Sei sulla pagina 1di 25

Aquisição, Recepção e Armazenamento

Segurança Alimentar na Restauração

Módulo 5 - capa.indd 1-2 7/10/2005, 2:27 PM


módulo 5.indd 1 7/11/2005, 11:04 PM
Aquisição, Recepção e Armazenamento - Módulo 5

Texto: Ana Machado e Laura Silvestre


Revisão: David Gago
Ilustração e Paginação: Célia Paixão
Fotografia: Solange Brito

Entidade Promotora:
Qualigénese - Investigação e Formação, Lda.
Estrada da Penha, nº 114
8005-137 Faro

“Produção apoiada pelo Programa Operacional de Emprego, Formação e


Desenvolvimento Social (POEFDS), co-financiado pelo Estado Português e
pela União Europeia, através do Fundo Social Europeu”

“Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social”

Direitos de autor pertencentes ao IEFP

Impressão: Flexipub

Data de edição: 2005

módulo 5.indd 2-3 7/11/2005, 11:04 PM


Índice

Cap. 1 - Aquisição das Matérias-Primas 5


1.1. Os princípios da aquisição 5
1.2. Especificações da matéria-prima 6
1.3. Avaliação de fornecedores 7
1.4. A importância do rótulo 7
1.5 A rastreabilidade e a rotulagem 9

Cap. 2 - Recepção das Matérias-Primas 10


2.1. Boas práticas na recepção 10
2.2. Características organolépticas desejadas 11

Cap. 3 - Armazenamento das Matérias-Primas 13


3.1. Armazenamento à temperatura ambiente 14
3.2. Armazenamento pelo frio 15
3.2.1. Refrigeração 16
3.2.2. Congelação 16

Notas 19

Glossário 21

Bibliografia 23

Palavras-chave:

Aquisição
Especificações da matéria-prima
Avaliação dos fornecedores
Aditivos alimentares
Rotação de stocks (FIFO)
Produto não conforme

módulo 5.indd 2-3 7/11/2005, 11:04 PM


módulo 5.indd 4-5 7/11/2005, 11:04 PM
Cap. 1 - Aquisição das Matérias-Primas

Um bom conhecimento dos princípios de aquisição e recepção, bem


como dos requisitos de armazenamento das matérias-primas, é essencial
para uma operação eficiente e sucesso de qualquer estabelecimento de
restauração.

A grande maioria dos estabelecimentos contem um processo de produ-


ção, desde a aquisição da matéria-prima até à distribuição do prato ao
cliente, que pode ser esquematizado da seguinte forma:

Aquisição/Compra Recepção Armazenamento

Preparação

Confecção

Empratamento

Aquisição Distribuição

Refere-se ao processo de
compra de matérias-pri- Consumo pelo cliente
mas que vão entrar no sis-
tema produtivo do restau-
Figura 1 - Fluxograma geral dos processos operativos num restaurante.
rante, e que é da respon-
sabilidade do economato.
As compras são efectuadas
de acordo com especifica- Neste módulo vamo-nos debruçar apenas na primeira parte (em desta-
ções das matérias-primas. que, na Figura 1). Este primeiro capítulo refere-se ao primeiro passo, a a-
Deve ser feita a avaliação quisição de matérias-primas.
de fornecedores para ga-
rantia de qualidade dos pro- O comprador, normalmente, é o responsável pelo economato. No en-
dutos adquiridos. tanto, esta tarefa pode ser desempenhada pelo Director de Comida e
Bebidas, chefe de cozinha, ou pelo proprietário/gerente.

1.1. Os princípios da aquisição

O responsável pelas compras precisa de conhecer os princípios básicos


sobre os quais deve trabalhar, de forma a garantir que as decisões to-
madas são as mais correctas e eficazes. Assim, é de sua responsabilidade:

Comprar com base na qualidade e não apenas no preço;


Conhecer a época em que se podem adquirir os artigos;

módulo 5.indd 4-5 7/11/2005, 11:04 PM


Conhecer a capacidade dos stocks/depósitos e evitar encomendas em
excesso;
Recorrer sempre a fornecedores de confiança (ter mais do que um
fornecedor para os artigos principais);
Elaborar fichas de fornecedor com base em avaliações efectuadas;
Elaborar fichas de especificação de matérias-primas em conjunto com
o chefe e/ou pessoal de cozinha a fim de conhecer as condições de u-
tilização dos artigos;
Comprar apenas segundo as especificações elaboradas;
Verificar que são inspeccionadas todas as mercadorias, no acto de en-
trega.

