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Noiva de mentira

GLASS SLIPPERS AND UNICORNS

Carole Mortimer

Havia um clima de sensualidade no ar, um olhar de desejo no rosto de Reed. Darcy


não conseguia desviar os olhos dos contornos musculosos daquele corpo masculino. Oh,
por que Reed não deixava vir à tona à "química" de que ele falara, aquele misterioso
entendimento que os empurrava para os braços um do outro cada vez que se encontravam
sozinhos? Ela estava disposta a se entregar sem reservas à loucura daquela paixão,
mesmo sabendo que Reed Hunter tinha fama de conquistador inveterado e nenhuma
vontade de se amarrar a alguém...

Disponibilização: Dores Cunha


Revisão: Elaine Chagas
Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Título: Noiva de mentira

Autor: Carole Mortimer.

Sabrina 473

Título original: Glass Slippers and Unicorns.

Dados da Edição: Nova cultural, São Paulo, 1987.

Género: Romance.

Digitalização: Dores Cunha.

Correção: Edith Suli.


Estado da Obra: Corrigida.

Numeração de página: rodapé

Esta obra foi digitalizada sem fins comerciais e destinada unicamente à leitura de pessoas
portadoras de deficiência visual. Por força da lei de direitos de autor,
este ficheiro não pode ser distribuído para outros fins, no todo ou em parte, ainda que
gratuitamente.

Copyright: Carole Mortimer


Título original: Glass Slippers and Unicorns
Publicado originalmente em 1986 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra.
Tradução: Natércia Pereira Neves da Silva
Copyright para a língua portuguesa: 1987
EDITORA NOVA CULTURAL LTDA.
Av. Brigadeiro Faria Lima, 2000 — 3. ° andar
CEP 01452 — São Paulo — SP — Brasil
Esta obra foi composta na Tipolino Artes Gráficas Ltda. e
impressa na Divisão Gráfica da Editora Abril S.A.
Foto da capa: Keystone

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

CAPÍTULO I

O espaçoso e agradável escritório de Reed Hunter, naquele momento, parecia pequeno


demais para conter toda a sua impaciência. Ele caminhava de um lado para o outro, com
passadas largas e decididas. Seu rosto era um misto de raiva contida e frustração. De
repente, explodiu, quase gritando:
— Pelo amor de Deus, Darcy! Sei que você é distraída e que vive esquecendo ou
perdendo coisas por aí... Mas nunca pensei que fizesse isso com a minha mãe!
Darcy, com os olhos arregalados, permaneceu muda. Visto desse ângulo, o que
acontecera parecia realmente um grande descuido da sua parte, mas não tinha sido bem
assim... Ela não abandonara Maud Hunter em qualquer lugar, como ele pensava. Seria mais
exato usar a palavra "desencontro". Sim, estava bem certa disso agora. Tinha sido um
desencontro! Mas como fazê-lo entender isso?
Reed nem sequer parava para ouvir explicações. Seu nervosismo ia aumentado...
Afinal, Darcy, sua secretária, fora ao aeroporto para apanhar sua mãe e voltara de mãos
vazias. A velha senhora simplesmente tinha evaporado!
Reed continuou sua feroz caminhada, resmungando palavras incompreensíveis para
ela. Bruscamente voltou-se, fazendo-a sobressaltar-se:
— Você deixou que minha mãe se perdesse, Darcy!
— Você já disse isso!
— Já disse e repetirei o quanto for necessário... — insistiu ele, entre dentes, dardejando
—lhe um olhar faiscante. — Você conseguiu um feito extraordinário: deixou desaparecer,
bem diante do seu nariz, uma senhora de sessenta anos que acabou de enfrentar uma longa
viagem e que há dez anos não pisa na Inglaterra!
Darcy fez um gesto para protestar, mas ele continuou, quase fora de si:
— Não ouse me interromper! Afinal, Darcy está falando de um ser humano e não de
pequenos objetos. Minha mãe não é como um par de sapatos velhos que se pode esquecer
em qualquer canto, como você costuma fazer!
Era difícil Reed zangar-se, mas nesse momento estava completamente descontrolado.
Pudera! A mãe dele sumira bem na metade do caminho de volta do aeroporto, e Darcy não
fazia a menor ideia do que lhe acontecera, nem mesmo de para onde ela poderia ter ido.
— Que diabo, Darcy! — grunhiu ele.
— Pensei que você já tivesse desistido de dizer palavrões — censurou-o, assim que o
ouviu praguejar, após tê-lo visto passar semanas tentando controlar esse mau hábito.
— Até um santo praguejaria nessas condições!
Darcy compreendia que Reed tinha razão, mas bem que podia tentar ouvi-la e ser um
pouco menos desagradável.
Era um bem sucedido homem de negócios, seguro de si, organizado e muito
responsável. "Sua única falha na vida deve ter sido contratar-me como secretária", refletiu
Darcy, achando que até ele concordaria com isso, agora.
Reed fitou-a, firme, com os olhos verdes acusadores:
— Você, pelo menos, chegou a vê-la no aeroporto?
— Claro que sim! — protestou, indignada.
— Tem certeza?
Darcy comprimiu os lábios, numa expressão de amuo, antes de responder:

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— Ela é uma senhora de estatura baixa, quase da minha altura, creio, com cabelos
brancos ondulados e olhos verdes como os seus. — Ora, eu a descrevi assim, antes de você
sair para o aeroporto — ele a interrompeu, impaciente.
— As malas dela ainda estão no carro! — lembrou-se Darcy, exasperada. Concordava
que tinha o hábito de perder objetos ou esquecê-los, mas isso não acontecia com pessoas!
— Reed, ela contou-me como você era quando criança, como calçava as meias...
— Está bem, acredito em você — cortou-a, irritado, obviamente sem vontade de ouvir
divagações sobre sua infância. Mas que diabos fez com ela?
Reed tinha um tom de voz tão profundo e grave que, quando gritava, Darcy tinha a
impressão de que todos os objetos frágeis ao redor se estilhaçariam. Viu os olhos dele se
estreitando ainda mais e encolheu-se.
— Não fiz nada de mais com ela, Reed. No caminho, sua mãe me confessou que há
anos não lia um jornal inglês, e, quando adormeceu...
— Você calmamente estacionou o carro e desceu para comprar um — ele completou,
desgostoso.
Darcy fixou nele seus grandes olhos azuis.
— Foi apenas questão de minutos...
— Tempo suficiente para minha mãe desaparecer!
— Quer parar de falar como se eu tivesse culpa! — protestou, erguendo as
sobrancelhas com certa altivez — Quando voltei com o jornal, ela já havia desaparecido...
— Você não devia tê-la deixado sozinha!
— Não vi nenhum problema nisso — Darcy defendeu-se encarando-o, mas estreitando
os olhos para enxergá-lo melhor, devido à miopia.
Reed ficou mais irritado ainda ao perceber seu esforço para enxergá-lo. Parecia
suspeitar de algo.
— Darcy, você se esqueceu de colocar suas lentes de contato novamente?
— Não, não esqueci! Apenas não tive tempo de colocá-las. Acordei tarde e, assim que
cheguei aqui, você me pediu para ir buscar sua mãe, e, — interrompeu-se confusa e
humilhada.
— Que ótimo! — ironizou ríspido. — É simplesmente ótimo. Posso entender tudo agora.
— Fitou o teto, tentando se controlar. — Provavelmente, nem foi minha mãe a pessoa que
você encontrou. E a pobre mulher, percebendo o engano, fugiu na primeira oportunidade.
Ah, não! Isso também já era demais! Darcy ficou indignada e branca como cera. Não
sabia como explicar que tinha colocado os óculos para ir ao aeroporto e que os tirara,
segundos antes de entrar no escritório, para que Reed não a visse com aquela armação
escura e pesada. Morreria de vergonha se lhe declarasse isso.
— Está sendo injusto, Reed — foi o que conseguiu dizer.
— Estou? Acho que não.
— Já que confia tão pouco em mim, por que me mandou ir ao aeroporto buscar sua
mãe?
— Eu precisava ficar aqui e não havia ninguém, exceto você, para essa tarefa!
— Se é assim, então não devia ter me contratado como sua secretária.
— Eu não deveria tê-la contratado mesmo, mas achei que o resto do mundo dos
negócios precisava ficar a salvo de suas tolices. — Os lindos olhos azuis logo se encheram
de lágrimas, deixando-lhe a visão mais embaçada ainda.
— Não pode falar isso de mim, Reed, tenho ótimas qualificações.
— É? Pois eu nunca soube de alguém que aparecesse para uma primeira entrevista
para o cargo de secretária às nove horas da noite!
— Seu anúncio pedia exatamente isso! — ela protestou, revoltada.

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Reed suspirou.
— O que só prova que minha secretária temporária era tão incompetente que eu
precisava de outra, mais qualificada e permanente. Mas nenhuma moça ajuizada comparece
à noite para uma entrevista de trabalho, a não ser que o patrão tenha planejado "outras"
atividades para a secretária e que ela decida concordar ou, então, que seja uma tola! —
concluiu, quase fora de si.
Era óbvio qual das alternativas Reed achava que cabia a ela.
— Eu estava em Londres há poucos meses e aquela foi apenas minha segunda
entrevista.
— Nenhuma mulher, em seu juízo perfeito, aparece para uma entrevista num prédio
deserto às nove da noite — ele repetiu, enfático. — Nem mesmo uma caipira vinda do
interior. Ainda me lembro do espanto do vigia noturno, quando me avisou que você queria
ver-me, dizendo que tinha marcado uma entrevista.
Darcy tinha consciência de que corava e que essa seria sua reação sempre que Reed
insistisse em tratá-la daquela forma, chamando-a de tola e fazendo-a lembrar-se das
bobagens que cometera desde que se conheceram.
Também achara estranho uma entrevista para um emprego de secretária às nove da
noite. Mas era a primeira vez que vinha a Londres, depois de viver durante vinte e dois anos
com a família numa cidadezinha pequena. Os únicos dois empregos que tivera desde que
deixara a escola, há três anos, haviam sido lá mesmo, no interior, por isso não imaginara
que, na capital, tudo fosse tão diferente! Como poderia desconfiar que a secretária de Reed
cometera um erro, marcando a entrevista para as nove da noite, em vez das nove da
manhã?
— Ainda assim, consegui o emprego, não foi? — lembrou-o, ressentida.
— Como eu disse...
— Você achou que o mundo dos negócios precisava ser protegido contra mim —
completou, irritada.
Ele aquiesceu e admitiu com relutância:
— E também fiquei intrigado com seu nome. Darcy arregalou os olhos azuis, sem
entender.
— Meu nome?!
Reed concordou de novo, desta vez com impaciência.
— Essa foi à razão pela qual você foi a primeira pessoa que chamei para a entrevista
naquela manhã — explicou, reforçando a lembrança do erro cometido quanto ao horário. —
Bem, suas qualificações eram um pouco melhores do que as das outras candidatas, mas foi
seu nome que me deixou tão intrigado. Não sabia se Darcy era um homem ou uma mulher!
— Você decidiu empregar-me por causa do meu nome — perguntou Darcy, sem poder
acreditar.
— Bem, digamos que seu nome colocou-a em primeiro lugar na lista, porque as outras
três candidatas também tinham boas qualificações.
— Mal posso acreditar no que ouço! — exclamou ela, estupefata.
— Oh, pois acredite! Eu devia era tê-la analisado melhor quando a conheci.
— É... parece que seu sexto sentido falhou dessa vez! Lembrou-o, atordoada com o
que ele acabara de contar-lhe.
Era demais para ela, pensar que não teria conseguido o emprego se, em vez de Darcy,
seu nome fosse Susan Smith!
— Se é por isso, não precisa mais se preocupar comigo. Irei embora.
— Não, até encontrarmos minha mãe! — Reed interrompeu-a abruptamente. —
Esqueça seu orgulho idiota por um momento e tente ajudar-me a pensar num lugar para

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onde ela poderia ter ido.


Orgulho. Sim, seu orgulho estava mesmo muito ferido. E com razão. Sabia que
costumava perder objetos, mas seu trabalho como secretária sempre fora perfeito, e Reed
não podia acusá-la, até agora, de ter perdido alguma coisa dele. "com exceção de sua mãe",
pensou amarga.
Mas não se perde uma pessoa adulta. Não do modo como ele insinuava, culpando-a de
displicência. Às vezes as pessoas desaparecem, mas costumam reaparecer. E Darcy
esperava que Maud Hunter não fugisse à regra. Mordeu o lábio inferior, tentando lembrar-se
de algo.
— Sua mãe levou a bolsa com ela!
— Levou? — Reed olhou-a pensativo.
— Sim.
— Então, pelo menos, não está perambulando por Londres sem um tostão. — Darcy
não era agressiva, sempre acreditara que podia atingir seus objetivos com delicadeza e
suavidade, mas, se Reed continuasse agindo daquele modo, não conseguiria mais controlar
seu desejo de esbofeteá-lo.
Reed não constituía o tipo que se pode chamar de beleza clássica, mas, sem dúvida,
era muito atraente, com espessos cabelos escuros no mesmo tom das sobrancelhas, que
realçavam os olhos de um verde intenso. O nariz, quebrado num jogo de futebol americano
do colégio, acentuava-lhe o charme inato. A boca bem feita era convidativa e sensual.
Trabalhar com Reed era muito interessante para Darcy, com ele não havia tédio, pois
um dia não era absolutamente igual ao outro. Além de se manter ocupada durante todo o
período, gostava do trabalho que executava. Mas, e agora? Sabia que nunca seria perdoada
pelo incidente, pois era óbvio que ele adorava a mãe.
E pensar que o dia tinha começado tão bem. Recebera inúmeros cartões de amigos e
da família, felicitando-a pelo aniversário. Estava completando vinte e três anos, e sentia-se
como se realmente estivesse vivendo uma vida nova. E agora lhe acontecia isso! Não podia
perder aquele emprego.
— Darcy, está me ouvindo?
Olhou-o sobressaltada, quando o ouviu gritar.
O que quer que Reed estivesse lhe dizendo, ela não tinha ouvido, e podia ver, pelo
brilho dos olhos verdes, que estava furioso.
—Eu disse — grunhiu entre dentes — Que acho melhor você voltar até onde
estacionou o carro e procurar por ela. Pode, ao menos, lembrar-se de onde foi?
Darcy apertou os lábios, com raiva.
— Claro que posso! Não há nada de errado com minha memória.
— Você tem uma?
— Reed! — exclamou, magoada.
Ele nunca tinha sido tão deliberadamente cruel antes. Mas, logo que percebeu que a
ofendera, ergueu as mãos, num gesto de desculpa.
— Está bem, eu não precisava dizer isso. Sinto-me cada vez mais nervoso, muito
preocupado, e reconheço que estou descontando em você.
Podia-se perceber a verdade no que dizia. Nunca o vira tão agressivo antes. Mas
percebia que era melhor não reclamar, pois ele lhe responderia que ela, antes, também havia
perdido sua mãe.
— Não acha que um de nós devia permanecer aqui para o caso de ela aparecer? —
sugeriu Darcy.
Reed refletiu por um momento, antes de concordar.
— Você fica. Eu não conseguiria permanecer trancado aqui dentro nem mais um

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minuto. — Dizendo isso, apanhou o blazer pendurado na cadeira e vestiu-o. — E, por favor,
coloque suas lentes de contato para que, pelo menos a reconheça!
Darcy correu para sua sala e assustou-se ao deparar com Marc Kincaid abrindo a porta
da recepção.
— Agora não, Marc — pediu-lhe, tentando mandá-lo embora antes que Reed o visse. —
Reed não está disposto a vê-lo hoje — Explicou, enquanto Marc a olhava surpreso, mas
nada propenso a recuar.
— Ele nunca está disposto a me ver — admitiu Marc, caminhando em direção à sala de
Reed — Mas...
— E hoje ele deseja vê-lo menos ainda — interrompeu-o. Darcy olhou por sobre os
ombros. Graças a Deus, Reed ainda não havia saído de sua sala. Mas sabia que sua sorte
não duraria por muito tempo.
— Por favor, Marc, vá embora.
— Ele vai desejar ver-me, Darcy, e como! Mas que tal um beijo, primeiro? — sugeriu, ao
mesmo tempo que tocava de leve os lábios dela com os seus.
Não era a primeira vez que Marc a beijava, mas Darcy não conseguia deixar de se
surpreender pelo fato de um homem atraente como ele desejar namorá-la. Era bonito o
bastante para ter a mulher que quisesse, os cabelos dourados emoldurando um rosto
perfeito, iluminado por olhos azuis sempre sorridentes. Tinha um sorriso sedutor.
Nas últimas seis semanas, Marc a convidara para sair todas as noites. E, apesar de
não ter aceitado os convites diários, haviam saído juntos inúmeras vezes.
Darcy sabia que Reed ficaria ainda mais furioso do que já estava, se o encontrasse ali.
Ela o havia conhecido através do próprio Reed. Ambos eram sócios no estúdio fotográfico
que Marc dirigia num dos andares daquele edifício, mas o chefe não aprovava que sua
secretária admitisse relacionamentos pessoais em seu escritório, nem mesmo com o sócio.
— O que aconteceria se alguém entrasse agora? — indagou uma voz gélida
endereçada aos dois, durante o beijo,
Marc ergueu a cabeça lentamente, sem pressa de soltar Darcy, enquanto olhava,
irônico, para o dono daquela voz.
— Eu pediria que a pessoa esperasse até que terminássemos.
— Marc...
— Darcy contou-me que você está de mau humor — Continuou, ignorando os gestos
com que ela tentava interrompê-lo. Algo errado, Reed? — Enquanto falava, abraçava Darcy
de encontro a si, prendendo-a pela cintura.
— Sim, há. Mas prefiro que a própria Darcy lhe conte — Respondeu Reed numa ironia
sutil.
Marc a soltou, olhando-a de frente, observando sua aflição.
— Será algo em que eu possa ajudar? — Insistiu, os olhos brilhando, divertidos.
— Duvido — cortou-o Reed, lançando um olhar fulminante a Darcy.
— Tem certeza? — escarneceu Marc.
— Marc, por favor! — implorou ela, percebendo que seu chefe estava prestes a
explodir. — Reed está com muita pressa!
— Tão apressado que não pode receber uma visita?
— O assunto é muito importante? — perguntou Reed, e Marc assentiu.
— É. E creio que você também pensará o mesmo, se me der um minuto de atenção.
— Não pode esperar e deixar para mais tarde?
— Duvido.
— Marc, a não ser que seja realmente muito importante, por favor, deixe para mais
tarde — pediu Darcy mais uma vez. Sabe, a mãe de Reed chegou de Londres esta manhã e

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eu.
— Eu sei — interrompeu ele.
— A perdi em algum lugar, e... O... o que você quer dizer com "eu sei"?!
Darcy fitou-o, atinando já com o significado de suas palavras. Reed ficou mais tenso
ainda, enquanto fuzilava o sócio com o olhar carregado de raiva e impaciência.
— Quero dizer que sei que Maud chegou dos Estados Unidos esta manhã. Eu já estava
saindo para o almoço, quando percebi uma senhora simpática procurando algo no quadro de
avisos lá embaixo. Notei que ela tinha um jeito tão especial de procurar a informação que
queria, que talvez não a achasse nunca. Bem, então, como sou uma alma muito caridosa,
perguntei se podia ajudá-la. E qual não foi minha surpresa quando descobri que ela
procurava você! — E ergueu o olhar brincalhão para Reed. — Mal acreditei quando disse ser
sua mãe. Parece tão jovem e bonita. — Riu. — Mas, mesmo assim, afirma ser sua mãe
mesmo. Não tive motivos para duvidar mais.
— E o que fez com ela? — perguntou Reed, abrupto.
— Nada. Maud está aí no corredor.
Marc deu de ombros depois de afirmar isso, como se não pudesse entender o porquê
de tanta confusão.
Reed empurrou-o não muito delicadamente, apressado, mas parou quando a frágil
senhora abriu a porta e entrou na sala.
— Olá, querido. — Abraçou e beijou o filho. — Eu estava encantada admirando a
adorável placa com seu nome aí na porta. Você...
— Mamãe!
— Sra. Hunler!
Ela piscou os olhos verdes, surpresa quando Reed e Darcy falaram ao mesmo tempo.
— Sim, meus filhos? — prontificou-se a atendê-los, interessada, olhando especialmente
para Darcy. — Tenho certeza de que lhe pedi que me chamasse de Maud.
Caminhou em seguida até o centro da sala e comentou:
— Vejam só que belo escritório!
— Mamãe, onde é que você esteve todo esse tempo? Interrompeu-a Reed,
controlando-se o mais que podia, enterrando os dedos nas mãos.
Ela piscou várias vezes, sem dúvida muito surpresa com aquela veemência toda.
— Querido, você sabe que não gosto quando fica nesse estado. Não faz bem para o
estômago. Lembra-se de seu tio, que acabou tendo uma úlcera nervosa?
— Por favor, mamãe! — interrompeu-a novamente, fechando os olhos por um instante.
— Você desapareceu do carro de Darcy por mais de duas horas. Onde esteve? — inquiriu-a,
com um brilho de impaciência nos olhos.
Marc, nesse momento, não pôde deixar de rir.
Darcy lançou-lhe um olhar de aviso. Normalmente, os dois homens eram bons amigos,
apesar de terem pouca coisa em comum: apenas o excelente profissionalismo de ambos e o
gosto por belas mulheres. Marc dedicava-se tanto ao trabalho, que chegava a ser
perfeccionista. Reed tinha o mesmo tipo de dedicação aos seus investimentos. Mas diferiam
muito no modo de se comportar com mulheres. Enquanto Marc era mais solto e adorava
"paqueras", Reed nunca permitia que alguém se aproximasse muito dele, nem mesmo as
mulheres que tinha como amantes. Mas num aspecto os dois eram iguais: nenhum deles
alimentava relações mais profundas com mulher alguma.
Maud continuava com a expressão de quem não estava entendendo o porquê de tanto
falatório por sua causa.
— Querido, consegui dar uma boa cochilada no carro de Darcy. Tive o azar de sentar-
me ao lado de um homem, no avião, que não parava de falar! Só dava uma pausa para

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beber. Sabem o que ele...


— Mamãe!
— Gostaria que não me interrompesse, Reed — Repreendeu-o Maud. — Sabe como
me esqueço do que ia dizer quando sou constantemente interrompida. — Você disse alguma
coisa, querida? — Olhou surpresa para Darcy, de quem achou ter ouvido algum som.
— Não. Ah... não — ela, gaguejou, nervosa.
A velha senhora fitou-a com os olhos verdes semicerrados, naquele rosto ainda belo,
apesar da idade. Depois voltou-se para o filho,
— Como ia dizendo, eu estava muito cansada por causa da longa viagem. Aí, essa
jovem tão gentil encontrou-me no aeroporto. — Sorriu para Darcy. — É uma moça tão boa,
Reed! Espero que seja bondoso com ela. De qualquer modo — Continuou, enquanto o filho
parecia prestes a explodir —, Quando acordei, percebi que Darcy não estava mais no carro e
que tivera a gentileza de não me despertar. Resolvi descer para procurá-la e não a encontrei.
Sabe, é estranho como as coisas acontecem. De repente, vi-me diante da casa de minha
velha amiga, Joyce Benett! Imaginem vocês que, mesmo após dez anos, ainda consegui me
lembrar! É mesmo incrível, não?
— Mamãe! — interrompeu-a Reed. — Você quer dizer que, na maior simplicidade do
mundo, estava visitando sua amiga, enquanto Darcy a procurava desesperada?
— Ficou preocupada, querida? — Maud olhou carinhosamente para Darcy. — Oh,
desculpe—me... Sabe, eu...
— Mamãe, por favor!
Dessa vez, Darcy ficou solidária com a impaciência de Reed. Tinha vontade de sacudir
a Sra. Hunter! Maud sorriu.
— Quando voltei para o lugar onde o carro estava estacionado, já não o encontrei mais,
e foi então que...
— Você não imaginou que Darcy poderia estar preocupada com a senhora? Que eu
poderia estar preocupado?
— Não pensei que tivesse passado tanto tempo... — Fez um trejeito. — Quando Joyce
e eu começamos a conversar, perdemos a noção.
— Não duvido — falou Reed mal-humorado. — Mas acho que deve pedir desculpas a
Darcy. Aliás, nós dois devemos.
— Você também? — Maud franziu a testa, preocupada. Espero que não tenha sido
grosseiro com ela, Reed. Não foi culpa de Darcy.
— É... começo a perceber isso. Vamos até minha sala, mamãe. Darcy, falo com você
mais tarde.
Era uma ordem, não um pedido.
— Dá para acreditar? — Marc riu, enquanto sentava na beirada da escrivaninha. —
Aquela senhora tão meiga, mãe de Reed, o "conquistador"!
— Ele não é um "conquistador". — Darcy automaticamente defendeu seu chefe,
enquanto ajeitava uma pilha de papéis sobre a mesa, sempre muito limpa e organizada. — E
pode acreditar que Maud é mesmo a mãe dele. Não pode haver duas pessoas com os
mesmos olhos verdes. Mas creio que, além dos olhos, em nada mais podem ser
comparados.
— E parece que ele vai ter bastante ocupação daqui para frente, Darcy.
— Nem tanto. A Sra. Hunter ficará em Londres somente até amanhã. Em seguida, Reed
a levará até Southampton, onde ela embarcará em um navio para um cruzeiro.
— É disso mesmo que estou precisando, de um longo cruzeiro. — Marc espreguiçou-
se. — Suponho que você não me acompanharia neste fim de semana, não é?
Ela ergueu as sobrancelhas, brincalhona.

