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JULIANE DO AMARAL TEIXEIRA

DISLEXIA E INCLUSÃO: EM BUSCA DE SOLUÇÕES

CURITIBA

2015
JULIANE DO AMARAL TEIXEIRA

DISLEXIA E INCLUSÃO: EM BUSCA DE SOLUÇÕES

Artigo Científico apresentado como requisito


parcial à obtenção do grau de Especialista em
Psicopedagogia, Curso de Pós-Graduação em
Psicopedagogia IBPEX – Instituto Brasileiro de
Pós Graduação e Extensão S/S Ltda.

Orientador (a): Annemaria Kottel

CURITIBA

2015
DISLEXIA E INCLUSÃO: EM BUSCA DE SOLUÇÕES

TEIXEIRA, Juliane Amaral1

KOTTEL, Annemaria2

Resumo

Para atender as necessidades de alunos portadores de dislexia, são


necessárias estratégias pedagógicas eficazes e motivadoras. A visão
generalista que se têm da dislexia, faz com que profissionais, ainda que
providos das melhores intenções, não sejam capazes de alcançar êxito. A
análise de cada perfil de dislexia é fundamental para que os resultados
almejados sejam, de fato, alcançados e, principalmente, para que se tornem
capazes de enfrentar situações problemas e desafios cotidianos, com
autoconfiança em busca de soluções e superação. Objetiva-se com este
trabalho, uma reflexão sobre alguns dilemas envolvendo a dislexia e a maneira
como deve ser enfrentada em sala de aula.

Palavras-chave: Dislexia, Dificuldades em Sala de Aula.

1Aluna do curso de especialização em Psicopedagogia do IBPEX – Instituto Brasileiro de Pós


Graduação e Extensão S/S Ltda

2Professora orientadora, Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial e Inclusiva.


Atua como professora da graduação do Centro Universitário Internacional e de pós-graduação
do IBPEX – Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Extensão S/S Ltda .
Introdução

O maior objetivo do professor, ensinar, há muito deixou de ser visto


como mera apresentação de conhecimentos científicos. Esta tarefa apresenta
peculiaridades que a tornam bastante árdua, mas sempre recompensadora.

Observar o progresso dos alunos é o maior combustível para um


verdadeiro profissional da educação. Quantas vezes estas pequenas vitórias
diárias são comemoradas com a alegria de um final de campeonato? E quantas
vezes as voltas pra casa, ocorrem a passos lentos, pois trazem o peso das
frustrações, ao perceber-se que o aluno não alcançou os objetivos propostos?

Antes de professores, estes profissionais são seres humanos. Seres


humanos agraciados com a vontade de ver florescer o saber, brotar a
curiosidade, semear conhecimento. Tarefa nem sempre fácil, mas que os
tornam dignos de serem chamados: Professores.

Na busca por fazer o melhor neste trabalho, faz-se necessário ter em


mente que alunos são sujeitos distintos, que aprendem de maneiras distintas e
que merecem serem respeitados em suas individualidades, em especial em
aprender.

Muitos desses alunos trazem consigo peculiaridades que desafiam aos


mestres na hora de ensinar, tornando este trabalho laborioso: os chamados
distúrbios de aprendizagem.

Mais que lamentar, cabe aos profissionais buscarem conhecimento


para traçarem suas estratégias, a fim de que tornem-se mediadores na
construção do conhecimento. Parafraseando William James, “É a nossa atitude
no início de uma tarefa difícil, que, mais do que qualquer outra coisa, vai afetar
o seu resultado bem sucedido.”

E para esta empreitada, as instituições de ensino podem contar com a


valiosa ajuda do Psicopedagogo. Além da junção dos conhecimentos na área
de psicologia e pedagogia, o psicopedagogo é o profissional que mediará este
processo de construção do conhecimento, tratando das dificuldades de
aprendizagem, diagnosticando, apresentando técnicas, orientando professores
e pais.
Um dos distúrbios de aprendizagem que mais preocupam estes
profissionais é a dislexia, tema do presente trabalho. Este estudo objetiva
trazer alguns esclarecimentos à respeito desta temática, buscando caminhos
possíveis de serem trilhados por alunos e professores, em sala de aula .

