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O CONCEITO DE MODELO E SUA UTILIZAÇÃO NAS CIÊNCIAS


DO COMPORTAMENTO: BREVES NOTAS INTRODUTÓRIAS.

THE CONCEPT OF MODEL AND YOUR UTILIZATION IN THE


BEHAVIORAL SCIENCES: INTRODUCTORY SHORT NOTES
Amauri GOUVEIA JR

RESUMO

O objetivo deste artigo é mapear as relações do conceito de modelo e sua


utilização na pesquisa cotidiana em psicopatologia experimental. Para
isto, aproximamos o conceito de modelo com o de metáfora e seus
elementos.
Palavras chaves:modelos animais; modelos em psicologia; psicopatologia

ABSTRACT

The subject of this paper is to mapping lhe relationships of lhe concept of


model and its utilization of this to lhe current research in experimental
psychopathology. For this, we make an approximation to lhe concept of
metaphor and its elements.
Keywords: Animal models; Models in Psychology; Psychopathology

O CONCEITO DE MODELO mento de uma realidade concreta. (Japiassu e


Marcondes, 1989).
O termo modelo vem do italiano módello, Para entender as características do con-
por sua vez, derivado do latim vulgar modellus, ceito de modelo em seus termos essenciais é
alteração feita ao latim modulus, o qual é dimi- útil refletirmos sobre uma figura lingüística usa-
nutivo de modus, ou seja, medida. (Japiassu e da com grande freqüência: a metáfora.
Marcondes,1989). Modelo é a forma ideal, o Ao dizer: "fulano é burro como uma porta"
paradigma, tendo por função a criação de ou- ou, ainda, para a minha amada, "Teus olhos
tros como ele. Já modelos teóricos são constru- são duas pedras preciosas que brilham em
ções hipotéticas, teorizadas, modos de explica- meio ao seu rosto", estamos nos valendo de
metáforas. Assim, tomamos um objeto qual-
ção que servem para a análise ou esclareci-

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quer (fulano, os olhos da amada), e o relaciona- A redutividade pode ser definida como
mos a outro (a porta, pedras preciosas), definin- sendo o fato de que ao fazer um modelo (ou
do pelo segundo as qualidades que são consi- uma metáfora) eu escolho um número finito de
deradas como existentes no primeiro (a capaci- elementos do objeto a serem representados
dade de aprendizagem, o brilho), alterando o por outro, assim, falo da burrice do fulano que é
sentido das palavras, fazendo o que é chamado tal qual uma porta, mas não falo de sua feiura ou
comumente de analogia. que a porta poderia ser também um ótimo
De forma analógica, o modelo é um meca- modelo de resistência a mudanças.
nismo qualquer alterado para ser a explicação A pontualidade pode ser entendida como
do outro, assim, temos "pirâmides de trabalho" sendo o fato de que modelos estão interessa-
ou a "máquina humana". Mas, além disto, a dos em representar um dado fenômeno e não
metáfora e modelos são também coisas que se outro, assim, a burrice é de fulano e não de seu
modificam segundo o lugar, momento histórico irmão, o brilho do olhar é de minha amada e não
e posição social que são usadas. Um exemplo de minha sogra e o funcionamento do cérebro
corriqueiro disto é como o nosso sistema nervo- é semelhante ao de um computador, e não o de
so central tem sido descrito ao longo das ultimas um fígado.
décadas: central telefônica, computador e, mais A pontualidade também pode ser o ele-
recentemente como holograma (Bond,1984), mento distintivo entre modelos e teorias, pois,
refletindo em suas metáforas os avanços da enquanto o primeiro se preocupa com fatos
tecnologia de cada época. isolados, o segundo tenta criar sistemas
A partir do que foi exposto até agora pode- explanatórios gerais que arrolam hipóteses que
mos determinar três elementos que seriam podem ser justificadas por modelos.
determinantes do que é metáfora e também do A psicologia, como todas as ciências apre-
modelo: são eles a redutividade,a pontualidade senta sistemas teóricos que geraram modelos
e o que chamamos de Zeitgeist. pontuais, reduzidos e sob influencia do Zeitgeist
Comecemos pelo o ultimo, Zeitgeist é da época.
uma palavra de origem alemã que significa
espírito de época e é usada para designar o Valoração dos modelos
conjunto de crenças e elementos que determi-
Um modelo é bom ou mau se sua utilidade
nam a visão de mundo de determinado indiví-
dentro do espaço teórico onde foi criado é
duo ou classe dentro de um contexto social e
passível de mapeamento. Quanto maior o seu
histórico específico. Assim, quando um deter-
uso prático (valor de uso), possibilidade de
minado cientista ou artista produz uma obra,
previsão (valor preditivo) e similaridade com o
sua produção não é uma coisa que surge de
fenômeno proposto (valor de face) melhor ele
dentro dele ou do acaso, mas é o reflexo de sua
será considerado. Em resumo, podemos dizer
posição social e crenças que permeiam o mo-
que um modelo é bom quando funciona para os
mento histórico onde vive. Desta forma, um
fins propostos. Desta forma, se os engenheiros
erudito do inicio do século XIX não se referiria
químicos usam até hoje o modelo planetário de
ao cérebro como computador por não conhecer
átomo quando existem modelos mais moder-
tal instrumento, e, provavelmente rejeitaria a
nos é pelo fato de que este mostra-se funcional
idéia de que os processamentos de informação
dentro das sua exigências.
nada mais são do que simples trocas químicas
entre diversas regiões do cérebro, já que suas O uso de modelos animais é amplamente
crenças essencialistas iriam contra isto. Isto é usado em outras ciências biológicas para estu-
bem explicitado em Kuhn (1994)e Heisemberg dos fisiológicos e farmacológicos, entre outros.
(1958). Em psicologia seu uso remonta aos primórdios

