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GEOPROCESSAMENTO

É um procedimento integrante dos SIGs (Sistema de Informações Geográficas) e baseia-se em


selecionar e trabalhar em torno de imagens de satélite e fotografias aéreas para a produção de mapas
e representações cartográficas em geral. É fruto das inovações tecnológicas, que permitiram a
manipulação de informações, podendo identificar determinadas características da superfície terrestre e
ordená-las em cores, formas e legendas variadas.
Através do geoprocessamento, a produção de mapas deixou de ser realizada necessariamente a partir
de medições técnicas e observações superficiais, o que colaborou para o aumento da precisão das
representações gráficas e na melhoria das qualidades das informações obtidas.
As imagens de satélite ou de fotografias aéreas são tratadas a partir de softwares
específicos, como o ArcGIS e o Spring, que selecionam e separam informações que, a olho nu, são
inseparáveis, como o relevo, hidrografia, altitude, população, vegetação, dentre outras.

Além disso, os programas de geoprocessamento são importantes para o monitoramento de áreas ou a


localização de determinados pontos. Um equipamento bastante popular que utiliza essa tecnologia é o
GPS, muito utilizado para determinar ou encontrar uma localização e até descobrir as melhores rotas
para chegar a um determinado local.
O geoprocessamento, através do uso e estudo de imagens de satélites, permite também acompanhar e
analisar eventos passados sobre a superfície ou a evolução de determinados fenômenos geográficos.
Isso porque os satélites armazenam todas as imagens obtidas ao longo do tempo em que esteve em
órbita. É possível, por exemplo, observar o grau de crescimento horizontal de uma cidade ou as
transformações no relevo durante um determinado período de tempo.

GEOPOSICIONAMENTO
Mais de 50 satélites como este NAVSTAR já foram lançados
desde 1979.

O sistema de posicionamento global, mais conhecido pela


sigla GPS , é um mecanismo de posicionamento por satélite que
fornece a um aparelho receptor móvel a sua posição, assim como
o horário, sob quaisquer condições atmosféricas, a qualquer
momento e em qualquer lugar na Terra; desde que o receptor se
encontre no campo de visão de três satélites GPS (quatro ou mais
para precisão maior). Encontram-se em funcionamento dois
desses sistemas: o GPS americano e o GLONASS (versão russa
do GPS). Existem também dois outros sistemas em
implementação: o Galileo da União Europeia e o Compass chinês.
O sistema americano é administrado pelo Governo dos Estados
Unidos e operado pelo Departamento de Defesa americano. A
princípio, o seu uso era
exclusivamente militar, estando mais recentemente disponível para
uso civil gratuito. No entanto, acredita-se que, em um contexto de
guerra, sua função civil seria revogada para que o dispositivo volte a ser um artfício militar. O que
comprometeria a funcionalidade do GPS para o cotidiano de pessoas comuns, pois o sistema de
posicionamento global, além de ser utilizado na aviação geral e comercial e na navegação marítima,
também é utilizado por diversas pessoas para deslocamento nos bairros e cidades e, principalmente,
para viagens.
Inclusive, com um sistema de navegação por satélite integrando um GPS, é possível encontrar o
caminho para um determinado local e saber a velocidade e direção do seu deslocamento. Atualmente,
o sistema está sendo muito utilizado em automóveis com um sistema de mapas. Existem diversos
tipos de GPS, de diversas marcas com soluções "tudo em um", como os externos que são ligados por
cabo ou ainda por bluetooth e celulares modernos (smartphones), que possuem o GPS integrado e
acessível através de seus próprios aplicativos.

Receptores GPS vêm numa variedade de formatos, de dispositivos integrados dentro de carros,
telefones, e relógios, a dispositivos dedicados somente ao GPS como estes das marcas
Trimble, Garmin e Leica.

Medição com um GPS


O sistema foi declarado totalmente operacional em 1995. Seu desenvolvimento custou 10 bilhões
de dólares. Consiste numa "constelação" de 24 satélites. Os satélites GPS, construídos pela
empresa Rockwell, foram lançados entre Fevereiro de 1978 (Bloco I) e 6 de Novembro de 1985 (o
29º). Cada um circula a Terra duas vezes por dia a uma altitude de 20.200 quilômetros (12.600 milhas)
e a uma velocidade de 11.265 quilômetros por hora (7.000 milhas por hora), de modo que, a qualquer
momento, pelo menos 4 deles estejam “visíveis” de qualquer ponto da Terra. Os satélites têm a
bordo relógios atômicos e informações adicionais como os elementos orbitais de movimento e um
conjunto de estações de observação terrestres.
O receptor não precisa ter um relógio de alta precisão, mas um suficientemente estável. O receptor
capta os sinais de quatro satélites para determinar as suas próprias coordenadas e ainda o tempo.
Então, o receptor calcula a distância a cada um dos quatro satélites pelo intervalo de tempo entre o
instante local e o instante em que os sinais foram enviados (esta distância é chamada
pseudodistância). Descodificando as localizações dos satélites a partir dos sinais de micro-ondas de
uma base de dados interna.
Até meados de 2000 o departamento de defesa dos EUA impunha a chamada "disponibilidade
seletiva" que consistia em um erro induzido ao sinal, impossibilitando que aparelhos de uso civil
operassem com precisão inferior a 90 metros. Porém, o presidente Bill Clinton foi pressionado a
assinar uma lei determinando o fim dessa interferência no sinal do sistema. Desse modo, entende-se
que não há garantias que em tempo de guerra o serviço continue à disposição dos civis e com a atual
precisão. No cenário militar, o GPS é também usado para o direcionamento de diversos tipos de
armamentos de precisão, como as bombas JDAM (Joint Direct Attack Munition) e os famosos
mísseis Tomahawk. Estas bombas "inteligentes" são guiadas a seus alvos por um sistema inercial em
conjunto com um GPS; esse tipo de sistema de direcionamento pode ser usado em qualquer condição
climática e garante um alto índice de acertos.
Coordenadas com um GPS com bússola e altímetro integrado

Exemplo de um receptor GPS com mapas, instalado em um carro.


A comunidade científica utiliza o sistema de posicionamento global pelo seu relógio altamente preciso,
já que durante experiências científicas de coleta de dados, pode-se registar com precisão de
microsegundos (0,000001 segundo) quando a amostra foi obtida. Naturalmente, a localização do
ponto onde a amostra foi recolhida também pode ser importante. Agrimensores diminuem custos e
obtêm levantamentos precisos mais rapidamente com o GPS. Unidades específicas têm custo
aproximado de 3.000 dólares e precisão de 1 metro, mas existem receptores mais caros com precisão
de 1 centímetro. A coleta de dados por estes receptores é mais lenta.
Guardas florestais, trabalhos de prospecção e exploração de recursos naturais, geólogos,
arqueólogos, bombeiros, são enormemente beneficiados pela tecnologia do sistema. O GPS tem -se
tornado cada vez mais popular entre ciclistas, balonistas, pescadores, ecoturistas, geocachers, voo
livre ou por aventureiros que queiram apenas orientação durante as suas viagens. Com a
popularização do GPS, um novo conceito surgiu na agricultura: a agricultura de precisão. Uma
máquina agrícola dotada de receptor GPS armazena dados relativos à produtividade em um
dispositivo de memória que, tratados por programa específico, produz um mapa de produtividade da
lavoura. As informações permitem também optimizar a aplicação de correctivos e fertilizantes. A
função de geolocalização desse sistema é a base de aplicativos de relacionamento como o Tinder e
jogos de realidade aumentada como Ingress e Pokémon GO.

Tipos de receptores

Comparação entre a duração da órbita de um satélite e o período de rotação da Terra.


Geralmente categorizados em termos de demandas de uso em Geodésicos, Topográficos e
de Navegação, a diferenciação entre as categorias de sistemas de posicionamento- que a princípio
pode parecer meramente de preço de aquisição-, se deve à precisão alcançada, ou seja, a razão da
igualdade entre o dado real do posicionamento e o oferecido pelo equipamento. Assim, sendo os mais
acurados (com valores na casa dos milímetros) os receptores Geodésicos são capazes de captar as
duas frequências emitidas pelos satélites (L1 e L2), possibilitando assim a eliminação dos efeitos da
refracção ionosférica. Os topográficos, que tem características de trabalho semelhantes à categoria
anterior, mas captam somente a portadora L1, também possuem alta precisão; geralmente, na casa
dos centímetros. Ambas as categorias têm aplicações técnicas, e características próprias como o pós-
processamento, o que significa que, normalmente, não informam o posicionamento instantaneamente
(exceto os modelos RTK, modo cinemático).
No caso da categoria de maior uso do GPS (a navegação), embora possua menor precisão de
posicionamento, há várias vantagens em sua utilização; como o baixo preço de aquisição e suas
aplicações como: ferramenta de equipamentos como computadores de mão, celulares, relógios, entre
outros. Atualmente, com a convergência de dispositivos, existem muitas opções de Pocket PCs com
GPS interno, que têm a vantagem de se poder escolher o software de localização que se pretende
utilizar com eles.

Atualidades
Em 24 de Março de 2009 foi lançado o primeiro satélite GPS equipado com uma amostra
de hardware funcionando em frequência l5. Entre outras novidades, este satélite foi o primeiro a emitir
o sinal GPS numa frequência de 1.176,45 MHz (±1.2 GHz). E suas vantagens são:

 Melhoria da estrutura do sinal para maior desempenho;

 Transmissão com sinal superior ao dos satélites L1 e L2.


A data limite para que a Força Aérea Americana colocasse um satélite GPS de forma operacional em
frequência L5 foi 26 de Agosto de 2009. Caso ultrapassassem essa data, o governo dos Estados
Unidos perderia o direito de utilizar essa frequência em seus projetos militares/civis. O L1C é um sinal
de uso civil transmitido na mesma frequência L1 (1.575,42 MHz), contém o sinal GPS L1C utilizado por
todos os atuais usuários e está disponível com o primeiro bloco III desde 2013.
Hoje em dia, em dois países os aparelhos receptores de GPS são proibidos: Coreia do Norte e Síria.
O Egito suspendeu a proibição em Abril de 2009.
A primeira aplicação comercial do GPS para rastreamento de caminhões no mundo foi feita
no Brasil em 1992. Gérard Lesbazeilles, de nacionalidade francesa, mas naturalizado brasileiro desde
os anos 70, então diretor de telecomunicações da empresa de engenharia Brasileira ESCA, liderou a
equipe que criou a empresa RODOSAT Brasil. A RODOSAT foi o primeiro cliente da INMARSAT
(pioneira em comunicações móveis via satélite a nível mundial) e tinha, em 1994, 6.000 caminhões
rastreados.

CARTOGRAFIA
Mapa antigo de 1627

Mapa da América do Sul de 1750


Cartografia é a atividade que se apresenta como o conjunto de estudos e
operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas
ou da análise de documentação, voltam-se para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de
expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e
socioeconômicos, bem como a sua utilização.
A palavra cartografia foi introduzida pelo historiador português Manuel Francisco Carvalhosa,
2º Visconde de Santarém, numa carta datada de 8 de dezembro de 1839, de Paris, e endereçada ao
historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen, vindo a ser internacionalmente consagrado pelo
uso.
A cartografia encontra-se no curso de uma longa e profunda revolução, iniciada em meados do século
XX, e certamente a mais importante depois do seu renascimento, que ocorreu nos séculos XV e XVI. A
introdução da fotografia aérea e da detecção remota, o avanço tecnológico nos métodos de gravação
e impressão e, mais recentemente, o aparecimento e vulgarização dos computadores, vieram alterar
profundamente a forma como os dados geográficos são adquiridos, processados e representados,
bem como o modo como os interpretamos e exploramos.

 Cartografia matemática é o ramo da cartografia que trata dos aspectos matemáticos ligados à
concepção e construção dos mapas, isto é, das projecções cartográficas. Foi desenvolvida a partir do
final do século XVII, após a invenção do cálculo matemático, sobretudo por Johann Heinrich
Lambert e Joseph Louis Lagrange. Foram especialmente relevantes, durante o século XIX, os
contributos dos matemáticos Carl Friedrich Gausse Nicolas Auguste Tissot.
 Cartometria é o ramo da cartografia que trata das medições efetuadas sobre mapas, designadamente
a medição de ângulos e direções, distâncias, áreas, volumes e contagem de número de objetos.

Os primeiros mapas
A função dos mapas é prover a visualização de dados espaciais e a sua confecção é praticada desde
tempos pré-históricos, antes mesmo da invenção da escrita. Com esta, dispomos de mapas em placas
de argila sumérias e papiros egípcios. Na Grécia antiga, Aristóteles e Hiparco produziram mapas com
latitudes e longitudes. Em Roma, Ptolomeu representou a Terradentro de um círculo.

A cartografia grega
Na cartografia grega podemos destacar Erastótenes de Cirene, que fez um experimento para
comprovar a esfericidade da Terra. Ele colocou um gnómon em Siena no Egito e outro em Alexandria.
As 12 horas do solstício de verão pode perceber que não havia sombra em Siena, entretanto em
Alexandria havia sombra projetada, sendo a primeira comprovação que a terra não era plana como se
pensava, servindo de base para a projeção de mapas.
No poema Odisseia e Ilíada, de Homero o autor faz uma descrição gráfica do mundo conhecido na
época. Em Ilíada Homero descreve o escudo de Aquiles que representa o primeiro mapeamento
cósmico. Anaximandro de Mileto construiu o primeiro mapa-múndi gravado em pedra, também é
atribuído a ele a medição das estrelas e o cálculo de sua magnitude. Já Hecateu de Mileto fez uma
descrição sistemática dos lugares, essa obra chama-se Periegesi, sendo considerado a primeira obra
geográfica. Demócrito de Abdera introduz os termos latitude (latu = largura) e longitude (longo =
alongado) indicando as medidas de distâncias no sentido vertical e horizontal,
respectivamente. Erastótenes foi o primeiro a determinar com precisão científica o tamanho da Terra.
No seu mapa-múndi desenhou sete linhas paralelas que passavam por lugares conhecidos da época.

Claúdio Ptolomeu escreveu por volta de 150 a.C a sua famosa obra Geographike Syntaxis (Síntese da
Geografia) que era composta de oito volumes de pergaminhos manuscritos e ilustrados por um mapa-
múndi, além de 26 mapas regionais que apresentavam detalhes continentais. O volume I dissertava
sobre a construção do globo de Crates e a técnica de projeção de mapas. Do volume II ao VII era
guias com uma extensa relação de aproximadamente 8000 nomes de lugares com coordenadas
geográficas, latitude e longitude. O volume VIII contém os princípios da cartografia, geografia e
matemática. Ensinava a construir e desenhar um mapa em projeção cônica. O mundo conh ecido por
Ptolomeu tinha 180° de longitude, 63° de latitude norte e 180° de latitude sul.

A cartografia medieval
Na Idade Média as representações cartográficas perdem as concepções que os gregos tinham,
passando a representar o mundo com um conceito religioso e os explicando conforme os
ensinamentos bíblicos.
Em geral esses mapas apresentavam um quadro conceitual com as seguintes linhas:
1ª Linha: O mundo era representado em forma retangular dentro de um tabernáculo chamado
de mundo tabernáculo, do tratado Topografia Cristã de Cosme Indicopleustes. No tratado Topografia
Cristã ele nega a ideia de esfericidade da Terra e dos Céus. Indicopleustes tem uma visão de mundo
fechado e finito, em que a terra está inserida dentro de uma caixa fechada semelhante a um
tabernáculo.

Mapa T-O de Isidoro de Sevilha


2ª Linha: São os mapas isidorinos com o famoso mapa "T" sobre "O", que se originam no século VII
d.C, com o bispo de Sevilha, St. Isidoro (560-636) o qual publica na sua enciclopédia “Etymologiarum
Libri XX” (Etimologias), considerada como a primeira grande enciclopédia cristã. Nesta linha a
representação foi baseada no mapa Orbis Terrarun dos romanos, adaptado a teologia cristã. Esta
representação define uma forma de mapas tripartido, na maioria circulares, com Jerusalém ocupando
o centro da representação e a Ásia na parte superior do mapa, onde estava representado o paraíso, a
Europa fica a esquerda e a África fica a direita. Estes continentes eram rodeados por um oceano
representado pela letra circular "O", já a letra "T" tinha o seu pé formado pelo Mar Mediterrâneo e os
braços pelo Mar Vermelho e os Canais do rio Don e o Mar de Azov. Esta representação era baseado
em interpretações bíblicas como em Isaías - Is 40:22, “Ele é o que está assentado sobre o círculo da
terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os
desenrola como tenda, para neles habitar”, que fundamentou a representação de uma Terra circular
plana. Bem como na representação de Jerusalém como centro da representação, pois, segundo a
tradição bíblica era a posição original da sua representação, pois assim está escrito: “Esta é a
Jerusalém; no meio das nações eu a coloquei, e suas terras ao redor dela”, bem como os três
continentes conhecidos, Europa, Ásia e África eram tidos como herança deixada por Noé os seus
filhos. A Ásia para os povos semitas descendentes de Sem, a África para os povos camitas,
descendentes de Cã, e finalmente a Europa para os povos descendentes de Jafé.
3ª Linha: São mapas manuscritos conhecidos como Beatos que tiveram origem nos escritos do
"Comentário sobre o Apocalipse” atribuído a Beato de Liébana, na Espanha. Estas representações
vão trazer o mundo representado de forma retangular readequando o Orbis Terrarun dos romanos a
teologia cristã. Nesta representação além de aparecer os continentes, europeu, asiático e norte-
africano, irá trazer a representação da existência de um quarto continente, uma terra antípoda para
mostrar que havia seres monstruosos nesse lugar.
4ª Linha: São os mapas anglo-normandos que aparecem durante a Idade Média Clássica (entre os
anos de 1000 à 1300) - desenvolvidos pelas escolas de origem francesa e inglesa. Estes mapas
parecem muito ecléticos e interessante, pois, representam a Terra como parte do corpo de Cristo.
Entre este podem ser citados os mapas-múndi, circular do Saltério de Psalter, datado de 1225 d.C, o
mapa Ebstorf de 1234, com 4m de diâmetro e o mapa de Hereford de 1290, com 1,62 m de diâmetro.
Na Idade Média Clássica São Tomás de Aquino embute na ciência as obras de Aristóteles defendendo
a esfericidade da Terra, mas Jerusalém não poderia ser o centro da Terra como a Igreja queria. O
raciocínio Aristotélico exigia que a Terra fosse esférica e ocupava o centro do universo o que agradava
os teólogos.
No mundo árabe, ao contrário, desde 827 o califa Almamune havia determinado traduzir do grego a
obra de Ptolomeu, Geographike Syntaxis e Almagesto. Desse modo, através do Império Bizantino, os
árabes resgataram os conhecimentos greco-romanos, aperfeiçoando-os. Foram eles que levaram para
a Europa a bússola.

A cartografia da Idade Moderna


Com a reabertura comercial do Mar Mediterrâneo, especialmente a partir do século XI, os mapas
ganharam mais importância, particularmente entre os árabes, que prosseguiram com o seu
desenvolvimento.

Globo com representação polar. Incluso no Livro de Marinharia, assinado por João de Lisboa em 1514.
Em poucos séculos, os mapas de navegação marítima, que passaram a ser grandemente valorizados
na região mediterrânica, associados aos progressos técnicos representados pela bússola,
pelo astrolábio e pela caravela, permitiram o processo das grandes navegações, marcando a
passagem para a Idade Moderna. Os portulanosintroduziram a rosa-dos-ventos e motivos temáticos
passaram a ilustrar as lacunas do conhecimento geográfico.
A cartografia moderna conhece um progresso imenso com os Descobrimentos portugueses, de que
são exemplo os primeiros mapas a escala mundial, de Pedro Reinel, João de Lisboa, Lopo Homem,
entre outros conhecidos cartógrafos do início do Século XVI. A compilação Portugaliae Monumenta
Cartographica contém mais de 600 mapas desde 1485 até 1700. Essa capacidade foi
progressivamente exportada para outros países, nomeadamente Itália, França ou Holanda, de que nos
chegaram muito mais cópias. Os cosmógrafos dos Países Baixos vão transformar este período da
história da Cartografia, em um dos períodos mais ricos e de maior produção cartográfica da história da
humanidade. A Cartografia produzida nesta época é uma cartografia de primeira categoria, que
passou a ser conhecida na história, como a “Idade de ouro da cartografia”, entre estes
confeccionadores de mapas estão:
Mercator (1512 - 1594) - geógrafo, astrônomo e matemático, flamengo, natural de Rupelmonde,
Flandres (hoje norte da Bélgica); ele representou a ruptura da influência da geografia e dos métodos
geográficos de Ptolomeu, na visão e representação da Terra, durante o Renascimento. - introduz a
projeção cilíndrica, que irá influenciar a cartografia seguinte nos séculos seguintes. Hoje é considerad o
o pai da cartografia moderna.
Em 1578, Mercator corrigiu e publicou uma versão atualizada dos 27 mapas da obra de Ptolomeu,
com os quais compôs a primeira parte da sua nova coleção de mapas, que recebeu o título “Nova et
aucta orbis terrae descriptio”. Esta obra pioneira apresentava 448 páginas in-fólio, ou seja, 56 páginas
de impressão, pela dobradura em duas iguais, constituindo 4 páginas.
Mercator atribuiu o nome de "Atlas“ a sua primeira coleção de mapas em 1578, em homenagem ao
Titã Atlas, da mitologia grega que foi condenado por Zeus a carregar eternamente em seus ombros o
peso da Terra e da abóbada celeste, além de carregar em suas costas uma grande coluna que
separava a Terra do Céu
Abraão Ortélio (1527-1598) - em 1570 encorajado por Mercator, compilou uma série de mapas de
autores diferentes e confeccionou a primeira coleção de mapas do Mundo moderno o “Theatrum Orbis
Terrarum”, o qual passou a ser considerado como o primeiro “Atlas Moderno”
Willem Janszoom Blaeu (1571-1638) -

Os mapas atuais

Moderno mapa ilustrado.


Os mapas, antiga e tradicionalmente feitos usando material de escrita, a partir do aparecimento
dos computadorese dos satélites conheceram uma verdadeira revolução. Atualmente são
confeccionados utilizando-se softwarepróprio (SIG, CAD ou software especializado em ilustração para
mapas). Os dados assim obtidos ou processados são mantidos em bases de dados. A tendência atual
neste campo é um afastamento dos métodos analógicos de produção e um progressivo uso de mapas
interativos de formato digital.
O departamento de cartografia da Organização das Nações Unidas é o responsável pela manutenção
do mapa mundial oficial em escala 1/1.000.000 e todos os países enviam seus dados mais recentes
para este departamento.

A cartografia histórica no Brasil


Os estudos de cartografia histórica, no Brasil, estão ligados ao processo histórico de confecção de
mapas descritivos do seu território. Entre as instituições que se destacam neste segmento de estudo
apontam-se:
Na cartografia temática temos convenções e símbolos cartográficos que são símbolos e cores
utilizados para representar os elementos desejados. Existe uma padronização internacional de
símbolos e cores para facilitar a leitura e interpretação dos mapas, em qualquer parte do mundo.
QUESTÕES:
1-A Rosa dos Ventos é formada por pontos cardeais, colaterais e subcolaterais. Qual é o
significado do ponto subcolateral NNO?
a)Nordeste.
b)Nor-Nordeste.
c)Nor-Noroeste.
d)Noroeste.
e) Lés-nordeste.

2-O Estatuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estabeleceu uma divisão territorial
que divide o Brasil em cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

“Possui a segunda maior extensão territorial somando 1.606.371,505 km². De acordo com dados
divulgados no ano de 2013 pelo IBGE, possui uma população de aproximadamente 14,95 milhões
de habitantes, sendo que a densidade demográfica é de aproximadamente 9,4 habitantes para cada
km². A economia da região está baseada de uma forma geral na agricultura e na pecuária de bovinos,
equinos e bufalinos. Apresenta um clima tropical semiúmido e duas estações bem definidas. O
inverno é ameno e seco e o verão é quente, úmido e chuvoso. Muito marcada pelos processos
erosivos do tempo geológico, a região possui muitos planaltos e planícies, sem grandes áreas de
depressão. Os principais rios da região são o rio Xingu, rio Juruena, rio Teles Pires, rio Paraguai, rio
Araguaia, rio Paraná e rio Tocantins. Além disso, a região abriga três usinas hidrelétricas e tem como
predominância a produção de alguns principais produtos agrícolas, como o milho, soja, mandioca,
arroz, feijão, café, abóbora, trigo e amendoim.”

O texto acima se refere à seguinte região do Brasil:


a)Norte.
b)Sul.
c)Sudeste.
d)Centro-Oeste.
e)Nordeste.

3-Atente ao seguinte excerto: “A construção do conhecimento geográfico pressupõe a escolha de um


corpo conceitual e metodológico [...]. Para isso, usa a Geografia conceitos-chave, como instrumentos
capazes de realizar uma análise científica do espaço.”
Parâmetros Curriculares Nacionais, parte IV Ciências Humanas e suas Tecnologias. p. 32. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/seb/ arquivos/ pdf/cienciah.pdf

Relacione corretamente os conceitos-chave da geografia propostos pelos PNCs, numerando a


Coluna II de acordo com a Coluna I.

1. Lugar
2. Território
3. Paisagem
4. Escala
5. Globalização

( ) Porção do espaço apropriável para a vida, que é vivido, reconhecido e cria identidade.
( ) Aborda os fenômenos decorrentes da implementação de novas tecnologias de comunicação e
informação.
( ) Compreende o visível do arranjo espacial possuindo um caráter social, pois também é formada de
movimentos impostos pelo homem.
( ) Espaço definido e delimitado por e a partir das relações de poder.
( ) Compreende não apenas a questão dimensional, mas também fenomenal, quando dedicada ao
fenômeno espacial que se discute.

A sequência correta, de cima para baixo, é:


a)1, 5, 3, 2, 4.
b)3, 5, 4, 2, 1.
c)3, 2, 5, 4, 1.
d)2, 4, 1, 5, 3.

4-Atente para o seguinte excerto: “A cartografia é considerada uma linguagem, um sistema de código
de comunicação imprescindível em todas as esferas da aprendizagem em geografia, articulando
fatos, conceitos e sistemas conceituais que permitem ler e escrever as características do território”.
Fonte: CASTELLAR, Sonia. A psicologia genética e a aprendizagem no ensino de geografia. In:
CASTELLAR, Sonia (organizadora). Educação e geografia – Teorias e práticas docentes. 3ª edição.
São Paulo: Contexto, 2014. p. 45.

O texto interpreta a cartografia escolar como


a)uma metodologia de grande auxílio na representação das relações espaciais topológicas, isto é,
aquelas que se baseiam na localização dos lugares pelo sistema de paralelos e meridianos.
b)uma opção metodológica para o ensino de geografia, que estrutura um esquema de ação, na
medida em que ajuda o estudante na construção progressiva das relações espaciais tanto no plano
perceptivo quanto no plano representativo.
c)uma das mais respeitáveis técnicas do saber geográfico, o que implica utilizá-la no ensino de
geografia com rigor, não prescindindo de uma escala matemática.
d)um saber técnico que interessa exclusivamente a estudantes em fase avançada de compreensão
da geografia, uma vez que requer um conhecimento de medidas de distâncias em graus.

5-Conceitos cartográficos e conceitos geográficos tais como localização, natureza e paisagem podem
ser construídos e melhor trabalhados a partir de práticas cotidianas como
a)aulas expositivas sobre o conteúdo formal.
b)construção coletiva de maquetes de um lugar.
c)revisões conceituais desta literatura.
d)avaliações formais aplicadas bimestralmente.

6-Analise as asserções abaixo e a relação proposta entre elas.

I . Mapas temáticos, geralmente, são mais detalhados e usados para tratar áreas e/ou assuntos
específicos.

PORQUE

II . Apresentam pequena escala, com poucas reduções, possibilitando visualizações mais amplas.

Sobre essas duas asserções, é correto afirmar que


a)a primeira é falsa e a segunda é verdadeira.
b)a primeira é verdadeira e a segunda é falsa.
c)as duas são verdadeiras, mas não têm relação entre si.
d)as duas são verdadeiras e a segunda justifica corretamente a primeira.

7-Para geógrafos e cartógrafos, a escala como medição/cálculo ou como recortes do território é um


conceito muito importante: não há leitura em um mapa sem determinação da escala, assim como não
há análise de fenômenos sem que seja esclarecida a escala geográfica adotada. A esse respeito,
julgue o item subsecutivo.

A partir da escala cartográfica, é possível identificar a localização de um fenômeno na superfície


terrestre.
 Certo
 Errado
8-Para geógrafos e cartógrafos, a escala como medição/cálculo ou como recortes do território é um
conceito muito importante: não há leitura em um mapa sem determinação da escala, assim como
não há análise de fenômenos sem que seja esclarecida a escala geográfica adotada. A esse
respeito, julgue o item subsecutivo.
Uma mesma escala numérica poderá constar em mapas iguais, mas de tamanhos diferentes.
 Certo
 Errado

9-Para geógrafos e cartógrafos, a escala como medição/cálculo ou como recortes do território é um


conceito muito importante: não há leitura em um mapa sem determinação da escala, assim como
não há análise de fenômenos sem que seja esclarecida a escala geográfica adotada. A esse
respeito, julgue o item subsecutivo.
A escala geográfica constitui um limite e um conteúdo que se transformam conforme as variáveis
dinâmicas determinantes do acontecer regional ou local.
 Certo
 Errado

10-Para geógrafos e cartógrafos, a escala como medição/cálculo ou como recortes do território é


um conceito muito importante: não há leitura em um mapa sem determinação da escala, assim
como não há análise de fenômenos sem que seja esclarecida a escala geográfica adotada. A esse
respeito, julgue o item subsecutivo.
Se um fenômeno na superfície terrestre abrange uma grande área, como é o caso da aridez do
Nordeste, que atinge aproximadamente 1.000.000 km 2 , então, para representá-lo cartograficamente,
é necessário um mapa com uma escala pequena.
 Certo
 Errado

11-Para geógrafos e cartógrafos, a escala como medição/cálculo ou como recortes do território é


um conceito muito importante: não há leitura em um mapa sem determinação da escala, assim
como não há análise de fenômenos sem que seja esclarecida a escala geográfica adotada. A esse
respeito, julgue o item subsecutivo.
Se, em um mapa de escala 1:500.000, a distância entre dois pontos é de 15 cm, então a distância
real entre esses pontos é de 75 km.
 Certo
 Errado

12-São Pontos Subcolaterais:


a)ENE: leste-nordeste
b)ESE: leste-nordeste
c)SSE: sul-sudeste
d)NNE: norte-nordeste
e)Todas as anteriores.

13-A respeito dos mapas temáticos, estão corretas as afirmativas a seguir, exceto:
a)Os mapas que representam a superfície física da Terra, como as formas de relevo, a hipsometria,
a hidrografia e o clima, são chamados de mapas físicos.
b)A representação de divisas e fronteiras entre países e/ou entre unidades federativas
estabelecidas e consolidadas politicamente é utilizada nos mapas políticos.
c)Mapas como os das Capitanias Hereditárias no Brasil ou do Tratado de Tordesilhas são
econômicos. Esse tipo de mapa é utilizado para representar algum acontecimento em algum
período histórico.
d)Nos mapas estilizados, não há a representação fiel das proporções das diferentes áreas do
espaço geográfico.
e)A dinâmica, índices e distribuição das populações são representados por um tipo específico de
mapa temático: o mapa demográfico.

14-O professor de Geografia solicitou que um dos alunos fosse ao quadro para resolver duas
questões de escala.
• Questão 1: Em um mapa com escala 1:200.000 apresenta uma distância 20 cm entre os pontos A
e B. Dessa forma, a correta distância entre os dois pontos na realidade é: Resolução 200.000 x 20 =
1 cm para cada 200.000 cm x 20 cm = 4.000.000 transformando para Km 400 km.
• Questão 2: As escalas abaixo podem ser classificadas como, respectivamente: Resolução a)
numérica e b) gráfica.

Com base na análise dos exercícios de escala, assinale a alternativa correta.


a)Ambas as respostas estão corretas.
b)A primeira resposta está incorreta, e a segunda é uma classificação correta das escalas.
c)A primeira resposta está correta, e a segunda apresenta a classificação incorreta das escalas.
d)Ambas as respostas estão incorretas, com erro de cálculo na primeira e troca de escalas na
segunda.

15-Representar a superfície terrestre com a maior precisão possível tem sido um desafio
enfrentado pela humanidade desde a Antiguidade. Diante disso, vêm sendo criadas, desde o
século XVI e por diversos cartógrafos, as projeções cartográficas, que são técnicas usadas
para representar a superfície terrestre num plano, como o mapa-múndi ou planisfério. O termo
projeção sugere que continentes, oceanos, mares e demais porções da superfície terrestre
são “projetados” num plano, sobre o qual se desenha um sistema de coordenadas
geográficas. Observe a imagem da projeção cartográfica a seguir.

“Tal projeção mantém a proporção real entre terras e águas. Possibilita a visão de conjunto
da superfície terrestre, associada à esfericidade, graças ao seu ‘formato de coração’. As
distorções da forma dos continentes são menores ao longo do Meridiano de Greenwich e do
Polo Norte, que estão no centro dessa projeção.” Trata-se de:
a)Goode.
b) Lambert.
c)Mollweide.
d)Cordiforme de Werner.

16-Observe o tipo de representação a seguir.


Trata-se de:
a)Mapa físico.
b)Anamorfose.
c)Croqui turístico.
d)Carta topográfica.

17-Ao trabalhar as formações vegetacionais com os alunos do ensino médio torna-se


necessário diferenciar termos e conceitos como bioma, ecossistema, domínios naturais e
domínios morfoclimáticos. Com base nos conhecimentos sobre esses termos e conceitos,
identifique-os.

I. Menos relacionado à escala ou área de abrangência, o conceito deve ser entendido como um
sistema complexo de relações entre os fatores bióticos e abióticos; pode ser um lago, um rio ou parte
dele, um oceano, uma floresta, um aquário ou mesmo um outro ambiente construído pelo ser
humano, por exemplo, uma cidade.
II. O conceito diferencia-se de “formação vegetal” por incluir a fauna e os fatores abióticos como
características do clima, solo e relevo – para identificar as unidades espaciais. Abrange áreas com
dimensões superiores a um milhão de quilômetros quadrados que apresentam certa uniformidade de
ambiente.
III. É essencial para o estudo das características naturais na perspectiva geográfica, pois permite
analisar as transformações vegetais de forma integrada com os demais elementos naturais, como o
relevo, o solo, o clima e os fluxos hidrológicos.
IV. Abrange extensas áreas subcontinentais, onde predominam determinadas características
fitogeográficas, ou seja, de distribuição das formações vegetais, bem como de clima e relevo. Pode
ser formado por distintos biomas, como ocorre no Cerrado brasileiro.

A sequência está correta em:


a)I. Ecossistema II. Bioma III. Domínio natural IV. Domínio morfoclimático
b) I. Bioma II. Ecossistema III. Domínio natural IV. Domínio morfoclimático.
c)I. Ecossistema II. Bioma III. Domínio morfoclimático IV. Domínio natural.
d) I. Bioma II. Ecossistema III. Domínio morfoclimático IV. Domínio natural.

18-A um cartógrafo foi solicitado que fizesse um mapa baseado em uma maquete de um parque
florestal. Como ele não teve acesso ao mundo real e a outras informações, fez o mapa com a escala
de 1:100 em relação à maquete.

Sabendo-se que a escala da maquete era de 1:10.000 para o mundo real, qual a escala que o mapa
deveria ter para representar a realidade?
a)1:0,001
b)1:0,1
c)1:10
d)1:1.000
e)1:1.000.000
19-Sobre a Rosa dos Ventos e os pontos cardeais e colaterais, julgue verdadeiras (V) ou falsas (F)
as proposições.

I - Os pontos colaterais são nornordeste (NNE), nor-noroeste (NNW), sul-sudeste (SSE), sul-sudoeste
(SSW), lés-nordeste (ENE), léssudeste (ESE), oés-sudeste (WSE) e oés-sudoeste (WSW).
II - Os pontos cardeais são Norte (N), Sul (S), Leste (E) e Oeste (W).
III - Nordeste (NE), Sudeste (SE) não são pontos colaterais.
IV - Noroeste (NW) e Sudoeste (SW) são pontos colaterais.

A sequência correta é:
a) F V F V.
b)F V V F.
c)V V F V.
d)F V F F.
e)V V V F.

20- Os ângulos horizontais tomados a partir da direção Norte - Sul recebem nomes especiais
de acordo com a posição da origem da contagem. É chamado__________ o ângulo contado a
partir do Norte até o alinhamento, no sentido horário. Se esse ângulo é contado a partir da
direção mais próxima, Norte ou Sul, recebe o nome de __________ . Assinale a alternativa que
completa correta e respectivamente as lacunas.
a)interno; externo
b)azimute; rumo
c)externo; interno
d)rumo; azimute
Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10: 11: 12:
13: 14: 15: 16: 17: 18: 19: 20:

21-Os mapas temáticos representam os fenômenos sociais e naturais, de forma visual e


numérica, possibilitando uma percepção mais aguçada das suas relações e a melhor
compreensão da organização espacial. É verdadeiro afirmar que são métodos de
representação da cartografia temática:
a)Representações qualitativas, representações quantitativas e representações ordenadas.
b)Representações demonstrativas, representações coordenadas e representações interligadas.
c)Projeções cônicas, projeções cilíndricas e projeções planas.
d)Representações em linhas, representações em barras e representações em colunas.
e)Representações longitudinais e representações latitudinais.

22-O Brasil é um país com grande extensão territorial que determina diferenças entre os horários das
unidades da federação. Sendo assim, não considerando o período do horário de verão, quando for
cinco horas da tarde (17:00) no Mato Grosso será, respectivamente, os seguintes horários no Distrito
Federal, Pará e Rondônia:
a)16:00; 17:00 e 18:00
b)16:00; 16:00 e 17:00.
c)17:00; 18:00 e 16:00.
d)18:00; 18:00 e 17:00.
e)18:00; 17:00 e 16:00.

23-O Brasil é um país com grande extensão territorial que determina diferenças entre os horários das
unidades da federação. Sendo assim, não considerando o período do horário de verão, quando for
cinco horas da tarde (17:00) no Mato Grosso será, respectivamente, os seguintes horários no Distrito
Federal, Pará e Rondônia:
a)16:00; 16:00 e 17:00.
b)18:00; 18:00 e 17:00.
c)17:00; 18:00 e 16:00.
d)16:00; 17:00 e 18:00.
e) 18:00: 17:00 e 16:00.
24-O Brasil é um país com grande extensão territorial que determina diferenças entre os horários das
unidades da federação. Sendo assim, não considerando o período do horário de verão, quando for
cinco horas da tarde (17:00) no Mato Grosso será, respectivamente, os seguintes horários no Distrito
Federal, Pará e Rondônia:
a)16:00; 16:00 e 17:00
b)16:00; 17:00 e 18:00
c)18 00; 17:00 e 16:00
d)17:00; 18:00 e 16:00
e)18:00: 18:00 e 17:00

25-Julgue o item subsecutivo, relativo à cartografia.


A cartografia temática é uma importante ferramenta para a integração e a análise geopolítica, pois
permite representar, sobre uma base geográfica, fatores intervenientes nos processos políticos,
étnicos e culturais.
 Certo
 Errado

26-Julgue o item subsecutivo, relativo à cartografia.


A geomática congrega as atividades relacionadas à topografia, cartografia, geodésia, fotogrametria,
sensoriamento remoto, sistemas de informação geográfica e sistemas de posicionamento global por
satélite.
 Certo
 Errado

27-Julgue o item subsecutivo, relativo à cartografia. A representação de uma superfície curva em


uma superfície plana acarreta distorções relativas a áreas, formas, distâncias e ângulos, que
podem ser resolvidas com o uso de uma projeção plano cartesiana.
 Certo
 Errado

28-A origem do horário de verão data do início do século XX. No Brasil, foi adotado pela primeira vez
em 1931, mas não permanentemente desde então. Com a publicação do Decreto 6558, de 08 de
setembro de 2008, o horário de verão passou a ter caráter permanente: é adotado em parte do
território brasileiro entre zero hora do terceiro domingo de outubro e zero hora do terceiro domingo
de fevereiro do ano seguinte. Nesse período, os estados em que for implantado, os relógios são
adiantados em 1h em relação a hora legal de Brasília.

Assinale a alternativa CORRETA sobre a porção do território brasileiro em que ocorre o horário de
verão.
a)Todos os estados litorâneos entram no horário de verão, pois a partir do solstício de verão no
hemisfério sul, o período de insolação é maior, tendo em vista que o sol nasce mais cedo e se põe
mais tarde, até o equinócio de outono.
b)Os estados cortados pela linha do Equador possuem horário de verão tendo em vista a ampla
incidência de radiação solar e insolação durante todo o ano.
c)Na região sul do país, não ocorre horário de verão, uma vez que esta encontra-se na zona
climática temperada sul, caracterizada por quatro estações bem definidas e uma menor taxa de
insolação durante todo o ano, se comparada com as demais regiões do país.
d)Todos os estados da região sul, sudeste e centro-oeste, juntamente com os Estados da Bahia e
Rondônia, em função da posição latitudinal, possuem horário de verão.
e)O horário de verão é adotado nos estados mais distantes da Linha do Equador, onde a diferença
de fotoperíodo permite que essa medida proporcione economia no consumo de energia elétrica.

29-Segundo Castrogiovani (2001), é fundamental que o aluno aprenda a fazer uma leitura crítica da
representação cartográfica, sendo necessário conhecer e saber utilizar os elementos do mapa em
diferentes e possíveis leituras. Na coluna abaixo relacione corretamente as operações mentais
preparatórias com os elementos cartográficos.

I) Proporcionalidade
II) Conservação da forma
III) Interioridade/ exterioridade
IV) Função simbólica

( ) Projeções cartográficas
( ) Legenda
( ) Escalas
( ) Limites e fronteiras

A Sequência da segunda coluna é:


a)III, II, I, IV.
b)II, III, IV, I.
c)III, IV, I, II.
d)II, IV, III, I.
e)III, IV, II, I.

30-Segundo Fitz (2008), os mapas temáticos, gerados a partir do uso das técnicas de
geoprocessamento devem apresentar determinadas características básicas para que possam ser
facilmente entendidos por qualquer usuário, profissional ou leigo. Para se ter uma informação objetiva
e de fácil compreensão da realidade espacial, deve-se atentar para:
a)as tonalidades e hachuras;
b)a forma do símbolo;
c)a escala;
d)o sistema de projeções utilizadas;
e)a hipsometria.

31-Qual será a escala utilizada no produto cartográfico se o município de Planaltina (GO) realizar um
mapeamento de uma área com precisão gráfica de 0,2 mm, em que o detalhamento exige que sejam
distinguidas feições de mais de 3 m de extensão?
a)1/1500.
b)1/150.
c)1/15000.
d)1/150000.
e)1/1500000.

32-Tipo particular de mapa temático em que as áreas dos territórios são mostradas em tamanhos
proporcionais à importância de sua participação no fenômeno representado.

O referido mapa temático é:


a)Qualitativo
b)Pontual
c)Linear
d)Anamorfose
e)Dinâmico

33-Com relação à cartografia geológica e à legislação mineral, julgue o item a seguir.


A documentação exigida junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para o
desenvolvimento de uma pesquisa mineral tem como responsável técnico um profissional cadastrado
no CREA/CONFEA . Este profissional é habilitado em engenharia de minas, ou geologia, ou
engenharia geológica, ou técnico em geologia, ou técnico em mineração.
 Certo
 Errado

34-Com relação à cartografia geológica e à legislação mineral, julgue o item a seguir.


Não estão sujeitos aos preceitos do Código Brasileiro de Mineração os trabalhos de movimentação
de terra e desmonte de materiais in natura, que se fizerem necessários para a abertura de vias de
transporte, obras gerais de terraplenagem e de edificações, desde que não haja comercialização das
terras e dos materiais resultantes dos referidos trabalhos e que fique o seu aproveitamento restrito à
utilização na própria obra.
 Certo
 Errado
35-Com relação à cartografia geológica e à legislação mineral, julgue o item a seguir.
No georreferenciamento de mapas geológicos, utilizam-se frequentemente tanto as projeções
geográficas — nas quais a latitude e longitude representam, respectivamente, a distância entre o
Meridiano de Greenwich e a distância entre o Equador — quanto o sistema UTM — no qual as zonas
de projeção são definidas pelo Meridiano Central.
 Certo
 Errado

36-A respeito dos métodos de prospecção e de sondagem, julgue o seguinte item.


Os mapas de composição ternária com os canais de K, U e Th possibilitam a identificação de
camadas geológicas, visto que a radiação gama registrada provém de elevadas profundidades da
Terra, desde o núcleo até a crosta.
 Certo
 Errado

37-A respeito dos métodos de prospecção e de sondagem, julgue o seguinte item.


A escala de uma fotografia aérea, utilizada para auxiliar no mapeamento geológico da região do
prospecto, é determinada pela altura da aeronave ao solo dividida pela distância focal da câmera
usada.
 Certo
 Errado

38-A distância entre duas cidades é de 360 km. No mapa de um livro de Geografia, a distância é
representada por um segmento de reta medindo 1,5 cm.
Logo, pode-se dizer que a escala em que foi feito esse mapa é a de
a)1 : 24.000.000.
b)1 : 2.400.000.
c)1 : 240.000.
d)1 : 2.400.

39-

Disponível em:<http://blog.arletemeneguette.zip.net/images/pictoricos.JPG>. Acesso em: 30 maio


2016.
Na representação cartográfica, símbolos como os apresentados acima são adequados para a
composição da
a)escala numérica
b)legenda
c)escala gráfica
d)projeção
e)orientação

40-
Os pontos intermédios nor-nordeste e su-sudoeste localizam-se, respectivamente, entre os pontos
cardeais
a)norte e nordeste; sul e sudoeste
b)norte e leste; sul e leste
c)norte e sudeste; sul e sudoeste
d)norte e leste; sul e oeste
e)norte e oeste; sul e oeste
Respostas 21: 22: 23: 24: 25: 26: 27: 28: 29: 30: 31: 32
: 33: 34: 35: 36: 37: 38: 39: 40:
Construções e Energia Rural
Construções rurais é uma parte da Engenharia Rural de grande importância em qualquer tipo de
planejamento para fomento de atividades agropecuárias. Seja na criação de animais, seja na agricultura em
geral, eles estão sempre presentes. O seu campo de atuação é bastante amplo, visando ao aumento da
produtividade, através de métodos de racionalização da produção, podendo-se citar as instalações para
animais, armazenamento e beneficiamento da produção, aproveitamento de subprodutos, industrialização e
mercado, como os principais.
Pelas suas características próprias, requer conhecimentos intimamente relacionados com a área
agronômica e zootécnica, os quais, aliados à simplicidade e a economia de execução, irão proporcionar,
dentro da técnica, o desejável funcionamento das instalações.
Em se tratando de instalações rurais, existem aquelas destinadas às atividades agrícolas (galpões de
armazenamento, de beneficiamento, as edificações destinadas ao armazenamento de agrotóxicos, adjuvantes
e produtos afins, viveiros, estufas) e as instalações destinadas à produção animal, que são as Instalações
Zootécnicas. Fatores econômicos e técnicos, bem como a preferência por um determinado sistema, irão
influenciar o produtor na escolha do tipo de instalação de acordo com o seu sistema de produção.
As construções compreendem o conjunto de prédios que o produtor deve possuir para racionalizar sua
produção e sua criação. Em geral, devem obedecer às seguintes condições básicas:
- serem higiênicas: terem água disponível e destino adequado dos resíduos;
- serem bem orientadas no terreno;
- serem simples e funcionais;
- serem duráveis e seguras: utilização de materiais e técnicas construtivas adequadas;
- serem racionais: rapidez e eficiência no uso de materiais e mão-de-obra;
- permitirem controle das variáveis climáticas;
- permitirem expansão; e
- serem de baixo custo.
Deverá, ainda, atender as legislações federal, estadual e municipal, relativas ao meio ambiente,
controle sanitário e segurança. É desejável que o sistema seja eficiente na movimentação, manejo dos
dejetos, de forma que promova condições de trabalho favorável e confortável para os funcionários, e, por
fim, mas não menos importante, ser economicamente viável.
O princípio que deve nortear qualquer construção, grande ou pequena é o de fazer uma obra
praticamente perfeita no menor tempo possível e ao menor custo, aproveitando o máximo rendimento das
ferramentas e da mão-de-obra. Logicamente é muito difícil, senão impossível, fazer-se a obra perfeita, mas
deve-se procurar, por todos os meios, aproximar-se dessa situação.
Para que isso seja possível, torna-se necessário muita atenção em todas as fases da construção. Estas
fases são:

a) Preliminares: São os trabalhos iniciais que antecedem a construção propriamente dita e são os
seguintes: elaboração do programa (finalidade da obra); escolha do local; organização do local de trabalho;
estudo do solo e subsolo; terraplenagem ou acerto do terreno; projeto.
b) Execução: Consta da abertura das valas de fundação; consolidação do terreno; alicerces;
baldrames; obras de concreto armado ou simples; levantamento das paredes; cobertura ou telhado; pisos.

c) Acabamento: Instalações elétricas; encanação; equipamentos.

Aspectos Gerais para Implantação de Instalações Rurais


O planejamento das construções rurais deve obedecer a um cronograma de implantação, como a
localização da morada sede, morada do caseiro, aviário, pocilga, galpão, estábulo, pasto, horta, pomar, etc. A
moradia principal deve se situar em local plano e se possível mais elevado, a fim de que toda a área seja
dominada sem maiores dificuldades, servindo também essas considerações para a moradia do caseiro ou
administrador, que na ausência do proprietário será o responsável pela guarda da propriedade.
Nas propriedades rurais, uma das primeiras providências a ser tomada, após a confirmação de sua
demarcação topográfica, será a construção de cercas, definindo assim os limites com os vizinhos, evitando a
entrada de animais ou pessoas estranhas à área, reduzindo a possibilidades de questões limítrofes, que só
trazem desgastes e problemas jurídicos de soluções demoradas.

Planejamento
É a organização dos recursos disponíveis, sejam naturais, materiais, financeiros e humanos,
aproveitando o máximo de sua potencialidade, com o intuito de se atingir metas pré-estabelecidas. Consiste
no cuidadoso estudo técnico e econômico do sistema produtivo que culmina com o projeto físico das
instalações.
No planejamento deve-se ter como foco:
- Para os animais e plantas, as instalações devem proporcionar proteção contra a adversidade climática
e um ambiente saudável.
- Para o produtor, as instalações devem ser práticas e funcionais, de tal modo que permitam a
execução das tarefas rotineiras com o máximo de eficiência.
Tendo como visão da engenharia: Máximo rendimento pelo mínimo custo de produção.
O planejamento deve ser realizado, pois após o término da obra, as modificações são difíceis. Além
disso, os custos de produção são muito afetados pela funcionalidade das instalações.
É bom lembrar que em qualquer ramo de atividade o pior planejamento é melhor que a melhor das
improvisações e que se faz necessário sintetizar em projeto, os dados coletados sobre a área e sempre que
possível ter a disposição para consultas, projetos complementares com detalhamentos específicos do que se
deseja construir e explorar.

Etapas do planejamento
a) Estudo de mercado
- Comercialização é o objetivo do sistema produtivo
- Deve-se conhecer o comportamento do mercado: Curvas de demanda, oferta e de preços
- Previsões e perspectivas para o futuro
- Economia: conhecimento do mercado local
b) Fatores considerados na escolha do local
Todas as obras rurais começam pela escolha do terreno. Ele deve ser pouco inclinado, firme e seco.
Também é muito importante a posição do terreno dentro da propriedade. Para isso vários fatores devem ser
observados, como: proximidade de estradas, facilitando o acesso de veículos; facilidade de captação de água;
facilidade de acesso à rede elétrica.
A escolha do local de implantação de qualquer tipo de instalações impõe uma série de averiguações a
fim de que se possa tirar do local, o máximo de vantagens. As principais são:
• Se não há impedimento legal para uso do terreno;
• Se a topografia permite implantação econômica da obra;
• Se a natureza do subsolo permite uma construção estável e pouco onerosa;
• Se permite um fluxo eficiente;
• Se oferece boas condições quanto a vias de acesso, direção de ventos, clima;
• Se há possibilidade de escoamento de águas pluviais, águas servidas e dejetadas.
Em função da Topografia da área, devem-se aproveitar as quedas d’água por gravidade para as
diferentes necessidades da propriedade, incluindo aí as criações e irrigações de hortas e viveiros.
Manejo dos dejetos
Cuidados para se evitar problemas ambientais. Local adequado deve:
• Satisfazer exigências legais referentes ao Meio Ambiente;
• Topografia deve permitir armazenamento e drenagem;
• A área deve ser suficiente para armazenar ou depositar os efluentes
• Direção/sentido de ventos dominantes e distâncias adequadas devem ser observadas para que
habitações e vizinhos não sejam incomodados por odores.
Drenagem
Fator importante a ser observado. Topografia deve permitir boa drenagem a fim de:
- assegurar boas condições de piso;
- manter as fundações secas;
- evitar a ocorrência de encharcamentos (presença de lençol freático superficial pode facilitar sua
poluição e carrear contaminação a longas distâncias).

Água
Quantidade, qualidade e acessibilidade.

Condições regionais e serviços


Eletricidade, manutenção de estradas, coleta da produção, entrega de alimentos e outros produtos,
comunicação (correios e telefone).

Expansões
Antecipar possibilidade de crescimento do empreendimento.

c) Localização das instalações


Arranjo das instalações deve objetivar a máxima eficiência:
- reduzir distâncias percorridas
- minimizar efeitos negativos do sol, vento e elementos da topografia e maximizar os efeitos positivos
dos mesmos
Atenção especial para:
Posição no terreno
Instalações nas partes relativamente mais altas para melhor escoamento das águas, mantendo as
fundações secas.

Distâncias:
Visar maior eficiência da mão-de-obra e controle de doenças e de odores.

Orientação solar:
É importante verificar a posição do sol, a predominância dos ventos em relação ao terreno. Várias
benfeitorias (galpão para criação de aves, etc) necessitam de uma proteção contra o sol, ventos ou frio. Essa
proteção pode ser feita mediante a localização correta das benfeitorias na área.
- Regiões quentes e úmidas: direção adequada leste-oeste:
- Evitar insolação direta no interior da instalação (quanto maior a latitude, maior o beiral para proteção
de insolação direta).
- Regiões de temperaturas amenas e umidade elevada: orientação norte-sul:
- Insolação direta nas primeiras e últimas horas do dia.
Em alguns casos, como na avicultura, o sol não é imprescindível, e se possível, o melhor é evitá-lo
dentro dos aviários. Assim, devem ser construídos com o seu eixo longitudinal orientado no sentido leste-
oeste (Figura 1). Esta condição é de preferência, pois sabemos que nem sempre é possível executar esta
orientação, devido a uma série de fatores como: topografia, ventos dominantes, outras instalações existentes,
etc.
Nessa posição nas horas mais quentes do dia a sombra vai incidir embaixo da cobertura e a carga
calorífica recebida pelo aviário será a menor possível. Por mais que se oriente adequadamente o aviário em
relação ao sol, haverá incidência direta de radiação solar em seu interior em algumas horas do dia na face
norte, assim, pode-se utilizar alternativas como forma de evitar a incidência do sol (árvores, beiral, etc).

Figura 1. Orientação sentido leste-oeste

Para a construção de estufas, a recomendação é que deve-se observar a orientação dos ventos
predominantes, ou seja, a construção nunca deve ser perpendicular à direção do vento, e sim, construída no
sentido da sua direção. Mas, para se obter a máxima vantagem da radiação solar, principalmente no inverno,
a estufa deve ter seu eixo maior na direção leste-oeste. Esta posição reduz a um mínimo o sombreamento das
vigas da estrutura e as mesmas se tornam mais eficientes na transmissão da radiação solar.

Projetos para Instalações Rurais

Na fase da elaboração do projeto, deve-se levar em conta o fim a que se destina a área rural, quais as
necessidades e perspectivas de aproveitamento da propriedade, se apenas para lazer ou proporcionar lucro.
Neste último caso, é preciso identificar com clareza, que procedimentos são mais recomendáveis para
atingirem objetivos e metas capazes de tornar viável a execução do projeto, garantindo assim sua
rentabilidade.
O projeto é o conjunto de instruções necessárias à execução de uma obra. É composto de desenhos,
placas e até, em alguns casos, de especificações. O importante é que defina o local onde será feita a obra,
todas as suas dimensões, os materiais a serem utilizados e as suas quantidades. Quando bem elaborado o
projeto pode reduzir o custo da obra, pois evita desperdícios e aumenta a qualidade e a durabilidade da
construção.
Ao executar o projeto de uma benfeitoria, é preciso pensar sempre em como ela ficará depois de
construída, mesmo que seja executada em etapas ou ampliada aos poucos. Isso evita desperdícios em
demolições, geralmente necessárias quando se dá continuidade à obra. Sempre que houver necessidade de
fazer modificações na benfeitoria, é recomendável consultar primeiro o autor do projeto, sobretudo nas obras
de maior responsabilidade. Ele ajudará a encontrar a melhor solução.
Para organizar o projeto de uma construção, é importante saber que este compreende duas partes: a
parte gráfica e a parte descritiva.

1. Parte gráfica - compõem-se da planta (desenho) da construção.


Compõem-se de:

• Plantas de Situação – Consiste na visualização superior do terreno e da construção situada em seu


interior. Indica a forma e dimensões do terreno, os lotes e as quadras vizinhas, limites da propriedade ou
parte dela e ruas ou estradas de acesso.

• Planta de Localização - Situa a projeção da edificação (área coberta) no terreno,

• Planta Baixa - É a principal representação gráfica de uma construção, pois consiste na visualização
superior da construção. São seções horizontais da edificação e representam informações relativas à largura e
comprimento planta de situação e diagrama de cobertura. A planta deve ser desenhada sempre com a frente
voltada para baixo.

• Cortes – consiste na visualização da construção, após a mesma ter sido cortada por um plano vertical
e retirada a parte anterior. Tem por finalidade apresentar as várias das paredes (pé direito), altura de janelas e
portas, altura de peitoris, vigas, vergas, etc. Além disso, através dos cortes apresenta-se os principais detalhes
das fundações, lajes, coberturas e outros. Deve ser feitos, no mínimo, dois cortes, escolhendo aqueles mais
significativos (com mais detalhes);
Os telhados são vistos em ambos os cortes, geralmente são sustentados pelas tesouras que aparecem
sempre de frente quando é transversal ao telhado. Nos cortes longitudinais, para efeito de representação do
telhado, considera-se o corte passando pela parte mais alta do telhado, ou seja, pela cumeeira.

• Fachadas - são vistas externas ao objeto e tem por finalidade mostrar as faces (aparência) da
construção exteriormente, após ser concluída a obra.

2. Parte descritiva - É onde, de forma clara, direta e simples, descrevem-se as técnicas construtivas e
os materiais a serem utilizados na construção. Os temas são abordados na sequência das fases de construção
(trabalhos preliminares, de execução e de acabamento). Inclui-se também o orçamento, que é uma previsão
de custos necessária para os cálculos do capital de desenvolvimento (custo da obra). É quantificar insumos,
mão de obra, ou equipamentos necessários a realização de uma obra ou serviço bem como os respectivos
custos e o tempo de duração dos mesmos.

Materiais de Construção Utilizados nas Instalações Rurais

Outro fator importante em relação às construções são os materiais que serão utilizados. Os materiais
de construção podem ser simples ou compostos, obtidos diretamente da natureza (Ex.: pedra, areia) ou
podem ser de origem industrial (Ex.: cimento, telha). O seu conhecimento é que permite a escolha dos mais
adequados à cada situação. Do seu correto uso depende em grande parte a solidez, a durabilidade, o custo e a
beleza (acabamento) das obras.
Para que sejam considerados adequados, deve ser considerado:
a) Resistência: material deve apresentar resistência compatível com os esforços a que será
submetido.

b) Trabalhabilidade: refere-se à adaptabilidade e aplicabilidade do material, que em função de seu


peso, forma, dimensão, dureza e plasticidade. Pode (ou não) ser trabalhável em condições práticas.

c) Durabilidade: resistência que o material oferece à ação dos agentes atmosféricos, biológicos e
químicos, oriundos de causas naturais ou artificiais, tais como luz, calor, umidade, insetos, microorganismos,
sais, etc.

d) Higiene e Saúde: material não deve causar danos à saúde do trabalhador e nem do usuário da obra.

e) Econômico: o material, respeitadas as considerações técnicas, deve ser adequado do ponto de vista
econômico.

As condições econômicas de um material de construção dizem respeito à facilidade de aquisição


(dependendo de sua obtenção e transporte) e emprego do matéria (sua manipulação e conservação).
Observação: Um material é mais econômico que outro, quando em igualdade de condições de
resistência, durabilidade, estabilidade e estética, tiver preço inferior de assentamento na obra. Ou ainda,
quando em igualdade de preço apresentar maior resistência, durabilidade, estabilidade e beleza.
Cabe ao técnico (engenheiro) entre as opções possíveis às que melhor atendam as condições acima.
Para isto devem ser consideradas as propriedades físicas, químicas e mecânicas dos materiais.

Características e emprego de alguns materiais de construção

1. AGREGADO (Aglomerados)

Definição: Entende-se por agregado o material granular, sem forma e volume definidos, geralmente
inerte (não reagem com o cimento), de dimensões e propriedades adequadas para uso em obras de
engenharia.
Obtenção: São agregados as rochas britadas, os fragmentos rolados no leito dos cursos d’água e os
materiais encontrados em jazidas, provenientes de alterações de rochas.
Utilização: São utilizados em lastros de vias férreas, bases para calçamentos, pistas de rolamento das
estradas, revestimento betuminoso, e como material granuloso e inerte para a confecção de argamassas e
concretos.

Classificação

- Quanto à origem:
• Naturais - são denominados naturais aqueles que são extraídos da natureza na forma de
fragmentos como areia e pedregulho.
• Artificiais - são os materiais que passam por processos de fragmentação, como pedra britada.

- Quanto à densidade:
• Agregados leves - pedra pomes, vermiculita, argila expandida, etc.
• Agregados pesados - barita, magnetita, limonita, etc.
• Agregados normais - areia, pedregulhos e pedra britada.

- Quanto ao tamanho dos fragmentos:


• Agregado graúdo (diâmetro mínimo superior a 4,8 mm) - é o pedregulho natural ou pedra britada,
proveniente do britamento de rochas estáveis, com um máximo de 15% passando na peneira de 4,8 mm.
• Agregados miúdo (diâmetro máximo igual ou inferior a 4,8 mm) - areia natural (fina, média e
grossa) ou pedrisco resultante do britamento de rochas estáveis, com tamanhos de partículas tais que no
máximo 15% ficam retidas na peneira de 4,8 mm.

Obtenção dos agregados


Alguns agregados são obtidos por extração direta do leito dos rios, ou por meio de dragas (areias e
seixos), e às vezes de minas (areias). Posteriormente este material retirado sofre um beneficiamento que
consiste em lavagem e classificação.

2. AGLOMERANTES

Aglomerantes ou aglutinantes são produtos empregados para rejuntar alvenarias ou para a execução de
revestimentos de peças estruturais. Apresenta-se sob a forma pulverulenta e, quando misturados com água,
formam pasta capaz de endurecer por simples secagem, ou, o que é mais geral em consequência de reações
químicas, aderindo às superfícies com as quais foram postas em contato.
Classificação:

a) Quimicamente inertes: barro cru.

b) Quimicamente ativos: cal, gesso, cimento.

c) Aglomerantes naturais: são os que procedem da calcinação de uma rocha natural, sem adição
alguma. Como exemplo temos a cal, que pode ser utilizada em argamassas (reduz a permeabilidade, aumenta
a plasticidade e a trabalhabilidade); e o gesso, utilizado para cobrir paredes, chapas para paredes e tetos,
usados exclusivamente para interiores e não podem ter função estrutural.

d) Aglomerantes artificiais: são obtidos por calcinação de mistura de pedras de composição


conhecidas, cuidadosamente dosadas. Cimentos artificiais procedentes de mistura de calcário, de argila,
pedra, etc.

e) Aglomerantes hidráulicos: resistem satisfatoriamente quando empregados dentro d'água. Nos


aglomerantes hidráulicos, o endurecimento resulta da ação da água. Na categoria dos aglomerantes
hidráulicos, a denominação aplica-se aos que precisam ser moídos depois do cozimento. Exemplo: cal
hidráulica e os cimentos.
• Cimento Portland - é um material pulverulento, fabricado com calcário, argila, gesso e outras
adições, ao serem misturado com água, hidrata-se e produze o endurecimento da massa, que oferece, então,
elevada resistência mecânica.

3. ARGAMASSAS

São pastas de aglomerante e água, às quais se incorpora um material inerte, a areia.


São utilizadas em assentamentos e em revestimentos. Devem satisfazer as seguintes condições,
dependendo de sua finalidade: resistência mecânica; compacidade; impermeabilidade; constância de volume;
aderência e durabilidade.

Classificação:
• Argamassas Simples - com um aglomerante.
• Argamassas Mistas – com mais de um aglomerante.

Simples: traço 1:3 (uma parte de cimento:três partes de areia)


Mistas: traço 1:2:4 (uma parte de cimento: duas partes de cal: quatro partes de areia)
*
Traço: são as proporções relativas de aglomerante(s) e agregado(s), em volume ou peso, na dosagem de
argamassas e concretos. O normal é se adotar as proporções em volume.
As argamassas, junto com os elementos de alvenaria, são os componentes que formam a parede de
alvenaria não armada, sendo a sua função:
• Unir solidamente os elementos de alvenaria;
• Distribuir uniformemente as cargas;
• Vedar as juntas impedindo a infiltração de água e a passagem de insetos.
As argamassas devem ter boa trabalhabilidade. Difícil é aquilatar esta trabalhabilidade, pois são
fatores subjetivos que a definem. Ela pode ser mais ou menos trabalhável, conforme o desejo de quem vai
manuseá-la. Podemos considerar que ela é trabalhável quando distribui-se com facilidade ao ser assentada,
não "agarra" a colher do pedreiro; não endurece rapidamente permanecendo plástica por tempo suficiente
para os ajustes (nível e prumo) do elemento de alvenaria.
4. CONCRETO

É um material de construção resultante da mistura de um aglomerante (cimento), com agregado miúdo


(areia grossa), agregado graúdo (brita ou cascalho lavado), e água em proporções exatas e bem definidas.
Quanto mais rico em cimento, mais resistente.
Seu uso nas construções em geral é bastante amplo, podendo as peças serem moldadas no local ou pré-
moldadas. Como exemplo de moldadas no local: - pisos de terreiros de café, de currais, de residências e pisos
em geral, passeios. Nas estruturas (com adição do ferro) como lajes, pilares, vigas, escadas, consoles e
sapatas.

Blocos de Concreto

Peças regulares e retangulares, fabricadas com cimento, areia, pedrisco, pó de pedra e água. O
equipamento para a execução dos blocos é a prensa hidráulica. O bloco é obtido através da dosagem racional
dos componentes, e dependendo do equipamento é possível obter peças de grande regularidade e com faces e
arestas de bom acabamento. Em relação ao acabamento os blocos de concreto podem ser para revestimento
(mais rústico) ou aparentes.

5. MATERIAIS CERÂMICOS

Compreendem todos os materiais de construção produzidos artificialmente com argila cozida. Os


produtos cerâmicos submetem-se os tijolos em suas mais variadas formas, telhas, ladrilhos para pisos e
manilhas.
Chama-se cerâmica à pedra artificial obtida pela moldagem, secagem e cozedura de argilas ou de
misturas contendo argilas.
Os materiais usados correntemente na construção civil são os tijolos, as telhas e as tijoleiras.
Conforme a qualidade da argila empregada resultarão diversas qualidades de produtos. Eles vão desde os de
baixa resistência até os de alta resistência; vão desde os facilmente pulverizáveis até os de massa compacta.
Por isso é difícil estabelecer limites entre a cerâmica comum e a cerâmica de qualidade superior. O
construtor deve considerar primordialmente a procedência para ter certeza sobre a qualidade.

Tijolos comuns
São blocos de barro comum, moldados com arestas vivas e retilíneas, obtidos após a queima das
peças em fornos contínuos ou periódicos com temperaturas da ordem de 900 a 1000°C. Pode ser
caracterizado como um material de baixo custo, usado exclusivamente para fins estruturais e de vedação,
sem muitas exigências quanto à aparência. Independente da qualidade, há muitos formatos de tijolos. O mais
comum é o tijolo cheio, também chamado maciço ou caipira.
Podem ser crus, quando não sofrem cozeduras, sendo simplesmente secos ao ar ou ao sol e são
utilizados em construções modestas. Podem se apresentar como tijolos ordinários, quando cozidos em forno,
lhe garantindo dureza e resistência. Como tijolos refratários, que são preparados com argila quase pura e
resistem a elevadas temperaturas sem se deformarem. Podem ser produzidos manualmente ou
mecanicamente e são utilizados basicamente em alvenaria de embasamento e de elevação.
Tijolo furado (baiano)
Tijolo cerâmico vazado, moldados com arestas vivas retilíneas. São produzidos a partir da cerâmica
vermelha, tendo a sua conformação obtida através de extrusão. A seção transversal destes tijolos é variável,
existindo tijolos com furos cilíndricos e com furos prismáticos.
No assentamento, em ambos os casos, os furos dos tijolos estão dispostos paralelamente à superfície
de assentamento o que ocasiona uma diminuição da resistência dos painéis de alvenaria.
As faces do tijolo sofrem um processo de vitrificação, que compromete a aderência com as argamassas
de assentamento e revestimento, por este motivo são constituídas por ranhuras e saliências, que aumentam a
aderência.

Telhas
As telhas de barro utilizadas como material de cobertura podem ser curvas ou planas, devendo ser
duráveis tanto quanto econômica. Podem ser do tipo Marselha ou Francesa e telhas coloniais. Os processos
de fabricação são semelhantes aos dos tijolos.
6. MADEIRA
É um material de largo emprego e grande importância na construção. Na condição de material de
construção, as madeiras incorporam todo um conjunto de características técnicas, econômicas e estéticas que
dificilmente se encontram em outro material existente. Assim, esse material possui as seguintes vantagens:
- Apresenta resistência mecânica tanto a esforços de compressão como de tração e flexão: foi o
primeiro material a ser utilizado tanto em colunas como em vigas e vergas;
- Tem facilidade de afeiçoamento e simplicidade de ligações, onde pode ser trabalhado com
ferramentas simples;
Além disso, possui outras vantagens:
- Boas características de isolamento térmico e acústico;
- Grande variedade de padrões;
- Reservas renováveis.

Desvantagens:
- Material heterogêneo;
- Formas limitadas: alongadas e de seção transversal reduzida;
- Deterioração fácil (depende do tipo de madeira e do tratamento).

Tipos de madeira de construção

As madeiras utilizadas em construção são obtidas de troncos de árvores. Distinguem-se duas


categorias principais de madeiras:
a) madeiras duras - provenientes de árvores frondosas (com folhas achatadas e largas), de
crescimento lento, como a peroba, ipê, aroeira, carvalho etc.; as madeiras duras de melhor qualidade são
também chamadas madeiras de lei;
b) madeiras macias - provenientes em geral das árvores coníferas (com folhas em forma de agulhas
ou escamas, e sementes agrupadas em forma de cones), de crescimento rápido, como pinheiro-do-paraná e
pinheiro-bravo ou pinheirinho, pinheiros europeus, norte-americanos etc.

Técnicas de Construção das Instalações Rurais

FUNDAÇÕES

A primeira etapa efetiva da construção é a execução das fundações. As fundações são obras enterradas
no terreno, com a finalidade de receber todas as cargas da construção, transmitindo-as, uniformemente, sobre
o leito de fundação. Por isto, as fundações devem ser resistentes e dimensionadas para as condições do local.
Importância das fundações: serão à base das construções. Se uma fundação não for realizada
corretamente, poderá comprometer a construção (obra) posteriormente, acarretando custos mais elevados e
paralisação das atividades.
Nas propriedades rurais, alguns cuidados devem ser tomados:
• Preferir terreno de natureza geológica boa, se possível, protegido de ventos dominantes da região;
• Evitar terrenos baixos, de lençol freático muito próximo à sua superfície;
• Escolher locais afastados de pontos insalubres;
• Terrenos turfosos e resultantes de aterro de lixo devem ser evitados, por serem fracos e úmidos,
sujeitos à decomposição da matéria orgânica.
A necessidade de enterrar das fundações se deve a duas razões:
• Evitar o escorregamento lateral da construção;
• Eliminar a camada superficial, geralmente composta de material em decomposição ou aterro.
Leito da fundação refere-se ao plano que se prepara no subsolo para o assentamento dos alicerces. O
alicerce serve como ancoragem da fundação, e suporta as lajes, sendo feito até a altura do solo.

Tipos de Fundações

Há vários tipos de fundações, dependendo do tipo de solo (resistência) e das condições do local onde a
benfeitoria será construída.
Quanto à profundidade da cota de apoio, estão divididas em: Rasas e Profundas.
Fundações Rasas: cotas de apoio até 2 metros de profundidade.
Fundações Profundas: cotas de apoio acima de 2 metros de profundidade.

Baldrame ou Sapata Corrida: Acompanha as paredes da construção, sendo usada como apoio a elas. É
uma fundação continua, com formato de viga, feita de concreto simples ou armado, armado, de solo-cimento,
cimento ou de blocos de concreto (blocos-canaletas).
Radier ou Laje Radier: é uma fundação em formato de laje, feita de concreto armado e apoiada
diretamente sobre o solo compactado. Possui a mesma área da benfeitoria, podendo ser um pouco maior que
o seu contorno (geralmente, 60 cm para cada um dos lados), para já servir de calçada.
Blocos e Sapatas: composta de elementos de concreto, construída nos pontos que recebem as cargas
dos pilares.

ALVENARIA

Alvenaria é a arte ou ofício de pedreiro ou alvanel, ou ainda, obra composta de pedras naturais ou
artificiais, ligadas ou não por argamassa. Também pode ser definida como o sistema construtivo de paredes e
muros, ou obras similares, executadas com pedras, com tijolos cerâmicos, blocos de concreto, cerâmicas,
assentados com ou sem argamassa de ligação.
Quando a alvenaria é empregada na construção para resistir cargas, ela é chamada alvenaria
resistente, pois além do seu peso próprio, ela suporta cargas (peso das lajes, telhados, etc.). Quando a
alvenaria não é dimensionada para resistir cargas verticais além de seu peso próprio é denominada alvenaria
de vedação.
Os dois tipos principais de alvenarias são as naturais (pedras irregulares e regulares) e artificiais
(blocos de concreto, cerâmicos, solo-cimento, adobe).
As alvenarias de tijolos e blocos cerâmicos ou de concreto, são as mais utilizadas, mas existem
investimentos crescentes no desenvolvimento de tecnologias para industrialização de sistemas construtivos
aplicando materiais diversos.

Preparo da argamassa para assentamento de alvenaria de vedação

As argamassas são utilizadas em assentamentos e em revestimentos. A argamassa de assentamento


deve ser preparada com materiais selecionados, granulometria adequada e com um traço de acordo com o
tipo de elemento de alvenaria adotado. Podem ser preparadas manualmente ou com uso da betoneira.
Geralmente, a argamassa de assentamento utilizada é de cimento, cal e areia no traço 1:2:8, com espessura
que varia de 1 a 1,5 cm entre tijolos. Na tabela abaixo encontram-se outros traços utilizados de acordo com o
tipo de alvenaria e o rendimento por saco de cimento.

Tabela 1- Traço de argamassa em latas de 18litros para argamassa de assentamento

Aplicação Traço Rendimento/saco de


cimento
Alvenaria de tijolos de barro 1 lata de cimento
cozido (maciço) 1 lata de cal 10m2
8 latas de areia
Alvenaria de tijolos baianos 1 lata de cimento
ou furados 2 lata de cal 16m2
8 latas de areia
Alvenaria de blocos de 1 lata de cimento
concreto 1/2 lata de cal 30m2
6 latas de areia

Aplicação da argamassa de assentamento


• Tradicional: o pedreiro espalha a argamassa com a colher e depois pressiona o tijolo ou bloco
conferindo o alinhamento e o prumo.
• Cordão: o pedreiro forma dois cordões de argamassa, melhorando o desempenho da parede em
relação a penetração de água de chuva, ideal para paredes em alvenaria aparente.

TIPOS DE PAREDES

A espessura das paredes é sempre múltiplo das dimensões dos tijolos. São colocadas em camadas
horizontais (fiadas) e com juntas desencontradas. Podem ser dispostas de diversos modos conforme a
espessura das paredes, que é indicada pelo número de tijolos.
Parede de espelho (cutelo) – feitas com tijolos assentados segundo a espessura e o maior comprimento.
Empregadas nas divisões internas de edificações.
Parede de meio tijolo (frontal) – tijolos assentados segundo a sua face maior e de modo que a largura
corresponda à espessura da parede. Servem para vedação e para suportar esforços.
Parede de um tijolo – tem como espessura o comprimento do tijolo. São recomendadas para paredes
externas, pois oferecem boa resistência e impermeabilidade (quando revestidas).
Parede de um tijolo e meio – tem como espessura um tijolo e meio, sendo dispostos de várias
maneiras. Recomendadas para paredes que necessitarão de resistência.

Quantidade de tijolo por parede

Em função do tamanho dos tijolos e da espessura da junta podemos calcular quantas unidades de
tijolos precisamos para preencher um metro quadrado de alvenaria, e, a partir daí, chegar ao consumo de
material.

Seja:
N TH x TV
Onde:
N= número de tijolos por m2
TH = Quantidade de tijolos na horizontal (metro linear)
TV = Quantidade de tijolos na vertical (metro linear)
(C=comprimento tijolo, J=junta)

(H=altura tijolo, J=junta)

Exemplo: Supondo-se uma parede de 1 tijolo de 23 x 11 x 5 cm e junta de 1 cm, temos:



 

Portanto, para esta parede são necessários 70 tijolos por m². Acrescentar 10% para perdas.

Outro método:
Tijolo furado, assentamento em pé (½ tijolo). Medidas (m): 0,14 x 0,19 x 0,29
Área de 1 tijolo, incluindo juntas: 0,21m (21cm) x 0,31m (31cm) = 0,0651m2;
Quantidade de tijolos por m2: 1,00m2 ÷ 0,0651m2 = 15 peças. Acrescentar 10% para perdas.

PISO E CONTRAPISO

Piso: Acabamento – piso cerâmico, granito, pedra, ardósia, cimento, etc.


Contrapiso: Base ou sustentação para o piso.

Contrapiso

Importância:
• Servir de suporte para o revestimento de piso e seus componentes,
• Corrigir pequenos desníveis na laje do piso,
• Resistir às cargas atuantes durante a utilização, sem apresentar rupturas,
• Embutir tubulações elétricas e hidráulicas,
• Incorporar sistemas de impermeabilização,
• Complementar sistemas de isolamento acústico ou térmico,
• Proporcionar os caimentos necessários para os diversos tipos de uso dos ambientes.

Características do contrapiso

Aspereza, determinada em função da granulometria da areia utilizada;


Poucas Ondulações – depende do pedreiro
Resistência mecânica, decorrente dos materiais utilizados e de suas dosagens.
Recomenda-se argamassa (piso) com traço de 1:3 ou 1:4, respectivamente, para cimento e areia.
A água deve ser a estritamente necessária, e a argamassa deve ser espalhada em pequenas camadas,
devidamente adensadas, se a espessura a cobrir for superior a 2 ou 3 centímetros.
Para passagem ou galpões de máquinas, às vezes pode ser necessário a confecção de contrapiso
reforçado (Tabela 2).

Tabela 2. Espessura de contrapiso em função de seu uso

Finalidade de Uso Espessura


Interior de residências 2 a 7,8 cm
Áreas internas de edificações, passeios ou
calçadas e áreas onde não passam animais de 7cm
grande porte, tratores ou cargas pesadas
Áreas externas com trânsito de pequenos
veículos, áreas de confinamento de animais 10 cm
Áreas de estacionamento de implementos,
tratores e trânsito de veículos mais pesados 15 cm
(caminhões e tratores)
Fonte:http://www.banet.com.br/construcoes/

A argamassa para contrapiso geralmente possui o seguinte traço e o rendimento (Tabela 3).

Tabela 3: Traço e rendimento da argamassa para contrapiso.

Aplicação Traço Rendimento por Dica


saco de cimento de
50 kg
Concreto magro 1 saco de cimento 50 kg 14 latas ou 0,25m3 O concreto magro
8 ⁄ latas de areia serve como base para
pisos em geral.
11 ⁄ latas de pedra
Antes de receber o
2 latas de água concreto magro, o
solo deve ser
umedecido.

PISOS

A argamassa para pisos possui geralmente uma espessura de 3 cm, mas pode variar em função do uso.
A Tabela 3 traz os traços e rendimentos para alguns tipos de pisos que poderão ser utilizados em construções
e instalações rurais.

Tabela 3 - Traço e rendimento de argamassas para pisos

Aplicação Traço Rendimento por saco de Dica


cimento de 50 kg
Piso Cimentado - 1 lata de cimento 4 m2 (com espessura de O cimento liso é o
- 3 latas de areia 2,5 cm) acabamento de piso
mais econômico.
Pode ser queimado
com pó de cimento e
colorido com pó
corante.
COBERTURA DAS INSTALAÇÕES

A cobertura, parte superior da edificação que a protege das intempéries, é constituída por uma parte
resistente (laje, estrutura de madeira, estrutura metálica, etc.) e por um conjunto de telhas com função de
vedação (telhado), podendo apresentar ainda um forro e uma isolação térmica.
Deve cumprir as seguintes funções básica:
• Proteção das partes internas das construções;
• Dar inclinação adequada, de acordo com o tipo de telha utilizada, para drenar águas pluviais;
• Formar um "colchão de ar" entre o forro e a telha, possibilitando controle da temperatura interna,
melhorando as condições de conforto térmico.

Componentes das estruturas de sustentação dos telhados

A estrutura é considerada como o conjunto de componentes ligados entre si, com a função de suportar
o telhado. A estrutura é composta por uma armação principal e outra secundária.
A estrutura principal é um conjunto de componentes ligados entre si com a função de suportar a
estrutura secundária e o telhado, pode ser constituída por tesouras, pontaletes ou por vigas e a estrutura
secundária constituída pelas ripas, caibros e terças. Para estruturas metálicas e de madeira onde são
assentadas telhas do tipo ondulada a estrutura secundária resume-se basicamente em terças, frechais e
pontaletes.
A estrutura secundária é um conjunto de componentes ligados entre si com a função de suportar o
telhado, podendo ser constituída das seguintes peças:
• Ripas: Peças de madeira pregadas sobre os caibros, atuando como apoio das telhas cerâmicas;
• Caibro: Peças de madeira, apoiadas sobre as terças, atuando por sua vez como suporte das ripas;
• Terças: Peças de madeira ou metálica, apoiadas sobre tesouras, pontaletes ou ainda sobre paredes,
funcionando com sustentação dos caibros (caso das telhas cerâmicas) ou telhas onduladas (fibra de vidro,
cimento-amianto, zinco, alumínio);
• Frechal: Viga de madeira ou metálica, colocada no topo das paredes com a função de distribuir as
cargas concentradas provenientes de tesouras, vigas principais ou outras peças da estrutura. E comum,
também, chamar de frechal a terça da extremidade inferior do telhado;
• Terça cumeeira: Terça da parte mais alta do telhado;
• Pontaletes: Peças dispostas verticalmente, constituindo pilares curtos sobre os quais apoiam-se as
vigas principais ou as terças;
• Chapuz: Calço de madeira, geralmente de forma triangular, que serve de apoio lateral para a terça;
• Contra ventamento: Peça disposta de forma inclinada, ligando as tesouras com a finalidade de
travar a estrutura. Esta disposição aumenta a estabilidade das tesouras, pois com o seu intermédio a uma
maior resistência à ação lateral do vento.

Forma dos telhados

O telhado pode assumir diversas formas, em função da planta da edificação a ser coberta. As formas
fundamentais na constituição de um telhado são chamadas elementares e podem ser combinadas resultando
várias outras formas mais complexas ou até mesmo especiais para uma determinada atividade específica.
a) Telhado de meia-água ou uma água: É um telhado muito simples, constituído por uma única
água. Neste caso não estão presentes nem a cumeeira, espigão e rincão;
b) Telhado de duas águas: Apresenta dois planos inclinados que se encontram para formar a
cumeeira.

MATERIAIS ALTERNATIVOS
• Adobe
• Ferrocimento
• Bambu
• Solocimento

Adobe

É uma técnica de construção natural onde o principal recurso utilizado para construí-lo é o barro, que é
encontrado no próprio local da construção. O adobe foi utilizado por todas as grandes civilizações, podemos
tomar por exemplo a Muralha da China, onde em boa parte de sua construção o bloco de adobe foi utilizado.
A fabricação dos blocos de adobe requer a mistura de barro, palha e água, sendo o material pisoteado
até formar uma massa homogênea. Após este processo, a massa é colocada em fôrmas de madeira chamadas
de ''adobeiras'' e finalmente os blocos são deixados em locais reservados para secar.
Vantagens:
• Rapidez no preparo dos tijolos;
• Em locais onde o sol é frequente sua produção é mais rápida garantindo qualidade e durabilidade;
• Bom conforto térmico;
• Baixo custo (se obtido no próprio local da construção);
• Os tijolos podem ser usados em vários tipos de construção.