2. Fundamentação Teórica

2.1 A DISLEXIA

Diagnosticada pela primeira vez em 1896, Pringle Morgan, definiu a


dislexia como um transtorno de aprendizagem nas áreas da leitura e escrita,
chamando-a de cegueira verbal congênita 2 (OLIVEIRA, 2004).

Este neurologista inglês deparou-se com um estudante de quatorze


anos que apresentava dificuldades apenas na área da leitura e escrita,
comunicando-se com extrema habilidade oralmente. Em parceria com
Hinshelwood, outro médico que estudava casos de lesões cerebrais que
desencadeavam problemas de leitura caracterizaria a dislexia como uma
doença neurológica, que ocasiona déficit de aprendizagem apenas nestas
áreas específicas, acometendo alunos inteligentes nas demais áreas do
conhecimento (HOUT; ESTIENNE, 2001).

A busca pela elaboração de um conceito deste distúrbio de


aprendizagem levou KATES a relatar em seu livro Tecnologias de informação e
comunicação e dislexia: “No decorrer das pesquisas para este livro, tentei
encontrar uma definição única e amplamente aceita de dislexia. Entretanto,
depois de encontrar 28 definições diferentes sem sequer esgotar minha busca,
eu desisti”. (KEATES, 2000, p.1).

Alguns compreendem o portador de dislexia, como alguém que


apresenta dificuldades com a leitura. Ocorre, porém, que nem sempre este
problema será apresentado, podendo apresentar problemas pertinentes a
ortografia, ou a escrita, entre outros.

A British Dyslexia Association conceitua a dislexia como sendo:


Uma combinação de capacidades e dificuldades que afetam o
processo de aprendizagem em uma ou mais das áreas de leitura,
ortografia e escrita. Fraquezas concomitantes podem ser identificadas
nas áreas de processamento da velocidade, memória de curto prazo,
sequencialização, percepção auditiva e/ou visual, linguagem falada e
habilidades motoras. Ela está particularmente relacionada ao domínio
e uso da linguagem escrita, o que pode incluir notação alfabética,
numérica e musical. (PEER, in FARRELL. 2008, p. 29)

No ano de 1995, um conceito de dislexia bastante difundido


apresentava-a como um, entre muitos distúrbios de aprendizagem, que
acarretava dificuldades acadêmicas cognitivas. Segundo LYON (2003), este
distúrbio revela-se por dificuldades em diferentes formas de linguagem; não
apenas na leitura, mas na escrita e na soletração também.

Segundo Davis (2004), a dislexia seria:

(...) um tipo de desorientação causada por uma habilidade cognitiva


natural que pode substituir percepções sensoriais normais por
conceituações; dificuldades com leitura, escrita, fala e direção, que se
originam de desorientações desencadeadas por confusões com
relação aos símbolos. A dislexia se origina de um talento perceptivo.
(DAVIS, 2004, p.38),

Elucida FONSECA (1995), que a dislexia é um sintoma que se


caracteriza pela incapacidade da criança em ler fluentemente ou por não
conseguir compreender o sentido do texto lido.

Segundo Hout e Estienne (2001), este distúrbio acomete crianças com


inteligência normal, que apresentam deficiências na leitura, mas encontrando-
se ainda compatíveis com suas capacidades intelectuais.

A Associação Brasileira de Dislexia (ABD, 2006), acredita que o


transtorno é um distúrbio específico da linguagem, que ocasiona alterações na
leitura, decorrente de uma insuficiência do desenvolvimento fonoaudiológico.
Maria Irene MALUF, Presidente da Associação Brasileira de
Psicopedagogia (ABPp), a principal característica da dislexia é a dificuldade
frente a leitura:

A dislexia é caracterizada fundamentalmente pela presença de


grande dificuldade para a aquisição da leitura, geralmente
acompanhada por idêntica problemática em relação à escrita, quando
não existe atraso cognitivo, problema psicológico ou deficiência
sensorial que justifique tal transtorno. A maioria das crianças
disléxicas sofre com os frequentes fracassos escolares, os quais
geram o rebaixamento da autoestima e, consequentemente, levam a
comportamentos que variam da apatia à agressividade, tornando a
vida escolar e familiar muito desgastante. (MALUF. 2008 disponível
em HTTP//www.partes.com.br/ educação/dislexia.asp)

BALONE (2001) aponta a origem deste distúrbio na base psicomotora,


no eixo corporal, incapacitando sua consciência dos lados esquerdo e direito,
fazendo-as confundir e, em decorrência disso, prejudicando sua aprendizagem
da escrita.