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da psicologia científica, com o modelo de neu- tentamos descrever alterações da topografia


rose de Pavlov. ou funcionalidade do comportamento regular,
que em sua similaridade possam ser tomadas
Modelos em psicopatologia como modelos.
O conceito de Psicopatologia é recente,
sendo que somente após o século XVI é que a Validação dos modelos em psicopatologia
igreja deixou a guarda dos alienados para a experimental
nascente psiquiatria, e somente aí é que o Mckinney (1977) cita 4 perguntas que
desvio comportamental deixou de seu caracter devem ser respondidas para que um modelo
místico-religioso para se constituir uma doença animal possa ser considerado excelente:
como tal (para uma revisão, ver Foucault,1972).
1 - Este modelo descreve as causas e
Ainda assim há controvérsias quanto à classi- tratamentos essenciais da desordem
ficação das doenças mentais como tal. Graeff a que se propõe modelar?
(1983) lista alguns critérios para que uma doen-
ça possa ser classificada desta maneira, como 2 - Existe similaridadede sintomas entre a
patologia ou doença (Disease): patologia e o modelo proposto?
a - uma síndrome: conjunto característi-
3 - Existe um substrato biológico similar
cos de sinais que andam juntos, po- entre a patologia e o modelo?
dendo ser distintos de outras
síndromes pela investigação clínica; 4 - É um modelo específico para uma
b - o decurso temporal da condição mórbi- desordem particular ou simplesmente
da é previsível, permitindo prognósti- uma modelagem de aspectos gerais
cos e, da psicopatologia humana?
c - identificam-se lesões orgânicas carac- Embora estas perguntas possam consti-
terísticas nos exames histopatológicos tuir-se em um parâmetro seguro para escolher
e anatômicos, além das causas possí- e testar a validade de um modelo, elas apresen-
veis e suas manifestações, ou seja a tam algumas dificuldades ( Bond, 1984). Assim,
etiologia e a fisiopatogenia, respecti- como ficam o desenvolvimento de modelos
vamente, que permitam o desenvolvi- para patologias em que as causas e/ou trata-
mento de tratamentos eficazes dos mento não estão muito claras, assim como a
sintomas e causas da doença. síndrome de Rert e o autismo? Ou como pode-
remos testar certos sintomas que somente são
Graeff cita ainda que em psiquiatria algu-
passíveis de investigação pela linguagem ou
mas doenças atendem a todos estes critérios,
que carecem de uma operacionalização mais
como a pelagra ou a neurosífilis, mas que outras clara, como a "tendência suicida" ou a "obses-
não, considera então um critério mais flexível, são"? Como ficariam ainda as patologias que
traduzível pela palavra perturbação ou distúrbio não têm base fisiológica ou funcional conheci-
(IIness), que indica a presença de um sofrimen- da? E, por fim, a ultima pergunta: é mais útil
to sem necessidade de correlato biológico dire- desenvolver modelo de patologia ou modelo de
to. Para nós, no entanto, é importante que haja sintomas? Não nos alongaremos nesta ques-
o desenvolvimento de um conceito de patologia tão por ser ela uma área delicada e apaixonante,
animal, isto é, que possamos falar de alterações mas onde as discussões têm se mostrado infru-
em animais, de forma a descrever funcional- tíferas (para uma discussão mais aprofundada
mente e aproximadamente o que é pretendido, ver Willner, 1991)
seja isto uma doença orgânica ou não. Assim, Uma solução possível é desenvolver mode-
podemos dizer que em psicopatologia animal, los humanos de sintomas psicopatológico, par-

