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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE
DISCIPLINA DE DIREITO DO CONSUMIDOR

AMANDA DE MORAIS SILVA


MANOEL ALVES DE OLIVEIRA JUNIOR
PEDRO HENRIQUE BRAZ RIBEIRO DA COSTA
RAYSSA CALDAS DE MACEDO
WANESSA YASMIN SÁ LIMA

AVALIAÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR:


INVESTIGAÇÃO CONCEITUAL E ANÁLISE DE TEXTO

Recife, 2019
Sumário

1. Primeira parte - Via Legal - A Talidomida


1.1 Teoria do risco de desenvolvimento: origem legal…………………………..3
1.2 Teoria do risco de desenvolvimento: postulados…………………………….5
1.3 O julgamento da Indústria Eternit…………………………………………...7
1.4 O direito consumerista brasileiro e a teoria do risco de desenvolvimento…..9
1.5 Brasil e a talidomida: A Talidomida ainda é admitida no Brasil?.................12
2. Segunda parte - O STJ e o direito do consumidor
2.1 Sobre a comunicação prévia da inserção dos dados do consumidor em cadastros
negativos………………………………………………………………………...14
2.2 Sobre a repetição do indébito e a comprovação da culpa…………………...17
3. Terceira parte - A teoria do direito consumerista
3.1 Os testemunhais do teaser sob a ótica da disciplina consumerista…………..20
3.2 A teoria da qualidade e a teoria da transparência no direito consumerista…..22
4. Referências bibliográficas​……………………………………………………...24
PRIMEIRA PARTE - Via legal - A Talidomida

1.1 Qual a origem legal da teoria do risco de desenvolvimento?

O risco de desenvolvimento pode ser entendido, de acordo com Alvim, como o “risco
que não pode ser conhecido no momento da colocação do produto no mercado, só vindo a
1
sê-lo posteriormente, em razão do desenvolvimento tecnológico” . Dessa forma, o tempo
representa fator determinante para revelar se o serviço ou produto, de fato, oferecem algum
risco ao consumidor.

Para João Calvão da Silva, os riscos de desenvolvimento afetam, tais quais os defeitos
de concepção e informação, “podendo ser ilegitimamente inseguro em razão de riscos ou
defeitos incognoscíveis diante do estado da ciência e da técnica ao tempo de sua colocação no
comércio” 2. Os efeitos colaterais prejudiciais de novos medicamentos, por exemplo, são um
dos mais citados exemplos desse risco, uma vez que são descobertos após sua inserção na
cadeia de consumo, ainda que tenham sido, previamente, testados à exaustão. Assim,
questiona-se o seguinte: a quem cabe a responsabilização pelo risco de desenvolvimento, ao
fornecedor ou ao credor? Tal debate será abordado, no presente trabalho, posteriormente.

Pode-se encontrar a origem da teoria do desenvolvimento de risco no Direito


norte-americano, no século XIX, como se evidencia no estudo de casos trazido pelo livro de
William Powers, Fischer, Greene e Sanders 3. A responsabilidade do fornecedor, nesse
contexto, fora desenvolvida a partir de ​leading cases​, isto é, decisões que tenham constituído
regras importantes, criando precedentes de aplicação obrigatória em casos futuros.

O principal elemento modelo norte-americano é a dispensa da verificação da culpa.


Basta a comprovação do defeito (do nexo), para que possa o fornecedor ser responsabilizado,
pois seu dever de indenizar tem embasamento no risco causado ao consumidor. O dever de
reparar é daquele que, ao desenvolver determinada atividade que, por sua natureza, implica

1
ALVIM, Eduardo Arruda P. Responsabilidade Civil pelo fato do produto no Código de Defesa do Consumidor.
Revista de Direito do Consumidor​. ​vol. 15/1995. p. 132-150. jul-set. 1995.
2
SILVA, J. C. Responsabilidade civil do produtor. Coimbra: Almedina, 1999.
3
KLEE, A. E. L. Risco de desenvolvimento: estudo comparado entre o direito do consumidor brasileiro e o
direito norte-americano. Monografia (Bacharelado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. 2003.
risco para os direitos de outrem, deve sofrer as consequências provenientes da mesma. De
acordo com Nelson Nery Jr., "no regime da responsabilidade objetiva pelo risco da atividade,
4
(...), não há lugar para as causas ou cláusulas de exclusão dessa responsabilidade” .

Ainda na seara do Direito Comparado, a aplicação da teoria do risco de


desenvolvimento pode ser observada, mais recentemente, até a Diretiva nº 85/374 da União
Europeia, vigente desde 30 de julho de 1985 e alterada, em parte, pela Diretiva 1999/34/CEE
do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de maio de 1999.

Aplicada a qualquer produto comercializado no Espaço Econômico Europeu: nos


Estados-Membros da União Europeia, na Noruega, no Lienchtenstein e na Islândia, a Diretiva
Europeia, consiste no estabelecimento do princípio da responsabilidade não culposa aplicável
aos produtores europeus, disciplinando ainda que, quando um produto apresenta defeito e
provoca danos a um consumidor, a responsabilidade do produtor pode restar configurada
mesmo na ausência de negligência ou culpa da sua parte.

A Diretiva nº 85/374/CEE, destina-se, pois, a tratar a respeito da responsabilidade em


razão de produtos defeituosos, considerando ser responsabilidade do produtor os danos
causados em razão de defeito em seu produto, explicitando, desse modo, ao longo dos artigos
a definição de produto, de produtor, além também da necessidade em se demonstrar a prova
do dano, do defeito e do nexo causal entre o defeito e o dano.

Tal Diretiva, ainda, prevê as hipóteses de exclusão de responsabilidade do produtor,


sendo uma delas o risco de desenvolvimento. Disciplina em seu artigo sétimo que: “O
produtor não é responsável nos termos da presente Diretiva se provar: e) Que o estado dos
conhecimentos científicos e técnicos no momento da colocação em circulação do produto não
lhe permitiu detectar a existência do defeito”. Depreende-se, portanto, que se em razão dos
conhecimentos técnicos e científicos existentes, quando da inserção do produto no mercado,
não se permitia identificar o defeito, o fornecedor será eximido da culpa, em razão dos riscos
de desenvolvimento.

4
NERY JÚNIOR, N. Da Proteção Contratual. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: comentado pelos
autores do anteprojeto. Ada Pellegrini Grinover [et al.]. - 12 ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2018. p.
468.
Cumpre ressaltar, por fim, que, apesar de a Diretiva nº 85/374/CEE ser aplicável em
toda a CEE, a mesma estabelece algumas ressalvas. O seu art. 15, 1, b autoriza qualquer
Estado-membro a prever, em suas respectivas legislações, a responsabilidade do produtor,
mesmo se provar que, no momento da colocação do produto em circulação, em razão do
estado dos conhecimentos científicos e técnicos não lhe permitiu a percepção do defeito.

Por efeito disso, pode-se afirmar que na Europa há três grupos: o dos países que
adotaram o regime da exclusão total da responsabilidade pelo risco de desenvolvimento; o dos
países que adotaram o regime parcial de exclusão da responsabilidade, responsabilizando
apenas em casos específicos; e o dos países que não adotaram a exclusão, responsabilizando
5
os produtores até mesmo em razão dos riscos de desenvolvimento .