Muitos autores consideram a dislexia como um distúrbio de origem


neurobiológica, decorrentes de causa genética, ou por lesões
neuroanatômicas, adquirida através de acidentes vasculares cerebrais (LYON,
2003).

Dificuldades como copiar conteúdos do quadro ou do livro, soletrar,


aprender músicas e rimas, falta de interesse por livros, bem como dificuldades
em matemática, geometria, montar quebra-cabeças, são alguns dos sintomas
da dislexia, de acordo com ELLIS (1995).

Estas dificuldades acabam por ficar em maior evidência à medida que


os problemas na linguagem falada e escrita tornam-se mais latentes,
colocando-se como um grande desafio ao docente.

Atualmente, muitas instituições públicas e privadas, de ensino


fundamental, não têm ofertado uma resposta adequada às dificuldades de
aprendizagem pertinentes à leitura e escrita (ELLIS, 1995).
Segundo DAVIS (2004), grande parte das escolas, não têm respondido
positivamente à contenda de trabalhar com as necessidades dos alunos que
apresentam problemas pertinentes a aprendizagem, tal qual a dislexia.

Muitas são as classificações e subdivisões da dislexia, de acordo com


o profissional que irá abordá-la. A melhor classificação, aceita
internacionalmente, refere-se à dislexia adquirida e do desenvolvimento.

Também conhecida como primária, a dislexia do desenvolvimento é a


que apresenta dificuldades de obtenção completa da competência da escrita e
da leitura. A dislexia sintomática, ou adquirida, ocorre devido a uma lesão
cerebral, que comprometem a habilidade de leitura já desenvolvida.

De acordo com IANHEZ, pode-se classificar a dislexia em:

Dislexia disfonética: dificuldades de percepção auditiva na análise e


síntese de fonemas, dificuldades temporais, e nas percepções da
sucessão e da duração (troca de fonemas – sons, grafemas –
diferentes, dificuldades no reconhecimento e na leitura de palavras
que não têm significado, alterações na ordem das letras e sílabas,
omissões e acréscimos, maior dificuldade na escrita do que na leitura,
substituições de palavras por sinônimos);

Dislexia diseidética: dificuldade na percepção visual, na percepção


gestáltica, na análise e síntese de fonemas (leitura silábica, sem
conseguir a síntese das palavras, aglutinações e fragmentações de
palavras, troca por equivalentes fonéticos, maior dificuldade para a
leitura do que para a escrita);

Dislexia visual: deficiência na percepção visual; na coordenação


visomotora (não visualiza cognitivamente o fonema);

Dislexia auditiva: deficiência na percepção auditiva, na memória


auditiva (não audiabiliza cognitivamente o fonema).

Dislexia mista: que seria a combinação de mais de um tipo de


dislexia. (IANHEZ. 2002 p. 28)

Muitos são os problemas decorrentes da dislexia. Por não aprender a


ler e escrever, a repetência e evasão escolar ocorre principalmente pela falha
na detecção e acompanhamento do aluno. Além disso, o isolamento e a
vergonha da criança, que se vê como incapaz e desprovida de habilidades
intelectuais necessárias para o aprendizado, minam sua a autoestima e
comprometem seu autoconceito acarretando em solidão e sofrimento.

De acordo com ROTTA, uma postura inadequada perante o grupo;


problemas de comportamento, como agressividade e até envolvimento com
drogas lícitas ou ilícitas, e as mais variadas sequelas decorrem deste problema
de aprendizagem (MOOJEN apud ROTTA. 2006 p. 35).