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tindo do pressuposto que a ocorrência destes não os seus humores, causando-Ihes redução da
é mais que a exacerbação de elementos encon- atividade motora de forma similar ao ocorrido
trados no comportamento cotidiano dos sujeitos. nas cobaias.
Outro caminho pressupõe que o compor- Nestes experimentos, podemos ver que o
tamento animal e humano não são coisas autor valeu-se de elementos anteriormente dis-
diversas, mas fazem parte de um contínuo cutidos. Estes e outros dados da literatura refor-
dentro da evolução (Skinner, 1984,1974) sendo çam-nos a convicção da riqueza das possibili-
selecionado pelas as suas conseqüências tanto dades de pesquisa nesta área.
na ontogênese, como na filogênese (Skinner,
1984,1974). Ao longo da evolução as espécies REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS
estão submetidas a pressões evolutivas diver-
sas, gerando assim, mecanismos homólogos, BOND, N.W.(1984) - Animal models in
isto é, diferentes entre si, mas com a mesma psychopathology: an introdution, em
função. Já quando espécies são submetidas a Bond, N.W. (org)(1984) - Animal models in
pressões evolucionárias iguais, mas apresen- psychophatology, Academic Press, inc.
tam soluções evolutivas diversas, temos analo- Australia
gias. No entanto, muito pouco pode ser
extrapolado diretamente no tocante a compor- FOUCAUL T, M (1972) A história da loucura na
tamento de uma espécie para a outra. idade classica, Perspectiva, S.Paulo
Boa parte das pesquisas desenvolvidas GRAEFF, F.G. e Brandão, M.L. (edit) (1993)
na área médica valem-sedo estudo de modelos Neurobiologia das doenças mentais, Lemos,
analógicos que permitem extrapolações pontu- S. Paulo.
ais, naqueles aspectos que se mostram simila-
HEISENBERG, W.(1958) Physicist's
res. Desordens orgânicas encontradas em se-
conception of nature, Londres: Hutchinson
res humanos, tal qual o câncer, são desenvolvi-
das em outros animais e seus resultados são, JAPAISSU, H e Marcondes, (1989) Pequeno
em grande parte generalizados para a nossa dicionario de filosofia. São Paulo: Jorge
espécie. No terreno da psicologia, o pensamen- Zahar Ed.
to evolutivo ainda causa escândalo e é recebido
KUHL, T.S. (1994 ) A estrutura das revoluções
com resistência por largos setores, já que há
científicas, (Série Debates, 115). São Pau-
uma crença arraigada que o que chamamos de
psiquismo é algo unicamente encontrado em lo: Perspectiva
seres humanos. É verdade que a analogia pura MCKINNEY, W. J. T. Behavioral models of
e simples não é de todo possível na depression in monkeys em I. Hanin e E.
Psicopatologia, mas também não é em outras Usddin (eds). Animal Models in Psychiatry
ciências da saúde. Ainda assim, somos muito and Neurology. Oxford: Pergamon,
freqüentemente confrontados com analogias 1977:17-26
poderosas. Assim, em 1979 Cade (apud Bond,
SKINNER, B.F.(1974) About Behaviorism, New
obra citada), injetou em cobaias urato de lítio,
York: Knopf
um sal bastante solúvel, a fim de testar a sua
hipótese de que a mania era causada por um SKINNER, B.F.(1984) Seletion by
excesso de uréia no organismo. Em vez dos consequences, Behavioral and Brain
animais ficarem excitados, eles apresentaram Science,7(4):477-481
letargia. Em um estudo posterior, com carbona- WILNNER, P (1991) (ed) Behavioral Models in
to de lítio (um sal similar, mas que isolava os Psychopharmachology: Theoretical, indus-
efeitos possíveis da uréia), Cade tratou 10 paci- trial and clinical perspectives, Cambridge
entes com mania com lítio e viu normalizar-se University press, Cambridge

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