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11-03-2013

 Optometria e Ciências da Visão – Contactologia

1º Ciclo de Estudos em
Optometria e Ciências da Visão
Contactologia

Materiais para Lentes de Contacto

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PROPRIEDADES REQUERIDAS PARA OS MATERIAIS

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PROPRIEDADES REQUERIDAS PARA OS MATERIAIS

• As propriedades requeridas para os materiais de lentes de contacto são:

• Ópticas
• Transparência - é uma propriedade fundamental nas lentes de contacto. Podem
incorporar pigmentos, corantes ou grupos moleculares para filtrar radiação, mas a
transparência na zona do vísivel deverá ser garantida.
• Índice de refração - é outro parâmetro importante que poderá limitar o desenho da
lente de contacto. Valores reduzidos implicam lentes mais curvas o que poderá
afectar a espessura da lente e a adaptação da mesma sobre a superfície corneal.
• Biocompatibilidade
• Esta característica está relacionada com a necessidade dos polímeros serem inertes
com os tecidos oculares, assim como o seu comportamento não variar com as
condições da superfície ocular (osmolaridade, temperatura, pH). Estas condições
serão asseguradas se o material apresentar permeabilidade aos gases, afinidade com
a película lacrimal e baixa adesão de depósitos orgânicos.

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PROPRIEDADES REQUERIDAS PARA OS MATERIAIS


• Propriedades mecânicas

• Os materiais devem apresentar propriedades mecânicas que permitam que a


interacção da lente de contacto com a superfície corneal seja o menos traumática
possível, tendo em conta que não devem prejudicar a estabilidade dimensional da
lente (o facto de tornar a lente mais confortável poderá levar a uma alteração de
parâmetros durante a sua utilização). Estas propriedades são: módulo de
elasticidade, resistência à flexão, atrito e estabilidade dimensional.

• Adequação aos processos de fabrico

• Existem materiais para lentes de contacto que apesar de apresentar excelentes


características de biocompatibilidade e excelentes propriedades mecânicas, a sua
utilização como material para lentes de contacto mostram alguma inviabilidade
durante o processo de fabrico

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PROPRIEDADES REQUERIDAS PARA OS MATERIAIS


• Hidrófilia

• Característica importante para o fabrico de lentes hidrófilas. A utilização deste tipo


de materiais permite aumentar o conforto na utilização de lentes de contacto,
devido sobretudo, por um lado à capacidade de aborverem o fluído lacrimal e
consequentemente incharem (embebição) e por outro à capacidade de perderem
água (exsudação). Estas duas características são de vital importância para a
manutenção da hidratação da superfície ocular, estando o sucesso da sua utilização
dependente da resistência do material à desidratação

• Durabilidade

• Esta propriedade está relacionada com a utilização da lente e a deterioração


durante o tempo de utilização estabelecido. Depende sobretudo das propriedades
mecânicas do material e da resistência aos depósitos, que varia com o carácter
iónico, do conteúdo em água e da humectabilidade superficial da lente de contacto.

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MONÓMEROS UTILIZADOS EM LENTES DE CONTACTO

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MONÓMEROS UTILIZADOS EM LENTES DE CONTACTO


• De um modo geral, a estrutura química dos monómeros utilizados nos materiais das lentes
de contacto são constituídos por Carbono (componente principal), Oxigénio, Hidrogénio,
Nitrogénio, Flúor e Silício .

• Os monómeros mais utilizados são:

• Metilmetacrilato (MMA)
• Utilizado no fabrico de lentes de contacto rígidas impermeáveis aos gases. Este
monómero contribui para o aumento da rigidez e estabilidade dimensional quando
introduzido nos polímeros para RGP, apresentando uma elevada resistência
mecânica, excelentes qualidades ópticas e baixa adesão de depósitos.

