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ABSTRACT: This article aims to reflect about the dissatisfaction often observed in
classrooms and about what can be done to reverse this situation. It presents an
analysis of the reality experienced by the Primary School of State College Pedro
Viriato Parigot de Souza, City of Marialva - PR, in the year 2008, whereas the
situation is not very different in most public schools. The text makes reference to
several authors who discuss the theme saying about the joy that school can and
should provide to its students, as Georges Snyders, Paulo Freire, Moacir Gadotti and
Paulo Roberto Padilha. The application of questionnaires and a series of meetings
with parents, students, teachers, Educational Team and Direction allowed the
diagnosis and the discussion of possible actions. The work contributed to the
awareness of the group and allowed the identification of some simple problems to be
solved, however, others require the commitment of all so that results are achieved in
the medium and long term. In order to the so dreamed school become a reality, the
anti-school speech should lead to proposals for improvement.
Introdução
particular. Concordando com Snyders (1997), ele diz que todos devem vivenciar as
alegrias da vida cotidiana para que, na somatória das diferentes culturas, possam
reinventar sua própria expressão cultural e ir além do elementar. Assim, mais do que
espaços transmissores, reprodutivos e ensinantes, “as festas contribuem com a
criação de novos espaços relacionais, criativos e aprendentes” (PADILHA, 2003,
p.87).
Vale lembrar aqui a experiência de Makarenko: na Colônia Gorki e Comuna
Dzerjinski, o teatro, que despertava grande interesse em seus educandos, foi
utilizado também para aproximar a comunidade. Esse autor fala ainda sobre a
importância de se constituir um grupo coeso. Nas palavras de Makarenko (1987b, p.
192), “o coletivo infantil deve necessariamente crescer e enriquecer, vislumbrar à
sua frente um amanhã melhor e lutar por ele num jubiloso esforço comum, num
sonho alegre e obstinado”. Cada um deve saber que faz parte do grupo e tem de
encarar o outro “como o seu companheiro mais chegado e principal amigo, tem a
obrigação de respeitá-lo, defendê-lo, ajudá-lo em tudo se ele precisar de ajuda, e
corrigi-lo se ele errar” (1986, p. 128). O referido autor explica ainda que devemos
partir das alegrias mais simples e instituir gradualmente outras mais significativas,
alargando as perspectivas do grupo de modo que ele avance da “satisfação primitiva
com qualquer pedaço de pão-de-mel até o mais profundo senso de dever” (p. 177).
O grupo deve ser levado a compreender que
Gadotti (2000), por sua vez, destaca que o caráter permanente da educação –
exigência da sociedade atual que nos leva a passar a vida toda estudando – faz com
que a felicidade na escola não seja “uma questão de opção metodológica ou
ideológica, mas sim uma obrigação essencial dela” (p. 9). Ele ressalta ainda que,
para Snyders, o educador necessário, nesse momento, é aquele que consegue
realizar, na prática, a unidade dialética entre o cognitivo e o afetivo. Se, por um lado,
não há nada no pensamento que não tenha surgido das primeiras sensibilidades,
por outro, um novo conteúdo é dado às sensibilidades pela luz da razão. A esse
respeito, Taam (2004) esclarece que a afetividade não pode ser entendida como
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sinônimo de carinho, pois ela envolve tudo o que nos afeta, sejam pessoas ou
coisas, produzindo sentimentos e emoções. A emoção é a expressão orgânica da
afetividade (é corporal, visível e tem efeito de contágio) e o sentimento é a
afetividade filtrada pela razão. Se a alegria é uma emoção que sinaliza equilíbrio e
bem-estar, ela é condição para que a pessoa se disponha a fazer algo para mudar
sua realidade e o meio social em que vive. Somente pessoas felizes são confiantes
e têm esperança. Para equilibrar as emoções (expressões orgânicas da afetividade),
precisamos fazer uso da razão e do movimento. Segundo Henry Wallon (1879-
1962), “a razão é o antídoto da emoção”. Assim, é importante que o professor se
habitue a indagar ao aluno não só o que ele entendeu, mas também o que sentiu ao
ler determinado texto, ao tentar resolver um problema, ao saber de um fato histórico
ou fenômeno natural, ou seja, o professor deve se dar conta de que a receptividade
do conteúdo resulta na produção de idéias, sentimentos e emoções.
