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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
Área de Concentração:
Geologia Ambiental, Hidrogeologia e Recursos Hídricos

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MARMORARIAS DE SALVADOR:

UM ESTUDO QUANTITATIVO E ESTRATÉGICO SOBRE


REAPROVEITAMENTO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS
DE ROCHAS ORNAMENTAIS

Mestrando:

CLÁUDIO SÉRGIO OLIVEIRA DE ROSATO

Orientadores:

Prof.ª. Dr.ª DÉBORA CORREIA RIOS

Prof. Dr. HERBET CONCEIÇÃO

Salvador

2013
MARMORARIAS DE SALVADOR:

UM ESTUDO QUANTITATIVO E ESTRATÉGICO SOBRE REAPROVEITAMENTO E

RECICLAGEM DOS RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS

por:

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato


Bel. Ciências Econômicas (UCSal, 1988)

Dissertação de Mestrado

Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de

Mestre em Ciências

- GEOLOGIA -
À

Câmara de Ensino de Pesquisa e Pós-Graduação


da
Universidade Federal da Bahia

COMISSÃO EXAMINADORA:
_______________________________ Dra. Debora C. Rios – Orientadora – UFBA
_______________________________ Dr. Herbet Conceição – Co-orientador - UFS
____________________________ MSc. Heli de Almeida Sampaio Filho – SICM
_______________________________ Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa – UFS
_______________________________ Dra. Rita Cunha Menezes – CPRM

Data da Defesa Pública: 25 / 10 / 2013.


R Rosato, Cláudio Sérgio Oliveira de
MARMORARIAS DE SALVADOR: UM ESTUDO QUANTITATIVO E
ESTRATÉGICO SOBRE REAPROVEITAMENTO E RECICLAGEM DOS
RESÍDUOS / CLÁUDIO SÉRGIO OLIVEIRA DE ROSATO – SALVADOR:
C.S.O. ROSATO, 2013.

XXXf. : il.

Dissertação (Mestrado) – Curso de Pós-Graduação em Geologia –


Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia. 2013

1. Rochas Ornamentais 2. Reciclagem 3. Reaproveitamento 4.


Resíduos Sólidos
I. Título II. Dissertação

CDU XXX.X (XXX.X)


DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Casimiro e Theresinha,

e aos meus filhos Raphael e Matheus,

pelo incentivo e apoio incondicional

durante a execução deste trabalho.


AGRADECIMENTOS

Ao Deus Eterno.

Aos meus pais, por tudo que fizeram no intuito de me ajudar e incentivar nessa jornada.

Aos meus colegas de GPA pelo apoio.

Ao funcionário Nilton Silva, da secretaria da Pós-Graduação em Geologia/UFBA, pela paciência e


presteza no atendimento durante a execução deste trabalho.

Aos meus professores, que durante esse período colaboraram, aconselharam e corrigiram meus
trabalhos, pesquisas e tudo relacionado à execução deste projeto.

A minha amiga, Ivanara Pereira Lopes Santos, por sua disponibilidade e auxílio na confecção do
mapa georreferenciado das marmorarias de Salvador.

Ao Museu Geológico da Bahia, Travertinos da Bahia S.A., e a Ana Cristina Franco Magalhães,
diretora de mineração da SICM, pela cessão de fotos para uso nesta dissertação.

Aos colegas de SICM pelo apoio e incentivo.

AGRADECIMENTO ESPECIAL

A minha orientadora, Dra. Débora Correia Rios, pelo apoio, carinho e incentivo nos momentos
mais difíceis na execução desse trabalho e sem os quais este projeto não teria acontecido.

A minha grande amiga e professora, MSc. Maria Therezinha Guzzo Muniz Ferreira, que sugeriu e
incentivou o inicio desse projeto e principalmente que acreditou que eu poderia realizá-lo.
“Qualquer coisa que você faça será insignificante, mas é importante que você o faça.

Pois ninguém o fará por você.”

Mahatma Gandhi (1869-1948)


RESUMO

As rochas ornamentais definem na atualidade uma das mais promissoras áreas do setor mineral,
mais do que pelas suas excelentes propriedades funcionais, o que as caracteriza são os seus
atributos estéticos, extremamente diferenciados pela combinação de estruturas, texturas e cores.
Atualmente, as marmorarias e os depósitos de chapas são os principais fornecedores dos
pequenos consumidores. As marmorarias são as empresas que, por excelência, executam os
trabalhos especiais de acabamento, enquanto os depósitos de chapas são os principais
fornecedores de materiais importados. Os shoppings da construção comercializam apenas
produtos prontos para o consumidor final, tanto na forma de lajotas e mosaicos para
revestimentos, quanto na forma de “custom made” (pias e tampos de mesa, etc.). Apesar dos
avanços, durante o beneficiamento das pedras naturais, 40% do produto são transformados em
pó e/ou fragmentos, que ficam depositados nos pátios das marmorarias. Esta grande quantidade
de resíduos gerados tem motivado pesquisadores a estudar opções de reaproveitamento na
produção de argamassas, tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretas. A reciclagem dos
rejeitos gerados pelas indústrias para uso como matérias-primas alternativas não é nova, e tem
sido efetuada com sucesso em vários países e tem sido impulsionada pelas preocupações
ambientais. Com isto, o gerenciamento dos rejeitos nas marmorarias, através de estudos capazes
de detectar suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar, é vista hoje como uma
importante atividade, que pode contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos
finais, além de resultar em novas matérias-primas para uma série de setores industriais. Na
Região Metropolitana de Salvador estão em atividade atualmente cerca de 130 marmorarias, 95%
destas não utilizam ou não se interessam em desenvolver tecnologias em reciclagem de resíduos
de beneficiamento de rochas ornamentais. Apenas quatro empresas desenvolvem este recurso,
voltado para a confecção de mosaicos e seixos para as atividades de jardinagem e paisagismo. A
grande maioria opta pela importação de produtos reciclados principalmente da China, tais
produtos entram no mercado nacional a preços exorbitantes enquanto todos os resíduos gerados
pela atividade de beneficiamento nas marmorarias são descartados de maneira aleatória e
inadequada. A conscientização dos empresários e cidadãos é a chave para a solução desse
problema ambiental relativamente simples. A maioria dos empresários do setor tem conhecimento
dessas alternativas, porém alegam que o investimento nessa atividade é relativamente alto e que
o descarte tem sido o meio mais barato para esse volume de resíduos. Talvez a constituição de
uma cooperativa nos mesmos moldes das já existentes para garrafas pet e latas seja a alternativa
mais viável e que poderá provocar a conscientização dos empresários marmoristas.

Palavras-chave: Rochas Ornamentais; Reciclagem, Reaproveitamento, Marmorarias.


ABSTRACT

The ornamental define nowadays one of the most promising areas of the mining sector , rather
than by its excellent functional properties , which distinguishes them are their aesthetic attributes ,
the combination of highly differentiated structures , textures and colors . Currently, marble mills
and sheet deposits are the main suppliers of small consumers. The marble industries are
companies that, par excellence, perform special finishing the work, while deposits of plaques are
the main suppliers of imported materials. The construction of malls sell only ready products to the
final consumer, either in the form of tiles and mosaics for coatings, as in the form of "custom
made" (sinks and table tops, etc.). Despite advances during the processing of natural stone, 40%
of products are transformed into powder and / or fragments that are deposited on patios of the
marble industry. This large amount of waste generated has motivated researchers to study options
for reuse in the production of mortars, ceramic brick, ceramic and concrete. The recycling of waste
generated by industries for use as alternative raw materials is not new, and has been performed
successfully in several countries and has been driven by environmental concerns. With this, the
management of waste in sheds through studies able to detect their potential and to enable their
preliminary selection, is seen today as an important activity, which may contribute to diversification
of products, reduction of final costs, and result in new raw materials for a range of industrial
sectors. In the Metropolitan Region of Salvador are currently active around 130 sheds 95 % of
these do not use or are not interested in developing technologies in waste recycling processing of
ornamental stones. Only four companies develop this resource, come back for making mosaics
and pebbles for landscaping and gardening activities. The vast majority opts for the import of
recycled products mainly from China, such products enter the domestic market at exorbitant prices
while all waste generated by the activity of processing the marble industry are dropped randomly
and inadequate. The awareness of entrepreneurs and citizens is the key to solve this
environmental problem relatively simple. Most entrepreneurs are aware of these alternatives, but
contend that the investment in this activity is relatively high and that the disposal has been the
cheapest for this volume of waste. Perhaps the establishment of a cooperative in the same way
the existing PET bottles and cans to be the most feasible and likely to cause awareness of
entrepreneurs masons

Keywords: Dimension Stones, Recycling, Waste, Reuse, Marble Industry


ÍNDICE

DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE ANEXOS

Capítulo 1. INTRODUÇÃO
1.1 O Setor Produtivo de Rochas Ornamentais
1.2 Motivações
1.3 Objetivos da Dissertação
1.3.1 Objetivo Geral
1.3.2 Objetivos Específicos
1.4. Justificativas
1.5. Localização e Delimitação da Área de Trabalho
1.6. Marmorarias de Salvador
1.7. Aspectos Metodológicos
1.7.1. Levantamento Bibliográfico e Creditação Obrigatória
1.7.2. Elaboração dos Questionários de Pesquisa
1.7.3. Pesquisa de Campo
1.7.4. Tratamento dos Dados
1.7.5. Divulgação dos Resultados
1.8. Estrutura da Dissertação

Capítulo 2. Artigo RBG: “RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DE ROCHAS


ORNAMENTAIS: PERSPECTIVAS BRASILEIRAS”
2.1. Introducao
2.2. A cadeia produtiva brasileira de rochas ornamentais
2.2.1 E como anda a balanca comercial de rochas ornamentais no Brasil?
2.2.2 O desempenho do setor de rochas em 2012
2.2.3 Perspectivas Brasileiras
2.3. Gestao de residuos: um problema ambiental?
2.3.1 Residuos Solidos
2.3.2 Residuos Solidos no Processo de Extracao de Rochas Ornamentais
2.3.3 Residuos do Beneficiamento de Rochas Ornamentais e seus Desdobramentos
2.3.4 Residuos Hidricos
2.4. Reciclagem de Rochas Ornamentais no Brasil
2.4.1 Rocha: Recurso Natural Nao-Renovavel?
2.4.2 Reciclagem: A Opcao Inteligente?
2.5. Casos de Sucesso
2.5.1 Exemplos Brasileiros: Aplicacoes na Construcao Civil
2.5.1.1 “Rochas Artificiais”
2.5.1.2 O Polo Ornamental de Santo Antonio de Padua – RJ
2.5.1.3 Producao de Vidros
2.6. Reciclagem de Residuos de Rochas Ornamentais: Consideracoes sobre o Estado da Arte
2.7 Consideracoes Finais
2.8 Agradecimentos
2.9 Referencias Bibliograficas

Capítulo 3. Artigo RBG: “RECICLAGEM DE ROCHAS ORNAMENTAIS NAS MARMORARIAS


DA REGIAO METROPOLITANA DE SALVADOR: RESULTADOS E
PERSPECTIVAS”
3.1. Introducao
3.2. A Cadeia Produtiva de Rochas Ornamentais
3.2.1 E Como Sao Definidas as Rochas Ornamentais?
3.3. O Mercado de Rochas Ornamentais no Seculo XXI
3.3.1 Caracteristicas do Mercado Ornamental Brasileiro
3.3.2 O Estado da Bahia no Contexto Nacional
3.4. Reciclagem de Residuos na Industria Ornamental
3.4.1 Fatores Condicionantes: Efeitos da Concorrencia Internacional
3.5. As Marmorarias da Regiao Metropolitana de Salvador - RMS
3.5.1 Reciclagem e Reaproveitamento de Residuos nas Marmorarias da RMS
3.5.2 Exemplos de Sucesso da Reciclagem de Rochas na RMS
3.5.3 Outras Opcoes para Reciclagem e Reaproveitamento de Residuos na RMS
3.5. As Marmorarias da Regiao Metropolitana de Salvador - RMS
3.5.1 Reciclagem e Reaproveitamento de Residuos nas Marmorarias da RMS
3.6 Consideracoes Finais
3.7 Agradecimentos
3.8 Referencias Bibliograficas
Capítulo 4. CONCLUSOES E SUGESTOES PARA TRABALHOS FUTUROS

Capítulo 5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Capítulo 6. ANEXOS
Anexo 1: Modelo do questionário de pesquisa aplicado junto às empresas marmoristas da RMS.
Anexo 1: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa
aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Anexo 2: Cópias dos trabalhos produzidos e divulgados em eventos científicos durante a
elaboração desta dissertação.
ÍNDICE DE FIGURAS e TABELAS

Capítulo 1. INTRODUÇÃO
Figura 1.1: Mapa de situação e localização da Região Metropolitana de Salvador
Figura 1.1: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.

Capítulo 2. Artigo RBG: “RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DE ROCHAS


ORNAMENTAIS: PERSPECTIVAS BRASILEIRAS”
Figura 2.1: Esquema ilustrativo da cadeia produtiva de rochas ornamentais no Brasil

(modificado de Spínola, 2002).

Figura 2.2: Principais regiões produtoras de rochas ornamentais no Brasil segundo a

ABIROCHAS (Fonte: Chiodi 2013).

Figura 2.3: Esquema ilustrativo do problema dos resíduos sólidos e ideias de novos usos

para estes rejeitos.

Figura 2.4: Resíduos gerados nas etapas produtivas da cadeia de rochas ornamentais

Brasileira. (A) e (B) Extração: Exemplos de blocos abandonados em pedreiras da

regiao nordeste do Estado da Bahia; (C) e (D) Desdobramento: Residuos do corte

de blocos em serrarias; (E) e (F) Beneficiamento: Residuos observados em

marmorarias visitadas.

Figura 2.5: Exemplos de produtos criados no Brasil a partir da reciclagem de rochas: (A)

Telhas, (B) Produtos cerâmicos (pias/cubas), (C) Vidro, (D) Placas de “rochas

artificiais”.

Figura 2.6: Esquema ilustrativo da interacao entre o poder publico, empresarios e

comunidade para a reciclagem e reaproveitamento de rochas ornamentais.

Figura 2.7: Proposta para a Sustentabilidade, Reciclagem e Reaproveitamento na Indústria

Brasileira de Rochas Ornamentais.

Tabela 2.1: Evolução da Produção de Rochas Ornamentais Brasileiras no período 2009 –

2012 (Fonte: Abirochas – Chiodi 2013).


Capítulo 3. Artigo RBG: “RECICLAGEM DE ROCHAS ORNAMENTAIS NAS MARMORARIAS
DA REGIAO METROPOLITANA DE SALVADOR: RESULTADOS E
PERSPECTIVAS”
Figura 3.1: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.
Figura 3.2: Fotos de mármores ornamentais produzidos na Bahia: (A) Bege Bahia, (B)
Arabescato, (C) Imperial Pink, (D) Rosa Precioso, (E) Flor de Pêssego, (F) Rosa
Palha, (G) Rosa Patamuté, (H) Rosa Siena.
Figura 3.3: Fotos de Granitos Ornamentais produzidos na Bahia: (A) Azul Macaúbas, (B)
Kashimir Bahia, (C) Jacarandá Bahia, (D) Bordeaux Bahia, (E) Marrom Bahia, (F)
Marinace, (G) Azul Bahia, (H) Café Bahia.
Figura 3.4: Exemplos de Rochas Artificiais comercializadas no Brasil: (A) Marmoglass, (B)
Aglostone, (C) Nanoglass, (D) Techstone, (E) Superfícies de Quartzo (Fotos
obtidas no site da Alicante).
Figura 3.5: Mapa da área de estudo com a localização das marmorarias inventariadas.
Figura 3.6: Diagramas de avaliação do setor marmorista da RMS. (A) Distribuição das
empresas pesquisadas por município da abordagem. (B) Porte das empresas de
acordo com o faturamento médio anual. (C) Procedência das chapas
comercializadas, (D) Produtos fabricados. (E) Destinação dos resíduos gerados, (F)
Interesse das empresas em novas destinações para seus resíduos.
Figura 3.8: Exemplos de aplicações de rejeitos de rocha em Salvador: (A) Fachada e piso
de residência popular, (B) Mural com resíduos de rochas e minerais no Museu
Geológico de Salvador (Foto cedida pelo MGB), (C) Paisagismo: (D) Seixos
rolados, (E) Jardim interno de shopping center, (F) Fragmentos arredondados e
espacato em acabamento de escadaria em shopping center.
Figura 3.9: Produtos reciclados criados a partir de resíduos do corte de chapas de
mármores ornamentais. Espacato: (A) Fachada de Shopping Center, (B) Detalhe
da fachada, (C) Fonte em mármore Bege Bahia, com finalização em espacato (foto
Design Stone). Anticato: material sendo reciclado em serraria (D) e aplicações em
calçamentos (E e F, fotos Ana Cristina F. Magalhães e Travertino da Bahia S.A.) .
Figura 3.10: Diversos tipos de artesanato mineral, promovendo a inclusão social dos
artesãos e o reaproveitamento de resíduos de mineração e rochas ornamentais (A)
Peixe em calcita laranja, (B) Flor mesclando calcita branca, sodalita-azul, quartzito-
verde e violão em calcário, biotita e calcita branca. (C) Pássaro confeccionado com
calcita branca, sodalita azul, biotitito; Reaproveitamento feitos com a técnica de
mosaico (E) Piso em quartzito São Tomé (um meta-arenito), (F) Tampos de mesa
criados pela Desing Stones.
Capítulo 1

Introdução

Abordagens:

1.1 O Setor Produtivo de Rochas

Ornamentais

1.2 Motivações

1.3 Objetivos

1.4 Justificativas

1.5 Localização e Delimitação da Área

de Trabalho

1.6 Marmorarias de Salvador

1.7 Aspectos Metodológicos

1.8 Estrutura da Dissertação

1
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta uma introdução à dissertação de mestrado intitulada

“Marmorarias de Salvador: Um Estudo Quantitativo e Estratégico sobre Reaproveitamento e

Reciclagem dos Resíduos”. A dissertação estará organizada em dois artigos e esta

introdução visa guiar ao leitor na sua leitura.

1 O SETOR PRODUTIVO DE ROCHAS ORNAMENTAIS

As rochas ornamentais e de revestimento, também designadas pedras naturais,

rochas dimensionais e/ou materiais de cantaria, definem na atualidade uma das mais

promissoras áreas do setor mineral. Este crescimento resulta da diversificação dos

produtos, de novas utilizações das rochas ornamentais e de revestimentos, e das novas

tecnologias que aprimoram a exploração e otimização da produção. Mais do que pelas suas

excelentes propriedades funcionais, o que caracteriza as rochas ornamentais são os seus

atributos estéticos, extremamente diferenciados pela combinação de estruturas (desenhos,

movimentos), texturas (dimensão e forma dos cristais ou conteúdo fóssil) e cores. Por essa

razão, o setor possui uma nomenclatura própria, distinta da caracterização cientifica da

rocha, e cada “granito” ou “mármore” ornamental têm preço e nome próprios, sendo muito

importante respeitar as designações comerciais aplicadas.

Neste aspecto, as definições são extremamente importantes. Granitos ornamentais

podem ser basaltos, riolitos, dacitos, andesitos, sienitos e mesmo mármores sensu stricto.

Mármore, por sua vez, é a designação para a rocha ornamental de origem carbonática,

podendo ser aqui enquadrados mármores, calcários, calcretes, e mesmo carbonatitos. Ou

seja, no setor produtivo ornamental, as clássicas definições geológicas perdem o sentido,

pois são utilizadas rotineiramente por pessoas leigas, sem qualquer conhecimento básico de

geologia. E os nomes perduram ao batizar a rocha que possui aceitação no mercado. O

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 2


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

fundamental aqui é o aspecto visual. As confusões geradas, por outro lado, tornam-se

imensuráveis, e dificultam o emprego adequado da rocha, ignorando suas limitações

texturais e composicionais.

Na economia mineral, rochas ornamentais e de revestimento, sobretudo mármores e

granitos, representam um exemplo quase exclusivo de produto natural claramente

enquadrado como especialidade comercial, uma espécie informal de commodities.

Considerando-se o ponto de vista mercadológico, commodities são produtos comerciais que

têm seus preços fixados em bolsas de mercadoria regionais, nacionais ou internacionais. As

especialidades comerciais, ao contrário das commodities, são produtos diferenciados, com

algum tipo de agregação tecnológica e vantagem funcional, ou atributo estético notável. Seu

preço não é fixado nas bolsas de mercadorias e não existem garantias de comercialização,

sendo o consumo dependente tanto da lei de oferta versus procura, quanto da percepção de

valor pelo mercado. A principal referência de preço é conferida justamente pela

diferenciação entre os produtos ofertados para o mercado consumidor, baseando-se,

portanto na não uniformização e/ou estandardização.

Neste aspecto, a cadeia de rochas ornamentais compõe-se de três segmentos

produtivos:

(i) Pedreiras, que fazem a extração mineral,

(ii) Serrarias, que fazem o desdobramento do minério extraído, ou seja, um

beneficiamento primário, e.

(iii) Marmorarias, que executam o trabalho de beneficiamento final do material

extraído.

Atualmente, as marmorarias, shoppings de materiais de construção, e depósitos de

chapas são os principais fornecedores dos pequenos consumidores, enquanto as serrarias

são as principais fornecedoras diretas das grandes construtoras. As marmorarias são as

empresas que, por excelência e tradição, executam os trabalhos especiais de acabamento e

as obras sob medida, enquanto os depósitos de chapas são os principais fornecedores de

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 3


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

materiais importados. Os shoppings da construção comercializam apenas produtos prontos

para o consumidor final, tanto na forma de lajotas padronizadas e mosaicos para

revestimentos, quanto na forma de “custom made” (pias, tampos de mesa, etc.).

Apesar dos avanços tecnológicos, durante o beneficiamento das pedras naturais,

cerca de 30% do produto são transformados em pó e/ou fragmentos, que ficam depositados

nos pátios das marmorarias e serrarias. No Brasil, a quantidade estimada da geração

conjunta do resíduo de corte de mármore e granito é de 240.000 toneladas/ano, distribuídas

entre Espírito Santo, Bahia, Ceará e Paraíba, entre outros estados. Esta grande quantidade

de resíduo gerado tem motivado alguns pesquisadores a estudar opções de

reaproveitamento do resíduo resultante do beneficiamento de rochas ornamentais na

produção de argamassas, tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretos (Moura et al.

2002), tentando com isto contribuir para o desenvolvimento sustentável e um melhor

aproveitamento destes recursos naturais na construção civil.

Por outro lado, a reciclagem dos resíduos/rejeitos gerados pelas indústrias para uso

como matérias-primas alternativas não é nova, tem sido efetuada com sucesso em vários

países (Carvalho et al. 2003) e tem sido impulsionada pelas preocupações ambientais. Com

isto o gerenciamento dos rejeitos nas marmorarias, através de estudos capazes de detectar

suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar, é visto hoje como importante

atividade, que pode contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos finais,

além de resultar em novas matérias-primas para uma série de setores industriais.

2 MOTIVAÇÕES

Motivado pela importância da reciclagem dos rejeitos de rochas, este projeto de

dissertação de mestrado objetivou avaliar o setor de marmorarias na Região Metropolitana

de Salvador sob o prisma ambiental e competitivo, observando e relacionando,

especialmente, as características tecnológicas e produtivas das rochas comercializadas, aos

aspectos e impactos ambientais decorrentes desta atividade industrial.

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No início do século XXI, visando avaliar a situação do setor de rochas ornamentais

na Bahia, foram inventariadas uma série destas empresas, com base em visitas técnicas e

aplicação de questionários, que demonstraram a necessidade urgente de implantação de

programas de incentivo e de créditos (Gomes Junior 2004, Rios et al. 2005). Os resultados

apresentados demonstraram o grande potencial deste setor na Bahia e a urgente

necessidade de intervenção do Estado para o crescimento sustentável desse pilar da

economia, o que motivou e levou a elaboração desta dissertação de mestrado.

Uma motivação secundaria para a execução deste projeto de pesquisa residiu no

fato de que, apesar de pouco discutido na Bahia, o aproveitamento de rejeitos de rochas,

através de estudos capazes de detectar suas potencialidades e viabilizar sua seleção

preliminar para a confecção de novos produtos, já é encarado hoje como atividade

complementar em muitos países.

Espera-se, portanto que o presente estudo contribua para dimensionar

quantitativamente as empresas, na área estudada, que de fato se preocupam e possuem

algum programa ou meta de reaproveitamento de resíduos de rochas ornamentais, bem

como no futuro, possa contribuir para a sensibilização das demais marmorarias, levando-as

a considerar a qualidade ambiental como caminho para o desenvolvimento de vantagens

competitivas.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

A questão ambiental é um dos temas de maior preocupação na sociedade moderna.

Dentre os elos que compõe a cadeia produtiva de rochas ornamentais, as marmorarias

passaram a fazer parte desta preocupação, pois este setor produtivo vem contribuindo em

muito na questão impacto ambiental, visto ser ele um dos que mais geram resíduos.

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Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

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Com base nesta situação, este trabalho objetiva expor as dimensões deste quadro

na Região Metropolitana de Salvador (RMS), dimensionando quantitativamente quais as

empresas envolvidas ou não na questão da reciclagem de resíduos.

3.2 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo proposto, durante a execução desta dissertação foram

estabelecidas metas especificas visando gerar subsídios para a construção de um

panorama realístico.

1. Compreender e dimensionar as possibilidades de reciclagem de resíduos

ornamentais e os casos de sucesso em outras regiões do mundo e em outros

estados Brasileiros.

2. Inventariar a real situação das marmorarias da RMS através da elaboração e

aplicação de questionários que permitam avaliar o setor face às questões de

reciclagem e reaproveitamento dos seus resíduos.

3. Identificar e quantificar o passivo residual gerado a partir da atividade de

beneficiamento nas marmorarias da RMS e a destinação final destes resíduos.

4. Identificar e apontar os fatores que podem ser utilizados como ferramenta para a

implantação de novas estratégias de gerenciamento de resíduos.

5. Inventariar as empresas que já vem trabalhando com a reciclagem e

reaproveitamento de seus resíduos e a eficácia das ferramentas que vem sendo

utilizadas.

6. Verificar se a reciclagem poderá ser uma nova alternativa de investimentos e retorno

financeiro para as empresas que atuam no segmento de rochas ornamentais.

7. Sensibilizar as empresas de marmorarias da RMS da importância da reciclagem e

qualidade ambiental para o incremento de sua produção.

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Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

4 JUSTIFICATIVAS

Percebe-se o pequeno envolvimento das atividades vinculadas a rochas ornamentais

com as atividades usuais das Geociências, haja vista a sua classificação

predominantemente econômica, e no consequente desconhecimento dos empresários do

setor das características naturais da matéria prima trabalhada, e nas implicações ambientais

do descarte inadequado deste tipo de resíduo, bem como na ignorância, por parte de muitos

geocientistas, do impacto socioeconômico que este recurso natural pode ter.

Alem do mais, este resíduo ornamental mostra-se como um produto de elevado

potencial para o comércio, e o reaproveitamento correto destes recursos pode, além de

contribuir para diversificação dos produtos, proporcionar um melhor entendimento sobre a

questão ambiental, e ampliar a visão social e o campo de atuação do geólogo para um

mercado e uma atividade econômica distinta no campo das geociências, justificando uma

nova perspectiva de trabalhos científicos que possibilitem a interação entre as questões

ambientais e a economia mineral sustentável, aproximando o meio acadêmico da

comunidade.

5 LOCALIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO DA AREA DE TRABALHO

A área selecionada para este estudo é conhecida como “Região Metropolitana de

Salvador” (RMS, Figura 1). Formada pelos municípios de Camaçari, Candeias, Itaparica,

Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho, Dias D’Ávila, Mata de São João, e Madre

de Deus, a RMS foi concebida, similarmente ao que ocorreu com as demais capitais

brasileiras, como área estratégica de controle político e de desenvolvimento econômico.

Figura 1: Mapa de situação e localização da Região Metropolitana de Salvador

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 7


!
.

38°40'W 38°20'W 38°0'W


!
.
!
. ARAÇÁS
CORA ÇÃO
DE !
TEODORO .
MARIA SAMPAIO ITANAGRA
!
.

!
.
CONCE IÇÃO
DO JACU ÍP E !
.