1.2. Especificações da matéria-prima

O comprador (entendido na matéria) deverá elaborar uma especificação


das normas de compra para praticamente todos os artigos que tem de
encomendar. Isto exige muita reflexão e assistência do chefe, ou da pessoa Especificações da maté-
que utiliza os artigos, para elaborar uma ficha de especificações ine- ria-prima
quívoca. Esta, uma vez aprovada, serve de guia sempre que um artigo é
entregue. É uma declaração de crité-
rios particulares relaciona-
A qualidade das matérias-primas deve ser especificada antes da compra dos com a qualidade da
matéria-prima em questão,
ser efectuada. Uma ficha de especificação da matéria-prima deverá conter
e redigida em termos des-
os seguintes pontos:
critivos facilmente compre-
endidos para que possa
Nome da matéria-prima; actuar como denominador
Fotografia ilustrando a sua aparência; comum entre o comprador
Designação do tipo de produto (exemplo: fresco, congelado, pasteuri- e o fornecedor.
zado, enlatado, entre outros);
Nível de preparação (exemplo: remoção de osso da medula e car-
tilagem em peças de carne, pescado eviscerado, presunto desossado etc.);
Tamanho ou nível de processamento (exemplo: inteiro, cortado, picado,
fatiado, entre outros);
Peso padrão;
Características organolépticas;
Embalagem;
Indicações específicas na rotulagem;
Condições de transporte (exemplo: transporte com refrigeração, com
indicação da temperatura admitida, entre outros.);
Outras indicações pertinentes de um produto, de acordo com as normas
estipuladas pela lei.

Para além disto, toda a ficha de especificação de matéria-prima deverá ter


um número de identificação e preferencialmente deverá ser distribuída
uma cópia ao fornecedor.
A maioria destes aspectos tem necessariamente um impacto sobre a hi-
giene e segurança dos alimentos e este facto deverá ser tido em conta
quando se elabora uma ficha de especificação.

módulo 5.indd 6-7 7/11/2005, 11:04 PM


1.3. Avaliação de fornecedores

O responsável pela selecção de fornecedores procura informações sobre


os produtos, preços, condições de pagamento, prazos de entrega e lista
de clientes, mas deve também, no caso de matérias-primas alimentares,
Avaliação dos fornece- solicitar informação acerca do transporte, acondicionamento das merca-
dores dorias, certificados de origem, análises microbiológicas e/ou químicas,
bem como a existência de sistemas de segurança alimentar implementa-
É um processo efectuado
dos.
com base em informações
Esta é a base da avaliação e qualificação de fornecedores.
recolhidas através de dife-
rentes meios, nos registos As visitas às instalações dos fornecedores são muito importantes, pois têm
de não-conformidades e como objectivo a avaliação do risco alimentar associado à matéria-prima
reclamações de clientes/ e, consequentemente, o seu impacto na qualidade e segurança do produ-
utentes. Para as matérias- to final fornecido pelo nosso estabelecimento.
primas alimentares deve-
rão ainda ser considera-
dos a aceitação e cumpri- Informação a reter…
mento das especificações
de matérias-primas; ins- Ao comprarmos alimentos com qualidade, a fornecedores seguros,
pecções efectuadas na re- estamos a minimizar o risco de produzirmos alimentos susceptíveis de
cepção; e, preferencial- provocar doenças aos nossos clientes.
mente, visitas e/ou audi-
torias higio-sanitárias às
instalações do fornecedor.
Tal como para as especificações de matérias-primas, é aconselhável
elaborar-se várias fichas de fornecedores aprovados. Nestas fichas de-
verão estar contidos todos os dados pertinentes acerca do fornecedor, no-
meadamente os produtos alimentares que fornece (por tipo ou género a-
limentício) e, preferencialmente, informação acerca do sistema de se-
gurança alimentar implementado, o cumprimento de regras de higiene e
boas práticas de fabrico.

1.4. A importância do rótulo

Para permitir uma escolha dos alimentos criteriosa e esclarecedora é


obrigatório, por lei, que na embalagem dos produtos alimentares conste
um conjunto de informações sobre o produto, de forma explícita, legível e
em português.

