Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
TESE DE DOUTORADO
João Pessoa - PB
Agosto/2018
Avaliação fotocatalítica de niobatos
lamelares: Influência dos métodos de
síntese, aspectos teóricos e
experimentais
João Pessoa - PB
Agosto/2018
†
Este trabalho contou com bolsa de Doutorado da Capes
ii
Avaliação fotocatalítica de niobatos lamelares: influência dos
métodos de síntese, aspectos teóricos e experimentais
Tese de Doutorado apresentada pela aluna Juliana Kelly Dionízio de Souza e aprovada
pela banca examinadora em 31 de agosto de 2018.
Agosto/2018
iii
Dedicatória
iv
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus pela vida, em seguida a minha mãe (Dalva Lúcia de
Sousa) e ao meu Pai (José Dionízio Filho);
Aos meus país de coração, Zenildo Henrique da Silva e Francisca Lucineide Fernandes
da Silva, pelo apoio, ajuda e sobre tudo a confiança que depositaram em mim, pois
sem vocês nunca chegaria onde estou;
Ao meu esposo Danilo da Nóbrega Santos, pela enorme paciência, carinho e apoio no
desenvolvimento dessa tese e da minha vida;
Ao Prof. Dr. Ary da Silva Maia, por todo seu acolhimento, orientações, paciência,
incentivo e confiança depositada para o desenvolvimento desse trabalho;
Ao Prof. Dr. Anderson dos Reis por todo incentivo, confiança, orientações, muito
obrigada por acreditar;
A Prof.a Dr.a Iêda Maria Garcia dos Santos, pelos ensinamentos e orientações no
desenvolvimento de todos esses anos;
Ao Prof. Dr. Sandro Marden pelas análises de refinamento Rietiveld e por ser sempre
solícito;
v
todo apoio, motivação, incentivo e principalmente, por nunca ter me deixado desistir,
sem vocês nada faria sentido, amo muito vocês;
A equipe de Niobatos: Thiago Madinho, Luzia Castro, João Jarles, Rayssa Medeiros,
Suelen, Rafael, Katiane, Alexandra, Alice e Ismael, por mais que a distância nos
separem, sempre ficará esse elo de irmandade;
Agradeço a todos amigos e parceiros do lacom sem a companhia de vocês, sem as horas
de proza e descontração nunca teria o mesmo entusiasmo e nada seria igual.
Muito Obrigada!!!
vi
“A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser
um sujeito normal .”
Raul Seixas
vii
Resumo
viii
Abstract
ix
Sumário
1 Fundamentação Teórica 5
1.1 Fundamentação Teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.1 Nióbio: propriedades físicas e químicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.2 Abundância e seus compostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.3 Composto Lamelar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.4 Niobatos Lamelares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Triniobato de Potássio KNb3 O8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Hexaniobato da Potássio K4 Nb6 O17 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
• Efeito da hidratação e outras propriedades do K4 Nb6 O17 . . . . . . . 12
1.1.5 Método de obtenção dos niobatos de potássio lamelar (KNb3 O8 e
K4 Nb6 O17 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
• Método dos Precursores Poliméricos (PP) . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.1.6 Simulação Computacional para o Estado Sólido . . . . . . . . . . . . . 18
1.1.7 Estudos dos niobatos a nível DFT: uma breve revisão . . . . . . . . . 20
1.1.8 Fotoluminescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.1.9 Fotoluminescência em óxidos lamelares . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Aspectos estruturais e propriedades dos OAD (Octaedros Altamente
Distorcido) e OLD (Octaedros Levemente Distorcido) dos
niobatos de potássio lamelares . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.1.10 Corantes têxteis e seus aspectos ambientais . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.1.11 Princípios de fotocatálise heterogênea e mecanismo . . . . . . . . . . . 26
1.1.12 Fatores que influenciam os processos fotocatalíticos . . . . . . . . . . . 28
Concentração inicial do corante (C0 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Efeito da morfologia e da área superficial do catalisador . . . . . . . . 29
Quantidade de fotocatalisador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Efeito do pH da solução reacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.1.13 Efeitos dos supressores de e– e h+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Supressores de radicais • OH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Doadores de e– (supressores de h+ ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Receptores de e– e efeito do O2 dissolvido (supressor de e– ) . . . . . . 32
1.1.14 Niobatos lamelares aplicados à fotocatálise . . . . . . . . . . . . . . . 32
xi
2.3.3 Análise organizacional a curto e médio alcance . . . . . . . . . . . . . 58
2.3.4 Análise Morfológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
2.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
xii
4 Niobatos Lamelares KNb3 O8 e K4 Nb6 O17 em suas fases protonadas. 99
4.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.1.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.2 Materiais e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.2.1 Reação de protonação do KNb3 O8 e K4 Nb6 O17 . . . . . . . . . . . . . 101
Obtenção dos niobatos protonados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.2.2 Técnicas de Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.3 Resultados e Discussões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.3.1 Organização a longo alcance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.3.2 Organização a curto alcance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.3.3 Organização a médio alcance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.3.4 Análises de UV-vis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
xiii
Efeito do supressor de O2•− , por borbulhamento de N2 . . . . . . . . . 126
Efeito do doador de e− (supressão de h+ ) utilizando o EDTA como
reagente de sacrifício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Aspectos relacionados ao mecanismo de formação dos radicais • OH e
descoloração do corante RNL . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Efeito do pH na reação de fotodescoloração . . . . . . . . . . . . . . . 128
Variação da quantidade de KNb3 O8 e da concentração do corante na
reação de fotocatálise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Variação da temperatura de calcinação do KNb3 O8 . . . . . . . . . . 132
Reúso do fotocatalisador KNb3 O8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
5.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Referências 139
Apêndice
xiv
Lista de Figuras
xvi
2.17 Espectros de emissão de fotoluminescência dos (a) KN b3 O8 e (b) K4 N b6 O17 ,
calcinados a 550, 650 e 750 ◦ C, com excitação em λ = 350 nm . . . . . . . . . 64
2.18 Representação em % das componentes de cor, obtidas das deconvoluções
(Gaussianas) dos espectros de emissão de PL dos niobatos de potássio
calcinados a 550, 650 e 750 ◦ C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.19 Micrografias do KN b3 O8 sintetizado pelo método a) PP e b) ES. . . . . . . . 69
2.20 Micrografias do K4 N b6 O17 sintetizado pelo método a) PP e b) ES. . . . . . . 70
4.1 Síntese das formas protonadas dos niobatos de potássio, partindo da reação de
troca iônica com uma solução a 6 mol/L de ácido nítrico. . . . . . . . . . . . 102
4.2 Comparação dos difratogramas de raios-X dos materiais antes e após a reação
de protonação, (a) KN b3 O8 , HN b3 O8 .H2 O e (b) K4 N b6 O17 , K4−x Hx N b6 O17 . 104
xvii
4.3 Comparação dos espectros de infravermelho dos niobatos de potássio e suas
formas protonadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.4 Espectros Raman dos niobatos protonados comparados a suas formas
potássicas, (a) KN b3 O8 , HN b3 O8 .H2 O e (b) K4 N b6 O17 , K4−x Hx N b6 O17 . . . 107
4.5 Espectros de emissão de fotoluminescência dos (a) niobatos de potássio e suas
formas protonadas e (b) resultados das deconvoluções das PLs em porcentagem,
com excitação em λ = 350 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.6 Espectros de refletância dos niobatos de potássio e suas formas protonadas,
admitindo um band-gap direto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
5.1 Curva analítica para as bandas com absorções em 411 nm, partindo da solução
estoque de 100 ppm em pH natural da solução de corante. . . . . . . . . . . . 115
5.2 Esquema que retrata a reação de fotodescoloração. . . . . . . . . . . . . . . . 116
5.3 Esquema do fotoreator empregado da reação de fotodescoloração. . . . . . . . 117
5.4 (a) comparação das reações de descoloração dos métodos de síntese dos niobatos
de potássio (PP e ES) e (b) porcentagem de descoloração em 200 min. . . . . 121
5.5 (a) curvas de C/C0 das reações de fotodegradação com os niobatos de
potássio sintetizador pelo método PP e ES, P25 e fotólise, (b) porcentagem
de descoloração em 200 min. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
5.6 Testes de fotodegradação com os supressores de radicais • OH, O2•− , e− e
h+ utilizando o KN b3 O8 e o K4 N b6 O17 obtidos pelo método PP, como
fotocatalisador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
5.7 Mecanismos proposto para a formação do radical • OH nos semicondutores a)
KN b3 O8 e b) K4 N b6 O17 . Ambos seguem um mecanismo indireto, em que a
formação dos radicais hidroxilas depende dos portadores de carga e− /h+ . . . 127
5.8 Potencial de carga zero dos niobatos de potássio sintetizados pelo método Pechini.129
5.9 Reação de fotocatálise da variação do pH na solução do corante para 3, 6
e 9 (10 ppm) utilizando 66,7 mg de KN b3 O8 obtido pelo método PP, como
fotocatalisador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
5.10 Curvas de C/C0 para a avaliação da variação de massa de KN b3 O8 utilizando
um volume de solução reacional de 100 mL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
5.11 Curvas de C/C0 para a avaliação da variação da concentração iniciais da solução
do corante utilizando a mesma massa do catalisador KN b3 O8 . . . . . . . . . . 132
xviii
5.12 Reação de fotocatálise variando as temperaturas de calcinação do KN b3 O8
obtido pelo método PP para a solução do corante a 10 ppm. . . . . . . . . . . 133
5.13 Ciclos de reúso dos fotocatalisadores (a) KN b3 O8 e (b) K4 N b6 O17 para a
reação de descoloração do corante RNL a 10 ppm. . . . . . . . . . . . . . . . 134
xix
Lista de Tabelas
xxi
Lista de Siglas
RNL – Remazol Amarelo Ouro
PP – Precursores Poliméricos
ES – Estado Sólido
C0 - Concentração inicial
OAD – Octaedros altamente distorcidos
OLD – Octaedros levemente distorcidos
HC – Hidrotermal convencional
SG- Sol-gel
MO – Aquecimento micro-ondas
SF – Sal fundido
AC – Ácido Cítrico
EG – Etilenoglicol
V – Volume da célula unitária
Ba – Largura a meia altura (hkl) dos niobatos de potássio
MEV – Microscopia eletrônica de varredura
BET – área superficial
𝜆 – Comprimento de onda
Bp - largura a meia altura do pico (hkl) do silício utilizado como referência.
h – Constante de Planck
ν – Frequência vibracional
F(R∞) – Coeficiente de absorção
Eg – Energia de Gap
𝑡̅ – Tamanho médio de cristalito
TTB – Bronze de Tugstênio Tetragonal
BV – Banda de Valência
BC – Banda de Condução
PL – Fotoluminescência
Introdução
Introdução
Nos últimos anos, a procura por óxido mistos em camada como fotocatalisadores tem
atraído bastante atenção [1–3],principalmente devido as sua características únicas como
elevada área superficial, cristalinidade, centros reacionais superficiais, separação dos pares
e− /h+ , etc [4]. Sendo assim, o uso desses materiais como fotocatalisadores aplicados a
degradação fotocatalítica heterogênea surge como alternativa para remoção de contaminantes
orgânicos [1].
Compostos ou materiais lamelares são formados pelo empilhamentos de várias lamelas
ao longo de um eixo cristalográfico. Os átomos que constituem as lamelas são unidos por
ligações covalentes e o íon da região interlamelar garante a eletroneutralidade desse tipo de
material [5]. Logo, o uso de materiais lamelares constituídos de nióbio como fotocatalisadores,
apresenta-se como uma estratégia promissora no tratamento de poluentes orgânicos [3, 6–10].
As lamelas dos niobatos lamelares apresentam octaedros distorcidos [11]. Esses octaedros
se combinam de diferentes formas para gerar estruturas como a apresentada para o KN b3 O8
e o K4 N b6 O17 . As estruturas desses niobatos de potássio possuem similaridades entre si;
suas lamelas são carregadas negativamentes; as propriedades de intercalação e esfoliação
são semelhantes. Porém , o KN b3 O8 apresenta um único tipo de região interlamelar [12].
Já o K4 N b6 O17 possui dois tipos de regiões interlamelares, sendo uma com características
hidrofílicas (região I) [13, 14]. Dependendo da umidade relativa do ar, pode-se encontrar o
K4 N b6 O17 com 3 ou 4,5 (K4 N b6 O17 .3H2 O ou K4 N b6 O17 .4, 5H2 O) moléculas de água na
região interlamelar [13, 15, 16].
Os octaedros [N bO6 ] dos niobatos de potássio lamelares podem ser classificados em
relação ao seu grau de distorção, como Octaedros Altamente Distorcidos (OAD) e Octaedros
Levemente Distorcidos (OLD). Os OAD possuem ligações Nb-O bem curtas, com caráter
de dupla ligação [12–15, 17, 18]. Assim, esses niobatos possuem propriedades vibracionais,
fotofísicas e fotocatalíticas únicas, as quais podem ser atribuídas ao grau de distorção desses
octaedros [17, 18].
No atual cenário em relação aos niobatos de potássio lamelares, ressalta-se que poucos
estudos relacionados a cálculos teóricos a nível DFT, têm sido realizados para esses materiais,
sendo praticamente inexistentes os que detalham suas propriedades eletrônicas e vibracionais,
que servem de subsídios para o entendimento e aplicações práticas desses niobatos e seus
derivados.
O KN b3 O8 e o K4 N b6 O17 nos últimos anos vêm atraindo bastante atenção para processos
3
de fotodegradação de contaminantes orgânicos [3, 6–10]. A literatura reporta dois possíveis
mecanismo fotocatalíticos, um por via direta e outro indireta. Em especial, o mecanismo
por via indireta está associado à formação do radical • OH no meio reacional [1, 2, 19, 20].
Sendo assim, a atividade fotocatalítica em semicondutores pode ser correlacionadas com a
capacidade de formação desse radicais [1, 2]. Alguns parâmetros no processo fotocatalítico
podem ser modificados, os quais podem interferir positivamente ou negativamente na formação
dos radical • OH [21]. Compostos como álcoois de cadeias curtas podem ser utilizados como
supressores de radicais • OH, pela abstração do mesmo no meio reacional, ajudando na
elucidação do tipo de mecanismo (direto ou indireto) [19, 20]. O EDTA é utilizado como
supressores de h+ , pois possui a capacidade de doar elétrons e ser oxidado pelos h+ no lugar
das moléculas de H2 O [22, 23]. Já os íons Ag + suprimem os e− fotogerados, com a redução à
Ag, interferindo na formação do radical O2•− [9, 10].
Diante do exposto, há necessidade de uma boa compreensão estrutural e vibracional
desses materiais lamelares (o KN b3 O8 e o K4 N b6 O17 ), pois essas características podem ser
importantes para justificar o comportamento em relação ao seu desempenho fotocatalítico.
Assim, o objetivo desse trabalho é sintetizar e caracterizar esses niobatos de potássio lamelares
e suas formas protonadas. Utilizar o corante Remazol Amarelo Ouro (RNL) como molécula
modelo para testar a eficiência fotocatalítica desses niobatos e tentar correlacionar seu
desempenho catalítico com suas características estruturais e vibracionais determinadas por
cálculos teóricos.
4
Capítulo 1
Fundamentação Teórica
1.1 Fundamentação Teórica
6
Os depósitos comerciais mais importantes dos minérios de Columbita e P irocloro,
(primeiro e o segundo minério que tem mais abundância de Nb) estão situados no Brasil,
Canadá, Nigéria, Zaire, Austrália e Malásia, sendo as reservas mundiais estimadas em
440x106 T (toneladas), das quais o Brasil detêm em torno de 85% [29]. A CBMM é líder
mundial na produção e fornecimento de Nióbio para mais de 50 países.