A origem, presença e aplicação da já referida teoria, no Ordenamento Jurídico


nacional, será analisada posteriormente, em momento adequado.

1.2 Teoria do risco do desenvolvimentos: postulados

Diante do desenvolvimento industrial e consequente complexificação da sociedade, foi


sendo constatada, com o passar dos anos, a necessidade de proteger aqueles que consumiam
não só do ponto de vista econômico (para evitar abusos), mas também da saúde, em
observância à qualidade dos produtos ofertados.

Nessa toada, verificou-se que as normas gerais do Direito Civil não seriam suficientes
para tutelar plenamente os direitos do consumidor, tampouco o fariam as normas do Direito
Comercial, tradicionalmente voltadas para o bem-estar do empresário, daquele que fornece
para o consumo. Por conseguinte, dogmas do Direito Privado, onde estava inserida a temática
do consumo, foram relativizados e o Estado passou a atuar ativamente nessa área, ditando
regras mínimas a serem seguidas para que sejam salvos os direitos daqueles que consomem.

Para Cláudia Lima Marques, a Constituição Federal de 1988 é o grande centro de


proteção dos mais vulneráveis dentro do “direito privado”, garantindo que este seja, no
mínimo, solidário, ao prever, no art. 5º, inciso XXXII, o dever de promoção da defesa do

5
SILVA, J. C. Responsabilidade civil do produtor. Coimbra: Almedina, 1999.
consumidor. A partir dessa ótica, o Código de Defesa do Consumidor, posterior à CF, prevê
que os fornecedores têm o dever de inserir serviços e produtos de qualidade no mercado, ou
seja, produtos e serviços seguros para o consumo e que correspondam plenamente ao seu fim.

Nessa perspectiva, surgem algumas discussões sobre a responsabilidade dos


fornecedores, sobre até onde ela se estende. O art. 10º do CDC proíbe o fornecedor de colocar
produto ou serviço que sabe ou deveria saber ser perigoso ou nocivo à saúde ou segurança, ou
seja, ele deve conhecer totalmente o funcionamento daquilo que oferta, incluindo seus riscos
de funcionamento e/ou utilização. Quando o produto é inserido com defeito no mercado,
causando danos ao consumidor, é, portanto, evidente a responsabilidade do fornecedor,
devendo este pagar indenização aos que foram lesados. Mas a quem se atribui a
responsabilidade por um vício ou defeito que se manifestou após a​ inserção do item no
mercado?

Foi à luz desse questionamento que a doutrina consumerista pensou a teoria do risco
do desenvolvimento, a qual possui diversos conceitos e é aplicada de diversas formas ao redor
do mundo. Segundo James Marins, o risco de desenvolvimento seria a possibilidade de um
produto ser inserido no mercado sem que possua defeito cognoscível, ainda que testado
inúmeras vezes, diante do grau de conhecimento científico possível à época da sua inserção,
no entanto, após certo tempo de circulação, algum defeito é detectado por novas técnicas e
descobertas científicas, descobrindo-se que o produto causou ou irá causar danos aos
consumidores. Com base nesse conceito, a teoria do risco do desenvolvimento postula o
seguinte: 1) o produto foi inserido no mercado sem que tivesse manifestado nenhum vício ou
defeito; 2) o produto foi exaustivamente testado pelo fornecedor antes de ser introduzido para
consumo, constatando-se apto para tal; 3) foram utilizadas as melhores técnicas científicas
para o teste do produto, dentro do que estava disponível no momento; 4) o produto funciona
normalmente até que se verifica algum dano associado à sua utilização; 5) o defeito ou vício
só pode ser descoberto após algum tempo de circulação e por meio de técnicas científicas não
disponíveis à época da fase de testes e posterior inserção do produto no mercado.

Diante da problemática, a doutrina se posiciona de formas diferentes. Parte dela vai


defender o risco do desenvolvimento como um excludente de responsabilidade do fornecedor
à luz do CDC, assim como o caso fortuito. Isso porque havia a impossibilidade absoluta de se
descobrir o defeito em razão da insuficiência ou até mesmo inexistência de meios técnicos e
científicos idôneos. A Diretiva 85/374/CEE, após diversas discussões, optou por exonerar o
fornecedor da responsabilidade pelo risco de desenvolvimento, com base nessa insuficiência
de técnicas científicas capazes de observar um defeito no produto (art. 7º). Pode-se
argumentar, em defesa desta tese, que a responsabilização do fornecedor pelo defeito
posterior e incognoscível seria um freio para o desenvolvimento científico, ou seja, seria
desestimulante do ponto de vista dos fornecedores a criação de novos produtos e serviços.

1.3. O julgamento da Indústria Eternit

Para entender-se o julgamento é interessante conhecer um pouco da história da


matéria-prima causadora do dano6. O cimento-amianto foi patenteado por Ludwig Hatschek
em 1901, e nomeado por ele como “Eternit”. Este nome vem do latim ​aeternitas​, eternidade,
fazendo referência à sua alta resistência. Em 1903 Alois Steinmann obteve a licença para
utilizar o amianto e, desde então, o processo para produzir materiais de construção com esta
matéria-prima foi crescendo consideravelmente devido à grande popularidade que a mesma
foi ganhando. A produção de itens com o amianto foi crescendo, bem como o lucro e o
interesse dos grandes empresários. Tal popularidade incentivou a multiplicação dos processos
produtivos com amianto em diversas regiões da Itália.
A partir de 1985 iniciou-se o ciclo de fechamento de fábricas devido a falências, e a
Eternit cessou suas atividades na Itália entre 1992 e 1994.
Foi apenas nos anos 60 que começaram a surgir pesquisas mostrando os malefícios do
pó de amianto, dentre eles o grande potencial cancerígeno. Os estudos também mostravam
que o período de incubação das doenças era de cerca de trinta anos. Mesmo diante disto, as
atividades de produção com o amianto7 continuaram, resultando em gravíssimas
consequências para os trabalhadores das fábricas e, também, para os residentes de áreas
próximas às fábricas. A decisão de continuar com as produções contrasta com a teoria do