Em Portugal, a primeira lei de rotulagem de alimentos pré-embalados foi


publicada em 1972 com aplicação a partir de 1974. Esta obrigação tem
sido sucessivamente alargada a um maior número de alimentos, e tem,
também levado à inclusão de mais indicações obrigatórias.

No rótulo de um produto alimentar pré-embalado deve constar:

1 - Denominação de venda, designação do produto pelo seu nome


(leite UHT, iogurte, bolacha, queijo, carne, ovos, etc.), indicando o seu
estado físico quando o alimento é submetido a algum tipo de tratamento
(fumado, concentrado, congelado, etc.).

módulo 5.indd 6-7 7/11/2005, 11:04 PM


2 - Data de durabilidade mínima (“consumir de preferência antes
de…”), que indica a data até à qual o produto conserva as suas pro-
priedades específicas, desde que as condições de conservação sejam as
apropriadas; ou Data limite de consumo (“consumir até…”), a partir
desta data os alimentos podem não estar próprios para consumo, ou seja
não há garantia da segurança alimentar. Sempre que o produto contenha
a designação “data limite de consumo” é obrigatório a indicação das
condições de conservação. É proibida a venda de produtos cuja data de
limite de consumo tenha sido ultrapassada.

3 - A lista de todos os ingredientes e aditivos que fazem parte do


produto alimentar, e que devem estar indicados por ordem decrescente de
quantidade.
Aditivos alimentares
4 - Quantidade líquida ou quantidade de produto contido na em-
balagem e expresso em volume (litro) ou em peso (quilograma). Um aditivo alimentar é de-
finido como “toda a subs-
5 - Indicação que permita identificar o lote ao qual pertence o alimento, tância tenha ou não valor
imprescindível para a rastreabilidade e/ou para a reclamação do con- nutritivo, que não é por si
sumidor. só um género alimentício,
nem um ingrediente ca-
6 - Nome, firma ou denominação social e morada do embala- racterístico do alimento”
dor, importador ou armazenista. mas cuja adição intencio-
nal tem como consequên-
cia a preservação, ou me-
7 - Marca de salubridade comunitária, obrigatória para os
lhoria do aspecto do ali-
produtos de origem animal, que deve permitir identificar o país da União mento. Os aditivos têm
Europeia e a unidade industrial que o fabrica ou produz. que ser aprovados de a-
cordo com a lei em vigor.
8 - Condições especiais de conservação, utilização e modo de
emprego. Aplicável quando os produtos careçam de condições es-
peciais de conservação e/ou utilização, e o seu uso apropriado exija in-
dicações específicas. 2

9 - Região de origem - apenas quando a omissão desta


seja susceptível de induzir o comprador em erro quanto à
real origem do produto em questão (por exemplo “bola- 1
chas americanas”).

10 - Indicação dos adoçantes, só quando presentes no


produto, isto é, substitutos dos açucares.

8
4

módulo 5.indd 8-9 7/11/2005, 11:04 PM


Informação a reter…

É importante ainda, salientar que, em termos legais, a responsabilidade de


aquisição de géneros alimentícios indevidamente rotulados, quando
aceites, recai, não apenas sobre o fornecedor, mas também sobre o pro-
prietário do restaurante.

1.5. A rastreabilidade e a rotulagem

Recentemente surgiu o conceito de rastreabilidade que vem permitir


ao consumidor conhecer a história do produto que está a comprar, desde
a sua produção até ao local de venda. Esta obrigação, traduz-se em
indicações no rótulo, e surgiu inicialmente para a carne de bovino, devido
ao problema levantado pela doença das “vacas loucas” (BSE). De mo-
mento é também aplicável ao peixe fresco, congelado e de aquacultura.