Ferrocimento

É constituído de uma argamassa de cimento e de areia envolvendo um aramado de vergalhões finos e


telas. As características do ferrocimento são parecidas com as do concreto armado. O aramado do
ferrocimento faz as vezes da armadura do concreto armado. A grande diferença é que as peças do
ferrocimento são bem mais finas (1,5cm a 3,5cm) que as de concreto armado.
Vantagens:
• Baixo custo necessitando de poucos materiais para construí-la
• Ótima qualidade do ferrocimento, não necessitando de manutenção
• Sua aplicação é muito simples
• É um grande exemplo de tecnologia social dando acesso para todas as pessoas e comunidade

Bambu
Bambu é uma técnica de construção milenar, muito utilizada no oriente. Possui alta flexibilidade a
resistência de suas fibras sendo uma ótima alternativa para a construção.
Vantagens:
• Baixo custo;
• A resistência e qualidade da construção;
• O crescimento em grande escala do bambu garante a disponibilidade de recurso para construir
habitações;
• É uma material multi-função, podendo ser utilizado na confecção dos mais variados produtos.
Grande parte do uso mais comum do bambu no Brasil decorre de tradição do meio rural, onde são
empregados em cercas e em pequenas construções, como galinheiros, currais, pequenos abrigos rústicos,
taperas, gaiolas etc.
Uma das grandes possibilidades da aplicação do Bambu nas construções rurais é na utilização de
estruturas para Casa de Vegetação ou Viveiros. Acredita-se que seja uma das mais promissoras aplicações,
pois o alto custo na aquisição de estufas convencionais dificulta o acesso ao homem do campo a essa
tecnologia.
Solocimento

O solo-cimento é um material alternativo de baixo custo, obtido pela mistura de solo, cimento
(aglomerante hidráulico) e um pouco de água. No início, essa mistura parece uma "farofa" úmida. Após ser
compactada, ela endurece e com o tempo ganha consistência e durabilidade suficientes para diversas
aplicações no meio rural. Uma das grandes vantagens do solo-cimento é que o solo um material local,
constitui justamente a maior parcela da mistura.
Vários fatores podem influir nas características do produto final e entre elas pode-se citar: dosagem do
cimento, natureza do solo, teor de umidade e compactação ou prensagem.
A coesão do solocimento é determinada pela constituição do cimento, sua finura, quantidade de água e
temperatura ambiente. Algumas impurezas que possam aparecer na água de mistura podem ser agressivas ao
cimento como sulfatos e matéria orgânica.
É uma evolução de materiais de construção do passado, como o barro e a taipa. Só que as colas
naturais, de características muito variáveis, foram substituídas por um produto industrializado e de qualidade
controlada: o cimento.
Há 4 modos de utilização do solo-cimento: tijolos ou blocos, pavimento, parede maciça, ensacado. Os
tijolos ou blocos de solo-cimento são produzidos em prensas, dispensando a queima em fornos. Eles só
precisam ser umedecidos, para que se tornem resistentes. Além de grande resistência, outra vantagem desses
tijolos ou blocos é o seu excelente aspecto. As paredes maciças são compactadas no próprio local, em
camadas sucessivas, no sentido vertical, com o auxílio de formas ou guias. O processo de produção
assemelha-se ao sistema antigo de taipa de pilão, formando painéis inteiriços, sem juntas horizontais. Os
pavimentos também são compactados no local, com o auxílio de fôrmas, mas em uma única camada. Eles
constituem placas maciças, totalmente apoiadas no chão. O solo-cimento ensacado resulta da colocação da
"farofa"úmida em sacos, que funcionam como fôrmas. Depois de terem a sua boca costurada, esses sacos são
colocados na posição de uso, onde são imediatamente compactados, um a um. O processo de execução
assemelha-se à construção de muros de arrimo com matacões de pedra.

TIPOS DE INSTALAÇÕES RURAIS


SILO TRINCHEIRA

O silo trincheira é uma construção permanente (benfeitoria). O tipo trincheira é caracterizado por uma
vala feita no chão, preferencialmente em lugar alto e contra um barranco, na qual se deposita a silagem,
compactada com um trator e posteriormente fechada a sua frente com tábuas e com lona plástica recoberta
por terra, areia ou pneus.
Para reduzir custos de construção, pode ser utilizado sem revestimento de alvenaria, porém há
deterioração rápida das paredes laterais, mesmo que se utilize lona plástica nas laterais e no fundo do silo.
As paredes laterais devem ser inclinadas (25%), como também deve haver uma inclinação das laterais
para o meio do silo e do fundo para a boca do silo. Esse procedimento facilita o escoamento de um possível
efluente. Quando revestidos com alvenaria ou tijolos em espelho, reduzem acentuadamente as perdas. Deve
haver atenção com relação a profundidade do lençol freático.
A execução do silo-trincheira começa pela marcação previa do terreno. Depois é feita a escavação
manual ou mecânica (com trator), dependendo do seu tamanho e do local onde o silo vai ser construído.
O fundo do silo deve ser bem compactado, com caimento mínimo de 2% (2cm por metro) do fundo
para a entrada. As paredes laterais devem ter inclinação, em relação a vertical, correspondente a 25% da
profundidade do silo.
Depois devem ser preparadas as fundações das paredes. Elas podem ser do tipo baldrame, com altura
de 30cm e largura igual a da parede. Se o revestimento do talude das paredes for de solo-cimento, o baldrame
também poderá ser desse material.
O revestimento das paredes e do piso do silo-trincheira deve ser feito com materiais de boa qualidade,
resistentes a ação do tempo e a trepidação gerada por tratores ou carretas forrageiras no seu interior.
Dependendo da situação, do tipo de solo local e das condições gerais da região, podem ser adotadas
várias soluções de revestimento.
As paredes laterais podem ser revestidas com:
• Concreto
• Placas de concreto
• Blocos de concreto
• Solo-cimento
• Ferrocimento
A definição do melhor tipo de revestimento para as paredes vai depender das condições do local onde
o silo será construído. Por exemplo, em regiões de boa drenagem e com solos arenosos, o usa do solo-
cimento pode proporcionar grande economia.
O piso do silo trincheira pode ser feito com: concreto ou solo-cimento. O piso de concreto, com uma
camada maciça moldada no próprio local, tem as seguintes vantagens:
• Elevada resistência ao peso e ao desgaste produzido por tratores ou carretas forrageiras
• Maior resistência a ação das chuvas, por ser impermeável
• Facilidade de limpeza
• Possibilidade de construção na propriedade, sem o auxílio de equipamentos especiais
• Utilização de materiais de construção fáceis de comprar
• O piso do silo-trincheira também pode ser feito com uma camada maciça de solo-cimento executada
no próprio local da obra. Essa solução é a mais econômica, principalmente quando há disponibilidade de solo
adequado (arenoso) para a execução do solo-cimento no local da obra ou próximo a ela, porque esse material
constitui a maior parcela da mistura. Além disso, o piso de solo-cimento tem outras vantagens:
• Menor consumo de materiais comprados no comércio
• Grande durabilidade
Tanto no caso do piso de concreto como no de solo-cimento, a espessura recomendada é variável: para
silos com compactação e trânsito de carroça e microtrator, é de 10 cm; para silos com compactação e trânsito
de trator e caminhão, é de 15 cm.
Para maior proteção e garantia da estabilidade do talude, deve ser feita uma calçada de concreto ou
solo-cimento de 1m de largura, ao longo de toda a extensão do silo. A calçada deve ter espessura de 8cm e
caimento de 5% (5cm por metro) para o lado externo e uma canaleta para escoamento das aguas de chuva.
Também é recomendável a execução, na borda externa da canaleta, de uma guia (meio-fio) de
concreto com 15cm de altura, para evitar eventual aproximação de veículos das bordas das paredes durante o
carregamento do silo-trincheira.
Devem ser previstos pilares laterais na entrada do silo ou sulcos nas paredes laterais, para possibilitar
o fechamento com pranchões de madeira. Os silos de maior capacidade, com carregamento nas duas
extremidades e compactação mecânica da silagem, devem ter rampa de saída semelhante a de entrada. Elas
facilitam a movimentação de tratores, para descarregar, carregar e compactar o material, e evitam o risco de
acidentes por manobras arriscadas.

GALPÕES RURAIS

O galpão é uma das principais benfeitorias da propriedade rural. Serve para guardar máquinas,
implementos e equipamentos agrícolas, para armazenar a produção e também como depósito e materiais e
insumos rurais. Pode ser usado ainda como estábulo, pocilga, aviário e para a criação de bicho-da-seda,
cabras, ovelhas e outros animais.
O comprimento, a altura, a largura, as condições de ventilação e iluminação e a facilidade de limpeza
dos galpões rurais devem atender às necessidades funcionais da atividade a ser desenvolvida dentro deles,
porque todos esses itens têm muita importância na produtividade. Por esse motivo, um galpão só deve ser
construído em local adequado à sua finalidade e depois de feito o respectivo projeto. Além disso, o ideal é
que o espaço interno do galpão rural seja inteiramente livre, sem pilares.
Os galpões rurais pré-moldados de concreto oferecem algumas vantagens como:
• Permite atender às necessidades funcionais;
• Possibilita um espaço interno inteiramente livre;
• São mais duráveis;
• Dispensam a manutenção rotineira;
• São fáceis de construir e simples de montar;
• São muito resistentes à intempéries (temporais, chuvas e ventos fortes);
• Têm custo bastante reduzido.
O que garante o espaço interno inteiramente livre nos galpões rurais pré-moldados de concreto é a
colocação dos pilares apenas no contorno da construção, no sentido do comprimento.
Existem várias soluções técnicas para construção de galpões rurais pré-moldados de concreto. As
duas mais econômicas e simples são:
- Galpão de uma água, para vãos de até 6,5m;
- Galpão de duas águas, para vãos com mais de 6,5m.

Galpão de uma água


Uma solução econômica e eficaz é construir o galpão de uma água com peças de concreto pré-
moldado no próprio local. As peças desse galpão são de apenas 3 tipos:
- Pilares, com base quadrada de 20cm x 20cm, altura variando de 3m a 5m e rebaixos no topo para
encaixe das vigas transversais, sendo que a metade da quantidade dos pilares deve ter uma altura maior para
dar caimento ao telhado;
- Vigas transversais, de até 7,5m de comprimento (inclusive 50cm de beiral para cada lado), com
rebaixos para fixação nos pilares e para fusos salientes para montagem das terças;
- Terças, semelhantes às vigotas pré-moldadas usadas na construção de lajes com 3m a 4m de
comprimento, encaixe macho-fêmea nas extremidades e furos para o trespasse dos parafusos salientes das
vigas transversais.
O dimensionamento exato e o cálculo estrutural para cada galpão desse tipo devem ser feito por um
profissional habilitado. A concretagem de todas as peças do galpão é feita com apenas 3 fôrmas diferentes
(uma para os pilares, uma para as vigas transversais e umas para as terças). Essas 3 fôrmas são de execução
muito simples inclusive os moldes dos rebaixos e ressaltos necessários.
A fundação mais simples para esse tipo de galpão é a sapata, mas com uma espécie de cálice na face
superior onde será encaixado o pilar. Como os pilares são dispostos em pares espaçados de 3m a 4m, no
máximo (no sentido do comprimento do galpão), as sapatas deverão ser executadas nessa mesma disposição.
As sapatas devem ser dimensionadas e calculadas pelo profissional habilitado, responsável pelo projeto
estrutural do galpão.
Após a execução das fundações, os pilares são encaixados nos cálices e aprumados. O espaço vazio
entre os cálices e os respectivos pilares é preenchido com concreto. As vigas transversais são encaixadas nos
topos dos pilares e rejuntadas com concreto. Tanto os pilares como as vigas são levantados e movimentados
com o auxílio de talhas pois pesam no mínimo 520kg e no máximo 800kg. Às terças são encaixadas nos
parafusos salientes das vigas transversais e fixadas com porcas.
A cobertura desse tipo de galpão é feita com telhas onduladas de fibrocimento. Essas telhas são
fixadas às terças com parafusos e ganchos encontrados nas lojas de material de construção.
Paredes e pisos dos galpões
Os galpões rurais podem ser abertos ou fechados, dependendo da finalidade de uso. Podem ser
pavimentados com piso de solo-cimento.
Os pisos e pavimentos de solo-cimento são constituídos de uma camada maciça de solo-cimento
executado no próprio local da obra. O solo-cimento é um material alternativo, de baixo custo, obtido pela
compactação de uma mistura de solo, cimento e um pouco de água. Essa solução é, seguramente, a mais
econômica, principalmente quando há disponibilidade de um solo mais adequado (solo arenoso) a execução
do solo cimento no local da obra ou próximo a ele, porque esse material constitui justamente a maior parcela
da mistura além disso os pisos e pavimentos de solo-cimento têm outras vantagens como:
- Menor consumo de materiais comprados no comércio;
- Grande durabilidade.
Os pisos e pavimentos de solo-cimento podem ser utilizados em: moradias, galpões, pátios e terreiros,
ruas e estradas, passeios e calçadas. A utilização do solo-cimento no piso de moradias segue a mesma
orientação. E é até mais simples, porque o contorno da área já está delimitado pelas próprias paredes da casa,
que funcionam como fôrma. A superfície dos pisos e pavimentos de solo-cimento sujeito ao tráfego de
veículos pesados (caminhões, carretas, tratores, colheitadeiras, etc.) e animais de grande porte (bovinos e
equinos) devem ser revestidas com uma camada de concreto ou outro material equivalente.

REQUISITOS PARA CONSTRUÇÃO DE DEPÓSITO DE AGROTÓXICOS NA


PROPRIEDADE RURAL:

• Ser exclusivo para produtos agrotóxicos e afins;


• Ter altura que possibilite a ventilação e iluminação;
• Possuir ventilação comunicando-se exclusivamente com o exterior e dotada de proteção que não
permita o acesso de animais;
• Ser construído em alvenaria e/ou material que não propicie a propagação de chamas;
• Quando construído parede-parede com outras instalações a separação não pode possuir elementos
vazados, permitindo o acesso restrito ao deposito pelo interior de outras instalações;
• Ter piso que facilite a limpeza e não permite infiltração;
• Ter sistema de contenção de resíduos no próprio depósito, por meio da construção de lombadas,
muretas, desnível de piso ou recipiente de contenção e coleta;
• Possuir instalações elétricas, quando existentes, em bom estado de conservação para evitar acidentes;
• Ser possível, no caso de armazenamento de agrotóxicos e afins em quantidade até 100 litros ou 100
kgs admite-se o uso de armários exclusivo e trancado, de material que não propicie a propagação de chamas,
abrigado fora de residências, alojamentos para pessoas ou animais, escritórios, ambientes que contenham
alimentos e rações;
• Admite-se o uso de estantes ou prateleiras para acondicionamento de agrotóxicos e afins as quais
poderão estar fixadas nas paredes, desde que não interrompam as saídas de emergência e rotas de fuga. Os
produtos devem manter uma distância mínima de 0,10 m das paredes.

BIODIGESTOR
O biodigestor é um equipamento que tem a finalidade de promover a finalização de resíduos orgânicos
de uma forma economicamente aproveitável, sendo a maneira mais correta de evitar a poluição ambiental
por resíduos de criações.
O biodigestor produz de forma direta e simples 2 produtos, o biogás e o biofertilizante.
De maneira geral o biogás poderá ser utilizado como fonte de energia variada. No caso agrícola o
melhor do aproveitamento deste equipamento será o biofertilizante, que terá retorno imediato ao solo e com
bom resultado de fertilização orgânica.
O biogás produzido a partir de resíduos agropecuários pode promover a autonomia energética de
diversos produtores rurais. Seu uso pode contribuir para agregação de valor de produtos agroindustriais,
suprimento autônomo de combustível para muitas utilidades, como para alimentação de sistemas de
bombeamento para irrigação, podendo viabilizar tais empreendimentos.
A utilização do gás metano como gás combustível contribui para a diminuição do efeito estufa. O
biodigestor promove o saneamento rural, prevenindo a poluição e conservando os recursos hídricos, os quais
são finitos e vulneráveis, e portanto devem ser utilizados racionalmente para consumo humano e outros usos
prioritários e não como veículo para dejetos.
Esta tecnologia possibilita a utilização do biofertilizante como adubo orgânico, em substituição aos
adubos químicos que em seus processos de produção causam impactos ambientais e consomem energia.
Assim, os biodigestores podem converter os dejetos animais de um problema em uma solução.
O biodigestor tem o mesmo princípio da fossa asséptica, trata-se de uma caixa hermética, onde o
material (excrementos) tem um tempo para passar da entrada até a saída, quando ocorre a fermentação
anaeróbica, produzindo o biogás (metano). Desta forma, o material após a fermentação resultará em
biofertlizante.
Os biodigestores também são utilizados como solução para despoluição, podendo dar
reaproveitamento para água no próprio sistema de produção, além de eliminar o poder de poluição dos
excrementos, já que os mesmos passam a ganhar valor como adubo e ter sua utilização mais racional.
O problema do biodigestor está em seu custo de implantação, que normalmente é alto, já que se trata
de um equipamento, e como tal também necessita de cuidados e atenção especial para sua utilização, ou seja,
não funciona sem ter um operador com alguma dedicação, já que o material tem que ser constantemente
manipulado para evitar entupimentos e acúmulos de resíduos
Em resumo o biodigestor é composto por três partes distintas:
1. Caixa de entrada – Esta é a parte do biodigestor em que é feito o carregamento dos resíduos animais
e vegetais.
2. Biodigestor propriamente dito – Parte interna do biodigestor, onde ocorre a biodigestão anaeróbia
pelas bactérias, e como resultado desse processo é produzido o biogás.
3. Caixa de saída - A cada volume de carga na entrada corresponde à saída do mesmo volume de
líquido do biodigestor. Este líquido deve ser armazenado em condições aeróbicas para que posteriormente
possa-se usá-lo como biofertilizante.

FOSSAS SÉPTICAS
As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico nas quais são feitas a
separação e transformação da matéria sólida contida no esgoto.
As fossas sépticas, uma benfeitoria complementar e necessária às moradias, são fundamentais no
combate a doenças, verminoses e endemias (como a cólera), pois evitam o lançamento dos dejetos humanos
diretamente em rios, lagos, nascentes ou mesmo na superfície do solo. O seu uso é essencial para a melhoria
das condições de higiene das populações rurais.
Esse tipo de fossa nada mais é que um tanque enterrado, que recebe os esgotos (dejetos e águas
servidas), retém a parte sólida e inicia o processo.
Não devem ficar muito perto das moradias (para evitar mau cheiro) nem muito longe (para evitar
tubulações muito longas). A distância recomendada é de 4 metros.
Elas devem ser construídas do lado do banheiro, para evitar curvas nas canalizações. Também devem
ficar num nível mais baixo do terreno e longe de poços ou de qualquer outra fonte de captação de água (no
mínimo 30 metros de distância), para evitar contaminações, no caso de um eventual vazamento.
O tamanho da fossa séptica depende do número de pessoas da moradia. Ela a dimensionada em função
de um consumo médio de 200 litros de água por pessoa, por dia. Porem a capacidade nunca deve ser inferior
a 1000 litros.
As fossas sépticas podem ser de dois tipos:
-Pré-moldadas
-Feitas no local
As fossas sépticas pré-moldados, de formato cilíndrico, são encontradas no mercado. A menor fossa
pré-moldada tem capacidade de 1000 litros, medindo 1,1 x 1,1 metros (altura x diâmetro).
Para volumes maiores é recomendável que a altura seja major que o dobro do diâmetro.
Para a sua montagem, observar as orientações dos fabricantes.
A execução desse tipo de fossa séptica começa pela escavação do buraco onde a fossa vai ficar
enterrada no terreno.
0 fundo do buraco deve ser compactado, nivelado e coberto com uma camada de 5 cm de concreto
magro, (1 saco de cimento, 8 latas de areia, 11 latas de brita e 2 latas de água, a lata de medida a de 18 litros)
sobre o concreto magro é feito uma laje de concreto armado de 6 cm de espessura (1 saco de cimento, 4 latas
de areia, 6 latas de brita e 1,5 It de água), malha de ferro 4.2 a cada 20 cm.
As paredes são feitas com tijolo maciço, ou cerâmico, ou com bloco e concreto. Durante a execução da
alvenaria, já devem ser colocados os tubos de entrada e saída da fossa (tubos de 100 mm) e deixa ranhuras
para encaixe das placas de separação das câmaras, caso de fossa retangular.
As paredes internas da fossa devem ser revestidas com argamassa a base de cimento (1 saco de
cimento, 5 latas de areia e 2 latas de cal).
A rede de esgoto da moradia deve passar inicialmente por um caixa de inspeção, que serve para fazer
a manutenção do sistema, facilitando o desentupimento, essa caixa deve ter 60cm x 60 cm e profundidade de
50 cm, construída a cerca de 2 metros de distância da casa. Caixa construída em alvenaria, ou pré-moldada,
com tampa de concreto.

CERCAS
As cercas em um projeto pecuário podem ter alta representatividade nos custos de implantação, assim
como na manutenção, alguns fatores devem ser considerados por momento das projeções dos modelos a
serem utilizados em um projeto onde haja uso intensivo de cercas.
O projeto deverá privilegiar alguns modelos básicos, onde serão respeitados os princípios de máxima
economia e realização dos objetivos propostos com o uso das cercas.
Em propriedade rural as cercas podem ser divididas basicamente em 2 objetivos, os de proteção ou
contenção e os de manejo alimentar, lembrando que o que deve segurar um animal dentro de um pasto é a
pastagem e não as cercas.
Basicamente as cercas de proteção e/ou contenção deverão ser as cercas que fazem o perímetro da
propriedade, onde a função de se evitar fugas ou acessos de animais indesejáveis tem que ser prioridades,
para tanto deverão ser nestas cercas onde os custos serão mais significativos.
Nas cercas de manejo, ou seja, aqueles que estarão dividindo pastos e piquete deverá ser adotado outra
filosofia, onde a função básica será de conduzir as rotinas de pastejo da propriedade ou projeto.
As cercas deverão sempre ser projetadas com base em um módulo básico para cada objetivo, onde o
parâmetro de custo será a orçamentação de 1 (um) km, devendo conter todas as despesas e volumes gastos no
tal módulo.
A definição do módulo deverá ser dada a partir da média topográfica da propriedade, ou seja, quanto
mais plana a topografia maior a possibilidade de distanciar os moirões ou estacas, normalmente o fator que
mais onera o custo do quilômetro de cerca.
De maneira geral a cerca tem um padrão básico, e todas as variações devem ter este padrão como
ponto de partida, sendo ele com 2,20m entre moirões ou estacas e 4 fios de arame farpado, seria esta a cerca
de maior capacidade de contenção e portanto a mais cara.
Fatores usados para “ancoragem” (pontos de fixação dos arames) das cercas serão sempre comuns em
qualquer modelo, às chamadas âncoras ou escoramentos, sempre estará localizado ou em extremos
topográficos, em cantos ou nos limites para se tencionar os arames.

Cercas para delimitação de áreas

As cercas destinadas à delimitação de áreas de propriedades, de culturas, de pastos ou de faixas de


estradas utilizam: mourões comuns e mourões esticadores.
Nessas cercas, em geral, é usado o arame farpado. Tanto os mourões comuns como os esticadores
devem ter ranhuras, para facilitar a amarração do arame farpado.
Os mourões comuns são colocados a cada 3,5m, no máximo. Já os mourões esticadores são colocados
a cada 50m, no máximo. Além disso, devem ser usados sempre que a direção das cercas ou a inclinação do
terreno mudar, e nas extremidades das cercas.
A construção da cerca sempre começa pela colocação dos mourões esticadores, enterrados a uma
profundidade de 1m e bem aprumados. Os mourões esticadores devem ser escorados antes do esticamento
dos fios. O escoramento pode ser retirado à medida que o arame vai sendo esticado, menos nos mourões
esticadores das extremidades da cerca, onde o escoramento deve ser mantido.
Os mourões comuns são colocados nos respectivos locais após o esticamento do arame. E devem ficar
enterrados a uma profundidade de 75cm. Os fios esticados devem ser amarrados nos mourões comuns com
arame liso galvanizado.

Cercas para currais

As cercas para currais, estábulos ou piquetes de contenção de animais de grande porte devem ser
construídas com mourões mais robustos, dotados de furos. Essas cercas utilizam: mourões intermediários e
mourões de canto (ou mourões de cruzamento).

Essas cercas são executadas com cordoalhas ou arame liso avalado. Em geral, tanto os mourões
intermediários como os de canto têm seção quadrada.
Os mourões intermediários são colocados a cada 3m, no máximo. Os mourões de canto (ou de
cruzamento), utilizados nas esquinas e cruzamentos, como o nome indica, devem ser mais reforçados.
A construção dessas cercas começa com a colocação dos mourões de canto, enterrados a uma
profundidade de 1m. Depois de aprumados, é preciso lançar solo em torno deles, em camadas sucessivas,
compactadas uma a uma, até atingir 90cm. Os 10cm restantes devem ser preenchidos com concreto magro. A
seguir, os mourões de canto devem ser escorados. Depois são colocados os mourões intermediários, no
mesmo alinhamento.
Para aumentar a resistência da cerca é recomendado travar os mourões entre si, no sentido do
comprimento. Isso pode ser feito com peças de madeira.

ESTUFAS (Ambiente Protegido)

Ambiente protegido é aquele que propicia um microclima adequado ao desenvolvimento vegetal.


Ele pode ser coberto com vidro ou plástico e são comumente chamado chamados de estufas ou casas de
vegetação.
No início do século 19, foram feitos estudos sobre a forma ideal de um ambiente protegido, cujo
material de cobertura seria o vidro, e foi observado que uma cobertura hemisférica proporcionaria
transmissão máxima da radiação. A partir daí, vários estudos relacionados com a estrutura, forma e material
de cobertura foram desenvolvidos com o objetivo de minimizar os custos e proporcionar condições próxima
do ideal para as plantas.
As estufas variam no tamanho e no tipo, de modo a satisfazerem um grande número de
necessidades dos agricultores. Podem ser climatizadas ou não. As do primeiro tipo são usadas em regiões de
clima muito frio, onde as baixas temperaturas não permitem o desenvolvimento das plantas, contando
somente com o calor armazenado dentro delas devido ao efeito estufa. É necessário o uso de equipamentos
que controlem a temperatura, umidade relativa do ar e ventilação. Normalmente, são utilizadas para culturas
sensíveis, como flores, quando requerem faixas mínimas de tolerância relativa ao ambiente.
Essas estufas climatizadas são desenvolvidas de tal forma a permitir um alto percentual de
automatização dos equipamentos, para que se consiga um grande controle ambiental. Devido a todas as
exigências que as cercam, são construções dispendiosas e por isso só devem ser empregadas em situações
especiais.
As estufas não climatizadas são construções simples, baratas e geralmente construídas pelos
próprios agricultores. O controle do ambiente é feito pelo manejo das aberturas e cortinas. O calor quando
desejado é obtido pelo efeito estufa. São utilizadas em clima quente e ameno e restringem-se à culturas
menos sensíveis, como hortaliças e outras, e alguns tipos de flores.
Dificilmente se consegue manter as condições do ambiente, durante todo o tempo, dentro da faixa
ideal exigida pela cultura.
Um efeito que ocorre no interior de um ambiente protegido é o chamado efeito estufa. A radiação
solar de onda curta consegue passar pela cobertura plástica ou pelo vidro, é absorvida pelo solo contribuindo
para elevar a sua temperatura. Qualquer superfície aquecida, como o solo, emite radiação sob a forma de
onda longa, que sob a forma de calor vai aquecer a atmosfera adjacente ao solo. Esse calor, dentro do
ambiente protegido, é transferido para camadas mais superiores, não sendo totalmente perdido devido ao
anteparo que é a cobertura plástica, ou de vidro. Por esse motivo, tem-se um ambiente sempre quente,
algumas vezes com temperaturas elevadas.
Sempre que se pretenda se adquirir uma estufa, deve-se ter em mente o espaço disponível para sua
construção e, o tamanho adequado à espécie vegetal que será plantada.
Os fatores de maior importância na escolha do modelo da estufa são a facilidade de acesso e a
transmissão da luz, bem como a estabilidade e a durabilidade.
Ao se construir uma estufa, a recomendação é que deve-se observar a orientação dos ventos
predominantes, ou seja, a construção nunca deve ser perpendicular à direção do vento, e sim, construída no
sentido da sua direção. Mas, para se obter a máxima vantagem da radiação solar, principalmente no inverno,
a estufa deve ter seu eixo maior na direção leste-oeste. Esta posição reduz a um mínimo o sombreamento das
vigas da estrutura.
A atividade agrícola utiliza inúmeros tipos ou formas de energia, cada uma delas representa uma
gama enorme de aplicações, sem falar dos processos e transformações envolvidas, mas em geral
as formas de energia utilizadas na agricultura poderiam se resumir à energia potencial, energia
cinética, energia eletromagnética e energia nuclear.

A energia potencial se refere a uma possibilidade, ou seja, a energia está “armazenada” em um


estado latente ou se preferir “dormente”, portanto, não está atuando naquele instante, mas PODE
atuar a qualquer momento, bastando um “gatilho”, ou ação que POTENCIALMENTE libere esta
energia. A agricultura usa e armazena muita energia potencial!!! Uma das mais importantes é a
energia potencial química recorrente a todas as reações bioquímicas e fotossintéticas (ligação de
moléculas, quebra de moléculas, ATP, etc.). Enfim, o termo agroenergia é sinônimo de energia
potencial química.

O biodiesel é POTENCIALMENTE uma fonte de energia, mas é preciso que o mesmo seja utilizado
em um motor diesel de tal forma que a energia armazenada nas moléculas de biodiesel (ésteres)
seja liberada a fim de mover um pistão que através de um mecanismo biela-manivela fará girar um
eixo (eixo de manivelas ou virabrequim), que movimentará um trator. Por outro lado se o biodiesel
for usado, por exemplo, somente como lubrificante, este não liberará sua energia POTENCIAL,
aliás, as empresas que extraem petróleo nem querem que suas perfuratrizes comecem a liberar a
energia potencial do biodiesel, pois o interesse é somente que o mesmo as lubrifique.

Retomando o exemplo do virabrequim, este movimento rotativo proveniente da conversão da


energia potencial química do biodiesel, se refere a outro tipo de energia, a energia cinética. A
palavra cinética vem do grego kinetiké, que significa MOVIMENTO. Portanto a energia cinética é a
energia do movimento, e envolve principalmente as grandezas aceleração (rotativa ou linear),
velocidade (rotativa ou linear) e a massa de um corpo, de tal forma que a energia cinética é
proporcional a MOVIMENTAÇÃO de uma massa a uma velocidade, e uma consideração
importante, a energia cinética é muito mais influenciada pela velocidade do que pela massa, assim
um objeto, por exemplo, uma caminhão carregado com cana-de-açúcar pesando no total 25
toneladas viajando a 50 km/h tem a mesma energia CINÈTICA que um carro de 800 kg viajando a
280 km/h, perceba que o carro tem 31 vezes menos massa que o caminhão e sua velocidade é
somente 5,6 maior que a do caminhão, no entanto o estrago de uma batida com o caminhão e com
o carro, nestas condições, é o mesmo.

A energia eletromagnética se trata da interação entre um campo elétrico e um campo magnético,


em outras palavras cargas elétricas se movimentando geram um campo magnético e um campo
magnético variando (se “movimentando”) faz com que cargas elétricas entrem em movimento
(formação de um campo elétrico) - (no fundo é aquela velha questão: quem vem primeiro o ovo ou
a galinha). Bem, o importante para a agricultura é que a energia ELETROMAGNÉTICA é
transmitida por ondas eletromagnéticas, e de todas as ondas eletromagnéticas a mais conhecida e
importante para a agricultura é a LUZ do SOL. Na verdade a energia eletromagnética proveniente
da luz do sol é originária das reações atômicas e nucleares que ocorrem no Sol, que em última
instância são provenientes da energia NUCLEAR. Cabe uma ressalva, se na Terra existem
energias (qualquer energia) mesmo a POTENCIAL e a CINÉTICA, é porque o SOL as transferiu.
Portanto toda a Agricultura, todos Nós, a Terra inteira, assim como o Sistema Solar todo, existem
graças à energia NUCLEAR do SOL.

Desconsiderando a fonte de tudo, a energia NUCLEAR do SOL, em um sistema mais localizado


como a agricultura, diversos tipos de energia atuam e se inter-relacionam nas transformações
energéticas. E estas transformações sempre estarão relacionadas com uma ou outra das formas
potencial, cinética ou eletromagnética. Assim, quando uma grande fazenda resolve instalar um
MCH (Mini Central Hidrelétrica), ela está usufruindo de uma queda d´água que armazena energia
POTENCIAL gravitacional da água, pois a água está em um nível mais alto, e esta ao descer deste
desnível (gatilho) converte a energia potencial gravitacional em energia CINÉTICA da água (este
conjunto Potencial/Cinética também é conhecido como energia hidráulica), esta energia cinética faz
uma turbina girar (energia hidrodinâmica) que aciona um gerador que transforma este energia
CINÉTICA em energia POTENCIAL elétrica que pode ser conduzida até lâmpadas especiais dentro
de uma estufa, e estas lâmpadas podem converter a energia potencial elétrica em energia
ELETROMAGNÉTICA na forma de ondas eletromagnéticas (LUZ) que tenham uma frequência
específica para melhorar a fotossíntese de uma planta qualquer, assim aumentando o
armazenamento de energia POTENCIAL química na forma de glicose e celulose, a celulose por sua
vez poderia ser utilizada como combustível sólido que seria queimado em uma caldeira liberando a
energia POTENCIAL química e gerando calor que faria as moléculas de água aumentarem sua
energia CINÈTICA e por consequência sua temperatura, assim fazendo com que a água se
evapore e o vapor conduziria esta energia térmica (CINÉTICA das moléculas) para um sistema de
destilação de álcool que separaria as moléculas de álcool, que em última instância são energia
POTENCIAL química convertida da energia NUCLEAR do SOL. Outra derivação da mesma energia
potencial elétrica poderia ser a utilização para gerar calor através de resistências elétricas
montadas em uma granja de frangos, para aquecê-los no frio, este calor nada mais é do que
energia térmica irradiada (energia ELETROMAGNÉTICA) das resistências elétricas como ondas
eletromagnéticas, entre elas a mais intensa é o infravermelho, estas ondas infravermelho agitam as
moléculas de ar na granja aumentando assim a energia CINÉTICA destas, elevando, por
conseguinte a temperatura do ar da granja.

QUESTÕES:
1-Com relação às construções e à energia rural, julgue os itens que se seguem.
Os circuitos elétricos alimentados com tensão de 110 volts demandam disjuntores de menor amperagem e são,
portanto, mais econômicos que os circuitos alimentados com tensão de 220 volts.
 Certo
 Errado

2-Com relação às construções e à energia rural, julgue os itens que se seguem.


O tijolo de barro de qualidade adequada deve ser bem cozido, sem manchas escuras nem areia em excesso.
São mais utilizados os tijolos do tipo maciço e o furado. Os tijolos de furos quadrados com oito furos são mais
utilizados em paredes com função estrutural.
 Certo
 Errado

3-Com relação às construções e à energia rural, julgue os itens que se seguem.


A geração de eletricidade a partir do bagaço da cana-de- açúcar, a chamada bioeletricidade, representa hoje,
aproximadamente, 3% da matriz energética nacional. Na produção de etanol, essa cultura vem contribuindo
para a diminuição do impacto da emissão de CO2.
 Certo
 Errado
4-A respeito dos sistemas de certificação ambiental de construções, julgue o item subsequente.
O potencial de economia de consumo de energia elétrica no setor de edificações é expressivo apenas para os
projetos atuais de novas construções. A economia de consumo de energia elétrica, mesmo com o emprego
do retrofit de construções, continua a ser inexpressiva.
 Certo
 Errado

5-Com referência ao imposto sobre propriedade territorial rural (ITR), assinale a opção correta.

a)O ITR não incide sobre o imóvel declarado como de interesse social para fins de reforma agrária.
b)Não há previsão constitucional para a progressividade do ITR.
c)O enfiteuta não pode ser sujeito passivo do ITR
d)Não há fato gerador do ITR em relação ao imóvel rural por acessão física.
e)A base de cálculo do ITR corresponde ao valor da terra nua, incluindo os valores de mercado relativos a
construções, instalações e benfeitorias.

6-Ocorre o fornecimento de energia a título precário quando:

a)a distribuidora pode atender a unidades consumidoras localizadas em outra área de concessão ou permissão.
b)o atendimento é realizado por meio do uso ou compartilhamento das instalações de outra distribuidora ou
cooperativa de eletrificação rural.
c)a distribuidora de energia aplicar aos seus consumidores tarifa aplicada e homologada outra distribuidora ou
cooperativa de eletrificação rural.
d)os contratos firmados para unidades consumidoras tiverem prazo de vigência não superior a doze meses.
e)em decorrência de desastres ou catástrofes naturais, houve a necessidade de as geradoras de energia
promoverem a distribuição direta aos consumidores finais.
7-

O aumento do consumo de energia elétrica teve como um fator principal, no período, a(o)

a)expansão da eletrificação rural por regiões.


b)retomada da atividade industrial.
c)suspensão de políticas de racionamento.
d)reconfiguração dos fusos horários do País.
e)desmembramento do Sistema Nacional de Energia.

8-No que concerne à área de reserva legal, relativa a imóvel rural, pode-se afirmar que

a)em caso de fracionamento do imóvel rural, não será considerada, para fins de reserva legal, a área do imóvel
antes do fracionamento.
b)será de 30% em todas as regiões do País, com exceção da Amazônia Legal.
c)os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto não estão sujeitos à
constituição de Reserva Legal.
d)será exigida Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de autorização para
exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia
elétrica.
e)será exigida Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e
ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias.

9-Julgue os itens a seguir, relativos ao imposto de transmissão inter


vivos (ITBI), ao imposto de transmissão causa mortis e doação
(ITCMD) e ao imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR).
A base de cálculo do ITR relativo a imóvel localizado em área rural do estado de São Paulo será o valor venal
do bem, devendo-se considerar o valor das construções, instalações, benfeitorias, culturas e pastagens.
 Certo
 Errado
10-Na construção rural, os materiais de construção podem ser obtidos diretamente da natureza ou podem
constituir o resultado de trabalho industrial. O agregado é um tipo de material utilizado nestas construções.
Quanto ao diâmetro máximo, os agregados são classificados em

a)naturais e artificiais.
b)leves, pesados ou normais.
c)pequeno, médio ou grande.
d)miúdo, graúdo ou mesclado.
e)simples ou composto.

11-Com base no direito econômico, seus princípios e normas, julgue


os itens a seguir.
A construção de pequena represa em propriedade rural, para o aproveitamento do potencial de energia hídrica,
a fim de suprir a demanda de energia elétrica da casa dos proprietários, independe de autorização ou
concessão.
 Certo
 Errado

12-No Brasil, as tarifas de energia elétrica estão estruturadas em dois grandes grupos de consumidores: grupo
A e grupo B. As tarifas do grupo B destinam-se às unidades consumidoras atendidas em tensão inferior a 2,3
kV e são estabelecidas para determinadas classes (e subclasses) de consumo. NÃO pertence ao grupo B a
classe de tarifa

a)industrial.
b)rural.
c)residencial.
d)de iluminação pública.
e)subterrânea.
13-Para religação normal de unidade consumidora localizada em área rural, a Distribuidora de Energia
Elétrica deverá restabelecer o fornecimento no prazo máximo de:

a)6 (seis) horas.


b)12 (doze) horas.
c)24 (vinte e quatro) horas.
d)48 (quarenta e oito) horas.

14-Acerca da regulação de cooperativas e da regulação de serviços de energia elétrica, julgue os itens


de 76 a 80.
As cooperativas de eletrificação rural, titulares de permissão ou autorização, recebem classificação de
consumidor rural, subclasse cooperativa de eletrificação rural, e possuem as tarifas de fornecimento vinculadas
aos descontos, caso atendidas as disposições regulamentares concernentes aos serviços de eletrificação rural.
 Certo
 Errado

15-Acerca da regulação de cooperativas e da regulação de serviços de energia elétrica, julgue os seguintes


itens.
As cooperativas de eletrificação rural, titulares de permissão ou autorização, recebem classificação de
consumidor rural, subclasse cooperativa de eletrificação rural, e possuem as tarifas de fornecimento vinculadas
aos descontos, caso atendidas as disposições regulamentares concernentes aos serviços de eletrificação rural.
 Certo
 Errado

16-A Resolução ANEEL no 414 estabelece, de forma atualizada e consolidada, as condições gerais de
fornecimento de energia elétrica.
Quanto à classificação, verifica-se que NÃO consiste em uma classe estabelecida para efeito de aplicação das
tarifas a(o)

a)residencial
b)rural
c)urbana
d)poder público
e)consumo próprio da concessionária

17-A energia elétrica, nas áreas rurais, traz benefícios, tais como a redução do êxodo rural, o aumento da
quantidade e da qualidade da produção rural e a ampliação do mercado consumidor de energia. Diversos estudos
analisam a melhor forma de suprimento de energia elétrica nas áreas rurais, abordando a eletrificação rural
descentralizada como opção no atendimento energético dessas áreas.
O que gera o questionamento quanto ao fornecimento de energia elétrica das áreas rurais apenas pelas plantas
de geração centralizada e distribuída por redes?
a)O consumo excessivo de correntes harmônicas e/ou de potência reativa das cargas rurais.
b)Os tipos de cargas rurais, que não seguem o padrão de energia fornecido pelas plantas de geração
centralizada.
c)A rejeição da população rural ao consumo da energia elétrica provinda dos grandes centros urbanos.
d)A inviabilidade técnico-econômica de transporte e distribuição da energia frente à baixa demanda das áreas
rurais.
e)As acentuadas depredações das instalações elétricas devido às condições ambientais das áreas rurais.

18-Incluem-se entre os bens dos Estados

a)as ilhas fluviais e lacustres não-pertencentes à União.


b)os potenciais de energia hidráulica.
c)as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares.
d)o mar territorial, os terrenos de marinha e seus acrescidos.
e)as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
19-Incluem-se entre os bens dos Estados

a)as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares.
b)o mar territorial, os terrenos de marinha e seus acrescidos.
c)as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
d)as ilhas fluviais e lacustres não-pertencentes à União.
e)os potenciais de energia hidráulica.

20-Na maior parte do Brasil o preço do etanol ficou muito próximo daquele da gasolina. Ao se considerar o
maior poder calorífico da gasolina, apesar da maior taxa de compressão permitida pelo etanol, com os preços
atuais deixou de ser compensador o uso desse último. Seu consumo tinha superado aquele da gasolina, mas
retrocedeu recentemente. E, pior, a produção nacional caiu de modo que se importa uma parcela do etanol dos
EUA, atualmente o maior produtor mundial do biocombustível. O problema é que o etanol americano é feito
de milho, que não dispõe de bagaço e obriga a queima de óleo combustível na destilação.

Revista Carta Capital. São Paulo: Ed. Con fi ança, edição especial, ano XIX, Nº 781, p.61.
De acordo com o que se depreende da leitura do texto, a importação de etanol dos EUA provoca.
a)atraso nas construções de novas refinarias da Petrobras
b)aumento das tarifas de energia elétrica
c)aumento da emissão de dióxido de carbono na atmosfera
d)redução do consumo de gasolina no mercado interno
e)dificuldade de fluxo de caixa para investimentos do pré-sal
Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10: 11: 12:
13: 14: 15: 16: 17: 18: 19: 20:

21-Na maior parte do Brasil o preço do etanol ficou muito próximo daquele da gasolina. Ao se considerar o
maior poder calorífico da gasolina, apesar da maior taxa de compressão permitida pelo etanol, com os preços
atuais deixou de ser compensador o uso desse último. Seu consumo tinha superado aquele da gasolina, mas
retrocedeu recentemente. E, pior, a produção nacional caiu de modo que se importa uma parcela do etanol dos
EUA, atualmente o maior produtor mundial do biocombustível. O problema é que o etanol americano é feito
de milho, que não dispõe de bagaço e obriga a queima de óleo combustível na destilação.

Revista Carta Capital. São Paulo: Ed. Confiança, edição especial, ano XIX, Nº 781, p.61.

De acordo com o que se depreende da leitura do texto, a importação de etanol dos EUA provoca
a)atraso nas construções de novas refinarias da
b)aumento das tarifas de energia elétrica
c)aumento da emissão de dióxido de carbono na atmosfera
d)redução do consumo de gasolina no mercado interno
e)dificuldade de fluxo de caixa para investimentos do pré-sal
22-Considerando a avaliação de imóvel rural regulamentada pela NBR 14653-3:2004, assinale a
alternativa correta.
a)As avaliações de construções e instalações, quando não usado o método comparativo direto de dados de
mercado, devem ser feitas por meio de orçamentos qualitativos e quantitativos, compatíveis com o grau de
fundamentação.
b)A pontuação de classificação é obtida utilizando-se o método comparativo direto de dados de mercado,
conjugado ou não com os métodos de custo e da capitalização da renda.
c)Para o laudo classificado no Grau II, a pontuação limite é = 35 e = 71.
d)Os frutos e direitos devem ser avaliados pelo método comparativo direto de dados de mercado ou pela
aplicação de taxa de rentabilidade sobre o valor do capital envolvido.
e)O grau de precisão da estimativa de valor, no caso de utilização do método comparativo direto de dados de
mercado, considerando a amplitude do intervalo de confiança de 80% em torno do valor central da estimativa,
é classificado em: Grau I > 50%; Grau II 30% - 50%; e, Grau III 30%.

23-A energia no meio rural, além de possibilitar o conforto, constitui-se em insumo necessário à
verticalização de diversos produtos.
Acerca da produção e distribuição de energia no meio rural, julgue os itens que se seguem.
Os biodigestores constituem alternativa para produção de energia elétrica na zona rural. A fonte mais
largamente utilizada em biodigestores hoje em dia no Brasil são os dejetos bovinos.
 Certo
 Errado

24-A energia disponível na Terra e que não é aproveitada, ou que o homem simplesmente desperdiça, é
suficiente para sustentar a humanidade em crescimento por tempo indefinido. Sobre a produção e uso de
energia no meio rural, assinale a alternativa correta.

a)O biodigestor é um sistema complexo, em que, basicamente, numa câmara fechada, a biomassa é fermentada
anaerobicamente e o biogás resultante é canalizado para ser empregado nos mais diversos fins.
b)O biodiesel é a energia obtida a partir da madeira, basicamente lenha, que pode ser produzida e obtida de
maneira sustentável a partir de florestas plantadas ou nativas.
c)O grande obstáculo na comercialização do biodiesel é o custo de produção. Atualmente, os custos de
matéria- prima e o custo de produção fazem com que o preço de venda do biodiesel seja muito alto.
d)O biogás, à semelhança do álcool da cana-de-açúcar e de óleos extraídos de outras culturas, compete com a
produção de alimentos em busca de terras disponíveis para cultivo.
e)Dendrocombustível é uma denominação genérica para combustíveis e aditivos derivados de fontes não
renováveis, como dendê, babaçu, soja, palma, mamona, entre outras.

25-Texto 1 – Sem humanos, natureza prospera em Chernobyl


Os seres humanos causam mais danos para a vida selvagem do que desastres nucleares. Essa é a
conclusão de um estudo publicado ontem na revista científica “Current Biology”, que analisou dados
populacionais de grande prazo na zona de exclusão de Chernobyl, na fronteira entre a Ucrânia e a
Bielorrússia. Em abril de 1986, a área de 4.200 quilômetros quadrados foi totalmente evacuada após a
explosão, seguida de um incêndio, de um reator na Usina Nuclear de Chernobyl. Centenas de milhares
de pessoas foram removidas de suas casas para nunca mais voltar. Três décadas depois, a região mais
parece um parque de proteção ambiental que uma zona de desastre. Sem a presença humana, bandos
de alces, veados, cervos, javalis e lobos são vistos perambulando livremente entre ruas e construções
abandonadas.
- É muito provável que o número de animais selvagens em Chernobyl seja bem maior agora do que
antes do acidente – diz Jim Smith, professor da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, e
coordenador da equipe internacional responsável pelo estudo. – Isso não significa que a radiação é boa
para a vida selvagem, apenas que os efeitos da habitação humana, incluindo caça, agricultura e
desmatamento, são muito piores.

(O Globo, 6/10/2015)
“ruas e construções abandonadas”; entende-se, por essa estrutura, que estão abandonadas as ruas e as
construções, mas em caso de só querermos qualificar como abandonadas as ruas, a estrutura adequada seria:
a)as ruas abandonadas e as construções;
b)as abandonadas ruas e construções;
c)as construções e as ruas abandonadas;
d)as construções abandonadas e as ruas;
e)as construções e as ruas também abandonadas.
26-Tendo em vista que os meios de transporte e os materiais de construção têm impactos múltiplos em
construções ambientalmente sustentáveis, como na conservação de recursos naturais, na eficiência de energia e
na qualidade do ar do ambiente interno, assinale a opção correta.

a)Os projetos não devem considerar a desconstrução, o que aumenta o impacto ambiental na hora da
demolição.
b)Os materiais, produtos e sistemas antropogênicos possuem energias incorporadas.
c)Para um melhor condicionamento dos produtos, os fabricantes devem aumentar a quantidade de embalagem
ao transportar materiais para o canteiro de obras.
d)A manutenção reduzida ou infrequente não tem relação com a durabilidade de um produto nem com custos
mais baixos ao longo de sua vida útil.
e)O transporte marítimo afeta mais o meio ambiente que o uso de caminhões e ferrovias; por isso, estes dois
últimos são considerados transportes sustentáveis.

27-A respeito dos sistemas de certificação ambiental de construções, julgue o item subsequente.
O sistema PROCEL EDIFICA teve origem no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que permitia aos
consumidores avaliar e aperfeiçoar o consumo de energia dos equipamentos eletrodomésticos.
 Certo
 Errado

28-Leia os dados contidos na tabela sobre o meio ambiente nas conferências Rio 92 e Rio+10.

De acordo com a tabela, o único indicador que melhorou entre os anos de 1992 e 2002 foi:
a)Energia.
b)Pobreza.
c) Floresta.
d)Emissão de CO².

29-Texto 1
Considerando construções linguísticas do texto e a norma- padrão da língua portuguesa, assinale a alternativa
que apresenta, corretamente, a reescrita dos períodos “O homem, dessa forma, passa maior parte de sua vida
em seus locais de trabalho, dedicando sua força, energia e esforços para as organizações. Ou seja,
disponibilizando maior parte do seu tempo ao trabalho do que propriamente com suas famílias e amigos.”
(linhas de 6 a 10).

a)O homem tem dedicação ao trabalho, mas não às famílias e aos amigos porque dedica sua força, energia e
esforços para as organizações, onde passam bastante tempo.
b)Disponibilizando maior parte de seu tempo para as famílias e os amigos, o homem poupa sua força, energia
e esforços para as organizações, passando parte expressiva de sua vida em locais de trabalho.
c)O homem dedica grande parte de sua vida e, consequentemente, de seu tempo, às organizações, empregando
sua força, energia e esforços em detrimento da família e dos amigos.
d)O homem dedica força, energia e esforços para as organizações, onde passa a maior parte de sua vida,
dedicando bastante parte do tempo às atividades laborais, reduzindo assim a disponibilidade para a família e os
amigos.
e)Disponibilizando maior parte de seu tempo ao trabalho, o homem passa maior parte de sua vida em locais de
trabalho, dedicando sua força, energia e esforços para as organizações, famílias e amigos.

30-Considerando construções linguísticas do texto e a norma-padrão da língua portuguesa, assinale a


alternativa que apresenta, corretamente, a reescrita dos períodos “O homem, dessa forma, passa maior parte de
sua vida em seus locais de trabalho, dedicando sua força, energia e esforços para as organizações. Ou seja,
disponibilizando maior parte do seu tempo ao trabalho do que propriamente com suas famílias e amigos.”
(linhas de 6 a 10).
a)O homem tem dedicação ao trabalho, mas não às famílias e aos amigos porque dedica sua força, energia e
esforços para as organizações, onde passam bastante tempo.
b)Disponibilizando maior parte de seu tempo para as famílias e os amigos, o homem poupa sua força, energia
e esforços para as organizações, passando parte expressiva de sua vida em locais de trabalho.
c)O homem dedica grande parte de sua vida e, consequentemente, de seu tempo, às organizações, empregando
sua força, energia e esforços em detrimento da família e dos amigos.
d)O homem dedica força, energia e esforços para as organizações, onde passa a maior parte de sua vida,
dedicando bastante parte do tempo às atividades laborais, reduzindo assim a disponibilidade para a família e os
amigos.
e)Disponibilizando maior parte de seu tempo ao trabalho, o homem passa maior parte de sua vida em locais de
trabalho, dedicando sua força, energia e esforços para as organizações, famílias e amigos.
31-
Considere as seguintes afirmações acerca do conteúdo do texto.
I. O Brasil é um país promissor para a implementação de construções sustentáveis, mas ainda há incertezas em
relação à fonte de energia mais econômica para esse tipo de edificação.
II. Os moradores dos “prédios verdes” incorporaram o conceito de sustentabilidade de tal forma que
predomina no Brasil o uso de fontes alternativas de energia.
III. As construções sustentáveis não dependem apenas do tipo de material utilizado nas edificações, mas
também da forma como o homem se relaciona com os objetos e com os espaços.

Quais estão corretas de acordo com o texto?


a)Apenas I.
b)Apenas II.
c)Apenas III.
d)Apenas II e III.
e)I, II e III.

32-Assinale a alternativa incorreta;

a)O cônjuge que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade,
sobre imóvel urbano de até 250m2 (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-
cônjuge que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio
integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural;
b)A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia
hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. O proprietário, contudo,
tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não
submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial;
c)São formas de perda da propriedade imóvel a alienação, a renúncia, o abandono, o perecimento da coisa e a
desapropriação. Os efeitos da perda da propriedade imóvel, nos casos de renúncia e desapropriação, não estão
subordinados ao registro no Ofício de Registro de Imóveis correspondente;
d)As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos
fronteiros, podendo-se afirmar que aquelas que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos
sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha
que dividir o álveo em duas partes iguais; bem como, que aquelas que se formarem pelo desdobramento de um
novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram;
e)São formas de aquisição da propriedade imóvel por acessão: formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono
de álveo e plantações ou construções.

33-Segundo o Manual de Crédito Rural (MCR), em seu capítulo 1 (Disposições Preliminares), na seção 4
(Beneficiários), é considerado beneficiário do Sistema Nacional de Crédito Rural: a) produtor rural (pessoa
física ou jurídica); b) cooperativa de produtores rurais. No entanto, o mesmo manual ressalta a existência de
outros beneficiários, pessoa física ou jurídica que, embora não sejam classificados como produtor(es)
rural(ais), ainda podem ser beneficiários do crédito rural, desde que se dediquem na execução de algumas
atividades vinculadas ao setor. Analise as assertivas abaixo sobre as atividades destacadas pelo MCR:

I. Pesquisa ou produção de mudas, sementes fiscalizadas ou certificadas.


II. Prestação de serviços mecanizados, de natureza agropecuária, em imóveis rurais.
III. Prestação de serviços de construções rurais.
IV. Prestação de serviços de inseminação artificial, em imóveis rurais.
V. Atividade mineradora.

Quais estão corretas?


a)Apenas I e V.
b)Apenas III e IV.
c)Apenas II, III e V.
d)Apenas I, II, IV e V.
e)I, II, III, IV e V.
.34- Define-se por patologia das construções:

a)o estudo das origens, causas, mecanismos de ocorrência, manifestação e consequências das situações em que
as construções ou partes delas se mostram com um funcionamento abaixo do pré-estabelecido, não atendendo
aos mínimos impostos pela normas vigentes.
b)o estudo das origens, causas, mecanismos de ocorrência, manifestação e consequências das situações em que
as construções ou partes delas se mostram com um funcionamento abaixo do pré-estabelecido, mesmo
atendendo aos mínimos impostos pela normas vigentes.
c)o estudo das origens, causas, mecanismos de ocorrência, manifestação e consequências das situações que
caracterizem apenas o mau funcionamento da construção como um todo.
d)o estudo das origens, causas, mecanismos de ocorrência, manifestação e consequências das situações que
caracterizem apenas o mau funcionamento de partes das construções.
e)o estudo das origens, causas, mecanismos de ocorrência, manifestação e consequências das situações em que
as construções ou partes delas não atendam aos mínimos impostos pela normas de saúde vigentes.
-_______________________________________________________________________________
35- As fontes de energia, os transportes e as telecomunicações constituem três elementos básicos da
infraestrutura econômica — e, em particular, industrial — de um país. São condições para a sua
modernização e, ao mesmo tempo, indicadores de desenvolvimento e da sustentabilidade ambiental.

José William Vesentini. Geografia: o mundo em construção. Ática, vol. 2, 2013, p. 41 (com
adaptações)
Acerca do assunto abordado nesse fragmento de texto, bem como de múltiplos aspectos a ele relacionados,
julgue o item a seguir.
O projeto de transposição do rio São Francisco é uma política pública que objetiva gerar mais energia hidráulica
para o produtor rural do sertão nordestino.
 Certo
 Errado

36-A companhia de energia elétrica de determinado estado da Federação, empresa pública exploradora de
atividade econômica, pretende instalar o serviço de energia elétrica em determinada comunidade rural. Para
isso, será necessário instalar a rede em diversas propriedades rurais.
Com base nessas informações, assinale a opção correta acerca da intervenção do Estado no domínio
econômico.

a)A companhia em tela tem prerrogativa para declarar as áreas das referidas propriedades privadas que serão
utilizadas na edificação da rede de energia elétrica como de utilidade pública, para depois promover a
respectiva desapropriação.
b)A declaração de utilidade pública na espécie é da competência da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL).
c)Ao contrário do que ocorre na desapropriação, o Poder Executivo do estado tem, nesse caso, direito de optar
pela limitação administrativa.
d)O ato administrativo de desapropriação pode ser conceituado como ato genérico.

37-Acerca dos bens públicos, assinale a alternativa CORRETA:

a)São terrenos de marinha, em uma profundidade de 35 (trinta e cinco) metros, medidos horizontalmente, para
a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831: os que contornam as ilhas situadas em zona
onde se faça sentir a influência das marés e os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos
rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés.
b)São bens da União: as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e as terras devolutas indispensáveis à
defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, definidas em lei; os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
inclusiva; os potenciais de energia hidráulica; e os recursos minerais, exceto os do subsolo.
c)Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade, salvo os
imóveis públicos que serão adquiridos por usucapião.
d)os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
qualificação e na forma que a lei determinar, sendo que uso desses bens é sempre gratuito.
e)A alienação de bens imóveis da União ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social
em manter o imóvel no domínio da União, nem inconveniência quanto à preservação ambiental e à defesa
nacional, no desaparecimento do vínculo de propriedade. A alienação depende de autorização por meio de ato
do Presidente da República, precedida de parecer da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) quanto à sua
oportunidade e conveniência, sendo que a competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao
Ministro de Estado da Fazenda, permitida a subdelegação

38-Considere a sentença abaixo.


In the repair and maintenance of traditional buildings it is always best practice to retain as much of the
original material as possible. Where that is not possible, the most effective alternative involves the
understanding and use of materials and techniques that were employed in the original construction.

Na sentença, a expressão traditional building refere-se a


a)edifícios históricos.
b)edifícios convencionais.
c)construções públicas.
d)construções modernas.
e)edifícios em ruínas.
39-Julgue o item a seguir, a respeito das construções rurais e da valorização dos imóveis rurais.
A ordenha mecânica que utilize o modelo carrossel, de custo elevado e grande valorização do imóvel rural, é
utilizada em rebanhos de alta produção possibilitando grande rapidez na ordenha, pois com 14 contenções um
operador atinge 70 vacas/hora, podendo dois ordenhadores atingir até 180 vacas/hora com 28 contenções.
 Certo
 Errado

40-Conforme a legislação vigente, a entrada de energia elétrica no estabelecimento de contribuinte do ICMS


pode ensejar, em algumas situações específicas, o direito de crédito do ICMS, desde que atendidos os
requisitos previstos na legislação. NÃO enseja o direito de crédito de ICMS o recebimento de energia.

a)objeto de saída em operação interna, sujeita ao ICMS.


b)utilizada em processo de refrigeração, em estabelecimento varejista, que vende produtos resfriados sujeitos
ao ICMS.
c)utilizada em processo industrial, para fabricar mercadoria cuja saída é sujeita ao ICMS.
d)utilizada em processo de produção rural de fruta (irrigação) destinada à exportação.
e)utilizada em usina de reciclagem, que transforma resíduos (lixo) em matéria-prima, para a produção de papel
e de plástico.

Respostas 21: 22: 23: 24: 25: 26: 27: 28: 29: 30: 31: 32:
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SOCIOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO RURAL
Conceito de Sociologia

A Sociologia é a ciência que estuda o comportamento humano, os meios de comunicação e


os processos que interligam o indivíduo em associações, grupos e instituições. Estuda os fenômenos
que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos diversos, e interagem
no seu interior. É o das áreas do convívio humano, desde as relações na família até a organização
das grandes empresas, o papel da política na sociedade até o comportamento religioso, pode vir a
interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversos profissionais e, também, ao homem
comum. O maior interessado na produção e sistematização do conhecimento sociológico é o Estado,
normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica.
A Sociologia ocupa-se das observações do que é repetitivo nas relações sociais, para daí
formular generalizações teóricas, como também de eventos únicos, como o surgimento do
capitalismo ou a gênese do Estado Moderno, para explicá-los no seu significado e importância
singulares.

O termo Sociologia Rural


A Sociologia Rural, como a Sociologia Geral, nasceu de um momento de crise, com a
preocupação de ter como problema sociológico fenômenos sociais do campo e, mais precisamente,
problemas sociais, como êxodo rural, mudanças nas relações de trabalho, e a disseminação de uma
cultura citadina, urbana. O caráter dessas mudanças é indiscutível, e está no bojo dos
acontecimentos que fundamentaram o recrudescimento do processo capitalista de produção. Entre
uma produção propriamente teórica com a preocupação de apenas produzir e acumular
conhecimento, e uma outra, pautada por um engajamento, enquanto pesquisa aplicada para ações
efetivas, é possível afirmar ter prevalecido esta última na gênese da Sociologia Rural. Saber as
condições precárias da vida do homem do campo e, de uma certa forma, todas as outras influências
do ponto de vista cultural desse indivíduo, foi o que parece ter motivado trabalhos como o de
Antonio Candido, em Os parceiros do Rio Bonito, e de tantos outros. A Sociologia Rural, dessa
forma, teria nascido por necessidade e assim incorporaria um caráter utilitarista, no sentido da
apologia à reforma social para melhorar as condições de vida do homem do campo. No entanto,
Aldo Solari (1979) afirma que tal pretensão seria errônea, cabendo à Sociologia apenas a
interpretação dos fatos, assumindo um possível caráter enquanto ponto de apoio para as políticas
públicas no âmbito do rural. A despeito de sua louvável preocupação em promover melhorias, a
Sociologia Rural (como a Geral) deveria ter por “[...] objeto observar os fatos, descobrir leis,
interpretar suas causas, explicá-las; ela se ocupa daquilo que os fatos são, e não do que deveriam
ser” (SOLARI, 1979, p. 4).
Se, enquanto ciência, a Sociologia Rural surgiu em um momento de mudança com as
transformações ocorridas no campo, isso significa que sua gênese está na imbricação desses dois
universos, do rural e do urbano. No entanto, segundo Solari (1979), mais do que uma dicotomia
entre rural e urbano, o que existiria seria um “contínuo”, uma escala gradativa, haja vista as
diferenças apontadas entre tais categorias (rural e urbano) não serem válidas permanentemente,
podendo mudar de uma sociedade para outra. Em outras palavras, aquelas “diferenças fundamentais
entre o mundo rural e o urbano”, apontadas por outros autores como Sorokin, Zimerman e Galpin
(1981), não dariam conta de explicar possíveis faixas transitórias, uma vez que estas não
apresentariam na totalidade nem características exclusivamente rurais, nem exclusivamente
urbanas. Seria preciso considerar o grau de desenvolvimento dos centros urbanos para pensar o
rural, o qual poderá ser mais ou menos urbanizado.
Assim, o momento de crise no âmbito do campo refere-se ao início dessa sobreposição
entre o urbano e o rural e, dessa forma, considerando que essas transformações não ocorreram (e
nem ocorrem) de maneira homogênea, surgem diferentes graus dessa mesma sobreposição, ora
mais acentuada, ora mais superficial. A modernização do campo é um processo sem volta no Brasil
e no mundo, e dessa forma, considerando-se os movimentos de êxodo rural; a urbanização do
campo pela chegada de uma infraestrutura característica das cidades; a expansão do agronegócio
com implantação de alta tecnologia e ampliação da escala de produção; a aglutinação das pequenas
propriedades pelas grandes companhias proprietárias de grandes latifúndios e a incorporação de
uma cultura (no sentido das necessidades materiais) citadina pela família do campo estariam as
característica peculiares do campo fadadas ao desaparecimento? E, mais fundamentalmente, o que
restaria à Sociologia Rural como objeto de estudo, uma vez que o homem do campo vai se tornando
cada vez mais parecido com o da cidade? Dessa forma, tais questões sugerem a criação de um
grande paradoxo. Se a Sociologia Rural teria nascido de um momento de crise do campo diante do
processo de urbanização das cidades e da modernização dos meios de produção, o recrudescimento
desse processo estaria condenando-a a uma situação de incapacidade extrema enquanto ciência
social, haja vista o paulatino “desaparecimento” de seu objeto de estudo: o próprio meio rural, o
próprio campo. Em outras palavras, o processo (de urbanização, modernização) que criou condições
para sua existência, agora estaria sufocando-a pela transformação considerável que o campo
sofrera.
No entanto, segundo importantes referências no estudo da Sociologia Rural, talvez o
aparente paradoxo apontado quanto aos efeitos da sobreposição do urbano pelo rural não se
sustente. Por ser fato a passagem do rural para o urbano, por outro lado tem-se a invasão do
campo pela cidade, chamada por Aldo Solari (1979) de urbanização do meio rural. A intensidade de
tais fenômenos levaria a uma crise estrutural da sociedade e ao recrudescimento da Sociologia
Rural, por surgirem novos problemas que não estariam descolados da ruralidade por se tratarem de
consequências da modernização no seu sentido urbano, uma vez que o lócus de sua operação seria o
próprio campo. Dessa forma, essa situação de constante aproximação entre o urbano e o rural não
significaria, necessariamente, a extinção do campo e, consequentemente, da Sociologia que dele
trata. Ao contrário, apenas reforçaria ainda mais o caráter da importância do diálogo entre “rural e
urbano” que aqui já se afirmou. Mais do que isso, o que não se pode perder de vista é o fato de que
dentro desse “contínuo” existente numa escala em que numa extremidade ter-se-ia o rural e na
outra o urbano, dois fatos são evidentes: em primeiro lugar, tanto um extremo como o outro seriam
tipos ideais – categorias puras – que não se encontrariam na realidade; em segundo lugar, dada a
diferença da intensidade com que os processos de modernização acontecem nas mais diversas
áreas rurais do globo, essa escala permitiria uma infinidade de classificações. Isto posto, fica claro
que tal diálogo seria sempre presente, embora variando em grau, em intensidade, mas nunca
permitindo a sobreposição total de um (seja do rural, seja, do urbano) sobre o outro.

O contraste entre a vida metropolitana e a vida em vilas ou fazendas não


desaparecerão tão cedo [...], visto que a vida rural é algo mais amplo do que
a ‘sociologia da ocupação agrícola’, é improvável que esse campo seja
absorvido pela sociologia industrial. Além disso, já que todos os aspectos da
vida grupal são caracterizados por traços genéricos da vida rural, outras
especialidades (tais como a demografia ou a família) continuarão recebendo
contribuições da sociologia rural. (ANDERSON, 1981, p. 184)

No tocante ao papel da Sociologia Rural, talvez mais do que a preocupação com sua extinção
ou desaparecimento, seria interessante sugerir uma discussão sobre sua readequação para lidar
com a gama de novos fenômenos sociais ou nova roupagem dos que já se faziam presentes outrora.
Além disso, dado o nível de complexidade do sistema capitalista de produção que pressupõe uma
relação centro periferia entre os países, na qual a produção agrícola, a agropecuária e a exploração
da terra, de maneira geral, geram insumos para os mais diversos ramos industriais, a proximidade
rural urbano se torna ainda mais patente. Assim, conceitos, categorias e uma terminologia que deem
conta dessas novas realidades se fazem necessários. As mudanças econômicas, políticas e sociais
vividas pelo campo conduziram a uma preocupação direta com a recolocação da finalidade da terra
e da atividade do homem.
Para exemplificar, surge dessa forma a preocupação com a questão da multifuncionalidade e
pluriatividade. Tais conceitos são exemplos das transformações do aparato metodológico da
Sociologia Rural para lidar com a realidade do campo. A multifuncionalidade estaria associada ao
sentido da criação de meios (pelo poder público) para o desenvolvimento e promoção da terra, do
território. Não se trataria do desenvolvimento setorial, isto é, do produtor rural ou do agricultor
familiar, mas de um conceito que engloba as questões de planejamento para garantir o
desenvolvimento local como políticas públicas, no sentido da segurança alimentar, do tecido social,
do patrimônio ambiental, entre outras imprescindíveis ao desenvolvimento territorial. Quanto à
pluriatividade, esta estaria remetida ao novo comportamento do homem do campo diante das
transformações sociais ocorridas, o qual teria agregado outras funções que não apenas a de
agricultor. Do turismo rural à produção de produtos alimentícios, característicos do campo, em
grande escala (comumente por meio de cooperativas e pequenas empresas familiares), estariam as
novas funções do indivíduo pluriativo do campo. Dessa forma, nas palavras de Aldo Solari (1979), o
homem do campo vai se convertendo cada vez mais em um empresário, manejando uma organização
de caráter econômico, através da qual deve obter um rendimento. Assim, tais conceitos e categorias
seriam, na verdade, resultado do esforço da Sociologia Rural diante desses novos desafios. A
criação de mecanismos de classificação e leitura desses espaços é de extrema importância para a
formulação de políticas públicas em todas as esferas (municipal, estadual e federal).
Embora a Sociologia tenha seu campo de estudo predeterminado – a saber, os fenômenos
sociais erigidos da vida no campo –, talvez seja possível afirmar que ela não poderia prescindir dos
elementos constitutivos dos fenômenos estritamente urbanos, mas, ao contrário, deveria travar um
diálogo com estes, haja vista que o que aqui se chamou de sobreposição nada mais é do que este
diálogo propriamente dito entre o rural e o urbano. Se há uma ruralidade na cidade, há também uma
urbanidade no campo. Mesmo diante da complexidade das análises sociais em tempos de constantes
mudanças, cabe à Sociologia se adequar do ponto de vista metodológico e epistemológico. Mais do
que a preocupação com sua extinção enquanto braço da Sociologia Geral, o que importa é conseguir
ultrapassar o desafio de continuar apontando alternativas e leituras sobre as questões do mundo
rural de modo pertinente. O rural está se transformando, o que não significa que ele está acabando.
Da mesma forma, isso vale para a Sociologia Rural. Nos assuntos sobre Sociologia Rural destacam-
se o agronegócio na área da economia, da agricultura local e do impacto das grandes empresas de
produção de alimentos nas comunidades rurais. Outras áreas de estudo incluem a migração rural e
outros padrões demográficos, a sociologia ambiental, os cuidados com a saúde rural e a educação,
etc.

A FORMAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA


Origem e expansão da Sociedade Rural no Brasil

O desenvolvimento econômico brasileiro tem estreita relação com a sociedade rural


brasileira, tanto por sua influência econômica, política e cultural, e também por sua dimensão. O
complexo açucareiro que se instalou no Brasil colonial estabeleceu condições que nortearam o
desenvolvimento nacional até a segunda metade do século XX. A modernização mais abrangente do
campo brasileiro só veio ocorrer a partir dos anos de 1970, contudo, ainda hoje, nas regiões
Nordeste e Norte encontram-se exemplos ilustrativos do modo operacional da sociedade rural não
modernizada. Portugal chega ao século XVI, com posição importante no mercado mundial,
principalmente por sua expansão ultramarina. Entretanto, passa a sofrer acentuado processo de
estagnação econômica e social, em função da fragilidade da burguesia comercial diante da nobreza,
da realeza e do clero. O capital usuário especializava-se na manutenção da caótica dívida pública
(Oliveira, 2003). Alie-se a debilidade da base produtiva nacional. Sob este contexto o Brasil é
inserido na economia portuguesa, através da adoção de sesmarias, para viabilizar a colonização
mercantil, estabelecida nos moldes do Império das Índias.
A empresa açucareira passou a fazer parte da realidade brasileira a partir do terceiro
decênio do século XVI, por duas condições importantes: 1) ocupação efetiva pelo povoamento e
colonização da costa do Brasil; 2) o valor comercial do açúcar, na Europa, com uma demanda muito
maior do que a oferta. Tratava-se da mercadoria mais importante do comércio mundial, superando
em valor aos grãos, carne, peixes, especiarias, tecidos ou metais. Para atender esse mercado era
necessária uma produção em larga escala. Além disso, a logística desse negócio – plantio, colheita,
transporte ao engenho, moagem, exportação e financiamento – completavam, o quadro que
viabilizava economicamente grandes plantações. Tem-se então, a condição determinante da
instalação da plantation açucareira no Brasil. Com a grande propriedade direcionada ao cultivo da
cana-de-açúcar, instalou-se no Brasil o trabalho escravo, após a tentativa do silvícola como mão-
de-obra no extrativismo do pau-brasil, mas que se tornou inviável na agricultura comercial.
Foi o negro africano quem resolveu o problema da mão-de-obra para esse tipo de
agricultura. Solução que se estendeu até o final do século XIX, com reflexos no retardamento no
desenvolvimento econômico do Brasil. Nessa conjuntura começa a se formar a sociedade rural
brasileira.

A família rural e a sociedade colonial


A atividade açucareira também foi o embrião da
família rural, base da sociedade colonial brasileira, que se
desenvolveu patriarcal e aristocrática, nos moldes da
sociedade portuguesa. A família rural contava com apoio
político do donatário da capitania e/ou do Governo Geral. A
colonização por indivíduos praticamente não recebeu esse
apoio e não influenciou política e economicamente o
povoamento. Em torno dela e do seu elemento principal, o
engenho, - polo aglutinador da sociedade que se formava,
ordenando a propriedade e o uso do solo com a plantação
de cana-de-açúcar, em função do grande comércio – a
economia açucareira do período colonial estabelece o primeiro forte núcleo social e político da
sociedade brasileira: a casa-grande (habitação do senhor), e a senzala dos escravos. Assim, a
grande propriedade açucareira transformou-se num verdadeiro mundo em miniatura em que se
concentrava e resumia a vida toda de uma população.
Sua autossuficiência impossibilitava que se superasse o contexto patriarcal. Este, por sua
liderança única estabelecida em um ambiente fechado, não permitia que as mudanças ocorressem
impossibilitando qualquer tentativa de modernização tanto do setor produtivo como da própria
sociedade estabelecida em função dessa economia.
O engenho de açúcar estabeleceu no Brasil duas situações típicas da sociedade da Europa
Ocidental, daquela época: a produção num ambiente social autosuficiente (o feudo); o comércio
internacional do açúcar (o mercantilismo). A família rural foi um dos principais agentes na formação
da sociedade colonial brasileira. Esta, na sua origem se pautou em dois aspectos. No político e
econômico era considerada moderna, pois se inseria nos quadros do absolutismo e do capitalismo
comercial. Quanto ao aspecto social e das mentalidades era arcaizante, pois se baseava em
estruturas ibéricas medievais, africanas e indígenas pré-coloniais.
Nesse contexto, a burguesia rural e mercantil da colônia desejava o enriquecimento não
como um fim em si, mas como meio de enobrecimento, interrompendo o ciclo capitalista poupança-
investimento e direcionando seus recursos para a compra de títulos nobiliárquicos, cargos
enobrecedores, terras improdutivas e palácios dispendiosos. Pertencer à nobreza de direito à
nobreza de fato era aspiração corrente dos senhores de engenho. Para tanto, valorizavam-se muito
mais o interesse corporativo do que o interesse individual, a família patriarcal do que a família
nuclear, a estabilidade do que a mudança, o sobrenome do que o nome.

O sistema de trabalho na agricultura brasileira


De 1500 a 1822, todas as terras brasileiras
pertenciam a coroa portuguesa, que as doava ou cedia seu
direito de uso a pessoas de sua confiança ou conveniência,
visando a ocupação do território e a exploração agrícola. A
coroa portuguesa controlou a posse da terra, através da
criação das capitanias hereditárias e das sesmarias, que
atendiam as suas necessidades de obtenção de lucro a parti
da exportação de produtos agrícolas cultivados no sistema
de plantation, ou seja, em grandes propriedades
monoculturas, escravistas e cuja produção era voltada a
exportação.
Entre 1822, ano da independência política, e 1850, vigorou no Brasil o sistema de posse
livre em terras devolutas. Ao longo desse período, a terra não tinha valor de troca, possuía apenas
valor de uso a quem quisesse cultivar e vender sua produção. Nesse período ainda vigorava a
escravidão, a utilização da mão-de-obra servil trazida forçadamente da África, e os escravos
negros eram prisioneiros dos latifundiários, o que os impediam de ter acesso as terras devolutas no
imenso território brasileiro. A entrada de imigrantes livres nesse período foi muito pequena e
restrita as cidades. Em 1850, com o aumento da área cultivada com o café e a Lei Eusébio de
Queirós, esse quadro sofreu profundas mudanças. Dada a proibição do trafico negreiro, a mão-de-
obra que entrava no Brasil para trabalhar nas lavouras era constituída por imigrantes livres
europeus, atraídos pelo governo brasileiro.
Com o claro intuito de garantir o fornecimento de mão-de-obra barata aos latifúndios, o
governo impediu o acesso dos imigrantes a propriedade através da criação, também em 1850, da
Lei de Terras. Com essa lei, todas as terras devolutas tornaram-se propriedade do estado, que
somente poderia vendê-las através de leilões, beneficiando quem tinha mais dinheiro, não o
imigrante que veio se aventurar na América justamente por não ter posses em seu país de origem.
Isso nos leva a concluir que essa lei, além de garantir o fornecimento de mão-de-obra para
os latifúndios, servia também para financiar o aumento do volume de imigrantes que ingressava e,
ao chegar ao Brasil, eram obrigados a se dirigir as fazendas, praticamente o único lugar onde se
podia encontrar emprego. Nessa época, a posse da terra, era considerada reserva de valor e
símbolo de poder. Nesse período se iniciou no Brasil a “escravidão por divida”. Os “gatos” (pessoas
que contratam mão-de-obra para as fazendas) aliciam pessoas desempregadas para trabalhar nos
latifúndios, prometendo-lhes transportes, moradia, alimentação e salário. Ao entrar na fazenda,
porém, os trabalhadores recrutados percebem que foram enganados, já que no dia em que deveriam
receber o salário são informados de que todas as despesas com transportes, moradia e salário, que
nunca é suficiente para a quitação da divida. No inicio da década de 30, em consequência da crise
econômica mundial, a economia brasileira, basicamente agroexportadora, também entrou em crise.
A região Sudeste, onde se desenvolvia a cafeicultura, foi a que enfrentou o maior colapso. Na
região Nordeste ocorreu novas crises do açúcar e do cacau, enquanto a região Sul, com produção
direcionada para o mercado interno, sofreu efeitos menores. A crise de 30 foi uma crise de
mercado externo, de produção voltada para a exportação. Foi nesse período que ocorreu o inicio
efetivo do processo de industrialização brasileira.
Outro desdobramento da crise foi um maior incentivo a policultura, e uma significativa
fragmentação das grandes propriedades, cujos donos venderam suas terras para se dedicar a
atividade econômica urbanas, sobretudo a industria e o comercio. Foi um dos raros momentos da
historia do Brasil em que houve um aumento de pequenos e médios proprietários rurais. Em 1964, o
presidente João Goulart tentou desviar o papel do Estado brasileiro do setor social. Pretendia
também promover uma reforma agrária, que tinha como principio distribuir terras a população rural
de baixa renda. Em oposição a política de Goulart, houve a intervenção militar e a implantação da
ditadura. A concentração de terras ao longo da ditadura militar assumiu proporções assustadoras, e
o consequente êxodo rural em direção as grandes cidades deteriorou a qualidade de vida de
imensas parcelas da população, tanto rural quanto urbana. A parte da década de 70 foi incentivada a
ocupação territorial das regiões Centro-Oeste e Norte, através da expansão das fronteiras
agrícolas, assentadas em enormes latifúndios pecuaristas ou monocultores.

A estrutura fundiária
O estado da terra é um conjunto de leis criado em novembro de 1964 para possibilitar a
realização de um censo agropecuário. Para a sua realização, surgiu a necessidade de classificar os
imóveis rurais por categorias. Para resolver a questão, foi criada uma unidade de medidas de
imóveis rurais o módulo rural assim definida: “área explorável que, em determinada porção do país,
direta e pessoalmente explorado por um conjunto familiar equivalente a quatro pessoas adultas,
correspondendo a 1000 jornadas anuais, lhe absorva toda força e, conforme o tipo de exploração
considerado proporcione um rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência e o progresso social
e econômico”. Em outras palavras, módulo rural é a propriedade que deve proporcionar condições
dignas de vida a uma família de quatro pessoas adultas. Assim, ele possui área de dimensão
variável, levando em consideração basicamente três fatores que, ao aumentar o rendimento da
produção e facilitar a comercialização, diminuem a área do módulo:

1) Localização da propriedade: se o imóvel rural se localiza próximo a um grande centro


urbano, terá uma área menor;
2) Fertilidade do solo e clima da região: quanto mais propícias as condições naturais da região,
menor a área do módulo;
3) Tipo de produto cultivado: em uma região do país onde se cultiva, por exemplo, mandioca e
se utilizam técnicas primitivas, o módulo rural deve ser maior que em uma região que produz
morango com emprego de tecnologia moderna.

Desse modo foram criadas as categorias de imóveis rurais:

a) O minifúndio: esses são os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado interno de


consumo, já que sua produção é, individualmente, obtida em pequenos volumes, o que
inviabiliza economicamente a exportação;
b) Os latifúndios por dimensão: são as enormes propriedades agroindustriais, com produção
quase sempre voltada a exportação;
c) Os latifúndios por exploração: tratam-se dos imóveis rurais improdutivos, voltados à
especulação imobiliária. O proprietário não adquiriu a terra com a intenção de nela produzir,
gerar emprego e ajudar o país a crescer, mas para esperar sua valorização imobiliária,
vende-la e ganhar muito dinheiro sem trabalhar;
d) A empresa rural: propriedade com área de um a seiscentos módulos, adequadamente
explorada em relação às possibilidades da região.