• Hidroxietilmetacrilato (HEMA)
• Utilizado no fabrico de lentes hidrófilas. A sua forma polímérica (PHEMA) está
presente em quase todas as lentes de contacto. Contém radicais hidroxilos que são
responsáveis pelo grau de hidratação da lente (≈ até 40%)

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MONÓMEROS UTILIZADOS EM LENTES DE CONTACTO


• Fosfatidilcolina (PC)
• Material denominado de biocompatível, uma vez que esta molécula encontra-se na
camada lípidica da lágrima. Possuí uma elevada afinidade com a água o que torna o
monómero bastante permeável ao oxigénio
• Apresenta uma carga neutra o que oferece uma grande resistência à adesão de
depósitos e consequentemente a retardação da desidratação da lente.
• Desta forma, este monómero combina a ausência de ionicidade com um elevado
conteúdo em água.

• Metacrilato de Glicerol (GMA)


• Monómero com elevada hidrófilia, devido à presença de radicais hidroxilos(-OH).
• A sua utilização proporciona uma lente com elevada permeabilidade uma vez que
esta está associada à hidratação do material.
• Além de aumentar a capacidade de hidratação, faz aumentar a humectabilidade da
lente de contacto sem as tornar iónicas

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MONÓMEROS UTILIZADOS EM LENTES DE CONTACTO


• Ácido Metacrílico (MA)
• Monómero com elevada hidrófilia, devido à presença de radicais carboxilos (-
COOH) e que permite aumentar a humectabilidade. Perante o pH da lágrima, este
monómero comporta-se como um ião negativo, atraíndo água para o polímero.
• No entanto, a presença excessiva deste monómero na cadeia polimérica traduz-se
num incremento de ionicidade. Como consequência directa é o aumento
significativo na aderância de depósitos (proteínas- grupo IV da FDA).

• N-Vinilpirrolidona(NVP)
• Monómero igualmente com elevada hidrófilia, permitindo um incremento na
hidratação entre os 50 a 80%.
• Confere um carácter iónico à lente de contacto, levando a uma aumento na adesão
de depósitos (cálcio, lípidos). (lípidos – grupo II da FDA)
• A presença de NVP poderá aumentar a deterioração dos materiais e a uma
desidratação durante o uso, alterando os seus parâmetros.
• A forma polimérica (PVP) faz aumentar a hidratação da lente com a vantagem de
diminuir a incidência de depósitos (lípidos) quando comparada com a NVP.
• O álcool polivínico (PVA), quando utilizado permite aumentar a humectabilidade
superficial da lente de contacto.

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MONÓMEROS UTILIZADOS EM LENTES DE CONTACTO


• Dimetacrilato de Etilenoglicol (DMAEG)
• Monómero não iónico utilizado para entrelaçar as longas cadeias poliméricas,
conferindo estabilidade e consistência.
• Juntamente com outros radicais hidrófobos limita a capacidade de hidratação de
uma lente de contacto.

•Trimetilsiloxano (TRIS)
• Monómero hidrofóbico é utilizado como radiacal durante a polimerização do
metilmetacrilato (MMA). Devido ao seu volume, permite criar espaços na malha
polimérica facilitando a passagem dos gases.
• O aumento da difusão através do material, conduz a um aumento da sua
permeabilidade.
• A flexibilidade da lente de contacto aumenta devido à presença de átomos de silício
e oxigénio (-Si-O-Si-), contribuindo para um aumento da permeabilidade por
rotação da estrutura molecular.
• De salientar que a presença destes radicais intercalados entre terminais
hidrófilicos, formam a parte hidrófobica das lentes de silicone-hidrogel

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MONÓMEROS UTILIZADOS EM LENTES DE CONTACTO


• Polidimetilsiloxano(PDMSI)
• Monómero utilizado em materiais RGP. O facto de ser hidrofóbico e apresentar
uma elevada tendência para a adesão de depósitos (lípidos) levam a que este
monómero seja menos utilizado no fabrico de lentes de contacto.
• No entanto, uma proporção limitada faz parte das lentes de silicone- hidrogel

• Monómeros Fluorados
• Utilizado juntamente com o trimetilsiloxano (TRIS) no fabrico de lentes RGP,
• Monómero parcialmente hidrofóbico que permite aumentar a permeabilidade aos
gases sem diminuir a rigidez, compensando a perda de dureza introduzida pelo
siloxano.
•Devido à sua hidrofobia permite diminuir a afinidade superficial por depósitos
orgânicos.