Conservar entre 0ºC e 2ºC

Cachaço Estufar
Novilho
Código de referência: × - 1400
Abatido em: Portugal - P-L01-CE 1
Desmanchado em: Portugal - P-L01-CE
2
Origem: Portugal
3
Embalado Consumir até €/kg
4 Em: 18.06.05 20.06.05 5,20

Peso kg.
0.465

Código de barras Total €


2.79

Rotulagem da carne de bovino

Na carne pré-embalada, o rótulo tem que conter obrigatoriamente as se-


guintes indicações:

1. Número que indica a relação entre a carne que se encontra à venda e


o animal que lhe deu origem;
2. Identificação do matadouro;
3. Identificação da sala de desmancha;
4. Origem do produto.

módulo 5.indd 8-9 7/11/2005, 11:04 PM


1
Robalo
Dicentrarchus labrax
Origem: Portugal - Algarve
Aquacultura

2
3

Rotulagem do peixe

No rótulo do peixe fresco, congelado ou de aquacultura, deve constar:

1. Identificação da espécie;
2. Origem geográfica do produto;
3. Identificação das condições de produção, isto é, peixe selvagem ou de
aquacultura.

Cap. 2 - Recepção das Matérias-Primas

Todos os produtos à chegada do estabelecimento devem ser inspecciona-


dos. Quem procede à recepção das mercadorias, deve habitualmente
conferir as quantidades e algumas características organolépticas dos pro-
dutos alimentares entregues com a nota de encomenda. Uma falha nesta
inspecção pode conduzir a custos mais elevados e a uma menor quali-
dade.

Deverá existir um manual, baseado nas especificações de compra de


matérias-primas, esclarecendo claramente o que o inspector deve verificar,
bem como os critérios de aceitação/rejeição dos produtos. Deve ser
também delineado um processo claro de rejeição da matéria-prima
não conforme, isto é, registos de ocorrência e não conformidades
detectadas, para arquivo e para efeitos do sistema de autocontrolo. Os
bens aceites deverão ser o mais rapidamente possível armazenados e
etiquetados, de acordo com a temperatura e condições adequadas ao
produto.

2.1. Boas práticas na recepção

No acto de recepção é necessário ter em conta que:

Em relação ao veículo de transporte…

O veículo de transporte deve ter as paredes internas em material

10

módulo 5.indd 10-11 7/11/2005, 11:04 PM


impermeável e imputrescível, resistente à corrosão e de fácil limpeza, la-
vagem e desinfecção; devem ainda ser lisas, sendo apenas permitidas as
rugosidades necessárias ao equipamento e dispositivos de fixação de car-
ga;
Devem ser verificadas as condições de higiene;
A temperatura de transporte deve ser verificada e registada em folhas
próprias, pois é muito importante não se interromper a cadeia de frio por-
que um aumento na temperatura pode eventualmente provocar condi-
ções, para o desenvolvimento microbiano (por exemplo, se os produtos
congelados chegam ao estabelecimento já em fase de descongelação de-
vem ser rejeitados e devolvidos).

Em relação aos produtos recebidos…

Ter atenção com os produtos congelados e refrigerados em especial os


lacticínios, produtos de charcutaria e os produtos frescos como a carne, o
pescado, as frutas e os legumes;
Verificar o estado das embalagens, se apresentam alguma sujidade e se
estão danificadas de alguma forma, pois o comprometimento da sua in-
tegridade pode resultar em alterações significativas nos produtos alimen-
tares causando inclusive intoxicações alimentares;
Verificar as datas de validade ou durabilidade mínima impressas nos
rótulos;
Conferir as quantidades e características organolépticas dos produtos
conforme as folhas de especificações das matérias-primas.

2.2. Características organolépticas desejadas

Para além de uma adequada verificação do veículo de transporte, é


necessário ter um conhecimento geral do aspecto visual que os alimentos
devem ter ao entrar no estabelecimento, pois este factor, que normalmente
se designa pelas características organolépticas (entre outras, o cheiro, sa-
bor, tacto) do produto, permite ao responsável ter uma percepção mais cor-
recta da qualidade do produto que está a receber.

A carne …

Actualmente a carne pode estar contaminada com antibióticos, hormo-


nas, tranquilizantes, priões da BSE e microrganismos patogénicos.

11

módulo 5.indd 10-11 7/11/2005, 11:04 PM


No entanto, nenhuma destas contaminações pode ser identificada a olho
nu, pelo que devemos ter alguns cuidados, aquando da inspecção na
recepção, de forma a minimizar os riscos.
Assim devemos verificar se a carne se apresenta em devidas condições:

Apresenta cor rosa ou rosa pálido;


Deve ser magra, a cor da gordura branca em vez de amarelada;
O grau de humidade deve ser adequado e a carne ser mole, e não seca
e dura;
A quantidade de gordura pélvica e renal deve ser pouca.
Deve-se também, procurar evitar o consumo das vísceras dos animais,
nomeadamente o fígado, uma vez, que é uma zona onde se acumulam
substâncias tóxicas.