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— Acertou.
Marc fez uma careta de desapontamento.
— Já imaginava. Bem, e como está a minha aniversariante?
Aniversariante! Ora, esse tinha sido o pior dia de que podia se lembrar, desde um bom
tempo...
— Ela está bem — mentiu — e muito ocupada, senhor Marc.
— Certo, certo, eu estava apenas praticando minha boa ação do dia.
— Eu sei, Marc, desculpe-me. É que as últimas horas não foram lá grande coisa e...
— Reed despejou toda a raiva em você?
— Só um pouco, e com razão.
— Quer falar a respeito? — encorajou-a suavemente. Darcy balançou a cabeça
negando, ainda muito nervosa para entrar em detalhes sobre a discussão com Reed.
— Talvez à noite eu consiga contar para você, Marc.
— Ah, bem lembrado! Coloque seu vestido mais sexy, Darcy, porque hoje à noite vou
lhe fazer uma surpresa! — ele disse, os olhos brilhando de animação.
Sem dúvida, ele conseguira espicaçar-lhe a curiosidade.
— Que tipo de surpresa?
Marc apertou-lhe a ponta do nariz, num gesto brincalhão. Se contar, não será mais
surpresa. Faça o que eu digo e fique bem bonita, muito "sexy" mesmo!
"Bem bonita", pensou Darcy, assim que Marc saiu, enquanto punha as lentes de contato
diante do espelho. Ora, Marc fotografava as mais belas mulheres durante o dia todo e
ninguém, em seu juízo perfeito, poderia compará-la às beldades que frequentavam
diariamente seu estúdio.
Olhou, com espírito crítico, a própria imagem, observando as mechas do cabelo,
avermelhadas e rebeldes, os profundos olhos azuis que tinham sempre um ar meio distraído,
distante, o nariz pequeno e delicado e as covinhas que se formavam no rosto quando sorria.
Nenhuma maquilagem do mundo seria capaz de torná-la sofisticada, jamais perderia aquele
jeito meio infantil. Certa vez haviam lhe dito que seus cílios escuros, longos e espessos,
contrastando com os olhos azuis, davam-lhe um charme especial. Foi então que decidiu
substituir os óculos pelas lentes de contato.
— Marc se foi? — indagou Reed, aparecendo de súbito, por trás dela.
Darcy sobressaltou-se, embaraçada por ter sido pega admirando-se no espelho, e
guardou-o logo na bolsa. Só então respondeu, sem encará-lo:
— Foi almoçar.
— Ah, sim? Pois estou surpreso de você não ter ido almoçar com ele.
— Bem, Reed, achei que seria melhor esperá-lo para saber se você prefere que eu
retire minhas coisas da mesa agora, ou quer esperar até conseguir uma nova secretária. —
Umedeceu os lábios, nervosa, levantando, depois, o olhar em direção a ele, enxergando-o
nitidamente pela primeira vez naquela manhã. Pareceu-lhe tão ameaçador como antes. —
Talvez, por algum tempo, uma secretária incompetente e desmiolada ainda seja melhor do
que nenhuma. O que acha?
O rosto dele, ainda bastante tenso, ficou mais anuviado.
— Eu estava fora de mim quando lhe disse tudo aquilo, Darcy. Não é o que eu
realmente penso de você.
— Não? — repetiu irónica, sabendo que era exatamente aquilo que ele pensava.
— Não — ele confirmou, e, num gesto de simpatia, caminhou até a sua mesa. — Você
é uma ótima secretária, melhor do que eu. — Interrompeu-se, suspirando.
— Melhor do que sempre me imaginou... — concluiu ela magoada. — Mas sou capaz
de dar conta de tudo, desde que me concentre numa coisa de cada vez — acrescentou com

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

amargura.
— Darcy...
— Pelo menos, esforço-me para ser competente.
— Você é. Mas que droga! Acho que não estou me saindo nada bem, tentando me
desculpar! — Nervoso, Reed passou a mão pelos cabelos escuros. — A única desculpa
quanto ao meu comportamento nesta manhã é que estava muitíssimo preocupado e fora de
mim e acho que pode adivinhar o porquê.
Sim, podia facilmente. Reed era um homem que tomava decisões importantes em
questão de segundos, arriscando, em investimentos, milhões de dólares, com uma
segurança de fazer inveja. Era alguém capaz de um raciocínio rápido e de discernir num
segundo qual o melhor caminho a tomar. Na certa, a constante distração de sua mãe
causava nele um profundo aborrecimento.
— Você está querendo dizer que não deseja que eu saia daqui?
— Claro! Devia ter percebido logo, Darcy. Aceita minhas desculpas?
Se queria continuar no emprego, e desejava isso mais do que tudo no mundo, aquele
não era o momento de dizer a Reed que não acreditava que ele quisesse realmente pedir-lhe
desculpas e mantê-la no emprego. Era melhor apenas acatar a decisão, sem esse
comentário.
— Aceito sim, Reed, e agradeço. Gostaria que eu levasse sua mãe ao apartamento
agora? Estou certa de que ela deve estar exausta e precisando descansar.
— Você tem razão, mas eu mesmo a levarei. — O rosto dele ficou tenso, quando viu a
decepção nos olhos azuis. — Por favor, Darcy, isso nada tem a ver com o fato de que vocês
duas poderiam esquecer para onde estão indo... — explicou com ar travesso.
— Como mamãe ficará em Londres apenas hoje, quero passar o resto do tempo com
ela.
— Sem dúvida, Reed.
— Darcy.
— Reed, será que poderíamos passar no Harrod's a caminho de casa? — Maud Hunter
interrompeu-o, entrando na sala. Quero comprar um pouco de chá para levar na minha volta
aos Estados Unidos.
— Não seria melhor esperar até que retorne do cruzeiro? Sugeriu Reed, lançando um
olhar resignado na direção de Darcy. — Não precisará do chá por enquanto.
— Creio que tem razão — ela aquiesceu pensativa, indo até a porta que o filho
segurava para que passasse. — Mas, e se comprássemos café? — sugeriu, esperançosa.
— Não dá no mesmo, mamãe?
— Oh, sim — concordou, dando de ombros. — Bem. Até logo, Darcy. Foi um prazer
adorável conhecê-la. Espero que nos encontremos antes que eu volte para os Estados
Unidos — falou, com simpatia, deixando a sala seguida por Reed.
Darcy apenas teve tempo de erguer a mão em despedida, antes que seu chefe
fechasse a porta firmemente. Ainda conseguiu ouvir a Sra. Hunter sugerindo outras coisas
que gostaria de comprar enquanto estivesse em Londres.
Ficando só, Darcy sentou-se à escrivaninha, refletindo sobre tudo o que vivera nas
últimas horas. Agora sabia com certeza que jamais conseguiria ser o tipo de mulher por
quem Reed pudesse se interessar, pois sempre o faria lembrar-se da mãe distraída e
confusa. Percebera o quanto ele amava a mãe, mas também como, facilmente, perdia a
paciência com as suas constantes distrações. Ele poderia ter, no máximo, pena da garota
distraída que era sua secretária, mas desejá-la. Nunca!
Triste constatação para uma mulher que passara a amá-lo profundamente desde a
primeira vez que o vira.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

CAPÍTULO II

Já em seu apartamento, Darcy sentia-se confusa diante do guarda-roupa aberto. O que


usaria?
"Coloque seu vestido mais sexy", Marc dissera.
Mas não possuía nenhum desse tipo, apesar da grande quantidade de roupas que
comprava quando precisava acompanhar Reed em viagens de negócios. Muitas vezes, Reed
lhe pedira para ser uma espécie de anfitriã nas recepções que ele dava. Seus melhores
vestidos tinham, todos, um corte clássico, adequado para qualquer ocasião.
Acabou optando por um traje preto, que havia comprado na última viagem. Enquanto se
arrumava, não conseguia deixar de ficar absorta em reflexões sobre seu chefe.
Por mais que lhe doesse, estava convencida de que Reed não a via como mulher,
apenas como secretária. Mas, para seu infortúnio, amara-o desde que o vira no escritório
pela primeira vez, naquela famosa entrevista, meses atrás. Ele lhe parecera realmente
surpreso com o engano quanto ao horário, mas só no início. Levou-a para jantar, a fim de
realizarem a entrevista. Darcy até que achou bastante agradável o modo de Reed entrevistá-
la, deixando-a a vontade. Chegou mesmo a falar-lhe de sua família, no interior, da
experiência de ser filha única. Depois explicou-lhe sobre seus únicos empregos: o primeiro,
durante cinco anos, num banco, e o outro, auxiliando, por quatro meses apenas, um viúvo
com três filhos.
Reed havia ficado muito surpreso com aquela brusca mudança de funções, e Darcy
concordava que sua opção fora um erro, embora naquele momento lhe parecesse importante
mudar de atividade. Ele também lhe fizera algumas confidências sobre sua infância.
Conversaram como velhos amigos e, no final, Darcy ouviu, surpresa, a notícia de que
fora aceita e de que devia começar a trabalhar com ele na semana seguinte. Lembrava-se de
ter-lhe falado a respeito de suas distrações e do seu hábito de esquecer ou trocar objetos.
Mas ele não se preocupara muito com o fato. Bem, agora que conhecera a Sra. Hunter, dava
para entender por que a aceitara, apesar desse "pequeno" defeito.
O pior era que o amava, e como! Mesmo sabendo que jamais seria correspondida.
E Marc? O que ia fazer com ele? Cinco anos mais novo do que Reed, portanto com
trinta, seus namoros não passavam de mera diversão, mas Marc aceitava-a distraída como
era. Tinha mesmo um carinho todo especial por ela. Darcy, entretanto, esperava
sinceramente que entendesse que nunca poderiam ser mais do que amigos, porque Reed
ocupava todo o seu coração.
Ao ouvir soar a campainha, apesar de imersa em seus pensamentos, Darcy estava
completamente vestida e maquilada. Arrumara-se quase como um autómato. Bem, devia ser
Marc, sem dúvida.
— Para onde estamos indo? — perguntou, desconfiada, observando o sorriso maroto
de Marc, enquanto ele dirigia o carro.
— Para meu apartamento.
— Seu apartamento? Mas.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Sim — ele confirmou divertido — e, chegando lá, vou jogá-la na cama e fazer amor
com você!
— Marc?!
— Darcy, queria que você visse agora a sua cara! É tão fácil enganá-la, querida, mas
pode ficar tranquila que não pretendo a presença de um público na primeira vez que fizer
amor com você.
— Público?! A primeira vez que fizer amor comigo...?! Ela repetiu, com voz pouco firme,
tentando perceber o alcance das palavras de Marc.
— Você é uma graça, sabia? Após passar o dia todo com mulheres que se despem com
a maior naturalidade assim que entram no meu estúdio, sua inocência é totalmente
refrescante!
Darcy conhecia o trabalho de Marc. Excelente fotógrafo de publicidade, suas fotos para
revistas e anúncios frequentemente envolviam modelos completa ou parcialmente nuas.
Tinha sido engraçada a vez que fora até o estúdio para entregar-lhe alguns papéis de Reed:
uma mulher, vestindo apenas calcinha, abrira—lhe a porta! Darcy enrubescera, dando meia-
volta, e voara escada acima para dizer a Reed que seu sócio estava fazendo filmes eróticos!
Reed achara muita graça, e a acompanhara de volta ao estúdio, onde foram recebidos pela
mesma modelo.
Então, paciente, explicou-lhe que Marc estava apenas fazendo uma campanha
publicitária para o lançamento de uma nova coleção de artigos de lingerie. Mas ninguém lhe
explicou, e ela também não fez questão de perguntar, por que motivo à moça não estava
usando sutiã.
Percebeu que Reed foi excessivamente amável com a modelo, e soube que agia assim
com muitas outras que Marc contratava; daí seu apelido: "Reed, o conquistador". Saía
sempre com mulheres diferentes e Darcy nunca soube de nenhuma que fosse especial,
durante os sete meses em que estava trabalhando para ele.
Um tanto assustada com os comentários estranhos de Marc enquanto se dirigiam ao
apartamento, resolveu prevenir:
— Marc, se essa é a surpresa...
— Vamos, Darcy, relaxe! Não é à toa que Reed acha tão fácil tê-la por perto. Você é
provavelmente a única mulher com quem ele ainda não esteve na cama.
Darcy corou, lembrando o quanto já se imaginara na cama com Reed, amando-o com
loucura. E se entristeceu. Eram fantasias que nunca se realizariam.
— Meu relacionamento com Reed é bom e puramente profissional. Trabalhamos
sempre em harmonia, isto é... quase sempre.
— Ora, Darcy, não o leve muito a sério. Reed é mesmo um homem difícil de se
entender.
— Na verdade, nem tento fazer isso. Já desisti.
Por que não se apaixonara por Marc, em vez de Reed? Era um homem interessante,
bem menos complicado do que Reed, e tinha um agradável senso de humor. Além de bonito
e suficiente para ter qualquer mulher que desejasse. Mas, infelizmente, tudo o que conseguia
era gostar dele apenas como um bom amigo.
— Então? Ainda não me explicou, Marc. Por que estamos indo para o seu
apartamento?
— Espere e verá, aniversariante! — falou enquanto estacionava o carro na garagem do
seu edifício. — Mas, por favor, não fique tão tensa! Quem vê vai pensar que a estou
raptando.
Ainda um pouco traumatizada por tudo o que ocorrera durante a manhã, Darcy percebia
que seu entusiasmo não acompanhara na mesma intensidade o de Marc. Qualquer que

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

fosse a surpresa que ele lhe havia preparado, não podia ser desagradável!
Ainda bem que a prevenira sobre o que vestir. O apartamento estava cheio de amigos
de Marc. Após dez minutos sendo cumprimentada por pessoas que mal conhecia, acabou
concluindo que odiava festas surpresa, especialmente oferecidas a ela. Conhecia a maioria
dos convidados superficialmente, através de seu amigo fotógrafo, mas com nenhum deles
formara amizade. Bem, pelo menos o próprio Marc parecia estar se divertindo muito com a
grande surpresa!
— Será que ouviremos uma declaração de Marc esta noite ou ele pretende levá-la ao
altar sem comunicar o fato a ninguém? Darcy voltou-se, rápida, ao ouvir aquela voz
zombeteira. Quase deixou cair o copo que tinha na mão. Engoliu em seco. Não tinha
percebido Reed até aquele momento.
— E sua mãe? — perguntou, embaraçada.
Reed lançou um olhar através da sala, observando os homens e mulheres bem
vestidos e elegantes, agrupados aqui e ali numa alegre animação, enquanto bebiam ao som
da sofisticada aparelhagem da qual Marc tanto se orgulhava.
— Não acho que este ambiente combine com você — comentou, voltando o olhar para
ela.
— Não mesmo— Darcy concordou.
Reed observou-lhe o olhar perdido, meio ausente, e pareceu preocupar-se:
— Se você não o controlar agora, Darcy, duvido que seja capaz de fazê-lo após se
casarem.
Ela piscou, surpresa, e perguntou:
— Sobre o que está falando?
— Marc.
Lançando um olhar na direção de Marc, Darcy viu-o cercado de quatro mulheres que
pareciam completamente enfeitiçadas.
— Ele está apenas se divertindo, Reed.
— Darcy, ele... Esqueça — interrompeu-se brusco. — Cada um deve saber cuidar do
que é seu.
— Marc não é meu! E não tenho a menor pretensão de casar com ele. Não sei o que
lhe deu essa impressão. Marc é apenas um bom amigo.
— Como nós dois?
Darcy sentiu que corava. Até agora encarara sua relação com Reed como bastante
amigável, apesar de sentir por ele muito mais do que simples amizade. Por isso foi sincera
ao responder:
— Não, não como nós. Mas...
— Não é o que eu penso, Darcy. Se você tivesse dado alguma chance a Marc, ele já
teria conseguido ser mais do que um simples amigo. — Darcy ressentiu-se e fez um muxoxo.
— Isso não é nenhuma novidade, só que o que eu quero.
— Creio que entendo o que você quer. Bem, Darcy, sei que fui rude com você hoje
cedo, mas sinto-me responsável por avisá-la. Casamento é coisa séria, e Marc não é homem
de casar. Pelo menos não com uma garota como você.
— Não tenho dúvidas sobre esse assunto e não sei por que você está dizendo isso. Já
disse que não faço a mínima questão de me casar com Marc.
— Não? Quer dizer que ele não vai reclamar se eu levar você comigo para a Flórida, no
domingo?
— Flórida?! — Darcy arregalou os olhos. Sabia que a família dele vivia em Orlando, na
Flórida, há vinte e cinco anos, e que Reed a visitava ocasionalmente. Mas nunca a havia
levado nessas viagens.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Não fique tão surpresa, Darcy. Como sabe, tenho muitos negócios lá.
— Sim, eu sei, mas essa viagem parece um tanto repentina, não? — estranhou ela. —
Durante todo o dia não ouvi você mencionar nenhuma viagem. — Reed comprimiu os lábios
e estreitou os olhos, cujo brilho provocava nela um efeito devastador. Darcy sentiu seu pulso
acelerar. No entanto, não podia permitir que ele percebesse o quanto era capaz de perturbá-
la.
— Aconteceu um imprevisto, Darcy. Você virá comigo ou não?
— Claro que sim! Mas aconteceu alguma coisa de grave?
— Nada tão grave que eu não possa contornar — explicou, com a voz tensa.
— Reed, mas que surpresa! — Marc juntou-se aos dois, dando um tapinha no ombro do
amigo. — Convidei-o, mas pensei que talvez não pudesse vir, por causa da chegada, hoje,
de sua mãe.
— Mamãe foi dormir cedo, Marc, e fez questão de que eu viesse me divertir um pouco.
— E você está se divertindo? — Marc desafiou-o, colocando o braço sobre o ombro de
Darcy.
Reed aceitou o desafio.
— Não muito. Você não acha que devia ter sido um pouco mais gentil com Darcy,
avisando-a sobre todas essas pessoas que convidou?
— Ora, Reed, se fizesse isso, não seria mais uma surpresa!
— Darcy não gosta de surpresas, ainda não percebeu? — ele continuou, um tanto
ríspido.
Darcy não gostou dos comentários de Reed. Faziam com que se sentisse uma
garotinha tola e desinteressante. Muito bem, então ele achava que sua vida era insípida e
sem emoções! Mas não era bem assim que ela pensava. Mesmo porque, sendo apenas sua
secretária, a vida já se tornava interessantíssima!
— Mas desta vez, Reed, garanto que Darcy gostou e, se você não estiver apreciando a
festa, não vou prendê-lo aqui, meu velho.
Reed nada disse, apenas colocou um embrulho na mão de Darcy.
— Feliz aniversário, Darcy, Telefonarei para você amanhã a respeito da viagem de
domingo. — E foi se dirigindo para a saída.
Ao passar por uma loira glamorosa, Reed murmurou algo em seu ouvido. A loira deu
uma gargalhada que ecoou pelo corredor enquanto deixava a festa, acompanhando-o.
— Eu gostaria de saber quem, ou o quê o chateou para que Reed fosse embora no
início da festa — comentou Marc surpreso, pois eram ótimos amigos fora do escritório.
— Acho que está preocupado com a mãe dele — disse Darcy, ocupada,
desembrulhando o pacote que Reed lhe dera.
Marc pareceu surpreso com a explicação.
— Por que precisaria se preocupar? Ela me pareceu ser tão meiga e delicada. — Reed
não suporta quando alguém não é tão organizado quanto ele — murmurou, com os olhos
inundados de lágrimas, enquanto fitava a corrente de ouro na caixinha preta de veludo e o
unicórnio que a acompanhava. Um animal lendário e místico, para alguém que vivia num
mundo de sonhos a maior parte do tempo.
No dia seguinte, Reed dirigia seu Mercedes pela estrada que levava a Southampton,
onde sua mãe iria embarcar para fazer um cruzeiro pelo Mediterrâneo.
— Querido, você está indo no caminho certo? — perguntou Maud Hunter. — Parece-me
que aquela placa ali atrás...
— Mamãe — ele a interrompeu, paciente —, já que a senhora gosta de ler mapas de
ponta cabeça, porque “lhe parecem fazer mais sentido”, acho que não está em posição de
dar opiniões sobre os sinais da rodovia.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Maud voltou-se para Darcy, no banco de trás, e lançou-lhe um sorriso cúmplice, como
que incluindo-a na categoria dos eternos distraídos. Uma boa companheira dela, sem dúvida!
Reed havia telefonado cedo naquela manhã, convidando-a a acompanhá-los a
Southampton, porque sua mãe apreciaria muito que fosse. Darcy acabou aceitando o
convite, pois, ainda zonza de sono, não conseguiu encontrar alguma desculpa para não ir.
A festa estivera animada até às três da manhã, e, como era em sua homenagem, não
poderia partir sem magoar Marc. Por isso ficara até o fim. Após todos terem partido, ajudou-o
com a limpeza, recusando o convite para que dormisse lá, apesar da promessa dele de que
lhe cederia à cama, ficando com o sofá.
Reed telefonou-lhe tão cedo que Darcy teve a impressão de que ele não esperava
encontrá-la dormindo em casa ou, talvez, esperasse que Marc atendesse ao chamado.
Pareceu-lhe também óbvio que Reed preferiria que ela não os tivesse acompanhado,
apesar de ser claro o prazer de Maud Hunter em tê-la como companhia. Afinal, agora ele
tinha duas "patetas" para manter na linha!
Ah, como desejava que tudo fosse diferente! Gostaria de ser tão fria e segura de si
quanto as mulheres que telefonavam para o escritório à procura de Reed. Mas duvidava que
pudesse ser assim. Bem, pelo menos enquanto continuasse a ser uma secretária eficiente,
veria Reed. O trabalho era o único ponto de contato entre eles. E levaria ainda um bom
tempo antes que Reed esquecesse o que ocorrera no dia anterior: o famoso episódio Maud
Hunter!
Segurou o pingente em forma de unicórnio na palma da mão. Era uma bonita peça de
joalheria. Queria usá-lo constantemente, ou era uma forma de ter um pouco de Reed.
Embora simbolizasse o que seu chefe pensava dela: uma mulher que vivia no mundo
da lua, fora da realidade.
Mas o que nem ele nem ninguém podia imaginar é que Darcy estivera bem perto de
viver para sempre num mundo assim, muito mais atraente do que a dura realidade. Nunca
falara com ninguém sobre suas fugas do real, exceto com Rupert. E sabia que, com ele, seu
segredo estava bem guardado.
— Continuar, Darcy?
Ergueu a cabeça, despertando de seus devaneios pela voz de Maud, perguntando-lhe
algo. Sem graça, percebeu o olhar irritado de Reed pelo espelho retrovisor. Não era justo!
Por que ficar tão nervoso por um momento de concentração?
Ajeitou-se no banco, sorrindo para Maud.
— Desculpe, não ouvi o que disse. Estava a quilómetros de distância — admitiu, com
sinceridade, olhando desafiante para Reed.
— Oh, sei bem como se sente, querida, não se preocupe. Sabe, eu tinha esquecido de
como a Inglaterra é bonita acrescentou, sonhadora. — É tão verde e... e romântica!
— E úmida e fria no inverno — interrompeu Reed, sem nenhum romantismo.
Maud lançou-lhe um olhar impaciente.
— Não precisa me lembrar disso, Reed. Não tenho a menor intenção de conviver com
você nesse mundo tão terra-a-terra que construiu longe da família. Só quis comentar que
havia esquecido de como a Inglaterra é adorável.
Reed corrigiu—se:
— Você é mais do que bem-vinda para vir morar comigo quando bem desejar, e sabe
disso, mamãe.
Os olhos verdes estavam mais gentis do que nunca.
— Se viesse, em uma semana você se tornaria tão distraído quanto eu. — Riu, sem
rancor. — Seu pai sempre dizia que você era um ótimo atleta por minha causa, porque queria
fugir de mim!

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Darcy escondeu o próprio sorriso com dificuldade, mas se deu conta de que não havia
motivos para rir. Maud Hunter acabara de confirmar o que já suspeitava. Reed jamais se
apaixonaria por uma mulher que se parecesse com a mãe.
— Sabe que não é verdade, mamãe.
— Sei que é. — Maud deu uma gargalhada, e voltou-se para Darcy. — Eu estava lhe
perguntando, há pouco, se gostaria de parar para almoçar, querida.
Darcy olhou para Reed.
— Para mim, o que vocês resolverem estará bem.
— Muito diplomática — zombou ele. — Minha mãe quer parar, mas prefiro continuar.
— Seria bom para sua mãe se parássemos para o almoço ela sugeriu calmamente. —
Mas, é claro, se você preferir continuar. Maud riu suavemente.
— Gosto de sua secretária, Reed.
— Tenho a impressão de que ela gosta de você também resmungou ele, procurando
um lugar por perto onde pudessem almoçar.
Darcy nunca o vira antes engolir calado o seu aborrecimento. Era óbvio que a mãe
causava-lhe aquele estranho efeito. Definitivamente, ele não se mostrava tão charmoso
como de costume.
O "pub" que Reed escolheu para parar tinha um restaurante na sala dos fundos. Todo o
local fora decorado para dar ao ambiente um belo toque de antiguidade secular. Era muito
aconchegante, mas Reed nem parecia notar. Estava realmente mal-humorado.
— Simplesmente ignore-o, querida — aconselhara-a Maud depois de fazerem os
pedidos. — Reed fica sempre assim, mal-humorado, até que mate a fome. Como um bebê.
— Estou certo de que Darcy não está interessada nisso, mamãe — interrompeu-a
Reed.
— Gostaria de saber por que os homens não gostam de admitir que já foram bebê e
que precisavam trocar as fraldas como qualquer pessoa!
— Mamãe!
Darcy sentia dificuldade em controlar-se para não rir, enquanto ele se ajeitava
desconfortavelmente na cadeira.
— Bem, até que você não traga uma boa garota para casa para eu poder contar suas
artes do tempo de criança, contento-me com Darcy. Além disso, tenho certeza de que ela
está interessada em saber que você é um ser humano como todos nós.
Darcy lançou-lhe um olhar indagador, corando um pouco ao perceber a calorosa
compreensão que leu nos olhos da adorável senhora. Maud já sabia que ela amava Reed!
De fato, gostava muito de ouvi-la falar da infância de Reed, tão diferente da sua. Há
anos a família Hunter transferira-se para a América. Maud era inglesa, mas o marido era
americano. De vez em quando, Reed tentava interferir na narrativa, mas Maud o ignorava e
Darcy não o deixava interromper a mãe, desejosa de conhecer os fatos da infância do
homem amado, como toda mulher apaixonada estaria.
Darcy poderia ficar ouvindo-a falar o dia inteiro. Adorava perceber o orgulho de Maud
pelo filho, orgulho que transparecia na voz e no olhar da bela senhora. Como gostaria de ter
conhecido Lloyd Hunter! Os dois, pai e filho, pareciam ter muito em comum. O pai encorajara
muito o filho para sucedê-lo nos negócios, embora talvez preferisse que Reed se tornasse
um atleta, pois ele se mostrava muito bom no esporte quando adolescente.
Finalmente o almoço terminou e Reed precisou dirigir como louco para chegarem a
tempo.
Uma vez alcançado o porto de Southampton, começou a correria, pois a parada para o
almoço os havia atrasado.
Darcy podia apostar que Reed estava se controlando para não dizer que as prevenira.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Mal tiveram tempo de acompanhar Maud até sua suíte e já o navio apitou, avisando os
visitantes para que se retirassem!
— No Mediterrâneo, durante todo um mês... — murmurou Darcy, com ar sonhador e
uma pontinha de inveja, enquanto acenava para Maud, que permanecia no convés do navio.
Como Reed não retrucou, olhou-o e concluiu: — Já sei, com a sorte que tenho,
provavelmente ficaria enjoada durante toda a viagem!
O rosto dele distendeu-se num sorriso pela primeira vez naquele dia.
— Se minha mãe sobreviver, você também conseguirá. — Darcy voltou-se para que
Reed não pudesse perceber a mágoa em seus olhos.
— Obrigada pelo presente, Reed. É lindo! — agradeceu, ainda acenando para Maud.
— Ah, sim? Logo que vi a jóia numa vitrine, achei apropriada para você.
— Realmente, é belíssima.
— Eu também achei. — Enquanto falava, os olhos verdes fitavam o rosto pálido de
Darcy com tal intensidade que ela procurou fugir, desviando os dela. Reed ergueu-lhe o
queixo para que voltasse a fitá-lo. — Qual é o problema?
— Problema?
— Por um momento senti que você parecia prestes a chorar.
— Eu? Chorar? Não! Bem, talvez esteja um pouco emocionada, vendo Maud partir.
Você também não gostaria de sair num cruzeiro? — Disfarçou a emoção com um sorriso
radiante.
— Por que não foi com Maud? — E voltou a olhar para o navio, onde centenas de
pessoas acenavam, a alegria estampada nos rostos excitados pela viagem que estava
apenas começando.
— Não, Darcy. Tenho algo muito importante para cuidar em terra firme. — E seu olhar
tornou-se sombrio.
— Na Flórida?
— Sim.
— O quê... ?
— É melhor irmos embora. Não quero falar sobre isso aqui — disse Reed, observando
as pessoas à sua volta.
Talvez fossem os negócios na Flórida a causa de seu constante mau humor. Mesmo
agora, que a mãe tinha partido, ele ainda parecia aborrecido.
Darcy tentou lembrar-se de algum negócio em particular que nos últimos meses ele
estivesse mantendo na Flórida, mas foi em vão. Não conseguia lembrar-se de nada.
— Posso ajudá-lo, Reed? — ofereceu-se quando já estavam de volta ao carro.
— Não.
Ela se manteve calada, sabendo, por experiência própria, que Reed falaria apenas
quando achasse necessário.
E foi apenas no dia seguinte, quando já estavam em pleno voo rumo à Flórida, que
Reed decidiu colocá-la a par de seus planos. E o que ela ouviu foi o suficiente para abalá-la
por inteiro.
— Darcy? — chamou ele, meio confuso, pois ela parecia em estado de choque após
ouvir as novidades.
Continuou muda, os lábios subitamente paralisados.
— Você poderia repetir o que disse?
— Claro, Darcy. Bem, ficaremos hospedados na casa de minha irmã mais nova, Diane.
— Ouvi essa parte — ela confirmou, esperando que ele não dissesse que suas dúvidas
fossem fruto de distração.
— Quero que todos, incluindo minha família, pensem que estou apenas em viagem de

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

férias.
— Escutei isso também. — E respirou profundamente, ansiosa, aguardando para ver se
Reed repetiria aquilo que pensava ter ouvido.
— Lógico que você não achará difícil fazer com que as pessoas acreditem que somos
um casal enamorado?
Pronto. Acontecera. Ouvira mesmo, não tinha sido imaginação. "Um casal enamorado"
refletiu. Reed nem sequer imaginava como lhe seria difícil fazer o que pedia. Se soubesse,
na certa a colocaria no primeiro voo de volta a Londres. Mas era óbvio que não sabia. Nunca
teria sugerido tal coisa se soubesse que estava apaixonada por ele.
— Marc não precisa saber, Darcy, se é com isso que está preocupada.
Marc... nem se lembrara dele. Sem dúvida, durante o tempo em que estivesse fora,
Marc estaria saindo com suas preciosas e numerosas modelos. Sua preocupação era
consigo mesma. Até onde ela poderia "fingir" que eram um casal enamorado?
— Posso entender por que você está assim relutante. — Não podia!
— Mas pense nisso apenas como um trabalho de férias — continuou Reed
suavemente.
Trabalho?! Seria um castigo!
— Não precisaremos agir como se não pudéssemos viver a não ser abraçados ou nos
beijando. Basta apenas que você não se comporte somente como secretária. Acho que não é
tão difícil assim, Darcy!
— Espere um minuto...
— E, além disso, aproveite a permanência na Flórida para gozar umas merecidas
férias. Relaxe e tudo será mais fácil.
Darcy olhou-o desconfiada, sem muita certeza de ter entendido o que, de fato, Reed
quisera dizer com aquilo. Sem perceber, segurou o unicórnio na palma da mão,
escorregando-o de um lado para o outro na corrente.
— E você ao menos vai me contar o porquê de tudo isso?
— Uma parte — concordou evasivo. — O tanto que eu achar que precisa saber.
— Esta história não está me agradando nem um pouco. — Abanou a cabeça com um
muxoxo de descontentamento. — Até onde quer chegar, Reed?
— Não se trata de aonde eu quero chegar, ou do que quero conquistar — ele disse num
tom severo. — O inocente nessa história toda sou eu.
— Inocente? — repetiu, com a voz tão tensa que quase gritou. — Se você é inocente,
então deve haver algum culpado?
— Sim, há — concordou Reed.
Darcy sentiu o sangue correr rápido nas veias. Pressentia uma grande ameaça
pairando no ar. Sua ansiedade aumentava e a respiração foi se tornando difícil. Veio à
tontura.
— Acho que não conseguirei fazer o que me pede, Reed. — murmurou desesperada,
tentando manter-se consciente.
— Você não precisará fazer nada sobre isso. — Reed estava tão perdido nos próprios
pensamentos, que não notou o quanto ela estava pálida e agitada. — Apenas aproveite
esses dias de férias, Darcy, que eu me encarregarei do resto.
— Que resto?! — Ela engoliu em seco, os dedos apertando com firmeza os braços da
poltrona, tentando controlar uma sensação de crescente mal-estar.
— Negócios, Darcy.
— Que tipo de negócios?
— Particulares.
— E será que ninguém sairá ferido nesta história toda? Perguntou com voz cada vez

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

mais trémula.
— Espero sinceramente que não, mas não posso garantir acrescentou Reed.
Não! De novo, não! Ela não poderia passar, uma segunda vez, por uma situação
semelhante!

