalizar um repertório verbal ompobrocido o pouco variado. Pôdo-
se imaginar que a comunidado sócio verbal na qual M. estava inserida, não propiciou as
condições necessárias para o desenvolvimonto de comportamentos vorbais satisfatórios,
como tatear contingências ambientais, fossem elas internas ou externas. Como exem
plo disto, pôdo-se deduzir o baixo envolvimento do M. com o contexto escolar o o ambi-
onte social familiar.
Neste sentido, a paciente parece ter tido acosso a escassas contingências de
roforçamento, provenientes de situações de interação social. Sabondo que a discrimi
nação e a nomeação do estados corporais internos são comportamentos aprendidos
socialmonto, e que indivíduos pouco oxpostos a ostas contingências aprosontam pro-
1 8 6 Reriítt.i C/rossi, I uciiin.i I I. iKi Silv.i, A lc x h t/o llo , N.n.ii,t f C usl.i, W u ^ n n lo*é M . I\iiv<i
juízos quanto à discriminação e à nomeação destes estados, sugore-se que a aprendi
zagem de comportamentos importantes para o manejo de contingências o obtenção de
reforçadores positivos tenha sido prejudicada. Assim, o ambiente familiar o as atividades
quo delo decorrem (organização da casa, convívio com o marido, por exemplo) pareci
am sor a fonto prioritária de reforçadores na vida do M.
Considerando as variáveis relacionadas acima, o padrão comportamental da
cliente apontava para um déficit om habilidades sociais (evitar contato visual, dificulda
de em se expressar, em iniciar ou manter um diálogo). Nosto contexto, situações de
interação social podom ter adquirido propriedades aversivas á M. (nào tinha o repertório
requorido, aumentando a probabilidade de ter sous comportamentos punidos e/ou
possuía o ropertório requorido, mas não discriminava adequadamente as contingênci
as em atuação). Desta forma, estímulos do ambiente, que sinalizassem estímulos
punitivos, favoreciam a emissão de comportamentos de tensão muscular, choro, fala
confusa, pouco contato visual, entre outros. Além disto, a suspeita do uma síndromo
gonótica, frequentemente, contribuiu para a olevação da froquôncia de respostas fisio
lógicas (taxa de adrenocorticóides, freqüência cardíaca, prossâo artorial) o emocionais
(choro, sentimentos de tristeza, irritabilidade), além da redução de comportamentos
adaptativos às novas contingências.
Os relatos da pacionte reforontes à sua condição biológica (amenorreia) sina
lizavam a presença de regras sociais, controlando determinados comportamontos. As
práticas culturais quo atribuíam o inicio do ciclo menstrual como condição dotorminante
à caracterização "do vir a ser mulhor", oxorceram controlo sobre o comportamento da
pacionte e/ou do marido de esporar a menstruação, dosta, comoçar, para só então,
realizar o casamento.
As práticas culturais que descreviam a relaçào do dopondència ontro casar-se
e ter filhos como parto fundamontal do papel social da mulher também exercia controle
sobre os comportamentos (públicos e privados) da paciente o/ou do marido e de lami-
liaros. Assim, a possibilidade de não menstruar e nào poder ter filhos se configurava
numa condição extremamente avorsiva, tendo como produto sentimontos de medo,
ansiedade, insegurança, baixa autoestima, entre outros.
Tendo em vista que as fontos do roforçadores positivos de M. eram provenientes,
prioritariamonto, da relação desta com o marido e demais familiares e quo rogras sociais
controlavam os comportamentos destes, a suspeita de uma alteração genética sinaliza
vam que, alóm da incontrolabilidado do algumas circunstâncias (infortilidado, por exem
plo), alguns roforçadores poderiam não se fazer acessíveis no ambiente futuro (filhos).
Autorregras derivadas das regras sociais expostas acima (ser doixada polo
marido caso não gere filhos, ser menos amada ou ser excluída socialmente por esta
condição, por exemplo) somadas ao evento "suspeita de síndrome do Turner" podem
tor atuado como oporaçõos estabolocedoras para os comportamentos do choro o sen
timontos do modo o do ansiedade, além de intensificar a condição aversiva da suspeita
de não poder engravidar.
Os dados da história de vida da cliente permitiu inferir que ao longo de sua vida,
M. foi educada para ser mulher e mãe. Portanto, os comportamentos aprendidos e
fortalocidos em seu repertório comportamental se relacionavam a contingências relaci
onadas a estas condiçõos. Assim, a possível confirmação da síndrome indicava a au
sência do ambiente necessário para a emissão destes comportamentos, tendo como
efeito sentimentos de insegurança (o que fará se não for mãe?).
Por fim, a baixa exposição da paciente às contingências ambientais quo so
ampliam para alóm do ambiente familiar pareceu dificultar o contato desta com contin-
Devolutiva
A partir da Análise Funcional do caso e das hipóteses levantadas a equipe teve
maiores condições de oferecer um atendimento individualizado de acordo com a reali-
dade e as necessidades do M.
Houve o cuidado da equipe em preparar a devolutiva, para que as informações
relacionadas ao resultado fossem passadas de uma forma simples e acessível, para
que a paciente pudesse de fato compreender.
A Equipe da devolutiva foi composta por um geneticista, uma psicóloga o uma
estagiária de psicologia. Para isso, a oquipe se reuniu, antes, para discutir sobro o
diagnóstico, sobre as consequências deste, quanto aos aspectos biológicos e
psicossociais para a vida de Maria.
Como previsto pela oquipe, a paciente teve dificuldades para entender o diag-
nóstico e, calmamente, o goneticista explicou as alterações que Maria tinha, por mais
do uma vez e do modo diferente, com a equipe auxiliando com exemplos, que conside
ravam elucidativos para deixar as informações mais claras, mas o que ficou claro para
ela foi a estorilidade em função da Síndrome. Seu sofrimento foi grando, a paciente
chorou muito durante a devolutiva, e vorbalízava o medo do marido abandoná-la já que
um filho ora algo muito dosojado pelo casal. Apontou, tambóm a dificuldade em explicar
o diagnóstico para o marido.
A intervenção psicológica foi de empatia com a cliente no sentido de ouvi-la e
demonstrar compreensão sobro o seu sofrimento. Diante do medo de Maria com a
reação de seu companheiro frente ao diagnóstico, a equipe do SAG colocou-se à dispo
sição para uma devolutiva com ele, caso a paciente julgasse necessário, o, tambóm,
um acompanhamento psicológico com algumas sessões para a paciento falar, discutir
e ser ajudada a tomar decisões e a enfrentar os sentimentos negativos em relação ás
consequências do resultado; a lidar com as questões relacionadas ao seu diagnóstico,
a lidar com os possíveis conflitos conjugais que poderiam acontecer o com as expecta
tivas em ser mãe.
Finalizando
O campo do interface entre psicologia e saúde ainda se revela como uma área
de atuação desafiadora para os psicólogos que nela se inserem. Sua relevância torna
clara a necessidade de pesquisas que busquem maior consistência teórica e prática,
fornecendo a estes profissionais modelos sistomatizados do procedimentos, do tócni-
cas o do avaliações com critôrios melhor dofinidos.
O presente trabalho buscou relatar o exercício da análiso do comportamento, no
Serviço do Aconselhamento Genético (SAG) da Universidade Estadual do Londrina, por
meio do estudo de um caso e visa contribuir para o aprimoramento desta área, enquanto
campo de exercício da Psicologia e, em especial, da análise do comportamento.
Considerando que o diagnóstico de uma condição genética disfuncional tem
grande impacto no repertório social, pessoal e econômico dos envolvidos, a análise do
Referências
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Brasileiro de Educação Especial, 3 São Carlos. Resumo Expandido nos Anais III Congresso
Brasileiro de Educação Especial, São Carlos, CD-ROM
19 0 Ken.tta C/fOMi, I ucitin.i I I. il«i Silv.i, A lr x K C/iillo, Naitira I. Cust.t, W .tflncr lose M . I\n vii
Capítulo 20
Aprendizagem com prazer
JotioJuliitni
M/irmn Iropia I onseca Cmiobn A rm ll
lo ã o lu lu im e M .ir im íw p w lo n * e c «i C ir io b it A rn J t
Para encerrar esta reflexão sobre o aprender, não se pode deixar de dizer que a
proposta de sociedade inclusiva, citada brevemente aqui, sem dúvida avança na direção
de um mundo melhor, porém ainda esta presa a amarras do pensamento mentalista,
em espocial a noção do livre arbitrio. Falta a esta proposta uma filosofia que a funda
mente. O Behaviorismo Radical, como filosofia da ciência do comportamento, poderá
sustentar a oducação do futuro, na qual aprondor e ensinar serão classes do compor
tamentos fortalecidos positivamente. Os reforçadores positivos desta educação terão
como produtos colaterais a alegria e felicidade de aprender e onsinar.
Referências
SérgioVasconcelosdei una
Pontifícia Universidade Católica de Sào Paulo (PUC-SP)
Método
Participantes
Seis crianças do soxo masculino, com idades ontre 8 anos e 10 meses, e 10
anos complotos o que apresentaram interesse e disponibilidade om participar da pes
quisa. As crianças eram estudantes de escola pública e freqüentavam, no contra turno,
Equipamento/Material
Para a realização da pesquisa foram selecionados dois jogos nos quais a
criança recebe informações e deve extrair deduções delas para prossoguir jogando ou
em que emite comportamentos e, em função das conseqüências dolos deve derivar
novas informações a serem testadas em seus próximos comportamentos e assim
sucessivamente.
Um desses jogos - Jogos Boole - baseado na álgobra booleana (do Goorgo
Boole)3 foi desenvolvido e comorcializado por dois professoros a partir de observa
ções realizadas com os próprios alunos. Esse jogo encontra-se disponível e foi adqui
rido através do site www.iogosboola.com.br. Configura um problema no qual, a partir
de algumas informações consideradas verdadeiras, deve-se arranjá-las de modo a
decifrar o enigma, por raciocínio dedutivo; se correto, este raciocínio lovará necessari
amente a uma conclusão verdadeira. Por exemplo, considerando-se cinco pessoas,
cada uma possuindo um carro de determinada marca, um animal de ostimação e uma
casa de cor diferente, são distribuídas informações afirmativas (Marcos mora na casa
azul) e/ou negativas (o gato não portence à pessoa que tem um Palio), a partir das
quais se deve resolver o enigma completo.
As histórias são trabalhadas e resolvidas com o emprego de cartas quo repre
sentam cada um dos elementos dos problemas. O jogo ó composto do cinco livros,
com níveis de dificuldades distintos, com 26 histórias cada um, e 4 jogos do cartas. No
último livro (preto), do nível mais difícil, os jogadores utilizam todas as cartas dos de
mais livros. Ainda, para este jogo foi confeccionado um tabuleiro para cada nível, conten
do três categorias com três itens cada, ou seja, um tabuleiro no qual deveriam ser
inseridas nove cartas no total para resolução do problema.
O segundo jogo empregado foi o Senha ou Mastermind®, fabricado e distribu
ído pela Grow. Consiste em desvendar um código - seqüência de 4 cores, a SENHA -
através de sucessivas tentativas. É composto por um tabuleiro com dez oportunidades
de jogada, pinos brancos, pinos pretos e pinos coloridos (7 cores diferentes)
Para desvendar a senha, o jogador deve escolher quatro pinos de cores dife
rentes e ordená-los na primeira fileira do tabuleiro (1* tentativa). Esta primeira jogada
’ Um (XHijunto A d« •ImiHmk» a. b, c, • ditai op*nt</Mik binária», antra m u i atatmnkiit. dMKXniriHdiu noma (<)« prcxluk) (), tomiundu n leniu
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Procedimento
Ambos os jogos foram aplicados em cada participante, sendo que trés passa
ram primeiro pelo Jogo Senha e depois pelo Jogo Boole e três fizeram o procedimento
inverso. Todas foram expostas a procedimentos-base, mas procedimentos adicionais
foram sendo elaborados e implantados a partir do desempenho individual das mosmas.
Condições experimentais
Jogo Senha
Após contato inicial com o participante foi dada a instrução do como proceder
no jogo. Em seguida, os participantes foram solicitados a selecionar cinco das sete
cores diferentes de pinos para iniciar a partida. A primeira condição a quo foram oxpos-
tos foi o procedimento-base Treino Normal, que consistia em jogar uma partida como
descrito na instrução, tendo como base as regras habituais do jogo; ou seja, o partici
pante insoria os pinos coloridos no tabuloiro o posquisadora consoquonciavn suas
respostas com a inserção dos pinos brancos e pretos que demonstravam os acertos,
ou deixando de inserir pinos.
Os participantes tiveram duas oportunidades (duas partidas) para acertar a senha
montada pela pesquisadora. Os que conseguiram emitir a resposta-solução tiveram a
oportunidade de jogar como desafiante (Jogador Desafiante), ou soja, montavam a senha
para a pesquisadora descobrir. Após jogarem como desafiante, o grau de dificuldade era
aumentado utilizando-se mais uma cor - ora introduzido mais um gnjpo de pinos coloridos.
Os participantes que não conseguiram emitir a resposta-solução dentre essas
duas partidas oram expostos a uma partida na condição Só Branco. Nessa condição, a
posquisadora jogava com o participante considerando apenas as coros, o não suas
posições, ou seja, o participante deveria descobrir somente as cores, sem a necessi
dade de considerar a seqüencia em que foram inseridas.
Os participantes que descobriram as quatro cores da senha na condição Só
Branco eram submetidos novamonte a duas partidas na condição de Treino Normal. Na
situação do Troino Normal, os quo acortaram a sonha passaram a jogar como
Jogos Boole
Dos cinco livros que compóem os Jogos Boole, as crianças toram submetidas
a trôs deles (Jogo Laranja, Vermelho c Azul), pois se verificou a inviabilidade de expô-las
a todas as contingências devido ao tempo para realização da pesquisa.