6
​ “Swiss Billionaire Stephan Schmidheiny Convicted Over Italy Asbestos Deaths”, por David Dawkins em
Forbes Magazine. Maio 2019. Disponível em:
<https://www.forbes.com/sites/daviddawkins/2019/05/23/swiss-billionaire-stephan-schmidheiny-convicted-over-
italy-asbestos-deaths/#12fc1ba278cc>;
7
​“Na Itália, Justiça condena “magnata suíço do amianto” à prisão”, por Conceição Lemes em Vio Mundo. Maio
2019. Disponível em
<https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/na-italia-justica-condena-magnata-suico-do-amianto-a-prisao.html
>;
Risco de Desenvolvimento explanada nos itens 1.1 e 1.2. A empresa teve a oportunidade de
entender os efeitos prejudiciais do manuseio do amianto e, no momento que começaram a
surgir os estudos, já completava mais que o dobro o período de incubação das doenças
demonstradas, pois as atividades iniciaram em 1903.
Os fatos mencionados acima embasam a opinião emitida pelo procurador do Trabalho
e gerente nacional do Programa de Banimento do Amianto no Brasil, Luciano Leivas.
Luciano afirma que a história do amianto na Europa pode ser lida em três momentos.
“Primeiro – fase de inauguração e desenvolvimento da tecnologia poluidora do amianto.
Segundo – exposição e contaminação de trabalhadores e do ambiente natural pelo amianto.
Terceiro – banimento da tecnologia aliado à responsabilização civil e criminal das lideranças
empresariais responsáveis pelo desastre ambiental.”
Em 2009 iniciou o julgamento contra Stephan Schmidheiny e Louis De Cartier8
(falecido em 2013 aos 92 anos), sendo estes, respectivamente, o ex-acionista majoritário e o
diretor da empresa nos anos sessenta.
Em 2012 Stephan Schmidheiny e Louis De Cartier foram condenados a 18 anos de
prisão por crime de desastre doloso e culpados pela morte de 3 mil pessoas. Na corte de
Turim ficou comprovado que eles sabiam do potencial cancerígeno do amianto e mesmo
assim foram omissos, mantiveram indústrias abertas e ignoraram medidas de proteção aos
funcionários. Entretanto, em 2014, a Suprema Corte Italiana anulou a sentença, dizendo que o
caso era inválido, pois o prazo prescricional havia sido decretado.
Os promotores de Turim entraram na ofensiva com 258 novos casos, exigindo uma
nova ação coletiva, porém a tentativa foi rejeitada. O julgamento mais recente dizia respeito
apenas a dois casos que não tinham prazo de prescrição.
Recentemente, em maio de 20199, o Tribunal Italiano considerou Schmidheiny
culpado de homicídio involuntário pela morte de dois funcionários da Eternit em uma fábrica
de amianto perto de Turim, décadas atrás. Também foi determinado que Schmidheiny pagasse

8
​Eternit, alleggerita accusa a Schmidheiny: “Omicidio colposo, non volontario”. E torna il fantasma della
prescrizione”, por Andrea Giambartolomei em Il Fatto Quotidiano. Nov 2016. Disponível em:
<https://www.ilfattoquotidiano.it/2016/11/29/eternit-alleggerita-accusa-schmidheiny-omicidio-colposo-non-volo
ntario-e-torna-il-fantasma-della-prescrizione/3225061/?_gl=1*tarqr5*_ga*YW1wLUJoWnpydGxqMmltV0FjSE
J6b19tcVNYWVJ4TzVVOHZqR1lIN2g4Z3JyMVo4RXExcFVHbjlYanhDYTN3YllGZEY>;
9
​“Eternit bis, condanna: 4 anni per omicidio colposo a Stephan Schmidheiny. Il pm: “Giurisprudenza più attenta
alle vittime” por F.Q em Il Fatto Quotidiano.. Maio 2019. Disponível em:
<https://www.ilfattoquotidiano.it/2016/11/29/eternit-alleggerita-accusa-schmidheiny-omicidio-colposo-non-volo
ntario-e-torna-il-fantasma-della-prescrizione/3225061/?_gl=1*tarqr5*_ga*YW1wLUJoWnpydGxqMmltV0FjSE
J6b19tcVNYWVJ4TzVVOHZqR1lIN2g4Z3JyMVo4RXExcFVHbjlYanhDYTN3YllGZEY>
uma provisão de € 15.000 para vários grupos, incluindo a região do Piemonte, sindicatos e
associações. Processos por homicídio voluntário estão em andamento em Nápoles e Vercelli.

1.4. O direito consumerista brasileiro adota o risco de desenvolvimento?

Na doutrina nacional, é grande a controvérsia acerca da recepção, ou não, da teoria do


risco de desenvolvimento pelo Ordenamento Jurídico brasileiro. Há, em suma, duas vertentes:
uma que defende a desoneração do produtor, no tocante aos riscos advindos do
desenvolvimento, e outra que argumenta pela responsabilização deste.

O entendimento que exime o produtor de responsabilização pode ser compreendido,


basicamente, a partir de dois argumentos: o de que não existe defeito, por não haver interesse
legítimo sobre o desconhecido; e o de que o CDC, por ser silente quanto a essa questão,
permitindo, assim, a desoneração do produtor.

O primeiro argumento contrário à adoção da Teoria do Risco de Desenvolvimento


pelo direito pátrio é estritamente jurídico. De acordo com James Marins, autor que se vale de
tal fundamento, há dois tipos de defeitos: os juridicamente relevantes e os irrelevantes. Esses
são o caso fortuito, a força maior, o efeito danoso do tempo e o risco do desenvolvimento;
10
aqueles correspondem aos defeitos de fabricação concepção e fabricação . Nessa perspectiva,
a incognoscibilidade do defeito o torna, juridicamente, irrelevante.

Porém, o art. 12 do CDC, estabelece que todo defeito é juridicamente relevante, na


medida em que deve haver ressarcimento dos danos dele decorrente11, além de não distinguir,
em relevante ou irrelevante, a natureza jurídica do defeito, como também faz a maioria da
doutrina. Vale ressaltar, ainda, que o conceito de defeito não é pacífico, havendo, assim, um
defeito interpretativo, em tal concepção.

Além disso, há quem defenda que, por não existir legítima expectativa de segurança, o
defeito e a sua consequente responsabilização seriam refutados, uma vez que um dos
pressupostos da responsabilização estaria faltando. Esse é o posicionamento adotado por Rui

10
​SOUZA, J. J. M. Responsabilidade da empresa pelo fato do produto: ​os acidentes de consumo no Código de
Proteção e Defesa do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. p. 112.
11
Artigo 12 do CDC: O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos [...]
12
Stoco e por Gustavo Tepedino, para quem o “conceito de defeito é relativo, contemporâneo a
13
duas noções, em determinado contexto histórico: segurança e expectativa” . Dessa forma,
não poderia haver a expectativa de segurança a respeito de algo que não cognoscível.

Assim, para esse segmento doutrinário, o fato de o fornecedor não saber ou não poder
saber da existência de um defeito não configura erro, quando determinado produto ou serviço
é inserido no mercado de consumo. Isso, pois, o presente estado técnico-científico limita a
expectativa de segurança do consumidor.

Contudo, ainda assim, há a adoção de conceitos muito indeterminados. O fato de não


se poder provar a insegurança de um produto não equivale reputá-lo a seguro. Mesmo sem
certeza do defeito, há sempre o risco de existir, o que pode implicar ônus.

O defeito tem por pressuposto a expectativa de risco, pelo consumidor acerca dos
riscos do produto, os quais devem estar dentro de uma normalidade. Como é sabido, todo
produto é passível de causar dano, porém o que é exigido pelo CPC é a previsibilidade e a
razoabilidade deste problema. Assim, quando as condições normais para o consumidor são
extrapoladas, de modo a não corresponder à expectativa, há o defeito. Nessa concepção, a
falta de informações sobre o uso, por exemplo, torna o produto defeituoso, mesmo não
havendo nenhuma circunstância anormal neste. Podendo-se afirmar, portanto, que o conceito
de expectativa de segurança é auferido em face do consumidor e não da atitude do fornecedor.