O peixe …

Quando se compra peixe fresco há que ter em atenção se:

O cheiro do peixe é ligeiro e a maresia;


A pele tem um aspecto vivo e brilhante, e não um aspecto baço;
O corpo é rígido, de consistência firme, elástica e não mole deforman-
do-se com a pressão dos dedos;
Os olhos são salientes, a córnea transparente e a pupila negra e
brilhante, pois quando a pupila se encontra acinzentada o peixe já não
estará nas melhores condições;
As guelras são vermelhas, brilhantes e sem muco, com o decorrer do
tempo ficam amarelas e com um muco opaco e viscoso;
As escamas são planas brilhantes e fortemente aderentes à pele;
O peixe congelado está em perfeitas condições, (desde que não haja
interrupção da cadeia de frio), devendo apresentar-se com a coloração
própria da espécie e não devendo existir cristais de gelo na embala-
gem;
Os bivalves (amêijoas, berbigão) apresentam as conchas fechadas e
não abertas, devendo ter um som maciço ao serem tocados e não oco,
que indica a presença de água ou gases, e devem ter um odor a mar e
não desagradável (ao abrir as conchas a cor da carne é clara com líquido
transparente, e não turvo).

A fruta e os legumes…

As frutas e legumes devem apresentar-se:

Inteiros e sãos, sem marcas de ataques de insectos ou roedores, ou


presença de fungos;
Isentos da presença de corpos estranhos (insectos, vermes);
Isentos de humidade exterior anormal e resíduos de produtos pesticidas;
Com odor e cor característicos;
Limpos, sem resíduos de terra, pó ou produtos fitossanitários;
Sem partes murchas e um aspecto e desenvolvimento normal segundo

12

módulo 5.indd 12-13 7/11/2005, 11:04 PM


a variedade, estação e zona de produção, isto é, não apresentar um grau
de maturação excessivo ou insuficiente.

Os ovos…

Os ovos devem de preferência ser pasteurizados, no entanto quando


em natureza devem apresentar-se:

Com a casca íntegra sem gretas ou fissuras, de superfície lisa e regular,


devendo ainda esta apresentar-se limpa, sem restos de excrementos e/ou
sujidade de outro tipo;
As caixas de embalagem devem de igual forma apresentar-se íntegras,
sem sujidade e/ou deficiências de algum tipo.

Os enlatados…

Na escolha de produtos enlatados tenham-se em conta as seguintes


observações:

As latas não devem encontrar-se amolgadas, furadas ou opadas, isto é,


a lata opada significa a presença de gás provocada por certos microrga-
nismos patogénicos;
Não devem apresentar sinais de derrame de conteúdo, ferrugem ou
outras manchas invulgares;
Deve verificar-se sempre a data de validade no rótulo.

Informação a reter…

É importante ainda, salientar que, após a recepção das matérias-primas,


estas devem ser rapidamente acondicionadas nos respectivos locais. As
embalagens secundárias, ou exteriores, não devem ser transportadas para
o interior das instalações pois podem ser veículo de contaminação, uma
vez que podem transportar grandes quantidades de poeiras, microrganis-
mos e eventualmente pequenos animais (insectos, vermes, etc.).

Cap. 3 - Armazenamento das Matérias-Primas

O tempo de armazenamento a que as matérias-primas podem estar


sujeitas, varia essencialmente em função da natureza, processamento
tecnológico e condições de conservação do produto. Para que este tempo
seja o máximo devem ter-se em conta as seguintes recomendações:

Os produtos devem ser separados de acordo com as exigências térmicas


de conservação, em especial, nunca se deve armazenar conjuntamente

13

módulo 5.indd 12-13 7/11/2005, 11:04 PM


produtos refrigerados e produtos ultracongelados;
Devem separar-se os produtos de natureza e origem distinta;
As matérias-primas normalmente têm um prazo de validade pré-estabe-
cido e que normalmente consta do rótulo, em caso algum o tempo de ar-
mazenamento poderá ultrapassar esse prazo.

Além disso, convém ficar ciente que esse período só é válido se as con-
dições de acondicionamento e conservação do produto forem as óptimas.

