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Cristianismo

A Fé Reformada e o Ecumenismo

André Tadeu de Oliveira

Vítima de acusações absolutamente falsas e preconceituosas, o movimento ecumênico


tem como finalidade exclusiva obedecer à ordem clara dada por Jesus de que seus
discípulos formassem um único corpo. O ecumenismo cristão busca a unidade entre
aqueles que professam os principais dogmas do cristianismo. A acusação feita por
determinados grupos fundamentalistas, de que o ecumenismo possui como finalidade a
união orgânica de todas as igrejas, é absolutamente falsa.

Um aspecto primordial a ser lembrado é que esta unidade não pressupõe,


obrigatoriamente, uniformidade, mas deve ser baseada no tradicional lema: unidade na
diversidade. Assim, as diversas igrejas reconhecem-se como irmãs, trabalhando
conjuntamente em prol da divulgação da mensagem salvadora de Cristo e do bem estar
da sociedade, mantendo, entretanto, suas tradições e particularidades.

Calvino e o Ecumenismo

No rico universo ecumênico, nossa tradição reformada calvinista é pioneira. A intenção


dos reformadores não foi organizar uma nova igreja, mas reformar a Igreja Cristã. Por
razões históricas, os primeiros protestantes se viram obrigados a abandonar a igreja que
tanto amavam. Em uma carta escrita a Guilherme Farel, Calvino expressou o seu grande
descontentamento com a recém divisão da cristandade ocidental: “Este é, em poucas
palavras, o resumo de nossas discussões: que entre os cristãos, a aversão pelo cisma
seja tão grande que, tanto quanto esteja ao seu alcance, eles possam evitá-lo. Ainda
que alguns pontos da doutrina não sejam totalmente puros, isso não deve ser
considerado um impedimento para a unidade, visto que raramente existe alguma igreja
que não tenha resquícios da antiga ignorância”. Coerente com essa idéia, Calvino,
mesmo mantendo uma postura bastante crítica diante da Igreja Católica Romana,
considerou-a como igreja cristã. Em uma correspondência a Lélio Sozzini, referiu-se ao
catolicismo romano da seguinte maneira: “Quando digo que traços da igreja
permaneceram na igreja papal, não estou me referindo apenas aos eleitos espalhados
aqui e lá dentro dela, mas quero dizer que as ruínas da igreja estão presentes entre os
papistas”. Apesar do teor absolutamente apologético e agressivo, fruto de uma época de
confronto e ruptura, o líder protestante considerou que, apesar de todos os seus erros, as
principais doutrinas cristãs eram encontradas na Igreja Católica. Como conseqüência
básica dessa concepção, considerou o batismo católico como válido, condenando de
forma áspera o rebatismo. Ainda no que se refere ao seu relacionamento com o
catolicismo romano, participou de vários colóquios e debates com clérigos dessa igreja,
visando chegar a um entendimento (Haguenau, em 1540; Worms, em 1541; e
Ratisbona). Quando concluiu que não era possível mais nenhum diálogo oficial com
Roma, afirmou, com pesar, “estar disposto a se fazer cortar a cabeça a fim de que a
paz seja restabelecida no seio da igreja”.

No mundo evangélico dividido em partidos luteranos, zuinglianos, anglicanos e


reformados, a atitude de Calvino estava voltada claramente para a unidade.
Considerava-se o maior de todos os luteranos, referindo-se a Lutero sempre em tons
elogiosos, tratando o antigo monge agostiniano como um verdadeiro pai espiritual.

Daniel-Rops, historiador católico romano francês, atesta o ecumenismo de Calvino:


“Interessado, como Bucer, em unir todos os protestantes, já em 1540 havia assinado a
Confissão de Augsburgo, na qual Melanchton modificara a definição de ceia. Nas
ásperas controvérsias sacramentarias que opunham luteranos e zuinglianos, sempre se
pronunciou com cortesia, sem injuriar o adversário, ao contrário do que era moeda
corrente. A sua vontade de união não era apenas por motivos tácitos. Para ele, como a
igreja era o corpo de Cristo e todas as diferentes igrejas protestantes reivindicavam
para si o mesmo senhor, deviam harmonizar-se nas suas diferenças como membros de
um organismo vivo”.

Sua negociação com Bullinger, sucessor de Zuínglio em Zurique, foi responsável pela
união de todo o protestantismo suíço no tocante à doutrina da santa ceia. Convidado, em
1552, pelo reformador e arcebispo anglicano inglês Thomas Cranmer para participar de
entendimentos direcionados a uma união doutrinária entre todos os ramos protestantes,
respondeu de forma entusiasta: “Assim é que, estando divididos os membros da igreja,
o corpo fica sangrando. Isso me preocupa tanto que, se eu pudesse prestar algum
serviço, não hesitaria em atravessar dez mares”.

O movimento ecumênico moderno

Seguindo o ecumenismo pregado e praticado pelos primeiros reformadores, coube ao


protestantismo a honra de ser o pai do moderno movimento ecumênico. O século 19 foi
marcado pela grande expansão missionária protestante no mundo. Rincões distantes do
planeta, como Ásia e África, foram alcançadas pela mensagem evangélica.

Dentro de um universo onde o cristianismo era praticamente desconhecido entre os


nativos, a existência das mais variadas denominações e agências missionárias, muitas
vezes rivais entre si, tornou-se motivo de escândalo. Como pregar o nome de Cristo no
meio de tanta desunião?