São comuns os grandes proprietários, classificados na categoria de latifúndios por dimensão,


parcelarem a propriedade da terra entre seus familiares para serem classificados como empresários
rurais e, pagarem um imposto menor. Existe a grande concentração de terras em mãos de alguns
poucos proprietários, enquanto a maioria dos produtores rurais detém uma parcela muito pequena
da área agrícola. Essa realidade é exatamente perversa, a medida que cerca de 32% da área
agrícola nacional é constituída por latifúndios por exploração, ou seja, de terras parada, improdutiva
a especulação imobiliária.
As relações de trabalho na zona rural
A terra é o meio de produção fundamental na economia rural. O acesso a ela é condição
indispensável para a produção agrícola. No cenário do Brasil agrário as formas de trabalho foram
determinadas conforme o período histórico vivenciado nos espaços rurais do país. São eles:

1. O Trabalho familiar: Na agricultura brasileira, predomina a utilização de mão-de-obra familiar em


pequenas e médias propriedades de agriculturas de subsistência ou jardinagem, espalhadas pelo
país. Quando a agricultura praticada pela família é extensiva, todos os membros se veem obrigados
a complementar a renda como trabalhadores temporários ou boias-frias em épocas de corte,
colheita ou plantio nas grandes propriedades agroindustriais. Ás vezes, buscam subemprego até
mesmo nas cidades, retornando ao campo apenas em épocas necessárias ou propícia ao trabalho na
propriedade familiar.
2. O Trabalho temporário: são trabalhadores diaristas, temporários e sem vinculo empregatício. Em
outras palavras, recebem por dia segundo a sua produtividade. Eles têm serviço somente em
determinadas épocas do ano e não possuem carteira de trabalho registrada. Embora completamente
ilegal essa relação de trabalho continua existindo, em função da presença do “gato”, um empreiteiro
que faz a intermediação entre fazendeiro e os trabalhadores. Por não ser empresário, o “gato” não
tem obrigações trabalhistas, não precisa registrar os funcionários. Em algumas regiões do Centro-
Sul do país, sindicatos fortes e organizados passaram a fazer essa intermediação. Os boias-frias
agora recebem sua refeição no local de trabalho, tem acesso a serviços de assistência médica e
recebem salários maiores que os bóias-frias de região onde o movimento sindical é desarticulado.
3. O Trabalho assalariado: representa apenas 10% da mão-de-obra agrícola. São trabalhadores que
possuem registro em carteira, recebendo, portanto, pelo menos um salário mínimo por mês.
4. A Parceria e arrendamento: parceiros e arrendatários “alugam” a terra de alguém para cultivar
alimentos ou criar gado. Se o aluguel for pago em dinheiro, a situação á de arrendamento. Se o
aluguel for pago com parte da produção, combinada entre as partes, a situação é de parceria.
5. A Escravidão por divida: trata-se do aliciamento de mão-de-obra através de promessas
mentirosa. Ao entrar na fazenda, o trabalhador é informado de que está endividado e, como seu
salário nunca é suficiente para quitar a divida, fica aprisionado.
OS PROCESSOS (E AGENTES) SÓCIO-ECONÔMICOS E AS TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA
DA SOCIEDADE AGRÁRIA

A agricultura na ocupação do território brasileiro


A agricultura é a forma mais primária através da qual o homem altera a natureza primeira, o
espaço natural. Ao laborar o solo e criar rebanhos o homem passou a produzir o espaço geográfico.
O desenvolvimento da agricultura (e principalmente a sua intensificação) possibilitou o surgimento
das cidades e a construção de um espaço geográfico cada vez mais artificial. No Brasil,
historicamente a ocupação de novas áreas tem como característica a intensificação das atividades
agropecuárias. Com a exceção da mineração, a extração vegetal e a agricultura monocultora de
exportação foram as atividades econômicas desenvolvidas no Brasil que determinaram
unilateralmente a forma de ocupação do território brasileiro até o século XX, quando a
industrialização passou a ter importância nas atividades produtivas do País. Até então as regiões
efetivamente ocupadas estavam localizadas na costa e a ocupação do interior era bastante rarefeita.
A ocupação do território brasileiro nos séculos XVI e XVII se iniciou pelo litoral nordestino e
em seguida por algumas áreas do litoral do Sudeste. O pau-brasil era encontrado na Mata Atlântica,
vegetação que se estendia por grande parte do litoral brasileiro no descobrimento. Os portugueses
estabeleceram a produção de açúcar também no litoral, onde surgiram os primeiros povoados e
núcleos urbanos. Como era uma produção voltada à exportação, a dificuldade de transporte
terrestre da mercadoria até o litoral impedia o estabelecimento da produção em regiões
interioranas. Nos dois primeiros séculos de ocupação, com o crescimento da produção açucareira
principalmente no Nordeste e a necessidade de maximização da produção nas áreas litorâneas, foi
estabelecida no sertão nordestino uma pecuária extensiva baseada em grandes estabelecimentos. A
pecuária tinha como objetivo o fornecimento de carne, força motriz e transporte para a produção
açucareira. A pecuária também se estabeleceu em menor escala no Sudeste, também para dar
suporte à produção de açúcar e à reduzida mineração. No sul do país, que no período ainda estava
sob domínio espanhol, a atividade pecuarista era destinada especificamente à produção de couro.
Neste primeiro período o vale do Amazonas também foi ocupado (de forma bastante tênue) para a
extração das drogas do sertão.
No século XVIII a produção de açúcar diminuiu e a expansão da mineração, com auge
naquele século, foi a alternativa encontrada por Portugal para a exploração da colônia. A mineração
de pedras preciosas e ouro foi estendida para o interior da Bahia, Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso, o que proporcionou a ocupação do interior, mesmo que de forma pouco densa. A pecuária e
a agricultura de gêneros alimentares acompanharam a mineração e também se intensificaram no
interior. Na segunda metade do século o algodão ganhou importância e teve seu auge no fim do
século XVIII e início do século XIX. Também no final do século XVIII e início do século XIX a
pecuária no sertão nordestino decaiu devido à seca e a região Sul passou a ser importante
fornecedora de charque. O século XIX foi marcado por um aumento significativo da ocupação do
território brasileiro, sendo que fatos políticos e econômicos influenciaram a atual configuração da
distribuição de densidades no território. Um evento político marcante foi a transformação do Rio de
Janeiro, capital da colônia desde 1763, em capital do império Português com a vinda da família real
em 1808. O segundo componente, de ordem econômica, foi o desenvolvimento da produção de café
no sudeste. A cafeicultura teve seu ápice entre meados do século XIX e início do século XX, quando
foi a principal atividade econômica do país. O cultivo do café foi iniciado no Rio de Janeiro na
primeira metade do século XIX e expandido para o sul de Minas Gerais, sul do Espírito Santo e leste
de São Paulo, no vale do Paraíba.
Também foi no século XIX que a extração de borracha se desenvolveu na região amazônica,
para onde houve um grande fluxo de migração nordestina. O ciclo da borracha entrou em
decadência na década de 1920, com a concorrência da borracha produzida em plantações no
sudeste asiático. No Nordeste, o cultivo do algodão passou a dividir importância econômica com a
produção de açúcar, decaindo a partir do primeiro quarto do século. A iminência do fim da
escravidão negra, ocorrida em 1888, incentivou a vinda para o Brasil de um grande contingente de
população européia, seguida mais tarde pela imigração japonesa. Entre os anos de 1885 e 1934
entraram no Brasil, através do estado de São Paulo, 2.333.217 imigrantes. A imigração européia
também foi importante no século XIX para a ocupação da região Sul do Brasil, onde foi estabelecida
a colonização camponesa por imigrantes italianos, alemães e eslavos. As décadas de vinte e trinta
do século XX foram caracterizadas pelo declínio do café e a transferência de capitais desta
atividade para o setor industrial paulista, que se desenvolveu intensamente nesse período. A partir
de então a industrialização passou a causar alterações na agricultura pela demanda de matéria-
prima, mão-de-obra e alimentos para a população urbana.
No Brasil, historicamente a agricultura camponesa desempenhou papel crucial para o
desenvolvimento das grandes culturas de exportação e das atividades mineradoras, pois garantia a
produção de alimentos para o abastecimento interno. Como descrito por Prado Jr. (1994 [1945]),
não havia interesse do grande estabelecimento na produção de excedente de alimentos para a
população não agrícola da colônia. Os gêneros alimentares para abastecimento dos grandes
estabelecimentos eram produzidos no seu próprio interior, seja pela iniciativa do senhor das terras
ou então pela concessão de terra e de um dia na semana para que os escravos produzissem seu
próprio alimento. A população dos povoados era abastecida por uma agricultura camponesa
baseada em pequenos estabelecimentos, que nem sempre conseguia suprir a demanda dos
povoados, e por vezes também fornecia alimentos para os grandes estabelecimentos monocultores.
O colonato nas lavouras de café também apresentou sistema semelhante, de forma que os
imigrantes europeus e japoneses praticavam a agricultura camponesa de autoconsumo nas terras
concedidas pelos patrões. Por fim, talvez o caso mais explícito da importância da agricultura
camponesa na ocupação do território seja a colonização européia com base na agricultura
camponesa, implantada no sul do país.

O Sistema de produção e transformação social: a crise do café e sua influência na industrialização


Com a crise de 1929, e a consequente diversificação da população agrícola, terminou o
ultimo ciclo monocultor. A economia mundial entrou em sério aperto, que levou ao fim do ciclo do
café na região do Sudeste e trouxe crises na exportação de cana-de-açúcar, cacau, tabaco e
algodão na região Nordeste. Essa queda repentina na produção se explicava pelas dificuldades de
exportação. Da mesma forma que estava difícil exportar, estavam sendo prejudicadas as
importações de bens de consumo duráveis e não-duráveis.
O ciclo do café deixou como herança uma infra-estrutura básica para a implantação da
atividade industrial. Os barões do café eram os detentores de uma enorme quantia de capital
aplicado no sistema financeiro, assim, os bancos funcionaram como agentes financiadores da
instalação de novas industrias no Brasil, repassando o dinheiro depositado pelos barões aos
empreendedores industriais. Existia também, grande disponibilidade de mão-de-obra, que foi
liberada dos plantios de café, e boa produção de energia elétrica. Havia, também, um dos fatores
mais importantes, o mercado estrangeiro caiu.
Com todos esses fatores, começou a surgir à industrialização, principalmente em São Paulo,
depois nos estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A maior parte das indústrias implantadas
era de bens de consumo, com destaque para os de bens não duráveis, como as alimentícias e
têxteis. O governo comandava uma política de substituição, visando um superávit cada vez maior na
balança comercial.
Governo Getúlio Vargas
De 1930 a 1956, a industrialização no Brasil se caracterizou por explícita intervenção
estatal. Na revolução de 1930, foi empossado Getúlio Vargas como presidente, assumindo o poder
durante a crise econômica mundial de 1929. Com a crise, o pensamento capitalista de que o
mercado deveria agir livremente para promover um maior desenvolvimento e crescimento
econômico, foi mudado para o pensamento de que o estado poderia diretamente na economia,
evitando novos sobressaltos. Essa prática de intervencionismo estatal na economia é conhecida por
keynesianismo. Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova constituição, que beneficiavam o
trabalhador, destacando-se a criação do salário mínimo, as férias remuneradas e o descanso
semanal remunerados. Vargas, com o apoio das elites agrárias e industriais, conseguiu aprovar uma
nova Constituição em 1937, que o manteve no poder como ditador até o fim da Segunda Guerra
Mundial. Esse período na produção industrial, devido a falta de oposição eficiente e a manipulação
das notícias através da forte censura aos meios de comunicação. Essa intervenção estatal ocorreu
no setor de base da economia. E graças a essa intervenção, houve um grande crescimento da
produção industrial.
Durante a segunda guerra mundial, as indústrias dos setores de metalurgia, borracha,
transportes e minério não metálicos conseguiram grandes índices de crescimento, pois produziam
os principais produtos que o Brasil enviava as tropas aliadas no conflito. Após a disposição de
Vargas, em 1946, assumiu a presidência o General Eurico Gaspar Dutra, que instituiu o Plano Salte,
dirigindo investimentos aos setores de Saúde, alimentação, transportes, energia e educação. O saldo
positivo na balança comercial, obtido durante a Segunda Guerra Mundial, foi queimado no decorrer
do governo Dutra, com a importação de máquinas e equipamento para a industria mecânicas e
têxteis, havendo o requipamento do sistema de transportes. Em 1950, Vargas voltou ao poder, mas
dessa vez eleito pelo povo. Passou a enfrentar novos empecilhos para o crescimento econômico:
deficiências nos sistemas de transportes, comunicação, produção de energia, petróleo. Mas, apoiado
por um movimento nacionalista popular, Getulio criou a Petrobrás, a Eletrobrás e o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social, inaugurados em 1953.

AGROPECUÁRIA: AS RELAÇÕES ENTRE A CIDADE E O CAMPO


A produção agrícola é obtida em condições bem diversificadas no mundo. Os países
desenvolvidos e industrializados interferiram a produção agrícola por modernizar as técnicas
empregadas, utilizando cada vez menos mão-de-obra. Nos países subdesenvolvidos, foram
principalmente as regiões agrícolas que abastecem o mercado externo que passaram por
modernização na técnica de cultivo e colheita. Mas, houve o êxodo rural acelerado, que contribuiu
para o aumento nas periferias das grandes cidades.
O planeta apresenta países e regiões onde os sistemas de transporte e comunicações estão
plenamente materializados em redes ou sistemas de transportes que lhes permite parte para uma
política agrícola e industrial de especialização produtiva. As regiões ricas e modernizadas produzem
apenas o que lhe é mais conveniente, garantindo maiores taxas de lucros, e buscam em outras
regiões o que não produzem internamente. Essa realidade intensificou o comercio mundial. Mas, por
outro lado, as regiões tecnicamente atrasadas se vêem obrigadas a consumir basicamente o que
produzem e são bem sensíveis aos rigorosos impostos pelas condições naturais. Nos países em que
predominam o trabalho agrícola, utilizando mão-de-obra urbana e rural, o Estado assume
importância fundamental no combate a fome.
As políticas modernas de reforma agrária visam a integração dos trabalhadores agrícolas e
dos pequenos e médios proprietários nas modernas técnicas de produção. Trata-se de reformas a
estrutura fundiária e as relações de trabalho, buscando o estabelecimento de prioridades na
produção. Existe atualmente, uma tendência a entrada do capital agroindustrial no campo, tanto nos
setores voltados ao mercado externo quanto ao mercado interno. Assim, a produção agrícola
tradicional tende a se especializar para produzir a matéria-prima utilizada pela agroindústria. Já é
passado o tempo em que a economia rural comandava as atividades urbanas. O que se verifica hoje
é a subordinação do campo a cidade, uma dependência cada vez maior das atividades agrícolas as
máquinas, agrotóxicas e tecnológicas.

Os sistemas agrícolas
Os sistemas agrícolas podem ser classificados como intensivos ou extensivos. Essa
classificação está ao grau de capitalização e ao índice de produtividade. As propriedades que,
através da utilização de modernas técnicas de preparo do solo, cultivo e colheita, apresentam altos
índices de produtividades e conseguem explorar a terra por um bom período, praticam agricultura
intensiva. Já as propriedades que utilizam a agricultura tradicional, apresentando baixos índices de
produtividade, praticam a agricultura extensiva.

A agricultura itinerante
Esse tipo de sistema agrícola é aplicado em regiões onde a agricultura é descapitalizada. A
produção é obtida em pequenas e medias propriedades ou em parcelas de grande latifúndio, com
utilizações de mão-de-obra familiar e técnicas tradicionais. Por falta de recursos, não há
preocupação com a conservação do solo, as sementes são de qualidade inferior e não há
investimentos em fertilizantes, por isso, a rentabilidade e, as produções são baixas. Depois de
alguns anos de cultivo, há uma diminuição da fertilidade natural do solo. Quando percebem que o
rendimento está diminuindo, a família desmata uma área próxima e pratica queimada para acelerar o
plantio, dando inicio a degradação acelerada de uma nova área, que em breve também será
abandonada. Daí o nome da agricultura itinerante.
Em algumas regiões do planeta, a agricultura de subsistência, itinerante e roça, está voltadas
as necessidades de consumo alimentar dos próprios agricultores. Tal realidade ainda existe em boa
parte dos países africanos, em regiões do Sul e Sudeste Asiáticos e na América Latina, mas tem
prevalecido hoje é uma agricultura de subsistência voltada ao comercio urbano. O agricultor e sua
família cultivam um produto que será vendido na cidade mais próxima, mas o dinheiro que recebem
só será suficiente para garantir a subsistência de cultivo e aumentar a produtividade. Esse tipo de
agricultura é comum em áreas distantes dos centros urbanos, onde a terra é mais barata;
predominam as pequenas propriedades, cultivadas em parceria.

Agricultura de jardinagem
Essa expressão tem origem no Sul e no Sudeste da Ásia, onde há uma enorme produção de
arroz em planícies inundáveis, com a utilização de mão-de-obra. Tal como a agricultura de
subsistência, esse sistema é praticado em pequenas e medias propriedades cultivadas pelo dono da
terra e sua família. A diferença é que nelas se obtém alta produtividade, através do selecionamento
de sementes, da utilização de fertilizantes e de técnicas de preservação do solo que permitem a
fixação da família na propriedade por tempo indeterminado. Em países como as Filipinas, a
Tailândia, devido a elevada densidade demográfica, as famílias obtém áreas muitas vezes inferiores
a um hectare e as condições de vida são bem precárias. Em países em que fizeram reforma agrária,
Japão e Taiwan, após a comercialização da produção e a realização de investimentos para a nova
safra, há um excedente de capital que permite melhor, a cada ano, as condições de trabalho e a
qualidade de vida da família. Na China, desde que foram extintas as comunas populares, houve um
significativo aumento da produtividade. Devido a grande população, o excedente a modernização da
produção agrícola foi substituída pela utilização de enormes contingentes de mão-de-obra. Em
algumas províncias, porém, está havendo um processo de modernização, impulsionando pela
expansão de propriedades particulares e da capitalização proporcionada pela abertura econômica a
parti de 1978. Sua produção é essencialmente voltada para abastecer o mercado interno.

As empresas agrícolas
São as responsáveis pelo desenvolvimento do sistema agrícola dos países desenvolvidos.
Nesses sistemas, a produção é obtida em medias e grandes propriedades altamente capitalizadas. A
produtividade é bem alta devido ao selecionamento de sementes, uso intensivo de fertilizantes,
elevado de mecanização no preparo do solo, no plantio e na colheita, utilização de silos de
armazenagem, sistemático de todas as etapas da produção e comercialização por técnicas.
Funciona como uma empresa e sua produção são voltadas ao abastecimento tanto do mercado
interno como o externo. Nas regiões onde se implantou esse sistema agrícola, há uma tendência a
concentração de terras.

Plantation
É a propriedade monocultura, com produção de gêneros tropicais, voltadas para a
exportação. Esse sistema agrícola foi amplamente utilizado durante a colonização européia na
América. Na atualidade, esse sistema persiste em várias regiões do mundo subdesenvolvido,
utilizando, além de mão-de-obra assalariada, trabalho semi-escravo ou escravo, que não envolve
pagamento de salário. Trabalha em troca de moradia e alimentação. No Brasil, encontramos
plantation em várias partes de territórios, com destaque para as áreas onde se cultivam café e
cana-de-açúcar. Próximo das platations sempre se instalam pequenas e medias propriedades
policulturas, cuja produção alimentar abastecer os centros urbanos próximos.

Cinturão Verde e Bacias leiteiras


Ao redor dos centros urbanos, pratica a agricultura e pecuária intensiva para atender as
necessidades de consumo da população local. Nessas áreas, produzem-se hortifrutigranjeiros e
cria-se gado para a produção de leite e laticínios em pequenas e medias propriedades, com
predomínio da utilização de mão-de-obra familiar. Após a comercialização da produção, o
excedente obtido é aplicado na modernização das técnicas.

A agropecuária em países desenvolvidos


A agricultura e a pecuária, no geral, são praticados de forma intensiva, com grande
utilização de agrotóxicos, fertilizantes, técnicas aprimoradas de correção e conservação dos solos e
elevados índices de mecanização agrícola. Por isso, a mão-de-obra no setor primária da economia é
bem pequena. Nesses países, além do enorme índice de produtividade, obtém-se um enorme
volume de produção que abastece o mercado interno e é responsável por grande parcela do volume
de produtos agropecuárias que circulam o mercado mundial. Uma quebra na safra de qualquer
produto cultivado nos Estados Unidos ou na Europa tem reflexos imediatos no comércios mundial e
na cotação dos produtos agrícolas.

Agropecuária em países subdesenvolvidos


Tanto nos países subdesenvolvidos cuja base da economia é rural , como nas regiões pobres
dos países subdesenvolvidos que se industrializaram, há um amplo predomínio da agricultura de
subsistência, que ocupa os piores solos, e do sistema de plantation, área de solos melhores. Essa
situação é uma herança histórica do período em que esses países foram colônias. O setor primário
constitui a base da economia nesses países. O percentual da população economicamente ativa que
trabalha no setor primário é sempre superior a 25%, ou até muito mais, como a Etiópia, 77% da
população ativa é agrícola. É comum vigorar uma política agrícola que priorize a produção voltada
ao abastecimento do mercado externo, mais lucrativo.

Nossa produção agrícola


O Brasil se destaca no mercado mundial como exportador de alguns produtos agrícolas:
café, açúcar, soja, suco de laranja. Entretanto, para abastecer o mercado interno de consumo, há a
necessidade de importação de alguns produtos, com destaque para o trigo. Ao longo da história do
Brasil, a política agrícola tem dirigido maiores subsídios aos produtos agrícolas de exportação,
cultivados nos grandes latifúndios, em detrimento da produção do mercado interno,. Porém, em
1995, houve uma inversão de rumos e os produtos que receberam os maiores incentivos foram o
feijão, a mandioca e o milho.
A política agrícola tem como objetivos básicos o abastecimento do mercado interno, o
fornecimento de matérias-primas para a industria, e o ingresso de capitais através das exportações.
Também se pratica pecuária semi-extensiva em regiões de economia dinâmica oeste paulista,
Triangulo Mineiro e Campanha Gaúcha, onde há seleção de raças e elevados índices de
produtividade e rentabilidade. Nos cinturões verdes e nas bacias leiteiras, a criação de bovinos é
praticada de forma intensiva, com boa qualidade dos rebanhos e alta produtividade de leite e carne.
Nessa modalidade de criação, destacam-se o vale do Paraíba e o Sul de Minas Gerais. Já o centro-
oeste de Santa Catarina apresenta grande concentração de frigorífico e se destaca na criação de
aves e suínos em pequenas e médias propriedades, que fornecem a matéria-prima as empresas.

AS MIGRAÇÕES INTERNAS E AS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS


O período que compreende o final do século XIX até a década de 1950 foi caracterizado pela
ocupação do oeste do estado de São Paulo, com o avanço da frente pioneira. A década de 1920
marcou o avanço na ocupação do oeste e do norte do estado do Paraná, em parte como extensão da
ocupação do estado paulista. A porção ocidental do estado de São Paulo, como analisado por Pierre
Monbeig (1984 [1949), foi ocupada principalmente com o desenvolvimento da cultura do café,
algodão e pecuária bovina, que davam continuidade à produção direcionada à exportação. A
ocupação do estado de São Paulo pode ser considerada a primeira fronteira agropecuária brasileira.
Já estabelecida no leste do estado, principalmente na região do vale do Paraíba, a produção de café
avançou sobre o planalto paulista.
O estabelecimento de uma rede ferroviária considerável, que contava inclusive com capitais
dos fazendeiros, ligando o interior à capital e ao Porto de Santos, foi indispensável para a ocupação
do estado de São Paulo. O fluxo migratório para a fronteira agropecuária era formado
principalmente por imigrantes europeus, japoneses e de Minas Gerais. Com a crise de 1929 e a
segunda guerra mundial o café perdeu importância, mas a demanda por algodão e carne aumentaram
por parte dos EUA, envolvido na guerra. Nas culturas de frente pioneira, além do arroz e do milho,
passaram a ter importância outras culturas destinadas à alimentação da crescente população urbana
brasileira. Desta forma, mesmo com o declínio da rentabilidade da produção de café, a frente
pioneira paulista continuou avançando, perdendo força a partir de 1940, quando os fluxos
migratórios passaram a ter como destino principal o estado do Paraná. (MONBEIG, 1984 [1949]).
Em relação à apropriação da terra na ocupação do interior paulista, a especulação (inclusive
por companhias estrangeiras) e a grilagem eram práticas conhecidas, já descritas por Monbeig
(1984 [1949]) e minuciosamente estudada por Ferrari Leite (1998) no Pontal do Paranapanema,
última região ocupada do estado de São Paulo. Grandes glebas apropriadas por esses grileiros ou
empresas (grileiras) foram desmembradas e vendias de forma fraudulenta. Atualmente os grilos
mais evidentes são contestados judicialmente pelos movimentos sociais que lutam pela reforma
agrária. A partir da década de 1920 as porções norte e oeste do estado do Paraná passaram a ser
novas regiões da fronteira agropecuária Brasileira. A produção de café foi muito importante na
ocupação da região norte do estado. Após ocuparem as terras roxas da região centro-sul do estado
de São Paulo e, em virtude de uma política paulista de taxação de novas plantações de café, os
cafeicultores paulistas avançaram em direção ao norte do Paraná nas décadas de 1930 e 1940.
O Estado atuou na ocupação do norte e do oeste paranaenses através da concessão e/ou
venda de terras para companhias privadas de colonização e pela realização de projetos públicos de
colonização. A ocupação foi realizada priorizando a pequena propriedade, com o desenvolvimento de
extração florestal, produção de café e produção de alimentos (milho e feijão principalmente) para
abastecer o mercado interno brasileiro. A grilagem de terras também foi prática verificada na
apropriação da terra. A ocupação contou com contingente de migrantes do Rio Grande do Sul,
paulistas, mineiros e dos estados do Nordeste. Os anos do final da década de 1960 e início da
década de 1970 foram caracterizados pelo inicio de modernização da agricultura brasileira,
promovido pelo governo militar. A eliminação dos cafezais e incentivo à produção de culturas
mecanizáveis como a soja para atender a demanda internacional proporcionaram a expulsão dos
pequenos proprietários e a concentração fundiária no Paraná. Os camponeses expropriados no
estado tiveram como destino a nova fronteira agropecuária brasileira, agora localizada no Centro-
Oeste e na Amazônia. (SWAIN, 1988).
No início da década de 1970 o Centro-Oeste brasileiro (região dos cerrados) e a região
amazônica passaram a ser a nova fronteira agropecuária brasileira. Configurada até então pela baixa
densidade de ocupação e grande disponibilidade de terras, a região passou a receber os
contingentes de camponeses expropriados de outras regiões e, ao mesmo tempo, o investimento de
capitais produtivos e especulativos. O Estado teve papel determinante na definição desta nova
fronteira agropecuária, ainda em expansão atualmente. A ocupação dessas novas áreas de fronteira
ocorreu a partir de projetos de colonização públicos e privados em uma parceria entre Estado e
capital. Grandes porções de terras foram vendidas a preços irrisórios ou doadas a empresas
privadas para o estabelecimento dos projetos de colonização ou extrativismo florestal e mineral.
Grande parte dessas terras serviu para especulação fundiária e estratégia para obtenção ilegal de
crédito. (OLIVEIRA, 1997).
A ocupação de Rondônia, por exemplo, realizada por projetos públicos de colonização, foi
baseada na pequena propriedade voltada à produção de café e recebeu principalmente camponeses
expropriados do norte e oeste do Paraná. Já a ocupação da região dos cerrados, especialmente
Mato Grosso, foi realizada através de colonização privada e tem como característica o
estabelecimento do agronegócio, com uma agricultura monocultora de alta produtividade
especializada na produção de soja, milho e algodão destinados ao mercado externo. A pecuária
bovina também tem grande peso na produção agropecuária da fronteira e mantém sintonia com a
agricultura, pois é estrategicamente praticada em áreas recém desflorestadas que se tornam áreas
do agronegócio em seguida. Esta agricultura dependente de altos investimentos de capital constante
na fronteira agropecuária só foi possível devido aos investimentos do Estado na pesquisa
agropecuária e financiamentos.
Além da agropecuária, a mineração e a exploração florestal têm grande importância na
fronteira agropecuária. A ocupação do leste amazônico é caracterizada pela implantação de grandes
projetos de extração florestal e mineral. Atualmente a floresta amazônica sofre investidas na região
norte de Mato Grosso, Rondônia, sul e leste paraenses e norte do Maranhão. No Cerrado, o
movimento recente da ocupação está no norte de Goiás e Tocantins. A fronteira agropecuária atual
tem como característica o significativo processo de urbanização da população nas regiões mais
consolidadas, com exceção da frente pioneira. O alto grau de urbanização das regiões da fronteira
pode ser explicado por sua contemporaneidade com a modernização da agricultura. A frente
pioneira, movimento responsável pela abertura de noras áreas, é caracterizada pelo grande
desflorestamento e pelo intenso conflito e violência no campo. Trata-se de uma fronteira
agropecuária em plena expansão ainda na atualidade. Campesinato, agronegócio e latifúndio
coexistem no processo de ocupação dessas regiões, porém os conflitos entre eles são intensos,
assim como a violência, resultante da não solução desses conflitos.
Com a fronteira agropecuária no Centro-Oeste e Norte chegamos à atualidade neste breve
histórico de ocupação do território brasileiro. Na ocupação atual da fronteira agropecuária se
repetem os fatores históricos que privilegiam o latifúndio e a grande propriedade monocultora
voltada ao atendimento do mercado externo. Como vimos, o campesinato esteve presente em todo
este processo histórico de ocupação do território, resistindo e sendo utilizado pelo grande
estabelecimento e pelo capital. A fronteira agropecuária é um dos principais elementos que
compõem a questão agrária brasileira na atualidade.

Mapa do processo de migração


O balanço da migração entre os estados brasileiros nas décadas de 1980 e de 1990 é
semelhante. Em cada uma dessas décadas, cerca de oito milhões de pessoas mudaram de
estado. Na década de 1990 esta população foi de 8.691.756 habitantes, sendo que em 2000
7.626.404 pessoas residiam em áreas urbanas dos municípios de destino e 1.068.352 em áreas
rurais. O estado de São Paulo é o que recebe os maiores fluxos migratórios, com 2.638.297
novos habitantes provenientes de outros estados na década de 1990. O segundo estado que
mais recebeu migrantes na década de 1990 foi Goiás, com acréscimo de 598.356 habitantes
(gráfico 5.5). Se tomarmos somente a população que migrou na década de 1990 e residia em
zonas urbanas do município de destino em 2000, também São Paulo é o estado que mais
recebeu população, sendo seguido pelos estados do Pará e de Mato Grosso. Em dados relativos
ao total da população do estado, Roraima foi aquele que recebeu mais migrantes na década de
1990, que representavam 25,8% da população total em 2000, enquanto que em São Paulo esta
proporção era de 7,1. Os estados do Centro-Oeste estão entre os que mais receberam
população em valores relativos, apresentando as seguintes porcentagens em 2000: Distrito
Federal (19,7%), Mato Grosso (14,5%), Goiás (12%) e Mato Grosso do Sul (8,5%). Na região
Norte, além de Roraima destacam-se Amapá (19,7%), Tocantins (14,7%) e Rondônia (12,6%).

Prancha 5.7
Os mapas da prancha 5.7 indicam que a região em que a migração tem maior importância na
população total é aquela da fronteira agropecuária, para onde se destinaram os migrantes de todas
as regiões principalmente a partir de 1950. Esta região compreende o sudeste do Pará, Mato
Grosso, Rondônia e o sul de Roraima. Os mapas mostram que os migrantes provenientes da região
Norte são significativos apenas no noroeste e nordeste do Mato Grosso, imediatamente no limite
entre as regiões Centro-Oeste e Norte, o que indica um movimento migratório no interior da
própria fronteira agropecuária. Os migrantes nordestinos são importantes particularmente na região
da fronteira agropecuária, mais intensamente no Pará e no norte do Tocantins, e em menor grau em
Rondônia, Roraima e também no Centro-Oeste. Os nordestinos também são o contingente de
migrantes que mais tem representatividade no estado de São Paulo.
Os migrantes do sudeste são representativos nas regiões de divisa de São Paulo com Mato
Grosso do Sul e Paraná, de Minas Gerais com Goiás, no oeste de Mato Grosso e no estado de
Rondônia. Os sulistas são representativos em Mato Grosso e Rondônia, resultado do grande fluxo
de gaúchos e paranaenses para a região da fronteira agropecuária. Por fim, os naturais do Centro-
Oeste são importantes no limite da região com o Norte, o que indica o avanço da fronteira
agropecuária e da migração interna da fronteira.

As principais abordagens teóricas sobre o rural e o urbano


As transformações recentes do mundo rural e da relação rural-urbano têm desafiado
estudiosos a construírem teorias e conceitos para explicar essa nova realidade. Por essa razão,
diversas teorias surgiram, de forma que alguns estudiosos chegaram a decretar o fim do rural.
Outros, porém, admitem o seu “renascimento” ou então, em uma via integradora, optam por uma
análise que considera a leitura regional mais eficiente que a dicotomia urbano-rural.
(ALENTEJANO, 2003). Marques (2002) salienta que existiriam atualmente duas grandes abordagens
sobre as definições de campo e cidade: a dicotômica e o continuum. Na abordagem dicotômica o
campo se opõe a cidade; já na abordagem do continuum a industrialização seria elemento que
aproximaria o campo da realidade urbana. A autora destaca que Sorokin, Zimmermann e Galpin
(1986) são referências da abordagem dicotômica e enfatizam diferenças entre rural e urbano. A
autora assim sintetiza os elementos expostos pelos autores e que contribuiriam para classificar o
rural e o urbano:
(1) diferenças ocupacionais ou principais atividades em que se concentra a
população economicamente ativa; (2) diferenças ambientais, estando a área
rural mais dependente da natureza; (3) diferenças no tamanho das
populações; (4) diferenças na densidade populacional; (5) diferenças na
homogeneidade e na heterogeneidade das populações; (6) diferenças na
diferenciação, estratificação; e complexidade social; (7) diferenças na
mobilidade social e (8) diferenças na direção da migração. (MARQUES,
2002, p.100).

Contrariamente, abordagem do continuum admitiria maior integração entre cidade e campo


através de diferenças de intensidades e não de contraste. Não existiria uma distinção nítida, porém
também seria dual por apoiar-se na idéia da existência e pontos extremos de uma escala de
gradação. (MARQUES, 2002). Wanderley (2001) afirma que o conceito de continuum é utilizado em
duas vertentes. A primeira seria centrada no urbano, sendo este fonte de progresso, enquanto o
pólo rural seria expressão do atraso, estando fadado à redução pela expansão do urbano.
Juntamente com a teoria da urbanização do campo, esta visão do continuum traduziria o fim da
realidade rural. A segunda vertente do continuum seria aquela que aproxima o rural-urbano, pois,
mesmo com a aproximação de suas semelhanças, suas peculiaridades não desaparecem: aqui é
reafirmada a existência do rural.
Seguindo a primeira vertente do continuum destacada por Wanderley (2001), Graziano da
Silva (1999), escrevendo sobre o rural brasileiro, afirma que ele “só pode ser entendido como um
continuum do urbano” (p.1), pois o meio rural teria se urbanizado devido à industrialização da
agricultura e ao transbordamento do mundo urbano. A pluriatividade é uma das bases de Graziano
da Silva (1997) para defesa da urbanização do campo. Este fenômeno seria caracterizado pelo
desenvolvimento de atividades não-agrícolas pelos agricultores. O autor faz esta afirmação
baseando-se na análise dos dados da PEA segundo as atividades desenvolvidas e a localização da
área de residência. Suas principais conclusões são de que:
O meio rural brasileiro já não pode mais ser analisado apenas como o
conjunto das atividades agropecuárias e agroindustriais, pois ganhou novas
funções. O aparecimento (e a expansão) dessas “novas” atividades rurais –
agrícolas e não agrícolas, altamente intensivas e de pequena escala – tem
propiciado outras oportunidades para muitos produtores que não podem
mais serem chamados de agricultores ou pecuaristas e que, muitas vezes,
não são nem mesmo produtores familiares, uma vez que a maioria dos
membros da família está ocupada em outras atividades não-agrícolas e/ou
urbanas. (GRAZIANO DA SILVA, 1999, p.10).

Sobre esta abordagem do continuum, Siqueira e Osório (2001) afirmam que o conceito deve
ser utilizado com ponderação, pois esta concepção rural-urbano pode ser adequada para o campo
em países desenvolvidos e em algumas regiões dos países subdesenvolvidos, contudo, não pode ser
generalizada. As autoras ressaltam que os argumentos de Graziano da Silva (1996 e 1997) não são
necessariamente desqualificáveis, porém não são aplicáveis a todo o Brasil. Esses argumentos
poderiam ser aplicados a algumas áreas rurais próximas aos grandes centros metropolitanos.
Outra leitura próxima à visão de continuum de Graziano da Silva (1999) é a de Grammont
(2005), que escreve sobre o processo de urbanização do campo e a ruralização da cidade. O autor
afirma que:
Falamos na urbanização do campo porque foram incrementadas as
ocupações não agrícolas no campo, os meios de comunicação em massa
(rádio, televisão, telefone, rádio de ondas curtas) chegam até as regiões
mais distantes, as migrações permitiram o estabelecimento de redes sociais
e a reconstrução das comunidades camponesas nos lugares de migração
com o qual nasce o conceito de comunidade transnacional. Porém, também
falamos em ruralização da cidade tanto porque as cidades latino-americanas
se parecem com “grandes fazendas” devido à falta de desenvolvimento
urbano, como pela reprodução das formas de organização e a penetração de
cultura de migrantes camponeses e indígenas em bairros periféricos onde se
estabelecem. (GRAMMONT, 2005, não pag., grifo nosso)

Fernandes e Ponte (2002) questionam a denominação “urbanização do campo” presente na


tese de Graziano da Silva e ressaltam que este é um pensamento urbanóide, ou seja, que entende o
urbano como espaço totalizante, determinante e dominante sobre o rural. Os autores afirmam que o
urbano influencia o rural e o rural influencia o urbano com suas territorialidades distintas. “Afirmar
que o rural se urbanizou, afirmando sua decadência a caminho de sua extinção, não é verdadeiro”.
(p.118). Graziano da Silva (1999) e Grammont (2005) predestinam o fim do rural a partir do
entendimento de que a mecanização, implantação de equipamentos, serviços, tecnologias e infra-
estrutura social “urbanizam” o campo por serem exclusivos das cidades. Nós, porém,
compreendemos de outra maneira. Acreditamos que esses são elementos em princípio utilizados e
implantados nas cidades e que agora chegam ao campo e passam a ser mais uma das características
do rural. Não temos um rural que se urbaniza, mas sim um rural que se transforma, seja pela
melhoria da qualidade de vida da sua população (com trabalho menos penoso, acesso a serviços
básicos etc.), seja pela imposição de ritmos produtivos mais acelerados para atender a demanda
crescente da população cada vez mais urbanizada. A maior participação das empresas do
agronegócio no campo também contribui para alteração deste espaço, pois através dos
agribusinessmen ocorre a intensificação da produção, dependência da indústria e de sistemas
financeiros.
A partir de análises que salientam o rural, autores como Oliveira (2004), Marques (2002),
Fernandes (2005a) e Simione da Silva (2005) apresentam novos elementos a serem incluídos nas
discussões sobre o rural e o urbano, principalmente no que diz respeito à compreensão do campo
brasileiro na atualidade. Oliveira (2004) afirma que as maiores modificações no campo brasileiro
seriam aquelas referentes à ação dos movimentos sociais, da violência, instalação de assentamentos
rurais e territorialização do agronegócio. Marques (2002) afirma que devido à forte presença dos
movimentos sociais no campo “tem tornado cada vez mais evidente a necessidade de se elaborar
uma estratégia de desenvolvimento para o campo que priorize as oportunidades de desenvolvimento
social e não se restrinja a uma perspectiva estritamente econômica e setorial.” (p.96). Quanto aos
movimentos sociais no campo e na cidade, Carlos (2004) entende que “a reorganização do processo
produtivo aponta novas estratégias de sobrevivência no campo e na cidade bem como, movimentos
sociais no campo e na cidade, questionando a existência da propriedade que marca e delimita as
possibilidades de apropriação no campo e na cidade”.
Fernandes (2005a), ao tratar de conflito e desenvolvimento em seu texto, afirma que alguns
projetos de desenvolvimento territorial rural fracassam por não considerarem os conflitos e que
“conflito agrário e desenvolvimento são processos inerentes da contradição estrutural do
capitalismo e paradoxalmente acontecem simultaneamente”. (p.2). Ao analisar a Amazônia acreana
Simione da Silva (2005) propõe que, para o estudo daquela região, o par rural-urbano não seria
suficiente na explicação da realidade e o agrário seria formado pelo rural e pela floresta, o que
justificaria a sua análise baseada na tríade campo-floresta-cidade. O autor analisa a floresta como
espaço produzido e que se diferencia socialmente do campo e da cidade, apresentado assim
particularidades. Essas discussões teóricas sobre o rural-urbano nos fornecem subsídios para a
interpretação da realidade, análise das tipologias propostas e também para propormos nossa
tipologia. Este trabalho, em função da escala de análise adotada e de nossa metodologia, não
pretende dar conta de todas as especificidades possíveis na análise do rural e do urbano, que
podem compreender desde visões governamentais do território até estudos sociológicos e
antropológicos que contemplam o indivíduo. O que apresentamos é uma proposta que possa
fornecer bases para estudos mais específicos de acordo com os objetivos de estudiosos de diversas
áreas do conhecimento.
As características sócio-econômicas no deslocamento da população rural

Em 1950 a população rural brasileira era de 33.161.506 hab. e correspondia a 63,84% da


população total. Vinte anos depois os habitantes das zonas rurais eram 41.037.586, porém
correspondiam a 44% da população total. A modernização da agricultura, o extremo parcelamento
da terra no campesinato do Sul e o avanço da fronteira agropecuária no Centro-Oeste e no Norte
conferiram complexidade à evolução da população rural no país. A região Sudeste foi a primeira a
apresentar diminuição da população rural, o que ocorreu já na década de 1960. Também foi o
Sudeste que apresentou a diminuição mais intensa da população rural, com um saldo negativo de
4.971.925 habitantes no campo entre 1950 e 2000, o que representa uma diferença de -42%. A
modernização da agricultura e intensificação da industrialização do Sudeste a partir da década de
1960 explica esta dinâmica populacional. A região Sul passou a apresentar uma intensa perda de
população rural a partir de 1970, também por influência da industrialização e modernização da
agricultura, que transbordou do Sudeste para o Sul, contemplando assim toda a região concentrada.
Em 2000 a população rural da região Sul contava com 744.644 hab. a menos do que em 1950
(decréscimo de 13%), embora a população total da região tenha aumentado 17.248.913 hab. no
mesmo período.
Em algumas regiões a diminuição da população rural não foi tão rápida e intensa, devido ao
recebimento de fluxos migratórios no campo ou pela menor intensidade do êxodo rural, reflexo de
uma industrialização e modernização da agricultura menos intensas. O Nordeste só passou a
apresentar decréscimo da população rural no período 1980-1991, sendo que em 2000 a população
rural era 11,6% maior do que em 1950. O Centro-Oeste, embora seja uma região de recebimento de
migrantes, passou a apresentar decréscimo em sua população rural na década de 1970, antes
mesmo do Nordeste, sendo esta é uma tendência que se mantém. A região Norte foi a única que
apresentou crescimento contínuo da população rural, mas mostra constância na evolução entre 1991
e 2000.

O diferencial territorial do mapa da população rural em 2000 mostra que a distribuição da


população rural é mais homogênea do que a da população urbana. A população rural está
concentrada em uma extensa faixa que acompanha o desenho da costa. O mapa de evolução da
população rural mostra a intensa perda populacional do campo no período 1991-2000, o que segue
a tendência das últimas décadas. A comparação dos mapas de taxa de ruralização e da evolução da
população rural apontam regiões com alta taxa de ruralização que apresentam intensa perda de
população rural, como a região de colonização camponesa européia na região Sul, o sul de Rondônia,
o norte de Minas Gerais, Maranhão, Piauí e todo o Nordeste, com diferentes intensidades de perda
de população rural. Por outro lado, regiões com baixo grau de ruralização continuam apresentando
taxas importantes de perda de população rural, em especial no estado de São Paulo e em grandes
áreas do Centro-Oeste.

Percentual da população rural entre 1960 e 2010

O IBGE utiliza oito classes de localização da área do domicílio nos censos. Para contabilizar
a população rural e urbana o instituto agrupa essas classes. Segundo o IBGE a população urbana é
formada pelos habitantes das seguintes localizações de área:

1. Áreas urbanizadas de cidades ou vilas: “são aquelas legalmente definidas como urbanas,
caracterizadas por construções, arruamentos e intensa ocupação humana; as áreas afetadas por
transformações decorrentes do desenvolvimento urbano, e aquelas
Reservadas à expansão urbana.”
2. Áreas não-urbanizadas de cidades ou vilas: “são aquelas legalmente definidas como urbanas,
caracterizadas por ocupação predominantemente de caráter rural.”
3. Áreas urbanas isoladas: “áreas definidas por lei municipal, e separadas da sede municipal ou
distrital por área rural ou por um outro limite legal.” (IBGE, 2000. v.7 não pag.).

A população rural é classificada segundo cinco localizações da área:

1. Aglomerado de extensão urbana: são os assentamentos situados em áreas fora do perímetro


urbano legal, mas desenvolvidos a partir da expansão de uma cidade ou vila, ou por elas englobados
em sua expansão. Por constituírem uma simples extensão da área efetivamente urbanizada, atribui-
se, por definição, caráter urbano aos aglomerados rurais deste tipo. Tais assentamentos podem ser
constituídos por loteamentos já habitados, conjuntos habitacionais, aglomerados de moradias ditas
subnormais ou núcleos desenvolvidos em torno de estabelecimentos industriais, comerciais ou de
serviços.
2. Povoado: é o aglomerado rural isolado que corresponde a aglomerados sem caráter privado ou
empresarial, ou seja, não vinculados a um único proprietário do solo (empresa agrícola, indústrias,
usinas, etc.), cujos moradores exercem atividades econômicas, quer primárias (extrativismo
vegetal, animal e mineral; e atividades agropecuárias), terciárias (equipamentos e serviços) ou,
mesmo, secundárias (industriais em geral), no próprio aglomerado ou fora dele. O aglomerado rural
isolado do tipo povoado é caracterizado pela existência de serviços para atender aos moradores do
próprio aglomerado ou de áreas rurais próximas. É, assim, considerado como critério definidor
deste tipo de aglomerado, a existência de um número mínimo de serviços ou equipamentos.
3. Núcleo: é o aglomerado rural isolado vinculado a um único proprietário do solo (empresa agrícola,
indústria, usina, etc.) dispondo ou não dos serviços ou equipamentos definidores dos povoados. É
considerado, pois, como característica definidora deste tipo de aglomerado rural isolado, seu
caráter privado ou empresarial.
4. Outros aglomerados: são os aglomerados que não dispõem, no todo ou em parte, dos serviços ou
equipamentos definidores dos povoados e que não estão vinculados a um único proprietário
(empresa agrícola, indústria, usina, etc.).
5. Área rural exceto aglomerado: são as áreas não classificadas como urbanas ou aglomerados
rurais.

AS TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA DE CLASSES E NAS FORMAS DE


REPRESENTAÇÃO SOCIAL NA AGRICULTURA

A luta pela terra e sua conquista


De acordo com as discussões realizadas na seção sobre "questão agrária e campesinato", a
luta pela terra e a conseqüente criação de assentamentos é uma forma de recriação do campesinato.
As ocupações constituem um momento da luta pela terra. Como resposta às ações dos movimentos
socioterritoriais, os governos criam assentamentos rurais que, em princípio, constituem a conquista
da terra. Os assentamentos significam uma nova etapa da luta: o processo pela conquista da terra.
Ainda é necessário conquistar condições de vida e produção na terra; resistir na terra e lutar por
um outro tipo de desenvolvimento que permita o estabelecimento estável da agricultura camponesa.
No Brasil, a ocupação é a principal estratégia de luta pela terra realizada pelos movimentos
socioterritoriais camponeses. Os dados do DATALUTA 2006 mostram que no país, entre 2000 e
2006, foram registradas ocupações de terra realizadas por 86 diferentes movimentos
socioterritoriais. As áreas ocupadas são principalmente latifúndios, terras devolutas e imóveis
rurais onde leis ambientais e trabalhistas tenham sido desrespeitadas. De modo geral, as
propriedades ocupadas são aquelas que apresentam indicativos de descumprimento da função social
da terra, definida no artigo 186(27) da Constituição Federal. Como o Estado não apresenta iniciativa
para cumprir a determinação constitucional, os movimentos socioterritoriais agem para que isso
aconteça. Ultimamente, além de lutar contra o latifúndio, os movimentos socioterritoriais
camponeses iniciaram a luta contra a territorialização do agronegócio em suas formas mais intensas
e por isso as ocupações têm ocorrido em áreas de produção de soja transgênica, cana-de-açúcar e
plantações de eucalipto, por exemplo.
Em princípio a ocupação de áreas economicamente produtivas seria muito mais uma forma
de protesto, visto que pela constituição (art. 185) elas não são suscetíveis à desapropriação para a
reforma agrária. O artigo 186 estabelece que a propriedade deve cumprir sua função social, que
compreende as dimensões ambiental, trabalhista e de bem estar do proprietário e dos
trabalhadores. Na interpretação desses dois artigos, Pinto Jr. e Farias (2005) afirmam que não basta
que a propriedade rural seja produtiva (art. 185) no sentido economicista para que não seja passível
de desapropriação; ela deve ser produtiva respeitando simultaneamente os princípios do art. 186. A
produtividade não pode ser alcançada sob consequência de desrespeito aos aspectos da função
social, de forma que essas duas características são indissociáveis e “a função social é continente e
conteúdo da produtividade” (p.48). Assim, caso a produção seja conseguida a partir do
descumprimento das dimensões estabelecidas pelo artigo 186, o aspecto produtivo não isenta a
propriedade de desapropriação para a reforma agrária. É por isso que o agronegócio, através de
suas práticas, desrespeita a função social da terra. Por isso, as ocupações de propriedades
cultivadas que não cumprem a função social são legítimas no sentido da luta, já que podem ser
suscetíveis à desapropriação segundo a interpretação da lei apresentada acima.
A reforma agrária é necessidade historicamente defendida para a resolução dos problemas
agrários no Brasil. Em nossa análise da luta pela terra tomamos o período de 1988 até 2006, quando
ela foi intensificada. Nos sucessivos governos deste período, as ações de reforma agrária no Brasil
têm sido baseadas principalmente nas políticas de criação de assentamentos rurais e de concessão
de crédito aos camponeses. Partimos do princípio de que uma reforma agrária completa no Brasil
deve, simultaneamente, reformar a estrutura fundiária do país, possibilitar o acesso dos
camponeses à terra e fornecer-lhes condições básicas de vida e produção. Neste sentido, o II PNRA
(Plano Nacional de Reforma Agrária) avançou ao apresentar uma compreensão ampliada de reforma
agrária. Porém, como demonstraremos, a execução do plano tem apresentado uma reforma
conservadora da estrutura fundiária através da criação de assentamentos rurais.
Consideramos que no período analisado (1988-2006) houve uma reforma agrária
conservadora, pois a forma como é conduzida a política de assentamentos conserva a estrutura das
regiões de ocupação consolidada, isto é, centro-sul e Nordeste, de forma que o cumprimento dos
princípios constitucionais é muito restrito. A partir desta premissa, nosso objetivo nesta seção é
compreender o quanto reformadora é a política de assentamentos rurais que fundamenta esta
reforma agrária conservadora.
A partir de 1995, primeiro mandado de Fernando Henrique Cardoso, houve um aumento
significativo de famílias (28) em ocupações e de famílias assentadas (gráfico 8.1). As ocupações
atingiram o seu máximo em 1999 (897 ocupações e 118.620 famílias em ocupações), ano em que
Fernando Henrique Cardoso assumiu seu segundo mandato. Com o aumento constante do número de
ocupações, no início do seu segundo mandato, Fernando Henrique Cardoso publicou a Medida
Provisória 2.027-38 de 4 de maio de 2000, que criminalizava a luta pela terra. A criminalização
ficou mais evidente na MP 2.109-52 de 24 de maio de 2001, que substituiu a anterior(29). O texto
dessas Medidas Provisórias prevê o impedimento, por dois anos, da vistoria de imóveis rurais onde
tenham sido realizadas ocupações de terra e também exclui os trabalhadores que participam de
ocupações de terra dos programas de reforma agrária. Com essas Medidas Provisórias o número de
famílias em ocupações diminuiu drasticamente e o número de famílias assentadas acompanhou esta
queda. A análise conjunta deste fato e da evolução das ocupações e assentamentos (gráfico 8.1)
mostra que as famílias só são assentadas devido à pressão realizada pelas ocupações de terra.
Com a eleição do presidente Lula em 2003 houve o crescimento das ocupações e
consequentemente dos assentamentos. Isso possivelmente ocorreu pela minimização da aplicação
da criminalização prevista na Medida Provisória e pela esperança que os movimentos
socioterritoriais depositavam no Presidente Lula para a realização de uma reforma agrária mais
ampla, o que não ocorreu. Os dados de famílias assentadas mostram que quantitativamente não há
diferença entre os governos de FHC e de Lula, pois durante os oito anos de governo de Fernando
Henrique Cardoso foram assentadas 457.668 famílias e no primeiro mandato de Lula foram
assentadas 252.019. O total de famílias assentadas no primeiro mandato de Lula contempla 63% das
400 mil famílias previstas no II PNRA para o período. Os mapas da prancha 8.1 permitem comparar
o número de famílias em ocupações de terra e de famílias assentadas nas microrregiões brasileiras
nos três últimos períodos de governo.

TABELA 8.1 – A luta e a conquista da terra no Brasil

GRÁFICO 8.1 – A luta e a conquista da terra no Brasil


O mapa da prancha 8.3 representam os dados da conquista da terra. As ocupações e as
famílias que delas participam concentram-se no centro-sul e no leste do Nordeste. As famílias
assentadas concentram-se na porção norte do País. As informações mais importantes desses
mapas são o número de famílias em ocupações, que indica a gravidade dos problemas agrários,
e a quantidade de famílias assentadas, que indica resposta do Estado para a solução do
problema.
PRANCHA 8.3

Desde 1988 foram realizadas mais de sete mil ocupações de terra, das quais
participaram cerca de um milhão(30) de famílias cujos lares foram (ou ainda são), por vários
anos, os barracos de lona dos acampamentos. Em resposta, os governos criaram desde então
7.230 assentamentos rurais, cuja área total de 57,3 milhões de hectares comporta cerca de 900
mil famílias. Poderíamos então concluir que restariam apenas cerca de 100 mil famílias para
serem assentadas e a reforma agrária estaria concluída? A resposta positiva à qual conduz a
matemática da reforma agrária conservadora é facilmente derrubada pela análise geográfica. O
aspecto geográfico (aqui como referência ao localizacional) da política de assentamentos não
constitui uma resposta local às demandas/denúncias dos movimentos socioterritoriais. A
geografia da política de assentamentos rurais é um dos elementos que denunciam seu caráter
conservador.
1-A Política de Crédito Rural é um mecanismo de concessão de crédito à agropecuária, a taxas de
juros e condições de pagamento diferentes das vigentes no mercado livre, que são determinadas pela
política monetária. São tipos de cré- dito rural:

a)crédito de incentivo à produção, crédito de comércio e crédito bancário.


b)crédito de incentivo à produção, crédito para agronegócio e crédito à agropecuária.
c)crédito de comercialização, crédito agrícola e crédito de investimento.
d)crédito de investimento, crédito de agroindústria e crédito de incentivo.
e)crédito de custeio, crédito de investimento e crédito de comercialização.

2-O crédito rural pode ter as seguintes finalidades: crédito de custeio, investimento e comercialização.
O crédito de custeio destina-se:

a)a converter em espécie os títulos oriundos de sua venda ou entrega, pelos produtores ou suas
cooperativas.
b)a cobrir despesas normais dos ciclos produtivos.
c)a aplicar em bens ou serviços, cujo desfrute se estende por vários períodos de produção.
d)a converter em espécie os títulos oriundos de sua venda ou entrega, pelos produtores ou suas
cooperativas, e a cobrir despesas normais dos ciclos produtivos.
e)a cobrir prejuízos ocorridos durante a comercialização.

3-Sobre o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) instituído em 1965, pode-se afirmar:

a)sistema criado no II PND com o intuito de garantir aos produtores a safra e os preços mínimos dos
produtos, na época da comercialização.
b)tinha como objetivo fundamental construir agrovilas na zona rural.
c)foi instituído para assegurar recursos aos grandes, médios e pequenos produtores do Complexo
Agroindustrial exclusivos da região Nordeste.
d)tinha como objetivo propiciar aos agricultores linhas de crédito acessíveis e baratas, a fim de
viabilizar o investimento e a modernização do setor agrícola.
e)tinha como objetivo modernizar a agricultura somente na região Nordeste.

4-O sistema agroalimentar é impactado pelo maior dinamismo interno e por uma reestruturação
produtiva que responde às novas circunstâncias criadas nos marcos de uma economia aberta.Entre os
elementos desse processo e as questões que ele coloca para a segurança alimentar temos:

a)as condições de acesso ao crédito e a informatização do produtor rural;


b)as condições de acesso aos alimentos e a disponibilidade e preços dos alimentos;
c)a informatização do produtor rural e o sistema de crédito rural;
d)a baixa produtividade nos grãos e os problemas sanitários;
e)a exclusão social e o transporte urbano.

5-Não constitui objetivo do Crédito Rural:

a)estimular os investimentos rurais.


b)favorecer o oportuno e adequado custeio da produção.
c)possibilitar a recuperação de capitais investidos.
d)incentivar a introdução de métodos racionais no sistema de produção.
e)elevar os padrões de produção e produtividade na atividade agropecuária.

6-Acerca de crédito rural, comercialização, contabilidade e seguro agrícola, julgue o item seguinte.
As operações de crédito rural com recursos livres não estão sujeitas às exigências de vistoria prévia,
medição e fiscalização, salvo se abrangidas pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária
(PROAGRO).
 Certo
 Errado

7-Com relação à contratação de assistência técnica na operação de crédito rural, de acordo com o
Banco Central do Brasil, assinale a alternativa correta.
a)É obrigatória, pois é considerada indispensável pelo financiador.
b)É obrigatória, pois é exigida em regulamento de operações com recursos oficiais.
c)Somente é obrigatória quando exigida em regulamento de operações com recursos oficiais.
d)Cabe ao produtor decidir acerca da contratação dessa assistência, salvo quando considerada
indispensável pelo financiador ou quando exigida em regulamento de operações com recursos oficiais.
e)Cabe ao produtor e à cooperativa mais próxima decidir a respeito da contratação dessa assistência,
salvo quando considerada indispensável pelo financiador ou quando exigida em regulamento de
operações com recursos oficiais.

8-Julgue o item seguinte, acerca de crédito rural, programas de financiamento e comercialização


agrícola.
Os recursos do crédito rural são destinados a custeio, investimento ou comercialização de produtos
agrícolas, modalidades de crédito às quais têm acesso tanto o produtor, como pessoa física ou jurídica,
quanto as cooperativas rurais.
 Certo
 Errado

9-Segundo o Manual de Crédito Rural, é correto afirmar que o Sistema Nacional de Crédito Rural
(SNCR) possui linhas com finalidades de crédito para:

a)Planejamento, custeio e lançamento.


b)Risco, safra e investimento.
c)Custeio, investimento e comercialização.
d)Custeio, catástrofes, comercialização e planejamento.
e)Custeio e investimento.

10-Junto ao CMN funcionam comissões consultivas de

a)seguros privados.
b)crédito rural e de endividamento público.
c)política internacional.
d)assuntos tributários.
e)mercado futuro.

11-Entre as alternativas abaixo, marque aquela em que só figuram beneficiários do Crédito Rural.

a)Produtores rurais, suas cooperativas e sindicatos.


b)Produtores rurais, suas cooperativas e empresas de medição de lavoura.
c)Produtores rurais, seus sindicatos e empresas de pesquisa de sêmen.
d)Produtores rurais, índios assistidos pela Funai e sindicatos.
e)Produtores rurais residentes no Brasil e no exterior.

12-Sobre operações de crédito rural é correto afirmar:

a)Podem ser utilizadas por produtor rural, desde que pessoa física.
b)Não podem financiar atividades de comercialização da produção.
c)É necessária a apresentação de garantias para obtenção de financiamento.
d)Não estão sujeitas a Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações
relativas a Títulos e Valores Mobiliários - IOF.
e)Devem ser apresentados orçamento, plano ou projeto nas operações de desconto de Nota
Promissória Rural.

13-Quanto à Cédula de Crédito Rural, assinale a alternativa INCORRETA.

a)São quatro as modalidades de cédulas de crédito rural: 1) a Cédula Rural Pignoratícia; 2) a Cédula
Rural Hipotecária; 3) a Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária; e 4) a Nota de Crédito Rural. As três
primeiras gozam de garantia real (de bens móveis ou imóveis) e só a Nota de Crédito Rural tem
apenas garantia fidejussória.
b)A Cédula de Produto Rural (CPR), representativa de promessa de entrega de produtos rurais, com
ou sem garantia cedularmente constituída (Lei nº 8.929, de 22 de agosto de 1994) é uma espécie d o
gênero “Cédula de Crédito Rural”, e a ela se aplicam subsidiariamente as disposições do Decreto-Lei
167/1967.
c)Ao prever a lei que as garantias são constituídas cedularmente, quer significar que do próprio
documento em que é firmado o financiamento (cédula) constam as garantias estatuídas para o
cumprimento da obrigação.
d)É lícito o mutuante-financiador cobrar, desde que previstos na cédula de crédito rural, juros
superiores a 12% ao ano – estes em havendo autorização do Conselho Monetário Nacional -,
capitalizados mensalmente e, ainda, em caso de inadimplemento, apenas a taxa de juros
remuneratórios pactuada, elevada de 1% ao ano, a título de juros de mora, além da multa de 2% e
correção monetária, não se admitindo a cobrança de comissão de permanência.

14-Com relação à cédula de crédito rural, assinale a opção correta.

a)Por serem documentos de dívida, as cédulas de crédito podem ser objeto de protesto por falta de
aceite ou por falta de devolução do título.
b)Dada a aplicação das normas de direito cambial à cédula de crédito rural, é necessário, para a
garantia futura do direito de regresso, o protesto contra os endossantes e seus avalistas.
c)A instituição financeira que opere com cédulas de crédito rural deve ser parte do sistema nacional de
crédito rural, podendo o beneficiário do título ser uma cooperativa, no caso dos financiamentos
concedidos a seus associados ou a suas filiadas.
d)Para ter eficácia contra terceiro, a cédula de crédito rural deve ser inscrita no cartório de títulos e
documentos do local de situação dos bens objeto do penhor ou da alienação fiduciária.
e)A inadimplência de qualquer obrigação convencional ou legal do emitente do título ou do terceiro
prestador da garantia real somente importará o vencimento antecipado da cédula de crédito rural após
o aviso ou interpelação judicial ou extrajudicial.

15-Assinale a opção CORRETA sobre os objetivos do Crédito Rural:

a)Favorecer exclusivamente o custeio da produção agrícola.


b)Possibilitar o fortalecimento econômico dos produtores rurais, notadamente os médios e grandes.
c)Incentivar a introdução de métodos racionais de produção, visando ao aumento da produtividad e, à
melhoria do padrão de vida das populações rurais e à adequada defesa do solo.
d)Estimular o incremento ordenado dos investimentos rurais, inclusive para armazenamento,
beneficiamento e industrialização dos produtos agropecuários, contanto que sejam efetuados por
cooperativas.
e)Dar suporte de recursos financeiros, preferencialmente, a cooperativas rurais para aplicação em
atividades que se enquadrem como atividades rurais ou similares.

16-A respeito do crédito rural, é correto afirmar que ele possui as finalidades de crédito

a)de planejamento, de custeio e de lançamento.


b)de risco, de safra e de investimento.
c)de custeio, de investimento e de comercialização.
d)de custeio, de catástrofes, de comercialização e de planejamento.
e)de custeio e de investimento.

17-Acerca de crédito rural, comercialização, contabilidade e seguro agrícola, julgue o item seguinte.
O crédito de comercialização, criado para viabilizar a comercialização dos produtos agropecuários no
mercado, contempla o financiamento de despesas inerentes à fase de estocagem e pré-
comercialização.
 Certo
 Errado

18-Não representa objetivo das atividades de assistência técnica rural, de acordo com a Lei n.º 4.504,
Art 75:

a)a planificação de empreendimentos e atividades agrícolas.


b)a elevação do nível sanitário, por meio de serviços próprios de saúde e saneamento rural, melhoria
de habitação e de capacitação de lavradores e criadores, bem como de suas famílias.
c)a criação do espírito empresarial e a formação adequada em economia doméstica, indispensável à
gerência dos pequenos estabelecimentos rurais e à administração da própria vida familiar.
d)o auxílio e a assistência para o uso racional do solo, a execução de planos de reflorestamento, a
obtenção de crédito e financiamento, a defesa e preservação dos recursos naturais.
e)promoção, entre os agricultores, do espírito de concorrência e de crescimento individual.
__________________________________________________________________________________
19-

A partir do texto acima, julgue os próximos itens.

Crédito rural é o suprimento de recursos financeiros para aplicação conforme condições estabelecidas
em manual próprio. Atualmente, ele tem sido aplicado segundo três finalidades: o crédito de custeio, o
crédito de investimento em bens ou serviços que contemplem vários ciclos da cultura e o crédito de
comercialização.
 Certo
 Errado

20-É direito do trabalhador urbano e rural

a)assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos de idade em
creches e pré-escolas.
b)seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, com exclusão da indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
c)ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de dois anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de cinco anos após a extinção do contrato de
trabalho.
d)proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer
trabalho a menores de quinze anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
e)ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de três anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de cinco anos após a extinção do contrato de
trabalho.

Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10: 11: 12:
13: 14: 15: 16: 17: 18: 19: 20:

1- O modelo de Extensão Rural no Brasil, durante muito tempo, foi caracterizado como:

a)uso de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural,


buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública.
b)interligada ao processo político de desenvolvimento urbano-industrial, cuja viabilização necessitava
que a agricultura cumprisse funções de fornecedora de mão de obra, consumidora de serviços e
produtos industrializados, equipamentos, sementes híbridas, agrotóxicos e fertilizantes sintéticos.
c)baseada na teoria de difusão de inovações locais, que levou os extensionistas a voltar sua atuação
para transferência de tecnologias.
d)os agricultores eram vistos como mero depositários de conhecimento e de pacotes tecnológicos
gerados pela pesquisa que se adequavam as especificidades das suas explorações.
e)o agente extensionista faz transferência de tecnologia dos centros de pesquisa para os agricultores
através do processo de comunicação participativa, no qual o agricultor é agente ativo.

2-Os objetivos da Extensão Rural são de natureza educacional e se destinam a provocar mudanças de
comportamento do povo rural, visando a contribuir para o desenvolvimento rural.

Quanto às características da Assistência Técnica e Extensão Rural, sabe-se que a Extensão Rural
a)deve ser um sistema político.
b)adota a família como unidade de trabalho.

c)baseia-se na perspectiva futura do mercado.


d)estimula e utiliza a liderança e o trabalho individual.
e)trabalha de forma independente com outras agências ou instituições.

3-A assistência técnica e a extensão rural são serviços de importância fundamental no processo de
desenvolvimento rural e da atividade agropecuária. Sobre a extensão rural no Brasil, assinale a
alternativa correta.

a)A extensão rural prioriza a prestação de serviços de assistência técnica, em detrimento da difusão
educacional.
b)Como processo eminentemente de execução de técnicas agrícolas, ela está dissociada da pesquisa
e da difusão de tecnologias.
c)Os serviços de assistência técnica e extensão rural se confundem, não sendo possível a sua
dissociação.
d)Disciplinas como economia, contabilidade e administração, a despeito de serem matérias
importantes para o desenvolvimento agropecuário, não são consideradas pela extensão rural, a qual
aplica apenas técnicas agronômicas.
e)Extensão rural pode ser entendida como um processo educativo de comunicação de conhecimentos
de qualquer natureza, técnicos ou não.

4-A assistência técnica e a extensão rural são serviços fundamentais para o desenvolvimento rural. O
Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural − EMATER do Piauí implementa atividades para

a)levantar as principais consequências e benefícios advindos da construção de barragens no


Semiárido.
b)atuar em municípios que possuem arranjos produtivos regionais com ênfase em agricultura
exportadora em todo Estado.
c)minimizar os efeitos da Reforma agrária que foi implantada no Estado em décadas passadas.
d)maximizar a exclusão dos Afrodescendentes e Quilombolas e dos Ribeirinhos.
e)aumentar a renda, a produção e a produtividade agrícola, melhorando as condições de vida dos
pequenos produtores.

5-Sobre as metodologias participativas utilizadas na Extensão Rural é INCORRETO afirmar:

a)a concepção pedagógica da metodologia participativa foi inspirada nos princípios teóricos de Jean
Piaget, com referências teóricas e filosóficas de “Educação de adultos”, de Paulo Freire e didática
“Aprender a aprender”, de Pedro Demo.
b)os extensionistas devem ter conhecimentos técnicos de formação acadêmica, habilidades individuais
e de equipe para resgatar, respeitar e valorizar o conhecimento dos agricultores familiares.
c)montagem e implementação de estratégias para o desenvolvimento rural sustentável.
d)a vivência de um processo metodológico fundamentado nos princípios da participação ativa e
persuasiva do extensionista.
e) os agricultores familiares são os sujeitos do seu próprio desenvolvimento.

6-A Lei nº 8.171/1991 teve vetos apostos pelo presidente da República, em relação ao texto aprovado
pelo Congresso Nacional. Acerca desse assunto, assinale a alternativa que indica o capítulo dessa lei
que restou por totalmente esvaziado em face da aposição dos referidos vetos.

a)Da Assistência Técnica e Extensão Rural.


b)Da Informação Agrícola.
c)Da Garantia da Atividade Agropecuária.
d)Do Fundo Nacional de Desenvolvimento Rural.
e)Do Produtor Rural, da Propriedade Rural e sua Função Social.

7-Área fixada pelo imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes
absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico,
com extensão máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalhado com
a ajuda de terceiros, configura o conceito de:

a)imóvel rural.
b)propriedade familiar.
c)módulo rural.
d)minifúndio.
e)latifúndio.

8-Acerca das classificações legais aplicáveis ao imóvel rural, é correto afirmar que o conceito de

a)propriedade familiar é basilar ao direito agrário, sendo sua extensão fixada por pluralidade de
módulos rurais para cada região econômica.
b)média propriedade rural se refere a imóveis com extensão de seis a quinze módulos rurais.
c)pequena propriedade rural está compreendido entre um e quatro módulos rurais
d)minifúndio se refere a imóvel de extensão inferior à propriedade familiar
e)latifúndio se define pelos imóveis com extensão superior à media propriedade rural.

9-Acerca das atividades de extensão rural, julgue os itens a seguir.


No Brasil, a legislação veda expressamente a participação privada na extensão rural, pois essa
atividade possui conotação de função típica do Estado.
 Certo
 Errado

10-Os serviços de assistência técnica e extensão rural (ATER) foram iniciados no Brasil no final da
década de 1940, no contexto da política desenvolvimentista do pós-guerra, com o objetivo de promover
a melhoria das condições de vida da população rural e apoiar o processo de modernização da
agricultura, inserindo-se nas estratégias voltadas à política de industrialização do país.

Em relação à extensão rural, pode-se afirmar que é um sistema,


a)de transferência de tecnologia extraescolar e democrático, levando conhecimento para regiões
menos desenvolvidas.
b)político baseado na ideologia partidária do governo, mobilizador da capacidade de liderança e
associativismo.
c)de transferência de conhecimento baseado em metodologias descritivas, que visa levar aos
habitantes do meio rural informações necessárias à melhoria do seu nível de vida.
d)educacional e dinâmico, democrático e informal, orientado em função do meio, com a participação
direta, voluntária e consciente do povo rural.
e)de avaliação participativa das práticas desenvolvidas no meio rural, o que pode resultar em
alterações nos aspectos técnicos.

11-Economia, ecologia e administração, apesar de serem áreas do conhecimento necessárias para o


desenvolvimento agrícola e rural, não se inserem no objeto de ação da extensão rural, o qual tem seu
foco centrado nas boas práticas agronômicas e na difusão de tecnologia.
 Certo
 Errado

12-Nos termos da Lei no 8.666/1993, para a contratação de instituição ou organização, pública ou


privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão
rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar
e na Reforma Agrária, instituído por lei federal, é

a)inexigível a licitação
b)obrigatória a licitação na modalidade concorrência.
c)obrigatória a licitação na modalidade convite.
d)dispensável a licitação.
e)obrigatória a licitação na modalidade concurso.

13-A Lei n° 12.188, de 11 de janeiro de 2010, instituiu a Política Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (PNATER). Um dos objetivos da
PNATER é

a)apoiar iniciativas econômicas que promovam as potencialidades e vocações, visando ao comércio


exterior.
b)construir sistemas de produção autossustentáveis a partir de conhecimentos preferencialmente já
adquiridos pelos beneficiários.
c)contribuir para a expansão do aprendizado e da qualificação profissional do beneficiário,
incentivando-o a atuar em outros setores.
d)promover o desenvolvimento e a apropriação de inovações tecnológicas e organizativas, adequadas
ao público beneficiário, e a integração deste ao mercado produtivo nacional.
e)aumentar a produção, a qualidade e a produtividade das atividades e serviços agropecuários,
excluindo-se as atividades extrativistas e florestais.

14-A Lei no 12.188, de 11 de janeiro de 2010, instituiu a Política Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (PNATER). É(São) princípio(s) da
PNATER:

a)gratuidade, qualidade e acessibilidade aos insumos e serviços de assistência técnica e extensão


rural.
b)adoção dos princípios da agroecologia com enfoque preferencial para o desenvolvimento de
sistemas de produção orgânicas.
c)adoção de ações afirmativas nas relações de gênero, geração, raça e etnia.
d)contribuição para a segurança alimentar e para a pauta de exportações brasileiras.
e)desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização adequada dos recursos naturais e
com a preservação do meio ambiente.

15-No Brasil, têm-se renovado os conceitos da extensão rural. O antigo conceito de assistência
técnica com viés intervencionista cedeu lugar ao de assistência técnica de caráter participativo, fruto
do crescimento crítico e organizacional.
A respeito das características da extensão rural, julgue os itens seguintes.
Em razão da fragilidade do bioma Amazônia, o trabalho da extensão rural para difundir tecnologias do
sistema agrossilvopastoril deve considerar a competição entre indivíduos da mesma espécie e de
espécies diferentes.
 Certo
 Errado

16-Considere a seguinte situação hipotética: o Estado de São Paulo pretende contratar empresa pública
estadual constituída com finalidade própria de assistência técnica e extensão rural e com longa
experiência no atendimento à agricultura familiar no Município de São Paulo. Dessa forma, a contratação
visa à prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional
de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei
federal. No caso narrado e, conforme preceitua a Lei n° 8.666/1993, a licitação é

a)obrigatória, na modalidade convite.


b)dispensável.
c)obrigatória, na modalidade concurso.
d)obrigatória, na modalidade tomada de preços.
e)inexigível.

17-O Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) é um imposto instituído pela
Constituição Federal, sendo sua competência do município. Diante das alternativas, indique o fato
gerador do importo:
a)A propriedade, o domínio útil ou a posse de um imóvel localizada em zona urbana ou extensão
urbana.
b)A propriedade, o domínio útil ou a posse de um bem móvel localizada em zona urbana ou extensão
urbana.
c)A compra de um bem móvel ou imóvel localizada em zona urbana ou extensão urbana.
d)A compra de um bem móvel ou imóvel localizada em zona rural ou extensão rural.
e)Transferência de um bem móvel, localizada em zona urbana ou extensão rural.

18-Paulo é trabalhador urbano, Pedro é trabalhador rural e Mario é empregado doméstico. De ac ordo
com a Constituição Federal brasileira, os três têm direito

a)à remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.


b)à proteção em face de automação.
c)ao piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.
d)à licença paternidade, nos termos fixados em lei.
e)ao reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.

19-De acordo com a legislação vigente, estabelecida pelo Decreto nº 6.170/2007, a transferência
voluntária de recursos financeiros a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário a entidades
públicas estaduais de assistência técnica e extensão rural se processará através de normas
específicas, registradas no:

a)SISU– Sistema de Seleção Unificada.


b)SNCR– Sistema Nacional de Cadastro Rural.
c)SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira.
d)SICONV – Sistema de Gestão de Convênios e Contratos
e)SICAR– Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural.

20-A recomposição da reserva legal florestal, nos casos em que ela tenha extensão menor do que a
definida na legislação,

a)poderá ser conduzida mediante a simples regeneração natural da área degradada, sem qualquer
outra medida indutora, se tal método se provar eficaz para a recomposição.
b)é providência que não incumbe ao proprietário do imóvel, se, quando de sua aquisição, a reserva
legal já estiver em extensão menor do que a exigível.
c)depende de licença ambiental e estudo prévio de impacto ambiental, sem os quais não poderá ser
efetuada pelo proprietário.
d)não poderá ser efetuada com espécies exóticas, nem poderá ensejar o manejo sustentável da área
recomposta.
e)poderá ser efetuada por meio de compensação com área localizada em outra propriedade rural,
independentemente de sua localização, desde que com autorização do órgão ambiental.
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ZOOTECNIA

A pecuária brasileira é muito importante no âmbito econômico mundial, uma


vez que possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, com aproximadamente
200 milhões de cabeças e o maior exportador de carne, em torno de 1,5 milhão de
toneladas. A extensão territorial e as condições edafo-climáticas favoráveis fazem do
pasto o alimento principal de aproximadamente 96% dos animais abatidos no país
(ANUALPEC, 2009). As pastagens ocupam, no Brasil, aproximadamente 180
milhões de hectares, sendo que em torno de 100 milhões de hectares corresponde a
cultivos de gramíneas melhoradas, principalmente espécies do gênero Brachiaria,
como B. decumbens, B. humidicola, B. brizantha e em menor proporção de Panicum
e Andropogon (MACEDO, 2005). As braquiárias demonstraram grande capacidade
de adaptação às mais variadas condições de ambiente. Estima-se que a área
plantada com estas gramíneas, no cerrado brasileiro, seja superior a 43 milhões de
hectares, quase o dobro da área plantada com soja. É, portanto, o gênero mais
cultivado no país (KARIA et al., 2006).
Brachiaria (Trin.) Griseb. é um gênero da família Poaceae, subfamília
Panicoideae, tribo Paniceae. Apresenta cerca de 100 espécies forrageiras
distribuídas em torno do mundo, cuja origem é a África Tropical (KELLER-GREIN et
al., 1996). Notavelmente, as braquiárias têm extrema importância no cenário
agropecuário brasileiro e mundial e isto impulsiona instituições de pesquisa a
realizarem trabalhos de melhoramento genético, visando ao desenvolvimento de
novas cultivares, que atendam às necessidades e contribuam para o crescimento do
setor agropecuário.
Neste contexto, o melhoramento genético é feito de duas formas: uma delas é
pela seleção direta de genótipos disponíveis em bancos de germoplasma, a outra se
dá pela hibridação controlada. O desenvolvimento de híbridos é um grande avanço
no melhoramento de plantas forrageiras, posto que têm a possibilidade de unir e
potencializar características desejáveis de diferentes cultivares como: a maior
produção e qualidade da forrageira, tolerância a pragas e doenças e outros
atributos, que possam estar correlacionados com a produção animal.
A Brachiaria brizantha cv. Piatã é derivada de um melhoramento genético por
seleção em bancos de germoplasma. Esta cultivar originária da região da Etiópia se
adaptou às condições climáticas brasileiras e se caracteriza por apresentar
crescimento ereto e cespitoso, altura média, podendo chegar a 1,10 m de altura,
folhas ásperas com bordos cortantes, colmos finos, inflorescência com até 12
racemos e florescimento precoce (VALLE et al., 2007).
A Brachiaria híbrida cv. Mulato II (CIAT 36087) é um híbrido tetraplóide
apomítico, resultado da seleção da prole de três gerações de cruzamentos entre
Brachiaria ruziziensis, Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha. Sua morfologia
é descrita como sendo perene, apresentando hábito de crescimento
semidecumbente. Seus colmos são cilíndricos, tem um sistema radicular profundo e
ramificado, suas folhas são líneo-triangulares de cor verde intenso, apresentando
pubescência em ambos os lados da lâmina, a inflorescência possui de quatro a seis
racemos (ARGEL et al., 2007). Devido à apomixia, o híbrido apresenta uma
embriogênese sem que haja a fusão do gameta feminino com o masculino,
garantindo que a progênie seja exatamente como a planta mãe, fixando o vigor
híbrido, não ocorrendo, portanto, segregação genética (KARIA et al., 2006).
Em decorrência da maior divulgação de novas cultivares de braquiária, faz-se
necessária avaliações científicas para verificar sua aptidão frente a diferentes
situações edafo-climáticas, uma vez que há poucos dados científicos consistentes
sobre o desempenho em condições brasileiras, possibilitando direcionar ao
pecuarista uma opção sustentável, promovendo avanços no aumento da
produtividade da pecuária.
Objetivou-se, com o presente trabalho, avaliar o valor nutricional, os aspectos
morfológicos e a produção animal das forrageiras Brachiaria híbrida cv. Mulato II e
Brachiaria brizantha cv. Piatã, nas condições de cerrado.
Gênero Brachiaria (Trin.) Griseb e sua utilização no Brasil

No início dos anos 60, iniciou-se a utilização de um grupo de forrageiras que


revolucionou a pecuária da época e ainda continua em franca expansão, as
“braquiárias”. O gênero Brachiaria inicialmente foi representado pelo acesso
Brachiaria decumbens BRA-000191, que desde 1952 foi submetido às diversas
avaliações pelo Instituto de Pesquisas Agropecuária do Norte (IPEAN), em Belém,
no Pará, recebendo o nome de cultivar B. decumbens cv. IPEAN. Porém, em
decorrência de sua baixa produção de sementes viáveis, não ganhou importância
comercial (SERRÃO; SIMÃO NETO, 1971).
O segundo genótipo de braquiária a ser introduzido no Brasil foi a cultivar
australiana B. decumbens cv. Basilisk, pelo International Research Institute (IRI), no
interior de São Paulo. A espécie que, no começo, destinava-se a solos de baixa
fertilidade, passou a ser usada indistintamente nos mais variados tipos de solo. O
plantio por mudas se deu apenas nos primeiros anos, pois as sementes de alto valor
cultural permitiram sua rápida perpetuação de norte a sul se tornando a principal
espécie forrageira no país. A conhecida “revolução forrageira”, alcançada pelos
grandes projetos de desenvolvimento subsidiados pelo governo, somente teve
viabilidade devido à introdução desta cultivar (KARIA et al., 2006).
O sucesso obtido pela B. decumbens estimulou a busca por novos ecótipos,
com isso foram introduzidas algumas cultivares como a B. ruziziensis, B. humidicola,
B. arrecta. Elas tiveram um grande sucesso devido à ampla adaptação aos solos
pobres, característicos das áreas reservadas ao plantio de pastagens no Brasil
Central (MACEDO, 1995). Exceto a B. arrecta, que não teve muita aceitação, pois
podia causar toxidade por nitrato aos animais. A B. humidicola adaptou-se muito
bem às condições do bioma amazônico, onde ficou conhecida como “Quicuiu do
Amazonas” (ROCHA, 1988).
Na década de 70, as cigarrinhas das pastagens Deois flavopicta e Zulia
enteriana causaram prejuízos significativos em várias áreas de pastagens de
braquiárias no Brasil devido aos desmatamentos de grandes áreas de matas e, em
consequência, diminuição de inimigos naturais desse inseto (COSENZA et al., 1989;
VALÉRIO et al., 2001). Outro problema registrado pela B. decumbens foi apresentar
um loco adequado ao desenvolvimento de um fungo Pithomyces chartarum, que
produz uma micotoxina chamada esporidesmina, responsável por uma doença
denominada fotossensibilização e que, em casos isolados, pode levar à morte dos
animais (FAGLIARI et al., 2003).
No ano de 1984, a EMBRAPA lançou no mercado a forrageira Brachiaria
brizantha cv. Marandú, que se tornou a forrageira mais plantada no Brasil, o que se
mantém até os dias atuais. O seu sucesso se deve, principalmente, a atributos como
a resistência às cigarrinhas das pastagens, o alto potencial de resposta à aplicação
de fertilizantes, a boa capacidade de cobertura do solo, o bom valor nutricional e
uma excelente produção de sementes. Porém, quando comparada com outras
cultivares, ela demanda solos de melhor fertilidade, possui baixa resistência à seca e
não suporta solos mal drenados (VALLE et al., 2000).
Foi introduzida no Brasil em 1994, a Brachiaria brizantha cv. MG4, originada
da África Tropical, lançada por intermédio do CIAT. Esta cultivar possui ciclo
vegetativo perene, hábito de crescimento decumbente, possuindo como principal
característica, a capacidade de estabelecimento em regiões com baixos índices
pluviométricos, uma vez que dispõe de um profundo sistema radicular e também é
pouco exigente no diz respeito à fertilidade de solo (FILHO, 1994).
A Brachiaria brizantha cv. Xaraés, originária da África Equatorial, foi liberada
comercialmente em 2002, após vários anos de avaliação pela EMBRAPA.
Caracteriza-se por ser uma planta cespitosa, folha lanceolada e longa, com pouca
pubescência; seus colmos são finos e as inflorescências são grandes, com
espiguetas unisseriadas. Suas principais qualidades são: alta produtividade,
tolerância a solos encharcados, rápida velocidade de rebrote e ciclo tardio de
florescimento, o que permite prolongar o período de pastejo no período das águas.
Como ponto negativo, destaca-se a susceptibilidade às cigarrinhas das pastagens
(VALLE et al., 2004).
A Brachiaria brizantha cv. Piatã, de origem da Etiópia, foi lançada no Brasil
em 2007 pela EMBRAPA. É uma planta de crescimento ereto, cespitoso, possui
colmos finos e lâminas foliares glabras medindo 45 cm de comprimento por 1,8 cm
de largura. A inflorescência difere das demais cultivares de B. brizantha por
apresentar maior número de racemo. Indicada para regiões com precipitação
pluviométrica anual acima de 900 mm com estação seca de até cinco meses,
tolerando bem o excesso temporário de água no solo, possui uma média exigência à
fertilidade de solo e tolerância às cigarrinhas das pastagens (VALLE et al., 2007).
No ano de 2004, iniciou-se a comercialização, no Brasil, do primeiro híbrido
do gênero Brachiaria (B. ruziziensis clone 44-6 X B. brizantha CIAT 6297), obtido no
programa de melhoramento genético do CIAT, conhecido como Brachiaria híbrida
cv. Mulato I (CIAT 36061). A gramínea é perene, de hábito decumbente e
estolonífero, possui folhas lineares lanceoladas de cor verde intenso com alta
pubescência. Possui um sistema radicular profundo, o que lhe atribui alta resistência
às condições de seca. Possui um intenso perfilhamento e recuperação, já que
apresenta um sistema de rebrota por gemas basais e capacidade para emitir raízes
adventícias que posteriormente formam novas plantas. Para se estabelecer,
necessita de precipitações pluviais a partir de 700 mm, sendo tolerante à seca,
queimadas, bem como às baixas temperaturas e geadas, mas não tolera condições
de solo encharcado (GARCIA; NAVA, 2002).

