Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
Área de Concentração:
Geologia Ambiental, Hidrogeologia e Recursos Hídricos
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
MARMORARIAS DE SALVADOR:
Mestrando:
Orientadores:
Salvador
2013
MARMORARIAS DE SALVADOR:
por:
Dissertação de Mestrado
Mestre em Ciências
- GEOLOGIA -
À
COMISSÃO EXAMINADORA:
_______________________________ Dra. Debora C. Rios – Orientadora – UFBA
_______________________________ Dr. Herbet Conceição – Co-orientador - UFS
____________________________ MSc. Heli de Almeida Sampaio Filho – SICM
_______________________________ Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa – UFS
_______________________________ Dra. Rita Cunha Menezes – CPRM
XXXf. : il.
Ao Deus Eterno.
Aos meus pais, por tudo que fizeram no intuito de me ajudar e incentivar nessa jornada.
Aos meus professores, que durante esse período colaboraram, aconselharam e corrigiram meus
trabalhos, pesquisas e tudo relacionado à execução deste projeto.
A minha amiga, Ivanara Pereira Lopes Santos, por sua disponibilidade e auxílio na confecção do
mapa georreferenciado das marmorarias de Salvador.
Ao Museu Geológico da Bahia, Travertinos da Bahia S.A., e a Ana Cristina Franco Magalhães,
diretora de mineração da SICM, pela cessão de fotos para uso nesta dissertação.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A minha orientadora, Dra. Débora Correia Rios, pelo apoio, carinho e incentivo nos momentos
mais difíceis na execução desse trabalho e sem os quais este projeto não teria acontecido.
A minha grande amiga e professora, MSc. Maria Therezinha Guzzo Muniz Ferreira, que sugeriu e
incentivou o inicio desse projeto e principalmente que acreditou que eu poderia realizá-lo.
“Qualquer coisa que você faça será insignificante, mas é importante que você o faça.
As rochas ornamentais definem na atualidade uma das mais promissoras áreas do setor mineral,
mais do que pelas suas excelentes propriedades funcionais, o que as caracteriza são os seus
atributos estéticos, extremamente diferenciados pela combinação de estruturas, texturas e cores.
Atualmente, as marmorarias e os depósitos de chapas são os principais fornecedores dos
pequenos consumidores. As marmorarias são as empresas que, por excelência, executam os
trabalhos especiais de acabamento, enquanto os depósitos de chapas são os principais
fornecedores de materiais importados. Os shoppings da construção comercializam apenas
produtos prontos para o consumidor final, tanto na forma de lajotas e mosaicos para
revestimentos, quanto na forma de “custom made” (pias e tampos de mesa, etc.). Apesar dos
avanços, durante o beneficiamento das pedras naturais, 40% do produto são transformados em
pó e/ou fragmentos, que ficam depositados nos pátios das marmorarias. Esta grande quantidade
de resíduos gerados tem motivado pesquisadores a estudar opções de reaproveitamento na
produção de argamassas, tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretas. A reciclagem dos
rejeitos gerados pelas indústrias para uso como matérias-primas alternativas não é nova, e tem
sido efetuada com sucesso em vários países e tem sido impulsionada pelas preocupações
ambientais. Com isto, o gerenciamento dos rejeitos nas marmorarias, através de estudos capazes
de detectar suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar, é vista hoje como uma
importante atividade, que pode contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos
finais, além de resultar em novas matérias-primas para uma série de setores industriais. Na
Região Metropolitana de Salvador estão em atividade atualmente cerca de 130 marmorarias, 95%
destas não utilizam ou não se interessam em desenvolver tecnologias em reciclagem de resíduos
de beneficiamento de rochas ornamentais. Apenas quatro empresas desenvolvem este recurso,
voltado para a confecção de mosaicos e seixos para as atividades de jardinagem e paisagismo. A
grande maioria opta pela importação de produtos reciclados principalmente da China, tais
produtos entram no mercado nacional a preços exorbitantes enquanto todos os resíduos gerados
pela atividade de beneficiamento nas marmorarias são descartados de maneira aleatória e
inadequada. A conscientização dos empresários e cidadãos é a chave para a solução desse
problema ambiental relativamente simples. A maioria dos empresários do setor tem conhecimento
dessas alternativas, porém alegam que o investimento nessa atividade é relativamente alto e que
o descarte tem sido o meio mais barato para esse volume de resíduos. Talvez a constituição de
uma cooperativa nos mesmos moldes das já existentes para garrafas pet e latas seja a alternativa
mais viável e que poderá provocar a conscientização dos empresários marmoristas.
The ornamental define nowadays one of the most promising areas of the mining sector , rather
than by its excellent functional properties , which distinguishes them are their aesthetic attributes ,
the combination of highly differentiated structures , textures and colors . Currently, marble mills
and sheet deposits are the main suppliers of small consumers. The marble industries are
companies that, par excellence, perform special finishing the work, while deposits of plaques are
the main suppliers of imported materials. The construction of malls sell only ready products to the
final consumer, either in the form of tiles and mosaics for coatings, as in the form of "custom
made" (sinks and table tops, etc.). Despite advances during the processing of natural stone, 40%
of products are transformed into powder and / or fragments that are deposited on patios of the
marble industry. This large amount of waste generated has motivated researchers to study options
for reuse in the production of mortars, ceramic brick, ceramic and concrete. The recycling of waste
generated by industries for use as alternative raw materials is not new, and has been performed
successfully in several countries and has been driven by environmental concerns. With this, the
management of waste in sheds through studies able to detect their potential and to enable their
preliminary selection, is seen today as an important activity, which may contribute to diversification
of products, reduction of final costs, and result in new raw materials for a range of industrial
sectors. In the Metropolitan Region of Salvador are currently active around 130 sheds 95 % of
these do not use or are not interested in developing technologies in waste recycling processing of
ornamental stones. Only four companies develop this resource, come back for making mosaics
and pebbles for landscaping and gardening activities. The vast majority opts for the import of
recycled products mainly from China, such products enter the domestic market at exorbitant prices
while all waste generated by the activity of processing the marble industry are dropped randomly
and inadequate. The awareness of entrepreneurs and citizens is the key to solve this
environmental problem relatively simple. Most entrepreneurs are aware of these alternatives, but
contend that the investment in this activity is relatively high and that the disposal has been the
cheapest for this volume of waste. Perhaps the establishment of a cooperative in the same way
the existing PET bottles and cans to be the most feasible and likely to cause awareness of
entrepreneurs masons
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE ANEXOS
Capítulo 1. INTRODUÇÃO
1.1 O Setor Produtivo de Rochas Ornamentais
1.2 Motivações
1.3 Objetivos da Dissertação
1.3.1 Objetivo Geral
1.3.2 Objetivos Específicos
1.4. Justificativas
1.5. Localização e Delimitação da Área de Trabalho
1.6. Marmorarias de Salvador
1.7. Aspectos Metodológicos
1.7.1. Levantamento Bibliográfico e Creditação Obrigatória
1.7.2. Elaboração dos Questionários de Pesquisa
1.7.3. Pesquisa de Campo
1.7.4. Tratamento dos Dados
1.7.5. Divulgação dos Resultados
1.8. Estrutura da Dissertação
Capítulo 6. ANEXOS
Anexo 1: Modelo do questionário de pesquisa aplicado junto às empresas marmoristas da RMS.
Anexo 1: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa
aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Anexo 2: Cópias dos trabalhos produzidos e divulgados em eventos científicos durante a
elaboração desta dissertação.
ÍNDICE DE FIGURAS e TABELAS
Capítulo 1. INTRODUÇÃO
Figura 1.1: Mapa de situação e localização da Região Metropolitana de Salvador
Figura 1.1: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.
Figura 2.3: Esquema ilustrativo do problema dos resíduos sólidos e ideias de novos usos
Figura 2.4: Resíduos gerados nas etapas produtivas da cadeia de rochas ornamentais
marmorarias visitadas.
Figura 2.5: Exemplos de produtos criados no Brasil a partir da reciclagem de rochas: (A)
Telhas, (B) Produtos cerâmicos (pias/cubas), (C) Vidro, (D) Placas de “rochas
artificiais”.
Introdução
Abordagens:
Ornamentais
1.2 Motivações
1.3 Objetivos
1.4 Justificativas
de Trabalho
1
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
INTRODUÇÃO
rochas dimensionais e/ou materiais de cantaria, definem na atualidade uma das mais
tecnologias que aprimoram a exploração e otimização da produção. Mais do que pelas suas
movimentos), texturas (dimensão e forma dos cristais ou conteúdo fóssil) e cores. Por essa
rocha, e cada “granito” ou “mármore” ornamental têm preço e nome próprios, sendo muito
podem ser basaltos, riolitos, dacitos, andesitos, sienitos e mesmo mármores sensu stricto.
Mármore, por sua vez, é a designação para a rocha ornamental de origem carbonática,
pois são utilizadas rotineiramente por pessoas leigas, sem qualquer conhecimento básico de
fundamental aqui é o aspecto visual. As confusões geradas, por outro lado, tornam-se
texturais e composicionais.
algum tipo de agregação tecnológica e vantagem funcional, ou atributo estético notável. Seu
preço não é fixado nas bolsas de mercadorias e não existem garantias de comercialização,
sendo o consumo dependente tanto da lei de oferta versus procura, quanto da percepção de
produtivos:
beneficiamento primário, e.
extraído.
cerca de 30% do produto são transformados em pó e/ou fragmentos, que ficam depositados
entre Espírito Santo, Bahia, Ceará e Paraíba, entre outros estados. Esta grande quantidade
Por outro lado, a reciclagem dos resíduos/rejeitos gerados pelas indústrias para uso
como matérias-primas alternativas não é nova, tem sido efetuada com sucesso em vários
países (Carvalho et al. 2003) e tem sido impulsionada pelas preocupações ambientais. Com
isto o gerenciamento dos rejeitos nas marmorarias, através de estudos capazes de detectar
suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar, é visto hoje como importante
atividade, que pode contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos finais,
2 MOTIVAÇÕES
na Bahia, foram inventariadas uma série destas empresas, com base em visitas técnicas e
programas de incentivo e de créditos (Gomes Junior 2004, Rios et al. 2005). Os resultados
como no futuro, possa contribuir para a sensibilização das demais marmorarias, levando-as
competitivas.
3 OBJETIVOS
passaram a fazer parte desta preocupação, pois este setor produtivo vem contribuindo em
muito na questão impacto ambiental, visto ser ele um dos que mais geram resíduos.
Com base nesta situação, este trabalho objetiva expor as dimensões deste quadro
panorama realístico.
estados Brasileiros.
4. Identificar e apontar os fatores que podem ser utilizados como ferramenta para a
utilizadas.
4 JUSTIFICATIVAS
setor das características naturais da matéria prima trabalhada, e nas implicações ambientais
do descarte inadequado deste tipo de resíduo, bem como na ignorância, por parte de muitos
mercado e uma atividade econômica distinta no campo das geociências, justificando uma
comunidade.
Salvador” (RMS, Figura 1). Formada pelos municípios de Camaçari, Candeias, Itaparica,
Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho, Dias D’Ávila, Mata de São João, e Madre
de Deus, a RMS foi concebida, similarmente ao que ocorreu com as demais capitais
!
.
CONCE IÇÃO
DO JACU ÍP E !
.
12°20'S
12°20'S
CATU
TERRA MAPA DE LOCALIZAÇÃO
!
. !
. NOVA 45º 43º 41º 39º
POJUCA
9º
AMÉ LIA !
.
RODRIGUES
11º
MATA
DIA S
!
.
!
. SÃO D'ÁV ILA
17º
FRANCIS CO
DO CONDE
!
.
12°40'S
12°40'S
CANDEIAS
!
. CAMA ÇARI
!
.
!
.
SAUBA RA MADRE SIMÕES
!
. DE FILHO
DEUS !
.
I C O
SALINAS
!
. .
! Sede municipal
T
LA URO
DA !
. Limite municipal
!
DE
. Estrada de ferro
N
13°0'S
13°0'S
(
! Complexo de marmorarias
N O (
! Marmoraria de médio porte
O C E A
(
! Marmoraria de pequeno porte
!