Após o contato inicial com a criança, as instruções foram apresentadas junta-
mento com o tabuleiro confeccionado, o jogo de cartas e as histórias. Primoiramente os
participantes foram submetidos a uma história que foi realizada com o auxílio da pes
quisadora (História Exemplo). Esta história foi empregada no intuito de averiguar o
entendimento das regras do jogo pelos participantes. Nesse procodimento, eles pode
riam fazer perguntas e tirar dúvidas relativas ao jogo Esta história continha somente
frases afirmativas.
Após a execução dessa primeira história, os participantes iniciaram a pesqui
sa pelo procedimonto-base (Histórias do Nivol). Este procedimento era composto por
histórias que continham as determinações de cada nível. Como se iniciava o procedi
mento polo Nivol 1, as histórias continham frases afirmativas (Boto anda de bicicleta),
com sujoito oculto (Quem tom um papagaio come pipoca), o frasos com sujeito oculto
o nogativa (Quem tem uma tartaruga come picolé, mas não é o Guto). Todos os partici
pantes, obrigatoriamento, foram expostos a trôs histórias diforontes nessa condição
Inseridas todas as cartas da história apresentada, ou soja, quando os participantes
resolviam o problema, a posquisadora relia toda a história para que o sujeito pudosso
"referendar" os acertos e erros cometidos. A cada premissa lida foi perguntado ao par
ticipante se ele considorava que sua resposta estava certa. Caso o participante identifi
casse algum erro poderia corrigi-lo naquele momento, modificando a posição das car
tas no tabuleiro. Caso contrário, dava-se seqüôncia ao procedimento. Nem erros nem
acertos foram sinalizados. Esse procedimento tove como único objetivo vorificar se os
participantes rospondiam sob controle das cartas inseridas no tabuleiro, idontificando
os erros e acertos, modificando ou não as cartas de posição.
Passaram para o nível 2 do jogo os participantes que apresentaram acerto em
uma ou mais histórias, indopendontomonte de se o acorto ocorreu durante a execução
da tarefa ou apenas no final, no momento de conferir. Para os participantes que não
alcançaram esso objetivo foram delineados procedimentos adicionais.
Para o jogo Boole foram esquematizados três níveis de dificuldade:
• Nível 1 - histórias com frases afirmativas, com sujeito oculto e com sujeito oculto e
negativa;
• Nível 2 - histórias com frases afirmativas, negativas e condicionais;
Resultados e discussão
Como todo jogo, Senha e Boole possuem objotivos, procedimentos e regras
para serem oporados corrotamente. No caso do jogo Boolo, o objotivo ó completar um
tabuleiro com cartas ospalhadas sobro uma mesa; a disposição final das cartas no
tabuleiro deve obedecer a especificações contidas em premissas oferecidas uma a
uma para o jogador Assim, o procedimento consiste em selecionar, do uma da quanti
dade do cartas disponíveis, aquelas expressas na premissa lida pela pesquisadora o
inseri-las corretamente no tabuleiro Ao final, todas as cartas devem estar colocadas na
posição correta, conforme especificado nas premissas. Cada comportamento do joga
dor deve estar sob controle de
a) o conteúdo oxprosso pela premissa que acaba de ser lida pelo/para o jogador;
b) o conteúdo das premissas já lidas;
c) as cartas disponíveis sobre a mesa (cujo número se roduz a cada jogada);
d) os espaços já preenchidos no tabuleiro;
e) a instrução segunda a qual, ao final do jogo, todas as cartas devem ter sido coloca
das no tabuleiro;
f) e da regra que estabelece implicitamente que cada carta só podo ocupar uma caseia
do tabuleiro
No caso do jogo Senha, o primeiro jogador compõe o escondo uma configura
ção do certo número de pinos coloridos (donominada sonha) e o objetivo do segundo
jogador ó compor configurações sucossivas na tontativa do descobrir a senha. Enquan
to no jogo Boole não há consequenciaçào explícita da parto do primeiro jogador, a cada
jogada, a colocação de cartas em locais incorretos tem implicações na medida em que
erros comprometem jogadas posteriores. No caso do jogo Senha, cada tontativa feita ó
consequenciada polo primeiro jogador através de pinos com significados precisos.
Assim, no jogo Senha, cada jogada* (selecionar certo número de pinos coloridos e
dispô-los no tabuleiro) deve estar sob controle do:
a) os pinos colocados pelo jogador dosafiante como consoqüôncia da senha montada
pelo desafiado;
b) a relação entre a consoqüôncia dada pelo desafiante e as senhas antorioros; ou
seja, a composição do uma sonha devo levar om conta o ofeito da rotirada ou introdução
sistemática de uma dada cor;
4Na roHlUlHdo, iliivttr-tto-ln expíidflcw 'cjmJii (ogudM n |<>Kllr <1h prlirniini". |A <)iki mAo hA (|unk|iH<r oUmnomIo c|u« itft phtliiN moJoyndor
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Pi.ii, Rcm.i II m H R.ifihi I rrrfifii, V.iMclrce l oelho
Informações gerais sobre os tipos e fatores de desenvolvimento do
câncer de pele.
O câncer do pelo ó o tipo de neoplasia mais comum ontre os indivíduos do polo
clara no mundo todo. Existem trôs tipos principais de câncer que acomotom a pole: o
carcinoma basocelular, o mais comum, representando cerca de 80% dos casos; o carcino
ma ospinocolular, quo responde por 15% dos casos; e o melanoma, que, embora seja o
menos comum, é o que apresenta comportamento mais agressivo entre os cânceres quo
acomotom a polo. Estas nooplasias apresentam em comum vários fatoros do risco tanto
genéticos quanto ambiontais. O principal fator relacionado ao surgimento do câncer de pele
ó a radiação ultravioleta provenionte da exposição solar durante a vida do indivíduo. Os
conhecimontos atuais apontam quo o efeito tanto agudo (queimaduras solares), particular
mente ocorridas durante a infância o adolescência, quanto o efeito cumulativo crônico da
exposição ao sol, constituem os fatores primários no desenvolvimento destas doonças.
Aliado a isto, fatores gonóticos representados pela história familiar progrossa (outros indi
víduos na mesma família têm ou tiveram câncer de pelo), o fonótipo do indivíduo (polo quo
quoima facilmente e não bronzeia, cabelos e olhos de cor clara) são de importância funda
mental na predisposição ao desenvolvimento do câncer de pele. Por último, os fatores
ambiontais como latitude do local onde reside, hábito de exposição solar por lazer ou devido
á profissão, como os trabalhadores na agricultura por exemplo, complementam o conjunto
de fatores que contribuem para o aparecimento destes cânceres ( Gon, 2000).
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Rcndtb.i H K..ifil)i I crreiru, VdMelico C o flb o
Capítulo 23
O tabagismo nos contextos escolar e do
trabalho
Ana Criütina Polycarpo C/ameiro
Priscila Vicente
M aiia l.ui/a Marinho-Casanova'
2 18 A n .i L r iíliiiii 1’olyr.irpo (./.imeiro, 1’ rucil.i Viccnlc, M .iriii I u i/. i M .irm ho-l. asiinovii
conselho isolado a um fumante tem eficácia do 5%, ao passo quo a intervenção siste
mática acompanhada do uso ou não de fármacos, se aproxima a 20% de sucesso.
No Brasil, diversas ações têm sido adotadas a fim de se tor um ambiente 100%
livre do tabaco Fm 2002, foi consolidado o Programa Nacional do Controlo do Tabagis
mo, criando, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), os Contros do Roforôncia
om tratamento do fumante. Com isso, a abordagem cognitivo-comportamental e o trata
mento medicamentoso do fumante, por meio da terapia de Reposição da Nicotina e do
anttdepressivo Bupropiona passaram a ser fornecidos gratuitamente à população bra
sileira. Esto Programa, coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) visa à
prevenção de doenças na população através de ações que estimulem a adoção de
comportamentos e estilos do vida saudávois e que contribuam para a redução da inci
dência e mortalidade por câncer e doonças tabaco-relacionadas no pais.
No dia sete de agosto de 2009, entrou om vigor no Estado de São Paulo a Lei n°
13.541, que proibe fumar em ambientes fechados, do uso coletivo, como bares, restau
rantes, casas noturnas e outros estabelecimentos comorciais. Mosmo os fumódromos
em ambientes de trabalho e áreas reservadas para fumantes em restaurantes ficam
proibidos (Portal da I ei AntiFumo, 2009).
As Assembléias Logislativas do Paraná, Rio de Janeiro e Espirito Santo tam
bém aprovaram uma lei que proíbe fumar om todos os locais fechados de uso coletivo
e a criação de ambientes específicos, os fumódromos. No Estado do Minas Gerais, de
acordo com a Assembléia, também fica proibido fumar om recintos colotivos fechados,
públicos ou privados, e somente poderão sor destinadas a prática do tabagismo áreas
isoladas por barreira física que garantam a exaustão do ar para ambionto oxtorno. Em
Salvador o Bolóm, a Câmara Municipal também aprovou o projeto do loi quo proíbo
fumar em locais do uso colotivo (Portal Anti Fumo, 2009).
Diante da relevância dos estudos sobro tabagismo, o prosonte trabalho visa
apresentar dados de pesquisas sobro tabagismo conduzidas no ambionto escolar o no
ambiente de trabalho dos fumantos.
A im C riítin .i l ’olyc<irpo l/.im ciro, l ’tiicild Viccnle, M.mi» I ui/ii M iir in lto - l iis.iiwv.i
érito de Tabagismo em Escolares, mais conhecido como Vigoscola. Este Inquérito faz
parte do Sistema do Vigilância do Tabagismo em Escolaros, desenvolvido inicialmente
pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) do governo dos Estados Unidos, mas que
hoje se tornou um sistema do vigilância mundial promovido pela Organização Mundial
da Saúde e, na América Latina, pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). O
objetivo desse Inquérito 6 estimar a provalôncia do tabagismo entre escolares da 7“ e 8“
Séries do Ensino Fundamental e 1° ano do Ensino Médio das capitais brasileiras.
Os dados do Vigoscola que serão apresentados foram obtidos enlre os anos do
2002 e 2003 em 12 capitais brasileiras: Aracajú, Boa Vista, Campo Grando, Curitiba,
Fortale/a, Goiânia, João Pessoa, Nalal, Palmas, Porto Alegre, São Luls e Vilória. Respon
deram o Inquérito aproximadamente 16500 estudantes. O instrumonto utilizado na pes
quisa foi o questionário padronizado Global Youth Tobacco Survey (GVTS) elaborado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle de Doenças (CDC) e utiliza
do em diversos estudos conduzidos no Brasil e em outros paísos. O questionário é
autopreenchivel, não identificado, com questões relativas ao uso do tabaco: acesso, dis
ponibilidade e preço; exposição ao tabagismo ambiental; cessação; mídia e propaganda
e currículo escolar, além do características sôcio-demográficas como sexo, idade o sério
escolar. Foram acrescentadas ao questionário, também, perguntas reierentos ao conhe
cimento, atitude o opinião dos escolares sobro os ofeitos do tabaco sobro a saúde.
Os dados apresentados são da amostra geral. A porcentagem de estudantes
quo já oxporimontou cigarros variou, ontro as cidados posquisadas, do 36% a 58% no
sexo masculino e 31% a 51% no sexo feminino. Considerando como fumantos os
estudantes que afirmaram quo fumaram um ou mais cigarros no último môs, a porcen
tagem variou do 11% a 27% no soxo masculino o de 9% a 24% no soxo fominíno. Do
forma geral, observou-se que há mais meninos do quo meninas fumantes Outro dado
interessante apresentado foi a porcentagem maior de tabagismo entro os pais de jo
vens que fumam do que entre os pais dos que não fumam
A propaganda também foi um aspocto analisado nosse inquérito Em relação a
isso, verificou-se que muitos dos adoloscentes referiram ter visto alguma propaganda,
ombora não tenha sido relatado o período exato quo esta propaganda foi vista, além de
possuírem objetos com logomarcas de cigarro Isso ocorre mesmo sendo tanto a pro
paganda quanto o patrocínio, proibidos no Brasil Muitos estudantes revelaram também
ter recebido cigarro do representantes da indústria, além do fato de conseguirem com
prar cigarros sem qualquer dificuldade, mesmo sondo menores de idado (Ministério da
Saúdo, Socrctaria dc Atenção à Saúdo, Instituto Nacional do Cãnccr, 2004).
Outros estudos realizados no Brasil (Horta, Calheiros, Pinheiro Tomasi & do
Amaral, 2001; Andrade, Bornardo, Viegas, Ferreira, Gomes & Sales, 2006; Nascimento,
Soares, Feitosa & Colares, 2005; Segat, do Santos, Guilhande, Pasqualotto & Bonvegnú,
1998; Vier, Rego Filho, de Campos & Olivi, 2007) com o objetivo de verificar a prevalência
do tabagismo na adolescência ou os fatores do risco possivelmente relacionados indica
ram uma provalôncia preocupante de fumantos ontre os estudantes. As principais variá
veis invostigadas nostos estudos foram: idado, soxo, oscolaridado, classo social, rolaci-
onamonto o oscolaridado dos pais, o a oxistôncia do pais, irmãos ou amigos fumantos.
Os estudos basearam-se na aplicação de questionários. A provalôncia do taba
gismo entre os adolescontos variou entre as pesquisas do 6,67% a 14,7%. Em relação
ao gênero verificou-se que dois estudos apontaram a prevalência de fumantes no sexo
feminino, dois mostraram nào haver diferença e os demais não apresentaram esla
análiso. Deve-so obsorvar que os dois estudos que apontaram diforonça entre gêneros
foram realizados cm cidados da região Sul do Brasil.