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Índice de Refracção
• Este parâmetro condiciona a curvatura da lente e a sua espessura
• Está condicionado pela quantidade de MMA (material com maior índice de refracção),
•A inclusão de radicais volumosos (siloxanos e monómeros fluorados) para aumentar a
permeabilidade aos gases, conduz a uma diminuição da densidade do material
(diminuição de MMA) levando a uma diminuição do índice de refracção.
• Desta forma, o índice de refração está relacionado com a permeabilidade aos gases e
com a resistência mecânica das lentes RGP.

• Nas lentes hidrófilas o índice de refracção está relacionado com o grau de hidratação da
lente, sendo este menor quanto maior for o conteúdo em água.

• Gravidade específica ou densidade


• Define-se como o peso ou a massa de uma substância quando comparada com o volume
equivalente de outra substância. De um modo directo, esta propriedade influência o
peso final da lente (sobretudo em lentes de elevada potência), sendo responsável pelo
conforto, mobilidade e centragem da lente de contacto.

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Espessura
• As variações de espessura (em função da potência) condicionam os seguintes
parâmetros:
• Transmissibilidade aos gases – uma vez que esta é função da permeabilidade e da
espessura. Quanto maior a espessura menor será a transmissibilidade. Naturalmente
o conhecimento da espessura em cada ponto da lente conduz a diferentes valores de
transmissibilidade do que aqueles referidos pelos fabricantes.
• Estabilidade dimensional – quanto menor for a espessura maior será o risco de
flexão, distorção e instabilidade visual (por ausência de compensação de
astigmatismos baixos e/ou indução de astigmatismo)
• Conforto – uma espessura reduzida permite aumentar o conforto.
• Manuseamento – quanto menor a espessura maior a dificuldade de manuseamento.
• Desidratação – quanto menor a espessura maior a velocidade de desidratação
devido a uma passagem mais rápida da lágrima entre a superfície posterior e a
anterior onde se evapora.

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Permeabilidade,Transmissibilidade aos Gases e Percentagem de Oxigénio Equivalente

• O fluxo de um gás que passa por uma substância é dada pela lei de difusão de Fick:

J = (Dk/t) (P2 – P1) em que

•J representa o fluxo de gás à temperatura e pressão de 0º e 1 atm


•D representa o coeficiente de difusão do gás no material (cmLC2/s) . Indica a
velocidade com as moléculas de um gás se movimentam dentro do material.
• k representa o coeficiente de solubilidade do gás no material (mlgas/mlLC.mmHg).
Descreve a facilidade com que um gás se dissolve no material. (depende fortemente da
temperetura).
• t representa a espessura do material
• (P2 - P1) a diferença de pressão do gás entre as duas faces do material.

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Considerando o gás o oxigénio (por razões óbvias), a quantidade Dk representa o


coeficiente de permeabilidade ao oxigénio de um dado material, sendo expresso em:

x10-11 (cmLC2 ml02/s mlLC mmHg)


x10-11 (cmLc cm3 02 /s cmLC2 mmHg) = barrer

• O quociente entre a permeabilidade e a espessura da lente representa o coeficiente de


transmissibilidade ao oxigénio (Dk/e), sendo expresso por:

x10-9 (cmLC2 ml02/s mlLC mmHg)

x10-9 ( cm3 02 /s cmLC2 mmHg) = barrer/cm

• A permeabilidade é uma característica inerente a cada material e independente da forma


e da espessura da lente de contacto.