Como a sensibilidade (capacidade de recepção do mundo) é a porta de
entrada para o conhecimento, a escola deve garantir um espaço para músicas,
poesias, danças, filmes e até mesmo para uma boa conversa. Tais atividades
influenciam nos estados e disposições psíquicas porque agem diretamente sobre o
aparelho do equilíbrio, os canais semicirculares e o labirinto, podendo produzir um
efeito calmante sobre a emoção (TAAM, 2004). Se afeto e cognição caminham
juntos, o educador não pode preocupar-se apenas com a apropriação dos
conteúdos. Sem negar a ciência e a razão, é importante cuidar da emoção fazendo
da sala de aula um ambiente acolhedor. Isso requer interação com a pessoa, exige
conhecê-la, respeitá-la, acolhê-la e ajudá-la a ser tudo o que é capaz de ser,
levando-a a superar seus limites e dificuldades. Se a aceitação do outro, com todas
as suas circunstâncias, é fundamental no trabalho pedagógico, igualmente
importante é fazer com que cada um realize suas potencialidades.
As pessoas são afetadas por aquilo que o outro diz e faz, e a forma como isso
acontece também conta. Segundo Vasconcellos (1996), as circunstâncias dão
sentido às palavras, aos gestos e aos silêncios. Portanto, é importante estar alerta
ao tom de voz, às expressões e aos gestos utilizados para que estes não sejam
fatores geradores de conflitos entrópicos, que desgastam os relacionamentos, o que
não ocorre quando os conflitos elevam o patamar da compreensão mútua e de
determinado assunto, objeto da discussão. Para Leite (1983, p. 237),
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que os alunos esperam, então o mestre deixa de ser o inimigo e já nem é um ser
exterior” (SNYDERS, 1978, p. 313). Os alunos somente terão acesso a conteúdos
verdadeiros se estes estiverem em continuidade com sua própria experiência. É
necessário também que haja uma ruptura, ou seja, que ultrapassem a experiência
inicial, pois “as necessidades não são inerentes ao indivíduo. A produção material da
sociedade é que determina os hábitos, gostos e necessidades. Por isso a educação
não pode limitar-se aos desejos manifestos” (p. 320), mas, partindo deles, deve ir
além.
As críticas à escola são tão freqüentes e tão intensas que, muitas vezes,
geram pessimismo e desânimo, pois dão a impressão de que nada pode ser feito.
Embora as mudanças na Educação exijam ações muito mais amplas, “a constatação
do desencantamento deve mobilizar para uma renovação urgente das práticas
escolares” (CALDAS e HÜBNER, 2000), pois o discurso anti-escolar deve dar lugar
a propósitos de melhoria.
