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INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
A escola e a desigualdade
1 OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
2 COMEÇANDO A HISTÓRIA
Caro aluno, esperamos que você tenha percebido que, desde a primeira aula,
não fizemos outra coisa senão problematizar a educação e os sistemas de ensino.
Desde as linhas iniciais, tivemos o cuidado de erigir um conjunto de reflexões
pautado numa perspectiva crítica sobre as formas de ensinar-aprender-ensinar.
Também vimos que, apesar da importância que a escola tem para a Sociologia, o
estudo dos processos de socialização não dispensa, necessariamente, nenhuma
análise empírica do ambiente escolar. Sabemos que a escola não ensina a
totalidade da vida coletiva. No entanto, do lado oposto da equação, vimos que
o estudo empírico das práticas realizadas no ambiente escolar não pode deixar
de lado a apreciação das estruturas, das relações e das disputas engendradas
para além dos muros escolares.
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AULA 6
3 TECENDO CONHECIMENTO
Feito esse preâmbulo, uma primeira reflexão requer que demonstremos como a
Sociologia entende a escola. Como temos feito até aqui, poderíamos perguntar
o que vem à sua mente quando ouve o vocábulo escola. Mas não faremos
isso, pois, na impossibilidade de uma comunicação mais próxima e imediata,
seríamos, novamente, obrigados a supor que a sua resposta estaria impregnada
do entendimento apriorístico e limitado do senso comum. Então, para evitarmos
esse juízo de valor, basta dizer que, para a Sociologia, a escola é, antes de qualquer
coisa, uma instituição social. Dada essa afirmação, outra pergunta deve ser
respondida: o que é uma instituição social?
Apesar de parecer inocente, essa é uma questão das mais complexas para a
Sociologia, principalmente quando estamos diante de um principiante.
Então, quando falamos em instituição social, não pense que estamos nos referindo
ao lugar onde as práticas são realizadas. Afaste também o impulso de acreditar
que, para a Sociologia, instituição é aquela pessoa jurídica a qual o Estado atribui
obrigações e exige uma razão social e um CNPJ.
Conforme Fichter (1973, p. 297 apud LAKATOS; MARCONI, 1987, p. 182), uma
instituição social é entendida como “uma estrutura relativamente permanente
de padrões, papéis e relações que indivíduos realizam segundo determinadas
formas sancionadas, com o objetivo de satisfazer necessidades sociais básicas”.
Parece complicado, mas não é. Por enquanto, basta saber que instituição é uma
unidade social criada para atender aos objetivos da vida coletiva. Ela é um fato
social e sempre vai existir onde quer que haja agrupamentos humanos.
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A escola e a desigualdade
De acordo com Florestan Fernandes (2004), as instituições sociais não são apenas
partes constituintes da sociedade, pois elas compõem ou formam as sociedades.
Para o sociólogo:
Instituição é uma sociedade em miniatura. Possui uma
estrutura, pessoal e cultura próprias; e conta com padrões
organizatórios específicos, que regulam sua capacidade de
atender aos fins e às necessidades sociais que dão sentido à
sua existência, continuidade e transformação. (FERNANDES,
2004, p. 275).
pela coletividade, por meio do consenso. Isso significa que a família é uma estrutura
socialmente reconhecida pelo conjunto das pessoas que fazem parte do grupo.
Observe, pois, que todas as instituições sociais têm uma função (meta/objetivo/
propósito) e estrutura. A função é o elemento agregador, enquanto que a estrutura
é o elemento organizador e que possibilita a convivência social. Ambas as
características são definidas a partir da forma de atuação das instituições sociais,
que podem ser: regulativas ou operativas. As instituições regulativas, como sugere
o nome, são aquelas que regulam as condutas dos agentes. Aqui se enquadram
a religião, a escola e a família. As instituições operativas caracterizam-se pela
sua atuação em atividades operacionais e práticas da vida social, tais como o
departamento de cobrança de impostos, o departamento de trânsito, a divisão
de limpeza urbana, etc.
Na tentativa de deixar essa explicação mais clara, podemos dizer que uma
instituição social pode estar representada por um grupo, mas aquela transcende a
este, uma vez que as regras e os valores instituídos são aceitos por uma instância
maior: o corpo social, a sociedade e uma determinada cultura.