. ( Não responderam o questionário
±
Escala 1:850.000
8,5 0 8,5km
8
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
existentes entre si, a RMS tornou-se responsável por mais de 80% da indústria de
presente análise são as marmorarias situadas nos três principais municípios da RMS:
Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas. A Cidade do Salvador, com 79,5% dos depósitos
cadastradas na Bahia (Gomes Junior 2004). Essas empresas são responsáveis por 40% da
aspectos justificam a escolha destas três cidades para a amostragem estratégica vinculada
6 MARMORARIAS DE SALVADOR
O objeto da presente análise são as cinco (05) maiores marmorarias, bem como as
Municípios de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari, e que segundo Junior (2004), estão
dessas empresas e foi determinada pelo ranking elaborado durante o trabalho de pesquisa
(SICM).
7 ASPECTOS METODOLOGICOS
municípios de Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas, utilizados para a coleta dos dados
marmoristas da RMS.
aplicação dos questionários em 95 (noventa e cinco) das cerca de 130 (cento e trinta)
empresas sediadas na RMS. Nesta etapa os empresários/ gerentes foram contatados para
pátio de disposição dos resíduos. Todas as empresas participantes desta etapa foram
nesta área.
resíduos sólidos. Com base nestes questionários foi elaborado um banco de dados
13º
DE DEUS
CANDEIAS
15º
17º
.
! SIMÕES FILHO
CO RAÇ ÃO .
! ARAÇ ÁS
.
!
DE
TE OD OR O
MA RIA SAM PAIO
.
!
.
! ITA NAG RA
.
!
CO NCE IÇÃO CAT U
(
! DO JAC UÍ PE .
!
TE RRA
.
! .
! NO VA
POJ UC A
AM ÉLI A .
!
RO DRI GU ES
SÃO SEBAS TI ÃO MAT A
DO PASSÉ DE
12 ° 30 'S 12 ° 30 'S
.
! SÃO JO ÃO
.
!
12°50'S
12°50'S
SANT O .
!
AM ARO
.
! DIAS .
!
SÃO D'ÁVIL A
FR ANC ISC O
DO CO ND E
.
! CAND EIA S
LAURO .
!
.
! CAM AÇ ARI
.
!
SIM Õ ES
SAUBA RA
.
! MA DRE FI LH O
DE FREITAS (
! DE
DEUS
.
!
O
SALI NAS
!
( .
!
IC
LAU RO
(
! DA .
!
T
.
! DE
MA RG ARI DA
FR EIT AS
N
( ITA PAR IC A
Â
(
! VERA
.
! SAL VA DO R
.
! L
CRU Z
(
! ( (
! 13 ° 0'S AT 13 ° 0'S
OCEANO
(
! (
! !
( !! (.
!
(
! (
! .
!
(
! (
! !
(!(
38 ° 30 'W 38 ° 0'W
(
! ( (
!
! ! (
!
!
(
(
(
! ( !
! ( (
!
(
! (
! (!
! (
( (
! !
(
O
!!
( (
!
(
! (
(
! (
! (
!
C
!
( (
!
I
(
! !
( (
!
(
! (
! (
!
T
(!
! ( (
!
(
! !
((
! !
( .
! Sede municipal
(
!
N Limite municipal
!
( !
(
(
! !
( !
(
 Estrada de ferro
(
!
L Estrada pavimentada
.
! (
! (
!
(
!
( !
( !
A T Estrada não pavimentada
(
!
SALVADOR N O
(
! !
( O C E A
(
!
(
!
!
( (
!
(
! (
! !
(!(
(
! (
!
(
! Complexo de marmorarias
13°0'S
13°0'S
(
!
!
(
((
! (
! Marmoraria de médio porte
±
Escala 1:300.000 (
! Marmoraria de pequeno porte
3 0 3km
( Não responderam o questionário
38°30'W 38°20'W 38°10'W
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
12
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Figura 2: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
critérios para avaliação, bem como a elaboração de diagramas e gráficos para ilustração
editorial. Uma extensa revisão bibliográfica do mercado ornamental brasileiro, com a visão
crítica dos autores compõe o capítulo 2, organizado na forma de um artigo que expõe o
estado da arte. No capitulo 3, o artigo enfatiza o real cenário da geração de resíduos pelas
reaproveitamento de resíduos.
(i) Demonstrar através de ilustrações, gráficos e tabelas o real cenário dos resíduos
(ii) Demonstrar que a reciclagem poderá ser uma nova alternativa de investimentos e
ornamentais.
(iii) Apresentar um resumo, através de quadro comparativo, dos efeitos dos resíduos em
8 ESTRUTURA DA DISSERTACAO
O capitulo 1 traz uma breve introdução ao setor produtivo das rochas ornamentais e
seus resíduos. Além disto, apresentamos ao leitor os objetivos deste trabalho e as nossas
motivações e justificativas para estudo deste tema, discutindo as etapas metodológicas que
deste estudo.
reciclagem de rochas ornamentais no Brasil e no mundo, com uma visão crítica de quem
obtidos a partir dos estudos realizados ao longo da elaboração deste projeto de mestrado. O
enfoque principal são as estratégias que vem sendo aplicadas pelas marmorarias da RMS
O capitulo 4 foi reservado para algumas considerações finais, bem como para a
exposição, por parte deste mestrando, de seu ponto de vista no que diz respeito as
acesso ao modelo do questionário, ao Banco de Dados gerado a partir de sua aplicação nas
Abordagens:
2.1 Introdução
Ornamentais
Ambiental?
Ornamentais no Brasil
“Estado da Arte”
2.8 Agradecimentos
16
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
PERSPECTIVAS BRASILEIRAS
BRAZILIAN PERSPECTIVES
Resumo
maior produtor e o 5º maior exportador mundial de rochas, sendo superada apenas por
China, Índia, Itália e Turquia. Contudo, este avanço do mercado ocorreu sem a devida
ambiental e gera uma grande quantidade de rejeitos, com perdas de até 70% da matéria-
sobras dos cortes efetuados nas lajes brutas. Há 10 anos praticamente não existiam
das pedras sendo ainda comum encontrar pelo interior do Brasil, às margens das estradas,
uma quantidade de pedras em formatos que não são aproveitados, criando montanhas de
rejeito que comprometem a paisagem e poluem as fontes de água. Essa tendência vem
econômica para muitas das empresas deste rentável setor produtivo mineral. Exemplos
Abstract
The expansion of the consumer market and the expansion of the production of
ornamental occur without proper guidance or support technician. The production process
does not follow the environmental legislation and generates a large quantity of wastes to
70% of the raw material extracted is lost. The beneficiation process produces a large amount
of dust that is most often directly released into rivers and streams, contributing to the
remains of cutting the pavement rough. There are practically no cases reported of reuse of
waste generated by the extraction and processing of stones. It is common to find, along
highways, Cairns and remains abandoned. The primary process of extraction produces
losses and a quantity of stones in formats that are not recovered. It is still possible to
observe, in passing on the road, mountains of tailings compromising the landscape and
polluting water sources. This trend is changing; several studies and surveys show that the
reuse of waste is a modern and efficient output to avoid major environmental impacts and
economic solution to many of the companies in this sector profitable mineral production.
INTRODUÇÃO
reintroduzi-los no ciclo de produção. No mundo todo reciclar tem se tornado o slogan das
correto. Em um Planeta cada dia mais próximo da exaustão - e que precisa prover recursos
para uma população que deverá alcançar os 10 bilhões até 2020 todos a desejar o padrão
população.
Nos últimos anos, a pesquisa sobre a reciclagem de resíduos industriais vem sendo
estudo desse tema obtendo-se resultados bastante promissores; todavia, a reciclagem ainda
Por outro lado, rochas são “eternas” e abundantes na superfície terrestre. Porque
então pensar em reciclar rochas? O fato é que, ao transformar matérias - primas, de modo a
quais, no momento em que são produzidos, são inúteis e que, ao longo do tempo,
(i) Antes dos anos 60, onde a visão ambiental incidia mais nos casos relacionados
trabalho;
(ii) Anos 70 a 80, com avanços nas discussões sobre poluição ambiental e
social de forma harmônica com a preservação do meio ambiente. Esta nova filosofia
extrativo sem planejar a minimização e reparação dos impactos ambientais que podem ser
gerados. No caso específico das rochas ornamentais, este é ainda um grande desafio, pois
os resíduos sólidos são os maiores causadores de impactos e uma boa gestão desses
caracterização dos rejeitos antigos da mineração, cujo objetivo seria conhecer a composição
deste setor da cadeia produtiva nos últimos anos, o que vem sendo feito, e o que ainda é
preciso/possível fazer no país para tornar este mercado ambientalmente seguro e mais
Nosso objetivo é conscientizar a comunidade para o fato de que rochas não são
eternas, mas sim um recurso natural não renovável e que sua reciclagem é uma opção
inteligente pela qual passa a solução do problema ambiental de gestão dos resíduos sólidos
produzidos por esta cadeia produtiva. Por fim, trazemos a tona casos de sucesso que já
principais: (i) extração, que ocorre nas pedreiras, e o (ii) beneficiamento, representando a
transformação realizada nas serrarias do material natural que foi extraído (Figura 1).
serragem e polimento para produção dos materiais que são utilizados na indústria da
em placas polidas, e “secundário”, realizado nas marmorarias, onde as chapas polidas são
O O
S SEMI BANCOS, ASSENTOS,
S MEIO FIOS E
ACABADOS
PAVIMENTOS
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
22
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Segundo Chiodi (2013), para cada US$ 1,00 importado pelo Brasil, exportou-se
apenas US$ 1,09. No setor de rochas, para cada US$ 1,00 importado, exportou-se US$
17,41. O preço médio das exportações brasileiras de rochas foi de US$ 470/tonelada,
volume físico das exportações de rochas, bem como alguns indicadores indiretos baseados
em um patamar de 9,3 milhões de toneladas em 2012, com variação de 3,3% frente a 2011.
de granito, para a China. Desta forma, o ano de 2012, foi pouco significativo para as
zona do euro. Ainda segundo Chiodi (2013) espera-se o mesmo para 2013, até pela
registrado no faturamento foi devido ao incremento do preço médio dos principais produtos
exportados, bem como ao aumento da participação de rochas processadas, com maior valor
2013). Essas importações alcançaram US$ 60,91 milhões e 98.983,70 toneladas, enquanto
brasileiras foi de 0,44% em 2012, com um saldo da balança comercial do setor de rochas,
em materiais rochosos naturais, de US$ 999,50 milhões. Neste mesmo ano, a participação
do saldo comercial de rochas no saldo das exportações totais brasileiras foi de 5,14%
(Tabela 1).
rochas ornamentais, a demanda por material de acabamento está aquecida pela finalização
2010. Assim, no momento, o setor imobiliário conta com a demanda dos imóveis lançados
em 2008 e parte de 2009. A partir do segundo semestre de 2013, e em 2014, será a vez da
O mesmo autor adverte, contudo que se deve esperar uma concorrência acirrada de
produtos importados no mercado brasileiro nos próximos anos. O fenômeno fica claro
25
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Tabela 1: Evolução da Produção de Rochas Ornamentais Brasileiras no periodo 2009 – 2012 (Fonte: Abirochas – Chiodi 2013).
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
são cada vez mais oferecidos materiais de revestimento importados, tanto naturais quanto,
Perspectivas Brasileiras
O mercado mundial trabalha com dois tipos de materiais pétreos: (i) as rochas
beneficiamento, e (ii) as rochas brutas, em blocos, e que não sofreram nenhum tipo de
faturamento, mas até 52,2% do volume físico exportado. Alem disto, o consumo per capita
consumo interno recue em 2013 (Chiodi 2013). De acordo com este mesmo autor, as
18%, além de ardósias, quartzitos foliados e outros. Mais de 60% do total dessa produção
estima-se que o consumo interno tenha totalizado 71,9 milhões m2 equivalentes, em chapas
(materiais naturais e aglomerados) tenham sido importados e que 32,4 milhões m2 (45% do
brasileiras de produtos manufaturados disparou nos últimos anos. O forte aumento dessas
economia mundial, o setor de rochas ornamentais brutas não deve esperar uma expansão
brasileiro que definirá como superar a crise prenunciada e obter resultados além das
anos.
desta atividade, como contaminação dos corpos hídricos e do solo, poluição atmosférica,
desfiguração da paisagem e danos à saúde (Prezotti et al., 2004, apud Magacho 2006).
do ciclo produtivo, ou seja, desde a fonte geradora (pedreiras) até a destinação final
gerados por aquela comunidade. A escolha das ferramentas adequadas também é um ponto
de suma importância, pois, dentro dos critérios técnicos, deve-se buscar maximizar o
Resíduos Sólidos
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da Norma NBR 10004, (ABNT
2004) define Resíduos Sólidos como “resíduos nos estados sólido e semissólido, que
ornamentais.
sólidos), classificando os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à
- Não Perigosos.