Portanto, pode-se inferir que, segundo Renato Neiva Carvalho:

O argumento de que o consumidor não tem expectativa legítima de segurança muito


se aproxima ao utilizado pela indústria de cigarro para fugir da responsabilidade dos
danos causados pelo seu produto. E ainda há o argumento de que, depois de
conhecidos, consome quem quer apenas. É transferir para o consumidor
responsabilidade imposta pelo ordenamento ao produtor: a responsabilidade de
14
gerenciar os riscos na relação de consumo .

12
STOCO, R. Defesa do consumidor e a responsabilidade pelo risco do desenvolvimento. Revista dos Tribunais.
vol. 855/2007. p. 46-53.
13
​ EPEDINO, G. A responsabilidade médica na experiência brasileira contemporânea. ​Revista
T
Trimestral d​e Direito Civil. Rio de Janeiro​: Editora DADMAA, vol. 2. P. 41-75. Abril-junho de 2000.
14
CARVALHO, R. N. O risco de desenvolvimento na relação de consumo. Monografia (Bacharelado em
Direito) – Faculdade de Direito, Universidade de Brasília. Brasília, p. 48. 2011.
Todavia, críticos da tese de que o Ordenamento Jurídico nacional adota a já citada
teoria como elemento que exime o fornecedor da responsabilidade objetiva pelo risco
defendem que: “o risco do desenvolvimento é especial do gênero defeito de concepção. Aqui
o defeito decorre de carência informativa, À época da concepção sobre o risco da adoção de
15
determinada tecnologia” . Portanto, a afirmativa de que se trata de um defeito não procede,
assim como a de que o fornecedor não é responsável.

De acordo com o citado acima, há grande divergência doutrinária quanto à


16
interpretação o art. 12, § 1º, III do CDC (“à época em que foi colocado em circulação” ), o
qual arrola as principais circunstâncias que devem ser consideradas para verificar se um
produto é, ou não, defeituoso. Assim, para Zelmo Denari, isso estaria distante de representar a
adoção da teoria do risco de desenvolvimento, enquanto eximente de responsabilidade, pelo
CDC, representando, na verdade, um limite temporal da expectativa do consumidor17.

Em outros termos, restringir a responsabilidade para o risco do desenvolvimento “à


época em que o mesmo foi colocado em circulação” se mostra descabido. Ademais, podemos
ainda destacar a ausência de previsão expressa no ​CDC​ acerca da excludente de
responsabilidade na hipótese de risco do desenvolvimento.

Faz-se patente, ainda, afirmar que o próprio STJ entendeu que o Direito Consumerista
nacional não exime de responsabilidade o fornecedor pelo risco advindo de determinado
produto, conforme pode ser exemplificado no julgamento do REsp nº 971.845-DF:

“USO DE MEDICAMENTO - DEPENDÊNCIA – INDENIZAÇÃO

Direito do Consumidor - Consumo de Survector, medicamento inicialmente vendido


de forma livre em farmácias - Posterior alteração de sua prescrição e imposição de
restrição à comercialização - Risco do produto avaliado posteriormente, culminando
com a sua proibição em diversos países - Recorrente que iniciou o consumo do
medicamento à época em que sua venda era livre - Dependência contraída, com
diversas restrições experimentadas pelo paciente - Dano moral reconhecido.

A circunstância de o paciente ter consumido o produto sem prescrição médica não


retira do fornecedor a obrigação de indenizar. Pelo sistema do ​CDC​, o fornecedor
somente se desobriga nas hipóteses de culpa exclusiva do consumidor (art. ​12​, ​§ 3º​,

15
BENJAMIN, A​.​ H​.​ V. Comentários ao Código de Proteção ao Consumidor.​ São Paulo: Saraiva. ​p. 67​. 1991.
16
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11.9.1990 – Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
17
​Paulo R. Roque Khouri ​apud ​TARTUCE, Flávio. Direito Civil, ​V.2: Direito das Obrigações e
​ ​. 533, São Paulo, 2016.
Responsabilidade Civil​; 11 ed., p
do ​CDC​), o que não ocorre na hipótese, já que a própria bula do medicamento não
indicava os riscos associados à sua administração, caracterizando culpa concorrente
18
do laboratório .

É importante, ainda, fazer referência ao diálogo das fontes que se opera no âmbito do
Direito do Consumidor. O Código Civil em seu o art. 931, estabelece que: “Ressalvados
outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem
independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação” .
Quanto ao citado artigo, o Enunciado nº 43 da I Jornada de Direito Civil diz que: “a
responsabilidade civil pelo fato do produto, prevista no art. 931 do novo Código Civil,
também inclui os riscos do desenvolvimento.” 19.

À luz dos argumentos acima expostos, conclui-se, portanto, que o Ordenamento


Jurídico brasileiro não adota a Teoria do Risco de Desenvolvimento como elemento
exonerador da responsabilidade daquele indivíduo que atua, enquanto produtor, nas relações
de consumo.

1.5. O Brasil e a Talidomida: A Talidomida ainda é admitida no Brasil?

A Talidomida (C13H10N2O4) foi um medicamento desenvolvido na Alemanha pela


companhia farmacêutica Grunenthal no ano de 1954, sendo comercializado pela primeira vez
em 1957, como um sedativo. Contudo, passou a ser prescrito para tratar enjoos em mulheres
grávidas, ocasionando o nascimento de milhares de bebês com ​focomelia,​ uma síndrome
caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco do feto. Com
apenas um comprimido. Ingerido durante a gestação, era possível que o feto nascesse com
focomelia. Além dessa grave deformidade, a talidomida também estava associada ao
desenvolvimento de problemas auditivos, visuais e até cardíacos nos bebês. Dentro do
composto do remédio está o enantiômero S, o qual está relacionado aos efeitos teratogênicos
do uso.
O fármaco chega ao Brasil20 em 1958 e foi comercializada por cerca de seis
laboratórios diferentes como uma droga “isenta de efeitos adversos”. Em 1960 foram