Cultivar Brachiaria híbrida cv. Mulato II

A Brachiaria híbrida cv. Mulato II (CIAT 36087) é um híbrido tetraplóide


(2n=4x=36 cromossomos), resultado de várias gerações de cruzamentos e seleções
realizadas pelo CIAT, em Cali, na Colômbia, a partir de cruzamentos que foram
iniciados em 1989 entre B. ruziziensis clone 44-6 (tetraploide sexual) x B.
decumbens cv. Basilisk (tetraploide apomítica). Progênies sexuais deste cruzamento
foram submetidas à polinização aberta produzindo uma segunda geração de
híbridos, de onde foi selecionado, pelas suas desejáveis características, um
genótipo identificado como SX94NO/0612. Utilizando o mesmo procedimento,
cruzou novamente com vários acessos e híbridos apomíticos. As seguintes gerações
permitiram identificar em 1996, o clone FM9503/SO46/024, que foi selecionado por
sua produtividade, vigor e alta qualidade, e sua alta proporção de folhas. Após a
confirmação de sua reprodução apomítica, os resultados com marcadores
moleculares comprovaram que o mesmo possui alelos que estão presentes na B.
ruziziensis, na B. decumbens cv. Basilisk e na B. brizantha, incluindo a cv. Marandú
(ARGEL et al., 2007).
A Brachiaria híbrida cv. Mulato II é descrita morfologicamente como sendo
uma planta perene, de crescimento semidecumbente e que pode alcançar até um
metro de altura. Seus colmos são cilíndricos, pubescentes e vigorosos, capazes de
enraizar quando entram em contato com o solo. As folhas são líneo-triangulares,
apresentando numerosa pubescência em ambos os lados da bainha e da lâmina. A
inflorescência é uma ráquis com quatro a seis racemos, com dupla fileira de
espiguetas; estas apresentam na antese, estigmas de cor creme, o que diferencia de
outras cultivares de braquiária, que normalmente apresentam estigmas de cor
alaranjada (LOCH; MILES, 2002).
Quanto à sua adaptação, possui um bom desenvolvimento em diferentes
níveis de altitude, em condições tropicais com altas e baixas precipitações, de cinco
a seis meses secos (ARGEL et al., 2007). Dispõe de uma ótima adaptação a solos
de baixa fertilidade e ácidos, com elevado teor de alumínio. Segundo CIAT (2004), a
produção de matéria seca, sob condições de um período seco de quatro meses, a
cultivar Mulato II não apresentou diferença entre a B. brizantha cv. Marandú e a B.
decumbens cv. Basilisk, porém uma produção significativamente maior que a cultivar
Mulato, em condições de alto e baixo níveis de fertilização do solo.
Em 2004, no Panamá, em um Cambissolo de textura média, a cultivar Mulato
II produziu 19,3 t/ha de MS (3,7 t/ha na época seca e 15,6 t/ha na época chuvosa),
sendo superior ao rendimento produzido pela cultivar Mulato (IDIAP, 2006). Em
Guápiles, Costa Rica, em condições de trópico úmido, com precipitações de 4620
mm/ano, em um Cambissolo, sob corte a cada quatro semanas, por um período de
dois anos, a cultivar Mulato II apresentou rendimentos superiores de matéria seca e
menor incidência de pragas e doenças foliares em relação a B. brizantha cv. Toledo
e da cultivar Mulato (HERNÁNDEZ et al., 2006).
Uma característica importante da cultivar Mulato II é a sua capacidade de
tolerar período de seca, segundo os resultados das avaliações realizadas durante
4,5 anos nos Llanos Orientales da Colômbia. Nesta região, após quatro meses de
seca, as forrageiras B. brizantha cv. Toledo e o híbrido cultivar Mulato II mantiveram
uma alta proporção de folhas verdes, tanto com baixa como com alta aplicação de
fertilizantes, superando a cultivar Mulato e a B. decumbens cv. Basilisk (CIAT, 2006).
Outras características importantes da cultivar Mulato II são: a tolerância ao
sombreamento, capacidade de ser estabelecida a partir de material vegetativo e,
apesar de não tolerar encharcamento permanente de solo, adaptar-se melhor que as
cultivares Mulato e Marandú às regiões com baixa drenagem (ARGEL et al., 2007).
Avaliações feitas em condições de campo e em casas de vegetação, na
Colombia e no Brasil, a cultivar Mulato II tem demonstrado significativa tolerância
para algumas espécies de cigarrinhas das pastagens, como a Aeneolamia reducta,
A. varia, Zulia carbonaria, Z. pubescens, Prosapia simulans, Mahanarva trifissa,
Deois flavopicta, D. schach e Notozulia entreriana (CIAT, 2005). Essa característica
é muito desejável, uma vez que as cigarrinhas das pastagens é a praga de maior
incidência e a que causa maiores danos econômicos às cultivares do gênero
Brachiaria e de outras espécies forrageiras tropicais. Em contrapartida, tem-se
observado susceptibilidade ao ataque foliar causado pelo fungo Rhizoctonia solani,
que produz danos nas cultivares Marandú e Mulato, particularmente nas épocas do
ano com alta umidade relativa e temperaturas (ARGEL et al., 2005).
A qualidade forrageira de uma gramínea, medida por meio de avaliações
bromatológicas, como teores de proteína bruta, fibras e digestibilidade, possui
grande dependência com os estádios fenológicos da planta avaliada, da época do
ano e das condições de fertilidade do solo. Na estação experimental do CIAT em
Santander de Quilichao, Colômbia, caracterizada por solos de baixa fertilidade
natural, a cultivar Mulato II apresentou significativamente maiores porcentagens de
PB do que as cultivares Xaraés e Mulato, tanto na época chuvosa como na seca.
Quanto à oferta de forragem, as cultivares não diferiram significativamente. Da
mesma maneira, não apresentou diferenças na digestibilidade da forragem e, como
previsto, foi menor durante o período da seca (CIAT, 2006). Segundo Guiot (2005),
em experimento realizado no México, foram encontrados valores de digestibilidade
entre 55% e 62% e proteína bruta de 12% e 16% na cultivar Mulato II.
Estudos realizados para avaliar a produção de carne bovina em pastagens da
cultivar Mulato II, na estação experimental Carlos Ortega, localizada em Gualaca,
Panamá, em dois sistemas de pastejo rotativo racional, o primeiro com três dias de
pastejo e 21 dias de descanso e o segundo com sete dias de pastejo com 21 dias de
descanso, ocorreu melhor ganho de peso diário (g/animal.dia -1) e uma carga animal
ligeiramente maior no primeiro sistema (611 g/animal.dia-1 e 3,5 UA/ha) em relação
ao segundo (534 g/animal.dia-1 e 3,2 UA/ha) (IDIAP, 2006).

Valor nutricional das pastagens tropicais

As pastagens possuem grande importância em propriedades rurais de todo o


mundo, por apresentarem uma fonte de alimentos de baixo custo para animais
herbívoros, possibilitando eficiência na exploração da área disponível. Contudo,
torna-se primordial incrementar a utilização das forragens por otimização do
consumo e disponibilidade de seus nutrientes (ZANINE; MACEDO JÚNIOR, 2006).
Existe uma grande variação na composição das pastagens, principalmente
espécies de gramíneas, cujas qualidades nutricionais são muito variáveis. As
variações de qualidade ocorrem não somente entre as cultivares, mas também em
diferentes constituintes das plantas, fenologias e níveis tecnológicos de manejo. O
sistema de produção pecuária é complexo e dinâmico; por decorrência disto, alguns
fatores interagem nesse sistema, tais como clima, solo, planta, animais e o manejo.
E quando há mudanças em algum destes elementos, ocorre modificações em todo o
sistema (ZANINE et al., 2005).
Pastagens são as principais fontes de nutrientes para os animais ruminantes,
com isso, quando se avalia a produção animal sob pastejo, alguns aspectos são
muito importantes, como o desempenho animal, a capacidade de suporte, a
produtividade animal, a composição botânica, bem como a distribuição morfológica
da cobertura vegetal. A constituição morfológica da vegetação é essencial, uma vez
que determina a seletividade de pastejo exercido pelos animais e também a
eficiência com que este animal faz a colheita da forrageira, determinando a
quantidade ingerida de nutrientes (STOBBS, 1975). Entretanto, as características
estruturais do relvado dependem não somente da espécie botânica, mas também do
manejo adotado (GOMIDE, 1999). Isso é denominado plasticidade fenotípica, que é
a capacidade de adaptação entre animal e plantas em sistemas de produção a
pasto, pois atribui às forrageiras maior resistência ao pastejo e, em consequência,
maior longevidade no ecossistema pastagem (LEMAIRE, 1997). Compreender estas
características é de extrema importância para que se possa melhorar o manejo e a
eficiência na utilização das forrageiras.
Em gramíneas forrageiras tropicais a relação folha:colmo é uma importante
característica na constituição do relvado (BARBOSA et al., 2007). A alta relação
folha:colmo representa uma forragem com alta digestibilidade, valor protéico e baixo
teor de lignina, possibilitando alto consumo, atendendo assim, as exigências
nutricionais dos animais ruminantes, proporcionando uma maior produtividade dos
animais (WILSON, 1982). Em contrapartida, a diminuição da relação folha:colmo
gera como consequência, uma diminuição na oferta de folhas e da forma como é
disponibilizada, afetando o consumo dos animais, pois a qualidade nutricional, a
fragmentação e a digestibilidade das lâminas foliares são melhores em relação aos
colmos (AKIN, 1989). Segundo Alden e Whitaker (1970), a relação folha:colmo pode
ser correlacionada como um índice de valor nutricional da forragem. Conciliado à
altura do pasto e da disponibilidade de massa, proporciona a facilidade de colheita
da forragem pelo animal.
O perfilhamento é um indicador de persistência e vigor das plantas
forrageiras, podendo ser modificado devido a fatores ambientais. As gramíneas
utilizam o perfilhamento como maneira de se desenvolver, aumentar a produtividade
e melhorar a persistência das plantas na pastagem (HODGSON, 1990). Em
espécies de gramíneas perenes encontram-se os perfilhos basais, originários da
base da planta, possuindo sistema radicular próprio e os aéreos, que surgem nos
nós dos colmos em florescimento e não possuem raízes (LOCH, 1985).
A quantidade de perfilhos é bastante variável entre gramíneas e em seus
estádios de desenvolvimento. Geralmente antes do início da emissão das
inflorescências ocorre uma diminuição significativa do número de perfilhos. Esse
declínio é decorrente de uma alta taxa de mortalidade dos perfilhos, até mesmo em
estágio pré-maturo de desenvolvimento. Quando ocorre alta disponibilidade de água
e nutrientes no solo, estimula o desenvolvimento dos perfilhos aéreos que acontece
durante a fase reprodutiva (NABINGER e MEDEIROS, 1995). O pastejo e sua
rispidez influenciam a taxa de aparecimento e a mortalidade dos perfilhos
(YOUNGNER, 1972).
Entre os pesquisadores, ocorrem controvérsias sobre o surgimento de novos
perfilhos em detrimento dos efeitos de desfolhação. Para Detling e Painter (1980), o
perfilhamento pode diminuir pela ação do desfolhamento, porém para Grant et al.
(1983) isto contribui no aumento do número de perfilhos. No entanto, algumas
gramíneas forrageiras possuem adaptações morfofisiológicas, que suporta seguidas
desfolhações; neste caso a rebrota depende da ativação das gemas basais e da
capacidade da planta para redistribuir carboidratos para os demais órgãos
(CALDWEL et al., 1991). Um maior perfilhamento aéreo é defendido por Jacques
(1994), quando em cortes altos de capim elefante, um maior número de gemas
laterais, que são responsáveis pelo rebrote e reserva da planta e algumas folhas
remanescentes, são importantes na captação de luz, consequentemente, colaboram
na velocidade de rebrotação. De acordo com Hume (1991), o perfilhamento é
controlado pelo padrão de surgimento das folhas e isso ocorre devido à diminuição
do efeito da dominância apical pela ação do corte ou pastejo.
Os autores Gomide e Gomide (2000), trabalhando com morfogênese em
Panicum maximum, concluíram que ocorrem diferenças entre os perfilhos principais
em comparação com os secundários, pois o perfilho principal possui taxas de
aparecimento foliar mais alto e sistema radicular mais desenvolvido.
O potencial de perfilhamento de uma determinada espécie baseia-se na
velocidade de emissão de folhas, pois cada folha formada, surge uma gema axilar.
O intervalo entre o aparecimento de duas folhas consecutivas pode ser obtido pela
soma das temperaturas, chamado de filocrono ou termocrone (NABINGER;
MEDEIROS, 1995). Wilhelm e Mcmaster (1995) definem filocrono como o intervalo
de tempo entre os estádios de desenvolvimento de folhas sucessivas em um colmo.
Para cada filocrono é adicionado um fitômero ao colmo, que é a unidade básica
desenvolvimento das gramíneas (GOMIDE; GOMIDE, 2000).
A formação das folhas se dá a partir do desenvolvimento dos primórdios
foliares, que surgem de maneira alternada em cada lado do domo apical (LANGER,
1963). A conformação dos perfilhos de gramíneas é determinada pelo tamanho,
número e arranjo dos fitômeros, sendo que estes se diferenciam a partir de um
meristema apical, que possui nó, entrenó, bainha foliar, lâmina e uma gema axilar
(SKINNER e NELSON, 1994).
Quando se inicia o desenvolvimento de um perfilho, há distinção de três tipos
de folhas: as completamente expandidas, emergentes e que estão em expansão
(GOMIDE e GOMIDE, 2000). Para Hunt (1965), a produção de folhas em gramíneas
caracteriza-se pelo surgimento da folha sobre a bainha da folha mais nova do
perfilho. Após vários dias de crescimento, a folha se mantém em expansão ao longo
do tempo e a lâmina atinge o máximo tamanho quando a lígula aparece. O
aparecimento de folhas é extremamente importante para a planta, uma vez que é a
responsável pela interceptação luminosa. Outra característica muito importante é o
tamanho da folha, mas é inversamente proporcional à taxa de aparecimento em
algumas cultivares (HUME, 1991). A taxa de aparecimento de folhas é
extremamente variável em diferentes genótipos, porém, quando condicionado em
ambiente com baixa variação na temperatura, intensidade luminosa, fotoperíodo e
disponibilidade de nutrientes e água no solo, se mantêm constante (LANGER, 1963).
Cavalcante (2001), trabalhando com Brachiaria decumbens em quatro
períodos de avaliação e quatro alturas de corte, constatou uma positiva interação
entre a altura da forrageira e o período, verificando a maior taxa de senescência na
altura de 12,7 cm, propiciando baixa taxa de acúmulo de forragem.
A composição bromatológica, na maioria das vezes, é utilizada como
parâmetro qualitativo das espécies forrageiras. Porém, não deve ser usado como
único determinante na qualidade das pastagens, uma vez que essa composição
varia de acordo com diversos aspectos. Os mais relevantes são: cultivar, estádio
fenológico da planta, manejo da desfolhação e nível de adubação (NORTON, 1982).
Para uma forrageira ser considerada de alta qualidade nutricional, ela tem que
fornecer nutrientes em quantidades suficientes para atender a demanda nutricional,
resultando em ganhos na produção animal. A composição química das plantas
possui uma grande variabilidade em função da sua morfologia e anatomia. Neste
cenário, os constituintes químicos das forrageiras são divididos em duas categorias:
os constituintes da parede celular e os contidos no conteúdo celular. Segundo Van
Soest (1994), a composição da parede celular é baseada em carboidratos
estruturais de baixa solubilidade (hemicelulose e celulose), além de sílica, lignina e
cutina, resultando na fração fibra bruta da forragem, cuja digestão é dependente da
ação de enzimas dos microrganismos do rúmen. Porém, o conteúdo celular é
composto por amido, proteínas, lipídios, carboidratos solúveis, minerais e vitaminas,
correspondendo à fração solúvel de elevada digestibilidade. Estes nutrientes são
digeridos por enzimas dos microrganismos e também por enzimas do aparelho
digestório dos animais.
A proteína bruta das forrageiras inclui todos os compostos nitrogenados,
como a proteína verdadeira, nitrogênio não protéico, aminas, amidas, aminoácidos e
outras substâncias nitrogenadas, como o nitrato, que pode apresentar efeitos tóxicos
sobre os ruminantes quando apresentado em altos níveis elevados (TOLEDO,
2004). A proteína verdadeira pode representar até 70% da proteína bruta das
forragens, dependendo da maturidade da planta. Há uma pequena proporção de
nitrogênio não protéico, que é insolúvel devido à associação com a lignina na parede
celular, sendo de pouca disponibilidade ao sistema digestório dos ruminantes. As
folhas quando possui uma alta qualidade de proteína verdadeira, apresenta alta
disponibilidade (HEATH et al., 1985).
As gramíneas tropicais possuem teores de proteína bruta inferior aos das
espécies de clima temperado. Numericamente, a maioria destas gramíneas
apresenta teores inferiores a 10% de proteína bruta na matéria seca, que pode ser
insuficiente para atender a demanda nutricional em algumas situações. Essa baixa
concentração é explicado pela via fotossintética C4, altas proporções de colmo em
relação à folha e nas altas quantidades de feixes vasculares nas folhas.
A folha é o órgão da planta que possui a maior concentração de proteína de
alto valor biológico e com aminoácidos de elevada qualidade, variando muito pouco
entre as cultivares. Os aminoácidos não se alteram de maneira significativa com o
declínio nos teores de proteína bruta (maturidade fisiológica) e também com o
aumento da proteína em razão da fertilização do solo com adubações nitrogenadas.
Em relação aos aminoácidos, as folhas possuem relativamente boa quantidade de
lisina, porém baixos teores de metionina e isoleucina, embora esta propriedade
qualitativa seja considerada de pouca importância aos ruminantes, devido à intensa
degradação protéica e síntese da atividade microbiana ruminal (NORTON, 1982).
O teor de proteína nas espécies forrageiras são maiores nos estágios
vegetativos iniciais da planta e diminuem na medida em que as mesmas atingem a
maturidade. O conteúdo protéico na maturidade está diretamente ligado à espécie,
teor proteína na fase inicial da planta e da relação folha:colmo. Algumas espécies
mantêm altos valores protéicos ao longo do seu desenvolvimento, porém, declinam
com o florescimento (NORTON, 1982).
Os carboidratos são os principais constituintes das plantas, chegando a 80 %
da matéria seca das forrageiras. As propriedades nutricionais dos carboidratos das
plantas forrageiras são dependentes dos açúcares intrínsecos, do tipo de ligações e
de outros fatores físico-químicos. Logo, os carboidratos das plantas forrageiras
podem agrupar-se em duas categorias: os estruturais, que possuem uma menor
degradabilidade e os não-estruturais, que são altamente digestíveis (VAN SOEST,
1994). Os carboidratos não-estruturais estão presentes no conteúdo celular como
glicose e frutose e os usados como reserva nas plantas que incluem a sacarose e o
amido. O amido acumulado por forrageiras tropicais, além de apresentar em
quantidades pouco significativas, possui baixa solubilidade em relação ao
acumulado em raízes e sementes, isso ocorre devido ao alto teor de amilopectina.
(NORTON, 1982).
Os carboidratos estruturais são encontrados normalmente constituindo a
parede celular, sendo estes, principalmente a pectina, hemicelulose e celulose. Isto
representa até 80% da matéria seca das forrageiras e são muito importantes na
determinação da qualidade nutricional das forrageiras (VAN SOEST, 1994). Este
autor desenvolveu métodos de análises, que são utilizados para a determinação das
frações fibrosas nas forrageiras, e um deles é o método de análise, que consiste no
processo de submeter à forragem a uma solução de detergente neutro, que
solubiliza o conteúdo celular constituído por açúcares solúveis, lipídeos, amido e
outros, mantendo insolúvel a parede celular, denominado de fibra em detergente
neutro (FDN), que basicamente é composta por celulose, hemicelulose, lignina,
cutina e sílica. Em outra análise, a amostra é tratada com uma solução em
detergente ácido, que solubiliza tanto o conteúdo celular como a fração de
hemicelulose, mantendo insolúveis as frações referentes à celulose e lignina, sendo
denominada de fibra em detergente ácido (FDA).
A lignina se baseia em um polímero fenólico, que se liga aos carboidratos
estruturais durante o processo de construção da parede celular, alterando,
significativamente, a digestibilidade das forragens (NORTON, 1982). A redução da
digestibilidade das cultivares de forrageiras se apresenta em relação inversa, pois a
concentração de lignina eleva com a maturação da planta e consequentemente,
diminui a digestibilidade (FUKUSHIMA, 2007). Com o avanço da maturidade das
plantas verificam-se aumentos significativos nos teores de carboidratos estruturais e
redução nos solúveis, contribuindo na diminuição da digestibilidade das forragens
(REIS et al., 1993).
Forrageiras tropicais são caracterizadas por apresentarem baixa
concentração de carboidratos solúveis e pela alta proporção de parede celular. A
alta quantidade de parede celular das forrageiras tropicais associa-se diretamente
aos aspectos anatômicos das espécies, pois têm alta proporção de tecido vascular,
que é uma característica das plantas C4 (VAN SOEST, 1994). Em forrageiras
tropicais, a lignina é um dos fatores antiqualitativos de maior expressão, pois é um
limitante à digestão, formando complexos com a celulose e hemicelulose da parede
celular, tornando-a indigestível (HEATH et al., 1985).
O consumo de matéria seca está intimamente relacionado com a
concentração de fibra em detergente neutro da forragem, uma vez que este
constituinte reflete na capacidade volumosa de ocupação do espaço ruminal. De
maneira oposta, a digestibilidade da matéria seca depende do teor de FDA, pois
está associada com o teor de lignina da parede celular e, uma vez ligada à celulose
e hemicelulose, causam problemas com a digestibilidade dos carboidratos
estruturais ruminais, devido à formação de complexos de lignocelulose (MERTENS,
1987, 1994).
A digestibilidade é a medida da quantidade do alimento consumido que é
metabolizado pelo animal. A princípio, todos os componentes da planta, exceto a
lignina, são potencialmente degradados. Contudo, a completa digestão dificilmente
acontece por decorrência das incrustações de lignina na hemicelulose e celulose,
que tem efeito de proteção contra a ação dos micro-organismos ruminais (REIS et.
al., 1993). A determinação da digestibilidade pode ser por vários métodos, como "in
vivo", "in situ" e "in vitro". O método in vitro, por ter custos mais reduzidos, maior
velocidade na obtenção de resultados e elevada correlação com o método in vivo,
tem sido amplamente utilizado e recomendado para a avaliação de forrageiras
(PEREZ, 1997).
A digestibilidade das forrageiras tropicais diminui de forma contínua em
função do seu grau de maturidade. As cultivares com alta digestibilidade inicial,
apresentam diminuição acentuada do que aquelas com digestibilidade inicial mais
baixa. As cultivares que mantém a digestibilidade em altos patamares e com maior
consistência são mais interessantes no que diz respeito à produção animal.
Espécies dos gêneros Setaria, Digitaria e Brachiaria, geralmente, apresentam taxas
de declínio de digestibilidade mais lentas, quando comparadas com cultivares dos
gêneros Chloris, Panicum e Hyparrehenia (RODRIGUES, 1986).
As condições climáticas que mais afetam o valor nutricional das forrageiras
tropicais são a temperatura, a luminosidade e a umidade. Temperaturas elevadas
promovem aumento rápido no teor de lignina da parede celular, o que acelera a
atividade metabólica celular, resultando em reduções nas concentrações de
proteínas, lipídios e carboidratos solúveis e aumento dos carboidratos estruturais,
causando a redução da digestibilidade (VAN SOEST, 1994). O processo
fotossintético é garantido pela luminosidade que também promove a síntese de
açúcares e ácidos orgânicos, resultando na elevação nos teores de açúcares
solúveis, ácidos orgânicos e aminoácidos, reduzindo a quantidade da parede celular,
incrementando a digestibilidade (HEATH et al., 1985). Quanto aos efeitos da
umidade, segundo Reis et al. (1993), quando ocorre intenso déficit hídrico, o dossel
forrageiro paralisa o crescimento, limitando a capacidade de suporte da pastagem e
a produção animal, tanto em razão da baixa qualidade quanto da disponibilidade da
forragem. Em contrapartida, uma deficiência hídrica moderada, diminui a velocidade
de crescimento das plantas, retardando o alongamento dos colmos, resultando em
plantas com melhor relação folha:colmo, com maior quantidade de nutrientes
digestíveis (VAN SOEST, 1994).
A fertilidade do solo e a prática de aplicações de corretivos e adubos reflete-
se na composição bromatológica das forrageiras tropicais, especialmente nos teores
de proteína bruta, consequentemente melhorando a digestibilidade e o consumo da
forragem. Isto pode estar relacionado mais com o rendimento de matéria seca do
que o próprio valor nutritivo da forragem (REIS et al., 1993). O mesmo
comportamento foi observado por Benedetti (1994), quando vacas em lactação
mantida a pasto, formados com diferentes espécies (B. decumbens, Panicum
maximum cv. Colonião, Pennisetum purpureum cv. Napier), a gramínea que
apresentou menor taxa de degradação inicial, foi a mais consumida. Isto porque
havia oferta de folhas (relação folha:colmo era 80%). Segundo o autor os animais
compensaram a degradabilidade inicial baixa, pelo maior volume consumido devido
à aceitabilidade da forrageira.
Os estádios fenológicos das forrageiras tropicais apresentam ampla relação
com a composição bromatológica e digestibilidade. Isto porque ocorre elevação nos
teores de carboidratos estruturais e lignina, e redução no conteúdo celular, que
estão relacionadas com a diminuição da relação folha:colmo. Plantas com estágio
fenológico mais avançado apresentam maiores proporções de colmos que folhas,
resultando em baixo conteúdo de nutrientes digestíveis (REIS et al., 1993). Logo, a
época da colheita da forragem está relacionada ao estágio de desenvolvimento e ao
seu valor nutricional. Colheitas de plantas mais velhas propicia um alimento com
baixa quantidade de carboidratos solúveis e digestibilidade, devido à diminuição da
relação folha:colmo, uma vez que é a fator mais importante para perda de qualidade
da forrageira (CORSI, 1990).
Em sistemas de produção a pasto, principalmente gado leiteiro, segundo
Benedetti (1994) devem-se identificar aqueles animais que mais se interagem com
as pastagens. Segundo ele, certos animais têm melhores respostas produtivas que
outros, num mesmo sistema de manejo. Essas características podem ser herdáveis,
assim, podem-se selecionar animais com melhor e mais eficiência na utilização de
forrageiras tropicais.
A evolução das tecnologias de produção na agropecuária brasileira vem se
mostrando significativa, com o desenvolvimento de novos produtos e do
melhoramento genético das plantas forrageiras. Estes avanços, conciliados com
práticas de manejo, suplementação adequada, técnicas de reprodução, sanidade e
um gerenciamento eficiente, são pilares indispensáveis na construção de um
sistema produtivo sustentável.
MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização da área experimental

O experimento foi realizado ao longo do ano 2011, na Fazenda experimental


Capim Branco, pertencente à Universidade Federal de Uberlândia, situada no
município de Uberlândia, no estado de Minas Gerais. O referido local tem como
coordenadas geográficas aproximadas de 18⁰51’55” de latitude sul, 48⁰21’05” de
longitude oeste e uma altitude de 797 metros.

3.2 Caracterização edafoclimática

O clima da região de Uberlândia, segundo o “Sistema Köppen”, classifica-se


como Cwa, caracterizado pelo clima tropical de altitude, com chuvas no verão e seca
no inverno, com a temperatura média do mês mais quente superior a 22°C (PEEL et
al., 2007). As informações das condições climáticas durante o período em que foi
realizado o experimento foram obtidas pela estação meteorológica da Fazenda
Experimental de Capim Branco, localizada em torno de 1900 metros da área
experimental. Nas figuras de 1 a 4 visualizam-se os aspectos de temperatura,
precipitação, umidade relativa do ar e radiação solar.

Temperuta Máxima (⁰C) Temperatura Mínima (⁰C)


35

30

25

20

15

10

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Figura 1 – Dados de temperatura média mensal do período de Janeiro a Novembro de 2011


250

Precipitação (mm)
200

150

100

50

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Figura 2 – Dados de precipitação mensal média do período de Janeiro a Novembro de 2011

100
Umidade Relativa do Ar (%)

80

60

40

20

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Figura 3 – Dados de umidade relativa do ar média mensal do período de Janeiro a Novembro de


2011

700
650
Radiação Solar (MJ/Mês)

600
550
500
450
400
350
300
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Figura 4 - Dados de radiação solar média mensal do período de Janeiro a Novembro de 2011
O relevo da área experimental classifica-se como ondulado e o solo foi
classificado como Latossolo Vermelho Mesotrófico (EMBRAPA, 2006). Antes do
preparo de solo para o estabelecimento das pastagens da área experimental, o solo
foi amostrado nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm. Estas amostragens foram
enviadas ao LABAS (Laboratório de Análise de Solo da Universidade Federal de
Uberlândia), onde foram realizadas as análises químicas e físicas (Quadro 1).
Os resultados revelaram que o solo da área experimental é de classe textural
argilosa e possui níveis insuficientes de alguns nutrientes para as espécies de
forrageiras estudadas. Apesar disso, não foi necessária a aplicação de corretivos,
como calcário ou gesso, uma vez que o solo já havia sido corrigido no ano anterior.
Foi realizada adubação de plantio no ato da semeadura, com a aplicação de 190
kg.ha-1 de Fosfato Monoamônico, garantindo em torno de 100 kg.ha-1 de P2O5 e 19 kg.ha-1
de N. Para a adubação de cobertura foi utilizado 125 kg.ha-1 do adubo formulado (30-00-20),
aplicado 30 dias depois da semeadura, o que forneceu aproximadamente 38 kg.ha-1 de N e
25 kg.ha-1 de K2O (SOUSA; LOBATO, 2004).

Quadro 1 – Resultados das análises física e química do solo da área experimental


Análises Unidades Amostra 0-20 cm Amostra 20-40 cm
Químicas
pH H2O -- 5,7 5,5
P meh-1 mg.dm-3 1,2 0,5
K+ mg.dm-3 58 28
S-SO=4 mg.dm-3 -- 4,0
Ca2+ cmolc.dm-3 2,3 0,5
Mg2+ cmolc.dm-3 0,9 0,4
Al3+ cmolc.dm-3 0,0 0,1
B mg.dm-3 0,16 --
Cu mg.dm-3 8,9 --
Fe mg.dm-3 25 --
Mn mg.dm-3 15,6 --
Zn mg.dm-3 0,4 --
M.O. dag.kg-1 3,1 --
T cmolc.dm-3 5,85 4,07
V % 40 24
m % 00 09
Físicas
Argila % -- 54,3
Limo % -- 8,9
Areia Fina % -- 18,3
Areia Grossa % -- 18,5
3.3 Materiais genéticos

Foram avaliadas duas forrageiras do gênero Brachiaria, identificadas como


Brachiaria híbrida cv. Mulato II e Brachiaria brizantha cv. Piatã. Ambas são
gramíneas utilizadas para pastagens com características similares no que diz
respeito à aptidão, potencial produtivo e adaptação às condições edafoclimáticas da
região do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais.

3.4 Estabelecimento das pastagens

A pastagem foi implantada no dia 12 de fevereiro de 2011, utilizando um


método convencional de preparo de solo, com duas gradagens pesadas e uma leve.
Utilizou-se aproximadamente quatro quilogramas de sementes viáveis por hectare
das cultivares avaliadas. Para realização da semeadura foi utilizada uma
distribuidora de sementes do tipo pendula, que foi acoplada em um trator pelo
engate de três pontos. Logo após a distribuição das sementes na área, foi feita uma
incorporação com grade leve completamente fechada, ato que proporcionou o
posicionamento das sementes em torno de dois centímetros de profundidade,
minimizando as perdas de germinação (REZENDE et al., 2007).

3.5 Procedimentos experimentais

Foram estabelecidos quatro piquetes com dois hectares cada, os quais


ficaram dispostos no delineamento estatístico como blocos casualizados. Em dois
destes piquetes foi estabelecida a Brachiaria híbrida cv. Mulato II e nos outros dois a
Brachiaria brizantha cv. Piatã. Para a tomada de dados referente às plantas, cada
bloco foi subdivido em três regiões imaginárias, dispostas ao longo da declividade do
terreno, a fim de melhorar a aleatoriedade, como apresentado na Figura 5.
Os piquetes eram delimitados por cerca eletrificada, com três fios. Foram
realizadas pequenas áreas de exclusão, estrategicamente posicionadas a fim de
melhorar a aleatoriedade, delimitadas pela mesma cerca, com a finalidade de
impedir o pastejo, uma vez que nestas áreas eram colhidas as amostras de
forragem utilizadas para avaliações laboratoriais da composição botânica.

Figura 5 – Croqui da área experimental

As colheitas das amostras de forragem eram feitas impreterivelmente de 15


em 15 dias, às oito horas da manhã, do dia primeiro de abril de 2011 até o dia 15 de
julho do mesmo ano. O procedimento de colheita era executado com o auxílio de
uma armação de madeira, com dimensão (1,0 x 1,0m), resultando em uma área de 1
m2, que serviu como gabarito de área. Este gabarito foi utilizado posteriormente para
extrapolação do cálculo para área total. Vale ressaltar que a escolha da área era
feita jogando este quadrado de madeira de maneira aleatória dentro da área de
exclusão de pastejo; esta operação era executada três vezes em cada região do
bloco e o material das colheitas era misturado, formando uma amostra. No momento
da colheita da forragem, primeiramente era mensurada a altura das plantas, em
seguida realizada a contagem dos números de perfilhos, obtendo a sua densidade
populacional e de plantas daninhas, resultando na composição botânica da
pastagem. Logo após, a forrageira era colhida cortando-a na região do coleto com
ajuda de um podão de jardinagem. Todo o material era armazenado e identificado
em um recipiente para posteriormente serem realizadas as demais avaliações.
3.6 Procedimentos de avaliação da produção animal

Para a avaliação da produção animal era utilizado o índice zootécnico de


ganho de peso diário. Avaliaram-se três animais em cada piquete, fêmeas, de 15
meses de idade, com peso inicial aproximado de 200 Kg, com a mesma qualidade
genética, todas da raça Nelore. Ou seja, todo o rebanho foi padronizado a fim de
diminuir a interferência genotípica.
O manejo da pastagem era baseado em pastejo contínuo com taxa lotação
variável, ou seja, a taxa de lotação era baseada na altura do pasto, uma vez que
havia na área ao lado quatro animais, de ajuste, pois no momento em que a altura
do pasto superasse a altura de manejo estipulada de 30 cm para ambas as
cultivares, segundo Aguiar (2009), os animais de ajuste eram colocados na área.
O pastejo na área experimental iniciou no dia primeiro de abril de 2011, porém
a avaliação dos mesmos iniciou-se a partir do dia primeiro de maio de 2011 devido à
necessidade dos animais em se adaptarem com a forrageira e com o ambiente. Foi
realizada a primeira pesagem no dia primeiro de maio de 2012 e a segunda no dia
29/08/2012, completando 120 dias de avaliação nos respectivos tratamentos. Todas
seguiram o mesmo procedimento, em que os animais eram fechados no curral e
submetidos a um jejum de 14 horas, com fornecimento apenas de água. Para o
procedimento de pesagem era utilizada uma balança bovina digital do tipo caixa, o
peso individual dos bovinos eram anotados; os animais eram identificados de acordo
com o tratamento.
Os animais contavam com uma vereda, que abastecia os quatro piquetes,
com água de qualidade. Fornecia-se suplementação mineral “ad libitum” com os
seguintes níveis de garantia: 146g Cálcio, 80mg Cobalto, 1000mg Cobre, 15g
Enxofre, 750mg Ferro, 45g Fósforo, 70mg Iodo, 10g Magnésio, 1000mg Manganês,
15mg Selênio, 173g Sódio, 3000mg Zinco, 450mg Flúor. Para os últimos dois
meses, nos quais ambas cultivares começaram a secar, utilizou-se também uma
suplementação protéica à base de Cloreto de Sódio, Enxofre Ventilado, Farelo de
Soja, Fosfato Bicálcico, Iodato de cálcio, Milho integral moído, Óxido de Magnésio,
Óxido de Zinco, Selenito de Sódio, Sulfato de Cobalto, Sulfato de Cobre, Sulfato de
Ferro, Sulfato de Manganês e Ureia Pecuária. Esta suplementação foi fornecida com
uma limitação de consumo de aproximadamente 300g/cab/dia, de acordo com a
recomendação do fabricante.

3.7 Avaliação morfológica e análises laboratoriais

A determinação das características morfológicas, do teor de matéria seca e


análises bromatológicas das amostras foram realizadas no Laboratório de Nutrição
Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal
de Uberlândia – MG, nos meses de abril e outubro de 2011.
A matéria seca dos constituintes morfológicos era determinada seguindo os
procedimentos analíticos seguintes: as amostras, depois de colhidas nas unidades
experimentais e devidamente identificadas, eram submetidas a uma separação
morfológica: as folhas (em que se inclui somente o limbo foliar e suas nervuras), o
colmo (que contém o colmo, as bainhas foliares e o aparelho reprodutivo) e o
material morto (inclui todas as partes consideradas mortas da planta). Logo após,
elas seguiam para determinação da ASA (Amostra Seca ao Ar), sendo realizada
após a secagem das amostras em estufa de circulação de ar forçada, com
temperatura a 65ºC por 72 horas. Após a secagem, o material foi moído em moinho
tipo Wiley equipado com peneira de malha com abertura de um milímetro. Em
seguida, os componentes morfológicos de cada amostra foram misturados e
homogeneizados, constituindo assim uma amostragem da parte aérea da planta
para as análises bromatológicas. Por último, foram amostrados dois gramas de
massa seca (ASA) em um cadinho de porcelana e levado à estufa a 105ºC, por 16
horas. Depois deste período a amostra foi para um dessecador, onde ficou esfriando
e em seguida foi pesada quantificando a matéria seca definitiva, denominada ASE
(Amostra Seca em Estufa) (MERTENS, 1993).
A proteína bruta foi realizada a partir do método padrão de determinação de
nitrogênio em forragens, conhecido como método Kjeldahl, que se baseia em três
etapas básicas. À primeira delas, conhecida como fase de digestão, colocou-se no
balão Kjeldahl, 0,5 g de amostra (ASA), 5 mL de ácido sulfúrico e 2 g de mistura
catalítica, então fez-se o aquecimento no bloco digestor a 450ºC para que o carbono
e o hidrogênio fossem oxidados, o que resultou na conversão do nitrogênio em
amônia. À segunda etapa, levou-se o balão Kjeldahl, com a solução já digerida, para
o destilador, adicionaram-se 20 mL de hidróxido de sódio (40%) e aqueceu-se para
a liberação da amônia dentro de um erlenmeyer com 15 mL de ácido bórico (3%) e
três gotas do indicador vermelho de metila. Destilou-se até completar o volume de
100 mL para garantir o término da evaporação e condensação de toda a amônia
presente na amostra, formando, assim, o borato de amônia. À terceira etapa,
conhecida como etapa da titulação, o borato de amônia formado foi titulado com
uma solução de ácido clorídrico (0,1 N). O volume gasto na titulação foi utilizado no
cálculo da concentração de proteína bruta na (ASA), como segue abaixo, e
posteriormente foi corrigido para a matéria seca definitiva (SILVA, 2002).
Proteína Bruta (%) = V x f x 0,0014 x 6,25 x 100
P(g)
Onde:
V = volume gasto de HCl 0,1N
f = fator do HCl 0,1N
0,0014 = miliequivalente grama do nitrogênio
6,25 = fator de conversão geral do nitrogênio em proteína
P = peso da amostra

Os procedimentos de análise dos teores de fibra em detergente neutro (FDN)


foram conduzidos em aparelho analisador de fibras (Tecnal TE-149), utilizando-se a
formulação de detergente neutro preconizada por Silva (2002). As amostras foram
pesadas e colocadas em um saco de TNT 100% que também tinha o peso
conhecido. A quantidade de detergente foi de 100 mL/g MS, com tempo de extração
de uma hora. Ao término do tempo de extração os sacos foram lavados,
sequencialmente, com água quente e acetona, e logo após foram secados, em
estufa de 105ºC por 24 horas, acondicionados em dessecador, pesados e
posteriormente calculado o teor de FDN.
Para a determinação da fibra em detergente ácido (FDA), também conhecida
como lignocelulose, utilizou-se o mesmo aparelho analisador de fibras (Tecnal TE-
149). As amostras foram pesadas e deslocadas nos sacos de TNT 100%. Utilizou-se
1g de amostra para cada 100ml de solução detergente ácida descrita em Silva
(2002). Em seguida digeriu-se por uma hora. Ao término do tempo de extração, os
sacos foram lavados, sequencialmente, com água quente e acetona. Logo após
foram secados, em estufa de 105ºC por 24 horas, acondicionados em dessecador,
pesados e posteriormente calculados.
Para a análise de lignina foi utilizada a técnica da lignina em detergente ácido
(LDA), onde as amostras foram tratadas com solução de detergente ácido, gerando
a fibra em detergente ácido (FDA), logo após foi submetida ao processo de digestão
com solução concentrada de ácido sulfúrico a 72% (Van Soest, 1963). No entanto,
este procedimento foi adaptado com a utilização de saquinhos Ankon F-57. Após a
digestão, os saquinhos foram colocados em autoclave (120ºC; 30 min.), dispostos a
enxágues com água destilada quente (5 min.), sendo então escorridos e
posteriormente imersos em acetona (5 min.) e secos em estufa (105ºC),
acondicionado em dessecador, pesado e posteriormente calculado (LANES et al.,
2006).
O método de análise de degradabilidade in vitro da matéria seca foi
desenvolvido por Tilley e Terry (1963). Esta metodologia tem como principal função,
fazer uma simulação no laboratório das condições existentes no trato gastrointestinal
dos ruminantes. As amostras de forragem foram pesadas, com 500mg, e colocadas
no saquinho Ankon F-57 e posteriormente incubadas em jarros de vidro. Em cada
jarro da incubadora artificial foram adicionados os saquinhos, 1200 ml de solução
tampão de McDougall (McDougall, 1948) e 300 ml de líquido ruminal, que foi
coletado de um animal dotado de uma cânula ruminal permanente. Previamente à
incubação, foram adicionados a cada 1200 ml de solução tampão de McDougall, 20
ml de solução de uréia (5,5 g de ureia/100 ml H2O) e 20 ml da solução de glicose
(5,5 g de glicose/100 ml H2O). Após o preparo da solução, borbulhou-se com CO2
com o objetivo de abaixar o seu pH a 6,9 e, em seguida, foi realizada a incubação
dos materiais por 48 horas à temperatura em torno de 39ºC, proporcionando um
ambiente adequado para a atividade microbiana. Logo após a realização do
procedimento, foi feita a filtragem e recuperou-se o material residual, isto é, a fração
que não sofreu a digestão. Estas frações foram dispostas a enxágues com água
corrente, sendo então escorridas e secas em estufa (105ºC), acondicionadas em
dessecador, pesadas e posteriormente calculada a porcentagem degradada da
matéria seca.
3.8 Delineamento experimental

O delineamento experimental foi feito em blocos casualizados em esquema


de parcelas subdivididas no tempo, com dois tratamentos (cultivares), dois blocos
(piquetes), oito épocas de colheitas e três repetições por bloco, para as avaliações
das forrageiras. Para a avaliação da produção animal era utilizado um delineamento
em blocos casualizados, com dois tratamentos (cultivares), dois blocos (piquetes) e
três repetições (animais). Na comparação entre as cultivares, nas variáveis relativas
às forrageiras e na avaliação de produção animal foi realizado uma análise de
variância e teste F (p<0,05). Para comparação das épocas de colheita, utilizou-se da
análise de regressão linear ou polinomial. Os dados foram analisados com a ajuda
do software estatístico SISVAR (FERREIRA, 2003).
4.1 Composição botânica

Na Tabela 1 estão apresentados os resultados da evolução da composição


botânica da pastagem com as cultivares Brachiaria híbrida cv. Mulato II e Brachiaria
brizantha cv. Piatã ao longo de quatro meses de avaliação.

Tabela 1. Composição botânica da pastagem, com as forrageiras Brachiaria híbrida cv.


Mulato II e Brachiaria brizantha cv. Piatã, em quatro estádio de desenvolvimento
Época de avaliação 1º Abril 1º Maio 31º Maio 30º Junho
(48 DAG*) (78 DAG*) (108 DAG*) (138 DAG*)
Cultivares Mulato II Piatã Mulato II Piatã Mulato II Piatã Mulato II Piatã
Massa Seca (%) (%) (%) (%)
Forrageiras Avaliadas 50a 53a 70a 59b 91a 80b 89a 78b
Braquiárias spp. 32a 30a 12b 28a 7b 17a 7b 21a
Sida spp. 9a 7a 15a 8b 1a 2a 2a 1a
Cyperus spp. 1a 0a 0a 0a 0a 0a 0a 0a
Ipomoea spp. 3a 5a 2a 2a 0a 0a 0a 0a
Outras 4a 3a 1a 2a 0a 1a 1a 0a
TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100
Médias na mesma linha de cada época, seguida de letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste F (p<0,05)
*DAG – Dias após a germinação

Aos 48 dias após a germinação não houve diferença (p>0,05) na composição


botânica da pastagem, em ambas cultivares avaliadas. Nas avaliações seguintes, ou
seja, a partir dos 78 dias após a germinação, foi constatado que a cultivar Mulato II
apresentou mais agressividade, no que diz respeito à competição com as plantas
daninhas (P<0,05) comparada com a cultivar Piatã. Isso pode ser justificado pelo
fato da cultivar Mulato II possuir uma densidade populacional de perfilho maior
(p<0,05) (Tabela 2), o que diminui a incidência de radiação solar na porção mais
baixa do dossel, inibindo o desenvolvimento das plantas daninhas. Em ambos
tratamentos a participação de plantas daninhas na composição botânica foi maior no
período das chuvas do que o período da seca, resultados semelhantes foram
encontrados por Santos et al. (1998) que constatou em pastagens de capim gordura
(Melinis minutiflora) o componente ervas e arbustos apresentou maiores
percentagens na composição florística no período chuvoso em relação ao período
seco.
4.2 Aspectos morfológicos

No Quadro 2 observa-se os resultados das características morfológicas das


cultivares Brachiaria híbrida cv. Mulato II e da Brachiaria brizantha cv. Piatã. Os
resultados representam uma média de oito épocas de corte intercalados de 15 dias,
dispostos em uma época representativa das estações chuvosa e seca.

Quadro 2. Densidade de perfilhos, altura de planta, proporção de folha, colmo e matéria


morta de Brachiaria híbrida cv. Mulato II e Brachiaria brizantha cv. Piatã

Densidade
Altura Planta Folha Colmo Matéria Morta
Perfilhos

Nº Perfilho/m2 cm % % %

Mulato II 356a 45b 50,80a 40,68b 8,52a

Piatã 166b 57a 46,63b 46,58a 6,79b

Média Geral 261 51 48,72 43,63 7,65

CV (%) 30,69 7,48 8,72 10,77 7,56


Médias na mesma coluna seguida de letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste F (p<0,05).
Média dos oito cortes em quatro meses de avaliação.

A altura média da cultivar Piatã no período avaliado, foi significativamente


maior (p<0,05) do que a cultivar Mulato II. Porém, o percentual de matéria morta se
comportou diferentemente, pois a cultivar Mulato II obteve um percentual mais
elevado (p<0,05). Segundo Barbosa et al. (2006) e Zeferino (2006), quando os
pastos são mantidos altos, não há um aproveitamento completo das plantas, uma
vez que dificulta a exploração do animal ao dossel inferior, consequentemente
acumulando tecido e elevando a taxa de material morto. No presente trabalho,
quando as forrageiras estavam sob pastejo a altura de manejo recomendada, foi
mantida, não ocorrendo portanto tal acontecimento. Porém, nas áreas de exclusão
do pastejo, na qual foi mensurada a altura média apresentada no Quadro 2, ocorreu
maior taxa de material morto na cultivar Mulato II, que possui altura média menor.
Esse fato pode ser explicado devido a sua maior relação folha: colmo e a menor
concentração de lignina nos seus tecidos, possibilitando uma maior fragilidade
quanto ao tempo de senescência.
Quanto à densidade populacional de perfilhos, observa-se que variou
substancialmente entre as gramíneas, sendo a cultivar Mulato II obteve uma
densidade de perfilho significativamente maior (p<0,05). Como está apresentada na
Figura 6, a evolução da densidade de perfilho da cultivar Mulato II foi crescente em
todas as etapas de avaliação, comportando-se em uma conformação quadrática
positiva. Na cultivar Piatã aumentou a densidade de perfilhos até 80 dias após a
germinação, posteriormente a cultivar manteve a densidade de perfilho constante.
Nas últimas três semanas de avaliação da densidade populacional de
perfilhos, como mostrado na Figura 6, nota-se para ambas cultivares uma tendência
de estabilização do número de perfilhos, isto ocorre devido a uma compensação do
tamanho sobre a densidade dos perfilhos, este fenômeno é denominado lei do auto-
desbaste, que ocorre principalmente quando a pastagem está sendo diferida
(MATTHEW et al., 1995). Neste contexto, existe uma competição por luz entre os
perfilhos, como nas avaliações deste trabalho era previsto o livre crescimento da
forrageira, resultou em uma menor quantidade e qualidade de radiação luminosa na
parte basal da forrageira, local que se encontra grande parte das gemas que dão
origem aos perfilhos da planta, resultando em um menor perfilhamento da gramínea
(LANGER, 1963); (DEREGIBUS et al., 1983).

Figura 6 – Densidade populacional de perfilhos (Nº perfilhos/m2) da Brachiaria híbrida cv.


Mulato II e da Brachiaria brizantha cv. Piatã, ao longo do tempo
Na Figura 7 está apresentado o comportamento das forrageiras avaliadas
quanto à evolução da relação folha:colmo. Esta relação pode ser utilizada como
índice de qualidade nutricional, uma vez que a relação folha:colmo elevada
representa forragem de elevado teor de proteína, digestibilidade e consumo. De
acordo com Forbes e Hodgson (1985), a porção folha pode representar mais de 80%
da dieta dos bovinos. Portanto, tem a capacidade de atender às exigências
nutricionais dos animais, propiciando melhor ganho de peso (WILSON, 1982). O
contrário ocorre quando a relação folha:colmo é baixa, ou seja, a forrageira tem alta
proporção de colmo, o que não é desejado, pois este é um dos principais redutores
de digestibilidade, já que apresenta alta fração lignificada (SANTOS et al., 2008).
A relação folha:colmo da cultivar Mulato II foi significativamente (p<0,05) mais
elevada que a cultivar Piatã em todas as etapas avaliadas. Ambas cultivares
apresentaram um comportamento quadrático decrescente em relação a esta
variável. À medida que a forrageira envelheceu, ocorreu aumento na senescência
das folhas, consequentemente a diminuição do peso foliar, o que ocasionou a
redução da relação folha:colmo. Segundo Pinto et al. (1994), a relação folha:colmo
crítica é 1,0, ou seja, é necessário que uma forrageira de qualidade consista em ter
mais peso de folhas do que colmos. A Figura 7 mostra que a curva da cultivar
Mulato II cruza com o eixo da relação folha:colmo 1,0, aproximadamente 30 dias
após o cruzamento da curva da cultivar Piatã com o mesmo eixo. Isso demonstra
que a cultivar Mulato II, em relação aos aspectos relacionados a qualidade da
forragem, perdurou 30 dias a mais na entrada do período de seca do que a cultivar
Piatã. Bamberg et al., (2009), encontraram resultados similares quando analisaram o
comportamento das curvas de relação folha:colmo ao longo do tempo. Avaliando
Brachiaria ruziziensis e Brachiaria híbrida cv. Mulato, verificaram que a relação
folha:colmo 1,0 da cultivar Mulato aconteceu em torno de 30 dias após a Brachiaria
ruziziensis.
Figura 7 – Relação folha:colmo da Brachiaria híbrida cv. Mulato II e da Brachiaria brizantha
cv. Piatã, nos oito cortes avaliados

4.3 Composição bromatológica

No Quadro 3 estão apresentados os valores médios das avaliações químico-


bromatológicas, teores de matéria seca e degradabilidade in vitro da matéria seca
nos quatro meses correspondentes ao período experimental.

Quadro 3. Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente
ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN), teor de lignina (LIG) e
degradabilidade in vitro da matéria seca (DIVMS)

MS PB FDA FDN LIG DIVMS

(%) (%) (%) (%) (%) (%)

Mulato II 27,30b 11,7a 42,13b 69,37b 7,25b 62,7a

Piatã 33,08a 9,0b 43,71a 71,67a 8,49a 58,0b

Média Geral 30,2 10,3 42,92 70,52 7,87 60,35

CV (%) 9,46 13,83 5,55 4,10 17,22 6,20


Médias na mesma coluna seguida de letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste F (p<0,05)
Média das oito amostragens em quatro meses de avaliação, representando as épocas da seca e das águas
Verifica-se no quadro 3 que a cultivar Piatã apresentou um teor médio de
matéria seca, FDA, FDN e lignina significativamente (p<0,05) mais elevada do que a
cultivar Mulato II. Todavia, constatou-se também no mesmo quadro, que o teor
médio de proteína bruta e o percentual de degradabilidade in vitro da materia seca
foi significativamente maior (p<0,05) na cultivar cultivar Mulato II do que a cultivar
Piatã. Será apresentado abaixo, o comportamento desses resultados ao longo do
período avaliado.
Na Figura 8 verifica-se que o teor médio de matéria seca de ambas as
forrageiras teve um comportamento crescente quadrática, devido à maturidade das
plantas e à diminuição dos índices pluviométricos, uma vez que em plantas novas
tem um maior teor de água, que tende a reduzir à medida que se avança o estágio
de maturação (BALSALOBRE et al., 2001).

Figura 8 – Teor de matéria seca (%) da Brachiaria híbrida cv. Mulato II e da Brachiaria
brizantha cv. Piatã, nas oito colheitas avaliadas

A Figura 9, mostra os teores médios de proteína bruta das forrageiras da


Brachiaria híbrida cv. Mulato II e da Brachiaria brizantha cv. Piatã, nas oito épocas
de cortes avaliadas.
Figura 9 – Teor de proteína bruta (%) da Brachiaria híbrida cv. Mulato II e da Brachiaria
brizantha cv. Piatã, nas oito colheitas avaliadas

Como descrito na Figura 9, o comportamento do teor médio de proteína bruta


ao longo do tempo seguiram a mesma conformação quadrática decrescente para
ambas cultivares; nota-se uma diminuição significativa (p<0,05) do teor médio de
proteína bruta, em consequência da maturação das plantas forrageiras e/ou
diminuição dos índices pluviométricos. Este resultado foi similar ao encontrado por
Costa et al. (2004), que avaliaram esta variável ao longo do ano com a Brachiaria
brizantha cv. Marandú. Os teores mínimos de proteína bruta para a cultivar Mulato II
foram 7,0%, enquanto para a cultivar Piatã, 4,5%. Segundo Guiot (2005), em
experimento realizado no México, foram encontrados valores proteína bruta de 12%
e 16% na cultivar Mulato II. Castro et al. (2004) verificaram que os valores de
proteína bruta diminuíram com o aumento da idade de corte, em trabalhos com
Brachiaria brizantha cv. Marandú e idades de corte de 28 a 112 dias. Importante
ressaltar que a proteína é o segundo componente nutritivo mais exigido pelos
ruminantes, segundo Van Soest (1994).
A fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) corresponde principalmente a
três componentes: celulose, hemicelulose e lignina, que correspondem ao
percentual de parede celular e têm fundamental importância como parâmetro de
qualidade em forrageira. Van Soest (1994) relata que o teor de FDN é um dos
fatores mais limitantes de consumo de volumosos e quando se apresenta acima de
60% na massa seca, ocorre interferência no consumo de forragem. Verificou-se que
o teor médio de FDN da cultivar Piatã foi significativamente (p<0,05) maior do que o
da cultivar Mulato II. Na Figura 10 observa-se que em ambas cultivares, o
comportamento foi quadrático crescente com a evolução fenológica das plantas. Os
valores dos teores de FDN para cultivar a Piatã chegaram ao máximo 75%,
enquanto que na cultivar Mulato II 73 %. Valores estes que são confirmados por
Aguiar (1999), que menciona que os teores de FDN de forrageiras tropicais são
altos, geralmente acima de 65% em rebrotas e de 75% a 80% em estágios mais
avançados de maturação.

Figura 10 – Teor médio de fibra em detergente neutro (%) da Brachiaria híbrida cv. Mulato II
e da Brachiaria brizantha cv. Piatã, nas oito colheitas avaliadas

A fração de fibra em detergente ácido (FDA) dos alimentos inclui celulose e


lignina como componentes primários, sendo considerada a porção menos digestível
da parede celular. A cultivar Piatã obteve teores significativamente maiores (p<0,05)
na média das avaliações. Porém, no Figura 11 nota-se que o comportamento da
FDA foi linear e crescente. Ambas cultivares apresentaram os teores de FDA
variando de 40 a 47 %.
Figura 11 – Teor médio de fibra em detergente ácido (%) da Brachiaria híbrida cv. Mulato II
e da Brachiaria brizantha cv. Piatã, nas oito colheitas avaliadas

Verificou-se que, na média geral, a cultivar Piatã apresentou um teor de


lignina na matéria seca significativamente maior (p<0,05) do que a cultivar Mulato II.
A Figura 12, demonstra que ambas cultivares aumentaram o teor de lignina ao longo
da maturação das forrageiras. Verifica-se na Figura 13, que o comportamento da
lignina foi proporcionalmente contrário à degradabilidade in vitro da matéria seca.
O desaparecimento da matéria seca foi maior nas plantas jovens (p<0,05), o
que pode ser explicado pelo aumento do teor de lignina e redução dos compostos
solúveis, conferidos pelos estádios de maturação da planta (DEHORITY;
JOHNSON,1961; JUNG; VOGEL, 1986). O estádio de desenvolvimento é um
importante fator a influenciar o valor nutritivo de gramíneas forrageiras, segundo
relatos de Buxton e Fales (1994). Porém, vale ressaltar a influência genética da
forrageira na qualidade nutricional, uma vez que em todas as etapas de maturação
avaliadas a cultivar Mulato II deteve menor concentração de lignina (p<0,05) e,
consequentemente, maior degradabilidade da matéria seca.
Figura 12 – Teor médio de lignina (%) da Brachiaria híbrida cv. Mulato II e da Brachiaria
brizantha cv. Piatã, nas oito colheitas avaliadas

Figura 13 – Degradabilidade in vitro da matéria seca (%) da Brachiaria híbrida cv. Mulato II
e da Brachiaria brizantha cv. Piatã, nas oito colheitas avaliadas
O desaparecimento da matéria seca foi maior nas plantas jovens (p<0,05), o
que pode ser explicado pelo aumento do teor de lignina e redução dos compostos
solúveis, conferidos pelos estádios de maturação da planta (DEHORITY e
JOHNSON,1961; JUNG e VOGEL, 1986). O estádio de desenvolvimento é um
importante fator a influenciar o valor nutritivo de gramíneas forrageiras, segundo
relatos de Buxton e Fales (1994). Porém, vale ressaltar a influência genética da
forrageira na qualidade nutricional, uma vez que em todas as etapas de maturação
avaliadas a cultivar Mulato II deteve menor concentração de lignina (p<0,05) e,
consequentemente, maior degradabilidade da matéria seca.

Produção animal

Constata-se na Tabela 2 está apresentado o ganho de peso médio diário, o


ganho de peso por hectare e a taxa de lotação média dos animais avaliados.

Tabela 2. Ganho de peso médio diário proporcionado pelas forrageiras, média de seis
animais para cada tratamento, durante 120 dias de avaliação
Ganho de peso diário Ganho de peso por hectare Taxa de Lotação Média
g/animal/dia g/ha/dia UA/ha

Mulato II 560a 840a 1,07a


Piatã 453b 680b 1,03a
Média Geral 507 760 1,05
CV
8,39 8,39 7,35
(%)
Médias na mesma coluna seguida de letras diferentes são estatisticamente diferentes pelo teste F (p<0,05).

Verificou-se que a cultivar Mulato II proporcionou ao rebanho um ganho de


peso tanto vivo como por hectare significativamente maior (p<0,05) do que a cultivar
Piatã. Provavelmente, o fato pode estar associado com à melhor qualidade
nutricional e a maior digestibilidade apresentadas pela cultivar Mulato II, porém
Trindade et al. (2007) observaram que a estrutura da pastagem possui um papel
importante no desempenho animal, uma vez que limita a disponibilidade de forragem
no ato do pastejo, como a cultivar Mulato II possui uma maior (p<0,05) densidade
populacional de perfilho e uma relação folha: colmo mais elevada (p<0,05),
proporcionando uma melhor estrutura da pastagem.
Quanto à taxa de lotação média, não houve diferença significativa (p>0,05)
entre as cultivares Mulato II e Piatã. Portanto conclui-se que não houve diferenças
na oferta de forragem, uma vez que a altura de pastejo foi monitorada durante todo o
período de avaliação, e se manteve constante.
QUESTÕES:
1-Acerca de agrostologia, produção animal e nutrição animal, julgue os itens subsequentes.

Não é recomendada a utilização de hormônios de crescimento na dieta de frangos de corte no


Brasil. Injeções de hormônios também não são recomendadas, devido ao custo e ao possível
estresse causado nos animais. Nesse contexto, o maior ganho de peso tem sido obtido graças aos
avanços em seleção genética, nutrição, ambiência e sanidade.
 Certo
 Errado

2-Acerca de agrostologia, produção animal e nutrição animal, julgue os itens subsequentes.

Considere que, para o arraçoamento de 50 vacas, durante 120 dias, sejam necessárias 120 t de
determinada forragem, cuja densidade é de 600 kg/m 3 . Nessa situação, um silo cilíndrico com 10,4
m de altura e 4,0 m de diâmetro é suficiente para armazenar essa quantidade de forragem.
 Certo
 Errado

3-Acerca de agrostologia, produção animal e nutrição animal, julgue os itens subsequentes.

A circovirose suína, disseminada em rebanho suíno em diversas partes do mundo, afeta animais
entre 5 e 16 semanas de vida e é caracterizada por apatia, dispnéia e emagrecimento progressivo,
podendo causar a morte dos animais infectados. Essa doença não foi ainda diagnosticada no
Brasil.
 Certo
 Errado

4-Acerca de agrostologia, produção animal e nutrição animal, julgue os itens subsequentes.

O cultivar Piatã de Brachiara brizantha tem apresentado maior acúmulo de folhas e maior tolerância
a solos mal drenados que o cultivar Marandu em solos corrigidos da região central do Brasil.
Apresenta ainda resistência à cigarrinha das pastagens Deois flavopicta. Entretanto, não é indicado
para solos de baixa fertilidade.
 Certo
 Errado

5-Devido à necessidade de manutenção da situação sanitária do Brasil em relação à Encefalopatia


Espongiforme Bovina é proibida, em todo o território nacional, a produção, a comercialização e a
utilização de produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua
composição:

a)glicídios e proteínas de origem animal.


b)gorduras e proteínas de origem animal.
c)proteínas e saisminerais de origem animal.
d)gorduras e glicídios de origem animal.
e)gorduras e saisminerais de origem animal.

6-No laboratório de Nutrição Animal são considerados EPC (Equipamento de Proteção Coletiva):

a)luvas, extintor de incêndio, capelas de exaustão.


b)capelas de exaustão, lava olhos, chuveiro.
c)luvas nitrílicas, avental, óculos de proteção.
d)capelas de exaustão, avental, chuveiro.
e)lavador de olhos, luvas, capela de fluxo laminar.

7-Os procedimentos técnicos recomendados para a produção animal na pecuária orgânica são

a)pastagem mista de gramínea, leguminosa e outras plantas forrageiras / fogo controlado para
limpeza de pastagens;
b)monocultura de forrageiras / mineralização com sal marinho / uréia;
c)pastagens com rodízio de animais de exigências e hábitos alimentares diferenciados / adubação
mineral de alta solubilidade nas pastagens;
d)pastoreio rotativo racional com divisão de piquetes evitando o pisoteio excessivo / suplementos
vitamínicos (óleo de fígado de peixe e levedura);
e)monta natural para reprodução / estabulação permanente dos animais.

8-O confinamento de bovinos de corte exige muito conhecimento em nutrição animal. Um erro na
formulação das dietas pode levar a sérios problemas nos animais.
Dois problemas de natureza alimentar que acometem os bovinos de corte confinados são:

a)cetose e babesiose;
b)cetose e febre do leite;
c)cetose e brucelose;
d)laminite e febre catarral maligna;
e)acidose ruminal e timpanismo espumoso.

9-Observe o código PHP abaixo.

O resultado da execução desse código é


a)O animal é gato O animal é gato
b)O animal é gato
c)O animal é gato gato
d)O animal é $b gato
e)O animal é $b $a

10-Acerca da legislação agropecuária do estado do Ceará, julgue os


itens seguintes.
A notificação de doença de animal doméstico é optativa no estado do Ceará.
 Certo
 Errado

11-Após o abate há modificações químicas e físicas que provocam a chamada transformação do


músculo em carne ou a mudança post-mortem do músculo. Acerca dessas mudanças, todas as
opções estão corretas, EXCETO:

a)No momento da morte do animal (abate), o músculo é mole e extensível, mas em poucas horas
converte-se em uma estrutura inextensível e relativamente rígida (Rigor mortis).
b)A produção de ATP durante o período post-mortem mantém-se graças à degradação anaeróbica
do glicogênio.
c)Após o abate, a fibra muscular deve modificar seu metabolismo e provoca modificações químicas
muito importantes que são: queda da taxa de ATP e de glicogênio e acúmulo de ácido lático.
d)O conteúdo de glicogênio independe da espécie e da raça animal, como também do grau de
nutrição e de fadiga prévia ao abate.
e)O pH do músculo de um animal sadio e devidamente descansado no momento imediatamente
após o abate varia de 7,0 a 7,3. Após o sacrifício do animal, o pH diminui devido a degradação do
ATP até chegar pH final entre 5,5 e 5,4.

12-A receita resultante da produção estatal no campo vegetal e na produção animal denomina-se

a)ambiental.
b)serviço.
c)agropecuária.
d)patrimonial.
e)florestal.

13-Segundo o art. 94 da Instrução Normativa nº 46/2011, os sistemas orgânicos de produção


vegetal NÃO devem priorizar a

a)utilização de adubo mineral como base para a manutenção da fertilidade do solo e a nutrição das
plantas.
b)utilização de material de propagação originário de espécies vegetais adaptadas às condições
edafoclimáticas locais e tolerantes a pragas e doenças.
c)utilização de insumos que, em seu processo de obtenção, utilização e armazenamento, não
comprometam a estabilidade do habitat natural e do agroecossistema, não representando ameaça
ao meio ambiente e à saúde humana e animal.
d)adoção de manejo de pragas e doenças que respeite o desenvolvimento natural das plantas, a
sustentabilidade ambiental, a saúde humana e animal, inclusive em sua fase de armazenamento,
além de privilegiar métodos culturais, físicos e biológicos.

14-Julgue o item subsecutivo, relativo a alimentos e alimentação animal.


Os ingredientes energéticos mais utilizados na alimentação animal são o milho e o sorgo.

 Certo
 Errado
______________________________________________________________________________

15-A tragédia vinha sendo anunciada: desde o começo do ano, Nabiré parecia cansada. Portadora
de um cisto no ovário, carregava seu corpo de 31 anos e 2 toneladas com mais dificuldade. Ainda
assim, atravessou aquele 27 de julho em relativa normalidade. Comeu feno, caminhou na areia, rolou
na poça de lama para proteger-se do sol. Ao fim da tarde, recolheu-se aos seus aposentos – uma
área fechada no zoológico Dvůr Králové, na República Tcheca. Deitou-se, dormiu – e nunca mais
acordou. No dia seguinte, o diretor da instituição descreveria a perda como “terrível”, definindo-a
como “um símbolo do declínio catastrófico dos rinocerontes devido à ganância humana”.
Nabiré representava 20% dos rinocerontes-brancos-do-norte ainda vivos. A espécie está extinta
na natureza. Dos quatro remanescentes, três vivem numa reserva ecológica no Quênia, protegidos
por homens armados. O restante – uma fêmea chamada Nola – mora num zoológico nos Estados
Unidos. São todos idosos e, até que se prove o contrário, inférteis.
Surgido como um adorno que conferia sucesso reprodutivo ao portador (como a juba, no caso do
leão), o chifre acabaria por selar o destino trágico do paquiderme. Passou a ser usado para tratar
diversas doenças na medicina oriental. De nada valeram inúmeros estudos científicos mostrando a
inocuidade da substância. O chifre virou artigo valiosíssimo no mercado negro da caça.
Segundo estimativas, no começo do século XX a ordem dos rinocerontes era representada por
um plantel de meio milhão de animais. Hoje restam apenas 29 mil, divididos em cinco espécies. A
que está em estado mais crítico é a subespécie branca-do-norte.
O rinoceronte-branco-do-norte era endêmico do Congo – país que ainda sofre os efeitos de uma
guerra civil iniciada em 1996 que já deixou um saldo de ao menos 5 milhões de pessoas mortas.
Diante desse quadro, não houve quem zelasse pelo animal.
Nabiré foi um dos quatro rinocerontes-brancos-do-norte nascidos em cativeiro, no próprio
zoológico. Após o nascimento de Fatu, no mesmo zoológico, quinze anos mais tarde, nenhuma outra
fêmea de rinoceronte-branco-do-norte conseguiu engravidar. Por isso, em 2009, os quatro
rinocerontes-brancos-do-norte que faziam companhia a Nabiré foram levados para um reserva no
Quênia. Como nem a inseminação artificial tivesse funcionado, havia a esperança última de que um
habitat selvagem pudesse surtir algum efeito. Porém, não houve resultado.

Nabiré não viajou com o grupo por ser portadora de uma doença: nasceu com ovário policístico, o
que a tornava infértil. “Foi a rinoceronte mais doce que tivemos no zoológico”, disse o diretor de
projetos internacionais do zoológico. “Nasceu e cresceu aqui. Foi como perder um membro da
família.”
Há uma esperança remota de que a espécie ainda seja preservada por fertilização in vitro. “Nossa
única esperança é a tecnologia”, completou o diretor. “Mas é triste atingir um ponto em que a salvação
está em um laboratório. Chegamos tarde. A espécie tinha que ter sido protegida na natureza.”
(Adaptado de: KAZ, Roberto. Revista Piauí. Disponível
em: http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/eramos-cinco)
Diante desse quadro, não houve quem zelasse pelo animal.
Mantendo-se a correção da frase, o segmento grifado pode ser corretamente substituído pelo que
se encontra em:

a)retesse os caçadores do animal.


b)mantesse o animal fora de perigo.
c)oponha resistência aos combatentes do animal.
d)cuidasse da segurança do animal.
e)sabesse como resguardar o animal.

16-Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

A tragédia vinha sendo anunciada: desde o começo do ano, Nabiré parecia cansada. Portadora de
um cisto no ovário, carregava seu corpo de 31 anos e 2 toneladas com mais dificuldade. Ainda assim,
atravessou aquele 27 de julho em relativa normalidade. Comeu feno, caminhou na areia, rolou na
poça de lama para proteger-se do sol. Ao fim da tarde, recolheu-se aos seus aposentos – uma área
fechada no zoológico Dvůr Králové, na República Tcheca. Deitou-se, dormiu – e nunca mais acordou.
No dia seguinte, o diretor da instituição descreveria a perda como “terrível”, definindo-a como “um
símbolo do declínio catastrófico dos rinocerontes devido à ganância humana”.
Nabiré representava 20% dos rinocerontes-brancos-do-norte ainda vivos. A espécie está extinta
na natureza. Dos quatro remanescentes, três vivem numa reserva ecológica no Quênia, protegidos
por homens armados. O restante – uma fêmea chamada Nola – mora num zoológico nos Estados
Unidos. São todos idosos e, até que se prove o contrário, inférteis.
Surgido como um adorno que conferia sucesso reprodutivo ao portador (como a juba, no caso do
leão), o chifre acabaria por selar o destino trágico do paquiderme. Passou a ser usado para tratar
diversas doenças na medicina oriental. De nada valeram inúmeros estudos científicos mostrando a
inocuidade da substância. O chifre virou artigo valiosíssimo no mercado negro da caça.
Segundo estimativas, no começo do século XX a ordem dos rinocerontes era representada por um
plantel de meio milhão de animais. Hoje restam apenas 29 mil, divididos em cinco espécies. A que
está em estado mais crítico é a subespécie branca-do-norte.
O rinoceronte-branco-do-norte era endêmico do Congo – país que ainda sofre os efeitos de uma
guerra civil iniciada em 1996 que já deixou um saldo de ao menos 5 milhões de pessoas mortas.
Diante desse quadro, não houve quem zelasse pelo animal.
Nabiré foi um dos quatro rinocerontes-brancos-do-norte nascidos em cativeiro, no próprio
zoológico. Após o nascimento de Fatu, no mesmo zoológico, quinze anos mais tarde, nenhuma outra
fêmea de rinoceronte-branco-do-norte conseguiu engravidar. Por isso, em 2009, os quatro
rinocerontes-brancos-do-norte que faziam companhia a Nabiré foram levados para um reserva no
Quênia. Como nem a inseminação artificial tivesse funcionado, havia a esperança última de que um
habitat selvagem pudesse surtir algum efeito. Porém, não houve resultado.
Nabiré não viajou com o grupo por ser portadora de uma doença: nasceu com ovário policístico, o
que a tornava infértil. “Foi a rinoceronte mais doce que tivemos no zoológico”, disse o diretor de
projetos internacionais do zoológico. “Nasceu e cresceu aqui. Foi como perder um membro da
família.”
Há uma esperança remota de que a espécie ainda seja preservada por fertilização in vitro. “Nossa
única esperança é a tecnologia”, completou o diretor. “Mas é triste atingir um ponto em que a salvação
está em um laboratório. Chegamos tarde. A espécie tinha que ter sido protegida na natureza.”
Diante desse quadro, não houve quem zelasse pelo animal.

Mantendo-se a correção da frase, o segmento grifado pode ser corretamente substituído pelo que se
encontra em:
a)retesse os caçadores do animal.
b)mantesse o animal fora de perigo.
c)oponha resistência aos combatentes do animal.
d)cuidasse da segurança do animal.
e)sabesse como resguardar o animal.

17-A Ambiência Animal estuda a qualidade do ar, o ambiente térmico, acústico e lumínico nas
diferentes fases da produção animal e na qualidade do produto final. Marque a alternativa incorreta.

a)A temperatura é um dos importantes fatores ambientais que interfere na reprodução de suínos, e
alterações no ambiente térmico podem levar à redução do desempenho e à incidência de patologia
nos machos reprodutores
b)Umidade relativa também interfere na eficiência reprodutiva dos machos suínos e, quando
associada às altas temperaturas, afeta a morfologia espermática, sendo um dos maiores problemas
que atingem machos suínos sexualmente ativos.
c)Os gases gerados dentro do abrigo dos reprodutores afetam o desempenho desses animais. Os
principais gases relatados na literatura que interferem na reprodução de suínos são: NH 3, CO2, H2S
e NaCl.
d)Suínos vocalizam em várias situações, e sua expressão vocal é citada como padrão de
reconhecimento de estado de bem-estar, frustração ou sofrimento
e)A ambiência exerce grande influência na adaptação do animal ao ambiente no qual se encontra
inserido.

18-

No texto, a justificativa para a expressão “...um certo folclore..." (L. 2) atribuída à seda deve-se à
a)divulgação da existência de um novo tipo de tecido
b)fantasia que envolve sua origem
c)constatação da ocorrência de um fato real
d)descoberta de um produto de origem animal
e)produção efetuada por um animal em extinção

19-No animal, a região cervical corresponde

a)à nuca.
b)ao tórax.
c)à cabeça.
d)às costas.
e)ao pescoço.

20-Qual das alternativas NÃO representa um animal marinho:

a)crab
b)lamb
c)shrimp
d)lobster

Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10: 11:
12: 13: 14: 15: 16: 17: 18: 19: 20:
A TRANSFORMAÇÃO DOS ALIMENTOS
Na unidade anterior vimos que os alimentos vêm da
natureza, podendo ser de origem animal, mineral ou
vegetal.
No entanto, os alimentos também podem ser classificados tendo em
conta o tratamento a que são sujeitos, ou seja, são naturais e
frescos ou transformados ou processados, se sofreram alterações
na fábrica.
Tanto os alimentos naturais como os processados podem ser
consumidos diretamente ou cozinhados antes de serem consumidos.

Se comprarmos os alimentos já cozinhados dizemos que são pré-


cozinhados. Se os cozinharmos em casa dizemos que são pratos ou
receitas.

Alimentos naturais e frescos:


 Não sofrem alterações numa fábrica.
 Não necessitam de rótulo porque as
suas propriedades não variam.
 Exemplos: carne e peixe fresco, ovos,
legumes, fruta…

Alimentos transformados:
 Sofreram alterações numa fábrica.
 Encontram-se normalmente em embalagens.
 Necessitam de rótulo que indique os
ingredientes e as transformações a que foram
sujeitos.
 Exemplos: bolachas, bolos, doces, iogurtes,
sumos, pão de forma, produtos em conserva,
etc...
Alimentos pré-cozinhados:
 Pratos praticamente prontos
a consumir que foram
cozinhados numa fábrica,
embalados, rotulados e
colocados á venda.
 Por ejemplo: croquetes e
pizzas congeladas, lasanha e
canelones refrigerados…

Pratos e receitas

 Quando cozinhamos em casa,


dizemos normalmente que
estamos a fazer uma receita ou
um prato.
 É mais saudável sermos nós a
cozinhar do que comprar pratos
pré-cozinhados.
 Vantagens de cozinhar em
casa:
o Não usamos aditivos.
o Comemos o prato acabado
de fazer.
o Usamos menos gordura, sal
e açúcar.
A CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS
Tanto se compramos alimentos frescos como processados
é importante sabermos como conservá-los, para que não
se estraguem.

O mesmo acontece com os restos de pratos e refeições que


cozinhámos. Assim, vamos ver as formas de conservar os alimentos.
conservar los alimentos.
Há 3 formas de conservar os alimentos em casa
Na DESPENSA No FRIGORÍFICO No CONGELADOR

Os alimentos que Os alimentos que na Os alimentos que na


na Loja estão fora Loja estão no frio, ou loja estão congelados
do frio podem ser que queremos consumir devem ser guardados
guardados na frescos. no congelador.
despensa ou no
armário.

Todos os alimentos que já ultrapassaram o prazo de


validade devem ir para o lixo.
COMERCIALIZAÇÃO DE
PRODUTOS AGRÍCOLAS
Esta Unidade apresenta o conceito de mercado e aborda as dimensões pelas
quais é possível analisá-lo. O objetivo é capacitar o aluno a caracterizar os mercados
de produtos agrícolas.

SISTEMAS ECONÔMICOS E A IMPORTÂNCIA DOS MERCADOS

Em todas as sociedades, as atividades econômicas costumam caracterizar-se


pela especialização e pela troca. Indivíduos, empresas, regiões e países se especiali-
zam em determinadas funções, porque não é possível desenvolver ao mesmo tempo
todas as atividades necessárias para suprir suas demandas (total autonomia).
Além disso, as sociedades tendem a concentrar esforços nas funções em que
são mais eficientes, ou que apresentam vantagens. Com a especialização da produção,
torna-se necessário realizar trocas de bens e serviços entre indivíduos, empresas,
regiões e países.
As sociedades com especialização e troca de bens e serviços atingem maior
nível de produção, e sua população tende a desfrutar de um melhor padrão de vida
quando comparadas a sociedades primitivas autossuficientes.

Exemplo 1

É possível que um agricultor opte por produzir todos os insumos necessários ao plantio de
sua lavoura. Isso é até recomendável em sistemas de produção nos quais se propõe o menor
uso de adubos químicos, defensivos e sementes híbridas. Entretanto, mesmo nestes casos,
não é possível que o agricultor atinja a plena autossuficiência em todos os aspectos da
produção. Caso ele opte por produzir seus próprios utensílios e maquinários, por exemplo,
não lhe sobrará tempo para se dedicar àquilo que mais sabe fazer, a produção agrícola. Por
isso, ele será mais eficiente especializando-se como agricultor, deixando as atividades de
metalurgia e engenharia para outros indivíduos. Estes, por sua vez, serão mais eficientes
especializando-se em suas atividades. Haverá, portanto, a necessidade de troca de maqui-
nário e equipamentos por alimentos e outras matérias-primas agrícolas.

Os sistemas econômicos são as formas de se organizar a troca de bens e serviços


e a especialização da produção nas sociedades. Há basicamente três tipos de sistemas
econômicos:
economias planificadas ou socialistas;
economias de mercado ou capitalistas; e
sistemas mistos.
No sistema socialista, há um planejamento central, no qual o governo e os
órgãos estatais determinam as principais decisões econômicas sobre o que, quanto,
como e para quem produzir. No sistema de mercado, essas decisões são tomadas de
forma individual por empresas e famílias, havendo liberdade de escolha. Na realida-
de, a maioria das sociedades modernas adota sistemas econômicos mistos, tendendo
algumas a um maior liberalismo econômico (pouca ação do Estado na economia) e
outras a um maior controle estatal (menor participação da iniciativa privada e maior
regulamentação pública).
O grau de liberdade econômica e de intervenção estatal depende não apenas
da diferença entre os países (por exemplo, entre EUA e China), mas também dos
diferentes períodos históricos e de crescimento econômico (maior participação do
Estado em épocas de crise e maior liberdade econômica em épocas de crescimento).
Esta discussão inicial aponta para a importância dos mercados e dos preços
nas sociedades atuais. Mesmo em economias socialistas ou em períodos de crise
financeira mundial onde há maior intervenção do Estado, existem mercados para a
troca de bens e serviços, sendo os preços a principal informação disponível para os
compradores e vendedores, a fim de que estes tomem suas decisões.

CONCEITOS DE MERCADOS

Uma definição concisa de mercado é: “grupo de compradores e vendedores que


têm potencial para negociar uns com os outros” (HALL; LIEBERMAN, 2003, p. 56).
Para Sandroni (2006, p. 528), em seu Dicionário de Economia do Século XXI,
[...] o termo designa um grupo de compradores e vendedores que estão
em contato suficientemente próximo para que as trocas entre eles afe-
tem as condições de compra e venda dos demais. Um mercado existe
quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e servi-
ços estão em contato com vendedores desses mesmos bens e serviços.
Desse modo, o mercado pode ser entendido como o local, teórico ou
não, do encontro regular entre compradores e vendedores de uma de-
terminada economia. Concretamente, ele é formado pelo conjunto de
instituições em que são realizadas transações comerciais (feiras, lojas,
Bolsas de Valores ou de Mercadorias, etc.). Ele se expressa, entretanto,
sobretudo na maneira como se organizam as trocas realizadas em deter-
minado universo por indivíduos, empresas e governos [...].

Alguns autores, no entanto, abordam o conceito de mercado apenas do ponto


de vista do consumidor: “[...] mercado corresponde à demanda por um grupo de
produtos substitutos próximos entre si” (KUPFER; HASENCLEVER, 2002, p. 35).
Em uma conceituação mais ampla, mercado pode ser entendido como uma
construção social, como um espaço de interação e troca, regido por normas e regras
(formais ou informais), onde são emitidos sinais (por exemplo, os preços) que in-
fluenciam as decisões dos atores envolvidos.
É importante ressaltar alguns tópicos dessas definições, pois são questões fun-
damentais para se caracterizar um mercado:
Qual é o objeto de troca (bens e serviços)?
Qual é o grau de similaridade entre bens e serviços (possibilidade de substi-
tuição ou de complementaridade entre eles)?
Quem são os compradores e os vendedores?
Qual é o local de encontro para as negociações e trocas (espaços físicos como
feiras ou espaços virtuais como a internet)?
Como compradores e vendedores se relacionam trocando informações (so-
bretudo de preços) e negociando?
Quais são as diferentes formas pelas quais os mercados se organizam?

TIPOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS DA AGROPECUÁRIA

A definição dos produtos e serviços que compõem um mercado depende da


maneira como se deseja analisá-lo. Para uma análise abrangente (por exemplo, do
mercado de alimentos), é necessário agregar (ou incluir) diferentes tipos de produtos
em uma mesma categoria (grãos, carnes, frutas, legumes, etc.). Para uma análise res-
trita, é necessário diferenciar os bens e serviços em categorias bem específicas (por
exemplo, cortes especiais de carne suína em embalagem para uma pessoa).
De forma geral, as categorias de análise agregam produtos e serviços que man-
têm certo grau de similaridade entre si (possibilidade de substituição). Assim, ao
definir o mercado de alimentos, entende-se que há maior substitutibilidade entre
grãos e carnes do que entre grãos e vestuário (que não compõem o grupo alimentos).
Da mesma forma, há maior substitutibilidade entre carne bovina e carne suína
(que compõem o grupo de carnes) do que entre carne bovina e frutas (que com-
põem o grupo chamado FLV, ou seja, frutas, legumes e verduras).
No quadro 1, abaixo, apresentam-se os tipos de produtos da lavoura e da pe-
cuária e os mercados em que são transacionados.
Quadro 1
Produtos da lavoura e da pecuária e respectivos mercados

Produto Mercado
Grãos
Alimentação (humana)
Arroz
Alimentação (humana e animal) e bebidas
Cevada
Alimentação (humana e animal), bebidas e combustíveis
Milho
Alimentação (humana e animal), bebidas e combustíveis
Soja
Alimentação (humana)
Trigo
FLVs
Alimentação (humana) e bebidas
Frutas
Alimentação (humana)
Legumes
Alimentação (humana)
Verduras
Outras lavouras
Fibras
Algodão
Alimentação (humana e animal), bebidas e combustíveis
Cana-de-açúcar
Bebidas
Café
Bebidas, fitoterápicos e fibras
Ervas
Cigarros
Fumo
Alimentação (animal)
Pastagens
Celulose, madeira e combustíveis
Pinus e eucalipto
Produção animal
Alimentação (humana), adubos e combustíveis
Aves
Alimentação (humana) e terápicos
Apicultura
Alimentação (humana), lácteos, couro e adubos
Bovinos
Alimentação (humana), lácteos, fibras e adubos
Ovinos
Alimentação (humana)
Pesca e piscicultura
Alimentação (humana), adubos e combustíveis
Suínos
Elaborado pelos autores.

A análise dos mercados também deve considerar a forma como os produtos são
diferenciados. De um lado, estão as mercadorias em estado bruto ou com um grau
muito pequeno de industrialização e baixo grau de diferenciação (ZUIN; QUEI-
ROZ, 2006). Enquadra-se nesta categoria a maioria dos produtos da agropecuária,
como os grãos, os FLVs, os animais para abate, leite e ovos.
Dentro desse grupo, destacam-se as commodities. São produtos padronizáveis,
que podem ser estocados e transacionados internacionalmente (características que
serão abordadas adiante). As principais commodities são os grãos (milho, soja e trigo),
o álcool, o algodão e carnes (meia carcaça e cortes congelados).
Por outro lado, os produtos podem receber um maior grau de processamento e
diferenciação antes de serem vendidos pelos agricultores, o que lhes confere atribu-
tos de qualidade não atendidos quando estão em estado bruto. São os bens especiais
agrícolas (ZUIN; QUEIROZ, 2006).
Alguns produtos podem compor tanto o mercado de commodities quanto o de
bens especiais, dependendo de seu grau de processamento e diferenciação.

Exemplo 2

Geralmente a produção de alfaces não sofre processamento nem é diferenciada, sendo o


produto vendido pelos agricultores em estado bruto. Entretanto, alguns desenvolvem ativi-
dades de classificação e embalagem, e outros o produzem de forma orgânica, sem uso de
agrotóxicos. Isso confere características diferenciadas à alface, que passa a fazer parte do
mercado de bens especiais.
Exemplo 3

Na produção de suínos, os animais podem ser vendidos em estado bruto para serem aba-
tidos por agroindústrias (pagos pelo preço do kg vivo) ou ser processados na propriedade
e vendidos como embutidos.

TIPOS DE COMPRADORES E VENDEDORES


Tanto os compradores quanto os vendedores podem ser indivíduos e suas famí-
lias, empresas e cooperativas agropecuárias e agroindustriais, empresas atacadistas e
varejistas, empresas de outros setores da economia, prestadores de serviços e gover-
nos (municipal, estadual e federal).
Do lado da oferta nos mercados agrícolas, destacam-se dois tipos de vendedo-
res. Existe um grande contingente de famílias que vendem produtos da lavoura e da
pecuária, assim como serviços. Esse grupo inclui não apenas os chamados agriculto-
res familiares (que utilizam predominantemente sua própria mão de obra e a de sua
família), mas também os chamados agricultores patronais (que predominantemente
contratam mão de obra). Além dos produtos da agropecuária, essas famílias vendem
fatores de produção (mão de obra, arrendamento de terras e capital por via da pou-
pança) e serviços (assistência, turismo, serviços ambientais, etc.).
As empresas e cooperativas agropecuárias e agroindustriais também vendem
produtos da lavoura e da pecuária, assim como insumos de produção (adubos, se-
mentes, defensivos, etc.) e serviços (assistência técnica, crédito, seguro, etc.).
No quadro 2, abaixo, apresentam-se os tipos de agricultores no Brasil (vende-
dores de produtos da lavoura e da pecuária).

