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INFANTIL
APRESENTAÇÃO
Analisando cenas
Na esteira disso, cabe ressaltar que atualmente, ainda para resguardar certa
“pureza” associada à infância e às crianças, as instituições de educação infantil, como
exemplo o CMEI onde uma das pesquisadoras desse estudo atuava, estabelecem uma
rotina em que a criança é cuidada de maneira que possam preservar o que possuem de
ingênuo. Noção essa que é relacionada muitas vezes à manutenção de identidades de
gênero e sexuais fixas e simplificadas. Como exemplo, evidenciou-se que na preparação
e ida ao banho, momento que ocorre antes da segunda refeição do dia (almoço), as
crianças são separadas por sexo e as educadoras zelam para que suas genitálias não
sejam vistas e que tomem banho separadamente, primeiramente meninas e depois
meninos.
Entre as educadoras, havia certo pânico com a ideia de algum menino fosse
junto com uma menina ao banheiro. Outro receio era que as crianças se encontrassem
sozinhas no banheiro sem a vigilância de um adulto. Ao citar o Regulamento para as
crianças de Port-Royal de Jacqueline Pascal, Ariès (1978, p.121) exemplifica:
"É preciso vigiar as crianças com cuidado, e jamais deixá-las sozinhas em nenhum
lugar, estejam elas sãs ou doentes". Mas "é preciso que essa vigilância contínua seja
feita com doçura e uma certa confiança, que faça a criança pensar que é amada, e que os
adultos só estão a seu lado pelo prazer de sua companhia. Isso faz com que elas amem
essa vigilância, em lugar de temê-la.
Tendo definido longamente o homem como uma criatura ativa, forte, corajosa,
inteligente e pensando na diferença sexual apenas sob a forma do “complemento”,
Rousseau estabelece logicamente como postulado que a mulher é naturalmente fraca e
passiva.
Escola, currículos, educadoras e educadores não conseguem se situar fora dessa história.
Mostram-se, quase sempre, perplexos, desafiados por questões para as quais pareciam
ter, até pouco tempo atrás, respostas seguras e estáveis. Agora, as certezas escapam, os
modelos mostram-se inúteis, as fórmulas são inoperantes. Mas é impossível estancar as
questões. Não há como ignorar as “novas” práticas, os “novos” sujeitos, suas
contestações ao estabelecido.
Considerações
Referências
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
LOURO, Guacira Lopes. Teoria queer: uma política pós-identitária para educação.
2001. Estudos Feministas., vol.9, n.2, ano 9, 2001, p.541-553.