CAPÍTULO III

Como num sonho, Darcy ouvia vagamente a voz de Reed, aflito, chamando-a a
consciência. Pouco a pouco percebia os ruídos familiares à sua volta.
— Pelo amor de Deus, Darcy, você se esqueceu de tomar o Café da manhã? —
indagou Reed, abanando-a com uma revista.
Num esforço enorme, ela tentou lembrar-se do que a abalara tanto a ponto de
desmaiar. A lembrança voltou instantânea e Darcy sentou-se, tão rápido, que viu o rosto de
Reed novamente girando a sua frente.
— Aqui está, Sr. Hunter — ofereceu a aeromoça, atenciosa, aproximando-se com uma
xícara de café e outra de chá numa bandeja. — Tem certeza de que não quer mesmo que eu
verifique se há um médico a bordo?
— Não, obrigado. — Pegou a xícara de café e colocou açúcar. — Darcy precisa apenas
de sua dose de açúcar.
O fato de que ela costumava colocar duas colheres cheias de açúcar no café, tomando-
o sempre melado, era motivo de brincadeira entre os dois no escritório, pois Reed achava
isso um absurdo, já que tomava café puro, sem açúcar algum. Mas, no momento, Darcy não
se sentia muito disposta a rir.
— Não me esqueci de tomar o café da manhã — afirmou, quando a aeromoça se
afastou, após lançar-lhe um sorriso solidário. — Desmaiei apenas, é tudo.
— É tudo? — Reed empurrou o café para ela, não muito gentilmente. Seu gesto parecia
traduzir uma dúvida sobre a causa do desmaio.
— Exato. Por quê? — Fitou-o confusa e desconfiada, quase esquecida do pânico que a
fizera desmaiar. Não. Não, ele não podia estar pensando... — Claro que você deve estar
achando que uma gravidez viria bem a calhar e até reforçaria a ideia de que somos "um
casal apaixonado", não é, Reed?
— Se está mesmo grávida, não deveria estar tomando café — disse ele irritado,
tentando tirar-lhe a xícara da mão. —Discutir com Reed tornava-a menos frágil às
lembranças antigas. Deliberadamente, antes de entregar-lhe a xícara, Darcy tomou um
grande gole de café, o que, de imediato, fez retornarem-lhe as forças. Era estranho, mas
acreditava mesmo que seu organismo precisava do máximo de glicose possível.
— Não estou grávida — negou num tom aborrecido.
— Mas acabou de admitir que estava!
— E não era isso, por acaso, que o "senhor" estava pensando, enquanto me socorria?
— acusou-o irritada.
— Mas, pelo que sei, a concepção da virgem imaculada aconteceu apenas uma vez na
história! — Reed prendeu a respiração. — Você não podia escolher uma hora mais

20
Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

inconveniente para usar de sua leviandade.


— Oh, mas não estou brincando, Reed. — E enfrentou o olhar perscrutador dele.
— Então, você é virgem! — exclamou com ar incrédulo. Seus olhos cheios de lágrimas
pousaram no rosto surpreso de Reed à sua frente.
— Após sair com Marc por mais de seis semanas, não acreditava que ainda pudesse
ser.
— Reed...
— Por que você desmaiou, então, Darcy? — indagou ríspido, exigindo uma explicação
mais convincente para o fato.
Ela colocou a xícara vazia sobre a mesinha e encarou-o.
— Reed, estou começando a achar que não vou poder ajuda-lo no que quer que tenha
planejado fazer nos Estados Unidos — Explicou com voz suave. — Eu não sei fingir, e não
sei se estou de acordo com o que pretende fazer.
— Você nem ao menos sabe o que pretendo fazer!
— Tem razão, mas, seja lá o que for, não deve ser boa coisa, pois precisa ser feita em
segredo!
—Não é realmente agradável o que preciso fazer. Mas também não é nada agradável
saber que alguém está me sabotando!
— Mas você já é tão rico, tão bem sucedido! Será necessário fazer isso?
— E por quanto tempo acha que continuarei sendo rico e bem-sucedido se continuarem
me roubando? — Ele perguntou rudemente. — Porque é isso que estão me fazendo nos
Estados Unidos. Estão me sabotando e roubando meus melhores negócios!
— Como?
— Como eu ainda não sei. Apenas sei que meus interesses em certas transações
comerciais estão sendo sabotados sutilmente por outras pessoas também interessadas
nelas. Isso está permitindo que concorrentes meus fechem bons negócios antes de mim. E,
sem dúvida, a pessoa que passa as informações está sendo muito bem paga. Alguém vem
ganhando muito dinheiro às minhas custas. Isso não pode continuar!
— Você tem alguma ideia de quem possa estar fazendo isso?
— Deve ser alguém que me conhece muito bem. O suficiente para ter acesso a essas
informações. Alguém em quem confio e que está sendo comprado para me trair.
Darcy prendeu a respiração, temerosa da suspeita que lhe ocorrera.
— Não está pensando que seja alguém de sua família, está?
— Geralmente comento com minha família sobre possibilidades de vir a entabular
negócios aqui — revelou. — Mas, droga! São minha família! Não creio que algum deles me
faria isso!
Percebia-se, com clareza, que Reed não estava tão seguro em relação à família como
gostaria. Sendo filha única, Darcy não tinha ideia de como era crescer entre outros irmãos
mais jovens do que ela, o caso de Reed. Mas podia imaginar. Sem dúvida houvera pequenas
disputas entre eles, normais e, certamente, sem importância. Não conseguia aceitar a ideia
de que um deles pudesse estar traindo Reed.
— Percebo agora que devia ter lhe contado tudo isso antes de lhe propor que viesse
comigo e que fingisse ser minha namorada — admitiu Reed, passando a mão por entre os
cabelos.
— Mas confesso que essa ideia de trazê-la não havia me ocorrido até a noite passada,
quando, me dei conta de que o culpado se assustaria vendo-me chegar sozinho. Pensaria
logo em investigação e isso poderia prejudicar o resultado do meu trabalho. Perdi três bons
negócios nos últimos seis meses. É demais para ser apenas uma coincidência. Preciso
descobrir quem está me traindo, Darcy. — E fitou-a aflito.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Tem alguma ideia de quem seja?


— Nenhuma. Mas creio que descobrirei quem é com sua ajuda.
Darcy sentiu que a conclusão dele fora expressa mais num tom de pergunta do que
propriamente de afirmação. Mas, agora que sabia das intenções de Reed, resolvera
esquecer as lembranças mais longínquas do seu passado. Afinal, se alguém saísse ferido
dessa aventura de Reed, seria apenas no aspecto emocional, e não no físico. Assim,
resolveu participar dos planos dele, por mais malucos que lhe parecessem.
— Quer dizer, então, que precisarei apenas ficar sentada e fita-lo com um olhar
apaixonado? — brincou ela, tentando aliviar a tensão que se havia formado.
— Mas não exagere. Meus irmãos nunca acreditariam que uma mulher como você
pudesse estar tão loucamente apaixonada por mim!
Então eles deviam ser todos cegos. Pelo que observara, as mulheres achavam difícil
não se apaixonar por ele. E, afinal, ela mesma era uma das mulheres apaixonadas que podia
falar por experiência própria!
— Creio que todas as famílias pensam do mesmo modo quando o assunto dos irmãos
é o amor.
Ele sorriu.
— Devo admitir que realmente nunca entendi o que Wade e Chris viram de mais em
minhas duas irmãs, ou o que Marie viu em Mike, o caçula. — Fez uma careta cómica. —
Mas, como você disse, todas as famílias são iguais em questão de amor. — Pelo modo como
Reed falava sobre a família, Darcy presumiu que deviam ser muito unidos. Percebia, agora,
por que era tão importante provar que nenhum deles seria capaz de traí-lo.
— Ah, já sei! Se eu não usar minhas lentes de contato, todos pensarão que estou
olhando para você com ar sonhador — Brincou ela, fazendo o possível para remover a
tristeza estampada nos olhos dele.
Reed tomou-lhe as mãos, admirando a pele clara e delicada e as unhas bem tratadas.
— Tenho sido um déspota com você nesses últimos dias e quero que saiba que sinto
muito. — Fitou-a com carinho. — Primeiro, aquele problema com minha mãe, e agora isto. —
Afastou uma mecha de cabelos que lhe caía no rosto delicado. — Você não merece nada
disso, Darcy.
Ela não conseguia escapar da atração daquele par de olhos verdes tão profundos.
— Ufa! Seus irmãos, Reed, na certa ainda não descobriram como seu charme pode ser
letal!
Para sua surpresa e agrado, ele jogou a cabeça para trás e caiu na risada. Nunca o vira
rir assim antes.
— Não me lembro de alguma vez ter tentado ser charmoso com minha família — disse,
ainda rindo. — E também não perderia meu tempo jogando charme para eles. Nem notariam.
Talvez a família de Reed não fizesse questão de charme, mas eram, todos eles,
encantadores, admitiu Darcy, horas mais tarde, quando os conheceu.
Aterrissando em solo americano, fizeram imediatamente um voo de conexão direto para
Orlando, onde vivia toda a família Hunter. Lá, Reed e Darcy foram para a casa de Diane e
seu marido Chris Donavan, onde ficariam hospedados. Chegaram já quase noite. Diane
havia convidado todos os membros da família para um jantar informal. Ela vestia apenas um
biquíni e uma saída de banho e avisou que o jantar seria servido à beira da piscina.
— Desculpe, Darcy, não sabia desse programa. — Reed sorriu para ela, enquanto
ouvia as novidades que Diane lhe contava.
Quando conseguiu ver-se livre da irmã, voltou-se de novo para Darcy.
— Se você preferir, posso dar uma desculpa qualquer e você não precisará participar
do jantar. Sei que está cansada. Quer ir direto para a cama? O que acha?

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Darcy engoliu em seco, nervosa demais por ser obrigada a conhecer tantas pessoas
estranhas de uma só vez, e todas elas muito importantes para Reed. Sabia que, na
realidade, não importava se não conseguisse causar-lhes uma boa impressão, mas, de
qualquer forma, desejava muito que gostassem dela. Por isso não queria encontra-los do
modo como estava agora, as roupas amassadas, o cabelo em desalinho e com ar cansado,
após longas horas de voo.
— Será que eu poderia tomar um banho primeiro?
— Claro — respondeu Diane, amigável. Ela era uma versão mais jovem da mãe, os
longos cabelos louros, quase prateados, os olhos tão verdes quanto os do irmão. — Sabe,
você não é nada do que estávamos esperando que fosse.
— Diane!
Ela lançou um sorriso travesso ao irmão.
— Ora, Reed, eu não quis dizer que não a aprovei. Pelo contrário, estou
agradavelmente surpresa! Sei que o resto da família também ficará. Minha irmã Linda quase
jurou que você devia ser uma mulher chata e sofisticada.
— Por favor, Darcy, não ligue. Diane não pode ficar com a boca fechada, senão é capaz
de morrer! — zombou Reed.
Diane riu. Tivera sorte em herdar também a delicada estrutura da mãe e possuía uma
beleza que parecia não sofrer a ação do tempo. Quanto mais idade tivesse, ficaria com os
traços mais refinados.
— Linda está tentando persuadir Wade a se transferir para Miami, Reed. Diz ela que
está cansada daqui — anunciou Diane.
— E Wade certamente se recusa, não é?
— Adivinhou. Também ele foi seu primeiro amigo, não foi?
— Foi, sim. Creio que é melhor Linda ir se acostumando com a ideia de envelhecer em
Orlando. Wade nunca sairá daqui.
— Também penso assim. — Diane voltou a rir. — Espero que me desculpe por ter
convidado toda a família para o jantar, Darcy.
— Mas durante meses, pensamos que a secretária de Reed fosse um homem! Não
pode imaginar nossa surpresa quando soubemos que vocês estavam namorando!
Darcy evitou olhar para Reed, percebendo que ele não gostara nada do comentário da
irmãzinha nova.
— Eu a desculparei de qualquer coisa, desde que me assegure de que há ar-
condicionado aqui — brincou Darcy, tentando evitar que Reed desse uma resposta dura para
Diane. Além disso, estava mesmo desesperada com o calor.
Haviam mudado de um avião para o outro quando chegaram em Miami. Acostumados
com o ar fresco das últimas horas, no aeroporto e nos dois aviões, o calor e a umidade de
meados de maio em Orlando provocaram um efeito devastador em Darcy. Quando ela e
Reed deixaram o aeroporto e saíram à rua para pegar um carro até a casa de Diane
Donavan, Darcy começou a perceber o terrível calor úmido que passaria a sofrer. Um passo
apenas para fora do carro que Reed alugara, e ela admitiu que teria que ficar em ambientes
com ar-condicionado se desejasse sobreviver naquele lugar!
— Você logo vai se acostumar com o calor — consolou-a Diane.
— Creio que nunca me acostumarei. — Balançou a cabeça desesperada. — Se faz
todo esse calor à noite, só Deus sabe como será durante o dia! Por favor, Diane, diga que há
ar-condicionado no meu quarto! — implorou. Não podia se imaginar dormindo de outra
maneira.
— Fique tranquila, temos ar-condicionado na casa toda.
— Graças a Deus! — Darcy apoiou-se no braço de Reed.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Preparei um jantar para ser servido à beira da piscina, mas, se você achar que é
muito.
— Não! Não precisa se preocupar. Como você disse, logo me acostumarei.
"Nem em um milhão de anos!", pensou. Não podia entender como as pessoas
escolhiam lugares como aquele para morar!
Diane não pareceu convencida com as palavras de Darcy. Entretanto, voltou-se para
Reed:
— Você ficará com seu quarto, como de costume, Reed.
— Ótimo. Então vamos, Darcy?
Ele a conduziu pela mão ao longo de um corredor que levava aos dormitórios.
Darcy não entendia como Reed podia parecer tão à vontade, sem calor, trajando uma
camisa e um blazer cinza. Ela havia tirado a jaqueta logo que deixaram o aeroporto, dobrara
as mangas da blusa e, mesmo assim, ainda se sentia acalorada.
— Sinto muito, Reed. Sua irmã deve estar pensando que sou uma chata.
— Claro que não. Diane não está pensando nada disso. — Reed abriu calmamente a
porta do quarto, cuja decoração era predominantemente masculina.
Toda a casa era linda, grande e térrea, construída entre inúmeras árvores, perto de um
lago maravilhoso. O extremo bom gosto usado na decoração da sala estendia-se também
aos demais cômodos. Predominavam a elegância e o conforto. Diane e Chris Donavan eram,
provavelmente, pessoas tão ricas quanto Reed.
— Bem, não se preocupe — comentou Darcy, desconfiada, sentando na beirada da
cama de casal. — Não perguntarei onde é o meu quarto ou onde você vai dormir esta noite.
Os olhos verdes estreitaram-se, fitando as malas de ambos os lado a lado no chão.
— Bem que eu já devia ter imaginado que Diane acharia natural dividirmos o mesmo
quarto.
Ela ficou aliviada por ele não ter dito "dormíssemos juntos", porque tinha certeza de que
o que Diane esperava era mesmo que dormissem. Tinha notado o brilho malicioso nos olhos
verdes da irmã de Reed ao informar a ele que teria o quarto de sempre. E por que não?
Provavelmente, Reed ainda era um adolescente na última vez em que tivera uma namorada
com quem não dormia, e isso devia ter acontecido há cerca de vinte anos!
— Isso não lhe ocorreu em nenhum momento? — indagou ela, e percebeu, divertida,
que ele estava totalmente desconcertado com a ideia de dividirem a mesma cama.
— Para dizer a verdade, não. — Reed sentou-se na cama, ao lado dela, suspirando
fundo. — Que faremos agora?
— Você não está sendo muito lisonjeiro falando assim — ela riu, tentando esconder
uma certa decepção por vê-lo contrariado com a ideia de passarem a noite juntos.
— Isto é sério, maldição! Fingir que estamos passando férias juntos é uma coisa, mas
isto — olhou para a cama de casal — É outra coisa bem diferente.
— Tem medo do que Samantha possa pensar? — indagou ela, referindo-se à mulher
com quem Reed andava saindo ultimamente em Londres.
— Ela nem me passou pela cabeça. É com você que estou preocupado.
Ora, mas não precisava! O que mais queria, há muito tempo, era dormir no mesmo
quarto com ele. Será que um homem não enxerga quando uma mulher está apaixonada? A
irmã de Reed percebera isso no primeiro olhar e Darcy notara o brilho de aprovação em seus
olhos verdes, tão parecidos com os dele.
Darcy deu de ombros.
— Ainda podemos dar uma desculpa qualquer e mudar para um hotel.
Reed balançou a cabeça, negando essa possibilidade.
— Diane nunca me perdoaria. Deus, nada disso havia me ocorrido!

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Agora que ocorrera, era evidente que não estava gostando nem um pouco! Darcy se
levantou.
— É uma cama bem grande, Reed — comentou, com uma naturalidade que estava
longe de sentir. — Duvido que possamos nos tocar durante a noite, se não desejarmos isso.
— O problema é... — Reed se levantou e começou a caminhar pelo quarto. —
Desejaríamos?
Darcy voltou-se para olhá-lo e percebeu, surpresa, que Reed parecia estar admirando-
a, pela primeira vez, como uma mulher atraente. Precisava descobrir isso justo agora, que
estava quase sem maquiagem, os cabelos despenteados e as roupas amassadas?
— Nenhum de nós é tão idiota a ponto de acreditar que nos manteríamos passivos,
juntos um do outro — Resmungou ele, enfiando as mãos nos bolsos da calça. — Quando um
homem e uma mulher ficam juntos numa cama, mesmo que não queiram, a química dos
corpos toma conta da situação.
— Poderíamos perguntar a Diane se ela tem um quarto de solteiro? — Sugeriu ela
quase sem respirar. — Diga à sua irmã que prefiro dormir bem folgada, com este calor.
— Não vai adiantar, temos ar-condicionado aqui. Além disso, devo parecer apaixonado
por... Cuidado! — gritou ele, quando Darcy deu um passo para trás, tropeçando nas malas. E
correu para socorrê-la, antes que caísse no chão acarpetado. — Não me diga que se
esqueceu de que as malas estavam aí!
Darcy se esqueceu de tudo quando ele a abraçou. Nunca percebera antes, mas Reed
tinha uns riscos finos e dourados nos olhos, que pareciam inflamar-se quando a fitavam
como naquele momento. Sentiu o coração disparando e os seios arfando de encontro ao
peito musculoso. Os olhos verdes perscrutavam os seus, a respiração dele queimava-lhe os
lábios.
— Eu trouxe isso para vocês... Opa! — disse uma voz feminina que não era a de Diane.
— É melhor trancarem a porta primeiro ou colocar um aviso: "Não perturbe", quando
estiverem... ocupados! — acrescentou maliciosamente.
Reed irritou-se com a interrupção, afastando Darcy para olhar para a irmã mais velha.
— Talvez você devesse bater antes de entrar, Linda — resmungou, pegando os dois
copos de refresco que ela trouxera.
O cabelo de Linda tinha o mesmo tom louro-prateado de Diane, recolhido num coque
trançado. Os olhos eram de um turquesa vivo, ao invés de verdes. Um tanto mais alta que
Diane, chegava quase a ter a mesma altura de Reed. O biquíni sumário que usava revelava
seu corpo perfeito e escultural, num porte elegante. Outra diferença entre as duas irmãs
podia ser percebida na expressão do olhar: os olhos de Diane eram calorosos e amigáveis;
os de Linda, frios e indagadores.
Acharia muito interessante conhecer o marido de cada uma. Como seriam esses dois
homens casados com irmãs tão diferentes?
Mas se Darcy estivera observando Linda O'Neal, esta fizera o mesmo com ela. A
surpresa que Diane demonstrara ao vê-la se refletia mais intensamente nos olhos turquesa.
— Já sei! — antecipou-se Darcy, pondo um fim no silêncio que caíra no quarto. — Sei
que não pareço com nada do que você esperava, mas, definitivamente, sou uma mulher,
apesar do nome! — Seu olhar cândido encontrou o da outra. Para espanto de Darcy, um
brilho divertido surgiu, suavizando o belo rosto de Linda.
— Se você consegue entusiasmar Reed daquela maneira, eu não duvidaria...
— E me entusiasma mesmo — Reed interrompeu a irmã e tomou um gole da limonada.
— Então, creio que você é exatamente o que esperávamos que fosse. — Linda sorriu
de modo encantador. — Agora, que tal guardarem um pouco desse ardor para mais tarde? A
carne do churrasco já está pronta e você sabe como Diane fica aborrecida quando alguém

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

despreza os churrascos que faz.


Linda saiu, deixando o ar impregnado de seu perfume. Darcy se voltou para Reed com
as sobrancelhas erguidas. Ele riu.
— Talvez devêssemos ter parado em Miami para descansar, passando a noite num
hotel. Conhecer a família em massa cansada como está, não vai ser nada fácil.
Ela sorriu, tranquilizando-o:
— Bem, creio que darei conta do recado.
— Experimente dizer isso depois que conhecer Mike, meu irmão.
Mike Hunter provou ser uma versão mais jovem de Reed, mas sem a arrogância deste.
E, numa inspeção mais detalhada, Darcy observou que seus olhos eram azuis, não verdes.
E por falar em inspeção detalhada, era exatamente isso o que a família toda estava
fazendo com ela! Reed sugerira que, como estavam atrasados e o jantar quase pronto,
deviam esquecer da ducha e descer com seus trajes de banho. Darcy não imaginava,
quando arrumara as malas em Londres, que usaria o biquíni tão depressa!
Diane ajudava um homem muito alto, de cabelos avermelhados e sorridentes olhos
azuis, a preparar o churrasco. Linda recostara-se numa espreguiçadeira, perto de um homem
também alto, cabelos e olhos escuros, rosto sério.
Uma mulher, que imaginou ser a esposa de Mike, estava sentada na beirada da piscina,
com os pés dentro d'água. O cabelo longo e escuro como ébano brilhou, quando ela ergueu
a cabeça, percebendo alguém se aproximar. Sua gravidez tornou-se, então, evidente. E lá
estava Mike Hunter, com uma beleza tão devastadora quanto a do irmão. Apesar de
semelhante na altura e estrutura física, o mais jovem parecia, entretanto, não ter a discrição
de Reed. Na verdade, não tinha nenhuma!
— Bem vinda à Flórida, o Estado das laranjas, da Disney World e de ocasionais e
incontroláveis incêndios nas florestas.
— E beijou Darcy na boca com familiaridade.
— E da família Hunter — acrescentou o gigante de cabelos avermelhados, zombeteiro.
Mike riu e pegou-a pelo braço, afastando-a de Reed.
— Venha, deixe-me apresenta-la a todos.
— Reed... — Darcy virou-se, pedindo socorro, enquanto Mike continuava a conduzi-la
pelo braço.
— Não se preocupe. Estará segura comigo — assegurou Mike. A mulher sentada à
beira da piscina riu da expressão de surpresa de Darcy.
— Você está segura, porque ele sabe que eu lhe daria um pontapé se lhe dirigisse mais
do que apenas um olhar. — Mike fitou-a divertido.
— Como é difícil contentar mulheres grávidas!
Maria riu novamente. Sem dúvida nenhuma, era descendente de italianos. Darcy
gostou dela. Na verdade, gostara de toda a família Hunter: desde o brincalhão Mike, a bonita
Maria, a belíssima Diane e a sofisticada Linda, até o homem calado de cabelos escuros e o
outro, de cabelos avermelhados, que parecia não levar nada a sério. Mas eram esses dois
últimos que mais a surpreendiam. O gigante sorridente, que ajudava com o churrasco, era
Wade O'Neal, advogado e marido de Linda. E o de olhar sério era Chris Donavan, o marido
de Diane e proprietário de uma rede de hotéis. E ainda havia pessoas que não acreditavam
que pólos opostos se atraíam!
Talvez ainda houvesse esperança para ela e Reed!
Certamente não podia acreditar que alguém daquela família estivesse envolvida com o
desvio de informações que Reed lhe contara. Não era à toa que ele estivesse tão
desgostoso.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

CAPÍTULO IV

De repente, Darcy sentiu o braço de Reed envolvendo-a, levando-a para perto da


piscina, fora do alcance de Mike.
— Venha, vamos nadar! — Reed convidou, puxando-a pela mão, e, em segundos,
ambos caíram na piscina.
O choque com a água gelada a fez voltar rapidamente à superfície, piscando para
desanuviar a visão.
Reed emergiu alguns metros mais adiante, nadando preguiçosamente até alcança-la.
— Sinto muito — desculpou—se, enquanto Darcy tentava tirar o excesso de água dos
cabelos. — Esqueci-me por completo de suas lentes!
— Você se esqueceu de... — zombou, enfatizando a ideia do esquecimento.
— Touché! Você se perdeu?
— Então não sabe? — E riu, sentindo-se mil vezes melhor, agora que estava dentro
d'água. — Pode-se fazer qualquer coisa usando as lentes.
Ele ergueu as sobrancelhas, zombeteiramente.
— Qualquer coisa?
— Pelo menos é o que dizem.
— Você já experimentou?
— Bem, ainda não experimentei tudo. Mas me dê um tempo.
— Sente-se melhor agora? — indagou Reed de repente. — Há poucos minutos parecia
que você ia ter um colapso.
O humor de Darcy diminuiu quando olhou em direção à família reunida, rindo e
conversando, enquanto preparavam o churrasco.
— Não foi por causa do calor. Eu...
De súbito, Reed ficou muito perto, as pernas roçando as dela dentro d'água.
— Sei que você se entristeceu só de pensar que um deles poderá ser o traidor. Mas
gostaria que não se preocupasse com isso e procurasse distrair-se, deixando o resto por
minha conta.
— Mas... — seu protesto foi interrompido pelo beijo de Reed, que a deixou zonza, o
corpo todo trémulo, enquanto ele a acariciava com ternura. O beijo, de início delicado,
tornou-se exigente, explorador, e Darcy entregou-se por inteiro às emoções que ele
despertava nela.
— Vocês dois parecem estar se alimentando só de amor ao invés de comida... —
comentou Linda, chegando à beira da piscina. — Mas, se ainda quiserem comer esta noite, é
melhor se apressarem. O jantar está servido há muito tempo.
— Deixe-os, Linda — Mike resmungou. — Eu estava apreciando o espetáculo.
— Pervertido! — gritou Diane, brincalhona, lá de seu lugar.
— Não totalmente — Mike refutou. — Havia algo de muito puro naquele beijo.
— Puro?! — Wade espantou-se. — Eles...
Darcy não conseguia desviar o olhar de Reed, presa à sensualidade que os envolvia. A
emoção desse primeiro beijo parecia tê-lo pegado de surpresa. Mas não a Darcy. Sempre

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

soubera que, se algum dia Reed a tomasse nos braços e a beijasse, como tinha feito há
pouco, seria essa a reação dela: seus sentimentos abafados explodiriam, deixando-a frágil.
— Reed! — Diane chamou impaciente. — Você e Darcy são nossos hóspedes de
honra!
— Isso quer dizer que os demais não têm importância — reclamou Mike, sem rancor.
— Não podem me culpar. Vocês todos se convidaram — Diane informou. — Reed...
— Deixe-os em paz, querida — interrompeu-a Chris. — Não vê que estão
apaixonados?
Darcy percebeu, pela expressão de Reed, que ele ouvira pelo menos esta última
observação e parecia não ter gostado. Mas deveria, pois a família toda ficara convencida de
que mantinham um relacionamento real.
Sem demonstrar-se contente, Reed nadou para a borda da piscina. Saiu e voltou-se
para ajudar Darcy, polidamente.
— Você teve oportunidade de conhecer mamãe, antes de ela partir para o cruzeiro? —
perguntou-lhe Diane, assim que sentaram para comer.
— Darcy foi conosco até o navio — respondeu Reed por ela.
— Não a achou ótima, Darcy? — Wade riu com uma expressão bem diferente da que
Darcy esperava de um advogado. Não era tampouco sofisticado para o tipo de esposa que
tinha. Ao contrário, o reservado Chris parecia um marido mais adequado a Linda.
— Você contou a Darcy — perguntou Linda, rindo — sobre aquele dia em que mamãe
pegou o seu carro e bateu na porta da garagem?
Wade deu uma gargalhada alegre, lembrando-se.
— Maud é uma ótima sogra quando está longe.
— E aquela vez... — Linda tentou continuar.
— Darcy não está interessada em ouvir falar dos "acidentes" que mamãe provoca —
interrompeu Reed, mal-humorado.
— Mas foi graças a um desses "acidentes" que você nasceu, Reed. Ela confundiu as
datas... e...
— Diane!
— Sabe, Reed, você mudou bastante desde que foi para a Inglaterra... — acusou
Diane, sem esconder seu aborrecimento.
Darcy imediatamente reconheceu que Reed não estava achando graça nos
comentários sobre a mãe dele, porque tinha tido a "sorte" de contratar uma secretária igual a
ela.
— Peço que me desculpe, Diane.
— Não. Não o desculpo. Fiquei tão contente quando você telefonou dizendo que viria, e
agora você fica brigando comigo.
— Creio que nós deveríamos ter deixado vocês descansarem sozinhos esta noite,
ficando o jantar para amanhã — Mike reconheceu. — Mas acho que nos precipitamos porque
estávamos todos muito curiosos.
— Em conhecer Darcy?
Mike concordou com um gesto de cabeça.
— E o que você esperava? Nosso irmão solteiríssimo telefonou avisando que estava
trazendo uma garota para casa, e queria que ninguém ficasse ansioso por conhecê-la?
— Já entendi. — Ele riu, encontrando o olhar de Darcy.
— Mas não acharam que, desse modo, poderiam até assustá-la?
— Ei! Não somos assim tão assustadores. — Wade protestou.
— Não. São piores do que isso — acrescentou Reed, descontraindo-se aos poucos. —
Esta cena familiar está me parecendo igualzinha à da família Walton, da tevê.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— E quem seria você? O papai Walton? — brincou Linda.