12°20'S
12°20'S
CATU
TERRA MAPA DE LOCALIZAÇÃO
!
. !
. NOVA 45º 43º 41º 39º
POJUCA

AMÉ LIA !
.
RODRIGUES

11º
MATA

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1


DE
!
.
SÃO JOÃ O
13º
SÃO SEB ASTIÃ O !
.
SANTO DO PA SSÉ
!
.
AMA RO
15º

DIA S
!
.
!
. SÃO D'ÁV ILA
17º
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12°40'S

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! Complexo de marmorarias
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! Marmoraria de médio porte
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±
Escala 1:850.000
8,5 0 8,5km

38°40'W 38°20'W 38°0'W

Figura 1: Mapa de situação e localização da Região Metropolitana de Salvador


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

8
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Composta por 13 municípios bem distintos em termos de área, população e

condições socioeconômicas, mas com uma integração que se superpõem às diferenças

existentes entre si, a RMS tornou-se responsável por mais de 80% da indústria de

transformação e mais da metade da produção e da riqueza do Estado da Bahia. O objeto da

presente análise são as marmorarias situadas nos três principais municípios da RMS:

Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas. A Cidade do Salvador, com 79,5% dos depósitos

bancários estaduais, e principais sedes de empresas e serviços especializados; Camaçari,

com a segunda maior concentração populacional, e importante centro industrial em função

da instalação do Polo Petroquímico; e Lauro de Freitas, que concentra algumas atividades

de transformação, comércio e serviços dinâmicos.

Em conjunto, estas três cidades possuem cerca de 80% das marmorarias

cadastradas na Bahia (Gomes Junior 2004). Essas empresas são responsáveis por 40% da

produção de produtos oriundos do beneficiamento de rochas ornamentais do Estado. Estes

aspectos justificam a escolha destas três cidades para a amostragem estratégica vinculada

a pesquisa aqui proposta.

6 MARMORARIAS DE SALVADOR

O objeto da presente análise são as cinco (05) maiores marmorarias, bem como as

cinco (05) menores, situadas na Região Metropolitana de Salvador, que compreende os

Municípios de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari, e que segundo Junior (2004), estão

localizadas no chamado Eixo de Desenvolvimento Econômico, responsável por 40% da

produção do Estado. Essa definição foi baseada, principalmente, no balanço financeiro

dessas empresas e foi determinada pelo ranking elaborado durante o trabalho de pesquisa

junto a órgãos estaduais de fiscalização como: Secretaria da Fazenda (SEFAZ), Instituto

Estadual do Meio Ambiente (INEMA) e Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração

(SICM).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 9


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

7 ASPECTOS METODOLOGICOS

Para o desenvolvimento deste projeto foi necessário o estabelecimento de uma

seqüência metodológica especifica que incluiu 5 (cinco) etapas principais:

7.1 Levantamento Bibliográfico e Creditação Obrigatória

Nesta etapa foram inventariados e revisados os principais artigos científicos que

abordam a questão da rocha ornamental e da reciclagem de resíduos. Esta etapa ocorreu

de maneira continua durante todo o desenvolvimento da dissertação. Contudo, há uma

reduzida produção bibliografia, em especial sobre aspectos relacionados à reciclagem de

rochas ornamentais no país.

Adicionalmente foram cumpridos 30 (trinta) créditos em disciplinas relacionadas com

a temática e oferecidas pelo Curso de Pós-Graduação em Geologia nas duas áreas de

interface que hospedam esta dissertação: a Geologia Ambiental e a Petrologia.

7.2 Elaboração dos Questionários de Pesquisa

Esta etapa envolveu a definição do universo/ amostragem e elaboração de

questionários de levantamento da geração de resíduos em empresas de marmorarias dos

municípios de Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas, utilizados para a coleta dos dados

junto às empresas. Estes questionários focaram a obtenção de informações sobre:

(i) Identificação da indústria;

(ii) Quantidade de insumos e produtos utilizados;

(iii) Processos de produção;

(iv) Equipamentos instalados e futuros;

(v) Geração, disposição temporária e destinação final dos resíduos; e

(vi) Identificação do passivo ambiental.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 10


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

O modelo deste questionário com a completa sequência de questões abordadas na

pesquisa compõe o anexo 1.

Anexo 1: Modelo do questionário de pesquisa aplicado junto às empresas

marmoristas da RMS.

7.3 Pesquisa de Campo

Esta etapa concentrou-se no inventário, seleção, e cronograma de visitas às

marmorarias da RMS, especificamente, Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas, e incluiu a

aplicação dos questionários em 95 (noventa e cinco) das cerca de 130 (cento e trinta)

empresas sediadas na RMS. Nesta etapa os empresários/ gerentes foram contatados para

uma visita técnica/entrevista. Em algumas destas empresas foram obtidas fotografias do

pátio de disposição dos resíduos. Todas as empresas participantes desta etapa foram

georreferenciadas através da coleta de suas coordenadas geográficas. O

georreferenciamento dessas empresas além de facilitar sua localização, visou favorecer o

desenvolver de novos estudos e pesquisas, além de possibilitar a visualização das

empresas e o grupamento por área de atuação e abrangência na RMS. A Figura 2 traz a

disposição das empresas investigadas no âmbito da área de estudo.

Figura 2: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas localizadas

nesta área.

7.4 Tratamento dos Dados

A pesquisa de campo gerou subsídios para o levantamento das estratégias postas

em prática por esse segmento de produção no gerenciamento/manejo/disposição dos seus

resíduos sólidos. Com base nestes questionários foi elaborado um banco de dados

georreferenciado, em formato Excel, que sumariza com todas as informações coletadas e

permite comparações entre as empresas, além da hierarquização e estabelecimento de

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 11


.
!

38°30'W 38°20'W 38°10'W


(
! MAPA DE LOCALIZAÇÃO
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! SIMÕES FILHO

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1


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 Estrada de ferro
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L Estrada pavimentada
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! Complexo de marmorarias

13°0'S
13°0'S

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! Marmoraria de médio porte
±
Escala 1:300.000 (
! Marmoraria de pequeno porte
3 0 3km
( Não responderam o questionário
38°30'W 38°20'W 38°10'W
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

12
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Figura 2: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

critérios para avaliação, bem como a elaboração de diagramas e gráficos para ilustração

dos resultados obtidos.

Com base nestas informações as empresas foram agrupadas em função do tipo de

resíduo e estratégia aplicada (ou inexistente) no seu reaproveitamento. O banco de dados

inclui ainda informações sobre a existência de fotografias e interesse do empresário em

continuar participando de iniciativas relacionadas à pesquisa acadêmica sobre o setor

marmorista. Este banco de dados constitui o anexo 2.

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de

pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.

7.5 Divulgação dos Resultados

Os resultados obtidos foram sistematicamente apresentados em vários eventos e

congressos da área. Copia destes trabalhos compõem o anexo 3.

Anexo 3: Cópias dos trabalhos produzidos e divulgados em eventos científicos

durante a elaboração desta dissertação.

Buscando-se tornar este conhecimento acessível e disseminá-lo de forma mais

ampla e abrangente na comunidade das Geociências, optou-se por elaborar esta

dissertação no formato de artigos científicos, a serem submetidos a revistas de corpo

editorial. Uma extensa revisão bibliográfica do mercado ornamental brasileiro, com a visão

crítica dos autores compõe o capítulo 2, organizado na forma de um artigo que expõe o

estado da arte. No capitulo 3, o artigo enfatiza o real cenário da geração de resíduos pelas

marmorarias na RMS, quantificando aquelas que possuem planos e estratégias para o

reaproveitamento de resíduos.

A conclusão desta etapa ocorre com a apresentação desta dissertação ao comitê

avaliador e sua defesa pública. Os principais produtos desta etapa foram:

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 13


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

(i) Demonstrar através de ilustrações, gráficos e tabelas o real cenário dos resíduos

oriundos do beneficiamento de rochas ornamentais.

(ii) Demonstrar que a reciclagem poderá ser uma nova alternativa de investimentos e

retorno financeiro para as empresas que atuam no segmento de rochas

ornamentais.

(iii) Apresentar um resumo, através de quadro comparativo, dos efeitos dos resíduos em

termos de impactos ambientais.

8 ESTRUTURA DA DISSERTACAO

Esta dissertação está estruturada em 5 (cinco) capítulos:

O capitulo 1 traz uma breve introdução ao setor produtivo das rochas ornamentais e

como a comunidade tem vislumbrado a questão da reciclagem e/ou reaproveitamento dos

seus resíduos. Além disto, apresentamos ao leitor os objetivos deste trabalho e as nossas

motivações e justificativas para estudo deste tema, discutindo as etapas metodológicas que

foram aplicadas ao longo do desenvolvimento da pesquisa, situando e limitando o objeto

deste estudo.

No capitulo 2 trazemos uma revisão teórica sobre o estado da arte e o panorama da

reciclagem de rochas ornamentais no Brasil e no mundo, com uma visão crítica de quem

atua no setor. Este capítulo foi organizado no formato artigo.

Também no formato de artigo cientifico, o capitulo 3 traz os principais resultados

obtidos a partir dos estudos realizados ao longo da elaboração deste projeto de mestrado. O

enfoque principal são as estratégias que vem sendo aplicadas pelas marmorarias da RMS

para o reaproveitamento/gerenciamento/disposição dos resíduos sólidos gerados no

desenvolvimento de suas atividades de beneficiamento secundário de rochas ornamentais.

O capitulo 4 foi reservado para algumas considerações finais, bem como para a

exposição, por parte deste mestrando, de seu ponto de vista no que diz respeito as

perspectivas do reaproveitamento de resíduos de rochas ornamentais na RMS.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 14


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

No capitulo 5 o leitor possui ao seu alcance a listagem completa das referências

bibliográficas que serviram de base para a elaboração deste texto.

Adicionalmente, nos anexos, o leitor interessado em informações adicionais terá

acesso ao modelo do questionário, ao Banco de Dados gerado a partir de sua aplicação nas

marmorarias da RMS, e aos trabalhos científicos/ acadêmicos originados durante o

desenvolvimento desta dissertação.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 1 15


Capítulo 2 - Artigo
Reciclagem e Reaproveitamento
de Rochas Ornamentais:
Perspectivas Brasileiras

Abordagens:

2.1 Introdução

2.2 A Cadeia Produtiva de Rochas

Ornamentais

2.3 Gestão de Resíduos: Um Problema

Ambiental?

2.4 Reciclagem de Rochas

Ornamentais no Brasil

2.5 Casos de Sucesso

2.6 Resíduos de Rochas Ornamentais:

“Estado da Arte”

2.7 Considerações Finais

2.8 Agradecimentos

2.9 Referências Bibliográficas

16
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS:

PERSPECTIVAS BRASILEIRAS

DIMENSION STONES RECYCLING AND WASTE REUSE:

BRAZILIAN PERSPECTIVES

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato1,2, Débora Correia Rios¹, Herbet Conceicão³

¹ Laboratório de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral (GPA)/ Curso de Pós-Graduação em Geologia,

UFBA, Salvador, Bahia, Brasil, c.rosato@ig.com.br, debora.rios@pq.cnpq.br

² Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, Salvador, Bahia, Brasil.

³ Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Sergipe, Brasil, herbet@pq.cnpq.br

Resumo

Mundialmente, o fenômeno de expansão do mercado de rochas ornamentais é digno

de atenção. Na ultima década a produção cresceu substancialmente. O Brasil tornou-se o 4º

maior produtor e o 5º maior exportador mundial de rochas, sendo superada apenas por

China, Índia, Itália e Turquia. Contudo, este avanço do mercado ocorreu sem a devida

orientação ou acompanhamento técnico. O processo produtivo não obedece à legislação

ambiental e gera uma grande quantidade de rejeitos, com perdas de até 70% da matéria-

prima extraída. O processo de beneficiamento produz um grande volume de pó que é, na

maioria das vezes, diretamente lançado em rios e córregos, contribuindo para o

agravamento do processo de assoreamento. Além do pó, produzem-se “pedaços” como

sobras dos cortes efetuados nas lajes brutas. Há 10 anos praticamente não existiam

processos de reaproveitamento dos resíduos gerados pela extração e pelo beneficiamento

das pedras sendo ainda comum encontrar pelo interior do Brasil, às margens das estradas,

montes de pedras e restos abandonados. O processo primário de extração produz perdas e

uma quantidade de pedras em formatos que não são aproveitados, criando montanhas de

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 17


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

rejeito que comprometem a paisagem e poluem as fontes de água. Essa tendência vem

mudando, vários estudos e pesquisas mostram que o reaproveitamento de resíduos é a

saída moderna e eficiente para evitarmos maiores impactos ambientais e a solução

econômica para muitas das empresas deste rentável setor produtivo mineral. Exemplos

viáveis do reaproveitamento de rocha podem ser expandidos reduzindo os custos e

impactos ambientais e fomentando alternativas para as pequenas e médias empresas de

adequarem-se à legislação ambiental e ao mesmo tempo expandirem sua área de atuação.

Palavras chaves: reciclagem; resíduos; rochas ornamentais.

Abstract

The expansion of the consumer market and the expansion of the production of

ornamental occur without proper guidance or support technician. The production process

does not follow the environmental legislation and generates a large quantity of wastes to

70% of the raw material extracted is lost. The beneficiation process produces a large amount

of dust that is most often directly released into rivers and streams, contributing to the

worsening of the process of silting. In addition to powder, to produce quote patchwork; as

remains of cutting the pavement rough. There are practically no cases reported of reuse of

waste generated by the extraction and processing of stones. It is common to find, along

highways, Cairns and remains abandoned. The primary process of extraction produces

losses and a quantity of stones in formats that are not recovered. It is still possible to

observe, in passing on the road, mountains of tailings compromising the landscape and

polluting water sources. This trend is changing; several studies and surveys show that the

reuse of waste is a modern and efficient output to avoid major environmental impacts and

economic solution to many of the companies in this sector profitable mineral production.

Keywords: recycling; waste; dimension stones.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 18


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

INTRODUÇÃO

Reciclagem é o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar detritos e rejeitos e

reintroduzi-los no ciclo de produção. No mundo todo reciclar tem se tornado o slogan das

sociedades que buscam um desenvolvimento mais sustentável, vendável, e politicamente

correto. Em um Planeta cada dia mais próximo da exaustão - e que precisa prover recursos

para uma população que deverá alcançar os 10 bilhões até 2020 todos a desejar o padrão

de vida americano - a reciclagem é extremamente atrativa, pois aponta para a redução do

volume de extração de matérias-primas e do consumo de energia, associados a menores

emissões de poluentes e, consequentemente, a melhorias na qualidade de vida da

população.

Nos últimos anos, a pesquisa sobre a reciclagem de resíduos industriais vem sendo

intensificada em todo o mundo. Na América do Norte e Europa, a reciclagem é vista, pela

iniciativa privada, como um mercado altamente rentável. Muitas empresas investem em

pesquisa e tecnologia, o que aumenta a qualidade do produto reciclado e propicia maior

eficiência do sistema produtivo. No Brasil, vários pesquisadores vêm-se dedicando ao

estudo desse tema obtendo-se resultados bastante promissores; todavia, a reciclagem ainda

não faz parte da cultura dos empresários e cidadãos.

Por outro lado, rochas são “eternas” e abundantes na superfície terrestre. Porque

então pensar em reciclar rochas? O fato é que, ao transformar matérias - primas, de modo a

torná-las úteis para a sociedade, o homem produz quantidades apreciáveis de resíduos os

quais, no momento em que são produzidos, são inúteis e que, ao longo do tempo,

acumulam-se e acabam por comprometer o meio ambiente.

No Brasil, as preocupações ambientais floresceram nos anos 80, embora algumas

empresas, na década de 70, já se preocupassem com esse tema. No setor mineral,

observam-se no país três grandes fases (Campos & Castro 2007):

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 19


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

(i) Antes dos anos 60, onde a visão ambiental incidia mais nos casos relacionados

estritamente à saúde humana, controle de águas, e as condições de ambiente de

trabalho;

(ii) Anos 70 a 80, com avanços nas discussões sobre poluição ambiental e

preocupações com o crescimento desordenado das cidades, culminando com a

visão de futuro, relativo ao meio ambiente, como um ecossistema global; e

(iii) A partir dos anos 90, com o paradigma do desenvolvimento sustentável.

Atualmente, o grande desafio é o de equacionar o desenvolvimento econômico e

social de forma harmônica com a preservação do meio ambiente. Esta nova filosofia

impactou profundamente as atividades mais tradicionais, como a mineração, criando

exigências e limitações. No momento é impossível desenvolver qualquer tipo de projeto

extrativo sem planejar a minimização e reparação dos impactos ambientais que podem ser

gerados. No caso específico das rochas ornamentais, este é ainda um grande desafio, pois

os resíduos sólidos são os maiores causadores de impactos e uma boa gestão desses

resíduos é absolutamente necessária, porem poucas empresas tem programas bem

desenvolvidos nestas questões.

Além disto, a inclusão do tema recuperação de áreas degradadas em projetos

públicos e privados precisa tornar-se uma prática comum, pois é da responsabilidade de

todos. Curioso (2006) propõe a elaboração e execução de projetos de identificação e

caracterização dos rejeitos antigos da mineração, cujo objetivo seria conhecer a composição

destes rejeitos quanto à presença de elementos nocivos ao meio ambiente e o grau de

comprometimento presente e futuro.

Este artigo traz uma visão genérica sobre a questão da reciclagem e

reaproveitamento de rochas ornamentais no contexto Brasileiro, apresentando a evolução

deste setor da cadeia produtiva nos últimos anos, o que vem sendo feito, e o que ainda é

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 20


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

preciso/possível fazer no país para tornar este mercado ambientalmente seguro e mais

comprometido com o desenvolvimento social e econômico do Brasil.

Nosso objetivo é conscientizar a comunidade para o fato de que rochas não são

eternas, mas sim um recurso natural não renovável e que sua reciclagem é uma opção

inteligente pela qual passa a solução do problema ambiental de gestão dos resíduos sólidos

produzidos por esta cadeia produtiva. Por fim, trazemos a tona casos de sucesso que já

estão em operação no Brasil e no mundo buscando, através da disseminação deste

conhecimento, fomentar pesquisas que levem a novos produtos e aplicações.

A CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA DE ROCHAS ORNAMENTAIS

A cadeia produtiva de rochas ornamentais é representada por dois processos

principais: (i) extração, que ocorre nas pedreiras, e o (ii) beneficiamento, representando a

transformação realizada nas serrarias do material natural que foi extraído (Figura 1).

Figura 1: Esquema ilustrativo da cadeia produtiva de rochas ornamentais no Brasil

(modificado de Spínola, 2002).

As indústrias beneficiadoras de rochas ornamentais têm como principal atividade sua

serragem e polimento para produção dos materiais que são utilizados na indústria da

construção civil. Este beneficiamento subdivide-se em “primário” ou “desdobramento”,

ocorrendo nas serrarias onde os grandes blocos de rochas (~ 2 x 2 m) são transformados

em placas polidas, e “secundário”, realizado nas marmorarias, onde as chapas polidas são

convertidas nos produtos finais requisitados pela sociedade (Figura 1).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 21


CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA
EXTRAÇÃO DESDOBRAMENTO BENEFICIAMENTO
(PEDREIRA) (SERRARIA) (MARMORARIA)

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2


P
REVESTIMENTOS COM
R TIRAS LADRILHOS
B PADRONIZADOS
O
D L
PISOS,
U O CHAPAS RODAPÉS,TAMPOS,
T C SOLEIRAS, BANCADAS

O O
S SEMI BANCOS, ASSENTOS,
S MEIO FIOS E
ACABADOS
PAVIMENTOS
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

22
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Figura 1: Esquema ilustrativo da cadeia produtiva de rochas ornamentais no Brasil


(modificado de Spínola, 2002)
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

E como anda a Balança Comercial Brasileira de Rochas Ornamentais?

Segundo Chiodi (2013), para cada US$ 1,00 importado pelo Brasil, exportou-se

apenas US$ 1,09. No setor de rochas, para cada US$ 1,00 importado, exportou-se US$

17,41. O preço médio das exportações brasileiras de rochas foi de US$ 470/tonelada,

enquanto o das importações foi de US$ 615/tonelada. Considerando-se o incremento no

volume físico das exportações de rochas, bem como alguns indicadores indiretos baseados

no crescimento do PIB, no desempenho da construção civil, e em informações de

mineradores e beneficiadores, estima-se que a produção brasileira de rochas tenha ficado

em um patamar de 9,3 milhões de toneladas em 2012, com variação de 3,3% frente a 2011.

Infelizmente, exatamente como nos anos anteriores, as exportações brasileiras

continuaram muito concentradas em chapas polidas de granito, para os EUA, e em blocos

de granito, para a China. Desta forma, o ano de 2012, foi pouco significativo para as

exportações brasileiras de rochas, sofrendo o impacto da crise econômica dos países da

zona do euro. Ainda segundo Chiodi (2013) espera-se o mesmo para 2013, até pela

provável ampliação das exportações para os EUA e para a China.

Vale ressaltar que em comparação ao ano de 2011 houve um crescimento de 6,08%

no faturamento e de 2,27% no volume físico das exportações (Chiodi 2013). O crescimento

registrado no faturamento foi devido ao incremento do preço médio dos principais produtos

exportados, bem como ao aumento da participação de rochas processadas, com maior valor

agregado, nas exportações de chapas polidas que evoluíram de 14,1 milhões m2

equivalentes, em 2011, para 16,5 milhões m2 em 2012.

Já as importações brasileiras de materiais rochosos naturais apresentaram um

decréscimo de 10,28% em valor e de 6,42% em volume físico, no ano de 2012 (Chiodi

2013). Essas importações alcançaram US$ 60,91 milhões e 98.983,70 toneladas, enquanto

que, as de materiais rochosos artificiais (reciclados) atingiram US$ 47,48 milhões e

60.358,68 toneladas, com um crescimento de 57,48% e 96,24%, respectivamente.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 23


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

A participação do faturamento das exportações de rochas, no total das exportações

brasileiras foi de 0,44% em 2012, com um saldo da balança comercial do setor de rochas,

em materiais rochosos naturais, de US$ 999,50 milhões. Neste mesmo ano, a participação

do saldo comercial de rochas no saldo das exportações totais brasileiras foi de 5,14%

(Tabela 1).

Tabela 1: Evolução da Produção de Rochas Ornamentais Brasileiras no período 2009

– 2012 (Fonte: Abirochas – Chiodi 2013).

O Desempenho do Setor de Rochas em 2012

No ano de 2012 o setor de rochas ornamentais caracterizou-se por (Tabela 1):

(i) Crescimento da sua produção industrial com o incremento tanto do volume

físico quanto do faturamento das suas exportações;

(ii) Aumento da participação de rochas processadas no total exportado;

(iii) Expansão dos investimentos industriais com a agregação de teares multifio

diamantado ao parque industrial de beneficiamento.

Segundo Chiodi (2013), em sua análise sobre o comportamento do mercado de

rochas ornamentais, a demanda por material de acabamento está aquecida pela finalização

dos empreendimentos imobiliários lançados no “boom” de 2008. A perspectiva positiva para

os próximos anos prende-se à quantidade de lançamentos feitos pelas incorporadoras em

2010. Assim, no momento, o setor imobiliário conta com a demanda dos imóveis lançados

em 2008 e parte de 2009. A partir do segundo semestre de 2013, e em 2014, será a vez da

concretização dos lançamentos de 2010 e 2011.

O mesmo autor adverte, contudo que se deve esperar uma concorrência acirrada de

produtos importados no mercado brasileiro nos próximos anos. O fenômeno fica claro

mediante consulta aos periódicos brasileiros especializados em rochas ornamentais, onde

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 24


Produção (t)

Período Mercado Mercado


Variação Variação Total Variação
Externo Interno

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2


2.240.000 5.360.000 7.600.000
2009
29,50% 70,50% 100%

3.000.000 (+34%) 5.900.000 (+10%) 8.900.000 (+17,1%)


2010
33,70% 66,30% 100%

2.900.000 (-3%) 6.100.000 (+3,2%) 9.000.000 (+1,1%)


2011
32,20% 67,80% 100%

3.000.000 (+3,4%) 6.300.000 (+3,3%) 9.300.000 (+3,3%)


2012
32,30% 67,70% 100%
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

25
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Tabela 1: Evolução da Produção de Rochas Ornamentais Brasileiras no periodo 2009 – 2012 (Fonte: Abirochas – Chiodi 2013).
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

são cada vez mais oferecidos materiais de revestimento importados, tanto naturais quanto,

sobretudo, aglomerados (reciclados). Com uma progressão igualmente notável, empresas

brasileiras tradicionalmente aplicadas na lavra e no beneficiamento, além de marmorarias e

depósitos de chapas, tornam-se também importadores de rochas ornamentais.

Perspectivas Brasileiras

O mercado mundial trabalha com dois tipos de materiais pétreos: (i) as rochas

processadas, ou seja, aquelas que já passaram por algum tipo de desdobramento ou

beneficiamento, e (ii) as rochas brutas, em blocos, e que não sofreram nenhum tipo de

desdobramento ou beneficiamento. Os produtos de reciclagem de rocha fazem parte do

primeiro grupo, onde se concentra o maior valor agregado.

No Brasil, em 2012-2013 as rochas processadas compuseram 76,8% do faturamento

e 47,8% do volume físico dessas exportações, e as rochas brutas apenas 23,2% do

faturamento, mas até 52,2% do volume físico exportado. Alem disto, o consumo per capita

de rochas evoluiu de 15 kg em 2007 para 21 kg em 2012, não se esperando que esse

consumo interno recue em 2013 (Chiodi 2013). De acordo com este mesmo autor, as

rochas silicáticas, envolvendo granitos e materiais similares, representam quase 50% do

total da produção brasileira, seguindo-se os mármores e travertinos, com pouco mais de

18%, além de ardósias, quartzitos foliados e outros. Mais de 60% do total dessa produção

concentra-se na Região Sudeste, destacando-se Espírito Santo e Minas Gerais, seguindo-

se a Região Nordeste, principalmente a Bahia, com quase 25%, e as demais regiões

brasileiras juntas somando apenas 11% (Figura 2).

Figura 2: Principais regiões produtoras de rochas ornamentais no Brasil segundo a

ABIROCHAS (Fonte: Chiodi 2013).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 26


Marmorarias de Salvador:
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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Figura 2: Principais regiões produtoras de rochas ornamentais no

Brasil segundo a ABIROCHAS (Fonte: Chiodi 2013).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 27


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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Observando-se a produção de rochas no Brasil, suas exportações e importações,

estima-se que o consumo interno tenha totalizado 71,9 milhões m2 equivalentes, em chapas

de 2 cm de espessura, no ano de 2012. Desse total, estima-se que 2,1 milhões m2

(materiais naturais e aglomerados) tenham sido importados e que 32,4 milhões m2 (45% do

total) correspondam a granitos e similares.

O problema maior ainda é a predominância de exportações dos produtos brutos

sobre os manufaturados. A Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais

(ABIROCHAS) estima que as exportações brasileiras de rochas ornamentais totalizassem

US$ 1.060,42 milhões, correspondentes a um volume físico comercializado de 2.237.150,44

toneladas (Chiodi 2013). Ao mesmo tempo, a participação da China nas importações

brasileiras de produtos manufaturados disparou nos últimos anos. O forte aumento dessas

importações indicaria que o Brasil está perdendo a oportunidade de aproveitar o dinamismo

do mercado interno para melhorar e adensar a estrutura de suas cadeias produtivas.

A capacidade brasileira de crescimento neste setor depende, em última análise, da

melhoria de condicionantes de competitividade industrial. Pelas atuais limitações da

economia mundial, o setor de rochas ornamentais brutas não deve esperar uma expansão

superior a 5 a 10%. No entanto, é a capacidade de superação e a criatividade do empresário

brasileiro que definirá como superar a crise prenunciada e obter resultados além das

expectativas. Portanto, a reação do Brasil, e sua opção pela reciclagem/reaproveitamento

de resíduos de rochas, afetará diretamente o quadro de suas exportações nos próximos

anos.

GESTÃO DE RESÍDUOS: UM PROBLEMA AMBIENTAL?

Apesar do segmento de rochas ornamentais proporcionarem incrementos sociais e

econômicos, deve-se levar em consideração também os problemas ambientais decorrentes

desta atividade, como contaminação dos corpos hídricos e do solo, poluição atmosférica,

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 28


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desfiguração da paisagem e danos à saúde (Prezotti et al., 2004, apud Magacho 2006).

Neste contexto destaca-se o significativo volume de resíduos gerados na atividade de

beneficiamento de rochas ornamentais, os quais podem ocasionar impactos ambientais

negativos quando descartados de forma inadequada. Assim, deve-se buscar o

gerenciamento adequado, desde a etapa de acondicionamento até a destinação final,

priorizando o uso de novas tecnologias de reutilização e reciclagem.

Discutir o gerenciamento de resíduos não é uma tarefa simples. Gerenciar resíduos

envolve governos e sociedade. Significa programar um conjunto de ações normativas,

operacionais, financeiras e de planejamento, baseado em critérios sanitários, ambientais e

econômicos para coletar, tratar e dispor os resíduos. Um bom plano de gerenciamento de

resíduos precisa de planejamento, devendo ser elaborado considerando-se todas as etapas

do ciclo produtivo, ou seja, desde a fonte geradora (pedreiras) até a destinação final

(marmorarias e consumidores), visando à minimização dos impactos ao meio ambiente.

