Sei sulla pagina 1di 51

UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium


Curso de Psicologia

Gisela Helmbrecht Reame


Graziela Mara Zanchetta de Miranda

A OBESIDADE SOB A ÓTICA DA ANÁLISE


PSICODRAMÁTICA: A DIFERENÇA ENTRE A
DEPENDÊNCIA E COMPULSÃO ALIMENTAR

LINS-SP
2016
GISELA HELMBRECHT REAME
GRAZIELA MARA ZANCHETTA DE MIRANDA

A OBESIDADE SOB A ÓTICA DA ANÁLISE PSICODRAMÁTICA: A


DIFERENÇA ENTRE A DEPENDÊNCIA E COMPULSÃO ALIMENTAR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Banca Examinadora
do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium, curso de
Psicologia sob a orientação da Prof.ª
Ma. Ana Elisa Silva Barbosa
Carvalho e orientação técnica da
Prof.ª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

LINS-SP
2016
Reame, Gisela Helmbrecht; Miranda, Graziela Mara Zanchetta

R224o A obesidade sob a ótica da análise psicodramática: a diferença


entre a dependência e a compulsão alimentar / Gisela Helmbrecht Reame;
Graziela Mara Zanquetta de Miranda – – Lins, 2016.
40p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano


Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2016.
Orientadores: Ana Elisa Silva Barbosa Carvalho; Jovira Maria
Sarraceni;

1. Compulsão. 2. Dependência Alimentar. 3. Obesidade. 4.


Psicodrama. 5. Vínculo. I Título.

CDU 159.9
AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS pelo dom da vida e força para superar os obstáculos da caminhada.
Ao meu marido Euclides Reame Junior que com todo seu amor e carinho, esteve
comigo nessa caminhada me apoiando e orientando quando necessário.
A minha família que mesmo distante esteve me apoiando ao meu pai (in memoriam)
que sabe a representação desta conquista.
A minha parceira Graziela pela confiança ao longo dessa caminhada, principalmente
pelo apoio quando precisei que Deus sempre a ilumine com muito amor e sabedoria.
A Universidade, a coordenadoria do curso de psicologia bem como todo corpo docente
que me deram a devida sabedoria e me lapidaram durante a formação e me ajudaram
a cultivar esse “amor” pela profissão.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigado.

Gisela Helmbrecht Reame

Agradeço a DEUS pelo dom da vida e pela oportunidade de estar aqui


completando mais um ciclo.
Agradeço a minha família, especialmente a minha mãe Maria Antonia, ao meu
esposo Luis Fernando a minha tia Marina e a minha avó Dulce que por muitas vezes,
com sabedoria e tranquilidade necessárias souberam dizer palavras de conforto e
orientação para seguir nessa caminhada sempre à frente e por inúmeras vezes
compreenderem a minha ausência em determinados momentos sem cobranças e sim
com muito amor.
Agradeço a Gisela parceira nessa caminhada, onde estabelecemos juntas o
empenho, carinho e dedicação, numa troca de experiências positivas, pois a parceria é
isso, acreditar, lutar, construir e permanecer juntas.
Agradeço também a Universidade através da coordenadora do curso de
psicologia, bem como o corpo docente que pode me proporcionar oportunidade de se
completar mais uma jornada e uma grande descoberta “o amor à psicologia”.

Graziela Mara Zanchetta de Miranda


A nossa orientadora e mestre Ana Elisa,

Todo conhecimento começa com um sonho. O sonho de um belo trabalho, o


sonho de um ciclo que se completa, o sonho de orientar e ditar qual caminho se deve
trilhar, o sonho de se conhecer alguém, enfim o sonho e o sonhar. “Pois bem o sonho
nada mais é do que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada.
Mas sonhar é coisa que não se ensina, brota das profundezas do corpo, como a
alegria brota das profundezas da terra” (Rubem Alves). E como aprendiz só podemos
então lhe dizer uma coisa. Conte-nos mestre os seus sonhos para que sonhemos
juntas.
Assim trilhamos e compartilhamos juntas deste seu sonho e chegamos até
aqui. Como já dizia Rubem Alves uma das funções mais importantes do educador é
encorajar o aluno a ter ousadia de trilhar caminhos desconhecidos.
Agradece-la pela oportunidade de partilhar deste sonho e trilhar um caminho na
busca do saber e compreender a importância da psicologia.
E dizer um até breve, pois “Um dia a gente chega, E no outro vai embora”
(Almir Sater).

Com carinho,

Gisela e Graziela

Aos professores mestres Jovira e Paulo,

Você pode sonhar, criar e construir a ideia mais maravilhosa do mundo, mas são
necessárias pessoas para tornar e sonho realidade. (Antoine de Saint-Exupéry)

Agradecemos por compartilhar deste sonho conosco.


Com carinho,

Gisela e Graziela
RESUMO

A obesidade é uma patologia de difícil controle para o indivíduo e que no


Brasil está se tornando um problema de saúde pública. Esta pesquisa tem por
objetivo através do estudo de caso analisar qual mecanismo de compulsão ou
dependência contribui para o vínculo com a comida e como podemos identifica-
la utilizando a abordagem da análise psicodramática. Entende-se que permitirá
uma melhor leitura das vivências do paciente durante o atendimento. Os
alimentos podem ser usados inadequadamente diante dos impulsos e
sentimentos. Podendo se tornar um recurso utilizado pela pessoa que tem
dificuldade de entrar em contato e acolher as suas emoções, onde recorre ao
alimento na tentativa de anestesiar a ansiedade, o estresse e os desejos
refreados, como um meio de escape e consolo, diante das frustrações. O
indivíduo obeso tem dificuldade de olhar para sua própria imagem e ter noção
da sua perturbação interior. E cada sujeito que busca auxílio deve ser
entendido diante de sua história individual, para que as possibilidades de
tratamento tenham maiores chances de sucesso, deste modo, seu diagnóstico
deve ser diferencial. Torna-se importante a análise das circunstâncias de vida e
dos fatores que influenciam nos motivos para o ganho ou não de peso. O
interesse no objeto de estudo surgiu através da constatação de que uma parte
da população está desenvolvendo um quadro de sobre peso e se não tiverem
um cuidado para o de obesidade mórbida. Para o estudo de caso foi realizado
uma análise documental de uma paciente atendida na abordagem
fenomenológica-existencial, o que permitiu identificar através da análise
psicodramática que mecanismo o de compulsão ou dependência fez com que
esse indivíduo estabelecesse o vínculo com a comida. E através de um
referencial bibliográfico analisar essa temática levando em conta todo o
funcionamento que está presente no cotidiano do indivíduo obeso e a
interferência nas diferentes atividades bem como em diferentes áreas da sua
vida, essa pesquisa é relevante porque tem como objetivo auxiliar o psicólogo
clínico na identificação entre a compulsão e dependência alimentar no
atendimento ao indivíduo obeso.

Palavra-chave: Compulsão; Dependência Alimentar; Obesidade;


Psicodrama; Vínculo.
ABSTRACT

Obesity is a pathology difficult to control for the individual and in Brazil is


becoming a public health problem. This research aims to study case by case
study which mechanism if compulsion or dependence contributes to the link
with food and how we can identify it using the approach of psychodramatic
analysis. It is understood that it will allow a better reading of the patient's
experiences during the care. Food can be used inappropriately in the face of
impulses and feelings. It can become a resource used by the person who has
difficulty contacting and receiving their emotions, where he resorts to food in an
attempt to anesthetize anxiety, stress and restrained desires as a means of
escape and comfort, in the face of frustrations . The obese individual has
difficulty looking at his own image and being aware of his inner disturbance.
And every subject that seeks help must be understood before their individual
history, so that the possibilities of treatment have a greater chance of success,
so, their diagnosis must be differential. It is important to analyze the life
circumstances and the factors that influence the reasons for the gain or not of
weight. The interest in the object of study came about through the realization
that a part of the population is developing an overweight and if they do not take
care of that of morbid obesity. For the case study, a documentary analysis of a
patient was carried out in the phenomenological-existential approach, which
allowed to identify through the psychodramatic analysis that the mechanism of
compulsion or dependence caused that individual to establish the bond with the
food. And through a bibliographical reference analyze this theme taking into
account all the functioning that is present in the everyday of the obese individual
and the interference in the different activities as well as in different areas of his
life, this research is relevant because it has as an objective to help the clinical
psychologist In the identification between compulsion and food dependence in
the care of the obese individual.

Keyword: Compulsion; Food Dependence; Obesity; Psychodrama; Bond.


LISTA DE FIGURA

Figura 1: Estruturação do Núcleo do Eu ........................................................... 24


Figura 2 - Psiquismo Caótico e Indiferenciado – PCI........................................ 26
Figura 3 - Psiquismo Organizado e Diferenciado (POD) .................................. 27
Figura 4 - Compulsão ....................................................................................... 30
Figura 5 - Dependências ................................................................................... 31

LISTA DE QUADRO

Quadro 1 - Classificação para os diferentes graus de obesidade em adultos. . 13


Quadro 2 - Classificação para a obesidade por grupos fatoriais....................... 14
Quadro 3 - Psiquismo Humano ......................................................................... 25
Quadro 4 - Relato compulsão ........................................................................... 35
Quadro 5 - Relato dependência ........................................................................ 37

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e síndrome


metabólica
AVC - Acidente Vascular Cerebral
CID - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde
DOT – Departamento de Orientação ao Trabalho
DSM – V Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorder, Five Edition
IMC - Índice de Massa Corporal
MI – Modelo Ingeridor
MD – Modelo Defecador
MS - Ministério da Saúde
MU – Modelo Urinador
OMS - Organização Mundial da Saúde
PCI – Psiquismo Caótico e Indiferenciado
POD – Psiquismo Organizado e Diferenciado
SNC – Sistema Nervoso Central
TEN – Teatro Experimental do Negro
Sumário
CAPÍTULO I - OBESIDADE ............................................................................. 11
1 BREVE HISTÓRICO ........................................................................... 11

2 DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS ............................................. 12

3 TRATAMENTO .................................................................................... 14

3.1 Intervenções terapêuticas ...................................................................... 15

4 VISÃO PSICOLÓGICA OU ASPECTO PSICOLÓGICO ..................... 16

CAPÍTULO II – A ANÁLISE PSICODRAMÁTICA............................................ 18


1 HISTÓRIA DO PSICODRAMA ............................................................... 18

2 PSICOTERAPIA ..................................................................................... 20

2.1 Psicoterapia em grupo na abordagem psicodramática .......................... 20

2.2 Psicoterapia Bipessoal ............................................................................ 21

3 MATRIZ DE IDENTIDADE: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ........... 22

4 TEORIA DO NÚCLEO DO EU................................................................ 23

5 TEORIA DA PROGRAMAÇÃO CENESTÉSICA .................................... 25

6 PSICODINÂMICA DO VÍNCULO COMPENSATÓRIO........................... 28

7 COMPULSÃO ALIMENTAR ................................................................... 29

8 DEPENDÊNCIA ALIMENTAR ................................................................ 30

CAPÍTULO III – A PESQUISA.......................................................................... 32


1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 32

1.1 Leitura Flutuante (Pré análise) ............................................................... 33

1.2 A Codificação .......................................................................................... 33

1.3 Análise qualitativa ................................................................................... 33

2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA...................................... 34

3 PARECER FINAL ................................................................................... 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 40
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 41
APÊNDICE ....................................................................................................... 45
ANEXO ............................................................................................................. 46
8

INTRODUÇÃO

A obesidade é uma doença epidêmica e de grave problema de saúde


pública mundial e para o Ministério da Saúde causa prejuízos à saúde do
indivíduo. Atualmente a preocupação com o aumento de indivíduos que
apresentam excesso de peso bem como diferentes graus de obesidade é
assunto recorrente e preocupante na nossa sociedade.
O indivíduo obeso apresenta dificuldades de olhar para sua própria
imagem e identificar até que ponto está sendo prejudicado pela patologia, bem
como definir quem é obeso e quais seriam suas causas.
De acordo com Conejo (2009) os alimentos podem ser usados
inadequadamente diante dos impulsos e sentimentos. Pode se tornar um
recurso utilizado pela pessoa que tem dificuldade de entrar em contato e
acolher as suas emoções, a qual recorre ao alimento na tentativa de anestesiar
a ansiedade, o estresse e os desejos refreados, como um meio de escape e
consolo, diante das frustrações.
Assim, torna-se importante a análise das circunstâncias de vida e dos
fatores que influenciam nos motivos para o ganho ou não de peso. Surge
também à importância de verificação de quais fatores se classificam os
indivíduos portadores desta patologia. E dentre quais níveis de Índice de
Massa Corporal (IMC) este indivíduo enquadra-se, sendo este um dos
instrumentos utilizados para verificação e colaboração para o possível
tratamento adequado. É importante identificar que cada indivíduo que busca
auxílio deve ser entendido diante de sua história individual para que as
possibilidades de tratamento tenham maiores chances de sucesso. Deste
modo seu diagnóstico deve ser diferenciado.
O tratamento para tal patologia, deve incluir não somente uma, mas
várias ações como forma de auxílio ao indivíduo com sobrepeso ou obesidade.
Destaca-se a intervenção terapêutica, na abordagem da Análise
Psicodramática cuja origem é o Psicodrama. Este surgiu como método
terapêutico na década de 1920, ganhou espaço e passou a ser desenvolvido
em clínicas na década de 1970, como forma de psicoterapia utilizando-se da
dramatização. E surgindo como uma técnica a análise psicodramática,
9

podendo ser de forma individual ou grupal, um instrumento que proporcionara


ao paciente um amplo conhecimento de si mesmo e possibilita novos estímulos
que diminuem suas áreas de conflito.
Teoria esta que foi desenvolvida pelo psiquiatra e professor Victor R. C.
S. Dias e torna possível ao terapeuta uma melhor compreensão do
desenvolvimento psicológico bem como o processamento das sessões de
psicopatologia psicodramática.
A partir da questão da possibilidade de identificação e compreensão do
funcionamento dos mecanismos de compulsão e dependência alimentar
levantou-se a seguinte hipótese que norteia o trabalho: quais mecanismos,
podem levar um indivíduo a desenvolver um quadro de sobrepeso ou
obesidade.
Para demonstrar na prática quais mecanismos foram identificados,
realizou-se a análise documental de um prontuário de uma paciente atendida
pelo serviço de clínica de psicologia do UniSALESIANO no período de agosto a
dezembro de 2015 e de fevereiro a março de 2016, utilizou-se da análise
temática qualitativa proposta por Bardin (2000), e que compreendeu identificar
através da análise psicodramática qual mecanismo, o de compulsão ou
dependência fez com o que o indivíduo estabelecesse esse vínculo com a
comida. Bem como através de um referencial bibliográfico analisar essa
temática ao considerar-se todo o funcionamento que está presente no cotidiano
do indivíduo obeso e a interferência nas diferentes atividades bem como em
diferentes áreas da sua vida. E como o terapeuta poderá qualificar e melhor
adaptar o atendimento ao indivíduo que procurar por auxílio.
O trabalho esta assim organizado: Capitulo I: descreve sobre a
Obesidade, seu breve histórico, passa pelo diagnóstico, tratamento e visão
psicológica ou aspecto psicológico. Capitulo II: descreve sobre a Análise
Psicodramática, passa pela história do psicodrama, psicoterapia e seus
subtipos, teoria da programação cenestésica, psicodinâmica, compulsão e
dependência alimentar. Capitulo III: descreve e analisa a pesquisa realizada no
Serviço de Psicologia do UniSALESIANO – Lins, e encerrando o trabalho
apresenta-se às considerações finais.
10

O presente projeto foi submetido na Plataforma Brasil e aprovado pelo


Comitê de Ética do UniSALESIANO, e recebe o número do parecer 1.532.734
na data de 05/05/2016.
11

CAPÍTULO I

OBESIDADE

1 BREVE HISTÓRICO

Não é de hoje que a preocupação com excesso de peso é tem de


discussões na nossa sociedade, várias interpretações quanto às condições de
se estar ou não obeso sofreram variações de acordo com a cultura que o
indivíduo se insere bem como com as classificações científicas vigentes.
(ALMEIDA, FERREIRA, 2005).
Desde séculos passados suscitou-se símbolos e/ ou representações
sobre as mais diversas formas, em que suas representações caracterizavam as
preocupações ou aclamações quanto às formas avantajadas.
Uma das primeiras representações da forma humana e representativa
dos termos estéticos e culturais foi a estatueta de Vênus de Wilendorf.
Pertencente ao período Paleolítico de 20.000 a 30.000 a.C., que representa
uma forma feminina bastante volumosa, com grandes seios e abdômen largos,
considerados sinal de fertilidade, bem estar e elevado status social para a
sociedade do referido período. (VIEIRA, 2014)
Tais admirações persistiram até o final do período Neolítico onde
etnias europeias como gregos, babilônicos e egípcios cultuavam a preferência
pelas mulheres com as mesmas características acima citadas.
Com o avançar das culturas e seus períodos a busca pelo
emagrecimento veio à tona, como as preocupações apresentadas por
Hipócrates.
De acordo com Senise (1976, p. 19);

Hipócrates, considerando o fundador da ciência médica, advertia a 400 a.C.,


para o perigo da alimentação exagerada, embora estivesse muito longe de
suspeitar, na conduta dos obesos a existência de causas subjetivas.

As atitudes e preocupações em relação ao excesso de peso bem


como o excesso de gordura modificaram-se a partir do século XVIII, nos países
12

considerados de primeiro mundo bem como nos países em desenvolvimento.


(ALMEIDA, FERREIRA, 2005).
Mediante a evolução das sociedades, bem como o perfil dos
indivíduos, a obesidade que não era considerada como um problema de saúde
passou a ser. (ALMEIDA, FERREIRA, 2005).
De acordo com Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e
síndrome metabólica (ABESO http://www.abeso.org.br) nos dias atuais as
proporções em que o indivíduo se encontra tanto por sobrepeso como por
obesidade, assume características alarmantes, independentes de classe social
e ou cultura que este encontra - se inserido, tornando-se prioridade mundial e
caso de Saúde Pública Mundial.

2 DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS

As formas de classificação e condição de sobrepeso e obesidade


variaram conforme o tempo bem como seus valores culturais e científicos.
Para o Ministério da Saúde (MS) Obesidade é uma doença crônica
caracterizada pelo excesso de gordura corporal, que causa prejuízos à saúde
do indivíduo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define sobrepeso como
excesso de peso corpóreo e obesidade como excesso de gordura no
organismo, levando-se em conta o Índice de Massa Corpórea (IMC).
Confirmou-se a preocupação que se instalava mundialmente.
De acordo com Almeida, Ferreira (2005, p. 185):

Hoje a obesidade é considerada epidêmica e grave problema de saúde


pública mundial, que se sobrepôs aos antigos, como a desnutrição e
doenças infectocontagiosas, inclusive como países emergentes como é o
caso do Brasil.

A definição de quem é obeso ou não, não é tão simples, bem como


definir quais as causas da obesidade. Profissionais de todas as áreas utilizam-
se de instrumentos as quais os auxiliam quanto sua classificação e assim uma
possível identificação da presença da obesidade.
Considerado como instrumento simples de medida, o IMC também é
proposto pela OMS e o cálculo é realizado da seguinte maneira: “IMC = peso
13

corpóreo em (kg) dividido pelo quadrado da estatura em (metros)” segundo


Almeida, Ferreira (2005, p. 187).
A classificação a seguir mostrou os diferentes graus de obesidade em
adultos.

Quadro 1 - Classificação para os diferentes graus de obesidade em adultos.


Classificação Índice de massa corpórea -
IMC (kg/m²)
Baixo peso Menor que 18,5 kg
Normal 18,5 – 24,9 kg
Sobrepeso Maior que 25 kg
Pré – obeso 25 – 29,9 kg
Obeso I 30 – 34,9 kg
Obeso II 35 – 39,9 kg
Obeso III ou Mórbido Maior que 40 kg
Fonte: Brasil; Cartilha Ministério da Saúde - Obesidade e Desnutrição, p. 4

Deve-se ter cautela quando da interpretação do IMC em certas populações


e grupos étnicos, uma vez que a relação entre IMC e massa corpórea pode
variar de acordo com a constituição corpórea. (ALMEIDA, FERREIRA 2005,
p. 187).

Encontram-se divergências quanto a sua classificação de obesidade


ou sobrepeso, pois há diversidade de parâmetros utilizados para a referida
identificação, variando de acordo com o que o especialista identificar como
sendo o mais apropriado para tal verificação.
Há outra classificação para a obesidade, utilizado pela medicina e que
se subdividem em 2 grandes grupos fatoriais, Fatores Endógenos e Fatores
Exógenos. (DÂMASO, 2003).
Os fatores endógenos são motivados por alterações no nível
psicológico, fisiológico ou metabólico, assim compreendidos como alterações
por fatores internos. E fatores exógenos ocasionados por fatores externos
como excesso de ingestão calórica em relação a necessidades do organismo.
(MENEZES, 1998).
14

Quadro 2 - Classificação para a obesidade por grupos fatoriais.


FATORES ENDOGENOS FATORES EXOGENOS
Genéticos Alimentação
Endócrinos
Psicogênicos Estresse
Medicamentosos
Neurológicos Inatividade física
Metabólicos
Fonte: DÂMASO; BOTERO; PRADO, 2003, p. 5.

Além das classificações acima, não devemos nos esquecer de que os


dados apresentados foram de suma importância para a verificação de
classificação do tipo de obesidade existente. E que não havendo o devido
cuidado este poderia evoluir para o quadro de obesidade mórbida.
A obesidade que atinge o IMC maior que 30 kg/m², tornou-se
considerável índice suficiente para que o indivíduo pudesse desenvolver
doenças não transmissíveis associadas como, hipertensão, diabetes,
dislipidemia, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC), doenças
hepatobiliares, osteoartrite, doenças de pele, prejuízos respiratórios e até
mesmo câncer. (PERES, 2005).
Acima de 40 kg/m², tornam-se os casos considerados mais graves
podendo levar o indivíduo ao óbito. (PERES, 2005).

3 TRATAMENTO

As proporções encontradas frente à obesidade como caso de saúde


pública e as grandes implicações trazidas por essa doença elevaram os níveis
de cuidados a serem tomados como prioridade mundial.
Vieira (2014, p. 36) apresenta;

O tratamento da obesidade, perspectivando do ponto de vista


multidisciplinar, deve contemplar vários componentes em função da
severidade da doença e dos contextos de intervenção.

Lembrando que como a obesidade veio a ser classificada como


doença para a medicina, esta aparece na Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10) 23.3, e
15

assim não deve ser visualizada como uma das alternativas, para identificação
da patologia e sim de quando se atingiu a devida proporção da doença, para
poder auxiliar o indivíduo bem como evitar e prever as possíveis e futuras
causas.
Zanella (2005, p. 236) ressalta;

É importante que pessoas não-obesas, mas propensas ao ganho de peso e


ao desenvolvimento futuro de doenças relacionadas à obesidade, sejam
orientadas no sentido de adotar um estilo de vida saudável, incluindo
modificações na dieta e pratica de atividade física.

Verificou-se que para o tratamento da obesidade, deve-se incluir não


somente um, mas vários quesitos bem como formas de auxilio ao indivíduo
com sobrepeso ou obeso. Bem como a lembrança de que os tratamentos não
são fáceis nem para a equipe, nem para o paciente tratado. (SEGAL, 1998).
As formas mais comuns de tratamentos utilizados podem ocorrer
através de ferramentas terapêuticas tais como: intervenções na dieta,
atividades físicas regulares, mudanças de hábitos, farmacoterapia,
intervenções terapêuticas, indicadas aos indivíduos com sobrepeso ou com
obesidade em níveis que atinjam o grau III, desde que nessa última situação
não comprometa a saúde elevando ao nível emergencial o qual aponte para o
risco de morte do indivíduo. (ZANELLA, 2005).
Em casos mais graves o mais indicado são as intervenções cirúrgicas,
através das cirurgias bariátricas, quando os indivíduos atingiram índice de IMC
maior que 40 kg/m², ou quando pacientes com IMC maior que 35 kg/m²,
apresentem problemas médicos graves associados, colocando em risco sua
vida. (ZANELLA, 2005).

3.1 Intervenções terapêuticas

Verificou-se que o trabalho consciente e decidido realizado com


psicoterapia permitirá a pessoa alcançar uma lucidez, cada vez maior, sobre o
seu quadro de obesidade e todas as alternativas que lhe dispõe para sair dele.
(CHIMICATI, MACIEL, 2001).
A obesidade reflete as dificuldades pelas quais o sujeito passou, pois
não pode ser escondida e revela-se escancaradamente o drama de seu dono.
16

Assim a superação da obesidade passa, por uma capacidade de lidar com a


realidade social e com a presença inevitável de comida em encontros de
pessoas. (PINTO, 2005).
Emagrecer poderá, às vezes, parecer ameaçador. Essas ameaças tem
que ser compreendidas e trabalhadas dentro do contexto próprio de cada um.
Chimicati, Maciel (2001, p.101).
Cada ser é único, e cada obeso precisa se reconhecer e ser reconhecido
com seu valor. Assim de acordo com a abordagem do psicodrama, é a via de
acesso para trabalhar a espontaneidade e realizar uma ação de sua própria
história, possibilitando o seu reconhecimento. (PINTO, 2005).
Os pequenos sucessos de cada dia irão elevando a autoestima ao ponto
de torna-los cada vez mais motivados, a realmente mudar. (CHIMICATI,
MACIEL, 2001).
De acordo com Pinto (2005, p.129):

A superação de uma patologia multifatorial, como a obesidade, encontra


terreno fértil na psicoterapia, diante da ação reparatória a sofrimentos
emocionais complexos e, muitas vezes, de significados desconhecidos dos
pacientes.

A psicoterapia irá promover um maior aprofundamento em direção a um


mais amplo conhecimento de si mesmo. (CHIMICATI, MACIEL, 2001).
Assim o objetivo da psicoterapia será de fortalecer esse paciente, para
que possa ampliar o espaço no mundo interno e assim substituir as defesas por
recursos mais adequados e saudáveis de sobrevivência emocional. (PINTO,
2005).

4 VISÃO PSICOLÓGICA OU ASPECTO PSICOLÓGICO

Não há clareza quanto à classificação da personalidade do obeso,


já que não existe um padrão que predisponha se determinado indivíduo
desenvolverá obesidade. Bem como rotular se deve haver transtorno
psiquiátrico ou não para referida classificação, pois em se tratando de
rotulações, os preconceitos e discriminações tornam-se regra. (SEGAL,
1998).
17

A obesidade pode ser considerada uma doença, as quais suas


consequências serão comprometedoras tanto para a saúde física
quanto para saúde mental. (MOTTA, 2011).
Previsto no Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disordes, Five Edition (DSM-V), este distúrbio pode ser conhecido
como sintoma e ou manifestação da doença.
A complexidade na condição de obesidade do indivíduo reporta-se ao
elucidado por Matos (2005, p. 259): “A obesidade é uma doença orgânica,
crônica, de origem multifatorial, resultante da combinação de fatores genéticos,
ambientais, psicológicos e comportamentais”.
As diferentes características psicológicas, traços de personalidade e
padrões de comportamento alimentar, podem afetar os resultados do
tratamento, sendo necessária uma avaliação completa para definir qual o plano
de tratamento psicológico mais adequado a cada caso. (PINTO, 2005).
O corpo registra continuamente a história de vida do sujeito, portanto,
quando se investiga a obesidade, na realidade investiga-se a relação do
paciente com sua própria história. Onde a superação da obesidade passará
pela capacidade de se lidar com a realidade social e com a comida. (PINTO,
2005).
18

CAPÍTULO II

A ANÁLISE PSICODRAMÁTICA

1 HISTÓRIA DO PSICODRAMA

O psicodrama surgiu como método terapêutico por meio dos estudos do


médico romeno Jacob Levy Moreno que teve como inspiração para o
desenvolvimento da teoria sua própria história pessoal. Nascido na Romênia
em uma família judia, quando tinha 5 anos mudou-se para Viena com sua
família onde concluiu seus estudos. Quando ainda criança pratica uma
brincadeira que se tornará sua inspiração para o psicodrama. A brincadeira se
baseava em ser Deus, na qual o Moreno assumiu o papel de Deus e seus
amigos os de anjos, e ao se personificar no papel o trono que foi criado em
uma pilha de cadeiras e sentado lá em cima os amigos pediram para que
voasse e ele acreditou que podia, mas acabou se machucando fraturando o
braço direito. Já adulto, Moreno desenvolveu um trabalho com crianças se
utilizando das improvisações com o intuito de instigar as crianças a rebelar-se
contra as regras do mundo adulto e estabelecerem suas próprias regras de
acordo com as necessidades infantis, este fato ele denominou como a
Revolução nos Jardins de Viena.
O dia 1º de abril de 1921 é considerado a data oficial do surgimento do
Psicodrama, pois nesse dia Moreno dirigiu um público numeroso no Komödien
Haus, onde tinha no palco como cenário somente um trono vermelho e uma
coroa dourada. As pessoas que atuaram como rei deveriam dizer o que fariam
para conduzir o país corretamente e o público fez o papel de jurado. Os que
atuaram como reis não foram aprovados e este fato lhe colocou em uma
situação delicada em Viena.
Em 1921, é criado o Teatro da Espontaneidade e marcado pelo caso
Bárbara e que após ele em 1923 o Teatro passa a ser Terapêutico, pois se
tratou do caso de uma atriz que no palco só personificava papeis dóceis, até
um dia que se casou com um de seus admiradores, passado um período de
convivência o marido se consulta com Moreno e lhe diz que a esposa na
19

intimidade tem um comportamento totalmente diferente daquele demonstrado


no palco, era agressiva e com linguajar de baixo calão.
A partir desse relato, Moreno começava uma estratégia com Bárbara
onde ela passa a atuar em papeis que sua agressividade é manifestada, até o
momento em que o marido é incorporado na atuação e situações relacionadas
à vida doméstica do casal é ali interpretadas o que permitiu uma evolução no
tratamento onde as atenções foram sendo direcionadas para suas histórias
pessoais e permitiu-se que assim tivessem uma melhor compreensão do casal.
E com isso, o Psicodrama passa a ser considerado como técnica terapêutica.
Em 1925, Moreno se muda com sua família para os Estados Unidos
onde permaneceu até o seu falecimento em 1974. Neste país seu método
terapêutico foi acolhido através do Teatro Terapêutico permitindo que suas
ideias sobre Psicoterapia de Grupo fosse desenvolvida. Porém foi no ano 1950
na França, que com a intervenção psicanalítica, originou-se o Psicodrama
Psicanalítico. Moreno foi um grande estudioso e divulgador do seu método
criando também o Instituto Moreno de Nova York (BERMÚDEZ, 1970).
Motta (2010) reporta-nos a década de 70 quando o psicodrama chega
ao Brasil através do I Congresso Internacional Terapêuticas realizado na
cidade São Paulo. Jaime G. Rojaz Bermúdez, aluno de Moreno, trouxe esse
método para a América Latina. Na década de 50, o psicodrama começa ser
conhecido através do sociólogo Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982) o qual
apresentou as ideias morenianas e começou aplicá-las nas favelas do Rio de
Janeiro devido a sua preocupação com a população negra e desempregada.
Também ministrou cursos de psicodrama e sociodrama, mas devido a
divergências com outros sociólogos dentro do Teatro Experimental do Negro
(TEN) foi um dos colaboradores fez com que esse movimento fosse
interrompido. Em Minas Gerais, através do psicólogo belgo-francês Pierre Weil
começa a se desenvolver o psicodrama com os trabalhadores do
Departamento de Orientação ao Trabalho do Banco de Lavoura de Minas
Gerais ((DOT) Banco Real). Com a ditadura todo esse trabalho de treinamento
e cursos foi queimado tendo como justificativa a mudança do DOT para São
Paulo. Devido a essa repressão os trabalhos psicodramáticos passaram a ser
desenvolvidos em clínicas.
20

O Congresso de 1970 foi um personagem protagônico desde a sua


constituição, ao reunir o movimento internacional do psicodrama ao
das comunidades terapêuticas, mostrando as afinidades entre as
duas propostas. O congresso com duplo tema tornou públicas novas
possibilidades de trabalho na saúde e educação, acrescidas com
novas propostas para psicoterapia e atendimentos psiquiátricos.
(MOTTA, 2010, p.126)

2 PSICOTERAPIA

A psicoterapia é uma relação que ocorre entre o terapeuta e seu cliente,


mas essa relação só se estabelece quando o indivíduo entra em processo de
busca e o papel do terapeuta é de auxilia-lo no seu desenvolvimento
psicológico. Para isso é necessário estabelecer o vínculo, é ele que permitirá
que o terapeuta possa clarear e conscientizar para o indivíduo de sua angústia
e possibilitar que ocorra a sistematização do processo de busca. É uma técnica
que o tratamento pode ocorrer de forma individual e grupal (DIAS, 1994). Na
abordagem psicodramática qualquer uma das formas pode ser utilizada como
instrumento de assistência ao paciente, à dramatização.
Para Bermudez-Rojas (1970, p. 56), “o uso da dramatização como
instrumento é fundamental na terapia para alcançar os estados de
Espontaneidade e a Catarse de Integração como mecanismo básico de cura”.
Para Soeiro e Saad (1995), o psicodrama como sendo uma técnica de
ação permite ao terapeuta trabalhar com processos que iram excitar ou inibir o
indivíduo através SNC (Sistema Nervoso Central). Ao dramatizar o paciente
vivenciará novas experiências o que regulará suas fantasias, possibilitando que
novos estímulos diminuam suas áreas de conflitos.

2.1 Psicoterapia em grupo na abordagem psicodramática

De acordo com Dias (1987), nesta modalidade o paciente trabalha suas


vivências junto ao público e poderá lidar melhor com sua intimidade, nesta
modalidade tem as funções de diretor e ego-auxiliar e conduzirá o processo
terapêutico o benefício de trabalhar em grupo como o aquecimento se dá de
maneira mais rápida o que possibilita que o indivíduo vivencie de maneira mais
rápida seus sentimentos.
21

De acordo com Gonçalves, Wolff e Almeida (1988), o grupo é constituído


pelos terapeutas que são o diretor e ego-auxiliar e o público que são os
pacientes, definem assim:
a) Diretor: é o terapeuta que conduzirá a sessão e tem como função
dirigir a cena, intervir junto ao protagonista e o grupo e analisar o
social. Cabe ao terapeuta a percepção do que mobiliza os
componentes do grupo e no momento oportuno dar à devolutiva;
b) Ego-auxiliar: é o terapeuta que encenará junto com o protagonista
sua presença na preparação do clima emotivo facilita para o mesmo
a catarse de integração1. E auxilia o diretor passando situações na
qual o mesmo não interagiu com o protagonista;
c) Público: são os demais participantes da sessão psicodramática, a
presença deles é importante porque irá funcionar como uma caixa de
ressonância, e com isso, tornam-se protagonistas coletivos.
Os autores salientam que na prática dessa modalidade o terapeuta que
exerce a função de diretor necessita ter um bom preparo e conhecimento
teórico das técnicas morenianas, além de um bom entrosamento com o ego-
auxiliar e boa percepção do público. Sua importância se dá pela boa
desenvoltura que terá com o grupo durante a sessão e por um bom manejo no
desenvolvimento psicológico.

2.2 Psicoterapia Bipessoal

De acordo com Dias (1987), nesta modalidade o processo


psicoterapêutico se dá somente entre o terapeuta e seu paciente e as
dramatizações são realizadas através de técnicas que se utilizam dos recursos
das almofadas ou blocos de espumas e o terapeuta assume o papel do
paciente onde o mesmo assume o papel de observador e assim pode ver suas
vivências e as figuras de mundo interno. Com a utilização desses recursos não
há necessidade do terapeuta contar com auxilio de outra pessoa para exercer
as funções de diretor e ego-auxiliar.

1
A catarse de integração está incluída no processo terapêutico e constitui o ápice de
um caminho, aonde gradativamente vai havendo a integração sistemática de vários conteúdos
que vão sendo trabalhados. (GONÇALVES; WOLFF; ALMEIDA, 1988, p. 82)
22

De acordo com Cervellini, Callas e Ferreira (2015), o terapeuta


psicodramatista irá proporcionar ao seu paciente a vivência afetivo-emocional
que permeiam suas relações interpessoais, pois ao utilizar ação permitirá que o
mesmo reflita e se transforme, pois agirá, sentirá e pensará através do seu
vivido.

3 MATRIZ DE IDENTIDADE: TEORIA DO DESENVOLVIMENTO

Moreno (2007), ao analisar o universo na qual a criança está inserida


constatou que a família é a placenta social da criança, o locus onde suas raízes
estão mergulhadas. Esse ambiente que irá proporcionar ao bebê a noção de
segurança, orientação e guia, sua comparação se dá no sentido de como a
placenta fornece alimento ao bebê na fase intrauterina, no social é a
comunicação entre o sistema social da mãe e a criança que irá lhe
proporcionar a construção da sua identidade.

Matriz de Identidade é, portanto, o lugar (locus) onde a criança se


insere desde o nascimento, relacionando-se com objetos e pessoas
dentro de um determinado clima. O desenvolvimento do recém-
nascido dar-se-á nesse locus. (GONÇALVES; WOLFF; ALMEIDA,
1988, p. 60)

Batista (2009) conceitua matriz de identidade como o primeiro átomo


social do indivíduo, ou seja, a família nuclear. É neste ambiente que o sujeito
irá se diferenciar do mundo que o rodeia em seus primeiros anos de vida, é
através dessa relação com os papeis desempenhados por seus familiares que
em seu desenvolvimento o indivíduo irá se estruturar. Este convívio que a
criança tem em seu desenvolvimento com cada membro do seu átomo social
que lhe permite que assimile características boas ou ruins de sua identidade
influenciando na formação do seu próprio conceito de identidade. Este
ambiente não é estático é um ambiente aberto, pois é influenciado pelas
mudanças que ocorre tanto no seu meio social como cultural.
Segundo Batista (2009) o recurso da ação, no qual o indivíduo constrói
com objetos ou pessoas seu átomo familiar, o mesmo se coloca no lugar do
outro e passa ter acesso à sua construção pessoal a respeito daqueles que
compõem a sua família. O indivíduo ao representar a sua própria pessoa e
suas relações subjetivas, permitirá que sua percepção sobre os papéis
23

representados modifique sua relação com os membros do seu átomo e amplie


sua percepção a partir de diferentes focos vividos.

4 TEORIA DO NÚCLEO DO EU

Conforme Soeiro (1995), Jaime Guilhermo Rojas Bermudez, foi o


idealizador da Teoria do Núcleo do Eu, nascido em 26/07/1926 na cidade de
Tunja na Colômbia. Mas escolheu Argentina para viver e onde também
concluiu seus estudos em medicina, e se especializando na área da psiquiatria.
Em 1957 iniciou suas atividades psicodramáticas, mas foi em 1962 em Nova
York que Bermudez conhece Moreno e recebe em 1963 o título de Diretor de
Psicodrama do “World Center for Psychodrama Sociometry and Group
Psychoterapy”. Fundou em seguida a “Associación Argentina de Psicodrama y
Psicoterapia de Grupo”. No período entre 1968 a 1970 viajou periodicamente
para São Paulo onde ministrou o curso de formação psicodramática a diversos
profissionais, tornando-se o maior divulgador do psicodrama na América Latina,
em 1973 funda a Federação Latino-Americano de Psicodrama.
Conforme Dias (1994), esta teoria desenvolvida por Bermudez tem como
seu objeto de estudo o sistema nervoso central (SNC). A criança ao nascer
ainda não está com o SNC completo e ao longo dos dois primeiros anos de
vida a atenção da criança está voltada primeiramente para suas sensações
viscerais (comer, defecar e urinar), que é o Sistema Nervoso Interoceptivo em
relação ao Sistema Nervoso Proprioceptivo e Exteroceptivo que é relacionado
aos órgãos dos sentidos, músculos e pele. Ao ter sua atenção voltada para as
suas sensações viscerais sua concentração estará voltada para o seu Mundo
Cenestésico, isso é importante porque é o que nos permite ter a noção de
existir e de estar vivo.
Segundo o mesmo autor é a partir dessa noção de existir que é a
primeira manifestação do psiquismo que denominará como Psiquismo Caótico
Indiferenciado (PCI), que permitirá uma compreensão das neuroses e psicoses,
pois neste estágio não se tem uma referência relacionada à emoção,
percepção ou explicação.
24

Figura 1: Estruturação do Núcleo do Eu

MU

MENTE CORPO

MI
MD

AMBIENTE

Legenda:
MI = Modelo Ingeridor
MD = Modelo Defecador
MU = Modelo Urinador

Fonte: DIAS,1994, p.19

Ao estruturar o Núcleo do Eu, Bermudez divide o psiquismo humano em


três modelos psicológicos conforme o quadro 3: ingeridor, defecador e
urinador; e conforme Figura 1 delimitada as áreas em: mente, corpo e
ambiente.
25

Quadro 3 - Psiquismo Humano


MODELO
Ingeridor (MI) Defecador (MD) Urinador (MU)
Responsável pelos Responsável pelos Responsável pelos
processos de processos de criação, processos de
incorporação, elaboração, expressão planejamento/devaneios/fan
satisfação/insatisfação, e comunicação dos tasias; controle, decisão e
dos conteúdos do conteúdos de mundo execução de ações no
mundo externo para o interno para o mundo mundo externo que
mundo interno. externo. gratifiquem desejos e
necessidades internas.
ÁREA
Mente Corpo Ambiente
Responsável pelos Responsável pelos Responsável pelos
processos do pensar processos do sentir processos de perceber:
(explicar, elaborar, (emoções e percepção tanto de si
deduzir, etc.). sensações). mesmo como do ambiente
externo.

Fonte: DIAS,1994, p.18

Esses modelos são inatos e independe da vontade do indivíduo, pois


está relacionada às funções somáticas de comer, defecar e urinar e as
sensações cenestésicas vão existir e com isso, o modelo psicológico irá se
desenvolver. (DIAS, 1994)

5 TEORIA DA PROGRAMAÇÃO CENESTÉSICA

Esta teoria foi desenvolvida pelo psiquiatra e professor Victor R. C. S.


Dias, que ao participar ao longo da sua carreira de congressos e mesas-
redondas com outros profissionais identificou um tema que é um gerador de
polêmica que se trata das técnicas psicodramáticas. As controvérsias surgiram
quando se tentou explicar de forma científica o que é realizado durante a
sessão psicodramática e o processo da psicoterapia. Ao se falar sobre defesa
intrapsíquica, de relacional ou de simbiose, Dias identificou uma lacuna nas
técnicas psicodramáticas desenvolvidas por Moreno, pois a Teoria dos Papéis
e a Matriz de Identidade se mostraram insuficientes para o processo de
psicoterapia de longo prazo.
26

Diante disso Dias (1994) tendo como referência a Teoria do Núcleo do


Eu de Bermúdez, a ampliação da Matriz de Identidade feita por Fonseca Filho e
a contribuição de outros estudiosos da área e de sua própria experiência como
professor, supervisor de psicodrama e de sua atuação clínica desenvolveu um
trabalho que globalizou o desenvolvimento psicológico e da psicopatologia, e
noções das teorias de comunicação e da cibernética, na qual nomeou como
Teoria da Programação Cenestésica. Quanto ao que permite abordar as
esferas intrapsíquicas Dias desenvolveu uma série de etapas que nomeou de
Análise Psicodramática. Ao reformular e desenvolver novos conceitos
possibilitou ao terapeuta psicodramático “uma melhor compreensão do
desenvolvimento psicológico, a psicopatologia o processamento das sessões e
da psicopatologia psicodramática”. (DIAS, 1994, p. 17)
Uma comparação que Dias (1994) faz para melhor compreensão dessa
teoria é relacionada a um computador. Refere que quando o compramos ele
não tem nossas informações, vindo somente com as configurações de fábrica e
conforme vamos utilizando ele vai se modificando com as informações e
programas que nos é importante, assim ele compara com o nosso cérebro.
Quando um indivíduo nasce seu psiquismo é praticamente virgem,
conforme a figura 2.

Figura 2 - Psiquismo Caótico e Indiferenciado – PCI

Fonte: DIAS,1994, p.20

Pois o que se encontra registrado além de sua carga genética, são suas
vivências intrauterinas e suas sensações internas viscerais, para esse
psiquismo Dias (1994) denominou como Psiquismo Caótico e Indiferenciado
(PCI), representado na Figura 2.
27

O Psiquismo Caótico e Indiferenciado (PCI) é a sensação básica de


existir, pois ainda não há uma conscientização referente ao seu lugar no tempo
e espaço e nem sua identidade e sentimentos.
A comparação cibernética que faz está nesse momento do nascimento
em que o cérebro ainda não está totalmente desenvolvido e é nesse momento
que o recém-nascido começa a ter contato com seu mundo e o clima maternal
que estará recebendo ficará registrado no seu psiquismo.
As vivências e os climas afetivos que esse bebê receberá farão com
que esse PCI vá se estruturando e entre os dois anos e três anos de idade
esse PCI vá se transformar em Psiquismo Organizado e Diferenciado (POD),
representado na Figura 3. Esse psiquismo formado será permanente na vida
do indivíduo, assim como o computador depois ter os programas que atenda as
necessidades de cada indivíduo estará pronto para trabalhar (DIAS, 1994).

Figura 3 - Psiquismo Organizado e Diferenciado (POD)

MU

POD POD

MENTE CORPO

AMBIENTE
MI
MD

POD

Legenda:
MI = Modelo Ingeridor
MD = Modelo Defecador
MU = Modelo Urinador
POD = Psiquismo Organizado e Diferenciado
Fonte: (DIAS,1994, p.22)
28

6 PSICODINÂMICA DO VÍNCULO COMPENSATÓRIO

Segundo Dias (1994;2008), vínculo compensatório é o relacionamento


que o indivíduo estabelece com pessoas ou com objetos delegando-lhe a essa
relação funções psicológicas de cuidado, proteção e orientação que nos dois
primeiros anos de vida deveria ter sido passado, mas que não foi. Assim sua
função é tamponar no psiquismo situações de desconforto que foram
vivenciadas pelo indivíduo no período em que era um bebê. O autor descreve
vínculo compensatório como um dos mecanismos de defesa do psiquismo e
que se apresenta de duas formas:
a) tampona o material cenestésico registrado na 1ª zona de exclusão do
psiquismo;
b) desloca a Angústia Patológica, que deixa de estar no mundo interno
para se localizar na relação com o objeto compensatório.
Com relação ao material cenestésico é uma sensação de vazio onde o
indivíduo projeta suas sensações de falta e incompletude, e fica na expectativa
de que alguém possa assumir a responsabilidade de preencher esse vazio da
função psicológica que não foi desenvolvida no seu desenvolvimento
cenestésico, ou seja, na estruturação dos modelos de Ingeridor, Defecador e
Urinador, esse fenômeno Dias (2008) chama de Função Delegada.
Neste conceito de função delegada o vínculo compensatório é de
dependência que pode ser direcionada para pessoas, coisas (bebida,
chocolate, cigarro, etc.), condutas (jogos, comprar, etc.) ou ideológicas. E
proporciona ao indivíduo a sensação de estar sendo cuidado, protegido e
orientado. É desta forma inconsciente que a pessoa busca algum traço da
personalidade que permitirá que se estabeleça alguma correspondência com
figura responsável pelo não preenchimento da função afetiva do período que
era bebê.

O que caracteriza o vínculo compensatório é o fato de que a pessoa, ao


delegar determinada função para outra, tenta preencher suas faltas por
meio do outro e não desenvolve o exercício de assumir para si a
responsabilidade pela função que faltou. (DIAS, 2008, p.106)
29

7 COMPULSÃO ALIMENTAR

De acordo com o dicionário On line (2016) compulsão é definida como:


Ação ou efeito de compelir. Exigência interna que faz com que o indivíduo seja
levado a realizar certa coisa, a agir de determinada forma etc.
Segundo Chimicati e Maciel, 2001, como a gordura é apenas um
sintoma físico de um distúrbio psicológico, a doença confere ao comedor
compulsivo traços que são criados por ele como mecanismos de defesa
neuróticos. Mecanismos neuróticos que servem para proteger de sofrimentos e
toda dor que esse quadro proporciona. “O ato de comer compulsivo é
acompanhado pela sensação de falta de controle sobre o próprio ato e também
dos sentimentos de culpa e vergonha.” (MOTTA, 2011, p.12).
De acordo com análise psicodramática, Dias (1996; 2006; 2008),
descreve a compulsão onde o indivíduo se utiliza do mecanismo de defesa
para justificar seu impulso, neste caso, a uma divisão interna diferente, pois, o
conjunto de crenças e verdades aceitas por ele é sempre questionada
internamente, e ele acaba por ficar sem um padrão de referência bem
estruturado na sua própria vida.
O ato compulsivo esconde sempre uma figura permissiva do mundo
interno do indivíduo, pois ocorre uma divisão interna no seu psiquismo,
apresentando um núcleo de censura e um núcleo de permissividade que não
se encontram, isto é, as ações não ocorrem no mesmo momento. A censura
consciente é uma figura do mundo interno (pai, mãe, avós, etc.), ou o próprio
bom senso do indivíduo, exemplo: quando se compromete a fazer regime ou
parar de beber, fumar ou tomar drogas. Apresentando-se assim convencido e
descontente com sua situação, porém sem nenhuma intenção de quebrar esse
compromisso. Já a figura permissiva é sempre uma figura de mundo interno do
indivíduo, encontra-se encoberta e representa uma aliança de cumplicidade
com ele próprio, assim ele é todo permissão, exemplo: quando come o bolo,
toma drogas, fuma o cigarro, ou toma aquela cerveja. Não existindo censura,
tudo lhe é permitido. Fica assim demostrado que nunca acontece um encontro
entre a censura e a permissividade no mundo interno, pois, quando uma surge
à outra se ausenta e vice versa.
30

A angústia no caso da compulsão são descargas de seus conflitos


internos na quais não se relacionam com o objeto compulsivo, assim seu lado
de censura é consciente torna-se impotente e demonstra o lado permissivo
como material depositado na zona de PCI, o qual comanda sua ação,
demonstrado na Figura 4.

Figura 4 - Compulsão

Comida,
Bebida,
Cigarro, Vínculo
Etc.
Compensatório

Vínculo
Compensatório
Vínculo
v Compensatório

Comida, Comida,
Bebida, Bebida,
Cigarro, Cigarro,
Etc. Etc.

Delega a
Função

Fonte: DIAS,1996

8 DEPENDÊNCIA ALIMENTAR

Segundo dicionário On line (2016) dependência é definida como:


Sujeição; condição de quem é dependente, da pessoa que não se consegue
desligar de um hábito, especialmente de um vício: dependência física.
De acordo com Chimicati, Maciel (2001), a dependência considerada
como um estado de dependência tem como característica psíquica o
pensamento. Assim o indivíduo com pensamento fixo, geralmente inconsciente,
coloca-se em situação de repetição criando-se um vínculo de dependência com
a comida.
De acordo com análise psicodramática, para Dias (1996; 2006; 2008), a
dependência é um vínculo compensatório que ocorre de forma imediata,
porque sente satisfação e tende a se iludir, achando que a função específica foi
31

cumprida, e passa a sensação de segurança, pois não há o rompimento da


ligação a não ser através da decisão do indivíduo de rompê-la. O
desencadeante da angústia é próprio objeto da dependência o qual exerce uma
função. Assim não existe um desejo o que existe é a consciência que esse
vício traz para o indivíduo. Na Figura 5 essa representação se dá na função
delegada podendo ser pelo comprometimento de qualquer um dos modelos de
funcionamento: ingeridor, defecador e urinador.

Figura 5 - Dependências

Comida,
Bebida,
Cigarro,
Etc.

POD Zona de
(Censura) PCI

Vínculo
Compensatório

Comida, Comida,
Bebida, Bebida,
Cigarro, Cigarro,
Etc. Etc.

Fonte: DIAS,1996, p.71


32

CAPÍTULO III

A PESQUISA

1 INTRODUÇÃO

Comer é uma necessidade básica para a manutenção do corpo, mas


vem de encontro com o aspecto emocional, quando o ato de comer torna-se
patologia e esta vem a desencadear a obesidade. Diante de tal situação a
análise psicodramática nos apresenta uma possibilidade de identificação do
quadro, o qual pode ocorrer por dependência ou compulsão alimentar. Assim,
após análise do caso clínico proposto, o terapeuta terá condições de identificar
se o vínculo estabelecido com a comida foi por compulsão ou dependência.
Para Dias (2006;2008), a dependência é um vínculo compensatório que ocorre
de forma imediata, porque sente satisfação e tende a se iludir, achando que a
função específica foi cumprida, e passa a sensação de segurança, pois não há
o rompimento da ligação a não ser através da decisão do indivíduo de rompê-
la. Para compulsão o indivíduo se utiliza do mecanismo de defesa para
justificar seu impulso, neste caso, a uma divisão interna diferente, pois, o
conjunto de crenças e verdades aceitas por ele é sempre questionada
internamente, e ele acaba por ficar sem um padrão de referência bem
estruturado na sua própria vida.
O projeto foi submetido na Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de
Ética do UniSALESIANO, apresentando o número do parecer 1.532.734 na
data de 05/05/2016.
Para análise das informações foi utilizado o método da análise temática
segundo modelo proposto por Bardin (2000). Que consiste nas seguintes
etapas:
1 – Leitura flutuante (pré-análise);
2 – Análise Temática;
3 – Levantamento dos resultados.
A análise documental foi realizada no Serviço de Psicologia do Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins com base no relato de um
33

único paciente, onde se analisou o prontuário do mesmo, autorizado durante a


triagem, na qual, foi assinado o termo de consentimento, permitindo que suas
informações fossem utilizadas. Os riscos são mínimos, pois, poderá haver a
não concordância em manter os documentos à disposição da clínica. Para
minimizar riscos e manter o sigilo, foi realizada apenas na análise documental.
A análise correspondeu ao período de atendimento psicoterápico de
agosto a dezembro de 2015 e de fevereiro a março de 2016, onde diante da
queixa da paciente em relação à obesidade e da observação do terapeuta que
utilizou da abordagem fenomenológica-existencial para o atendimento pode-se
identificar através da análise psicodramática se a paciente apresentou um
quadro de compulsão ou dependência em relação à comida.

1.1 Leitura Flutuante (Pré análise)

A análise ocorreu entre os dias 25 e 26 de agosto de 2016 no período da


tarde na sala de supervisão do Serviço de Psicologia do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium de Lins, onde se deu a leitura dos relatos que
totalizaram em oito sessões nas quais, vinte e dois recortes do discurso foram
selecionados para devida fundamentação.

1.2 A Codificação

Em seguida foi realizada a unidade de registro por meio da codificação


para a escolha dos recortes a serem selecionados. Essa codificação foi
proporcionada através de consulta no dicionário analógico para referenciação
das palavras identificadas. Assim, em cada recorte procurou-se identificar a
palavra que fizesse referência ao objeto de estudo, após pesquisa dos
sinônimos das palavras identificadas para a adaptação e diferenciação entre o
discurso do paciente e do terapeuta.

1.3 Análise qualitativa


34

O estudo de caso tendo por relato o discurso apresentado na


abordagem fenomenológica-existencial nos proporcionou de maneira intuitiva
que realizasse um possível psicodiagnóstico dentro da análise psicodramática.
Tendo como referencial teórico Dias (1994, 2006 e 2016) que em suas
obras traz a psicodinâmica dos modelos de ingeridor, defecador e urinador que
compreende o desenvolvimento do indivíduo do período de 0 a 3 anos e os
climas afetivos que proporcionam a percepção em relação ao seu meio.

2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA

Através dos relatos analisados foram selecionados vinte e dois recortes


do discurso, na qual através da utilização do método de análise temática de
Bardin (2000) e utilizando-se o referencial teórico do Dias (1996; 2006; 2008)
nos possibilitou identificar e diferenciar a relação entre compulsão e
dependência. Os relatos que representam a compulsão seguem demonstrados
no quadro 4 e os relatos que representam a dependência no quadro 5.
Assim nos relatos grifo nosso: 3 – “Comprou grandes quantidades de
comida de baixa qualidade nutricional e grandes proporções de gordura e
decidiu que iria se encher de tanto comer.”; 4 – “Comeu uma quantidade
assustadora de comida de maneira que não fazia há muito tempo e passou
muito mal tanto físico quanto psicologicamente.” e 6 – “Quando sente-se
ansiosa ou impaciente acaba comendo sem necessidade.” Dias (1996)
identifica que a compulsão é onde o indivíduo que se utiliza do mecanismo de
defesa para justificar seu impulso, a compulsividade é acompanhado pela
sensação de falta de controle sobre ação e a dualidade dos sentimentos de
culpa e vergonha. Entende-se que a paciente não menciona culpa após o ato
de comer.
E nos relatos grifo nosso: 5 – “Disse que sente-se muito mal por fazer
isto consigo mesma.” e 7 – “Após comer relatou sentir-se uma idiota, pois notou
que não precisava daquele doce ou comer aquela quantidade.” De acordo com
Dias (2008) pode-se identificar que há uma possibilidade de divisão interna no
seu psiquismo, apresentando um núcleo de censura e um núcleo de
permissividade que não se encontram, isto é, as ações não ocorrem no mesmo
35

momento. Ficando claro que ocorre a censura, evidenciando a permissividade


onde tudo lhe é permitido.
Já nos relatos grifo nosso: 1 – “Relata sofrer crises de ansiedade
enormes e comer até passar mal para amenizar suas frustrações.” e 2 – “Sofre
por ansiedade e sobrepeso.” Segundo Dias (2006) na compulsão, há
descargas de conflitos internos, evidenciando que a ação não se relaciona com
o objeto compulsivo. Desta forma o lado de censura é consciente e torna-se
impotente, permitindo que seu lado permissivo se sobressaia. Entende-se que
a paciente apresenta este lado permissivo. O ato de comer a confere alívio
para suas frustações.

Quadro 4 - Relato compulsão


Ordem Relatos do documento Codificação
Conflito/ período de
desordem que vai
além da norma e
Relata sofrer crises de ansiedade enormes
ingerir gerando
1 e comer até passar mal para amenizar suas
incomodo para
frustrações.
acalmar sua
insatisfação.

Sente dor moral pela


expectativa de um
2 Sofre por ansiedade e sobrepeso.
acontecimento e peso
excessivo.
Adquiriu excessivas
porções de alimento
Comprou grandes quantidades de comida
de baixo valor
de baixa qualidade nutricional e grandes
3 nutricional e rico em
proporções de gordura e decidiu que iria se
gordura e resolveu de
encher de tanto comer.
tal maneira se
abarrotar de comer.
Ingeriu uma quantia
aterradora de
Comeu uma quantidade assustadora de alimento de um jeito
comida de maneira que não fazia há muito exagerado e ficou
4
tempo e passou muito mal tanto físico indisposta de tal
quanto psicologicamente. maneira no físico
como
psicologicamente.
Fala que compreende
Disse que sente-se muito mal por fazer isto
5 o dano que faz a si
consigo mesma.
mesma
6 Quando sente-se ansiosa ou impaciente Percebe-se inquieta
36

acaba comendo sem necessidade. ou nervosa e conclui


ingerir o alimento sem
conseguir evitar.
Depois de ingerir o
Após comer relatou sentir-se uma idiota, doce notou que
7 pois notou que não precisava daquele doce jamais necessitava
ou comer aquela quantidade. engolir bruscamente a
porção.

A dependência é um vínculo compensatório que ocorre de forma


imediata, pois há uma sensação de vazio onde o indivíduo projeta suas
sensações de falta e incompletude, e fica na expectativa de que alguém possa
assumir a responsabilidade de preencher esse vazio da função psicológica que
não foi desenvolvida no seu material cenestésico como demonstrado nos
relatos grifo nosso: 8 – “Desde a sua infância não teve ajuda dos pais para
nada e que sempre viu seu pai, hoje falecido, agredir sua mãe.”; 13 – “Sua mãe
viajou e por estar sozinha em casa teve uma séria crise de ansiedade e
compulsão.”; 14 – “Não compreende porque não tem controle sobre a vontade
de comer e disse perceber o mal que faz para si comendo dessa forma.”; 15 –
“Quando a mãe esta em casa a educa de maneira a não permitir que ela coma
de forma exagerada.”; 19 – “Que sozinha não esta conseguindo lidar mais com
situação de comer e depois se arrepender, mas que é muito difícil.” e 22 – “Que
come mesmo sem sentir fome, mas que come, pois sabe que mesmo
passando mal é a forma que encontrou de estar viva no dia seguinte.”. De
acordo com Dias (1996), o indivíduo sente a satisfação e tende a se iludir,
achando que a função específica foi cumprida, e passa a sensação de
segurança, pois não há o rompimento da ligação a não ser através da decisão
do indivíduo de rompê-la como no relato 10 – “Diz não ter perspectiva de nada
e por isso sua ansiedade e vontade de comer só aumenta. Pede por ajuda.”
Compreende-se que a paciente está pedindo ajuda.
Nos relatos grifo nosso: 9 – “Não consegue manter uma alimentação
saudável por mais de quatro dias. Isso é frustrante relata.”; 11 – “Fato de não
se sentir mais independente como antes à coloca pra baixo, deixando-a mal e
insatisfeita.” ;12 – “Relatando que durante duas semanas conseguiu segurar
suas crises de ansiedade.”; 16 – “Sua única forma de passar o tempo e aliviar o
estresse é comer.”; 17 – “Que surtou e atacou a comida, pois come porque e a
37

única coisa que lhe da prazer.”; 18 – “Que lhe é muito difícil lidar com seus
sentimentos, pois depois que come arrepende-se e fica uns dois dias pior
ainda.” e 21 – “Sente muita dor e sofrimento e que não consegue mesmo falar
não.” Entende-se que não existe um desejo o que existe é a consciência que
esse vício traz para ela. Em situações onde a angústia se manifesta, esta age
mecanicamente deslocando seu pensamento fixo para o objeto, que lhe
proporciona a segurança, causando assim a situação de repetição fazendo
com que o vínculo com a comida seja acionado. De acordo com Dias (2006)
neste caso apresenta-se como fator desencadeante da angústia o próprio
objeto da dependência (comida), o qual lhe exerce uma função.

Quadro 5 - Relato dependência


Ordem Relatos do documento Codificação
Desde a infância não teve
Desde a sua infância não teve ajuda assistência dos pais para o
8 dos pais para nada e que sempre viu vazio e que sempre viu seu
seu pai, hoje falecido, agredir sua mãe. protetor (genitor), já falecido
agredir sua mãe.
Não consegue manter uma alimentação
Oposição a obter uma
saudável por mais de quatro dias. Isso
9 alimentação saudável e isso
é frustrante relata.
é decepcionante.
Oposição ao ponto de vista e
Diz não ter perspectiva de nada e por ao vazio/ inútil e por isso sua
isso sua ansiedade e vontade de comer dor moral pela expectativa
10
só aumenta. Pede por ajuda. de um acontecimento como
a ingestão só aumenta e
solicita por auxilio.
Negação em se perceber
Fato de não se sentir mais
como antes e sente-se
11 independente como antes à coloca pra
inferior, deixando-a
baixo, deixando-a mal e insatisfeita.
machucada e descontente.
Relatando que durante duas
Relatando que durante duas semanas
semanas obteve segurar o
12 conseguiu segurar suas crises de
período de desordem de
ansiedade.
desespero.
Sua mãe viajou e como ficou
Sua mãe viajou e por estar sozinha em
solitária em casa houve uma
13 casa teve uma séria crise de ansiedade
sucessão de conflito entre
e compulsão.
impaciência e a compulsão.
Não compreende porque não tem Não entende porque não
controle sobre a vontade de comer e possui autocontrole no
14
disse perceber o mal que faz para si desejo de comer e fala notar
comendo dessa forma. o dano que faz a si mesma
38

se alimentando desse jeito.


Se a mãe esta em casa
Quando a mãe esta em casa a educa
instrui de modo a jamais
15 de maneira a não permitir que ela coma
admitir que se alimente
de forma exagerada.
excessivamente.
Sua maneira de correr o
Sua única forma de passar o tempo e tempo e se tranquilizar da
16
aliviar o estresse é comer. pressão é comer.

Que surtou e atacou a comida, pois Gerou o assalto ao alimento,


17 come porque e a única coisa que lhe da alimentar é o incomparável
prazer. acontecimento de satisfação.
Que lhe é muito difícil lidar com seus
É demasiado custoso lidar
sentimentos, pois depois que come
18 com o entusiasmo, pois após
arrepende-se e fica uns dois dias pior
se alimentar fica magoada.
ainda.
Desamparada nunca alcança
Que sozinha não esta conseguindo lidar
o esforço com a condição de
19 mais com situação de comer e depois
alimentar e depois se
se arrepender, mas que é muito difícil.
magoar.
Nunca obteve de dizer sua
Não consegue falar não por ela e muito contestação para ela e
20
menos para falar não para as pessoas. sobremaneira se contestar
com as pessoas.
Tem excessiva mágoa e
Sente muita dor e sofrimento e que não
21 nunca consegue expressar
consegue mesmo falar não
sua negação.
Compreende que ingere o
Que come mesmo sem sentir fome,
alimento sem fome, e essa
mas que come, pois sabe que mesmo
22 indisposição ruim é a forma
passando mal é a forma que encontrou
que encontrou de estar viva
de estar viva no dia seguinte.
no dia seguinte.

3 PARECER FINAL

Neste estudo de caso a paciente em questão abandonou o atendimento.


E não apresentou questionar seu vínculo com a comida nem tão pouco se
arrepender dos atos praticados, apresentando características de dependência
em relação à comida. Assim, a paciente não apresentou disponibilidade para
questionar sua relação com a comida. Entende-se que a paciente buscou na
relação com a terapeuta que esta assumisse o papel de responsável e a
orientasse através de uma relação complementar patológica, onde a paciente a
solicitava para cuidar de seus interesses. Compreende-se que era uma
39

projeção da paciente em relação a sua mãe, a qual delegava a ela o cuidado


da sua alimentação e a responsabilidade por fazê-la parar de comer.
40

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados do estudo apontam que há uma diferenciação entre


compulsão e dependência e o terapeuta que se utilizar da análise
psicodramática como abordagem terapêutica terá formas diferentes de atuação
perante o indivíduo que apresentar o quadro de obesidade. Como o paciente é
um ser único só é possível identificar seu comprometimento após a escuta e
aplicação das técnicas dos espelhos, que permitirá ao terapeuta junto ao
paciente clarificar sua demanda e com isso, identificar em qual área durante
seu processo de desenvolvimento cenestésico ficou tamponado. Podemos
entender que a proposta apresentada por Dias identifica a compulsão como um
funcionamento de divisão interna, na qual, uma das partes se torna um agente
de censura e cobrança fazendo com que depois de um ato impulsivo
consciente aciona seu mecanismo de defesa, promovendo-lhe um sentimento
de culpa de arrependimento em relação ao objeto compulsivo.
Na dependência fica demonstrado que a um vínculo compensatório do
indivíduo com relação ao próprio objeto, que lhe proporciona uma satisfação
imediata o induz para que sua função específica seja cumprida transmitindo-lhe
uma sensação de segurança, com isso, torna-se difícil para o indivíduo se
identificar como dependente do objeto e romper com esse vínculo. Identificou-
se após análise da paciente, a mesma apresenta um quadro de dependência
em relação à comida, o que torna difícil o controle emocional no ato de comer,
pois o objeto tampona a falta deixada durante o seu desenvolvimento
cenestésico.
41

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, B; FERREIRA, S.R.G. Epidemiologia. In: CLAUDINO, A. M.,


ZANELLA, M. T (org). Guia de Transtornos Alimentares e Obesidade. (orgs).
Barueri: Manole, 2005. p.185-189.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Universidade da UFPR, 2000.

BATISTA, M.A. Valorização dos avós na matriz de identidade. Rev. bras.


psicodrama vol.17 no.1, São Paulo, 2009, p. 13-19.

BERMÚDEZ-ROJAS, J. G. Introdução ao Psicodrama. Tradução Dr. José


Manoel D’Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

BRASIL. Ministério da Saúde. Obesidade e Desnutrição - Disponível


em:<bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/obesidade_desnutricao.pdf> acesso
em 05.05.2016.

CERVELLINI,N.H.;CALLAS, D.G.;FERREIRA, S.M.P. Grupo autodirigido: uma


estratégia para o desenvolvimento do papel de diretor e ego-auxiliar. Rev.
bras. psicodrama vol.23 no.1, São Paulo, 2015, p. 33-41 Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicodrama/v23n1/n1a05.pdf> Acesso em
09.05.2016

CHIMICATI, E. M.; MACIEL, S. F. Obesidade uma doença do afeto. Belo


Horizonte: Health, 2001. p.46-104.
CLAUDINO, A. M., ZANELLA, M. T. Guia de Transtornos Alimentares e
Obesidade. (OrgS). Barueri: Manole, 2005.

CONEJO, P. S. Homem e obesidade – excessos e faltas: corpos que contam


histórias. 2009. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) – Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em:<
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-17122009-093542/pt-
br.php>. Acesso em 14 dez. 2015.

DÂMASO, A. Obesidade. IN. DÂMASO, A.; GUERRA, R. L. F.; BOTERO, J.


P.; PRADO, W. L. do, Etiologia da Obesidade. São Paulo: Medsi, 2003. p. 3–
15.
42

DIAS, R. C. S. V. Análise Psicodramática: teoria da programação


cenestésica. São Paulo: Ágora, 1994.

________________ Sonhos e Psicodrama Interno na Análise


Psicodramática. São Paulo: Ágora, 1996.

________________ Psicopatologia e Psicodinâmica na Análise


Psicodramática vol. I. São Paulo: Ágora, 2006.

_________________ Psicopatologia e Psicodinâmica na Análise


Psicodramática vol. II. São Paulo: Ágora, 2008.

__________________ Psicopatologia e Psicodinâmica na Análise


Psicodramática vol. V. São Paulo: Ágora, 2016.

DICIONÁRIO ON LINE. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/>. Acesso


em: 01.10.2016.

DIRETRIZES BRASILEIRAS de obesidade 2009/2010/ ABESO - Associação


Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. - 3. ed. -
Itapevi, SP : AC Farmacêutica, 2009. Disponível
em:<http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_
1.pdf>. Acesso em 05.05.2016.

GOLÇALVES, S.C.; WOLFF, R.J.; ALMEIDA, C.W. Lições de psicodrama:


introdução ao pensamento de J. L. Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

GUIMARÃES, L. A. História do Psicodrama Da evolução do criador à


evolução da criação. Disponível em:
<http://www.asbap.com.br/producao/historia_psicodrama.pdf> Acesso em:
28.04.2016.
LOLLI, M. S. A. Obesidade como sintoma: uma leitura psicanalítica. São
Paulo: Vetor, 1999.

MATOS, M. I. R. Terapia Comportamental. In: CLAUDINO, A. M., ZANELLA, M.


T (org). Guia de Transtornos Alimentares e Obesidade. (orgs). Barueri:
Manole, 2005. p.259-260.

MENEZES, O. A. Obesidade motivações inconscientes. São Paulo: Paulus,


1998.
43

MORENO, J. L. Psicodrama. Tradução Álvaro Cabral. 11. ed. São Paulo:


Cultrix, 2007.

MOTTA, E. F. O Peso da Obesidade: O excesso de peso como sintoma.


Disponível em:< https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/o-peso-da-
obesidade-o-excesso-de-peso-como-sintoma> acesso em 12.05.2016.

MOTTA, J. M. C. 1970: o Congresso que redefiniu o campo do psicodrama


brasileiro. Rev. bras. psicodrama vol.18 no.2, São Paulo, 2010, p. 119-128.

PERES, R. B. Prejuízos à saúde impostos pela obesidade. In: CLAUDINO, A.


M., ZANELLA, M. T (org). Guia de Transtornos Alimentares e Obesidade.
(orgs). Barueri: Manole, 2005. p.211-213.

PINTO, A. C. B. Refeição Psicodramática: a obesidade em cena – a


psicoterapia psicodramática na superação da obesidade. IN: FLEURY, H. J.;
MARRA, M. M. (OrgS). Intervenções grupais na saúde. São Paulo: Ágora,
2005. p. 111–129.

SADOCK, B. J. Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e


psiquiatria clínica. Tradução Claudia Dornelles ... (et al.). 9.ed. Porto Alegre:
Artmed, 2007.

SEGAL, A. Obesidade não tem cura, mas tem tratamento. São Paulo:
Lemos, 1998.

SENISE, N. Dr. A obesidade um problema psicológico. São Paulo: Edibolso,


1976.

SOEIRO, A. C; SAAD. C. A. Psicodrama e psicoterapia. 2. ed. São Paulo:


Ágora, 1995.

VIEIRA, F. E. M. Da Ação à Emoção: O Psicodrama no tratamento da


obesidade. Estudo da eficácia e do processo terapêutico. 2014. Tese
(Doutorado em Psicologia) – Faculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação – Universidade do Porto, Porto Portugal. 2014. p. 29–90. Disponível
em: <https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/78301>. Acesso em: 14 jan.
2016.
44

VIGITEL 2014. Disponível em:


<http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/72/553a243c4b9f3.pdf>. Acesso
em: 08 março 2016.

ZANELLA, M. T. Tratamento. In: CLAUDINO, A. M., ZANELLA, M. T (org). Guia


de Transtornos Alimentares e Obesidade. (orgs). Barueri: Manole, 2005.
p.235-241.
45

APÊNDICE
46

ANEXO

Potrebbero piacerti anche