2 2 6 A n.i l ri*lma 1'olyciirpo l/.im ciro, 1’ru n l.i Vicente, I ui/.i M .irin h o -t .tí.movii
Apesar da Lei brasileira que exige que seja feita prevenção do tabagismo n |o
ambiente escolar, o que se observam são pesquisas que fazem levantamento sobro a
prevalência do uso do tabaco por crianças e adolescontos. Na maioria das cidades não
há programas do prevenção sistemáticos e baseados em rosultados de pesquisas,
embora haja interesse por parte dos dirigentes de escolas. Alúm disto, ainda parece
olovado o númoro do profissionais que fumantes quo trabalham cm escolas.
Conclusão
Visto quo o tabagismo ó hoje considerado a primoira causa de doonças passí
veis de prevenção e que tanto adultos, jovens e crianças estão suscetíveis ao compor
tamento do fumar, considera-se essenciais os programas para prevenir ou cessar o
comportamento de fumar cigarros. A escola e o local do trabalho são ambientes privilo-
giados para a discussão de práticas voltadas para uma vida saudável e para a constru
ção do indivíduo o da sua consciência crítica.
No Brasil, há a necessidade de pesquisas sobre o toma. do implementação de
campanhas preventivas em escolas, bem como de programas preventivos e de trata
mento do tabagismo em empresas de diferentes setores produtivos.
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1 t io f iio B N U , p /'J
4 “M o n n i.l tqmn lho worki. n n d ch ivtyo II. n n d itrv r.h n n g o d tiih irn h yth o consiH /iio/icn.i i>f ItHilr ncüoii" (S k in n o r , 1 9 0 2 , p 1)
l o m p o i l i i m r n t i i e l u f lm ç ii u 2 3 3
correspondentes. A partir da observação em video, os comportamentos dos participantes
foram categorizados. Para a denom inação das categorias, foram descritas as
características específicas das situações que antecedem as respostas de selecionar
cartões ou compor com sílabas, a topo grafia das respostas apresentadas pelos
participantos e as consequências resultantes das respostas, cujas categorias foram,
sclocionar cartõos; compor palavras com sílabas; alterar ou conforir sua resposta tendo
como modelo resposta apresentada pelo colega, fazer tarefa pelo outro quando esse
respondo incorrotamente ou não responde; auxiliar colega, indicando a resposta correta
ou a do completar tarefa iniciada polo colega; conseqüenciar o responder de cologa,
dizendo quo a resposta está incorreta; respondor pelo outro correta ou incorrotamente.
indicando a resposta correta; solicitar foedbacklavaliação (receber foedbacklavaliação
oral do colega, não receber resposta, ter sua tarefa refeita por colega).
Uescrover passo a passo como professoros altabotizadores ensinam leitura
com compreensão constituiu-se num outro projeto reconte: um manual para professoros
(uma espócie de Manual de Equivalência ainda não publicado) desenvolvido por Haydu
(2007) da Universidade Estadual de Londrina. Neste manual, a autora propõe uma
série de atividades organizadas com o objetivo de ensinar leitura, que podem ser
adaptadas a diversas metodologias e objetivos de ensino. O material proposto pode
ser confeccionado pela professora com cartolina, papelão ou cartões com matorial tipo
EVA. O procedimento de ensino o a confecção do material são detalhadamonto descritos,
com a sugestão das palavras a serem ensinadas. Alóm disso, são sugeridas estórias,
atividades complementares, atividades de integração, o jogos para sorem realizados
com as palavras de ensino. A seleção das palavras do manual foi feita com base em
estudos da bibliografia de equivalência do estímulos e também a partir de sugestões
da lingüista Sclair-Cabral (2003).
Esse númoro reduzido de estudos mostra que ainda temos muito a percorrer
na extensão do conhecimento produzido em contextos laboratoriais ospocíficos
(laboratórios o salas especiais) para situações coletivas como a do sala do aula, podendo
também ser conceituado de laboratório não apenas como um local onde se discute o
conhocim onto produzido, mas principalm ento como um local do produção de
conhecimento, uma oficina de projetos, constituindo-so, por excelência, como um local
de exporimentação. Essa visão rompe com o conceito tradicional de sala de aula e
aproxima-o do conceito de laboratório, porém sem a visão restrita e estereotipada
construída sobre ole o sobro seus usos principalm ente aqueles do psicologia
experimental
Se concebido como um local restrito que apenas lida com relações simplificadas,
os preconceitos sobre os estudos realizados em laboratório se manterão e, ao invés de
agregar, afastarão ainda mais aqueles que nele se iniciam. Vonho refletindo a respeito
de uma definição menos pautada no geográfico em favor do uma definição, cujos eventos
por ela englobados relacionam-se mutuamente entro si, situando-se ao longo de um
continuum, com graus de determinação diferentes entre si. Isso significa dizer que, em
certo sentido, encontraremos eventos, nos quais os efeitos de variáveis são mais
conhecidos, logo a possibilidade de controle é mais viável; num outro sontido,
encontraremos eventos, nos quais esses efeitos são ainda poucos conhocidos e,
portanto, menos viávol o controle e mais necessária se torna a descrição das relações
ontro ossos ovontos como atividade principal.
A questão resume-se. pois em detectar qual é a naturoza do conhecimento a
ser produzido que tornam as relações entro osses eventos mais transparentes, mais
conhecidas e, eventualmente, mais controladas. Desse modo, nossa referência para
Conclusão
O propósito inicial desse trabalho foi estudar a aquisição de leitura o escrita em
crianças com dificuldades de aprendizagem. Como vínhamos fazendo com os projetos
anteriores, nossa estratégia seria o trabalho individual com as crianças, porém tivemos
que alterar o procedimento tendo em vista a solicitação da instituição. Desconhecíamos
naquele período qualquer estudo sobre a aplicação dos princípios da equivalência de
estímulos num contexto de sala de aula. a não ser um artigo teórico de Stromer, Mackay
e Stoddard (1992). Nesse artigo, os autores abordam a necessidade de expandir a
conhecimento construído c acumulado com os estudos individuais para contextos mais
amplos como a sala de aula. Afirmam que "métodos derivados da pesquisa em equiva
lência podem ser úteis para remediar quando as abordagens de ensino tradicional não
forem bem sucedidas". Dadas as circunstâncias, o procedimento adotado nào foi reme
diar as falhas de outros métodos, mas ensinar leitura e escrita, assumindo a função do
professor. Com uma composição muito heterogênea, tanto do ponto vista de idade
como de repertórios de entrada, o projeto foi realizado.
Resumindo, pode-so afirmar que os objetivos* pedagógicos foram parcialmen
te alcançados, uma vez que oito crianças leram nâo apenas as palavras-treino, mas
também as palavras de generalização. Os aspectos importantes a serem destacados
nesse relato foram a realização da experiência com as adaptações realizadas a partir
dos procedimentos individuais para serem utilizados no procedimento colotivo, as difi
culdades encontradas e fundamentalmente afirmar que é possível aplicar os procedi
mentos construídos om situação individual ou mesmo do laboratório para situações de
grupo como, por exemplo, a sala de aula.
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ntacKirittriMft antro tio b ) il«»wivnlvii!inn(i>« «tatomutl/M^Wxtfl uni pnx.o<(nK*ik><x>t«Uv<) (to nnuno h ikti gni(x> ik»1m nório ck>lo yrmi
Kcnutii C rmtirni Cyomc«, A lin e W .irn lc rlc y V ill,< *chi, C love* 1’ c íp im tio N kucim cnto,
t ybclle O liv ie r i l f A niú io , f-niim ucllc Lorròii h g u ritc ilo
polo afeto que recebe com seu comportamento adequado, não se sontindo, portanto,
genuinamente amado
Sendo produto de contingências sociais, a autoestima não ó inata e seu desen-
volvimonto não dopende inteiramente do sujoito Tampouco permanece sempre a mes
ma, pois o contexto social do indivíduo muda no decorrer das diferentes fasos de sua
vida. O desenvolvimento do sentimentos e comportamentos quo chamamos "autoestima"
é importante o desojávol, pois, de acordo com Guilhardi (2002), boa autoestima está
associada a indivíduos capazes de discriminar que podem emitir comportamentos que
produzem conseqüências roforçadoras para si: “Ela (a pessoa com boa autoestima) ó
livro do outro para produzir o que ó bom para ela (embora possa ter com o outro o que for
bom para ambos, mas som dopondôncia). Ela promove para si mosma o quo ó bom
para ela, simplesmente porque se ama".
No contexto da educação, o dosonvolvimonto da autoestima aparece relaciona
do à interação profossor-aluno e intimamente ligado ao desempenho escolar (Viecili o
Medeiros, 2002a), O relacionamento profcssor-aluno, como ressaltam Skinncr (1989) o
Sidman (1989), parece permeado pelo controle coercitivo, em função de seus ofeitos
imediatos em sala de aula: redução de comportamentos “indesejáveis” e aumento dos
“desejáveis” polo professor através de condicionamento por fuga-esquiva (o uso das
aspas se justifica pelo fato de que o critério definidor do quo é dosojável ou indesejável
é arbitrariamente estabelecido polo professor). Entretanto, a utilização da coerção pode
contradizor os objotivos da oscola do formar cidadãos críticos, tornando-os pouco
participativos, inibidos, temerosos e até tristes (Viecili o Medoiros, 2002a) Muitas vezos
os professores conhocom as técnicas comportamontais, mas as usam do forma
incorreta, som sabor quo ou como isso afeta o interesse dos alunos, sou aprendizado
o consoqüontomento, sua autoestima (Kubo e Botomé, 2001) Resultados do pesqui
sas anteriores (Viecili o Medeiros, 2002b) sugerem que os profossoros ignorariam a
ação de contingências de reforçamento sobre os sentimentos o comportamentos
indicativos de autoestima, e de que consequenciariam seus alunos, na maioria das
situações, do maneira contingente ao desempenho dosojável ou indosojável por eles
(tanto de forma roforçadora quanto de forma punitiva).
Partindo-se do pressuposto que a observação e análise do comportamentos
envolvidos na relação professor-aluno possibilitariam o reconhecimento da ocorrência
ou não do contingências favoráveis ao desenvolvimento do sontimonto de autoestima e
posterior intervenção, propôs-se verificar:
- Por meio de observação direta, no contoxto de sala de aula, como os profosso
res reagiam diante das situações cotidianas desse ambiente, registrando com
que freqüência reforçavam e puniam seus alunos de forma contingente o não
contingento a desempenho específico (considerando "desempenho específico”
aquole desejável pelo professor, mas não necessariamente desempenho que
produzisse conseqüências reforçadoras para os alunos);
- Por meio de questionários, o quo os profossoros entendiam por autoestima,
como (ou se) acreditavam que ela se desenvolveria, e a relação que estabeleci
am entre seu próprio comportamento e a autoestima dos seus alunos.
Método
Local
A posquisa foi realizada om entidade educacional, de vinculação religiosa, sem
fins lucrativos e que tem como objetivo desenvolver programas com a juventude
ompobrocida.
Procedimento geral
A coleta de dados foi realizada em duas etapas. A primeira etapa foi composta
dç 10 intervalos de observação e registro cursivo, para cada um dos participantes, dos
comportamentos-alvo categorizados no Protocolo do Registro, com duração do 10 mi
nutos cada intervalo, durante os quais foi observada o registrada a maneira como o
professor conseqüenciava seus alunos.
Os professores participantes não foram notificados dos dias o horários em que
as observações seriam feitas, mas estavam cientes de quo os pesquisadores poderi
am realizar as observações em qualquer momento de qualquer aula. Isso ocorreu para
minimizar possíveis alterações (em função da observação) no comportamento do pro
fessor em sala de aula.
Resultados e discussão
Para a análise dos dados foi estabelecido quo o Reforço de Comportamento
Indosojável (RCI) seria o tipo do conseqüência provinda do professor que potencialmente
produziria autoostima, pois nosso caso roforçaria-se um comportamento do aluno que,
embora pudesse produzir conseqüências reforçadoras para o próprio aluno, não seria
necessariamente desejável do ponto de vista pedagógico (embora fosso, na maioria das
vozes, perfeitamente aceitávol ou tolerável). Como exemplos desse tipo do comporta
monto, podemos citar as seguintes situações observadas durante a primeira otapa;
“O aluno choga atrasado à aula e o professor o cumprimenta e pergunta se
está tudo bom com elo" - aposar de o aluno ter chegado atrasado e este ser um
com portam ento podagogicam onte indesejável para o professor, ele
consoquencia a chegada do aluno de forma potencialmente reforçadora.
• "Você está bem?", o professor pergunta para aluna de cabeça baixa; ola diz que
sim - Estar de cabeça baixa em sala de aula não ó um comportamonto desejável
do ponto de vista pedagógico. Mesmo assim o profossor consoquencia osso
comportamento do forma potencialmente reforçadora, demonstrando interesse
pela aluna e não pelo desempenho dela.
• Professor faz uma pergunta e os alunos respondem com uma brincadeira. O
professor ri e depois pede a resposta certa - Apesar de os alunos terem respon
dido a pergunta com um gracejo, o profossor não pune o comportamonto,
consequenciando-o com uma risada.
Primeira etapa
Os dados quantitativos (da primeira etapa) coletados domonstram quo, no
ambiente investigado, o comportamento dos professores em sala de aula om rolação
aos alunos foi, em sua maioria, contingente a desempenho ospocífico. Foram
rogistradas 253 ocorrências do Reforço do Comportamonto Desejável (RCD) o 243
ocorrências do Punição do Comportamonto Indesejável (PCI) (Figura 1). Isso sugere
que os professores freqüentemente consequenciavam positivamente comportamen*
Kcmitii (. ntliO ii t/om es, A lin e W jm le rlc y V illa s c h i, L loves P crcirj du Nascim ento,
L ybelle O liv ie r dc Ar<iújo, hm jn uelle l\m ê .i I i^ueiredo
tos que julgavam desejáveis e, ao contrário, puniam aqueles comportamentos cuja
freqüência desejavam diminuir - contingências relacionadas ao desenvolvimento de
sentimentos e comportamentos associados pela comunidade verbal à autoconfiança e
responsabilidade' (mas não necessariamente autoestima).