Existem vários compostos de nióbio, sendo que dentre eles se destacam seus óxidos (N b2 O5
e N b2 O5 .nH2 O), os halogenetos (N bCl5 , N bCl3 e N bCl2 ) e os óxidos mistos constituídos de
Nb e metais alcalinos em sua estrutura como por exemplo o KN bO3 de estrutura peroviskita, o
KCa2 N b3 O10 , KN b3 O8 e o K4 N b6 O17 que possuem estruturas lamelares. Em particular esses
sólidos lamelares desempenham uma classe muito importante em relação a suas propriedades
catalíticas e estruturais, podendo ser obtidos por diversos métodos de síntese, os quais serão
objetos de estudos nesse trabalho.
7
Figura 1.1: Representação esquemática de um material lamelar e dos parâmetros
utilizados. Adaptado de [31]
8
Figura 1.2: Direções das distorções referentes ao átomo central em um octaedro d0 :
direção C2 [1 1 0], C3 [1 1 1] e C4 [0 0 1]. Adaptado de [34].
9
Dion-Jacobson, apresentada na Figura 1.3. Esse niobato possui lamela carregadas
negativamente, as quais são constituídas de tripla camada de perovskita apresentando a forma
de M (Nn−1 Bn O3n+1 ). Nela, M é o cátion que se situa entre as lamelas, N é o cátion cercado
por 12 átomos de oxigênio e n descreve a espessura da camada da perovskita [31, 33].
As estruturas do KN b3 O8 e do K4 N b6 O17 também possuem lamelas carregadas
negativamente como no KCa2 N b3 O10 , entretanto essas estruturas serão detalhadas a seguir,
pois as mesmas são niobatos alvos para todo desenvolvimento desse trabalho.
10
A estrutura do KN b3 O8 exibe similaridades em relação à do K4 N b6 O17 , entretanto o
KN b3 O8 apresenta apenas um tipo de região interlamelar. Contudo, suas propriedades de
intercalação também são semelhantes a do hexaniobato. Os íons K + encontrados na região
interlamelar podem ser trocados, usando reações de troca iônica por cátions simples [17,
38], orgânicos [37, 39–41], inorgânicos [42]. Já suas lamelas podem ser esfoliadas através de
reações ácido-base com aminas substituídas por cadeias alquílicas [33]. Desta forma, sua
estrutura apresenta excelente propriedades fotoquímicas [41] e semicondutoras [43], as quais
atrai atenção para aplicações em fotocatálise [9, 44] e no campos da luminescência [17, 38, 45].
O KN b3 O8 não apresenta capacidade hidrofílica, logo observa-se a ausência de moléculas
de água na sua região lamelas. Uma forma de conseguir algum tipo de hidratação entre as
lamelas é submetendo esse material a troca iônica, com íons hidrônios (H3 O+ ) provenientes
de ácidos como o HN O3 .
O hexaniobato foi sintetizada e caracterizado pela primeira vez por Gasperin e Le Bihan,
porém com muitas controvérsias em relação a sua hidratação [13]. Os autores relatam que esse
material apresenta a fórmula molecular M4 N b6 O17 .3H2 O onde M = K, Rb e Cs. Estudos
sobre a estrutura cristalográfica foram feitos constando-se que a simetria desse material é
ortorrômbica, pertencente ao grupo espacial Pmnb com dimensões de célula unitária a = 7,83
Å, b = 39,05 Å e c = 6,57 Å. Entretanto, após dois anos a estrutura do K4 N b6 O17 foi
totalmente elucidada [15], comprovando que essa estrutura cristalizava-se em uma simetria
ortorrômbica, pertencentes ao grupo espacial P 21 nb, com dimensões dos parâmetros de célula
a = 7,83 Å, b = 33,2099 Å e c = 6,46 Å(Figura 1.5).
A estrutura do K4 N b6 O17 , observado na Figura 1.5, é formada por lamelas de [N b6 O17 ]4−
carregadas negativamente, constituídas por cadeias duplas de octaedros [N bO6 ] altamente
(OAD) e levemente (OLD) distorcidos, ligados pelos vértices e arestas. A região interlamelar
é ocupada por íons K + para manter a eletroneutralidade do material [13, 15, 31–33]. Nesta
estrutura ocorre uma falta periódica de octaedros em uma das lamelas, gerando dois tipos de
regiões interlamelares (região I e II), as quais são diferentes cristalograficamente e apresentam
propriedades reacionais distintas [13, 15, 16, 31–33].
11
Figura 1.5: Estrutura do hexanibato de potássio (K4 N b6 O17 ) anidro e hidratado com
duas unidades de célula unitária.
Estudos feitos para avaliar o mecanismo de hidratação desse material foram realizados por
Gasperin e Le Bihan [15]. Observa-se que o K4 N b6 O17 é higroscópico, contudo dependendo
das condições de umidade relativa do ambiente, o mesmo pode mudar espontaneamente para
K4 N b6 O17 .xH2 O (x = 3 ou 4, 5), onde as moléculas de água encontra-se na região I. Desta
maneira, suas lamelas apresentam propriedades diferenciadas como, por exemplo, na troca
iônica e na intercalação [15, 33].
Em alguns trabalhos relatados na literatura [16,31,32] detecta-se que a forma hidratada do
hexaniobato comumente encontrada é o K4 N b6 O17 .3H2 O (Figura 1.5). Sua célula unitária
pertence também a um sistema ortorrômbico com o grupo espacial P2212 e dimensões de
célula unitária de a = 7, 85 Å, b = 37, 67 Å e c = 6, 46 Å [14].
A coexistência das duas fases, anidra e hidratada do K4 N b6 O17 , são encontradas na
literatura [16,31,32,46]. Porém, em especial para o K4 N b6 O17 .3H2 O, seu difratograma possui
um pico referente a 1◦ ordem de difração (plano (0 2 0)), com intensidades baixas em relação
ao da 2◦ ordem de difração (plano (0 4 0)), o qual não se esperava para um material lamelar.
Bizeto e colaboradores [47], citam que esse comportamento é devido à diferença estrutural
das duas regiões interlamelares. As regiões I e II atuariam como duas fendas que, dependendo
da abertura, podem gerar interferência construtiva ou destrutiva entre os raios-X difratados.
12
O pico da primeira ordem (0 2 0) é referente à difração de metade da célula unitária, o que
corresponde às distâncias interplanares do conjunto de duas regiões interlamelares (uma região
I e uma II). No caso dessas duas regiões apresentarem o mesmo espaçamento, a interferência
seria totalmente construtiva e o pico (0 2 0) seria o mais intenso. Como essas regiões têm
espaçamentos distintos, a interferência entre os raios-X difratados é parcialmente construtiva,
o que resulta no aparecimento do pico (0 2 0) com baixa intensidade [47].
13
método do SF e ES. Na síntese utilizando o SF, usou-se o KCl e N b2 O5 como reagentes
de partida. Após mistura estequiométrica o material foi calcinado variando a temperatura
de 680 - 1050 o C de 2 - 6 horas, em ar. Para obtenção no ES os reagentes foram K2 CO3
e N b2 O5 , após a mistura, a amostra foi calcinada em 850 o C e 1000 o C por 36 horas. O
material foi obtido com sucesso pelos dois métodos de síntese. A síntese desse niobato pelo
SF mostra-se mais rápido, pois esse método proporciona uma maior difusão dos íons quando
comparado com o ES.
Zhan et. al. [49], utilizaram o método do SF também na produção KN b3 O8 . No processo
de síntese o N b2 O5 , o KCl e o K2 SO4 foram homogeneizados e calcinados a 900 o C durante 2
h, e em seguida, arrefecida naturalmente até a temperatura ambiente. Uma das desvantagens
da reação no ES é a enorme energia cedida para que os íons se difundam e venham a formar
a fase desejada. O KN b3 O8 sintetizado pelo método SF montra uma morfologia de nanofios.
Os autores relatam que esse método proporcionou a obtenção do KN b3 O8 com menor gasto
de energia (menor temperatura), quando comparado com a reação por ES.
Yu e colaboradores [55] sintetizaram o KN b3 O8 , também na forma de nanofios com
larguras 100-300 nm e comprimento de dezenas de microns, pela calcinação de N b2 O5 em
excesso de KCl e K2 SO4 em uma temperatura de 900 o C por 3 h. A direção do crescimento
de KN b3 O8 obtido, orienta-se no plano (0 0 1).
Utilizando a reação do ES modificado, em que um reator de teflon foi acoplado a um
gerador de micro-ondas, Yang et. al. [54], partiram de misturas estequiométricas de N b2 O5
e K2 CO3 calcinadas a 680 o C por 40 min. O material obtido mostrou uma morfologia
diferente quando comparado com o ES tradicional, a qual foi atribuída ao tipo de aquecimento
(micro-ondas). A morfologia do material apresenta uma estrutura na forma de empilhamentos
de nanofolhas devido à rápida formação de cristalitos, sendo uma síntese muito vantajosa
quando comparada ao método do ES tradicional, em função da temperatura e menor tempo
reacional utilizado.
Visando estudar a protonação do hexaniobato, Bizeto e colaboradores [46] prepararam
o K4 N b6 O17 pelo método do ES, utilizando o N b2 O5 e K2 CO3 a 1100 ◦C por 10 h.
Após a reação de protonação os autores identificaram variações nos espectros Raman do
hexaniobato de potássio, principalmente na região dos octaedros altamente distorcidos (OAD).
Eles observaram que a intensidade da banda em torno de 940 cm−1 diminuiu por outro lado,
surgem duas novas bandas em torno de 860 e 890 cm−1 . Esse comportamento foi atribuído
a um aumento na ordem da ligação curta Nb-O existentes nos OAD, atrelada à troca do íon
K+ pelo íon H3 O+ .
14
O K4 N b6 O17 foi obtido por ES por Sahu et. al. [16], partindo da mistura estequiométrica
de N b2 O5 e K2 CO3 a 1175 ◦ C durante 1 h. A energia de formação partindo dos seus óxidos
e de seus respectivos elementos para do K4 N b6 O17 e do K4 N b6 O17 .3H2 O foram medidas
utilizando um calorímetro, as quais mostraram bem favoráveis em termos energéticos. Já
em relação à entalpia de hidratação das 3 moléculas de água do K4 N b6 O17 .3H2 O partindo
do K4 N b6 O17 , indicam que essas moléculas de água estão ligeiramente ligadas a fase do
hexaniobato em locais de intercalações específicos é não só apenas fisissorvidas. Contudo, a
perda dessas 3 moléculas de água fica em torno de 100 ◦ C.
Liu e colaboradores [56] obtiveram o KN b3 O8 e o K4 N b6 O17 pelo método hidrotermal
convencional, utilizando um autoclave com jaqueta de terflon Os autores partiram do N b2 O5
e de uma solução de KOH, com concentração variando de 1 a 10 mol/L. Em especial, foram
utilizadas concentrações de KOH de 1-4 mol/L para o KN b3 O8 e 0,5 mol/L para o K4 N b6 O17 .
A mistura para o KN b3 O8 , foi aquecida a 180 o C por 2 dias, tendo em seguida seu pH ajustado
entre 5 e 6 com solução de HCl. Posteriormente, a mistura reacional foi colocada na autoclave
e aquecida a 180 o C por 4 dias, promovendo a precipitação do material. Para o K4 N b6 O17 ,
inicialmente foi feito uma pasta com o N b2 O5 e 10 mL da solução de KOH, em seguida
posto na autoclave e aquecido a 180 ◦ C por 4h, onde ocorreu a precipitação do niobato. O
precipitado foi lavado, seco e depois calcinado a 450 ◦ C por 2 h. Esses niobatos lamelares
foram obtidos na forma de nanocristais utilizando temperatura baixas e com morfologias na
forma de nanofibras para o KN b3 O8 e nanoflocos para o K4 N b6 O17 .
Outro grupo de pesquisadores que utilizou o método solvotermal para a síntese de niobatos
de potássio lamelar foi Kong e colaboradores [51]. Os autores fizeram um estudo sobre a
formação de um íon intermediário nomeado de sal de Lindquist [N b6 O19 ]8− , o qual da origem
a diversos niobatos, dependendo do pH e consequentemente da concentração de KOH. O
sal de Lindquist foi obtido usando N b2 O5 e uma solução de KOH (3 mol/L) em condições
solvotermais. Para a síntese do KN b3 O8 foram utilizados 0,5 g do íon [N b6 O19 ]8− e 30
mL de uma solução de água/etanol, com pH em torno de 5,5. A reação ocorreu a 230 o C,
em um tempo de 12 horas. Nas mesmas condições, mudando a proporção de água/solvente
e concentrações de KOH (0,1 - 0,3 mol/L) o K4 N b6 O17 foi sintetizado. Observa-se que
a morfologia das partículas dos niobatos obtidos muda notavelmente com a alteração da
concentração de KOH no sistema. Sendo assim, o KN b3 O8 possui uma morfologia com
partículas em forma de placas e tamanho de 3 µm. Já para o K4 N b6 O17 esse método de
síntese proporciona morfologias de partículas petaloide e na forma de placas com tamanhos
em cerca de 3 a 5 µm. Esses materiais foram obtidos livre de impurezas, onde os autores
15
propuseram um mecanismo de formação para esses diferentes niobatos a partir do íon de
Lindquist.
Duarte e colaboradores [52] utilizaram o método solvotermal assistido por micro-ondas
para a síntese do KN bO3 , KN b3 O8 e K4 N b6 O17 . Inicialmente foi obtida uma suspensão
precursora utilizando uma solução etanólica com ácido nióbico e KOH, aquecidos a 150 ◦ C.
O tempo reacional, a relação molar K/N b e pH foram variados. O precipitado obtido das
variações supracitadas, foram secos e depois tratados termicamente a 650 ◦ C por 12 h. Os
resultados mostram a formação de diferentes niobatos que diferem na ordem de curto e longo
alcance do precursor usado para obtenção desses materiais.
O K4 N b6 O17 foi preparado pelo hidrotermal, partindo do N b2 O5 em uma solução de
KOH a 200 ◦ C por 12 h e pelo método sol-gel para fabricações de filmes por Deng e
colaboradores [50]. Constatou-se que as análises estruturais para o K4 N b6 O17 na forma
de pó são semelhantes ao da forma em filme fino. Contudo, acredita-se que o filme possui
ferroeletricidade fraca e que a função dielétrica depende da temperatura. Além disso, esses
materiais foram testados como fotocatalisadores para a obtenção de H2 .
A obtenção do K4 N b6 O17 pelo método sol-gel foi estudada por Chou e colaboradores [57].
Para a síntese foi usado o N bCl5 , KN O3 e ácido cítrico, onde foram feitos soluções de citratos
dos respetivos metais na proporção de 1:2 (Metal : ácido cítrico). Os valores de pH foram
variados de 1 a 9, ajustados com o N H4 OH. A mistura foi mantida a 80 ◦ C por 24h e o pó
precursor foi obtido por uma pré-calcinação a 400 ◦ C por 4h. Por fim o K4 N b6 O17 foi obtido
com uma segunda calcinação a 750 ◦ C por 4h. O hexaniobato sintetizado em pH 5 demostrou
ser o melhor fotocatalisador na obtenção de H2 em solução aquosa de metanol. Essa melhor
atividade foi atribuída a maior hidratação do hexaniobato nessas condições de síntese.
16
1o Complexação dos metais em solução, através da quelação entre cátions metálicos e
hidroxiácidos polifuncionais, tais como ácido cítrico (AC);
3o Por fim, o pó, rico em matéria orgânica, é obtido por tratamento térmico da resina
precursora [59, 60].
17
1.1.6 Simulação Computacional para o Estado Sólido
A ideia básica da DFT (Density Functional Theory) é de que a densidade eletrônica ρ(r)
em cada ponto r determina as propriedades no estado fundamental de um átomo, molécula
ou cluster. Uma das vantagens de se trabalhar com ρ(r) provém do fato de que, enquanto a
função de onda eletrônica é dependente de 4N coordenadas (3N de espaço e N de spin), a
densidade eletrônica total é dependente apenas de três coordenadas espaciais (posições x, y e
z).