Motivados por estas questões, importantes líderes evangélicos ocidentais organizaram,


em 1910, uma conferência missionária mundial na cidade de Edimburgo, Escócia.
Como fruto deste congresso, foi constituído, em 1921, o Conselho Missionário Mundial,
cuja principal finalidade seria coordenar os esforços evangelísticos dos diferentes
grupos protestantes. Pode-se afirmar que a ânsia por uma interação missionária originou
o moderno movimento ecumênico.

Posteriormente, buscando unificar a atuação social das igrejas, assim como iniciar um
diálogo doutrinário entre as mais diversas tradições cristãs, foram organizados os
movimentos “Vida e Obra” e “Fé e Ordem”. Ambos os movimentos se uniram,
formando, em 1948, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Em 1961, o Conselho
Missionário Mundial filiou-se ao CMI. Hoje, o Conselho Mundial de Igrejas é o maior
órgão ecumênico do mundo, reunindo 349 igrejas protestantes e ortodoxas em 110
paises, contando com mais de 560 milhões de cristãos . A Igreja Católica Romana não
integra o rol de membros do CMI, dialogando, entretanto, com o órgão ecumênico.

A IPI do Brasil e o ecumenismo

Mesmo sendo motivo de polêmica no meio presbiteriano independente, o ecumenismo


se fez presente em nossa denominação antes mesmo de sua organização eclesiástica. No
final do século 19, Eduardo Carlos Pereira, ainda ministro da Igreja Presbiteriana do
Brasil (IPB), organizou a Sociedade Brasileira de Tratados Evangélicos, cuja finalidade
consistia em produzir literatura evangélica unificada. Para este empreendimento,
convocou luteranos, congregacionais, episcopais, metodistas e batistas.

Após o doloroso cisma de 1903, cujo resultado foi à organização da Igreja Presbiteriana
Independente, Eduardo Carlos Pereira continuou sustentando posturas relativamente
ecumênicas. Por ocasião do Congresso do Panamá, evento realizado em 1916 e que
reuniu boa parte do protestantismo latino-americano assim como várias agências
missionárias, criticou de forma clara a divisão existente entre os protestantes: “Um
protestantismo dividido, intolerante, fraco e desgarrado por causa de um espírito
sectário é de pouca ajuda para o progresso da América Latina”, afirmou o patriarca do
presbiterianismo independente.

Mesmo sendo um crítico contumaz da Igreja Católica Romana, era capaz de considerar
aquela igreja do início do século 20, impregnada pelos ideais conservadores do Concilio
de Trento, como um ramo do cristianismo. Segundo Antonio Gouvêa Mendonça, a
opinião central de Eduardo Carlos Pereira a respeito da Igreja Católica, a par de suas
fortes críticas, era a seguinte: “A Igreja Católica merece ser reconhecida como um dos
grandes ramos do cristianismo por conservar os credos, os grandes dogmas da
cristandade e por seu valor de guardiã da idéia cristã e que ela, por suas crenças, tem
produzido no seu seio numerosos caracteres nobres”.

Após o chamado período “eduardista”, a participação de presbiterianos independentes


em movimentos em prol da unidade da igreja se acentuou. A IPI do Brasil foi uma das
fundadoras da Confederação Evangélica do Brasil, entidade responsável por congregar
boa parte do protestantismo histórico brasileiro. Junto com Erasmo Braga, ilustre pastor
da IPB, o nome do presbiteriano independente Epaminondas Melo do Amaral foi
destaque nesta importante organização.

Para o historiador francês Émile G. Léonard, a Igreja Presbiteriana Independente estava


impregnada, entre os anos 30 e 40, pelo espírito ecumênico: “O Sínodo Presbiteriano
Independente foi levado, por seu entusiasmo, bem além dos limites do Brasil e do
protestantismo: declara - afirmava o Sínodo - que vê com simpatia o movimento de
aproximação e unificação do protestantismo em todo o mundo, esperando que todas as
almas e corações crentes em Jesus se unam em uma só alma e num só coração.”

Devido ao golpe militar de 1964, a IPI do Brasil, da mesma forma que outras
denominações evangélicas, experimentou um período de fechamento, sendo o
ecumenismo associado a movimentos “subversivos”.

No início da década de 80, refletindo a situação da sociedade brasileira que


experimentava certa abertura, a IPI do Brasil retomou sua participação ecumênica. Foi
uma das fundadoras do Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI) e do Instituto
Ecumênico de Pós-Graduação, vinculado à Igreja Metodista. Na década de 90, filiou-se
à Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE).
Na Assembléia Geral realizada em 2005 na cidade paulista de Santo André, após anos
de acalorados debates, foi aprovada a filiação da IPI do Brasil ao Conselho Mundial de
Igrejas. Em fevereiro de 2008, nossa denominação foi aceita de forma definitiva pelo
órgão ecumênico.

Desta forma, ao participar ativamente do movimento ecumênico, a família independente


não segue apenas o exemplo dado por João Calvino, mas vai muito além, obedecendo a
uma ordem estipulada pelo próprio Cristo, para que sejamos um para que o mundo
creia.

O André, jornalista, estudante de teologia, é membro da 1ª IPI de São Paulo

(andretaoliveira@bol.com.br)

Fontes

Caderno de O Estandarte: Santa Conspiração - Calvino e a Unidade da Igreja de Cristo -


Lukas Vischer - Pendão Real

Caderno de O Estandarte: O Humanismo Social de Calvino - André Biéler - Pendão


Real

Uma História Ilustrada do Cristianismo - A Era Inconclusa. Justo L Gonzalez - Vida


Nova

A Igreja da Renascença e Reforma- Volume I - Daniel-Rops - Editora Quadrante.

O Celeste Porvir - Antonio Gouvêa Mendonça - Paulinas

O Protestantismo Brasileiro - Émile G. Léonard - ASTE

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