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Apesar das alterações fisiológicas induzidas por lentes de contacto (edema) serem
proporcional à quantidade de oxigénio, a reacção da córnea não depende linearmente da
transmissibilidade de uma lente de contacto. Isto significa que para obter diferenças
significativas na resposta corneal é necessário grandes variações na transmissibilidade de
uma lente de contacto.

•A percentagem de oxigénio que chega à superfície ocular durante a utilização de lentes


de contacto depende directamente do valor da transmissibilidade. Nestas condições este
parâmetro estima a percentagem de oxigénio que se deve disponibilizar à córnea para
provocar um efeito metabólico igual ao que provoca uma determinada lente de contacto.
• Uma vez que a transmissibilidade não varia linearmente com a resposta fisiológica
induzida, a percentagem de oxigénio apresenta uma variação logaritmica quando se utiliza
uma lente de contacto.

POE = 14.139 x log10 (Dk/t) – 8.96

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Imbibição e Hidratação (conteúdo aquoso)

• A imbibição é a capacidade do material para observer líquido, mantendo-o no interior


da sua matriz e inchar. Esta propriedade é proporcional à humectabilidade, em que a
absorção do líquido depende da proporcão em que se encontra os grupos hidrófilicos em
relação aos hidrófobos.

• A hidratação é o processo de obtenção de um composto químico mediante a ligação de


moléculas de água com as moléculas dos monómeros que formam a estrutura do
polímero. Este processo não se deve confundir com a absorção em que a água passa
simplesmente pelos poros da estrutura absorvente.

• Estas propriedades são exclusivas das lentes hidrófilas (apesar das lentes RGP poderem
absorver água mas em pequenas quantidades).

• As lentes hidrófilas são actualmente classificadas, segundo o grau de hidratação, como


lentes de baixo (<50%) e alto conteúdo em água (>50%)

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS


• Além de conhecer o grau de hidratação de uma lente deve-se ter em conta a taxa de
desidratação, uma vez que a desidratação de uma lente de contacto implica um aumento
considerável de depósitos, redução da mobilidade por alteração dos parâmetros (curvas
mais fechadas) levando a uma estagnação lacrimal e consequentemente diminuição do
conforto
• A hidratação de uma lente de contacto afecta os seguintes parâmetros:
• Permeabilidade ao 02 – é tanto maior quanto maior for o grau de hidratação
(apenas para lentes convencionais), aumentando de forma exponencial com o
conteúdo em água. Nas actuais lentes hidrófilas quanto menor for o conteúdo em
água e maior a proporção de silixanos na estrutura polimérica, maior será a
permeabilidade.
• Índice de refracção – este parâmetro diminui com o aumento da hidratação devido
ao facto de a água ter um índice de refracção menor.
• Estabilidade dimensional, rigidez e durabilidade (resistência) – estes parâmetros
serão tanto menores quanto maior for o conteúdo em água, uma vez que uma lente
de alta hidrófilia é mais mole e frágil tornando-se menos resistente à ruptura e mais
vunerável ao longo do tempo de utilização.

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS


• Aderência de depósitos – quanto maior for a hidratação da lente maior será a
afinidade pelos depósitos orgânicos (lípidos e proteínas) acelerando a deterioração
da lente.
• Espessura central – o aumento do conteúdo em água implica uma diminuição do
índice de refracção e rigidez da lente, pelo que esta para manter uma certa
estabilidade dimensional deverá ser apresentar uma maior espessura.
• Desidratação – um maior conteúdo em água associado a uma espessura reduzida
aumenta a taxa de desidratação favorecendo a aderência de depósitos.
• Factor de expansão – após o fabrico da lente em estado seco quanto maior a
hidratação, maior o grau de expansão, afectando os parâmetros físicos finais da lente.
• Sistema de limpeza – uma elevada hidrófilia implica uma maior absorção de uma
maior quantidade de productos de limpeza podendo provocar reacções de
sensibilidade.
• Manuseamento – um maior conteúdo em água diminui a estabilidade dimensional
da lente o que dificulta o manuseamento da lente de contacto.