18
​STJ - 3ª T.; REsp nº 971.845-DF; Rel. Min. Humberto Gomes de Barros; j. 21/8/2008; m. V.
19
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10.1.2002 – Código Civil brasileiro.
20
​ RASIL. Ministério da Saúde. Talidomida: orientação para o uso controlado. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
B
registrados os primeiros casos de focomelia no país, mas somente em 1962 a licença do
produto foi cassada pela governo federal por meio do Serviço Nacional de Fiscalização de
Medicina e Farmácia, estabelecendo formalmente em 30 de junho de 1964 um Termo de
Inutilização do Medicamento.
Todavia, em 1965, foi descoberto o efeito benéfico da talidomida no tratamento de
hanseníase, fazendo com que o produto voltasse a ser utilizado por alguns pesquisadores. Em
1971, a Organização Mundial de Saúde comprovou este efeito e liberou o uso do
medicamento para tratar a eritema nodoso hansênico. Diante disso, alguns países retomaram o
uso do fármaco, inclusive o Brasil. Até 1990, a talidomida era apenas contraindicada por seus
efeitos teratogênicos na gravidez, somente neste ano o Ministério da Saúde decidiu proibir o
seu uso em mulheres grávidas ou em idade fértil. Contudo, o medicamento não deixou de ser
amplamente utilizado, mesmo após causar mais de 10 mil casos de deformações em bebês ao
redor do mundo entre os anos de 1957 e 1962, quando foi retirado do mercado mundial. Entre
2005 e 2010, cerca de 5.8 milhões de pílulas foram distribuídas pelo país, gerando mais e
mais casos de síndrome da talidomida.
As vítimas mais recentes da são chamadas de ​terceira geração da talidomida21,
pessoas nascidas entre os anos de 2005 e 2010. Mesmo condicionada à definição de
protocolos clínicos muito rígidos, a prescrição da talidomida em casos de hanseníase e AIDS
e muito recorrente, ocasionando, por conseguinte, a persistência dos seus efeitos adversos.
Uma das causas dessa persistência é a desinformação da população, pois, apesar de
amplamente divulgados os estudos e matérias sobre o caso, a hanseníase é uma doença que
acomete pessoas mais pobres no Brasil, que muitas vezes não têm acesso à internet ou
televisão, ficando à mercê dos médicos e das secretarias de saúde, que pode facilmente ser
negligentes e deixar de prestar as informações.
Conclui-se, portanto, que a Talidomida permanece em circulação no Brasil, mas sob
rígido controle, sendo prescrito apenas para o tratamento de hanseníase, AIDS e doenças
crônico-degenerativas como o lúpus eritematoso sistêmico. A principal causa da continuidade
de ocorrências da síndrome da talidomida é, sem dúvidas, a falta de informação. Os usuários
mais frequentes possuem hanseníase, doença mais comum na população pobre que vive em
lugares onde a saúde pública é de péssima qualidade ou quase inexistente. Por conseguinte, o

21
“​Talidomida continua a causar defeitos físicos em bebês no Brasil.” por G1 Globo, Julho 2013. Disponível
em:<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/talidomida-continua-a-causar-defeitos-fisicos-em-bebes-no-bra
sil.html>
medicamento pode ser ministrado de forma errada ou até por outras pessoas que não a que
está doente, diante da frequência da automedicação no país. É, então, de suma importância
que o Estado mantenha políticas públicas de controle do uso da talidomida, divulgando
amplamente os seus riscos em todos os meios de comunicação possíveis, para evitar que seja
ministrado erroneamente e continue beneficiando pessoas que utilizam dele no tratamento de
outras doenças.

SEGUNDA PARTE - O STJ e o direito do consumidor


2.1 Sobre a comunicação prévia da inserção dos dados do consumidor em cadastros
negativos

A figura do consumidor, na dinâmica da disciplina do direito consumerista, também é

dotado de direitos e garantias, além dos deveres impostos, haja visto que sua posição na
relação jurídica consumerista, frente ao polo do fornecedor, é de parte hipossuficiente. Afora
discussões que questionam a validade dessa afirmação, sabe-se que este entendimento traz
influência para a forma como seus direitos e garantias serão configurados, de modo a efetivar
a garantia constitucional de proteção do consumidor pelo Estado22, posteriormente tutelada
pelo Código de Defesa do Consumidor.
Um desses direitos que, no cotidiano consumerista, e nas pendências litigiosas do
Sistema Judiciário brasileiro, se vê mitigado é o direito à informação. O direito à informação
vem como protetor da parte contratante mais fraca, em termos de expertise de fornecimento
de serviços e à condições econômicas. É a partir dessa proteção que se busca também a oferta
de paridade de armas e a proteção da liberdade do consumidor.
Tendo em vista que os padrões de consumo estão em gradual crescimento ao longo
dos anos, também acompanha, ou deveria acompanhar, essa dinâmica o complexo de normas
protetivas ao consumidor, cristalizada, principalmente, no Código de Defesa do Consumidor.
Ocorre que, com a grande extensão de fornecimento de produtos e serviços, o consumidor,
não raramente, percebe-se sem aporte financeiro e econômico para o adimplemento de todos
seu débitos perante os respectivos fornecedores. Diante dessa situação surge a ferramenta dos
cadastros negativos de crédito.

22
​Artigo 5º, XXXII da Constituição Federal de 1988
Os Sistemas de Proteção de Crédito consistem, teoricamente, em mecanismos de
cadastros de consumidores inadimplentes, os quais, uma vez inseridos, não conseguem crédito
em outro estabelecimento comercial. Esse registro de restrição é que se denomina negativação
do nome do consumidor.
A problemática aparece na prática de abusos cometidos por estes sistemas de proteção,
como são os casos, por exemplo, de permanência da restrição mesmo após a quitação do
débito, de negativação de consumidores que não estão inadimplentes, ou até mesmo de não
observância de regras que impõem o procedimento de negativação dos dados do consumidor,
abrangendo, inclusive, violações do direito à informação garantido ao consumidor. São pontos
como esses que a doutrina e a jurisprudência discutem em torno dos casos concretos que
surgem no âmbito dos litígios consumeristas. É, ainda, nessa perspectiva que são
incontornáveis os direitos básicos do consumidor, especificamente, como protagonista, o
direito à informação.
Com a inscrição do consumidor em bancos de dados de consumidores, resulta-se a
negativação do seu nome junto aos órgãos restritivos de crédito - como SPC, SERASA,
CADIN, entre outros, que possuem natureza jurídica de entidade de direito público-, que irão
impedir a realização de certos atos da vida civil, como o financiamento de determinado bem
em banco, abertura de conta corrente. Esse mecanismo se mostra um direito do credor, para a
proteção do seu crédito contra um mau pagador. Pra esse entendimento contribuem o artigo
188, I, do Código Civil de 200223 e o artigo 4324 do Código de Defesa do Consumidor, como
uma proteção também aos fornecedores de serviços e produtos. É sabido, em adição, que essa
inscrição só pode ocorrer preenchidos os requisitos formais de débito vencido (e de existência
incontestável) exequível, líquido e certo do devedor perante o credor, além do dever de
atuação conforme o princípio da boa-fé, com intuito de evitar inscrição indevida do
devedor-consumidor nesse cadastro restritivo de crédito.
Em razão dessas garantias para os dois pólos das relação consumerista que se pondera
a garantia de crédito do fornecedor com o direito à informação e à não violação de quaisquer

23
Art 188. Não constituem atos ilícitos: I- Os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido

24
​Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em
cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas
respectivas fontes.
dos direitos do consumidor. Com base nessa linha de fundamentação que dispõe o artigo 43,
§§1º e 2º​ do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às
informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo
arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros


e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas
referentes a período superior a cinco anos.