— De todos vocês? Nunca! Mas têm que admitir que Darcy tem os cabelos e as sardas
de Elizabeth!
Darcy ficou terrivelmente embaraçada quando todos se voltaram para ela. Conhecia o
seriado americano de que falavam e não gostou de ser comparada com a menininha caçula
dos Waltons, de cabelos cor de fogo. Já era bem "crescidinha" para que Reed se lembrasse
justo dessa personagem.
— O filme nunca mais foi o mesmo, depois que mudaram o ator principal. De um dia
para o outro, John Boy cresceu uns trinta centímetros! — brincou Darcy, referindo-se ao fato
de que o ator que fazia o filho mais velho dos Waltons havia decidido abandonar a série e,
em seu lugar, colocaram outro ator muito mais alto do que ele.
— Você está criticando um orgulho dos americanos — comentou Chris divertido.
Darcy sorriu-lhe, meio tímida, sentindo mais afinidade com ele, pois ambos eram menos
extrovertidos do que o resto do grupo.
— Eu até que gosto do seriado, apenas não... — ia desculpar-se Darcy, quando foi
interrompida.
— Ei! Não pode voltar atrás agora! — disse Mike, tirando proveito do seu embaraço.
— Fique quieto, Mike! Você assistiu apenas a dois capítulos da série! — ralhou Maria.
— E quem quer ver um filme sobre uma casa cheia de crianças, quando se cresceu
numa casa assim? Até Chris e Wade não saíam de lá antes de se casarem com vocês! —
disse Mike às irmãs, fingindo um tom desgostoso.
— Ambos eram meus colegas de colégio — acrescentou Reed para Darcy.
— Espero que tenha sido esperto o suficiente, Reed, para não ter contado a Darcy
muita coisa sobre nós. Provavelmente ficaria bastante assustada — Linda alertou—o
brincalhona.
— Não há dúvidas quanto a isso — concordou Maria. Senti-me da mesma maneira, no
princípio, quando conheci a família de Mike.
— Mas não conseguiu resistir ao meu charme fatal... e aqui está você!
— Se está se referindo ao fato de ter conseguido levar-me para a cama uma semana
após nos conhecermos, e se recusado a me deixar sair de lá até que concordasse em casar
com você, acho que tem razão — concordou Maria, sorrindo. — Mas, se está se referindo ao
nosso primeiro encontro, quando me levou a um jogo de futebol, esqueça!
— Essa mulher realmente me ama! — confidenciou Mike a Darcy.
— Casei com você por puro cansaço, seu convencido! Darcy estava completamente
fascinada, observando a afeição que os membros daquela família demonstravam entre si.
Quando ia visitar os pais, eles também a recebiam com todo carinho, mas, como filha única,
nunca vira coisa igual.
Percebia que, pouco a pouco, aquele ambiente agradável, receptivo, fazia com que se
sentisse mais à vontade, perdendo o excessivo controle da situação e os seus mecanismos
de autodefesa, que tinham se tornado parte de sua vida nos últimos dois anos. Durante todo
esse tempo, Darcy vinha sofrendo as consequências de um acontecimento que a
traumatizara demais e que preferia esquecer. Agora, diante da alegria sincera dos membros
da família Hunter, sentia-se mais tranquila e natural.
— Acho que levarei Darcy para dar uma volta até o lago — avisou Reed. — Vamos,
Darcy?
Ela o fitou distraidamente, como que voltando de um sonho.
— Eu adoraria — E levantou-se de imediato, esquecendo-se por completo do prato que
tinha no colo. Quando se deu conta, já estava tudo no chão. — Oh, me desculpem! — falou,
consternada, abaixando-se para recolher os pedaços de carne espalhados no chão com o

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

rosto em chamas, fitou Reed, que segurava para ela o garfo e a faca.
— Desculpe—me, Diane — repetiu.
— Não seja boba, não foi nada — consolou-a Diane, com simpatia.
Talvez não tivesse sido nada para os outros, mas não para Reed. Sua distração a
traíra. Afinal, ninguém se esquecia de que tinha um prato no colo... Só mesmo ela.
Mais tarde, enquanto caminhavam em direção ao lago, Reed comentou:
— Darcy, devia tê-la avisado sobre eles. Se eu próprio, algumas vezes, me sinto
sufocado pela superproteção da família, só Deus sabe o que acontece com uma pessoa que
ainda não os conhece!
— Você se sente sufocado na presença deles? Reed concordou, olhando-a de relance.
— Quando permaneço uns meses longe deles, sinto falta do calor e da afeição que
transmitem, mas, quando retorno, depois de um tempo aqui, isso acaba se tornando
sufocante. Estou lhe parecendo ingrato?
— Provavelmente, como a maioria dos irmãos mais velhos, numa família de quatro
filhos. É muita responsabilidade para uma só pessoa! Mas não é nenhum crime, Reed!
Ele a fitou surpreso.
— Que observação inteligente, Darcy! Pela primeira vez alguém conseguiu entender
como me sinto, em certos momentos. Aliás, esse foi um dos motivos pelos quais fui para
Londres há dez anos. Diane, Mike e Linda, todos estavam satisfeitos, fechados no nosso
círculo familiar. Achei que eu precisava buscar mais do que isso na vida.
— E conseguiu o que queria?
— Não. Ainda continuo me preocupando com todos eles, mesmo a distância.
— Mas você sempre me pareceu uma pessoa solitária, Reed.
— Só até chegar aqui. Aí, fico tão completamente envolvido pelo excesso de atenção
deles, que minha vontade é esconder-me debaixo de um lençol, até que tudo termine e eu
possa voltar à minha "querida" solidão.
Esse era um lado de Reed que ela não conhecia: um homem simples, sob aquela
máscara de poder e dinheiro. E começava a amá-lo ainda mais por isso.
Darcy contemplou o espetáculo do sol se pondo do outro lado do lago, deixando
reflexos rubros sobre a placidez da água. Toda aquela beleza pareceu-lhe descolada,
quando ouviu as palavras que Reed pronunciou, com amargura:
— Desta vez não adiantará nada fazer de conta que estou cobrindo a cabeça com um
lençol. Não, enquanto não conseguir eliminar minhas suspeitas...
Instintivamente, Darcy colocou a mão sobre o braço dele, como que para protegê-lo.
— Reed...
— Não vamos falar sobre isso agora, Darcy. Não se esqueça de que estamos num
palco!
O braço musculoso de Reed, sob o tecido fino da camisa que colocara sobre o calção
de banho, a perturbava. O calor que emanava dele envolvia-a, tornando-a mais lânguida e
frágil ao seu contato.
Reed baixou a cabeça, aproximando os lábios dos dela. Darcy não pôde resistir e pôs
toda a sua alma naquele beijo, enlaçando-o pelo pescoço e acariciando-lhe a nuca.
O beijo foi se prolongando e se tornando mais exigente, deixando-os quase sem
controle. Reed não parecia estar num palco, fingindo apenas para convencer a família.
Aquele beijo era bem real! Assim como as carícias que ele lhe fazia nos cabelos, nos
ombros.
— — Reed! — ela despertou do transe ao sentir-lhe as mãos acariciando-lhe os seios,
cujos bicos enrijeciam-se ao contato, desmentindo seu protesto.
Reed encarou-a, surpreso, durante um instante. Então, uma vaga frieza escureceu-lhe

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

os olhos verdes.
— Está vendo? A química dos corpos acaba tomando conta de nós! — disse
rudemente. — Preciso falar com Diane sobre o problema de dormirmos juntos.
— Reed!
Os olhos verdes se estreitaram ao se voltarem para ela, mas ele não procurou
aproximar-se mais.
— Por favor, fale com Diane, mas não na frente de toda a família — Pediu embaraçada,
o rosto em chamas.
— Prefere que todos continuem a pensar que somos amantes? Darcy deu alguns
passos para trás, distanciando-se, mas manteve a cabeça erguida, os olhos fixos nele:
— Não quero que pensem que não somos! Reed riu, aproximando-se dela.
— Tem razão. Diane correria para o telefone amanhã bem cedo e contaria para Mike e
Linda que pedimos quartos separados.
— E você gostaria de me ver sendo humilhada desta maneira?
— Você tem razão. Pensarei em algo que possa resolver o problema sem confundir
ninguém.
— Ótimo... porque, definitivamente, não dormirei na mesma cama com você!
Bem que estava tentada, mais do que tentada. Deus, como estava! Mas quando o ouviu
reduzir toda aquela emoção despertada pelo beijo trocado, momentos atrás, a uma simples
reação química. Fora tola demais! Química?! Droga!
Voltaram imediatamente para casa. Darcy estava ainda mergulhada em reflexões,
quando ouviu a voz de Mike:
— Reed está nos pondo a todos para fora. Disse que vocês dois estão cansados e
querem dormir. Eu, no lugar dele, nem pensaria em dormir agora. Darcy olhou para o pátio
onde Reed se despedia da família, com ar severo.
— Sinto muito — sorriu para Mike, meio embaraçada —, A mim vocês não
incomodariam, se ficassem.
Mike olhou-a com simpatia.
— Reed é quem tem razão. Nunca deveríamos ter pensado em vir justo hoje conhece-
la. Mas também não é nada comum ele aparecer em casa trazendo uma garota...
— E parece-me que todos queriam me conhecer antes que pudesse desaparecer como
uma miragem.
— É algo assim. Temos discutido, anos a fio, tentando adivinhar que tipo de mulher faria
nosso exigente irmão apaixonar-se a ponto de casar-se.
— Tenho certeza de que nenhum de vocês adivinhou que seria alguém como eu —
brincou ela.
— Nada disso, Darcy. Não imaginamos é que Reed fosse tão sensato.
Sensato? Será que a família estava acreditando que o irmão estivesse mesmo
apaixonado por ela?
— O que há entre nós ainda não é tão sério.
— Com Reed tudo é sério ou então não é — declarou Mike, com convicção.
— Talvez sim, no que diz respeito ao trabalho.
— No que diz respeito a tudo — corrigiu ele. — Sentimos muito a falta de Reed aqui em
casa, durante todos esses anos.
Darcy olhou-o com atenção. Percebeu sinceridade naqueles olhos muito azuis. Reed
parecia ser mesmo o ponto de apoio da família. Mas uma família sempre se separa, cada um
seguindo o próprio rumo. Entretanto, Reed estava em constante conflito consigo mesmo,
desde que se mudara para Londres. Agora, vendo-o entre seus irmãos e cunhados,
compreendia que ele precisava tanto da família como esta dele. E ninguém parecia ter a

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

intenção de viver grudado em Reed, sufocando-o, mas precisavam tê-lo por perto. Reed
parecia não entender isso, ou, se entendia, tentava esconder de si mesmo que a
necessidade era mútua.
— Maria está prometendo proibir seus jogos de golfe por um mês, se você continuar
flertando com Darcy — avisou Reed, bem-humorado.
Mike fingiu uma expressão de horror.
— Não! Por Deus! Tudo, menos meu golfe! — disse, colocando a mão sobre o coração,
como se tivesse sido atingido mortalmente.
Reed riu, a seriedade de momentos atrás esquecida por completo.
— O meu outro prazer na vida é admirar belas mulheres! — Mike olhou com satisfação
para Maria, com o belo corpo arredondado pela gravidez.
— Michael Hunter! — Protestou ela, enquanto ele a abraçava, indo em direção ao
carro.
— É melhor aproveitarmos o embalo e irmos embora também — Propôs Linda a Wade,
assim que Mike e Maria foram embora. — Reed já está cansado de nós.
— Eu não o culpo por querer estar a sós com Darcy. — O marido a abraçou. —
Lembro-me do tempo em que você não via a hora de chegarmos em casa.
— Isso foi antes de você adquirir a mania de ficar em casa — retrucou Linda, entrando
no carro seguida pelo marido. Darcy observara atentamente o diálogo entre o casal.
Percebera uma leve insinuação de desentendimento na observação de Wade e na resposta
de Linda. É... desconfiava de que as coisas não andavam bem entre eles.
— O que há com os dois? — perguntou Reed, assim que partiram.
— Um pequeno desentendimento, é tudo — explicou Diane, com um sorriso não muito
convincente. — Isso acontece nos melhores casamentos.
— No seu também? — Reed fitou-a com atenção. Diane abraçou o marido, enquanto
respondia:
— Chris e eu somos muito felizes.
Reed voltou o olhar na direção em que o carro do casal seguira.
— Será que o problema deles não é causado pela vontade que Linda tem de mudar-se
para Miami?
— Quem pode saber? Deixe-os resolver seus problemas, Reed — Sugeriu Diane,
puxando o irmão para dentro de casa. — Conseguirão, você verá. Como de costume.
— Eles brigam muito?
— Como todos os casais brigam. Agora, vamos tratar de mudar as malas de vocês para
o outro quarto.
Darcy e Reed passaram para um quarto com duas camas de solteiro, sem que Diane
fizesse comentário algum.
— O que você disse a ela? — Perguntou Darcy, enquanto se deitava, o rosto em brasa,
por perceber a nudez de Reed, que havia tirado o roupão e se deitara na cama ao lado. Ela
puxou rápido o lençol até o queixo. Uma das coisas que esquecera de trazer fora a camisola!
Reed deu de ombros, num gesto desinteressado.
— Eu disse a Diane que não era por mim, mas que você preferia dormir sozinha nesta
época do mês.
— Você não disse isso!
— E por que não?
— Oh, Reed!
— Querida, toda mulher passa por isso uma vez por mês falou suavemente.
— Sim, mas...
— Foi o que consegui pensar como desculpa para as camas separadas. Você pensaria

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

em algo melhor?
— Não, mas.
— O que acha que está acontecendo realmente com Wade e Linda? — perguntou, de
súbito, mudando de assunto.
Ambos estavam nus sob os lençóis e calmamente discutiam sobre uma das funções
mais delicadas do corpo da mulher, e ele resolvia falar sobre o problema conjugal da irmã!
Era demais!
Pensando bem, se estavam lá para descobrir quem o vinha traindo, qualquer suspeita
devia ser cuidadosamente analisada. Darcy preferia que não fosse necessário envolver
pessoas tão queridas. Sabia que Reed desejava que o sabotador de informações não fosse
alguém da família. Mas a possibilidade parecia muito remota. Além disso, Reed não era um
homem que falava de seus problemas pessoais com qualquer um. Ela devia até gostar de
ser sua confidente.
— É bem provável, como Diane falou, que não seja nada de importante.
— Ela não disse bem isso. Afirmou que resolveriam seus problemas sozinhos, como de
costume. O que significa que costumam ter problemas. Não me parece um casamento muito
feliz.
— Reed, Wade não era seu amigo, antes de se casar com Linda? — ponderou Darcy.
— Sim, mas também é meu advogado aqui — ele revelou de repente. — Será que uma
velha amizade poderia ser comprada por um preço alto? Ficou imerso em pensamentos, a
cabeça no travesseiro, apoiada sobre um dos braços.
Darcy olhou para ele minutos mais tarde. Os olhos estavam fechados e a respiração
regular.
Dormia tranquilo.
Ignorá-la assim era demais! Onde estava a famosa "química"?

CAPÍTULO V

Na manhã seguinte, quando acordou, Darcy percebeu que Reed não estava no quarto.
Vestiu-se rapidamente e saiu à procura dele. Encontrou Diane sentada à mesa do café.
— Reed saiu, dizendo que precisava ver alguns velhos amigos. Pensei que estivessem
de férias juntos.
— E estamos.
Darcy olhou sério para Diane. Imaginava que os velhos amigos aos quais ela se referia
provavelmente eram pessoas que poderiam dar a Reed alguma informação a respeito dos
negócios. Mas não era justo que ele se levantasse e saísse sem avisá-la.
Diane notou a fisionomia contrariada de Darcy e encorajou-a.
— Eu não ligo — Darcy mentiu.
— Ótimo! Tem certeza de que não quer comer mais nada?
Darcy sentiu o estômago revirar só de pensar em comer alguma coisa depois da noite
terrível que passara. Uma longa noite de pequenos cochilos, tentando manter-se coberta. O
lençol escorregava o tempo todo! Era urgente, durante aquele dia, arranjar uma camisola de

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

qualquer jeito!
— Espero que não tenha se cansado muito, ontem à noite — Preocupou-se Diane,
vendo-a dar outro bocejo. — Quando Mike e Linda tomam uma decisão, nada os convence
do contrário. Não era o momento adequado para virem.
— Adorei conhece-los! Verdade — afirmou ela, percebendo que Diane ainda parecia
em dúvida.
— Acho que Reed não gostou muito da reunião dessa noite — riu Diane.
— Estou certa de que você o entendeu mal. Reed avisou a que horas voltaria? —
perguntou Darcy, tomando um gole de café. Apesar de gostar de Diane e de saber que as
duas se dariam bem, sentia-se pouco à vontade com pessoas estranhas, Reed poderia ao
menos ter perguntado se ela gostaria de acompanha-lo.
— Avisou que voltaria para o almoço, Darcy.
Eram dez horas e o almoço, na certa, seria dali a umas três horas, pelo menos.
— Você conhecia Reed antes de se tornar sua secretária? Perguntou Diane, curiosa,
sentando-se do outro lado da mesa, em frente a ela.
Darcy já se preparara para esse tipo de pergunta.
— Não. Conheci-o na entrevista. Eu... nós percebemos há pouco tempo que nos
sentíamos atraídos um pelo outro inventou.
— E é sério? — perguntou Diane, simulando um ar de naturalidade.
Nesse momento, Darcy se sentiu perdida.
— Você quer saber se minhas intenções para com seu irmão são dignas?
— Deus! Pareço tão antiquada assim? Devo estar sem prática.
— Bem, pela reação de todos vocês à minha presença, percebi que Reed não tem
trazido muitas namoradas para cá.
— Foi assim tão óbvio? — Diane riu brincalhona, e acrescentou: — Por que não
contamos logo o que gostaríamos de saber uma da outra, em vez de ficarmos perdendo
tempo para nos conhecermos bem? O que acha, Darcy?
— Acho ótimo, Diane.
Assim, quando terminou de tomar café e ajudou Diane com a louça, Darcy já sabia que
Reed, até aquele momento, nunca havia levado uma garota para ser apresentada à família.
Daí a razão por que todos ficaram tão excitados. Sentiu que Diane ficou desapontada
quando a informou de que o relacionamento entre ela e Reed não era assim tão sério, e que
estavam apenas aproveitando a viagem dele para passarem as férias juntos.
— E você tem certeza de que Reed também se sente da mesma maneira em relação a
você? com um gesto de cabeça, Darcy aquiesceu:
— Estamos apenas nos divertindo juntos, Diane. Pode crer.
— Pensei, todos nós pensamos... Foi Reed quem lhe deu essa corrente? — indagou,
muito interessada no pequeno unicórnio que repousava no colo de Darcy.
Surpresa com a mudança de assunto, Darcy respondeu:
— Sim. Foi um presente de aniversário — e segurou o unicórnio na palma da mão,
intrigada com o brilho de satisfação que via nos olhos da outra.
— É adorável!
— Diane?
— Sim?
— Diane, o quê...
— Já que temos algumas horas, até que Reed retorne, por que não aproveitamos para
fazer compras? Há um shopping excelente aqui perto. Dentro de vinte minutos, saímos,
certo?
Darcy podia jurar que o assunto sobre a corrente e o unicórnio estava terminado, pelo

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

menos por enquanto. Seria bom saírem. As compras serviriam para distraí-la, além de poder
escolher uma camisola para aquela noite. Queria dormir sossegada!
— Diane, Reed está muito preocupado com Linda e Wade comentou, mais tarde,
entrando no carro.
— Linda e Wade estão sempre discutindo, Darcy. Wade é um advogado de renome e
muito sério quanto ao seu trabalho. Por isso, quando finalmente chega em casa, gosta de
relaxar, enquanto Linda quer sair e, por isso, discutem.
— Então não é nada sério demais, é?
— Creio que alguma coisa mais atrapalha o relacionamento. Estão casados há seis
anos, e Wade quer filhos. Ele não tem família, além de nós, e deseja formar a sua própria.
— E Linda não quer filhos?
— Pelo menos, ainda não. Acho que Wade acabou por dar-lhe um ultimato.
— Ter filhos quando não se quer realmente deve ser difícil e não seria uma resposta
satisfatória.
— Estou certa de que Wade sabe disso — afirmou Diane com segurança. — Ele está
apenas tentando fazer com que Linda deixe de ser tão cabeça dura. A gravidez de Maria tem
ajudado muito neste caso.
— Mike e Maria parecem muito felizes.
— E são mesmo — confirmou Diane, dirigindo o enorme carro com tranquilidade. —
Mike tem muitos planos na cabeça, agora, mas estão passando por certa dificuldade
financeira no ramo imobiliário, que anda um pouco estagnado. Dou graças a Deus por Chris
ter saído desse ramo.
— Ele saiu? — Perguntou Darcy, sentindo-se um pouco culpada por estar extraindo
tantas informações sobre a família através da irmã de Reed. Mas seria melhor que ela
fizesse isso em vez do próprio Reed.
— Ele e Mike eram sócios. Até que Chris viu o hotel e resolveu compra-lo. É um dos
mais exclusivos da região — Acrescentou orgulhosa. — Claro que o turismo externo
decresceu um pouco nos últimos tempos por causa da alta do dólar, mas, apesar disso,
estamos nos saindo muito bem.
Era fácil perceber a prosperidade do casal, tanto pela bela casa, como pela maneira
como viviam. Mas era evidente que toda a família passava por problemas: Wade estava
ressentido com Linda; Mike e Maria com algumas dificuldades financeiras; Diane e Chris
sentindo, às vezes, a situação econômica um tanto instável. Mas nenhum desses motivos
parecia suficiente para que desejassem obter dinheiro às custas de Reed.
Naquela mesma noite Darcy contou a Reed o que soubera através de Diane. Cada um
deitado na sua própria cama e ela usando a camisola de algodão que comprara no shopping,
tendo o cuidado de verificar se o tecido não era transparente.
Reed levantou-se e caminhou pelo quarto, muito à vontade, como se ela estivesse
acostumada a ver homens andando assim pelo seu apartamento, todas as noites! E, mesmo
que estivesse, tinha certeza de que ainda seria afetada pela beleza daquele corpo, que era a
própria estátua de Apolo. A única e essencial diferença é que Reed era de carne e osso!
Haviam jantado apenas com Chris e Diane. Chris estava um pouco mais expansivo do
que na noite anterior, e Diane continuava a mesma, sempre monopolizando a conversa.
Reed é que parecia mais taciturno do que de costume, após o encontro com os "velhos
amigos".
Depois de dar alguns passos pelo quarto, Reed finalmente falou:
— Não posso culpar Wade por desejar uma família; pelo contrário, ele tem tido até
muita paciência quanto a isso. Também não creio que tenha algum motivo para me trair. Não
pode ser ele!

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Darcy concordou.
— Ele apenas quer ter filhos, o que não me parece ser uma razão forte para obter
dinheiro de um modo fraudulento. Só se houver mais coisas que desconhecemos. Você
descobriu algo de novo hoje?
— Ninguém parece saber de nada, ou não estão querendo se expor, não sei. Às vezes
tenho a impressão de que estou imaginando coisas!
— E está?
— Não!
Reed parecia chateado, e Darcy não podia culpa-lo por sentir-se daquela maneira.
Amava a família e não suportava a ideia de que algum deles pudesse estar traindo sua
confiança. Ela achou que era hora de distraí-lo um pouco, parando de pensar sobre o
assunto, pelo menos por algum tempo.
— Sabe, Diane ficou muito interessada pelo unicórnio com que você me presenteou,
junto com a corrente de ouro. Por que será?
— Não tenho a mínima ideia. Talvez tenha apenas lhe agradado — Reed deu de
ombros, parecendo indiferente.
— Mas como ela pôde adivinhar, logo que o viu, que foi você quem me deu? Eu não
contei nada.
— Os amantes geralmente se presenteiam com jóias.
— Reed...
— Escute, será que poderíamos dormir agora? — Ele se voltou, fitando-a com os olhos
verdes brilhantes pelo reflexo da luz do abajur sobre a mesinha de cabeceira. — Já é tarde e
estou acordado desde a madrugada passada.
— O que houve? Não conseguiu dormir?
— O que acha? O danado do seu lençol ficou escorregando a noite inteira —
confessou, impaciente, deixando-a embaraçada. — Agora já sei que você tem uma marca de
nascença na.
— Reed...!
Descontraído, ele riu parecendo vários anos mais jovem, com os olhos brilhando,
divertidos.
— É bem onde suas lindas pernas encontram o resto do corpo — acrescentou, com
satisfação. — E não é visível quando usa biquíni.
— Eu sei. — Darcy sentiu que o rosto devia estar mais vermelho que seus cabelos.
Droga! Tinha certeza de que havia prendido bem o lençol junto ao corpo! Mas de que outra
maneira Reed poderia saber da sua marca de nascença?
— Tem o formato de uma meia-lua. Você teria sido queimada como feiticeira se vivesse
no século XVII. Naquela época não gostavam de ruivas com marcas de lua no corpo!
— Ou de homens com olhos verdes e cabelos negros como o demônio! — revidou ela,
furiosa.
Reed riu. O rosto iluminado pela luz do abajur parecia lançar-lhe sortilégios e magia.
Darcy estremeceu.
— Será que devo jogar um feitiço sobre você?
Ele já tinha feito isso! Toda aquela conversa sobre feiticeiras, magias e sua marca de
nascença a perturbara. O lençol dele também havia escorregado durante a noite e ela não
conseguira desviar os olhos dos contornos musculosos daquele corpo nem por um segundo.
Por que Reed não deixava aquela "química" vir à tona de uma vez? Da parte dela,
certamente, não haveria recusa...
— Depois disto você ainda será capaz de continuar trabalhando comigo?
— Disto o quê?!