(i) Inertes, que inclui os resíduos que, quando amostrados de uma forma
(ii) Não inertes, que incluem aqueles resíduos que não se enquadram nas
sólidos não perigosos e inertes, e normalmente, são classificados por tamanho, em grossos,
finos e ultrafinos. Babisk (2009) chama a atenção para o fato de que as composições dos
tamanhos irregulares, blocos com defeitos, pedaços de blocos, casqueiro (material retirado
dos blocos por ocasião do aparelhamento dos mesmos), lascas de rochas, entre outros
tipos), está geralmente na faixa dos 25 a 35% da produção, e que estes problemas
visitadas.
rocha são dispostos de forma inadequada, gerando danos ambientais, poluindo o ambiente
riscos de acidentes. Segundo Campos et al. (2007) a crescente demanda de materiais para
exportação nos últimos 50 anos colaborou com esta situação, uma vez que a indústria
ultrafinos são os mais comuns, o que não impede que este tipo de residuos ocorra também
nas pedreiras. Com o crescimento do setor mineral no Brasil, a partir da década de 60,
serragem (processo de corte) dos blocos em chapas, com espessuras que variam de 1 a 3
esquadrejamento até sua dimensão final. Nesta fase de beneficiamento são geradas
quantidades expressivas de resíduos, os quais na maioria das vezes são dispostos de forma
tradicionais de lâminas de aço, a lama gerada é proveniente de uma polpa abrasiva utilizada
mesmas, limpar os canais entre chapas e servir como abrasivo para facilitar a serragem.
fundido), cal (calcário ou carbureto de cálcio) e rocha moída (Gonçalves, 2000, apud Babisk,
2009).
Resíduos Hídricos
três processos básicos dependentes do uso da água: (i) desdobramento dos blocos, (ii)
polimento e, (iii) acabamento das chapas. Esses processos exigem um grande volume do
recurso hídrico. O mais lógico, portanto é que a gestão dos recursos hídricos nas indústrias
para o uso e a manutenção deste recurso, pois isto representa não só economia de custos
ambientais como também recursos para o próprio processo produtivo da empresa (Roxo
2006).
mistos, na forma de lama, são prensados para retirar o excesso de água. Mas evidências
revelam que, na quase a totalidade dos casos, as empresas lançam estas lamas em
tanques de acúmulo diretamente no solo (Babisk 2009). Sem recirculação, parte do líquido
evapora ou se infiltra no solo, enquanto a outra parte permanece como umidade nos
resíduos acumulados, sem nenhuma previsão de utilização ou reuso. Estima-se que três mil
toneladas deste tipo de efluentes sejam lançadas por dia no meio ambiente (Prezotti, 2003,
produzidos, são inúteis e, ao longo do tempo, acabam por comprometer o meio ambiente.
ornamentais, são geradas grandes quantidades de rejeitos que precisam ser reciclados e
racionalmente este recurso natural. É preciso entender que rochas são um recurso natural
não renovável, que a reciclagem destes produtos são uma opção inteligente e que a ma
gestão dos resíduos do seu ciclo produtivo cria um grave problema ambiental.
destas rochas, com os mais variados aspectos estéticos e texturais (Rosato et al., 2013).
crescimento médio na produção mundial estimado em 6% a.a, nos últimos dez anos, e com
produzido e, a cada dia, esses rejeitos agridem mais o meio ambiente, em virtude da falta de
dos rejeitos de rochas ornamentais para uso como material alternativo não é novo e tem
dado certo em vários países do Primeiro Mundo, sendo três, as principais razões que
motivam esses países a reciclarem seus rejeitos: (i) o esgotamento das reservas de
matérias-primas confiáveis; (ii) o crescente volume de resíduos sólidos, que põem em risco
grossos das pedreiras, sendo cada vez mais comum encontrar áreas com total
aglomerado de mais de 30 empresas que exploram granitos (rosas e cinzas) desde 1928 e
cujas reservas tem uma vida estimada de mais de cem anos em uma área de uns 4 km 2, os
ornamentos para jardins, praças públicas, varandas e os pedaços menores são britados no
próprio local (que conta com uma planta de britagem industrial) e reaproveitados como brita
e areia artificial para construção. Em 2003, por exemplo, foram produzidos 150.000 m3 em
No Brasil tem se tornado cada vez mais frequente ver plantas de britagem nas
indústria cerâmica como uma das grandes opções para a reciclagem de resíduos sólidos
(Segadães et al., 2005). Ademais, é uma das poucas áreas industriais que podem obter
vantagens no seu processo produtivo com a incorporação de resíduos entre suas matérias-
CASOS DE SUCESSO
antigas colunas de marmore migraram da Grécia para Roma e mais tarde de lá foram
ocupar posições de destaque dentro de igrejas no norte da Europa. Seu valor não estah
apenas relacionado ao do material nobre de que eram compostas, mas da historicidade que
construídos em séculos passados. Paralelepípedos de ruas muito antigas são desde sempre
retrabalhados e reutilizados, aqui aliás sem exploração de suas historicidades. Outro caso
York, onde os degraus do entorno foram feitos com granito reaproveitado de duas pontes.
Universidade de Bruxelas, realizado pelo estúdio belga Rotor, optou pela reciclagem e
ja esta sendo posta em uso por algumas associacoes. Nos EUA, a organização “Habitat for
empresa de comercio virtual, a Stonelocator, tornou possivel vender, através de seu site,
resíduos industriais. As rochas ornamentais são materiais ideais para esse tipo de
reaproveitamento ja que, ainda que em pequenos pedaços, a rocha tem grande durabilidade
ornamentais européias (Merke, ) afirma que sobretudo para as grandes construções, uma
variação da ideia do Cash-for-Clunkers é digna de estudo. Esta iniciativa surgida nos EUA e
trocar seu automóvel por outro comprovadamente mais econômico no consumo de gasolina.
(Lifestyle of Health and Sustentability, em inglês), sugerem ser possivel melhorar o mundo
através do consumo consciente, ja que cerca de 1/3 dos cidadaos possuem atualmente
Mas sera que a reciclagem so eh voltada para a populacao de baixa renda e significa
reporta que uma empresa alemã, a Draenert, produtora de móveis exclusivos, lançou uma
série de móveis feitos com restos de rochas ornamentais (Figura 5E). A empresa associou a
na produção de cerâmica vermelha. Moreira et al. (2003) usaram o resíduo de granito, com
adições de até 10% em peso, como aditivo na massa utilizada na fabricação de produtos
cerâmicos. Cocchi (2005), utilizando lama de mármore, limitou a quantidade a ate 16%, em
resíduo a sua massa, mas também ao comprometimento que ocorre no aspecto superficial
quando concentrações maiores são utilizadas. Pontes e Vidal (2005) buscaram uma técnica
para purificar o resíduo, através da remoção do Fe, ampliando suas possíveis aplicações na
indústria de cerâmica; cerâmica vermelha (telhas, tijolos e lajotas; Figura 5A); blocos
que a utilização destes resíduos ornamentais pode ser viável em quantidades de até 40%.
(A) Telhas, (B) Produtos cerâmicos (pias/cubas), (C) Vidro. Produtos de reciclagem na
resíduo de granito em concretos, com adição em teores de 10% e 20% em relação à massa
do cimento, e concluindo que esta adição não só é viável tecnicamente como que, a
formulação com 10% de adição, apresenta melhor desempenho. Souza et al. (2009)
“Rochas artificiais”
de rochas naturais, como o mármore e granito (Figura 5E). A utilização de rejeitos de rochas
indesejável e possibilita a geração de novos empregos e fontes de renda. Essas rochas são
tão ou mais resistentes que as originais e capazes de serem moldadas em formas variadas
(Figura 5D). Este subproduto amplia o mercado ornamental, pois, não apenas valoriza os
de produtos com geometria complexa, como mobiliário (Figura 5E). A criação de rochas
artificiais já é pratica comum no exterior, contudo a técnica ainda é bem recente no Brasil
Uma das primeiras experiências brasileiras é a de Molinari (2007) que elaborou uma
em uma matriz polimérica termorrígida com base em resinas poliéster e acrílica. Esta
reciclagem dos rejeitos de rocha ornamental, tendo ainda forte apelo econômico pela
Brasil, estas sobras eram vendidas para o mercado europeu por um preço baixo e depois as
peças prontas retornavam ao Brasil com um valor agregado muito mais elevado e gerando
tecnologias existentes teve o intuito de criar uma versão nacional da “rocha artificial”. A
técnica criada e patenteada no Brasil (Furtado 2009, Ribeiro et al. 2012) está ainda em fase
o que vem ocorrendo em Santo Antonio de Pádua, no Rio de Janeiro (Carvalho 2003).
Nesta área um grande volume de perdas ocorre na lavra e no beneficiamento das rochas,
sendo estimado em cerca de 80% do material extraído. Este rejeito vem ocasionando graves
problemas e tipifica o prejuízo ambiental causado pela atividade extrativa na região (Almeida
et al. 2002).
Miracema”, podem ser utilizados na formulação de tijolos para fins estruturais e de bloquetes
para calçamento de ruas e calçadas. A preocupação maior nesta região era, contudo o
duas alternativas para o reaproveitamento destes pós-finos: (i) em cerâmica vermelha e (ii)
em argamassa.
serrarias são, no mínimo, idênticas às das argamassas produzidas pelos fabricantes líderes
Em longo prazo, a reutilização dos resíduos provenientes do corte das rochas, além
Produção de vidros
que são matérias primas utilizadas na fabricação de vidros (Figura 5c) sodo-cálcicos (SiO2,
Al2O3, CaO, Na2O e K2O). Por sua vez, os resíduos de rochas carbonáticas (mármores) são
Babisk (2009) demonstrou que estes resíduos podem ser utilizados como aditivo na
Isso por que, além do ferro, este grande percentual de óxidos presentes nos resíduos de
rochas ornamentais, podem fornecer a matéria prima necessária para a fabricação de vidros
sodo-cálcicos, em especial a sílica (SiO2) e a alumina (Al2O3), seguidos pela cal (CaO) e
óxidos alcalinos (Na2O, K2O). Os resultados obtidos por este autor nas análises de
destes resíduos são similares, potencialmente contribuindo para que haja efetiva
alguns países asiáticos (Japão, Coréia do Sul, Taiwan), tem demonstrado um grande
pesquisas européias que vêm se dedicando a este tema nos últimos anos.
primeiro, ao maior esclarecimento dos seus técnicos sobre a questão ambiental, o que
atuarem de forma rígida e severa, no que se refere à preservação do meio ambiente, com a
de cerâmica tradicional na Europa com destaque para países como Espanha, Itália, Turquia
grande variedade de resíduos possui composições químicas que possibilitam seu uso na
indústria cerâmica, acaba por propiciar incentivo a várias entidades de pesquisa a buscarem
alternativas para a redução da dependência dos produtores com relação aos seus
fornecedores de matérias-primas.
por alguns países asiáticos, que também possuem certo destaque nessa tecnologia. Neste
cerâmica ou, a qualquer outro tipo de tecnologia. Isto é consideravelmente sério, já que os
basicamente para a indústria de cerâmica tradicional e que os EUA não possuem suficiente
“know how” nesse setor, não é justificada, já que vários estudos, em particular os que
isto poderia ser atribuído ao fato de que pesquisadores brasileiros não se dedicam ao
estudo desse tema. Esta premissa não é verdadeira, pois vários pesquisadores têm
produzidos no Brasil.