Quadro 2
Agricultores no Brasil

Número de Valor Bruto da


Grupo Característica
estabelecimentos Produção (VBP)
Agricultores empresariais e
patronais. Inclui também em-
presas e cooperativas agrope-
1
cuárias e agroindustriais. Maior
parte da produção é destinada à
exportação. 1,1 milhão 67% do VBP agrícola
Em transição de agricultores fa-
miliares para agricultores patro-
2
nais. Participam na exportação e
no mercado interno.
Agricultura de base familiar
27% do VBP agrícola e
mais capitalizada e mais bem
3 1,4 milhão 80% do VBP da agricul-
estruturada. Participam na ex-
tura familiar
portação e no mercado interno.
Agricultura de base familiar com
3% do VBP agrícola e
pouca inserção nos mercados,
4 850 mil 10% do VBP da agricul-
baixa capitalização e pouca as-
tura familiar
sistência técnica e capacitação.
Agricultura de base familiar com
pouca ou nenhuma renda, bai- 3% do VBP agrícola e
5 xa ou nenhuma participação no 1,9 milhão 10% do VBP da agricul-
mercado e produção principal- tura familiar
mente para autoconsumo.
Adaptado de: COSTABEBER; CAPORAL, 2005, apud ZUIN; QUEIROZ, 2006; FIPE/USP, 2004; IBGE/
Censo Agropecuário, 2006.
Do lado da demanda, as empresas e cooperativas (agropecuárias, agroindus-
triais e comerciais) são os principais compradores. Os governos também adquirem
grande quantidade de produtos para formar estoques reguladores ou para atender
a outros programas de incentivo e apoio. Além disso, os indivíduos e as famílias
também compram produtos diretamente dos agricultores. Por fim, os próprios agri-
cultores são compradores de outros agricultores, seja para suprir demandas por ali-
mentos e bebidas, seja para comprar sementes e mudas, animais, adubos, etc., com
o objetivo de desenvolver suas próprias atividades agropecuárias.
No quadro 3, abaixo, apresentam-se os tipos de compradores de produtos da
agropecuária no Brasil.
Quadro 3
Compradores de produtos da agropecuária no Brasil

Tipo Forma ou local


Consumidores Compra e venda direta e feiras livres
Compra e venda direta, feiras, leilões, centrais de distri-
Outros agricultores
buição e parcerias
Compra e venda direta, centrais de distribuição, integra-
Atacadistas e varejistas
ção da produção
Compra e venda direta, centrais de distribuição, feiras
Restaurantes e bares
e parcerias

Tradings Compra e venda direta, leilões e bolsas de mercadorias

Agroindústrias e indústria de ali- Compra e venda direta, leilões, bolsas de mercadorias,


mentos integração da produção

Formação de estoques reguladores e garantia de preços


Governos
mínimos, programas de aquisição de alimentos

Adaptado de: NEVES et al., 2000; KUPFER; HASENCLEVER, 2002.

Estes são compradores diretos dos produtos da lavoura e da pecuária. É impor-


tante ter uma noção de cadeia produtiva, ou seja, do encadeamento de atividades que
envolvem desde o fornecedor de insumos até o consumidor final, passando pelo agri-
cultor. Mesmo que o consumidor final não seja o comprador direto, suas decisões de
compra determinam a demanda dos supermercados, que, por sua vez, determinam
a demanda de atacadistas e agroindústrias, o que resulta em uma demanda derivada
para a produção agrícola
Exemplo 2

Ao longo do ano, os preços dos produtos da agropecuária sofrem alterações em função de


sua disponibilidade sazonal. Na cultura do milho, no sul do país, os preços se elevam no se-
gundo semestre e caem no primeiro semestre em função do período de colheita. Com uma
demanda mais ou menos estável a curto prazo, as alterações na oferta provocam variações
de preços (cf. figura 10).

Figura 10 – Preço do milho em Santa Catarina, média mensal de 1998 a 2008

Fonte: ICEPA.

Exemplo 3

Com os episódios da doença da vaca louca nos rebanhos bovinos da Europa e dos EUA
nos anos de 2000 e 2003, respectivamente, verificou-se, entre os consumidores, maior
preocupação com a qualidade dos alimentos. Eles passaram a consumir carne de frango e
suína em detrimento da carne bovina (deslocamento para produtos substitutos em função
da mudança de gostos e preferências), levando a reduções de 15% a 20% na cotação dos
animais (cf. figura 11).
Preço
O

p1

D1
p2

D2

q2 q1 Quantidade

Figura 11 – Deslocamentos da curva de demanda por carne bovina em função dos episódios
de vaca louca que reduziram a quantidade demandada

Exemplo 4

Através da aquisição de produtos da agropecuária para a formação de estoques, o governo


desloca a demanda, sustentando ou elevando os preços.

É importante salientar que no mundo real ocorrem mudanças simultâneas nas cur-
vas de demanda e de oferta. Assim, é possível que um aumento da oferta não seja acom-
panhado por uma redução de preços, porque também pode ter ocorrido um aumento da
demanda. No quadro 1, abaixo, apresentam-se os possíveis efeitos do deslocamento da
oferta e da demanda sobre o preço e a quantidade de equilíbrio de mercado (EM).

Quadro 1
Efeitos do deslocamento simultâneo da demanda e da oferta

Demanda Redução da
Aumento da demanda
constante demanda

Preço ? Preço ↓ Preço ↓


Aumento da oferta
Quantidade ↑ Quantidade ↑ Quantidade ?

Preço ↑ Preço ↓
Oferta constante Não há mudanças
Quantidade ↑ Quantidade ↓

Preço ↑ Preço ↑ Preço ?


Redução da oferta
Quantidade ? Quantidade ↓ Quantidade ↓

Fonte: HALL; LIEBERMAN, 2003.


RISCOS DE PREÇOS NO MERCADO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

Os produtos agrícolas estão expostos a diversos riscos e incertezas, inerentes à


própria atividade rural, que impactam diretamente os custos de produção e a lucra-
tividade dos negócios, não somente das propriedades agropecuárias, mas de todos os
agentes que integram as cadeias produtivas (fornecedores de insumos, propriedades
rurais, indústria, atacado e varejo).
Esses riscos estão relacionados às especificidades da atividade rural e podem
ser divididos em três tipos:
riscos relacionados à produção: oriundos das condições climáticas ad-
versas, da incidência de pragas e doenças nas lavouras e animais, do manejo
inadequado dos cultivos e das criações, etc.;
riscos relacionados ao crédito: oriundos da inexistência de linhas es-
pecíficas de financiamento, dos juros altos, dos valores insuficientes para
financiamento dos custos operacionais de produção, da incapacidade e da
falta de condições de pagamento, etc.;
riscos relacionados aos preços: oriundos dos movimentos de preços no
mercado devido aos deslocamentos da oferta e/ou da demanda dos produtos
agrícolas.
Quadro 1
Impactos dos riscos de preços nos diferentes setores da cadeia produtiva de commodities agrícolas

Setor da cadeia produtiva Risco de preço Impactos

A indústria de insumos, ao realizar operação


de troca (insumos para realização do plantio
x entrega futura de produto agrícola) com o
Indústria de insumos Risco de queda produtor, estará sujeita, no momento da liqui-
dação da operação, a uma queda de preço da
commodity utilizada para negociação, que po-
derá não cobrir o valor entregue em insumos.

No momento da comercialização, os preços da


Produtor de grãos e criador commodity poderão recuar e não ser suficien-
Risco de queda
de bovinos tes para cobrir os custos de produção e pro-
porcionar uma margem de lucro ao produtor.

O criador de aves e suínos, ao vender ante-


cipadamente sua produção ao frigorífico, po-
Criador de aves e suínos Risco de alta
derá comprometer sua lucratividade, caso os
preços do milho e da soja se elevarem.

No momento de adquirir a commodity no merca-


do, a indústria poderá deparar-se com eventual
Processadora de grãos Risco de alta
disparada do preço dos produtos, comprometen-
do financeiramente os negócios da empresa.

A exportadora, ao vender a mercadoria a pre-


ço fixo, estará sujeita a ter que pagar um preço
Risco de alta de mais alto ao produtor no caso de um aumento
Empresa exportadora preço e dos preços no momento de aquisição da com-
risco cambial modity. Além disso, estará sujeita a uma desva-
lorização do dólar, o que resultará, neste caso, no
recebimento de um montante menor em reais.

Elaborado pelos autores.


Esses riscos interferem diretamente nas margens operacionais dos produtos
agrícolas, sendo, portanto, prudente que os agricultores busquem proteger sua ren-
tabilidade e lucratividade por meio da utilização de mecanismos que possibilitem
eliminar ou minimizar as incertezas. Uma das principais incertezas, considerando-se
que os produtores não possuem nenhuma ou pouca possibilidade de influência, está
relacionada ao risco de preços. Os produtos agrícolas, particularmente as commodities,
estão expostos a incertezas quanto ao comportamento futuro dos preços, influencia-
dos fundamentalmente por movimentos de oferta e demanda no mercado.
O produtor rural deverá enfrentar as adversidades inerentes não somente à pro-
dução e ao financiamento dos custos operacionais das atividades, mas principalmente
às expectativas futuras com relação às cotações dos preços dos produtos agrícolas, in-
fluenciados por tendências históricas, sazonalidades da produção e movimentos espe-
culativos causadores de oscilações significativas dos preços. Essas oscilações, por sua
vez, são de difícil previsão e dificultam o planejamento da produção e da comercializa-
ção bem como a tomada de decisão por parte dos agricultores. No quadro 2, abaixo,
são apresentadas as características dos principais movimentos dos preços oriundos da
interação entre oferta e demanda dos mercados de produtos agrícolas.
Quadro 2
Comportamento dos preços dos produtos agrícolas e suas definições

Comportamento dos preços Características

É observada a partir de uma série histórica (longo prazo),


demonstrando a existência de uma trajetória de alta, queda
Tendência ou estabilidade dos preços, que pode ser influenciada por
fatores como inovação tecnológica, mudanças de hábitos de
consumo e distorções entre a oferta e demanda.

É observado em períodos mais ou menos longos, que po-


dem compreender alguns anos, sendo geralmente influen-
ciado pelo comportamento dos agentes diante do mercado
Ciclo e das características da oferta de determinados produtos,
tais como baixas barreiras de entrada na atividade e baixos
ativos específicos para produção, permitindo razoável mobi-
lidade dos agentes.

É observada ao longo do ano, principalmente devido à safra


e à entressafra da produção e aos hábitos dos consumido-
Sazonalidade
res, determinando preços menores na safra e maiores na
entressafra.

É observado em períodos curtos de tempo (dias, semanas),


sinalizando a oscilação (velocidade) de baixa ou de alta dos
Movimento brusco, ou choque
preços, sem indicar, necessariamente, direção ou sentido do
mercado.

Elaborado a partir de: MARQUES; MELLO; MARTINE FILHO, 2008.

O produtor pergunta-se: “Vai faltar ou sobrar produto no mercado?” A respos-


ta para esse questionamento dependerá de diversas análises, tais como: produção e
consumo mundial, estoques existentes nos países produtores e compradores, polí-
ticas de subsídios e acordos entre países e blocos econômicos, relatórios sobre áreas
cultivadas e de safras nos principais países exportadores, tendências tecnológicas e
preços relativos dos produtos substitutos, entre outros fatores influenciadores na
interação entre oferta e demanda estudados anteriormente.
Nesse contexto, os agricultores são tomadores de preços no mercado; existem,
no entanto, mecanismos que possibilitam a eliminação ou minimização dos riscos
oriundos das oscilações futuras de preços, tais como o mercado de derivativos agrí-
colas, que será estudado a seguir.

MERCADO DE DERIVATIVOS AGRÍCOLAS

O que o produtor poderá fazer para eliminar as apreensões com relação aos
preços no mercado e garantir tranquilidade para acompanhar sua lavoura ou cria-
ção? A gestão de risco de preços poderá ser feita por meio do chamado mercado de
derivativos agrícolas, local onde ocorre a negociação de contratos que estabelecem
a fixação dos preços para liquidação futura, na modalidade física ou financeira. De
acordo com BM&F (2007a, p. 6), derivativos “é nome dado à família de mercados
em que as operações com liquidação futura são implementadas, tornando possível a
gestão do risco de preço de diversos ativos”.
Diferentemente do mercado à vista (ou spot), onde, no momento da transação
entre comprador e vendedor, ocorrem o pagamento e a entrega dos bens comercia-
lizados, nos mercados de derivativos as partes negociam contratos que estabelecem
volume, qualidade e preço dos produtos que deverão ser disponibilizados no mo-
mento da transação, ou seja, em data futura (por exemplo, na safra) acordada entre
os agentes do mercado. Esses contratos de comercialização são firmados entre com-
pradores e vendedores com o objetivo de facilitar as trocas e alterar as características
de risco futuro de preços das commodities agrícolas.
O negócio com derivativos segue a lei da oferta e da demanda, já que é nego-
ciado livremente sem controle de preços, podendo ser definido como “uma opera-
ção que deriva de algum negócio tradicional do mercado físico ou de algum título
negociado no mercado financeiro” (CORRÊA; RAÍCES, 2005, p. 9). O mercado
físico é caracterizado pela comercialização de produtos como soja, milho, boi gordo,
bezerro, café, petróleo, ouro, álcool, açúcar, algodão, etc; e o mercado financeiro,
pela comercialização de ações de empresas, taxas de câmbio, taxas de juros, moeda
estrangeira, índice de preços, títulos do governo, etc.
O termo derivativo se explica porque os preços futuros dos produtos agrícolas
derivam ou sofrem influência do mercado físico desses mesmos produtos nas dife-
rentes regiões de produção. Dessa forma, é importante destacar que as referências
para a formação dos preços futuros derivam, fundamentalmente, do mercado físico
(comercialização à vista ou a prazo) dos produtos agrícolas e são influenciados por
expectativas futuras com relação ao comportamento dos preços.
Para atuar no mercado de derivativos, o produtor deverá fixar um preço ade-
quado para cobrir os custos de produção e realizar lucros que possibilitem a manu-
tenção das atividades produtivas por meio de investimentos em máquinas, equipa-
mentos, treinamentos, infraestrutura e novas tecnologias. A operacionalização da
comercialização no mercado de derivativos é realizada mediante a utilização de ins-
trumentos chamados contratos de derivativos, que permitem ao produtor planejar
a produção e novos investimentos na propriedade, já que eliminam ou minimizam
riscos e incertezas com relação aos preços dos produtos.
Ressalte-se que esse instrumento de comercialização, o contrato de deriva-
tivos, é utilizado na negociação de produtos considerados commodities no mercado.
Um produto, ou uma mercadoria, para ser considerado commodity, além de serem os
preços definidos pelo mercado devido à interação entre oferta e demanda, deve ser
padronizado em diferentes países e contar com possibilidade de transporte, entrega
e armazenagem (controle da perecibilidade e garantia de manutenção das caracterís-
ticas do produto).
Utilizando contratos de derivativos, os agricultores estarão fixando (travando)
preços futuros para os seus produtos, eliminando, dessa forma, as incertezas com
relação às oscilações do mercado spot e protegendo os investimentos realizados na
propriedade. Para tanto, o produtor terá que se inserir em um dos tipos de mercados
descritos na próxima seção: mercado a termo, mercado futuro e mercado de opções.
Os contratos de derivativos podem ser negociados tanto em mercado de balcão
como em mercado de bolsa. No mercado de balcão, as partes negociam diretamente
entre si, estabelecendo contratos específicos e flexíveis, livremente, conforme as ne-
cessidades dos compradores e vendedores e as possibilidades de aportes de garantias
para a realização da transação.
Já no mercado de bolsa, as partes não se identificam, e os contratos são pa-
dronizados (qualidade e quantidade dos produtos, datas de vencimentos e locais de
entrega), ficando sob a responsabilidade da bolsa a criação de um ambiente favorável
à negociação, com oferta de mecanismos de registro de entrada e saída do mercado
e normas para regulação e acompanhamento das transações (BM&F, 2007a). No
mercado de balcão, são negociados contratos a termo e opções flexíveis; no mercado
de bolsa, são negociados contratos futuros e contratos de opções.
TIPOS DE MERCADOS DE DERIVATIVOS AGRÍCOLAS

Os principais tipos de mercados de produtos agrícolas e suas características são


apresentadas abaixo, no quadro 3.
Quadro 3
Tipos de mercados de produtos agrícolas e suas características

Tipo de mercado Características

Mercado onde os produtos são negociados com pagamento à vista ou a


Mercado spot
prazo, mediante entrega imediata da mercadoria.

Mercado onde se negociam contratos a termo, especificando-se a venda ou


compra antecipada da produção, mediante preço previamente combinado
entre as partes, podendo ou não ocorrer adiantamento de recursos por con-
Mercado a termo
ta da promessa de entrega futura da mercadoria em local determinado. Os
contratos não são padronizados, são intransferíveis e somente poderão ser
liquidados na data acordada e com a entrega da mercadoria.

Mercado onde se negociam contratos futuros, estabelecendo-se a obrigação


de compra e venda de uma mercadoria em data futura por um preço nego-
ciado em bolsa (pregão). Os contratos são padronizados com relação aos
Mercado futuro
prazos, à quantidade e à qualidade da mercadoria, podendo ser liquidados
antes do prazo de vencimento, mediante reversão da posição assumida na
bolsa (compra ou venda).

Mercado onde se negociam contratos de opções, definindo-se acordos onde


uma parte, ao pagar um valor (prêmio), adquire o direito (opção) de com-
prar ou vender, em data futura, uma mercadoria a um preço negociado em
bolsa. Por sua vez, a contraparte, ao receber esse valor (prêmio), obriga-se
Mercado de opções
a vender ou comprar essa mesma mercadoria, caso a primeira exerça o seu
direito de compra ou venda. O valor do prêmio é livremente negociado entre
as partes (bolsa ou balcão), e os contratos de opções são flexíveis, quando
negociados em balcão, e padronizados, quando negociados em bolsa.

Elaborado a partir de: MARQUES; MELLO; MARTINE FILHO, 2008; BM&F, 2007a, 2007b; HULL,
2005; CORRÊA; RAÍCES, 2005; AZEVEDO, 2001; SILVA NETO, 2002.

COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA

Numa visão mais limitada, a comercialização agrícola pode ser pensada como
um simples ato do agricultor que consiste na transferência de seu produto para ou-
tros agentes que compõem a cadeia produtiva em que ele está inserido. Esta é uma
visão tradicional da comercialização agrícola, definida pela transferência de proprie-
dade do produto num único ato após o processo produtivo, ainda dentro ou logo
depois dos limites da unidade de produção agrícola.
Entretanto, a comercialização agrícola pode (e deve) ser entendida de forma
bem mais abrangente, como um “processo contínuo e organizado de encaminha-
mento da produção agrícola ao longo de um canal de comercialização, no qual o
produto sofre transformação, diferenciação e agregação de valor” (MENDES; PA-
DILHA JUNIOR, 2007, p. 8). Em um enfoque mais atual, estes autores associam o
conceito de comercialização à coordenação existente entre a produção e o consumo
dos produtos agropecuários, incluindo a transferência de direitos de propriedade, a
manipulação de produtos e os arranjos institucionais que contribuem para a satis-
fação dos consumidores. Trata-se de um conceito amplo, em que se atribui a essa
atividade a função de transferir os produtos ao consumidor final, considerando a
influência de todas as atividades nesse processo (produção agrícola, industrialização,
transporte dos produtos, relações com o consumidor, etc.).
Dessa forma, o conceito de comercialização distancia-se do conceito de simples
venda dos produtos agrícolas (pós-colheita da safra, por exemplo), devido à sua amplitu-
de e complexidade. A partir dessa perspectiva, as estratégias de comercialização agrícola
começam a ser pensadas na propriedade rural, e até mesmo na aquisição dos insumos.

FUNÇÕES DA COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA

Por ser uma atividade realizada entre a produção e o mercado consumidor, a


comercialização cumpre a função de proporcionar a adequação da produção (oferta
dos produtos agrícolas) às preferências e necessidades dos consumidores (demanda
dos produtos agrícolas), constituindo dessa forma um dos componentes da estratégia
de marketing dos produtos agrícolas. A atividade denominada comercialização agríco-
la estabelece, pois, a relação entre o setor produtivo e o consumidor final.
Em síntese, a comercialização agrícola busca traduzir as características do con-
junto de atividades e arranjos institucionais necessários para que os produtos che-
guem até o mercado. Assim, a comercialização está relacionada com a transferência
de propriedade e com a agregação de valor aos produtos agrícolas, podendo o valor
percebido pelos consumidores (utilidades) estar relacionado ao tempo (armazena-
mento), ao lugar (transporte) e à forma (processamento). Essas atividades e arranjos
institucionais são denominados de funções do sistema de comercialização e definidos
“como as atividades desempenhadas por instituições especializadas durante as diver-
sas fases da comercialização” (MENDES; PADILHA JUNIOR, 2007, p. 193). É o
que sintetiza, a seguir, o quadro 1.
Quadro 1
Funções da comercialização agrícola

Funções da comercialização agrícola Características

Estão relacionadas à posse dos produtos agrícolas,


Funções de troca envolvendo a formação dos preços a partir da relação
entre as funções de compra e de venda.

Estão relacionadas à geração de utilidade (facilida-


de) para os produtos agrícolas, no que diz respeito
Funções físicas
ao tempo (armazenagem), ao lugar (transporte) e à
forma (processamento).

São aquelas que facilitam ou complementam o pro-


cesso de comercialização dos produtos agropecuá-
Funções auxiliares
rios, tais como padronização, financiamento, seguro,
informações e pesquisas de mercado.

Adaptado de: MENDES; PADILHA FILHO, 2007.

CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA

As funções descritas anteriormente são exercidas por agentes que constituem


os canais de comercialização, tais como tradings, atacadistas, varejistas, centrais de
compra e distribuição e serviços de alimentação, transportadores, armazenadores e
agroindústrias processadoras. Canal de comercialização ou de distribuição, ou, ain-
da, de marketing, é, por sua vez, a sequência de etapas por onde passa o produto agrí-
cola até chegar ao consumidor final, configurando a organização dos intermediários,
cada qual desempenhando uma ou mais funções de comercialização, e o arranjo ins-
titucional que viabiliza as relações de mercado nas cadeias produtivas agroindustriais.
Canais de distribuição, segundo Kotler (1998, p. 466), “são conjuntos de orga-
nizações interdependentes envolvidos no processo de tornar um produto ou serviço
disponível para uso ou consumo”. No quadro 2, abaixo, é apresentada a terminologia
geralmente utilizada para definir os agentes que formam um canal de comercialização.
Quadro 2
Terminologia utilizada nos canais de distribuição

Intermediário cuja tarefa é aproximar compradores e


Corretor vendedores. Não estoca bens, não financia, nem as-
sume risco.

Intermediário que auxilia o processo de distribuição,


Facilitador mas não assume a propriedade dos bens e não nego-
cia o processo de compra ou de venda.

Empresa que representa e vende os bens de vários


Representante de fabricante fabricantes. É contratada pelos fabricantes, mas não
faz parte de suas forças de vendas internas.

Intermediário que compra, assume a propriedade e


Comerciante
revende mercadorias.

Empresa que vende bens ou serviços diretamente ao


Varejista
consumidor final para uso pessoal, não empresarial.

Intermediário que procura clientes e negocia em


Agente de vendas nome de um fabricante, mas não assume a proprie-
dade dos bens.

Grupo de pessoas contratado diretamente por uma


Força de vendas
empresa para vender seus produtos e serviços.

Empresa que vende bens ou serviços comprados para


Atacadista (distribuidor)
revenda ou uso empresarial.

Fonte: KOTLER, 1998.

Estes agentes cumprem determinadas funções que tornam o sistema de comer-


cialização eficiente do ponto de vista econômico. Tais funções, segundo Neves (2001),
contribuem para o fluxo de produtos, serviços e informações e, além disso, para a
previsão dos riscos envolvidos e para as negociações de pedidos e de financiamentos.
Entretanto, essas funções não são todas exercidas somente pelas organizações
(comerciantes) que constituem os canais de comercialização, mas também pelas or-
ganizações denominadas agentes (representantes) e facilitadoras das atividades de
distribuição dos produtos agrícolas, tais como: empresas transportadoras, empresas
de estocagem, empresas de comunicação, agências financeiras e de seguros, empre-
sas de pesquisa de mercado e de certificação de produtos e processos.
Ressalte-se que essas organizações intermediárias minimizam os esforços do
produtor na distribuição das mercadorias, devido às discrepâncias existentes entre a
produção e o consumo, no que diz respeito à quantidade e à variedade de produtos.
Cabe, entretanto, lembrar que, segundo Sprosser (2001), os intermediários
podem proporcionar efeitos tanto positivos quanto negativos à cadeia produtiva.
Efeitos positivos são os que contribuem para a redução de custos, a regularização e
a padronização do fluxo de produtos junto ao consumidor e o aumento da produti-
vidade no sistema agroalimentar. Os efeitos negativos estão relacionados às margens
elevadas não relacionadas à agregação de valor, resultantes da utilização do poder de
barganha, por exemplo, oriundo da relação dos produtos rurais com grandes empre-
sas fornecedoras de insumos agropecuários e com grandes empresas processadoras
de matéria-prima ou varejistas de alimentos.
Esta discussão é particularmente importante nas cadeias agroindustriais, onde
os agricultores, numerosos e dispersos, negociam com poucos mas grandes con-
glomerados fornecedores de insumos e máquinas, compradores de matéria-prima
(agroindústria) e de produto final (varejistas). Um aspecto que pode contribuir para
minimizar ou eliminar as assimetrias do poder de barganha na comercialização dos
produtos agrícolas é a inserção dos agricultores em canais mais curtos de comercia-
lização, tais como, por exemplo, a venda direta em feiras.
Geralmente, os canais de comercialização são caracterizados por seu compri-
mento, ou seja, pelo número de integrantes, constituindo-se dessa forma em canais
diretos e indiretos, conforme existam ou não intermediários nas relações que os
produtores rurais estabelecem com o mercado. No quadro 3, abaixo, apresenta-se
essa classificação dos canais de comercialização.
Quadro 3
Tipos e definições dos canais de comercialização e exemplos correlatos

Tipo de canal de
Definição Exemplos
comercialização

Feiras livres; vendas


diretamente nas resi-
dências (porta a porta);
Produtor que vende diretamente ao
Canal de nível zero cooperativa de consumi-
consumidor final.
dores; lojas próprias de
cooperativas ou associa-
ções de produtores.

Canal que possui um intermediário (va- Supermercados, lojas de


Canal de um nível rejista) na comercialização dos produ- conveniência, fruteiras,
tos agrícolas. açougues.

Canal que possui dois intermediários Centrais de distribuição,


Canal de dois níveis (atacadistas e varejistas) na comerciali- atacados, restaurantes,
zação dos produtos agrícolas. cozinhas industriais.

Canal que possui três intermediários


Packing house, agroin-
(processadora de alimentos, atacadista
Canal de três níveis dústrias em geral, coo-
e varejista) na comercialziação de pro-
perativas agropecuárias.
dutos agrícolas.

Trading de exportação,
Canal de quatro níveis Canal que possui quatro intermediários. centrais de abasteci-
mento.

Adaptado de: KOTLER, 1998.

A escolha dos canais de comercialização mais apropriados depende de uma série


de fatores, entre os quais a natureza e as características do produto (por exemplo, a pere-
cibilidade), a existência ou não de intermediários e o resultado econômico do processo.
Quadro 4
Valores associados à produção e à comercialização de alimentos e suas características

Valores Características

Valor relacionado às dimensões dietéticas e farmacêuticas e à composição


Saúde nutricional dos alimentos. Esses atributos são influenciados pela educação
alimentar dos consumidores.

Valor relacionado à segurança dos alimentos com relação à toxicidade e à


nocividade, requerendo acesso a informações, garantias e controle quanto
Higiene às condições de produção e distribuição. Esses atributos dependem de ava-
liações de conformidade e de garantia da qualidade, tais como padroniza-
ção, certificação e rastreabilidade dos produtos alimentares.

Valor relacionado à forma de produção de alimentos, sem riscos tóxicos e


com preservação do meio ambiente, e baseado em demandas ecológicas
Sustentabilidade que se incorporam aos hábitos de vida da população. Esses atributos são
influenciados, principalmente, pela educação alimentar e pela conscien-
tização ambiental dos consumidores.

Valor relacionado aos valores naturais e tradicionais da produção agroa-


limentar, com ênfase na origem dos produtos e na especificação dos pro-
Autenticidade cessos produtivos. Esses atributos são influenciados pela construção de
mecanismos de acesso aos mercados por parte dos produtores e dos
consumidores.

Valor relacionado aos valores morais e ideológicos que propiciam a parti-


cipação da população em ações humanitárias no processo de compra de
Solidariedade
produtos socialmente corretos. Esses atributos são influenciados por ações
voltadas para o resgate da cidadania e de direitos humanos.

Elaborado a partir de: PAULILLO; PESSANHA, 2002.


QUESTÕES

1-Acerca de fertilizantes, corretivos, inoculantes, sementes e mudas, julgue os próximos itens


Os agricultores familiares que multipliquem sementes ou mudas para distribuição, troca e
comercialização entre si, ainda que situados na mesma unidade da Federação, são obrigados a se
inscrever no Registro Nacional de Sementes e Mudas.
 Certo
 Errado
-__________________________________________________________________________________
2-Acerca do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária e da classificação, inspeção e
padronização de produtos de origem animal e vegetal, julgue os itens que se seguem.
Todos os alimentos, sejam eles produtos de origem vegetal ou animal, estão sujeitos à fiscalização pela
vigilância sanitária após o processo produtivo, a qualquer momento, durante o transporte, a
armazenagem e(ou) a comercialização.
 Certo
 Errado
___________________________________________________________________________________
3-Acerca do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária e da classificação, inspeção e
padronização de produtos de origem animal e vegetal, julgue os itens que se seguem.
Os produtos de origem vegetal oriundos de estabelecimentos com registro no Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária não possuem restrição de área para comercialização.
 Certo
 Errado
Respostas 01: 02: 03:
___________________________________________________________________________________
1-No que se refere ao registro e controle de insumos de uso agrícola e pecuário, julgue os itens que se
seguem.
Para fins de registro de insumos agrícolas novos e importados, deve-se seguir o mesmo trâmite exigido
para o registro de produtos de fabricação nacional, sendo considerados tanto os trabalhos de pesquisa
internacionais, quanto os conduzidos no território brasileiro.
 Certo
 Errado
___________________________________________________________________________________
2-Os agrotóxicos são divididos em duas categorias, quais são elas?
a)Tóxico e não Tóxico.
b)Agrícolas e não Agrícolas
c)Químicos e Físicos.
d)Líquido e Sólido.
_________________________________________________________________________________
3-O uso constante de máquinas agrícolas sobre o solo pode provocar sua compactação. Assim, para
romper esta camada o implemento a ser utilizado é:
a)grade aradora.
b)arado de aiveca.
c)subsolador.
d)arado de disco.
e)escarificador vertical.
___________________________________________________________________________________
4-Das alternativas abaixo, qual NÃO é uma característica dos sistemas camponeses e familiares
de produção agrícola?
a)Estratégias de geração de renda única e simples
b)Posse ou acesso precário à terra.
c)Pouco ou nenhum capital.
d)Sistemas agrícolas complexos e diversificados em ambientes frágeis.
e)Poucas oportunidades de trabalho não agrícola.
__________________________________________________________________________________
5-Acerca da produção da aquicultura brasileira, julgue os itens subsequentes.
No Brasil, são enquadrados no regime de produção extensivo: sistemas que envolvem o povoamento
de grandes reservatórios de água; cultivos de peixes realizados por pequenos produtores, que
raramente usam rações comerciais, e nos quais os peixes são alimentados, tradicionalmente, com
subprodutos agrícolas ou dejetos animais; malacocultura, que utiliza espécies filtradoras (ostras e
mexilhões), com pouca tecnologia e cultivos realizados em áreas costeiras abrigadas.
 Certo
 Errado
___________________________________________________________________________________
6-A Portaria AGED n° 681 de 4 de setembro de 2017, estabelece em seu artigo 1° : Determina que
máquinas, veículos transportadores e implementos agrícolas provenientes de outras Unidades da
Federação só poderão ingressar em território maranhense nas seguintes condições:

I
Portando a Nota Fiscal válida para trânsito

II
Acompanhados de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART

III
Mediante recolhimento da taxa de emissão de Atestado de Desinfestação

É correto afirmar:
a)A primeira afirmação é incorreta, a segunda incompleta e a terceira é desconexa ao contexto.
b)As duas primeiras afirmações estão incorretas, mas a terceira é parcialmente correta.
c)As duas afirmações são corretas e a terceira é complementar.
d)Todas as afirmações estão incorretas, entretanto, tratam de assuntos correlatos.
e)Todas as afirmações estão corretas, mas tratam de assuntos díspares.
___________________________________________________________________________________
7-Segundo a Portaria 210, de 10 de novembro de 1998, congelamento é o processo de refrigeração e
manutenção a uma temperatura de:
a)não maior que -40°C dos produtos de aves (carcaças, cortes ou recortes, miúdos ou derivados)
tolerando-se uma variação de até 1°C, medidos na intimidade dos mesmos.
b)não maior que -35°C dos produtos de aves (carcaças, cortes ou recortes, miúdos ou derivados)
tolerando-se uma variação de até 1°C, medidos na intimidade dos mesmos.
c)não maior que -25°C dos produtos de aves (carcaças, cortes ou recortes, miúdos ou derivados)
tolerando-se uma variação de até 1°C, medidos na intimidade dos mesmos.
d)não maior que -12°C dos produtos de aves (carcaças, cortes ou recortes, miúdos ou derivados)
tolerando-se uma variação de até 2°C, medidos na intimidade dos mesmos.
e)não maior que -1°C dos produtos de aves (carcaças, cortes ou recortes, miúdos ou derivados)
tolerando-se uma variação de até 2°C, medidos na intimidade dos mesmos.
___________________________________________________________________________________
8-Julgue os próximos itens, relativos à defesa sanitária animal e vegetal.
Uma empresa poderá importar produtos de origem animal sem apresentação do certificado sanitário,
desde que os regulamentos de inspeção de produtos de origem animal dos países de procedência
sejam aprovados e reconhecidos pelas autoridades sanitárias brasileiras.
 Certo
 Errado
___________________________________________________________________________________
9-Acerca do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária e da classificação, inspeção e
padronização de produtos de origem animal e vegetal, julgue os itens que se seguem.
De acordo com a legislação brasileira, a inspeção sanitária dos produtos de consumo humano, durante
o processo de produção, deve ser realizada tanto pelo serviço de inspeção federal, quanto pela
vigilância sanitária.
 Certo
 Errado
___________________________________________________________________________________
10-Acerca do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária e da classificação, inspeção e
padronização de produtos de origem animal e vegetal, julgue os itens que se seguem.
Todos os alimentos, sejam eles produtos de origem vegetal ou animal, estão sujeitos à fiscalização pela
vigilância sanitária após o processo produtivo, a qualquer momento, durante o transporte, a
armazenagem e(ou) a comercialização.
 Certo
 Errado
Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10:
Cultura do Milho

O milho (Zea mays) está entre as


plantas de maior eficiência comercial,
originado das Américas, mas
especificamente no país do México,
América Central ou Sudoeste dos
Estados Unidos. A história de produção
do milho tem crescido anualmente,
principalmente devido às atividades de
avicultura e suinocultura, onde o milho
pode ser consumido diretamente ou ser
utilizado na fabricação de rações e
destinado ao consumo de animais. O
milho mostra-se importante na
comercialização nacional por ser típico
de determinadas regiões, utilizado nas
refeições, em épocas festivas e
culturais no preparo de derivados,
complemento e consumo humano
direto da espiga cozida ou assada. O
milho apresenta inúmeras utilidades, na
indústria de rações, na indústria de
alimentos, na elaboração de produtos finais, intermediários entres outros. Geralmente, produtores com
grandes propriedades e áreas de lavoura investem em tecnologia e consequentemente obtêm maior
rendimento na produção.
Antes de ser descoberta a importância alimentícia do milho, a espécie era cultivada em jardins europeus.
No Brasil, a importância do milho na alimentação humana varia de região, devido em determinadas
regiões o maior consumo do grão e seus derivados ser realizado por famílias de baixa renda e por ser
tradicional em culinárias de algumas culturas, como dos nordestinos. E mundialmente, para os
mexicanos, por exemplo, o uso desse cereal e seus derivados na sua culinária é uma rica fonte de
energia para a população
Em uma pesquisa realizada pelo Ministério da Agricultura (2010) na safra de 2009/2010, a produção de
milho no Brasil mostra um total de 53,2 milhões de toneladas, atendendo a demanda de comércio interno
para fins de consumo dos brasileiros e indústria de ração para animais. As regiões de Centro-Oeste, Sul
e Sudeste são as que apresentam maiores índices de produção do grão, e na região Norte, o Estado do
Acre apresenta potencial de produtividade em torno de 6.0 kg.ha¹, logo, alcançando as projeções que
há em crescimento da produção brasileira em milho e área plantada, as estimativas de exportação
também aumentará e solucionando necessidade mundial de milho como ingrediente para indústria de
ração animal e culinário. Cultivado em diferentes sistemas produtivos, a cultura do milho ainda é
superado por outras culturas, como o trigo e o arroz, mundialmente.

Origem e Histórico
Apesar de parecer ser nativo do Brasil, o milho tem como centro de origem o
México e a Guatemala, sendo encontrada a mais antiga espiga de milho no vale do Tehucan na dat a de
7000 a.C, essa região atualmente é onde se localiza o México. O Teosinte ou “alimento dos deuses”,
chamado pelos maias, foi originado por meio do processo de seleção artificial, feito pelo homem. O
mesmo ainda é encontrado na América Central.
Sendo uma espécie da família das gramíneas, o milho é o único cereal nativo do Mundo, como suas
altitudes vão desde o nível do mar até 3 mil metros, sua cultura é encontrada numa grande região do
globo.
Conforme foi passando o tempo, a domesticação desta cultura feita pelo homem foi evoluindo cada vez
mais através da seleção visual no campo, destacando as principais características como produtividade,
resistência a doenças e capacidade de adaptação, dentre outras originando as variedades hoje
conhecidas.
Importância Econômica
A cultura do milho é cultivada em todas as partes do mundo. Sendo os maiores produtores mundiais os
Estados Unidos, a China e o Brasil que ocupa terceiro lugar com média de produção atual em torno de
53,2 milhões de toneladas. O Brasil destaca-se mundialmente em relação à cultura do milho como
produtor, consumidor e exportador. E com a grande multiplicidade de usos que o cereal apresenta, as
estimativas de procura pelo grão é aumentar. A primeira ideia com a descoberta da espécie foi para
alimentação humana, basicamente para as regiões de baixa renda por ser uma rica fonte de energia,
mas sua safra tem como principal destino as indústrias de rações para animais e até indústrias de alta
tecnologia.
Atualmente, a maior parte da utilização do milho está concentrada à fábrica de rações para animais,
sobretudo devido às suas características nutricionais, constituído da maioria dos aminoácidos, além de
ser um cereal com produção de baixo custo, comparado à obtenção de outros grãos. No Brasil, a
produção do grão destinado à alimentação animal está representada entre 70-80%. Há espécies da
planta do milho que também é utilizada na elaboração de silagem, como ingrediente único ou
complemento A cultura do milho além de apresentar qualidades nutricionais relevantes, destaca-se
também na geração de empregos, sobretudo na época da safra. Geralmente, o cultivo do milho é
mecanizado, beneficiado por técnicas modernas de plantio e colheita, principalmente nas grandes
lavouras, nesse caso a geração de empregos é menor do que em pequenas propriedades, onde o cultivo
é semimecanizado na maioria das produções, há um grande índice de emprego nas zonas rurais,
atraindo famílias, pessoas de baixa renda, logo evitando situações de êxodo rural.

Botânica e Cultivares
De acordo com a classificação botânica, o milho é um monocotiledônea, pertencente a família Poaceae,
Subfamília Panicoidae, gênero Zea e espécie Zea mays L. É uma planta herbácea, monóica, portanto
possuem os dois sexos na mesma planta em inflorescências diferentes, completa seu ciclo em quatro a
cinco meses caracterizando uma planta anual.
Sendo uma espécie alógama e originada do México, o milho apresenta uma grande variabilidade,
existindo atualmente cerca de 250 raças. Com um aumento significativo na segunda m etade do século
X houve uma grande evolução com desenvolvimento de variedades e híbridos.
Uma colheita realizada com sucesso dentro do planejamento e com grande produção é o resultado de
um trabalho realizado com potencial genético da semente e das condições edafoclimáticas do local de
plantio, além do manejo da lavoura, levando a cultivar o maior responsável por 50% do rendimento final,
a escolha correta da semente pode levar ao sucesso ou insucesso da lavoura.
Segundo Carlos Cruz (2002) antes da escolha da cultivar, o produtor deve fazer um levantamento
completo das sementes que ele deseja utilizar, avaliação de pesquisas, assistências técnicas, quais as
empresas produtoras das sementes, experiências regionais e o comportamento em safras passadas.
Visando obter sucesso em sua lavoura o produtor deve ter em mente os aspectos: Adaptação a região,
produtividade e estabilidade, ciclo, tolerância a doenças, qualidade do colmo e da raiz, textura e cor do
grão.
Adaptação a Região Conhecer a região onde será implantado o milho é crucial para a escolha da cultivar,
a mesma deve ser bem adaptada a região. Sendo o Brasil dividido em quatro grandes microrregiões
homogêneas de cultivo do milho diferencias pelos fatores latitude, altitude e clima. São eles, região
subtropical, de transição, tropical e nordeste.

Produtividade e Estabilidade
O potencial produtivo e a estabilidade de produção determinada em função do seu comportamento nos
cultivos em diferentes locais e anos, também devem ser consideradas pelos produtores no ato da
compra das sementes. As cultivares estáveis ao passar dois anos e dentro de uma determinada área
geográfica oscila pouco em resposta a melhoria do ambiente, além de evitar perdas maiores em
ambientes desfavoráveis.
Conforme foi crescendo o melhoramento genético, houve o acompanhamento de uma maior variedade
no mercado, com híbridos duplos, híbridos triplos e híbridos simples, sendo que os híbridos triplos e
simples podem ser dos tipos modificados ou não. Sementes de menores custos são aquelas variedades
melhoradas, portanto multiplicadas com os devidos cuidados podem ser reutilizadas por alguns anos,
sem diminuição substancial da produtividade.
O milho híbrido possui alta produtividade, devido seu melhoramento genético, contudo depois de colhido
não se deve plantar novamente, pois o seu potencial genético tem maior produtividade somente na
primeira geração (F1), no caso do replantio a produção vai ter uma queda significativa acarretando
prejuízos ao produtor.
Ciclo
Através do numero de dias da semeadura até o pendoamento, até a maturação fisiológica ou até mesmo
a colheita é determinado o ciclo de uma cultivar, seus grupos variam de acordo com seu ciclo, descritos
como: superprecoce, precoce, semiprecoce e normal.
Tecnicamente, o ciclo de uma cultivar leva em consideração as unidades de calor necessárias para
atingir o florescimento. O agricultor deve ter em mente que essa determinação de ciclo das cultivares
não é muito rígida, a diferença entre as cultivares mais tardias e as mais superprecoces pode não chegar
a dez dias. Além da classificação não ser rigorosa, uma cultivar classificada como superprecoces pode
comportar-se como precoce e vice- versa. Por outro lado a colheita pode acontecer mais cedo devido
as diferentes taxas de secagem após a maturação fisiológica
Portanto não tem como fazer o perfeito ajuste entre as culturas usadas na rotação ou sucessão sem a
escolha da cultivar de ciclo adequado, para compor o sistema de produção da propriedade.

Tolerância a Doenças
As doenças podem causar grandes danos as lavouras ou até mesmo atingir toda a cultura, elas se
instalam com facilidade e demoram na maioria das vezes mais de anos para se tornar ausente.
É de fundamental importância a escolha de cultivares tolerantes as principais doenças, para evitar a
redução de produtividade. A sanidade dos grãos também é importante para a escolha da cultivar, essa
característica é função principalmente da resistência genética da cultivar aos fungos que atacam o grão
e está normalmente associada a um bom empalham ento

Qualidade do Colmo e Raiz


A boa qualidade do colmo além de ser considerado uma resistência das plantas ao acamamento e ao
quebramento, ele evita maiores perdas durante a colheita mecânica, devido sua boa qualidade variando
de cultivar para cultivar.

Textura e Cor do Grão


Outra forma em que as cultivares são agrupas é de acordo com a textura dos grãos. Milhos comuns
podem apresentar grãos com as seguintes texturas: 1 – Dentado ou mole: os grãos de amido são
densamente arranjados nas laterais dos grãos, formando um cilindro aberto que envolve parcialmente
o embrião. 2 – Grão duro ou cristalino: os grãos apresentam reduzida proporção de endosperma
amiláceo em seu interior, notando-se que a parte dura ou cristalina é a predominante e envolve por
completo o amido amiláceo. Existem, ainda, os grãos semiduros e os semidentados, que apresentam
características intermediárias. Com isso no mercado existem diversas variedades para o produtor
escolher aquela que mais se encaixa nas características exigidas pela sua região, sem deixar de levar
em consideração os demais fatores que podem afetar sua produção. Para o sucesso de sua produção
só depende da escolha de uma boa cultivar.

Clima, Solo, Plantio e Tratos Culturais


Para obtenção de rendimentos satisfatórios na produção de qualquer cultura, é fundamental a realização
de um estudo prévio da área e planejamento sobre a implantação da cultura. Considerando as
necessidades de cada espécie, em relação a fatores que implicarão em todas as operações envolvidas
na lavoura, além de determinar o resultado da produtividade da cultura.
O milho apresenta grande flexibilidade, sendo bastante adaptado a sistemas de rotação, sucessão e
consorciação de culturas, mas como a maioria das culturas, requer uma interação entre fatores
edafoclimáticos e manejo. Inicialmente, deve-se escolher a área de plantio, verificar se o solo local é
adequado para o plantio do milho. Geralmente, o solo ideal para a cultura do milho apresenta
características físicas em textura média de 30-35% de argila ou argilosos bem estruturados, permeáveis
e adequados à drenagem, permitindo a planta boa capacidade de retenção de água e de nutrientes. O
sistema radicular do milho cresce rápido, sendo o ideal solo com profundidade mais de 1 m para não
prejudicar o desenvolvimento das raízes. E solo com características químicas em reação neutra ou
ligeiramente ácida e rica em nutrientes disponíveis.
Verificar a topografia do solo é fundamental antes de implantar a cultura, sendo o relevo plano o ideal,
evitando a suscetibilidade à erosão, contribuindo para a mecanização do solo, tratos culturais e colheita.
Se necessário, realizar análise de solo das características físico-químicas e fornecer ao solo o que falta
de nutrientes para o bom desenvolvimento da planta.
A exigência da planta do milho em água está em torno de 500-800 m, e a planta só realiza os processos
de germinação e emergência na presença da água. A falta de água vai prejudicar a disponibilidade,
absorção e o transporte de nutrientes, tornando a planta suscetível ao ataque de pragas e doenças.
Logo percebe-se a importância do fornecimento de água a cultura, principalmente após a germinação
já na fase reprodutiva no período do pendoamento ao espigamento, sendo a época crucial 15 dias antes
e 15 dias depois do pendoamento, contribuindo para o florescimento das inflorescências masculinas e
femininas .
Em relação ao clima, deve considerar a radiação solar e a intensidade e frequência do veranico nas
diferentes fases fenológicas da cultura. A temperatura diurna ideal está entre 21° C e 27°C,
principalmente da emergência a floração. E temperatura noturnas superiores a 24°C, aumenta a
respiração da planta, logo diminui a taxa de fotoassimilados e ocasiona queda na produção. O clima
mais favorável à cultura é aquele que apresenta verões quentes e úmidos durante o ciclo vegetativo,
acompanhado de invernos secos o que vem a facilitar a colheita e o armazenamento.
A fisiologia da planta do milho que é C4, responde melhor a temperaturas mais elevadas do que plantas
C3, ou seja, tem o mecanismo de crescimento acelerado, isso explica que o aumento da temperatura
reduz o ciclo da cultura do milho. Em outras palavras, a planta C4 tem resposta positiva ao aumento da
luminosidade, principalmente no enchimento dos grãos. O aproveitamento da luz está vinculado à
população de plantas e de sua distribuição na área, arquitetura e idade das folhas e área foliar. No Brasil,
a limitação climática para a produção de milho só é encontrado em regiões da Bacia Amazônica, do
Nordeste e extremo Sul.
A ação dos ventos pode interferir no desenvolvimento da planta por meio da proliferação de esporos de
fungos e bactérias, friagem, desidratação, aumento pela demanda de água e acamamento das plantas.
Mas tem como benefício na realização da polinização, onde o vento apanha o pólen maduro e o
transporta pela lavoura. A destruição causada por ventos fortes pode ser evitadas com a implantação
de quebra ventos, desde que seja adequado à estatura da espécie e não faça sombreamento.
A escolha da semente para a produção de uma cultura deve ser condicionada à área selecionada para
a lavoura. Onde o rendimento da produção está relacionado ao potencial genético da semente, por isso
a escolha da cultivar deve atender as necessidades específicas da situação e considerar o ciclo de cada
espécie, pois há cultivares superprecoces, precoce, semiprecoce e normal. Mas pode ocorrer oscilação
de produção se não forem cultivadas de acordo com suas exigências nutricionais e de manejo. E logo,
conhecer a finalidade de cada cultivar. Ao comprar a semente, deve verificar se na embalagem não há
mistura de sementes, pois pode prejudicar a genética da cultivar; a semente deve apresentar pureza
física, sem nenhum tipo ferimento, rachadura, amassamento ou qualquer dano mecânico; qualidade
fisiológica com alto poder germinativo; e qualidade sanitária com sementes livres de pragas e doenças.
Ainda ser resistente ao tombamento, com boas características organolépticas/industrias, apresente
sincronismo de florescimento, contribuindo para uma colheita uniforme e de bom empalhamento. Em
algumas situações são necessária à realização de tratamentos da semente, a fim de conferir proteção
contra patógenos, insetos-pragas e manter a qualidade fitossanitária.
O preparo do solo para o plantio da semente de milho é para facilitar as condições de germinação,
emergência e o estabelecimento das plantas. Entre os principais, destaca-se o preparo convencional,
que consiste na realização de uma aração com 20 cm de profundidade e depois duas gradagens para
quebrar os torrões e nivelar o solo. Em caso de o terreno não apresentar declividade plana, o ideal é
fazer o plantio em curva de nível. E outro método de preparo do solo comum é o plantio direto, esse
sistema vem ganhando espaço no setor agrícola, pois proporciona um melhor aproveitamento da área,
conserva o solo, a matéria seca deixado no solo mantém e produz mais nutriente, aumentou o número
de grãos obtidos numa mesma área e em menor tempo, controla a entrada de plantas invasoras e outras
inúmeras vantagens. Mas, para implantação desse sistema, o solo é preparado convencionalmente,
depois da implantação de culturas que produzem grande quantidade de matéria seca e deixada no solo,
no plantio direto o solo não é revolvido. Esse sistema de plantio direto apresenta maior sucesso em
grandes lavouras, onde o preparo do solo e colheita é mecanizado. Serão usadas máquinas apenas
para colheita e essa apta a triturar a palhada e pulverizar ao solo novamente. Atualmente, o sistema de
plantio direto é o mais recomendado para a produção de milho.
A época de plantio é variável de acordo com cada região. No Brasil, há duas épocas: plantio de verão,
no período das chuvas-primeira safra, mais adaptado às regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Realizado
nos meses de agosto, outubro- novembro e janeiro-fevereiro, respectivamente. E o plantio da safrinha,
que é a segunda safra, ideal para milho sequeiro. Mais comum na região do Centro-oeste, nos Estados
de São Paulo e Paraná com plantio entre fevereiro e março.
A semeadura da semente do milho deve atender às condições de solo e ambientais. Em caso de solo
argiloso, a profundidade de semeadura vai de 3-5 cm e em solos arenosos a profundidade de semeadura
é de 5-8 cm. Na região Norte, os meses de semeadura ideal são em setembro e outubro. E analisar as
condições ambientais, pois a cultivar do milho leva em média 120-150 dias para completar seu ciclo, e
o sucesso e rentabilidade da produção depende de fatores como a temperatura, chuvas e radiação solar
nas diferentes fases fenológicas da cultura. Portanto, de acordo com cada região que é determinada a
época de semeadura
A semeadura pode ser realizada com uso de matracas em plantios menores e em grandes plantios,
usam-se máquinas semeadoras/adubadoras, atentando-se para a velocidade de semeadura, em torno
de 4 a 6 km.h-¹. O espaçamento entre linhas depende da cultivar, no Brasil o espaçamento mais utilizado
é de 80 a 90 cm. O objetivo de menor espaçamento entre as plantas contribuem para uma melhor
distribuição na área, aumentando a eficiência na utilização da radiação solar, água e nutrientes e logo
maior rendimento. Além de contribuir para o controle de plantas daninhas e diminuição de erosão. Mas
para decidir sobre qual espaçamento é recomendável considerar a operação de colheita, espaç amento
entre os bicos coletores e a semeadora deve ter número de linhas igual ou múltiplo do número de linhas
da colhedora.
A densidade populacional depende da cultivar, onde as cultivares precoces suportam melhor a alta
densidades, da época de semeadura, em caso de safrinha, diminui 20% a densidade. Depende da
disponibilidade hídrica, em regiões sujeitas a secas, optar por baixa densidades ou em solos arenosos,
a capacidade de fornecer é menor, então, o certo é reduzir a densidade de populações de plantas na
área. E por fim, o destino do produto também influencia proporção da densidade, pois, por exemplo,
para milho verde, a densidade de plantas são 35.0 a 5.0 plantas.ha-¹ e para produção de silagem, a
possibilidade de 80.0 plantas.ha-¹, sendo necessário a irrigação sobre as plantas. A quantidade de
semente por hectare depende também do tamanho da semente e do poder germinativo.
As práticas culturais estão relacionadas à realização de rotação de culturas e consorciação,
principalmente em caso de preparo do solo para plantio direto. O emprego de um sistema de rotação
equilibrado contemplará o solo com uma maior diversidade possível de espécies utilizadas como adubo
verde. E os tratos culturais, compreende aos cuidados de caráter edáfico, como a eliminação de
queimadas, uso de corretivo no solo, rotação de culturas, adubação orgânica e química equilibrada; de
caráter vegetativo, corresponde ao uso de adubos verdes, capinas entre as faixas e implantação de
quebra ventos. Caráter mecânico, por sua vez, corresponde a construção de terraços em área a partir
de 3% de declividade, semeadura em nível e carreadores e canais escoadouros evitando o tombamento
das plantas erosão no solo, na área de plantio. As maiores restrições a maiores produtividades deverão
ser associadas ao aspecto nutricional e ao controle de plantas invasoras.
Melhoramento Genético
Há ainda disponível no mercado variedades sintética e híbrido simples, duplo e triplo que foram
modificadas geneticamente. Os híbridos duplos dominaram o mercado de sementes de milho até há
poucos anos. Hoje, já existe uma predominância dos híbridos triplos. O vigor do híbrido proporciona com
grande contribuição para as práticas genéticas.

rRESe Resistência a determinados tipos de insetos e doenças


Sendo uma cultura mundial o milho vem de uma crescente em relação ao estudo em se tratando de
melhoramento genético ao longo dos anos, cada vez mais melhoristas criam nova cultivares adaptadas
ao clima ou região diferentes e com
Vários métodos de melhoramento são utilizados, entre eles a seleção massal, na qual são escolhidas
espigas com qualidades desejadas. Até chegar ao melhoramento genético o milho passou por um longo
processo de melhorias significativas, mas que não obteriam o mesmo sucesso.
O aumento da produtividade foi conseguido por etapas, partindo dos métodos empíricos até chegar aos
atuais em que se empregam técnicas modernas de melhoramento, que culminam com a obtenção do
milho híbrido. Para se obter o melhoramento genético precisa considerar os aspectos científicos,
tecnológicos, agrícolas, ecológicos, sociais e econômicos para tomar decisões acertadas.Há os
transgênicos, que são plantas geneticamente modificadas, cujo genoma foi alterado pela introdução do
DNA exógeno, que pode ser derivado de outros indivíduos da mesma espécie ou de outra espécie
completamente diferente, podendo ser inclusive artificial, isto é sintetizado em laboratório. Essa
descoberta veio disponibilizar aos produtores novas alternativas no controle pragas e de espécies
daninhas principalmente. Um exemplo de variedade transgênica é o milho Bt, originado do Bacillus
thuringiensis, na qual sua formulação reduziu substancialmente o uso de inseticidas químicos. Após
essas modificações, são comercializados milhos tolerantes a herbicidas. Portanto, o melhoramento
genético na cultura do milho possibilita ao homem, grãos de qualidade, produtividades rentáveis e
diminui os impactos causado ao meio ambiente proveniente do setor agrícola.
Nutrição e Adubação
O aumento da produção de grãos no Brasil está acontecendo devido as grandes mudanças
tecnológicas, sempre em busca de alternativas de melhor eficiência, menores custos e qualidade na
hora de produzir grãos. Entre essas tecnologias, destaca-se a necessidade da melhoria da qualidade
dos solos, buscando uma produção sustentada.
Essa melhoria na qualidade dos solos está geralmente relacionada ao adequado manejo, o qual inclui
a rotação de culturas, plantio direto e o manejo da fertilidade do solo por meio da calagem, gessagem e
adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos ou orgânicos.
No planejamento para adubação, alguns aspectos devem ser considerados:
1– Diagnose adequada dos problemas; 2 – Quais nutrientes devem ser considerados neste caso
particular; 3 – Quantidade de N, P e K necessários na semeadura; 4 – Qual a fonte, quantidade e quando
aplicar N; 5 – Quais nutrientes podem ter problemas nesse solo.
Trabalhos realizados em Sete Lagoas e Janaúba por Coelho & França (1995) mostra como funciona a
extração de nutrientes feitos pelo milho, observou-se que a extração de nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio e magnésio aumenta linearmente com o aumento na produtividade, tendo como principal
exigência N e K, seguido de Ca, Mg e P.
O manejo da adubação é de suma importância, pois visa a máxima eficiência, através do conhecimento
da absorção e acumulação de nutrientes nas diferentes fases de desenvolvimento da planta, sabemos
as épocas em que os elementos são exigidos em maiores quantidades. Fatores importantes quando há
perdas por lixiviação de nutrientes ajudando na aplicação parcelada de fertilizantes, principalmente
nitrogenados e potássicos.
A utilização de culturas de coberturas e rotação de culturas no plantio direto tem ajudado a aumentar a
sustentabilidade desse sistema, deixando assim o solo com mais fertilidade e com otimização da
adubação nitrogenada.

Irrigação
A implantação do sistema de irrigação na produção de milho somente é necessário em regiões áridas e
semiáridas, pois em regiões onde ocorre muita chuva é suficiente para suprir as necessidades da planta
em pelo menos uma safra. Portanto, é fundamental antes de comprar os equipamentos para instalação
do sistema de irrigação, saber se é necessário e se é possível. Se for preciso a instalação do sistema
de irrigação, verificar se fatores como a distribuição de chuva e disponibilidade de água, o efeito da
irrigação na produção, a necessidade de água das cultivares e a qualidade de água da fonte.
A quantidade de água que o milho utiliza é variável durante o ciclo e aumenta de acordo com a região
de cultivo. Há variedades que responde melhor a irrigação, sendo proporcionado um aumento na
produtividade da cultura, maior eficiência na aplicação de fertilizantes e a possibilidade do emprego do
emprego de uma maior densidade de plantas numa mesma área. Se optar por uma cultura irrigada, é
essencial verificar se o volume de água disponível é de qualidade e suficiente para atender a
necessidade sazonal de água da cultivar, respeitando as leis de uso da água, em vigor no país, sendo
obrigado a requerer a outorga para uso da água junto as agências responsáveis.
Se atender as exigências e for necessário o uso da irrigação, o próximo passo é escolher o método a
ser implantado na lavoura. Os principais métodos são: superfície, aspersão, localizada e subirrigação.
Conhecendo quais são os métodos, deve analisar fatores que podem influenciar no sucesso do sistema,
como declividade do terreno, taxa de infiltração dos solos, sensibilidade da cultura ao molhamento e o
efeito do vento. Além desses fatores, é recomendável pesquisar se o custo do material é viável, se a
implantação da atividade agrícola vai trazer retorno econômico ao produtor e escolher implementos de
qualidade. Para a cultura do milho, o sistema de irrigação mais apropriado é o que se adapta as
condições do ambiente, do que precisa e das condições financeiras do produtor .

Plantas Daninhas
Os fatores que o milho precisa para seu desenvolvimento são basicamente os mesmo exigidos pelas
plantas daninhas, tais como: água, luz, nutriente e espaço físico, se torna um processo competitivo
quando a cultura e a planta daninha se desenvolvem conjuntamente.
O milho pode assumir uma arquitetura diferente por estar em competição com as plantas daninhas,
diferente de quando cresce livre da presença de outras plantas. A presença da alelopatia liberadas por
plantas daninhas no meio prejudicando o desenvolvimento de outro, podendo ocorrer inclusive entre
indivíduos da mesma espécie.
Para evitar danos irreversíveis a cultura e prejudicar o rendimento da cultura, é realizado o manejo de
plantas daninhas visando elimina-las durante o período crítico de competição. Outro aspecto importante
é dar condições para que a colheita mecanizada tenha a máxima eficiência, e evitar a proliferação de
plantas daninhas, garantindo assim a produção nas próximas safras.
O produtor deve entender que as perdas podem variar de ano a ano, em virtude das condições
climáticas, e de propriedade a propriedade, devido as variações de solo, população de plantas daninhas,
sistemas de manejo incluindo rotação de culturas no plantio direto, além do beneficiamento na colheita
evitando assim perdas na produção.
O solo não pode ser colocado em pousio para evitar altas taxas de germinação de plantas daninhas,
por isso é importante plantar leguminosas para aumentar a fertilidade do solo e não deixar as plantas
daninhas encontrar condições adequadas.
O controle cultural é utilizado pelos produtores e não se encaixa como um processo de manejo de
plantas daninhas, e sim visando aumentar a capacidade competitiva da cultura em detrimento das
plantas daninhas. O menor espaçamento entre linhas, maior densidade de plantio, época adequada de
plantio, uso de variedades adaptadas às regiões, uso de cobertura morta, adubações adequadas,
irrigação bem manejada, rotação de culturas, são técnicas que tornam a cultura mais competitiva com
as plantas daninhas.
Outros tipos de controles podem ser feitos através de capina manual, mecânica, controle químico e
aplicações de herbicidas na quantidade adequada.

Pragas e Doenças
A importância de se entender a evolução das doenças e o ataque pragas em determinada cultura é
imprescindível para um controle eficiente de danos à produção. Para amenizar a ocorrência de prejuízos
a lavoura, é recomendável um estudo prévio sobre a cultivar ou híbrido que deseja cultivar. Verificar se
a área escolhida não é propícia a incidência de doenças e pragas.
O emprego de sementes selecionadas, tratos culturais, o uso de agrotóxicos contribuem para a
disseminação de pragas e doenças da cultura. O descuido com as lavouras ainda é um forte fator
responsável pela baixa produtividade do milho na maioria dos casos. Se não conhece o invasor e
apresenta-se em grande quantidade, o ideal é procurar ajuda técnica e orientações e recomendações
de como proceder a fim de diminuir os danos econômicos.
As principais pragas que atacam a cultura do milho são os cupins, lagarta do cartucho, lagarta da espiga,
lagarta rosca, cigarrinha e as pragas de armazenamento, por exemplo, Sitophilus zeamais. E as doenças
mais conhecidas que atacam o milho são: Cercosporiose, ferrugem comum, antracnose do colmo,
antracnose foliar e mancha branca. A maioria das cultivares do milho apresenta vulnerabilidade à
incidência de patógenos. O controle químico ainda é a grande solução para o ataque de doenças.
Algumas medidas contribuem para prevenção e disseminação dos invasores, podendo preparar o solo
adequadamente, realizar a colheita em época certa, seguida de destruição dos restos culturais e entorno
dos mesmos; manter a cultura e das áreas próximas ao limpo, isentas de ervas daninhas e outros tipos
de vegetação que servem de hospedeiros. A realização de rotação de culturas é fundamental, pois além
de contribuir no controle cultural das pragas, ainda fertiliza e c onserva o solo. Aplicação do controle
biológico, a maioria das pragas tem inimigos naturais. O produtor deve estar atento a lavoura, pois esses
invasores podem diminuir o número de plantas, reduzir a população; outras ainda promovem a perda e
o apodrecimento das raízes das plantas.

Colheita, Beneficiamento e Armazenamento


A colheita do milho depende muito da cultivar e do consumidor final do produto, com isso ela dependerá
da maturidade fisiológica do milho e condições climática que se encontram no dia e hora da colheita,
sendo importante também de que forma será realizada, mecanizada ou manual, essa escolha
dependerá do produtor, tendo em vista a quantidade de grãos produzidos, suas condições financeiras e
objetivo.
O ponto de colheita se refere as características relacionadas ao momento ótimo para se colher o milho,
sendo de acordo com o tipo de armazenamento disponível ou finalidade a que se destina. No caso do
milho verde, este deve ser colhido com os grãos no estado leitoso, apresentado de 70 a 80% de
umidade. As condições climáticas resultantes das épocas de semeadura ou da região onde a lavoura
foi instalada faz com que o ponto de colheita seja variável.
A colheita pode ser realizada manualmente ou mecanizada. A colheita manual promove menos danos
à espiga, assim como na debulha, provoca pouca perda na colheita, entretanto a mão-de-obra requer
maiores despesas aumentando os custos com o rendimento abaixo do ideal. Na colheita mecanizada o
importante é regular bem as máquinas evitando perdas quantitativas e qualitativas, ou seja, perdas de
grãos ou massa de grãos e redução da qualidade por trincamento e quebra do mesmo, causando uma
perda de 08 a 10%, sem esquecer das doenças que podem surgir através dessas causas.
Considerada uma das últimas etapas do programa de produção de grãos, o beneficiamento é a unidade
em que o produto adquire após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos,
rachados ou partidos, sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas e outros, as
qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões
comerciais.
A limpeza deve acontecer para remover as impurezas, restos culturais e retirada de grãos trincados,
quebrados ou ardidos do lote a ser armazenado (Fonseca, 2013). Existem varias formas de
armazenagem de grãos, depende somente da finalidade do mesmo, a armazenagem a granel é a forma
mais comum de armazenagem do milho, devido aos avanços tecnológicos disponíveis para os
produtores, através de maquinas e implementos. Apropriada para armazenamento de produções em
maior escala, pode ser feito em silos aéreos ou subterrâneos, e em armazéns em sistema hermético.
No armazenamento em sacarias o milho deve estar com umidade entre 12,5 a 14%, garantindo assim
a qualidade do milho, para isso a sacaria deve ser suspensa do piso, sobre estrados, e mantida distante
das paredes para haver circulação de carrinhos hidráulicos ou de pessoas, para inspeções e
movimentação de carga. Deve conter ventilação, limpeza e controle de pragas e ratos. Existe outro tipo
de armazenamento para pequenas propriedades com custo tecnológico mais baixo e durabilidade,
requer maior atenção no período de armazenamento, esse armazenamento de espigas favorece a boa
conservação, desfavorece o ataque de pragas.

Comercialização
A cultura do milho apresenta uma multiplicidade de usos. Logo, a comercialização é bastante difundida,
apresentando fluxos de comercialização direcionados para fabricas de rações, indústrias químicas,
mercado de consumo in natura e exportações. Nesta atividade, há os agentes intermediários que
movimentam este setor, reduzindo a produtividade média dos estabelecimentos que usam este meio
para venda.
O avanço tecnológico tem contribuído para o aumento da produção do milho, apresentando vantagens
em permitir, por exemplo, a antecipação da colheita, liberando terra para outras culturas; utilização de
um sistema de armazenamento mais simples e econômico, evitando o ataque de roedores e carunchos
nos grãos, diminuindo deste modo às perdas a campo; e conservação do valor nutritivo por um maior
período de tempo, com isso, a comercialização do produto ganha um incentivo, possibilitando maior
retorno econômico ao produtor.
O milho verde, comparado com o milho destinado para grão, apresenta resultados mais satisfatório e
expressivo no valor comercial. Nos períodos de entressafra, os preços de comercialização do milho são
mais altos, principalmente o milho verde. E os produtores que destinam a produção de milho para grãos,
aproveitam esta época para comercializar esse produto na forma de milho verde e o restante da lavoura
sendo triturada, destinada a compor a produção de silagem para alimentação animal . É importante que
o produtor faça um planejamento da semeadura para evitar o acúmulo da produção em uma só época,
obtendo, assim, quantidades adequadas do produto para um maior período de comercialização. Nas
pequenas propriedades, costumam destinar seus produtos ao comércio por meio de sacas e por varejo,
na base de espigas. Já em grandes lavouras, a comercialização é feita em estoques elevadíssimos,
vendido no atacado.

A CULTURA DA SOJA

CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA DA SOJA Reino: Plantae


Classe: Magnoliopsida
Família: Fabaceae
Gênero: Glycine
Espécie: GlycinemaxL. Merril Importância da soja:
Destino: 90% destinam-se ao esmagamento, e destes, 79% converte-se em ração animal.
O óleo de Soja representa 30% de todo óleo vegetal produzido no mundo.
Mais importante oleaginosa cultivada no mundo.

A produção mundial de soja foi de 224 milhões de toneladas em 2009.

ÁREA (%) DOS PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS DO


BRASIL (2007/2008)
2% ARROZ
6%FEIJÃO
MILHO 31%
SORGO 2%
TRIGO 4%
OUTROS 2%

Grão de soja
Farinha de soja
Floco de soja desengordurado Lecitina de soja
Óleo de soja bruto
Proteína isolada de soja
Proteína concentrada de soja
Composição das sementes: Proteínas 45 a 50%, gorduras ±21%, carboidratos ±34%, constituintes
biologicamente ativos como ácidos fético, saponinas, inibidores da tripsina, etc.

Tipo de germinação: Epígea – Dicotiledônea.

Nódulos nitrificantes em raiz de soja.


CAULE DA SOJA.
Caule Herbáceo e ereto Ramificações do caule
Cotiledonares Trifolioladas(alternadas) Duas simples (opostas)
FLOR DA SOJA. Flor da soja
Inflorescência (8 –40 flores)
FRUTO E SEMENTE DA SOJA.
Fruto (vagem –3 sementes)

Semente –forma variável


a) Determinado: O caule termina com um racemo terminal. Em solos férteis não se recomenda plantar
uma variedade determinada.

b) Indeterminado: Não apresenta o racemo terminal.

c) Semindeterminado, indeterminado: 60 a 70% da altura final, no início do florescimento.


Outras características: - Abscisão tardia - a folha fica retida pela planta – (característica indesejável); -
Deiscência (característica indesejável).

FENOLOGIA DA SOJA
Uma folha é considerada completamente desenvolvida, quando a folha do nó acima se estende
suficientemente, de tal modo que os dois bordos de cada folíolo não estejam se tocando.
Estádios de desenvolvimento: Fase vegetativa: VE; VC; V1 a Vn. Fase reprodutiva: R1 = Início do
florescimento até R8/9 = Maturação plena.
O conhecimento da fenologia possibilita otimizar os recursos naturais e insumos norteando as ações
de manejo no intuito de obter altas produtividades.
– Época de semeadura
– População
– Aplicação de Herbicidas
– Aplicação de Fertilizantes
– Aplicação de Fungicidas
– Colheita

FIGURA 1. ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DA SOJA.

A soja floresce, em condições de campo, somente quando os dias são diminuídos abaixo do valor
crítico para a variedade sendo denominada planta de dias curtos;
Existem variedades que apresentam um período de juvenilidade bastante longo, independente do
fotoperiodismo.
O fotoperiodismo é o fator mais importante na determinação da proporção relativa entre os períod os
vegetativos e reprodutivos, influenciado, também no período de florescimento até a formação da
vagem e, daí até a maturação, no número de nós e na altura da planta.
Comprimento do dia; Temperatura: -18 a 21°C –Germinação 5 a 7 dias; -Ideal –25°C;
-Extremos –10°C e 38°C; TºC Aumenta o período vegetativo.
Precipitação pluviométrica: O problema não é a falta de chuva e sim a sua distribuição;
Época de semeadura: Na época das chuvas (Final de outubro, novembro e início de dezembro).
População de plantas: 200 a 500 mil / plantas / ha, (devido a sua alta plasticidade)

CÁLCULO DA POPULAÇÃO DE PLANTAS POR HECTARE (PPHA)


espaçamento entre linhas
Referente a 1 hectare (10000 m²)

Bradyrhyzobium japonicum → específico para soja; Pico máximo de fixação vai até o enchimento do
grão.
Avaliação da FBN – (Fixação Biológica de Nitrogênio):
Nódulos maiores e em menor número (ideal);
Mais de meio centímetro de diâmetro e de coloração rósea (avermelhada) bem forte;
1º semana após a germinação, já se observa a formação de nódulos;

IMPORTANTE: Para melhor eficiência da operação, deve-se sempre aplicar primeiro o fungicida,
depois os micronutrientes (Mo e Co) e somente depois o inoculante.
1) Umidade e Temperatura do solo: Para germinação e emergência a soja requer a absorção de água
de pelo menos 50% do seu peso seco (T 25º ideal);
2) Cuidados na semeadura: Mecanismos de semeadura (Tipo de dosador de semente, Limitador de
profundidade, Compactadores de sulco);
3) Velocidade de operação da semeadora (entre 4 a 6 Km/h);
4) Profundidade: Entre 3 a 5 cm;
5) Posição semente / adubo: Ao lado e abaixo da semente;

6) Compatibilidade dos produtos químicos;


7) Época de semeadura;
8) Diversificação de cultivares: Emprego de duas ou mais cultivares, de diferentes ciclos, na mesma
propriedade, são eficientes para diminuir os riscos de perda de rendimento;
9) Cálculo da quantidade de sementes e regulagem da semeadora:
- Teste de campo: 4 amostras de 100 sementes, plantadas em fileiras, profundidade de plantio: 3 a
5cm. Com irrigação constante.
- 10 dias após o plantio faz-se a contagem (somente das plântulas vigorosas);
- % emergência campo = ∑ plantas emergidas ÷ 4
O número de plantas / metro a ser obtido é estimado em relação à população de plantas/ ha e o
espaçamento utilizado.
Nº plantas/m = {população plantas/ha X espaçamento(m)}÷ 10000
Cálculo do número de sementes / m de sulco:
Nº sementes/m = (nº de plantas/m X 100)÷ % emergência campo
Para estimar a quantidade de sementes que será gasta (Q) por hectare, em Kg/ ha:
Q = {(1000 X P X D) X 1,1}Fator de segurança, com acréscimo de 10% % de germinação
(emergência) em campo
Armazenar as sementes em galpão bem ventilado, sobre estrado de madeira e nunca em contato
direto com o piso nem em contato com paredes;
As melhores condições para a preservação das sementes são com temperatura sem torno de 25°C e
umidade do ar abaixo de 70%;
Não se deve empilhar a sacaria das sementes de soja próximo a fertilizantes, calcário ou defensivos;
Armazenar, de maneira organizada, por cultivar, lote, peneira e se a semente é convencional ou
geneticamente modificada (R). Identifique as pilhas para facilitar na hora do carregamento por ocasião
do plantio. Isso facilita o plantio, que deve estar organizado por cultivar e por talhão;
Certifique-se que o armazém esteja em condições adequadas, por exemplo, sem goteiras ou ratos.
Começa no ato de compra das sementes e insumos;
Observar as características de cada variedade (população, época e janela de plantio, sequência de
plantio);
Objetivando a estabilidade da produção.
Com relação à eficiência das plantadeiras:
a) Agilidade de abastecimento das plantadeiras;
b) Manutenção diária;
c) Treinamento das equipes;
d) Tamanho e forma dos talhões;
e) Acesso às lavouras (estradas);
f) Tipo de palha e manejo;
g) Chuva / seca;
h) Jornada de trabalho;
i) Folga das equipes.

Consequências da falta de planejamento:


a) Plantio antes ou depois da época ideal;
b) Plantio com pouca umidade;
c) Plantio com excesso de umidade;
d) Desuniformidadede emergência (não recupera mais);
e) Consequente diminuição do potencial de produção.
Principais observações para o plantio:
a) A umidade do solo deve estar entre 50 a 85% de água disponível no solo para uma boa
germinação;
b) Profundidade de plantio acima de 5 cm de profundidade favorecem a desuniformidade de
emergência, e também predispõem a infecções por fungos do solo;
c) Velocidade de plantio acima de 10 km/h, fazem com que a distribuição das sementes ocorra de
forma irregular;
d) Fazer a contagem das sementes nas linhas a fim de detectar possíveis falhas no plantio da área
inteira.

TRATAMENTO DE SEMENTES PARA 100 KG DE SEMENTES (PADRÃO SEMENTES OILEMA)

Fungicida:
•Derosal plus = 200 ml •Monceren = 150 g
Inseticida: •Standak = 100 ml

Inoculante e micronutriente:
•1 dose de inoculante(líquido ou turfa)
•Cofermol (Cobre, ferro e molibidênio) = 100 ml/ ha.
Responsabilidade social
Preocupação com o meio ambiente
Manejo e conservação para gerações futuras; Condições adequadas de trabalho, alimentação e
moradia aos colaboradores
Investimentos em recursos humanos, capacitação, orientação e supervisão adequados, e não
somente em tecnologia
Preservação de matas ciliares,e proteção às nascentes de água;
Combate a erosão, Terraceamento, semeadura em nível, Sistema de Plantio Direto (SPD);
Destinação final de embalagens vazias, triplice lavagem, MIP, produtos menos tóxicos.
“Operação de semeadura de culturas em solos não preparados mecanicamente, abre-se apenas um
sulco suficiente para obter boa profundidade e cobertura do solo.”

OBJETIVO DO SPD
Contenção dos processos erosivos do solo;
Exploração Agropecuário com práticas Agrícolas ordenadas e
Vantagens do sistema de plantio direto (SPD) na palha:
Controle da erosão;
Redução do tempo de plantio;
Consumo de combustível;
Conservação da umidade no solo;
Melhoria das condições físicas e químicas do solo;
Maior sustentabilidade ambiental;
Melhoria da qualidade de vida(Microbiologia do solo).
Desvantagens do Plantio Direto:
Maior custo de implantação do Sistema (descompactação do solo, aquisição de calcário e de adubos,
compra de implementos...);
Normalmente há necessidade de maior uso de herbicidas, principalmente no início;
Poderá haver maior incidência de pragas (lesmas e lagarta rosca) e doenças do solo.
A produtividade inicial (primeiros 3 anos) é um pouco reduzida quando comparada ao Sistema
Convencional, salvo exceções na cultura da soja.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DO SPD A cobertura permanente do solo;


A rotação de culturas.

EFEITOS DAS COBERTURAS SOBRE AS PLANTAS DANINHAS Alelopatia


Alteração do regime térmico
Luz: qualidade e quantidade
Barreira física à emergência
Retenção da água de chuva
Aumento da umidade do solo
Teor superficial de MO e atividade microbiana
Predação
Quebra de dormência

Para algumas espécies, a palhada tem eficiência comparável à dos herbicidas;


6 a 10 t de palha / ha proporcionam controles entre 50% e 85% para as espécies mais sensíveis;
Cobertura deve ser espessa e uniforme.
Brachiariaruziziensisem sobre semeadura da soja –R8
Redução populacional das plantas daninhas: O acúmulo de palha na superfície do solo atua como
agente físico e bioquímico nas alterações de germinação das plantas daninhas. Após 5 a 6 anos do
sistema implantado, pode-se reduzir o consumo de herbicidas, diminuindo o custo de produção.
Uma das principais operações na cultura da soja.
Também é fonte de várias perdas, tanto quantitativamente, quanto qualitativamente.
Manejo inadequado da lavoura, o mau preparo do solo, as cultivares, a época de semeadura, os
espaçamentos e estandes inadequados, a presença de plantas daninhas nas lavouras, a retenção
foliar (haste verde), o retardamento da colheita, a umidade da lavoura e a falta de regulagens e
manutenção das máquinas colhedoras
A operação de colheita ocorre mais eficientemente quando o teor de umidade das sementes é de
cerca de 13%.

Principais causas de perdas na colheita


Pela ação dos mecanismos da plataforma de corte (85%); sendo que a barra de corte (80%), o caracol
(13%) e o molinete (7%), são responsáveis por essas perdas;
Mecanismos internos (12%) como trilha, separação e limpeza;
E 3% pela debulha natural ou antes da colheita.

Com um quadro (de ferro) de 1m², coletar 3 amostras a cada 2 horas de colheita, em três pontos
diferentes no fundo da colheitadeira, fazendo assim, uma média das três amostras.
Média das amostras:
∑ das amostras ÷ 3 = nº de sementes.
Cálculo de perda de sementes por hectare (PSha):
Peso do grão (Peso médio de 1000 sementes, ex. 0,14) Valor da média das amostras coletadas
Cultura do Arroz (Oryza sativa)
O arroz cultivado é uma planta herbácea incluída na classe
Liliopsida (Monocotiledônea), ordem Poales, família Poaceae,
gênero Oryza. É uma planta da família das gramíneas que
alimenta mais da metade da população humana. É a terceira
maior cultura cerealífera do mundo, apenas ultrapassado pelo
milho e trigo.O arroz é uma gramínea anual, classificada no
grupo de plantas C-3, adaptada ao ambiente aquático. Esta
adaptação é devida à presença de aerênquima no colmo e nas
raízes da planta, que possibilita a passagem de oxigênio do ar
para a camada da rizosfera. Para expressão de seu potencial
produtivo, a cultura requer temperatura ao redor de 24 a 30°C e
radiação solar elevada, considerando que a disponibilidade
hídrica não é um fator limitante quando cultivada em condição
de solo inundado.
O ciclo de desenvolvimento do arroz pode ser dividido em três
fases principais: plântula, vegetativa e reprodutiva. A duração de
cada fase é função da cultivar, época de semeadura, região de
cultivo e das condições de fertilidade do solo. A duração do ciclo
varia entre 100 e 140 dias para a maioria das cultivares
cultivadas em sistema inundado, sendo que a maior parte da variação entre cultivares ocorre na fase
vegetativa. As cultivares de arroz de sequeiro tem duração de ciclo entre 110 e 155 dias.
As distintas variedades diferem no tamanho dos grãos e na altura da planta. Quase todas elas se
cultivam em planícies alagadas que podem continuar inundadas, mesmo durante o período de
crescimento do vegetal. Há variedades de sequeiro, cultivadas em terras altas. O sistema radicular
da planta é constituído por numerosas raízes fibrosas, longas e finas que permitem sua rápida
fixação no solo.
Até frutificar, a planta emite novas raízes que, ao se ramificarem, aumentam a capacidade de
absorção de nutrientes, o que possibilita o cultivo mesmo em solos pobres como, por exemplo, no
cerrado brasileiro. Das raízes surgem numerosas hastes formadas por uma série de nós e entrenós.
Cada nó traz uma folha e uma gema. O perfilhamento das hastes (cilíndricas) é maior nos solos mais
férteis e quando as plantas estão distanciadas entre si. As touceiras variam de três a cinquenta
colmos e cada colmo termina por uma inflorescência, uma panícula semelhante à aveia. As
espiguetas nascem em uma panícula aberta, que é ereta no florescimento e decumbente na
maturação. As flores são hermafroditas. O androceu possui seis estames que se reúnem em dois
verticilos de três estames cada um. O gineceu tem um único pistilo. O ovário contém um único óvulo.
O estigma, formado por três pequenos lobos, é séssil.
Os estames e os pistilos ficam contidos em duas glumas de forma navicular. Essas glumas aderem à
semente depois da maturação, formando a cariopse, que caracteriza o arroz em casca e é eliminada
após o beneficiamento. Cada panícula pode conter de 70 a 300 sementes, de 5 a 11 milímetros de
comprimento, com formas variando de oblonga, oblonga-estreita, arredondada ou recurvada.
Figura 1 - Características botânicas das plantas de Oryza sativa.

Dessa forma vai depender o valor econômico na hora da comercialização. As sementes são divididas
em grupos e subgrupos, cada qual com preço diferenciado. Não há uma base científica para a
classificação dos grãos, cuja nomenclatura varia conforme a região produtora. No Brasil, as
variedades mais comuns são:
a) agulha (de grãos finos e alongados, branco, dourado ou creme);
b) americano;
c) amarelo ou amarelão;
d) angola;
e) carioquinha (amarelo, branco ou quase preto);
f) pérola;
g) catete;
h) japonês.

Desenvolvimento
Plântula
Para germinar a semente de arroz precisa absorver água. Nas sementes em germinação, tanto o
coleóptilo quanto a radícula podem emergir primeiro. Em condições de ambiente seco, a radícula
pode emergir primeiro, mas em condições de semeadura em água o coleóptilo pode emergir
primeiro.
O número de dias da semeadura à emergência depende da temperatura e umidade do solo, nos
sistemas de semeadura em solo seco. Na semeadura em solo inundado (sistema pré germinado), a
duração deste sub período é função das temperaturas do solo, do ar, da água e do grau de
desenvolvimento da plântula por ocasião da semeadura.
A emergência da plântula de arroz ocorre devido ao alongamento da estrutura denominada
mesocótilo. A capacidade de desenvolvimento do mesocótilo depende da temperatura do solo, se a
água não for limitante. Por essa razão, em solos frios, a profundidade de semeadura deve ser menor
que a realizada em solos com temperatura mais alta.
Após a emergência, a plântula de arroz mantém-se através do uso das reservas presentes no grão,
por 10 a 14 dias. As raízes seminais, que se originam da semente, são as responsáveis pela
sustentação da plântula durante esse período. Este sistema radicular é temporário, pois entra em
degeneração logo que começam a surgir as raízes adventícias dos nós do colmo, logo abaixo da
superfície do solo.
Este segundo sistema radicular passa a constituir-se no principal mecanismo de extração de água e
nutrientes e de fixação da planta ao solo até o final do ciclo de desenvolvimento.