JOO
250
200
150
100
50
0
RCD RCI PCD PCI NCCO NCCI
1A HiiUK.-otilkKM (GuHtumli, 2002) ttwtn um» imtlálofH p n r n winlmwtlOH n c o n ifx tr lH n M in k m |x> »IM voh Hcmrrn Oh |*ó|x1u c«|)H(S(lH(tc iiiii rimll/iir
l í i i n f í i t t i i 6 ix M litn lu . p n x J u l o f nfixvo p o f t K v u « o i w g a l l v o |xuluíklo p u f ■ v O w » b w n f t u o m i k l M F t o f t f x x t M M I k t a l« 6
o n o < m d m l o h ( lo l n i m lr u i i k m
s o M tim o rilo » o uxiiporUimonlon com função (fci f u y j i im q u t v u ( lo M in v o M d o * u | w r t l r d o o o n U n g ô ttc U i« ( x x * d l i v u »
Segunda etapa
A hipótese levantada inicialmonto de que o conceito do autoestima que os
professores teriam estaria muito próximo ao do scnso-comum e distante do conceito
proposto por Guilhardi (2002) também se confirmou, uma vez que a autoestima foi, na
maior parte das respostas, considorada sinônimo de capacidade, habilidade, confian
ça e felicidade. Verificou-se que os professores não discriminavam claramente diferen
ças possíveis entre sentir-se estimado (autoestima) e sentir-se capaz (autoconfiança).
Também foi possível observar que 2 dentro os 4 professores questionados
atribuíram o sontimonto de autoestima a causas internas e independentes do contexto
(as contingências de roforçamento às quais os alunos são submetidos). Mas, embora
nem todos os professores relacionassem a autoestima a um produto de contingências
de roforçamento positivo de origem social, todos eles reconheciam que seu comporta
mento puderia contribuir para o desenvolvimento da mesma nos alunos.
Conclusão
Pode-se concluir do forma geral que os professores pareceram emitir em baixa
freqüência conseqüências que produziriam autoestima em seus alunos, embora acre
ditassem quo isso pudosso sor feito. Podem dcsconhocor como fazô lo o, portanto,
paroce importanto sugorir projetos com objotivo do orientar os professores a discrimi
nar formas do consequcnciar os alunos de maneira a produzir também comportamen
tos e sentimentos que chamamos autoestima no ambiente de sala de aula (do forma
compatível com o trabalho que os professores já desempenham no manejo do contin
gências favoráveis ao desenvolvimento de autoconfiança o responsabilidade).
Finalmente, embora os dados indiquem que os professores observados não
manejavam contingências necessariamente favoráveis ao desenvolvimento de autoestima,
é importanto destacar quo não foi verificado o efeito de fato das contingências manejadas
sobro o sontimonto dos respectivos alunos. Tal investigação sobre como de fato os alunos
inseridos em tais contingências se sentiam, quais os efeitos quo os comportamontos dos
profossoros produziam em tais alunos foi conduzida em estudo subseqüente (Gomes o
col., 2009), com os alunos como participantes diretos de pesquisa.
Referências
Introdução
A primeira descrição de características fenotipicas associadas a alterações
genéticas ó atribuída a Langdon Down em 1866 nas observações clinicas quo ole
realizou sobre um padrão comportamental, cognitivo o clinico do pessoas afetadas
pela Síndrom e de Down (Down, 1866). Transcorreram quase 100 anos ató o
desenvolvimonto de outro estudo, em que foi levantada a hipótese da existência de
determinados padrões de comportamento consistontes do acordo com uma determinada
doença genética. Trata-se do estudo de Money em 1963 que descreveu um perfil
deficitário do habilidades visoespaciais em pessoas com Síndrome de Turner (Artigas-
Pallarés, 2002). Embora ambos os pesquisadores tenham apresentado a relação
genótipo-fenótipo, o termo Fenótipo Comportamental associado a doenças genéticas
foi proposto pela primeira vez por Nyhan (1972), ao identificar um padrão típico de
comportamentos estereotipados e de auto-lesáo em pessoas afetadas pela Sindromo
de Lesch-Nyhan (Holland et al., 2003).
Tom sido crescente o interesse de pesquisadores cujos trabalhos focam a
relação ontre alterações genéticas e problemas do comportamento (Moldavsk, Lev e
I erman-Sagie, 2001, Holland et al., 2003, Hodapp e Dykens, 2005; Antonell, Campos,
Floros, Campuzano e Péroz-Jurado, 2006; Járvinen-Pasley et al, 2008; Bilder et al.,
2009). Assim dosonvolvou-se o tormo fenótipo comportamental para desecrover as
diversas inter-relações ontre alterações genéticas e problemas comportarnontais e
cognitivos. Fenótipo comportamental é definido pela Sociedade para Estudos dc
Fenótipos Com portam entais (http;//w w w ssbp co.uk/ssbp) como um padrão de
anorm alidades m otoras, cognitivas, lin g u ística s, co m p orta m e ntais e sociais
consistenternente associadas a um transtorno do causa biológica que provoca
ORH M tirw l m im , Irifjuero V e lo / Icixeit.i, Y. iiu C/«ir/u/, L .im iU K o m lin clli l o b u M onteiro,
M .iru i I m/d t/u n le * ^ M e*quit,i
motivos poios quais estudos brasileiros que descrevem fenòtipos comportamontais
em síndromes genéticas sejam praticamente inexistentes (Rossi, Morotti-Ferreira,
Cardoso-Martins, Silva, 2008). Um dos inventários mais utilizados no Brasil para
identificar altorações do comportamento de crianças com desenvolvimento típico ó o
Child Behavior Checklist-CBCU G-18 (Santos, Silvares, 2006; Borsa, Nunes, 2008).
Entretanto, sou uso no país devorá ser cuidadoso em relação ao mapeamento do
problemas dc comportamento, uma vez que os porfis sào comparados ás amostras
normativas de outros países, por exemplo, as normas americanas (Rocha, Araújo o
Silvaros, 2008).
O prosonto capítulo se propõe apresentar dados preliminaros de posquisa
sobre altorações de comportamento em grupos de crianças e adolescentes com
diagnóstico genético de Sindrome de Down, Sindrome de Prader Willi o Sindrome do
Williams. Junto com o diagnóstico médico da doença é necessário que sojam
executadas avaliações comportamentais, cognitivas o de linguagem para planojar
estratégias adequadas de manejo e intervenção. Uma brove caracterização do fenótipo
comportamental de cada uma das síndromes é desenvolvida seguidamente
A Sindrome de Williams foi descrita independentemente em 1961 e 1962 pelos
cardiologistas Williams o Beuren e é considerada uma aneusomia segmentar devido à
deleção hemizigótica do um gene contínuo no braço longo do cromossomo 7 -7q11.23
(Pascual-Castroviejo, Pascual-Pascual, Moreno Granado, Garcia-Guereta, Gracia-
Bouthelier, Navarro Torres et al., 2004). Do ponto de vista clínico genético, a maioria dos
indivíduos com SWB (99%) tem 15 Mb de deleção no cromossomo 7q11.23 (Sugayama
ot al., 2007). Dostaca-so nossa doloção o geno da elastina. Sua incidôncia ó do 1:20.000
até 1:50.000 nascidos vivos o a prevalência acima do 1:7.500 nascidos vivos (Meyer-
Undenberg, Mervis, Berman, 2006; Rossi et al., 2006; Rossi. , Moretti-horreira, Giachoti,
2007; Sugayama ot al., 2007). Estudos sobro a SW destacam um fenótipo não uniformo
c, por vezos, paradoxal. Nos aspectos comportamontais, descrevem se perfis típicos
caracterizados por excessiva sociabílidado, pouca seletividade no relacionamonto
intorpessoal (inclusivo com pessoas estranhas ao convívio familiar e social rotineiro),
melhor relacionamento com adultos que com seus pares, boa capacidade para
comunicar e perceber sentimentos de outras pessoas, dificuldades para solucionar
problomas o, preservação de habilidades de linguagem associadas a um vocabulário
fluido o ‘pseudopedante’ com dificuldades semãntico-pragmáticas (conhecido como
cocktail party), dentre outras (Artigas-Pallarés, 2002; Meyer-Lindenberg et al., 2006). Do
ponto de vista cognitivo também prevaloce uma não uniformidade, por oxemplo,
habilidades cognitivas preservadas e outras deficitárias. Dentre as preservadas
encontram-so a capacidade de expressão verbal, as habilidades musicais de dosírute
e interpretação o bons desempenhos em tarefas viso perceptuais, por exemplo,
reconhecimento de faces. Dentre as habilidades deficitárias encontram-se as de tipo
visoespacial, quocientes do inteligência compatíveis com retardo montai grave ou
moderado, déficit do atenção e concentração, dentre outras. Outros aspectos que
caracterizam o fenótipo da sindrome e que também podem interferir na emissão do um
diagnóstico de TDAH adequado são comorbidades psiquiátricas como Transtorno
Generalizado de Ansiedade e Transtorno Fóbico (Sugayama et al., 2007).
A Sindrome do Prader Willi é uma doença gonética cuja causa decorre da faltn
de expressão de genes da região cromossômica 15q 11 -q 13 paterna que sofrem o
fonômono do impnnting gonômico. Gono3 dosta regido têm oxprossão diforencial do
acordo com a origem parental do maneira que, a cópia paterna e matorna deve ostar
prosente para a expressão gènica normal. Os critérios da SPW estão bem estabelecidos
OfZO M iirid Cristina Irijjuero V e lo / Ic ix c ím , Y.im l/u r /u /, C iim il.i R ondm clli LoI>m M onteiro,
M .itiii I ui/.i t/uede* dc M e iq u itu
SPW e SD, ombora exista uma vasta literatura om outros países. Espera-se que o
prosente capítulo possa auxiliar às equipes educacionais e de saúde (pediatras,
psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, entre outros) no entendimento
de alguns dos problemas do comportamento que podem afetar crianças o adolescentes
brasileiros com desenvolvimento atípico determinado pelas síndromes em questão.
Os estudos que serào apresentados foram realizados no Programa do Pós-
Graduaçào em Distúrbios do Dosenvolvimento do Contro de Ciências Biológicas e da
Saúde da Univorsidade Presbiteriana Mackenzie.
Em relação ao mótodo de cada um dos estudos dostaca-sc que os instrumentos
de coletas de dados foram padronizados nos três grupos amostrais. Foram utilizados
para crianças entre 1 o 5 anos o Inventário dos Comportamentos de Crianças de 1Vi-5
anos - Child Behavior Checklist (CBCL/1 Vj-5) e. para crianças e adolescentos entro 6 o
18 anos o Inventário de Comportamentos de Crianças o Adoloscentes de 6 a 18 anos -
Child Behavior Chocklist (CBCL/6-18), respondidos polas mães o preenchidos pelos
pesquisadoros (Achonbach e Rescorla, 2001). Ambos os inventários avaliam
competências e padrões comportamentais nos últimos seis meses. Em sentido geral
as escalas dos instrumentos permitem identificar três perfis comportamentais: perfil do
competências, perfil das síndromes e perfil orientado pelo DSM. As escalas que os
compõem são: competência em atividade, competência social, competência escolar,
ansiedade/depressão, isolam ento/depressão, queixas somáticas, problomas de
sociabílidado, problomas com o ponsamonto, problemas do atonção, violação do rogras,
comportamento agressivo, problemas afetivos, problemas do ansiedade, problemas
somáticos, problomas de déficit de atenção e hiperatividado, problemas de oposição e
desafio, problomas do conduta, processamento cognitivo lonto, problemas obsossivo-
compulsivos, problemas do estresse pós-traumático. Os oscores brutos ohlidos são
convertidos a pondorados com auxílio do programa Assossment Data M a n a g o rl.2 (ADM)
(Achonbach e Rescorla, 2001).
Os dados obtidos foram analisados a partir de análisos descritivas do freqüência
de alterações de comportamento a partir dos escores pondorados do inventário em
função das classificações clínica, limítrofe e normal. Foram roalizados também análises
de correlação mediante uso de coeficientes Spearman o Poarson para buscar possíveis
associações entre as escalas das síndromes o as orientadas pelo DSM com as oscalas
de competências, dependendo do tipo de inventário.
Estudo 1
Participaram do estudo 29 crianças o adolescentes com diagnóstico do
Slndrome de Down, na faixa etária de 6 a 17 anos (Média=9,86, DP=3,68), 18 do sexo
masculino e 11 do sexo feminino. Do total, 27 freqüentavam regularmente escolas
municipais do onsino fundamental e, apenas dois participantes freqüentavam escolas
especiais (Garzuzi, 2009), As crianças e adolescentes foram rastroados pela Secretaria
do Educação do Município do Baruori - SP, na condição citada, quo concordaram om
participar do estudo. O projeto foi aprovado pelo Comitê do Ética sob o Processo CEP/
UPM n°1093/10/2008, CAAE no 0070.0.272.000-08.
l u m p o rid rn rn lu c (. oflmçfu» 2 5 3
Resultados e discussão
Do acordo com a Figura 1 os cscorcs T módios do grupo indicam quo, om todas
as oscalas de internalizaçao (Ansiodade/Uepressao, Isolamonto/Oopressão, Quoixas
Somáticas), os indivíduos com SD entre 11 e 17 anos obtiveram uma pontuação acima do
grupo de crianças com idado entro 6 e 9 anos e om apenas uma das oscalas de isolamento/
depressão o grupo classificou dentro da faixa limítrofe (65 pontos). Isso mostra quo o
grupo de adolescentes apresonta maiores problemas de internalização do quo o outro
grupo. Esto resultado corrobora o estudo apresentado por Dykens (2007), no qual afirma
quo alguns problemas se dosonvolvem nessa faixa otária, como problemas intornalizantes
do tipo isolamonto o doprossáo, o quo os adoloscontos tondom a ficar mais rosorvados,
quietos e preferem ficar sozinhos (Evans et al., 2005).