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Disto aqui — Reed deu uma olhada ao redor e, com um movimento amplo do braço,
mostrou-lhe o quarto que dividiam.
Darcy mordeu os lábios, Provavelmente seria muito difícil voltar a ser sua secretária,
depois da intimidade repentina entre ambos. Mas, ao mesmo tempo, não podia se imaginar
trabalhando para outra pessoa.
— Claro que sim. Afinal, estamos apenas dividindo um quarto. O que tem de mais
nisso?
— E acha que isso é pouco?
Havia um clima de sensualidade pairando no ar, entre eles, e Darcy estremeceu de
novo ao perceber o olhar cheio de desejo no rosto de Reed, Engoliu em seco.
— É a química?
Ele deu um profundo suspiro.
— Você é uma mulher extremamente atraente, Darcy, sabia disso? Estou começando a
perceber também que tenho uma queda por sardas... por seu corpo. E então.
— Deve ser o calor!
— Não me importa por que motivo seja. Quero beijar cada uma dessas adoráveis
sardas. Darcy soltou um pequeno grito de susto, mas o ar ficou preso em sua garganta,
fazendo-a tossir engasgada. Reed correu para acudi-la, dando-lhe uns tapinhas nas costas.
— Pode deixar, já estou bem — ela disse, afastando a mão dele. — Você estava
brincando quando disse aquilo?
— Claro que não! — Sentou-se na cama, junto dela, ajeitando-lhe carinhosamente o
cabelo caído na testa. — Sempre a achei muito atraente, Darcy.
— Sempre? Mas...
— Agora não, Darcy — gemeu ele. — Tenho tentado me manter afastado de você... Na
verdade, estou até surpreso com o sucesso de minhas boas intenções até agora, mas você
está terrivelmente sexy nessa camisola.
— Sexy?
Os olhos de Reed escureceram, antes de comentar:
— Quem quer que ele seja, é um estúpido. Você...
— Quem quer que seja quem? Reed, do que está falando?
— Do homem que você não tirava da cabeça, logo que começou a trabalhar para mim.
Parecia tremer de medo quando qualquer pessoa se aproximava de você!
Ela desviou o olhar, as lágrimas embaçando sua visão.
— Não entendo sobre o que você está falando!
— Darcy?
Ele tocou-lhe o rosto de modo a força-la a olhá-lo, e viu seus olhos azuis cheios de
mágoa, as lágrimas molhando-lhe o rosto.
— Com os diabos! — Levantou—se, brusco. — Veja, ainda está aí em seus olhos! Você
parecia tão diferente nestes últimos tempos e eu... Droga! — Ajeitou o roupão, mas suas
formas revelavam que não usava nada sob ele.
— Para onde você vai? — perguntou Darcy ajoelhada na cama, vendo-o ir em direção à
porta.
— Para qualquer lugar longe daqui!
Lentamente, Darcy tornou a se recostar nos travesseiros. Reed tinha razão. Tinha
havido um homem na sua vida. Mas ela o amara por equívoco e ele a incentivara. De tudo,
restara apenas uma mágoa que já estava passando. Mas falar sobre Jason para Reed a
levaria forçosamente a falar sobre outras coisas. E isso ela não podia, ainda.
Um engano, fora apenas isso. Mas ela, na época, não percebera. Será que esse
equívoco iria arruinar toda a sua vida? Será que nunca se livraria desse sentimento de

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

culpa?
— Vamos, sua preguiçosa! Vamos passear, levante! — Ouviu uma voz familiar perto de
seu rosto, enquanto, meio aturdida, sentia um aroma agradável.
Reed. E não parecia estar zangado. Darcy abriu os olhos, distinguindo agora o cheiro
de café.
Reed sentou-se ao seu lado na cama, com uma xícara na mão.
— Achei que isso a despertaria.
Darcy o fitou, enquanto bebia o café. Ele não retornara ao quarto, pelo menos enquanto
permanecera acordada. Mas onde quer que tivesse passado a noite, parecia ter-lhe feito
bem. Estava bastante disposto e relaxado, e ela se sentia um lixo! Não era justo o homem
nunca parecer estar mal, como uma mulher, após uma noite mal dormida!
— Reed.
— Química, Darcy — interrompeu ele na defensiva, enquanto lhe acariciava o rosto. —
Para mim essa proximidade platônica foi um esforço sobre-humano.
— Isso é tudo o que pensa? — indagou ofendida. — A noite passada.
— Trazê-la para cá foi um erro — Reed levantou-se, colocando as mãos nos bolsos. —
Esta situação entre nós é absurda. Se ao menos eu tivesse imaginado que esperavam que
dormíssemos juntos! — acrescentou, como que falando mais para si mesmo.
Darcy virou-se para colocar a xícara sobre a mesinha do lado oposto, de modo que não
percebesse a decepção estampada em seu rosto. Não gostava nada de vê-lo considerar a
noite passada como um erro e gostava menos ainda de ser usada apenas para a execução
dos planos que ele arquitetara!
— Talvez eu devesse arranjar uma desculpa qualquer e voltar a Londres, Reed.
— Nem pense nisso! Preciso de você aqui comigo, Darcy. Eu vim pedir desculpas. Sei
que tenho sido ingrato. Sinto muito. Por favor, fique — Pediu com suavidade.
Ela iria até à lua ou às estrelas, desde que Reed lhe pedisse. Mas não estava certa de
que, ficando ali, correria menos risco do que numa viagem interplanetária!
— Por favor, Darcy.
Como uma mulher podia resistir quando seu amado lhe pedia para que ficasse ao lado
dele com tanta intensidade? Então concordou com um gesto de cabeça.
— Está bem, Reed.
Um brilho diferente surgiu nos olhos verdes, mas desapareceu rápido demais para que
ela pudesse decifrar. Reed, então, sorriu.
— Vou preparar seu café da manhã. Diane decidiu ir com Chris ao hotel quando eu lhe
disse que estava planejando sair com você.
— Pode deixar que preparo meu próprio desjejum — ela protestou. — Como apenas
torradas pela manhã.
Ele se afastou, parando indeciso, junto da porta.
— Estou com vontade de dar uma volta de carro com você. O que acha?
Darcy deu de ombros.
— Pode ser.
— Como todos supõem que estamos em férias, achei que poderíamos dar uma de
turistas. O Bush Gardens fica há apenas uma hora daqui. A não ser que prefira ir a Disney
World...
— Qual desses lugares é o mais tranquilo?
— Bush Gardens. Mas não precisa ir comigo se não quiser, Darcy.
— Oh, não. Quero ir. Nunca viajei de férias com tudo pago.
— E o que a faz pensar que estou pagando todas as suas despesas? — Olhou-a de
soslaio.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Opa! Estou brincando, Darcy — tranquilizou-a. — Você está sendo paga para
receber minha total atenção. O que mais uma mulher poderia desejar?
Reed podia achar tudo uma brincadeira, mas, no que dizia respeito a ela, era a pura
verdade. O que mais ela poderia desejar, senão estar ao lado dele, sendo ainda paga para
isso?
Reed parecia mesmo decidido a agradá-la e, quando Darcy chegou pronta à cozinha, a
mesa já tinha sido posta com a refeição preparada para dois.
— Acho que fiquei com apetite de repente — disse ele, malicioso, observando-a chegar,
usando um top acompanhado de um short de algodão amarelo claro. Depois murmurou,
admirando-a francamente:
— Você está linda, Darcy.
"Faço o que posso para conquista-lo", teve vontade de dizer, mas se conteve. Para
Reed parecia normal flertar com ela, na verdade, até se divertia fazendo isso. Mas não
estava tão certa dê que Reed gostaria tanto se fosse ela que estivesse fazendo a mesma
coisa com ele.
— Hummm! O café parece ótimo! — Darcy sorriu, sentando-se à mesa.
— Sua blusa está desabotoada — Reed esticou o braço por sobre a mesa, alcançando
o botão no ombro da blusa larga. Darcy sentiu o calor daqueles dedos na pele e se arrepiou.
Você está maravilhosa, Darcy. Linda como um girassol.
— Obrigada. Acho. — disse meio confusa. "Será que os girassóis são bonitos?",
pensou. "Parecem-me espalhafatosos demais."
Reed apertou-lhe o ombro, antes de abotoar-lhe a blusa.
— Não pense muito agora, tome o café, precisará estar bem alimentada.
Foi um conselho que provou ser verdadeiro. Bush Gardens podia ser qualquer coisa,
menos jardins tranquilos com alamedas sombreadas pelas copas das árvores, como Darcy
imaginara que fosse. Também conhecido como o "Continente Negro", era exatamente isso,
mas em miniatura. Após entrarem no local, caminharam por um lugar que poderia bem ter
sido uma parte trazida direto do Marrocos, com seus vendedores ambulantes, encantadores
de serpentes e dançarinas de ventre. Darcy precisou puxar Reed de perto de uma delas!
Lá havia de tudo: centenas de animais selvagens andando livremente, inclusive tigres
brancos e amarelos na área do Congo. Parecia até que estavam em algum lugar da África e
não na Flórida!
Fizeram também um passeio de barco pelas correntezas do rio Congo, e Darcy riu
muito quando Reed ficou encharcado da cabeça aos pés, antes mesmo de chegarem ao
meio da viagem. Seu riso se transformou num grito assustado quando um jato de água
atingiu-a, em cheio, no rosto e no peito.
— Essa moda de roupa molhada cai bem melhor em você do que em mim! — caçoou
Reed, enquanto olhava desinibido para a blusa dela, colada aos seios.
Darcy também não pôde deixar de admitir o efeito devastador que as roupas molhadas
dele lhe causavam: a calça colada às coxas musculosas e aos quadris estreitos, a camisa
transparente deixando entrever os pêlos do peito. Mal conseguia disfarçar o desejo de
levantar suas mãos a tocá-los.
— Humm, pensamentos como esses não combinam com nossa vizinhança. — Disse
Reed, apontando para as crianças que brincavam por perto.
Um leve rubor subiu ao rosto de Darcy, pega de surpresa bem no auge de suas
fantasias.
— Nem tampouco aqueles que lhe passaram pela cabeça minutos atrás — ela replicou,
com uma pontinha de afetação.
Ele sorriu.

39
Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Como pode saber o que eu estava pensando?


— Não foi difícil... Oh, meu Deus! Minha lente de contato caiu! — Ela fechou os olhos
desanimada. O dia tinha começado tão bem!
— Não se mexa! — pediu ele. — Acho que a encontrei! Darcy arregalou os olhos,
quando sentiu os dedos dele em seu seio.
— Reed!
— Achei! — exclamou, triunfante.
— Achou! — Sua voz saiu presa pela emoção por sentir os dedos de Reed tateando em
sua blusa. A pele, sob o fino algodão, parecia criar vida, enquanto os bicos dos seios
enrijeciam.
— Não fique aí parada, Darcy — murmurou ele, quando, afinal, conseguiu segurar a
lente na ponta do dedo. Ambos estavam sendo observados com curiosidade pelas pessoas
que passavam e imaginavam quais os motivos que tinham levado aquele homem a tocá-la
de um modo tão íntimo em público. — Ponha-a logo de volta no olho, para que possamos
sair daqui e procurar algo para comer.
— Talvez eu devesse mantê-lo por perto o tempo todo, Reed — Darcy brincou,
enquanto usava um espelhinho para recolocar a lente. — Essas coisinhas minúsculas têm o
hábito de cair quando menos se espera.
— Isso é um oferecimento?
— Deveria ser? — desafiou-o, os seios ainda reagindo ao calor que a mão dele lhe
transmitira.
Mas Darcy queria mesmo era terminar de vez com a tensão que se criara há instantes,
e não alimentá-la. Não estava disposta a aguentar uma nova rejeição. Além disso, havia
Jason. Reed nunca entenderia sobre ele.
— Você quer ir jantar num restaurante ou simplesmente comer um hambúrguer? —
Reed perguntou, tomando-lhe o braço e conduzindo-a a saída.
— Apenas um hambúrguer — respondeu Darcy pouco antes de entrarem no carro. Ele
sorriu como se já soubesse, de antemão, qual seria a resposta.
Darcy apreciou o sanduíche, pois estava faminta, e delicadamente limpou a maionese
dos lábios, encontrando o olhar divertido de Reed, observando-a.
— Pelo menos não comi dois em seguida, como algumas pessoas — Defendeu-se.
— Por acaso eu disse alguma coisa?
— E nem precisava.
Darcy saiu da lanchonete, enquanto Reed segurava-lhe a porta. Em seguida, sentiu-se
tomada por uma forte emoção, quando ele descansou o braço casualmente sobre seus
ombros. De repente percebeu que alguém esbarrava neles com violência e ouviu uma voz:
— Passe-me o dinheiro! Não quero confusões, apenas a grana!
Os dedos de Reed afundaram no braço de Darcy para tranquilizá-la. Mas ela gelou ao
ouvir a ameaça do desconhecido. Era um homem bastante jovem, que tinha uma arma no
bolso apontada para eles!
— Escute... — Reed tentou conversar com o rapaz.
— Dê o dinheiro a ele, Reed! — Darcy interrompeu-o, agitada, as palavras escapando-
lhe da boca sem que sentisse.
Ele a fitou zangado, mas ao sentir-lhe o corpo rígido de pânico, e ver-lhe os olhos
arregalados, a ternura o invadiu e tranquilizou-a:
— Está tudo bem, meu amor.
Como podia dizer que estava tudo bem se tinham uma arma apontada para eles?
— Reed, entregue-lhe o dinheiro! — Darcy foi aumentando o tom de voz
histericamente. — Dê tudo o que ele deseja!

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Darcy.
— Reed! Por favor! — gritou ela.
— Eu falei que não queria confusão, moça — disse o rapaz, olhando, nervoso, em torno
do estacionamento vazio. — Você ouviu o que a moça disse. Entregue-me o dinheiro ou vão
se dar mal!
— Darcy, provavelmente ele nem tem uma arma.
— Gostaria que eu provasse que tenho? — ameaçou o rapaz.
— Oh, Reed! — Darcy tremia tanto que mal conseguia se manter em pé, enquanto
fitava o bolso do rapaz quase que hipnotizada. Se ele atirasse. — Tome! — Tirou a carteira
de dentro da bolsa e jogou tudo no solo, para surpresa do ladrão. Agora, por favor, vá
embora. Vá embora!
O rapaz pareceu satisfeito com a quantia em dólares que encontrou e correu para a
motocicleta estacionada perto dali. Antes de partir, atirou a carteira vazia no chão.
Reed ainda parecia atónito com o modo como Darcy tomara aquela iniciativa.
Mas tudo o que Darcy conseguira ver fora a arma no bolso do rapaz, trazendo-lhe à
memória uma outra, apontando para ela. Sentiu a cabeça girar.
Pôde ainda ouvir o grito, ver o sangue, sentir a escuridão, antes de cair.

CAPÍTULO VI

Diane desligou o telefone e voltou—se para o irmão, que acabava de entrar:


— Mamãe telefonou e... — interrompeu-se ao vê-lo carregando Darcy nos braços.
— Fomos assaltados — explicou Reed. — O ladrão tinha uma arma e Darcy, bem, você
pode ver por si mesma — concluiu, enquanto a moça estremecia ao ouvi-lo mencionar a
arma.
Darcy percebia que a julgavam desmaiada, apesar de manter o olhar fixo em algum
ponto à sua frente. Tinha, entretanto, consciência de tudo o que acontecia ao seu redor,
embora não conseguisse controlar a situação. Permitiu que Reed a carregasse até a sala e a
deitasse sobre o sofá. Pouco depois ele lhe trazia um copo de brandy. Ela sacudiu a cabeça,
em negativa, sem nada dizer. A bebida não resolveria. No passado tinha tentado de tudo:
drinques, calmantes... Nada conseguira amenizar o choque e o horror do que lhe havia
acontecido então.
— Ela está em estado de choque. Acho que devemos chamar um médico — sugeriu
Reed à irmã.
— Não — Darcy interrompeu-o debilmente.
Reed olhou-a surpreso. Era a primeira coisa que ela falava após o ocorrido.
— Oh, Darcy, fiquei tão preocupado com você. — Acariciou-lhe o rosto gentilmente.
— Queria... — Fiquei tão assustada.
— Sei disso. Escute, amor, você esteve inconsciente, agora está tudo bem. Precisa
esquecer o que houve.
— Rupert disse... — Continuou como se não o estivesse ouvindo, o olhar distante —
que não aconteceria novamente, mas ele estava errado...

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Darcy, sobre o que está falando? Já foi assaltada antes? Por isso estava tão
determinada a entregar o dinheiro? — Perguntou Reed, segurando-a pelos ombros.
— Eu disse a eles que não poderia sair de casa novamente... Rupert falou que a
chance de acontecer de novo era tão remota
— Vou chamar o médico, Reed — resolveu Diane, calma, mas preocupada com o
estado de Darcy. — Acho melhor você coloca-la na cama.
Darcy foi carregada para o quarto apoiada de encontro ao peito másculo. Ficou sentada
na beirada da cama como uma boneca, enquanto Reed a despia antes de ajeitá-la sob o
lençol. Olhava fixamente o teto, apesar de nada ver, além de uma mão calejada que
segurava a pistola. Ouvia o disparo, via o corpo da mulher caindo e a poça de sangue que se
formava. Deus, o sangue...
Desesperada, começou a gritar, sem perceber o que fazia.
— Está tudo bem, Darcy, sou eu, Reed — ele a acalmou, enquanto ela o abraçava, em
pânico, lembrando-se daquela tarde, tempos atrás.
— Você está fora de perigo. — Onde estavam? Ah, sim, na cama, mas não em uma de
solteiro. Entretanto, o quarto parecia-lhe familiar. Era o mesmo de quando chegaram, o de
Reed, com cama de casal. E já era noite, agora. O médico tinha acabado de sair.
— O doutor deu-lhe um sedativo. Como se sente? — indagou Reed.
“Como há dois anos”, pensou ela.
— Agora, volte a dormir, amor. Amanhã cedo conversaremos, se você estiver melhor.
— Não — Darcy falou, pela primeira vez, sabendo que teria que contar a Reed pelo
menos parte do que acontecera no passado.
— Preciso contar-lhe uma coisa, mas agora. Talvez amanhã não consiga falar. Eu quero
que você saiba.
— Está bem, conte, se deseja mesmo.
Não desejava falar do passado, mas Reed merecia algum tipo de explicação.
— Ele entrou no banco justamente quando.
— O banco é que foi assaltado?! Eu pensei...
— Sei o que pensou, Reed. Acontecem sempre assaltos a bancos com muito dinheiro
em caixa, nunca a bancos provincianos de cidades pequenas de que ninguém ouviu falar.
Mas aconteceu! Tínhamos acabado de abrir quando aquele homem entrou armado. Assim
que o vi, apertei o alarme. Ele percebeu, entrou em pânico e começou a atirar.
— Acertou em você?
— Não em mim — Darcy balançou a cabeça, deixando as lágrimas rolarem-lhe pelo
rosto. — Acertou na mulher a meu lado. Eu trabalhava com ela há quatro anos, desde que a
sua filhinha mais nova entrara na escola.
— Oh, meu Deus, Darcy! Que coisa terrível! — Reed abraçou-a com força.
— Por minha causa, três crianças ficaram sem mãe e um homem perdeu a esposa.
— O que é isso, Darcy! Nada de se culpar. Você fez o que achou que devia fazer.
— Era apenas dinheiro o que ele queria, Reed! Um amontoado de papel! E Jayne
morreu.
— Querida, aquele homem poderia ter atirado mesmo se você não tivesse feito soar o
alarme.
— Sim, é verdade — concordou ela. — Mas também poderia não ter feito nada. Quem
sabe?
— E vem se culpando por isso todo esse tempo?
— Você não se sentiria da mesma forma? — Darcy perguntou com amargura. — Sabe,
não fui sempre tão esquecida assim como sou agora. Após o assalto, sofri um colapso
nervoso. Foi como se tivesse erguido uma barreira ao meu redor para que nada me tocasse.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Isolei-me completamente de tudo. Então Rupert me mostrou que esse isolamento estava
acabando comigo.
— Rupert?
— Meu psiquiatra. Ensinou-me que eu tinha que viver cada dia, uma coisa de cada vez.
— Quando você falou em Rupert eu pensei. Então, não há homem algum em seu
passado? — Os olhos verdes se estreitaram.
— Houve um homem também, Reed. Foi um triste engano. Por causa dele decidi
mudar-me para Londres, para fugir das lembranças.
— Foi quando veio trabalhar para mim? Darcy, você devia ter me contado. Eu teria
tentado ajuda-la!
Pela primeira vez desde que começaram a conversar, ela o fitou, desviando o olhar ao
perceber-lhe a expressão penalizada.
— Não sinta pena de mim, por favor, sou eu a sobrevivente!
— Graças a Deus, querida! — E abraçou-a, afundando o rosto em seus cabelos.
— Desculpe o que fiz hoje à tarde. Eu só queria que aquele homem pegasse o dinheiro
e fosse embora.
— Agora vamos esquecer tudo isso, Darcy. Acha que conseguirá dormir?
Era estranho, mas ela achava que sim, que dormiria. Todo o trauma que vivera após a
morte de Jayne amenizara-se ao dividi-lo com alguém, como fizera com Reed, e, agora,
estava feliz por isso. E ele fora compreensivo e amigo.
Reed não a deixou um só minuto à noite, sempre afagando-a. Darcy acabou por
adormecer, tranquila, nos braços dele.
No dia seguinte, os noivos continuaram juntos, à beira da piscina, mas não tocaram no
assunto do assalto.
Darcy nunca se sentira tão feliz, como no momento em que preparavam o almoço
juntos. Estavam sozinhos, pois Diane fora para o hotel com Chris, certamente para deixa-los
à vontade.
Quando se lembrava do assalto recente, Darcy estremecia, mas Reed, com carinho e
paciência, dava-lhe o conforto necessário para suavizar seu medo. Era como se estivesse
conhecendo um novo Reed e como se não existissem barreiras entre ambos.
— Reed, você não gostaria de estar fazendo alguma outra coisa? — perguntou-lhe,
depois de terem passado a tarde juntos.
— Eis uma questão bastante atraente — ele respondeu com um olhar apreciativo,
admirando-a no seu biquíni bastante revelador.
Ela corou.
— Quero dizer, você não devia estar tratando de negócios?
Reed retirou os óculos de sol, semicerrando os olhos por causa da claridade.
— Esqueça os negócios, Darcy. Tratarei disso numa outra hora.
— Mas...
— Eu não devia tê-la envolvido neste assunto. Se soubesse o que aconteceria, jamais
a teria trazido para cá.
— Como você poderia adivinhar? Assaltos à mão armada não costumam acontecer
sempre com a mesma pessoa.
— Mas aconteceu com você. E só de pensar no perigo que correu, sinto-me um
irresponsável...
— Estou bem agora. Rupert disse...
— Gostaria de conversar com esse Rupert. Você tem o telefone dele aqui?
— Mas é meu psiquiatra, Reed...
— Sei exatamente quem ele é — cortou Reed. Darcy engoliu em seco.

43
Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Você não está achando que sou louca só porque preciso de um, não é?
Reed sentou-se, tomando as mãos dela entre as suas.
— Claro que não! Só queria perguntar a Rupert se posso ajuda-la em mais alguma
coisa.
Comovida, Darcy sentiu lágrimas inundarem-lhe os olhos. Muitas pessoas a olhavam
com estranheza e até se afastavam, quando sabiam que estava fazendo análise com um
psiquiatra. Reed, pelo contrário, queria ajuda-la. Cada vez ele há surpreendia um pouco
mais.
No entanto, para apoiá-la, bastava que ficasse a seu lado e lhe desse carinho, como já
estava fazendo.
— Você avisou a polícia sobre a noite passada? — indagou Darcy, procurando desviar
o assunto.
Ele deu de ombros.
— Telefonei e relatei o ocorrido. Descrevi o garoto, apesar de saber que de nada
adiantará. A Flórida tornou-se um lugar perigoso, infelizmente. Reembolsarei o dinheiro que
perdeu.
— Dinheiro não é o importante.
— Você trabalhava para mim, quando aconteceu.
— Eu estava passando um dia agradável, com um homem que eu... — Interrompeu-se
a tempo de evitar uma declaração, mostrando sua confusão ao evitar olhá-lo.
— Um homem que você...
— Admiro e respeito muito! — concluiu aliviada. — E, se tentar me reembolsar esse
dinheiro, eu...
— Sim? — indagou ele, aproximando—se.
— Saiba que não tenho medo de você, Reed Hunter!
— Espero mesmo que não tenha! E parece que não está com medo disso também.
Juntou ação às palavras e deitou-se sobre ela na espreguiçadeira, as coxas
musculosas pressionando-lhe as pernas, o peito largo roçando-lhe os seios.
— E agora, está com medo, Darcy? — ele murmurou, tocando-lhe de leve os lábios.
— Não... com você — disse ela, erguendo a cabeça esperando um beijo.
— E com outros homens?
Agora não era hora de falar sobre Jason.
— Não há outro homem, Reed.
— E Marc?
— Reed, por favor! — pediu Darcy, excitada com o roçar dos lábios dele no seu
pescoço, num toque cheio de paixão e sensualidade, despertando-lhe uma sensação de
prazer que só ele poderia proporcionar-lhe. — Por favor.
— Deus! Não consigo me controlar quando você fala comigo dessa maneira... — E
seus lábios se uniram, seus corpos se colaram num abraço ansioso.
Reed pressionou ainda mais o corpo de encontro ao dela, ao mesmo tempo em que lhe
entreabria os lábios para um beijo mais íntimo e sensual.
— Me deixe amar você, Darcy — ele pediu, enquanto separava-lhe as pernas com as
dele e a cobria de beijos.
Tonta de tanto prazer, Darcy gemia em desespero.
— Reed, oh, Reed!
Repletos de paixão, os olhos dele pareciam queimá-la. Enquanto a beijava no pescoço,
implorou com a voz enrouquecida:
— Me deixe possuir seu corpo, Darcy! — Em sua voz havia uma urgência que a fez
estremecer.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Se não fosse pelo pequeno triângulo de tecido do biquíni, Reed já a teria possuído, em
meio à profusão de carinhos e beijos. Já lhe havia tirado a parte de cima ao baixar a cabeça
para beijar-lhe os bicos rosados, que logo se enrijeceram.
Darcy arqueou-se, ofegante, ao sentir-lhe os beijos úmidos no ventre. Desejava tocá-lo
da mesma forma. Podia sentir o membro enrijecido de encontro ao corpo...
— Darcy, você é adorável... — ele murmurou.
Reed apoiou-se nos cotovelos para que ela o abraçasse e o acariciasse. E estremeceu
com os toques sensuais das mãos delicadas.
— Darcy, eu quero.
— Olá, pessoal, cheguei! — gritou Diane de dentro da casa.
— Vocês estão na piscina? Reed? Darcy?
Trémulo, Reed acariciou o rosto de Darcy e deu-lhe um beijo ligeiro nos lábios.
— Cansei de falar para a mamãe que deveria ter sido filho único, mas nunca desejei
tanto isso como agora. Você tem as mãos mais maravilhosas que já conheci, querida... —
disse, suspirando de frustração, antes de mergulhar na piscina.
Darcy acabara de colocar a parte superior do biquíni quando Diane apareceu. Reed
emergiu, sem demonstrar no rosto vestígio das emoções de momentos atrás.
— Teve um dia agradável? — Darcy perguntou, polidamente, à recém-chegada, que
observava os dois com um olhar inquisitivo.
— Nada mau — Diane respondeu distraída, o olhar atento voltado para o irmão, antes
de se voltar novamente para Darcy.
— Como está se sentindo?
— Melhor, obrigada. Passamos um dia relaxante à beira da piscina.
— Reed parece realmente relaxado. Vou apanhar um refresco para nós, talvez o ajude
a esfriar. — E Diane deu uma rápida olhada no irmão, enquanto este nadava até a outra
ponta da piscina.
Darcy surpreendeu-se com a perspicácia de Diane, notando a frustração que ele tão
bem disfarçava.
Mais tarde, quando se vestiam para o jantar, Reed comentou que a atitude da irmã fora
proposital. Provavelmente, ela se divertira com ambos.
Darcy sabia exatamente como Reed se sentia, pois também preferia estar a sós com
ele. Mas isso se revelou impossível, pois a família toda resolveu encontrar-se de novo à beira
da piscina, para um outro churrasco.
. — Diane contou-nos o que aconteceu ontem, Darcy — disse Linda. — Espero que
esteja melhor.
— Estou sim, obrigada — Ela respondeu, mas desejando que ninguém mais tocasse
naquele assunto. — O médico explicou que tudo não passou de um susto.
— Deve ter sido terrível. Espero que isso não a deixe com uma impressão ruim do
nosso país.
— De modo algum. Na Inglaterra é a mesma coisa, Linda.
— Não se está seguro em lugar nenhum do mundo hoje em dia. É terrível! Bem, eu
quero me desculpar pela outra noite.
— Os olhos turquesa evitaram os de Darcy. — Wade e eu não gostamos de envolver a
família em nossas discussões. Você deve ter nos considerado grosseiros, Darcy.
— Mas eu nem achei que vocês discutiram de fato.
— Aqui, não. Mas precisava ter visto quando chegamos em casa. Wade é sempre muito
calmo, só que, quando fica nervoso...
— Ora, Linda, discussões são saudáveis para aliviar tensões e resolver problemas que
estão camuflados.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Não desta vez. Por que será que o homem sente tanta necessidade de procriar?
Darcy sorriu, compreensiva.
— Creio que essa não é uma necessidade apenas masculina.
— Então gostaria de saber o que há de errado comigo. E Linda deu um sorriso um
pouco amargo.
— Não deve haver nada de errado com você. Talvez precise apenas de tempo!
— E será que conseguirei convencer Wade disso? — indagou, olhando de relance para
o marido, que parecia descontraído ao lado de Reed, enquanto preparavam a carne.
Darcy gostaria de encontrar as palavras mais adequadas para ajudar Linda, mas que
experiência ela mesma tinha sobre casamento e filhos?!
— Não se preocupe com os problemas de minha família disse Reed, enquanto se
sentava ao seu lado, após o jantar, e lhe segurava as mãos com ternura. — Essa obrigação
é minha,
— Linda está tão triste.
— Wade também está, mas me prometeu que conversaria calmamente com Linda
sobre seus problemas, assim que chegassem em casa. Reconhece que o fato de brigarem
só tem atrapalhado.
Darcy julgava que os dois homens tivessem conversado apenas sobre amenidades,
mas Reed dera um jeito de falar sobre o problema do casal com o cunhado.
— Linda parece estar muito firme em sua decisão, Reed.
— Conheço muito bem minha irmã e sei que metade do problema é apenas teimosia.
Ela gosta de crianças e daria uma boa mãe. Mas não se preocupe, os dois acabarão dando
um jeito. E quanto a você, mocinha, deve se preocupar mais com os "meus" problemas.
— Você está com problemas?! — Darcy arregalou os olhos.
Disfarçadamente, Reed colocou a mão dela sobre o short preto que vestia, deixando-a
perceber a evidência de seu desejo.
— Precisamos terminar o que começamos.
— E o que foi que começamos? — ela indagou, maliciosa, mas enrubescendo.
Os olhos de Reed escureceram de paixão.
— Darcy, preciso que me toque daquela maneira de novo. E pressionou a sua mão
delicada, forçando-a a tocá-lo com mais intimidade. — Entendeu agora?
Como ainda poderia ter dúvida do que Reed desejava? E por que duvidar, se também
desejava o mesmo? Ela umedeceu o lábio com a ponta da língua. Reed captou-lhe o
movimento e seus olhos verdes tornaram-se ardentes.
— Reed, não acha cedo demais para irmos dormir? Todos achariam estranho essa
necessidade urgente de...
— Só estou interessado no que nós dois pensamos. E, depois, não vamos dormir. ainda
não. — Ergueu-se antes que ela pudesse retrucar. — Darcy e eu vamos até a cachoeira! Ele
anunciou aos outros, num tom que não admitia perguntas.
— Não nos deixem preocupados — Insinuou Mike, sem resistir à vontade de importunar
o irmão.
— Não deixaremos — replicou Reed.
Darcy seguiu-o até a piscina natural. Deixaram as camisetas sobre uma pedra.
Estavam numa área um pouco afastada do pátio da casa, protegida por uma vegetação
cerrada que lhes garantia total privacidade.
Ao contato da água morna, Darcy sentiu o corpo inteiro relaxar.
— Gostou daqui?
— Muito — ela murmurou, sentindo como se cada poro de seu corpo se abrisse para
Reed. Fechou os olhos deliciada, pelo toque acariciante da mão dele em suas pernas. —

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Reed, tem mesmo certeza de que tudo isso é permitido?