Um gerenciamento de resíduos de sucesso precisa estar adequado à realidade local,

envolvendo, portanto o conhecimento, tanto quantitativo como qualitativo, dos resíduos

gerados por aquela comunidade. A escolha das ferramentas adequadas também é um ponto

de suma importância, pois, dentro dos critérios técnicos, deve-se buscar maximizar o

reaproveitamento dos resíduos. Os desafios da atividade de extração de rochas

ornamentais impõem àqueles que têm a responsabilidade de planejar e contribuir com o

desenvolvimento econômico e social, conceber estratégias endógenas inovadoras, que

levem a uma via tríplice baseadas simultaneamente na relevância social, prudência

ecológica e viabilidade econômica, os três pilares do desenvolvimento sustentável. Vale

notar que a mineração de rochas ornamentais pode desenvolver-se sem acumulação de

resíduos sólidos, o único gerado no processo produtivo (Figura 3).

Figura 3: Esquema ilustrativo do problema dos resíduos sólidos e ideias de novos

usos para estes rejeitos (modificada de Moura 2011).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 29


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Figura 3: Esquema ilustrativo do problema dos resíduos sólidos e ideias de novos


usos para estes rejeitos.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 30


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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Resíduos Sólidos

Atualmente os resíduos sólidos são tema de preocupações e discussões entre toda a

sociedade, configurando-se como objetivo primordial na implantação de propostas e

soluções para a adequação dos sistemas de saneamento ambiental (Magacho, 2006). A

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da Norma NBR 10004, (ABNT

2004) define Resíduos Sólidos como “resíduos nos estados sólido e semissólido, que

resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição”. Consequentemente estão incluídos nesta definição os lodos

provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e

instalações de controle de poluição, bem como determinados efluentes, contendo partículas

finas e ultrafinas de rochas ou minerais. Ou seja, incluem-se ai os resíduos de rochas

ornamentais.

Segundo Campos et al. (2007), a classificação dos resíduos gerados em uma

atividade é o primeiro passo para estruturar um plano de gestão adequado. A partir da

classificação, é que serão definidas as etapas de coleta, transporte da amostra,

homogeneização, caracterização e a decisão da destinação final, de acordo com cada tipo

de resíduo gerado. Novamente, é a ABNT quem estabelece e gerencia os métodos de

caracterização de resíduos sólidos (NBR 10004, classificação de resíduos sólidos; 10005

procedimentos para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos; 10006 procedimentos

para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos; 10007 amostragens de resíduos

sólidos), classificando os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à

saúde pública e estabelecendo as formas de manuseio e destinação adequadas. Estas

normas classificam os resíduos em duas classes principais: Classe I - Perigosos e, Classe II

- Não Perigosos.

Os resíduos de rochas ornamentais encontram-se na Classe II. Nesta categoria os

resíduos podem ser definidos como:

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 31


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(i) Inertes, que inclui os resíduos que, quando amostrados de uma forma

representativa (ABNT NBR 10007), e submetidos a um contato dinâmico e

estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não

têm nenhum dos seus constituintes solubilizados a concentrações

superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspecto,

cor, turbidez, dureza e sabor (NBR 10004).

(ii) Não inertes, que incluem aqueles resíduos que não se enquadram nas

classificações de Resíduos Classe I (Perigosos) ou de Inertes.

Resíduos sólidos no processo de extração de rochas ornamentais

Os resíduos da cadeia produtiva de rochas ornamentais são exemplos de resíduos

sólidos não perigosos e inertes, e normalmente, são classificados por tamanho, em grossos,

finos e ultrafinos. Babisk (2009) chama a atenção para o fato de que as composições dos

resíduos sólidos dependerão da pedreira/serraria/marmoraria em que foram gerados, pois o

tipo de resíduo está intrinsecamente relacionado a dois fatores principais:

(i) Ao tipo de rocha que esta sendo beneficiada: se granitos ou mármores, ou

ainda granitos juntamente com mármores, e

(ii) Do processo utilizado na serragem: se teares diamantados ou tradicionais, no

qual o resíduo conterá maiores teores de ferro e cal.

Os resíduos grossos são encontrados nas pedreiras, nas serrarias e nas

marmorarias (Figura 4). Nas pedreiras, normalmente são constituídos de blocos de

tamanhos irregulares, blocos com defeitos, pedaços de blocos, casqueiro (material retirado

dos blocos por ocasião do aparelhamento dos mesmos), lascas de rochas, entre outros

(Figura 4 A e B). Os resíduos grossos das serrarias e marmorarias são constituídos,

principalmente de aparas (material resultante do aparelhamento das placas), pedaços de

peças e lascas de rochas (Figura 4 C a F). A desproporcionalidade é evidente considerando-

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 32


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se que a recuperação do capital, em produtos vendáveis (chapas, ladrilhos, lajinhas e outros

tipos), está geralmente na faixa dos 25 a 35% da produção, e que estes problemas

acontecem tanto nas pequenas como nas grandes empresas.

Figura 4: Resíduos gerados nas etapas produtivas da cadeia de rochas ornamentais

Brasileira. (A) e (B) Extração: Exemplos de blocos abandonados em pedreiras da

região nordeste do Estado da Bahia; (C) e (D) Desdobramento: Resíduos do corte de

blocos em serrarias; (E) e (F) Beneficiamento: Resíduos observados em marmorarias

visitadas.

Adicionalmente, em muitos casos, estes rejeitos produzidos na fase do desmonte de

rocha são dispostos de forma inadequada, gerando danos ambientais, poluindo o ambiente

e prejudicando, inclusive, a própria sequência dos trabalhos de extração, além de criar

riscos de acidentes. Segundo Campos et al. (2007) a crescente demanda de materiais para

exportação nos últimos 50 anos colaborou com esta situação, uma vez que a indústria

extrativa de mármores e granitos no Brasil desenvolveu-se sem os necessários incrementos

tecnológicos, tornando esta uma indústria bastante rudimentar no pais.

Resíduos do beneficiamento de rochas ornamentais e seus desdobramentos

O beneficiamento de rochas ocorre nas serrarias e marmorarias e envolve as etapas

de desdobramento, polimento e corte/acabamento e nesta etapa os resíduos finos e

ultrafinos são os mais comuns, o que não impede que este tipo de residuos ocorra também

nas pedreiras. Com o crescimento do setor mineral no Brasil, a partir da década de 60,

surgiram muitas empresas de beneficiamento de rochas, as quais geram quantidades

significativas destes resíduos.

Nas serrarias, o processo inicia-se com o desdobramento, o qual consiste na

serragem (processo de corte) dos blocos em chapas, com espessuras que variam de 1 a 3

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 33


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Figura 4: Resíduos gerados nas etapas produtivas da cadeia de rochas


ornamentais Brasileira. (A) e (B) Extração: Exemplos de blocos
abandonados em pedreiras da regiao nordeste do Estado da Bahia; (C)
e (D) Desdobramento:
Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2Residuos do corte de blocos em serrarias; (E)
34 e
(F) Beneficiamento: Residuos observados em marmorarias visitadas.
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cm, por meio de equipamentos denominados teares, para posterior acabamento e

esquadrejamento até sua dimensão final. Nesta fase de beneficiamento são geradas

quantidades expressivas de resíduos, os quais na maioria das vezes são dispostos de forma

inadequada na natureza, sem previsão de reutilização. Esses finos e ultrafinos, em alguns

tipos de serrarias, formam efluentes juntos com a água usada na refrigeração.

Em serrarias composta de teares, os resíduos finos e ultrafinos vêm acompanhados

de água, cal e granalha, formando a lama abrasiva. Durante a serragem em teares

tradicionais de lâminas de aço, a lama gerada é proveniente de uma polpa abrasiva utilizada

com os objetivos de lubrificar e esfriar as lâminas de serragem, evitar a oxidação das

mesmas, limpar os canais entre chapas e servir como abrasivo para facilitar a serragem.

Essa polpa é composta basicamente de água, granalha (miniesferas de aço ou ferro

fundido), cal (calcário ou carbureto de cálcio) e rocha moída (Gonçalves, 2000, apud Babisk,

2009).

A segunda etapa é o posterior acabamento destas chapas brutas através do seu

polimento em equipamentos denominados politrizes. A última etapa do beneficiamento de

rochas ornamentais, também conhecido como beneficiamento “secundário’, ocorre nas

marmorarias que procedem ao corte das chapas polidas e o acabamento final,

transformando-as em artefatos”. Ressalta-se que os residuos finos produzidos nestas

operações de acabamento das placas (polimento), contêm produtos químicos e

componentes dos abrasivos usados no polimento.

Resíduos Hídricos

As indústrias de beneficiamento de rochas ornamentais operam individualmente com

três processos básicos dependentes do uso da água: (i) desdobramento dos blocos, (ii)

polimento e, (iii) acabamento das chapas. Esses processos exigem um grande volume do

recurso hídrico. O mais lógico, portanto é que a gestão dos recursos hídricos nas indústrias

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 35


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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

de beneficiamento de rochas ornamentais ocorra tambem em três momentos: (i) captação,

(ii) utilização no processo produtivo, e (iii) controles de manutenção e efluentes.

Na sociedade moderna a água tem se tornado um recurso escasso em qualidade.

Empresas no setor de rochas ornamentais utilizam a água intensivamente. Tendo em vista a

necessidade de racionalização do uso da água, em função de sua disponibilidade, entende-

se que os processos das indústrias de beneficiamento de rochas ornamentais, bem como

demais empreendimentos humanos, precisam implantar medidas especificas e continuas

para o uso e a manutenção deste recurso, pois isto representa não só economia de custos

ambientais como também recursos para o próprio processo produtivo da empresa (Roxo

2006).

Apesar dos resíduos hídricos serem considerados rejeitos secundários desta

atividade industrial, é fundamental considerar que, como em outros processos industriais, os

recursos hídricos utilizados no processamento de rochas ornamentais sofrem

transformações quantitativas e qualitativas complexas. As empresas do setor ornamental

precisam adotar medidas de controle operacional e de recirculação de água nestes

processos visando minimizar o consumo. Segundo Calmon et al. (2006), a utilização da

água deve ser continuamente diagnosticada e avaliada, buscando-se propostas que

aperfeiçoem seu uso, visando à preservação do ambiente.

Algumas empresas ja realizam processos de separação de fases, onde os resíduos

mistos, na forma de lama, são prensados para retirar o excesso de água. Mas evidências

revelam que, na quase a totalidade dos casos, as empresas lançam estas lamas em

tanques de acúmulo diretamente no solo (Babisk 2009). Sem recirculação, parte do líquido

evapora ou se infiltra no solo, enquanto a outra parte permanece como umidade nos

resíduos acumulados, sem nenhuma previsão de utilização ou reuso. Estima-se que três mil

toneladas deste tipo de efluentes sejam lançadas por dia no meio ambiente (Prezotti, 2003,

apud Babisk, 2009).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 36


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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

RECICLAGEM DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO BRASIL

Ao transformar matérias - primas, de modo a torná-las úteis para a sociedade, o

homem produz quantidades apreciáveis de resíduos que, no momento em que são

produzidos, são inúteis e, ao longo do tempo, acabam por comprometer o meio ambiente.

Um dos grandes desafios da atualidade é o reaproveitamento racional de resíduos

provenientes de processos industriais, incluindo-se ai as operações de lavra e

beneficiamento de rochas ornamentais.

Eh fato que, em todas as fases dos processos da cadeia produtiva de rochas

ornamentais, são geradas grandes quantidades de rejeitos que precisam ser reciclados e

reaproveitados para reduzir os impactos ambientais desta atividade e aproveitar

racionalmente este recurso natural. É preciso entender que rochas são um recurso natural

não renovável, que a reciclagem destes produtos são uma opção inteligente e que a ma

gestão dos resíduos do seu ciclo produtivo cria um grave problema ambiental.

Rocha: recurso natural não renovável?

O mármore e o granito são matérias-primas conhecidas e bem difundidas, seja para

utilização em revestimentos ou para peças ornamentais e o Brasil possui grandes reservas

destas rochas, com os mais variados aspectos estéticos e texturais (Rosato et al., 2013).

Segundo Lisboa (2004), a indústria de mineração e beneficiamento de granitos é

uma das áreas mais promissoras de negócios do setor mineral, apresentando um

crescimento médio na produção mundial estimado em 6% a.a, nos últimos dez anos, e com

uma comercialização de materiais brutos e produtos semi-acabados que movimentam mais

de US$ 6 bilhões/ano, no mercado internacional. Resíduos sólidos e hídricos são gerados

em todas as etapas desta cadeia produtiva. Assim sendo, e considerando-se a extensão do

assunto, procurar-se-á enfatizar as etapas do beneficiamento nas quais são geradas as

quantidades mais expressivas de resíduos.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 37


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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Reciclagem: a opção inteligente?

Segundo Menezes (2002), a reciclagem de resíduos do processo produtivo de

rochas ornamentais no país ainda possui índices insignificantes frente ao montante

produzido e, a cada dia, esses rejeitos agridem mais o meio ambiente, em virtude da falta de

tratamentos adequados e fiscalização sobre a manipulação e descarte. O aproveitamento

dos rejeitos de rochas ornamentais para uso como material alternativo não é novo e tem

dado certo em vários países do Primeiro Mundo, sendo três, as principais razões que

motivam esses países a reciclarem seus rejeitos: (i) o esgotamento das reservas de

matérias-primas confiáveis; (ii) o crescente volume de resíduos sólidos, que põem em risco

a saúde pública, ocupa o espaço e degradam os recursos naturais e, (iii) a necessidade de

compensar o desequilíbrio provocado pelas altas do petróleo.

A tendência mundial (Campos et al. 2007) é o total aproveitamento dos resíduos

grossos das pedreiras, sendo cada vez mais comum encontrar áreas com total

reaproveitamento, como é o caso das pedreiras de Porriño, na Galícia (Espanha). Neste

aglomerado de mais de 30 empresas que exploram granitos (rosas e cinzas) desde 1928 e

cujas reservas tem uma vida estimada de mais de cem anos em uma área de uns 4 km 2, os

blocos irregulares ou de pequeno tamanho são aproveitados para a produção de

ornamentos para jardins, praças públicas, varandas e os pedaços menores são britados no

próprio local (que conta com uma planta de britagem industrial) e reaproveitados como brita

e areia artificial para construção. Em 2003, por exemplo, foram produzidos 150.000 m3 em

blocos, 165.000 m2 de granito para cantaria e 1,6 milhão de toneladas de agregados.

No Brasil tem se tornado cada vez mais frequente ver plantas de britagem nas

pedreiras para reaproveitamento dos resíduos e vem se generalizando também a utilização

de blocos menores para trabalhos de cantaria e construção (meios-fios, paralelepípedos e

outros) e a implantação de projetos de artesanato mineral, com o objetivo de gerar emprego

e renda para as comunidades próximas. Estas iniciativas precisam encontrar apoio e

propagar-se também nas micro e pequenas empresas do setor

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 38


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A indústria cerâmica é uma das que mais se destacam na reciclagem de resíduos de

rochas ornamentais, em virtude de possuir elevado volume de produção, o que possibilita o

consumo de grandes quantidades de rejeitos e que, aliado às características físico-químicas

das matérias-primas cerâmicas e às particularidades do processamento cerâmico, faz da

indústria cerâmica como uma das grandes opções para a reciclagem de resíduos sólidos

(Segadães et al., 2005). Ademais, é uma das poucas áreas industriais que podem obter

vantagens no seu processo produtivo com a incorporação de resíduos entre suas matérias-

primas, a exemplo da economia de matérias-primas de elevada qualidade, cada dia mais

escassas e caras, a diversificação da oferta de matérias primas, e a redução do consumo de

energia e, por conseguinte, redução de custos (Menezes et al., 2002).

CASOS DE SUCESSO

Na Europa, a reciclagem de rochas eh reportada desde a antiguidade quando

antigas colunas de marmore migraram da Grécia para Roma e mais tarde de lá foram

ocupar posições de destaque dentro de igrejas no norte da Europa. Seu valor não estah

apenas relacionado ao do material nobre de que eram compostas, mas da historicidade que

cerca a peça. Hoje em dia há empresas que revendem revestimentos de castelos

construídos em séculos passados. Paralelepípedos de ruas muito antigas são desde sempre

retrabalhados e reutilizados, aqui aliás sem exploração de suas historicidades. Outro caso

inspirador de reciclagem e resgate do passado é o Parque da Ponte do Brooklyn em Nova

York, onde os degraus do entorno foram feitos com granito reaproveitado de duas pontes.

Um projeto publico, visando a troca de placas de marmore de uma fachada da

Universidade de Bruxelas, realizado pelo estúdio belga Rotor, optou pela reciclagem e

reaproveitamento de rochas: as placas foram reassentadas sobre estruturas feitas com

sucata metálica e compuseram assim assentos com resíduos de madeira.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 39


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A idéia de reciclagem comunitária associa desenvolvimento tecnologico e inovacao e

ja esta sendo posta em uso por algumas associacoes. Nos EUA, a organização “Habitat for

Humanity“ distribui a pessoas carentes tampos de cozinha usados. Na Inglaterra, uma

empresa de comercio virtual, a Stonelocator, tornou possivel vender, através de seu site,

resíduos industriais. As rochas ornamentais são materiais ideais para esse tipo de

reaproveitamento ja que, ainda que em pequenos pedaços, a rocha tem grande durabilidade

e pode ser empregada como brita.

A Euroroc, uma espécie de central ou associação de todas as federações de rochas

ornamentais européias (Merke, ) afirma que sobretudo para as grandes construções, uma

variação da ideia do Cash-for-Clunkers é digna de estudo. Esta iniciativa surgida nos EUA e

na Alemanha, baseia-se em que o Estado recompense com descontos o comprador que

trocar seu automóvel por outro comprovadamente mais econômico no consumo de gasolina.

Trazendo a iniciativa para o mercado de rochas ornamentais, a ideia poderia garantir a

reciclagem/reaproveitamento de materiais e ainda propiciar uma campanha de relações

públicas sobre sustentabilidade.

Estudos de tendências de consumo, como o do Paul Ray, criador do LOHAS

(Lifestyle of Health and Sustentability, em inglês), sugerem ser possivel melhorar o mundo

através do consumo consciente, ja que cerca de 1/3 dos cidadaos possuem atualmente

estilos de vida focados na saúde e sustentabilidade. Entretanto, no mercado ornamental, ha

ainda um grande caminho a trilhar para convencer produtores e empresarios do setor de

que reciclagem eh uma vantagem real e a ponham em uso.

Mas sera que a reciclagem so eh voltada para a populacao de baixa renda e significa

apenas reaproveitamento de restos? Surpreendentemente, o melhor exemplo recente de

reciclagem e reaproveitamento de residuos de rochas ornamentais (Stone Magazine, 2011)

reporta que uma empresa alemã, a Draenert, produtora de móveis exclusivos, lançou uma

série de móveis feitos com restos de rochas ornamentais (Figura 5E). A empresa associou a

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 40


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reciclagem de rochas, com alta qualidade de design e beneficiamento de seus produtos,

explorando a vertente ecológica em seus produtos de maior valor agregado.

Exemplos Brasileiros: Aplicações na Construção Civil

Estudos recentes sugerem ser viável a utilização de resíduos de rochas ornamentais

na produção de cerâmica vermelha. Moreira et al. (2003) usaram o resíduo de granito, com

adições de até 10% em peso, como aditivo na massa utilizada na fabricação de produtos

cerâmicos. Cocchi (2005), utilizando lama de mármore, limitou a quantidade a ate 16%, em

função de problemas observados de queda de desempenho em função da adição deste

resíduo a sua massa, mas também ao comprometimento que ocorre no aspecto superficial

quando concentrações maiores são utilizadas. Pontes e Vidal (2005) buscaram uma técnica

para purificar o resíduo, através da remoção do Fe, ampliando suas possíveis aplicações na

indústria de cerâmica; cerâmica vermelha (telhas, tijolos e lajotas; Figura 5A); blocos

estruturais e piso para pavimentação; e argamassas. Posteriormente, Mello (2006) sugere

que a utilização destes resíduos ornamentais pode ser viável em quantidades de até 40%.

Figura 5: Exemplos de produtos criados no Brasil a partir da reciclagem de rochas:

(A) Telhas, (B) Produtos cerâmicos (pias/cubas), (C) Vidro. Produtos de reciclagem na

Europa: (D) Placas de “rochas artificiais”.

Foi Gonçalves (2000) quem inicialmente estudou a viabilidade técnica do uso do

resíduo de granito em concretos, com adição em teores de 10% e 20% em relação à massa

do cimento, e concluindo que esta adição não só é viável tecnicamente como que, a

formulação com 10% de adição, apresenta melhor desempenho. Souza et al. (2009)

propõem a utilização de resíduos de rochas graníticas em misturas asfálticas com a

finalidade de aumentar a viscosidade do asfalto e melhorar seu desempenho reológico,

mecânico, térmico e de sensibilidade à água. Os resultados são satisfatórios para a

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 41


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Figura 5: Exemplos de produtos criados no Brasil a partir da


reciclagem de rochas: (A) Telhas, (B) Produtos cerâmicos
Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 42
(pias/cubas), (C) Vidro. Produtos da reciclagem na Europa (D)
e (E) Placas de “rochas artificiais”.
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utilização dos resíduos em substituição aos produtos convencionais na proporção de 6% de

material. Em Salvador, Bahia, a FAPESB (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da

Bahia) financiou um projeto de pesquisa que resultou na adição de resíduo de granitos em

asfaltos utilizados na repavimentação da cidade.

“Rochas artificiais”

As “Rochas artificiais” são peças de cerâmica, criadas a partir de sobras da extração

de rochas naturais, como o mármore e granito (Figura 5E). A utilização de rejeitos de rochas

ornamentais para o desenvolvimento de rochas sintéticas agrega valor a um resíduo

indesejável e possibilita a geração de novos empregos e fontes de renda. Essas rochas são

tão ou mais resistentes que as originais e capazes de serem moldadas em formas variadas

(Figura 5D). Este subproduto amplia o mercado ornamental, pois, não apenas valoriza os

resíduos da atividade extrativa, como abre oportunidades no mercado de pisos e azulejos, e

de produtos com geometria complexa, como mobiliário (Figura 5E). A criação de rochas

artificiais já é pratica comum no exterior, contudo a técnica ainda é bem recente no Brasil

que ainda não domina a tecnologia.

Uma das primeiras experiências brasileiras é a de Molinari (2007) que elaborou uma

metodologia para o desenvolvimento de compostos com carga mineral (granito/mármore)

em uma matriz polimérica termorrígida com base em resinas poliéster e acrílica. Esta

metodologia mostrou-se bastante uma alternativa viável e capaz para proporcionar a

reciclagem dos rejeitos de rocha ornamental, tendo ainda forte apelo econômico pela

possibilidade de se desenvolver novos materiais para a construção civil, com custos

competitivos em relação às rochas naturais.

Antes da implantação do maquinário necessário a fabricação das rochas artificiais no

Brasil, estas sobras eram vendidas para o mercado europeu por um preço baixo e depois as

peças prontas retornavam ao Brasil com um valor agregado muito mais elevado e gerando

desajustes na nossa Balança Comercial. O domínio da técnica a partir de incrementos nas

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 43


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tecnologias existentes teve o intuito de criar uma versão nacional da “rocha artificial”. A

técnica criada e patenteada no Brasil (Furtado 2009, Ribeiro et al. 2012) está ainda em fase

de testes e estudos de viabilidade econômica. Apos a aprovação serão iniciados o repasse

da tecnologia para empresas.

O polo ornamental de Santo Antonio de Pádua-RJ

Outro exemplo de sucesso no aproveitamento de resíduos de rochas ornamentais é

o que vem ocorrendo em Santo Antonio de Pádua, no Rio de Janeiro (Carvalho 2003).

Nesta área um grande volume de perdas ocorre na lavra e no beneficiamento das rochas,

sendo estimado em cerca de 80% do material extraído. Este rejeito vem ocasionando graves

problemas e tipifica o prejuízo ambiental causado pela atividade extrativa na região (Almeida

et al. 2002).

Os resíduos finos sólidos, em especial os provenientes da extração da “pedra

Miracema”, podem ser utilizados na formulação de tijolos para fins estruturais e de bloquetes

para calçamento de ruas e calçadas. A preocupação maior nesta região era, contudo o

lançamento de resíduos finos provenientes do corte das rochas em serras de disco

diamantado no Rio Pomba e em seus afluentes. Os estudos (Carvalho 2003) sugeriram

duas alternativas para o reaproveitamento destes pós-finos: (i) em cerâmica vermelha e (ii)

em argamassa.

As propostas consideraram que seria necessário um pré-tratamento desse efluente,

transformando o resíduo em um material sólido. Após as etapas de secagem e

desagregação seria possível então reutilizar o resíduo na formulação de argamassas, em

cerâmica vermelha e na formulação de borrachas. Segundo Carvalho (2003), nos estudos

realizados, as propriedades alcançadas pela argamassa produzida com os finos das

serrarias são, no mínimo, idênticas às das argamassas produzidas pelos fabricantes líderes

desse segmento no mercado.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 44


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Em longo prazo, a reutilização dos resíduos provenientes do corte das rochas, além

de mitigar o impacto ambiental, proporcionará um aumento do número de empregos na

região, cuja economia está bastante centrada na explotação, beneficiamento e

comercialização das rochas ornamentais.

Produção de vidros

Os resíduos de rochas silicáticas (granitos) apresentam em sua composição, óxidos

que são matérias primas utilizadas na fabricação de vidros (Figura 5c) sodo-cálcicos (SiO2,

Al2O3, CaO, Na2O e K2O). Por sua vez, os resíduos de rochas carbonáticas (mármores) são

constituídos de óxidos modificadores de rede (CaO e MgO).

Babisk (2009) demonstrou que estes resíduos podem ser utilizados como aditivo na

fabricação de vidros, obtendo assim uma destinação, e minimizando o impacto ambiental.

Isso por que, além do ferro, este grande percentual de óxidos presentes nos resíduos de

rochas ornamentais, podem fornecer a matéria prima necessária para a fabricação de vidros

sodo-cálcicos, em especial a sílica (SiO2) e a alumina (Al2O3), seguidos pela cal (CaO) e

óxidos alcalinos (Na2O, K2O). Os resultados obtidos por este autor nas análises de

caracterização dos resíduos utilizados indicam que as propriedades químicas e físicas

destes resíduos são similares, potencialmente contribuindo para que haja efetiva

possibilidade de emprego industrial da tecnologia desenvolvida.

RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS: “ESTADO DA ARTE”

A maioria das pesquisas que objetivam a utilização de resíduos de rochas

ornamentais apresenta opções de reaproveitamento ou simplesmente de absorção de

resíduos dessa atividade extrativa na construção civil. Em especial, o continente europeu e

alguns países asiáticos (Japão, Coréia do Sul, Taiwan), tem demonstrado um grande

crescimento nesta área e ha um significativo aumento no número de instituições de

pesquisas européias que vêm se dedicando a este tema nos últimos anos.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 45


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A participação da Europa na vanguarda dos estudos sobre incorporação de resíduos,

principalmente na indústria cerâmica, pode ser creditada basicamente a dois fatores:

primeiro, ao maior esclarecimento dos seus técnicos sobre a questão ambiental, o que

aliado à sua responsabilidade social apurada, pressiona os organismos governamentais a

atuarem de forma rígida e severa, no que se refere à preservação do meio ambiente, com a

adoção de medidas que impõem, às empresas e órgãos públicos, a responsabilidade de

conservação do patrimônio natural; segundo, pela presença de um grande centro produtor

de cerâmica tradicional na Europa com destaque para países como Espanha, Itália, Turquia

que, em virtude da escassez e do elevado custo das matérias-primas e ao fato de que

grande variedade de resíduos possui composições químicas que possibilitam seu uso na

indústria cerâmica, acaba por propiciar incentivo a várias entidades de pesquisa a buscarem

alternativas para a redução da dependência dos produtores com relação aos seus

fornecedores de matérias-primas.