Vegetativo
Após o estabelecimento inicial, a planta começa a desenvolver a sua estrutura foliar, formando uma
folha em cada nó, de forma alternada no colmo. Durante as primeiras quatro a cinco semanas de
desenvolvimento, todas as folhas já estão formadas, sendo que o número total de folhas por planta
varia com a cultivar e época de semeadura.
Quando a quarta folha do colmo principal está com o colar formado, correspondendo
aproximadamente a três a quatro semanas após a emergência, a planta de arroz começa a emitir
perfilhos, que surgem dos nós do colmo numa ordem alternada. Esta capacidade de perfilhamento
faz com que o arroz tenha uma resposta elástica à densidade de semeadura, podendo compensar
baixas populações de plantas com maior número de perfilhos emitidos por planta. A capacidade de
perfilhamento depende da cultivar, densidade de semeadura, temperatura do solo, disponibilidade de
nitrogênio no solo e da altura da lâmina de água de irrigação. A duração do estádio de perfilhamento
é de três a quatro semanas.

Reprodutivo
A partir da diferenciação do primórdio da panícula (DPP), os entrenós do colmo começam a se
alongar rapidamente e a planta cresce a taxas muito elevadas. Este é um mom ento crítico no
desenvolvimento da planta, pois está sendo formado o número de grãos por panícula. Por isto é
importante que, durante este período, a planta não sofra estresses, principalmente os causados por
temperatura baixa (inferior a 17°C) e deficiência de nutrientes.
O subperíodo que antecede imediatamente à floração é denominado emborrachamento, o qual inicia
entre 7 e 10 dias antes da floração com a divisão das células-mãe dos grãos de pólen. O momento
em que ocorre essa divisão é o mais crítico a temperaturas baixas. Por isto, a semeadura deve ser
realizada em época que possibilite a coincidência dessa fase com o mês que tenha as menores
probabilidades de ocorrência de temperaturas baixas.
O arroz é uma planta autofecundada, com a polinização ocorrendo primeiro nas espiguetas da
extremidade superior da panícula, seguindo para a base. Ventos quentes, secos ou úmidos afetam
seriamente a fecundação dos estigmas, reduzindo o número de grãos formados. Por outro lado,
baixas temperaturas da água e do ar também podem causar efeito similar. Por ocasião da floração, a
planta de arroz atinge sua máxima estatura e área foliar. Boas condições de luminosidade no período
compreendido entre 20 dias antes a 20 dias após a floração aumenta a eficiência de uso do N e,
consequentemente, contribuem para maior rendimento de grãos.
A duração do período de formação e enchimento de grãos oscila entre 30 a 40 dias. Essa diferença
decorre, principalmente, da variação da temperatura do ar, havendo pouca influência do ciclo da
cultivar. Os grãos passam pelas etapas de grãos leitosos, grãos pastosos e grãos em massa, que
dura até atingirem a maturação fisiológica. Considera-se que o grão atingiu a maturação fisiológica
quando está com o máximo acúmulo de massa seca. Teoricamente, o arroz poderia ser colhido
nesta fase, desde que fossem dadas condições para secagem imediata, uma vez que a umidade dos
grãos ainda é elevada, na faixa de 30%. Normalmente, espera-se que a umidade caia para 22% para
se iniciar a colheita mecanizada. Ao se atingir a maturação fisiológica o peso de grãos já está
determinado. Contudo, qualquer deficiência nutricional ou ocorrência de pragas ou moléstias durante
o período de formação e enchimento de grãos reflete-se em menor peso de grãos.
No período compreendido entre a maturação fisiológica e a maturação de colheita, os grãos passam
por um processo físico de perda de umidade. Sua duração pode variar de uma a duas semanas,
dependendo das condições climáticas vigentes. Temperatura do ar elevada e umidade relativa baixa,
associadas à ocorrência de ventos, aceleram o processo de perda de umidade nos grãos.

Escala de desenvolvimento
A eficiência da adoção de uma dada tecnologia agrícola depende da aplicação correta e da
determinação do momento oportuno de sua aplicação. O uso de uma escala apropriada para
expressar o desenvolvimento da planta permite maior precisão na época de aplicação de práticas de
manejo, além de melhorar a comunicação entre técnicos e produtores.
Não é correto relacionar-se o desenvolvimento da planta à idade cronológica, expressa em dias após
a emergência, uma vez que ela pode variar amplamente em função de cultivar, temperatura do solo,
do ar e da água, disponibilidade de radiação solar, condições hídricas e nutricionais, época de
semeadura, região de cultivo e estação de crescimento.
Assim, é importante que sejam identificados com maior precisão os estádios de desenvolvimento:
a) em que são aplicadas as práticas de manejo;
b) em que as respostas das plantas aos diferentes tratamentos são avaliadas;
c) em que ocorrem algumas condições meteorológicas adversas, tais como baixas temperaturas e
danos por granizo, que causam prejuízos às plantas.
Desta forma, haverá maior entendimento do desenvolvimento da planta e melhoria nas condições de
manejo da cultura.
As escalas de desenvolvimento são formadas de letras e números, sendo:
a) S – semente e plântula (Figura 2);

Figura 2 - Estádios de desenvolvimento da plântula com identificadores morfológicos. Retirado de


Recomendações Técnicas do Arroz (2007).

b) V – vegetativo;
c) R – reprodutivo.

As escalas fenológicas do arroz podem ser resumidas em fase de plântula, vegetativa e reprodutiva
(Figura3 e Tabela 1).

Figura 3 - Estádios fenológicos da cultura do arroz. Autoria de José Luis da Silva Nunes (2010).

Tabela 1 - Escala fenológica da cultura do arroz. Autor: José Luis da Silva Nunes (2010).
Os componentes de rendimento de grãos para a cultura do arroz são definidos conforme os estádios
de desenvolvimento da planta (Tabela 2).

Tabela 2 - Estádios do desenvolvimento em que são definidos os componentes do rendimento de


grãos de arroz. Retirado de Recomendações Técnicas do Arroz (2007).

CULTURA DO FEIJÃO
O gênero Phaseolus originou-se nas Américas e compreende aproximadamente 55 espécies, das
quais apenas cinco é cultivado: o feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris); o feijão de lima (P. lunatus);
o P. polyanthus; o feijão Ayocote (P. coccineus) e o feijão tepari (P. acutifolius).
Existem diversas hipóteses para explicar a origem e domesticação do feijoeiro. Tipos selvagens,
similares a variedades criolas simpátricas, encontrados no México e a existência de tipos
domesticados, datados de cerca de 7.000 a.C., na Mesoamérica, suportam a hipótese de que o
feijoeiro teria sido domesticado na Mesoamérica e disseminado, posteriormente, na América do Sul.
Por outro lado, achados arqueológicos mais antigos, cerca de 10.000 a.C., de feijões domesticados na
América do Sul (sítio de Guitarrero, no Peru) são indícios de que o feijoeiro teria sido domesticado na
América do Sul e transportado para a América do Norte.
Dados mais recentes, com base em padrões eletroforéticos de faseolina, sugerem a existência de três
centros primários de diversidade genética, tanto para espécies silvestres como cultivadas: o
mesoamericano, que se estende desde o sudeste dos Estados Unidos até o Panamá, tendo como
zonas principais o México e a Guatemala; o sul dos Andes, que abrange desde o norte do Peru até as
províncias do noroeste da Argentina; e o norte dos Andes, que abrange desde a Colômbia e
Venezuela até o norte do Peru. Além destes três centros americanos primários, podem ser
identificados vários outros centros secundários em algumas regiões da Europa, Ásia e África, onde
foram introduzidos genótipos americanos.

IMPORTÂNCIA DA CULTURA
O feijão tem extrema importância econômica e social no Brasil. De acordo com os valores divulgados
pela Companhia de Abastecimento (Conab), na safra 2005-06, o feijão representou o quinto granífero
mais produzido, ficando atrás apenas da soja, do milho, do arroz e do trigo.
A cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) tem grande importância na alimentação humana, em vista
de suas características protéicas e energéticas. Em nosso país, esta leguminosa tem importância
social e econômica, por ser responsável pelo suprimento de grande parte das necessidades
alimentares da população de baixo poder aquisitivo, que ainda tem apresentado taxas de crescimento
relativamente altas e também pelo contingente de pequenos produtores que se dedicam à cultura.
Os grãos representam uma importante fonte protéica na dieta humana dos países em
desenvolvimento das regiões tropicais e subtropicais. De toda a produção mundial 47% provem das
Américas e cerca de 10% do leste e sul da África.

PRINCIPAIS PRODUTORES
A produção mundial de feijão vem crescendo progressivamente desde os anos 60. Nessa década, os
produtores repassavam o produto diretamente para consumidores da própria região, cooperativas,
comerciantes primários e governo. Nessa época existiam apenas duas safras (das águas e da seca), e
maior parte do feijão era cultivado em consórcio.
No início da década de 80 alcançou cerca de 15 milhões de toneladas e desde o seu final passou a
oscilar em torno de 16 milhões de toneladas.
Cerca de 65% da produção mundial provem de apenas seis países (Brasil, Índia, México, Mianmar,
Estados Unidos e China). O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, responsável por 16,5% da
produção mundial, seguido pela Índia e México, responsáveis, respectivamente, por 16,4% e 9% da
produção.
Em 2005, Minas Gerais (559.570 t) suplantou ligeiramente o Paraná (557.019 t), até então o maior
produtor nacional de feijão. O produto é cultivado em todos os estados, sendo que cinco deles (MG,
PR, BA, GO e SP) foram responsáveis por cerca de 69% da safra total.
A produção nacional de feijão em 2005 totalizou 3.021.495 t, um incremento de 1,8% frente ao ano
anterior, conseqüência do aumento no rendimento médio, de 745 kg ha-1 em 2004 para 806 kg ha-1 em
2005, uma vez que a área colhida de 3.748.407 ha, foi inferior à do ano anterior (3.978.660 ha).
O excedente exportado é muito pequeno, pois, os principais consumidores também são os principais
produtores da cultura, sendo o volume transacionado entre países muito pequenos, girando em torno
de 5% (Spers & Nassar, 2004).
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as importações de
feijão foram de: 78 mil toneladas (safra 1999-00), 129 mil toneladas (safra 2000-01), 82 mil toneladas
(safra 2001-02), 103 mil toneladas (safra 2002-03) e 100 mil toneladas (safra 2003-04), enquanto que
as exportações foram de 2 mil toneladas em cada uma das referidas safras, exceto na safra 2003-04,
que foi de 3 mil toneladas.
É possível explorar a cultura em três épocas distintas, divididas em três safras consecutivas: Primeira
safra ou “safra das águas”, Segunda safra ou “safra da seca” e Terceira safra ou “safra de inverno”.
A safra das águas, cujo plantio é realizado entre os meses de agosto e novembro e a colheita entre
novembro e abril, está concentrada nas regiões Sul e Sudeste e no Estado da Bahia, na região de
Irecê. É a maior das três safras, em produção e rendimento.
A safra da seca é normalmente plantada entre janeiro e março e colhida entre abril e julho. Essa safra
abrange os estados das regiões Sudeste e Sul, com concentração na Região Nordeste que, em anos
normais, contribui com mais de 50% da produção. Segundo a Embrapa Arroz e Feijão, a safra da
seca, tanto no sistema solteiro quanto consorciado, representa a maior área de cultivo na produção
nacional de feijão, cerca de 48% da área plantada. No entanto, apresenta a menor produtividade
quando comparada às outras safras.
Na safra de inverno, cultiva-se o feijão irrigado. A plantação ocorre entre abril e julho e a colheita entre
agosto e outubro. A decisão de plantio influenciada pelo comportamento dos preços na
comercialização do feijão colhido na safra da seca.
Atualmente, as duas primeiras safras são responsáveis por cerca de 80% da produção nacional, que
provém de 3,5 milhões ha de lavouras de pequenos e médios produtores que utilizam na sua maioria,
mão-de-obra familiar com baixo nível tecnológico, o que reflete como conseqüência uma produtividade
média de 752 kg ha-1, considerada baixa.
A safra de inverno, de aproximadamente 800 mil ha, garante os 20% restantes da produção e tem
como origem lavouras com alto nível tecnológico, onde a irrigação é essencial para alcançar
produtividades médias de 1.546 kg ha-1. A cultura de feijão, na safra de inverno, vem aumentando e
existem previsões de que a produção dessa safra vai se equilibrar e superar as outras duas.

CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
Do ponto de vista taxonômico o feijão comum é o verdadeiro protótipo do
gênero Phaseolus, classificado por Linneo em 1753.
Reino: Vegetal
Ramo: Embryophytae syphonogamae
Sub-ramo: Angiospermae
Classe: Dicotyldoneae
Ordem: Rosales
Família: Fabaceae
Subfamília: Faboideae (Papilioideae)
Tribo: Phaseoleae
Gênero: Phaseolus
Espécie: Phaseolus vulgares L.

MORFOLOGIA
1. Raiz: o sistema radicular do feijoeiro é formado por uma raiz principal, ou primária, da
qual se desenvolvem, lateralmente, as raízes secundárias e terciárias. Ademais, os pêlos absorventes
estão sempre presentes nas proximidades das regiões de crescimento. Em geral, a raiz primária
possui maior diâmetro do que as demais, especialmente na fase jovem da planta.
O sistema radicular é bastante superficial 20 – 40 cm do solo. Esta pequena profundidade das raízes
torna-o bastante sensível à deficiência hídrica, e torna a planta com baixa eficiência em absorver
nutrientes, exigindo por isso solos férteis ou boas adubações, de modo que os nutrientes estejam
próximos das raízes, em quantidades suficientes e no momento adequando.
1. Caule: é herbáceo (haste), constituído por eixo principal, formado por uma sucessão de
nós e entre-nós. O primeiro nó constitui os cotilédones, o segundo corresponde à inserção das folhas
primárias e o terceiro, das folhas trifolioladas; a porção entre as raízes e os cotilédones é o hipocótilo e
entre os cotilédones e as folhas primárias, o epicótilo.
2. Folhas: são simples e opostas nas folhas primárias; e compostas, constituídas de três
folíolos (trifolioladas), com disposição alterna, características das folhas definitivas. Quanto à
disposição dos folíolos, um é central ou terminal, simétrico, e dois são laterais, opostos e assimétricos.
A cor e a pilosidade variam de acordo com a cultivar, posição na planta, idade da planta e condições
do ambiente.
1. Flores: São agrupadas em inflorescências do tipo rácimo axilar (no hábito de
crescimento indeterminado) e rácimo terminal (no hábito determinado). É uma planta autógama, com
taxa de cruzamento natural em torno de 2%. Apresentam cálice verde e a corola é composta por cinco
pétalas: uma mais externa e maior denominada estandarte; duas laterais menores, estreitas,
chamadas asas, e duas inferiores, fusionadas, enroladas em espiral, envolvendo os

órgãos reprodutores, denominadas de quilha. O androceu é constituído de nove estames soldados na


base e um livre, denominado vexilar. O gineceu possui ovário comprido, é súpero, unicarpelar,
pluriovulado; o estilete é encurvado e o estigma é lateral, terminal. Quanto à coloração, as flores
podem ser branca, amarelada, rosada ou violeta.
1. Fruto: é um legume, deiscente, constituído de duas valvas unidas por duas suturas,
uma dorsal e outra ventral; a forma pode ser reta, arqueada ou recurvada e o ápice, abrupto ou
afilado, arqueado ou reto. A cor é característica da cultivar, podendo ser uniforme ou apresentar
estrias e variar de acordo com o grau de maturação (imaturo, maduro e completamente seco): de
verde, verde com estrias vermelhas ou roxas, vermelho, roxo, amarelo, amarelo com estrias vermelhas
ou roxas, até marrom.
1. Semente: exalbuminada, isto é, não possui albume, as reservas nutritivas estão
concentradas nos cotilédones. Constituída, externamente, de um tegumento ou testa, hilo (cicatriz do
pedúnculo), micrópila e rafe; internamente, de um embrião formado pela plúmula, duas folhas
primárias, hipocótilo, dois cotilédones e radícula.

Figura 1. Semente do feijão. 1.Cotilédone; 2.Radícula; 3.Plúmula; 4. Tegumento; 5. Hilo; 6. Micrópila;


Pode ter várias formas: arredondada, elíptica, reniforme ou oblonga, e tamanhos que variam de muito
pequenas (<20g/100 sementes) a grandes (>40g/100 sementes) e apresentar ampla variabilidade de
cores, variando do preto, bege, roxo, róseo, vermelho, marrom, amarelo, até o branco. O tegumento
pode ter uma cor uniforme (cor primária) ou duas (cor primária e secundária), expressa na forma de
estrias, manchas ou pontuações; pode ter brilho ou brilho intermediário ou não ter brilho (opaca).

FENOLOGIA
Fenologia é o estudo dos eventos periódicos da vida vegetal em função da sua reação às condições
de ambiente e sua correlação com aspectos morfológicos da planta. Assim, percebe-se que o conceito
de fenologia envolve o conhecimento de todas as etapas de crescimento e desenvolvimento da vida
vegetal como a germinação, emergência, elaboração do aparato fotossintético, florescimento,
aparecimento de estruturas reprodutivas e maturação dos frutos e sementes.
O desenvolvimento do feijoeiro compreende duas grandes fases distintas, denominadas de Fases
Vegetativas e Reprodutivas, diferenciadas entre si pela manifestação de diferentes eventos. A fase
vegetativa tem seu início compreendido entre a germinação até o aparecimento dos primeiros botões
florais. A fase reprodutiva transcorre desde a emissão dos botões florais até o pleno enchimento de
vagens e a maturação das sementes. Nessa fase evidencia-se notória sensibilidade à deficiência
hídrica e excesso de água.

Descrição dos Estádios Fenológicos


Estádio Vegetativo:
1. Estádio V0 (Germinação): após a absorção de água pela semente, inicia-se o processo
de germinação, caracterizado pelo aparecimento da radícula (geralmente pelo lado do hilo). O feijão
possui grande sensibilidade à falta de água após a semeadura. Ainda, o feijoeiro não apresenta
satisfatória tolerância à semeadura profunda. Temperaturas inferiores a 12 oC reduzem
significativamente a taxa e a velocidade de germinação das sementes. Por outro lado, valores de
temperatura próximos a 25oC, favorecem consideravelmente o processo referido.
2. Estádio V1 (Emergência): a emergência é caracterizada pela presença dos cotilédones
acima da superfície do solo em processo de desdobramento da “alça” do hipocótilo. A seguir, o
epicótilo alonga-se e as folhas primárias, que já se encontravam diferenciadas no embrião da
semente, expandem-se.

1. Estádio V2 (Desdobramento das folhas primárias): a rapidez do desdobramento, a


conformação e o tamanho da folhas primárias são extremamente importantes para o estabelecimento
da cultura no campo por representar a sede inicial de conversão de energia. Normalmente, o tamanho
potencial das folhas primárias está relacionado com o tamanho das sementes. Salienta-se também
que o tamanho e a conformação das folhas primárias podem ser reduzidos e afetados pela maior
profundidade de semeadura, pela incidência de pragas e fungos de solo, pela escassez de água, além
de ser influenciada pela integridade e vigor das sementes.
1. Estádio V3 (Emissão da primeira folha trifoliada): inicia-se quando a primeira folha
trifoliada ou verdadeira encontra-se plenamente desdobrada, o que pode ser caracterizado pela
constatação dos folíolos em posição horizontal. Nesse estádio, os cotilédones encontram-se em fase
final de exaustão e, freqüentemente, já sofreram o processo de abscisão. Desta forma, a planta passa
a depender diretamente dos nutrientes presentes no solo. O período compreendido entre os estádios
V1 e V3, conferem à planta de feijão mais tolerância a estresses hídricos e baixas temperaturas, em
níveis moderados.
1. Estádio V4 (Emissão da terceira folha trifoliada): neste período, a terceira folha
trifoliada está plenamente desdobrada e tem início o processo de ramificação da planta. O tipo de
ramificação (principalmente o número e o tamanho dos ramos) depende de inúmeros fatores, tais
como genótipo (características da variedade), condições ambientais, sistemas de produção adotados e
densidade de semeadura, além de outros.

Estádio Reprodutivo:
1. Estádio R5 (Botões florais): esse estádio é caracterizado pelo aparecimento dos
primeiros botões florais. Nas variedades de hábito de crescimento indeterminado (II, III e IV) o
desenvolvimento vegetativo prossegue, mediante a emissão de novos nós, ramos e folhas. O
genótipo, a temperatura, restrições hídricas e fotoperíodo constituem-se nos principais elementos
determinantes do momento do aparecimento dos botões florais.
1. Estádio R6 (Florescimento): a abertura das primeiras flores define o presente estádio.
Nas plantas de hábito de crescimento determinado (TIPO I), a floração tem início no último nó da haste
principal e prossegue em sentido descendente. Nas plantas de hábito de crescimento indeterminado
(TIPOS II, III e IV), a abertura das flores segue sentido ascendente. Quanto à necessidade de água,
períodos de estresses hídricos de uma semana por ocasião da floração podem acarretar queda de
rendimento ao redor de 48%.
1. Estádio R7 (Início da formação das vagens): o presente estádio é caracterizado pelo
aparecimento das primeiras vagens, após a murcha da corola, apesar da planta continuar emitindo
novas flores, por tempo variável relacionado aos tipos de plantas correspondentes. Deficiências
hídricas nesse estádio proporcionam a diminuição da produção pela redução da fotossíntese e do
metabolismo da planta, pela queda de vagens jovens (abortamento) e pela retração do tamanho das
vagens em fase de crescimento. Perdas correspondentes a 58% podem ocorrer quando a limitação
hídrica ocorre no período efetivo de formação de vagens.
1. Estádio R8 (Enchimento das vagens): a etapa R8 inicia com o enchimento da primeira
vagem. Nesse estádio, o tamanho da vagem já se encontra definido e a ocorrência de condições
climáticas desfavoráveis, principalmente falta de água e nutrientes, poderão concorrer para a redução
da produção, em número e peso de grãos. No final da presente etapa, evidencia-se o início do
processo de pigmentação das sementes e em seguida das vagens. No estádio R 8 finaliza-se,
normalmente, a emissão de novas folhas por parte das variedades com hábito de crescimento
indeterminado, além de se observar o início do amarelecimento e queda das folhas inferiores da
planta.
1. Estádio R9 (Maturidade das vagens): o referido estádio é caracterizado pela mudança
da cor das vagens (amarela ou pigmentada de acordo com a variedade). As sementes adquirem sua
cor e brilho final. O processo de senescência da planta (amarelecimento e queda das folhas) se
acelera. A evolução normal dessa etapa exige a ausência ou baixa disponibilidade de água no
sistema.

Hábito de Crescimento: Tipos de Plantas


Os hábitos de crescimento são agrupados e caracterizados em quatro tipos principais:
Tipo I - hábito de crescimento determinado, arbustivo e porte da planta ereto.
1. Haste principal e os ramos laterais terminando em inflorescência;
2. Talo principal resistente (pouco ramificado);
3. Pequeno porte (25 – 50 cm);
4. Ciclo precoce;
5. Período de florescimento reduzido;
6. Uniformidade de maturação de vagens;
Tipo II- hábito de crescimento indeterminado, arbustivo, porte da planta ereto e caule pouco
ramificado.
1. Haste principal de crescimento vertical, ramos laterais não numerosos e geralmente
curtos;
2. Satisfatório potencial produtivo;
3. Hábito de crescimento propicia adequada distribuição de flores e vagens na planta
(melhor qualidade);
Tipo III- hábito de crescimento indeterminado, prostrado ou semiprostado, com ramificação bem
desenvolvida e aberta.
1. Grande número de ramificações;
1. Guias longas + ramos laterais bem desenvolvidos = aptidão trepadora;
1. Período de florescimento amplo (15 a 20 dias);
1. Grande potencial de produção;
1. Grande desuniformidade de maturação das vagens e grande quantidade de vagens
localizadas na parte baixa da planta;
Tipo IV- hábito de crescimento indeterminado, trepador; caule com forte dominância apical e número
reduzido de ramos laterais, pouco desenvolvido.
1. Grande desenvolvimento da haste principal (dois a três metros), baixo n o de ramos
laterais;
1. Grande no de nós presentes (30 nós) e acentuada dominância apical;
1. Floração se prolonga por semanas (Colheita parcelada);
1. Não são cultivadas no Brasil (exceção – produção de vagens verdes);

CLIMA
Temperatura
Para que o feijoeiro possa atingir seu rendimento potencial, torna-se necessário que a temperatura do
ar apresente valores mínimo, ótimo e máximo como sendo 12ºC, 21ºC e 29ºC, respectivamente. Com
relação à germinação do feijoeiro, valores de temperatura em torno de 28°C são considerados ótimos.
Se as baixas temperaturas ocorrerem imediatamente após a semeadura, podem impedir, reduzir ou
atrasar a germinação das sementes e a emergência das plântulas, podendo resultar em baixa
população de plantas e, conseqüentemente, baixa produtividade. Durante o crescimento vegetativo,
baixas temperaturas reduzem a altura da planta e o crescimento de ramos, conduzindo à produção de
pequeno número de vagens por planta.
Alta temperatura talvez seja o fator climático que exerce maior influencia sobre o aborto de flores e
sobre o vigamento e a retenção final das vagens no feijoeiro, sendo responsável pela redução no
número de sementes por vagem. É importante ressaltar que altas temperaturas também podem ser
decisivas na ocorrência de diversas enfermidades que acometem a cultura do feijão, principalmente se
associada à alta umidade relativa do ar.
O rendimento de grãos do feijoeiro é bastante afetado quando a temperatura do ar, na floração,
apresenta valores acima de 35°C. Da mesma forma, temperaturas do ar abaixo de 12°C podem
provocar abortamento de flores, concorrendo para um decréscimo no rendimento do feijoeiro. Além
disso, áreas que apresentem umidade relativa e temperatura do ar acima de 70% e 35°C,
respectivamente, podem provocar a ocorrência de várias doenças.

Umidade do solo
A cultura do feijão requer boa disponibilidade de água no solo durante todo o ciclo, principalmente nas
etapas de germinação/emergência, floração e enchimento do grão, as mais críticas com relação a este
aspecto.

Exigências hídricas
A cultura exige um mínimo de 300 mm de precipitação pluviométrica bem distribuídos durante o ciclo.
É mais suscetível a déficit hídrico durante a floração e no estádio inicial de formação das vagens. O
período crítico ocorre 15 dias antes da floração. O déficit hídrico causa redução do rendimento devido
ao menor número de vagens/planta e, em menor escala, à diminuição do número de sementes/vagem.

O efeito negativo causado pela redução de água fornecida a cultura pode ser minimizado conhecendo-
se as características pluviais de cada região e o comportamento das culturas em suas fases
fenológicas, ou seja, semeando nos períodos em que a probabilidade de redução da pluviosidade é
menor durante o florescimento e enchimento de grão.
Excesso de água no solo
A época de ocorrência do excesso de água no solo poderá ocasionar diferentes tipos de prejuízos à
cultura do feijão. Durante o período de estabelecimento da cultura, o excesso de água no solo
prejudica a germinação e limita o desenvolvimento das raízes, tornando ainda mais superficial o
deficiente sistema radicular do feijoeiro. Além disso, pode favorecer a incidência de doenças
radiculares, reduzindo a sobrevivência das plântulas. Se o excesso de umidade ocorrer durante o
crescimento vegetativo, a superfície muito úmida do solo pode também favorecer a ocorrência de
algumas enfermidades da parte aérea. É comum ainda o alongamento excessivo da primeira porção
da haste principal do feijoeiro, o hipocótilo, tornando a planta mais sensível ao acamamento.
As etapas de florescimento e frutificação são as mais sensíveis à má aeração do solo. A inundação no
período de florescimento por dois, quatro ou seis dias pode ocasionar reduções na produção da ordem
de 48%, 57% ou 68%, respectivamente.
Excesso de água no solo na fase de maturação do feijão pode ainda prolongar o ciclo cultural e
atrasar as operações da colheita, além de provocar a brotação e o aparecimento de manchas no grão,
principalmente em cultivares de hábito de crescimento semiprostado ou prostado, nos quais as vagens
podem ficar em contato com o solo.

SOLO
O feijoeiro é uma cultura relativamente exigente no que diz respeito a condições físicas e químicas do
solo. Dessa forma, é importante a escolha da área onde a cultura vai ser implantada para se obter o
potencial máximo de produtividade da cultura. O feijoeiro pode ser cultivado em solos de textura
variando de arenosa leve até argilosa. Solos muito argilosos e com problemas de drenagem devem
ser evitados. O feijoeiro não tolera excesso contínuo de água no solo.
Também devem ser evitados solos argilosos com tendência a formação de crosta superficial como
também aqueles sujeitos a formação de camada compacta subsuperficie (pé-de-grade) que interfere
no crescimento radicular do feijoeiro e conseqüentemente na produtividade final.
O feijoeiro deve ser cultivado em solos sem impedimentos físicos, de pH 5,5 a 6,0; de boa fertilidade e
disponibilidade de água. Quanto menor o pH do solo, maior o efeito de íons tóxicos (Al +++, Mn++, e H+)
que limitam o crescimento radicular, o desenvolvimento da parte aérea e a produção, menor a
disponibilidade de nutrientes para as plantas e menor fixação simbiótica de nitrogênio, resultando em
menor crescimento e menor rendimento de grãos.
A disponibilidade de nutrientes logo após a germinação é essencial para o estabelecimento da cultura.
Qualquer limitação no suprimento de nutrientes no período logo após a germinação da semente atrasa
e diminui a formação de raízes, comprometendo o crescimento das plantas.
Solos com elevado teor de sais podem trazer sérios inconvenientes à implantação de lavouras de
feijão, uma vez que o feijoeiro é uma das espécies mais sensíveis a elevados teores de sódio trocável
e também à alta condutividade elétrica no solo.
Cuidado especial deverá ser tomado com o controle da erosão nas lavouras, pelo fato do feijão possuir
um crescimento inicial muito lento, o solo fica demasiadamente exposto à ação erosiva nesta fase,
principalmente na semeadura das “águas”, quando chuvas fortes são mais freqüentes.
Sempre que possível deve-se evitar áreas cultivadas recentemente com feijão. A semeadura de feijão
na mesma área pode favorecer a incidência de doenças de solo e da parte aérea da cultura.

ADUBAÇÃO MINERAL E CALAGEM


A prática da adubação depende de vários fatores, os quais devem ser previamente analisados no
sentido de aconselhar os agricultores a praticarem uma adubação mais adequada, quanto aos
aspectos agronômicos (que obtenha maior eficiência dos fertilizantes) e econômico (que resulte em
maior renda líquida ao produtor). Uma recomendação de adubação que atenda a esses princípios
deve ser fundamentada nos seguintes aspectos:
1) em resultados de análises de solo, complementadas pela análise de planta;
2) numa análise do histórico da área;
3) no conhecimento agronômico da cultura;
4) no comportamento ou tipo da cultivar;
5) no comportamento dos fertilizantes no solo;
6) na disponibilidade de capital do agricultor para aquisição de fertilizantes; e
7) na expectativa de produtividade. Portanto, a recomendação de adubação para o feijoeiro, bem
como para qualquer outra cultura, depende da análise cuidadosa de todos esses fatores, ressaltando
que não existe uma regra geral a seguir nas recomendações de adubação.
Quanto à cultura do feijoeiro, aquantidade de fertilizantes varia de acordo com a época de plantio,
quantidade e tipo de resíduo deixado na superfície do solo pela cultura anterior e com a expectativa de
rendimento. Geralmente, varia de 60 a 150 kg ha-1 de nitrogênio; de 60 a 120 kg ha-1 de P2O5 ,
dependendo, evidentemente, do teor disponível de fósforo no solo, das condições de risco e da
expectativa de rendimento de grãos, e de 30 a 90 kg ha-1 de K2O.
Para correção do solo em termos de cálcio, magnésio, enxofre, pH e precipitação do alumínio na
forma de hidróxido, normalmente utiliza-se a calagem. A calagem é uma técnica economicamente
viável devido ao baixo custo do calcário.

FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO


O feijoeiro como outras leguminosas de interesse agrícola, pode utilizar nitrogênio atmosférico por
intermédio da associação simbiótica com as bactérias dos nódulos radiculares – os rizóbios. No caso
específico do feijão, a simbiose pode ocorrer com as seguintes espécies de bactéria: Rhizobium
leguminosarum phaseoli, R tropici, R. gallicum e R. giardinii.
Nas zonas produtoras, os feijoeiros normalmente exibem nódulos nas raízes, comprovando a
presença de rizóbios no solo. Isso não significa, necessariamente, que a fixação simbiótica esteja
resolvendo o problema de fornecimento de nitrogênio aos feijoeiros, tornando dispensável a adubação
nitrogenada. Na realidade, a experimentação agronômica tem revelado que, em muitos casos, a
aplicação do fertilizante nitrogenado é necessária quando almejamos alta produtividade da cultura, a
despeito da presença de rizóbios, comprovada pela nodulação. Diversos fatores podem estar
contribuindo para essa situação como: condições química e física do solo, cultivar, estirpe de rizóbio,
condições climáticas e rizóbios já existentes no solo.
Então, a inoculação de bactérias do grupo dos rizóbios, capazes de fixar o nitrogênio atmosférico e
fornecê-lo à planta, é uma alternativa que pode substituir, ainda que parcialmente, a adubação
nitrogenada. Resultados indicam que a cultura do feijoeiro, em condições de campo, pode se
beneficiar do processo da fixação biológica de nitrogênio (FBN) alcançando níveis de produtividade de
até 2.500 kg ha-1.
O inoculante brasileiro, durante muito tempo, foi produzido utilizando-se bactérias que eram obtidas no
exterior e testadas pelas instituições de pesquisa no Brasil. Com a evolução destes estudos, revelou-
se a inequação destas estirpes aos solos tropicais, uma vez que estão sujeitas a um elevado grau de
instabilidade genética, comprometendo sua capacidade de fixar nitrogênio. Este fato pode explicar,
pelo menos parcialmente, a decepção de muitos agricultores com o uso do inoculante nesta cultura até
bem recentemente.
Atualmente, o inoculante comercial para o feijoeiro no Brasil é produzido com uma espécie de rizóbio
adaptada aos solos tropicais, o Rhizobium tropici, resistente a altas temperaturas, acidez do solo e
altamente competitiva, ou seja, em condições de cultivo favoráveis é capaz de formar a maioria dos
nódulos da planta, predominando sobre a população de rizóbio presente no solo.
A eficiência da FBN, entretanto, depende das condições fisiológicas da planta hospedeira que fornece
a energia necessária para que a bactéria possa realizar eficientemente este processo. Além da
calagem, é importante proceder a correção do solo com os demais nutrientes. Ressalta-se a
importância do fornecimento de fósforo, deficiente na maioria dos solos tropicais, o qual tem efeito
marcante sobre a atividade da nitrogenase, devido ao alto dispêndio energético promovido pela
atividade de FBN. O molibdênio é um micronutriente que tem efeito marcante sobre a eficiência da
simbiose, sendo um constituinte estrutural da enzima nitrogenase, que, dentro do nódulo, executa a
atividade de FBN. A aplicação foliar de molibdênio promove aumentos de produtividade em feijoeiro
inoculado, sendo que há vários produtos disponíveis no mercado para esta finalidade.
Apesar de o feijoeiro ser uma planta com grande capacidade de aproveitamento do nitrogênio
disponível no solo, a aplicação de adubos nitrogenados tende a afetar negativamente este processo.
Solos com maiores teores de matéria orgânica, que liberam nitrogênio lentamente, podem beneficiar a
planta do feijoeiro sem, contudo, reduzir a sua capacidade de fixação. Dentre os fatores ambientais
mais importantes para o processo de fixação biológica de nitrogênio, a ocorrência de deficiências
hídricas, ou seja, seca durante o ciclo de cultivo tem efeito negativo em diferentes etapas do processo
de nodulação e na atividade nodular, além de afetar a sobrevivência do rizóbio no solo. A ocorrência
de altas temperaturas afeta, também, a sobrevivência do rizóbio no solo, o processo de infecção, a
formação dos nódulos e ainda a atividade de FBN.

O procedimento de inoculação das sementes com rizóbio é simples, bastando misturar as sementes
com o inoculante de rizóbio para o feijão. Este inoculante é, geralmente, vendido em embalagens
contendo a bactéria em veículo turfoso, o mais recomendado atualmente pela pesquisa.
Deste modo, recomenda-se que a inoculação seja feita à sombra, preferencialmente nas horas mais
frescas do dia, utilizando uma solução açucarada a 10% como adesivo, ou outros produtos como
goma arábica a 20%. Mistura-se 200 a 300 ml desta solução ao inoculante (500 g) até formar uma
pasta homogênea. Em seguida, mistura-se esta pasta a 50 kg de sementes de feijão até que fiquem
totalmente recobertas com uma camada uniforme de inoculante. Deixar as sementes inoculadas
secando a sombra, em local fresco e arejado, realizando o plantio até, no máximo, dois dias após.

PREPARO DA ÁREA
Esta operação pode ser realizada manualmente ou com trator de esteiras ou de pneus, equipados com
lâmina e/ou correntão.
O enleiramento deve ser em nível, com equipamentos apropriados, para evitar a perda da camada
superficial do solo. Logo após, deve-se proceder a retirada de raízes e galhos, a fim de facilitar as
operações subseqüentes.

PREPARO DO SOLO
Um dos fatores que mais contribui para a obtenção de bons rendimentos na cultura do feijão é o
preparo do solo. Esta operação deve ser realizada de maneira adequada, a fim de facilitar a operação
do plantio, favorecer a geminação das sementes, propiciar melhor desenvolvimento radicular e
promover o controle natural das ervas daninhas.

PRÉ-INCORPORAÇÃO DE RESTOS CULTURAIS E INVASORAS


Esta operação consiste na passagem de grade niveladora ou aradora antes da aração, com o objetivo
de desenraizar e triturar os restos de culturas e invasoras existentes na área. Com esta operação, a
matéria orgânica decompõe-se mais rapidamente, devido à melhor distribuição no perfil do solo.
Posteriormente, na aração, o arado penetrará mais facilmente no solo, permitindo um preparo mais
profundo e homogêneo. O solo deve ser arado numa profundidade de 20 a 25 cm, para permitir um
bom desenvolvimento inicial da cultura livre de plantas daninhas.

CUTIVARES
Dentre os insumos que concorrem para aumentar a produtividade da cultura do feijoeiro, a utilização
de uma cultivar melhorada ou tradicional, que se adapte às condições da região, é uma das
tecnologias de mais baixo custo para o agricultor.
Na escolha da cultivar a ser plantada deve-se dar atenção a sua recomendação para o Estado,
ponderando sobre as seguintes características: produtividade, resistência ou tolerância às principais
doenças e pragas da região e a aceitação comercial do tipo de grão pelo mercado consumidor.
Vale salientar o grande número de variedades de feijão (Phaseolus vulgaris L.), tais como feijão-preto,
feijão-mulatinho, feijão-carioquinha, feijão-pardo, feijão-roxinho, entre outros. Entre as culturas de
grãos, o feijoeiro é a que exibe o mais alto nível de variabilidade quanto à cor, tamanho e forma da
semente, sendo que estas características influenciam as pessoas quanto à preferência por
determinada variedade.
No Brasil há maior aceitação dos feijões de sementes pequenas e opacas. O feijão preto é mais
popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de
Minas Gerais e sul do Espírito Santo. No restante do país, este tipo de grão tem pouco ou quase
nenhum valor comercial ou aceitação. O feijão do tipo carioca é aceito em praticamente todo o país.
No Brasil, a recomendação de novos cultivares de feijão tem sido feita em função de suas
características agronômicas. Algumas delas são as produtividades e resistências às principais
doenças que atacam o feijoeiro. Porém, nos últimos anos os pesquisadores do Programa de
Melhoramento Genético do Feijoeiro têm reconhecido a importância das características físicas e
sensoriais dos grãos de cultivares de feijão na sua aceitação pelos consumidores.

ÉPOCAS E SISTEMAS DE PLANTIO


No Brasil, o feijoeiro é cultivado de norte a sul, em diferentes épocas e sistemas de plantio,
constituindo não somente cultura de subsistência como também ocupando posição de destaque,
atualmente, como alternativa para agricultura empresarial. Neste caso, via de regra, as lavouras são
irrigadas.
Na outra situação, a cultura fica bastante vulnerável às chuvas, tanto à falta desta, em períodos
críticos (como floração e enchimento de grãos), e/ou a sua ocorrência por ocasião da colheita. Daí, a
grande importância de efetuar-se o plantio nas épocas menos sujeitas a esses fatores.
Quanto à semeadura, as épocas recomendadas concentram-se, basicamente, em três períodos, como
mostra a Tabela 5.
Os sistemas de plantio recomendados são solteiro e consorciado, sendo este último aconselhável
apenas para os agricultores que cultivam pequenas áreas. Dessa forma, aproveitam ao máximo os
limitados recursos de que dispõem, diminuem os riscos de insucesso da cultura, dispõem de maiores
opções na dieta familiar; obtêm maior eficiência no uso da terra e melhor conservação do solo.
O consórcio pode ser feito com diversas culturas, como café, mandioca, cana-de-açúcar, palma
forrageira e algodão. A cultura mais comumente utilizada é o milho, cujo consórcio pode ser feito
seguindo diferentes arranjos de plantas e diferentes populações, conforme a maior ou menor
importância de uma ou outra cultura para o produtor.
Quando o milho for considerado cultura principal, recomenda-se: 1) que sejam utilizadas 40.000
plantas de milho ha-1, fileiras espaçadas de 1 m, 4 plantas m -1; 2) que sejam utilizadas 100 a 120 mil
plantas de feijão, quando este for plantado na mesma época que o milho, sendo 10 a 12 plantas m -1 e
nas linhas do milho; e, caso o feijão seja plantado após a maturação (plantio de substituição), utilizar
200 a 240 mil plantas de feijão ha-1, sendo 10 a 12 plantas m -1.
Feijão e milho forem = importantes: devem ser utilizadas as mesmas populações citadas no parágrafo
anterior, com as fileiras espaçadas de 0,5 m, sendo duas de milho alternadas com duas de feijão, no
plantio simultâneo, e três de feijão, no plantio de substituição.
Maior interesse na cultura do feijão: deve-se aumentar o número de suas fileiras e reduzir as do milho,
mantendo-se 4 a 5 plantas de milho m -1 e 10 a 12 plantas de feijão m -1.
Cultivo Solteiro: populações de 200 mil a 240 mil plantas ha-1. Isto é obtido com fileiras espaçadas de
0,5 m e com 10 a 12 plantas m -1 de linha.
Normalmente, utilizam-se 45 a 120 kg de sementes ha-1, dependendo da cultivar empregada. Para se
calcular a quantidade de sementes a ser utilizada num hectare, pode-se empregar a seguinte fórmula:
Q= D X P X 10
PG X E
Q= quantidade de sementes, em kg ha-1; D= no pls m-1 linear; P= Peso de 100 sementes
(grs); PG= Poder germinativo (%); E= espaçamento entre fileiras (m);
A densidade, ou o número de plantas por unidade de área, é resultado da combinação de
espaçamento entre fileiras de plantas e número de plantas por metro de fileira. Espaçamentos de 0,40
a 0,60 m entre fileiras e com 10 a 15 plantas por metro, em geral proporcionam os melhores
rendimentos
O gasto de sementes varia em função de diferentes fatores: a) espaçamento entre fileiras; b) n o de
plantas m -1 de fileira; c) massa das sementes; d) poder germinativo. Portanto, considerando esses
fatores, verifica-se um gasto que varia de 45 a 120 kg ha-1.
A profundidade de semeadura pode variar conforme o tipo de solo. Em geral recomenda-se de 3-4 cm
para solos argilosos ou úmidos e de 5-6 cm para solos arenosos.

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS


Por ser uma cultura de ciclo relativamente curto, o feijoeiro é bastante sensível à competição,
sobretudo nas fases iniciais de desenvolvimento. O período em que as plantas daninhas causam
maiores danos compreende os primeiros 30 dias após a emergência (DAE), podendo se estender até
40 (DAE) para cultivares de ciclo mais tardio.
Na estratégia de controle das plantas daninhas, devem estar associados o melhor método e o
momento oportuno, antes do ponto crítico de competição (PCC).
Existem quatro métodos básicos para se controlar as plantas daninhas: controle cultural, o controle
mecânico, o controle biológico e o controle químico.
O controle cultural consiste na utilização de medidas e procedimentos objetivando a prevenção de
infestações e disseminação de plantas daninhas, bem como o fortalecimento da capacidade
competitiva da cultura, representada pelo rápido estabelecimento e desenvolvimento da espécie
comercial.

Os métodos mecânicos mais utilizados referem-se a capina manual e ao cultivo mecânico (tração
animal = um a dois ha/dia e tratorizado = um a dois ha/h). A capina manual é empregada em áreas
pequenas (inferiores a 10 ha), sendo destinada a pequenos produtores e a lavoura de subsistência.
Por outro lado, o controle de plantas daninhas baseado no uso de cultivadores mecânicos, possibilita a
obtenção de maior rendimento operacional.
O método químico é representado pelo uso de herbicidas, cuja eficiência de controle é dependente de
fatores técnicos, econômicos e climáticos. Em decorrência de seu custo o emprego de herbicidas tem
proporcionado resultados econômicos satisfatórios em lavouras de feijão onde o rendimento tem se
mostrado superior a 1.200 kg ha-1 (20 sc ha-1).
Em áreas comerciais não é possível controlar as plantas daninhas apenas com métodos mecânicos;
assim, é utilizada a integração dos métodos mecânico, cultural, como espaçamento e densidade, e
químico, pelo uso de herbicida.

IRRIGAÇÃO
A irrigação por aspersão, nos sistemas: convencional, autopropelido e pivô central, tem sido o método
mais utilizado na cultura do feijoeiro. Em menor escala também têm sido utilizadas as irrigações por
sulcos e a subirrigação em solos de várzeas. Considerando-se o método de irrigação por aspersão, o
sistema pivô central é o mais apropriado para irrigar áreas individuais maiores e, por isto mesmo, é o
mais usado na cultura do feijoeiro em terras altas na região dos Cerrados, visto que a lucratividade
final obtida com esta cultura depende, entre muitos fatores, do tamanho da área plantada.
A irrigação por sulcos tem sido usada na cultura do feijoeiro, tanto em terras altas como em várzeas
sistematizadas e drenadas. Os sulcos normalmente apresentam a forma de V, com 0,15 a 0,20 m de
profundidade e 0,25 a 0,30 m de largura. O espaçamento entre sulcos depende da textura do solo e
do perfil de umedecimento. Para o feijoeiro, geralmente é utilizado o espaçamento de 0,9 a 1,2 m, com
duas linhas de plantas entre os sulcos.
A subirrigação é mais apropriada para terras baixas ou solos de várzeas e, por isso mesmo, funciona
como uma drenagem controlada. Neste sistema, a umidade atinge as raízes das plantas por meio da
ascensão capilar. Em várzeas, o lençol freático deve ser mantido a uma profundidade tal que permite
obter a melhor combinação entre água e ar na zona radicular. O manejo da água de irrigação e/ou a
drenagem reveste-se de fundamental importância, uma vez que a planta é extremamente sensível aos
excessos de água e, da mesma forma, à toxidez de alguns elementos químicos comuns nesses solos.

PRINCIPAIS PRAGAS
Dentre as principais pragas com ocorrência generalizada nas regiões produtoras incluem Mosca-
branca (Bemisia tabaci); Vaquinhas(Diabrotica speciosa); Cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri);
Ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus); Lagarta das vagens (Elasmopalpus lignosellus); Larva
minadora (Liriomyza spp.); Tripes (Calyothrips spp).

CONTROLE:
Tecnologias de manejo integrado de pragas do feijoeiro (MIP-Feijão), se bem implementadas, podem
reduzir, em média, 50% a aplicação de químicos, sem aumentar o risco de perdas de produção devido
ao ataque de pragas.

PRINCIPAIS DOENÇAS
Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum ); Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum); Mancha
angular (Phaeoisariopsis griseola); Ferrugem (Uromyces appendiculatus); Mancha de
Alternaria (Alternaria sp); Oídio (Erysiphe polygoni); Crestamento Bacteriano Comum (Xanthomonas
campestris); Mosaico dourado que tem como vetor a mosca branca e o Mosaico comum; Carvão
(Microbotryum phaseoli. sp).

CONTROLE:
Para o controle das doenças causadas por fungos existe no mercado vários produtos registrados, que
aliados ao bom manejo cultural apresentam bons resultados no controle destas enfermidades. Além
disso, muitos cultivares também apresentam resistência a algumas doenças.

COLHEITA E BENEFICIAMENTO
A colheita do feijão é feita manualmente, ou mecanicamente ou por um combinação de colheita
mecânica e colheita manual.
Na colheita totalmente manual, as plantas são arrancadas quando o produto atinge teor de umidade
na faixa de 30 a 35 % em base úmida. O produto é enleirado no próprio campo para a secagem ao
sol. Quando o produto atinge teor de umidade na faixa de 15 a 20%, ele é recolhido e colocado sobre
terreiros ou lonas onde é debulhado geralmente por meio de batedura utilizando-se varas flexíveis.
Na colheita totalmente mecânica do feijão são utilizadas máquinas arrancadoras e máquinas
recolhedoras. As máquinas arrancadoras tem a função de arrancar o produto e enleirá-lo. Essas
máquinas são acopladas ao trator e acionadas pela tomada de potência (TDP). As máquinas
recolhedoras trabalham recolhendo o material de cada linha individualmente. Elas trabalham
acopladas a um trator e são acionadas pela TDP.
Quando a colheita é feita utilizando-se uma combinação de colheita mecânica e colheita manual as
opções são as seguintes:
1. arranquio manual e recolhimento mecanizado
2. arranquio manual, recolhimento manual e trilha mecanizada
As máquinas trilhadoras, utilizadas no sistema de combinação entre colheita manual e colheita
mecânica, são máquinas estacionárias acionadas pela TDP do trator, responsáveis pela trilha,
separação e limpeza do feijão. A capacidade de trilha das máquinas existentes no mercado
geralmente atingem a capacidade de até 30 sacas por hora.
Conforme a colheita, o beneficiamento do feijão também se constitui numa operação de grande
importância, pois os métodos de colheita não proporcionam um produto final limpo e padronizado em
condições de ser comercializado. É necessário que o produto colhido passe por um processo de
limpeza para melhorar a pureza, germinação e vigor. O beneficiamento é feito, geralmente, por dois
equipamentos principais: a máquina de ar e peneira e a máquina densimétrica, que possui mais
recursos para separar impurezas de tamanho e densidade próximos aos da semente. Após o
beneficiamento, o feijão armazenado, destinado ao plantio ou ao consumo, deve receber tratamentos
especiais para evitar sua depreciação.
A qualidade final do feijão é influenciada pelas condições do armazém e pelas condições iniciais dos
grãos. Os cuidados devem começar na lavoura, com providências contra danos mecânicos, ataques
de insetos e germinação na vagem. Bem como, a limpeza dos equipamentos de trilha, de transporte e
o local de armazenamento, para eliminar focos de contaminação.

EXPURGO
Antes de ser destinado ao mercado ou ao armazém, o feijão deve ser submetido
ao expurgo com fosfina (fosfeto de alumínio), para controle do caruncho, à base de três pastilhas para
cada 15 sacos do produto.
O material a ser expurgado deve ser coberto com lona impermeável e, após 120 horas da distribuição
das pastilhas, ser lentamente descoberto.

ARMAZENAMENTO
O local de armazenamento do feijão deve ser seco, ventilado e completamente limpo, livre de
quaisquer resíduos de outras safras, mesmo que de outras culturas.
A sacaria não deve ficar em contato direto com o piso, e as janelas, port as e outras aberturas devem
ser protegidas com telas.

A CULTURA DA BATATA:
Batata pertence a ao género Solanum, o maior da família Solanaceae, que contém cerca de 1400
espécies, aproximadamente metade das espécies registradas para a família. A espécie Solanum
tuberosum pode ser dividida em duas subespécies: Solanum tuberosum subsp. tuberosum, produzida
na Europa e América do Norte, e Solanum tuberosum subsp. andigena, restrita as plantações nos
Andes e América do Sul. As diferenças morfológicas entre as duas espécies são diminutas, sendo a
principal distinção entre as subespécies é a necessidade absoluta de fotoperíodo curto para tuberização
em andigena, não sendo verificado o mesmo para tuberosum.
A planta possui caules aéreos e subterrâneos especializados. Os caules aéreos são herbáceos,
erectos, de secção angulosa e ramificação simpoidal. Os caules subterrâneos pode ser divididos em
dois tipos os estolhos e os tubérculos. O tubérculo é um caule modificado que se forma na extremidade
de um estolho, acumula amido como substância de reserva e possui entrenós cuja as gemas se
distinguem por olhos. Um vez maduro o tubérculo possui periderme (casca), córtex, anel vascular e
medula central. A forma é geralmente redonda e oval alongada. A cor da polpa geralment e é branca ou
amarela. A cor da casca varia de castanho-claro, vermelho ou violeta.

FISIOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: O MAIS IMPORTANTE


Podemos dividir as seguintes fases de desenvolvimento para a batata.
1. Pré-abrolhamento: ocorre antes da plantação, mas pode ser considera como parte do ciclo cultural. 2.
Plantação - emergência: o abrolhamento pode ocorrer nesta fase ou antes, quando se efectua a
plantação com tubérculos pré-abrolhados.
3. Emergência – tuberização: ocorre o crescimento da parte aérea até o início da formação de
tubérculos.
4. Tuberização - início da floração: durante este período, o crescimento da parte aérea continua
simultaneamente com o crescimento de tubérculos.
5. Floração – maturação dos tubérculos. 6. Dormência dos tubérculos.
Do crescimento à pré-emergência:
Os tubérculos maturos se encontram normalmente em dormência. O período de dormência é variável,
mas o principal factor que interfere neste é a temperatura durante o armazenamento.

Idade Fisiológica:
Corresponde a idade de um tubérculo desde do início da dormência ao final da fase incubação, sendo a
fase de incubação compreendida entre o início do abrolhamento e início da formação de tubérculos nos
brolhos.
A idade fisiológica está associado cronologicamente, porém é acelerada com o aumento de temperatura
do ambiente durante o armazenamento.
A idade fisiológica da batata semente afecta diversas características das plantas, podendo estabelecer-
se alguns padrões gerais de comportamento. Quando se comparam batata sementes mais velhas com
mais novas pode-se estabelecer as seguintes características:
1. Emergem mais rapidamente
2. Taxa de crescimento inicial superior
3. Tem mais caules
4. Tuberizam mais cedo
5. Período de crescimento de tubérculos inferior.
6. Produzem maior número de tubérculos de menor calibre
7. Desenvolvem menos folhagem 8. Senescem mais cedo.
Assim para se obter uma produção precoce e ciclo cultural mais curto é preferível utilizar batas semente
de idade fisiológica avançada e com brolhos bem desenvolvidos.
Para ciclos culturais mais longos e colheitas tardias que permitam maior produtividade deve preferir-se
batata semente fisiologicamente mais jovens.

Abrolhamento:
Logo após a quebra da dormência inicia-se uma fase de dominância apical, com o desenvolvimento de
apenas um brolho. Posteriormente novos brolhos crescem, mas em estádio fisiológicos avançados os
brolhos começam a ramificar e tuberizar.
O número de brolhos por tubérculo é determinado pelo tamanho do tubérculo e pela temperatura e
duração do armazenamento. A temperatura base para o crescimento dos brolhos é variável entre
cultivares, mas oscila entre 2 e 6 ºC.

“Batata Semente IMPORTANTE:


O armazenamento da batata-semente em galpões com luz difusa que causa o esverdeamento do
tubérculo e evita o estiolamento excessivo dos brotos é uma forma alternativa de armazenamento. Este
procedimento aumenta a resistência dos tubérculos a doenças e melhora a conservação da batata-
semente. A batata para consumo, no entanto, nunca deverá ser exposta a luz, visto que na batata
esverdeada é comum o acúmulo da substância tóxica denominada solanina (Friedman & McDonald,
1997). Para evitar o apodrecimento da batata-semente também pode-se empregar a nebulização dos
tubérculos com thiabendazol, a aplicação de oxicloreto de cobre, ou a aplicação de antibióticos como a
kasugamicina (Kasumin) e a oxitetraciclina, que atuam principalmente sobre bactérias como as Erwinia
sp.”

Emergência:
No período de pré-emergência a planta é completamente dependente das reservas de amido contidas
no tubérculo. A planta se torna autotrófica quando a área foliar atinge entre 200 e 400 cm2 . Este
crescimento depende principalmente da temperatura do solo e do tamanho dos brolho no momento da
plantação. A luz inibe o alongamento dos brolhos, o tipo de crescimento que se faz na pré emergência
difere das condições de pré-abrolhamento.

Desenvolvimento da parte aérea:


O desenvolvimento da parte aérea (canópia) inicia com a emergência e conduz ao estabelecimento da
indústria fotossintética da planta. A relação de aparecimento de novas folhas parece estar pouco
relacionada a temperatura, até o aparecimento da primeira flor. A taxa de novas folhas é cerca de 0,3 a
0,58 folhas/dia.
Tuberização e crescimento dos caules:
A tuberização ocorre quando o estolho subterrâneo para de crescer e começa a acumular amido na
região apical. Simultaneamente a tuberização é influenciada pela temperatura, fotoperíodo e área foliar.
Sendo dividida em três fases.
1. Iniciação da tuberização: processo que consiste na diferenciação do primórdio de tubérculo na ponta
do estolho subterrâneo.
2. Crescimento do tubérculo: graças a divisão e expansão das células e acumulação de amido.
3. Maturação: Período durante o qual ocorre a consolidação da periderme e a entrada da dormência.
A formação do tubérculo é influenciada pelo fotoperíodo e pela temperatura, que actuam de maneira
interdependente. Quanto maior a temperatura, menor o fotoperíodo crítico para induzir a formação de
tubérculos. A formação de tubérculos é favorecida por dias curtos (menor que 14h) e temperaturas do
solo moderada (15-18ºC). Dias longos (14-16h) e temperaturas elevadas (20-25ºC) promovem floração
e frutificação.

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS: Temperatura:


A batata é uma cultura mesotérmica. As melhores produtividades se atingem em climas com
temperaturas médias entre 15 e 20ºC. A temperatura para crescimento foliar é diferente para o
crescimento dos tubérculos, além de apresentarem relações com o fotoperíodo. A máxima taxa de
crescimento das folhas ocorre entre 20-25ºC e dos tubérculos entre 31-32ºC antes da tuberização e 25-
27ºC durante a tuberização. Por isso temperaturas superiores a 30ºC, tendem a aumentar a razão
folha/caule, sendo mais favorável pequenas valores para a razão, indicando maior produção de
tubérculos do que de folhas.
Temperaturas nocturnas baixas favorecem o crescimento das folhas.
Temperaturas elevadas afectam a repartição de matéria seca, favorecendo sua acumulação no caule
em restrição a outras partes da planta.
Baixas temperatura, menor de 12ºC, retardam o crescimento vegetativo e aceleram a tuberização,
podendo acontecer de tubérculos fisiologicamente velhos tuberizem antes mesmo de emergir do solo.
Elevadas temperaturas levam a defeitos nos tubérculos, provocando deformações, necroses nos
tecidos, abrolhamento dos tubérculos filhos no campo e apodrecimento.

Radiação e fotoperíodo:
Em condições de baixa intensidade luminosa (125-300 µmol/m2 s) os caules alongam-se mais,
ramificam-se menos e as folhas tornam mais largas, menos espessas e de coloração mais pálida do
que em condições de intensidade luminosa elevada (500-1200 µmol/m2 s). Em condições de baixa
intensidade luminosidade a redução na biomassa, sendo na repartição de fotoassimilados favorecida as
folhas e caule, em detrimentos dos tubérculos.
Cultivares de S. tuberosum subsp. tuberosum são consideradas de dias neutros, embora entre
cultivares possa existir diferenças na sensibilidade ao fotoperíodo. As cultivares precoces tendem a ser
mais sensíveis a alterações do fotoperíodo.
A maturação dos tubérculos é antecipada em condições de dias-curtos, enquanto dias-longos
favorecem o crescimento da parte aérea, prolongam o período de maturação e favorecem a
acumulação de reservas nos tubérculos.
A cultura se adapta melhor em solos de textura ligeira ou média. Se os solos argilosos não forem bem
estruturados dificultam o crescimento regular dos tubérculos. Os melhores teores de matérias seca são
obtidos em solos de textura franca. Solos arenosos quando acrescidos de matéria orgânica, são

favoráveis a produção de batata primor. A textura e a compactação influem não somente na


produtividade, mas na qualidade dos mesmos.
É uma cultura tolerante a acidez, mas tem produtividade máxima quando este se encontra entre 5,5 e
6,0. Medianamente sensível a salinidade.

TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO: Inserção na rotação e preparação do terreno:


É normalmente cabeça da rotação, sendo o período de recorrência adequado entre 4 a 6 anos, a fim de
minimizar os problemas de nematóides e fungos de solo. Culturas das família Poaceae, Fabaceae e
Brassicaceae são ideias para serem incluídas na rotação. Não se recomenda outras Solanaceae,
Curcubitaceae e Convolvulaceae.
O solo deve ser pouco compactado, de estrutura uniforme e sem torrões demasiado grandes. Pode-se
realizar lavoura de 20-30cm de profundidade.
ESCOLHA E PREPARAÇÃO DA BATATA SEMENTE: Estado sanitário: deve ser certificada quanto a
ausência de patógenos e vírus.
Calibre: O aumento da densidade de caules pode ser obtida por uma maior quantidade de tubérculos
por unidade de área, mas também pela utilização de tubérculos de maior calibre. Batatas sementes de
calibre grande dão maior densidade de caules e produtividade, porém menor calibre dos tubérculos
filho. Sendo o inverso válido também.
Pré-abrolhamento: é fundamental para uma rápida emergência e estabelecimento da cultura. Para se
efectuar o pré-abrolhamento deve-se colocar a batata semente em tabuleiros que permitam uma boa
circulação de ar, na presença de luz difusa abundante. A temperatura para o pré-abrolhamento ideal é
de 20-25ºC e humidade do ar de 85-90%. Os tabuleiros devem ser colocados no exterior para produção
de brolhos curtos e robustos, que não se estraguem durante a plantação.
Corte nos tubérculos: Em batatas com calibre inferior a 5m não apresenta vantagens. Batatas sementes
com calibre superior a 5m podem ser cortados em dois, devendo tomar-se todas as precauções com
contaminações por viroses ou bacterioses. É preferível cicatrizar o corte antes do plantio, para isso
mantêm a batata em condições humidade elevada.

Densidade: A cultura apresenta certa plasticidade na retangularidade de plantação, apresentando


resultados para valores entre-linha de 60-90cm e na linha de 20-35 cm. A densidade deve ser escolhida
conforme o calibre da batata ser obtido, maiores densidades levam a menores calibres e maior número
de tubérculos.
A cultura é sensível a carências de Manganês, Ferro e Zinco, sendo muito sensível a carência de
Magnésio e Boro.
O N prolonga o ciclo de vegetativo, por aumentar a ramificação da canópia. Durante a tuberização a
planta absorve cerca de 50% de todo o N, P, K necessário para o ciclo cultural. Excessos de N durante
a tuberização levam a defeitos na forma e redução do teor de matéria seca do tubérculo. Calagem
favorece a incidência de sarna. A cultura é beneficiada pela presença de matéria orgânica no solo.
O deficit hídrico prejudica gravemente a produtividade e taxa fotossintética da batata. Três aspectos são
fundamentais a serem considerados, caso haja falta de água:
1) enraizamento superficial,
2) fechamentos dos estômatos mesmo com o potencial hídrico do solo restaurado;
3)a difícil recuperação do potencial hídrico das folhas, devido a forte influência do fluxo de água para os
tubérculos. Sendo na fase de crescimentos de tubérculos que oc orrem as maiores exigências hídricas.
Assim é importante ter uniformidade no fornecimento de água, para evitar deformações nos tubérculos.
Para iniciar a colheita da batata algumas vezes faz necessário realizar a secagem da parte aérea da
planta. Como ponto de colheita pode ser utilizada o grau de secagem da parte aérea. O teor de
açúcares é um bom parâmetro para determinar o ponto de colheita. O ciclo da batata tem duração de 70
a 150 dias e produtividade sob regadio de 40-50 ton/ha.
Os principais atributos da batata destinada ao mercado são tubérculos túrgidos, forma característica,
uniforme, ausência de defeitos: esverdeamento, cicatrizes, abrolhamento, sintomas de doenças ou
acidentes fisiológicos.
A batata é susceptível a danos por frio. Acumulação de açúcares redutores aumenta a temperaturas
inferiores a 10ºC, com taxa máxima a 4ºC. A batata primor é sensível ao etileno, em baixas
concentrações de etileno retardam o abrolhamento, altas concentrações quebram a dormência e
aceleram o abrolhamento. Sendo o abrolhamento uma das principais causas do fim da vida útil

Batata, batata-inglesa, batatinha, pataca, escorva, papa,ou semilha (Solanum tuberosum) é


uma planta pereneda família das solanáceas. A planta adulta geralmente tem entre sessenta a cem
centímetros de altura, possui flores e frutos e produz um tubérculo comestível rico em amido, um
carboidrato. Os nomes podem referir-se tanto ao tubérculo comestível quanto à planta como um todo. A
espécie teve origem no Cordilheira dos Andes, próximo ao Lago Titicaca, e foi levada a outras regiões
do mundo por colonizadores europeus. Atualmente são cultivadas milhares de variedades da espécie
em todos os continentes e está inserida como um alimento fundamental na cultura mundial. A relação
da batata com a batata-doce é bem pequena porque os vegetais não compartilham do
mesmo gênero ou família, fazendo parte apenas da mesma ordem.
A espécie começou a ser cultivada por civilizações andinas há cerca de oito mil anos e o cultivo foi
aperfeiçoado pelos Incas, que utilizavam, inclusive, técnicas de irrigação. Os espanhóis introduziram, no
século XVI, a espécie na Europa, e se tornou um alimento fundamental no continente. Entretanto a
grande dependência da batata fez com que o ataque de pragas que devastam as plantações causasse
a morte de milhões de pessoas que tinham a batata como principal alimento, tal como aconteceu
na Irlanda em 1845. Atualmente, o tubérculo é o quarto alimento mais consumido do mundo, com
milhares de variedades de diferentes cores, sabores e tamanhos que são utilizadas em receitas no
mundo todo. O maior produtor mundial é a China, cuja produção em conjunto com a
da Índia corresponde a mais de um terço da produção mundial.
Como qualquer cultura, as plantações estão sujeitas ao ataque de diversas espécies de bactérias,
fungos e insetos que comprometem a produtividade. Por isso, investe-se na criação de variedades mais
resistentes, além da criação de batatas geneticamente modificadas, apesar do grande temor que ainda
existe sobre produtos transgênicos. O aumento da produtividade é visto, ainda, como uma solução para
acabar com a fome em diversos países. Para reconhecer a importância do tubérculo no mundo, o ano
de 2008 foi intitulado o Ano Internacional da Batata pela Organização das Nações Unidas.
A batata (Solanum tuberosum) é uma planta herbácea que pode atingir mais de 100 centímetros de
altura e produz um tubérculo - a batata - rico em amido. A batata pertence à família Solanaceae, e
compartilha o gênero Solanum com pelo menos outras mil espécies, como o tomate e a berinjela. S.
tuberosum é dividida em somente duas subespécies levemente diferentes: andigena, que é adaptada às
condições de dia curto e é cultivada somente nos Andes, e tuberosum, a batata que é cultivada por todo
o mundo, que acredita-se ser descendente da introdução da subespécie andigena na Europa, que se
adaptou aos dias mais longos

Folha de Solanum tuberosum.

Estrutura de uma batata em corte longitudinal.

Raízes e sistema caulinar


As plantas originadas a partir de tubérculos, por surgir de gemas e não de sementes, carecem de
radículas; suas raízes se originam de gemas subterrâneas e surgem entre o tubérculo-semente e a
superfície do solo. Por isso, o tubérculo deve ser plantado a uma profundidade adequada que permita a
formação de raízes e rizomas. A partir dos primeiros estágios de desenvolvimento até o momento que
começa a formação de tubérculos, as raízes apresentam um rápido crescimento. O sistema radicular é
fibroso, ramificado e estende-se mais superficialmente, podendo penetrar até 80 centímetros de
profundidade.
O sistema caulinar é composto por rizomas e talos. Os rizomas, que correspondem a talos modificados,
nascem alternadamente na base dos talos e apresentam um crescimento horizontal pouco abaixo da
superfície do solo. Cada rizoma engrossa na sua extremidade, originando um tubérculo.
Os talos, que se originam a partir de gemas presentes no tubérculo-semente, são herbáceos e
suculentos, podendo chegar a um metro de altura, de coloração verde e, mais raramente, uma
coloração púrpura. Após o plantio, o surgimento dos talos acima da superfície do solo pode levar de 20
a 35 dias, dependendo das condições ambientais. Cada planta tem de dois a quatro talos que podem,
por sua vez, originar ramificações secundárias nas gemas laterais da planta. Cada talo geralmente
produz de quatro a oito rizomas. Na etapa final do desenvolvimento da planta, o talo pode se tornar
lenhoso em sua base.

Folhas, flores e frutos


Logo que o talo emerge do solo, ocorre um rápido crescimento inicial da folhagem. As folhas são
alternadas e compostas, exceto as mais baixas que podem ser simples. As folhas compostas
são alternadas, apresentando cinco, sete ou nove folíolos, os quais se classificam em primário ou
secundário, de acordo com seu tamanho. Além destes, existem folíolos muito pequenos chamados de
terciários que aparecem dispostos em pares sobre o pecíolo da folha. As folhas compostas, que podem
apresentar uma variedade de formas e tamanhos, medem geralmente de 20 a 30 centímetros de
comprimento. Os folículos são pilosos, assim como as outras estruturas das plantas.

Flores da planta da batata.


As flores, que podem ser brancas, púrpuras ou rosadas possuem um tamanho médio de cerca de dois
centímetros de diâmetro e são pentâmeras, ou seja, possuem cinco pétalas.
Possuem cálice gamossépalo, corola completa, ovário bilocular, estilo e estigma simples e
cinco estames. As flores são autógamas e se encontram agrupadas em ramos terminais que formam
uma inflorescência panícula. Em cada caule existe somente uma inflorescência, que apresenta de cinco
a quinze flores. Alguns cultivaresnão florescem enquanto outros produzem flores estéreis.
O fruto da planta da batata corresponde a uma baga que pode apresentar formato redondo, alargado,
ovalado ou cônico. Seu diâmetro geralmente está entre um e três centímetros e a cor pode variar de
verde a amarelado, ou de castanho avermelhado a violeta. As bagas apresentam dois lóculos que
podem ter entre duzentas e quatrocentas sementes. As bagas se encontram agrupadas nos ramos
terminais, os quais vão se inclinando progressivamente à medida que os frutos crescem. As sementes
são muito pequenas e aplainadas e podem ser brancas, amarelas ou castanho amarelada.

Tubérculo
Os tubérculos, que correspondem aos talos subterrâneos modificados, se originam do engrossamento
na extremidade dos rizomas e começam a se formar cerca de cinco semanas depois do surgimento do
caule acima da superfície do solo. A pele do tubérculo é composta de duas camadas de células: uma
camada exterior de células únicas chamadas epiderme e outra, logo abaixo, chamada periderme. As
células da periderme podem conter um pigmento que produz batatas coloridas. Abaixo da periderme
está o córtex, seguido por um anel vascular, que contém células que transportam nutrientes para o
tubérculo. Mais adentro está a medula, que representa a região primária de armazenamento no
tubérculo. O excesso de alimento produzido pela planta é transportado para a medula pelo tecido
vascular. As células da medula aumentam em quantidade e em tamanho enquanto lhes é fornecido
alimento, causando o crescimento do tubérculo.

Crescimento e desenvolvimento

Brotos surgindo de uma batata.


A espécie Solanum tuberosum pode ser semeada a partir de sementes e de tubérculos. As plantas
provenientes da sementes apresentam as típicas estruturas das dicotiledôneas. Ao utilizar os tubérculos
como meio de propagação, o primeiro crescimento que ocorre é a formação de brotos que se
desenvolvem no extremo distal do tubérculo e emergem sobre a superfície do solo, dando origem a uma
nova planta. O crescimento da planta ocorre em vários estágios: brotação, estabelecimento da planta e
desenvolvimento do tubérculo. O tempo de duração dessas fases pode variar de acordo com os fatores
ambientais como a elevação e temperatura, tipo de solo, umidade, cultivar selecionado e localização
geográfica.
Uma vez que os tubérculos quebram a dormência, podem crescer e se as condições ambientais forem
favoráveis para isso, eles começarão a brotar. Entretanto, temperaturas baixas podem fazer com que o
tubérculo continue no seu período de dormência, mesmo se forem plantados. O estabelecimento da
planta refere-se ao período desde o início do surgimento de brotos até o início da formação de novos
tubérculos, e isso inclui o desenvolvimento de raízes e brotos. O tubérculo-semente é fundamental para
o desenvolvimento dos brotos, mas se torna secundário à medida que se formam as raízes. Uma planta
bem estabelecida é fundamental para o crescimento subsequente e permite rápida regeneração no
caso de perda de folhas em uma geada, chuva de granizo ou ataque de insetos.
Sob condições apropriadas, as extremidades dos estolhos vão começar a inchar, resultando na
formação de novos tubérculos. Isso geralmente ocorre durante o início da floração, apesar de não haver
correlação entre esses dois eventos. Nesse período a planta precisa de maior quantidade de nitrogênio
e noites frias para um bom crescimento do tubérculo. Inicia-se então a fase crítica do crescimento da
batata. Isso porque nesse período está acontecendo o aumento de volume que, em condições ótimas,
acontece a uma taxa constante e qualquer alteração resulta em uma perda substancial da produção e
da qualidade. O desenvolvimento do tubérculo depende principalmente da atividade fotossintética e do
crescimento linear do tubérculo, que resulta em batatas maiores.
Quando a parte superior da planta começa a morrer, processos fundamentais ocorrem no tubérculo. A
periderme fica mais espessa e resistente, o que protege a batata durante a colheita bem como a
protege da entrada de microorganismos em seu interior. Durante a maturação, a matéria seca (o peso
da batata quando desidratada) aumenta, o que melhora a qualidade para o processamento e para o
consumo. Além disso, os açúcares presentes no tubérculo se transformam em amido, o que lhe confere
uma coloração mais clara e melhor qualidade para ser transformada em batata frita. Com a maturidade,
a batata entra em seu estado de dormência e, além disso, possuem resistência a agentes
patogênicos quando armazenados. Mas se os tubérculos permanecerem no solo, entretanto, o amido
transforma-se novamente em açúcar, e a matéria seca volta a diminuir.

Subespécies
No gênero Solanum existem mais de mil espécies reconhecidas, mas provavelmente existem bem mais.
Esse gênero é dividido em diversas seções, das quais a potatoe contém todas que produzem
tubérculos, e essa seção, por sua vez, é dividida em séries, uma delas é a tuberosa, onde se encontram
cerca de 54 espécies selvagens ou cultivadas. Uma delas é a Solanum tuberosum. Essa espécie é
dividida em duas subespécies:tuberosum e andigena. A primeira é a mais cultivada e consumida no
mundo todo, enquanto a segunda é cultivada somente em algumas regiões das Américas Central e do
Sul. A subespécie tuberosum cultivada na Europa e em outras partes do mundo possui uma pequena
parte do seu material genético proveniente da subespécie andigena, que é

originada no Chile, graças ao cruzamento feito depois do ataque de fungos que causou a destruição de
lavouras na Europa. Com isso, as plantas ficaram mais resistentes. As diferenças entre as duas
subespécies são muito pequenas, sendo a principal delas a dependência de um dia curto para a
subespécie andigena.

Variedades
Apesar da batata cultivada em todo mundo pertencer a somente uma espécie (Solanum tuberosum),
existem milhares de variedades com diferentes características de tamanho, cor, textura e sabor. Por
meio da seleção e cruzamento de variedades é possível criar novas diversidades de batatas mais
resistentes a doenças. Esse processo envolve cerca de onze anos por meio de uma sofisticada seleção
criando novas cultivações com uma qualidade satisfatória para a sua comercialização. As variedades
atuais são mais resistentes graças a esse processo que permite produzir tubérculos com maior
qualidade e variedade de tamanho e sabor. A seguir estão alguns exemplos dessa diversidade:

Cultivo
Plantação de batatas na Inglaterra.
Para o plantio da batata, que é feito atualmente em mais de cem
países, é necessária uma temperatura média entre 10 °C e 30 °C,
sendo que a temperatura ideal para a maior produção está entre 18 °C e 20 °C. Por isso, o plantio
geralmente ocorre no início da primavera nas zonas temperadas e no fim do inverno nas regiões mais
quentes, e nos países tropicais ela cresce nos períodos mais frios. Em algumas regiões subtropicais
onde o relevo é mais elevado, é possível plantar o ano todo, e colher os tubérculos noventa dias após o
plantio, sendo que nas regiões temperadas, a colheita pode acontecer até 150 dias após o plantio.
De fato a batata pode produzir bem sem as condições ideais para seu crescimento, pois é uma planta
que se adapta facilmente, mas as plantas ficam mais sujeitas à ação de pragas e doenças. Para evitar o
reaparecimento de doenças, os agricultores não plantam na mesma área duas safras seguidas. Em vez
disso, utilizam a técnica de rotação de culturasdurante três ou mais anos, alternando com lavouras de
milho e feijão, por exemplo. Com as práticas agrícolas necessárias, um hectare de batatas pode
produzir, no clima temperado europeu e norte-americano, mais de quarenta toneladas de tubérculos
com quatro meses de plantio. Nos países em desenvolvimento, entretanto, a produção é de cerca de 25
toneladas. Isso acontece por causa da falta de qualidade das sementes e dos cultivares, além dos usos
pouco explorados de fertilizantes e irrigação.

Preparo do solo e plantio


Os tipos de solos mais adequados para o plantio de batata são aqueles que oferecem pouca resistência
ao desenvolvimento do tubérculo e que são ricos em matéria orgânica, com boa drenagem e aeração.
Os solos com pH entre 5,2 e 6,4 são considerados ideais. O preparo do terreno para o plantio é
bastante trabalhoso, pois o terreno precisa estar completamente livre de ervas daninhas. Por isso, o
solo precisa ser arado várias vezes para atingir as condições ideais do plantio: macio, bem drenado e
bem aerado.
Geralmente utiliza-se no plantio os "tubérculos-sementes", que são pequenos tubérculos ou mesmo
pedaços de tubérculos, que são semeados entre cinco e dez centímetros de profundidade. Para que o
rendimento seja máximo, é essencial a utilização de tubérculos-sementes de qualidade e de cultivares
puros, que pode resultar no aumento da produção em mais de trinta por cento. A densidade do plantio
depende do tamanho dos tubérculos escolhidos. Geralmente são utilizados cerca de duas toneladas de
tubérculos-semente para cada hectare plantado. Para lavouras que dependem da chuva em áreas mais
secas, o plantio em um terreno plano resulta em maior produtividade (por causa da melhor

conservação da água no solo), enquanto plantações irrigadas geralmente são encontradas nas
encostas.

Cuidados com a plantação, colheita e armazenamento


Amontoamento de terra nos pés de batata.
Durante o estabelecimento da planta, que demora cerca de quatro semanas, as ervas daninhas devem
ser controladas para dar vantagem ao desenvolvimento do tubérculo. Quando as plantas estão com
mais de quinze centímetros de altura, é feito um processo de amontoamento de terra sobre os pés da
planta, para prevenir a disseminação de pragas, além de manter a qualidade do solo. Depois desse
processo, as ervas daninhas são removidas mecanicamente ou com o uso de herbicidas.
O uso de fertilizantes depende do nível de nutrientes já existente no solo. Geralmente plantações
irrigadas comerciais necessitam de mais aplicações. As quantidades de fertilizantes dependem também
do potencial de produção da variedade e da colheita esperada. A umidade do solo deve sempre ser alta
para o melhor desenvolvimento dos tubérculos. Para melhor produtividade, uma lavoura que dura de
120 a 150 dias precisa de 500 a 700 mm de água. A falta de água é mais prejudicial quando está
acontecendo o desenvolvimento do tubérculo. A batata possui raízes superficiais, e por isso a resposta
da planta à irrigação frequente é considerável. Para se obter uma
maior produção é preciso repor a água perdida pela transpiração a
cada um ou dois dias.

Colheita de batatas nos Estados Unidos.


O amarelamento das folhas e a fácil separação dos tubérculos
indicam que a plantação atingiu sua maturidade. Se as batatas
tiverem que ser armazenadas por mais tempo, elas são mantidas no
solo para permitir o engrossamento da pele do tubérculo. Para
facilitar a colheita, a parte superior da planta é removida duas
semanas antes das batatas serem coletadas do solo. Dependendo
da escala da produção, as batatas são colhidas usando-se um arado
ou uma colheitadeira de batatas que desenterram o tubérculo e o sacodem para retirar a terra grudada
nele. Durante a colheita, é necessário evitar "machucar" a batata, o que poderia criar pontos de entrada
para doenças quando elas forem armazenadas.
Uma vez que as batatas colhidas são tecidos vivos, estão suscetíveis à deterioração, e por isso o
armazenamento correto é essencial, tanto para evitar a deterioração quanto para garantir a qualidade
dos futuros tubérculos-semente. Para armazenar e processar batatas, o depósito deve ter as condições
adequadas para prevenir o esverdeamento das batatas (produção de clorofila, que indica o surgimento
de compostos tóxicos) e perdas de peso e qualidade. Os tubérculos devem ser mantidos a uma
temperatura entre 6 °C e 8 °C num local escuro, bem ventilado e com alta umidade relativa do ar. Os
tubérculos-sementes são mantidos sob luz difusa, para manter sua
capacidade de germinação.
Nutrição
Informações nutricionais da batata crua (com a pele)
A batata é um alimento versátil, rico em carboidratos e altamente
popular em todo o mundo e é preparado e servido das mais
diversas formas. Quando fresco, o tubérculo possui cerca de oitenta
por cento de água e vinte por cento de matéria seca, da qual a
maior parte é amido. A quantidade de proteínas da batata, quando
desidratada, é comparável à dos cereais e é bem alta em relação a
outros tubérculos e raízes. Além disso, a batata possui pouca gordura e é rica em
vários micronutrientes, especialmente vitamina C (quando consumida com a pele, uma batata de cerca
de 150 gramas fornece quase a metade da dose diária recomendada.). A batata é também uma fonte
moderada de ferro, e a vitamina C promove a absorção do mineral. O tubérculo é, ainda, uma fonte
básica das vitaminas B1, B3 e B6 e minerais como potássio, fósforo e magnésio, além de conter fibras
dietéticas e antioxidantes, que previne as doenças relacionadas ao envelhecimento.
A fritura da batata reduz a quantidade de fibras, proteínas e vitaminas.
O valor nutritivo de uma refeição contendo batata depende dos outros componentes e do método de
preparação. Por si só, a batata não engorda (e a sensação de saciedade que vem do consumo da
batata pode ajudar a controlar o peso.). Uma vez que o amido no tubérculo cru não pode ser digerido
pelos humanos, eles são preparados para o consumo através do cozimento (com ou sem pele),
fervendo ou fritando. Cada método de preparação altera a composição de uma forma diferente, mas
todas reduzem a quantidade de fibras e proteínas, devido à lixiviação durante o preparo da batata na
água ou óleo, destruição pelo calor ou mudanças químicas como a oxidação. A fervura, que é o método
mais comum de preparação por todo o mundo, causa uma perda significativa perda de vitamina C,
principalmente se estiver descascada. Para a batata frita, fritar por um curto período de tempo em óleo
quente resulta na alta absorção e reduz drasticamente a quantidade de minerais e de ácido ascórbico.
Em geral a perda de vitaminas durante o cozimento é menor, a única exceção é a vitamina C, por causa
das temperaturas mais altas.
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos demonstrou que as pessoas podem incluir a batata na dieta e
ainda perder peso, apesar do alto teor de carboidratos do tubérculo. Segundo os pesquisadores, o
resultado dessa pesquisa evidencia o que profissionais de saúde e nutricionistas dizem há anos:
quando se trata de perder peso, não é somente eliminar alguns alimentos ou grupos alimentares do
consumo diário, mas na verdade, é reduzir a quantidade total de calorias ingeridas. Apesar disso, a
batata não está incluída na lista dos cinco alimentos mais recomendados pelo Serviço Nacional de
Saúde do Reino Unido (NHS) porque, como o tubérculo é rico em carboidratos, não pode ser
consumido com outros alimentos como pão, macarrão e arroz, que também possuem alto teor de
carboidratos.
Toxicidade

Estrutura da molécula de solanina. Este composto é altamente tóxico.


Como parte da defesa natural das plantas contra fungos e insetos, a planta possui altos níveis de
componentes tóxicos chamados glicoalcalóides (geralmente solanina e chaconina). Geralmente esses
compostos são encontrados em níveis baixos no tubérculo, e estão localizados somente pouco abaixo
da pele. Para manter a concentração de glicoalcaloides baixa, é necessária a conservação em um
ambiente escuro e fresco. Caso contrário, a batata torna-se esverdeada por causa do aumento da
clorofila, que indica níveis mais altos de solanina e chaconina. Esses compostos não são destruídos
com o cozimento e por isso é essencial a remoção das áreas esverdeadas e remoção da pele antes do
cozimento para assegurar a ingestão segura do alimento. Os primeiros sintomas da intoxicação
manifestam-se geralmente entre oito e doze horas após a ingestão, sob a forma de desordens
gastrointestinais e nervosas e, dependendo da dose, pode levar à morte. Uma única batata, se estiver
esverdeada, pode conter uma dose perigosa da substância. A batata pode servir de matéria-prima para
a fabricação de bebidas alcoólicas (como a vodca) e na produção de bioetanol (álcool combustível).