Os fundamentos da Teoria do Funcional da Densidade (DFT) advêm dos dois teoremas
de Hohenberg e Kohn (HK) de 1964 [61, 62], que provam que a energia de um sistema de N
elétrons, no estado fundamental, é completamente determinada pela densidade eletrônica do
sistema. O desenvolvimento de métodos práticos baseados na DFT tornou-se significativo um
ano após a publicação dos teoremas HK, com as equações de Kohn e Sham (KS) tornando
possível a implementação da DFT em códigos computacionais.
A melhoria na descrição dos diversos sistemas químicos pela DFT é dada pelos diferentes
tratamentos de ρ(r). Em Química do Estado Sólido, os métodos mais utilizados atualmente
são híbridos, contendo uma mistura de GGA (Aproximação de Gradiente Generalizada do
inglês Generalized Gradient Approximation) com Hartree-Fock. Os métodos híbridos têm uma
exatidão mais elevada do que muitos métodos tradicionais da Química Quântica, mantendo,
contudo, uma grande simplicidade computacional.
Dentre as propriedades de interesse químico possíveis de serem obtidas atualmente para
um sólido cristalino por meio de simulações computacionais podemos listar: otimização de
estrutura em estados de mínimo e estados de transição, freqüências harmônicas vibracionais
no ponto Γ (infravermelho e Raman) e anarmônicas X-H, dispersão de fônons e obtenção
de parâmetros termodinâmicos, espectro de reflectância, equação de estados E − V , fator de
estrutura, tratamento de soluções sólidas, tratamento de defeitos pontuais, estados excitados,
obtenção de estrutura de bandas e densidade de estados, mapas de densidade de carga e
potencial eletrostático, análises topológicas de ligações químicas, propriedades magnéticas e
dielétricas, entre outras.
Atualmente, a comunidade científica dispõe de dezenas de programas computacionais para
a simulação de sólidos, das quais as principais diferenças residem na dimensão do sistema
(cluster ou periódico), no conjunto de função de bases adotado (ondas planas (PW, do
inglês Plane Wave) ou orbitais do tipo Gaussiana (GTO, do inglês Gaussian Type Orbitals)),
possibilidade do tratamento dinâmico-quântico e no emprego de métodos pós-HF.
18
No que tange aos aspectos práticos para uma simulação de um cristal ou um sistema
sólido, os passos iniciais são:
2) escolha do Hamiltoniano;
4) escolha das funções de base (ondas planas ou GTO, a depender do software adotado);
Uma vez definido o modelo estrutural do sistema, deve-se delinear o tipo de funções para
representar os orbitais atômicos Kohn-Sham. O conjunto dessas funções, definido para cada
átomo do sistema, é chamado de conjunto de funções de base, construídas para cada átomo,
mas otimizada para cada tipo de sistema cristalino na qual é empregada (diferente da sua
utilização em moléculas).
O fato do tipo de função de base (ondas planas ou GTO) serem sempre citadas na
descrição de metodologias DFT para cristais é que essa informação traz consigo o fato de
que códigos que utilizam ondas planas não consideram a simetria interna das células unitárias
como parte do cálculo de estrutura eletrônica, de modo que as simetrias são reduzidas todas
ao grupo espacial P 1, considerando apenas a simetria translacional, necessária para atender
às condições periódicas de contorno. Por outro lado, as funções GTO centradas nos átomos
permitem que a simetria interna do sistema seja explorada, diminuindo o tempo de cálculo
quando comparado com moléculas com o mesmo número de átomos.
Um dos motivos da grade difusão dos programas que empregas ondas planas está
na rapidez dos cálculos quando se utilizam funcionais GGA [63], como o funcional
PBE (Perdew-Burke-Ernzerhof) [64]. Por outro lado, o custo computacional se eleva
consideravelmente quando se utilizam funcionais híbridos, como o B3LYP, em conjunto com
ondas planas.
Os avanços na Química Computacional para o Estado Sólido tem crescido
substancialmente nas últimas décadas, e no cenário atual pode ser utilizado para confirmação
de resultados experimentais, como também, possibilita supostas previsões destes resultados.
O desenvolvimento de algoritmos computacionais mais eficientes que exploram ao máximo a
simetria do sistema, paralelização de softwares e o desenvolvimento de novos funcionais são
19
alguns dos fatores que tem permitido tratar com maior rapidez e exatidão a modelagem de
propriedades em sólidos.
20
Quanto ao KN b3 O8 , estudos teóricos de nanocompósitos foram realizados por Yang et.
al. [39]. Os cálculos foram realizados como base em resultados DFT com a aproximação da
densidade local (LDA) e (GGA) utilizando o programa CASTEP. Foi observado pela DOS
(Densidade de Estado do inglês Density of States) que o valor do band-gap do KN b3 O8 é
de 2,5 eV, porém para as forma protonadas esse valor reduz mais que 1 eV. A otimização
leva a distâncias interatômicas com boa concordância aos dados experimentais. As ordens
de ligações entre K e O são valores negativos o que indica uma interação fraca, logo o íon
K + podem facilmente ser trocados por outros cátions. Assim, observa-se que após a troca
do íon K + pelo íon H3 O+ os comprimentos de ligações do H com o O dos octaedros da
lamelas são menores, indicando uma interação mais forte. Já os íons hidrônio no caso do
HN b3 O8 .H2 O desempenham um papel importante no equilíbrio das cargas entre as lamelas.
Esses íons modificam a transferência de elétrons entre as espécies intercaladas e as lamelas,
proporcionando uma maior ordem de ligação entre o Nb e O. Os íons H3 O+ estão posicionados
no meio da região interlamelar, os quais possuem comprimentos de ligações maiores (3,1 Å)
com os átomos de oxigênio adjacentes, onde esse comprimento de ligação encontra-se em torno
de 1,035 Å (H-O e H3 O+ ), sendo ligeiramente maior do que o comprimento de ligação de
uma molécula de água normal.
Sendo assim, esses niobatos de potássio lamelares são altamente promissores e inexplorados
do ponto de vista da química computacional. A possibilidade de modelagem de sua estrutura
partindo de reações por troca iônica, pode desfrutar de excelentes atividades fotocatalíticas.
Logo, é importante estudar as propriedades estruturais e sua a estrutura eletrônica, para
assim podermos compreender o mecanismo fotocatalítico e seus centros fotoativos.
1.1.8 Fotoluminescência
A fotoluminescência (PL) é a propriedade que determinados materiais ou elementos
possuem em relação à emissão de luz (fótons), quando submetidos a uma fonte de excitação
externa [65].
O processo de PL pode ser subdividido em fluorescência e fosforescência. A fluorescência
corresponde a permitida por spin, entre dois estados de multiplicidades iguais (singleto -
singleto ou tripleto - tripleto). A fosforescência é representada pela transição proibida por
spin entre dois estados com diferente multiplicidade (singleto-tripleto) [65]
Existem vários possíveis processos fotofísicos relacionadas aos semicondutores. Dentre
esses processos, destacaremos os quatro que estão apresentados na Figura 1.7. Quando um
21
semicondutor é expostos à uma radiação eletromagnética, com energia igual ou superior a
energia de seu band-gap, ocorrerem os seguintes processos: 1.a o e− recebe energia suficiente
para que seja excitado exatamente à BC, enquanto que 1.b os e− absorvem energia superior
ao se band-gap. Já, a recombinação dos pares e− /h+ fotogerados pode ocorrer através dos
processos de decaimento 2, 3 e 4 [65, 66].
22
Figura 1.8: Processos fotofísicos existentes em semicondutores lamelares quando
excitados com energia maior ou igual ao do band-gap. Adaptado de [67].
23
Aspectos estruturais e propriedades dos OAD (Octaedros Altamente
Distorcido) e OLD (Octaedros Levemente Distorcido) dos niobatos de
potássio lamelares
24
maior devido ao seu tamanho.
Materiais na forma de nanotubos ou óxido de grafeno/K4 N b6 O17 , foram sintetizados por
Li et. al., [69], incorporando folhas reduzidas de óxido de grafeno em folhas do niobato,
à temperatura ambiente. Os autores reportam que a eficiência catalítica desse material na
degradação da rodamina B, sob radiação UV, é maior do que quando utilizaram nanotubos.
A elevada atividade desse material pode ser atribuída à diminuição da taxa de recombinação
dos portadores de carga (e− /h+ ). A intensidade do espectro de PL dos nanotubos é maior do
que a do óxido de grafeno/K4 N b6 O17 , dando um indicativo que há uma alta probabilidade
de recombinação dos portadores de carga. A intensidade de emissão foi significativamente
enfraquecida pela introdução do óxido de grafeno na estrutura do K4 N b6 O17 . Desta forma,
o óxido de grafeno desempenha um papel importante ao acolher os e− fotogerados a partir
da estrutura do K4 N b6 O17 , que é um fato necessário para melhorar a fotoatividade dos
nanotubos.
Cui et. al., [10] utilizaram um sistema de micro-ondas para promover a troca iônica do
íon K + pelo sistema Ag@AgBr, no K4 N b6 O17 /Ag@AgBr. Esse sistema foi avaliado como
fotocatalisador na degradação da rodamina B, sob irradiação da luz visível. Observa-se que a
intensidade do espectro de emissão do K4 N b6 O17 é reduzida quando o Ag@AgBr é incorporado
na lamela do hexaniobato. A redução da intensidade da PL pode estar associada a geração
de Ag insitu, proveniente da superfície do AgBr, o qual é reduzido devido ao trapeamento
dos e− fotogerados. Esse trapeamento retarda o processo de recombinação dos portadores de
carga e consequentemente proporcionado uma alta atividade fotocatalítica para esse sistema.
Nanofolhas e nanorolos do H2 K2 N b6 O17 estabilizadas com n-propilamonia (PA) e
tetrabutilamonia (TBA) foram testadas na produção de H2 por decomposição da água, por
Sarahan et. al. [70]. As atividades fotocatalíticas dos sistemas esfoliados foram comparadas
à atividade do K4 N b6 O17 na forma de pó, e os primeiros demonstraram melhor desempenho.
Seus espectros de absorção mostraram bandas em 450 nm e 700 nm devido aos pares de carga
aprisionados nesses materiais. As posições das bandas de emissão das nanofolhas e nanorolos
são semelhantes à banda de emissão do K4 N b6 O17 , indicando que a estrutura eletrônica das
lamelas é mantidas após a esfoliação. No caso das nanofolhas com PA, a banda de emissão foi
estreita em comparação com os demais materiais. É possível que o estreitamento da banda
seja devido a uma redução dos defeitos estruturais existente na matriz precursora, os quais
reduzem ou desaparecem com a esfoliação. Todos os materiais exibem uma banda de emissão
fraca em 600-800 nm, que pode ser atribuída a recombinação radiativa dos portadores de
cargas. As variações na forma e posição dessas bandas refletem as diferenças estruturais nas
25
ligações de Nb-O dos octaedros das lamelas, resultando de como essas lamelas se encontram
(na forma de nanoscrolls ou nanofolhas) e das diferentes solvatações (com PA, íon H3 O+ ou
íon K + ).
26
como fotocatalisadores. Por estes motivos, processos fotocatalíticos heterogêneos, utilizando
semicondutores como catalisadores vêm atraindo bastante atenção [2].
Admite-se que o mecanismo de fotocatálise heterogêneo utilizando semicondutores inicia-se
com a irradiação deste último e pela excitação de elétrons (e− ) da banda de valência (BV),
para a banda de condução (BC), gerando pares e− /h+ , através de um processo de fotoabsorção
(Equação (1.1) e Figura 1.9). Para que os elétron sejam excitados, é necessário que a fonte
de irradiação emita fótons com energia maior ou igual a energia da banda proibida, também
conhecido como band-gap (Eg ) [1, 2, 72].
Catalisador + hν −→ e− +
BC + hBC (1.1)
SC + hν −→ SC(e− + h+ ) (1.2)
•+
Dads + h+ −→ Dads (1.4)
27
No mecanismo por via indireta, a molécula orgânica não possui capacidade de adsorção
na superfície do fotocatalisador e sua degradação se dará pela reação com radicais hidroxila
(• OH), gerados a partir da sequência de reações propostas pelas Equações (1.5) a (1.10).
Nelas, pode-se observar que os buracos h+ na BV reagem com moléculas de H2 O para
formar as espécies • OH e H + (Equação (1.5)). Esse radical • OH pode se combinar
para formar H2 O2 ou atacar o substrato para produzir intermediários e produtos finais.
Já os e− fotogerados presentes na BC, podem reagir com o O2 molecular para produzir
radicais aniônicos superóxidos (O2•− ) (Equação (1.6)), os quais podem desencadear reações
subsequentes (Equações (1.7) a (1.9)) produzindo finalmente o radical • OH.
•−
O2 + 2e− −→ O2(ads) (1.6)
•−
O2(ads) + H + −→ HO• 2(ads) (1.7)
•−
O2(ads) + 2HO• 2(ads) −→ H2 O2(ads) + 2O2 (1.8)
28
desses parâmetros operacionais.
Quantidade de fotocatalisador
A interpretação dos efeitos do pH numa reação fotocatalítica deve ser levada em conta,
pois influencia não somente o fotocatalisador, como também o substrato a ser degradado.
Um primeiro enfoque está relacionado com a carga superficial do semiconductor que pode ser
alterada pelo pH da solução. Em função do valor do ponto isoelétrico do SC em questão,
o fotocatalisador pode se apresentar carregado positiva ou negativamente ou mesmo não
carregado. Um segundo enfoque está relacionado com o fato de que mudanças do pH
29
reacional podem contribuir para processos de protonação ou desprotonação do substrato,
em função do(s) pKa(s) do mesmo [1, 2, 21]. Pode-se concluir que em ambos os casos haveria
uma forte influência do valor do pH reacional na capacidade de adsorção do substrato, pelo
fotocatalisador. A mudança do pH também pode modificar a formação de especies reativas
como o O2•− , H2 O2 e HO2• , as quais são utilizadas para a formação dos radicais • OH.
Supressores de radicais • OH
30
Figura 1.10: Representação esquemática do mecanismos de inibição de radicais • OH,
utilizando o álcool isopropílico.
Doadores de e– (supressores de h+ )
31
Figura 1.11: Representação esquemática dos mecanismos de inibição dos radicais • OH,
por trapeamento de e− ou h+ , ou remoção do O2 dissolvido em solução.
32
da solução reacional [6, 7] , concentração inicial (C0 ) do corante [3], à área superficial e á
morfologia do fotocatalisador [6–8], á quantidade do fotocatalisador [3] e ao uso de doadores
ou receptores de e− [9, 10].
Sob este enfoque, Zhang e colaboradores observaram que o aumento da quantidade
do KN b3 O8 proporciona um grande efeito sobre a taxa de degradação do corante Ácido
Vermelho G. Ao manterem fixa a concentração do corante (30 ppm) e variar a quantidade
de fotocatalisador, entre 0,3 e 2,0 g/L, os autores observaram um significativo aumento na
taxa de degradação do corante. Por outro lado, mantendo fixa a massa do fotocatalisador (1
g/L) e variando a concentração inicial da solução de corante (10 a 60 mg/L), para um tempo
máximo de reação de 120 min, os autores observaram uma redução na taxa de degradação.
Esse decaimento, mais acentuado nos primeiros 20 min de reação, foi atribuído à menor
incidência da radiação UV sobre a superfície do semicondutor, em função da maior absorção
pela solução de corante [3].
A degradação fotocatalítica da Rodamina B utilizando nanofolhas de KN b3 O8 , na forma
de bambu-shaped e bastonetes, foi investigada por Liu et al [56]. Os resultados indicaram
que a atividade fotocatalítica era dependente da morfologia do material, sendo maior para a
forma bambu-shaped. Os autores atribuíram este resultado à sua maior área superficial, o que
implicaria em maior quantidade de sítios ativos
Zhou et al [8] sintetizaram microesferas porosas de K4 N b6 O17 , com área superficial de 86,6
m2 /g, e as utilizaram em reações fotocatalíticas de degradação da Rodamina B e de produção
de H2 por decomposição da água. Os autores atribuem a elevada atividade fotocatalítica do
hexaniobato, em especial para a obtenção de H2 , devido ao fato deste material apresentar
dois tipos de região interlamelar, com sítios reacionais distintos. O reuso das microesferas foi
feito e não se observou perda significativa de atividade mesmo após de 6 ciclo de testes [8].