Assim, com base em estímulos sociais e econômicos, a Europa lidera a tecnologia

de incorporação de resíduos à indústria cerâmica, sendo seu exemplo seguido rapidamente

por alguns países asiáticos, que também possuem certo destaque nessa tecnologia. Neste

contexto, é sentida a ausência de uma contribuição maior dos EUA no desenvolvimento de

tecnologias para reutilização de resíduos, seja no que se refere à incorporação na indústria

cerâmica ou, a qualquer outro tipo de tecnologia. Isto é consideravelmente sério, já que os

EUA possuem capacidade de pesquisa e desenvolvimento, sendo referência mundial em

praticamente todas as áreas. A argumentação de que o uso de resíduos se volta

basicamente para a indústria de cerâmica tradicional e que os EUA não possuem suficiente

“know how” nesse setor, não é justificada, já que vários estudos, em particular os que

compõem a vanguarda da reutilização de resíduos, ressaltam a possibilidade de uso de

resíduos de rochas ornamentais no desenvolvimento de cerâmicas de alto desempenho,

com destaque para os vitrocerâmicos.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 46


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A participação do Brasil no contexto mundial ainda é muito pequena. Aparentemente

isto poderia ser atribuído ao fato de que pesquisadores brasileiros não se dedicam ao

estudo desse tema. Esta premissa não é verdadeira, pois vários pesquisadores têm

dedicado à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias de reciclagem e reutilização de

rejeitos, em diversas linhas e projetos de pesquisa, principalmente através de sua

incorporação na indústria cerâmica e de argamassa para a construção civil. O fato, porém é

que o volume de pesquisas ainda é muito pequeno, se comparado à quantidade de resíduos

produzidos no Brasil.

Essa suposta falta de interesse dos pesquisadores brasileiros para com o tema está

também, e principalmente, relacionada à pequena divulgação dos trabalhos nacionais em

periódicos e congressos internacionais, sendo focada em periódicos e congressos

nacionais. Apesar das publicações e da valorização dos eventos em revistas nacionais

serem válidas, é fundamental que as pesquisas brasileiras desta temática sejam divulgadas

internacionalmente, pois é essas contribuições que enriquecem a tecnologia e a ciência

nacional, no mundo atual em que se faz necessária uma integração cada vez maior entre os

pesquisadores de todos os continentes. A exposição destes estudos em nível internacional é

imprescindível para que não figuremos neste setor como meros importadores de tecnologia,

já que várias pesquisas são desenvolvidas simultaneamente em todo o mundo, abordando

problemas comuns a vários países, tendo uma exposição contínua de seus trabalhos.

No que se refere aos tipos de resíduos mais estudados e às perspectivas da

tecnologia da incorporação de resíduos na indústria de modo geral, evidenciam-se resíduos

da atividade de beneficiamento secundário, as marmorarias. A importância destes estudos

reflete-se no fato que estes resíduos são a nova fronteira no desenvolvimento de

tecnologias inovadoras, tal como a incorporação na geração de vidros e vitrocerâmicos, que

adquirem, a cada dia, mais destaque, por utilizarem vários resíduos no desenvolvimento de

produtos com alto desempenho.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 47


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Outro ponto que merece destaque é a necessidade de conscientização do

empresariado brasileiro, de que rejeitos da atividade extrativa de rochas ornamentais, bem

como de toda a cadeia produtiva são uma alternativa altamente rentável às matérias-primas,

o que já é muito bem assimilado em várias partes do mundo, mas que no Brasil

praticamente inexiste. Grande quantidade de empresários acredita que a adição de resíduos

em formulações utilizadas vão apenas provocar redução nas características mecânicas do

produto e uma série de inconvenientes, o que não é de todo errado, mas que pode ser

totalmente evitado, caso sejam feitos estudos prévios para aperfeiçoar a composição dos

produtos finais, a fim de se manter as características dos produtos e um ciclo de produção

semelhante ao das formulações convencionais.

Alguns empresários utilizam resíduos em suas composições, mas sob o aspecto

errôneo de que, se forem utilizados materiais de baixo custo, se obterá redução nos custos

finais, mesmo com a confecção de produtos de qualidade inferior, não sendo assim

abordada a ótica de que os resíduos são hoje uma nova e concreta alternativa às matérias-

primas (principalmente nas regiões com grande concentração industrial) e que sua

utilização, além de propiciar redução de custos, pode conduzir a produção de peças com

características diferenciadas e até mesmo desempenho e aceitação no mercado maior que

os produtos fabricados a partir de matérias-primas convencionais.

Outro segmento que deve ser evidenciado é a esfera governamental, já que tem

papel decisivo na reutilização de rejeitos, através da imposição de normas severas e

fiscalização rígida que impeçam a poluição do meio ambiente e imponham, aos agentes

poluidores a responsabilidade de reciclagem ou reutilização de seus resíduos. Em todo o

mundo estas pressões governamentais são uma das causas mais comuns ao

desenvolvimento de pesquisas que objetivam soluções alternativas para o problema dos

rejeitos. No Brasil, este fator é ainda mais preponderante, já que grande parte dos

resultados publicados internacionalmente é fruto de pesquisas patrocinadas pelo poder

público. Necessário, portanto que órgãos e agencias de fomento visualizem a importância

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 48


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das indústrias de reciclagem e reaproveitamento, as grandes fontes potenciais de resíduos,

bem como as várias vantagens existentes na utilização de resíduos como matérias primas

alternativas, para que pesquisadores possam desenvolver pesquisas com condições e

estrutura necessárias a um rápido e bem sucedido desfecho. A figura 6 sintetiza e ilustra a

importância de ações conjuntas do poder publico, empresariado e comunidades para a

efetiva reciclagem e reaproveitamento de rochas ornamentais.

Figura 6: Esquema ilustrativo da interacao entre o poder publico, empresarios e

comunidade para a reciclagem e reaproveitamento de rochas ornamentais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo produtivo das rochas ornamentais é complexo em todas as suas etapas,

desde a exploração das jazidas, passando pelo beneficiamento (serragem e polimento) até

o armazenamento e o transporte. Em todos os subsistemas sempre existem causas e

impactos sobre o meio ambiente (água, ar e solo).

A lavra (extração) e o processamento das rochas ornamentais (beneficiamento e

acabamento) produzem, em todas as suas etapas, uma quantidade expressiva de resíduos

hidricos, e sólidos (perdas), que chegam a atingir a faixa de 65 a 75%, em média. Além de

representarem perdas na produção, esta quantidade expressiva de resíduos afeta o meio

ambiente e a produtividade das empresas do setor. Como neste mercado predominam micro

e pequenas empresas, grande parte desses resíduos é largada nas próprias pedreiras e/ou

pátios, causando grande impacto ambiental, visual e estético. Conseqüentemente, a gestão

de resíduos na indústria mineral é fundamental, principalmente em se tratando de rochas

ornamentais, tendo em vista a quantidade de resíduos gerados neste processo, muito

grande em relação a outros bens minerais.

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Figura 6: Esquema ilustrativo da interacao entre o poder publico, empresarios e comunidade


para a reciclagem e reaproveitamento de rochas ornamentais.

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Devido a sua escassez e caráter essencial, as indústrias do setor ornamental já

começaram a pensar soluções para o reuso dos recursos hídricos envolvidos em seus

processos produtivos. Roxo (2006) advoga que os primeiros resultados desta nova postura

já aparecem, seja pelo aumento do número de aterros em sintonia com os ecossistemas,

seja pelo incremento na reutilização da água e reaproveitamento dos efluentes, o que ocorre

muitas vezes de maneira espontânea.

No mercado ornamental o maior volume de resíduos gerados é sólido, materializado

nos desperdícios de matéria prima natural a partir dos processos de extração e

beneficiamento. A enorme quantidade de resíduos solidos grossos deixados nas próprias

pedreiras onde as rochas são extraídas, seja por defeitos nos blocos, seja por incapacidade

de venda do produto geram poluição visual e chamam a atenção. São porem os resíduos

finos e ultrafinos, principalmente gerados nas etapas de beneficiamento em serrarias e

pedreiras, e em sua maior parte, destinados de forma inadequada, os que oferecem os

maiores riscos de contaminação ao solo e aos recursos hídricos.

A quantidade de resíduos gerados na indústria ornamental, apesar de estar

intrinsecamente relacionada com a própria natureza da rocha, depende também do tipo de

tecnologia aplicada na sua extração e beneficiamento e também da capacitação da mão de

obra utilizada. Conseqüentemente, a solução para o problema no Brasil depende

obrigatoriamente de investimentos em pesquisa geológica, de avanços nas tecnologias

aplicadas para a lavra e beneficiamento, e na capacitação técnica da mão de obra.

Nos últimos anos diversos estudos têm focado a questão da gestão de resíduos no

beneficiamento de rochas ornamentais. As recomendações são para que se busque

minimizar o impacto ambiental e reaproveitar, o máximo possível, os resíduos sólidos

grossos e finos gerados, estudando possíveis aplicações industriais para os mesmos, bem

como planejar e realizar a recirculação da água no processo, por meio da instalação de

tanques de decantação para separação água/sólido dos efluentes gerados na serragem dos

blocos por meio de teares ou de serras de disco diamantado, nas serrarias (Campos &

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 51


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Castro 2007). Focos de especial atenção são os efluentes gerados na etapa de acabamento

das placas, devido às diferentes substâncias químicas que são adicionadas por estes

processos.

Necessário é também ponderar que, embora a atividade de exploração e

beneficiamento de rochas ornamentais cause um considerável impacto ambiental, por outro,

ela não pode ser simplesmente paralisada, devido a sua importância econômica. Necessário

é, portanto investir em pesquisas e nas várias alternativas já em fase de estudo para

reutilização desses resíduos, sendo que algumas delas estão já incorporadas a novos

produtos e processos, como por exemplo, no emprego desses resíduos em produtos para a

construção civil (tijolos a base de cimento), em composições de cerâmica vermelha (telhas e

tijolos), em artefatos de borracha (sem uso estrutural), na formulação de argamassas

industriais, dentre outros. Algumas destas pesquisas já demonstraram o grande potencial do

uso de resíduos de rochas. É o caso de, mediante ajuste na composição, utiliza-los como

matéria prima para fabricação de vidros, o que alem de contribuir ambientalmente ao gerar

uma nova destinação para estes resíduos, agrega-lhe valor, minimiza a poluição do seu

descarte direto na natureza, e ainda reduz a necessidade de extração da areia.

As experiencias recentes de reciclagem de rochas na Europa, visando um publico de

alto poder aquisitivo, demonstram como a questao da sustentabilidade tem ganhado novos

adeptos. A prática não é nova e o unico fator limitante é se o material pode ser reutilizado ou

não. A alguns anos este aspecto tem sido destaque em campanhas de relações públicas da

indústria de vidros e alumínio, onde os altos índices de reciclagem alcancados chamam a

atencao. Ja o reaproveitamento para a indústria de rochas ornamentais é algo novo e que

precisa e deve ser melhor explorado. Necessario portanto enfatizar mais a possibilidade de

reciclar e tirar de foco de suas campanhas a longevidade do material rochoso.

A atividade de reciclagem ainda é vista no Brasil, como uma alternativa econômica

de baixa renda e executada exatamente pela fatia da sociedade mais carente de amparo

socioeconômico, enquanto que na Europa essa atividade é vista pelos grandes empresários

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 52


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como uma das soluções para a atual crise financeira que assola o mundo de modo geral. As

discussões atuais e o estado da arte sobre as possibilidades de (re) utilização dos resíduos

de rochas ornamentais como alternativa na indústria, não só de cerâmica, mas também

como matéria-prima alternativa para vários outros produtos, nos permite tecer algumas

considerações: elas estão sintetizadas no fluxograma da Figura 7.

Figura 7: Proposta para a Sustentabilidade, Reciclagem e Reaproveitamento na

Indústria Brasileira de Rochas Ornamentais.

Fica aqui evidente a importância dos trabalhos realizados na busca de novas

aplicações e finalidades para os resíduos de rochas ornamentais, pois agregam valor a um

material que polui e minimizam o impacto ambiental através da diminuição da disposição

dos resíduos diretamente na natureza. Mesmo com as limitações em volume, é importante

reconhecer a importância desta utilização, uma vez que este resíduo deixa de ser lançado

em aterros, evitando possível contaminação, além é claro, de resultar em uma redução da

quantidade de matéria prima necessária (ex. argila), para a fabricação destes recursos.

Outra vantagem da utilização deste material é o fato de não ser necessário nenhum

processo adicional de beneficiamento, uma vez que as condições de granulometria e

umidade em que são retiradas das empresas são satisfatórias.

Apesar de o cenário atual parecer assustador, as perspectivas do setor ornamental

no Brasil são promissoras. Vários avanços nos últimos anos demonstram que houve uma

mudança na consciência coletiva de empresários do setor e iniciativas governamentais, as

quais conjuntamente levaram à formação/aperfeiçoamento da mão de obra; à

modernização/atualização tecnológica do parque industrial; à promoção comercial das

rochas brasileiras de revestimento nos mercados interno e externo. Associadas à

adequação ambiental das pedreiras e serrarias, e à criação de canais de interlocução

institucional, estas ações fomentaram o crescimento do setor de rochas ornamentais

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 53


Elevada
Capacidade
Absorção
Construção
Cerâmicas
Civil

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2


Resíduos
Pesquisa Indústria de Reciclagem

Rochas
Ornamentais

Empresários Poder Público

Tecnologia &
Investimentos
Inovacao
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Figura 7: Proposta para a Sustentabilidade, Reciclagem e Reaproveitamento na


Industria Brasileira de Rochas Ornamentais.
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brasileiro, reduzindo a informalidade das atividades minero industriais e gerando incentivos

para a internacionalização das empresas de beneficiamento. Um dos principais indicadores

destes avanços é que o Brasil ultrapassou a China no mercado dos EUA, tornando-se

novamente o maior fornecedor de rochas para esse país nos anos de 2011 e 2012, tanto em

faturamento quanto em volume físico.

AGRADECIMENTOS

Este artigo é o resultado da pesquisa bibliográfica que serviu de alicerce ao

desenvolvimento da dissertação de mestrado de C.S.O. Rosato e exprime uma revisão

científica sobre o estado da arte da reciclagem e reaproveitamento de rochas. Os autores

expressam aqui seu agradecimento a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia

(FAPESB) pelo apoio financeiro, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior

(CAPES) pela bolsa de mestrado, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPQ) pelas bolsas de produtividade em pesquisa e a Secretaria da Indústria,

Comercio e Mineração do Estado da Bahia pelo apoio logístico. Agradecemos aos revisores

pelos comentários enriquecedores que ajudaram a aprimorar este texto e ao Curso de Pós-

Graduação em Geologia da UFBA por incentivar o desenvolvimento de dissertações no

formato de artigos.

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Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 57


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

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setembro de 2013.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 2 58


Capítulo 3 - Artigo
Reciclagem de Rochas
Ornamentais nas Marmorarias
da Região Metropolitana de
Salvador: Resultados e
Perspectivas

Abordagens:

3.1. Introdução

3.2. A Cadeia Produtiva de Rochas

Ornamentais

3.3. O Mercado de Rochas

Ornamentais no Século XXI

3.4. Reciclagem de Resíduos na

Indústria Ornamental

3.5. As Marmorarias da Região

Metropolitana de Salvador

3.6. Considerações Finais

3.7. Agradecimentos

3.8. Referências Bibliográficas

59
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

RECICLAGEM DE ROCHAS ORNAMENTAIS NAS MARMORARIAS DA REGIÃO

METROPOLITANA DE SALVADOR – RESULTADOS E PERSPECTIVAS

RECYCLING IN THE ORNAMENTAL ROCK INDUSTRY IN THE METROPOLITAN

REGION OF SALVADOR - RESULTS AND PROSPECTS

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato1,2, Débora Correia Rios¹, Herbet Conceicão³

¹ Laboratório de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral (GPA)/ Curso de Pós-Graduação em Geologia,

UFBA, Salvador, Bahia, Brasil, c.rosato@ig.com.br, debora.rios@pq.cnpq.br

² Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, Salvador, Bahia, Brasil.

³ Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Sergipe, Brasil, herbet@pq.cnpq.br

Resumo

A indústria de rochas ornamentais define na atualidade uma das mais promissoras

áreas do setor mineral. Este crescimento resulta da diversificação dos produtos, de novas

utilizações das rochas ornamentais e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e

otimização da produção. O foco deste artigo é quantificar e avaliar o destino dos resíduos

desta indústria em seu elo final. Estas empresas são conhecidas como marmorarias, locais

que por excelência executam os trabalhos especiais de acabamento enquanto os ditos

“shoppings da construção” comercializam apenas produtos prontos para o consumidor final,

tanto na forma de lajotas e mosaicos para revestimentos, quanto na forma de “custom

made” (pias; tampos de mesa, etc.). Apesar dos avanços, durante o beneficiamento das

pedras naturais nas marmorarias, cerca de 30% a 40% do produto é transformado em pó

e/ou fragmentos, os quais ficam depositados nos pátios. O gerenciamento dos rejeitos nas

marmorarias é visto hoje como uma importante atividade, que pode contribuir para

diversificação dos produtos e diminuição dos custos finais, gerando uma nova fonte de

renda para os empresários, além de reduzir o impacto ambiental, produzindo

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 60


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

desenvolvimento social em harmonia com a natureza. Na Região Metropolitana de Salvador

estão em atividade atualmente cerca de 130 marmorarias. Destas, 77% não utilizam ou não

se interessam em desenvolver tecnologias em reciclagem de resíduos de beneficiamento de

rochas ornamentais, lotando seus pátios e descartando toneladas de resíduos sólidos que

constituem grave problema ambiental. Ao mesmo tempo, as empresas atuando na

construção civil, opta pela importação de produtos de rocha reciclados, principalmente da

China. A conscientização dos empresários e cidadãos é a chave para a solução desse

problema ambiental relativamente simples e urge pela atenção da academia e do governo.

Palavras Chave: Rochas Ornamentais; Reciclagem; Poluição Ambiental; Resíduos Sólidos.

Abstract

The ornamental define nowadays one of the most promising areas of the mineral

sector. This growth is the result of product diversification, new uses of ornamental and new

technologies that enhance the exploration and production optimization. The marble industry

is companies that, par excellence, perform special finishing work. The construction of malls

sell only ready products to the final consumer, either in the form of tiles and mosaics for

coatings, as in the form of "custom made" (sinks, tabletops, etc.). Despite advances during

the processing of natural stone, 30% to 40% of the products are transformed into powder

and / or fragments that are deposited on patios of the marble industry. The management of

tailings in marble industry is seen today as an important activity, which may contribute to

diversification of products, reduction of the final costs. In the Metropolitan Region of Salvador

are active currently about 130 sheds 77% of these do not use or are not interested in

developing technologies in waste recycling processing of ornamental stones. The vast

majority opts for the import of recycled products mainly from China. The awareness of

entrepreneurs and citizens is the key to solve this environmental problem relatively simple.

Keywords: Ornamental; Recycling

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 61


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

INTRODUÇÃO

A utilização das rochas pelo homem remonta ao período Neolítico e sua aplicação

goza de referências milenares, quando tomamos como exemplo as pirâmides do Egito, as

construções gregas e de Roma antiga, que apesar dos séculos perduram imponentes,

demonstrando a sua capacidade de durabilidade, sobrevivendo ao tempo. Empregadas

como elemento estrutural de monumentos, na fabricação de concreto e na construção civil,

o uso das rochas ornamentais teve seu início quando o homem utilizava as cavernas para

abrigo e proteção. Ao longo dos tempos as rochas tem encontrado aplicação nas mais

diversas áreas da construção civil, tais como pavimentação, revestimentos horizontais e

verticais internos e externos, e obras estruturais. Mantém ainda uma considerável parcela

de consumo na arte funerária, além de trabalhos especiais, esculturas, confecção de

mobiliário urbano e residencial, chegando ao uso para a confecção de joias e bijuterias.

O problema é que, ao transformar matérias - primas, de modo a torná-las úteis para

a sociedade, o homem produz quantidades apreciáveis de resíduos que, no momento em

que são produzidos, são inúteis e, ao longo do tempo, acabam por comprometer o meio

ambiente. Um dos grandes desafios da atualidade é o reaproveitamento racional de

resíduos provenientes de processos industriais, incluindo-se ai as operações de lavra e

beneficiamento de rochas ornamentais.

Com o reaproveitamento de resíduos em foco, o objetivo deste artigo é, partindo-se

de um estudo de caso na Região Metropolitana de Salvador (RMS), o maior polo industrial

do Estado da Bahia, avaliar o setor de marmorarias sob o prisma ambiental e competitivo,

observando e relacionando as características tecnológicas e produtivas das rochas

comercializadas, visando apresentar a situação da reciclagem e reaproveitamento de

resíduos de rochas ornamentais, bem como os principais aspectos e impactos

socioambientais decorrentes desta atividade industrial.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 62


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

A RMS (Figura 1) é composta por 13 municípios (Camaçari, Candeias, Itaparica,

Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho, Dias D’Ávila, Mata de São João, e Madre

de Deus) e, similarmente ao que ocorreu com as demais capitais brasileiras, foi concebida

como uma área estratégica de controle político e de desenvolvimento econômico. A região

apresenta características bem distintas em termos de área, população e condições

socioeconômicas, mas com uma integração que se superpõem às diferenças existentes

entre si, a RMS tornou-se responsável por mais de 80% da indústria de transformação e

mais da metade da produção e da riqueza do Estado da Bahia.

Figura 1: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.

A CADEIA PRODUTIVA DE ROCHAS ORNAMENTAIS

A cadeia produtiva de rochas ornamentais é formada por três segmentos principais:

(i) o segmento da extração, (ii) do desdobramento ou beneficiamento primário e, (iii) o

beneficiamento final.

Na base desta cadeia produtiva está a mineração, cuja operação envolve desde a

pesquisa geológica, até a extração dos blocos ou bloquetes nas pedreiras. O segmento

seguinte é o do desdobramento ou beneficiamento primário, etapa realizada nas unidades

denominadas de serrarias, local onde os blocos são reduzidos a chapas de 2-3 cm de

espessura e que, normalmente, realizam um primeiro acabamento de superfície. No topo da

cadeia está o segmento de beneficiamento final que é a marmoraria, onde se faz o

acabamento do material produzido nas serrarias, conferindo-lhes o aspecto e a forma

exigidos pelo consumidor.

As marmorarias são as empresas que, por excelência, executam os trabalhos

especiais de acabamento, enquanto os depósitos de chapas são os principais fornecedores

de materiais importados. Os “shoppings da construção” apenas comercializam produtos

prontos para o consumidor final, tanto na forma de lajotas e mosaicos para revestimentos,

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 63


!
.

38°40'W 38°20'W 38°0'W


!
.
!
. ARAÇÁS
CORA ÇÃO
DE !
TEODORO .
MARIA SAMPAIO ITANAGRA
!
.

!
.
CONCE IÇÃO
DO JACU ÍP E !
.

12°20'S
12°20'S
CATU
TERRA MAPA DE LOCALIZAÇÃO
!
. !
. NOVA 45º 43º 41º 39º
POJUCA

AMÉ LIA !
.
RODRIGUES

11º
MATA

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3


DE
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.
SÃO JOÃ O
13º
SÃO SEB ASTIÃ O !
.
SANTO DO PA SSÉ
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.
AMA RO
15º

DIA S
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.
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. SÃO D'ÁV ILA
17º
FRANCIS CO
DO CONDE
!
.

12°40'S
12°40'S

CANDEIAS
!
. CAMA ÇARI
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.
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.
SAUBA RA MADRE SIMÕES
!
. DE FILHO
DEUS !
.
I C O

SALINAS
!
. .
! Sede municipal
T

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. Limite municipal
!
DE
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N

MARGAR IDA FREITAS Estrada de ferro


ITAPA RICA
Estrada pavimentada
Â

Estrada não pavimentada


!
.
SALVADOR
VERA L
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.
CRUZ T
A

13°0'S
13°0'S

(
! Complexo de marmorarias
N O (
! Marmoraria de médio porte
O C E A
(
! Marmoraria de pequeno porte

!
. ( Não responderam o questionário
±
Escala 1:850.000
8,5 0 8,5km

38°40'W 38°20'W 38°0'W


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

64
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Figura 1: Mapa de situação e localização da Região Metropolitana de Salvador


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

quanto na forma de “custom made” (pias; tampos de mesa; etc.). É nas marmorarias,

portanto que ocorre a última etapa do beneficiamento de rochas ornamentais: o corte das

chapas polidas e acabamento final, transformando-as em artefatos. Nelas também são

produzidos grande parte dos rejeitos e resíduos associados com esta cadeia produtiva.

E como são definidas as “Rochas Ornamentais”?

Na cadeia produtiva, as rochas ornamentais abrangem todos os tipos litológicos que

podem ser extraídos em formas de blocos, bloquetes ou placas, geralmente reduzidas em

chapas ou ladrilhos, ou seja, material rochoso natural, em diferentes graus e/ou tipos de

beneficiamento ou afeiçoamento (bruta, aparelhada, picotada, esculpida e/ou polida), capaz

de receber acabamento de superfície em forma de polimento, jateamento, flameamento,

levigamento, apicoamento e envelhecimento ou outros acabamentos, utilizado em

revestimentos e principalmente para exercer uma função estética.

O mercado de rochas ornamentais e de revestimento compreende principalmente os

mármores e granitos, que perfazem cerca de 90% da produção mundial de rochas para

revestimento, mas inclui ainda as chamadas pedras naturais (quartzitos, ardósias, arenitos,

etc.), segundo as suas respectivas conceituações comerciais. Importante ressaltar que, do

ponto de vista comercial, as rochas classificadas como “mármores”, “granitos” e/ou pedras

naturais não correspondem necessariamente à definição destes termos estabelecida para a

classificação de rochas pela IUGS (International Union of Geological Society) e aceita por

geólogos do mundo todo. Neste trabalho consideraremos os termos clássicos utilizados na

cadeia produtiva de rochas ornamentais a partir do seu uso comum por empresários,

arquitetos e outros especificadores de uso (Rosato 2013). Assim:

(i) “Mármores” são rochas calcárias ou dolomíticas, sedimentares ou

metamórficas, que possam receber desdobramento seguido de beneficiamento

(polimento ou apicoamento);

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 65


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

(ii) “Granitos” incluem grande variedade de rochas silicáticas, de origem tanto

ígnea quanto metamórfica, não calcária ou dolomítica, que apresente boas

condições de desdobramento, seguida de beneficiamento (polimento,

apicoamento ou flameamento);

(iii) “Rochas para revestimento” é um termo mais genérico, aplicável a rochas

naturais que, submetidas a processos diversos e graus variados de

desdobramento e beneficiamento, são utilizadas no acabamento de superfícies,

especialmente em pisos e fachadas, e em obras de construção civil. Podem ter

natureza, origem e composição diversa.

Conclui-se, portanto, que no conceito comercial, a indústria considera como

mármores todas as rochas carbonáticas, metamorfizadas ou não, incluindo aquelas dos

tipos calcários, travertinos, calcíticos, magnesianos e/ou outros carbonatos relacionados.

Similarmente, o termo granito, limitado na petrologia a uma rocha ígnea plutônica, uniforme,

de textura granular, e constituída predominantemente de minerais de quartzo e feldspato

(potássico), tendo a biotita e moscovita como principais minerais acessórios (Streckeisen et

al., 1976), em termos comerciais, passa a englobar várias outras rochas, desde que

apresentem boas condições de acabamento de superfície. Consequentemente, o termo

“granito ornamental” inclui não apenas os granitos senso lato, mas ainda basaltos, gnaisses,

granulitos e outras rochas afins. Dentre as conhecidas como “pedras naturais e/ou de

revestimento” a denominação comercial das ardósias é a que melhor obedece ao conceito

geológico, onde são consideradas as rochas metamórficas, evoluídas de sedimentos

argilosos. Porém, no geral, arenitos, folhelhos e outros tipos rochosos também são

comercializados sob esta sigla sem grandes discriminações.

Enquanto o problema das denominações pode parecer a um leitor mais desatento

como de menor importância os prejuízos comerciais são inúmeros, pois se desconsideram

as características físicas e químicas destes distintos tipos de rocha. Somado ao

desconhecimento generalizado por empresários, arquitetos, engenheiros e decoradores das

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 66


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

suas diferenças comportamentais em relação aos ensaios tecnológicos (ABNT/NBR:

15845/2010) esta confusão na nomenclatura resulta em especificações inadequadas,

implicando nos “defeitos” ou “doenças” das rochas ornamentais tais como manchamentos,

pigmentações, buracos e orifícios, quebra, embaçamento, fraturamento, e quedas.

Isto tudo resulta na necessidade de substituição do revestimento e implica, além do

prejuízo econômico e aborrecimentos pelo consumidor final, em uma maior quantidade de

resíduos a ser descartado. A mistura de tipos tão distintos nos pátios das marmorarias

também dificulta a reciclagem e/ou reaproveitamento, sendo muitas vezes necessária uma

triagem.

O MERCADO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO SÉCULO XXI

Rochas ornamentais representam uma oportunidade para o desenvolvimento global.