Dificuldades de aprendizagem e alterações de linguagem podem ser


resultantes de inúmeras causas. Muitos estudos indicam relações com fatores
neurológicos e os avanços que têm ocorrido na neurobiologia, poderão auxiliar
para uma melhor abordagem terapêutica, indicando o tratamento mais
assertivo destes aluno-pacientes.

Atualmente, de 10 a 15% da população mundial sofre de dislexia.


Estima-se que, no Brasil, existam hoje, aproximadamente, 15 milhões de
pessoas com necessidades especiais, entre física, visual, auditiva, mental, de
conduta ou ainda, que as apresente de maneira concomitante. Estima-se que,
nos dias atuais, 90% dos alunos da educação básica, apresentem algum tipo
de distúrbio de aprendizagem congruente à linguagem, como a disgrafia,
disortografia e a dislexia, tema do presente estudo (DAVIS, 2004; Mc CABE
2002).

Muitos são os fatores que podem intervir, de forma positiva e negativa,


o processo de aprendizagem da língua. Entre os negativos, encontram-se os
distúrbios de aprendizagem.

CORREA elucida que este modelo de educação tecnológico, que


influencia países como Espanha, Itália, Portugal e até mesmo o Brasil, têm
acarretado prejudicado ainda mais a educação, em especial aos alunos com
dislexia (CORREA, 2003).

A aquisição da leitura e da escrita implica em fornecer ao estudante,


todos os mecanismos, tanto biológicos quanto psicológicos, necessários ao
aprendizado. As falhas das instituições de ensino, na inclusão destes alunos
com transtornos de aprendizagem, acarretam obstáculos ainda maiores na
construção de seus conhecimentos. É preciso que as escolas estejam
preparadas, com um cabedal de conhecimentos sobre transtornos, sintomas,
desenvolvimento e tratamentos destes problemas de aprendizagem,
principalmente a dislexia, visto que estão presentes de maneira considerável,
nos bancos escolares.

2.2. O PAPEL DO PROFESSOR

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica


determinam os objetivos maiores da educação e o papel dos educadores no
processo de aquisição do saber:

"A educação destina-se a múltiplos sujeitos e tem como objetivo a


troca de saberes, a socialização e o confronto do conhecimento,
segundo diferentes abordagens, exercidas por pessoas de diferentes
condições físicas, sensoriais, intelectuais e emocionais, classes
sociais, crenças, etnias, gêneros, origens, contextos socioculturais, e
da cidade, do campo e de aldeias. Por isso, é preciso fazer da escola
a instituição acolhedora, inclusiva, pois essa é uma opção
‘transgressora’, porque rompe com a ilusão da homogeneidade e
provoca, quase sempre, uma espécie de crise de identidade
institucional ".(BRASIL, 2013, p.25).

Estando traçados os objetivos dos profissionais da área da educação,


resta pensar sobre as estratégias que levariam o professor a alcançar seu
maior intuito: Ensinar.

Os objetivos acima elencados dependem do trabalho pedagógico


realizado pelo professor, bem como dos laços que estabelece com seus
alunos. Uma boa relação com o aluno garante que estes se envolvam nas
atividades de maneira mais que se permitam trilhar por caminhos
desconhecidos rumo ao conhecimento
Os educadores, por sua vez, comprometem-se plenamente quando
envolvidos afetivamente com seus alunos, buscando aperfeiçoamento, novos
caminhos que possibilitem enfrentar as dificuldades com que se depara em
sala de aula. Este vínculo permite ao professor encontrar forças para buscar
diferentes abordagens nas inúmeras repetições que permeiam o caminho em
sala de aula.

É do vínculo que se estabelece entre alunos e professores que surge a


verdadeira educação. É este laço que norteará o educador na busca de uma
atuação pedagógica condizente com estes princípios afetivos estabelecidos,
valorizando as individualidades, respeitando as dificuldades e as peculiaridades
do educando como um sujeito distinto dos demais.

Outrossim, é essencial que os docentes considerem as particularidades


da sua turma, pois num grupo de alunos, muitas dificuldades podem permear a
trajetória da aprendizagem; dentre elas a dislexia, que substancialmente
interfere no trabalho em sala de aula. Presentes os sintomas da dislexia, deve-
se sugerir o encaminhamento clínico do educando e, se confirmado o
transtorno de aprendizagem, faz-se necessário trabalho e dedicação de forma
cooperativa entre escola, profissionais da saúde especializados e família.

FONSECA elucida que as suspeitas do professor, quanto ao aluno ter


algum distúrbio de aprendizagem requerem a construção de seus próprios
instrumentos diagnósticos pedagógicos informais:

Somos de opinião que o professor primário deve ele próprio construir


os seus instrumentos de diagnóstico pedagógico (diagnóstico
informal) a fim de conduzir a sua atividade mais coerentemente… é
do maior interesse o uso de instrumentos que permitam detectar
precocemente qualquer dificuldade de aprendizagem, pois só assim
uma intervenção psicopedagógica pode ser considerada socialmente
útil, pois quanto mais tarde for identificada a dificuldade, menos
hipóteses haverá para solucionar corretamente. (FONSECA, 1995
p.35)

A conduta do professor com estes alunos é primordial para o progresso


na aprendizagem. Não pressioná-la ao que se refere ao tempo, ser flexível
quanto ao conteúdo, fazer críticas construtivas, estimular os alunos em fase de
alfabetização a escreverem em linhas alternadas, buscar descobrir os
interesses e leituras das quais os alunos gostem mais, são algumas posturas
que precisam ser adotadas.

Turmas pequenas de, no máximo, 20 alunos são fundamentais para


que ao professor seja possível observar e auxiliar todas as crianças. A
realidade das salas de aulas abarrotadas de alunos tem evidenciado o quanto
um bom trabalho pode ser prejudicado e o quanto a atenção do professor aos
alunos com distúrbios de aprendizagem acaba sendo mitigado.

Destarte, a alfabetização ocorre em ambientes que estimulem e


promovem a aquisição da linguagem, falada e escrita, que respeitem as
limitações dos alunos, promovendo o amparo às suas dificuldades, em especial
aos alunos disléxicos, exigindo, portanto que o docente esteja familiarizado
com a dislexia, seus sintomas e em como proceder neste s casos.

Nos dias de hoje existem provas específicas que visam diagnosticar e


avaliar as diferentes competências da criança em seu processo de aquisição
da leitura. Este conhecimento sobre o déficit dos alunos permite uma
intervenção precoce que facilita sua trajetória rumo à leitura e aprendizagem.

Antes mesmo da aprendizagem da leitura é possível à observação das


dificuldades do nível de processamento fonológico da criança. Se estes sinais
observados persistirem, poderão os pais mais atentos procurarem uma
avaliação especializada.

Existem alguns sinais que podem indiciar dificuldades futuras. Se


esses sinais forem observados e se persistirem ao longo de vários meses os
pais devem procurar uma avaliação especializada.

Sendo a dislexia uma perturbação neurológica permanente, uma


intervenção precoce e especializada poderão ser os fatores mais importantes
na recuperação dos leitores portadores de tal distúrbio.

Ainda que uma criança apresente grau de inteligência, de visão e


audição normal; de receberem educação adequada, podem apresentar
algumas desordens na aquisição da linguagem, seja ela escrita ou oral.
A atenção aos sintomas é extremamente importante, haja vista que
problemas de origem psicológica, resultantes do processo de aquisição da
linguagem, atrasos em seu desenvolvimento, entre outros, podem ser
confundidos com sintomas da dislexia.

Aos docentes recai a responsabilidade de observar e avaliar sua turma,


encaminhando á profissionais capacitados, os alunos que apresentem
dificuldades de aprendizagem. Tendo a criança disléxica, não sido detectada
antes de adentrar nas redes de ensino, caberá à escola o diagnóstico e
encaminhamento a um atendimento especializado.

A equipe especializada é composta por fonoaudiólogo, psicóloga e pelo


psicopedagogo, que juntos forma a equipe multidisciplinar. São estes
profissionais que, juntos iniciam uma minuciosa investigação a cerca dos
alunos com dificuldades de aprendizagem. Para que haja maior abrangência na
avaliação dos discentes encaminhados, esta equipe poderá recorrer a outros
profissionais como oftalmologistas, otorrinolaringologista, neurologista e demais
profissionais especializados que possam auxiliar esta investigação. Todas as
possibilidades devem ser descartadas e/ou confirmadas antes do diagnóstico
da dislexia.

Todos os alunos que apresentem alguma dificuldade escolar precisam


de educação, carinho, respeito em suas singularidades e, claro, de um ensino
diferenciado, independente da causa destas dificuldades que apresentam.
Quanto antes detectado os obstáculos, melhores serão os resultados da
criança em sua aprendizagem.

2.3 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Ao longo da história o espaço escolar prioriza o âmbito cognitivo em


detrimento da esfera afetiva no processo de ensino-aprendizagem. Esta
postura coopera para a percepção deste processo como sendo apenas
racional, onde o docente repete informações inúmero vezes e o discente as
memoriza.

É importante que a práxis pedagógica seja constantemente repensada,


para que escola e docentes assumam um papel diferenciado frente à
educação. A escola além de ser um ambiente que transforma a criança no
âmbito intelectual contribui para sua formação moral, ética e principalmente
afetiva. Esse vínculo estabelecido entre docente e discente é um poderoso
diferencial que garante o crescimento de ambos, transformando e
desencadeando ações de interação interdependentes e vitais.

Pacificado o entendimento da importância de se criar o vínculo afetivo,


há de se atentar que “Quem ensina mostra um signo do que conhece. Quem
aprende toma, agarra esse signo para construir os próprios”. (FERNANDEZ,
2001, p.78). No processo de aprendizagem o aluno não é uma página em
branco, ele traz conhecimentos próprios e se apropriará de novos
conhecimentos através de uma leitura muito particular, baseada em
competências e capacidades já dominadas. O educador, por sua vez, não
poderá encarar seu trabalho como um fazer neutro, visto que, sendo a
aprendizagem, consequência de interações de estruturas mentais e o meio
ambiente, torna-se um construtor da história.

Orienta MIZUKAMI:

Há várias formas de se conceber o fenômeno educativo. Por sua


própria natureza, não é uma realidade acabada que se dá a conhecer
de forma única e precisa em seus múltiplos aspectos. É um fenômeno
humano, histórico e multidimensional. Neles estão presentes tanto as
dimensões humanas quanto a técnica, a cognitiva, a emocional, a
sócio-política e a cultural. Não se trata de mera justaposição das
referidas dimensões, mas sim da aceitação das suas múltiplas
implicações e relações. (MIZUKAMI,1986, p.1)

Frente a todas as dificuldades que permeiam a aprendizagem,


compreende-se que nem sempre esta abordagem acontece personificada de
bonança. O tumulto e conflitos que a permeiam, tornam o papel do professor
ainda mais determinante e substancial, pois é através de suas observações
que muitas vezes o diagnóstico inicial dos transtornos de aprendizagem ocorre.
A importância do educador torna-se, portanto, proporcional à sua
responsabilidade frente ao processo educativo.

A identificação de um problema de aprendizagem é o alicerce para sua


resolução. Quanto antes se identificar estas dificuldades, mais brevemente
poderá se propiciar o auxílio necessário para solucioná-la ou minimizá-la.

Quanto mais postergar-se o diagnóstico dos distúrbios de


aprendizagem, maiores serão as dificuldades que o aluno enfrentará. De
acordo com estudos, um mal leitor no primeiro ano, continuará um mau leitor
nos anos seguintes, tendo suas dificuldades aumentadas no decorrer do ano,
pois serão cumulativas.

Uma fluência verbal e uma comunicação eficaz são instrumentos


poderosos na superação da desigualdade social. Eis mais uma razão da
importância na superação das dificuldades de aprendizagem: Ler bem e
escrever bem na sociedade de informação da qual todos fazem parte,
tornaram-se imprescindíveis e podem fazer total diferença para o sucesso
profissional e superação de barreiras econômico-sociais.

No que se referem à dislexia, dois são os principais métodos de


intervenção: a alfabetização baseada no método multissensorial e a
alfabetização pautada no método fônico. O primeiro método citado destina-se a
alunos mais velhos, que trazem consigo a marca do fracasso escolar, já a
segunda técnica deve contemplar o início da alfabetização e destina-se aos
docentes mais jovens.

CAPOVILLA traz elucidações bastante pertinentes sobre o método


multissensorial:

A principal técnica do método multissensorial é o soletrar oral


simultâneo, em que a criança inicialmente vê a palavra escrita, repete
a pronúncia da palavra fornecida pelo adulto, e escreve a palavra
dizendo o nome de cada letra. Ao final, a criança lê novamente a
palavra que escreveu. A vantagem desta técnica é fortalecer a
conexão entre a leitura e a escrita. Algumas variantes do método
multissensorial trabalham apenas com os sons das letras, e não com
seus nomes. A maioria delas parte das unidades mínimas (no nível
da letra) para unidades mais complexas (nível da palavra e, depois,
da frase). .

Apesar de requerer muito tempo de intervenção, o método


multissensorial é um dos procedimentos mais eficazes para crianças
mais velhas, que apresentam problemas de leitura e escrita há vários
anos e que possuem histórico de fracasso escolar. (CAPOVILLA,
2009. Disponível em http://www. abpp. com. br/ artigos/ 59. htm)

A associação das letras e seus sons ocorrem no método fônico, onde


se permite a descoberta ortográfica da língua através da associação fonema-
grafema. Para tal utilizam-se textos específicos que propiciam a compreensão
do princípio alfabético da língua pátria, bem como o desenvolvimento de uma
consciência fonológica, seja consoante, ou antes, mesmo da alfabetização.

Segundo CAPOVILLA, tal método têm se mostrado bastante eficaz,


não apenas em crianças que apresentam distúrbios de aprendizagem, tal qual
a dislexia, mas também em alunos sem estes mesmos distúrbios. As
correspondências entre as letras do alfabeto e seus sons criam uma
consciência fonológica, e esta é capaz de repercutir de maneira contundente
na aquisição da leitura e da escrita por parte dos educandos. (CAPOVILLA,
2009. Disponível em http://www. abpp. com. br/ artigos/ 59. htm)
.
Além da busca pela melhor abordagem pedagógica aos alunos com
dislexia, é preciso que o docente se atente à área emocional da criança, pois
esta interfere de maneira muito significativa em seu aprendizado. A valorização
do seu trabalho e das pequenas conquistas diárias dos alunos disléxicos e a
sensibilidade às suas questões emocionais podem intervir nos insucessos
amargamente saboreados pela criança e estes, são capazes de fazê-las.

A palavra de ordem nestes casos chama-se apoio. Apoio em suas


dificuldades apoio em suas conquistas e valorização de todos os esforços
realizados pelo aluno através de observações que sejam positivas e
enaltecedoras.
A valorização do trabalho da criança não se trata apenas de sua
autoestima, mas também das implicações que esta área do conhecimento
poderá ter no que tange ao futuro do indivíduo como profissional.

Evitar situações que constranjam o aluno, avaliá-lo oralmente, leitura


das avaliações para todos os alunos que compõe a turma, avaliações
impressas com letras de tamanho um pouco maiores, tarefas curtas e
motivadoras e a proximidade das carteiras dos alunos que apresentam
distúrbios de aprendizagem, são estratégias bastante eficazes e facilitadoras
neste processo, pois permitem maior atenção e participação do profissional de
maneira contumaz.

Os distúrbios de aprendizagem como a dislexia, só poderão ser


superados mediante a adoção de uma abordagem pedagógica diferenciada,
que visem à valorização, o afeto e o respeito às limitações dos discentes.
Compreender que um pedido de ajuda pode aparecer travestido de indisciplina
e desinteresse pode ser a chave para o sucesso de um bom trabalho em sala
de aula.

Muito se falou sobre o papel do professor frente às dificuldades com


alunos portadores dessa dificuldade de aprendizagem. Qual seria, então, o
papel do psicopedagogo frente à dislexia e todos os percalços que permearão
esta trajetória?

Num país como o Brasil, muitos profissionais da área da educação tem


pouca formação, ou uma formação que poderia ser caracterizada como
“incompleta”, visto que não tem o preparo necessário para compreender a
complexidade dos problemas de aprendizagem com que, diariamente, se
deparam.

Outrossim, TAVARES elucida que uma intervenção adequada minimiza


os efeitos dos problemas de aprendizagem, em especial da dislexia, e para
isso orienta:

A qualificação do professor é de suma importância para superar a


ideia de que o fracasso escolar é uma culpa exclusiva do aluno. O
resultado do desempenho do aluno está ligado ao que se chama de
motivos intra-escolares, o que suscita a responsabilidade do
educador, do orientador educacional, e de outros profissionais que
desenvolvem atividades dentro da escola (TAVARES, 2009, p. 46).

Grande parte da formação do ser humano ocorre na escola e, assim


sendo, o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar têm condição
profilática, buscando criar habilidades e competências para a resolução das
adversidades próprias do ambiente escolar.

É preciso que o papel do psicopedagogo seja analisado sob a ótica da


instituição, que tem por objetivo principal promover o desenvolvimento
cognitivo, socializando conhecimentos através da aprendizagem. Encontra-se
aqui a grandeza deste profissional, que tal qual um maestro, busca tornar a
orquestra afinada, para que o resultado seja melodioso.

Nesta ótica, TANAMACHI esclarece que:

“O psicopedagogo não é um mero ‘resolvedor’ de problemas, mas


um profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade,
pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os
sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da
construção de práticas educativas que favoreçam processos de
humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico”
(TANAMACHI, 2003, p. 43).

Dentro de uma instituição de ensino, o papel do psicopedagogo é


essencial visto que, será ele o profissional apto à orientar e auxiliar os
professores na elaboração de aulas e estratégias que possibilitem facilitar a
compreensão dos conteúdos pelos alunos com dificuldades de aprendizagem.

O diagnóstico institucional de alunos portadores de distúrbios de


aprendizagem, também será realizado pelo psicopedagogo, avaliando estes
problemas pedagógicos que prejudicam o processo de ensino-aprendizagem.

O encaminhamento a outros profissionais, á partir de avaliações


psicopedagógicas; orientarem os pais e responsáveis; auxiliar a direção da
escola; conversar com alunos que precisam de informação; são muitos dos
trabalhos desempenhados pelo psicopedagogo e justamente é este trabalho
que é o pilar para um bom desempenho dos professores em sala de aula e das
instituições de ensino para que efetivamente cumpram seu papel.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aprendizagem é uma construção permanente do indivíduo e do


coletivo, onde a intervenção ocorre mediante ajuda do mediador-professor.
Será ele quem fará as intervenções diretas e pertinentes que auxiliarão no
avanço do processo educativo da criança, fazendo-as superarem suas
dificuldades.

Alguns discentes apresentarão necessidades educativas especiais,


sejam temporárias ou permanentes, advindas de transtornos emocionais,
físicos, de síndromes, cognitivos.

A intervenção precoce é fundamental na recuperação dos alunos


disléxicos, razão esta, que torna a observação e a avaliação do professor,
fatores chaves para a superação destas dificuldades.

Quanto antes família e escola atentarem a estes sinais de dificuldade


e, principalmente, quanto antes se encaminhar a criança à um atendimento
especializado, maiores são as chances de superar estas barreiras de
proporções inimagináveis na vida emocional e cognitiva do indivíduo.

Nem toda dificuldade de aprendizagem ligada a leitura e a escrita pode


ser chamada de dislexia. Alguns destes problemas têm origem emocional,
podem ser decorrentes de déficit auditivo, visual, falta de adaptação ao método
pedagógico e da metodologia utilizada em sala pelo professor.

Ter empatia pela criança que apresenta este distúrbio de


aprendizagem, ao perceber que a dislexia afeta não apenas seu cognitivo, mas
também sua visão sobre o mundo e sobre si mesma é fundamental para que o
professor desempenhe seu papel de maneira eficaz em sala de aula.
REFERÊNCIAS

ABLA, Dalmara Marques. Experiência de Saber - Escola Letra Freudiana -


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