Nanofolhas do K4 N b6 O17 serviram como base para a síntese de vários sistemas
fotocatalíticos, à base de sais de prata. Cui e colaboradores sintetizaram os sistemas
Ag@AgI/K4 N b6 O17 , Ag@AgCl/K4 N b6 O17 e K4 N b6 O17 /Ag@AgBr e avaliaram a eficiência
fotocatalítica para a degradação da Rodamina B. Todos os materiais apresentaram excelentes
desempenho quando comparadas ao K4 N b6 O17 puro. Os autores atribuíram este melhor
desempenho à capacidade dos íons Ag + em capturar elétrons, ocasionando um retardo na
recombinação dos pares e− /h+ [9, 10].
Em outro trabalho, o qual foi utilizado o produto da esfoliação de niobatos, nanofolhas do
KN b3 O8 foram reempilhadas e em seguida submetidas a tratamento térmico para obtenção
do óxido N b6 O15 . Neste trabalho, Zarei-Chaleshtori e colaboradores [6] avaliaram a reação de
33
fotodegradação do corante Verde de Bromocresol (VB) em diferentes valores de pH de solução
reacional. Foi observado que a melhor eficiência catalítica ocorria para reações em soluções
ácidas, provavelmente pela capacidade adsortiva da superfície do catalisador nestas condições,
indicando a possibilidade de um mecanismo direto [6].
Deng et. al. [7] utilizaram soluções de Rodamina B e o Azul de Metileno em diferentes pHs,
para avaliar o desempenho fotocatalítico do K4 N b6 O17 na forma de nanolaminas (KN-NL)
e nanoesferas (KN-NS). Os autores observaram que tanto a adsorção, quanto a eficiência
da degradação do KN-NL e KN-NS aumentaram em soluções ácida. Entretanto, a maior
atividade catalítica, atribuída ao KN-NS, foi decorrente de sua maior área superficial (94,9
m2 /g) quando comparado a do KN-NL (33,6 m2 /g) [7].
Diante do exposto, O KN b3 O8 e o K4 N b6 O17 são óxidos mistos lamelares que exibem uma
grande capacidade de atuar como fotocatalisadores, em reações de oxirredução na degradação
de corantes têxteis.
No presente trabalho serão utilizados os semicondutores KN b3 O8 , K4 N b6 O17 e suas
formas protonadas como fotocatalisadores na descoloração do azo corante Remazol Amarelo
Ouro (RNL). A ligação azo do corante RNL (-N=N-) apresenta um máximo de absorção
no espectro na região do UV-vis em 411 nm. Além desta são observadas duas bandas bem
características em 280 e 190 nm, referentes aos anéis aromáticos e aos grupos sulfônicos (Figura
1.12) [1].
Figura 1.12: Fórmula estrutural do corante RNL com seus grupos cromóforos
destacados; verde = ligação dupla referente ao grupo azo , azul = grupos sulfônicos e
vermelho = anéis aromáticos .
Também será avaliada se a reação de fotocatálise utilizando o corante RNL ocorre através
de mecanismo direto ou indireto. Para tal serão estudados a influência de supressores de
radicais • OH, O2•− , e e− , h+ sobre o desempenho fotocatalítico dos materiais sintetizados.
34
Capítulo 2
36
2.2 Materiais e Métodos
No presente trabalho o triniobato e o hexaniobato de potássio (KN b3 O8 , K4 N b6 O17 )
foram sintetizados pelo método dos Precursores Poliméricos (PP) e comparados com os obtidos
pelo método do Estado Sólido (ES). Os precursores utilizados estão listados abaixo (Tabela
2.1).
37
Tabela 2.2: Quantidades estequiométricas para as sínteses dos niobatos de potássio,
pelo método PP
KN b3 O8 K4 N b6 O17
AC 3,87 g 3,49 g
Citrato de Nióbio
OANb 3,9 g 3,11 g
AC 1,3 g 2,33 g
Citrato de Potássio 0,23 g (KN O3 ) 0,23 g (KOH)
K+
- 0,74 g (K2 C2 O4 )
Etileno Glicol 3,03 mL 3,5 mL
(-) não foi realizado.
38
Figura 2.1: Fluxograma geral da síntese do KN b3 O8 e do K4 N b6 O17 pelo método PP
39
A síntese do K4 N b6 O17 por ES foi realizada pela mistura das quantidades estequiométricas
de 2,43 g de N b2 O5 e 1,01 g de K2 CO3 acrescido de excesso de 10 % (0,1 g) deste precursor. A
mistura foi homogeneizada com o auxílio de um almofariz, em que foi adicionado uma pequena
quantidade de água destilada para formar uma pasta, essa pasta foi posta em uma estufa para
evaporação da água, em seguida foi desaglomerado, esse procedimento foi repetido três vezes
para promover uma melhor homogeneização dos precursores. O material foi calcinado a 1100
◦ C, por 10 h e uma taxa de aquecimento de 5 ◦ C/min. Após a calcinação foi feito o estudo de
hidratação desse material, o qual consistiu em duas etapas de lavagem, onde foram registrados
seus difratogramas para acompanhamento da evolução da hidratação. O material foi lavado
com água destilada e seco em estufa a 80 ◦ C para assim serem registrados os difratogramas
(Figura 2.2(b)).
(a) (b)
Figura 2.2: Fluxogramas das sínteses dos niobatos de potássio obtidos pelo método ES
do (a) KN b3 O8 e (b) K4 N b6 O17 .
40
2.2.3 Técnicas de Caracterização
A maioria das caracterizações foram realizadas no Núcleo de Extensão e Pesquisa -
Laboratório de Combustíveis e Materiais (NPE-LACOM) da UFPB. Aquelas desenvolvidas
em outros laboratórios terão sua origem citada na descrição da técnica.
Difração de Raios-X
0, 9λ
t= (2.2)
β cos θ
Onde:
t = tamanho de cristalito;
λ = comprimento de onda;
θ = ângulo de difração;
41
V =a·b·c (2.3)
3
V = volume de célula em Å ;
3
a · b · c = são os parâmetros de celular Å em como a estrutura dos niobatos de potássio
42
Onde:
h = Constante de Plank;
ν = Frequência Vibracional;
Eg = “Band-gap” (eV );
k = Coeficiente de Absorção;
s = Coeficiente de Dispersão;
A = Constante de Absorção;
Fotoluminescência
Inicialmente, as amostras foram tratadas a 523 K, por 2 horas, com fluxo de N2 gasoso, em
um sistema BelprepII, para eliminação de impurezas adsorvidas na superfície. As isotermas
de nitrogênio (N2 ) a 77 K foram determinadas em um analisador BELSORPII, ambos da
MicrotacBEL Corp. A área superficial foi determinada utilizando o modelo de BET.
Algumas amostras foram realizadas no Laboratório Interdisciplinar de Caracterização e
Desenvolvimento de Nanomateriais (Lanano), IFPB.
43
Microscopia eletrônica de varredura-MEV
As micrografias foram obtidas nos equipamentos da marca Jeol- 10kV (JSM7100F) e FEI-
20 kV (Quanta 450). Utilizando as ampliações de 10, 5, 2 e 1 µm.
As imagens de MEV foram realizadas no Laboratório de Tecnologia de Novos Materiais -
IDEP-UFPB e no Institut des Sciences Chimiques de Rennes-França.
44
2.3 Resultados e Discussões
Estudos preliminares:
No desenvolvimento dessa tese, foram observados problemas relacionados à obtenção
desses niobatos de potássio pelo método PP. Diversos parâmetros foram testados e a avaliação
preliminar da metodologia utilizada era feita por difração de raios-X. Em todos os testes
em que as variáveis estudadas foram descartadas, foi observado o aparecimento de fases
secundárias nos respectivos difratogramas. Os parâmetros utilizados e descartados foram:
45
com/sem excesso de íons K + , como as fases do K2 N b8 O21 , K3 N b7 O19 , K6 N b10,8 O30 ,
K2 N b4 O11 , K4 N b6 O17 e o KN bO3 [53, 79, 80];
46
(a)
(b)
47
em que os valores observados e calculados da função yobs − ycalc , indicando uma boa qualidade
de refinamento e consequentemente expondo um material monofásico. De acordo com os
dados de refinamento, a amostra KN b3 O8 apresenta uma estrutura do tipo ortorrômbica de
grupo espacial Amam. Os parâmetros de rede obtidos após o refinamento Rietiveld foram a
= 8,922 Å, b = 21,206 Å e c = 3,804 Å, os quais mostram poucos desvios quando comparados
com os padrões da ficha JCPDS supracitados.
Com relação aos índices R o refinamento convergiu para os valores de Rexp = 4, 38 %,
Rwp = 7, 04 %, Rp = 5, 41 % e GOF = 1, 61 %, proporcionando uma alta confiabilidade do
método estando dentro de valores aceitáveis descritos pela literatura [81].
48
(a)
(b)
49
observa-se que o difratograma a 750 ◦ C possui como fase majoritária o K4 N b6 O17 na forma
anidra caracterizada pela ficha JCPDS 01-076-0977, o qual não possui nenhum tipo de fase
secundária. Observa-se também que o aumento da temperatura de calcinação, proporciona
uma maior definição dos picos de difração (Figura 2.5(b)).
Na síntese do K4 N b6 O17 em pH 1 o AC encontra-se protonado, possivelmente há uma
dificuldade maior em relação a quelação dos íons de interesse, podendo facilitar a formação
de fase secundária como é constatado na Figura 2.5(a). Em pH 5 o AC possui duas
espécies desprotonadas, facilitando a quelação dos íons no meio reacional. Desta forma,
observa-se que em pH 5 não há formação de nenhum tipo de fase secundária (Figura 2.5(b)).
Consequentemente é observado que o pH da síntese influência diretamente na formação de
fase secundária para esse material.
Como em pH 5 o K4 N b6 O17 foi obtido livre de fase secundária, esse pH foi empregado
na avaliação da melhor taxa de aquecimento, utilizando como referência a temperatura de
750 ◦ C. O difratograma apresentado na Figura 2.6 evidencia que o aumento da velocidade de
aquecimento é responsável pelo aparecimento de fase secundária, como é observado quando
essa taxa é aumentada de 10 ◦ C/min para 20 ◦ C/min, possivelmente pela nucleação rápida
dos íons.
50
a formação da mesma fase secundária observado nas Figuras 2.5(a) e 2.6. Os dois íons K + da
molécula do oxalato de potássio, encontram-se quelados pelas carbonilas do contra-íon oxalato
que por sua vez não possui mais nenhuma carbonila, a qual possa viabilizar a polimerização
com o EG. Sendo assim, o contra íon oxalato pode estar dificultando a polimerização dos
citratos dos metais N b5+ ou K + , proporcionando a formação de fase secundária.
A coexistência das duas fases anidra e hidratada pode ser atribuída tanto a umidade
relativa do ar, pois o K4 N b6 O17 possui propriedades higroscópicas [13, 16, 17], como também
por apresentar características de materiais intrarestratificado, os quais são constituídos pelo
empilhamento de dois ou mais tipos de lamelas [13, 17, 31, 33], podendo facilitar a entradas
dessas moléculas de água.
Sendo assim, para avaliar a estabilidade térmica das moléculas de água existentes na região
interlamelar do hexaniobato, foi utilizado o K4 N b6 O17 sintetizado em pH 5, calcinado a 750
◦C com 10 ◦ C/min. Este niobato inicialmente no difratograma (Figura 2.5(b)) encontrava-se
quase totalmente na forma anidra, porém devido à exposição ao ar tornou-se quase todo
hidratado, constatado pelo aumento na intensidade dos picos em torno de 2θ ≈ 4, 75◦ e 9,37◦
referente aos planos (0 2 0) e (0 4 0).
Com o auxílio do acessório de Câmara Quente que possibilita o registros de difratogramas
de raios-X, simulando temperaturas acima da temperatura ambiente, foram obtidos os
digfratogramas nos intervalos de 100 a 900 ◦C do K4 N b6 O17 .3H2 O. Observou-se a
51
volatilização das moléculas de água na estrutura do hexaniobato a 100 ◦ C. Nessa temperatura a
fase anidra do K4 N b6 O17 é majoritária, como resultado, observa-se o aumento da intensidade
do pico em torno de 2θ ≈ 10, 7◦ referente ao plano (0 4 0) dentre outro picos de menor
intensidade (Figura 2.8).
52
Parâmetros de rede e Volume da Célula unitária
Tabela 2.3: Parâmetros de rede (a, b e c) e volume da célula unitária (V ) dos niobatos
potássio.
KN b3 O8 K4 N b6 O17
Temperatura
Volume Volume
de Calcinação a (Å) b (Å) c (Å) a (Å) b (Å) c (Å)
(Å3 ) (Å3 )
550 o C 8,886 21,446 3,805 725,120 7,823 33,178 6,466 1678,260
600 o C 8,904 21,378 3,802 723,540 7,892 33,314 6,479 1687,230
650 oC 8,951 21,194 3,813 723,350 7,786 32,810 6,436 1644,130
700 o C 8,882 21,368 3,799 721,200 7,783 32,765 6,447 1644,050
750 oC 8,934 21,053 3,798 714,360 7,811 33,360 6,461 1683,570
Carta JCPDS 8,903 21,160 3,799 715,680 7,830 33,210 6,460 1679,820
Sendo assim, para investigar a ordem a longo alcance e o tamanho médio de cristalitos
(t) dos niobatos, calculou-se o FWHM, ou seja a largura a meia altura (Ba ) considerando os
53
ajustes dos picos em 2θ ≈ 26,4◦ do plano (2 4 0) para o KN b3 O8 , o pico em 2θ ≈ 27,55◦ do
plano (0 0 2) referente ao K4 N b6 O17 anidro. Utilizando a equação de Scherrer foram obtidos
os resultados apresentados na Tabela 1.4. descrita abaixo. Pode-se perceber que houve um
decréscimo no valor da Ba com o aumento da temperatura, indicando que o sistema tende a
uma maior organização a longo alcance (valores mais baixos de FWHM) e a um aumento no
tamanho de cristalito.
Tabela 2.4: Largura a meia altura (Ba (o )) e tamanho médio de cristalito (t) dos niobatos
de potássio calcinados de 550 a 750 ◦ C.
Temperatura de KN b3 O8 K4 N b6 O17
Calcinação Ba (o ) t(nm) Ba (o ) t(nm)
550 o C 0,2991 295,21 0,2915 311,71
600 o C 0,2951 299,90 0,2838 315,13
650 o C 0,2854 312,07 0,2665 340,22
700 o C 0,2759 325,02 0,2321 405,61
750 o C 0,2235 425,308 0,2235 426,50
54
Figura 2.9: Difratogramas de raios-X do KN b3 O8 sintetizado pelo método ES a 1000◦ C
em seus diferentes patamar de queima: esses materiais foram macerados para suas
subsequentes queimas e caracterizações.
55
Figura 2.10: Mecanismo de evolução das unidades de N bO6 para a formação do
K2 N b4 O11 .
56
Figura 2.11: Difratogramas de raios-X do estudo de hidratação do K4 N b6 O17 obtido
pelo método ES a 1100 ◦ C.
Como na síntese pelo método PP, para o K4 N b6 O17 .3H2 O obtido pelo método ES também
foi avaliada a estabilidade térmica das moléculas de água existentes na região interlamelar.