3.1. Armazenamento à temperatura ambiente

A área destinada ao armazenamento, deverá reunir certas características


físicas, nomeadamente:

Deve ser um local limpo, fresco, arejado/ventilado e sem humidade;


As janelas, portas e outras aberturas que se situem directamente para o
exterior, devem estar protegidas com redes mosquiteiras e sistemas de
vedação de portas para evitar a entrada de insectos ou outro tipo de pra-
gas;
As estantes, devem ser de fácil limpeza, e não devem permitir a a-
cumulação de sujidades;
As paredes e pavimentos devem ser de fácil limpeza, não permitir a
acumulação de sujidades, sendo ainda de materiais resistentes e de cor
clara;
Deverá existir um controlo de pragas eficaz, devendo no entanto estar-se
atento à presença de embalagens roídas, pêlos, excrementos, ou outros
sinais que indiquem a presença de pragas;
Não deve ser permitido a entrada e/ou permanência de animais
domésticos;
A área destinada ao armazenamento de produtos alimentares deve ser
exclusiva para esse fim e, como tal, não devem coexistir na mesma área
produtos não alimentares, tais como produtos e material de limpeza,
materiais de manutenção dos equipamentos;
A área de armazenamento deve encontrar-se sempre fechada, excepto
quando se está a retirar ou a repor produtos, e ainda durante a limpeza
do armazém. Isto de forma a evitar a entrada de pessoas estranhas ao
serviço, animais, ou ainda a acumulação de sujidade e poeiras vindas do
exterior;
Os géneros alimentícios deverão ser colocados em prateleiras de ma-

14

módulo 5.indd 14-15 7/11/2005, 11:04 PM


terial adequado, resistente, não tóxico, imputrescível, e de fácil lavagem e
desinfecção;
As prateleiras deverão estar devidamente afastadas da parede entre 12
a 15 cm no mínimo, do solo a cerca de 17 a 20 cm, e do tecto cerca de
50 cm, de modo a permitir uma boa circulação de ar e evitar que a
humidade deteriore os alimentos;
Os produtos que não sejam armazenados em prateleiras nunca deverão
ser colocados directamente em contacto com o chão ou paredes. Devem
sim ser colocados em estrados também de material facilmente lavável,
resistente, não tóxico e imputrescível, e distanciados das paredes e do so-
lo.

15 cm

20 cm

Os produtos devem ainda ser armazenados e ordenados de modo a


assegurar-se uma correcta rotação de stocks.

Deverá ainda existir, nesta área, um local exclusivo e devidamente


Rotação de stocks (“First assinalado, para produtos que são considerados “Não Conformes”. Este
in First out” - FIFO)
local deve ser devidamente identificado e segregado dos restantes a-
limentos armazenados. De forma a salvaguardar a Segurança Alimentar,
A rotação de stocks deve
ser efectuada correcta- todos os produtos deverão ainda estar assinalados devidamente como
mente de acordo com a sendo “Produto Não Conforme”.
regra internacional FIFO
(“first in first out”), que em
português significa basi-
camente que o primeiro a
entrar deverá ser o primei-
ro a sair, ou seja, os pri-
meiros produtos a serem
armazenados (e portanto
com uma data de valida-
de inferior) deverão ser os
primeiros a serem consu-
midos. Assim garante-se
uma boa gestão dos pro-
dutos adquiridos e das su- 3.2. Armazenamento pelo Frio
as datas de consumo.
Todos os alimentos deterioráveis ou perecíveis, ou seja os que se alteram
com maior facilidade, devem ser armazenados e mantidos em ambiente
refrigerado, fora da zona de perigo (5-63ºC). A temperatura ideal de
um equipamento de refrigeração deve situar-se entre os 0 e os 5ºC, e
de um equipamento de congelação nos ≤ -18ºC.