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser


comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
Portanto, deve haver a comunicação à pessoa de que a negativação dos dados do
consumidor ocorrerá, para que seja garantido tanto o contraditório do devedor, quanto a
possibilidade de pagamento da dívida. Além disso, também evita constrangimento nos
posteriores atos da vida civil que o devedor irá praticar, como por exemplo, o evitamento de
uma negação de financiamento de qualquer que seja o bem.
Também é esse o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, pela
Súmula 359, que dispõe: “ Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito à
notificação do devedor antes de proceder à inscrição”. Contraditoriamente, este mesmo órgão
complementou o entendimento, a partir da Súmula 404, que restringe a situação englobada
pela Súmula anterior, e que dispõe “ É dispensável o Aviso de Recebimento na carta de
comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e
cadastros”. Assim, abre-se mão da confirmação da ciência do consumidor da inscrição de seu
nome nesses tipos de sistema de restrição de crédito, situação essa que abre margem para o
cometimento de abusos por parte do devedor, tal como o envio de notificações de inscrição
para endereço diverso, tornando-a ineficaz.
Apesar de tal complementação, exige-se, sim, a comunicação prévia do consumidor
sobre a inserção dos seus dados em cadastros negativos, com lastro nos dispositivos já
referidos. No que se refere aos possíveis abusos para os quais abriu-se margem a Súmula 404
do STJ, a sua Terceira Turma obteve unanimidade no julgamento do REsp 1.620.394-SP, com
o Ministro relator Paulo de Tarso Sanseverino, em 15 de dezembro de 2017, com o
entendimento de que
“É passível de gerar responsabilização civil a atuação do órgão mantenedor de
cadastro de proteção ao crédito que, a despeito da prévia comunicação do
consumidor solicitando que futuras notificações fossem remetidas ao endereço por
ele indicado, envia a notificação de inscrição para endereço diverso.”​25

Então, apesar do entendimento de que a comunicação prévia ao consumidor pelos


órgãos mantenedores de cadastro se conclui com o envio de correspondência ao endereço
fornecido pelo credor e de que não há imposição legal de verificação da veracidade das
informações fornecidas por seus associados, há, ainda, a responsabilidade pela atuação
negligente. Assim, não se cria obrigação desproporcional ou impossível, apenas se requer o
respeito aos direitos do consumidor, qual seja, o direito à informação.

2.2. A repetição do indébito exige a comprovação da culpa?

No cotidiano consumerista, os deveres gerais de conduta, além de incidirem sobre as


obrigações firmadas, também sobrevoam as relações de consumo, principalmente no que diz
respeito à proteção da figura do consumidor como parte hipossuficiente desse laço. O Código
de Defesa do Consumidor é cristalizador central desses deveres, visto que podem ser
extraídos, hermeneuticamente, de vários de seus dispositivos, princípios que orientem a
relação consumerista a um sentido de maior harmonia, por exemplo o princípio da boa-fé, o
princípio da segurança do consumidor, o princípio da responsabilidade solidária dos
fornecedores do produto ou do serviço.
É desses princípios que defluem os respectivos deveres gerais de conduta nas relações
jurídicas de consumo, tais como o dever de boa-fé e o dever de realização da função social
das obrigações. Enxerga-se, pela contingência dos comportamentos consumeristas, que
também tais deveres são, de fato, suscetíveis a violações e abusos por ambos pólos da relação
de consumo. A responsabilidade civil, diante disso, também irá incidir nos comportamentos
de consumidores e fornecedores, tal como incide nas relações obrigacionais de direito civil
propriamente dito.
Doutrinariamente, a responsabilidade civil que incide na disciplina consumerista é,
predominantemente, a responsabilidade civil objetiva. Assim, a investigação da conduta do
fornecedor de bens e serviços ou do consumidor não é fator importante para a

25
REsp 1.620.394-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 15/12/2016, DJe
6/2/2017, Terceira Turma.
responsabilização. Por exemplo, um fornecedor de bens e serviços só teria responsabilidade
atribuída a si, se se deu causa ao produto ou serviço estar colocado no mercado de consumo,
ignorando a existência de culpa para a reparação dos danos causados aos consumidores ou
inadequação do bem fornecido e posto em circulação.
Destaca-se, quebrando essa perspectiva, a conduta abusiva do fornecedor que cobra
seu crédito indevidamente perante o consumidor, parte hipossuficiente da relação jurídica
formada. Já dispõe, nesse sentido, o artigo 940 do Código Civil de 2002, sobre o excesso de
pedido por parte do fornecedor26, que
“Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a
pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o
equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.”

Em adição, na Seção V, que dispõe sobre cobrança de dívidas, o Código de Defesa do


Consumidor em seu artigo 42, traz sanção civil para o fornecedor de serviços ou produtos que
cobrar dívida em valor maior que o real27. Dispõe-se que:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a


ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição


do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

De acordo com Antônio Herman V. Benjamin (2013, p. 299), a pena rege-se por três
pressupostos objetivos e um subjetivo. No aspecto objetivo, a cobrança deve ser extrajudicial,
além de dever ser caso de cobrança de dívida de origem de consumo, haja visto que o CDC
aplica-se apenas no âmbito das relações consumeristas.. Já no plano subjetivo, tem-se que não
deve ser um engano justificável, que não decorre de dolo ou culpa, pois a cautela foi exercida.
Ou seja, tanto a má-fé, quanto a culpa dão ensejo à repetição do indébito, de forma a seguir a
linha da responsabilidade subjetiva a ser imputada ao fornecedor. Isso tudo de forma que a
cobrança de dívida, direta ou indireta, fora da atuação judicial, abre margem para a sanção
civil da multa em dobro, desde que o consumidor tenha, efetivamente, pago indevidamente.

26
MARQUES, CLAUDIA LIMA; BENJAMIN, Antonio Herman V; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de
Direito do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 299.
27
Idem.
Nesse sentido, o STJ entende, conforme seus julgados que a repetição do indébito ao
consumidor depende da comprovação de má-fé ou culpa por parte do fornecedor, ou seja,
requer-se o afastamento da hipótese de engano justificável para que seja realizado. Salienta-se
também que é da iniciativa do fornecedor o ônus de comprovar que não houve culpa por parte
de seus atos. Exemplo dado por Benjamin (2013, p. 302) de engano não justificável são casos
de cobranças por computador, de modo que “a automação de cobranças não pode levar o
consumidor à sofrer prejuízos”. Dessa forma, erros correlatos ao manuseio pessoal do
computador são imputáveis ao fornecedor, pois cabe a ele conferir todas as suas cobranças
(BENJAMIN, 2013, p. 302).

Não diferentemente segue esse entendimento o Superior Tribunal de Justiça, conforme


seguinte julgado confirmando a necessidade de comprovação de culpa para a repetição do
indébito:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. FUNDAMENTOS NÃO


ATACADOS. SÚMULA 182/STJ. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.
COBRANÇA INDEVIDA. CULPA DA CONCESSIONÁRIA. DEVOLUÇÃO EM
DOBRO. ART. 42 DO CDC. PRESCRIÇÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
REGIME JURÍDICO APLICÁVEL. PRAZOS GERAIS DO CÓDIGO CIVIL.
ENTENDIMENTO FIXADO SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. SÚMULA
412/STJ.
1. Não se conhece de Agravo Regimental na parte que deixa de impugnar
especificamente fundamentação de decisum atacado (aplicação da Súmula 211/STJ e
inadmissibilidade de Recurso Especial baseado em violação de Resolução).
Incidência da Súmula 182/STJ.
2. O STJ firmou o entendimento de que basta a configuração de culpa para o
cabimento da devolução em dobro dos valores pagos indevidamente pelo
consumidor na cobrança indevida de serviços públicos concedidos. Nesse
sentido: AgRg no AREsp 143.622/RJ, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJe 26.6.2012; AgRg no Ag 1.417.605/RJ, Rel. Ministro
Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 2.2.2012; AgRg no Resp
1.117.014/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
19.2.2010; e REsp 1.085.947/SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira
Turma, DJe 12.11.2008.
3. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.113.403/RJ, da relatoria do Ministro
Teori Albino Zavascki (DJe 15.9.2009), sob o regime dos recursos repetitivos (art.
543-C do CPC e Resolução 8/2008/STJ), firmou o entendimento de que a Ação de
Repetição de Indébito de tarifas de água e esgoto submete-se ao prazo prescricional
estabelecido no Código Civil. Sendo assim, a prescrição é regida pelas normas de
Direito Civil: prazo de 20 anos nos termos do CC/1916, ou de 10 anos consoante o
CC/2002, observando-se a regra de transição prevista no art. 2.028 do CC/2002.
4. "A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo
eprescricional estabelecido no Código Civil" (Súmula 412/STJ).
5. Tal posicionamento se aplica à presente hipótese - fornecimento de energia
elétrica -, pois também se refere à pretensão de consumidor de Repetição de Indébito
relativo a serviço público concedido. Na mesma linha: AgRg no AREsp 194.807/RS,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 24.9.2012. 6. Agravo
Regimental conhecido em parte e, nessa parte, não provido.
(AgRg no AREsp 262.232/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma,
DJe 7/3/2013)