Essa suposta falta de interesse dos pesquisadores brasileiros para com o tema está
serem válidas, é fundamental que as pesquisas brasileiras desta temática sejam divulgadas
nacional, no mundo atual em que se faz necessária uma integração cada vez maior entre os
imprescindível para que não figuremos neste setor como meros importadores de tecnologia,
problemas comuns a vários países, tendo uma exposição contínua de seus trabalhos.
adquirem, a cada dia, mais destaque, por utilizarem vários resíduos no desenvolvimento de
como de toda a cadeia produtiva são uma alternativa altamente rentável às matérias-primas,
o que já é muito bem assimilado em várias partes do mundo, mas que no Brasil
produto e uma série de inconvenientes, o que não é de todo errado, mas que pode ser
totalmente evitado, caso sejam feitos estudos prévios para aperfeiçoar a composição dos
errôneo de que, se forem utilizados materiais de baixo custo, se obterá redução nos custos
finais, mesmo com a confecção de produtos de qualidade inferior, não sendo assim
abordada a ótica de que os resíduos são hoje uma nova e concreta alternativa às matérias-
primas (principalmente nas regiões com grande concentração industrial) e que sua
utilização, além de propiciar redução de custos, pode conduzir a produção de peças com
Outro segmento que deve ser evidenciado é a esfera governamental, já que tem
fiscalização rígida que impeçam a poluição do meio ambiente e imponham, aos agentes
mundo estas pressões governamentais são uma das causas mais comuns ao
rejeitos. No Brasil, este fator é ainda mais preponderante, já que grande parte dos
bem como as várias vantagens existentes na utilização de resíduos como matérias primas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
desde a exploração das jazidas, passando pelo beneficiamento (serragem e polimento) até
hidricos, e sólidos (perdas), que chegam a atingir a faixa de 65 a 75%, em média. Além de
ambiente e a produtividade das empresas do setor. Como neste mercado predominam micro
e pequenas empresas, grande parte desses resíduos é largada nas próprias pedreiras e/ou
começaram a pensar soluções para o reuso dos recursos hídricos envolvidos em seus
processos produtivos. Roxo (2006) advoga que os primeiros resultados desta nova postura
seja pelo incremento na reutilização da água e reaproveitamento dos efluentes, o que ocorre
pedreiras onde as rochas são extraídas, seja por defeitos nos blocos, seja por incapacidade
de venda do produto geram poluição visual e chamam a atenção. São porem os resíduos
Nos últimos anos diversos estudos têm focado a questão da gestão de resíduos no
grossos e finos gerados, estudando possíveis aplicações industriais para os mesmos, bem
tanques de decantação para separação água/sólido dos efluentes gerados na serragem dos
blocos por meio de teares ou de serras de disco diamantado, nas serrarias (Campos &
Castro 2007). Focos de especial atenção são os efluentes gerados na etapa de acabamento
das placas, devido às diferentes substâncias químicas que são adicionadas por estes
processos.
ela não pode ser simplesmente paralisada, devido a sua importância econômica. Necessário
reutilização desses resíduos, sendo que algumas delas estão já incorporadas a novos
produtos e processos, como por exemplo, no emprego desses resíduos em produtos para a
uso de resíduos de rochas. É o caso de, mediante ajuste na composição, utiliza-los como
matéria prima para fabricação de vidros, o que alem de contribuir ambientalmente ao gerar
uma nova destinação para estes resíduos, agrega-lhe valor, minimiza a poluição do seu
alto poder aquisitivo, demonstram como a questao da sustentabilidade tem ganhado novos
adeptos. A prática não é nova e o unico fator limitante é se o material pode ser reutilizado ou
não. A alguns anos este aspecto tem sido destaque em campanhas de relações públicas da
precisa e deve ser melhor explorado. Necessario portanto enfatizar mais a possibilidade de
de baixa renda e executada exatamente pela fatia da sociedade mais carente de amparo
socioeconômico, enquanto que na Europa essa atividade é vista pelos grandes empresários
como uma das soluções para a atual crise financeira que assola o mundo de modo geral. As
discussões atuais e o estado da arte sobre as possibilidades de (re) utilização dos resíduos
como matéria-prima alternativa para vários outros produtos, nos permite tecer algumas
reconhecer a importância desta utilização, uma vez que este resíduo deixa de ser lançado
quantidade de matéria prima necessária (ex. argila), para a fabricação destes recursos.
Outra vantagem da utilização deste material é o fato de não ser necessário nenhum
no Brasil são promissoras. Vários avanços nos últimos anos demonstram que houve uma
Rochas
Ornamentais
Tecnologia &
Investimentos
Inovacao
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
54
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
destes avanços é que o Brasil ultrapassou a China no mercado dos EUA, tornando-se
novamente o maior fornecedor de rochas para esse país nos anos de 2011 e 2012, tanto em
AGRADECIMENTOS
Comercio e Mineração do Estado da Bahia pelo apoio logístico. Agradecemos aos revisores
pelos comentários enriquecedores que ajudaram a aprimorar este texto e ao Curso de Pós-
formato de artigos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÁGUAS – ANA, Instituto Brasileiro de Mineração - IBRAM, pág. 199 a 231. Disponível em:
CALMON J. L., SILVA S.A.C. 2006. Mármore e Granito no Espírito Santo: problemas
CARVALHO E.A., CAMPOS A.R., PEITER C.C., ROCHA J.C. 2003. Aproveitamento dos
resíduos finos das serrarias de Santo Antônio de Pádua. Anais do III Simpósio de
CURIOSO L. 2006. Passivo ambiental do setor mineral In: Avaliação e diagnóstico do setor
FURTADO F. 2009. Rocha artificial criada com fragmentos de pedras naturais é mais
GONÇALVES J.P. 2000. Utilização do resíduo de corte de granito (RCG) como adição para
MAGACHO I., SILVA R.B., BRAGA F.S, PREZOTTI J.C.S. 2006. Identificação e
Resumos 9pp.
MENEZES R.R., NEVES G.A., FERREIRA H.C. 2002. O estado da arte sobre uso de
MOLINARI E.J. 2007. Reutilização dos resíduos de rochas naturais para o desenvolvimento
MOREIRA J.M.S., FREIRE M.N., HOLANDA J.N.F. 2003. Utilização de resíduo de serragem
RIBEIRO C.E.G., RODRIGUEZ R.J.S., VIEIRA C.M.F., CARVALHO E.A. 2012. Produção de
ROSATO, C.S.O., RIOS, D.C., CONCEICAO, H., 2013. Reciclagem de rochas ornamentais
ROXO M.B.C.F.O., MARTINS C.A.V.N., OLIVEIRA T.B., SILVA R.B., RAMOS G.A.S.,
SEGADÃES A.M., CARVALHO M.A., ACCHAR W. 2005. Using marble and granite rejects to
enhance the processing of clay products. Applied Clay Science, (30) 42-52p.
SOUZA J.N., RODRIGUES J.K.G., NETO P.N.S. 2009. Utilização do resíduo proveniente da
novembro de 2009.
setembro de 2013.
Abordagens:
3.1. Introdução
Ornamentais
Indústria Ornamental
Metropolitana de Salvador
3.7. Agradecimentos
59
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
Resumo
áreas do setor mineral. Este crescimento resulta da diversificação dos produtos, de novas
utilizações das rochas ornamentais e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e
otimização da produção. O foco deste artigo é quantificar e avaliar o destino dos resíduos
desta indústria em seu elo final. Estas empresas são conhecidas como marmorarias, locais
made” (pias; tampos de mesa, etc.). Apesar dos avanços, durante o beneficiamento das
e/ou fragmentos, os quais ficam depositados nos pátios. O gerenciamento dos rejeitos nas
marmorarias é visto hoje como uma importante atividade, que pode contribuir para
diversificação dos produtos e diminuição dos custos finais, gerando uma nova fonte de
estão em atividade atualmente cerca de 130 marmorarias. Destas, 77% não utilizam ou não
rochas ornamentais, lotando seus pátios e descartando toneladas de resíduos sólidos que
Abstract
The ornamental define nowadays one of the most promising areas of the mineral
sector. This growth is the result of product diversification, new uses of ornamental and new
technologies that enhance the exploration and production optimization. The marble industry
is companies that, par excellence, perform special finishing work. The construction of malls
sell only ready products to the final consumer, either in the form of tiles and mosaics for
coatings, as in the form of "custom made" (sinks, tabletops, etc.). Despite advances during
the processing of natural stone, 30% to 40% of the products are transformed into powder
and / or fragments that are deposited on patios of the marble industry. The management of
tailings in marble industry is seen today as an important activity, which may contribute to
diversification of products, reduction of the final costs. In the Metropolitan Region of Salvador
are active currently about 130 sheds 77% of these do not use or are not interested in
majority opts for the import of recycled products mainly from China. The awareness of
entrepreneurs and citizens is the key to solve this environmental problem relatively simple.
INTRODUÇÃO
A utilização das rochas pelo homem remonta ao período Neolítico e sua aplicação
construções gregas e de Roma antiga, que apesar dos séculos perduram imponentes,
o uso das rochas ornamentais teve seu início quando o homem utilizava as cavernas para
abrigo e proteção. Ao longo dos tempos as rochas tem encontrado aplicação nas mais
verticais internos e externos, e obras estruturais. Mantém ainda uma considerável parcela
que são produzidos, são inúteis e, ao longo do tempo, acabam por comprometer o meio
Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho, Dias D’Ávila, Mata de São João, e Madre
de Deus) e, similarmente ao que ocorreu com as demais capitais brasileiras, foi concebida
entre si, a RMS tornou-se responsável por mais de 80% da indústria de transformação e
Figura 1: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.
beneficiamento final.
Na base desta cadeia produtiva está a mineração, cuja operação envolve desde a
pesquisa geológica, até a extração dos blocos ou bloquetes nas pedreiras. O segmento
prontos para o consumidor final, tanto na forma de lajotas e mosaicos para revestimentos,
!
.
CONCE IÇÃO
DO JACU ÍP E !
.
12°20'S
12°20'S
CATU
TERRA MAPA DE LOCALIZAÇÃO
!
. !
. NOVA 45º 43º 41º 39º
POJUCA
9º
AMÉ LIA !
.
RODRIGUES
11º
MATA
DIA S
!
.
!
. SÃO D'ÁV ILA
17º
FRANCIS CO
DO CONDE
!
.
12°40'S
12°40'S
CANDEIAS
!
. CAMA ÇARI
!
.
!
.
SAUBA RA MADRE SIMÕES
!
. DE FILHO
DEUS !
.
I C O
SALINAS
!
. .
! Sede municipal
T
LA URO
DA !
. Limite municipal
!
DE
.
N
13°0'S
13°0'S
(
! Complexo de marmorarias
N O (
! Marmoraria de médio porte
O C E A
(
! Marmoraria de pequeno porte
!
. ( Não responderam o questionário
±
Escala 1:850.000
8,5 0 8,5km
64
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
quanto na forma de “custom made” (pias; tampos de mesa; etc.). É nas marmorarias,
portanto que ocorre a última etapa do beneficiamento de rochas ornamentais: o corte das
produzidos grande parte dos rejeitos e resíduos associados com esta cadeia produtiva.
chapas ou ladrilhos, ou seja, material rochoso natural, em diferentes graus e/ou tipos de
mármores e granitos, que perfazem cerca de 90% da produção mundial de rochas para
revestimento, mas inclui ainda as chamadas pedras naturais (quartzitos, ardósias, arenitos,
ponto de vista comercial, as rochas classificadas como “mármores”, “granitos” e/ou pedras
classificação de rochas pela IUGS (International Union of Geological Society) e aceita por
cadeia produtiva de rochas ornamentais a partir do seu uso comum por empresários,
(polimento ou apicoamento);
apicoamento ou flameamento);
Similarmente, o termo granito, limitado na petrologia a uma rocha ígnea plutônica, uniforme,
al., 1976), em termos comerciais, passa a englobar várias outras rochas, desde que
“granito ornamental” inclui não apenas os granitos senso lato, mas ainda basaltos, gnaisses,
granulitos e outras rochas afins. Dentre as conhecidas como “pedras naturais e/ou de
argilosos. Porém, no geral, arenitos, folhelhos e outros tipos rochosos também são
implicando nos “defeitos” ou “doenças” das rochas ornamentais tais como manchamentos,
resíduos a ser descartado. A mistura de tipos tão distintos nos pátios das marmorarias
também dificulta a reciclagem e/ou reaproveitamento, sendo muitas vezes necessária uma
triagem.
Índia, Turquia, Itália, Espanha, Brasil, Portugal e Egito), enquanto os líderes das
importações, que movimentam vários milhões de toneladas, são doze: China, Estados
Unidos, Itália, Alemanha, Coréia do Sul, Taiwan, Espanha, Japão, Bélgica, França, Reino
Unido, e Holanda.