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Humectabilidade (humectação)
• Este parâmetro está condicionado pela superfície anterior da lente de contacto e pelas
características do filme lacrimal, dependendo ainda do mecanismo de pestanejo.
• Afectada pelas diferenças entre as tensões superficiais do filme lacrimal e da lente de
contacto, a humectabilidade será maior quando a tensão superficial do líquido for menor
que a tensão superficial do sólido.
• HEMA e CAB – humectabilidade total
• PMMA – humectabilidade parcial
• Silicone – humectabiliade nula
• Superfícies de elevada afinidade com a lágrima poderão apresentar tensões superficiais
baixas devido à presenta de depósitos, assim como uma fraca estabilidade lacrimal tem
como consequência um aumento da hidrofobia do material mesmo que este seja
hidrofílico.
• Este aspecto resulta da rotação dos grupos hidrofóbicos superficiais para o exterior
quando expostos ao ar (mais hidrofóbico) reduzindo a tensão superficial da lente de
contacto. No entanto, maior hidrófila menor a humectabilidade (hidrófilicos no interior).

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS


• Para aumentar a tensão superficial de um polímero melhorando a sua humectabilidade,
recorre-se frequentemente a monómeros hidrofílicos (metacrilato de glicerol – GMA e
ácido metacrílico – MA), a tensoactivos ou a plasma (sobretudo em materiais que
contenham silixanos)

• A humectabilidade é determinada através do ângulo de contacto formado pela superfície


da lente e a tangente a uma gota de líquido ou de gás depositado sobre a lente de
contacto.

•Assim quanto maior for o ângulo de contacto ou de humectação menor será a capacidade
de humectação da superfície da lentes de contacto e vice-versa.

• A humectabilidade depende dos seguintes factores:

• Humectabilidade inerente do polímero


• Qualidade da superfície (polimento final)
• Qualidade do filme lacrimal
• Interação entre o polímero e as lágrimas

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Ionicidade(carácter iónico)
• Os materiais utilizados nas lentes de contacto possuem grupos polares de carga
negativa. No entanto, estes diferem pela orientação que as moléculas apresentam no
imterior do polímero. Quando os grupos polares estão orientados para a superfície da
lente de contacto esta torna-se iónica, e quando estão orientados para o interior a lente
tem características não-iónicas (carga superficial neutra).
• Um elevado grau de ionicidade de uma lente de contacto (materiais aniónicos-carga
negativa) representa por um lado a vantagem de favorecer a hidrófilia e a humectabilidade
(devido à presença de radicais hidroxilo e carboxilo) e consequentemente o conforto,
mas por outro lado tem a desvantagem de aumentar a incidência de depósitos (cálcio e
lisozima)
• As lentes iónicas são igualmente sensíveis as alterações de pH, o que de certo modo
influência a hidratação do material. Um aumento do pH lacrimal conduz a um aumento
da hidratação, enquanto uma diminuição traduz-se numa diminuição do raio de curvatura
da lente devido a efeito de desidratação. Este efeito de desidratação conduz igualmente a
uma estagnação lacrimal e aderência da lente sobre a superfície ocular.