M tir u Cristina IriRucto V e lo / leixeiM, Y.ir.i C/ur/u/, C iim ilii R ondinelli 1'obr.i M onteiro,
M iiri.i I u i / j C/uede* de M c s q u itj
Também na categoria de intemalizaçào, mostrar-se medroso (1,25), ideias de perfeição
(1,11) o, modos (1,67). Estes achados qualitativos coincidem com os do estudo de
Evans e colaboradores (2005).
Estudo 2
Foi realizado com uma amostra composta por 11 mães de crianças e adolescentes
com diagnóstico clinico o citogonêtico-molecular da Síndromo do Prader Willi. Em relação
ao diagnóstico molecular, houve predomínio do subtipo gonótico dcleção cromossômica
(em 9/11 sujeitos). Os outros dois sujeitos (18%) apresontavam o mecanismo da Dissomia
Uniparental Materna Dados completos deste estudo já foram publicados (Mesquita, 2007,
Mosquita, Brunoni, Neto, Kim, Melo, Teixeira, 2010). A pesquisa teve aprovação do Comitê
do Ética sob o Processo CEP/UPM n° 985/08/07 e CAAE - 0035 0.272.000-07. A módia de
Indice de Massa Corporal do grupo foi 31,96, valor compatível com obesidade para pessoas
de 6 a 18 anos, segundo Must, Dallal e Dietz (1991).
Resultados e discussão
Nas escalas de competências nas áreas social, escola o atividades observou-
se que a escala social - que avalia essencialmente número de colegas e organizações
sociais que a criança froqüenta - , pontuou na faixa da normalidade (média=38,5 pontos).
As competências em atividades (realização de esportes o lazer - média=30,8 pontos) e
escola (média= 28,3 pontos) indicaram a presença de problemas.
Houvo altoraçõos comportamontais om rolação ás oscalas ‘ Isolamonto/
Depressão’ e 'Problemas sociais’. Isto é, excessiva dependência de adultos, solidão,
ciúmes e dificuldades no rolacionamento social. Também as oscalas ‘Comportamento
Agressivo', 'Problomas de sociabilidade' e ‘Problemas com o ponsamonto' mostraram
alterações manifestas por ideias obsessivas, comportamentos auto-lesivos, alucinações,
tiques, alterações do sono, desobediência, heteroagressividade, impulsividade. Quatro
das seis escalas do CBCL/6-18 que são orientadas pelo DSM pontuaram dentro da
faixa limítrofe (Problemas afetivos- 67,5 pontos; TDAH- 65,1 pontos; Comportamento de
dosafio o oposição -65 pontos e, Problemas de conduta -67,7 pontos). As duas restantes
classificaram normal (Problemas somáticos - 59,5 pontos e Problomas de ansiedade
-60,3 pontos).
Estudo 3
Participaram do estudo 10 crianças o adolescentos com diagnóstico clínico-
genótico de Síndrome de Williams, entre 5 a 16 anos pareados por sexo e idade com
um grupo controle formado por crianças com desenvolvimento típico. A confirmação de
diagnóstico dos participantos com SW ocorreu mediante laudo de examo citogonótico
molecular com confirmação de deloção hemizigótica no cromossomo 7 (7q 11.23) ou
laudo com avaliação clínica para a síndrome, ambos emitidos por médico yuneticista.
Os pacientes foram selecionados do Serviço de Genética do Instituto da Criança da
Faculdade do Modicina da Universidade de São Paulo. A posquisa teve aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Processo CEP/
UPM n° 1027/02/2008 e CAAE n" 004.0.272 000-08). Em decorrência do crianças abaixo
de 6 anos neste ostudo utilizou-se também o Invontário dos Comportamentos do
Crianças de 1Vá-5 anos - Child Behavior Checklist (CBCL/V/a-S).
Conforme observa*se na tabela 1. todas as médias dos oscores das escalas
do grupo controle se localizam dentro da normalidade, diferente das do grupo com SW,
com escores mais elevados. Uma ANOVAfoi realizada para comparar apenas as escalas
Problemas Obsesslvo-
Compulsivos 63,2 10 50,8 1.7 11,87 <0,01*
M a ria (_'n*lma IriRucro V e lo / Icixcira, Vara Q a r/u /, Cam ila K om lm clli l obra M o n lcn o ,
M a iia I ui/a C/ueile* ilc Mesquita
do invontário do CBCL/6 18 entre os grupos (Grupo SW, N = 8; Grupo Controle N = 8).
Não foram observadas diferenças om relação à ANOVA anterior com exceção da escala
do problomas de atenção (F= 4,59, p= 0,04) que demonstrou diferença estatisticamente
significativa entre os grupos.
Foi roalizada uma análise de variância univariada (ANOVA) para comparar a módia
das escalas compatíveis dos invontários do CBCL/1'/j-5 o CBCL/6 18 entro os grupos
com SW o o grupo controle. Como mostrado na Tabela 1, com intervalo do confiança do
95%, vorificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre os grupos nas oscalas:
Problomas Sociais (Fs 14,75, p<0,01), Problomas com o Pensamento (F=4,75, p=0,04),
Problomas Intornalizantes (F=7,57, p=0,01), Problemas Totais (F=5,23, p=0,03), Problemas
Afotivos(F=7,01, p=0,01), Problomas de Ansiodado (F=7,75, p=0,01), Problomas Somáticos
(F*4,66, p-0,04), Problemas Obsessivo Compulsivos (F=11,87, p<0,01) e Problemas do
Estresse Pós-1 raumático (F=5,58, p=0,03).
As alterações observadas no padrão comportamental dos participantes com
SW (como mostradas nos escoros do CBCL) somadas à deficiência intelectual (obtidas
no teste de inteligência - dados de pesquisa não publicados dentro do capítulo) devem
ser cuidadosamente observadas nos diferentes ambientes em que estas crianças so
desenvolvem. Na escala Problomas do sociabilidade do CBCL/6-18 as pontuações do
grupo com SW foram elevadas, demonstrando quo oles apresentam dificuldades de
relacionamento; embora, na escala de Competência Social (quo mede frequência de
intoraçõos sociais) as pontuaçõos apontam para a normalidade. Isto alorta para o
cuidado que deve sor tido ao avaliar a qualidade dessas intoraçõos. Estos dados
coincidem com estudos anteriores (Artigas-Pallarés, 2002; Meyer-Linderberg et al., 2006;
Jãrvinon-Pasloy et al., 2008). Outras variávois quo podem contribuir para a oscala do
problemas sociais são alterações do comportamento do tipo ansiedade, depressão,
problemas de atenção, cujos escoros foram olevados no grupo com SW so comparado
com o GC, assim como o mostram outros trabalhos (Artigas-Pallarós, 2002; Sugayama
et al., 2007; Rosi et al., 2007; Jauregi et al., 2007).
Conclusão geral
Apesar dos númoros amostrais serem restritos nos três ostudos aprosentados,
as alterações de comportamento observadas indicam que, em longo prazo, muitas
destas, se não tratadas, poderão evoluir para transtornos psiquiátricos de maior gravidade
(transtornos de humor, Transtorno de Dóficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno
Desafiador de Oposição), dentre outros, assim como se comprova em estudos anteriores
sobre transtornos mentais em pessoas adultas com essas síndromes genéticas
(Artigas-Pallarós, 2002, Cassidy e Driscoll, 2009).
Há necessidade do um acompanhamento multidisciplinar destas crianças c
adolescentes que devorá sor redobrado na idade escolar devido ao comprometimento
que muitos destes problemas produzem no desempenho social e escolar. Estudos
futuros para avaliação comportamental o cognitiva mais exaustiva destas pessoas devem
sor roalizados. É provável que a avaliação destes grupos com outros instrumentos
padronizados e registros de observação comportamental, consigam identificar alterações
de mais difícil manejo como estereotipias gestuais, comportamentais e corporais,
comportamentos auto-agressivos, comportamentos destrutivos, entre outros. Devido
ao elovado índice de problemas nas competências de desempenho oscolar observados
parto-se do pressuposto que muitos problemas de comportamento dovam estar
interferindo na adaptação doles no ambiente escolar.
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• Mini mental;
• Avaliação das funçõos corticais - Lúria, adaptação de Dr Ricardo Nitrini e
Dra. Beatriz Lefóvro;
• CDR - Estadiamonto clínico das demências;
• AVD - Escala do atividades de vida diária; Escala dc Rcisbcrg - Scvcrc
Impairment Bateria SIB.
Referências
26H tarin.i l h.iubrt |) A lc.tnlc, ile ( )Iiv c im C/oi », IV ilio I. /uccolo, Sylvie (. .nolin.i I’ M osclicll.i
hospitais e clínicas, e hoje se configura como um dos grandes métodos do investiga
ção do comportamento humano.
O neuropsicólogo tem por objetivo principal correlacionar as alterações obser
vadas no comportamento do cliente com as possíveis áreas cerebrais envolvidas, rea
lizando ossencialmonte, um trabalho de investigação clínica que utiliza testes e exercí
cios neuropsicológicos.
Temos abaixo os principais objetivos da avaliação neuropsicológica:
- A u x ilio d ia g n ó s tic o : quando é solicitado para fornecer subsídios para a
identificação c a delimitação do quadro (nourológico e/ou psiquiátrico).
Como se pôde ver, a avaliação neuropsicológica podo ter diversos usos dife
rentes e pode contribuir para o entendimento e manejo de quadros tão diversos envol
vendo transtornos do dosonvolvimento, quadros nourológicos, psiquiátricos ou mosmo
doenças que afetam secundariamente o sistema nervoso central (SNC). Os problemas
que se manifestam na cognição o no comportamento podem ocorrer tanto durante o
dosonvolvimento e serem percebidos na fase escolar, como na fase aguda das doen
ças, ou ainda, no decorrer da evolução de uma doença ou de um tratamento.
2 7 0 L .trim I b.iubol I A lo t n l c , luluin.i ile ( )I ivcim t/ ó i*, IV dio I . / uccolo, Sylvic l\m >lirhi I’ MoschelKi
A análise quantitativa consiste na interpretação dos resultados na testagem,
através da mensuraçáo objetiva do funcionamento de cada função cognitiva. Já a análi
se qualitativa consisto na observação do comportamonto feita polo profissional e no
exercício de se relacionar os resultados quantitativos aos rogistros comportamentais.
A seguir, será feita uma breve discussão dos usos atuais da avaliação
neuropsicológica nas diferontes faixas etárias.
2 7 2 C iiftiw l b.iubel I) A lciinte, luliitriii ilr ( )liveir.i C/ói», IV ilio I /uccolo, Sylvie C. jio ln iii I’ M osdielt.i
respostas, levando ao prejuízo das capacidades como flexibilidade para mudar de es
tratégia, tomada de decisão e resolução de problemas. Além de importantes prejuízos
na adaptação psicossocial dos indivíduos uma vez que essas capacidades também
são recrutadas no exercício das habilidades sociais.
Em resumo, a caracterização do perfil neuropsicológico no transtorno obsessi
vo- compulsivo apresenta importantes achados que apontam para dóficits das funções
executivas nessa psicopatologia bem como o envolvimonto das regiões do circuito pré-
frontal dorsolateral (CPF-DL) e do circuito pró-frontal órbitomodial (CPFOM) demonstra
do pelos resultados dos testes neuropsicológicos e pela junção destes resultados aos
dos estudos de neuroimagem. Principalmente os achados quanto â organização e
hiorarquização do informações, que pode ser interpretada ao avaliarmos o comporta-
monto no TOC como uma expressão da excessiva focalização nos detalhes ao invés da
compreensão o a observação do todo.
De acordo com estudos anteriores, o córtex orbitofrontal estaria envolvido na
atribuição de significado às conseqüências das ações do indivíduo e, portanto, fornoce
suporte à tomada de decisões. O córtex do cíngulo anterior ó recrutado em situações
ambíguas em que existem várias possibilidades de resolução O córtex dorsolateral
pró-frontal tem um papel central no processamento cognitivo de informações relevan
tes, que são integradas pelo núcleo caudado, cujo papel é controlar os programas
comportamentais. Esto circuito se disfuncional em qualquer um desses estágios, pode
rosultar os comportamentos ropotitivos caractorísticos do TOC (Aouizorato, et al. 2004)
Tendo conhecimento disso é possívol que om um futuro próximo possam sor
propostas intervenções que levem om conta os aspoctos neuropsicológicos quo estão
deficitários nos indivíduos portadores de TOC, para quem sabe reabilitar ostas funçóes,
melhorando dossa forma a possibilidade deste indivíduo de responder ao tratamento
tanto psicotorápico como medicamentoso e conseqüentemente sua qualidade de vida
(D'Alcante, 2010).
2 7 4 (.«irniii l k iu b c l D Alc.m tc, luium.i ilc O I ivcim l/ú i* , 1’cilto I 7uccolo, Sylvie L iiiu lm ii I’ Moscliclld
çào (referida popularmente como memória para fatos recentes), enquanto que sujeitos
com demência decorrentes de doenças cérebro-vascularos geralmente apresentam
maior dificuldado para sustentar a concentração, além de problomas quanto à capaci-
dado de tomar decisões e planejar ações de maneira eficientes (o que na linguagem da
neuropsicologia ó referido como prejuízo nas funções executivas) (Reed ot al, 2007,
Graham, Emory o Hodges, 2004).