Então, inicialmente no difratograma (Figura 2.12), o hexaniobato encontra se totalmente na
forma hidratada. Com o auxílio do acessório de Camara Quente, todas as aquisições dos
difratogramas foram feitos a 100 ◦ C, em intervalos de 30/30 min durante 150 min (Figura
2.12 (a - f)). Também é observada a volatilização das moléculas de água a 100 ◦ C, contudo
ainda encontra-se o K4 N b6 O17 na forma hidratada. Após 60 min de exposição à temperatura
de 100 ◦ C é observado que a fase anidra é majoritária, isso se perdura até completar 150 min.
57
Figura 2.12: Difratogramas de raios-X do K4 N b6 O17 utilizando acessório Câmara
Quente para análise da perda de água a 100 ◦ C no tempo máximo de 150 min.
58
com o pressuposto que a simetria ortorrômbico não se altera após intercalação das 3 moléculas
de água [80, 84]. Sendo assim, em todos os espectros as vibrações em torno de 913, 878, 840,
802, 777 cm−1 são atribuídas as unidades de [N bO6 ] dos OAD [43, 84–86]. As vibrações em
torno de 653, 586, 538, 509 cm−1 são atribuídas ao compartilhamento dos cantos dos OLD e
a vibração em torno de 450-400 cm−1 pode ser atribuída à ligação do Nb-O [84].
(a)
(b)
59
Os espectros na região do IV, apresentados na Figura 2.14(a), não evidenciam diferenças
significativas entre os dois métodos de síntese utilizados para obtenção do KN b3 O8 (PP e
ES). Aparentemente, a presença da fase secundária no KN b3 O8 sintetizado pelo método do
ES não afeta o conjunto de bandas.
Observa-se no espectro de IV (Figura 2.14(b)) que o método ES proporciona um
alargamento e deslocamento da banda em 914 cm−1 no K4 N b6 O17 sintetizado pelo método
PP para 897 cm−1 .
As vibrações de intensidades fortes nos espectros Raman do KN b3 O8 para os dois métodos
de síntese (PP e ES), localizadas em torno de 851, 894, 924 e 952 cm−1 são atribuídas as
ligações curtas Nb-O dos OAD [17, 45, 50, 54, 55, 80, 87]. As vibrações referentes aos OLD,
podem ser observadas em trono de 575, 618 e 660 cm−1 , correspondendo ao estiramento
antissimétrico dos octaedros [N bO6 ] [45, 50, 55] já a vibração em torno de 453 cm−1 são
atribuídas aos modos de vibrações Nb-O-Nb. Em torno de 323-352 cm−1 , observa-se vibrações
atribuídas as deformações dos octaedros de [N bO6 ] [45, 50, 54, 55, 87]. As bandas na região
entre 150-350 cm−1 podem ser atribuídas as distorções dos octaedros (Figura 2.15(a) e 2.16(a))
[45, 50, 54].
Para os espectros Raman do K4 N b6 O17 obtidos pelo método PP e ES, são observados
vibrações com intensidades fortes em 847, 882 e 901 cm−1 atribuídas às ligações curtas de
Nb-O dos OAD [17, 47, 54, 57, 80, 82] já as vibrações em 542, 583, e 649 cm−1 são atribuídas
às ligações de Nb-O-Nb com menores distorções existentes nos OLD. Na região entre 300-200
cm−1 estão presentes as bandas referentes à deformação angular das ligações Nb-O-Nb [46,
82, 84] (Figura 2.15(b) e 2.16(b)).
60
(a)
(b)
61
(a)
(b)
62
(a)
(b)
Figura 2.16: Comparação dos espectros Raman do (a) KN b3 O8 (pH 4) e (b) K4 N b6 O17
(pH 5) sintetizados pelo método PP obtido a 750 ◦ C e ES.
63
intensificação. Yu et al. [88] associam esse tipo de comportamento ao aparecimento de fases
secundárias nas temperaturas de calcinação mais elevadas ou a processos de sinterização entre
os grãos do material. Como os difratogramas não indicaram formação de fases secundárias,
muito possivelmente os processos de sinterização de grão seriam os responsáveis por este
comportamento.
(a)
(b)
64
A literatura reporta que a redução da intensidade do espectro de PL, seja para as transições
excitônicas ou para as transições banda-banda, pode estar relacionada com uma diminuição
da taxa de recombinação e− /h+ e, consequentemente, com um possível aumento da atividade
fotocatalítica [66]. Observa-se na Figura 2.17(a) e 2.17(b) para o KN b3 O8 , e em menor grau,
para o K4 N b6 O17 que o aumento da temperatura de calcinação é responsável por uma redução
na intensidade dos espectros de PL.
Para uma melhor compreensão em relação os deslocamentos sofridos nos espectros de
emissão dos niobatos de potássio calcinados a 550, 650 e 750 ◦ C apresentados nas Figuras
2.17(a) e 2.17(b), suas curvas de PL foram deconvoluidas (usando o software PeakFit), para
discutir sobre os supostos defeitos rasos e profundos nesses niobatos.
Adotou-se o procedimento proposto por Longo et. al. [89], que analisa seis componentes
de cor nos espectros de fotoluminescência chamadas de: Violeta - componente violeta (região
abaixo de 438 nm), Azul - componente azul (região entre 439 e 488 nm), Verde - componente
verde (região entre 489 e 561 nm), Amarelo - componente amarelo (região entre 562 e 623 nm),
Laranja - componente laranja (região de 624 e 625 nm) e Vermelho - componente vermelho
(região entre 626 e 740 nm), referindo-se à região de máximo valor das componentes de cor
com relação ao espectro de emissão. Estes autores associam emissões na faixa do violeta ao
azul a defeitos rasos no band-gap e a estruturas mais ordenadas, enquanto que emissões
entre verde e vermelho a defeitos profundos no band-gap e estruturas com maior grau de
desordem a médio alcance.
Sob este enfoque, analisando-se a Figura 2.18, pode-se comprovar o blue shift com o
aumento da temperatura de calcinação. Os niobatos calcinados a 550 ◦ C apresentam uma
menor porcentagem (1 - 2 %) de defeitos rasos, dessa maneira, observa-se uma grande
porcentagem de defeitos profundos e uma maior desordem no material. O aumento da
temperatura de calcinação acarreta em uma maior porcentagens de defeitos rasos associada a
uma maior organização a médio alcance para ambos os niobatos.
Observa-se também que não existem variações significativas entre a distribuição dos
componentes de PL para as amostras calcinadas a 650 e 750 ◦ C, para o K4 N b6 O17 e em
menor escala para o KN b3 O8 (Figura 2.18). Sendo assim, a taxa de recombinação e− /h+
dos materiais calcinados a 750 ◦ C deve ser levemente superior à dos calcinados a 650 ◦ C, este
último catalisador deve se mostrar mais ativo para reações de fotodecomposição de materiais
orgânicos que envolvam mecanismos indiretos.
65
Figura 2.18: Representação em % das componentes de cor, obtidas das deconvoluções
(Gaussianas) dos espectros de emissão de PL dos niobatos de potássio calcinados a
550, 650 e 750 ◦ C.
66
Tabela 2.5: Valores de band-gap do KN b3 O8 e K4 N b6 O17 sintetizados pelo método PP
com temperaturas de calcinações de 550 a 750 ◦ C e os mesmos obtidos pelo método
ES.
67
Esses poros podem estar relacionados ao método de síntese, pois durante a obtenção de
materiais sintetizados pelo método PP, observa-se a presença de grande quantidade de matéria
orgânica, a qual é eliminada através da reação de combustão durante tratamentos térmicos,
proporcionando a formação de uma estrutura porosa.
As micrografias para o K4 N b6 O17 sintetizados pelo método dos PP, mostram morfologia
porosa e lamelar como é observado para o KN b3 O8 sem nenhum tratamento químico, como
esfoliação ou reempilhamento (Figura 2.20(a) e 2.20(b)). Porém, as sínteses desse niobato pelo
ES possuem morfologias altamente ordenadas, com empilhamentos de lamelas bem definidos.
Os niobatos sintetizados pelo método PP, apresentaram superfícies mais porosas e irregulares
quando comparados com os materiais obtidos pelo ES.
A área de superfície BET (SBET ) e o volume total de poros (Vp ), determinados a partir
das isotermas de adsorção de N2 à 77 K, confirmam a alteração da morfologia para ambos
os niobatos em função do método de síntese, conforme apresentado na Tabela 2.6. De acordo
com estes resultados, observa-se que quando esses niobatos são obtidos pelo método PP há
um aumento na área superficial quando relacionado ao método ES. As áreas superficiais
encontradas para os niobatos obtidos pelo ES são compatíveis com as encontradas na literatura
[10, 83].
68
(a)
(b)
69
(a)
(b)
70
2.4 Conclusão
• Para o estudo da síntese do KN b3 O8 monofásico partindo do método PP, utilizou-se
pH 4 com o KN O3 como precursor de íons potássio e taxa de aquecimento de 5
◦ C/min. A autenticidade da síntese do KN b3 O8 pelo método dos PP foi comprovada
por refinamento Rietiveld. Observou-se que a obtenção desse niobatos é simples
quando comparada com a síntese do K4 N b6 O17 . O KN b3 O8 possui um tipo de região
interlamelar e consequentemente só uma região interlamelar, logo a facilidade de sua
síntese pode estar atribuída a essas características.
• O estudo da síntese do K4 N b6 O17 sem fase secundária pelo método PP, está relacionada
com os fatores: precursor de potássio, pH da síntese e taxa de aquecimento. Os
precursores de potássio oriundos de ácidos carboxílicos não favorecem a formação de
um material monofásico. A quantidade de hidrogênios ionizáveis favorece uma melhor
quelação dos íons de interesse e consequentemente a obtenção de niobatos sem fase
secundária. A temperatura e a taxa de calcinação interferem diretamente na síntese
pelo método PP, pois em temperaturas elevadas o íon K + pode ser volatilizado. Desta
maneira, há uma modificação na razão Nb/K (porcentagem molar), a qual proporciona
a formação de fases indesejadas.
71
• A coexistência das duas fases do K4 N b6 O17 (anidra e hidratada) foi detectada para os
dois métodos de síntese (ES e PP). Desta forma, a volatilização de suas moléculas de
água ocorre a 100 ◦ C obtendo-se um material anidro, em temperaturas acima de 900
◦C observa-se a existência de fases secundária. É assegurado a facilidade de obtenção
do hexaniobato totalmente hidratado por um simples método de lavagem.
72
Capítulo 3
• Propor uma célula unitária para o K4 N b6 O17 .3H2 O e gerar um arquivo CIF
(Crystallographic Information File);
74
3.2 Modelos e Métodos Computacionais
75
O hexaniobato de potássio (K4 N b6 O17 ) possui estrutura ortorrômbica em camadas, com os
parâmetros de rede a = 7,83 Å, b = 33,21 Å, c = 6,46 Å, V = 1679,8 Å3 , e grupo espacial
P 21 nb [15], com dois tipos de região interlamelar (região I e II)como já supracitados
(Figura 1.5). Suas folhas empilhadas de forma assimétrica por agregados de [N b6 O17 ]4− ,
podem ser formalmente compreendidas como seis octaedros [N bO6 ] não equivalentes,
nomeados de Nb(1) até Nb(6), com vinte e sete átomos na unidade assimétrica da
célula unitária (sendo 4 K, 6 N b e 17 O).
A fase trihidratada do hexaniobato de potássio, K4 N b6 O17 .3H2 O, foi construída
a partir da célula unitária da fase anidra e de informações estruturais contidas na
literatura [14,15], estimadas por meio de análises cristalográficas. Deve-se ressaltar aqui
que diante de uma varredura em bancos de dados cristalográficos não foram encontrados
arquivos CIF para este material e, tampouco, encontrada alguma menção de cálculos
computacionais de estrutura eletrônica, o que aflora um caráter inovador na presente
tese. Sabe-se que o grupo espacial do K4 N b6 O17 .3H2 O é o mesmo do K4 N b6 O17 ,
P 21 nb, como sugerido por Gasperin e Le Bihan 1982 [15], com parâmetros de rede a
= 7,85 Å, b = 37,67 Å, c = 6,46 Å, V = 1910,28 Å3 [14].
76
Índice de distorção, D
n
1 X |di − d|
D= (3.1)
n i=1 d
n 2
1X li
< λ >= (3.4)
n i=1 l0
77
Variação nos ângulos internos de ligação, σ 2
m
1 X
2
σ = (φi − φ0 )2 (3.5)
m − 1 i=1
78
(s/sp/d) foram usadas para os oxigênios, enquanto que funções pseudo-potenciais
de pequeno core de Hay and Wadt (HAYWSC) Nb 31/31 (sp/d) e K 31/1 (sp/d)
foram utilizadas para os nióbios e potássios, respectivamente. Para os hidrogênios do
K4 N b6 O17 .3H2 O, a função de base triplo-ζ pob-TZVP 3/11/1 (s/sp/p) foi utilizada.
Todas essas funções estão disponíveis na Crystal Basis Set Library [102].
Os três niobatos estudados possuem configuração eletrônica de camada fechada
(ou seja, sem elétrons desemparelhados), o que permite tratá-los sob o formalismo de
camada fechada, ou restricted -DFT.
As estruturas foram completamente relaxadas (posições atômicas e parâmetros
de rede), mantendo o grupo espacial de cada material, utilizando um procedimento
de otimização que combina o algorítimo quasi-Newton com o algorítimo
Broyden-Fletcher-Goldfarb-Shanno (BFGS) [97, 98] para atualização da matriz
Hessiana, onde a diferença de energia para se estabelecer a convergência foi 10−10
hartree. A tolerância na avaliação das séries de Coulomb e de troca são controladas
por cinco parâmetros: 10−10 , 10−10 , 10−10 , 10−10 , 10−20 . O quantidade de pontos-k
independentes na parte irredutível da zona de integração de Brillouin foi de 27 para o
K4 N b6 O17 e K4 N b6 O17 .3H2 O e 52 para o KN b3 O8 . Em geral, quanto maior a célula
unitária, menor a quantidade de pontos-k necessários.
Para melhor descrever as diferenças nas ligações Nb-O que formam os poliedros
de coordenação (e suas formas de interação com poliedros vizinhos), bem como
a natureza das interações entre os íons K + com as lamelas dos niobatos, foram
realizadas análises topológicas da densidade eletrônica ρ(r) utilizando o programa
Topond [104], especialmente construído para analisar estruturas periódicas. Dentre
79
as muitas possibilidades, focamos estritamente na determinação e caracterização dos
pontos críticos de ligação (BCP) (3,-1), visando a classificação das interações químicas
entre Nb e O, K e O, de forma não ambígua, bem como a elucidação das diferenças
das ligações devido à distorção dos poliedros.
São critérios para a classificação das ligações químicas [106]: densidade eletrônica
(ρ), laplaciano da densidade eletrônica (∇2 ρ), as densidades de energia cinética (G),
densidade virial (V), função de localização eletrônica de Becke (ELF) e a elipticidade
() avaliadas em cada ponto crítico de ligação (BCPs). A partir da análise dessas
quantidades, algumas hipóteses sobre a natureza da interação podem ser inferidas.
Outros descritores tomados a partir de ρ(r) são os volumes atômicos e cargas atômicas
de Bader.
Quando aplicadas à materiais sólidos, a Teoria Quântica de Átomos em Moléculas,
de Bader (QTAIM) [105], é chamada de Quantum Theory of Atoms in Molecules and
Crystals (QTAIMC), tratada de forma abrangente por Gatti et. al. [105], idealizador
do programa Topond. Nesta última referência são relatados uma série de critérios,
envolvendo as quantidades anteriores, que podem ser usadas para classificar as ligações
químicas.
Também foram obtidas as cargas atômicas pela análise populacional de Mulliken
e pelo esquema de partição de Hirshfeld-I [107].
80
encontrados em [102].