A real concentração deste comércio está em um pequeno grupo, ainda mais restrito,
liderado por três países que têm feito algum progresso nos investimentos e
empreendedorismo no setor. O primeiro dos exportadores (China) foi responsável por 45%
da demanda global para materiais pétreos, enquanto que o primeiro dos três importadores
resíduos gerados no ciclo produtivo, o que também faz o país figurar entre os principais
importadores.
acabados do mundo, aparece como o mais promissor dos mercados importadores depois da
Japão, que por serem mercados fronteiriços da China, têm sido abastecidos pelo mercado
chinês.
para todos, com significante potencial de desenvolvimento para qualquer um. O caso da
China merece atenção: com o maior crescimento dos últimos doze anos, o país quintuplicou
seu volume de exportação, enquanto no mesmo período suas importações deram um salto
Números não menos expressivos de vendas estão igualmente sendo obtidos pela
Índia, Turquia, Brasil e Egito, os quais merecem destaque neste cenário mundial. Apesar
das crises da economia mundial, a Itália, a 2ª no ranking mundial, também chama a atenção
para o fato de que exporta produtos especiais (beneficiados) e importa granitos brutos.
Portugal é outro dos países europeus de melhor posição no ranking de produtos acabados
simples, enquanto a Alemanha permanece líder nas compras externas, e a Espanha como
temática de 2007 (SETEC 2007), o setor brasileiro de rochas ornamentais movimenta cerca
consumo e serviços. O mercado interno é responsável por quase 90% das transações
gera cerca de 110 mil empregos diretos em aproximadamente dez mil empresas.
Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia são os maiores produtores de rochas ornamentais do
país, respondendo juntos por cerca de 80% da produção nacional. O estado do Espírito
Santo é o principal produtor, seguido de Minas Gerais, que possui a maior diversidade de
produção sai na forma de blocos que são transportados para Minas Gerais e Espírito Santo
para corte das placas. A consequência deste problema estrutural é que grande parte da
produção ornamental baiana passa a ser contada como Mineira ou Capixaba e, mesmo o
consumidor final na RMS acaba comprando rochas bem baianas como se fossem
pioneirismo no setor.
possuindo a maior diversidade de padrões cromáticos do país, que vão desde as suas
famosas rochas azuis, passando por uma variada gama de cores, incluindo-se os granitos
No norte do Estado está localizado o maior polo produtor de mármore. Nessa região
Bege Bahia, que ocupa posição de destaque no cenário nacional. Este mármore apresenta
grande similaridade com o Travertino Romano, sendo uma das rochas mais consumidas e
mais populares do mercado. Na região Norte do Estado são produzidas outras três
Rosa Patamuté e Rosa Palha, bem como o mármore branco Pérola Bahia, sendo este um
dos mais belos mármores brancos produzidos no país. O Sul da Bahia produz os mármores
rosa Imperial Pink e o mármore acinzentado conhecido como Arabescato (Figura 2).
Figura 2: Fotos de mármores ornamentais produzidos na Bahia: (A) Bege Bahia, (B)
Arabescato, (C) Imperial Pink, (D) Rosa Precioso, (E) Flor de Pêssego, (F) Rosa Palha,
sienito e similares) é o grande destaque do Estado. Suas jazidas estão espalhadas por
quase todo o seu território. A Bahia é o único produtor de granitos em diversas nuances de
azul, como é o caso dos: Azul Bahia, Azul Macaúbas, Azul do Mar, Azul Boquira e Azul
Imperial, sendo também responsável pela produção de outros granitos com ampla difusão
A B
C D
E F
G H
Figura 2: Fotos de mármores ornamentais produzidos na Bahia: (A) Bege Bahia, (B)
Arabescato, (C) Imperial Pink, (D) Rosa Precioso, (E) Flor de Pêssego, (F) Rosa
Palha, (G) Rosa Patamuté, (H) Rosa Siena.
Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 71
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
Figura 3: Fotos de Granitos Ornamentais produzidos na Bahia: (A) Azul Macaúbas, (B)
Kashimir Bahia, (C) Jacarandá Bahia, (D) Bordeaux Bahia, (E) Marrom Bahia, (F)
encontram-se ainda granitos vermelhos, cinza, brancos, marrons, pretos além dos
agências de vigilância e de concessões de lavra não mais autorizam projetos extrativos sem
Este reaproveitamento dos rejeitos de rochas ornamentais para uso como material
alternativo não é novo e tem dado certo em vários países do Primeiro Mundo, sendo três, as
principais razões que motivam esses países a reciclarem seus rejeitos: (i) o esgotamento
das reservas de matérias-primas confiáveis; (ii) o crescente volume de resíduos sólidos, que
põem em risco a saúde pública, ocupa o espaço e degradam os recursos naturais e, (iii) a
A B
C D
E F
G H
reciclagem destes rejeitos tornou-se mais grave, pois o avanço do mercado ocorreu sem a
ornamentais é ainda bastante informal e muitas vezes não obedece à legislação ambiental o
que gera uma grande quantidade de rejeitos, com perdas de até 70% da matéria-prima
bem como “pedaços” de sobras dos cortes efetuados nas lajes brutas (Rosato et al., 2013).
ainda possui índices insignificantes frente ao montante produzido (Menezes et al., 2002) e, a
cada dia, esses rejeitos agridem mais o meio ambiente, em virtude da falta de tratamentos
deste setor produtivo com a preservação do meio ambiente. Rosato et al. (2013)
atenção para a grande quantidade de resíduos gerados pela extração e pelo beneficiamento
destes resíduos como o caminho para a redução dos impactos ambientais e a uma solução
econômica viável para geração de novas fontes de renda em empresas deste setor
Além dos mencionados acima, há outro fator que concorre para a não reutilização
Brasil: o mercado dos “materiais sintéticos”. Estes materiais são, na realidade, resíduos de
na área da reciclagem.
Itália principalmente e que ganharam espaço no mercado nacional pelo fato de poderem ser
mercado ornamental, sendo abaixo descritos tomando-se por base as definições em sites
uniformes, absorção nula e brilho intenso, sendo resistente aos produtos ácidos e
(B) Aglostone, (C) Nanoglass, (D) Techstone, (E) Superfícies de Quartzo (Fotos
A B
C D
E F
G H
como o Giallo Reale, Rosso Verona, Rosso Aziago entre outros. A resina de
sólida e compacta.
decoradores.
material não poroso, com absorção nula de água, ou seja, ótimo para locais em
contato com gêneros alimentícios, pois não apresenta ambiente favorável para a
atuar neste setor, produzindo formas sintéticas alternativas para uso dos rejeitos de rocha
do Brasil.
uma das áreas mais promissoras de negócios do setor mineral. Em todas as fases destes
processos são geradas grandes quantidades de rejeitos, que precisam ser reciclados e
mais expressivas de resíduos. Os processos de reciclagem que ocorrem, ou que podem vir
a ocorrer, nos pátios das marmorarias, são o foco principal deste estudo.
municípios da RMS: Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas (Figura 5). Em conjunto, estas
três cidades possuem cerca de 80% das marmorarias cadastradas na Bahia (Gomes Junior
2004). Essas empresas são responsáveis por 40% da produção de produtos oriundos do
destas três cidades para a amostragem estratégica vinculada a pesquisa aqui proposta.
“secundário”, nas marmorarias, onde as chapas polidas são convertidas nos produtos finais
três principais municípios da RMS foi o primeiro estágio do levantamento das estratégias
aplicadas por esse segmento de produção no que diz respeito à reutilização dos rejeitos
acordo com o faturamento médio anual. (C) Procedência das chapas comercializadas,
(D) Produtos fabricados. (E) Destinação dos resíduos gerados, (F) Interesse das
13º
DE DEUS
CANDEIAS
15º
17º
.
! SIMÕES FILHO
CO RAÇ ÃO .
! ARAÇ ÁS
.
!
DE
TE OD OR O
MA RIA SAM PAIO
.
!
.
! ITA NAG RA
.
!
CO NCE IÇÃO CAT U
(
! DO JAC UÍ PE .
!
TE RRA
.
! .
! NO VA
POJ UC A
AM ÉLI A .
!
RO DRI GU ES
SÃO SEBAS TI ÃO MAT A
DO PASSÉ DE
12 ° 30 'S 12 ° 30 'S
.
! SÃO JO ÃO
.
!
12°50'S
12°50'S
SANT O .
!
AM ARO
.
! DIAS .
!
SÃO D'ÁVIL A
FR ANC ISC O
DO CO ND E
.
! CAND EIA S
LAURO .
!
.
! CAM AÇ ARI
.
!
SIM Õ ES
SAUBA RA
.
! MA DRE FI LH O
DE FREITAS (
! DE
DEUS
.
!
O
SALI NAS
!
( .
!
IC
LAU RO
(
! DA .
!
T
.
! DE
MA RG ARI DA
FR EIT AS
N
( ITA PAR IC A
Â
(
! VERA
.
! SAL VA DO R
.
! L
CRU Z
(
! ( (
! 13 ° 0'S AT 13 ° 0'S
OCEANO
(
! (
! !
( !! (.
!
(
! (
! .
!
(
! (
! !
(!(
38 ° 30 'W 38 ° 0'W
(
! ( (
!
! ! (
!
!
(
(
(
! ( !
! ( (
!
(
! (
! (!
! (
( (
! !
(
O
!!
( (
!
(
! (
(
! (
! (
!
C
!
( (
!
I
(
! !
( (
!
(
! (
! (
!
T
(!
! ( (
!
(
! !
((
! !
( .
! Sede municipal
(
!
N Limite municipal
!
( !
(
(
! !
( !
(
 Estrada de ferro
(
!
L Estrada pavimentada
.
! (
! (
!
(
!
( !
( !
A T Estrada não pavimentada
(
!
SALVADOR N O
(
! !
( O C E A
(
!
(
!
!
( (
!
(
! (
! !
(!(
(
! (
!
(
! Complexo de marmorarias
13°0'S
13°0'S
(
!
!
(
((
! (
! Marmoraria de médio porte
±
Escala 1:300.000 (
! Marmoraria de pequeno porte
3 0 3km
( Não responderam o questionário
38°30'W 38°20'W 38°10'W
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
80
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Figura 5: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
A 50
B
45
Salvador 40
72%
35
30
25
20
Camaçari 15
Lauro de
6%
Freitas 10
22%
5
0
Salvador Lauro de Freitas Camaçari
Médio Porte 20 10 2
Pequeno Porte 48 11 4
Espirito Santo
C peitoril
D
tampo
12,37%
94,63% bancada 10,79%
13,67% soleira
10,50%
Outros
12,52% piso
9,06%
filete mesa
6,19% 8,78%
ladrilhos balcão
7,91% 8,20%
Importado Minas Gerais
0,51% 2,93%
Pernambuco Ceará
0,62% 1,31%
E 70
F
60
descarta
76,84% 50
40
vende 30
13,68%
20
recicla
7,37% 10
0
Aceitam Reciclam Sem Interesse
doação Reciclar
nº de empresas 20 7 68
2,11%
grande maioria é de pequeno porte (Rosato 2013, Gomes Junior 2004). Os materiais
pétreos comercializados, em sua maioria, são adquiridos nos estados do Espírito Santo,
Minas Gerais e em menor escala, Ceará e Pernambuco, além do material importado, neste
Quando questionados sobre que destinos são dados aos rejeitos de mármores e granitos,
caçambeiros da zona periférica de Salvador (qual o destino final?), ou que este material é
Há cerca de cinco anos atrás foi criado na RMS um complexo de marmorarias que
reúne as dez maiores empresas do ramo com o objetivo especifico de negociar melhores
uma melhoria nas condições de polimento e corte da placa e que diminuíssem o desperdício
de material.