Nas palavras de Snyders, em entrevista à professora Lourdes Stamato de
Camillis (2006, p. 164):
A tabela acima mostra as médias das notas atribuídas pelos alunos nos
quesitos apresentados, revelando que o nível de insatisfação não é tão alto quanto
se imaginava, pois a grande maioria (80%) ficou acima de 7,0. As médias mais altas
se concentraram no atendimento da Equipe Pedagógica e Direção, ficando as
médias mais baixas para o relacionamento entre professores e alunos, o que indica
a necessidade de uma intervenção nessa área. Como a merenda escolar e o
atendimento na Biblioteca também apresentaram algumas médias baixas, é
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7
conteúdos trabalhados
6
atividades em sala de aula
Notas
5
tarefas solicitadas
4 atividades extra-classe
formas de avaliação
3
30
Fico quieto/não participo
Fico bravo/nervoso/mal-humorado
25
Fico conversando
Procuro resolver
5
Fico desanimado/não participo
De nenhum jeito
0
13
14
12
10
Númeroderespostas
As brigas
8
Pessoas intrometidas/chatas/folgadas/exibidas
A sujeira
4
Deboche/xingamentos/provocações
A necessidade de reforma/pintura
12
10
8
Número de respostas
A bagunça/muita conversa
6
Xingamentos, deboches, apelidos
2
Conversas durante a explicação
Quanto às medidas mais urgentes a serem tomadas para que fiquem mais
satisfeitos com a escola, as duas respostas mais freqüentes dos pais e dos alunos
foram a necessidade de reforma/pintura e a conclusão da quadra. Isso confirma a
posição defendida por Paulo Roberto Padilha quando diz que o fato de a escola
estar bonita também contribui para que a alegria esteja presente nela. Felizmente e,
graças ao empenho da Direção, isso foi resolvido. A luta vinha de longa data, mas
finalmente, neste ano e após a realização da pesquisa, a quadra foi coberta (com
verba do governo estadual) e a pintura externa foi concluída (por meio de
promoções e doações). Ainda há muito que fazer, mas isso coincidiu com os anseios
manifestos.
Os alunos mencionaram ainda a importância de incluir atividades diferentes
dentro e fora da sala de aula, a necessidade de melhorar o humor de alguns
professores e de melhorar o relacionamento entre eles próprios, acabando com as
brigas e adotando “medidas mais severas com quem apronta”. Muitos reconheceram
que o comportamento em sala de aula não está bom e se mostraram insatisfeitos
com a falta de sanções adequadas. Alguns alunos e pais solicitaram que os
“bagunceiros e folgados sejam retirados da escola”, um aluno sugeriu “puxão de
orelha” e uma mãe chegou a falar em “trabalho braçal” como penalidade. Após
esclarecimentos sobre a legislação que impede tais medidas, vários pais se
mostraram indignados com a falta de alternativas. Isso indica que a discussão
precisa ser retomada, preferivelmente em uma reunião que conte com a participação
de representantes do Conselho Tutelar e do poder judiciário, além de professores,
pais e alunos, lembrando que a questão do mau-humor docente deve ser incluída na
pauta de discussões.
A escola tem sido levada a acolher a todos, indistintamente, sem que estes
recebam qualquer outro tipo de apoio capaz de promover sua verdadeira inclusão
social. Alguns alunos freqüentam a escola porque são obrigados, mas não se
sentem parte do grupo (freqüentam a série que não condiz com sua faixa etária, por
exemplo). Todos precisam estar bem integrados à sua comunidade, mas freqüentar
a escola, por si só, não garante sua promoção como cidadão. A quantidade de
analfabetos funcionais é expressão cabal deste fato. Segundo dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio - PNAD, desenvolvida pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), no Brasil, em 2007, o analfabetismo funcional
atingiu 21,7% da população. Pode uma pessoa que não desenvolveu a habilidade de
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equilíbrio das emoções, todos devem se empenhar para que isso realmente
aconteça durante o ano letivo. A experiência tem demonstrado que atividades dessa
natureza tendem a aproximar alunos e professores, criando um vínculo afetivo
maior. É importante lembrar ainda que muitas delas devem ser estendidas aos pais
a fim de promover uma maior integração e de elevar também seu nível cultural.
Contudo, após discussão, os alunos concluíram que “atividades diferentes” são
necessárias, mas não dá pra acontecer todos os dias. Tudo o que foge da rotina
tende a atrair a atenção e não há quem não goste de novas experiências, mas assim
como a alimentação diária, as roupas que vestem e os ambientes que freqüentam
costumam ser os mesmos, também não há como participar de uma aula diferente
sempre.