3.3.1 Programas
81
3.4 Resultados e Discussões
Foram calculados os padrões de raios-X utilizado calculo teórico para os niobatos
de potássio (KN b3 O8 , K4 N b6 O17 e K4 N b6 O17 .3H2 O) de estudo nesse Capítulo
(Anexo), os mesmos até o presente momento ainda não foram totalmente elucidados,
entretanto esses padrões de difração estão de consonância com os padrões experimentais
obtidos nas Figuras 2.3(a), 2.5(b) e 2.12.
Para fins de comparação entre resultados teóricos e experimentais, foram
utilizadas as seguintes fórmulas para a média dos desvios dos parâmetros ν:
N
100 X νical − νiexp
|∆|% = (3.7)
N i=1 νiexp
• Desvio máximo:
|∆max | = max(|νical − νiexp |) (3.8)
82
Tabela 3.1: Parâmetros de rede e desvios com relação ao monocristal de KN b3 O8 ,
quando calculados com os funcionais DFT: PBE, PBE0, B3LYP e HSE06, com e sem
dispersão (D3). São mostradas a média dos desvios (|∆|), desvio médio percentual
(|∆|%) e desvio máximo (|∆max |)
KN b3 O8
Funcional a/Å b/Å c/Å |∆| |∆|% |∆max |
PBE 8,86603 20,9782 3,8335 0,086 0,749 0,182
PBE0 8,8102 20,9460 3,8063 0,105 0,551 0,214
B3LYP 8,8828 21,0134 3,8268 0,065 0,551 0,147
. HSE06 8,8120 20,9475 3,8072 0,104 0,747 0,212
PBE-D3 8,7867 20,7013 3,8254 0,200 1,390 0,459
PBE0-D3 8,7303 20,6551 3,7974 0,226 1,456 0,505
B3LYP-D3 8,7502 20,5214 3,8121 0,268 1,693 0,639
HSE-D3 8,7214 20,6024 3,7978 0,247 1,569 0,558
Experimental [12] 8,903 21,16 3,799 0,000 0,000 0,000
83
Tabela 3.2: Comprimentos das ligações Nb-O e cargas atômicas (q) de Bader (qBader ),
Mulliken (qM ul ) e Hirshfeld-I (qHir ) calculadas ao nível B3LYP para o KN b3 O8 . As
posições atômicas apical e equatorial são representadas por Oap e Oeq , respectivamente.
Todas as cargas são dadas em |e|.
84
Tabela 3.3: Parâmetros de rede e desvios com relação ao monocristal de K4 N b6 O17 ,
quando calculados com os funcionais DFT: PBE, PBE0, B3LYP e HSE06, com e sem
dispersão (D3). São mostradas a média dos desvios (|∆|), desvio médio percentual
(|∆|%) e desvio máximo (|∆max |).
K4 N b6 O17
Funcional a/Å b/Å c/Å |∆| |∆|% |∆max |
PBE 7,8677 32,1053 6,4620 0,381 1,280 1,105
PBE0 7,8141 32,0787 6,4254 0,394 1,381 1,131
B3LYP 7,8534 32,2204 6,4768 0,343 1,180 0,990
HSE06 7,8167 32,0860 6,4258 0,390 1,361 1,124
PBE-D3 7,8349 31,6052 6,4170 0,551 1,853 1,605
PBE0-D3 7,7787 31,5279 6,3800 0,604 2,320 1,682
B3LYP-D3 7,7904 31,3166 6,3951 0,666 2,404 1,893
HSE-D3 7,7762 31,4038 6,3746 0,648 2,483 1,806
Experimental [15] 7,83 33,2099 6,46 0,000 0,000 0,000
85
Tabela 3.4: Comprimentos das ligações Nb-O e cargas atômicas (q) de Bader (qBader ),
Mulliken (qM ul ) e Hirshfeld-I (qHir ) calculadas ao nível B3LYP para o K4 N b6 O17 . As
posições atômicas apical e equatorial são representadas por Oap e Oeq , respectivamente.
Todas as cargas são dadas em |e|.
86
(arquivo CIF) para este hexaniobato de potássio trihidratado.
Com a entrada das três moléculas de H2 O na estrutura do K4 N b6 O17 , ocorre uma
expansão considerável na direção [010], em que o parâmetro de rede passa de 32,22 Å
para ≈ 37 Å, pelo funcional B3LYP, de acordo com os resultados de difração de raios-X.
K4 N b6 O17 .3H2 O
Funcional a/Å b/Å c/Å |∆| |∆|% |∆max |
B3LYP 7,8630 36,9769 6,4442 0,241 0,989 0,623
HSE06 7,8261 36,7998 6,3942 0,304 1,246 0,800
B3LYP-D3 7,8185 35,1599 6,3563 0,861 2,863 2,440
Experimental [14] 7,85 37,67 6,46 0,000 0,000 0,000
87
Tabela 3.6: Comprimentos das ligações N b−O e cargas atômicas (q) de Bader (qBader ),
Mulliken (qM ul ) e Hirshfeld-I (qHir ) calculadas ao nível B3LYP para o K4 N b6 O17 ·
3H2 O. As posições atômicas apical e equatorial são representadas por Oap e Oeq ,
respectivamente. Todas as cargas são dadas em |e|.
88
um octaedro (simetria Oh ).
Os descritores da Tabela 3.7 podem ser representados graficamente, como
apresentado na Figura 3.2, seguindo a lógica de que a simetria pode ser entendida
como uma variável contínua.
89
Figura 3.2: Distorção estrutural dos poliedros do (a) KN b3 O8 , (b) K4 N b6 O17 e (c)
K4 N b6 O17 .3H2 O em células unitárias completamente otimizadas ao nível DFT/B3LYP.
Os poliedros foram coloridos em uma escala de cor proporcional à variação média
dos ângulos O −\ N b − O e do alongamento quadrático, quanto mais vermelho mais
distorcido é o octaedro.
90
Desta forma, podemos supor que o íon K + demostra uma forte influência em
relação a distorção das unidades de octaedros [N bO6 ] para o KN b3 O8 e K4 N b6 O17 ,
como é proposto pela literaturas [11] para outro tipos de niobatos.
Vê-se, claramente, que a densidade de distorção estrutural é maior no KN b3 O8 ,
seguido do K4 N b6 O17 e do K4 N b6 O17 .3H2 O e que o K4 N b6 O17 possui em sua estrutura
um octaedros (Nb(6)) com maior grau de distorção.
91
Figura 3.3: Densidade de estados projetada (PDOS): (a) KN b3 O8 , (b) K4 N b6 O17 e
(c) K4 N b6 O17 .3H2 O obtidos ao nível DFT/B3LYP.
92
diminui o acumulo de carga encontrada nos O que constituem os octaedros, o qual
proporciona uma estrutura relaxada quando comparada a sua forma anidra (Figura
3.4 (a)), possivelmente devido a formação de ligações de hidrogênio. A água possui
alta densidade de carga, observada pela coloração avermelhada ao redor do oxigênio.
Esse acumulo de carga pode estar atribuído aos pares de elétrons isolados que essas
moléculas possuem.
Analisando a mesma região que contém o Nb(6) do K4 N b6 O17 , nas Figuras 3.5 (a
- d) são mostrados os mapas de análise topológica pela teoria QTAIM, onde a análise da
densidade eletrônica nos pontos críticos de ligação (BCPs (3,-1)) mostram que a ligação
mais longa Nb-O possui caráter mais iônico que a ligação mais curta Nb-O, de modo
que o poliedro assemelha-se a uma pirâmide de base quadrada [NbO5 ], embora ainda
possa se considerar formalmente como um octaedro distorcido [NbO6 ], pois observa-se
uma pequena contribuição de densidade eletrônica entre os átomos de Nb e O referente
a ligação alongada (Figura 3.5).
93
Figura 3.5: Análise topológica QTAIM no K4 N b6 O17 : (a) octaedro altamente
distorcido, com os BCPs (3,-1) mostrados como pequenas esferas brancas. (b)
Laplaciano da densidade eletrônicas. (c) Densidade de energia cinética. (d) Função de
localização eletrônica.
94
possui uma tendência espontânea de absorver moléculas de água em sua região
interlamelar, tornando a comparação entre os espectros teóricos e experimentais ainda
difícil, em que os mesmos estão sendo elucidados.
Os espectros de Raman teóricos obtidos para o K4 N b6 O17 e o K4 N b6 O17 .3H2 O
(Figura 3.6 (b) e (c)), são observados duas bandas de intensidade forte na região
atribuída aos OAD [46, 52, 54, 80], quatro bandas para o K4 N b6 O17 e três bandas para
o K4 N b6 O17 .3H2 O na região dos OLD. os espectros apresentados nas Figuras 3.6 (b) e
(c), mostram a mudança em relação a diminuição na quantidade de bandas na região
de ∼ 1000 cm−1 , referente ao ordenamento dos octaedros em decorrência da hidratação
do K4 N b6 O17 . Diferente do espectros do K4 N b6 O17 anidro, observa-se as vibrações das
moléculas de água característicos do estiramento O-H em torno de 3300 a 3700 cm−1
para o K4 N b6 O17 .3H2 O.
As representações irredutíveis referentes aos picos de maior intensidade dos
espectro Raman do K4 N b6 O17 e K4 N b6 O17 .3H2 O são as A1 e a Ag para a forma anidra
e hidratada respectivamente.
As representações irredutíveis que apresentam os índices g ou u, são constituídas
de centros de simetria, ou seja, de centro de inversão. Assim, pode-se inferir que
inserção de moléculas de água na região interlamelar do K4 N b6 O17 .3H2 O proporciona
uma maior simetria desse material, haja vista a existência de um centro de inversão,
que é atribuído à materiais com elevada simetria.
95
Figura 3.6: Espectros Raman do (a) KN b3 O8 experimental e teórico, (b) K4 N b6 O17
e (c) K4 N b6 O17 .3H2 O teóricos ao nível DFT/B3LYP. Utilizou-se 8 cm−1 de largura a
meia altura (FWHM) para a construção dos espectros Raman Teóricos.
96
3.4.5 Conclusão
97
II. Observa-se que a densidade de distorção eletrônica é maior no KN b3 O8 ,
seguida do K4 N b6 O17 e K4 N b6 O17 .3H2 O;
98
Capítulo 4
100
4.2 Materiais e Métodos
Tendo em vista a peculiar distorção dos octaedros existentes no KN b3 O8 e no
K4 N b6 O17 , os niobatos sintetizados e otimizados no Capítulo I, foram submetidos a
reação de troca iônica gerando suas fases protonadas o HN b3 O8 .H2 O e K4−x Hx N b6 O17 .
101
Figura 4.1: Síntese das formas protonadas dos niobatos de potássio, partindo da reação
de troca iônica com uma solução a 6 mol/L de ácido nítrico.
102
4.3 Resultados e Discussões
103
(a)
(b)
Figura 4.2: Comparação dos difratogramas de raios-X dos materiais antes e após a
reação de protonação, (a) KN b3 O8 , HN b3 O8 .H2 O e (b) K4 N b6 O17 , K4−x Hx N b6 O17 .
104
plano (0 2 0) e dependendo do quanto essas interferências são destrutivas, observa-se
o decréscimo ou desaparecimento desse plano [31]. Contudo, a interpretação dos
difratogramas de raios-X da forma protonada do hexaniobato não é tão trivial como
apresentado para o HN b3 O8 .H2 O. A literatura reporta que a forma protonada do
hexaniobato comporta-se como um material interestratificado (compostos lamelares
formados por dois ou mais tipos de lamelas empilhadas, estando elas ordenadas ou
não), dificultando a interpretação de seu difratograma [32].
105
(a)
(b)
Figura 4.3: Comparação dos espectros de infravermelho dos niobatos de potássio e suas
formas protonadas.
Os espectros Raman apresentados nas Figuras 4.4(a) e 4.4(b), observa-se que após
a reação de protonação há uma acentuada redução de todas as bandas, o qual pode
indicar um relaxamento da estrutura, pela diminuição destas distorções e consequente
aumento de simetria [17, 31, 32].
106
(a)
(b)
Figura 4.4: Espectros Raman dos niobatos protonados comparados a suas formas
potássicas, (a) KN b3 O8 , HN b3 O8 .H2 O e (b) K4 N b6 O17 , K4−x Hx N b6 O17 .
Bandas em torno de 700 a 550 cm−1 , referentes as vibrações dos OLD, assim como
em 896 cm−1 , são observadas no espectro Raman para o HN b3 O8 .H2 O. Essa banda
em torno de 896 cm−1 , pode ser atribuída à ligação curta de Nb-O dos OAD. Já no
espectro do K4−x Hx N b6 O17 , as vibrações referentes aos OAD não são claras, entretanto
observa-se uma banda deslocada em torno de 599 cm−1 , que pode ser atribuída a
vibrações dos OLD.
Maczka et. al. [84] admitem que quanto mais distorcidos as unidades de [N bO6 ],
maior é o deslocamento das bandas para maiores números de onda. Após a protonação,
107
observa-se, principalmente para o KN b3 O8 , que este processo favorece deslocamentos
para menores números de ondas. Sendo assim, pode-se comprovar mais uma vez que
a inserção do íon H + /H3 O+ na região interlamelar, promove um relaxamento dos
octaedros. Por outro lado, observa-se claramente que as bandas dos OAD para o
KN b3 O8 estão mais deslocadas que para o K4 N b6 O17 , podendo indicar um maior grau
de distorção destes octaedros.
108
(a)
(b)
109
Corroborando com a literatura, partindo do pressuposto que a protonação reduz a
energia do band-gap nesses materiais, pois há uma variação significativa dos valores do
band-gap quando o íon K + é trocado pelo íon hidrônio H3 O+ tanto para o KN b3 O8
como para o K4 N b6 O17 .
(a)
(b)
Figura 4.6: Espectros de refletância dos niobatos de potássio e suas formas protonadas,
admitindo um band-gap direto.
110
4.4 Conclusão
• O deslocamento dos picos referentes ao plano (0 2 0) para maiores valores de 2θ,
apresentados no difratograma do HN b3 O8 .H2 O, comprovam a troca dos íons K +
pelos íons H3 O+ na região interlamelar
111
Capítulo 5
113
5.2 Materiais e Métodos
5.2.2 Fotocatálise
114
pH natural da solução (aproximadamente 6). O ajuste do pH foi feito com o
auxílio de um pHmetro (DM-22, Digimed) e de soluções tampões de pH 3 (1 mol/L
das soluções de CH3 COO− N a+ /CH3 COO− H + ) e pH 9 (1 mol/L das soluções de
N H4+ Cl− /N H4+ OH − ). Partindo da solução estoque foram feitas diluições para 1, 3,
5, 8, 12, 15, 50, 75 ppm, em triplicata. As triplicadas foram utilizadas para calcular o
desvio padrão, partindo da média das diluições. Logo em seguida, os espectros foram
registrados e os valores das absorbâncias em 411 nm, referente a ligação -N=N- (azo),
foram utilizados para construção das curvas de analítica. As curvas de calibração foram
feitas seguindo a Lei de Lambert-Beer, e o R2 , o coeficiente angular e o intercepto
estão descritos graficamente, para o pH natural da solução de corante, na Figura 5.1
A equação da reta obtida através da regressão linear dos pontos referentes às diluições
é apresentada na Equação (5.1).
Figura 5.1: Curva analítica para as bandas com absorções em 411 nm, partindo da
solução estoque de 100 ppm em pH natural da solução de corante.
Teste Fotocatalítico
115
de 3 mL foram retiradas, a cada 20 min e então centrifugadas, por 20 min a 500 rpm,
para promover a separação do catalisador. As amostras foram submetidas à análise de
absorção na região do UV-vis, com o intuito de monitorar a banda em 411 nm (Figura
5.2).
116
e o calculado a partir do teste com diversas alíquotas retiradas foi menor do que 1%,
indicando que a retirada de diversas alíquotas não afetou o resultado final.
O sistema reacional utilizado para os teste catalíticos é confeccionado em madeira,
apresentando dimensões de 50 cm (comprimento) x 50 cm (largura) x 50 cm (altura).