— Nadar nesta piscina natural? — murmurou, roçando os lábios em seu rosto. — Claro
que sim! Só não sei se o que vamos fazer é. Enquanto a água da cachoeira caía perto deles,
Darcy se entregou ao prazer do beijo. Todos os seus sentidos despertaram, ansiosos de
desejo. A posse sensual de seus lábios a fez arrepiar-se toda, excitada.
— Hoje quando formos dormir, beijarei cada uma dessas sardas e também aquela
meia-lua.
— Não fale, Reed — puxou-o para beijar-lhe a pele tremente.
— Aja, apenas!
— Como quiser, "madame" — Reed sorriu da sua agressividade.
— As mulheres também sentem desejo e frustrações, sabe? Oh, é lógico que você está
cansado de saber disso. Mas não espere que eu tenha a mesma experiência de suas outras
mulheres, Reed. Meu único relacionamento com um homem foi... foi muito limitado.
— Fico feliz por isso, querida. Pode ser machismo ou egoísmo, mas acho que não
suportaria saber que outro homem já a tocou do modo como vou tocá-la.
Seria diferente com Reed, porque Darcy o amava como jamais amara outro homem.
Estivera com Jason por um terrível engano, mas se entregaria a Reed absolutamente certa
de seus sentimentos.
— Faça amor comigo, Reed.
— Darcy, Darcy, como tenho sonhado com este momento. Os olhos verdes
escureceram. Ele se moveu dentro d'água, encaixando as pernas entre as dela. Darcy
sentiu-o tirar-lhe a calcinha do biquíni e o próprio short. Depois ele se colou a ela, beijando-a
e gemendo, numa excitação incontida.
— Oh, Darcy. Precisamos sair daqui — disse Reed, de repente.
— Reed? O que foi? Fale comigo. — A voz dela soou trémula e incerta. O que haveria
de errado?
— Que droga! Isso não acontecia comigo desde que eu era apenas um adolescente!
Não consegui me controlar. Me desculpe, querida — ele resmungou, voltando a vestir o short
com movimentos ligeiros. — Darcy, eu queria dar-lhe muito carinho e muitos beijos até que
estivéssemos prontos, mas fiquei excitado demais. Agora, não conseguiria mais satisfazê-la.
Dá para entender o que estou tentando explicar? Não quero que aconteça assim, tudo tão
rápido. Preciso recuperar meu controle, para que você também sinta prazer. — Enquanto
falava, ia vestindo-a.
Darcy sabia que ele estava sendo sincero. E pensar que Reed, um homem invencível e
todo-poderoso, perdera o controle por sua causa, a deixou surpresa. O que havia nela de tão
diferente, para causar esse efeito nele?
— Não precisa me olhar assim, Darcy! Não sou um desses atletas sexuais que as
revistas femininas insistem em exibir. Sou apenas um homem comum, capaz de uma
performance, ou duas, no máximo!
Apesar do mau humor dele, Darcy não pôde deixar de rir da observação, no caminho
de volta. Antes, embora estivesse muito apaixonada por Reed, a ideia de fazerem amor a
assustava, ao mesmo tempo em que a atraía. Mas agora o medo desaparecera
completamente, diante do descontrole dele. Tinha que admitir que a confiança na sua
capacidade de satisfazê-lo aumentara muito!
— Opa! Que rapidez! — brincou Chris.
Darcy controlou-se para não rir e evitou olhar na direção dos outros, enquanto Reed
explicava à família que ela estava cansada e que iriam deitar—se.
Ao entrarem na suíte, minutos depois, ele a provocou:
— Agora pode rir à vontade, sua diabinha!

47
Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Darcy não conseguia mais se controlar e fez exatamente o que ele mandou, rindo
gostosamente da situação que lhe parecia tão cômica!
— Mas, quando terminar de rir, talvez goste de saber que ainda não escapou de mim.
Darcy olhou-o com espanto, interrompendo o riso. Seguiu a direção do olhar de Reed,
fixo em seus seios, que sobressaíam contra o tecido fino da camiseta.
— Oh, Reed, o que irão pensar de nós? — exclamou, caindo nos braços dele.
— Preciso mesmo dizer? — ele balbuciou, puxando-a pela nuca e trazendo-lhe a boca
de encontro à sua.
Darcy esqueceu-se de tudo e de todos, de que eram apenas nove horas da noite e de
que os outros sabiam exatamente por que tinham ido para a cama tão cedo. Entregou-se,
por completo, ao prazer do beijo.
— Talvez você seja mesmo uma feiticeira — murmurou Reed junto à curva dos seus
seios, enquanto a despia. — Eu não vejo a hora de possuir você, de sugar toda a doçura
destes seios. Reed passaval-he a língua sobre os mamilos intumescidos e Darcy sentia as
pernas trémulas, enlanguescidas pelas caricias que jamais experimentara antes.
Como se tivesse vida própria, sua mão deslizou vagarosa e suavemente pelos
músculos lisos do peito dele, tocando os pêlos macios, numa carícia que não conseguira
fazer-lhe ainda. Depois roçou os lábios pela pele dos ombros e peito, em sucessivos beijos
delicados.
Ao sentir o leve toque dos lábios de Darcy em sua pele, Reed pressionou-a forte pela
cintura, relaxando a mão depois para acariciar-lhe suavemente o quadril. Tirou-lhe o biquíni e
passou a fazer-lhe carícias cada vez mais íntimas.
Darcy arqueou o corpo, a cada segundo mais ansiosa pelos toques dele.
— Quero você agora, Darcy!
Os olhos verdes escureceram, perscrutando-lhe as feições. Reed temia assustá-la, com
carícias que ela ainda não experimentara. Darcy, entretanto, não queria que ele falasse, para
não destruir a magia daquele momento.
— Reed... — Gemeu num suspiro, que mostrava o ardor do seu desejo.
Puxando-a mais para cima, Reed buscou o bico rosado dos seios. Darcy enroscou os
dedos nos cabelos dele, deixando que ele explorasse cada recanto de seu corpo, até
encontrar-lhe os lóbulos da orelha, ponto de prazer que lhe causou arrepios de puro deleite.
Aí, Reed começou a brincar-lhe com os lábios, até que tremessem de desejo.
Ardendo de desejo de completar o ato que culminaria com o prazer total e a satisfação
de todas as emoções desencadeadas pela paixão de Reed, Darcy arqueou o corpo
espontaneamente. Ele, sentindo-a vibrar tanto, penetrou-a, de início delicadamente.
O grito de Darcy foi abafado por um beijo e os corpos de ambos se estreitaram com
mais força, agora vibrando num ritmo uníssono, até o prazer total. E eles continuaram
enlaçados, sentindo a necessidade de perpetuar aquela fusão de sentimentos e de presença
física do ser amado.

CAPÍTULO VII

48
Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Pela manhã, Darcy fitou Reed, um tanto encabulada, após os momentos de prazer
intenso que ambos haviam desfrutado. Ele havia percebido a sua inexperiência, apesar de a
noite ter sido maravilhosa. Após a primeira relação, antes de caírem num sono profundo, nos
braços um do outro, ainda se haviam amado com ardor por duas vezes. E Reed afirmara,
após o incidente da piscina, que isso não seria possível!
Entretanto, a pergunta que temia, desde a noite anterior, acabou por ser feita:
— Se você já havia tido outro relacionamento, Darcy, como podia ser virgem quando
fizemos amor?
Ela não queria mais deixa-lo sem uma resposta, ainda que lhe custasse reviver
acontecimentos que pensara já ter enterrado. Então disse:
— Ele. Na última hora, Jason percebeu que não me desejava realmente. — Ainda podia
lembrar-se da humilhação que sentira por não ter conseguido excitar Jason o suficiente.
Ambos haviam se vestido em silêncio, logo depois, sabendo que a desastrosa experiência
jamais se repetiria. E, na noite anterior, ela chegara a temer e a ter dúvidas quanto à sua
capacidade de excitar Reed!
— E você estava apaixonada por esse homem? — perguntou Reed, obviamente
surpreso com aquela confissão.
— Eu pensei que, bem, que precisássemos um do outro. — respondeu de modo
evasivo. — Mas foi exatamente nisso que me enganei.
— E agora?
— Agora? Oh, agora estou tão feliz que você tenha sido o primeiro! — Darcy fitou-o
com olhos brilhantes.
— Pareceu—me... tão natural fazer amor com você! — acrescentou, estremecendo
logo após, ao perceber um traço de incerteza nos olhos verdes. — Reed? — Ele não podia
estar arrependido pelo que acontecera! Fora tão maravilhoso!
— Reed? O que houve?
— Percebi que você, em sua inexperiência, não havia tomado certas precauções. Logo
após, eu mesmo tomei medidas preventivas, mas naquela primeira vez. Acho que não
conseguiria parar, nem se nossas vidas dependessem disso!
Darcy entendeu perfeitamente o que Reed tentava dizer-lhe. A ideia de ter uma criança
assustava-a tanto quanto a ele. Mas por razões diferentes. Ela jamais ficaria infeliz em ter um
filho de Reed.
— Deve estar tudo bem, Reed — assegurou, abraçando-o.
— Está certa de que me entendeu, Darcy? Este assunto é muito sério!
— Bebês geralmente o são — concordou. — Mas não acha que está sendo um pouco
precipitado? Passamos apenas uma noite juntos!
— E existirão outras noites?
Depois de tudo o que acontecera entre eles, Darcy sentia que morreria se não
passassem o resto das noites nos braços um do outro.
— Você quer que existam, Reed?
— Que pergunta mais tola para se fazer a um homem na minha condição atual! — Ele
riu, abraçando-a e deixando que ela percebesse o quanto a desejava.
— Serei sua quando me quiser, Reed.
— E por quê?
Darcy fitou-o desafiadoramente.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Por quê? — Repetiu, sem encontrar logo uma resposta e começando a se


impacientar com isso.
— Pelo amor de Deus, não vá me dizer que é porque me admira e me respeita!
— Mas eu o admiro e o respeito — ela respondeu, confusa, percebendo o desejo dele
diminuir.
Reed suspirou profundamente, parecendo travar uma batalha consigo mesmo antes de
lhe sorrir e perguntar:
— Mesmo tendo sido tão fácil me seduzir esta noite? — Darcy sabia que Reed estava
tentando aliviar a tensão súbita que se formara entre eles, mas percebia também que havia
uma certa ansiedade na pergunta. A sugestão de que fora ela que o seduzira desarmou-a
totalmente, e voltou a sorrir, fitando-o maliciosa.
— Não me olhe dessa maneira ou não me responsabilizarei pelo que acontecer! —
advertiu-a Reed, encantado.
O que aconteceu é que ficaram na cama se amando por mais uma hora.
Chris e Diane já haviam saído há muito tempo quando Darcy juntou-se a Reed, na
cozinha. Ela franziu o nariz.
— Está queimando o pão? — caçoou, sentindo o cheiro forte de queimado.
Reed abanou a cabeça e levou uma bandeja para o pátio.
— Sempre acontecem pequenos incêndios na floresta nesta época do ano, por causa
da seca. O cheiro de fumaça chega a quilómetros.
— Há algum perigo, Reed?
— Perigo sempre existe, se não conseguirem controlar os focos principais do fogo. O
incêndio pode espalhar-se.
O cheiro de fumaça continuou por todo o dia. Os inúmeros focos de incêndio que se
haviam multiplicado em todo o Estado já tomavam boa parte das manchetes dos jornais,
naquela tarde.
— vou me organizar para que voltemos para a Inglaterra dentro de poucos dias —
avisou Reed, naquela mesma noite, quando ambos já estavam abraçados na cama de casal,
após deliciosos momentos de amor.
— Não faz parte da minha tarefa de secretária cuidar disso? — Caçoou ela.
Os olhos verdes escureceram.
— Você não pode continuar sendo minha secretária, Darcy — Ele afirmou calmamente.
Darcy prendeu a respiração, certa de que Reed não podia estar falando sério.
— E por que não?
— Porque agora somos amantes — Concluiu como se fosse algo lógico, fruto da razão.
Mas Darcy não estava com humor para ser racional!
— E que diferença faz isso?
— Não posso trabalhar com você agora, Darcy.
Ele não podia estar falando sério, devia estar brincando.
Darcy, num pulo, deu-lhe as costas, sentando-se na beirada da cama.
— Você devia ter me avisado, antes de começarmos, quais seriam as regras do jogo,
Reed! — Protestou ela, pegando a camisola, que nem se preocupara ainda em vestir. — Eu
devia ter pensado duas vezes antes de ter ido para a cama com você!
— Prefere então continuar sendo apenas minha secretária? Ele perguntou, com raiva.
— Eu preferiria ser ambas as coisas! — enfatizou, enquanto se levantava.
Reed sacudiu a cabeça.
— É completamente impossível!
— Pelo amor de Deus, Reed, por quê?
— Tenho negócios a tratar, negócios que me absorvem totalmente durante o dia todo.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Não tenho tempo de ficar perseguindo minha secretária pelo escritório.


— Reed, isto é estupidez!
— Acha mesmo? E o que sabe a esse respeito, Darcy?
— Conheço você — ela replicou impaciente. — Oh, Reed! Não sou, em absoluto, o tipo
de mulher fatal, que deixa os homens malucos só de me verem caminhar por uma sala!
— Pois é exatamente assim que me deixa! — interrompeu-a
— Então, você é uma exceção. Jason nem mesmo...
— Não quero ouvir falar dos efeitos que causa em outros homens! — Reed
interrompeu-a furioso. Saiu da cama e vestiu o roupão com impaciência. — Só sei que eu
fico excitado, e muito, só de olhar para você!
Darcy não queria nem pensar em parar de trabalhar para ele e se ver reduzida a ser
apenas mais uma das inúmeras amantes que colecionava! Era uma atitude completamente
irracional.
— Se você se sente assim comigo, durante todo esse tempo conseguiu disfarçar muito
bem! — Concluiu, nervosa.
— Não, não disfarcei nada! Você é que tem sido ingênua demais para perceber isso!
— Eu não sou ingénua!
— Darcy, não vamos discutir sobre isso — Pediu ele, passando a mão por entre os
cabelos escuros. — Nós nos damos tão bem assim, juntos, não vamos estragar tudo.
Do ponto de vista de Darcy, já estava tudo estragado. Como Reed esperava fazer amor
com ela, agora, se acabara de dizer-lhe que perderia o emprego assim que chegassem a
Londres?
— Não estou lhe pedindo que deixe de trabalhar para mim de imediato, Darcy. Só quero
que comece a procurar outro emprego quando voltarmos.
— E nesse meio tempo? — ela o provocou. Reed deu de ombros.
— Ficamos como estamos.
— Como somos agora ou como éramos antes? — indagou entre dentes, controlando a
fúria.
— Como somos agora! Não conseguirei voltar àquele relacionamento platônico.
— E por quanto tempo acha que me desejará como sua amante?
— Darcy...
— Vamos, diga, Reed! Por quanto tempo?
— Como vou saber? Nem mesmo tenho certeza.
— Muito menos eu! — interrompeu-o com firmeza. — Não tenho certeza de nada! Você
devia ter me avisado sobre as condições que me seriam impostas antes de começarmos
esta relação. E sabe o que mais? Prefiro continuar sendo apenas sua secretária!
— Você não pode estar falando sério. — Claro que estava! Se tinha que escolher entre
ser a amante por alguns meses, ou a secretária permanente, preferia a segunda opção.
— Estou falando muito sério, Reed, pode crer.
— Já sei, deve estar magoada, chateada mesmo. Muita coisa aconteceu com você nos
últimos dias. Eu devia ter percebido isso e não ter me precipitado tanto. Aconteceu rápido
demais.
— Reed, sei exatamente o que estou dizendo! Como espera que eu desista do
emprego que adoro, para me tornar sua amante por algumas poucas semanas?
— Darcy. — Ela ergueu o rosto, orgulhosa.
— Acho que hoje dormirei no outro quarto, se você não se importa...
— Claro que me importo! — E a segurou, virando-a, para que o fitasse. — Tem ideia do
quanto ansiei.
— Por me levar para a cama? — Terminou, com raiva. Você disse que me desejou

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

desde o início. Isso significa que esperou seis meses, três semanas e dois dias! — Darcy
estava tão furiosa com a falta de tato de Reed, que nem ligou quando ele a fitou, os olhos
verdes brilhando perigosamente.
— Pare de colocar palavras na minha boca, droga!
— Sinto muito. Não direi mais nada. Na verdade, ficarei muito feliz em arrumar tudo
para que voltemos o mais rápido possível para a Inglaterra. Talvez reservar nossas
passagens de volta seja a minha última tarefa como sua secretária, mas não pense que
tenho a intenção de passar a ser sua amante!
— Darcy!
Ela fechou a porta, controlando-se para não se comover com a confusão que vira
estampada no rosto dele. O que Reed esperava afinal? Que ela concordasse em ser sua
amante por alguns meses e que, depois, quando estivesse cansado da sua companhia, a
dispensasse para que procurasse outro emprego e, talvez, outro homem?
Aquela noite fora maravilhosa. Mas ele tinha razão. Acontecera rápido demais para que
tivessem tempo de pensar a respeito. Pelo menos, estava parecendo que Reed não pensara.
Mas, a qualquer momento, no decorrer do dia, ele iria perceber a insensatez da situação.
Mas, à noite, quando se deitou desolada em uma das camas de solteiro, Darcy não
estava mais tão certa de não ter sido impulsiva demais, recusando a outra opção que Reed
lhe oferecera. Agora, além de tudo, também estava sem emprego!
No entanto, vira tantas mulheres desaparecerem da vida de Reed, tão rapidamente
como apareciam, que tinha certeza de que não era o que desejava para si mesma. Queria
que Reed se importasse com ela de verdade. Mas claro que ele se importava! Só que não do
modo como Darcy queria.
E agora, o que aconteceria? Reed provavelmente devia estar tão perplexo quanto ela.
— Darcy! Darcy! Acorde!
A mão, sacudindo-a, era insistente e ela empurrou-a irritada. Queria dormir mais, estava
tão cansada!
— Darcy, você precisa acordar, rápido! — a voz insistia, interrompendo-lhe os sonhos.
— Vá embora — murmurou sonolenta, ajeitando-se sob os lençóis.
— Darcy!
— Reed! Que horas são? — ela perguntou, olhando para o relógio. — Oh, Deus! Devia
ter me acordado antes, são dez horas.
— Darcy! Não há tempo! — Reed abria as gavetas freneticamente, atirando-lhe
algumas peças de roupas sobre a cama. — Vista-se que pegarei o resto.
Ela o observava, estupefata.
— Darcy! Pelo amor de Deus! Vista-se ou vou tirá-la daqui assim como está!
— Vamos embora agora? Mas não há voo nenhum até a noite — ela disse, pois, antes
de dormir, havia checado todos os horários de aviões para a Inglaterra.
— Eu sei — concordou ele, fechando a mala. — Vamos! Não há tempo para se vestir.
— Mas para onde estamos indo, Reed?
— Darcy, um daqueles incêndios florestais está fora do controle dos bombeiros e vem
vindo nesta direção, rápido e devastador! Entendeu agora?
Assustada demais para fazer qualquer coisa, ela seguiu Reed. Ao deixarem a casa, o
cheiro de fumaça já era sufocante.
— E Chris e Diane? — Perguntou já no carro, enquanto Reed olhava para as chamas
que se aproximavam da casa.
— Chris está no hotel e Diane saiu para fazer compras logo cedo e ainda não voltou.
— As outras pessoas. — Todos foram avisados.
Darcy fitava, apavorada e de olhos arregalados, as chamas avassaladoras.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Reed, vamos nos sair bem dessa?


— Pensa que deixarei que algo lhe aconteça? — Ele brincou, já mais tranquilo agora.
— Reed, por favor, estou falando sério!
— Eu também. Depois de passar esta noite sem você, decidi que, de agora em diante,
nada me manterá longe de sua cama.
Darcy observou-o curiosa. A arrogância natural de Reed havia voltado. Mas não havia
tempo para qualquer pergunta. Podia deixar para mais tarde.

CAPÍTULO VII

A família de Reed fez-lhe tantas perguntas que, às oito horas da noite, Darcy sentia-se
exausta, e o que mais desejava era um banho, cama e uma boa noite de sono.
O que a salvara fora a rápida decisão de Reed em tirá-los dali, pois, em questão de
minutos, o fogo chegara até o local, queimando tudo. Darcy sabia que lhe devia a vida. A
casa fora destruída por completo, assim como as belas residências vizinhas e as árvores ao
redor delas.
Nada se salvara do incêndio e Chris e Diane haviam perdido tudo. Diane parecia
conformada com o acidente, pois nenhuma vida se perdera, mas Chris ficara muito chocado.
Falou muito pouco durante o tempo em que ficaram na casa de Linda.
Darcy estava penalizada. Uma casa era tão pessoal que se tornava parte das pessoas
que nela viviam. E as lembranças felizes do casal na bela mansão tinham sido todas
destruídas.
— Sinto muito — Darcy consolou Chris. — Deve ser muito doloroso para vocês.
A emoção transpareceu nos olhos dele.
— É, sim, muito doloroso, de fato — Concordou, um tanto rude, e voltou-se para a
esposa. — Diane, está na hora de irmos — chamou-a com certa aspereza, logo que ela se
sentou perto de Linda e Maria para conversar.
Diane ficou confusa com o tom áspero do marido.
— Meu bem, você está querendo chegar cedo ao hotel?
— Sim e também penso que todos estão cansados e devem estar querendo ir cedo
para a cama, principalmente Reed e Darcy, que enfrentaram tantos perigos.
— Sim, mas...
— Eu disse vamos! — ele a interrompeu bruscamente, com as mãos tensas enfiadas
nos bolsos.
— Deve estar sendo muito difícil para ele — murmurou Mike, assim que o casal saiu.
— Diane ficou magoada com a agressividade inaplicada do marido.
— Mas, também, parece que ela se esqueceu de que acabou de perder uma casa!
— Esqueça — advertiu Reed. — Foi um dia de cão para todos nós — concluiu,
correndo os dedos por entre os cabelos espessos. — Parecerá menos traumático amanhã,
após uma boa noite de sono.
— Bem, o incêndio pelo menos me fez enxergar coisas que não queria ver —
confessou Linda. — A vida é curta demais para a teimosia que tenho demonstrado nesses

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

últimos tempos. E voltou-se para Wade. — Poderia intimá-lo a ir para a cama, querido?
Wade fitou-a com ar malicioso.
— Você pode me intimar a fazer qualquer coisa que quiser, e sabe disso!
— E poderia intimá-lo também a me dar um bebê? Wade engoliu em seco.
— Tem certeza de que é isso mesmo o que quer? Não está se sentindo forçada? O
incêndio também me mostrou o quanto tenho sido estúpido. Se tenho você, o que mais
poderia desejar?
— Eu lhe mostrarei, querido. Vamos, vamos subir para discutirmos sobre isso na cama.
— Que ideia maravilhosa! — O braço de Wade pousou sobre os ombros da esposa. —
Vocês nos dão licença? Minha esposa tem algo muito urgente para discutir comigo.
— Você é um homem de sorte — disse Mike, lançando a Maria um olhar afetuoso. —
Que tal irmos também para casa, meu bem?
Darcy estivera imaginando o que viria a seguir. Já não estava mais certa do que Reed
pretendia com relação a ela, mas sabia que, da sua parte, precisava muito dele naquela
noite, de sentir-se abrigada e protegida em seus braços.
Logo depois ela se deitou e ficou observando Reed se barbear, pela porta entreaberta
do banheiro. Os movimentos dele eram calmos e precisos. Somente as linhas mais
profundas ao redor dos olhos mostravam a tensão que passara durante o dia. Estivera tão
controlado nas últimas horas, que nem mesmo ela se dera conta do quanto ele também
poderia estar transtornado.
Sentiu que precisava devolver com ternura todos os cuidados que recebera daquele
homem forte.
— Reed — Darcy levantou-se e foi até ele. Abraçou-o pela cintura, enquanto
pressionava a cabeça de encontro ao peito másculo. — Foi terrível!
— Tem razão. Lembre-me de nunca mais leva-la numa viagem de negócios. Já fiz com
que você desmaiasse no avião, fosse roubada e agora escapou desse incêndio. Nunca
deveria tê-la exposto a tudo isso! — murmurou-lhe, encostando o rosto em seus cabelos.
— Você não poderia ter adivinhado.
— Darcy, você voltará para a Inglaterra amanhã.
Era um aviso pelo qual ela não esperava e que não admitia contestação.
— Mas...
— Já reservei sua passagem.
— Tudo bem — aquiesceu Darcy.
— Espero que você possa esquecer essa viagem o mais breve possível — disse-lhe
Reed, apertando-a ainda mais fortemente.
— Mas você ainda não descobriu quem o está traindo! Precisará de mim aqui. Pelo
menos foi o que me disse.
— No início achei que sim, mas agora desejo apenas que você volte a Londres e se
afaste daqui.
— Você não voltará comigo? — fitou-o preocupada.
— Não, se a situação não vier a se resolver até amanhã.
— Até amanhã? Mas.
— Quero que você esqueça tudo isso, Darcy. Nem a teria trazido para cá se... —
interrompeu a tempo o que ia deixando escapar, pressionando os lábios.
— Se... ? — ela indagou suavemente. — Reed.
— Darcy, posso fazer amor com você esta noite?
Ela ficou sem palavras, diante da forma tão fria com que Reed lhe fazia o pedido.
Principalmente se considerasse o que ele lhe dissera, naquela manhã, a respeito de querer
passar todas as noites na sua companhia. Agora, percebendo que Reed falara aquilo num