Doenças e pragas

Myzus persicae
Geralmente a lavoura de batata possui uma grande quantidade de outros seres vivos, como insetos e
ácaros, cujas espécies variam de uma região para outra. Entretanto, alguns seres vivos podem se
hospedar na planta e causar danos excessivos que, na maioria das vezes deve-se à alimentação nas
folhas com redução da área fotossintética, à alimentação nas raízes e estolhos e à alimentação nos
tubérculos, que prejudica a quantidade e a qualidade dos mesmos.
As principais pragas que atingem as lavouras são os pulgões, que estão distribuídos entre algumas
espécies das quais as mais perniciosas são o Myzus persicae e o Macrosiphum euphorbiae. A primeira
espécie pode transmitir mais de 100 espécies de vírus que atacam plantas de mais de 30 famílias
diferentes e é considerado o principal vetor de viroses na cultura da batata. Os pulgões p odem ter
formas aladas ou ápteras (sem asas), em resposta ao ambiente no qual vivem, seja por causa da
planta, seja por causa do clima e geralmente os indivíduos vivem cerca de vinte dias e as fêmeas
podem produzir até oitenta descendentes. Os problemas causados pelos insetos não se restringem
somente à disseminação de vírus, a alimentação na folhagem pode comprometer o desenvolvimento da
planta, e a saliva das duas espécies citadas tem ação tóxica nas plantas, o que faz surgir o
aparecimento de necroses ao longo de nervuras.
Outro inseto que causa muitos problemas é a mosca minadora (Liriomyza huidobrensis) cuja
população tem aumentado por causa do uso de inseticidas e em algumas regiões o cultivo se tornou
inviável. Sua permanência no ambiente é favorecida pois a mosca se desenvolve em mais de 40
hospedeiros diferentes, como na beterraba, girassol, espinafre,
melão, melancia e outras. O indivíduo adulto tem cerca de dois
milímetros de comprimento, de cor marrom escura a preta, com
brilho metálico e manchas amareladas no dorso e na cabeça, e seu
ciclo de vida pode durar de 19 a 40 dias, dependendo da estação do
ano. A moscas "picam" as folhas para oviposição (os ovos se
transformam em larvas que se alimentam da folha) e alimentação, o
que reduz a área fotossintética e debilita a planta, que fica prateada
ou acinzentada nas regiões atingidas das folhas.
Epicauta atomaria (burrinho)

Cigarrinha.
Outros insetos atacam a lavoura em áreas mais localizadas e esporadicamente. O burrinho (Epicauta
atomaria), por exemplo, é um besouro de cor cinza que chegam em bandos, comem as folhas da planta
em pequenas áreas, e depois saem subitamente também em bando. A infestação do ácaro
branco(Polyphagotarsonemus latus) ocorre quando há desequilíbrio causado pelo uso intenso de
inseticidas na parte superior da planta para controlar outras pragas. O surgimento de manchas indicam
a presença do ácaro que se alastra rapidamente pela lavoura, fazendo com que as plantas fiquem
parecendo queimadas e em sequência ocorre a morte antes da formação dos tubérculos.
A cigarrinha (Empoasca spp.) é um inseto com cerca de 3 milímetros de comprimento que se alimenta
das seiva da planta e, além disso, injeta saliva tóxica na planta, o que causa o paralisação do
crescimento e a necrose das folhas, que ficam com bordas amareladas.
Uma das principais doenças originadas de bactérias na batata é a murchadeira, causadas
por Ralstonia solanacearum, que provoca o murchamento e o secamento das hastes e posterior morte
da planta. A rotação de culturas é um método eficiente para controle desta doença. Outra doença
bacteriana é a sarna comum, causada por Streptomyces scabies, que se dissemina facilmente nos
solos cultiváveis. Provoca pequenas lesões superficiais nos tubérculos.

Sintoma da requeima da batata.


Mas sem dúvida uma das principais doenças da batata é a requeima ou preteadeira, causada
pelo oomiceto Phytophthora infestans (anteriormente considerado um fungo) que pode, sob condições
adequadas, destruir completamente uma lavoura em poucos dias. AS principais evidências da
infestação são as manchas escuras nas folhas que progridem para os pecíolos e hastes e pode atingir
até mesmo o tubérculo. A presença do oomiceto é evidenciada pelo surgimento de um tipo de mofo
cinza esbranquiçado e uma vez que o patógeno se instala no interior dos tecidos da planta não há mais
nada a fazer. Essa doença foi a responsável pela grande fome que atingiu a Irlanda na década de 1840
e, ainda hoje, causa prejuízos de mais de seis bilhões de dólares em todo o mundo.
Pinta preta.
A doença conhecida como pinta preta ou alternaira é causada pelos fungos Alternaria solani e A.
grandis ocorre principalmente em plantas adultas e a infecção se inicia pelas folhas mais velhas, sob a
forma de manchas zoneadas concêntricas que podem secar a folha completamente. O fungo também
pode atingir, raramente, o tubérculo, que apresenta lesões necróticas. A podridão seca causada pelo
fungo Fusarium spp. atinge os tubérculos que estão armazenados. O fungo penetra por ferimentos
existentes na batata, e faz com que seu interior fique ressecado até que todo o tubérculo seja
"mumificado".

Gralhas (engrossamentos) causados por nematódeos.


As doenças causadas por vírus são bastante diversas e numerosas. Uma delas é a doença do
enrolamento da folha causada pelo vírus do enrolamento da folha da batata (Potato leafroll virus -
PLRV), cujo principal sintoma é o enrolamento das bordas da folha para cima, no sentido da nervura
principal e dissemina-se por meio do plantio de tubérculos infectados e pelos pulgões. Causa uma
acentuada redução do crescimento e consequente redução da produção, que varia entre 50 e 70%.
O mosaico é causado por vários vírus, sendo o principal o vírus Y da batata. Provoca uma coloração
mais clara e amarelada nas folhas e redução dos crescimentos, entre outros sintomas. Os nematódeos
também causam prejuízos. O nematodeo-das-gralhas (Meloidogyne spp.) possui menos de um
milímetro de comprimento, e se aloja nas raízes das plantas, causando pequenos engrossamentos e
provocam o surgimento de "verrugas" que pode atingir todos os tubérculos, que não serve mais para a
comercialização. Outro nematódeo, o nematódeo-das-lesões (Pratylenchus

penetrans) provoca lesões nas raízes e manhas circulares castanho-púrpura nos tubérculos infectados,
impróprios para o comércio.
Batata geneticamente modificada

Protesto contra a batata geneticamente modificada na Alemanha.


O gene introduzido no DNA da batata impede a formação de amilose.
As pesquisas para desenvolver batatas transgênicas começaram no início dos anos 1990, quando
desenvolveram uma variedade resistente ao ataque de certo vírus. De fato, plantações com batatas
geneticamente modificadas pode aumentar a produtividade, a saúde do consumidor e ajudar a
conservar o meio ambiente. Mas muitos ativistas que são contra os produtos geneticamente
modificados (GM) contribuíram para a má aceitação do mercado, mas mesmo assim as indústrias da
batata continuam a investir nessa tecnologia. Testes feitos nas plantações no noroeste americano
mostram que produtos GM permitem o aumento da produção, diminuição dos custos e menor uso de
agrotóxicos, além da qualidade superior dos tubérculos. Os produtos GM são vistos como uma
promessa para os países subdesenvolvidos, já que os agricultores perdem a maior parte de sua
produção porque não podem comprar inseticidas. O aumento da produção resulta no aumento da
segurança alimentar, redução do preço, aumento da margem de lucro e proteção do meio ambiente, já
que são utilizados menos produtos químicos.
Em 2010, a Comissão Europeia aprovou o cultivo e o processamento de uma variedade geneticamente
modificada, cujo autorização foi requisitada 14 anos antes, e a produção poderá ser utilizada somente
para produção de amido industrial, não para a alimentação. Mesmo assim, essa aprovação representa
um grande avanço num continente que que se opõe fortemente aos produtos GM. Atualmente na
América do Norte a batata GM não é cultivada para utilização comercial, mas não foi sempre assim. A
partir de 1996 os agricultores começaram a cultivar as batatas, mas grandes companhias,
como McDonalds e Wendy's se recusaram a comercializar os produtos geneticamente modificados por
causa dos possíveis efeitos na saúde dos consumidores. A partir de então várias outras empresas
fizeram o mesmo. Atualmente, algumas empresas estadunidenses trabalham com batatas GM, e
procuram aprovação para que elas voltem ao mercado. Além disso, promovem ideias que quebram os
mitos acerca dos produtos transgênicos; que as batatas GM não são benéficas somente para os
fazendeiros, mas para os próprios consumidores e que a batata GM não possui DNA de outras
espécies. Com isso, a tendência é que esses produtos sejam bem aceitos pela maioria dos clientes.

Uma variedade geneticamente modificada criada é a Amflora. As variedades comuns de batata


produzem dois tipos de amido: amilopecitina e amilose. Para a aplicação industrial, somente a
amilopectina é utilizada (na indústria de papel, têxtil, materiais de construção etc) e por isso é preciso
separá-la da amilose por processos que envolvem muito consumo de energia. Por isso seria ideal que a
batata produzisse amido somente na forma de amilopectina. Para isso foi criada a variedade Amflora,
que produz somente o tipo de amido necessário para a indústria. Essa variedade também se tornou
resistente a antibióticos, e a preocupação é se as bactérias poderiam se tornar resistentes incorporando
os genes utilizados na batata, apesar de isso nunca ter sido demonstrado nem na natureza, nem em
laboratório.
Gastronomia

Diversas formas de preparo da batata.


A batata é o vegetal mais popular do mundo e o quarto mais consumido, sendo usado em receitas em
todo o mundo. São utilizadas como massa na Itália, cozidas com bananas na Costa Rica, cozidas com
arroz no Irã, recheadas com fígado na Bielorrússia, fritas com feijões verdes na Etiópia, dentre outras
incontáveis receitas com o tubérculo. O segredo do grande sucesso da batata é sua grande diversidade,
que proporcionam várias opções de cor e sabor. Algumas variedades dão às sopas uma textura
cremosa e um gosto delicado que destaca os outros ingredientes. Outros tipos de batata são melhores
cozidas, servidas como um simples lanche ou recheadas com diversos ingredientes.
Variedades com maior teor de amido (farinhentas) são melhores
para o cozimento, para fritar e para amassar, enquanto outras com
menos amido são melhores assadas e mais utilizadas em saladas.
Alguns livros de culinária sugerem que o conteúdo de amido pode
ser estimado fazendo-se testes simples: o da água salgada (batatas
pobres em amido flutuam e as ricas em amido afundam) e o da
observação (batatas ovais com pele espessa são melhores para o
cozimento, enquanto as grandes e arredondadas servem para
várias outras finalidades). A produção em massa através dos anos
têm originado batatas maiores, mas mais insípidas. Indo contra
essa tendência, a partir dos anos 1990, aumentou a demanda por
variedades tradicionais, que, protegidas por patentes, são uma
grande fonte de lucro para os agricultores e comerciantes.
Mas, sem dúvida, um dos pratos mais conhecidos em todo mundo é
a batata frita. O alimento apareceu pela primeira vez na década de
1840, e se tornou popular rapidamente em Paris e, posteriormente,
a receita se espalhou pelo resto do mundo. A partir da Segunda
Guerra Mundial, cerca de 75 por cento das batatas eram utilizadas
em lanches rápidos. Atualmente a popularidade mundial da batata
frita deve-se também às grandes empresas de lanches,
como McDonalds e Burger King, onde o consumo com sanduíches simboliza uma dieta globalizada.
Entretanto, o consumo generalizado da batata processada não é tão vantajoso quanto consumir a
batata fresca porque, durante o beneficiamento, o produto perde cerca de 50 por cento de seus
nutrientes, além de conter muito mais gordura, que aumenta a quantidade calórica da batata e,
consequentemente, provoca obesidade.
A Cultura do Trigo
O trigo é um dos cereais mais produzidos no mundo. Graças ao seu aprimoramento genético, possui
atualmente uma ampla adaptação edafoclimática, sendo cultivado desde regiões com clima desértico,
em alguns países do Oriente Médio, até em regiões com alta precipitação pluvial, como é o caso da
China e Índia.
No Brasil pode ser cultivado desde a região Sul do país até o cerrado, no Brasil Central. A região
tritícola do Brasil Central abrange as áreas do cerrado localizadas nos Estados da Bahia, de Minas
Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. Seu clima apresenta condições
favoráveis e caracteriza-se pela existência de duas estações bem definidas: uma chuvosa e quente e
outra seca, com temperaturas mais amenas. Assim permite o cultivo de trigo nos sistemas irrigado e
sequeiro “safrinha”, viabilizando duas safras/ano em rotação de cultura, além de otimizar o uso da infra-
estrutura disponível, e proporciona, como resultado, a redução dos custos das culturas de verão e o
aumento da renda da unidade produtiva.
O cultivo de sequeiro, semeado em fevereiro e março, é de alto risco, pois o potencial de rendimento de
grãos está associado à quantidade de chuvas que ocorrerão durante o ciclo da cultura. O trigo nesse
cultivo é uma das culturas que melhor cobertura de solo deixa para o sistema plantio direto no Cerrado
brasileiro, melhorando, portanto a sustentabilidade do sistema agrícola, através da melhoria na retenção
de água no solo e de sua fertilidade.
O trigo da safrinha é colhido na entre safra brasileira e Argentina. O que é interessante sob o ponto de
vista de mercado, porque garante ao produtor melhor preço e consequentemente melhor renda. Em
regiões marginais da Ásia e África, semelhantes ao cultivo de sequeiro no cerrado, o trigo é a melhor
opção.
No cultivo irrigado, semeado em abril e maio, por pivô central, o trigo é uma ótima opção no sistema de
rotação de culturas, uma vez que o trigo ”quebraria” o ciclo das chamadas “cash crops”, como é o caso
do feijão e de algumas olerícolas como alho, cebola, cenoura e batata. A vantagem desse cultivo é que
os riscos são mínimos. O potencial de rendimento de grãos é elevado, sendo um determinante
importante na lucratividade da lavoura de trigo irrigado.
O Cerrado do Brasil Central tem um grande potencial para a expansão da triticultura nacional. Além, de
contar com grande disponibilidade de área viável para o cultivo do trigo, possui um parque industrial
instalado com potencial de expansão. Em termos de área, para as condições de sequeiro o potencial de
expansão é de 2 milhões de hectares, localizadas em altitudes superiores a 800 metros. Áreas com
irrigação via pivô central já somam 300 mil hectares, com potencial de expansão, para chegar a 2
milhões de hectares, em áreas com mais de 500 metros de altitude. Portanto, a região poderia produzir
em torno de 6 milhões de toneladas de trigo, 60% da demanda do mercado de trigo no Brasil, que
atualmente está em torno de 10 milhões de toneladas. Atualmente, a produção brasileira representa
apenas 50% dessa demanda interna.
A vantagem da produção de trigo do cerrado é a estabilidade em termos de quantidade e qualidade
industrial, pois nas condições irrigadas as variações de rendimento de grãos são pequenas e o trigo é
colhido no período seco e na entre safra. A região poderia funcionar como reguladora de estoques e
uma exportadora de trigo para outros estados e também para outros países.
O consumo per capita anual de trigo também tem potencial para uma maior expansão no Brasil. O
consumo de trigo no país apresenta crescimento vegetativo, evoluindo à taxa de aumento da
população, equivalente a 100 mil toneladas anuais. No Brasil, o consumo “per capita” de trigo em grão é
de 53 quilos por habitante-ano, enquanto na Argentina é de 91 kg, na França 100 kg e no mundo 85 kg.
O consumo per capita de pão no Brasil é de 27 quilos por habitante-ano, considerada baixa pela
organização Mundial da Saúde que tem como meta 60 kg. Na Argentina, o consumo “per capita” de pão
é de 73 kg, na Itália de 60 kg, e na França 56 kg.
Para um projeto de expansão da cultura do trigo na região do cerrado brasileiro, são as seguintes as
principais justificativas: - O Brasil é um dos maiores importadores de trigo;
- Gastos de divisas com importação, equivalentes a um bilhão de dólares;
- Apoio à política de geração de emprego e renda;
- Otimização do uso de tecnologia e infra-estrutura disponível;
- Consumo nacional em expansão;
- Aumento e regularidade da oferta na região central do país;
- O trigo é produzido na entre safra do trigo brasileiro e Argentino;
- Capacidade instalada de processamento industrial de 1,6 milhões de toneladas/ano
- Sustentabilidade econômica do produtor pelo cultivo de duas safras/ano;

Estatística de Produção
Os 10 maiores produtores mundiais de trigo são: União Européia, China, Índia, Estados Unidos, Rússia,
Canadá, Austrália, Paquistão, Ucrânia e Turquia.A área de produção de trigo no Brasil encontra-se
dividida em três regiões distintas: Sul, Centro-Sul e Brasil Central, de acordo com características
climáticas, variedades e sistemas de produção. A região do Cerrado, no Brasil Central, apresenta um
dos maiores potenciais para a produção de trigo no mundo, podendo proporcionar produtividades
superiores a 6.0 kg/ha. Isso corresponde a uma eficiência de produção de 50kg de trigo por hectare ao
dia, um recorde mundial. Essa região, que no século passado chegou a exportar trigo para outros
estados, atualmente importa quase todo o trigo necessário ao seu consumo. Naquela época, devido à
falta de variedades adaptadas e produtivas, o trigo perdeu espaço para as culturas tropicais, como o
milho, mandioca e arroz, e foi sendo esquecido. Por isso, não foi criada a tradição de se cultivar trigo
nas pequenas propriedades. Nos últimos anos, por motivos estratégicos e em busca da auto-suficiência
de trigo no Brasil , a Embrapa, Emater de diversos estados, cooperativas e escolas de agronomia da
região, vêm realizando pesquisas com o trigo no Cerrado. Os resultados dessas pesquisas têm sido
utilizados com sucesso apenas pelos médios e grandes produtores. Isso porque foi criado o mito de que
o cultivo de trigo e seu beneficiamento só são possíveis com o emprego de máquinas e equipamentos
sofisticados.
Nas últimas safras a área semeada com trigo no Brasil Central, foi em torno de 50 mil hectares no
regime irrigado e aproximadamente 15 mil hectares no sequeiro. No curto prazo podemos atingir
facilmente uma área de mais de 120 mil hectares somadas as lavouras em regime irrigado e de
sequeiro. A região produziria mais de 700 mil toneladas de trigo anualmente, colhido em uma época de
escassez de trigo no mercado, de junho a setembro, e quando os preços de mercado geralmente estão
com os valores máximos durante o ano.
Em maio do ano passado o Brasil importava trigo da Argentina por US$ 120 a tonelada. Atualmente o
produto está sendo comprado por US$ 200. Mesmo com essa alta, o trigo argentino é o que chega com
melhor preço ao Brasil, pois as regras do Mercosul oneram muito e até inviabilizam as importações
procedentes de outros países. Por isso, a farinha de trigo e o pão estão encarecendo.
Não há escassez de trigo no mundo. O problema é regional. A Argentina, que sempre foi o maior
fornecedor do Brasil, não vem conseguindo acompanhar o aumento da demanda e instituiu uma política
interna que restringe as exportações.
A produção brasileira de trigo também encolheu, de quatro milhões para dois milhões de toneladas. O
trigo brasileiro é caro, mas serve como regulador de mercado.
A saída seria importar trigo de outros países, porém isso provocaria uma tempestade no Mercosul, já
que se trata do carro-chefe das exportações da Argentina para o Brasil.
De acordo com o 6º levantamento da produção de grãos 2006/2007, divulgado oficialmente em abril de
2007, as lavouras de trigo encontram-se completamente colhidas. A área cultivada foi de 1,76 milhão de
hectares, inferior à da safra passada em 25,6%, redução essa, impulsionada pelos baixos preços do
produto e pelas condições climáticas adversas na época da implantação da cultura (estiagem) e no
período de floração e frutificação (geadas). Como resultado, a produtividade da safra caiu para 1.271
kg/ha, sendo inferior à da safra anterior em 38,4%.
Em função da redução da área plantada e da produtividade, a produção foi de 2,23 milhões de
toneladas, inferior à da safra passada em 54,2% (2,64 milhões de toneladas).

Origem, Domesticação e Introdução no Brasil.


O trigo, cujo nome científico é Triticum aestivum, é uma planta da família das gramíneas, assim como o
arroz e o milho, e se originou do cruzamento de outras gramíneas silvestre que existiam nas
proximidades dos rios Tigre e Eufrates (região do Crescente Fértil), na Ásia, por volta de 15 mil a 10 mil
antes de Cristo. Sua importância está ligada ao desenvolvimento da civilização e da agricultura
moderna, sendo considerado um alimento sagrado por muitos povos.
Considerado um dos principais alimentos da humanidade, ocupa em torno de 20% da área cultivada no
mundo. A utilização do trigo, como alimento, data de cerca de 17 mil anos. O primeiro homem a comer
trigo, provavelmente mastigou os grãos do cereal silvestre e descobriu que poderia cultivá-lo e, com
isso, se estabelecer em um local definitivo, deixando de ser nômade.
Este fato pode ser considerado como a descoberta da agricultura. A próxima descoberta foi moer os
grãos, obter a farinha e fazer o pão. O primeiro pão de que se tem notícia foi feito pelos habitantes da
Idade da Pedra, há 8 mil anos. Eles misturavam a farinha com água, a qual cozinhava em pedras
quentes, sem uso de fermento. O pão possuía uma forma achatada, lembrando uma pizza grossa.
A chegada do trigo no Brasil remonta ao período colonial. Ainda no século 16, os portugueses que para
cá vieram tentaram o cultivo deste cereal, no centro do país, como a iniciativa de Martin Afonso de
Souza, em 1531, de cultivar trigo na Capitania Hereditária de São Vicente, que hoje corresponde ao
Estado de São Paulo.
Depois o trigo migrou para o sul, encontrando ambiente, clima e solo mais adequados às suas
exigências. Os açorianos, que chegaram em meados do século 18, foram os protagonistas da
experiência mais difundida historicamente sobre o cultivo de trigo no Brasil. E vieram as epidemias de
ferrugem, as guerras, a abertura dos nossos portos às nações amigas e o trigo quase desapareceu das
terras brasileiras.
Com a independência do Brasil e a fase imperial, chegaram os alemães, em 1824, que mantiveram o
trigo nas colônias germânicas do Rio Grande do Sul. Depois, foi a vez dos italianos, em 1875, dando um
novo impulso ao trigo no Brasil.
Fim do século 19 e veio a República. No início do século 20 houve fracassos com importações de
sementes não adaptadas. Depois de diversos fracassos da cultura, principalmente em função de
doenças, o Ministério da Agricultura procurou incentivar o plantio do cereal com a criação, em 1919, de
duas Estações Experimentais – em Ponta Grossa no Paraná, e em Veranópolis, no Rio Grande do Sul.
Estímulos por um lado – com a criação de estações experimentais específicas para trigo e o surgimento
do trigo Frontana, nos anos 1940 – e, por outro, as fraudes do trigo-papel e o acordo de compra de trigo
americano. Mais uma vez a triticultura brasileira estava sendo relegada a um segundo plano.
O estímulo do governo à triticultura passou a ser mais efetivo depois da Segunda
Guerra Mundial, em 1954, quando surgiram as primeiras lavouras mecanizadas no estado do Rio
Grande do Sul. A consolidação da cultura aconteceu apenas muitas décadas depois, por volta de 1960,
com a política de amparo à triticultura e à moagem
Botânica
O trigo pertence à família Gramineae, tribo Triticeae, subtribo Triticinae. A espécie cultivada Triticum
aestivum, é hexaplóide (2n = 6x = 42 cromossomos). É uma espécie autógama, com flores perfeit as
que, em condições normais de cultivo, apresenta baixa frequência de polinização cruzada.
A planta de trigo possui de seis a nove folhas, cada uma composta de bainha e lâmina foliar, dispostas
de forma alternada. O sistema radicular é do tipo fasciculado ou cabeleira, sendo originado a partir da
semente (raízes seminais, importantes até a fase de perfilhamento) e da região da coroa (raízes
permanentes e definitivas). O colmo é cilíndrico e oco (fistuloso), possuindo de seis a nove entrenós. As
flores aparecem em espigas compostas de várias espiguetas, dispostas de forma alternada e opostas
ao longo da ráquis (eixo central).

Planta de Trigo. Estruturas e uma Espigueta.

Detalhe de uma Espigueta.


O grão de trigo, do tipo cariopse, é pequeno e seco, chegando a medir 6 m de comprimento. Possui três
partes importantes: o endosperma, a casca e o embrião. O endosperma, a parte maior, é a mais
importante, por ser a fonte de farinha branca. É rico em amido, e possui três quartos da proteína do
grão. O embrião é rico em proteína, gorduras e minerais. A casca é rica em minerais e vitaminas. O
grão de trigo é uma excelente fonte de energia (carboidratos, proteínas e fibras). O trigo é, também,
uma importante fonte de ferro, e vitaminas B1 e B2 .Basicamente, cinco fases de desenvolvimento
podem ser definidas durante o período de crescimento da planta de trigo: fase de plântula, de
perfilhamento, de alongamento, de espigamento e de maturação.
Após a germinação da semente, o sistema radicular começa a penetrar no solo e uma pequena folha, o
coleóptilo, cresce e rompe a superfície do solo, entre cinco a sete dias após o plantio. O coleóptilo não é
uma folha verdadeira, tendo somente a função de proteger o ponto de crescimento da planta até esta
aparecer na superfície. A partir daí, começa a fase de plântula, com a primeira folha verdadeira saindo
do coleóptilo e abrindo, vindo, em seguida, a segunda e terceira folha. Esta fase termina quando a
planta começa a lançar seus perfilhos, o que ocorre, em geral, de dose a 16 dias após a emergência
(aparecimento das plântulas na superfície do solo).
Na segunda fase de desenvolvimento, ou seja, a fase de perfilhamento, ao mesmo tempo em que novas
folhas se abrem, aparecem os perfilhos. No perfilhamento, dependendo da variedade, bem como do
espaçamento entre plantas, podem aparecer poucos ou muitos perfilhos, onde as plantas aparecem por
volta de sete a oito perfilhos. As plantas são baixas nesta fase. A fase de perfilhamento dur a de quinze
a 17 dias. Após o aparecimento dos últimos perfilhos, começa a terceira fase, a de alongamento.
Na fase de alongamento, que se inicia com o aparecimento do primeiro nó do colmo, as plantas
crescem, aparecem os outros nós e a folha-bandeira, a última folha da planta. A bainha da folha-
bandeira envolve a espiga, formando uma região grossa no colmo, estando então a planta
emborrachada. Logo após esta etapa, a espiga sai, tornando-se visível, dando início a fase de
espigamento. A duração da fase de alongamento é de aproximadamente quinze a 18 dias.
Após a emergência completa da espiga, ocorre o florescimento ou antese e, em seguida, a formação do
grão. A espiga se afasta da folha-bandeira, com o alongamento do pedúnculo, haste que suporta a
espiga. O período entre o aparecimento da espiga e o início do enchimento de grãos, após a antese,
varia entre doze a 16 dias.
A partir da formação do grão, após a antese, começa a fase de enchimento de grãos. Inicialmente, o
grão é aquoso, depois leitoso, e em seguida, forma uma massa úmida e macia, que posteriormente
endurece. Essa fase dura de 30 a 34 dias, terminando com a maturação dos grãos, quando as folhas e
espigas secam e os grãos podem ser colhidos.
A duração do plantio até a maturação dos grãos depende da variedade, época de plantio e do local. No
Distrito Federal, em plantio na época normal, os grãos amadurecem após 100 a 110 dias, ficando o
ponto de colheita condicionado às variações climáticas.
Como descritores varietais para a cultura do trigo, têm-se as seguintes características taxonômicas:
hábito de crescimento, ciclo, altura, folhas, colmo, espigas, glumas, grãos e presença de antocianina
(influenciada pela luz e temperatura).
O hábito de crescimento refere-se à posição das plantas no início do seu desenvolvimento, em relação
à superfície do solo, podendo assumir porte ereto, semiereto, ou rasteiro .Quanto ao ciclo, as
variedades de trigo podem ser classificadas como precoces (variedades que possuem germoplasma
mexicano, por exemplo), intermediárias, tardias (ciclo longo, mais utilizadas na região Sul) e muito
tardias (variedade de trigo de inverno, não cultivadas no Brasil).
A altura é medida do solo até o ápice das espigas, sem incluir as aristas, no momento em que as
plantas apresentarem seu maior desenvolvimento (um mês após o espigamento). É uma característica
muito influenciada por fatores edafoclimáticos, sendo válidas apenas comparações entre variedades
cultivadas em uma mesma condição ambiental.
As folhas são constituídas pela bainha e lâmina, encontrando-se na base da lâmina, a lígula e aurículas.
As características foliares mudam muito de uma variedade para outra, sofrendo também forte influência
de fatores ambientais. Para diferenciar variedades são utilizadas as características: pilosidad e das
bainhas, posição, cor, e torção da lâmina, cor e pilosidade das aurículas e cerosidade.
As características do colmo utilizadas como descritores varietais são: cor, comprimento do pedúnculo,
forma e pilosidade do nó superior, diâmetro e espessuras das paredes do colmo.
As espigas são caracterizadas pelas aristas, quanto à forma, comprimento, densidade e posição.
As características das glumas são muito utilizadas para a diferenciação de variedades por serem muito
influenciáveis por variações ambientais: pubescência, cor, comprimento, largura, forma e largura do
ombro, forma da quilha, largura, forma e comprimento do dente.
As características dos grãos variam para grãos provenientes de diferentes partes de uma mesma
espiga de trigo, motivo pelo qual devem ser medidas, para efeito de descrição varietal, em grãos
colhidos na porção mediana da espiga (forma, comprimento, cor, textura, pincel, germe e sulco).
Especialmente, nos estágios iniciais de desenvolvimento, o trigo assemelha-se muito a outros cereais
de inverno, como a cevada, o centeio, a aveia ou o alpiste. Sua diferenciação pode ser feita baseada
nas seguintes características: lígula, aurícula, folha e bainhas.
Uma curiosidade: o triticale é proveniente do cruzamento do trigo com o centeio, guardando maiores
semelhanças com o trigo, em face dos sucessivos retrocruzamentos e seleções feitos visando recuperar
as qualidades do grão deste cereal. Em decorrência, sua técnica de cultivo se assemelha mais com a
preconizada para o trigo. Foi introduzido no Brasil há mais de vinte anos, mas somente em 1984 se
consolidou como cultivo de importância econômica pelo reconhecimento oficial dos resultados da
pesquisa desde então conduzida com este novo cereal, consubstanciado na Portaria CMN nº 420/84,
que equiparou o triticale ao trigo quanto às políticas de comercialização, preço, financiamento e
industrialização.

Cultivares
Atualmente, cultivam-se trigos de inverno e de primavera. Os trigos de inverno, em seu estádio inicial de
desenvolvimento, necessitam passar por um período de vernalização, a temperaturas próximas a zero
grau centígrados, para completar o ciclo reprodutivo. O trigo cultivado no Brasil é de hábito primaveril e
a maioria das cultivares é insensível ao fotoperíodo.
A pesquisa liderada pela Embrapa vem redirecionando seus objetivos no sentido de compatibilizar as
demandas da industria moageira da região com o trigo produzido pelo agricultor. As cultivares criadas
pela Embrapa, Embrapa 2, Embrapa 42, BRS 207 e BRS 210 indicadas para cultivo irrigado e BR 18 e
Embrapa 21 para cultivo de sequeiro, estão disponíveis no mercado atualmente, e algumas delas como
a Embrapa 2, Embrapa 42 e BR 18 possuem qualidade industrial excelente para a panificação, nos
mesmos padrões de qualidade dos trigos importados. As cultivares BRS 207, BRS 210 e Embrapa 21
possuem qualidade industrial excelente para fabricação de massas, pão doméstico e biscoitos. Em
2006, a Embrapa lançou duas novas cultivares para o sistema irrigado da região, BRS 254 e BRS 264.
Cultivares com alto potencial de rendimento de grãos e excelente qualidade industrial para panificação.
Nas safras 2003, 2004 e 2005 no cultivo irrigado, houve vários triticultores que obtiveram rendimentos
de grãos superiores a 7 toneladas/ha utilizando a cultivar BRS 207. Com a utilização do redutor de

crescimento (trinexapac-ethyl) nas cultivares Embrapa 2 e Embrapa 42, os produtores tem alcançado
rendimentos de 6 toneladas de grãos/ha. Entretanto a média da região está em torno de 5 toneladas/ha.
No cultivo de sequeiro a média é de aproximadamente 1,5 toneladas/ha, as melhores produtividades
podem chegar até 3,0 toneladas/ha, em anos que a chuva se estende até finais de abril.
Para a expansão da cultura do trigo no cerrado, há necessidade da pesquisa com o uso da moderna
tecnologia, desenvolver maior número de cultivares, pelo uso de marcadores moleculares, mapeamento
molecular de genes, aumento da diversidade genética e aprimoramento na técnica de obtenção de
genótipos duplohaplóides. A produção de linhagens “Duplo-haplóides” reduziu o tempo de criação de
novas linhagens de trigo para apenas dois anos. Isso representou um aumento na produção de
linhagens para testes visando a indicação de novas cultivares e, também representou maior rapidez na
incorporação de novos genes de resistência ou qualidade em cultivares adaptadas. Além do
melhoramento a pesquisa deve também aprimorar o manejo do sistema de produção.
Para o sistema irrigado, novos trigos continuam a ser desenvolvidos, anualmente. A melhoria da
resistência, do potencial de rendimento de grãos e da qualidade, em novos ideótipos de planta,
adaptados às condições do cerrado, estão sendo buscados pela pesquisa. Estão sendo desenvolvidas
novas linhagens contendo o gene de nanismo (Rht). Este gene diminui a altura das plantas, tornando os
genótipos mais resistentes ao acamamento, mesmo em doses maiores de nitrogênio. Estas novas
linhagens tem potencial para produzir em torno de 8 toneladas de grãos por hectare a nível de lavoura.
O trigo de sequeiro, como é um cultivo de risco, não permite altos investimentos. Com um rendimento
de grãos bem abaixo do irrigado, necessita que a pesquisa desenvolva um pacote tecnológico com
cultivares rústicas e tolerantes à seca, eficientes em retirar nutrientes do solo e mais resistentes às
doenças fúngicas, principalmente a bruzone. Estes cultivares, aliados a um manejo menos oneroso,
diminuiria os custos de produção, garantindo um rendimento, que embora menor que o irrigado, garanta
uma rentabilidade ao triticultor.
Região de produção de trigo no Brasil Central.

Aproximadamente uma semana mais precoce que os demais cultivares classificados como precoces.
Aproximadamente 10 cm mais alta que os demais materiais classificados como baixos.
Aproximadamente 10 cm mais alta que os demais materiais classificados como baixos. R = Resistente,
MR = Moderadamente Resistente, MS = Moderadamente Sensível ao acamamento. Qualidade de
panificação inferior aos demais materiais classificados como pão.

Clima, Solo, Adubação e Calagem.


Os fatores climáticos que condicionam a adaptação do trigo a diversas regiões são a temperatura,
luminosidade e água. A Tabela abaixo apresenta, em linhas gerais, as exigências climáticas da cultura
em função do estágio de desenvolvimento.

Estágio Temperatura Umidade


Emergência Do solo em torno de 15ºC 120 m (50-200 m) Até o perfilhamento 8 e 18ºC 5 m/mês (30-80
m) Fim do perfilhamento ao espigamento 8 e 20ºC 40 m/mês Espigamento à maturação 18ºC Nunca
acima de 60mm/mês
Os solos devem ser, preferencialmente, de textura média (arenosos), profundos, drenados, férteis, pH
6,0, saturação de bases entre 40 e 60%, em áreas planas ou com pouco declive. Evitar solos
cascalhentos e áreas sujeitas a encharcamento. O trigo requer, para sua nutrição, os macronutrientes
Nitrogênio (N), Fósforo
(P2O2), Potássio (K2O), Cálcio (CaO), Magnésio (MgO), Enxofre (S). Os micronutrientes exigidos são
Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês
(Mn), Molibdênio (Mo) e Zinco (Zn). A falta ou baixo teor no solo, de qualquer um desses nutrientes,
resulta em menor crescimento das plantas e menor produção de grãos.
Os fertilizantes minerais (adubos) contêm um ou mais nutrientes em elevada concentração, e a prática
da adubação visa complementar as quantidades de nutrientes presentes nos solos, para garantir bons
rendimentos de grãos. Adubos orgânicos, como os estercos, contêm todos os nutrientes, mas em

concentrações baixas, sendo necessária a aplicação de doses elevadas para fornecer esses nutrientes
em quantidades suficientes às plantas.
Não se dispondo da análise química do solo, sugere-se aplicar para o trigo de sequeiro, cerca de
500kg/ha da fórmula 4-14-8, ou 250kg/ha da fórmula 4-30-16 (mais concentrada em fósforo e potássio),
que são facilmente encontradas no comércio.
Para o trigo irrigado, recomendam-se doses maiores de fertilizantes, pois o potencial de rendimento de
grãos é maior. Além disso, há a garantia de que, sob irrigação, não haverá o problema de quebra de
rendimentos devido aos veranicos, o que frequentemente ocorre no sistema de sequeiro. Assim,
sugere-se para o trigo irrigado, doses em torno de 350kg/ha da fórmula 4-30-16, que corresponde a 105
e 56kg/ha de fósforo e potássio, respectivamente.
As fórmulas de baixa concentração, como a 4-14-8, contêm, além de NPK, o enxofre (S), o que não
ocorre com as fórmulas de alta concentração de nutrientes, como a 4-30-16. Assim, para que haja a
garantia de que o enxofre não falte ao trigo, sugere-se dar preferência às fórmulas de baixa
concentração, ou utilizá-las pelo menos uma vez a cada três anos. Outras opções para garantir o
suprimento de enxofre são a aplicação de gesso agrícola, ou utilização na adubação nitrogenada em
cobertura, o sulfato de amônio, que contêm enxofre.
Quanto ao nitrogênio, recomenda-se aplicar apenas uma pequena dose (10 a 20kg/ha), através das
formulações NPK, sendo a maior parte aplicada em cobertura, no início do perfilhamento, cerca de duas
a três semanas após a emergência. A dose depende, principalmente, do sistema de cultivo (sequeiro ou
irrigado) e da variedade plantada.
Não é necessário aplicar os demais nutrientes em cobertura, pois não se perdem facilmente pelo
excesso de chuvas. Os adubos devem ser aplicados à lanço, próximo à data da semeadura, e em
seguida incorporados com arado ou grade, ou manualmente, com enxada.
Alguns micronutrientes são deficientes em muitos solos do Brasil Central. Para o trigo, as deficiências
mais generalizadas são as de Zinco e Boro, sendo a deficiência de cobre mais comum em solos
arenosos ou solos orgânicos de várzeas (pretos na camada superficial). As deficiências de boro ou
cobre causam o chochamento do trigo. Muitas espiguetas permanecem chochas (sem grãos), o que
resulta em menor rendimento.

Efeito da deficiência de Boro: espigas da esquerda menores, mais verdes e com poucos grãos.
A correção dessas deficiências também é efetuada através de fertilizantes contendo esses
micronutrientes, sendo os principais o sulfato de zinco (que contêm 20% de zinco), sulfato de cobre
(25% de cobre) e o bórax (1% de boro). A aplicação de doses em torno 3kg de zinco, 2kg de cobre e
2kg de boro, por hectare, uma única vez, apresenta efeito de, no mínimo, quatro anos, não sendo
necessárias reaplicações durante este período. Como as doses destes produtos são pequenas,
recomenda-se misturá-las aos adubos NPK, para facilitar a adubação no campo.
Além da falta ou baixo teor de um ou mais nutrientes, a acidez do solo na Região do Cerrado brasileiro
limita o crescimento das plantas, devido ao alumínio presente em formas tóxicas às raízes, o que
prejudica o crescimento e a absorção de água e nutrientes. A acides deve ser determinada em
laboratórios de análise química, a partir de amostra adequadamente colhida na área de lavoura, antes
do plantio.

Preparo do Solo e Plantio


Na Região do Cerrado, o trigo pode ser plantado em duas épocas. Na primeira época, de 10 de janeiro
até o final de fevereiro, planta-se o trigo de sequeiro (sem irrigação), aproveitando-se o final da estação
chuvosa. Na zona do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, essa data de plantio pode ser estendida até 28
de março, devido à melhor distribuição da chuva. O trigo produzido nessa época apresenta menor
potencial de produtividade, situando-se em média, em torno de 1.200kg/ha. Já na Região do Alto
Paranaíba, a produtividade média das lavouras alcança mais de 2.0 kg/ha. O sucesso desse cultivo
depende diretamente da quantidade e da distribuição das chuvas. Por isso, caso existam condições de
se fazer irrigações suplementares quando houver falta de chuvas, maiores produtividades podem ser
alcançadas.
Na segunda época, de 10 de abril até 31 de maio, dando-se preferência para o mês de maio, o trigo é
cultivado durante a estação seca, com a utilização da irrigação durante todo seu ciclo. As lavouras
cultivadas nessa época atingem um potencial de produção de até 6.0 kg/ha.
Devem-se evitar plantios depois do mês de maio, devido a riscos de chuva na colheita. A ocorrência de
chuvas nesse período prejudica a qualidade dos grãos e aumenta perdas na colheita, devido á
incidência de acamamento (tombamento ou queda de plantas no campo).
O ideal é que o solo seja bem preparado e nivelado, evitando a presença de torrões e de palhas na sua
superfície. A presença desses elementos prejudica a germinação das sementes, diminuindo o número
de plantas emergidas. O solo pode ser preparado com implementos agrícolas como arados e grades,
puxados por trator ou tração animal (agricultura familiar). Microtratores, usados em hortaliças, também
podem ser utilizados. O preparo do solo deve atingir em torno de 20cm de profundidade, porque cerca
de 80% das raízes se concentram nessa camada.
A semeadura deve seguir as seguintes recomendações: o espaçamento deve ser em torno de 20 cm
entre as fileiras de plantas, profundidade de 5 cm, evitando plantios rasos, menor que 3 cm e profundos,
maior que 8 cm. A quantidade de sementes por metro linear deve ser calculada para a obtenção de 60
plantas por metro, correspondendo a 300 plantas por metro quadrado.
Para calcular a densidade de semeadura, deve-se corrigir a quantidade de sementes a serem
distribuídas por metro, em função da sua porcentagem de germinação.
Colheita, Trilha, Beneficiamento, Armazenamento e Comercialização.
A colheita do trigo ocorre, em média, de 110 a 120 dias após o plantio, oscilando de acordo com a
variedade. O trigo deve ser colhido maduro, quando toda a planta se encontrar com uma coloração
amarelada, típica de palhas.
Convém planejar a colheita com antecedência, anterior à própria semeadura. Em função da reduzida
disponibilidade de máquinas ou de uma tendência à debulha das variedades de trigo utilizadas, é
aconselhável escalonar a colheita, semeando variedades de ciclos diferentes numa mesma época ou
variedades de mesmo ciclo em épocas distintas.
O momento apropriado para iniciar a colheita dependerá, fundamentalmente, do grau de umidade dos
grãos, podendo ser antecipado em função de uma maior suscetibilidade da variedade à debulha, à
germinação na espiga ou ante a intenção de dispor de sementes com elevada qualidade fisiológica
(vigor).
Em princípio, recomenda-se colher o trigo quando a umidade dos grãos descer abaixo de 15%
(preferencialmente em torno de 13%).
Na lavoura, o ponto de colheita pode ser identificado esfregando as espigas entre as palmas das mãos.
Se os grãos debulham, quebrando com facilidade à ráquis, o conteúdo de umidade dos grãos está
próximo ao ideal para colheita. Isto também pode ser constatado pressionando os grãos com a
extremidade da unha. A lavoura estará pronta para colheita quando os grãos pressionados ficarem
marcados. Se estiverem macios, têm umidade excessiva; se não chegarem a marcar, já ultrapassaram
o ponto de colheita.
Quando o objetivo for semente de alta qualidade, é melhor realizar a colheita quando as espigas
atingirem, pela primeira vez, 15% de umidade, sendo neste caso nec essário proceder à secagem das
sementes.
A hora do dia preferencial para colheita dependerá da umidade relativa do ar.
Pela manhã e à noite, a umidade relativa é maior, influenciando a velocidade conveniente de
deslocamento da máquina, a regulagem da distância entre o cilindro e o côncavo e da própria
velocidade de rotação do cilindro. Após as 10 horas da manhã, em dias ensolarados, o trigo fica seco,
com baixo teor de umidade e ideal para ser colhido.
A colheita manual deve ser feita em feixes, cortando a planta na sua base, com o uso de um cutelo ou
faca. Os feixes colhidos devem ser agrupados em feixes maiores e levados para o local da trilha ou
debulha.
Frequentemente constata-se um grande interesse do triticultor em maximizar a produção e um
paradoxal descaso em relação às perdas na colheita. Caso não sejam observados procedimentos
adequados (relativos ao momento de iniciar a colheita, à conveniente regulagem da colheitadeira, à
velocidade de deslocamento da máquina etc), perdas substanciais podem ocorrer, superiores mesmo
aos ganhos conseguidos pelo

Estima-se que 80% das perdas na colheita do trigo ocorrem na plataforma da colheitadeira, por
operação defeituosa do molinete ou da barra de corte. Aquelas atribuídas a problemas na trilha
dificilmente ultrapassam 10% das perdas totais, decorrendo na maioria dos casos de inadequado fluxo
de ar ou má regulagem do cilindro. A Tabela abaixo apresenta alguns procedimentos recomendados
para solucionar problemas na colheita do trigo.
 Espigas caindo em frente à barra de corte: Excesso de velocidade do molinete. Reduzir a
velocidade do molinete.

 Plantas cortadas amontoadas na barra de corte, Molinete muito alto,Plataforma muito alta:
Baixar o molinete e deslocá-lo para trás se necessário. Baixar a plataforma para cortar o talo mais
comprido.
 Plantas se enrolam no molinete, Molinete muito alto, Excesso de velocidade do molinete;
Baixar o molinete.Reduzir a velocidade do molinete

 Corte irregular das plantas ou plantas arrancadas, Navalha ou dedo da barra de corte
danificados Barra de corte empenada Placas das navalhas apertadas: Trocar as peças
danificadas. Desempenar a barra de corte .Ajustar as placas permitindo às navalhas deslizarem.

 Excesso de vibração da barra de corte, Dedos não alinhados, Folga excessiva das peças da
barra de corte: Alinhar os dedos Eliminar o excesso de folga

 Sobrecarga do cilindro, Correia patinando, Alimentação excessiva do cilindro Distância reduzida


entre o cilindro e o côncavo Velocidade do cilindro muito baixa: Ajustar a tensão da correia.
Reduzir a velocidade do deslocamento da colheitadeira .Baixar o côncavo Aumentar a
velocidade do cilindro.

 Espigas não trilhadas caindo do saca-palhas e peneiras, Baixa velocidade do cilindro Muita
distância entre o cilindro e o côncavo Plantas muito verdes ou úmidas: Aumentar a velocidade
do cilindro. Levantar o côncavo. Suspender a colheita até que as plantas sequem.

A trilha ou separação do grãos da palha pode ser feita diretamente após a colheita nas colheitadeiras
com sistema de trilha tangencial e separação por saca-palhas
Após a debulha, os grãos de trigo devem ser limpos para eliminar totalmente restos de palha e outros
resíduos, como pedras, paus, torrões e sementes de outras plantas. Esta limpeza pode ser feita tanto
manualmente, com peneira, quanto artificialmente, em usinas de beneficiamento.
A secagem é a etapa seguinte após a debulha e limpeza, onde o trigo deve atingir teores de umidade
inferiores a 13%. Neste ponto, o grão torna-se difícil de ser quebrado com o dente. Na Região do
Cerrado, não tem sido necessário fazer a secagem dos grãos após a colheita. Devido à baixa umidade
relativa do ar, estes atingem teores de umidade de 13%, quando ainda estão no campo. Os grãos secos
podem ser armazenados por mais de um ano, devendo-se observar, frequentemente, se está ocorrendo
ataque de pragas. As principais pragas do trigo armazenado que ocorrem na Região do Cerrado são o
gorgulho-do-milho e a traça-dos-cereais.
Em grande escala, os grãos são armazenados em silos (Figura 21). Os grãos também podem ser
armazenados com eficiência em latas ou tambores de metal ou de plástico. Esses recipientes devem
ser lavados com água e sabão e secados ao sol e não devem conter resíduos ou cheiro de espécie
alguma. Recipientes de defensivos agrícolas, produtos químicos ou tóxicos ao ser humano, jamais
devem ser reutilizados.
Após colocar os grãos nos recipientes, socá-los com uma vara ou bastão, para diminuir a presença de
ar. Uma vez completado o volume do recipiente, este deve ser totalmente fechado, para evitar o ataque
de insetos. Para garantir a vedação da tampa, aplica-se uma camada de cera de abelha ao redor da
mesma, para que não ocorra troca de ar.
A comercialização internacional do trigo é maior que a soma de todos os outros grãos alimentícios, o
que aumenta mais ainda a sua importância econômica. O trigo fornece cerca de 20% das calorias
provenientes dos alimentos consumidos pelo homem. Seu grande trunfo é possuir um tipo de proteína
com certa elasticidade, o glúten, não encontrada em outros grãos. O glúten representa um conjunto de
proteínas insolúveis, responsável pelo crescimento da massa quando a farinha de trigo é misturada a
água. Ele retém o gás carbônico produzido durante o processo de fermentação, fazendo com que o pão
cresça, originando um produto leve, de fácil elaboração, nutritivo e saboroso. Em forma de pão e de
outros derivados, o trigo constitui um dos alimentos mais importantes da cesta básica brasileira e um
componente essencial da alimentação humana.

Qualidade panificativa
Dois aspectos devem ser considerados referentes à qualidade do trigo. Um referente à moagem. Aos
moinhos interessa que o trigo não seja nem muito duro (a ponto de requerer demasiada energia para
moagem e ainda produzir farinha com maior teor de cinzas) nem demasiado suave e que produza alto
rendimento de farinha, preferencialmente de cor clara.
O outro aspecto da qualidade do trigo relaciona-se com o potencial para panificação e para produção de
sucedâneos do trigo (bolachas, massas, bolos, etc). Uma farinha de boa qualidade panificativa deve ter
alta capacidade de absorção de água, satisfatória tolerância ao amassamento, glúten de tenacidade
entre média e forte e ser capaz de produzir pão de grande volume, leve e macio. Essas qualidades
decorrem da capacidade de produzir e reter gás na massa durante o processo de fermentação. Para
uma adequada produção de gás a farinha deve ter força suficiente, elasticidade e extensibilidade,
atributos estes que dependerão da qualidade e quantidade de glúten na farinha, características estas
determinadas, fundamentalmente, por fatores genéticos, sendo também influenciadas por condições
ambientais ocorrentes durante o cultivo (adubação, insolação, precipitação etc.).
Diversos testes de avaliação de qualidade panificativa têm sido desenvolvidos, sendo mais utilizados os
seguintes:
a) Alveograma: informa sobre a força do glúten. Mede a pressão do ar necessária para arrebentar um
disco de massa da farinha em teste. Nele é injetado ar comprimido até

b) Mixograma: fornece uma estimativa relativamente precisa do tempo de amassamento requerido por
determinada farinha, que deve, preferencialmente, situar-se entre 2 e 3,5 min. Valores menores do que
2 min indicam trigo inferior. Tempo longo, acima de 3,5 min, indica trigo excessivamente tenaz, de difícil
amassamento.
c) Farinógrafo: informa sobre a plasticidade e a mobilidade da massa submetida a amassamento sob
temperatura constante. A resistência oferecida pela massa às pás do misturador é transmitida por um
dinamômetro a uma pena que traça uma curva, proporcionando ainda informações adicionais relativas à
capacidade de absorção de água, tempo ótimo de mistura e tolerância ao amassamento.

Aproveitamento do trigo
O trigo é o componente básico da alimentação humana. Sua farinha é largamente utilizada na
confecção de pães, massas e biscoitos. A qualidade do grão produzido é que determina a sua utilização
pela indústria. A substância que está por trás dessa classificação é o glúten. É ele que determina o
volume e a consistência da massa, ou tecnicamente, a elasticidade da farinha de trigo.
Para a confecção de bolachas, pizzas e biscoitos, o trigo deve ter pouca capacidade de expansão,
também chamada de baixa força de glúten (trigo brando). Nestes casos, o teor de glúten fica entre 25 e
30%. Já o pão de forma e o pão francês precisam de uma alta força de glúten (trigo pão e trigo
melhorador), pois a massa precisa crescer bastante. Essa categoria responde pela maior parte do
mercado de farinha de trigo. O macarrão é uma massa que não pode expandir, mas que precisa ter

Nesse caso, sua força de glúten é baixa, mas a farinha precisa ser muito tenaz.
Para produzir farinha de trigo, as indústrias separam as cascas dos grãos. A casca da semente é
utilizada para fazer ração animal e o restante segue para moagem. Existem três tipos de farinha:
especial, de trigo e integral.
A farinha especial (branca), encontrada nos mercados, é produzida a partir de grãos puros, onde há
mínima mistura de farelo. A farinha de trigo admite um pouco de mistura de farelo d a casca. A farinha
integral, como o próprio nome diz, utiliza todo o grão no processo de moagem.
Na tabela abaixo são mostrados os valores alimentícios de alguns produtos derivados do trigo, onde se
observa que o pão integral é três vezes mais rico em ferro e duas vezes mais rico em outros minerais e
vitaminas, que o pão francês, feito com farinha branca. Na farinha integral, há o aproveitamento de
todas as partes do grão (endosperma, casca e embrião) enquanto na farinha branca, só o endosperma
é aproveitado. Devido suas qualidades nutritivas e sua versatilidade, alguns panificadores chegam a
oferecer mais de 200 produtos diferentes, elaborados à base de trigo. Os alimentos à base de trigo
(pães, bolos, massas, biscoitos e outros) são recomendados pelos profissionais das áreas de saúde e
nutrição humana, estando presentes em quase todas as refeições diárias.
A industrialização exagerada dos alimentos tem reduzido o teor de fibras da dieta humana, favorecendo
o surgimento de algumas doenças como a prisão de ventre, hemorróidas e câncer de cólon e do reto.
As chances de desenvolver essas doenças podem ser diminuídas com o uso de uma alimentação
integral e rica em fibras. O farelo de trigo, subproduto da farinha branca, rico em fibras e usado na
fabricação de rações para animais, pode ser um remédio barato e eficiente contra esses males. A
ingestão de uma ou até cinco colheres de sopa de farelo de trigo, misturado ao cardápio diário, em
mingaus, sucos e outros tipos de alimentos, é suficiente para o bom funcionamento do aparelho
digestivo, nos protegendo de enfermidades como o câncer do cólon e do reto, complicações cardíacas
isquêmicas (principal causa dos ataques cardíacos), doença diverticular do cólon, apendicite, flebite e
obesidade. Na impossibilidade de aquisição do farelo de trigo, o uso de produtos feito à base de trigo
integral apresenta efeitos semelhantes ao farelo.
O germe de trigo (embrião) é um alimento ideal para ser usado nos casos de desnutrição e na
recuperação do desgaste físico nos atletas, podendo ser usado diariamente na alimentação. É muito
utilizado pela indústria farmacêutica, para a extração de óleos e vitaminas. O farelo de trigo pode ser
usado também como um complemento mineral e vitamínico.

CULTURAS DE AVEIA
A cultura da aveia tem uma grande importância dentro do sistema de produção de grãos no sul do
Brasil, caracterizando-se por ser uma excelente alternativa para o cultivo de inverno e para o sistema de
rotação de culturas, pois pode ser inserida conforme a necessidade dos produtores.Usada como
produção de grãos, na alimentação humana e animal e como forrageira para cobertura do solo.

CARACTERÍSTICAS
A aveia é uma planta da família das gramíneas, como milho, o trigo e os capins. Ela divide-se em três
espécies:
Aveia preta – Avena strigosa, Aveia amarela – avena bysantina e Aveia branca- avena sativa.

AVEIA PRETA
Avena strigosa S.
A aveia preta é uma gramínea de clima temperado e subtropical, anual, de hábito ereto, com
desenvolvimento uniforme e bom perfilhamento. A produção de sementes varia de 600 a 1.600
quilos/hectare.
Apresenta excelente valor nutritivo, podendo atingir até 26% de proteína bruta no início de pastejo, com
boa palatabilidade e digestibilidade (60% a 80%).
Tem sua origem na Europa, tem se adaptado bem na região sul do Brasil e nos estados de São Paulo e
do Mato Grosso do Sul. A aveia preta é bastante conhecida pelos produtores de leite e carne como
pastagem temporária de inverno.
É uma planta atóxica aos animais em qualquer estádio vegetativo. A produtividade varia de 10 t a 30 t
de massa verde/hectare, com duas t/ha a Seis t/ha de matéria seca. Adapta-se bem a vários tipos de
solo, não tolerando baixa fertilidade, excesso de umidade e temperaturas altas. Responde muito bem à
adubação, principalmente com nitrogênio e fósforo. Suporta o estresse hídrico e geadas.
Sua utilização pode ser, tanto para o pastejo, como para silagem e fenação e para adubação verde.

AVEIA BRANCA
Avena sativa L.
A aveia branca, além de ter todas as utilidades da aveia preta, é uma excelente produtora de grãos, é
cultivada tanto para a produção de grãos para alimentação humana e animal como pastejo.
A aveia branca é preferida em produção de grãos, pois produz alimentos ricos em fibras *, vitaminas e
minerais, indispensáveis em dietas para todas as idades.
É cultivada em toda a região sul, mas a produção local não chega a atender a necessidade do país em
grãos para a alimentação animal ou para suprir as indústrias.
Dentro da alimentação animal pode ser consumida descascada ou com casca. Para eqüídeos deve ser
esmagado, o que aumenta a sua digestibilidade. Na formulação de rações, pode ser desintegrada com
ou sem casca, dependendo da espécie a ser consumida e do nível de fibra ou energia que se deseja.
Para pássaros ela pode ser fornecida com casca ou descascada, dependendo da espécie.
A aveia branca caracteriza-se por possuir um grão maior do que o grão da aveia preta.
É uma planta menos rústica do que a aveia preta, mais exigente em fertilidade de solo e com menor
resistência a períodos de estiagem.
* Pesquisas recentes confirmam a importância do consumo de fibras alimentares associadas a
vitaminas. A aveia em flocos possui 10,5 % de fibras e o farelo 15,9.
Características nutricionais
Os cereais normalmente consumidos têm concentração protéica que varia de 6 a 18%. Os grãos de
aveia têm um dos mais altos teores de proteínas, com valores médios entre 15 a 20%, se comparado a
outros cereais, possui uma maior porcentagem de lipídios que a maioria dos cereais. O benefício mais
evidente do consumo da aveia na alimentação humana é a sua eficiência na redução dos níveis de
colesterol, quando parte de uma dieta equilibrada.
Do processamento da aveia branca podemos obter os seguintes produtos:
- Flocos inteiros: usado principalmente na produção de granola, cereais em barra e na panificação.
- Flocos médios e finos: usado na produção caseira de mingaus e sopas.
- Farelo: usado para mingaus, pães, bolachas e na alimentação de pessoas com hipercolesterolemia.
- Farinha: usada em panificação, confeitaria e me mingaus para bebê.
Produção
A produção mundial de aveia se mantém em 50 milhões de toneladas por ano. Os maiores produtores
são: Rússia, EUA, Canadá, Alemanha, Polônia, Finlândia e Austrália. É cultivada para vários propósitos;
pastagens, forragem e grãos. A produção mundial é distribuída da seguinte maneira: 78% para a
produção animal, 18% para alimentação humana e 4% para o uso industrial, de sementes e exportação.
No Brasil a região sul é a maior produtora deste cereal.
O consumo deste cereal limita-se muito a alimentação animal e a área plantada é insignificante se
comparada ao potencial para cultivo, isto está relacionado principalmente com a falta incentivo, falta de
conhecimento em relação aos seus benefícios nutricionais, além da escassez de produtos atrativos e
variados, utilizando a aveia como base.

AVEIA AMARELA
Avena bysantina L

UTILIDADES DA AVEIA (Aveia preta, branca e amarela)


Aveia como pastejo animal
Dentre as forrageiras de inverno para pastejo a aveia (a aveia branca é mais precoce que a aveia
preta) é a mais precoce e a mais a cultivada para pastejo no sul do Brasil. É muito usada em consórcios
com outras espécies como azevém, centeio, ervilha forrageira, ervilhaca, serradela e trevos.
Muito utilizada para o manejo de pastoreio, devido a grande quantidade de proteínas, seu alto teor
energético e de sua rusticidade, sua expansão Entendeu-se da Região Sul do Brasil até a Região dos
Cerrados, onde também é muito usada em regiões onde há períodos de estresse hídrico, onde o
objetivo é aumentar a precocidade da pecuária de corte, e há necessidade de alternativas forrageiras
que complementem as deficiências nutricionais destes períodos de estiagem.
Quando utilizada para pastejo, para maximizar o seu uso, o pastejo deve iniciar quando a aveia atingir
aproximadamente 30 cm de altura, o que deve ocorrer entre 30 e 40 dias após emergência,
dependendo das condições climáticas.
O início do pastejo deverá ocorrer sempre antes do emborrachamento, estimulando assim a emissão de
novos perfilhos e conseqüente aumento do período de pastejo (o sistema de pastejo pode ser contínuo
ou rotacionado).
Aveia como feno
Na confecção do feno o critério mais importante a ser observado é o ponto em que a cultura atinge o
seu melhor equilíbrio entre produtividade e qualidade da forragem. Assim, a aveia deve ser cortada
quando atingir a fase de emborrachamento,
Aveia para silagem
A silagem da aveia é pouco utilizada, devido ao seu maior uso para pastejo e baixa produtividade de
massa seca/hectare.
Mas quando usada para silagem, o corte da aveia deverá ser feito no estádio de floração, pois esta é a
fase na qual a mesma apresenta um maior equilíbrio entre os teores de açúcares, matéria seca,
proteína bruta e digestibilidade.
Uso como adubação verde
Também muito usada para cobertura do solo no sistema de plantio direto na palha * (PDP). Os seus
grãos, no entanto somente são usados como alimentos para pássaros.
A produtividade varia de 10 t a 30 t de massa verde/hectare, com duas t/ha a Seis t/ha de matéria seca.
A aveia preta caracteriza-se pelo rápido crescimento e tolerância á acidez nociva do solo causada pela
presença de alumínio,
É a cultura adequada para uso em sistemas de rotação de culturas como cevada, trigo, centeio e
triticale, pois diminui a população de alguns patógenos que afetam esses cereais, tais como a
PODRIDÃO COMUM e MAL DO PÉ. Assim a aveia preta pode compor um sistema de integração de
lavoura com pecuária.

IMPLANTAÇÃO DA AVEIA NAS DIVERSAS ESPÉCIES


Aveia Preta
Aveia Branca
Aveia Amarela
Época de plantio
Recomenda-se o plantio da aveia de 15 de março a 15 de abril quando o objetivo for o pastejo e até 15
de junho para produção de grãos e/ou sementes.
Taxa de semeadura
A densidade de semeadura varia normalmente de 250 a 400 sementes aptas/m 2, empregando-se 60 a
85 kg de sementes/ha. Quando a lanço, deve-se utilizar 30 a 40% a mais de sementes. Para densidade
de semeadura deve-se levar em consideração, o tipo de cultivar e a época de semeadura, para
obtenção do número de plantas desejadas, conforme a capacidade de afilhamento.
O plantio pode ser feito pelo sistema convencional ou plantio direto na palha (PDP).
Sistema convencional:
Com um bom preparo de solo, a semeadura pode ser feita em linha (semeadeiras) ou a lanço (vincões).
Para o plantio em linha recomenda-se um espaçamento de 17 a 20 cm entre linhas, numa profundidade
de 02 a 05 cm, (pois em profundidades maiores, corremos o risco, de que as sementes de baixo vigor e
com poucas reservas não germinem ou aumentem o período de total geminação, proporcionando com
isso um menor índice de afilhamento) com uma taxa de semeadura em torno de 75 kg/há.
Para o plantio a lanço aumenta-se a taxa de semeadura para 80 quilos de semente por hectare,
incorporando-a com uma gradagem leve.
Plantio direto:
O espaçamento e a profundidade da semeadura são os mesmos do plantio em linha, aumentando-se a
quantidade de sementes para 85 kg/ha a 90 kg/há.
Semeadura de aveia em consórcio com leguminosa e azevém.
É realizados o consórcio da aveia com outras forrageiras para conseguir um aumento de massa verde
para as mais diversas finalidades como pastejo, adubação verde e colheita de grãos.
Cultivares
As variedades de aveia devem ser escolhidas conforme seu potencial de rendimento e/ou conforme a
finalidade de produção (produção de grãos ou massa verde) e que sejam resistentes à seca, pragas,
doenças e geadas, tolerantes a solos com alumínio tóxico e solos ácidos. Na tabela abaixo algumas
cultivares de aveia nas diversas espécies.
Implantação da cultura
A área onde será implantada a cultura da aveia deve ter boa drenagem, pouca acidez, boas
características físicas e fertilidade adequada.
Preferencialmente, para que atinja seu potencial de rendimento, estas áreas devem estar em rotação
com outras culturas de inverno ou até mesmo em consorciações com outras espécies botânicas,
leguminosas, por exemplo.
Adubação
Apesar de ser uma espécie adaptada a solos de média fertilidade, a aveia alcança altos índices de
produtividade quando cultivada em solos férteis ou adubados.
Praticamente todo cultivo de aveia no Brasil é realizado após a colheita das culturas de verão, como
arroz, feijão, milho, sorgo e, principalmente, a soja. Apesar de serem solos já corrigidos, há a
necessidade da aplicação de nitrogênio (50 kg/ha a 100 kg/ha) para se aumentar à produção,
especialmente para feno e silagem.
A adubação de correção e manutenção é necessária quando a aveia é cultivada em solos de média a
baixa fertilidade. Assim, sugerem-se os seguintes níveis: elevar o pH para uma faixa entre 5,5 e 6,0; a
saturação de bases entre 45% e 55%, com teores de alumínio próximos a 0; para o potássio, cerca de
60 ppm, e 6 a 8 ppm de fósforo; 50 a 100 kg de nitrogênio e diminuir o alumínio próximo a zero.
A quantidade de calcário e fertilizante a ser utilizada dependerá dos resultados obtidos conforme análise
do solo, além do histórico da área.
Nitrogênio: para recomendação de dosagem, devemos basear-se conforme teor de matéria orgânica
do solo.
Fósforo: baseado no “P” do solo, classe do solo e seqüência de cultivo.
Potássio: basear-se no teor de “K” do solo e no ano de cultivo numa seqüência de culturas.
Tratamento de Sementes
Muitas vezes as sementes de aveia, sem apresentar sintomas externos, podem estar infectadas por
fungos e bactérias causadores de doenças. Em função disso, as sementes podem ser tratadas
quimicamente para que possam estabelecer uma melhor emergência de plantas, com uma melhor
sanidade, sendo de suma importância, pois também evitará nova introdução de fungos e bactérias
patogênicos na lavoura.
Fungicidas indicados para o TS:
Controle de ervas-daninhas
A cultura da aveia pode sofrer interferências de outras espécies, especialmente nos estádios iniciais de
seu desenvolvimento, prejudicando a sua produção.
As principais invasoras da aveia são as de folha larga e algumas de folha estreita, portanto, devem ser
controladas desde o inicio da implantação da cultura na lavoura. No sistema de PD, para se obter
sucesso no controle de daninhas, o controle é obtido pelo efeito conjugado da presença dos restos
culturais (palha) e pela utilização de herbicidas, quando necessário. Os herbicidas podem ser utilizados
em duas etapas:
Pré-semeadura: consiste com a eliminação das plantas daninhas, antes da semeadura, utilizando-se
herbicidas de contato ou sistêmicos de ação total (chamada de operação de manejo).
Pós-semeadura: consiste na eliminação de plantas daninhas após a semeadura, utilizando-se os
mesmos herbicidas indicados para o controle convencional.
Em situações onde é muito grande o grau de infestação de plantas daninhas, recomenda-se a operação
de manejo na pré-semeadura em duas etapas. A primeira deve ser feita de 15 a 10 dias antes da
semeadura; na segunda, utiliza-se a metade da dosagem recomendada, no mínimo três dias antes da
semeadura.

DOENÇAS DA CULTURA DA AVEIA


Devido às condições climáticas adversas, aliadas à suscetibilidade de algumas cultivares a
determinadas doenças, a cultura da aveia pode ter seus rendimentos reduzidos pelo ataque de
patógenos causadas por fungos necrotóficos.
O manejo deve ser feito, à medida que a doença causar danos ao rendimento de grãos e/ou massa
verde, ou seja, quando a incidência foliar alcançar de 15 a 20%, a partir do afilhamento. Em razão disso,
o controle das doenças, pela aplicação de fungicidas nos órgãos aéreos, pode ser um fator de
estabilização ou de aumento de rendimento em níveis econômicos. As doenças alvo da cultura da aveia
são:

 FERRUGEM DA FOLHA
Puccinia coronata f.sp avenae

A ferrugem da folha é a doença mais comum desta cultura,


ocorrendo praticamente em todas as regiões produtoras de
aveia do Brasil. Os danos decorrentes dependem do estádio de
desenvolvimento da planta, da suscetibilidade da cultivar, da
virulência da doença e das condições ambientais. Os danos no
rendimento de grãos podem chegar a 63%.
Esta doença manifesta-se desde o surgimento das primeiras folhas até a maturação da planta.
Iniciando-se com pequenas urédias arredondadas, amarelo-alaranjadas, dispostas sem ordenação,
geralmente localizadas na face superior das folhas.
O patógeno sobrevive no verão-outono parasitando em plantas de aveia voluntárias que se constituem
na principal fonte de inoculo (existe um único hospedeiro paro o patógeno). É uma doença do tipo
POLICÍCLICA, ou seja, uma nova infecção pode ocorrer á partir de 07 á 10 dias.
As condições ambientais para o desenvolvimento da doença são temperaturas entre 16°C á 18°C, e um
período de 06 horas de molhamento foliar (água livre), são condições ideais para o desenvolvimento da
doença.
A doença é disseminada pelo vento á longas distancias, sua distribuição na lavoura ocorre de forma
generalizada e não em reboleiras, e existem cultivares
com resistência genética a doença.

A medida preferencial de controle da ferrugem da folha


é a resistência genética. Outra medida de controle é a
redução do inoculo primário através da eliminação das
plantas voluntárias. A aplicação de fungicidas
sistêmicos do grupo químico dos Triazóis,
estrubilurinas ou mistura destes, quando a doença
atingir danos econômicos (o controle da ferrugem deve
ser feito quando a incidência foliar encontrar-se entre
30 á 40%, independente do estádio de
desenvolvimento e ou com uma incidência de 50% de
plantas infectadas).

 MANCHA DA FOLHA DA AVEIA


Pyrenophora avenae
Drechslera avenae

A mancha da folha de aveia é a mancha mais


importante da cultura, apresentando alta intensidade
em lavouras conduzidas no sistema de plantio direto
com monocultura, pois o patógeno sobrevive em restos
culturais.
Os sintomas surgem logo após a emergência da aveia,
quando da expansão da plúmula, em lavouras de
plantio direto e monocultura.
A temperatura ótima para o desenvolvimento da doença
varia de 18°C á 28°C, requerendo, para a infecção, de
24 á 48 horas de molhamento. A ocorrência de
precipitação pluvial no período favorece o
desenvolvimento do patógeno, os propágulos do
patógeno são disseminados pelos respingos de chuva.
É uma doença transmitida pela semente, existem
diversos hospedeiros para a doença.
É uma doença do tipo POLICÍCLICA, ou seja, uma nova
infecção pode ocorrer á partir de 10 á 14 dias e a
distribuição na lavoura ocorre de forma generalizada.
É reconhecida como medidas de controle, o uso de sementes livres do patógeno, ou com tratamento de
sementes com fungicidas com os princípios ativos iprodione (ROVRAL SC) e guazatina (PANOCTINE
PM), isolados ou em mistura com triazóis.

Rotação de culturas com espécies não suscetíveis á doença


como: ervilhaca, chícaro, nabo-forrageiro, colza, linho, serradela e
trevos, a eliminação de plantas voluntárias e a pulverização dos órgãos
aéreos com fungicidas indicados pela pesquisa (triazóis, estrubilurinas e
misturas destes) e me último caso preparo convencional do solo (o
enterrio dos restos culturais reduz a quantidade de inoculo primário).

 MANCHA MARROM DA FOLHA OU HELMINTOSPORIOSE


 Bipolaris sorokiniana
Cochliobolus sativus

A helmintosporiose ou mancha marrom ocorre


principalmente nas regiões produtoras de aveia mais
quentes, os danos causados por helmintosporiose
pode chegar até a 80%. O agente causal da
helmintosporiose infecta todos os órgãos da planta, é
causada pelo fungo Bipolaris sorokinana, as principais
fontes de inoculo são sementes, restos culturais
(centeio, cevada, trigo e triticale), plantas voluntárias,
hospedeiros secundários e conídios dormentes no solo.
Os agentes de disseminação são sementes, ventos e
respingos de chuva. As fontes de inoculo mais
abundantes são os restos culturais (pois o patógeno
tem habilidade de sobreviver no solo). Quando estes
são deixados na superfície do solo, como ocorre no
sistema de plantio direto, e sob monocultura, a
intensidade da doença é máxima.
É uma doença do tipo POLICÍCLICA, ou seja, uma
nova infecção pode ocorrer á partir de 10 á 14 dias e a
distribuição na lavoura ocorre de forma generalizada.
A infecção foliar ocorre com temperaturas entre 18°C a
28°C e a partir de 9 e 24 horas de molhamento foliar contínuo, precipitações pluviais no período
favorece o estabelecimento da doença.
As medidas de controle visam diretamente o patógeno, sendo, por isso, dirigidas às fontes de inoculo. A
primeira estratégia de controle consiste no uso de sementes livre do patógeno ou com incidência do
fungo menor do que 30% e seu tratamento com fungicidas em doses eficientes que erradiquem o
patógeno. A rotação de culturas por no mínimo um ano, com espécies de plantas de inverno não
suscetíveis, visando eliminar o inoculo presente nos restos culturais, deve ser feita obrigatoriamente no
sistema de PD.
Existem produtos fungicidas eficientes para o controle da doença, os fungicidas indicados são triazóis,
estrubilurinas ou em mistura destes.

 GIBERELA DE AVEIA
Gibberella zeae
Fusarium graminearum

Esta doença é mais freqüente me regiões quentes, onde a floração


coincide com períodos prolongados de chuva (maior que 48horas).
O incremento de área cultivada em PD aumentou o inóculo do
fungo, pois estes sobrevivem nos restos culturais de uma ampla
gama de hospedeiros.
A giberela pode causar uma redução no rendimento de grãos de até
27%. O fungo infecta a flor, colonizando todos os componente do
cacho.
As principais fontes de inóculo do fungo são os restos culturais e
sementes, as sementes embora infectadas, apresentam pouca
importância no ciclo de vida do fungo. A disseminação a
curtas distâncias é feita por conídios transportados em
respingos de chuva. O principal inóculo é transportado
pelos ventos a longas distâncias, iniciando os sítios de
infecção da doença.
É uma doença do tipo MONOCÍCLICA, ou seja, a infecção
ocorre uma apenas uma única vez durante o ciclo da
cultura, e a distribuição na lavoura ocorre de forma
generalizada.
O período de maior suscetibilidade ocorre no inicio da
floração e o inicio da maturação. Para que ocorra infecção
é preciso 30 horas de molhamento contínuo com
temperatura média de 20°C.

Das doenças de cereais de inverno esta é a de controle


mais difícil.Tanto a ocorrência da giberela como a sua
intensidade depende de condições climáticas favoráveis
durante o período de suscetibilidade. Assim, semeaduras
antecipadas possibilitam às planta atingirem o período de
suscetibilidade sob condições climáticas menos favoráveis
a disseminação da doença.
Quando ocorrerem períodos críticos na floração é
recomendado à aplicação de fungicidas indicados pela
CSBPT.

 PODRIDÃO DA BASE DO COLMO DA AVEIA


Gibberella zeae
Fusarium graminearum
Cochliobolus sativus (Bipolaris sorokinana)

Esta podridão radicular está presente em praticamente todas as regiões produtoras de aveia do Brasil.
Os danos no rendimento de grãos foram estimadas
em aproximadamente 20 %. Com o aumento da
incidência dos fungos na semente, principalmente, F.
graminearum, a podridão comum tem sido detectada
mais frequentemente, levando à morte precoce de
plantas de aveia.
É uma doença do tipo MONOCÍCLICA, ou seja, a
infecção ocorre uma apenas uma única vez durante
o ciclo da cultura, e a distribuição na lavoura ocorre
de forma generalizada.
Os sintomas mais comuns caracterizam-se pela
descoloração dos tecidos radiculares, que se tornam
pardos, em contraste com o mal do pé que são
negros.
Os fungos Fusarium graminearum e Cochliobolus
sativus (Bipolaris sorokinana) são os agentes
causais desta doença. A principal fonte deste inoculo
é a semente infectada. A transmissão e a severidade
dos danos são influenciados por fatores como
umidade e temperatura do solo e profundidade da
semeadura. A taxa de transmissão de B.
sorokinana para plântula é superior a 70%. No caso
de B. sorokinana, os conídios dormentes presentes
no solo também se constituem em fonte de inóculo.
As medidas de controle da doença se concentram no
tratamento de sementes com fungicidas e no
emprego de rotação de culturas com espécies não
suscetíveis aos patógenos por, no mínimo, um inverno.
 BRUSONE DE AVEIA
Magnoporthe grisea
Pyricularia grisea

A brusone do trigo ocorre, principalmente n o norte do PR, sul de SP, MS e na região central do Brasil.
Os danos podem alcançar 50% no rendimento de grãos.
Pyricularia grisea apresenta uma ampla gama de hospedeiros dentre os quais destacam-se o arroz e o
trigo. Numerosas gramíneas cultivadas, nativas ou invasoras, são mencionadas como hospedeiros
deste patógeno. As fontes de inóculo mais importantes são os hospedeiros secundários e os restos
culturais de plantas cultivadas. O agente causal também pode sobreviver em sementes infectadas.
É uma doença do tipo POLICÍCLICA, ou seja, uma nova infecção pode ocorrer á partir de 05 á 07 dias e
a distribuição na lavoura ocorre de forma generalizada. Os propágulos do patógeno são disseminados
pelo vento a longas distâncias.
As condições ambientais requeridas à infecção são temperaturas entre 21°C e 27°C e 08 á 18 horas de
molhamento dos cachos.

Juntamente com a giberela esta é, uma doença de difícil controle. A estratégia mais viável de controle é
o uso de cultivares resistentes ou tolerantes. O controle químico não tem se mostrado eficiente sob
condições de campo, provavelmente pela dificuldade de deposição dos fungicidas nos sítios de
infecção. Como medida complementar recomenda-se semeadura precoce.

 HALO BACTERIANO DE AVEIA


Pseudomonas coronafaciens
As condições ambientais necessárias para o seu desenvolvimento são, temperatura entre 15°C e 25°C
com molhamento foliar contínuo entre 48 a 72 horas, a ocorrência de precipitações pluviais durante o
período favorece o estabelecimento da doença.
O patógeno tem a habilidade de sobreviver em restos culturais e é transmitido pela semente, existem
vários tipos de hospedeiros.
É uma doença do tipo POLICÍCLICA, ou seja, uma nova infecção pode ocorrer á partir de 07 á 10 dias e
a distribuição na lavoura ocorre de forma generalizada. Os propágulos do patógeno são disseminados
pelos respingos das chuvas.
Os insetos são agentes disseminadores da doença.
A estratégia de controle da doença baseia-se no uso de sementes livres do patógeno, uso de algumas
cultivares com tolerância a doença, rotação de culturas com o uso de fungicidas indicados pela CSPT.
 VÍRUS NO NANISMO AMARELO DA CEVADA DE AVEIA
BYDV (VNAC)

Temperatura para o seu desenvolvimento é abaixo de


19°C, existem vários hospedeiros para o patógeno, os
insetos são os agentes disseminadores da doença, sua
distribuição na lavoura ocorre de forma irregular ou seja
em manchas, a resistência de cultivares é parcial.
Existem produtos químicos eficientes para o controle dos
insetos.
Os insetos nas mais diversas culturas são considerados
pragas, quando estes atingem nível populacional capaz
de causar danos, reduzindo o rendimento de grãos ou
diminuindo a qualidade do produto.

O manejo de pragas nas mais diversas culturas deve ser realizado a fim de obtermos melhores
resultados de produção, começando a ser monitorado desde a sua emergência até a maturação, visto
que o período mais crítico na cultura da aveia é o período de emergência das inflorescências (floração)
onde os insetos causam os maiores danos, período que também está sujeito a qualquer tipo de
estresse ambiental.
A presença de insetos causa reais danos seja pela redução da área folhar, diminuindo assim a
fotossíntese, reduzindo os fotoassimilados para os grãos, como também pela sucção de seiva.
Das pragas da cultura da aveia destacam-se duas, as lagartas e os pulgões *:
1. Quando a cultura da aveia for utilizada para pastejo animal, para o controle de
lagartas e pulgões lagartas e pulgões são utilizados inseticidas com curto período de carência,
em torno de 10 a 15 dias, para não retardar o início de pastejo e não deixar resíduo do inseticida
para os animais.
Lagarta-da-aveia ou lagarta-do-trigo (Pseudaletia sequax)
Pulgão-da-espiga (Sitobion avenae)
Pulgão-da-folha (Metopolhophium dirhodum)
Pulgão-verde-do-cereais (Rhopalosiphum graminum).

PULGÕES

Pulgão-da-folha
Os danos causados pelos pulgões podem ser importantes na redução do peso de mil sementes, do pH
(peso hectolitro), do poder germinativo e do número de grãos por espiga, além desses danos os
pulgões podem ser vetores de viroses (VNAC).

Sintomas de VNAC
Para determinar o momento ideal para a aplicação de inseticidas e o tipo de inseticida deve-se seguir os
seguintes critérios:
- Fase de emergência ao afilhamento: controlar quando, encontrar, em média, 10% de plantas com
pulgões.
- Fase de alongamento ao emborrachamento: controlar quando a população média atingir 10 pulgões
por afilho.

Pulgão-da-folha
- Fase reprodutiva (do espigamento ao grão em massa):
controlar quando a população média atingir 10 pulgões por
espiga.
As aplicações devem ser repetidas sempre que forem
constatados esses níveis, durante os períodos
considerados. Após o grão em massa, não é necessário o
controle de pulgões.
A determinação da população média de pulgões deve ser
efetuada semanalmente, através de amostragem de
plantas em vários pontos representativos da lavoura.
LAGARTAS

O efeito dos inseticidas para controle dessa praga torna-se mais eficaz pela ação de ingestão dos
produtos do que pela ação de contato. Recomenda-se, portanto, o início do controle nos focos de
infestação quando ainda existirem folhas verdes nas plantas da aveia.

COLHEITA
A colheita deverá ser realizada quando os grãos tiverem atingido umidade aproximada de 15%, no final
do ciclo da cultura, que varia de 140 a 180 dias. Pode-se fazer o uso da dessecação da aveia para um
melhor aproveitamento de tempo/máquina com o uso de herbicidas de contato, na dosagem de 1,0 a
2,0 litros /há. O atraso da colheita determina a ação de fatores adversos, com prejuízos no rendimento
quali - quantitativo.
Se o objetivo for somente como cobertura de solo ou adubação verde, o manejo da fitomassa deve ser
realizado na fase de grão leitoso, que corresponde a, aproximadamente, 120 a 140 dias após a
semeadura. Nesta fase não há grãos viáveis e ocorre o menor índice de rebrota após o manejo,
podendo ser dessecada, rolada ou roçada.