que ocorre algum tipo de reciclagem de materiais. São desenvolvidos novos produtos com
Outra utilização para estes rejeitos é a fabricação de seixos arredondados com larga
A B
C D
E F
piso de residência popular, (B) Mural com resíduos de rochas e minerais no Museu
Geológico de Salvador (Foto cedida pelo MGB), (C) Paisagismo: (D) Seixos rolados,
baseada muito mais na beleza estética do material utilizado, hoje existe uma nova linha de
das placas, quando do corte dos blocos em chapas. Com um tratamento apicoado, que
confere ao material um aspecto rústico, tem sido muito utilizado no revestimento de paredes
externas e/ou internas. Um bom exemplo da aplicação desse recurso de decoração pode
ser visto em Salvador no Shopping Paralela, em sua fachada externa, e também nas
fachada, (C) Fonte em mármore Bege Bahia, com finalização em espacato (foto
O anticato por sua vez é um ladrilho, normalmente na forma quadrada, que recebe
A B
C D
E F
(CBPM 2004). Esses projetos são implantados pelo Prisma, sob a coordenação da
ações necessárias para transformar esses recursos em fonte de ocupação, renda e melhoria
das condições socioeconômicas nos diversos municípios baianos. Até 2012 o PRISMA já
180 ações (CBPM, 2013). O artesanato mineral é a linha de atuação do programa de maior
destaque, propiciando não apenas a inclusão social, mas tendo também um foco ambiental
jaspe, feldspato ou de rochas como granitos, mármores, quartzitos etc. existentes na própria
RMS, e outras áreas urbanas similares, sendo assim mais uma alternativa de
Peixe em calcita laranja, (B) Flor mesclando calcita branca, sodalita-azul, quartzito-
verde e violão em calcário, biotita e calcita branca. (C) Pássaro confeccionado com
mosaico (E) Piso em quartzito São Tomé (um meta-arenito), (F) Tampos de mesa
como para áreas externas. Essas verdadeiras obras de arte são pouco divulgadas e apenas
uma pequena minoria tem acesso a esse belo trabalho que soma a criatividade do artesão à
CONSIDERAÇÕES FINAIS
último, é que se deve optar pelos aterros e depósitos de resíduos das diferentes classes, no
menor volume possível, após serem devidamente tratados. A ordem de prioridades aplicada
A B
C D
empresas e o grupamento por área de atuação e abrangência na RMS. Com base nessas
gráficos para ilustração dos resultados obtidos podendo ser consultado em sua integra em
Rosato (2013). Com base nestas informações as empresas foram agrupadas em função do
apontam que boa parte desses rejeitos ou resíduos é descartada de forma aleatória e
ornamentais, bem como no futuro, contribuir para a sensibilização das demais marmorarias
do Brasil, levando-as a considerar a qualidade ambiental como caminho para novas opções
ornamentais em novos materiais para a construção civil, principalmente as que vêm sendo
especial na Bahia, os trabalhos são ainda muito restritos. A identificação dos resíduos
RMS deve servir como uma ferramenta para a implantação de uma estratégia de
setor face às questões de reciclagem e reaproveitamento dos seus resíduos, foi possível se
verificar que muitas das marmorarias existentes nessa área carecem de uma série de
capaz de competir com empresas do ramo no restante do país. Muito ainda é realizado de
forma artesanal o que acaba por gerar um desperdício muito grande e uma enorme
quantidade de rejeitos.
impacto ambiental.
qualidade e com excelente acabamento. São estas empresas que, de uma forma ainda
muito simples, realizam algum tipo de reaproveitamento ou conseguem dar um destino mais
adequado a seus rejeitos de uma maneira que agrida menos ao meio ambiente.
Atualmente o desperdício nas marmorarias que não fazem parte do complexo gira
Esses rejeitos são normalmente colocados ao longo das BA 099, BA 093, BA 531 entre
outras, sempre descartados junto com outros materiais provenientes de obras ou demolição
de casas e edifícios. Com a intenção de fugir de possíveis punições, esses descartes são
Além disto, existe uma grande dificuldade na colocação de novas tecnologias nesse
setor uma vez que o grau de conhecimento por parte do empresariado é relativamente
uma vez que este mesmo grupo são os compradores potenciais de materiais sintéticos
A alegação de que essa nova tecnologia sintética é muito cara é apenas uma
formação de uma cooperativa, sem a ingerência de nenhuma das empresas ligadas ao setor
de rejeitos de rochas ornamentais destinados à área de construção civil, visto já ter sido
começa no primeiro elo de produção, a pedreira, e segue até o último elo, as marmorarias. É
óbvio que em todo este ciclo, a ignorância das características tecnológicas da rocha e as
consequentes limitações para a sua aplicação levam ao uso do material pétreo de forma
inadequada o que, quando associado à falta de qualificação da mão de obra e ao baixo nível
acúmulo de rejeitos.
Fica claro que há uma necessidade urgente de incentivos a essa cadeia produtiva,
que possa colocar a Bahia como um dos importantes polos de exploração de rochas
a academia e o poder público pode ser a solução para a implantação dessa inovação
desenvolvimento sustentável.
AGRADECIMENTOS
resíduos de rochas ornamentais junto às marmorarias da RMS que foi o alicerce para o
Comercio e Mineração do Estado da Bahia pelo apoio logístico. Agradecemos aos revisores
pelos comentários enriquecedores que ajudaram a aprimorar este texto e ao Curso de Pós-
formato de artigos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENEZES R.R., NEVES G.A., FERREIRA H.C. 2002. O estado da arte sobre uso de
RIOS, D. C., CONCEIÇÃO, H., PENA, Z. G., SILVA FILHO, C. V. R., ALVES, J. E. S., DIAS
Submetido.
22/03/2013.
STRECKEISEN A.L. 1976. Minerals and rocks: A pocket identification guide. Series: Foulis
STRECKEISEN A.L. 1976. To each plutonic rocks, its proper name. Earth Science Review.
12: 33p.
Considerações Finais
96
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se que o tema vem ganhando destaque e atenção por parte de diversos
produto de inovação tecnológica, já que objetiva a criação de novos materiais que possam
desenvolvidos pelo CETEM, mostram que é possível evitar os impactos ambientais com o
descarte de resíduos sólidos em qualquer beira de estrada. Esta tendência, além do aspecto
alternativas de produtos pétreos, mais baratos e de mais fácil aplicação que a rocha in
natura.
brutas do Brasil, possuindo a maior diversidade de padrões cromáticos do país, que vão
desde as suas famosas rochas azuis, passando por uma variada gama de cores, incluindo-
Estado. Aqui são produzidos desde os materiais considerados “materiais comuns”: cinzas e
até os “clássicos” brancos, pretos, verdes e amarelos, além dos conhecidos materiais
é o caso dos granitos e quartzitos Azul Bahia, Azul Macaúbas, Azul do Mar, Azul Boquira e
Azul Imperial, sendo também responsável pela produção de outros materiais exóticos com
ampla difusão no mercado internacional. Apesar dessa vasta gama de rochas com ampla
voltada apenas para o mercado interno nacional e o grande cartão de visita é o Mármore
Bege Bahia. Consequentemente, a maior parte das chapas consumida pelas marmorarias
setor face às questões de reciclagem e reaproveitamento dos seus resíduos, foi possível se
verificar que muitas das marmorarias existentes nessa área carecem de uma série de
incentivos.
questionários aplicados durante a primeira etapa deste projeto, é que a grande maioria das
rochas comercializada na RMS foi extraída na Bahia, mas por total desconhecimento da
estar adquirindo todo esse material como originário do Espírito Santo ou Minas Gerais. O
único material que todos acreditam ser verdadeiramente baiano é o Mármore Bege Bahia.
Isto reflete o fato de que grande parte do empresariado destas pequenas e médias
técnico capaz de competir com empresas do ramo no restante do país. Muito ainda é
realizado de forma artesanal o que acaba por gerar um desperdício muito grande e uma
pesquisa, quando muitos empresários, por não conseguirem acreditar nessa possibilidade e
por entender que o trabalho de inventário de seus rejeitos poderia trazer consequências
equipe e/ou a participar da pesquisa. Neste aspecto constatou-se que, de fato, muitas atuam
um volume inaceitável para a terceira capital brasileira. De uma forma ainda muito simples,
mais adequado a seus rejeitos de uma maneira que agrida menos ao meio ambiente.
Infelizmente estas iniciativas estão quase que exclusivamente restritas às empresas que
porte das que compõe o complexo marmorista e que poderiam realizar os mesmos trabalhos
confecção de móveis e bancadas com uma ótima aceitação no mercado. O fato é que em
em qualquer lugar.
cara e inviável.
o reciclado não é bem aceito pela população de baixa renda, a qual teria muito a se
beneficiar com o seu uso. Tais materiais são adquiridos muito mais por uma população de
classe media alta a alta e por grandes construtoras de shoppings, condomínios de alto luxo
ou grandes lojas de varejo. Este forte preconceito com o aproveitamento de resíduos parte
diretamente na área da construção civil não é sequer cogitada na grande maioria das
para a sua moagem para utilização como substituto de percentuais de areia na elaboração
que minimiza o uso da areia, diminui o impacto ambiental em áreas de dunas, e dá destino a
um rejeito que seria descartado de maneira aleatória. Os custos na área de construção civil
caem cerca de 40% com essa simples substituição. Pode-se vislumbrar que essa alternativa
uma alternativa que gera renda, emprego e promove o bem estar social com
sustentabilidade.
aplicações que poderão dar novas fontes de renda. Os investimentos aparentemente são
altos, mas o seu retorno é garantido e pode alavancar setores da economia que estão
começa no primeiro elo de produção, a pedreira, e segue até o último elo, as marmorarias. É
óbvio que em todo este ciclo, a ignorância das características tecnológicas da rocha e as
consequentes limitações para a sua aplicação levam ao uso do material pétreo de forma
inadequada o que, quando associado à falta de qualificação da mão de obra e ao baixo nível
acúmulo de rejeitos.
Produtos da Venda
Custos para Reciclar
de Reciclados
Despesas
Operacionais
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
102
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Fica claro que há uma necessidade urgente de incentivos a essa cadeia produtiva,
que possa colocar a Bahia como um dos importantes polos de exploração de rochas
a academia e o poder público pode ser a solução para a implantação dessa inovação
desenvolvimento sustentável.
Referências Bibliográficas
104
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALMON J. L., SILVA S.A.C. 2006. Mármore e Granito no Espírito Santo: problemas
CARVALHO E.A., CAMPOS A.R., PEITER C.C., ROCHA J.C. 2003. Aproveitamento dos
resíduos finos das serrarias de Santo Antônio de Pádua. Anais do III Simpósio de Rochas
MG, 17p.
CURIOSO L. 2006. Passivo ambiental do setor mineral In: Avaliação e diagnóstico do setor
FURTADO F. 2009. Rocha artificial criada com fragmentos de pedras naturais é mais resistente
GONÇALVES J.P. 2000. Utilização do resíduo de corte de granito (RCG) como adição para
MAGACHO I., SILVA R.B., BRAGA F.S, PREZOTTI J.C.S. 2006. Identificação e gerenciamento
69p.
MENEZES R.R., NEVES G.A., FERREIRA H.C. 2002. O estado da arte sobre uso de resíduos
MOLINARI E.J. 2007. Reutilização dos resíduos de rochas naturais para o desenvolvimento de
MOREIRA J.M.S., FREIRE M.N., HOLANDA J.N.F. 2003. Utilização de resíduo de serragem de
49, 262-267.
PONTES I.F., VIDAL F.W.H. 2005. Valorização de resíduos de serrarias de mármore e granito
RIBEIRO C.E.G., RODRIGUEZ R.J.S., VIEIRA C.M.F., CARVALHO E.A. 2012. Produção de
RIOS, D. C., CONCEIÇÃO, H., PENA, Z. G., SILVA FILHO, C. V. R., ALVES, J. E. S., DIAS M.
ROSATO, C.S.O., RIOS, D.C., CONCEICAO, H., 2013a. Reciclagem de rochas ornamentais
Submetido.
ROXO M.B.C.F.O., MARTINS C.A.V.N., OLIVEIRA T.B., SILVA R.B., RAMOS G.A.S., COUTO
SOUZA J.N., RODRIGUES J.K.G., NETO P.N.S. 2009. Utilização do resíduo proveniente da
novembro de 2009.
setembro de 2013.
22/03/2013.
STRECKEISEN A.L. 1976. Minerals and rocks: A pocket identification guide. Series: Foulis
STRECKEISEN A.L. 1976. To each plutonic rocks, its proper name. Earth Science Review. 12:
33p.
Abordagens:
Marmorarias da RMS.
Anexo 3. Publicações.
110
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
EMPRESA:
ENDEREÇO:
BAIRRO: CIDADE: ESTADO:
FILIAL:
FONE: FAX:
E-mail: ..................................................... Home Page: ............................................