Confirma tal julgado, conforme sua Ementa, o entendimento de configuração de culpa


para o cabimento da repetição do indébito, concomitante ao citar julgados com mesmo
entendimento no 2º ponto da referida Ementa.

TERCEIRA PARTE - Teorias do direito consumerista


3.1. ​Os testemunhais do teaser sob a ótica da disciplina consumerista

O conceito de propaganda e publicidade está conectado diretamente com a transmissão


de mensagens voltadas para um público com o objetivo de passar ideias, vender produtos e as
mais diversas formas de pensamento que o propagador queira transmitir. Da mesma forma
que qualquer área que está conectada diretamente com a sociedade, a publicidade é
extremamente complexa e por isso precisa de um nível mínimo de ordenamento para que seja
viável e salutar a relação com o público.28
No Brasil, o chamado Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária(CONAR)
é o órgão que é responsável por regular as normas publicitárias e as propagandas nos seus
mais diversos tipos. No âmbito normativo tem-se o Código Brasileiro de
Autorregulamentação Publicitária, que de uma forma geral rege as normas relacionadas à
propagandas.
Dentro dos diversos tipos de propaganda há a chamada propaganda testemunhal que
de acordo com o disposto no anexo Q do código do CONAR29 está definido como:
“Testemunhal é o depoimento, endosso ou atestado através do qual pessoal ou entidade
diferente do Anunciante exprime opinião, ou reflete observação e experiência própria a
respeito de um produto”. De forma mais direta, a propaganda testemunhal é aquela que se
utiliza de um tipo de agente de fala, que tem, ou aparenta ter, propriedade para transmitir a
ideia da propaganda. Esse tipo de propaganda é regida pela propriedade de fala do depoente e
tem como objetivo trazer veracidade e confiabilidade na publicidade transmitida.

28
​OLIVEIRA, Marcio. Propaganda testemunhal, mais presente do que se imagina. Disponível em:
<https://storage.googleapis.com/adm-portal.appspot.com/_assets/modules/academicos/academico_1455_190226
_192720.pdf?mtime=20190226162716<
29
​CONAR. Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária. Disponível em: http://www.conar.org.br.
Retomando os termos do código do CONAR, o §9º do artigo 27 em seu Capítulo II,
seção 5, define os princípios que norteiam os testemunhais:
a. O anúncio abrigará apenas depoimentos personalizados e genuínos, ligados à
experiência passada ou presente de quem presta o depoimento, ou daquele a quem
o depoente personificar;
b. O testemunho utilizado deve ser sempre comprovável;
c. Quando se usam modelos sem personalização, permite-se o depoimento como
"licença publicitária" que, em nenhuma hipótese, se procurará confundir com um
testemunhal;
d. O uso de modelos trajados com uniformes, fardas ou vestimentas características de
uma profissão não deverá induzir o Consumidor a erro e será sempre limitado
pelas normas éticas da profissão retratada;
e. O uso de sósias depende de autorização da pessoa retratada ou imitada e não
deverá induzir a confusão.
Ainda de acordo com o código regulamentar do CONAR, há quatro classificações para
a propaganda testemunhal: testemunhal de perito, testemunhal de pessoa famosa, testemunhal
de pessoal comum e atestado. Esses diferentes tipos de classificações de testemunhal têm
diferentes definições, no entanto todos seguem os princípios elencados acima.
Ao se conectar os elementos determinados pelo código do CONAR juntamente com os
casos reais de propaganda testemunhal, percebe-se que esse tipo de anúncio é baseado
principalmente na retórica da testemunha usada. É uma forma de garantir que o anúncio
transmitido esteja alicerçado em um tipo de veracidade garantida pelo depoente e que por esse
motivo é preciso seguir os princípios definidos pelo §9º do artigo 27 do CONAR.
Além dos testemunhais e dos outros tipos de propagandas usados atualmente, uma das
formas mais comuns é o chamado ​teaser. O §2º do artigo 9º do CONAR define o ​teaser como
“a mensagem que visa a criar expectativa ou curiosidade no público, poderá prescindir da
identificação do anunciante, do produto ou do serviço”. Esse tipo de propaganda é muito visto
na indústria cinematográfica antes dos lançamentos de filmes, pois transmite uma tensão
baseada justamente na surpresa gerada pela ​teaser.
Comparativamente com o testemunhal,30 que se baseia no depoente para transmitir a
ideia, o ​teaser está baseado na surpresa, na revelação posterior juntamente com a expectativa
gerada para o sucesso do comercial. É importante deixar claro que mesmo que o ​teaser31 seja
feito para provocar e deixar o consumidor de certa forma curioso com o produto anunciado,
pelo direito básico que rege o direito consumerista o anunciante deve deixar claro aquilo que
está anunciando como é dito pelo Art. 3º, III do Código de Defesa do Consumidor.
Por fim, nota-se que a principal diferença entre a propaganda testemunhal e o ​teaser ​é
a forma de transmissão de sua ideia, enquanto que a primeira se baseia no depoente, a
segunda se baseia na surpresa. Com o aumento da complexidade do marketing, é possível ter
essas duas formas de propaganda juntas em só comercial, mas de uma forma geral continuam
sendo distintas. Além disso, é conveniente ressaltar que as mais diversas formas de
propagandas devem sempre seguir os princípios fundamentais da relação consumerista.