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

momento de emoção, quando a vira muito assustada e a confortara. Estava claro que fazer
amor, para Reed, naquele momento, não passava de mero desejo físico.
Percebia, também, que ele não estava disposto a ser questionado para dar explicações.
Mas, após ter passado uma noite terrível sozinha, precisava tanto dele, que não teve
força suficiente para negar-se. Em resposta, aproximou-se e começou a desabotoar
lentamente a camisola, antes de deixa-la cair no chão. Logo, estava nua.
Reed prendeu a respiração, afrouxando a toalha ao redor da cintura e se despindo.
— Creio que não preciso lhe dizer o quanto a quero e a desejo.
— Os homens têm uma certa desvantagem... — reconheceu Darcy, rindo, enquanto
acariciava com as pontas dos dedos o peito largo de Reed.
— Me beije, Darcy — ele pediu baixinho.
Darcy sentiu-se enlanguescer, todo o corpo tomado pela emoção, quando notou os
olhos verdes escuros de desejo, ansiosos pelo prazer que ela lhe provocava.
Linda certamente ficaria chocada se soubesse o uso dado a seu carpete naquela noite.
Aquela era a hora de amar, hora de agradar um ao outro, e foi o que fizeram. Uniram-
se, sentindo um prazer imenso. Depois relaxaram e adormeceram abraçados, exaustos
demais até para se moverem dali.
O calor estava insuportável; o cheiro da fumaça era sufocante, queimava-lhe a
garganta. As chamas a envolviam, enquanto se protegia, aterrorizada, usando os braços.
Darcy acordou do pesadelo, molhada de suor e procurando por Reed no outro lado da cama.
Acendeu o abajur olhando ao redor. O travesseiro amarrotado indicava que estivera
dormindo ali, depois que a pusera na cama, transportando-a do chão, onde se haviam
amado. O relógio da mesinha de cabeceira marcava três horas da madrugada. Quem sabe
ele também havia tido um pesadelo e decidira dar uma volta para se acalmar?
A camisola, que deixara no chão, estava agora nos pés da cama. Darcy vestiu-se e saiu
à procura de Reed.
A residência dos O'Neal era tão elegante e ampla quanto fora a de Diane e Chris, mas
construída numa área mais urbana, com muitas outras casas por perto. O hall, iluminado por
uma pequena lâmpada, estava deserto, assim como a cozinha, mas ela podia ouvir rumores
vindos do pátio, onde ficava a piscina. Pareciam as vozes de Linda e Wade. Teriam se
juntado a Reed?
Darcy assustou-se, vendo que quem estava com ele era Chris. Reed ergueu-se assim
que notou sua presença e sua palidez.
— O que aconteceu? — abraçou-a, confortando-a.
— Apenas um pesadelo — Tentou disfarçar, pois lera no olhar de Reed que entre os
dois homens havia algo que ia além do seu entendimento.
Reed, por sua vez, observou—a e sentiu que ela não estava preocupada apenas por
causa do pesadelo.
— Eu não queria interromper. — Darcy olhou curiosa para Chris. Estava tão pálido
quanto ela, parecendo muito mais nervoso agora do que antes, quando ficara sabendo da
perda da casa
— Apenas conversávamos... — Assegurou Reed.
— Só queria saber onde você estava, Reed, agora vou voltar para a cama...
— Não! Não vá! — Chris ergueu—se com esforço, parecendo muito tenso.
— Sinto muito o que aconteceu à sua casa — disse Darcy, aproximando-se dele e
segurando-lhe o braço, para confortá-lo.
— Não sinta. — com um riso forçado, tenso, ele pediu ajuda a Reed com o olhar. — Se
não fosse por mim.
— Darcy, talvez você devesse ir trocar de roupa...

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Não! — A voz de Chris soou mais firme. — Darcy tem o direito de ouvir isso. Também
está envolvida em tudo o que aconteceu, desde que chegou aqui. Deus, ela poderia ter
morrido por minha causa. Aliás, vocês dois!
— Mas não morremos, Chris. — Não pode se culpar por um acidente da natureza
explicou Darcy.
Os olhos negros ficaram ainda mais escuros, exprimindo a dor que Chris sentia. Ele
prendeu a respiração, antes de continuar:
— Se não fosse por minha causa, você e Reed nem estariam aqui, correndo esse
perigo.
— Claro que... Oh! — exclamou incrédula, percebendo, finalmente, o significado
daquela afirmação. Então era Chris a pessoa que Reed procurava? Não podia acreditar! Em
nenhum momento chegara a suspeitar dele. — Talvez fosse melhor eu deixa-los a sós, não?
Reed fitou o cunhado com ar interrogativo, e ouviu-o responder:
— Eu gostaria que Darcy ficasse para ouvir isso.
— Podemos beber algo então, enquanto Darcy troca de roupa, Chris,
Aborrecida, ela olhou para Reed. Sua camisola de algodão era bastante decente para
estar entre pessoas estranhas; além disso, ouvir o que Chris tinha a dizer era muito mais
importante do que o modo como estava vestida.
— Darcy!
Mas Reed estava mesmo irredutível quanto à ideia de vê-la em trajes menos íntimos.
Com um gesto de desistência, Darcy afastou-se, dizendo que logo voltaria.
Não podia acreditar que Chris fosse culpado! Não conseguia entender por que ele
fizera aquilo. Parecia que tinha tudo o que desejava: uma esposa adorável e apaixonada e
um hotel de classe. O que o teria levado a agir contra o próprio cunhado?
Os dois homens estavam no mesmo lugar, quando ela voltou. Silenciosamente, aceitou
o copo de uísque que Reed lhe ofereceu e sentou-se. Talvez fosse precisar da bebida mais
tarde.
Agora que colocara as lentes de contato, podia perceber o estado de Chris: pálido, com
olheiras, rosto tenso. Segurava o copo com muita força e parecia fitar o vazio.
— Chris — Reed chamou-o.
— Oh, desculpem-me. Não havia notado que tinha voltado. Bem, Reed, agradeço por
sua contenção até agora. Se fosse eu que estivesse no seu lugar, teria primeiro agido e
depois feito as perguntas cabíveis.
— Talvez devesse ter feito isso, Chris, mas, se não o fiz, não foi por você, e sim por
Diane.
Chris pareceu se tornar ainda mais pálido à menção da esposa.
— Nunca desejei magoar ninguém. Eu apenas...
— Comece desde o início, Chris — Pediu Reed.
— Do início? Devo, então, voltar anos.
— Faça isso, se é necessário! — interrompeu-o, já no limite de sua paciência.
Chris suspirou profundamente.
— Durante a faculdade, lembra-se? Eu precisava trabalhar duro para pagar meus
estudos. Você não. Tinha seu pai, que arcava com as despesas.
— Ah, não! Você não pode ter guardado esse tipo de mágoa contra mim durante todos
esses anos! — exclamou Reed, incrédulo.
— E não guardei! Estou apenas tentando mostrar-lhe as diferenças de nossa formação.
Sempre precisei lutar muito por tudo o que queria. Não que você ficasse de braços cruzados,
esperando que tudo caísse do céu. Você sempre lutou bastante, mas a sorte sempre esteve
do seu lado. Bem, por alguma razão que desconheço, você se fez meu amigo.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Porque gostava de você, admirava-o — Confessou Reed.


— Já naquela época, você brilhava, conseguia sucesso em tudo e eu era apenas uma
sombra ao seu lado. Cheguei a ter até algum sucesso próprio... — Lembrou ele, — Por fim
você me levou para o aconchego de sua família, encorajou a minha sociedade com Mike e
aprovou de todo o coração o meu casamento com Diane.
— Eu já lhe disse. Gosto de você — repetiu Reed.
Chris aquiesceu, com um gesto de cabeça, suspirando profundamente.
— A sociedade com Mike foi um sucesso, o casamento com Diane ainda mais. Eu a
amo muito.
— Mas você não pensou no irmão dela nestes últimos meses! — Ironizou Reed, num
tom cortante.
— Reed! — Darcy censurou-o, comovida pela sinceridade das palavras de Chris,
imaginando o tormento que tinha sido a vida dele, sempre dependendo da família Hunter
para se sentir reconhecido na sociedade.
Chris deu um novo suspiro e continuou:
— Eu queria ser mais do que apenas o sócio de Mike, o amigo de Reed, o marido de
Diane. Precisava ter algo só meu, criado por mim. E o hotel parecia à solução perfeita.
— É um dos hotéis mais exclusivos da região — disse Reed, magoado.
— Sim — confirmou Chris. — Mas exclusividade custa muito dinheiro. Comecei a sentir
isso um pouco antes do Natal e pedi dinheiro emprestado; dinheiro que não pude devolver
dentro do prazo. Estive a ponto de perder o hotel.
— Você devia ter me avisado, droga! Eu o teria ajudado!
— Não! Eu não podia fazer isso!
— E por que não?
— Porque a ideia do hotel foi minha — Chris replicou, admitindo que seu orgulho não
lhe permitira pedir dinheiro emprestado de Reed para salvar algo que era só dele, pela
primeira vez na vida.
Então, em vez disso, preferiu vender as informações que recebia de mim?!
— Achei que era menos vergonhoso do que pedir-lhe dinheiro.
— Eu não consigo ver as coisas desse modo! Duvido que alguém possa!
— Não queria fazer isso, Reed! — Chris olhou-o, pedindo compreensão. — Fui
procurado insistentemente, precisava muito de dinheiro, e...
— E não conseguiu dizer não!
— Eu poderia ter dito, mas perderia o hotel, a casa e, talvez, Diane. Eu a amo tanto!
Mas agora a perderei de qualquer maneira.
— Não necessariamente — disse Reed, com brandura. Darcy e Chris olharam-no,
espantados. Reed parecia agora tranquilo, sem rancor. Apenas alguma mágoa ainda se
refletia nos olhos verdes. E talvez, quem sabe, alívio.
— O que quer dizer? — Perguntou Chris, incrédulo.
Reed deu de ombros.
— Que eu sou o único prejudicado e não pretendo deixar que ninguém, além de nós
três, venha a tomar conhecimento do problema. Estou certo de que Darcy pensa da mesma
forma. O que você fez não é ilegal diante da lei.
— Mas foi terrível! Vendi informações que você me confiou!
— Foram apenas alguns negócios que perdi... É a nossa família que corre perigo agora.
— Há quanto tempo você sabia que era eu?
Darcy desejava saber o mesmo. Agora que Chris confessara sua culpa, Reed não
parecia surpreso, apenas desapontado, como se uma indesejável suspeita se confirmasse.
— Quase desde que chegamos. Darcy soube, através de Diane, que Wade estava

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zangado com Linda apenas porque ela se recusava a ter filhos. E Diane confessou que o
hotel passava por algumas dificuldades financeiras. Quando perguntei a você como iam os
negócios, respondeu-me que tudo estava perfeito, e que até podia esperar uma expansão.
Eu sei que Diane não mente.
— Não — Chris concordou. — Ela nunca teve motivos para não ser honesta.
— Por que diabos você não me procurou? — Reed indagou com raiva. — É para isso
que serve a família. Para ajudar nas horas de crise!
— Você tem sua vida na Inglaterra.
— Bastaria um telefonema!
— Mas era problema meu, não seu.
— Você é meu melhor amigo e marido da minha irmã. Pensei que fôssemos íntimos o
bastante para que confiasse em mim.
Talvez tivessem sido bem íntimos, mas há quanto tempo? Os anos que Reed passara
na Inglaterra haviam, de certa forma, esfriado aquela amizade. Mas os laços familiares eram
muito fortes e pareciam atraí-lo de volta aos Estados Unidos. Pela expressão taciturna dele,
Darcy percebeu que Reed também se tornava consciente dessa realidade.
— Sabe, Reed, eu gostaria de continuar sendo tão amigo seu como no passado —
Chris deu de ombros. — O que faremos agora?
— Deliberadamente aguardei que mamãe viajasse para vir para cá. Com o problema
que tem no coração, um choque desses a mataria. Ainda bem que só nós três sabemos
disso.
— Nós quatro. — Uma voz veio do corredor, e Diane apareceu junto deles. — Ouvi
tudo.
— Diane! — exclamou Chris, num protesto abafado. Desiludida, Diane continuou a fitar
o marido, que tinha o olhar triste.
— Acordei quando você saiu da cama. Notei que estava muito estranho e o segui até
aqui. Agora fico contente por ter feito isso.
— Diane.
— Por favor, Reed, deixe-me falar com minha mulher. Diane, de qualquer forma, lhe
teria confessado tudo o que acabou de ouvir. Não conseguiria esconder algo assim de você
por muito tempo.
Darcy sentia-se pouco à vontade, como se estivesse se intrometendo em algo que não
lhe dizia respeito. Olhou receosa para Reed. A decisão que ele tomara com relação ao caso
não deveria ser discutida apenas por Diane e Chris em particular?
— Darcy e eu vamos para nosso quarto — disse Reed, passando o braço por sobre os
ombros dela, enquanto fitava o outro casal. — Só queria que tudo isso não se tornasse do
conhecimento de mais ninguém — avisou-os.
— Obrigada — Diane apertou-lhe o braço, agradecida, os olhos úmidos de emoção.
Reed fitou Chris, forçando-o a encará-lo.
— Há um depósito em sua conta bancária, Chris, quer queira, quer não. Se lhe tivesse
oferecido esse maldito dinheiro, sei que você não aceitaria. É um empréstimo absolutamente
normal.
Darcy nada disse a caminho do quarto. E continuou em silêncio, apesar de observar
Reed atentamente, enquanto se despia e caía exausto na cama. Então, abraçou-o
delicadamente, com carinho, desejando amenizar um pouco a dor que ela sabia que o
angustiava.
— Gostaria que... — suspirou, a voz embargada pela emoção. — Não queria acreditar,
mas as evidências estavam todas contra ele. — Chris foi fraco, não desejava magoá-lo,
Reed.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Eu sei — concordou, abraçando-a fortemente.


— Você... acha que Diane o perdoará?
— Sim. Ela o ama.
— E você os ajudará?
Reed suspirou profundamente.
— Aprendi uma coisa com tudo isso. Querendo, ou não, tenho responsabilidades para
com a família. Eles são humanos e, portanto, não podem ser perfeitos. Unidos, numa só
família, nós somos invencíveis; separados... Preciso voltar para cá.
Darcy sabia disso. Sabia que Reed precisava da família tanto quanto todos
necessitavam dele. O episódio com Chris apenas servira para confirmar o que ela percebera
assim que chegara.
Mas onde ela se encaixava nessa história toda?

CAPÍTULO IX

Finalmente, um fim de semana com a família! Darcy, mal acabara de chegar dos
Estados Unidos, resolveu visitar sua cidadezinha natal. Naquele momento de sua vida, em
que precisava tanto dos pais, foi que percebeu o quanto realmente os amava.
Era raro visita-los nos últimos meses. Achava que a cidade trazia-lhe recordações
dolorosas, que vinha tentando esquecer desde que se mudara para Londres, afastando-se
de qualquer coisa que a fizesse lembrar-se de Jayne ou de Jason. Mas, ao retornar dos
Estados Unidos, descobrira que precisava de um esconderijo, e seus pais a acolheram com
carinho.
Como era diferente a tranquilidade da sua própria família, comparada com a inquietude
da de Reed! A viagem com ele a mudara muito, apesar de não saber ainda em que sentido.
De uma coisa estava certa: já não sentia mais aquela antiga necessidade de fugir sempre de
algo desagradável que lhe pudesse advir.
Assim, totalmente incerta sobre qualquer tipo de relacionamento futuro com Reed,
Darcy encontrou Jason no supermercado, enquanto fazia compras com a mãe!
Percebeu o desespero no rosto da mãe, e até já se preparava para dar uma desculpa
qualquer e fugir. Mas resolveu se controlar, contornando a situação, e o convidou para tomar
um café juntos.
Por um instante, Jason hesitou, para depois aceitar, ainda relutante, para espanto de
sua mãe, que se desculpou e continuou com as compras.
Era a primeira vez que Darcy o via, após quase um ano; e depois de um ligeiro
constrangimento, conversaram animadamente.
Quando se juntou à mãe, quinze minutos depois, ela sentiu que havia eliminado o
último dos fantasmas do passado.
Darcy retornou a Londres pronta para aceitar a decisão de Reed quanto ao futuro de
ambos.
Reed passara outro fim de semana com a família, após sua insistência em voltar antes
dele, já que não queria intrometer-se num assunto particular de parentes.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Na segunda-feira pela manhã, quando chegou para trabalhar, não o encontrou. Nem
mesmo sabia se ele já retornara ao país, pois não recebera notícia alguma. Resolveu, então,
iniciar a rotina diária, organizando a correspondência. Mais cedo ou mais tarde, Reed
chegaria.
— Olá, Darcy. Como é que conseguiu esse bronzeado, viajando a trabalho?
Ela sorriu para Marc, assim que o viu entrar na sala, vestindo jeans desbotado e uma
camisa aberta no peito.
— Nem tudo foi trabalho — murmurou sonhadora, lembrando-se de que quase nada na
viagem se relacionara com o trabalho.
— Não? E será que Reed cometeu o ato imperdoável de roubar minha namorada? —
indagou em tom de gracejo, enquanto se sentava ao lado dela, encarando-a fixamente com
seus olhos azuis perscrutadores.
"Roubar" não era bem a palavra adequada, pois ela nunca pertencera a Marc, mas ele
chegou tão perto da verdade, que a fez corar ligeiramente.
— Com quantas modelos você saiu enquanto estive fora?
— Uma ou duas. E não mude de assunto!
— Não percebi que havia mudado. — falou, com a atenção voltada para o monte de
correspondência sobre a mesa.
Dedos fortes ergueram-lhe o queixo, fazendo-a fitá—lo.
— Darcy, o que aconteceu em...
— Quando vocês dois tiverem terminado de se olhar nos olhos, talvez eu consiga ver
minha correspondência atrasada! Ralhou Reed, usando seu familiar tom de chefia para com
Darcy.
Era impossível pensar nele como amante quando o ouvia falando daquela maneira.
Darcy voltou-se assustada, sabendo o que se passara na cabeça de Reed, ao entrar no
escritório e ver aquela cena. Marc, por sua vez, parecia mais tranquilo do que nunca.
— Você acreditaria se eu lhe dissesse que estava apenas verificando se Darcy estava
com as duas lentes de contato?
— Não!
— Reed, eu já...
— Marc, você não tem nenhum trabalho para fazer? — Reed lançou um olhar gelado
ao outro homem, ignorando-a totalmente.
— Estou repleto de trabalho — respondeu Marc, sorridente, mas sem fazer nenhum
movimento para sair.
— Então, gostaria que você parasse de tentar seduzir minha secretária e fosse embora!
— ordenou Reed friamente. — Já não aproveitaram bastante o fim de semana?
— Mas Reed.
— Então? — De novo ele a ignorou, encarando Marc.
— E você acha que um homem se cansa de uma mulher como Darcy?
Nervosa com o mal-entendido, ela prendeu a respiração. O senso de humor de Marc
em nada a ajudava. Ele parecia decidido a manter aquela conversa ambígua com Reed,
mesmo diante dos protestos dela.
— Reed, eu passei o fim de semana...
— Ora vamos, Darcy! — Marc chamou-lhe a atenção. Uma dama não sai por aí
contando,
— Marc, você quer parar com isso e calar essa boca? Não tem graça nenhuma!
— Depende do ponto de vista, minha querida! — Marc caçoou, rindo.
Repentinamente, Marc foi erguido da cadeira e agarrado pelo colarinho.
— Reed, largue-o! — Exclamou Darcy desesperada. — Por favor, solte-o!

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Vou nocauteá-lo, se ele não sair logo daqui! — Reed ameaçou entre dentes, antes
de soltar o outro, bem devagar.
Marc ergueu as mãos na defensiva, o sorriso maroto ainda estampado no fundo dos
olhos azuis.
— Está bem, está bem. Eu vou. Bem que desconfiei que de trabalho, mesmo, houve
bem pouco em Orlando, Darcy...
— Marc, sinto muito.
— Ei, não se preocupe! Pode ter certeza de que não vou me atirar pela janela do meu
estúdio por causa disso!
— Seu estúdio fica no segundo andar — lembrou-o Darcy, sem conter o riso.
— Percebe o quanto isso seria bom? Eu quebraria um braço ou uma perna e não
poderia sair com outras mulheres maravilhosas durante um mês inteiro!
Reed andou até a porta principal de seu escritório e, antes de abri-la, ordenou, feroz:
— Fora daqui!
Marc voltou-se para Darcy, antes de sair:
— Ligue para mim logo que estiver disponível.
Essa última provocação fora apenas um aviso para Darcy de que ele estava alerta e
queria ser comunicado, caso Reed apelasse para a violência, assim que ficasse sozinho com
ela. Mas ela sabia que não era isso que Reed tinha em mente. Marc era um verdadeiro
demoniozinho!
Reed fechou a porta com violência, logo que o outro saiu.
— O que você pretende, indo de meus braços para os dele?
— Passei o fim de semana...
— Poupe—me dos detalhes!
— Reed, você não está entendendo! Deixe—me explicar...
— Eu bem que estou tentando entender, mas não está sendo fácil!
Furiosa, Darcy sentiu que a fúria dele estava prestes a explodir também. Se não se
controlassem, aquela confusão jamais seria resolvida.
— Reed, não importa a que conclusão você tenha chegado sobre mim e Marc, ou
melhor, sobre o que ele fez você acreditar que aconteceu, mas eu não passei o fim de
semana com ele!
A incerteza tomou conta dos olhos verdes. Ela percebeu que agira bem, controlando—
se.
— Telefonei-lhe inúmeras vezes, nos últimos dois dias, e você não estava — ele
confessou aborrecido.
— Não estava mesmo. Fui visitar meus pais, no fim de semana.
Ainda descrente, Reed semicerrou os olhos.
— Mas você quase nunca vai visita-los.
— Admito que não tenho ido vê-los com muita frequência, mas...
— Você foi visitar seus pais apenas uma vez, durante os sete meses em que trabalhou
para mim!
— Bem, pode ser, eu não fiquei contando...
— Mas eu fiquei!
— Por quê? — indagou, olhando—o desconfiada.
— Você viu Jason?
O rubor no rosto de Darcy respondeu por ela.
— Bem... sim. Na verdade, nos encontramos casualmente...
— Estarei na minha sala se precisar de mim — ele a interrompeu, frio. — De outro
modo, não quero ser incomodado!

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

Darcy quis segui-lo imediatamente, mas não saberia o que dizer. Já explicara a respeito
de Marc; entretanto, o que havia para explicar sobre Jason?
Marc voltou ao escritório quando teve certeza de que Reed estava longe, almoçando.
— Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé! Darcy fitou-o, hostil.
— Você tem mesmo toda a sensibilidade de uma montanha!
— Ei, não me culpe pela insegurança de Reed! — Defendeu-se ele, sentando-se diante
dela.
— Isso é ridículo! Reed é o homem mais seguro de si que conheço.
— Exceto no que diz respeito a você...
— Como assim?
— Se você pudesse reservar um dia para mim, provavelmente eu lhe explicaria, mas...
— Marc, do que é que você está falando? — exigiu ela, exausta pela manhã desastrosa
que tivera com Reed, e demonstrando que não teria a paciência costumeira para aguentar as
brincadeiras do amigo e confidente.
— Estou falando sobre o que Reed sente por você.
— Não sei o que você quer dizer com isso — declarou ela.
— Não? Vocês dois se tornaram amantes e ainda assim continua não sabendo o que
Reed sente por você?
Darcy ficou rubra diante do comentário de Marc.
— Nós...
— O homem esperou meses para leva-la para a cama e, quando consegue, fica
completamente confuso com isso! Ah! Se fosse comigo, mas infelizmente não é a mim que
você ama — suspirou Marc.
Darcy corou mais ainda.
— Eu...
— Darcy, é muito feio mentir!
Ela resolveu enfrenta-lo de uma vez por todas, usando as mesmas armas.
— Quando foi que você se tornou tão espertinho e tão conhecedor de coisas de amor?
— Ah, não! Bancar a impertinente comigo também não vai ajudar em nada. Até uma
pessoa insensível como eu pode notar o quanto você ama Reed.
— Se sabia disso, então por que me convidava para sair?
— Eu poderia dizer que decidi dar uma "mãozinha" para ajudar esse "Love Store",
despertando ciúme em Reed e levando-o ao desespero. Mas nunca estive disposto a tirar
vantagem da estupidez de um amigo!
Era impossível zangar-se com Marc. Ele jamais levava nada ou ninguém a sério.
— Você é um demônio! — Darcy declarou entre risonha e séria. — Se fosse sensata,
pediria para você sair daqui, agora!
— Então, jamais saberia como Reed se sente em relação a você, porque ele nunca terá
coragem suficiente para dizer-lhe!
— Sei como Reed se sente em relação a mim — suspirou. Eu o faço lembrar-se da
mãe.
— O quê?! — Marc caiu na risada.
— Não estou achando nada engraçado!
— Reed consegue finalmente leva-la para a cama e lhe diz que você o faz lembrar—se
da mãe?! Não posso acreditar!
— Reed não me disse isso! Eu é que acho que o faço se lembrar da Sra. Maud Hunter,
porque sou tão esquecida e desastrada quanto ela.
Marc abanou a cabeça.
— Não sei exatamente o que houve na Flórida, mas acho que Reed é um idiota,

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

deixando as coisas entre vocês se complicarem desse jeito. Ele devia...


— Você aqui outra vez! — Gritou Reed, furioso. — Se deseja mesmo flertar com minha
secretária, faça isso nas horas de folga, não em horário de trabalho! — E fuzilou a pálida
Darcy com o olhar, antes de bater, com violência, a porta de sua sala.
Marc murmurou entre dentes:
— Lembre-me de trazer minhas luvas de boxe na próxima vez que vier aqui...
— Ele está preocupado com problemas sérios. Pressões da família.
— Será que devo lhe dar parabéns? — gracejou Marc, olhando para seu ventre.
— Oh, Marc, não seja tolo. Fizemos amor pela primeira vez nesta semana. Não acha
que é um pouco cedo para pensar nisso? — Fechou os olhos, com um gemido, quando viu o
brilho de satisfação nos travessos olhos azuis. — Está bem. Caí na sua armadilha.
Satisfeito? Mas posso lhe garantir que não é isso o que está preocupando Reed neste
momento — declarou com firmeza.
— Já sei: sente-se desprezado! Isso sempre preocupa um homem que tem sangue
correndo nas veias. É Reed tem bastante, pode crer.
— Ele tem sangue ou mulheres correndo nas veias?
— Ambos!
— Não sei tudo sobre as mulheres de Reed, Marc — Darcy suspirou. — Mas posso lhe
assegurar também que não são elas, no momento, a causa de sua preocupação. O problema
é de outro tipo.
E, na verdade, também ela estava bem ressentida pelo fato de Reed não lhe ter
contado nada do que acontecera em Orlando, após sua partida. Ficara tão envolvida com o
problema da família dele, que gostaria de saber se, pelo menos, o casamento de Diane fora
salvo.
E a decisão que ele havia tomado há quatro dias sobre transferir-se de vez para a
Flórida não voltara a ser mencionada. Parecia que tudo o que o perturbava e com que se
importava eram as provocações de Marc!
— Pare de franzir a testa, senão ficará cheia de rugas avisou Marc. — Não quer me
falar sobre o problema da família Hunter?
— Não. — Sorriu, para suavizar a negativa de fazer-lhe confidências.
Marc devolveu-lhe o sorriso e levantou-se.
— Eu, já esperava por isso. Bem, vou trabalhar um pouco.
— Você não ia me falar a respeito do que Reed sente por mim?
— Ah, não! Não posso fazer isso, Darcy. Preciso respeitar a ética existente entre dois
cavalheiros.
— Você não é um cavalheiro! — acusou Darcy, e riu, fazendo um gesto acusador.
— Pode ser que não seja, mas, se Reed não quer falar por si, não farei isso por ele.
Apenas direi a você uma palavrinha dê advertência. — Inclinou-se e falou baixinho em seu
ouvido: — Seduza-o!
— O quê?
— Sim, seduza-o! Vá lá dentro, tire todas as suas roupas. E se ele não fizer amor com
você naquele sofá lá dentro, corra, nua mesmo, para o meu escritório!
Darcy não pôde deixar de rir daquele absurdo.
— Você faria amor comigo só para me consolar?
— Claro! E você ficaria surpresa ao perceber como estou ansioso por isso.
— Oh, Marc. Se Reed me quisesse realmente, ele daria o primeiro passo.
— Orgulho seu, minha cara. — Darcy deu de ombros.
— Algumas vezes, orgulho é tudo o que nos resta.
— Isso mesmo, mantenha a cabeça erguida, Darcy — Gracejou ele, inclinando-se para

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

beijá-la de leve nos lábios.