15

módulo 5.indd 14-15 7/11/2005, 11:04 PM


3.2.1. Refrigeração

De preferência, devem existir diferentes equipamentos de frio para os Produto não conforme
diferentes tipos de produtos, ou seja, o peixe e a carne crus devem ser
armazenados numa câmara frigorífica diferente daquela onde se colocam Um produto não confor-
os produtos já cozinhados e semi-preparados. Desta forma evita-se a me é um produto que por
contaminação cruzada, ou seja, que o sangue e líquidos de descongela- razões várias, não se en-
contra em perfeito estado
ção, partículas de terra ou outros contaminantes, caiam sobre a comida
para ser consumido, e de-
pronta a ser servida (alimentos de alto risco).
ve como tal ser devolvido
Assim, o ideal e recomendável seria ter várias câmaras por tipo de ao fornecedor e/ou des-
produto: uma para carnes; outra para pescado; outra para legumes e truído. Ao ser devolvido
frutas; outra para lacticínios e produtos de charcutaria e ainda outra para ao fornecedor, deve-se,
alimentos confeccionados e recolha de amostras. preencher um registo de
produtos não-conformes
para arquivo, contendo
Informação a reter… toda a informação perti-
nente, nomeadamente o
Os produtos confeccionados e/ou sobras, só podem ser armazenados até tipo de produto, as razões
24 horas devidamente acondicionados e protegidos. que levaram à devolução
As amostras colhidas devem ser mantidas por um período de 72 horas, do produto e o nome do
devidamente identificadas e acondicionadas. fornecedor.

No entanto, quando só existe um ou dois equipamentos de frio a gestão


do espaço deve ser feita cuidadosamente, tendo em atenção os diferentes
tipos de produto e o risco da contaminação cruzada. Ou seja, deverão ser
colocadas nas prateleiras superiores os alimentos de alto risco e nas
prateleiras inferiores os alimentos crus, fontes de contaminação.
Os produtos devem ainda estar devidamente embalados e acondiciona-
dos, sem contacto directo com o ar, e munidos de etiqueta identificadora
com a data de entrada de cada produto na câmara. A disposição dos
alimentos nos equipamentos deve ainda permitir a correcta circulação do
ar frio entre os mesmos, e evitar a transmissão ou absorção de cheiros.

Lembre-se que…

Nunca se deve colocar alimentos quentes no frigorífico. Estes devem ser


arrefecidos primeiro, antes de serem colocados para conservação em frio.

3.2.2. Congelação

A congelação dos alimentos é um método de conservação pelo frio que


utiliza temperaturas iguais ou inferiores aos -18ºC, e que permite a
interrupção completa do crescimento dos microrganismos, mas que não
os elimina. Caso a temperatura volte a aumentar, os microrganismos
retomam a sua actividade de crescimento.

16

módulo 5.indd 16-17 7/11/2005, 11:04 PM


Informação a reter…

A congelação de produtos frescos só é permitida se for feita em e-


quipamento adequado, que permita ultrapassar tão rápido quanto ne-
cessário a zona de cristalização máxima, como por exemplo um tú-
nel de congelação.

Os aparelhos de conservação dos congelados devem ser utilizados para


manter os produtos já adquiridos nesse estado. Tal como nos equipamen-
tos de refrigeração, os aparelhos de congelação devem estar sempre
limpos, sem blocos de gelo, bem ventilados e em bom estado de con-
servação. Ambas as câmaras não devem ser sobrecapacitadas, por modo
a existir circulação de ar frio constante.

Regularmente é necessário verificar se as câmaras de conservação dos


produtos congelados funcionam à temperatura correcta (ficha de registo
de temperatura de congelação), para garantir que os alimentos se man-
têm congelados. Aconselha-se a utilização de dispositivos de alarme.
Dentro das câmaras de conservação deve ainda existir uma abertura de
segurança interior.

Aplicam-se ainda, os mesmos critérios (em relação à arrumação das


câmaras) que se indicaram anteriormente para as câmaras frigoríficas.

Lembre-se que…

Nunca se deve voltar a congelar um alimento que se descongelou.

17

módulo 5.indd 16-17 7/11/2005, 11:04 PM


módulo 5.indd 18-19 7/11/2005, 11:04 PM
Notas:

19

módulo 5.indd 18-19 7/11/2005, 11:04 PM


módulo 5.indd 20-21 7/11/2005, 11:04 PM
Glossário

Alimento de alto-risco: alimento que por um conjunto de determinadas características tem uma
probabilidade muito grande de ser contaminado por uma fonte microbiana. Normalmente contêm
alto teor nutricional, humidade elevada e não irão sofrer qualquer tratamento térmico antes do
consumo.

Amostras: porção de cerca de 150 gramas referente a cada alimento ou refeição que é produzida
no estabelecimento, para efeitos de rastreabilidade e análises microbiológicas.