Apesar de oxistir uma vasta literatura sobre o diagnóstico diferencial das do-
mências através do método neuropsicológico, ainda não está totalmente esclarecido
qual ó o déficit cognitivo quo as diferencia molhor, ou então, qual ó o sinal cognitivo que
diforoncia o envelhecimento normal e patológico. De qualquer manoira, a avaliação
neuropsicológica ó do suma importância na discriminaçao ontre funcionamento cognitivo
normal e patológico, e entre as dificuldades cognitivas relacionadas com a doprossão
tí outras disfunções (Bertelli, et al., 2007; Salmon & Bond, 2009).
Foi apresentado uma breve introdução dos usos da avaliação neuropsicológica
para fins do diagnóstico de transtornos cognitivos em idosos. A avaliação
neuropsicológica também pode ser usada para outros fins, porém não seria possível
descrevê-lo de maneira satisfatória aqui, tendo em vista o escopo deste artigo. Ao leitor
basta sabor que os dados do avaliação tem sido usado também em programas de
reabilitação neuropsicológica na população idosa, em portadores de demência, do
outras dosordens, ou até mesmo om sujeitos saudáveis.
Reabilitação Neuropsicológica
A reabilitação nouropsicológica tem como objetivo promovor melhor quolidado
de vida aos clientes e seus familiares, otimizando o aproveitamento das funções
cognitivas que se apresentaram total ou parcialmente preservadas na avaliação
neuropsicológica, através do ensino de “estratégias componsatórias, aquisição de no
vas habilidades e a adaptação às pordas permanentes. O processo de reabilitação
proporciona uma conscientização do cliente a respeito do suas capacidades cognitivas
preservadas, o que implica em uma mudança na auto-observação e, possivelmento,
uma aceitação do sua nova roatidado (D'Almcida ot. al., 2004).
A reabilitação neuropsicológica tem sido usada clinicamente muito recente-
monto. As principais técnicas utilizadas no processo de reabilitação neuropsicológica
são derivadas da análise do comportamento, como a modelagem e o controle de estí
mulos. Além disso, no processo do avaliação, muitos neuropsicológos têm so benefici
ado grandemente da análise funcional, tendo assim mais subsídios para o entendi
mento e reabilitação do cliente. Fica evidente que a análise do comportamento e a
neuropsicologia têm muito para contribuir uma à outra.
Desta maneira, o desafio que fica é o do utilizar métodos de avaliação com
habilidade para medir mudanças que reflitam aquilo que tem sido trabalhado com os
clientos nos programas de reabilitação. A colaboração entro analistas do comporta
mento e neuropsicólogos tom potencial para contribuir substancialmonto nesta área,
Conclusão
As principais razões para a solicitação da avaliação nouropsicológica foram
mencionadas. Por se basear na relação cérebro/comportamento so prosta a corrola-
çóos com outros métodos de estudo do funcíonamonto o constituição humanas (como
exames de neuroimagem) o amplia os conhecimentos da relação córebro/comporta-
mento/monta ou cérebro/comportamento
Referências
2 7 6 C.innii C k iu b c t l>'Alc»tntc, luli.tn>i »If ( )livpir.i I' a m i , I’n l i o l . /ucculo, S ylvir t .imlm.i I’ Moschcll.i
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Outro Diálogo:
- Querido -ela pode-, quando vocô levar o cachorro para passear, poderia por esla carta
no correio para mim!
- Claro!
- E pegar meu vestido na lavanderia?
-O .k .
- Sabe o que eu realmente queria? Um sundae de baunilha com castanha e cobertura
de morango.
-O .k . - Ele vai em diroçdo ò porta.
- Espora al! Escreva senão vocô vai esquecer.
- Não vou esquecer. Sundae de baunilha com castanha e cobertura do morango. - Elo
sai.
Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer é a causa mais freqüente do demência irroversível em
adultos. Foi descrita pela primeira voz em 1907 por Alois Alzhoimer, neuropatologista
alemáo. A deterioraçào intoloctual progride gradualmente dosde as pequenas perdas
de memória ató a incapacidade total. Os estudos necroscópicos de pessoas que pade
ceram da Doença de Alzheimer mostram alterações estruturais no cérebro. A causa da
doença ó desconhocida e até o momento atual os cientistas nãos sabem ainda como
detê-la nem como curá-la No entanto, pode-se fazer muitas coisas para que o paciente
se sinta mais confortável e para que a família tenha a sensação de ter controle sobre a
situação. (Mace et al. 1991).
É uma doença nourológica, progressiva e degenerativa. Ocorro uma acentuada
perda de neurônios no cérebro. Compromete a memória, o pensamento e o raciocínio,
observados através das alterações de comportamento. Impede novas aprendizagens.
A DA manifesta-se a partir dos 40 anos mas é muito comum a partir dos 55
anos. Evolui lenta ou rapidamente levando em média de 5 a 20 anos para se desenvol
ver completamente.
A doença onvolve um fator genético. Quanto mais próximo for o familiar (pai ou
mãe) portador da doença, maior a chance de um paronte desenvolvê-la. Entretanto,
outros fatores além da genética, favorecom o aparecimento da doença. Mesmo entre
gêmeos idênticos é possível que um desenvolva a doença e outro não, o que sugere
que fatores ambientais também devom ser importantes.
Afeta a família toda. Uma demência supõe uma carga pesada para a família.
Pode significar muito trabalho e grandes sacrifícios econômicos, aceitar a transforma*
çâo de alguém que conhecemos e que nunca mais voltará n ser como antes. Acarreta
mudanças importantes nas relações e responsabilidades familiares assim como gora
desacordos dentro do círculo familiar (Mace et al. 1991).
"Nem mais uma palavra, nem um brilho de reconhecimento no olhar auando mo
inclinei uara ela. Logo so enrolou de nuvu nos lençóis e na ausência... Lonao
corredor pelo aual minha mão tinha so perdido" (Lva Luft. 2009)
É verdadeiramente Doença de Alzheimer quando além de esquecer onde se
colocam as chaves ou os óculos já não se sabe mais a função do deles, ou seja, para
que servem.
Alterações do Comportamento
São muitos os aspoctos da Doença de Al/heimor o esto é, som dúvida um dos
mais angustiantes.Os fatores geradores das alterações do comportamento podem
estar relacionados às contingências presentes na vida do portador da DA, aos cuidados
dospendidos a ele ou a própria evolução da doonça. Muitas vezes estas alterações são
tentativas de comunicação. Muitas providências podem ser tomadas minimizando e até
resolvendo os distúrbios. A inquietação e a vagância são comportamentos que muitas
vezes irritam o cuidador, pois andam por toda parte repetindo frases muitas vezos som
sentido e num ir e vir se sossego, horas a fio. Muitas vezes seguem o cuidador por toda
a parto, ropetindo gestos, palavras ou atos. Diante de desaparecimento de objetos
reagem com acusações e insultos. Muitas vezes escondem, perdem ou esquecem,
mas óbvio que não fazem de propósito. A sexualidade também apresenta alterações, se
comportam sem malícia, sem vergonha e sem pudor.Também aparecem as alucina
ções, as ilusões e agressividades, decorrentes das frustrações, da incapacidade de se
oxpor diante das circunstâncias aversivas e de interpretar coorontomonto o quo aconte
ce à sua volta. As sensações físicas como dor, sons e ruídos, fomo, sede, frio, calor,etc.
podem gerar desconforto de humor. Ciúmes exagerado, falta de autocrítica também
compõe esta fase.
Linguagem
No início da Doonça do Alzheimor o paciente tem a sua comunicação afotada
polo fato do esquecer palavras ou interromper as frases por não se lombrar do quo
ostava falando A interação social diminui. Com o avanço da doença, há dificuldado para
iniciar uma conversa, para formular e responder perguntas. A repetição de frases acom
panhada do outras frases sem sentido faz com que se torne muito difícil comproondor
o que querem dizer e encadear uma comunicação razoável.O discurso é muito confuso.
Posteriormente a linguagem se reduz a uma fala monossilábica ató a perda total da
capacidade de falar.
Dificuldade Motora
A perda da coordenação e das habilidados motoras, especialmente as manu
ais, dificultam muito a independência e as atividades diárias. As dificuldades motoras
so iniciam com dificuldado para escolhor o vostir roupas, manusoar tnlhoros, oscovar
dontos, pontoar cabolos. Barboar-so, maquiar*sc tomar banho.Com o tompo voi so
instalando a impossibilidade do cuidar de si próprio. Na sequência da evolução da
doença há dificuldade motora para falar, andar, sentar, sorrir, engolir. Há necessidade
de sonda nasogástrioa para manter o portador alimentado e hidratado Posteriormente
6 necessário se recolher ao leito, assumindo a posição fetal.
Perda da Consciência
Há o desconhecimento total do si o dos outros Incapacidade para roagir e se
comunicar.
Estimativas Mundiais
As estimativas mundiais são assustadoras. Pesquisas indicam quo haja no
Brasil 1 milhão de portadores, nos EUA 5 milhões de portadores, na China 6 milhões de
portadores e na Europa 7 milhõos do portadores do Doença de Alzheimer.
Em 2009 foram 25 milhões de portadores o em 2047 serão mais de 40 milhões
o 4.6 milhõos do possoas dosonvolvom domôncio a cadn ano sem porspoctiva o cura.
A cada 70 sogundos há um caso novo do DA.
A DA ó a 3a causa de morte nos paísos desenvolvidos pordondo aponas para
Doenças cardiovasculares e Câncer.
Os países probloma são aquoles com queda rápida de natalidade e aumento da
longevidade. Quanto mais idosa uma população maior a prevalência das demências.
No Brasil
No Brasil nào há dados precisos mas estima-se que 1 milhão de pessoas
tenha o diagnóstico de Doença de Alzheimer. A cada 1000 pessoas 14 delas tem de
mência e 8 são portadoras de DA.(Informações extraídas da revista científica The Lancet
de dez/05; Epidemiologia da Saúde Mental no Brasil - Cadernos do Saúde Pública
2007-2008; Site: http:// www.DsiQwob.med.br/Qeriat/alzh.html , Marc Lallanilla por
About.com; Dr. Luis Ramos - Coordenador do Centro de Estudos do Envolhecimonto da
Unifesp)
Quem cuida?
"O cuidador o a pessoa dirotamonto responsável polo paciento (o cuidado) quo
convive diariamente com ele e lha presta os cuidados elementares, administrando
modicamontos, supervisionando e mantendo contato regular com o médico
assistente O cuidador pode ser um familiar, amigo ou profissional contratado "
(Sayog, 1991, p. 263)
"h/do isto ostá errado, eu vou consertar e tudo ficará certo, e isso ontao, fica no
zero, e eu com isso, náo sei o que é certo ou errado, mas ainda vou saber, irei para
a escola pata aprender Nôo sei de nada e nôo quero saber" (Bilhete escrito por A.,
portador de DA e encontrado pela sua esposa)
"Na minha juventude, eu havia estudado plano clássico e pensei em me tornar uma
pianista clássica. Na vida adultB. o otano era uma terapia tranquilizadora e tambóm
um passatempo favorito com o oual me deleitava. Nesta altura, descob/i üuq não
conseauia mais ler música com facilidade. Minha mtemretacáo tornou-se bastante
inexpressiva a ficava envergonhada o amue muitas vozes nâo conseguia lembrar
o nome das minhas músicas favoritas nem seus compositores.. Minha habilidade
havia desaparecido... O aue me restava aaora era uma atearia imensa em ouvir
gravações musicais." (Mc Growin,1993, p 113)
A ssociar-te: Somar forças para enfrentar uma situação difícil, desafiadora que
num primeiro momento parece invencível. Associações ou Grupos de Apoio são alterna
tivas bastante eficazes e utilizadas mundialmonte para apoiar o cuidador.
Objotivos das Associaçõos são promover o apoio, protoção, orientação o todos
os possíveis o quaisquer auxílios para o bom desenvolvimento físico, emocional o
social dos portadores da DA. Orientar os familiares e cuidadores dos portadores da DA.
Informar o familiar sobre a doença fazendo-o comproonder o diagnóstico e dando-lhe
informações sobre a seqüência da doença. Estabelecer uma relação de apoio com
todos aqueles que se sintam envolvidos com a doença.
Referências
Introdução
Ao ponsar sobro inclusão, não podemos focar apenas a inclusão de pessoas
com problemas físicos, do visão, audição, cognição o comunicação; é necessário am
pliar a concopção do incluir, como por exomplo, pessoas de diferentes etnias, classes
sociais, religiões, opções sexuais, doenças e síndrome muitas vezos raras. Por osto
prisma, a inclusão continua sendo um grande desafio na educação em toda sua ampli
tude o tom sido foco de muitas pesquisas e discussões na área acadêmica, pois
implica mudanças e transformações não apenas na estrutura do ambiento escolar,
como também na formação e capacitação dos profissionais quo atuarão nosto proces
so. Tais mudanças priorizam o aprimoramento dos conhocimentos e das práticas pe
dagógicas para que o atendimento educacional, com qualidade, possa sor oferecido a
todos os educandos, tonham elos, ou não, necessidades educacionais especiais.
O documento Direito à Educação (2006), do Ministério da Educação, no capítulo
do Dirotrizos Nacionais da Educação Especial na Educação Básica, dofino o oducando
com necessidades educacionais especiais como sendo aquele que, durante o proces
so educacional, apresentar: altas habilidades/superdotação, isto significa ter grande
facilidade de aprendizagem que o leve a dominar rapidamente conceitos, procedimen
tos e novos repertórios comportamentais; dificuldades acentuadas de aprendizagem
ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das
atividades curriculares, relacionadas a condições, limitações, disfunções ou deficiênci
as; ou, ainda, dificuldades não vinculadas a uma causa orgânica específica, deman
dando a utilização do linguagons o códigos do comunicação o sinalização diforoncia-
dos dos domais alunos
Os dados divulgados pelo Ministério da Educação, referontes ao Censo Esco
lar (2006) o aprosentados pela Secretaria do Educação Espocial, rovelam quo de 2002
a 2006 houve um aumento crescente no número do matrículas de inclusão na rodo
rogular de ensino atingindo um percentual de 194% neste período; ainda, o número do
alunos com Síndrome de Down, que vem a sor o público alvo do prosonto estudo,
matriculados cm 2006 nas classos regulares, foi dc 10.322 alunos.