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Condutividade térmica
• Representa a capacidade de transmissão (dissipar) do calor da superfície ocular para a
atmosfera, evitando o aumento da temperatura corneal.
• A não renovação lacrimal poderá induzir a um efeito de estufa, aumentando a
temperatura ao nível do epitélio (membrana basal). Este aumento de temperatura traduz-
se num incremento da quantidade de oxigénio exigido pela córnea para um correcto
metabolismo corneal.
• Este parâmetro está de certa forma ligado ao valor da permeabilidade ao oxigénio dos
materiais utilizados.
• Permeabilidade hidráulica e iónica
• Propriedade exclusiva das lentes hidrófilas e está relacionada com a troca de água e de
iões entre a superfície anterior e posterior da lente de contacto.
• Esta propriedade apresenta uma relação linear com o conteúdo em água, sendo maior
quanto maior a hidrófilia da lente.
• De elevada importância no que diz respeito a implicações fisiológicas, uma
permeabilidade reduzida poderá traduzir-se num menor movimento da lente num
aumento do atrito (Si-Hi) e maior resistência ao movimento

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

• Propriedades mecânicas
• As principais propriedades mecânicas são a elasticidade, a resistência à ruptura, força de
atrito, dureza, e estabilidade dimensional.
• A elasticidade depende da interacção mecância entre a lente e a superfície ocular
traduzindo-se num maior ou menor conforto e integridade dos tecidos. Deste modo,
uma lente o módulo de elasticidade deverá ser o mais baixo possível.
• A resistência à ruptura depende da manipulação da lente de contacto., o que implica que
esta deverá ser elevada para evitar que a lente parta quando manuseada durante os
procedimentos de colocação, extração e limpeza.
• A força de atrito relaciona a superfície da lente de contacto com a superfície interna da
pálpebra e com a superfície ocular. Esta deverá ser baixa e é tanto maior quanto menor
for o conteúdo aquoso de uma lente de contacto, e quanto maior for a proporção de
siloxano nas lentes (RGP Hidrófilas e SI-HI).

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS


• A dureza define-se como a resistência à deformação ou à quebra superficial. Esta é baixa
em lentes de alta hidrófilia, o que faz com que se quebre facilmente por estiramento
excessivo. Uma lente com elevada dureza terá menos tendência para a flexão o que
aumeta a estabilidade visal (astigmatismos). No entanto, uma dureza excessiva torna a
lente de contacto mais frágil dado que diminui a sua flexibilidade.
• A estabilidade dimensional traduz a capacidade de uma lente de contacto em manter
constante os seus parâmetros originais (ópticos e morfológicos) em condições de
utilização e manuseamento. Esta proriedade depende principalmente do pH, da
temperatura e da hidratação (sobretudo nas lentes hidrófilas).

• No caso de lentes RGP a estabilidade dimensional é maior que no caso de lentes


hidrófilas. No entanto, uma estabilidade dimensional baixa poderá traduzir em flexões
(sobretudo em córneas tóricas-astigmatismo induzido), distorções e modificaçãoes das
curvaturas originais.

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COPOLÍMEROS PARA RGP

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COPOLÍMEROS PARA RGP

• O componente essencial nas lentes RGP é o siloxano. Este caracteiza-se por ser mole,
hidrofóbico, flexível e permeável aos gases.
•Devido às desvantagens inerentes do siloxano, nas lentes RGP são incluídos materiais como:
•MMA (que aumenta a dureza e o índice de refracção),
•Ácido metacrílico(MA), ou
•N-vinilpirrolidona (NVP) ou para aumentar a humectabilidade
•HEMA
•Dimetacrilato de etilenoglicerol (DMAEG) para aumentar a estabilidade dimensional
(agentes de ligação).

• Actualmente, a lentes de contacto são constituídas por silicone-acrilato (SA) e por flúor
silicone-acrilato (FSA)

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COPOLÍMEROS PARA RGP


• Acrilatos de Silicone (SA)
• Denominados também por metacrilato de alquilsiloxano, resultam da copolimerização
do PMMA (para aumentar a estabilidade dimensional) com derivados de siloxanos.
•É caracterizado por ligações siloxanas (Si - O - Si), bastante flexíveis que permitem a
migração de oxigénio através do material, apresentando um alto DK e maior flexibilidade.
• A sua superfície é bastante hidrófoba, aumentando a atracção aos depósitos produzindo
desidratação e distorção corneal.
•A utilização de ácido metacrílico proporciona um aumento de humectabilidade superficial
•As cadeias dos monomeros são ligadas por “cross-link” através de dimetacrilato de
etilenoglicol (DMAEG) que fornece estabilidade dimensional ao polímero final.