Seus recursos estão distribuídos no mundo em diferentes graus de consistência e

acessibilidade. Elas são protagonistas de amplas possibilidades no mercado e sua

explotação depende também de políticas e do modelo empreendedor, com particular ênfase

na promoção de investimentos e implantação completa destes. Oito países têm

comercializado acima de milhão de toneladas entre produtos brutos e acabados (China,

Índia, Turquia, Itália, Espanha, Brasil, Portugal e Egito), enquanto os líderes das

importações, que movimentam vários milhões de toneladas, são doze: China, Estados

Unidos, Itália, Alemanha, Coréia do Sul, Taiwan, Espanha, Japão, Bélgica, França, Reino

Unido, e Holanda.

A real concentração deste comércio está em um pequeno grupo, ainda mais restrito,

liderado por três países que têm feito algum progresso nos investimentos e

empreendedorismo no setor. O primeiro dos exportadores (China) foi responsável por 45%

da demanda global para materiais pétreos, enquanto que o primeiro dos três importadores

(EUA) absorveu 1/3 dessa produção (Stone World 2012).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 67


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

É a supremacia chinesa em embarcar produtos acabados que tem ajudado a China a

se consolidar como um dos maiores negociadores de rochas ornamentais no mundo, não só

pela compra de material bruto, mas também pela vocação na transformação e

beneficiamento de materiais pétreos de várias qualidades, além do largo conhecimento

desenvolvido na obtenção de materiais alternativos, sintéticos, a partir da reciclagem dos

resíduos gerados no ciclo produtivo, o que também faz o país figurar entre os principais

importadores.

Os Estados Unidos, no qual as compras foram equivalentes a 25% dos produtos

acabados do mundo, aparece como o mais promissor dos mercados importadores depois da

crise econômica mundial de 2008. Aparecem também em destaque a Coréia do Sul e o

Japão, que por serem mercados fronteiriços da China, têm sido abastecidos pelo mercado

chinês.

Finalmente, podemos dizer que o mercado de rochas ornamentais é aberto e comum

para todos, com significante potencial de desenvolvimento para qualquer um. O caso da

China merece atenção: com o maior crescimento dos últimos doze anos, o país quintuplicou

seu volume de exportação, enquanto no mesmo período suas importações deram um salto

de centenas de milhares de toneladas para seis milhões de toneladas ao ano.

Números não menos expressivos de vendas estão igualmente sendo obtidos pela

Índia, Turquia, Brasil e Egito, os quais merecem destaque neste cenário mundial. Apesar

das crises da economia mundial, a Itália, a 2ª no ranking mundial, também chama a atenção

para o fato de que exporta produtos especiais (beneficiados) e importa granitos brutos.

Portugal é outro dos países europeus de melhor posição no ranking de produtos acabados

simples, enquanto a Alemanha permanece líder nas compras externas, e a Espanha como

líder para exportação de ardósias.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 68


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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Características do Mercado Ornamental Brasileiro

O Brasil figura entre os cinco maiores produtores mundiais de rochas ornamentais.

Segundo a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica – SETEC, em sua cartilha

temática de 2007 (SETEC 2007), o setor brasileiro de rochas ornamentais movimenta cerca

de US$ 2,1 bilhões/ano, incluindo- se a comercialização nos mercados nacional e

internacional e as transações com máquinas, equipamentos, insumos, materiais de

consumo e serviços. O mercado interno é responsável por quase 90% das transações

comerciais e as marmorarias representam 65% do universo das empresas do setor. O setor

gera cerca de 110 mil empregos diretos em aproximadamente dez mil empresas.

A extração brasileira de rochas totaliza 5,2 milhões de toneladas/ano. Os estados do

Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia são os maiores produtores de rochas ornamentais do

país, respondendo juntos por cerca de 80% da produção nacional. O estado do Espírito

Santo é o principal produtor, seguido de Minas Gerais, que possui a maior diversidade de

rochas extraídas. A Bahia tem um potencial enorme. Contudo, devido à carência de

infraestrutura, em especial do restrito número de serrarias no Estado, grande parte da sua

produção sai na forma de blocos que são transportados para Minas Gerais e Espírito Santo

para corte das placas. A consequência deste problema estrutural é que grande parte da

produção ornamental baiana passa a ser contada como Mineira ou Capixaba e, mesmo o

consumidor final na RMS acaba comprando rochas bem baianas como se fossem

provenientes destes outros Estados.

O Espírito Santo é também o maior exportador brasileiro, mercando a maior parte da

produção do País. Cachoeiro de Itapemirim, a maior cidade da região sul do Estado, é

conhecida nacionalmente pela produção de rochas ornamentais, destacando-se pelo

pioneirismo no setor.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 69


Marmorarias de Salvador:
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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

O Estado da Bahia no Contexto Nacional

A Bahia é o terceiro maior produtor, em volume, de rochas ornamentais do Brasil,

possuindo a maior diversidade de padrões cromáticos do país, que vão desde as suas

famosas rochas azuis, passando por uma variada gama de cores, incluindo-se os granitos

movimentados e inúmeras outras rochas exóticas. A riqueza de tipos explorados no Estado

pode ser visualizada na exposição permanente no Museu Geológico da Bahia.

No norte do Estado está localizado o maior polo produtor de mármore. Nessa região

destaca-se a produção do mármore travertino, denominado comercialmente de mármore

Bege Bahia, que ocupa posição de destaque no cenário nacional. Este mármore apresenta

grande similaridade com o Travertino Romano, sendo uma das rochas mais consumidas e

mais populares do mercado. Na região Norte do Estado são produzidas outras três

variedades de mármores em tonalidades de rosa, denominadas de mármores Rosa Sietti,

Rosa Patamuté e Rosa Palha, bem como o mármore branco Pérola Bahia, sendo este um

dos mais belos mármores brancos produzidos no país. O Sul da Bahia produz os mármores

rosa Imperial Pink e o mármore acinzentado conhecido como Arabescato (Figura 2).

Figura 2: Fotos de mármores ornamentais produzidos na Bahia: (A) Bege Bahia, (B)

Arabescato, (C) Imperial Pink, (D) Rosa Precioso, (E) Flor de Pêssego, (F) Rosa Palha,

(G) Rosa Patamuté, (H) Rosa Siena.

A produção de rochas silicáticas (granitos, quartzitos, conglomerados, sodalita-

sienito e similares) é o grande destaque do Estado. Suas jazidas estão espalhadas por

quase todo o seu território. A Bahia é o único produtor de granitos em diversas nuances de

azul, como é o caso dos: Azul Bahia, Azul Macaúbas, Azul do Mar, Azul Boquira e Azul

Imperial, sendo também responsável pela produção de outros granitos com ampla difusão

no mercado internacional, a exemplo dos granitos movimentados, granitos róseos,

amarelos, e verdes (Figura 3).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 70


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A B

C D

E F

G H

Figura 2: Fotos de mármores ornamentais produzidos na Bahia: (A) Bege Bahia, (B)
Arabescato, (C) Imperial Pink, (D) Rosa Precioso, (E) Flor de Pêssego, (F) Rosa
Palha, (G) Rosa Patamuté, (H) Rosa Siena.
Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 71
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Figura 3: Fotos de Granitos Ornamentais produzidos na Bahia: (A) Azul Macaúbas, (B)

Kashimir Bahia, (C) Jacarandá Bahia, (D) Bordeaux Bahia, (E) Marrom Bahia, (F)

Marinace, (G) Azul Bahia, (H) Café Bahia.

Em produção, com grande potencial de reserva e com mercado consolidado,

encontram-se ainda granitos vermelhos, cinza, brancos, marrons, pretos além dos

conglomerados multicoloridos, brancos, vermelhos, negros e verdes.

RECICLAGEM DE RESÍDUOS NA INDÚSTRIA ORNAMENTAL

Os avanços em questões relacionadas ao uso e preservação do meio ambiente já

impregnou diversas áreas do setor produtivo, e tem impactado profundamente as atividades

mais tradicionais, tais como a mineração, criando exigências e limitações. Atualmente as

agências de vigilância e de concessões de lavra não mais autorizam projetos extrativos sem

que haja um planejamento detalhado visando à minimização e reparação dos impactos

ambientais que podem ser gerados.

Reciclagem é o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar detritos e rejeitos e

reintroduzi-los no ciclo de produção. De acordo com Menezes et al. (2002), a reciclagem de

resíduos, independentemente do seu tipo, apresenta várias vantagens em relação à

utilização de recursos naturais “virgens”, minimizando a necessidade por recursos naturais,

reduzindo o consumo energético e diminuindo os impactos ambientais.

Este reaproveitamento dos rejeitos de rochas ornamentais para uso como material

alternativo não é novo e tem dado certo em vários países do Primeiro Mundo, sendo três, as

principais razões que motivam esses países a reciclarem seus rejeitos: (i) o esgotamento

das reservas de matérias-primas confiáveis; (ii) o crescente volume de resíduos sólidos, que

põem em risco a saúde pública, ocupa o espaço e degradam os recursos naturais e, (iii) a

necessidade de compensar o desequilíbrio provocado pelas altas do petróleo.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 72


Marmorarias de Salvador:
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A B

C D

E F

G H

Figura 3: Fotos de Granitos Ornamentais produzidos na Bahia: (A) Azul Macaúbas,


(B) Kashimir Bahia, (C) Jacarandá Bahia, (D) Bordeaux Bahia, (E) Marrom Bahia, (F)
Marinace, (G) Azul Bahia, (H) Café Bahia.
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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Assim, com o crescimento exponencial da produção brasileira de rochas ornamentais

ocorrido na última década e a consequente expansão deste mercado o problema de

reciclagem destes rejeitos tornou-se mais grave, pois o avanço do mercado ocorreu sem a

devida orientação ou acompanhamento técnico. No Brasil, o processo produtivo de rochas

ornamentais é ainda bastante informal e muitas vezes não obedece à legislação ambiental o

que gera uma grande quantidade de rejeitos, com perdas de até 70% da matéria-prima

extraída. Adicionalmente, o processo de beneficiamento produz um grande volume de pó

bem como “pedaços” de sobras dos cortes efetuados nas lajes brutas (Rosato et al., 2013).

A reciclagem de resíduos do processo produtivo de rochas ornamentais no país

ainda possui índices insignificantes frente ao montante produzido (Menezes et al., 2002) e, a

cada dia, esses rejeitos agridem mais o meio ambiente, em virtude da falta de tratamentos

adequados e fiscalização sobre a manipulação e descarte.

O crescimento acelerado, atrelado à necessidade urgente de reciclagem na indústria

de rochas ornamentais cria o desafio de associar o desenvolvimento econômico e social

deste setor produtivo com a preservação do meio ambiente. Rosato et al. (2013)

apresentam exemplos viáveis do reaproveitamento de rocha ao tempo em que chamam a

atenção para a grande quantidade de resíduos gerados pela extração e pelo beneficiamento

das pedras associados à quase que completa inexistência de processos de reciclagem e

reaproveitamento no século passado. Os mesmos autores apontam o reaproveitamento

destes resíduos como o caminho para a redução dos impactos ambientais e a uma solução

econômica viável para geração de novas fontes de renda em empresas deste setor

produtivo mineral. Quais as opções que se apresentam para as empresas de

beneficiamento secundário, as marmorarias?

Fatores condicionantes: Efeitos da Concorrência Internacional

Além dos mencionados acima, há outro fator que concorre para a não reutilização

dos resíduos de rochas ornamentais provenientes do terceiro elo da cadeia de produção no

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 74


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Brasil: o mercado dos “materiais sintéticos”. Estes materiais são, na realidade, resíduos de

rochas, normalmente mármores, misturados a outros materiais como vidro, quartzo ou

resinas de poliéster. Ou seja, são produtos reciclados no mercado internacional e

competitivo, que já há alguns anos aplica-se no desenvolvimento de pesquisas e tecnologia

na área da reciclagem.

Os ditos “materiais sintéticos” são produtos importados de mercados como China e

Itália principalmente e que ganharam espaço no mercado nacional pelo fato de poderem ser

aplicados em qualquer tipo de ambiente, sem as restrições que normalmente estão

associadas às características físico-químicas de determinados tipos de rochas,

principalmente os mármores. Alguns destes materiais sintéticos já são bem conhecidos no

mercado ornamental, sendo abaixo descritos tomando-se por base as definições em sites

dos seus revendedores no Brasil (Alicante, 2011).

(i) O Marmoglass é uma rocha industrializada desenvolvida através da

microcristalização de cristais de vidro e pó de mármore (Figura 4A, B). O produto

tem alto desempenho, pois une tecnologia com as propriedades do vidro,

proporcionando qualidade e beleza estética. Comparado com a rocha in natura

apresenta alta resistência à abrasão e dureza, o que lhe confere excelente

durabilidade. Além disto, apresenta a vantagem de possuir superfície e cor

uniformes, absorção nula e brilho intenso, sendo resistente aos produtos ácidos e

alcalinos comumente utilizados na limpeza diária. Por estas características tem

larga aplicação em ambientes internos e externos, bem como em áreas públicas

de grande circulação como hotéis, escritórios, aeroportos e shopping, podendo

ser utilizado indistintamente em revestimentos, pavimentos, tampos de balcões,

pias e peças de mobiliário.

Figura 4: Exemplos de Rochas Artificiais comercializadas no Brasil: (A) Marmoglass,

(B) Aglostone, (C) Nanoglass, (D) Techstone, (E) Superfícies de Quartzo (Fotos

obtidas no site da Alicante).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 75


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

A B

C D

E F

G H

Figura 4: Exemplos de Rochas Artificiais comercializadas no Brasil: Marmoglass (A)


Blanco Norte, (B) Negro Anubis; (C) Aglostone Life Amarilo Dream; Techstone (D)
Bege, (E) Vermelho; Superfícies de Quartzo (F) Venetian Night, (G) Verde Savoia, (G)
RossodeAsiago
Dissertação Mestrado -(Fotos obtidas
CAPITULO 3 no site da Alicante). 76
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

(ii) O Aglostone é um “mármore artificial” ou também chamado de “mármore

composto/ industrializado” (Figura 4C). Este produto é criado através da junção

de 95% de partículas de mármore natural (reciclado), e 5% de resina de poliéster.

Sua belíssima tonalidade é devido às partículas de mármore natural adicionadas

em sua produção, ou seja, dependente das tonalidades de mármores tradicionais

como o Giallo Reale, Rosso Verona, Rosso Aziago entre outros. A resina de

poliéster possui polímeros de alto peso molecular garantindo a uniformidade de

cor e textura, além de proporcionar excelente desempenho à sua superfície.

(iii) O Nanoglass é um material industrializado obtido através de um processo de

microcristalização de cristais de vidro, pó de mármore e agentes aglutinantes,

utilizando a ciência da nanotecnologia na sua produção, o que leva a uma fusão

mais constante, equilibrada e homogênea. É em verdade um avanço tecnológico

na produção do tradicional Marmoglass. Com a nanotecnologia eliminam-se as

pequenas bolhas de ar presentes na estrutura Marmoglass, permitindo a

execução de bordas e molduras com perfeição, além de uma superfície mais

sólida e compacta.

(iv) O Techstone é um composto de rocha que consiste em aproximadamente 93%

de materiais naturais brutos, cuidadosamente selecionados, especialmente

quartzo e granito, que são então triturados e adicionados a resinas, pigmentos

coloridos e fragmentos de maior granulometria maior, resultando em um material

de características próprias (Figura 4D, E). O desenho moderno, a grande

variedade de cores e estruturas, aliadas à elegância, alta resistência e fácil

manutenção tornaram este produto um dos preferidos de arquitetos e

decoradores.

(v) As Superfícies de Quartzo são também produtos industrializados, de tecnologia

italiana, resultado da reciclagem de Quartzo (~93%) ao qual são adicionadas

resinas de poliéster (aglutinantes) de alto desempenho (Figura 4F, G, H). É um

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 77


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

material não poroso, com absorção nula de água, ou seja, ótimo para locais em

contato com gêneros alimentícios, pois não apresenta ambiente favorável para a

proliferação de fungos e bactérias. O produto final apresenta desenhos

modernos, requinte e elegância, em um material que possui resistência e beleza,

com usos interno ou externo.

Estes produtos reciclados ganharam proeminência e grande aceite no mercado

nacional e internacional. Pontuamos aqui a importância do desenvolvimento de pesquisas e

tecnologia nesta área pois vislumbrarmos a possibilidade do mercado nacional passar a

atuar neste setor, produzindo formas sintéticas alternativas para uso dos rejeitos de rocha

do Brasil.

AS MARMORARIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR - RMS

Segundo Lisbôa (2004), a indústria de mineração e beneficiamento de granitos é

uma das áreas mais promissoras de negócios do setor mineral. Em todas as fases destes

processos são geradas grandes quantidades de rejeitos, que precisam ser reciclados e

reaproveitados para reduzir os impactos ambientais desta atividade e aproveitar

racionalmente este recurso natural. Assim sendo, e considerando-se a extensão do assunto,

procurar-se-á enfatizar as etapas do beneficiamento nas quais são geradas quantidades

mais expressivas de resíduos. Os processos de reciclagem que ocorrem, ou que podem vir

a ocorrer, nos pátios das marmorarias, são o foco principal deste estudo.

Visando avaliar a situação do setor de rochas ornamentais as marmorarias da RMS

foram inventariadas, com base em visitas técnicas e aplicação de questionários, que

demonstraram a necessidade urgente de implantação de programas de incentivo e de

créditos. Os resultados preliminares apresentados por Rios et al. (2005) já demonstraram o

grande potencial da Bahia e em especial da RMS e a urgente necessidade de intervenção

do Estado para o crescimento desse setor da economia.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 78


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Focamos então a presente análise nas ações de disposição, reciclagem e

reaproveitamento de rejeitos gerados pelas marmorarias situadas nos três principais

municípios da RMS: Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas (Figura 5). Em conjunto, estas

três cidades possuem cerca de 80% das marmorarias cadastradas na Bahia (Gomes Junior

2004). Essas empresas são responsáveis por 40% da produção de produtos oriundos do

beneficiamento de rochas ornamentais do Estado. Estes aspectos justificam a escolha

destas três cidades para a amostragem estratégica vinculada a pesquisa aqui proposta.

Figura 5: Mapa da área de estudo com a localização das marmorarias inventariadas.

Reciclagem e Reaproveitamento de Resíduos nas Marmorarias da RMS

As indústrias beneficiadoras de granitos têm como principal atividade sua serragem e

polimento para produção de rochas ornamentais que são utilizadas na indústria da

construção civil. Este beneficiamento subdivide-se em “primário”, ocorrendo nas serrarias

em que os grandes blocos de rochas (~ 2 x 2 m) são transformados em placas polidas, e

“secundário”, nas marmorarias, onde as chapas polidas são convertidas nos produtos finais

requisitados pela sociedade.

A aplicação de questionários em 95 das 130 empresas marmoristas sediadas nos

três principais municípios da RMS foi o primeiro estágio do levantamento das estratégias

aplicadas por esse segmento de produção no que diz respeito à reutilização dos rejeitos

oriundos do beneficiamento de rochas ornamentais. A Figura 6 resume as respostas obtidas

a partir do processamento destes questionários de pesquisa.

Figura 6: Diagramas de avaliação do setor marmorista da RMS. (A) Distribuição das

empresas pesquisadas por município da abordagem. (B) Porte das empresas de

acordo com o faturamento médio anual. (C) Procedência das chapas comercializadas,

(D) Produtos fabricados. (E) Destinação dos resíduos gerados, (F) Interesse das

empresas em novas destinações para seus resíduos.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 79


.
!

38°30'W 38°20'W 38°10'W


(
! MAPA DE LOCALIZAÇÃO
45º 43º 41º 39º
(
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! 9º
CAMAÇARI
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11º

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DE DEUS
CANDEIAS
15º

17º
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! SIMÕES FILHO

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3


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38 ° 30 'W 38 ° 0'W

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12°50'S

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! Complexo de marmorarias

13°0'S
13°0'S

(
!
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(
((
! (
! Marmoraria de médio porte
±
Escala 1:300.000 (
! Marmoraria de pequeno porte
3 0 3km
( Não responderam o questionário
38°30'W 38°20'W 38°10'W
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

80
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Figura 5: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

A 50
B
45
Salvador 40
72%
35

30

25

20

Camaçari 15
Lauro de
6%
Freitas 10
22%
5

0
Salvador Lauro de Freitas Camaçari
Médio Porte 20 10 2
Pequeno Porte 48 11 4

Espirito Santo
C peitoril
D
tampo
12,37%
94,63% bancada 10,79%
13,67% soleira
10,50%

Outros
12,52% piso
9,06%

filete mesa
6,19% 8,78%
ladrilhos balcão
7,91% 8,20%
Importado Minas Gerais
0,51% 2,93%

Pernambuco Ceará
0,62% 1,31%

E 70
F
60
descarta
76,84% 50

40

vende 30

13,68%
20
recicla
7,37% 10

0
Aceitam Reciclam Sem Interesse
doação Reciclar
nº de empresas 20 7 68
2,11%

Figura 6: Diagramas de avaliação do setor marmorista da RMS. (A) Distribuição das


empresas pesquisadas por município da abordagem. (B) Porte das empresas de
acordo com o faturamento médio anual. (C) Procedência das chapas comercializadas,
(D) Produtos fabricados. (E) Destinação dos resíduos gerados, (F) Interesse das
empresas
Dissertação em -novas
de Mestrado destinações
CAPITULO 3 para seus resíduos. 81
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Considerando-se o faturamento anual, das marmorarias que compõe a RMS, a

grande maioria é de pequeno porte (Rosato 2013, Gomes Junior 2004). Os materiais

pétreos comercializados, em sua maioria, são adquiridos nos estados do Espírito Santo,

Minas Gerais e em menor escala, Ceará e Pernambuco, além do material importado, neste

caso, as chamadas rochas artificiais (Marmoglass, Silestone, etc.).

Nestas marmorarias a geração de resíduos é grande e, em muitos casos, são

descartados de forma aleatória ao longo de estradas que cortam a Região Metropolitana.

Quando questionados sobre que destinos são dados aos rejeitos de mármores e granitos,

as respostas são sempre evasivas. Os empresários afirmam que normalmente esses

materiais são descartados (onde, como?), são doados a terceiros, principalmente,

caçambeiros da zona periférica de Salvador (qual o destino final?), ou que este material é

vendido e será utilizado na elaboração de fachadas, pisos ou calçadas de áreas de classe

média baixa da cidade (Figura 6).

Exemplos de Sucesso da Reciclagem de Rejeitos de Rocha na RMS

Há cerca de cinco anos atrás foi criado na RMS um complexo de marmorarias que

reúne as dez maiores empresas do ramo com o objetivo especifico de negociar melhores

preços de venda, incentivos fiscais e a aquisição de equipamentos que proporcionassem

uma melhoria nas condições de polimento e corte da placa e que diminuíssem o desperdício

de material.

Praticamente é apenas nas empresas do “Complexo de Marmorarias de Salvador”

que ocorre algum tipo de reciclagem de materiais. São desenvolvidos novos produtos com

base no reaproveitamento de cacos e pedaços, anteriormente descartados, principalmente

na área de móveis de jardim com a confecção de mesas e tampos na forma de mosaico.

Outra utilização para estes rejeitos é a fabricação de seixos arredondados com larga

utilização na área de paisagismo principalmente (Figura 7).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 82


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

A B

C D

E F

Figura 7: Exemplos de aplicações de rejeitos de rocha em Salvador: (A) Fachada e


piso de residência popular, (B) Mural com resíduos de rochas e minerais no Museu
Geológico de Salvador (Foto cedida pelo MGB), (C) Paisagismo: (D) Seixos rolados,
(E) Jardim interno de shopping center, (F) Fragmentos arredondados e espacato em
acabamento
Dissertação de Mestradode escadaria
- CAPITULO 3 em shopping center. 83
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Figura 7: Exemplos de aplicações de rejeitos de rocha em Salvador: (A) Fachada e

piso de residência popular, (B) Mural com resíduos de rochas e minerais no Museu

Geológico de Salvador (Foto cedida pelo MGB), (C) Paisagismo: (D) Seixos rolados,

(E) Jardim interno de Shopping Center, (F) Fragmentos arredondados e espacato em

acabamento de escadaria em shopping Center.

Da mesma forma que o mercado de rochas ornamentais segue uma tendência

baseada muito mais na beleza estética do material utilizado, hoje existe uma nova linha de

aplicações de possíveis rejeitos, principalmente de mármores que é a aplicação com o

objetivo decorativo do “espacato” e “anticato”.

Os espacatos são tiras de mármores ou granitos, normalmente proveniente da borda

das placas, quando do corte dos blocos em chapas. Com um tratamento apicoado, que

confere ao material um aspecto rústico, tem sido muito utilizado no revestimento de paredes

externas e/ou internas. Um bom exemplo da aplicação desse recurso de decoração pode

ser visto em Salvador no Shopping Paralela, em sua fachada externa, e também nas

escadarias internas (Figura 8).

Figura 8: Produtos reciclados criados a partir de resíduos do corte de chapas de

mármores ornamentais. Espacato: (A) Fachada de Shopping Center, (B) Detalhe da

fachada, (C) Fonte em mármore Bege Bahia, com finalização em espacato (foto

Design Stone). Anticato: material sendo reciclado em serraria (D) e aplicações em

calçamentos (E e F, fotos Ana Cristina F. Magalhães e Travertino da Bahia S.A.) .

O anticato por sua vez é um ladrilho, normalmente na forma quadrada, que recebe

um tratamento de apicoamento ou jateamento para obter um aspecto rústico. De uso ainda

menos difundido que o espacato, um bom exemplo de aplicação do anticato em áreas

públicas pode ser visto em calçamentos (Figura 8).

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 84


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

A B

C D

E F

Figura 8: Produtos reciclados criados a partir de resíduos do corte de chapas de már-


mores ornamentais. Espacato: (A) Fachada de Shopping Center, (B) Detalhe da
fachada, (C) Fonte em mármore Bege Bahia, com finalização em espacato (foto
Design Stone). Anticato: material sendo reciclado em serraria (D) e aplicações em
calçamentos
Dissertação de Mestrado(E e F, fotos
- CAPITULO 3 Ana Cristina F. Magalhães e Travertino da Bahia S.A.) . 85
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Outras opções para reciclagem e reaproveitamento de resíduos na RMS

O governo do Estado da Bahia desenvolveu, através da Secretaria da Indústria,

Comércio e Mineração - SICM, vários projetos comunitários através do Programa de

Inclusão Social da Mineração, visando à geração de trabalho e renda a partir do

aproveitamento dos recursos minerais existentes no território dos municípios baianos

(CBPM 2004). Esses projetos são implantados pelo Prisma, sob a coordenação da

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM.

O Prisma promove, facilita, e patrocina o aproveitamento econômico de pequenos

depósitos minerais e rejeitos de mineração existentes na região semiárida da Bahia, com a

implantação de núcleos de produção e apoio à extração de recursos minerais, fornecendo

suporte técnico, materiais, equipamentos, treinamento da mão de obra e executando outras

ações necessárias para transformar esses recursos em fonte de ocupação, renda e melhoria

das condições socioeconômicas nos diversos municípios baianos. Até 2012 o PRISMA já

havia beneficiado mais de 8.400 artesãos e trabalhadores baianos e executado cerca de

180 ações (CBPM, 2013). O artesanato mineral é a linha de atuação do programa de maior

destaque, propiciando não apenas a inclusão social, mas tendo também um foco ambiental

ao favorecer o reaproveitamento de rejeitos minerais.

O Projeto Artesanato Mineral promove a implantação de núcleos de artesanato

mineral para a produção de adornos, bijuterias, estatuetas, e utilitários, aproveitando

ocorrências não econômicas (pequenos depósitos minerais) de quartzo, amazonita, calcita,

jaspe, feldspato ou de rochas como granitos, mármores, quartzitos etc. existentes na própria

região do artesão, ou disponibilizados como rejeitos de atividades de extração mineral. A

Figura 9 apresenta exemplos deste artesanato desenvolvido no interior do estado e que

poderia ser incentivado e facilmente implantado na Região Metropolitana de Salvador –

RMS, e outras áreas urbanas similares, sendo assim mais uma alternativa de

reaproveitamento de resíduos de rochas ornamentais das marmorarias.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 86


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Figura 9: Diversos tipos de artesanato mineral, promovendo a inclusão social dos

artesãos e o reaproveitamento de resíduos de mineração e rochas ornamentais (A)

Peixe em calcita laranja, (B) Flor mesclando calcita branca, sodalita-azul, quartzito-

verde e violão em calcário, biotita e calcita branca. (C) Pássaro confeccionado com

calcita branca, sodalita azul, biotitito; Reaproveitamento feitos com a técnica de

mosaico (E) Piso em quartzito São Tomé (um meta-arenito), (F) Tampos de mesa

criados pela Desing Stones.