REPRESENTANTE:
CARGO/FUNÇÃO:
Porte da Empresa: ( ) Pequena ( ) Média ( ) Grande
Ano de Fundação:
1. Área de atuação / Tipo da Empresa:
( ) Pesquisa ( ) Extração ( ) Beneficiamento ( ) Vendas
( ) Atacado ( ) Varejo ( ) Exportação
( ) Ardósias
( ) Outras ................................................................................................................
4. Mais Vendidas:
7. Amostras e Fotos:
Poderia disponibilizar/ceder amostra(s) do(s) granito(s): ( ) Sim ( ) Não
( ) Bruta ( ) Polida
Poderia disponibilizar/ceder foto(s) do(s) granito(s):
( ) Sim ( ) Não ( ) Não as possui ( ) Digital ( ) Papel
( ) Permite fotografar empresa e materiais comercializados
8. Tipo de clientes:
( ) Empreiteiras ( ) Governamentais ( ) Pequena/micro-empresas
( ) Particulares ( ) Arquitetos e Decoradores ( ) Construtoras
14. A maior procura de seus clientes é por (1) muito, (2) as vezes (3) pouco, ( ) não
trabalhamos com isto:
( ) soleiras ( ) móveis ( ) pias ( ) pisos
( ) fachadas ( ) ornamentos ( ) arte funerária ( ) outros
Especificar:
.................................................................................................................
18. Principais dificuldades enfrentadas [(1) grande, (2) média, (3) pequena]:
( ) Fiscalização de órgãos públicos ( ) Impostos, taxas e tarifas
( ) Crédito ( ) Custo de mão de obra
( ) Concorrência de outros estados ( ) Outras...
Especificar:
..................................................................................................................
Cortadeira
Furadeira
Politriz
Lixadeira
Furadeira
21. Quais os fatores que você considera relevante para manter a capacidade produtiva
de sua empresa? (numere-os por ordem de importância)
...........................................................
Remodelar Serv. De pedras Rua Eixo Urbano Central, nº 06, (71) 3621-1443 / 9125-
Camaçari 12°41'51.98" S 38°19'07.17" O P
naturais Centro 2500
(71) 8108-0353 / 3623-
Pioneiro Pedras Naturais Ltda. Estrada do Coco KM 10,5, Abrantes Camaçari 12°43'29.15" S 38°09'41.96" O P
1013
Estrada do Coco, km 12, SN, (71) 3381-3500 / 3244-
Revest Pedras Mármore e Granito Camaçari 12°49'24.37" S 38°15'14.17" O P
Abrantes 0075
Florença Granitos e Mármores Estrada do Coco, km 12,5 SN, (71) 8272-2004 / 9652-
Camaçari 12°49'24.39" S 38°15'14.19" O P
Ltda. Abrantes 3530 / 9296-1299
Estrada do Coco KM 33 S/N, Barra (71) 8276-3991 / 3678-
Arte Pedras Camaçari 12°42'14.80" S 38°08'05.60" O M
do Jacuípe-Camaçari 1431 / 1450
Lauro de (71) 3252-2004 / 3378-
(Lojão das Pedras) Jardim Jaragua, Qd-4, Lote – 21 12°56'25.15" S 38°19'39.01" O M
Freitas 3626
Loteamento Jardim Aeroporto, lote Lauro de (71) 3623-1982 / 3221-
JL MARMORES E GRANITOS 12°53'19.55" S 38°19'56.95" 0 P
56 Freitas 0630
Av. Santos Dumont, nº 5730 KM 6 Lauro de (71) 9974-3640 / 3379-
Encanto das Pedras Ltda 12°54'03.99" S 38°20'51.93" O M
Loja 1 Estrada do Coco Freitas 1025 / 4769
Artimex Imp e Exp com. e repr. Estrada do coco - km 06, Q 01. Lote Lauro de
(71) 3379-6988 12°59'04.45" S 38°26'56.86" O M CM
Ltda. 24 Freitas
Rua Gerino de Souza Filho, nº 1192 Lauro de (71) 3378-9396 / 8733-
NGP Mámores 12°53'49.62" S 38°20'00.24" O P
B, Itinga Freitas 4081
Av. Santos Dumont, nº 1021 s/n km Lauro de
Decorally Pedras Naturais (71) 3252-2176 / 2182 12°54'11.20" S 38°20'29.33" O M CM
0 Freitas
Design Stone Ind. e Comercio de Rua Boca da Mata 357 - Lauro de Lauro de
(71) 3379-7441 12°52'16.57" S 38°18'11.31" O M CM
pedras Ltda. Freitas Freitas
Lauro de
Fenix arte em Pedras Ltda. Av. Fortaleza, nº 1127, Itinga (71) 3252-0192 12°53'41.79" S 38°20'26.94" O P
Freitas
Loteamento Jardim Aeroporto, Lote Lauro de
Grampedras Mármore e Granitos (71) 3379-3513 12°52'59.54" S 38°19'08.11" O M
11 Freitas
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
116
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.
117
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.
Marmoraria Santana Rua Almirante Tamandaré s/n Salvador (71) 3397-9850 12°53'33.21" S 38°26'18.35" O P
Itité Mármore e Granito Av. Gal.San Martim, nº 389, Retiro Salvador (71) 3389-6439 12°59'18.45" S 38°28'55.53" O P
118
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.
Marmogran Ltda. Av. Dorival Caymmi, nº 480, Itapuã. Salvador (71) 3215-6266/ 3249-4640 12°56'33.52" S 38°21'52.34" O P
Iguai Mármore e Gran Ltda Rua Paraiba, nº 35, Tancredo Neves Salvador (71) 3461-5503 12°56'50.80" S 38°26'57.73" O P
LN Granitos Av. Suburbana, nº 23, Praia Grande Salvador (71) 3378-3872 12°57'23.10" S 38°27'57.13" O P
Mansão das pedras Av. Dorival Caymmi, nº 945, Itapoã Salvador (71) 3375-9565 12°56'21.36" S 38°21'48.70" O M
119
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.
Marmoraria Senhor do Bonfim Av. Vasco da Gama , nº 431 Salvador (71) 3334-7534 12°59'34.89" S 38°30'13.45" O M
Marmoraria Salvador Av. Vasco da Gama , nº 421 Salvador (71) 3334-8539 13°00'18.45" S 38°29'10.88" O P
Marmoraria Potiguar Av. Jorge Amado, nº 208, Imbuí Salvador (71) 3371-6371 12°58'25.16" S 38°25'09.06" O P
R.E.S Mármores & Granitos Ladeira da Conceição da Praia nº 22, Salvador (71) 8611-2942 12°58'34.85" S 38°30'53.80" O P
120
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.
Marmoraria Sol Nascente Rua Nilo Peçanha, nº 122, Calçada Salvador (71) 8711-9796 12°56'39.27" S 38°29'51.75" O M
Stone Viver Pedras Ltda. Av. Amaralina, nº 78 Salvador (71) 3248-4204 / 6394 13°00'43.48" S 38°29'22.74" O ? NP
121
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.
Verôna Mármore e Granito Ltda. Av. Gal. San Martim, nº 143, Retiro Salvador (71) 9973-2836 12°56'51.19" S 38°28'51.32" O ? NP
122
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
15
14
22
15
22
A DIVERSIDADE GEOLÓGICA DA
BAHIA É O PONTO DE PARTIDA
25 18
17 25 6
21
19 13
PARA SUA IMPORTACIA NO MER-
CADO DE ROCHAS ORNAMENTAIS
9
25 12
18 11
10
24
17 19
20 2
16 3º produtor de rochas do Brasil.
Salvador
20
3
4 5
Compartimentos Geotectônicos do Estado da Bahia
7 Atlantic (Barbosa e Dominguez, 1996)
20
8 Ocean
1
(1) Bloco Gavkão, (2)Bloco Paramirim, (3) atualmente, segundo Rosa, 1999 é o Cinturão Móvel Urandi-Paratinga (CMUP) e volume importante de rochas
25
sieníticas pós-orogênicas, (4) Sequências Metassedimentares e Vulcanossedimentares, (5) Cinturão Contendas Mirante, (6) Greenstone Belt de Mundo
23
Novo, (7) Bloco Jequié, (8) Cinturão Itabuna, (9) Bloco Serrinha, (10) Bloco Mairi, (11) Cinturão Salvador-Curaçá, (12) Cinturão Salvador-Esplanada, (13)
'REENSTONE "ELT do Rio Itapicuru, (14) Domínio Sobradinho, (15) Domínio Macururê, (16) Lineamento Contendas-Mirante, (17) Espinhaço Setentrional, (18)
0 100 200 km Chapada Diamantina, (19) Bacia Irecê e Utinga, (20) Bacia São Francisco-Urucuia, (21) faixa de Dobramento Formosa do Rio Preto - Riacho do Pontal, (22)
TTG
Archaean Nuclei Faixa de Dobramento Sergipana, (23) Faixa de Dobramento Araçuaí-Piripá, (24) Bacia Paleozóica do Parnaíba e depósitos de Paulo Afonso e Sta. Brígida,
(25) Bacias Mesozóicas Recôncavo-Tucano-Jatobá, (26) Bacias Mesozóicas Camamú-Almada, (27) Coberturas Tércio-Quaternárias,
25
MARMORARIAS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE SALVADOR
NA PRODUÇÃO
= 30% 2. Poucas empresas possuem sistema de reutilização;
Estudos para detectar suas potencialidades. 3. O principal re-uso dos rejeitos é em peças de mosaicos,
projetos decorativos, e mesmo jarginagem e paisagismo.
CAUSAS: ERRO DE MANUSEIO Viabilização da seleção preliminar.
Estes re-usos podem ser intensificados, e explorados
DEFEITO DE PLACA Atividade complementar. em escala industrial. Próximos passos:
1. Criar subsídios teórico-técnicos que:
BAIXA QUALIFICAÇÃO Contribui para a diversificação de produtos. A. Estimulem políticas públicas de reaproveitamento
FALTA DE INVESTIMENTO EM PESQUISA de resíduos em maior número de marmorarias;
Diminuição de custos finais. B. Sensibilizar setor para melhorias no processo
SELEÇÃO ERRADA DE MATÉRIA-PRIMA produtivo com redução na geração de resíduos;
Resultar em novas matérias primas.
C. Reduzir impactos ambientais nocivos;
D. Propiciar desenvolvimento sustentável da cadeia
produtiva de rochas ornamentais.
.Dissertação
CONTRIBUIÇÃO de Mestrado
GPA 249/2009. - ANEXO 03
Fundação Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nivel Superior - CAPES
124 Grupo de
Petrologia Aplicada
à Pesquisa Mineral
45O CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
RESUMO: Reciclagem é o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar detritos e rejeitos e reintroduzi-los no ciclo de produção.
A reciclagem de resíduos, independentemente do seu tipo, apresenta várias vantagens em relação à utilização de recursos naturais
“virgens”, dentre as quais se tem: redução do volume de extração de matérias-primas, redução do consumo de energia, menores
emissões de poluentes e melhoria da saúde e segurança da população. Nos últimos anos, a pesquisa sobre a reciclagem de resíduos
industriais vem sendo intensificada em todo o mundo. Na América do Norte e Europa, a reciclagem é vista, pela iniciativa privada, como
um mercado altamente rentável. Muitas empresas investem em pesquisa e tecnologia, o que aumenta a qualidade do produto reciclado
e propicia maior eficiência do sistema produtivo. No Brasil, diversos pesquisadores têm-se dedicado ao estudo desse tema, obtendo-se
resultados bastante relevantes; todavia, a reciclagem ainda não faz parte da cultura dos empresários e cidadãos. Atualmente os resíduos
sólidos são tema de preocupações e discussões entre toda a sociedade, configurando-se como objetivo primordial na implantação de
propostas e soluções para a adequação dos sistemas de saneamento ambiental. O aproveitamento dos rejeitos de rochas ornamentais
para uso como material alternativo não é novo e tem dado certo em vários países do Primeiro Mundo. Apesar disto, no Brasil, um dos
principais produtores mundiais de rochas ornamentais, o desperdício no setor é alarmante e a reciclagem destes resíduos possui índices
insignificantes frente ao montante de rejeitos produzidos. A cada dia, estes resíduos agridem mais o meio ambiente, em virtude da
falta de tratamentos e fiscalização na manipulação e descarte. As marmorarias correspondem ao terceiro elo desta cadeia produtiva e,
não diferente dos demais, possui uma quantidade considerável de rejeitos, que poderiam tranquilamente ser reaproveitados gerando
novas fontes de receita e minimizando impactos ambientais decorrentes dessa atividade. Na Região Metropolitana de Salvador existe
cerca de 80 marmorarias em atividade, a maioria de pequeno porte, com uma produção relativamente pequena, porém geradoras de
uma grande quantidade de resíduos que não são reaproveitados de forma alguma. Cerca de 95% dessas marmorarias descartam seus
resíduos de forma inadequada e não demonstram interesse em reaproveitar seus resíduos. Das marmorarias verificadas apenas quatro
realizam a reciclagem, gerando novas fontes de renda, bem como novas alternativas de negócios. Em sua maioria, esses resíduos
são retrabalhados e transformados em seixos de diversos tamanhos destinados principalmente à área de paisagismo e jardinagem,
ou aplicados na confecção de artefatos de decoração sob a forma de mosaicos. Percebe-se que, na maioria das marmorarias, é o
desconhecimento sobre as possibilidades financeiras que a reciclagem pode oferecer é o grande fator para a falta de empenho das
empresas nessa atividade. A proposição de formas viáveis e de baixo custo que propiciem a reciclagem de resíduos pelas marmorarias
de Salvador necessita ser melhor estudada. A criação e implantação de projetos de viabilização técnica e econômica, além de propiciar
educação ambiental e melhor uso deste recurso natural, gerará novas perspectivas de negócios, impulsionando o desenvolvimento
econômico do setor.