Nervosa, ela olhou para a porta do escritório de Reed, com a sorte que estava, só
faltava que ele aparecesse ali naquele momento. Nada aconteceu, ainda bem. Darcy voltou-
se para Marc, e retribuiu seu sorriso.
Mas, assim que Marc saiu, o sorriso desapareceu. Orgulho! Se fosse somente aquilo o
que a separava de Reed, não hesitaria em fazer o que Marc sugerira, mas havia muito mais
coisas para serem resolvidas entre ambos.
O resto do dia transcorreu normalmente até o fim da tarde, quando a porta do escritório
se abriu para Samantha Duval entrar. Darcy estremeceu quando a mulher com quem Reed
saía antes de irem para a Flórida parou diante dela, com sua graça e elegância ofuscando
tudo.
Como toda mulher por quem Reed se interessava, Samantha era extremamente bonita.
O cabelo ruivo caía-lhe macio até os ombros, emoldurando um belo rosto de expressivos
olhos azuis e lábios vermelhos e sensuais. Como pesquisadora de moda, suas roupas
tinham uma elegância impecável. Darcy sentiu-se como uma pequena suburbana perto dela.
— Alô, Darcy — A outra mulher saudou-a com voz amigável. Deus, como ela era sexy!
Um tanto confusa, Darcy tentou informa-la:
— Reed está um pouco ocupado no momento, mas...
— Oh, eu não quero perturbá-lo. Vim apenas trazer isto para ele. — Colocou uma caixa
sobre a mesa.
E ainda o presenteava! Será que tinha feito um bolo para ele? Não. Claro que não! Era
sexy demais para perder tempo fazendo bolos.
— Tem mesmo certeza de que não quer vê-lo? — Perguntou, sentindo-se um tanto
culpada por seus pensamentos.
— Não precisa. — Samantha abanou a cabeça, franzindo a testa e olhando para o
pescoço de Darcy. — Foi Reed quem lhe deu isso? — Perguntou, muito interessada.
— Sim. Foi presente de aniversário.
Outra vez! Por que será que todos se interessavam pelo unicórnio?
— É realmente adorável. Você devia ver a coleção de Reed... — Interrompeu-se de
repente. — Ora, suponho que já deve conhecê-la, não?
— Por que diz isso? — Darcy perguntou, perplexa.
— Por nada. Não se preocupe. Diga a Reed que ele esqueceu isso quando esteve em
meu apartamento hoje. — Tocou a caixa com a mão antes de fazer um gesto de adeus e sair.
Seu perfume delicado ficou pairando no ar.
Hoje? Então Reed estivera no apartamento de Samantha pela manhã? Na hora do
almoço! Ele se ausentara durante umas duas horas, e estivera talvez na cama da belíssima
mulher, e ainda tivera a ousadia de acusa-la de estar flertando com Marc!
Deus! Ela já não suportara o bastante? Se Reed pensava que podia voltar para os
braços da amante anterior e esquecer facilmente o que houvera entre eles em Orlando,
descobriria, muito em breve, que não ia ser tão fácil assim. Ah, não!
Seus olhos soltavam faíscas quando marchou direto para a outra sala e entrou, sem ao
menos bater, ignorando a surpresa no rosto do homem sentado no lado oposto a Reed.
Atirou sobre a mesa de seu chefe a caixa que Samantha deixara.
— Para você — disse ela friamente. — Com os cumprimentos de Samantha Duval, com
quem você parece ter estado na hora do almoço.
— Darcy.
— Ainda não terminei! — ela falou, com raiva. — Devo admitir que sou estreante nestes
"casos" de chefe versus secretária, mas eu... — Seu olhar irado pousou em Roy Benedict,
que a fitava atônito. — Desculpe, eu o estou deixando chocado?

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— N-não. — gaguejou ele, pouco à vontade, afundando na poltrona, na esperança de


ser ignorado durante o resto do que prometia ser uma briga séria!
— Darcy.
— Eu estava dizendo... — mais uma vez ela interrompeu os protestos de Reed — Que
sou estreante nesse tipo de relacionamento, mas, mesmo assim, não esperava que você
fosse voltar tão depressa para os braços de Samantha! Durante todo o dia julguei que seu
mutismo fosse causado pelos problemas na Flórida, quando, na verdade, era sua maneira de
dizer que estava tudo terminado! Bem, quero que saiba que fico doente quando sou tratada
como uma idiota e estou farta de comentários ambíguos sobre essa porcaria de corrente que
você me deu.
— Samantha esteve aqui?
— Sim! E, mais do que tudo, estou doente de raiva de você, Reed Hunter! — Arrancou
a corrente e atirou-a também sobre a mesa. — Eu amo você, mas não tenho que aceitar
seus "casos" com outras mulheres ou o modo despótico como me tratou hoje! Agora, se
houver uma chance de eu estar enganada e, se você ainda me quiser, então, terá que vir até
a mim!
— Darcy!
— Eu já disse tudo o que tinha que dizer, Reed. — Darcy deu-lhe as costas e foi saindo,
mas voltou-se perto da porta. — Você tem mau gênio e é arrogante, mas mesmo assim eu o
amo. Só que, se ainda me quiser, terá primeiro que parar de ver Samantha, depois me
procurar onde eu estiver e me pedir em casamento! E vou pensar se aceito!

CAPÍTULO X

Que loucura! Era o que os dois homens que deixara no escritório deviam estar
pensando de Darcy, depois que os deixara.
Ela nunca tinha agido daquela forma antes, jamais havia falado com ninguém de modo
tão arrogante. Reed devia estar achando que era ainda mais idiota ainda do que julgava que
fosse.
Reed parecera tão espantado com sua explosão! Quase como se não acreditasse no
que estava vendo e ouvindo. Talvez porque nunca lhe acontecera antes ser tratado daquela
forma! Devia estar furioso com o modo como o deixara embaraçado na frente de Roy
Benedict, seu amigo e cliente. Mas, se quisesse vingar-se dela, teria primeiro que encontra-
la! Marc serviu-lhe uma xícara de café.
— Aqui está. Presumo que você não tenha vindo até aqui para que eu fizesse amor
com você... — brincou.
— Estou fugindo!
— De Reed?
— Sim.
— É, ele nunca me pareceu mesmo ser um sexomaníaco, que não pode ver uma
mulher nua.
— Não fiz nada do que você sugeriu! Em vez disso, perdi a calma com ele e...

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Você fez isso?! Incrível!


— Sabe com quem ele passou a hora do almoço? Com Samantha Duval, no
apartamento dela!
— Tem certeza?
— Ela mesma me disse!
— E Sammy não inventaria esse tipo de coisa — Marc murmurou pensativo, vendo
Darcy desolada. — Ajudaria se eu lhe dissesse que também saí com ela, inclusive antes de
Reed?
— Você pode até me dizer que ela é vulgar, mesmo que ao seja verdade! — A vida de
Samantha Duval não lhe importava, a única coisa de que não gostava nela era o seu
envolvimento com Reed! —. Está certo, ela é uma mulher interesseira, sedutora, que...
— Duvido! Mas, mesmo que seja, ainda assim é boa demais para Reed.
— Agora tenho que concordar com você. — Marc!
— Qualquer mulher é boa demais para Reed, Darcy. O homem é mesmo um idiota, um
lunático e...
— Não! Ele não é! — defendeu Darcy. — Ele... Oh, o que estou dizendo? — gemeu
totalmente desesperada.
— Está agindo como uma verdadeira mulher apaixonada! E só o demônio é tão furioso
como uma garota apaixonada acrescentou. — Deus proteja aquele que tenta ser malévolo
com uma mulher apaixonada, pois estará se arriscando a ter os olhos arrancados. Vocês são
mesmo criaturas bem estranhas.
— E você quer me dizer que os homens são mansos como gatinhos? Qualquer mulher
sabe que não!
— Nunca pensei que Reed fosse tão estúpido! O que foi exatamente que Samantha
disse a você?
— Antes ou depois que ela colocou a caixa com o bolo sobre a minha mesa?
— Bolo?! Que bolo?
— O que Samantha fez para Reed. Pelo menos, presumi que fosse um bolo, mas
espero que seja uma bomba-relógio!
— Creio que é banal dizer isso, mas sabe que você fica uma gracinha quando está
furiosa, Darcy? As sardas em seu nariz parecem...
— Eu sei que sou sardenta, e até já fui comparada com a filha caçula dos Waltons.
Agradecida!
— Foi Reed?
— Claro, quem poderia ser?
— O homem tiraria nota zero em diplomacia! — Marc riu.
— Mas, aqui entre nós, também acho suas sardas incrivelmente sedutoras! E Reed
acha o mesmo.
— Pensei que você estivesse do meu lado, Marc.
— Eu não estou do lado de ninguém, especialmente em se tratando de uma mulher que
eu adoro e de meu sócio. Sabe, Darcy, sei que Reed confundiu tudo, mas você não acha que
deveria dar-lhe uma chance de se explicar?
— Explicar?! Pode me dizer como ele explicaria o fato de ter feito amor com Samantha
na hora do almoço?
— Bem, eu sei como eu explicaria isso, mas. Salvo pelo gongo! — Exclamou, ouvindo o
telefone chamar. Sorriu da expressão furiosa de Darcy, antes de pegar o telefone. — Sim.
Como está você? — saudou, enquanto Darcy se afastava discretamente, indo até a janela.
Havia arruinado irremediavelmente a relação entre ela e Reed. Talvez até houvesse um
motivo razoável para ele visitar Samantha na hora do almoço, embora não pudesse imaginar

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

outro, além do que supunha.


— Não há altura suficiente para você tentar o suicídio, atirando-se daqui — Murmurou
Marc atrás dela.
Darcy voltou-se e sorriu.
— Descobri já há algum tempo que não tenho tendências suicidas. Realmente, estava
apenas pensando no que terei que fazer de agora em diante.
— E o que vai fazer?
— Primeiro, voltar para casa. Segundo, arrumar outro emprego — ela concluiu dando
de ombros.
— Sei de um ótimo emprego para o caso de você estar interessada.
— Você já tem uma secretária.
— Oh, não é para trabalhar comigo! Tenho alguns amigos especialistas em filmes
tristes. Você devia ver sua cara agora! — Caçoou Marc. — Precisava ter visto como Reed e
eu demos risada, naquela primeira vez em que você veio aqui me trazer uma
correspondência e se assustou com a modelo seminua!
— Uma das raras vezes em que Reed achou graça da minha estupidez.
— Darcy... — Marc interrompeu-se, voltando-se para a porta, que fora aberta
repentinamente. Reed estava parado na soleira, os olhos semicerrados. — Ufa! Já era hora
de você aparecer. Não sabia mais o que fazer para evitar que ela fosse embora de vez.
Darcy ficou gelada com a aparição repentina de Reed, mas voltou os olhos acusadores
na direção de Marc.
— Você lhe disse que eu estava aqui?
— Ele perguntou... — Marc deu de ombros.
— Quando?
Agora a pouco, pelo telefone!
— Seu traidor! — acusou-o, olhando nervosa para Reed.
— Você fez amor com Samantha na hora do almoço, Reed? — indagou Marc, curioso.
— Foi isso que você pensou? — Perguntou Reed, dirigindo-se a Darcy. Não tente negar
isso. — Darcy, será que poderíamos ir a algum lugar para conversarmos em particular?
— Vou fazer o possível para não me ofender com sua grosseria e deixar o estúdio para
os dois — disse Marc, começando a vestir a jaqueta. — E duvido que você possa convencer
Darcy a ir a qualquer lugar, Reed. — Caminhou até a porta. — Apenas uma recomendação...
o sofá perto da janela é o mais confortável. Espero poder batizar o primeiro herdeiro —
encerrou ao sair.
— O primeiro herdeiro...? Oh! Seu senso de humor chega a ser irritante! — Darcy
voltou-se. — Que belo amigo era Marc, deixando-a nas garras do lobo!
— Eu não acho nada engraçado à ideia de você ter um filho meu — disse Reed,
aproximando-se por detrás dela.
— Não, não seria nada engraçado mesmo!
— Darcy, quer se virar e olhar para mim?
Se ela se voltasse, sabia que cairia direto nos braços de Reed e não podia fazer aquilo.
— Sinto muito pela explosão de agora há pouco. Não tive a intenção de embaraça-lo
diante de Roy Benedict.
— Não tinha, é?
— Não!
— Eu não fiquei embaraçado, Darcy...
— Então, suponho que vocês dois devem ter dado boas risadas ao ver como uma
secretária se emocionou com algo que não deve ter passado de uma diversão sexual, ou de
um problema de "química"...

67
Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Darcy! — Ele a fez voltar-se. — Você sabe que isso não foi o que aconteceu
conosco em Orlando. Foi muito mais do que isso.
— Foi mesmo? Você nem ao menos se dignou a me contar o que aconteceu com Chris
e com Diane e, mal chegou, correu para os braços de outra mulher!
— Fiquei-louco quando você me disse que tinha estado com Jason! E como poderia
pensar em Chris e Diane, especialmente após ver você e Marc juntos bem debaixo do meu
nariz!
— Eu lhe disse apenas que vi Jason, não que fui para a cama com ele!
— Mas também não fui para a cama com Samantha na hora do almoço.
— A própria Samantha me contou que você foi até o apartamento. — Só para dizer a
ela, pessoalmente, que não iria mais vê-la. Eu lhe devia isso. Aquela caixa contém apenas
algumas coisas minhas que fui esquecendo lá, durante esses últimos meses.
Darcy franziu a testa.
— Mas Samantha não parecia nem um pouco aborrecida.
— E por que ficaria? Ela não me ama, Darcy.
Darcy sentiu que corava violentamente. Durante a explosão, teria dito a ele que o
amava? Sim, tinha dito. E ele viera procura-la!
— E pretendo me casar com você, também, se ainda me quiser. Eu a amo muito, Darcy.
— Você me ama?
A expressão de Reed tornou-se carinhosa, envolvendo-a numa emoção que quase a
fez chorar.
— Temos muita coisa para conversar, mas creio que pode ficar para mais tarde.
Primeiro quero que responda à minha proposta.
— A resposta é sim! — ela respondeu, abraçando-o fortemente, como para se certificar
de que aquilo era real e não um sonho. E levantou o rosto para receber o beijo.
Marc tinha razão, o sofá perto da parede era mais confortável, mas nem Darcy nem
Reed quiseram tirar vantagem daquele conforto, satisfeitos apenas com os beijos e as
carícias que trocavam, enquanto conversavam.
— Vamos até meu apartamento. Tenho lá um presente esperando por você — Reed
murmurou, os lábios próximos de seu rosto.
— Um presente?
— Um presente de noivado. Eu pretendia convidá-la para jantar fora hoje. Ia fazer o
pedido de casamento e, depois, ficar com você em meus braços durante toda a noite. Mas,
quando cheguei aqui esta manhã e a vi nos braços de Marc, eu...
— Eu não estava nos braços dele! Marc pressentiu que havia acontecido algo entre nós
em Orlando, e não pôde conter a curiosidade, querendo saber os detalhes.
— E você se recusou a contar-lhe. Pobre Marc! Deve ter ficado decepcionado...
— Ele é terrível! Às vezes penso que vou perder a paciência com Marc.
— É verdade, querida, mas ele gosta de você à sua maneira. Tanto que me afirmou
que, se eu tornasse a magoá-la, quebraria meu nariz. — Reed sorriu, fitando-a apaixonado.
— Eu a amo muito, Darcy. Esses últimos dias sem você foram tristes. Preciso de você a meu
lado, querida.
— Como pode dizer isso, quando foi tão categórico, afirmando que não me queria mais
trabalhando com você?
— Ciúme, apenas.
— Do quê? De quem?
— Darcy, você tem que admitir que, até hoje, eu não tinha nenhuma certeza do que
você sentia por mim. Ia pedi-la em casamento sem nem mesmo estar certo de que você iria
aceitar. Você estava saindo com Marc antes de irmos para a Flórida! E só aceitava a

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

companhia dele, de mais ninguém.


— Marc é apenas um bom amigo, e sempre será.
— Mas também é um homem, e bem atraente. Querida eu me senti tão atraído por
você desde a primeira vez que a vi! Mas, depois, foi se tornando muito mais do que atração.
Durante anos vi meu pai e minha mãe...
— Oh, Reed! Eu vivo me esquecendo das coisas e sou desastrada, mas tentarei me
corrigir.
— Você não está entendendo, Darcy. — Reed abanou a cabeça. — Durante anos, vi
meu pai adorar minha mãe, justamente por causa do jeito dela, e não apesar da maneira
como ela agia. Você não faz ideia de como é difícil, hoje em dia, com todo esse exagero em
torno da liberação feminina, encontrar uma mulher como você, simples e sincera, que precisa
ser protegida. Posso estar sendo antiquado, mas é assim que eu amo você. Do mesmo
modo como meu pai amava mamãe. — Um sorriso atraente suavizou-lhe o rosto. — Mamãe
é a mulher mais adorável que conheço depois de você...
— Oh, amor... Mas naquele dia em que ela chegou, você não aguentava ver as duas
juntas — disse Darcy, lembrando que ele tinha sido rude e até a insultara.
— Minha raiva, naquele dia, foi causada pela maldita festa surpresa que Marc lhe
ofereceu e para a qual me convidou. Além disso eu tinha feito planos de sair com você, a
sós, para comemorar seu aniversário, mas a chegada de minha mãe atrapalhou tudo. —
Franziu a testa. — Eu estava furioso com o mundo! O dia seguinte não foi melhor... Fiquei
imaginando que você havia passado a noite com Marc. Na verdade não queria leva-la
comigo para a Flórida, porque achei que não era a ocasião apropriada, mas tinha que afastá-
la de Marc. E sei que minha família a deixou confusa logo no primeiro dia de nossa chegada,
mas...
— Não foi bem isso. Eles não me deixaram confusa, apenas sinto certa dificuldade de
estar entre muitas pessoas, desde o assalto do banco.
— E minha família às vezes parece uma multidão!
— Reed, eles são ótimas pessoas e eu só me sinto nervosa com gente estranha. Mas
já estou melhorando. Não tinha visitado meus pais ultimamente, por causa das lembranças
tristes do passado, mas devagar estou começando a superar também isso.
— E eu julgava que sua perturbação emocional fosse causada por um homem! — Reed
suspirou. — Então, decidi dar-lhe tempo e espaço, para você esquecê-lo...
— Reed, há algo sobre Jason que você precisa saber.
— Ele é um idiota completo, que não percebeu a mulher maravilhosa que você é. Saber
disso, para mim, é suficiente. Não posso me queixar, pois, por ele ser um tolo, ganhei você.
Mas vamos falar sobre minha família. Você gostou mesmo deles?
— Claro que sim. Meus pais também são ótimas pessoas. Gostarão de conhecer você,
tenho certeza. E, por falar em família, como ficaram Diane e Chris?
— Abalados. Mas os dois se amam e a base desse amor é firme e aguentará.
Emprestei dinheiro a Diane, que, agora, se tornou sócia de Chris. Sei que vão superar a
crise.
Darcy sentiu aumentar o amor que tinha por aquele homem tão justo e bom. Ele havia
arrumado um jeito de ajudar Chris, sem ferir-lhe o orgulho. Diane seria uma ótima sócia para
o marido.
— Chris insistiu em confessar para o resto da família o que havia feito. Eu o admirei
muito por isso.
— E como os outros reagiram?
— Nós somos unidos, Darcy. Pode haver alguma rusga entre nós, mas todos correm
para ajudar quando há qualquer ameaça de perigo rondando alguém da família.

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Sabrina 473 – Noiva de mentira – Carole Mortimer

— Mal posso esperar para ser incluída nesse adorável convívio familiar. — Ela sorriu,
radiante.
— Você será minha família, Darcy, e sempre estará em primeiro lugar em meu coração.
Darcy tinha certeza desse amor por ela. Reed tivera paciência, cortejando-a. Houvera
muitos desentendimentos entre ambos, mas agora restava apenas um, de importância real.
Darcy gostaria de pôr uma pedra sobre esse problema, mas sabia que teria que enfrentar
novamente a teimosia de Reed.
— O que foi agora? — perguntou Reed, notando seu olhar preocupado.
— Nós precisamos conversar sobre Jason, Reed.
— Esqueça. Ele não é importante.
— Reed, eu não lhe contei tudo sobre ele... Como você sabe, trabalhei durante um
certo tempo numa casa, ajudando um viúvo com três filhos menores.
— Jason?
— Sim.
— Ele quis se aproveitar de você?!
— Não! — negou calorosamente. — Eu, eu não trabalhava para ele, exatamente. —
Você vivia com ele? Mas como, você era.
— Eu era virgem quando você fez amor comigo! — impacientou-se ela. — Já lhe contei
a razão disso. Eu... depois do assalto, precisava de alguém com quem falar, mas ninguém
queria conversar com uma maluca.
— Estou certo de que isso não é verdade!
— Talvez não fosse, mas foi o que me pareceu naquela época. Então, fui até o lago que
havia no parque da cidade e encontrei Vicky, a filha mais velha de Jason. — Suspirou. —
Vicky tinha apenas dez anos e eu sabia que ela não deveria estar por ali sem companhia.
Fiquei preocupada e parei para conversar com a menina. Vicky e os irmãos estavam meio
abandonados.
De fato, o pai, Jason, sofrera um acidente e tinha quebrado a perna. Por isso, estava no
hospital, convalescendo. Então mudei para a casa deles.
Darcy olhou para Reed com um ar de desafio, esperando a mesma reação das pessoas
que a condenaram, quando se mudara para a casa de Jason, para cuidar das crianças.
— Minha querida, minha pobre querida! — Reed a abraçou, a voz carregada de
emoção.
— Então começaram os mexericos. Todos queriam saber se eu e Jason tínhamos um
caso. Nós não tínhamos!
— Eu sei disso, querida.
— Tentávamos ignorar os comentários, mas não era possível convencer os outros de
que não éramos amantes. Então, uma noite, Jason me disse que, já que todos afirmavam
que tínhamos um caso, devíamos aproveitar e confirmar. Ele é um homem muito atraente e
eu...
— Oh, Darcy! Não diga mais nada, não quero saber. — Ele a abraçou mais forte.
— Ele tentou, mas não conseguiu me possuir. Chorou, e eu o abracei, chorando junto.
Depois disso, não podíamos olhar um para o outro — continuou ela. — As crianças, muito
sensíveis, notaram a tensão entre nós, e eu... eu concordei de imediato quando Jason quis
arranjar outra pessoa para cuidar deles.
— E o que ele lhe disse agora, quando se encontraram?
Darcy sorriu.
— Ele disse que havia encontrado uma ótima moça, que gostava muito de crianças e
que iriam se casar em breve. Disse que não substituía a falecida esposa, mas ele a amava
também.

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— Fico contente por Jason — falou Reed, com sinceridade.


— E por você também.
— Estava com tanto medo de contar a você! Medo de que não entendesse e ficasse
desgostoso com o que fiz.
Ele ergueu-lhe o queixo com a mão e fitou-a bem firme, rosto a rosto.
— Nada do que você faz me desgosta. Pelo menos, não o que você tentou fazer por
Jason e pelas crianças. Eu a amo ainda mais, agora, se é que pode ser possível.
— Me abrace, Reed, me abrace com força!
— Vou fazer isso pelo resto de nossas vidas — ele prometeu.
Após saírem do estúdio de Marc, Reed insistiu em leva-la para seu apartamento. Darcy
brincou com ele, dizendo que finalmente iria conhecer a toca do lobo.
Chegando lá, Reed pôs a mão em seus olhos e conduziu—a a sala de estar.
— O que você está fazendo, Reed? — protestou ela.
Levou um segundo para que Darcy se acostumasse com a penumbra da sala. Então
pôde ver: unicórnios, dezenas deles, feitos de vidro, madeira, cerâmica, cada um diferente do
outro. E enchiam toda uma estante!
Reed rodeou-lhe a cintura esguia com o braço e encostou o rosto no dela.
— Unicórnios sempre foram muito especiais para mim. São maravilhosos, raros,
mágicos, como a mulher que eu amo. Eu só poderia entrega-lo como presente a essa
mulher.
— Muitas pessoas sabiam de sua predileção por eles, menos eu — comentou
fascinada pelas místicas imagens esculpidas que azoinavam da estante.
Ele a beijou de leve nos lábios.
— Posso? — perguntou, depois disso, colocando-lhe no pescoço a corrente que ela
atirara sobre sua mesa no momento de raiva naquela manhã.
— Por favor, querido — concordou, entendendo tudo, finalmente.
— Você ainda duvida do significado de meu presente para você? — perguntou,
abraçando-a.
Reed já lhe dera muito mais do que o unicórnio. Sabia agora. Aconchegou-se a ele e
acariciou-lhe a boca com um beijo suave.
— Eu o amo, Reed.
— Isso era tudo o que eu sempre quis ouvir de você. Beijou-a na boca avidamente. As
palavras não eram mais necessárias para demonstrar o voto de amor eterno.
— Eu tenho um outro presente para você! — Reed se afastou dela com relutância.
— Eu só quero você, Reed.
Um brilho divertido surgiu nos olhos verdes. Acendeu a luz da sala e entregou-lhe um
pequeno embrulho que estava sobre a mesa.
— Abra-o — Pediu.
Ela o fitou, com cautela, sem disfarçar a curiosidade. Reed parecia tão contente, que se
deixou tomar pela alegria.
— Oh, Reed — sorriu olhando o conteúdo da caixa. Sobre o fundo de veludo negro,
faiscando contra a luz, havia um maravilhoso solitário.
— Você gostou?
— É um sonho! — exclamou, feliz. As mãos dele pousaram em sua cintura.
— Eu pretendia entrega-lo a você quando saíssemos para jantar fora — confessou-lhe
Reed.
Darcy moldou seu corpo ao dele, sentindo-lhe a força do desejo. Desta vez, estava
completamente certa do seu amor.
— Vamos para a cama, Reed? — convidou-o.

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— Vê? Sempre soube que você foi feita para mim.

EPÍLOGO

— Darcy?
— Humm...
— Diga-me o quanto você me ama!
— Ora, Reed, mudei para os Estados Unidos com você, não foi?
— Sim. E tornou-se a titia dos gêmeos de Linda e Wade, dos gêmeos de Mike e Marie e
do único filho de Chris e Diane. Cinco, no total, não é? Mas ainda quero que me diga o
quanto me ama.
— Por quê?
— Apenas responda à pergunta.
— Está querendo insinuar algo, ou está apenas me convidando para ir com você para
casa, direto para a cama?
— Tanto uma como outra coisa — e presenteou-a com o riso de um homem feliz.
— Bem, nesse caso, eu te amo muito!
— Ótimo.
— Reed? Já faz alguns minutos que respondi à sua pergunta. Estou esperando para
irmos embora.
— Podemos ir, assim que você tiver pago a conta do jantar.
— Assim que "eu" tiver pago? Reed, você é quem tem que pagar, ou quer trocar de
lugar comigo?
— Nunca! Eu não ficaria tão bem como você, carregando essa barriga.
— Essa barriga, saiba, pode ser nosso filho, ou nossa filha!
— Eu sei, e já amo o bebê. Estou feliz que tenha esquecido de tomar suas pílulas.
— Eu não esqueci nada. Você é que já estava me cobrando, não minta! E não pense
que essa discussão toda vai me fazer deixar passar o fato de você ter esquecido a carteira,
porque não vai!
— Se você não tivesse feito tantas coisas agradáveis comigo, antes de sairmos de
casa, eu não teria esquecido!
— Você está reclamando?
— Claro que não! Você é uma diabinha! Mas quero que continue exatamente como é.
Agora, vamos para casa, minha querida!
Ir para casa com Reed. Não havia outra coisa que Darcy mais desejasse no mundo.
Antes, porém, precisava fazer algo que também lhe agradava. Cheia de amor, levantou a
cabeça e encostou os lábios nos dele.
— Reed, seus desejos são ordens para mim,
— Então vamos?
— Sim, querido.

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