Vantagens Desvantagens
 DK médios  Maior atracção de depósitos
 Estabilidade dimensional  Menor resistência (flexão)
 Boa humectabilidade  Maior incidência de CPG
 Baixa qualidade óptica

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COPOLÍMEROS PARA RGP


• Flúoracrilatos de Silicone (FSA)
• Também são conhecidos por metacrilato de fluoroalquilo tem como polímero base o
metacrilato de siloxano ao qual se adiciona fluor proporcionando um aumento da
permeabilidade aos gases (100) sem diminuir a estabilidade dimensional.
• A presença de fluor também proporciona uma diminuição da incidência de depósitos,
aumento da flexibilidade (por diminuição da rigidez) diminuição do índice de refracção, e
aumento da fragilidade.
•A utilização de N-vinilpirrolidona proporciona um aumento de humectabilidade da
superfície da lente de contacto.

Vantagens Desvantagens
 Dk altos  Maior flexão
 Menor incidência de depósitos  Adesão corneal
 Baixa incidência de CPG
 Boa humectabilidade

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CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍMEROS PARA RGP

•As lentes RGP são identificadas com vários nomes: nome próprio (Boston), um nome
genérico atribuído ao material (fluorofocon) e o nome químico do polímero usado (TRIS).

• A terminação focon é indicativa de que se trata de uma lente RGP.

• De uma maneira geral a classificação das lentes RGP é realizada em função da sua principal
propriedade: a permeabilidade aos gases

• LC de baixo Dk < 40 barrer


• LC de médio 40<Dk<60 barrer
• LC de alto Dk > 60 barrer

• Sendo a alta permeabilidade um factor importante em lentes RGP, a incorporação de flúor e


siloxano produz uma redução na dureza da lente, que se traduz num aumento do conforto mas
que potencia uma diminuição da estabilidade dimensional induzindo a problemas de flexão em
córnea tóricas ou no seu manuseamento provocando maior deterioração.
• Estas desvantagens são sinónimos de uma maior frequência de substituição nos usuários de
lentes de contacto.

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COPOLÍMEROS PARA HIDRÓFILAS

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COPOLÍMEROS PARA HIDRÓFILAS

• Os materiais das lentes de contacto hidrófilas são fundamentalmente constituídos por


polímeros hidrofílicos (que determinam o nível máximo de hidratação da lente) capazes de
inchar e de reter grandes quantidades de água no estado hidratado.
• A fase polimérica é uma malha tridimensional pela qual se difundem e se dissolvem os gases e
outras substâncias com tamanho igual ou menor que o poro do material. O tamanho do poro
está relacionado com parâmetros como a velocidade de desidratação ou absorção de depósitos
de proteínas.
• Os monómeros mais utilizados nas lentes convencionais são:

• HEMA
• Ácido metacrílico (MA) (grupo IV)
• Metacrilato de glicerol (GMA)
• N-vinil pirrolidona (NVP) (grupo II)

• Além destes monómeros são utilizados outros em menor proporção tais como o metacrilato
de metilo (MMA) ou o dimetacrilato de etilenoglicol (DMAEG).

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COPOLÍMEROS PARA HIDRÓFILAS

• Polimetacrilato de hidroxietilo (PHEMA)

• Este material é obtido por polimerização de HEMA com dimetacrilato de etilenoglicol


(DMAEG), apresentando uma hidrófila de 40% e uma boa humectabilidade superficial.
• Nestes materiais a difusão dos gases é realizada à custa da fase aquosa, fazendo com que
a permeabilidade dependa directamente da hidratação da lente de contacto.
• Possuí radicais hidrófilicos pela utilização de álcoois e carboxilos que contribuem para a
hidratação da lente, enquanto a presença de pontes tendem a limitar o conteúdo aquoso.
•As diferentes combinações permite produzir lentes com diferentes características.
Assim:

• Uma lente de PHEMA puro => 38 % e um Dk de 5 a 9.