Equipado com duas ventoinhas de entra e saída de ar e com três lâmpadas UVC (254
nm) fixadas na parte superior da caixa (marca OSRAM, modelo Puritec HNS S 9W,
Referência GCF9DS/G23/SE/OF). O reator em quartzo possuí capacidade de 200
mL, e as alíquotas são retiradas com um auxílio de uma mangueira, fixada a 10 cm da
superfície da solução do corante, conectada a uma seringa de 5 mL (Figura 5.3).
Cf
Descoloração (%) = 100 − × 100 (5.2)
C0
Onde:
C0 = concentração inicial do corante;
C = concentração final do corante, ambas em ppm ou mg/L.
117
Reações fotocatalíticas com supressores de • OH, e− , O2•− e h+
O teste para avaliação do efeito do radical O2•− foi realizado nas condições dos
testes padrões, porém com borbulhamento de N2 (1 N m3 /h), no decorrer de toda
reação fotocatalítica para remoção do O2 dissolvido [20, 22, 76].
Nesta avaliação foram dissolvidos 7,2 mg de EDTA, nos 100 mL da solução padrão
de corante RNL [22, 23].
118
Tabela 5.2: Niobatos otimizados selecionados para aplicação na fotodescoloração do
corante RNL.
formas ácidas, obtidas pela protonação do material preparado pelo método PP foram
aplicadas na reação de fotodescoloração do RNL (Tabela 5.2).
119
5.3 Resultados e Discussões
120
(a)
(b)
Figura 5.4: (a) comparação das reações de descoloração dos métodos de síntese dos
niobatos de potássio (PP e ES) e (b) porcentagem de descoloração em 200 min.
121
sob irradiação [89]. Desta forma, afirmar que o maior desempenho fotocatalítico
para o KN b3 O8 estar associado a uma menor taxa de recombinação comparada a
do K4 N b6 O17 .
A eficiência fotocatalítica das formas protonadas (HN b3 O8 .H2 O,
K4−x Hx N b6 O17 ) são significativas quando comparada a suas formas potássicas,
atingindo seu máximo de descoloração de 16 e 38%, em 200 minutos de reação.
Uma possível explicação para essa menor atividade, pode ser atribuída a um
aprofundamento dos defeitos profundos no band-gap, relacionado a um red shift que a
reação de protonação proporciona para esses materiais na forma protonada, conforme
demonstrado nas análises de fotoluminescência (Figura 4.5(a) e 4.5(b)). Este efeito
poderia levar a um aumento da taxa de recombinação elétron/buraco.
Outra explicação para este baixo desempenho fotocatalítico é que a
forma protonadas desses niobatos apresenta característica de ácido fortes de
Bronsted ou de Lewis [117, 118]. Essa bifuncionalidade pode proporcionar o
trapeamento/aprisionamento de e− fotogerados, quando esses materiais estão sendo
excitado. Como consequência, observar-se uma supressão na intensidade do espectro
de PL (Figura 4.5(a) e 4.5(b)) e um menor desempenho fotocatalítico. Os resultados
de PL indicam que os niobatos na forma potássica, apresentariam menor capacidade de
aprisionar e− , logo mostram-se mais ativos na reação de descoloração do corante RNL.
Assim, observa-se o primeiro indicativo que os e− fotogerados podem ser responsáveis
pela formação dos radicais • OH.
A atividade fotocatalítica do KN b3 O8 e do K4 N b6 O17 também são sensíveis
ao método de síntese, conforme demonstrado na Figura 5.5(a) e 5.5(b). O KN b3 O8
sintetizado pelo método do ES demostra boa atividade fotocatalítica, mas não maior
que a do KN b3 O8 sintetizado pelo método PP. A significativa atividade atribuída ao
KN b3 O8 , assim como para o K4 N b6 O17 sintetizados pelo método dos PP, pode ser
atribuída a maior área superficial (Tabela 2.6 Capítulo I), a qual possivelmente está
ligada ao tipo de morfologia que o método de síntese proporciona a esses niobatos
(Figura 2.19(a), 2.19(b), 2.20(a) e Figura 2.20(b)).
122
(a)
(b)
Figura 5.5: (a) curvas de C/C0 das reações de fotodegradação com os niobatos
de potássio sintetizador pelo método PP e ES, P25 e fotólise, (b) porcentagem de
descoloração em 200 min.
123
observa-se que a atividade desses niobatos pode estar diretamente correlacionadas às
maiores áreas superficiais e ao tipo de morfologia [56, 119].
124
(a)
(b)
125
Efeito do supressor de e− utilizando íons Ag +
•
Aspectos relacionados ao mecanismo de formação dos radicais OH e
descoloração do corante RNL
126
sobre os fotocatalisadores. As energias atribuídas a BV e BC para esses niobatos são
apresentadas a partir de dados propostos por Scaife, 1980 [120].
(a)
(b)
127
Os resultados obtidos a partir da utilização de supressores de radicais e reagente
de sacrifício indicam que, para o KN b3 O8 , a reação de descoloração do corante RNL
ocorre via mecanismo indireto, ou seja, pela formação do radical • OH. A formação
desse radical se inicia, principalmente, pelos e− fotoexcitados na BC, os quais são
capturados pelo O2 dissolvido em solução, para formar o radical superóxido (O2•− ). Este
radical levaria a formação do radical hidroxila, pela sequencia de reações propostas nas
Equações (1.7) a (1.9). Os radicais • OH formados seriam os responsáveis pelo ataque
à ligação azo do corante. Vale salientar que, para este material, não se identificou
evidências de formação dos radicais hidroxila através dos h+ fotogerados na BV.
Diferente do KN b3 O8 , o mecanismo para o K4 N b6 O17 tem participação dos dois
tipos de portadores de cargas. A formação dos radicais • OH inicia-se tanto pela
oxidação das moléculas de H2 O pelos h+ fotogerados na BV, como também, pela
redução do O2 pelos e− fotogerados na BC (Figura 5.7(b)).
128
Figura 5.8: Potencial de carga zero dos niobatos de potássio sintetizados pelo método
Pechini.
129
apresentada na Equação (1.7) não estaria sendo privilegiada.
130
Figura 5.10: Curvas de C/C0 para a avaliação da variação de massa de KN b3 O8
utilizando um volume de solução reacional de 100 mL.
131
Figura 5.11: Curvas de C/C0 para a avaliação da variação da concentração iniciais da
solução do corante utilizando a mesma massa do catalisador KN b3 O8 .
132
O KN b3 O8 calcinado a 650 ◦ C apresentam valores de C/C0 menores em relação aos
apresentados para o KN b3 O8 calcinado a 750 ◦ C. Sendo assim, com o aumento da
temperatura de calcinação observa-se o acréscimo de defeitos rasos, que induzem a
perda da eficiência fotocatalítica entre os tempos de 20 a 80 min.
133
(a)
(b)
Figura 5.13: Ciclos de reúso dos fotocatalisadores (a) KN b3 O8 e (b) K4 N b6 O17 para a
reação de descoloração do corante RNL a 10 ppm.
134
5.4 Conclusão
• O KN b3 O8 apresenta uma atividade fotocatalítica maior do que a apresentada
pelo K4 N b6 O17 . A reação fotocatalíca catalisada com o KN b3 O8 atingi 100% de
descoloração em 140 min. Nas mesmas condições de reação do KN b3 O8 , não é
observado equivalência em relação ao comportamento catalítico para o K4 N b6 O17 .
O K4 N b6 O17 apresenta 95% de descoloração no tempo máximo de irradiação.
135
uma contribuição distinta. Enquanto o mecanismo para o KN b3 O8 inclui
a participação somente dos e− fotogerados, para o K4 N b6 O17 observou-se a
contribuição de ambos os portadores de carga.
136
Capítulo 6
Perspectivas Futuras
6.1 Perspectivas Futuras
Experimentais
• Quantificar por análise termo gravimetria (TG) a forma protonado do K4 Nb6 O17
(K4−x Hx N b6 O17 ) e assim certificar sobre a quantidade de íons K+ trocados pelos
íons H3 O+ ;
Teórico
• Realizar cálculos para adsorção de água nas superfícies dos niobatos de potássio.
138
Referências Bibliográficas
[1] Rauff, M.A. Rauf,; Meetani, M.A.; Hisaindee, S. Azo dyes, Doping,
Free radicals, Heterogeneous catalysis, Intermediates, Photocatalysis,
Transition metals, T iO2 . Desalination. 276, 1, 13 - 27, 2011.
[3] Zhang, G.; Gong, J.; Zou, X.; He, F.; Zhang, H.; Zhang, Q.; Liu, Y.; Yang, X.; Hu,
B. Photocatalytic degradation of azo dye acid red G by KN b3 O8 and the
role of potassium in the photocatalysis. The Chemical Engineering Journal,
123, 1-2, 59 - 64, 2006.
[4] Shvalagin, V.V.; Grodzyuk, G. Y.; Andryushina, N. S.; Granchak, V. M.; Kuchmy,
S. Y.; Skoryuk, N. A. Photocatalytic activity of layered KN b3 O8 and
K3H3Nb10.8O30 in gas-phase decomposition of metanol. Theoretical and
Experimental Chemistry, 52,6, 337 - 341, 2017.
[5] Alberti, G.; Constantino, U. título: Layered Solids and Their Intercalation
Chemistry. Solid State Supramolecular Chemistry: Two and Three
Dimensional Inorganic Networks., 1 ed., Pergamon, 1999.
[6] Zarei-Chaleshtori, M.; Hosseini, M.; Edalatpour, R.; Masud, S.S.M.; Chianelli,
R.R. Photocatalytic decontamination of wastewater with porous
material HN b3 O8 . Microchemical Journal. Local. 110, 361 - 368, 2013.
[7] Deng, Q,; Li, M.; Wang, J.; Zhang, P.; Jiang, K.; Zhang, J.; Hu, Z.;
Chu, J. Boosted adsorption-photocatalytic activities and potential
lithium intercalation applications of layered potassium hexaniobate
nano-family. Royal Society of Chemistry. 7, 28105-28113, 2017.
[8] Zhou, G.; Chen, G,; Wang, Q. High photocatalytic activity of porous
K4 N b6 O17 microsphere with large surface area prepared by homogeneous
precipitation using urea. Journal of Molecular Catalysis A: Chemical. 339, 1,
37 - 42, 2011.
[9] Cui, W.; Wang, H.; Liang, Y.; Liu, L.; Han, B. Preparation of
Ag@AgI-intercalated K4 N b6 O17 composite and enhanced photocatalytic
degradation of Rhodamine B under visible light. Catalysis
Communications. 36, 71 - 74, 2013.
[10] Cui, W.; Wang, H.; Liang, Y.; Han, B.; Liu, L.; Hu, J. Microwave-assisted
synthesis of Ag@AgBr-intercalated K4 N b6 O17 composite and enhanced
photocatalytic degradation of Rhodamine B under visible light. Chemical
Engineering Journal. 230, 10 - 18, 2013.
[14] Nassau, K.; Shiever, J.W.; Bernstein, J.L. Crystal Growth and Properties of
Mica-Like Potassium Niobates. Journal Electrochemical Society: Solid State
Science, 116, 3, 348 - 353, 1969.
140
[15] Gasperin, M.; Bihan, M. T. Mecanisme d’hydratation des niobates alcalins
lamellaires de formule A4 N b4 O17 (A = K, Rb, Cs). Journal of Solid State
Chemistry, 43, 3, 346 - 353, 1982.
[16] Sahu Sulata K.; Boatner Lynn A.; Alexandra, N. Formation and Dehydration
Enthalpy of Potassium Hexaniobate.Journal of the American Ceramic
Society, 100, 1, 304-311, 2017.
[19] Chen, Y.; Yang, S.; Wang, K.; Lou, L. Role of primary active species and
T iO2 surface characteristic in UV-illuminated photodegradation of Acid
Orange 7. Journal of Photochemistry and Photobiology A: Chemistry, 172, 1, 47
- 54, 2005.
[20] Zhu, X.D.; Wang, Y. J.; Sun, R. J.; Zhou, D. M. Photocatalytic degradation
of tetracycline in aqueous solution by nanosized T iO2 . Chemosphere, 92,
8, 925 - 932, 2013.
[22] Jie, H.; Jie, M.; Yuanyuan, L.; Hao, H.; Tifeng, J. One-pot synthesis of
Ag-modified LaM nO3 -graphene hybrid photocatalysts and application
in the photocatalytic discoloration of an azo-dye. Royal Society of
Chemistry Advances, 5, 54028 - 54036, 2015.
[23] Li, X.; Yang, S.; Sun, J.; He, P.; Xu, X.; Ding, G. Tungsten oxide
nanowire-reduced graphene oxide aerogel for high-efficiency visible light
photocatalysis. Carbon, 78, 38 - 48, 2014.
141
[24] Schlewitz, J. E. Niobium and Niobium Compounds.. Kirk?Othmer
Encyclopedia of Chemical Technology, 2010. ISBN 9780471238966, 2009.
[25] Linnen, R.; Trueman, D. L.; Burt, R. Tantalum and niobium., 1◦ ed., Critical
Metals Handbook, 2014.
[30] Schoonheydt, R. A.; Pinnavaia, T.; Lagaly, G.; Gangas, N. Pillared Clays and
Pillared Layered Solids. Pure and Applied Chemistry,71, 12, 2367 - 2371, 1999.
142
[35] Nassau, K.; Shiever, J. W. KNb3 O8 - A Mica-Like Crystal. Applied Physics
Letters, 12, 349-350, 1968.
[39] Yang, G.; Hou, W.; Feng, X.; Jiang, X.; Guo, J. Density Functional
Theoretical Studies on Polyaniline/HN b3 O8 Layered Nanocomposites.
Advanced Functional Materials, 17, 17, 3521-3529, 2007.
[40] Yang, G.; Liu, Y.; Hou, W.; Ji, H.; Li, Y. Preparation and electrochemical
studies of layered PANI/HN b3 O8 nanocomposite. Journal of Applied
Polymer Science, 113, 1, 78-86, 2009.
[41] Zhang, x.; Liu, L.; Ma, J.; Yang, X.; Xu, X.; Tong, Z. A novel
metalloporphyrin intercalated layered niobate as an electrode modified
material for detection of hydrogen peroxide. Materials Letters, 95, 21 - 24,
2013.
[42] Guo, X.; Hou, W.; Ding, W.; Fan, Y.; Yan, Q.; Chen, Y. Synthesis of a
novel super-microporous layered material and its catalytic application
in the vapor-phase Beckmann rearrangement of cyclohexanone oxime.
Microporous and Mesoporous Materials, 80, 1, 269 - 274, 2005.
[43] Xu, B. H.; Lin, B. Z.; Wang, Q. Q.; Pian, X. T.; Zhang, O.; Fu, L. M. Anatase
T iO2 -pillared hexaniobate mesoporous nanocomposite with enhanced
photocatalytic activity. Microporous and Mesoporous Materials, 147, 1, 79 -
85, 2012.
143
[44] Zhang, G.; He, F.; Zou, X.; Gong, J.; Tu, H.; Zhang, H.; Zhang, Q.; Liu, Y.
Hydrothermal synthesis and photocatalytic property of KN b3 O8 with
nanometer leaf-like network. Journal of Alloys and Compounds, 427, 1, 82 -
86, 2007.
[45] Li, R.; Liu, L.; Ming, B.; Ji, Y.; Wang, R. Oxygen vacancy effect on
photoluminescence of KN b3 O8 nanosheets. Applied Surface Science, 439,
983 - 990, 2018.
[46] Bizeto, M. A.; Leroux, F.; Shiguihara, A. L.;Temperini, M. L. A.; Sala, O.;
Constantino, V. R. L. Intralamellar structural modifications related to
the proton exchanging in K4 N b6 O17 layered phase. Journal of Physics and
Chemistry of Solids, 71, 4, 560 - 564, 2010.
[48] Madaro, F.; Saeterli, R.; Tolchard, J. R.; Einarsrud, M. A.; Holmestad, R.;
Grande, T. Molten salt synthesis of K4 N b6 O17 , K2 N b4 O11 and KN b3 O8
crystals with needle- or plate-like morphology. CrystEngComm, 13, 5, 1304
- 1313, 2011.
[49] Zhan, Z. Y.; Xu, C. Y.. Zhen, L.; Wang, W. S.; Shao, W. Z. Shao, Large-scale
synthesis of single-crystalline KN b3 O8 nanobelts via a simple molten salt
method. Ceramics International, 36, 2, 679 - 682, 2010.
[50] Deng, Q.; Li, M.; Wang, J.; Zhang, P.; Jiang, K.; Zhang, J.; Hu, Z.;
Chu, J. Exploring optoelectronic properties and mechanisms of layered
ferroelectric K4 N b6 O17 nanocrystalline films and nanolaminas. Scientific
Reports, 7, 1883, 1 - 13, 2017.
[51] Kong, X.; Hu, D.; Wen, P.; Ishii, T.; Tanaka, Y.; Feng, Q. Transformation
of potassium Lindquist hexaniobate to various potassium niobates:
solvothermal synthesis and structural evolution mechanism. Dalton
Transaction, 22, 7699 - 7709, 2013.
144
[52] Duarte, T. M.; Honorio, L. M. C.; Brito, A. S.; Souza, J. K. D.; Longo, E.;
Tranquilin, R. L.; Souza, A. G.; Santos, I. M. G.; Maia, A. S. Synthesis of
potassium niobates by the microwave-assisted solvothermal method.
IOP Conference Series: Materials Science and Engineering, 97, 1, 012001, 2015.
[53] Zhang, L.; Hou, Y.; Zheng, M.; Zhu, M.; Yan, H. Microstructure and
low-temperature relaxor behavior of dense K2 N b4 O11 ceramics derived
from sol-gel route. Materials Chemistry and Physics, 149-150, 418 - 423, 2015.
[54] Yang, G.; Kong, Y.; Hou, W.; Yan, Q. Heating Behavior and Crystal Growth
Mechanism in Microwave Field, The Journal of Physical Chemistry B, 109,
4, 1371-1379, 2005.
[55] Yu, B.; Cao, B.; Cao, H.; Zhang, X.; Chen, D.; Qu, J.; Niu, H. Synthesis
and nonlinear optical properties of single-crystalline KN b3 O8 nanowires.
Nanotechnology, 24, 8, 085704, 2013.
[57] Chou, H. L.; Lee, C. C.; Chen, H. M.; Su, W. M.; Hwang, B. J. Characterization
of K4 N b6 O17 synthesized by a sol-gel method for H2 evolution. Journal of
the Chinese Institute of Engineers, 34, 1, 3-9, 2011.
145
[60] Hangxu, G.; Jieru, W.; Jing, B.; Shiwei, C.; Denglei, C.; Yalou, S.;
Xiaojie, Y.; Wei, T.; Cunmin, T.; Qing, H.; Zhi, Q.; Qihuang, D.
Low-temperature synthesis of uranium monocarbide by a Pechini-type
in situ polymerizable complex method. Journal of the American Ceramic
Society, 101, 7, 2018.
[62] Hohenberg, P.; Kohn, W. Inhomogeneous Electron Gas. Physical Review, 136,
B864 - B871, 1964.
[66] Liqiang, J.; Yichun, Q.; Baiqi, W.; Shudan, L.; Jiang, B.; Yang, L.; Wei, F.;
Honggang, F.; Jiazhong, S. Review of photoluminescence performance
of nano-sized semiconductor materials and its relationships with
photocatalytic activity. Solar Energy Materials and Solar Cells, 90, 12, 1773 -
1787, 2006.
[69] Li, X.; Zhang, T.; Gu, G.; Kang, S. Z.; Li, G.; Mu, J. Reduced graphene
oxide/potassium niobate composite nanoscrolls with enhanced
photocatalytic activity for dye degradation. Separation and Purification
Technology, 108, 139 - 142, 2013.
146
[70] Sarahan, M. C.; Carroll, E. C.; Allen, M.; Larsen, D. S.; Browning, N. D.; Osterloh,
F. E. K4 N b6 O17 -derived photocatalysts for hydrogen evolution from
water: Nanoscrolls versus nanosheets. Journal of Solid State Chemistry,
181, 7, 1678 - 1683, 2008.
[71] Guaratini, C. C. I.; Zanoni, M. V. B. Corantes Têxteis. Química Nova, 23, 2000.
[73] Dewil, R.; Mantzavinos, D.; Poulios, I.; Rodrigo M. A. New perspectives for
Advanced Oxidation Processes. Journal of Environmental Management, 195,
93 - 99, 2017.
[76] Bassaid, S.; Robert, D.; Chaib, M. Use of oxalate sacrificial compounds
to improve the photocatalytic performance of titanium dioxide. Applied
Catalysis B: Environmental, 86, 1, 93 - 97, 2009.
[77] Ji, Z.; Ismail, M. N.; Callahan, D. M.; Pandowo, E.; Cai, Z.; Goodrich, T. L.;
Ziemer, K. S.; Warzywoda, J.; Sacco, A. The role of silver nanoparticles
on silver modified titanosilicate ETS-10 in visible light photocatalysis.
Applied Catalysis B: Environmental, 102, 1, 323 - 333, 2011.
[78] Biao, G.; Jijiang, F.; Kaifu, H.; Wenrui, Z.; Yonghong, X.; Paul, C. Quasi
Aligned Ag-N b2 O5 Nanobelt Arrays with Enhanced Photocatalytic and
Antibacterial Activities. Journal of the American Ceramic Society, 94, 8, 2011.
[79] Waroquet, A.; Demange, V.; Hakmeh, N.; Perriere, J.; Freslon, S.; Deputier, S.;
Guilloux-Viry, M. Epitaxial growth and cationic exchange properties of
layered KN b3 O8 thin films. journal =Royal Society of Chemistry, 7, 25, 15482
- 15491, 2017.
147
[80] Jun-Feng, L.; Xiao-Lin, L.; Ya-Dong, L. Synthesis and characterization of
nanocrystalline niobates. Journal of Crystal Growth, 247, 3, 419 - 424, 2003.
[81] Maia, A. S.; Cheviré, F.; Demange, V.; Bouquet, V.; Pasturel, M.; Députier,
S.; Lebullenger, R.; Guilloux-Viry„ M.; Tessier, F. Preparation of niobium
based oxynitride nanosheets by exfoliation of Ruddlesden-Popper phase
precursor. Solid State Sciences, 54, 17 - 21, 2016.
[83] Li, X.; Pan, H.; Li, W.; Zhuang, Z. Photocatalytic reduction of CO2 to
methane over HN b3 O8 nanobelts. Applied Catalysis A: General, 413-414, 103
- 108, 2012.
[84] Maçzka, M.; Ptak, M.; Majchrowski, A.; Hanuza, J. Raman and IR
spectra of K4 N b6 O17 and K4 N b6 O17 .3H2 O single crystals. Journal of Raman
Spectroscopy, 42, 2, 209-213, 2011.
[85] Marques, T. M. F.; Strayer, M. E.; Ghosh, A.; Silva, A.; Ferreira, O. P.; Fujisawa,
K.; Cunha, J. R. A.; Abreu, G. J. R.; Terrones, M.; Mallouk, T. E.; Viana, B. C.
Homogeneously dispersed CeO2 nanoparticles on exfoliated hexaniobate
nanosheets. Journal of Physics and Chemistry of Solids, 111, 335 - 342, 2017.
[86] Wen, P.; Ai, L.; Liu, T.; Hu, D.; Yao, F. Hydrothermal topological synthesis
and photocatalyst performance of orthorhombic N b2 O5 rectangle
nanosheet crystals with dominantly exposed (010) facet. Materials &
Design, 117, 346-352, 2017.
[87] Li, L.; Deng, J.; Yu, R.; Chen, J.; Wang, X.; Xing, X. Phase Evolution
in Low-Dimensional Niobium Oxide Synthesized by a Topochemical
Method. Inorganic Chemistry, 49, 4, 1397-1403, 2010.
[88] Jia-Guo, Y.; Huo-Gen, Y.; Bei, C.; Xiu-Jian, Z.; Jimmy C. Y.; Wing-Kei, H. The
Effect of Calcination Temperature on the Surface Microstructure and
148
Photocatalytic Activity of T iO2 Thin Films Prepared by Liquid Phase
Deposition. The Journal of Physical Chemistry B, 107, 50, 13871-13879, 2003.
[89] Longo, V. M.; Cavalcante, L. S.; Erlo, R.; Mastelaro, V. R.; de Figueiredo, A. T.;
Sambrano, J. R.; Lázaro, S.; Freitas, A. Z.; Gomes, L.; Vieira, N. D.; Varela, J. A.;
Longo, E. Strong violet blue light photoluminescence emission at room
temperature in SrZrO3 : Joint experimental and theoretical study. Acta
Materialia, 56, 10, 2191 - 2202, 2008.
[90] Li, L.; Deng, J.; Chen, J.; Sun, X.; Yu, R.; Liu, G.; Xing, X. Wire Structure
and Morphology Transformation of Niobium Oxide and Niobates by
Molten Salt Synthesis. Chemistry of Materials, 21, 7, 1207-1213, 2009.
[92] Ma, J.; Wu, J.; Gu, J.; Liu, L.; Zhang, D.; Xu, X.; Yang, X.; Tong, Z. Fabrication
and spectroscopic, electrochemical, and catalytic properties of a new
intercalation compound of K4 N b6 O17 with cationic cobalt porphyrin.
Journal of Molecular Catalysis A: Chemical,357,95 - 100, 2012.
[93] Hoppe, R. Effective coordination numbers (ECoN) and mean fictive ionic
radii (MEFIR). Zeitschrift fur Kristallographie - Crystalline Materials, 150,
23-52, 1979.
[94] Dovesi, R.; Erba, A.; Orlando, R.; Zicovich-Wilson, C. M.; Civalleri, B.;
Maschio, L.; Rérat, M.; Casassa, S.; Baima, J.; Salustro, S.; Kirtman, B.
Quantum-mechanical condensed matter simulations with CRYSTAL.
Wiley Interdisciplinary Reviews: Computational Molecular Science, 8, 4, e1360,
20180.
149
[96] Robinson, K.; Gibbs, G.; Ribbe, P. Quadratic Elongation: A Quantitative
Measure of Distortion in Coordination Polyhedra, 1◦ ed., New York, N.Y.:
Science, 1971.
[105] Gatti, C.; Saunders, V. R.; Roetti, C. Crystal field effects on the topological
properties of the electron density in molecular crystals: The case of
urea. The Journal of Chemical Physics, 101, 12, 10686-10696, 1994.
150
[107] Johnson, E. R.; Becke, A. D. A post Hartree Fock model of intermolecular
interactions. The Journal of Chemical Physics, 123, 2, 024101, 2005.
[108] Orlando, R.; Lacivita, V.; Bast, R.; Ruud, K. Calculation of the first static
hyperpolarizability tensor of three-dimensional periodic compounds
with a local basis set: A comparison of LDA, PBE, PBE0, B3LYP,
and HF results. The Journal of Chemical Physics, 132, 24, 244106, 2010.
[109] Dovesi, R.; Erba, A.; Orlando, R.; Zicovich-Wilson, C. M.; Civalleri, B.;
Maschio, L.; Rírat, M.;Casassa, S.; Baima, J.; Salustro, S.; Kirtman, B.
Quantum-mechanical condensed matter simulations with CRYSTAL.
Wiley Interdisciplinary Reviews: Computational Molecular Science, 8, 4, e1360,
2018.
[112] Canepa, P.; Hanson, R. M.; Ugliengo, P.; Alfredsson, M. J-ICE: a new Jmol
interface for handling and visualizing crystallographic and electronic
properties. Journal of Applied Crystallography, 44, 1, 225 - 229, 2011.
151
[116] Cristiano, E.; Hu, Y. J.; Siegfried, M.; Kaplan, D.; Nitsche, H. A
COMPARISON OF POINT OF ZERO CHARGE MEASUREMENT
METHODOLOGY. Clays and Clay Minerals, 59, 2, 107, 2011.
[118] Takagaki, A,; Tagusagawa, C.; Hayashi, S.; Hara, M.; Domen, K. Nanosheets
as highly active solid acid catalysts for green chemical syntheses. Energy
& Environmental Science, 3, 82 -93, 2010.
[119] Liang, B.; Zhang, N.; Chen, C.; Liu, X.; Ma, R.; Tong, S.; Mei, Z.; Roy, V. A.
L.; Wang, H.; Tang, Y. Hierarchical yolk-shell layered potassium niobate
for tuned pH-dependent photocatalytic H2 evolution. Catalysis Science &
Technology, 7, 1000 - 1005, 2017.
[121] Mehta, P.; Mehta, R.; Surana, M.; Kabra, B.V. Influence of Operational
Parameters on Degradation of Commercial Textile Azo Dye Acid Blue
113 (Cyanine 5R) by Advanced Oxidation Technology. Journal of Current
Chemical and Pharmaceutical Science, 1, 28 - 36, 2011.
152
Apêndice
Apêndice A
Material Suplementar
Deconvolução dos pico referente ao plano de difração (2 4 0) em torno de 2θ = 26◦ do
KN b3 O8 calcinado a (1) 550, (2) 600 , (3) 650, (4) 700 e (5) 750 ◦ C.
155
Deconvolução dos pico referente ao plano de difração (0 0 2) em torno de 2θ = 27,5◦
do K4 N b6 O17 calcinado a (6) 550, (7) 600 , (8) 650, e (9) 700 ◦ C.
156
Band-gap direto dos niobatos de potássio (10), (11) obtidos pelo método PP calcinados
a 550, 600, 650, 700 e 750 ◦ C, (12), (13) comparação do metodo PP calcinado a 750
◦
C e os niobatos de potássio sintetizados pelo ES.
157
Band-gap indireto obtidos pelo método PP calcinados a 550, 600, 650, 700 e 750 ◦ C do
(14) do KN b3 O8 , (15) K4 N b6 O17 e de suas respectivas formas protonadas (16), (17) .
158
Deconvolução das curvas de PL do KN b3 O8 calcinado a (20) 550, (21) 650 e (22) 750
◦
C e sua forma protonadas(23).
159
Deconvolução das curvas de PL do K4 N b6 O17 calcinado a (24) 550, (25) 650 e (26) 750
◦
C (27) e sua forma protonada.
160
Comparação dos padrões de difração de raios-X teórico e experimetal do (28) KN b3 O8 ,
(29) K4 N b6 O17 e (30) K4 N b6 O17 .3H2 O.
161
Reações preliminares da solução do corante RNL a 10 ppm e em pH 6 (31) fotolise,
(32) reação de fotocatalise com o P25. Reação de adsorção utilizando o KN b3 O8 em
(33) pH 3, (34) pH 6 e (35) pH 9. Adsorção em pH 6 do HN b3 O8 .H2 O (36).
162
Reações de adsorção em pH 6 com o (37) K4 N b6 O17 e (38) K4−x Hx N b6 O17 , obtidos
pelo metodo PP.
163
Reações de fotocatálise em pH 6 com o (41) KN b3 O8 e (42) K4 N b6 O17 , obtidos pelo
metodo EE.
164
Reação de fotocatálise em pH 6 com os supressores (47) isopropílicos, (48) AgN O3 ,
(49) EDTA, utilizando o K4 N b6 O17 como fotocatalisador.
165
Reação de fotocatálise em pH 6 com variação da massa do catalisador de KN b3 O8 (52)
106,7 e (53) 156,7 mg.
166
Reação de fotocatálise em pH 6 com variação da temperatura de calcinação do KN b3 O8
(58) 600, (59) 650 e (60) 700 ◦ C.
167
Reação de fotocatálise de reúso em pH 6 (61) e (62) 2◦ , (63) e (64) 3◦ ciclo para os
niobatos e KN b3 O8 e K4 N b6 O17 .
168