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A escola e a desigualdade
“Vais encontrar
o mundo, disse-me
meu pai, à porta do
Ateneu. Coragem
para a luta.”
Figura 1
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Neste ponto, cabe o alerta de que o sistema escolar também distingue e exclui
os agentes que não conhecem/reconhecem e não dominam a cultura ensinada
na escola. Mas o problema aqui está relacionado ao que definimos como cultura
escolar. De acordo com a sociologia de Bourdieu, a cultura escolar é sinônima de
cultura erudita. Neste caso, qualquer outra forma de socialização parece estar
em relação oposta aos sistemas de pensamento escolares.
Cabe ainda dizer que, nas sociedades modernas burguesas, a cultura escolar cria
rituais próprios ao tipo de socialização que se pretende aos seus indivíduos. Mas
esses rituais nem sempre foram considerados rotineiros para muitas culturas,
pois algumas destas nem os conhecem.
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A escola e a desigualdade
No fundo, o que pretendemos dizer é que existe uma “arte” e uma cultura que
se inventa, se articula e se reinventa na escola, cabendo a cada sujeito assimilar
e interiorizar, por meio da aprendizagem escolar, esse conjunto especial de
esquemas fundamentais à organização do pensamento que lhes permitem
participar da vida social.
Nesse sentido, pode-se dizer que, na era moderna, é a escola, e na escola, que
se opera a transformação do mundo natural para o mundo sociocultural, ou
seja, o mundo natural se torna significante na escola. Pois é ela que fornece
os princípios da ordenação e o modo como as coisas são operadas no mundo
cultural moderno.
Figura 2
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Como se pode ver, prezado aluno, um cenário como esse tende a gerar sistemas
culturais distintos, que, na maioria das vezes, tendem a transformar-se em
universos autônomos e autárquicos. Ou seja, em detrimento das outras formas
de saber, cada “escola” tende a se fechar em si mesma, pois cada uma pretende
afirmar, valorizar e perpetuar os seus próprios códigos.
Em outros termos, isto significa que todo ensino deve
produzir, em grande parte, a necessidade de seu próprio
produto e, assim, constituir enquanto valor ou como valor
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A escola e a desigualdade
Como se pode ver, à escola não cumpre apenas estabelecer o consenso sobre o
significado e conteúdo dos códigos de comunicação, ela também é responsável
por consagrar a diferença entre as classes cultivadas (erudita) e as classes populares
(ralé, conforme o sentido atribuído por Jessé de Souza). Isso porque a cultura
transmitida pela escola distingue os que recebem e os que não recebem a
cultura legítima.
Exercitando
Nessa atividade, você pode refletir sobre que tipo de indivíduo o IFPB se empenha
em formar, como ele reproduz os valores socialmente aceitos ou como reforça
as práticas sociais modernas, etc.
O objetivo é que você reflita e produza um texto, que deve ser enviado para o
seu tutor. Também sugerimos que esse texto seja enviado para um dos fóruns
disponíveis no AVA.
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5 TROCANDO EM MIÚDOS
Nesta aula, a instituição social foi tratada como uma instância da organização social
que permite a integração dos indivíduos à sociedade. Ela não pode ser definida pelo
lugar físico que ocupa ou pelas pessoas ou grupos que a representam, mas pelo
conjunto de valores, regras e funções que veicula e realiza. As instituições sociais
podem ser classificadas em regulativas e operativas, conforme a sua finalidade. As
primeiras são responsáveis por resguardar, transmitir e reproduzir valores, regras
e comportamentos; as segundas se definem por funções operacionais, como a
organização econômica, jurídica e espacial. A escola, enquanto uma instituição
regulativa, é o lugar de socialização do indivíduo moderno, onde ele é inserido
para assimilar um padrão comportamental desejado. Vimos que a escola valoriza
o conhecimento erudito e opõe-se aos valores da cultura popular. Por esse fator,
podemos dizer que ela está na base da definição das posições ocupadas pelo
indivíduo na sociedade ocidental, uma vez que isso não depende apenas do
acúmulo de bens, mas da capacidade de assimilação dos conhecimentos, valores
e comportamentos desejados.
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6 AUTOAVALIANDO
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REFERÊNCIAS
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