3.2 ​A teoria da qualidade e a teoria da transparência no direito consumerista

A relação consumerista é baseada na troca mútua entre o consumidor e entre aquele


que fornece o produto ou serviço. Por isso, é fundamental ter certos princípios que garantam
que essa relação seja protegida e executada da melhor forma possível para ambos os lados e
ainda mais para o consumidor.
Dentre os fatores de proteção que fornece ao consumidor a garantia de um bom
produto tem-se a chamada Teoria da Qualidade32. Dividindo a proteção ao consumidor em
duas áreas na qual a primeira seria uma proteção voltada para o fator econômico, relacionada
aos chamados incidentes de consumo e segunda área seria relacionada com a proteção do
aspecto físico e psicológico do consumidor, conectada com os chamados acidentes de
consumo.
Com base nisso, é preciso perceber que o Código de Defesa do Consumidor traz um
fator de garantia de qualidade para o consumidor sendo isso a semente basilar da Teoria da
Qualidade. Essa teoria está elencada no item d, do inciso II do Artigo 4º, juntamente com o

30
BUCHFINK, Lígia Gabriela. Propaganda testemunhal: mais presente do que se imagina. Monografia
(Bacharelado em Publicidade e Propaganda), Universidade Rio Vale dos Sinos, 2006
31
​GUGLINSKI, Vitor. Curiosidades sobre Direito do Consumidor: você sabe o que é "teaser"?. Disponível em:
<https://vitorgug.jusbrasil.com.br/artigos/451670611/curiosidades-sobre-direito-do-consumidor-voce-sabe-o-que
-e-teaser>
32
​ROCHA, Amélia. Teoria da qualidade. Disponível em:< https://www.tjce.jus.br/noticias/teoria-da-qualidade/>
inciso I do Artigo 6º do CDC que diz o seguinte: “Art. 6º - São direitos básicos do
consumidor:  I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”.
Com isso, é possível perceber que a Teoria da Qualidade está atrelada à
responsabilidade que o fornecedor do produto deve ter com o consumidor. Por isso, o
fornecedor tem a obrigação, caso haja algum tipo de erro no produto entregue, de ser
responsabilizado por esse fato.
Outro fator primordial na garantia da boa relação consumerista é a transparência33.
Esse fator está ligado primeiramente com o direito do consumidor em saber aquilo que está
recebendo de forma clara, com todas as informações possíveis e é indispensável para que a
qualidade do produto seja garantida de forma satisfatória.
No CDC essa Teoria da Transparência está fundamentada no inciso III do Artigo 6º
que define os direitos básicos do consumidor:
“a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”.

O fator de transparência está intimamente atrelado ao direito à informação que todo o


consumidor tem, garantindo assim a consciência direta daquilo que é fornecido.
A transparência das relações de consumo vai além do produto fornecido e abrange
também o contrato e até mesmo o pós-contrato, como uma forma de garantir que os serviços
acordados serão feitos de forma apropriada. A Constituição Federal já previa o direito à
informação, mas só abrangia as pessoas de direito público, dessa forma, o Código de Defesa
do Consumidor trouxe a garantia de transparência para uma área maior do aspecto social.
Seja através da qualidade ou da transparência percebe-se a defesa que o Código do
Consumidor faz perante os consumidores, de forma a garantir a otimização e segurança das
relações consumeristas. Assim sendo, esses dois princípio34s, apesar de suas distinções,
fortalece os consumidores e tenta acabar com a fragilidade das relações de consumo.

33
​PALUDO, Daniela Maria. Princípios adotados pelo Código de Defesa do Consumidor. Disponível
em:<​https://www.univates.br/media/graduacao/direito/PRINCIPIOS_ADOTADOS_PELO_CODIGO_DO_CON
SUMIDOR.pdf​>
34
THOMAZINI, Ana Paula Nickel. ​O Princípio da Transparência nas relações de consumo​. Boletim
Jurídico, Uberaba/MG, a. 4, no 181. Disponível em: <https://www.boletimjuridico.com.br/
doutrina/artigo/1332/o-principio-transparencia-nas-relacoes-consumo>
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVIM, Eduardo Arruda P. Responsabilidade Civil pelo fato do produto no Código de
Defesa do Consumidor. ​Revista de Direito do Consumidor. vol. 15/1995. p. 132-150.
jul-set. 1995. DTR\1995\567.

BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcellos e. ​Comentários ao Código de Proteção ao


Consumidor​. São Paulo: Saraiva : 1991

BRASIL. Ministério da Saúde. ​Talidomida: orientação para o uso controlado​. Brasília:


Ministério da Saúde, 2014.

BUCHFINK, Lígia Gabriela. Propaganda testemunhal: mais presente do que se imagina.


Monografia (Bacharelado em Publicidade e Propaganda), Universidade Rio Vale dos Sinos,
2006

CARVALHO, Renato Neiva. ​O risco de desenvolvimento na relação de consumo.


Monografia (Bacharelado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade de Brasília.
Brasília, 2011.

CONAR. ​Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária​. Disponível em:<


http://www.conar.org.br.>

“Eternit, alleggerita accusa a Schmidheiny: “Omicidio colposo, non volontario​”. E torna


il fantasma della prescrizione”, por Andrea Giambartolomei em Il Fatto Quotidiano. Nov
2016. Disponível em:
<https://www.ilfattoquotidiano.it/2016/11/29/eternit-alleggerita-accusa-schmidheiny-omicidio
-colposo-non-volontario-e-torna-il-fantasma-della-prescrizione/3225061/?_gl=1*tarqr5*_ga*
YW1wLUJoWnpydGxqMmltV0FjSEJ6b19tcVNYWVJ4TzVVOHZqR1lIN2g4Z3JyMVo4R
XExcFVHbjlYanhDYTN3YllGZEY>;

“Eternit bis, condanna: 4 anni per omicidio colposo a Stephan Schmidheiny. Il pm:
“Giurisprudenza più attenta alle vittime”​ por F.Q em Il Fatto Quotidiano.. Maio 2019.
Disponível em:
<https://www.ilfattoquotidiano.it/2016/11/29/eternit-alleggerita-accusa-schmidheiny-omicidio
-colposo-non-volontario-e-torna-il-fantasma-della-prescrizione/3225061/?_gl=1*tarqr5*_ga*
YW1wLUJoWnpydGxqMmltV0FjSEJ6b19tcVNYWVJ4TzVVOHZqR1lIN2g4Z3JyMVo4R
XExcFVHbjlYanhDYTN3YllGZEY>

GUGLINSKI, Vitor. ​Curiosidades sobre Direito do Consumidor: você sabe o que é


"teaser"?​. Disponível em:
<https://vitorgug.jusbrasil.com.br/artigos/451670611/curiosidades-sobre-direito-do-consumid
or-voce-sabe-o-que-e-teaser>

KLEE, Antonia Espíndola Longoni. ​Risco de desenvolvimento: estudo comparado entre o


direito do consumidor brasileiro e o direito norte-americano. Monografia (Bacharelado
em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2003.
MARQUES, CLAUDIA LIMA; BENJAMIN, Antonio Herman V; BESSA, Leonardo
Roscoe. ​Manual de Direito do Consumidor.​ São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013

“Na Itália, Justiça condena “magnata suíço do amianto” à prisão”​, por Conceição Lemes
em Vio Mundo. Maio 2019. Disponível
em:<https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/na-italia-justica-condena-magnata-suico-do
-amianto-a-prisao.html>

NERY JÚNIOR, Nelson. Da Proteção Contratual. ​Código Brasileiro de Defesa do


Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. Ada Pellegrini Grinover [et ali.]. - 12
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OLIVEIRA, Marcio. ​Propaganda testemunhal, mais presente do que se imagina​.


Disponível em:
<​https://storage.googleapis.com/adm-portal.appspot.com/_assets/modules/academicos/acade
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PALUDO, Daniela Maria. ​Princípios adotados pelo Código de Defesa do Consumido​r.


Disponível
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