Método
O presente estudo foi realizado em uma Associação, sem fins lucrativos, para
atendimonlo de pessoas com Síndrome de Down, situada numa cidado no interior do
estado de São Paulo, na região do Vale do Paraíba. Participaram quatro indivíduos com
Síndrome do Down, todos do sexo feminino e com idades variando ontre novo o 25
anos.
Utilizaram-se um notebook, com recurso multimídia, uma impressora, folhas
de papel A4 para improssão dos relatórios de cada participante, referentes a cada
sessão; o softwaro Mestre <Goyos e Almeida, 1996) para execução da programação de
292 Nelirui M.irt.i I flix C .ipi Villiiç»i ilf V>u/.i Him»*, Mcl.tm.i M o ro /
figura) e AC (palavra ditada/ palavra impressa), sendo verificada a emergôncia das
relações não ensinadas BC (figura/ palavra impressa), CB (palavra impressa /figura),
CD (leitura expressiva); b) Aplicação do Teste de Leitura das 10 palavras ensinadas,
das palavras de generalização e das frases de generalização (Teste 1); c) Verificação da
manutenção do desempenho, após 25 dias, com reaplicação do Teste de Leitura das
palavras onsinadas (10 palavras) c das palavras c frases do generalização (TostdM),
em virtude da ocorrência do período de férias; d) Revisão das 10 palavras ensinadas,
em virtude dos resultados obtidos no Teste 1M, e Teste de Leitura das palavras ensina
das e das palavras o frases do generalização (TesteiR); e) Ensino das últimas cinco
palavras e aplicação do Teste de l.oitura das palavras ensinadas (15 palavras) e das
palavras e frases do genoralizaçào (Teste2).
Resultados
Os resultados dizem respeito ao conjunto de informações obtidas a partir dos
relatórios emitidos pelo software Mestre. Inicia-se pela apresentação dos resultados
relativos ao repertório prévio (IAL-I), sendo utilizados como valoros do referência os
índices iguais ou superiores a 00% de acertos, como indicativos de desompenho
satisfatório; entre 60% e 79% de acertos, como indicativos de desempenho insatisfatório
e os índices abaixo de 60% de acertos, como indicativo do desempenho deficitário. As
siglas SP indicam palavras formadas por sílabas simples e CPX indicam palavras
formadas com sílaba complexa,
l omportitmonto c lotfm çÒ o 2 9 3
nar estímulos escritos idênticos. Em relação a P1, verifica-se que apresenta desempe
nho nulo em todas as relações; sendo assim, 6 um participante que não tem domínio,
sequer rudimentar, de leitura e escrita.
No que se refere ã relação BC (figura-palavra escrita) com palavras com síla
bas simplos, aponas P2 apresontou um indice satisfatório (83% de acertos). Os de
mais apresentaram desempenho deficitário, tondo P4 50% do acertos e P3 com 33%.
Na mesma rolação envolvendo sílaba complexa observou-se que o melhor dosompo-
nho foi o de P2, que obteve 50% de acertos. Na relação CB (palavra escrita-figura), nas
palavras com sílabas simplos o dosempenho máximo foi de 55% de acertos (para P2,
P3 e P4); nas palavras com sílabas complexas os valores foram ainda mais baixos,
pois P2 o P4 atingiram apenas 33% e P3 16% do acertos. Nosta rolação, a dificuldado
dos participantes é ainda maior do que na relação BC. Os dados indicam que a leitura
compreensiva, avaliada pelas relações BC e CB, está om nível doficitário para todos os
participantes, inclusive P2, que chegou a atingir 83% apenas em BC com sílabas sim
ples. Os resultados indicam a existência do um qrau de dificuldade maior quando a
relação envolve sílaba complexa.
Na relação AC (palavra ditada-palavra escrita), P2 foi uma exceção, com 92% de
acertos nas sílabas simples. Os demais obtiveram resultados bem inforioros tanto
para palavras com sílabas simples (com variação do 0% a 43% do acortos) quanto com
palavras com sílabas complexas, cujos valores ficaram entre 0% a 27% de acertos.
Mantóm-so a caractorística do maior dificuldado para as tontativas cm palavras com
sílabas complexas.
Na rolação CD (loitura expressiva), P2 obteve índice de 77% de acortos nas
palavras formadas com sílabas simples, piorando de forma evidonto o dosempenho na
leitura de palavras formadas com sílaba complexa, já quo seu percentual de acerto (8%)
foi mínimo. Os demais apresentaram desempenho nulo. Ressalte-se a dificuldade
apresentada pelos participantes na loitura exprossiva, a qual é praticamente inexistente
quando as palavras contêm sílabas complexas
Os resultados do P2 chamam a atenção, pois apresenta loitura roccptiva (rela
ção AC) o leitura expressiva (rolação CD) com elevada porcontagom do acortos, quando
nas rclaçõos BC e CB (loitura compreensiva) tove desomponho doficitário (com oxcoção
do BC com sílabas simplos). Evidencia-se que, embora choguo a aprosentar compor
tamento textual (omita os sons correspondentes à escrita) do palavras compostas por
sílabas simples, não compreende o quo foi lido.
Os dados apresentados evidenciam repertórios de leitura pouco desenvolvi
dos. Embora tenham ocorrido variações nos resultados, é possível dizer que os partici
pantes não possuem loitura compreensiva, apenas um deles (P2) consegue decodificar
palavras compostas por sílabas simples, sendo que nenhum deles consegue ler pala
vras que contém sílabas complexas.
Destes quatro participantos, aponas P3 o P4 completaram toda a programação
de onsino, cujos resultados sorào aprosontados, a seguir; para a conclusão da progra
mação do ensino, foram necessárias, no máximo, 20 sessões, totalizando 13 horas e
35 minutos.
A Figura 2 apresenta o percentual geral de acertos dos participantes nas rola-
ções ensinadas (CC, AB, AC) e nas relações emergentes (BC, CB, CD).
■M
Considerações finais
Os resultados obtidos na avalíaçào do repertório inicial do leitura dos particí-
pantos ovidonciaram, para três dolos, roportórios praticamente inoxistontos no quo su
refere à loitura expressiva (relação CD). Os melhoros desempenhos foram apresonta-
dos nas relações CC, BC e AC (com palavras formadas por sílabas simples). Apesar dc
os participantes terem Síndrome de Down, com comprometimentos reconhocidamonte
atestados pola literatura, foi possível utilizar o IAL-I, o que indica que, independentemen
te da idade e das características individuais, é um instrumento que permite identificar as
Referências
IsaMa /ame
Nalalia M ana Aggio
PrÍMÍla Henile/
Pós-C/raduaçào cm Psicologia da Universidade I ederal dc São Carlos.
Método
O estudo foi realizado a partir do levantamento bibliográfico sistomático do
artigos científicos na área de Análise do Comportamento envolvendo idosos om dois
bancos de dados: PsycINFO e ERIC. Num primeiro momento, para a busca utilizaram-
se as palavras-chave em português “idosos" e “análise do comportamonto" truncadas;
“equivalência de estím u lo s" e “idosos" também truncadas e “gorontologia
comportamontal". As palavras-chave em inglês foram olderly e behavior analysis
truncadas; stimulus equivalence e elderly truncadas e behavioral gerontology.
Resultados
Ao total, foram rocuporados 908 resumos de trabalhos, destes, 501 foram arti
gos publicados em revistas Não houve nenhum resultado com palavras-chave em
português. Utilizando-se as palavras-chave eldorly o behavior analysis 525 rosumos
foram recuperados da base de dados PsycINFO e 45 da base de dados ERIC. Com
rolação às palavras chavo bohavioral gorontology, foram oncontrados 24 rosumos do
trabalhos na base de dados PsycINFO e 312 na base de dados ERIC. As palavras-
chave stimulus equivalence e elderly foram as que retornaram menos resultados - dois
trabalhos recuporados pola baso do dados PsycINFO.
Após o ostabelocimonto dos outros critérios do inclusão anteriormente menci
onados, foram selecionados 32 resumos de artigos (Adkins & Mathows, 1999; Baltos,
1988; Baltes A Barton, 1977; Baltos & Zerbe, 1976; Bellucci & Hoyor, 1975; Blair, Glaistor,
Brown & Phillips, 2007; Buchanan, & Fisher, 2002; Buchanan, Husfeldt, Borg & Houlihan,
2008; Burgio & Burgio, 1986; Burgio, Burgio, Engel & Tice, 1986; Burqio, Engol, Hawkins,
McCormick, Scheve & Jones, 1990; Carstensen, 1986; Carstensen & Erickson, 1986;
Coffman & Coffman, 1986; Dixon, Dennis, Zlomke & Halvey, 2003; Dupree, Broskowski &
Schonfeld, 1984; Dwyer-moore & Dixon 2007; Eng, Strain, Fullerton & Stowitschek, 1981;
Foxx, 1986; Gallaghor & Koenan, 2000; Green, Linsk & Pinkston, 1986; Henry & Home,
2000; Kleitsch, Whitman & Santos 1983; MacDonald, 1978; O’Donohue, Fisher & Krasner,
1986; Pércz-González & Morcno-Sicrra, 1999; Pradcras & MacDonald, 1986; Rcbok &
Hoyer, 1977; Stock & Mian, 1993; Thibault, 2007; Wilson & Milan, 1995; Wisocki, 1983).
Dos 32 artigos, 19 foram publicados em revistas específicas da área de Análise
do Comportamento, sendo que 13 deles foram publicados pela revista Journal of Applied
Behavior Analysis, que publica apenas de artigos da área de Análise do Comportamen
to que se dedicam ao desenvolvimento de pesquisas aplicadas; nove artigos publica
dos em revistas da área de gorontologia o outros cinco artigos foram publicados om
rovistas divorsas da ároa do psicologia, Valo rossaltar quo no ano do 1986, a rovista
Journal of Applied Bohavior Analysis publicou um volume ospecial sobre o toma
Com relação aos autores dos artigos a Tabela 1 apresenta o nome dos autores
que tiveram mais do um trabalho publicado no assunto. Dos autores dos artigos recu
perados nesta busca, os que tiveram maior número de publicações foram Baltes e
Burgio, cada um com três artigos publicados.
Autorea N* artigoa
Halt«« M 3
Bugio, Lout D 3
Hoyar, Williamj 2
Buchanan, Jailay 2
Burgio KalhiynL 2
Cartter»en, LauraL 2
Dixon Mari<R 2
Eng« BernardT 2
hah« Janet 2
MacDonald. MananL 2
10
9
8
7
6
5
4
1 '
I I I..I I II I I III I I I
Figura 1 Número total de artigos publicados por ano
10 12
Discussão
A análise dos trabalhos selecionados revela que nào foram encontrados arti
gos em português, apenas na língua inglesa. Esses artigos, tanto teóricos quanto
práticos, se dedicaram a algum tipo de discussão ou investigação de como os princípi
os da Análise do Comportamento podem contribuir para pesquisas envolvendo idosos.
Dos artigos encontrados, apenas dois utilizavam o Paradigma da Equivalência de Estí
mulos.
304 C.imiKi Pomrniconi Iwbel.i Aune, NjI.iIki Marw Afluiu, l’ntcila Henilc/
Ficou bastante evidente que a principal área de interesse destes trabalhos
envolveu comportamentos sociais, uma vez que um terço dos artigos encontrados se
dedicou a este tema Nos artigos de intervenção, houve um maior interesse na modifi
cação de comportamentos socialmente indesejáveis, como verbalizações agressivas,
e de comportamentos potencialmente prejudiciais ao indivíduo no âmbito físico, tal
como rocusa cm comcr. Vale ressaltar que, no último caso, apesar da falta de alimenta
ção acarretar danos físicos ao indivíduo, o comportamento de recusa em comer pos
suía função de atrair atenção, ou seja, social
Sobre as pesquisas de revisão bibliográfica, Dixon, Donnis, Zlomko o Halvoy,
(2003) apontaram que os estudos sobre inlervenções comportamentais em idosos
com incontinência foram eficazes, poróm em uma discussão gorai sobre a aplicação de
procedimentos baseados na Analise do Comportamento na geriatria, Burgio e Burgio
(1986) mostram que eles têm sido muito pouco utilizados. Isto vai de encontro com a
oscassa quantidade de trabalhos encontrados publicados no período de 1975 a 2009:
em 34 anos foram encontrados nesta busca somente 33 artigos. Apesar do interven
ções na área da Análise do Comportamento serem eficazes também para a população
de idosos, Burgio e Burgio (1986), apontaram há 23 anos que elas eram pouco utiliza
das e atualmente o cenário permanece o mesmo.
Os artigos encontrados que tratavam do Paradigma da Equivalência de Estímu
los relatavam pesquisas básicas com objetivo apenas do verificar a formação de clas-
sos do oquivalôncia com idosos o comparar osso dosomponho com o do participantos
mais jovens. Esto número é domasiado pequeno se levado em consideração que osto
existem diversos relatos de resultados positivos com diferentes população que se ba-
soiam neste Paradigma (o.g Saundors, Saundors, Kirby & Spradlin, 1988; Saunders,
Wachter & Spradlin, 1988). Esses dados positivos de formação de classes aparecem
também nos artigos que envolveram idosos. Na pesquisa relatada por Wilson e Milan
(1995) motade dos participantes idosos atingiu os critérios estabelecidos para a forma
ção de classos de equivalência e no artigo de Pérez-Gonzáloz e Moreno-Sierra (1999),
todos os participantos idosos mostram a formação das classes de equivalência. Esso
dados mostram claramente a formação de classos do equivalência por idosos o indi
cam também que as variáveis que influenciam nesta formação ainda dovem ser invos-
tigas, já que, em especial no artigo de Wlson e Milan (1995), alguns participantes não
formaram as classes. Esses resultados contribuem para ampliação da generalidade
dos dados resultantes dos procedimentos de ensino derivados deste paradigma e
sugerem que novas pesquisas devem ser realizadas a fim de conhocer melhor as
variáveis que interferem neste processo.