É preciso levar em conta ainda que a realização de festivais de músicas,
poesias, danças, teatro, campeonatos e atividades similares requerem um tempo
grande para sua organização e podem comprometer o desenvolvimento dos
conteúdos programáticos, sem falar dos recursos que demandam. Muitas escolas
não contam sequer com espaço físico adequado para a realização dessas
atividades. Todas essas dificuldades, no entanto, devem ser encaradas como
desafios a fim de que sonhos possam se concretizar. Não sendo um impedimento,
convém lembrar que o domínio dos conhecimentos é condição necessária para que
os alunos atuem na sociedade de forma a modificá-la, ou seja, só assim poderão
participar das lutas contra o sistema capitalista e por uma sociedade mais justa e
igualitária. Diante do impasse, o que fazer? Uma alternativa seria uma escola de
tempo integral, na qual os alunos pudessem realizar todas essas atividades sem
comprometer o trabalho em sala de aula. A LDB traz, em seu Art. 34:
Snyders (1978), a renovação dos conteúdos deve acontecer, mas a escola precisa
dar conta de prepará-los para agir no mundo. Mesmo considerando seus interesses,
ela deve ir além de seus desejos imediatos, ou seja, deve buscar formas de ampliá-
los.
Para o aluno, interessa aquilo que está relacionado ao que é vivido por ele, no
seu cotidiano. Falar daquilo que o aluno vive, das suas circunstâncias, é o que torna
os conteúdos significativos. Quando os alunos percebem que existe uma relação
entre o conteúdo e sua vida cotidiana, suas necessidades, problemas e interesses,
cria-se um clima de predisposição favorável à aprendizagem (GASPARIN, 2003).
Por isso, o professor deve iniciar o seu trabalho investigando a prática social
imediata dos alunos a respeito do conteúdo curricular proposto, ou seja, o que
sabem, sentem, vivem em relação ao tema. Assim, a realidade vivida passa a ser o
ponto de partida para a construção do conhecimento escolar, que deve ter uma
finalidade social, ou seja, para que, em fases posteriores, o aluno faça uso dele em
sua vida. Na perspectiva histórico-crítica, o retorno à Prática Social deve ser o ponto
de chegada do processo pedagógico (prática – teoria – prática).
Diante das reclamações sobre as carteiras ruins, de sentarem onde o
professor manda, dos chicletes que precisam ser retirados do chão e dos
professores que reclamam muito, os alunos perceberam que as soluções dependem
principalmente de suas próprias ações. Alguns professores, por sua vez, foram
alertados sobre a preguiça de escrever no quadro (quando ditam todo o conteúdo ou
pedem para algum aluno registrar as atividades no quadro), sobre a falta de
planejamento das aulas e sobre a necessidade de maior incentivo à leitura. Isso
revela que os alunos estão atentos à prática desenvolvida pelos educadores.
Quando alguns alunos solicitaram atividades e provas fáceis, aulas vagas,
maior tempo de intervalo, mais passeios, menos atividades escritas, menos tarefas,
menos conteúdos e que os livros fiquem na escola, após discussão, muitos deles
reconheceram que seu objetivo não tem sido a aprendizagem, confundindo o papel
da escola com sua necessidade de lazer, que precisa ser discutida e valorizada.
No momento em que foram desafiados a se colocar no lugar dos mestres, um
terço dos alunos não conseguiu fazê-lo, pois responderam de acordo com o que eles
mesmos esperam da escola. Disseram, por exemplo, que se fossem professores, as
medidas mais urgentes para se sentirem mais satisfeitos com a profissão, seriam
“atividades diferentes dentro e fora da sala” e os “professores terem mais calma e
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Considerações finais
Referências:
PADILHA, Paulo Roberto. Uma escola mais bela, alegre e prazerosa. In: Lecciones
de Paulo Freire, cruzando fronteras: experiencias que se completan Moacir Gadotti,
Margarita Gomez y Lutgardes Freire. 2003 ISBN 950-9231-83-5. Disponível em:
<http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/freire/padilha.pdf>. Acesso em: 28 out.
2008.
SNYDERS. A escola pode ensinar as alegrias da música. 3. ed. São Paulo: Cortez,
1997.