Uma segunda alternativa já bem conhecida e difundida entre as marmorarias,

principalmente aquelas que compõem o “Complexo de Marmorarias de Salvador”, é o uso

de restos de rochas ornamentais na confecção de mosaicos e móveis, tanto para interiores

como para áreas externas. Essas verdadeiras obras de arte são pouco divulgadas e apenas

uma pequena minoria tem acesso a esse belo trabalho que soma a criatividade do artesão à

versatilidade e beleza das rochas, e ainda o aproveitamento de rejeitos, promovendo novas

alternativas econômicas para esses resíduos evitando seu descarte aleatório.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os princípios da sustentabilidade, tanto para a lavra como para o

beneficiamento, o ideal é escolher o processo, que conduza a uma menor geração de

resíduos possível. O próximo passo é a reutilização/reciclagem dos resíduos gerados, e, por

último, é que se deve optar pelos aterros e depósitos de resíduos das diferentes classes, no

menor volume possível, após serem devidamente tratados. A ordem de prioridades aplicada

no dia a dia do mercado ornamental, contudo está invertida e os aterros e depósitos de

resíduos, em grandes volumes e sem qualquer tratamento, estão presentes em mais de

80% das marmorarias da RMS.

A pesquisa com as marmorarias da RMS resultou na elaboração de um banco de

dados georreferenciado com todas as informações coletadas (Rosato 2013). O

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 87


Marmorarias de Salvador:
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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

A B

C D

Figura 9: Diversos tipos de artesanato mineral, promovendo a inclusão social dos


artesãos e o reaproveitamento de resíduos de mineração e rochas ornamentais (A)
Peixe em calcita laranja, (B) Flor mesclando calcita branca, sodalita-azul, quartzito-
verde e violão em calcário, biotita e calcita branca. (C) Pássaro confeccionado com
calcita branca, sodalita azul, biotitito; Reaproveitamento feitos com a técnica de
mosaico (E) Piso em quartzito São Tomé (um meta-arenito), (F) Tampos de mesa cria-
Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 88
dos pela Desing Stones.
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

georreferenciamento dessas empresas, além de facilitar sua localização, visou fomentar o

desenvolvimento de novos estudos e pesquisas, além de possibilitar a visualização das

empresas e o grupamento por área de atuação e abrangência na RMS. Com base nessas

informações foi então possível hierarquizar as empresas em função do tipo de

aproveitamento de resíduos, o que possibilitará, no futuro, novos estudos, mais específicos

sobre o aproveitamento de resíduos em marmorarias.

A pesquisa de campo gerou subsídios para o levantamento das estratégias postas

em pratica por esse segmento de produção no gerenciamento/manejo/disposição dos seus

resíduos sólidos. O banco de dados georreferenciado, em formato Excel, sumariza todas as

informações coletadas e permite comparações entre as empresas, além da hierarquização e

estabelecimento de critérios para avaliação, bem como a elaboração de diagramas e

gráficos para ilustração dos resultados obtidos podendo ser consultado em sua integra em

Rosato (2013). Com base nestas informações as empresas foram agrupadas em função do

tipo de resíduo e estratégia aplicada (ou inexistente) no seu reaproveitamento. O banco de

dados inclui ainda informações sobre a existência de fotografias e interesse do empresário

em participar de iniciativas relacionadas à pesquisa acadêmica sobre o setor marmorista.

Os estudos feitos na RMS sobre o reaproveitamento de resíduos das marmorarias

apontam que boa parte desses rejeitos ou resíduos é descartada de forma aleatória e

inadequada, e que isto se deve em grande parte ao despreparo e a falta de alternativas

ambientalmente seguras ao empresariado do setor de rochas ornamentais, que é

constituído predominantemente por pequenas e microempresas. Contribui-se para

dimensionar quantitativamente as empresas de marmoraria na RMS e espera-se fomentar,

na área estudada, algum programa ou meta de reaproveitamento de resíduos de rochas

ornamentais, bem como no futuro, contribuir para a sensibilização das demais marmorarias

do Brasil, levando-as a considerar a qualidade ambiental como caminho para novas opções

de produtos e serviços, redução de custos e aumento nos lucros, levando

consequentemente ao desenvolvimento de vantagens competitivas neste setor.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 89


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Os estudos realizados até hoje apontam para a reutilização de rejeitos de rochas

ornamentais em novos materiais para a construção civil, principalmente as que vêm sendo

realizada por pesquisadores e acadêmicos do Sul e Sudeste do Brasil. No Nordeste, em

especial na Bahia, os trabalhos são ainda muito restritos. A identificação dos resíduos

gerados no processo de beneficiamento de rochas ornamentais e a sua destinação final na

RMS deve servir como uma ferramenta para a implantação de uma estratégia de

gerenciamento de resíduos junto a estas empresas e aos órgãos governamentais que

gerenciam este setor.

Ao se inventariar a real situação das marmorarias da Região Metropolitana de

Salvador – RMS, com a elaboração e aplicação de questionários que permitiram avaliar o

setor face às questões de reciclagem e reaproveitamento dos seus resíduos, foi possível se

verificar que muitas das marmorarias existentes nessa área carecem de uma série de

incentivos. Grande parte do empresariado destas pequenas e médias empresas

desconhece as características tecnológicas do produto que comercializa e a mão de obra

não possui treinamento e/ou qualificação. O conhecimento da técnica de polimento, corte ou

outra atividade relacionada à preparação de tampos, pias, bancadas é repassado de um

funcionário mais antigo para um recém-contratado. Devido ao porte pequeno ou micro, a

maioria das empresas marmoristas na Bahia não dispõe de um aparelhamento técnico

capaz de competir com empresas do ramo no restante do país. Muito ainda é realizado de

forma artesanal o que acaba por gerar um desperdício muito grande e uma enorme

quantidade de rejeitos.

Um bom exemplo de reciclagem de rochas já implantado na RMS são os espacatos

e anticatos. Anteriormente estas sobras de corte de placas eram descartadas e somavam-se

à pilha de rejeitos de marmorarias e serrarias. Com o reaproveitamento e o novo uso eles

tornaram-se fonte de lucros para as marmorarias, gerando novos empregos e reduzindo o

impacto ambiental.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 90


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Apenas o pequeno grupo de empresas que compõem o “Complexo de Marmorarias

de Salvador” alcança a excelência na atividade marmorista. Criado em 2006, esse complexo

reúne as maiores empresas do setor de marmorarias do estado. Estes empresários - que

resolveram unir forças para a aquisição de novos equipamentos, participação em feiras

internacionais, e treinamento de sua mão de obra de forma correta e eficiente - formam o

grupo que consegue propiciar ao mercado consumidor de rochas ornamentais produtos de

qualidade e com excelente acabamento. São estas empresas que, de uma forma ainda

muito simples, realizam algum tipo de reaproveitamento ou conseguem dar um destino mais

adequado a seus rejeitos de uma maneira que agrida menos ao meio ambiente.

Atualmente o desperdício nas marmorarias que não fazem parte do complexo gira

em torno de 30% da produção realizada, o que equivale a cerca de 400 toneladas/ano.

Esses rejeitos são normalmente colocados ao longo das BA 099, BA 093, BA 531 entre

outras, sempre descartados junto com outros materiais provenientes de obras ou demolição

de casas e edifícios. Com a intenção de fugir de possíveis punições, esses descartes são

realizados a noite, quando é inexistente qualquer tipo de fiscalização.

Além disto, existe uma grande dificuldade na colocação de novas tecnologias nesse

setor uma vez que o grau de conhecimento por parte do empresariado é relativamente

pequeno. Em contrapartida, a atuação das empresas que compõem o chamado Complexo

de Marmorarias pode favorecer esta situação de descaso e desconhecimento ainda mais,

uma vez que este mesmo grupo são os compradores potenciais de materiais sintéticos

vindos da China e Itália, não demonstrando interesse no desenvolvimento de novas

alternativas nacionais para o reaproveitamento de rejeitos de marmorarias.

A alegação de que essa nova tecnologia sintética é muito cara é apenas uma

justificativa para o não desenvolvimento de novas tecnologias limpas na área de rochas

ornamentais. A proposição mais viável neste caso seria a elaboração de um projeto de

formação de uma cooperativa, sem a ingerência de nenhuma das empresas ligadas ao setor

marmorista baiano. Esta cooperativa funcionaria como uma empresa responsável em

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 91


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

desenvolver, em parceria com o Governo e a Universidade, uma nova técnica de

reaproveitamento de rejeitos e resíduos através da compra dos materiais pétreos

desperdiçados e a realização de novas pesquisas que possibilitem a criação e o

desenvolvimento de novos materiais sintéticos ou então, de novos estudos para a aplicação

de rejeitos de rochas ornamentais destinados à área de construção civil, visto já ter sido

comprovado em outros trabalhos, que a adição de pó de rocha a composição do concreto,

em substituição a areia em cerca de 30%, poderá baratear os custos de construção de

moradias populares em até 20% do custo atual.

Conclui-se que o desconhecimento sobre rochas ornamentais na Bahia é grande,

começa no primeiro elo de produção, a pedreira, e segue até o último elo, as marmorarias. É

óbvio que em todo este ciclo, a ignorância das características tecnológicas da rocha e as

consequentes limitações para a sua aplicação levam ao uso do material pétreo de forma

inadequada o que, quando associado à falta de qualificação da mão de obra e ao baixo nível

tecnológico dos equipamentos disponíveis, são os principais fatores de desperdício e

acúmulo de rejeitos.

Fica claro que há uma necessidade urgente de incentivos a essa cadeia produtiva,

que possa colocar a Bahia como um dos importantes polos de exploração de rochas

ornamentais do país. O desenvolvimento de novas técnicas de exploração, a implantação de

novos polos de desdobramento e beneficiamento mais perto dos pontos de extração,

dotados de toda a infraestrutura necessária para o escoamento da produção, além do

desenvolvimento em pesquisas de novos materiais reciclados e o envolvimento das

universidades e escolas técnicas para o treinamento e qualificação de pessoal, podem

transformar esse cenário em algo promissor e devidamente sustentável. A associação entre

a academia e o poder público pode ser a solução para a implantação dessa inovação

tecnológica que muitos países europeus já alcançaram e que não compromete a

estabilidade ambiental, ao contrário, proporciona o tão chamado e conhecido

desenvolvimento sustentável.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 92


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

AGRADECIMENTOS

Este artigo é o resultado da pesquisa sobre reciclagem e reaproveitamento de

resíduos de rochas ornamentais junto às marmorarias da RMS que foi o alicerce para o

desenvolvimento da dissertação de mestrado de C.S.O. Rosato e exprime o cenário da

reciclagem e reaproveitamento de rochas neste importante setor produtivo. Os autores

expressam aqui seu agradecimento a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia

(FAPESB) pelo apoio financeiro, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior

(CAPES) pela bolsa de mestrado, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e

Tecnológico (CNPQ) pelas bolsas de produtividade em pesquisa e à Secretaria da Indústria,

Comercio e Mineração do Estado da Bahia pelo apoio logístico. Agradecemos aos revisores

pelos comentários enriquecedores que ajudaram a aprimorar este texto e ao Curso de Pós-

Graduação em Geologia da UFBA por incentivar o desenvolvimento de dissertações no

formato de artigos.

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http://www.alicante.com.br acessado em 03/05/2013.

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Submetido.

SETEC 2007 – Secretaria de Educação Profissional Tecnológica – Ministério da Educação –

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Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 94


Marmorarias de Salvador:
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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

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Dissertação de Mestrado - CAPITULO 3 95


Capítulo 4

Considerações Finais

96
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização desse projeto de pesquisa visou compreender e dimensionar as

possibilidades de reciclagem de resíduos ornamentais na Região Metropolitana de Salvador,

Bahia, comparando os exemplos baianos aos casos de sucesso em outras regiões do

mundo e em outros estados Brasileiros.

Observou-se que o tema vem ganhando destaque e atenção por parte de diversos

pesquisadores e órgãos governamentais no país. Existe uma série de projetos, artigos

publicados e estudos sendo realizados em diversos estados e os resultados tem sido

satisfatórios no reaproveitamento e reciclagem de rejeitos de materiais pétreos, sejam estes

advindos de pedreiras, serrarias ou marmorarias.

A reciclagem e reaproveitamento de resíduos de rochas ornamentais representa um

produto de inovação tecnológica, já que objetiva a criação de novos materiais que possam

satisfazer às necessidades cada vez mais crescentes da população, ao tempo em que

atende aos conceitos de preservação ambiental. Os rejeitos reutilizados em Santo Antonio

de Pádua/RJ e a reutilização de resíduos de ardósias em misturas asfálticas, projetos

desenvolvidos pelo CETEM, mostram que é possível evitar os impactos ambientais com o

descarte de resíduos sólidos em qualquer beira de estrada. Esta tendência, além do aspecto

sócio-ambiental, proporciona a geração de empregos e apresenta ao mercado novas

alternativas de produtos pétreos, mais baratos e de mais fácil aplicação que a rocha in

natura.

A Bahia é o terceiro estado maior produtor, em volume, de rochas ornamentais

brutas do Brasil, possuindo a maior diversidade de padrões cromáticos do país, que vão

desde as suas famosas rochas azuis, passando por uma variada gama de cores, incluindo-

se os granitos movimentados e inúmeras rochas exóticas. A produção de rochas silicáticas

(granitos, quartzitos, conglomerados, sodalita-sienito e similares) é o grande destaque do

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 4 97


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Estado. Aqui são produzidos desde os materiais considerados “materiais comuns”: cinzas e

vermelhos, os chamados “materiais de batalha”, movimentados, rosas, vinhos e marrons,

até os “clássicos” brancos, pretos, verdes e amarelos, além dos conhecidos materiais

“exóticos”, conglomerados, quartzitos multicoloridos e pegmatitos amarelados, chegando-se

aos “excepcionais” azuis.

No Brasil, a Bahia é o único produtor de granitos em diversas nuances de azul, como

é o caso dos granitos e quartzitos Azul Bahia, Azul Macaúbas, Azul do Mar, Azul Boquira e

Azul Imperial, sendo também responsável pela produção de outros materiais exóticos com

ampla difusão no mercado internacional. Apesar dessa vasta gama de rochas com ampla

aceitação de mercado, praticamente toda a produção do estado é destinada ao Espírito

Santo, onde a rocha é desdobrada e beneficiada. Já a produção dos mármores baianos é

voltada apenas para o mercado interno nacional e o grande cartão de visita é o Mármore

Bege Bahia. Consequentemente, a maior parte das chapas consumida pelas marmorarias

da RMS é comprada no Espírito Santo.

Ao se inventariar a real situação das marmorarias da Região Metropolitana de

Salvador – RMS, com a elaboração e aplicação de questionários que permitiram avaliar o

setor face às questões de reciclagem e reaproveitamento dos seus resíduos, foi possível se

verificar que muitas das marmorarias existentes nessa área carecem de uma série de

incentivos.

A primeira constatação ao analisarmos os dados coletados, através dos

questionários aplicados durante a primeira etapa deste projeto, é que a grande maioria das

rochas comercializada na RMS foi extraída na Bahia, mas por total desconhecimento da

cadeia produtiva de rochas ornamentais do estado, a maioria destas marmorarias acredita

estar adquirindo todo esse material como originário do Espírito Santo ou Minas Gerais. O

único material que todos acreditam ser verdadeiramente baiano é o Mármore Bege Bahia.

Isto reflete o fato de que grande parte do empresariado destas pequenas e médias

empresas desconhece as características tecnológicas do produto que comercializa e a mão

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 4 98


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

de obra não possui treinamento e/ou qualificação. O conhecimento da técnica de polimento,

corte ou outra atividade relacionada a preparação de tampos, pias, bancadas é repassado

de um funcionário mais antigo para um recém contratado. Devido ao porte pequeno ou

micro, a maioria das empresas marmoristas na Bahia não dispõe de um aparelhamento

técnico capaz de competir com empresas do ramo no restante do país. Muito ainda é

realizado de forma artesanal o que acaba por gerar um desperdício muito grande e uma

enorme quantidade de rejeitos.

A dificuldade em se criar e incentivar a cultura da reciclagem e reaproveitamento de

resíduos no setor foi visualizado já no momento da aplicação dos questionários desta

pesquisa, quando muitos empresários, por não conseguirem acreditar nessa possibilidade e

por entender que o trabalho de inventário de seus rejeitos poderia trazer consequências

maléficas ao desenvolvimento de sua empresa, provocando penalizações, punições e

multas pelos órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental, negaram-se a receber a

equipe e/ou a participar da pesquisa. Neste aspecto constatou-se que, de fato, muitas atuam

de forma irregular, com o mínimo de segurança de seus funcionários e enormes problemas

de infra-estrutura. Esta postura somada à falta de conhecimento, do ponto de vista

geológico, das características tecnológicas de cada material, significa em usos e aplicações

inadequadas, o que pode gerar mais desperdícios e consequentemente mais rejeitos.

Apenas um pequeno grupo de empresas que compõem o “Complexo de Marmorarias

de Salvador” alcança a excelência na atividade marmorista. Criado em 2006, esse complexo

reúne as maiores empresas do setor de marmorarias do estado. Estes empresários - que

resolveram unir forças para a aquisição de novos equipamentos, participação em feiras

internacionais, e treinamento de sua mão de obra de forma correta e eficiente - formam o

grupo que consegue propiciar ao mercado consumidor de rochas ornamentais produtos de

qualidade e com excelente acabamento.

Hoje o desperdício de materiais pétreos na RMS gira em torno de 400 toneladas/ano,

um volume inaceitável para a terceira capital brasileira. De uma forma ainda muito simples,

há empresas que realizam algum tipo de reaproveitamento ou conseguem dar um destino

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 4 99


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

mais adequado a seus rejeitos de uma maneira que agrida menos ao meio ambiente.

Infelizmente estas iniciativas estão quase que exclusivamente restritas às empresas que

compõe o Complexo de Marmorarias de Salvador, apesar de existirem outras empresas do

porte das que compõe o complexo marmorista e que poderiam realizar os mesmos trabalhos

e com a mesma eficiência.

Em apenas cerca de 5% das empresas de marmorarias da RMS existe um consenso

quanto ao reaproveitamento de resíduos. A reciclagem neste caso é feita principalmente

com o intuito de atender um mercado promissor que é o de paisagismo e jardinagem, com a

confecção de móveis e bancadas com uma ótima aceitação no mercado. O fato é que em

95% do universo estudado, os empresários descartam esses rejeitos de qualquer maneira e

em qualquer lugar.

A sensibilização do empresariado marmorista baiano quanto à questão de inovação

na criação de novos produtos reciclados é um grande entrave no desenvolvimento de novas

técnicas e produtos. A maioria prefere importar estes materiais, principalmente da China, do

que desenvolver esta tecnologia em suas empresas. Normalmente a alegação é de que os

custos destas pesquisas e consequentemente a confecção de novos materiais é altamente

cara e inviável.

O que dificulta a reciclagem e reaproveitamento nas empresas de menor porte é que

o reciclado não é bem aceito pela população de baixa renda, a qual teria muito a se

beneficiar com o seu uso. Tais materiais são adquiridos muito mais por uma população de

classe media alta a alta e por grandes construtoras de shoppings, condomínios de alto luxo

ou grandes lojas de varejo. Este forte preconceito com o aproveitamento de resíduos parte

da premissa de que somente o material importado tem valor.

Mesmo que de fato estes reciclados pétreos inovadores estejam em um patamar de

custos e qualidade muito elevado, a hipótese de reaproveitamento e reutilização de rejeitos

diretamente na área da construção civil não é sequer cogitada na grande maioria das

marmorarias. No meio acadêmico, alguns pesquisadores tem se aplicado ao tema e já

desenvolveram alguns artigos e estudos no reaproveitamento rochas, em especial voltados

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 4 100


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

para a sua moagem para utilização como substituto de percentuais de areia na elaboração

do concreto. O resultado dessas experiências comprova a eficiência nessa substituição, o

que minimiza o uso da areia, diminui o impacto ambiental em áreas de dunas, e dá destino a

um rejeito que seria descartado de maneira aleatória. Os custos na área de construção civil

caem cerca de 40% com essa simples substituição. Pode-se vislumbrar que essa alternativa

poderia servir em maior escala a programas e projetos de construção de casas populares. É

uma alternativa que gera renda, emprego e promove o bem estar social com

sustentabilidade.

Há muito que se pesquisar, testar, sem dúvida, nesse campo da reciclagem e do

reaproveitamento de rochas no Brasil e principalmente na Bahia. Hoje se aproveita muito

dos rejeitos de pedreira e serrarias na fabricação de cerâmicas, mas existem inúmeras

outras possibilidades como na indústria de cosméticos, a indústria de confecção de móveis

a partir de compósitos de polímeros, o próprio artesanato de base mineral e outras

aplicações que poderão dar novas fontes de renda. Os investimentos aparentemente são

altos, mas o seu retorno é garantido e pode alavancar setores da economia que estão

estagnados e necessitando de apoio e investimentos. O fluxograma na Figura 1 sintetiza o

ciclo de reciclagem e reaproveitamento para rochas ornamentais e os principais parâmetros

que necessitam ser considerados na decisão de reutilizar estes resíduos.

Figura 1. Fluxograma síntese de parâmetros do ciclo de reciclagem e

reaproveitamento para o mercado de rochas ornamentais.

Conclui-se que o desconhecimento sobre rochas ornamentais na Bahia é grande,

começa no primeiro elo de produção, a pedreira, e segue até o último elo, as marmorarias. É

óbvio que em todo este ciclo, a ignorância das características tecnológicas da rocha e as

consequentes limitações para a sua aplicação levam ao uso do material pétreo de forma

inadequada o que, quando associado à falta de qualificação da mão de obra e ao baixo nível

tecnológico dos equipamentos disponíveis, são os principais fatores de desperdício e

acúmulo de rejeitos.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 4 101


Produção
Reciclagem Benefícios
de Resíduos
Economia de custos
Investimentos:

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 4


- Matérias Primas;
-Equipamentos
- Energia;
- Tecnologia
Custos do - Água
Impacto

Produtos da Venda
Custos para Reciclar
de Reciclados

Despesas
Operacionais
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

102
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Figura 1. Fluxograma síntese de parâmetros do ciclo de reciclagem e reaproveitamento para o mercado


de rochas ornamentais.
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Fica claro que há uma necessidade urgente de incentivos a essa cadeia produtiva,

que possa colocar a Bahia como um dos importantes polos de exploração de rochas

ornamentais do país. O desenvolvimento de novas técnicas de exploração, a implantação de

novos polos de desdobramento e beneficiamento mais perto dos pontos de extração,

dotados de toda a infraestrutura necessária para o escoamento da produção, além do

desenvolvimento em pesquisas de novos materiais reciclados e o envolvimento das

universidades e escolas técnicas para o treinamento e qualificação de pessoal, podem

transformar esse cenário em algo promissor e devidamente sustentável. A associação entre

a academia e o poder público pode ser a solução para a implantação dessa inovação

tecnológica que muitos países europeus já alcançaram e que não compromete a

estabilidade ambiental, ao contrário, proporciona o tão chamado e conhecido

desenvolvimento sustentável.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 4 103


Capítulo 5

Referências Bibliográficas

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Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

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PREZOTTI, J.C.S.; BRAGA, F.S.; COUTO, M.C.L.; BATISTA, T. R. O. 2004. Concepção de um

Sistema de Gerenciamento de Resíduos de Beneficiamento de Rochas Ornamentais.

Anais do I Congresso Internacional de Rochas Ornamentais. Guarapari, ES.

RIBEIRO C.E.G., RODRIGUEZ R.J.S., VIEIRA C.M.F., CARVALHO E.A. 2012. Produção de

rocha artificial utilizando resíduos do processamento de mármore por vibro compressão a

vácuo. SENAI/ES. 9p.

RIOS, D. C., CONCEIÇÃO, H., PENA, Z. G., SILVA FILHO, C. V. R., ALVES, J. E. S., DIAS M.

O., COSTA T. S. Projeto marmorarias: Avaliação do último elo da cadeia produtiva de

rochas ornamentais, Região Metropolitana de Salvador, Bahia. In: Simpósio de Geologia

do Nordeste, 2005, Recife,PE. Resumos Expandidos do XXI Simpósio de Geologia do

Nordeste, 2005. v. 19. p. 447-449.

ROSATO C.S.O., 2013. Marmorarias da RMS: Um estudo quantitativo e estratégico sobre

reaproveitamento e reciclagem de resíduos de rochas ornamentais. Dissertação de

Mestrado. Pós- Graduação em Geologia. Universidade Federal da Bahia.

ROSATO, C.S.O., RIOS, D.C., CONCEICAO, H., 2013a. Reciclagem de rochas ornamentais

nas marmorarias da Região Metropolitana de Salvador – Resultados e Perspectivas. 23p.

ROSATO, C.S.O., RIOS, D.C., CONCEIÇÃO, H., 2013b. Reciclagem e reaproveitamento de

rochas ornamentais: perspectivas brasileiras. Revista Brasileira de Geociências.

Submetido.

ROXO M.B.C.F.O., MARTINS C.A.V.N., OLIVEIRA T.B., SILVA R.B., RAMOS G.A.S., COUTO

M.C.L. 2006. Anais do XXX Congreso Interamericano de Ingeniería Sanitaria Y Ambiental.

Punta Del Leste, Uruguay. Resumos 9pp.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 5 108


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

SETEC 2007 – Secretaria de Educação Profissional Tecnológica – Ministério da Educação –

Cartilhas Temáticas – Rochas Ornamentais – Brasília – DF – 29p.

SOUZA J.N., RODRIGUES J.K.G., NETO P.N.S. 2009. Utilização do resíduo proveniente da

serragem de rochas graníticas como material de enchimento em concretos asfálticos

usinados a quente. Disponível em: http://www.sfiec.org.br Acessado em 24 de

novembro de 2009.

STONE MAGAZINE 2011. Disponível em: http://stone-ideas.com Acessado em 06 de

setembro de 2013.

STONE WORLD MAGAZINE 2012. Disponível em: http://www.stoneworld.com acessado em

22/03/2013.

STRECKEISEN A.L. 1976. Minerals and rocks: A pocket identification guide. Series: Foulis

spectrum books. Ed. Haynes. Germany. 67p.

STRECKEISEN A.L. 1976. To each plutonic rocks, its proper name. Earth Science Review. 12:

33p.

Dissertação de Mestrado - CAPITULO 5 109


Anexos

Abordagens:

Anexo 1. Modelo de questionário

aplicado nas marmorarias.

Anexo 2. Banco de dados das

Marmorarias da RMS.

Anexo 3. Publicações.

110
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Dra. Débora Correia Rios (debora@cpgg.ufba.br)


Instituto de Geociências - Campus Universitário da Ondina, Salvador-BA, Brasil. 40.170-115 Tel.: (71) 3283-8558 Fax: 3283-8501

EMPRESA:
ENDEREÇO:
BAIRRO: CIDADE: ESTADO:
FILIAL:
FONE: FAX:
E-mail: ..................................................... Home Page: ............................................
REPRESENTANTE:
CARGO/FUNÇÃO:
Porte da Empresa: ( ) Pequena ( ) Média ( ) Grande
Ano de Fundação:
1. Área de atuação / Tipo da Empresa:
( ) Pesquisa ( ) Extração ( ) Beneficiamento ( ) Vendas
( ) Atacado ( ) Varejo ( ) Exportação

2. Tipos comerciais de rocha trabalhados / pesquisados:


( ) Granitos ( ) Quartzitos ( ) Arenitos ( ) Mármores

Cód Nome Município de Origem Nomes Fantasia Preço médio


Obs
Comercial de venda (R$)

3. Tipos de Rochas Comercializadas:


( ) Granitos
( ) Mármores
( ) Arenitos

Dissertação de Mestrado - ANEXO 01 111


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

( ) Ardósias
( ) Outras ................................................................................................................

4. Mais Vendidas:

5. Produção física comercializada:


( ) Mercado Interno ( ) Mercado Externo. País:........................................
( ) Blocos brutos ( ) Produto beneficiado ( ) Chapas ( ) Placas
Outros........................................................................................................................
..
Material: ................................................ Quantidade: .............................................

6. Conhecimento das propriedades tecnológicas da rocha:


( ) Nenhum ( ) De alguns tipos ( ) De todos os tipos
Possui os Ensaios tecnológicos: ( ) Sim ( ) Não
Poderia disponibilizar/ceder os Ensaios tecnológicos: ( ) Sim ( ) Não

7. Amostras e Fotos:
Poderia disponibilizar/ceder amostra(s) do(s) granito(s): ( ) Sim ( ) Não
( ) Bruta ( ) Polida
Poderia disponibilizar/ceder foto(s) do(s) granito(s):
( ) Sim ( ) Não ( ) Não as possui ( ) Digital ( ) Papel
( ) Permite fotografar empresa e materiais comercializados

8. Tipo de clientes:
( ) Empreiteiras ( ) Governamentais ( ) Pequena/micro-empresas
( ) Particulares ( ) Arquitetos e Decoradores ( ) Construtoras

Já ouviu falar sobre a pedreira-escola de Ruy Barbosa? ( ) Sim ( ) Não


Teria interesse em cursos preparatórios de mão de obra etc, ministrados pela pedreira
escola? ( ) Sim ( ) Não
9. Tem/dispõe de algum consultor? ( ) Sim ( ) Não
Nome/Profissão do
Consultor:............................................................................................