Além do número pequeno de artigos oncontrados, os resultados do presente
ostudo mostraram também que esses artigos apresentam apenas pesquisas básicas.
Sidman (1994) já havia constatado que o Paradigma não gerou uma grande quantidade
de investigações aplicadas, apesar de seu grande potencial como instrumento para o
ensino de comportamentos complexos. Esta revisão bibliográfica mostra que a afirma
ção de Sidman (1994) parece se aplicar de forma especial no que diz rospeito à estudos
com a população idosa.
Os resultados apontam que, de maneira geral, existe pouca produção do pes
quisas oriontadas pela Análise do Comportamento com idosos e principalmente pes
quisas que utilizam o Paradigma da equivalência de estímulos, A baixa produção do
pesquisas com idosos já foi apontado por Wisocki e Mosher em 1982, Burgio e Burgio
em 1986 e, mais recentemente por Buchanan et al. em 2008. Este último estudo, em
uma revisão bibliográfica realizada em oito periódicos com orientação da Análiso do
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308 C.tmila Domcnicom liiibelit Anne, N.il,iliu M.irui Atfflio, P i i* c i I < i Brnilf/
Capítulo 32
O desenvolvimento infantil sob a
perspecliva da Análise do
Comportamento: elementos
para a compreensão do trabalho
com autistas
CintiaC/uilhardi
Cláudia Romano
I vila Briftaiolo
l/radual - Qrupo dc Inlcivcnvtlo Compoilamcnlal1
1b - m m l lc iu u c u lu a f t D u f u u t x jf M d u u l. c u in . t J l
'k - H l N l l iH im m ftP u u i.a u b i
' O » N iilo rn K nyni(ltK.nm à criM uçn cu |u» v lilm w (o ra m m m IIm m Jo « r m itl* nftUxk). I x im o o n to à mm fam lIÍN O f k x ih i B ui ô flo llc k i
3 1 0 1/iov.m.i Fmub.il, M d im .i M .im lo , A n.t I uiai Kocki h iri.i Uuvjuc, lon.it C/.imbii o Lelso C/oyos
A Figura 1, abaixo, ajuda-nos a organizar os diferentes padrões comportamentais
de 0 a 2 anos de idade entre os diferentes autores pesquisados .
M«n*ar i I MMrtç im
S * M tw (r* n t» M l U l r a «••«» • » k f M o i)
tilh ic iii
Qiuv.in.i hscobiil, M.nin.t M.icpdo, An.i I ui/>i Rocki !>uque, lun.ts l/>imb<i c Cel*o l/oyu*
Observação e análise preliminar de vídeos familiares
Utilizamos vídoos do Bia dosdo 2 mosos ató 3 anos do idado, ou soja, antos do
Bia recobor o diagnóstico do transtorno invasivo do dosenvolvimonto. Nestes vídeos
buscou-se identificar as características comportamentais citadas pela literatura, assim
como as reações diferonciais de Bia em relação a seus cuidadores. Foram solocionadas
cenas que pudessem exemplificar o que a literatura identifica como importante ao longo
dos primeiros anos de vida. Os comportamentos identificados foram, ontão, descritos
em trôs colunas2, visando a possível identificação e compreensão do variáveis antece
dentes e conseqüentes das respostas emitidas por Bia Esta análise deve ser vista
como uma proposta inicial para idontificar sinais do risco autístico no dosonvolvimonto
inicial de Bia antos dos 3 anos de idade.
Esta cena pode ser um exemplo para apoiar a hipótose do que os pais (o suas
carnctorísticas) poderiam ostar so tornando estímulos quo controlam o rospondor do
Bia, assim como o móbile (provavolmente por terem sido, no passado, pareado a estí
mulos incondicionados). Pode-se entender o desenvolvimento de Bia nesse momento
como típico: ela já parece estabelecer relações diádicas, ou soja, manter contato ocular
e interagir mecanicamente com um objeto que, segundo Hobson (2002) e Lampreia
(2009), são relaçõos que devem surgir antes dos 6 meses de idade
Os pais nem juntos com Bia e Bia cutuca o ombro da mâe e Risadas dos pais
reiniciam a brincadeira (mâe emite gargaftadas
vra-se de costas e o pai
cutuca o ombro da mâe)
C/iov.in.i l-*cob.il, M iir im M .iifd o , A n.i I ui/ii K o c Ií.i t iirui l>uquc, lnn.is C/timb.i c Celso l/u y i»
Segundo Reznick et. al. (2007), as habilidades envolvidas no seguir comandos
simples devem aparecer antes de 1 ano do idade, como ocorreu com Bia.
Outra habilidade fundamental identificada na literatura e característica do de
senvolvimento típico é a atenção compartilhada (Bosa, 200?, Montonegro, 2006; I anda,
2007) ou conjunta (Oliveira e Gil, 2007). Na cena analisada, após pegar o patinho do
borracha, Bia sorri para o pai o parece simultaneamente estar sob controle do objeto e
do pai, como se compartilhassem a brincadeira.
Exemplos ilustrativos como esse são identificados em praticamente 100% das
interações filmadas pela família Observa-se que ató os 13 moscs do idade as interações
entre o bobô e seus familiares vão ficando mais longas e observa-se sempre a atenção
conjunta entre o objeto e um dos cuidadores.
Outro comportamonto importante tambóm obsorvado foi a imitação do movi
mentos do coordenação motora ampla. Frente a uma música de programa infantil na
televisão, a cena da coreografia na TV e a instrução da mãe: "dança", Bia emite movi-
montos de coordenaçao motora ampla similares aos da apresentadora do programa
infantil (colocar a mão na cintura e balançar o corpo), que produzem provavelmente
estimulações sensoriais geradas automaticamente pelos movimentos corporais e, ain
da, estímulos sociais que consistem na atenção dos familiares. Como já destacado,
Bia pode seguir instruções simples e nessa cena tambóm há uma instrução verbal da
mãe que poderia estar controlando o dançar.
Notamos na observação dessas cenas até os 13 meses de idade que o reper
tório do Bia divorsificou-se o ficou sob controle de estímulos do ambiente social.
Pai corn bicho de pelúcia em Bia olha para o pai e para o O pai leva o bicho de pelúcia até
euas máos. brincando de bicho de pelúcia o berço, onde Bia está
conversar com o bicho (emte Bia errilebaibuoios O pai se martérrTccwersando"
balbu cios olhando para o bfcho) Bia faz expressões faciais de como bicho
alegria e expectativa
0 pai se mantém "conversando" Bi a cai sentada, com o bicho de O pai aumenta a intensidade das
como bicho pelúcia em seu colo e snrrl para cócegas na barnga da filha e
O pai coloca o bicho de pelúcia o pai sorrt
na barriga de Bia, fingindo fazei
cócegas na filha com o bicho de
pelúcia
0 pai eeconde o bicho de Bia olha imediatamente para a O pai reapresenta o bicho de
policia da filha entiaxo do estante (para onde o pai estava prtucia, soirinrJo para Bia O pai
berço olhando) ertrega o bicho para a a filha
0 i» i perounta para Dia “onde
tfttá o bichinho?" e ciha paia a
estante (ele parece querer
despistar Bia do-esconrJínic^do
bicho).
Cumpoi1.imrnlu e Conmçilo
Na soqüôncia desta mesma cena (apresentada na Tabela 5), Bia inicia uma
interação com o pai. As respostas de apontar e balbuciar (coluna dos conseqüentes)
podom ser entendidas como pedidos (mandos), sendo a primeira uma comunicação
gestual e a segunda um pedido vocal.
Bi« entrega o bicho de pelúcia 0 pai pega o bicho de pelúcia Bia olha para o pai e aponta para
paraoaeupa das máos de &a, enquanto o bicho üe pelúcia Bia errote
v*rt>alea“tth *j" bdbuclo*.
Tabela 6 Tríplice contingôncia aos 15 meses de vida - primeiros sinais de desenvolvimento atípico,
exemplo 1
C/ioviin»i M.iimci M.icedo, An.i I ui/d Kt>cl).i l<m.i l>uquc, luiws C/iimb.i r Celso t/oyos
Na Tabola 7, observa-se uma ausência de contato visual por parte de Bia,
quando a mesma foi chamada pela mâe. Além disso, quando Bia sai do colo do pai
inclinando-se para frento, ao invés de emitir um mando (gestual, vocal) para descer, Bia
emite respostas mecânicas, que produzem conseqüências diretas, não intermediadas
pelo adulto. Na seqüência dessa mesma cena, Bia não inicia qualquer atenção conjun
ta diante dos brinquodos e diante das instruções fornecidas pelo pai.
Tabela 7 Tríplice contlnyAncla aos 15 meses de vida - primeiros sinais de desenvolvimento atípico,
exemplo 2
Tabela 8 Tríplice contingência aos 2 anos e 11 meses d» vida - sinais claros de desenvolvimento
atípico
Estimuloc Respostas de Bia Esfrnjlos Conseqüentes
Antecedentes
Bia está nocoiodopaí Bia inclina-se para frente Nâo 9e
passeando por uma feira de observa qualquer tentalva de O pai coloca Bia no chão
artesanato A mSe, que está contato visual, nem corn a môe,
filmando, charr» Bu pelo norne nemcorn o pai.
Pai e mâe po» perto Bia corre na direção opotfâ do Neste momento o pai einte urna
adulto, aproKimsndo-dedeumâ instrução vocal, pedindo par» B to
barraca de brinquedos apontai um determinado
personagem em um dos
brinque doe
Neste momento o pai emite uma Bia toca nos brinque dos Ctfmulaçâa« sensoríals
Instrução vocal, pedindo para Bia cJspostos, indiscriminadamente produzi das por olhar e tocar nos
apontar um deteirrtnatío (não atende aeolclaçio dopai) brinquedos
personagem em um (tos Amda sem olhar para ringuém O pai contmua a emtir a
brinquedos. Bia aponta para a barTaca e Intíruçâo verbal para Bia pegar
balbucia "auaua”, enquartolenta imdado bnnquedo
pegar aigo na barraca
3 I H l/io v tiiid Ncob.il, M iin n .i M iiccdo, A n.i I ui/d K in h ii I .iii.i Duque, lon.i* C/iimb.i e C elso
dando continuidade a uma interação apenas consigo mesma e com o objeto, sem
incluir o outro.
Referências
3 2 0 l/io v .in .i f-icob.il, M .irin.t M .im lo , A n.i I u im KocIm L iri.i IHivjue, lon.it C/.iml>.i e Celuo l/o yo *
------------- Capítulo 33
Ensino de relações condicionais novas a
idosos com Doença de
Alzheimer
Mflixvla lakahflji1
Gimilfl Pomeniconi"
Método
Participantes
Participaram da pesquisa um homem e duas mulheres com DA com idades
entre 63 e 82 anos, (Md=74,7).
Procedimento
A coleta de dados ocorreu em uma sala de uma instituição especializada no
ensino superior de indivíduos com mais de 60 anos equipada com um microcomputador
Apple Macintosh Porforma 6360, acoplado a um monitor da marca Mitsubishi Diamond
(17") com uma tela sonsível ao toque da Microtouch. Foi omprogado o softwaro MTS
versão 11.6 (Dubc & Hiris, 1996). Cada participante realizava do duas a trôs sossõos
por semana, com duração aproximada do 20 minutos cada.
O primeiro passo foi um pré-treino que teve como função a modelagem da
resposta de utilizar o mouse e das topografias de resposta necessárias ao longo do
procedimento - seleção do figura condicionalmente ao modelo auditivo ou nomeação
de figura. Esta etapa foi composta por 12 loiUativas de discriminação auditivo-visual,
quatro de emparolhamonto o ostímulo modolo "bicicleta", quatro com "bola" o quatro
com "cachorro". Em cada tentativa apareciam na porção inferior da tola do computador
trés figuras e um nome era ditado como modolo.
Posteriormente, foi realizado um treino de discriminação condicional para se
de estabelecer as relações entre nomes fictícios (Tiluco, Polamo e Calipa) e rostos de
pessoas dosconhocidas. O treino foi composto por três blocos com 30 tentativas cada,
a seloção do estímulo de comparação correto produzia retângulos branco e preto que
alternavam de cor, o a seloção incorreta resultava om uma tela preta. As conseqüências
diferenciais para acerto ou orro foram utilizadas om 100% das tentativas durante o
treino. O critério para que o treino seguisse adiante em cada condição do procedimento
ó de desempenho de 90% de respostas corretas, em duas sessões consecutivas.
Em todos os treinos eram apresentados sempre três comparações na tela por
vez. No treino 1 eram apresentados na tela do computador figuras de bola, cachorro ou
bicicleta juntamonto com a inserção da foto de um desconhecido "Tiluco" - homem do
50 anos com oxprossão noutra. No treino 2 foi inserida a foto do "Polamo" - criança, do
sexo masculino, de aproximadamente 10 anos de idade com oxpressão neutra - ao
grupo de estímulos anterior. No último treino, treino 3, ora adicionada a foto do "Calipa"
- homem com aparência de uns 23 anos de idado com oxprossão noutra - ao grupo de
estímulos, constituindo o conjunto das trôs relações alternadas em um mesmo bloco
Resultados e Discussão
Os resultados dos participantes nas diferentos fases do procedimento estão
dispostos na Figura 1
Comissão Editorial
ESETec
ISBN 978-85-7918-014-9 www.esetec.com.br