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Ron Thompson
Sem que tenha solicitado, me têm chegado cartas e comunicações de ministros e membros
de nossas igrejas no Texas, Califórnia, Colorado, Kansas e Ohio, expressando alarme e
preocupação com respeito à entrada do estilo de adoração tipo “celebração”, que está
penetrando nos portais da Igreja Adventista. As representações teatrais, a música e a
pregação que está sendo usada na “celebração”, constituem os temas de preocupação.
Explorei estes temas usando muitas de minhas observações pessoais, já que tenho
assistido às maiores igrejas de estilo “celebração” em dois diferentes estados. Eu passei
uma ou duas noites sem dormir e tenho orado e estudado consideravelmente sobre este
assunto.
Em Novembro de 1990, entrei em uma igreja no momento em que se iniciava o culto, com
um líder dirigindo o serviço de canto usando cânticos de louvor projetados em uma tela. Os
cânticos foram entoados com o acompanhamento de um conjunto de música pop e
complementado com tambores – não havia órgão à vista. A congregação, na qual muitos
estavam vestidos de modo muito informal, não era descuidada em sua forma de cantar,
pois cantavam com grande entusiasmo, batendo palmas ritmicamente, seguindo o
compasso e marcando o ritmo com os pés aqui e ali. A medida que o ritmo se acelerava,
aumentava a excitação e as frases dos cânticos eram repetidas, de maneira que o espírito
das pessoas era excitado. Então os adoradores levantavam os braços e os moviam
suavemente em êxtase. Uma canção de louvor após outra foi entoada, enquanto o diretor
de canto animava as pessoas a bater palmas e a levantar os braços. E se a congregação
não respondia entusiasticamente, os cânticos de louvor selecionados sugeriam uma
reação, como por exemplo: “Cantai alegres a Jeová… Levantai a voz e aplaudi”, ou “A Ti, ó
Senhor, elevo minhas mãos”. Era como uma sessão de ginástica aeróbica, com música e
cânticos contínuos, mesclados com “exercícios espirituais” de aplaudir, bater palmas e
levantar as mãos. Isto continuou por quase uma hora, com números especiais intercalados
e interrompendo-se freqüentemente para orar, fazer anúncios e recolher a oferta. A
seguinte meia hora foi dedicada ao sermão.
Tudo isto vem através da (igreja) “New Hope Community Church”, com capacidade para
três mil pessoas, alugada pela “New Life Celebration Church” (Igreja Celebração da Nova
Vida) dos adventistas do sétimo dia.
O livro “20/20 Vision”, escrito por Dale E. Galloway, pastor da “New Hope Community
Church”, está sendo vendido rapidamente na livraria de uma de nossas associações. O
termo “celebração” impregna o livro, que inclui uma seção intitulada: “Faça uma celebração
de cada culto de adoração.”
Uma celebração de quê? O livro “20/20 Vision” explica: “Na igreja primitiva, todos se
reuniam semanalmente para uma gigantesca celebração no dia da ressurreição. E durante
a semana, se reuniam de casa em casa em pequenos grupos.” (2)
A “New Hope Community Church” se reúne “aos domingos para celebrar o poder da
ressurreição de Jesus” (3). Certamente tenho a esperança de que esta forma de
celebração não se infiltre na Igreja Adventista para conduzir cultos de celebração de
comunhão no domingo, porém, em certo lugar, isto já tem ocorrido.
O livro de Dale Galloway, “20/20 Vision”, explica como ter um “Jardim de Oração” (ideia que
foi adotada pelo estilo celebração) onde as pessoas se reúnem diante do ministro para orar
e os anciãos colocam suas mãos sobre os ombros deles (4) – justamente a postura que se
adota para recepção do falso espírito pentecostal pela “imposição das mãos”.
É tanto o que os adventistas têm adotado da “New Hope Community Church”, e de Dale
Galloway e seu livro, que tem motivado a produção das seguintes publicações adventistas:
“Home of Hope” (Lar de Esperança, guia de estudos bíblicos); “From Cell to Celebration”
(Da Célula à Celebração), um guia para os líderes de um Ministério Dinâmico de grupos
pequenos; “Trinity Power Circle, Mega-Ministry” (Círculo do Poder Trinitário, Mega-
Ministério). O último guia mencionado, “Círculo do Poder Trinitário”, até adotou e exibiu em
sua capa o símbolo internacional mais recente do movimento carismático pentecostal do
dom de línguas – a representação de uma pomba com um ramo de oliveira no bico. E com
o propósito de promover este livro em todas as igrejas adventistas, este guia leva na
contra-capa a inscrição: “Conselho Ministerial Mundial da Associação Geral, Indianápolis,
1990, Seminário Nº GCM7274”. Assim, por meio deste guia e seminário, os pastores da
América do Norte e do campo mundial foram doutrinados na forma de conduzir “cultos de
celebração cheios de Espírito”.
“Nossos cultos de adoração devem ser mais animados. Deveríamos mostrar o entusiasmo
que se vê nas pessoas quando vão a eventos esportivos ou concertos. Não há outra
pessoa além de Jesus por quem deveríamos emocionar-nos tanto. Deveríamos aplaudir,
sapatear, levantar nossas mão se darmos abraços santos uns nos outros… E porque não
alguma representação teatral?… Que haja muita variedade.”
Seguramente, pode-se discernir que as raízes do estilo celebração não são somente
carismáticas; sem dúvida alguma, a “One World Church” (Uma Igreja Mundial) tem sido
formada pelo movimento carismático. O Espírito de Profecia nos adverte: “Há um desejo de
copiar outras igrejas e a simplicidade e a humildade são quase desconhecidas.” (5)
Peças Teatrais tem sido freqüentemente usado pela Organização para que os jovens se
sintam apreciados como os atores do mundo e mantenham-se ao mesmo tempo "ocupados
na igreja."
Os adoradores do estilo celebração recorrem aos Salmos para defender seus “exercícios
espirituais”: “Aclamai a Deus com alegria, toda a Terra”. Salmos 66:1. Os seguidores do
movimento celebração, como os carismáticos, estão inclinados a um “literalismo extremo”
na interpretação das Escrituras; chegam tão longe que dizem que este versículo significa
realmente produzir um ruído forte, ou melhor ainda, alguns até podem gritar durante o
culto, porque “os filhos de Deus gritavam de alegria”. Jó 38:7 (versão inglesa “King
James”).
Porém semelhante interpretação não é fidedigna, já que nos salmos e escritos poéticos,
nos defrontamos com a poesia hebraica. Embora estejamos familiarizados com a poesia no
que respeita à rima de palavras, a poesia hebraica compreende a rima de pensamentos ou
frases. Deste modo, um pensamento expresso seria paralelo a um segundo pensamento.
Este “paralelismo hebraico” é ilustrado no salmo que foi citado, onde o versículo um –
“Aclamai a Deus com alegria” – é paralelo ao versículo dois – “Cantai à glória de Seu
nome”. Do mesmo modo, em Jó 38:7, a frase “os filhos de Deus gritavam de alegria” é
paralela com “as estrelas da alva louvavam”. Assim o “fazer um ruído gozoso” ou “gritar de
alegria” simplesmente significa cantar e nada mais.
O mesmo princípio de interpretação da poesia hebraica deveria ser aplicado ao salmo que
é cantado e interpretado literalmente: “Povos todos, batei palmas”. Salmo 47:1. Entretanto,
esta é a única citação bíblica referindo-se a pessoas aplaudindo e à qual se aferram
tenazmente os partidários do movimento celebração; a citação não especifica que se possa
aplaudir durante um culto de adoração. Tão pouco especifica o bater palmas ou o aplauso.
Então o que é que este versículo realmente especifica?
Notem: “Povos todos, batei palmas” tem seu paralelo com “aclamai a Deus com voz de
júbilo”. Salmo 47:1. Já que “gritando a Deus” ou “ruído gozoso” é simplesmente cantar,
igualmente “bater palmas” é uma figura de linguagem – uma “expressão idiomática de
gozo” que o salmista teve que escolher para que rimasse com a outra “expressão de gozo”
durante o canto.
A propósito, o bater palmas durante o culto de adoração muda o teor da música e do canto
e passa a ser entretenimento. Nem os músicos nem os vocalistas necessitam ser
aplaudidos, já que não atuam para os homens, senão para Deus, cantando “a glória de
Seu nome”, fazendo “gloriosa Sua adoração” (Salmo 66.2), e não para a glória do homem.
A verdadeira forma em sinal de aprovação é simplesmente: “E respondeu toda a
congregação: Amém! E louvavam a Jeová” ou disseram: “Aleluia”. Neemias 5:13. Veja-se
também Apocalipse 19:4. Aqueles que levantam as mãos e os braços em adoração citem e
cantam o Salmo 134:2 para apoiar este “exercício espiritual”: “Erguei vossas mãos ao
santuário e bendizei a Jeová.” Porém este versículo pode ser traduzido: “levantai vossas
mãos em santidade”. E isto pode simplesmente significar a atitude e postura de oração,
como no Salmo 63:4, que diz: “Em Teu nome erguerei minhas mãos”, seguido do versículo
seis: “Quando me lembrar de Ti em meu leito” – supostamente em oração.
Ademais, a expressão “erguer as mãos” pode não ser toda literal, assim como não são:
“Levantarei as minhas mãos para os Teus mandamentos” (Salmo 119:48); ou “levantemos
nossos corações com as mãos a Deus nos céus”. Lamentações 3:41. De modo que a
expressão “erguer as mãos” é mais o desejo de “alcançar” a Deus. Do mesmo modo que o
lema da Companhia Telefónica, “estenda suas mãos e alcance a alguém”, não tem um
significado literal, senão que é uma expressão de comunicação.
Young Bakker, cujo pai é o prisioneiro evangelista Jim Bakker, veio a sua casa e disse a
sua mãe, Tammy Bakker, que ela não creria no que lhe havia acontecido. Ele disse:
“Mamãe, levantei minhas mãos na igreja pela primeira vez em minha vida. Chorei por cinco
dias seguidos, falei em um idioma que não podia entender. Mamãe, não podia parar” (8).
Ellen White trata com profundidade do fanatismo e extremismo de uma ou outra classe em
“Mensagens Escolhidas”. Algumas de suas citações são as seguintes:
“Alguns dançavam para cima e para baixo, cantando: ‘Glória, glória, glória, glória, glória,
glória’. Por vezes eu ficava sentada quieta até que terminassem, e então me erguia e dizia:
‘Esta não é a maneira por que o Senhor opera. Ele não causa impressões assim.
Precisamos dirigir a mente do povo à Palavra como o fundamento de nossa fé.’” “Toda
manifestação de fanatismo desvia a mente da evidência da verdade – a própria Palavra.”
(9)
Além do mais, na variedade está o sabor ou prazer da vida! A representação dramática foi
bem executada em uma plataforma de três níveis; as luzes foram apagadas, porém os
refletores seguiam os atores e a narração reforçada com a música criou um efeito
dramático. Contudo, o drama tem seu lugar no teatro e serve de entretenimento. Portanto,
uma representação teatral não tem seu lugar na teologia de adoração em dia de sábado.
A música de louvor tem sido introduzida pelo estilo celebração. Conquanto as palavras
sejam sagradas, grande parte do acompanhamento musical é secular e sensual, o tipo de
música que faz com que as mãos entrem em um aplauso rítmico com os instrumentos de
percussão e que estimula o corpo à dança. Mas, detenhamo-nos para pensar: não
queremos dançar na igreja!
Grande parte da música de louvor tem uma progressão de compasso, ritmo e tom, com
repetição contínua, com o fim de estimular o ânimo e criar um estado de êxtase.
O problema, hoje em dia, é que a igreja não faz “diferença entre o santo e o profano”
(Ezequiel 22:26) com referência à música. Nadabe e Abiú, raciocinaram que “fogo é fogo” e
não fizeram diferença entre o fogo santo e o fogo estranho quando oficiavam diante de
Deus. Oxalá que nós não cometamos o mesmo erro e pensemos que “música é música”
quando louvamos ao Senhor. Há uma clara diferença entre a música sacra e a música
secular; que não haja confusão entre as duas, para nosso próprio bem. Não ofereçamos
“fogo estranho diante de Jeová”. Levítico 10:1.
Estilo Celebração
Já que o estilo do culto celebração no louvor tem atrativo para a juventude, que se
encontra na idade de busca do prazer, do entretenimento e da excitação, estejamos
seguros de que lhes damos o que “necessitam”. Eles necessitam de “fome e sede de
justiça” – eles necessitam de “buscar primeiramente o reino de Deus” – eles necessitam de
Jesus Cristo, Filho de Deus, e não de Jesus Cristo Superstar.
“A grande maioria dos homens e mulheres que professam conhecer a verdade preferem
receber mensagens delicadas. Não querem que ponham diante deles seus pecados e
defeitos. Preferem os pastores acomodados que não convençam ao apresentar a verdade.
Preferem também os que adulam e, por sua vez, eles louvam o pastor por manifestar tão
‘bom’ espírito enquanto atacam ao fiel servo de Deus… Muitos exaltam ao ministro que fala
da graça, do amor e da misericórdia de Jesus Cristo, que não põe ênfase nos deveres e
nas obrigações.” (12)
“Diferentemente dos movimentos religiosos do passado, a meta desta vez (com exceção
dos conversos tradicionais de todas as crenças) é oferecer apoio não salvação, ajuda em
lugar de santidade e um círculo de indivíduos no mesmo nível espiritual, em lugar de uma
igreja ou guia autoritário. O mais importante deste programa é manter uma camaradagem
social; por este motivo, as igrejas que menos exigem são as mais populares.” (13)
Ainda que “há bálsamos em Gileade” (veja-se Jeremias 8:22) “para sarar aos quebrantados
de coração”, este ministério de educação, incluindo os ministérios que satisfazem
necessidades, devem ser moderados até certo grau e não suplantar em importância a
“libertação dos cativos” (Lucas 4:18), a qual é a salvação do pecador. Em lugar de “erguer
as mãos santas” como a canção de louvor sugere, digamos: “Levantarei as minhas mãos
para os teus mandamentos”. Salmo 119:48. Oxalá que nos regozijemos e celebremos
dizendo: “Deleito-me em fazer a Tua vontade, ó Deus meu; sim, a Tua lei está dentro do
meu coração”. Salmo 40:8. Que nossa oração seja: “… não se faça a minha vontade (ou
meus desejos), mas a Tua”. Lucas 22:42. Revista Nosso Firme Fundamento Volume 1
Número 1
Notas:
(1) Christianity Today, 5 de Fevereiro de 1990, págs. 19-20 (voltar)
(2) Dale E. Galloway, 20/20 Vision (Scott Publishing, 1990), pág. 38 (voltar)
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