PALAVRAS-CHAVE: ROCHAS ORNAMENTAIS; MARMORARIAS; RECICLAGEM.
Considerações finais
melhoria da saúde e
menores
segurança da
emissões de poluentes
população
1
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
América do Norte:
Reciclagem + Iniciativa privada = Mercado altamente rentável
Tanque de bombeamento da
lama abrasiva em
funcionamento
(Babisk,2009).
2
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
Resultados relevantes!
CAUSAS:
Erros no manuseio
Defeitos das placas
Baixa qualificação da mão de obra
Falta de investimentos em tecnologias
Seleção errada da matéria prima
•ESTUDOS PARA DETECTAR SUAS POTENCIALIDADES
•VIABILIZAÇÃO DA SELEÇÃO PRELIMINAR
•ATIVIDADE COMPLEMENTAR
•CONTRIBUI PARA A DIVERSIFICAÇÃO DE PRODUTOS
•DIMINUIÇÃO DE CUSTOS FINAIS
•RESULTAR EM NOVAS MATÉRIAS PRIMAS.
Fonte: Rios 2004
3
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
4
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
Considerações Finais
7. Orgãos de fomento:
Papel fundamental: Estímulo desenvolvimento de tecnologias de
obriga
do
reaproveitamento de resíduos
8. No Brasil:
A reciclagem de resíduos ainda é tratada como uma alternativa
simplória
Não há investimentos por parte da sociedade
Reciclagem ainda é vista como uma alternativa econômica de baixa
renda
Reciclagem ainda é atividade restrita à fatia da sociedade mais
carente de amparo socioeconômico
5
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
11 a 14 de Novembro de 2011
Aracaju - Sergipe - Brasil
http://sites.google.com/site/24sgne
As rochas ornamentais definem na atualidade uma das mais promissoras áreas do setor mineral.
Este crescimento resulta da diversificação dos produtos, de novas utilizações das rochas
ornamentais e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e otimização da produção. Mais
do que pelas suas excelentes propriedades funcionais, o que caracteriza as rochas ornamentais
são os seus atributos estéticos, extremamente diferenciados pela combinação de estruturas,
texturas e cores. Por essa razão, cada granito ou mármore têm preço e nome próprios, sendo
muito importante respeitar as designações comerciais aplicadas. Atualmente, as marmorarias e os
depósitos de chapas são os principais fornecedores dos pequenos consumidores, enquanto as
serrarias são as principais fornecedoras diretas das grandes construtoras. As marmorarias são as
empresas que, por excelência, executam os trabalhos especiais de acabamento e as obras sob
medida, enquanto os depósitos de chapas são os principais fornecedores de materiais importados.
Os shoppings da construção comercializam apenas produtos prontos para o consumidor final, tanto
na forma de lajotas e mosaicos para revestimentos, quanto na forma de “custom made” (pias,
tampos de mesa, etc.). Apesar dos avanços, durante o beneficiamento das pedras naturais, cerca
de 30% a 40% do produto são transformados em pó e/ou fragmentos, que ficam depositados nos
pátios das marmorarias. Esta grande quantidade de resíduos gerados tem motivado alguns
pesquisadores a estudar opções de reaproveitamento do resíduo resultante do beneficiamento de
rochas ornamentais na produção de argamassas, tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretas,
tentando com isto contribuir para o desenvolvimento sustentável e um melhor aproveitamento
destes recursos naturais. A reciclagem dos rejeitos gerados pelas indústrias para uso como
matérias-primas alternativas não é nova, e tem sido efetuada com sucesso em vários países e tem
sido impulsionada pelas preocupações ambientais. Com isto o gerenciamento dos rejeitos nas
marmorarias, através de estudos capazes de detectar suas potencialidades e viabilizar sua seleção
preliminar, é encarada hoje como importante atividade, que pode contribuir para diversificação dos
produtos, diminuição dos custos finais, além de resultar em novas matérias-primas para uma série
de setores industriais. Na Região Metropolitana de Salvador estão em atividade atualmente cerca
de 80 marmorarias, 95% destas não utilizam ou não se interessam em desenvolver tecnologias em
reciclagem de resíduos de beneficiamento de rochas ornamentais. Apenas quatro empresas
desenvolvem este recurso, voltado para a confecção de mosaicos e seixos para as atividades de
jardinagem e paisagismo. A grande maioria opta pela importação de produtos reciclados
principalmente da China, tais como o marmoglass, silestone e etc. Tais produtos entram no
mercado nacional a preços exorbitantes enquanto todos os resíduos gerados pela atividade de
beneficiamento de rochas ornamentais são descartados de maneira aleatória e inadequada ao
longo de estradas e terrenos abandonados na Grande Salvador. A conscientização dos
empresários e cidadãos é a chave para a solução desse problema ambiental relativamente
simples.
Metodologia Reciclagem
Levantamento bibliográfico
Artigos nacionais É o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar
detritos e rejeitos e reintroduzi-los no ciclo de produção.
Artigos internacionais
Independentemente do seu tipo, apresenta várias
Levantamento das marmorarias da RMS vantagens em relação à utilização de recursos naturais
Aplicados questionários "virgens“:
Analises dos dados coletados
Considerações finais
Vantagens da reciclagem
1
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
CAUSAS:
Erros no manuseio
Defeitos das placas
Baixa qualificação da mão de obra
Falta de investimentos em tecnologias No segmento de beneficiamento final verificam-se:
Seleção errada da matéria prima Grandes deficiências tecnológicas
Ex. Equipamentos de polimento e corte
Na Região
Materiais Importados
Metropolitana de Salvador existem Aglostone
cerca de 80 marmorarias em
Technistone
atividade, a maioria de pequeno
porte, com uma produção
Marmoglass
relativamente pequena, porém Composite
geradoras de uma grande
Nanoglass
quantidade de resíduos que não
Mármores industrializados
são reaproveitados de forma
Cerca de 95% dessas alguma.
marmorarias descartam seus
resíduos de forma
inadequada e não
Apenas 4
empresas
demonstram interesse em trabalham esses
reaproveitar seus resíduos. rejeitos
2
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
Considerações Finais
A indústria de rochas ornamentais tem elevada capacidade de absorção de
resíduos, sejam eles provenientes da lavra ou dos setores de beneficiamento,
em virtude do seu volume de produção.
Órgãos de fomento:
Papel fundamental: Estímulo desenvolvimento de tecnologias de
reaproveitamento de resíduos
obrigado
3
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
As rochas ornamentais definem na atualidade uma das mais promissoras áreas do setor
mineral. Este crescimento resulta da diversificação dos produtos, de novas utilizações das
rochas ornamentais e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e otimização da
produção. Mais do que pelas suas excelentes propriedades funcionais, o que caracteriza as
rochas ornamentais são os seus atributos estéticos, extremamente diferenciados pela
combinação de estruturas, texturas e cores. Por essa razão, cada granito ou mármore têm
preço e nome próprios, sendo muito importante respeitar as designações comerciais
aplicadas. Atualmente, as marmorarias e os depósitos de chapas são os principais
fornecedores dos pequenos consumidores, enquanto as serrarias são as principais
fornecedoras diretas das grandes construtoras. As marmorarias são as empresas que, por
excelência, executam os trabalhos especiais de acabamento e as obras sob medida,
enquanto os depósitos de chapas são os principais fornecedores de materiais importados.
Os shoppings da construção comercializam apenas produtos prontos para o consumidor
final, tanto na forma de lajotas e mosaicos para revestimentos, quanto na forma de “custom
made” (pias, tampos de mesa, etc.). Apesar dos avanços, durante o beneficiamento das
pedras naturais, cerca de 30% a 40% do produto são transformados em pó e/ou
fragmentos, que ficam depositados nos pátios das marmorarias. Esta grande quantidade de
resíduos gerados tem motivado pesquisadores a estudar opções de reaproveitamento do
resíduo resultante do beneficiamento de rochas ornamentais na produção de argamassas,
tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretas. A reciclagem dos rejeitos gerados pelas
indústrias para uso como matérias-primas alternativas não é nova, e tem sido efetuada com
sucesso em vários países e tem sido impulsionada pelas preocupações ambientais. Com
isto o gerenciamento dos rejeitos nas marmorarias, através de estudos capazes de detectar
suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar, é vista hoje como uma importante
atividade, que pode contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos
finais, além de resultar em novas matérias-primas para uma série de setores industriais. Na
Região Metropolitana de Salvador estão em atividade atualmente cerca de 80 marmorarias,
95% destas não utilizam ou não se interessam em desenvolver tecnologias em reciclagem
de resíduos de beneficiamento de rochas ornamentais. Apenas quatro empresas
desenvolvem este recurso, voltado para a confecção de mosaicos e seixos para as
atividades de jardinagem e paisagismo. A grande maioria opta pela importação de produtos
reciclados principalmente da China, tais produtos entram no mercado nacional a preços
exorbitantes enquanto todos os resíduos gerados pela atividade de beneficiamento nas
marmorarias são descartados de maneira aleatória e inadequada. A conscientização dos
empresários e cidadãos é a chave para a solução desse problema ambiental relativamente
simples. A maioria dos empresários do setor tem conhecimento dessas alternativas, porém
alegam que o investimento nessa atividade é relativamente alto e que o descarte tem sido
o meio mais barato para esse volume de resíduos. Talvez a constituição de uma
cooperativa nos mesmos moldes das já existentes para garrafas pet e latas seja a
alternativa mais viável e que poderá provocar a conscientização dos empresários
marmoristas.
As rochas ornamentais definem na atualidade uma das mais DESPERDÍCIO MÉDIO NA PRODUÇÃO
promissoras áreas do setor mineral. Este crescimento resulta da
diversificação dos produtos, de novas utilizações das rochas
30 A 40 %
ornamentais e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e CAUSAS:
otimização da produção. Apesar dos avanços, durante o
Erros no manuseio
beneficiamento das pedras naturais, cerca de 30% a 40% do produto
são transformados em pó e/ou fragmentos, que ficam depositados nos Defeitos das placas
pátios das marmorarias. Baixa qualificação da mão de obra
Falta de investimentos em tecnologias
RMS Seleção errada da matéria prima
Levantamento MARMORARIAS
Bibliográfico
ARTIGOS
Vantagens da reciclagem
Levantamento
das marmorarias redução do volume de extração
da RMS
de matérias-primas
Considerações QUESTIONÁRIOS
Finais
redução do consumo de energia
menores melhoria da saúde e
segurança da
emissões de poluentes população
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Região Metropolitana de Salvador – RMS carece de:
Avanços tecnológicos
Incentivos prioritários na área ambiental
Avanço das pesquisas
Estudos específicos sobre os resíduos de rochas ornamentais
Órgãos de fomento:
Papel fundamental: Estímulo desenvolvimento de tecnologias de
reaproveitamento de resíduos
Agradecimentos: