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2º semester de 2010
Professor: Robert Slenes
“Embora a escala como uma característica inerente da realidade certamente não seja
um elemento estranho, no debate da micro-história ela é, sem dúvida, tangencial; porque
o problema real está na decisão de reduzir a escala de observação para propósitos
experimentais. O princípio unificador de toda pesquisa micro-histórica é a crença em
que a observação microscópica revelará fatores previamente não observados. Alguns
exemplos desse procedimento intensivo são a reinterpretação do caso contra Galileu
como uma defesa das noções aristotélicas de substância, e da Eucaristia contra um
atomismo que teria tornado impossível a transformação de vinho e pão em sangue e
carne; o enfoque sobre um único quadro e a identificação de quem ele representa como
um meio de investigação do mundo cultural de Piero della Francesca; o estudo das
estratégias matrimoniais consangüíneas em uma pequena aldeia na região de Como para
revelar o universo mental dos camponeses do século dezessete; a [análise da] introdução
do tear mecânico, observada em uma pequena aldeia têxtil, para explicar o tema geral da
inovação, seus ritmos e efeitos; o estudo das transações de terra de uma aldeia para
descobrir as regras sociais do intercâmbio comercial que operam em um mercado (...).
(...)
“Apesar de ter suas raízes no interior do círculo de pesquisa histórica, muitas das
características da micro-história demonstram os laços próximos que ligam a história à
antropologia – particularmente aquela ‘descrição densa’ que Clifford Geertz encara
como a perspectiva adequada do trabalho antropológico. Em vez de se iniciar com uma
série de observações e tentativas para impor sobre elas uma teoria do tipo legal [sic:
deve ser ‘teoria que tente estabelecer “leis”’], esta perspectiva parte de um conjunto de
sinais significativos e tenta ajusta-los em uma estrutura inteligível. A descrição densa
serve portanto para registrar por escrito uma série de acontecimentos ou fatos
significativos que de outra forma seriam imperceptíveis, mas que podem ser
interpretados por sua inserção no contexto, ou seja, no fluxo do discurso social. Essa
abordagem é bem-sucedida na utilização da análise microscópica dos acontecimentos
mais insignificantes, como um meio de se chegar a conclusões de mais amplo alcance”.
Giovanni Levi, “Sobre a Micro-História”, in: Peter Burke, org., A Escrita da História:
Novas Perspectivas (São Paulo: Ed. Unesp, 1992), pp. 139-40.
2. A seguir, uma citação do historiador Stuart Schwartz a respeito do padrão de posse de
escravos no Brasil na primeira metade do século XIX e suas implicações sociais,
culturais e políticas. Comente o trecho (concordando, discordando, criticando) à luz da
bibliografia sobre as questões levantadas por ele.