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MELANCOLIA, HOJE CONHECIDA COMO DEPRESSÃO

“A melancolia é uma névoa carregada


de tristeza que cobre tudo”. (Longfellow)

Situando significados:

Melancolia é uma palavra grega. Ela corresponde a uma tristeza vaga, permanente e
profunda, que leva o sujeito a sentir-se triste e a não desfrutar dos prazeres da vida. Ela pode surgir
devido a causas físicas e/ou morais. Os especialistas consideram que a melancolia, à semelhança da
tristeza e de outras emoções, passa a ser patológica a partir do momento em que altera o
pensamento normal do indivíduo e dificulta o seu desempenho social. Por exemplo: é considerado
normal uma pessoa sentir-se melancólica uma tarde qualquer e, assim, ficar em casa sem fazer nada.
Em contrapartida, se esse comportamento se repetir durante vários dias e o sujeito abandonar sua
vida social ou suas obrigações, a melancolia passa a ser um tipo de depressão que requer
tratamento.
A depressão é um problema médico grave e altamente prevalente na população em geral.
De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está
em torno de 15,5%. Segundo a OMS, a prevalência de depressão na rede de atenção primária de
saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico. De acordo com a OMS, a
depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus
acarretados por todas as doenças durante a vida. Ocupa 1º lugar quando considerado o tempo
vivido com incapacitação ao longo da vida (11,9%).
Tratando-se do termo melancolia, ele tem pouco de poético ou evocativo. É um vazio sem
forma, um desejo do ontem que nos afasta completamente do presente. Poucos estados nos
acrescentam uma tão característica quietude, cansaço e esgotamento psicológico a ponto de moldar
um subtipo de depressão muito específico que, em muitos casos, pode ser bastante grave.
O pintor Victor Hugo (1802-1885) dizia que a melancolia é a felicidade de estar triste. O
escritor francês Stendhal (1783-1842) dizia que aqueles que se dedicavam à escrita, pintura ou
poesia eram pessoas propensas à melancolia. Dessa forma, percebe-se que esse estado emocional
sempre esteve relacionado ao impulso natural que conecta o ser humano à criatividade, ao lado mais
virtuoso e profundo do nosso ser que usa a tristeza em benefício próprio.
Sem melancolia a tinta acabava, os românticos daquela época costumavam pensar. No
entanto, o que os artistas dessas épocas se esqueceram é que os gregos cunharam esse termo para
diagnosticar o que hoje se conhece como depressão. Foi Hipócrates (460 a.C.-370 a.C.) quem
sugeriu que a melancolia era um excesso de bile negra, que levava a pessoa a se sentir
desencorajada, assustada, triste, etc.
Mais tarde, Freud (1856-1939) começou a se aprofundar nessa ideia para lhe dar uma base
clínica autêntica. A melancolia, portanto, não é mera tristeza, não é aquele estado catalisador capaz
de fazer surgir nossas musas. A melancolia é como a metáfora cinematográfica trazida por Lars Von
Trier (1956, 63 anos) em seu famoso filme “Um planeta chamado depressão” que, de um momento
para outro, pode colidir conosco para nos destruir por inteiro.
Assim, quando a melancolia bate à porta das pessoas, elas ficam todas suscetíveis a sentir
tristeza em um determinado momento, a perceber esse vazio de nostalgia, onde se introduzem as
lembranças de ontem que os fazem ver o presente com um halo de tristeza. No entanto, geralmente
esses estados são pontuais e limitados no tempo. Além disso, os psicólogos lembram que, embora a
tristeza tenha muitas vezes um efeito de halo, ela geralmente permite espaço para outros afetos,
pensamentos e motivações.
Agora, quando a melancolia se instala na vida das pessoas, não deixa espaço para mais
nada. A pessoa deixa de sentir prazer, curiosidade, interesse… De fato, Silber, Rey, Savard e Post
(1980) definem o estado melancólico como “inacessibilidade afetiva”. Ou seja, a pessoa apresenta
uma clara impossibilidade de sentir qualquer tipo de afeição, inclusive a tristeza. O que existe, na
realidade, é uma alteração completa da emotividade.
Por outro lado, vale a pena notar algo ainda menos importante. Na nova edição do DSM-V
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a melancolia é descrita como um
subtipo de depressão maior. Algumas pessoas não concordam com essa classificação e preferem vê-
la como um transtorno afetivo identificável e separável dela. Seja como for, devemos estar certos de
que estamos diante de um transtorno depressivo com uma série de características bastante claras.
Já sinalizados, os sintomas da melancolia, a sua principal característica é a incapacidade de
sentir afeição. Não há prazer, não há interesse, não existe aquela emotividade associada à tristeza
onde podem ocorrer lágrimas ou a expressão de desconforto. A melancolia é a quietude, é o vazio, e
um anseio permanente por algo que a pessoa não consegue definir.
Além disso, também se evidencia retardo psicomotor, dificuldade de raciocínio, exaustão
física e mental permanentes. Outra característica comum é a incapacidade de explicar seu estado, de
se conectar com sua realidade interna e de poder comunicar com palavras o que está lhes
acontecendo, o que sentem.
Finalmente, um fato que normalmente diferencia a depressão melancólica de outras
depressões é a incapacidade de pensar. Em outros transtornos depressivos, os pacientes
experimentam um grande número de pensamentos nervosos, obsessivos e exaustivos, onde sem
dúvidas não faltam as ideias suicidas. Na melancolia, o último não acontece.
Nas palavras do psicólogo Giovanni Stanghellini, “se a depressão maior é um naufrágio
com espectador, a melancolia se assemelha a um naufrágio sem espectador“. Ou seja, enquanto a
pessoa depressiva geralmente busca um sentido para sua depressão, a pessoa melancólica fica
confinada em si mesma e não vê nem sente nada.
Dessa forma, a melancolia tem uma abordagem terapêutica. O tratamento que a pessoa
melancólica receberá irá depender basicamente de seu diagnóstico. Como já se sabe, não há apenas
um tipo de depressão, então quando a melancolia aparece como uma categoria descritiva, várias
coisas podem acontecer. A primeira é definir se estamos diante de um paciente com depressão
maior, depressão melancólica bipolar, síndrome de Cotard ou uma melancolia delirante ou não
delirante.
Tudo irá depender, sem dúvida, da avaliação feita pelos profissionais e do caso particular
desse paciente. Na maioria dos casos e dado que muitas vezes a raiz desta condição clínica é
biológica, as pessoas respondem muito bem aos tratamentos farmacológicos. Da mesma forma, a
terapia cognitivo-comportamental por sua vez, surge como uma estratégia com bons resultados.
Finalmente, e nos casos mais graves, como podem ser as depressões profundas, serão
necessários outros tratamentos psiquiátricos e um acompanhamento mais próximo e constante. Seja
como for, estamos diante de uma condição psicológica que afeta 2% da população e que geralmente
responde muito bem às abordagens terapêuticas que temos atualmente.
Para refletir: “Melancolia, a felicidade de estar triste. Quando nos sentimos melancólicos,
nosso estado de ânimo costuma se associar à tristeza. Será que a melancolia é mesmo a felicidade
de estar triste?”.

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