10. Que tipo de profissionais trabalham com/para vocês?

Dissertação de Mestrado - ANEXO 01 112


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

( ) Arquitetos ( ) Decoradores ( ) Geólogos ( ) Eng. Minas


( ) Eng. Civil ( ) Nenhum destes ( ) Outros.

11. Quantos empregados à empresa dispõem?


( ) Nível
Superior.......................................................................................................
( ) Nível Médio / Técnicos..........................................................................................
( ) Trabalhadores
primários........................................................................................

12. Há representantes da empresa que visitaram/participaram de Congressos, Feiras


Comerciais e Industriais, e Encontros do Setor de Rochas Ornamentais nos últimos 3
anos?
( ) Sim ( ) Não Quais?

13. Realiza beneficiamento?


( ) Sim ( ) primário (blocos) ( ) secundário (chapas) ( ) Não
Empresa beneficiadora dos blocos (Nome/telefone):
Técnica de beneficiamento:
( ) Corte ( ) Polimento das chapas ( ) Polimento no acabamento
( ) Arredondamento ( ) Apicoamento (na talha) ( ) Flameamento (fogo)
( ) Outra Especificar:
............................................................................................

14. A maior procura de seus clientes é por (1) muito, (2) as vezes (3) pouco, ( ) não
trabalhamos com isto:
( ) soleiras ( ) móveis ( ) pias ( ) pisos
( ) fachadas ( ) ornamentos ( ) arte funerária ( ) outros
Especificar:
.................................................................................................................

15. Possui contratos para fornecimento (venda) de blocos?


( ) Sim ( ) Não ( ) Brasil ( ) Exterior.......................

Dissertação de Mestrado - ANEXO 01 113


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

16. Possui contratos para compra (aquisição) de blocos?


( ) Sim ( ) Não ( ) Brasil ( ) Exterior.......................

17. Fatores determinantes de competitividade.


Fatores Determinantes Sem Pouco Importante Muito
importância importante importante
Qualidade da matéria prima
Qualidade da mão de obra
Custo da mão de obra
Nível tecnológico dos equipamentos
Inovações de desenho-estilo dos produtos
Novas estratégias de comercialização
Capacidade de atendimento
Variação da taxa de câmbio
Custos de financiamento

18. Principais dificuldades enfrentadas [(1) grande, (2) média, (3) pequena]:
( ) Fiscalização de órgãos públicos ( ) Impostos, taxas e tarifas
( ) Crédito ( ) Custo de mão de obra
( ) Concorrência de outros estados ( ) Outras...
Especificar:
..................................................................................................................

19. Principais formas de incorporação de inovações tecnológicas:


( ) Aquisição de máquinas compradas no mercado nacional. Ano .........................
( ) Aquisição de máquinas compradas no mercado intencional. Ano .........................
( ) Em cooperação com fornecedores de equipamentos Ano ..........................
( ) Em cooperação com fornecedores de insumos Ano ..........................
( ) Em cooperação com empresas usuárias Ano ..........................
( ) Em cooperação com empresas concorrentes
Ano.........................
( ) Em cooperação com outras organizações (universidades, ensino e pesquisa,
entidades de apoio setoriais, sindicatos, etc.) ..................................................................
( ) Nas unidades de produção da empresa Ano .........................

Dissertação de Mestrado - ANEXO 01 114


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

( ) Em laboratórios de P&D da empresa Ano ........................


( ) Através de intercâmbio de pessoal com a matriz Ano .........................

20. Maquinário que a empresa dispõe:


Máquina Nac. Imp. Tipo Marca Tempo Uso Obs
(Anos)

Cortadeira
Furadeira
Politriz
Lixadeira
Furadeira

21. Quais os fatores que você considera relevante para manter a capacidade produtiva
de sua empresa? (numere-os por ordem de importância)

Salvador, .... de ....................... de 2010.

...........................................................

Dissertação de Mestrado - ANEXO 01 115


Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 02


Granato Mármores e Granitos Estrada do coco - km 16,5, Jauá Camaçari (71) 3672-2099 12°43'31.58" S 38°09'40.61" O M

Remodelar Serv. De pedras Rua Eixo Urbano Central, nº 06, (71) 3621-1443 / 9125-
Camaçari 12°41'51.98" S 38°19'07.17" O P
naturais Centro 2500
(71) 8108-0353 / 3623-
Pioneiro Pedras Naturais Ltda. Estrada do Coco KM 10,5, Abrantes Camaçari 12°43'29.15" S 38°09'41.96" O P
1013
Estrada do Coco, km 12, SN, (71) 3381-3500 / 3244-
Revest Pedras Mármore e Granito Camaçari 12°49'24.37" S 38°15'14.17" O P
Abrantes 0075
Florença Granitos e Mármores Estrada do Coco, km 12,5 SN, (71) 8272-2004 / 9652-
Camaçari 12°49'24.39" S 38°15'14.19" O P
Ltda. Abrantes 3530 / 9296-1299
Estrada do Coco KM 33 S/N, Barra (71) 8276-3991 / 3678-
Arte Pedras Camaçari 12°42'14.80" S 38°08'05.60" O M
do Jacuípe-Camaçari 1431 / 1450
Lauro de (71) 3252-2004 / 3378-
(Lojão das Pedras) Jardim Jaragua, Qd-4, Lote – 21 12°56'25.15" S 38°19'39.01" O M
Freitas 3626
Loteamento Jardim Aeroporto, lote Lauro de (71) 3623-1982 / 3221-
JL MARMORES E GRANITOS 12°53'19.55" S 38°19'56.95" 0 P
56 Freitas 0630
Av. Santos Dumont, nº 5730 KM 6 Lauro de (71) 9974-3640 / 3379-
Encanto das Pedras Ltda 12°54'03.99" S 38°20'51.93" O M
Loja 1 Estrada do Coco Freitas 1025 / 4769
Artimex Imp e Exp com. e repr. Estrada do coco - km 06, Q 01. Lote Lauro de
(71) 3379-6988 12°59'04.45" S 38°26'56.86" O M CM
Ltda. 24 Freitas
Rua Gerino de Souza Filho, nº 1192 Lauro de (71) 3378-9396 / 8733-
NGP Mámores 12°53'49.62" S 38°20'00.24" O P
B, Itinga Freitas 4081
Av. Santos Dumont, nº 1021 s/n km Lauro de
Decorally Pedras Naturais (71) 3252-2176 / 2182 12°54'11.20" S 38°20'29.33" O M CM
0 Freitas
Design Stone Ind. e Comercio de Rua Boca da Mata 357 - Lauro de Lauro de
(71) 3379-7441 12°52'16.57" S 38°18'11.31" O M CM
pedras Ltda. Freitas Freitas
Lauro de
Fenix arte em Pedras Ltda. Av. Fortaleza, nº 1127, Itinga (71) 3252-0192 12°53'41.79" S 38°20'26.94" O P
Freitas
Loteamento Jardim Aeroporto, Lote Lauro de
Grampedras Mármore e Granitos (71) 3379-3513 12°52'59.54" S 38°19'08.11" O M
11 Freitas
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

116
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 02


Lauro de
Granluz Pedras Naturais Ltda. Estrada do coco - km 04 (71) 3379-3511 12°53'37.46" S 38°19'39.22" O M CM
Freitas
Lauro de
Ideal Mármore Estrada do coco, km 2,5 (71) 3378-1619 12°53'47.31" S 38°19'47.22" O M
Freitas
Lauro de (71) 3379-0268 / 8109-
Marmorex Estrada do Coco Km 6,Portão 12°53'38.81" S 38°19'3939" O P
Freitas 2209
Cris Cornelia de Marmore e Granito Lauro de
Av. Jaime Vieira Lima, Itinga (71) 3287-0645 12°53'13.12" S 38°19'28.11" O P
Ltda. Freitas
Av. Luiz Tarquínio, nº 2653, Vilas do Lauro de (71) 3379-2355 / 8892-
Tania Rios Mármores e Granitos 12°54'06.61" S 38°18'24.48" O P
Atlântico Freitas 0764
Lauro de
Palácio das Pedras Ltda. Av. Luis Tarquínio, S/n, Q-E, Lote 4 (71) 3379-1017 / 1019 12°54'01.93" S 38°18'23.28" O M
Freitas
MQM INDÚSTRIA COMÉRCIO E Lauro de
Estrada do Coco, Km 07. Portão. (71) 3362-3632 12°51'47.58" S 38°15'40.32" O P
SERVIÇOS - Granorte Freitas
Av. Santos Dumont, s/n, Estrada do Lauro de
Salão das Pedras (71) 3379-2110 12°51'47.88" S 38°15'40.47" O M
Coco, km 4,5 Freitas
Lauro de
JC Mármores e Granitos Rua Euclenice S Nascimento, Itinga (71) 3345-1991 12°54'01.16" S 38°20'28.39" O P
Freitas
Lauro de (71) 9271-0475 / 3378-
Montana Granitos e Mármores José de Anchieta, nº 17, Ipitanga 12°53'22.30" S 38°19'17.35" O P
Freitas 9134 / 3288-0490
Galeria das Rochas (Indústria e Lauro de
Rua D, nº 422, Q1, lote 13, Portão (71) 3394-1625 12°52'22.37" S 38°18'10.18" O P
Mineração Ltda.) CIA Freitas
Loteamento Vida Nova, nº 1503, Lt 6, Lauro de
Vidal Mármore e Granito 71-3287-2661/8221-0799 12°53'06.72" s 38°19'56.58" O P
Qd j, Caji. Freitas
Lauro de
Natur Mármore e Granitos Ltda ME Rua Djanira M. Bastos, 9043, Caji 71-8889-5896 12°52'35.45" S 38°20'06.51" O ? NP
Freitas
Atlântico Comércio de Mármore e
Av. Gal. San Martim, nº 143, Retiro Salvador (71) 8773-2335 12°56'50.26" S 38°28'51.39" O P
Granito Ltda.
Av. Leovigildo Filgueiras, nº 914,
ABC do Mármore Ltda. Salvador (71) 3247-3867 12°59'53.06" S 38°30'43.31" O P
Garcia
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

117
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 02


Tomas Gonzaga, nº 522, (71) 3497-0356 / 8857-
JCF Mármore & Granito Salvador 12°58'13.74" S 38°27'35.47" O P
Pernambués 9239 / 8157-3161
(71) 3375-9565 / 8203-
MULTIPEDRAS Av. Dorival Caymmi, nº 945, Itapuã Salvador 12°55'06.13" S 38°21'09.26" O ? NP
6956

Marmoraria Santana Rua Almirante Tamandaré s/n Salvador (71) 3397-9850 12°53'33.21" S 38°26'18.35" O P

Rua Presidente Vargas, Qd. 01, lote (71) 3211-3583 / 9926-


JS Mármores e Granitos Salvador 12°54'09.79" S 38°27'37.93" O P
12, Campinas de Pirajá 3750
Rua Genésio Sales, nº 21, (71) 3316-9770 / 8762-
WL Mármores e Granitos Salvador 12°55'36.81" S 38°29'4577" O P
Massaranduba 5922
(71) 3211-1534 / 8144-
DRM Mármores e Granitos Av. Afrânio Peixoto, nº 17, Lobato Salvador 12°56'17.58" S 38°29'36.52" O P
7329
Rua Baixa de Santo Antônio, nº 130, (71) 3233-5488 / 9259-
Marmoraria Carnaíba Salvador 12°57'15.32" S 38°28'59.17" O P
Retiro 8767
Rua Pernambuco, nº 55, Tancredo
Arte Marmoraria Mármore e Granito Salvador (71) 3362-4038 / 86495437 12°56'43.89" S 38°26'49.37" O P
Neves
Comercio de Mármores e Granitos Avenida Ulisses Magalhães, nº 19,
Salvador (71) 3306-0297 12°56'12.43" S 38°27'12.34" O P
Fiuza Ltda Sussuarana
(71) 8783-6735 / 3367-
Marmoraria Canaã Rua da Jamaica, nº 2, Bairro da Paz Salvador 12°55'29.86" S 38°22'26.76" O M
5896

Itité Mármore e Granito Av. Gal.San Martim, nº 389, Retiro Salvador (71) 3389-6439 12°59'18.45" S 38°28'55.53" O P

Av. Gal. San Martim, nº 369, Faz.


Lojão do Mármore e Granito Salvador (71) 3389-2360/8638-2360 12°59'18.48" S 38°28'57.52" O M
Grande do Retiro
Via Regional, nº 11, Novo Marotinho, (71) 8645-4904 / 3409-
Liderança Mármore e Granito Salvador 12°55'36.25" S 38°26'01.90" O P
Sete de Abril 6246
A Soberana Mármore e Granito Av. Dorival Caymi, nº 16940, Galvão (71) 3285-6666 / 5026 /
Salvador 12°56'12.22" S 38°21'39.30" O M
Ltda. 1, Itapuã 9962-3338
Rua Estrada das barreiras, nº 153, (71) 3306-7376 / 9123-
Angulo mármore e granito Salvador 12°56'25.15" S 38°27'06.40" O P
Cabula 5588
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

118
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 02


Cigramar Granitos e Mármores Estrada Velha do Aeroporto, nº (71) 3213-4519 / 3671-
Salvador 12°54'51.80'S 38°26'29.11" O M CM
Ltda. 2.528, Pau da Lima, km 2,5 1293 / 3393-2350
Av. Otavio Mangabeira, nº 6353,
CPL - Central das Pedras Ltda. Salvador (71) 3462-4837 12°54'37.33" S 38°20'48.35" O M CM
Boca do Rio
R. Padre Domingos de Brito, nº 601,
De Paula Mármore e Granito Ltda. Salvador (71) 3237-4408 12°59'39.70" S 38°30'46.55" O P
Garcia

Marmogran Ltda. Av. Dorival Caymmi, nº 480, Itapuã. Salvador (71) 3215-6266/ 3249-4640 12°56'33.52" S 38°21'52.34" O P

Marmoraria Granito Guerreiro Ltda. - (71) 3495-3791 / 3371-


Av. Edgar Santos, nº 115, Narandiba Salvador 12°57'33.36" S 38°26'34.71" O M
Granitos Peixoto 5523 / 9978-9740
Rua Mocambo, nº 302-E, Nova
Gilvan Márm. E Grani Ltda Salvador (71) 3213-3630 12°55'57.16" S 38°24'21.27" O P
Brasília
Gramármore Mármore e Granito Rua Orlando Moscoso, nº 259, Boca
Salvador (71) 3230-2455 12°58'30.08" S 38°25'27.68" O M
Ltda. do Rio
Imegra Ind. e Com. de mármores e Estrada Velha de Campinas, km 3,5 ,
Salvador (71) 3392-4255 / 3924255 12°55'02.79" S 38°28'00.17" O M
granitos Ltda (Paviment) C. de Pirajá

Iguai Mármore e Gran Ltda Rua Paraiba, nº 35, Tancredo Neves Salvador (71) 3461-5503 12°56'50.80" S 38°26'57.73" O P

Incopedras Indústria e Com. de Rua Professor Leopoldo - Campos


Salvador (71) 3304-1136 12°56'00.60" S 38°28'30.22" O M CM
Pedras Ltda. Monteiro, 01, São Caetano
Rua Presidente Vargas Granjas
J.S Mámore e Granito Ltda. Rurais, Q -l, lote 12, Campinas de Salvador (71) 3211-3583 12°55'03.77" S 38°27'21.51" O P
Pirajá.
Leal Mármore e Granito Ltda. Av. Suburbana, nº 43, Praia Grande Salvador (71) 3398-1778 12°57'24.15" S 38°27'59.17" O P

LN Granitos Av. Suburbana, nº 23, Praia Grande Salvador (71) 3378-3872 12°57'23.10" S 38°27'57.13" O P

Mansão das pedras Av. Dorival Caymmi, nº 945, Itapoã Salvador (71) 3375-9565 12°56'21.36" S 38°21'48.70" O M

Av. Edgar Santos, nº 1801, (71) 3230-9869 / 9140-


Marmoraria Baiana Ltda. Salvador 12°57'38.31" S 38°26'13.79" O P
Narandiba 5323
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

119
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 02


Rua Aloisio de Carvalho, nº 998, (71) 3244-1625 / 8732-
Marmoraria Nova Vida Ltda. Salvador 12°59'07.53" S 38°29'48.41" O M
Ogunja 7365
Ladeira da Conceição da Praia, nº
Marmoraria Bela Vista Salvador (71) 3407-1857 12°59'48.60" S 38°28'28.27" O P
10, Centro
Estrada do Coqueiro Grande, nº 19,
Marmoraria Dinikita Ltda. Salvador (71) 3305-2896 12°52'42.55" S 38°27'39.89" O P
Cajazeiras.

Marmoraria Senhor do Bonfim Av. Vasco da Gama , nº 431 Salvador (71) 3334-7534 12°59'34.89" S 38°30'13.45" O M

Marmoraria Salvador Av. Vasco da Gama , nº 421 Salvador (71) 3334-8539 13°00'18.45" S 38°29'10.88" O P

Rua Professor Pinto de Aguiar, nº


Marmoraria TokfinaL Salvador (71) 3230-2256 12°58'28.77" S 38°25'52.36" O M
42, Boca do Rio
Ladeira da Conceição da Praia, nº
Marmoraria Universal Salvador (71) 3321-3057 12°58'33.45" S 38°30'52.35" O P
14, Centro
Rua C, Lot. Bela Vista do Lobato, nº
Mármore da Bahia Salvador (71) 3391-0533 12°58'12.52" S 38°30'01.72" O P
50 B, Boa Vista do Lobato
Marmorial mármores e Granito Rua Genaro de Carvalho, nº 10,
Salvador (71) 3215-2204 12°54'41.91" S 38°26'59.20" O P
Ltda. Castelo Branco
Marmoriart Mármore e Granito Rua Granjas Rurais, presidente
Salvador (71) 3246-2324 12°55'01.34" S 38°27'24.23" O P
Ltda. Vargas, Q14
Rua Sérgio de Carvalho , nº 73 Vale
Rosário Mármore e Granito Salvador (71) 3334-0808 12°59'48.69" S 38°29'51.46" O M
da Muriçoca
Marmoraria Stillus Mármore e
Av. Afrânio Peixoto S/N Salvador (71) 3218-0995 12°53'44.76" S 38°28'41.55" O P
Granito Ltda.

Marmoraria Potiguar Av. Jorge Amado, nº 208, Imbuí Salvador (71) 3371-6371 12°58'25.16" S 38°25'09.06" O P

R.E.S Mármores & Granitos Ladeira da Conceição da Praia nº 22, Salvador (71) 8611-2942 12°58'34.85" S 38°30'53.80" O P

Ladeira da Conceição da Praia, nº (71) 3321-8873 / 8887-


RMG - Rochas Mármore e Granito Salvador 12°58'34.50" S 38°30'53.01" O P
30 Comércio 6552
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

120
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 02


Romana Mármore e Granito Av. Aliomar Baleeiro , Cajazeiras Salvador (71) 3395-3410 12°54'56.78" S 38°27'25.82" O M

Rua Manoel Vitorino, nº 45, (71) 3392-4362 / 9976-


Sódetalhes Mármore e Granitos Salvador 12°58'35,01" S 38°30'53.74" O M
Comércio 7830
Praça da Soledade, Liberdade, nº
MRA - Mármore e Granito Ltda. Salvador (71) 3242-4033 / 3492-1994 12°57'25.82" S 38°29'58.01" O P 1a
30
Av. Dorival Caymmi, nº 143, loja 04,
Esquadro Mármore e Granito Salvador (71) 9155-8376/8254-3984 12°56'44.56" S 38°22'00.02" O P
Itapuã
Av. Maria Lúcia, nº 134 A, São
Paraíso das Pedras Ltda. Salvador (71) 3213-7453 12°54'54,37" S 38°27'52.75" O P
Marcos
(71) 3353-2307 / 8862-
Geral Mármore Produtos e Serviços Av. Vasco da Gama, nº 948E Salvador 12°59'58.84" S 38°29'30.06" O P
9989
Av. Aliomar Baleeiro, nº 43, São (71) 8812-2636 / 8812-
Algramar Már e granito Salvador 12°59'57.16" S 38°27'36.28" O M
Cristovão 1917
(71) 9946-3322 / 9280-
JN Marmoraria e Transportes Rua Celika, nº 03, Águas Claras Salvador 12°53'23.75" S 38°26'38.05" O P
4507
Topa Tudo Mármore e Granitos Av. Aliomar Baleeiro, nº 39, km
Salvador (71) 3252-3370 12°54'40.23" S 38°21'0610" O P
Ltda. 14,50, São Cristovão
Av. Aliomar Baleeiro, nº 192, São (71) 3252-8214 / 8862-
Brito Vidraçaria e marmoraria Salvador 12°54'35.66" S 38°22'26.34" O P
Cristóvão 3884

Marmoraria Sol Nascente Rua Nilo Peçanha, nº 122, Calçada Salvador (71) 8711-9796 12°56'39.27" S 38°29'51.75" O M

Stone Viver Pedras Ltda. Av. Amaralina, nº 78 Salvador (71) 3248-4204 / 6394 13°00'43.48" S 38°29'22.74" O ? NP

Rua Aliomar Baleeiro, s/n - Est.


PEDRAS FINAS Salvador (71) 8867-4701 12°54'29.69" S 38°23'02.46" O P
Velha do Aeroporto
Recycle Pedras, Mármores e Rua Gerino de Souza Filho, nº 1895,
Salvador (71) 3287-3490 13°00'32.40" S 38°29'32.44" O M
Granitos Itinga
Rua Tomás Gonzaga, nº 48, (71) 9112-3317 / 8614-
JK ARTEPEDRAS Salvador 12°57'54.93" S 38°28'15.45" O P
Pernambués 3021
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

121
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Porte
Nome da Empresa Endereço Município Telefone/fax Latitude Longitude OBS
(R$/ano)
(P) Pequeno Porte, (M) Médio Porte, considerando-se o faturamento anual. (1a) Primeira marmoraria de Salvador, com mais de 100 anos.
(CM) Empresa participante do Complexo de Marmorarias, (NP) Empresa visitada mas não quis participar da pesquisa.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 02


ART GRAN Rua Manoel Vitorino, s/n, Comércio Salvador (71) 9912-3350 12°58'33.18" S 38°30'53.79" O ? NP

Rua Osvaldo Cruz, nº 05, Rio (71) 3346-5999 / 9954-


Costa Mármore Salvador 13°00'47.49" S 38°29'19.54" O P
Vermelho 0927
Rua do Curralinho, Ilha Amarela, nº (71) 8615-7937 / 3208-
L Mármore e Granito Ltda Salvador 12°53'20.46" S 38°28'29.01" O P
42 - E 2716 / 8738-7377
IMPERIAL - Granito e Mármore Estrada da Rainha, nº 3739, Bx de (71) 3242-3048 / 8112-
Salvador 12°57'40.90" S 38°29'50.72" O P
Ltda. Quintas 5331 / 8141-4575
Rua Barão de Cotegipe, nº 64, (71) 3312-8220 / 9125-
Tropical Ribeiro Ind. E com Ltda. Salvador 12°56'40.83" S 38°30'05.23" O P
Fundos 6495
VL Distribuidora de Mármore e Estrada Velha do Aeroporto, Km 4,5,
Salvador (71) 3212-2765 / 1201 12°54'38.07" S 38°26'19.88" O P
Granito Ltda. - Dismarmogran Sete de Abril

Verôna Mármore e Granito Ltda. Av. Gal. San Martim, nº 143, Retiro Salvador (71) 9973-2836 12°56'51.19" S 38°28'51.32" O ? NP

Estrada Cia-Aeroporto, Km 12, São (71) 8824-1881 / 8219-


Cia do Mármore Salvador 12°24'28.01" S 38°21'01.78" O P
Cristovão 6308
Casa do Spacatto Mármore Granito Av. Aliomar Baleeiro, nº 156, São (71) 3286-4966 / 4101-
Salvador 12°54'35.55" S 38°21'57.96" O M
e Serviços Cristóvão 2038
Estrada Velha de Campinas, nº 80, (71) 3239-1039 / 9992-
Jerusalém Mármore e Granito Salvador 12°59'48.60" S 38°28'45.07" O P
São Caetano 3358
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

122
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

AVALIAÇÃO DAS MEDIDAS DE REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE


ROCHA NAS MARMORARIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR
(RMS) – UMA VISÃO PRELIMINAR

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato¹; Débora Correia Rios¹; Herbet Conceição²


1. GPA – Laboratório de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral/IGEO/Universidade Federal da
Bahia, crosato@ufba.br; 2. Núcleo de Geologia Básica, Universidade Federal de Sergipe

As rochas ornamentais e de revestimento, também designadas pedras naturais,


rochas dimensionais e materiais de cantaria, definem na atualidade uma das mais
promissoras áreas do setor mineral. Este crescimento resulta da diversificação dos
produtos, das novas utilizações das rochas ornamentais e de revestimentos, e das
novas tecnologias que aprimoram a exploração e otimização da produção. Durante o
beneficiamento secundário das pedras naturais nas marmorarias, cerca de 25% a
30% do volume processado, são transformados em pó, os quais ficam depositados
nos pátios das empresas. No Brasil, a quantidade estimada da geração conjunta do
resíduo de corte de mármore e granito é de 240.000 toneladas/ano. Estes números
alarmantes têm motivado o desenvolver de pesquisas, objetivando ferramentas que
permitam um melhor aproveitamento destes resíduos na construção civil, sejam na
produção de argamassas, tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e ou concretos. Tais
estudos visam detectar as potencialidades destes rejeitos e viabilizar sua seleção
preliminar, que hoje é encarado apenas como atividade complementar, que pode
contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos finais, além de
resultar em novas matérias-primas para uma série de setores industriais. A
reciclagem dos rejeitos gerados pelas indústrias para uso como matérias-primas
alternativas não é nova, e tem sido efetuada com sucesso em vários países. No
setor de marmorarias da Região Metropolitana de Salvador (RMS), sob o prisma
ambiental e competitivo, tem sido observado e relacionado, especialmente, em
relação às características tecnológicas e produtivas, já que é crescente a produção
de rochas processadas visando o mercado interno. O maior impasse é o
aperfeiçoamento tecnológico ainda muito abaixo do nível ideal para uma competição
internacional. Quanto aos impactos ambientais decorrentes desta atividade
industrial, estima-se que boa parte da produção dessas empresas gere um
quantitativo de resíduos suficientes, que se não bem tratados poderão causar
impactos ambientais de relevância. Atualmente muitas dessas empresas descartam
seus resíduos em áreas consideradas prioritárias para a preservação ambiental na
RMS. Em uma avaliação preliminar constata-se que algumas destas empresas
transferem seus resíduos a outras, as quais já possuem um sistema de reutilização
em peças de mosaicos, projetos decorativos, e mesmo jardinagem e paisagismo. O
objetivo agora é incentivar as demais e sugerir medidas públicas que facultem o
reaproveitamento de resíduos em um maior número de marmorarias, sensibilizando
o setor para a melhoria da produção, redução de impactos ambientais nocivos e
facilitando assim, o desenvolvimento sustentável deste setor. Esta é a contribuição
GPA 249/2009.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 123


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais
AVALIAÇÃO DAS MEDIDAS DE REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato
ROCHA NAS MARMORARIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR
- UMA VISÃO PRELIMINAR -
Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato¹; Débora Correia Rios¹; Herbet Conceição²
UFBA ¹GPA – Laboratório de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral/IGEO/Universidade Federal da Bahia crosato@ufba.br
²Núcleo de Geologia Básica, Universidade Federal de Sergipe
4

15

14
22
15

22
A DIVERSIDADE GEOLÓGICA DA
BAHIA É O PONTO DE PARTIDA
25 18
17 25 6

21
19 13
PARA SUA IMPORTACIA NO MER-
CADO DE ROCHAS ORNAMENTAIS
9
25 12
18 11
10
24

17 19

20 2
16 3º produtor de rochas do Brasil.
Salvador
20
3
4 5
Compartimentos Geotectônicos do Estado da Bahia
7 Atlantic (Barbosa e Dominguez, 1996)
20
8 Ocean
1
(1) Bloco Gavkão, (2)Bloco Paramirim, (3) atualmente, segundo Rosa, 1999 é o Cinturão Móvel Urandi-Paratinga (CMUP) e volume importante de rochas
25
sieníticas pós-orogênicas, (4) Sequências Metassedimentares e Vulcanossedimentares, (5) Cinturão Contendas Mirante, (6) Greenstone Belt de Mundo

23
Novo, (7) Bloco Jequié, (8) Cinturão Itabuna, (9) Bloco Serrinha, (10) Bloco Mairi, (11) Cinturão Salvador-Curaçá, (12) Cinturão Salvador-Esplanada, (13)
'REENSTONE"ELT do Rio Itapicuru, (14) Domínio Sobradinho, (15) Domínio Macururê, (16) Lineamento Contendas-Mirante, (17) Espinhaço Setentrional, (18)
0 100 200 km Chapada Diamantina, (19) Bacia Irecê e Utinga, (20) Bacia São Francisco-Urucuia, (21) faixa de Dobramento Formosa do Rio Preto - Riacho do Pontal, (22)
TTG
Archaean Nuclei Faixa de Dobramento Sergipana, (23) Faixa de Dobramento Araçuaí-Piripá, (24) Bacia Paleozóica do Parnaíba e depósitos de Paulo Afonso e Sta. Brígida,
(25) Bacias Mesozóicas Recôncavo-Tucano-Jatobá, (26) Bacias Mesozóicas Camamú-Almada, (27) Coberturas Tércio-Quaternárias,

25

MARMORARIAS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE SALVADOR

* 656 EMPREGOS DIRETOS.