Características organolépticas (de um alimento): a cor, o cheiro, textura e aparência normal


de um determinado produto alimentar que podem ser observadas a olho nu.

Congelação: consiste em manter os alimentos a temperaturas iguais ou inferiores a -18º C.

Cristais de gelo: pequenas formações de gelo que se formam durante a congelação de alimentos
e que podem ser finos e aguçados quando o processo de congelação é inadequado e lento, ou
pequenos e redondos quando o processo de congelação é rápido (ideal).

Economato: parte do estabelecimento de restauração que se encarrega da aquisição e recepção


das matérias-primas, bem como da gestão de stocks e armazenamento.

Hormonas: substância química administrada nos animais de gado para influenciar o seu cre-
scimento.

Intoxicação alimentar: é provocada pelas toxinas produzidas por determinados microrganismos.


Os sintomas incluem sobretudo distúrbios gastrointestinais, podendo ser mais ou menos graves.

Lote: quantidade de alimento ou de unidades do mesmo, produzido e manipulado em condições


uniformes.

Matéria-prima não conforme: que não reúne as condições de qualidade e/ou salubridade
necessárias, e como tal deve ser segregada das restantes, e posteriormente devolvida ou destruída.

Origem: proveniência, o mais a montante possível, dos ingredientes ou materiais, em que é possível
recolher informação útil à cadeia.

Pasteurizado: produto que sofre pasteurização a fim de eliminar todas as bactérias patogénicas.

Priões da BSE: agentes causadores da BSE (encefalopatia espongiforme), ou doença das vacas
loucas, que afecta os animais de gado.

Produtos fitossanitários: evitam a introdução e propagação de organismos nocivos nos produtos


de origem vegetal.

Rastreabilidade: capacidade para seguir os movimentos de um alimento através das etapas de


produção e distribuição.

Refrigeração: consiste em manter os alimentos a temperaturas de 0º a 5º C.

21

módulo 5.indd 20-21 7/11/2005, 11:04 PM


Salubridade: um produto alimentar é salubre quando, tendo sido submetido a uma inspecção
sanitária, cumpre com os requisitos de higiene, qualidade e segurança alimentar.

Tranquilizantes: medicamentos administrados antes da matança do animal.

Zona de cristalização máxima: gama de temperatura que deve ser ultrapassada de modo a
permitir que o frio chegue o mais rapidamente possível ao centro do produto, permitindo uma con-
gelação rápida e eficaz, sem perdas nutricionais, nem rompimento de células no interior do alimento.

22

módulo 5.indd 22-23 7/11/2005, 11:04 PM


Bibliografia

ARESP, (2002). Higiene e Segurança Alimentar - Código de Boas Práticas. Associação da


Restauração e Similares de Portugal.

Araújo, M. (1997). Segurança Alimentar. MERIBÉRICA/LIBER - Editores, Lda. Lisboa, 453 pp.

Carmo, I. (2004). Alimentação Saudável, Alimentação Segura. Publicações Dom Quixote, Lisboa.
444 pp.

Cervera, P.; Clapes, J. & Rigolfas, R. (1999). Alimentación y Dietoterapia - Nutrición aplicada
en la salude y la enfermedad. McGraw-Hill Interamericana, Madrid, España. 380 pp.

Cracknell, Kaufman & Nobis (1993). Catering - Manual Prático e Profissional da Indústria
Hoteleira. Volume II. Edições CETOP, Mem Martins, Portugal. 183 pp.

DECO, (2002). A Segurança Alimentar do Prado ao Prato. Campanha de Segurança Alimentar.


DECO, Lisboa.

Secretaria de Agricultura, Ganadería, Pesca y Alimentos, (2003). Servicios de Comida.


Guía de Buenas Prácticas de Manufactura. Programa de Calidad de Alimentos Argentinos. Buenos
Aires, Argentina.

Sprenger, R.A. (1991). The Food Hygiene Handbook. The Institution of Environmental Health
Officers, London, England. 40 pp.

UNIHSNOR (1999). Código de Boas Práticas para a Restauração. UNIHSNOR - União das
Associações de Hotelaria e Restauração do Norte de Portugal, Porto. 104 pp.

23

módulo 5.indd 22-23 7/11/2005, 11:04 PM


módulo 5.indd 24 7/11/2005, 11:04 PM

Potrebbero piacerti anche