CULTURAS DO SORGO
O sorgo é uma planta C4, de dia curto e com altas taxas fotossintéticas. A grande maioria dos
materiais genéticos de sorgo requerem temperaturas superiores a 21 o C para um bom crescimento e
desenvolvimento. A planta de sorgo tolera mais, o déficit de água e o excesso de umidade no solo, do
que a maioria dos outros cereais e pode ser cultivada numa ampla faixa de condições de solo. Durante
a primeira fase de crescimento da cultura, que vai do plantio da germinação até a iniciação da panícula
(EC1) é muito importante a rapidez da germinação, emergência e estabelecimento da plântula, uma
vez que a planta é pequena, tem um crescimento inicial lento e um pobre controle de plantas daninhas
nesta fase pode reduzir seriamente o rendimento de grãos. Embora não exista dados concretos
disponíveis, acerca de como os estádios iniciais da cultura pode afetar o rendimento, é lógico pensar
que um bom estande, com rápida formação de folhas e sistema radicular tornará aquela cultura apta a
enfrentar possíveis estresses ambientais durante o seu ciclo. Os híbridos de maneira geral tem uma
formação de folhas e sistema radicular mais rápidos do que linhagens ou variedades. Quando se
compara materiais forrageiros, principalmente variedades, estas são mais lentas que os graníferos.
Na fase seguinte (EC2) que compreende a iniciação da panícula até o florescimento, vários processos
de crescimento, se afetados, poderão comprometer o rendimento. São eles: desenvolvimento da área
foliar, sistema radicular, acumulação de matéria seca e o estabelecimento de um número potencial de
sementes. Esse último é provavelmente o mais critico desde que maior número de grãos tem sido
geralmente o mais importante componente de produção associado ao aumento de rendimento em
sorgo. Na terceira fase de crescimento (EC3) que vai da floração a maturação fisiológica os fatores
considerados mais importantes são aqueles relacionados ao enchimento de grãos. Durante as três
etapas de crescimento, a fotossíntese, o particionamento de fotoassimilados e a divisão e expansão
celular devem estar ajustados visando um bom rendimento da cultura. É lógico pensar que o
rendimento final é função tanto da duração do período de enchimento de grãos como da taxa de
acumulação de matéria seca diária.
Altura da planta e desenvolvimento inicial das folhas Perfilhamento Sistema radicular Desenvolvimento
da parte aérea Florescimento Aspectos gerais dos efeitos ambientais sobre o crescimento do sorgo
Altura da planta e desenvolvimento inicial das folhas
A altura da planta é importante para sua classificação relacionada ao seu porte. Pode variar desde 40
cm até 4 m. A altura do caule até o extremo da panícula varia segundo o número e a distância dos
entrenós e também segundo o pedúnculo e a panícula. A quantidade de nós está determinada pelos
genes da maturação e por sua reação ao fotoperíodo e a temperatura. A distância dos entrenós varia
segundo as combinações de 4 ou mais fatores genéticos e segundo o ambiente. Por outro lado a
distância do pedúnculo e da panícula com fregüência são independentes.
A altura da planta portanto é controlada por quatro pares de gens principais (dw1, dw2, dw3 e dw4), os
quais atuam de maneira independente e aditiva sem afetar o número de folhas e a duração do período
de crescimento. As plantas com os gens recessivos nos quatro loci resultam em porte mais baixo (60-
80 cm), caracterizadas pelo nanismo e são chamadas "anãs-4"; enquanto que as plantas com gens
recessivos em três loci e dominante no outro locus são chamadas "anãs-3". Cultivares graníferos
normalmente são "anãs-3 e cultivares forrageiras são "anãs-2 ou "anãs-1", com gens recessivos em
dois ou um loci respectivamente. A taxa de produção de matéria seca no sorgo é fortemente afetada
pela área foliar no primeiro estádio de crescimento (germinação a iniciação da panícula). A área foliar
final é determinada pelas taxas de produção e duração da expansão, pelo número de folhas
produzidas e a taxa de senescência, os quais são fatores bastante afetados pelo ambiente.
A temperatura, o déficit de água e as deficiências pelos nutrientes, afetam as taxas de expansão das
folhas, altura da planta e duração da área foliar, sobretudo nos genótipos sensíveis ao fotoperíodo.
Esses efeitos podem ser modificados por mudanças na duração do dia. A insuficiência de água é uma
das causas mais comuns de redução de área foliar e está relacionada com a expansão das células. A
temperatura noturna do ar baixa, geralmente atrasa o desenvolvimento dos estádios EC 2 e EC 3.
Existem diferenças consideráveis das taxas diurnas de crescimento das folhas de sorgo,
provavelmente como reflexo das diferenças ambientais. Tem-se observado taxas de expansão foliar
de aproximadamente 60 cm2 planta-1 dia-1 o qual se traduz em taxa de crescimento relativo de 70%
por dia. As folhas mais velhas mostram taxas de fotossíntese e de crescimento mais baixas, devido a
mudanças causadas pela senescência. A quantidade e qualidade de luz também são importantes para
a expansão foliar. Folhas que crescem em altas intensidade de luz, têm freqüentemente um maior
número de células maiores que aquelas que crescem em intensidade de luz mais baixas.
O estádio de três folhas completamente desenvolvidas é caracterizado pelo ponto de crescimento
ainda abaixo da superfície do solo. Enquanto a taxa de crescimento da planta depende grandemente
da temperatura, esse estádio usualmente ocorrerá cerca de 10 dias após a emergência. Como o ponto
de crescimento ainda está abaixo da superfície do solo, caso aconteça algum problema com a parte
aérea, como por exemplo chuva de granizo ou alguma outra intemperia da natureza, isto não matará a
planta, ela terá condição de sobreviver. O sorgo no entanto não recupera tão vigorosamente como o
milho. No estádio de 5 folhas, aproximadamente 3 semanas após a emergência o ponto de
crescimento ainda está abaixo da superfície do solo. A perda das folhas igualmente não matará a
planta. O crescimento nesse caso será mais vigoroso que no estádio anterior, porém ainda menos
vigoroso que o milho. Nos estádios iniciais da planta de sorgo, ela entra no chamado período de
crescimento rápido, acumulando matéria a taxas aproximadamente constantes até a maturação, desde
que as condições sejam satisfatórias.
Com cerca de 30 dias após a emergência ocorre a diferenciação do ponto de crescimento (muda de
vegetativo, "produtor de folhas" para reprodutivo, "produtor de panícula"). O número total de folhas
nesse estádio, já foi determinado e o tamanho potencial da panícula será brevemente determinado.
Cerca de 1/3 da área total foliar está totalmente desenvolvida. Neste estádio a planta se encontra com
7 a 10 folhas, dependendo do seu ciclo, sendo que 1 a 3 folhas baixeiras já foram perdidas.
Crescimento do colmo aumenta rapidamente, absorção de nutrientes também é rápida. O tempo
compreendido entre o plantio até a diferenciação do ponto de crescimento geralmente é cerca de 1/3
do tempo compreendido entre semeadura e maturidade fisiológica.

Perfilhamento
O perfilhamento no sorgo forrageiro é uma característica considerada vantajosa, ao passo que para o
sorgo granífero pode não ser, sobretudo quando não há coincidência de maturação entre planta mãe e
perfilhos. Neste caso o perfilhamento pode ter efeito negativo no rendimento por sombrear as folhas
da planta mãe e pela competição do uso de água e nutrientes do solo.

O perfilhamento é influenciado pelo grau de dominância apical, que é regulado por fatores hormonais,
ambientais e genéticos. O perfilhamento pode ser basal ou axilar. O perfilhamento axilar é originado
nas axilas das folhas, enquanto que o basal origina-se de gemas basais (1 º nó) logo após o início do
desenvolvimento das raízes secundárias ou depois do florescimento. Todas as gemas dos nós são
morfologicamente idênticas e possuem potencial para formar perfilho. No entanto são mantidos em
"dormência" através do fenômeno da dominância apical.
A dominância apical é uma característica herdável e pode ser modificada por fatores ambientais como:
temperatura do ar, fotoperíodo e umidade do solo. Fatores de manejo da cultura igualmente afetam o
perfilhamento, como por exemplo a população de plantas, quanto menor a população de plantas maior
a possibilidade de perfilhamento.
O sorgo geralmente produz mais perfilhos em dias curtos e a temperaturas do ar mais baixas. Os
perfilhos naturalmente são mais sensíveis ao déficit hídrico que a planta mãe. Acredita-se que quanto
maior a disponibilidade de fotoassimilados de reserva na planta maior será o grau de perfilhamento.
Dentro deste contexto quando não há fotoassimilados suficientes para a planta mãe e perfilhos, esses
ainda que iniciados, podem simplesmente não se desenvolverem. Qualquer dano no ápice de
crescimento na planta pode iniciar o processo de perfilhamento, uma vez que a dominância apical ser á
quebrada. Ex.: dano no ápice por insetos, estresse severo de água ou temperatura. Danos causados
por insetos na panícula principal vai originar os perfilhos axilares, os quais se desenvolvem de gemas
laterais.

Sistema Radicular
O crescimento das raízes de sorgo está relacionado com a temperatura do ar e é limitado pela falta de
umidade no solo e disponibilidade de fotoassimilados oriundos das folhas. Um dos fatores mais
importantes que afetam o uso de água e a tolerância a seca é um sistema radicular eficiente.
Os tipos de raízes encontrados no sorgo são: primárias ou seminais, secundarias e adventícias. As
primárias podem ser uma ou várias, são pouco ramificadas e morrem após o desenvolvimento das
raízes secundarias. As secundarias desenvolvem no primeiro nó, são bastante ramificadas e formam o
sistema radicular principal. Já as adventícias podem aparecer nos nós acima do solo. Geralmente
aparecem como sinal de falta de adaptação. São ineficientes na absorção de água e nutrientes, sua
função é mais de suporte.
Se fizermos uma comparação entre raízes primárias de milho e sorgo será encontrado que ambas as
culturas apresentam basicamente a mesma quantidade de massa radicular, porém as raízes
secundarias do sorgo são no mínimo o dobro daquelas encontradas no milho. Além do mais o sistema
radicular do sorgo é mais extenso, fibroso e com maior número de pêlos absorventes. A profundidade
do sistema radicular chega até 1,5 m (sendo 80% até 30 cm de profundidade no solo), em extensão
lateral alcança 2,0 m. O crescimento das raízes em geral termina antes do florescimento, nessa fase a
planta passa a priorizar as partes reprodutivas (panículas) as quais apresentam grande demanda por
fotoassimilados. Em solos ácidos com alta saturação de Al tóxico a formação do sistema radicular é
reduzido. Plantas com gens para tolerância a Al tóxico desenvolvem um sistema radicular mais
profundo e mais eficiente na aquisição de água e nutrientes. Geralmente variedades de sorgo
resistentes a seca tem mais biomassa radicular e maior volume de raízes e também maior proporção
raiz/caule que os materiais susceptíveis a seca.
O estresse de fósforo, comum em solos dos Cerrados, pode ser corrigido através de adubações
fosfatadas. Neste caso, os subsolos do cerrado geralmente aumentam a proporção raiz / parte aérea
das plantas na tentativa de explorar um perfil maior do solo.

Desenvolvimento da parte aérea


A fotossíntese fornece cerca de 90% a 95% da matéria seca ao vegetal, assim como a energia
metabólica requerida para o desenvolvimento da planta. Durante o ciclo, a planta de sorgo depende
das folhas como os principais órgãos fotossintéticos, e a taxa de crescimento da planta depende tanto
da taxa de expansão da área foliar, como da taxa de fotossíntese por unidade de área foliar. Na
medida que a copa da planta se fecha, outros incrementos no índice de área foliar têm pouco ou
nenhum efeito sobre a fotossíntese, a qual passa a depender da radiação solar incidente e da
estrutura da copa vegetal. A inflorescência do sorgo, considerada grande para os padrões normais,
pode interceptar 25 a 40% da radiação incidente e fornecer 15% ou mais da fotossíntese total da copa,
variando é claro com o genótipo
As taxas de fotossíntese das folhas do sorgo vão de 30 a 100 mg CO 2 dm -2 h -1 dependendo do
material genético, intensidade de luz fisiologicamente ativa e da idade das folhas. Folhas de sorgo

contém um grande número de estômatos, por sinal tem sido estimado que estas possuem 50% a mais
de estômatos por unidade de área do que a planta de milho, porém os estômatos do sorgo são
menores. O número total de folhas numa planta varia de 7 a 30, sendo geralmente de 7 a 14 para
genótipos adaptados de sorgo granífero. O comprimento da folha pode chegar a mais de 1 metro,
enquanto que a largura de 0,5 a 15 cm. Os fatores que determinam o número de folhas no sorgo são:
cultivar, fotoperíodo, e temperatura. As partes da folha incluem: limbo no qual estão presentes os
estômatos localizados nas 2 faces; bainha a qual liga-se ao nó e envolve o internódio acima e a lígula,
que é a junção da bainha com o internódio. A posição da folha na planta pode variar de vertical a
horizontal, concentrando-se se mais na base ou ainda serem uniformemente distribuídas na planta. As
folhas do sorgo possuem depósito de substância cerosa na junção da bainha com o limbo, o que leva
a planta perder menos água na transpiração, sendo importante para a economia de água sobretudo
em condições de estresse hídrico.
Leva-se de 3 a 6 dias entre a diferenciação de uma folha e a próxima no meristema. A expansão foliar
pode continuar mesmo durante o desenvolvimento da panícula, o que pode gerar nesse caso
competição por fotoassimilados disponíveis. O embrião em um grão maduro já possui 6 a 7 primórdios
foliares. Fato interessante é observado na epiderme superior da folha, onde se observa filas de células
especializadas que permitem a folha enrolar em condições de estresse hídrico, se constituindo
portanto numa defesa da planta.

Florescimento
O florescimento corresponde ao EC3 que engloba a polinização, fertilização, desenvolvimento e
maturação do grão. A diferenciação floral do sorgo é afetada principalmente pelo fotoperíodo e pela
temperatura do ar. O período mais crítico para a planta, onde ela não pode sofrer qualquer tipo de
estresse biótico ou abiótico vai da diferenciação da panícula a diferenciação das espiquetas (2 a 3
semanas de duração). Em condições normais a diferenciação da gema floral iniciase 30 a 40 dias
após a germinação (pode variar de 19 a mais de 70 dias). Em climas quentes o florescimento em geral
ocorre com 5 a 70 dias após a germinação (pode variar de 30 a mais de 100 dias). Normalmente a
formação da gema floral ocorre 15 a 30 cm acima do nível do solo, fato esse ocorre quando as plantas
têm cerca de 50 a 75 cm de altura.
A diferenciação da gema floral bloqueia a atividade meristemática (divisão celular). Dai para frente,
todo crescimento é devido ao elongamento das células já existentes. Cerca de 6 a 10 dias antes do
aparecimento da inflorescencia ela pode ser vista como algo semelhante a um "torpedo" dentro da
bainha da folha bandeira. As flores na panícula desenvolvem-se sucessivamente do topo para a base
(demora de 4 a 5 dias). Como nem todas as plantas num campo de sorgo florescem ao mesmo tempo,
a duração do florescimento no campo pode variar de 6 a 15 dias. O número de espiguetas por
panícula varia de 1500 a 7000. Existem mais de 5000 grãos de polen por antera na maioria dos
híbridos e variedades, o que equivale dizer que há mais de 20 milhões de grãos de polen por panícula.

Fertilização
A fertilização inicia-se no topo da panícula e procede para a base (duração de 4 a 5 dias). Predomina
a autofecundação e a taxa de fecundação cruzada pode variar de 2% a 10%. Há casos em que a
fecundação ocorre sem a abertura das espiquetas (cleistogamia). A panícula do sorgo varia muito
quanto a forma e tamanho (compacta, aberta, grande, pequena). Seu comprimento vai de 4 a 25 cm e
o diâmetro de 2 a 20 cm. O pólen germina imediatamente se caí num estígma receptivo e a fertilização
tem lugar ao redor de 2 horas depois, no entanto a luz é necessário para a germinação e o pólen
espalhado a noite não germina até o amanhecer.
O grão de sorgo igualmente varia muito quanto a cor, dureza, forma e tamanho. A massa de 100
sementes varia de menos de 1g a mais de 6 g.

Fotoperíodo
O sorgo é sensível ao fotoperiodismo, o qual pode ser definido como a resposta do crescimento a
duração dos períodos, de luz e escuro. O comprimento do dia varia de acordo com a estação do ano e
com a latitude. O sorgo é uma planta de dias curtos, ou seja floresce em noites longas.
Em cultivares sensíveis, a gema vegetativa (terminal) permanece vegetativa até que os dias encurtem
o bastante para haver a sua diferenciação em gema floral, esse é portanto o que se clama fotoperíodo
crítico. O fotoperíodo crítico do sorgo poderia então ser colocado da seguinte maneira: se o
comprimento do dia aumenta, a planta não floresce, ao passo que se o comprimento do dia decresce a
planta floresce.

Diferentes materiais genéticos variam quanto ao fotoperído crítico. Por exemplo: algumas variedades
tropicais têm dificuldade de florescerem em regiões temperadas, onde os dias têm mais de 12 horas.
Salienta-se que o fotoperíodo crítico para estas variedades tropicais é em torno de 12 horas. Por outro
lado variedades temperadas sensíveis tem um fotoperíodo crítico maior, florescendo com facilidade
nos trópicos.
O fotoperíodo crítico das variedades temperadas é em torno de 13,5 horas. Portanto é a duração do
período sem luz que é importante para estimular o florescimento. Os dispositivos que as plantas
possuem os quais são responsáveis pela captação e medição do comprimento dos dias são pigmentos
chamados fitocromos. A grande maioria dos materiais comerciais de sorgo granífero foram melhorados
geneticamente para insensibilidade ao fotoperíodo, somente os genótipos de sorgo forrageiro são
sensíveis ao fotoperíodo.
Aspectos gerais dos efeitos ambientais sobre o crescimento do sorgo Água
O sorgo requer menos água para desenvolver quando comparado com outros cereais, sendo que o
período mais crítico a falta de água é o florescimento.
Ex: Sorgo - Necessita 330 kg de água para produzir 1 kg de matéria seca.
Milho - 370 kg de H 2 O/kg de matéria seca Trigo - 500 kg H 2 O/kg de matéria seca
Quando comparado com o milho, o sorgo produz mais sobre estresse hídrico (raiz explora melhor o
perfil do solo), murcha menos e é capaz de se recuperar de murchas prolongadas.
A resistência a seca é uma característica complexa pois envolve simultaneamente aspectos de
morfologia, fisiologia e bioquímica. A literatura cita três mecanismos relacionados a seca: resistência,
tolerância e escape. O sorgo parece apresentar duas características: escape e tolerância. O escape
através de um sistema radicular profundo e ramificado o qual é eficiente na extração de água do solo.
Já a tolerância está relacionada ao nível bioquímico. A planta diminui o metabolismo, murcha (hiberna)
e tem um poder extraordinário de recuperação quando o estresse é interrompido. Um dos fatores que
mais complica a seleção para tolerância a seca num programa de melhoramento de plantas é a falta
de uma característica clara (marcador) para medir o grau no qual o genótipo é considerado tolerante
ou susceptível ao estresse de seca. Medidas fisiológicas tais como: potencial de água na folha e
ajustamento osmótico não correlacionam com diferenças em rendimento sob estresse. Este fato pode
levar, freqüentemente, a uma situação no qual materiais mais susceptíveis, porém com potencial
produtivo maior supere materiais genéticos considerados resistentes, mas com potencial produtivo
mais baixo em condições de estresse hídrico. Para evitar situações semelhantes a esta, a pesquisa
tem concentrado esforços em estudar estresse hídrico durante o enchimento de grãos, e tem sugerido
utilizar a "porcentagem de trilhamento" como melhor característica a ser utilizada em programas de
seleção de genótipos tolerantes a seca. Esta taxa é a relação entre a massa do grão/massa total da
panícula.
Em geral parece haver no sorgo uma correlação grande entre resistência ao calor e a falta de água.
Também parece haver correlação entre resistência a seca e a teores de alumínio no solo. O déficit
hídrico quando acontece no estádio EC1, provoca menos danos a planta do que em EC2. No estádio
EC2 a escassez de água vai resultar na redução das taxas de crescimento da panícula e das folhas e
no número de sementes por panícula. Esses efeitos são devidos provavelmente a uma redução na
área foliar, resistência estomatica aumentada, fotossíntese diminuída e a uma desorganização do
estado hormonal da panícula em diferenciação. Quando a falta de água acontece no EC3, o resultado
é a senescencia rápida das folhas inferiores, com consequente redução no rendimento de grãos.
O sorgo para produzir grãos requer cerca de 25 m de água após o plantio, 250 m durante o
crescimento e 25 a 50 m durante a maturidade.

Luz
Em condições não estressantes, fotossíntese é afetada pela quantidade de luz fotossinteticamente
ativa, proporção desta luz interceptada pela estrutura do dossel e pela distribuição ao longo do dossel.
O efeito do sombreamento no sorgo, com a consequente redução da fotossíntese, tem um efeito
menor quando acontece em EC1 do que quando em EC2 e EC3. Isto pode ser explicado pela maior
atividade metabólica da planta nesses dois estádios. Além da maior atividade, a demanda por
fotoassimilados também é maior, portanto requer da planta uma taxa fotossintética alta para satisfazer
os órgãos reprodutivos em crescimento.
Muito embora o sombreamento vai sempre resultar numa redução de crescimento da cultura, em
proporção direta a redução da radiação, o efeito final no rendimento de grãos pode ser pequeno.

Temperatura do ar
Devido a sua origem tropical o sorgo é um dos cultivos agrícolas mais sensíveis a baixas temperaturas
noturnas. A temperatura ótima para crescimento está por volta de 3 a 34 º C. Acima de 38 º C e abaixo
de 16 º C a produtividade decresce. Baixas temperaturas durante o desenvolvimento vegetativo,(< 10 º
C) causam redução na área foliar, perfilhamento, altura, acumulação de matéria seca e um atraso na
data de floração. Isto é devido a uma redução da síntese de clorofila, especialmente nas folhas que se
formam primeiro na planta jovem com conseqüente redução da fotossíntese.
Os efeitos da temperatura durante EC2 se manifesta no número de grãos por panícula afetando
diretamente o rendimento final de grãos. Temperaturas mais altas geralmente tendem a antecipar a
antese, assim como pode causar aborto floral. O desenvolvimento floral e a fertilização dos grãos pode
ocorrer até com temperaturas de 40 a 43 º C, 15% a 30% de umidade relativa, desde que haja
umidade disponível no solo. Altas e baixas temperaturas estimulam perfilhamento basal.
Quando comparado ao milho, o sorgo é mais tolerante a temperaturas altas e menos tolerante a
temperaturas baixas. A temperatura baixa afeta, o desenvolvimento da panícula principalmente por
seu efeito sobre a esterilidade das espiguetas. A sensibilidade a temperaturas baixas é maior durante
a meiose.

Tanino no grão de sorgo


Devido ao fato do sorgo não apresentar uma proteção para as sementes, como por exemplo a palha
no caso do milho, as glumas para o trigo e a cevada, a planta de sorgo produz vários compostos
fenólicos os quais servem como uma defesa química contra pássaros, patógenos e outros
competidores.
Toda planta de sorgo possui aproximadamente os mesmos níveis de proteína, amido, lipídios etc.,
porém vários compostos fenólicos pode ocorrer ou não, e entre esses compostos destaca-se o tanino
condensado que tem ação antinutricional principalmente para os animais monogastricos. Como esses
polifenóis são metabólitos secundários, ou seja não participam de vias metabólicas responsáveis por
crescimento e reprodução, a presença e a natureza deles variam enormemente.
A presença do tanino no grão de sorgo depende da constituição genética do material. Caso os
genótipos possuam os genes dominantes B 1 , e B 2 , este sorgo é considerado com presença de
tanino. No passado, era comum encontrar classificação de sorgo, dos grupos I, I e II represent ando
teores baixos, médios e altos de tanino. Hoje sabe-se que o tanino está presente ou ausente no grão.
A pesquisa tem mostrado que percentuais abaixo de 0,70% no grão, verificado em algumas análises
laboratoriais, são devidos a outros fenóis e não ao tanino condensado, e que portanto, não são
prejudiciais a dieta alimentar dos animais. Assim, este sorgo é considerado com ausência de tanino,
acima de 0,70% de fenois totais é considerado com presença de tanino.
O tanino no sorgo tem causado bastante controvérsia, uma vez que, apesar de algumas vantagens
agronômicas, como a resistência a pássaros e doenças do grão, ele causa problemas na digestão dos
animais pelo fato de formarem complexos com proteínas e assim diminuírem a sua palatabilidade e
digestibilidade.
A determinação da presença dos taninos no grão de sorgo apresenta vários problemas, uma vez que
os métodos colorimétricos geralmente não diferenciam taninos de outros compostos fenólicos. Outra
dificuldade é a obtenção de substâncias adequadas para serem utilizadas como padrão para estes
métodos.
Os vários compostos fenólicos presentes no grão de sorgo podem afetar a cor, a aparência e a
qualidade nutricional . Esses compostos podem ser classificados em três grupos básicos: ácidos
fenólicos, flavonóides e taninos. Os ácidos fenólicos são encontrados em todo tipo de sorgo, ao passo
que flavonóides podem ser detectados em muitos porém não em todo sorgo. O fenol conhecido como
tanino encontra-se concentrado na testa da semente. A testa é um tecido altamente pigmentado
localizado logo abaixo do pericarpo. A presença da testa é fator determinante da presença de tanino
em sorgo. Existem duas classes de taninos: hidrolizáveis e condensados. Não há evidências da
presença de grandes quantidades de tanino hidrolizável no sorgo. Já o tanino condensado é aquele
que é encontrado em materiais de sorgo resistentes a pássaros.
Os ácidos fenólicos não tem efeito adverso na qualidade nutricional, porém podem causar cor
indesejável aos alimentos quando processados sob condições alcalinas. Os flavanóides, a exemplo
dos ácidos fenólicos, também não causam problemas na digestibilidade e palatabilidade do sorgo.
Constituem-se em um amplo grupo de compostos fenólicos encontrados nas plantas, sendo que
alguns deles estão entre os principais pigmentos presentes em vegetais.

Solos
O cultivo do sorgo, assim como qualquer outra cultura inserida num sistema de rotação e/ou sucessão,
necessita de condições mínimas de solo para que a cultura se estabeleça e se desenvolva
normalmente. Especialmente no caso da safrinha é importante manejar adequadamente o solo para
proporcionar o rápido estabelecimento da segunda safra, uma vez que essa se desenvolverá em
condições menos favoráveis especialmente quanto à umidade disponível no solo. Com este enfoque,
o sistema de plantio direto (SPD) apresenta vantagens comparativas aos métodos tradicionais de
preparo do solo, que envolvem aração e gradagens, devido ao ganho de tempo que se consegue na
implantação da cultura em sucessão, com menor consumo de energia e, a maior infiltração da água
associado a menor perda por evaporação que resulta em maior conservação de umidade.

Equipamentos para o manejo do solo


A escolha e utilização dos equipamentos agrícolas, nos diferentes sistemas de manejo do solo, são
dependentes do tratamento que se quer dar ao solo para exploração agrícola. Além disso, os
requerimentos de energia nos sistemas de manejo do solo poderão definir a viabilidade econômica dos
referidos sistemas.
Para que um equipamento seja utilizado racionalmente e eficientemente, é necessário conhecer o
sistema de manejo de solo que ele vai atender, as características desejáveis que o solo deverá
apresentar, a energia consumida e, também a sua capacidade efetiva de trabalho, (ha/h).
Dos diferentes sistemas de manejo de solo e suas características, utilizados, em diferentes regiões
produtoras do mundo, podemos destacar a seguir:
1. Sistema Convencional: combinação de uma aração (arado de disco) e duas gradagens, feitas com a
finalidade de criar condições favoráveis para o estabelecimento da cultura. 2. Sistema Cultivo Mínimo:
refere-se à quantidade de preparo do solo, para criar nele condições necessárias a uma boa
emergência e estabelecimento de planta.
3. Sistema Conservacionista: qualquer sistema de preparo do solo que reduza a perda de solo ou
água, comparado com os sistemas de preparo que o deixam limpo e nivelado.
3.1. Plantio Direto: método de plantio que não envolve preparo de solo, a não ser na faixa e
profundidade onde a semente será plantada. O uso de picador de palha na colhedora automotriz é
importante para uma melhor distribuição da palhada na superfície do solo e as plantas daninhas são
controladas por processos químicos.
3.2. Escarificador: tem a finalidade de quebrar a estrutura do solo a uma profundidade de 20-25 cm,
através do arado escarificador, sem inversão da leiva, deixando o solo com bastante rugosidade e com
uma apreciável quantidade de cobertura morta. Com isto, apresenta uma excelente capacidade de
infiltração de água no solo.
3.3. Camalhão: pode-se fazer camalhões anuais e permanentes, sendo, em ambos os casos, usados
para plantio de culturas em linha. Os melhores resultados deste sistema são em solos nivelados, mal
drenados. Os camalhões podem ser construídos com arado de aiveca, sulcadores ou implementos
próprios. O plantio é feito após reduzido preparo de solo. A conservação do solo apresentada neste
sistema vai depender da quantidade de resíduo e direção das linhas de plantio. Plantio em curva de
nível, juntamente com o acúmulo de resíduo na superfície reduz as perdas de solo.

Nutrição e adubação Introdução


A fertilidade dos solos, a nutrição e adubação são componentes essenciais para a construção de um
sistema de produção eficiente. A disponibilidade de nutrientes deveestar sincronizada com o
requerimento da cultura, em quantidade, forma e tempo. Um programa racional de adubação envolve
as seguintes considerações: a) diagnose da fertilidade do solo; b) requerimento nutricional do sorgo de
acordo com a finalidade de exploração, grãos ou forragem; c) os padrões de absorção e acumulação
do nutrientes, principalmente N e K; d) fontes dos nutrientes; e) manejo da adubação.
É importante ressaltar que nos últimos anos, a agricultura brasileira, de um modo geral, vem passando
por importantes mudanças tecnológicas resultando em aumentos significativos da produtividade e
produção. Dentre essas tecnologias destaca-se a conscientização dos agricultores da necessidade da
melhoria na qualidade dos solos, visando uma produção sustentada. Essa melhoria na qualidade dos
solos está geralmente relacionada ao manejo adequado, o qual incluí entre outras práticas, a rotação
de culturas, o plantio direto e o manejo da fertilidade através da calagem, gessagem e adubação
equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou orgânicos (estercos,
compostos, adubação verde, etc).

Acidez do solo e necessidade de calcário e gesso


As recomendações de calagem objetivam corrigir a acidez do solo e tornar insolúvel o alumínio, o que,
aliadas a outras práticas de manejo da fertilidade, têm a função de elevar a capacidade produtiva dos
solos. As quantidades de corretivos da acidez do solo são determinadas por diferentes metodologias e
visam o retorno econômico das culturas a médio prazo (4 a 5 anos). Como a calagem é uma prática
que envolve sistemas de rotação e sucessão de culturas, na sua recomendação, deve-se priorizar a
cultura mais sensível à acidez do solo. Assim, pelos seus efeitos e sua importância nos diferentes
níveis tecnológicos dos diversos sistemas de produção usados no Brasil, o desenvolvimento ou
adaptação de cultivares mais tolerantes à acidez do solo via melhoramento genético, não elimina o
uso do calcário na agricultura. Embora a toxidez de alumínio na superfície do solo (0-20cm) possa ser
corrigida pela aplicação de calcário, sua baixa solubilidade e movimentação no solo, impedem, em um
curto período de tempo, a eliminação ou redução do alumínio tóxico no subsolo (>40 cm). Assim, o
uso de genótipos de sorgo mais tolerantes ao Al é uma importante estratégia para uma maior
estabilidade e sustentabilidade da produção. A tomada de decisão sobre o uso do gesso agrícola deve
sempre ser feita com base no conhecimento de algumas características químicas e na textura do solo,
da camada subsuperficial (20 a 40 cm). Haverá maior probabilidade de resposta ao gesso quando a
saturação por Al3+ da CTC efetiva, for maior que 25 %, e/ou o teor de Ca, menor que 0,5 cmolc /dm3
de solo.
Recomendação e Manejo da Adubação
Com a introdução do conceito de adubação dos sistema de produção e não por culturas específicas,
pode-se dizer que o manejo dos corretivos da acidez do solo (calcário e gesso), fertilizantes
fosfatados, potássicos e micronutrientes, são bem definidos. De acordo com as necessidades d os
solos e culturas estes podem ser manejados através da aplicação a lanço, na pré - semeadura como
adubação corretiva; no sulco de semeadura, como adubação de manutenção e, combinação desses
métodos. Para os micronutrientes a aplicação pode também ser via foliar e nas sementes. No caso
específico do sorgo granífero semeado em sucessão as culturas de verão, o principal questionamento
que tem sido feito é se há necessidade de adubação e, em caso afirmativo, qual deve ser a
quantidade a ser aplicada na semeadura e em cobertura. Dentro desse enfoque, pesquisas sobre a
adubação do sorgo granífero em sucessão a cultura da soja, tem evidenciado efeitos positivos na
produção (Tabela 3). Mesmo em anos com ocorrência de acentuado déficit hídrico, a adubação tem
mostrado ganhos significativos na produção do sorgo

Cultivares
O sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] é o quinto cereal mais importante no mundo, sendo precedido
pelo trigo, arroz, milho e cevada. É utilizado como principal fonte de alimento em grande parte dos
países da África, Sul da Ásia e América Central e importante componente da alimentação animal nos
Estados Unidos, Austrália e América do Sul. Os grãos, também, podem ser utilizados na produção de
farinha para panificação, amido industrial, alcool e a palhada como forragem ou cobertura de solo.
No Brasil, as zonas de adaptação da cultura se concentram no Sul (região de fronteira) em plantios de
verão, no Brasil Central em sucessão a plantios de verão e no Nordeste em plantios nas condições do
semi-árido com altas temperaturas e precipitação inferior a 600 m anuais. Atualmente, tem sido
verificado grande expansão do cultivo do sorgo, principalmente, em plantios de sucessão em algumas
regiões, com destaque para o Estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Região do Triângulo Mineiro, onde se concentram aproximadamente 85% do sorgo granífero plantado
no Brasil.
A planta do sorgo se adapta a uma gama de ambientes, principalmente, sob condições de deficiência
hídrica, desfavoráveis à maioria de outros cereais. Essa característica permite que a cultura seja apta
para se desenvolver e se expandir em regiões de cultivo com distribuição irregular de chuvas e em
sucessão a culturas de verão.
O potencial de rendimento de grãos de sorgo, normalmente, pode ultrapassar as 10t/ha e 7 t/ha,
respectivamente , em condições favoráveis no verão e em plantios de sucessão. Entretanto, as
condições em que predominantemente o sorgo se desenvolve não possibilitam a expressão de todo o
seu potencial uma vez que a produtividade média alcançada nas lavouras está em torno de 2,5t/ha. O
uso de cultivares adaptadas aos sistemas de produção em uso e às condições de ambiente
encontradas nas regiões de plantio, com planejamento e manejo adequado, constituem fatores de
grande importância para a obtenção de rendimentos elevados, para a expansão da cultura, para o
aumento da oferta de grãos e estabilidade de produção.
Dentre as cultivares disponíveis, tem predominado o uso de híbridos simples para plantios em
sucessão, para as condições do Sul e atualmente para o Nordeste. Esses materiais apresentam ampla
adaptabilidade e estabilidade de produção. Na escolha do híbrido principalmente para o plantio em
sucessão, devem ser observadas as seguintes características:
1. tolerância a períodos de deficit hídrico principalmente em pós-florescimento;
2. resistência ao acamamento e ao quebramento;
3. ausência de tanino nos grãos. O uso de cultivares com tanino está restrito ao Rio Grande do Sul;
4. porte entre 1,00m e 1,50m com boa produção de massa residual;
5. ciclo precoce a médio; 6. resistência às doenças predominantes na região de plantio.
A indústria de sementes oferece condições para o atendimento da demanda das várias regiões de
cultivo de sorgo e o plantio da safra de 2007-8 poderá contar com 26 híbridos oriundos de empresas
dos setores público e privado. Essas opções possibilitam ao produtor a escolha de alternativas
adequadas ao sistema de produção a ser adotado. Considerando-se o risco inerente ao sistema de
plantio em sucessão, principalmente, com a ocorrência de doenças e deficiência hídrica, recomenda-
se que o produtor utilize uma combinação de cultivares. Os híbridos expressam a produtividade
máxima na primeira geração, sendo necessária a aquisição de sementes todos os anos. O plantio de
sementes da segunda geração (F2) proporcionará redução na produtividade, dependendo do híbrido,
de 15 a 40% e grande variação entre plantas com efeito negativo na qualidade do produto. As
cultivares de sorgo granífero são aptas para produção de rebrota e o seu aproveitamento, para
produção de grãos, forragem ou cobertura de solo, pode ser viável desde que a temperatura e
umidade do solo sejam favoráveis ao seu desenvolvimento. A produtividade de grãos da rebrota pode
alcançar valores médios de 80% do rendimento obtido na primeira colheita. A intensidade e a
produção da rebrota é proporcional à sanidade das plantas na primeira colheita e do número de
plantas sobreviventes. Assim, as melhores cultivares são aquelas com maior resistência às doenças
foliares e maior capacidade de se manterem verdes (não senescência) após a maturação fisiológica
dos grãos.

Plantio
Sorgo é uma espécie de origem tropical e se adapta, com relativa facilidade, a condições existentes
entre 30º de latitude norte até 30º de latitude sul. Desta forma, cultivares desenvolvidos no Sul e
Sudoeste dos Estados Unidos apresentaram boa adaptação no Brasil no período mais recente da
reintrodução da cultura no país. No entanto, outras características agronômicas como resistência a
doenças, insetos-pragas, resistência à seca, tolerância à acidez do solo, finalidade de uso, têm sido de
grande importância para recomendação de cultivares destinadas aos diferentes sistemas de produção
de sorgo no Brasil. Sorgo adapta-se igualmente a uma gama de tipos de solo. No Brasil a cultura é
plantada desde os solos heteromórficos das regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, passando pelos
latossolos das regiões do Cerrado, até os solos aluviais dos vales das regiões semi-áridas do
Nordeste. O sorgo é uma cultura 100% mecanizável e em sua exploração podem ser utilizados os
mesmos equipamentos de plantio, cultivo e colheita utilizados para outras culturas de grãos como a
soja, o arroz e o trigo. Por outro lado, a cultura pode ser, também, conduzida manualmente com boa
adaptação a sistemas utilizados por pequenos produtores. Sorgo pode ser plantado por dois
processos básicos: convencional e direto na palha (PD). No processo convencional o solo é arado,
gradeado, desterroado e nivelado, enquanto que no processo de semeadura direta o revolvimento do
solo é localizado apenas na região de deposição de fertilizante e da semente.

A implantação da cultura
Sorgo é uma espécie de origem tropical e, portanto exigente em clima quente para poder expressar
seu potencial. A planta de sorgo não suporta baixas temperaturas e porisso, no Brasil, sorgo é
cultivado em regiões e situações de temperaturas médias superiores a 20º C.
A adaptação de cultivares de sorgo é relativamente boa nos trópicos ou numa amplitude que vai de
30º de latitude norte até 30º de latitude sul. Por causa disso, cultivares desenvolvidos no Sul e
Sudoeste dos Estados Unidos tiveram boa adaptação no Brasil no período mais recente da
reintrodução da cultura no país. No entanto, outras características agronômicas como resistência a
doenças e a patotipos locais, resistência a insetos-pragas, resistência à seca, tolerância à acidez do
solo, finalidade de uso, é que verdadeiramente têm balizado a recomendação de cultivares para os
diferentes sistemas de produção de sorgo no Brasil.
Sorgo adapta-se igualmente a uma gama de tipos de solo. No Brasil a cultura é plantada desde os
solos heteromórficos das regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, passando pelos latossolos das
regiões do Cerrado, até os solos aluviais dos vales das regiões semi-áridas do Nordeste. As cultivares
comerciais originalmente importadas não tiveram boa adaptação a solos com acidez elevada e

alumínio tóxico presente. Mas os programas de melhoramento nacionais, públicos e privados, já


disponibilizaram cultivares comerciais com tolerância ao alumínio e a acidez do solo.
Por outro lado em todos os sistemas de produção de sorgo, a calagem tem sido uma prática rotineira
para correção da acidez e do alumínio tóxico.
Sorgo é uma cultura 100% mecanizável e usa os mesmos equipamentos de plantio, cultivo e colheita
utilizados para outras culturas de grãos como a soja, o arroz e o trigo. Mas a cultura pode ser
conduzida manualmente também e sua adaptação a sistemas utilizados por pequenos produtores é
muito boa.

A semeadura
Sorgo pode ser plantado por dois processos básicos: convencional e direto na palha (PD). No
processo convencional o solo é arado, gradeado, desterroado e nivelado, enquanto que no processo
de semeadura direta o revolvimento do solo é localizado apenas na região de deposição de fertilizante
e semente.
Qualquer que seja o processo de semeadura, alguns cuidados devem ter sido tomados com relação à
correção da acidez e do alumínio tóxico, bem como com o controle de plantas daninhas e insetos
praga do solo.
A regulagem do equipamento de plantio A densidade de semeadura conforme o espaçamento
Uma boa semente fiscalizada de sorgo no Brasil deve ter, no mínimo, 75% de poder germinativo
(padrão federal). No entanto, as mais conceituadas marcas já distribuem sementes de sorgo com
padrão mínimo de 80%. Portanto, para uma boa regulagem do equipamento de plantio, o produtor
deve procurar saber qual o padrão de qualidade da semente que está adquirindo e exigir o boletim de
análise do fabricante ou distribuidor. Para iniciar o procedimento de regulagem da plantadeira, além
dessa informação, o produtor deve procurar saber se o fabricante da semente indica um disco pré
perfurado que se adapte à sua semente e ao equipamento de que o produtor dispõe. Caso contrário, o
produtor deve seguir as instruções do fabricante da máquina, que normalmente indica o número de
furos e seu diâmetro para semear sorgo. O produtor deve se basear também nas indicações de
densidade e população de plantas recomendadas para a cultivar que vai ser plantada e que devem ser
fornecidas pelo produtor de semente.
O ciclo de uma planta de sorgo pode ser dividido em três partes: da emergência aos 30 dias; dos 30
dias até inicio do florescimento; e do florescimento até maturação fisiológica. A seguir uma sucinta
descrição dos fatos mais importantes do ciclo de vida da planta e as recomendações básicas de
manejo da lavoura.

Da emergência até os 30 dias


A planta de sorgo é muito frágil do estádio de emergência até os 20 dias de idade. A semente de
sorgo tem poucas reservas de alimentos para promover o arranque inicial da plântula, que é lento até
que o sistema radicular esteja bem desenvolvido e a jovem planta passe a se alimentar dos nutrientes
do solo. Para se obter pronta e uniforme emergência, é importante que a semente seja depositada
também em uma profundidade adequada e uniforme. De um modo geral, recomenda-se semear sorgo
entre 3 a 5 cm de profundidade, e o fertilizante depositado a mais ou menos 8 a 10 cm de
profundidade. O produtor de sorgo deve ficar atento às mudanças do tempo durante o decorrer da
semeadura, especialmente quando se planta sorgo em extensas áreas, como ocorre no Brasil Central.
Com bom nível de umidade no solo, a semeadura poderá ser mais rasa. Se a umidade decresce ao
longo dos dias, a profundidade de semeadura deverá aumentar.
Nesse primeiro terço da vida da planta o produtor deve cuidar do campo com esmero e observar
atentamente o ataque de insetos-praga subterrâneos e de superfície, que atacam na região do coleto
da planta. Esses insetos, incluindo as formigas cortadeiras, podem danificar seriamente os stands e
mesmo destruir toda a lavoura. O produtor deverá ficar atento ao ataque precoce de lagartas das
folhas (Spodoptera) e do pulgão verde (Schizaphis), que em certas circunstâncias poderão reduzir
drasticamente os stands. O controle inicial de plantas daninhas deve estar entre as preocupações do
produtor neste estádio do desenvolvimento do sorgo. O produtor que se decidiu por um herbicida de
pós-emergência, deverá fazer a aplicação quando as plantinhas atingirem o estádio de três folhas.
Finalmente, esse é o estádio em que o produtor deve tomar a decisão de replantar a lavoura se os
stands não estiverem satisfatórios. Como regra prática e geral, toda vez que o stand inicial for reduzido
em mais de 20% em relação à recomendação para determinada cultivar, o produtor deve fazer o
replantio. Se a redução do stand for igual ou inferior a 20% do ideal, não há necessidade de replantio.
As plantas remanescentes compensarão a redução.
Dos 20 aos 30 dias de vida as plantas iniciam o período de rápido crescimento e a taxa de absorção
dos nutrientes do solo é acelerada. Em torno dos 30 dias após emergência, para a maioria das
cultivares comerciais, é o tempo de se fazer a adubação nitrogenada e potássica em cobertura. É o
tempo, também, para completar o serviço de controle das plantas daninhas, ou com o uso de
herbicidas ou por meio de cultivo mecânico. O cultivo mecânico não deve ser feito após os 30 dias, ou
após o início da diferenciação floral. É nesse estádio também que se completa o controle dos insetos-
pragas, principalmente da lagarta Spodoptera ou lagarta do cartucho.
Dos 30 aos 70 dias
Este é o estádio de rápido desenvolvimento da planta de sorgo e acúmulo de matéria seca e
nutrientes. É também o estádio em que se dá a diferenciação floral: entre 30 e 40 dias, para a maioria
das cultivares comerciais, a planta deixa de produzir partes vegetativas, colmo e folhas, e inicia a
formação da parte reprodutiva, a panícula. À partir desse ponto, o rápido alongamento do colmo e da
panícula leva a planta ao estádio que chamamos de emborrachamento e que se completa aos 50 -5
dias aproximadamente. A panícula emerge ao final desse período e o florescimento se dá entre 60 a
70 dias após a emergência da planta para a maioria das cultivares comerciais. Toda e qualquer
agressão às plantas nesse estádio, como a aplicação indevida de agroquimicos, ou um evento
climático desfavorável, como a falta de umidade no solo, afetarão a emergência da panícula e
comprometerão a produtividade final da lavoura.

Do florescimento à maturação fisiológica


Neste estádio inicia-se uma rápida transferência de nutrientes acumulados nas folhas e nos colmos
para as panículas. Portanto os cuidados para que a planta esteja bem nutrida e preparada para essa
fase devem ser tomadas nos estádios anteriores. Durante o florescimento o produtor deverá estar
atento à ocorrência da mosca do sorgo e fazer o controle químico se necessário, assim como
monitorar o aparecimento de colônias de pulgão verde e a presença de seus inimigos naturais, que
poderá evitar o uso de inseticidas. Nesse estádio a planta continua dependendo de um bom nível de
água no solo para um bom enchimento dos grãos. Deficiência hídrica nesse período geralmente
ocasiona chochamento de grãos e queda da produtividade. Nesse período os grãos passam do
estádio de grão leitoso para o estádio de massa dura ou pastoso. É o período ideal para a ensilagem
da planta inteira.

A maturação fisiológica
Próximo da idade de 90 dias após emergência a planta está fisiologicamente madura, mas não está
pronta para colher sem secagem artificial.
No período que antecede o ponto de maturação fisiológica ocorre uma rápida translocação de
nutrientes acumulados no colmo e folhas para os grãos. Quando a planta está mal nutrida e/ou é
submetida a um estresse de umidade, pode ocorrer um acamamento severo e a produtividade ficar
comprometida. No caso de estabelecimento da cultura em épocas ou situações que sejam de alto
risco para deficiência hídrica no ponto de maturação fisiológica, a recomendação é trabalhar com uma
população de plantas final que seja de 15 a 20 % inferior à recomendada para situações normais. É a
situação comumente encontrada no sistema de produção de sucessão de culturas do Brasil Central. O
ponto de maturação fisiológica pode ser facilmente visualizado pelo produtor: é só observar a
formação de uma camada preta no ponto de inserção do grão na gluma ou palha que o envolve. O
aparecimento da camada preta nos grãos de sorgo se dá da ponta para a base da panícula,
acompanhando a marcha da maturação que é no mesmo sentido. Na maturação fisiológica o grão de
sorgo estará com 25 até 40% de umidade, mas se o produtor dispuser de condições para a secagem
artificial, a colheita poderá ser feita. Após atingir a maturação fisiológica não há mais acumulação de
matéria seca no grão; como conseqüência disso, a irrigação suplementar pode ser suprimida, em caso
de lavoura irrigada.

A colheita
O ponto ideal para colheita depende do tipo e da finalidade de uso da cultivar de sorgo.
Para a colheita de grãos o ponto ideal está entre 17 e 14 % de umidade com secagem artificial. Sem
recursos para secagem artificial, a colheita só poderá ser feita quando a umidade cair para 12 a 13 %.
O produtor de sorgo granífero deve se lembrar que após a colheita a umidade dos grãos sobe sempre
1 a 1,5 pontos percentuais em relação à umidade da amostra sem detritos verdes.Para ensilagem o
ponto ideal é quando a planta inteira atinge pelo menos 30% de matéria seca. Na prática o produtor

poderá se basear no ponto de formação da camada preta ou ponto de maturação fisiológica.Para corte
verde o ponto ideal é quando a planta atinge o estádio de emborrachamento ou a idade de 50 a 5 dias
pós-semeadura.Para pastejo e fenação o ponto ideal está entre 0,80 a 1,0 de altura, ou a idade de 30
a 40 dias pós-semeadura ou inicio da rebrota.Para cobertura morta a planta deverá ter mais ou menos
1,5m de altura.

Semeadura
No plantio do sorgo, um importante aspecto é a regulagem da densidade de plantio, onde a densidade
ótima que promoverá o rendimento máximo da lavoura, varia basicamente, com a cultivar, e com a
disponibilidade de água e nutrientes. A recomendação de densidade de sorgo granífero pode variar de
140 a 170 mil plantas por hectare na colheita. Associado a densidade de plantio está o espaçamento
entre fileiras. No Brasil esse espaçamento é muito variável, indo de 50 a 90 cm, mas verifica-se uma
tendência de se utilizar cada vez mais os espaçamentos reduzidos pelas seguintes razões: aumento
no rendimento de grãos, por propiciar uma distribuição melhor de plantas na área, aumentando a
eficiência na utilização de luz solar, água e nutrientes; melhor controle de plantas daninhas, em função
do mais rápido fechamento dos espaços disponíveis; e redução da erosão, pela cobertura antecipada
da superfície do solo. O objetivo seria utilizar o mesmo espaçamento para o milho e a soja, evitando
ajustes adicionais na semeadora.
A ocorrência de densidade de plantio aquém da desejada é comum em plantio direto onde as
condições de solo e da semeadora não são favoráveis. Onde há excesso de palha, palhada mal
distribuída, microrelevo irregular, normalmente associados a solo com maior teor de umidade do que o
adequado, pode haver uma redução na densidade de plantio, além de causar emergência desuniforme
e atraso no desenvolvimento inicial. Estes problemas podem ser agravados para cultura do sorgo, se a
qualidade da semeadora não for boa. Além disso, MANTOVANI et al. (1992) avaliaram nove
semeadoras com sementes de milho e concluíram que, de maneira geral, a distribuição longitudinal de
sementes era irregular e fora dos limites aceitáveis, tendendo a se tornar mais irregular, à medida que
a velocidade de semeadura aumentava. No caso do sorgo, este problema é menor, em razão da
compensação de estande por perfilhamento, onde se pode obter um rendimento de produção próximo
ao de uma cultura com estande adequado. Por causa deste problema e outros causados por inseto,
seca, doenças, etc, sugere-se, aumentar, na regulagem da semeadora, a quantidade de sementes de
5 a 10% comparado com o plantio convencional. Também é importante manter a velocidade de
semeadura dentro dos limites recomendados de 4 a 6 km/h. Várias marcas e modelos de semeadoras-
adubadoras, são disponíveis hoje no mercado brasileiro que basicamente utilizam os seguintes
sistemas de distribuição de sementes:
Pratos ou discos: utiliza discos rotativos perfurados, que devem ser trocados conforme as dimensões
das sementes e a quantidade a ser distribuída no solo, além de exigirem regulagem na rotação
conforme a velocidade de deslocamento da máquina, permitindo ao agricultor uma regulagem de
acordo com o estande desejado;
Dedinhos: caracteriza-se por um disco onde se fixam uma série de pequenas chapas curvas,
pivotadas, que, sob o efeito de molas, ao mergulhar dentro do leito de sementes, fecham -se,
prendendo uma única semente, elevando-a até a cavidade de distribuição. É mais utilizado para
sementes graúdas. Este tipo de semeadora também deve ser regulado a exemplo dos outros
sistemas.
Pneumático. opera também com discos dosadores perfurados rotativos, nos quais as sementes
aderem a cada furo devido ao vácuo criado por uma corrente de ar que os atravessa, causando a
sucção de um ventilador, sendo as sementes liberadas, quando o vácuo é neutralizado por um
obturador, e captadas por tubos distribuidores. Como nos outros sistemas, para cada tipo de semente,
deve-se dispor de um disco dosador e fazer uma regulagem de velocidade adequada.
O tratamento de sementes de sorgo com inseticidas, utilizado para combater pragas de solo durante o
plantio, altera a rugosidade da superfície delas, pelo aumento do ângulo de repouso, afetando o
desempenho da semeadora, pela dificuldade de movimentação no depósito e também nos sistemas
distribuidores (discos ou dedos prensores). Uma maneira de contornar este problema de escoamento
pode ser o uso de uma substância inerte lubrificante, como o grafite, que diminua tanto o coeficiente
de atrito entre as sementes como destas com a parede do reservatório. De acordo com Mantovani et
all(1999) a dose de grafite indicada para uso no depósito é de no mínimo , 4 g/kg de sementes.
O sorgo pode ser plantado por dois processos básicos: convencional e direto na palha (PD). No
processo convencional o solo é arado, gradeado, desterroado e nivelado, enquanto que no processo
de semeadura direta o revolvimento do solo é localizado apenas na região de deposição de fertilizante
e semente.
Qualquer que seja o processo de semeadura, alguns cuidados devem ter sido tomados com relação à
correção da acidez e do alumínio tóxico, bem como com o controle de plantas daninhas e insetos
praga do solo.

Plantas daninhas
As plantas daninhas têm grande importância na produção agrícola devido ao alto grau de interferência
(ação conjunta da competição e da alelopatia) imposta as culturas. Ao contrário dos ataques de pragas
e doenças, ocasionados normalmente por uma ou poucas espécies, a infestação de plantas daninhas
é representada por muitas espécies, emergindo em épocas diferentes, dificultando sobremaneira o seu
controle. Um dos principais problemas na cultura do sorgo tem sido o controle de plantas daninhas.
Silva et al. (1986) verificaram que não havendo o controle das plantas daninhas nas quatro primeiras
semanas após a emergência do sorgo, pode ocorrer uma redução na produção de grãos da ordem de
35%. Em caso de não se empregar nenhum método de controle esta redução pode chegar a
aproximadamente 71%.
O manejo integrado de plantas daninhas na cultura do sorgo deve ser empregado para racionalizar o
uso dos recursos de produção, aproveitar os benefícios das plantas daninhas, evitar ao máximo danos
ao ambiente e permitir à cultura obter a sua máxima produção. Os principais métodos de controle de
plantas daninhas na cultura do sorgo são:

Método Preventivo
O controle preventivo tem como objetivo evitar a introdução ou disseminação de plantas daninhas na
área de produção. A introdução de novas espécies geralmente ocorrem através de sementes
contaminadas, máquinas agrícolas e animais. O uso de sementes de qualidade e boa procedência
livres de sementes de plantas daninhas, a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas antes de
movimenta-los de um campo para outro e a interrupção do ciclo reprodutivo das invasoras presentes
em cercas, pátios, estradas, terraços, canais de irrigação ou em qualquer outro lugar da propriedade
são técnicas recomendadas para evitar a disseminação das plantas daninhas (Gazziero et al., 1989).
Baixas infestações de plantas daninhas permite um manejo mais fácil e mais eficiente possibilitando
que a cultura do sorgo um melhor crescimento e desenvolvimento.

Método Cultiral
O método cultural deve ser utilizado como uma técnica de manejo importante, pois em relação às
demais possui baixo custo e faz parte naturalmente dos sistemas de produção. O método cultural visa
aumentar a capacidade competitiva das plantas de sorgo em relação as plantas daninhas. Para isso
podem ser empregados espaçamento mais reduzido entre as fileiras de plantio, maior densidade de
semeadura, época adequada de plantio, uso de variedades adaptadas as regiões de cultivo, uso de
coberturas mortas, adubações adequadas.

Método Mecânico
Capina Manual
É um método amplamente utilizado em pequenas propriedades; utiliza duas a três capinas com
enxada durante os primeiros 40 a 50 dias da lavoura. A partir daí,o crescimento do sorgo contribuirá
para a redução das condições favoráveis à germinação e ao crescimento/desenvolvimento das plantas
daninhas. A capina deve ser realizada com o solo seco, preferencialmente em dias quentes. Cuidados
devem ser tomados para evitar danos às plantas, principalmente às suas raízes. Esse método de
controle demanda grande quantidade de mão-de-obra, visto que a produtividade dessa operação é de
aproximadamente 8 dias.homem por hectare.

Capina Mecânica
O uso de cultivadores (tracionados por animal ou trator) ainda são equipamentos utilizados no controle
de plantas daninhas na cultura do sorgo. O cultivo mecânico apresenta a desvantagem de causar
injúrias ao sistema radicular e de não eliminar as plantas daninhas na fileira de plantio. O cultivo
mecânico é incompatível também com o sistema de plantio direto, ficando restrito aos plantios no
sistema convencional de aração e gradagem. Em relação a capina manual tem a grande vantagem de
maior rendimento operacional, de 0,5 a 1 dia.homem por ha, no caso de tração animal, e de 1 a 2
homem por ha, com trator.

Controle Químico
O método de controle químico consiste na utilização de produtos herbicidas registrados no Ministério
da Agricultura para o controle das plantas daninhas. Em alguns casos as Secretarias Estaduais de
Agricultura podem baixar portarias proibindo o uso de determinados produtos. Ao se pensar em
controle químico em sorgo, várias considerações devem ser feitas, sendo necessário conhecer a
seletividade do herbicida para a cultura, a sua eficiência no controle das principais espécies daninhas
presentes na área cultivada e o efeito residual no solo para evitar problemas de fitotoxicidade nas
culturas utilizadas em sucessão ou em rotação. O uso de herbicidas, por ser uma operação de maior
custo inicial, é indicado para lavouras médias e grandes com alto nível tecnológico, onde a expectativa
é de uma alta produtividade. A aplicação de herbicidas representa uma solução viável para o controle
de plantas daninhas, no período em que elas mais competem com o sorgo. O seu uso está vinculado
aos cuidados normais recomendados nos rótulos pelos fabricantes e à assistência de um técnico
responsável. Embora seja o método de controle que mais vem crescendo ultimamente, o controle
químico, se utilizado indiscriminamente, pode vir a causar problemas de contaminação ambiental e
seleção de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Cuidados adicionais devem ser tomados com o
descarte de embalagens, armazenamento, manuseio e aplicação dos herbicidas.

Efeito Residual
De acordo com a estrutura química e das condições edafoclimáticas, os herbicidas podem ser
totalmente degradados ou podem deixar resíduos no solo que podem prejudicar o crescimento e
desenvolvimento das culturas em suscessão como é o caso da cultura do sorgo para as dinitroanilinas
(pendimethalin e trifluralin) ou imidazolinonas (imazaquin e imazethapyr). Resíduos de trifluralin
acumulados ao longo de várias aplicações podem reduzir o sistema radicular do sorgo e,
conseqüentemente, a sua produtividade. Se atrazine for usado como herbicida na cultura do sorgo,
deve-se atentar para a posssibilidade de injúrias na cultura de soja em sucessão.

QUESTÕES
1-Além do principal produtor, o Rio Grande do Sul é o maior processador de arroz do Brasil. As três formas
mais conhecidas de processamento de arroz são para a produção de arroz integral, arroz parboilizado e
arroz polido ou branco. A lista a seguir apresenta a sequência e parte das etapas do processamento do
arroz parboilizado.

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.


a)2 → secagem - 3 → descascamento - 4 → polimento - 5 → encharcamento - 6 → gelatinização
b)2 → secagem - 3 → encharcamento - 4 → gelatinização - 5 → descascamento - 6 → polimento
c)2 → encharcamento - 3 → polimento - 4 → gelatinização - 5 → descascamento - 6 → secagem
d)2 → encharcamento - 3 → gelatinização - 4 → secagem - 5 → descascamento - 6 → polimento
e)2 → descascamento - 3 → encharcamento - 4 → secagem - 5 → polimento - 6 → gelatinização

2-A técnica de plantio direto para o cultivo de grãos no Brasil passou a ser empregada nos estados do Sul
do país, nos anos 70. Já nas décadas de 80 e 90, experimentou uma grande expansão para as áreas do
Sudeste e Centro-Oeste. Essa técnica tem sido utilizada, muitas vezes, de forma incorreta. Existem, porém,
pilares técnicos nos quais ela se apoia para que sejam obtidos todos os benefícios advindos de sua
aplicação.
A opção na qual esses pilares estão considerados na sua totalidade é:
a)plantio sem revolvimento do solo, rotação de culturas e manutenção do solo com cobertura viva ou
morta, durante todo o ano;
b)revolvimento do solo a cada 3 (três) anos para incorporar a matéria orgânica e uso de monocultura;
c)deixar o solo arado e gradeado no período de pousio (entre uma lavoura e outra) e utilizar enxada
rotativa para desagregar o solo antes da semeadura;
d)plantio fazendo um revolvimento superficial com enxada rotativa para incorporar a palhada do cultivo
anterior deixada sobre o solo e uso sequencial de uma mesma espécie a ser cultivada;
e)queimar os restos de cultura depositados anteriormente para promover mais rápida mineralização da
matéria orgânica e revolver o solo a cada 2 (dois) anos para incorporar adubos e calcário.
3-Em que momento as plantas de milho definem o Potencial Teórico Produtivo?
a)Estádio V8.
b)Estádio V12.
c)Período compreendido entre os estádios V 3 e V6.
d)Estádio V6.

4-A chamada linha do leite (milk line) é observada em qual estádio reprodutivo do milho?
a)R2
b)R3
c)R4
d)R5

5-O que significa, na prática, os grãos de milho atingirem o LL3?


a)O grão encontra-se com 50% endosperma solidificado.
b)O grão encontra-se com 25% endosperma solidificado.
c)O grão encontra-se com 75% endosperma solidificado.
d)O grão encontra-se com 100% endosperma solidificado.

6-Se a deficiência de nutrientes visual estiver na parte superior da soja, quais dos seguintes nutrientes são
os prováveis responsáveis?
a)Mg e P.
b)B e Ca.
c)N e Ca.
d)B e Mg.

7-Em relação à evolução do manejo do solo cultivado em áreas de grandes culturas anuais, analise as
assertivas abaixo e assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas.

( ) O plantio direto, desde o estabelecimento dos primeiros imigrantes europeus, foi um manejo
preponderante nas lavouras de trigo, milho e soja no Sul do Brasil.
( ) A grande conversão das áreas sob preparo convencional e cultivo mínimo para plantio direto no Sul do
Brasil ocorreu na década de 90.
( ) A redução das perdas de solo é um dos principais benefícios imediatos da adoção do plantio direto, com
o mínimo revolvimento.
( ) Com a adoção do plantio direto, a médio e longo prazos, houve aumento significativo nos teores de
Carbono Orgânico (CO) na camada superficial. Esse aumento de CO é importante, pois contribui para o
aumento da CTC do solo, juntamente com os minerais 2:1, que também são abundantes na camada
superficial de Latossolos e Argissolos do PR, SC e RS.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:


a)F – V – V – V.
b)V – F – F – V.
c)F – F – F – F.
d)F – V – V – F.
e)V – V – V – F.

8-A operação de pós-colheita é uma etapa importante no processo de produção. Caso seja feita de
maneira inadequada, acarreta perda elevada de grãos, o que compromete a cadeia produtiva.
Com relação à secagem de grãos e sementes de arroz, julgue os itens seguintes.
Nos sistemas de secagem que utilizem ar não aquecido, o fluxo de ar deve ser superdimensionado em
relação ao fluxo de ar usado em silos secadores que utilizam ar quente, para evitar que a lentidão do
processo proporcione a deterioração do grão de arroz durante a própria operação; já naqueles que
empregam ar aquecido, os danos e os choques térmicos devem ser evitados, pois o arroz é
termicamente sensível.
 Certo
 Errado

9-A fitotecnia congrega as práticas utilizadas no empreendimento agrícola com os objetivos de maximizar
a relação custo-benefício e diminuir o impacto ambiental.
Considerando esse assunto e as diferentes técnicas agronômicas disponíveis atualmente, julgue os itens
de 07 a 16.
O milho Bt é um milho transgênico resistente a insetos sugadores.
 Certo
 Errado

10-Os híbridos de milho modernos, apesar de serem mais prolíficos, são menos tolerantes a altas
densidades de plantio.
 Certo
 Errado

11-As doenças provocam severos danos às plantas de arroz, diminuindo a produtividade dos grãos.

A esse respeito, considere as afirmativas abaixo.

I - O fungo Pyricularia grisea (Cooke) Sacc é o agente causador da Bruzone.


II - O fungo Gerlachia oryzae (Hashioka & Yologi) W. Gams é o agente causador da Escaldadura das
folhas.
III - O Rhizoctonia solani Kühn é o agente causador da queima das bainhas.
IV - O Nakataea sigmoideum (Cav.) Hara é o agente causador da podridão do colmo.

Está correto o que se afirma em


a)I e II, apenas.
b)II e III, apenas.
c)I, II e III, apenas.
d)II, III e IV, apenas
e)I, II, III e IV.

12-Preencha as lacunas e assinale a alternativa correta “O/A _______________ é a principal praga


da cultura do milho, por sua ocorrência generalizada e por atacar em todos os estádios de
desenvolvimento da planta. São inimigos naturais dessa praga: _________________ (parasitoides
de ovos) e ____________________, conhecido como tesourinha (predadores de ovos).”
a)Lagarta do cartucho ( Spodoptera frugiperda) / Vespa (Trichogramma spp) / Dorus luteipes
b)Lagarta do cartucho ( Spodoptera frugiperda) / Vespa (Campoletis flavicincta) / Dorus luteipes
c)Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus) / Vespa (Trichogramma spp.) / Chelonus insularis
d)Lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda) / Tripes (Franklinilla williansi) / Trichogramma spp
e)Pulgão do Milho (Rhopalosiphum maidis Fitch) / Trichogramma spp / Mocis latipes

13-São doenças principais do milho


a)Cercosporiose (cercospora zea-maydis) e Ferrugem Polissora (Puccinia polysora).
b)Cercosporiose (cercospora zea-maydis) e Mancha Angular (Phaeoisariopsis griseola).
c)Mancha de Phaeosphaeria e Murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum).
d)Ferrugem Polissora (Puccinia polysora) e Oídio (Erysiphe polygoni).
e)Ferrugem Tropical (Physopella zeae) e Podridão Radicular seca ( Fusarium solani).

14-É considerado ROTAÇÃO DE CULTURAS ANUAIS, com plano de 2 anos de implantação, o


seguinte esquema abaixo
a)verão soja, inverno trigo, verão soja, inverno trigo.
b)verão soja, inverno trigo, verão soja, milho safrinha.
c)verão milho, safrinha milho, verão soja, inverno trigo.
d)verão milho, inverno canola, verão milho, inverno canola.
e)verão soja, inverno trigo, verão milho, inverno canola.

15-Beneficiamento e armazenagem caracterizam-se como as atividades destinadas à guarda e


conservação, em condições inalteradas de qualidade e quantidade, de produtos agrícolas, basicamente
grãos. Em relação ao beneficiamento, secagem, armazenagem e transformação dos grãos e sementes
no Brasil, assinale a alternativa correta.
a)O teor de umidade da semente armazenada e a temperatura de armazenamento influenciam
grandemente na queda de seu poder germinativo e mais ainda no vigor do produto. A influência da
temperatura, porém, geralmente é maior que a influência do teor de umidade da semente, principalmente
nos estados brasileiros em que a temperatura média anual é mais elevada.
b)O arroz macerado – ou malequizado, denominado no mercado internacional por parboiled, é pouco
consumido no Brasil. A malequização tem como vantagem, além de proporcionar elevado rendimento
quando beneficiado, a conservação das propriedades nutritivas do cereal.
c)A operação de expurgo consiste em encerrar os produtos em ambiente hermético onde é introduzido o
inseticida no estado gasoso, chamado fumigante. Deve-se ter em vista que, no expurgo dos produtos
armazenados, procura-se alcançar nível de controle alto, desejando que seja acima de 90%.
d)Um fator importante na determinação da qualidade do feijão é o prazo decorrido após a colheita do
produto. Sua qualidade culinária, desde que bem beneficiado e armazenado, aumenta à medida que
aumentam os primeiros 12 meses de armazenamento. Após um ano, começa a decrescer, devido à ação
intensa de enzimas.
e)A boa conservação dos grãos durante o período de armazenamento acha-se intimamente ligada à sua
atividade vital – a respiração, a qual deverá ser elevada, de forma a reduzir o teor de oxigênio presente
no ambiente.

16-Julgue os itens a seguir, relativos a edafologia.


O fósforo está relacionado à composição das principais moléculas fixadoras de água na planta, porém, no
processo de produção de grãos, como no feijão, esse elemento é um micronutriente de pouca influência.
 Certo
 Errado

17-Apesar do grande potencial apresentado pela maioria das regiões brasileiras para a produção de
grãos e sementes, e da importância econômica, social e alimentar das culturas graníferas
nacionais, os grãos e sementes produzidos no Brasil ainda apresentam problemas de qualidade que
podem dificultar a comercialização. Assim sendo, é grande o prejuízo anual que a
economia das nações em desenvolvimento possuem em conseqüência das perdas pós-colheita. A
respeito da tecnologia pós-colheita de grãos e sementes de feijão, julgue os itens de 112
a 116.A colheita antecipada, seguida da secagem, é benéfica para a qualidade da semente do feijão,
podendo ser utilizada a secagem tanto por meio da energia solar como por estufa. Para não haver perda
da viabilidade das sementes, os tempos de secagem pela exposição à luz solar ou pelo uso da estufa
não devem ultrapassar 2 dias e 24 horas, respectivamente.
 Certo
 Errado

18-Na região nordeste do Brasil, qual a melhor época para o plantio do milho não irrigado?
a)No início do período chuvoso, a partir do mês de setembro.
b)Entre a metade da estação chuvosa e o início da estação seca, a partir do mês de outubro.
c)Na primavera, a partir do mês de outubro.
d)No outono, a partir do mês de outubro até o mês de fevereiro.
e)No início do período chuvoso, período que se estende entre os meses de abril a maio.

19-Em relação à classificação de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico,
julgue os itens que se seguem, de acordo com o Decreto n.º 6.268/2007 e com a Lei n.º 9.972/2000.
O padrão oficial de classificação do feijão definido pelo Regulamento Técnico do Feijão de acordo com a
Instrução Normativa n.º 12, de 28/3/2008, do MAPA, discrimina que o feijão é classificado nos grupos I ou
II, segundo a espécie a que pertença, bem como em quatro distintas classes conforme a coloração do
tegumento e, de acordo com os percentuais de tolerância de defeitos previsto classificados em três tipos,
podendo ainda ser enquadrado como "fora de tipo" ou "desclassificado".
 Certo
 Errado
Respostas 01: 02: 03: 04: 05: 06: 07: 08: 09: 10: 11: 12:
13: 14: 15: 16: 17: 18: 19:
PASTAGENS
Até a década de setenta, a pecuária utilizava predominantemente pastagens de capim -gordura (Melinis
minutiflora), colonião e guiné (Panicum maximum), jaraguá (Hyparrhenia rufa) e angola (Brachiaria
mutica). Na década de setenta, teve início o ciclo das braquiárias, destacando-se a B. decumbens, a B.
ruziziensis e a B. humidicula, especialmente nas regiões do Cerrado e na região amazônica. Sua
implantação nas áreas do Cerrado proporcionou aumentos de 5 a 10 vezes na taxa de lotação,
comparadas às pastagens anteriormente existente.
A partir da década de 80, outras forrageiras foram introduzidas nas regiões do Cerrado e na Amazônia,
destacando-se, por sua grande expansão, a Brachiaria brizantha, cultivar Marandu, forrageira resistente
à cigarrinha das pastagens e, em menor escala, o capim andropogon (Andropogon gayanus), cultivar
Planaltina e Baeti.
Mesmo com a introdução de novas gramíneas, as pastagens brasileiras estão aquém de suas reais
potencialidades. A capacidade de suporte das pastagens é bastante variável em função do solo, clima,
estação do ano, espécie ou cultivar da forrageira e do manejo aplicado. O desempenho animal
necessário ou desejado e o sistema de produção adotado têm também efeito marcante sobre a
capacidade de suporte da pastagem.

Os principais problemas na produtividade das pastagens são a ausência e o uso inadequado de


correção e adubação de manutenção, além do manejo inadequado das espécies forrageiras,
desrespeitando os períodos de pastejo e descanso corretos. O resultado é a queda acentuada da
capacidade de suporte e do ganho de peso animal após três ou quatro anos da formação da
pastagem.

Em efeito, a degradação das pastagens é um dos maiores problemas da pecuária brasileira e tem
influência direta na sustentabilidade do sistema produtivo. Considerando a fase de recria e engorda de
bovinos, a produtividade de carne de uma pastagem degradada está em torno de 2 arrobas/ha/ano,
enquanto em uma pastagem em bom estado ela pode atingir, em média, 16 arrobas/ha/ano.

Correção e Adubação dos Solos para Produção de Forragem


Várias pesquisas analisaram a recuperação de pastagens com aplicação de calcário, fósforo e
potássio durante a formação, mas sem adubação de manutenção (ver tabela). Pesquisas realizadas
no Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte da Embrapa indicam que é possível manter uma
capacidade de suporte de até 1,4 unidade animal (UA) por hectare na seca ao se utilizar adubação de
manutenção a cada três anos.
Manejo e Rotação dos Bovinos nas Pastagens

Os diferentes métodos de manejo dos bovinos nas pastagens podem ser agrupados em três sistemas:
contínuo, rotacionado e diferido. As opiniões sobre qual é o melhor sistema de utilização são muitas e
divergentes, principalmente com relação às alternativas de pastejo contínuo e rotacionado. Diversos
estudos têm mostrado efeito significativo da pressão de pastejo sobre o desempenho animal,
independentemente do sistema de pastejo utilizado. Um elemento comum nesses experimentos tem
sido a interação entre a taxa de lotação e o sistema de pastejo. Com taxas de lotação de leve a
moderada, o desempenho animal em pastejo contínuo pode ser igual ou maior do que o obtido em
pastejo rotacionado. Por outro lado, o pastejo em manejo rotacionado favorece o desempenho animal
por área e não individual, em pastagens onde são utilizadas taxas de lotação mais altas. Como
exemplo, podemos citar a produtividade de B. brizantha cv. Marandu que, quando sob pastejo em
manejo rotacionado e adubação nitrogenada, foi 50% maior do que aquela obtida em sistema de
pastejo contínuo sem aplicação de nitrogênio. Da mesma forma, acréscimos de 75% e 100% foram
observados em pastagens de P. maximum cv. Tanzânia submetidas a pastejo de animais em rotação
e adubação nitrogenada de 50 kg e 100 kg de nitrogênio/hectare/ano em relação às pastagens da cv.
Tanzânia, em pastejo contínuo e sem o uso de fertilização nitrogenada.
A título de ilustração, o ganho de peso por área em sistemas de pastejo com manejo rotacionado e
adubado pode chegar de 620 a 820 kg/ha/ano em forrageiras do gênero Panicum sp., com rotação de
7 períodos de 35 dias, sendo maiores do que os ganhos observados em áreas de pastejo contínuo,
que variaram de 140 a 450 kg/ha/ano (ver tabela).

A introdução de tecnologias de manejo de pastagens (reforma e adubação) e suplementação


alimentar em fazendas no bioma amazônico do Projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono (Instituto
Centro de Vida) produziu aumento em até 27 arrobas/hectare (810 kg de Peso Vivo/hectare) nas áreas
intensificadas. A reforma da pastagem degradada foi em média de 34,92 hectares por fazenda (6,44 %
da área total de pastagem efetiva), com um custo médio de implantação de R$ 2.067,89 (valor de
2014) por hectare (pastagens, cerca elétrica, cochos, bebedouros, caixa d´água). Essa área foi
denominada Unidade de Referência Tecnológica (URT). Na URT foram colocadas as categorias de
recria de bovinos de corte. Ao comparar com a fazenda de baixa tecnologia, nota-se que, na média,
todos os indicadores avaliados (taxa de prenhez, mortalidade, lotação e produção de arrobas) foram
superiores nas fazendas que utilizaram as tecnologias preconizadas pelo Sistema de Pecuária
Integrada de Baixo Carbono (ver tabela).

Ao comparar a URT com a média de cada fazenda, observa-se maior lotação e produção de arrobas,
resultado da adubação de manutenção das pastagens (34 kg de potássio e 110 kg de nitrogênio por
hectare) e do rodízio dos animais nos piquetes (oito piquetes por módulo de URT). O mínimo de
lotação e produção na URT de 2,43 UA/ha e 17,67 arrobas/ha/ano foram superiores à média da região
de Alta Floresta-MT, que é de 1,12 UA/ha e 4,7 arrobas/ha/ano. Enfim, o valor máximo encontrado de
3,10 UA/ha e 27,34 arrobas/ha/ano para o primeiro ano de implantação e monitoramento demonstra a
capacidade da tecnologia de manejo intensivo de pastagens no aumento da produtividade.

Irrigação de Pastagens
A irrigação de pastagens é uma estratégia que pode proporcionar crescimento da forragem quando há
limitação por déficit hídrico e quando as condições de solo, temperatura (máxima e mínima),
luminosidade (qualidade e quantidade), nível de adubação e correção estiverem adequadas. A
espécie forrageira a ser implantada deve ter alta resposta de crescimento (produção) quando
adubada, boa capacidade de rebrota e bom valor nutritivo e de consumo, além de alta produção por
área durante o ano. As espécies mais utilizadas são Panicum sp. (Tanzânia e Mombaça), Brachiaria
sp. (Marandú e Xaraés), Cynodon sp. (Tifton e Coast cross) e Pennisetum sp. (Elefante). Todas essas
espécies possuem vantagens e desvantagens associadas e devem ser escolhidas em função do
tamanho da área a ser formada, tipo de solo, nível de adubação, localidade geográfica (latitude),
produtividade e custo de implantação.
O potencial de produção animal em pastagens irrigadas pode ser bem maior do o obtido de fazendas
médias, extensivas melhoradas e intensivas (ver tabela). Cabe ressaltar, porém, que o uso de
irrigação vai se tonar cada vez mais problemático diante de um cenário de mudanças climáticas e com
crises hídricas mais frequentes.

QUESTÕES
1-ANULADA

2-A taxa de lotação das pastagens é uma medida muito importante e deve ser sempre considerada no
manejo das pastagens.
Taxa de lotação é:
a)o plantio de forrageiras de elevada produtividade e o manejo correto da pastagem;
b)o número de unidades animais por hectare;
c)a calagem, aração, gradagem, o plantio de forrageiras de elevada produtividade e o manejo correto
da pastagem;
d)o número de vacas por hectare;
e)o número de garrotes por hectare.

3-Na avaliação de imóveis rurais, as terras são classificadas quanto ao seu estágio de exploração
atual.Dessa forma, ao se atribuir “valor da terra nua", considera-se o valor da gleba de terra

a)com benfeitorias
b)com floresta plantada
c)apenas com pastagem
d)sem produção vegetal ou vegetação natural
e)não trabalhada, com ou sem vegetação natural

4-Na avaliação de benfeitorias indenizáveis de imóveis rurais, a depreciação de pastagens está


relacionada com: incidência de ervas daninhas, falhas de formação e claros na pastagem, aspecto
vegetativo ruim, processos erosivos, presença de cupinzeiros ou sauveiros e baixo nível
demanejo.Aavaliação que constatar a presença de três dos parâmetros relacionados classificará o
estado vegetativo da pastagem em:

a)precário.
b)péssimo.
c)regular
d)ótimo
e)bom.

5-As terras impróprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, podendo servir apenas como abrigo
da fauna silvestre, como ambiente para recreação ou para fins de armazenamento de água são
denominadas terras de classe:
a)III
b)VIII
c)IV
d)V

6-As terras cultiváveis apenas em casos especiais com algumas culturas permanentes e adaptadas
emgeral para pastagemou reflorestamento, semnecessidade de práticas especiais de conservação
são denominadas terras de classe:

a)V
b)IV
c)III
d)II

7-Com referência a produção e manejo de pastagem, julgue o item que se segue.


No sistema de pastejo sob lotação contínua com carga animal fixa e sem suplementação volumosa no
período seco, a taxa de lotação é calculada com base na época em que a produção de forragem é
baixa.
 Certo
 Errado

8-Com referência a produção e manejo de pastagem, julgue o item que se segue.


Gramíneas do gênero Panicum, sensíveis à acidez do solo, caracterizam-se por apresentar alta
estacionalidade produtiva e adaptar-se a solos profundos e férteis, tolerando encharcamento.
 Certo
 Errado

9-Considerando conceitos e normas técnicas relativos à avaliação de imóveis rurais, julgue o item que
se segue.
Na pecuária, o cálculo do valor das pastagens feitas deve ser realizado com base no tempo de formação
da pastagem.
 Certo
 Errado

10-Segundo Lespch (2002), as práticas conservacionistas permitem o cultivo do solo sem depauperá-
lo, permitindo um equilíbrio entre o homem e o meio ambiente.
De acordo com esse autor, as práticas conservacionistas de caráter edáfico baseiam-se em medidas,
como o (a)

a)cultivo em faixas, a cobertura do solo com palha, o reflorestamento e a formação e o manejo de


pastagem.
b)preparo do solo, o plantio em curvas de nível e a construção de terraços.
c)eliminação e controle de queimadas, a adubação (incluindo a calagem) e a rotação de culturas.
d)eliminação e controle de queimadas, o preparo do solo, o reflorestamento e a formação e o manejo
de pastagem.
e)cultivo em faixas, o plantio em curvas de nível e a adubação (incluindo a calagem).

11-Para se implementar o sistema de pastejo com Lotação rotacionado, é preciso dividir a área da
pastagem em piquetes. O número de piquetes necessários irá depender do período de descanso e do
período de ocupação de cada piquete. Considerando uma situação em que o período de descanso é
de 30 dias, e o período de ocupação é de dois dias, o número de piquetes necessários são

a)14.
b)15.
c)16.
d) 30.
e)31.
12-Na classificação do solo segundo sua capacidade de uso, a descrição “terras cultiváveis apenas
em casos especiais com algumas culturas permanentes e adaptadas em geral para pastagem e
reflorestamento, com problemas mais simples de conservação, mas onde ocorrem, com forte
expressão, um ou mais fatores limitantes do uso agrícola” corresponde ao solo:

a)classe III
b)classe IV
c)classe V
d)classe VI
e)classe VII

13-O Pastejo Rotativo com Parcelas Fixas é um método de pastejo bastante difundido e caracteriza-se
pela divisão da área de pastagem em parcelas menores ou “piquetes” fixos. Nesses piquetes, os animais
entram quando há um volume de forragem significativo e são posteriormente retirados quando a
quantidade de forragem atinge um limite inferior.

Na prática, esse limite inferior é definido pelo(a):


a)redução de ganho diário de peso pelos animais;
b)taxa de interceptação de luz das espécies forrageiras;
c)índice de área foliar das espécies forrageiras;
d)altura de pastejo das diferentes espécies forrageiras;
e)rejeição dos animais às espécies forrageiras.

14-Com referência a produção e manejo de pastagem, julgue o item que se segue.


A Brachiaria decumbens, cv Basilisk, caracteriza-se por apresentar baixa suscetibilidade a cigarrinha
das pastagens e a solos mal drenados. Foi muito utilizada em áreas de Cerrado pela baixa exigência à
fertilidade e tolerância a solos ácidos.
 Certo
 Errado

15-O sistema da capacidade de uso das terras baseia-se nas possibilidades e nas limitações à utilização
das mesmas.
Analise as afirmativas abaixo:
I- Os grupos de capacidade de uso baseiam-se no grau de limitação de uso.
II- O grupo B é impróprio para cultivo intensivo, adaptado à pastagem e ao reflorestamento.
III- O grupo A é apropriado apenas para a proteção da flora e da fauna silvestre, recreação ou
armazenamento de água.
IV- As classes de capacidade de uso são em número de oito, designadas por algarismos romanos.
São corretas apenas as afirmativas

a)I e II.
b)I e III.
c)II e III.
d)II e IV.
e)I, II e IV

16-Algumas práticas culturais, como o consórcio de gramíneas com leguminosas, constituem maneiras
efetivas de uso racional do solo. Em relação às práticas culturais e de manejo em explorações
pecuárias, julgue o item seguinte.
O consórcio de Brachiaria brizantha, cv. Marandu, com leguminosas herbáceas ou de porte baixo,
dificulta a manutenção da pastagem consorciada, razão pela qual se recomenda a utilização, nos pastos,
de bancos de proteínas de leguminosas herbáceas ou do consórcio de leguminosas arbustivas.
 Certo
 Errado

17-Conforme o Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola de Terras, assinale a alternativa correta.

a)A aptidão agrícola de determinado tipo de solo independe dos níveis de manejo, visto que a aptidão
está diretamente relacionada aos atributos físicos, químicos e microbiológicos do solo.
b)Solos com drenagem deficiente, como Planossolos e Gleissolos, possuem aptidão agrícola para a
cultura do arroz irrigado e da soja, desde que adotadas técnicas de drenagem para mitigar o excesso
hídrico, e também para o cultivo de macieras.
c)A aptidão agrícola leva em consideração os tipos de utilização e pode ser classificada em boa,
regular, restrita e inapta.
d)A aptidão agrícola considera os tipos de utilização de lavoura, pastagem cultivada, silvicultura,
pastagem natural, mata natural e mineração.
e)As terras classificadas como inaptas para os diversos tipos de utilização considerados no setor
primário da economia são indicadas para a preservação de flora e fauna, recreação ou implantação de
lavouras com culturas anuais, desde que adotadas práticas de manejo conservacionistas.

18-Na produção animal, o manejo de pastagens pode ser caracterizado como o controle das relações
do sistema solo – planta – animal, o que permite a definição de diferentes sistemas de pastejo, cada
um com características próprias de concepção e planejamento, a partir de variáveis dependentes e
independentes.
Considerando a adoção do Sistema de Manejo Rotacionado, tendo como variáveis independentes 12
vacas e 1 touro, 30 dias de período de descanso de cada piquete, 15 dias de período de pastejo de
cada piquete, 1 UA = 450 Kg de PV, 1 vaca 400 Kg de PV, 1 touro 600Kg de PV, taxa de lotação 1,5
UA/há e com adubação só na formação, as variáveis dependentes número de piquetes, área total de
pastagem e área de cada piquete serão, respectivamente:
a)2 piquetes, 8 há e 4,0 há;
b)3 piquetes, 8 há e 2,67 há;
c)3 piquetes, 9 há e 3,0 há;
d)4 piquetes, 8 há e 2,0 há;
e)4 piquetes, 10 há e 2,5 há.

19-A Mata Atlântica é um dos 25 hotspots do mundo, abrigando um dos mais altos graus de riqueza de
espécies e taxas de endemismo do planeta, encontrando-se em estado de extrema degradação. No
Nordeste brasileiro, boa parte deste bioma, compreendido pelos estados de Alagoas, Rio Grande do
Norte, Pernambuco e Paraíba, vem sendo destruído pela ocupação da cana-de-açúcar, bem como
pela expansão da pastagem. Como estratégia para conter ações degradativas, tem -se criado unidades
de conservação, aliando-se a isso a execução de uma boa gestão dessas áreas protegidas. A esse
respeito, dadas as seguintes afirmativas,

I. Estações Ecológicas são áreas representativas de ecossistemas brasileiros, de posse e domínio


públicos, destinadas à realização de pesquisas básicas e aplicadas de Ecologia, à proteção do
ambiente natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista.
II. Os Parques Nacionais são unidades de conservação, de posse e domínio públicos, sendo que as
propriedades particulares incluídas em seu limite devem ser desapropriadas, onde a visitação pública
e a pesquisa científica não precisam estar sujeitas às normas e restrições estabelecidas no Plano de
Manejo da unidade.
III. As áreas de relevante interesse ecológico (ARIE) são aquelas de pequena extensão, com pouca ou
nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares
raros da biota regional, cujo objetivo é manter os ecossistemas naturais de importância regional ou
local.
IV. A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma unidade de conservação, pertencente
ao grupo das unidades de proteção integral, de uso sustentado e domínio privado, com objetivo de
preservar a diversidade biológica, podendo ser destinada à pesquisa científica, à visitação turística,
recreativa ou educacional.

são incorretas
a)I e II.
b)I e III.
c)II e III.
d)II e IV.
e)III e IV.
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