* 25.500 M²/MÊS.
* PRODUTIVIDADE = 38,87 M²/HOMEM.
* 48% DA PRODUÇÃO DO ESTADO
* 36% DA MÃO-DE-OBRA EMPREGADA

Em uma avaliação preliminar constata-se que:


1. Algumas empresas transferem seus resíduos
DESPERDÍCIO MÉDIO APROVEITAMENTO DOS REJEITOS: a outras;

NA PRODUÇÃO
= 30% 2. Poucas empresas possuem sistema de reutilização;
Estudos para detectar suas potencialidades. 3. O principal re-uso dos rejeitos é em peças de mosaicos,
projetos decorativos, e mesmo jarginagem e paisagismo.
CAUSAS: ERRO DE MANUSEIO Viabilização da seleção preliminar.
Estes re-usos podem ser intensificados, e explorados
DEFEITO DE PLACA Atividade complementar. em escala industrial. Próximos passos:
1. Criar subsídios teórico-técnicos que:
BAIXA QUALIFICAÇÃO Contribui para a diversificação de produtos. A. Estimulem políticas públicas de reaproveitamento
FALTA DE INVESTIMENTO EM PESQUISA de resíduos em maior número de marmorarias;
Diminuição de custos finais. B. Sensibilizar setor para melhorias no processo
SELEÇÃO ERRADA DE MATÉRIA-PRIMA produtivo com redução na geração de resíduos;
Resultar em novas matérias primas.
C. Reduzir impactos ambientais nocivos;
D. Propiciar desenvolvimento sustentável da cadeia
produtiva de rochas ornamentais.

.Dissertação
CONTRIBUIÇÃO de Mestrado
GPA 249/2009. - ANEXO 03
Fundação Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nivel Superior - CAPES
124 Grupo de
Petrologia Aplicada
à Pesquisa Mineral
45O CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS DAS MARMORARIAS DA REGIÃO


METROPOLITANA DE SALVADOR: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL?
Claudio Sergio Oliveira de Rosato1; Débora Correia Rios2; Herbet Conceição3
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA; 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA; 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

RESUMO: Reciclagem é o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar detritos e rejeitos e reintroduzi-los no ciclo de produção.
A reciclagem de resíduos, independentemente do seu tipo, apresenta várias vantagens em relação à utilização de recursos naturais
“virgens”, dentre as quais se tem: redução do volume de extração de matérias-primas, redução do consumo de energia, menores
emissões de poluentes e melhoria da saúde e segurança da população. Nos últimos anos, a pesquisa sobre a reciclagem de resíduos
industriais vem sendo intensificada em todo o mundo. Na América do Norte e Europa, a reciclagem é vista, pela iniciativa privada, como
um mercado altamente rentável. Muitas empresas investem em pesquisa e tecnologia, o que aumenta a qualidade do produto reciclado
e propicia maior eficiência do sistema produtivo. No Brasil, diversos pesquisadores têm-se dedicado ao estudo desse tema, obtendo-se
resultados bastante relevantes; todavia, a reciclagem ainda não faz parte da cultura dos empresários e cidadãos. Atualmente os resíduos
sólidos são tema de preocupações e discussões entre toda a sociedade, configurando-se como objetivo primordial na implantação de
propostas e soluções para a adequação dos sistemas de saneamento ambiental. O aproveitamento dos rejeitos de rochas ornamentais
para uso como material alternativo não é novo e tem dado certo em vários países do Primeiro Mundo. Apesar disto, no Brasil, um dos
principais produtores mundiais de rochas ornamentais, o desperdício no setor é alarmante e a reciclagem destes resíduos possui índices
insignificantes frente ao montante de rejeitos produzidos. A cada dia, estes resíduos agridem mais o meio ambiente, em virtude da
falta de tratamentos e fiscalização na manipulação e descarte. As marmorarias correspondem ao terceiro elo desta cadeia produtiva e,
não diferente dos demais, possui uma quantidade considerável de rejeitos, que poderiam tranquilamente ser reaproveitados gerando
novas fontes de receita e minimizando impactos ambientais decorrentes dessa atividade. Na Região Metropolitana de Salvador existe
cerca de 80 marmorarias em atividade, a maioria de pequeno porte, com uma produção relativamente pequena, porém geradoras de
uma grande quantidade de resíduos que não são reaproveitados de forma alguma. Cerca de 95% dessas marmorarias descartam seus
resíduos de forma inadequada e não demonstram interesse em reaproveitar seus resíduos. Das marmorarias verificadas apenas quatro
realizam a reciclagem, gerando novas fontes de renda, bem como novas alternativas de negócios. Em sua maioria, esses resíduos
são retrabalhados e transformados em seixos de diversos tamanhos destinados principalmente à área de paisagismo e jardinagem,
ou aplicados na confecção de artefatos de decoração sob a forma de mosaicos. Percebe-se que, na maioria das marmorarias, é o
desconhecimento sobre as possibilidades financeiras que a reciclagem pode oferecer é o grande fator para a falta de empenho das
empresas nessa atividade. A proposição de formas viáveis e de baixo custo que propiciem a reciclagem de resíduos pelas marmorarias
de Salvador necessita ser melhor estudada. A criação e implantação de projetos de viabilização técnica e econômica, além de propiciar
educação ambiental e melhor uso deste recurso natural, gerará novas perspectivas de negócios, impulsionando o desenvolvimento
econômico do setor.
PALAVRAS-CHAVE: ROCHAS ORNAMENTAIS; MARMORARIAS; RECICLAGEM.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 125


26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

45º CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA


Belém, 26 de setembro a 01 de outubro de 2010
Objetivo

RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE ROCHAS


ORNAMENTAIS
DAS MARMORARIAS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE
SALVADOR: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL?
Cláudio Rosato Débora Rios Herbet Conceição

Metodologia Introdução - Reciclagem


Levantamento bibliográfico
Artigos nacionais É o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar
detritos e rejeitos e reintroduzi-los no ciclo de produção.
Artigos internacionais
Independentemente do seu tipo, apresenta várias
Levantamento das marmorarias da RMS vantagens em relação à utilização de recursos naturais
Aplicados questionários "virgens“:
Analises dos dados coletados

Considerações finais

Introdução Importância da Reciclagem


No mundo atual a preocupação com a questão
Vantagens da reciclagem ambiental constitui ítem tão importante quanto
a eficiência do processo produtivo.
redução do volume de extração
de matérias-primas Apesar desta premissa o segmento de
rochas ornamentais, nos países em
desenvolvimento, continua desviado da nova
ordem econômico-ambiental que baseia-se no
conceito de produção limpa.
redução do consumo de energia

melhoria da saúde e
menores
segurança da
emissões de poluentes
população

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 126

1
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Rochas Ornamentais: Reciclagem de Rochas Ornamentais:


Reciclagem no Brasil Setor Extrativo
As pedreiras de rochas
Os rejeitos de rochas ornamentais agridem o meio ambiente
ornamentais geralmente são a
Falta de tratamentos adequados céu aberto e podem ser de dois
Fiscalização sobre a manipulação tipos:
Descarte inadequado Matacões
A reciclagem de resíduos industriais da mineração Maciços
ainda possui índices insignificantes frente ao montante produzido

Em alguns países da Europa,


notadamente Grécia e Itália, existem
lavras subterrâneas de rochas
ornamentais, sobretudo de mármores.

Reciclagem de Rochas Ornamentais: Reciclagem de Rochas Ornamentais:


Setor Extrativo Setor Produtivo
Nos últimos anos, a pesquisa sobre a No cenário tecnológico, verificam-se duas situações diferentes :
reciclagem de resíduos vem sendo 1. No Desdobramento: Necessidade de aprimoramento tecnológico por
intensificada em todo o mundo. parte dos fabricantes nacionais de bens de capital.
2. No Beneficiamento (Marmorarias): as causas da deficiência tecnológica
relacionam-se com aspectos operacionais como:
Despreparo da mão-de-obra
Baixa qualidade da matéria-prima
Na Europa muitas empresas investem em Resultado: Chapas desdobradas com deficiência!
pesquisa e tecnologias de extração, isto:
Diminui o desperdício na produção;
AUMENTO NA QUANTIDADE DE RESÍDUOS NÃO UTILIZAVEIS!
Aumenta qualidade do produto a ser reciclado;
Propicia maior eficiência do sistema produtivo

América do Norte:
Reciclagem + Iniciativa privada = Mercado altamente rentável

Impactos Ambientais em Rochas Ornamentais: Impactos Ambientais de Rochas Ornamentais:


Setor Extrativo Setor Produtivo - Serrarias
 impacto visual,

 a remoção do solo, o desmatamento, Tear com mistura abrasiva


(Babisk, 2009).

 a poluição atmosférica, a poluição sonora,

 acúmulo de sucata metálica, lixo doméstico

 Contaminação por efluentes líquidos.

Tanque de bombeamento da
lama abrasiva em
funcionamento
(Babisk,2009).

Fonte: Mendes 1994

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 127

2
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Reciclagem de Rochas Ornamentais: Reciclagem de Rochas Ornamentais:


Setor Produtivo - Serrarias Tratamento de Resíduos
Tratamento dos Efluentes da Industria de Rochas na Europa:
Portugal, Espanha e Itália: 100% empresas desidratam resíduos
Itália: 10 a 15% do tratamento é feito em cooperativas:
Ocorrências de panes nos sistemas de tratamento das empresas;
Microempresas com sistemas de decantação vertical;
O espaço é otimizado.

Fonte: Carvalho et al 2007 Fonte: Calmon et al 2006


Fonte: Mendes et al 1994.

Reciclagem de Rochas Ornamentais: Rochas Ornamentais:


Tratamento de Resíduos Reciclagem
Tratamento dos Efluentes da Industria de Rochas no Brasil:
A reciclagem ainda não faz
A maioria das empresas sedimentam seus resíduos no solo: parte da cultura dos
(i) Ocorrência de contaminação do solo e recursos hídricos. empresários e cidadãos
(ii) Microempresas com sistema de decantação horizontal.
(iii) Espaço e clima são favoráveis a desidratação em leitos de secagem
Aumento no número de
pesquisadores dedicados
ao estudo desse tema

Resultados relevantes!

Rochas Ornamentais: Resíduos de Rochas Ornamentais:


Aproveitamento dos Rejeitos Setor Produtivo – Marmorarias - RMS
DESPERDÍCIO MÉDIO NA PRODUÇÃO = 30%

CAUSAS:
Erros no manuseio
Defeitos das placas
Baixa qualificação da mão de obra
Falta de investimentos em tecnologias
Seleção errada da matéria prima
•ESTUDOS PARA DETECTAR SUAS POTENCIALIDADES
•VIABILIZAÇÃO DA SELEÇÃO PRELIMINAR
•ATIVIDADE COMPLEMENTAR
•CONTRIBUI PARA A DIVERSIFICAÇÃO DE PRODUTOS
•DIMINUIÇÃO DE CUSTOS FINAIS
•RESULTAR EM NOVAS MATÉRIAS PRIMAS.
Fonte: Rios 2004

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 128

3
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Reciclagem de Rochas Ornamentais:


Setor Produtivo – Marmorarias - RMS Na Região
Metropolitana de Salvador existe
cerca de 80 marmorarias em
atividade, a maioria de pequeno
porte, com uma produção
relativamente pequena, porém
geradoras de uma grande
No segmento de beneficiamento final verificam-se:
Grandes deficiências tecnológicas quantidade de resíduos que não
Ex. Equipamentos de polimento e corte são reaproveitados de forma

Baixo padrão tecnológico: Cerca de 95% dessas alguma.


Baixa qualidade das peças produzidas marmorarias descartam seus
Grande quantidade de resíduos resíduos de forma
inadequada e não
Apenas 4
Aumento nos custos da produção empresas
Baixa competitividade no mercado: Italianos... demonstram interesse em trabalham esses
Fonte: Junior 2004.
reaproveitar seus resíduos. rejeitos

Aproveitamento dos Rejeitos Necessidade urgente para a RMS:


O uso dos rejeitos podem criação e implantação de projetos de viabilização técnica e
ganhar novas utilidades e econômica, além de propiciar educação ambiental e melhor uso
propiciar nova geração de deste recurso natural, gerará novas perspectivas de negócios,
impulsionando o desenvolvimento econômico do setor.
renda, além de minimizar
os impactos ambientais

vislumbrar reciclagem (a exemplo da Europa)


como uma das soluções para a atual crise
financeira que assola o mundo de modo
geral, ou seja,

Tornar esta estratégia


viável

Considerações Finais Considerações Finais


1. A indústria de rochas ornamentais tem elevada capacidade de 4. Maioria dos estudos voltados para:
absorção de resíduos, sejam eles provenientes da lavra ou dos incorporação de resíduos na indústria (cerâmica)
setores de beneficiamento, em virtude do seu volume de produção. Reciclagem centralizada: Europa e alguns países asiáticos.
2. A indústria cerâmica possui destaque na reciclagem de resíduos
5. A Região Metropolitana de Salvador – RMS carece de:
devido à sua capacidade de neutralizar e estabilizar vários resíduos
Avanços tecnológicos
tóxicos.
Incentivos prioritários na área ambiental
3. A vanguarda da incorporação de resíduos a indústria cerâmica é o Avanço das pesquisas
desenvolvimento de vidros e vitro-cerâmicos, bem como outros Estudos específicos sobre os resíduos de rochas ornamentais
materiais alternativos como, por exemplo, os produtos decorativos e
de artesanato. 6. Necessária maior conscientização dos empresários
Grande potencialidade de utilização de rejeitos
Criação de matérias primas cerâmica alternativas
Aplicação dos resíduos em argamassas alternativas
Maior uso dos resíduos, especial na indústria da construção civil.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 129

4
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Considerações Finais
7. Orgãos de fomento:
Papel fundamental: Estímulo desenvolvimento de tecnologias de
obriga
do
reaproveitamento de resíduos

8. No Brasil:
A reciclagem de resíduos ainda é tratada como uma alternativa
simplória
Não há investimentos por parte da sociedade
Reciclagem ainda é vista como uma alternativa econômica de baixa
renda
Reciclagem ainda é atividade restrita à fatia da sociedade mais
carente de amparo socioeconômico

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 130

5
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato


XXIV SGNE - SIMPÓSIO DE GEOLOGIA
DO NORDESTE

11 a 14 de Novembro de 2011
Aracaju - Sergipe - Brasil
http://sites.google.com/site/24sgne

Reciclagem de Rochas Ornamentais nas Marmorarias da Região Metropolitana de


Salvador
1 2
Claudio Sergio Oliveira de Rosato , Débora Correia Rios
1
Universidade Federal da Bahia, E-mail: crosato@ufba.br;
2
Universidade Federal da Bahia, E-mail: dcrios@ufba.br.

As rochas ornamentais definem na atualidade uma das mais promissoras áreas do setor mineral.
Este crescimento resulta da diversificação dos produtos, de novas utilizações das rochas
ornamentais e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e otimização da produção. Mais
do que pelas suas excelentes propriedades funcionais, o que caracteriza as rochas ornamentais
são os seus atributos estéticos, extremamente diferenciados pela combinação de estruturas,
texturas e cores. Por essa razão, cada granito ou mármore têm preço e nome próprios, sendo
muito importante respeitar as designações comerciais aplicadas. Atualmente, as marmorarias e os
depósitos de chapas são os principais fornecedores dos pequenos consumidores, enquanto as
serrarias são as principais fornecedoras diretas das grandes construtoras. As marmorarias são as
empresas que, por excelência, executam os trabalhos especiais de acabamento e as obras sob
medida, enquanto os depósitos de chapas são os principais fornecedores de materiais importados.
Os shoppings da construção comercializam apenas produtos prontos para o consumidor final, tanto
na forma de lajotas e mosaicos para revestimentos, quanto na forma de “custom made” (pias,
tampos de mesa, etc.). Apesar dos avanços, durante o beneficiamento das pedras naturais, cerca
de 30% a 40% do produto são transformados em pó e/ou fragmentos, que ficam depositados nos
pátios das marmorarias. Esta grande quantidade de resíduos gerados tem motivado alguns
pesquisadores a estudar opções de reaproveitamento do resíduo resultante do beneficiamento de
rochas ornamentais na produção de argamassas, tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretas,
tentando com isto contribuir para o desenvolvimento sustentável e um melhor aproveitamento
destes recursos naturais. A reciclagem dos rejeitos gerados pelas indústrias para uso como
matérias-primas alternativas não é nova, e tem sido efetuada com sucesso em vários países e tem
sido impulsionada pelas preocupações ambientais. Com isto o gerenciamento dos rejeitos nas
marmorarias, através de estudos capazes de detectar suas potencialidades e viabilizar sua seleção
preliminar, é encarada hoje como importante atividade, que pode contribuir para diversificação dos
produtos, diminuição dos custos finais, além de resultar em novas matérias-primas para uma série
de setores industriais. Na Região Metropolitana de Salvador estão em atividade atualmente cerca
de 80 marmorarias, 95% destas não utilizam ou não se interessam em desenvolver tecnologias em
reciclagem de resíduos de beneficiamento de rochas ornamentais. Apenas quatro empresas
desenvolvem este recurso, voltado para a confecção de mosaicos e seixos para as atividades de
jardinagem e paisagismo. A grande maioria opta pela importação de produtos reciclados
principalmente da China, tais como o marmoglass, silestone e etc. Tais produtos entram no
mercado nacional a preços exorbitantes enquanto todos os resíduos gerados pela atividade de
beneficiamento de rochas ornamentais são descartados de maneira aleatória e inadequada ao
longo de estradas e terrenos abandonados na Grande Salvador. A conscientização dos
empresários e cidadãos é a chave para a solução desse problema ambiental relativamente
simples.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 131


26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

XXIV SGNE - SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO NORDESTE


Aracaju, 11 a 14 de novembro de 2011
Objetivo

AVALIAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS NO


TERCEIRO ELO DA CADEIA DE
PRODUÇÃO DE ROCHAS
ORNAMENTAIS, AS MARMORARIAS
DA REGIÃO METROPOLITANA DE
SALVADOR – RMS, OBSERVANDO
RECICLAGEM ROCHAS ORNAMENTAIS QUAIS OS FATORES QUE TORNAM
DAS MARMORARIAS DA REGIÃO ESTA ATIVIDADE UMA ÁREA
METROPOLITANA DE ALTAMENTE VIÁVEL, MAS POUCO
SALVADOR EXPLORADAS PELAS EMPRESAS DO
SETOR

Cláudio Rosato Débora Rios Herbet Conceição

Metodologia Reciclagem
Levantamento bibliográfico
Artigos nacionais É o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar
detritos e rejeitos e reintroduzi-los no ciclo de produção.
Artigos internacionais
Independentemente do seu tipo, apresenta várias
Levantamento das marmorarias da RMS vantagens em relação à utilização de recursos naturais
Aplicados questionários "virgens“:
Analises dos dados coletados

Considerações finais

Introdução Aproveitamento dos Rejeitos

Vantagens da reciclagem

redução do volume de extração


de matérias-primas

redução do consumo de energia •ESTUDOS PARA DETECTAR SUAS POTENCIALIDADES


melhoria da saúde e •VIABILIZAÇÃO DA SELEÇÃO PRELIMINAR
menores
segurança da
emissões de poluentes •ATIVIDADE COMPLEMENTAR
população
•CONTRIBUI PARA A DIVERSIFICAÇÃO DE PRODUTOS
•DIMINUIÇÃO DE CUSTOS FINAIS
•RESULTAR EM NOVAS MATÉRIAS PRIMAS.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 132

1
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Marmorarias - RMS Marmorarias - RMS

DESPERDÍCIO MÉDIO NA PRODUÇÃO = 30%

CAUSAS:
Erros no manuseio
Defeitos das placas
Baixa qualificação da mão de obra
Falta de investimentos em tecnologias No segmento de beneficiamento final verificam-se:
Seleção errada da matéria prima Grandes deficiências tecnológicas
Ex. Equipamentos de polimento e corte

Baixo padrão tecnológico:


Baixa qualidade das peças produzidas
Grande quantidade de resíduos
Aumento nos custos da produção
Baixa competitividade no mercado: Italianos...
Fonte: Junior 2004.
Fonte: Rios 2004

Na Região
Materiais Importados
Metropolitana de Salvador existem Aglostone
cerca de 80 marmorarias em
Technistone
atividade, a maioria de pequeno
porte, com uma produção
Marmoglass
relativamente pequena, porém Composite
geradoras de uma grande
Nanoglass
quantidade de resíduos que não
Mármores industrializados
são reaproveitados de forma
Cerca de 95% dessas alguma.
marmorarias descartam seus
resíduos de forma
inadequada e não
Apenas 4
empresas
demonstram interesse em trabalham esses
reaproveitar seus resíduos. rejeitos

Aproveitamento dos Rejeitos Necessidade urgente para a RMS:


criação e implantação de projetos de viabilização técnica e
O uso dos rejeitos podem ganhar novas econômica, além de propiciar educação ambiental e melhor uso
utilidades e propiciar nova geração de deste recurso natural, gerará novas perspectivas de negócios,
renda, além de minimizar os impactos impulsionando o desenvolvimento econômico do setor.
ambientais, porém as marmorarias da
RMS somente utilizam este rejeitos para
a confecção de mosaicos e seixos para vislumbrar reciclagem (a exemplo da Europa)
jardinagem como uma das soluções para a atual crise
financeira que assola o mundo de modo
geral, ou seja,

Tornar esta estratégia


viável

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 133

2
26/09/2013
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Considerações Finais
A indústria de rochas ornamentais tem elevada capacidade de absorção de
resíduos, sejam eles provenientes da lavra ou dos setores de beneficiamento,
em virtude do seu volume de produção.

A Região Metropolitana de Salvador – RMS carece de:


Avanços tecnológicos
Incentivos prioritários na área ambiental
Avanço das pesquisas
Estudos específicos sobre os resíduos de rochas ornamentais.

Necessária maior conscientização dos empresários


Grande potencialidade de utilização de rejeitos
Criação de matérias primas cerâmica alternativas
Aplicação dos resíduos em argamassas alternativas
Maior uso dos resíduos, especial na indústria da construção civil

Órgãos de fomento:
Papel fundamental: Estímulo desenvolvimento de tecnologias de
reaproveitamento de resíduos
obrigado

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 134

3
Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Reciclagem de Rochas Ornamentais nas Marmorarias daOliveira


Cláudio Sérgio Regiãode Rosato

Metropolitana de Salvador – resultados e perspectivas


Claudio Sergio Oliveira de Rosato1, Débora Correia Rios1.
1
Universidade Federal da Bahia

As rochas ornamentais definem na atualidade uma das mais promissoras áreas do setor
mineral. Este crescimento resulta da diversificação dos produtos, de novas utilizações das
rochas ornamentais e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e otimização da
produção. Mais do que pelas suas excelentes propriedades funcionais, o que caracteriza as
rochas ornamentais são os seus atributos estéticos, extremamente diferenciados pela
combinação de estruturas, texturas e cores. Por essa razão, cada granito ou mármore têm
preço e nome próprios, sendo muito importante respeitar as designações comerciais
aplicadas. Atualmente, as marmorarias e os depósitos de chapas são os principais
fornecedores dos pequenos consumidores, enquanto as serrarias são as principais
fornecedoras diretas das grandes construtoras. As marmorarias são as empresas que, por
excelência, executam os trabalhos especiais de acabamento e as obras sob medida,
enquanto os depósitos de chapas são os principais fornecedores de materiais importados.
Os shoppings da construção comercializam apenas produtos prontos para o consumidor
final, tanto na forma de lajotas e mosaicos para revestimentos, quanto na forma de “custom
made” (pias, tampos de mesa, etc.). Apesar dos avanços, durante o beneficiamento das
pedras naturais, cerca de 30% a 40% do produto são transformados em pó e/ou
fragmentos, que ficam depositados nos pátios das marmorarias. Esta grande quantidade de
resíduos gerados tem motivado pesquisadores a estudar opções de reaproveitamento do
resíduo resultante do beneficiamento de rochas ornamentais na produção de argamassas,
tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretas. A reciclagem dos rejeitos gerados pelas
indústrias para uso como matérias-primas alternativas não é nova, e tem sido efetuada com
sucesso em vários países e tem sido impulsionada pelas preocupações ambientais. Com
isto o gerenciamento dos rejeitos nas marmorarias, através de estudos capazes de detectar
suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar, é vista hoje como uma importante
atividade, que pode contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos
finais, além de resultar em novas matérias-primas para uma série de setores industriais. Na
Região Metropolitana de Salvador estão em atividade atualmente cerca de 80 marmorarias,
95% destas não utilizam ou não se interessam em desenvolver tecnologias em reciclagem
de resíduos de beneficiamento de rochas ornamentais. Apenas quatro empresas
desenvolvem este recurso, voltado para a confecção de mosaicos e seixos para as
atividades de jardinagem e paisagismo. A grande maioria opta pela importação de produtos
reciclados principalmente da China, tais produtos entram no mercado nacional a preços
exorbitantes enquanto todos os resíduos gerados pela atividade de beneficiamento nas
marmorarias são descartados de maneira aleatória e inadequada. A conscientização dos
empresários e cidadãos é a chave para a solução desse problema ambiental relativamente
simples. A maioria dos empresários do setor tem conhecimento dessas alternativas, porém
alegam que o investimento nessa atividade é relativamente alto e que o descarte tem sido
o meio mais barato para esse volume de resíduos. Talvez a constituição de uma
cooperativa nos mesmos moldes das já existentes para garrafas pet e latas seja a
alternativa mais viável e que poderá provocar a conscientização dos empresários
marmoristas.

PALAVRAS CHAVE: ROCHAS ORNAMENTAIS; RECICLAGEM.

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 135


Marmorarias de Salvador:
Um estudo quantitativo e estratégico sobre reaproveitamento e reciclagem de rochas ornamentais

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Reciclagem de Rochas Ornamentais nas Marmorarias da


Região Metropolitana de Salvador – resultados e perspectivas
Claudio Sergio Oliveira de Rosato1, Débora Correia Rios1.
1Universidade Federal da Bahia

As rochas ornamentais definem na atualidade uma das mais DESPERDÍCIO MÉDIO NA PRODUÇÃO
promissoras áreas do setor mineral. Este crescimento resulta da
diversificação dos produtos, de novas utilizações das rochas
30 A 40 %
ornamentais e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e CAUSAS:
otimização da produção. Apesar dos avanços, durante o
Erros no manuseio
beneficiamento das pedras naturais, cerca de 30% a 40% do produto
são transformados em pó e/ou fragmentos, que ficam depositados nos Defeitos das placas
pátios das marmorarias. Baixa qualificação da mão de obra
Falta de investimentos em tecnologias
RMS Seleção errada da matéria prima
Levantamento MARMORARIAS
Bibliográfico

ARTIGOS
Vantagens da reciclagem
Levantamento
das marmorarias redução do volume de extração
da RMS
de matérias-primas

Considerações QUESTIONÁRIOS
Finais
redução do consumo de energia
menores melhoria da saúde e
segurança da
emissões de poluentes população

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Região Metropolitana de Salvador – RMS carece de:
Avanços tecnológicos
Incentivos prioritários na área ambiental
Avanço das pesquisas
Estudos específicos sobre os resíduos de rochas ornamentais

Necessária maior conscientização dos empresários


Grande potencialidade de utilização de rejeitos
Criação de matérias primas cerâmica alternativas
Aplicação dos resíduos em argamassas alternativas
Maior uso dos resíduos, especial na indústria da construção civil.

Órgãos de fomento:
Papel fundamental: Estímulo desenvolvimento de tecnologias de
reaproveitamento de resíduos

Agradecimentos:

Dissertação de Mestrado - ANEXO 03 136

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