• Uma lente de PHEMA com PVP => 45 a 55% e um Dk de 7 a 18
• Uma lente de PHEMA com MA => maior que 55% e um Dk de 20 a 30

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COPOLÍMEROS PARA HIDRÓFILAS


• Polímeros hidrofílicos de alta permeabilidade

• A permeabilidade aos gases nestes materiais ocorre não só através da fase aquosa mas
também através dos radicais de siloxano presentes na fase sólida do material.

• A utilização de radicais higroscópios tais como a polidimetilsilicone (PDMS) que fazem


parte da cadeia polimérica (e portanto não se libertam) permitiu desenvolver lentes de
elevada permeabilidade ao oxigénio (primeiras lentes de silicone). No entanto, a
excessiva hidrofobia inviabilizou a utilização frequente deste material por falta de
biocompatibilidade com a superfície ocular em particular com o epitélio e conjuntiva.

• Actualmente, estes materiais foram modificados para poderem ser polimerizados com
PHEMA dando lugar às lentes de silicone-hidrogel. Neste materiais a passagem de gases
tem lugar principalmente pela fase seca do material devido à flexibilidade do siloxano.

• Devido à presença dos radicais hidrofóbicos, siloxanos e perfluorados estes polímeros


foram modificados com tratamento de polimerização superficial por meio de plasma
tornando-as hidrofílicas.

 Optometria e Ciências da Visão – Contactologia

CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍMEROS PARA HIDRÓFILAS


•As lentes hidrófilas são identificadas com vários nomes: nome próprio (Acuvue), um nome
genérico atribuído ao material (alphafilcon) e o nome químico do polímero usado (PHEMA).
• A terminação filcon é indicativa de que se trata de uma lente de contacto hidrófila.
• A FDA estabelece uma classificação de acordo com o grau de hidratação e ionicidade do
material. Esta classificação é importante uma vez que tem implicações directas no
comportamento fisiológico da lente, quanto ao conforto, hidratação, resistência à desidratação,
manuseamento, passagem de gases, afinidade com depósitos (proteínas e lípidos) e qualidade
visual. Assim:
• Grupo I – material não iónico e de baixa hidratação (<50%)
• Grupo II – material não iónico e com média-alta hidratação (>50%)
• Grupo III – material iónico e de baixa hidratação (< 50%)
• Grupo IV – material iónico e com média-alta hidratação (>50%)

• Autorizada pela FDA para uso contínuo durante 30 dias, as lentes de alta permeabilidade
(polimerização de materiais hidrofobos (silixona ou fluor) com hidrófilos(PHEMA))
apresentam um módulo de elasticidade elevado (maior rigidez). Este factor faz com que a
lente apresente uma maior interferência mecânica com a superfície ocular.

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11-03-2013

 Optometria e Ciências da Visão – Contactologia

COMPARAÇÃO DE PROPRIEDADES

Depósitos
Qualidade Óptica Conforto Estabilidade Permeabilidade Humectação
(Resistência)

PMMA Excelente Mau Excelente Nula Muito Boa Aceitável

Má-Regular
LCH Muito Má com
Boa Boa com Muito Boa
(<50%) Bom mat. iónicos
mat.iónicos
Regular
LCH
Aceitável Excelente Má Regular Má com Excelente
(>50%)
mat. iónicos
RPG
Muito Boa Bom Muito Boa Regular Boa Regular
(SA)

RPG Muito Regular em


Muito Boa Excelente Boa Boa
(FSA) Bom alto Dk

Si-Hi Boa Bom Boa Excelente Boa Regular

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